Capítulo 6: Transformações Lineares e Matrizes
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Capítulo 6: Transformações Lineares e Matrizes
6 Livro: Introdução à Álgebra Linear Autores: Abramo Hefez Cecília de Souza Fernandez Capítulo 6: Transformações Lineares e Matrizes Sumário 1 Matriz de uma Transformação Linear . . . . . . . 151 2 Operações com Transformações Lineares e Matrizes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 158 R2 Operadores Lineares em 4 Mudança de Base e Matrizes Semelhantes 150 e em R3 3 . . . . . . . . 163 . . . . 171 1. MATRIZ DE UMA TRANSFORMAÇÃO LINEAR 151 Neste capítulo, mostramos como associar matrizes a transformações lineares, reduzindo as operações com transformações lineares a operações com matrizes, o que permite ganhar computabilidade. 1 Matriz de uma Transformação Linear Nesta seção, veremos que se V e W são espaços vetoriais de dimensão nita, com bases xadas, então uma transformação linear T : V → W pode ser representada por uma matriz. A vantagem de uma tal representação é que muitos problemas associados às transformações lineares entre espaços de dimensão nita podem ser resolvidos com a teoria das matrizes, como veremos na próxima seção e nos capítulos a seguir. Seja T : V →W uma transformação linear, em que dim V =n e dim W =m. Sejam α = {v1 , v2 , . . . , vn } e β = {w1 , w2 , . . . , wm } bases de V e W , respectivamente. Como β é uma base de W , podemos determinar de modo único números reais aij , com 1 ≤ i ≤ n, 1 ≤ j ≤ m, tais que T (vi ) = a1i w1 + · · · + aji wj + · · · + ami wm . (1) Tomemos agora v em V . Temos que v = k1 v1 + · · · + kn vn , em que ki ∈ R para 1 ≤ i ≤ n. Pela linearidade de T e por (1), segue que T (v) = k1 T (v1 ) + · · · + kn T (vn ) = k1 (a11 w1 + · · · + am1 wm ) + · · · + kn (a1n w1 + · · · + amn wm ) = (a11 k1 + · · · + a1n kn )w1 + · · · + (am1 k1 + · · · + amn kn )wm . Logo, [T (v)]β = a11 k1 + · · · + a1n kn .. . am1 k1 + · · · + amn kn a11 · · · a1n k1 .. . α .. ... = . = [T ]β · [v]α , am1 · · · amn kn (2) 152 CAPÍTULO 6. TRANSFORMAÇÕES LINEARES E MATRIZES onde denimos a11 . [T ]αβ = .. · · · a1n .. . . am1 · · · amn A matriz [T ]αβ , que representa T em relação às bases α e β , é chamada a matriz de T nas bases α e β . Por (2), temos a expressão [T (v)]β = [T ]αβ · [v]α para todo v em V . (3) Observemos que [T ]αβ é uma matriz de ordem m × n tal que, para cada 1 ≤ i ≤ n, a i-ésima coluna de [T ]αβ é dada pelas coordenadas de T (vi ) na base β . Exemplo 1. Sejam α = {(1, 1), (0, 2)} e β = {(1, 0, 1), (0, 1, 0), (1, 2, 0)}, bases de R2 e R3 , respectivamente. Calculemos [T ]αβ , onde T : R2 → R3 é dada por T (x, y) = (2x, x − y, 2y). Como T é uma transformação linear de R2 em R3 , [T ]αβ é uma matriz 3 × 2, digamos [T ]αβ a11 a12 = a21 a22 . a31 a32 Pelo que vimos, a11 , a21 e a31 são as coordenadas de T (1, 1) na base β e a12 , a22 e a32 são as coordenadas de T (0, 2) na base β . Ou seja, T (1, 1) = (2, 0, 2) = a11 (1, 0, 1) + a21 (0, 1, 0) + a31 (1, 2, 0) e T (0, 2) = (0, −2, 4) = a12 (1, 0, 1) + a22 (0, 1, 0) + a32 (1, 2, 0). Equivalentemente, a11 + a31 = 2 a21 + 2a31 = 0 a11 = 2 e a12 + a32 = 0 a22 + 2a32 = −2 a12 = 4 . 1. 153 MATRIZ DE UMA TRANSFORMAÇÃO LINEAR Resolvendo os sistemas lineares acima, obtemos a11 = 2, a21 = 0, Portanto, a31 = 0, a12 = 4, a22 = 6 e a32 = −4. 2 4 [T ]αβ = 0 6 . 0 −4 No exemplo anterior, determinamos [T ]αβ a partir da transformação linear T . No próximo exemplo, vamos considerar o problema inverso: dada a matriz [T ]αβ , determinar T a partir desta matriz. Exemplo 2. Sejam α e β as bases dadas no Exemplo 1. Determine a transformação linear T : R2 → R3 tal que 1 0 [T ]αβ = 1 2 . 