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Ano XVI Nº 155 MARÇO 2008 R$ 2,00 www.uruatapera.com MRN quer lavrar novos platôs e Oriximiná cobra benefícios A mineradora vai estender suas operações ao município de Terra Santa e aguarda agendamento do Ibama para realizar audiências públicas. SERVIÇO | PÁG 4. MEIO-AMBIENTE PEC inova ao criar novas Áreas Verdes O deputado Gabriel Guerreiro é o autor da proposta, que já tramita na Alepa. Atores se destacam a cada ano CONJUNTURA | PÁG 8. CULTURA DESMATAMENTO Encenação Novas leis de da Via Sacra combate aos revela talento devastadores O evento, tradicional no calendário paraense, em Oriximiná encanta a multidão. A comissão parlamentar está ultimando relatório propondo providências. SERVIÇO | PÁG 4. CONJUNTURA| PÁG 8. Biodiversidade rica precisa ser mais protegida, com educação ambiental e incentivos para o reflorestamento ARTICULAÇÃO CD "CORDAS DO TAPAJÓS" ESTÁ SENDO FINALIZADO O violonista Sebastião Tapajós vai lançar seu novo trabalho. Na foto, ao lado do maestro Matheus Araújo, regente da OSTP, e Vicente Fonseca. REGIONAL | PÁG 7. PREFEITURA MUNICIPAL DE ORIXIMINÁ SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE E SANEAMENTO Rua 7 de Setembro Nº 1976. Fone: (93) 3544 - 1396 ÁREA INDÍGENA SEGURANÇA Comissão da Trombetas/ Alepa quer o Mapuera já Pará na Copa demarcada Voluntários civis ajudam a paz social O presidente Domingos Juvenil está apoiando o esforço da comissão parlamentar. Etnias que vivem na região festejam a conclusão dos estudos garantindo a terra. Iniciativa inédita que está sendo implantada tem tudo para ser bem-sucedida. POLÍTICA | PÁG 5. CIDADES | PÁG 3. COTIDIANO | PÁG 2. 2 COTIDIANO zMARÇO - 2008 Voluntários civis ajudam a paz social 22 civis participaram ativamente do I Encontro de Agentes Promotores de Polícia Comunitária em Oriximiná. A iniciativa, inédita na região, tem tudo para ser bem-sucedida. O número deixou a organização otimista em relação à implantação da filosofia da polícia comunitária no município, pelo comandante da Companhia Trombetas, Capitão Mar- celo Ribeiro, com o apoio da Prefeitura Municipal. Os voluntários já haviam participado de curso preparatório no ano passado. A intenção é incentivar que todos os pro- motores de polícia comunitária auxiliem a PM nas ações preventivas e educativas que serão desencadeadas. O comandante do destacamento adianta que os voluntários fazem parte de do projeto de promoção da paz social e ajudarão em situações educativas e preventivas. Para o capitão Marcelo Ribeiro, os agentes terão importância fundamental no processo de implantação da polícia comunitária, porque estarão em contato com a sociedade civil, o núcleo universitário e a igreja, onde será feito o recrutamento de mais agentes ou de pessoas que queiram colaborar a polícia. As funções desses agentes também serão fazer visitas domiciliares e sugestões, utilizando diversas ferramentas à disposição dos cidadãos de Oriximiná, no processo de paz social, revela o comandante, que considera o primeiro encontro bem-sucedido, porque cumpriu a meta de integrar o grupo de voluntários. O que mais chamou a atenção do militar foi o entusiasmo dos participantes. " Este é o caminho mais certo. A PM está colocando em prática as verdadeiras razões para ter sucesso através das ações preventivas e educativas", elogia. São Sebastião no Maria Pixi recebe Barracão Comunitário FOTOS SALETE MARINHO › SALETE MARINHO A comunidade São Sebastião, na localidade Maria Pixi, região ribeirinha de Oriximiná, recebeu no último dia 17 o prefeito municipal Argemiro Diniz e sua comitiva. A visita teve como propósito verificar o andamento da obra em construção do barracão comunitário medindo 22x14m de comprimento, destinado a atender aos eventos da comunidade. Segundo a coordenadora Valmira Gato, o antigo barracão estava pequeno para acolher os convidados nos grandes eventos que são realizados. “Ficamos felizes com o prefeito Argemiro Diniz, após sabermos que ele havia atendi- do a nossa solicitação. Agora, com esta nova obra, nossos eventos serão realizados com sucesso e sem nenhuma preocupação”, agradeceu, entusiasmada. Além do barracão comunitário, as vinte famílias ribeirinhas ganharam um novo microssistema de abastecimento de água com capacidade para 20 mil litros, que antes era apenas de 10 mil litros. “Também recebemos Argemiro ouviu sugestões e informou sobre as providências. Vista da comunidade ribeirinha, que terá pleitos atendidos. 3,5 mil metros de encanamento para atender outras famílias que ainda não tinham água poços artesianos individuais”, revelou Valmira Gato. Argemiro disse estar satisfeito com encanada nas suas residências e, onde a tubulação não chegou, a prefeitura construiu o andamento e a qualidade da obra e que ela é resultado do pleito dos moradores. Reconstrução de escola atenderá mil alunos BRUNO GIVONI › BRUNO GIVONI A Escola Municipal de Ensino Fundamental Laura Diniz ganhará novo prédio. Ao todo 60 operários estão trabalhando para que a obra seja concluída num curto espaço de tempo. O prédio está sendo construído ao lado da escola Santa Maria Goretti e está orçado em 700 mil reais. Os recursos são pró- prios do município de Oriximiná. A nova “Laura Diniz” terá três blocos com quatro salas cada um, totalizando Estágio das obras de construção do novo prédio da escola 12 salas. Os alunos ainda contarão com uma biblioteca, laboratório e uma quadra poliesportiva. Para uso dos funcionários, haverá Diretoria, Secretaria, Sala dos Professores e uma copa, além de banheiro masculino e feminino. O novo prédio deverá atender cerca de mil alunos de todo o município, e deve ficar pronto em junho deste ano, tempo considerado pelo prefeito Argemiro Diniz como recorde. “A construção da escola, em menos de um mês, já está no cinturão e acreditamos que em junho ela deve ser entregue à comunidade oriximinaense” garantiu. Lançado edital para a Copa de Voleibol Feminino e Masculino O secretário de Cultura, Desportos e Lazer de Oriximiná, Adélcio Corrêa Jr., reuniu a imprensa e esportistas para anunciar a Copa de Voleibol Feminino e Masculino, em abril, nas quadras anexas ao Ginásio Poliesportivo Guilherme Guerreiro. A idéia é incentivar a prática desse esporte, que já é Diretora-Editora responsável Franssinete Florenzano Colaborador especial Emanuel Nassar Editoração eletrônica Calazans Souza Fotolito e impressão Rua Gaspar Viana, 778 Tel. 0xx91.32300777 tradição no município. Pelo regulamento, só poderão participar atletas de outras cidades que já residirem em Oriximiná no mínimo seis meses antes do campeonato. É vedada a participação de atletas menores de 16 anos. Adélcio destacou que Argemiro Diniz pediu empenho para dinamizar o voleibol em caráter de competição. O prefeito deseja incentivar os esportistas locais e proporcionar mais oportunidades de participação e desenvolvimento das habilidades dos atletas. Adélcio Jr. explicou que a Secretaria Municipal de Desportos já planejou as atividades a serem desenvolvidas durante o primeiro semestre de 2008. Em abril serão lançados os editais para o campeonato de futsal mirim e sênior, que iniciará em maio. Outra modalidade que a Secretaria vai apresentar é o campeonato de futebol de campo, nas categorias juvenil e infanto-juvenil, em parceria com a Liga Esportiva de Oriximiná. PREFEITURA MUNICIPAL DE ORIXIMINÁ ÀS SUAS ORDENS TELEFONES ÚTEIS Gabinete do Prefeito – (93) 3544 1319 Secretaria Municipal de Cultura – (93) 3544 2681 Secretaria Municipal de Turismo –(93) 3544 2072 Hospital - Maternidade São Domingos Sávio – (93) 3544 1371 Secretaria Municipal de Educação – (93) 3544 1224 Hospital Municipal – (93) 3544 1370 www.uruatapera.com [email protected] Secretaria Municipal de Bem-Estar e Assistência Social – (93) 3544 1169 Av. Independência, 1857 Oriximiná-PA. CEP 68270-000 Tel/Fax. 0xx91.32221440 CNPJ 23.060.825/0001-05 Secretaria Municipal de Saúde – (93) 3544 1587 Fórum – (93) 3544 1299 Secretaria Municipal de Infra-Estrutura – (93) 3544 1119 Polícia Civil – (93) 3544 1219 Defensoria Pública – (93) 3544 4000 CIDADES Demarcadas terras indígenas Trombetas-Mapuera Depois de dois anos de espera, Oriximiná recebeu com festa a conclusão da demarcação das terras onde vivem as etnias Karapawyana, Wai-Wai, Katuena, Hixkaryana, Mawayana, Xereu, Cikiyana, Tunayana, Yapîyana, Pianokoto e Waimiri-Atroari, além de grupos indígenas ainda não contatados. O próximo passo para regularizar o domínio desses povos no lugar que habitam é a homologação da reserva, que deverá ser assinada pelo presidente da República. Em meio à mata fechada, cercada por mais de 80 cachoeiras, a área do Trombetas-Mapuera é praticamente inacessível. São cerca de quatro milhões de hectares de floresta amazônica, localizadas nos