a engenharia clínica e seus indicadores no hospital universitário
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a engenharia clínica e seus indicadores no hospital universitário
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA BIOMÉDICA Trabalho de Conclusão de Curso A ENGENHARIA CLÍNICA E SEUS INDICADORES NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ONOFRE LOPES Camila Beatriz Souza de Medeiros Natal/RN 2015 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA BIOMÉDICA A ENGENHARIA CLÍNICA E SEUS INDICADORES NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ONOFRE LOPES Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Departamento de Engenharia Biomédica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte para obtenção do título de Graduado em Engenharia Biomédica. Graduando: Camila Beatriz Souza de Medeiros. Orientador: Profa Dra. Beatriz Stransky Ferreira Natal/RN 2015 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA BIOMÉDICA A ENGENHARIA CLÍNICA E SEUS INDICADORES NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ONOFRE LOPES Banca Examinadora do Trabalho de Conclusão de Curso: Profa. Dra. Beatriz Stransky Ferreira _________________________ UFRN – Orientadora Prof. Antônio Moliterno de Oliveira Neto _________________________ UFRN – Avaliador Interno Prof. Dr. Hélio Roberto Hekis _________________________ UFRN – Avaliador Externo Natal/RN 2015 AGRADECIMENTOS Gostaria de agradecer em primeiro lugar à Deus por me trazer a vida. Aos meus pais Arlinete e Ubiraci, e minha irmã Karol por toda educação, suporte, atenção, carinho, fonte de inspiração e incentivo ao longo de minha vida. Aos meus orientadores Beatriz Stransky e Rafael Contreras que me aceitaram e me incentivaram a desenvolver este trabalho, pela paciência e atenção em debater, elaborar e auxiliar, pela confiança e pelo aprendizado diário no desenvolvimento da minha formação como engenheira. Aos meus amigos e eternos colegas de curso Taline, Leila, Ednilson, Gabi, Carioca, Alessandra e Zezo, e aos mestres e professores Wagner e Custódio pelo entusiasmo que me fizeram enxergar que a formação em engenharia biomédica é uma realização profissional. Pela paciência, discussões, companheirismo e partilha de conhecimento. Aos meus colegas de setor Aleson, Fernando e Rogério que me auxiliaram e opinaram durante as etapas do projeto desenvolvidas no hospital. Aos professores Antônio e Hélio por aceitarem a participar da banca de avaliação deste projeto. SUMÁRIO AGRADECIMENTOS ..................................................................................................... 4 SUMÁRIO ........................................................................................................................ 5 LISTA DE FIGURAS ...................................................................................................... 7 LISTA DE TABELAS ..................................................................................................... 8 LISTA DE EQUAÇÕES .................................................................................................. 9 LISTA DE ABREVIAÇÕES, SIGLAS E SÍMBOLOS ................................................. 10 RESUMO ....................................................................................................................... 11 ABSTRACT ................................................................................................................... 12 1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 13 2. OBJETIVOS .............................................................................................................. 16 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 17 3.1 ENGENHARIA CLÍNICA .................................................................................. 17 3.1.1 HISTÓRICO .................................................................................................... 17 3.1.2 ATRIBUIÇÕES ............................................................................................... 18 3.1.3 GESTÃO E CICLO DE VIDA DOS EQUIPAMENTOS MÉDICOS ............ 19 3.2 FERRAMENTAS DE ENGENHARIA CLÍNICA E INDICADORES ............. 21 3.3 HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ONOFRE LOPES ............................................ 28 3.4 A ENGENHARIA CLÍNICA NO HUOL ........................................................... 28 4. METODOLOGIA ...................................................................................................... 32 4.1 DESENVOLVIMENTO DE UMA FERRAMENTA COMPUTACIONAL DE GERENCIAMENTO ...................................................................................................... 32 4.2 INVENTÁRIO .................................................................................................... 32 4.3 ORDENS DE SERVIÇO ..................................................................................... 32 4.4 INDICADORES DE ENGENHARIA CLÍNICA ............................................... 33 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................. 34 6. CONCLUSÕES ......................................................................................................... 42 7. REFERÊNCIAS......................................................................................................... 43 APÊNDICE A - FORMULÁRIOS PRESENTES NO SOFTWARE ............................ 46 LISTA DE FIGURAS Figura 1- Relacionamento com o setor de engenharia clínica. Adaptado de (ANTUNES et al., 2002) ..................................................................................................................... 19 Figura 2 - Ciclo de vida do equipamento Adaptado de (ANTUNES et al., 2002) ......... 20 Figura 3 - Procedimento Operacional de Manutenção Corretiva ................................... 25 Figura 4 - Estrutura funcional da Engenharia Clínica no HUOL ................................... 28 Figura 5 - Fluxograma de abertura de chamados no HUOL .......................................... 30 Figura 6 - Fluxograma de relação dos procedimentos realizados pelo setor de Engenharia Clínica e a ferramenta computacional desenvolvida ...................................................... 34 Figura 7 - Fluxograma dos procedimentos realizados pelo setor de Engenharia Clínica ao receber um chamado após a implementação da ferramenta computacional ................... 36 Figura 8 - Ordens de serviços externas abertas entre Outubro/2014 e Setembro/2015 .. 37 Figura 9 - Ordens de serviços externas fechadas entre Outubro/2014 e Setembro/2015 38 Figura 10 - Tempo médio de atendimento das empresas entre Outubro/2014 e Setembro/2015 ................................................................................................................ 39 Figura 11- Chamados por equipamentos entre Outubro/2014 e Setembro/2015 ........... 40 Figura 12 - Tempo de máquina parada entre Outubro/2014 e Setembro/2015 .............. 41 Figura 13 - Formulário de Cadastro de Equipamentos ................................................... 46 Figura 14 - Formulário Cadastro de Contratos ............................................................... 47 Figura 15 - Formulário Cadastro de Fornecedores ......................................................... 47 Figura 16 - Formulário Ordem de Serviço Interna ......................................................... 48 Figura 17 - Formulário Ordem de Serviço Externa ........................................................ 49 Figura 18 - Formulário Saída de Equipamentos ............................................................. 50 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Critério de função do equipamento............................................................... 23 Tabela 2 – Critério de risco associado ao uso (WHO, 2011b) ....................................... 