sumário 1
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sumário 1
Comportamento do Consumidor SUMÁRIO SUMÁRIO ABERTURA .................................................................................................................................. 9 APRESENTAÇÃO .......................................................................................................................................................................... 9 OBJETIVO E CONTEÚDO ......................................................................................................................................................... 9 BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................................................................... 11 PROFESSORES-AUTORES ....................................................................................................................................................... 12 MÓDULO 1 – INTRODUÇÃO AO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR ................................ 13 APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................................................................ 13 UNIDADE 1 – COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR EM MARKETING ............................................ 13 1.1 FILTRO PERCEPTIVO ......................................................................................................................................................... 13 1.1.1 SITUAÇÕES DE USO ...................................................................................................................................................... 13 1.2 PODER PÚBLICO E CONSUMO ..................................................................................................................................... 14 1.3 ESTUDO DO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR .......................................................................................... 14 1.4 BENEFÍCIOS DO CONHECIMENTO DO CONSUMIDOR ....................................................................................... 14 1.5 CONHECIMENTOS NECESSÁRIOS ............................................................................................................................... 15 1.5.1 PESQUISA DE CONSUMO ........................................................................................................................................... 15 1.6 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 15 1.7 EXERCÍCIO ............................................................................................................................................................................ 15 INFORMAÇÕES SOBRE ESTE EXERCÍCIO ......................................................................................................................... 16 TEXTOS UTILIZADOS ......................................................................................................................... 16 HELLMAN´S DESTACA QUANTIDADE CALÓRICA DE MAIONESE APÓS PESQUISA ......................................... 16 ELES RESISTEM MAIS À CRISE ............................................................................................................................................. 17 UNIDADE 2 – DEFINIÇÃO DO CONCEITO ........................................................................................... 20 2.1 PRIMEIRA DEFINIÇÃO ...................................................................................................................................................... 20 2.1.1 SEGUNDA DEFINIÇÃO ................................................................................................................................................. 20 2.2 ESCOPO ................................................................................................................................................................................ 21 2.3 FOCOS DE ATENÇÃO ....................................................................................................................................................... 21 2.4 PODER PÚBLICO E CONSUMO ..................................................................................................................................... 21 2.5 VARIÁVEIS DE INFLUÊNCIA ........................................................................................................................................... 22 2.6 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 22 2.7 EXERCÍCIO ............................................................................................................................................................................ 22 INFORMAÇÕES SOBRE ESTE EXERCÍCIO ......................................................................................................................... 22 UNIDADE 3 – BASES TEÓRICAS .......................................................................................................... 23 3.1 CONCEITOS IMPORTANTES ........................................................................................................................................... 23 3.2 SEGMENTAÇÃO ................................................................................................................................................................. 23 3.2.1 DEFINIÇÃO ....................................................................................................................................................................... 23 3.3 POSICIONAMENTO ........................................................................................................................................................... 24 3.3.1 POSICIONAMENTO COMO ESTRATÉGIA ................................................................................................................ 24 3.3.2 POSICIONAMENTO NO MERCADO .......................................................................................................................... 25 3.4 PESQUISA DE MERCADO ................................................................................................................................................ 25 3.4.1 SIM ...................................................................................................................................................................................... 25 3.4.2 RESSALVAS ........................................................................................................................................................................ 26 3.4.3 TAREFA DA PESQUISA DE MARKETING ................................................................................................................. 26 1 SUMÁRIO Comportamento do Consumidor 3.5 ANÁLISE DE AMBIENTE .................................................................................................................................................. 26 3.5.1 INFORMAÇÃO ................................................................................................................................................................. 26 3.5.2 INFORMAÇÕES IMPORTANTES ................................................................................................................................. 27 3.5.3 FATORES AMBIENTAIS .................................................................................................................................................. 27 3.6 PRINCIPAIS BASES TEÓRICAS ........................................................................................................................................ 28 3.6.1 ANTROPOLOGIA, SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA ................................................................................................... 28 3.7 ANTROPOLOGIA ................................................................................................................................................................ 28 3.7.1 ESTUDOS ANTROPOLÓGICOS ................................................................................................................................... 29 3.8 SOCIOLOGIA ....................................................................................................................................................................... 29 3.9 PSICOLOGIA ........................................................................................................................................................................ 29 3.10 SÍNTESE .............................................................................................................................................................................. 30 3.11 EXERCÍCIO ......................................................................................................................................................................... 30 INFORMAÇÕES SOBRE ESTE EXERCÍCIO ......................................................................................................................... 30 TEXTO UTILIZADO ............................................................................................................................. 30 NÃO É CRIME VENDER FAST FOOD .................................................................................................................................. 30 UNIDADE 4 – TIPOS DE CONSUMIDORES ........................................................................................... 32 4.1 DIFERENTES CONSUMIDORES ..................................................................................................................................... 32 4.1.1 COMPRADORES E USUÁRIOS .................................................................................................................................... 32 4.1.2 COMPORTAMENTO DO CLIENTE ............................................................................................................................. 32 4.2 CONSUMIDOR .................................................................................................................................................................... 33 4.2.1 CONSUMIDOR PESSOAL ............................................................................................................................................. 33 4.3 CONSUMIDOR CORPORATIVO, EMPRESARIAL OU ORGANIZACIONAL .......................................................... 33 4.3.1 COMPRADORES ORGANIZACIONAIS ...................................................................................................................... 34 4.3.2 INFLUÊNCIAS .................................................................................................................................................................. 34 4.4 ESTADO ................................................................................................................................................................................. 34 4.5 USUÁRIOS, COMPRADORES E PAGANTES ................................................................................................................ 35 4.5. 1 EXEMPLOS ....................................................................................................................................................................... 35 4.5.2 ESPECIALIZAÇÃO DE PAPÉIS ..................................................................................................................................... 36 4.6 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 36 4.7 EXERCÍCIO ............................................................................................................................................................................ 36 INFORMAÇÕES SOBRE ESTE EXERCÍCIO ......................................................................................................................... 36 TEXTOS UTILIZADOS ......................................................................................................................... 37 FEIRA DE BRINQUEDO FECHA GERANDO R$ 1 BILHÃO EM VENDAS .................................................................. 37 CRIANÇA COMO CONSUMIDORA ...................................................................................................................................... 37 UNIDADE 5 – CENÁRIO CULTURAL ..................................................................................................... 40 5.1 FILME .................................................................................................................................................................................... 40 5.2 OBRA LITERÁRIA ................................................................................................................................................................ 40 5.3 OBRA DE ARTE ................................................................................................................................................................... 40 GABARITOS ........................................................................................................................................ 41 GABARITO – MÓDULO 1 – UNIDADE 1 ........................................................................................................................... 41 GABARITO – MÓDULO 1 – UNIDADE 2 ........................................................................................................................... 42 GABARITO – MÓDULO 1 – UNIDADE 3 ........................................................................................................................... 43 GABARITO – MÓDULO 1 – UNIDADE 4 ........................................................................................................................... 44 2 Comportamento do Consumidor SUMÁRIO MÓDULO 2 – INFLUÊNCIAS EXTERNAS ................................................................................... 45 APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................................................................ 45 UNIDADE 1 – CULTURA E CONSUMO ................................................................................................. 45 1.1 CULTURA .............................................................................................................................................................................. 45 1.2 CONCEITO DE CULTURA ................................................................................................................................................ 45 1.2.1 CULTURA E SABER ......................................................................................................................................................... 46 1.2.2 DIFERENÇAS .................................................................................................................................................................... 46 1.3 DEFINIÇÃO .......................................................................................................................................................................... 47 1.3.1 PRODUTOS E SIGNIFICADOS ..................................................................................................................................... 47 1.3.2 REGRAS CULTURAIS ...................................................................................................................................................... 47 1.3.3 ABSTRATO E TANGÍVEL ............................................................................................................................................... 48 1.4 PRODUTOS E RITUAIS ...................................................................................................................................................... 48 1.4.1 FERIADOS E DATAS TRADICIONAIS ......................................................................................................................... 48 1.4.2 TIPOS DE TROCA ............................................................................................................................................................ 49 1.5 TROCA ECONÔMICA ........................................................................................................................................................ 49 1.6 TROCA SIMBÓLICA ........................................................................................................................................................... 49 1.7 BOLSÕES .............................................................................................................................................................................. 50 1.8 SUBCULTURAS ................................................................................................................................................................... 50 1.9 VALORES E NORMAS ....................................................................................................................................................... 50 1.9.1 VALORES ........................................................................................................................................................................... 51 1.9.2 INFORMAÇÕES IMPORTANTES ................................................................................................................................. 52 1.10 SÍNTESE .............................................................................................................................................................................. 52 1.11 EXERCÍCIO ......................................................................................................................................................................... 52 INFORMAÇÕES SOBRE ESTE EXERCÍCIO ......................................................................................................................... 52 TEXTOS UTILIZADOS ......................................................................................................................... 53 PESSOAS COMPRAM SIGNIFICADOS ................................................................................................................................ 53 QUANDO O BELO GANHA A MÁSCARA DA PLÁSTICA .............................................................................................. 54 BRASIL É SEGUNDO COLOCADO NO RANKING DE CIRURGIA PLÁSTICA .......................................................... 57 UNIDADE 2 – GRUPOS SOCIAIS .......................................................................................................... 58 2.1 CONCEITOS IMPORTANTES ........................................................................................................................................... 58 2.2 CLASSE SOCIAL E STATUS SOCIAL ............................................................................................................................. 58 2.2.1 DEFINIÇÕES ..................................................................................................................................................................... 58 2.2.2 CONCEITOS RELACIONADOS .................................................................................................................................... 58 2.3 MEDINDO CLASSE SOCIAL ............................................................................................................................................ 59 2.3.1 QUESTIONÁRIOS ............................................................................................................................................................ 59 2.3.2 CRITÉRIO BRASIL ............................................................................................................................................................ 60 2.3.3 RENDAS E PERCENTUAIS ............................................................................................................................................ 60 2.3.3.1 CLASSES ECONÔMICAS E REGIÕES ..................................................................................................................... 60 2.3.4 CRÍTICAS AO CRITÉRIO BRASIL ................................................................................................................................. 61 2.3.5 CASOS ................................................................................................................................................................................ 61 2.3.5.1 ANÁLISE DOS CASOS ................................................................................................................................................ 61 2.4 MEDINDO ESTILO DE VIDA ........................................................................................................................................... 62 2.4.1 PROCEDIMENTOS .......................................................................................................................................................... 62 2.4.2 INVENTÁRIOS AIO .......................................................................................................................................................... 63 2.5 PAPÉIS ................................................................................................................................................................................... 63 3 SUMÁRIO Comportamento do Consumidor 2.5.1 PAPÉIS DEFINIDOS ........................................................................................................................................................ 64 2.6 PAPÉIS E DIFUSÃO DE INOVAÇÕES ............................................................................................................................ 64 2.6.1 ADOÇÃO DE INOVAÇÕES ............................................................................................................................................ 65 2.6.2 RESISTÊNCIA À INOVAÇÃO ......................................................................................................................................... 65 2.6.3 AIDA .................................................................................................................................................................................... 65 2.7 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 66 2.8 EXERCÍCIO ............................................................................................................................................................................ 66 INFORMAÇÕES SOBRE ESTE EXERCÍCIO ......................................................................................................................... 66 TEXTOS UTILIZADOS ......................................................................................................................... 66 PARA ENTENDER A CLASSE C .............................................................................................................................................. 66 CLASSE C APRESENTA NOVOS HÁBITOS DE CONSUMO .......................................................................................... 70 UNIDADE 3 – GRUPOS DE REFERÊNCIA .............................................................................................. 72 3.1 DEFINIÇÃO .......................................................................................................................................................................... 72 3.2 TIPOS DE GRUPOS DE REFERÊNCIA ........................................................................................................................... 72 3.3 COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL ................................................................................................................................. 73 3.3.1 EFICÁCIA DA COMUNICAÇÃO .................................................................................................................................. 73 3.3.2 DIFUSÃO DE INFORMAÇÕES ..................................................................................................................................... 74 3.4 FAMÍLIA ................................................................................................................................................................................ 75 3.4.1 DOMICÍLIO OU LAR ...................................................................................................................................................... 75 3.4.2 FAMÍLIA E LAR ................................................................................................................................................................ 75 3.4.3 PAPÉIS NO PROCESSO DE COMPRA ........................................................................................................................ 76 3.5 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 76 3.6 EXERCÍCIO ............................................................................................................................................................................ 76 INFORMAÇÕES SOBRE O EXERCÍCIO ................................................................................................................................ 76 TEXTO UTILIZADO ............................................................................................................................. 77 CASE ............................................................................................................................................................................................. 77 UNIDADE 4 – CENÁRIO CULTURAL ..................................................................................................... 77 4.1 FILME .................................................................................................................................................................................... 77 4.2 OBRA LITERÁRIA ................................................................................................................................................................ 77 4.3 OBRA DE ARTE ................................................................................................................................................................... 78 GABARITOS ........................................................................................................................................ 79 GABARITO – MÓDULO 2 – UNIDADE 1 ........................................................................................................................... 79 GABARITO – MÓDULO 2 – UNIDADE 2 ........................................................................................................................... 79 GABARITO – MÓDULO 2 – UNIDADE 3 ........................................................................................................................... 80 MÓDULO 3 – INFLUÊNCIAS INTERNAS ..................................................................................... 81 APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................................................................ 81 UNIDADE 1 – MOTIVAÇÃO DO CONSUMIDOR .................................................................................. 81 1.1 MOTIVAÇÃO ........................................................................................................................................................................ 81 1.1.1 PROCESSO DE MOTIVAÇÃO ....................................................................................................................................... 82 1.2 NECESSIDADES E DESEJOS ........................................................................................................................................... 82 1.2.1 SATISFAÇÃO DE NECESSIDADES .............................................................................................................................. 83 1.2.2 NECESSIDADES VERSUS DESEJOS ........................................................................................................................... 83 1.2.3 COMUNICAÇÃO E DISTINÇÃO SOCIAL .................................................................................................................. 84 1.3 PRINCIPAIS TEORIAS MOTIVACIONAIS ...................................................................................................................... 84 4 Comportamento do Consumidor SUMÁRIO 1.3.1 PIRÂMIDE DE MASLOW ............................................................................................................................................... 84 1.3.2 TEORIA DA HIERARQUIA DAS NECESSIDADES ................................................................................................... 85 1.3.3 NECESSIDADES PSICOGÊNICAS ............................................................................................................................... 86 1.3.4 EXEMPLOS ........................................................................................................................................................................ 87 1.4 MOTIVAÇÃO DE CLIENTES CORPORATIVOS ............................................................................................................ 87 1.4.1 NECESSIDADES DAS EMPRESAS .............................................................................................................................. 87 1.4.2 COMPRAS ORGANIZACIONAIS ................................................................................................................................. 88 1.5 PERCEPÇÃO ......................................................................................................................................................................... 88 1.5.1 ESTÍMULOS ...................................................................................................................................................................... 88 1.5.2 EXEMPLO .......................................................................................................................................................................... 89 1.6 FILTROS PERCEPTIVOS .................................................................................................................................................... 89 1.7 PERCEPÇÃO ......................................................................................................................................................................... 90 1.7.1 PRINCIPAIS ESTÍMULOS ............................................................................................................................................... 91 1.8 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 92 1.9 EXERCÍCIO ............................................................................................................................................................................ 92 INFORMAÇÕES SOBRE ESTE EXERCÍCIO ......................................................................................................................... 92 TEXTO UTILIZADO ............................................................................................................................. 93 RED BULL ENFRENTA DESAFIO DE COMUNICAR A MARCA NO BRASIL ............................................................. 93 UNIDADE 2 – COGNIÇÃO .................................................................................................................... 95 2.1 CAPACIDADES COGNITIVAS .......................................................................................................................................... 95 2.1.1 IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES ...................................................................................................................... 95 2.2 MEMÓRIA ............................................................................................................................................................................. 96 2.2.1 FUNCIONAMENTO DA MENTE ................................................................................................................................. 96 2.2.2 ORGANIZAÇÃO DE CONHECIMENTO .................................................................................................................... 97 2.3 ESQUEMAS .......................................................................................................................................................................... 97 2.3.1 EXEMPLO .......................................................................................................................................................................... 97 2.4 ESTEREÓTIPOS ................................................................................................................................................................... 98 2.4.1 ESTEREÓTIPOS BONS E RUINS .................................................................................................................................. 98 2.5 IMAGEM ............................................................................................................................................................................... 98 2.5.1 DEFINIÇÃO DE IMAGEM ............................................................................................................................................. 99 2.5.2 ESQUEMA VERSUS IMAGEM ..................................................................................................................................... 99 2.5.3 IMAGEM E POSICIONAMENTO ................................................................................................................................. 99 2.5.4 IMAGEM E CAPACIDADE DE CONHECIMENTO ................................................................................................ 100 2.5.5 EXEMPLO ........................................................................................................................................................................ 100 2.6 ATITUDE, EMOÇÕES, COMPORTAMENTO ............................................................................................................... 100 2.6.1 COMPONENTES DA ATITUDE ................................................................................................................................. 101 2.6.2 RESPOSTA AFETIVA ...................................................................................................................................................... 101 2.6.2.1 EXEMPLOS .................................................................................................................................................................. 102 2.6.2.2 EXEMPLO REAL ......................................................................................................................................................... 102 2.6.3 COMPONENTE COGNITIVO E COMPONENTE COMPORTAMENTAL .......................................................... 102 2.6.4 ATITUDES E CRENÇAS ................................................................................................................................................ 103 2.7 SÍNTESE .............................................................................................................................................................................. 103 2.8 EXERCÍCIO .......................................................................................................................................................................... 103 INFORMAÇÕES SOBRE ESTE EXERCÍCIO ....................................................................................................................... 104 TEXTO UTILIZADO ........................................................................................................................... 104 5 SUMÁRIO Comportamento do Consumidor IDENTIDADE, IMAGEM E REPUTAÇÃO EMPRESARIAL ALINHADAS À SUSTENTABILIDADE ....................... 104 UNIDADE 3 – AVALIAÇÃO PÓS-COMPRA ........................................................................................ 106 3.1 APRENDIZAGEM .............................................................................................................................................................. 106 3.2 FORMAS DE APRENDIZAGEM .................................................................................................................................... 106 3.2.1 APRENDIZAGEM COGNITIVA ................................................................................................................................... 106 3.2.2 FOCO COGNITIVO ....................................................................................................................................................... 107 3.3 APRENDIZAGEM COMPORTAMENTAL .................................................................................................................... 107 3.3.1 PAVLOV ............................................................................................................................................................................ 107 3.3.2 EXEMPLO ........................................................................................................................................................................ 108 3.4 MOTIVAÇÃO, CONHECIMENTO, ATITUDES, APRENDIZAGEM ......................................................................... 108 3.5 PAPEL DO PROFISSIONAL DE MARKETING ........................................................................................................... 109 3.6 SÍNTESE .............................................................................................................................................................................. 109 3.7 EXERCÍCIO .......................................................................................................................................................................... 109 INFORMAÇÕES SOBRE ESTE EXERCÍCIO ....................................................................................................................... 109 TEXTOS UTILIZADOS ....................................................................................................................... 110 EU CONSUMO, VOCÊ CONSOME: E O QUE FAZEMOS COM ISTO? ..................................................................... 110 MESMO COM PRODUTO MAIS CARO, P&G GANHA MERCADO ............................................................................ 112 UNIDADE 4 – CENÁRIO CULTURAL ................................................................................................... 113 4.1 FILME .................................................................................................................................................................................. 113 4.2 OBRA LITERÁRIA .............................................................................................................................................................. 113 4.3 OBRA DE ARTE ................................................................................................................................................................. 113 GABARITOS ...................................................................................................................................... 114 GABARITO – MÓDULO 3 – UNIDADE 1 ......................................................................................................................... 114 GABARITO – MÓDULO 3 – UNIDADE 2 ......................................................................................................................... 115 GABARITO – MÓDULO 3 – UNIDADE 3 ......................................................................................................................... 