as bibliotecas universitárias e as redes sociais na internet

Transcrição

as bibliotecas universitárias e as redes sociais na internet
RELATO DE EXPERIÊNCIA COM A REDE NING: “AS BIBLIOTECAS
UNIVERSITÁRIAS E AS REDES SOCIAIS NA INTERNET”
Giseli Adornato de Aguiar
Mestranda, Universidade de São Paulo (ECA/PPGCI), São Paulo, SP, Brasil
José Fernando Modesto da Silva
Professor-Doutor, Universidade de São Paulo (ECA/PPGCI), São Paulo, SP, Brasil
RESUMO
Relato de experiência da rede Ning intitulada “As bibliotecas universitárias e as redes sociais
na internet”, cujo objetivo é descrever o desenvolvimento de projeto de pesquisa prático
realizado no ambiente da rede Ning e contextualizado com os conceitos estudados na
disciplina “Tecnologias sociais de comunicação, informação e conhecimento” do programa
de pós-graduação em “Ciência da Informação” da Escola de Comunicações e Artes da
Universidade de São Paulo - ECA/USP, Brasil. Os resultados evidenciaram que o ambiente
criado na rede Ning atendeu a expectativa no quesito “recursos tecnológicos” da plataforma,
mas no quesito participação e interação dos membros considerava-se a possibilidade de
uma maior participação. Apesar de ser uma atividade acadêmica envolvendo uma análise
inicial do Ning, a experiência sugere novos estudos e investigações para ampliar as
possibilidades de exploração deste tipo de recurso para as bibliotecas, em especial as
universitárias.
Palavras-chave: Ning. Redes sociais. Biblioteca universitária. Relato de experiência.
1 Introdução
O texto é resultado de atividade acadêmica realizada para a disciplina “Tecnologias
sociais de comunicação, informação e conhecimento”, ministrada no programa de pósgraduação em “Ciência da Informação”, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da
Universidade de São Paulo (USP), Brasil. Teve por finalidade descrever as possibilidades de
utilização da plataforma de redes sociais Ning, contextualizado com um projeto de pesquisa
acadêmico.
O projeto acadêmico desenvolvido teve como objetivo geral identificar quais são as
principais características da Web 2.0 e como as bibliotecas universitárias (BUs) devem atuar
nesse novo ambiente informacional.
E, mais especificamente, o de verificar as possibilidades das redes sociais serem
utilizadas no desenvolvimento de serviços bibliográficos.
Dessa forma, buscou-se com os recursos da rede Ning desenvolver um ambiente
denominado:
“As
bibliotecas
universitárias
e
as
redes
sociais
na
internet”
(http://bueredessociaisnet.ning.com/), para avaliar a própria plataforma Ning, bem como,
2
criar um espaço colaborativo de reflexão relacionado a atuação (ou não) das bibliotecas
universitárias nas redes sociais da internet.
E nada mais apropriado do que fazer uso de um site de rede social, como espaço de
pesquisa que possa auxiliar na busca de respostas ou na geração de novos
questionamentos. Um problema inicialmente apresentado é se os membros de uma rede
social oferecem conteúdos relevantes, contribuindo para o compartilhamento e mesmo a
produção de conhecimentos.
Buscou-se, ainda, com a criação de uma rede e o manuseio dos seus recursos, em
aplicação prática, refletir os conceitos aprendidos em sala de aula.
2 Redes Sociais
As redes sociais já existiam antes da internet, elas sempre fizeram parte da realidade
humana, por isso não podem ser associadas exclusivamente as tecnologias de infomação e
comunicação (TICs).
“As redes estão por toda parte” (BARABÁSI, 2009, p. 7). O mundo é e sempre foi
conectado por meio de redes (redes de relacionamentos, correio postal, linhas telefônicas,
sistema elétrico, rotas aéreas, autoestradas, etc.), o que acontece atualmente é que as
redes ganham maior intensidade com a internet. Até porque, a internet é, naturalmente, um
ambiente
facilitador
à
colaboração
entre
pessoas,
ao
proporcionar
o
mútuo
compartilhamento e interação. A própria Web, originalmente, se desenhou para uso das
pessoas ao invés das máquinas.
