as bibliotecas universitárias e as redes sociais na internet
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RELATO DE EXPERIÊNCIA COM A REDE NING: “AS BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS E AS REDES SOCIAIS NA INTERNET” Giseli Adornato de Aguiar Mestranda, Universidade de São Paulo (ECA/PPGCI), São Paulo, SP, Brasil José Fernando Modesto da Silva Professor-Doutor, Universidade de São Paulo (ECA/PPGCI), São Paulo, SP, Brasil RESUMO Relato de experiência da rede Ning intitulada “As bibliotecas universitárias e as redes sociais na internet”, cujo objetivo é descrever o desenvolvimento de projeto de pesquisa prático realizado no ambiente da rede Ning e contextualizado com os conceitos estudados na disciplina “Tecnologias sociais de comunicação, informação e conhecimento” do programa de pós-graduação em “Ciência da Informação” da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo - ECA/USP, Brasil. Os resultados evidenciaram que o ambiente criado na rede Ning atendeu a expectativa no quesito “recursos tecnológicos” da plataforma, mas no quesito participação e interação dos membros considerava-se a possibilidade de uma maior participação. Apesar de ser uma atividade acadêmica envolvendo uma análise inicial do Ning, a experiência sugere novos estudos e investigações para ampliar as possibilidades de exploração deste tipo de recurso para as bibliotecas, em especial as universitárias. Palavras-chave: Ning. Redes sociais. Biblioteca universitária. Relato de experiência. 1 Introdução O texto é resultado de atividade acadêmica realizada para a disciplina “Tecnologias sociais de comunicação, informação e conhecimento”, ministrada no programa de pósgraduação em “Ciência da Informação”, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP), Brasil. Teve por finalidade descrever as possibilidades de utilização da plataforma de redes sociais Ning, contextualizado com um projeto de pesquisa acadêmico. O projeto acadêmico desenvolvido teve como objetivo geral identificar quais são as principais características da Web 2.0 e como as bibliotecas universitárias (BUs) devem atuar nesse novo ambiente informacional. E, mais especificamente, o de verificar as possibilidades das redes sociais serem utilizadas no desenvolvimento de serviços bibliográficos. Dessa forma, buscou-se com os recursos da rede Ning desenvolver um ambiente denominado: “As bibliotecas universitárias e as redes sociais na internet” (http://bueredessociaisnet.ning.com/), para avaliar a própria plataforma Ning, bem como, 2 criar um espaço colaborativo de reflexão relacionado a atuação (ou não) das bibliotecas universitárias nas redes sociais da internet. E nada mais apropriado do que fazer uso de um site de rede social, como espaço de pesquisa que possa auxiliar na busca de respostas ou na geração de novos questionamentos. Um problema inicialmente apresentado é se os membros de uma rede social oferecem conteúdos relevantes, contribuindo para o compartilhamento e mesmo a produção de conhecimentos. Buscou-se, ainda, com a criação de uma rede e o manuseio dos seus recursos, em aplicação prática, refletir os conceitos aprendidos em sala de aula. 2 Redes Sociais As redes sociais já existiam antes da internet, elas sempre fizeram parte da realidade humana, por isso não podem ser associadas exclusivamente as tecnologias de infomação e comunicação (TICs). “As redes estão por toda parte” (BARABÁSI, 2009, p. 7). O mundo é e sempre foi conectado por meio de redes (redes de relacionamentos, correio postal, linhas telefônicas, sistema elétrico, rotas aéreas, autoestradas, etc.), o que acontece atualmente é que as redes ganham maior intensidade com a internet. Até porque, a internet é, naturalmente, um ambiente facilitador à colaboração entre pessoas, ao proporcionar o mútuo compartilhamento e interação. A própria Web, originalmente, se desenhou para uso das pessoas ao invés das máquinas. “As redes sociais na Internet ampliaram as possibilidades de conexões, ampliaram também a capacidade de difusão de informações que esses grupos tinham” (RECUERO, 2009, p. 25). No mundo off-line a maioria das ligações entre pessoas não são visíveis, já no ambiente digital