Problemas de disciplina
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Problemas de disciplina
Telma Batista 1 I - A DISCIPLINA A disciplina desempenha um papel importante nas conquistas da criança, entre as quais estão: 1. O autocontrolo: reconhecer os seus próprios impulsos, como são desencadeados, como podem magoar os outros e como os controlar; 2. o reconhecimento dos seus sentimentos e daquilo que lhes está subjacente: identificá-los, expressá-los ou mantê-los escondidos, caso seja necessário; 3. a percepção dos sentimentos dos outros: compreender as suas causas, preocupar-se com aquilo que eles sentem e reconhecer o efeito que os seus actos têm sobre os outros; 4. o desenvolvimento de um sentido de justiça e a motivação para se comportar de uma forma justa; 5. o altruísmo: a descoberta da alegria de dar, e até de fazer sacrifício por outros seres humanos. Na adolescência todas estas capacidades vitais têm um objectivo definido, tal como ao longo de toda a vida. Se não for feita na infância, a sua posterior aquisição será mais difícil. Sem elas, os desafios dos anos futuros serão ainda maiores. I. I – A PERSONALIDADE DA CRIANÇA E A DISCIPLINA A personalidade da criança pode afectar aquilo que ela é capaz de fazer com facilidade e aquilo que lhe dará maiores problemas. Compreender a personalidade da criança ajuda-o a adaptar a disciplina para a tornar mais eficaz: Crianças muito activas podem ter maiores dificuldades em se controlarem e precisam com mais frequência de uma atitude mais prática dos pais. Crianças difíceis de ambientar talvez se retraiam ou até mesmo se revelem de forma calma, se forem obrigadas a tentar algo de novo. Precisam de mais encorajamento e mais tempo para se prepararem e precisam que os pais decomponham uma nova exigência e passos mais pequenos. Crianças muito sensíveis, atentas a todos os que as rodeiam, podem sentir-se responsáveis por coisas que não são para a sua idade e sentir-se destroçadas pela culpa, à mais leve reprimenda. 2 Crianças com fraca capacidade de concentração, podem ter dificuldade em cumprir uma série de instruções e precisam de terminar uma tarefa de cada vez, antes de lhes ser dada a instrução seguinte. Crianças com hipersensibilidade sensorial que sentem profundamente tudo o que vêem, ouvem ou tocam. Precisam de silenciar os sons e fechar os olhos às imagens que as rodeiam. Isto pode fazer com que não respondam a um pedido dos pais. Quando os temperamentos são muito diferentes e os pais gostariam de modificar a personalidade dos filhos, é natural acontecerem lutas pelo controlo. O melhor que os pais têm a fazer é aceitar a personalidade dos filhos tal como ela é e aprenderem a lidar com ela. No entanto, estas lutas também podem acontecer quando os pais e as crianças são “muito parecidos”. Os pais têm de aprender a aceitar os seus próprios temperamentos quando os vêem espelhados nos filhos. I. II - PRINCÍPIOS BÁSICOS DA DISCIPLINA Torne as regras claras e consistentes: 1. Ambos os pais devem decidir quais são as regras e estarem de acordo na sua aplicação. 2. Explique à criança qual é a regra, com palavras, gestos e tom de voz. 3. Adapte as regras às capacidades e necessidades de cada criança – as regras não têm de ser iguais para todos. 4. Espere que a criança o volte a desafiar. 5. Responda sempre da mesma maneira, pois qualquer variação aguça a curiosidade da criança em ver o que acontece da próxima vez. 6. Faça avaliações e revisões regulares das suas regras e expectativas. À medida que a criança cresce, precisará de ajustar algumas delas. As crianças precisam que os pais digam «não» até que a lição tenha sido aprendida e já não precise de ser testada. Aprendem pela repetição. As crianças testam os pais para tentarem perceber se será sempre «não» ou se será «não» quando for dito desta ou daquela maneira, aqui ou ali, na presença desta ou daquela pessoa, etc. 3 Ensine a criança a controlar os seus impulsos: 1. Capte a atenção da criança. Se for preciso, segure-lhe o rosto ou os ombros com as mãos. Olhe-a nos olhos, obrigando-a a concentrar-se na mensagem. 2. Explique-lhe claramente que não pode agir de acordo com os seus impulsos: Não podes mexer. Ou, se já chegou tarde: Põe no sítio. 3. Se for necessário, deve impedir fisicamente a criança de fazer o que lhe proibiu (tire-lhe o brinquedo, leve-a a outro lado, etc.). 4. Sempre que possível, dê-lhe uma alternativa: Esse não. Mas podes levar o outro. Isto ensina-a a resolver problemas. 5. Faça da alternativa uma oferta do tipo “pegar ou largar” e não uma negociação. Isto mostra à criança que o seu principal objectivo não é entristecê-la, mas ensiná-la: Se não queres levar este então não levas nenhum. Não desista até ter conseguido o seu objectivo. 6. Procure entender a frustração e a tristeza da criança: É muito triste não podermos ter tudo o que queremos, não é?. Não está a ensiná-la a abdicar de todos os seus sonhos e desejos, mas apenas a controlar aqueles que não podem ser realizados. Não está a tentar ensinar-lhe a gostar de todas as regras, mas apenas a gerir os sentimentos negativos relativamente a elas, para que não se sinta frustrada. 7. Ajude a criança a compreender o motivo, em termos simples, pelo qual o desejo não pode realizar-se. 8. Se, no entanto, sentir que errou, aproveite a oportunidade para demonstrar a importância de admitir os erros e pedir desculpa, sem abdicar da sua autoridade. 9. Acarinhe a criança e ajude-a a acreditar que pode aprender, a pouco e pouco, a controlar-se. Pegue-lhe ao colo e abrace-a. 10. Procure oportunidades de ajudar a criança a resolver o que fez sem se sentir humilhada, pois caso contrário ela tentará justificar o comportamento em vez de o corrigir. 11. Quando o dia foi feito de «nãos», procure alguma coisa a que possa dizer «sim». Isso ajuda a criança a ver a disciplina como um acto de amor, não como resposta a algo de “mau” nela. 12. Não encare o mau comportamento da criança como um ataque pessoal, em particular os desafios constantes. Se os vir como ataques pessoais, é provável que responda da mesma maneira. Em vez disso, procure perceber o que é que a criança está a tentar aprender com esse mau comportamento, para lhe poder responder com aquilo de que a criança precisa. 4 13. Partilhe esta responsabilidade com outros adultos que façam parte da vida da criança. Ajude a criança a expressar e a controlar as emoções: 1. A sentir-se suficientemente segura para experimentar as suas emoções: Eu ajudo-te a controlares-te até seres capaz de o fazer sozinho. 2. A distinguir diferentes emoções: Às vezes, quando estão assustadas, as pessoas têm vontade de ser más. 3. A reconhecer as associações entre emoções e situações em particular: Não estás contente de teres sido capaz de arrumar os brinquedos todos? 4. A perceber e identificar os sentimentos: Tenho medo do escuro. 5. A descobrir formas de se acalmar ou expressar as suas emoções: Porque não vais ler um livro antes de dormir? Porque não desenhas o monstro que te assusta à noite? 6. A pedir ajuda quando precisa para lidar com os sentimentos: Sentas-te ao pé de mim e cantas-me uma canção antes de eu dormir? 7. A aceitar e valorizar os sentimentos. Por exemplo, se a criança se recusa a ir dormir: Tu brincas tanto durante o dia, que não consegues parar à noite! Ou Gostamos muito um do outro. É natural que não gostemos de ir para a cama e esperar pelo outro dia para voltarmos a estar juntos. O mau comportamento é muitas vezes a primeira tentativa da criança para tentar canalizar os seus sentimentos mais intensos. A criança precisa dos pais para lhe fazer sentir que não está em perigo por causa do seu tumulto interior e que estarão sempre a seu lado para a ajudarem a comandar esses sentimentos. A criança precisa de aprender a modelar as suas atitudes a partir da forma como os adultos se acalmam, controlam a situação e procuram uma solução. Para que aprenda a gerir as emoções sem se comportar mal, precisa da ajuda dos pais para compreender oos seus sentimentos e experimentá-los sem perder o controlo. Ajude a criança a aprender as consequências do seu comportamento: 1. A compreender o significado do seu comportamento: Esta é uma maneira de chamares a minha atenção. Sei que querias que fosse brincar contigo e eu gostava de não estar tão ocupado, mas se desatas a correr dessa maneira e 5 a deitar tudo ao chão, vou ficar demasiado zangado para brincar e vamos ter de passar o tempo a limpar e arrumar em vez de brincarmos. 2. A antecipar as consequências: Se gastares tudo agora, depois não há mais; Se continuares a fazer isso, vais-se partir e depois não te dou outra; Se não fores já buscar o casaco, não temos tempo para ir a casa da avó; Podes magoar-te; Vais sentir-te mal pois ela é tua amiga e não queres magoá-la. 3. A estabelecer os seus próprios limites: Se não arrumares este brinquedo primeiro, não te deixo ir buscar o outro; Se não arrumares os brinquedos, tenho de os pôr no meu armário; Se não paras de gritar, vais ter de ir para o teu quarto e fechar a porta e lá podes gritar à vontade; Se fizeres birra na loja por causa de um brinquedo (ou de um chocolate) podes ter a certeza de que não vais ter nenhum – nem agora, nem nunca. 