A batalha do Plano de Carreira A batalha do Plano de Carreira
Transcrição
A batalha do Plano de Carreira A batalha do Plano de Carreira
Justiça! Ano I Nº 2 A batalha do Plano de Carreira Agenda Sindical editorial Fenajufe Ano I Nº 2 - Junho de 2008 expediente Coordenação de Administração e Finanças Coordenação Geral Cláudio Antônio Klein - SP Ramiro Santana Moreno López - RS Roberto Policarpo Fagundes - DF Coordenação de Finanças Berilo José Leão Neto - DF José Carlos Pinto de Oliveira - RS Coordenação Executiva Coordenação de Comunicação José Moraes Júnior - AL José Ribamar França Silva - PA Sheila Tinoco Oliveira Fonseca - DF Coordenação Jurídica e Parlamentar Antônio dos Anjos Melquíades - SP Lúcia Maria Bernardes de Freitas - MG Rogério Fagundes de Assis - BA Coordenação de Formação Política e Organização Sindical Cláudio Renato de Azevedo - RS Jacqueline Silva de Albuquerque - PE Saulo Costa Arcangeli - MA Coordenação de Políticas Permanentes Ângela Albino - SC Pedro Aparecido de Souza - MT Roniel Andrade – SP Coordenadores suplentes Jailton Mangueira Assis – DF Joaquim José T. Castrillon – SP Marcos J. dos Santos – PB Paulo Roberto Rios Ribeiro - MA Paulo Sérgio da Silva Falcão – AL Valter Nogueira Alves - RJ editor responsável Antônio Carlos Queiroz Reg. Prof. DF 00645 JP Redação ACQ e Leonor Costa Projeto Gráfico Extrema Comunicação 61 3033-5255 2 11 e 12 de julho – Seminário sobre a jornada de 6 horas, no Rio de Janeiro. 19 de julho – Reunião da Diretoria Executiva da Fenajufe, em Brasília. 20 de julho – 6º Encontro do Coletivo dos Oficiais de Justiça Avaliadores Federais (Cojaf), em Brasília. 17 de agosto – 2º Encontro do Coletivo dos Agentes de Segurança (Conas), em Brasília. Sintrajuf/PE 27 de junho – A tradicional festa de São João do Sintrajuf/PE Sintrajufe/PI 26 de junho – Eleições da Diretoria Colegiada e do Conselho Fiscal para o triênio 2008/2011. Sintrajufe/RS 07 de julho – 4º Concurso Literário Mario Quintana (prazo final inscrições) 22 de agosto – 4º Concurso fotográfico Sintrajufe/RS (prazo final inscrições) Sindjero/RO 26 de junho – Eleições da Diretoria e do Conselho Fiscal da entidade para o triênio 2008/2011. Sintrajurn/RN 27 e 28 de junho - I Seminário sobre Plano de Carreira e Previdência Pública e Complementar, no auditório do sindicato, em Natal. Sintrajufe/MA 2º Semestre - Encontro sobre Plano de Carreira do Judiciário Federal e MPU - Seminário sobre Assédio Moral - Curso de formação com os servidores de Caxias e municípios vizinhos - 1º Encontro sobre assuntos da Justiça Eleitoral, para debates: banco de horas, isonomia das FCs para os chefes de cartórios, assédio moral e excesso de trabalho. Sindjus/AL 4 de julho – Cinejus – Exibição dos documentários: - Um filme sobre a lida e a alegria do povo do Pedrão, de Paulo Marcondes - Toré - som sagrado, de Sebastián Gerlic - Debate com os diretores dos documentários 25 de julho – Comemoração dos 12 anos de fundação do Sindjus/AL Sindjus/DF 24 a 26 de junho – Eleição e Posse do Conselho de Delegados Sindicais de Base 05 de julho- 3º Encontro dos Agentes de Segurança Novembro – Seminário: Aprofundar o debate sobre a política de cotas para negros e deficientes nos concursos públicos. Sisejufe/RJ Agosto – Eleições para a nova Diretoria, que estará à frente do sindicato no triênio 2008/2011. Sindiquinze / SP ¡Hasta la victoria siempre! N o último dia 14 de junho, milhares de pessoas comemoraram, na cidade argentina de Rosário, os 80 anos de nascimento de Ernesto Che Guevara, o comandante Che, um dos maiores líderes revolucionários do mundo e motivo de orgulho para os latino-americanos. O ponto alto da homenagem foi a inauguração de sua estátua, esculpida com 75 mil chaves e objetos de bronze doados por 14 mil admiradores. Evocando o Che, sua filha, Aleida, perguntou: “De que servem os discursos e os monumentos se não levamos à prática seus ideais?” Esta é justamente a questão: como continuar as lutas de Che Guevara, que sonhava com a Pátria Grande americana, fraterna, solidária, sem desigualdades nem injustiças? Que inspiração podemos buscar na figura do Che para as batalhas que travamos diariamente nos tribunais e nos órgãos do Ministério Público? A mais importante, com certeza: sua dedicação às causas do povo mais humilde, daquelas pessoas despossuídas, muitas vezes, até mesmo de voz. Todo servidor do Judiciário e do MPU deve entender esta lição: o seu primeiro e mais importante compromisso deve ser com o povo, em especial com as pessoas mais desamparadas de nossa sociedade, uma das mais desiguais e excludentes do planeta. Esta lição precisa ser especialmente recordada no momento em que batalhamos por nosso plano de carreira. A questão é que precisamos de um plano de carreira não como pretexto para exigir melhorias salariais, mas para termos melhores condições de trabalho ao longo de nossa vida funcional. No entanto, o principal objetivo só pode ser o de servir o público de maneira mais A discussão do Plano de Carreira eficaz, mais eficiente, contribuindo para a efetiva em Recife, no final de março realização da Justiça. Nesta edição, publicamos uma entrevista com o coordenador geral Ramiro López sobre os próximos passos da batalha do plano de carreira. E também dedicamos espaço à crítica à proposta de regulamentação da greve no serviço público; à campanha pela redução da jornada de trabalho; à discussão do projeto de lei que regulamenta a concessão da TV por assinatura; aos esforços desenvolvidos pela Fenajufe para otimizar seu sistema de comunicação; à discussão sobre as cotas para o acesso dos negros à universidade; e às recorrentes mentiras midiáticas do governo norte-americano. E fizemos uma pequena homenagem ao Che, na última capa. A tod@s, uma boa leitura! 21 de junho – II Seminário Plano de Carreia 3 Entrevista Plano de carreira Depois de três PCS, está na hora de conquistar o Plano de Carreira N esta entrevista, o gaúcho Ramiro Santana Moreno López, um dos coordenadores gerais da Fenajufe, fala da campanha que os trabalhadores do Judiciário e do MPU travam para conquistar seu plano de carreira. O assunto foi amplamente discutido pela categoria, no final de março, em Recife, no primeiro encontro nacional organizado pela Fenajufe. Os argumentos de Ramiro se baseiam em sua ampla experiência como dirigente sindical e em sua participação, como representante da Fenajufe, da comissão nomeada pelo Supremo Tribunal Federal para elaborar o anteprojeto do último PCS. Depois de atuar no movimento estudantil e popular em Porto Alegre, na década de 80, ele foi diretor do Sindjustra e da Fenastra, entidades dos trabalhadores da Justiça do Trabalho, que jogaram importante papel na construção da Fenajufe. Ele, inclusive, participou, em Brasília, em 1992, do congresso que fundou a Federação. Em seu terceiro mandato como diretor titular da Fenajufe, no momento Ramiro está licenciado. No encontro em Recife, a Fenajufe deflagrou a batalha pela conquista do plano de carreira. Qual é a importância do plano de carreira? passamos à discussão dos outros aspectos em que entra a questão da carreira. No recente processo pela aprovação do PCS, nós defendemos a seguinte posição: em primeiro lugar, é necessário resolver a questão salarial, para depois passarmos à discussão dos outros aspectos de nossa vida funcional. Se misturássemos uma coisa com a outra, duplicariam as barreiras ao longo do nosso caminho. A aprovação do PCS fez avançar alguns aspectos da carreira, mas tratou fundamentalmente da questão salarial. Agora, O que é carreira? Carreira é um conjunto de normas que deve regrar toda a nossa vida dentro dos tribunais e do Ministério