Maio

Transcrição

Maio
Ano XIV N0 133
MAIO 2006
R$ 2,00
RIBEIRINHOS RECEBEM AJUDA
O sofrimento das famílias atingidas não inclui fome: há comida para todos.
Pág. 5
O Governo do Estado, através da Defesa Civil, seleciona e entrega milhares de cestas básicas aos comunitários de Santarém que sofrem os transtornos da enchente histórica deste ano
ORIXIMINÁ
Música
ESCOLAS
E POSTOS
DE SAÚDE
SUBMERSOS
ABERTAS
INSCRIÇÕES
PARA FECAN
Evento tradicional do
calendário cultural, o Festival
revela novos talentos.
Prefeitura agiu rápido para garantir atendimento. Pág. 5
Pág. 7
LAZER
DESEMPENHO
XIV FESTIVAL
DO JARAQUI
EM ÓBIDOS
índice social
de oriximiná
é muito bom
Pág. 7
Na localidade do Cachoeiry, município de Oriximiná, o retrato amazônico: o pasto e o pomar deram vazão ao rio caudaloso
adélia figueira
GINCANA
CULTURAL
NOS 32 ANOS
A escola dá bom exemplo ao
festejar aniversário com ato
de cidadania.
Pág. 4
mpf
NOVO PARQUE DE EXPOSIÇÕES DE
ORIXIMINÁ É O MAIOR DO OESTE
Pág. 3
CARGILL TERÁ
QUE FAZER
OS ESTUDOS
AMBIENTAIS
A empresa só apresentou plano
de controle ambiental. Pág. 8
Pág. 2
justiça
TRF DEU
GUARIDA
À MRN
Na milionária disputa
judicial, a empresa ganhou
um importante round. Ainda
há recurso.
Pág. 5
Presidente da Billiton e prefeito de Faro
faro
Centenas de operários trabalham febrilmente para aprontar o complexo de lazer, turismo e negócios agropecuários
CONSELHO
DA CRIANÇA E
ADOLESCENTE
GANHA UMA
NOVA SEDE Pág. 5
2 
SERVIÇO
MAIO - 2006
32 anos de história
Escola Adélia Figueira comemora
aniversário com gincana cultural
Professores, alunos, pais
de alunos e pessoas da comunidade escolar participaram ativamente da programação cultural
que marcou o aniversário da
escola. A alvorada às 05:00h da
manhã teve queima de fogos de
artifício. A comunidade escolar
fez uma caminhada pelas ruas
do bairro de Santa Luzia e pelo
centro da cidade, cortejando
antigos professores, e finalizou
com uma celebração ecumênica
na área coberta da escola. Foi
CLASSIFICADOS
servido café da manhã para os
participantes, entre eles ex-funcionários e pessoas presentes
no local.
A gincana cultural apresentou temas voltados à própria
escola. O turno da manhã foi
representado pela equipe vermelha, e o turno da tarde representado pela equipe azul.
Para encerrar, alunos, professores, pais de alunos e corpo
técnico da escola participaram
do almoço comemorativo.
Eu quero vender
Eu tenho aqui uma língua de
pirarucu, já bastante antiga,
que a mamãe, em Santarém,
usava como lixa. Serve? Talvez
o Porco Raimundo queira
comprar...
[email protected]
Vendo gente
Eu quero vender um monte de
gente que fica me enchendo,
querendo me carregar no colo
o tempo todo e ver os meus
dentinhos!
[email protected]
Hospital Metropolitano
está em ritmo acelerado
O Hospital Regional que
o governo do Estado do Pará
está construindo em Santarém
está com mais da metade das
obras concluídas. De acordo
com o coordenador do Grupo
de Trabalho de Planejamento da
Secretaria Especial de Proteção
Social (Seeps), Vitor Mateus,
55% das obras estão executadas. A previsão é de que as
instalações estejam concluídas
em agosto deste ano. No total
serão investidos R$ 66 milhões
de reais. Destes, R$ 37 milhões
serão destinados à construção
das instalações e R$ 29 milhões
para a compra de equipamentos.
Os recursos são do Tesouro
Estadual.
O Hospital Regional do
Baixo Amazonas terá cem leitos, e vai oferecer unidades de
Internação, Terapia Intensiva e
de Apoio ao Diagnóstico e Terapia, além de um Centro de Alta
Complexidade em Oncologia
para tratamento de câncer.
Obras da Cosanpa no Oeste
beneficiam 185 mil pessoas
A Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa) investiu mais de R$ 5 milhões em
obras no município de Itaituba.
Além disso, outras melhorias
aconteceram em Santarém e
Monte Alegre. As obras vão beneficiar cerca de 185 mil pessoas
nos três municípios.
Em Itaituba, a Cosanpa
colocou em fase de teste novos
equipamentos que permitirão
ampliar o sistema de abastecimento de água no município.
Os serviços são, na maioria,
destinados à captação de água
bruta. Para isso, foram construídos um trapiche com 80 metros
de cumprimento e tubulação
de 400 milímetros, uma estação
de tratamento, um reservatório
apoiado de 460 metros cúbicos,
uma elevatória de água tratada
e uma subestação elétrica de
112,5 KVA. Foram instalados
ainda 36 mil metros de rede de
distribuição, recuperados dois
reservatórios elevados - cada
um com capacidade de 227 m³
- e implantados 1,5 mil ramais
domiciliares. As obras vão beneficiar 22 mil de pessoas em sete
bairros onde a demanda é maior
- Centro, Jardim das Araras, Bela
Vista, São José, Boa Esperança,
Liberdade e Perpétuo Socorro.
Os R$ 5 milhões investidos em
Itaituba foram garantidos com
recursos dos governos do Estado
e federal.
Porco Raimundo
Comunidade prestigiou a reabertura do templo, datado da época de fundação do povoado
PARCERIA
Aimin recebe sua
primeira capela
toda reformada
A comunidade do Aimin, localizada no lago do
Sapucuá, em Oriximiná, realizou um culto de ação graças
em celebração à reforma da
Capela Santa Maria Goretti. A obra foi realizada pela
Mineração Rio do Norte em
atendimento a um pedido da
própria comunidade do Aimin, onde já é executado um
projeto de desenvolvimento
auto-sustentável de piscicul-
tura. A capela foi construída
em 1956, ano da fundação
da comunidade, segundo arquivos e relatos dos próprios
moradores.
Após o culto em ação
de graças realizado na Capela
Santa Maria Goretti, os moradores e convidados participaram da cerimônia de entrega
de conclusão da obra.
Joaquim Marinho, coordenador do Aimin, ressaltou a
importância da iniciativa: “todo
mundo que passa pelo lago
admira e quer ver como ficou.
Isso é um marco que irá ficar na
lembrança de todos, de vocês
da Rio do Norte e da nossa”.
Em seguida, Ademar Cavalcanti, gerente de Saúde, Segurança,
Meio Ambiente e Relações
Comunitárias da MRN, fez
o encerramento e entregou a
chave simbólica da Capela para
as mãos de Marinho.
Plano emergencial
Para Santarém, a Cosanpa
planeja investir R$ 5 milhões
em infra-estrutura de água e
esgoto, com recursos obtidos
junto à Caixa Econômica Federal e contrapartida do Governo
do Estado. O projeto envolve a
construção de poços tubulares,
instalação de equipamentos de
bombeamento, ampliação de
rede de distribuição, execução
de ramais prediais e definição de
um plano diretor de água para o
município. Enquanto essas obras
não iniciam, a Cosanpa coloca
em prática, desde o mês passado, um Plano Emergencial para
Santarém, que envolve R$ 322
mil. Desse total, R$ 22,8 mil já
foram utilizados para recuperar
um poço profundo do bairro da
Conquista, garantindo água po-
tável para 2,5 mil moradores da
área. A Cosanpa trabalha ainda
na reativação de um poço no
bairro do Livramento, na aquisição de conjuntos motor-bomba,
peças de reposição, material
hidráulico e na substituição dos
quadros de comando. Todas
essas ações vão atingir 150 mil
habitantes do centro e na periferia. Além disso, outras obras
estão em processo licitatório e
serão iniciadas em 70 dias. Em
paralelo ao Plano Emergencial,
a empresa realiza serviços para
aumentar a pressão da água na
rede de abastecimento e elabora
planejamento de combate ao
desperdício, com a retirada de
453 vazamentos em bairros do
município, nos últimos três
meses.
Vendu uns resto di vela di
cimitério do Aimim. Os resto
estaum novinho em folha,
visse? Compro uma lamparina
da avó do seu Zé Wirson, por
preço a cumbinar. Aceito, de
brinde, a velha da bomba, num
sabe??
raimundodespreparado@
yahoo.com.br
Égua!
Vendo vergonha para aqueles
que não têm vergonha!!
[email protected]
Produtos
Vendo asa de barata tonta,
mobília de casa de cachorro,
príncipe sem castelo, linha
sem anzol, cemitério de anão,
estrada pra lugar nenhum. Na
compra de dois produtos, você
ganha inteiramente “de grátis”
uns filhotinhos do Raimundo,
pretinhos quase brancos, assim
como ele.
[email protected]
Ovo
Raridade! Legítimo ovo de
Codorna Canadense, espécie
em extinção que
bota um ovo a cada cinqüenta
anos!!! Este é um dos três
únicos ovos existentes
no mundo! Os outros dois
estão no Siri Lanka e em
Cingapura. Portanto, se
você quer acertar o Papa ou
o Presidente Lula, não use
qualquer porcaria!
Dividimos em quatro vezes (o
pagamento, não o ovo!).
[email protected]
Hot Dog
Vendo cachorro fresquinho
e quentinho! Acabei de
atropelar! Tratar
com: motorista desastrada, na
Rua da Beira.
[email protected]
Participe
Reforma preservou todas as características coloniais da construção, de 1956
Entre na comunidade do
Uruá-Tapera! http://www.
orkut.com/Community.
aspx?cmm=10672254
Oriximiná classifica judoca no campeonato brasileiro
O judoca Kehyll Guerra, de
Porto Trombetas, município de
Oriximiná, conquistou uma vaga
para disputar o Campeonato Brasileiro de Judô, nas categorias júnior
(que será disputado no Piauí) e
juvenil (Mato Grosso). Kehyll garantiu a classificação ao terminar na
terceira colocação em cada uma das
categorias do Campeonato Brasileiro de Judô – Região II, disputado
entre os dias 5 e 7 de maio, em São
Luís (MA).
Outros dois judocas que
também representaram Oriximiná
nesta competição foram Márcio
André dos Santos, campeão paraense na classe infanto-juvenil (48
Kg), e Nadson Garcia, vice-campeão paraense na classe infantojuvenil (44 Kg). Eles ficaram em
quarto lugar em suas categorias.
“Eles não vão parar por aí. Vamos
continuar a linha de treinamento
para que eles possam disputar o
brasileiro. Para isso, eles terão de
passar por uma seletiva antes”,
diz o professor Denílson de Sá,
técnico dos atletas. O professor
Denílson foi convidado a ser um
dos técnicos da seleção paraense
durante a competição.