“As redes sociais na Internet ampliaram as possibilidades de conexões, ampliaram
também a capacidade de difusão de informações que esses grupos tinham” (RECUERO,
2009, p. 25).
No mundo off-line a maioria das ligações entre pessoas não são visíveis, já no
ambiente digital das redes sociais é possível ver as ligações que normalmente estão ocultas
no mundo off-line.
A rede é um conjunto de nós conectados entre si (CASTELLS, 2009) e estes nós
estão em constante movimento, são dinâmicos e em evolução (BARABÁSI, 2009).
“Em algumas redes, os nós são pessoas, ou grupos de pessoas com algum padrão
de interação (ou nós) entre elas.” (SILVA, 2010, p. 50). Uma rede social, então, é vista por
Tomáel e Martelato (2006, p. 75) como:
um conjunto de pessoas (ou organizações ou outras entidades sociais)
conectadas por relacionamentos sociais, motivados pela amizade e por
relações de trabalho ou compartilhamento de informações e, por meio
dessas ligações, vão construindo e re-construindo a estrutura social.
3
“Os usuários da Internet ingressam em redes ou grupos on-line com base em
interesses em comum, e valores [...]” (CASTELLS, p. 444, 2009).
“Rede social é gente, é interação, é troca social. É um grupo de pessoas,
compreendido através de uma metáfora de estrutura, a estrutura de rede.” (RECUERO,
2009, p. 25). Assim,
Uma rede social na Internet tem um potencial imenso para colaborar, para
mobilizar e para tranformar a sociedade. São pessoas que estão utilizando
a Internet para ampliar suas conexões e construir um espaço mais
democrático, mais amplo, mais plural e com isso, gerando valores como
reputação, suporte social, acesso às informações e etc. (RECUERO, 2009,
p. 25).
As redes sociais são, portanto, um grande agrupamento de pessoas. No interior
destes grupos se compartilham interesses mútuos, acentuando um caráter circular das
relações humanas estabelecidas.
O Ning não é uma rede social, é um site, é uma ferramenta. Os sites de redes sociais
da internet proporcionam conexões para as pessoas, mas em última análise, são as
pessoas que constróem as redes. Esses sites, portanto, expressam as redes e, com isso, as
influenciam. (RECUERO, 2009).
Redes sociais, assim, têm potencial para colaboração, para a difusão de
informações e para a construção de novos valores sociais. Uma rede social
não é uma ferramenta, mas apropria-se delas para expressar suas
identidades, construir seus valores e operar de forma coletiva. (RECUERO,
2009, p. 26)
A rede social em ambiente digital é um elemento dentro do contexto da Web 2.0,
ambos os termos aparecem juntos, porque as tecnologias Web 2.0 são, em parte,
responsáveis pelo rápido desenvolvimento de sites de redes sociais.
O’Reilly (2005) fala que não há consenso quanto a definição de Web 2.0. Em 2004, o
termo Web 2.0 foi utilizado pela primeira vez por ele e Dale Dougherty para designar uma
nova geração de recursos Web.
Baseadas nos princípios fundamentais da Web 2.0 listados por O’Reilly (2005) em
seu artigo What is Web 2.0, pode-se dizer que as redes sociais em ambientes digitais
possuem, dentre outras, as seguintes características principais: a combinação de diversas
tecnologias associadas à facilidade de uso (menor exigência de conhecimentos técnicos,
por exemplo, qualquer pessoa pode criar um blog através de “três passos”), mudança de
foco da publicação para a participação e a possibilidade dos usuários serem produtores de
conteúdos.
4
Saliente-se que a primeira rede social da internet foi o classmates.com, criado em
1995 por Randy Conrads. Tinha por finalidade facilitar a conexão de pessoas com antigos
colegas de escola. Deste momento em diante começam a aparecer de maneira crescente
sites semelhantes, porém dedicados a temas específicos e com suas próprias
particularidades. A forma inicial de cooptar usuários é a interação facilitada entre pessoas ou
o convite de um amigo a outro, que convida outro sucessivamente até que a rede toma
volume suficiente no funcionamento e adesão de pessoas (LEIVA AGUILERA, 2009). Como
ilustração da expansão das redes a figura 1 apresenta uma evolução das mesmas.