das redes sociais é possível ver as ligações que normalmente estão ocultas no mundo off-line. A rede é um conjunto de nós conectados entre si (CASTELLS, 2009) e estes nós estão em constante movimento, são dinâmicos e em evolução (BARABÁSI, 2009). “Em algumas redes, os nós são pessoas, ou grupos de pessoas com algum padrão de interação (ou nós) entre elas.” (SILVA, 2010, p. 50). Uma rede social, então, é vista por Tomáel e Martelato (2006, p. 75) como: um conjunto de pessoas (ou organizações ou outras entidades sociais) conectadas por relacionamentos sociais, motivados pela amizade e por relações de trabalho ou compartilhamento de informações e, por meio dessas ligações, vão construindo e re-construindo a estrutura social. 3 “Os usuários da Internet ingressam em redes ou grupos on-line com base em interesses em comum, e valores [...]” (CASTELLS, p. 444, 2009). “Rede social é gente, é interação, é troca social. É um grupo de pessoas, compreendido através de uma metáfora de estrutura, a estrutura de rede.” (RECUERO, 2009, p. 25). Assim, Uma rede social na Internet tem um potencial imenso para colaborar, para mobilizar e para tranformar a sociedade. São pessoas que estão utilizando a Internet para ampliar suas conexões e construir um espaço mais democrático, mais amplo, mais plural e com isso, gerando valores como reputação, suporte social, acesso às informações e etc. (RECUERO, 2009, p. 25). As redes sociais são, portanto, um grande agrupamento de pessoas. No interior destes grupos se compartilham interesses mútuos, acentuando um caráter circular das relações humanas estabelecidas. O Ning não é uma rede social, é um site, é uma ferramenta. Os sites de redes sociais da internet proporcionam conexões para as pessoas, mas em última análise, são as pessoas que constróem as redes. Esses sites, portanto, expressam as redes e, com isso, as influenciam. (RECUERO, 2009). Redes sociais, assim, têm potencial para colaboração, para a difusão de informações e para a construção de novos valores sociais. Uma rede social não é uma ferramenta, mas apropria-se delas para expressar suas identidades, construir seus valores e operar de forma coletiva. (RECUERO, 2009, p. 26) A rede social em ambiente digital é um elemento dentro do contexto da Web 2.0, ambos os termos aparecem juntos, porque as tecnologias Web 2.0 são, em parte, responsáveis pelo rápido desenvolvimento de sites de redes sociais. O’Reilly (2005) fala que não há consenso quanto a definição de Web 2.0. Em 2004, o termo Web 2.0 foi utilizado pela primeira vez por ele e Dale Dougherty para designar uma nova geração de recursos Web. Baseadas nos princípios fundamentais da Web 2.0 listados por O’Reilly (2005) em seu artigo What is Web 2.0, pode-se dizer que as redes sociais em ambientes digitais possuem, dentre outras, as seguintes características principais: a combinação de diversas tecnologias associadas à facilidade de uso (menor exigência de conhecimentos técnicos, por exemplo, qualquer pessoa pode criar um blog através de “três passos”), mudança de foco da publicação para a participação e a possibilidade dos usuários serem produtores de conteúdos. 4 Saliente-se que a primeira rede social da internet foi o classmates.com, criado em 1995 por Randy Conrads. Tinha por finalidade facilitar a conexão de pessoas com antigos colegas de escola. Deste momento em diante começam a aparecer de maneira crescente sites semelhantes, porém dedicados a temas específicos e com suas próprias particularidades. A forma inicial de cooptar usuários é a interação facilitada entre pessoas ou o convite de um amigo a outro, que convida outro sucessivamente até que a rede toma volume suficiente no funcionamento e adesão de pessoas (LEIVA AGUILERA, 2009). Como ilustração da expansão das redes a figura 1 apresenta uma evolução das mesmas. Figura 1: Cronograma das datas de lançamento das Redes Sociais. Fonte: Boyd & Ellison, 2007. 2.1 Ning O Ning é uma plataforma para a criação de redes sociais individualizadas, ou seja, cada usuário pode criar sua própria rede social ou se vincular a qualquer outra de seu interesse. 