REVISTA ANEC Edição 06 - Ano II
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REVISTA ANEC Edição 06 - Ano II
INFORMATIVA REVISTA ANEC Edição 06 - Ano II - outubro/2009 NOVA EDITORIA: CONVERSA COM AS MANTENEDORAS VIVENCIANDO A SOLIDARIEDADE: “SERVIR PARA SER MAIS!” COLÉGIO PREPARA JOVENS EMPREENDEDORES e d ssi fi o s pr e r lho e ista n m a os um nados a h res m r o m i o o r i F vis age nte r d ( ) a e r s iva Abo os sup t ) a i ( tern tág l s a E as ( ) s a Tod ) (X A saúde além da saúde. * Veja regulamento gulamento n no o site www.saocamilo-sp.br. is ona úd a s a Ensino baseado na ética, no respeito à vida e na discussão das questões mais iimportantes nt do nosso tempo. • Administração Linhas de formação específicas em Empresas e Hospitalar • Biomedicina • Farmácia • Nutrição • Filosofia • Pedagogia Bolsas de estudos integrais* • Fisioterapia 1º lugar na cidade de São Paulo no ENADE 2005 • Ciências Biológicas • Fonoaudiologia • Psicologia • Enfermagem • Medicina • Terapia Ocupacional Cursos Tecnológicos: • Gastronomia • Radiologia Único curso superior particular do Brasil com nota 5 no CPC do ENADE 2007 Estrelas recebidas no Guia do Estudante 2008/2009 – Editora Abril. www.saocamilo-sp.br • 0800 17 8585 sumário 04.expediente 92. 06. acontece na anec 16. acontece em Brasília artigo 20. Projeto Escola de Inteligência 24. Segurança como construção coletiva 26. O maior de todos os escândalos 28. Avaliação de escolas e o aprendizado dos alunos 30. No final de milênio, um ponto de partida 34. Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura, Educação e Comunicação Social da CNBB 38. Dados, informação, conhecimento e tomada de decisão 40. Pedagogia de projetos: educando através da cidadania 42. Marketing Viral: ferramenta de organização do Terceiro Setor 44. GVDASA Sistemas foca o mercado educacional paulista 72. nos do mercado de trabalho 67. Assistência na área da saúde para aqueles que mais precisam 68. Projeto mapeia parte do Atlântico para exploração de petróleo 70. Professora da PUC-SP é premiada em congresso nacional 72. Professores: Criatividade também pode ser ensinada e aprendida 74. Unisinos festeja 40 anos com Bolero de Ravel 76. Gestão: Fazendo a lição de casa 78. Solidariedade: atendimento jurídico de graça política 46. Entrevista Deputado Hugo Leal 50. Entrevista Ministro Carlos Minc 52. Entrevista Deputada Maria do Rosário 56. Entrevista Monteiro Neto ado e criatividade educação superior 60. Pernambucanos tem pouco conhecimento sença no Brasil sobre a própria Cultura 86. Vivenciando a solidariedade: “Servir para ser para os carentes educação básica 82. Colégio Maria Auxiliadora ensina voluntari83. Semana Cultural faz escola respirar arte 84. Celebrando nossa história: 80 anos de pre- 62. Ensino a distância: uma realidade crescente mais!” no Brasil 90. Colégio Claretiano: 70 anos de educação 66. PUC-PR firma parcerias para aproximar alu- 62. 68. para toda a vida! 92. Colégio prepara jovens empreendedores 94. Fórum para Educadores e Pais: espaço de debates e soluções 98. Educar na escola de Emilie 99. Um show de cultura e solidariedade 102. conversa com as mantenedoras 106. considerações finais Informativa - Revista ANEC | sumário 3 expediente DIRETORIA NACIONAL DIRETOR PRESIDENTE Reitor Pe. José Marinoni, SDB Apresentação DIRETOR 1º VICE-PRESIDENTE Reitor Pe. Marcelo Fernandes de Aquino, SJ DIRETOR 2º VICE-PRESIDENTE Reitor Ir.Clemente Ivo Juliatto, FMS DIRETORA 1º SECRETÁRIA Ir. Ana Maria Paes DIRETOR 2º SECRETÁRIO Reitor Pe. Christian de Paul de Barchifontaine, MI DIRETOR 1º TESOUREIRO Ir. Joaquim Juraci de Oliveira, FMS DIRETOR 2º TESOUREIRO Pe. Guido Aloys Johanes Kuhn, S.J SECRETÁRIO EXECUTIVO Prof. Dr. Dilnei Lorenzi CONSELHO SUPERIOR PRESIDENTE Reitor Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães VICE-PRESIDENTE Reitor Prof. Wolmir Therezio Amado SECRETÁRIO Reitor Pedro Rubens Ferreira Oliveira CONSELHEIROS Ir. Teresinha Maria de Sousa, MC Ir. Nelso Antônio Bordignon, FSC Pe. Wilson Denadai Professor Roberto Prado Pe. Nivaldo Luiz Pessinatti, SDB Pe. Mieczyslaw Smyda, SJ DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO Luciene Lopes Pereira Nelismar de Souza JORNALISTA Lana Canepa PROJETO GRÁFICO E EDITORAÇÃO branding & design Fone: 61 3033-6212 IMPRESSÃO Parque Gráfico da Editora FTD Fone: 11 2412-8099 Palavra do Diretor Presidente da Associação Nacional de Educação Católica do Brasil. A palavra chave que permeia o conteúdo da sexta edição da Revista Informativa da ANEC, Associação Nacional de Educação Católica, é a solidariedade. Mostramos nesse material iniciativas importantes das nossas instituições associadas que modificam as estruturas sociais, principalmente no cenário local e operam diversas mudanças na sociedade que clama por inovações na atuação do terceiro setor. Além disso, apresentamos exemplos de instituições de ensino que estão preocupadas com o futuro e investem na formação integral de crianças e jovens mais conscientes. Isso porque nós já sabemos que para construir um futuro melhor é preciso apostar na solidariedade, porque esta é a forma mais plena de amar os nossos alunos, mostrando a eles que o caminho da vida pode ser difícil para todos, mas que juntos somos mais fortes. Na editoria de política novas entrevistas para mostrar o que os nossos representantes pensam sobre assuntos variados. Entre os participantes desta edição o polêmico Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, fala sobre as soluções em educação ambiental e aponta falhas no ensino sobre a preservação da nossa fauna. Também abrimos espaço para o debate com a Deputada Maria do Rosário, Presidente da Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados. Ela conta quais as prioridades para as votações deste ano e recomenda que os representantes da educação se aproximem mais do Congresso Nacional. Também nesta edição a estréia de uma editoria de entrevista para contar tudo sobre o trabalho das Mantenedoras. Enfim, é com muito orgulho que levamos mais uma edição da nossa Revista até você e esperamos que seja uma boa leitura. As ilustrações foram cedidas pelas instituições ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EDUCAÇÃO CATÓLICA DO BRASIL - ANEC SRTV/Sul Quadra 701 Bloco O Sala 135 Ed. Multiempresarial CEP: 70340-000 - Brasília-DF Fone: 61 3226-5655 - Fax: 61 3322-5539 E-mail: [email protected] 4 Pe. José Marinoni Diretor-Presidente da ANEC Informativa - Revista ANEC | expediente mural A educação constrói os valores do indivíduo. O design estratégico constrói os valores da marca, relevantes ao indivíduo. SRTVS quadra 701 bloco O - Edifício Multiempresarial sala 896 tel. 61 3033.6212 / 61 3877.0307 www.nucleo-bd.com.br Informativa - Revista ANEC | mural 5 acontece na anec ANEC inaugura escritórios regionais em sete Estados Lana Canepa - Jornalista ANEC M ais um passo para aumentar a eficiência nos trabalhos da ANEC (Associação Nacional de Educação Católica do Brasil). O presidente da Associação ,Pe. José Marinoni, anunciou a criação oficial de sete escritórios regionais. E durante um encontro na sede da instituição em Brasília, o secretário executivo da ANEC, Dilnei Lorenzi, afirmou que com as filiais a Associação ganha capilaridade e consolida todo o seu processo administrativo. “Vamos atuar de forma mais direta nas escolas e nas universidades. Isso é fundamental porque vivemos em um país continental. Estas filiais vão ter o importante papel de dar extensão às ações da ANEC. E esta proximidade vai ser essencial não só para que as nossas associadas, que estão em todo o país, possam visualizar melhor o trabalho que nós estamos fazendo, mas também para que nós possamos saber, com mais precisão, quais são as necessidades dessas instituições”, explicou Lorenzi. Os novos escritórios regionais da ANEC são nos Estados de Santa Catarina, Espírito Santo, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Goiás. Os gestores que vão coordenar os trabalhos nos novos escritórios receberam capacitação em Brasília. Eles conheceram todas as etapas da estrutura de funcionamento da ANEC Nacional. Na abertura do encontro na nova sede da Associação, o reitor da Universidade Católica de Brasília (UCB), Pe. José Romualdo Degasperi, apresentou uma palestra sobre a missão dos novos coordenadores. Além de comandar os trabalhos regionais, a meta é reforçar os princípios do ensino católico e a evangelização. “A nossa conversa foi no sentido de avaliar qual é a causa que nos move como educadores católicos, pertencentes a instituições católicas. Quando as regionais da ANEC se consolidarem a estrutura da Associação vai ser pulverizada por todo o Brasil. O principal resultado é maior projeção ao sistema de educação católica no Brasil”, afirma Degasperi. 6 Informativa - Revista ANEC | acontece na anec O critério de seleção para nomear os sete novos coordenadores da ANEC foi à experiência com educação católica e também a influência e liderança regional. No planejamento estratégico da instituição ainda está prevista a instalação de mais quatro filias até o mês de dezembro deste ano. Os escritórios devem ser em Belo Horizonte, Recife, Fortaleza e Belém. Parceria: ANEC e AVALIA farão diagnóstico do ensino católico Lana Canepa - Jornalista da ANEC Q uais os diferenciais do Ensino Católico para a formação de um cidadão consciente e íntegro? Para responder, com mais precisão esta pergunta, a ANEC e a AVALIA firmaram uma parceria para criar um novo sistema de avaliação educacional. Nos moldes e critérios usados pelo Ministério da Educação o novo método deve fornecer dados valiosos para melhorar a gestão das instituições de Educação Básica. A avaliação que a ANEC propõe não mantém o foco apenas nos resultados dentro de sala de aula, ou seja, além do desempenho dos alunos será preciso considerar os resultados externos que modificam toda a rotina do ensino. Por isso, a estrutura de avaliação que foi criada responde a questões referentes à gestão, aos processos, aos recursos e aos resultados da escola. Para as instituições de ensino os relatórios vão se transformar em base de dados para pesquisas e a criação de novas ações que podem revolucionar a forma de ensinar. Este tipo de levantamento se tornou uma necessidade imperativa para a evolução dos métodos e melhoria da qualidade das instituições. Pelo projeto da ANEC a consolidação das informações colhidas em campo, processadas e analisadas, deve ser formalizada em relatórios exclusivos e confidenciais. Cada escola parceira receberá um relatório de desempenho da escola; um relatório de percepção da sociedade, que será baseado na opinião de alunos, pais e funcionários; um sumário executivo; um manual de referência; um CD-ROM; e uma senha eletrônica para acessar online todas as informações sobre a escola. Para participar é preciso entrar em contato com a ANEC. O resultado da primeira avaliação deve sair em novembro deste ano. Informativa - Revista ANEC | acontece na anec 7 acontece na anec Associação Católica ganha reforço com novo escritório Lana Canepa - Jornalista ANEC A Assembléia Legislativa do Estado do Espírito Santos realizou sessão especial para anunciar a instalação de um escritório da ANEC (Associação Nacional de Educação Católica). Participaram da sessão o Deputado Cláudio Vereza e o presidente da ANEC, Pe. José Marinoni. Também foram convidados os secretários estaduais, municipais, lideranças religiosas, prefeitos, entidades da sociedade civil organizada e o público em geral. De acordo com o novo coordenador Regional da ANEC no Espírito Santo, Adriano Fiorese, a iniciativa vai congregar ainda mais as instituições de Educação Católica. “Nesse momento vamos investir, sobretudo, no ensino superior e depois pretendemos realizar projetos que integrem as instituições e que dêem visibilidade nacional ao nosso trabalho como Congressos de educação e jogos escolares.” A Associação atende hoje em todo o país milhares de Escolas, Universidades e Mantenedoras do Ensino Católico. Uma das metas é ensinar Valores e Atitudes. Além do presidente da ANEC, a coordenadora de Educação Básica da instituição, Janaína Paim, acompanhou o lançamento do novo escritório. A programação do lançamento foi um café da manhã com o arcebispo de Vitória, Dom Luiz Mancilha Vilela e uma coletiva para a imprensa com o secretário executivo da ANEC, Dilnei Lorenzi. Na parte da tarde a ANEC reuniu os diretores das Escolas com a equipe do Avalia para apresentar o novo sistema de avaliação educacional lançado pela instituição. O encerramento foi na sessão especial na Câmara Legislativa. Durante o evento foi realizada também uma apresentação sobre a trajetória da Associação e trabalho em instituições de ensino católico espalhadas pelo país como PUCs e Maristas. 8 Informativa - Revista ANEC | acontece na anec Para Dilnei Lorenzi investir na regionalização vai ser essencial para as instituições associadas. “Com as ANECs filiais nós vamos sentir melhor os problemas locais e elaborar projetos que possam atender com mais eficiência as necessidades regionais.” Além do Espírito Santo a instituição inaugura escritórios regionais em Santa Catarina, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Goiás. Os gestores que vão coordenar os trabalhos nesses estados receberam capacitação em Brasília. ANEC realiza Fórum para discutir soluções em Educação Superior Lana Canepa - Jornalista da ANEC F oram dois dias de debates sobre as soluções para o Ensino Superior do Brasil. As ideias foram além do que é ensinado em sala de aula e dos processos de avaliação institucional. Reitores e pró-reitores discutiram as melhores ações com assessores jurídicos e dirigentes das instituições de Educação Superior para buscar a excelência da gestão corporativa. O Presidente da ANEC (Associação Nacional de Educação Católica do Brasil) Pe José Marinoni conta que antes os debates eram separados. A Associação realizava um Fórum só para a graduação e outro para os responsáveis pela administração das instituições. Nesta edição o evento foi unificado para criar uma visão multidisciplinar na universidade. E os resultados foram positivos. “Foi surpreendente a forma como as pessoas receberam a novidade. Nós discutimos as questões sobre avaliação, gestão financeira e tudo isso dentro de um eixo temático das nossas instituições”. Para a coordenadora de Educação Superior da ANEC, Melvi Aranibar, a meta do Fórum foi aumentar a interação e discutir análises sobre o novo cenário da Educação Superior Brasileira. Com isso os participantes buscaram novas percepções de valores na gestão. “Foi um momento muito importante de grande reflexão sobre a caminhada das Universidades Católicas no Brasil. E dentro desse novo cenário nós temos a discussão sobre a excelência e inovação como compromisso social do papel dos gestores nas várias instâncias da Universidade buscando a qualidade e excelência da educação brasileira. E a ANEC tem um papel muito importante de congregar, assessorar e preparar os novos rumos e perspectivas para o futuro”. Informativa - Revista ANEC | acontece na anec 9 acontece na anec 50 anos pelos caminhos da Educação Católica no Ceará Ir. Lucila Porto A cerimônia de comemoração foi presidida pelo Revdmo. Monsenhor João Jorge Correa Filho, vigário Geral da Arquidiocese de Fortaleza, que a AEC, em solene Eucaristia, celebrou seus cinqüenta anos de trajetória, no mesmo local onde nasceu o Colégio da Imaculada Conceição, rejubilando-se por todas as bênçãos e graças recebidas. Gratidão, reconhecimento, sensibilidade são gestos que ficarão registrados na memória de todos os que fazem as Escolas Católicas no Ceará. Foi com o reconhecimento público da função social das Instituições católicas de ensino e da Associação, e com o carinho da presença constante de dedicados professores, alunos, funcionários, familiares e amigos das escolas associadas que construímos essa estrada de sucesso e de esperança. A Associação de Educação Católica do Ceará nasceu no dia 17 de maio de 1959 dinamizada por um pequeno grupo de novos educadores que, em tempos difíceis, tornaram viável a educação católica no Ceará. Foi com muito amor, sabedoria e competência que nossos antecessores souberam gerar e gerir sonhos, fazendo nascer essa Associação a fim de poder responder aos novos e imensos desafios da missão de educar. Deixaram um grande legado de amor a educação. Com a ousadia dos seus continuadores, as escolas católicas se mantêm em constante movimento, acompanhando as mudanças. Inquietas, olham para o presente com os olhos no futuro. A AEC/CE, portanto, congrega Escolas Católicas do século XXI, que proporcionam o despertar de lideranças cristãs, o engajamento sócio-político-religioso, a formação da consciência crítica, o exercício da cidadania, a apoteose cultural, a confluência das ciências, da arte, da ética, da fé. Como missão assume as seguintes linhas: ser uma instância crítica na realidade educacional; ser evangelizadora nos sistemas educativos; articular-se com entida- 10 Informativa - Revista ANEC | acontece na anec des semelhantes e com movimentos comprometidos com a justiça social; ser lugar de encontro, congregando e unindo forças para assumir uma educação libertadora e dinamizar a Pastoral da Educação. Deputados concluem relatório que certifica entidades beneficentes Lana Canepa - Jornalista da ANEC A pós alguns acertos consensuais, os relatores do projeto de lei 7.494/06, que trata da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social para fins de isenção previdenciária, finalizaram o texto que será apreciado pelo Plenário da Câmara. A Associação Nacional da Educação Católica do Brasil (ANEC) tem participado intensamente do debate em torno do tema, de modo a colaborar com o aperfeiçoamento do projeto de lei. Foram mais de seis audiências com o relator, bem como apresentou carta de intenção ao presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer. O relator da matéria na Comissão de Educação e Cultura da Câmara, deputado federal Carlos Abicalil (PT/MT), lembrou que o consenso entre os relatores não impedirá recursos de Plenário e destaque para votação em separado, porém favorecerá no entendimento dos líderes partidários. “Depois de inúmeras reuniões com os relatores, os órgãos responsáveis do Executivo e entidades representativas, certamente avançamos em um relatório consistente e comum com os demais relatores das respectivas comissões. Portanto, nós queremos um projeto que venha regulamentar com transparência as instituições que mereçam a imunidade tributária, garantida pela Constituição, e a isenção das contribuições sociais”, disse. Iminente de ser deliberada no Plenário na primeira quinzena do mês de setembro, a matéria tramita em caráter conclusivo. Considerado polêmico, porém necessário, o projeto foi exaustivamente debatido entre os relatores Carlos Abicalil, Eduardo Barbosa (PSDB/MG) - da Comissão de Seguridade Social e Família - e Aelton Freitas (PR/MG) - da Comissão de Finanças e Tributação. Informativa - Revista ANEC | acontece na anec 11 acontece na anec Presidente da encontro com ANEC participa de Ministro da Educação Lana Canepa - Jornalista ANEC O presidente da ANEC, Associação Nacional de Educação Católica, Pe. José Marinoni, participou de encontro com o Ministro da Educação, Fernando Haddad, em Brasília. Um dos temas da conversa foi o FIES, Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior. A partir de agora os alunos vão ter a oportunidade de acessar os recursos diretamente na instituição financeira, Caixa Econômica, e para os cursos de licenciatura, pedagogia, normal, superior e tecnológicos, a taxa de juros vai ser de 3,5% ao ano. Nos demais cursos o aluno vai pagar 6,5%. Em contrapartida os jovens, depois de formados, assumem o compromisso de pagar parte do dinheiro com serviços à população. O retorno pode ser lecionar em escolas públicas ou atender em um centro médico de saúde. De acordo com o Ministro, além de ter a chance de fazer um Curso Superior, o aluno vai devolver os conhecimentos com serviços prestados e pagar o financiamento com uma parcela do salário. “Entrar na Universidade é um direito de todos os jovens”, afirma Haddad. Outro tema importante discutido foi o protocolo firmado entre o Ministério e o BNDES, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, que vai facilitar o acesso das instituições de ensino superior a financiamento bancário. O Pe. José Marinoni explica que a chance de contratar o recurso está vinculada à qualidade do ensino das instituições. “Para conseguir o financiamento a nota de 70% dos cursos de graduação das instituições deve ser maior do que três, pelos indicadores o INEP, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais. Este critério é fundamental porque beneficia as que oferecem uma boa qualidade de ensi- 12 Informativa - Revista ANEC | acontece na anec no”, disse Pe. Marinoni. Também durante o encontro o Ministro recomendou ao Fórum de Reitores que se aproximasse de deputados e senadores para participar mais das decisões tomadas no Congresso Nacional. ANEC vai avaliar mais de 70 mil alunos da Rede Salesiana Lana Canepa - Jornalista da ANEC A NEC e Rede Salesiana de Escolas fecham acordo para avaliar mais de 70 mil alunos. O sistema de avaliação institucional da Associação tem os mesmos moldes e critérios aplicados pelo Ministério da Educação e foi implantado em julho deste ano. Este sistema pode fornecer dados valiosos para melhorar a gestão das instituições de Educação Básica. As informações colhidas vão compor relatórios detalhados para as escolas. O acordo assinado com a Rede Salesiana abrange não só os fatores que influenciam dentro de sala de aula, mas também toda a rotina institucional das escolas. Esta ferramenta pode ser usada pelas instituições para aplicar soluções imediatas. Para a ANEC, o levantamento vai funcionar como uma base de dados permanentes usada como fonte de estudos sobre o comportamento das escolas e alunos. A coordenadora de educação Básica da ANEC, Janaina Paim, acredita que este tipo de sistema de avaliação se tornou essencial para garantir a evolução dos métodos de ensino. “Pretendemos avaliar os dados com um ponto de vista crítico para construir um mapa sobre a gestão das escolas. Assim poderemos constatar com exatidão os erros e acertos que vão nos apontar o melhor caminho para continuar ensinando, não só conteúdo, mas também valores e atitudes”, disse. Pelo projeto da ANEC a consolidação das informações colhidas em campo, processadas e analisadas, deve ser formalizada em relatórios exclusivos e confidenciais. Cada escola parceira receberá um relatório de desempenho da escola; um relatório de percepção da sociedade, que será baseado na opinião de alunos, pais e funcionários; um sumário executivo; um manual de referência; um CD-ROM; e uma senha eletrônica para acessar online todas as informações sobre a escola. O resultado da primeira avaliação deve sair em novembro deste ano. Informativa - Revista ANEC | acontece na anec 13 acontece na anec CNBB vai ter participação da ANEC Conselho da Lana Canepa - Jornalista ANEC A presidência da CNBB, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil aprovou, em Brasília, a inclusão da ANEC, Associação Nacional de Educação Católica do Brasil, na Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura, Educação e Comunicação Social. A partir de agora a Associação vai ter mais representatividade nos debates promovidos pela CNBB. A Comissão foi criada em 2001 para dinamizar e articular as novas formas de ação pastoral nas áreas da Cultura, Educação, Comunicação Social, Ensino Religioso e Universidades, envolvendo nessa ação as instituições católicas relacionadas com esses temas. Os integrantes de comissão são bispos eleitos pelo Conselho Permanente da CNBB. Dom Orani Tempesta é o Presidente e responsável pela área de Comunicação Social, Dom Frei Caetano Ferrari, OFM (Pastoral da Educação), Dom Eurico dos Santos Veloso (Ensino Religioso), Dom Roberto Francisco Ferrería Paz (Pastoral da Cultura) e Dom Eduardo Benes de Sales Rodrigues (Setor Universidades). 