Nem só de gigantes vive o Pré-sal

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Nem só de gigantes vive o Pré-sal
Nem só de gigantes vive o Pré-sal
Perspectivas de novos negócios para cadeia do Pré-Sal entusiasmam pequenas e
médias empresas
Por Flávia Gianini
A simples menção ao termo pré-sal já traz à mente a imagem das imensas plataformas
da Petrobras em meio ao oceano. Mas nem só de multinacionais vive a cadeia de
exploração das reservas de petróleo recém-descobertas. De olho no potencial de geração
de novos negócios, pequenas e médias empresas têm investido pesado.
Depois de aplicar R$ 6 milhões em 2009 na ampliação da sua estrutura, a empresa
fluminense de inspeção industrial WD Group está revendo a previsão inicial de
investimentos para este ano de R$ 2,5 milhões para R$ 5 milhões em função das
perspectivas promissoras do setor de gás e petróleo. “Devemos crescer 50% em
2010”, diz o sócio-diretor da empresa, Gabriel Pinton.
Empresas como a Armtec, de Fortaleza, no Ceará, especializada em desenvolvimento e
produção de equipamentos e sistemas de robótica, estão projetando novos produtos e
serviços ou adequando os existentes às profundidades da camada pré-sal. "Já estávamos
projetando tecnologia, antes mesmo do anúncio do pré-sal, para atender demanda da
Petrobras de guindastes para exploração em plataformas marítimas para 2012 e 2013.
Há mais de 20 anos o Brasil não produz esse tipo de guindaste", afirma Roberto
Macedo, diretor da Armtec.
Atualmente, um guindaste para 27 toneladas, utilizado nas plataformas marítimas, custa
entre R$ 7 milhões e R$ 15 milhões. “Imagino que, até a exploração do pré-sal ser
iniciada, serão necessários uns 200 guindastes”, complementa Roberto.
O pré-sal também tem atraído pequenas e médias empresas estrangeiras. É o caso da
francesa Ixsea, que vai se instalar em Santa Catarina e fabrica sistemas de
giroscópio, que ajudam a estabilizar embarcações. “A ideia é aumentar o faturamento
em 40% em 2010″, diz o diretor da empresa no País, Paulo Alcarpe. A empresa fatura
hoje cerca de US$ 1 milhão por ano no Brasil.
Em 11 estados brasileiros, foram qualificadas 2,3 mil empresas como fornecedoras do
setor de petróleo e gás pelo convênio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas (Sebrae) com a Petrobras, entre 2004 e 2008. Um total de 352
empresas-âncora (compradoras de grande porte do setor) e 2,9 mil fornecedoras de
pequeno porte participaram de 33 rodadas de negócios, que totalizaram R$ 1,5 bilhão.
Molas Propulsoras
Segundo a pesquisa Panorama Empresarial, da consultora Deloitte, quase 100% das
companhias instaladas no Rio pretendem fazer investimentos em 2010 direta ou
indiretamente ligados ao pré-sal. O estudo ouviu 48 empresas geravam 149.000
empregos diretos ao final de 2009 e com receita bruta total de R$ 186 bilhões, o que
corresponde a 56% do Produto Interno Bruto (PIB) estadual do Rio de Janeiro.
Para o diretor da Agência Nacional de Petróleo (ANP), Haroldo Filho, fala-se muito em
pré-sal e petróleo e menos no desenvolvimento da área. Paralemente ao papel das
grandes empresas do setor, frequentemente citadas como molas propulsoras da
exploração, o diretor da ANP defende uma participação mais ativa das pequenas e
médias corporações. “Só assim vamos encontrar uma nova gama de soluções para o présal”, diz.
O diretor do Centro Brasileiro de infra-estrutura, Adriano Pires, confirma o futuro
promissor. “A Petrobras vai aumentar o número de contratos com pequenas e médias
empresas para comprar suas plataformas de exploração em partes e depois montá-las”,
diz. A expectativa, segundo Pires, é que a as pequenas e médias empresas se tornem as
principais fornecedoras de bens e serviços para a multinacional.
O que pode jogar areia nos sonhos dos pequenos é a falta de capital para investimento e
a gestão amadora da maioria dessas empresas. Mas há luz no fim do túnel. “Fundos
estão de olho nesse mercado. Os investimentos provenientes destes grupos devem
permitir que as empresas cresçam organicamente”, avalia Pires.
A Deloitte apurou que, das companhias que pretendem expandir as operações em 2010,
mais de dois terços disseram que têm intenção de crescer dentro da própria atividade por
meio de fusões e aquisições, parcerias ou abertura de novas empresas. Para Pires, as
pequenas e médias empresas que buscam crescimento podem abrir o capital e captar
recursos no mercado ou então buscar financiamentos.
Capacitação
O bonde do pré-sal tem data para partir em velocidade máxima a partir de 2015, mas os
efeitos no mercado de trabalho já começam a ser sentidos, já que a expectativa é que ele
abra 1,5 milhão de vagas de emprego pelo País. Pires destaca que, por se tratar de uma
nova cadeia produtiva, as médias e pequenas empresas precisam se capacitar e
diversificar para atender a demanda do setor.
Por isso, universidades e centros educacionais estão abrindo novas vagas e cursos
voltados ao setor, aponta o gerente de estratégias de contratação de bens e serviços da
Petrobras, Roberto Alfradique Vieira de Macedo. “Já temos 422 convênios com
instituições de ensino em todo o País. A Petrobras investe em laboratórios e na
formação de pessoal junto a esses centros”, destaca.
A Industrial Welding Course (IWC), que oferece cursos especializados na área de
Petróleo e Gás, criou quatro cursos este ano e já registra aumento de 15% nas matrículas
em suas quatro unidades. Segundo o sócio-diretor da escola, André Lincoln, isso é só o
começo. “Esse crescimento não chega a ser significativo perto da perspectiva de
crescimento deste setor nos próximos anos”, reconhece.
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