5 A palavra Ning significa “paz” em chinês. Foi criada por Marc Andreesen (criador do Netscape) e Gina Bianchini. Fundada em outubro de 2005, e ao contrário de redes generalistas como o Orkut ou o Facebook, que condicionam a rede social à interação pessoal, o Ning permite o compartilhamento de interesses específicos. (WIKIPEDIA, 2010). O Ning possui uma interface de comunicação baseada no modelo Web 2.0, com ferramentas síncronas (chat) e assíncronas (fórum, grupos, blogs, eventos, notas); interface customizável (minha página); outros recursos como vídeos, fotos; e links para outras interfaces como Facebook, Flickr e Twitter. 3. Bibliotecas Universitárias e as Redes Sociais As bibliotecas - como qualquer outro dispositivo cultural - foram instituídas pelos homens, exercendo funções que lhes cabiam nas diversas sociedades, a cada era. Assim, elas refletem, em seus produtos e serviços, as mudanças históricas, sociais, políticas, culturais e tecnológicas de cada época. No contexto da academia, é papel primordial da biblioteca universitária – BU oferecer o suporte ao ensino, à pesquisa e à extensão. Sendo a pesquisa científica fundamental para o desenvolvimento de um país, a universidade e a biblioteca tornam-se peças-chave nesse processo. O uso das TICs em ambientes das BUs é uma evolução natural destes espaços de conhecimento acadêmico. Bibliotecas passaram do manejo de catálogos manuais para sistemas bibliográficos automatizados; dos conteúdos impressos divulgados nos murais das instituições para as home-pages estáticas, e agora usufruem da oportunidade de, novamente, oferecerem, por meio das plataformas tecnológicas presentes na geração Web 2.0, formas novas de tratamento, organização, disseminação e recuperação de informações; de interação com o usuário. Para Maness (2007, p. 48), Não requer muita imaginação começar a ver uma biblioteca como uma rede social em si. De fato, muitas das funções das bibliotecas ao longo da história tem sido como um lugar de reunião comum, um lugar de compartilhar identidade, comunicação, e ação. Redes sociais permitiriam que bibliotecários e usuários não somente interagissem, mas compartilhassem e transformassem recursos dinamicamente em um meio eletrônico. Usuários podem criar vínculos com a rede da biblioteca, ver o que os outros usuários têm em comum com suas necessidades de informação, baseado em perfis similares, demografias, fontes previamente acessadas, e um grande número de dados que os usuários fornecem. As bibliotecas precisam pousar o olhar sobre as aplicações sociais como ferramentas valiosas para dinamizar a comunicação e atenção par com seu público (FARKAS, 2007). 6 Atualmente, está em voga, o conceito de “Biblioteca 2.0” que Maness (2007, p.45) define como “a aplicação de interação, colaboração, e tecnologias multimídia baseadas em web para serviços e coleções de bibliotecas baseados em web”. Assim, ele limita a definição a serviços Web, e não a serviços gerais da biblioteca, o que evita confusões no discurso profissional. Para Marcos (2009, p. 16-17) “La filosofía 2.0 es la oportunidad de oro de la biblioteca para estar más cerca de sus usuarios, conocer qué les interesa y qué necesitan, y ofrecerlo de la forma que mejor se adapte a ellos.” O uso que a biblioteca pode fazer das aplicações 2.0 incidem em dois aspectos: “A) La biblioteca como usuario que hace uso de aplicaciones 2.0 e B) La biblioteca 2.0 como un sitio en el que los usuarios participan y generan contenidos.” Assim, cabe as bibliotecas universitárias aproveitarem as novas possibilidades favorecidas pelas TICs. 4 Materiais e Métodos O texto é um relato de experiência da rede Ning intitulada “As bibliotecas universitárias e as redes sociais na internet”. Segundo as Políticas Editoriais, da revista Informação & Sociedade (1991), os relatos de experiência são formas de comunicar as experiências profissionais ou descrever atividades de interesse para uma comunidade. Sua importância reside no fato de comunicar ações que tenham sido bem ou mal sucedidas, e, assim, contribuindo para evitar que outros profissionais ou pesquisadores repitam idêntica trajetória no caso de experiências sem êxito, o que favorece o conhecimento do tema explorado. Um relato de experiência é de cunho eminentemente