Figura 1: Cronograma das datas de lançamento das Redes Sociais.
Fonte: Boyd & Ellison, 2007.
2.1 Ning
O Ning é uma plataforma para a criação de redes sociais individualizadas, ou seja,
cada usuário pode criar sua própria rede social ou se vincular a qualquer outra de seu
interesse.
5
A palavra Ning significa “paz” em chinês. Foi criada por Marc Andreesen (criador do
Netscape) e Gina Bianchini. Fundada em outubro de 2005, e ao contrário de redes
generalistas como o Orkut ou o Facebook, que condicionam a rede social à interação
pessoal, o Ning permite o compartilhamento de interesses específicos. (WIKIPEDIA, 2010).
O Ning possui uma interface de comunicação baseada no modelo Web 2.0, com
ferramentas síncronas (chat) e assíncronas (fórum, grupos, blogs, eventos, notas); interface
customizável (minha página); outros recursos como vídeos, fotos; e links para outras
interfaces como Facebook, Flickr e Twitter.
3. Bibliotecas Universitárias e as Redes Sociais
As bibliotecas - como qualquer outro dispositivo cultural - foram instituídas pelos
homens, exercendo funções que lhes cabiam nas diversas sociedades, a cada era. Assim,
elas refletem, em seus produtos e serviços, as mudanças históricas, sociais, políticas,
culturais e tecnológicas de cada época.
No contexto da academia, é papel primordial da biblioteca universitária – BU oferecer
o suporte ao ensino, à pesquisa e à extensão. Sendo a pesquisa científica fundamental para
o desenvolvimento de um país, a universidade e a biblioteca tornam-se peças-chave nesse
processo.
O uso das TICs em ambientes das BUs é uma evolução natural destes espaços de
conhecimento acadêmico. Bibliotecas passaram do manejo de catálogos manuais para
sistemas bibliográficos automatizados; dos conteúdos impressos divulgados nos murais das
instituições para as home-pages estáticas, e agora usufruem da oportunidade de,
novamente, oferecerem, por meio das plataformas tecnológicas presentes na geração Web
2.0, formas novas de tratamento, organização, disseminação e recuperação de informações;
de interação com o usuário.
Para Maness (2007, p. 48),
Não requer muita imaginação começar a ver uma biblioteca como uma rede
social em si. De fato, muitas das funções das bibliotecas ao longo da
história tem sido como um lugar de reunião comum, um lugar de
compartilhar identidade, comunicação, e ação. Redes sociais permitiriam
que bibliotecários e usuários não somente interagissem, mas
compartilhassem e transformassem recursos dinamicamente em um meio
eletrônico. Usuários podem criar vínculos com a rede da biblioteca, ver o
que os outros usuários têm em comum com suas necessidades de
informação, baseado em perfis similares, demografias, fontes previamente
acessadas, e um grande número de dados que os usuários fornecem.
As bibliotecas precisam pousar o olhar sobre as aplicações sociais como ferramentas
valiosas para dinamizar a comunicação e atenção par com seu público (FARKAS, 2007).
6
Atualmente, está em voga, o conceito de “Biblioteca 2.0” que Maness (2007, p.45)
define como “a aplicação de interação, colaboração, e tecnologias multimídia baseadas em
web para serviços e coleções de bibliotecas baseados em web”. Assim, ele limita a definição
a serviços Web, e não a serviços gerais da biblioteca, o que evita confusões no discurso
profissional.
Para Marcos (2009, p. 16-17) “La filosofía 2.0 es la oportunidad de oro de la
biblioteca para estar más cerca de sus usuarios, conocer qué les interesa y qué necesitan, y
ofrecerlo de la forma que mejor se adapte a ellos.” O uso que a biblioteca pode fazer das
aplicações 2.0 incidem em dois aspectos: “A) La biblioteca como usuario que hace uso de
aplicaciones 2.0 e B) La biblioteca 2.0 como un sitio en el que los usuarios participan y
generan contenidos.”