Público. Isso tem a ver com a ascensão funcional e tem a ver com os cargos que temos e os que teremos; tem a ver com as atribuições dos cargos; com os critérios objetivos para a ocupação de funções comissionadas e dos cargos de direção. Enfim, uma gama enorme de itens que vão regrar a nossa vida ao longo de nosso tempo de permanência no Serviço Público Federal. Eu tenho dito que, depois da reforma da Previdência, seremos obrigados a permanecer mais tempo no exercício do cargo público. No meu caso, vou ter que ficar mais 11 anos. Isso aconteceu praticamente com todos os trabalhadores e trabalhadoras do Judiciário Federal e do Ministério Público. Precisamos ficar esse tempo a mais no Serviço Público, mas com perspectivas de crescimento, com a valorização do servidor. Imagine ficar no Judiciário 30 anos parado no mesmo patamar! Quais são os passos deste debate? Depois da aprovação de três PCS, amplamente debatidos pela categoria, queremos aprofundar as discussões ainda mais. Queremos que esse processo envolva os 110 mil servidores do Judiciário em todo o País. As pessoas têm que se envolver, participar da elaboração do plano de carreira, trazer as suas idéias, suas aspirações. O primeiro passo foi o seminário de Recife. Em seguida, orientamos todos os sindicatos filiados a organizar debates com a categoria, não só nas sedes do sindicatos, mas nos locais de trabalho, inclusive nas cidades mais distantes das capitais. A orientação é que se façam seminários regionais. No meio do ano teremos um novo encontro nacional, durante o qual faremos a primeira checagem de todo o processo, o primeiro cotejo das sugestões que vierem dos Estados. No segundo semestre, vamos aprofundar tudo isso, com a organização de um terceiro grande encontro nacional, em que faremos o cotejo final das propostas, sistematizando aquelas que comporão a espinha dorsal de nosso plano de carreira. Depois disso, vamos traduzir os sentimentos da categoria em um projeto de lei. Além do projeto de lei, haverá outro desafio, pois a ascensão funcional só poderá ser adotada por meio de uma emenda constitucional, não é? Esta é uma de nossas grandes batalhas. Eu creio que a ascensão funcional é o coração do nosso plano de carreira. Mas esta não é uma posição pacífica entre os servidores. Há servidores contrários à ascensão. O debate atual é justamente para avaliar o pensamento majoritário de nossa categoria, se é a favor ou se é contra a ascensão. Definido isso, é lógico que teremos que enfrentar a questão no âmbito do Congresso Nacional, para alterar a Constituição Federal. A luta é grande, mas o exército também é grande. Como assim? Eu tenho dito isso porque a ascensão funcional não interessa só aos servidores do Judiciário. Ela interessa aos servidores municipais e estaduais de todo o País, interessa ao Executivo e ao Legislativo Federal, e, lógico, interessa ao Judiciário e ao Ministério Público. Somos algo em torno de 5 milhões de trabalhadores do Serviço Público com interesse direto na ascensão funcional. Por isso é que a luta é grande, mas o exército também é muito grande, e eu acho que é possível vencer esta batalha. Como serão as negociações da proposta com as direções dos tribunais superiores? Nos contatos que fazemos com a cúpula do Judiciário para tratar de assuntos de interesse de nossa categoria, temos feito sondagens sobre certos aspectos da ascensão funcional, por exemplo, sobre a necessidade da emenda constitucional. Quando a questão se colocar, no Fotos: ACQ 4 5 Plano de carreira final de nosso debate, se a posição majoritária de nossa categoria for favorável, nossa proposta não será uma novidade. E as conversas com as outras categorias de servidores? Por enquanto, essas conversas têm sido mais restritas ao âmbito dos servidores públicos federais, do Executivo e do Legislativo. Mas também tem evoluído mesmo nos fóruns das Centrais e de outros fóruns que reúnem servidores públicos. Temos notado que há uma disposição grande do conjunto dos servidores públicos de todo o Brasil de comprar essa briga. Inclusive já existe uma proposta de alteração constitucional no Congresso, não de iniciativa nossa. No seminário do Recife, um dos palestrantes pontuou que não é adequado lutar pelo plano de carreira como instrumento para obter aumento salarial, porque isso já é resolvido pelos PCS. A categoria tem consciência desse argumento? Eu acho que a categoria entendeu isso. O que talvez, em certa medida, possa vir a alterar os nossos planos é que a gente está se aproximando do final da implementação do PCS em vigor, e depois disso certamente haverá nova pressão por melhoria salarial. Em dezembro, receberemos a última parcela do PCS, e muitos já estão preocupados com a política salarial a partir de janeiro de 2009. Uma de nossas dificuldades é que a discussão do plano de carreira será mais interna, isto é, com as cúpulas do Judiciário e mesmo da magistratura. Quando se coloca também a questão salarial, a discussão é feita também com as demais categorias dos servidores federais, com a área econômica do Executivo e com o Congresso Nacional. O grau de dificuldade para aprovar uma lei que tratará da questão salarial, junto com as questões próprias da carreira, que não envolvem dinheiro, será ampliado por isso. Até agora temos trabalhado apenas a questão da carreira, mas pode ser que o tempo e a própria realidade nos empurrem para um quadro diferente do que a gente propôs inicialmente. Que prazo seria possível estimar para a aprovação do Plano de Carreira? Os processos de discussão e aprovação de planos de carreira de várias entidades do Serviço 6 Plano de carreira Público Federal foram geralmente longos, de 10 ou 12 anos. A nossa expectativa é muito mais otimista. Espero que até o final do ano a gente consiga pacificar a discussão entre nós e elaborar um anteprojeto. Ao longo do ano que vem, acho que teríamos condições de trabalhar junto a todo o Judiciário e ao Ministério Público para fazer o anteprojeto chegar ao Congresso. E ainda no ano que vem, dependendo das condições, dos custos e tudo o mais, acho que podemos lograr aprová-lo ou, pelo menos, deixá-lo muito bem encaminhado. No debate do Recife houve um painel com outras entidades. Qual a contribuição que elas deram? Este é um dos aspectos da articulação que a Fenajufe tem feito com as demais entidades dos servidores públicos para tratar do plano de carreira e da ascensão funcional. No Recife participaram a Fasubra, dos trabalhadores das universidades; a Condsef, que abrange o pessoal do Executivo Federal; e o Andes, o sindicato nacional dos professores universitários. Acho que essas entidades ajudam muito quando trazem as suas experiências de discussão, negociação, elaboração e aprovação de seus projetos. Carreira tem a ver com o reforço de formação e qualificação de servidor de um lado, mas tem também a ver com a reestruturação dos tribunais. Como você vê essa última questão? Trata-se de uma questão importante cuja discussão pretendemos aprofundar. Existem alguns tribunais que possuem mais gratificações que servidores. Isso é uma distorção de objetivo, que seria a função. Nós defendemos uma grande reestruturação do Judiciário, que defina quais são os locais e quais são as funções que efetivamente têm que ser gratificadas, dada a sua especificidade, sua especialidade. Defendemos ainda, complementarmente, que a grande massa de recursos usada para pagar gratificações seja revertida em salário, em remuneração efetiva. Seria possível levar conjuntamente com o plano de carreira a luta pela jornada de seis horas? Esta é outra discussão importante, uma demanda antiga na nossa categoria, de unificação da