0 1 Para determinar T usaremos a expressão (3). Assim, computemos inicialmente [v]α . Ora, se (x, y) ∈ R2 , então (x, y) = x(1, 1) + o que nos dá Portanto, y−x 2 (0, 2), x [(x, y)]α = y − x . 2 x 1 0 x y [T (x, y)]β = 1 2 y − x = y − x 2 0 1 2 e, consequentemente, 154 CAPÍTULO 6. TRANSFORMAÇÕES LINEARES E MATRIZES T (x, y) = x(1, 0, 1) + y(0, 1, 0) + y+x = , 2y − x, x . 2 y−x 2 (1, 2, 0) O Exemplo 2 pode ser resolvido por um outro método. De fato, sabemos que, na base β , a primeira coluna de [T ]αβ nos dá as coordenadas de T (1, 1) e a segunda coluna nos dá as coordenadas de T (0, 2). Assim, T (1, 1) = 1(1, 0, 1) + 1(0, 1, 0) + 0 · (1, 2, 0) = (1, 1, 1) e T (0, 2) = 0 · (1, 0, 1) + 2(0, 1, 0) + 1(1, 2, 0) = (1, 4, 0). Para (x, y) ∈ R2 arbitrário, temos (x, y) = x(1, 1) + y−x 2 (0, 2). Agora, pela linearidade de T , segue que y−x T (x, y) = x(1, 1, 1) + (1, 4, 0) 2 y+x , 2y − x, x , = 2 como encontrado anteriormente. Quando a transformação linear for de um espaço vetorial V nele mesmo, ela será chamada de operador em V . Exemplo 3. Consideremos o operador identidade em um espaço vetorial V ; isto é, o operador denido por IV (v) = v para todo v ∈ V . Tem-se que [IV ]αα é a matriz identidade de ordem n. De fato, para cada 1 ≤ j ≤ n, a j -ésima coluna de [IV ]αα é dada pelas coordenadas de IV (vj ) na base α. Mas, para cada 1 ≤ j ≤ n, IV (vj ) = vj = 0v1 + · · · + 0vj−1 + 1vj + 0vj+1 + · · · + 0vn , 1. MATRIZ DE UMA TRANSFORMAÇÃO LINEAR 155 o que implica que [IV ]αα é a matriz identidade de ordem n: 1 0 . .. α [IV ]α = 0 .. . 0 ↑ ··· 0 0 ··· ··· 1 ··· ··· 0 ··· .. . .. . ↑ 0 0 .. . . 0 .. . 1 ↑ coordenadas coordenadas coordenadas de IV (v1 ) de IV (vj ) de IV (vn ) na base α na base α na base α Seja T : V → W uma transformação linear entre espaços vetoriais de dimensão nita. Vimos que, uma vez xadas bases α e β de V e W , respectivamente, existe uma única matriz [T ]αβ que representa T nessas bases. Uma pergunta natural é o que ocorre com a matriz [T ]αβ se diferentes bases são escolhidas. Consideremos a transformação linear dada no Exemplo 1. Se α e β são as bases canônicas de R2 e R3 , respectivamente, então 2 0 [T ]αβ = 1 −1 . 0 2 Assim, podemos ter matrizes diferentes representando uma mesma transformação linear. Isto deixa bastante claro que, embora uma transformação linear T : V → W não dependa de bases particulares escolhidas para V e W , a matriz associada depende dessas bases. Terminamos esta seção observando que escolhidas bases quaisquer α e β de Rn e Rm , respectivamente, uma matriz A ∈ M(m, n) dene uma transformação linear T : Rn → Rm como segue: [T (v)]β = A · [v]α , v ∈ Rn . 156 CAPÍTULO 6. TRANSFORMAÇÕES LINEARES E MATRIZES Mais ainda, tem-se que [T ]αβ = A (veja Problema 1.2). Em particular, se α e β são as bases canônicas de Rn e Rm , respectivamente, então a transformação linear T é chamada transformação multiplicação por A, sendo representada por TA . Exemplo 4. Seja A = [aij ] uma matriz de ordem m × n. Temos que a11 a12 . . . a1n x1 a21 a22 . . . a2n x2 TA (x1 , . . . , xn ) = .. .. .. .. . . . . am1 am2 . . . amn xn a11 x1 + a12 x2 + · · · + a1n xn a21 x1 + a22 x2 + · · · + a2n xn = .. . am1 x1 + am2 x2 + · · · + amn xn = x1 w 1 + x2 w 2 + · · · + xn w n , onde w1 , . . . , wn são os vetores colunas da matriz A. Assim, temos que Im TA é o subespaço de Rm gerado pelas colunas da matriz A, chamado espaço coluna de A e denotado por C(A). Por outro lado, o núcleo Ker TA de TA é o conjunto solução Sh (A) do sistema linear homogêneo AX = 0. Problemas 1.1 Dadas duas transformações lineares T, T 0 : V → W e bases α e β de V e W , respectivamente, mostre que se [T ]αβ = [T 0 ]αβ , então T = T 0 . 