14 Informativa - Revista ANEC | acontece na anec Deputado Carlos Abicalil visita ANEC Lana Canepa - Jornalista da ANEC A Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC) e várias entidades representativas da educação voltaram a debater o Projeto de Lei 7.494/06 - que trata da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social para fins de isenção previdenciária. A quinta reunião com o relator do projeto na Comissão de Educação, Deputado Carlos Abicalil (PT/MT), realizada em Agosto, apontou alguns pontos convergentes apresentados pelo relatório e considerados necessários. Segundo as entidades, temas como a do ProUni (Programa Universidade para Todos) devem ser profundamente discutidos, de modo a aperfeiçoar as bolsas. Para as entidades representativas, o deputado Abicalil tem promovido importantes inovações ao texto da matéria, desta forma fomentando a transparência na Lei vigente - considerada complexa e confusa. Eles também declaram o desejo de regulamentar à certificação, bem como a necessidade de aprovar a matéria, mesmo que não esteja de total acordo com as proposições apresentadas pelas entidades. O deputado Abicalil tem destacado que a matéria lida com serviços de alcance social fundamental e que trata de mais de oito mil instituições. “Neste sentido, como relator do projeto na Comissão de Educação e Cultura, estamos dando continuidade ao diálogo - de modo a avançar em um relatório consistente e comum com os demais relatores das respectivas comissões por onde tramita a matéria”, disse. O parlamentar enfatiza que o diálogo está cada vez mais acalorado, mas também próximo de uma posição finalística. “Nós queremos um Projeto de Lei que venha regulamentar com transparência as insti- Informativa - Revista ANEC | acontece na anec tuições que mereçam a imunidade tributária, garantida pela Constituição, e a isenção das contribuições sociais. Por esta distinção e clareza tenho absoluta convicção que não está se tratando de desvio de finalidade da instituição e, menos ainda, desvio de recurso público”, complementa. Além da ANEC, representada pelo secretário Executivo Dilnei Lorenzi, também participaram do encontro representantes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), da União Brasileira de Educação e Ensino (UBEE), da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), da Federação Nacional das Escolas Particulares (FENEP), entre outras. 15 acontece em Brasília brasília Hino Nacional O Senado Federal aprovou um projeto de lei que determina a execução do Hino Nacional nas escolas públicas e particulares de ensino fundamental. Segundo a matéria, o hino deverá ser tocado uma vez por semana. A proposta foi aprovada em decisão terminativa na Comissão de Educação, Cultura e Esporte e deve voltar para análise da Câmara dos Deputados. 16 Gesto inédito A Mesa Diretora da Câmara dos Deputados anunciou que vai destinar R$ 80 milhões, economizados neste ano pela Casa, para programas de educação infantil do Ministério da Educação. Para o Ministério da Educação, a verba será repassada às prefeituras por meio de convênios já firmados com os municípios. Segundo o órgão, os recursos permitirão a construção de 80 creches que beneficiarão 16 mil crianças. Reforma Universitária O Parlamento discute a possibilidade de avançar com o Projeto de Lei 4.212/04, que prevê a Reforma Universitária. O tema tem dividido parlamentares e especialistas. A ANEC tem participado do debate. Para representantes da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a reforma é essencial, pois o Brasil sofrerá nos próximos anos, caso não haja mudanças, um “apagão” no setor empregador. Informativa Informativa- -Revista RevistaANEC ANEC| |acontece aconteceem embrasília brasília Novo Enem na justiça O Ministério da Educação não vai reabrir as inscrições do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), encerradas no dia 19 de julho. A determinação partiu através de uma medida liminar emitida pela Justiça Federal do Rio de Janeiro Segundo a medida liminar, a prorrogação das inscrições é necessária devido a exigência de CPF para alunos do ensino médio. Segundo a Justiça, a exigência do documento, não sendo obrigatório para menores de 18 anos, atrasou a inscrição de alguns estudantes. O MEC vai recorrer da decisão da Justiça. Brasil e Santa Sé O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Decreto Legislativo 1736/09 – que trata do acordo entre o Brasil e o Vaticano relativo ao Estatuto Jurídico da Igreja Católica no Brasil, assinado em novembro de 2008. O texto ratifica normas já cumpridas no País sobre o ensino religioso, o casamento e a prestação de assistência espiritual em presídios e hospitais. Informativa - Revista ANEC | acontece em brasília Ensino religioso A presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) defende a implantação do ensino religioso nas escolas públicas do país. As aulas de religião estão previstas na Constituição de 1988. No entanto, um acordo entre o governo brasileiro e o Vaticano estabelece o ensino católico e de outras doutrinas. 17 acontece em brasília Produtos e serviços Soluções inteligentes para recuperação de créditos educacionais Programa de Recuperação de créditos - Cobrança amigável - Cobrança Judicial Call Center Integrado Qualificação Cadastral / Credit Score Captação de clientes Matrícula Digital / Certificação Digital Pesquisa de mercado Central de Atendimento 18 www.factus.com.br Informativa - Revista ANEC | acontece em brasília A revolução digital chega ao segmento educacional em um único cartão. Certificação Digital Entre em contato conosco e solicite-nos uma proposta comercial. Processo de Matrícula Digital Assinatura digital de contratos Acesso e marcação de presenças Validação de diplomas e certificados Portador de informações pedagógicas e acadêmicas Controle de notas e frequência escolar Programas de Fidelização e Vantagens Identidade visual e Carteira estudantil Central de Atendimento aos Clientes: (61) 2105-2550 www.factus.com.br Matriz: Brasília-DF Informativa - Revista ANEC | acontece em brasília 19 artigo Projeto Escola de Inteligência Por Camila F. Cury – Diretora do projeto escola de inteligência 20 Informativa - Revista ANEC | artigo “Segundo James Heckman, economista norte-americano e ganhador do prêmio Nobel em 2000, quanto mais cedo se investir em habilidades não-cognitivas juntamente trabalhadas com aspectos cognitivos (aqueles relacionados ao QI) mais eficazes serão os resultados e mais econômico será para sociedade” E stamos no século da comunicação, do entretenimento, da democratização do conhecimento, da liberdade de expressão e nunca se ouviu falar tanto em qualidade de vida. Mas qual é a nossa realidade? Pense um pouco na sua história e na das pessoas ao seu redor. Estamos mais felizes? Mais próximos uns dos outros? Mais altruístas? Mais livres para produzirmos novas idéias e sermos protagonista no teatro da vida? Infelizmente ainda com todos os avanços tecnológicos e sociais, as estatísticas mostram que os relacionamentos pessoais perdem espaço todos os dias para os relacionamentos virtuais. De maneira que empobrece as trocas de experiências, do diálogo, podendo até suprir a solidão social, porém aumenta a solidão emocional. Algumas pesquisas apontam que milhões de mulheres no Brasil se sentem escravas da ditadura da beleza, algumas passam a sofrer de bulimia e anorexia para alcançar o padrão de belo imposto pela sociedade. Os sintomas depressivos aumentam todo ano, os jovens estão se tornando cada vez mais deprimidos, insatisfeitos e, alienados dentro das salas de aula. Outros transtornos psicológicos, como fobias, estresses, ansiedades, violência estão crescendo em massa. Estamos assistindo a formação de uma massa de jovens acostumados com “fast food”, desejam tudo pronto e rápido, querem aprender, porém não querem ser ensinados. Esqueceram-se que para alcançar a sabedoria, é preciso ter paciência e dedicação, e ainda passam por dificuldades em desenvolver a arte da dúvida e da crítica. Não sabem como debater idéias, estão desmotivados e sem projetos de vida. A grande maioria objetiva passar no vestibular, mas, estudos comprovam que cursam uma boa faculdade e al- Informativa - Revista ANEC | artigo cançar boas notas apenas, não é garantia de sucesso profissional nem pessoal. É preciso desenvolver determinação, levar os alunos a aprender a pensar antes de reagir, expor e não impor suas idéias, ter consciência crítica, entre outras muitas funções, para se ter êxito nessas áreas. As escolas e os professores são de importância fundamental na transformação da sociedade, maior do que o senso comum estima. São eles que estão à frente nas batalhas, que trabalham na formação da personalidade de cada aluno, tentando corajosamente prevenir que os jovens adoeçam emocionalmente, auxiliando-os a serem amantes das nobres idéias. Grande parte dos professores deseja intensamente fazer a diferença no teatro social, e ajudar a reverter esse quadro, mas às vezes não sabem como agir de maneira mais eficaz. 21 artigo A globalização e suas vantagens como a tecnologia, a internet, os meios de comunicação, cooperou muito para o progresso da humanidade, pois democratizou o conhecimento. Hoje podemos trocar experiências com diversas pessoas ao redor do mundo em uma velocidade jamais vista. Mas, com o excesso de estímulos, ocorreu uma hiperprodução de pensamento (SPA), trazendo dificuldades em questões essenciais; a concentração, o desfrute dos pequenos estímulos, o prazer na rotina, e nos projetos de vida, pois estes precisam ser irrigados diariamente, mesmo diante dos desertos ao longo das jornadas. É preciso adaptar-se aos avanços tecnológicos não se esquecendo de desenvolver habilidades e sensibilidade humanas. Segundo James Heckman1, economista norte-americano e ganhador do prêmio Nobel em 2000, quanto mais cedo se investir em habilidades não-cognitivas juntamente trabalhadas com aspectos cognitivos, aqueles relacionados ao QI, mais eficazes serão os resultados e mais econômico será para sociedade, do que tentarmos trabalhar essas mesmas funções na vida adulta. O desenvolvimento dessas habilidades é de suma importância para que uma pessoa tenha êxito em sua vida pessoal e profissional. O autor conclui seus estudos que as escolas no mundo inteiro ainda não estão atentas em investir também nessas funções não-cognitivas, o que a ciência já preconiza. Preocupado com essa conjuntura adversa, o renomado psiquiatra, pesquisador e escritor Dr. Augusto Cury criou o projeto Escola de Inteligência, que faz parte do Instituto Academia de Inteligência. É formado por uma equipe de multiprofissionais amparados nas _______________________________ 1 Revista VEJA. Folhas amarelas: entrevista James Heckman, Edicao 2116, 10 de junho de 2009. 22 Informativa - Revista ANEC | artigo mais modernas teorias, com enfoque no funcionamento multifocal da mente, tendo em vista à formação de pensadores, o desenvolvimento da inteligência, a formação da personalidade e a qualidade de vida. A escola de inteligência é um projeto pioneiro, e tem como diretrizes a promoção da saúde emocional e a prevenção de transtornos psíquicos. Tem a missão de formar pensadores, estimular a consciência critica desenvolver a inteligência, definidas como; pensar antes de reagir, expor e não impor suas idéias, gerenciar pensamentos e emoções, desenvolver projetos de vida, entre outras. Estimula o treinamento do caráter como; perseverança, honestidade, espírito empreendedor, debate de idéias, disciplina, tolerância, liderança, solidariedade, capacidade de recomeçar e educação para o consumo. Busca enrique- “Todos nós precisamos colaborar para que nossos jovens tenham saúde emocional, projetos de vida e se tornem atores e líderes no teatro social. Hoje são nossos alunos e filhos, amanhã serão os responsáveis pelo futuro da nossa sociedade, do nosso planeta.” cer as relações interpessoais através de diálogos e debates, para que os nossos jovens aprendam a desenvolver suas próprias idéias, e respeitar as divergências de opiniões de seus colegas, dentro da sala de aula no ensino tradicional. Apesar de uma temática complexa, o projeto foi elaborado para ser praticado e assimilado de maneira simples e encantadora. O projeto torna-se exclusivo e de sucesso absoluto, uma vez que tem por base as mais relevantes teorias ligadas às ciências humanas como: as Inteligências Múltiplas de Howard Gardner, a Psicanálise de Sigmund Freud, a Cognitivista Construtivista de Jean Piaget, a Sócio-Cognitivista de Vigotsky, entre outras, bem como está amparada no pensamento filosófico de Sócrates, Platão, Agostinho, Rousseau, Voltaire, Kant, Hegel, e outros grandes filósofos. Encontra fundamento também na teoria da Inteligência Multifocal do Dr. Augusto Cury, que faz a análise dos grandes processos que ocorrem na mente humana, como: a construção de pensamentos, a formação da consciência e dos alicerces do “eu”, as funções da memória, entre muitos outros. É para ser integrado na grade curricular do ensino fundamental básico II e médio. Deve ser desenvolvido em 1 (uma) hora/aula semanal, podendo ser inserido dentro da carga horária de disciplina já existente, como por exemplo, Religião, Filosofia, Ética, Sociologia, temas transversais, etc. O programa abrange a capacitação dos professores, acompanhamento pedagógico durante a aplicação, material de apoio pedagógico apostilado ricamente ilustrado, contendo histórias com vertentes psicológicas, sociológicas, filosóficas, idéias de múltiplos Informativa - Revista ANEC | artigo pensadores e informações relevantes sobre temas do cotidiano. Enfim, apresenta uma dinâmica que estimulará a arte da interiorização, da observação, da consciência crítica e do debate de idéias. Todos nós precisamos colaborar para que nossos jovens tenham saúde emocional, projetos de vida e se tornem atores e líderes no teatro social. Hoje são nossos alunos e filhos, amanhã serão os responsáveis pelo futuro da nossa sociedade, do nosso planeta. 23 artigo Segurança como construção coletiva Ir. Firmino Biazus Diretor do Colégio Marista Rosário – Porto Alegre U m falso conceito de liberdade levou à prática de um individualismo doentio que contaminou as pessoas e se tornou comum em todos os segmentos da sociedade. No individualismo, tudo é relativo, os padrões passam a ser pessoais, cada um é padrão de tudo, enquanto serve para si. Então a possibilidade de ser feliz torna-se algo individual, mas como a felicidade é um estado coletivo, o isolamento não traz felicidade. Nesse caso, podemos ter uma multidão de solitários insatisfeitos vivendo lado a lado. A segurança é, antes de tudo, uma atitude de confiança no outro, mas hoje parece que a insegurança se tornou um sentimento mórbido: seguranças dentro e fora dos estabelecimentos, câmeras visíveis e ocultas, cercas eletrizadas... Estamos diante do colapso da confiança recíproca e a consequente síndrome do medo social. Estamos nos braços da insegurança absoluta, diante da falência dos valores da autoridade, da hierarquia e da moral. Onde houver duas pessoas, a sensação pode ser de perigo iminente. Estamos vivendo, de modo tácito, a máxima de J. P. Sartre: “O inferno são os outros.” Cada situação toma a forma, o volume da medida usada, toma o valor que lhe for dado porque cada um é a referência de tudo. Não há mais valores que sirvam de convergência à coletividade. Cada indivíduo tem os seus e ainda são relativos. Há um estado de insegurança. O que vale é a experiência de cada um. Ninguém mais se identifica com ninguém; os modelos são fátuos; hoje aparecem numa banda e são ovacionados até ao delírio; desfilam numa passarela e são aplaudidos; encantam numa novela e são imitados. Amanhã, os mesmos são modelos minimizados e 24 Informativa - Revista ANEC | artigo “A segurança só é consistente quando é fruto da busca coletiva do bem comum” muitos deles surgem com sérios desvios de conduta, mais afeitos a autodestruição do que a ensinar a viver. Pode-se dizer que o homem perdeu a bula para ser tornar homem. Em outros tempos, havia padrões para os filhos serem adultos, para um cidadão ser bom político, para constituir família sadia. Hoje, os padrões são líquidos e, muitas vezes líquidos poluídos. Segurança requer a força orientadora da autoridade legítima aceita pela coletividade. Se houver conflito, deve ser administrado com diálogo e com maturidade. Se de um lado houver imaturidade, o conflito pode degenerar em violência e pôr a segurança em risco. Onde não existe autoridade, o poder torna-se horizontal, acaba mandando quem pode mais. A segurança só é consistente quando é fruto da busca coletiva do bem comum, usando para isso os meios legítimos alicerçados em tradições e valores perenes. Daí nasce o bem-estar que gera um sentimento de confiança recíproca e consequente segurança social. Mas, quando o bem pessoal é considerado mais importante que o bem comum, a convivência humana torna-se perigosa, uma vez que o individualismo considera o outro uma ameaça para os interesses pessoais. O transcendente foi banido, Deus foi rejeitado, nada mais é absoluto, tudo passa a ser relativo, já não se olha para o alto, olha-se mais para o lado, e lá pode estar um inimigo em potencial. A escada de valores antropológicos pela qual o homem subia foi quebrada, demolida. O homem com medo do vazio existencial, com falta de sentido, procura onde acender uma luz, porque tem muitas dúvidas sobre a duração desse tipo de Informativa - Revista ANEC | artigo sociedade. Nesse estado de angústia e nudez interior, sente-se confrontado com tantos e tão variados desafios para os quais tenta buscar uma saída. Tratase de encontrar resposta, uma resposta para si mesmo porque, agora, como pessoa tornou-se a pergunta. Surge então a Escola Marista que, por sua mística e espiritualidade, oferece um caminho para o sentido da vida. Aos que nos procuram oferecemos uma educação apaixonante, que marca o coração e a mente, formando cristãos e cidadãos comprometidos e preparados para os desafios da vida, de tal forma que, enriquecidos por valores, conhecimentos e vivências, sejam capazes de fazer diferença na construção de uma vida fraterna e feliz. 25 artigo O maior de todos os escândalos Dioclécio Campos Júnior Médico, é professor da UnB e presidente da Sociedade Brasileira de Pediatra O s escândalos envolvendo políticos que têm biografia já não emocionam tanto. Tornaram-se habituais, logo previsíveis. Numa sociedade que não cultiva a ética, pode-se esperar de tudo. Os comportamentos que deveriam ser exemplares nivelam-se na vala comum da esperteza. Contaminam-se nos terrenos pantanosos da imoralidade. A vergonha como reação aos próprios desvios de conduta deixa de existir. A única que sobrevive é a de ser honesto, como profetizou Ruy Barbosa. Os meios de comunicação mantêm o tema na pauta. Prestam serviço. O espanto popular é despertado. A ira coletiva é aquecida. A indignação estimulada. Mas, como outros interesses falam mais alto, o ímpeto midiático arrefece de repente, não mais que de repente. O objetivo inicial é estancado, o povo iludido, a ética mutilada. Tudo continua como dantes no Congresso Nacional ou no governo de Abrantes. Até o próximo escândalo. As denúncias de corrupção escancaradas pela imprensa são frequentes, muito repetitivas. Soam monótonas. Mostram, com abundância de recursos televisivos, o quanto alguns políticos e seus apaniguados ganham de dinheiro público sem fazer força. Sem trabalhar. Ilegalmente. Como ocupam postos sem exigência de qualificação alguma. Como distribuem privilégios aos parentes e amigos mais próximos. Como transacionam na ilicitude de forma cada vez mais cavilosa. As nomeações são espúrias, os contratos secretos, as negociatas repugnantes. Mas, de tanto ver prosperar essa vergonhosa rotina sem qualquer perspectiva de mudança, a sociedade já reage menos, quase não se impressiona. Cai o ibope. É novo desafio para a mídia no país. 26 Informativa - Revista ANEC | artigo Talvez tenha chegado o momento para que os meios de comunicação mudem de estratégia. Sejam inovadores. Mais criativos. Explorem outro tipo de escândalo, de sentido oposto, que surpreenda a população. Talvez seja hora de revelar, com grande impacto, que os profissionais da saúde e da educação trabalham duramente sem receber quase nada de salário. Sem qualquer privilégio, desprovidos de segurança, estressados e adoecidos diante de condições humilhantes que enfrentam para cumprir a nobre missão que lhes cabe desempenhar na sociedade brasileira. A opinião pública agora sabe que o motorista do presidente do Senado ganha R$ 12 mil por mês. Todavia, desconhece que o pediatra encarregado de assistir os recém-nascidos país afora, passar noites indormidas no tumulto dos prontos-socorros ou estafar-se nas enfermarias e ambulatórios abarrotados do SUS, não recebe mais que R$ 2 mil por mês. A nação ignora que o chofer do Senado só teve de submeter-se à prova de habilitação do Detran para chegar ao nível salarial mencionado. O pediatra venceu difícil vestibular, cursou seis anos de medicina, mais dois ou três anos de residência médica, prestou concurso nacional para obter o título de especialista e só conseguiu ingressar no serviço público mediante aprovação em outro concurso. Um enorme esforço para ganhar seis vezes menos que o ilustre motorista. O povo também ignora que a consulta paga pelos planos de saúde ao pediatra, decisiva para garantir uma geração de adultos saudáveis, equivale ao custo de um corte de cabelo. Tampouco tem conhecimento de que o professor universitá- rio, detentor de titulação acadêmica e produção científica de qualidade, responsável pela formação de recursos humanos diferenciados no país, requisito para o desenvolvimento da sociedade, trabalha em regime de dedicação exclusiva para receber, quando muito, metade dos vencimentos do motorista do Senado. Os educadores em geral, mormente os que se entregam à educação básica e ao ensino fundamental, aplicados à valiosa tarefa de formar futuros cidadãos, sobrevivem com bem menos que metade do salário citado. A ministra Dilma Rousseff aprovou bonificação que permite remunerar, com o devido valor, os engenheiros do Dnit. Alegou, coberta de razão, que, se não o fizesse, deixaria de contar com técnicos competentes para fiscalizar as obras do PAC. Esqueceu-se, contudo, de dizer Informativa - Revista ANEC | artigo que os educadores empenhados em formar cidadãos, incluindo engenheiros, bem como os cuidadores da saúde do povo brasileiro, precisam ser remunerados com igual respeito. Caso contrário, faltarão engenheiros sadios, à altura das exigências do Dnit. Não há escândalo maior no país. Nem matéria melhor para a mídia. Profissionais decisivos para o bem-estar geral da nação trabalham todos fora da lei. Sobrevivem com salários que não cobrem os níveis elementares da dignidade humana. É o maior de todos os escândalos. 