municípios de Faro e Oriximiná, no Pará; Urucará e Nhamundá, no Amazonas; Caroebe e São João da Baliza,em Roraima. Eliseu Wai-Wai, cacique da área Mapuera, integrada por onze aldeias, disse que a demarcação foi uma festa grande e significativa. “Conquistamos uma demarcação unindo forças. O futuro dos informes A deputada Josefina Carmo pediu ao governo do Estado ações estratégicas na Calha Norte e no vale do rio Tapajós, para integração do Estado, modernização da agricultura e pecuária, com destaque à mecanização e verticalização da produção primária e o combate à febre aftosa. Ela quer discutir a construção do linhão da UHE-Tucuruí e de uma rodovia estadual ligando Itaituba e Juruti, a estadualização da rodovia Transgarimpeira, em Itaituba, e do ramal do Cuamba, entre Monte Alegre e Alenquer, além do asfaltamento da PA-254. Passos de cágado Povos indígenas em festa: a titularidade das terras que ocupam finalmente está garantida nossos filhos e netos agora está garantido”, comemorou o líder indígena. As etnias beneficiadas participaram da execução do projeto, tanto no acompanhamento da demarcação quanto na fiscalização da terra. Receberam capacitação em legislação ambiental e indígena; noções de cartografia e uso de GPS; mecânica e radiofonia e registro visual em filmagem. Para tanto, foram adquiridos barcos, motores, radiofonias, ferramentas e combustível. O prefeito de Oriximiná, Argemiro Diniz, que mantém parceria com as etnias que habitam o município, vê com entusiasmo a conquista das terras indígenas. Considera que a demarcação é um passo importante para a gestão e segurança desses povos. O desafio que se apresenta, agora, além de preservar e ajudar na fiscalização da área, é garantir que o domínio da terra vai servir para manter vivo o patrimônio cultural indígena, preservando os diversos costumes das diferentes nações, transmitidas por seus antepassados, alerta Argemiro, que procura estimular, na programação do calendário cultural de Oriximiná, a divulgação e transmissão das músicas, danças, instrumentos, rituais e artesanato indígena. Argemiro lembrou que a demarcação faz parte do Projeto Integrado de Proteção às Populações e Terras Indígenas da Amazônia Legal (PPTAL), da Fundação Nacional do Índio (Funai). A iniciativa tem apoio do governo alemão, por meio do KFW - Banco de Desenvolvimento da Alemanha. O prefeito recomendou que os índios não esqueçam as lições dos seus antepassados e a sua língua original. “Os mais novos têm que escutar os mais velhos. Têm que manter a tradição e o conhecimento antigo. Têm que manter firme a memória dos povos. É isso que garante que vocês tenham a terra.” Soltura de quelônios criados em cativeiro A localidade Barreto, na comunidade Casinha no lago do Sapucuá, realizou a soltura de 2.716 filhotes de quelônios, dentro do Projeto Pé-dePincha. Há seis anos, nesta época, tartarugas, tracajás e peremas são devolvidos ao habitat, na mesma praia onde se coleta os ovos de quelônios, durante o mês de outubro, quando há a desova. Os filhotes permanecem no berçário durante oitenta dias, após a eclosão. A coordenadora do projeto, professora Alice Guerreiro, conta que há quinze comunitários envolvidos no trabalho voluntários. “Isto demonstra que as pessoas, MARÇO - 2008 z principalmente os ribeirinhos, já perceberam que a natureza precisa de ajuda”, comemora. A Prefeitura Municipal de Oriximiná arca com as despesas das lanchas e a alimentação dos voluntários. A Mineração Rio do Norte dia o combustível. Alice Guerreiro enfatiza que, sem essa parceria, nada do que é feito seria possível. “O projeto foi idealizado pela UFAM – Universidade Federal do Amazonas e Não bastasse a falta de dinheiro e de vontade política que fazem com que se arraste há anos a pavimentação de 70 Km da Santarém/Curuá-Una, a obra também sofreu paralisação durante quase um mês porque as empreiteiras descumpriram a legislação trabalhista. O asfaltamento da PA-370 é reivindicação antiga e beneficia 55 mil agricultores, familiares e pequenos produtores rurais. Obra de valor A Biblioteca Pública Municipal Paulo Rodrigues dos Santos, de Santarém, comemora 40 anos de fundação. Foi inaugurada na gestão do saudoso ex-prefeito Everaldo de Sousa Martins. Medo de Asterix Em Alenquer, um raio caiu em um coqueiro que fica dentro da escola Amadeu Burlamaqui Simões e atingiu o almoxarifado da secretaria municipal de Saúde. Além da destruição de remédios, documentos e outros materiais, houve pânico dos alunos que estavam nas salas de aula e viram o incêndio na árvore. Faro & Terra Santa Em fevereiro, o escritório da Celpa em Faro foi transferido para Terra Santa. Ficou só o setor de atendimento a clientes. Desde então, para solicitar reparos na rede, instalações e outros serviços, os usuários têm que recorrer ao 0800 da empresa. Para piorar a situação, a estrada que liga as duas cidades é péssima. Já houve caso de um conserto demorar dias para ser executado. As constantes interrupções no fornecimento de energia elétrica vêm prejudicando o funcionamento do Hospital Dr. Dionísio Bentes. A população se mobilizou e colheu assinaturas em um documento exigindo a volta do escritório da Celpa, com suas atribuições anteriores, já protocolado no Ministério Público. Desincompatibilização do cargo Devolução de quelônios ao rio já é evento anual aprovado pela Prefeitura de Oriximiná e já funciona há nove anos, “Esperamos continuar essa parceria que é válida para nossa região, haja vista que, essas espécies estavam em extinção e hoje a realidade é outra”, salienta a professora Alice Guerreiro. José Antônio Rocha pediu exoneração do cargo de secretário Municipal de Transportes de Santarém. A prefeita aceitou e nomeou Joaquim Aquino, chefe de operações e fiscalização da SMT, para o cargo. Filiado ao PMDB, e filho do deputado Antonio Rocha, ele deve concorrer na próxima eleição municipal. Pode ser vice de Maria. Tucanos em revoada Lideranças de 18 municípios do Oeste do Pará têm encontro marcado em Santarém no próximo dia 11 de abril, no Seminário Regional do PSDB. Já confirmaram presença o ex-governador Simão Jatene, o presidente nacional do partido, senador Sérgio Guerra, senadores Arthur Virgílio, Mário Couto e Flexa Ribeiro, além dos deputados estaduais e federais, prefeitos, vice-prefeitos, vereadores e lideranças regionais. Planejamento turístico Talento dos profissionais e dos estudantes evidenciados na mostra, que atraiu um grande público ao local Exposição de arte sacra no Cliper Santo Antônio Artistas oriximinaenses foram contemplados com exposição de suas obras. O público apreciou também mostra de teatro, filmes relacionados à semana santa, apresentação especial do coral “Cantando a Melhor Idade”, shows com bandas Gospel de várias igre- jas, além do foco principal, a encenação da via-sacra nas ruas da cidade No sábado da Aleluia, o Tapete Pascal este ano trouxe uma novidade. “Foram três pontos de confecção do tapete pascal. Um em frente à igreja matriz, outro em frente à igreja de Santa Terezinha e outro em frente à igreja de São Pedro”, explica João Felipe, técnico da Secretaria Municipal de Cultura. O evento também serviu para apresentar ao público trabalhos desenvolvidos nas escolas do município. A Paratur vai ajudar na elaboração do plano municipal de turismo de Belterra, utilizando as informações do Proecotur (Programa de Desenvolvimento do Ecoturismo na Amazônia Legal), o plano de desenvolvimento do roteiro turístico de padrão internacional “Tapajós: Amazônia, Selva e História” estabelecido pelo Programa de Regionalização do Turismo do Ministério do Turismo, além da versão preliminar do inventário da oferta turística municipal e o relatório de avaliação do roteiro. Candidatura em evidência Francisco Florenzano deixou a presidência da ADMO- Agência de Desenvolvimento Municipal de Oriximiná, que ocupava há dez anos, e também o cargo de Secretário de Planejamento do município. É para se desimcompatibilizar, já que vai concorrer a cargo eletivo este ano. 3 4 SERVIÇO zMARÇO - 2008 Oriximiná ganha mais sítios turísticos Lagos do Salgado, Acapuzinho, Xiriri, Curupira, Caipuru e Iripixi, com grande potencial para o turismo de pesca, vão ser aquinhoados com o aproveitamento dos seus recursos naturais. O sítio pesqueiro turístico no Lago do Salgado recebeu da Secretaria de Pesca e Aqüicultura R$122.500,00, para a construção de flutuantes que darão suporte ao atendimento turístico dentro da área, com lanchone- te, lojas de artesanato e de souvenirs. Também deverão ser criados este ano sítios nas comunidades Lago Acapuzinho, Lago Xiriri, Lago Curupira, Lago Caipuru e Lago Iripixi. A região do médio Trombetas, há mais de dez anos, vem recebendo formação para o desenvolvimento do ecoturismo. Através da Secretaria de Meio