Desenvolvimento do Turismo Domestico no Brasil
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Desenvolvimento do Turismo Domestico no Brasil
DESENVOLVIMENTO DO TURISMO DOMÉSTICO NO BRASIL: LIMITES E PROPOSIÇÕES DE POLÍTICAS PÚBLICAS. Andrade, José Roberto de Lima. Doutor em Turismo e Lazer pela USP. Professor do Departamento de Economia da Universidade Federal de Sergipe e dos Mestrados em Cultura e Turismo-UESC e Meio Ambiente e Desenvolvimento da [email protected] MORALES, Aracelis Góis.Turismóloga. Mestranda do curso em Cultura e [email protected] Resumo Apesar de ser considerado como uma importante atividade promotora do desenvolvimento econômico, a importância econômica do turismo no Brasil esteve durante muito tempo quase que exclusivamente relacionada a receita gerada pelo turismo receptivo.Pesquisas recentes demonstram que o turismo doméstico brasileiro desempenha papel significativo da economia brasileira, contribuindo com cerca de 4,1% do produto interno bruto do país, superando em cerca de 6 vezes as receitas geradas pelo turismo internacional. As características do mercado de turismo doméstico brasileiro demonstram que uma parcela muito restrita da população brasileira, cerca de 24%, constitui a demanda do mercado de viagens doméstico, sendo o turismo classificado, segundo a teoria econômica, como um bem de luxo. Para que o enorme potencial de aumento do mercado doméstico de turismo se concretize é necessário que sejam avaliadas a condução de duas variáveis macroeconômicas importantes: distribuição de renda e política cambial.Associadas a estas variáveis de caráter global, é necessário que se executem políticas públicas prioritárias para a área de turismo que contemplem aspectos ligados a infra-estrutura, capacitação de mão de obra,marketing,legislação turística,sistema de informações gerenciais,criação do ministério do turismo e implantação de mecanismos de fomento da atividade turística. O trabalho pretende ressaltar, a partir dos principais dados sobre o mercado doméstico de turismo elaborados pela pesquisa FIPE/EMBRATUR(2002), a importância econômica do turismo doméstico no Brasil, quais as principais variáveis econômicas limitantes para o seu desenvolvimento, bem como proposições de políticas públicas. DESENVOLVIMENTO DO TURISMO DOMÉSTICO NO BRASIL:LIMITES E PROPOSIÇÕES DE POLÍTICAS PÚBLICAS. Andrade, José Roberto de Lima. Doutor em Turismo e Lazer pela USP. Professor do Departamento de Economia da Universidade Federal de Sergipe e dos Mestrados em Cultura e Turismo-UESC e Meio Ambiente e Desenvolvimento da [email protected] MORALES, Aracelis Góis.Turismóloga. Mestranda do curso em Cultura e [email protected] Introdução O impacto econômico do turismo na economia brasileira foi durante muito tempo considerado apenas como sendo função das receitas geradas pelo turismo internacional. Estudos recentes demonstram que as receitas geradas pelo turismo doméstico superam em muito às do turismo internacional. Esse trabalho pretende avaliar, dada as principais informações sobre o turismo doméstico brasileiro, qual a sua importância econômica, os principais limites e que políticas públicas podem ser executadas para o seu desenvolvimento. Para tanto o trabalho será dividido em cinco partes além da introdução. A primeira parte mostrará a importância econômica do turismo doméstico brasileiro. A segunda parte analisará quais as principais características do mercado doméstico de turismo no Brasil. Na quarta e quinta partes serão apresentadas com base no exposto no item anterior, respectivamente, quais os limites para o crescimento do turismo doméstico brasileiro e que políticas públicas podem ser feitas para o se desenvolvimento. Finalmente, no sexto item serão feitas as considerações finais sobre o trabalho. Importância econômica do turismo doméstico no Brasil. A importância econômica do turismo tem sido demonstrada por diversos autores como PALOMO(1990), SALVÁ et Al(1994) e SINCLAIR e STABLER(1997) e BULL(1998). Dentre as principais contribuições da atividade podemos destacar: o duplo papel de grande gerador de emprego e renda em virtude de ser uma atividade intensiva em mão de obra, e o de contribuir para o balanço de pagamentos do país através da geração de divisas. 