4. A recordar as consequências: Se magoares alguém, não vão querer brincar contigo. Se não pedires as coisas delicadamente, ninguém te vai ajudar; Podes ferir os sentimentos dos outros; Se deitares açúcar para o chão, tens de me ajudar a limpá-lo; Se não ajudares o pai a limpar a loiça, isto vai demorar muito mais e ficamos com menos tempo para brincar. As consequências devem ser escolhidas de modo a ensinarem às crianças quais os resultados do seu comportamento para que se comportem melhor da próxima vez. São mais eficazes a ajudar as crianças a lembrarem-se de que têm de aprender com os erros, do que com a dor, a vergonha ou a humilhação. Aproveite o mau comportamento para ensinar a autodisciplina: 1. Observe o comportamento não-verbal da criança para avaliar o que ela sente acerca daquilo que fez. 2. Se a criança já percebeu que fez algo errado e se sente culpada por isso, então já está a aprender a sua lição. 3. Se forem demasiado fortes para serem suportados, os sentimentos de culpa tendem a ser compensados com a negação. Não force a criança a ponto de ela não poder enfrentar aquilo que fez. Em vez disso, louve-a pela coragem necessária para enfrentar os próprios erros: Vejo que te sentes muito mal pelo que fizeste. Sabes que não quero que te sintas pior do que já sentes. 4. Se for necessário, certifique-se de que a criança compreende o que fez, pedindo-lhe que lhe conte. As palavras dela valem muito mais do que suas e terá a possibilidade de clarificar aspectos que sejam confusos. 6 5. Decida com o outro progenitor, uma consequência que se relacione directamente com o acto e permita à criança reparar o mal feito: Vais ficar sem mesada até perfazeres o suficiente para comprares um brinquedo novo ao Bruno. Vais ter de lhe escrever um cartão muito bonito a pedir desculpa pelo que fizeste. 6. Certifique-se de que a criança compreende a importância das desculpas e da reparação e se sente perdoada. Procure oportunidades, em especial no meio de uma crise, para que a criança examine e faça a gestão do seu comportamento de uma maneira mais independente. Substitua o «percebeste o que fizeste?» pelo «não devias ter feito aquilo». Em vez de «imaginas como aquilo o fez sentir?» afirme «feriste os sentimentos dele». Em vez de «achas que podes fazer alguma coisa para o fazer sentir melhor?» diga «vais ter de pedir desculpa». Estas diferenças mostram à criança que conta com ela e que ela pode contar consigo própria para reparar o mal feito. Não a está a abandonar, mas a fazê-la sentir que valoriza as suas capacidades. Reagir ao mau comportamento como uma equipa: 1. Os pais devem discutir previamente e em privado os maus comportamentos previsíveis e devem acordar uma resposta única para cada um deles. 2. Quando orem confrontados com um novo mau comportamento, este deve ser parado de imediato, dando aos pais a possibilidade de conversarem um com o outro longe dos ouvidos da criança, caso surja alguma divergência de opiniões quanto à reparação do mal feito: Vai para o teu quarto. A tua mãe e eu precisamos conversar sobre o que vamos fazer. Depois chamamos-te. 3. Consulte o outro progenitor e encontrem uma solução que a ambos satisfaça; 4. Estabeleça um castigo que a criança relacione directamente com o mau comportamento e que vá de encontro aos seus objectivos, como sejam o controlo dos impulsos, o respeito pelos sentimentos dos outros, a distinção entre o bem e o mal, etc.; 5. Informe a criança de que mais tare irão discutir o sucedido, quando ela estiver suficientemente calma para conversar. 6. Se, quando o comportamento problemático ocorre e apenas um dos pais estiver presente, o outro quando chegar deve apoiar a resposta desse. 7 As crianças sentem os desentendimentos entre os pais logo desde cedo e tentam pô-los à prova. Se a criança sabe que um dos pais ficará do seu lado, contra o outro ou a irá “proteger” das medidas disciplinares impostas pelo outro, vai continuar a comportar-se mal. Se o papel de disciplina não for igualmente partilhado por ambos, as crianças podem ver um dos pais como o “bom” e o outro o “mau”. Sendo assim, as crianças precisam de saber que podem contar com ambos para estabelecerem os limites. Precisam que ambos estejam de acordo quanto às regras e às consequências do seu não cumprimento. Exemplos de aspectos da vida da criança que os pais devem acordar entre si: - As tarefas domésticas; - A mesada; - A hora de dormir e o ritual a seguir; - O petiscar entre as refeições; - As brigas com outras crianças; - A televisão (o que ver e durante quanto tempo). 8 II - PROBLEMAS DE DISCIPLINA MAIS COMUNS Estar sempre à procura de atenção A criança que solicita constantemente a atenção dos pais, tem problemas em estar sozinha. A tarefa dos pais não é fazer-lhe companhia e entretê-la, mas ajudá-la a aprender a entreter-se sozinha (a televisão e os jogos de computador são soluções tentadoras, mas não deixam a criança tomar a iniciativa). 1. Devem criar ocasiões regulares e sem interrupções em que a sua atenção esteja só concentrada na criança. Por exemplo, dez minutos para lhe dar mimo quando chegam a casa no fim do dia, a leitura de uma história antes de dormir, fazerem bolos juntos ou jogar futebol aos domingos de manhã. 2. Quando a criança quer atenção mas não pode tê-la, lembre-lhe as alturas especiais com que sabe que pode contar. Isso ajuda-a a aprender a adiar a gratificação. 3. Quando a procura de atenção começa a ser problemática devem responder num tom de voz suave e neutro, que torne claro que tal comportamento é indesejável “Se precisas de mim para alguma coisa, essa não é a maneira de o pedires. Sabes como fazer.” 4. Quando a criança aumenta a exigência, devem ter uma resposta igualmente calma e clara: “Tens de entender que, por mais que me peças, não vou poder ajudar-te agora.” 5. Pergunte-lhe o que acha que a faria sentir-se melhor, o que gostaria de fazer, para a criança aprender a fazer a si mesma estas perguntas e a encontrar as suas próprias respostas. 6. Se for difícil para a criança chegar a essas respostas sozinha, oriente-a para comportamentos alternativos, para outras soluções: “Agora tenho que acabar o que estou a fazer, mas daqui a 15 minutos já posso ir ajudar-te. Vai brincar, divertes-te ,mais do que ficando aí à minha espera.” 7. Ajude a criança a compreender e a lidar com os seus próprios sentimentos, a perceber que se sente só, aborrecida ou que simplesmente não sabe o que fazer. A criança tem de aprender a lidar com estes sentimentos. 9 Choramingar Se uma criança choraminga repetidamente isso pode ser sinal de que: ela descobriu uma forma de comunicação eficaz; sente-se stressada (devido a um novo salto no seu desenvolvimento); sente-se sob pressão por causa de uma mudança (de uma nova escola, dos pais que não se entendem). 1. Mesmo que a criança chore e faça birra, os pais não devem responder-lhe, mas sim obrigá-la a parar: Não adianta chorares” ou “quando estás a chorar, não prestas atenção ao que te digo” ou “não consigo sequer pensar no que estás a pedir, se não o fizeres sem chorar”. É importante ser coerente com estas afirmações. 2. Se a criança mudar o tom de voz, o pedido deve ser satisfeito, desde que seja razoável. 3. Caso a criança não mude o tom de voz, os pais devem elogiá-la por mudar o tom, mostrar que estão a dar-lhe atenção e depois explicar o motivo porque a sua exigência não pode ser satisfeita. 4. As crianças precisam que os pais as ajudem a perceber o efeito que o choro tem nos outros: “Quando choras assim, ninguém te quer escutar.”. 5. Os pais devem ajudar as crianças a ver que o choro não as faz terem o que querem, não lhes cedendo. 6. Os pais podem sugerir ou demonstrar outras maneiras de falar que tenham maiores probabilidades de serem levadas a sério. Pedinchar As crianças de tenra idade pedincham por não serem capazes de imaginar a sua vida sem o doce ou o brinquedo que lhes chamou a atenção naquele momento. Se a estratégia já resultou anteriormente, a criança habitua-se a pedinchar. Quando os pais vacilam, ela acha que tem hipóteses – se não desta vez, talvez da próxima. 1. Os pedidos da criança não devem de forma alguma colocarem os pais um contra o outro (“Ela não vai ficar doente se comer mais um. Porque é que tens de ser tão 10 rígido?”) porque senão o acto de pedinchar pode até tornar-se a sua própria recompensa. 2. A resposta “não” deve ser absolutamente clara e consistente em todas as ocasiões: “Não, está decidido e espero que aceites sem protestar”. Se a criança reclamar, talvez seja necessário acrescentar: “Nenhum de nós vai ficar contente se fizeres uma birra. De qualquer forma, não há doces”. A criança fica aliviada por perceber que os pais resistem à sua frustração e as regras também. 3. No entanto, por exemplo, numa ocasião especial se os pais quiserem comprar à criança uma guloseima, é importante que controlem a situação: “Se pedinchares alguma coisa na loja, podes ter a certeza de que não te dou nada. Se fores capaz de pedir delicadamente, eu talvez considere o teu pedido.” 4. Se a criança tiver dificuldade em lidar com sentimentos mais fortes, como a raiva, a frustração e a desilusão, talvez seja necessário avisar a criança de que ela precisa de se preparar para ouvir más notícias: “Sabes que ficas muito perturbada quando não te dou o que queres. Por isso, precisas de estar preparada”. 5. A simpatia mostrada pelos sentimentos da criança ajuda-a a perceber que os pais estão do lado dela, mesmo que tenham de a contrariar: “Eu sei que ficas triste, mas não te posso comprar um brinquedo novo de cada vez que vimos à loja. Portanto, hoje não vamos comprar nenhum.” 