2. Redução da Vulnerabilidade em Estabelecimentos de Saúde
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2. Redução da Vulnerabilidade em Estabelecimentos de Saúde
REDUÇÃO DA VULNERABILIDADE EM ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE Curso Operacional em Defesa Civil Paulo R. E. Mota Engenheiro NEAAS/CEVS Tornados, furacões, inundações, deslizamentos - quando acontece um desastre, nossa preocupação mais imediata é salvar vidas, ajudar os feridos e restaurar o bem estar das comunidades afetadas. Porém, isto não se pode lograr sem um elemento vital: nossos hospitais. Porisso é que não podemos permitir que os hospitais se transformem em mais uma vítima dos desastres. Os hospitais não são apenas um local onde se reúnem médicos, pessoal de enfermagem, camas e equipamentos sanitários, mas, também, de laboratórios, farmácias e bancos de sangue, componentes críticos do sistema de saúde pública. Quando um hospital é destruído ou muito afetado por um desastre, estes serviços essenciais são inutilizados precisamente no momento em que são mais necessários. Ainda que não possamos prevenir eventos naturais, podemos e devemos assegurar-nos de que nossos hospitais sejam resistentes aos desastres e continuem suprindo as necessidades de saúde mais imediatas e mantendo os serviços de cuidados críticos. DEFINIÇÃO DE ESTABELECIMENTO SEGURO “É um estabelecimento de saúde cujos serviços permanecem acessíveis, funcionando com sua capacidade máxima instalada e com sua mesma infra-estrutura, imediatamente depois de um desastre. O termo engloba todos os estabelecimentos de saúde, qualquer que seja seu nível de complexidade. As vias de acesso, fornecimento de água potável, energia elétrica e telecomunicações continuam operando, o que garante a continuidade do funcionamento, com absorção da demanda adicional de atendimento médico” Organización Panamericana de la Salud ALGUNS ANTECEDENTES Até o terremoto de 1985 no México, aceitava-se, comumente, que o colapso dos serviços de saúde, como conseqüência de desastres, era inevitável. Desde então, muitos especialistas do setor da saúde nas Américas estudaram alternativas para esse cenário fatalista, propondo soluções acessíveis para os países de baixa renda. A Conferência Internacional sobre Mitigação de Desastres de 1996 e projetos de mitigação de desastres subseqüentes, assim como publicações científicas, demonstraram que é possível manter hospitais seguros. México (1996): “Conferência Internacional sobre Mitigação de Desastres “; Kobe, Japão (Janeiro de 2005): A ONU realizou a “Conferência Mundial Sobre Redução de Desastres Naturais”; Estrategia Internacional para la Reducción de Desastres (EIRD); CRID – Centro Regional de Informações Sobre Desastres Para América Latina e Caribe. Programa VIGIDESASTRES – Vigilância em Saúde Relacionada aos Riscos Decorrentes de Desastres Naturais; Resolução ANVISA RDC 50/2002 regulamenta todos os EAS; DIA MUNDIAL DA SAÚDE “Este ano, o tema do Dia Mundial da Saúde é: Quando ocorre um desastre, os hospitais seguros salvam vidas. Na América Latina, no Caribe e em todo o mundo, os países celebrarão este dia com diversos eventos e atividades focadas na importância de salvaguardar todos os estabelecimentos de saúde - grandes ou pequenos, urbanos ou rurais - do impacto dos desastres.” Organización Panamericana de la Salud A S I A M É CO S DI A E É S M O D MA E LE D A OB ID R L I P B A UM R E N L U V O D E U Q CONSEQÜÊNCIAS Diretas Danos nas instalações dos serviços de saúde Danos na infra-estrutura da região com interrupção dos serviços básicos indispensáveis (acesso aos serviços) Indiretas Número inesperado de mortes, lesões ou enfermidades Migrações Aumento do risco potencial de transmissão de enfermidades Distúrbios psicológicos na população afetada Desabastecimento generalizado IMPLICAÇÕES EM SAÚDE PÚBLICA