1.2* Sejam dados dois espaços vetoriais V e W de dimensões n e m, respec- tivamente. Seja α uma base de V e β uma base de W . Dada uma matriz A ∈ M(m, n), considere a função T : V → W denida por [T (v)]β = A[v]α , v ∈ V. 1. MATRIZ DE UMA TRANSFORMAÇÃO LINEAR 157 Mostre que: (a) T é uma transformação linear; (b) [T ]αβ = A. 1.3 Sejam A e B matrizes em M(m, n) e β uma base de um espaço vetorial V . Mostre que se A[v]β = B[v]β para todo v ∈ V , então A = B . 1.4* Sejam T : Rn → Rm uma transformação linear e α e β bases de Rn e de Rm , respectivamente. Se r é o posto da matriz [T ]αβ , mostre que dim Im T = r e dim Ker T = n − r. 1.5 Dadas as bases α = {(1, 1, 1), (0, 1, 0), (0, 1, 1)} de R3 e β = {(1, 2), (0, 1)} de R2 , ache a transformação linear T : R3 → R2 tal que " # 1 0 2 [T ]αβ = . −1 −1 1 1.6 Dado o operador linear T : R3 → R3 , T (x, y, z) = (x − y, y − x, x − z), encontre [T ]αβ , onde α é a base canônica de R3 e β = {(1, 0, 1), (0, 1, 1), (1, 1, 0)}. 1.7 Seja T : R3 → R3 a multiplicação pela matriz 1 3 4 3 4 7 . −2 2 0 (a) Mostre que Ker T é uma reta que passa pela origem e encontre as equações paramétricas desta reta. (b) Mostre que Im T é um plano que passa pela origem e encontre a equação cartesiana deste plano. 1.8 Dado o operador linear T (x, y, z) = (x − 2y + z, −x + 4y − 2z, x) em R3 , com base α = {(1, 0, −1), (0, 1, 2), (1, 2, 0)}, encontre uma base β de R3 tal 158 CAPÍTULO 6. que TRANSFORMAÇÕES LINEARES E MATRIZES 1 0 0 [T ]αβ = 0 0 0 . 0 0 1 1.9 Seja T : R[x]2 → R[x]2 a transformação linear T (p(x)) = p(2x + 1) (veja Exemplo 6, Seção 1, Capítulo 5). Encontre [T ]ββ em relação à base β = {1, x, x2 }. 1.10 Suponha que V e W tenham dimensão nita. Mostre a matriz, em quaisquer bases de V e de W , da transformação nula 0 : V → W é a matriz nula. 1.11 Seja α = {v1 , v2 , v3 , v4 } uma base de um espaço vetorial V . Encontre a matriz [T ]αα da transformação linear T : V → V denida por T (v1 ) = v2 , T (v2 ) = v3 , T (v3 ) = v4 e T (v4 ) = v1 . 1.12 Seja T : R2 → M(2, 2) a transformação linear denida por 1 −2 −1 0 α [T ]β = , 2 1 1 −1 onde α e β são as bases canônicas de R2 e M(2, 2), respectivamente. (a) Determine os vetores v ∈ R2 tais que T (v) = I2 ; (b) Determine T (3, −1). 2 Operações com Transformações Lineares e Matrizes Sejam T e T 0 transformações lineares de V em W . Sejam α = {v1 , . . . , vn } e β = {w1 , . . . , wm } bases de V em W , respectivamente. Estamos interessados em vericar se existe alguma relação entre as matrizes [T + T 0 ]αβ , [T ]αβ e 2. OPERAÇÕES COM TRANSFORMAÇÕES LINEARES E MATRIZES 159 [T 0 ]αβ . Notemos que se 1 ≤ j ≤ n, então [(T + T 0 )(vj )]β = [T (vj ) + T 0 (vj )]β = [T (vj )]β + [T 0 (vj )]β , mostrando que a j -ésima coluna de [T + T 0 ]αβ é a soma da j -ésima coluna de [T ]αβ com a j -ésima coluna de [T ]αβ . Demonstramos assim o seguinte resultado: Proposição 6.2.1. Sejam T e T 0 transformações lineares de V em W , onde V e W são espaços vetoriais de dimensão nita. Se α e β são bases de V e W , respectivamente, então [T + T 0 ]αβ = [T ]αβ + [T 0 ]αβ . Deixamos como exercício para o leitor (veja Problema 2.3) demonstrar a próxima proposição, que é um resultado análogo ao anterior para a multiplicação por escalar de transformações lineares. Proposição 6.2.2. Seja T : V → W uma transformação linear, onde V e W são espaços vetoriais de dimensão nita. Se α e β são