prático e tem como objetivo socializar atividades que foram ou estão sendo desenvolvidas. Pretende-se então, com este relato, fazer uma sistematização da prática desenvolvida na criação de uma rede social na plataforma Ning. Este estudo foi realizado em paralelo com a disciplina “Tecnologias sociais de comunicação, informação e conhecimento” que compreendeu o período de março à junho de 2010. A parte prática do trabalho se concentrou no mês de junho. A rede Ning foi escolhida, numa enquete em sala de aula pelos alunos da disciplina devido à possibilidade da criação de uma rede social com conteúdo individualizado, de acordo com o interesse de cada aluno. O público-alvo da rede criada são os bibliotecários e os usuários de bibliotecas universitárias e, já que muitos foram, são ou podem ser usuários potenciais de bibliotecas universitárias, a rede foi franqueada a todos que quisessem contribuir com o tema, por meio 7 de sugestões, opiniões, relatos de experiências, compartilhamento de textos e indicações de fontes; ou mesmo apenas manter-se informado. Inicialmente, adotou-se a opção “sem filtros” para as postagens de conteúdos pelos participantes da rede. Baseadas nas características da Web 2.0 (tratada no tópico “Redes Sociais”), os critérios escolhidos para a avaliação da plataforma quanto aos recursos tecnológicos foram: identificar se o Ning possibilita a combinação de diversos recursos tecnológicos; verificar se há facilidade na criação, manuseio e uso desses recursos tecnológicos; e se há a possibilidade dos usuários serem geradores de conteúdos e assim participarem de forma a interagirem com os membros da rede Ning criada. Já para a avaliação do envolvimento dos membros (participação e interação) da rede criada, com o conteúdo disponibilizado, os critérios foram: o grau de participação dos usuários (análise quantitativa); como se desenvolveram os temas levantados (houve interesse da comunidade?) e qual a relevância do conteúdo disponibilizado e discutido pela comunidade bibliotecária (neste caso a intenção é avaliar se a rede social criada na plataforma Ning contribui, com informações, para a geração de novos conhecimentos). Por meio da inserção periódica de conteúdos no blog. Apresentação de questões no fórum. Inclusão de comentários, fotos, eventos e enquetes disponibilizadas pela administradora da rede e dos membros participantes, foram feitas observações durante todo o processo. Tal fato possibilitou algumas impressões e resultados sobre o uso do Ning, bem como, do conteúdo disponibilizado na rede criada. 5 Resultados Finais A rede criada no Ning intitulada “As bibliotecas universitárias e as redes sociais na internet”, foi desenvolvida em 10/06/2010, estando acessível no endereço: http://bueredessociaisnet.ning.com/. Não foram encontradas dificuldades no desenvolvimento da rede criada no Ning. As ferramentas oferecidas pela plataforma são intuitivas e didáticas, permitindo que pessoas sem grandes conhecimentos técnicos em informática montem suas próprias redes sociais, pelo menos com os recursos básicos disponíveis. Os recursos escolhidos na montagem da rede foram: minha página, membros, fotos, vídeos, fórum, eventos, grupos, blogs, bate-papo, enquete, RSS e últimas atividades (onde é relatado cronologicamente os movimentos e ações dos membros do Ning, como por exemplo, as últimas pessoas que aderiram a rede ou que acrescentaram conteúdo). Na parte do design do site da rede, o Ning oferece alguns modelos já prontos, onde é possível editar cores, fontes das letras, tamanhos etc., tudo de maneira simples e fácil 8 operação. É possível, ainda, personalizar a aparência com o uso de recursos tecnológicos mais avançados. O Ning é uma plataforma disponibilizada em diversos idiomas, inclusive o português, característica importante para as pessoas que não dominam o idioma inglês (“lingua franca” da internet). Como resultado final, a rede social criada na plataforma Ning ficou com a seguinte aparência: Figura 2 – Rede Social no Ning “As bibliotecas universitárias e as redes sociais na internet” Abaixo (Tabela 1 e Tabela 2), são relatados os resultados observados com o manuseio da rede criada no Ning, respondendo aos critérios de avaliação propostos no tópico Materias e Métodos: Tabela 1- Avaliação dos recursos tecnologicos do Ning. Critérios Possibilita a combinação de diversos recursos tecnológicos? É fácil a criação, manuseio e uso dos recursos tecnológicos? Possibilita que os usuários sejam geradores de conteúdos? 