Assim, cabe as bibliotecas universitárias aproveitarem as novas possibilidades
favorecidas pelas TICs.
4 Materiais e Métodos
O texto é um relato de experiência da rede Ning intitulada “As bibliotecas
universitárias e as redes sociais na internet”. Segundo as Políticas Editoriais, da revista
Informação & Sociedade (1991), os relatos de experiência são formas de comunicar as
experiências profissionais ou descrever atividades de interesse para uma comunidade. Sua
importância reside no fato de comunicar ações que tenham sido bem ou mal sucedidas, e,
assim, contribuindo para evitar que outros profissionais ou pesquisadores repitam idêntica
trajetória no caso de experiências sem êxito, o que favorece o conhecimento do tema
explorado.
Um relato de experiência é de cunho eminentemente prático e tem como objetivo
socializar atividades que foram ou estão sendo desenvolvidas.
Pretende-se então, com este relato, fazer uma sistematização da prática
desenvolvida na criação de uma rede social na plataforma Ning.
Este estudo foi realizado em paralelo com a disciplina “Tecnologias sociais de
comunicação, informação e conhecimento” que compreendeu o período de março à junho
de 2010. A parte prática do trabalho se concentrou no mês de junho.
A rede Ning foi escolhida, numa enquete em sala de aula pelos alunos da disciplina
devido à possibilidade da criação de uma rede social com conteúdo individualizado, de
acordo com o interesse de cada aluno.
O público-alvo da rede criada são os bibliotecários e os usuários de bibliotecas
universitárias e, já que muitos foram, são ou podem ser usuários potenciais de bibliotecas
universitárias, a rede foi franqueada a todos que quisessem contribuir com o tema, por meio
7
de sugestões, opiniões, relatos de experiências, compartilhamento de textos e indicações de
fontes; ou mesmo apenas manter-se informado.
Inicialmente, adotou-se a opção “sem filtros” para as postagens de conteúdos pelos
participantes da rede.
Baseadas nas características da Web 2.0 (tratada no tópico “Redes Sociais”), os
critérios escolhidos para a avaliação da plataforma quanto aos recursos tecnológicos foram:
identificar se o Ning possibilita a combinação de diversos recursos tecnológicos; verificar se
há facilidade na criação, manuseio e uso desses recursos tecnológicos; e se há a
possibilidade dos usuários serem geradores de conteúdos e assim participarem de forma a
interagirem com os membros da rede Ning criada.
Já para a avaliação do envolvimento dos membros (participação e interação) da rede
criada, com o conteúdo disponibilizado, os critérios foram: o grau de participação dos
usuários (análise quantitativa); como se desenvolveram os temas levantados (houve
interesse da comunidade?) e qual a relevância do conteúdo disponibilizado e discutido pela
comunidade bibliotecária (neste caso a intenção é avaliar se a rede social criada na
plataforma Ning contribui, com informações, para a geração de novos conhecimentos).
Por meio da inserção periódica de conteúdos no blog. Apresentação de questões no
fórum. Inclusão de comentários, fotos, eventos e enquetes disponibilizadas pela
administradora da rede e dos membros participantes, foram feitas observações durante todo
o processo. Tal fato possibilitou algumas impressões e resultados sobre o uso do Ning, bem
como, do conteúdo disponibilizado na rede criada.
5 Resultados Finais
A rede criada no Ning intitulada “As bibliotecas universitárias e as redes sociais na
internet”,
foi
desenvolvida
em
10/06/2010,
estando
acessível
no
endereço:
http://bueredessociaisnet.ning.com/.
Não foram encontradas dificuldades no desenvolvimento da rede criada no Ning. As
ferramentas oferecidas pela plataforma são intuitivas e didáticas, permitindo que pessoas
sem grandes conhecimentos técnicos em informática montem suas próprias redes sociais,
pelo menos com os recursos básicos disponíveis.