27 artigo Avaliação de escolas e o aprendizado dos alunos Dr. José Francisco Assis Soares O Governo Federal adotou em 2007 um ambicioso plano de metas denominado Compromisso Todos pela Educação. A primeira delas: “estabelecer como foco a aprendizagem, apontando resultados concretos a atingir” reorientou a discussão sobre a qualidade da educação básica brasileira. Com isso o direito constitucional à educação passa a exigir o aprendizado dos conteúdos e habilidades necessárias para atender o disposto no artigo 205 da Constituição brasileira: “o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. A única forma de verificar se este direito está sendo atendido é aplicando testes ancorados em especificações adequadas, cujos resultados estejam expressos em uma métrica com interpretação conhecida. Para isto o Brasil dispõe, desde 1995, do Sistema de Avaliação do Ensino Básico (Saeb), que mede o desempenho dos alunos em leitura e matemática. De outro lado, conseguir que os alunos aprendam o que deles se espera é tarefa difícil, que exige o alinhamento de estruturas escolares e não escolares. Neste aspecto, a realização das avaliações em larga escala mostrou que as escolas brasileiras podem ser muito mais eficazes em promover o aprendizado de seus alunos do que ocorre hoje, mas para isso, precisam mudar para atendê-los. Este é o desafio a ser vencido e as avaliações educacionais podem e devem contribuir de forma mais efetiva para tanto. Cabe lembrar que o desenho atual das avaliações em larga escala existentes no Brasil, 28 Informativa - Revista ANEC | artigo “conseguir que os alunos aprendam o que deles se espera é tarefa difícil, que exige o alinhamento de estruturas escolares e não escolares” tanto do Saeb como as censitárias promovidas pelos Estados, atende apenas às demandas dos responsáveis pelos sistemas de ensino. Como os sistemas educacionais usam os resultados basicamente para o seu monitoramento, pode demorar meses para que o processo se complete. Para a escola, um resultado que chega depois que o planejamento pedagógico anual se completou é pouco útil. Além disto, os relatórios concentramse em temas distantes das reais necessidades da escola. Um exemplo é a freqüência com a qual descrevem a importância de fatores extra-escolares para explicar as diferenças de desempenho entre alunos. Embora importante para a pesquisa educacional, isto pouco ajuda a escola que precisa atender aos alunos nela matriculados, tenham eles maior ou menor facilidade para aprender. O foco nas escolas deve orientar a interpretação de resultados da avaliação para a produção de dados úteis para a gestão da escola e implementação de seu projeto pedagógico. Os relatórios devem chegar às escolas a tempo de impactar no planejamento pedagógico do ano. A avaliação deve incorporar estratégias que facilitem a apropriação dos resultados pela escola. Não adianta “divulgar” resultados fora de uma sólida reflexão pedagógica protagonizada por cada comunidade escolar. Por fim, terminada a avaliação, cada escola deve conhecer as modificações que precisam ser feitas na sua gestão e no seu projeto pedagógico, para que seus alunos melhorem o desempenho e as diferenças sociais de sua história anterior sejam reduzidas. As mudanças devem tornar a gestão dos processos Informativa - Revista ANEC | artigo internos, principalmente o de ensino-aprendizagem, mais efetiva; melhorar a satisfação de seu corpo docente; e identificar os recursos físicos ou pedagógicos que devem ser incorporados à escola. Um desafio que só será superado se o modelo das atuais avaliações for mudado. 29 artigo No final de milênio, um ponto de partida Gleuso Damasceno Duarte Editor da Rede Salesiana de Escolas 30 Informativa - Revista ANEC | artigo “O documento final da Conferência definiu como base dessa almejada educação um conjunto de aprendizagens, sugestivamente denominadas Os quatro pilares da educação para o século XXI: aprender a conhecer; aprender a fazer; aprender a viver juntos; aprender a ser.” A o aproximar-se o sesquicentenário de fundação da Pia Sociedade de São Francisco de Sales, o espírito de vanguarda e o carisma dos fundadores dão novo impulso ao trabalho educacional de salesianos e salesianas. O final do 2o milênio da Era cristã, além de reviver em parte da população os medos irracionais que marcaram a Europa por volta do ano 1000, fez crescer em muitos a ansiedade quanto aos rumos da humanidade no terceiro milênio e a incerteza sobre como preparar-se para os desafios futuros. Em busca de respostas, voltaram-se para a educação. Nesse contexto, a Unesco promoveu uma conferência mundial sobre o tema Educação para o século XXI1. Reunindo expoentes da pedagogia e de múltiplas áreas do saber, instituições governamentais e não governamentais, realizou um grande trabalho de reflexão, buscando responder a uma questão central: Que tipo de educação necessitaremos no século XXI e para que gênero de sociedade? O documento final da Conferência definiu como base dessa almejada educação um conjunto de aprendizagens, sugestivamente denominadas Os quatro pilares da educação para o século XXI: aprender a conhecer; aprender a fazer; aprender a viver juntos; aprender a ser. Reagindo a esses sinais dos tempos, o governo brasileiro elaborou os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs - 1996), como referenciais de qualidade para a educação básica. E a partir deles, emitiu diretrizes que visavam, principalmente, a reestruturação dos currículos escolares. Obrigatórios para as redes públicas e opcionais para as escolas privadas, PCNs e Diretrizes iniciaram uma tí- mida reorientação da educação básica no país. De lá para cá, muito se tem falado e escrito sobre o assunto, no Brasil e no exterior. Mas, por razões que não cabe discutir agora, a passagem da teoria à prática não avançou muito. Inclusive entre nós. Para um país-continente como o nosso, as experiências inovadoras são relativamente poucas. Dentre as escolas particulares, sobressaem algumas iniciativas de instituições católicas, como a Rede Salesiana de Escolas (RSE), cuja caminhada entra em 2010 no 8º ano de sua existência. Um marco na educação brasileira No ano de 2003, respondendo às exigências do momento histórico, salesianos e salesianas do Brasil decidiram formar com seus estabelecimentos de educação básica uma rede, abrindoa também a outros educandários _______________________________ 1 A Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI, trabalhou intensamente durante trinta meses, de março de 1993 a janeiro de 1996. Suas atividades culminaram na elaboração de um Relatório sobre a educação para o século XXI. Ver sua tradução brasileira em: DELORS, Jacques (Org.) Educação: um tesouro a descobrir. Relatório para a Unesco da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. São Paulo: Cortez; Brasília: MEC; Unesco, 2001. Informativa - Revista ANEC | artigo 31 artigo “se queremos construir uma sociedade mais humana, mais justa e solidária, necessitamos de cidadãos críticos, conscientes, imbuídos dos valores cristãos” religiosos ou leigos dispostos a aderir ao seu projeto pedagógico. A definição do novo modelo organizacional partiu da análise de algumas questões fundamentais: Que sociedade almejamos para nós e para as novas gerações? Para construir tal sociedade, que tipo de cidadão se faz preciso? Para formar esse tipo de cidadão, que educação é necessária? Para ter essa educação, como devem ser formados os educadores? Com quais ferramentas se deve trabalhar? O debate dessas questões fundamentais, efetuado por representantes das províncias de ambas as congregações, culminou na elaboração do documento fundador da RSE, intitulado: Marco Referencial: Projeto Pedagógico. Sintético e objetivo, além de definir o modelo de educação almejado, explicita como se pretende concretizá-lo, ao dar àquelas questões, a seguinte resposta: “se queremos construir uma sociedade mais humana, mais justa e solidária, necessitamos de cidadãos críticos, conscientes, imbuídos dos valores cristãos. Isso pressupõe uma educação pautada na ética e nos valores evangélicos, na convivência harmoniosa com o outro, no respeito à diversidade étnica e cultural. Para tanto, é necessário e urgente um trabalho contínuo de aperfeiçoamento dos educadores, além da utilização de ferramentas à altura das novas tecnologias de comunicação, planejadas e construídas para esse fim.” O destaque maior: qualidade na educação A RSE fortaleceu as escolas associadas – salesianas e leigas –, agregando ao trabalho de cada uma valores que promovem melhoria na 32 Informativa - Revista ANEC | artigo qualidade da educação oferecida, dentre os quais se destacam: 1.Um projeto pedagógico à altura dos tempos atuais e no qual currículos e metodologias são pensados e articulados coletivamente, a partir de um referencial pedagógico comum, voltado para formar cidadãos conscientes, protagonistas na construção de uma sociedade melhor. 2. Material didático exclusivo em nível de excelência – Pela primeira vez na educação brasileira, autores, coordenadores pedagógicos e técnicos trabalham coletivamente, de forma interdisciplinar, na produção do material didático exclusivo da RSE. Trata-se de um grupo riquíssimo em qualificações acadêmicas, experiências educativas e preparo técnico: são mais de 60 autores, mais de uma dezena de coordenadores pedagógicos e dezenas de técnicos, os quais, além de graduações, pós-graduações lato sensu e especializações nas áreas de educação, em disciplinas específicas, em administração e tecnologia editorial, contam com 10 profissionais com título de Mestrado, 15 com Doutorado, 2 com Pósdoutorado. Essa é a base da excelência em conteúdos, metodologias, qualidade editorial e gráfica que coloca os didáticos da RSE entre os melhores produtos das grandes editoras e redes de ensino do Brasil. 3. Projeto e material pioneiros, adequados ao momento atual da realidade brasileira – O material didático da RSE obedece a um Projeto Pedagógico avançado, apoiado em sólido tripé: na pedagogia de Dom Bosco, nas recomendações da Unesco para a educação para o século XXI, nos PCNs e Diretrizes curriculares nacionais. Assim, em vez da mera transmissão de conteúdos, o material didático da RSE privilegia o desenvolvimento das competências e habilidades necessárias ao educando para a construção do conhecimento e sua aplicação na vida cotidiana e profissional. Exatamente por isso, seus livros não precisam de adaptações para atender plenamente às normas introduzidas pelo MEC com o novo ENEM, visando a melhorar o ensino médio da rede pública e modificar as condições de acesso ao ensino superior nas instituições federais. Mazzarello –, os continuadores de sua obra colocam-se na vanguarda da educação. Seu objetivo: preparar os jovens confiados a seus cuidados para enfrentar e vencer os desafios do século XXI, como protagonistas de seu tempo e de seu meio, participantes efetivos na construção de uma sociedade pautada pelos valores evangélicos. Uma tarefa árdua, sim, mas necessária e urgente, porque nunca como nos tempos atuais a humanidade e, de modo especial o Brasil, teve tanta necessidade de bons cristãos e honestos cidadãos. E formá-los é a razão de ser da Rede Salesiana de Escolas. Sempre na vanguarda Num mundo estruturado em redes, o trabalho educacional de Salesianos e Salesianas ganha força e se atualiza com a formação e o funcionamento da Rede Salesiana de Escolas. Como nos tempos dos fundadores – São João Bosco e Santa Maria Informativa - Revista ANEC | artigo 33 artigo Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura, Educação e Comunicação Social da CNBB Profª. Anísia de Paulo Figueiredo – Assessora de Ensino Religioso Ir. Maria Eugênia Lhoris Aguado – Assessora do Setor Universidades Aroldo de Oliveira Braga – Assessor de Cultura 34 Informativa - Revista ANEC | artigo “Criando a partir deste número um espaço para as notícias da Comissão Episcopal Pastoral, a revista Informativa dá seguimento a esse processo de comunhão que teve em Dom Aloizio Pena e particularmente em Dom Orani João Tempesta a inspiração para se fazer da ANEC um instrumento de diálogo entre as instituições de educação católica” A Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura, Educação e Comunicação Social foi constituida a partir da vigência do novo estatuto da CNBB, em 2001, com o objetivo dinamizar e articular novas formas de ação pastoral nas áreas da Cultura, Educação, Comunicação Social, Ensino Religioso e Universidades, envolvendo nessa ação as instituições católicas relacionadas com esses temas. Entre essas instituições se destacam aquelas do mundo da educação, já anteriormente vinculadas aos setores de Educação, Ensino Religioso e Cultura, existentes no período anterior à reforma estatutária. No último mandato da vigência do estatuto anterior, buscando articular de forma mais eficiente as entidades de educação católica com os planos pastorais da CNBB, o então bispo responsável pelo Setor Educação, D. Aloizio Leal Pena, hoje arcebispo emérito de Botucatu, idealizou o Conselho Nacional de Institutos de Educação Católica (CONIEC), a partir do qual nasceu a ANEC, que congrega as instituições e suas mantenedoras. A ANEC, hoje reconhecida como organismo vinculado à CNBB, teve em sua criação o estímulo e o apoio de Dom Orani João Tempesta, presidente da Comissão Episcopal. A relação entre a ANEC e a Comissão Episcopal antecede assim às duas entidades, pois a AEC, a ABESC e a ANAMEC já se articulavam com os antigos Setores de Educação, Ensino Religioso e da Cultura da CNBB, sendo através deles acolhida pela Conferência Episcopal. Criando a partir deste número um espaço para as notícias e reflexões da Comissão Episcopal Pastoral para Cultura, Educação e Comunicação Social, a revista Informativa dá seguimento a esse processo de comunhão que teve em Dom Aloizio Pena e particularmente em Dom Orani João Tempesta a inspiração para se fazer da ANEC um instrumento de diálogo entre as instituições de educação católica Informativa - Revista ANEC | artigo em todos os níveis com a Igreja no Brasil e sua ação patoral. A Comissão Episcopal para a Cultura, Educação e Comunicação Social é constituida por Dom Orani Tempesta, seu Presidente e mais quatro bispos eleitos pelo Conselho Permanente da CNBB, que se encarregam dos diversos setores, animando e orientando suas atividades. São eles: Dom Frei Caetano Ferrari, OFM (Pastoral da Educação), Dom Eurico dos Santos Veloso (Ensino Religioso), Dom Roberto Francisco Ferrería Paz (Pastoral da Cultura) e Dom Eduardo Benes de Sales Rodrigues (Setor Universidades). Dom Orani Tempesta acompanha pessoalmente o Setor Comunicação Social. São assessores da Comissão, cuidando dos cinco setores, conforme a ordem acima, o Prof. Luiz Antonio Amaral, a Profª Anísia de Paulo Figueiredo, o Sr. Aroldo Braga, a Ir. Maria Eugenia Lloris Aguado, fmvd, e Ir. Elide Fogolari, FSP. 35 artigo Setor Pastoral da Educação A Pastoral da Educação tem diante de si o desafio da complexidade de todo um processo de evangelização do universo educacional. As atividades do Setor se constituem na busca de colaboração com as instituições educacionais de nível básico e médio, tanto as confessionais católicas, quanto as públicas, em vista da ação evangelizadora. Empenha-se também na organização ou fortalecimento da Pastoral nas Dioceses. Nesse sentido, leva em conta as diferentes realidades regionais e alimenta a idéia de que as entidades de animação da educação, tais como o Movimento de Educação de Base-MEB e a ANEC procurem atuar em parceria e se tornem meios propícios para a presença da Igreja no mundo da educação, principalmente através da formação de agentes conscientes de seu papel no meio educacional. Setor Pastoral da Comunicação O Setor de Comunicação Social da CNBB tem por objetivo animar e articular a comunicação social a Igreja do Brasil, com os meios e os processos de comunicação, tendo presentes a cultura e as linguagens geradas pela revolução das novas tecnologias que constituem o novo areópago para anúncio do Reino a todos os povos. Entre as áreas de atuação do referido Setor destacam-se: a articulação e animação da PASCOM (Pastoral da Comunicação) nos Regionais, Dioceses e Prelazias; promoção e divulgação dos prêmios de Comunicação da CNBB concedidos aos profissionais de imprensa, cinema, rádio e televisão; divulgação do Dia Mundial das Comunicações e do Mutirão Nacional; apoio e articulação a Associação Católica Mundial para a Comunicação (SIGNIS); e, no momento, tem se dedicado à produção de um Diretório de Comunicação para a Igreja no Brasil. Setor Ensino Religioso O Setor do Ensino Religioso tem procurado atuar como espaço de assessoria permanente ao episcopado brasileiro nas sucessivas fases de 36 Informativa - Revista ANEC | artigo reflexão e de acompanhamento ao processo de elaboração da legislação específica da Educação Religiosa como área de conhecimento. Conseqüentemente, tem participado, com interesse e empenho nas ações que visam à formação dos agentes, incluindo Professores para o exercício da função na área e de Formadores de Professores. Mantém em seu Plano de Ação diferentes projetos que visam à participação em eventos voltados para a reflexão e a partilha das experiências realizadas pelas diversas entidades envolvidas no assunto ou relacionadas com a educação em seu sentido amplo. Para fortalecer a reflexão atual sobre o Ensino Religioso no Brasil conta com um Grupo de Assessoria e Pesquisa em assuntos da área. Outras atividades estão sendo desenvolvidas pelo Setor tais como: a organização de banco de dados e de documentos históricos inéditos que apresentam o itinerário do Ensino Religioso na CNBB, nos últimos trinta anos; elaboração de fundamentos que possibilitem a busca de compreensão da disciplina em suas diferentes etapas de sua legalização e implantação no Brasil. Setor Pastoral da Cultura A Pastoral da Cultura tem como objetivo promover o diálogo da Igreja com as diversas expressões do Mundo da Cultura, a partir da experiência que se desenvolve desde os primórdios do anúncio do Evangelho no Brasil e tem uma característica própria em cada Igreja particular. Trata-se de um dos mais novos setores da ação pastoral da CNBB que, ao se consolidar, há de se tornar um instrumento a serviço de todas as pastorais, ajudando na compreensão do meio e das realidades onde estão inseridos os destinatários da ação pastoral. Suas atividades estão orientadas em alguns eixos de diálogo onde se destacam a busca de articulação com os centros culturais católicos, a valorização da cultura popular e de sua memória e a preservação dos bens culturais da Igreja. Setor Universidades O Setor Universidades tem continuando o processo de organização e implantação da pastoral no âmbito da universidade, envolvendo todo o universo que a compõe (alunos, professores, funcionários e familaires), entendendo esse processo como uma única atividade que denomina Ação evangelizadora no meio universitário, procurando articular as múltiplas experiências surgidas neste âmbito, em todo o país. O Setor Universidades quer dialogar com todas as forças que atuam no meio universitário, tanto em nível de universidades católicas, como públicas oficiais e privadas, assim como conhecer e acompanhar as iniciativas organizadas por grupos e movimentos eclesiais. Este Setor tem desencadeado também um processo de aproximação com as diversas iniciativas dos Regionais da CNBB, incentivando a presença da Igreja no meio universitário. Sua atenção está voltada para: a formação de líderes, futuros profissionais com ideais de vida digna e coerentes com os princípios éticos fundamentais; o fomento em vista a uma organização de universidades, em rede, que participem e colaborem com a Igreja na concepção e vivência de um novo humanismo; a formação de uma consciência crítica – no meio acadêmico, que Informativa - Revista ANEC | artigo facilite o discernimento de alternativas e elaboração de propostas para a concretização de uma sociedade mais justa e fraterna; a busca de articulação entre CNBB, e ANEC, através do Setor Universidades; e a Pastoral das Universidades Católicas (PdU), incluindo experiências existentes nas Universidades não confessionais. Uma das principais caraterísticas desta Comissão Episcopal é sua atuação de fronteira, indo além das relações internas da Igreja e servindo no diálogo com a Sociedade e o Mundo, desafiando-se constantemente com o uso de novas linguagens, que expressem a mensagem do Evangelho nas culturas emergentes. Esse contato permanente com o mundo exterior à vida eclesial é a riqueza e o desafio constante da ação da Comissão. É através dele, na atuação de cada um de seus setores, que ela contribuirá para o anúncio da Boa Nova nos novos areópagos deste tempo. 37 artigo Dados, informação, conhecimento e tomada de decisão Weliton Moreira Bastos - [email protected] - Consultor de Negócios e MsC em Ciência da Computação A tomada de decisão não pode basear-se somente em dados, são necessários informação e conhecimento. Por isso os gestores usam de relatórios para apoiar suas decisões. Os sistemas computacionais ajudam nesse processo, fornecendo dados em tempo real, relatórios flexíveis, diversos formatos de visualização dos dados, cruzamento de dados, transformações nos dados, acesso a dados remotos e diferentes níveis de abstrações. Entretanto, a maioria dos sistemas computacionais não consegue lidar com informação, pois isso requer novas habilidades como armazenamento e recuperação de informação, classificação, extração de informação, elaboração de resumos e extração de conhecimento. A informação está codificada nos dados, sejam eles estruturados em registros, semi-estruturados ou textos. Textos possuem estrutura, linguagem característica, parágrafos, títulos, frases, etc. Os sistemas de apoio à decisão precisam extrair informação dos dados e conhecimento das informações. Quanto mais alto o nível, maior a abstração, mais complexos são os mecanismos para sua manipulação, maior o custo e maior o seu valor estratégico. Sistemas de gerência de documentos, por exemplo, devem prover mais do que as operações convencionais de armazenamento, trâmite, controle de acesso, avaliação, atualização e distribuição. Precisam prover operações como elaboração automática de resumos, classificação automática, recuperação inteligente de informação, data mining, identificação de tendências, previsões, induções, deduções, identifica- 38 ção de padrões, identificação de desvios, extração de características e recomendação automática. Não existem no mercado soluções completas para atender as necessidades de informação e conhecimento das empresas e, as ferramentas que existem, cobrem apenas alguns aspectos da informação e quase nada do conhecimento. Algumas perguntas devem ser respondidas antes de optar por usar um sistema para gerenciar informação e conhecimento: - Qual a importância da informação e do conhecimento para o negócio? - A relação custo-benefício é vantajosa? - É viável uma implementação incremental, de forma que os resultados possam ser acompanhados? - As ferramentas vão suportar o crescimento das bases de dados? - Como serão tratados os documentos e dados anteriores à implantação do sistema e quais os custos envolvidos? - O suporte técnico está disponível e os custos são acessíveis? As empresas que aprenderem a lidar com a informação e conhecimento poderão oferecer um diferencial competitivo, da mesma forma que os gestores que souberem dar a devida importância à gestão da informação e do conhecimento, poderão desfrutar dos benefícios decorrentes. O século XXI promete ser o século da informação, no qual sistemas simples com elevada capacidade de manipular informação e conhecimento serão as ferramentas mais importantes para o sucesso de qualquer empreendimento. Informativa - Revista ANEC | artigo Informativa - Revista ANEC | artigo 39 artigo Pedagogia de projetos: educando através da cidadania Profª Alcimari Soares Pereira A Escola Marista Santa Marta está localizada na maior ocupação urbana da América Latina, cujo surgimento em dezembro de 1991, constitui-se num marco para as classes populares, sobretudo aos movimentos sociais de luta pela moradia (BOTEGA, 2004), tendo como característica básica o exercício da democracia participativa (GOHN, 2003). Com densidade demográfica estimada em pelo menos vinte e cinco mil habitantes, enfrenta as mais variadas situações de vulnerabilidade social1, e consequentemente de exclusão e negação de direitos. Dessa forma, se a educação por si só não liberta, não podemos deixar de reconhecer que ela exerce um importante papel na luta pela libertação, como nos disse Paulo Freire. Como pensar então, que uma escola situada em um contexto social tão marcado por lutas e conquistas políticas que só ocorreram pela participação direta e organizada, não deva incorporar essas mesmas práticas? Como conceber uma escola, que situada numa comunidade mobilizada e marcada pela luta política, relegue para além de seus muros questões que seus alunos desejam e necessitam discutir? A opção por desenvolver a metodologia da Pedagogia de Projetos, desde o ano de 1999, corresponde às convicções de que: a) a escola deve articular-se com os interesses e necessidades de sua comunidade; b) conhecimento é produto de construção coletiva, sendo requisito para o protagonismo e impulsionando a intervenção na realidade ; c) democratizar o ensino perpassa, além de oferecer condições de acesso e permanência, proporcionar relações democráticas dentro da escola; _______________________________ 1 Os enfoques sobre a pobreza, indicadores de renda e carência, enquanto determinantes de condições de vulnerabilidade social se mostraram insuficientes, embora sejam os mais frequentes. Coloca-se mais adequada uma abordagem que abarque a desvantagem social de forma mais ampla. ABRAMOVAY (2002) 40 Informativa - Revista ANEC | artigo d) a cidadania não deve ser delegada ao futuro, mas exercida no presente, muito além de uma mera “cidadania de papel”.2 e) a escola é o espaço para a construção da cidadania organizada.3 A Pedagogia de Projetos, não é uma novidade educacional, tendo em vista que seus pressupostos já eram defendidos no início do século XX, por teóricos da Pedagogia Ativa, entre eles John Dewey. Contudo, assumi-la é um desafio, tanto para os professores quanto para os alunos. Implica o abandono de velhas práticas e concepções há muito arraigadas no meio educacional acerca do que seja efetivamente a função da educação escolar (HERNANDEZ,1998). Perpassa mudanças de postura e entendimento do que sejam “aprender” e “educar”. Caminhos trilhados O trabalho com projetos envolve basicamente três etapas: 1) Problematização: nessa fase, são levantados os temas de maior interesse dos alunos, seguido de momentos de elaboração, defesa e votação dos temas pela turma. Em relação ao tema eleito, os alunos elencam o que já sabem sobre o assunto (valorizando-se o seu conhecimento prévio) e o que gostaria de saber sobre o mesmo. A partir do que os alunos pretendem investigar, uma teia é construída e norteia as atividades desenvolvidas durante o desenvolvimento do projeto. 