a fotografia como representação da realidade no maior terremoto da

Transcrição

a fotografia como representação da realidade no maior terremoto da
Universidade Presbiteriana Mackenzie
I Fórum de Pesquisa CCL Mackenzie - 25 de outubro de 2011
GT 09 – Fotografia – Coordenador Prof. Ms. Manoel Nascimento
A FOTOGRAFIA COMO REPRESENTAÇÃO DA REALIDADE NO MAIOR
TERREMOTO DA HISTÓRIA JAPONESA
Janaina Barbedo de LIMA¹
Universidade Presbiteriana Mackenzie , São Paulo, SP
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo apresentar a importância da fotografia no
jornalismo impresso e será baseado na revista Veja, edição 2208, de 16 de março de
2011 – O Japão acorda do choque - com reportagem especial de dezessete páginas sobre
o maior tsunami da história japonesa.
O tsunami em território japonês alcançou 8,9 graus na escala Richter e foi sentido até
dezenove horas depois do seu auge, diante de uma catástrofe dessa proporção, pode-se
constatar a valia da imagem como forma de representação da realidade, já que seria
praticamente impossível visualizar o tamanho do desastre apenas em palavras.
Foram escolhidas duas imagens para a análise e o enfoque será voltado para a o roteiro
semiótico traçado por Santaella, baseado em três principais tópicos: qualitativo icônico,
singular indicativo e convencional simbólico.
PALAVRAS-CHAVE: fotografia; jornalismo; tsunami; Japão; revista Veja.
TEXTO DO TRABALHO
Introdução
No dia 11 de março de 2011, o Japão sofreu um terremoto de nove graus na escala
Richter, o pior na história do país, seguido de um tsunami que deixou mais de 13 mil
mortos e milhares desaparecidos. Sobre este episódio a Revista Veja, a maior revista
semanal de informação do Brasil, com tiragem superior a 1,2 milhão de exemplares
(VEJA BRASIL, 2011), produziu uma edição especial, com dezessete páginas e
_____________________
¹ Trabalho apresentado no I Fórum de Pesquisa CCL – Mackenzie São Paulo - 25 de outubro de 2011.
1
Universidade Presbiteriana Mackenzie
I Fórum de Pesquisa CCL Mackenzie - 25 de outubro de 2011
GT 09 – Fotografia – Coordenador Prof. Ms. Manoel Nascimento
aproximadamente dez fotos, sobre o desastre japonês, que será suporte para o presente
trabalho (VEJA, 2011).
Veja é uma revista semanal, podruzida pela editora Abril, criada em 1968 pelos
jornalistas Victor Civita e Mino Carta. A revista trata de temas do cotidiano da
sociedade brasileira e do mundo, possui algumas seções fixas como cinema, literatura,
música e etc. (VEJA, 2011).
É provável que nem os textos mais minuciosamente escritos conseguissem explicar o
tamanho da tragédia japonesa, e “as imagens, contrariamente às palavras, são acessíveis
a todos, em todas as línguas, sem competência nem aprendizados prévios.” (DEBRAY,
1993, p. 54). “O texto tem valor repressivo em relação à liberdade dos significados da
imagem.” (BARTHES, 1990, p. 33).
As fotografias selecionadas pela Revista Veja expressam o desespero exposto nos rostos
dos japoneses, a destruição de casas, de empresas e de famílias. “A imagem fotográfica
não é apenas uma reprodução mecânica de alguma coisa, ela revela o modo de verde
quem a realizou e envolverá, inevitavelmente, os modos de ver de seus apreciadores.”
(BERGER, 1999, p.12).
Problema de pesquisa
O presente estudo busca responder à seguinte questão: qual a abordagem fotográfica da
revista Veja com relação ao Tsunami no Japão?
Objetivo principal
O principal objetivo será analisar qual a abordagem fotográfica da revista Veja sobre o
Tsunami no Japão.
Objetivos secundários
Entre os objetivos secundários podem-se considerar:

Avaliar os tipos e cores das fotos selecionadas pela revista

Analisar o conteúdo das imagens (pessoas, lugares, destruição)

Analisar texto versus imagem
2
Universidade Presbiteriana Mackenzie
I Fórum de Pesquisa CCL Mackenzie - 25 de outubro de 2011
GT 09 – Fotografia – Coordenador Prof. Ms. Manoel Nascimento

Avaliar se as imagens completam o conteúdo das matérias.
Justificativa
O estudo se justifica pela importância do tsunami como desastre no Japão, pela
relevância da tragédia na mídia e no mundo, pelas consequências e prejuízos para a
economia japonesa e mundial e pela falta de trabalhos acadêmicos focados neste tema,
conforme quadro abaixo.
Referencial teórico:
Autor (Ano)
Tema
Barcelos (2009)
Maranhão (2007)
Fotojornalismo: dor e sofrimento
O poder da imagem fotográfica: uma
análise das imagens publicadas nas revistas
Veja e IstoÉ de Luiz Inácio Lula da Silva
durante as campanhas presidenciais de
1989 e 2002.
Manini (2002)
Análise documentária de fotografias
Barros (2010)
A construção do sucesso na Revista Veja
Fonte:autor a partir de teses e dissertações do Banco Digital de teses e dissertações
(BDTD)
Para atender aos objetivos propostos, o referencial teórico vai abordar fotojornalismo e
mídia impressa revista.
Na opinião de Maranhão (2007) todas as pessoas já devem ter ouvido a frase ‘uma
imagem vale mais que mil palavras’, logo se entende que as imagens falam por si só
porém, deveríamos reaprender a entender essas imagens.
Segundo Maranhão (2007) as imagens recebem influência do meio em que serão
publicadas mas, se a imagem for desvinculada desse meio, podem surgir novos
significados, sendo então possível que o espectador olhe a imagem sem o
direcionamento proposto pelo meio.
Assim conforme Pereira Jr. (2009) a “vitalidade e o frescor” do fotojornalismo estão
intrinsecamente ligados às imagens ou “a fotografia na imprensa é a expressão de um
acaso controlado. O inesperado, o acidental, a circunstância incide na produção da
3
Universidade Presbiteriana Mackenzie
I Fórum de Pesquisa CCL Mackenzie - 25 de outubro de 2011
GT 09 – Fotografia – Coordenador Prof. Ms. Manoel Nascimento
imagem e disso advém muito da vitalidade e do frescor do fotojornalismo.” (PEREIRA
JÚNIOR, 2009, p. 111)
Maranhão (2007) afirma que para analisar uma imagem da fotojornalismo, deve-se levar
em consideração que essa imagem foi realizada por um fotógrafo, que possui
referências políticas e culturais, que o influenciaram na hora de enquadra a cena.
O autor explica que a fotografia fez com que o cidadão ampliasse suas fronteiras, assim
enquanto o olho aumentava o mundo ia encolhendo e fotojornalismo surgiu com
necessidade de as imagens aproximarem os acontecimentos que estavam distantes.
Assim, a fotografia deixou de ser a representação do instante e confirmadora do “real”,
para ser produzida com intencionalidade não só do fotográfo, mas também procurando
ressaltar o posicionamento do veículo para o qual foi produzida. Verifica-se então que o
status da imagem fotográfica alterou-se e passou para um lugar de respeito, não sendo
mais coadjuvante da imprensa escrita, mas sim completando-a. (MARANHÃO, 2007,
p.35)
Juntamente com a autonomia da fotografia, Barcelos (2009) explica que as situações de
dor e sofrimento encontraram campo fértil para serem difundidas com a chegada do