bases de V e W , respectivamente, então [kT ]αβ = k[T ]αβ , onde k é um número real arbitrário . Decorre, das duas proposições acima, que [T +kT 0 ]αβ = [T ]αβ +k[T 0 ]αβ , o que mostra, em virtude dos Problemas 1.1 e 1.2, da Seção 1, que dados espaços vetoriais V e W , de dimensões respectivamente, n e m, e xadas bases α de V e β de W , a aplicação L(V, W ) → M(m, n) T 7→ [T ]αβ é um isomorsmo de espaços vetoriais. Portanto, temos que dim L(V, W ) = dim M(m, n) = nm. No próximo resultado veremos que a composta de duas transformações lineares pode ser representada por um produto de matrizes. Esta é uma das principais razões da importância do estudo de matrizes. 160 CAPÍTULO 6. TRANSFORMAÇÕES LINEARES E MATRIZES Proposição 6.2.3. Sejam T : V → W e S : W → U transformações lineares, em que V, W e U são espaços vetoriais de dimensão nita. Se α, β e γ são bases de V, W e U , respectivamente, então [S ◦ T ]αγ = [S]βγ · [T ]αβ . (1) Demonstração Consideremos α = {v1 , . . . , vn }. Denotemos por Cj (M ) a j -ésima coluna de uma matriz M arbitrária. Se A e B são matrizes para as quais a matriz AB está denida, segue da denição de produto que Cj (AB) = A · Cj (B). (2) Para demonstrar (1) basta provar que, para cada j , com 1 ≤ j ≤ n, tem-se que Cj ([S ◦ T ]αγ ) = Cj ([S]βγ · [T ]αβ ). Ora, xe um índice j . De (2), segue que Cj ([S]βγ · [T ]αβ ) = [S]βγ · Cj ([T ]αβ ) = [S]βγ · [T (vj )]β . Por outro lado, de (3), da Seção 1, segue que Cj ([S ◦ T ]αγ ) = [(S ◦ T )(vj )]γ = [S(T (vj ))]γ = [S]βγ · [T (vj )]β , o que prova o desejado. Exemplo 1. Sejam T : R2 → R3 e S : R3 → R2 transformações lineares cujas matrizes são 1 0 [T ]αβ = 2 1 −1 1 " e # 1 0 1 [S]βγ = , 0 0 1 sendo α = {(1, 0), (1, 1)}, β = {(1, 1, 1), (1, 0, 1), (0, 0, 1)} e γ = {(1, 0), (0, 2)}. Vamos encontrar a transformação linear S ◦ T . Para determinarmos S ◦ T , vamos primeiramente determinar [S ◦ T ]αγ . Pela Proposição 6.2.3, # " # 1 0 1 0 1 0 1 [S ◦ T ]αγ = . 2 1 = 0 0 1 −1 1 −1 1 " 2. OPERAÇÕES COM TRANSFORMAÇÕES LINEARES E MATRIZES 161 Agora por (3), da Seção 1, temos que, para qualquer (x, y) ∈ R2 , " # 0 1 [(S ◦ T )(x, y)]γ = [(x, y)]α −1 1 " #" # 0 1 x−y = −1 1 y " # y = 2y − x e, consequentemente, (S ◦ T )(x, y) = y(1, 0) + (2y − x)(0, 2) = (y, 4y − 2x). Vimos que se T é uma transformação linear bijetiva, T −1 é também uma transformação linear. O resultado a seguir, que é uma consequência da Proposição 6.2.3, nos apresenta uma relação entre as matrizes que representam T e T −1 , quando xadas bases do domínio e do contradomínio de T . Teorema 6.2.4. Seja T : V → W um isomorsmo, onde V e W são espaços vetoriais de dimensão nita. Se α é uma base de V e β é uma base de W , então [T −1 ]βα = ([T ]αβ )−1 . Demonstração Como T −1 é a inversa de T , temos que T −1 ◦ T é a função identidade em V , ou seja, T −1 ◦ T = IV . Pela Proposição 6.2.3, [IV ]αα = [T −1 ◦ T ]αα = [T −1 ]βα · [T ]αβ . (3) Se dim V = n, pelo Exemplo 3, da Seção 1, temos que [IV ]αα é a matriz identidade de ordem n. Assim, de (3), segue-se que [T ]αβ é invertível e sua inversa é a matriz [T −1 ]βα . Corolário 6.2.5. Seja T : V → W uma transformação linear, onde V e W são espaços vetoriais de mesma dimensão nita. Sejam α e β bases de V 162 CAPÍTULO 6. TRANSFORMAÇÕES LINEARES E MATRIZES e W , respectivamente. Temos que T é invertível se, e somente se, a matriz [T ]αβ é invertível. Demonstração Uma implicação resulta de (3). A outra, do fato que a transformação linear L(V, W ) → M(n, n), onde n = dim V = dim W , é sobrejetora e transforma composição de transformações lineares em