E o Fantasma da inflação segue assombrando
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E o Fantasma da inflação segue assombrando
E o Fantasma da inflação “Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal!” Fernando Pessoa segue assombrando... O cenário continuou conturbado no continente europeu ao longo de todo o mês de abril, tendo, mais uma vez, Portugal Abril – 2011 como epicentro. Desde março, o primeiro-ministro português vinha apelando ao congresso que aprovasse o plano de Mês % Ano % estabilização para o país a fim de evitar uma busca por ajuda Ibovespa -3,58% -4,58% externa. Poupança 0,53% 2,28% renunciou ao cargo e Portugal pediu uma ajuda à União US$ (Comercial) -3,56% -5,58% Européia estimada em € 80 bilhões. CDI 0,84% 3,46% IPCA 0,81%* 3,27%** Irlanda piorou, principalmente no que se refere a este último mercado doméstico, notadamente a inflação. Será que se o Banco Central elevar a Selic para 13% ou 14% haverá queda na inflação? Nos parece que não. E mais, o governo dá sinais que está abandonando a briga contra a queda do dólar para prestar atenção no crescimento exagerado da inflação. continuou e os ditadores continuaram resistindo. Merece destaque também o alerta dado pela agência de classificação de risco, S&P, aos Estados Unidos com a possibilidade de downgrade. A nota norte-americana pode cair para AA+ e nos perguntamos: o dólar não será mais a âncora do mundo? Um PIB de US$ 15 trilhões não será mais o carro chefe da podem acreditar no fim da hegemonia norte-americana no curto prazo, nós não. Senão vejamos: mesmo com o upgrade dado ao Brasil pela Fitch nossa Bolsa caiu 3,58% enquanto nos EUA, com a possibilidade de downgrade, o Dow Jones subiu 3,98%. Dá para entender? Europa e Ásia... país que apresenta o maior déficit no orçamento, ao redor de 32% do PIB, e no final do mês deparou-se com o rebaixamento do rating dos seus bancos pela agência Moody’s. A busca por Leprechauns (Duendes irlandeses) e seus potes de ouro aumentam a cada dia. Do lado positivo, e fator que possibilitou altas nas bolsas No campo externo, a agonia dos países europeus endividados Alguns José Sócrates amigos lusitanos que estão a sofrer, o cenário de Grécia e Alguns temas marcaram fortemente este mês de abril no mundial? não foram ouvidos, Vale ressaltar, no entanto, que não são somente nossos * Expectativa Focus: 29/04 ** Acumulado no ano (2,44%) + expectativa abril economia Os apelos européias ao longo do mês, os resultados das empresas mostraram força e trouxeram novo ânimo ao mercado. Outro ponto em discussão é a perspectiva de aumento de juros diante de pressões inflacionárias, que no curto prazo podem ajudar a performance do mercado acionário, investidores podem aproveitar para realizar onde os lucros no mercado de títulos. No que se refere à Ásia o ambiente ainda é tomado pela catástrofe japonesa e seu drama nuclear e novas perspectivas de aperto monetário na China que, ainda que espere uma leve queda na inflação ao longo do segundo semestre, confessa que será difícil manter o índice abaixo do teto de 4% a.a. O governo, no entanto, ressalta que está determinado a conter a inflação, o que aumenta o receio de algum arrefecimento na atividade econômica do país. O pessimismo quanto ao cenário de inflação para os próximos meses se consolidou. Aliado a isso, a desconfiança Estados Unidos... dos agentes sobre os cortes de gastos do governo também Abril ficou marcado pelo anúncio da agência de ratings, S&P, pesou e o aumento de “apenas” 0,25 pontos percentuais na de que pode reduzir a nota de crédito dos Estados Unidos, Selic historicamente “AAA”, caso o governo Obama não entre em macroprudenciais, consenso incertezas. com o Congresso para diminuir o déficit deixou margem para adoção carregando o de novas cenário medidas doméstico de orçamentário do país no longo prazo. Com a continuação do forte fluxo de entrada de recursos no Outro fato que também merece destaque foi o discurso de Ben país vimos mais um mês de valorização do real. Dessa vez Bernanke, presidente do FED, após a divulgação da