fotojornalismo. Assim, “a preocupação com a morte acompanha a humanidade desde
tempos remotos, perpassando todas as culturas e tempos históricos.” (BARCELOS,
2009, p.40).
Ou ainda:
“A dor e o sofrimento seriam uma espécie de phatos da imagem,
aquele apelo à emoção da audiência, que provocaria não apenas uma
resposta emocional, mas alguma identificação”. (BARCELOS, 2009,
p.41).
Maranhão (2007) relata que diariamente são publicadas inúmeras fotografias nos jornais
e revistas nacionais (virtuais ou não) e essas imagens fotográficas chegam aos nossos
olhos sem que tenhamos controle.
“Ao contemplar uma imagem, procura-se com o olhar destrinchar
cada grão existente, a fim de se apropriar da cena. [...] O momento que
ficou congelado não faz parte mais de um instante qualquer; é um
recorte que, às vezes, grita para olharmos”. (MARANHÃO, 2007, p.
37)
4
Universidade Presbiteriana Mackenzie
I Fórum de Pesquisa CCL Mackenzie - 25 de outubro de 2011
GT 09 – Fotografia – Coordenador Prof. Ms. Manoel Nascimento
Segundo Barcelos (2008) o desenvolvimento do fotojornalismo na cobertura de guerras
contribuiu para representar práticas e rotinas, delimitando como valores-notícia
tragédias, catástrofes, acidentes e acontecimentos que exploram a dor do outro.
A foto jornalística, enfim, é sempre polissêmica – diferentemente das palavras no texto
de imprensa, feita para não dar margem a mais de um sentido interpretável, a foto deve
possibilitar múltiplas interpretações. (PEREIRA JÚNIOR, 2009, p 114)
Método
Escolha da metodologia:
Visando uma compreensão das diversas e distintas imagens escolhidas pela revista
Veja, será adotado um estudo qualitativo, que consiste em inicialmente em uma
pesquisa documental – coleta de elementos importantes de estudo.A base teórica
escolhida para este trabalho foi a abordagem desenvolvida por Charles SandersPeirce,
que oferece uma estratégia metodológica e possibilita a leitura de inúmeros
processossígnicos. Essa análise será feita sob dois pontos de vista: o de representação ou
signo e comocomponente da teoria a percepção triádica desenvolvida por Peirce.
Charles Sanders Peirce foio moderno fundador da Semiótica, a ciência que estuda os
signos. A semiótica peirceana,além da base teórica principal deste estudo também foi
adotada como metodologia, dado aocaráter semiótico de toda comunicação.
Inicialmente, é interessante observar que a semióticapeirceana, além de ser uma
filosofia dos signos lidando com a essência genuína do signo, étambém uma disciplina
filosófica capaz de explicar e interpretar todo o domínio da cogniçãohumana, além de
ser uma teoria do conhecimento e ao fornecer as categorias para a análise dacognição
realizada, sendo também uma metodologia. (SANTAELLA, 1995)
Gestos, palavras, imagens, cartazes, outdoors, fotos, pinturas, mapas, figuras,
gráficos,fórmulas, são representações ou signos. Atualmente, são encontrados na mídia
termos comosemiótica da cultura, semiótica da oralidade, semiótica psicanalítica,
semiótica visual, semiótica da imagem, semiótica plástica, semiótica da mídia,
semiótica discursiva, semiótica da música, etc. No seu sentido mais amplo, a semiótica
é a ciência de todas e quaisquer formas de linguagem. A semiótica é o estudo abstrato
5