2 Durante muito tempo a importância econômica do turismo no Brasil esteve relacionada quase que exclusivamente às receitas geradas pelo turismo receptivo(internacional).Estudos relacionados a aspectos econômicos do turismo doméstico no Brasil são recentes, podendo-se afirmar que o primeiro grande trabalho foi realizado em 1998 pela EMBRATUR em conjunto com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo(FIPE-USP), intitulada “Estudo, Caracterização e Dimensionamento do Mercado Doméstico de Turismo no Brasil”. O estudo segmentou o mercado doméstico turístico em dois grandes grupos de renda. O primeiro grande grupo engloba faixas maiores de renda (ABC), representando cerca de 40% da população brasileira, enquanto o outro grande grupo engloba as faixas de renda menores (DE), representando os outros 60% da população. Considerando apenas os gastos realizados pelos turistas domésticos, a importância econômica do turismo doméstico no Brasil pode ser observada no quadro 1 a seguir: Quadro 1 - Impactos econômicos do turismo domestico no Brasil Participação no PIB (relativo a 2001) Consumo doméstico (gastos turísticos) 4,1% R$ 48,4 bilhões Fonte: FIPE/EMBRATUR-2002 A demanda do mercado do turismo doméstico no Brasil é estimada em 41.352.000 turistas, o que corresponde a aproximadamente 24% da população brasileira. A importância dos números do turismo doméstico brasileiro são mais representativos quando comparados com os números gerados pelo turismo internacional(receptivo). Considerando os dados de receita da Conta Viagens Internacionais do Balanço de Pagamentos no Brasil, 1 (dados de 2001), o turismo receptivo gerou uma receita aproximada de R$ 8.700,00 Bilhões 2 . Assim, quando comparada aos dados do turismo doméstico, a receita do turismo internacional no Brasil é aproximadamente 5,6 vezes menor. 1 Refere-se aos valores gastos pelos turistas internacionais no Brasil. É contabilizado como despesa os gastos dos turistas brasileiros no exterior. 2 O cálculo tomou como base a receita de U$$ 3.700.887,00 fornecida pela Embratur e uma taxa média de câmbio para 2001 de R$/US$ de 2,35. 3 Vale ressaltar que grande parte do saldo positivo obtido na Conta Viagens Internacionais do Balanço de Pagamentos do Brasil a partir de 1999, se deve, principalmente, a redução significativa dos gastos em viagens internacionais, ou seja, a redução do número de turistas brasileiros no exterior, ocasionado em grande parte pela desvalorização do real ocorrida no final de 1998.Assim, o deslocamento das viagens internacionais para as viagens domésticas teve um efeito muito mais importante que o próprio crescimento do número de turistas estrangeiros no Brasil. Principais características da demanda por turismo doméstico no Brasil O entendimento das características do mercado de turismo doméstico no Brasil é fator primordial para a avaliação dos seus limites e necessidades de atuação de políticas públicas que visem estimular o seu crescimento. Apesar do tamanho significativo do mercado (cerca de 41 milhões de pessoas),o mercado de turismo doméstico no Brasil é extremamente concentrado, como pode ser observado na tabela 1 a seguir. As famílias com classe de renda com mais de 15 salários mínimos(apenas 4,13% da população) respondem por 54,8% do total de turistas no Brasil, o que demonstra o baixo acesso que a maioria da população brasileira tem as viagens. Tabela 1- Composição por faixa de renda da demanda por turismo doméstico no Brasil Estimativa de população e turistas em classe de renda Classe de renda (SM) 0a4 4 a 15 Mais de 15 Fonte:FIPE/EMBRATUR-2002 População 71,98% 23,89% 4,13% Turistas 17,5% 38,28% 54,83% Um outro indicador da concentração de viagens em uma pequena parcela da população brasileira é a análise do perfil dos gastos por faixa de renda da população. Utilizando dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares(POF) realizada pelo IBGE, ANDRADE(2002) calculou a elasticidade-renda da demanda 3 por gastos 3 Conceitualmente, a elasticidade renda da demanda é a variação percentual da quantidade demandada dada uma variação na renda. 