1 Resultados Sim, é uma das mais completas ferramentas de redes sociais da internet, pois une texto, imagem, som e vídeo. Em geral sim, com algumas exceções relacionadas aos recursos Apps 1 e de “Opções avançadas” do Ning. Sim, permite que todos os membros participem da rede através de opiniões, textos, fotos etc. Ning Apps são recursos de terceiros que você pode adicionar a sua rede, neste caso, você escolhe entre diversas opções, o que está de acordo com o perfil da sua rede. É disponiblizado pela própria rede Ning. Fonte: http://developer.ning.com/ningapps. 9 Para o Ning ser totalmente completo faltou, no quesito recursos tecnológicos, disponibilizar em sua plataforma, a ferramenta de podcasting, mas no Ning Apps há o BlogTalkRadio 2 que se assemelha a essa função. Usou-se o Apps da PollDaddy 3 para elaboração de enquetes relacionadas ao tema da pesquisa e nesse recurso houve dificuldades para a sua inclusão, não ficando exatamente ao desejo da administradora da rede no Ning. Em “Opções avançadas” (Robots.txt e Mapa do site), apesar das tentativas, não foi possível inserir a rede criada no Ning nos motores de busca. Tabela 2 - Avaliação da participação e interação dos membros da rede Ning criada. Critérios Resultados Qual o grau de participação dos usuários? (análise quantitativa). Como se desenvolveram os temas levantados (houve interesse da comunidade)? Qual a relevância do conteúdo disponibilizado e discutido pelos membros da rede Ning criada? Dos 21 membros associados, 4 participaram (com exceção do tópico Enquete). Somente 3 pessoas com conteúdos pertinentes ao tema. Sim, 3 membros acrescentaram conteúdos ou fotos (neste caso é necessário avaliar a pertinência com o tema da rede) e criaram ou responderam questões. O conteúdo foi considerado interessante para a pesquisa de mestrado da autora do texto. Apenas as pessoas convidadas por e-mail aderiram à rede criada no Ninga, ou seja, a rede não teve visibilidade. Aqui se análisa a questão dos conectores e dos hubs, que segundo Barabási (2009, p. 49) significa “nós dotados de um número extraordinariamente grande de links”. As informações postadas na Web, para serem percebidas por alguém, precisam ter visibilidade e “na Web, a medida de visibilidade é o número de links. Quanto mais links de entrada para nossa página na Web, mais visível ela será.” (BARABÁSI, 2009, p. 51). Ou seja, não há links que remetam a rede criada no Ning em outras páginas da Web. Pela escolha da opção de não filtragem do conteúdo, foi postada uma foto de um cachorro e o rosto de um membro da rede criada. Neste caso, mesmo não sendo pertinentes ao tema, as imagens apesar de inocentes sugerem que, em outras oportunidades podem ser inseridos conteúdos inapropriados, por isso deve-se repensar a questão da não filtragem do que seja inserido como conteúdo. 2 Plataforma onde você pode criar seu próprio programa de rádio e falar com outros membros do Ning de forma síncrona. Fonte: http://developer.ning.com/opensocial/application/list. 3 Com o PollDaddy é possível exibir enquetes personalizadas em sites de redes sociais. Fonte: http://developer.ning.com/opensocial/application/list. 10 Foi acrescentado, sem dificuldades, o software de estatística do Google Analytics 4 , o que permitiu analisar quantitativamente a frequência de acessos a rede Ning. Desde a implantação do Google Analytics (dia 13/06/2010), a rede criada teve 537 visitas até a data de 21/06/2010. A participação e a interatividade, apesar do pouco tempo de operação da rede, aconteceu e com conteúdos considerados interessantes pela administradora da rede. Como resultado da análise feita sobre o Ning pode-se afirmar que a plataforma permite a combinação de diversos recursos tecnológicos, associado a um fácil manuseio dos mesmos e, um alto grau de interatividade e participação, já que é possível que qualquer membro acrescente