2) Desenvolvimento: é a fase de investigação e criação, na qual os alunos utilizam as mais variadas fontes de informação disponíveis para a coleta de dados relevantes para responder às questões levantadas na fase de problematização. Os conteúdos trabalhados em aula devem capacitar os alunos para esse fim, sendo focalizados de forma procedimental, além de conceitual. 3) Síntese: é a etapa final em que novos esquemas de pensamento são consolidados a partir da construção de novos conhecimentos. Esse conhecimento possui uma finalidade prática, ou seja, não produz apenas compreensão, mas intervenção na realidade. dagógicas. Infelizmente, essas ainda são as posturas dominantes nos discursos de muitos profissionais da educação que pretendem através de seu trabalho preparar o “cidadão do futuro”. Assumir o trabalho com projetos, implica investir-se da convicção de que a escola não deva preparar para uma cidadania futura, mas através de práticas e ações cidadãs exercidas desde já, no presente. Entre outras, seriam justificativas para esse argumento, transformar a escola num ambiente mais prazeroso e atrativo aos alunos, ou principalmente, transformá-la num lócus privilegiado de construção e exercício da cidadania. Apesar de desafiador, tanto para alunos quanto para professores, que precisam ressignificar seus papéis, o trabalho com projetos é uma opção clara por uma escola mais cidadã. A cidadania configura-se não apenas no acesso ao ambiente escolar, mas nas relações estabelecidas em seu interior. Já experimentamos na história da educação tanto o espontaneísmo ingênuo, quanto a fragmentação e o autoritarismo nas teorias e práticas pe2 Na obra “Cidadão de papel”, Gilberto Dimenstein refere-se a leis e direitos que embora constem na legislação do nosso país, não são respeitados ou cumpridos efetivamente. 3 Para DEMO (2006) a cidadania organizada é o oposto da pobreza política, e significa a luta pela conquista e cumprimento de direitos. Informativa - Revista ANEC | artigo 41 artigo Marketing Viral: ferramenta de organização do Terceiro Setor Por Marcio Zeppelini C omo um vírus, a ideia do marketing viral é se espalhar com proporções similares às de uma epidemia, alcançando um grande número de pessoas a baixos custos. O processo pode funcionar no famoso ‘boca a boca’ ou por meio da internet. E-mails, sites, blogs e páginas de relacionamento são excelentes veículos para espalhar o vírus da informação. Para as organizações do Terceiro Setor, pode ser uma grande ajuda, já que é simples e, se bem utilizado, bastante eficaz. Explorar redes sociais já existentes é o foco do marketing viral, que tem como meta divulgar marcas e práticas que possam ser replicadas. A estratégia é pedir a outros indivíduos que passem adiante uma mensagem, o que gera oportunidades diversas. Essa atitude demanda menos energia, e espera-se que isso se torne uma bola de neve, no bom sentido da expressão. A teoria do “Mundo Pequeno”, publicada em 1967 pelo psicólogo norteamericano Stanley Milgram, foi a base do conceito do marketing viral. Mais tarde, o estudo ficou conhecido como os “seis graus de separação”, já que mostrou que este é o número máximo de contatos necessários para criar uma ponte entre duas pessoas em qualquer lugar do planeta. Assim, se seis contatos são suficientes para atingir qualquer pessoa no mundo, cada ser humano se torna um importante canal de comunicação. Atualmente, com o uso da internet, esses contatos ficaram ainda mais simples. Um bate-papo informal pode ‘vender’ uma causa ou uma marca e, pela teoria do mundo pequeno, esse assunto será facilmente expandido de maneira exponencial. Como utilizar o marketing viral no Terceiro Setor? Investindo pouco ou, às vezes, nada, é possível divulgar sua causa por meio desta ferramenta. Mas é importante tomar cuidado com o público que se quer atingir, para que suas mensagens não sejam consideradas 42 Informativa - Revista ANEC | artigo inoportunas e inconvenientes. Se isso acontecer, os destinatários podem classificar seus e-mails como spam e ter uma imagem equivocada de sua organização. Afinal, assim como a boa imagem da organização pode ser transmitida com a velocidade de uma epidemia, a imagem ruim também pode. Para investir sem erro nessa poderosa ferramenta, confira a seguir os sete princípios do marketing viral, que podem ser aplicados facilmente em organizações do Terceiro Setor. 1) Ofereça um produto ou serviço de valor para seus prospectores Esse quesito baseia-se na oferta de produtos ou serviços gratuitos. Para instituições, pode ser colocado em prática de outra maneira, por meio de campanhas. Um exemplo é vender produtos que gerem renda à instituição e sensibilizar os receptores em relação à causa. 2) É preciso ser bem definido e de fácil transmissão Os meios pelos quais a mensagem passa devem ser fáceis de serem replicados. Assim, é interessante utilizar e-mails e sites gratuitos. É importante que o conteúdo da mensagem seja simples e curto, para que não fique pesada. 3) Capacidade de crescer rapidamente A mensagem deve ser retransmitida rapidamente para que, quando os usuários começarem a utilizar o serviço, possam promovê-lo e colocar em prática o marketing viral. 4) Comportamentos comuns O ‘vírus’ deve causar um apelo às emoções humanas, especialmente no Terceiro Setor, gerando a vontade de passá-lo para frente. 5) Redes de comunicação já existentes Aproveite as redes já existentes, como grupos de amigos, familiares e colegas de trabalho, que podem facilitar a transmissão de mensagens para um maior número de pessoas. rativos que prendem a atenção e divertem o receptor. Com o mundo da internet e a interatividade cada vez mais em alta, não haveria melhor momento para colocar em prática esse tipo de comunicação. Graças à existência de sites gratuitos e com grande número de acessos, como Orkut, Twitter, Google e YouTube, é possível divulgar ações sem gastar nada. Além disso, os sites das próprias instituições devem ser ferramentas práticas, que permitam a comunicação ágil e que demonstrem a transparência e credibilidade da organização. “Explorar redes sociais já existentes é o foco do marketing vi- 6) Recursos de terceiros É possível colocar textos ou imagens em outros sites, por meio de parcerias. Alguns sites permitem que isso seja feito até gratuitamente. ral, que tem como meta divulgar marcas e práticas que possam ser replicadas. A estratégia é pedir a 7) Baixo custo outros indivíduos que passem adi- O ideal é que o único custo no marketing viral seja o da criação do que será transmitido. Quanto mais leve e divertido for, mais chances terá de ser replicado. Atualmente, há a estratégia de criar jogos inte- Informativa - Revista ANEC | artigo ante uma mensagem, o que gera oportunidades diversas” 43 artigo GVDASA Sistemas foca o mercado educacional paulista 44 Informativa - Revista ANEC | artigo Com 22 anos de experiência, a empresa gaúcha especialista em sistema de gestão educacional instala nova unidade em São Paulo. Weliton Moreira Bastos - [email protected] - Consultor de Negócios e MsC em Ciência da Computação A pós conquistar credibilidade no mercado gaúcho e criar unidades em Alagoas, Espírito Santo e Minas Gerais, tornando-se referência em sistema de gestão educacional, a GVDASA Sistemas foca agora o mercado de São Paulo. A empresa com sede em São Leopoldo (RS) acaba de instalar sua mais nova unidade em Alphaville para oferecer o que há de mais moderno em sistema de gestão educacional às instituições de ensino paulistas. Para isso, a empresa oferece o GVcollege, uma solução completa para a otimização dos processos acadêmicos e administrativos das instituições – da matrícula até a emissão dos certificados. Através da integração total das informações, o GVcollege garante agilidade e simplificação dos processos, promovendo o gerenciamento unificado e a redução dos custos operacionais. Dessa forma, oferece ao gestor uma visão estratégica de toda a rede. Com uma estrutura modular flexível, o GVcollege pode ser adaptado às necessidades específicas de cada instituição. Foi o que aconteceu com a Rede Marista, um dos grandes clientes da empresa. “É um sistema completo, e que foi customizado para as nossas necessidades administrativas”, explica Cezar Eduardo Rieger, gerente de TI da SOME (Sociedade Meridional de Educação) e da USBEE (União Sul Brasileira de Educação e Ensino), entidades que compõem a rede. Recentemente o grupo passou por uma unificação e o GVcollege ajudou a unificar os procedimentos de 20 escolas do grupo, localizadas no Rio Grande do Sul e Distrito Federal. “Agora temos mais controle dos processos da rede como um todo”, conta Rieger. Soluções customizadas também são oferecidas a Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre, pertencente à Rede IUS (Instituições Salesianas de Ensino Superior). No início do ano, a faculdade, que utiliza o sistema desde 2003, incorporou mais um módulo para atender a uma demanda específica: a realização de matrículas online para os alunos dos cinco cursos oferecidos. “A GVDASA sempre monta uma alternativa a altura de nossa necessidade”, diz o Pe. Marcos Sandrini, diretor da instituição. “Além disso, também podemos contar com um pronto atendimento nos casos de produção de nova solução ou mesmo de suporte técnico”, afirma. Em São Paulo, a GVDASA deseja consolidar sua imagem deixando a mesma boa impressão entre os novos clientes: “Por ser um mercado muito competitivo, queremos entrar no cenário paulista para ficar”, afirma Vera Boufleur, diretora comercial da empresa. GVDASA Sistemas – Instalada no Parque Tecnológico da cidade de São Leopoldo, a empresa iniciou suas atividades em 1987. Atualmente mais de 700 instituições de ensino de todo o Brasil utilizam o GVcollege, entre eles grandes redes de ensino do Brasil, como Rede LaSalle e Marista, e também instituições de ensino superior, como UERGS e FAPA, além dos sistemas SENAC/RS e SESI/MT. _______________________________ Contato com a imprensa: Simone Araujo Tel.: (11) 3477-1603 – Cel.: (11) 9989-7333 Informativa - Revista ANEC | artigo 45 política Entrevista Deputado Hugo Leal A ANEC entrevista o Deputado Federal Hugo Leal. Líder do PSC na Câmara desde 2007 e vice-Líder do Bloco PMDB, PTB, PSC, PTC, o deputado exerce o seu primeiro mandato em Brasília pelo Estado do Rio de Janeiro. Hugo Leal já foi Diretor do DNIT e Secretário de Justiça no Rio e defende os valores cristãos na educação. Como o Sr. começou na carreira política? Na verdade eu sou Deputado Federal pelo Rio de Janeiro, mas sou mineiro. Nasci na cidade de Ouro Fino e venho de família tradicional. Meu Ensino Fundamental foi em uma escola católica, Instituto Nossa Senhora das Graças, o ensino Médio foi em escola estadual. No 2º. Grau estudei no Colégio Marista de Pato de Minas, então eu sei o que significa e o que representa o Ensino Católico. No final de 1979 tive uma experiência no seminário, até o inicio dos anos 80. Depois fui buscar alternativas para a vida, me preparar para o vestibular, e na época, tinha que fazer o serviço militar. Então prestei um concurso para a marinha e fui para o Rio de Janeiro. Não mudei mais de lá, passei para a faculdade de Direito e o próprio curso já era um local de debates. Durante a faculdade participei do Centro Acadêmico e foi onde eu militei politicamente. Fiz vários trabalhos para o movimento estudantil. Me formei em 1985 e fiz outra faculdade de Economia. Em 1990, eu já era filiado ao PDT, Partido Democrata Trabalhista, do Rio de Janeiro, do antigo governador Brizola. Nesta época, quando governador foi eleito, eu assumi um cargo na Secretaria de Justiça, Diretor Geral do Departamento dos Depósitos Públicos. Mais tarde, em 1997 e 98, trabalhei como assessor técnico do PDT aqui na Câmara. Eu me especializei em Direito Eleitoral e, por isso, participava de muitas campanhas. Em 1998 trabalhei na campanha do governador Garotinho. Já o conhecia e depois que ele foi eleito me chamou para fazer a transição do Governo. Assumi a Secretaria de Administração até 2002, quando eu fui candidato a Deputado Estadual. Não me elegi, mas fiquei como terceiro suplente. Veio a eleição da governadora Rosinha. Na época ela me chamou para ocupar o cargo de presidente do Detran, Departamento de Trânsito do Rio de Janeiro. Em 2006 tive que assumir o mandato na 46 Informativa - Revista ANEC | política “Acho que a doutrina cristã é muita rica, a história da igreja também é muito rica de contribuições. A igreja em sua diversidade traz muitos ensinamentos. A religião dá um sentido de conectividade porque ela tem uma história, com seus erros, seus absurdos, mas também com acertos e com a filosofia da salvação” Informativa - Revista ANEC | política 47 política “O seu interesse aqui e as suas questões pessoais são mais uma na vontade de muitos que você representa, então, eu acho que se você tiver esta consciência consegue entender a dimensão do seu mandato e a sua função aqui na Casa. A ação política combina com vocação, isso aqui não é uma profissão” Assembléia, fiquei uns cinco meses no cargo e a governadora me chamou para ser Secretário de Justiça. Em abril de 2006 me lancei como candidato a Deputado Federal, eu consegui 112 mil votos. Fui o oitavo deputado mais votado. Este seria um resumo mais breve do meu histórico político e sobre os fatos que me fizeram chegar até aqui. Na câmara o PSC tinha bons deputados e eu fui indicado para ser o líder da bancada em 2007 e fui reeleito em 2008 e 2009. Mas foi assim que eu construí minha relação com as pessoas. Valorizo o respeito de como se atua aqui dentro da Câmara Federal. Nosso papel é fundamental e eu digo todos os dias que nós temos uma oportunidade e uma grande responsabilidade com quem você está representando. O seu interesse aqui e as suas questões pessoais são mais uma na vontade de muitos que você representa, então, eu acho que se você tiver esta consciência consegue entender a dimensão do seu mandato e a sua função aqui na Casa. A ação política combina com vocação, isso aqui não é uma profissão. E com relação à educação e a religião. Qual o papel desses dois temas na rotina do Sr. como parlamentar? Eu sempre tive a doutrina cristã como minha referência. Mas não uma coisa superficial, eu acho que a 48 doutrina cristã é muita rica, a história da igreja também é muito rica de contribuições. A igreja em sua diversidade traz muitos ensinamentos. A religião dá um sentido de conectividade porque ela tem uma história, com seus erros, seus absurdos, mas também com acertos e com a filosofia da salvação. Então ela resgata muito do que é o sentimento da pessoa, a espiritualidade. A fé é uma dimensão muito maior, a religião esta entre os homens para disciplinar o comportamento, a fé ultrapassa isso. Então isso também está presente no meu trabalho porque o homem não é só matéria, não é só este plano, não dá para imaginar que seja só isso. Senão você se sente muito pequeno e não entende o seu papel na vida, não entende qual é a missão que você veio enfrentar. Tanto a fé quanto a religião te dão parâmetros para estabelecer perspectivas e esperanças. Para o senhor qual seria a solução para a educação brasileira? O ensino deve ser baseado em tradição e também investir em inovações? É impressionante como hoje a gente vive em uma sociedade que, cada vez mais, se afasta de valores. Existem alguns valores que são fundamentais para a referência das crianças e da educação. Se eu consegui algum sucesso, algum destaque no meu trabalho, na minha vida, pode ter certeza que foi construído Informativa - Revista ANEC | política na minha infância. Você é produto do seu meio. Não significa que porque a pessoa nasceu em um meio de dificuldade que está fadado ao fracasso, também depende do esforço. A gente passa por um momento muito delicado, porque hoje, os jovens e as crianças tem acesso a muita informação, de todo o tipo. Eles sabem de coisas que eu nunca imaginei na minha vida que pudesse ter acesso, nunca pensei que meu filho ou minha filha pudessem ter um conhecimento tão rápido. Mas é ai que está o contra senso! É muita informação, mas pouca formação. Ou seja, se alguém receber informação e tiver formação vai saber diferenciar o que é bom ou não é. Mas se a pessoa não tem formação e absorve tudo como uma esponja o resultado pode ser extremamente perigoso. Então qual a diferença das escolas tradicionais, públicas para uma escola católica? É a formação, não é a informação. Os Colégios Católicos do Rio de Janeiro hoje tem o melhor desempenho no Enem. Isso não só por causa da qualidade dos professores, a diferença é como você forma a pessoa. A família é um ente fundamental nesta formação, mas é preciso que a educação complemente esse processo. Você pode até estudar em uma escola católica e dizer que não é católico, mas pode ter certeza que aquela formação, naquele momento, foi fundamental para você. Eu conheço casos, de amigos que renegaram a reli- gião, achavam que a Igreja era um atraso, mas você pode ter certeza que o ensino foi fundamental para a experiência deles hoje. Qual a avaliação que o senhor faz das políticas de Educação do governo Lula? Eu acho que em termo de recursos investidos avançou, isso é nítido. Se você fizer um comparativo pode ter certeza que a aplicação de recursos aumentou mais de 100% desde o início deste Governo. Mas o problema da educação é só recurso? O problema da educação é gestão, gerenciamento e formação. Vamos pagar muito bem o professor, ótimo, mas o que ele está ensinando? O professor é uma outra atividade que também não é só profissão, se a pessoa não gostar do que faz, por favor, troque na hora. Tem profissões que não da para você enrolar. Hoje o Governo Lula foi importante em termos de referência, investimentos e expansão do ensino fundamental, mas ainda falta uma massa para juntar as peças. Informativa - Revista ANEC | política 49 política Entrevista Ministro Carlos Minc Em entrevista exclusiva a Revista Informativa o Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, fala sobre as boas práticas na Educação Ambiental. Minc foi eleito, cinco vezes, como deputado estadual pelo Rio de Janeiro e foi Secretário de Meio Ambiente antes de assumir a pasta em Brasília. Uma das ações do governo para ensinar os cidadãos do futuro a cuidar do meio ambiente está baseada no conhecimento local das espécies de animais que correm risco de desaparecer da fauna brasileira. O Ministério do Meio Ambiente lançou este ano um livro sobre todas essas espécies ameaças em todas as regiões do país. O material vai ser distribuído em escolas e pode mudar o futuro da preservação ambiental. Em uma conversa descontraída e com a fala apaixonada, típica da personalidade do ministro, Minc fala sobre este novo cenário e outros assuntos. Revista Informativa – Ministro como o Sr. avalia o papel das escolas e da sociedade na educação ambiental dos jovens de hoje? Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc – Eu sou um fã de carterinha da educação ambiental. Também sou professor e no Rio de Janeiro fui autor da Lei de Educação Ambiental. Esta é uma lei boa que diz que cada escola tem que ser um centro de reciclagem, e prevê a participação das famílias dos estudantes. Outra proposta é que cada escola tem que adotar alguma coisa do seu entorno como uma lagoa, um rio, uma encosta. Educar não é só decoreba. Há um mês eu participei de um encontro nacional de educadores ambientais. Estavam presentes mais ou menos 200 professores e animadores da educação ambiental e nós vimos os avanços e onde a gente pode avançar mais ainda. Infelizmente este processo da inovação no ensino é lento. 50 Revista Informativa – E como funcionam os critérios da educação ambiental? Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc – Tem a educação ambiental formal que a gente faz nas escolas junto com o MEC, Ministério da Educação, e tem a educação que a gente faz, por exemplo, com os catadores, com os caiçaras, com os pescadores. E nós introduzimos um fator novo. Nos grandes licenciamentos ambientais, obrigatoriamente, tem um dinheiro que vai para a educação ambiental. Nós fizemos isso nas usinas do Madeira, no Nuclear, na Eletrobrás, na Petrobras. Isso não significa que é a Petrobras que vai fazer educação ambiental, quem vai fazer a educação ambiental é o Ibama o Chico Mendes ou o órgão estadual de meio ambiente. O que vai acontecer é que estas grandes instituições vão bancar, por 15 anos, programas de educação ambiental para área de entorno do investimento. O objetivo é que as pessoas saibam de Informativa - Revista ANEC | política que forma este empreendimento impacta o meio ambiente e também aprendam como fazer para recuperar um rio, para monitorar a água, o ar, em suma, acompanhar o cumprimento dos condicionantes ambientais das licenças. O resultado é uma cobrança maior sobre o que as empresas tem que fazer. Então naturalmente como é a empresa que vai provocar o impacto também é natural que um pedacinho pequeno do seu dinheiro de compensação e mitigação seja destinado para formar educadores ambientais, mesmo porque, sem dinheiro também não tem educação ambiental. Revista Informativa – O Sr. avalia que o desafio das escolas católicas é maior neste caso, já que a cobrança por valores e qualidade do ensino compõe um quadro de maior exigência? Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc – Na verdade acho que não, todo professor e toda escola deve praticar educação ambiental envolvendo as famílias e motivando os alunos. Por exemplo, um dos programas nossos é levar a garotada para visitar as unidades de conservação. Porque, hoje em dia, muitas vezes a gente acompanha em uma sala de aula o seguinte cenário: a garotada vê o elefante e a girafa, que são animais muito legais, mas que infelizmente aqui no Brasil só vão ser vistos no jardim zoológico. E na maioria das vezes essas crianças não conhecem a nossa flora e a nossa fauna. Então investir na ideia de visitar, de conhecer, é muito importante. Por exemplo, ficou definido que nós vamos colocar em todas as escolas um livrão vermelho da fauna ameaçada de extinção. Para cada professora, no interior do Mato Grosso, no interior de Minas Gerais, Goiás ou do Rio Grande do Sul, ver os bichos, pássaros, macacos que estão ameaçados no seu estado, qual é o lugar que eles vivem, do que se alimentam e levar os alunos para lá. Assim eles podem ver o que está destruindo as espécies de animais que vivem ali. O agrotóxico, por exemplo, acaba com o inseto que o pássaro se alimentava. Então quebra a cadeia alimentar e adeus pássaro. Então isso vai ajudar as professoras a fazerem um trabalho de campo de mais qualidade com a rapaziada. “hoje em dia, muitas vezes a gente acompanha em uma sala de aula o seguinte cenário: a garotada vê o elefante e a girafa, que são animais muito legais, mas que infelizmente aqui no Brasil só vão ser vistos no jardim zoológico. E na maioria das vezes essas crianças não conhecem a nossa flora e a nossa fauna” Informativa - Revista ANEC | política 51 política Entrevista Deputada Maria do Rosário ANEC entrevista a Deputada Federal, Maria do Rosário. Eleita pelo PT do Rio Grande do Sul, ela está no seu segundo mandato na Câmara Federal e é Presidente da Comissão de Educação e Cultura da Casa. Maria do Rosário estudou em escola católica e revela em conversa com a Revista Informativa as prioridades entre as decisões que podem mudar o ensino no Brasil. Sobre o trabalho na Comissão de Educação, quais os momentos e decisões mais importantes nas votações deste ano até agora? Este ano é fundamental como um momento inicial para o debate sobre o novo Plano Nacional de Educação. Sobre como o PNE 2011- 2020 será explorado. A superação do início do atual plano em termos de financiamentos especialmente com os ecos que existiram quanto da sua entrada em vigor. E outra prioridade seria, efetivamente, trabalhar os indicadores de qualidade da educação brasileira. Buscar saídas que permitam os estudantes e a sociedade, pensar a educação como um bem público colocado a serviço das pessoas e da sociedade. Este caminho seria percorrido tanto através da esfera pública quanto do setor comunitário privado, mas que ocorre sempre com um viés de humanização e desenvolvimento integral para a sociedade brasileira e para o mundo contemporâneo. No caso das instituições de ensino que investem em tradição, qual o papel dessas ins- 52 tituições nos debates parlamentares da Comissão? A Comissão de Educação e Cultura é um espaço plural composta não apenas por diferentes partidos e parlamentares de diferentes regiões e tradições políticas e culturais brasileiras, mas é um espaço plural porque a constituição brasileira é plural quando fala sobre educação. Educação é sinônimo de desenvolvimento no sentido mais amplo desta palavra e ela é no Brasil um espaço onde o Estado brasileiro tem as suas responsabilidades muito bem delineadas, mas também convive com outros setores como as instituições de caráter comunitárias e as instituições privadas de um modo geral. Nós estamos incentivando através da Comissão a organização do setor comunitário. Principalmente porque nós já contamos com frentes parlamentares estruturadas, nos já contamos com frentes parlamentares que estão mais atentas ao setor privado e também ao setor publico são duas frentes parlamentares tradicionais. Uma coordenada pelo deputado Informativa - Revista ANEC | política Informativa - Revista ANEC | política 53 política João Matos do PMDB de Santa Catarina e a outra coordenada pelo deputado Pedro Wilson do PT de Goiás, ambos são ex-presidentes da comissão. Nós acreditamos que é fundamental para o setor comunitário investir na estruturação de uma defesa parlamentar buscando construir um marco político institucional das instituições comunitárias do Brasil. Além disso, seria possível negociar resultados sobre toda a legislação brasileira tanto em desdobramentos necessários na LDB quanto no código civil na matéria tributária e essa é uma das prioridades. Nós não queremos concluir este ano sem uma Frente que atue junto a ABRUC e a ANEC, e que reconheça nestas instituições a atenção e a contribuição que dão para uma educação superior de qualidade no Brasil e também nas demais modalidades e etapas de ensino. A Sra. estudou em escola católica? Qual foi a influencia desse tipo de educação na formação pessoal da Sra. ? As melhores escolas do Brasil são aquelas que tem valores e não são aquelas que muitas vezes dispõe de mais recursos econômicos. São aquelas onde as pessoas se sentem valorizadas na dimensão humana. E eu tive a honra de ser aluna do colégio São José em grande parte da minha formação. 54 Sou muito agradecida. Assim como fui aluna da Escola Pública em grande parte da minha vida. Acredito que as Instituições Católicas dão uma contribuição inestimável ao povo brasileiro e devem ser valorizadas. Para elas as portas estão abertas porque recebem grande apresso aqui no parlamento brasileiro. “Nós acreditamos que é fundamental para o setor comunitário investir na estruturação de uma defesa parlamentar buscando construir um marco político institucional das instituições comunitárias do Brasil” Informativa - Revista ANEC | política Informativa - Revista ANEC | política 55 política Entrevista Monteiro Neto A ANEC entrevista o diretor da Rede Vida, João Monteiro de Barros Neto. Ele conta como nasceu o sonho de um canal de TV feito para a família que, hoje, chega a todas as capitais do Brasil. A tradição de quase 15 anos no mercado nacional tem como proposta transmitir os valores cristãos em uma programação diversificada, com informação e também diversão. “na vida nós jogamos futebol, assistimos notícias, vamos ao cinema, ao teatro e a religião faz parte da nossa vida. Então é natural que também dentro da televisão a religião faça parte da programação” 56 ANEC – Como nasceu a idéia de um canal de TV com princípios religiosos? E hoje quais são os desafios da Rede Vida? João Monteiro de Barros Neto – Na década de 80, o que se evidenciava era uma falta da presença da igreja católica em um grande veículo de massa que é a televisão. A igreja que sempre foi muito zelosa com relação a comunicação tinha muitas emissoras de rádio, muitos jornais paroquianos. A preocupação estava até na acústica das suas igrejas, na comunicação através das artes, das esculturas e das pinturas. Mas ela não tinha tido a sagacidade de se preparar para trabalhar também com a televisão. E nessa época muitas outras denominações religiosas usaram a estratégia de se comunicar com o povo de trabalhar com televisão. Então este era o ambiente que eles tinham em termos de comunicação no Brasil e na igreja de um modo geral. A experiência da Rede Vida surgiu com um jornalista do interior do Estado de São Paulo. Ele tinha duas emissoras de AM e duas de FM e um jornal diário. Como um leigo comprometido com a igreja ele participou do movimento de trabalho intenso para ajudar a sua cidade de Barretos a tornar-se uma sede de diocese. Esse leigo pleiteava ter também um canal de televisão e conseguiu este canal de televisão na cidade de São José do Rio Preto, interior do Estado de São Paulo e que dista 96 quilômetros da cidade que ele vivia. Logo que a concessão foi outorgada, e passou pelo Congresso Nacional, esse leigo, o jornalista João Monteiro de Barros Filho, colocou a disposição da igreja o seu canal. A emissora em São José do Rio Preto era uma geradora, e foi criada para ser uma cabeça de rede de uma televisão com inspiração cristã e com o apoio da Informativa - Revista ANEC | política Igreja Católica. Ele percebeu como leigo que o católico não se enxergava na Televisão Brasileira até aquele momento. Esta intenção foi levada ao então bispo de Barretos que vibrou com a ideia e propôs uma conversa com o presidente da CNBB Dom Luciano de Almeida. Ele também vibrou com a ideia e se apaixonou pela possibilidade e principalmente por compreender essa necessidade que existia. Dom Luciano logo de cara percebeu a dificuldade do projeto, por causa do tamanho. Como criar uma rede de televisão que pudesse chegar a todas as sedes de dioceses, portanto chegar a todo o território nacional, e se configurar em um cenário onde se teria que construir tudo. Existia uma dúvida, é necessário, mas seria possível? As reações dentro da CNBB foram variadas e isso foi amplamente discutido entre o episcopado brasileiro. Então houve uma reunião em Brasília, estavam presentes todos os cardeais brasileiros da época e também a diretoria da CNBB. Ali se estabeleceu que a Igreja Católica apoiasse o projeto, mas que este projeto não fosse da própria Igreja Católica. Portanto foi aconselhada a criação do Instituto Brasileiro de Comunicação Cristã, IMBRAC. Este instituto foi o fomentador da Rede Vida de Televisão e faz a interligação entre a Igreja Católica e a empresa “Televisão Independente São José do Rio Preto”, que é a concessionária da televisão junto ao Governo Federal. A partir daí, a Rede Vida começou a nascer. Neste momento foi criado um conselho formado por onze membros e cinco faziam parte do episcopado e este grupo dava também a orientação sobre o conteúdo da emissora. A programação estreou em 1995. Prova de que quando se acredita em um projeto a realidade pode ser transformada. ANEC – Como o senhor avalia o papel da emissora na sociedade? João Monteiro de Barros Neto – A rede vida não foi criada para ser uma emissora 100 % de evangelização explícita católica. A rede vida foi criada para corresponder a necessidade de mais de 70% da população brasileira que se confessa católica. Porque na vida nós jogamos futebol, assistimos notícias, vamos ao cinema, ao teatro e a religião faz parte da nossa vida. Então é natural que também dentro da televisão a religião faça parte da programação. São momentos de religião e evangelização. Então a rede vida separou uma parte da sua exibição com missa, terço Informativa - Revista ANEC | política 57 política “O nosso sonho é fazer uma grande junção entre o poder de alcance da emissora com o poder da rede católica de ensino. Nós gostaríamos de aproveitar o grande manancial de riqueza, de sabedoria, cultura, de formação, que as escolas católicas possuem” e reflexão da palavra. Que é basicamente o que sustenta o católico dentro da sua prática religiosa. Mas o católico é muito mais do que isso, assim como todas as outras religiões, ele também vive em sociedade, por isso a grade de programação quer influenciar na sociedade através da sua formação. Para isso investimos no diálogo com a sociedade. A nossa proposta é coerente em relação a valores, através do jornalismo, mostra esporte e muito mais. E desta maneira acho que está reservado para a Rede Vida um espaço na sociedade. Costumamos dizer que a família é valor para todas as religiões e, portanto a Rede Vida, ao longo desses anos, tem se caracterizado como o canal da família porque permite que qualquer família possa assisti-la. ANEC – Qual o papel da educação católica de aproveitar o grande manancial de riqueza, de sabedoria, cultura, de formação, que as escolas católicas possuem, sendo valorizadas dentro da Rede Vida de Televisão. E a rede também se abastecendo deste imenso valor das escolas católicas para ela poder crescer na sua grade de programação e no seu conteúdo. Nós entendemos que no futuro, existe a TV digital, portanto haverá capacidade para nós termos o ensino católico à distância. Em um país como o nosso, com o poder que a televisão tem, nós podemos ter uma grande interação com as escolas católicas que estão distribuídas em todo o Brasil. Mais do que isso, se a Rede Vida quer ser diferenciada na sua grade de programação ela também precisa ser diferenciada no que tange a educação, porque através da rede podemos transformar o Brasil. no projeto da Rede Vida? João Monteiro de Barros Neto – Nós temos um grande sonho! Hoje a Rede Vida chega a mais de 110 milhões de brasileiros, está presente em 96% das sedes de dioceses brasileiras e chega hoje em todos os estados e em todas as capitais. O nosso sonho é fazer uma grande junção entre o poder de alcance da emissora com o poder da rede católica de ensino. Nós gostaríamos 58 Informativa - Revista ANEC | política Informativa - Revista ANEC | política 59 educação superior Pernambucanos tem pouco conhecimento sobre a própria Cultura Pesquisa revela que pernambucanos preferem feijoada e comidas de milho, Brennand, Ariano, Alceu e o Frevo Q ual o nível de conhecimento do morador da Região Metropolitana do Recife sobre a sua própria cultura? Para responder a esta pergunta, o Gemepe, Grupo de Estudo do Macroambiente Empresarial de Pernambuco, foi às ruas e entrevistou 650 moradores da RMR, Região Metropolitana de Recife, entre os dias 01 a 10 de julho. A maior parte dos entrevistados (44,94%) declarou ter um nível de conhecimento médio sobre o assunto. Outros 38,45% assumiram ter pouco, enquanto 10% afirmaram não conhecer nossas tradições. Apenas 6,65% disseram conhecer muito a cultura pernambucana. A pesquisa também revela que as respostas dos entrevistados são diretamente proporcionais ao seu nível de renda e grau de escolaridade. Indivíduos com grau de instrução superior completo, por exemplo, demonstraram ter maior conhecimento sobre o assunto (52,38%) do que os demais. As classes D e E apresentaram o maior percentual de desconhecimento (nenhum) cultural do estado: 44,44%. As mulheres destacaram-se positivamente, com 57,14% das respostas. Apesar do desconhecimento sobre a cultura pernambucana, as respostas melhoram quando o assunto é a valorização da mesma. Apesar de uma parcela significativa dos consultados declararem pouco ou nenhum conhecimento sobre a cultura pernambucana, um percentual elevado dos entrevistados disse valorizar muito (40,19%) e em nível médio (38,45%) a cultura local. Apenas 21,36% afirmaram pouca ou nenhuma valorização. O público mais jovem foi o que mais afirmou não valorizar a nossa cultura. Na faixa etária dos 16 aos 25 anos, o resultado foi de aproximadamente 33%. Admitir valorizar muito a riqueza cultural do Estado foi destaque entre os consultados com maior grau de instrução (74,01%). 60 Informativa - Revista ANEC | educação superior BRENNAND Testando, mais especificamente, o nível de conhecimento dos entrevistados, o Gemepe perguntou se os moradores da RMR conhecem seus artistas plásticos, pintores e escritores. Os resultados demonstraram uma profunda desinformação neste segmento. Aproximadamente 67% dos entrevistados não conhecem algum artista plástico pernambucano. Mesmo entre os que responderam afirmativamente (33%), 19% não conseguiram citar nomes. Entre os mais citados, o grande destaque foi para Francisco Brennand (57,54%), acompanhado por Romero Britto (10,61%), Silvio Botelho (2,79%), Cícero Dias (2,23%) e Wellington Virgolino (2,23%). Quanto aos pintores, aproximadamente 77% dos pesquisados afirmaram não conhecê-los. Novamente, dentre os 33% que responderam positivamente, 12,3% não recordavam de nomes. Romero Britto, desta vez, foi o campeão com 28,4% das citações. Aproximadamente 17% lembraram-se de Gil Vicente, 14,6% destacaram Lúcia Pereira, enquanto Cícero Dias foi mencionado por 4,62%, João Câmara por 3,85% e Francisco Brennand por 3,08% dos entrevistados. ARIANO O melhor resultado quanto aos escritores pernambucanos. Aproximadamente 43% afirmaram conhecer algum deles. O grande destaque, entretanto, foi para o paraibano Ariano Suassuna, com a expressiva indicação de 48,16% dos consultados. Os mais citados em seguida foram Gilberto Freire (11,76%), Osman Lins (5,51%); João Cabral de Melo e Neto (4,78%) e Luzilá Gonçalves (2,21%). Ainda entre os que afirmaram conhecer escritores pernambucanos, 13,97% não souberam citar nomes. FREVO Para saber quais elementos os pernambucanos consideram melhor representar sua cultura, o Gemepe apresentou questões a respeito de ritmo musical, cantores e comidas locais. Em relação ao ritmo musical, o Frevo foi eleito espontaneamente pelos entrevistados como o que melhor representa a cultura do Estado, com 54,11% das indicações. Em seguida, o Forró com 26,27% e o Maracatu com 14,56%. MILHO No aspecto gastronômico, as Comidas de Milho foram consideradas as que melhor representam a culinária pernambucana, com 37,03% das Informativa - Revista ANEC | educação superior respostas. A Feijoada, apesar de não ser um prato típico do Estado, obteve uma votação expressiva de 24,37%. O Bolo de Rolo foi lembrado por 8,39% dos entrevistados. A carne de sol (6,49%), o Bolo Souza Leão (6,33%) e o Arrumadinho (4,75%) também receberam indicações. ALCEU No item que julgava o(a) profissional que melhor representa a cultura musical de Pernambuco, o músico Alceu Valença obteve a maior votação, com aproximadamente 42% das indicações. O “Rei do Baião”, Luiz Gonzaga, ficou com o segundo lugar (22,47%). Seguem no ranking, Chico Science (6,49%), Lenine (5,06%), Antônio Carlos Nóbrega (3,80%), a cantora paraibana Elba Ramalho (2,69%) e, fechando a lista dos destaques, o cantor Reginaldo Rossi (2,37%). 61 educação superior Ensino a distância: uma realidade crescente no Brasil Alethéa Casal - Assessoria de Comunicação PUC Minas Virtual N ão tinha a menor idéia do que era ensino a distância, e, além disso, tinha uma imagem errada a respeito desta modalidade de ensino”. A afirmação de Ricardo Salomão, aluno do curso de graduação a distância em Ciências Contábeis da PUC Minas Virtual, demonstra o desconhecimento que a sociedade brasileira ainda tem em relação ao ensino a distância. Ele ingressou no curso no primeiro semestre de 2007. E seu aprendizado tem sido tão positivo que ele foi o aluno Destaque Acadêmico do seu curso no primeiro e no segundo semestre de 2008. “Percebo a importância que o ensino a distância tem ganhado no Brasil; muita gente, assim como eu, não teria condições de estudar novamente, não fosse esta possibilidade”, frisa. Ricardo não é o único a perceber a importância que o ensino a distância tem ganhado no Brasil. Segundo a Secretaria de Educação a Distância do Ministério da Educação (Seed/MEC), houve um crescimento de 571% no número de cursos de graduação a distância entre 2003 e 2006 no Brasil. Neste período, o número de matrículas cresceu 315% e o número de concluintes, 544%. “Muitos têm medo da qualidade de um curso a distância. Mas, na PUC Minas, o sistema adotado é tão bom, tão próximo da excelência, que o aprendizado se dá tranqüilamente”, comenta Ricardo. E o Ministério da Educação tem atuado buscando assegurar a qualidade do ensino a distância no Brasil. Em meados de novembro, o Ministério determinou a desativação de 1.337 centros de educação a distância, com a suspensão de vestibulares ou redução de novas vagas, e prazo de um ano para que as universidades promovam melhorias, sob ameaça de descredenciamento. As medidas 62 Informativa - Revista ANEC | educação superior atingiram quatro instituições de ensino, submetidas a um pente-fino do MEC, por terem um grande número de alunos e serem alvo de denúncias de irregularidades e falhas de conteúdo e de avaliação. Peculiaridades A trajetória de Ricardo exemplifica muitas das características do ensino a distância no Brasil. Casado, pai de duas filhas, com outra formação superior e já no mercado de trabalho, Ricardo procurou o ensino a distância para complementar sua formação, crescer profissionalmente e ampliar seus conhecimentos. “O mercado demanda cada vez mais qualificação dos profissionais e, hoje em dia, não basta ter uma formação especifica em determinada área, o mercado prefere as pessoas polivalentes. E o ensino a distância tem sido, para mim e muitos colegas, uma excelente ferramenta para este fim”, analisa Ricardo, que mora e trabalha no Rio de Janeiro e tem como pólo de apoio presencial do seu curso a cidade de Juiz de Fora. Dados da Seed/MEC mostram que, assim como Ricardo, a maioria dos alunos de ensino a distância no Brasil é casada, com filhos e mais velha do que os alunos de ensino presencial. Na PUC Minas Virtual, 55% dos alunos da graduação a distância em Ciências Contábeis têm mais de 30 anos. Outros dados também demonstram que a maioria destes alunos tem renda menor e vem de escola pública. “Nestas condições, percebemos a importância da educação a distância como forte instrumento de inclusão social”, sinaliza o professor Enilton Ferreira Rocha, coordenador da Associação Brasileira de Ensino a Distância (ABED) em Belo Horizonte. Informativa - Revista ANEC | educação superior Novos papéis A modalidade de ensino a distância introduz modificações bastante profundas no papel do professor e do aluno. “O professor passa a ser um criador de conteúdos, orientador da aprendizagem, parceiro na construção do curso”, destaca a professora Maria Beatriz. O papel do aluno também muda bastante. “De uma atitude mais passiva, pois, na forma tradicional de aprendizagem a iniciativa do ensino cabe mais ao professor, o aluno passa a ser o principal sujeito de sua própria aprendizagem”, afirma a diretora da PUC Minas Virtual. “Eu cheguei a conclusão, logo no início do curso, que o segredo do ensino a distância é a disciplina, muito mais do que em um curso presencial. Eu me disciplinei para estudar, pelo menos, duas horas por dia, todos os dias. E, nos fins de semana, 63 educação superior dou uma esticada, umas três horas. Se existe alguma palavra-chave no ensino a distância, esta palavra-chave é a disciplina” assegura Ricardo Salomão. Em sintonia com a realidade Educação a distância não é novidade. A história remete aos antigos cursos por correspondência, que aconteceram a partir do século XVIII nos Estados Unidos. No Brasil, o Instituto Universal Brasileiro, iniciado em 1940, é uma das instituições mais antigas a manter cursos por correspondência. Com o avanço da tecnologia, vários meios hoje em dia se combinam para oferecer uma educação a distância de qualidade, que vai muito além dos cursos por correspondência. A educação a distância foi introduzida oficialmente no sistema de ensino brasileiro em 1996, com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases. A PUC Minas, apenas três anos depois, criou a PUC Minas Virtual, sua Diretoria de Ensino a Distância. “O futuro da educação no Brasil está no ensino a distância. Nossa população, cada vez mais velha, demonstra que o foco da educação no país tem que começar a mudar, buscando aqueles que foram excluídos quando mais jovens e aqueles que buscam ampliar seus conhecimentos por exigência do mercado de trabalho”, afirma a professora Maria Beatriz. Aprendendo para ensinar A ascensão do ensino a distância leva muitos professores a buscarem cursos que auxiliem a trabalhar com esta modalidade de en- 64 Informativa - Revista ANEC | educação superior sino. “Muitos professores tem formação e experiência ampla no ensino tradicional, mas não têm preparo para lidar com o ensino na distância. Para atuar nos cursos de graduação a distância, é exigência do MEC que os professores tenham especialização em EAD”, reitera a professora Maria Beatriz. A PUC Minas Virtual oferece a especialização em Educação a Distância: Concepção e Planejamento. Para a professora Beatriz, a capacitação de pessoal para trabalhar com EAD é umas das funções da PUC Minas Virtual. “A qualidade da educação a distância depende mais das pessoas do que da tecnologia. E, aqui na PUC Minas Virtual, temos uma equipe experiente e preparada para lidar com esta modalidade de ensino”, alega a professora. Informativa - Revista ANEC | educação superior 65 educação superior PUC-PR firma parcerias para aproximar alunos do mercado de trabalho Fernanda Jacometti - Revista Vida Universitária/PUCPR U m dos papéis da instituição de ensino é mostrar ao aluno como é o mercado de trabalho e em quais áreas ele pode atuar. Para isso, nada melhor do que levar as próprias empresas para dentro da universidade, e a PUCPR faz isso por meio de parcerias. O grupo Produtrônica, formado pelos cursos de Engenharia de Produção e Mecatrônica e o programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção e Sistemas, com o apoio de empresa Elipse Software, realiza uma série de ações que beneficiam tanto os alunos da instituição quanto as empresas. São oferecidos cursos, palestras técnicas, temas de projetos finais e pesquisas em cooperação. Os assuntos giram em torno da área de automação industrial, na qual a empresa atua. A parceria também prevê vagas de estágio para os alunos da PUCPR. Os currículos são entregues na própria universidade e as entrevistas do processo de seleção são realizadas com funcionários da empresa. Felipe Kluska, do 10° período de Engenharia Mecatrônica, foi um dos beneficiados. Em busca de estágio em empresas de destaque, Felipe encontrou a oportunidade este ano. Atualmente, o estudante atua no suporte técnico da filial da Elipse no Paraná e diz que existe a possibilidade de ser efetivado. “A oportunidade representa muito para mim e a parceria foi fundamental. A proximidade entre a instituição acadêmica e a empresa dá mais valor aos estudantes, tanto na questão de confiabilidade no desempenho, quanto na procedência e capacidade técnica”, disse. O diretor do curso de Engenharia Mecatrônica, Eduardo Rocha Loures, conta que desde o início do acordo, em 2007, mais de 30 alunos foram beneficiados. “Na prática a parceria acrescenta uma qualificação sólida na área de Supervisão e Controle de Processos, ramo que representa uma grande parte da demanda profissional em Engenharia Mecatrônica”, afirmou. 