Universidade Presbiteriana Mackenzie
I Fórum de Pesquisa CCL Mackenzie - 25 de outubro de 2011
GT 09 – Fotografia – Coordenador Prof. Ms. Manoel Nascimento
de todos os possíveis tipos de signo, seus modos designificação, de denotação e de
informação e o todo de seus comportamentos e propriedades,na medida em que não
sejam acidentais (BACHA, 1998)
Análise e interpretação:
Para análise e interpretação de conteúdo será feita um estudo do conteúdo das imagens,
detalhando cores, tipos e enfoques das fotografias, com caráter descritivo e analítico.
Será usada Semiótica Peirceana para embasar a análise das fotos.
Para atender aos objetivos foram escolhidas duas fotos, a foto da capa Veja – O Japão
acorda do choque, edição 2208, 16 de março de 2011, e a foto área nas páginas 82 e 83.
Segundo Santaella (2002) a proliferação de singos vem cirando a necessidade de lê-los,
dialogar com eles em um nível mais profundo do que aquele da simples convivência e
familiaridade. Na semiótica de Peirce pode-se encontrar “uma fonte inestimável de
vlaro” para entender os signos. Do material conceitual peirceano, pode-se extrair
estratégias metodológicas para a leitura e analise de imagens, fotos, filmes, etc. O signo
peirceano tem natureza triádica (signo, objeto, interpretante), pode ser analisado: em si
mesmo, nas suas propriedades internas, ou seja, no seu poder de significar, na sua
referência àquilo que indica, se refere ou representa e nos tipos de efeitos que está apto
a produzir nos seus receptores, isto é, nos tipos de interpretação.
Ainda segundo Santaella (2002) a teoria semiótica permite entrar no próprio
movimento interno das mensagens, nos procedimentos e recursos nelas utilizados.
Segundo Santaella (1993:13), além de ser uma ciência dos tipos possíveis de signos a
Semiótica se constitui em uma teoria da significação, uma teoria da objetivação e uma
teoria da interpretação, que pode ser explicada pela relação triádica entre o signo, objeto
e interpretante. 1
“1. Da relação do signo consigo mesmo, isto é, do exame da natureza
do seu fundamento, ou daquilo que lhe dá capacidade para funcionar
como tal---uma qualidade, sua existência concreta ou seu caráter de
lei--- advém uma teoria das potencialidades e limites da significação.
2. Da relação do fundamento com o objeto--- ou aquilo que determina
o signo, e por isso mesmo, vem a ser aquilo a que o signo se aplica--1
Ver também Santaella, (1992) op.cit. 158-160.
6
Universidade Presbiteriana Mackenzie
I Fórum de Pesquisa CCL Mackenzie - 25 de outubro de 2011
GT 09 – Fotografia – Coordenador Prof. Ms. Manoel Nascimento
com todas as implicações ontológicas aí subentendidas extrai-se uma
teoria da objetivação, que estuda os problemas relativos à realidade e
referência, verdade e ficção, mentira e decepção.
3. Da relação do fundamento com o interpretante deriva-se uma teoria
da interpretação, com as implicações quanto aos seus efeitos sobre o
intérprete, individual ou coletivo.” (Santaella, 1993:13)
Como uma teoria da significação, uma teoria da objetivação e da interpretação, a
Semiótica peirceana pode fornecer sustentação a qualquer estudo cujos objetos são
fenômenos de natureza interpretativa e comunicativa, como é o caso deste artigo.. a
nanalise das fotos seguirá o roteiro semiótico traçado por Santaella:

Qualitativo icônico: cores, linhas, formas

Singular indicativo: como o signo se corporifica de modo particular

Convencional simbólico: capacidade de generalização
Foto 1 – Foto da Revista Veja- O Japão acorda do choque
Capa - Editora Abril – Edição 2208 – Ano 44 – n°11
16 de março de 2011
 Qualitativo icônico
A foto da capa é impactante, traz logo na primeira impressão a imagem da destruição
acompanhada do desespero dos japoneses. Em primeiro plano está uma japonesa com
7
Universidade Presbiteriana Mackenzie
I Fórum de Pesquisa CCL Mackenzie - 25 de outubro de 2011
GT 09 – Fotografia – Coordenador Prof. Ms. Manoel Nascimento
roupas escuras, com o olhar triste voltado para o chão, com botas grandes de cor azul
para andar no meio do entulho e carregando sua filha nas costas, a criança de touca
vermelha parece assustada e com medo. Em segundo plano está uma montanha das
coisas que sobraram: madeira, telhados, sujeira, árvores e etc. E ainda, em terceiro
plano, há um vazio, apenas um chão de areia com ruínas pelo caminho e o céu como um
fundo branco, sem cor, sem nuvens e sem sol, aparentando um daqueles dias nublados
tristes.
A foto é opoca, sem nenhum brilho, e com um ar de tristeza acompanhada de pânico, já
que logo na capa da revista, a primeira imagem, mostra que não sobrou quase nada,
apenas um amontoado de lixo, do país mais preparado para enfrentar esse tipo de
catástrofe. Esse amontoado de lixo é a segunda forma mais impressionante na imagem,
há um sensação de impotência em relação a tanta perda, do fundo da foto até a frente
não é possível enxergar uma casa inteira, mas, apenas alguns telhados que restaram. E a
primeira forma mais impressionante é a da figura materna, que olha para baixo, como se
tivesse procurando alguma saída e provavelmente pensando que não sobrou nada do que
possuía, o único bem que ficou e que esta carrega com cuidado e proteção é a sua filha.

Singular indicativo: como o signo se corporifica de modo particular
A foto da capa aponta não apenas para a destruição física do território japonês, mas
também para a destruição emocional que os japoneses sofreram. Logo na primeira
impressão já é possível perceber que se trata do tsunami que ocorreu em março de 2011
no Japão porque acompanhada do título – O Japão acorda do choque – há uma foto
abrangente apontando para o tamanho da destruição, já que todo o chão está coberto
pelos restos que sobraram das casas e por muito lixo, e em meio a esse cenário há dois
personagens, uma mulher carregando uma criancinha nas costas, provavelmente mãe e
filha, ambas com expressão de tristeza.
A foto serve ainda para mostrar que mesmo um dos países mais desenvolvidos, com o
Japão, não está preparado para um tsunami desse porte. Essa revolta da natureza teve a
intesidade em relação a energia liberada de um milhão quarenta e uma mil e trezentas
bombas de Hiroshima.
8
Universidade Presbiteriana Mackenzie
I Fórum de Pesquisa CCL Mackenzie - 25 de outubro de 2011
GT 09 – Fotografia – Coordenador Prof. Ms. Manoel Nascimento

Convencional simbólico: capacidade de generalização
A foto tem como simbologia a proteção da mãe para com o seu filho. A impressão que é
passada é de que não sobrou nada do Japão, é como se o tsunami tivesse devastado tudo
o que podia-se imaginar e a proteção e o preparo que imaginava-se ter, em função de o
país ser desenvolvido e bem preparado para este tipo de catástrofe, deixasse de existir.
Além do registo histórico, a foto também serve para aproximar o observador do que
ocorreu em Sandai, para aproximá-lo da realidade vívida pelos japoneses. Surgem ao
mesmo tempo ideias sobre o que e como aconteceu e o que pode ser feito a partir de
agora, como recuperar essa parte do território asiático.
Foto 2 – Foto da Revista Veja- O Japão acorda do choque
Páginas 82 e 83 - Editora Abril – Edição 2208 – Ano 44 – n° 11
16 de março de 2011