4 considerados tipicamente turísticos, como por exemplo hospedagem e transporte aéreo.Os dados permitem afirmar que o turismo, considerado pelos gastos realizados em serviços como hospedagem e passagens aéreas, é para os brasileiros, um bem de luxo, 4 na medida em que aumentos do nível renda se traduzem em aumentos proporcionalmente maiores no consumo destes serviços. Em relação à demanda por passagens aéreas, pode-se observar que este serviço turístico é restrito a uma pequena parcela da população brasileira. É interessante ressaltar que esta afirmativa coincide com os resultados obtidos em pesquisa realizada por Lage (1988). A constatação que o turismo é para a maioria da população brasileira um bem de luxo reflete a defasagem do padrão de consumo(em termos de demanda por viagens) da sociedade brasileira quando comparada a de outros países mais desenvolvidos. Para autores como PALOMO(1990) e FUSTER(1991), a massificação da demanda por viagens é um fato que se observa nos países capitalistas desenvolvidos já na segunda metade do século passado. Do ponto de vista da distribuição espacial da demanda por turismo doméstico no Brasil, as regiões (e estados) com maior contingente populacional são, na maioria dos casos, os maiores emissores e receptores do fluxo turístico doméstico, conforme pode ser observado na tabela 2 a seguir: Tabela 2- Composição regional do mercado doméstico de turismo no Brasil. Principais estados emissores e receptores, em número de turistas Origem Destino U.F. (%) 2002 (%) 1998 (%) 2002 (%) 1998 27,47% 24,51% 22,97% 18,72% SP 12,47% 6,82% 9,40% 8,24% RJ 8,42% 6,71% 8,73% 6,94% MG 7,31% 7,50% 6,90% 7,05% PR 7,08% 4,28% 8,87% 6,87% BA 5,29% 5,63% 5,90% 4,08% RS 4,89% 2,87% 5,59% 5,07% SC 3,39% 4,61% 3,57% 4,79% PE 3,22% 4,90% 5,86% 7,30% CE 2,96% 2,46% 3,38% 2,32% RN 100% 100% 100% 100% Brasil Fonte: FIPE/EMBRATUR – 2002 Relação Emis./Recp. 1,20 1,33 0,96 1,06 0,80 0,90 0,87 0,95 0,55 0,88 1,00 4 Segundo VARIAN(1999), podemos considerar um bem de luxo quando variações na renda se traduzem em variações mais que proporcionais na quantidade demandada do bem. 5 A principal motivação das viagens domésticas do turismo doméstico é o lazer, com 76,1%(média Brasil). Entretanto, uma análise superficial poderia induzir a uma caracterização de um perfil de turista bastante semelhante ao “turista padrão” dos livros texto turismo. Desagregando as motivações das viagens por lazer, percebemos que aproximadamente a metade das pessoas que viajam por esse motivo(50,2%) tem como objetivo a visita a amigos e parentes, conforme pode ser observado na tabela 3. Tabela 3- Principais motivações das viagens domésticas no Brasil Motivos, motivações e atrativos turísticos, por região e total S Tipo de viagem Lazer 79,6% Não lazer 20,4% Razões das viagens de lazer Visitar amigos / parentes 58,9% Fuga da rotina / descanso 20,9% Atrativos Turísticos 6,2% Veranismo 9,3% Atrativos Culturais 1,7% Estância Climática 0,2% Prática esporte por lazer 1,2% Compras por lazer 0,3% Ecoturismo 0,2% Parques temáticos 0,3% Assistir comp. Esportivas 0,5% Resorts, Hotéis, ou Spas 0,2% Outras 0,3% Fonte: FIPE/EMBRATUR-2002 SE NE N CO Brasil 84,4% 15,6% 64,6% 35,4% 52,5% 47,5% 77,2% 22,8% 76,1% 23,9% 49,4% 31,5% 11,6% 2,5% 0,9% 1,5% 0,7% 0,3% 0,4% 0,5% 0,1% 0,1% 0,4% 57,1% 26,9% 7,4% 4,3% 1,8% 0,2% 0,8% 0,9% 0,3% 0,1% 0,1% 0,0% 0,0% 30,8% 20,5% 27,4% 6,9% 8,0% 0,0% 0,4% 2,6% 0,6% 0,1% 0,4% 0,1% 1,8% 43,8% 21,8% 13,2% 4,9% 11,1% 0,6% 2,3% 0,6% 0,2% 0,0% 0,0% 0,1% 1,5% 50,2% 27,5% 11,5% 4,3% 2,5% 0,9% 0,8% 0,7% 0,4% 0,3% 0,2% 0,1% 0,5% Limites do desenvolvimento do turismo doméstico no Brasil De acordo com a pesquisa FIPE/EMBRATUR (ver tabela 4), o principal fator impeditivo das viagens no Brasil é a “falta de dinheiro”, seguido pelo “excesso de trabalho”. Em relação a primeira resposta, esta reflete o principal problema do desenvolvimento do turismo doméstico brasileiro: o baixo nível de renda da maioria da população. Sobre essa afirmação é importante que se faça uma ressalva importante. Quando se fala sobre baixo nível de renda, estamos nos referindo muito mais ao seu aspecto distributivo, já que, segundo critérios internacionais, o Brasil pode ser considerado como membro do grupo de países de renda média. A não 6 consideração do preço como fator impeditivo de viagem, pode estar, de forma implícita, na resposta “falta de dinheiro”, que já estaria considerando o nível de renda em relação aos preços dos produtos e serviços turísticos praticados no Brasil. Tabela 4 – Brasil - Fontes de financiamento e fatores impeditivos de viagens. Formas de pagamento da viagem Brasil(%) Com recurso próprio 82,7 Pago pela