116 MÓDULO 4 – PROCESSOS DE DECISÃO INDIVIDUAL E ORGANIZACIONAL ......................... 117 APRESENTAÇÃO ...................................................................................................................................................................... 117 UNIDADE 1 – PROCESSOS DE DECISÃO ............................................................................................ 117 1.1 DECISÃO ............................................................................................................................................................................. 117 1.2 PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO DE COMPRA ........................................................................................... 118 1.2.1 MOTIVAÇÃO, COGNIÇÃO E APRENDIZAGEM .................................................................................................... 118 1.2.2 EXEMPLO ........................................................................................................................................................................ 118 1.2.2.1 CONCLUSÃO .............................................................................................................................................................. 119 1.2.3 PROCESSO DIFÍCIL ....................................................................................................................................................... 120 1.3 RECONHECIMENTO DA NECESSIDADE .................................................................................................................. 120 1.3.1 ESTÍMULO INTERNO E ESTÍMULO EXTERNO .................................................................................................... 121 1.3.2 ESTADO REAL E SITUAÇÃO IDEAL ......................................................................................................................... 121 1.3.3 NECESSIDADE FUTURA ............................................................................................................................................. 121 1.3.4 NECESSIDADE E OPORTUNIDADE DE NEGÓCIO ............................................................................................. 122 1.4 MOTIVAÇÃO ...................................................................................................................................................................... 122 1.4.1 BUSCA DE INFORMAÇÕES ....................................................................................................................................... 123 1.4.2 BUSCA INTERNA E EXTERNA ................................................................................................................................... 123 1.5 BUSCA INTERNA .............................................................................................................................................................. 124 1.5.1 SATISFAÇÃO E DECISÃO ............................................................................................................................................ 124 6 Comportamento do Consumidor SUMÁRIO 1.6 BUSCA EXTERNA ............................................................................................................................................................. 124 1.6.1 SUPORTE AO CONSUMIDOR ................................................................................................................................... 125 1.6.2 COMUNICAÇÕES DE MARKETING ......................................................................................................................... 125 1.7 SÍNTESE .............................................................................................................................................................................. 125 1.8 EXERCÍCIO .......................................................................................................................................................................... 126 INFORMAÇÕES SOBRE ESTE EXERCÍCIO ....................................................................................................................... 126 TEXTOS UTILIZADOS ....................................................................................................................... 126 QUEM COMANDA AS DECISÕES DE CONSUMO? ..................................................................................................... 126 UNIDADE 2 – FONTES DE INFORMAÇÃO DO CONSUMIDOR ........................................................... 130 2.1 QUATRO GRANDES FONTES DE INFORMAÇÃO ................................................................................................... 130 2.2 EXEMPLOS ......................................................................................................................................................................... 130 2.2.1 EMPRESA COMO FONTE DE INFORMAÇÃO ....................................................................................................... 131 2.2.2 FONTES COMERCIAIS ................................................................................................................................................. 131 2.2.3 FONTES PESSOAIS ....................................................................................................................................................... 131 2.3 INFLUÊNCIAS DAS FONTES DE INFORMAÇÃO .................................................................................................... 132 2.3.1 PROCESSO DE DECISÃO ............................................................................................................................................ 132 2.3.2 EXEMPLO ........................................................................................................................................................................ 133 2.3.3 CONSUMIDOR E INFORMAÇÃO ............................................................................................................................. 134 2.3.4 INFORMAÇÃO COMO ESTRATÉGIA ....................................................................................................................... 134 2.3.5 EXEMPLO ........................................................................................................................................................................ 135 2.4 AVALIAÇÃO COGNITIVA ................................................................................................................................................ 135 2.4.1 FATORES DE DECISÃO ................................................................................................................................................ 136 2.5 SÍNTESE .............................................................................................................................................................................. 136 2.6 EXERCÍCIO .......................................................................................................................................................................... 136 INFORMAÇÕES SOBRE O EXERCÍCIO .............................................................................................................................. 136 UNIDADE 3 – DECISÃO DE COMPRA ................................................................................................ 137 3.1 CATEGORIAS DE DECISÃO ........................................................................................................................................... 137 3.2 TIPOS DE COMPRA ......................................................................................................................................................... 138 3.3 IMPORTÂNCIA GERENCIAL DE INFORMAÇÕES ................................................................................................... 138 3.3.1 OUTROS FATORES ........................................................................................................................................................ 139 3.4 AVALIAÇÃO PÓS-COMPRA ........................................................................................................................................... 139 3.5 SATISFAÇÃO E NOVA COMPRA ................................................................................................................................... 139 3.5.1 DIFERENÇAS DE COMPORTAMENTO .................................................................................................................... 140 3.5.2 SATISFAÇÃO ................................................................................................................................................................... 140 3.5.3 EXPECTATIVAS DO CONSUMIDOR ......................................................................................................................... 141 3.6 TOMADA DE DECISÃO .................................................................................................................................................. 141 3.6.1 GRAU DE ENVOLVIMENTO ....................................................................................................................................... 141 3.6.2 FATORES INFLUENCIADORES .................................................................................................................................. 142 3.6.3 RELATIVIDADE DO GRAU DE ENVOLVIMENTO ................................................................................................. 142 3.7 LIMITES DO MODELO PARA DECISÃO DE COMPRA ........................................................................................... 143 3.7.1 EXPERIÊNCIA PRÓPRIA ............................................................................................................................................... 143 3.8 SÍNTESE .............................................................................................................................................................................. 144 3.9 EXERCÍCIO .......................................................................................................................................................................... 144 INFORMAÇÕES SOBRE O EXERCÍCIO .............................................................................................................................. 144 UNIDADE 4 – CENÁRIO CULTURAL ................................................................................................... 144 7 SUMÁRIO Comportamento do Consumidor 4.1 FILME .................................................................................................................................................................................. 144 4.2 OBRA LITERÁRIA .............................................................................................................................................................. 145 4.3 OBRA DE ARTE ................................................................................................................................................................. 145 GABARITOS ...................................................................................................................................... 146 GABARITO – MÓDULO 4 – UNIDADE 1 ......................................................................................................................... 146 GABARITO – MÓDULO 4 – UNIDADE 2 ......................................................................................................................... 147 GABARITO – MÓDULO 4 – UNIDADE 3 ......................................................................................................................... 148 MÓDULO 5 – ENCERRAMENTO .............................................................................................. 149 APRESENTAÇÃO ...................................................................................................................................................................... 149 8 Comportamento do Consumidor ABERTURA ABERTURA APRESENTAÇÃO A imensa variedade de bens e serviços à disposição dos consumidores faz muito mais do que ajudá-los a resolver problemas. Bens e serviços mediam as relações entre as pessoas e o mundo onde vivem. As organizações devem ter consciência da importância de seus bens e serviços para seus clientes não apenas para melhor servi-los – maximizando ganhos – mas também para servir a esses consumidores de forma responsável – e, desse modo, maximizar ganhos de forma sustentável. Comportamento do Consumidor tem como objetivo apresentar aos alunos as principais teorias referentes às relações entre pessoas e produtos. Primeiramente, estudaremos as teorias fundamentadas nas relações entre consumidores, culturas e grupos sociais em que se inserem. Em seguida, analisaremos teorias provenientes da psicologia do consumo. Ao fim do curso, é esperado que o aluno seja capaz de compreender que o consumo é um fenômeno não apenas psicológico mas também – e principalmente – social. É esperado que o egresso do curso seja capaz de observar os determinantes sociais do consumo, entender a posição das atitudes, da memória, do pensamento e das emoções nos processos de decisão de compra. Ao optar por fazer Comportamento do Consumidor, você optou também por participar de um novo método de ensino – o ensino a distância. Dessa forma, você terá bastante flexibilidade para realizar as atividades nela previstas. Embora você possa definir o tempo que irá dedicar a esse trabalho, ele foi planejado para ser concluído em um prazo determinado. Verifique sempre, no calendário, o tempo de que você dispõe para dar conta das atividades nele propostas. Lá estarão agendados todos os trabalhos, inclusive aqueles a serem encaminhados, em data previamente determinada, ao Professor-Tutor da disciplina. OBJETIVO E CONTEÚDO O objetivo de Comportamento do Consumidor é ampliar o conhecimento do aluno tratando sobre os principais temas investigados pela área, como as opiniões do consumidor, o efeito dessas opiniões em seu comportamento, a forma de escolha de produtos e o valor simbólico desses produtos. Como em nossa vida estamos cercados de produtos, e estamos quase todo o tempo comprando ou vendendo algo, as teorias de comportamento do consumidor nos ajudam não apenas a entender melhor nossos clientes mas também a nos entendermos melhor como consumidores. Os conceitos e as questões serão discutidos tanto no âmbito do comportamento de compradores individuais quanto no âmbito de grupos e organizações, sendo de extrema relevância em vários níveis, abrangendo desde o ponto de vista empresarial até o ponto de vista social ou políticolegal. 9 ABERTURA Comportamento do Consumidor Sob esse foco, Comportamento do Consumidor foi estruturado em cinco módulos, nos quais foi inserido o seguinte conteúdo... Módulo 1 – Introdução ao comportamento do consumidor Neste primeiro módulo, discutiremos a importância do estudo do comportamento do consumidor no marketing, relembrando alguns tópicos de marketing importantes para bem entender a aplicação das teorias de comportamento do consumidor. As principais bases teóricas que formam os pilares do conhecimento em comportamento do consumidor – sendo esses Antropologia, Sociologia e Psicologia – também serão abordadas. Por fim, relacionaremos os diferentes tipos de consumidores, mostrando questões pertinentes aos comportamentos de compra e consumo relacionadas à cultura, à interação do consumidor e aos indivíduos – como estes organizam informações novas, formam atitudes e tomam decisões. Módulo 2 – Influências externas No segundo módulo, falaremos sobre os fatores externos que influenciam o comportamento do consumidor, como a cultura – conceito, características, significados e rituais com produtos –, os papéis que os indivíduos representam na sociedade e seus grupos sociais e de referência. Além disso, também serão discutidos os critérios de classificação de indivíduos como classe social e estilo de vida, mostrando que, em marketing, critérios de classificação de pessoas são úteis na medida em que podem servir de indicação das características de um consumidor. Módulo 3 – Influências internas Neste módulo, trataremos sobre a motivação do consumidor, suas necessidades, seus desejos, suas percepções e suas cognições – que é a capacidade que o indivíduo tem de conhecer e usar seu conhecimento para formar opiniões e tomar decisões. Também aprofundaremos um pouco mais o tópico cognitivo, sendo discutidos temas como a organização do conhecimento, a avaliação de alternativas e atitudes, emoções e comportamentos. Fechando o módulo, destacaremos a abordagem sobre a avaliação pós-compra e a aprendizagem do consumidor por meio de suas respectivas decisões de compra. 10 Comportamento do Consumidor ABERTURA Módulo 4 – Processos de decisão individual e organizacional Neste último módulo, abordaremos o tema que justifica, gerencialmente, o estudo do comportamento do consumidor – os processos de tomada de decisão do consumidor. A busca de informações – internas e externas – e suas fontes se apresentam como fator chave para o consumidor conhecer as opções reais que poderiam resolver seu problema. Tópicos como avaliação de alternativas, decisões de compra e sua posterior avaliação pós-compra serão concluídos e exemplificados neste último módulo. Módulo 5 – Encerramento Neste módulo – além da avaliação desse trabalho –, você encontrará algumas divertidas opções para testar seus conhecimentos sobre o conteúdo desenvolvido nos módulos anteriores – caça-palavras, palavras cruzadas, forca e criptograma. Entre neles e bom trabalho! BIBLIOGRAFIA BAKER, M. J. Administração de marketing. 5 ed. Rio de Janeiro: Campus, 2005. Manual de marketing que apresenta a disciplina sob uma perspectiva mais inteligente do que a dos outros manuais editados no momento. Sua perspectiva europeia abre espaço para discussões sobre temas como sustentabilidade, marketing verde, pósmodernidade e multiculturalismo difíceis de encontrar em outros livros. BLACKWELL, Engel, et al. Comportamento do consumidor. São Paulo: Thomson, 2001. Um dos manuais de comportamento do consumidor mais usados em todo o mundo onde esta disciplina é estudada. Este livro tem sido publicado e revisto desde os anos 60, quando os autores eram Engel, Blackwell e Kollat. McCRACKEN, G. Cultura e consumo: novas abordagens ao caráter simbólico dos bens. Rio de Janeiro: Mauad, 2003. É um excelente livro sobre cultura de consumo, assim como Slater. Diferentememtne deste, no entanto, McCracken tem um texto mais preocupado com práticas. É um ótimo livro para discutir temas como moda. MOWEN, J. C., MINOR, M. S. Comportamento do consumidor. São Paulo: Prentice Hall, 2003. O manual de comportamento do consumidor de Mowen e Minor é, ao mesmo tempo, completo e compacto. Trata-se de uma referência rápida, muito útil para o leitor que precisa de algo mais conciso. KOTLER, P., KELLER, K. L. Administração de marketing. São Paulo: Prentice-Hall, 2006. É o manual-padrão na área. 11 ABERTURA Comportamento do Consumidor SHETH, J. N., MITTAL, B., et al. Comportamento do cliente: indo além do comportamento do consumidor. São Paulo: Atlas, 2001. Manual de comportamento do consumidor com uma perspectiva um pouco diferente daquela de Blackwell, Miniard e Engel. Sheth e seus coautores analisam os fenômenos de consumo de acordo com três perspectivas diferentes – o usuário, o pagante e o comprador. SLATER, D. Cultura do consumo & modernidade. São Paulo: Nobel, 2001. É um livro sobre cultura de consumo, muito claro, inteligente, e atraente. É um livro fundamental para tratar, competentemente, as teorias de consumo atreladas à cultura. PROFESSORES-AUTORES Eduardo Ayrosa é Ph.D. em Administração pela London Business School, Mestre em Administração pela COPPEAD/UFRJ e Engenheiro Civil formado pela UFRJ. Professor e pesquisador na área de comportamento do consumidor, Eduardo Ayrosa tem publicado trabalhos em temas como identidade e consumo, consumo responsável, resistência do consumidor, e efeitos de país de origem sobre atitudes e comportamento. Denise Franca Barros é Doutoranda em Administração e Mestre em Administração Pública pela EBAPE/FGV, e especialista em Marketing pelo COPPEAD/UFRJ. É professora e tutora de cursos da Graduação, da PósGraduação e de cursos livres, da FGV e do FGV Online, além de autora de disciplinas do FGV Online. É professora dos cursos de Graduação e PósGraduação da ESPM-RJ, e consultora nas áreas de Comunicação, Pesquisa e Marketing. Possui interesse de pesquisa nas áreas de Comportamento do Consumidor, Marketing, Comunicação e Marketing, Pesquisa de Mercado e Metodologia de Pesquisa. 12 Comportamento do Consumidor MÓDULO 1 MÓDULO 1 – INTRODUÇÃO AO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR APRESENTAÇÃO Neste primeiro módulo, discutiremos a importância do estudo do comportamento do consumidor para a boa gestão de marketing da empresa. Relembraremos alguns tópicos de marketing importantes para bem entender a aplicação das teorias de comportamento do consumidor. Apresentaremos também as três ciências que formam os pilares do conhecimento em comportamento do consumidor, a saber, Antropologia, Sociologia e Psicologia. Por fim, abordaremos uma tipologia de compradores e falaremos sobre os três principais papéis dos consumidores – usuário, comprador e pagante. UNIDADE 1 – COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR EM MARKETING 1.1 FILTRO PERCEPTIVO Os supostos efeitos do fumo sobre a saúde são conhecidos por uma enorme quantidade de indivíduos, especialmente os fumantes. Desse modo, cabe perguntar... ...se os fumantes sabem que o fumo é prejudicial à saúde, por que continuam a fumar? ...o esforço para parar de fumar pode ser considerável, mas será que os benefícios não compensariam? Os fumantes talvez não acreditem que fumar faz mal, o que poderia ser descrito como um filtro perceptivo. Os fumantes podem atribuir peso maior ao prazer de fumar do que aos benefícios de uma vida sem fumo, ou fumar para responder, favoravelmente, a uma norma social, o que transformaria o ato de fumar em algo simbólico. 1.1.1 SITUAÇÕES DE USO As perguntas e respostas consideradas importantes para a indústria de fumo são também para muitas outras indústrias. Afinal de contas, o consumo do cigarro está intimamente ligado às situações de uso. Várias são as situações de uso que levam ao consumo de determinado produto. Pessoas fumam em função do cafezinho ou do chope, assim como de varejo de alimentos, de papel, de café, de eventos culturais e de muitas outras condições não mencionadas, mas relacionadas, direta ou indiretamente, à indústria de fumo. 13 MÓDULO 1 Comportamento do Consumidor 1.2 PODER PÚBLICO E CONSUMO O poder público também impacta o comportamento do consumidor de tabaco e é fortemente impactado por ele. A cada ano, são criadas novas campanhas contra o fumo... Segundo a Organização Mundial da Saúde – OMS –, o fumo terá causado a morte de dez milhões de pessoas em vinte anos, caso nada seja feito para evitar esse quadro. Desse número, cerca de 70% das mortes ocorrerão nos países mais pobres ou em vias de desenvolvimento. Nos países mais ricos, o gasto público para tratamento de indivíduos que contraíram doenças associadas ao consumo do cigarro representa até 15% do montante dos gastos com a saúde, de maneira geral. Claro que a informação e a divulgação desses dados influencia o consumidor. Dessa forma, pode-se dizer que a luta contra o tabagismo também cria um novo e rentável mercado – o das drogas que prometem auxiliar a interrupção do vício. 1.3 ESTUDO DO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR O estudo do comportamento do consumidor é extremamente relevante em vários níveis... Do ponto de vista empresarial, é possível que uma companhia que conheça, profundamente, seus consumidores atuais e futuros seja mais bem sucedida do que suas concorrentes. Do ponto de vista social ou político-legal, o estudo dos comportamentos de compra e consumo pode fornecer subsídios para a... § compreensão de fenômenos como o subconsumo ou o consumo excessivo; § formação de programas de educação para compra e economia de produtos e recursos; § elaboração de leis e de políticas públicas dedicadas à defesa do consumidor. 1.4 BENEFÍCIOS DO CONHECIMENTO DO CONSUMIDOR De acordo com Mowen e Minor, conhecer os consumidores e estudar seus hábitos, seus valores, suas crenças e suas atitudes pode trazer os seguintes benefícios para as empresas... § facilitar a tomada de decisão dos gerentes, de modo a simplificar a identificação de oportunidades ou problemas futuros, auxiliando a elaboração do mix de marketing, a criação ou adaptação de produtos que melhor satisfaçam o mercado, a segmentação do mercado, a criação do posicionamento e da diferenciação de produtos, a análise do ambiente e o desenvolvimento de estudos de pesquisa de mercado; 14 Comportamento do Consumidor MÓDULO 1 § oferecer conhecimento útil para pesquisadores de marketing em tarefas bastante comuns de seu dia a dia, como, por exemplo, a análise dos consumidores, a identificação de características do mercado-alvo e o desenvolvimento de estratégias promocionais mais eficazes; § fornecer o apoio aos legisladores e controladores na criação de leis e regulamentos referentes à compra e à venda de mercadorias e serviços; § ajudar o consumidor comum em suas decisões de compra, além de realçar as questões sobre ética e responsabilidade social do mercado. 1.5 CONHECIMENTOS NECESSÁRIOS Se entendemos que um dos papéis do marketing é a identificação e a satisfação das necessidades do consumidor, é necessário conhecer profundamente... ...os consumidores atuais... ...os consumidores em perspectiva ou prospects... ...o mercado em geral e suas tendências. O conhecimento profundo do consumidor e de suas necessidades é imprescindível no marketing. 1.5.1 PESQUISA DE CONSUMO A pesquisa de consumo é fundamental para as decisões de mercado. O público-alvo de hoje pode mudar, radicalmente, em função de novas tendências de consumo e tecnologias de compra, por exemplo. Pode-se dizer que uma das tarefas da pesquisa de comportamentos de consumo é fornecer informações coerentes, válidas, precisas e atuais, que auxiliem as decisões de mercado e evitem possíveis prejuízos. 1.6 SÍNTESE Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade. 1.7 EXERCÍCIO Nesta unidade, vimos que, sob uma visão ampla, a pesquisa de marketing concebe o método e implementa o processo de coleta de dados, analisa os resultados e comunica suas constatações e implicações. 15 MÓDULO 1 Comportamento do Consumidor INFORMAÇÕES SOBRE ESTE EXERCÍCIO Aqui nossa tarefa é... § identificar quando a pesquisa de marketing é necessária; § dizer qual é a importância da pesquisa de marketing em estudos sobre o comportamento do consumidor. Para fazer este exercício... § leia o texto Hellman’s destaca quantidade calórica, disponível no final deste exercício; § leia o texto Eles resistem mais a crise, disponível no final deste exercício. Com base no significado de pesquisa de marketing e nos textos lidos, responda qual é a tarefa ou o papel da pesquisa de marketing e como este, por sua vez, se aplica – de forma geral – nos casos Hellman’s e Eles resistem mais a crise. Registro do trabalho Registre os dados desta tarefa na Matriz de exercício. Para tal... § acesse o arquivo com a Matriz de exercício, disponível no ambiente on-line; § abra o arquivo; § salve esse arquivo em seu computador; § preencha a matriz com os dados de seu trabalho; § salve seu trabalho. TEXTOS UTILIZADOS HELLMAN´S DESTACA QUANTIDADE CALÓRICA DE MAIONESE APÓS PESQUISA A Hellman´s decidiu informar o número de calorias de sua maionese (40) em sua mais recente ação de divulgação. A iniciativa é resultado de uma pesquisa realizada pela Millward Brown com 75 pessoas em que 97% delas consideram a informação de que a maionese tem poucas calorias como muito relevante. A campanha pode ser vista em materiais de ponto-de-venda, mídia exterior, revistas, cinema e internet. Fonte HELLMAN´s destaca quantidade calórica de maionese após pesquisa. Mundo do Marketing, 16 mar. 2009. Disponível em: <http://www.mundodomarketing.com.br/5,8859,hellman-s-destaca-quantidade-calorica-demaionese-apos-pesquisa.htm>. Acesso em: 16 set. 2009. 16 Comportamento do Consumidor MÓDULO 1 ELES RESISTEM MAIS À CRISE A classe C ajudou a expandir o mercado interno no país. E, mesmo com a crise, ainda é a melhor aposta para quem quer vender em 2009 A família de Edson José de Matos e Simone Alves da Silva, que mora no Aricanduva, bairro da zona leste de São Paulo, vai aumentar. Simone está grávida de três meses do quarto filho. O casal ainda nem sabe o sexo do bebê, mas já decidiu que é hora de trocar o carro. Eles têm um Fiat Uno ano 93 e pretendem substituí-lo por um automóvel com sete lugares para comportar toda a família. Edson e Simone ainda não escolheram o modelo do carro, mas sabem que precisarão poupar. A renda mensal da família gira em torno de 2.500 reais, fruto do salário dele como vendedor.“Não queremos fazer dívida”,diz a dona-de-casa.“É melhor juntar o dinheiro e comprar à vista.” O clima de crise deixou mais apreensivo o casal, que, além de economizar para a aquisição do carro novo, está terminando a reforma do sobrado em que vive. Os gastos recentes, incluindo também a compra de uma TV para o quarto das três filhas, e os planos futuros resultaram na decisão de tirar as meninas da escola particular e colocá-las na rede pública.“A mensalidade ficou pesada demais para nosso orçamento. Mas queremos que elas voltem para a escola particular no ano que vem”, diz Simone. Os dilemas dessa família paulistana se reproduzem por milhões de lares brasileiros que, nos últimos três anos, ascenderam socialmente com o aumento de renda e a fartura de crédito. Eles experimentaram as delícias do consumo e se transformaram no grande motor do mercado doméstico. Agora, temem que um dos mais devastadores efeitos da crise – o desemprego – paralise seu recém-adquirido acesso a um universo mais amplo de bens e serviços. A crise chega numa hora em que a classe C começava a sofisticar os hábitos de consumo. EXAME teve acesso a uma pesquisa inédita do instituto Data Popular, feita sob encomenda para a agência de publicidade McCann Erickson, sobre mudanças comportamentais que, pelo menos até o final do ano passado, vinham embalando novos desejos da classe C. A pesquisa mostra que o consumidor emergente passou a almejar desde o serviço de TV a cabo até a lipoaspiração. “Existe uma mudança cultural, mais do que econômica. São novos valores que influem no padrão de consumo”,diz Aloísio Pinto, vice-presidente de planejamento da McCann Erickson. A crise irá refrear os desejos desses consumidores? “A classe C continuará a consumir, mas de uma forma mais racional”, diz Marcos Etchegoyen, vice-presidente da Cetelem, financeira do banco BNP Paribas. “Sai a geladeira dos sonhos e entra a geladeira possível. Mas a necessidade continua existindo.” De acordo com ele, a Cetelem notou os primeiros sinais de desaceleração no Natal, quando as lojas que são suas parceiras registraram uma redução nos tíquetes médios de compra. Mesmo com uma queda de padrão, a classe C, também chamada de classe média baixa, continuaria a ser, por sua magnitude, a melhor aposta de crescimento para as empresas. Hoje, quase 52% dos brasileiros fazem parte dessa faixa, de acordo com estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV), que utiliza o critério de renda domiciliar de 1.064 a 4.561 reais para definir o estrato. Estima-se que a classe C responda por um terço do mercado de consumo do país, incluindo de papel higiênico a habitação. Para os setores de alimentos, bebidas e higiene e limpeza, representa 50% do faturamento. E em algumas categorias de produto, como celulares pré-pagos, a participação pode 17 MÓDULO 1 Comportamento do Consumidor chegar a 70%.“Enquanto os consumidores das classes A e B tiveram fortes perdas patrimoniais com o mercado financeiro, a classe C ainda está colhendo o resultado da expansão de renda e emprego dos últimos anos”, diz o economista Marcelo Neri, da FGV. Até o terceiro trimestre de 2008, o consumo dos lares brasileiros havia crescido 7,3% em 12 meses, amparado pelo aumento de 10,6% na massa salarial. No dia 19 de janeiro, o Ministério do Trabalho anunciou dados de emprego já contaminados pela crise, apontando 655.000 demissões em dezembro. Os sinais inequívocos da turbulência global no Brasil, no entanto, não devem comprometer totalmente os avanços acumulados nos anos anteriores – pelo menos por ora. Já descontando as dispensas de dezembro, o país contabiliza saldo positivo de 10,4 milhões de empregos formais criados desde janeiro de 2003.“No caso do emprego com carteira assinada, há uma inércia natural. Todos esses postos de trabalho não desaparecerão de uma hora para outra”,diz Leonardo Carvalho, economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O que também colabora para uma maior resistência da classe C frente à crise é sua composição. De acordo com a FGV, 63% da população acima dos 60 anos, faixa etária com mais de 10 milhões de membros, entra nessa classe. Boa parte dela é aposentada e, portanto, tem renda garantida pela Previdência Social. O mesmo raciocínio vale para o funcionalismo público. São 8,2 milhões de servidores federais, estaduais e municipais, com média salarial de 2.000 reais. “Nem toda a classe C é resultado da pujança do setor privado”, diz Neri.“Há um importante componente de transferências públicas para essa faixa da população.” Isso tem garantido estabilidade à classe C mesmo em anos de altos e baixos. De 1995 a 2003, período marcado por crises nos países emergentes – incluindo a desvalorização do real –, o tamanho da classe C permaneceu em cerca de 36% da população. A partir de 2004, com o aquecimento da economia e o aumento da renda, essa classe social ganhou corpo. O prognóstico para 2009, desde que a desaceleração econômica no país não descambe para uma recessão, é que a classe C deverá fazer uma pausa em seu movimento de ascensão. Na pesquisa da McCann Erickson, foram entrevistadas 508 famílias em cinco capitais brasileiras, com renda entre 1.000 e 2.000 reais. Também foi realizada uma fase qualitativa, na qual equipes da agência passaram uma semana em casas de consumidores emergentes para analisar o estilo de vida. No trabalho, a TV de plasma surge no topo da lista de desejos de 68% das famílias entrevistadas. Em seguida aparece o celular com câmera digital. O computador já é entendido como fundamental na vida das famílias da classe C. Segundo a pesquisa, tecnologia e entretenimento andam juntos, pois proporcionam diversão às crianças dentro de casa. Isso reflete o temor das famílias, sobretudo das que vivem nas periferias das metrópoles, em relação à violência urbana. O mesmo medo faz com que o exterior das casas nesses locais sofra uma espécie de camuflagem. Os executivos da McCann Erickson se surpreenderam ao ver residências recheadas de eletrodomésticos, mas sem pintura externa.“Há o receio de chamar a atenção, de destoar do bairro. Portanto, não adianta querer vender tinta para uma única casa da rua.Tem de ser para o quarteirão inteiro”,diz Pinto, coordenador da pesquisa. 18 Comportamento do Consumidor MÓDULO 1 A força dos emergentes O fato é que essa estratégia de“encasulamento”– termo cunhado por Faith Popcorn, pesquisadora americana de tendências em marketing – da classe C brasileira tem despertado novos desejos, como a assinatura de serviços de TV a cabo. É justamente nessa faixa social que a Net quer expandir sua base de clientes. No ano passado, a operadora criou um pacote com 24 canais abertos, internet e telefone fixo no valor de 39,90 reais. Em seis meses, o produto agregou 265.000 novos assinantes à base de 5,5 milhões da empresa. Uma parte dos novos clientes vem sendo conquistada com ações de marketing voltadas unicamente para a classe C, o que inclui vendas porta a porta e em feiras livres. “Usamos até carro de som para chamar a atenção da vizinhança”,diz Eduardo Aspesi, diretor de marketing da Net. O avanço dos últimos anos tem proporcionado não só a inclusão no mercado consumidor mas também uma sofisticação no padrão de compras, sobretudo de eletrodomésticos. Dez anos atrás houve uma explosão de vendas de lavadoras de roupa tipo tanquinho. “Agora, há uma migração de quem comprou o tanquinho para as máquinas automáticas”, diz Jerome Cadier, diretor de marketing da Whirlpool, dona das marcas Brastemp e Consul. Os consumidores emergentes tornaram-se os alvos preferidos dos fabricantes da chamada linha branca, que engloba também geladeiras e micro-ondas. De 2006 a 2008, a taxa acumulada de crescimento de vendas do segmento foi de 54%.“Quem impulsionou as vendas de linha branca não foram as classes A e B, foi a C”, afirma Cadier, que acredita que o primeiro semestre de 2009 apresentará crescimento próximo a zero. Radiografia das finanças A tendência de sofisticação vem ocorrendo também nos setores de alimentos, bebidas e beleza. Na pesquisa da McCann Erickson, o capítulo dedicado à relação com as marcas aponta que, nas 12 categorias analisadas, aquelas consideradas premium, como Coca-Cola, Omo e Sadia, lideram a preferência do consumidor emergente. Tal constatação coloca em xeque a estratégia de muitas empresas que acreditam que ao investir em uma estratégia“tubaína”,criando produtos de segunda linha (a exemplo dos refrigerantes populares e baratos), teriam o acesso pavimentado aos consumidores emergentes. Não é para menos que a Coca-Cola criou há cinco anos grupos de estudos com profissionais de diferentes áreas, incluindo até antropólogos, para entender os anseios da classe C.“O mundo não gira em torno dos valores de alta renda”, diz Claudia Lorenzo, diretora de projetos especiais da companhia. Foi com base nessas análises que surgiu a embalagem de 3 litros do refrigerante, criada para atender à demanda de festas. A necessidade de embalagens maiores também vem sendo percebida. A pesquisa da McCann Erickson identificou que a distância média entre a casa de parentes é de apenas 210 metros, o que significa uma intensa convivência familiar – e, portanto, do compartilhamento do consumo. Mesmo mais resistente, a classe C está longe de ser blindada contra a crise. Embora haja expectativa de retorno gradual do crédito em 2009, a sensação de insegurança com o aumento do desemprego já acertou em cheio as vendas de produtos de valor mais elevado – como já se vê nos setores de 19 MÓDULO 1 Comportamento do Consumidor carros e de eletroeletrônicos. “Sem otimismo em relação ao futuro, o consumidor não vai se endividar”,diz Carvalho, do Ipea. Por outro lado, a construção residencial para a classe média baixa, incentivada por diversas medidas do governo, demonstra mais vigor. A MRV, construtora que atua nessa faixa, vem registrando uma recuperação. “Depois da paralisação dos negócios em setembro e outubro, as vendas vêm aumentando mês a mês”,diz Rubens Menin, presidente da MRV.“A ação do governo foi decisiva para manter a atividade do setor, ampliando os recursos para os mutuários.” Se o setor imobiliário será um ponto fora da curva em 2009, só o tempo dirá. O certo é que os desejos de consumo da classe C não desaparecerão – só serão adiados.“É isso o que virá depois da crise. O lado positivo é que as empresas terão mais tempo para se preparar”, diz Fernando Mazzarolo, presidente da McCann Erickson. Fonte STEFANO, Fabiane. Eles resistem mais à crise. Portal Exame, 21 jan. 2009. Disponível em: <http:// portalexame.abril.com.br/revista/exame/edicoes/0935/economia/eles-resistem-mais-crise-416206.html>. Acesso em 16 set. 2009. UNIDADE 2 – DEFINIÇÃO DO CONCEITO 2.1 PRIMEIRA DEFINIÇÃO Blackwell, Miniard e Engel definem o comportamento do consumidor como as atividades com que as pessoas se ocupam quando obtêm, consomem e dispõem de produtos e serviços. O comportamento do consumidor também pode ser definido como um campo de estudo que foca as atividades do consumidor, isto é... ...como e por que as pessoas compram e consomem produtos e serviços. 