jornada de todos os trabalhadores do Judiciário e MPU. Acho que tem espaço para esta luta, sim. Este é o momento adequado para inserir essa bandeira histórica nossa. Guto Alves O último PCS contemplou alguns avanços em relação à carreira. Que avanços foram esses? É verdade. O último PCS tratou substancialmente de questões salariais, mas avançou em alguns aspectos da carreira, como foi o caso do adicional de qualificação, que, inclusive, foi uma contribuição nossa, das entidades dos servidores. Nós conquistamos o resgate da denominação do oficial de justiça avaliador federal, ainda que só para fins de identificação. Mas já foi um avanço, reivindicado por aquela parcela da categoria. Resgatamos também a denominação do agente de segurança judiciária e do inspetor de segurança judiciária, o que também atendeu à reivindicação daquele setor. Além desses aspectos, houve o estabelecimento das gratificações, da GAS e da GAE, que atingem respectivamente a área de segurança e os oficiais de justiça, na perspectiva de reconhecimento da especialidade dos trabalhos exercidos por essas duas parcelas da nossa categoria. Há uma gama de outros aspectos, mas acho que esses já são bem ilustrativos. 7 Trabalho Trabalho Restringir o direito de greve, não! Negociação coletiva, sim! S e aprovado no Congresso Nacional, o Projeto de Lei 4497/01, de autoria da deputada Rita Camata (PMDB-ES), acabará completamente com um direito fundamental para a organização dos trabalhadores. Em tramitação na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, a proposta impõe severas limitações ao direito de greve dos servidores públicos das três esferas da Administração Pública e de todos os Poderes da União. Mas os servidores de todo o País precisam reagir contra a aprovação dessa matéria e impedir a retirada de mais um direito de um setor importante da classe trabalhadora. Em reunião no dia 1º de junho, a Diretoria Executiva da Fenajufe aprovou a realização de uma ampla campanha com a Central Única dos Trabalhadores e demais entidades do funcionalismo federal, com o objetivo de impedir a aprovação do PL 4497 e defender o direito de greve dos servidores públicos. Também definiu um calendário de atividades, que incluiu a rodada nacional de assembléias de 9 a 13 de junho, em todos os Estados. Nas assembléias, os sindicatos debateram a necessidade de ampliar a luta para garantir o direito de greve no serviço público e iniciar o processo de mobilização. A diretoria da Federação também tem orientado os sindicatos do Judiciário Federal e MPU a se articularem com outras entidades do funcionalismo público e a procurar os deputados integrantes da CCJ para convencê-los a retirar o projeto da pauta de votação. Relator recebe a Fenajufe Em reunião com o relator, deputado Geraldo Magela (PT-DF), no dia 12 de junho, os coordenadores Cláudio Antônio Klein, Antônio dos Anjos Melquíades e Lúcia Bernardes apresentaram os argumentos da Fenajufe contrários à aprovação da proposta e favoráveis à adoção da negociação coletiva. “Reafirmamos que esta é uma reivindica8 ção histórica das várias categorias dos servidores públicos, já que atualmente somos obrigados a deflagrar o movimento grevista para forçar a abertura do processo de negociação em torno de nossas pautas de reivindicações”, disse o coordenador geral da Fenajufe, Cláudio Klein. Geraldo Magela afirmou que não tem urgência em votar o projeto, mas está sendo pressionado pelo governo, pela autora do projeto e pela sociedade. Segundo o relator, esses setores têm demonstrado interesse na regulamentação da greve no serviço público. Até o dia 15 de julho haverá uma audiência pública na Câmara para debater o assunto, segundo informou Magela, que se disse disposto a ouvir as centrais sindicais, especialmente a CUT. Os coordenadores da Fenajufe reivindicaram ao deputado que representantes da Federação e das outras entidades dos servidores federais sejam convidados para compor a mesa de debate da audiência pública. Principais pontos negativos O substitutivo aprovado no dia 7 de maio, do deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP), relator do projeto na Comissão de Trabalho e Serviço Público, determina que, após deliberação da assembléia geral pela greve, a entidade sindical ou a comissão de mobilização terá que informar ao órgão 72 horas antes da deflagração do movimento. Outro dispositivo prevê a possibilidade de contratação de pessoal por tempo indeterminado para exercer as funções dos servidores em greve. Para Antônio Augusto de Queiroz, o assessor parlamentar da Fenajufe e diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), “o tema pode ganhar prioridade ainda este ano, especialmente se o governo intensificar o ajuste fiscal iniciado com o aumento das taxas de juros e do superávit primário, supostamente para frear o processo inflacionário”. Entre os pontos mais graves da proposta, ele cita a exigência de que 35% da categoria esteja em serviço nas atividades consideradas essenciais ou inadiáveis; a multa diária de R$ 30 mil reais ao sindicato por suposto descumprimento da lei de greve; e a prerrogativa de a administração definir sozinha, sem a participação do sindicato, os órgãos ou setores considerados essenciais ou inadiáveis para efeito de prestação de serviço. Negociação coletiva Na avaliação da Fenajufe, o projeto deve ser barrado no Congresso Nacional, uma vez que há no âmbito do Ministério do Planejamento um Grupo de Trabalho, formado por representantes do governo e da bancada sindical, que discute a regulamentação da negociação coletiva no serviço público. O grupo teve algumas reuniões no ano passado, mas não se reúne desde fevereiro deste ano. A CUT e as outras entidades da bancada sindical têm cobrado, insistentemente, dos representantes do Ministério do Planejamento, o retorno das atividades do GT. Nas diversas reuniões, os representantes da Fenajufe reafirmaram a posição contrária à proposta de regulamentação do direito de greve em tramitação na Câmara dos Deputados e reforçaram a defesa da ratificação da Convenção 151 da Organização Internacional do Trabalho, que regulamenta o direito à negociação coletiva no serviço público. Rogério Fagundes, um dos representantes da Fenajufe no GT, afirma que “o direito à negociação coletiva e a resolução de conflitos precedem qualquer debate sobre regulamentação da greve e, por isso, precisamos retomar os trabalhos do GT, que discute o assunto no Ministério do Planejamento”. Jacqueline Albuquerque, diretora da Fenajufe e do Sintrajuf/PE lembra que uma das mais importantes resoluções do 6º Congresso da Fenajufe,realizado em Gramado/RS em abril de 2007, está relacionada à defesa do Direito de Greve: “ Rejeitar a participação em toda e qualquer tentativa do governo de “negociar” restrições ou proibições ao exercício do direito de greve. O direito de greve foi conquistado por intermédio da luta dos trabalhadores. Quem deve regulamentar as greves, em todos os setores, são os próprios trabalhadores e suas organizações sindicais, como sempre fizeram. Esta é a nossa Luta.” Posicionamento reafirmado pela Diretoria Executiva da Federação, em reunião no dia 1º deste mês, momento em que se aprovou a realização de uma ampla campanha com a Central Única dos Trabalhadores e demais entidades do funcionalismo federal. 