Os recursos escolhidos na montagem da rede foram: minha página, membros, fotos,
vídeos, fórum, eventos, grupos, blogs, bate-papo, enquete, RSS e últimas atividades (onde
é relatado cronologicamente os movimentos e ações dos membros do Ning, como por
exemplo, as últimas pessoas que aderiram a rede ou que acrescentaram conteúdo).
Na parte do design do site da rede, o Ning oferece alguns modelos já prontos, onde é
possível editar cores, fontes das letras, tamanhos etc., tudo de maneira simples e fácil
8
operação. É possível, ainda, personalizar a aparência com o uso de recursos tecnológicos
mais avançados.
O Ning é uma plataforma disponibilizada em diversos idiomas, inclusive o português,
característica importante para as pessoas que não dominam o idioma inglês (“lingua franca”
da internet).
Como resultado final, a rede social criada na plataforma Ning ficou com a seguinte
aparência:
Figura 2 – Rede Social no Ning “As bibliotecas universitárias e as redes sociais
na internet”
Abaixo (Tabela 1 e Tabela 2), são relatados os resultados observados com o
manuseio da rede criada no Ning, respondendo aos critérios de avaliação propostos no
tópico Materias e Métodos:
Tabela 1- Avaliação dos recursos tecnologicos do Ning.
Critérios
Possibilita a combinação de diversos
recursos tecnológicos?
É fácil a criação, manuseio e uso dos
recursos tecnológicos?
Possibilita que os usuários sejam geradores
de conteúdos?
1
Resultados
Sim, é uma das mais completas ferramentas
de redes sociais da internet, pois une texto,
imagem, som e vídeo.
Em geral sim, com algumas exceções
relacionadas aos recursos Apps 1 e de
“Opções avançadas” do Ning.
Sim, permite que todos os membros
participem da rede através de opiniões,
textos, fotos etc.
Ning Apps são recursos de terceiros que você pode adicionar a sua rede, neste caso, você escolhe
entre diversas opções, o que está de acordo com o perfil da sua rede. É disponiblizado pela própria
rede Ning. Fonte: http://developer.ning.com/ningapps.
9
Para o Ning ser totalmente completo faltou, no quesito recursos tecnológicos,
disponibilizar em sua plataforma, a ferramenta de podcasting, mas no Ning Apps há o
BlogTalkRadio 2 que se assemelha a essa função.
Usou-se o Apps da PollDaddy 3 para elaboração de enquetes relacionadas ao tema
da pesquisa e nesse recurso houve dificuldades para a sua inclusão, não ficando
exatamente ao desejo da administradora da rede no Ning.
Em “Opções avançadas” (Robots.txt e Mapa do site), apesar das tentativas, não foi
possível inserir a rede criada no Ning nos motores de busca.
Tabela 2 - Avaliação da participação e interação dos membros da rede Ning criada.
Critérios
Resultados
Qual o grau de participação dos usuários?
(análise quantitativa).
Como se desenvolveram os temas
levantados (houve interesse da
comunidade)?
Qual a relevância do conteúdo
disponibilizado e discutido pelos membros
da rede Ning criada?
Dos 21 membros associados, 4 participaram
(com exceção do tópico Enquete). Somente
3 pessoas com conteúdos pertinentes ao
tema.
Sim, 3 membros acrescentaram conteúdos
ou fotos (neste caso é necessário avaliar a
pertinência com o tema da rede) e criaram
ou responderam questões.
O conteúdo foi considerado interessante
para a pesquisa de mestrado da autora do
texto.
Apenas as pessoas convidadas por e-mail aderiram à rede criada no Ninga, ou seja,
a rede não teve visibilidade. Aqui se análisa a questão dos conectores e dos hubs, que
segundo Barabási (2009, p. 49) significa “nós dotados de um número extraordinariamente
grande de links”. As informações postadas na Web, para serem percebidas por alguém,
precisam ter visibilidade e “na Web, a medida de visibilidade é o número de links. Quanto
mais links de entrada para nossa página na Web, mais visível ela será.” (BARABÁSI, 2009,
p. 51). Ou seja, não há links que remetam a rede criada no Ning em outras páginas da Web.
