ENTRE BANCADAS E PARREIRAS

DEGUSTAÇÃO
DE VINHOS E ONDAS
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PÁG.
A QUANTIDADE DE
TAÇAS REPRESENTA:
+ qualidade da onda
+ qualidade do vinho
+ distância onda x vinho
MARGARET RIVER, AUSTRÁLIA
A vinícola Sandalford, que produz o vinho Sandalera, fica entre os picos
de Yallingup – onde Taj Burrow aprendeu a surfar – e Gracetown, um point
de esquerdas mágicas. Ambos os picos ficam a menos de 20 quilômetros
do centro de Margaret River e suas incontáveis ondas de sonho. Com um
carro alugado a US$ 30 por dia, é possível unir surf e degustações numa só
viagem. Mas lembre-se: surfe à vontade, beba com moderação.
BELLS BEACH, AUSTRÁLIA
“O maior ícone entre os vinhos australianos é o Penfolds Grange”, afirma
Copello. A bebida é elaborada a cerca de 400 quilômetros de Bells
Beach. Outro rótulo feito mais perto do berço do surf australiano é o
Between Five Bells, produzido a 57 quilômetros de Bells Beach.
POLINÉSIA FRANCESA
Dominique Auroy fundou a vinícola Vin de Tahiti, cujo foco, por enquanto,
é a produção de vinhos brancos. O francês continua suas pesquisas no
arquipélago – onde ficam algumas das mais perfeitas ondas do mundo –
para elaborar um bom vinho. Sua vinícola fica em Tuamotu, onde é possível
encontrar altas ondas, e a apenas um voo de distância de Teahupoo.
DUAS CENAS DE
TUAMOTU: EMBORA
AMBAS SEJAM
VERDADEIRAS, FIZEMOS
UMA MONTAGEM PARA
UNIR A ONDA E AS UVAS
NUMA SÓ FOTO.
NA OUTRA PÁG.,
QUATRO PICOS DE
SONHO: MARGARET
RIVER, JEFFREYS BAY,
HOSSEGOR E TRESTLES.
ÁFRICA DO SUL
O Vin de Constance é o vinho predileto do ex-presidente Nelson Mandela
e, segundo Copello, era também adorado pelo imperador francês Napoleão Bonaparte. A bebida é produzida na fazenda Klein Constantia,
em Cape Town, a 690 quilômetros das direitas de Jeffreys Bay e a um voo
de distância dos tubos perfeitos de Skeleton Bay, na Namíbia.
FRANÇA
Biarritz e Hossegor, duas das melhores ondas da França, estão a menos
de 200 quilômetros da cidade de Bordeaux. “As ondas ficam perto das
rotas de peregrinos, usadas por negociantes de vinhos no passado e por
onde os vinhos de Bordeaux circularam. Há muitos para recomendar:
Château Latour, Lafite Rothschild, Mouton Rothschild, Margaux, Haut
Brion, D´Yquem, Petrus e Cheval Blanc. Todo enófilo sabe esses nomes de
cor e sonha em provar esses vinhos”, diz Copello.
ENTRE BANCADAS E PARREIRAS
EM UM INUSITADO CRUZAMENTO DE INFORMAÇÕES, APRESENTAMOS UMA LISTA DE LUGARES
FAMOSOS POR SUAS ONDAS E PELOS VINHOS PREMIADOS QUE SÃO PRODUZIDOS EM SUAS VINÍCOLAS.
CONHEÇA A ROTA MUNDIAL QUE MISTURA SURF E VINHOS. POR BRUNO ABBUD
Margaret River abriga vinícolas prestigiadas em que é
comum encontrar brasileiros e estrangeiros trabalhando
na colheita de uvas em troca da vida à beira das ondas
de sonho. O Velho Mundo, por sua vez, comporta a
região de Bordeaux, na França, uma das mais famosas
regiões vinícolas do planeta – e que fica a menos de 200
quilômetros de ondas como Biarritz e Hossegor.
Os melhores vinhos do mundo, quase sempre, são
produzidos em países que abrigam algumas das melhores
ondas do mundo. Além de Tahiti, Austrália e França,
essa lista inclui Argentina, Uruguai, Chile, Califórnia,
África do Sul, Portugal, Espanha e Nova Zelândia. Em
2012, os dez primeiros colocados no ranking dos 100
vinhos mais emocionantes do ano, publicado pela
revista norte-americana “Wine Spectator” desde 1988,
por exemplo, incluíam vinhos da Califórnia e Austrália
produzidos em áreas muito próximas a Trestles e Bells
Beach, respectivamente. Pensando nisso, consultamos
o especialista em vinhos Marcelo Copello, eleito melhor
jornalista especializado pela revista alemã “Wine Business
International”, para montar uma lista de vinhos elaborados
em regiões próximas às melhores ondas do planeta.
Confira.
PORTUGAL
“O que distingue Portugal do resto do mundo são os vinhos fortificados
como o Porto”, diz Copello. Nessa categoria, o especialista recomenda
o Ramos Pinto, vinho produzido desde 1880 a 250 quilômetros da Pipeline
portuguesa Supertubos, em Peniche, e a pouco mais de 300 quilômetros
das longas paredes de Coxos, na região de Ericeira.
© TIM McKENNA; AO LADO, © JOLI, © KIRSTIN / ASP
Tirando os fatos de os surfistas australianos adorarem
umas doses de álcool no sangue ou de a ASP consumir
litros de champanhe na hora de homenagear os
campeões das etapas do Tour, qual a relação entre
surf e vinhos? Em uma coincidência curiosa, dezenas
de renomados picos de surf espalhados pelos cinco
continentes ficam em regiões famosas por produzir
alguns dos melhores vinhos do mundo – algo que
provavelmente quase ninguém leva em consideração
quando planeja uma surf trip. Pouca gente sabe, por
exemplo, que um francês chamado Dominique Auroy,
morador da Polinésia Francesa há 40 anos, inventou
uma maneira de produzir a bebida no Tahiti. Auroy
levou dez anos pesquisando o solo, os ciclos do sol e a
melhor região do arquipélago para gerar a primeira safra
de uvas, em 1992. Hoje, o francês tem 10 hectares de
vinhedos no arquipélago de Tuamotu – onde é possível
encontrar ondas alucinantes em fundos de coral – e
produz 80 mil garrafas raras por ano a apenas um voo
de distância da bancada de Teahupoo e de outros picos.
Cruzando o Pacífico, outro spot de vinhos e ondas de
alto nível repousa na costa oeste da Austrália. Um dos
lugares mais visitados por surfistas do mundo inteiro,
CALIFÓRNIA
A região de Napa Valley – a cerca de 800 quilômetros de Malibu, Trestles
e Rincon (a viagem pode ser feita em oito horas com carros alugados)
– abriga as vinícolas mais premiadas da Califórnia. A Shafer Vineyards,
por exemplo, ganhou o primeiro lugar na lista dos 100 vinhos mais
emocionantes de 2012, feita pela revista “Wine Spectator”. Outro ícone
da região é o Opus One, vinho elaborado pela vinícola Mondavi em
parceria com os franceses da Château Mouton Rothschild, de Bordeaux.
CHILE
O Viñedo Chadwick é elaborado na região de Maipo Valley, a menos
de 100 quilômetros de Punta Lobos, uma das esquerdas mais longas e
pesadas da América do Sul. “O Chile é o berço de muitos vinhos ótimos. O
Viñedo Chadwick venceu em provas às cegas alguns dos mais famosos
vinhos de Bordeaux”, conta Copello.