2.1.1 SEGUNDA DEFINIÇÃO As definições de comportamento do consumidor se aproximam bastante uma da outra. Para Mowen e Minor... ...comportamento do consumidor é o estudo das unidades compradoras e dos processos de troca envolvidos na aquisição, no consumo e na disposição de mercadorias, serviços, experiências e ideias. 20 Comportamento do Consumidor MÓDULO 1 2.2 ESCOPO O comportamento do consumidor relaciona-se a muitas atividades. Trata-se de qualquer atividade referente à compra, ao uso e ao descarte de produtos ou... ...o que, quando, como, onde e por que as pessoas compram e consomem produtos, serviços, ideias ou experiências para satisfazer suas necessidades e seus desejos. Isso inclui qualquer processo mental que ocorra antes, durante e depois do consumo. O comportamento do consumidor tem como escopo todo o processo mental que envolve o consumo. 2.3 FOCOS DE ATENÇÃO O fato de saber o quanto uma indicação de uso ou o boca a boca negativo influenciam o consumidor faz parte do estudo do comportamento do consumidor. Há uma série de fatores que são foco de atenção no estudo do comportamento do consumidor. Da mesma forma, também são focos de atenção da disciplina... ...a maneira como o consumidor percebe a qualidade após o uso de determinado produto... ...que tipo de propaganda exerce mais influência sobre determinado grupo de consumidores. 2.4 PODER PÚBLICO E CONSUMO Podemos dizer que as empresas que têm o comportamento dos consumidores como foco principal de seus programas de marketing terão, possivelmente, mais sucesso... ...pois serão capazes de criar produtos e serviços desenvolvidos de acordo com as necessidades e os desejos do segmento visado. Segundo Blackwell, Miniard e Engel, a compreensão do consumidor é central na própria definição de marketing, assim como o processo de planejar e de executar o conceito, a precificação, as promoções e a distribuição de ideias, de bens e de serviços, a fim de criar trocas que satisfazem os objetivos do indivíduo e da organização. 21 MÓDULO 1 Comportamento do Consumidor Afinal de contas, não podemos perder de vista que o consumidor é quase sempre o decisor final da compra, e que o custo de conhecê-lo, mais profundamente, poderá diminuir o risco de fracasso. 2.5 VARIÁVEIS DE INFLUÊNCIA A figura a seguir ilustra que variáveis podem influenciar os comportamentos de compra e de consumo dos indivíduos e as atividades inerentes ao comportamento do consumidor... 2.6 SÍNTESE Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade. 2.7 EXERCÍCIO Nesta unidade, vimos que o comportamento do consumidor é o campo de estudos que foca nas atividades do consumidor ou, de forma mais simples, o estudo de que, quando, como, onde e por que as pessoas compram e consomem produtos, serviços, ideias ou experiências para satisfazer suas necessidades e seus desejos. INFORMAÇÕES SOBRE ESTE EXERCÍCIO Aqui nossa tarefa é discutir de que maneiras o estudo do comportamento do consumidor pode ser útil para governos ou organizações sem fins lucrativos, dando exemplos. Para fazer este exercício... § cite e comente alguns exemplos da utilidade do estudo do comportamento do consumidor para governos ou organizações sem fins lucrativos. Registro do trabalho Registre os dados desta tarefa na Matriz de exercício. Para tal... § acesse o arquivo com a Matriz de exercício, disponível no ambiente on-line; § abra o arquivo; 22 Comportamento do Consumidor MÓDULO 1 § salve esse arquivo em seu computador; § preencha a matriz com os dados de seu trabalho; § salve seu trabalho. UNIDADE 3 – BASES TEÓRICAS 3.1 CONCEITOS IMPORTANTES Para seguirmos em frente, precisamos rever quatro assuntos em marketing que são fundamentais para o estudo do comportamento do consumidor... § segmentação de mercado; § posicionamento de produto; § pesquisa de mercado; § análise de ambiente. 3.2 SEGMENTAÇÃO As necessidades dos indivíduos em quase qualquer mercado tendem a ser heterogêneas. As pessoas são diferentes, têm estilos de vida e gostos diferentes. Na verdade, é difícil pensarmos em uma categoria de produto que seja completamente homogênea, isto é... ...que todos desejem exatamente a mesma coisa, no mesmo formato, nas mesmas quantidades, nas mesmas formas de apresentação, entrega ou pagamento. Ao assumir que existem grupos de pessoas que desejam produtos diferentes entre si, estamos segmentando o mercado. 3.2.1 DEFINIÇÃO De acordo com Churchill & Peter... ...segmentação de mercado é o processo de dividir um mercado em grupos de compradores potenciais que tenham semelhantes necessidades e desejos, assim como as mesmas percepções de valores ou comportamentos de compra. Podemos definir segmentação como a separação do heterogêneo o conjunto de todos os indivíduos em partes homogêneas – o público-alvo. Para que possamos considerar grupos como mercados-alvo ou públicos-alvo, eles devem... ...ser excludentes entre si, atingíveis pelo composto de marketing e também possuir capacidade de compra. 23 MÓDULO 1 Comportamento do Consumidor Se uma empresa faz uma boa segmentação e conhece profundamente seu público-alvo, ela possui instrumentos mais poderosos para fazer um bom posicionamento. 3.3 POSICIONAMENTO Posicionamento não é o que você faz com o produto. Posicionamento é o que você faz na mente do cliente em perspectiva. Ou seja, você posiciona o produto na mente do consumidor em potencial. Ries & Trout O posicionamento é a maneira como a empresa quer construir o produto na mente do consumidor. Os conceitos de segmentação e posicionamento são muito próximos. Ao identificar um segmento para o qual o produto será dirigido, formula-se um posicionamento adequado e compatível com aquele grupo de consumidores escolhido. 3.3.1 POSICIONAMENTO COMO ESTRATÉGIA Posicionamento é uma estratégia da empresa. A empresa decide como apresentar o produto que deseja vender ao público-alvo, ou seja, ela tem a liberdade para construir esse produto da maneira que quer, diferenciando-o dos concorrentes. Um sabonete, por exemplo, pode ser posicionado como um hidratante, isto é... ...ele é construído na mente do cliente como um hidratante, não como um sabonete. Da mesma forma, podemos posicionar um produto como o melhor da categoria, o mais barato, de mais qualidade e para poucos – ou seja, posicionar produtos. 24 Comportamento do Consumidor MÓDULO 1 3.3.2 POSICIONAMENTO NO MERCADO No quadro a seguir podemos ver como a Procter & Gamble posiciona suas diferentes marcas de sabão em pó no mercado americano, em função dos diferentes segmentos de mercado que cada produto objetiva. Ivory Snow Tide 99,44% puro; sabão suave e delicado para roupas do bebê Cheer Gain Bold 3 Dash Dreft Oxydol Era Solo lavagem extraforte da família – Tide entra, sujeira sai trabalha em diferentes temperaturas da água – Cheer para todas as temperaturas fragrância – estourando de frescura inclui amaciante – limpa, amacia e controla estática poder concentrado, menos bolhas, evita entupimento de máquina para roupas do bebê – com Borax, amaciante natural da natureza com alvejante – Branco explosivo, com garantia de cor sabão líquido concentrado, com proteínas para limpas manchas serviços pesados, com amaciante Fonte: Aaker, David. Construindo Marcas Fortes. São Paulo: Bookman, 2007. 3.4 PESQUISA DE MERCADO A pesquisa de marketing é necessária quando a empresa se depara com um problema de mercado ou quando deseja analisar uma oportunidade de negócio. Segundo Kotler, pesquisa de marketing corresponde à... ...elaboração, coleta, análise/edição de relatórios e descobertas relevantes sobre uma situação específica de marketing enfrentada pela empresa. Para a American Marketing Association, pesquisa de marketing é a função que liga consumidor, cliente e público ao homem de marketing por meio da informação. Tal informação é usada para identificar e definir oportunidades e problemas de mercado, além de avaliar ações de marketing, monitorando seu desempenho. 3.4.1 SIM A pesquisa de marketing... ...especifica informações necessárias para tratar de questões do mercado... ...concebe o método e implementa o processo de coleta de dados... ...analisa os resultados, comunicando constatações e suas implicações. 25 MÓDULO 1 Comportamento do Consumidor A pesquisa de marketing faz parte do Sistema de Informações de Marketing de uma empresa, o SIM. Esse sistema garante um fluxo contínuo e rico de informações que possibilite a tomada de decisão pelos gerentes de marketing. Segundo Kotler, o SIM é constituído de pessoas, equipamentos e procedimentos para a coleta, classificação, análise, avaliação e distribuição de informações necessárias de maneira precisa e oportuna para os que tomam decisões de marketing. 3.4.2 RESSALVAS Devemos ressaltar que, apesar de as definições de pesquisa de marketing serem muito parecidas com a definição do Sistema de Informações de Marketing – SIM –, existem ressalvas... § o SIM fornece informações continuamente, e não com base em estudos ad hoc; § pode-se obter mais informações do SIM, do que de projetos de pesquisa de marketing, mas o SIM está limitado no volume e natureza das informações que fornece; § a pesquisa de marketing é realizada para verificar, especificamente, algum aspecto do mercado ou os consumidores e as informações que provê são exclusivas de quem as contratou. 3.4.3 TAREFA DA PESQUISA DE MARKETING A tarefa da pesquisa de marketing é avaliar as necessidades de novas informações e fornecer informações coerentes, válidas, precisas e atuais, auxiliando decisões de mercado e evitando possíveis prejuízos. Se o papel do marketing é a identificação e a satisfação das necessidades, é necessário conhecer, profundamente, os consumidores e o mercado em que a empresa atua. 3.5 ANÁLISE DE AMBIENTE Atuando em ambientes cada vez mais competitivos de um mundo globalizado, as empresas precisam planejar seus passos... ...antevendo oportunidades e ameaças... ...maximizando o proveito das primeiras e minimizando prejuízos das últimas. A análise do ambiente consiste em avaliar a influência de forças externas sobre a empresa e seus clientes. 3.5.1 INFORMAÇÃO Precisamos não só conhecer o ambiente de mercado no qual a empresa atua mas também seus consumidores atuais e prospects. 26 Comportamento do Consumidor MÓDULO 1 Tal conhecimento é fundamental para criar e implantar um planejamento de marketing... ...mapeando ameaças e oportunidades que o mercado apresenta, além dos pontos fortes e fracos da empresa frente a esses desafios. A informação é a chave para um bom planejamento. Desse modo, as empresas analisam, sistematicamente, os componentes do ambiente externo. Um dos objetivos da análise do consumidor é prever futuras mudanças nesses ambientes e a maneira que essas mudanças afetarão os consumidores. 3.5.2 INFORMAÇÕES IMPORTANTES A empresa deve-se cercar de toda a informação disponível a respeito de... § desejos e necessidades dos consumidores atuais e futuros; § ações e características de seus concorrentes; § evolução do mercado em vários níveis – local, regional, nacional e mundial; § tendências de consumo e lançamento de novos produtos e serviços; § pontos fortes e fracos da empresa, bem como evolução de vendas e lucro; § comportamento das variáveis ambientais. 3.5.3 FATORES AMBIENTAIS As tendências demográficas, tecnológicas, políticas e culturais influenciam os indivíduos e, consequentemente, afetam o desenvolvimento da estratégia de segmentação que, por sua vez, afeta a escolha do posicionamento. O quadro a seguir relaciona os fatores ambientais e suas relações com as áreas de estudo do comportamento do consumidor... fator ambiente áreas de comportamento do consumidor demográfico Mudanças populacionais de grupos demográficos, com foco em fatores como idade, sexo, renda, escolaridade, etnia e geografia. econômimco natural tecnológico político cultural Fatores que influenciam as trocas realizadas pelo consumidor sob o ponto de vista econômico – seus padrões de poupar e gastar, a forma como comparam alternativas, a formação de atitudes e preferências com base em comparações econômicas. Forma como consumidores são afetados e reagem à natureza que os rodeia: ambientes urbanos e rurais. Difusão de inovações tecnológicas e as reações dos consumidores a elas. Impacto de leis, regras e regulamnetos nos consumidores. Rituais, valores, tradições, costumes e normas de uma cultura, e o modo como influenciam o comportamento de consumo no âmbito dessa cultura. Forma como consumidores atribuem conteúdo simbólico a produtos e serviços. 27 MÓDULO 1 Comportamento do Consumidor 3.6 PRINCIPAIS BASES TEÓRICAS Em relação às diversas definições de marketing, a definição de Brown nos é particularmente útil. Brown nos diz que... ...Marketing é uma tentativa arrojada de ir aonde outras disciplinas já foram. A Antropologia, a Sociologia e a Psicologia são importantes bases teóricas para o estudo do comportamento do consumidor. Brown quer dizer que marketing não tem um corpo teórico próprio, e que toma emprestado de outras áreas de conhecimento os fundamentos de que necessita. Isso é muito visível na análise do comportamento do consumidor, visto que as três ciências mencionadas emprestam seus conceitos na maior parte dos problemas analisados. 3.6.1 ANTROPOLOGIA, SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA Dependendo da área a que se refere o estudo do comportamento do consumidor, utilizamos a Antropologia, a Sociologia ou a Psicologia. As questões pertinentes aos comportamentos de compra e consumo relacionadas à cultura são estudadas pela Antropologia. Já as discussões que levam em consideração problemas relacionados à interação do consumidor/comprador com grupos são tratadas sob a ótica da Sociologia. Finalmente, os assuntos ligados aos indivíduos e suas formas de organizar novas informações, à formação de atitudes e à tomada de decisões usam teorias vindas das diversas áreas da Psicologia. Quanto à Psicologia, o Marketing interessa-se, especialmente, pela... § Psicologia Geral; § Psicologia Social; § Psicologia Cognitiva. 3.7 ANTROPOLOGIA A Antropologia tem vários campos... ...econômica, política, física, biológica, arqueológica. Contudo, a Antropologia Cultural é a que mais interessa aos profissionais de Marketing. 28 Comportamento do Consumidor MÓDULO 1 Há discussões quanto às definições de Antropologia Cultural e de Antropologia Social, envolvendo as diferenças entre uma e outra. Pondo à parte a discussão, Pedro Jaime Junior define Antropologia como o estudo do outro, podendo ser esse outro uma sociedade, uma cultura ou um grupo social. 3.7.1 ESTUDOS ANTROPOLÓGICOS Alguns acreditam que a Antropologia pode ser descrita como o estudo da própria humanidade, já ´ que o termo vem do grego antropos – ανθρωποζ –, que significa humano. Estudos antropológicos podem abranger todos os humanos, em todos os tempos, e todas as definições de humanidade. O conceito de cultura como a capacidade de conceber o mundo simbolicamente, aprender e ensinar esses símbolos socialmente, transformando o mundo que nos cerca a partir deles, é central no trabalho do antropólogo. Tradicionalmente, a Antropologia usa métodos etnográficos para realizar suas observações. 3.8 SOCIOLOGIA A Sociologia emprestou ao Marketing instrumentos para observar as respostas dos consumidores a grupos sociais. Em vez de focalizar o significado das relações sociais, como faz a Antropologia, os instrumentos da Sociologia são úteis para descrever a forma como os grupos afetam as atitudes e o comportamento. Quatro conceitos são especialmente populares em análise de consumidores – classe social, papéis, status e grupos de referência. 3.9 PSICOLOGIA A Antropologia e a Sociologia oferecem instrumentos para analisar como o ambiente em que o consumidor vive afeta suas atitudes e decisões. A Psicologia, por sua vez, focaliza o próprio indivíduo. Para a Psicologia, interessa... ...a forma como o indivíduo percebe as informações que recebe... ...como processa as informações na memória... ...como usa a memória para tomada de decisão... 29 MÓDULO 1 Comportamento do Consumidor ...qual o papel das respostas emocionais... ...quais as relações entre as opiniões e o comportamento. Devemos atentar para os apelos aos quais estamos expostos. 3.10 SÍNTESE Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade. 3.11 EXERCÍCIO Nesta unidade, vimos que questões culturais pertinentes aos comportamentos de compra e consumo, questões sobre a interação do consumidor ou comprador com grupos e assuntos relacionados aos indivíduos usam teorias vindas das diversas áreas das ciências sociais, que emprestam seus conceitos para um melhor entendimento do comportamento do consumidor. INFORMAÇÕES SOBRE ESTE EXERCÍCIO Aqui nossa tarefa é dizer quais são as ciências que se unem ao estudo do comportamento do consumidor e como cada uma delas pode influenciar na entrada de um grande player de mercado no Brasil como o Burger King. Para fazer este exercício... § leia o texto Não é crime vender fast food, disponível no final deste exercício. Registro do trabalho Registre os dados desta tarefa na Matriz de exercício. Para tal... § acesse o arquivo com a Matriz de exercício, disponível no ambiente on-line; § abra o arquivo; § salve esse arquivo em seu computador; § preencha a matriz com os dados de seu trabalho; § salve seu trabalho. TEXTO UTILIZADO NÃO É CRIME VENDER FAST FOOD O presidente mundial do Burger King diz que a indústria não deve ter vergonha de lucrar com hambúrgueres e batatas fritas John Chidsey, presidente mundial do Burger King, defende que as empresas de fast food precisam investir menos em saladas e mais na oferta do que os consumidores realmente desejam: bombas calóricas em pacotes que combinam supersanduíches, batatas fritas e refrigerantes. Numa visita 30 Comportamento do Consumidor MÓDULO 1 recente ao Brasil, onde conferiu a rápida evolução dos negócios da rede no país, ele concedeu a seguinte entrevista a EXAME: 1 – A indústria do fast food tem como sobreviver num mundo cada vez mais preocupado com problemas como a obesidade? Sim. Prova disso é que as vendas de nossa empresa cresceram quase 20% nos últimos três anos. Nosso negócio é vender hambúrguer. Colocamos saladas em nosso cardápio, mas apenas 5% dos clientes optam por esse item. Se vendêssemos maçãs, saladas, iogurte e tofu, ninguém viria ao Burger King. 2 – O McDonald’s tem sido alvo frequente de protestos por causa de seus produtos e de sua atuação globalizada. O Burger King não corre o risco de também entrar na mira? O McDonald’s recebe mais atenção nesse tema porque é a maior rede de fast food. Eles atraem as críticas. Nesse aspecto, estou feliz por sermos o número 2 do mercado. 3 – Apenas a vice-liderança protege a empresa das críticas? Não, nossa postura é muito diferente. Costumamos dizer aos ativistas: não vamos pedir desculpas porque vendemos hambúrguer. Entregamos o que os consumidores desejam. 4 – O comportamento dos consumidores de fast food é o mesmo em diferentes países? Na medida do possível, procuramos respeitar as diferenças regionais. Na Argentina, por exemplo, temos um sanduíche de churrasco. Na Coréia, oferecemos um hambúrguer de camarão. No Brasil, vendemos guaraná e, na Alemanha, cerveja. 5 – O Burger King chegou ao Brasil há apenas dois anos e já conta com quase 30 lojas por aqui. Essa expansão rápida foi uma surpresa? Esperávamos mesmo por um grande resultado num país onde o McDonald’s tem mais de 500 restaurantes. Isso mostra que há no Brasil muitos consumidores potenciais. 6 – O McDonald’s enfrentou problemas de rentabilidade e na relação com seus franqueados, e hoje a marca está à venda no Brasil. O Burger King tomou alguma precaução para não repetir a mesma história? Uma das grandes diferenças entre nós e o McDonald’s é que eles querem ser os donos das lojas. O Burger King adota uma política diferente. Permitimos que os franqueados sejam os proprietários das lojas e dos terrenos. Por isso, acho que não enfrentaremos os mesmos problemas. 7 - Qual será o papel reservado ao Brasil na expansão mundial dos negócios da rede? Cerca de 80% das novas lojas da rede são abertas hoje fora dos Estados Unidos, sobretudo em países em desenvolvimento. O Brasil tem um enorme potencial. Facilmente dobraremos nossas lojas no país em 2008. Fonte COSTA, Melina. Não é crime vender fast food. Portal Exame, 19 abr. 2007. Disponível em: <http:// portalexame.abril.com.br/revista/exame/edicoes/0891/negocios/m0127113.html>. Acesso em : 16 set. 2009. 31 MÓDULO 1 Comportamento do Consumidor UNIDADE 4 – TIPOS DE CONSUMIDORES 4.1 DIFERENTES CONSUMIDORES Ao longo da vida, desempenhamos vários papéis, às vezes, simultaneamente. Para compreendermos alguns fenômenos de consumo, temos de observar diferentes dimensões atentamente. Existem vários tipos de consumidores, que possuem características distintas entre si. 4.1.1 COMPRADORES E USUÁRIOS Empresas e indivíduos podem comprar o mesmo tipo e marca de PC com finalidades e processos completamente diferentes. Um pai pode comprar um computador para o filho adolescente, e um diretor de compras pode comprar o mesmo produto para repor uma máquina em sua empresa – neste simples exemplo, podemos apontar várias diferenças... § o pai é o comprador do produto, e o filho é o usuário; § o diretor de compras é o comprador, e a empresa é a entidade que paga pelo produto. O usuário é um funcionário que, muitas vezes, não dá qualquer opinião sobre a escolha do modelo ou sobre a forma de pagamento do produto. 4.1.2 COMPORTAMENTO DO CLIENTE Sheth, Mittal e Newman definem comportamento do cliente como um conjunto de atividades físicas e mentais realizadas por clientes de bens de consumo e industriais que resultam em decisões e ações como compra, utilização e pagamento de produtos e serviços. A figura a seguir ilustra as diferentes dimensões do comportamento do consumidor... 32 Comportamento do Consumidor MÓDULO 1 4.2 CONSUMIDOR É comum pensarmos no consumidor como um único indivíduo que compra e utiliza um produto com a intenção de satisfazer uma necessidade previamente identificada. Frequentemente, encontramos duas ou mais pessoas envolvidas no processo de compra e de consumo de produtos ou serviços, desempenhando diferentes papéis. Pessoas ou organizações podem ser consumidores, de modo que um único indivíduo ou várias pessoas ou vários grupos podem estar envolvidos na compra e no consumo. 4.2.1 CONSUMIDOR PESSOAL Segundo Schiffman e Kanuk, o termo consumidor engloba duas faces – o pessoal e o organizacional. Como exemplos de compra para uso final por indivíduos que são os consumidores ou usuários finais dos produtos, podemos citar... § uma mulher que compra um pote de creme para as mãos; § alguém que compra um aparelho de DVD para sua família ou seu lar; § um filho que compra um ramalhete de flores para sua mãe como presente de aniversário. O consumidor pessoal ou individual é aquele que compra produtos ou serviços para seu próprio uso, para uso de sua família, de todos que habitam o lar ou para presentear alguém de seu relacionamento. 4.3 CONSUMIDOR CORPORATIVO, EMPRESARIAL OU ORGANIZACIONAL O consumidor corporativo ou empresarial ou organizacional inclui organizações com e sem fins lucrativos, órgãos do governo e organizações civis em geral. Muitas decisões de compra são tomadas diariamente nas organizações. Essas compras, às vezes, são fundamentais para o funcionamento e a operação das empresas, seja para uso no processo de fabricação, distribuição ou revenda. Esses indivíduos compram de profissionais de marketing business-to-business, que se especializam em atender às necessidades de organizações como empresas, órgãos governamentais, hospitais e lojas. Em termos de volume de dinheiro envolvido, as transações B2B representam mais do que é efetivamente comprado pelos consumidores finais. 33 MÓDULO 1 Comportamento do Consumidor 4.3.1 COMPRADORES ORGANIZACIONAIS Os compradores organizacionais têm muita responsabilidade, seja com relação aos itens seja com relação aos fornecedores dos produtos ou serviços. Muitas vezes, os compradores nunca farão uso dos equipamentos que estão comprando ou sequer têm ideia de sua utilidade, pois seguem instruções e especificações de terceiros sobre o produto. Os itens comprados por esses indivíduos podem variar no preço e na importância, ou seja, podem ser clipes pó de café ou equipamentos sofisticados de extração submarina de petróleo. 4.3.2 INFLUÊNCIAS Assim como os consumidores finais, os compradores de empresas sofrem várias influências. O comportamento de compra e de consumo das empresas pode ser afetado pela... ...disposição psicológica do comprador... ...natureza da organização... ...conjuntura econômica do país... ...cultura organizacional. 4.4 ESTADO Apesar de o Estado ser considerado um tipo de consumidor organizacional, ele pode ter características especiais. Além de comprar produtos de todo tipo, compra em todos os níveis e, geralmente, possui um orçamento muito maior. De acordo com Sheth, Mittal e Newman, o orçamento do governo norte-americano é de duzentos bilhões de dólares, maior do que o de qualquer outra corporação. Dessa forma, ser fornecedor de produtos ou serviços para o governo – seja federal, estadual ou municipal – pode ser uma grande oportunidade para uma empresa, mas a condução dos negócios pode diferir em grande parte. O tamanho dos pedidos tende a ser maior, o que já confere ao comprador maior poder de barganha e, além disso, o governo detém a autoridade e a autonomia para estabelecer regras de comercialização de determinados produtos e os termos de negociação com os fornecedores. Os trâmites de uma compra realizada pelo governo também costumam ser muito mais rígidos do que os de uma empresa privada. 34 Comportamento do Consumidor MÓDULO 1 4.5 USUÁRIOS, COMPRADORES E PAGANTES Nem sempre a pessoa que usa um produto é a mesma que escolhe e que paga por ele, e nem sempre os interesses dessas pessoas estão alinhados. Dessa forma, um usuário de um computador em uma empresa está preocupado com o desempenho do equipamento, enquanto o gerente de compras pode estar preocupado com o preço ou as condições de pagamento da máquina. Analisemos o seguinte caso... Márcia abre uma caixa de presentes e seus olhos se iluminam. Dentro da caixa, há uma linda gargantilha de ouro com um delicado pingente. Ela pensa que o marido acertou novamente o presente de aniversário de casamento. Ele respira aliviado quando vê que a indicação de presente dada por sua irmã deu certo novamente. Quem é o verdadeiro cliente da joalheria? Márcia – que recebeu a gargantilha? Sua cunhada – que indicou o produto e o fornecedor a seu marido? Ou o marido – que pagou pelo produto? Nesse exemplo, podemos ver os diferentes papéis que podemos desempenhar, usuário, comprador e pagante. Por esse motivo, os profissionais de marketing devem estar conscientes dos diferentes papéis que os consumidores podem assumir e dos diferentes esforços e das diferentes técnicas que devem usar para atingir cada um deles. 4.5. 1 EXEMPLOS No quadro a seguir, temos dois exemplos dos papéis que os indivíduos podem assumir na compra de um produto e um serviço. papel iniciador influenciador decisor definição carro passagem aérea membro da família que inicia o filho, que acabou de passar no funcionário de uma empresa que processo de tomada de vestibular e acha que merece agenda uma reunião em outra decisão de compra ganhar um carro de presente cidade aquele que influencia o processo de decisão e avaliação de produtos pai, por ter envolvimento com automóveis aquele que efetivamente toma mão ou pai, aquele que possui os a decisão de compra recursos para pagar pelo produto comprador o membro que faz a compra usuário aquele que realmente usa ou consome o produto/serviço agente de viagens na compra de passagem aérea, é o executivo que escolhe em função de sua conveniência secretário, que agendará a compra e a entrega da passagem pai, que procurará as melhores condições de pagamento e de entrega do produto filho, que será o usuário mais executivo, que efetivamente fará frequente do que os outros a viagem membros da família 35 MÓDULO 1 Comportamento do Consumidor 4.5.2 ESPECIALIZAÇÃO DE PAPÉIS A especialização de papéis ocorre, geralmente, em situações específicas. Quando falta ao usuário habilidade, tempo, poder de compra, acesso ou conhecimento sobre o produto ou serviço... ...ele costuma delegar a outra pessoa a tarefa de escolher e comprar o item. 4.6 SÍNTESE Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade. 4.7 EXERCÍCIO Nesta unidade, vimos que, ao longo da vida, desempenhamos vários papéis, e algumas vezes, simultaneamente. Para compreendermos fenômenos de consumo, temos de observar, atentamente, diferentes dimensões, levando em consideração que existem vários tipos de consumidores, com características distintas entre si. INFORMAÇÕES SOBRE ESTE EXERCÍCIO Aqui nossa tarefa é refletir sobre os papéis que podemos desempenhar no cenário de consumo. Para fazer este exercício... § leia o texto Feira de Brinquedo fecha gerando R$ 1 bilhão em vendas, disponível no final deste exercício; § leia o texto Criança como consumidora, disponível no final deste exercício. Após a leitura, responda quais são os quatro principais papéis que podemos desempenhar enquanto consumidores. Em seguida, diga como você observa cada um desses papéis em relação ao consumo infantil, discutido nos textos lidos. Registro do trabalho Registre os dados desta tarefa na Matriz de exercício. Para tal... § acesse o arquivo com a Matriz de exercício, disponível no ambiente on-line; § abra o arquivo; § salve esse arquivo em seu computador; § preencha a matriz com os dados de seu trabalho; § salve seu trabalho. 36 Comportamento do Consumidor MÓDULO 1 TEXTOS UTILIZADOS FEIRA DE BRINQUEDO FECHA GERANDO R$ 1 BILHÃO EM VENDAS A 26ª edição da Feira Nacional de Brinquedos (ABRIN 2009) encerrou na última quinta-feira após gerar R$ 1 bilhão em vendas, ou 37% do valor estimado para o setor em 2009 – R$ 2,71 bilhões. Foram 6,5 mil compradores nos quatro dias em que ocorreu o evento. Segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), patrocinadora da feira, esse resultado deve proporcionar um crescimento de 9% no setor este ano. Alguns dos motivos, segundo a entidade, são as dificuldades que a Ásia enfrenta. Durante a feira, a Abrinq apresentou uma política de desenvolvimento para a indústria de brinquedos no período 2009-2014, com investimentos na ordem de R$ 100 milhões. O plano será trabalhado com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e tem como objetivo tomar a parte da participação dos produtos asiáticos no mercado nacional e posicionar o Brasil como principal fornecedor de brinquedos para os países da América Latina nos próximos cinco anos. Fonte FEIRA de brinquedo fecha gerando R$ 1 bilhão em vendas. Mundo do Marketing, 20 abr. 2009 Disponível em: <http://www.mundodomarketing.com.br/5,9288,feira-de-brinquedo-fecha-gerando-r-1-bilhao-emvendas.htm>. Acesso em: 16 set. 2009. CRIANÇA COMO CONSUMIDORA Saiba como Conquistar o Consumidor Infantil. Com o crescimento de produtos infantis no mercado brasileiro, as empresas voltadas para as crianças acabam sem saber como abordar melhor seu público-alvo. Foi pensando nisso que o consultor de Marketing infantil, Arnaldo Rabelo, escreveu o livro “Marketing Infantil – como conquistar a criança como consumidora”. O livro disponível somente na versão on-line traz informações originais e úteis para quem atua neste mercado. Em entrevista ao Mundo do Marketing, Arnaldo Rabelo explica quais são os mandamentos primordiais para conquistar a criança como consumidora. O consultor conta quais são os erros mais comuns cometidos e como as empresas devem agir para conquistar e manter o consumidor infantil. Ainda de acordo com o especialista, os pais estão evitando o excesso no consumo e se preocupam em adquirir produtos de empresas ecologicamente responsáveis. Quais devem ser as principais estratégias para atrair as crianças como consumidoras? As estratégias são direcionamentos de longo prazo que dependem de uma análise da conjuntura, dos concorrentes, dos clientes e da própria empresa para serem definidas. Por isso, devem ser diferentes para cada empresa. Mas a compreensão do processo de compra e do comportamento da criança e da mãe são peças chave para essa definição. 37 MÓDULO 1 Comportamento do Consumidor Quais são as dicas que o livro dá para as empresas que estão ingressando no mercado infantil? E para as que já estão no mercado e buscam sucesso com seus produtos? As empresas que já estão no mercado geralmente já perceberam vários destes pontos, mas costumam ter bastante espaço para melhorias na área estratégica. Já as empresas que estão entrando no setor de produtos infantis devem evitar alguns equívocos bastante comuns como considerar a criança como um público homogêneo. Na verdade, ele é composto por pessoas com diferentes comportamentos e necessidades. Outro erro é basear-se na própria infância buscando compreender a criança de hoje. Como o mundo muda muito rápido, as crianças de hoje são bem diferentes daquelas de algumas décadas atrás. Basear-se em alguém próximo, como um filho ou um sobrinho, para entender o seu público também não funciona. Essa pessoa dificilmente representará o comportamento da maioria do público. Não se pode miniaturizar produtos de adolescentes ou de adultos para transformá-los em produtos infantis. Por incrível que pareça, isso acontece. Como as necessidades das crianças são bem diferentes das dos adultos, os produtos e a comunicação também deverão ser diferentes. Aqui também vale a idéia de que, como as necessidades são diferentes, os produtos devem ser diferentes. Logo, não pode colocar cores femininas, como o cor de rosa e o lilás, em um produto de menino na esperança de transformá-lo em um produto de menina. As crianças têm um papel importante no processo de compra e precisam ser consideradas. Por isso, não se deve considerar que o público da comunicação são apenas os pais, já que eles costumam ser os que possuem o dinheiro. Ao mesmo tempo, não pode ignorar os pais no processo de comunicação, abordando apenas a criança. Os pais têm uma função importante no processo de compra. Além dos segmentos mais comuns entre as crianças como brinquedos e doces, quais os que mais se destacam? Podemos citar os setores de chocolates, refrigerantes, sucos, alimentos infantis em geral, moda, higiene, papelaria e artigos escolares como alguns dos mais importantes. Existe um novo perfil de consumidor em geral mais consciente. Do lado do consumidor infantil há mudanças nesse sentido? A palavra“consumidor”é um pouco enganadora no Marketing Infantil, pois significa“comprar para o próprio consumo”. Precisamos levar em conta os diferentes papéis desempenhados no processo de compra, que podem ser desempenhados por pessoas diferentes. No Marketing Infantil, os mais importantes são o influenciador, o comprador e o usuário. Os pais têm comprado de forma mais consciente, evitando excessos e preferindo produtos de empresas responsáveis socialmente e ecologicamente. As crianças também se preocupam com o meio-ambiente, mas ainda têm feito pouco para expressar de forma prática essa preocupação. 38 Comportamento do Consumidor MÓDULO 1 Como as empresas devem traçar suas estratégias de Marketing para esse público sob o ponto de vista do consumo consciente? No segmento infantil, a exemplo de outros, já não há mais espaço para empresas que não agem de forma ética e responsável, se preocupando em beneficiar seu público em longo prazo. Ao invés de se concentrarem em gerar apenas vendas no curto prazo, as empresas precisam também conquistar e manter o seu público por um longo período. Para isso, as questões éticas devem ser levadas em conta na definição dos valores e da identidade da empresa. Além disso, todas as suas ações e decisões precisam ser coerentes com essas diretrizes. É possível saber qual é o motivo que leva uma criança a desejar um produto? Embora os motivos individuais possam ser diferentes, a empresa deve realizar pesquisas para compreender as motivações da maioria dos componentes do seu público principal. Os motivos podem ser objetivos (necessidade biológica ou física) ou subjetivos (necessidade psicológica ou social). Quanto menos idade tiver a criança, mais seu comportamento é moldado por suas limitações, habilidades e capacidades neurológicas, motoras e cognitivas. Inversamente, quanto mais idade tiver a criança, mais seu comportamento é moldado por questões sociais e culturais. Quem decide a compra dos produtos, as crianças ou os pais? Como é esse processo? Isso depende do estágio de desenvolvimento da criança. Genericamente, podemos dizer que a criança de 0 a 3 anos, que tem uma grande dependência da mãe, não participa do processo de decisão da compra. Mas dos 4 aos 7 anos, aproximadamente, a criança ganha autonomia e começa a influenciar os pais na compra de seus produtos. E dos 8 aos 12 anos de idade a criança já pode ser considerada decisora da compra da maioria de seus produtos. Por que optou por um livro exclusivamente virtual? Optei por esse processo na fase inicial para que os leitores pudessem interagir, enviando comentários, sugestões e críticas. Com isso, o texto continuará sendo desenvolvido. Planejo lançar a versão em papel em 2009. Fonte NETO, Guilherme. Criança como consumidora. Saiba como conquistar o consumidor infantil. Mundo do Marketing. 21 nov. 2008. Disponível em: <http://www.mundodomarketing.com.br/7,6169,crianca-como-consumidora.saiba-como-conquistar-o-consumidor-infantil.htm>. Acesso em: 22 set. 2009. 39 MÓDULO 1 Comportamento do Consumidor UNIDADE 5 – CENÁRIO CULTURAL 5.1 FILME Para refletir um pouco mais sobre questões relacionadas ao conteúdo deste módulo, assista a uma cena do filme Obrigado por fumar no CD que acompanha a apostila. 5.2 OBRA LITERÁRIA Para refletir um pouco mais sobre questões relacionadas ao conteúdo deste módulo, leia o texto A luneta mágica no ambiente on-line. 5.3 OBRA DE ARTE Para refletir um pouco mais sobre questões relacionadas ao conteúdo deste módulo, aprecie a obra Bolo de noiva no ambiente on-line. 40 Comportamento do Consumidor MÓDULO 1 GABARITOS GABARITO – MÓDULO 1 – UNIDADE 1 Matriz de Exercício Aluno: Disciplina: Turma: Quando a pesquisa de marketing é necessária? A pesquisa de marketing é necessária quando a empresa se depara com um problema de mercado ou deseja analisar uma oportunidade de negócio. Qual a importância da pesquisa de marketing em estudos sobre o comportamento do consumidor? O aluno deve mostrar que a pesquisa de marketing é fundamental para compreender o comportamento do consumidor porque permite investigar aspectos específicos relativos aos consumidores e suas relações com produtos e serviços. Desta forma, se o papel do marketing é a identificação e satisfação das necessidades, é necessário conhecer profundamente não só os consumidores, mas também o mercado em que a empresa atua. Qual é a tarefa/papel da pesquisa de marketing e como ele, por sua vez, se aplica – de forma geral – nos casos Hellman’s e Eles resistem mais à crise. Nesta questão, uma boa resposta deixa claro o entendimento de que a tarefa da pesquisa de marketing é avaliar as necessidades de novas informações e fornecer informações coerentes, válidas, precisas e atuais, auxiliando decisões de mercado e evitando possíveis prejuízos. Assim como no caso da Helman’s e do artigo Eles resistem mais à crise, que trata sobre o consumo das classes mais baixas, a pesquisa de marketing se aplica sempre que necessário para o melhor entendimento e compreensão desses públicos-alvo os quais as empresas almejam atingir. 