Os três judocas são alunos
do Mineração Esporte Clube.
No Campeonato Brasileiro
– Região 2 competiram atletas
dos estados do Pará, Amapá,
Piauí, Maranhão e Ceará. Os
melhores colocados se classificavam para disputar as próximas
fases do Campeonato Brasileiro
e a seletiva para o Sul-Americano nos estados do Piauí,
Mato Grosso e João Pessoa. A
delegação do Pará era composta
por 95 lutadores e os três atletas
foram os únicos representantes
da região oeste do Estado.
Kehyll Guerra, Márcio André dos Santos, Nadson Garcia e
o professor Denílson de Sá, técnico dos atletas
CIDADES
MAIO - 2006 
Imprensa de Oriximiná INFORMES
poderá criar associação O
A Assessoria de Comunicação da Prefeitura Municipal de
Oriximiná reuniu os profissionais de imprensa do município
num café da manhã.
Comunicadores, editores, arte-finalistas, fotógrafos e
cinegrafistas, diretores e coordenadores das Rádios Cidade
e RCO,emissoras de Tv Atalaia
e APS, Jornais Uruá-Tapera,
Tribuna e Folha de Oriximiná,
sites oriximinaonline e Folha
de Oriximiná, Radiofonia AJC
Nunes, exibidoras de outdoor e
carros de propaganda volante.
Na pauta dos jornalistas e
produtores de mídia eletrônica,
a necessidade de treinamento e
capacitação dos novos profissionais que estão chegando ao
mercado.
Representando o poder
executivo, o secretário de comunicação Valdo Florenzano
enfatizou a importância da data
e agradeceu a presença dos
participantes. Depois, leu uma
mensagem do prefeito em exercício, Roberto Souza, que não
compareceu por estar se recuperando de um acidente.
O secretário de Infra-estrutura e de Obras Públicas,
Francisco Florenzano, lembrou
s novos desembargadores do TJE, Cláudio
Montalvão das Neves e Marneide Merabet, chegam em boa hora para enriquecer
com competência e respeitabilidade o judiciário
paraense. Os dois já demonstraram à farta seus
méritos, tanto no juízo singular comum quanto
no eleitoral.
Prêmio
A Mineração Rio do Norte foi escolhida a Empresa do
Ano por meio de pesquisa realizada pela Associação
Comercial e Empresarial de Santarém. A cerimônia de
entrega acontece no dia 27 de maio no Amazon Park
Hotel. A MRN é uma empresa localizada em Oriximiná, oeste do Pará, e é uma das maiores produtoras de
bauxita (matéria-prima do alumínio) do mundo. Serão
homenageados também o empresário Paulo Corrêa,
com a medalha do Mérito Empresarial “Manoel de
Jesus Moraes”; a Mulher Destaque Empresarial Idenilda Isidoro de Andrade Guedes e o Jovem Destaque
Empresarial Alaércio Cardoso.
Relações
Jornalista Valdo Florenzano quer unir a imprensa oriximinaense em favor dos interesses do município
o papel da imprensa na formação do perfil histórico das
personalidades que conduzem
os vários segmentos da sociedade oriximinaense. Além dele,
vários secretários e assessores
do primeiro escalão do governo
prestigiaram o evento.
A promotora Ângela Balieiro representou o Judiciário
local e falou da liberdade conquistada pelos meios de comunicação e a responsabilidade
na apuração e divulgação dos
fatos através das diversas mídias
hoje disponíveis em Oriximiná,
evitando a conotação política e
tratamento tendencioso.
O ex-prefeito Luiz Gonzaga Viana agradeceu o convite
e elogiou o pioneirismo dos
jornalistas José Luiz Bandeira e
Valdo Florenzano que iniciaram
a profissionalização do meio há
mais de uma década. Representando a Câmara Municipal,
os vereadores Mario Lobato,
Toninho Picanço e Fernando
Andrade. prestaram homenagens aos comunicadores.
No auditório da Associação Comercial, em junho, a
mineradora Alcoa realiza workshop. Vai prestar informações detalhadas sobre o Projeto Juruti e como pretende se relacionar com os fornecedores de Santarém
e região Oeste do Pará.
Retorno
O irmão José Ricardo Kinsman, da Congregação de
Santa Cruz, mantenedora do Colégio Dom Amando,
em Santarém, o mais tradicional da região, já está de volta à cidade, mas não reassumirá a direção do colégio.
Intercâmbio
O Prefeito Argemiro Diniz voltou de sua visita a Israel
com disposição dobrada e muitas idéias na cabeça.
Confessou estar impressionado com o nível de produtividade das plantações israelenses e promete implantar
em Oriximiná alguns projetos experimentais voltados
à adubação da terra.
Madeira
Centro de eventos terá instalações modernas, inclusive para shows
Praça das Mangueiras, um dos espaços que serão oferecidos
INFRA-ESTRUTURA
Argemiro: Parque de Exposições de
Oriximiná será o maior da região
A Prefeitura Municipal
de Oriximiná está construindo
o maior Parque de Exposição
Agropecuária do Oeste do Pará.
A obra está gerando centenas de
empregos diretos e indiretos,
informa o prefeito Argemiro
Diniz. Quando ficar concluído,
o empreendimento oferecerá
Centro de Eventos – Tatersal, 40
currais para bovinos, caprinos e
eqüinos, Praça de Alimentação
e Praça das Mangueiras. Está
sendo executada a arborização
do parque e calçamento de todo
o complexo. A previsão para
inauguração é até julho, quando
começa a XXIII EXPOFAMA
(Exposição-Feira Agropecuária
do Médio Amazonas), que será a
melhor de todos os tempos, com
animação do Bonde do Forró,
diz o prefeito, entusiasmado.
As obras do Novo Parque
de Exposições estão aceleradas.14 empreiteiras estão trabalhando na construção.
A falta de madeira em Oriximiná impediu a ação rápida
da Prefeitura para manter o trânsito nas ruas alagadas da
cidade. Mais de 100 dúzias virão de Óbidos, importadas
e doadas pela MRN, parceira da PMO no combate à
enchente. Serão usadas na construção de passarelas
nas ruas do comércio e marombas nas propriedades
alagadas do interior.
Educação
Algumas escolas ribeirinhas de Oriximiná já paralisaram
suas aulas. Postos de saúde, barracões comunitários e
residências foram invadidas pela água. A Secretaria de
Educação anunciou o fechamento de todas as escolas
municipais localizadas em áreas de várzeas e realiza
levantamento sobre a possibilidade de funcionamento
das demais.
Porco
No orkut, a comunidade “Eu conheço o porco Raimundo” congrega todos aqueles que tiveram a infelicidade
de conhecer o Porco Raimundo - o maior despreparado do Mundo! O porco se apresenta no programa
PLAYTV, no SBT de Oriximiná, às 10 horas, nas manhãs de sábado. O espaço alerta profissionais da mídia,
políticos e profissionais liberais para que não venham
a ser parecidos com o personagem. Ah, sim, o porco
Raimundo tem procurado melhorar... quem sabe ele
consegue!!????
Saúde
O santareno boa-praça e highlander (é imortal cinco
vezes, porque é membro de 5 academias literárias, de
música e jornalismo) José Wilson Malheiros da Fonseca,
deu um susto nos amigos mas se recupera bem de uma
cirurgia de vesícula biliar.
Área reservada aos currais para os animais de exposição ganhará arborização e projeto urbanístico
Feira
A XXIII EXPOFAMA (Exposição-Feira Agropecuária
do Médio Amazonas), em julho, vai reunir o que há de
melhor no rebanho da região. Promete ser a melhor de
todos os tempos, e será animada pelo Bonde do Forró.
Será a estréia, em grande estilo, do complexo que está
sendo construído em Oriximiná.
Longevidade
Mobilização de operários: geração de empregos e distribuição de renda
Obras de drenagem vão garantir a qualidade da obra
O URUÁ-TAPERA completará 15 anos em dezembro. Marcará a data com reunião festiva juntando
seus colaboradores. E já estão sendo planejadas ações
culturais alusivas ao evento. Fruto do sentimento de
paraensismo, o jornal mostra que o amor à terra natal
supera obstáculos e pode ajudar a construir o Pará que
desejamos.
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POLÍTICA
MAIO - 2006
INFORME PUBLICITÁRIO
ESTADO DO PARÁ  PODER LEGISLATIVO
CÂMARA MUNICIPAL DE ORIXIMINÁ
Presidente da Câmara visita
comunidades atingidas pela enchente
No rio Cachoeiry, o presidente da Câmara Municipal
de Oriximiná, vereador Ludugero, reuniu com os moradores
que pediram auxilio à Câmara
para que intercedesse junto ao
Prefeito, ao governador Simão
Jatene e à empresa MRN na
tentativa de obter ajuda e minimizar os problemas ocasionados
pela enchente que continua
avançando.
“A maior dificuldade é a
falta de madeira para a construção de pontes, principalmente
na escola onde tem crianças
pequenas e não existe muita
segurança”, disse Antônia Batista da Silva, coordenadora da
comunidade.
Valdecy Silva Vieira, coordenadora da escola, aproveitou
a ocasião para pedir a Ludugero
que conversasse com o Prefeito
para que fosse construída uma
escola pólo, tão logo baixassem
as águas e reclamou da falta de
duas zeladoras. “Atualmente, eu
é que faço a limpeza e a merenda
das crianças, e isso tem atrasado
todo o trabalho da secretaria que
é a minha função”, completou
Valdecy. Em outra escola, a São
José, devido a vários problemas,
os alunos cumpriram menos de
30 dias letivos neste ano, quando
a carga horária do semestre é de
100 dias, o que é fator de preocupação já que os professores
estudam em julho, dezembro e
janeiro, dificultando o cumprimento da grade curricular.
A coordenadora do posto
de saúde, Maria do Carmo
Teixeira Gualberto, também
pediu a reforma do espaço que
hoje está abandonado e não
oferece nenhuma condição de
atendimento.
DESEMPENHO
Oriximiná tem um dos
melhores índices sociais
Cenário comum na época da cheia: casas praticamente submersas. Onde havia campos verdejantes, só água
Ludugero e Gonzaga no Cachoeiry
O ex-prefeito Luiz Gonzaga Viana, assessor do governador, acompanhou o presidente
da Câmara e disse que Simão
Jatene pediu que ele verificasse
a situação das zonas ribeirinhas e
repassasse as informações à Casa
Civil para que fossem tomadas
todas as providências. “Além do
que eu já havia dito que, independente de qualquer coisa, eu
estaria sempre pronto a ajudar
no que fosse possível, e é nessas
horas que a gente tem que estar
apoiando os nossos amigos”,
No lugar de cavalos, o transporte virou canoa e barco, em todo o interior
disse Gonzaga.