Pela escolha da opção de não filtragem do conteúdo, foi postada uma foto de um
cachorro e o rosto de um membro da rede criada. Neste caso, mesmo não sendo
pertinentes ao tema, as imagens apesar de inocentes sugerem que, em outras
oportunidades podem ser inseridos conteúdos inapropriados, por isso deve-se repensar a
questão da não filtragem do que seja inserido como conteúdo.
2
Plataforma onde você pode criar seu próprio programa de rádio e falar com outros membros do Ning
de forma síncrona. Fonte: http://developer.ning.com/opensocial/application/list.
3
Com o PollDaddy é possível exibir enquetes personalizadas em sites de redes sociais. Fonte:
http://developer.ning.com/opensocial/application/list.
10
Foi acrescentado, sem dificuldades, o software de estatística do Google Analytics 4 , o
que permitiu analisar quantitativamente a frequência de acessos a rede Ning.
Desde a implantação do Google Analytics (dia 13/06/2010), a rede criada teve 537
visitas até a data de 21/06/2010.
A participação e a interatividade, apesar do pouco tempo de operação da rede,
aconteceu e com conteúdos considerados interessantes pela administradora da rede.
Como resultado da análise feita sobre o Ning pode-se afirmar que a plataforma
permite a combinação de diversos recursos tecnológicos, associado a um fácil manuseio
dos mesmos e, um alto grau de interatividade e participação, já que é possível que qualquer
membro acrescente conteúdos ou se comunique pelas mais variadas formas: fórum,
mensagens de blog, notas, fotos, vídeos, eventos, chat, com a criação de grupos e com a
“minha página” onde cada um pode até “presentear” outro participante.
O Ning possui ferramental que propicia a interatividade e a participação, mas isso
não significa que essas duas características ocorrem de fato, isso depende dos membros
das redes Ning. Neste caso houve algumas participações e interações.
Um aspecto relevante, porém negativo, é o fato do Ning ter passado a ser cobrado a
partir de 21/07/2010.
Como parte do relato de experiência também compreende citar as dificuldades.
Neste sentido é importante destacar: o pouco tempo para explorar os recursos tecnológicos
e desenvolver o conteúdo. Aspectos que podem ter contribuído para a baixa adesão de
participação e interação; a falta de conhecimento em design para personalizar a aparência
da página causou certa frustração, além da dificuldade com as técnicas de rastreamento dos
mecanismos de busca que prejudicaram a divulgação da rede criada no Ning.
6 Considerações Finais
Na tentativa de uma avaliação completa da rede social criada procurou-se usar o
máximo de recursos disponíveis da plataforma, o que possibilitou um conhecimento mais
amplo da mesma.
A aplicação de aspectos teóricos da disciplina, no desenvolvimento da prática,
forneceu um suporte, principalmente, no momento de pensar a forma de uso dos recursos
tecnológicos do Ning, que se basearam nas principais características da Web 2.0 e das
redes sociais.
4
O Google Analytics é a solução de análise da web de cunho empresarial que fornece,
gratuitamente, uma ótima visibilidade do tráfego e da eficiência do marketing do seu website. Fonte:
http://www.google.com/intl/pt-BR/analytics/.
11
Por meio da experiência pessoal, permite auferir que a existência de bibliotecários,
sem domínios avançados de recursos tecnológicos, não obstrui a facilidade com que se
pode criar uma rede no Ning, por meio dos recursos básicos oferecidos pela plataforma.
Além de mediar os estoques de informação visando à recuperação da informação
mediante uma demanda, pode-se dizer que o papel atual do bibliotecário é também o de
mediar o processo de geração do conhecimento. Dessa forma, as redes sociais na internet como ambientes coletivos digitais autônomos de produtores e consumidores de informação introduz rupturas nos papéis tradicionais dos bibliotecários.