produtos de matrizes. Exemplo 2. Seja T : R2 → R2 a transformação linear dada por T (x, y) = (4x − 3y, −2x + 2y). Vamos vericar que T é invertível e vamos encontrar T −1 . Para vericarmos que T é invertível, podemos calcular Ker T e usar a Proposição 5.2.4, ou, ainda, podemos calcular [T ]αα , onde α é uma base qualquer de R2 , e usar o Corolário 6.2.5. Vamos aqui optar pelo segundo método. Ora, se α é a base canônica de R2 , então " # 4 −3 α [T ]α = . −2 2 Utilizando a técnica exposta logo após a Proposição 2.1.7, podemos vericar que a matriz acima é invertível e a sua inversa é a matriz " # 1 3/2 . 1 2 Portanto, devido ao Teorema 6.2.4, temos que " [T −1 ]αα = ([T ]αα )−1 # 1 3/2 = . 1 2 A transformação linear T −1 é, então, determinada usando a fórmula (3) da Seção 1, como segue: " #" # " # 3 1 3/2 x x + y 2 [T −1 (x, y)]α = [T −1 ]αα [(x, y)]α = = , 1 2 y x + 2y 3. OPERADORES LINEARES EM o que fornece Problemas 2.1 Sejam R2 E EM 163 R3 3 T −1 (x, y) = (x + y, x + 2y). 2 1 0 1 A = 0 2 −1 0 0 1 e 1 1 −1 B= 0 0 1 . −1 2 0 Determine a transformação linear T : R3 → R3 tal que TA = TB ◦ T . 2.2 Considere as matrizes 1 2 A = 0 1 1 −1 1 1 1 B = −1 0 0 . 1 2 1 e Determine: (a) Ker TA ; (b) Im TA ; (c) Ker TB ; (d) Im TB ; (e) Ker(TB ◦ TA ); (f) Im(TB ◦ TA ). 2.3 Prove a Proposição 6.2.2. 3 Operadores Lineares em R2 e em R3 Dentre os operadores lineares mais importantes em R2 e em R3 estão os que produzem reexões, projeções e rotações. A seguir, passamos a estudar alguns destes operadores. Reexões Consideremos o operador linear T : R2 → R2 , chamado de ree- xão em torno do eixo Ox, que transforma cada vetor v = (x, y) ∈ R2 em sua imagem simétrica em relação ao eixo Ox10 . Figura Se escrevermos w = T (v) = (w1 , w2 ), obtemos as equações w1 = x = 1x + 0y, w2 = −y = 0x − 1y. 164 CAPÍTULO 6. TRANSFORMAÇÕES LINEARES E MATRIZES Assim, se α denota a base canônica de R2 , segue que " # 1 0 [T (v)]α = [v]α . 0 −1 Em geral, os operadores lineares de R2 ou de R3 que levam cada vetor em seu simétrico em relação a alguma reta ou plano são chamados de reexões . Abaixo, apresentamos algumas das reexões mais comuns em R2 e R3 . Fixamos a notação α para denotar a base canônica de R2 ou de R3 . 3. R2 OPERADORES LINEARES EM Operador E EM 165 R3 Equações Matriz [T ]αα Reexão em torno do eixo Oy ( w1 = −x w2 = y " Reexão em torno da reta y = x ( " 0 1 w1 = y w2 = x # −1 0 0 1 1 0 # Reexão em torno do plano xOy w1 = x w2 = y w3 = −z 1 0 0 0 0 1 0 0 −1 Reexão em torno do plano yOz w1 = −x w2 = y w3 = z −1 0 0 0 1 0 0 0 1 Reexão em torno do plano xOz w1 = x w2 = −y w3 = z 1 0 0 0 −1 0 0 0 1 Projeções Consideremos o operador linear T : R2 → R2 que transforma cada vetor v = (x, y) ∈ R2 em sua projeção ortogonal sobre o eixo Ox (Figura 11). Se escrevermos w = T (v) = (w1 , w2 ), obteremos as equações w1 = x = 1x + 0y, w2 = 0 = 0x + 0y. Assim, se α denota a base canônica de R2 , temos " # 1 0 [T (v)]α = [v]α . 0 0 Figura 11 Em geral, uma projeção (ou, mais precisamente, uma projeção ortogonal ) de R2 ou R3 é um operador linear que transforma cada vetor em sua projeção 166 CAPÍTULO 6. TRANSFORMAÇÕES LINEARES E MATRIZES ortogonal sobre alguma reta ou algum plano que passa pela origem. A seguir, apresentamos algumas das projeções mais comuns. Operador Equações Matriz [T ]αα Projeção sobre o eixo Oy ( " w1 = 0 w2 = y Projeção sobre o plano xOy w 1 = x w2 = y w3 = 0 Projeção sobre o plano yOz w1 = 0 w2 = y w3 = z Projeção sobre o plano xOz w 1 = x w2 = 0 w3 = z 0 0 0 1 # 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 1 Rotações Consideremos