conteúdos ou se comunique pelas mais variadas formas: fórum, mensagens de blog, notas, fotos, vídeos, eventos, chat, com a criação de grupos e com a “minha página” onde cada um pode até “presentear” outro participante. O Ning possui ferramental que propicia a interatividade e a participação, mas isso não significa que essas duas características ocorrem de fato, isso depende dos membros das redes Ning. Neste caso houve algumas participações e interações. Um aspecto relevante, porém negativo, é o fato do Ning ter passado a ser cobrado a partir de 21/07/2010. Como parte do relato de experiência também compreende citar as dificuldades. Neste sentido é importante destacar: o pouco tempo para explorar os recursos tecnológicos e desenvolver o conteúdo. Aspectos que podem ter contribuído para a baixa adesão de participação e interação; a falta de conhecimento em design para personalizar a aparência da página causou certa frustração, além da dificuldade com as técnicas de rastreamento dos mecanismos de busca que prejudicaram a divulgação da rede criada no Ning. 6 Considerações Finais Na tentativa de uma avaliação completa da rede social criada procurou-se usar o máximo de recursos disponíveis da plataforma, o que possibilitou um conhecimento mais amplo da mesma. A aplicação de aspectos teóricos da disciplina, no desenvolvimento da prática, forneceu um suporte, principalmente, no momento de pensar a forma de uso dos recursos tecnológicos do Ning, que se basearam nas principais características da Web 2.0 e das redes sociais. 4 O Google Analytics é a solução de análise da web de cunho empresarial que fornece, gratuitamente, uma ótima visibilidade do tráfego e da eficiência do marketing do seu website. Fonte: http://www.google.com/intl/pt-BR/analytics/. 11 Por meio da experiência pessoal, permite auferir que a existência de bibliotecários, sem domínios avançados de recursos tecnológicos, não obstrui a facilidade com que se pode criar uma rede no Ning, por meio dos recursos básicos oferecidos pela plataforma. Além de mediar os estoques de informação visando à recuperação da informação mediante uma demanda, pode-se dizer que o papel atual do bibliotecário é também o de mediar o processo de geração do conhecimento. Dessa forma, as redes sociais na internet como ambientes coletivos digitais autônomos de produtores e consumidores de informação introduz rupturas nos papéis tradicionais dos bibliotecários. Partindo das características da Web 2.0 e redes sociais, em geral, a rede criada no Ning atendeu as expectativas, no quesito recursos tecnológicos da ferramenta. Já, no quesito participação e interação dos membros considerava-se a possibilidade de mais participações (era uma expectativa da pesquisa). Porém, mesmo sendo poucos os conteúdos postados e discutidos, eles contribuíram para a geração de conhecimento sobre as possibilidades dá mídia. É importante salientar que o grau de envolvimento e de interação que os usuários desejam, ou desejarão ter com a rede criada no Ning, depende do que é oferecido em conteúdo, mas também, do próprio usuário que é livre para escolher atuar ou não no ambiente colaborativo da Web 2.0. Foi uma análise inicial do Ning, aconselha-se que estudos posteriores examinem, por um período mais longo de tempo, a ferramenta sob o enfoque das vantagens e desvantagens de seu uso como um ambiente propicio a geração de conhecimento, a disponibilização e divulgação de informações, e a prestação de serviços e informações à comunidade de uma biblioteca universitária. 7 Referências BARABÁSI, Albert-László. Linked (conectado): a nova ciência dos networks. São Paulo: Leopardo, 2009. 241 p. BOYD, DANAH M.; ELLISON, Nicole B. Social network sites: definition, history, and scholarship. Journal of Computer-Mediated Communication. v. 13, n. 1, 2007. Disponível em: <http://jcmc.indiana.edu/vol13/issue1/boyd.ellison.html>. Acesso em: 10 jun. 2010. CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2009. 698 p. FARKAS, Meredith G. Social software in libraries: building collaboration communication, and community online. Medford, New Jersey: Information Today, 2007. 320 p. 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