empresa 4,9 Com financiamento 4,5 Parcial – Recurso próprio/empresa 1,9 Outra forma 6,0 Fatores impeditivos da viagem Falta de dinheiro 60,3 Excesso de trabalho 15,0 Desinteresse 14,0 Problemas de saúde 8,0 Outros 2,7 FONTE: FIPE/EMBRATUR(2002) Em relação ainda a variáveis econômicas, um outro ponto a destacar é a política cambial. A introdução do Plano Real em 1994, e a adoção de uma política de valorização cambial 5 resultaram num “boom” das viagens internacionais de turistas brasileiros. Uma amostra disso é que os gastos dos turistas brasileiros no exterior entre 1994 e 1998 aumentaram cerca de 188%. A conclusão que se pode tirar desse fato é que, em situações onde a taxa de câmbio não encareça significativamente o custo das viagens internacionais, o produto turístico brasileiro é pouco competitivo, mesmo considerando fatores relevantes na decisão de viagem como por exemplo, o status decorrente das viagens internacionais (UYSAL,1993,MATHIESON e WALL,1990). Isso se deve em grande parte aos elevados custos dos serviços turísticos praticados no país, principalmente os relacionados ao transporte aéreo e hospedagem. 5 Durante muito tempo a relação R$/US$ esteve próxima de 1,00. 7 Políticas públicas para desenvolvimento do turismo doméstico brasileiro. O desenvolvimento do turismo doméstico brasileiro está intimamente relacionado às políticas econômicas de caráter mais abrangente implementadas na economia.Nesse sentido, merecem destaque algumas considerações: A primeira, está relacionada com a necessidade de execução de políticas de distribuição de renda, o que pressupõe, obviamente a retomada do crescimento econômico. Os dados apresentados na tabela 1 mostram que apenas camadas com maiores níveis de renda ( com mais de 15 salários mínimos, cerca de 4% da população) representam quase 55% do total do mercado turístico. Considerando que o mercado estimado do turismo doméstico é de aproximadamente apenas 24% da população, o mercado potencial brasileiro é de cerca de 120 milhões de pessoas, o que é sem sombra de dúvidas um dos maiores mercados potenciais do mundo. Vale ressaltar mais uma vez que mesmo com um mercado pouco significativo (percentualmente falado), a receita gerada pelo turismo doméstico brasileiro é cerca de 5,6 vezes superior a proporcionada pelo turismo receptivo(internacional). Uma política pública capaz de estimular a demanda por viagens domésticas, e que pode ser executada a curto prazo, é a criação de um sistema de financiamento destinado exclusivamente a compra de bens e serviços turísticos, como por exemplo, transporte rodoviário, meios de hospedagem e lojas de produtos turísticos.Conforme pôde ser demonstrado na tabela 5, o sistema de financiamento de viagens domésticas no Brasil praticamente inexiste. Um sistema de financiamento de viagens domésticas poderia ter o mesmo impacto que o que ocorreu com a demanda de eletrodomésticos logo após a implantação do Plano Real, que tornou acessível para a maioria da população o acesso a estes bens. Outro fator relevante da condução da política econômica para o desenvolvimento do turismo doméstico é a condução da política cambial. Em condições “normais” de competição, ou seja, sem uma taxa de câmbio muito desvalorizada, há um deslocamento significativo das viagens domésticas pelas viagens internacionais. Assim, uma opção de política cambial que sinalizasse a preferência por uma taxa de câmbio de equilíbrio mais baixa(valorizada), traria sérias 8 conseqüências para o turismo doméstico brasileiro. Os acontecimentos recentes demonstram que dificilmente chegaremos a taxas de câmbio observadas no início do Plano Real, o que de certa forma representa um ponto favorável para o turismo doméstico. Outros fatores de natureza não relacionados a questões cambiais, como por exemplo o clima de insegurança provocado pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 vem provocando um certo refluxo nas viagens internacionais e a conseqüente substituição pelo turismo doméstico. Apesar do enfoque dado à importância de políticas econômicas globais para o desenvolvimento do turismo doméstico brasileiro, é importante destacar que existem uma série de especificidades do setor que devem ser levadas em consideração. Uma avaliação interessante sobre o turismo brasileiro(receptivo e doméstico) foi o documento elaborado em 