Braquetes autoligados ativos x passivos
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pergunte a um expert 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 Braquetes autoligados ativos x passivos Liliana Ávila Maltagliati* Nos últimos anos, os braquetes autoligados têm recebido um grande destaque na Ortodontia. A principal característica ressaltada e apontada como vantagem recai sobre o fato de que, ao dispensar a necessidade de ligadura, eliminam o contato do material de amarração com o fio e possibilitam a redução do atrito durante o alinhamento e nivelamento, e também no momento do fechamento dos espaços1. Esse fato incentivou a popularização dos braquetes nos últimos anos. Desde o final da década de 70 e início da de 80, inúmeros modelos de autoligados foram desenvolvidos e apresentados por quase todas as empresas produtoras de material ortodôntico. No quadro 1, estão listados os principais braquetes autoligados comercialmente disponíveis na atualidade (Fig. 1). Todos apresentam características muito semelhantes e podem ser genericamente divididos em dois grupos: o grupo de braquetes autoligados passivos e o grupo de autoligados ativos. Todo braquete autoligado, seja ele ativo ou passivo, apresenta a quarta parede móvel, utilizada para converter o slot em tubo. No grupo de braquetes passivos, encontram-se os modelos em que a canaleta do braquete é fechada por meio de uma trava que desliza na superfície externa das aletas, transformando todos os braquetes em tubos e criando quatro paredes nas canaletas, rígidas e passivas. No grupo dos braquetes ativos, o fechamento se dá por um clipe que invade uma parte da canaleta, em uma das paredes, superior ou inferior. Esses clipes têm a característica de exercer certa pressão sobre os fios mais calibrosos, normalmente superiores ao 0,018”. Existe, ainda, um terceiro tipo, com clipes posicionados nas laterais de um braquete com design convencional, desenvolvido pela empresa 3M®, mas que se enquadra no grupo dos passivos, pela sua característica de atuação. Apesar de serem exaltados por apresentar baixo atrito e haver diversas opiniões acerca de qual é o melhor modelo a ser adotado, a escolha entre um ou outro braquete deve levar em consideração vários aspectos: desde a facilidade de obtenção do produto, seu preço, qualidade de fabricação e vantagens clínicas de cada um, adaptadas ao caso clínico selecionado para tratamento. 6 Rev. Clín. Ortodon. Dental Press, Maringá, v. 9, n. 2, abr./maio 2010 NOME MARCA COMERCIAL CARACTERÍSTICAS PRESCRIÇÃO Carriere LX Ortho Organizers metálico, passivo Roth, MBT Carriere SLB Class One metálico, passivo Roth, MBT Clarity SL Unitek estético com canaleta metálica, passivo MBT Damon 3 ORMCO estético, passivo high, standard, low* Damon mx ORMCO metálico, passivo high, standard, low* Damon Q ORMCO metálico, passivo high, standard, low* Easy Clip Aditek metálico, passivo Roth Evolution LT Adenta metálico, para técnica lingual, passivo/ativo Roth In-Ovation C GAC estético, passivo/ativo Roth, Roncone, 7/3 In-Ovation L GAC metálico, para técnica lingual, passivo/ativo não disponível In-Ovation R GAC metálico, passivo/ativo Roth, Roncone, 7/3 Opal Ultradent estético, passivo Roth Oyster Gestenco estético Roth Praxis Glide Lancer metálico, passivo Roth, MBT Quick Forestadent metálico, passivo/ativo Roth, MBT Quicklear Forestadent estético, passivo/ativo Roth, MBT Smart Clip Unitek metálico, passivo MBT Speed Strite Industries metálico, passivo/ativo Hanson, Roth, MBT, Bioprogressiva Time Adenta metálico standard* T3 American Orthodontics metálico, passivo/ativo Roth, MBT Vision LP American Orthodontics metálico, passivo/ativo Roth, MBT Quadro 1 Principais modelos de braquetes autoligados disponíveis no mercado, dispostos conforme marca, nome comercial, principais características e prescrição (*prescrição própria do fabricante). 