Ludugero deixou claro
que o Legislativo não poderia
atuar diretamente na resolução
dos problemas, mas que levaria todas as reivindicações das
comunidades aos poderes com-
petentes. “Nós estamos fazendo
a nossa parte, que é verificar a
real situação de alguns lugares
que estão sendo mais atingidos
e acionar quem pode efetivamente resolver a questão”, falou
o vereador.
Conheça alguns dos trabalhos aprovados em plenário
Neto Andrade solicitou
ao Prefeito Municipal a reforma e construção de mais salas
de aula na Escola Municipal
Antônio Guerreiro de Barros, na Comunidade Nossa
Senhora de Nazaré, no Lago
Iripixi.
Ângelo Ferrari apresentou Moção pedindo à Mesa
Diretora da Casa que enviasse
oficio transmitindo votos de
profundo pesar à família do
ex-vereador Walter Marinho,
recém-falecido. Pediu ao prefeito que toda e qualquer
criança nascida nos hospitais
do Município tenha seu registro de nascimento fornecido
antes de receber alta, como já
é de praxe em várias cidades
do País.
Zequinha Calderaro
solicitou ao Prefeito de Oriximiná que atue junto à Defesa Civil do Estado para que
se antecipe nas providências
na tentativa de minimizar os
problemas ocasionados pela
cheia dos rios. Pediu ainda
que a Secretaria de Trabalho
e Promoção Social analise a
situação para que os ribeirinhos tenham acesso a cestas
básicas, medicamentos e
madeira para a construção de
pontes e abrigos. Zequinha
pediu também a construção de um microssistema
de abastecimento de água e
ampliação da rede de distribuição de energia na comunidade de Santa Luzia, no
Lago do Iripixi, e a intervenção do poder publico junto
à empresa Telemar, a fim de
garantir a instalação de um
telefone publico no Aeroporto Municipal. A recuperação
e ampliação do sistema de
iluminação do Cemitério
Municipal Nossa Senhora
das Dores e a construção de
uma ponte no trecho da rua
24 de dezembro, próximo ao
estaleiro, também são trabalhos do vereador.
Toninho Picanço pediu
ao prefeito Argemiro Diniz
que construa uma escola em
alvenaria na Comunidade do
Rapa-Pau, um microssistema
de abastecimento de água e a
recuperação do Ramal do Rio
Verde e a implantação de um
sistema de eletrificação para
atender a dezesseis famílias
na comunidade rural da Cabeceira do Medonho. Toninho pediu também ao Poder
Judiciário de Oriximiná e ao
Estado que seja informada a
atual situação do processo de
desapropriação do Bairro do
Penta, para que a tomadas as
providências necessárias.
Mário Lobato apresentou duas Moções nas quais
solicitou que a Mesa Diretora da Casa enviasse oficio transmitindo votos de
congratulações ao Sr. Idail
Canto, presidente da Liga
Esportiva de Oriximiná, pela
conquista de um torneio em
Porto Trombetas, e à Escola
Estadual Padre José Nicolino
de Souza, por ocasião de seu
aniversário. Mário apresentou
ainda um requerimento endereçado aos representantes
do Incra e Iterpa, pedindo que
seja informada ao Legislativo
a respectiva área de atuação de
cada órgão nas glebas da nossa
região e, em outro trabalho,
a instalação de uma sala de
informática no novo prédio
do clube dos idosos no bairro de São Pedro. Ao prefeito
Argemiro Diniz, solicitou
serviços de manutenção da
grade de proteção do esgoto
na Travessa Ângelo Augusto e
reconstrução de parte do passeio da Praça do Centenário,
ao lado da Rua Pedro Carlos
de Oliveira.
Xito Viana solicitou ao
prefeito que seja estudada a
possibilidade de aquisição de
um terreno no bairro da área
Pastoral, sob indicação dos
moradores, para que ali possam construir sua sede.
Fernando Andrade, num
trabalho também endereçado
ao prefeito de Oriximiná, pediu que a própria Prefeitura
asfalte a PA 254, pelo menos
até o aeroporto, e que sejam
instalados dois bebedouros no
ginásio poliesportivo Guilherme Guerreiro.
No mês do sexto aniversário da Lei de Responsabilidade
Fiscal, um estudo inédito da
Confederação Nacional dos
Municípios (CNM) revela que
as prefeituras ainda não conseguem compatibilizar bons
indicadores fiscais com um
desempenho satisfatório no
campo social. O atendimento
aos ditames da LRF tampouco
é sinônimo de qualidade na
gestão dos recursos públicos. É
o que mostra uma reportagem
da jornalista Mônica Izaguirre, veiculada pelo jornal Valor
Econômico.
Entre as detentoras dos
100 melhores índices fiscais, a
média do índice social foi de
apenas 0,488, nota considerada baixa pela CNM. Entre os
100 municípios que lideram o
ranking social, por sua vez, a
média do índice fiscal ficou em
0,493. A dificuldade de compatibilização não se dá apenas
entre fiscal e social. Nenhum
dos municípios que alcançaram
os dez melhores índices de qualidade de gestão conseguiu ficar
entre os primeiros duzentos no
ranking fiscal.
Oriximiná ocupa a posição de número 2.448, com
nota 0,534. Fica à frente de
Marabá (2.828o. lugar), Santarém (3.315o. lugar), e Óbidos
(3.971o. lugar). E, se no quesito
índice fiscal a “Princesinha do
Trombetas” ficou na faixa dos
medianos, é uma das 336 cidades
com os melhores índices sociais
do Brasil . No ranking de gestão
sua posição foi 847, também um
lugar bastante razoável.
Em parceria com a Escola
de Administração da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul, a CNM criou índices
para medir, anualmente, o
desempenho das prefeituras
brasileiras em relação à responsabilidade fiscal, à responsabilidade social e à qualidade
do gasto (custo da máquina
administrativa versus investimentos). Refletindo essas três
dimensões, foi criado também
um índice geral, onde o fiscal
tem peso de 50%.
A primeira medição, recém-concluída, abrangeu uma
amostra de 4.285 municípios
num universo de 5.562.
Poços de Caldas, em Minas Gerais, é um exemplo.
Numa escala de 0 a 1, o índice
fiscal do município alcançou 0,8,
a melhor de todas as notas nesse
item. Em contrapartida, no critério social, a prefeitura obteve
apenas 0,433, índice pior que os
de outras 3.690 cidades.
Entre os dez mais bem
posicionados no ranking fiscal,
metade não conseguiu ficar sequer entre os três mil primeiros
do ranking de responsabilidade
social. Entre os outros cinco,
mesmo o melhor dos índices
sociais, conquistado por São
Sebastião do Oeste (MG), foi
fraco: 0,532, o que deu ao município o 1.387º lugar.
“O sucesso fiscal muitas
vezes ocorre às custas da área
social e vice-versa. É preciso
resgatar uma atuação mais harmoniosa”, diz o presidente da
CNM, Paulo Ziulkosky. Embora defenda a LRF, ele acha que
predomina hoje um conceito
equivocado de responsabilidade
fiscal. “Disseminou-se a concepção de que administrar bem
é economizar, fazer superávits
primários. Essa cultura tem que
mudar”, afirma.
Para Edson Franco Júnior, mestre em administração
e professor da Universidade
da Amazônia, realmente não é
fácil equilibrar os três índices,
mas a área social será sempre
a melhor referência política de
um prefeito. “O político moderno precisa ser capaz de fazer
obras duradouras e de largo
alcance social, e não perder de
vista o aspecto fiscal da gestão”,
complementou.
Ludugero e Fernando
Andrade recebem Prêmio
A União Nacional dos
Vereadores homenageou no
dia 12 de maio, em Belém,
os vereadores Ludugero e
Fernando Andrade com as
comendas Ppresidente 2005
e Campeão de Votos 2004,
respectivamente. A cerimônia
aconteceu no Hotel Sagres, no
Encontro Nacional de Prefeitos, Vereadores, Secretários
Municipais e Assessores. Fernando Andrade foi à capital
receber o prêmio em seu nome
e também representou o presidente da Câmara. A gestão
empreendedora de Ludugero
foi citada como referência
para outras cidades e o grande
motivo do prêmio.
“A gente fica muito satisfeito em saber que o trabalho está
sendo acompanhado por uma
grande entidade como a UNV
e que está sendo reconhecido
pois, de fato, juntamente com
todos os parlamentares, conseguimos modernizar ainda mais
a Câmara, fizemos o concurso
público e este ano esperamos
treinar nosso pessoal, numa
grande parceira com o Senado
federal e o Programa Interlégis”
disse Ludugero.
Mega requerimento do Sapucuá chega ao Prefeito
Vinte e uma comunidades,
algumas agrupadas, participaram
e levaram suas necessidades e
opiniões à Sessão Especial do
Sapucuá, realizada no Ajará. O
mega requerimento contém todas as reivindicações dos moradores daquela região. O prefeito
em exercício, Roberto Souza,
participou do encontro.
A tônica foi infra-estrutura, saúde, transporte, educação
e saneamento. Outra questão
bastante tocada foi a necessidade
de auxílio na regularização fundiária daquelas terras.
O titular das pastas de
Infra-estrutura e de Obras Públicas, Francisco Florenzano, esteve na região e disse que a visita
teve a função de estabelecer uma
lista de prioridades para as próximas semanas. “Ações preventivas
diante da iminente cheia que ora
avança, a recuperação dos sistemas de recepção de TV para que
os moradores do Sapucuá possam assistir à Copa do Mundo e,
claro, as demandas emergenciais
oriundas da reunião no Ajará já
estão sendo providenciadas e as
questões mais prementes serão
logo resolvidas”, complementou
o secretário.
Barracão da comunidade ficou pequeno para o público presente. O secretário de Infra-Estrutura, Francisco Florenzano, anotou as reivindicações
REGIONAL
MAIO - 2006 
5
MAIOR CHEIA DA HISTÓRIA
Águas invadem cidades da região
O período de cheia deste
ano será mesmo o maior da história na região. Em Oriximiná,
a avenida 24 de Dezembro, na
esquina com Carlos Maria Teixeira, um dos principais eixos
da cidade, é o exemplo da aflição dos moradores. Localizada
na orla de Oriximiná, a avenida
24 de dezembro concentra
feirantes, taxistas, mototaxistas
e comerciantes, que se desesperam vendo a água subir dia
após dia.
A feirante Geraldina dos
Santos diz “Já saí do meu ponto, porque a maresia dos barcos
molhava meu produto, e agora
onde estou minha venda não é
boa, estou afastada e já comecei
a perder freguesia”.
Já o comerciante Edson
Pantoja está confiante nas providências da prefeitura municipal.
“Acredito que serão feitas mais
pontes para os pedestres e veículos, e não haverá altos prejuízos,
pois o período de chuva já esta
acabando”, pondera.
A Secretaria Municipal de
Infra-Estrutura instalou uma
ponte de madeira para tráfego
dos pedestres, a fim de diminuir
os transtornos causados pelas
águas do rio que invadem aquele
trecho. Outro local alagado é o
trecho próximo da Paragás. Lá, o
número de pontes é maior.