24 Tabela 3 – Critério de necessidade de manutenção ........................................................ 24 Tabela 4 – Sugestão de intervalos entre manutenções preventivas para diversas categorias de equipamentos médicos ............................................................................................... 26 Tabela 5 – Exemplos de indicadores de engenha clínica divididos por grupos ............. 27 LISTA DE EQUAÇÕES Equação 1 – Índice de gerenciamento de equipamentos ................................................ 23 LISTA DE ABREVIAÇÕES, SIGLAS E SÍMBOLOS ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária CONFEA – Conselho Federal de Engenharia e Agronomia EBSERH – Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares FDA – Food and Drug Administration HUOL – Hospital Universitário Onofre Lopes OMS – Organização Mundial de Saúde OS – Ordem de Serviço MP – Manutenções Preventivas UFPE – Universidade Federal do Pernambuco UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul UNICAMP – Universidade de Campinas USP – Universidade de São Paulo SOUZA DE MEDEIROS, Camila Beatriz. A ENGENHARIA CLÍNICA E SEUS INDICADORES NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ONOFRE LOPES. Trabalho de Conclusão de Curso, Graduação em Engenharia Biomédica, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 50p., 2015. RESUMO A função do engenheiro clínico dentro de um estabelecimento de saúde é essencial para o gerenciamento das tecnologias em saúde de forma eficiente. Este gerenciamento envolve práticas de boas maneiras como manutenções e calibrações, e a análise do ciclo de vida dos equipamentos. Contudo, as ferramentas de gestão existentes para os setores de engenharia clínica ainda são limitadas ou restritas. O Hospital Universitário Onofre Lopes possui o setor de Engenharia Clínica que está subdividido entre a chefia de engenharia clínica, oficina de engenharia clínica e a central de equipamentos. Visando uma integração entre os subsetores e melhor organização dos dados relacionados ao parque tecnológico de saúde presente, foi desenvolvido uma ferramenta computacional baseada em banco de dados, que permitiu a comunicação e integração dos setores de chefia e oficina de engenharia clínica; uma melhor análise dos procedimentos realizados no parque tecnológico do hospital; registrar os dados dos equipamentos do hospital de responsabilidade da engenharia clínica, relacionando-os com fornecedores, procedimentos de ordens de serviço internas e externas, e a saída dos mesmos. A partir dos dados obtidos realizou-se uma análise de indicadores relacionados aos equipamentos de diagnóstico por imagem do hospital no período compreendido entre outubro de 2014 e setembro de 2015. Os indicadores gerados avaliaram a quantidade de ordens de serviços solicitadas e finalizadas neste período, o tempo médio em que as empresas que prestam serviços para o hospital levam para realizar o atendimento, a quantidade de chamados abertos por equipamentos e por fim a quantidade em dias que o equipamento ficou parado. Palavras-chave: Engenharia clínica. Gerenciamento. Indicadores. Equipamentos de diagnóstico por imagem. Hospital Universitário Onofre Lopes. SOUZA DE MEDEIROS, Camila Beatriz. THE CLINICAL ENGINEERING AND ITS INDICATORS ON THE ONOFRE LOPES UNIVERSITARY HOSPITAL. Conclusion Work Project, Biomedical Enginnering Bachelor Degree, Federal University of Rio Grande do Norte, 50p., 2015. ABSTRACT The aim of clinical engineer inside a hospital is essential for efficent healthcare technology management. This management involves good conducts such as maintanence and calibration, and equipment expectancy analysis. However, the tools of management for the clinical engineering sector are limited or restricted. The Onofre Lopes Universitary Hospital has the clinical engineering sector which is divided between Clinical Engineering’s Leadership, Clinical Engineering Laboratory and Center of Equipments. Aiming at integration across sectors and better organization of data related to the technological park of health present in this hospital, we developed a computational tool based on the database, which enabled communication and integration of Clinical Engineering's Leadership sector and Clinical Engineering Laboratory sector for a better analysis of the procedures performed in the hospital technological park; register all existent equipments' data in the hospital which are monitored by Clinical Engineering sector, linking them with suppliers, internal and external work orders, and the output thereof. From the data obtained we carried out a analysis of indicators related to the hospital's image diagnostic equipments in the period between October 2014 and September 2015. The indicators generated allowed to assess the amount of work orders requested and completed during this period, the average time that the companies, which provide services to the hospital, takes to perform the service, the amount of service request for equipment and finally the amount of days that the machine was stopped. Keywords: Clinical Engineering. Management. Indicators. Image diagnostics equipments. Onofre Lopes University Hospital 1. INTRODUÇÃO A Engenharia Clínica é a área da engenharia responsável pelo desenvolvimento e aplicação de soluções nas unidades de saúde, bem como gerir o parque tecnológico biomédico, projetar e desenvolver novas ferramentas a serem utilizadas nos estabelecimentos de saúde, e articular novas metodologias de gestão. O engenheiro clínico gerencia os equipamentos eletromédicos desde o período de compra até o descarte do mesmo. Este gerenciamento envolve a análise da infraestrutura existente em termos de quantidade e qualidade de equipamentos, especificações técnicas, preços, garantias, funções, riscos, recebimentos, treinamentos de técnicos e de usuários, manutenções preventivas e corretivas, contratos de manutenção, ciclos de vida, e reuso ou descartes (McCARTHY et al., 2014). Além disso, o engenheiro analisa as necessidades e avalia as recomendações dos profissionais de saúde quanto a aquisição de novas tecnologias para o estabelecimento. A formação deste profissional é realizada através da graduação em engenharia biomédica, ou graduação em outra engenharia com um curso de especialização em engenharia clínica. Os primeiros cursos de especialização em engenharia clínica foram criados na década de 90, financiados pelo Ministério da Saúde e implantados nas universidades UNICAMP (Campinas), USP (São Paulo) e UFRS (Porto Alegre), enquanto que os primeiros cursos de graduação em engenharia biomédica foram estabelecidos no início dos anos 2000 na UNIVAP (São José dos Campos) e UFPE (Recife). Atualmente estes cursos são ofertados em mais algumas universidades do Brasil, porém ainda existem poucos profissionais qualificados no mercado para a alta demanda de estabelecimentos de saúde (SOUZA; MORE, 2014). De acordo com o sistema CONFEA/CREA existem, no Brasil, duzentos e onze profissionais de engenharia biomédica registrados (CONFEA, 2015). Em 2011 a ANVISA aprovou o Regulamento Técnico que estabelece os Requisitos de Boas Práticas para Funcionamento de Serviços de Saúde, impulsionando diretamente o desenvolvimento de novos profissionais de gestão hospitalar e engenharia clínica (BRASIL, 2011a). Apesar do incentivo e o reconhecimento da importância de um profissional de engenharia clínica, os estabelecimentos de saúde ainda se encontram resistentes a adesão desses profissionais pela falta de capital para investimento neste setor, pois a implantação do setor de Engenharia Clínica possui um alto custo inicial. Além de 13 recursos humanos, é necessário adquirir uma infraestrutura e material de trabalho. Por outro lado, a relação custo-benefício torna-se positiva no primeiro ano