Jornal da Paraíba - Ricam Consultoria

Transcrição

Jornal da Paraíba - Ricam Consultoria
2
DOMINGO 4, OUTUBRO, 2015
[email protected]
MARÉ
BAIXA
A construção do estaleiro de Lucena foi por
água abaixo. Os investidores do grupo McQuilling
Services até chegaram
a ter uma conversa com
o governador Ricardo
Coutinho, mas o agravamento da crise econômica brasileira afundou
o interesse dos gringos
de empreender por aqui.
Se não fossem os ventos
contrários, a Paraíba teria
o maior estaleiro de reparos e docagens de navios
do hemisfério Sul. Seriam
investidos cerca de R$ 1,9
bilhão na empreitada.
M M
™
Aquecendo
Nem só de fruticultura vive a
empresa Frutas Doce Mel. Além
de verduras e legumes, a marca
paraibana agora passa a investir em produtos industrializados. Em agosto, colocou para
vender a goma de tapioca. A
novidade foi tão bem aceita que,
na próxima semana, tem carregamento de goma chegando
pela primeira vez a todas as
unidades nordestinas do Pão
de Açúcar e do Carrefour.
™
Aquecendo 2
Em conversa com a VALOR, o
diretor comercial da Frutas Doce
Mel, Rodrigo Cavalcanti, falou
que, além da goma, a empresa
vai lançar em novembro outro
produto: a massa de bolo. “Nós
já produzimos a mandioca há
algum tempo, então foi natural
começar a fazer os derivados”.
™
Ligação com o céu
O demônio da crise parece
não assustar as igrejas evangélicas. Uma das maiores do
meio protestante brasileiro,
a Assembleia de Deus decidiu investir em um negócio
bem diferente do contexto religioso: uma operadora de celular própria. A Mais AD já está
funcionando no modelo MVNO,
que é quando uma empresa usa
a rede de outra - neste caso, da
Vivo. Inicialmente, os chips só
estão disponíveis em São Paulo.
™
Prato cheio
Novidade para quem gosta
de ir ao shopping sem sair da
praia. O Mag Shopping, em João
Pessoa, está preparando uma
ampliação na praça de alimentação. A partir de dezembro, o
local terá cinco novas opções
de restaurante. Três já estão
confirmadas: Monalisa Gastrô
Gourmet, Laça Burguer e Salad
Creations. O prazo para conclusão é final de novembro.
TEM JEITO, SIM
Quem desembarcou em João Pessoa na última segunda-feira foi Ricardo
Amorim, conhecido por seus comentários no programa Manhattan Connection, da Globo News. Ele veio dar uma palestra no evento “Caminhos do
Novo Cenário Econômico”, realizado no TCE-PB. Aproveitando a ocasião,
a editora da VALOR teve uma conversa com o economista que foi eleito
pela Forbes Brasil uma das 100 pessoas mais influentes do país.
Você acha que sair da crise é uma questão de escolha para o Brasil?
Acho que a atitude que a gente tem
faz muita diferença. Isso vale para as
empresas, isso vale para os políticos,
para as pessoas. O Brasil tem, sim, todas
as condições de sair da crise. A gente
tem um monte de problemas que se
acumularam nos últimos anos. Esses
problemas, eu diria que têm três ou
quatro grupos. Dois deles, pra mim, já
estão resolvidos. Um deles era que as
nossas contas externas estavam muito
mal. Ficou muito caro produzir no Brasil.
Por consequência, as empresas passaram
a levar a produção pra fora. Como é que
a gente resolveu isso? O dólar vai lá pra
cima. As importações ficam muito caras.
E as exportações, mais competitivas.
O segundo é a inflação. Por que a
inflação ficou pressionada? Por um lado,
porque o Governo por um bom tempo
ficou represando vários preços que ele
controlava. É o caso de gasolina, energia
elétrica, ônibus. Quando soltou, pressão de inflação. A própria alta do dólar
encarece os produtos estrangeiros, mas
isso pressiona a inflação. Então essas
duas coisas fizeram com que a inflação
subisse bastante. Essa pra mim também
está resolvida. Com a recessão, com a
taxa de juros onde está, as pessoas pararam de comprar. As empresas não vão
poder subir preços. Então a inflação vai
cair. É questão de tempo.