66 Informativa - Revista ANEC | educação superior A gerente da filial da Elipse no Paraná, Ana Carolina Bueno Franco, diz que a parceria também é importante para a empresa. “Recebemos alunos preparados e atualizados com as novidades do mercado de trabalho”, explicou. Ana Carolina também foi aluna da PUCPR e, assim como Felipe, começou na empresa como estagiária. Outras parceiras Além da parceria com a Elipse Software, a PUCPR tem acordos com as empresas Sew, que oferece palestras gratuitas e suporte para projetos de alunos, Akiyama, Pratti Donaduzzi, que realiza projetos com Agência PUC Inovação, Phoenix Contact, Festo, SA e Paragon. Assistência na área da para aqueles que saúde mais precisam O Centro de Promoção e Reabilitação em Saúde e Integração Social – Promove São Camilo foi criado em setembro de 2002 com o objetivo de oferecer assistência de qualidade à população em situação de vulnerabilidade social. A base do serviço é o enaltecimento dos valores da saúde e a busca da integração social, prioritariamente para as pessoas com deficiência. Por mês, o Promove São Camilo realiza cerca de 6.340 atendimentos e recebe em média 940 pacientes. Pautados nos preceitos do Carisma Camiliano e da Bioética, os usuários e seus acompanhantes recebem atenção individualizada e contínua, sendo orientados sobre a evolução do tratamento, a atualização do plano terapêutico e suas implicações na convivência familiar e comunitária. O Promove São Camilo serve também como campo de estágio para os alunos do centro universitário, o que permite uma aproximação com o ambiente de trabalho na área da Saúde. O espaço oferece atendimento nas seguintes áreas: Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia, Nutrição, Farmácia, Enfermagem, Psicologia e Serviço Social. Os interessados participam de triagem no Serviço Social. Esse conjunto de iniciativas e a constante procura por novas práticas que qualifiquem ainda mais seus serviços, conferem ao Promove São Camilo o status de referência em seu campo de atuação. Centro Universitário São Camilo: mais de 40 anos de tradição na área da Educação Desde 1963, o Centro Universitário São Camilo realiza atividades educacionais na área da Saúde, sendo atualmente referência nacional nessa área e também em Gestão e Educação. Sua missão é promover o desenvolvimento do ser humano por meio Informativa - Revista ANEC | educação superior da educação e da saúde, segundo os valores camilianos. Em São Paulo, a instituição tem cerca de 10 mil alunos e mais de 1.000 colaboradores. Oferece 16 cursos de graduação e também atua no ensino fundamental, médio, profissionalizante e na pósgraduação, com cursos de especialização, MBA e o Mestrado em Bioética, o primeiro curso na área a ser aprovado pela CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Seus alunos e professores contam com três campi na capital paulista (Pompéia, Ipiranga 1 e Ipiranga 2) e com a Estação Ambiental São Camilo (Campus Avançado), localizada em Itanhaém. Entre seus projetos sociais, destacam-se o Programa de Assistência Educacional – que concede bolsas de estudo assistenciais parciais e integrais – e o Promove São Camilo, localizado no bairro do Ipiranga. 67 educação superior Projeto mapeia parte do Atlântico para exploração de petróleo Mariana Vicili 68 Informativa - Revista ANEC | educação superior I magine o Oceano Atlântico Sul (a partir da linha do Equador) dividido em milhares de pedaços, cada um contendo informações dos últimos 140 milhões de anos sobre o local como clima, correntes marítimas, localização no tempo e no espaço e produtividade orgânica. Esse é apenas um resumo do grande projeto que está sendo feito pelo Centro de Excelência em Pesquisa sobre Armazenamento de Carbono (Cepac) e pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação da PUCRS, em parceria com a Petrobras por meio do Programa de Fronteiras Exploratórias (Profex). O projeto Paleoprospec tem como objetivo desenvolver modelos numéricos que simulem a evolução paleogeográfica e paleoclimática do Atlântico Sul, com ênfase na probabilidade de estabelecimento de condições favoráveis para a deposição e preservação de sedimentos ricos em matéria orgânica e, consequentemente, a ocorrência de potenciais A - Triássico Inferior (~237 Ma) B - Jurássico (~152 Ma) Massas Continentais Arqueanas (Protocontinente) Porcões Continentais Agregadas C - Cretáceo (~94 Ma) Porções Contimentais Submersas rochas geradoras de petróleo (sedimentos que possuíram elevado teor de matéria orgânica). Um enorme banco de dados será montado com esses dados que, com novas estimativas, serão cruzados para tentar descobrir locais com maiores chances de se localizar petróleo. Estão sendo coletadas informações disponíveis na comunidade científica, como no Deep Sea Drilling Project (programa que investiga a evolução das bacias oceânicas) e da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), dos EUA, entre outras fontes. Segundo o vice-coordenador do projeto, professor João Marcelo Ketzer, encontrar petróleo é uma tarefa muito difícil e cara. A perfuração da camada Pré-Sal na Bacia de Campos, por exemplo, custará à Petrobras centenas de milhões de reais somente em perfurações. Poder prever locais com maior probabilidade de sucesso pode ser muito vantajoso para a estatal brasileira em termos financeiros e de tempo. Ketzer conta que há dois ou três projetos semelhantes no mundo realizados por outras empresas petrolíferas e universidades estrangeiras, mas que nunca se pensou em fazer esse tipo de integração de dados antes. Clarice Lamb, da Petrobras, é a coordenadora executiva do convênio entre as instituições e Adriano Viana coordena o Profex. Para armazenar e desenvolver essa grande quantidade de dados será necessário o uso de computação de alto desempenho, e é aí que está o desafio dos professores, alunos e pesquisadores da Faculdade de Informática (Facin) da PUCRS. O coordenador do projeto e professor da Facin, Paulo Fernandes, conta que serão utilizados servidores especiais de processamento e armazenamento. Segundo Fernandes, o grupo da Informática é um dos únicos no mundo com experiência para a realização desse trabalho, que envolve a modelagem numérica e simulações sobre dados descrevendo dezenas de milhões de situações. Mas não é só a necessidade de alta tecnologia o obstáculo a ser superado nesse projeto. Fazer com que os hoje 25 participantes da pesquisa, geólogos e informatas, falem a mesma língua, é o objetivo de seminários semanais que têm sido realizados para que as equipes se entendam melhor e conheçam um pouco mais de cada área. Quando o mapa de probabilidades estiver pronto, primeiramente será verificado se as descobertas fazem sentido geológico, para que, num segundo momento, possa ser utilizado pela Petrobras para auxiliar na exploração e locação de futuros poços. A princípio o projeto, que se iniciou em março, terá a duração de dois anos, mas os dados podem ser refinados ao longo do tempo. _______________________________ Mapa mostrando a fragmentação do Supercontinente Gondwana e formação do Oceano Atlântico (modif.de Scotese, C. & Golonka, J., 1992. PALEOMAP Paleogeographic Atlas, Dept. of Geology, University of Texas, Texas. 34p. Informativa - Revista ANEC | educação superior 69 educação superior Professora da PUC-SP é premiada em congresso nacional A fé é a grande base de sustentação emocional dos pais (portadores do vírus HIV) na esperança que seus filhos recémnascidos não sejam infectados. Esta é a principal conclusão do estudo realizado pela profa. Janie Maria de Almeida, docente do curso de Enfermagem e coordenadora da especialização em Enfermagem Obstétrica, ambos da PUC-SP. A pesquisa “Expectativa e ações de pais soropositivos para o HIV à espera do diagnóstico do filho”, realizada pela professora, recebeu o prêmio Ana Grijó, conferido ao melhor trabalho da categoria Mulher, Cultura e Saúde, do 6º Congresso Brasileiro de Enfermagem Obstétrica e Neonatal, realizado entre os dias 24 e 26/6, em Teresina (PI). O trabalho premiado é resultado da tese de doutorado defendida pela professora na USP, em 2008, sob a orientação de Neide de Souza Praça. Nele, a docente analisou as atitudes e os comportamentos das mães e pais no seu cotidiano de enfrentamento à Aids. Com enfoque nos aspectos culturais ligados ao período de diagnóstico dos recém-nascidos de 11 gestantes portadoras do HIV atendidas pelo programa Transmissão Vertical Zero (implantado pela Prefeitura Municipal de Sorocaba em julho de 1997) e de sete pais, dos quais quatro eram soronegativos. O foco principal da pesquisa foi observar quais eram as ações, sentimentos e reações dos pais durante os 18 meses, período que requer a adoção de medidas para o tratamento e acompanhamento do bebê, numa situação em que não se sabe se o bebê se tornará mais uma vítima do HIV. Segundo a pesquisadora, 85% dos 70 Informativa - Revista ANEC | educação superior “A fé é a grande base de sustentação emocional dos pais (portadores do vírus HIV) na esperança que seus filhos recém-nascidos não sejam infectados” soropositivos brasileiros com até 13 anos de idade infectaram-se pela transmissão vertical (da mãe para o recém-nascido, principalmente no momento do parto). A principal conclusão da pesquisa foi que a fé religiosa é a grande base de segurança e força para os pais enfrentarem a situação. “Esse foi o aspecto cultural mais expressivo que emergiu das narrativas dos pais”. Segundo o relato da pesquisadora, as expressões mais ouvidas foram “é Deus que vai curar (salvar) nosso filho” e “Deus dá a sabedoria para a evolução da ciência”. Do grupo de 11 mulheres, nove eram católicas e duas evangélicas. PRECONCEITO Desse grupo, todas as mulheres foram infectadas por via sexual e três só descobriram ser portadoras do HIV após engravidarem. Para obter os elementos necessários para a pesquisa foi preciso estabelecer uma relação de muita confiança com os entrevistados. “Afinal, o HIV envolve questões particulares, individuais e tabus como sexualidade, dependência química, morte e moral”, explica a pesquisadora. “Mesmo depois de 25 anos da epidemia de Aids, a patologia ainda é revestida de muito preconceito”, lamenta. Em dois casos, as famílias do marido não sabiam da soropositividade da gestante. “Um dos problemas enfrentados pela grávida soropositiva é que ela trafega na contramão da sociedade”, revela Janie. Por não poder optar pelo parto natural ou amamentar com o seu próprio leite, condições que aumentam de maneira preponderante o risco de contaminar o recém-nas- Informativa - Revista ANEC | educação superior cido, a mãe portadora do HIV vai contra tudo aquilo que as políticas de saúde determinam e os especialistas orientam. “É uma experiência traumatizante e emocionalmente dolorosa para a mãe”, afirma a professora. “Quando a família não sabe da sua condição, não consegue entender suas razões e acaba, muitas vezes, criticando-a e tornando a situação ainda mais difícil”, explica. 71 educação superior Criatividade também pode ser ensinada e aprendida Professores: Diretoria de Comunicação e marketing da UCB – colaboração Ane Gottlieb/OPM Mito do “geniozinho criativo” só atrapalha. Figura do professor é vista como fundamental para transformar alunos em pensadores criativos e independentes, mas poucos docentes têm formação adequada para atuar como “facilitadores” no processo. C riatividade não é uma qualidade essencial apenas de estudantes de cursos como Publicidade e Propaganda. Em tempo de pressões competitivas, mudanças e incertezas há necessidade, cada vez maior, de formar profissionais com capacidades criativas em todas as áreas. O profissional que sai da universidade, tendo cultivado essa característica, tem mais chances de se destacar no mercado de trabalho, pois é visto como alguém apto a dar soluções para problemas imediatos e imprevisíveis, uma vantagem em qualquer profissão. A maioria dos professores universitários, porém, segundo a pesquisadora Eunice Alencar, ainda não tem formação voltada para a área da criatividade e desconhece o que é pesquisado sobre o assunto. A professora Eunice é PhD em Psicologia pela University of Purdue, nos Estados Unidos, atua como professora do Mestrado e do Doutorado em Educação da Universidade Católica de Brasília e é especialista em criatividade no contexto educacional. O conhecimento teórico e técnico dado pelas universidades não basta, quando se trata de desenvolver a criatividade. É necessário que haja estímulos dentro do ambiente acadêmico que ajudem no crescimento dessa habilidade. A figura do professor é vista como fundamental para o desenvolvimento dessa capacidade nos estudantes. Com professores “facilitadores”, os alunos têm uma possibilidade maior de se tornarem pensadores criativos e independentes. Facilitador x inibidor – Com mais de 130artigos publicados em periódi- 72 Informativa - Revista ANEC | educação superior cos, sobre, por exemplo, “Como desenvolver o potencial criativo de nossos alunos” (2007), Eunice conseguiu caracterizar, entre outras coisas, atitudes dos professores que facilitam e que inibem o crescimento da criatividade no aluno. Ela aponta três fatores primordiais, presentes nos profissionais que facilitam o processo criativo, que usam de diferentes práticas pedagógicas, que preparam o conteúdo antes de entrar em sala de aula e que se relacionam bem com os discentes. Os professores que trabalham atividades diversificadas incentivam os alunos a questionarem, refletirem e participarem. Importa também ter o conteúdo sempre na ponta da língua, previamente pensado para ministrar as aulas e ser sempre ami- “A maioria dos professores não têm formação voltada para a área da criatividade e desconhecem o que é pesquisado sobre o assunto.” gável, tratar com respeito e cordialidade os alunos. Já aqueles que colocam o conteúdo de maneira mecânica, que são simples tradutores de textos e que têm um mau relacionamento com os alunos, ignorando suas contribuições, ridicularizando-os, causam temor e ansiedade, inibindo a criatividade. Derrubar o mito – A criatividade não é mais vista pela sociedade como uma característica exclusivamente inata ou provinda da inspiração, apresentada em gênios e artistas, e que não pode ser ensinada ou aprendida. Hoje ela é caracterizada de outra maneira. Para o crescimento dessa característica, devem ser considerados aspectos que ajudam no conhecimento criativo, como o comprometimento, a dedicação, o ambiente e o contexto sócio-histórico-cultural da pessoa. O mito de que a criatividade pertence a poucos só inibe aqueles que querem crescer nesse aspecto. O que os alunos dizem 1 Professor estimulador: Aberto a críticas e ideias divergentes Pontual e assíduo Tem senso de humor Autoconfiante Professor inibidor: Autoritário Instável Arrogante e grosseiro Inseguro _______________________________ 1 Fonte: O perfil do professor facilitador e do professor inibidor da criatividade segundo estudantes de pós-graduação da UCB (2000). Informativa - Revista ANEC | educação superior 73 educação superior Unisinos festeja 40 anos com Bolero de Ravel Assessoria de comunicação - Unisinos 74 Informativa - Revista ANEC | educação superior A o som do clássico Bolero, de Maurice Ravel, a Unisinos festejou suas quatro décadas de funcionamento como universidade em uma festa que lotou a Galeria Cultural da Biblioteca de personalidades. Entre os convidados, funcionários, professores, alunos e empresários. A comemoração foi na noite de sexta, 31 de julho, Dia de Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus. “Acredito que é sempre relevante em Dia de Santo Inácio de Loyola podermos confraternizar. Nesta data, lembramos daqueles que se dedicaram, na década de 1960, a dar início à universidade e, na esteira deles, dos que a lideram hoje, com votos de que o trabalho possa prosseguir”, disse o superior-geral da província do Brasil Meridional João Geraldo Kolling, também presidente da Associação Antonio Viera, mantenedora da Unisinos. A governadora Yeda Crusius, que não pode comparecer à cerimônia, enviou um vídeo para ser exibido na abertura da solenidade, após missa celebrada pelo arcebispo de Novo Hamburgo, Dom Zeno Hastenteufel. “A Unisinos ajudou o Estado a desenvolver capacidade humana e profissional, sendo responsável pela formação técnica e ética. É uma referência em ensino e educação. Parabéns aos 40 anos de dedicação a um Estado melhor.” Logo após, o reitor Marcelo Fernandes de Aquino tomou o microfone para apresentar uma breve síntese dos trabalhos realizados nos últimos anos e os planos para o próximo mandato ao lado do vice-reitor José Ivo Follmann. Antes, no entanto, ele fez questão de saudar, entre os convidados, o primeiro reitor da universidade, João Oscar Nedel, e Aloysio Bohnen, que estiveram à frente da Unisinos por 20 anos. Juntos, salientou Marcelo de Aquino, eles ajudaram a conduzir a Unisinos na parceria de construção do consenso republicano. “A Unisinos se apresenta como parceira das políticas públicas de estado, buscando uma educação que abra os bens da sociedade do conhecimento a toda a sociedade”, lembrou o reitor. “A República começa quando recuamos dos nossos interesses privados e construímos o bem comum”, completou. Em termos internos, o dever de casa da comunidade acadêmica para a próxima década, lembrou ele, é o aprimoramento da gestão de Informativa - Revista ANEC | educação superior projetos e processos. Para isso, é preciso banir a mediocridade e focar na audácia na construção de competências. Essa lógica deverá ser aplicada, em especial, em três linhas estratégicas: parcerias, empreendedorismo e inovação. Se, nós, com tradição humanista, não tivermos ousadia para fazer a inflexão tecnológica, seremos levados a rodo”, pontuou. “E, finalmente, temos, no nosso posicionamento estratégico o compromisso”, reforçou. O discurso mais formal de prestação das contas passadas e dos projetos futuros deu espaço à dança solta e empolgante do grupo de dança e percussão Baturidança, do Programa Esporte Integral, e ao som cadenciado dos instrumentos da Orquestra Unisinos. Um dos momentos mais emocionantes foi a interpretação do Bolero de Ravel. A obra de ritmo invariável, melodia uniforme e repetitiva foi um pedido pessoal do reitor. Antes do início do coquetel, o grupo liderado pelo maestro Evandro Matté deu um presente especial aos convidados: tocou “parabéns” à Unisinos. 