Hospitais e outros EAS oferecem mais do que cuidados médicos a doentes. Ações em medicina preventiva, laboratórios, prevenção e diagnósticos, alertas de surtos e epidemias, pesquisa, educação em saúde, etc. A longo prazo, o trauma da perda de um EAS supera, até mesmo, o impacto dos danos imediatos de um desastre. IMPLICAÇÕES POLÍTICO-SOCIAIS O significado de um EAS para a comunidade vai além de outros serviços públicos, tais como aeroportos, hidrelétricas, etc. Junto com as escolas, o EAS carrega o símbolo de um grande valor político e social. A evacuação de um hospital é arriscada e difícil. A perda de um centro de saúde tem repercussões emocionais importantes, com abalo da moral, sensação de insegurança e instabilidade social, especialmente, em pequenas comunidades. A morte de crianças em escolas e de pacientes em hospitais – comoção social. IMPLICAÇÕES ECONÔMICAS Estabelecimentos de saúde no mundo: 60% dos orçamentos dos países. Equipamentos são, muitas vezes, mais valiosos do que a infra-estrutura física. O investimento na prevenção tende a zero, se considerado no projeto. Muitas nações das Américas investem na mitigação (OPAS). Investimento representa acréscimo de 4% no custo total da obra (OPAS). Hospitais de campanha têm baixo desempenho e custam muito caro. Exemplo: Barn, Irã (2003. 30 mil mortos). 12 hospitais de campanha custaram U$ 12 milhões. A perda da infra-estrutura de saúde é apenas parte da equação. Há conseqüências econômicas mais complexas. Difícil quantificar perdas. ALGUNS VALORES COMPARATIVOS EAS hipotético com 300m² (Valor aprox. obra: 450.000,00) EQUIPAMENTOS INFRA-ESTRUTURA FÍSICA Tomógrafo computadorizado 1.000.000,00 Estudos preliminares para implantação 10.000,00 Aparelho de ultrassonografia Entre 30 e 200.000,00 Infra-estrutura planejada 50.000,00 Aparelho de raio X porte médio 250.000,00 Laje em concreto armado 300m² 12.000,00 Estoque médio imunobiológicos +medicamentos 100.000,00 Estrutura telhado reforçada + telhado 30.000,00 Equipo odontológico básico 30.000,00 Instalações elétricas e de telemática 30.000,00 Hospital de campanha: instalações caras e de baixo desempenho Turquia terremoto 2002 – Hospital de campanha Blumenau – Hospital de campanha FAB Peru 2007. inexistência de estrutura anti-sísmica Fragilidade: Paredes em gesso acartonado Local inadequado, recorte de encosta, remoção da cobertura vegetal, estrutura deficiente, chuva persistente, deslizamento....destruição Hospital Sta Inês em Camboriú – Nov/2008 Recorte de encosta. Talude sem estabilidade. Deslizamento Hospital Sta Inês, Camboriu Nov/2008 RISCO = f (AMEAÇA x VULNERABILIDADE) As ameaças naturais, de modo geral, não podem ser contornadas Ações multidisciplinares devem atacar as vulnerabilidades de uma comunidade VULNERABILIDADE X INTERSETORIALIDADE A exemplo de outros temas do cotidiano social, a redução das vulnerabilidades não pode ser enfrentada por apenas uma profissão. A abordagem intersetorial e interinstitucional das variáveis envolvidas no processo é indispensável. Reunião e entrelaçamento harmônico de vários ramos do conhecimento (Urbanista, geólogo, topógrafo, meteorologista, engenheiro, etc.) ENGENHEIRO ARQUITETO ENTROSAMENTO DE SABERES AMBIENTALISTA meteorologista Urbanista topógrafo Construir hospitais seguros (de qualquer porte), não é responsabilidade, apenas, das autoridades de saúde, de engenheiros ou arquitetos, já que necessita de muitas outras disciplinas e da dedicação de indivíduos e instituições de todos os níveis, inclusive organizações públicas e não governamentais, universidades, setor privado e a sociedade, como um todo. A todos nós cabe um papel a desempenhar para que os EAS sejam seguros. Mirta Roses Periago - Diretora OPAS DESASTRES X EAS INUNDAÇÕES ENCHENTE AGO/1965 INUNDAÇÕES - Generalidades 196 milhões de pessoas em 90 países se encontram expostas