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100 Liliana Ávila Maltagliati 101 102 103 104 105 106 107 108 109 110 111 112 113 114 115 116 117 118 119 120 121 122 123 124 125 126 127 128 129 130 131 132 133 134 135 136 137 138 139 140 141 142 143 144 145 146 147 148 149 1A 1B 1C 1D 1E 1F 150 151 152 153 154 155 156 157 158 159 160 161 162 163 164 165 166 167 168 169 170 171 172 173 174 175 176 177 178 179 180 181 182 183 184 185 186 187 188 189 190 191 192 193 194 195 196 197 198 Figuras 1A- 1F Exemplos de modelos de braquetes ativos e passivos: A) ativo - Quick (Forestadent); B) ativo - T3 (American Orthod); C) ativo - Innovation (GAC); D) passivo - Damon MX (ORMCO); E) passivo - Easy Clip (Aditek); F) passivo - Smart Clip (3M). Vários trabalhos de pesquisa avaliaram os diversos modelos de braquetes autoligados e convencionais, comparando, essencialmente, o atrito gerado pelo deslize do fio por eles. Kapur, Sinha e Nanda2 encontraram que, com fios de NiTi, a fricção é de 41g com o braquete convencional e de 15g com o Damon SL. Com os fios de aço, os valores foram de 61g e 3,6g, respectivamente. Sims et al.3, em 1993, encontraram uma superioridade do braquete passivo em relação ao ativo, na redução do atrito, porém ambos foram significativamente melhores do que os braquetes convencionais. Em 2003, Harradine4 verificou que com fios retangulares, na mecânica de deslize, o braquete passivo foi superior. Corroborando com esse achado, Thomas, Sherriff e Birnie5, em 1998, compararam o atrito gerado pelos braquetes convencional, Tip-Edge, Time (ativo) e Damon (passivo) e verificaram que, nos fios de baixo calibre, braquetes ativos e passivos atuam na redução do atrito, aproximando-o de zero; porém, com o aumento do calibre, para fios retangulares, o braquete passivo demonstrou o menor atrito — apesar de ambos terem gerado atrito significativamente menor do que o braquete convencional. O design dos novos braquetes, com bordas arredondadas e paredes avolumadas, foi reportado por Thorstenson e Kusy6, em 2004, como não sendo um fator que altera a fricção clássica. O braquete cerâmico com a ligadura elástica oferece a maior resistência ao movimento, com um valor médio de 10,84 onças (308,15g). Vale ressaltar que esses trabalhos são todos laboratoriais e com o fios retificados, como na fase de mecânica de fechamento de espaços. No início do tratamento, entretanto, os dentes estão desnivelados e, portanto, criam angulações que deflexionam o fio, que tocará o braquete em diferentes pontos. Nesse contexto, o atrito aumentaria em todos os modelos de braquetes. Read-Ward, Jones e Davies7, em 1997, simularam, em laboratório, as angulações geradas pelo mau posicionamento dentário e verificaram que o aumento do atrito acontecia em todos os braquetes, convencionais, passivos e ativos. Concluíram que, quando o alinhamento é substancial, o braquete autoligado passivo Rev. Clín. Ortodon. Dental Press, Maringá, v. 9, n. 2, abr./maio 2010 7 pergunte a um expert 199 200 201 202 203 204 205 206 207 208 209 210 211 212 213 214 215 216 217 218 219 220 221 222 223 224 225 226 227 228 229 230 231 232 233 234 235 236 237 238 239 240 241 242 243 244 245 246 247 se comporta melhor do que aqueles com clips. Porém, conforme a má oclusão se torna prevalente e o calibre do fio diminui, os tipos de braquetes autoligados ativo e passivo perdem distinção. Portanto, os braquetes ativos e passivos têm performance parecida no primeiro estágio do tratamento e tendem a se tornar diferentes com o alinhamento e com fios mais calibrosos, o que significa