6. Se a criança começar a choramingar e a implorar, pode acrescentar: “Digas o que disseres, tens de perceber que não vamos comprar o brinquedo. Detesto ver-te assim, e gostaria de te ajudar a sentires-te melhor. Mas comprar o brinquedo está fora de questão. Vamos pensar noutra coisa para nos divertirmos.” 11 Morder (bater, dar pontapés e arranhar) Morder, bater e dar pontapés começam por ser reacções à sobrecarga emocional, devida ou a uma frustração relacionada com o desenvolvimento tardio da linguagem ou das competências sociais ou devida a uma exposição à violência. A criança atinge um ponto crítico e morde. Quando os adultos reagem com exagero e empolam o significado da acção da criança, esta repete a acção, não por raiva ou para agredir, mas reagindo a uma grande tensão. A partir dos 2 anos de idade as crianças precisam de aprender a compreender os outros e a preocupar-se com eles. Quando magoa outra pessoa, a criança também se sente ameaçada. Enquanto não for capaz de se controlar sozinha, gostará de saber que os limites impostos pelos adultos a impedem de magoar os outros e a si própria. 1. Se os pais e professores reagem nervosamente, a criança aprende rapidamente a usar a mordida como forma de captar rápida e facilmente a sua atenção a até mesmo como uma arma. Na falta de outros comportamentos com que possa sentirse vencedora, volta a morder. 2. Mas se os adultos em vez de fazerem uma tempestade, reagirem calmamente: “Não gosto que faças isso.” isso perde importância e provavelmente desaparece. 3. Quando uma criança morde outra, é óbvio que aquela que foi mordida precisa de protecção e conforto, mas o mesmo se passa com a criança que atacou – precisa de ser protegida dos seus próprios impulsos e ter a segurança que lhe permite enfrentar as suas responsabilidades. Se a criança magoou outra, deve enfrentar o que fez. Mas um castigo que a mortifique com a culpa, pode ser demasiado, e nesse caso a criança poderá negar o que fez, em vez de aprender com o sucedido. 12 4. Estabeleça limites e ao mesmo tempo, dê à criança oportunidade de se redimir e de ser perdoada: “Sentes-te muito mal por teres feito a tua amiga chorar. Querias tanto aquele brinquedo…Mas agora já sabes o que custa magoar um amigo para termos o que queremos. Deixa-me dar-te um abraço e depois vamos a casa dela para lhe pedires desculpa.” Maltratar os outros As crianças que maltratam as outras são provavelmente crianças inseguras, que só se sentem mais seguras maltratando crianças mais novas ou mais pequenas (aquelas que elas reconhecem à distância como alvos vulneráveis). Ameaçam-nas porque estas as fazem reconhecer as suas próprias fraquezas. Daí escolherem com maior facilidade uma criança que esteja vulnerável e que sofre visivelmente quando é maltratada. 1. A criança agredida tem de ser protegida e encorajada a defender-se: “Ficas tão esquisita quando me dizes essas coisas. Já te ouviste bem?” Deve fazer frente à agressora e talvez se sinta melhor se puder aprender a artes marciais para autodefesa. Percebendo que pode defender-se, talvez nunca precise usar essas técnicas. Vai sentir-se mais confiante e não atrai o sarcasmo do agressor. 2. A criança agressora como tem uma frágil auto-confiança e a sua auto-estima desfaz-se com a retaliação, pegue nela, abrace-a e dê-lhe carinho: “Ninguém gosta de ser maltratado. Eu sei que queres ter amigos, e tu queres que eles gostem de ti, mas, se os maltratares, não gostam. Vamos tentar arranjar-te um amigo que seja como tu. Vão divertir-se e vão aprender os dois que fazer amigos sem terem de se agredir. Vais sentir-te orgulhoso de ti.” 3. Esteja atento a situações em que a criança se sente segura e comente-as. 13 4. Procure entender as razões da insegurança da criança: • sente-se envergonhada por não ter sido capaz de desenvolver alguma capacidade? • não tem um adulto próximo com quem possa identificar-se e que sabe que a admira? • ainda não aprendeu a procurar a amizade dos outros? • a sua capacidade de interagir com os pares, de negociar e fazer compromissos, de controlar o seu génio, é ainda demasiado limitada para poder manter os amigos? • ela própria foi ameaçada e agora esteja a tentar defender-se, fingindo-se forte? Fazer batota A criança que faz batota pode não ter ainda entendido bem as regras. Ou pode não ser capaz de controlar o impulso para ganhar a qualquer custo, não suportando a ideia de perder. A criança que investe toda a sua auto-estima num único jogo está desesperada porque a sua crença no seu próprio valor é frágil e os jogos são ocasiões arriscadas para reforçar a sua auto-estima. À medida que a criança vai amadurecendo o suficiente para se aperceber das suas limitações, de como é pequena e do quanto precisa dos pais, a sua auto-estima fica mais frágil. 1. Se for castigada por ter feito batota, é possível que aumente o mal feito, mentindo e tentando negar o que fez (“Eu não tirei duas cartas!”). 2. A disciplina exercida pelos pais, pode ajudar a criança a enfrentar o hábito de fazer batota, sabendo que a sua auto-estima está protegida. Pode ajudá-la a 14 aprender a controlar os impulsos: “Eu sei que desejavas muito ganhar este jogo. E estavas a jogar muito bem! Mas ambos sabemos que estavas a fazer batota. Consigo perceber porque fizeste isso, mas não o posso aceitar. Fazer batota não é uma coisa de que nos possamos orgulhar. Não podes realmente sentir-te orgulhoso de ganhar se fizeste batota.” 3. É importante que a criança compreenda que se sentirá muito mais satisfeita consigo mesma se ganhar sem fazer batota. Para a ajudar a conseguir isto, jogue com ela jogos que a criança possa ganhar. Quando ela o vencer, mostre-lhe como saber perder através do seu comportamento. Rebeldia “Não faço nada”, “Não podes obrigar-me”, “Gostava de ver” – as crianças precisam de desafiar os pais ou outros adultos pois é a única forma delas tentarem ter poder e independência. Outras são rebeldes quando se sentem muito fortes e quando o seu próprio poder as assusta. Estão assim, sedentas de limites. Os desafios podem também servir de teste para verificarem se os pais ou outros adultos estão realmente a falar a sério. Depois, quando o desafio aumenta a ira dos pais, a criança pode tentar outros desafios para se defender. 1. Se os adultos conseguirem entender as suas próprias reacções e as controlarem, estarão mais habilitados para avaliarem a sua posição e a das crianças e responderem adequadamente. 2. Os adultos devem reavaliar a sua exigência. Será realmente importante? 15 3. Os adultos devem também reavaliar a rebeldia da criança. Será desmesurada? A criança está a querer transmitir alguma mensagem que precise de ser compreendida e respeitada? 4. Caso chegue à conclusão de que a sua exigência não era suficientemente importante para manter a sua posição, recue e procure ganhar vantagem para a próxima oportunidade: “Gosto do teu sentido de humor. Quando me interrogas, levas-me a questionar: Será que vale realmente a pena? Desta vez, parece-me que tens razão. Não é assim tão importante. Mas quando for, espero que faças exactamente o que te digo.” 5. Se, pelo contrário, a sua exigência for efectivamente importante, procure manter-se calmo, mas firme (é importante manter a calma, para que ambos se possam concentrar naquilo que a criança tem de fazer). Capte a atenção da criança. Olhe-a nos olhos. Pegue-lhe no queixo, nas mãos ou nos ombros. Repita a exigência e deixe bem claro que a criança não tem escolha. Tem de fazer o que lhe pedem, mesmo que não goste. 6. Mostre à criança as consequências. Comece por lhe lembrar a recompensa que terá, por fazer o que lhe pedem. Escolha uma recompensa razoável e directamente relacionada com a tarefa que lhe está a pedir para fazer: “Quando acabares de limpar o quarto, podemos pendurar o teu quadro novo.” As recompensas costumam funcionar melhor que os castigos. 7. Se a criança não reagir de imediato à recompensa proposta, deve recordar-lhe quais serão as consequências negativas do seu comportamento. Escolha uma consequência razoável, directamente relacionada com a tarefa pedida e fácil de implementar: “Se não começares a limpar já o teu quarto, vou ter de apanhar os teus brinquedos do chão e guardá-los no armário até que te decidas.” 16 8. O aspecto mais importante das consequências é a sua aplicação imediata: “Mandei-te arrumar o quarto. Expliquei-te o que aconteceria caso o arrumasses e caso não o fizesses. Estou a lembrar-te pela última vez. Se não começares já, tenho de te fazer o que disse.” 