após a implantação (Ministério da Saúde, 2002). Alguns estabelecimentos tentam remediar esta situação, ocupando este cargo por outros profissionais de outras áreas como enfermeiros, administradores, advogados (SOUZA; MORE, 2014). Por outro lado, a ausência deste profissional agrega outras demandas negativas para os estabelecimentos de saúde, como por exemplo a dependência de assistências técnicas autorizadas de equipamentos hospitalares, que promovem a manutenção destes a preços elevados e que não exercem a gestão dos equipamentos e seus indicadores como o setor de Engenharia Clínica (AUGUSTO, 2002); o excesso de danos por mal-uso ou descuido dos equipamentos durante sua utilização ou transporte por falta de instruções; e a falta de controle de gerenciamento técnico dos equipamentos quanto manutenção preventiva e corretiva, ciclo de vida e calibrações. Outro ponto interessante é que ainda não existe uma padronização e regulamentação nacional na oferta de serviços de gerenciamento e engenharia clínica. Devido a isto, existem divergências na aplicação do serviço de engenharia clínica, alguns restringindose a aplicação de conhecimento técnico, envolvendo-se muito pouco com questões financeiras, tais como: tempo de máquina parada ou lucro cessante, distribuição de custos por setor, dentre outros indicadores (CURI FILHO, 2009) enquanto que outros aplicam e utilizam os indicadores de desempenho para uma melhora profissional. Isto ocorre devido as ferramentas de trabalho existentes ainda serem restritas, como por exemplo a utilização de sistemas no setor. Os softwares de gestão gratuitos não incluem todas as funções e indicadores necessários, são mais simples, quanto que os softwares específicos possuem preços elevados, o que dificulta a aplicação de sistemas gerenciais neste setor (WHO, 2011a). A partir de 2012, os hospitais universitários do Brasil começaram a receber centenas de novos profissionais em seu quadro de funcionários com a implementação, pelo governo federal, da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) para gestão dos mesmos. Dentre estes profissionais, encontram-se os engenheiros que são responsáveis pela infraestrutura predial, mecânica, elétrica e os engenheiros clínicos ou biomédicos que são responsáveis pela gestão da tecnologia biomédica. Em Natal, no Rio Grande do Norte, o Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL) conta com uma equipe de engenharia clínica composta por um engenheiro clínico, dois estagiários e seis técnicos. Esta equipe é responsável pelo atendimento e gerenciamento de mais de 14 setecentos equipamentos médicos dentro do hospital. Dentre estes, encontram-se quarenta e quatro equipamentos de diagnóstico por imagens, os quais são enfocados neste trabalho. Este trabalho visa aplicar as ferramentas de gerenciamento bem como analisar os indicadores de engenharia clínica nos equipamentos de diagnóstico por imagem do HUOL, a fim de verificar o desempenho do setor de engenharia clínica do hospital, de acordo com os indicadores e o gerenciamento dos equipamentos. 15 2. OBJETIVOS 2.1 GERAL Desenvolver uma plataforma de gerenciamento interligando os setores e procedimentos exercidos pela equipe de engenharia clínica dentro do hospital, de tal forma que se possa ter controle, em forma de indicadores, da quantidade de processos que envolvem o setor. 2.2 ESPECÍFICO Registrar os dados relacionados aos equipamentos numa única plataforma, tais como informações específicas do equipamento, ordens de serviço internas, ordens de serviço externas, saídas de equipamento. Registrar contratos e fornecedores ligados ao setor de engenharia clínica, relacionando aos equipamentos dentro do âmbito hospitalar. Gerar indicadores de desempenho de engenharia clínica a fim de avaliar o setor e os procedimentos realizados. 16 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 ENGENHARIA CLÍNICA 3.1.1 HISTÓRICO A engenharia clínica é o setor responsável pela gestão do parque tecnológico biomédico dentro do âmbito assistencial de saúde. Existem diversos profissionais compondo este setor, como engenheiros biomédicos ou clínicos, técnicos e auxiliares administrativos. A engenharia clínica surgiu em meados dos anos 1960 nos Estados Unidos, quando percebeu-se a necessidade de um profissional que gerisse o rápido avanço tecnológico relacionado aos equipamentos eletromédicos (ANTUNES et al., 2002). Nesta época, os custos relacionados à manutenção dos equipamentos médicos eram relativamente altos e o risco com a segurança durante o uso dos equipamentos também. O primeiro impasse se deu com a regularização e certificação de equipamentos relacionados ao âmbito hospitalar, tais como medicamentos, dispositivos e produtos. Essas regularização e certificação demandava tempo e alto custo por parte dos fabricantes (RAMIREZ & CALIL, 2000). Somente em 1976 o presidente Gerald Ford, dos Estados Unidos, aprovou a legislação PL 94-295, a qual requisitava que os fabricantes de equipamentos eletromédicos estabelecessem a segurança e eficácia em acordo com a aprovação da FDA (Food and Drug Administration). Devido a essa legislação, novos empregos foram gerados diretamente, impulsionando os setores de engenharia clínica nos órgãos governamentais (escritórios da FDA) e nos âmbitos hospitalares. Ainda na década de 70, Thomas Hargest e César Cáceres criaram o termo engenheiro clínico (RAMIREZ & CALIL, 2000). De acordo com a definição do American College of Clinical Engineering (ACCE), “O ENGENHEIRO CLÍNICO é aquele profissional que aplica e desenvolve os conhecimentos de engenharia e práticas gerenciais às tecnologias de saúde, para proporcionar uma melhoria nos cuidados dispensados ao paciente” (ANTUNES et al., 2002). No Brasil, esse profissional surgiu no começo dos anos 90, o que estabeleceu um atraso diante dos Estados Unidos e Europa de aproximadamente 30 anos (ANTUNES et al., 2002). Assim como nos Estados Unidos, existia um alto custo relacionado à manutenção de equipamentos médicos e faltavam profissionais qualificados para execução do serviço. Em 1989 o Ministério do Bem-estar e da Previdência Social estimou 17 que de 20 a 40% dos equipamentos médicos no Brasil estavam desativados por falta de manutenção, e quando eram realizadas as manutenções, estas ficavam a cargo dos fabricantes e representantes que monopolizavam o setor (RAMIREZ & CALIL, 2000). Outros fatores também impulsionaram o estabelecimento de um nicho de mercado para este profissional, tais como: falta de recursos humanos especialmente treinados para a função; falta de documentação sobre segurança de equipamentos; burocracia quanto a importação de peças e teste de equipamentos; falta de cooperação dos fabricantes ou representantes dos equipamentos quanto a aquisição de peças ou documentação técnica (RAMIREZ & CALIL, 2000). Diante deste cenário, cursos de especialização em engenharia clínica foram criados, seguidos de cursos de graduação em engenharia biomédica e tecnólogo em sistemas biomédicos, bem como o técnico em equipamentos biomédicos a fim de suprir essa demanda nacional. 