Ambiente e Turismo de Oriximiná, as comunidades ganharam cursos de Associativismo e Cooperativismo, Gastronomia, Condutores de atrativos Naturais, Manipulação de Alimentos, Guia de Pesca, Manutenção de Motor de Popa e outros. O maior objetivo dos sítios pesqueiros é a preservação e a conservação dos patrimônios de usos sustentáveis. “Os lagos com potencial para o turismo de pesca e as comunidades estão receptivos porque já perceberam a importância da preservação e conservação das espécies, assim como para o manejo de pesca sustentado, ressalta a Secretária municipal de Turismo, Fátima Guerreiro, destacando que as comunidades sabem que precisam lutar pela conservação e preservação das áreas que habitam e onde usufruem da natureza para o seu sustento. A secretária acredita que o turismo trará para essas comunidades outras alternativas de renda e, por outro lado, os ribeirinhos compreenderão que não podem deixar de viver os seus costumes, “que não podem deixar de fazer sua farinha, o biju e que o turismo é uma ótima oportunidade para o surgimento de novos negócios e melhor qualidade de vida”. Sociedade cobra apoio da MRN ao desenvolvimento A primeira reunião preparatória de audiências públicas necessárias para o licenciamento de novas minas de bauxita na região do Trombetas foi marcada por cobranças à Mineração Rio do Norte. Os oriximinaenses pediram mais apoio ao desenvolvimento local mas, para a MRN, falta preparo dos fornecedores do município e a empresa tem contribuído para melhorar esta qualificação. A reunião em Oriximiná teve dois momentos: pela manhã no auditório da Casa da Cultura e à tarde na Câmara Municipal. Participaram representantes da sociedade civil, da administração municipal, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis e da empresa. Entre os questionamentos, a razão da MRN comprar mais de empresas de fora e empregar mais profissionais de outros municípios, como Santarém. Outro questionamento foi sobre a falta de curso técnico em Oriximiná, para capacitar a mão-de-obra local. Os representantes da MRN disseram que o município precisa melhorar a agricultura, que o município também tem que contribuir. Para a empresa, os agricultores de Oriximiná precisam se preparar mais para atender as demandas da MRN. A mineradora garantiu que está apoiando os fornecedores locais, citando como exemplo que fornece alimento ao projeto e adquire peixes produzidos em Oriximiná, através de tanques-rede. O município pediu a instalação um núcleo universitário e foi atendido, mas prometeu investir mais na área de educação, principalmente em qualificação profissional, alega a mineradora, informando também que vem apoiando programas de capacitação para empresas locais e que as compras feitas na região têm aumentado de forma significativa. Na Câmara, os vereadores também fizeram co- branças, como o atendimento à população ribeirinha no hospital de Porto Trombetas. A MRN informou que, atualmente, mais da metade dos atendimentos feitos no hospital são de ribeirinhos e que desenvolve projeto de apoio às comunidades, como o que conseguiu erradicar a malária. As reuniões preparatórias acontecem até o dia 1º de abril, para discutir o Relatório de Impacto ao Meio Ambiente (Rima) para operação de seis novos platôs. Depois serão agendadas as audiências públicas, ainda sem data definida para ocorrer, que são coordenadas pelo Ibama, órgão que detém a responsabilidade de conceder a licença para operação, já que a MRN é instalada na Floresta Nacional Saracá-Taquera, uma unidade de conservação federal. De acordo com diretorpresidente, Júlio Sanna, com a operação nesses platôs, a capacidade produtiva da empresa não passará por alteração. “As novas minas substituirão as que estão em processo de exaustão. Continuaremos produzindo e embarcando a marca de 18 milhões de toneladas de bauxita, nos próximos cinco anos”, afirma Sanna. A reserva dos seis platôs é da ordem de 256,5 milhões de toneladas de bauxita e será lavrada até 2025. Parte desse minério se encontra no subsolo de Terra Santa, município vizinho a Oriximiná, onde a MRN opera há 28 anos. Dessa forma, Terra Santa passa a ter direito sobre o recolhimento dos impostos, incluindo a Contribuição Financeira pela Extração Mineral (CFEM). Assim que a licença ambiental for concedida pelo Ibama, a empresa dará início às obras de infra-estrutura. Para o platô Bela Cruz, o primeiro dos seis a entrar em operação, será necessária a construção de uma estrada, além de instalações de apoio à produção. A previsão é de que sejam contratados, em média, 480 trabalhadores, chegando a 700 no pico das obras. Com muito realismo, a montagem encheu de emoção os populares que participaram do espetáculo, enchendo as ruas como platéia móvel e aplaudindo a marcante apresentação anual Via-Sacra encenada nas ruas encanta FOTOS BRUNO GIVONI Um dos mais tradicionais eventos do calendário cultural de Oriximiná, a Via-Sacra foi encenada nas ruas da cidade na manhã da Sexta-Feira da Paixão, com um grande elenco de atores e coadjuvantes da Pastoral da Juventude, contando com a participação especial do ator Rona Farias, interpretando Jesus Cristo. O espetáculo de rua emocionou os fiéis, que reviveram o sofrimento de Jesus Cristo até a crucificação. Os atores da Pastoral da Juventude capricharam na confecção do figurino, que agradou os espectadores. “É muito lindo, eu me emociono todas as vezes” disse a fiel Maria do Carmo, que sempre acompanha o cortejo. Este ano a Via Sacra saiu da frente da igreja Matriz até a Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no bairro Os atores foram muito aplaudidos pela performance que leva o nome da santa. Muita gente acompanhou a caminhada, ao longo das 12 estações. O ator que representou Jesus Cristo se diz gratificado com o realismo da montagem. “Eu fico feliz quando as pessoas reconhecem o nosso trabalho, dos meninos da Pastoral da Juventude. A cada ano isso nos dá força para representar melhor a vida do nosso Pai Celestial”. Para o músico Sebastião Lago, a participação popular é muito importante para a preservação da peça teatral. “Você vê o número de jovens que acompanham, crianças, o esforço dos atores. E tudo isso pra mostrar ao povo o quanto que Jesus sofreu por nós e às vezes nem lembramos disso” completa. A Via Sacra tem apoio da Prefeitura de Oriximiná, através da Secretaria de Cultura, Desporto e Lazer. Abertas inscrições para Mostra de Teatro em Oriximiná › SALETE MARINHO A Secretaria Municipal de Cultura, Desportos e Lazer de Oriximiná reuniu os responsáveis pelos grupos teatrais amadores do município, para tratar dos 15 anos do calendário de apresentações de peças culturais. Segundo o secretário de cultura, Adélcio Corrêa Jr., a reunião serviu para avaliar e aprovar o regulamento do maior evento de teatro do município, que é a “Mostra de Teatro Amador de Oriximiná”. “Este ano a Mostra vai debutar, completando 15 anos e, por conta disso, o regulamento está sendo adaptado para um acontecimento bastante festivo”, explicou. Na ocasião também foi lançado o desafio aos grupos de teatro sobre o projeto “Teatro para todos”, garantindo o uso constante da Casa de Cultura, de modo a incentivar a produção de espetáculos teatrais como mais um lazer aos oriximinaenses. A Mostra de Teatro Amador é aberta a grupos teatrais de todo o território brasileiro. Art. 2º - O evento será regido por Regulamento específico, a ser resgatado pelos interessados na Secretaria Municipal de Cultura, Desporto e Lazer – Travessa Ângelo Augusto, 832, no horário de 7h às 13h, pelo Fone Fax: (93)3544-2681, pelo E-mail: [email protected] ou através do site: www.oriximina.pa.gov.br. EDITAL Nº 003/2008 Art. 3º - O evento acontecerá nos dias 9,10, 11,16, 17, 18,22, 23, 24 e 25 de maio de 2008, sempre a partir das 19:30h, no Auditório da Casa da Cultura. A Secretaria Municipal de Cultura, Desporto e Lazer, no intuito de regulamentar o processo de inscrição e seleção dos grupos teatrais amadores para a XV MOSTRA DE TEATRO AMADOR DE ORIXIMINÁ, resolve: O presente Edital entrará em vigor a partir da data de sua publicação. Art. 1º - Estabelecer o período de inscrição para o evento, que será de 07 de março a 07 de abril de 2008. Adélcio Corrêa da Silva Júnior, Secretário Municipal de Cultura, Desporto e Lazer – Port.005/2008 Oriximiná, 07 de março de 2008. POLÍTICA MARÇO - 2008 z 5 Alepa se esforça para trazer Copa ao Pará O presidente da Assembléia Legislativa do Estado, deputado Domingos Juvenil, não mede esforços para estimular os parlamentares a lutar pela conquista de espaço durante o evento. Ações conjuntas para tornar Belém sub-sede da Copa do Mundo de Futebol, que será disputada no Brasil, em 2014, estão sendo articuladas pela Assembléia Legislativa do Pará e o Governo do