9. Se a criança mantiver a recusa, não hesite um segundo em aplicar a consequência. Nesse caso, não dê ouvidos a nenhum pedido ou tentativa de negociação: “É demasiado tarde. Já tiveste a tua oportunidade. Talvez da próxima vez te lembres de que estou mesmo a falar a sério.” Para algumas crianças, saber de antemão qual é a sua posição, pode ajudá-las. Vão aprender que quando se recusarem a fazer o que lhes pede, as vai avisar, recordar o aviso e depois aplicar a consequência. Desobediência As crianças mais novas desobedecem abertamente para testarem a firmeza dos pais. Por exemplo, quando a criança deita comida ou brinquedos ao chão para ver se os pais os apanham, ela sabe bem que está a testar o sistema (“Quantas vezes é que posso fazer isto?”). Os pais não devem deixar que a criança transforme essas atitudes de desobediência numa brincadeira, caso contrário a criança não tem a certeza se atirar comida ao chão é ou não uma coisa boa. Os pais devem dizer claramente: “Já chega!” … “não há mais comida”. À medida que a criança fica mais velha, algumas regras mudam e pode ser difícil para ela estar a par das mudanças e adaptar-se a elas. Quando não sabe ou não está certa de quais são as regras, a desobediência pode ocorrer. Mas ela também pode acontecer quando a criança conhece a regra, mas não suporta a frustração sentida ao ter de ceder perante ela. 17 1. Os pais devem manter o autocontrolo e a calma. A criança tem de aprender coo os pais a lidar com as frustrações; 2. Deve-se avaliar as motivações da criança para desobedecer (conhecer as rezões); 3. Perguntar à criança se sabe qual é a regra e o que se espera dela e verificar se ela entende que a regra se aplica a essa situação; 4. Se a criança parecer verdadeiramente surpreendida ao descobrir o mal que fez e interessada em fazer bem da próxima vez, o castigo pode não ser necessário. Ainda assim, ambos se sentirão melhor se a criança puder reparar o mal feito; 5. O adulto deve usar o seu comportamento e os seus comentários para mostrar à criança aquilo em que foi desobediente. Diga-lhe com uma voz baixa e doce: “Não podes fazer isto. Se não és capaz de te controlar, tenho de te impedir.” 6. Se for necessário ir mais longe, pode utilizar algumas tácticas disciplinares: pausa, isolamento, suspensão de privilégios, etc… 7. Mas para um incidente de pouca importância, talvez baste mostrar-lhe que percebeu a desobediência dela e que espera um comportamento melhor. 8. Se a criança percebeu o mal que fez mas mesmo assim voltar a repeti-lo, há que compreender as motivações da criança, isso ajuda o adulto a decidir qual a resposta mais adequada: • se a criança agiu por raiva, precisará de enfrentar as consequências do seu comportamento e reparar o mal, mas também precisa de uma oportunidade para entender a razão porque está com raiva e para a explicar aos pais; 18 • se a criança desobedece para chamar a atenção precisa de uma resposta que não inclua uma maior atenção, para evitar dar mais força à desobediência; • se a criança desobedece por não conseguir resistir precisa também de enfrentar as consequências do seu comportamento e de tentar remediar o que fez. Mas deveria também ser ajudada a conhecer os seus impulsos e a controlá-los: “Da próxima vez que quiseres uma coisa que não te pertence, tens de te controlar e lembrar-te do que te aconteceu antes.” Mentir A mentira é comum nas crianças pequenas. Geralmente a criança pequena mente por acreditar realmente nas suas mentiras. Está a tentar aceitar um mundo que não pode sempre ser da maneira que gostaria. A mentira permite assim a criança transformar o mundo naquilo que quer que ele seja, até que a verdade tenha de ser encarada. Mente quando é demasiado difícil refrear os seus impulsos, por exemplo, pode tirar coisas que não lhe pertence ou fazer coisas que sabem que não devia fazer e depois nega ter feito algo de errado. 1. Quando a criança mais nova mente acerca de algo que sabe que fez mal, isso tem um lado positivo: sabe a diferença entre o certo e o errado. Há que ajudar a criança a ver que a mentira não transformará o mal em bem, a aprender que a mentira não pode alterar a realidade. É importante que a criança aprenda com os pais a valorizar a honestidade. 2. Os adultos devem tentar compreender o desejo da criança, mesmo que a mentira seja inaceitável: “Ambos sabemos que não estás a dizer a verdade. Eu percebo que gostes de….. mas não gosto que mintas. Não precisas. Eu sou capaz 19 de enfrentar a verdade e tu também és.” A criança ao receber uma resposta calma apercebe-se que a mentira é desnecessária. No entanto, já as crianças mais velhas mentem por saberem que fizeram alguma coisa de mal. Então mentem porque não conseguem enfrentar aquilo que fizeram ou porque esperam evitar sofrer as consequências. As crianças mais velhas mentem com maior convicção, o que enfurece e preocupa mais os pais. A criança que mente frequentemente fá-lo para encobrir o que fez e precisa de maior ajuda para lidar com a frustração que sente por o mundo ser como é. Quando a mentira se torna mais habilidosa e contínua, há que pensar nas razões que levam a criança a não conseguir aceitar os limites impostos à satisfação dos seus desejos. Chegou a altura de lhe perguntar porque acha que tem de mentir. 1. É importante que os pais façam sentir à criança que gostam muito dela, mas não de a ouvir a mentir. Podem ajudar a criança a entender as razões que a levaram a mentir: “Não percebo porque é que disseste isso. E tu? Às vezes as pessoas mentem porque não conseguem enfrentar a verdade.” 2. A criança precisa de saber que os seus desejos, mesmo os que não podem ser satisfeitos, são entendidos e aceites. Se a criança souber que pode partilhar os seus desejos com os pais sem ser repreendida ou diminuída, se puder contar com eles para a ajudarem a lidar com os sentimentos que advêm de desejos que não podem ser satisfeitos, então percebe que não precisa de mentir. É óbvio que é importante que os pais deixem bem claro que não toleram a mentira, mas a criança acabará por parar de mentir por não ter necessidade de o fazer e porque aprendeu a autocriticar-se por esse comportamento. 3. Se pelo contrário, os pais reagem a uma mentira com críticas e ao desejo que está por detrás dela, então a criança continuará a achar que precisa de justificar o 20 seu desejo e não se preocupará com a mentira. Se os pais a fizerem sentir-se demasiado culpada pela mentira, a criança pode sentir necessidade de se proteger, convencendo-se de que a mentira era verdadeira e que nunca mentiu. E isto pode transformar-se num hábito de mentiras repetidas incessantemente. 4. A criança tem de compreender que nunca é tarde demais para remediar uma mentira: “Diz a verdade à tua professora. Conta-lhe porque mentiste (porque estavas assustada). Ela vai ficar orgulhosa de ti. Eu fico e tu também.” Lutas pelo poder As lutas pelo poder costumam vir ocupar o lugar das birras. São muitas vezes previsíveis e decorrem das exigências dos pais, no entanto, não podem ser toleradas. 1. Os pais não devem deixar-se enredar nessas disputas senão estão a descer ao nível da criança, não mostrarem que por serem os maiores é quem mandam. Devem afastar-se até que a criança ceda, depois sem discussões, devem retomar o que lhe tinham pedido para fazer. 2. Se a criança repetir o desafio, afaste-se outra vez. Mas quando os pais se afastarem devem deixar bem claro que: “Volto quando te acalmares” em vez de “estou a abandonar-te porque és má” (ignorar a criança é um castigo muito forte e não deve ser exagerado). 3. Se a disputa for demasiado séria, deve-se mostrar à criança que ela não tem escolha. Ou ela faz o que lhe pede, ou terá de sofrer as consequências. Isso vai ajudá-la a compreender a importância do seu pedido. 21 Fugir O significado da fuga depende da idade da criança e do lugar para onde ela foge. Muitas crianças anunciam que vão fugir por lhes terem ralhado, os terem castigado ou humilhado ou por acharem que os pedidos de atenção não foram atendidos. Frequentemente, estes anúncios são feitos com dramatismo, para ver se alguém se importa. A criança pequena que foge, está à procura de certezas de que é desejada e amada após uma batalha com os pais. Talvez queira também sentir-se “grande e forte” e não pequena e frágil. Há também nesta fuga uma certa raiva. A criança parece dizer: “Se não gostas de mim, então eu também não preciso de ti para nada.” As crianças mais velhas ao fugirem, talvez já não estejam a dar largas às suas fantasias, podem estar a sentir-se realmente muito desesperadas. Os pais não devem descer ao nível da criança, devem antes sim, encarar os sentimentos dela com seriedade e não os desprezarem, especialmente se a criança estiver apenas a ser dramática. Caso contrário, talvez o dramatismo piore. 1. Desde que não haja perigo no local para onde a criança vai e os pais possam manter a criança sob vigilância, este tempo de “arrefecimento” é bom para ela porque ajuda-a a perceber que se pode acalmar sem ajuda. 2. Se a criança que sai de repente, porta fora, impulsivamente (por raiva ou por tristeza) não regressar dentro de pouco tempo, ou se não for seguro para ela ficar sozinha, os pais terão de ir buscá-la, confortá-la (abraça-la), ajudá-la a acalmar-se e mostrar-lhe que a amam, faça ela o que fizer. Uma criança pequena que se tenha sentido infeliz por um período muito prolongado ou está em stress devido a acontecimentos difíceis na sua vida (como sejam a morte ou outra perda, ser vítima de agressões na escola, ter passado por um acontecimento traumático) deve também ser impedida de fugir. 22 3. Quando a criança estiver preparada, deve ajudá-la a perceber o que a preocupa. 4. Em conjunto, deve pensar com a criança outras soluções para o problema. Problemas de separação A maioria das crianças tem problemas em lidar com a separação dos pais quando estes a deixam na ama ou no infantário. Muitas protestam fazendo birras que se mantêm enquanto os pais estão por perto. Quando estes se preparam para ir embora, a birra recomeça. Os professores devem aconselhar os pais a ir embora, a criança acabará por acalmar-se já que o alvo das birras são os próprios pais. 1. Quando se trata de uma escola nova, deve tentar ficar com a criança durante os primeiros dias. Prepará-la para se separar deles antes de sair de casa. 2. Pode levar o brinquedo favorito ou o cobertor de que a criança tanto gosta para que ela possa ter algo com que se confortar. 