41 MÓDULO 1 Comportamento do Consumidor GABARITO – MÓDULO 1 – UNIDADE 2 Matriz de Exercício Aluno: Disciplina: Turma: Esta é uma discussão bastante ampla, e temos vários exemplos de como o estudo do comportamento do consumidor é extremamente útil para governos, organizações não governamentais, instituições religiosas, entre outras. O Governo Federal realiza pesquisas frequentes a respeito de como o brasileiro se comporta sexualmente e como se relaciona com a prevenção da AIDS para desenhar campanhas mais eficazes. Na primeira matéria, mostrada a seguir – publicada em junho deste ano, no Jornal do Brasil – temos uma série de evidências de como o comportamento do consumidor é importante. Repare na quantidade enorme de dados a respeito do consumo de preservativos, por diferentes grupos de consumidores, bem como a opinião deles a respeito da prevenção em si. Outro dado importante é aquele referente ao número de indivíduos que consomem os medicamentos de tratamento da doença. No exemplo seguinte, podemos ver como o Greenpeace usa informações referentes a como os brasileiros ‘consomem’ a ideia do desmatamento das florestas nativas brasileiras. Conhecer as opiniões, os sentimentos e as atitudes dos indivíduos a respeito da discussão do Código Florestal permite que a organização não governamental tente influenciar políticos contra a proposta da bancada ruralista. Exemplos... http://jbonline.terra.com.br/pextra/2009/06/18/e180617936.asp http://www.greenpeace.org.br/amazonia/pesquisa/intro.html 42 Comportamento do Consumidor MÓDULO 1 GABARITO – MÓDULO 1 – UNIDADE 3 43 MÓDULO 1 Comportamento do Consumidor GABARITO – MÓDULO 1 – UNIDADE 4 Matriz de Exercício Aluno: Disciplina: Turma: Conforme a apostila, podemos desempenhar três papéis diferentes: usuário, comprador e pagante. No segundo artigo, mais um papel surge neste contexto: o influenciador. O aluno deve reconhecer estes quatro e citá-los em sua resposta. Nem sempre a pessoa que usa um produto é a mesma que pede por ele, escolhe e paga, e nem sempre os interesses dessas pessoas estão alinhados. O aluno deve saber responder, de forma clara, como se dá cada um dos papéis ditos acima no consumo infantil. Influenciador: normalmente são as pessoas que indicam as marcas, locais de consumo e preço. Possuem sua importância em relação à satisfação da compra ou como fonte de informação. Usuário: são as crianças em si, que utilizam os brinquedos. Comprador: pode ser o usuário, caso a idade permita, através de uma permissão de compra, mesada, cartão presente, etc. Pode ser algum indivíduo que tem apenas a tarefa de realizar a compra, ou pode ser ainda, o pagante. Tendo este último uma maior importância em relação ao atendimento na hora da venda. Pagante: o agente que efetivamente desembolsa o valor monetário, custeando a compra do produto ou serviço. A atenção em relação ao atendimento é de fundamental importância. Por motivos como estes, os profissionais de marketing devem estar conscientes dos diferentes papéis que os consumidores podem assumir e dos diferentes esforços e técnicas que devem usar para atingir cada um deles. 44 Comportamento do Consumidor MÓDULO 2 MÓDULO 2 – INFLUÊNCIAS EXTERNAS APRESENTAÇÃO O consumo está tão presente em nossa vida que, muitas vezes, não nos damos conta do quanto e do que consumimos todos os dias. Por conta disso, não percebemos, na maior parte das vezes, o que nos influencia a comprar ou usar determinado produto de uma maneira ou de outra. Mesmo nossas atividades mais prosaicas envolvem consumo, e a maneira como consumimos é direta e indiretamente afetada por diversas fontes de influência. Apesar de ser difícil mapear quantas são as influências externas que atuam sobre nós em cada ato de consumo, todos nós somos fortemente influenciados pelo contexto socioeconômico e cultural ao redor. Essas forças moldam nossos gostos, nossas preferências e nossos valores. Consequentemente, nossas decisões de compra e de consumo também são influenciadas, definindo o que queremos comprar, onde vamos comprar, de que forma vamos usar, como pagaremos e quando descartaremos. Neste segundo módulo, vamos falar sobre os fatores exteriores ao indivíduo que influenciam o comportamento do consumidor, tais como a cultura, os papéis que indivíduos representam na sociedade e nos grupos sociais. Além disso, também vamos discutir critérios de classificação de indivíduos como classe social e estilo de vida. UNIDADE 1 – CULTURA E CONSUMO 1.1 CULTURA Nossas vidas estão quase totalmente determinadas por nossa cultura. Todas as decisões que tomamos são determinadas pela forma de ver e vivenciar o mundo que nos cerca. A visão de mundo que temos é construída pela cultura. A análise da cultura do consumo é absolutamente fundamental para o sucesso de qualquer produto ou serviço. Por ser a instância mais geral de influência sobre o comportamento dos compradores, a cultura afeta a análise de grupos sociais e a psicologia do consumidor. 1.2 CONCEITO DE CULTURA Se procurarmos por definições de conceitos de Sociologia no Dicionário de Ciências Sociais da FGV, veremos que quase todas começam falando sobre a dificuldade em defini-lo. 45 MÓDULO 2 Comportamento do Consumidor O mesmo ocorre em relação à Antropologia, e com cultura não é diferente. Uma das definições, a de Tylor, é considerada clássica... A cultura abrange todas as manifestações de hábitos sociais de uma comunidade, as reações do indivíduo quando afetado pelo grupo no qual vive e os produtos de atividades humanas quando determinados por esses hábitos. Fica claro que cultura nada tem a ver com ilustração, ou seja, o quanto uma pessoa sabe sobre algo. 1.2.1 CULTURA E SABER Todas as pessoas aprendem normas de convívio social, atribuem significados a rituais, objetos, têm crenças que são herdadas de seus pais ou das pessoas que as educam. Não importa o quanto alguém saiba sobre artes ou ciência. Se essa pessoa está exposta e introjeta normas, hábitos, ritos e mitos, essa pessoa tem cultura. Todos nós aprendemos os mitos, ritos e modos de conviver na sociedade em que vivemos, ou seja... ...todos temos uma cultura, e isso nada tem a ver com o quanto alguém sabe sobre seja lá o que for. 1.2.2 DIFERENÇAS É importante perceber que não apenas diferentes países possuem diferentes culturas. A pluralidade cultural existe dentro de uma mesma nação ou até de uma mesma cidade. Pessoas da mesma idade podem perceber, comprar, consumir e descartar produtos de formas muito diferentes... ...pois até mesmo dentro de uma mesma cidade podemos ter diversas subculturas. Citamos, como exemplo de subculturas, algumas comunidades como a dos... ...índios, jovens de grandes e pequenos centros urbanos, evangélicos, católicos, judeus, muçulmanos... 46 Comportamento do Consumidor MÓDULO 2 1.3 DEFINIÇÃO Muito própria para marketing é a definição de cultura que a vê como uma rede de significados. Como diz Geertz... ...Acreditando (...) que o homem é um animal amarrado a teias de significados que ele mesmo teceu, assumo a cultura como sendo essas teias e sua análise; portanto, não como uma ciência experimental em busca de leis, mas como uma ciência interpretativa, à procura do significado. Desse modo, a cultura determina o modo como vemos e vivenciamos o mundo, pois nos ajuda a atribuir significado às coisas. A Antropologia, como ciência que se dedica ao estudo das culturas, tem como objetivo interpretar os significados por ela produzidos. Produtos e serviços têm um papel importante nesse momento. 1.3.1 PRODUTOS E SIGNIFICADOS Produtos são associados a significados diferentes, dependendo de variáveis tão diversas como, por exemplo, a geografia, a classe social e o estilo de vida. Artefatos materiais diversos têm servido como mediadores entre o homem, o mundo natural e o mundo social. Por isso mesmo, esses artefatos ganham significados muito claros em diferentes culturas e em diferentes tempos. 1.3.2 REGRAS CULTURAIS A cultura é diretamente influenciada pelas etnias, pelas raças e pelas religiões presentes, bem como pela identidade regional e nacional. Esse conjunto desenvolve valores, normas, rituais e símbolos, ou seja... ...a cultura determina o que é bom e o que é ruim, o que é desejável e o que é indesejável em vários campos, sendo responsável pela criação de regras que determinam como as pessoas devem se comportar em diferentes situações. Citamos como exemplo a indissolubilidade do matrimônio como um valor compartilhado por católicos. O casamento na igreja é o ritual que expressa a transição de um estado para o outro. O vestido branco é um símbolo da pureza da mulher assim como a aliança simboliza a união. 47 MÓDULO 2 Comportamento do Consumidor 1.3.3 ABSTRATO E TANGÍVEL Todas as determinações culturais acontecem no plano abstrato, comportamental, mas repare que o tangível também está presente. Pense em como os produtos e os artefatos são desenvolvidos em função de cada cultura. Católicos usam crucifixos, mulheres de algumas tribos africanas usam múltiplas argolas no pescoço, bascos usam boinas e orientais comem usando palitinhos. Dessa forma, no plano físico, materialmente falando, a cultura determina a criação de objetos, influencia a tecnologia e a infraestrutura. Diferentes culturas desenvolveram diferentes maneiras de produzir alimentos, de prepará-los e de consumi-los. 1.4 PRODUTOS E RITUAIS Produtos estão diretamente associados a vários rituais em nossa sociedade. Estes, por sua vez, estão relacionados às diversas culturas. O Natal é um ritual bastante interessante para os observadores das relações entre o homem e produtos por causa da troca de presentes. Um presente para alguém é determinado, por exemplo, pelo grau de parentesco entre presenteador e presenteado. O reconhecimento dos graus de parentesco varia entre as diversas culturas. 1.4.1 FERIADOS E DATAS TRADICIONAIS Feriados familiares e datas tradicionais são, muitas vezes, responsáveis por quase todo o faturamento anual do varejo. Nos Estados Unidos, se juntarmos o volume de vendas referentes à compra de produtos para o Natal e para o Hanukkah, chegaremos a mais de 50% das vendas anuais de todo o varejo, e o percentual de lucro seria ainda maior. Em cada cultura, as datas comemorativas variam e envolvem grande faturamento. O segundo feriado mais popular nos Estados Unidos não envolve, necessariamente, uma troca de presentes, mas um grande gasto em decoração para casas e ruas, indumentária, doces e brinquedos – é o Halloween. 48 Comportamento do Consumidor MÓDULO 2 Aqui no Brasil, as comemorações que representam maior volume de vendas de varejo são o Natal, o Dia das Mães e o Dia dos Namorados. 1.4.2 TIPOS DE TROCA O ato de presentear tem recebido grande atenção de pesquisadores na área de comportamento do consumidor, não apenas pelo potencial econômico mas também por suas relações com a cultura local. Afinal, um presente é uma forma muito particular de comunicação e pode ter uma ampla gama de significados. Belk e Coon investigaram, em 1993, os hábitos de presentear como expressão de amor e identificaram três tipos de troca... ...a econômica... ...a simbólica... ...e a ágape – um tipo de troca em que aquele que dá não recebe nada em troca. 1.5 TROCA ECONÔMICA Em algumas situações, um presente pode representar uma troca com objetivos claros, ou seja, quem presenteia sabe, claramente, o que quer em troca do presente. Trata-se do caso de um vendedor que, em nome da empresa para a qual trabalha, presenteia seus clientes no fim do ano. Ele quer a manutenção da relação de clientela em troca do presente. Trata-se também do caso de um garoto que oferece flores a uma moça. Ele quer a atenção da moça em troca do presente. 1.6 TROCA SIMBÓLICA Presentes podem ser importantes não pelo retorno explícito, mas pelo significado simbólico do ato de presentear e do presente em si. No ocidente, é comum que, por ocasião do noivado, o noivo dê um anel à noiva. Esse anel é tão importante que tem um nome específico em diversos países – aliança no Brasil, wedding ring, ou anel de casamento, nos Estados Unidos e na Inglaterra... Esse anel é importante não porque o noivo recebe algo em troca, mas porque ele simboliza a união entre duas pessoas. 49 MÓDULO 2 Comportamento do Consumidor 1.7 BOLSÕES A importância da cultura não se manifesta apenas entre culturas aparente e fisicamente distantes. Dentro de culturas, podem surgir bolsões com hábitos e tradições diferentes. Tais bolsões são as subculturas. Em uma cidade como o Rio de Janeiro, há subculturas definidas pelas diferenças sociais e pela geografia acidentada da cidade. As favelas têm códigos e valores próprios, e é difícil compreendê-los quando não se pertence ao grupo. 1.8 SUBCULTURAS Grupos étnicos definem subculturas com necessidades específicas e desejos particulares relacionados à identificação e ao reconhecimento. Executivos podem ver grandes oportunidades de negócios nos desejos e nas necessidades de grupos específicos. Existem produtos que são desenvolvidos especialmente para uma etnia ou seguidores de uma determinada religião. Por exemplo, atualmente, há, no mercado, uma marca de champagne dirigida a evangélicos para comemorações e datas especiais. Alguns ramos evangélicos proíbem, terminantemente, a ingestão de bebidas alcoólicas. A referida marca oferece o produto em diversos sabores de frutas e não contém álcool. Citemos ainda, como exemplo, a empresa de cosméticos Embelleze, que focaliza duas subculturas bastante fortes – a dos evangélicos e a dos negros. 1.9 VALORES E NORMAS A cultura é transmitida de geração para geração, o que significa que a cultura pode ser aprendida. Nós aprendemos as coisas de acordo com nossas culturas e, dessa forma, as transmitimos àquelas pessoas a quem ensinamos algo. 50 Comportamento do Consumidor MÓDULO 2 A cultura se baseia na capacidade humana de classificar experiências e de ensinar tais abstrações aos outros, sob a forma de... § valores sociais ou culturais – são aqueles compartilhados amplamente por grupos de pessoas; § normas sociais – são regras de comportamento. Os valores centrais de uma sociedade definem... § como os produtos serão comprados, usados e descartados; § as funções, as formas e os significados dos produtos. Sendo assim, produtos iguais podem significar coisas absolutamente diferentes em culturas ou subculturas distintas. A música rap, por exemplo, é vista – e usada – de diversas formas por grupos étnicos distintos. 1.9.1 VALORES A cultura é compartilhada entre os membros de uma mesma sociedade. Dessa forma, há uma espécie de acordo entre os membros de uma mesma cultura a respeito das categorias das coisas e do que elas representam. Esses significados precisam ser aceitos e adotados por todos os membros da mesma cultura. 51 MÓDULO 2 Comportamento do Consumidor 1.9.2 INFORMAÇÕES IMPORTANTES As diferenças culturais são as características que distinguem as sociedades. A cultura é adaptável, não é um corpo de hábitos e rituais rígidos. A cultura muda para se adaptar às características do ambiente e à disponibilidade de tecnologia. 1.10 SÍNTESE Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade. 1.11 EXERCÍCIO Nesta unidade, vimos que a cultura determina o modo como vemos e vivenciamos o mundo, pois nos ajuda a atribuir significado às coisas. INFORMAÇÕES SOBRE ESTE EXERCÍCIO Aqui nossa tarefa é refletir sobre o modo como a cultura influencia o comportamento de consumo. Para fazer este exercício... § leia o texto Pessoas compram significados, disponível no final deste exercício; § leia o texto Quando o belo ganha a máscara da plástica, disponível no final deste exercício; § leia o texto Brasil é segundo colocado no ranking de cirurgia plástica, disponível no final deste exercício. 52 Comportamento do Consumidor MÓDULO 2 Após as leituras realizadas, elabore um breve texto que analise o crescimento do consumo de cirurgia plástica no Brasil e aponte quais os fatores mais relevantes para que esse fato ocorra, buscando refletir – sempre com base nas teorias aprendidas sobre o comportamento do consumidor – sobre como a cultura influencia o comportamento do consumidor. Registro do trabalho Registre os dados desta tarefa na Matriz de exercício. Para tal... § acesse o arquivo com a Matriz de exercício, disponível no ambiente on-line; § abra o arquivo; § salve esse arquivo em seu computador; § preencha a matriz com os dados de seu trabalho; § salve seu trabalho. TEXTOS UTILIZADOS PESSOAS COMPRAM SIGNIFICADOS A complexidade dos produtos contemporâneos é sempre um fator de estímulo para longas explicações de características de produtos na comunicação em geral. Quanto mais lançamentos e produtos alternativos, mais o consumidor é abordado com farto material explicativo, como se a profundidade do conhecimento do produto garantisse sua preferência. Porém, é importante distinguir: indústrias vendem features, mas pessoas compram significados. Significados do impacto em suas vidas da entrada desses produtos. Significados de perspectivas no seu dia-a-dia, como os proporcionados pela telefonia móvel. Significados de horizontes que se abrem, como o proporcionado pela tecnologia VOIP. Significados de facilidades oferecidos pelo produto, como o proporcionado pela lava-louça. Significados de segurança e tranqüilidade, como o proporcionado pela previdência privada. Significados de aumento do bem-estar, como o proporcionado pelos spas urbanos. Significados que adquirem magnitude quando ancorados em marcas que sabem traduzi-los em melhoria de vida. Cabe, portanto, a reflexão: sua empresa vende o quê? Fonte FURTADO, Beth. Pessoas compram significados. Mundo do Marketing, 28 abr. 2009 Disponível em: <http:// www.mundodomarketing.com.br/3,9283,pessoas-compram-significados.htm>. Acesso em: 16 set. 2009. 53 MÓDULO 2 Comportamento do Consumidor QUANDO O BELO GANHA A MÁSCARA DA PLÁSTICA Bem feitas e bem indicadas, as cirurgias estéticas representam um ganho para a auto-estima. Mas a falta de bom senso está à vista de todo mundo Pouco tempo atrás, a escritora americana Stacy Schiff desfrutava uma linda tarde ao lado de um amigo francês que visitava Nova York pela primeira vez. No fim do dia, porém, ele mostrou-se intrigado. Queria saber o que havia acontecido com as pessoas mais velhas na cidade. Seus rostos eram esticados demais, lustrosos demais. Em Paris, disse ele, os velhos pareciam velhos – e não havia nada de errado nisso. A idade do amigo francês de Stacy: 8 anos. Sim, até mesmo uma criança mais observadora pode perceber que algo de estranho vem ocorrendo. E não só em Nova York, é claro. Basta ir a shoppings e restaurantes de qualquer grande cidade brasileira, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, para deparar com pessoas de pele alaranjada (sessões de bronzeamento artificial podem dar esse efeito), maçãs do rosto salientes, testa estirada, lábios inflados e dentes branquíssimos, de uma alvura inexistente na natureza. É um contingente que, pelo jeito, tende a aumentar, graças aos avanços técnicos e ao barateamento dos procedimentos estéticos. Ficou mais fácil, enfim, fazer uma intervenção atrás da outra – e isso dá vazão à obsessão doentia pela manutenção da beleza e juventude. “O resultado dessa obsessão são bizarrices produzidas por falta de bom senso não só dos pacientes, como dos próprios médicos”, diz o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica – Regional São Paulo, João de Moraes Prado Neto. Não há nada de errado em querer consertar uma falta de acabamento congênita, melhorar a silhueta castigada pelo excesso de comida e pelo sedentarismo ou atenuar as marcas do tempo. É uma forma perfeitamente compreensível e legítima de conservar (ou restaurar) a auto-estima. Um nariz menos adunco, uma ruguinha cancelada, uns quilinhos aspirados – e eis que a beleza deixa de ser apenas a promessa de felicidade, para citar a frase do escritor francês Stendhal. A questão é quando se exagera na dose. Tem-se aí uma patologia. Pessoas que não se cansam de encontrar defeitos ao espelho (na maioria das vezes, inexistentes) e, para corrigi-los, perseguem compulsivamente um padrão estético inatingível sofrem do que os médicos chamam de transtorno dismórfico corporal. Descrito em 1987 pela Associação Americana de Psiquiatria, o distúrbio, nos casos mais graves, causa ansiedade e depressão profundas – e pode levar a pessoa a deformar-se nas mãos de cirurgiões inescrupulosos. “Há dois anos, animada com uma série de fotos ‘antes e depois’, resolvi fazer uma bioplastia (preenchimento à base de uma substância definitiva, o PMMA). Quem fez as aplicações foi uma ginecologista, indicada por uma amiga. Ela injetou o produto nas maçãs do rosto, no maxilar e na ponta do nariz. Na hora, até achei que ficou bom. Porém depois meu rosto inchou, sobretudo as maçãs.Todo mundo notava que eu estava estranha. Eu justificava dizendo que havia engordado. Tentei desfazer o preenchimento, no que fui desaconselhada por um cirurgião plástico. Ele me explicou que havia o risco de o produto vazar. Fiquei desesperada. Hoje estou melhor, com o rosto menos inchado, mas ainda me incomodo quando olho no espelho.Tenho muitas dores nos locais das aplicações e muita enxaqueca. Não aconselho ninguém a fazer o que eu fiz.” 54 Comportamento do Consumidor MÓDULO 2 Um estudo inédito conduzido pela médica Luciana Conrado, com 350 pacientes da dermatologia do Hospital das Clínicas, de São Paulo, constatou que 14% deles apresentavam o problema. Nos consultórios dos plásticos, a incidência fica em torno de 10%. Há vítimas de dismorfia que chegam a submeter-se a nove cirurgias de nariz. Existem ainda aquelas que praticam uma espécie de turismo médico, batizado pelos especialistas de “doctor shopping”: rodam de consultório em consultório em busca de sugestões sobre o que deveriam mudar em sua imagem. “É uma seqüência sem botão de desligar: o paciente sempre acha que o que fez é pouco”,diz o psicanalista Niraldo de Oliveira Santos, da divisão de psicologia do Hospital das Clínicas.“Para ele, o corpo é um rascunho onde tudo pode ser experimentado.” Como ninguém faz nove plásticas de nariz sem que haja um cirurgião disposto a cometer excessos, tem-se aí um duplo problema.“É a pior combinação: o paciente que quer fazer tudo somado ao médico sem escrúpulos que o submete a procedimentos incontáveis e desnecessários”, diz o dermatologista Guilherme de Almeida, do hospital Sírio-Libanês, de São Paulo. Ele próprio já conduziu uma paciente até um consultório psicológico, porque ela simplesmente não se convencia de que não precisava fazer mais nada no rosto. A terapia não ultrapassou três sessões. A paciente, que nunca mais apareceu no consultório de Almeida, provavelmente deve ter achado outro doutor que lhe satisfizesse as neuroses.“Tais pacientes gastam fortunas com tratamentos estéticos sem se dar conta de que isso pode causar-lhes defeitos irreversíveis”,diz a médica Luciana Conrado. A dismorfia manifesta-se com mais freqüência na dermatologia por causa dos procedimentos menos invasivos, com resultados mais imediatos e recuperação mais rápida. O tratamento do distúrbio consiste em terapia associada ao uso de antidepressivos e antipsicóticos. Nos Estados Unidos, um paciente com dismorfia leva, em média, doze anos para buscar ajuda especializada. Nesse meio-tempo, o maior risco que ele corre é cair nas mãos de um profissional mal-intencionado. É esse tipo de médico que lhe dá a chancela para puxar, esticar, levantar, tirar e colocar próteses, sem que haja necessidade real para tais intervenções.Tamanho é o poder de convencimento dos médicos que está em curso um novo fenômeno no universo das cirurgias cosméticas: o do tratamento preventivo. É uma maneira de abocanhar um filão de gente muito jovem, que nem deveria estar pensando em Botox ou plástica. Moças com pouco mais de 20 anos agora aplicam injeções de toxina botulínica na testa para prevenir as futuras rugas de expressão. Mulheres de 35 anos submetem-se a liftings – chamados eufemisticamente de mini-liftings, embora nenhum procedimento que requeira anestesia, corte e descolamento da pele possa ser considerado míni. Antes dos 40 anos também, muitas fazem os primeiros preenchimentos. O argumento por trás do tratamento preventivo é mexer um pouco já para evitar grandes intervenções lá na frente. O resultado? Mulheres de 30 anos que se parecem com mulheres de 40 tentando aparentar 30. Esquisito? Sim, esquisitíssimo, mas é o que vem ocorrendo.“Quanto mais intervenções são feitas, mais rígida fica a pele. A paciente adquire as feições de uma estátua, deixa de ter uma expressão natural”,disse a VEJA o médico francês Yves-Gérard Illouz, o inventor da lipoaspiração. Ficam todos – porque há inúmeros homens que se enquadram nesse caso – assustadoramente iguais uns aos outros. Como se tivessem saído (com defeito de fabricação) da mesma linha de produção. É a máscara da plástica. 55 MÓDULO 2 Comportamento do Consumidor “Desconfie de médicos que produzem pacientes com rosto parecido”, escreveu em seu livro Beauty Junkies (Viciados em Beleza) a jornalista Alex Kuczynski, colunista do jornal americano The New York Times. Alex fez sua primeira incursão no mundo da plástica aos 28 anos, com uma aplicação de Botox. Aos 30, já havia se submetido também a uma lipoaspiração e a uma cirurgia para remoção de bolsas de gordura sob os olhos. Alex é uma bela mulher em seus 40 anos. Conseguiu perceber a tempo que poderia iniciar uma viagem sem volta em busca da perfeição – tendo como destino final o desastre completo. No livro, ela faz outro alerta: as adolescentes estão sendo induzidas à dismorfia. É uma preocupação fundamentada. Entre as colegiais americanas, próteses mamárias viraram presente de formatura. Elas almejam ser uma Pamela Anderson ou uma Victoria Beckham – magras e peitudas. A indústria das celebridades, evidentemente, tem um papel nefasto no estabelecimento de padrões estéticos atingíveis apenas por meio de plásticas ou intervenções dermatológicas. Para não falar de reality shows como Extreme Makeover e Dr. Hollywood, que fazem a transformação radical parecer algo tão simples quanto mudar o corte do cabelo. Nesses programas, passa-se ao largo dos riscos de complicações, da dor e do desconforto do pós-operatório. Não é incomum que um cirurgião plástico acredite ser, além de médico, um artista capaz de operar prodígios. Há páginas de médicos na internet que se anunciam como “alquimistas da estética”, seja lá isso o que for. Assim, é comum um paciente entrar na sala de operação para procedimentos pré-acertados com o cirurgião e sair de lá com a notícia de que “aproveitando a anestesia” ele foi um pouco além.“Em uma das lipoaspirações que fiz, entrei para corrigir a barriga e o culote, mas o médico acabou tirando gordura das costas e da parte interna das coxas”,conta a paulistana Márcia Sanchez, de 42 anos, duas lipos, uma plástica no abdômen e três rinoplastias. “Em outra ocasião, pedi apenas para diminuir um pouco o dorso do nariz e o cirurgião levantou a ponta, deixando-o arrebitado contra a minha vontade”,diz. Por vender a idéia de que é possível ter o corpo dos sonhos, o rosto perfeito, a cirurgia plástica é uma das áreas mais lucrativas da medicina. Isso é bom porque favorece o desenvolvimento constante de novas tecnologias. E os avanços tornaram os procedimentos acessíveis a uma quantidade enorme de pessoas. O lado sombrio é que a busca por um ideal de beleza inatingível e pela eterna juventude alcançou proporções preocupantes.“A popularização da cirurgia plástica nos últimos anos motivou tanto os cirurgiões quanto os pacientes a pensar no corpo não como algo que pode, mas que deve ser melhorado”, disse a VEJA o professor de comunicação John Jordan, da Universidade de Wisconsin-Milwaukee, nos Estados Unidos. Em uma cultura obcecada pela aparência (na verdade, por uma aparência pasteurizada) e juventude, as pessoas que não têm a intenção de mexer no próprio corpo passam por desleixadas. Esse tipo de distorção já motivou campanhas, entre os americanos, contra a obsessão pela plástica. Em uma delas, uma mãe exibe um cartaz ao lado das duas filhas, com a seguinte frase: “Eu não preciso de cirurgia plástica porque quero que minhas filhas se pareçam comigo”. Conselho dos médicos sérios para mulheres e homens que querem melhorar o aspecto físico, mas sem vestir a máscara da plástica? “A chave do rejuvenescimento está em evitar mudanças drásticas, principalmente no rosto”, diz o cirurgião Prado Neto. Antes de mais nada, é preciso 56 Comportamento do Consumidor MÓDULO 2 entender que o conceito de belo envolve proporção, simetria e equilíbrio. A beleza do rosto de uma mulher está nas maçãs salientes, nos lábios carnudos, nos seios razoavelmente fornidos. No rosto de um homem, ela está expressa principalmente na ossatura angulosa. Mas, como a face não é feita de estruturas isoladas, sua harmonia está no conjunto. Às vezes, uma rinoplastia para reduzir o nariz é uma péssima idéia. Dependendo do formato do rosto, o nariz pequeno destrói a simetria facial, ao criar a impressão de que os olhos ficaram próximos demais. Os famosos lábios de Angelina Jolie são resultado de uma combinação harmoniosa. No rosto de outra pessoa, podem ser – e são em grande parte das vezes – um desastre estético. É possível chegar enxuta (ou enxuto) aos 60 anos, sem destruir a beleza do tempo vivido. Feio é querer aparentar vinte anos a menos. Essa história nunca acaba bem. A menos, é lógico, que você ache a máscara da plástica um ótimo padrão estético. Fonte BUCHALLA, Anna Paula. Quando o belo ganha a máscara da plástica. Veja, Ed. 2067, 02 jul. 2008. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/020708/p_110.shtml>. Acesso em: 16 set. 2009. BRASIL É SEGUNDO COLOCADO NO RANKING DE CIRURGIA PLÁSTICA No ano passado, foram feitas 1,2 mil cirurgias estéticas por dia no Brasil. O Brasil é o segundo país no ranking de cirurgias plásticas, atrás dos Estados Unidos. Em 2008, 629 mil intervenções estéticas foram realizadas, sendo 151 mil cirurgias de mama e 91 mil lipoaspirações. O crescimento no número de cirurgais estéticas é consequência da “busca” pelo padrão de beleza feminino, como: peitos volumosos, cintura fina, bumbum grande, sem falar em lábios grossos e nariz empinado. Este ano a boneca Barbie faz 50 anos. E assim como algumas mulheres, que podem recorrer a cirurgias plásticas estéticas e tratamentos de beleza, ela não envelheceu. Fernando Fernandes, médico cirurgião plástico da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica), disse que há um limite para a busca da “perfeição” e que isso acontece quando a mulher começa a perder suas características pessoais, almejando se parecer com outras pessoas. Fernandes ainda enfatiza que o médico tem o dever moral de alertar o paciente e, mais que isso, tem o direito de se recusar a realizar o procedimento. O médico contou que já recebeu pedidos de mulheres querendo parecer a Barbie, modelos e artistas.“As mulheres, de maneira geral, têm em mente modelos que gostariam de se parecer. Cabe ao cirurgião esclarecer ao paciente as suas reais possibilidades. Não devemos prometer resultados específicos e, sim, propor modificar as relações tomando por base a estrutura já existente”. Fernandes ainda alerta os pacientes a procurarem um cirurgião plástico da SBCP, ou, até mesmo, mais de um, para esclarecer todas as dúvidas em relação ao procedimento e certificar-se que o médico lhe dará toda assistência. Fonte CINTRA, Renata. Brasil é segundo colocado no ranking de cirurgia plástica. Universidade Metodista de São Paulo, 09 mar. 2009. Disponível em: <http://www.metodista.br/rronline/ciencia-e-saude/surto-das-cirurgias-plasticas>. Acesso em 16 set. 2009. 57 MÓDULO 2 Comportamento do Consumidor UNIDADE 2 – GRUPOS SOCIAIS 2.1 CONCEITOS IMPORTANTES A influência dos grupos sociais sobre as atitudes e sobre o comportamento dos indivíduos vai além dos problemas relacionados ao consumo. Analisaremos quatro conceitos de fundamental importância para o marketing... ...classes sociais, papéis, estilo de vida e grupo de referência. 2.2 CLASSE SOCIAL E STATUS SOCIAL Por mais que tentemos evitar, procuramos, frequentemente, classificar pessoas de acordo com algum critério. Em marketing, critérios de classificação são extremamente úteis, na medida em que podem servir de indicação das características de uma pessoa. Classe social e status social são dois desses critérios. Tais critérios são de enorme importância para os profissionais de marketing, pois ambos classificam pessoas de acordo com o que elas produzem e consomem. 2.2.1 DEFINIÇÕES Vejamos a definição de Max Weber... Simplificando bastante, pode-se dizer que ‘classes’ são estratificadas de acordo com suas relações na produção e aquisição de bens, enquanto grupos de ‘status’ são estratificados de acordo com seus princípios de consumo de bens como representados por ‘estilos de vida’. De acordo com essa definição, classe social e status são conceitos bastante distintos... ...classe social refere-se a quanto um indivíduo produz ou é capaz de produzir, e está, dessa forma, diretamente relacionada à renda... ...status social, por sua vez, está relacionado ao uso que o indivíduo faz do dinheiro que recebe, ou seja, como ele o gasta. Status está relacionado a estilo de vida do indivíduo. 2.2.2 CONCEITOS RELACIONADOS Se classe social está fortemente relacionada à renda, status está relacionado ao prestígio do indivíduo. 58 Comportamento do Consumidor MÓDULO 2 Esses dois conceitos são relacionados porque a manutenção de um status elevado dependerá das capacidades produtivas associadas a uma classe social alta. Contudo, é possível encontrarmos algumas distorções graves no uso desses conceitos. No Brasil, por exemplo, as empresas calculam um índice de classe econômica, e não social. É possível encontrar pessoas com um índice modesto de classe econômica e um status social elevado, uma vez que o prestígio social pode não ser captado pelos instrumentos de cálculo da classe econômica. 2.3 MEDINDO CLASSE SOCIAL Como um indicador de renda, a medida de classe social é importante para planejar o composto de marketing de muitos produtos. No entanto, essa medida é difícil porque o conceito de classe social não existe no mundo social. As pessoas usam várias formas para classificar indivíduos e, se usam o conceito de classe social, é porque aprenderam que ele existe. De acordo com Gilbert & Kahl, os determinantes de classe social são agrupáveis nas seguintes variáveis... § econômicas – ocupação, renda, riqueza; § interacionais – social, associação, socialização; § políticas – poder, consciência de classe, mobilidade social. 2.3.1 QUESTIONÁRIOS A medida de classe social poderia ser baseada na lista de seus determinantes – cada um representado por uma série de perguntas em um questionário. No entanto, sabemos que esse questionário seria de longa e difícil aplicação, ou seja... ...como perguntar a uma pessoa qual é sua renda e obter uma resposta confiável? Como avaliar o prestígio social de uma pessoa fazendo perguntas a ela? Por essas razões, a medida de classe social deve... ...priorizar algum indicador... ...estabelecer uma base de comparação no mundo social para validar o indicador... ...construir um questionário simples e curto, fácil de responder e que não seja constrangedor para o respondente. Na Inglaterra, por exemplo, os questionários têm apenas uma pergunta, qual é sua profissão? 59 MÓDULO 2 Comportamento do Consumidor Como a sociedade inglesa é extremamente homogênea e igualitária, a profissão diz muito sobre a renda do indivíduo. No Brasil, isso não pode ser feito, pois a sociedade é muito dinâmica. 2.3.2 CRITÉRIO BRASIL É extremamente difícil encontrar um critério ou desenvolver um instrumento de medida, que capte classe social de forma válida e confiável. O Critério Brasil é um instrumento de medida das classes sociais em nosso país. No Brasil, mede-se classe econômica, e a medida mais aceita entre empresas é o Critério Brasil. O Critério Brasil é baseado na posse de bens de conforto e formação do chefe da família. Cada classe social no Critério Brasil – A1, A2, B1, B2, C1, C2, D, E – corresponde a um nível de renda e a um percentual de habitantes abaixo de uma determinada renda. 2.3.3 RENDAS E PERCENTUAIS Veja as rendas e os percentuais nas tabelas abaixo... Classe econômica CCEB 2008 renda familiar média em reais (% da população) A1 A2 B1 B2 9.733,47 (1%) 6.563,73 (4%) 3.479,36 (9%) 2.012,67 (15%) C1 C2 D E 1.194,53 (21%) 726,26 (22%) 484,97 (25%) 276,70 (3%) 2.3.3.1 CLASSES ECONÔMICAS E REGIÕES Vejamos a relação que há entre classe econômica e regiões metropolitanas... CCEB Porto Belo Salvador Fortaleza Recife Brasília Curitiba 2008 Alegre Horizonte São Paulo Total A1 A2 B1 B2 0,4% 2,8% 4,6% 9,6% 1,5% 3,3% 5,9% 8,7% 0,5% 3,2% 6,0% 8,0% 2,2% 7,1% 11,5% 18,8% 1,1% 4,2% 9,6% 19,4% 1,6% 6,0% 11,4% 18,8% 1,3% 3,5% 7,2% 14,3% 0,6% 3,4% 8,3% 14,1% 0,6% 4,5% 10,6% 19,0% 0,9% 4,1% 8,9% 15,7% C1 C2 D E 16,1% 24,4% 36,6% 5,5% 11,3% 19,9% 36,9% 12,5% 12,3% 21,8% 40,7% 7,5% 17,9% 17,7% 21,9% 2,9% 27,0% 18,5% 18,3% 1,9% 23,9% 18,5% 17,7% 2,1% 18,0% 21,5% 31,5% 2,6% 23,1% 24,6% 24,8% 1,2% 22,4% 21,5% 20,7% 0,7% 20,7% 21,8% 25,4% 2,6% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 60 Rio de Janeiro 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% Comportamento do Consumidor MÓDULO 2 2.3.4 CRÍTICAS AO CRITÉRIO BRASIL O Critério Brasil é muito útil para comprar mídia, ou seja... ...se um fabricante de cosméticos sabe que seus consumidores são mulheres de idade entre 18 e 35 anos e das classes A e B, seus produtos deverão ser anunciados em revistas, jornais e programas de televisão que atinjam esse perfil. No entanto, é um risco usar a medida de classe econômica para tirar conclusões complexas sobre o referido público. 2.3.5 CASOS Vejamos dois casos que nos ajudarão a compreender melhor os riscos do Critério Brasil... Caso 1... Um funcionário público de carreira, casado com uma dentista, com quem tem quatro filhos. Toda a família mora em Uberlândia, em uma casa de cinco quartos, três suítes, três carros na garagem, e tem renda mensal de quinze mil reais. A família não se preocupa com decoração, nunca viajou para o exterior, compra poucos livros e roupas, não valoriza marcas e costuma passar os fins de semana em casa, assistindo à TV aberta, ou em um churrasco com a família e amigos. Caso 2... Um funcionário público de carreira, casado com uma dentista, sem filhos. O casal mora em Brasília, um apart-hotel de dois quartos, uma suíte, um carro na garagem e renda mensal de cerca de doze mil reais. Preocupados com decoração, compram móveis caros – alguns são feitos sob medida, desenhados por um arquiteto. Os gastos são maiores em lazer – jantares, shows, concertos – e viajam com frequência para o exterior. O casal costuma passar os fins de semana em clubes, além de irem ao cinema mais de uma vez por semana, e são assinantes de TV a cabo. 2.3.5.1 ANÁLISE DOS CASOS Qual a classe econômica de cada um dos casais? No primeiro caso, trata-se da classe A, embora não sejam usuários de muitos dos produtos voltados para essa classe, como revistas, livros, lazer, TV a cabo, viagens, restaurantes... No segundo caso, trata-se da classe B2, pois o casal vive em um apart-hotel e, portanto, não deve ter aspirador de pó nem banheiro de empregada. Os dois têm apenas um carro, não têm empregada doméstica e possuem uma só TV. 61 MÓDULO 2 Comportamento do Consumidor Esses seriam os resultados fornecidos pelo Critério Brasil de classificação econômica, que são frequentemente usados como medidas de classe social. Tais medidas não refletem o estilo de vida, cuja influência sobre as escolhas realizadas é fundamental. 