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Ano XIV N0 133 MAIO 2006 R$ 2,00 RIBEIRINHOS RECEBEM AJUDA O sofrimento das famílias atingidas não inclui fome: há comida para todos. Pág. 5 O Governo do Estado, através da Defesa Civil, seleciona e entrega milhares de cestas básicas aos comunitários de Santarém que sofrem os transtornos da enchente histórica deste ano ORIXIMINÁ Música ESCOLAS E POSTOS DE SAÚDE SUBMERSOS ABERTAS INSCRIÇÕES PARA FECAN Evento tradicional do calendário cultural, o Festival revela novos talentos. Prefeitura agiu rápido para garantir atendimento. Pág. 5 Pág. 7 LAZER DESEMPENHO XIV FESTIVAL DO JARAQUI EM ÓBIDOS índice social de oriximiná é muito bom Pág. 7 Na localidade do Cachoeiry, município de Oriximiná, o retrato amazônico: o pasto e o pomar deram vazão ao rio caudaloso adélia figueira GINCANA CULTURAL NOS 32 ANOS A escola dá bom exemplo ao festejar aniversário com ato de cidadania. Pág. 4 mpf NOVO PARQUE DE EXPOSIÇÕES DE ORIXIMINÁ É O MAIOR DO OESTE Pág. 3 CARGILL TERÁ QUE FAZER OS ESTUDOS AMBIENTAIS A empresa só apresentou plano de controle ambiental. Pág. 8 Pág. 2 justiça TRF DEU GUARIDA À MRN Na milionária disputa judicial, a empresa ganhou um importante round. Ainda há recurso. Pág. 5 Presidente da Billiton e prefeito de Faro faro Centenas de operários trabalham febrilmente para aprontar o complexo de lazer, turismo e negócios agropecuários CONSELHO DA CRIANÇA E ADOLESCENTE GANHA UMA NOVA SEDE Pág. 5 2 SERVIÇO MAIO - 2006 32 anos de história Escola Adélia Figueira comemora aniversário com gincana cultural Professores, alunos, pais de alunos e pessoas da comunidade escolar participaram ativamente da programação cultural que marcou o aniversário da escola. A alvorada às 05:00h da manhã teve queima de fogos de artifício. A comunidade escolar fez uma caminhada pelas ruas do bairro de Santa Luzia e pelo centro da cidade, cortejando antigos professores, e finalizou com uma celebração ecumênica na área coberta da escola. Foi CLASSIFICADOS servido café da manhã para os participantes, entre eles ex-funcionários e pessoas presentes no local. A gincana cultural apresentou temas voltados à própria escola. O turno da manhã foi representado pela equipe vermelha, e o turno da tarde representado pela equipe azul. Para encerrar, alunos, professores, pais de alunos e corpo técnico da escola participaram do almoço comemorativo. Eu quero vender Eu tenho aqui uma língua de pirarucu, já bastante antiga, que a mamãe, em Santarém, usava como lixa. Serve? Talvez o Porco Raimundo queira comprar... [email protected] Vendo gente Eu quero vender um monte de gente que fica me enchendo, querendo me carregar no colo o tempo todo e ver os meus dentinhos! [email protected] Hospital Metropolitano está em ritmo acelerado O Hospital Regional que o governo do Estado do Pará está construindo em Santarém está com mais da metade das obras concluídas. De acordo com o coordenador do Grupo de Trabalho de Planejamento da Secretaria Especial de Proteção Social (Seeps), Vitor Mateus, 55% das obras estão executadas. A previsão é de que as instalações estejam concluídas em agosto deste ano. No total serão investidos R$ 66 milhões de reais. Destes, R$ 37 milhões serão destinados à construção das instalações e R$ 29 milhões para a compra de equipamentos. Os recursos são do Tesouro Estadual. O Hospital Regional do Baixo Amazonas terá cem leitos, e vai oferecer unidades de Internação, Terapia Intensiva e de Apoio ao Diagnóstico e Terapia, além de um Centro de Alta Complexidade em Oncologia para tratamento de câncer. Obras da Cosanpa no Oeste beneficiam 185 mil pessoas A Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa) investiu mais de R$ 5 milhões em obras no município de Itaituba. Além disso, outras melhorias aconteceram em Santarém e Monte Alegre. As obras vão beneficiar cerca de 185 mil pessoas nos três municípios. Em Itaituba, a Cosanpa colocou em fase de teste novos equipamentos que permitirão ampliar o sistema de abastecimento de água no município. Os serviços são, na maioria, destinados à captação de água bruta. Para isso, foram construídos um trapiche com 80 metros de cumprimento e tubulação de 400 milímetros, uma estação de tratamento, um reservatório apoiado de 460 metros cúbicos, uma elevatória de água tratada e uma subestação elétrica de 112,5 KVA. Foram instalados ainda 36 mil metros de rede de distribuição, recuperados dois reservatórios elevados - cada um com capacidade de 227 m³ - e implantados 1,5 mil ramais domiciliares. As obras vão beneficiar 22 mil de pessoas em sete bairros onde a demanda é maior - Centro, Jardim das Araras, Bela Vista, São José, Boa Esperança, Liberdade e Perpétuo Socorro. Os R$ 5 milhões investidos em Itaituba foram garantidos com recursos dos governos do Estado e federal. Porco Raimundo Comunidade prestigiou a reabertura do templo, datado da época de fundação do povoado PARCERIA Aimin recebe sua primeira capela toda reformada A comunidade do Aimin, localizada no lago do Sapucuá, em Oriximiná, realizou um culto de ação graças em celebração à reforma da Capela Santa Maria Goretti. A obra foi realizada pela Mineração Rio do Norte em atendimento a um pedido da própria comunidade do Aimin, onde já é executado um projeto de desenvolvimento auto-sustentável de piscicul- tura. A capela foi construída em 1956, ano da fundação da comunidade, segundo arquivos e relatos dos próprios moradores. Após o culto em ação de graças realizado na Capela Santa Maria Goretti, os moradores e convidados participaram da cerimônia de entrega de conclusão da obra. Joaquim Marinho, coordenador do Aimin, ressaltou a importância da iniciativa: “todo mundo que passa pelo lago admira e quer ver como ficou. Isso é um marco que irá ficar na lembrança de todos, de vocês da Rio do Norte e da nossa”. Em seguida, Ademar Cavalcanti, gerente de Saúde, Segurança, Meio Ambiente e Relações Comunitárias da MRN, fez o encerramento e entregou a chave simbólica da Capela para as mãos de Marinho. Plano emergencial Para Santarém, a Cosanpa planeja investir R$ 5 milhões em infra-estrutura de água e esgoto, com recursos obtidos junto à Caixa Econômica Federal e contrapartida do Governo do Estado. O projeto envolve a construção de poços tubulares, instalação de equipamentos de bombeamento, ampliação de rede de distribuição, execução de ramais prediais e definição de um plano diretor de água para o município. Enquanto essas obras não iniciam, a Cosanpa coloca em prática, desde o mês passado, um Plano Emergencial para Santarém, que envolve R$ 322 mil. Desse total, R$ 22,8 mil já foram utilizados para recuperar um poço profundo do bairro da Conquista, garantindo água po- tável para 2,5 mil moradores da área. A Cosanpa trabalha ainda na reativação de um poço no bairro do Livramento, na aquisição de conjuntos motor-bomba, peças de reposição, material hidráulico e na substituição dos quadros de comando. Todas essas ações vão atingir 150 mil habitantes do centro e na periferia. Além disso, outras obras estão em processo licitatório e serão iniciadas em 70 dias. Em paralelo ao Plano Emergencial, a empresa realiza serviços para aumentar a pressão da água na rede de abastecimento e elabora planejamento de combate ao desperdício, com a retirada de 453 vazamentos em bairros do município, nos últimos três meses. Vendu uns resto di vela di cimitério do Aimim. Os resto estaum novinho em folha, visse? Compro uma lamparina da avó do seu Zé Wirson, por preço a cumbinar. Aceito, de brinde, a velha da bomba, num sabe?? raimundodespreparado@ yahoo.com.br Égua! Vendo vergonha para aqueles que não têm vergonha!! [email protected] Produtos Vendo asa de barata tonta, mobília de casa de cachorro, príncipe sem castelo, linha sem anzol, cemitério de anão, estrada pra lugar nenhum. Na compra de dois produtos, você ganha inteiramente “de grátis” uns filhotinhos do Raimundo, pretinhos quase brancos, assim como ele. [email protected] Ovo Raridade! Legítimo ovo de Codorna Canadense, espécie em extinção que bota um ovo a cada cinqüenta anos!!! Este é um dos três únicos ovos existentes no mundo! Os outros dois estão no Siri Lanka e em Cingapura. Portanto, se você quer acertar o Papa ou o Presidente Lula, não use qualquer porcaria! Dividimos em quatro vezes (o pagamento, não o ovo!). [email protected] Hot Dog Vendo cachorro fresquinho e quentinho! Acabei de atropelar! Tratar com: motorista desastrada, na Rua da Beira. [email protected] Participe Reforma preservou todas as características coloniais da construção, de 1956 Entre na comunidade do Uruá-Tapera! http://www. orkut.com/Community. aspx?cmm=10672254 Oriximiná classifica judoca no campeonato brasileiro O judoca Kehyll Guerra, de Porto Trombetas, município de Oriximiná, conquistou uma vaga para disputar o Campeonato Brasileiro de Judô, nas categorias júnior (que será disputado no Piauí) e juvenil (Mato Grosso). Kehyll garantiu a classificação ao terminar na terceira colocação em cada uma das categorias do Campeonato Brasileiro de Judô – Região II, disputado entre os dias 5 e 7 de maio, em São Luís (MA). Outros dois judocas que também representaram Oriximiná nesta competição foram Márcio André dos Santos, campeão paraense na classe infanto-juvenil (48 Kg), e Nadson Garcia, vice-campeão paraense na classe infantojuvenil (44 Kg). Eles ficaram em quarto lugar em suas categorias. “Eles não vão parar por aí. Vamos continuar a linha de treinamento para que eles possam disputar o brasileiro. Para isso, eles terão de passar por uma seletiva antes”, diz o professor Denílson de Sá, técnico dos atletas. O professor Denílson foi convidado a ser um dos técnicos da seleção paraense durante a competição. Os três judocas são alunos do Mineração Esporte