3. Deve informar a criança de que vai ficar com ela durante algum tempo e que depois terá de ir embora, mas que irá voltar. 4. Deve apresentá-la à nova professora assim que chegar. Mostre-lhe o relógio e parta à hora marcada. 5. Deixe-a com um amigo, se possível, junto do(a) professor(a)/ educador(a). Explique-lhe que conhece o(a) professor(a)/ educador(a) e que sabe que ele(a) tomará bem conta dela. 23 6. O(a) professor(a)/ educador(a) poderá brincar às escondidas com a criança: “Olha para a bola que vou atirar para debaixo do sofá. Quando está lá debaixo não a vemos, mas sabemos que está lá. Vai buscá-la! Vês? Está lá, mesmo que não a consigas ver… é como a tua mãe.” 7. Para lidarem adequadamente com os seus próprios sentimentos a propósito da separação, os pais podem esconder-se fora da sala para ver durante quanto tempo a criança se mantém perturbada. Ficarão de certeza surpreendidos ao verem a rapidez com que ela se adapta. 8. Os pais ao regressarem devem lembrar à criança que prometeram voltar e mostrar-lhe que não vão quebrar a promessa que fizeram quando a deixarem na escola no dia seguinte. 9. Se no final do dia assim que vir o(s) pai(s) a chegarem a criança começar novamente a chorar (apesar de ter passado todo o dia bem) isso quer dizer que está a mostrar como foi difícil passar o dia todo sem a mãe. Para os pais é provavelmente doloroso escutar o normal e saudável protesto da criança, mas não deverá fazê-la calar-se. 10. Por mais ruidoso que o protesto seja, deve pegar na criança e abraçá-la com força: “Também tive muitas saudades tuas. Agora já estamos juntas outra vez.” 11. Se a criança ignorar ou se recusar a ir consigo, não pense que isso se deve ao facto dela não ter sentido a sua falta – isso faz parte do seu protesto. Abrace-a com carinho. 24 Rivalidade entre irmãos Muitas das brigas entre irmãos têm como objectivo atingir os pais, na medida em que cada uma das crianças procura a resposta à pergunta: “Será que gostam de nós os(as) dois(duas) de igual maneira?”. Os pais devem manter-se o mais possível afastados destas brigas, pois não conseguem estar certos de quem culpar e por isso nunca conseguirão saber quem é o culpado. 1. Aproxime-se calmamente e avalie a situação ; Se não houver sangue nem sinais de que alguém se tenha magoado fisicamente e muito menos objectos perigosos por perto, diga-lhes: “Esta briga é vossa e não minha. Quando tiverem terminado, chamem-me.”… “Precisam de resolver essa questão sozinhos”. 2. Se a criança mais nova não se conseguir proteger, tem de agir responsavelmente. Assegure-se de que criança mais velha não a vai magoar. Ensine-a a acarinhar e a proteger a(o) irmã(o) mais nova(o) e ajude-a a sentir orgulho por ser capaz de controlar a sua raiva em nome da(o) irmã(o). 3. À medida que a criança mais nova for aprendendo a defender-se comece a afastar-se das brigas entre elas. Deixe que aprendam a conhecer-se. Mostre-lhes que o facto de serem capazes de resolver as brigas entre elas, sem a sua ajuda, é um sinal de maturidade, algo de que podem orgulhar-se. Quando cada criança for capaz de tomar conta de si própria, as probabilidades de se magoarem quando não estiver por perto são menores. O triângulo incendeia a rivalidade. 4. Se a briga for séria e alguém se magoar, deve confortar ambas as crianças. A agressora está tão assustada quanto a vítima. A criança que atacou tem de perceber que há limites (“Isso é inaceitável”) e consequências (“não voltas a brincar com o teu irmão enquanto não te acalmares e pedires desculpa”). 25 5. Deverá ajudar a criança a compreender os seus sentimentos e a encontrar formas de se autocontrolar: “Quando tiveres vontade de bater no teu irmão, vai buscar um boneco ou uma almofada e bate antes nela. Vais sentir-te melhor depois. Todos temos de aprender a controlar estes sentimentos. Eu tenho de me controlar sempre que alguém passa à minha frente na fila do supermercado. Eu já aprendi e tu também vais aprender.” A criança mimada A criança mimada é aquela que nunca aprendeu a conhecer os seus limites e nunca aprendeu a entreter-se e a confortar-se sozinha. Talvez tenha vivido num ambiente superprotegido e demasiado tolerante. São muitas vezes crianças rabujentas, que choram por tudo e por nada. Apesar do choro dessas crianças que exige atenção ter como objectivo obter uma resposta dos adultos, a qualidade desse choro traz consigo uma mensagem: “Não me satisfazes.” Os pais destas crianças são pais capazes de tentar fazer tudo pelos filhos, porque talvez tenham tido preocupações anteriores com a criança: um bebé prematuro, doenças, sequelas de problemas familiares, etc. e sintam que, de alguma forma falharam como pais. Outros, talvez, tentem com a suas atitudes compensar a impressão de que os seus próprios pais falharam no desempenho do seu papel. 1. Reavaliem as vossas regras e expectativas. Estabeleçam limites claros e apresentem-nos com a certeza de que os limites ajudam a criança, não a castigam; 2. Deixem que a criança procure viver a sensação de conseguir fazer coisas sem ajuda Quando a criança tiver de enfrentar outras fontes de stress diárias, por pequenas que sejam, não procurem resolver a situação logo de imediato, senão a criança não tem oportunidade de enfrentar sozinha o seu problema, a sua 26 frustração e a necessidade de tentar outra vez. Não poderá experimentar a alegria de poder dizer: “Fiz tudo sozinha!” (esta experiência é vital para a sua autoimagem futura, para a percepção das suas próprias capacidades). 3. Identifiquem tarefas que dêem à criança oportunidades de experimentar a resolução de problemas sem ajuda; 4. Devolvam à criança a satisfação pelas metas alcançadas. Substituam o “estamos orgulhosos de ti” pelo “já reparaste no que conseguiste fazer? Não estás orgulhosa?”; 5. Entre cada episódio de frustração, peguem na criança ao colo e mostrem-lhe que a amam, para que ela não se sinta abandonada. Roubar As crianças podem também procurar tirar coisas de que não suportam ser privadas. 1. Os limites precisam de ser estabelecidos: “Não é permitido tirar as coisas dos outros meninos”. 2. A criança precisa de ajuda dos pais para lidar com os desejos que não podem ser satisfeitos, para aprender a partilhar, a esperar pela sua vez e a começar a pensar nos sentimentos da criança que foi roubada; 3. Depois de estabelecer os limites, pare um pouco para ver se a criança já se sente suficientemente mal para devolver o brinquedo. Se ela for capaz de o fazer por iniciativa própria, encoraje-a a orgulhar-se da sua atitude, não apenas por a ter escutado, mas também por querer fazer aquilo que ela sabia ser o correcto. O 27 objectivo a longo prazo é conseguir que a criança se preocupe em fazer o que está certo sem que os pais tenham de lho dizer; 4. Se a criança continua tão entusiasmada com o brinquedo que não consegue separar-se dele, diga-lhe: “Estou a ver que queres muito ter esse brinquedo e que ficas muito triste por teres de o devolver. Mas ele não te pertence. Não perguntaste se podias brincar com ele e não te deram autorização para o fazeres. Tens de o devolver.” Assim, está a ajudá-la a compreender sentimentos que escapam ao seu controlo. Está também a sugerir uma forma de poder usar o brinquedo, com o consentimento da outra criança. 5. Caso a criança não devolva o brinquedo, ou o seu desejo é demasiado forte, ou então está a medir forças com os pais – nestes casos a negociação não surte efeito. O melhor é olhar a criança nos olhos e dizer-lhe com firmeza: “Tens de devolver o brinquedo já. Se não o fizeres, tenho de tirar-to e dá-lo ao seu dono.” Se ela não obedecer, deve fazer o que disse e preparar-se para ouvir o choro e os protestos. 6. Depois a criança vai sentir necessidade do seu carinho. Enquanto a acalma ensine-lhe a lidar com sentimentos desagradáveis: “Eu sei que querias muito aquele brinquedo. Querias tanto, que imaginaste que era teu. É difícil não termos uma coisa que queremos muito.” Assim está a ajudá-la a reconhecer os sentimentos que precisa enfrentar para aprender a viver neste mundo, tal como ele é, sem usar a mentira ou o roubo como forma de o modificar: “Esta é a tua oportunidade de aprenderes que não se podem tirar coisas que não nos pertencem, por mais que queiras tê-las.” 7. Faça a criança olhá-lo nos olhos, dê-lhe uns segundos para interiorizar a ideia que lhe transmitiu e pergunte-lhe como se sentiria se alguém lhe tirasse um dos seus brinquedos favoritos. 28 8. Ajude a criança a descobrir alternativas para lidar com os seus desejos. Ajude-a a perceber que desejar o brinquedo dos outros é um verdadeiro problema e que pode haver outras formas de o resolver: “Que podes tentar?”. 9. Se a criança não fizer a menor ideia, talvez lhe possa sugerir: “Porque não fazem uma troca? Pergunta à Joana se ela quer brincar com um dos teus brinquedos em troca de te deixar brincar com um dos dela. Talvez até lho pudesses pedir emprestado, com a promessa de o devolveres depois. Ou podias pedir-lhe para te deixar brincar também, juntas ou uma de cada vez.” Pedir emprestado, esperar pela vez, partilhar, dar e tirar são competências sociais que a criança precisa de aprender (serão necessárias, é claro, muitas repetições). 