2.4 MEDINDO ESTILO DE VIDA O estilo de vida de uma pessoa refere-se aos hábitos por ela adquiridos e determinados pelo grupo social a que pertence. Esses hábitos afetam, muito profundamente, as escolhas de produtos e serviços, isto é... ...categorias de produtos e serviços, marcas, níveis de preço, qualidade, aparência, exclusividade... ...além de atributos que definem o produto não apenas como um objeto com finalidade funcional clara mas também com um significado socialmente construído. O consumo desses significados afeta e indica, ao mesmo tempo, o estilo de vida. 2.4.1 PROCEDIMENTOS As classes sociais não expressam, com exatidão, o estilo de vida de cada um e isso é o que mais distingue as famílias. No entanto, tal evidência representa um problema para profissionais de pesquisa de mercado, uma vez que é extremamente difícil medir estilos de vida. Há alguns procedimentos validados fora do Brasil, como o VALS – Values and Life Styles – e o LOV – List of Value. Eles estão baseados em valores pessoais, atitudes que temos em relação a conceitos abstratos – igualdade, honestidade, competência, sociabilidade – e ainda não foram devidamente validados entre brasileiros. 62 Comportamento do Consumidor MÓDULO 2 2.4.2 INVENTÁRIOS AIO Uma alternativa para investigação do estilo de vida são os inventários de Atividades-InteressesOpiniões – AIO –, que são constituídos de uma lista de atividades, interesses e opiniões, como demonstrado a seguir... atividades interesses opiniões trabalho hobbies eventos sociais família casa trabalho sobre si mesmo problemas sociais política férias lazer associação a clubes comunidade comunidade recreação moda comida, alimentação negócios economia educação produtos compras esporte mídia realizações pessoais futuro cultura Fonte: Adaptado de Plummer, J.T. The Concept and Application of Life Style Segmentation. Journal of Marketing, v. 38, jan. 1974, p.33-37. Os inventários AIO levam empresas a conhecer melhor seus produtos e clientes, pois associam as marcas a agrupamentos específicos de atividades, interesses ou opiniões. Estes agrupamentos AIO podem ser de grande utilidade na elaboração de peças de comunicação. 2.5 PAPÉIS Se as pessoas são classificadas de acordo com seu status social, é natural que existam expectativas a respeito de seu comportamento. Da mesma forma, dependendo de nosso status em alguma situação, nosso comportamento será diferente. Papéis são os comportamentos esperados de pessoas que ocupam um determinado status na sociedade. Um exemplo são situações hierarquicamente marcadas, como uma missa, ou seja, espera-se o silêncio e a devoção dos fiéis, assim como a dedicação do padre ao rezar a missa e fazer um bom sermão. Os papéis são bastante determinantes no processo de tomada de decisão de compra. 63 MÓDULO 2 Comportamento do Consumidor 2.5.1 PAPÉIS DEFINIDOS Em uma família, cada membro tem um papel definido... Iniciador... O membro que inicia o processo de tomada de decisão de compra. Podemos exemplificar citando o caso do filho mais velho que deseja um carro. Influenciador... Os membros que influenciam o processo de seleção e a avaliação de produtos. No caso do carro, pode ser o pai, que tem alto envolvimento pessoal com automóveis. Decisor... Aquele que, efetivamente, toma a decisão de compra. Em nosso exemplo, trata-se da mãe e do pai. Comprador... O membro que faz a compra. Em nosso exemplo, trata-se do pai, que, por seu papel de comprador, procurará as melhores condições de pagamento e entrega do produto. Usuário... Aquele que, efetivamente, usa o produto comprado. No caso do carro, trata-se do filho, que usará o automável com mais frequência do que os outros membros da família. 2.6 PAPÉIS E DIFUSÃO DE INOVAÇÕES Videocassetes, microondas e computadores são exemplos de inovações, ou seja, são produtos que foram percebidos como revolucionários quando lançados. Uma inovação diz respeito à singularidade e à idade de um determinado produto. Sendo assim, um produto é uma inovação... ...se é percebido pelos consumidores como único, como diferente de seus concorrentes ou se foi introduzido no mercado há pouco tempo. 64 Comportamento do Consumidor MÓDULO 2 2.6.1 ADOÇÃO DE INOVAÇÕES O processo de aceitação de novos produtos ou serviços é chamado de adoção de inovações e é registrado na figura a seguir... 2.6.2 RESISTÊNCIA À INOVAÇÃO Existem alguns produtos que, apesar de já serem relativamente conhecidos, não são aceitos de imediato pelos consumidores. Em muitos casos, há resistência por parte das pessoas. Por exemplo, os MP3 players ainda não são plenamente aceitos, por diferentes motivos. Os principais motivos que fazem com que os indivíduos mantenham certa distância de uma inovação são... § dificuldade de criar uma opinião, pois, muitas vezes, não há informações ou critérios para avaliação do produto; § falta de uma experiência anterior com o produto, de maneira que pode não haver conhecimento sobre os possíveis benefícios ou resultados negativos relativos à aquisição, ao uso ou ao descarte da inovação. 2.6.3 AIDA Segundo Sheth, Mittal e Newman, o processo de adoção pode ser caracterizado pela sigla AIDA. Em inglês, as letras de AIDA representam as palavras... ...awareness, interest, desire e action, que significam consciência, interesse, desejo e ação. 65 MÓDULO 2 Comportamento do Consumidor Dessa forma, os autores apresentam os estágios por que os indivíduos passam ao adotar uma inovação... § primeiro, tomamos consciência da inovação; § em um segundo momento, desejamos o produto; § por último, compramos o produto. 2.7 SÍNTESE Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade. 2.8 EXERCÍCIO Nesta unidade, vimos que a influência dos grupos sociais sobre as opiniões e o comportamento dos indivíduos, se estende muito além de problemas relacionados a consumo. INFORMAÇÕES SOBRE ESTE EXERCÍCIO Aqui nossa tarefa é refletir sobre os critérios de classificação de pessoas, que são extremamente úteis em Marketing. Para fazer este exercício... § leia o texto Para entender a classe C, disponível no final deste exercício; § leia o texto Classe C apresenta novos hábitos de consumo, disponível no final deste exercício. Após a leitura, escreva um pequeno texto indicando os dois critérios considerados mais importantes para os estudos sobre o comportamento do consumidor. Explique também suas diferenças e como são observadas, dentro do contexto mercadológico. Registro do trabalho Registre os dados desta tarefa na Matriz de exercício. Para tal... § acesse o arquivo com a Matriz de exercício, disponível no ambiente on-line; § abra o arquivo; § salve esse arquivo em seu computador; § preencha a matriz com os dados de seu trabalho; § salve seu trabalho. TEXTOS UTILIZADOS PARA ENTENDER A CLASSE C As grandes esperanças das empresas estão depositadas na emergente classe C. Uma pesquisa exclusiva mostra como esses 80 milhões de brasileiros se dividem, como se comportam – e o que compram. 66 Comportamento do Consumidor MÓDULO 2 Durante dois anos, a subsidiária brasileira da americana Whirlpool destacou mais de 90 profissionais para trabalhar num projeto de inovação que consumiu parte significativa dos 100 milhões de dólares investidos anualmente no desenvolvimento de produtos. De engenheiros a marqueteiros, esses funcionários se dedicaram a tentar desvendar como poderiam atender a um dos sonhos de consumo da classe C: os refrigeradores frost free, equipados com mecanismo de degelo automático. Não que a tecnologia fosse exatamente nova – na verdade, ela chegou ao Brasil há pelo menos 20 anos. A dificuldade era adaptá-la a um produto que coubesse no bolso da baixa renda, já que os modelos frost free, mais sofisticados e com duas portas, custam cerca de 20% mais que geladeiras comuns do mesmo tamanho. A barreira foi transposta em outubro do ano passado, quando a Whirlpool lançou o primeiro refrigerador frost free de uma porta do mundo. Com a marca Cônsul, o produto chegou ao mercado por 1.250 reais – o mesmo preço da geladeira sem esse recurso. Desde então, segundo a empresa, o lançamento está vendendo 50% mais que os modelos tradicionais.“Há 15 anos, as empresas pegavam os produtos que desenvolviam para os ricos e os depenavam para vender aos consumidores de baixa renda”, diz Rodrigo Azevedo, gerente-geral de marketing para refrigeração da Whirlpool. “Hoje, para estar à frente dos concorrentes, é crucial encontrar maneiras de oferecer a esses consumidores aquilo que eles realmente desejam.” A despeito dos possíveis protestos dos politicamente corretos, a declaração de Azevedo pode ser traduzida assim: o consumidor da classe C se transformou num pobre exigente. Num movimento iniciado em 2000 – e intensificado nos últimos três anos, com o aumento da renda do brasileiro e a abundância de crédito –, esse consumidor ascendeu socialmente e passou a se deliciar com as possibilidades de consumo, tornandose o grande vetor de crescimento do mercado doméstico. Hoje, em meio à crise financeira, atender às suas demandas tornou-se ainda mais premente, já que muitas empresas acreditam que a baixa renda é que vai segurar boa parte do consumo interno.“Estamos convictos de que este será um ano muito bom para nós”,diz Ricardo Patrocínio, diretor de marketing da Avon, empresa que vende produtos de beleza, sobretudo, para as classes C, D e E. As perspectivas são de que os estratos econômicos mais baixos da pirâmide social sejam mesmo os menos afetados pela crise graças a dois fatores. O primeiro: muitos desses consumidores têm a renda atrelada ao salário mínimo, que vem registrando ganhos reais desde 2003. Só neste ano o aumento foi de 5,8%.“Associe isso à queda esperada da inflação, e o resultado são milhões de consumidores de baixa renda com mais dinheiro no bolso para gastar”, diz Leandro Padulla, economista da MCM Consultores. Quanto mais miram na classe C, mais as empresas sentem a necessidade de conhecer a fundo esses consumidores. Uma pesquisa encomendada pela agência Nova S/B ao Ibope – e obtida com exclusividade por EXAME – acaba de revelar novas informações sobre esse universo. “Tendemos a ver esses consumidores como um monolito, mas isso é um erro”, afirma João Roberto Vieira da Costa, sócio da Nova S/B. O primeiro passo do levantamento, iniciado em junho do ano passado, foi analisar os dados contidos em 4.500 entrevistas feitas com consumidores da classe C para o estudo Target Group Index, do Ibope Media. Os pesquisados foram homens e mulheres com idade entre 18 e 64 anos, residentes no Sul, no Sudeste e no Nordeste do país, responsáveis por, pelo menos, 50% das compras da família e com renda média mensal de 1 300 reais – um grupo de pessoas que representam cerca de 30,5 milhões de brasileiros. Depois dessa análise, o instituto partiu para uma segunda fase. Nela, pesquisadores e funcionários da agência 67 MÓDULO 2 Comportamento do Consumidor de publicidade monitoraram por três meses o uso que 31 homens e mulheres emergentes, com renda familiar mensal entre 1.000 e 2.500 reais, faziam de seus recursos. O objetivo era demonstrar que esse público não tem um comportamento uniforme, e sim perfis diferentes. O acompanhamento foi feito por meio de um diário de despesas, em que os consumidores anotaram seus gastos durante os meses de setembro, outubro e novembro do ano passado. A conclusão é que essa gigantesca massa de consumidores pode ser dividida em três tipos bastante distintos. Um dos perfis que o estudo identificou é o que o Ibope e a Nova S/B batizaram de consumista. Como o próprio nome sugere, ele compra muito e por impulso – frequentemente mais do que a renda permite. É aventureiro, extrovertido, um tanto quanto vaidoso e sonhador. Acostumou-se a viver com dívidas e não se preocupa muito com isso. Muita gente o classificaria como o emergente deslumbrado com as benesses que o dinheiro pode trazer. O paulista Robson Lopes de Queiroz, de 31 anos, é o chefe de uma típica família consumista. Ele trabalha em período integral, com carteira assinada, em dois hospitais paulistas. Sua mulher, Graciane, de 29 anos, complementa a renda trabalhando informalmente como cabeleireira no bairro onde moram, Campo Limpo, na zona sul de São Paulo. Graciane e Queiroz têm dois filhos – Nicolas, de 9 anos, e Nicole, de 3. A renda familiar do casal é de cerca de 2.500 reais por mês. O valor, porém, é insuficiente para dar conta das despesas. Há quatro meses, o casal decidiu financiar a compra de um carro usado, um Fiat Brava ano 2001, e assumiu uma prestação mensal de 647 reais. Em janeiro, eles começaram a pagar também uma TV de 29 polegadas, adquirida por quase 1.000 reais, em dez prestações, na Casas Bahia – o sonho era um modelo de plasma, mas tiveram de se contentar com um televisor tradicional. Além dessas grandes aquisições, a família continua se dando ao prazer de ter pequenos luxos.“Não passo um mês sem comprar uma pecinha de roupa”, afirma Graciane, entre risos.“A gente é pobre, mas é limpinho, e adora andar bem vestido.”Conclusão: o casal vive postergando as dívidas do cartão de crédito e se preocupa apenas em pagar a parcela mínima da fatura. “Não conseguimos mesmo juntar dinheiro”, diz Queiroz, que espera, no futuro, trocar o financiamento do Brava usado pelo de um carro zero. É justamente de olho em consumidores exigentes e um tanto impulsivos, como Graciane, que a subsidiária brasileira da Avon lançou, no início do ano passado, a linha de maquiagem Renew, cujos produtos têm preços, em média, 65% mais altos que os da linha Avon – a mais cara até então. A mudança é emblemática de uma nova era. Até 2007, os produtos de maquiagem mais vendidos da companhia eram os da marca Color Trend, a mais barata, com batons que podem custar menos de 4 reais. Aos poucos, o crescimento da linha Avon, cerca de 30% mais cara que a Color Trend, deixou claro que os consumidores estavam se sofisticando – e que havia uma oportunidade de mercado. Foi o impulso para o lançamento de produtos como a maquiagem Renew e o perfume Christian Lacroix Absynthe, que custa 80 reais e é o mais caro já vendido pela empresa no país.“Era inimaginável ter algo assim no catálogo há cinco anos”, afirma Luis Felipe Miranda, presidente da Avon. O executivo não revela números sobre o desempenho do produto, mas um dado da concorrente Jequiti, que pertence ao grupo Silvio Santos, ajuda a farejar a pujança desse mercado. O perfume Só Você Fábio Jr., lançado pela empresa em outubro do ano passado, custa 75 reais e, sozinho, já responde por 10% das vendas da empresa de cosméticos, que faturou 75 milhões de reais em 2008. 68 Comportamento do Consumidor MÓDULO 2 A sofisticação dessa classe de consumidores começa a mudar até mesmo o perfil das promoções oferecidas pelas empresas. A mineira Alesat, quinta maior distribuidora de combustíveis do país, com 1.700 postos, criou em meados do ano passado um cartão de crédito para sua clientela. Para impulsionar sua utilização, a empresa acaba de lançar um programa de fidelidade feito sob medida para a baixa renda.“Não temos o percentual exato de clientes da classe C que abastecem nos nossos postos, mas sabemos que eles são maioria”, diz Juscelino Sousa, vice-presidente da Alesat. A saída encontrada foi criar um programa em que o uso desse meio de pagamento pudesse ser trocado por minutos para falar em telefones celulares da operadora Claro. A regra é simples: a cada 50 reais pagos com o cartão, o cliente recebe 1 minuto de crédito. Os pontos poderão ser trocados também por minutos em celulares pós-pagos. A expectativa da Alesat, porém, é que o programa chame mesmo a atenção dos consumidores de baixa renda, que respondem por quase 70% da base de celulares pré-pagos do país – algo em torno de 87 milhões de aparelhos em operação.“Não há no mercado um programa de recompensa tão adequado a seus desejos quanto esse.” O segundo perfil identificado pela pesquisa é o planejador – o extremo oposto do consumista. Trata-se de um consumidor mais cauteloso, que gasta seus rendimentos com parcimônia e se mostra cético em relação à propaganda. Por se preocupar com o futuro, ele investe em sua educação e na de seus filhos. Detesta dívidas e, em alguns meses, consegue até guardar um dinheirinho. O planejador é personificado pelo baiano Jodinaldo Ubiracy de Azevedo Pinheiro, de 37 anos. Há mais de dez anos ele trabalha na Sabesp, companhia de água e saneamento de São Paulo, e hoje exerce a função de analista administrativo. Sua mulher, Marilene, é analista técnica da empresa de planos de saúde Amil. A renda mensal do casal, que tem apenas um filho, Gabriel, de 11 anos, é de cerca de 2.500 reais. Apesar de ter renda praticamente idêntica à do casal de consumistas, Pinheiro e Marilene gastam seu dinheiro de forma muito diferente. Durante quatro anos, ele pagou uma mensalidade de 350 reais para cursar administração numa faculdade paulistana. Ao acabar o curso, em dezembro de 2008, tratou de se matricular numa pós-graduação em gestão ambiental – Pinheiro arca com metade dos 229 reais do curso e o restante é bancado pela Sabesp. Neste ano, decidiu matricular o filho numa escola particular perto de sua casa. Para ele, roupas, diversão e automóvel podem esperar. “O carro até faz alguma falta nos fins de semana”, diz Pinheiro.“Mas nada que justifique transformá-lo em uma prioridade para a nossa família agora.” (Entre esses dois extremos – o planejador e o consumista –, o Ibope encontrou um terceiro perfil, que batizou de retraído, um sujeito que muda seu comportamento de acordo com a situação e, por isso mesmo, é ainda mais difícil de ser compreendido). Entender que a classe C é formada por consumidores de comportamentos tão distintos quanto Queiroz e Pinheiro é crucial para as empresas. Essa jornada, no entanto, está apenas começando. “Quando o assunto é a baixa renda, as companhias conhecem apenas a ponta do iceberg”,afirma Fábio Mariano, especialista em comportamento do consumidor e professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). Algumas delas já perceberam essa vulnerabilidade. A operação brasileira da rede varejista Wal-Mart, por exemplo, trabalha com quatro perfis de consumidora de classe média. Há desde a CEO do lar, uma mulher que não trabalha fora mas administra a casa, até a prática, que trabalha fora e faz compras com o marido (quando não delega a ele essa tarefa). “Infelizmente, não temos nada parecido com isso para a consumidora de baixa renda”, afirma Marcos Ambrosano, vice-presidente de operações do Wal-Mart. Chegar mais perto dessas 69 MÓDULO 2 Comportamento do Consumidor informações é fundamental para que a empresa consiga levar a cabo seu plano de expansão no Brasil. Neste ano, boa parte do 1,6 bilhão de reais que a empresa investirá na abertura de 90 lojas no Brasil será usada nas duas bandeiras que têm como foco a classe C – a Todo Dia e a Maxxi. Também faz parte dos planos do Wal-Mart em 2009 expandir de três para dez o número de unidades da Loja da Comunidade, modelo também voltado para a baixa renda que está sendo testado há nove meses nas cidades de Salvador e Recife. Na prática, a Loja da Comunidade é uma unidade da Maxxi ou da Todo Dia que oferece aos clientes uma galeria de serviços: banco postal (uma parceria entre Bradesco e Correios que disponibiliza serviços financeiros básicos, como pagamento de contas), emissão de documentos, acesso à internet, consultas médicas, palestras e até cursos profissionalizantes. O Wal-Mart não faz a gestão dos serviços nem ganha dinheiro com eles. Ao contrário: subsidia o aluguel do espaço para que os prestadores possam oferecê-los à população por preços mais baixos. “Nosso objetivo é estabelecer vínculos com esses consumidores e, obviamente, gerar mais tráfego nas lojas”,afirma Carlos Fernandes, vice-presidente da divisão especial do Wal-Mart. Por enquanto, o que a direção da rede sabe é que os serviços têm atraído, em média, 15.000 pessoas por mês. “Ainda é cedo para medir o impacto desse modelo nas vendas das lojas”,diz Fernandes.“Mas foi-se o tempo em que ter apenas preço baixo era suficiente para atrair esse tipo de consumidor.” Fonte HERZOG, Ana Luiza. Para entender a classe C. Portal Exame, 02 abr. 2009. Disponível em: <http:// portalexame.abril.com.br/revista/exame/edicoes/0940/economia/entender-classe-c-432188.html>. Acesso em: 16 set. 2009. CLASSE C APRESENTA NOVOS HÁBITOS DE CONSUMO Pesquisa mostra o setor com maior penetração nos lares da classe C, que quer mais qualidade. A classe C continua em evidência principalmente após o notório crescimento de consumidores que migraram de classes mais baixas. Muito se fala da melhoria da renda, das ofertas de crédito e até de planos do Governo que realmente favorecem este público, como o bolsa-família, por exemplo. Com aproximadamente 44% dos consumidores brasileiros incluídos na classe C, especialistas acreditam que as empresas de bens e serviços voltarão suas estratégias e campanhas de Marketing para atrair a maior parte da população brasileira consumidora. O acesso ao crédito e melhores salários mostram um novo comportamento desta classe, que antes deste favorável cenário financeiro escolhia os produtos de uma gôndola baseado no preço. Hoje é a qualidade que define a compra. E este consumidor está adquirindo cada vez mais produtos de informática, entretenimento e de linha branca. Novo modelo e comportamento O anúncio da chegada de uma nova classe C no mercado nacional trouxe alguns imprevistos para empresas de diversos setores. Para entender o comportamento de consumo destas pessoas, a Nielsen desenvolveu uma pesquisa que foi apresentada durante o Seminário Estilo de Vida e Consumo, realizado pelo Senac Rio. 70 Comportamento do Consumidor MÓDULO 2 O estudo mostra que a mudança de alguns hábitos deste público impactou as estratégias, planos de negócios e o modelo de algumas empresas.“As tendências que mais impactam os negócios estão baseadas em menor fidelidade, mudança de padrão, hábito de consumo e redução do número de refeições que estes consumidores fazem em casa”, diz Sarita Perez, gerente de atendimento da Nielsen. Outras companhias ganharam importância para os consumidores da classe C depois que ficou mais fácil o acesso a alguns bens de consumo que antes não faziam parte do orçamento.“Hoje sabemos que 23% das pessoas da classe C possuem computador e 6% deles têm internet paga e TV a cabo em casa”, conta Sarita. Qualidade decide compra De acordo com o estudo da Nielsen, 39% dos consumidores da classe C estão comprando bens e serviços baseados mais na qualidade do que no preço final.“O motivo deste comportamento é que, dependendo da categoria, o consumidor não pode errar a compra. Por isso, se tornam ainda mais exigentes que os consumidores das classes A e B”,avalia Renato Meirelles, sócio da Avenida Brasil em entrevista ao Mundo do Marketing. Este comportamento é um reflexo também da grande quantidade de produtos existentes em uma mesma categoria. Com cada vez mais opções de escolha, o consumidor da classe C está diante do fim das fronteiras entre categorias e também entre os pontos-de-venda.“Hoje estes consumidores vão ao varejo a cada quatro dias e notamos que existem novos canais e formatos, como a Americanas Express e o segmento Farma cada vez mais integrado ao varejo”, aponta Sarita. Segundo a gerente de atendimento da Nielsen, esta realidade da economia brasileira dá origem a tendências positivas e também negativas.“A parte boa é que existe um crescimento da massa salarial e nas contratações das indústrias. Porém, a inflação também cresce além da expectativa”, compara, o que pode corroer o poder de compra deste segmento. Ciclo virtuoso O reflexo do aumento do poder da classe C está atingindo outras classes sociais do Brasil e fazendo com que os mais pobres também consumam produtos que antes não tinham acesso.“A classe E, por exemplo, não compra um computador, mas sim a sua comida em um mercado onde o dono é da classe C. Estamos vivendo um processo de ciclo virtuoso na economia que veio para ficar”,acredita Meirelles. Com a gradativa entrada da informática na classe C, outros produtos poderão perder espaço nos lares destes consumidores. Porém, é provável que estes bens e serviços “descartados” pela classe C ganhem novos lares.“Cada produto abandonado pela classe C será abraçado pelas classes que estão abaixo e que passam a ter acesso”,analisa Ricardo Amorin, Assessor Técnico da Presidência do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). 71 MÓDULO 2 Comportamento do Consumidor Se a penetração de bens e serviços em classe sociais mais pobres já é realidade, mais empresas investem em um crescimento paralelo ao da classe C. “Os produtos de maior valor agregado, assim como serviços feitos por profissionais autônomos estão aumentando de demanda. Se antes não havia acesso a certos produtos, hoje eles são sinônimos de status social”,completa Amorim. Fonte TERRA, Thiago. Classe C apresenta novos hábitos de consumo. Mundo do Marketing, 01 out. 2008. Disponível em: <http://www.mundodomarketing.com.br/16,5810,classe-c-apresenta-novos-habitos-de-consumo.htm>. Acesso em: 16 set. 2009. UNIDADE 3 – GRUPOS DE REFERÊNCIA 3.1 DEFINIÇÃO Alguns grupos de pessoas que nos cercam, próximos ou não afetam a formação de nossas opiniões e nosso comportamento. Trata-se dos chamados grupos de referência. Amigos, parentes, colegas de trabalho, torcedores de um time de futebol e membros de uma associação de profissionais são grupos que podem nos servir de referência. 3.2 TIPOS DE GRUPOS DE REFERÊNCIA Todos os grupos de referência têm características que os fazem diferentes dos outros. Assim sendo, é útil classificarmos os grupos de referência. A seguir, veremos quais os tipos de grupos de referência. Um mesmo grupo é classificável segundo os três critérios, simultaneamente. Primários e secundários... Grupos primários são aqueles com os quais temos contato direto, olho no olho. Entram nessa classe os amigos íntimos, os colegas de turma ou de trabalho, além de associações de classe. Por outro lado, o contato que temos com os grupos secundários é indireto e não é possível encontrar todos os membros. Associativos e dissociativos... Grupos associativos são aqueles com os quais queremos nos identificar e cujas regras, cujas normas e cujos valores nós adotamos, ou seja, são grupos que podem tornar um comportamento ou uma opinião um exemplo a ser seguido ou rejeitado. Artistas de música pop são fonte de inspiração para várias gerações de adolescentes. No entanto, se não gostamos de rock ou dos artistas de rock, eles serão dissociativos. Nós rejeitaremos o comportamento e as atitudes relacionadas a esses artistas e grupos sociais. 72 Comportamento do Consumidor MÓDULO 2 Formais e informais... Grupos formais são aqueles que emitem uma declaração formal de associação, isto é, são os que exigem sua assinatura em um papel para que você seja membro. Quanto aos informais, sua participação no grupo é um acordo tácito entre os diversos membros. Podemos, por exemplo, ser parte do grupo de alunos de uma universidade, um grupo formal, no momento em que nos matriculamos, o que não significa que sejamos aceitos pelos grupos de colegas em sala de aula, que são grupos informais. 3.3 COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL Podemos dizer que a comunicação consiste na transmissão de um significado por um signo, por meio de um canal ou meio. Um signo é qualquer coisa que tenha um significado associado. Dessa forma, uma palavra escrita ou falada, um símbolo, uma gravura ou uma placa de trânsito são signos. Uma consideração importante é que a cultura tem forte influência nos processos de comunicação. Os gestos, o tom de voz, o toque e determinadas expressões podem ter significados diferentes em culturas distintas. 3.3.1 EFICÁCIA DA COMUNICAÇÃO Mowen e Minor apresentam um modelo de comunicação que mostra as relações entre os fatores que controlam a eficácia da comunicação. Uma comunicação persuasiva começa na fonte da informação que codifica e transmite a mensagem. 73 MÓDULO 2 Comportamento do Consumidor A transmissão pode se dar por muitos meios ou canais, e chega ao receptor, que a decodifica e a interpreta... 3.3.2 DIFUSÃO DE INFORMAÇÕES As informações que se difundem entre indivíduos e entre grupos são descritas normalmente como um fluxo em dois estágios ou como um fluxo múltiplo, conforme os diagramas abaixo... 74 Comportamento do Consumidor MÓDULO 2 O fluxo de comunicação em dois estágios indica que as informações são difundidas, primeiramente, para os formadores de opinião que seriam responsáveis pela interpretação e retransmissão da mensagem para outros. Já o fluxo contínuo de informações parte do pressuposto de que a mídia pode influenciar, diretamente, diferentes tipos de pessoas, tanto líderes de opinião quanto aqueles que buscam ou controlam informações. 3.4 FAMÍLIA Podemos descrever família como um grupo de indivíduos que vivem juntos e são ligados por laços de sangue, por casamento ou por adoção. Família nuclear é o que comumente chamamos de núcleo familiar. Um exemplo desse tipo de família é o pai, a mãe e o filho. A família estendida compreende o núcleo familiar e os outros parentes, como sogros, avós, primos... 3.4.1 DOMICÍLIO OU LAR Mowen e Minor entendem família como um subgrupo pertencente a uma classificação mais abrangente – o domicílio ou lar. Segundo essa visão, formam um lar ou domicílio todas as pessoas que vivem, simultaneamente, sob o mesmo teto. Domicílio ou lar é um modelo de família que contempla todas as pessoas que vivem no mesmo ambiente. Dessa forma, um grupo de estudantes que divide uma república forma um domicílio. Tanto um apartamento coabitado por um casal homossexual quanto uma casa coabitada por uma família tradicional são exemplos de domicílio. 3.4.2 FAMÍLIA E LAR Blackwell, Miniard e Engel alertam para a importância de perceber as diferenças existentes entre os conceitos de família e lar. Blackwell, Miniard e Engel afirmam que lar possui maior importância para o estudo do marketing. 75 MÓDULO 2 Comportamento do Consumidor A relevância do lar se deve às várias mudanças sociais que ocasionaram o crescimento do número de famílias não tradicionais e lares não familiares. Os mesmos autores relacionam os comportamentos de acordo com os papéis desempenhados por cada indivíduo pertencente a uma família. Dessa forma, em qualquer decisão de compra ou consumo familiar, podemos identificar vários atores desempenhando, às vezes, vários papéis. 3.4.3 PAPÉIS NO PROCESSO DE COMPRA No quadro abaixo, encontraremos a descrição de cada um dos papéis em um exemplo de compra de um carro para o filho que está prestando vestibular... papel iniciador descrição exemplo Aquele que traz as informações iniciais sobre o produto ou a categoria. Indivíduo capaz de influenciar a influenciador escolha em função de marcas, modelos ou categoria de produtos. decisor comprador usuário Lucas é o filho mais velho de Antenor e Rosa. Ele está prestando vestibular para a escola de Medicina. Caso consiga passar no difícil teste, ele espera ganhar um carro de seus pais. O melhor amigo de Lucas, que lhe fala sobre seu novo carro, um automóvel tipo esporte. Rosa, por sua vez, lembra a Lucas que carros de tais modelos costumam ser pouco econômicos. Aquele que toma a decisão fina, o que O marido acaba por decidir por um modelo e uma marca detém o poder econômico e o de que atendam aos critérios levantados por sua esposa e seu escolha. filho, mas dentro dos padrões financeiros da família. Aquele que, efetivamente, realiza a A mãe se dirige à concessionária para adquirir o compra do produto. automóvel. O indivíduo que usa o produto ou Trata-se de Lucas, aquele que vai, efetivamente, usar o serviço. carro. 3.5 SÍNTESE Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade. 3.6 EXERCÍCIO Nesta unidade, vimos que amigos, parentes, colegas de trabalho, torcedores de um time de futebol e membros de uma associação de profissionais são grupos que podem nos servir de referência. INFORMAÇÕES SOBRE O EXERCÍCIO Aqui nossa tarefa é analisar o case apresentado, tendo em vista os conceitos de grupos de referência e de papéis no processo de compra. 76 Comportamento do Consumidor MÓDULO 2 Para fazer este exercício... § leia o case, disponível no final deste exercício; § descreva, brevemente, os conceitos de grupos de referência e de papéis no processo de compra; § relacione-a ao case apresentado. Registro do trabalho Registre os dados desta tarefa na Matriz de exercício. Para tal... § acesse a Matriz de exercício, disponível no ambiente on-line; § abra o arquivo; § salve esse arquivo em seu computador; § preencha a matriz com os dados de seu trabalho; § salve seu trabalho. TEXTO UTILIZADO CASE Quando lembrou de que, no dia seguinte, seria Dia dos Namorados, Jorge entrou em pânico. Ele nunca soubera escolher presentes para Sônia, sua noiva. Felizmente, sua irmã e sua secretária sempre o ajudaram em situações semelhantes. Ele ligou, rapidamente, para sua irmã Maria, que lhe disse... Já sei! A Sônia comentou comigo que viu sua chefe usando um vestido lindo, igualzinho ao que a Ivete Sangalo usou em seu último show! Imediatamente, ele pediu que sua secretária fosse ao shopping para adquirir o tal vestido. Pronto, disse o jovem executivo, enquanto folheava uma revista, problema resolvido. UNIDADE 4 – CENÁRIO CULTURAL 4.1 FILME Para refletir um pouco mais sobre questões relacionadas ao conteúdo deste módulo, acesse uma cena do filme Escritores da liberdade no CD que acompanha a apostila. 4.2 OBRA LITERÁRIA Para refletir um pouco mais sobre questões relacionadas ao conteúdo deste módulo, leia o texto Mágoa que rala no ambiente on-line. 77 MÓDULO 2 Comportamento do Consumidor 4.3 OBRA DE ARTE Para refletir um pouco mais sobre questões relacionadas ao conteúdo deste módulo, aprecie o quadro O Café Royal no ambiente on-line. 78 Comportamento do Consumidor MÓDULO 2 GABARITOS GABARITO – MÓDULO 2 – UNIDADE 1 GABARITO – MÓDULO 2 – UNIDADE 2 79 MÓDULO 2 Comportamento do Consumidor GABARITO – MÓDULO 2 – UNIDADE 3 80 Comportamento do Consumidor MÓDULO 3 MÓDULO 3 – INFLUÊNCIAS INTERNAS APRESENTAÇÃO Neste módulo, veremos o consumidor como um indivíduo, e estudaremos os conceitos básicos de sua psicologia e como esses aspectos afetam seu comportamento de compra e de consumo. A psicologia do consumidor, naturalmente, interage com as forças do meio ambiente. Ao longo deste módulo, tentaremos nos concentrar no indivíduo consumidor e em alguns aspectos relacionados à psicologia do consumo. Começaremos este módulo falando sobre a motivação do consumidor, quando abordaremos também a percepção. Posteriormente, falaremos sobre o conhecimento – a função da memória nos processos de compra, nos modelos de organização de conhecimento, na formação e na medida de atitudes. Por fim, nos dedicaremos à aprendizagem do consumidor. UNIDADE 1 – MOTIVAÇÃO DO CONSUMIDOR 1.1 MOTIVAÇÃO Uma das perguntas mais instigantes no marketing e no comportamento do consumidor é Por que as pessoas compram? Além dos motivos que levam os indivíduos a realizarem compras, o que motivaria os consumidores... ...a comprarem um determinado produto e não outro? ...a escolher entre dois produtos iguais e de mesmo preço, elegendo uma marca em detrimento de outra? ...a preferir um produto mais caro, apenas porque ele ostenta uma marca determinada? Podemos tentar responder a essas perguntas estudando a motivação do consumidor. Schiffman e Kanuk definem motivação como a força interna que impele os indivíduos à ação. 81 MÓDULO 3 Comportamento do Consumidor 1.1.1 PROCESSO DE MOTIVAÇÃO O diagrama a seguir representa o processo de motivação como um estado de tensão interna, induzido pela necessidade... Como podemos ver no gráfico, todo o processo de decisão de compra tem início com um desejo ou com uma necessidade não satisfeita. Necessidades geram tensão interna ou um estado de desequilíbrio. De forma bastante natural e mesmo inconsciente, evitamos estados de desequilíbrio ou desordem, agindo para retornar ao equilíbrio ou à ordem. A necessidade é uma situação particular de desordem ou desequilíbrio, que está frequentemente relacionada a bens materiais ou serviços. 1.2 NECESSIDADES E DESEJOS Os termos necessidade e desejo são difíceis de definir. Quando pensamos que o marketing é acusado de criar necessidades supérfluas, compreendemos o quanto esses conceitos são relevantes para nós. No discurso coloquial, diário, costumamos abusar do termo desejo e quase nunca utilizamos necessidade. É interessante observarmos como os termos são usados no dia a dia. Veja as citações a seguir... 82 Comportamento do Consumidor MÓDULO 3 O termo necessidade está frequentemente associado a uma situação difícil, extrema... A necessidade não tem lei. Sto. Agostinho A necessidade nos faz acostumar com estranhos companheiros de leito. Shakespeare, A Tempestade O termo desejo, por sua vez, tem um caráter melífluo, de coisa supérflua, de luxúria... Ninguém chega ao fim da vida sem ter visto indeferida a metade dos seus desejos. Talmude Se um homem pudesse ver a metade dos seus desejos realizada, teria aflições em dobro. Benjamin Franklin Tudo que foi um desejo torna-se um fato – mas quando não mais o desejamos. Proust 1.2.1 SATISFAÇÃO DE NECESSIDADES Ao dizer que marketing cria necessidades, estamos relacionando as atividades de marketing a coisas pouco nobres, ao que é desnecessário, o que vai contra um dos pilares do marketing – a satisfação de necessidades. A definição adotada por Kotler é bastante esclarecedora e concilia os dois pontos de vista... ”Necessidades descrevem exigências humanas básicas. As pessoas precisam de comida, ar, água, roupa e abrigo para poder sobreviver. Elas também têm uma necessidade muito grande de recreação, educação e entretenimento. Estas necessidades se tornam desejos quando são dirigidas a objetos específicos capazes de satisfazê-las. Um norte-americano necessita de comida, mas deseja um hambúrguer, batatas fritas e um refrigerante. Um habitante das Ilhas Maurício necessita de comida, mas deseja manga, arroz, lentilhas e feijão. Desejos são moldados pela sociedade em que se vive.”(p33) 1.2.2 NECESSIDADES VERSUS DESEJOS Definiremos necessidades como estados pessoais de privação. 83 MÓDULO 3 Comportamento do Consumidor Desejos são objetos que satisfazem necessidades e são culturalmente determinados como tais. Isso, de certa forma, nos ajuda a responder à pergunta colocada anteriormente... O marketing cria necessidades? Não. O marketing cria desejos. As necessidades são muito complexas e muito anteriores aos desejos que temos hoje. Nosso problema é compreender que objetos – os desejos – satisfazem uma dada necessidade e que, por outro lado, necessidades são satisfeitas por um objeto. 1.2.3 COMUNICAÇÃO E DISTINÇÃO SOCIAL Um objeto pode atender a uma diversidade bastante grande de necessidades. Um telefone celular, por exemplo, pode atender à necessidade de comunicação ou de distinção social, ao atender à necessidade... ...de comunicação, pois o telefone celular compete com um telefone fixo... ...de distinção social, pois o celular compete com outros símbolos de status, como roupas de marca ou tênis. Pensando em termos de posicionamento e comunicação, cada necessidade levará a um posicionamento e a uma comunicação distintos. 1.3 PRINCIPAIS TEORIAS MOTIVACIONAIS Todo e qualquer ser humano possui necessidades que são muitas e variadas. Por esse motivo, a Psicologia tem visto, historicamente, o estudo e a categorização das necessidades como um campo muito fértil. Na área de administração, são muito populares a Teoria da Hierarquia das Necessidades, de Maslow, e a Relação das Necessidades Psicogênicas, de Murray. 1.3.1 PIRÂMIDE DE MASLOW Segundo a teoria do psicólogo clínico Abraham Maslow, as necessidades dos indivíduos podem ser hierarquizadas de acordo com sua importância. Dessa forma, damos lugar àquelas de nível superior à medida que necessidades mais básicas e urgentes são satisfeitas pelo indivíduo. 84 Comportamento do Consumidor MÓDULO 3 No diagrama a seguir, podemos ver as categorias de necessidades segundo Maslow, bem como exemplos de cada uma delas... Desse modo, uma pessoa tem como necessidades mais prementes aquelas que dizem respeito à sobrevivência, como a alimentação, a procriação, o abrigo... Trata-se de necessidades inatas, primárias. Sem elas, não há manutenção da própria vida. 1.3.2 TEORIA DA HIERARQUIA DAS NECESSIDADES Se o primeiro nível de demandas é satisfeito, o indivíduo torna-se sujeito a categorias de necessidades mais complexas, diretamente relacionadas ao meio ambiente e à cultura. Tais necessidades têm relação com os sentimentos, as sensações e as emoções. Dessa forma, se a sobrevivência do indivíduo está garantida, ele pode ter necessidade de se sentir seguro, amado por seus pais e familiares, de ser reconhecido como alguém... Como as necessidades são vistas como organizadas em uma sequência hierárquica, a teoria ganhou o nome de Teoria da Hierarquia das Necessidades. Evidentemente, a Teoria da Hierarquia das Necessidades tem seus críticos... As principais críticas referem-se, primeiramente, ao caráter hierárquico da teoria, e, em segundo lugar, aos limites impostos à autorrealização. 