Clube. No Campeonato Brasileiro – Região 2 competiram atletas dos estados do Pará, Amapá, Piauí, Maranhão e Ceará. Os melhores colocados se classificavam para disputar as próximas fases do Campeonato Brasileiro e a seletiva para o Sul-Americano nos estados do Piauí, Mato Grosso e João Pessoa. A delegação do Pará era composta por 95 lutadores e os três atletas foram os únicos representantes da região oeste do Estado. Kehyll Guerra, Márcio André dos Santos, Nadson Garcia e o professor Denílson de Sá, técnico dos atletas CIDADES MAIO - 2006 Imprensa de Oriximiná INFORMES poderá criar associação O A Assessoria de Comunicação da Prefeitura Municipal de Oriximiná reuniu os profissionais de imprensa do município num café da manhã. Comunicadores, editores, arte-finalistas, fotógrafos e cinegrafistas, diretores e coordenadores das Rádios Cidade e RCO,emissoras de Tv Atalaia e APS, Jornais Uruá-Tapera, Tribuna e Folha de Oriximiná, sites oriximinaonline e Folha de Oriximiná, Radiofonia AJC Nunes, exibidoras de outdoor e carros de propaganda volante. Na pauta dos jornalistas e produtores de mídia eletrônica, a necessidade de treinamento e capacitação dos novos profissionais que estão chegando ao mercado. Representando o poder executivo, o secretário de comunicação Valdo Florenzano enfatizou a importância da data e agradeceu a presença dos participantes. Depois, leu uma mensagem do prefeito em exercício, Roberto Souza, que não compareceu por estar se recuperando de um acidente. O secretário de Infra-estrutura e de Obras Públicas, Francisco Florenzano, lembrou s novos desembargadores do TJE, Cláudio Montalvão das Neves e Marneide Merabet, chegam em boa hora para enriquecer com competência e respeitabilidade o judiciário paraense. Os dois já demonstraram à farta seus méritos, tanto no juízo singular comum quanto no eleitoral. Prêmio A Mineração Rio do Norte foi escolhida a Empresa do Ano por meio de pesquisa realizada pela Associação Comercial e Empresarial de Santarém. A cerimônia de entrega acontece no dia 27 de maio no Amazon Park Hotel. A MRN é uma empresa localizada em Oriximiná, oeste do Pará, e é uma das maiores produtoras de bauxita (matéria-prima do alumínio) do mundo. Serão homenageados também o empresário Paulo Corrêa, com a medalha do Mérito Empresarial “Manoel de Jesus Moraes”; a Mulher Destaque Empresarial Idenilda Isidoro de Andrade Guedes e o Jovem Destaque Empresarial Alaércio Cardoso. Relações Jornalista Valdo Florenzano quer unir a imprensa oriximinaense em favor dos interesses do município o papel da imprensa na formação do perfil histórico das personalidades que conduzem os vários segmentos da sociedade oriximinaense. Além dele, vários secretários e assessores do primeiro escalão do governo prestigiaram o evento. A promotora Ângela Balieiro representou o Judiciário local e falou da liberdade conquistada pelos meios de comunicação e a responsabilidade na apuração e divulgação dos fatos através das diversas mídias hoje disponíveis em Oriximiná, evitando a conotação política e tratamento tendencioso. O ex-prefeito Luiz Gonzaga Viana agradeceu o convite e elogiou o pioneirismo dos jornalistas José Luiz Bandeira e Valdo Florenzano que iniciaram a profissionalização do meio há mais de uma década. Representando a Câmara Municipal, os vereadores Mario Lobato, Toninho Picanço e Fernando Andrade. prestaram homenagens aos comunicadores. No auditório da Associação Comercial, em junho, a mineradora Alcoa realiza workshop. Vai prestar informações detalhadas sobre o Projeto Juruti e como pretende se relacionar com os fornecedores de Santarém e região Oeste do Pará. Retorno O irmão José Ricardo Kinsman, da Congregação de Santa Cruz, mantenedora do Colégio Dom Amando, em Santarém, o mais tradicional da região, já está de volta à cidade, mas não reassumirá a direção do colégio. Intercâmbio O Prefeito Argemiro Diniz voltou de sua visita a Israel com disposição dobrada e muitas idéias na cabeça. Confessou estar impressionado com o nível de produtividade das plantações israelenses e promete implantar em Oriximiná alguns projetos experimentais voltados à adubação da terra. Madeira Centro de eventos terá instalações modernas, inclusive para shows Praça das Mangueiras, um dos espaços que serão oferecidos INFRA-ESTRUTURA Argemiro: Parque de Exposições de Oriximiná será o maior da região A Prefeitura Municipal de Oriximiná está construindo o maior Parque de Exposição Agropecuária do Oeste do Pará. A obra está gerando centenas de empregos diretos e indiretos, informa o prefeito Argemiro Diniz. Quando ficar concluído, o empreendimento oferecerá Centro de Eventos – Tatersal, 40 currais para bovinos, caprinos e eqüinos, Praça de Alimentação e Praça das Mangueiras. Está sendo executada a arborização do parque e calçamento de todo o complexo. A previsão para inauguração é até julho, quando começa a XXIII EXPOFAMA (Exposição-Feira Agropecuária do Médio Amazonas), que será a melhor de todos os tempos, com animação do Bonde do Forró, diz o prefeito, entusiasmado. As obras do Novo Parque de Exposições estão aceleradas.14 empreiteiras estão trabalhando na construção. A falta de madeira em Oriximiná impediu a ação rápida da Prefeitura para manter o trânsito nas ruas alagadas da cidade. Mais de 100 dúzias virão de Óbidos, importadas e doadas pela MRN, parceira da PMO no combate à enchente. Serão usadas na construção de passarelas nas ruas do comércio e marombas nas propriedades alagadas do interior. Educação Algumas escolas ribeirinhas de Oriximiná já paralisaram suas aulas. Postos de saúde, barracões comunitários e residências foram invadidas pela água. A Secretaria de Educação anunciou o fechamento de todas as escolas municipais localizadas em áreas de várzeas e realiza levantamento sobre a possibilidade de funcionamento das demais. Porco No orkut, a comunidade “Eu conheço o porco Raimundo” congrega todos aqueles que tiveram a infelicidade de conhecer o Porco Raimundo - o maior despreparado do Mundo! O porco se apresenta no programa PLAYTV, no SBT de Oriximiná, às 10 horas, nas manhãs de sábado. O espaço alerta profissionais da mídia, políticos e profissionais liberais para que não venham a ser parecidos com o personagem. Ah, sim, o porco Raimundo tem procurado melhorar... quem sabe ele consegue!!???? Saúde O santareno boa-praça e highlander (é imortal cinco vezes, porque é membro de 5 academias literárias, de música e jornalismo) José Wilson Malheiros da Fonseca, deu um susto nos amigos mas se recupera bem de uma cirurgia de vesícula biliar. Área reservada aos currais para os animais de exposição ganhará arborização e projeto urbanístico Feira A XXIII EXPOFAMA (Exposição-Feira Agropecuária do Médio Amazonas), em julho, vai reunir o que há de melhor no rebanho da região. Promete ser a melhor de todos os tempos, e será animada pelo Bonde do Forró. Será a estréia, em grande estilo, do complexo que está sendo construído em Oriximiná. Longevidade Mobilização de operários: geração de empregos e distribuição de renda Obras de drenagem vão garantir a qualidade da obra O URUÁ-TAPERA completará 15 anos em dezembro. Marcará a data com reunião festiva juntando seus colaboradores. E já estão sendo planejadas ações culturais alusivas ao evento. Fruto do sentimento de paraensismo, o jornal mostra que o amor à terra natal supera obstáculos e pode ajudar a construir o Pará que desejamos. 3 4 POLÍTICA MAIO - 2006 INFORME PUBLICITÁRIO ESTADO DO PARÁ PODER LEGISLATIVO CÂMARA MUNICIPAL DE ORIXIMINÁ Presidente da Câmara visita comunidades atingidas pela enchente No rio Cachoeiry, o presidente da Câmara Municipal de Oriximiná, vereador Ludugero, reuniu com os moradores que pediram auxilio à Câmara para que intercedesse junto ao Prefeito, ao governador Simão Jatene e à empresa MRN na tentativa de obter ajuda e minimizar os problemas ocasionados pela enchente que continua avançando. “A maior dificuldade é a falta de madeira para a construção de pontes, principalmente na escola onde tem crianças pequenas e não existe muita segurança”, disse Antônia Batista da Silva, coordenadora da comunidade. Valdecy Silva Vieira, coordenadora da escola, aproveitou a ocasião para pedir a Ludugero que conversasse com o Prefeito para que fosse construída uma escola pólo, tão logo baixassem as águas e reclamou da falta de duas zeladoras. “Atualmente, eu é que faço a limpeza e a merenda das crianças, e isso tem atrasado todo o trabalho da secretaria que é a minha função”, completou Valdecy. Em outra escola, a São José, devido a vários problemas, os alunos cumpriram menos de 30 dias letivos neste ano, quando a carga horária do semestre é de 100 dias, o que é fator de preocupação já que os professores estudam em julho, dezembro e janeiro, dificultando o cumprimento da grade curricular. A coordenadora do posto de saúde, Maria do Carmo Teixeira Gualberto, também pediu a reforma do espaço que hoje está abandonado e não oferece nenhuma condição de atendimento. DESEMPENHO Oriximiná tem um dos melhores índices sociais Cenário comum na época da cheia: casas praticamente submersas. Onde havia campos verdejantes, só água Ludugero e Gonzaga no Cachoeiry O ex-prefeito Luiz Gonzaga Viana, assessor do governador, acompanhou o presidente da Câmara e disse que Simão Jatene pediu que ele verificasse a situação das zonas ribeirinhas e repassasse as informações à Casa Civil para que fossem tomadas todas as providências. “Além do que eu já havia dito que, independente de qualquer coisa, eu estaria sempre pronto a ajudar no que fosse possível, e é nessas horas que a gente tem que estar apoiando os nossos amigos”, No lugar de cavalos, o transporte virou canoa e barco, em todo o interior disse Gonzaga. Ludugero deixou claro que o Legislativo