que, para tratamentos sem extração, a forma de travamento do fio no braquete parece perder importância. Um trabalho realizado por Chin-Liang Yeh et al.8, em 2007, simulou o toque dos fios nos braquetes em casos de desnivelamento como ocorre na fase inicial de tratamento, com fio 0,014” de níquel-titânio. De acordo com a metodologia empregada pelos autores, as angulações dos fios simulando o desnível vertical, como dobras de segunda ordem, mostra que há uma interação entre a altura do slot, a distância interbraquetes, a largura do braquete, a deflexão do fio e o ângulo do ponto de contato, interferindo na quantidade de atrito. Entre os braquetes avaliados (Smart Clip, Damon 2 e Synergy), o Damon 2 mostrou o maior nível de força liberada pela deflexão de 0,5mm; e para uma deflexão de 1,0mm, a maior força adveio do braquete Synergy. Também simularam o uso de fio retangular de níquel titânio 0,016” x 0,022”, o qual é frequentemente utilizado para finalizar o nivelamento e completar a correção de rotações. Nesse contexto, a profundidade do slot, a largura do braquete e a espessura do fio são determinantes para eliminar as rotações. A menor força foi liberada pelo braquete Synergy; entretanto, isso significa menor controle de rotação. O braquete Damon teve a maior força, porém isso significa maior controle rotacional. Na fase final de nivelamento, na mecânica de fechamento de espaços com fio retangular de níquel e titânio 0,019” x 0,025”, os autores mostraram que a menor fricção foi gerada pelo braquete Smart Clip. Durante o estágio de finalização, é desejável estabelecer binários entre o fio e o braquete que produzam maior fricção, para obter-se melhor controle de torque e finalização do posicionamento dentário. O Smart Clip teve o maior slot e a menor força de binário, e os fabricantes aconselham utilizar ligaduras metálicas para melhor controle rotacional e de torque na fase final de nivelamento. Já para casos com extração em que o fio retangular será empregado por mais tempo e a mecânica de deslize é necessária, os braquetes passivos parecem ser mais recomendados, pela melhor performance nos estudos laboratoriais. Entretanto, estudos recentes têm suscitado a importância de cautela naqueles casos onde a leitura de torque é necessária9. Badawi et al.10, em 2008, compararam a leitura de torque de modelos ativos (In-Ovation, GAC, Bohemia, NY; Speed, Strite Industries, Cambridge, Ontário, Canadá) e passivos 8 Rev. Clín. Ortodon. Dental Press, Maringá, v. 9, n. 2, abr./maio 2010 Pergunte a um Expert - Braquetes autoligados ativos x passivos (Damon 2, Ormco, Orange, Califórnia; Smart Clip, 3M Unitek, Monrovia, Califórnia) e encontraram resultados interessantes. O torque parece ter começado a ser lido nos braquetes passivos a partir de 15° e a partir de 7,5° para os ativos. O ângulo de desvio para os passivos foi maior do que o descrito na literatura, e para os ativos foi menor. Araujo11, em 2008, também estudou a leitura de torque do braquete passivo Damon e verificou que a leitura da inclinação da coroa dos dentes anteriores, ao final do tratamento, diferia significativamente da prescrição inserida no braquete. Bourauel et al.12, em um estudo laboratorial, encontraram que o braquete Damon mostrou-se menos efetivo na transmissão do torque do que os braquetes Speed ou braquetes convencionais com ligadura convencional, e atribuíram esse resultado à maior liberdade do fio na canaleta daqueles braquetes. Pandis et al.13 investigaram a efetividade da leitura de torque de braquetes convencionais e autoligados em casos com e sem extração, e encontraram efeito similar, entre os dois tipos de braquetes, na habilidade de leitura de torque de incisivos superiores — seja em casos com ou