3.1.2 ATRIBUIÇÕES O engenheiro clínico é o profissional responsável, dentro do ambiente hospitalar, pelo uso de forma coerente do parque tecnológico biomédico e implementação de metodologias eficientes de boas práticas. Dentre estas responsabilidades podemos citar segurança do equipamento, manutenção e controle de qualidade técnica dos equipamentos, a usabilidade e o suporte para o seu uso com relação a treinamentos dos profissionais técnicos do setor, bem como treinamento para usuários dos equipamentos (equipe médica, enfermagem e de saúde em geral), aquisição de acessórios, peças de reposição e novos dispositivos, gerenciamento de entrada e saída de equipamentos, entre outras funções (HEGARTY, 2014). O setor de engenharia clínica intermedia e se relaciona, rotineiramente, com diversos outros setores dentro e fora da unidade de saúde – desta forma este profissional necessita de um conhecimento multidisciplinar e uma boa comunicação tanto com os profissionais de saúde e quanto com os do setor técnico, sendo esta uma condição essencial para uma ágil implementação de soluções como demonstrado na Figura 1 (ANTUNES et al., 2002). Dentro do âmbito de saúde, as interações com os profissionais do corpo médico e enfermagem estão relacionadas com a abertura e solicitação de chamados de manutenção, pesquisa e treinamentos. No setor administrativo, agentes financeiros e de leasing intermediam a burocracia financeira e administrativa do setor de engenharia clínica, como a compra, parcelamento de materiais, equipamentos; contratos 18 de manutenção; contratos de aluguel de equipamentos ou sistemas de comodatos, entre outras rotinas burocráticas. Figura 1- Relacionamento com o setor de engenharia clínica. Adaptado de (ANTUNES et al., 2002) O engenheiro clínico dentro do âmbito hospitalar, como já dito anteriormente, tem por responsabilidade gerenciar as tecnologias de saúde durante todo o seu ciclo de vida. 3.1.3 GESTÃO E CICLO DE VIDA DOS EQUIPAMENTOS MÉDICOS O ciclo de vida de um equipamento médico contempla as fases de incorporação, utilização e renovação ou alienação como demonstrado na Figura 2 (ANTUNES et al., 2002; FERREIRA BORLIDO, 2013). A etapa de incorporação inicia-se no processo de pesquisa das especificações técnicas a serem atendidas no ambiente hospitalar, bem como a estrutura do local a receber o equipamento, como por exemplo, se serão necessárias modificações da infraestrutura predial, instalações hidráulicas, de refrigeração e elétrica. Sabendo-se estas especificações, procura-se as ofertas existentes no mercado: fabricantes, modelos, acessórios, preço. Durante o ato da aquisição do equipamento também se analisa as opções ofertadas pelo fabricante tais como: contrato de manutenção, serviço de garantia estendida, localização da assistência técnica mais próxima, oferta de treinamentos técnicos e de usuário, disponibilização de manuais técnicos e do usuário, serviço de desconto em caso de troca de equipamento e o preço (BRONZINO, 1992a). A fase de aquisição do equipamento encerra quando o equipamento é recebido e conferido. A partir disso, realiza-se a instalação do equipamento na unidade de saúde. A instalação 19 é feita pelo fabricante e devidamente acompanhada pelo setor de engenharia clínica, para que não haja discordâncias e erros nos procedimentos realizados pelo fabricante ou empresa responsável pela instalação do equipamento. Nesta etapa, o próprio fabricante realiza o treinamento técnico e operacional dos profissionais que estarão em contato com o equipamento. O tipo, a quantidade e duração dos treinamentos é decidido no momento da compra pelo setor de engenharia clínica. Durante o treinamento de usuário é demonstrado o equipamento externamente, todos os seus botões operacionais, entrada de cabos de fonte, rede e acessórios. Logo após são demonstradas as funcionalidades dos equipamentos em termos de software, operações, funções, armazenamento de dados e entre outras funcionalidades. Figura 2 - Ciclo de vida do equipamento Adaptado de (ANTUNES et al., 2002) Após a etapa de incorporação da tecnologia dentro do âmbito de saúde, encontra-se a fase de utilização do equipamento o qual passa a ser de total responsabilidade do setor de engenharia clínica. Durante o uso de equipamento é necessário que haja um planejamento quanto aos treinamentos de reciclagem e aprendizado do equipamento para as equipes que o utilizam. É comum que aconteçam chamados de manutenção por erros simples de configuração ou por falta de informação prévia do usuário. É necessário também um planejamento quanto às manutenções preventivas e corretivas dos equipamentos (BRONZINO, 1992b). A manutenção preventiva consiste na limpeza do equipamento, inspeção visual e elétrica, troca de peças pré-determinadas pelo fabricante e testes de verificação funcional. Na manutenção corretiva, é realizada troca ou reparo de 20 peças do equipamento e/ou acessórios, calibrações, aferições e testes funcionais (Ministério da Saúde, 2002). Para este segundo tipo de manutenção não há planejamento e podem ocorrer a qualquer momento durante a vida útil do equipamento. Para alguns equipamentos com alto valor de manutenção ou que há a necessidade de manutenção preventiva/corretiva em curtos prazos, verifica-se a possibilidade de contratar empresas autorizadas ou terceirizadas. Dentro do contrato, existem as cláusulas em que incluem o que a contratada e a contratante ofertam, bem como manutenções preventivas, visitas técnicas periodicamente, chamados de emergência, manutenções corretivas, troca de peças e acessórios, entre outros. Por fim, temos a fase de renovação ou alienação. O equipamento pode encerrar sua vida útil de três formas. Primeiro, por tempo de uso ou obsolência; segundo, por uso indevido e de impossível reparo; terceiro, por desuso da tecnologia. Sempre que existir a alienação de algum equipamento, é de responsabilidade do setor de engenharia clínica gerar laudos técnicos justificando o porquê da alienação daquele equipamento. Devido a alienação do equipamento, torna-se necessária uma análise para descarte do mesmo (BRONZINO, 1992a). Muitas empresas adotam o sistema resgatar o equipamento em desuso ou a sucata dele como entrada para a aquisição de novos equipamentos. Em casos de empresas ou equipamentos que não realizam o descarte do equipamento, é necessário um estudo de descarte do equipamento e encaminhamento para sua destinação final. 3.2 FERRAMENTAS DE ENGENHARIA CLÍNICA E INDICADORES As ferramentas utilizadas na engenharia clínica incluem softwares, rotinas administrativas, manuais, rotinas de calibração, equipamentos de calibração, aferição e simulação. A Organização Mundial de Saúde (OMS) elaborou uma série de documentos de referência para ajudar os países no sentido de garantir melhor acesso, qualidade e utilização de dispositivos médicos. O livro “Computerized Maintenance Management System” (WHO, 2011a) apresenta vários motivos pelos quais é importante que o setor de engenharia clínica utilize um sistema de gerenciamento de dados relacionados aos equipamentos médicos: Padronizar e harmonizar as informações do gerenciamento da tecnologia médica. 21 Auxiliar no planejamento e monitoração das inspeções e manutenções preventivas, assim como prever um cronograma de reparos. Monitorar através de indicadores o desempenho dos equipamentos, tais como tempo médio de falhas, tempo de vida e custo das manutenções e contratos por grupos como marcas, modelo ou tipo. Analisar a performance dos funcionários do setor de engenharia clínica quanto a reparos repetidos pelo mesmo técnico, tempo gasto pelo funcionário para reparo relacionado ao tempo disponível do mesmo, produtividade individual e do grupo. Gerar relatórios para programas de treinamento baseados em tendências de falha dos equipamentos em certos departamentos. Armazenar informações sobre requerimentos de regulação e segurança. Gerar documentos apropriados para acreditação por organizações fiscalizadoras. Gerar relatórios para a monitoração e melhora da produtividade, efetividade e desempenho da tecnologia biomédica. Existem basicamente três opções de softwares de gerenciamento: softwares comerciais, softwares livres e desenvolvimentos de software local. O desenvolvimento de um software local apresenta algumas vantagens (WHO, 2011a). Dentro dos aspectos positivos, podemos citar: o desenvolvimento do sistema baseado nas necessidades da instituição; a modificação continua de acordo com a necessidade; a propriedade do software e seu código fonte pela instituição; o desenvolvimento de novos relatórios e funções; melhor