não poderia atuar diretamente na resolução dos problemas, mas que levaria todas as reivindicações das comunidades aos poderes com- petentes. “Nós estamos fazendo a nossa parte, que é verificar a real situação de alguns lugares que estão sendo mais atingidos e acionar quem pode efetivamente resolver a questão”, falou o vereador. Conheça alguns dos trabalhos aprovados em plenário Neto Andrade solicitou ao Prefeito Municipal a reforma e construção de mais salas de aula na Escola Municipal Antônio Guerreiro de Barros, na Comunidade Nossa Senhora de Nazaré, no Lago Iripixi. Ângelo Ferrari apresentou Moção pedindo à Mesa Diretora da Casa que enviasse oficio transmitindo votos de profundo pesar à família do ex-vereador Walter Marinho, recém-falecido. Pediu ao prefeito que toda e qualquer criança nascida nos hospitais do Município tenha seu registro de nascimento fornecido antes de receber alta, como já é de praxe em várias cidades do País. Zequinha Calderaro solicitou ao Prefeito de Oriximiná que atue junto à Defesa Civil do Estado para que se antecipe nas providências na tentativa de minimizar os problemas ocasionados pela cheia dos rios. Pediu ainda que a Secretaria de Trabalho e Promoção Social analise a situação para que os ribeirinhos tenham acesso a cestas básicas, medicamentos e madeira para a construção de pontes e abrigos. Zequinha pediu também a construção de um microssistema de abastecimento de água e ampliação da rede de distribuição de energia na comunidade de Santa Luzia, no Lago do Iripixi, e a intervenção do poder publico junto à empresa Telemar, a fim de garantir a instalação de um telefone publico no Aeroporto Municipal. A recuperação e ampliação do sistema de iluminação do Cemitério Municipal Nossa Senhora das Dores e a construção de uma ponte no trecho da rua 24 de dezembro, próximo ao estaleiro, também são trabalhos do vereador. Toninho Picanço pediu ao prefeito Argemiro Diniz que construa uma escola em alvenaria na Comunidade do Rapa-Pau, um microssistema de abastecimento de água e a recuperação do Ramal do Rio Verde e a implantação de um sistema de eletrificação para atender a dezesseis famílias na comunidade rural da Cabeceira do Medonho. Toninho pediu também ao Poder Judiciário de Oriximiná e ao Estado que seja informada a atual situação do processo de desapropriação do Bairro do Penta, para que a tomadas as providências necessárias. Mário Lobato apresentou duas Moções nas quais solicitou que a Mesa Diretora da Casa enviasse oficio transmitindo votos de congratulações ao Sr. Idail Canto, presidente da Liga Esportiva de Oriximiná, pela conquista de um torneio em Porto Trombetas, e à Escola Estadual Padre José Nicolino de Souza, por ocasião de seu aniversário. Mário apresentou ainda um requerimento endereçado aos representantes do Incra e Iterpa, pedindo que seja informada ao Legislativo a respectiva área de atuação de cada órgão nas glebas da nossa região e, em outro trabalho, a instalação de uma sala de informática no novo prédio do clube dos idosos no bairro de São Pedro. Ao prefeito Argemiro Diniz, solicitou serviços de manutenção da grade de proteção do esgoto na Travessa Ângelo Augusto e reconstrução de parte do passeio da Praça do Centenário, ao lado da Rua Pedro Carlos de Oliveira. Xito Viana solicitou ao prefeito que seja estudada a possibilidade de aquisição de um terreno no bairro da área Pastoral, sob indicação dos moradores, para que ali possam construir sua sede. Fernando Andrade, num trabalho também endereçado ao prefeito de Oriximiná, pediu que a própria Prefeitura asfalte a PA 254, pelo menos até o aeroporto, e que sejam instalados dois bebedouros no ginásio poliesportivo Guilherme Guerreiro. No mês do sexto aniversário da Lei de Responsabilidade Fiscal, um estudo inédito da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) revela que as prefeituras ainda não conseguem compatibilizar bons indicadores fiscais com um desempenho satisfatório no campo social. O atendimento aos ditames da LRF tampouco é sinônimo de qualidade na gestão dos recursos públicos. É o que mostra uma reportagem da jornalista Mônica Izaguirre, veiculada pelo jornal Valor Econômico. Entre as detentoras dos 100 melhores índices fiscais, a média do índice social foi de apenas 0,488, nota considerada baixa pela CNM. Entre os 100 municípios que lideram o ranking social, por sua vez, a média do índice fiscal ficou em 0,493. A dificuldade de compatibilização não se dá apenas entre fiscal e social. Nenhum dos municípios que alcançaram os dez melhores índices de qualidade de gestão conseguiu ficar entre os primeiros duzentos no ranking fiscal. Oriximiná ocupa a posição de número 2.448, com nota 0,534. Fica à frente de Marabá (2.828o. lugar), Santarém (3.315o. lugar), e Óbidos (3.971o. lugar). E, se no quesito índice fiscal a “Princesinha do Trombetas” ficou na faixa dos medianos, é uma das 336 cidades com os melhores índices sociais do Brasil . No ranking de gestão sua posição foi 847, também um lugar bastante razoável. Em parceria com a Escola de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a CNM criou índices para medir, anualmente, o desempenho das prefeituras brasileiras em relação à responsabilidade fiscal, à responsabilidade social e à qualidade do gasto (custo da máquina administrativa versus investimentos). Refletindo essas três dimensões, foi criado também um índice geral, onde o fiscal tem peso de 50%. A primeira medição, recém-concluída, abrangeu uma amostra de 4.285 municípios num universo de 5.562. Poços de Caldas, em Minas Gerais, é um exemplo. Numa escala de 0 a 1, o índice fiscal do município alcançou 0,8, a melhor de todas as notas nesse item. Em contrapartida, no critério social, a prefeitura obteve apenas 0,433, índice pior que os de outras 3.690 cidades. Entre os dez mais bem posicionados no ranking fiscal, metade não conseguiu ficar sequer entre os três mil primeiros do ranking de responsabilidade social. Entre os outros cinco, mesmo o melhor dos índices sociais, conquistado por São Sebastião do Oeste (MG), foi fraco: 0,532, o que deu ao município o 1.387º lugar. “O sucesso fiscal muitas vezes ocorre às custas da área social e vice-versa. É preciso resgatar uma atuação mais harmoniosa”, diz o presidente da CNM, Paulo Ziulkosky. Embora defenda a LRF, ele acha que predomina hoje um conceito equivocado de responsabilidade fiscal. “Disseminou-se a concepção de que administrar bem é economizar, fazer superávits primários. Essa cultura tem que mudar”, afirma. Para Edson Franco Júnior, mestre em administração e professor da Universidade da Amazônia, realmente não é fácil equilibrar os três índices, mas a área social será sempre a melhor referência política de um prefeito. “O político moderno precisa ser capaz de fazer obras duradouras e de largo alcance social, e não perder de vista o aspecto fiscal da gestão”, complementou. Ludugero e Fernando Andrade recebem Prêmio A União Nacional dos Vereadores homenageou no dia 12 de maio, em Belém, os vereadores Ludugero e Fernando Andrade com as comendas Ppresidente 2005 e Campeão de Votos 2004, respectivamente. A cerimônia aconteceu no Hotel Sagres, no Encontro Nacional de Prefeitos, Vereadores, Secretários Municipais e Assessores. Fernando Andrade foi à capital receber o prêmio em seu nome e também representou o presidente da Câmara. A gestão empreendedora de Ludugero foi citada como referência para outras cidades e o grande motivo do prêmio. “A gente fica muito satisfeito em saber que o trabalho está sendo acompanhado por uma grande entidade como a UNV e que está sendo reconhecido pois, de fato, juntamente com todos os parlamentares, conseguimos modernizar ainda mais a Câmara, fizemos o concurso público e este ano esperamos treinar nosso pessoal, numa grande parceira com o Senado federal e o Programa Interlégis” disse Ludugero. Mega requerimento do Sapucuá chega ao Prefeito Vinte e uma comunidades, algumas agrupadas, participaram e levaram suas necessidades e opiniões à Sessão Especial do Sapucuá, realizada no Ajará. O mega requerimento contém todas as reivindicações dos moradores daquela região. O prefeito em exercício, Roberto Souza, participou do encontro. A tônica foi infra-estrutura, saúde, transporte, educação e saneamento. Outra questão bastante tocada foi a necessidade de auxílio na regularização fundiária daquelas terras. O titular das pastas de Infra-estrutura e de Obras Públicas, Francisco Florenzano, esteve na região e disse que a visita teve a função de estabelecer uma lista de prioridades para as próximas semanas. “Ações preventivas diante da iminente cheia que ora avança, a recuperação dos sistemas de recepção de TV para que os moradores do Sapucuá possam assistir à Copa do Mundo e, claro, as demandas emergenciais oriundas da reunião no Ajará já estão sendo providenciadas e as questões mais prementes serão logo resolvidas”, complementou o secretário. Barracão da comunidade ficou pequeno para o público presente. O secretário de Infra-Estrutura, Francisco Florenzano, anotou as reivindicações REGIONAL MAIO - 2006 5 MAIOR CHEIA DA HISTÓRIA Águas invadem cidades da região O período de cheia deste ano será mesmo o maior da história na região. Em Oriximiná, a avenida 24 de Dezembro, na esquina com Carlos Maria Teixeira, um dos principais eixos da cidade, é o exemplo da aflição dos moradores. Localizada na orla de Oriximiná, a avenida 24 de dezembro concentra feirantes, taxistas, mototaxistas e comerciantes, que se desesperam vendo a água subir dia após dia. A feirante Geraldina dos Santos diz “Já saí do meu ponto, porque a maresia dos barcos molhava meu produto, e agora onde estou minha venda não é boa, estou afastada e já comecei a perder freguesia”. Já o comerciante