Estado. O deputado Domingos Juvenil espera que seja produtivo o trabalho da comissão formada na Alepa para acompanhar as ações governamentais a fim de incluir o Pará no calendário esportivo da competição, e conta que a reunião preliminar com a Secretaria de Esporte e Lazer foi o pontapé inicial dos trabalhos. Além de Júnior Ferrari (PTB), que preside a comissão parlamentar, ela também é integrada pelos deputados Carlos Bordalo (PT) e Martinho Carmona (PMDB), que é o relator. O presidente da Comissão Permanente de Esportes da Alepa, deputado Robgol (PTB), também trabalha para viabilizar o projeto. Os deputados querem juntar outros setores como o da hotelaria e construção civil. O presidente da Alepa Domingos Juvenil: Alepa e governo trabalham em conjunto recomendou que jogadores, associações desportivas e a sociedade como um todo sejam convidados para fazer do Pará um Estado ainda mais atrativo aos olhos dos organizadores da competição. Fora do Estado, outras articulações, em esfera federal, também devem ser feitas pela comissão parlamentar paraense. “Em outra etapa, os parlamentares irão ao Rio de Janeiro para reunir com a Confederação Brasileira de Futebol, a CBF e, em seguida, pretendem dialogar com o ministro dos Esportes. “Tudo isso vai nos ajudar a alcançar nosso objetivo”, explica Domingos Juvenil. A comissão foi criada com o objetivo de analisar, tratar e acompanhar todas as atividades que estão sendo realizadas no Estado a fim de apresentar contribuições positivas para tornar o Pará uma das sub-sedes da Copa do Mundo de 2014, esclarece o presidente. O Pará disputa a vaga da Amazônia com os Estados do Amazonas e Acre. Doze cidades serão escolhidas para sediar o maior evento futebolístico mundial. A divulgação das escolhidas deve acontecer até o fim de 2008. Júnior Ferrari quer aproveitar água da chuva O deputado apresentou projeto de Lei visando criar o Programa de Captação de Água da Chuva no Estado do Pará, cujos objetivos são a captação, o armazenamento e a utilização das águas pluviais pelas edificações urbanas. A proposição é muito oportuna, em se tratando de poupar água, um bem não renovável da natureza e que tem sido motivo de preocupação em todo o mundo. De acordo com a proposta de Ferrari, o Estado, por meio das secretarias competentes Saneamento e Obras, realizará convênios com as administrações públicas municipais e parcerias com a iniciativa privada, visando à realização de ações que vão desde a instalação, nas casas e prédios, públicos e particulares, de caixas de água, com tampa parcialmente removível, coletoras e armazenadoras da precipitação atmosférica; instalação de calhas adaptadas Ferari : projeto ecológico e outros condutores, convergentes às caixas coletoras. Júnior Ferrari sugere ainda que haja adaptação, às caixas coletoras, de sistema que libere o excesso de água acumulada para as galerias de águas pluviais. Cada edificação deverá conter uma caixa de água destinada unicamente ao armazenamento de água pluvial. A água das chuvas coletada será utilizada em atividades que dispensem o uso de água tratada, como la- vagem de calçadas, interiores de prédios, regar plantas, em sistemas de banheiros e etc. A instalação de caixas de água com tampas removíveis será responsável pela retenção de parte considerável da água das chuvas. Essa água que, muitas vezes, provoca enchentes e inunda ruas e calçadas, poderia ser armazenada para futura utilização em atividades que dispensam o uso de água tratada, como por exemplo, nas descargas de vasos sani- tários e na limpeza e pisos e calçadas. Em sua justificativa, o deputado Júnior Ferrari alega que ?O problema da falta de água é gravíssimo em todo o planeta. Até mesmo o Brasil, país rico em recursos hídricos sofre as terríveis conseqüências da carência de água: falta água para a produção energética, falta água para o abastecimento das residências em várias regiões, não há água tratada suficiente para todos?, alertou. Josefina enfatiza história de Monte Alegre Localizado a 623 km de Belém, no oeste do Pará, o município comemorou, no último dia 15, o 128° aniversário de elevação à categoria de cidade. Para lembrar a data, a deputada estadual protocolou na Alepa o requerimento nº 72/2008 propondo votos de congratulações à população local e seus dirigentes políticos pela celebração do evento. A solicitação foi aprovada por unanimidade no plenário da Alepa. Ao justificar sua proposta, Josefina Carmo destacou o fato de Monte Alegre ser uma das mais antigas fundações urbanas da Amazônia, tendo sido inicialmente instalada pelo comandante português Pedro Teixeira, em 1639, quando visitou o aldeamento dos Gurupatuba, um dos povos que habitavam a região à época. Também deu destaque ao papel que teve a cidade durante os diversos períodos da história do Pará, acentuadamente durante a Cabanagem. “O primeiro presidente cabano, Félix Antônio Clemente Malcher, era montealegrense, enquanto um primo deste, ao capitão-mor Antônio Clemente Malcher, assumiu a defesa da cidade contra os ataques dos revoltosos”, registrou ela. A deputada também ressaltou a importância de Monte Alegre no período da história pré-Cabral, e como as descobertas e estudos sobre os paleoíndios amazônicos levou a comunidade científica a reescrever a história da ocupação do continente americano. “Sim, agora está confirmado: Monte Alegre possui as marcas mais antigas da presença do homem na Amazônia, algumas das mais antigas das Américas”. Pinturas rupestres e uma infinidade de materiais arqueológicos coletados e estudados por vários cientistas comprovam que Monte Alegre, no período neolítico (entre 26.000 a.C. e 5.000 a.C., aproximadamente), foi o berço das civilizações amazônicas. O patrimônio histórico-cultural herdado dos paleoíndios amazônicos está concentrado no Parque Es- tadual Monte Alegre (Pema) e atrai centenas de turistas todos os anos, lembrou Josefina, lamentando que parte desse patrimônio esteja se perdendo, principalmente as centenas de pinturas rupestres. “Agora, com seu plano de manejo já pronto, esperase que o Pema e seu belo e raro patrimônio históricocultural sejam estudados, protegidos e conservados”, avalia a deputada. Carlos Martins festeja devolução da Vera Paz O diretor-presidente da Companhia Docas do Pará, Clythio Van Buggenhout, assinou, na sala de reuniões da Prefeitura de Santarém, o Termo de Reversão da área da antiga praia. pertencente à CDP, ao município de Santarém. Situada no bairro do Laguinho, a área vinha sendo solicitada desde 2005 pela prefeita Maria do Carmo. “Trata-se de uma data histó- rica, que irá possibilitar o surgimento de mais um espaço voltado à cultura, ao turismo e ao lazer. Esta reversão resgata a história de Santarém, tendo em vista que a Vera Paz ainda é cantada em verso e prosa”,comemorou o deputado Carlos Martins (PT), revelando que a Prefeitura quer construir na área uma passarela com contenção fluvial, instrumentos públicos como lanchonetes e playgrounds e a manutenção do bosque com trilhas, numa área de 35.390 metros Carlos Martins: fato histórico quadrados. Os trabalhos devem começar em junho deste ano. Carlos Martins salientou que o entendimento entre a CDP e o Conselho de Autoridade Portuária, para atender ao pleito da prefeita Maria do Carmo, foi por acreditarem que o interesse social se sobrepõe ao remoto interesse portuário. “A Companhia Docas do Pará dispõe de outras áreas para utilizar em caso de expansão do porto. E o interesse de uso coletivo mereceu a exata importância da parte do diretorpresidente da Docas, elogiou o deputado, que junto aos moradores dos bairros do Laguinho, Aldeia e Liberdade prestigiou o ato. Von reclama que Oeste sofre com a cheia Santarém, Monte Alegre, Alenquer e Juruti sofrem vendavais e alagamentos. Assim como na BR-163 e Transamazônica, Altamira, Rurópolis e Itaituba. São muitos os estragos nas cidades e deslizamentos de encostas nas estradas, deixando famílias desabrigadas. Há duas semanas, o comércio de Santarém ficou completamente alagado, a água invadiu as lojas e muitos produtos estragaram. Até mesmo carros foram arrastados pela enxurrada. Na periferia, milhares de pessoas não con- seguem sair de casa cedo para trabalhar. Os ônibus deixam de entrar em determinadas ruas por causa das valas que se abrem durante as enxurradas, conta o deputado Alexandre Von (PSDB). Em alguns bairros, os moradores constroem barricadas para impedir o avanço da água. Na Nova República, um dos mais distantes do Centro, muitos tiveram suas casas invadidas pela água e perderam móveis e eletrodomésticos. Valas e buracos tomam conta da cidade. A medição diária do rio Tapajós, feita pela Capitania dos Portos, aponta que o nível das águas está acima do registrado em 2006, ano da maior cheia registrada no município nos últimos anos, enfatiza Ale- xandre Von, explicando que a Delegacia Fluvial já alertou os donos de embarcações sobre os perigos de navegar neste período e a previsão é de ainda cair muita chuva em Santarém e em toda a região Oeste do Pará nos próximos dias. No sábado, 22, uma grande quantidade de terra deslizou para o leito da pista na rodovia BR-163 (SantarémCuiabá), à altura da Serra do Piquiatuba, zona urbana de Santarém. O 8º Batalhão de Engenharia e Construção (BEC) teve muito trabalho para liberar o tráfego na área. No domingo, informou Von, um deslizamento de areia interrompeu durante cerca de uma hora a estrada estadual Everaldo Martins (Santarém/Alter do Chão). Nas rodovias Transamazônica (BR-230) e Santarém-Cuiabá, diversos trechos ficam debaixo d’água, rios transbordam e pontes são levadas pela correnteza. Novos atoleiros se formam a cada dia e transformam a viagem num verdadeiro teste de paciência. A situação é dramática, relata Alexandre Von, que acusa a Prefeitura Municipal de Santarém por não realizar serviços básicos de infraestrutura, como drenagem e desentupimento de bueiros, o que estaria agravando o problema. 