9) detecção de cio, monta natural e inseminação artificial
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9) detecção de cio, monta natural e inseminação artificial
Instituto Babcock para Pesquisa e Desenvolvimento da Pecuária Leiteira Internacional Essenciais em Gado de Leite University of Wisconsin-Madison 9) DETECÇÃO DE CIO, MONTA NATURAL E INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL Michel A. Wattiaux Babcock Institute INTRODUÇÂO Eficiência reprodutiva é um dos principais aspectos na lucratividade de um rebanho. Alguns exemplos de perdas econômicas devido a um mal manejo reprodutivo são: • A produção de leite da vaca é diminuída pois durante sua vida produtiva ela terá um menor número de picos de lactação e o período seco tende a se extender; • O número de bezerros nascidos por ano diminui, o que dificulta o descarte de vacas com baixa produção de leite, diminuindo o possível ganho genético do rebanho; • O custo direto do tratamento das doenças reprodutivas, inseminações e custos com o veterinário são aumentadas. DETECÇÃO DE CIO Para a maximização da sua vida produtiva, toda vaca precisa ser inseminada dentro de 80 a 90 dias depois do parto. Dessa maneira a vaca poderá produzir um novo bezerro a cada 12,5 a 12,8 meses. Longos intervalos entre partos têm um efeito negativo na vida produtiva do animal. Independentêmente do uso de inseminação artificial ou monta natural, a detecção de cio é um fator crítico de um bom manejo reprodutivo numa fazenda. Em ambos os casos, anotoções sobre datas de cio e inseminações são necessárias para predizer as futuras datas de retorno ao cio e datas do parto, para um melhor manejo dos animais. O que é o cio? Cio é o período no qual a vaca aceita monta (receptividade sexual) que normalmente ocorre em novilhas depois da puberdade que não estejam prenhez, e em vacas não prenhez. Este período de receptividade pode durar de 6 a 30 horas e acontece, em média, em intervalos de 21 dias. Porém, este intervalo entre dois cios pode variar normalmente de 18 a 24 dias. Sinais do cio A observação de cio é um trabalho difícil e necessita experiência. A maioria das vacas têm um padrão de comportamento que se modifica gradualmente desde o começo até o fim do cio. O melhor indicador de que a vaca esta no cio é ela fica parada e aceita ser Figura 1: Uma vaca esta em cio quando ela fica em pé e parada quando esta sendo montada por outra vaca ou touro. A vaca que monta a outra vaca pode ou não estar em cio. 33 Essenciais em Gado de Leite—Reprodução e Melhoramento Genético Tabela 1: Sinais de cio em vacas de leite. Cio verdadeiro • Fica parada quando montada. • Mostra sinais associados com o iniciao e fim do cio. • • • • • • • • • • 1 Começo e fim do cio Comportamento similar do touro. Mostra sinais de nervosismo. Se aproxima subitamente; a posição cabeça-contra-cabeça pode ser vista frequentêmente. Se encosta em outras vacas. Cheira a vagina e a urina de outras vacas; as vezes seguido do reflexo de Fleming (entortar o nariz). Movimento de persseguição; alguns animais tentam colocar o queixo na garupa das outras vacas; que pode ou não ser seguido por uma atividade de monta. Vagina hiperêmica (rosada) e entumescida; descargas de muco transparente pela vulva. Outros sinais1 Diminuição de ingestão de comida e produção de leite. Animal sujo (esterco na garupa). Queda de pêlos na altura da inserção da cauda devido ao comportamento de monta. Sinais não específicos que ocorrem em algumas ocasiões particulares. montada por outras companheiras de rebanho ou pelo touro (Figura 1). Uma série de sinais indicativos de que o cio esta próximo e o animal deve ser observado mais cuidadosamente esta resumido na Tabela 1. Variação circadiana do cio O inicio da atividade do cio segue um padrão distinto, sendo que a maioria destas atividades ocorre durante a noite, madrugada ou começo da manhã. Algumas pesquisas mostram que mais de 70% da atividade de monta ocorre entre 19:00 e 07:00 horas (Figura 2). Para se detectar mais de 90% dos cios em um rebanho, as vacas devem ser observadas cuidadosamente 34 Figura 2: Mais frequentêmente as vacas mostram sinais de cio durante a noite. durante as primeiras horas da manhã, ao entardecer, e em intervalos de 4 a 5 horas durante o dia. Outros fatores influenciando a expressão de cio A expressão e a detecção do cio variam dependendo de vários fatores. Por exemplo, o tipo de abrigo (baracão, free stall, pasto, espaço para caminhar ao redor das cercas, etc.) pode determinar as chances dos animais mostrarem cio e do produtor detectar as vacas em cio. Em rebanhos maiores, mais de uma vaca pode mostrar cio ao mesmo têmpo. Quando isto acontece, as chances de detectar as vacas em cio aumenta dramaticamente, pois as atividades de monta também aumentam consideravelmente. Por exemplo, duas vacas em cio ao mesmo tempo (grupo sexualmente ativo) desencadeia o triplo de atividade de monta. Todavia, fatores como alta temperatura e