9 jornada DE TRABALHO jornada DE TRABALHO Reduzir a jornada para gerar mais empregos T ramitando em ritmo muito lento desde 2001 no Congresso Nacional, o Projeto de Emenda Constitucional 393/01, que propõe a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais acaba de ganhar, juntamente com outros três projetos de leis, um grande empurrão das centrais sindicais brasileiras. No dia 3 de junho, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), a União Geral dos Trabalhadores (UGT), a Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NSCT) e a Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), entregaram ao presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), um abaixo-assinado contendo cerca de 1,5 milhão de assinaturas em favor da redução da jornada. Segundo os dirigentes das centrais, o documento, que continua recebendo adesões, é uma prova do interesse da sociedade pela questão. Também no dia 3 de junho, o plenário da Câmara dos Deputados realizou uma comissão geral para discutir os três projetos de lei que tramitam conjuntamente naquela Casa. São eles o PL 7.663/06, do deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA); o PL 160/07, do deputado Marco Maia (PT-RS); e o PL 2381/07, do deputado Ricardo Berzoini (PT-SP). A PEC 393/01 é de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS) e do então deputado, hoje senador, Inácio Arruda (PCdoB-CE). A redução da jornada de trabalho sempre foi uma bandeira da classe trabalhadora. No final do século 19, o dia 1º de Maio foi escolhido como o Dia do Trabalhador justamente por causa das lutas pela conquista das oito horas diárias de trabalho. Hoje, os trabalhadores lutam pela redução da jornada principalmente para gerar mais empregos. O argumento, sintetizado no cartaz da campanha unificada das centrais, é que se os empregados cumprirem uma jornada menor, haverá ocupações tanto para os desempregados como para os novos trabalhadores. A posição das centrais respalda-se em análi- 10 ses técnicas de entidades como o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos SócioEconômicos (Dieese) e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A Nota Técnica nº 55 do Dieese, publicada em novembro do ano passado, demonstra que a redução da jornada, acompanhada da limitação das horas extras e da flexibilização do tempo de trabalho, tem grande potencial de gerar novos e melhores postos de trabalho. São medidas que, obviamente, contribuíram para combater as desigualdades sociais do País, entre as piores do mundo. Segundo a nota do Dieese, o país vive hoje uma realidade de extremos, em que, de um lado, Nossa posição A Fenajufe apóia integralmente a campanha pela redução da jornada de trabalho. Sua XIV Plenária Nacional, realizada no Recife entre 28 e 30 de março, reafirmou a decisão do 6º Congrejufe, de tratar o assunto com prioridade, lutando pela unificação da jornada de seis horas (já vigente no STJ e no TRE de Santa Catarina) em todo o Judiciário Federal e no MPU. O primeiro seminário nacional sobre a jornada foi marcada para os dias 11 e 12 de julho no Rio de Janeiro. Segundo o coordenador geral da Fenajufe, Roberto Policarpo, a melhor proposta para os servidores e para o público seria a adoção de dois turnos de seis horas, com o atendimento externo de no mínimo 12 horas. “A nova jornada resultaria em menos estresse, menos doenças profissionais, melhor ambiente de trabalho, mais qualidade de vida para os servidores e melhor atendimento aos usuários da Justiça”. muitos trabalhadores encontram-se desempregados, e, de outro, muitos trabalham um número de horas excessivas, ou porque fazem horas extras ou em decorrência das inovações tecnológicas e organizacionais. O resultado é o aumento de problemas de saúde e dificuldades no convívio familiar. Se do ponto de vista social é evidente a necessidade da redução da jornada, tal evidência também fica demonstrada nas atuais condições econômicas do País, muito favoráveis: a produtividade do trabalho mais que dobrou nos anos 90; o custo com salários é um dos mais baixos no mundo; o peso dos salários no custo total de produção é baixo; e o processo de flexibilização da legislação trabalhista, ocorrido ao longo da década de 90, intensificou, significativamente, o ritmo do trabalho, pontua a nota técnica. A fórmula da redução tem sido usada em vários países para preservar e criar novos empregos de qualidade, e também para possibilitar a construção de melhores condições de vida. Mas, segundo o Dieese, os efeitos positivos da medida podem ser ainda maiores, ao impulsionar a economia e dinamizar seu ciclo virtuoso, levando à melhoria do mercado de trabalho. Pelos cálculos do Dieese, a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais tem o potencial de gerar cerca de 2,5 milhões de novos postos de trabalho. Medidas complementares seriam necessárias, porém, para que a geração dos novos postos de trabalho se tornem realidade. Uma delas é a limitação das horas extras, e a outra seria a regulamentação do banco de horas. O motivo, segundo o Dieese, é evitar o que já aconteceu Uma campanha unificada das centrais sindicais logo depois de a Constituição de 1988 reduzir a jornada de 48 para 44 horas: os empresários resolveram compensar a redução com a adoção de mais horas extras, com a ampliação do ritmo do trabalho e com o aumento da produtividade, por meio de novas tecnologias de automação e novas formas de gestão. Segundo calcula o Dieese, o custo da redução da jornada seria muito pequeno, 1,99%, que, ademais, seria amplamente compensado com o aumento da produtividade, podendo se pagar em apenas seis meses. Esta conta derruba outro argumento dos empresários conservadores, herdeiros do regime escravocrata brasileiro em pleno século 21. 11 CONVERGÊNCIA TECNOLÓGICA CONVERGÊNCIA TECNOLÓGICA Organizações reivindicam mais espaço para a produção brasileira A ntes mesmo de o Brasil avançar no debate sobre uma nova lei de radiodifusão ou uma nova lei de comunicação, definindo o marco regulatório da Comunicação, está em discussão na Câmara dos Deputados uma proposta que, se aprovada, modificará a regulamentação da TV por assinatura brasileira. Trata-se do Projeto de Lei nº 29, de 2007, que “dispõe sobre a comunicação audiovisual de acesso condicionado”. Originalmente de autoria do deputado Paulo Bornhausen (DEM-SC), o projeto tramita, atualmente, na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática, na forma de um substitutivo apresentado pelo relator, deputado Jorge Bittar (PT-RJ). A expectativa do relator e defensores da nova regulamentação era de que o projeto fosse votado na Comissão ainda na primeira quinzena deste mês de junho, o que não aconteceu. A primeira alteração nas regras que regulamentam esse setor da comunicação no Brasil, proposta pelo substitutivo de Bittar, é a denominação que passará de “TV por assinatura” para “Serviço de Acesso Condicionado - SAC”, que compreenderá a emissão, programação, empacotamento e distribuição dos conteúdos da TV paga, incluindo, dessa forma, as três tecnologias de televisão por assinatura - cabo, DTH (Direct to Home – antena parabólica) e MMDS (Multipoint Multichannel Distribution System microondas terrestres). Na avaliação das organizações que defendem a democratização da Comunicação, essa mudança, apesar de parecer insignificante, terá grandes efeitos nas políticas de distribuição e de programação do conteúdo, além de unificar as normas que regulam o uso dessas diferentes tecnologias. Para representantes do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), o substitutivo de Jorge Bittar traz um equívoco grave, por não incluir sob as mesmas normas os serviços prestados pela Internet. “O PL mantém 12 a histórica prática danosa de criar normas voltadas para um setor específico, desconsiderando uma abordagem ampla e com propósitos estratégicos. Prova disso é o fato de não regular a oferta de conteúdo audiovisual de acesso condiAgência Câmara a América Latina. “Para se ter uma