Defesa Civil seleciona e entrega víveres às famílias atingidas pela cheia: ninguém está passando fome na região, apesar das dificuldades
ÁGUAS AMAZÔNICAS
O diretor financeiro da BHP Billiton e o prefeito de Faro
INAUGURAÇÃO
Novo prédio do Conselho
Tutelar dos Direitos da
Criança e do Adolescente
O Conselho Tutelar
dos Direitos da Criança e do
Adolescente no município
de Faro, no oeste do Pará, irá
funcionar em novas instalações. A construção do novo
prédio foi realizada através
de parceria entre a empresa
BHP Billiton, uma das acionistas da Mineração Rio do
Norte (MRN), e a Prefeitura
Municipal de Faro.
O Conselho Tutelar
realiza cerca de 20 entrevistas por dia no município,
envolvendo principalmente atendimentos em casos
de violação aos direitos da
criança e do adolescente,
como violência doméstica
e maus tratos em geral. O
Conselho executa também
outras atividades, tais como
expedição de documentos
e encaminhamentos para
atendimento hospitalar.
Segundo Dizete Bittencourt, presidente do
Conselho em Faro, as ações
da instituição poderão ser
ampliadas a partir do novo
prédio. “Antes funcionávamos em uma casa com uma
única sala, sem banheiro.
Não tínhamos condições
de atender as pessoas que
vinham nos procurar”. As
novas instalações contam
com recepção, três salas
para atendimentos, dois
banheiros e uma copa. “Vamos agora ter condições de
envolver mais a comunidade, através de palestras e
atividades que serão realizadas aqui mesmo”, acredita
Dizete.
Para o prefeito de Faro,
Denílson Guimarães, a parceria só rendeu bons frutos:
“já havíamos pensado na
necessidade da construção
de um novo prédio para as
atividades dos conselheiros,
um plano que foi realizado
através da parceria com a
BHP Billiton”. Luiz Cláudio
Ribeiro, diretor financeiro
da BHP Billiton, também
enfatizou o caráter de parceria do projeto: “apoiamos
o crescimento nas bases da
sustentabilidade nas comunidades em que atuamos.
Para isso são importantes
parcerias com o governo
municipal e entidades filantrópicas da região”.
Vítimas da enchente
no Oeste do Pará já
Na terça-feira, 23, comunidades do lago Sapucuá, lago
Maria Pixi e igarapé Nhamundá,
em Oriximiná, oeste do Pará, receberam parte das cestas básicas
doadas pela Mineração Rio do
Norte, em conjunto com a Prefeitura de Oriximiná e a Defesa
Civil do município.
“Estamos doando mil cestas, no total. A Defesa Civil definiu as comunidades ribeirinhas
mais prejudicadas pela enchente
que está atingindo Oriximiná e
elas estão recebendo as cestas”,
explica José Haroldo Paula, assessor de relações comunitárias
da MRN. Ao todo, 849 famílias
moram nessas comunidades. As
cestas chegaram ao cais do porto
de Oriximiná no dia 22 pela manhã e seguiram imediatamente
para as comunidades onde foram
distribuídas..
De acordo com estimativas da Secretaria Municipal
de Infra-Estrutura, cerca de
65% das famílias afetadas
pela cheia estão desalojadas,
ou seja, abandonaram as casas que estão em condições
inabitáveis.
Ainda segundo informações da Secretaria, até o dia 19
de maio o nível do rio Trombetas
havia subido 8,87 metros, a segunda maior marca dos últimos
25 anos. A maior foi registrada
em 1989, quando o nível subiu
9,06 metros. Entretanto, ela poderá ser superada, especialmente
se considerarmos que o pico
da cheia no rio costuma ser no
início de junho.
Além das cestas, a MRN
adquiriu também 100 dúzias
de tábuas, 45 dúzias de ripões
e 45 dúzias de perna-manca
para construção de passarelas
suspensas e outros apoios para
os moradores da zona urbana de
Oriximiná.
Solidariedade em evidência: todos fazem questão de ajudar as famílias ribeirinhas. Barco Altino Guimarães, da Prefeitura, entrega mantimentos.
MRN ganha no TRF
Multa milionária foi cancelada. Cabe recurso.
A Mineração Rio do Norte,
uma das maiores produtoras de
bauxita do mundo, instalada em
Oriximiná (PA), obteve uma vitória na verdadeira guerra judicial
que trava com a Receita Federal.
Em março de 1999, a MRN foi
autuada em R$ 316 milhões por
ter reduzido em 30% seu capital.
A Receita considerou a iniciativa
ilegal, por entender que a empresa teria distribuído aos sócios
parcela do imposto de renda
que deixou de pagar em razão
de ser beneficiária de incentivos
fiscais na área da extinta Sudam
(Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia).
Para poder recorrer da
multa, a MRN foi obrigada
a depositar em juízo o valor
equivalente ao da autuação. A
multa milionária hoje significa
R$ 454 milhões, cerca de 90%
do capital social da mineradora,
cujo controle é dividido entre a
Companhia Vale do Rio Doce
e multinacionais do setor de
alumínio.
A MRN propôs ação ordinária para anular a autuação,
e foi derrotada perante a 22ª
vara federal do Distrito Federal.
Mas a Oitava Turma do Tribunal
Regional Federal da 1ª Região,
em Brasília, considerou que não
houve qualquer irregularidade
na decisão da empresa e, por 2
votos a 1, cancelou a autuação
da Receita. A Procuradoria da
Fazenda Nacional vai recorrer.
A empresa argumenta que
não cometeu qualquer deslize.
Em sua defesa, relata que, depois
de muitas avaliações e pareceres
de especialistas, a decidiu reduzir
em R$ 118 milhões a parcela dos
R$ 220 milhões aportados pelos
acionistas. Essa redução foi baseada na interpretação de que dentro
do limite do capital aportado pelos
acionistas, a companhia poderia
fazer a redução pretendida.
A MRN tinha um capital
de R$ 538 milhões, composto
de R$ 220 milhões de recursos próprios, aportados pelos
acionistas, e R$ 318 milhões
de recursos provenientes de
incentivos fiscais de imposto de
renda que foram capitalizados.
Desde a autuação, a MRN vem
defendendo a sua interpretação
da legislação, baseada em suas
convicções e na opinião de especialistas, de que procedeu de
forma absolutamente legal.
De acordo com nota oficial
da empresa ao URUÁ-TAPERA,
o que ocorreu no julgamento no
TRF 1a. Região foi o reconhecimento de que a MRN agiu de
forma correta e com respeito à
legislação. Entretanto, o processo ainda não está encerrado, uma
vez que ainda cabe recurso por
parte da União.
A MRN – enfatiza a nota
- continua convicta de que o
procedimento que adotou foi
correto e transparente.
O TRF 1ª Região entendeu que, quando reduziu seu
capital, a MRN já não era mais
beneficiada pela isenção de imposto, concedida pela Sudam,
que perdurou entre 1983 e 1997.
A redução também não teria
chegado a representar metade
do capital próprio aplicado pelos
sócios, o que excluiria a hipótese
de a devolução avançar sobre
a reserva de capital formada
pela isenção fiscal. Assim, não
havia impedimento legal para
a modificação do capital fixo,
já que, em determinadas circunstâncias, ele poderia variar
para mais ou para menos, “em
face da necessidade da própria
empresa, ou em decorrência de
fatos supervenientes”.
Como a revogação da isenção “tem procedimento especial,
uma vez que se trata de isenção
onerosa a prazo”, a medida
adotada pela Receita Federal
deveria “ser precedida do devido
processo legal junto ao órgão
responsável pela concessão”, a
ADA, sucessora da Sudam. Mas
a Agência de Desenvolvimento
da Amazônia, por unanimidade,
“concluiu pela regularidade de
todos os requisitos necessários
à concessão do incentivo fiscal,
o que fora concretizado pela Resolução 9.234, de 14 de dezembro de 1999, e, assim, deu por
esgotado o assunto no âmbito
daquela administração”. Logo,
para os desembargadores federais, a autuação foi indevida.
Após a autuação da MRN,
em maio de 1999, o próprio
secretário da Receita Federal
baixou uma portaria, de 21
de dezembro daquele mesmo
ano, posteriormente reiterada
por uma instrução normativa,
de 23 de dezembro de 2000,
alertando para a necessidade
de ser observada a lei 9.430, de
1996. Determinou à fiscalização
tributária que notifique a enti-
dade beneficiária relatando os
fatos e, também, a ocorrência da
infração. Esse procedimento não
teria sido acatado na autuação
da MRN.
A empresa juntou ao processo um ofício que a Delegacia
da Receita Federal em Santarém
dirigiu, em 14 de agosto de
2003, à Diretora-Geral da ADA,
relatando a autuação, para que
fossem tomadas as providências
necessárias para a revogação da
isenção. Quase um ano depois, a
ADA informou que decidira, por
unanimidade, acatar o entendimento de que a matéria argüida
para justificar a revogação dos
atos concessórios de benefícios
fiscais, concedidos à MRN, foi
amplamente discutida e decidida na 269ª reunião ordinária
do Conselho Deliberativo da
extinta Sudam, sustentada por
manifestações da ProcuradoriaGeral e pelo Departamento de
Administração de Incentivos.
6 
OPINIÃO
MAIO - 2006
Vicente Malheiros da Fonseca
[email protected]
De bubuia no Irurá
quisa de mestrado da Escola de
Música da Universidade Federal
de Minas Gerais, sob orientação
da Profª Guida Borghoff. Remeti-lhe a relação de 12 obras de
meu pai e 2 peças minhas: “Suíte
ao Maestro Isoca” (Orquestra
de Violinos e Piano a 4 mãos)
e a “Segunda Suíte ao Maestro
Isoca” (Piano a 4 mãos).
Veio de São Paulo, o pedido da pianista Sylvia Maltese
(da Academia Nacional do Rio
de Janeiro), para remessa de
elementos para a elaboração de
sua monografia sobre “Música
Brasileira para Duo de Piano”
(4 mãos e 2 pianos), com abrangência de 2 séculos de música
no Brasil. Enviei-lhe idêntico
material.
Do Rio Grande do Sul
vieram a Belém, para participar
do 7º Concurso Internacional
“Bidu Sayão”, a soprano Maíra
Lautert (3º prêmio feminino)
e o tenor Gilberto Chaves (residente em São Paulo), com
os quais mantive contato mais
próximo. Ambos se interessaram
por composições minhas e de
meu pai. Também deverei enviar
à mezzo-soprano portuguesa
Maria Luisa Freitas (1º prêmio
feminino do “Bidu Sayão”),
músicas que compus, especialmente as canções com letras do
grande poeta lusitano Fernando
Pessoa: “Poeta Fingidor” (sobre
o poema “Autopsicografia”),
“Tenho Tanto Sentimento” e “Ao
longe, ao luar”.