o operador linear T : R2 → R2 que gira cada vetor v = (x, y) ∈ R2 de um ângulo xado θ (Figura 12). T é chamado de rotação por θ em R2 . Figura 12 3. OPERADORES LINEARES EM R2 E EM R3 167 Se escrevermos w = T (v) = (w1 , w2 ), segue da trigonometria que x = r cos φ, y = r sen φ (1) w2 = r sen(θ + φ), (2) e w1 = r cos(θ + φ), onde r denota o comprimento de v e φ denota o ângulo entre v e o eixo Ox positivo no sentido anti-horário. Aplicando identidades trigonométricas em (2), temos ( w1 = r cos θ cos φ − r sen θ sen φ w2 = r sen θ cos φ + r cos θ sen φ. Substituindo (1) nas expressões acima, obtemos as equações ( w1 = x cos θ − y sen θ w2 = x sen θ + y cos θ. (3) Assim, se α denota a base canônica de R2 , obtemos " # cos θ − sen θ [T (v)]α = [v]α . sen θ cos θ Em geral, uma rotação de vetores em R3 é feita em relação a uma reta partindo da origem, chamada eixo de rotação . À medida que um vetor gira em torno do eixo de rotação, ele varre uma porção de um cone (Figura 13). 168 CAPÍTULO 6. TRANSFORMAÇÕES LINEARES E MATRIZES O ângulo de rotação , que é medido na base do cone, é descrito no sentido horário ou anti-horário em relação a um ponto de vista ao longo do eixo de rotação olhando para a origem. Por exemplo, na Figura 13, o vetor T (v) resulta da rotação no sentido anti-horário do vetor v em torno do eixo Ox por um ângulo θ. Assim como em R2 , os ângulos são positivos se gerados por rotações no sentido anti-horário e negativos se gerados por rotações no sentido horário. Figura 13 Na tabela a seguir, apresentamos as rotações em R3 cujos eixos de rotação são os eixos coordenados. 3. OPERADORES LINEARES EM Operador Rotação anti-horária em torno do eixo Ox por um ângulo θ R2 E EM 169 R3 Equações Matriz [T ]αα w1 = x w = y cos θ − z sen θ 2 w3 = y sen θ + z cos θ 1 0 0 0 cos θ − sen θ 0 sen θ cos θ Rotação anti-horária em torno do eixo Oy por um ângulo θ w1 = x cos θ + z sen θ w2 = y w3 = −x sen θ + z cos θ Rotação anti-horária em torno do eixo Oz por um ângulo θ w1 = x cos θ − y sen θ w2 = x sen θ + y cos θ w3 = z cos θ 0 sen θ 1 0 0 − sen θ 0 cos θ cos θ − sen θ 0 sen θ cos θ 0 0 0 1 Para cada uma das rotações na tabela acima, uma das componentes do vetor permanece inalterada durante a rotação e a relação entre as duas outras componentes pode ser deduzida da mesma forma que deduzimos (3). Sabemos que a multiplicação por escalar de um vetor em R2 e em R3 , dependendo do valor do escalar, produz no vetor uma dilatação, contração ou inversão. Podemos representar estes efeitos geométricos por meio de operadores lineares. De fato, o operador linear Ta : R2 → R2 , dado por Ta (v) = av , em que a ∈ R e v ∈ R2 , dilata v , se a ≥ 1; contrai v , se 0 ≤ a < 1; inverte o sentido de v , se a < 0. No caso particular de a = −1, o operador Ta é chamado reexão em torno da origem . O que acabamos de ver vale também para R3 (Figura 14). Figura 14 Exemplo 1. Determinemos se T1 ◦ T2 = T2 ◦ T1 , onde T1 : R2 → R2 é a projeção ortogonal sobre o eixo Ox e T2 : R2 → R2 é a projeção ortogonal sobre o eixo Oy . Como vimos na Seção 2, compor transformações lineares é equivalente a multiplicar as matrizes que representam estas transformações. Seja α a base 170 CAPÍTULO 6. TRANSFORMAÇÕES LINEARES E MATRIZES canônica de R2 . Como " 1 0 [T1 ]αα = 0 0 # " e # 0 0 [T2 ]αα = , 0 1 segue que T1 ◦ T2 é dada pelo produto " 1 0 0 0 #" # " # 0 0 0 0 = 0 1 0 0 (4) e que T2 ◦ T1 é dada pelo produto " 0 0 0 1 #" # " # 1 0 0 0 = . 