idéia, na Argentina este percentual é de 54%, no Chile, 25%, no México, 23% e na Venezuela, 19%. Hoje, o Brasil tem cerca de 5 milhões de assinantes. Com as propostas contidas no PL 29/07, espera-se que o número de assinaturas mais do que dobre em quatro anos, atingindo mais de 30 milhões de pessoas, e que novos canais e pacotes sejam lançados, diversificando o serviço, de modo a agradar um maior número de brasileiros”, afirma Bittar. Com uma visão bem menos otimista, o FNDC avalia que a proposta não beneficiará diretamente o consumidor, por não trazer dispositivos que garantirão a diminuição do preço final da assinatura. Para o Fórum, o projeto esbarra, ainda, em direitos conquistados a partir da Lei do Cabo (Lei nº 8.977, de 6 de janeiro de 1995) e ignora dois dispositivos importantes, previstos no artigo 26, que são a obrigatoriedade de disponibilização dos canais básicos de utilização gratuita ao assinante que não desejar receber outros pacotes, e a possibilidade de acesso individual ao canal de sua preferência. Agência Câmara Paulo Bornihausen (DEM-SC): autor original do PL 29 cionado ofertado pela Internet”, afirma o FNDC, em nota aprovada em sua XIV Plenária Nacional, realizada nos dias 17 e 18 de maio, em Brasília. Em resposta às várias críticas feitas pelos militantes do setor da Comunicação, o deputado Jorge Bittar saiu em defesa da proposta, afirmando que o objetivo é expandir o número de telespectadores da TV por assinatura, reduzir o preço do serviço e estimular o aumento da produção de conteúdo audiovisual brasileiro de qualidade. Atualmente, pouco mais de 91% dos lares brasileiros possuem pelo menos um aparelho de TV e apenas 8% desses domicílios têm acesso ao serviço de TV por assinatura. Segundo dados fornecidos pelo deputado Bittar, o Brasil fica em penúltimo lugar em toda Polêmica sobre as cotas Jorge Bittar (PT-RJ): autor do substitutivo Outra mudança proposta pelo projeto, e que tem causado maior reação entre as organizações do setor da Comunicação, é o estabelecimento de cotas para produção e programação do conteúdo transmitido pelas TVs por assinatura. O substitutivo de Jorge Bittar apresenta dois modelos. O primeiro incide sobre os pacotes de canais. Determina que 25% de canais devem ser programados por empresa brasileira e que veiculem diariamente um número expressivo de horas 13 CONVERGÊNCIA TECNOLÓGICA de conteúdo brasileiro, sendo que pelo menos uma hora diária deve ser produzido por produtora independente - sem vínculo com empresa de radiodifusão ou com a empresa que programa o canal. O segundo modelo de cota incide sobre todos os canais que, no horário nobre, apresentem conteúdo qualificado (filmes, seriados, novelas, reality shows). Esses canais terão de veicular três horas e meia semanais (o equivalente a 10% do horário nobre) de conteúdo brasileiro, sendo que metade deverá ser produzido por produtores independentes, o que significa uma hora e quarenta e cinco minutos por semana. Estudo feito pelo Coletivo Intervozes sobre o relatório do deputado Jorge Bittar aponta que o impacto das cotas para produção nacional e independente previstas no PL 29 será pequeno. Avaliando as grades de programação dos canais que poderiam vir a ser contabilizados para preencher a cota de canais brasileiros previstas no PL, o Intervozes constatou que não haverá necessidade de aquisição de novos conteúdos ou mesmo mudanças significativas no horário de transmissão de programas para que os pacotes vendidos atualmente estejam plenamente de acordo com o que exige o projeto de lei. “Para entender o impacto dessas regras, vale pegar um exemplo. O menor pacote digital oferecido pela NET (Advanced Digital), além dos canais de veiculação obrigatória (os da TV aberta e os canais universitário, comunitário, legislativo etc.), tem os seguintes canais brasileiros: Futura, Shoptime, Canal Rural, SporTV, SporTV2, GloboNews, GNT, MultiShow, Canal Brasil, ESPN Brasil, e Record News. Ou seja, ele já carrega onze, quando o projeto obriga que sejam no mínimo dez. Shoptime, Canal Rural, ESPN Brasil e Record News podem ser considerados canais independentes. São quatro, e a nova lei obriga que sejam três. Assim, toda a base digital da NET já está conforme o PL e nenhum canal nacional (independente ou não) precisará ser incorporado”, explica João Brant, da coordenação do Intervozes. capital estrangeiro Para o jornalista da TV Senado e diretor da TV Comunitária de Brasília e da TeleSul, Beto Almeida, a proposta das cotas não garantirá a participação das produtoras independentes na TV por assinatura, já que esse setor não terá forças para competir com as empresas de telefonia, as chamadas teles, que, pelo PL 29, poderão participar da prestação de serviços de telecomunicações de interesse coletivo, ou seja, na distribuição de conteúdo. Na avaliação de Beto Almeida, que é totalmente contrário ao PL 29, o projeto vai legalizar a “inferioridade da produção brasileira no pequeno espaço que já ocupa – 90% serão deles e apenas 10% nossos”. “Esse PL é uma grande jogada de três oligopólios para desnacionalizar totalmente a TV paga, e depois lançar as mãos sobre a TV aberta, quando houver mudança da tecnologia digital, quando a cabodifusão deixará de fazer sentido”, afirma o jornalista. Para a secretária de Comunicação da Central Única dos Trabalhadores, Rosane Bertotti, as organizações que lutam pelo direito à Comunicação no Brasil precisam se mobilizar para impedir que um pequeno grupo de conglomerados transnacionais de telecomunicações tomem conta do setor da TV por assinatura no Brasil. “O relatório do PL 29 abre o conjunto do setor de TV paga ao capital estrangeiro. Hoje eles estão proibidos pela Constituição Federal de deter mais de 30% de TVs e rádios. Ao mesmo tempo, o projeto não contempla qualquer mecanismo de proteção aos produtores nacionais, aos produtores independentes, de estímulo à pluralidade e à rica diversidade regional”, critica. Várias organizações, como a própria CUT, o FNDC e o Intervozes, encaminharam comunicados ao relator, deputado Jorge Bittar, reivindicando o adiamento da votação do PL 29 e a ampliação do debate para que os setores envolvidos possam discutir melhor a proposta. “Defendemos maior reflexão e a democratização do debate sobre o PL-29, envolvendo o conjunto da sociedade, pois ao nosso ver a entrada do oligopólio estrangeiro das telecomunicações, pelos imensos recursos e instrumentos de que já dispõe, desnacionalizaria ainda mais o setor”, argumenta a CUT. A Fenajufe e o Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal também consideram que o projeto precisa ser melhor debatido pela sociedade e, por isso, defendem a sua remessa para a Conferência Nacional de Comunicação, cuja convocação está sendo reivindicada por amplos setores ao Governo Federal. comunicação Fenajufe debate temas da Comunicação C om o 4º Encontro de Comunicação, no dia 27 de abril, em Recife, a Fenajufe deu um passo importante nas discussões com os sindicatos de base sobre as questões referentes à Comunicação. Foi um momento rico em que jornalistas e dirigentes sindicais puderam aprofundar uma reflexão iniciada em anos anteriores, e reafirmar a necessidade de se engajarem na luta pela democratização dos meios de comunicação. Ao longo dos debates, foi ficando cada vez mais claro que esta é uma luta de todos os que batalham em favor dos direitos humanos, distribuição de renda, reforma agrária, redução da jornada de trabalho, previdência pública e universal, valorização do serviço público, ensino público de qualidade, fim da homofobia e da violência sexista e outras bandeiras históricas dos trabalhadores, estudantes e