Qualitativo icônico: cores, linhas, formas
A foto das páginas 82 e 83 é abrangente e é possível perceber a dimensão da destruição
que o tsunami causou em março de 2011, em Sendai. A foto é áerea , logo, o observador
vê a imagem como se estivesse dentro do avião e a sensação que se tem é que o chão
inteiro está tomado por um tapete de cacos coloridos.
9
Universidade Presbiteriana Mackenzie
I Fórum de Pesquisa CCL Mackenzie - 25 de outubro de 2011
GT 09 – Fotografia – Coordenador Prof. Ms. Manoel Nascimento
O fundo da imagem é coberto por uma imensidão de entulho, espelhado por todos os
cantos da imagem, em cima desse tapete colorido de destruição ainda é possível
reconhecer menos de dez telhados e algumas janelas das casas que foram destruídas e
um barco. Todo esse cenário passa-se em cima das águas, com alguns pontos de
incêndio.
A imagem é bem colorida, mas há predominância de cores em frias em contraste com as
cores vivas, amarelo, laranja e vermelho, dos focos de incêndio. Grande parte da foto é
dominada por uma fumaça cinza, que começa em uma casa, na página 82, passa por
uma parte do cenário e se dissipa pela metade da página 83. Olhando apenas para a
página 83, a sensação é de que o céu está coberto pela cor cinza, parece que o céu é a
própria fumaça.
Mesmo os olhos mais atentos não conseguem identificar os objetos da foto, além dos
telhados das casas. Asensação de desespero é acompanhada pela sensação de
importência e de perda.

Singular indicativo: como o signo se corporifica de modo particular
A foto, acomapnhada do título ‘Tsunami...”, aponta para o tamanho da destruição que o
tsunami causou no Japão, mesmo sendo um dos países mais preparados para esse tipo
de catástrofe. Na foto é possível perceber o detalhamento dessa destruição. São
inúmeras casas tragadas pelas ondas, só sobraram alguns telhados que provavelmente
duraram pouco tempo, já que estavam cercados de focos de incêndio.
O que mais chama a atenção na foto, além da imensidão de lixo e entulho que o tsunami
deixou sobre as águas e os focos de incêndio, é a fumaça que cobre mais da metade da
foto. Como já foi dito anteriormente a sensação é de que o ceú é essa própria fumaça
cinza e de pânico por não saber como arrumar o local que acaba de sofrer um tremor
com 8,9 pontos na escala Richter e como cuidar da sociedade japonesa que constatou-se
mais trezentas e oitenta e quatro pessoas mortas e setecentas desaparecidas.
A imagem inteira serve para dimensionar o grandiosidade do tsunami que passou pelo
Japão , que mesmo sendo um país preparado para esse tipo de ‘revolta da natureza’ já
10
Universidade Presbiteriana Mackenzie
I Fórum de Pesquisa CCL Mackenzie - 25 de outubro de 2011
GT 09 – Fotografia – Coordenador Prof. Ms. Manoel Nascimento
que está equilibrado sobre uma falha geológica, Anel de Fogo do Pacífico, não estava
tão instruído assim para o maior terremoto da história japonesa.