aprendizagem pelos funcionários. Para a realização e implementação desse sistema informacional, torna-se necessário tanto a educação quanto o registro dos procedimentos realizados, bem como do parque tecnológico existente. A OMS relata os procedimentos necessários para o início do gerenciamento e construção do inventário, que contempla os dados relacionados aos equipamentos biomédicos existentes na instituição (WHO, 2011b). É necessário anotar e gravar algumas informações, tais como: equipamento, fabricante, modelo, fornecedor, número de série, localização, condições de operação, requerimentos de alimentação, requerimentos de operação e serviço, cronograma de manutenção e procedimentos, 22 classificação, data, entre outros. Além destas informações, a OMS descreve um sistema de classificação dos equipamentos presentes dentro do estabelecimento de assistência à saúde baseado no modelo de Fennigkoh & Smith, como mostrado nas Tabelas 1 a 3 (WHO, 2011c). Esta classificação dá-se pela identificação dos equipamentos quanto a função, risco e necessidade de manutenção e estabelece se estes devem ser de responsabilidade do setor de engenharia clínica ou não (BRONZINO, 1992b). A soma destes fatores gera o índice de gerenciamento de equipamentos como descrito na Fórmula 1. Os equipamentos que possuírem um índice de gerenciamento de equipamentos (GE) maior ou igual a 12 de acordo com a fórmula 1 serão incluídos no inventário. Equação 1 – Índice de gerenciamento de equipamentos 𝑮𝑬 = 𝑭𝒖𝒏çã𝒐 + 𝑹𝒊𝒔𝒄𝒐 + 𝑵𝒆𝒄𝒆𝒔𝒔𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆 𝒅𝒆 𝑴𝒂𝒏𝒖𝒕𝒆𝒏çã𝒐 Para o critério função, os equipamentos são subclassificados nas seguintes categorias: terapêuticos, diagnósticos, analíticos ou diversos. Nestas categorias existe um ranking de pontuação (Tabela 1) que está relacionado à funcionalidade do equipamento. Tabela 1 – Critério de função do equipamento CATEGORIA Terapêutico DESCRIÇÃO DA FUNÇÃO PONTUAÇÃO Suporte à vida 10 Cirúrgico e cuidados intensivos 9 Terapia física e tratamento 8 Monitoramento cirúrgico ou intensivo 7 Monitores fisiológicos / diagnóstico por imagem 6 Laboratório analítico 5 Acessórios de laboratório 4 Sistemas computacionais e equipamentos associados 3 Outros equipamentos relacionados 2 Diagnóstico Analítico Diversos O critério de risco avalia o risco ocasionado ao paciente ou usuário durante o uso do equipamento (Tabela 2) e seu ranking de avaliação varia entre 1 à 5, sendo o valor máximo para risco de morte e mínimo para ausência de riscos. Enquanto que o critério de manutenção descreve o nível e frequência de manutenção necessária em acordo com o 23 fabricante ou experiência do setor de engenharia (Tabela 3), este também avalia em um ranking de 1 à 5, o qual seu máximo exige alta necessidade manutenção e o mínimo baixa rotina. Tabela 2 – Critério de risco associado ao uso (WHO, 2011b) DESCRIÇÃO DO RISCO DE USO PONTUAÇÃO Possibilidade de morte do paciente 5 Possibilidade de lesão ao usuário ou paciente 4 Terapia inapropriada ou falso diagnóstico 3 Danos ao equipamento 2 Não há riscos significativos 1 Tabela 3 – Critério de necessidade de manutenção NECESSIDADE DE MANUTENÇÃO PONTUAÇÃO Extensiva: calibração de rotina e substituição de peças 5 Acima da média 4 Média: verificação de desempenho e testes de segurança 3 Abaixo da média 2 Mínimo: inspeção visual 1 Além destes registros, o sistema computacional pode conter algumas ferramentas úteis que envolvem as rotinas administrativas da engenharia clínica, como por exemplo, os procedimentos operacionais para auxiliar os profissionais adjacentes ao setor, manuais técnicos e de usuários dos equipamentos, programa de manutenções e outras documentações relacionadas aos equipamentos. Os procedimentos operacionais consistem em fluxogramas rotineiros do setor de engenharia clínica que mostram os procedimentos a serem realizados. A Figura 3 ilustra um dos fluxogramas dos procedimentos operacionais utilizados no setor de engenharia clínica do Hospital Universitário Onofre Lopes. 24 Figura 3 - Procedimento Operacional de Manutenção Corretiva Quanto às manutenções, é de extrema importância que dentro das rotinas administrativas do setor de engenharia clínica haja um cronograma de manutenções preventivas (MP) dos equipamentos. O cronograma de manutenções é baseado nas recomendações do fabricante do equipamento, quando existentes, que por sua vez devem 25 estar em acordo com as rotinas pré-estabelecidas pelos órgãos de fiscalização ou pelo critério necessidade de manutenção citado anteriormente. Essas manutenções preventivas consistem em um conjunto de operações tais como inspeção geral, troca de peças e acessórios com sua vida útil vencida, lubrificação, aferição e calibração posterior do equipamento, testes de desempenho e de segurança. A Anvisa, em seu livro “Equipamentos Médico-Hospitalares e o Gerenciamento da Manutenção” (Ministério da Saúde, 2002), estabelece alguns critérios de manutenção preventiva (Tabela 4). Tabela 4 – Sugestão de intervalos entre manutenções preventivas para diversas categorias de equipamentos médicos CATEGORIA DO EQUIPAMENTO Equipamentos alimentados via rede elétrica Equipamentos alimentados por bateria Equipamentos controlados ou alimentados por sistemas mecânicos, eletromecânicos, pneumáticos ou fluidos Equipamentos de ressuscitação ou de manutenção da vida Equipamentos localizados em áreas de cuidados especiais Equipamentos de monitoração crítica Equipamentos que apresentam altos riscos aos usuários INTERVALOS E CRITÉRIOS GERAIS Intervalo anual: a MP abrangente deve incluir a verificação visual, testes de segurança elétrica e desempenho. A MP específica anual deve incluir a verificação da segurança elétrica (requerida por algumas normas). Os mesmos procedimentos para a categoria de equipamentos alimentados via rede elétrica, com a inclusão de testes da capacidade ou tensão da bateria e cada MP abrangente ou específica. Algumas baterias necessitam de um ciclo de descarga-carga para melhorar o seu desempenho e aumentar a sua vida útil. Para minimizar as chamadas de emergência e possíveis desativações, considera-se a possibilidade de trocar periodicamente as baterias, baseado na sua vida média. Intervalo trimestral ou semestral. Os roteiros de MP devem incluir verificação visual, testes de segurança elétrica e de desempenho, limpeza, lubrificação. A execução de uma MP abrangente ou específica depende da classe do equipamento. Intervalo trimestral ou semestral. Por causa da natureza crítica destes equipamentos e do mau uso a que estão sujeitos, requerem verificações mais frequentes. Esses equipamentos devem ser verificados pelo menos semestralmente. Como na categoria anterior, esses equipamentos podem necessitar de verificações mais frequentes. A sua presença ou utilização dentro de uma área de cuidados especiais, não significa que haja uma obrigatoriedade de aumentar a frequência de MP. Intervalo semestral ou anual. Enquanto as falhas desses equipamentos podem ter consequências adversas, a experiência indica que a maioria das falhas de seus componentes ocorre aleatoriamente e a frequência de MP tem pouco ou nenhum efeito na sua ocorrência. Intervalo quadrimestral ou semestral. Equipamentos com alto potencial de danos, tanto ao operador como ao paciente requerem regularmente testes visuais e de desempenho para garantir sua segurança. No setor de engenharia clínica existe uma infraestrutura laboratorial para a realização de manutenção preventiva e/ou corretiva. Neste laboratório encontram-se 26 ferramentas de trabalho em elétrica, mecânica, computacional dentre outras, bem como simuladores e calibradores padrões. Outra rotina administrativa corrente no setor de engenharia clínica é o treinamento dos usuários dos equipamentos médicos, sejam estes treinamentos iniciais ou de reciclagem. O fabricante, após