6 VARIEDADES zMARÇO - 2008 JOSÉ WILSON MALHEIROS www.wilsonmalheiros.mus.br www.deconsciencia.blogspot.com [email protected] PANORÂMICA DO MUNDO ATUAL Para você, leitor, que me honra com sua preferência, uma breve mensagem de Páscoa. Na sociedade contemporânea, observamos que é inegável o progresso, seja no campo tecnológico, no pensamento acadêmico, na ética, etc. Vultosos recursos financeiros são generosamente investi- dos em projetos de investigação de remédios que consigam ou minorar ou curar as mazelas do ser humano e até mesmo de nossos irmãos animais. Destacamos, por exemplo, o conhecido Projeto Genoma, que visa fazer o mapeamento de todos os genes do ser humano, virando-o do avesso, o que evidentemente, tem seu lado ótimo. Se por um lado a humanidade se esmera em melhorar sua condição de vida, por outro viés vemos exatamente o oposto, isto é, ainda não conseguimos, como espécie, eliminar ou pelo menos melhorar a um patamar menos cruel, a situação dos chamados menos favorecidos pela sorte. Vejamos o caso de nosso país, onde existem pessoas vivendo no primeiro mundo e outros ainda na idade da pedra da desnutrição, falta de instrução, saúde pública compatível etc, a exemplo dos países africanos. Esse estado de coisas deprimente ocasiona o inevitável. O mundo atual parece estar, sem exagero, canceroso. As pessoas têm medo de sair às ruas, em face dos assaltos e seqüestros relâmpagos que têm ocorrido a todo momento, não mais se escolhendo a classe social. Tanto sofre o pobre como o rico ou a classe média e os poderes do Estado parecem impotentes diante de tanta violência. Estamos em tempos de muita inquietude e de grande instabilidade emocional e social. No Brasil, há quase 30 milhões de pessoas com transtornos mentais, com neuroses e índices acentuados de demência; com epilepsia e psicoses várias. As faculdades, a ciência poderiam reservar tempo, numerário e material humano para pesquisar soluções no sentido de tentar, cada vez mais, de alargar os horizontes das pesquisas, nos domínios da alma humana, contribuindo para a solução dos enigmas que atormentam o homem contemporâneo, projetando luz nas questões, quase que indecifráveis do destino e do sofrimento do ser humano. A realidade, porém, é bem outra. Vemos todo dia e a toda hora os contrastes de uma suprema tecnologia no campo da informática, da genética, das viagens espaciais, dos supersônicos, dos raios laser, ao mesmo tempo em que ainda temos que conviver com a febre amarela, a tuberculose, a AIDS, e com todos os tipos de droga (cocaína, heroína, skanc, ecstasy, o crack, etc.). Estamos na Páscoa e nunca é demais relembrar. Nesse panorama a mensagem de Jesus Cristo é um elixir miraculoso, o mais seguro para a redenção social, que haverá de penetrar em todas as consciências humanas, como um dia penetrou no desprendimento de Vicente de Paulo, na majestosa solidariedade de irmã Dulce, na bondade de Francisco de Assis, na suprema dedicação de Teresa de Calcutá, no amor de Chico Xavier e tantos outros ícones. Chegou a hora de toda a humanidade parar e pensar. Precisamos cultivar a compaixão sem pieguismos, exercitar generosidade que começa na arte de doar coisas, para culminar no dom de nos preocuparmos com o próximo. Fazer algo de bom, e que ninguém saiba, por um desafeto qualquer. Chegou a hora de praticarmos a principal mensagem do Redentor: Fora da Caridade Não existe Salvação. - Puxa, errei de novo! Mas ainda tenho outra vez... Vou me segurar bem e esperar. Lá veio novamente a Cobra da mesma direção que das vezes anteriores. Abraçado ao esteio com o braço esquerdo, esperou que ela passasse. Desta vez a Cobra vinha rente ao trapiche e aí conseguiu segurar no talo da rosa. Quase que é arrastado pela Cobra, mas, como estava bem seguro, agüentou firme, e ficou com a rosa na mão. A Cobra continuou subindo o rio até desaparecer...Marujo ficou uns instantes ali, ainda abraçado ao esteio e olhando a rosa que tinha na mão. Era muito bonita e cheirosa! Depois subiu ao trapiche e ficou esperando a moça. Nada. Continuou esperando e ninguém aparecia. - Mas, sim senhor, cadê a moça? – pensou – será que ela não vem? Olhava pro rio esperando que ela aparecesse numa canoa ou montaria. E nem sombra da moça...! Começou a olhar em todas as direções, pra cima, pra baixo, pros lados, voltou a olhar pro rio e... nada! Resolveu dar um tempo. - Vou esperar mais quinze minutos e, se ela não aparecer, vou embora! Assim fez. Esperou e, como a moça não apareceu, retirou-se do local. - Ela não vem mais...! Saiu do trapiche pra beira do rio a fim de retornar ao motor ancorado e, quando vai subindo o barranco, dá de cara com a moça, em pé, já vestida, toda de branco, muito linda! - O senhor tava pensando que eu não tinha vindo, não é? - É, pensei até que tinha perdido, que tinha feito alguma coisa errada... - Não, o senhor conseguiu. Agora vou lhe pedir mais um favor: gostaria que o senhor me deixasse na casa de meus pais, lá no Acre. O senhor faz isto? - Faço! A senhora embarca neste motor que estou trabalhando. Vamos até a cidade de Porto Velho e de lá vamos seguir para o Acre. Passageiros e tripulantes ficaram surpresos quando Marujo chegou com a moça. Vários pensaram que a tinha “roubado”, expressão que se usava então. Ele falou que não, mas também não entrou em detalhes do que realmente tinha acontecido. Marujo foi deixar a moça na casa dos pais, que não acreditavam no que estavam vendo. Já davam a menina por morta – afinal sete anos haviam passado – e eis a filha na frente, já moça, com quinze anos de idade. Fizeram uma festa e quiseram recompensar Marujo. Este nada aceitou. Disse que sua recompensa maior era o desencante da moça e tudo o que tinha feito era desinteressadamente, só para dar alegria a ela e seus familiares. Ela então disse ao marujo que a rosa vermelha era uma oferta: se algum dia estivesse passando necessidade ou precisando de alguma coisa, bastava dar um cheiro na rosa, que conseguiria o que quisesse. - E tem mais – ela disse – a rosa nunca murchará! Aí ele perguntou: - De onde é esta rosa? Onde a senhora conseguiu? - Não vou dizer. Não posso revelar. Isto é segredo! Após ser muito festejado pelos pais e familiares da moça, Marujo foi embora e continuou trabalhando no motor Brasil. Guardava carinhosamente a rosa e afirmava que ela nunca murchara. Continuava fresca tal e qual a havia retirado da boca da Cobra, tal e qual tinha recebido das mãos da moça. Apenas, algumas vezes, por saudades da aventura ou por simples lembrar, contava a história para os passageiros. Uns acreditavam, outros não. Para os que não acreditavam, pedia o testemunho do comandante do barco, este sempre pronto a confirmar. Não quis fazer uso dos poderes mágicos da rosa e preferiu continuar sendo apenas um marujo a singrar os rios da Amazônia a bordo do motor Brasil. Porém, era bem mais que um simples marujo: era um caboclo amazônida, que, pela sua coragem, e destemor, tinha desencantado uma Cobra Grande...” Desta vez a Cobra vinha rente ao trapiche e aí conseguiu segurar no talo da rosa... WALCYR MONTEIRO [email protected] A ROSA Histórias de pessoas encantadas em forma de bichos, principalmente de cobras, são muito conhecidas na Amazônia. Também são conhecidas as tentativas de desencantamento, onde, na maioria, falham, principalmente pela falta de coragem de quem tenta o desencante. Por isso, esta é diferente. É uma história em que... Não, assim já vou contar o fim e nem ao menos iniciei... Vou passar a palavra a Gedeão Batista, nascido no antigo Território Federal do Guaporé, hoje Estado de Rondônia, e que ali residiu muitos anos. “- Eu