10. Se a criança amua (está a aprender a viver no mundo, não como ela gostaria que ele fosse, mas como ele é), depois dos pais corrigirem a situação, devolvendo o brinquedo tirado, devem dar apoio à criança: “Eu bem sei que custa muito não teres o que querias.” Se a criança for crescendo e continuar a roubar, é porque ela está a tentar dizer-lhe algo importante: “Sinto-me sozinha, inadaptada. Quero ser como os outros meninos, especialmente como aquele que roubei.” Ou “Tenho de te provar como sou má, para me ajudares a controlar-me. Tenho medo e não consigo parar”. Ou ainda “Falta qualquer coisa muito importante na minha vida e não sei bem o que é. Por isso, tiro tudo o que apanho”. Outras ainda de mais idade roubam para se integrarem num grupo: “Estás a ver? Consegui tirar isto da loja. Sou bué fixe.” 1. Encare o roubo e insista em que a criança devolva as coisas roubadas, caso contrário, ela não compreenderá que o roubo é algo inaceitável. 29 2. Ajude a criança a compreender as razões que a levam a roubar: Eu sei que tu percebes que não está certo tirar as coisas das outras pessoas. Sabes porque é que o fizeste? 3. Caso a criança responda: “Porque quis. Não pensei que me apanhassem”, esta é uma boa ocasião para a ajudar a reflectir sobre a razão pela qual as pessoas fazem o que está certo, mesmo quando ninguém está a ver. 4. Caso a criança diga: “Toda a gente rouba coisas nas lojas” os pais devem questioná-la: Queres mesmo ser como toda a gente? Linguagem imprópria Por volta dos 4 ou 5 anos de idade, a criança começa a imitar a linguagem imprópria utilizada pelos amigos ou pelos pais. Os pais enfurecem-se, como se ela tivesse pisado um risco muito perigoso. A criança está surpreendida com estas reacções e volta a murmurar a palavra, tentando perceber o que originou tal reacção. O silêncio e o exagero na reacção poderão dar força a este tipo de linguagem por isso é de esperar que a criança volte a repetir essas palavras vezes sem conta e cada vez mais alto. Depois da surpresa inicial e das reacções exageradas, o melhor que os pais fazem é não se incomodar. Tudo não passa de uma experiência da criança. 1. Não exagere na sua reacção, diga-lhe: Essa maneira de falar incomoda as pessoas. Elas não gostam de ouvir essa linguagem. Mas, quanto menos atenção prestar ao facto, melhor. A criança vai perder o interesse e não repetirá a “graça”. 30 2. Interrogue-se até que ponto ela não estará a imitar a linguagem usada pelas pessoas que a rodeiam. Poderá alguém na família estar a usar frequentemente esse tipo de vocabulário. 3. Mesmo que a criança esteja a aprender essas palavras com outras crianças, não é razão suficiente para a afastar das brincadeiras com outros meninos. Em vez disso, aproveite a oportunidade para a fazer ver o quanto isso incomoda as pessoas e levá-la a preocupar-se com esse facto. 4. Se o uso de linguagem imprópria persistir, tem de lhe mostrar que pode ofender as pessoas ao falar dessa forma e explique-lhe porquê. Talvez tenha de clarificar o significado de algumas palavras e interrogá-la sobre se era exactamente isso que queria dizer. Se a resposta for afirmativa, tem de perceber o motivo da raiva da criança e ajudá-la a ultrapassá-la. Já as crianças de maior idade que usam essa linguagem com frequência, sentem-se muitas vezes inseguras e precisam de chamar a atenção sobre si próprias ou de parecer mais velhas e mais fortes. A melhor maneira de as ajudar a combater a insegurança é elogiar as suas melhores qualidades. Retrucar Ao retrucar (“Porque é que não arrumas o teu?” – pergunta zangada à mãe que a mandou arrumar o quarto) a criança mostra que não conhece o seu papel nem o papel dos pais. Provavelmente esta criança não aceita a autoridade dos pais “Não arrumo e tu não podes obrigar-me!” e por isso precisa que os pais a ajude a controlar-se. Talvez esteja a experimentá-los, a pedir-lhes que lhe mostrem os limites e que lhe dêem a certeza de que não vão tolerar respostas como estas. 31 A criança pode também sentir-se ameaçada ou criticada por algo que fez e disse e por isso se sinta incompreendida e não seja capaz de aprender, ou então, percebeu muito bem e sentiu-o como um ataque pessoal ao qual reage de imediato com palavras. A criança ao tornar-se respondona pode sentir-se sem força e sem alguém que a escute ou com muita força e receosa de que ninguém a ajude a controlar essa força. Os pais devem por isso ajudá-la a entender o efeito que aquilo que diz tem sobre os outros. 1. Imponha os limites: Não aceito que fales dessa maneira! 2. Se a criança protestar ou desmoralizar, espere que ela se recomponha e ajude-a a aprender a comunicar com os outros. Talvez necessite de um pouco de silêncio ou de ficar um tempo sozinha no quarto. 3. Depois desse tempo, mime-a e mantenha o bom humor. 4. Procure fazer a criança perceber que esta não é a forma adequada de obter o que quer. Não ceda às suas exigências: Quando falas assim comigo não te dou ouvidos. Mas se mudares o tom de voz, tenho imenso prazer em te escutar. 5. Caso a criança não seja capaz de as descobrir sozinha, sugira-lhe outras formas de se dirigir às pessoas: Não há mal nenhum em discordares das coisas. Mas dizme porque é que não concordas, de maneira que eu perceba. Mesmo que não mude de ideias quero conhecer a tua opinião. Talvez não possamos fazer o que queres, mas eu ajudo-te a perceber a razão. 6. Certifique-se de que a criança percebe o que significa responder e qual o efeito que isso tem nos outros: Quando dizes coisas dessas (ou falas nesse tom de voz) 32 fazes zangar as pessoas ou magoas os seus sentimentos. Não vão querer escutarte quando tiveres coisas importantes a dizer. Tens de pensar na maneira como as dizes, para que te escutem. 7. Talvez a criança não tenha ideia do tom em que responde, use o seu sentido de humor e faça uma voz semelhante às das personagens dos desenhos animados para a ajudar a perceber como as pessoas reagem a diferentes tons de voz, mas não goze com a dela. 8. Dê-lhe a possibilidade de pedir desculpas e começar de novo: Estás disposta a pedir desculpa por teres sido arrogante?… Estás preparada para me dizeres o que queres por outras palavras ou com um tom de voz diferente? Birras As birras começam geralmente durante o segundo ano de vida e acontecem muitas vezes quando a criança não consegue tomar uma decisão (sim ou não, faço ou não faço?). Frequentemente, por detrás da birra da criança, está a incapacidade de escolher ou o desejo de independência e o medo. A criança anseia por ser dona de si mesma. O que desencadeia a birra é esta luta interior para tomar decisões que a criança tem de travar sem contar com o apoio dos pais. Ao afastarem-se, para que ela sossegue sozinha, os pais estão a encorajá-la. Ao descobrir que consegue dominar estes sentimentos, a criança sente-se menos dependente dos pais. 1. Se puder, deixe-a tomar uma decisão sozinha e valorize esse esforço, caso contrário, quanto mais fizer para a ajudar, mais aumenta a fúria dela. Se tentar impedi-la, só vai piorar as coisas. A tentativa de apaziguar a criança não a ajuda a seguramente a aprender a gerir a difícil tomada de decisão que originou a birra. 33 2. Se a criança estiver num local seguro, afaste-se ou/e evite reagir de forma exagerada. Assim é como se dissesse à criança: Já és capaz de resolver isto sozinha. 3. Quando estiver calma, abrace-a e diga-lhe: É muito difícil escolher, não é? Mas foste capaz de te decidir sozinha. 4. Diga-lhe também: É terrível ficar assim tão irritado. Assim, mostra-lhe que a aceita como ela é e que compreende o tumulto interior que está a viver. De certa forma, está também a dizer: Quem me dera poder ajudar-te, mas não posso. Fazer queixa de outras crianças A criança que faz queixa de outra enfrenta um dilema moral: “Hei-de trair a confiança da minha amiga? Ou mantenho o silêncio sobre as maldades dela?”. Muitas crianças fazem queixinhas aos pais para obterem a aprovação destes. A solução ideal seria que a criança ajudasse a outra a reconhecer o seu erro e a mudar de comportamento, esta solução ajudava-a a ver que o facto de fazer queixas aos pais, para obter a aprovação deles, teria o efeito contrário. 1. A criança “queixinhas” não deve ser recompensada. Em vez de manifestar agrado pela informação que a criança lhe trouxe (pois assim pode estar a incentivar a queixa), deve estabelecer limites às queixas e ajudar a criança a perceber até que ponto isso interfere com as suas amizades. 2. Deixe-a descobrir como lidar com a situação sem magoar os amigos: ser capaz de considerar todas as alternativas e ser capaz de imaginar o orgulho que teria de si própria ao enfrentar a maldade da amiga sozinha. 34 3. Apesar de tudo, os pais devem encorajar a criança a confiar num adulto quando o comportamento de outras crianças ameaça a sua segurança ou a de outras crianças. Provocar outras crianças Todas as crianças que tentam arreliar e provocar tentam captar a atenção dos outros. Mais cedo ou mais tarde, a maioria das crianças apercebe-se disso, assim como também descobrem que é um poder que têm sobre os outros. O facto da outra criança ficar muito irritada, provoca grande entusiasmo. Provocar outras crianças pode também ser uma forma de as dominar, especialmente aos irmãos ou irmãs mais novos. As razões podem ser: a criança sentir-se insegura; ser uma forma de estabelecer a lei do mais forte; ter dificuldade em fazer amigos e dar-se mal com outras crianças; estar a tentar captar a atenção das outras crianças ou estar a reagir a algo de diferente nelas que não entendem e as assusta. 