humidade, vento, chuva, neve, falta de espaço e condições de solo escorregadio ou problemas de casco, tendem a diminuir a expressão do cio. Ausência de cio O cio pode não estar sendo detectado devido as seguintes razões: • A vaca esta prenha; • A vaca esta em anestro no pós parto; 9—Detecção de Cio, Monta Natural e Inseminação Artificial • A vaca esta em anestro devido a desnutrição, infecção severa do trato reprodutivo, ou outros tipos de complicações do pós parto; • A vaca têm cistos ovarianos; • Simples falha na detecção de cio; INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL A inseminação artificial é uma técnica na qual o sêmen é introduzido artificialmente dentro do corpo uterino na ocasião do cio, visando uma futura prenhez. As maiores vantagens da inseminação artificial são: • Viabilização do uso de touros provados de melhor valor genético para transmissão de caracteristicas desejadas em um determinado rebanho; • Elimina os custos e o perigo envolvidos na manutenção de um touro na fazenda; • Diminui o risco de transmissão de doenças transmitidas sexualmente transmissíveis e de defeitos genéticos (ex: casco de burro); • Têm um benefício que se acumula ao passar dos anos. Com a adoção da inseminação artificial, um sistêma eficaz de identificação das vacas e das datas dos cios e inseminações deve ser implantado. A manutenção acurada dos dados têm um papel chave no desenvolvimento de um bom manejo reprodutivo na fazenda. Estes dados também podem ser utilizados por associações de produtores para a criação de uma importante base de dados. MONTA NATURAL O uso de touros para a monta natural ainda é muito comum, mesmo em regiões onde a inseminação artificial esta dando bons resultados. Muitos fazendeiros acreditam que as taxas de prenhez são maiores com o uso de touros comparado à inseminação artificial. Porém, quando a detecção de cio é eficaz e a inseminação artificial é feita corretamente, esta difereça não existe. O uso continuado de monta natural pode ser visto como um paradoxo devido as vantagens genéticas do uso da inseminação artificial. Todavia, em algumas situações o uso de monta natural pode ser indicado: • Quando os empregados da fazenda não estão dispostos ou mal treinados para realizar a detecção do cio e a inseminação artificial, o que pode levar a baixas taxas de prenhez; • Quando o ganho genético de longo termo não é importante; • Quando as condições locais não fornecem a infraestrutura necessária para a implementação da inseminação artificial (acesso a sêmen, nitrogênio líquido e tanque para estoque de sêmen e nitrogênio, telefone, etc.). Os fazendeiros com que mantém touros na propriedade nunca podem se esquecer de que existêm relatos de casos fatais após um ataque de um touro. Isto representa um risco real (especialmente quando se acredita que o touro é manso) e precisa ser manejado com firmesa (sem insegurança) , porém com extrema cautela. Além disso, os touros podem espalhar doenças sexualmente transmissíveis (campilobacteriose e tricomoníase). Vacas infectadas poder se tornar inférteis por até quatro meses; ou, se as vacas conceberem, uma morte embrionária (uma forma de aborto) pode acontecer. TEMPO IDEAL PARA INSEMINAÇÃO A inseminação artificial ou monta natural podem gerar uma prenhez somente se os espermatozóides estão “no local correto e na hora correta”. Os oócitos é liberado dos ovários de 10 a 14 horas depois do fim do cio e podem sobreviver não fertilizados por 6 a 12 horas. Todavia, os espermatozóides podem viver até 24 horas no trato reprodutivo da vaca. Uma recomendação comum de manejo do melhor período para a inseminação é conhecida com regra da “manhã-e-tarde”: vacas observadas em cio de manhã são inseminadas na mesma tarde, e vacas em cio durante a tarde são inseminadas na manhã seguinte. 35 Essenciais em Gado de Leite—Reprodução e Melhoramento Genético Figura 3: Tempo de inseminação ou monta natural para vacas em cio. No caso de monta natural, a vaca e o touro podem ser colocados juntos algumas horas depois que a vaca aceitou monta até quando ela não aceita mais ser montada (Figura 3). CAUSAS DE BAIXAS TAXAS DE CONCEPÇÃO Mais de 90% das vacas de um rebanho deveriam receber menos de três serviços para emprenhar. Possíveis causas de baixas taxas de concepção (menos que 50%) podem ser causadas por: 1) Problemas relacionados a detecção de cio: • Falha na detecção de uma vaca em cio; • Inseminar ou cobrir um animal que não esta em cio; • Tempo incorreto do serviço; • Erros de identificação de um animal causando erros nos dados; 36 2) Problemas relacionados a monta natural ou inseminação artificial: • Touro com baixa fertilidade; • Uso incorreto da técnica de inseminação artificial; 3) Problemas com a vaca: • Infecção do trato reprodutivo; • Desordem hormonal; • Obstrução de oviduto; • Problemas anatômicos; • Morte embrionária precoce (a vaca emprenha, mas não consegue manter a prenhez); 4) Problemas relacionados a nutrição (veja: “Reprodução e nutrição”).