Edson Pantoja está confiante nas providências da prefeitura municipal. “Acredito que serão feitas mais pontes para os pedestres e veículos, e não haverá altos prejuízos, pois o período de chuva já esta acabando”, pondera. A Secretaria Municipal de Infra-Estrutura instalou uma ponte de madeira para tráfego dos pedestres, a fim de diminuir os transtornos causados pelas águas do rio que invadem aquele trecho. Outro local alagado é o trecho próximo da Paragás. Lá, o número de pontes é maior. Defesa Civil seleciona e entrega víveres às famílias atingidas pela cheia: ninguém está passando fome na região, apesar das dificuldades ÁGUAS AMAZÔNICAS O diretor financeiro da BHP Billiton e o prefeito de Faro INAUGURAÇÃO Novo prédio do Conselho Tutelar dos Direitos da Criança e do Adolescente O Conselho Tutelar dos Direitos da Criança e do Adolescente no município de Faro, no oeste do Pará, irá funcionar em novas instalações. A construção do novo prédio foi realizada através de parceria entre a empresa BHP Billiton, uma das acionistas da Mineração Rio do Norte (MRN), e a Prefeitura Municipal de Faro. O Conselho Tutelar realiza cerca de 20 entrevistas por dia no município, envolvendo principalmente atendimentos em casos de violação aos direitos da criança e do adolescente, como violência doméstica e maus tratos em geral. O Conselho executa também outras atividades, tais como expedição de documentos e encaminhamentos para atendimento hospitalar. Segundo Dizete Bittencourt, presidente do Conselho em Faro, as ações da instituição poderão ser ampliadas a partir do novo prédio. “Antes funcionávamos em uma casa com uma única sala, sem banheiro. Não tínhamos condições de atender as pessoas que vinham nos procurar”. As novas instalações contam com recepção, três salas para atendimentos, dois banheiros e uma copa. “Vamos agora ter condições de envolver mais a comunidade, através de palestras e atividades que serão realizadas aqui mesmo”, acredita Dizete. Para o prefeito de Faro, Denílson Guimarães, a parceria só rendeu bons frutos: “já havíamos pensado na necessidade da construção de um novo prédio para as atividades dos conselheiros, um plano que foi realizado através da parceria com a BHP Billiton”. Luiz Cláudio Ribeiro, diretor financeiro da BHP Billiton, também enfatizou o caráter de parceria do projeto: “apoiamos o crescimento nas bases da sustentabilidade nas comunidades em que atuamos. Para isso são importantes parcerias com o governo municipal e entidades filantrópicas da região”. Vítimas da enchente no Oeste do Pará já Na terça-feira, 23, comunidades do lago Sapucuá, lago Maria Pixi e igarapé Nhamundá, em Oriximiná, oeste do Pará, receberam parte das cestas básicas doadas pela Mineração Rio do Norte, em conjunto com a Prefeitura de Oriximiná e a Defesa Civil do município. “Estamos doando mil cestas, no total. A Defesa Civil definiu as comunidades ribeirinhas mais prejudicadas pela enchente que está atingindo Oriximiná e elas estão recebendo as cestas”, explica José Haroldo Paula, assessor de relações comunitárias da MRN. Ao todo, 849 famílias moram nessas comunidades. As cestas chegaram ao cais do porto de Oriximiná no dia 22 pela manhã e seguiram imediatamente para as comunidades onde foram distribuídas.. De acordo com estimativas da Secretaria Municipal de Infra-Estrutura, cerca de 65% das famílias afetadas pela cheia estão desalojadas, ou seja, abandonaram as casas que estão em condições inabitáveis. Ainda segundo informações da Secretaria, até o dia 19 de maio o nível do rio Trombetas havia subido 8,87 metros, a segunda maior marca dos últimos 25 anos. A maior foi registrada em 1989, quando o nível subiu 9,06 metros. Entretanto, ela poderá ser superada, especialmente se considerarmos que o pico da cheia no rio costuma ser no início de junho. Além das cestas, a MRN adquiriu também 100 dúzias de tábuas, 45 dúzias de ripões e 45 dúzias de perna-manca para construção de passarelas suspensas e outros apoios para os moradores da zona urbana de Oriximiná. Solidariedade em evidência: todos fazem questão de ajudar as famílias ribeirinhas. Barco Altino Guimarães, da Prefeitura, entrega mantimentos. MRN ganha no TRF Multa milionária foi cancelada. Cabe recurso. A Mineração Rio do Norte, uma das maiores produtoras de bauxita do mundo, instalada em Oriximiná (PA), obteve uma vitória na verdadeira guerra judicial que trava com a Receita Federal. Em março de 1999, a MRN foi autuada em R$ 316 milhões por ter reduzido em 30% seu capital. A Receita considerou a iniciativa ilegal, por entender que a empresa teria distribuído aos sócios parcela do imposto de renda que deixou de pagar em razão de ser beneficiária de incentivos fiscais na área da extinta Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia). Para poder recorrer da multa, a MRN foi obrigada a depositar em juízo o valor equivalente ao da autuação. A multa milionária hoje significa R$ 454 milhões, cerca de 90% do capital social da mineradora, cujo controle é dividido entre a Companhia Vale do Rio Doce e multinacionais do setor de alumínio. A MRN propôs ação ordinária para anular a autuação, e foi derrotada perante a 22ª vara federal do Distrito Federal. Mas a Oitava Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília, considerou que não houve qualquer irregularidade na decisão da empresa e, por 2 votos a 1, cancelou a autuação da Receita. A Procuradoria da Fazenda Nacional vai recorrer. A empresa argumenta que não cometeu qualquer deslize. Em sua defesa, relata que, depois de muitas avaliações e pareceres de especialistas, a decidiu reduzir em R$ 118 milhões a parcela dos R$ 220 milhões aportados pelos acionistas. Essa redução foi baseada na interpretação de que dentro do limite do capital aportado pelos acionistas, a companhia poderia fazer a redução pretendida. A MRN tinha um capital de R$ 538 milhões, composto de R$ 220 milhões de recursos próprios, aportados pelos acionistas, e R$ 318 milhões de recursos provenientes de incentivos fiscais de imposto de renda que foram capitalizados. Desde a autuação, a MRN vem defendendo a sua interpretação da legislação, baseada em suas convicções e na opinião de especialistas, de que procedeu de forma absolutamente legal. De acordo com nota oficial da empresa ao URUÁ-TAPERA, o que ocorreu no julgamento no TRF 1a. Região foi o reconhecimento de que a MRN agiu de forma correta e com respeito à legislação. Entretanto, o processo ainda não está encerrado, uma vez que ainda cabe recurso por parte da União. A MRN – enfatiza a nota - continua convicta de que o procedimento que adotou foi correto e transparente. O TRF 1ª Região entendeu que, quando reduziu seu capital, a MRN já não era mais beneficiada pela isenção de imposto, concedida pela Sudam, que perdurou entre 1983 e 1997. A redução também não teria chegado a representar metade do capital próprio aplicado pelos sócios, o que excluiria a hipótese de a devolução avançar sobre a reserva de capital formada pela isenção fiscal. Assim, não havia impedimento legal para a modificação do capital fixo, já que, em determinadas circunstâncias, ele poderia variar para mais ou para menos, “em face da necessidade da própria empresa, ou em decorrência de fatos supervenientes”. Como a revogação da isenção “tem procedimento especial, uma vez que se trata de isenção onerosa a prazo”, a medida adotada pela Receita Federal deveria “ser precedida do devido processo legal junto ao órgão responsável pela concessão”, a ADA, sucessora da Sudam. Mas a Agência de Desenvolvimento da Amazônia, por unanimidade, “concluiu pela regularidade de todos os requisitos necessários à concessão do incentivo fiscal, o que fora concretizado pela Resolução 9.234, de 14 de dezembro de 1999, e, assim, deu por esgotado o assunto no âmbito daquela administração”. Logo, para os desembargadores federais, a autuação foi indevida. Após a autuação da MRN, em maio de 1999, o próprio secretário da Receita Federal baixou uma portaria, de 21 de dezembro daquele mesmo ano, posteriormente reiterada por uma instrução normativa, de 23 de dezembro de 2000, alertando para a necessidade de ser observada a lei 9.430, de 1996. Determinou à fiscalização tributária que notifique a enti- dade beneficiária relatando os fatos e, também, a ocorrência da infração. Esse procedimento não teria sido acatado na autuação da MRN. A empresa juntou ao processo um ofício que a Delegacia da Receita Federal em Santarém dirigiu, em 14 de agosto de 2003, à Diretora-Geral da ADA, relatando a autuação, para que fossem tomadas as providências necessárias para a revogação da isenção. Quase um ano depois, a ADA informou que decidira, por unanimidade, acatar o entendimento de que a matéria argüida para justificar a revogação dos atos concessórios de benefícios fiscais, concedidos à MRN, foi amplamente discutida e decidida na 269ª reunião ordinária do Conselho Deliberativo da extinta Sudam, sustentada por manifestações da ProcuradoriaGeral e pelo Departamento de Administração de Incentivos. 