É ainda do extremo sul do
país que tenho recebido incentivo para ali ser realizado um
recital de minhas composições,
organizado pela soprano Raquel
Soares Pereira, regente de coral
e professora da Universidade
Federal de Pelotas-RS.
Por coincidência, há pouco
recebi amável correspondência
do professor e violinista paraense Celson Gomes, lá das terras
gaúchas, onde atualmente se
encontra para fazer o curso de
doutorado em Música, na Universidade Federal do Rio Grande
do Sul, com ênfase em Educação
Musical, bastante interessado
na diversidade musical e as diferentes maneiras de aprender e
ensinar música. Daí porque ele
pretende escolher, como tema de
sua pesquisa, as “Aprendizagens
Musicais em Família”. A título
de colaboração, eu enviei-lhe
vários artigos que escrevi, a
grande maioria no jornal “UruáTapera”. Ele se entusiasmou particularmente pelo artigo “Isoca
– o educador”, publicado neste
jornal (Ano XI, edição nº 99, de
agosto/2003, pg. 6).
Peço licença para transcrever trecho de mensagem
virtual que o Celson me enviou:
“Acredito que a contribuição da
pesquisa, tendo como colaboradores a família Fonseca, será
de grande valor para a área de
Educação Musical. Penso que
temos muito a aprender, através
dos relatos e depoimentos sobre
significativas vivências musicais
em família. Isto já aparece em
“Meus amigos, eu vou
contar pra vocês uma história
em que eu tive mais medo por
não ver nada, mais medo do que
se tivesse visto”. Quem assim falava era Trajano de Souza, velho
morador de um ramal que saía
na Estrada de Nova Timboteua
pra Timboteua Velha.
“Naquela época – era o
fim da década de trinta e eu
estava com meus 20, 22 anos
– falava-se muito que existia um
Lobisomem nas redondezas e as
pessoas viviam apavoradas.
Uma noite eu me dirigia
pra casa da irmã com quem
morava, quando senti que estava
sendo seguido. Olhei pra trás e
não vi nada. Continuei a andar e
aquilo atrás de mim. Mas quando
olhava, nada! E assim continuei,
cada vez mais com medo, mais
ao mesmo tempo com vontade
de enfrentar, fosse o que fosse,
que eu tinha quase a certeza que
era o tal Lobisomem que aparecia naquelas bandas. Só que eu
olhava e não via nada. Prossegui
a viagem e todo o tempo aquele
vulto atrás de mim”.
Aí, curioso, perguntei:
- Mas se o senhor não via
nada, como sabia que tinha um
vulto atrás do senhor?
-“Eu não via,mas sentia (
acentuou bem o sentia ) a presença de alguma coisa, alguma
coisa ruim.
Tinha a impressão de que
era um ser mais alto que eu e
eu sentia assim como se fosse
me agarrar. Olhei de banda e
não vi nada.
Já estava perto da casa
para onde ia e nada via, mas
tinha quase certeza que o ser
tinha ficado debaixo de uma
laranjeira...
Entrei em casa mais alivia-
seu valioso artigo ‘Isoca - O
Educador’. Imagino desenvolver
esta pesquisa tendo por base este
seu artigo, onde você nos relata
sobre suas aprendizagens, através de maneiras diferentes dos
métodos tradicionais.”
De Santarém, outra encomenda: a valsa “Zuíla Maria”
(filha de Alexandre e Zuíla
Waughon), neta da amiga Célia
(Toscano) Waughon, com quem
encontrei no aniversário da tia
Ninita, que fazia 95 anos em
1º de maio passado. Além da
composição básica, para Canto
e Piano, ainda escrevi outros
dois arranjos: Canto e Quinteto
(Flauta, Clarinete, Trompa,
Contrabaixo e Piano); e Canto
e Octeto (Flauta, Clarinete,
Trompa, Saxofone-Alto, Saxofone-Tenor, Contrabaixo, Piano
e Percussão).
Para as crianças também
compus duas peças, a pedido
da professora e regente Suzana
Guedes, que se dedica à execução do Projeto “Cantando o
Pará”: arranjo de Coro Infantil e
Quinteto Instrumental (Flauta,
Violino, Contrabaixo, Piano e
Percussão), para o bolero “Um
Poema de Amor” (de Wilson
Fonseca, 1953); e a cantiga infantil “Serrador” (Coro a 3 vozes
mistas e Piano).
Falarei alguma coisa sobre
essas duas composições.
Eu compus a melodia da
cantiga infantil “Serrador” em
1979 e meu pai (Isoca) preparou,
naquele ano, um arranjo para
coro a 3 vozes iguais. Mais uma
parceria com o “velho”. Neste
ano de 2006, elaborei a parte do
piano (até então, havia apenas a
melodia e o coro “à capella”).
Vou contar agora o motivo
de ter composto essa música,
que, aliás, justifica a “coreografia” que sugiro no rodapé da
partitura.
Meu pai costumava brincar com filhos, netos e qualquer
criança, colocando-a sentada
sobre a sua coxa, estando ele
também sentado numa cadeira.
E, então, papai declamava as
seguintes palavras (apenas declamava, sem cantar nenhuma
melodia): “serra, serra, serrador;
serra a madeira do teu senhor;
serra de cima, que eu serro de
baixo; shi, shi, shi, shi” (imitando uma serra). Papai pegava
a criança, sentada em seu colo
(sobre as coxas), balançava-a,
segurando o pequenino pelos
punhos, de modo que a criança
ficasse em movimento, como
que “serrando”: vai-e-vem, vaie-vem, vai-e-vem, vai-e-vem.
Vi meu pai fazer isso com
meus irmãos mais jovens, sobrinhos, netos etc. As crianças, já
sabidinhas, quando viam o meu
pai, logo pediam para ele brincar
de “serrador”. Era uma delícia.
Meus filhos adoravam essa brincadeira do “vovô Isoca”.
Até que um dia, resolvi
fazer uma musiquinha com
aquela letra e dediquei ao meu
primogênito, Vicente Filho, que,
naquela época (agosto de 1979),
tinha apenas 8 meses de idade.
E papai logo se predispôs a fazer
o arranjo para coro a 3 vozes
iguais. Mas essa peça nunca foi
cantada, até porque as minhas
composições ficaram guardadas
por muito tempo. Neste 2006,
resolvi fazer o arranjo incluindo
o piano acompanhante.
A “coreografia” sugere: na
1ª vez cantam as mulheres; na
2ª vez cantam os homens; e na
3ª vez cantam homens e mulhe-
res. Na coreografia cada cantor
segura as mãos do colega, face
à face, em duplas, para imitar a
serra: vai-e-vem.
É assim que começa o estímulo da música para as crianças.
De modo informal, sem traumas. Foi assim que nós, filhos
de Isoca, aprendemos música
com ele.
Meu saudoso pai adorava
as crianças.
Falecido em Belém e sepultado em Santarém, onde
recebeu homenagens do povo,
seu esquife foi conduzido pelo
Corpo de Bombeiros, em comovente cortejo fúnebre, desde
o aeroporto até a Catedral, ao
som de suas composições. O
evento lembra das homenagens
ao Presidente Tancredo Neves e
ao piloto Ayrton Senna.
Recordo-me da emoção
com que as crianças cantaram,
à capella, o bolero “Um Poema
de Amor”, precisamente no
momento em que o féretro
passava bem em frente à Escola
de Música “Wilson Fonseca”,
em Santarém, ali permanecendo
por quase meia hora. Os jovens,
todos uniformizados, encontravam-se do lado de fora da escola,
na rua, próximos à calçada, e, ali
mesmo, começaram a cantar esta
música, de modo muito espontâneo (quase de surpresa, sem
que ninguém esperasse). E o
interessante é que eles não queriam mais terminar de cantar. A
música, então, foi cantada umas
doze vezes, mais ou menos. As
pessoas começaram a perceber
que muitas crianças choravam
copiosamente durante o canto.
As lágrimas dessas crianças a
todos comoviam. Foi um dos
momentos mais emocionantes
de minha vida. Nunca vi coisa
igual.
Antes de concluir, devo
acentuar que não poderia faltar
mais uma homenagem à terra
querida, nas minhas mais recentes criações musicais: “Praias de
Santarém” (samba), composta
originariamente em 1969, ganhou dois novos arranjos: Canto
e Piano; e Trio de Voz, Violoncelo e Piano, com letra que agora
lhe acrescentei.
Fruto de conversa com
outro santareno, Hideraldo
Machado, membro do Ministério Público do Trabalho da
8ª Região, após a sessão da 2ª
Turma do Tribunal Regional
do Trabalho, elaborei outra
composição, inspirado na terra
querida: “Irurá” (chorinho).
Costumo fazer vários arranjos
para as minhas composições. E
para esta peça fiz os seguintes:
Quarteto de Clarinetes (com
ou sem piano); Quarteto e
Quinteto de Cordas; Quinteto
de Sopros; Duo para Clarinete
e Piano; Canto e Piano; Trio
para Voz, Violoncelo e Piano; e
Orquestra Sinfônica.
O espaço, porém, não cabe
para transcrever toda a letra desta
música.
Sei que vou deixar muita
gente com água na boca, mas
peço vênia para consignar apenas a primeira estrofe deste
chorinho: “Eu vou cantar/Neste
chorinho/Engraçadinho/Tudo
aquilo/Que aprendi/Nos velhos tempos/De criança/Mas
há quem diga/Que esta moda
antiga/Ah! Quanta saudade/Aumenta a minha fé...”.
Enquanto isso, vou ficando de bubuia nesse igarapé e
prometo continuar na próxima
edição.
Vicente Malheiros da Fonseca
– magistrado, professor e
compositor
[email protected]
Cowboys e gibis
Alô, Franssi:
Na vida tudo passa.
Nada, neste mundo, é para
sempre.
Felicidades, tristezas,
bons e maus momentos,
pessoas, cidades, países, estrelas, galáxias, tudo, enfim,
cumprido seu ciclo submete-se à lei inexorável da
impermanência.
Mais ou menos como o
Lavoisier que aprendemos no
colégio: nada se perde tudo
se transforma. Não existe o
definitivo.
Somos nuvens passageiras como diz o poeta.
Restam-nos as lembranças. Quando recordamos, o passado se torna
presente.
Não aquela recordação
sofrida, chorosa, piegas. Mas
os instantes (a vida é fugaz)
que nos tornaram felizes.
Não gosto de falar de
mim. Mas, às vezes, o gênero
da crônica pede que assim
seja. Então vamos lá.
Quando estive recentemente em Santarém fui
tomar a famosa garapa do
Pequenino ali na Garapeira
Ipiranga. Continua a de sempre. O mesmo sabor que hoje
se transforma no agridoce das
saudades...
Onde estão as broas,
os rebuçados, os beijos-demoça da Nina, da Dona Rosa,
doceiras da Praça da Matriz?
Ali adiante o velho coreto me olha e pergunta por
que eu não toco mais na
banda.