Convencional simbólico: capacidade de generalização
A foto tem como simbologia dois focos, há uma imensidão de detalhes composta por
lixo, entulho, madeiras, telhados, barcos, focos de incêndio, que faz com que o
observador possa perceber e vizualizar minuciosaente a destruição em Sendai e uma
fumaça opaca e cinza que cobre mais da metade da imagem, em que o observador se
sente perdido em meio a tanta nebulosidade.
A imagem passa a ideia da perda física, territorial e emocional que os japoneses
passaram e ainda passarão durante alguns meses. A sensação de perda é acompanhada
pela sensação de desespero em meio a ciscunstâncias apresentadas na foto. Os olhos do
observador conseguem ao mesmo tempo captar a grandeza da demolição trazida pelo
terremoto e pelo tsunami e ainda, enxergar os detalhes dessa demolição.
Contemplar essa imagem e não lembrar da frase “uma imagem vale mais que mil
palavras”, parece impossível, já que é pouco provável que um texto que ocupasse o
mesmo espaço da imagem tivesse o poder de dimensionar a catástrofe sofrida pelos
japoneses, no ínicio de março de 2011.
Conclusões
O trabalho de baseou na publicação da revista Veja de cerca de dezessete páginas de
reportagem especial, com cerca de dez fotos acompanhadas de depoimentos de
brasileiros que moram no Japão e sentiram de perto o desespero dos moradores.
Após análise criteriosa das fotografias veiculadas pela Veja contatou-se que o enfoque
do veíuclo era mostrar que mesmo o Japão, um país desesnvolvido e preparado para
lidar com catástrofes viu-se impotente perante o maior terremoto da história japonesa.
A comparação entre o terremoto recente que ocorreu no Haiti e o que acabou de
acontercer no Japão é constante. Além da comparação em questão de grandiosidade, no
Japão foi novecentas vezes mais intenso que no Haiti, há ainda a comparação
escancarada em relação ao capital investido por ambos países.
11
Universidade Presbiteriana Mackenzie
I Fórum de Pesquisa CCL Mackenzie - 25 de outubro de 2011
GT 09 – Fotografia – Coordenador Prof. Ms. Manoel Nascimento
A escolha das imagens veiculadas pela revista foi voltada para impactar e alertar a
população brasileira sobre a situação que o Japão se encontrava. Todas as imagens
apresentavam destruição, medo e desespero.
Portanto, o enfoque da revista era mostrar que o país mais preparado para esses tipos de
desastres naturais e que se preparava há mais de três décadas para o que seria, segundo
os sismólogos, o maior terremoto da história do país, não estava apto para lidar com
tanto estrago. Porém na mesma reportagem fica explícito que a reconstrução do país já
havia começado.
REFERÊNCIAS
ABRIL (2011), Revista Veja Brasil. Disponível em <http://revistavejabrasil.com/?tag=comtiragem> consultado em 04/05/2011 às 13h15min.
ABRIL (2011), Tsunami no Japão. Disponível em<http://veja.abril.com.br/tema/tsunami-nojapao>, consultado em 22/04/11 às 11h05min
BACHA, M.L. A Teoria da Investigação De Charles S. Peirce, São Paulo: CenaUm/Unibero,
2002.
BARCELOS, J. Fotojornalismo: Dor e sofrimento. Universidade de Coimbra, 2009.
BARROS, E. A construção do sucesso na Revista Veja. Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo, 2010.
BARTHES, R. A Retórica da Imagem, In: O Óbvio e o Obtuso: ensaios críticos. Traduzido
por Léa Novaes. Rio de Janeiro: Nova Fornteira, 1990.
BAUDRILLARD, J. A Sociedade de Consumo. São Paulo: Martins Fontes, 1981.
DEBRAY, R. Vida e Morte da Imagem – Uma História do Olhar no Ocidente. Rio de
Janeiro: Vozes, 1993.
FACHIN, O. Fundamentos de Metodologia. 4.ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
12
Universidade Presbiteriana Mackenzie
I Fórum de Pesquisa CCL Mackenzie - 25 de outubro de 2011
GT 09 – Fotografia – Coordenador Prof. Ms. Manoel Nascimento
MANINI, M. Análise documentária de fotografias: Um referencial de leitura de imagens
fotográficas para fins documentários. Universidade de São Paulo, 2002.
MARANHÃO, C.O poder da imagem fotoestá gráfica. Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo, 2007.
GUIMARÃES, A. H. T.; LIMA, M. R.N.; BRANDÃO, L. G. M. Interculturalismo e paz: Um
diálogo traçado por meio da fotografia. Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2011.
PEREIRA JUNIOR, L. C. Guia de edição jornalística. 2.ed. São Paulo: Vozes, 2009.
REVISTAS,
Revista
Veja.
Disponível
em
<http://www.revistas.com.br/mos/view/Revistas/Revistas_de_Atualidades/Revista_Veja/>,
consultado em 22/04/11 às 11h17min.
SANTAELLA, L. A Teoria Geral dos Signos - Semiose e Autogeração, São Paulo: Atica,
1995.
SANTAELLA, L. A. Comunicação e Pesquisa, São Paulo: Hacker Editores, 2001.
13