Aí sobra para as duas que estão
faltando. A primeira é fiscal. O Governo
gastou demais e as contas pararam de
fechar. Essa ainda falta fazer. E que me
traz a última, que impede essa de ser
colocada em ordem até agora. É a crise
política. No fundo, no fundo, e aí é
uma das coisas que me fazem ser mais
otimista hoje, a gente já está num grau
tão pesado de caos econômico, político,
até social, com a alta do desemprego,
que não tem como continuar piorando
muito sem que haja uma mudança.
Das duas, uma: ou o Governo tira um
coelho da cartola, apesar da pressão do
Congresso, e consegue arrumar as contas
públicas. Se isso acontecer, a confiança
vai voltar, a inflação cai, a taxa de juros
cai, o crédito volta e a gente entra num
ciclo virtuoso outra vez. Isso pra mim, se
der certo, no ano que vem a situação já
vai começar a melhorar. Se der errado,
o que acontece é que o desemprego
vai subir bastante nos próximos meses
porque as empresas estão preocupadas,
elas não investem. Se não investem, não
geram emprego. O desemprego sobe, a
popularidade da Dilma cai. E junto da
popularidade, cai a Dilma.
De uma forma ou de outra, eu acredito que a economia melhora no ano
que vem. Eu acho, sim, que o Brasil tem
todas as condições de sair da crise e
acho que vai sair mais rápido do que a
maioria acredita.
Entre as medidas adotadas pelo Governo
Federal, quais você acredita que vão de
fato surtir efeito no controle da crise?
Na verdade, cada uma delas cuidou
de um problema. Por exemplo, a alta do
dólar foi eficaz pra estimular as nossas
exportações, pra fortalecer a indústria.
A alta dos juros foi eficaz pra segurar
a inflação. Os cortes de gastos que o
Governo está prometendo, se conseguirem fazer, vão ser eficazes. Primeiro pra
melhorar os resultados das contas públicas e segundo pra criar condições de que
a gente não precise ter impostos tão
altos. Por que neste momento a gente
teve as duas coisas, corte de gastos e
aumento de impostos? Primeiro porque
as contas públicas estavam péssimas e
segundo porque a recessão faz com que
elas piorem mais. Quando a gente tem
recessão, a arrecadação de impostos cai.
Se a conta já não fechava e a arrecadação fica menor do que era antes, tem que
cortar mais ainda ou aumentar impostos
pra compensar. Então, no fundo, foi um
conjunto de medidas. Nenhuma delas
agradável, todas com efeitos colaterais
importantes. Mas elas são eficazes se
mantidas tempo suficiente.
Em um artigo deste ano, você ressalta
que alguns brasileiros são errados ou
corruptos aqui e se comportam de forma
correta no exterior.
O meu título foi provocativo de
propósito. Chamei o artigo de "Somos
todos corruptos". E não que eu ache.
Os brasileiros não são essencialmente
corruptos. O que eu quis reforçar foi
o seguinte: a gente criou e aceitou no
Brasil uma cultura em que a corrupção
está presente. Em todo os níveis. Desde
o Governo Federal, outros níveis de
governo, e tem a pequena corrupção.
O mesmo sujeito que critica e acha um
absurdo o que está acontecendo é o
primeiro a subornar o guarda de trânsito.
E essa crise brasileira cria as condições
para a gente dar um jeito nisso. Porque
a gente está tendo algumas das pessoas
mais poderosas do país indo parar em
cana. Empresário punido a gente já teve
antes. Agora político peso pesado como
os que a gente tem sendo investigados é inédito. Você tem, por exemplo,
o ex-presidente, que talvez tenha sido
um dos caras mais blindados da história do país, sendo investigado. O que
acontece se o Lula vai parar em cana?
Eu imagino que qualquer um que estiver
pensando em fazer alguma coisa ilícita
vai pensar duas vezes.