O cine Olímpia, onde
eu passei alguns dos melhores momentos, onde a vida
eram sonhos e filmes em preto e branco, seguiu o destino
da química, transformandose em outra coisa, bem mais
sem graça, por sinal.
Onde andarão os artistas e bandidos do velho oeste
da minha infância? Eles,
famosos na época, também
já moram na saudade, ficaram
encantados ou dobraram a
esquina.
Gene Autry, Roy Rogers e Trigger, Rocky Lane,
Buck Jones, John Wayne,
Rex Allen, Gabby Hayes, Tex
Ritter, Hopalong Cassidy, Ed
Murphy, eram bons de briga
e de tiro. Tinham os cavalos mais bonitos e sempre
acabavam conquistando a
mocinha. Mas às vezes iam
embora, cantando, e a deixavam chorando...
Ah, o cine Olímpia.
“Seu Grilo” tomava conta
da “geral”, mais na frente e
ao preço de meio ingresso.
Quando ficava escuro, na
hora de começar o filme, a
gente pulava pras cadeiras
bem mais confortáveis.
Raul Loureiro, quero
em nome da molecada da
época, te pedir desculpas
pelas cadeiras quebradas, pela
barulheira (gritos histéricos,
batidas de pé, socos no ar) que
fazíamos na “hora da porrada”
nos filmes de cowboy.
Se, de tão velho, o filme
arrebentava, a luz acendia e
começavam os gritos:
- Tá roubando... ladrão... ladrão!
Eu era maluco pra assistir os “filmes impróprios”.
Nunca deixaram. Detestava
“filme de amor”, achava que
era coisa de mulher.
Bete Davis, Humphrey
Bogart? Nem pensar.
Era no cine Olímpia
que ficávamos flertando as
meninas, satisfeitos que só,
se uma delas deixava, pelo
menos, encostar o braço no
escurinho do cinema.
Aquelas que deixavam
beijar eram conhecidas como
“galinhas”. Algumas, hoje, são
respeitáveis mães de família.
Antes de começar o filme a gente trocava revistinha.
Como eram saborosos os
gibis dos cowboys, do Mandrade e Lothar, Superman,
Capitão Marvel, Cavaleiro
Negro (dr.Heron Robledo),
Zorro,Tonto e o cavalo Silver,
Fantasma, sua noiva Diana e
o cachorro Capeto, Tio Patinhas, Luluzinha, Pinduca...
Uma das minhas professoras
queria que eu lesse apenas
revista de “vida de santos”...
vocês acham que um moleque saudável da minha época
ia se preocupar com isso?
Sentei-me no banco
da Praça da Matriz e o sino
tocou. Não resisti. Entrei na
igreja e chorei junto da pia
sagrada onde Frei Domingos
me batizou, um dia.
Aquele templo me evocou os tempos ingênuos:
cantar no coral, a primeira
comunhão, as missas dominicais obrigatórias, tudo
enfim se transportava ao
presente pela mágica das
recordações.
Quando saí da igreja
olho outra vez para o coreto e
na minha imaginação, parece
que ouvi a Banda Municipal
tocando uma valsa. Meu
saxofone fazia um solo e a
melodia também se perdia
no passado.
Agora, eu não mais sentia saudade. Uma imensa
satisfação abraçou meu espírito e me fez sentir, mais
uma vez, a alegria ter vivido
em Santarém, quando ela era
a liberdade do melhor dos
mundos.
Walcyr Monteiro
[email protected]
Presença Ruim
ILUSTRAÇÃO JOÃO BENTO
Os leitores já perceberam
que os meus temas favoritos
versam sobre música.
Nestes últimos meses, o
estro me levou a compor peças dos mais diversos gêneros,
cada qual com uma motivação
própria.
Retomando a série das
“Valsas Santarenas”, iniciada em
1981, compus a de número 56
(Piano solo; e Duo para Flauta
e Piano).
A pedido do jovem violista
João Batista Marques Júnior,
escrevi duas peças para violas:
“Ave Maria” (2 violas e piano)
e a “Valsa Santarena nº 17” (2
violas).
Outro dia, fui assistir, no
Theatro da Paz, a excelente
Amazônia Jazz Band, sob a
regência do maestro Ricardo
Aquino. Ao chegar em casa, me
animei para preparar o arranjo
de um fox-trot que eu havia
composto em 1982, intitulado
de “E eu?”. Logo escrevi essa
composição para Orquestra de
Sopros, Piano e Percussão.
Da Itália, onde reside, a
soprano Patrícia Oliveira me
solicitava o envio de minha “Ave
Maria”. Arrumei um tempinho
e fiz o arranjo para Canto e Orquestra Sinfônica, que deverá
ser apresentado, em Belém, em
outubro.
Da Alemanha e dos Estados Unidos, outra solicitação. A
violinista Roberta França – que,
em março deste ano, apresentou,
num recital na Universidade de
Missouri (USA), acompanhada
da pianista Natalia Bolshakova, o
noturno “Santarém, Pôr-de-Sol”,
de Wilson Fonseca – deverá executar, em Belém, no XIX Festival
Internacional de Música do Pará,
a minha “Valsa Santarena nº 47”,
para violino e piano, acompanhada da pianista, a quem dediquei
esta peça, Adriana Azulay, que
mora em Karlsruhe.
Para o “Grupo de Tubas
da Amazônia”, sob a regência
de Wilthon de Oliveira Matos
(tubista da Orquestra Sinfônica
do Theatro da Paz), dediquei a
composição “Batuque” (letra de
Bruno de Menezes), para Octeto
de Bombardinos e Tubas, Piano
e Percussão, que deverá também
ser apresentada no Festival Internacional de Música do Pará,
em junho próximo.
O “Batuque” (cantata negra) ainda será interpretado,
oportunamente, pelo Trio de
Voz (Edelmiro Soares, tenor),
Violoncelo (Arthur Alves) e Piano (Adriana Paiva), com arranjo
que lhes enviei.
Essa composição, em arranjo que escrevi para Orquestra Sinfônica e Coro a 4 vozes
mistas, também está na agenda
cultural de 2007, da Escola de
Dança “Clara Pinto”, que, por
sinal, deverá exibir-se, no Theatro da Paz, em outubro próximo,
em homenagem a meu pai Wilson Fonseca (Maestro Isoca).
Há outros pedidos, que
ainda não puderam ser atendidos, como as peças que estou
elaborando para o Grupo Quorum (de Sérgio Lobato) e para
a flautista Silene Trópico, de
Belém. E ainda para os fagotistas
Gustavo Koberstein (membro
do Quinteto Brasília) e Hary
Schweizer, que acaba de lançar,
na capital federal, o excelente
CD “Com Licença!...” (veja o
site: http://www.haryschweizer.
com/index.php).
De Belo Horizonte, a solicitação de Sandra Almeida para
o envio de composições, que lhe
permitam fazer a catalogação de
obras brasileiras para piano a 4
mãos, como parte de sua pes-
José Wilson Malheiros
do, acendi uma lamparina, fui a
cozinha apanhar um pedaço de
rapadura pra comer. Mas todo
este tempo sentia que uma presença ruim me olhava. Só que eu
olhava e não via nada.
Fiz minhas orações, fui
deitar em uma rede e apaguei a
lamparina. Aí, mais que nunca,
senti aquela presença do lado da
rede. Com muito medo, levantei
e acendi de novo a lamparina e
comecei a rezar de novo, reforçando minhas orações, sentado
na rede. Aí não vi nem senti mais
nada. Era como se aquela presença ruim tivesse se retirado...”
E Trajano concluiu a sua
história :
“-Olhe, eu senti um medo
muito grande, um pavor mesmo,
justamente porque não vi o Lobisomem. Eu preferia ter visto
porque, com os meus vinte e
poucos anos, com a disposição
que eu tinha, nós íamos brigar,
íamos fazer uma força terrível...
Mas eu tive medo justamente
porque não via nada , só sentia a
sua presença ruim...!”
ATUALIDADES
MAIO - 2006 
7
MÚSICA REGIONAL
Abertas inscrições para o 6º Fecan
As inscrições podem ser
feitas até o dia 31 de maio
Começaram os preparativos para o 6º Festival da Canção
de Porto Trombetas, o Fecan.
Para participar, os compositores
devem realizar sua inscrição até
o dia 31 de maio, pelos Correios ou pessoalmente, na sede
do Mineração Esporte Clube,
onde o evento será realizado.
As inscrições são gratuitas e,
caso o candidato opte por fazer
pelos Correios, deve enviar por
meio de “Sedex com Aviso de
Recebimento (AR)” postado até
o dia 31 de maio.
Porto Trombetas é um núcleo urbano, localizado no município de Oriximiná, oeste do
Pará, onde ficam as instalações
industriais da empresa paraense
Mineração Rio do Norte, uma
das maiores produtoras mundiais de bauxita, a matéria-prima
do alumínio.
As canções inscritas poderão ter temática e estilo musical
livres, mas cada autor poderá inscrever no máximo três
músicas inéditas e originais,
incluindo suas parcerias. Ao
efetuar a sua inscrição, o con-
corrente deverá assinalar sua
opção pela utilização ou não da
banda do Fecan. Caso opte pelo
acompanhamento da banda,
deverá enviar, juntamente com o
material de inscrição, a cifragem
da canção (harmonia), em uma
folha à parte.
No ato da inscrição, o
candidato deverá apresentar uma
cópia digitada ou datilografada
em papel A4, contendo título da
canção, os nomes dos autores e a
letra na íntegra; uma fita cassete
ou CD ou MD com a canção
gravada na íntegra, precedida
do nome da canção, citado em
voz clara e pausada. “Pedimos
atenção na elaboração desta
gravação, pois qualquer irregularidade, ou mesmo má qualidade
da fita cassete, do CD ou MD,
poderá acarretar a desclassificação da canção”, alerta Denílson
Gonçalves, professor de música
do MEC e coordenador do
festival.
O candidato também deverá apresentar a ficha de inscrição devidamente assinada
pelos autores e preenchida com
os dados relacionados à canção,
opção pela utilização da banda
do festival e nomes dos participantes oficiais (intérprete,
instrumentista, backing vocal,
entre outros); um texto, com no
máximo vinte linhas, com informações objetivas sobre a canção
e seus autores. Caso os músicos
optem pela utilização da banda
do festival, eles deverão enviar
também uma cópia da cifragem
harmônica da canção.
“A promoção do Fecan é
uma maneira de valorizar a música brasileira nas suas diversas
vertentes, seus compositores e
intérpretes, além de promover a
diversificação e o acesso à cultura
e ao lazer para toda a comunidade de Porto Trombetas”, diz
Denilson.
As informações sobre as
canções classificadas no processo
de triagem estarão disponíveis no
site do festival: www.festivaisdobrasil.com.br/fecan.trombetas; e
pelos telefones (93) 3549-7598 /
3549-7916 / 3549-7767.