a instalação do equipamento, realiza o primeiro treinamento para os profissionais usuários e do setor técnico. Após este treinamento, os treinamentos são realizados em sua maioria pela própria equipe de engenharia clínica ou solicitados juntamente ao fabricante para a realização do mesmo. Estes treinamentos são importantes, pois evitam a má utilização do equipamento, aumentando a vida útil do equipamento e reduzindo a abertura de chamados técnicos por falta de conhecimento do usuário. Por fim, existem os indicadores de desempenho a fim de avaliar a efetividade dos procedimentos realizados pelo setor de engenharia clínica (WHO, 2011b). Estes indicadores são de relevância para a gerência do estabelecimento de saúde por relatar a eficiência dos procedimentos relacionados aos equipamentos hospitalares, avaliação de custos, profissionais do setor, gerência, entre outros e eles podem ser divididos em três grupos: temporais, de qualidade e de custo (DE MORAES, 2007). A tabela 5 mostra alguns exemplos de indicadores dentro desses grupos (ANTUNES et al., 2002). A utilização destes indicadores de Engenharia Clínica visa demonstrar e analisar estatisticamente a execução dos processos deste setor, identificando aspectos dos processos e motivando aperfeiçoamento do gerenciamento da tecnologia médicohospitalar (DE MORAES, 2007). Tabela 5 – Exemplos de indicadores de engenha clínica divididos por grupos TEMPORAIS Tempo de atendimento Tempo de resposta Tempo de paralisação dos equipamentos Horas de manutenção corretiva/OS (Ordem de Serviço) Horas de manutenção corretiva/equipamento DE QUALIDADE DE CUSTO MP (manutenção preventiva) realizada/MP desejada Custo de manutenção corretiva/equipamento OS/equipamento Custo de manutenção geral/custo de aquisição do equipamento Número de OS por mês Custo de um equipamento parado Número de OS fechadas por número de OS abertas Total de OS por técnico 27 3.3 HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ONOFRE LOPES Em 1909 o Hospital da Caridade Juvino Barreto foi fundado no bairro de Petrópolis através da reorganização do serviço de saúde decretado pelo governador Alberto Maranhão (Ministério da Educação, 2015). Em 1960 o hospital foi integrado a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), tornando-se campo de aprendizagem dos estudantes de medicina e áreas afins. Em 1984 o hospital passou a denominar-se Hospital Universitário Onofre Lopes através da resolução nº 68/68 do Conselho Superior da UFRN (Ministério da Educação, 2015). Em 29 de agosto de 2013, o HUOL passou a ser gerenciado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) após contrato firmado com a UFRN. O hospital está inserido em uma área de 31.569,45 m², onde existem 242 leitos de internação, sendo 19 de UTI; 84 consultórios ambulatoriais; 12 salas de cirurgias, sendo 7 no Centro Cirúrgico, 2 na Oftalmologia e 3 na Pequena Cirurgia; 2 auditórios e 1 Centro de diagnóstico por imagem. O Centro está estabelecido em um prédio de 4 andares e reúne todos os serviços de imagem e de métodos gráficos, contendo equipamentos de ressonância magnética, tomógrafo computadorizado helicoidal, hemodinâmica digital, ultrassonografia color e dopler, ecocardiógrafos color e dopler, videocolonoscópios digestivos e broncoscópios (EBSERH, 2015). 3.4 A ENGENHARIA CLÍNICA NO HUOL A estrutura funcional da engenharia clínica no HUOL atualmente conta com três divisões (Figura 4). Figura 4 - Estrutura funcional da Engenharia Clínica no HUOL 28 De acordo com CONTRERAS (2015), a chefia do Setor de Engenharia Clínica tem por atribuições: Coordenar os serviços de manutenção de equipamentos médico-hospitalares. Gerenciar os Recursos Humanos do Setor de Engenharia Clínica. Encaminhar processos de aquisição de materiais / contratação de serviços do Setor de Engenharia Clínica. Garantir o funcionamento adequado e seguro das instalações físicas e dos equipamentos instalados no hospital. Exigir dos técnicos resolutividade das solicitações de manutenção recebidas. Supervisionar as atividades dos técnicos e executar / acompanhar o serviço quando necessário. Relacionar pedidos de material, acessórios e peças de reposição para garantir eficiência e continuidade no funcionamento dos equipamentos médicos. Elaborar e garantir o plano de manutenção preventiva nos equipamentos críticos conforme programado. Elaborar parecer técnico de equipamentos. Informar à Divisão de Logística e Infraestrutura os equipamentos, Sistemas e instalações necessários e pertinentes para a execução das atividades, sugerindo a solução mais adequada e economicamente viável. A Oficina de Engenharia Clínica / Técnicos de Manutenção em equipamentos médicos hospitalares desempenham as seguintes funções dentro hospital (CONTRERAS, 2015): Executar as manutenções corretivas e preventivas no âmbito da Engenharia Clínica; Executar todas as ações de segurança e biossegurança no decorrer das atividades; Informar a chefia de Engenharia Clínica os casos em que é necessário a contratação de serviços externos de manutenção; Informar a chefia de Engenharia Clínica os casos em que ocorreram eventos adversos / quebra por utilização inadequada dos equipamentos. Documentar a execução dos serviços técnicos (manutenções, instalações, etc) nos formulários específicos, bem como no software de manutenção do Hospital (MV Sistemas). Zelar pela boa conservação da estrutura física, equipamentos e ferramentas utilizadas na execução das atividades. 29 A Central de Equipamentos tem as seguintes atribuições (CONTRERAS, 2015): Realizar empréstimos de equipamentos dos equipamentos disponíveis aos diversos setores solicitantes do HUOL. Fazer o transporte adequado e posterior a instalação de equipamentos para uso nos setores solicitantes. Realizar atendimento e manutenções no horários em que não há técnico da engenharia clínica. Executar todas as ações de segurança e biossegurança no decorrer das atividades. Informar a chefia de Engenharia Clínica os casos em que seja necessário atendimento técnico especializado. Realizar manutenções preventivas programadas. O setor de Engenharia Clínica recebe os chamados via telefone ou pela utilização do sistema de gestão do hospital (MV Sistemas). Estes chamados obedecem ao fluxograma da Figura 5. Figura 5 - Fluxograma de abertura de chamados no HUOL Apesar de existirem todas documentações, manuais e protocolos de procedimentos no setor de engenharia clínica, ainda não existe nenhuma ferramenta computacional que monitore os serviços realizados pelo setor em termos de manutenções, saída de equipamentos, gestão de ciclo de vida do parque tecnológico biomédico. Existe um 30 sistema de arquivo de saída de equipamentos, ordens de serviços externas, e contratos impressos no setor de chefia de engenharia clínica. Porém no setor da oficina de engenharia clínica, não existe nenhum registro das manutenções em bancada realizadas pelo corpo técnico. O que dificulta a monitoração dos serviços realizados pelo corpo técnico, desempenho de funcionários, número de chamados atendidos na oficina e indicadores de desempenho do setor. 31 4. METODOLOGIA 4.1 DESENVOLVIMENTO DE UMA FERRAMENTA COMPUTACIONAL DE GERENCIAMENTO O sistema desenvolvido utiliza linguagem Visual Basic através do software Access, presente no pacote Office da Microsoft. Este sistema tem por função informatizar e integrar as divisões da chefia de engenharia clínica e oficina no hospital, através do registro em banco de dados, dos procedimentos realizados pelo setor de engenharia clínica. A partir deste sistema é possível organizar de forma integrada as ordens de serviços internas e externas realizadas no parque tecnológico do hospital, comunicando e integrando o setor de chefia de engenharia clínica com a oficina. 