decisão do com menor entusiasmo por parte do governo na tentativa de FOMC de manter a taxa de juros norte-americana entre 0% e conter a queda do dólar. A tentativa de arrefecer a inflação 0,25%. Bernanke veio a público comunicar que o fim do com maior concorrência dos importados, barateando os programa de compra de títulos (Quantitative Easing 2), produtos domésticos, pode ser dada como justificativa para o programado para junho, provavelmente não trará grande menor apetite do governo por dólares. Assim, vimos a moeda impacto ao mercado e à economia, e garantiu estar vigilante norte-americana atingir a menor cotação desde agosto de sobre as condições do mercado de trabalho. 2008. E, ao que tudo indica, a queda ainda não chegou ao fim. O FED ainda revisou para baixo o intervalo da expectativa de crescimento do PIB (3,1% a 3,4%) em 2011, e aumentou sua Já no final do mês, o governo anunciou superávit primário de previsão de inflação (1,3% a 1,6% do índice que excluem R$ 39,3 bilhões no primeiro trimestre – o equivalente a combustíveis e alimentos). Essa é a segunda revisão para pior 4,20% do PIB – atingindo um terço da meta estipulada para do ano. o ano. O resultado agradou o mercado, que viu, em números, o esforço fiscal prometido pela presidente Dilma. Porém, tal Os índices de ações norte-americanos terminaram o mês na resultado ainda não é suficiente para que o otimismo com o máxima de quase três anos, animados com as baixas taxas de desempenho econômico do país volte a ocupar as primeiras juro e os surpreendentes resultados corporativos. Cerca de páginas dos jornais. 70% dos resultados divulgados em abril, referentes ao primeiro trimestre de 2011, superaram a mediana das Mercados... expectativas do mercado. A Brasil... Logo no segundo dia útil do mês a agência de classificação de risco, Fitch Ratings, deu um upgrade na nota soberana de crédito do Brasil de BBB- para BBB, sendo a primeira elevação desde 2008. Segundo a agência, a elevação reflete a maior capacidade de o país apresentar crescimento sustentável, além de citar a transição tranquila de Lula para Dilma e a demonstração da nova administração de cuidados com o elevado déficit público do país. Parecia, então, que o mês seria bom... parecia. Os três primeiros pregões da Bolsa brasileira também iludiram quem vislumbrou um mês positivo. Daí em diante as coisas desandaram, com forte migração de recursos da Bolsa para a renda fixa. percepção de redução no nível de estresse que vislumbramos na carta do mês passado não se concretizou e agora o que conseguimos ver é mais volatilidade à caminho. Como já comentado, o cenário econômico brasileiro se deteriora diante da ameaça inflacionária cada vez mais presente. Incertezas quanto à adoção de novas medidas macroprudenciais ou elevação da taxa básica de juros, tornam os mercados bastante voláteis. A forte saída de recursos da Bolsa no último mês sinaliza que maio não será um mês fácil. Com taxas de juros cada vez mais atrativas – mesmo com maiores alíquotas para aplicações em renda fixa – a migração de recursos da renda variável para a renda fixa é que deve ditar o rumo do além de citar a transição tranquila de Lula para Dilma e a Ibovespa este mês. demonstração da nova administração de cuidados com o elevado déficit público do país. No mercado de juros, as curvas mais curtas, devem se manter Quanto ao dólar, segue o mesmo discurso: tendência de flat, com novas altas na Selic este ano já precificadas. Já as baixa com algumas intervenções do Banco Central na ponta curvas mais longas, com vencimentos em 2013 e 2014, compradora. Acreditamos que, embora já acumule queda de apontam para baixo e devem seguir na mesma tendência, 5,58% em 2011, o dólar ainda não encontrou um piso. dada a expectativa de arrefecimento da inflação no médio prazo. Quanto ao dólar, segue o mesmo discurso: tendência de baixa com algumas intervenções do Banco Central na ponta compradora. Acreditamos que, embora já acumule queda de 5,58% em 2011, o dólar ainda não encontrou um piso.
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