sem extração. Em um estudo in vitro, Cash et al.14 enfatizaram que o braquete Damon 2 tem uma canaleta aproximadamente 17% maior na base e pode, portanto, alterar o contato com os fios retangulares e perder em eficiência de leitura de torque. Milles, Weyant e Rustveld15, em 2006, realizaram um estudo para comparar os efeitos e o conforto do braquete autoligado Damon 2 (Ormco) com o braquete convencional, durante o início do alinhamento e nivelamento. Foram selecionados 60 pacientes, alternados em dois grupos: grupo 1 — os dentes do quadrante inferior direito foram colados indiretamente com Damon 2, e os dentes do lado esquerdo com braquete convencional MBT Victory (3M/Unitek); grupo 2 — foram invertidos os lados de colagem dos braquetes. Ambos os braquetes apresentavam a mesma dimensão de canaleta, a mesma angulação e o mesmo torque. Os braquetes convencionais foram amarrados com ligaduras elásticas na cor prata, para ficar menos nítida a diferença entre os braquetes. O fio inicial foi o 0,014” NiTi termoativado e, para realizar a segunda medição (depois de 10 semanas), foi utilizado o fio 0,016” x 0,025”, também NiTi termoativado. Por meio de um dispositivo digital intrabucal, foram realizadas duas medições (entre o incisivo lateral e o canino inferior, e entre o incisivo lateral e o incisivo central) para determinar o índice de irregularidade, ou seja, o grau de apinhamento. Os pacientes foram chamados nos primeiros dias depois da colagem e questionados sobre qual lado tinha maior sensibilidade e qual lado era o mais confortável. Os autores concluíram que, com o autoligado Damon 2, a redução do índice de irregularidade não foi mais eficiente. Concluíram também 248 249 250 251 252 253 254 255 256 257 258 259 260 261 262 263 264 265 266 267 268 269 270 271 272 273 274 275 276 277 278 279 280 281 282 283 284 285 286 287 288 289 290 291 292 293 294 295 296 Liliana Ávila Maltagliati 297 298 299 300 301 302 303 304 305 306 307 308 309 310 311 312 313 314 315 316 317 318 319 320 321 322 323 324 325 326 327 328 329 330 331 332 333 334 335 336 337 338 339 340 341 342 343 344 345 que, com o autoligado, no início do tratamento, a movimentação dentária foi menos dolorida, porém mais dolorida quando utilizado o segundo fio. Durante as vinte semanas da estudo, as quebras dos braquetes foram acompanhadas e as descolagens com o Damon 2 foram mais significativas. Fleming et al.16 encontraram pequena diferença na mudança de inclinação dos incisivos inferiores, em um estudo clínico prospectivo com o Smart Clip e braquetes convencionais, utilizando a prescrição MBT. Ocorreu um aumento da inclinação vestibular de 4,41° e 4,32°, respectivamente em cada grupo, na fase de alinhamento e nivelamento. A inclinação dos incisivos foi fortemente influenciada pela sua inclinação inicial e a quantidade de apinhamento inicial foi dissolvida durante o período investigado. Com base nos resultados da maioria dos trabalhos expostos, pode-se considerar que a escolha do braquete a ser utilizado no tratamento deve levar em consideração o planejamento do caso e as necessidades mecânicas para o resultado final desejado. Segundo Harradine17, apesar das diferenças poderem ser elucidadas, é difícil descrever até que ponto essas diferenças são sentidas pelo clínico e afetam o resultado final do tratamento. Na fase inicial de alinhamento e nivelamento, pode-se verificar, pela literatura disponível, que não há diferença significativa; e as evidências clínicas apontam no mesmo sentido. As figuras 2 e 3 mostram casos com apinhamento inicial semelhante e que foram tratados com braquetes autoligados passivo e ativo. Nas figuras 4 e 5, pode-se comparar as mudanças ocorridas com os modelos ativo e passivo após 4 