4.2 INVENTÁRIO Para o desenvolvimento deste sistema e integração das informações, foi realizado inicialmente um inventário de todos os equipamentos de responsabilidade da engenharia clínica do hospital. O inventário consistiu em visitas técnicas aos setores do hospital com a intenção de mapear e registrar equipamentos, e na utilização dos dados existentes em recibos de compras e licitações. Neste inventário é registrado os seguintes dados do equipamento: equipamento, fabricante, modelo, patrimônio (origem), número do patrimônio, localização, status, integridade física, critério função, critério risco, critério de necessidade de manutenção, índice de gerenciamento de engenharia clínica, ano de fabricação, data de aquisição, registro da Anvisa, acessórios, id do fornecedor, data de garantia, número do processo de aquisição, valor da aquisição, número da nota fiscal, número do pregão, ano do pregão, UASG, número de contrato, manuais e procedimentos operacionais. Todos os registros coletados foram armazenados em tabelas do sistema Access para posterior uso. 4.3 ORDENS DE SERVIÇO As ordens de serviço (OS) internas realizadas na oficina da engenharia clínica são armazenadas no sistema através dos respectivos formulários e têm por função registrar o 32 equipamento, a falha relatada, o serviço realizado pelo técnico, quantidade de horas gastas, datas de entrada e saída. As ordens de serviço externas, são correspondentes às ordens de serviço realizadas no próprio hospital, porém são executadas por pessoal técnico autorizado dos equipamentos em garantia ou em contrato. Estas ordens têm por função registrar o equipamento, as datas do chamado, atendimento e encerramento da ordem, falha relatada, serviço realizado pelo técnico, fornecedor responsável e a necessidade de troca de peças e/ou componentes. Os equipamentos que se encontram em garantia, sob contrato ou em demanda de manutenção e necessitam sair do hospital também são registrados no sistema, indicando o equipamento em questão, defeito apresentado e datas de saída e retorno do mesmo. 4.4 INDICADORES DE ENGENHARIA CLÍNICA Os indicadores de desempenho utilizados neste trabalho são indicadores temporais e de qualidade. Estes indicadores foram aplicados aos equipamentos de diagnóstico por imagens, referentes às ordens de serviço externas realizadas no período de um ano, entre outubro de 2014 a setembro de 2015. NÚMERO DE OS ABERTAS POR MÊS: este indicador tem por função analisar a quantidade de ordens de serviço abertas mensalmente. NÚMERO DE OS FECHADAS POR MÊS: este indicador tem por função analisar a quantidade de ordens de serviço finalizadas mensalmente. TEMPO DE ATENDIMENTO: este indicador tem por função analisar o espaço de tempo entre a data da realização da abertura do chamado junto à empresa responsável pela manutenção e a data em que foi realizada o procedimento de manutenção. NÚMERO DE OS ABERTAS POR EQUIPAMENTO: este indicador tem por função analisar a quantidade de chamados realizados ao decorrer do período por equipamento em questão. TEMPO DE PARALISAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS: este indicador tem por função analisar o espaço de tempo entre a data em que foi realizado o chamado da ordem de serviço até o momento em que o serviço é concluído. A partir deste número, realizar o somatório dos dias parados durante o período de um ano. 33 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES A ferramenta computacional desenvolvida para este trabalho, teve por função registrar e manipular os dados referentes aos procedimentos do setor de engenharia clínica do HUOL. Esta ferramenta visou o registro dos dados que envolve o setor, tais como equipamentos, fornecedores e contratos. A Figura 6 demonstra de forma geral o sistema de comunicação entre os registros do banco de dados da ferramenta e as situações presentes no setor, sendo que os procedimentos destacados em verde se encontram monitorados pela ferramenta. Figura 6 - Fluxograma de relação dos procedimentos realizados pelo setor de Engenharia Clínica e a ferramenta computacional desenvolvida A partir da implantação desta ferramenta, a descrição dos procedimentos realizados quanto as manutenções dos equipamentos descritos na Figura 5, foram reformulados de acordo com a Figura 7. Esta ferramenta proporcionou um aprimoramento do gerenciamento dos processos relacionados ao setor em termos de controle, acessibilidade e funcionalidade. Desta forma, tornou-se possível obter de maneira rápida a estimativa de tempo que as assistências técnicas levam para realizar manutenção corretivas dos equipamentos através das datas de saída de equipamentos. Por muitas vezes este procedimento não era realizado devido ao desgaste de procurar os protocolos de saída de equipamentos nas pastas arquivos e por estes serem protocolados pelo número da saída que poderia envolver diversos equipamentos e acessórios. Com a ferramenta tornou-se possível monitorar de ambas as formas, pelo número da saída, data e equipamentos enviados. O que possibilitou um melhor comunicação e cobrança junto aos fornecedores de uma resposta rápida quanto aos equipamentos enviados. 34 Outro ponto positivo é que com esta ferramenta tornou-se possível monitorar as atividades do corpo de técnicos do hospital quanto as manutenções realizadas em bancada, estimando o tempo gasto na manutenção de cada equipamento e o desempenho do técnico. Tornou-se possível também a análise da necessidade de demanda e contratação de recursos humanos para o setor, através da análise de ordens de serviços finalizadas por ordem de serviços abertas e horas técnicas gastas para a realização das manutenções. Ademais, a partir do histórico de chamados referentes aos equipamentos, é possível analisar erros recorrentes e comuns dos equipamentos, quantas vezes já foram realizadas manutenções neste equipamento, quais peças foram trocadas e correlacionar com a depreciação do mesmo. Dados estes que se tornam cruciais durante a decisão entre realização de mais manutenções ou aquisição de um novo equipamento devido aos gastos já obtidos anteriormente e valores orçamentários. Os dados das ordens de serviços que são realizadas por técnicos externos em equipamentos presentes no hospital são registradas no sistema, e as que foram realizadas anteriormente ao desenvolvimento do sistema e possuíam arquivos pelo setor também foram registradas. A partir destes dados, foi possível realizar uma análise por indicadores de desempenho, avaliando os serviços prestados pelas empresas que possuem contrato, vínculo de garantia ou demanda técnica com os equipamentos de diagnóstico por imagens no hospital. Estes indicadores permitiram avaliar o serviço prestado ao hospital pelas empresas externas, o que possibilitou uma análise de dados e ferramenta de cobrança junto as empresas que possuem contratos com hospital, principalmente pelos indicadores de tempo de máquina parada e média de tempo de atendimento. 