75 educação superior Gestão: Fazendo a lição de casa Lana Canepa - Jornalista da ANEC O Ensino Superior enfrenta uma mudança expressiva provocada pelos novos padrões da vida moderna. A competitividade, imposta pelas disputas de um espaço digno no mercado obriga os gestores e educadores a repensarem os caminhos das Instituições. E um desses caminhos, para melhorar a eficiência da gestão e excelência no ensino, é a Tecnologia da Informação. Os efeitos afetam os resultados no processo do ensino e também no processo de gestão do negócio. Muitos exemplos já podem ser citados para motivar os que apostam nesta técnica. A Universidade Católica de Brasília enfrentava problemas, principalmente de dependência excessiva da burocracia e falta de eficiência nas questões operacionais. O Diretor Administrativo da Instituição, Professor Leonardo Nunes Ferreira, afirma que eles contavam com informações pretéritas para tomar decisões no presente. O resultado era que a Instituição não conseguia fazer um acompanhamento mais efetivo de orçamento e fluxo de caixa. “As pessoas imaginam que os indicadores de desempenho na área administrativa são apenas financeiros. Nós montamos um modelo que contempla indicadores de ordem financeira e não financeira e por meio da Gesplan, empresa que planejou a nova estratégia de trabalho, se consegue fazer a sinergia. Portanto, atualmente, temos indicadores financeiros, pedagógicos e da gestão das pessoas”. Ainda de acordo com Leonardo Nunes a experiência teve ótimo resultado. O processo de mudança já esta consolidado e a eficiência operacional cresceu 80%. A economia de recursos também apresentou indicadores positivos, girando entre 20% e 30%. Uma queda brusca de receita muitas vezes é atrelada a questões relacionadas à inadimplência e evasão dos alunos. Esta conclusão vem 76 Informativa - Revista ANEC | educação superior “É importante lembrar que todos os projetos que fracassaram em tentativas de implementação de tecnologia para a gestão acabam assim porque se tentou adaptar demais a tecnologia ao modus operandi atual” do setor administrativo, mas o fenômeno da evasão pode não ser meramente econômico. Passa por uma questão de postura do professor, de adequação do estudante à universidade e estes são fatores atrelados ao ensino. É preciso buscar então, uma sinergia entre as áreas administrativas e pedagógicas. E estas soluções são pensadas, por exemplo, por empresas contratadas para investir em projetos de Planejamento e Orçamento, Gestão de Performance e Gestão Financeira. Umas dessas empresas que conseguiu destaque no mercado é a Gesplan, o diretor executivo, José Sergio Gesser, conta a receita de sucesso. “Eu diria que o primeiro passo é a alta gestão e estar consciente. Trabalhar as pessoas e os processos para receber as novidades. Por fim vem a tecnologia. Se você trabalhou bem as pessoas e bem os processos, a tecnologia passa a ser uma etapa mais simples. Um ingrediente para que a coisa não desande é você ficar atento a ideia de que a tecnologia tem alguns ajustes, mas ela deve ser assumida naquele padrão que trouxe um modelo de gestão baseado em melhores práticas. É importante lembrar que todos os projetos que fracassaram em tentativas de implementação de tecnologia para a gestão acabam assim porque se tentou adaptar demais a tecnologia ao modus operandi atual. Então o importante é que as pessoas realmente devem quebrar os seus paradigmas para utilizar a tecnologia da maneira adequada ao novo”. Gesser lembra que na área do ensino, diferente do que acontece em outras indústrias um desafio é que os gestores são os próprios professores. Eles estão muito ligados à área do ensino em sala de aula e, às vezes, pouco estimulados para fazer contas e acompanhar o resultado. “Então, esta dinâmica, esta disciplina, tem que estar assumida. Senão você esta fadado ao fracasso porque é o mesmo de implementar uma tecnologia que vai ser colocada em cima da geladeira para ficar olhando e não usando”. Outro exemplo que deu certo aconteceu na UNISINOS, Universidade do Vale do Rio dos Sinos. O Pró Reitor da Instituição, Célio Pedro Wolfarth, afirma que a estrutura administrativa estava muito pesada e afetava a agilidade em tomar decisões. A Universidade passou por um processo de transformação do seu modelo de gestão. Saímos de um modelo tradicional para uma estrutura muito menor de administração, 17 diretorias foram extintas. “Este trabalho começou a ser feito em 2003, e já no ano seguinte foi colocado em prática. Nós tínhamos várias Reitorias e Pró Reitorias e a estrutura foi revista. Em termo de redução de custo o resultado atingiu a marca de mais de 30%, deu certo”. Informativa - Revista ANEC | educação superior 77 educação superior Solidariedade: atendimento jurídico de graça para os carentes Assessoria de comunicação - NUPRAJUR 78 Informativa - Revista ANEC | educação superior “Uma vez que uma pessoa chega para o atendimento, ela passa pela triagem, e na mesma semana entra em contato com os advogados que montam o processo e dão os devidos encaminhamentos” O Núcleo de Práticas Jurídicas da Faculdade Salesiana de Santa Teresa de Corumbá (NUPRAJUR) vem obtendo excelentes resultados no que se refere aos atendimentos à população mais carente da cidade tanto na área civel como na penal. Para o coordenador do NUPRAJUR, e presidente da OAB em Corumbá, Professor Alcindo Cardoso do Valle Junior, o Nuprajur é um excelente laboratório da atuação jurídica, onde os acadêmicos vivenciam o dia a dia da prática forense nas áreas civel e criminal. Os acadêmicos do curso de Direito da Faculdade são orientados e acompanhados por profissionais capacitados para realizarem o trabalho de atendimento a população. Além disso, diz ele, o NUPRAJUR proporciona à comunidade carente das cidades de Corumbá e Ladário, atendimento jurídico gratuito e de qualidade, ressaltando uma grande interação do curso de Direito da FSST com a sociedade local. A assistente social, Renata Papa, que desde o início trabalha na triagem social do Núcleo acredita que o trabalho realizado é fundamental para a população carente. No NUPRAJUR, diz ela, o atendimento é imediato. “Uma vez que uma pessoa chega para o atendimento, ela passa pela triagem, e na mesma semana entra em contato com os advogados que montam o processo e dão os devidos encaminhamentos.” Para a senhora Severina Fernandes Sampaio, que veio solicitar atendimento, o Núcleo é algo bom para a sociedade. “Desde o primeiro momento fui muito bem atendida. É uma chance de termos todos os nossos direitos esclarecidos de uma forma direta.” acrescentou. A senhora Elaine Hofman procurou o núcleo para retificar o atestado de óbito de seu pai. “Aqui o atendimento é na hora. Informativa - Revista ANEC | educação superior Além disso, o serviço é de qualidade.” Cintia Helena Rodriguez Gomes, secretária do NUPRAJUR, faz atendimentos e auxilia os orientadores dos estagiários do curso de Direito. Para ela, o atendimento representa para os acadêmicos um importante laboratório, principalmente por trabalharem com casos que eles vão, certamente, enfrentar no mercado de trabalho. Em relação ao serviço prestado, acrescenta, “Oferecemos no NUPRAJUR um serviço mais rápido e a custo zero, contribuindo assim com a Defensoria Pública.” O NUPRAJUR é hoje a expressão concreta do compromisso educativo e social que os salesianos e toda a comunidade acadêmica da Faculdade de Santa Teresa tem com a população da cidade de Corumbá e Ladário. 79 informativo publicitário 80 Informativa - Revista ANEC | informativo publicitário Informativa - Revista ANEC | informativo publicitário 81 educação básica Colégio Maria Auxiliadora ensina voluntariado e criatividade Assessoria de comunicação - CEMA A primeira iniciativa foi destinada aos alunos do 5º Ano do Centro Educacional Maria Auxiliadora. Em Brasília eles participaram de uma atividade diferente com a proposta de estimular a criatividade dos alunos. Eles conheceram algumas fábulas, e seus autores, e expressaram opiniões e comentários sobre o assunto. O resultado foi a criação de novas fábulas por meio da linguagem gráfica ou escrita. O projeto favoreceu o desenvolvimento lúdico dos alunos, tais como: desenhos, produções de textos e dramatizações. A reunião de todo o trabalho foi apresentada na Feira do Livro. Educadores, alunos e pais se uniram na apresentação de uma peça de teatro para o público. Voluntários da diversão A segunda iniciativa foi realizada com os alunos do Ensino Fundamental II e Ensino Médio do Centro Educacional Maria Auxiliadora. Os estudantes elaboraram, a partir da escolha e do conhecimento de uma instituição carente, um projeto. Eles planejaram um dia especial para a instituição de assistência social e pensaram em tudo que seria necessário para que o plano fosse cumprido. “Percebemos que estavam alegres, não só pela diversão, mas pelo carinho de cada um de nós. Foi excelente realizar o projeto, praticando a solidariedade de maneira mais divertida e satisfatória.” (Aluna : Giovana – 1ª série EM) Esta é a forma mais simples e eficiente de mostrar aos jovens o papel do voluntariado e como a educação tem um papel essencial na formação de um cidadão. 82 Informativa - Revista ANEC | educação básica Semana Cultural faz escola respirar arte Assessoria de comunicação - Colegio Marista Ipanema O s corredores do Colégio Marista Ipanema, as salas de aula e o Salão de Atos viraram uma grande exposição artística e literária no mês de julho. Foi a II Semana Cultural do Marista Ipanema que aconteceu de 13 a 18/07 nos ambientes da escola situada na zona sul de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. O tema da Semana Cultural foi o Ano da França no Brasil. O evento apresentou releituras de pintores famosos realizada pela Educação Infantil e 1ª séries, Hora do Conto com escritores, exposições de fotografias e trabalhos pelo Ensino Fundamental e Médio, filmes, gastronomia com pais, palestras, café cultural, recreio musical, teatro, entre outras atrações. No mesmo período, aconteceu a III Feira do Livro que prestou homenagem a São Marcelino Champagnat, fundador da Congregação Marista, e os 10 anos de sua canonização. A patrona da Feira foi a escritora gaúcha Marô Barbieri que tem mais de 15 livros entre literatura infantil e infanto-juvenil. A Semana Cultural e a III Feira do Livro estiveram abertas a toda a comunidade reforçando que o ambiente escolar não é apenas um local de aprendizagem e sim de convívio para a família e o estudante. O Colégio Marista Ipanema preza pela educação e cultura através de eventos focados no conhecimento e na troca de ideias. Por isso, trouxe escritores que falaram da importância da leitura na formação do indivíduo, levou música aos jovens e adultos através do Recreio Musical e do Café Cultural, poesia para iniciantes e oficinas para quem gosta de histórias. A II Semana Cultural abriu a todos os participantes um pouco da história da França e do fundador da Congregação Marista, São Marcelino Champagnat. Ou seja, foram Informativa - Revista ANEC | educação básica momentos onde a arte inspirou a educação. O Colégio Marista Ipanema está localizado no bairro Ipanema, zona sul de Porto Alegre e iniciou suas atividades em 2007, oferecendo turmas para Educação Infantil e Ensinos Fundamental e Médio. Hoje, com 550 alunos, a escola também oferece oficinas extraclasse e Turno Integral. 83 educação básica Celebrando nossa história: 80 anos de presença no Brasil Prof. Francisco Morales Cano Diretor Educacional Corporativo “Somos caminhantes, peregrinos em trânsito. Devemos, pois, sentir-nos insatisfeitos com o que somos, se quisermos chegar ao que aspiramos. Se nos agrada o que somos, deixaremos de avançar. Se o crermos suficiente, não daremos um passo a mais. Sigamos, pois, em marcha, indo para frente, caminhando para a meta. Não tratemos de parar no caminho, ou de voltar a vista para trás, nem de desviar-nos da rota. Quem para, não avança. Quem se apega ao passado, volta as costas para a meta. Quem que se desvia, perde a esperança de chegar.” (Santo Agostinho, Sermo 169,15,18 ) 84 Informativa - Revista ANEC | educação básica O s Freis Agostinianos da Ordem de Santo Agostinho, pertencentes ao Vicariato Nossa Senhora da Consolação do Brasil, celebram, em 2009, 80 anos de presença no Brasil e 75 anos do Colégio Santo Agostinho de Belo Horizonte - MG. A chegada dos primeiros religiosos provenientes da Província Matritense, da Espanha, ocorreu no dia 29 de setembro de 1929. “Aqueles religiosos não se davam conta do que poderia vir a significar aquele enorme sacrifício e esforço que estavam fazendo, atravessando o oceano Atlântico, em navegação precária e arriscada para o seu tempo, para chegarem num outro continente. Quais teriam sido os sonhos e esperanças que os motivaram naquela missão inicial? O espírito missionário, sustentado pela fé e amor ao Evangelho e à Ordem, com certeza faziam parte da bagagem que traziam. Também a esperança de novas vocações e o desejo de salvar outras, arriscadas pela guerra civil que se avizinhava no país de origem, faziam parte deste projeto inicial. Eles plantaram as primeiras sementes que germinaram rapidamente e possibilitaram os primeiros frutos, fundando paróquias e colégios e colocando-se à disposição das Igrejas locais e suas necessidades pastorais”. (Frei Luiz Antonio Pinheiro-OSA) Das muitas obras que surgiram desta presença, temos na educação de crianças, jovens e adultos um de nossos pilares mais importantes. As unidades do Colégio Santo Agostinho de Belo Horizonte, Contagem e Nova Lima, no Estado de Minas Gerais, se destacam pela qualidade no ensino conquistada pela valorização da pessoa humana e seus múltiplos potenciais. Não diferente a educação e a profissionalização de tantas pessoas através da Escola Profissionalizante Santo Agostinho; da Obra Social AIACOM (Armazém de Idéias e Ações Comunitárias), na cidade do Rio de Janeiro; do Projeto Social Santo Agostinho, na cidade de Bragança Paulista – SP; dos cursos pré-vestibulares e da alfabetização de jovens e adultos oferecidos gratuitamente à população de baixa renda. Formar gente é a razão de 75 anos do Colégio Santo Agostinho Foi assim: Um pequeno grupo de jovens padres espanhóis aceitou o desafio de deixar a convulsionada e pobre Espanha, na década de 1930, Informativa - Revista ANEC | educação básica para aventurar-se no desconhecido, misterioso e longínquo Brasil. O objetivo era evangelizar, espalhar valores e ideais cristãos e firmar a presença agostiniana nas terras de Santa Cruz. Mar, navio, longos dias, águas bravas, medos, sonhos, ideais, mas muita confiança e um espírito indomável. Ao final, Ele vinha na frente. É assim: Hoje, quando se completam 75 anos do lançamento da semente que foi a implantação do Colégio Santo Agostinho em Belo Horizonte, passados os anos, projetos trabalhados, sonhos realizados, é dever de justiça a homenagem e o pleito de admiração para com os homens e a Instituição Agostiniana que, num arrebato de desprendimento e sã loucura, fizeram possível esta empreitada. Assim será: Tarefa a ser cumprida por todos. Comunidade educativa aberta e desafiadora, lugar de encontro e diálogo de pessoas, construção de vidas e futuros, sonhos impossíveis a realizar, mística, fermento, homens e mulheres juntos! Assim foi, assim é e assim será! Parabéns a todos pelos 75 anos do Colégio Santo Agostinho! 85 educação básica VIVENCIANDO A SOLIDARIEDADE: “SERVIR PARA SER MAIS!” Sinésio Fernandes Coordenador da Pastoral e SOR – Serviço de Orientação Religiosa Colégio Catarinense/ Florianópolis/SC 86 Informativa - Revista ANEC | educação básica “O amor a Deus, o amor ao outro e a justiça têm sua mesma fonte, o Evangelho e, por isso, não podem ser vividos separadamente” C omo relacionar solidariedade e currículo escolar? Como aproximar experiências pastorais e reflexão em sala de aula, formação acadêmica e visão de mundo? Como articular o trabalho solidário com o projeto pedagógico do Colégio? Estas são apenas algumas questões que o Colégio Catarinense, como Instituição Educativa da Companhia de Jesus, se depara no seu cotidiano. O Setor de Pastoral procura fazer este diálogo e esta aproximação, afinal, em um colégio de inspiração inaciana todos os educadores são também evangelizadores e cooperam na formação humana, social e crítica de seus alunos. A Solidariedade é uma virtude humanizadora. Ela amplia o grau de consciência e a sensibilidade social. A cultura da solidariedade envolve ações pontuais, mutirões solidários, campanhas humanitárias, vivências e voluntariado, mas, sobretudo, uma nova racionalidade que ultrapassa a lógica da exclusão. Os valores que emergem das leis do mercado, do sistema econômico, são a competitividade, a eficiência e a modernização, permeiam estas leis a busca excessiva do consumismo, o individualismo e a indiferença social. É, pois, tarefa da educação ir modificando criticamente esse modo de pensar, viver, comunicar-se em que as leis de mercado, a dinâmica do provisório imposta pelas inovações sofisticadas dêem lugar ao “desenvolvimento integral do ser humano”. A Escola surge como meio e sujeito do conhecimento para promover a reflexão e a reconstrução do ser humano, apontar para novos valores éticos, morais e sociais, que são os alicerces de uma nova sociedade e de um desenvolvimento que contemple a todos e não privilegie uma minoria. O conhecimento deve ser fonte de libertação, de realização e de autonomia. Informativa - Revista ANEC | educação básica O Reino anunciado por Jesus Cristo, supõe um compromisso eficaz com a justiça. A justiça do Reino realiza-se no presente. Numa sociedade de exclusão, de pobreza, de corrupção, de acumulação de capital, que não se preocupa com a pessoa, não existe felicidade. Os pobres só podem ser felizes quando deixam de ser pobres, isto é, quando podem participar da sociedade humana, vivendo ou lutando por sua dignidade. O amor a Deus, o amor ao outro e a justiça têm sua mesma fonte, o Evangelho e, por isso, não podem ser vividos separadamente. Da mesma forma, a mudança pessoal, em termos de fé, em termos de visão de mundo não acontece isoladamente; junto com a transformação da pessoa deve acontecer a transformação de estruturas. Se o ser humano é o caminho para Deus, para Inácio de Loyola, o ponto de encontro 87 educação básica do ser humano está no mundo. Traduzindo para o campo da educação, este princípio significa que o encontro do ser humano com Deus se dá no campo da cultura. Fé e cultura estão intimamente relacionadas. Portanto, a educação deve ser profundamente humanista. O conhecimento deve ajudar o aluno a buscar o significado do que aprendeu para a vida, a perguntar-se sobre as implicações, conseqüências e influências do que estudou sobre a sociedade, capacitando-o, assim, para a ação. A excelência humana está ligada à capacidade de perceber a realidade em que vive o homem, marcada pela fragmentação dos valores da pessoa, da ciência, da cultura, que o leva a viver de forma individualista, 88 gerando uma sociedade para si. Como se percebe em nossa sociedade, aumenta o número de pessoas à margem dos bens, dos benefícios sociais e da felicidade. Diante dessa situação de injustiça, é necessário ter a capacidade de indignar-se, mas a indignação exige algumas características para ser de fato humana: Competência, Consciência, Compaixão e Compromisso. A competência implica na formação de lideranças dentro de um mundo fragmentado e competitivo. Só existem líderes se existir excelência humana e acadêmica. Esta qualidade, na educação jesuítica, é funcional: é uma forma de servir mais e melhor. Num mundo de competitividade selvagem e falta de solidariedade crescente, essa característica é inegoci- Informativa - Revista ANEC | educação básica ável. Por isso, a Escola como um todo deve caminhar para a construção de uma “cultura da solidariedade”, aproximando os conhecimentos adquiridos em sala de aula com a realidade e o contexto social em que se situa, gerando nos alunos um processo de reflexão e consciência. E mais do que isso, provocando a mudança de atitudes e um compromisso ético com a “fé que promove a justiça”. Em outras palavras, formar “homens e mulheres para os outros e com os outros”. Esta formulação de Pedro Arrupe, completada por Peter-Hans Kolvenbach é marca registrada da pedagogia inaciana. Superar o egoísmo para ir ao encontro das necessidades do outro é garantia de felicidade, de paz e fraternidade para todos. É o caminho mais segu- “ Só existem líderes se existir excelência humana e acadêmica. Esta qualidade, na educação jesuítica, é funcional: é uma forma de servir mais e melhor” ro para a construção da própria identidade. Por isso, além do trabalho em sala de aula, em manhãs, tardes e noites de formação, também são desenvolvidas ações e projetos que possibilitam a vivência concreta da solidariedade. A partir do 4º Ano do Ensino Fundamental até a 3ª Série do Ensino Médio acontecem os projetos solidários em entidades que desenvolvem algum trabalho social. Os alunos participam de convivências com pessoas idosas e deficientes; visitam creches, comunidades de dependentes químicos e orfanatos; inserem-se em atividades lúdicas e formativas na Pastoral da Criança, no chamado “dia do peso”. De uma sensibilização inicial nos primeiros anos, parte-se para um processo de reflexão e conscientização nos anos intermediários, com o intuito de provocar, nas últimas séries de formação, o exercício consciente da cidadania e do amor ao próximo. Não queremos que os alunos sejam somente “os melhores” intelectualmente, mas se destaquem em nossa sociedade como líderes que venham “fazer a diferença”, cooperando para a edificação de um mundo mais humano e fraterno. O Outro, o mais pobre e o excluído não pode ser “um estranho” para um aluno ou um ex-aluno de um colégio jesuíta. Deve-se impulsioná-lo a agir concretamente, rompendo barreiras e preconceitos, formando uma rede de “inquietos”, de pessoas que não se acomodam diante das injustiças. Este é o nosso Informativa - Revista ANEC | educação básica ideal de formação e de evangelização. Muitos já são os frutos que estamos colhendo e muitos ainda virão. É preciso “crer na força da semente”! 89 educação básica Colégio Claretiano: 70 anos de educação para toda a vida! Assessoria de comunicação - Colégio Claretiano O s Missionários Claretianos chegaram ao Brasil em 19 de novembro de 1895 e se estabeleceram em São Paulo, no bairro da Santa Cecília, à rua Jaguaribe, onde a princípio instalaram a gráfica da Revista Ave Maria, que depois tornou-se a Editora Ave Maria. Em 1905, a Congregação decidiu instalar uma escola fundamental, para o ensino básico dos trabalhadores da região, com o nome de Escola Coração de Maria. Essa escola funcionou até 1910, quando deixou de existir por falta de alunos, ficando o prédio exclusivamente para a Editora. Em 1935, a gráfica da Editora mudou-se para outro prédio, na Rua Martim Francisco. Com a desocupação do prédio da Rua Jaguaribe abre-se a possibilidade de novamente se instalar uma escola na região, decisão que a Congregação assume em 1939. No dia 22 de agosto de 1939, foi aprovado o Estatuto que tornava realidade a implantação do Colégio Claretiano, que abriu o primeiro ano letivo em fevereiro de 1940, tendo o Pe. Raimundo Pujol e o Pe. Crescêncio Iruarrizaga como seus primeiros professores. A partir dessa data, o Colégio Claretiano foi conquistando seu espaço na comunidade educacional. Em 9 de março de 1950 o Colégio recebeu autorização para o funcionamento do segundo ciclo, chamado curso ginasial. Em 14 de junho de 1965 foi concedida também a abertura do curso noturno de Educação de Adultos (1ª a 4ª série do Fundamental). Ao longo dos 70 anos de sua existência o Colégio Claretiano busca viver sua missão inspirada nos valores éticos e cristãos e no carisma claretiano voltado para a formação integral da pessoa humana, capacitando-a para o exercício profissional e para o compro- 90 Informativa - Revista ANEC | educação básica misso com a vida. Essa missão é caracterizada pela investigação da verdade, o ensino e a difusão da cultura, que dão pleno significado à vida. O Colégio Claretiano passou por uma grande evolução durante esse período, crescendo e se aprimorando, fazendo do ensino o meio de construir conhecimento e cidadania. E hoje, se destaca por oferecer educação de qualidade, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio, investindo em instalações modernas, na qualificação de professores e colaboradores e em recursos pedagógicos atualizados. A educação humanista claretiana propõe uma pedagogia e uma didática que estejam em harmonia com o ser e o aprender do aluno, formadoras do espírito de cooperação e de solidariedade inerentes ao cristão. O projeto educativo claretiano desenvolve também a cons- ciência voltada para a realidade do mundo dos carentes e necessitados através da sua inserção e colaboração com ações dentro da comunidade local e com projetos sociais concretos: Creches, CJ (Centro de Juventude), além da Missão Claretiana em Moçambique (África), coordenada pela comunidade aqui instalada. Essas e outras iniciativas encontram o apoio do Colégio tanto na área pedagógica quanto na disponibilização do seu espaço físico e equipamentos, como as quadras de esportes, laboratório de informática, etc. Em 1998, juntamente com o Colégio Claretiano, abriu-se espaço para a Faculdade Claretiana, com o curso de Ciências da Religião, reconhecido pelo MEC em março de 2004, e em 2005 foi instalado também o EAD (Ensino a Distância), integrando o projeto educativo dos claretianos na cidade Informativa - Revista ANEC | educação básica de São Paulo que, com esta disposição, perseverança e afinco, vem construindo sua tradição ao mesmo tempo em que realiza sua missão evangelizadora tendo a educação como instrumento. 