viajava muito com meu pai de navio, através do rio Pacoara, do Seringal Boa vista para a cidade de Porto Velho, hoje capital de Rondônia. As viagens, naquele tempo, eram feitas só durante o dia. Por volta das 17 horas, a embarcação encostava na beira, ou seja, nos barrancos, para os passageiros passarem a noite. Aí, os que tinham barraca, montavam, os que não tinham atavam suas redes entre duas árvores ou dois paus, ou ainda cortavam folhas de bananeira brava para deitarem, enfim, cada um dava o seu jeito. A viagem continuava no dia seguinte, saindo de manhã cedo. Em uma destas viagens, íamos no motor Brasil, que também rebocava um batelão. Como não tinha lugar para todos dormirem, saltamos para o barranco. Só quem ficava a bordo era a tripulação. O resto ia improvisando a dormida de maneira que já falei. Foi aí que ouvi uma história que se tinha passado em uma viagem anterior, já há alguns anos, do motor Brasil, com um dos seus tripulantes, que chamarei aqui de Marujo. Nessa viagem, o barco havia parado em um barranco em situação semelhante, ou seja, pra dormirem. Um dos tripulantes, o Marujo, porém, saltou e começou a andar por dentro da mata. Anda aqui, ali e acolá, afastouse do local onde os passageiros estavam acampados. Sempre examinando o local, ouviu como que o cair de água de alguém que estivesse tomando banho de cuia. Aí viu que estava próximo a um igarapé e se aproximou bem devagar, sorrateiramente. Pensava quem poderia ser. - Será que é uma das passageiras? Sem fazer barulho, aproximou-se mais, sempre se escondendo atrás das moitas. Quando estava bem perto, o que viu? Era uma moça loira, cabelos compridos, branca, sentada num tronco atravessado no igarapé, apanhando água com uma cuia e tomando banho inteiramente nua. Marujo ficou extasiado com aquela bela visão. A moça estava de costas para ele e, por isso mesmo, ficou surpreso e espantado quando ouviu: - Ei, moço! O que o senhor está fazendo aí? Ela não tinha se virado, não tinha olhado pra ele, daí a razão do espanto. - Não, sa... sabe, eu... eu... eu tava aqui... As palavras não saíam e Marujo gaguejava, procurando encontrar uma justificativa para o fato de estar espiando. Ela não esperou o resto da desculpa e, antecipando-se ao que ele ia dizer, falou: - Chegue mais um pouquinho pra cá! Naquela época havia mais respeito e foi um tanto encabulado – afinal ela estava nua – que ele se achegou. Já perto do tronco onde a moça estava, perguntou: - Mas a senhora mora aqui? Porque eu não vi a senhora a bordo...! - É, eu moro ali, naquele rio! (ela falou, apontando na direção do rio Pacoara, do qual o igarapé era afluente). Lá onde está o motor ancorado. - Mas, como a senhora mora lá, se não tem ao menos uma barraca de palha? - Bem, eu vou lhe contar a minha história. Eu era criança... O senhor sabe, rio abaixo, onde está o motor, tem um trapiche abandonado, não tem? - Tem, sim, senhora... - Pois é, onde está este trapiche existia um armazém que era dos meus pais. Quando eu tinha oito anos, estava brincando no trapiche quando se aproximou uma Cobra Grande e me encantou. Quando meu pai deu por falta de mim, me procurou muito. Procura daqui, procura dali, mas nunca me achou. Aí pensou que eu tinha morrido no rio, embora meu corpo nunca fosse encontrado. Ele, desgostoso, foi embora pro Acre. Deixou a casa, abandonou tudo e foi embora... Já fazem sete anos que aconteceu isto e ainda não apareceu uma pessoa de coragem pra me desencantar. Está faltando esta pessoa... Marujo, achando tudo inacreditável, ficou olhando pra ela e quis dizer alguma coisa, mas nem conseguiu, porque, enquanto ele pensava ainda no que ia dizer, ela falou na frente: - Eu vou fazer uma proposta pro senhor. Posso? Ele ficou emudecido de início. Depois se encheu de coragem e disse: - Pode! - É o seguinte: eu quero, antes de tudo, lhe dizer que se fizer por mim, o senhor vai ser feliz pro resto da vida. Mas só depende do senhor. O senhor tem coragem de me desencantar? Ele parou pra pensar, refletiu e finalmente falou: - Tenho. O que eu tenho que fazer? - Olhe, hoje à noite, quando faltar quinze minutos pra meianoite, o senhor vai até o trapiche velho. Fique lá em pé, me aguardando. Vou aparecer, em forma de cobra, com uma rosa vermelha na boca. O senhor vai ter que tirar essa rosa. Se conseguir, me desencanta...! E essa rosa o senhor guarda consigo que o que precisar de bom na vida, conseguirá! Agora, se falhar, dobrará o meu encanto... Ele pensou rapidamente e disse: - Eu faço! - O senhor faz mesmo? - Faço! - Então vá pra lá, que vou lhe esperar. O senhor terá direito a três tentativas. Ele voltou pra bordo e nada disse a ninguém. Jantou, ficou fazendo hora e mais tarde saiu. Foi beirando o rio até chegar ao local combinado. Lá, ficou em pé, agarrado num esteio velho. A água estava rés ao trapiche. Olhou em torno. A vista era assustadora: além do que restou do velho trapiche, só se via as ruínas da casa e do armazém dos pais da moça. Mas, corajosamente, Marujo permaneceu ali, decidido a promover o desencantamento. A noite estava um pouco nublada, mas o que aparecia da lua dava bem para ver a água do rio. De repente – era quase meia-noite – ele ouviu um movimento rio abaixo e, no que olha na direção, vê aquela coisa enorme, subindo contra a correnteza do rio, com os olhos que pareciam dois holofotes. Era a Cobra Grande! Ele segurou firme no trapiche com a mão esquerda e, quando a Cobra passou perto dele, tentou tirar a rosa com a mão direita. Mal conseguiu tocar a rosa. A Cobra sumiu rio acima. Marujo pensou: - Sim, senhor! Será que falhei na minha missão? Mas ela disse que tenho direito a três tentativas... Vou esperar as outras duas... Ficou olhando rio acima esperando que a Cobra voltasse. No que ele está olhando na direção que a Cobra sumira, eis que ela vem do mesmo lado que tinha vindo antes, ou seja, subindo o rio contra a correnteza e na direção contrária a que ele estava olhando. Vinha mais próximo e em maior velocidade e no que ele se espantou – vupt! – ela novamente passou e desta vez ele nem conseguiu se mexer, quanto mais segurar a rosa. REGIONAL MARÇO - 2008 z 7 VICENTE MALHEIROS DA FONSECA [email protected] TRIO D’AMORE E A MÚSICA FAMILIAR BRASILEIRA A herança musical da família Fonseca de Santarém chegou à quarta geração. Andréa Campos (violinista) e Tânia Campos Kier (violista), filhas de Miguel Augusto Fonseca de Campos, são bisnetas de José Agostinho da Fonseca e netas de Maria Annita Fonseca de Campos, pianista e professora de música, irmã de Wilson Fonseca (Isoca), meu saudoso pai. Elas nasceram em Santarém. Crianças, ainda, foram morar no Rio de Janeiro e depois em Brasília, onde estudaram música. Concluíram os estudos musicais, inclusive pós-graduação, nos EE.UU, onde permaneceram por mais de uma década, com brilhante carreira artística, em orquestras e conjuntos de câmara, turnês por vários países e inúmeras premiações. De 1997 a 2001 integraram a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo e o Sexteto de Cordas da OSESP. Gravaram discos. Hoje, tocam na Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo, na Bachiana Chamber Orchestra (dirigida pelo maestro João Carlos Martins) e conjuntos camerísticos. Andréa leciona violino no Centro de Estudos Musicais Tom Jobim (SP). As duas irmãs juntaram-se ao esposo de Andréa (Flávio Geraldini, violinista) e formaram o Trio D’Amore, todos com larga experiência profissional no Brasil e no exterior e com atuação constante como cameristas e solistas. No final de 2007, eles fizeram um projeto para executar um repertório com obras da família Fonseca e me solicitaram que escrevesse os arranjos para Trio de Cordas (2 violinos e viola). O título do concerto (Música Familiar Brasileira) foi inspirado no parentesco dos membros do trio (1 casal e 2 irmãs) e dos compositores escolhidos para o programa ADEMAR AYRES DO AMARAL [email protected] ALMOÇO NO MASCOTE De passagem por Santarém a caminho de Juruti, fiquei hospedado num hotel próximo ao conhecido Bar Mascote e, por razões práticas, resolvi almoçar naquele saudável ambiente. Estava acompanhado de uma amiga, quase irmã de criação, e seus três filhos, meus sobrinhos. Ela e o marido estão há dois anos radicados em Juruti, onde exercem atividade empresrial nestes novos tempos de muita bonança que a cidade vive com a implantação do projeto de bauxita. Antes uma cidade morta e sem nenhuma perspectiva, parece que agora todos os bons caminhos desta amazônia nos levam a Juruti. Minha amiga e o marido acabam de alugar um apartamento em Santarém, para acomodar os três filhos que estão estudando no Colégio D. Amando. Uma velha história que se repete para quem tem intenção de dar o melhor para aos seus rebentos naquele pedaço do nosso Baixo Amazonas.Foi o que