meses de tratamento. Já no final do tratamento, quando necessita-se de mecânica de fechamento de espaços, é preciso aliar baixo atrito com controle de torque. Nesse contexto, é interessante observar que o que diferencia o sistema convencional do autoligado, nesse momento, é o braquete do segundo pré-molar apenas, já que os tubos de molares são, em essência, braquetes autoligados. Se considerar-se que, em comparação ao sistema convencional, os autoligados reduzem o atrito — mesmo os do tipo ativo —, e que somente o braquete do segundo pré-molar ofereceria alguma influência, não parece haver também, nesse momento, diferença significativa sobre o modelo de braquete utilizado. Essa talvez seja uma das razões pela qual o trabalho de Miles18 não tenha encontrado diferença no tempo de retração anterior entre os braquetes autoligados e os convencionais. Entretanto, no controle de torque, quando esse é necessário, os modelos ativos parecem ser mais vantajosos. Em resumo, quando se fala de eficiência mecânica, em todos os passos do tratamento ortodôntico, o braquete ativo 346 347 348 349 350 351 352 353 354 355 356 357 358 359 360 361 362 363 364 365 366 367 368 369 370 371 372 373 374 375 376 377 378 379 380 381 382 383 384 385 386 387 388 389 390 391 392 393 394 mostra-se mais interessante. Uma situação em que poderíamos considerar mais vantajoso o uso do passivo seria, por exemplo, nas discrepâncias de modelo positivas, com protrusão inicial de incisivos, em que o objetivo de tratamento seja o fechamento dos diastemas em todo a arcada. Cabe ao ortodontista decidir se elegerá um único modelo de braquete e o adaptará às necessidades de cada caso — como, por exemplo, individualizar o torque quando o controle desse é necessário, ou imprimi-lo ao fio (no caso dos braquetes passivos), ou reduzir o calibre do fio no segmento posterior, em mecânicas de deslize nos passivos (por exemplo, utilizando a técnica bidimensional) — ou, ainda, se fará a individualização para cada caso, adequando o modelo de braquete utilizado, como é feito já com a prescrição. Essa última é a opção que eu atualmente adoto. Além da performance clínica, a escolha do modelo também deve levar em consideração outros fatores relacionados ao melhor desempenho do ortodontista no atendimento aos pacientes. Não devemos nos esquecer que, para que a adoção de uma forma diferente de tratamento seja válida, o serviço prestado deve economizar tempo, ser eficiente, efetivo, versátil e centrado no paciente: os braquetes autoligados têm demonstrado apresentar essas características, descritas abaixo. • Eficiência — já há trabalhos suficientes na literatura que demonstram os benefícios dos braquetes autoligados na redução do atrito e na rapidez das alterações dentárias, além da redução também no tempo de cadeira. • Efetividade — as vantagens propostas surgem da combinação única de baixa fricção e bom controle dos movimentos proporcionados pelos braquetes autoligados. Essa combinação permite redução na força de movimentação, que aumenta a velocidade de movimentação dentária e reduz, significativamente, a necessidade de extrações dentárias para alinhar os dentes. • Paciente como foco principal — os braquetes autoligados podem ser benéficos para o paciente, pois diminuem a necessidade de consultas mais frequentes, reduzem o tempo total do tratamento, minimizam a necessidade de extrações dentárias e simplificam a mecânica ortodôntica, tornando-a mais confortável. Os braquetes autoligados têm, portanto, todas as características que agradam aos profissionais e pacientes. Porém, ainda são pouco utilizados e, muitas vezes, até rejeitados. As inovações tecnológicas são, frequentemente, difíceis de ser aceitas pela população e as mudanças são difíceis de ser avaliadas em curto prazo. Talvez, essa seja uma das causas do atraso na adoção desse tipo de braquete como o de eleição na prática clínica. Rev. Clín. Ortodon. Dental Press, Maringá, v. 9, n. 2, abr./maio 2010 9 pergunte a um expert Pergunte a um Expert - Braquetes autoligados ativos x passivos Figura 2 Fio inicial: A) braquete passivo, B) braquete ativo. 