militantes sociais e sindicais. A consolidação da rede de comunicação da Fenajufe, envolvendo jornalistas, dirigentes e colaboradores sindicais, foi apontada, pelos participantes do 4º Encontro de Comunicação, como uma das iniciativas mais importantes para possibilitar a integração dos servidores do Judiciário Federal e MPU nas articulações de outros setores da sociedade. O fortalecimento da imprensa sin- dical da Fenajufe e entidades filiadas, com melhor utilização das ferramentas disponíveis e maior qualidade de conteúdo dos materiais, sem dúvida alguma é um grande avanço na longa caminhada pelo direito à Comunicação. A partir de um amplo debate, travado nos painéis “Dados e fatos necessários para a nossa pauta – Os temas que devem estar nos veículos de comunicação da Fenajufe e sindicatos de base”; “Luta pela Democratização da Comunicação: Conferência Nacional de Comunicação e TV Pública – A importância da participação do movimento sindical nesse debate com outras organizações sociais”; e “Os Meios de Comunicação Sindical: como concretizar a nossa pauta”, jornalistas e dirigentes da Fenajufe e sindicatos filiados apresentaram várias propostas, que foram aprovadas na XIV Plenária Nacional, também realizada no Recife, de 28 a 30 de março. Conferência Nacional de Comunicação O engajamento da Fenajufe e seus sindicatos na luta pela realização da I Conferência Nacional de Comunicação se destaca entre as orientações aprovadas no 4º Encontro. Nesse sentido, os Tom Rafael Berenice Mendes, do FNDC: debate sobre a convergência tecnológica 14 15 comunicação sindicatos filiados estão sendo orientados a atuar também para viabilizar a consolidação dos comitês estaduais pela democratização da comunicação, e participar, em conjunto com outras organizações, das conferências estaduais preparatórias da Conferência Nacional. A Fenajufe, que já entrou nesta luta, tem participado ativamente das reuniões da Comissão PróConferência, em Brasília, lideradas pela Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Câmara dos Deputados. Seguindo a decisão da XIII Plenária Nacional, realizada em 2006, em Natal, a Federação também participa do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), ao lado de outras organizações, como a Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária (Abraço), a Associação Nacional das Entidades de Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões (Aneate), o Conselho Federal de Psicologia (CFP), a Federação Interestadual dos Trabalhadores em Empresas de Radiodifusão e Televisão (Fitert) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). Na avaliação de Sheila Tinoco, coordenadora de Comunicação e representante da Fenajufe nas reuniões do FNDC e da Comissão Pró-Conferência, “os servidores do Judiciário e do MPU devem participar da luta pela democratização da Comunicação, pois essa é uma luta que envolve todos segmentos da sociedade, incluindo os educadores, pais, médicos, servidores públicos municipais, estaduais e federais do Executivo e Legislativo”. No caso específico do Judiciário e do MPU, a participação é ainda mais relevante porque a categoria tem sido muito atacada pela grande imprensa. “Preciamos lutar para que os meios oficiais dos tribunais tais como a TV Justiça, a Rádio Justiça e os boletins dos tribunais sirvam para atender ao cidadão, para que o Judiciário e o MPU fiquem mais próximos da sociedade, inclusive nos lugares mais longínquos do País”. A coordenadora da Fenajufe informa que, no próximo dia 27 de junho, a partir das 9h, a Comissão Pró-Conferência promoverá uma vídeo-conferência nacional, com o apoio das Assembléias Legislativas. À exceção dos Estados de Alagoas, Goiás, Maranhão, Pará, Paraíba, Piauí, Paraná, Rondônia e Sergipe, todos os outros Estados já haviam confirmado a participação na vídeo-conferência. Será uma grande oportunidade para que os sindicatos ampliem suas informações sobre a questão. Nos dias 16 e 17 de maio, Sheila participou, 16 COTAS como delegada pela Fenajufe da XIV Plenária do FNDC, em Brasília, que discutiu os temas Convergência e Comunicação Social, Reestruturação do Sistema e Controle Público e Conteúdo Cidadão. Desde que começaram a se articular, as organizações que compõem a Comissão Pró-Conferência têm cobrado um posicionamento claro do governo federal sobre o seu papel no processo de organização da I Conferência Nacional de Comunicação. A reivindicação do movimento é que o evento, previsto para ocorrer no primeiro semestre de 2009, seja convocado pelas entidades que lutam pela democratização da Comunicação, o governo Agência Câmara Luiza Erundina (PSB-SP): luta pela Conferência Nacional federal e as entidades associativas do campo empresarial. O objetivo é comprometer, ao máximo, outros setores no encaminhamento das políticas públicas para o setor. Também estão engajados na organização da Conferência alguns parlamentares, especialmente a deputada Luiza Erundina (PSB/SP), os presidentes das Comissões de Direitos Humanos, Pompeo de Mattos (PDT/RS); de Legislação Participativa, Adão Pretto (PT/RS); e de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática, Walter Pinheiro (PT/BA); e o deputado Pedro Wilson (PT/ GO). Está sendo articulada, ainda, a realização de uma Comissão Geral, na Câmara dos Deputados, com o tema da Conferência. “Ou você intervém ou você é conivente com o racismo” N o dia 13 de maio, um grupo de 740 cidadãos, incluindo lideranças do movimento negro, intelectuais, estudantes, jornalistas, artistas, encaminharam ao presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, o “Manifesto em defesa da Justiça e Constitucionalidade das Cotas”. Foi uma contundente resposta a outro manifesto, entregue ao ministro Mendes duas semanas antes, por 113 intelectuais, sindicalistas, empresários e ativistas do movimento negro, em que se destacaram personalidades como o cantor Caetano Veloso, o escritor João Ubaldo Ribeiro, e o jornalista da revista Veja, Reinaldo Azevedo, preocupados com a proximidade do julgamento de duas ações diretas de inconstitucionalidade (ADI 3.330 e ADI 3.197). As duas ações, ajuizadas pela Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino, questionam o ProUni e a lei que prevê cotas para negros nos vestibulares das universidades estaduais do Rio de Janeiro. Segundo os signatários, “os julgamentos terão significado histórico, pois podem criar jurisprudência sobre a constitucionalidade de cotas raciais...” O “Manifesto em defesa da Justiça”, de 25 páginas, também pode ser considerado histórico, pela relevância e pertinência de seus argumentos em favor das ações afirmativas no Brasil, um dos países mais desiguais do mundo. Roberto Fleury / Agência UnB José Jorge: contra o atraso da elite branca Segundo seus signatários, os 113 manifestantes anticotas “nada têm a propor a não ser adiar para um futuro incerto – quem sabe para daqui a 120 anos – a possibilidade de uma igualdade de oportunidades entre negros, brancos e indígenas no Brasil. Literalmente, o caminho por eles apontado é um caminho regressivo. Seu horizonte é o 13 de maio de 1888: a promessa vazia e fria de uma igualdade que não existia e que não se cumpriu após 120 anos”. O manifesto pró-cotas registra que, graças às ações afirmativas, já adotadas por 69 Instituições de Ensino Superior Público, “apenas nos últimos cinco anos houve um índice de ingresso de estudantes negros no ensino superior maior do que jamais foi alcançado em todo o século XX”. O documento informa que “a demanda por políticas compensatórias específicas para os negros no Brasil não é recente e nem está baseada em qualquer modelo estrangeiro. Pelo contrário, insere-se