aconteceu comigo e com meu irmão no longínquo ano de 1958, quando chegamos para morar com nossos tios Maria e Zeca BBC, ali no Solar do Barão de Santarém. Ela me diz que os três adolescentes estão enfrentando uma barra pesada para dar conta do recado, no exigente D. Amando. Vieram de uma escola pública de Juruti, e estão estranhando tudo: o volume de matérias e deveres, a pontualidade das provas e, sobretudo, uma antiga mas eficiente ordem na conduta pessoal, movida a deméritos. No Mascote, patrimônio Tânia e Andréa, netas de Lygia Guerreiro, e Flávio Geraldini Maestro João Carlos Martins, com Neide e Vicente Fonseca, (bisavô, tio-avô e primo), com músicas do período de mais de um século (1906-2008), com arranjos atuais. O Trio D´Amore fez a sua estréia no projeto Música no Museu 2008, em 9 de março, no terraço do Museu da Casa Brasileira, em São Paulo, com a execução de peças de 3 gerações da família Fonseca (José Agostinho da Fonseca, Wilson Fonseca e Vicente Fonseca). Durante o concerto foram feitos comentários pelo maestro João Carlos Martins, curador da temporada do projeto no Museu. No final, a violinista Andréa tocou a Ave Maria de Bach-Gounod, acompanhada, ao piano, por João Carlos Martins, que, no mesmo dia, comparecia ao Programa do Faustão (TV Globo), e, depois, vinha se apresentar no Theatro da Paz, em Belém, com a OSTP. Segundo Martins, o concerto foi um sucesso. O maestro me disse que considera a família Fonseca, de Santarém, equiparada à família de Bach, na Alemanha, pela tradição musical transmitida ao longo de gerações. Celson Gomes, ex-diretor da Escola de Música da UFPa, faz Doutorado em Música na bem zelado pela família Meschede, estamos sentados num espaço onde antes existia uma espécie de quiosque, transformado hoje num confortável restaurante com ar condicionado e excelente self-service. Fui direto num apetitoso pato no tucupi e não me arrependi. O pato estava tão honesto e saboroso quanto o que é feito na minha casa. Só não sei, e também não perguntei, o porquê de terem tirado da parede algumas fotografias de mocorongos ilustres, gente que frequentou o Mascote ao longo da sua linda trajetória de vida. Sumiram com as fotos, mas privilegiaram o espaço com cópias bem feitas de dois quadros antológicos do pintor catalão Salvador Dalí. Sou fascinado pela arte de Dalí. Uma das pinturas, Moça à Janela, pertencente ainda à sua fase clássica e motivo de uma crônica do Miguelzinho Canto no Portal de Óbidos, já nos remete a uma tendência do mestre como o futuro papa do surrealismo. As pinceladas de Dalí me reconduziram a uma ensolarada manhã parisiense, quando eu visitei o Museu do Louvre e fiquei literalmente petrificado diante da escultura da Vitória Alada. A impressão é a mesma do quadro, a fina roupa de cambraia querendo se apossar de um belo corpo de mulher. Sentei de frente para o imponente Solar do Barão e me fixei nas três janelas onde passei por momentos difíceis, quando um fantasma nos alvejou com uma perna de cesto de roupa, num episódio que eu já contei aqui neste jornal. No Solar, entrei um curumim ribeirinho de dez anos de idade, com jeito matuto do interior, complexado e magricelo de contar costela. Havia descido meio assustado e sem rumo no quase deserto aeroporto de Santarém, sendo salvo da minha insegurança ao avistar o meu tio Zeca no seu tradicional macacão de mecânico, em animado papo com seu Dácio Campos, um senhor alto, corpulento e amorenado, que era o agente da Panair do Brasil. Fôra um vôo curto de não mais que trinta minutos, mas eu ainda tinha comigo a sensação estranha de que aquela meia hora de Catalina, de Óbidos a Santarém, havia custado uma eternidade. A ida para Santarém foi minha primeira viagem de avião, mas o Catalina não era de todo uma novidade para mim. A rota normal da Panair passava por cima da nossa fazenda, no Paraná da D. Rosa e, nessa hora, a Escola Isolada São Braz, capitaneada pela minha mãe, dava uma parada obrigatória. Bastava a gente ouvir o ronco longínquo do Catalina da Panair e corríamos todos para o terreiro. Por ter velocidade lenta, o som do avião chegava sempre primeiro como um aviso para a criançada. Era o tal efeito Dopler, fenômeno físico que faz o som chegar antes de um objeto em movimento, e que eu só vim ter a devida explicação, em forma de equação matemática, numa aula de acústica, quando eu me preparava para o vestibular de engenharia. Ali, de frente para o Solar do Barão, e depois de passados cinquenta anos, eu ainda via aquele menino assustado e inseguro, descendo de um Catalina. Mas um dos meus sobrinhos me fez voltar à realidade, me disse que tinha como tarefa de aula, uma entrevista com um ex-aluno do Dom Amando e que havia escolhido a mim como vítima. Tirou minha foto e me fez duas perguntas para montar uma pequena apresentação em Power Point: Qual sua opinião sobre o colégio? Qual a importância do Andréa e o maestro João Carlos Martins UFRS, com ênfase em Educação Musical, e pesquisa as atividades da família Fonseca. Ele foi a São Paulo assistir o trio e comentou: ‘Gostei muito das suas composições e arranjos, inclusive os das músicas de seu pai e avô, que foram executadas com muita habilidade por cada um dos instrumentistas. Eles, de fato, são muito bons e merecedores dos mais diversos e exigentes palcos’. Para Alessandra Colla Soletti Tussi, especialista em educação e marketing, o concerto foi ‘simplesmente emocionante; o grand finale, com o maestro JCM tocando no piano foi sensacional. Muito lindo mesmo! De chorar de lindo’. O Trio pretende tocar em Belém e Santarém. Já estou escrevendo novos arranjos. Música não falta: são mais de 2.000 obras de três gerações, por mais de um século. Dom Amando para sua vida? Escrevendo num guardanapo do próprio restaurante, tentei resumir em poucas palavras as minhas respostas. Para a primeira pergunta, respondi que se o nível do ensino atual ainda fosse o mesmo do meu tempo, não haveria colégio melhor nem na capital. Nossos professores eram todos irmãos da Holy Cross(Santa Cruz), gente que chegava dos Estados Unidos com mestrado e dotourado para ensinar, imaginem, o curso ginasial. Hoje, com a disponibilidade de professores nativos de boa formação, não há mais necessidade de se importar os irmãos americanos, exceção feita apenas ao diretor do colégio. Para a segunda pergunta, eu respondi que o Dom Amando foi o princípio de tudo o que veio acontecer de bom na minha existência, que os irmãos da Holy Cross, além do ensino de alto nível, muito contribuíram para nossa formação como seres humanos e nos incutiram um princípio que, nos tempos atuais, anda em desuso nesta República cheia de escândalos e de muita roubalheira: o de praticar o sentido mais nobre e inequívoco da palavra escrúpulo. Sebastião Tapajós prepara lançamento de novo CD O celebrado violonista santareno está gravando “Cordas do Tapajós”, em conjunto com Moacyr Santos, Djalma do Cavaco e Nicolas Júnior. Sebastião Tapajós incluirá no seu novo CD quatro músicas de Wilson Fonseca, o maestro Isoca: "Pérola do Tapajós", "Canção de Minha Saudade", "Um Poema de Amor" e "Terra Querida". O artista, consagrado internacionalmente e considerado um mago do violão, adiantou um pouco do novo trabalho que em breve será lançado, com patrocínio do Sesc, em um concerto intimista em comemoração ao aniversário de 60 anos do desembargador federal do Trabalho Vicente Malheiros da Fonseca. Também deram uma canja na festa Djalma do Cavaco e Adamor do Bandolim, além de Paulo Ivan Campos. Show privê reuniu amigos e matou a saudade de Santarém O pequeno Vicente Fonseca Neto, já interessado nos acordes 8 CONJUNTURA zMARÇO - 2008 Gabriel Guerreiro lança PEC Áreas Verdes O líder do PV apresentou Projeto de Emenda Constitucional obrigando os municípios a implantar bosque, parque ou jardim botânico, com área delimitada de vinte e cinco a cinqüenta hectares na sede. Cada área de preservação deverá proteger a fauna e a flora nativas, recursos hídricos e monumentos paisagísticos. Pelo projeto, fica vetado nesses espaços verdes a urbanização, edificação e exploração mineral, exceto em caso de obras destinadas às atividades científicas, ecológicas e recreativas. A construção de equipamentos urbanos, excepcionalmente permitidos, só será liberada após aprovação do estudo de impacto ambiental e respectivo relatório. A intenção, segundo Gabriel Guerreiro, é agregar os municípios paraenses aos esforços de sustar o alarmante índice de desmatamento no Estado, apesar da legislação rigorosa punitiva aos seus transgressores. O parlamentar considera que a obrigatoriedade de o Poder Público municipal implantar espaços verdes em suas sedes é plenamente justificável pela constatação da inexistência, na quase totalidade das cidades, de ações de ajardinamento de praças e arborização nas vias públicas. “É claro que o Executivo Municipal poderá disciplinar e regulamentar a matéria, mediante as especificidades locais e regionais. Nossa proposta apenas delineia as linhas mestres da norma municipal. A Carta Estadual legitima a CARTA DE BELÉM Gabriel Guerreiro: PEC é instrumento de cidadania proposição”, argumenta o deputado, lembrando que o caput do artigo 92 da Constituição Estadual estabelece a “competência exclusiva da Assembléia Legislativa” (inciso XXXVI) para “emendar esta Constituição, discutir e votar projetos de lei...”