85 MÓDULO 3 Comportamento do Consumidor 1.3.3 NECESSIDADES PSICOGÊNICAS Para o psicólogo Henry Murray, todos possuem o mesmo conjunto de necessidades, que podem ser primárias ou secundárias, mas os indivíduos montam diferentemente suas ordens de preferência. As necessidades secundárias ou psicogênicas podem ser observadas a seguir... Necessidades associadas a objetos inanimados... § aquisição; § conservação; § ordem; § retenção; § construção. Necessidades que refletem ambição, poder, realização e prestígio... § superioridade; § realização; § reconhecimento; § exibição; § inviolabilidade; § infavoidance – evitar a vergonha, o fracasso, a humilhação, o ridículo; § defesa; § oposição. Necessidades relativas ao poder humano... § dominação; § deferência; § similaridade; § autonomia; § contrariedade. Necessidades sadomasoquistas... § agressão; § humilhação; § aviltamento. Necessidades relativas à afeição entre pessoas... § afiliação; § rejeição; § acolhimento; § empatia; § jogo. 86 Comportamento do Consumidor MÓDULO 3 Necessidades relativas ao trato social – necessidades de perguntar e de dizer... § cognição; § exposição. Fonte Lista das necessidades psicogênicas de Murray (retirado de Schiffman e Kanuk, p. 69). 1.3.4 EXEMPLOS Como exemplos de comportamentos decorrentes de necessidades psicogênicas podemos citar... § a contribuição com donativos ou trabalho voluntário em organizações de fins humanitários, como orfanatos ou asilos – necessidade de acolhimento; § uso de roupas e adereços extravagantes, diferentes do comum – necessidade de autonomia, de se sentir independente das normas e de convenções estabelecidas. 1.4 MOTIVAÇÃO DE CLIENTES CORPORATIVOS Sheth, Mittal e Newman fazem uma analogia para explicar as necessidades listadas por Maslow, aplicando-as às empresas. Segundo os autores, as organizações também têm de, primeiramente, garantir sua sobrevivência para, em seguida, satisfazer necessidades secundárias. Uma empresa, a princípio, pode garantir sua sobrevivência por meio dos seguintes recursos... ...dinheiro, funcionários, equipamentos e insumos. Existem outras empresas que podem fornecer produtos que atendam a tais necessidades, como... ...bancos, investidores, escolas técnicas e faculdades que preparam os profissionais. 1.4.1 NECESSIDADES DAS EMPRESAS As necessidades secundárias das empresas assim como as dos seres humanos só são detectadas após a satisfação das necessidades básicas. As empresas, assim como as pessoas, possuem necessidades básicas e secundárias. Dessa forma, podemos comparar a necessidade de segurança física de um indivíduo à necessidade de segurança patrimonial de uma empresa... 87 MÓDULO 3 Comportamento do Consumidor ...assim como a necessidade de pertencer a um grupo – família ou associação – pode ser reproduzida em uma empresa pela inclusão em órgãos como a FIRJAN e a Câmara de Comércio, ou em listas das quinhentas melhores empresas para se trabalhar. Esse último exemplo também poderia ser incluído nas necessidades de estima, já que o aumento do prestígio da organização traduz um reconhecimento público. 1.4.2 COMPRAS ORGANIZACIONAIS Ao analisar compras organizacionais, também devemos levar em consideração os indivíduos envolvidos. Os compradores das empresas costumam levar alguns pontos em consideração antes de adquirir o produto ou o serviço de um fornecedor, como... ...segurança da integridade da mercadoria, condições de pagamento, especificações do artigo, tempo de relacionamento com o fornecedor ou com um determinado membro do corpo de vendas. Desse modo, uma compra corporativa pode ser motivada por diversos fatores da mesma forma que uma compra individual. 1.5 PERCEPÇÃO Para que uma informação se fixe em nossa mente, ainda que superficialmente, ela deve antes ser percebida. Se assumirmos uma perspectiva pós-moderna de análise do mundo, podemos dizer que a realidade em si não importa. O que vale é a percepção da realidade. Marcas de produtos existem, exatamente, para construir essa capa perceptível que diferencie um produto de outros muito semelhantes a ele. A marca é a diferença. De acordo com Sheth, Mittal & Newman, a percepção é o processo pelo qual um indivíduo seleciona, organiza e interpreta a informação que recebe do ambiente. 1.5.1 ESTÍMULOS A percepção se dá não só por meio de estímulos verbais mas por meio de qualquer um dos sentidos. 88 Comportamento do Consumidor MÓDULO 3 Podemos dizer que os estímulos não verbais são particularmente salientes. Um carro novo cheira a carro novo, e esse aroma é foco de ambição de muitas pessoas, remetendo a uma grande série de significados. Esse estímulo – o aroma do carro novo – não é extremamente forte e facilmente identificável. É interessante notar, no entanto, que alguns europeus rejeitam, fortemente, esse aroma, por causar crises alérgicas e irritação nos olhos. 1.5.2 EXEMPLO Vejamos um exemplo de estímulos verbais e não verbais no mesmo anúncio... Esse anúncio é um clássico da propaganda – trata-se do homem da camisa Hathaway, criado por David Ogilvy, em 1951. O anúncio compõe-se da foto de um homem circunspecto vestindo uma camisa Hathaway e um enigmático tapa-olho. Na parte de baixo do anúncio, encontramos um longo texto, artifício comum em anúncios, em 1951, mesmo que de roupas. O tapa-olho, o olhar perdido, a expressão enigmática e determinada do homem fizeram desse anúncio um clássico, exatamente por captarem a atenção do leitor de forma inescapável. Vejamos agora esse anúncio da Donna Karan New York. Nesse anúncio, do final da década de 90, predominam os estímulos visuais. O único estímulo verbal – DKNY – é tão breve e simples que impacta mais pela forma do que pelo significado verbal. Os olhos enigmáticos também estão presentes aqui, mas o produto em si pouco aparece. O clima visual é mais importante do que o produto a ser mostrado. 1.6 FILTROS PERCEPTIVOS Quantos outdoors você viu hoje? É difícil perceber todas as informações que chegam a nós a todo momento. Há três filtros que agem sobre as informações novas e afetam a forma como percebemos as coisas... ...a atenção seletiva, a distorção seletiva e a retenção seletiva. Atenção seletiva... Nós só prestamos atenção a uma parcela das informações que chegam a nós. Um bom exemplo disso é o número de comerciais que você lembra após um intervalo comercial. Faça o teste com seus familiares, pergunte a eles de que anúncios eles se lembram. Diferentes membros de sua família devem se lembrar de anúncios diferentes, haverá alguns anúncios lembrados por todos e alguns dos quais ninguém se lembra. 89 MÓDULO 3 Comportamento do Consumidor Veja os anúncios que mostramos anteriormente. Qual deles você acha mais eficaz para romper esse filtro de atenção? O da camisa Hathaway ou o da DKNY? Se você disse que era o da camisa, acertou. O tapa-olho funciona como um eficaz rompedor desse filtro. Distorção seletiva... As informações que percebemos e que passam pelo filtro de atenção são quase automaticamente interpretadas. Contudo, cada pessoa interpretará as informações que recebe de uma maneira, de acordo com suas prioridades e seus interesses, e estes podem ser consistentes ou não com aqueles das empresas. Dessa forma, é importante que uma peça de comunicação seja compreendida de forma correta, isto é, de forma consistente com aquilo que a empresa quer que seja compreendido. Retenção seletiva... De todas as informações que foram percebidas, apenas uma pequena parte será guardada na memória. Nós só nos lembramos daquilo que, de alguma forma, é saliente ou que nos interessa. É tarefa dos publicitários aumentar a retenção de anúncios por meio de uma série de artifícios. Por exemplo, quais os ingredientes do Big Mac? Se você cantou a música com todos os ingredientes listados, essa informação está instalada de forma permanente em sua memória. O interessante é que nos lembramos dessa lista de ingredientes sempre na mesma ordem – dois hambúrgueres, alface, queijo, molho especial, cebola, picles, em um pão com gergelim – e cantando! 1.7 PERCEPÇÃO No livro Posicionamento: a batalha por sua mente, Al Ries e Jack Troou chamam a atenção para a impossibilidade de percebermos todas as mensagens que nos chegam diariamente. Tais mensagens são notícias, comerciais de TV, jingles de rádio, outdoors, e-mails, popups indesejáveis, pixações em muros, busdoors, empenas de prédio... Novas tecnologias trouxeram mais oportunidades de as empresas mostrarem seus produtos para os consumidores... ...mas, ao mesmo tempo, criaram poluição e confusão, já que ninguém é capaz de perceber tudo que vê ou ouve diariamente. Em função disso, profissionais de comunicação, publicidade, propaganda e marketing sempre buscam formas de se destacar da concorrência, deixando sua impressão na cabeça dos clientes e potenciais consumidores. 90 Comportamento do Consumidor MÓDULO 3 O desafio dos profissionais de marketing é se destacar em meio à concorrência. 1.7.1 PRINCIPAIS ESTÍMULOS A seguir, relacionamos alguns dos principais estímulos que devem ser observados para chamar a atenção dos consumidores... § premiação – indivíduos tendem a prestar atenção em palavras como grátis, ganhe, leve dois e pague um ou em outras campanhas promocionais; § movimento – imagens em movimento são mais estimulantes aos olhos do que as estáticas. Por esse motivo, os letreiros em néon, simulando movimento, são usados em estabelecimentos comerciais há muitos anos; § mudanças bruscas de cenário ou situações surpreendentes. Blackwell, Miniard e Engel relatam alguns exemplos de estímulos chocantes que, certamente, prendem a atenção, como um anúncio de sapatos femininos que mostra uma apresentadora da MTV americana sentada em um vaso sanitário. O índice de recall da propaganda foi imenso! § uso de cores – o uso de cores contrastantes pode fazer com que seu produto ou seu anúncio se diferencie dos demais; § grandes dimensões – em um jornal ou uma revista, por exemplo, quanto maior o anúncio, maior a probabilidade de ele ser visto e, melhor ainda, ser lembrado; § diferenciação – uma das maneiras de tornar um objeto mais aparente dentro de um determinado contexto é colocá-lo em contraste com os outros elementos. Dessa forma, uma embalagem de sabão em pó, cujo formato seja diferente das demais, tende a ser mais visível do que a dos concorrentes; § som – Quantas vezes você precisou diminuir o som da TV nos intervalos comerciais? É uma técnica comum veicular anúncios que tenham som mais alto do que o da programação como forma de chamar a atenção dos espectadores; § localização – colocar seu outdoor em um local frequentado por seu segmentoalvo é básico para garantir a atenção. No entanto, existem outros exemplos em que a localização é um fator importante. Nas casas noturnas de grandes cidades, é comum encontrarmos cartazes nos banheiros, exatamente no lugar onde os olhos dos indivíduos deverão se posicionar no momento do uso. Os produtos anunciados podem ser preservativos, refrescantes bucais... § intensidade – campanhas cujas peças sejam veiculadas em vários meios, várias vezes por dia, tendem a ter maior recall do que outras. Claro que, a partir de uma determinada frequência, o espectador já viu ou ouviu tantas vezes aquela mensagem, que a mesma começa a ficar praticamente invisível; § figuras ou pessoas atraentes – alguns comerciais ou produtos são mais percebidos do que outros pelo uso de celebridades. De uma forma geral, pessoas bonitas, mesmo que desconhecidas, tendem a chamar a atenção. Não é à toa que anúncios de cerveja usam tantas mulheres bonitas e com pouca roupa em suas campanhas; 91 MÓDULO 3 Comportamento do Consumidor § humor – comerciais que fazem uso de humor ou retratam situações divertidas podem ser mais capazes de chamar a atenção e garantir a lembrança de sua mensagem. Quem não se lembra de vários dos comerciais protagonizados por Carlos Moreno para a BomBril? Ou do casal Unibanco, Débora Bloch e Miguel Falabella? 1.8 SÍNTESE Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade. 1.9 EXERCÍCIO Nesta unidade, vimos que, para que uma informação se fixe em nossa mente, ainda que superficialmente, ela deve antes ser percebida. A percepção se dá não apenas por meio de estímulos verbais, mas por qualquer um dos sentidos. INFORMAÇÕES SOBRE ESTE EXERCÍCIO Aqui nossa tarefa é observar as alternativas encontradas por profissionais de comunicação, publicidade, propaganda e marketing para se destacar da concorrência, deixando sua impressão na cabeça dos clientes e potenciais consumidores. Para fazer este exercício... § leia o texto Red Bull enfrenta desafio de comunicar a marca no Brasil, disponível no final deste exercício. Após a leitura, relacione a entrevista lida com os tópicos e as teorias sobre percepção abordadas no módulo 3 e indique, pelo menos, 4 estímulos utilizados nessas ações utilizadas pela Red Bull, que também são observadas pela teoria do comportamento do consumidor. Justifique, com um breve parágrafo, como e com qual intuito cada uma dessas ações foram utilizadas. Registro do trabalho Registre os dados desta tarefa na Matriz de exercício. Para tal... § acesse o arquivo com a Matriz de exercício, disponível no ambiente on-line; § abra o arquivo; § salve esse arquivo em seu computador; § preencha a matriz com os dados de seu trabalho; § salve seu trabalho. 92 Comportamento do Consumidor MÓDULO 3 TEXTO UTILIZADO RED BULL ENFRENTA DESAFIO DE COMUNICAR A MARCA NO BRASIL Loducca tem que promover a bebida praticamente sem usar mídia. Conta-se nos dedos das mãos as marcas que promovem ações de marketing tão inusitadas e impactantes quanto a austríaca Red Bull. Corridas de aviões, piloto de Fórmula 1 com capa de Super Homem, competições em que se joga um ovo a uma altura de 15 metros sem que ele quebre, colocar um atleta para fazer wakeboard nas ruas alagadas de Veneza são apenas algumas delas. Todas essas ações falam por si.Ganham as capas dos jornais do mundo inteiro.Passam em programas esportivos na TV, as pessoas comentam por dias, postam fotos e comentários em blogs, vídeos no YouTube, criam comunidades em redes sociais e pronto: a marca é divulgada sem comprar um centímetro de jornal sequer nem um comercial na TV. Com este histórico, contratar uma agência de publicidade no Brasil pode parecer desnecessário. Mas só parece. Para a Loducca, que passou a trabalhar com a marca no país em janeiro deste ano, o desafio é grande. Principalmente pelo briefing da Red Bull. Apenas cerca de 20% das ações usarão mídias tradicionais. O sócio e diretor de criação da Loducca, Guga Ketzer, conversou com o Mundo do Marketing e comentou sobre os desafios de trabalhar para“uma marca transgressora”. Veja os principais trechos desta conversa na agência que tem uma moto na entrada com a marca da bebida. Um presente da Red Bull que em troca quer resultado para além das mídias tradicionais. Desafio... “(O cliente) é um grande desafio para a Loducca porque é uma marca extremamente jovem, inovadora e diferenciada, que surgiu de uma categoria de produto que não existia. Ela inventou uma categoria. Está no DNA deles, no espírito da marca fazer ações diferenciadas. É um desafio excelente ficar o tempo inteiro atrás de coisas novas, inventar ações fora da mídia e fazer barulho”. Ousadia... “Ficamos até acuados porque eles já fazem coisas tão boas e nos força a ser cada vez mais ousados. É um cliente que nos força a estar o tempo inteiro pensando em coisas diferentes. É o tipo de coisa que temos aqui com a MTV. Se não tivermos o pulso muito apertado em inovação, tecnologia e em o que está na frente, em o que vai acontecer, estamos atrasados”. Dificuldade... “Ao mesmo tempo em que alguém pode olhar e dizer que é difícil, que é complicado superar as expectativas, por outro lado temos uma grande chance”. 93 MÓDULO 3 Comportamento do Consumidor O que fez ganhar a conta... “Não foi uma concorrência convencional. Foi uma procura por uma filosofia de trabalho. Ganhamos muito mais pela história, pelos trabalhos e pelo perfil da agência do que por uma concorrência tradicional”. Profissionalismo... “A Red Bull tem um espírito inovador, ousado e transgressor, mas ao mesmo tempo super organizado, super correto, super certo. É muito o que a Loducca é e por isso que temos uma sinergia”. Quebra de paradigma... “Para a Loducca não é tanto uma quebra de paradigma porque por mais que a remuneração tradicional das agências esteja baseada em mídia, a Loducca está muito baseada em fee. Temos trabalhado para muitos clientes com coisas que não são só mídia”. Ideia... “O essencial de todo o trabalho é a ideia.Todas as cento e tantas pessoas que trabalham aqui trabalham em prol da ideia. Cada ideia precisa ser colocada de um jeito, seja na mídia, num evento ou em uma promoção. Depende da necessidade do cliente. Existe ideia tradicional, não existe mídia tradicional. Uma boa ideia pode ser colocada na TV, no jornal e até em uma revista, sim”. A necessidade de Red Bull... “Eles têm uma necessidade de marca, de comunicação. Não adiantaria eles terem o melhor evento do mundo se eles não reverberassem. Eles têm uma assessoria de imprensa fantástica, mas é preciso saber que tal dia vai ter o Flugtag, uma competição de aviões caseiros que têm que voar o maior tempo possível. Estamos fazendo essa divulgação no ponto-de-venda, em parques, em faculdades, na mídia tradicional, na Internet e no YouTube”. Conteúdo... “A Red Bull produz muito conteúdo. Eles patrocinam duas equipes de Fórmula 1 e vários pilotos usam a garrafinha com a bebida. Grandes eventos que eles fazem passam na Globo e no mundo inteiro. Nosso papel é comunicar estes eventos, propor eventos e ações novas. Correr atrás de novidades e procurar o que nunca ainda foi feito”. Comunicação... “A comunicação dela não se dá só com as ações de comunicação. Se dá muito com os eventos, com os fatos e com as ousadias deles. O core business deles é inovação. Ruptura. Transgressão. O lance é como isso reverbera. Com relações publicas, com conteúdo e com comunicação tradicional”. 94 Comportamento do Consumidor MÓDULO 3 A sete chaves... “Temos planejado ações muito legais, mas que não podemos falar porque acontecerão às vezes até sem aparecer a marca e estraga a surpresa. Tem coisas que são muito sigilosas. Tem gente até na agência que não sabe”. Uma ação... “A Red Bull Brasil ganhou um prêmio e eles queriam dar um diploma, dar alguma coisa para os funcionários guardarem como lembrança. Fizemos um shape de skate assinado por artistas para colocar na parede com o seu nome”. Fonte TERRA, Thiago. Red Bull enfrenta desafio de comunicar a marca no Brasil. Mundo do Marketing, 01 out. 2008. Disponível em: <http://www.mundodomarketing.com.br/4,9278,red-bull-enfrenta-desafio-de-comunicar-amarca-no-brasil.htm>. Acesso em: 16 set. 2009. UNIDADE 2 – COGNIÇÃO 2.1 CAPACIDADES COGNITIVAS Cognição refere-se ao uso das capacidades cognitivas do indivíduo – estamos falando do pensamento, seja o diligente e cuidadoso, seja o descuidado e superficial. Quando falamos de percepção, nosso foco concentra-se na capacidade de o indivíduo captar informações com seus sentidos. Essas informações são transmitidas para o cérebro, onde são armazenadas de maneira mais ou menos duradoura e conectadas com outras informações. Esses processos de armazenamento e reorganização estão relacionados à cognição. 2.1.1 IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES Como vimos, a identificação de uma necessidade nos leva à procura de alternativas para retornar ao equilíbrio. Essas alternativas estão espalhadas entre nossa memória e o mundo externo. Se estamos à procura de um lugar romântico para um jantar,tentaremos achá-lo em nossa memória, vasculhando experiências anteriores em restaurantes românticos. Se você ainda não teve essa experiência, certamente procurará por informações em revistas, jornais, guias de restaurantes, de turismo ou perguntará a amigos. Esse é um momento intensivo no uso da memória. 95 MÓDULO 3 Comportamento do Consumidor Essas informações armazenadas serão classificadas de acordo com nossas sensações e nossas expectativas, transformando-se em atitudes. 2.2 MEMÓRIA Dois tipos de memória são amplamente discutidos na literatura de comportamento do consumidor e importantes para compreender o processo de compra... ...a memória de curto prazo e a memória de longo prazo. A primeira... ...funciona como uma ante-sala de informações e é diretamente ligada à percepção – as informações percebidas são imediatamente transferidas para a memória de curto prazo. A segunda... ...funciona como um grande banco de dados, armazenando todas as informações que, por alguma razão qualquer, são suficientemente importantes para merecer um espaço em nossas mentes. 2.2.1 FUNCIONAMENTO DA MENTE As razões que nos levam a armazenar informações podem estar relacionadas... ...à relevância da informação, ao conhecimento prévio sobre o assunto, ao interesse pessoal quanto ao assunto, ao tempo de permanência na memória de curto prazo ou ao nível de envolvimento que o indivíduo tem com a informação. Evidentemente, é importante que uma informação relativa a um produto que comercializamos, que é percebida e entra na memória de curto prazo, seja transferida para a memória de longo prazo. Caso contrário, a informação será completamente perdida assim como os recursos usados para transmiti-la. A comparação da memória humana com a memória de um computador é inevitável. Na verdade, a memória do computador foi construída como um modelo da memória humana. Daí a importância, hoje em dia, dos neurocientistas. Quanto mais se sabe sobre o funcionamento da mente humana, mais se avança nas capacidades computacionais e de armazenamento de dados em computadores. 96 Comportamento do Consumidor MÓDULO 3 2.2.2 ORGANIZAÇÃO DE CONHECIMENTO Existem diversas teorias sobre a forma como o conhecimento é organizado na mente humana. Algumas formas de organização de conhecimento são particularmente populares entre especialistas de marketing. 2.3 ESQUEMAS É muito comum vermos analogias que descrevem o conhecimento humano como uma rede de informações. Essa é a forma como um esquema pode ser descrito... ...uma rede de informações em que os nós são unidades de memória, e os fios que os ligam são conexões que formam significados – conexões semânticas. De acordo com a teoria dos esquemas, acionamos um esquema quando mencionamos alguma coisa, com todas as conexões semânticas que ela envolve. Se eu falar em Trapalhões, por exemplo, alguns de nós, provavelmente, lembrarão o nome de Renato Aragão, ou Didi. Outros talvez se lembrem dos nomes de todos os quatro atores envolvidos no programa – além de Didi, Dedé Santana, Mussum e Zacarias. Talvez alguns se lembrem das tardes de domingo de suas infâncias, da comida, das pessoas, dos outros programas de TV, dos filmes dos Trapalhões, dos cinemas da época, da pipoca da época... A rede acionada pode não ter fim nunca, iremos pular de um assunto para outro até recordar coisas que estão bastante distantes dos Trapalhões. Pensem que Os Trapalhões é hoje uma marca valiosa assim como várias marcas que existem no dia a dia. 2.3.1 EXEMPLO Cada marca, cada lugar, cada atividade tem seu esquema. Ao administrar uma marca, precisamos ter em mente quais os esquemas que estão relacionados a ela, avaliar se esses esquemas são positivos ou negativos e saber como alimentá-los, modificá-los ou reforçá-los. Por exemplo, se quisermos posicionar uma marca de perfume relacionada à França, podemos usar imagens que estejam presentes no esquema da França, como o Arco do Triunfo... 97 MÓDULO 3 Comportamento do Consumidor 2.4 ESTEREÓTIPOS Há esquemas mais ricos e outros mais pobres. Quanto mais rico um esquema, maior o volume de associações que o indivíduo é capaz de realizar com o núcleo do esquema. Por exemplo, os esquemas relacionados à França são razoavelmente ricos para boa parte dos brasileiros. Ao falar em França, lembramo-nos de vinhos, queijos, perfumes, produtos de moda, o Arco do Triunfo, a Torre Eiffel, arte, a comida... No entanto, se pensarmos, por exemplo, em Panamá, o número de associações pode não ser tão grande. 2.4.1 ESTEREÓTIPOS BONS E RUINS Alguns esquemas, além de serem pobres, são extremamente resistentes à mudança. É difícil, por exemplo, convencer alguém de que, no Panamá, faz-se um bom uísque ou de que, na Inglaterra, há bons cozinheiros e de que, na Itália, os motoristas são cuidadosos e prudentes. A esses esquemas pobres e resistentes à mudança chamamos de estereótipos. Há estereótipos bons, que devem ser usados, mas há estereótipos que prejudicam os negócios. No caso do Brasil, por exemplo, estão em nosso estereótipo as praias, o verão, o calor e o prazer da vida ao ar livre. Trata-se de um bom estereótipo e deve estar presente em algumas campanhas publicitárias referentes a turismo no Brasil. No entanto, se falarmos de turismo de negócios, podemos encontrar problemas, uma vez que é difícil convencer investidores e consumidores internacionais de que, no Brasil, fazemos bons equipamentos de telecomunicações e aviões – nesses casos, os estereótipos são prejudiciais. 2.5 IMAGEM Lembra-se de uma campanha de Sprite com a frase Imagem não é nada, sede é tudo? Essa frase significa exatamente o contrário do que ela denota. Muito se fala em imagem hoje nos meios de marketing. 98 Comportamento do Consumidor MÓDULO 3 Como vimos na discussão anterior sobre posicionamento, podemos dizer que... ...a imagem de um produto ou serviço é o resultado de um trabalho de posicionamento bem feito. 2.5.1 DEFINIÇÃO DE IMAGEM Mas, enfim, como podemos definir imagem? De acordo com Kotler... Imagem é o conjunto de crenças, ideias e impressões que uma pessoa tem em relação a um objeto. As atitudes e ações de uma pessoa em relação a um objeto são bastante condicionadas pela imagem dele. De acordo com Blackwell, Engel & Miniard, a imagem de um produto é definida por todas as associações relacionadas a ele. 2.5.2 ESQUEMA VERSUS IMAGEM Você se lembra do conceito de esquema, discutido anteriormente? Se o esquema de um produto é a rede de associações presente em nossa mente e disparada pela menção do produto em questão, qual a diferença entre o esquema e a imagem de um produto? Podemos dizer que a imagem é o pedaço do esquema de um produto que diz respeito a somente esse produto, e não aos conceitos que são lembrados quando falamos do produto. 2.5.3 IMAGEM E POSICIONAMENTO A imagem é uma representação mental do produto e, portanto, a forma como o descrevemos, a maneira como ele aparece em nossas mentes. Pense em Nike. Que coisas Nike lembra? Pense em tudo, desde aquelas coisas que aprendemos com os estímulos de marketing até as coisas mais pessoais, as experiências de uso, os presentes que recebeu ou que deu, como, por exemplo... ...me lembro do primeiro tênis que meu pai me deu. Eis a imagem do produto. 99 MÓDULO 3 Comportamento do Consumidor A imagem do produto refletirá o que a empresa ensina aos consumidores a respeito de suas ofertas. A empresa é responsável pela criação dos estímulos que comporão o produto em sua mente. Entre esses estímulos, está a marca, o varejista, o preço, a propaganda. A empresa nos ensina como ver o produto e esse esforço estratégico é chamado posicionamento. 2.5.4 IMAGEM E CAPACIDADE DE CONHECIMENTO A imagem do produto pode se formar independentemente dos esforços da empresa. A imagem pertence à capacidade de conhecer. A empresa só pode ter algum papel nisso se nos ensinar sobre suas ofertas. Na falta de estímulos consistentes e competentes vindos da empresa, os consumidores perceberão o produto da forma como forem expostos a ele, diferentemente do modo como a empresa quer que o produto seja percebido, criando uma imagem completamente diversa do que o planejado. 2.5.5 EXEMPLO Um restaurante pode ser posicionado como premium, sofisticado e elegante. Ao mesmo tempo, pode ser percebido pelos consumidores como local de gente esnobe e, por isso, ser rejeitado. Por essa razão, um dos grandes desafios das empresas é posicionar, corretamente, o produto, de forma que seus consumidores criem uma imagem que seja compatível com aquela planejada. Isso é importante porque as pessoas tendem a ter atitudes – com relação às marcas – de acordo com a imagem que têm delas. A Nestlé, por exemplo, costuma possuir excelente imagem de marca entre seus consumidores. Provavelmente, um novo produto da marca Nestlé será mais bem recebido pelo mercado do que outro produto semelhante, de outra marca. 2.6 ATITUDE, EMOÇÕES, COMPORTAMENTO Atitudes relativas a produtos afetam, frequentemente, nosso comportamento. Atitudes são opiniões que formamos a respeito de estímulos quaisquer e que são afetadas por uma gama extremamente variada de fatores. Esses fatores incluem... § varejistas; § vendedores; § representantes de vendas; 100 Comportamento do Consumidor MÓDULO 3 § pressão do grupo de referência; § experiências diretas com o produto em questão; § experiências com um produto de outro modelo ou mesmo de outra categoria – mas com a mesma marca; § experiências de outros usuários que atuam como líderes de opinião; § informações adquiridas antes da compra. Fatores diversos afetam as opiniões do consumidor a respeito de deteminado produto e isso se reflete em sua atitude. 2.6.1 COMPONENTES DA ATITUDE As atitudes são formadas por três componentes... § emotivo; § cognitivo; § comportamental. Há coisas que... ...sentimos a respeito de produtos ou serviços – trata-se do componente afetivo... ...pensamos sobre eles – trata-se do componente cognitivo... ...ou nos dispomos a fazer ou não a respeito deles, como comprá-los ou adotá-los – trata-se do componente comportamental. 2.6.2 RESPOSTA AFETIVA As atitudes também podem ser formadas com base nos sentimentos, nas emoções ou nos estados de humor com relação ao objeto de consumo. Essa resposta afetiva de um indivíduo a um determinado produto ou serviço é capaz de influenciar a formação da atitude ou até mesmo mudá-la. Blackwell, Miniard e Engel ressaltam a importância da influência dos sentimentos como parte da experiência de consumo, das mensagens publicitárias e do estado de humor prévio dos indivíduos. Dessa maneira, ao assistir a uma comédia, uma pessoa deprimida ou desanimada não terá a mesma reação do que uma pessoa que esteja em um estado normal de humor. Um indivíduo que é agradavelmente surpreendido durante uma experiência de consumo tende a manter esse estado de espírito em sua próxima relação com o fornecedor. 101 MÓDULO 3 Comportamento do Consumidor Os sentimentos e o estado de espírito são respostas afetivas decisivas para a relação do consumidor com um produto. 2.6.2.1 EXEMPLOS Um exemplo prático seria um casal que, jantando pela primeira vez em um restaurante, recebe uma taça de champagne como brinde de boas vindas. Provavelmente, esses indivíduos formarão uma atitude mais positiva do restaurante e o considerarão como alternativa em próximas decisões. Outro exemplo interessante, ainda sobre restaurantes, surge quando perguntamos a alguém Qual foi a melhor refeição que você já fez em um restaurante? Muito frequentemente, as pessoas relatam experiências únicas, pratos pouco usuais, quase sempre envolvendo uma viagem, um lugar exótico ou companheiros de mesa extraordinários. Essas condições exóticas compõem um cenário emotivo que faz parte da avaliação da experiência do restaurante, ou seja, da atitude formada em relação ao restaurante. 2.6.2.2 EXEMPLO REAL Vamos analisar os anúncios da ração Cesar, que brincam com as semelhanças entre cães e seus donos, o que vem ao encontro das sensações de donos de cães e de seus sentimentos em relação a seus animais. Os anúncios são engraçados e ajudam a formar atitudes relativas à ração, usando, quase exclusivamente, as emoções. Esse é um artifício extremamente popular na comunicação de produtos de envolvimento relativamente baixo. Vejamos os exemplos... 2.6.3 COMPONENTE COGNITIVO E COMPONENTE COMPORTAMENTAL Vamos agora examinar dois anúncios do arroz Tio João – um que forma atitudes por meio da cognição e outro, por meio do comportamento. Esse anúncio ensina o consumidor a escolher melhor o arroz para preparar um risotto. Seu objetivo é informar o público-alvo de que há um tipo específico de arroz para risotto, chamado arborio. 102 Comportamento do Consumidor MÓDULO 3 Ao ensinar sobre o produto, esse anúncio usa o caminho da cognição – o cliente forma atitude porque conhece mais sobre o produto. Quanto a esse anúncio, ele é voltado para varejistas e é veiculado em revistas como a Supermercado Moderno. O objetivo é formar atitude por meio do resultado de vendas e, claramente, gerar um pedido. Não é um anúncio espirituoso, engraçado nem refinado – ele pretende gerar intenção de compra entre os compradores de supermercados, mercearias ou lojas de conveniência. O objetivo é gerar comportamento. 2.6.4 ATITUDES E CRENÇAS É interessante notar que atitudes não são comportamentos em si, mas podem ser opiniões relativas a comportamentos. Por exemplo, eu gosto da ideia de tomar um sorvete na sorveteria X depois do jantar de hoje. Minha atitude – eu gosto da... – tem um objeto claro – ideia de...– que traz em si um comportamento – tomar um sorvete... – a ser realizado em um lugar específico – na sorveteria X... –, em um tempo determinado – ...depois do jantar de hoje. As atitudes são formadas com base em crenças. Crenças são pensamentos descritivos – este carro é potente –, avaliativos – este carro é bonito – ou normativos – não devemos dirigir quando bebemos –, relativos a qualquer assunto. Grupos de crenças relativas a um objeto compõem a atitude relativa a esse objeto ou a aspectos a ele relacionados, ou seja, atitude em relação à marca, a atributos específicos, ao anúncio do produto, à ideia de comprá-lo – intenção de compra. 2.7 SÍNTESE Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade. 2.8 EXERCÍCIO Nesta unidade, vimos que imagem pode ser definida como o conjunto de crenças, ideias e impressões que uma pessoa tem em relação a um objeto. As atitudes e ações de uma pessoa em relação a um objeto são bastante condicionadas pela imagem dele. A imagem de um produto é definida por todas as associações relacionadas ao produto. 103 MÓDULO 3 Comportamento do Consumidor INFORMAÇÕES SOBRE ESTE EXERCÍCIO Aqui nossa tarefa é refletir sobre o conceito de imagem e sua influência sobre o consumidor. Para fazer este exercício... § leia o texto Identidade, imagem e reputação empresarial alinhadas à sustentabilidade, disponível no final deste exercício. É fácil observar o esforço das empresas nesta última década em associar suas imagens já estabelecidas a temas ecologicamente corretos ou ainda empresas novas que já surgem com esta imagem como pano de fundo. Diante disso, embasado no conteúdo desta disciplina, escreva um breve texto com seu entendimento sobre imagem. Em seguida, explique como ela influencia o comportamento do consumidor e como as empresas fazem para criar essa imagem no mercado. Registro do trabalho Registre os dados desta tarefa na Matriz de exercício. Para tal... § acesse o arquivo com a Matriz de exercício, disponível no ambiente on-line; § abra o arquivo; § salve esse arquivo em seu computador; § preencha a matriz com os dados de seu trabalho; § salve seu trabalho. TEXTO UTILIZADO IDENTIDADE, IMAGEM E REPUTAÇÃO EMPRESARIAL ALINHADAS À SUSTENTABILIDADE Reputação empresarial, identidade empresarial e imagem empresarial são conceitos relacionados. Só há boa ou má reputação, considerando uma avaliação dos fatos reais ocorridos a respeito de uma empresa, se já houver alguma imagem formada, ou seja, se já houver uma percepção pública sobre a empresa. Por sua vez, a identidade empresarial pode não estar alinhada à imagem empresarial, uma vez que a imagem reflete a visão que o público tem sobre a empresa. Já a identidade empresarial é fruto da combinação intencional ou não intencional das características únicas da organização, proveniente de sua cultura e do comportamento de seus membros. A identidade empresarial requer uma comunicação interna e externa da identidade desejada a partir da orientação estratégica da empresa em todos os momentos de transação da empresa com seu público interno e externo. Daí, combinando-se a identidade empresarial comunicada com os efetivos acontecimentos de conhecimento público sobre a empresa, forma-se a imagem empresarial específica para cada público de contato com a empresa. Ou seja, o público investidor, o público fornecedor, o público consumidor e o público trabalhador empregado pela empresa podem ter imagens positivas ou negativas sobre a mesma empresa, dependendo da qualidade planejada e dos momentos de verdade nas transações ocorridas nas suas respectivas relações com a empresa. 104 Comportamento do Consumidor MÓDULO 3 Em suma, a identidade empresarial, que se propõe nos documentos estratégicos e é comunicada no cotidiano da empresa, é validada ou contraposta perante o efetivo comportamento empresarial, contribuindo para o reforço ou construção de uma imagem empresarial e, daí, consolidando uma reputação empresarial. As transações entre empresa e stakeholders não carregam somente bens e serviços, mas comunicam uma identidade empresarial e reforçam imagens desejadas que se constroem em um contexto histórico com dimensões culturais, sociais, econômicas, ambientais. A comunicação empresarial deve estar alinhada à direção estratégica da empresa, de forma a propor momentos, contextos, conteúdos, formatos e meios de comunicação alinhados com a identidade empresarial que se expressa nas transações cotidianas da empresa. O que falta para avançarmos mais na difusão das estratégias corporativas quanto à responsabilidade social e sustentabilidade empresarial é a inserção de profissionais de comunicação social trabalhando em conjunto com a direção das empresas. Não digo publicitários, digo comunicadores sociais com experiência e formação profissional. Gostaria de citar o bom exemplo da Coca-Cola Brasil que, além de ter estratégia nacional efetiva alinhada com a estratégica global da The Coca-Cola Company para a sustentabilidade e responsabilidade social, está investindo em profissionalismo na concepção e estratégia de comunicação empresarial para a difusão da visão de longo prazo para o ciclo de vida dos produtos da Coca-Cola pela aplicação de 5 Ps – pessoas, planeta, performance, portfólio e parceiros. O evento inicial de comunicação foi organizado pela Textual Serviços de Comunicação e realizado em 18 de novembro de 2008, em São Paulo, na forma de um Workshop sobre Sustentabilidade e voltado para jornalistas de todo o Brasil. Demonstrou que a identidade empresarial da Coca-Cola Brasil quanto à sustentabilidade e responsabilidade social vem sendo formada desde a década de 80, sendo tornada pública agora já com conteúdo e história para contar sobre seus investimentos e estratégia para a sustentabilidade social, ambiental e econômica da empresa. A imagem de sustentabilidade da Coca-Cola Brasil, melhor comunicada e conhecida pelo público fornecedor, parceiros e consumidores, altera a qualidade do conteúdo que se comunica nas transações com a empresa e tende a modificar o comportamento dos stakeholders a favor da empresa. Certamente, o consumidor, tendo padrões de qualidade e preço equivalentes em produtos de empresas distintas e sendo bem informado sobre a relevância do comportamento responsável de consumidor, fará a escolha consciente pelo produto que tem uma história boa para contar do ponto de vista social, ambiental e econômico. Os investidores em busca de ações de empresas sustentáveis, em vista da recente crise financeira mundial, se orientarão para investirem na segurança da rentabilidade no longo prazo. Espero que outras empresas comuniquem melhor e sigam o exemplo da visão de longo prazo de sustentabilidade da Coca-Cola Brasil, atendendo a expectativas dos formadores de opinião em prol da identidade, imagem e reputação empresarial alinhadas com a sustentabilidade e responsabilidade social empresarial. Fonte ASHLEY, Patrícia Almeida. Identidade, imagem e reputação empresarial alinhadas à sustentabilidade. Plurale. 