na busca da justiça social em uma sociedade que historicamente se mostra racista, sexista, homofóbica e excludente”. A prova é que “a primeira apresentação formal de uma proposta por ações afirmativas surgiu justamente na Convenção Nacional do Negro Brasileiro, realizada em 1945 e 1946, no Rio de Janeiro”. Ainda segundo o manifesto, “as cotas e o ProUni significam uma mudança e um compromisso ético do Estado brasileiro na superação de um histórico de exclusão que atinge de forma particular negros e pobres. (...) Não se trata de leis raciais, como dizem os 113 anticotas, mas um posicionamento do Estado brasileiro coerente com os acordos internacionais de superação do racismo, de luta pelos direitos humanos dos quais o País é signatário”. Segundo um dos redatores do manifesto prócotas, o professor José Jorge de Carvalho, da UnB, o argumento em favor da alternativa das chamadas “cotas sociais’ é muito frágil, por não levar em conta os mapas da desigualdade racial elaborados pelo Ipea com base nos dados do IBGE. “Desigualdades diferentes precisam de cotas diferentes. Ou você intervém, ou você é conivente. Não tem uma terceira opção”, disse o professor ao Jornal do Brasil. 17 Propaganda de guerra A mão invisível do Pentágono O fracassado Secretário Rumsfeld, no dia da renúncia N o dia 12 de junho, a Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu, por cinco votos a quatro, que os 270 prisioneiros estrangeiros da base americana de Guantánamo, em Cuba, sob a acusação de terrorismo, poderão contestar a detenção em tribunais civis do País. A decisão foi uma pesada derrota para o governo Bush, que, desde 2006, mantinha os presos sem direito ao habeas corpus, uma situação que o presidenciável democrata Barack Obama chamou de “buraco negro legal”. Esta notícia foi amplamente divulgada pelos grandes meios de comunicação nos Estados Unidos e mundo afora. Outra notícia, ainda mais delicada para os interesses do governo americano, saiu na primeira página do New York Times no dia 20 de abril, mas praticamente não teve repercussão na mídia. Através dela, o repórter David Barstow denunciou a existência de um programa secreto de propaganda do Pentágono, montado com o auxílio de 75 militares da reserva e lobistas, contratados como “analistas militares” pelas maiores redes de 18 televisão, que foram mobilizados para falsear, despistar ou embelezar informações sobre as guerras no Iraque e no Afeganistão e nas operações em Guantánamo. Tudo para conquistar a batalha dos corações e mentes dos americanos, cada vez mais insatisfeitos com as catastróficas conseqüências das iniciativas do governo Bush na “guerra contra o terrorismo”. A reportagem do jornalista David Barstow foi baseada em 8.000 páginas de documentos classificados do Pentágono, a que ele só teve acesso depois de recorrer à Justiça. Depois da publicação da reportagem, os documentos foram abertos ao público e podem ser lidos no seguinte site da Secretaria de Defesa: http://www.dod.mil/pubs/foi/milanalysts/ A matéria abre com a operação montada rapidamente pelo Pentágono para responder à onda de críticas que pipocou em meados de 2005 contra o regime de ilegalidade e torturas praticado na prisão de Guantánamo, então classificada pela Anistia Internacional como o “gulag de nossa época”. Segundo Barstow, na manhã de uma sexta-feira (24 de junho), os especialistas em propaganda de guerra do Pentágono embarcaram um grupo de oficiais da reserva num dos jatos usados pelo vice-presidente Dick Cheney e os levou até Cuba “para um tour em Guantánamo, cuidadosamente orquestrado”. Segundo mostram os documentos, o grupo passou menos de quatro horas pelos campos de prisioneiros, recebendo informações especialmente preparadas para contestar o relatório da Anistia Internacional. Segundo o colunista Glenn Greenwald, da revista Salon, no dia seguinte, um desses “analistas de aluguel”, o general Shepperd, empregado da CNN, mandou um email para um oficial do Pentágono dizendo que a viagem havia sido “fascinante”, tendo sido útil para a sua compreensão sobre a situação dos prisioneiros. No fim, ele pergunta: “O que poderia fazer para ajudá-lo?” O email de Shepperd foi encaminhado a Larry Di Rita, um dos principais assessores do então secretário de Defesa, Donald Rumsfeld. Em resposta (documento 7470), Di Rita, que hoje trabalha para o Bank of America, dá ordens para que Shepperd receba um briefing especial Propaganda de guerra The New York Times A revolta dos generais Em abril de 2006, vários ex-generais que estiveram sob o comando de Rumsfeld, nenhum deles “analista militar”, divulgaram pesadas críticas à performance das Forças Armadas no Iraque e exigiram a renúncia do Secretário. Para enfrentar as críticas, Rumsfeld mandou chamar os “laranjas”. Entre as instruções que repassou, sublinhou dois pontos: 1) “Manter o foco na ‘Guerra Global contra o Terror’, não simplesmente a guerra do Iraque. A guerra mais ampla – a longa guerra” ; 2) “Vincular o Iraque ao Irã. O Irã é a preocupação. Se falharmos no Iraque ou no Afeganistão, isso beneficiará o Irã”. Don Shepperd: “A viagem a Guantánamo foi fascinante... Em que posso ajudá-lo?” para não “extrapolar” no caso de Mohammed al-Khatani, um saudita acusado de participar do planejamento dos atentados do 11 de Setembro, que havia sido brutalmente torturado em Guantánamo. A força-tarefa de propaganda do Pentágono foi montada, segundo David Barstow, para pavimentar o caminho da guerra do Iraque. Os assessores de imprensa oficial do Departamento de Defesa foram deixados de lado. Seu lugar foi ocupado por especialistas em informações, que mobilizaram os oficiais da reserva e lobistas como “laranjas”. Como “analistas militares”, os ex-oficiais recebiam cachês das redes de televisão Fox News, NBC, CNN, CBS e ABC. Alguns deles participaram desse especial “esforço de guerra” por ideologia, mas a maioria, segundo Barstow, tinha interesses venais, na condição de empregados de grandes empresas que prestam serviços ou fornecem equipamentos ao Pentágono em troca de bilhões de dólares. Dois exemplos: James Marks, ex-general do Exército, analista da CNN de 2004 a 2007, é executivo da McNeil Technologies, especializada em tratamento de informações; o general McInerney, analista da Fox, diretor de vários fornecedores do Pentágono, entre eles a a Nortel Government Solutions, especializada em telecomunicações. Após a publicação da matéria de David Barstow, a Câmara dos Deputados aprovou uma lei proibindo o Pentágono de manter esse tipo de operação. Coniventes com os militares, as grandes redes de televisão preferiram não repercutir a matéria do New York Times. 19 M T I RA N E Propaganda de guerra Oriente Médio a Israel e a conquista de sua independência em relação aos Estados Unidos. Conseqüências – Inúmeras vítimas de guerra, depois um longo embargo, incluindo medicamentos. 5 – Somália (1993) Mentira midiática – O médico e político francês Bernard Kouchner (ligado à organização Médicos Sem Fronteiras) entra em cena como herói de uma intervenção humanitária. Esclarecimento posterior – Quatro companhias americanas tinham comprado 25% do subsolo somali, rico em petróleo. Verdadeiro objetivo – Controlar uma região estratégica do ponto de vista militar. Conseqüências – Não tendo conseguido controlar a região, os Estados Unidos a submeteram a um caos prolongado. A maior arma de destruição em massa do imperialismo Como se pode notar neste “pequeno inventário da desinformação”, compilado pelo jornalista e escritor belga Michel Collon, a mentira é uma arma estratégica e corriqueira do imperialismo americano: 1. Vietnã (1964-1975) Mentira midiática - Nos dias 2 e 3 agosto o Vietnã do Norte teria atacado dois barcos americanos na baía de Tonquim. Esclarecimento posterior - O ataque nunca aconteceu. Foi uma invenção da Casa Branca. Verdadeiro objetivo - Impedir a independência do Vietnã e manter a dominação americana na região. Conseqüências - Milhões de vítimas, malformações genéticas (agente laranja), enormes problemas sociais. 