. Guerreiro salienta que a PEC instituindo áreas verdes irá promover política preservacionista, defender os recursos naturais, manter viveiros de espécies nativas ou exóticas de essências flo- restais e materiais zoológicos, além de proteger nichos e bancos genéticos bióticos e sensibilizar camadas sociais à defesa dos ecossistemas com unidades funcionais básicas da biosfera. Também criará espaço para educação ambiental, fomentará o turismo, estimulará o florestamento e reflorestamento, incentivará a criação de animais em vias de extinção e, ainda, viabilizará intercâmbio científico público e privado, despertando sentimento de cidadania. O Partido Verde, através de seus representantes dos Estados da Amazônia Legal (Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Maranhão e Tocantins) e dos membros da Executiva Nacional, reunidos em Belém, Pará, no Encontro Amazônico, em mobilização para a realização do Global Greens, no dia 15 de março do corrente ano, tendo como tema central “As mudanças climáticas”, reafirmando, também, a convicção partidária de que os problemas sociais - desigualdade no acesso as condições elementares de vida; desigualdade no acesso aos meios de aprendizagem e ao conhecimento básico; desigualdade no acesso ao mundo do trabalho; desigualdades associadas à discriminação socioculturais - e ambientais devem ser tratados numa perspectiva de melhoria da qualidade de vida da população e, ainda, preocupados especificamente como aquecimento global e com os altos índices de desmatamentos que atingem, a floresta amazônica, resolvem: 1. Reafirmar a posição aprovada no Encontro do Conselho Nacional do PV, em 2005, pela “Moratória no Desmatamento na Amazônia”; 2. Reforço à fiscalização ambiental na Amazônia com o aumento do número de agentes da União, Estados e Municípios, bem como a integração desses agentes nas ações de combate aos crimes ambientais; 3. Afirmar um modelo de Federação que defina claramente o papel da União, dos Estados e dos Municípios, principalmente as suas competências legislativa e executiva com relação ao meio ambiente e aos recursos naturais; 4. Implementação imediata do Zoneamento Ecológico-Econômico em toda a região, entendido como um processo dinâmico e permanente; 5. Pagamento de salário-desemprego aos trabalhadores oriundos de serrarias e carvoaria fechadas pelos órgãos ambientais, com imediata capacitação para a readaptação desses trabalhadores a novas funções para o mercado de trabalho; 6. Incentivar a criação, em todos os Estados da região, tanto em nível municipal quanto estadual de “Secretarias Especiais de Combate às Mudanças Climáticas”; 7. Incluir na reforma tributária o “princípio do poluidor pagador” como ônus e os “serviços ambientais” como benefício fiscal, sem aumento da atual carga tributária. 8. Adotar como critério para repartição do FPM e cota-parte a existência de reservas e áreas de proteção, como compensação ambiental; 9. Atribuição de responsabilidades em toda a cadeia produtiva, incluindo o consumidor como co-responsável pela produção ambientalmente incorreta; 10. Adoção de políticas urbanas de combate à poluição, através das seguintes medidas: a. Redução, reciclagem e reaproveitamento de resíduos sólidos; b. Incentivo ao uso de transportes coletivos de qualidade e alternativos não poluentes como a bicicleta, etc; c. Municipalização, descentralização e democratização dos serviços de distribuição de água; d. Política de redução de emissão de gases poluentes automotivos, industriais e domésticos; Belém, PA, 15 de março de 2008. José Luiz de França Penna Presidente Nacional- PV Rudson Leite - PV – Roraima José Carlos Lima da Costa - PV – Pará Deputado Zezé - PV- Amapá Antenor Kloch - PV – Rondônia Eliane Ferreira - PV – Amazonas Washington Rio Branco - PV - Maranhão Novas leis para conter desmatamento ilegal no Estado O presidente da Comissão de Estudos sobre o Desmatamento, deputado Cezar Colares (PSDB), revelou que é possível emitir relatório preliminar ainda nos primeiros dias do mês de abril. “Já temos informações suficientes que nos permitem enumerar uma série de recomendações ao Executivo que podem contribuir para a redução do desmatamento ilegal e apresentar alternativas econômicas para o desenvolvimento rural sustentável”, admitiu. De acordo com o parlamentar, há consenso de que as áreas degradadas em reservas legais precisam se tornar produtivas e em condições de inserção no mercado. O nó crítico está na falta de regularização fundiária no Estado, avalia Colares, aduzindo que isto permite a grilagem e a violência. O deputado informou que o presidente do Iterpa, José Benatti, disse que o órgão está investindo, numa etapa inicial, cerca de R$ 9 milhões no processo de titulação de propriedades nos municípios de Eldorado dos Carajás, Almerim, Igarapé-Açu, Rondon do Pará, Abel Figueredo e Tailândia. Sob responsabilidade do Iterpa, há 25 milhões de hectares, dos quais só 4 milhões já foram titulados. O Executivo irá enviar para a Assembléia Legislativa um pacote de medidas Deputado Cezar Colares para fortalecer e valorizar a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema). A intenção é buscar alternativas econômicas de desenvolvimento rural sustentável em condições de competitividade no mercado. A lei transferiu para os Estados a competência da fiscalização e monitoramento. “No entanto, a secretaria não tem capacidade operacional para o tamanho da responsabilidade que recebeu, como reconhece o próprio secretário Valmir Ortega, diz o deputado Colares, informando que, só neste ano, mais 350 funcionários serão incorporados à Sema, que hoje tem 500, mas ainda assim precisa de dois mil servidores. A proposta é ampliar e valorizar os recursos humanos e fazer a adequação do zoneamento econômico-ecológico, que será detalhado na região leste, um investimento de R$ 15 milhões, dos quais a metade é oriundo de emendas da bancada federal paraense. O processo simplificado para a expedição de licenciamento para projetos de reflorestamento tem como meta emitir o documento em uma semana. Outra ação é por em prática o Plano Estadual de Prevenção e Combate ao Desmatamento. Em 2007 o setor de produção florestal movimentou R$ 4 bilhões e lidera o ranking de exportações do Estado, frisa Colares. A partir de 2009, serão licitados os primeiros lotes de florestas estaduais para concessão. Mais de 9 milhões de hectares estão em estudo de viabilidade econômica e ambiental para esse fim. O Cadastro Ambiental Rural será um instrumento importante para por fim ao caos fundiário no Estado e permitir a recuperação de áreas degradas em reservas legais. O Fundo de Conservação e Uso Sustentável da Amazônia deverá servir para catalizar investimentos que gerem a redução na emissão de gases decorrentes do desmatamento, acredita o deputado Cezar Colares. Projeto educacional de Santarém é alvo de aplausos da Alepa A prefeita de Santarém, Maria do Carmo Martins Lima, por iniciativa da deputada estadual Bernadete ten Caten (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alepa, na quarta-feira, 26, ganhou votos de aplausos e congratulações da Assembléia Legislativa do Pará. O motivo da homenagem é a execução do projeto “Arte na Escola da Gente”, que já atendeu quase 12 mil alunos da rede municipal, entre os anos de 2005 e 2007, e é um dos finalistas do Prêmio Cultura Viva 2007, do governo Federal. O projeto realiza oficinas de música, teatro, dança e artes visuais realizadas dentro de 144 escolas nos intervalos escolares, inclusive nas comunidades ribeirinhas, durante os finais de semana. O trabalho é desenvolvido em parceria com organizações não-governamentais e com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). “O projeto conseguiu praticamente acabar com a evasão escolar e a repetência no município”, comemora Bernadete tem Caten, enfatizando que as atividades desenvolvidas pelo “Arte na Escola da Gente” têm valorizado meninos e meninas e, em conseqüência, reduzido o envolvimento destes com a violência. A deputada elogiou a intenção da prefeitura de, com o projeto, envolver os alunos e a comunidade na construção de uma cultura de paz.
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