O Festival – O 6º Festival
da Canção será realizado entre
os dias 27 e 29 de julho, sendo
que nos dois primeiros dias serão
realizadas as eliminatórias que
classificarão as 12 canções para
a final, que será realizada no dia
29 de julho. As 12 músicas finalistas serão incluídas no DVD e
no CD gravados ao vivo durante
o festival.
Além da participação no
DVD e CV do Fecan, a premiação inclui ainda troféus e
premiação em dinheiro para os
três primeiros colocados gerais e
na categoria Aclamação Popular;
e troféus para as categorias Melhor Letra, Melhor Intérprete e
Melhor Arranjo.
Serviço
A inscrição da canção poderá
ser efetuada pessoalmente ou
pelos Correios até o dia 31
de maio de 2006, no seguinte
endereço:
Mineração Esporte Clube
– MEC
A/C Oficina Musical
– FECAN
Rua Rio Tapajós, s/nº – Porto
Trombetas – Oriximiná – PA
Cep: 68275-000
Fone: (93) 3549-7598 e 35497767 – Fax: (93) 3549-1494
Mais informações:
Mineração Esporte Clube
– MEC
Prof. Denílson Gonçalves
(93) 3549 7916 // 7489
Ademar Aires do Amaral
[email protected]
1958, A copa inesquecível
Já sentimos no corpo
e na alma a vibração de mais
uma Copa do Mundo. Para
mim, a história desse evento só começa, de verdade, a
partir de 1950 e eu explico o
porquê. Além de ter sido no
Brasil, foi a primeira Copa do
Mundo depois que eu nasci e
também a primeira após a segunda grande guerra, como a
simbolizar uma porta de luz e
esperança na nova geopolítica
da guerra fria. Por causa do
conflito, a disputa do torneio
acabou interrompida por doze
anos, e não foi sem propósito
que sede escolhida para o
reinício da competição elegeu
um país da América do Sul. A
Europa, mesmo depois de cinco anos do término da grande
guerra, ainda estava com os
pés sujos de sangue e tentava
se levantar de um chão onde
pairava o espectro de milhões
de mortos. O Brasil encarou a
difícil parada e construiu o estádio do Maracanã, que depois
recebeu o nome de Estádio
Mário Filho, em homenagem
ao jornalista esportivo que foi
o maior incentivador da obra.
O escritor Nelson Rodrigues,
irmão de Mario Filho, imortalizou esse merecido batismo,
numa crônica antológica, onde
escreveu que o Maracanã jamais foi Maracanã, sempre foi
Mario Filho, mesmo quando
ainda era apenas um sonho
riscado num papel. A verdade
é que o Estádio Mário Filho
foi construído para o evento
e para ser o maior e mais belo
estádio do mundo.
Esse negócio de ser
maior do mundo me lembra
um fato ocorrido comigo, em
Boston, onde eu passei um
período tentando melhorar o
meu inglês sofrível.O diretor
da escola, talvez de saco cheio
de tanto me ouvir contar
grandeza do nosso país e, sobretudo, da Amazônia, um dia
apareceu com um exemplar do
jornal, The New York Times,
onde mostrava um escândalo
de corrupção no Brasil, e me
perguntou de modo totalmente irônico: Why is everything
so big in Brazil? Mas será
mesmo coisa só de brasileiro
essa mania de querer ser o
maior do mundo em tudo? O
Maracanã já perdeu o título de
mais belo para outros estádios
mil vezes mais modernos e
mais elegantes pelo mundo
afora, mas ainda é o maior do
mundo e ponto final. Também
não podemos falar da copa
sem falar da taça Jules Rimet,
que graças a Otorino Barassi,
um desportista italiano, permaneceu escondida durante
toda a guerra para ficar a salvo
das tropas nazistas.Em 1950
a taça foi entregue para os
Uruguaios entre lamentações
e lágrimas, mas em 1970 ela
veio em definitivo para nós.
Projetada pelo escultor francês
Abel Lafleur, tinha as irretocáveis formas da Vitória Alada
e carregava mil e oitocentas
gramas de ouro puro no corpo.
Pois acreditem, na tarde de um
feriado, em 1983, num bem
planejado assalto à sede da
CBF, na rua da Alfândega, ela
foi roubada por uma quadrilha
e depois desgraçadamente
derretida por um receptador
argentino(e logo um argentino!), nos deixando órfãos para
sempre. Então, somos ou não
somos os maiores do mundo
em tudo?
Na minha primeira
Copa do Mundo eu tinha
dois anos e não deveria me
lembrar de nada, mas é como
se eu me lembrasse de tudo.
Quer dizer: abri meus olhos
pro mundo ouvindo meu
pai falar do desastre de 1950,
no Maracanã. A copa que eu
não fiquei sabendo, foi a de
1954, na Suíça, e restou desse
período apenas um imenso
vazio na minha mente. O mais
curioso é que eu me lembro de
detalhes sobre a grande cheia
de 1953 e não consigo a mais
ínfima lembrança da copa
acontecida um ano depois. No
máximo, talvez tenha restado
algum diáfano comentário
do meu pai sobre a incrível
máquina húngara de 1954,
comandada pelo genial meia
Ferenc Puskas. E só. Acho
que meu pai desconsiderou
essa copa e passou os oito anos
seguintes a 50, praguejando
sobre a surra histórica que
os Uruguaios nos aplicaram
e, como praga eterna, ficam
insistindo em nos lembrar
até hoje. Os uruguaios nunca
mais ganharam nada, mas daqui a mil anos vão continuar
nos martirizando e falando
no tal desastre do Maracanã.
O Brasil daquela época tinha
um time simplesmente fantástico. Antes da final, demos
um banho de 7x1 na Espanha,
e o Maracanã inteiro cantou
Touradas em Madri: “Eu,
fui às touradas em Madri,
pararati pum, pum, pum, pararati pum, pum, pum”. Diz
a lenda que quase duzentas
mil pessoas fizeram um coro
monumental com essa marchinha carnavalesca, e que
apenas Braguinha, o autor da
música, não conseguia cantar
porque era incapaz de conter o
choro da emoção. Pois fomos
os vice-campeões precisando
apenas de um simples empate
na final, e ainda fizemos 1x0
num petardo de Friaça aos três
minutos do segundo tempo.
Aí... Meu Deus!, o Schiafino
empatou e, faltando poucos
minutos, o danado do Gighia
fez o 2x1 quando o presidente
da FIFA, Mr. Jules Rimet, já
descia das tribunas para nos
entregar a taça. Uma tragédia
sem par e o minuto de silêncio mais longo da história do
Maracanã.
Mas chegou 1958. Tínhamos também um time
bom: Gilmar, De Sordi, Belini, Orlando, Nilton Santos,
Dino Sani e Didi(o príncipe
etíope), Joel, Mazzola, Dida e
Zagalo(o formiguinha). Se já
éramos um time bom, viramos
um time excepcional a partir
do jogo contra a Russia, quando entraram Zito no lugar
do Dino, Pelé(que se tornou
rei eterno)no lugar do Dida,
Vavá(o leão da copa) no lugar
do Mazzola e Garrincha(o
demônio das pernas tortas) no
de Joel. Mazzola revezava com
Vavá no comando do ataque e
entrou mais uma partida, mas
acabou perdendo o lugar de
titular porque corriam boatos que ele andava tirando a
canela, por já estar negociado
com o futebol italiano. De
fato, depois da copa Mazzola
foi parar na Itália onde virou
Altafini, fez bela carreira e de
lá nunca mais arredou pé. Na
última partida, contra a Suécia,
ainda entrou o reserva Djalma
Santos no lugar de um nervoso
lateral De Sordi. Dizem que,
na véspera do jogo, De Sordi
passou a noite toda com insônia e fumando um cigarro
atrás do outro. Djalma entrou,
tomou conta da posição e
bastou esse jogo para ele ser
eleito o melhor lateral da copa
e consagrado, daí pra frente,
como o maior lateral direito
do futebol brasileiro em todos
os tempos.
Com dez anos de idade,
em 1958 eu estava em Santarém estudando no Colégio
D. Amando. Foi o primeiro
de muitos anos longe dos
meus pais e lá eu acompanhei
a Copa do Mundo pelo rádio
até o penúltimo jogo contra a
poderosa França do artilheiro
Fontaine. Porém, já na partida
final contra a Suécia, eu era
um feliz estudante aproveitando as primeiras férias escolares
da minha vida, no Paraná da
D. Rosa. Meu pai havia comprado, de um marchante de
Manaus, um potente rádio à
válvula com uma gigantesca
antena que cobria toda a extensão do telhado e que pegava
até fuxico de vizinho. A casa
da fazenda encheu de gente e
ele prometeu abrir uma frasqueira de cachaça de Abaeté
se o Brasil ganhasse. “Hoje
eu quero ver gente beber até
cair morto nesse terreiro” – ele
disse. Lembro claramente,
que aquela manhã de julho
amanheceu cheia de sol e céu
limpo, como um prenúncio
da grande vitória brasileira.O
jogo mal começa e Lindholm
faz 1x0 pra Suécia. “Pronto
– gritou meu pai com seu
conhecido vozeirão – lá vem
outra vez a praga uruguaia de
1950”. Mas nossa máquina de
1958 era imbatível e aquela
copa foi a vitrine para dois reconhecidos gênios do mundo
do futebol: Pelé e Garrincha.
Não podia dar outra coisa:
vencemos de 5x2 num baile de
bola memorável, e acabamos
de vez com o nosso complexo
de vira-latas, como escreveu
Nelson Rodrigues numa outra
crônica antológica.
Eduardo Dias, obidense dos bons e talento reconhecido
Um canto de alma brasileira.
O som nativo de Eduardo Dias
Por Avelino do Vale
“SE QUERES SER UNIVERSAL, CANTA A TUA ALDEIA” Leon Tolstoi. É com essa
epígrafe que o premiado jornalista Ronaldo Brasiliense inicia
a apresentação do novo disco
do cantor-poeta Eduardo Dias,
para discorrer sob a importância
da sua obra no cenário musical
da Amazônia brasileira. O disco,
intitulado “Canto de Várzea” se
reporta ao movimento musical
ocorrido nos anos 80 na cidade
de Santarém/Pa, numa forma de
homenagear os cantadores do
baixo-médio-amazonas paraense, onde ponteia os nomes de
compositores como Beto Paixão,
Samuel Lima, João Otaviano
Matos, Everaldo Filho, Otacílio
Amaral, entre outros.
O disco traz músicas inéditas de Eduardo, algumas já
experimentadas e premiadas
em festivais como o FECAM de
Marabá, e o Festival de Ourém,
considerando que o compositor
já estava há cinco anos sem
gravar, (seu último lançamento
foi uma coletânea em 2004,
“sabiás&rouxinóis”, que reúne
várias de suas composições na
voz de outros artistas).
Vencedor do último Festival de Carimbó realizado na
cidade de Marapanim, ano passado, o Canto de Várzea será
o sétimo CD na carreira desse
artista que vem lá do estreito de
Óbidos, e trilha nos palcos desde
1984, gravando e participando
dos Festivais de Música universitária, por esse Brasil afora. Como
poeta, tem 06 livros publicados,
sendo que o último, “cantares e
desencantos”, ganhou menção
honrosa no último concurso
literário realizado pela Fumbel,
ainda inédito.