6 OPINIÃO MAIO - 2006 Vicente Malheiros da Fonseca [email protected] De bubuia no Irurá quisa de mestrado da Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais, sob orientação da Profª Guida Borghoff. Remeti-lhe a relação de 12 obras de meu pai e 2 peças minhas: “Suíte ao Maestro Isoca” (Orquestra de Violinos e Piano a 4 mãos) e a “Segunda Suíte ao Maestro Isoca” (Piano a 4 mãos). Veio de São Paulo, o pedido da pianista Sylvia Maltese (da Academia Nacional do Rio de Janeiro), para remessa de elementos para a elaboração de sua monografia sobre “Música Brasileira para Duo de Piano” (4 mãos e 2 pianos), com abrangência de 2 séculos de música no Brasil. Enviei-lhe idêntico material. Do Rio Grande do Sul vieram a Belém, para participar do 7º Concurso Internacional “Bidu Sayão”, a soprano Maíra Lautert (3º prêmio feminino) e o tenor Gilberto Chaves (residente em São Paulo), com os quais mantive contato mais próximo. Ambos se interessaram por composições minhas e de meu pai. Também deverei enviar à mezzo-soprano portuguesa Maria Luisa Freitas (1º prêmio feminino do “Bidu Sayão”), músicas que compus, especialmente as canções com letras do grande poeta lusitano Fernando Pessoa: “Poeta Fingidor” (sobre o poema “Autopsicografia”), “Tenho Tanto Sentimento” e “Ao longe, ao luar”. É ainda do extremo sul do país que tenho recebido incentivo para ali ser realizado um recital de minhas composições, organizado pela soprano Raquel Soares Pereira, regente de coral e professora da Universidade Federal de Pelotas-RS. Por coincidência, há pouco recebi amável correspondência do professor e violinista paraense Celson Gomes, lá das terras gaúchas, onde atualmente se encontra para fazer o curso de doutorado em Música, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com ênfase em Educação Musical, bastante interessado na diversidade musical e as diferentes maneiras de aprender e ensinar música. Daí porque ele pretende escolher, como tema de sua pesquisa, as “Aprendizagens Musicais em Família”. A título de colaboração, eu enviei-lhe vários artigos que escrevi, a grande maioria no jornal “UruáTapera”. Ele se entusiasmou particularmente pelo artigo “Isoca – o educador”, publicado neste jornal (Ano XI, edição nº 99, de agosto/2003, pg. 6). Peço licença para transcrever trecho de mensagem virtual que o Celson me enviou: “Acredito que a contribuição da pesquisa, tendo como colaboradores a família Fonseca, será de grande valor para a área de Educação Musical. Penso que temos muito a aprender, através dos relatos e depoimentos sobre significativas vivências musicais em família. Isto já aparece em “Meus amigos, eu vou contar pra vocês uma história em que eu tive mais medo por não ver nada, mais medo do que se tivesse visto”. Quem assim falava era Trajano de Souza, velho morador de um ramal que saía na Estrada de Nova Timboteua pra Timboteua Velha. “Naquela época – era o fim da década de trinta e eu estava com meus 20, 22 anos – falava-se muito que existia um Lobisomem nas redondezas e as pessoas viviam apavoradas. Uma noite eu me dirigia pra casa da irmã com quem morava, quando senti que estava sendo seguido. Olhei pra trás e não vi nada. Continuei a andar e aquilo atrás de mim. Mas quando olhava, nada! E assim continuei, cada vez mais com medo, mais ao mesmo tempo com vontade de enfrentar, fosse o que fosse, que eu tinha quase a certeza que era o tal Lobisomem que aparecia naquelas bandas. Só que eu olhava e não via nada. Prossegui a viagem e todo o tempo aquele vulto atrás de mim”. Aí, curioso, perguntei: - Mas se o senhor não via nada, como sabia que tinha um vulto atrás do senhor? -“Eu não via,mas sentia ( acentuou bem o sentia ) a presença de alguma coisa, alguma coisa ruim. Tinha a impressão de que era um ser mais alto que eu e eu sentia assim como se fosse me agarrar. Olhei de banda e não vi nada. Já estava perto da casa para onde ia e nada via, mas tinha quase certeza que o ser tinha ficado debaixo de uma laranjeira... Entrei em casa mais alivia- seu valioso artigo ‘Isoca - O Educador’. Imagino desenvolver esta pesquisa tendo por base este seu artigo, onde você nos relata sobre suas aprendizagens, através de maneiras diferentes dos métodos tradicionais.” De Santarém, outra encomenda: a valsa “Zuíla Maria” (filha de Alexandre e Zuíla Waughon), neta da amiga Célia (Toscano) Waughon, com quem encontrei no aniversário da tia Ninita, que fazia 95 anos em 1º de maio passado. Além da composição básica, para Canto e Piano, ainda escrevi outros dois arranjos: Canto e Quinteto (Flauta, Clarinete, Trompa, Contrabaixo e Piano); e Canto e Octeto (Flauta, Clarinete, Trompa, Saxofone-Alto, Saxofone-Tenor, Contrabaixo, Piano e Percussão). Para as crianças também compus duas peças, a pedido da professora e regente Suzana Guedes, que se dedica à execução do Projeto “Cantando o Pará”: arranjo de Coro Infantil e Quinteto Instrumental (Flauta, Violino, Contrabaixo, Piano e Percussão), para o bolero “Um Poema de Amor” (de Wilson Fonseca, 1953); e a cantiga infantil “Serrador” (Coro a 3 vozes mistas e Piano). Falarei alguma coisa sobre essas duas composições. Eu compus a melodia da cantiga infantil “Serrador” em 1979 e meu pai (Isoca) preparou, naquele ano, um arranjo para coro a 3 vozes iguais. Mais uma parceria com o “velho”. Neste ano de 2006, elaborei a parte do piano (até então, havia apenas a melodia e o coro “à capella”). Vou contar agora o motivo de ter composto essa música, que, aliás, justifica a “coreografia” que sugiro no rodapé da partitura. Meu pai costumava brincar com filhos, netos e qualquer criança, colocando-a sentada sobre a sua coxa, estando ele também sentado numa cadeira. E, então, papai declamava as seguintes palavras (apenas declamava, sem cantar nenhuma melodia): “serra, serra, serrador; serra a madeira do teu senhor; serra de cima, que eu serro de baixo; shi, shi, shi, shi” (imitando uma serra). Papai pegava a criança, sentada em seu colo (sobre as coxas), balançava-a, segurando o pequenino pelos punhos, de modo que a criança ficasse em movimento, como que “serrando”: vai-e-vem, vaie-vem, vai-e-vem, vai-e-vem. Vi meu pai fazer isso com meus irmãos mais jovens, sobrinhos, netos etc. As crianças, já sabidinhas, quando viam o meu pai, logo pediam para ele brincar de “serrador”. Era uma delícia. Meus filhos adoravam essa brincadeira do “vovô Isoca”. Até que um dia, resolvi fazer uma musiquinha com aquela letra e dediquei ao meu primogênito, Vicente Filho, que, naquela época (agosto de 1979), tinha apenas 8 meses de idade. E papai logo se predispôs a fazer o arranjo para coro a 3 vozes iguais. Mas essa peça nunca foi cantada, até porque as minhas composições ficaram guardadas por muito tempo. Neste 2006, resolvi fazer o arranjo incluindo o piano acompanhante. A “coreografia” sugere: na 1ª vez cantam as mulheres; na 2ª vez cantam os homens; e na 3ª vez cantam homens e mulhe- res. Na coreografia cada cantor segura as mãos do colega, face à face, em duplas, para imitar a serra: vai-e-vem. É assim que começa o estímulo da música para as crianças. De modo informal, sem traumas. Foi assim que nós, filhos de Isoca, aprendemos música com ele. Meu saudoso pai adorava as crianças. Falecido em Belém e sepultado em Santarém, onde recebeu homenagens do povo, seu esquife foi conduzido pelo Corpo de Bombeiros, em comovente cortejo fúnebre, desde o aeroporto até a Catedral, ao som de suas composições. O evento lembra das homenagens ao Presidente Tancredo Neves e ao piloto Ayrton Senna. Recordo-me da emoção com que as crianças cantaram, à capella, o bolero “Um Poema de Amor”, precisamente no momento em que o féretro passava bem em frente à Escola de Música “Wilson Fonseca”, em Santarém, ali permanecendo por quase meia hora. Os jovens, todos uniformizados, encontravam-se do lado de fora da escola, na rua, próximos à calçada, e, ali mesmo, começaram a cantar esta música, de modo muito espontâneo (quase de surpresa, sem que ninguém esperasse). E o interessante é que eles não queriam mais terminar de cantar. A música, então, foi cantada umas doze vezes, mais ou menos. As pessoas começaram a perceber que muitas crianças choravam copiosamente durante o canto. As lágrimas dessas crianças a todos comoviam. Foi um dos momentos mais emocionantes de minha vida. Nunca vi coisa igual. Antes de concluir, devo acentuar que não poderia faltar mais uma homenagem à terra querida, nas minhas mais recentes criações musicais: “Praias de Santarém” (samba), composta originariamente em 1969, ganhou dois novos arranjos: Canto e Piano; e Trio de Voz, Violoncelo e Piano, com letra que agora lhe acrescentei. Fruto de conversa com outro santareno, Hideraldo Machado, membro do Ministério Público do Trabalho da 8ª Região, após a sessão da 2ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho, elaborei outra composição, inspirado na terra querida: “Irurá” (chorinho). Costumo fazer vários arranjos para as minhas composições. E para esta peça fiz os seguintes: Quarteto de Clarinetes (com ou sem piano); Quarteto e Quinteto de Cordas; Quinteto de Sopros; Duo para Clarinete e Piano; Canto e Piano; Trio para Voz, Violoncelo e Piano; e Orquestra Sinfônica. O espaço, porém, não cabe para transcrever toda a letra desta música. Sei que vou deixar muita gente com água na boca, mas peço vênia para consignar apenas a primeira estrofe deste chorinho: “Eu vou cantar/Neste chorinho/Engraçadinho/Tudo aquilo/Que aprendi/Nos velhos tempos/De criança/Mas há quem diga/Que esta moda antiga/Ah! Quanta saudade/Aumenta a minha fé...”