0 0 0 0 (5) De (4) e (5), obtemos que T1 ◦ T2 e T2 ◦ T1 são o operador nulo em R2 . Portanto, T1 ◦ T2 = T2 ◦ T1 . Problemas 3.1* Encontre a matriz na base canônica para a composição de uma rotação de 90◦ seguida de uma reexão em torno da reta y = x, em R2 . 3.2* Determine a inversa do operador linear em R3 dado por uma reexão em torno do plano xOy . 3.3 Sejam T : R2 → R2 a reexão em torno do eixo Oy e S : R2 → R2 a reexão em torno do eixo Ox. Mostre que S ◦ T = T ◦ S . 4. MUDANÇA DE BASE E MATRIZES SEMELHANTES 171 3.4 Sejam T : R2 → R2 a reexão em torno da reta y = x e S : R2 → R2 a projeção ortogonal sobre o eixo Oy . Mostre que S ◦ T 6= T ◦ S . 3.5 Mostre que se T : R3 → R3 é uma projeção ortogonal sobre um dos eixos coordenados, então os vetores T (v) e v − T (v) são ortogonais, para cada v em R3 . 3.6 Seja T : R3 → R3 a projeção ortogonal sobre o plano xOy. Mostre que uma reta ortogonal ao plano xOy é levada por T a um mesmo ponto deste plano. 3.7 Determine a matriz na base canônica de T : R2 → R2 , em que (a) T dilata os vetores de R2 por 3, em seguida reete estes vetores em torno da reta y = x e depois projeta estes vetores ortogonalmente sobre o eixo Oy ; 1 , em seguida gira estes vetores pelo 2 π ângulo e depois reete estes vetores em torno do eixo Ox. 4 (b) T contrai os vetores de R2 por 4 Mudança de Base e Matrizes Semelhantes Um problema comum no estudo de espaços vetoriais de dimensão nita é conhecer as relações entre as coordenadas de um vetor em diferentes bases. Como a noção de base é a generalização para espaços vetoriais arbitrários da noção de sistemas de coordenadas em R2 e R3 , mudar de base é análogo a mudar de eixos coordenados em R2 ou R3 . Dado um espaço vetorial V arbitrário de dimensão nita e duas bases α e β de V , podemos obter uma relação entre as matrizes [v]α e [v]β de um vetor v em V , usando, para isto, o operador identidade em V . Com efeito, pela expressão (3) da Seção 1, para todo v ∈ V , temos que [v]β = [IV ]αβ · [v]α . (1) A matriz [IV ]αβ é chamada matriz mudança de base de α para β , pois, pela igualdade (1), ela nos permite obter as coordenadas de um vetor v em V em relação à base β uma vez conhecidas suas coordenadas na base α. 172 CAPÍTULO 6. TRANSFORMAÇÕES LINEARES E MATRIZES Exemplo 1. Considerando a base canônica α de R2 e a outra base β = {(1, 1), (1, 2)}, temos que " # a b 1 1 [IR2 ]αβ = , a2 b 2 onde a1 , a2 , b1 , b2 são números reais satisfazendo o sistema de equações (1, 0) = a1 (1, 1) + a2 (1, 2) (0, 1) = b1 (1, 1) + b2 (1, 2). Resolvendo as equações acima, obtemos a1 = 2, a2 = −1, b1 = −1 e b2 = 1. Portanto, " # [IR2 ]αβ = 2 −1 . −1 1 Seja agora v = (x, y) em R2 . Se " # x0 [v]β = 0 , y então " # " #" # x0 2 −1 x = , y0 −1 1 y o que garante que x0 = 2x − y e y 0 = −x + y são as coordenadas de v na base β . Ou seja, (x, y) = (2x − y)(1, 1) + (−x + y)(1, 2). A Figura 15 ilustra como a determinação do par (2,3) em R2 depende da base com a qual estamos trabalhando. 4. MUDANÇA DE BASE E MATRIZES SEMELHANTES 173 Figura 15 O próximo resultado mostra que uma matriz mudança de base é invertível e que sua inversa também é uma matriz mudança de base. Teorema 6.4.1. Sejam α e β duas bases de um espaço de dimensão nita V . Temos que a matriz [IV ]αβ é invertível e sua inversa é a matriz [IV ]βα . Ou seja, ([IV ]αβ )−1 = [IV ]βα . Demonstração Como IV é um isomorsmo e I−1 V = IV , o resultado segue do Teorema 6.2.4. Sejam α e β duas bases de um espaço vetorial de dimensão nita V e T um operador linear em V . Com as matrizes mudança de base podemos obter uma relação entre as matrizes [T ]αα e [T ]ββ . De fato, como T = IV ◦T ◦ IV , segue, da Proposição 6.2.3, que [T ]αα = [IV ◦T ◦ TV ]αα = [IV ]βα · [T ]ββ · [IV ]αβ , ou seja [T ]αα = [IV ]βα · [T ]ββ · [IV ]αβ . (2) No entanto, pelo Teorema 6.4.1, temos que [IV ]βα é a inversa de [IV ]αβ . Assim, se denotarmos [IV ]αβ por P , a equação (2) pode ser reescrita como [T ]αα = P −1 [T ]ββ P . 