395 396 397 398 399 400 401 402 403 404 405 406 407 408 409 410 411 412 413 414 415 416 417 418 419 420 421 422 423 424 425 426 427 428 429 430 431 432 433 434 435 436 437 438 439 440 441 442 443 2A 2B 3A 3B 4A 4B 5A 5B Figura 3 Quatro meses em tratamento: A) braquete passivo, B) braquete ativo. Figura 4 Fio inicial: A) braquete passivo, B) braquete ativo. Figura 5 Quatro meses em tratamento: A) braquete passivo, B) braquete ativo. 10 Rev. Clín. Ortodon. Dental Press, Maringá, v. 9, n. 2, abr./maio 2010 444 445 446 447 448 449 450 451 452 453 454 455 456 457 458 459 460 461 462 463 464 465 466 467 468 469 470 471 472 473 474 475 476 477 478 479 480 481 482 483 484 485 486 487 488 489 490 491 492 Liliana Ávila Maltagliati 493 494 495 496 497 498 499 500 501 502 503 504 505 506 507 508 509 510 511 512 513 514 515 516 517 518 519 520 521 522 523 524 525 526 527 528 529 530 531 532 533 534 535 536 537 538 539 540 541 Essa característica de combinar baixa fricção com encaixe seguro do fio na canaleta dos braquetes de configuração Edgewise só é possível, atualmente, com os braquetes autoligados. Essa é, provavelmente, a maior vantagem desses braquetes17. As vantagens demonstradas pelos braquetes autoligados em relação aos convencionais aplicam-se, em princípio, a todos os braquetes autoligáveis, apesar de o modo como elas são demonstráveis na prática possa diferir. Apresentam maior certeza na inserção total do arco no slot, pouco atrito entre o braquete e o arco, menor tempo de cadeira e maior rapidez na mudança do arco. A tendência de se esperar “evidências científicas” das inovações é bastante saudável, porém as evidências clínicas são gritantes e saltam aos olhos. Vale lembrar que há muito pouca, se houver, evidência científica demonstrando que o sistema de braquetes pré-ajustados é melhor do que o sistema de braquetes padrão (sem incorporação das características das coroas dentárias) no que se refere à excelência no tratamento ortodôntico. Nem tampouco de que os fios de níquel-titânio são mais efetivos no posicionamento dentário correto de nivelamento. Entretanto, a evidência clínica dos bons resultados e do quanto eles simplificam o tratamento ortodôntico fez com que eles ocupassem o espaço nas clínicas de Ortodontia. Cremos que o mesmo tende a acontecer com o sistema de braquetes autoligados. Liliana Ávila Maltagliati Brangeli Graduada pela Faculdade de Odontologia de Bauru pela Universidade de São Paulo (1991). Mestre em Ortodontia e Odontologia em Saúde Coletiva pela Universidade de São Paulo (1997). Doutora em Ortodontia e Odontologia em Saúde Coletiva pela Universidade de São Paulo (2000). Professora do curso de Mestrado em Biologia Oral, área de concentração Ortodontia, da Universidade do Sagrado Coração em Bauru, São Paulo. Coordenadora do curso de Especialização em Ortodontia da ABCD-SP. 542 543 544 545 546 547 548 549 550 551 552 553 554 555 556 557 558 559 560 561 562 563 564 565 566 567 568 569 570 571 572 573 574 575 576 577 578 579 580 581 582 583 584 585 586 587 588 589 590 Referências 1. Damon DH. The Damon low-friction bracket: a biologically compatible straight-wire system. J Clin Orthod 1998;32:670-80. 2. Kapur R, Sinha PK, Nanda RS. Frictional resistance of the Damon SL bracket. J Clin Orthod. 1998;32:485-489. 3. 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