1. Explique-lhe que tem de parar: Tens de parar de provocar os teus amigos. Isso magoa os sentimentos deles. 2. Se a criança não parar, pegue-lhe com firmeza e afaste-a para longe da vítima. 3. Depois da criança ter sossegado, fale com ela: Ninguém gosta de ser provocado dessa maneira. Que estavas a tentar fazer?. 4. Se a criança não for capaz de dizer, então talvez tenha de lhe dizer: Se não gostas daquela menina, não tens de brincar com ela. Mas se queres ser sua amiga, tenta brincar com ela e conhecê-la sem a arreliar. 35 5. Sugira-lhe que tente imaginar como se sente a pessoa que é provocada, para que a criança se consciencialize de que precisa de pedir desculpa. Ajude-a a perceber que em vez de se sentir humilhada por pedir desculpa se pode sentir orgulhosa de si própria. 36 III – FORMAS DE DISCIPLINA Os resultados que as estratégias disciplinares devem produzir são: - fazer com que o comportamento inadequado da criança cesse; - a criança recupere o controlo das suas emoções e acalme-se antes de dar os próximos passos; - a criança pense naquilo que fez e compreenda o efeito que teve nos outros e quais serão as suas consequências; - a resolução de problemas e por vezes a negociação ou o compromisso (etapas do esforço da criança para reparar o mal feito); - as desculpas e o perdão. A ADOPTAR: Avisos Ao avisar a criança de que vai acontecer em breve uma mudança: - ensina-a a preparar-se para a mudança, treina o planeamento; - ensina-a a reconhecer os seus estados de espírito (por ex.: frustração ou entusiasmo) e a controlá-los à medida que se prepara para a mudança; - ajuda a relacionar-se com uma realidade que muda. Os avisos ajudam a criança a estabelecer limites em relação a actividades de que não quer prescindir. 1. ajude-a a preparar-se para a frustração que advém do facto de ter de interromper a actividade: Daqui a 15 minutos vamos ter de arrumar as tuas coisas para irmos para casa. Eu sei que não te apetece e lamento teres de deixar os teus amigos, mas amanhã eles estão aqui outra vez. Por hoje, já chega. 2.faça um novo aviso 5 minutos depois e finalmente firme diga-lhe: Chegou a ora. Eu ajudo-te a arrumares as coisas. 3. Por exemplo, se a criança se recusar a ir para a cama à noite, deixe bem claro que apenas fará dois avisos e depois apaga a luz: Esta é a tua primeira história, depois esta e depois, luzes apagadas. Após a primeira história convém reforçar o aviso: Esta é a segunda história. Lembra-te de que é a última antes de apagarmos as luzes, portanto, prepara-te. 37 Silêncio É uma boa forma de captar a atenção da criança e interromper a acção: a criança percebe que a situação é séria, uma vez que está constantemente a ser advertida acerca do que pode e não pode fazer. Vai desejar estabelecer de novo a comunicação. Depois do silêncio, é importante que lhe explique a razão do silêncio. Se assim for, seja breve: Sabes que não posso tolerar isso não sabes? Fazer uma pausa Mandar a criança para o quarto, sentar-se em determinada cadeira ou a um canto da sala, permite: - cessar o comportamento descontrolado da criança; - aos pais acalmarem-se e ensina a criança a prestar atenção ao seu descontrolo emocional; - dar à criança a possibilidade de praticar o autocontrolo e de aprender a sentir-se orgulhosa por conseguir fazê-lo; - interromper o círculo de interacções negativas com os outros (incluindo os pais ou os irmãos) que possam ter contribuído para o mau comportamento; - dar à criança a possibilidade de repensar o que fez e planear comportar-se de forma diferente; - criar uma rotina útil em futuros episódios, com que todos podem contar (a criança aprende a esperar essa pausa e até a reconhecer a necessidade que ela própria tem dessa disciplina) Dado que o objectivo da pausa, quer no quarto da criança, quer noutro sítio, é fazê-la acalmar-se (interromper o círculo do comportamento descontrolado), é importante: 1. não continuar a interagir com ela, pois o contacto com os pais pode agravar a situação e as negociações nesta altura saem fracassadas; 2. use as pausas com firmeza, sem argumentações ou arrelias e não as prolongue; 3. no entanto, a criança tem de saber que os pais estão por perto e prontos a conversar quando ela se acalmar. Precisa perceber que, apesar de a deixarem sozinha para se acalmar, não a estão a abandonar; 4. se a criança demorar muito tempo a acalmar-se, talvez seja importante fazer-lhe outra sugestão: Queres ouvir um pouco de música? 5. depois de ter atingido o objectivo de quebrar o círculo do mau comportamento, não espere, vá ter com a criança e diga-lhe que gosta dela, mas não gosta daquele 38 comportamento: Quando te descontrolas, tenho de fazer alguma coisa para parares, pois sozinho não consegues. 6. se a criança se recusar a ir para o quarto ou qualquer outro lugar (é porque talvez não lhe tenha dado a ordem com firmeza necessária) é preciso usar uma recompensa ou um castigo: Quando saíres daí podes ir brincar outra vez … ou Se não vais já para ali, mando a tua amiga embora. 7. no entanto, quando a criança precisa logo a seguir de ser preparada para outra tarefa a seguir, é importante que peça desculpa ou que pense em como reparar o que fez. 8. o quarto, a cadeira ou o canto da sala podem tornar-se símbolos de autocontrolo, no entanto, se a criança está sempre a fugir dali antes de se ter acalmado, talvez tenha de arranjar formas de a impedir fechando a porta à chave, ou pondo-lhe uma grade. Neste caso, a criança precisa ser avisada e confortada: Como não consegues ficar aí até te acalmares, tenho de fechar a porta à chave para te ajudar. Assim que te acalmares, venho abrir a porta. Mandar para o quarto, canto ou cadeira Há ocasiões em que é necessária alguma forma de isolamento para cessar a acção e acalmar a criança. Especialmente as crianças hiperactivas ou hipersensíveis, precisam de ser afastadas para se acalmarem. 1. pode dizer á criança que se porta mal para sentar-se no sofá. Aí tem de parar para pensar no que fez, sentindo-se confortável e podendo relaxar e ver os outros meninos. 2. depois aproxime-se dela e abrace-a. 3. conversem sobre o que ela fez de mal e sobre como pode melhorar. Repetir as coisas da forma certa Esta é uma maneira da criança readquirir o autocontrolo e sentir-se recompensada. Está a dar-lhe a oportunidade de ser bem sucedida e está a apoiar o sucesso que ela pode ter. 1. centre-se no sucesso e não no falhanço; 2. ofereça-se (sem pressionar) para a ajudar a reparar o mal que fez e a pedir perdão; 39 3. procure decompor a tarefa (arrumar o quarto, por exemplo) em pequenos passos (como levar a roupa suja para o cesto) e obrigue-a a repetir apenas os passos que é capaz de fazer bem. Reparar Quando é possível a criança reparar o mal que fez, deixe-a fazer essa reparação, pois: - é uma forma dela perceber claramente a extensão do mal causado (ajuda-a a reconhecer as consequências dos seus actos) e o esforço necessário para o reparar (ajuda-a a resolver problemas); - permite-lhe reconhecer sentimentos de culpa e redimir-se. 1. se a criança roubou algo, por exemplo, um brinquedo ou um doce, é importante que a ensine a devolver: É claro que estás envergonhada, mas depois vais sentir-te muito melhor. 2. ajude-a a entender o significado que o seu acto teve para os outros. A criança tem de enfrentara sua culpa, compreender o significado que isso teve para a vítima 3. é importante que seja ela a resolver a situação, a fazer a devolução, com um pedido de desculpas. 4. se for necessário, acompanhe a criança. Ofereça-se para a ajudar a pedir desculpa, mas deixe que seja ela a fazê-lo (pessoalmente de preferência). 5. se o item roubado já foi comido, obrigue-a a pagá-lo com o seu próprio dinheiro ou a fazer pequenos trabalhos para ganhar a quantia necessária. Perdão Obter o perdão é o objectivo do pedido de desculpas e da reparação. A criança precisa de sentir que pode ser perdoada e precisa de perceber o significado do perdão para que tenha motivação para rectificar o que fez. Às vezes, as crianças recusam-se a voltar atrás, continuam a causar problemas e dizem: “Não quero saber!”, porque começaram a acreditar que são realmente “más”. Estas crianças precisam que lhe relembrem que podem ser perdoadas e assim mais tarde aprenderão a perdoar-se a si próprias. 40 Planeamento Muitos comportamentos inadequados são previsíveis e inúmeras situações são causas evidentes de problemas. Ao discuti-las previamente com a criança e planear alternativas em conjunto, ensina a criança a planear e a resolver problemas quando estiver sozinha 1.Os pais e a criança devem agir como uma equipa, tentando enfrentar juntos uma situação problemática previsível, por exemplo: Eu sei que é difícil para ti andares de carro tanto tempo. Que coisas podemos trazer para te manteres distraído? Ou Quando chegarmos à caixa vais ser tentado a pedir pastilhas e sabes que não te vou dar. Como é que vais conseguir passar pela caixa sem pedinchar nada? Podíamos comprar qualquer coisa mais saudável para comeres, ou podias fechar muito bem os olhos até passares pelas pastilhas, ou segurares as mãos. Que te parece? 