2. Granada (1983) Mentira midiática – A pequena ilha do Caribe foi acusada de construir uma base militar soviética e de pôr em perigo a vida de médicos americanos. Esclarecimento posterior – Totalmente falso. Os presidente Ronald Reagan inventou todos esses pretextos. Verdadeiro objetivo – Impedir as reformas sociais e democráticas do primeiro-ministro Bishop, que depois foi assassinado. 20 Conseqüências – Repressão brutal e restabelecimento do embargo de Washington. 3 – Panamá (1989) Mentira midiática – A invasão tem o objetivo de prender o presidente Noriega por tráfico de drogas. Esclarecimento posterior – Uma criação da CIA, Noriega reclamava a soberania sobre o canal, após o final de sua concessão aos Estados Unidos, uma atitude considerada intolerável. Verdadeiro objetivo – Manter o controle americano sobre essa estratégica via de comunicação. Conseqüências – Os bombardeios americanos mataram entre 2.000 e 4.000 civis, fato ignorado pelos meios de comunicação. 4 – Iraque (1991) Mentira midiática – Os iraquianos teriam roubado as incubadoras da maternidade de cidade do Kuwait. Esclarecimento posterior – Invenção total da agência de publicidade Hill & Knowlton, financiada pelo emir do Kuwait. Verdadeiro objetivo – Impedir a resistência do 6 – Bósnia (1992 - 1995) Mentira midiática – A firma americana Ruder Finn e Bernard Kouchner denunciam a existência de supostos campos de extermínio sérvios. Esclarecimento posterior – Ruder Finn e Kouchner mentiram. Eram campos para trocas de prisioneiros. O presidente muçulmano Izetbegovic confirmou. Verdadeiro objetivo – Destruir a Iugoslávia muito esquerdista, eliminar seu sistema social, submeter a região às multinacionais, controlar o rio Danúbio e as rotas estratégicas dos Bálcãs. Conseqüências – Quatro anos de uma guerra atroz para todas as nacionalidades (muçulmanos, sérvios, croatas). Provocada por Berlim, prolongada por Washington. 7 – Iugoslávia (1999) Mentira midiática – Os sérvios cometem genocídio contra os albaneses do Kosovo. Esclarecimento posterior – Pura e simples invenção da Otan, como reconheceu Jamie Shea, seu porta-voz oficial. Verdadeiro objetivo – Impor o domínio da OTAN sobre os Bálcãs e transformar a organização em polícia do mundo. Instalar uma base militar americana no Kosovo. Conseqüências – Duas mil vítimas dos bombardeios da OTAN. Limpeza étnica do Kosovo pelo Exército de Libertação do Kosovo (UÇK), patrocinado pela OTAN. da existência da rede. Além do mais, os talibãs tinham proposto extraditar Bin Laden. Verdadeiro objetivo – Ter o controle militar do centro estratégico da Ásia, e construir um oleoduto que permitisse o controle do abastecimento energético do Sul da Ásia. Conseqüências – Ocupação de longuíssima duração e forte aumento da produção e tráfico do ópio. 9 – Iraque (2003) Mentira midiática – Saddam Hussein teria a posse de perigosas armas de destruição, afirmou Colin Powell na ONU, com evidências em mãos. Esclarecimento posterior – A Casa Branca havia dado ordens para que seus agentes falsificassem ou fabricassem relatórios (affaire Libby). Verdadeiro objetivo – Controlar todo o petróleo e chantagear seus rivais : Europa, Japão, China. Conseqüências – O lançamento do Iraque na barbárie, com as mulheres devolvidas à submissão e ao obscurantismo. 10 – Venezuela – Equador (2008- ?) Mentira midiática – Chávez sustenta o terrorismo, importa armas e é um ditador (parece que o pretexto definitivo ainda não foi escolhido). Esclarecimento posterior – Muitas mentiras midiáticas anteriores já foram esvaziadas – Chávez atirando contra o povo, Chávez anti-semita, Chávez militarista... Mas a demonização continua. Verdadeiro objetivo – As multinacionais americanas querem manter o controle do petróleo e das outras riquezas de toda a América Latina, e por isso temem a libertação social e democrática do continente. Conseqüências – Washington empreende uma guerra global contra o continente : golpes de Estado, sabotagens econômicas, chantagens, estabelecimento de bases militares próximas às riquezas naturais... Em resumo, cada guerra é precedida e “justificada” por uma grande mentira midiática. E este inventário está longe de estar completo! 8. Afganistão (2001) Mentira midiática – Bush pretende vingar o 11 de Setembro e capturar Bin Laden. Esclarecimento posterior – Nenhuma prova 21 15 anos da Fenajufe Vamos resgatar nossa memória! R esgatar a história e a memória de seus 15 anos de atuação em defesa dos interesses dos servidores do Judiciário Federal e MPU, e também de luta em conjunto com outras organizações dos trabalhadores, é um grande desafio para Fenajufe neste momento. Muitos foram os acontecimentos que marcaram essa trajetória e que precisam ficar registrados, à disposição dos trabalhadores. Durante o seminário em comemoração de seus 15 anos, realizado no dia 8 de dezembro do ano passado, em Brasília, várias intervenções de militantes históricos da categoria reafirmaram a necessidade de as entidades sindicais resgatarem os fatos do passado e aprimorar o registro dos fatos correntes. Eles lembraram os momentos que fizeram da Fenajufe uma das mais importantes entidades sindicais, com a sua participação nas lutas específicas da categoria e nas grandes manifestações unificadas dos servidores federais, como a Marcha dos Cem Mil, as marchas do MST e as greves contra as reformas da Previdência. “Os trabalhadores precisam conhecer a sua história para organizar suas lutas. A análise dos antecedentes históricos de um fato é determinante para se compreender o comportamento da humanidade ou, apenas, de determinadas pessoas. Este conhecimento é central em uma análise de conjuntura quando se necessita saber quais os interesses históricos das forças que estão atuando sobre um determinado fato”, afirma Cláudia Santiago, jornalista que integra o Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC). Cláudia, que foi jornalista da CUT do Rio de Janeiro por mais de dez anos, aponta a imprensa dos sindicatos como grande aliada na importante tarefa de registro da memória dos trabalhadores. A jornalista cita algumas iniciativas básicas para a preservação da memória sindical: datar 22 Arquivo Sindjus todas as publicações, inclusive cartazes e panfletos; guardar cópias dos documentos produzidos; realizar campanhas para recolher documentos históricos; digitalizar os arquivos; organizar entrevistas para conhecer a memória da categoria; preservar o arquivo de fotos sempre com datas e legendas etc. Cláudia elenca também os meios em que a história dos trabalhadores pode ser contada: a página da Internet; os CDs; os jornais do sindicato; e materiais diversos, como vídeos, cartilhas, jornais temáticos, revistas e livros. Atenta a essas exigências, a Fenajufe pretende desenvolver projetos com o objetivo de registrar todo o processo de consolidação do movimento sindical dos trabalhadores do Judiciário Federal e Ministério Público da União. A Federação convida todos os sindicatos filiados a pensar em políticas que garantam a preservação de nossa história, em âmbito local e nacional. Brevemente, serão anunciadas as primeiras iniciativas neste sentido. 23 Che Guevara, 80 anos "Si Usted es capaz de temblar de indignación cada vez que se comete una injusticia en el mundo, somos compañeros."