18 dez. 2008. Disponível em: <http://www.plurale.com.br/ DetalhaConteudo.asp?cod_not=3926&cod_caderno=2>. Acesso em: 24 set. 2009. 105 MÓDULO 3 Comportamento do Consumidor UNIDADE 3 – AVALIAÇÃO PÓS-COMPRA 3.1 APRENDIZAGEM Consumidores aprendem com as decisões que tomam. Dessa forma, é necessário sabermos mais a respeito de aprendizagem, ou seja... ...o que significa, como ela acontece, quais os efeitos dela sobre as atitudes e sobre o comportamento dos clientes. A aprendizagem faz parte do processo de compra. 3.2 FORMAS DE APRENDIZAGEM Há duas formas distintas de se ver o processo de aprendizagem – a forma cognitiva e a forma comportamental. As diferenças entre essas formas de aprendizagem são grandes, mas sutis. Essas diferenças são fruto de divergências entre psicólogos que seguem linhas científicas diferentes. 3.2.1 APRENDIZAGEM COGNITIVA Uma forma de entender as diferenças entre as formas de aprendizagem reside na organização do conhecimento. Psicólogos cognitivistas acreditam que a organização do conhecimento pode ser explicada por um modelo teórico não diretamente observável no mundo real – a teoria dos esquemas que vimos anteriormente é um exemplo de modelo teórico de organização do conhecimento. Esses psicólogos cognitivistas acreditam que aprender é como mudar a rede de conexões semânticas. Por exemplo... ...é provável que, antes de iniciar este curso, nós achássemos que marketing é basicamente propaganda. Ao longo do curso, aprendemos que marketing tem a ver com satisfação de necessidades e que a propaganda é apenas uma pequena parte do esforço de marketing. Mudamos aquilo que sabemos sobre marketing de forma estrutural, e nosso esquema sobre marketing é hoje não só diferente mas muito mais rico. Nós, provavelmente, aprendemos o que é marketing de forma cognitiva. 106 Comportamento do Consumidor MÓDULO 3 3.2.2 FOCO COGNITIVO Em marketing, os exemplos de aprendizagem cognitiva são inúmeros. Observemos o anúncio abaixo... Percutaféine é um produto para o controle de celulite. No anúncio, percebemos não só uma preocupação com a seriedade do tema – tons pastéis, muito claros, aparência sóbria – mas também um foco na informação para o cliente. O quadrado com o título O novo caminho da ciência no tratamento da celulite é um pequeno livreto colado ao anúncio. O objetivo aqui é ensinar sobre celulite e seu tratamento à cliente em perspectiva. O foco é cognitivo. 3.3 APRENDIZAGEM COMPORTAMENTAL Diz-se que a aprendizagem cognitiva é baseada em um modelo teórico. Usamos o tom hipotético, porque as redes de conexões semânticas entre unidades de memória não podem ser observadas empiricamente. Se abrirmos a cabeça de uma pessoa, encontraremos o cérebro com suas circunvoluções, irrigação, nervos, mas não encontraremos essa rede. Os psicólogos comportamentalistas apegam-se a essa impossibilidade e dizem que, se não podemos verificar a existência de um esquema empiricamente, ele não existe. Portanto, esses psicólogos acreditam em outra forma de aprender – observando a mudança de comportamento. Em vez de assumir que as estruturas de conhecimento mudam e se reorganizam, os cognitivistas dizem que o aprendizado leva a mudanças de comportamento e, observando essas mudanças, saberemos se alguém aprendeu alguma coisa. A Psicologia Comportamental considera que o aprendizado se traduz em mudanças de comportamento. 3.3.1 PAVLOV A experiência tradicional relacionada à aprendizagem comportamental foi realizada por um cientista russo chamado Pavlov no início do século XX. Pavlov demonstrou com cães a possibilidade de condicionar estímulos. Em sua experiência, ele alinhava cães no laboratório e servia a eles um prato de comida. Antes de servir o prato, fazia soar uma campainha. 107 MÓDULO 3 Comportamento do Consumidor Após algumas repetições desse processo, ele percebeu que os cães salivavam antes mesmo que a comida fosse vista por eles. Os cães associavam a campainha – o estímulo condicionado – à comida – um estímulo não condicionado – e os dois provocavam a mesma resposta – salivação. Essa salivação, não condicionada quando o cão vê comida, torna-se uma resposta condicionada quando o cão ouve a campainha e espera o prato de comida. 3.3.2 EXEMPLO O procedimento elementar aplicado por Pavlov é, ainda hoje, usado em propaganda, como podemos ver na imagem abaixo... No anúncio de leite em pó desnatado Molico, vemos um casal alegre. Os dois estão sorridentes e vestem branco. O homem parece levantar a mulher, que tem os cabelos soltos ao vento.Tudo remete à leveza. Essa leveza, um estímulo não condicionado para gerar uma resposta não condicionada, que é sensação de leveza e bem estar, é apresentado junto à lata de Molico. A lata por si só não seria capaz de suscitar nenhuma resposta além do reconhecimento da marca Molico. No entanto, como é mostrada junto com a imagem do casal, tem por objetivo gerar a mesma resposta que a imagem. Assim sendo, se alguém se lembra da sensação de leveza e bem estar ao ver a lata de Molico no supermercado, podemos dizer que ela se tornou um estímulo condicionado à sensação de leveza e bem estar, resposta agora condicionada à lata de Molico. 3.4 MOTIVAÇÃO, CONHECIMENTO, ATITUDES, APRENDIZAGEM Produtos e serviços têm características muito diversas entre si. O vinho, por exemplo, pode ser vendido – em garrafões, caixas de papelão ou garrafas clássicas – tanto em supermercados de periferia de classe média-baixa quanto em lojas especializadas, custando de R$ 4,00 a R$ 4.000,00. O que motiva consumidores a comparar duas garrafas de bons vinhos, em que uma custa dez vezes mais do que outra, optando pela mais cara? Muitas vezes, a resposta não está dentro da garrafa, e sim fora, no significado social da marca, do país de origem, no grupo social do comprador. Há muitos elementos envolvidos na compra e no pós-compra do produto, como a motivação, o conhecimento, as atitudes e a aprendizagem. 108 Comportamento do Consumidor MÓDULO 3 3.5 PAPEL DO PROFISSIONAL DE MARKETING Produtos mais complexos, em relação aos quais percebemos um risco maior relacionado à compra, necessitam de um suporte mais complexo de marketing. Nesses casos, as teorias que estudamos podem vir a ser usadas de forma extremamente intensiva. Grupos sociais podem indicar mais sobre o produto, necessidades podem ser de identificação mais difícil, concorrentes indiretos podem ser mais numerosos e poderosos do que em categorias de produtos mais simples. O conhecimento do consumidor pode ser mais determinante para a escolha assim como as atitudes que ele forma sobre as diversas marcas. O profissional de marketing tem a responsabilidade de identificar os problemas, cenários, e usar as teorias disponíveis para explorar o mercado de forma sustentável. 3.6 SÍNTESE Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade. 3.7 EXERCÍCIO Nesta unidade, vimos que consumidores aprendem com as decisões que tomam. Por isso, é importante saber o que é aprendizagem, como ela acontece e quais os efeitos dela sobre as atitudes e o comportamento dos clientes. INFORMAÇÕES SOBRE ESTE EXERCÍCIO Aqui nossa tarefa é... § dizer quais são as duas formas de se observar um processo de aprendizagem e suas diferenças básicas; § discorrer, em um breve texto, sobre o fator – ou fatores – a que pode ser atribuído o sucesso do caso da Procter & Gamble e porque o sucesso se deu dessa forma. Para fazer este exercício... § leia o texto Eu consumo, você consome: e o que fazemos com isto?, disponível no final deste exercício; § leia o texto Mesmo com produto mais caro, P&G ganha mercado, disponível no final deste exercício. 109 MÓDULO 3 Comportamento do Consumidor Registro do trabalho Registre os dados desta tarefa na Matriz de exercício. Para tal... § acesse o arquivo com a Matriz de exercício, disponível no ambiente on-line; § abra o arquivo; § salve esse arquivo em seu computador; § preencha a matriz com os dados de seu trabalho; § salve seu trabalho. TEXTOS UTILIZADOS EU CONSUMO, VOCÊ CONSOME: E O QUE FAZEMOS COM ISTO? Todos consomem. Esta verdade incontestável suplanta todas as dúvidas – e não são poucas – que vem do mundo do mercado ou brotam do universo acadêmico. Eu consumo. Livros, idéias, sabonetes, cremes anti-idade, petecas artesanais, balas de menta, filmes “B”, chocolates com amêndoas.Você, leitor, consome culturalmente este artigo. Não por acaso boa parte dos intelectuais contemporâneos já perceberam o papel seminal desempenhado pelas práticas de consumo, real e simbólico. E vários segmentos do mercado também estão para lá de cientes da complexa rede de expectativas agenciadas em torno deste fato social e cultural denominado consumo. Venho constatando, em estudos de base empírica e qualitativa, o fato de que a partir das práticas e hábitos de consumo se constituem identidades: reativas, criativas, afirmativas ou, não se pode negar, competitivas ou conformistas. O impacto do consumo cotidiano de produtos e serviços define de maneira crucial a nossa existência, interferindo no modo como nos comunicamos e nos afirmamos socialmente. E, o que é fundamental, este processo também interfere na percepção que temos dos outros, seja daqueles que reconhecemos como iguais, seja nos que identificamos como diferentes. O consumo afirma-se como referente fundamental para a conformação de narrativas sobre si e sobre o outro e compõem universos simbólicos repletos de significado, dos mais aterradores aos mais inspiradores. Sim, nem só de perversões ou da ostentação irresponsável vive o universo do consumo. Apenas para citar um exemplo, vamos nos lembrar aqui do inegável papel desempenhado pelo acesso a CDs, aparelhos de MP3 e Internet para jovens produtores culturais das periferias urbanas que agora, muito mais facilmente, podem desenvolver e divulgar, mundialmente, os resultados de suas criações. Contudo, carecemos ainda de estudos comunicacionais sistemáticos voltados à consolidação de uma análise das dinâmicas de consumo e da publicidade sintonizada com a realidade nacional e sensível a sua inserção em dinâmicas mundiais. Ou seja, é preciso investigar tanto os aspectos que são específicos a um modo brasileiro de consumir quanto aqueles outros que se referendam em lógicas de maior abrangência e em processos de partilha transterritorial. 110 Comportamento do Consumidor MÓDULO 3 Ainda são poucos os que se dedicam a estudar com seriedade, espírito crítico e caráter construtivo os meandros desta seara, fundamental para escolhermos o rumo que queremos dar à natureza do desenvolvimento de nosso país. Consumo é cultura, minha gente, e nada mais essencialmente político do que isto. Na base das desigualdades e na origem das possibilidades de resolvê-las lá está ele, o consumo. De cultura, de produtos, de atitudes, de visões de mundo. Nas chamadas sociedades midiáticas, estruturadas em torno das redes de comunicação massivas e segmentadas, determinadas lógicas de consumo dependem visceralmente da cultura da visualidade, do espetáculo e da ideologia do entretenimento. A sociedade do consumo é também uma sociedade do consumo da comunicação. Chego neste ponto a questões que particularmente pretendo destacar. Em um cenário que prima pela estetização da cultura, o melhor remédio, o fiel da balança possível a ser perseguido tem uma similaridade de escrita mas uma radical diversidade de princípios. Refiro-me aqui a um casamento fundamental para garantir que a sociedade do consumo não se transforme em uma sociedade da consumação. Esta união, por inusitada que soe, agrega a Estética e a Ética. Na base de um suposto como este encontramos discursos felizmente disseminados: responsabilidade social, consumo responsável, desenvolvimento sustentável são alguns deles. Poderíamos ser levados a pensar que discursos assim restringem-se a instâncias macro-sociais, a dinâmicas produtivas. Insisto, contudo, em uma ressalva. Deveríamos também ser éticos no modo como construímos nossa visibilidade social, bem como nas escolhas que fazemos e que dizem respeito a campos essencialmente culturais: os programas aos quais assistimos, as idéias que propagamos, as convicções que nos orientam, o destino que damos ao lixo que produzimos e às palavras que professamos. Teóricos da atualidade têm insistido em classificar nossa sociedade como aquela que, em muito comunicando, desaprendeu de comunicar. Outros, mais incisivos, dizem que a comunicação está definitivamente perdida em um universo marcado por uma infinidade avassaladora de conexões, uma miríade de interações tão múltiplas quanto fugazes. Exatamente aqui retorno ao consumo. E o faço recorrendo a uma distinção. De início, não sejamos ingênuos. Consumir, assim como comunicar, são fenômenos que não sanarão, por si, as bases sociais da exclusão. Uma política de inclusão ao universo do consumo, material e cultural, precisa enfrentar, em alçadas específicas, os impasses e conflitos próprios a este processo. Por último, e não menos relevante: consumir não significa necessariamente ser consumista. A pergunta que reitero, dirigindo-a a você, leitor, e igualmente tomando-a como base de reflexão, é uma só: o que fazemos com o que o consumo faz conosco? Se patologias associam-se a esta prática, o motivo deveria ser investigado. Deixar-se consumir pelo consumo, distancia-se, em muito, de ser sujeito de suas práticas e hábitos, de consumo, digase de passagem. Consumir por necessidade, por desejo e vontade. Ou, na outra ponta do iceberg, consumir por compulsão, por ansiedade. A escolha é, sim, de cada um de nós. Fonte MELO, Rose de. Eu consumo, você consome: e o que fazemos com isto? Mundo do Marketing, 02 out. 2007. Disponível em: <http://www.mundodomarketing.com.br/3,2270,eu-consumo-voce-consome-e-o-que-fazemoscom-isto-.htm>. Acesso em: 16 set. 2009. 111 MÓDULO 3 Comportamento do Consumidor MESMO COM PRODUTO MAIS CARO, P&G GANHA MERCADO A Procter & Gamble, multinacional americana dona de marcas como Ariel, Hipoglós e Gillette, divulgou no fim de abril queda de 3,6% nos lucros do primeiro trimestre do ano. Foram US$ 2,61 bilhões contra US$ 2,71 bilhões do início de 2008. A retração aconteceu, segundo a própria companhia, porque o consumidor preferiu produtos mais baratos. Isso porque, em vários países, a desvalorização das moedas frente ao dólar fez encarecer o portfólio da P&G. Seria de se esperar que isso também acontecesse no Brasil. Mas aqui, houve o contrário. A companhia não só conseguiu aumentar as vendas, como também ganhou mercado em todas as categorias em que atua, segundo Tarek Farahat, presidente da P&G Brasil. “Desde o início da crise, no ano passado, passamos a enfatizar em nossa comunicação com o consumidor o quanto nossos produtos compensam mais que os da concorrência”,diz o executivo. Para as pilhas Duracell, por exemplo, a empresa reforçou a ideia de que, mesmo com preço 25% superior, elas “duram oito vezes mais”. O mesmo aconteceu com outros produtos da empresa, como as fraldas Pampers Noturna.“Elas custam mais caro. São 10 centavos a mais por fralda em comparação com o concorrente. Mas, em compensação, duram a noite toda. Com elas, a mãe não precisa levantar no meio da noite para trocar a fralda do bebê”,diz Farahat.“No final, sai mais barato e é essa conta que quisemos mostrar para o consumidor.” Ao que parece, a estratégia deu certo: para Duracell, que tinha 34,3% das vendas antes da crise, a participação esticou para os atuais 35,9%. As vendas da linha de escovas de dentes Oral B (adquirida pela companhia em 2005, quando da compra da Gillette) saltaram de 27% em agosto do ano passado para 29% em abril, e a marca está na liderança do mercado. A divisão de cuidados com os dentes, aliás, será um dos focos da empresa neste ano.“Ao contrário do que se pensa, o Brasil é um dos países em que as pessoas são mais ligadas a esse assunto”, diz Charlie Pierce, presidente mundial de produtos orais da Procter & Gamble. Enquanto o americano escova os dentes 1,7 vez ao dia, o brasileiro, segundo dados fornecidos pela empresa, escova 2,8 vezes. Se levado em conta o tempo gasto com a escovação e outros cuidados bucais, o brasileiro também ganha. O americano demora menos de um minuto escovando os dentes. O brasileiro chega a três minutos. A recomendação oficial é de pelo menos dois minutos de escovação.“Isso mostra o quanto esse mercado é promissor por aqui”, afirma o executivo. Embora dados oficiais mostrem que no Brasil o consumidor leva mais de uma ano para trocar de escova (a média mundial é de uma troca a cada 28 dias), a empresa não acredita que isso possa limitar as vendas. “É uma oportunidade de crescimento. Em nenhum outro país do mundo a adesão ao uso de escova e pasta, seguido do fio dental e do enxaguante bucal é tão alta como no Brasil”, acrescenta Wayne Randall, presidente de cuidados bucais para América Latina da multinacional. 112 Comportamento do Consumidor MÓDULO 3 Por isso, segundo Randall, a empresa – que recentemente lançou a pasta Oral B (a linha tinha, até então, somente os enxaguantes, as escovas e os fios dentais) – vai incentivar a maior frequência da troca de escovas por meio de um trabalho com dentistas. Também vai reforçar seu mix de produtos no país com o lançamento de mais modelos de escovas elétricas. “No Brasil, as escovas elétricas têm menos de 1% das vendas. A média mundial é de 20%”, diz Pierce. Mundialmente, a empresa também pretende investir em higiene bucal por um simples motivo: o consumo desses produtos é um dos mais resistentes em épocas de recessão.“Mesmo na Europa ou nos EUA, onde a crise bateu mais forte, não houve queda nas vendas dessa linha”,afirma Pierce. “Por pior que esteja a situação, ninguém deixa de cuidar dos dentes”,diz. Segundo ele, as pessoas sabem que as consequências podem custar mais caro. Fonte EU CONSUMO, você consome: e o que fazemos com isto? Valor Econômico, 15 maio 2009. Disponível em: <http:// www.abrasnet.com.br/clipping.php?area=11&clipping=6724>. Acesso em 16 set. 2009. UNIDADE 4 – CENÁRIO CULTURAL 4.1 FILME Para refletir um pouco mais sobre questões relacionadas ao conteúdo deste módulo, assista a uma cena do filme 1,99 – Um supemercado que vende palavras no CD que acompanha a apostila. 4.2 OBRA LITERÁRIA Para refletir um pouco mais sobre questões relacionadas ao conteúdo deste módulo, leia o texto Verba testamentária no ambiente on-line. 4.3 OBRA DE ARTE Para refletir um pouco mais sobre questões relacionadas ao conteúdo deste módulo, aprecie o quadro Carro novo no ambiente on-line. 113 MÓDULO 3 Comportamento do Consumidor GABARITOS GABARITO – MÓDULO 3 – UNIDADE 1 Matriz de Exercício Aluno: Disciplina: Turma: Nesta questão, o aluno deve observar ao menos quatro estímulos utilizados pela empresa para atrair a atenção do consumidor à sua marca. Alguns dos principais estímulos que devem ser observados são apresentados na apostila – apresentados abaixo – ou em Black, Engel & Miniard (2005), páginas 464 a 473 (referência também indicada na apostila). A justificativa deve ser a mais próxima possível da teoria abordada no curso. 1. Premiação – indivíduos tendem a prestar atenção em palavras como grátis, ganhe, leve dois e pague um ou em campanhas promocionais. 2. Movimento – imagens em movimento são mais estimulantes aos olhos do que estáticas. Por este motivo é que letreiros em néon simulando movimento são usados em estabelecimentos comerciais há muitos e muitos anos. 3. Mudanças bruscas de cenário ou situações surpreendentes – Blackwell, Miniard e Engel relatam alguns exemplos de estímulos chocantes que certamente prendem a atenção, como um anúncio de sapatos femininos que mostra uma apresentadora da MTV americana sentada em um vaso sanitário. O índice de recall da propaganda foi imenso! 4. Uso de cores – o uso de cores contrastantes pode fazer com que o seu produto ou o seu anúncio se diferencie dos demais. 5. Grandes dimensões – em um jornal ou revista, por exemplo, quanto maior o anúncio, maior a probabilidade de ele ser visto e, melhor ainda, ser lembrado. 6. Diferenciação – uma das maneiras de tornar um objeto mais aparente dentro de um determinado contexto é colocá-lo em contraste com os outros elementos. Assim, uma embalagem de sabão em pó cujo formato seja diferente das demais tende a ser mais visível que os concorrentes. 7. Som – Quantas vezes você precisou diminuir o som da tv nos intervalos comerciais? É uma técnica comum veicular anúncios que tenham som mais alto do que o da programação como forma de chamar a atenção dos espectadores. 8. Localização – colocar seu outdoor em um local frequentado pelo seu segmento alvo é básico para garantir a atenção. No entanto, existem outros exemplos onde a localização é um fator importante. Nas casas noturnas de grandes cidades é comum encontrarmos cartazes nos banheiros, exatamente no lugar onde os olhos dos indivíduos deverão se posicionar no momento do uso. Os produtos anunciados podem ser camisinhas, refrescantes bucais etc. 9. Intensidade – campanhas cujas peças sejam veiculadas em vários meios, várias vezes por dia, tendem a ter maior recall do que outras. Claro que, a partir de uma determinada frequência, o espectador já viu ou ouviu tantas vezes aquela mensagem, que a mesma começa a ficar praticamente invisível. 10. Figuras ou pessoas atraentes – alguns comerciais ou produtos são mais percebidos do que outros pelo uso de celebridades. De uma forma geral, pessoas bonitas, mesmo que desconhecidas tendem a chamar a atenção. Não é à toa que anúncios de cerveja usem tantas mulheres bonitas e com pouca roupa em suas campanhas. 11. Humor – comerciais que fazem uso de humor ou retratam situações divertidas podem ser mais capazes de chamar a atenção e garantir a lembrança de sua mensagem. Quem não se lembra de vários dos comerciais protagonizados por Carlos Moreno para a BomBril? Ou do casal Unibanco Débora Bloch e Miguel Falabella? 114 Comportamento do Consumidor MÓDULO 3 GABARITO – MÓDULO 3 – UNIDADE 2 Matriz de Exercício Aluno: Disciplina: Turma: Quanto à imagem: o aluno deve entender que, se um esquema de um produto é a rede de associações presente em nossa mente e disparada pela menção do produto em questão, é possível dizer que a imagem é o pedaço do esquema de um produto que diz respeito a este produto exclusivamente, e não aos conceitos que são lembrados quando falamos do mesmo. A imagem é uma representação mental e, portanto, é a forma como descrevemos algo assim como aparece em nossas mentes. É importante o aluno observar que a imagem se forma de qualquer maneira, independente dos esforços da empresa, pois ela pertence à nossa capacidade de conhecer. Quanto às influências no comportamento do consumidor: a empresa só pode ter algum papel nesta construção da imagem se ensinar ao seu público consumidor sobre as suas ofertas. Por isso mesmo, um dos grandes desafios das empresas é posicionar corretamente o produto, de forma que seus consumidores criem uma imagem que seja compatível com a planejada. Isto é importante porque as pessoas tendem a ter atitudes com relação às marcas, de acordo com a imagem que têm delas. Ou seja, quando uma empresa observa o que o consumidor deseja ou necessita, ela pode, através de esforços de posicionamento, criar uma imagem favorável a seus objetivos, influenciando assim, o comportamento de compra do consumidor. Em relação a como as empresas fazem para “criar esta imagem” no mercado: O aluno precisa ter o entendimento – e transparecer em seu texto – de que a imagem de um produto ou serviço é o resultado de um trabalho de posicionamento correto e bem feito. 115 MÓDULO 3 Comportamento do Consumidor GABARITO – MÓDULO 3 – UNIDADE 3 116 Comportamento do Consumidor MÓDULO 4 MÓDULO 4 – PROCESSOS DE DECISÃO INDIVIDUAL E ORGANIZACIONAL APRESENTAÇÃO Como vimos anteriormente, o ambiente afeta, de formas diversas, a maneira como os consumidores formam opiniões e se comportam. No entanto, as atitudes – opiniões – e o comportamento de um indivíduo, em última instância, dependem, unicamente, do próprio indivíduo – de seu quadro de referências cognitivo e emocional. A Psicologia tem muito a contribuir com o estudo do comportamento do consumidor. Na verdade, mais da metade de toda a produção acadêmica em comportamento do consumidor está voltada para a psicologia do consumo. A todo momento, agimos em função de decisões que tomamos como consumidores – compramos produtos, contratamos serviços, usamos e descartamos coisas... Neste módulo, trataremos daquilo que justifica, gerencialmente, o estudo do comportamento do consumidor – os processos de tomada de decisão do consumidor. UNIDADE 1 – PROCESSOS DE DECISÃO 1.1 DECISÃO De maneira bastante simplista, podemos dizer que tomar uma decisão é escolher entre duas ou mais alternativas. Se analisarmos com cuidado, podemos perceber que qualquer ação, mesmo nas situações mais corriqueiras de nosso cotidiano, envolvem decisões. Por exemplo, ir de carro ou ônibus para o trabalho, almoçar salada em casa ou uma massa em um restaurante, usar pílula anticoncepcional ou preservativo, fazer dieta rigorosa ou lipoaspiração... Em qualquer um dos exemplos citados, há algum tipo de compra ou de consumo envolvidos. O estudo dos processos de decisão é importante para a disciplina Comportamento do Consumidor e para as empresas que desejam ter sucesso no mercado. 117 MÓDULO 4 Comportamento do Consumidor 1.2 PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO DE COMPRA A tomada de decisão de compra tem sido frequentemente descrita como um processo fundamentalmente cognitivo. O processo pode ser visto na figura a seguir... 1.2.1 MOTIVAÇÃO, COGNIÇÃO E APRENDIZAGEM O modelo genérico de decisão envolve cinco momentos que podem ser divididos em três etapas – a motivação, a cognição e a aprendizagem. Veremos essas três etapas de forma sistêmica. Durante o período da motivação, o consumidor está aberto às influências tanto internas quanto externas. Durante a cognição, o sujeito avalia as alternativas e, efetivamente, decide sua compra. A cognição está ligada à aquisição de conhecimento por meio da percepção. Na fase da aprendizagem, o indivíduo pode confirmar ou não o quadro informativo que tem sobre o produto. 1.2.2 EXEMPLO Podemos ilustrar o esquema de decisão de compra com o seguinte exemplo... João acaba de chegar em casa após um dia cansativo de trabalho.Tudo que ele deseja é tomar um banho quente, trocar de roupa e dormir. 118 Comportamento do Consumidor MÓDULO 4 Subitamente, João lembra que tomar banho em seu antigo chuveiro elétrico pode ser uma experiência desgastante – a pressão da água é mínima e o chuveiro demora a aquecer a água. Antes de dormir, João decidiu que a coisa mais importante, naquele momento, era resolver o problema o quanto antes e comprar um chuveiro mais potente. Na manhã seguinte, bem cedo, João começou a procurar informações sobre qual chuveiro comprar. Ligou para seu pai – um expert em solução de problemas domésticos –, procurou informações de preços e marcas em sites de busca na internet, foi a duas ou três lojas perto de seu trabalho e conversou com vendedores sobre as opções de modelos e formas de pagamento que o mercado oferece. Depois de relacionar todas as opções com os respectivos preços e as formas de pagamento, João consegue selecionar uma – a sétima alternativa – das oito alternativas que conseguiu reunir... 1.2.2.1 CONCLUSÃO Para João, o mais importante era que o chuveiro oferecesse pressão e rápido aquecimento da água. Para tanto, ele levou em consideração os seguintes critérios... § maior potência; § menor preço; § melhores condições de parcelamento. A alternativa escolhida era a que melhor observava as condições que João estipulou. 119 MÓDULO 4 Comportamento do Consumidor Naquela mesma noite, João pôde tomar um banho revigorante ao testar sua nova ducha elétrica de seis mil watts de potência, que pagou em cinco vezes sem juros no cartão de crédito. Apesar de ter desembolsado cerca de três vezes mais do que custaria um chuveiro elétrico normal, João estava muito feliz com o desempenho do produto e sabia que teria uma boa noite de sono pela frente. 1.2.3 PROCESSO DIFÍCIL Não há dúvida de que nem todos os consumidores tomam decisões de forma tão cuidadosa e diligente quanto João. Frequentemente, precisamos tomar decisões com poucas informações à disposição ou com informações incompletas, incorretas ou pouco confiáveis. Mesmo que tenhamos todas as informações de que necessitamos, às vezes, nos sentimos desconfortáveis com a compra, com um certo gosto de aquele outro chuveiro poderia ter um jato mais poderoso. Definitivamente, o processo de tomada de decisão é complexo.Para o analista de marketing, esse processo é confuso e de difícil compreensão. 1.3 RECONHECIMENTO DA NECESSIDADE Normalmente, uma compra – qualquer que seja – é detonada por uma necessidade a ser satisfeita. O primeiro estágio para uma tomada de decisão é o reconhecimento de um problema ou de uma situação que o sujeito deseja resolver. As necessidades provocam uma situação de desconforto, de desequilíbrio, que queremos resolver o mais rápido possível. Dessa forma, um indivíduo compra um sanduíche porque tem fome, um alarme para sua casa porque quer se sentir seguro, um ingresso para uma peça de teatro porque quer se divertir. Uma calça jeans de uma marca da moda, por exemplo, pode custar mais de mil e quinhentos reais. No entanto, ela tem sua demanda. Quem a compra procura atender e a que necessidades? Trata-se, certamente, de uma necessidade de afiliação, de ser aceito em um grupo social, de necessidade de status, de ser reconhecido como elegante e descolado. 120 Comportamento do Consumidor MÓDULO 4 Mesmo os produtos que parecem ser mais supérfluos para algumas pessoas acabam por satisfazer necessidades. 1.3.1 ESTÍMULO INTERNO E ESTÍMULO EXTERNO Uma necessidade pode ser detonada por um estímulo interno ou externo. A sede, por exemplo, pode ser provocada... ...pela falta de água no organismo e pela sensação de desidratação – estímulos internos... ...pela imagem de uma propaganda em que se vê uma pessoa tomando um refrigerante em uma praia ensolarada. Neste caso, a vontade de beber foi claramente estimulada por um fator externo – a propaganda. 1.3.2 ESTADO REAL E SITUAÇÃO IDEAL O reconhecimento da necessidade nasce da distância que se estabelece entre o real e o ideal. Blackwell, Miniard e Engel afirmam que o reconhecimento de uma necessidade depende da comparação que o indivíduo faz entre o estado real e a situação ideal. Dessa forma, uma pessoa que sente sede quer interromper essa sensação, atingindo, dessa forma, o estado desejado de conforto. Contudo, a necessidade de saciar a sede só poderá ser reconhecida quando atingir um nível mínimo de discrepância entre o real – ou seja, o quanto de água essa pessoa tem no corpo – e o ideal, o quanto gostaria de ter em um dado momento. 1.3.3 NECESSIDADE FUTURA Devemos observar que, em alguns casos, uma necessidade pode ser reconhecida antes de se fazer presente na vida do sujeito. Uma dona de casa, por exemplo, pode comprar novos pacotes de fralda para seu bebê antes mesmo de acabar o estoque, por antecipar o reconhecimento de uma necessidade futura. 121 MÓDULO 4 Comportamento do Consumidor 1.3.4 NECESSIDADE E OPORTUNIDADE DE NEGÓCIO Se o marketing pretende compreender e satisfazer as necessidades dos consumidores, as empresas têm muito a ganhar com o estudo das necessidades desses consumidores e dos estímulos que podem desencadeá-las. Afinal de contas, cada necessidade não satisfeita pode representar uma oportunidade de negócio, mesmo que futura. Por esse motivo... ...empresas de tecnologia investem milhões em aparelhos eletrônicos cada vez menores e com mais funções, cosméticos e medicamentos antienvelhecimento, combustíveis alternativos ou no desenvolvimento de novas categorias de produtos e serviços. O estudo das necessidades pode gerar bons negócios para as empresas. 1.4 MOTIVAÇÃO Depois de reconhecer que há uma necessidade a ser satisfeita, o consumidor procura informações para conhecer as opções reais que poderiam resolver seu problema. Dessa maneira, o consumidor procura conhecer produtos, marcas, fornecedores, modelos, preços, formas de pagamento... No primeiro e segundo momentos do processo de tomada de decisão, ocorre o que chamamos de motivação. 122 Comportamento do Consumidor MÓDULO 4 A motivação é o momento em que o consumidor fica aberto às influências internas e externas para reconhecer e resolver um problema. 1.4.1 BUSCA DE INFORMAÇÕES Na história em que utilizamos o personagem João, ele percebe que precisa de um novo chuveiro que garanta um banho com pressão e temperatura agradável. A necessidade de João é que motiva suas ações – a busca por uma solução satisfatória, condizente com as condições que ele estipulou. O que ele faz a seguir? Busca informações para resolver a situação, ou seja, fala com pessoas em cujo julgamento confia – seu pai –, com pessoas que podem informá-lo sobre novos lançamentos e condições dos produtos – vendedores de lojas de material elétrico – e procura informações em canais especializados – sites da internet – para conhecer as alternativas existentes no mercado. Vejamos que nem sempre temos tempo ou condições de realizar uma busca tão aprofundada. Muitas vezes, em função do valor que atribuímos ao produto/serviço em questão, nós nem buscamos informações. Em outras vezes, temos tanta confiança em uma determinada marca ou fornecedor que não sentimos necessidade de procurar diferentes alternativas, mesmo que ela seja reconhecidamente de maior preço. Por exemplo, muitas pessoas não se sentem confortáveis ao comprar o medicamento genérico, como o Ácido Acetilsalicílico, por exemplo, preferindo pagar mais caro pela marca atribuída ao princípio ativo, Aspirina. Esse fato pode ser compreendido levandose em conta que o indivíduo tem uma forte relação de confiança com o produtor, a Bayer. 1.4.2 BUSCA INTERNA E EXTERNA Solomon define a busca de informação como o processo pelo qual o consumidor investiga seu ambiente à procura de dados adequados para tomar uma decisão razoável. Dessa forma, o sujeito pode procurar informações, interna ou externamente, para encontrar aquilo de que precisa para satisfazer sua necessidade. Busca interna, como o próprio nome diz, é o processo de procura de informações armazenadas na memória do sujeito que podem ser consideradas relevantes para a tomada de decisão, isto é... ...o indivíduo se lembra de compras passadas, experiências anteriores com o produto ou com a marca, o que ele já leu e ouviu a respeito... Na busca externa, o consumidor recorre ao mercado para obter fontes de informação que o apoiem sua decisão. 123 MÓDULO 4 Comportamento do Consumidor 1.5 BUSCA INTERNA A busca interna é relembrar alguma solução antiga para um problema passado que se repete. Contudo, o processo só será bem sucedido se o indivíduo possuir conhecimento pré-existente e habilidade para capturar o conhecimento previamente armazenado na memória. Nesse caso, o esforço de marketing deve ser dirigido para tornar positiva a experiência com o produto ou serviço, bem como sua percepção do uso em relação à expectativa anterior. Além disso, as empresas devem lembrar ao consumidor as boas experiências, a tradição e o relacionamento que têm com ele. Todos esses esforços objetivam gravar a marca na memória do indivíduo – uma marca reconhecida pelo consumidor pode significar uma vantagem consistente. 1.5.1 SATISFAÇÃO E DECISÃO Consumidores satisfeitos com compras anteriores, com determinadas marcas ou determinados fornecedores, tendem a repetir a decisão. Por esse motivo... ...um indivíduo satisfeito com o serviço prestado por seu banco certamente irá procurálo para decidir em que aplicar seu décimo-terceiro salário, sem mesmo procurar outras instituições financeiras. No entanto, vimos que, para decidir a primeira aquisição de um produto ou serviço, especialmente aqueles de maior valor, os indivíduos tendem a investir mais energia na coleta de informações. 1.6 BUSCA EXTERNA Normalmente, quando identificamos uma necessidade não satisfeita, fazemos, primeiramente, uma busca interna para tentar solucionar o problema. Contudo, não temos, muitas vezes, informações anteriores sobre a categoria do produto, a performance ou os locais de venda. Por essa razão, somos obrigados a procurar informações externamente. Isso significa que novas tecnologias e categorias de produtos têm de se apoiar, fortemente, para ensinar e educar o consumidor a respeito do produto. 124 Comportamento do Consumidor MÓDULO 4 Puxe pela memória e pense nas propagandas de novos produtos. Em geral, elas mostram situações de uso, como manejar o produto... As primeiras propagandas do walkman, por exemplo, mostravam pessoas praticando jogging ou patinando e usando o produto para evidenciar sua utilidade e ressaltar seu caráter de mobilidade. 1.6.1 SUPORTE AO CONSUMIDOR Em categorias de alto preço, é interessante oferecer serviços de suporte, de atendimento, sites com material explicativo, folhetos nos pontos de venda... Tudo isso pode minimizar a sensação de desconforto que o consumidor pode ter ao comprar pela primeira vez um produto. No caso de João, ele procurou por meio de vários canais as marcas que estavam disponíveis para a escolha e decidiu que os critérios que serviriam para comparação entre as marcas seriam... ...potência... ...preço... ...parcelamento. Mesmo em produtos baratos, há esforços desse tipo. Por exemplo, degustação de uma nova marca de queijo cremoso no supermercado. 1.6.2 COMUNICAÇÕES DE MARKETING Note bem a importância das comunicações de marketing no processo de tomada de decisão... As comunicações fornecem boa parte das informações para a busca externa. Um composto promocional bem elaborado é capaz de manter o consumidor não apenas informado sobre a categoria de produto mas também consciente das vantagens de uma determinada marca em detrimento de outra. 