2. ajude a criança a aprender a prestar atenção aos seus sentimentos, a dizer-lhe quando começa a sentir que vai fazer disparates e a pedir-lhe ajuda. Humor O humor é uma maneira agradável de impedir que os problemas assumem grandes proporções. Dizer qualquer coisa divertida sobre uma situação que está a aborrecer toda a gente é uma forma de ver as coisas sob outra perspectiva e de encontrar uma solução. No entanto, há que ter cuidado para não usar um humor que possa fazer a criança pensar que está a gozar com ela. ALGUMAS VEZES ÚTIL (dependendo da criança e da situação) Retirar os brinquedos Tirar os brinquedos à criança, capta obviamente a sua atenção, mas também a vai irritar, há que ajudar a criança a entender a razão. 1. para que possa considerar os pais um modelo de justiça, a criança tem de entender a razão pela qual lhe tiraram os brinquedos e esta deve estar directamente relacionada com o uso que fez destes (por exemplo, o seu uso inadequado, o risco de quebra, o risco de magoar alguém com eles, a recusa em partilhá-los e em arrumá-los depois da brincadeira): Se continuas a querer magoar o teu irmão com esse camião, tenho de o tirar das tuas mãos ou se deixares os 41 brinquedos todos espalhados no chão, vou ter de os guardar no meu armário. Quando te der um, tens de o arrumar antes de eu te dar outro. 2. não tire um brinquedo a que a criança está muito ligada; 3. indique claramente quanto tempo o brinquedo fica longe do alcance da criança e aquilo que ela terá de fazer (pedir desculpa por ter batido, arrumar outro brinquedo, etc.) para o reaver; 4. não tire o brinquedo durante demasiado tempo: é importante manter a esperança da criança para que ela encare o seu erro (por exemplo, uma tarde ou um dia). Cancelar convites para brincar ou adiar actividades agradáveis O cancelamento da vinda de amigos para brincarem ou o adiamento de actividades agradáveis são úteis para disciplinar uma criança porque a confrontam com as consequências do seu comportamento. 1. ajude a criança a perceber que a sua falta de controlo influencia uma situação. É vital ter a certeza de que ela entende que o castigo está relacionado com o seu mau comportamento (as estratégias devem estar directamente ligadas ao motivo): Os pais devem explicar-lhe: Não posso permitir que o teu amigo venha para cá brincar, se tu não me deres ouvidos. Tenho de ter a certeza de que vão fazer o que vos digo. Esta tarde vais ter de brincar sozinho. Depois logo vemos se já és capaz de fazer o que te digo ou depois de uma birra não podes ir ao parque. Para ires para um sítio desses, tens de aprender a controlar-te. 2. a criança também precisa de saber quando acaba o castigo e o que tem de fazer para voltar a ter autorização para brincar com outras crianças (caso contrário, sente-se desesperada e pode nem tentar melhorar o comportamento):Hoje estás tão mal disposto que talvez seja melhor adiarmos a vinda do teu amigo até que tu e ele possam divertir-se juntos. Ele volta outro dia, mas tens de aprender a controlar-te para poderes brincar com ele. Quando conseguires, voltamos a convidá-lo. Proibir televisão ou jogos de computador Só se deve retirar estas actividades apenas quando elas estiverem relacionadas com o problema Mesmo assim, as actividades como ver televisão ou jogar computador devem ser limitadas (não mais do que uma hora por dia). Assim a criança aprende que algumas actividades divertidas são um privilégio a ser alcançado e não algo que está garantido. 42 1. ajude a criança a aprender as consequências do seu comportamento: Se não és capaz de desligar a televisão quando os desenhos animados terminaram, então amanhã não a ligas. 2. pode recordar à criança: Lembras-te de que ontem não desligaste a televisão quando devias? Tive de te castigar e hoje não podes ver televisão. Amanhã, quando os desenhos animados acabarem, lembra-te de que a televisão deve ser desligada logo. Sem reclamações. Ignorar o mau comportamento É importante saber ignorar uma maldade sem importância quando houver coisas mais importantes em jogo, pois a criança que está constantemente a ser repreendida a cada incidente, um atrás do outro, é uma criança que deixa de escutar os pais. Tal atitude permite desencorajar pequenos disparates, cujo objectivo é apenas chamar a atenção dos pais. Sair de cena Se a criança puder ser deixada sozinha em segurança, a saída dos pais pode ajudála a concentrar-se na regra, ou naquilo que tem de ser feito, em vez de pensar no papel dos pais: 1. Passe para a criança a tarefa de se acalmar e resolver o problema (pensar no mal que fez e em como pode melhorar a situação), de forma a que ela se sinta respeitada: Agora vais ter de arrumar o teu quarto e eu sei que não gostas disso. Mas tem de ser feito e tu já és capaz. Depois venho ver como te estás a sair. 2. Sempre que sair de cena, é fundamental que a criança perceba que não está a ser abandonada ou rejeitada. Faça-a perceber que aquilo de que não gosta é do seu comportamento. Quanto a ela, continua a gostar dela como antes. 3. Lembre-a de que tem esperança de que ela consiga futuramente controlar-se sem ajuda. Tarefas adicionais As tarefas adicionais também devem estar directamente relacionadas com o mau comportamento da criança. 1.dê à criança a oportunidade de reparar o que fez e ser perdoada. Por exemplo, se a criança tiver idade para saber o que faz, estraga intencionalmente um objecto 43 valioso, pode exigir-lhe que faça algumas tarefas extra em casa para ajudar a “pagar a dívida”. 2. quando as tarefas estiverem terminadas, deve perdoar e elogiar a criança. Suspensão da mesada Se a mesada for importante para a criança, reduzi-la em parte pode ser uma forma de a impressionar com a seriedade do seu mau comportamento, mas somente em determinadas situações específicas, por exemplo, pagar um objecto partido de propósito ou por algo perdido por não ter sido devidamente guardado. A mesada pode também ser retirada quando a criança não cumpre as suas habituais tarefas domésticas. INÚTEIS Castigos corporais Os castigos corporais devem ser evitados tanto quanto possível, pois bater numa criança não é uma atitude respeitável. Mostra que os pais são maiores que a criança (algo que não dura para sempre) e dá a entender que a violência é uma forma de resolver os problemas. O objectivo da disciplina é ensinar-lhe a controlar-se sozinha. A força não contribui para isso. Transmite à criança a mensagem errada, que se pode bater, magoar fisicamente, usar a força, contra alguém que é mais pequeno e tem menos força. Ou seja, não ensina: a criança vai concentrar-se na dor e na raiva em vez de aprender com o erro. Vergonha, humilhação Nunca humilhe o seu filho, pois a culpa que a criança sente e a percepção daquilo que fez são muito mais importantes. Se envergonhar e humilhar o seu filho para controlar o comportamento dele, este tende a sentir raiva, desespero e desânimo e o resultado é sentir necessidade de se defender e negar o que fez, em vez de reconhecer o seu erro. 44 Lavar a boca com sabão Gera na criança ressentimento em vez da disposição para ser corrigida, para além de também ser insultuoso. Comparar as crianças umas com as outras As comparações negativas com irmãos ou amigos podem prejudicar as relações entre as crianças, prejudicam a auto-estima; podem fazer a criança desanimar não encorajando o seu aperfeiçoamento, para além de que a criança pode decidir “não se ralar” e tornar-se ainda pior. Suprimir comida ou usá-la como recompensa Se as disputas surgem à hora das refeições, o melhor é tentar pôr-lhes fim com castigos ou recompensas que não envolvam comida. Devem evitar-se quaisquer associações negativas à comida e às horas das refeições para que as crianças continuem a gostar de se alimentar e de estar com a família. A criança não deve ser forçada a comer senão ela percebe que pode retaliar a supressão da comida, recusando-se a comer. A comida não deve tornar-se um processo de chantagem: Se comeres isto, podes comer uma sobremesa. Os pais não devem fazê-lo para controlar o comportamento da criança. Pois assim, em vez da criança apreciar a refeição como uma ocasião agradável para a comunicação, ela sente-se manipulada. As sobremesas ou doces também não devem ser usadas como castigos ao serem retirados pois proibidos tornam-se mais desejáveis e também não devem ser usados como recompensa, pois devem fazer parte da refeição que é partilhada. Deitar mais cedo ou fazer uma sesta extra As sestas e a hora de dormir são coisas que obrigam a criança a separar-se dos pais e do resto do mundo e só por si, são já situações problemáticas para a criança e podem gerar resistência. Transformá-las num castigo apenas as torna menos atraentes e aumenta a resistência da criança. Pode piorar as dificuldades que a criança tem em adormecer. A sesta e a hora de dormir requerem associações positivas e não negativas. Devem ser alturas calorosas, de leitura, de canções, de deitar um ao lado do outro, de se sentir seguro e protegido, de se sentir amado. Tudo isto está em risco quando o ir dormir é usado como punição. 45 Não é um castigo mas uma ajuda se por exemplo a criança se porta mal por estar demasiado cansada, então o deitar mais cedo faz sentido. Retirar o afecto, ameaçar com o abandono Estes são os mais terríveis e mais temidos castigos que a criança pode sofrer. Os seus efeitos a longo prazo são sérios e podem conduzir à insegurança, ao medo e à baixa auto-estima. A criança não se sente amada e capaz de amar. E sem amor, o ressentimento e a raiva podem tomar conta da criança e conduzir a problemas comportamentais sérios. 46
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