174 CAPÍTULO 6. TRANSFORMAÇÕES LINEARES E MATRIZES Com isto, demonstramos o seguinte resultado: Teorema 6.4.2. Sejam α e β duas bases de um espaço vetorial de dimensão nita V . Se T é um operador linear em V , então (3) [T ]αα = P −1 · [T ]ββ · P, onde P = [IV ]αβ . A relação dada na expressão (3) é de tal importância que existe uma terminologia associada a ela. Sejam A e B matrizes quadradas de mesma ordem. Dizemos que B é semelhante a A, quando existir uma matriz invertível P tal que B = P −1 A P . É fácil vericar que se uma matriz B é semelhante a uma matriz A, então A também é semelhante a B . Assim, dizemos simplesmente que A e B são semelhantes . Por (3), temos que [T ]αα e [T ]ββ são semelhantes. Exemplo 2. Para vericar se as matrizes " # 5 2 A= −8 −3 " e 1 2 B= 0 1 # são semelhantes, devemos encontrar uma matriz invertível P tal que P A = BP. Se tal matriz P existir, ela necessariamente é uma matriz quadrada de ordem 2; digamos " # P = Assim, " x y z t x y . z t #" # " #" # 5 2 1 2 x y = , −8 −3 0 1 z t o que é equivalente ao sistema linear homogêneo 4x − 8y − 2z = 0 2x − 4y − 2t = 0 4z − 8t = 0, 4. MUDANÇA DE BASE E MATRIZES SEMELHANTES 175 que admite a solução não trivial (3, 1, 2, 1). Portanto, obtemos a matriz invertível " # P = 3 1 , 2 1 que satisfaz A = P −1 BP . Problemas 4.1 Sejam dadas as bases de R2 α = {(1, 1), (0, 2)}, β = {(1, 2), (2, 1)} e γ = {(1, 0), (0, 1)}. α α γ (a) Determine IR2 β , IR2 γ , IR2 β . (b) Se v = (4, −1), encontre [v]β usando uma matriz mudança de base. 4.2 4.3 " # −1 2 Se IR2 β = e β = {(3, 5), (1, 2)}, encontre a base α. 4 −11 β Determine IR3 α , sabendo que α 0 1 0 α IR3 β = 1 1 0 . 1 1 1 4.4 Encontre três matrizes semelhantes à matriz " # 1 1 . −1 2 4.5 Mostre que não são semelhantes as matrizes " # 3 1 −6 −2 " e −1 1 # 2 . 0 4.6 Sejam A e B matrizes semelhantes. Prove que: (a) At e B t são semelhantes; (b) Se A e B são invertíveis, então A−1 e B −1 são semelhantes. 176 CAPÍTULO 6. TRANSFORMAÇÕES LINEARES E MATRIZES 4.7 Mostre que a semelhança de matrizes é uma relação de equivalência, ou seja: (i) A é semelhante a A; (ii) se A é semelhante a B , então B é semelhante a A; (iii) se A é semelhante a B e B a C , então A é semelhante a C . 4.8* Seja A = (aij ) uma matriz quadrada de ordem n. Dene-se o traço de A como tr A = a11 + · · · + ann . a) Mostre que tr : M(n, n) → R é um funcional linear. b) Se A, B ∈ M(n, n), mostre que tr AB = tr BA. c) Seja T : V → V um operador linear, onde V é um espaço n-dimensional, e seja α uma base de V . Dena tr T = tr[T ]αα . Mostre que esta denição independe da base de V escolhida; ou seja, se β é uma outra base de V , então tr[T ]αα = tr[T ]ββ . Conclua que assim temos bem denido um funcional linear tr : L(V, V ) → R, denido por T 7→ tr T . Bibliograa [1] H. P. Bueno, Álgebra Linear, um segundo curso , Coleção Textos Universitários, SBM, 2006. [2] P. Halmos, Teoria Ingênua dos Conjuntos , Editora Ciência Moderna, 2001. [3] A. Hefez e M. L. T. Villela, Códigos Corretores de Erros , Coleção Matemática e Aplicações, IMPA, 2008. [4] A. Hefez e M. L. T. Villela, Números Complexos e Polinômios , Coleção PROFMAT, SBM, 2012. [5] V. J. Katz, A History of Mathematics - an Introduction , HarperCollins College Publishers, 1993. [6] S. 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