35 Figura 7 - Fluxograma dos procedimentos realizados pelo setor de Engenharia Clínica ao receber um chamado após a implementação da ferramenta computacional 36 O primeiro indicador mensurou o quantitativo de chamados realizados devido a vários problemas nos equipamentos, tendo como as falhas mais relatadas: não liga, não inicia, não gera imagem. A Figura 8 mostra o gráfico obtido a partir dos dados inseridos no sistema do quantitativo de ordens de serviços externas abertas. Percebeu-se que o mês que possuiu maior número de chamados abertos foi o mês de junho, enquanto o que recebeu menos foi o mês de novembro. Este indicador permitiu verificar a quantidade de vezes que foram necessárias a abertura de algum chamado para a realização de ordem de serviço externa no hospital. Dentre o período de um ano foram realizadas oitenta e três chamados compreendidos entre manutenções corretivas e manutenção preventiva. Vale salientar que estes dados apenas envolvem os chamados realizados para os técnicos externos, pressupondo-se que existiram um número maior de chamados internos para problemas que não necessitaram a presença de um técnico externo para realizar a manutenção, o que nos permite inferir que os equipamentos de diagnóstico por imagens necessitam de um nível médio a extensivo de manutenção de acordo com ranking da OMS (WHO, 2011c). NÚMERO DE ORDENS DE SERVIÇO EXTERNAS ABERTAS 14 12 12 10 10 10 9 8 8 8 6 6 6 4 4 2 4 3 3 0 Figura 8 - Ordens de serviços externas abertas entre Outubro/2014 e Setembro/2015 O segundo indicador refere-se ao número de ordens de serviços externas fechadas em relação aos meses, como demonstrado na Figura 9. Este indicador demonstra a eficiência pelas empresas em termos de finalização dos chamados realizados mensalmente. A comparação entre os gráficos das Figuras 8 e 9 mostra uma semelhança em termos quantitativos de ordens de serviços abertas por fechadas, porém nos meses de dezembro e junho os números de chamados abertos foram maiores dos que finalizados. Em geral, de acordo com os gráficos podemos afirmar que os chamados são atendidos e 37 concluídos de forma resolutiva em um prazo menor que um mês e o que demostra uma boa eficiência em atendimento, tendo em vista que os números de chamados que ficaram pendentes são pequenos e não se estendem por mais de um mês, observando-se que o chamado pode ter sido realizado ao final do mês anterior também. NÚMERO DE ORDENS DE SERVIÇO EXTERNAS FECHADAS 14 12 12 10 10 10 8 8 8 8 8 6 6 4 4 3 3 3 2 0 Figura 9 - Ordens de serviços externas fechadas entre Outubro/2014 e Setembro/2015 A fim de avaliar os fornecedores de serviço no hospital, o terceiro indicador tem por função verificar o tempo, em dias, que as empresas demoram para realizar o atendimento após ser efetuado o chamado. As empresas GE, Philips, AGFA, Siemens e Toshiba fornecem serviços de manutenção aos equipamentos de diagnóstico por imagens do hospital e estas foram avaliadas neste trabalho. As empresas GE, Philips, AGFA e Toshiba possuem contratos de manutenção preventiva e corretiva com o hospital enquanto que a Siemens só realiza atendimentos de demanda. De acordo com o gráfico na Figura 10 podemos afirmar que a empresa que possui o melhor desempenho em termos de rapidez de atendimento é a Siemens, atendendo em média no mesmo dia da realização do chamado, e em seguida a empresa AGFA. Como a Siemens não possui contrato de manutenção corretiva com o hospital, o que implica numa menor demanda de solicitações realizados pelo hospital durante o ano, a AGFA dentre estas empresas se desta como a melhor em eficiência em tempo de atendimento. Observa-se também que a Philips e a GE oscilam durante alguns meses, mas demonstram serem as empresas que necessitam de um tempo maior para a realização de atendimento dos chamados. Como podemos observar no gráfico na Figura 10, a GE durante o período de janeiro de 2015 levou uma média de 8 dias para o atendimento do chamado realizado e a Philips uma média de quase 10 dias para a realização de atendimento no mês de fevereiro o que promove uma imagem negativa das empresas diante a realização de atendimentos junto ao hospital, e o que 38 poderá ser cobrado no futuro das empresas um ressarcimento ou cobrança com relação ao MÉDIA DO TEMPO DE ATENDIMENTO DAS EMPRESAS EM DIAS contrato de manutenções no hospital. 12 10 8 6 4 2 0 GE PHILIPS AGFA SIEMENS TOSHIBA Figura 10 - Tempo médio de atendimento das empresas entre Outubro/2014 e Setembro/2015 O quarto indicador mostra o número de chamados abertos por equipamento específico ao longo do período, como demonstrado na Figura 11. Esse indicador varia em função da depreciação do equipamento, manutenção ineficiente e erros recorrentes. Em alguns casos, há a abertura de chamado para manutenções preventivas e/ou troca de peças. Dentre os equipamentos que possuem maior número de chamados, estão o equipamento para a angiografia digital I, o aparelho de Raios-X e o Tomógrafo Computadorizado. Os três equipamentos utilizam radiação ionizante para a realização de seus procedimentos, sendo necessário bombas de contraste para o tomógrafo e angiografia. Além disso, tratase de equipamentos com alta rotatividade de atendimentos, principalmente o aparelho de Raios-X, por ser utilizado em um exame rápido. Podemos a partir deste gráfico inferir que os equipamentos que possuem radiação para a realização do exame e maior rotatividade de atendimentos possuem maior número de chamados de manutenção. 39 Angiografia Digital I Angiografia Digital II Densitometria Ossea Ecocardiógrafo Raio-X Ressonância Magnética Tomógrafo Computadorizado Ultrassom I Ultrassom II 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 NÚMERO DE CHAMADOS Figura 11- Chamados por equipamentos entre Outubro/2014 e Setembro/2015 O quinto e último indicador avaliou o tempo em que os equipamentos de diagnóstico por imagem ficaram parados sem utilização entre o período de Outubro de 2014 e Setembro de 2015. No gráfico da Figura 12 só foram incluídos os equipamentos em que o tempo de paralisação foi maior ou igual que 3 dias. Podemos observar que os equipamentos que apresentaram maior tempo de paralisação foram os aparelhos de RaiosX da marca GE, logo em seguida o Tomógrafo Computadorizado da marca Philips, a Ressonância Magnética da marca GE e a Angiografia Digital I da marca Philips. Correlacionando o gráfico com a Figura 10 em tempo de atendimento, podemos inferir que o tempo de atendimento influencia diretamente na paralisação das máquinas, pois as duas empresas apresentaram a necessidade de um maior tempo de atendimento. Além disso, correlacionando o gráfico da Figura 12 com a o gráfico da Figura 11 podemos perceber que os equipamentos que possuíram maior tempo de máquina parada são os mesmos que receberam maior número de chamados durante o período. O resultado da quantidade de tempo de máquina parada do equipamento de Raios-X engloba um tempo longo, maior que dois meses, tempo este que compreende mais que 16% do tempo do período total. 40 Angiografia Digital I Angiografia Digital II Densitometria Ossea Ecocardiógrafo Raio-X Ressonância Magnética Tomógrafo Computadorizado Ultrassom I Ultrassom II 0 10 20 30 40 50 60 70 DIAS DE MÁQUINA PARADA Figura 12 - Tempo de máquina parada entre Outubro/2014 e Setembro/2015 41 6. CONCLUSÕES Este trabalho teve como objetivo o desenvolvimento e utilização de uma plataforma de gerenciamento, a fim de estimar corretamente os indicadores e exercer um melhor controle dos processos que envolvem o setor de Engenharia Clínica. A partir deste trabalho podemos concluir: É de fundamental importância a utilização de um software de gerenciamento no setor de Engenharia Clínica para uma maior controle e eficiência na realização dos procedimentos responsáveis pelo setor. A integração dos subsetores do setor da Engenharia Clínica permitiu uma melhor comunicação sobre os serviços efetuados pelo próprio setor. Os indicadores de desempenho de Engenharia Clínica serviram para avaliar de forma coerente os serviços prestados pelas empresas junto ao hospital e correlacionar estes resultados com o status de funcionamento dos equipamentos. A quantidade de chamados abertos no período anual varia mensalmente. Os chamados realizados são encerrados em um prazo curto. Os equipamentos que passaram um maior tempo parado são de responsabilidades das empresas que demandam de um maior tempo para a realização dos atendimentos. Os equipamentos que utilizam radiação ionizante demandaram maior número de chamados de manutenção no período de estudo. 42 7. REFERÊNCIAS ANTUNES, E. V. et al. A engenharia clínica como estratégia na gestão hospitalar. Gestão da tecnologia biomédica: tecnovigilância e engenharia clínica, ANVISA, 2002, cap. 4. BRASIL. 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