Partindo das características da Web 2.0 e redes sociais, em geral, a rede criada no
Ning atendeu as expectativas, no quesito recursos tecnológicos da ferramenta. Já, no
quesito participação e interação dos membros considerava-se a possibilidade de mais
participações (era uma expectativa da pesquisa). Porém, mesmo sendo poucos os
conteúdos postados e discutidos, eles contribuíram para a geração de conhecimento sobre
as possibilidades dá mídia.
É importante salientar que o grau de envolvimento e de interação que os usuários
desejam, ou desejarão ter com a rede criada no Ning, depende do que é oferecido em
conteúdo, mas também, do próprio usuário que é livre para escolher atuar ou não no
ambiente colaborativo da Web 2.0.
Foi uma análise inicial do Ning, aconselha-se que estudos posteriores examinem, por
um período mais longo de tempo, a ferramenta sob o enfoque das vantagens e
desvantagens de seu uso como um ambiente propicio a geração de conhecimento, a
disponibilização e divulgação de informações, e a prestação de serviços e informações à
comunidade de uma biblioteca universitária.
7 Referências
BARABÁSI, Albert-László. Linked (conectado): a nova ciência dos networks. São Paulo:
Leopardo, 2009. 241 p.
BOYD, DANAH M.; ELLISON, Nicole B. Social network sites: definition, history, and
scholarship. Journal of Computer-Mediated Communication. v. 13, n. 1, 2007. Disponível
em: <http://jcmc.indiana.edu/vol13/issue1/boyd.ellison.html>. Acesso em: 10 jun. 2010.
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2009. 698 p.
FARKAS, Meredith G. Social software in libraries: building collaboration communication, and
community online. Medford, New Jersey: Information Today, 2007. 320 p.
INFORMAÇÃO & SOCIEDADE: ESTUDOS. Políticas editoriais. João Pessoa: CCSA/UFPB,
1991- . Disponível em:
<http://www.ies.ufpb.br/ojs2/index.php/ies/about/editorialPolicies#sectionPolicies>. Acesso
em: 15 jun. 2010.
12
LEIVA AGUILERA, Javier. Redes sociales: situación y tendências en relación a la
información y la documentación. Madrid: Baratz, 2009. 47 p.
MANESS, J. M. Teoria da Biblioteca 2.0: Web 2.0 e suas implicações para as bibliotecas.
Informação & Sociedade: Estudos, João Pessoa, v. 17, n.1, p. 43-51, jan./abr. 2007.
Disponível em: <http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/ies/article/view/831/1464>. Acesso
em: 11 abr. 2010.
MARCOS, Mari-Carmen. La biblioteca en la Web 2.0. Santiago, Chile: DuocUC, 2009. 95 p.
O’REILLY, Tim. What is Web 2.0: design patterns and business models for the next
generation of software. Sebastopol, CA: O’Reilly Media, 2005. Disponível em:
<http://oreilly.com/web2/archive/what-is-web-20.html>. Acesso em: 09 abr. 2010.
RECUERO, Raquel. Rede social. In: SPYER, Juliano (Org.). Para entender a internet:
noções, práticas e desafios da comunicação em rede. São Paulo: NãoZero, 2009. p. 25-26.
Disponível em: <http://www.openinnovatio.org/wpcontent/Para%20entender%20a%20Internet.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2010.
SILVA, Wesley Mendes da. Board interlocking, desempenho financeiro e valor das
empresas brasileiras listadas em bolsa: análise sob a ótica da teoria dos grafos e de redes
sociais. 2010. 246 f. Tese (Doutorado em Administração) – Faculdade de Economia,
Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo. 2010.
TOMAÉL, Maria Inês; MARTELATO, Regina Maria. Redes sociais: posição dos atores no
fluxo da informação. Enc. Bibli: Revista Eletr. de Bibliotecon. Ci. Inf., Florianópolis, n. esp., p.
75-91, 1° sem. 2006. Disponível em:
<http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/eb/article/viewFile/342/387>. Acesso em: 21 jun.
2010.
NING. In.: WIKIPEDIA: a enciclopédia livre. [S.l.: s.n.], 2010. Disponível em:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Ning>. Acesso em: 18 jun. 2010.