1.7 SÍNTESE Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade. 125 MÓDULO 4 Comportamento do Consumidor 1.8 EXERCÍCIO O ambiente afeta de formas diversas a maneira como os consumidores formam opiniões e se comportam. No entanto, as atitudes opiniões e os comportamentos de um indivíduo, em última instância, dependem unicamente do próprio indivíduo, de seu quadro cognitivo e emocional de referências. INFORMAÇÕES SOBRE ESTE EXERCÍCIO Aqui nossa tarefa é refletir sobre o modelo genérico de decisão, que envolve cinco momentos divididos em três etapas – motivação, cognição e aprendizagem. Durante o período da motivação, o consumidor está aberto às influências internas e externas. Para fazer este exercício... § leia o texto Quem comanda as decisões de consumo?, disponível no final deste exercício; § leia o texto A hora de uma decisão cara e inescapável, disponível no ambiente on-line. Utilizando como exemplo o assunto abordado no texto 2 – a aquisição de um computador –, explique, baseando-se na teoria aprendida, como cada um desses 5 momentos se desenvolve. Neste módulo como um todo, é possível observar que o processo de decisão de compra se mostra em uma lista bastante extensa de caminhos a seguir. Imagine uma situação de compra ligeiramente complexa. Escolha dois caminhos presentes na lista do módulo 4 e desenvolva, em um texto objetivo, as alternativas que se apresentam para o consumidor, exemplificando cada uma delas. Registro do trabalho Registre os dados desta tarefa na Matriz de exercício. Para tal... § acesse o arquivo com a Matriz de exercício, disponível no ambiente on-line; § abra o arquivo; § salve esse arquivo em seu computador; § preencha a matriz com os dados de seu trabalho; § salve seu trabalho. TEXTOS UTILIZADOS QUEM COMANDA AS DECISÕES DE CONSUMO? Alguns mecanismos de tomada de decisão em ambientes de comportamento motivado estão já catalogados pelas neurociências, sendo muitas empresas que se debruçam sobre o mais complexo paradigma do comportamento humano; o consumo. Esta investigação é suportada, desde há 126 Comportamento do Consumidor MÓDULO 4 vários anos, por modernas tecnologias psicológicas e por máquinas de uso convencional na medicina, como a tomografia ou a ressonância magnética. Ligar indivíduos a máquinas de scanner cerebral, ao mesmo tempo que observam marcas, videoclips publicitários, discursos políticos, traillers cinematográficos, etc., é um procedimento que permite aos pesquisadores observar a excitação que ocorre ao nível dos circuitos cerebrais. Um dos objetivos destas experiências passa pela tentativa de descodificar os mecanismos de fidelização de grupos de consumidores alvo. Grande parte das motivações que levam à compra partem do inconsciente humano, assim, num futuro próximo, os métodos tradicionais de estudo do comportamento do consumidor serão substituídos pelo scanner da mente, permitindo, do ponto de vista da aplicação neuroeconómica, investigar questões como a satisfação, a ganância, o altruísmo, a raiva ou o medo. No futuro, muitas das maiores organizações terão um departamento de neurociências, cuja importância será determinante na investigação mercadológica, tornando-se uma importante ferramenta de suporte do processo de decisão estratégica, destacando-se como uma potente técnica de inquérito. Compreender parte das emoções vividas durante as experiências de consumo, só foi possível colocando a neurociência ao serviço de organizações multinacionais, surgindo deste encontro o neuromarketing, que nada mais é do que o estudo neurológico do estado mental dos indivíduos, quando expostos a mensagens relacionadas com experiências de consumo. Desde o ano de 2001 que o scanner da mente tem vindo a ser utilizado um pouco por todo o mundo. O processo, na prática, é muito simples de entender, pretendendo-se que os investigadores possam identificar as partes do cérebro que são estimuladas durante as experiências de consumo, descodificando padrões de comportamento inconscientes. Observar os campos elétricos do cérebro torna-se mais credível que o processamento estatístico, realizado em torno de questionários tipo ou de entrevistas de grupo. A razão que fundamenta esta moderna e potente ferramenta de análise relaciona-se com a idéia que a linguagem se desenvolve a partir de si mesma, ou seja, o que eu falo funciona, tantas vezes, ao revés do que penso. As dúvidas que se levantam para os analistas de marketing prendem-se com a possibilidade de as respostas aos questionários não serem sinceras, ou mesmo, com a hipótese de em sessões de grupo existir a probabilidade de um, ou mais, de entre os entrevistados, tentarem influenciar a restante amostra. Vários estudos da área das neurociências confirmam o que há muito se desconfiava relativamente à relação que estabelecemos com o consumo. Este é, segundo Montagne, do Baylor College of Medicine (EUA), tudo menos racional. As experiências de Montagne tornaram-se clássicos do neuromarketing, apontando as decisões de consumo como ligadas ao comportamento meramente emotivo. Ao realizar os já clássicos testes cegos com os populares refrigerantes Coca-Cola e Pepsi, foi possível evidenciar as zonas do cérebro que são responsáveis pela influência inconsciente durante experiências de consumo. Quando os voluntários sabiam que estavam bebendo CocaCola, independentemente da sua preferência pela marca, acendiam-se as zonas do cérebro onde se movimentam as emoções e o afeto. Se este mesmo grupo de indivíduos bebia Coca-Cola por copos não identificados, as zonas do cérebro, anteriormente identificadas, não se iluminavam. 127 MÓDULO 4 Comportamento do Consumidor Concluiu-se que neste caso a preferência da amostra estava relacionada com a identificação da marca e não com o sabor. A relação psicológica, emocional, cultural, etc., que temos com os produtos, suplanta os valores que nos são transmitidos através do gosto ou do aroma. Não é o paladar que conta, mas a marca, ou a construção inconsciente que dela temos. Um outro exemplo clássico são as experiências realizadas nos EUA a propósito do 11 de Setembro. Analisaram-se os impulsos elétricos cerebrais de republicanos e democratas quando confrontados com imagens de terror relacionadas com os atentados deste fatídico acontecimento. A área do cérebro associada ao medo acendia-se mais vivamente nos democratas convictos que nos republicanos. O neuromarketing permite, igualmente, analisar decisões de investimento. Clássicos são, igualmente, os estudos que mediram a atividade cerebral de homens e mulheres enquanto jogavam o Investiment Game. Curioso é observar que a atividade cerebral dos homens é substancialmente reduzida a partir do momento em que tomam a decisão, ao contrário das mulheres, que demonstram uma atividade cerebral contínua em três áreas distintas: uma, que concentra a recompensa, outra que tem a ver com o planejamento e a organização, e uma última área onde se calcula e monitoriza as desordens obsessivas-compulsivas. O reconhecimento de tais diferenças em pouco ajudam ao entendimento a propósito do impulso primordial que comanda homens e mulheres em momentos de consumo. As limitações do neurobusiness são evidentes, já que este não consegue prever as mudanças de comportamento, assim como não lhe é possível mudar as convicções dos consumidores. Dado que se trata de uma técnica descritiva, não destrutiva, pensada para analisar o comportamento do cérebro, não pode induzir comportamentos nos consumidores. O neuromarketing mapeia o processo mental em torno dos benefícios que poderão levar o cliente a comprar uma determinada marca; todavia, não o pode obrigar a consumir. O neurobusiness é freqüentemente confundido com outras aplicações tecnológicas ao nível cerebral. Referimo-nos, em especial, à e-terapy. Trata-se de técnicas psicológicas, associadas a software especializado, cujo principal objetivo passa por reprogramar o cérebro humano de forma a fazê-lo esquecer traumas, medos, dores crônicas, iludindo alguns dos estados de espírito mais indesejáveis. Alguns críticos estimam que, no futuro, estas tecnologias poderão ser usadas para estimular a atividade em zonas do córtex associadas a emoções ou, ainda, para aumentar ou diminuir a tensão ao nível do impulso racional, envolvendo o consumidor em estados emocionais propícios a determinados hábitos de consumo. Uma outra possibilidade de influência tecnicamente assistida do comportamento humano, salientada pelos críticos do neurobusiness, prende-se com os chips que são já aplicados de forma promissora em cérebros de doentes com Parkinson, ou com traumas ao nível obsessivo-compulsivo. Seria eticamente reprovável que estas tecnologias fossem utilizadas com outros propósitos que não os médicos. Há muitos anos que algumas empresas de comunicação começaram a desenvolver esforços no sentido de atingir a mente dos consumidores através de programação dedicada ao subconsciente. Talvez este motivo seja suficiente para refletirmos a propósito das intenções que estão por detrás de algumas mensagens publicitárias. 128 Comportamento do Consumidor MÓDULO 4 Atualmente, existe uma corrente de opinião que dá conta de um novo horizonte da decisão humana, levantando-se a possibilidade dos segredos das decisões de consumo poderem estar associados ao sistema primário da motivação inconsciente. Assim, longe da expressão do exclusivo interesse racional do ser humano, ou do campo emocional, torna-se prioritário o estudo da emancipação das regiões mais primitivas do cérebro. Os mecanismos humanos de decisão poderão genericamente estar relacionados com três áreas distintas do cérebro com funções diferenciadas. Resumidamente poderemos referir a existência de um cérebro novo, de um cérebro do meio e de um velho cérebro. O cérebro novo será responsável pelas áreas da investigação, da lógica e da dedução. Logicamente, qualquer um será capaz de deduzir que não é prudente viajar de automóvel ao dobro da velocidade aconselhada por lei (exercício projetado no novo cérebro); contudo, há muita gente a fazê-lo sob pena de colocar várias vidas em perigo. O mesmo poderemos dizer quanto às decisões de consumo. Quantas são tomadas de forma inexplicável? Estes exemplos remetem-nos para a necessária existência de outros campos cerebrais para além do racional. Assim, para além do novo cérebro, reconhece-se o cérebro do meio, onde vamos encontrar as emoções e os sentimentos. Aqui são ainda partilhadas as suas descobertas com os outros dois cérebros. Existe, igualmente, o velho cérebro, o mais profundo, o responsável por nos mantermos vivos. Aqui poderemos encontrar o que Jung relacionou com a herança histórica de todas as civilizações. O cérebro reptilário, o dos nossos antepassados, poderá ser grandemente responsável pelas decisões de consumo. Assim, chegar ao cérebro primitivo permitir-nos-á compreender os próprios mecanismos de sobrevivência humana e conseqüentemente avançar no conhecimento sobre a evolução da humanidade. Será que é ao nível do velho cérebro que vamos encontrar a mais antiga mistificação dos publicitários, aquilo a que estes chamam de buy botton? Talvez o ser humano não tenha nascido para consumir; no entanto, será interessante estudar a possibilidade de existir no Homem um impulso natural de poder, que o empurre, em direção ao consumo, isto como forma manifesta de disputa do poder pela compra. Fonte CASTRO, Paulo Vieira de. Quem comanda as decisões de consumo? Mundo do Marketing, 05 jul. 2007. Disponível em: <http://www.mundodomarketing.com.br/5,1472,quem-comanda-as-decisoes-de-consumo-.htm>. Acesso em: 16 set. 2009. 129 MÓDULO 4 Comportamento do Consumidor UNIDADE 2 – FONTES DE INFORMAÇÃO DO CONSUMIDOR 2.1 QUATRO GRANDES FONTES DE INFORMAÇÃO Kotler lista as quatro grandes fontes de informação do consumidor – pessoais, comerciais, públicas e experimentais. Dependendo do comprador e do tipo de produto a ser comprado, o indivíduo pode valorizar mais uma fonte de informação e se deixar influenciar por ela. Fontes pessoais... Família, amigos, colegas de trabalho, vizinhos e conhecidos. Fontes comerciais... Propaganda do produto ou serviço, indicações advindas de vendedores ou representantes comerciais, informações constantes nas embalagens, mostruários e folhetos. Fontes públicas... Meios de comunicação de massa, entidades reguladoras de venda e consumo, organizações, associações de apoio e proteção ao consumidor. Fontes experimentais... Informações advindas do próprio contato e manuseio do produto. 2.2 EXEMPLOS Na história de João, ele utilizou, principalmente, informações pessoais e comerciais. Contudo, há casos em que os indivíduos podem confiar em outras fontes que consideram mais adequadas. Por exemplo, é grande, atualmente, o número de reclamações e processos contra as empresas de planos de saúde nos órgãos de defesa do consumidor. Dessa forma, alguém que procura um bom plano de saúde para a família pode achar mais coerente entrar em contato com a Agência Nacional de Saúde para verificar se uma determinada modalidade de plano ou empresa está em conformidade com as regras do órgão regulador. No caso de produtos alimentícios, como biscoitos, a melhor fonte de informação pode ser o contato direto com o alimento, a experimentação do produto no ponto de venda. Algumas pessoas confiam bastante nas informações dadas por vendedores ou representantes, outras preferem acreditar na opinião de parentes ou amigos que já fizeram uso do produto em questão. 130 Comportamento do Consumidor MÓDULO 4 2.2.1 EMPRESA COMO FONTE DE INFORMAÇÃO A própria empresa, por meio de seus produtos, pode funcionar como fonte de informação. O consumidor, por exemplo, pode confiar em marcas que conhece por meio da experiência direta em outra categoria de produto. A Acqua Reale, por exemplo, estendeu a marca de forma competente. Voltando ao caso do chuveiro... Se João teve experiências positivas com filtros de água da marca Acqua Reale, ele pode generalizar essa experiência e avaliar, positivamente, o chuveiro da mesma marca a ponto de querer comprá-la. 2.2.2 FONTES COMERCIAIS Para as empresas, é de grande relevância saber quais são as fontes de informação importantes para seus consumidores. É claro que, dependendo das características do consumidor e do produto em questão, determinadas fontes poderão ganhar ou perder importância. As fontes controladas pelos profissionais de marketing, as comerciais, são, provavelmente, as mais presentes em nossas vidas. A todo momento, estamos expostos a outdoors, pop-ups em sites, anúncios de jornais, revistas, rádio e TV... 2.2.3 FONTES PESSOAIS Apesar da grande quantidade de informações que recebemos das fontes comerciais, tendemos a dar maior importância às fontes pessoais – como se uma pessoa garantisse a compra. Por esse motivo, mesmo em mercados em que as vendas virtuais são muito desenvolvidas, grandes redes optam por manter lojas físicas, com vendedores e show room de produtos. Não se trata apenas de tangibilizar a venda, mostrar o produto, mas também de atender àqueles consumidores que valorizam fontes de informação pessoais. Alguns bancos observam esse mesmo princípio, colocando funcionários ou estagiários junto aos caixas eletrônicos. 131 MÓDULO 4 Comportamento do Consumidor 2.3 INFLUÊNCIAS DAS FONTES DE INFORMAÇÃO Para Phillip Kotler, cada fonte de informação influencia a decisão de compra do consumidor de uma forma. Em geral, as fontes comerciais são eminentemente informativas, ao passo que as fontes pessoais são valorizadas como legitimadoras ou avaliadoras. Dessa forma, uma jovem mãe pode ficar sabendo de uma nova marca de leite em pó enriquecido com vitaminas pela TV. Contudo, é possível que a mãe peça mais informações ao pediatra da criança sobre os efeitos do produto. 2.3.1 PROCESSO DE DECISÃO A busca externa permite que o consumidor conheça as marcas disponíveis no mercado, assim como seus atributos e benefícios. À medida que o indivíduo adquire mais informações sobre cada um dos concorrentes, ele os agrupa em diferentes subconjuntos que vão determinar a decisão, conforme podemos ver no quadro a seguir... decisão conjunto de escolha conjunto para consideração conjunto de conscientização conjunto total 132 Comportamento do Consumidor MÓDULO 4 Conjunto total... Totalidade das marcas de uma determinada categoria de produto disponíveis no mercado. Conjunto de conscientização... Grupo de marcas de que o consumidor já ouviu falar. Conjunto de consideração... Marcas do conjunto de conscientização, pinçadas pelo indivíduo, que atendem às especificações iniciais que orientam sua decisão. Conjunto de escolha... Apenas as marcas que podem, efetivamente, ser eleitas na decisão final. Essas marcas são obtidas após o consumidor adquirir mais informações e descartar mais algumas alternativas, diminuindo o número de concorrentes. 2.3.2 EXEMPLO Retomemos o exemplo em que citamos o personagem João. Se, além do chuveiro, ele desejasse comprar uma passagem aérea para Paris, poderíamos completar o quadro da seguinte forma... Conjunto de escolhas... Companhias aéreas que João admite para escolha – TAM e Air France. 133 MÓDULO 4 Comportamento do Consumidor Conjunto para consideração... Todas as companhias aéreas que João considera que podem atender sua necessidade – Varig, TAM, Air France, Delta. Conjunto de conscientização... Todas as companhias aéreas que João conhece – Varig, TAM, VASP, BRA, Gol, Air France, Delta, United Airlines, Ibéria, British Airways. Conjunto total... Todas as companhias aéreas que atuam no mercado – Varig, TAM, VASP, BRA, Gol, Air France, Delta, United Airlines, Ibéria, TAP, British Airways, Alitalia, Aerolineas Argentinas, LanChile, LAP, LAB, TAG... Os critérios estabelecidos pelo consumidor podem mudar, radicalmente, os conjuntos descritos. Por exemplo, se o critério mais importante para João fosse o programa de milhagem da empresa, ele poderia chegar a um conjunto de escolha diferente. O mesmo ocorreria se ele desejasse a passagem mais barata do mercado, que, provavelmente, seria de uma companhia que não faz vôos diretos para Paris. 2.3.3 CONSUMIDOR E INFORMAÇÃO As empresas devem também saber a quais fontes de informações os consumidores têm acesso e qual o grau de influência relativa de cada uma delas. Os profissionais de marketing devem estar atentos... ...às formas como os consumidores buscam a informação... ...aos critérios que eles valorizam... ...ao modo como vão conseguir incluir suas marcas em seus conjuntos de conscientização, de consideração e, principalmente, de escolha. 2.3.4 INFORMAÇÃO COMO ESTRATÉGIA Por que as empresas devem ter as informações sobre as fontes do consumidor? A resposta é estratégia. Ao identificar no mercado-alvo não só o conjunto em que sua marca se encontra, mas onde estão as concorrentes, a empresa pode construir estratégias competitivas mais eficientes. 134 Comportamento do Consumidor MÓDULO 4 Da mesma forma, a efetividade da comunicação da empresa depende, fortemente, do conhecimento da relação de seu público-alvo com as fontes de informação. É por esse motivo que as empresas perguntam em pesquisas de mercado, em folhetos de sugestões ou em formulários de compra... ...como você soube de nossa empresa ou produto... ...ou em que veículo você viu nossa propaganda? 2.3.5 EXEMPLO Para compreendermos a relevância do conhecimento da relação do público-alvo com as fontes de informação, dizemos que... É importante para a TAP e Alitalia saberem por que não são sequer conhecidas por um cliente em potencial. Se a Gol souber qual o motivo de não atingir os critérios mínimos impostos pelo personagem João para pertencer ao conjunto para consideração, ela pode criar estratégias para se tornar mais atraente aos olhos do prospect. No caso da Varig e da Delta, os motivos para não estarem presentes no conjunto de escolha podem ser diferentes, mas igualmente importantes. Digamos que João tenha colocado a TAM e a Air France como concorrentes finais porque acredita que tenham aeronaves mais novas ou um staff de bordo mais simpático. Nesse caso, o que pode ser feito a respeito? Muita coisa – desde mudar a propaganda para comunicar que possui esses atributos, como melhorar a performance nesses quesitos ou identificar o que de diferente é valorizado pelo mercado e investir na diferenciação. No caso das empresas presentes no conjunto de escolha, é importante saber por que foram eleitas e o que pode fazê-las perder o cliente para a concorrente. 2.4 AVALIAÇÃO COGNITIVA Após os dois primeiros momentos, seguem dois outros que abrigaremos no momento de cognição, em que o consumidor pensará sobre as alternativas que tem e tomará uma decisão com base nessa avaliação intensamente cognitiva. Observamos, na história de João, que ele relaciona as informações recolhidas e estabelece critérios para fazer a opção. Uma dona de casa pode eleger como mais importante, na compra de um sabão em pó, a capacidade de brancura, o perfume, a quantidade de espuma produzida e o preço. Já um adolescente que vai comprar uma calça jeans pode valorizar a marca, a modelagem ou a cor da moda. 135 MÓDULO 4 Comportamento do Consumidor Um proprietário de automóvel pode, por sua vez, escolher a oficina mecânica autorizada pela proximidade da casa ou do trabalho, pelo tipo de indicação de amigos ou parentes ou pela confiança na marca da oficina. 2.4.1 FATORES DE DECISÃO Nem sempre avaliamos alternativas somente com base em nossos critérios ou gostos. Na verdade, frequentemente, levamos em consideração o que os outros pensam a nosso respeito ou pensarão se utilizarmos uma determinada marca ou produto. Tudo isso pode influenciar nossa decisão. Na compra do chuveiro elétrico, João tomou, primeiramente, como critério, a potência. Em seguida, atentou para o preço de cada um deles e as condições de pagamento. Desse modo, ele optou pela alternativa que oferecia – ao mesmo tempo – potência, melhor preço e condição de pagamento. Podemos perceber que essa é uma decisão altamente cognitiva. João optou pela alternativa que melhor se adequava a seus parâmetros. Devemos, no entanto, fazer uma pergunta... Será que sempre tomamos decisões com base em parâmetros altamente conscientes e racionais? 2.5 SÍNTESE Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade. 2.6 EXERCÍCIO Nesta unidade, vimos que o consumidor procura – e é influenciado por – quatro grandes fontes de informação pessoal, comercial, pública e experimental. Dependendo do tipo de produto e do perfil do consumidor, algumas fontes serão mais importantes que outras. Por isso, é fundamental que as empresas não apenas conheçam seu consumidor, mas desenvolvam maneiras de influenciá-lo – diretamente ou indiretamente –, por meio de fontes que ele considera confiáveis. INFORMAÇÕES SOBRE O EXERCÍCIO Aqui nossa tarefa é identificar as fontes que podem ser utilizadas pelos consumidores, na compra de um produto, e sugerir maneiras de as empresas influenciarem positivamente o consumidor. 136 MÓDULO 4 Comportamento do Consumidor Para fazer este exercício, use como exemplo a compra de um carro zero Km e de um pote de preparado para para mingau infantil. Registro do trabalho Registre os dados desta tarefa na Matriz de exercício. Para tal... § acesse o arquivo com a Matriz de exercício, disponível no ambiente on-line; § abra o arquivo; § salve esse arquivo em seu computador; § preencha a matriz com os dados de seu trabalho; § salve seu trabalho. UNIDADE 3 – DECISÃO DE COMPRA 3.1 CATEGORIAS DE DECISÃO Depois de tantas etapas, parece que a decisão é simples. Na verdade, Blackwell, Miniard e Engel lembram que é nessa fase que os indivíduos respondem às perguntas mais determinantes do processo – comprar ou não? O quê, quando, como e onde? Na verdade, a própria decisão de não comprar também faz parte do processo. A lista de caminhos a seguir pode ser bastante extensa. Vejamos as decisões de compra ou consumo que um indivíduo pode tomar nesse estágio... categoria de decisão decisão básica de compra ou consumo decisões de compra ou consumo de marcas ou modelos decisões referentes aos canais de distribuição disponíveis alternativa A alternativa B comprar ou consumir um determinado produto ou serviço não comprar ou consumir um determinado produto ou serviço escolher uma marca específica escolher qualquer outra marca levar o modelo básico levar o modelo de luxo ou completo testar uma marca nova comprar a mesma quantidade de sempre ou com a mesma frequência permanecer com a marca usual comprar a mais ou a menos que a quantidade padrão em um prazo maior ou menor do que o comum comprar ou consumir a marca que está em promoção comprar ou consumir a marca que está sendo vendida com preço cheio optar por uma marca nacional optar por uma marca de companhia estrangeira comprar em uma loja física comprar em uma loja virtual comprar no mesmo lugar de sempre, por exemplo, um supermercado comprar perto de casa comprar em local diferente, por exemplo, uma delicatessen comprar perto do trabalho decisões pagar à vista pagar a prazo referentes ao pagar em dinheiro pagar com cheque ou cartão de crédito pagamento Adaptado de SCHIFFMAN, Leon G. & KANUK, Leslie L. Comportamento do consumidor. São Paulo: Prentice Hall, 1997, p. 395. 137 MÓDULO 4 Comportamento do Consumidor 3.2 TIPOS DE COMPRA Na etapa que estamos analisando, os indivíduos podem interromper a compra por uma infinidade de motivos – falta de tempo para pesquisar sobre o produto ou a marca, desconfiança com relação ao varejista, motivos financeiros... Na verdade, mesmo que o sujeito responda sim à primeira pergunta, o final da história pode ser radicalmente diferente. Vejamos alguns exemplos... Marcela foi ao shopping para comprar uma sandália preta de salto alto na loja X e saiu carregando exatamente isso. Marcela realizou uma compra totalmente planejada – escolheu, antecipadamente, o produto, a marca e o varejista. Tiago pretende ir a uma das muitas lojas de vinhos perto de seu local de trabalho para escolher uma garrafa de champagne e comemorar seu primeiro aniversário de casamento. Esta é uma compra parcialmente planejada – ele sabe que produto comprar, mas vai escolher o varejista de acordo com a conveniência do momento e eleger a marca no momento de comprar. Carmem está voltando do almoço e pára na vitrine de uma papelaria em que se vê uma linda caneta vermelha da famosa marca Y. Ela lembra, imediatamente, que o aniversário de seu marido é dali a dois dias e compra o objeto para dar de presente para ele. Trata-se de um exemplo de uma compra inteiramente não planejada. Carmem não tinha a menor intenção antecipada com relação ao produto nem à marca nem ao varejista. 3.3 IMPORTÂNCIA GERENCIAL DE INFORMAÇÕES A importância gerencial das informações relativas à decisão de compra do consumidor reside no fato de que as empresas podem aumentar suas vendas ou evitar que suas concorrentes cresçam e ameacem sua posição. A marca X sabe que a fidelidade do consumidor à marca é um importante trunfo que tem para manter seu market share. Contudo, as concorrentes da marca X podem adotar estratégias promocionais para tentar desviar a atenção de Marcela e mudar sua decisão no momento da compra. Da mesma forma, é importante que Tiago conheça – pelo menos, superficialmente – alguma das marcas de champagne presentes na loja para se decidir por uma. 138 Comportamento do Consumidor MÓDULO 4 Pode ser que o consumidor tenha procurado alternativas, anteriormente, em revistas especializadas ou pedido indicação para amigos... No caso de um consumidor completamente ignorante das marcas e de seus respectivos atributos e benefícios, é mais fácil que o vendedor influencie a compra, já que ele será visto como autoridade no assunto. Nesse caso, as empresas produtoras de champagne podem investir em cursos, prêmios e outros benefícios para os vendedores de lojas de vinhos, para que indiquem suas marcas aos consumidores como Tiago. 3.3.1 OUTROS FATORES Dentre os muitos fatores que influenciam uma compra podemos destacar o preço e a localização do produto no ponto de venda. Por exemplo, produtos com preços premium são normalmente percebidos pelos consumidores como de melhor qualidade. Da mesma forma, produtos expostos em displays especiais, em locais mais nobres da loja, vão chamar mais a atenção dos compradores. Em supermercados e grandes varejistas, podemos ver vários exemplos de tentativas das empresas de aumentar suas vendas ao fomentar compras não planejadas, como utilizando promoções de quantidade – leve dois e pague um –, de preços reduzidos... O consumidor vê na promoção uma oportunidade que não pode ser desperdiçada e, mesmo que tenha ido ao mercado para comprar material de limpeza, pode acrescentar ou substituir os produtos por outros – como carne, por exemplo. 3.4 AVALIAÇÃO PÓS-COMPRA Depois da compra e do consumo, segue-se a aprendizagem, em que o consumidor poderá mudar o que sabe – seu quadro cognitivo – sobre o produto que comprou, com base na experiência de seu uso. Esse processo é também intensamente cognitivo, ou seja, é muito fundamentado na ideia do homem econômico, que tomará uma decisão consciente e pensada. 3.5 SATISFAÇÃO E NOVA COMPRA O episódio vivido por João mostra que a etapa da aprendizagem confirmou sua opinião sobre o produto. 139 MÓDULO 4 Comportamento do Consumidor É importante que as empresas percebam a importância de monitorar o comportamento do consumidor mesmo depois da compra. Tal fato ocorre porque a avaliação nada mais é do que uma percepção de satisfação ou de insatisfação que pode levar a uma nova compra e a um boca a boca positivo ou negativo. Esses são tópicos de extrema relevância para as empresas – basta pensar a quantos restaurantes você foi ou quantos livros comprou porque alguém falou bem a respeito. Por outro lado, pense em quantas compras você deixou de fazer porque alguém falou mal de um produto ou de uma marca... 3.5.1 DIFERENÇAS DE COMPORTAMENTO Para uma determinada categoria de produto ou serviço, podemos ser os usuários finais, enquanto para outra, podemos ser os compradores ou apenas os pagantes. Dessa forma, podemos supor que os indivíduos tenham comportamentos diferentes em algumas situações. Uma mãe que compra uma nova marca de cereal para seus filhos pode ficar satisfeita com o preço e com as informações nutricionais constantes da embalagem e pensar em repetir a compra outras vezes. No entanto, os usuários finais do produto – os filhos – podem não gostar do sabor do cereal ou preferir uma outra marca que oferece brindes e joguinhos na embalagem. Sendo assim, as crianças, possivelmente, influenciarão – ou até mesmo determinarão – a recompra ou não desse item. 3.5.2 SATISFAÇÃO Em função da importância do papel dos usuários finais do produto, as empresas de qualquer natureza procuram ter, normalmente, não apenas consumidores satisfeitos mas também compradores e pagantes. A satisfação tem a ver com a percepção que o indivíduo tem de um determinado produto ou serviço e pode ser influenciada por vários fatores. Muitas vezes, as empresas não comunicam, em suas propagandas, apenas os atributos e benefícios para seus usuários, mas para outros que têm influência no processo. 140 Comportamento do Consumidor MÓDULO 4 Kotler sugere que a satisfação é... ...a comparação entre as expectativas prévias e o desempenho percebido do produto. Para Mowen & Minor... ...é um julgamento de avaliação pós-escolha que resulta de uma seleção de compra específica e da experiência de usá-la ou consumi-la. 3.5.3 EXPECTATIVAS DO CONSUMIDOR Se o consumidor espera que uma viagem aérea, na classe econômica, será agradável em função de confortáveis poltronas, deliciosas refeições e projeção de bons filmes, poderá ficar desapontado se julgar o assento desconfortável e a comida sem gosto. O desempenho, para o consumidor em questão, não atingiu as expectativas. As expectativas do consumidor, por sua vez, são formadas pelo conjunto de informações recebidas a respeito do produto. Por exemplo, lemos, no jornal, uma excelente matéria a respeito de um filme. Mais tarde, vimos, na TV, um famoso crítico dizendo que se trata do filme do ano, nossos amigos e parentes adoraram, mas acabamos achando apenas mediano. O que pode ter acontecido é que criamos tantas expectativas que o filme não chegou nem perto do limite previamente estabelecido. 3.6 TOMADA DE DECISÃO Será que a decisão de compra ocorre sempre da mesma forma? Será que os indivíduos são sempre capazes de tomar uma decisão racional de compra? Todos sabemos que não, isto é, o processo de tomada de decisão não se dá sempre de forma racional. Basta pensarmos naquelas compras que fazemos por impulso ou nas pessoas que compram compulsivamente, além de suas posses, e se endividam. 3.6.1 GRAU DE ENVOLVIMENTO O modelo apresentado serve muito bem para descrever processos complexos de compra, o que acontece quando compramos, pela primeira vez, um produto caro ou muito complexo. Como exemplo de tais produtos, citamos um automóvel, um aparelho de ar-condicionado, um berço para o primeiro bebê do casal. 141 MÓDULO 4 Comportamento do Consumidor Por outro lado, esse modelo é excessivo e não representa bem compras habituais ou impulsivas, em que não há, praticamente, nenhuma atividade cognitiva, como... ...palitos de dentes, papel higiênico, seleção do restaurante onde almoçar com os mesmos amigos de sempre... E o que determina essas mudanças? O grau de envolvimento do indivíduo no processo pode ser a resposta. 3.6.2 FATORES INFLUENCIADORES Envolvimento relaciona-se com interesse em um produto ou serviço, com seu uso ou sua compra. Para Schiffman e Kanuk, os profissionais de marketing devem levar em consideração o grau de envolvimento do público-alvo ao planejar uma campanha de comunicação. Isso ocorre porque os indivíduos tendem a prestar mais atenção em propagandas que dizem respeito a um de seus interesses. Por exemplo, é possível que uma pessoa de personalidade esportiva preste mais atenção em um folheto ou anúncio de um pacote turístico de esportes radicais do que alguém de temperamento mais calmo. Da mesma forma, alguém altamente motivado a comprar um carro novo tende a prestar mais atenção em anúncios de veículos. Mowen & Minor relacionam alguns fatores influenciadores do grau de envolvimento de um indivíduo – o tipo do produto ou serviço em questão, as informações que o consumidor recebeu e a situação em que ele se encontra, bem como sua personalidade. 3.6.3 RELATIVIDADE DO GRAU DE ENVOLVIMENTO A compra de produtos caros ou que envolvam algum tipo de risco aumentam o envolvimento do indivíduo na compra. As pessoas tendem a pensar muito antes de comprar algo de que já tenham ouvido críticas. Comprar um presente memorável para uma pessoa, como um anel de noivado, por exemplo, é uma compra de alto envolvimento. Em contrapartida, existem produtos que não nos dizem muito e nem sequer pensamos muito em sua compra. 142 Comportamento do Consumidor MÓDULO 4 A personalidade, a etapa da vida e os gostos do indivíduo têm importante papel no envolvimento. Para algumas pessoas, a compra de uma garrafa de vinho para um jantar com amigos pode ser uma decisão de baixo envolvimento, enquanto que, para outras, de alto envolvimento. Para um gourmet que pretende testar mais uma de suas receitas, a compra de um pacote de farinha de trigo pode ser uma decisão muito pensada, mas, para alguém que não se interessa por culinária, qualquer marca serviria. 3.7 LIMITES DO MODELO PARA DECISÃO DE COMPRA O que estamos vendo é um modelo bastante genérico, um quadro referencial que procura explicar, da melhor forma possível, como se dá o processo de tomada de decisão de compra. No entanto, devemos ter em mente que esse modelo se aplica de forma bastante aceitável a algumas categorias de produtos, mas não a outras. Não é à toa que os livros de comportamento do consumidor estão cheios de exemplos vindos da indústria de automóveis ou equipamentos eletrônicos. Esses produtos são caros, envolvem risco e têm seu processo de tomada de decisão de compra bem representado pelo modelo que vimos anteriormente. 3.7.1 EXPERIÊNCIA PRÓPRIA Pense na compra de uma barra de chocolate comum – um produto barato, de baixo risco e que envolve, relativamente, pouca comparação entre alternativas. Vemos, nesse caso, que as etapas cognitivas podem ser muito rápidas, ou mesmo inexistentes, em caso de compras habituais. Pense em suas visitas ao supermercado... Quais categorias de produtos você compra com a cabeça? Quantas você compra com o coração? Quais você compra com o estômago? Sempre que empregamos os conhecimentos de comportamento do consumidor, precisamos, antes de tudo, usar nossa própria experiência como consumidores. 143 MÓDULO 4 Comportamento do Consumidor Fica sendo esta, portanto, a palavra final desta disciplina... ...acima de qualquer conhecimento sobre o consumidor, precisamos lembrar que nós mesmos somos consumidores, e que os melhores exemplos de como esses conceitos funcionam estão em nossas próprias vidas e na vida daqueles que nos cercam. 3.8 SÍNTESE Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade. 3.9 EXERCÍCIO Nesta unidade, vimos que, após a compra, o consumidor avalia sua decisão, reorganizando seu quadro cognitivo sobre o produto e o varejo. Essa avaliação pós-compra é extremamente importante, pois determina se o consumidor ficou ou não satisfeito com sua decisão de compra. Um consumidor satisfeito pode indicar o lojista ou o produto para sua rede de conhecidos. Em contrapartida, um consumidor insatisfeito pode iniciar um boca a boca negativo. INFORMAÇÕES SOBRE O EXERCÍCIO Aqui nossa tarefa é identificar possíveis causas de satisfação e de insatisfação dos consumidores e apontar o que os profissionais de marketing podem fazer para monitorar e influenciar, positivamente, o processo de compra. Registro do trabalho Registre os dados desta tarefa na Matriz de exercício. Para tal... § acesse o arquivo com a Matriz de exercício, disponível no ambiente on-line; § abra o arquivo; § salve esse arquivo em seu computador; § preencha a matriz com os dados de seu trabalho; § salve seu trabalho. UNIDADE 4 – CENÁRIO CULTURAL 4.1 FILME Para refletir um pouco mais sobre questões relacionadas ao conteúdo deste módulo, assista a uma cena do filme Uma casa de pernas pro ar no CD que acompanha a apostila. 144 Comportamento do Consumidor MÓDULO 4 4.2 OBRA LITERÁRIA Para refletir um pouco mais sobre questões relacionadas ao conteúdo deste módulo, leia o texto Quase ela deu o ‘sim’, mas...no ambiente on-line. 4.3 OBRA DE ARTE Para refletir um pouco mais sobre questões relacionadas ao conteúdo deste módulo, aprecie a obra O porta-jóias do Joalheiro Taglioni no ambiente on-line. 145 MÓDULO 4 Comportamento do Consumidor GABARITOS GABARITO – MÓDULO 4 – UNIDADE 1 Matriz de Exercício Aluno: Disciplina: Turma: Nesta resposta, o aluno deve explicar de forma sucinta como cada uma das 5 fases ocorre no processo de compra/aquisição de um computador. As justificativas e explanações devem respeitar os tópicos: reconhecimento de necessidades não satisfeitas, busca de informações, avaliação de alternativas, decisão de compra & compra e avaliação pós-compra. No segundo questionamento, o aluno deve, através de exemplos reais, descrever duas situações de decisão de compra e suas possíveis alternativas. A lista abaixo serve de parâmetro para correção do professor. Categoria de Decisão Alternativa A Alternativa B Decisão básica de compra Comprar ou consumir um Não comprar ou consumir ou consumo determinado produto ou um determinado produto serviço ou serviço Decisões de compra ou Escolher um marca Escolher qualquer outra consumo de marcas ou específica marca modelos Levar o modelo básico Levar o modelo de luxo ou completo Testar uma marca nova Permanecer com a marca usual Comprar a mesma Comprar a mais ou menos quantidade de sempre ou que a quantidade padrão com a mesma freqüência. em um prazo maior ou menor do que o comum Comprar ou consumir a Comprar ou consumir a marca que está em marca que está sendo promoção. vendida com preço cheio Optar por uma marca Optar por uma marca de nacional companhia estrangeira Decisões referentes aos Comprar em uma loja Comprar em loja virtual canais de distribuição física. disponíveis Comprar no mesmo lugar Comprar em local de sempre, por exemplo, diferente, por exemplo, um supermercado. uma delicatessen Comprar perto de casa Comprar perto do trabalho Decisões referentes ao Pagar à vista Pagar a prazo pagamento Pagar em dinheiro Pagar com cheque ou cartão de crédito 146 Comportamento do Consumidor MÓDULO 4 GABARITO – MÓDULO 4 – UNIDADE 2 147 MÓDULO 4 Comportamento do Consumidor GABARITO – MÓDULO 4 – UNIDADE 3 148 Comportamento do Consumidor MÓDULO 5 MÓDULO 5 – ENCERRAMENTO APRESENTAÇÃO Na unidade 1 deste módulo, você encontrará algumas divertidas opções para testar seus conhecimentos sobre o conteúdo desenvolvido em toda a disciplina, a fim de se preparar para seu exame final. São elas... § caça-palavras; § criptograma; § cruzadas; § forca. A estrutura desses jogos é bem conhecida por todos.Você poderá escolher o jogo de sua preferência ou jogar todos eles... a opção é sua! Em cada um deles, você encontrará perguntas – acompanhadas de gabaritos e comentários – por meio das quais você poderá se autoavaliar. Já na unidade 2, é hora de falarmos sério! Sabemos que o novo – e a disciplina que você terminou de cursar enquadra-se em uma modalidade de ensino muito nova para todos nós, brasileiros – tem de estar sujeito a críticas... sugestões... redefinições. Por estarmos cientes desse processo, contamos com cada um de vocês para nos ajudar a avaliar nosso trabalho. Finalmente, como é indicado ao final deste módulo, este é o momento de nos prepararmos para a avaliação final da disciplina, que será feita presencialmente. Então? Preparado? 149