Os excessivos impostos no Brasil são
entendidos pelos empresários como
muletas para manter de pé um Estado
M PPCR
O EXEMPLO MORA AO LADO
O secretário de Segurança Urbana de Recife,
Murilo Cavalcanti, vem a João Pessoa no próximo
mês. O que o traz? A importante missão de
discutir políticas públicas de combate à violência urbana durante uma palestra no TEDx Portal
do Sol. Se você gosta de ouvir pontos de vista
de pessoas que são referência, o evento vai lhe
interessar. Na programação, palestras de diversas áreas, ministradas por profissionais que
desenvolvem trabalhos que inspiram e causam
impacto na comunidade.
Murilo é um grande estudioso do modelo de
segurança cidadã implantado na Colômbia. Ele
é organizador do livro “As lições de Bogotá e
Medellín: do caos à referência mundial”, que
relata como as regiões conseguiram, em quinze
anos, reescrever suas histórias. Saíram do topo
do ranking das cidades mais violentas do mundo
e viraram referência em mobilidade, segurança
e soluções urbanísticas. O assunto está em alta
com a exibição da série Narcos no Netflix.
gastão e mau gestor. Você acha que há
caminhos fiscais mais producentes?
A grande solução não passa pelo
imposto, passa pelo gasto. Enquanto o
Governo gastar demais, a gente pode
discutir qual vai ser o imposto que vai
cobrir o buraco, mas a gente vai ter que
ter algum imposto cobrindo o buraco.
O Brasil já tem uma carga tributária
muito alta. Entre 156 países emergentes, ele é o terceiro com carga tributária mais alta. E não é o terceiro em
qualidade do serviço público. Portanto,
o nosso problema é que, pra qualidade
do que o Estado oferece, nós já arrecadamos impostos demais. Então o
que a gente precisa é cortar o Estado.
Em outras palavras, o Governo tem
que enxugar. Como é que o Governo
enxuga? Tem que cortar gastos. Não
tem outra forma.
O que você acha que falta ao empresariado do Nordeste para conquistar mais
competitividade no cenário nacional?
Acho que eles já têm conquistado
na última década. Esse processo vem
ganhando força e ainda vai ganhar por
vários fatores. Alguns deles que são até
globais. Se a gente pegar no mundo os
países que mais cresceram nos últimos
20 anos, foram lugares menos desenvolvidos. Dentro do Brasil, está acontecendo a mesma coisa. As três regiões
que crescem mais são: Norte, Nordeste
e Centro-Oeste. Uma mudança que veio
pra ficar. O que alguns grupos nordestinos já perceberam é que isso cria
condição de que eles sejam grandes
grupos nacionais. Vou dar um exemplo: vindo pra cá, eu passei em frente
a uma farmácia Pague Menos, que é
de um grupo daqui, salvo engano meu,
hoje é a terceira rede de farmácias do
Brasil. Bastante recente e gigantesca.
E tem vários outros grupos. Esse é um
exemplo do que dá pra fazer, do que
está sendo feito, e acho que cada vez
a gente vai ver mais grupos nordestinos crescendo e ocupando um espaço
maior no Brasil.
Just in time
» A exposição "Frida Kahlo - Conexões entre mulheres
surrealistas mexicanas" está em cartaz em São Paulo.
Onde? No Instituto Tomie Ohtake.
» O Fórum “Inovar e Construir” acontece nos dias 7 e 8
de outubro, no Centro Cultural Ariano Suassuna, do
TCE-PB, em João Pessoa.
» O Encontro Nacional de Magistrados da Infância e
Juventude começa na próxima quinta. No auditório
da Esma, em João Pessoa
» A CasaCor Rio Grande do Norte começa no dia 16
deste mês. Destaque para o loft assinado pelo
arquiteto paraibano Leonardo Maia.
» Maria Luiza Trajano, do Magazine Luiza, vai dar
palestra no Conpeg. Nos próximos dias 28 e 29, em
João Pessoa.
» A ABF Franchising Expo Nordeste será realizada de
3 a 6 de novembro. No Centro de Convenções de
Pernambuco.