91 educação básica Colégio prepara jovens empreendedores Assessoria de comunicação - Colegio Marista Conceição 92 Informativa - Revista ANEC | educação básica O Colégio Marista Conceição, de Passo Fundo RS, está realizando desde o início do ano o Programa Miniempresa da Associação Junior Achievement. A associação existe em todo o Brasil e serve para estimular o empreendedorismo nos jovens. O trabalho é feito com alunos da 2ª série do Ensino Médio. O programa Miniempresa é desenvolvido em quinze semanas. As jornadas semanais têm duração de três horas e meia e são realizadas no Conceição, todas as segundas-feiras à noite. Os alunos do colégio são assessorados por profissionais voluntários da área empresarial, que realizam um importante trabalho de orientação em marketing, finanças, recursos humanos e produção. O grupo é formado por 20 alunos. Depois de eleger a presidente e quatro diretores das áreas de marketing, finanças, recursos humanos e produção, os jovens selecionaram o produto a ser comercializado: cobertor de soft, com proteção para os pés. Os alunos fizeram pesquisas, realizaram estudos de viabilidade do negócio e capitalizaram a empresa Soft Dreams através da venda de ações. Na fase de produção, o grupo está confeccionando os cobertores, e desenvolvendo a estratégia de marketing para realizar as vendas. Pagam impostos, recebem salários e comissões de venda, fazem a contabilidade e são auditados. Ao final das quinze semanas, farão o balanço, distribuindo os lucros aos acionistas, e aí então fecham a miniempresa. Para o aluno Sidnei Junior, nomeado diretor de marketing da miniempresa, este trabalho “está sendo ótimo já no começo, e tem tudo para ser um grande sucesso, além de proporcionar experiência aos estudantes”. Informativa - Revista ANEC | educação básica Os cobertores já tem a demanda necessária para fechar o ano com bons lucros. A procura pelos produtos é tanta, que até já foram desenvolvidos cobertores personalizados com os times de futebol gaúchos. No decorrer do Programa, a Junior Achievement proporciona aos jovens oportunidades de contato com o mercado, a fim de vivenciarem a realidade empresarial e perceberem o funcionamento de uma organização. São realizadas palestras com empresários, visitas a empresas e participação em feiras. A coordenadora dos jovens empreendedores, professora Eliana Glória Missel, afirma que o objetivo está sendo atingido, pois “oportuniza ao aluno a experiência de passar por todos os processos de uma empresa, queira ele ser empreendedor ou não”. 93 educação básica Fórum para Educadores e Pais: espaço de debates e soluções Ir. Analuísa Venturini - Diretora Alícia Semira Pasquali - Orientadora Pedagógica 94 Informativa - Revista ANEC | educação básica “ O Fórum chega, hoje, à sua sexta edição e tem atingido proporções cada vez maiores de participação, reunindo educadores, orientadores, psicólogos, psicopedagogos, fonoaudiólogos, assistentes sociais, médicos, empresários e outros profissionais” O Fórum para Educadores e Pais, uma iniciativa do Colégio São Bento, foi criado com o objetivo de congregar pais, educadores e profissionais de áreas afins, em torno de uma mesma discussão, ou seja, num grande debate sobre as questões voltadas à formação da criança e do adolescente do mundo moderno, bem como refletir sobre o papel da escola e da família, no cumprimento dessa finalidade, com todas as implicações desse processo. Lançado no ano de 2004, o Fórum chega, hoje, à sua sexta edição e tem atingido proporções cada vez maiores de participação, reunindo educadores, orientadores, psicólogos, psicopedagogos, fonoaudiólogos, assistentes sociais, médicos, empresários e outros profissionais que demonstram grande interesse, nos debates proporcionados. Das temáticas abordadas ao longo desses seis anos de existência, o Fórum sempre trouxe à tona questões do contexto educacional que, na verdade, trazem certas inquietudes dos profissionais incumbidos da tarefa de educar, mas, também, preocupações dos pais comprometidos com a formação dos filhos. Assim, em 2004, o primeiro Fórum teve, como eixo central de discussão, o tema “ Família e Escola: Comungando Valores e Saberes”, que convidava os participantes a refletirem sobre a mediação da família e da escola, enquanto parceiras no processo educativo de crianças e adolescentes, através dos apontamentos apresentados por Maria de Lurdes Zanatta e Luiz Carlos Prates. No ano de 2005, o tema que permeou o debate do segundo Fórum foi a “Educação Contemporânea, na Formação da Criança e do Adolescente“. Palestrantes como Gildo Volpato, Onete Ramos Informativa - Revista ANEC | educação básica Santiago, Maria Tereza Maldonado e Carla Marchesini estiveram conduzindo as discussões, no sentido de mostrar à família e à escola a necessidade de construírem, juntas, um novo olhar, com outras medidas e posturas que pudessem contribuir com a educação da criança e do adolescente do mundo global, dando-lhes a consideração e o respeito merecidos. “A Era da Competência: Transformando Informação em Conhecimento“ foi o tema que sustentou a reflexão do terceiro Fórum, no ano de 2006, levando pais e educadores a repensarem a educação em torno da competência, visto que, no mundo da modernidade, a informação é apenas um dado entre muitos; por isso, necessita ser ressignificada para ser transformada em conhecimento que possa ser usado em favor das necessidades humanas. Pierluigi Piazzi, Sônia Maria Parente, 95 educação básica Neuza Amorim Fleury Machado e Clarisse Leal foram os mediadores desse debate. Em 2007, na quarta edição do Fórum, que trazia, no âmago de sua discussão, o tema “Excelência em Educação - Um Desafio Atual“, o debate inflamou-se ainda mais, com a presença marcante e o discurso fundamentado de Eduardo Ferreira Santos, Içami Tiba, Caio Feijó e Clóvis Amorim que, com propriedade, fizeram com que os participantes refletissem sobre a necessidade do trabalho educativo estar apoiado sobre o pilar da excelência e, portanto, na idéia da instituição educativa imprimir uma marca de qualidade, na educação oferecida à crianças, jovens e adolescentes de famílias que haviam confiado àquela instituição, tão comprometedora tarefa. “Trabalhando em favor de uma cultura sustentável, na sociedade do conhecimento “ foi 96 o tema gerador das discussões do quinto Fórum, no ano de 2008, que teve por meta, refletir sobre a educação da criança e do adolescente, do nosso tempo, numa sociedade que se denomina do conhecimento, mas que, por outro lado, necessita garantir sua própria sustentabilidade. Na mesa dos debates, estiveram Augusto Cury, Isabel Parolin, Marcos Méier e Márcio Sônego, que contribuíram, significativamente, em suas abordagens, com respostas que muitos participantes procuravam para suas indagações e, por essa razão, com as expectativas de um público de, aproximadamente, novecentas pessoas. Hoje, o Fórum para Educadores e Pais do Colégio São Bento não é mais o mesmo, pois cresceu no debate e no nível de participação, atingindo um público de mais de mil participantes. Em sua sexta edição apre- Informativa - Revista ANEC | educação básica sentará no ano de 2009, como temática central dos debates: “Desconstruindo modelos mercadológicos de formação: Uma atitude necessária à família e à escola”. Desta forma, importa dizer que discutir o processo de formação da criança e do adolescente, na era mercadológica da modernidade, é uma atitude necessária às instituições familiar e escolar, uma vez que o acesso, cada vez maior, à informação e aos bens de consumo tem produzido um ser humano dotado de cultura, mas, por outro lado, nem sempre sensível ao seu semelhante, defensor da vida e portador de valores éticos e morais. Assim sendo, urge a necessidade da família e da escola repensarem, juntas, todo esse paradoxo e, sobretudo, os valores que permeiam o seu modelo educativo, já que as relações en- “ é preciso que tanto a escola quanto a família repensem as bases de seu modelo educativo” tre pais e filhos e a sociedade, de modo geral, têm sido baseadas, muitas vezes, na tese custo/benefício, onde os indivíduos só agem da forma esperada, se receberem algo em troca, evidenciando, claramente, a lógica do mercado: O consumismo e o lucro. Diante desta situação, é preciso que tanto a escola quanto a família repensem as bases de seu modelo educativo, uma vez que são instituições imprescindíveis, na formação ético-moral dos indivíduos e, por essa razão, apesar de estarem inseridas no mercado, não podem servir aos valores do capital, mas precisam humanizar os homens que o detém. É para toda essa discussão que o VI Fórum convida os pais, os educadores e os profissionais, preocupados com a formação de crianças, jovens e adolescentes, para um grande debate e uma profunda reflexão sobre aqueles conceitos que têm se enraizado em nossa sociedade, de forma crescente, provocando sérias alterações nos valores que sustentam a vida das famílias e das escolas e, de modo particular, a vida de seus filhos, nossos estudantes, através da contribuição de Mário Sérgio Cortella, José Carlos Serrano Freire, Pierluigi Piazzi e Geninho Góes, facilitadores e provocadores dos debates dessa edição. Neste ano, o Fórum se realiza no dia 12 de setembro, no SISO’S HALL, em Criciúma. Fica aí, a história do Fórum para Educadores e Pais do Colégio São Bento sempre permeado por uma vontade de todos os que constituem esse movimento de formação, de fazer sempre mais e cada vez melhor, nas edições dos Fóruns dos próximos anos. Informativa - Revista ANEC | educação básica 97 educação básica Educar na escola de Emilie Por Patrizia Bergamaschi E milie de Villeneuve, autora e inspiradora do ideal que hoje nos reúne, congrega e anima, nasceu numa pequena cidade do sul da França, em 1811. Muito atenta aos múltiplos apelos dos mais frágeis, carentes e excluídos da sua sociedade, ela funda, em 1836, com apenas 25 anos, a Congregação das Irmãs de Nossa Senhora da Imaculada Conceição de Castres. Servir é seu desejo único, expressão concreta de seu amor por Deus. Deus encarnado. E Emilie entende que servir é acolher, ajudar, ouvir, curar, alimentar, defender, consolar, proteger, amar. Mas também servir é ensinar, promover, valorizar, resgatar, inserir, partilhar, construir, educar. É, pois, nos passos de Emilie, que as comunidades educativas da Rede Azul querem agir e continuar caminhando, sempre em busca, sempre almejando horizontes mais claros e iluminadores. Como Emilie e por causa de Emilie, vemos a realidade como campo de semeadura e de esperança, espaço e tempo de investimento da criatividade e da generosidade que impulsiona o verdadeiro crescimento humano. Como Emilie e por causa de Emilie, entendemos que a educação nos projeta muito além das fronteiras de uma cidade e nos torna cidadãos do mundo, comprometidos com a história que se constrói hoje, a partir de nossos gestos, de nossas opções, de nossos posicionamentos a favor da vida, de nossa solidariedade ética e fraterna. Mas também com a história que se constrói para o amanhã, a partir de nossas escolhas de paz e de preservação, de cuidado e de conservação da vida em todo o planeta, para todos os povos. Como Emilie e por causa de Emilie, apostamos na educação para dar fermento à vida, para garantir os saberes já construídos desde os porões do tempo, para aguçar o nato desejo de conhecer, descobrir, inventar, pesquisar, criar, recriar. 98 Informativa - Revista ANEC | educação básica Acreditamos na educação para estar ao lado das crianças em seu desvendar do mundo, em suas aventuras pela escrita e pela leitura, em suas incursões que analisam a vida, o planeta e os fenômenos. Lutamos pela educação para caminhar com os jovens em busca de seus próprios destinos, de suas próprias estradas, de seu lugar na sociedade que anseiam seja mais justa, mais participativa, mais solidária. Queremos contribuir com a formação do futuro cientista, do futuro educador, do futuro político, dos futuros pais, com o futuro da Terra e da humanidade. Por causa de Emilie, não achamos que nossa luta e nosso trabalho sejam grandes demais, nem que resvalem pela utopia, pelo idealismo teimoso. Por causa de Emilie, aqui estamos, com intenção de ficar. Neste ano de sua beatificação, que ela nos sustente, nos inspire e caminhe conosco pelos novos caminhos que nunca recusou a trilhar. Um show de cultura e solidariedade Por Diogo Pedrotti A prendizados que se levam para a vida toda é marca das unidades maristas. Na Escola Marista Medianeira de Erechim-RS, a solidariedade é um saber que se aprende no dia-a-dia, e também em projetos como o “Maristarde Solidária”, que alia arte, cultura e consciência social. Ações solidárias presentes através de atividades diversas permitem às crianças e aos jovens, vivenciar a evangelização e propiciar o comprometimento do educando para assumir responsabilidades, enfocando sua formação e sua vida de cristão e de cidadão. O projeto Maristarde Solidária concretiza estes ideais e foi mais um momento especial de ação solidária, envolvendo os educandos e a comunidade durante o mês de julho. Os alunos da escola apresentaram um momento cultural através de peças teatrais do tradicional Festival de Inverno da escola, que acontece desde 2001. As peças deste ano foram apresentadas aos alunos da Educação Infantil e Ensino Fundamental do Colégio Estadual Prof. Mantovani, da Escola Normal José Bonifácio e da Escola de Educação Infantil Ruther Von Muhlen. O ingresso para prestigiar o evento foi 1kg de alimento não-perecível. Aproximadamente 700kg de alimentos foram arrecadados nos dois dias da Maristarde Solidária da Escola Medianeira. As arrecadações foram doadas para famílias carentes e para a Pastoral das famílias, atendidas pela Cáritas da Catedral São José de Erechim. Assim, representantes da Pastoral da Catedral São José estiveram presentes na escola, para receberem através da direção e alunos, as doações realizadas pelos estudantes que prestigiaram os dois dias de cultura e solidariedade. Segundo a vice-diretora Idília Taglietti, idealizadora e coordenado- Informativa - Revista ANEC | educação básica ra do projeto”A Maristarde Solidária é uma bela ação de criança para criança. Com a colaboração dos alunos das escolas que prestigiaram as tardes artístico-culturais, e com as lindas apresentações feitas pelos alunos da Escola Marista Medianeira, realizamos uma ação solidária que ficou marcada no coração das crianças. Dessa forma, acreditamos contribuir na formação de uma geração solidária e preocupada com o futuro do país”. 99 informativo publicitário 100 Informativa - Revista ANEC | informativo publicitário Informativa - Revista ANEC | informativo publicitário 101 conversa com as mantenedoras Conversa com as Mantenedoras ANEC entrevista a Diretora- Presidente da Sociedade Civil Casas de Educação: Maria Auxiliadora Machado (Ir. Maria Ângela). Nascida em Diamantina/MG, ela fez os estudos secundários em Belo Horizonte, no Colégio Sagrado Coração de Maria e estudos superiores na Universidade Católica do Paraná. Em 1956, fez os primeiros votos religiosos no Instituto das Religiosas do Sagrado Coração de Maria. Exerceu o magistério e diversas funções: diretora, secretária, tesoureira, em vários colégios. Na Sociedade Civil também foi secretária, tesoureira e diretora-presidente em alguns mandatos. Atualmente, exerce a função de diretorapresidente, eleita na assembléia geral de novembro de 2007, para um mandato de 3 anos. 1) Qual é a história da mantenedora? Como foi a fundação? Quais personagens foram importantes? A história começa com a fundação do Instituto das Religiosas do Sagrado Coração de Maria, em 1849, na França, pelo Padre João Antonio Gailhac e Ir. St. Jean Cure, que logo expandiu seu trabalho missionário, encontrando-se hoje em três Continentes e 13 países. No início do século XX, em Portugal, o desencadear de uma violenta revolução no país culminou com o decreto de expulsão de todos os sacerdotes e religiosos e, no nosso caso, provocou a volta de muitas Religiosas às suas famílias, a abertura de uma comunidade na Espanha e o regresso de várias Religiosas à França, à sua cidade de origem, Béziers. A responsável pelas Religiosas em Portugal, Ir. Maria de Aquino, cheia de zelo, ousadia e ardor missionário, teve a ins- 102 piração de uma fundação no Brasil. Expôs seu desejo à Superiora Geral que a enviou, então, com mais duas companheiras em março de 1911. Com o apoio das autoridades eclesiásticas iniciaram, imediatamente, atividades educacionais, abrindo educandários nas cidades de Ubá/MG e do Rio de Janeiro. Mais tarde, com a vinda de outras Religiosas do exterior e o surgimento de vocações religiosas no Brasil, o Instituto foi se expandindo para outros Estados. Em atenção às exigências legais da época, a Ir. Maria de Aquino (Emilia Vieira Ribeiro), tomou a iniciativa da fundação, sob a forma jurídica de sociedade civil, do “Instituto de Educação”, cuja ata foi assinada no dia 04 de junho de 1925. Anos depois, foi alterada a sua denominação. Assim, a Sociedade Civil Casas de Educação (SCCE) é a pessoa jurídica do Instituto das Religiosas do Sa- Informativa - Revista ANEC | conversa com as mantenedoras grado Coração de Maria –Província Brasileira. Hoje, a mantenedora tem sua sede em Belo Horizonte, Minas Gerais, e se organiza legalmente como uma associação de caráter beneficente, educacional, cultural, de assistência social e promoção humana. 2) Quais foram os maiores avanços da Congregação nos últimos anos? Procurando responder aos sinais dos tempos, o Instituto das RSCM vem expandindo sua missão. Além do trabalho em Escolas, Universidades e em Projetos sociais, assumiu uma representação na ONU enquanto uma “ONG-RSCM” (Organização Não Governamental das Religiosas do Sagrado Coração de Maria) para a defesa dos direitos humanos, focalizada especialmente na situação da mulher. Um outro grupo de religiosas faz a coordenação e animação da Rede “JPIC” – Justiça, Paz e Integridade da Criação que, com a participação de leigos, vem trabalhando atualmente, de maneira particular, na erradicação do tráfico de seres humanos. No Brasil, a SCCE vem desenvolvendo uma ação permanente de formação dos/as seus /suas colaboradores/as na perspectiva de garantir uma ação educacional, social e de gestão sustentável, aliando os ideais fundantes aos desafios da modernidade. 3) Para enfrentar o cenário de dificuldades sociais brasileiras, quais são as principais áreas de atuação e projetos? Nos últimos anos, a Sociedade Civil, mantenedora da “Rede Sagrado”, com cinco Colégios “Sagrado Coração de Maria”, no Rio de Janeiro/RJ, Belo Horizonte e Ubá/MG, Brasília/DF e Vitória/ES, consolidou sua ação na área da educação e avançou na atuação no âmbito social, através do fortalecimento de Obras Sociais. Vem desenvolvendo Projetos Socioassistenciais para a promoção e proteção social de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, através das seguintes unidades: Em Curvelo/MG– Centro Educacional Comunitário Bom Pastor Em Belo Horizonte/MG Brasília/DF e Vitória/ES – Projeto Vida Padre Gailhac Na perspectiva da promoção humana e exercício da cidadania oferece, além do acesso à educação, oportunidades de elevação de escolaridade através da modalidade EJA (Educação de Jovens e Adultos) nos Colégios do Rio de Janeiro e Belo Horizonte, assim como um Curso Pré-vestibular no Colégio de Ubá. Diante da realidade social brasileira, na tentativa de uma resposta que atenda às necessidades presentes e traga frutos para o futuro, a Sociedade Civil vem atuando não só nos colégios e obras sociais mantidas, mas atua também inequivocamente, em parceria, na área da promoção e defesa de direitos, junto a crianças, adolescentes e jovens em situação social de risco nas periferias de grandes cidades e zona rural. Atua também junto a outras instituições como a Pastoral do Povo da Rua, Pastoral Carcerária e em vários outros Movimentos Sociais. 3) A certificação de entidades filantrópicas é uma dificuldade hoje? Quais mudanças deveriam ser feitas para garantir a eficiência neste aspecto? Esta discussão traz elementos históricos que, talvez, não possamos aprofundar aqui. Mas, é necessário ressaltar a relevância de se ter em mente o papel Informativa - Revista ANEC | conversa com as mantenedoras 103 conversa com as mantenedoras das entidades da sociedade civil na perspectiva de uma ação complementar e em parceria com o Estado. É importante a criação de um campo de intercessão que estabeleça claros parâmetros e um marco legal que, de fato, possibilite o trabalho secular que as entidades beneficentes vêm desenvolvendo. O controle social público colocado como eixo que orienta a certificação das entidades beneficentes de assistência social, anteriormente designadas entidades filantrópicas, deve considerar as especificidades dessas entidades, na perspectiva de viabilizar esse trabalho tão relevante e não no sentido de estabelecer campos de incertezas e um marco legal inconsistente. 5) Qual a visão sobre a gestão e identidade das entidades católicas? Estão perdendo espaço para outras entidades? Na área social, existem muitos trabalhos importantes e eficientes realizados numa ação colaborativa e complementar por evangélicos e por ONGs. Não vejo, com isto, concorrência ou ameaça de perda de espaço das entidades católicas, uma vez que as necessidades são complexas e múltiplas e as respostas também precisam ser diversas. Por outro lado, sinto que existe, por trás de muitas entidades particulares, a busca de poder em si e um grande interesse na promoção pessoal e não uma atitude e ação realmente 104 identificadas com o ideal filantrópico. 6) Qual a sua avaliação acerca do trabalho que a ANEC desenvolve junto às mantenedoras católicas? Julgo a ANEC uma entidade importantíssima no seu papel institucional de defesa da educação católica. Deposito grande esperança de que a ANEC vá se tornando, de fato, uma forte e consistente representante das entidades católicas nos dias atuais, com visão de futuro e com orientações seguras, com quem as entidades possam contar. Precisa continuar crescendo na capacidade de congregar, fortalecer e defender as entidades nos seus sagrados objetivos de trabalhar, com tranqüilidade e segurança, tendo seus direitos preservados e garantidos pela constituição federal. Direitos esses, muitas vezes, ignorados e ameaçados pelo poder público. Afinal nosso ideal católico pressupõe uma ação coletiva, comunitária e, nos dias de hoje, o trabalho em rede é um caminho sem volta. Informativa - Revista ANEC | conversa com as mantenedoras Informativa - Revista ANEC | conversa com as mantenedoras 105 considerações finais Mais uma conquista O ser humano é movido por desafios, grandes ou pequenos, eles são diários e superá-los é o combustível que nos tira da cama de manhã. É por esses desafios que nos tornamos pessoas melhores, mais conscientes e completas. Qual é o seu desafio hoje? O nosso é mostrar que não importa o tamanho da dificuldade que precisa ser superada ou da solução que deve ser criada, estamos aqui para pensarmos juntos no caminho para transformar a sociedade. Uma vez meu pai me disse que precisamos acreditar no agora porque o passado já ficou para trás, é história, o futuro ainda é um mistério, mas o presente é uma dádiva, por isso tem este nome. Essa foi uma das lições que eu aprendi. Investir toda a energia no que podemos fazer, e agora, não amanhã. Esta lição é a chave da solidariedade, investir no agora para construir um futuro melhor e é isso que queremos mostrar na sexta edição da nossa revista. Que a educação católica brasileira tem soldados espalhados em todo o país em prol da luta por um presente mais bonito. O que nós queremos é que nossos jovens aprendam desde cedo que o coração aberto para a caridade é a saída para uma grande lição de humildade. Então junte-se a nós e faça o seu dever de casa! Lana Canepa Assessoria de Comunicação da ANEC 106 Informativa - Revista ANEC | considerações finais Você acredita no futuro? A ANEC acredita! Para nós a educação pode transformar o mundo. SRTVS Quadra 701, Bloco O, Sala 135 Edifício Centro Multiempresarial (61) 3533-5050 (61) 3226-5655 Coleção Ponto de Encontro. A MENOR DISTÂNCIA ENTRE VOCÊ E OS MAIORES AUTORES NACIONAIS. Ponto de Encontro é a coleção de Língua Portuguesa que promove a integração dos alunos do 6o ao 9o ano com as obras dos grandes talentos da nossa literatura. A partir desses textos, são desenvolvidas as propostas de leitura, interpretação, produção textual, análise linguística e muito mais. E aprender com essas companhias é muito mais prazeroso. Não falte a esse encontro tão especial. www.ftd.com.br