O disco foi gravado no
estúdio EMA, e mixado no
estúdio Brilho Record, em
janeiro deste ano, por Edson
Lima, e traz duas participações
empecias: o cantor Marhco
Monteiro, na faixa a cor do
amar, e Allan Carvalho, do grupo Quaderna, na toada oriunda
do folclore obidense, estrela do
rio madeira.
Nesse trabalho, o artista
conseguiu reunir um número
expressivo de músicos, onde
desponta o Banjo do seu conterrâneo José Félix, do grupo
Curimbó de Bolso, passando
pela guitarra de Beto Meireles,
a Marcelo Pyrull, do Arraial do
Pavulagem. Silene Trópico (que
assina alguns arranjos) e Yury
Guedelha, tocam flauta transversal, Arthur Alves, violoncelo,
Neizinho Rocha o Contrabaixo,
Jr (ex-banda calipson) a bateria,
Anderson, os teclados, Alcides
Alexandre, Nazareno Silva,
Paulo Bandeira, a percussão.
Pádua o violino, os sopros de
sax por conta de Kleber Tavares
e Manezinho do Sax, Chiquinho no Acordeon, nos vocais,
Suzane&Simone, Rolando Adegas, e Bena. Junto com Eduardo que toca o violão, assinam
também os arranjos, Mendes,
Arthur Alves, e Calibre.
Segundo Ronaldo Brasiliense, que apresenta o disco, diz
que, O Eduardo Dias, de “Canto
de Várzea”, exibe a maturidade
que se conquista com os anos de
estrada. Os batuques, louvados
em “Capitoa do Mar”, Carimbó
da Louvação e o pai d´égua “Pra
quem vai embora” dispensam
comentários: Eduardo valoriza
as expressões que compõem
essa maravilha de cenário que é
a Amazônia, a aldeia universal,
com suas tradições, seu folclore, sua cultura, suas lendas,
seus encantos. Viaja na “Rota
do Merengue”, com sua letra
engajada, combativa; desfila “O
amor e a paixão”, num forró que
convida ao arrasta-pé; percorre
os caminhos das lendas amazônicas, em “Boto Moço”, nos
versos de Chico Malta; discorre
sobre a “Alma Cabocla”, em
parceria com Raimundo Alfaia,
sem esquecer o “Amor de índio”,
do santareno Beto Paixão. Viaja
também na “Estrela do rio Madeira” e, amazônico, reencontre
as origens “Nos tum-tum do
tambor”.
O Disco que tem apoio
cultural do Banco da Amazônia,
será lançado no bar República
da Cerveja, dia 5 de junho, a
partir de 19:00 horas, e no dia
9, será a vez do Bar/restaurante Piracaia, em Santarém.
Maiores informações: fone
91.32429005/99647712.
XIV Festival do Jaraqui
Óbidos se prepara para
receber visitantes
Os obidenses já estão na
reta final dos preparativos para o
XIV Festival do Jaraqui, nos dias
3 e 4 de junho, promovido pela
Associação Cultural de Óbidos
- ACOB, presidida por Clélia
Guerreiro. A programação inclui
um grupo de Dança de Rua de
Oriximiná e grupos de danças e
bandas de Óbidos.
Os cardumes de Jaraqui
aumentam no final de maio e
início de junho. A “cambada”
com 8 Jaraquis já está sendo
vendida por R$ 5,00, mas a tendência é baixar bastante o preço
até na época do Festival, diante
da abundância do peixe. O evento é um dos mais tradicionais do
município
Peixe amazônico de tamanho médio entre 20 e 25
centímetros, com peso médio
de 400g, nome científico semaprochilodus, da família dos
Caracídeos, na época da cheia
do rio Amazonas os Jaraquis,
em grandes cardumes, sobem o
rio passando em várias cidades
ribeirinhas. Em Óbidos, em
função da localização privilegiada da cidade, na parte mais
estreita do rio Amazonas, a pesca
é abundante. A fartura do peixe
é tamanha, que durante o Festival muitas vezes os Jaraquis são
vendidos às centenas, a preços
inacreditáveis de tão baixos.
Os caboclos da região ensinam com maestria as mais
variadas receitas. O Jaraqui pode
se saboreado frito, assado ou
cozido, ao molho de tucupi, mas
o mais comum é Jaraqui frito ou
assado com uma boa farinha de
madioca, bem torrada e graúda.
Acompanhamentos e temperos
ficam a gosto. Depois disso, só
resta ir conferir o Festival. E
bom apetite!
8 
VARIEDADES
MAIO - 2006
AMBIENTALISTAS X DESENVOLVIMENTISTAS
MPF descarta TAC para porto da Cargill
O Ministério Público Federal descartou a possibilidade
de celebrar ajuste de conduta
para legalizar o funcionamento
do terminal de grãos da multinacional Cargill Agrícola S.A., no
porto de Santarém, às margens
do rio Tapajós. Com isso, a Cargill terá que apresentar estudos
de impacto ambiental (EIA),
completo, ao invés do plano de
controle ambiental elaborado
pela empresa, considerado pelo
MPF instrumento insuficiente.
O procurador da República no Pará Renato Rezende Gomes, responsável pelo
caso, descartou o termo de
ajustamento de conduta após
o parecer da 4ª CCR e alerta
que o porto corre risco de ser
fechado em decorrência da
disputa judicial, já que, mesmo
com recursos da Cargill em
tramitação, todas as decisões
até agora - tanto na primeira
instância, a subseção judiciária
federal de Santarém, quanto na
segunda instância, o Tribunal
Regional Federal da 1ª Região,
em Brasília - dão vitória para
o MPF. A empresa ainda pode
recorrer ao Superior Tribunal
de Justiça (STJ) e Supremo
Tribunal Federal (STF), mas
esses recursos não têm efeito
suspensivo, ou seja, os estudos
terão que se iniciar.
O porto, com 580 metros
de extensão, começou a funcionar em 2003 a um custo de
R$20 milhões. Foi erguido em
área arrendada da Companhia
Docas do Pará (CDP), com alvará de autorização expedido pela
Sectam. O MPF insiste que há
um sítio arqueológico no local,
ignorado pela empresa, assim
como possibilidade de danos ao
rio Tapajós, considerado o rio
mais belo do mundo.
Críticas às ações do Greenpeace
O vereador Valdir Matias Jr.
afirmou, na tribuna da Câmara de
Santarém, que o Greenpeace denuncia o impacto ambiental, mas
que o que mais causa impacto
ambiental é a miséria. Para Valdir
o Greenpeace deveria cuidar de
pessoas que estão doentes e na
miséria e não impedir que o setor
produtivo promova emprego e
renda para a população. De acordo com o vereador, Santarém tem
cerca de 500 mil hectares agricultáveis e utiliza só 30 mil, por isso,
os argumentos do Greenpeace são
descabidos.
A vereadora Beth Lima
disse que a reação da sociedade
santarena contra as ações do
Greenpeace demonstra que a
paciência do povo acabou diante
das constantes interferências
que a região está sofrendo. A
vereadora disse não abrir mão
de que o homem seja respeitado
no projeto de preservação do
meio ambiente, e condenou as
ações do Greenpeace. Para ela, é
preciso é preciso preservar, mas
é necessário também plantar sob
pena de acabar com a cidadania,
com a justiça social e com o
próprio homem que precisa de
alimento para sobreviver.
O vereador Henderson
Pinto também repudiou a atitude
do Greenpeace em Santarém.
Disse que apóia as manifestações
ordeiras, mas não da forma como
o Greenpeace quer fazer em
Santarém passando por cima da
Constituição e da Lei Orgânica
do Município. O vereador desconfia que o Greenpeace esteja
sendo usado por nações internacionais que pretendem tomar
conta da Amazônia e fazer da
região o seu almoxarifado.
Seccional de
Santarém pronta
Uma das mais modernas
unidades da Polícia Civil do Pará
será inauguração neste final de
maio. A Seccional Urbana de
Santarém, no Oeste do Estado,
contará com ambientes de espera confortáveis, climatizados,
móveis padronizados, novas
salas de reconhecimento e área
de assistência social. A nova
unidade também vai dispor de
sala de identificação, salas para
a Zona de Policiamento da
PM e do Centro Integrado de
Operações (CIOP). No prédio
também serão implantadas novas delegacias, como a de Crimes
Contra o Patrimônio e Contra
a Pessoa, bem como, a Divisão
de Atendimento ao Adolescente
(DATA).
A Seccional de Santarém vai contar com o efetivo
policial da atual Superintendência Regional, responsável
pelas unidades policiais da
Região do Baixo e Médio
Amazonas, que é de aproximadamente 40 policiais.
A unidade irá receber novas
v i a t u r a s p o l i c i a i s . A nova
seccional foi projetada de acordo com o moderno padrão de
qualidade das delegacias inauguradas ao longo dos últimos
quatro anos em todo Estado.
Nesse período, o governo do
Estado investiu mais de R$ 36
milhões em obras de construção
e reforma de unidades policiais,
além da compra de equipamentos. A delegacia de Santarém é
uma das treze novas unidades a
serem entregues pelo governo
do Estado, neste mês.
Comunitários
concluíram cursos
Os 63 alunos participaram
dos cursos de mecânica, elétrica
e informática. Trabalhadores e
estudantes das comunidades do
Boa Vista, Moura e Lago Batata,
no município de Oriximiná,
receberam certificados de conclusão nos cursos de mecânica
de Motores a Diesel, Eletricista
Instalador Predial e Informática
Básica, promovidos em parceria entre o Serviço Nacional
de Aprendizagem Industrial
(Senai), o curso de informática
Open Mind e a Mineração Rio
do Norte (MRN).
A solenidade de entrega foi
realizada no dia 17 de maio, no
cine-teatro de Porto Trombetas,
um núcleo urbano-industrial
no qual a MRN está instalada.
Os cursos foram promovidos
especialmente para qualificar
moradores das comunidades
ribeirinhas e teve a participação
de 63 alunos.
O auxiliar de manutenção
Reginaldo Cordeiro, de 31 anos,
trabalha na área de manutenção
elétrica há quase dois anos e
meio, e diz que a oportunidade o
ajudou a conhecer detalhes preciosos de sua profissão. “Aperfeiçoei muitas coisas que eu
achava que sabia ou fazia de uma
maneira avulsa, no curso aprendi
a fazer de um modo técnico”,
afirma. Além da parte técnica,
um dos itens mais importantes
do curso foi a segurança na execução das tarefas. “A maioria das
pessoas que está se formando já
está no mercado de trabalho e
não pode desvincular a atividade profissional da segurança
no trabalho”, ressalta Ademar
Cavalcanti, gerente de Saúde,
Segurança, Meio Ambiente e
Relações Comunitárias.