2002 pela Confederação Nacional do Comércio e Subcomissão Permanente de Turismo da Câmara dos Deputados, intitulado “Programa Brasileiro da Atividade Turística:emprego,renda e desenvolvimento”. Através de fóruns estaduais e regionais, o documento sintetiza as principais prioridades a serem enfrentadas pelo poder público em relação ao desenvolvimento da atividade turística. Estas prioridades contemplam três grandes grupos de atuação do setor público na atividade turística brasileira: infraestrutura,financiamento, e gerenciamento da atividade. Foram consideradas sete prioridades estratégicas de atuação do setor público no turismo: 1. Investimento em infra-estrutura básica e turística; 2. Estabelecimento de uma política eficaz de educação e treinamento envolvendo todos os elos da cadeia produtiva do turismo; 3. Planejamento e implementação de ações estratégicas de marketing turístico em nível nacional e internacional; 4. Revisão da legislação vigente na área de turismo; 5. Implantação de um amplo sistema de informação para gestão do turismo 6. Criação do Ministério do Turismo (já existente) 9 7. Implantação e adequação de mecanismos de fomento da atividade turística. Considerações finais Num momento de crise por que passa a economia brasileira, a atividade turística deve ser tratada com uma atenção maior por parte dos formuladores de política econômica. É importante destacar que o turismo doméstico pode cumprir para a economia brasileira o duplo papel de gerador de divisas, na medida em que desloca os gastos dos turistas brasileiros no exterior para dentro do país, e de atividade altamente geradora de emprego e de renda, dado o seu caráter intensivo de uso de mão de obra. Para que a atividade turística realmente assuma essa função é preciso ter em consideração que: em primeiro lugar, existe um enorme potencial de crescimento do mercado doméstico de turismo no Brasil.Em segundo lugar, para que esse crescimento se viabilize é necessário, do ponto de vista da condução da política econômica do país, que se execute um amplo programa de distribuição de renda de forma a tornar a demanda por viagens mais acessível para a imensa maioria da população brasileira.Um programa de financiamento específico para a compra de bens e serviços ligados a atividade turística certamente traria um impacto bastante positivo. É importante também que se mantenha a política de desvalorização cambial de forma a que o produto turístico brasileiro ganhe competitividade em relação aos produtos turísticos externos. Vale ressaltar que não são instrumentos de política econômica que por si só viabilizarão o crescimento do mercado de turismo doméstico no Brasil. Prioridades estratégicas de execução de políticas públicas na área de turismo ligadas a infra-estrutura, capacitação de mão de obra, marketing, legislação turística,sistema de informações gerenciais e implantação de mecanismos de fomento a atividade, diagnosticados em um amplo fórum de discussão devem servir de parâmetro para a atuação da política pública de turismo do novo governo. 10 Referências bibliográficas Andrade, J,R,L.Uma contribuição à análise econômica da demanda por turismo. Tese de Doutorado, USP, São Paulo.2002 BULL, Adrian. La economía del sector turístico. Madrid: Alianza Editorial, 1998. CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO COMÉRCIO/EMBRATUR. Programa Brasileiro da Atividade Turística:emprego, renda e desenvolvimento. Brasilia, 2002. EMBRATUR.Anuário Estatístico. Vários anos EMBRATUR/FIPE. Estudo, Caracterização e Dimensionamento do Mercado Doméstico de Turismo no Brasil. São Paulo, 2002. FUSTER,Luis Fernando.História general del turismo de masas. Madrid:Alianza Editorial,1991. LAGE, Beatriz H, G. Economia do Turismo: uma análise de suas influências sobre o comportamento dos consumidores. 1988. Tese de Doutorado: ECA/USP, São Paulo. MATHIESON,A;WALL,G.Turismo:repercursiones econômicas,físicas y sociales. México:Trillas turismo,1990. PALOMO, Manuel Figuerola. Teoria Económica del Turismo. Madrid: Alianza Editorial, 1990. SALVÁ,P;AGUILÓ,G;PICORNELL,S. El turismo en el desarrollo regional:aportaciones y riesgos. Fondo Europeo de Desarrollo Regional. Madrid,1994. SINCLAIR, M.T; STABLER, Mike. The economics of tourism. Routledge, 1997. UYSAL, M; HAGAN, A. L. 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