. Enquanto isso, vou ficando de bubuia nesse igarapé e prometo continuar na próxima edição. Vicente Malheiros da Fonseca – magistrado, professor e compositor [email protected] Cowboys e gibis Alô, Franssi: Na vida tudo passa. Nada, neste mundo, é para sempre. Felicidades, tristezas, bons e maus momentos, pessoas, cidades, países, estrelas, galáxias, tudo, enfim, cumprido seu ciclo submete-se à lei inexorável da impermanência. Mais ou menos como o Lavoisier que aprendemos no colégio: nada se perde tudo se transforma. Não existe o definitivo. Somos nuvens passageiras como diz o poeta. Restam-nos as lembranças. Quando recordamos, o passado se torna presente. Não aquela recordação sofrida, chorosa, piegas. Mas os instantes (a vida é fugaz) que nos tornaram felizes. Não gosto de falar de mim. Mas, às vezes, o gênero da crônica pede que assim seja. Então vamos lá. Quando estive recentemente em Santarém fui tomar a famosa garapa do Pequenino ali na Garapeira Ipiranga. Continua a de sempre. O mesmo sabor que hoje se transforma no agridoce das saudades... Onde estão as broas, os rebuçados, os beijos-demoça da Nina, da Dona Rosa, doceiras da Praça da Matriz? Ali adiante o velho coreto me olha e pergunta por que eu não toco mais na banda. O cine Olímpia, onde eu passei alguns dos melhores momentos, onde a vida eram sonhos e filmes em preto e branco, seguiu o destino da química, transformandose em outra coisa, bem mais sem graça, por sinal. Onde andarão os artistas e bandidos do velho oeste da minha infância? Eles, famosos na época, também já moram na saudade, ficaram encantados ou dobraram a esquina. Gene Autry, Roy Rogers e Trigger, Rocky Lane, Buck Jones, John Wayne, Rex Allen, Gabby Hayes, Tex Ritter, Hopalong Cassidy, Ed Murphy, eram bons de briga e de tiro. Tinham os cavalos mais bonitos e sempre acabavam conquistando a mocinha. Mas às vezes iam embora, cantando, e a deixavam chorando... Ah, o cine Olímpia. “Seu Grilo” tomava conta da “geral”, mais na frente e ao preço de meio ingresso. Quando ficava escuro, na hora de começar o filme, a gente pulava pras cadeiras bem mais confortáveis. Raul Loureiro, quero em nome da molecada da época, te pedir desculpas pelas cadeiras quebradas, pela barulheira (gritos histéricos, batidas de pé, socos no ar) que fazíamos na “hora da porrada” nos filmes de cowboy. Se, de tão velho, o filme arrebentava, a luz acendia e começavam os gritos: - Tá roubando... ladrão... ladrão! Eu era maluco pra assistir os “filmes impróprios”. Nunca deixaram. Detestava “filme de amor”, achava que era coisa de mulher. Bete Davis, Humphrey Bogart? Nem pensar. Era no cine Olímpia que ficávamos flertando as meninas, satisfeitos que só, se uma delas deixava, pelo menos, encostar o braço no escurinho do cinema. Aquelas que deixavam beijar eram conhecidas como “galinhas”. Algumas, hoje, são respeitáveis mães de família. Antes de começar o filme a gente trocava revistinha. Como eram saborosos os gibis dos cowboys, do Mandrade e Lothar, Superman, Capitão Marvel, Cavaleiro Negro (dr.Heron Robledo), Zorro,Tonto e o cavalo Silver, Fantasma, sua noiva Diana e o cachorro Capeto, Tio Patinhas, Luluzinha, Pinduca... Uma das minhas professoras queria que eu lesse apenas revista de “vida de santos”... vocês acham que um moleque saudável da minha época ia se preocupar com isso? Sentei-me no banco da Praça da Matriz e o sino tocou. Não resisti. Entrei na igreja e chorei junto da pia sagrada onde Frei Domingos me batizou, um dia. Aquele templo me evocou os tempos ingênuos: cantar no coral, a primeira comunhão, as missas dominicais obrigatórias, tudo enfim se transportava ao presente pela mágica das recordações. Quando saí da igreja olho outra vez para o coreto e na minha imaginação, parece que ouvi a Banda Municipal tocando uma valsa. Meu saxofone fazia um solo e a melodia também se perdia no passado. Agora, eu não mais sentia saudade. Uma imensa satisfação abraçou meu espírito e me fez sentir, mais uma vez, a alegria ter vivido em Santarém, quando ela era a liberdade do melhor dos mundos. Walcyr Monteiro [email protected] Presença Ruim ILUSTRAÇÃO JOÃO BENTO Os leitores já perceberam que os meus temas favoritos versam sobre música. Nestes últimos meses, o estro me levou a compor peças dos mais diversos gêneros, cada qual com uma motivação própria. Retomando a série das “Valsas Santarenas”, iniciada em 1981, compus a de número 56 (Piano solo; e Duo para Flauta e Piano). A pedido do jovem violista João Batista Marques Júnior, escrevi duas peças para violas: “Ave Maria” (2 violas e piano) e a “Valsa Santarena nº 17” (2 violas). Outro dia, fui assistir, no Theatro da Paz, a excelente Amazônia Jazz Band, sob a regência do maestro Ricardo Aquino. Ao chegar em casa, me animei para preparar o arranjo de um fox-trot que eu havia composto em 1982, intitulado de “E eu?”. Logo escrevi essa composição para Orquestra de Sopros, Piano e Percussão. Da Itália, onde reside, a soprano Patrícia Oliveira me solicitava o envio de minha “Ave Maria”. Arrumei um tempinho e fiz o arranjo para Canto e Orquestra Sinfônica, que deverá ser apresentado, em Belém, em outubro. Da Alemanha e dos Estados Unidos, outra solicitação. A violinista Roberta França – que, em março deste ano, apresentou, num recital na Universidade de Missouri (USA), acompanhada da pianista Natalia Bolshakova, o noturno “Santarém, Pôr-de-Sol”, de Wilson Fonseca – deverá executar, em Belém, no XIX Festival Internacional de Música do Pará, a minha “Valsa Santarena nº 47”, para violino e piano, acompanhada da pianista, a quem dediquei esta peça, Adriana Azulay, que mora em Karlsruhe. Para o “Grupo de Tubas da Amazônia”, sob a regência de Wilthon de Oliveira Matos (tubista da Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz), dediquei a composição “Batuque” (letra de Bruno de Menezes), para Octeto de Bombardinos e Tubas, Piano e Percussão, que deverá também ser apresentada no Festival Internacional de Música do Pará, em junho próximo. O “Batuque” (cantata negra) ainda será interpretado, oportunamente, pelo Trio de Voz (Edelmiro Soares, tenor), Violoncelo (Arthur Alves) e Piano (Adriana Paiva), com arranjo que lhes enviei. Essa composição, em arranjo que escrevi para Orquestra Sinfônica e Coro a 4 vozes mistas, também está na agenda cultural de 2007, da Escola de Dança “Clara Pinto”, que, por sinal, deverá exibir-se, no Theatro da Paz, em outubro próximo, em homenagem a meu pai Wilson Fonseca (Maestro Isoca). Há outros pedidos, que ainda não puderam ser atendidos, como as peças que estou elaborando para o Grupo Quorum (de Sérgio Lobato) e para a flautista Silene Trópico, de Belém. E ainda para os fagotistas Gustavo Koberstein (membro do Quinteto Brasília) e Hary Schweizer, que acaba de lançar, na capital federal, o excelente CD “Com Licença!...” (veja o site: http://www.haryschweizer. com/index.php). De Belo Horizonte, a solicitação de Sandra Almeida para o envio de composições, que lhe permitam fazer a catalogação de obras brasileiras para piano a 4 mãos, como parte de sua pes- José Wilson Malheiros do, acendi uma lamparina, fui a cozinha apanhar um pedaço de rapadura pra comer. Mas todo este tempo sentia que uma presença ruim me olhava. Só que eu olhava e não via nada. Fiz minhas orações, fui deitar em uma rede e apaguei a lamparina. Aí, mais que nunca, senti aquela presença do lado da rede. Com muito medo, levantei e acendi de novo a lamparina e comecei a rezar de novo, reforçando minhas orações, sentado na rede. Aí não vi nem senti mais nada. Era como se aquela presença ruim tivesse se retirado...” E Trajano concluiu a sua história : “-Olhe, eu senti um medo muito grande, um pavor mesmo, justamente porque não vi o Lobisomem. Eu preferia ter visto porque, com os meus vinte e poucos anos, com a disposição que eu tinha, nós íamos brigar, íamos fazer uma força terrível... Mas eu tive medo justamente porque não via nada , só sentia a sua presença ruim...!” ATUALIDADES MAIO - 2006 7 MÚSICA REGIONAL Abertas inscrições para o 6º Fecan As inscrições podem ser feitas até o dia 31 de maio Começaram os preparativos para o 6º Festival da Canção de Porto Trombetas, o Fecan. Para participar, os compositores devem realizar sua inscrição até o dia 31 de maio, pelos Correios ou pessoalmente, na sede do Mineração Esporte Clube, onde o evento será realizado. As inscrições são gratuitas e, caso o candidato opte por fazer pelos Correios, deve enviar por meio de “Sedex com Aviso de Recebimento (AR)” postado até o dia 31 de maio. Porto Trombetas é um núcleo urbano, localizado no município de Oriximiná, oeste do Pará, onde ficam as instalações industriais da empresa paraense Mineração Rio do Norte, uma das maiores produtoras mundiais de bauxita, a matéria-prima do alumínio. As canções inscritas poderão ter temática e estilo musical livres, mas cada autor poderá inscrever no máximo três músicas inéditas e originais, incluindo suas parcerias. Ao efetuar a sua inscrição, o con- corrente deverá assinalar sua opção pela utilização ou não da banda do Fecan. Caso opte pelo acompanhamento da banda, deverá enviar, juntamente com o material de inscrição, a cifragem da canção (harmonia), em uma folha à parte. No ato da inscrição, o candidato deverá apresentar uma cópia digitada ou datilografada em papel A4, contendo título da canção, os nomes dos autores e a letra na íntegra; uma fita cassete ou CD ou MD com a canção gravada na íntegra, precedida do nome da canção, citado em voz clara e pausada. “Pedimos atenção na elaboração desta gravação, pois qualquer irregularidade, ou mesmo má qualidade da fita cassete, do CD ou MD, poderá acarretar a desclassificação da canção”, alerta Denílson Gonçalves, professor de música do MEC e coordenador do festival. O candidato também deverá apresentar a ficha de inscrição devidamente assinada pelos autores e preenchida com os dados relacionados à canção, opção pela utilização da banda do festival e nomes dos participantes oficiais (intérprete, instrumentista, backing vocal, entre outros); um texto, com no máximo vinte linhas, com informações objetivas sobre a canção e seus autores. Caso os músicos optem pela utilização da banda do festival, eles deverão enviar também uma cópia da cifragem harmônica da canção. “A promoção do Fecan é uma maneira de valorizar a música brasileira nas suas diversas vertentes, seus compositores e intérpretes, além de promover a diversificação e o acesso à cultura e ao lazer para toda a comunidade de Porto Trombetas”, diz Denilson. As informações sobre as canções classificadas no processo de triagem estarão disponíveis no site do festival: www.festivaisdobrasil.com.br/fecan.trombetas; e pelos telefones (93) 3549-7598 / 3549-7916 / 3549-7767. O Festival – O 6º Festival da Canção será realizado entre os dias 27 e 29 de julho, sendo que nos dois primeiros dias serão realizadas as eliminatórias que classificarão as 12 canções para a final, que será realizada no dia 29 de julho. As 12 músicas finalistas serão incluídas no DVD e no CD gravados ao vivo durante o festival. Além da participação no DVD e CV do Fecan, a premiação inclui ainda troféus e premiação em dinheiro para os três primeiros colocados gerais e na categoria Aclamação Popular; e troféus para as categorias Melhor Letra, Melhor Intérprete e Melhor Arranjo. Serviço A inscrição da canção poderá ser efetuada pessoalmente ou pelos Correios até o dia 31 de maio de 2006, no seguinte endereço: Mineração Esporte Clube – MEC A/C Oficina Musical – FECAN Rua Rio Tapajós, s/nº – Porto Trombetas – Oriximiná – PA Cep: 68275-000 Fone: (93) 3549-7598 e 35497767 – Fax: (93) 3549-1494 Mais informações: Mineração Esporte Clube – MEC Prof. Denílson Gonçalves (93) 3549 7916 // 7489 Ademar Aires do Amaral [email protected] 1958, A copa inesquecível Já sentimos no corpo e na alma a vibração de mais uma Copa do Mundo. Para mim, a história desse evento só começa, de verdade, a partir de 1950 e eu explico o porquê. Além de ter sido no Brasil, foi a primeira Copa do Mundo depois que eu nasci e também a primeira após a segunda grande guerra, como a simbolizar uma porta de luz e esperança na nova geopolítica da guerra fria. Por causa do conflito, a disputa do torneio acabou interrompida por doze anos, e não foi sem propósito que sede escolhida para o reinício da competição elegeu um país da América do Sul. A Europa, mesmo depois de cinco anos do término da grande guerra, ainda estava com os pés sujos de sangue e tentava se levantar de um chão onde pairava o espectro de milhões de mortos. O Brasil encarou a difícil parada e construiu o estádio do Maracanã, que depois recebeu o nome de Estádio Mário Filho, em homenagem ao jornalista esportivo que foi o maior incentivador da obra. O escritor Nelson Rodrigues, irmão de Mario Filho, imortalizou esse merecido batismo, numa crônica antológica, onde escreveu que o Maracanã jamais foi Maracanã, sempre foi Mario Filho, mesmo quando ainda era apenas um sonho riscado num papel. A verdade é que o Estádio Mário Filho foi construído para o evento e para ser o maior e mais belo estádio do mundo. Esse negócio de ser maior do mundo me lembra um fato ocorrido comigo, em Boston, onde eu passei um período tentando melhorar o meu inglês sofrível.O diretor da escola, talvez de saco cheio de tanto me ouvir contar grandeza do nosso país e, sobretudo, da Amazônia, um dia apareceu com um exemplar do jornal, The New York Times, onde mostrava um escândalo de corrupção no Brasil, e me perguntou de modo totalmente irônico: Why is everything so big in Brazil? Mas será mesmo coisa só de brasileiro essa mania de querer ser o maior do mundo em tudo? O Maracanã já perdeu o título de mais belo para outros estádios mil vezes mais modernos e mais elegantes pelo mundo afora, mas ainda é o maior do mundo e ponto final. Também não podemos falar da copa sem falar da taça Jules Rimet, que graças a Otorino Barassi, um desportista italiano, permaneceu escondida durante toda a guerra para ficar a salvo das tropas nazistas.Em 1950 a taça foi entregue para os Uruguaios entre lamentações e lágrimas, mas em 1970 ela veio em definitivo para nós. Projetada pelo escultor francês Abel Lafleur, tinha as irretocáveis formas da Vitória Alada e carregava mil e oitocentas gramas de ouro puro no corpo. Pois acreditem, na tarde de um feriado, em 1983, num bem planejado assalto à sede da CBF, na rua da Alfândega, ela foi roubada por uma quadrilha e depois desgraçadamente derretida por um receptador argentino(e logo um argentino!), nos deixando órfãos para sempre. Então, somos ou não somos os maiores do mundo em tudo? Na minha primeira Copa do Mundo eu tinha dois anos e não deveria me lembrar de nada, mas é como se eu me lembrasse de tudo. Quer dizer: abri meus olhos pro mundo ouvindo meu pai falar do desastre de 1950, no Maracanã. A copa que eu não fiquei sabendo, foi a de 1954, na Suíça, e restou desse período apenas um imenso vazio na minha mente. O mais curioso é que eu me lembro de detalhes sobre a grande cheia de 1953 e não consigo a mais ínfima lembrança da copa acontecida um ano depois. No máximo, talvez tenha restado algum diáfano comentário do meu pai sobre a incrível máquina húngara de 1954, comandada pelo genial meia Ferenc Puskas. E só. Acho que meu pai desconsiderou essa copa e passou os oito anos seguintes a 50, praguejando sobre a surra histórica que os Uruguaios nos aplicaram e, como praga eterna, ficam insistindo em nos lembrar até hoje. Os uruguaios nunca mais ganharam nada, mas daqui a mil anos vão continuar nos martirizando e falando no tal desastre do Maracanã. O Brasil daquela época tinha um time simplesmente fantástico. Antes da final, demos um banho de 7x1 na Espanha, e o Maracanã inteiro cantou Touradas em Madri: “Eu, fui às touradas em Madri, pararati pum, pum, pum, pararati pum, pum, pum”. Diz a lenda que quase duzentas mil pessoas fizeram um coro monumental com essa marchinha carnavalesca, e que apenas Braguinha, o autor da música, não conseguia cantar porque era incapaz de conter o choro da emoção. Pois fomos os vice-campeões precisando apenas de um simples empate na final, e ainda fizemos 1x0 num petardo de Friaça aos três minutos do segundo tempo. Aí... Meu Deus!, o Schiafino empatou e, faltando poucos minutos, o danado do Gighia fez o 2x1 quando o presidente da FIFA, Mr. Jules Rimet, já descia das tribunas para nos entregar a taça. Uma tragédia sem par e o minuto de silêncio mais longo da história do Maracanã. Mas chegou 1958. Tínhamos também um time bom: Gilmar, De Sordi, Belini, Orlando, Nilton Santos, Dino Sani e Didi(o príncipe etíope), Joel, Mazzola, Dida e Zagalo(o formiguinha). Se já éramos um time bom, viramos um time excepcional a partir do jogo contra a Russia, quando entraram Zito no lugar do Dino, Pelé(que se tornou rei eterno)no lugar do Dida, Vavá(o leão da copa) no lugar do Mazzola e Garrincha(o demônio das pernas tortas) no de Joel. Mazzola revezava com Vavá no comando do ataque e entrou mais uma partida, mas acabou perdendo o lugar de titular porque corriam boatos que ele andava tirando a canela, por já estar negociado com o futebol italiano. De fato, depois da copa Mazzola foi parar na Itália onde virou Altafini, fez bela carreira e de lá nunca mais arredou pé. Na última partida, contra a Suécia, ainda entrou o reserva Djalma Santos no lugar de um nervoso lateral De Sordi. Dizem que, na véspera do jogo, De Sordi passou a noite toda com insônia e fumando um cigarro atrás do outro. Djalma entrou, tomou conta da posição e bastou esse jogo para ele ser eleito o melhor lateral da copa e consagrado, daí pra frente, como o maior lateral direito do futebol brasileiro em todos os tempos. Com dez anos de idade, em 1958 eu estava em Santarém estudando no Colégio D. Amando. Foi o primeiro de muitos anos longe dos meus pais e lá eu acompanhei a Copa do Mundo pelo rádio até o penúltimo jogo contra a poderosa França do artilheiro Fontaine. Porém, já na partida final contra a Suécia, eu era um feliz estudante aproveitando as primeiras férias escolares da minha vida, no Paraná da D. Rosa. Meu pai havia comprado, de um marchante de Manaus, um potente rádio à válvula com uma gigantesca antena que cobria toda a extensão do telhado e que pegava até fuxico de vizinho. A casa da fazenda encheu de gente e ele prometeu abrir uma frasqueira de cachaça de Abaeté se o Brasil ganhasse. “Hoje eu quero ver gente beber até cair morto nesse terreiro” – ele disse. Lembro claramente, que aquela manhã de julho amanheceu cheia de sol e céu limpo, como um prenúncio da grande vitória brasileira.O jogo mal começa e Lindholm faz 1x0 pra Suécia. “Pronto – gritou meu pai com seu conhecido vozeirão – lá vem outra vez a praga uruguaia de 1950”. Mas nossa máquina de 1958 era imbatível e aquela copa foi a vitrine para dois reconhecidos gênios do mundo do futebol: Pelé e Garrincha. Não podia dar outra coisa: vencemos de 5x2 num baile de bola memorável, e acabamos de vez com o nosso complexo de vira-latas, como escreveu Nelson Rodrigues numa outra crônica antológica. Eduardo Dias, obidense dos bons e talento reconhecido Um canto de alma brasileira. O som nativo de Eduardo Dias Por Avelino do Vale “SE QUERES SER UNIVERSAL, CANTA A TUA ALDEIA” Leon Tolstoi. É com essa epígrafe que o premiado jornalista Ronaldo Brasiliense inicia a apresentação do novo disco do cantor-poeta Eduardo Dias, para discorrer sob a importância da sua obra no cenário musical da Amazônia brasileira. O disco, intitulado “Canto de Várzea” se reporta ao movimento musical ocorrido nos anos 80 na cidade de Santarém/Pa, numa forma de homenagear os cantadores do baixo-médio-amazonas paraense, onde ponteia os nomes de compositores como Beto Paixão, Samuel Lima, João Otaviano Matos, Everaldo Filho, Otacílio Amaral, entre outros. O disco traz músicas inéditas de Eduardo, algumas já experimentadas e premiadas em festivais como o FECAM de Marabá, e o Festival de Ourém, considerando que o compositor já estava há cinco anos sem gravar, (seu último lançamento foi uma coletânea em 2004, “sabiás&rouxinóis”, que reúne várias de suas composições na voz de outros artistas). Vencedor do último Festival de Carimbó realizado na cidade de Marapanim, ano passado, o Canto de Várzea será o sétimo CD na carreira desse artista que vem lá do estreito de Óbidos, e trilha nos palcos desde 1984, gravando e participando dos Festivais de Música universitária, por esse Brasil afora. Como poeta, tem 06 livros publicados, sendo que o último, “cantares e desencantos”, ganhou menção honrosa no último concurso literário realizado pela Fumbel, ainda inédito. O disco foi gravado no estúdio EMA, e mixado no estúdio Brilho Record, em janeiro deste ano, por Edson Lima, e traz duas participações empecias: o cantor Marhco Monteiro, na faixa a cor do amar, e Allan Carvalho, do grupo Quaderna, na toada oriunda do folclore obidense, estrela do rio madeira. Nesse trabalho, o artista conseguiu reunir um número expressivo de músicos, onde desponta o Banjo do seu conterrâneo José Félix, do grupo Curimbó de Bolso, passando pela guitarra de Beto Meireles, a Marcelo Pyrull, do Arraial do Pavulagem. Silene Trópico (que assina alguns arranjos) e Yury Guedelha, tocam flauta transversal, Arthur Alves, violoncelo, Neizinho Rocha o Contrabaixo, Jr (ex-banda calipson) a bateria, Anderson, os teclados, Alcides Alexandre, Nazareno Silva, Paulo Bandeira, a percussão. Pádua o violino, os sopros de sax por conta de Kleber Tavares e Manezinho do Sax, Chiquinho no Acordeon, nos vocais, Suzane&Simone, Rolando Adegas, e Bena. Junto com Eduardo que toca o violão, assinam também os arranjos, Mendes, Arthur Alves, e Calibre. Segundo Ronaldo Brasiliense, que apresenta o disco, diz que, O Eduardo Dias, de “Canto de Várzea”, exibe a maturidade que se conquista com os anos de estrada. Os batuques, louvados em “Capitoa do Mar”, Carimbó da Louvação e o pai d´égua “Pra quem vai embora” dispensam comentários: Eduardo valoriza as expressões que compõem essa maravilha de cenário que é a Amazônia, a aldeia universal, com suas tradições, seu folclore, sua cultura, suas lendas, seus encantos. Viaja na “Rota do Merengue”, com sua letra engajada, combativa; desfila “O amor e a paixão”, num forró que convida ao arrasta-pé; percorre os caminhos das lendas amazônicas, em “Boto Moço”, nos versos de Chico Malta; discorre sobre a “Alma Cabocla”, em parceria com Raimundo Alfaia, sem esquecer o “Amor de índio”, do santareno Beto Paixão. Viaja também na “Estrela do rio Madeira” e, amazônico, reencontre as origens “Nos tum-tum do tambor”. O Disco que tem apoio cultural do Banco da Amazônia, será lançado no bar República da Cerveja, dia 5 de junho, a partir de 19:00 horas, e no dia 9, será a vez do Bar/restaurante Piracaia, em Santarém. Maiores informações: fone 91.32429005/99647712. XIV Festival do Jaraqui Óbidos se prepara para receber visitantes Os obidenses já estão na reta final dos preparativos para o XIV Festival do Jaraqui, nos dias 3 e 4 de junho, promovido pela Associação Cultural de Óbidos - ACOB, presidida por Clélia Guerreiro. A programação inclui um grupo de Dança de Rua de Oriximiná e grupos de danças e bandas de Óbidos. Os cardumes de Jaraqui aumentam no final de maio e início de junho. A “cambada” com 8 Jaraquis já está sendo vendida por R$ 5,00, mas a tendência é baixar bastante o preço até na época do Festival, diante da abundância do peixe. O evento é um dos mais tradicionais do município Peixe amazônico de tamanho médio entre 20 e 25 centímetros, com peso médio de 400g, nome científico semaprochilodus, da família dos Caracídeos, na época da cheia do rio Amazonas os Jaraquis, em grandes cardumes, sobem o rio passando em várias cidades ribeirinhas. Em Óbidos, em função da localização privilegiada da cidade, na parte mais estreita do rio Amazonas, a pesca é abundante. A fartura do peixe é tamanha, que durante o Festival muitas vezes os Jaraquis são vendidos às centenas, a preços inacreditáveis de tão baixos. Os caboclos da região ensinam com maestria as mais variadas receitas. O Jaraqui pode se saboreado frito, assado ou cozido, ao molho de tucupi, mas o mais comum é Jaraqui frito ou assado com uma boa farinha de madioca, bem torrada e graúda. Acompanhamentos e temperos ficam a gosto. Depois disso, só resta ir conferir o Festival. E bom apetite! 8 VARIEDADES MAIO - 2006 AMBIENTALISTAS X DESENVOLVIMENTISTAS MPF descarta TAC para porto da Cargill O Ministério Público Federal descartou a possibilidade de celebrar ajuste de conduta para legalizar o funcionamento do terminal de grãos da multinacional Cargill Agrícola S.A., no porto de Santarém, às margens do rio Tapajós. Com isso, a Cargill terá que apresentar estudos de impacto ambiental (EIA), completo, ao invés do plano de controle ambiental elaborado pela empresa, considerado pelo MPF instrumento insuficiente. O procurador da República no Pará Renato Rezende Gomes, responsável pelo caso, descartou o termo de ajustamento de conduta após o parecer da 4ª CCR e alerta que o porto corre risco de ser fechado em decorrência da disputa judicial, já que, mesmo com recursos da Cargill em tramitação, todas as decisões até agora - tanto na primeira instância, a subseção judiciária federal de Santarém, quanto na segunda instância, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília - dão vitória para o MPF. A empresa ainda pode recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e Supremo Tribunal Federal (STF), mas esses recursos não têm efeito suspensivo, ou seja, os estudos terão que se iniciar. O porto, com 580 metros de extensão, começou a funcionar em 2003 a um custo de R$20 milhões. Foi erguido em área arrendada da Companhia Docas do Pará (CDP), com alvará de autorização expedido pela Sectam. O MPF insiste que há um sítio arqueológico no local, ignorado pela empresa, assim como possibilidade de danos ao rio Tapajós, considerado o rio mais belo do mundo. Críticas às ações do Greenpeace O vereador Valdir Matias Jr. afirmou, na tribuna da Câmara de Santarém, que o Greenpeace denuncia o impacto ambiental, mas que o que mais causa impacto ambiental é a miséria. Para Valdir o Greenpeace deveria cuidar de pessoas que estão doentes e na miséria e não impedir que o setor produtivo promova emprego e renda para a população. De acordo com o vereador, Santarém tem cerca de 500 mil hectares agricultáveis e utiliza só 30 mil, por isso, os argumentos do Greenpeace são descabidos. A vereadora Beth Lima disse que a reação da sociedade santarena contra as ações do Greenpeace demonstra que a paciência do povo acabou diante das constantes interferências que a região está sofrendo. A vereadora disse não abrir mão de que o homem seja respeitado no projeto de preservação do meio ambiente, e condenou as ações do Greenpeace. Para ela, é preciso é preciso preservar, mas é necessário também plantar sob pena de acabar com a cidadania, com a justiça social e com o próprio homem que precisa de alimento para sobreviver. O vereador Henderson Pinto também repudiou a atitude do Greenpeace em Santarém. Disse que apóia as manifestações ordeiras, mas não da forma como o Greenpeace quer fazer em Santarém passando por cima da Constituição e da Lei Orgânica do Município. O vereador desconfia que o Greenpeace esteja sendo usado por nações internacionais que pretendem tomar conta da Amazônia e fazer da região o seu almoxarifado. Seccional de Santarém pronta Uma das mais modernas unidades da Polícia Civil do Pará será inauguração neste final de maio. A Seccional Urbana de Santarém, no Oeste do Estado, contará com ambientes de espera confortáveis, climatizados, móveis padronizados, novas salas de reconhecimento e área de assistência social. A nova unidade também vai dispor de sala de identificação, salas para a Zona de Policiamento da PM e do Centro Integrado de Operações (CIOP). No prédio também serão implantadas novas delegacias, como a de Crimes Contra o Patrimônio e Contra a Pessoa, bem como, a Divisão de Atendimento ao Adolescente (DATA). A Seccional de Santarém vai contar com o efetivo policial da atual Superintendência Regional, responsável pelas unidades policiais da Região do Baixo e Médio Amazonas, que é de aproximadamente 40 policiais. A unidade irá receber novas v i a t u r a s p o l i c i a i s . A nova seccional foi projetada de acordo com o moderno padrão de qualidade das delegacias inauguradas ao longo dos últimos quatro anos em todo Estado. Nesse período, o governo do Estado investiu mais de R$ 36 milhões em obras de construção e reforma de unidades policiais, além da compra de equipamentos. A delegacia de Santarém é uma das treze novas unidades a serem entregues pelo governo do Estado, neste mês. Comunitários concluíram cursos Os 63 alunos participaram dos cursos de mecânica, elétrica e informática. Trabalhadores e estudantes das comunidades do Boa Vista, Moura e Lago Batata, no município de Oriximiná, receberam certificados de conclusão nos cursos de mecânica de Motores a Diesel, Eletricista Instalador Predial e Informática Básica, promovidos em parceria entre o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), o curso de informática Open Mind e a Mineração Rio do Norte (MRN). A solenidade de entrega foi realizada no dia 17 de maio, no cine-teatro de Porto Trombetas, um núcleo urbano-industrial no qual a MRN está instalada. Os cursos foram promovidos especialmente para qualificar moradores das comunidades ribeirinhas e teve a participação de 63 alunos. O auxiliar de manutenção Reginaldo Cordeiro, de 31 anos, trabalha na área de manutenção elétrica há quase dois anos e meio, e diz que a oportunidade o ajudou a conhecer detalhes preciosos de sua profissão. “Aperfeiçoei muitas coisas que eu achava que sabia ou fazia de uma maneira avulsa, no curso aprendi a fazer de um modo técnico”, afirma. Além da parte técnica, um dos itens mais importantes do curso foi a segurança na execução das tarefas. “A maioria das pessoas que está se formando já está no mercado de trabalho e não pode desvincular a atividade profissional da segurança no trabalho”, ressalta Ademar Cavalcanti, gerente de Saúde, Segurança, Meio Ambiente e Relações Comunitárias.