à ocorrência de inundações de diferentes origens Desastres hidrometeorológicos representam 90% (Cruz Vermelha) Inundações representam 35%. Inundações fazem 40% das vítimas de desastres pelo mundo Conseqüências catastróficas sobre a infra-estrutura de saúde Drástico incremento da demanda sobre estes serviços INUNDAÇÕES Fatores Determinantes Os efeitos que podem sofrer os estabelecimentos de saúde, depois das inundações, dependem de diversos fatores, tais como os que seguem: • Da ameaça: características do evento que origina a inundação e o tipo de inundação. • Da localização da edificação: topografia do terreno (próprio e entorno), geologia, capacidade de absorção e escoamento das águas, estabilidade do terreno (próprio e entorno), etc.. • Da edificação em si mesma: materiais empregados, tecnologias construtivas aplicadas, estado de conservação, etc.. INUNDAÇÕES Danos Físicos Associados Abalo da estrutura Danos a revestimentos e acabamentos Danos às instalações elétricas e hidrossanitárias Danos a sistema de gases medicinais Danos e/ou perda de equipamentos Interrupção do manejo dos resíduos sólidos de saúde Deslizamento de encostas, erosão, sedimentação INUNDAÇÕES Deficiências Construtivas Associadas Assentamento da obra em cota de nível equivocada ou local historicamente comprometido com inundações / enxurradas Proximidade de instalações de risco Terreno com baixa capacidade de suporte – ausência de prospecção do solo Proximidade de cursos de água Fragilidade da cobertura do prédio Materiais facilmente perecíveis por submersão Técnicas construtivas inadequadas Ausência de muros de contenção Fragilidade ou subdimensionamento de obras de escoamento pluvial Ausência de fonte alternativa de energia (gerador, no break, etc) Hospital em Sta Fé - Argentina Enxurrada Posto de Saúde da Família – Blumenau novembro/2008 SAMU – Blumenau novembro/2008 Enxurrada/deslizamento GRANIZO GRANIZO Danos Físicos Associados Danos diretos à cobertura Danos a revestimentos e acabamentos Danos às instalações elétricas, hidrossanitárias e de comunicação Danos a equipamentos Deficiências Construtivas Associadas Cobertura: Técnica construtiva equivocada Materiais deficientes Ausência de laje de forro (concreto armado ou pré-moldada) Ausência de fonte alternativa de energia (gerador, no break, etc) Granizo: Sto Antônio das Missões Out/2007 VENDAVAIS Peru 2007 VENDAVAIS Danos Físicos Associados Destelhamento e suas conseqüências Danos estruturais ou de acabamentos Danos às instalações elétricas e de telecomunicações Danos a equipamentos, mobiliário e imunobiológicos. Deficiências Construtivas Associadas Cobertura: Técnica construtiva equivocada Materiais deficientes Ausência de laje de forro (concreto ou pré-moldada) Ausência de fonte alternativa de energia (gerador, no break, etc) Muitos Capões/RS - Tornado – Set/2005 Muitos Capões/RS - Tornado – Set/2005 Muitos Capões/RS - Tornado – Set/2005 DESLIZAMENTOS DESLIZAMENTOS DEVIDOS Á CHUVA Generalidades Ocorrência: Relevo acidentado; Solos pouco consistentes (leque aluvial); Camada vegetal removida, ou fragilizada que impediria o rápido escoamento das águas; Mecanismo: A água escoa por 2 caminhos: infiltrações e enxurrada; Há formação de depósitos de água subterrâneos com excessiva saturação do solo que se rompe, ou desliza sobre planos de ruptura (argilas). Hospital Sta Inês, Camboriu Nov/2008 Hospital Sta Inês, Camboriu Nov/2008 Planos de escorregamento evidentes DESLIZAMENTOS Danos Físicos Associados Deformações e danos estruturais graves Soterramento de edificações Danos às instalações elétricas, hidráulicas e de telecomunicações Danos a equipamentos, mobiliário e imunobiológicos. Deficiências Construtivas Associadas Ocupação indevida de áreas de risco (encostas) Recorte de taludes, remoção da cobertura vegetal Ausência de fonte alternativa de energia (gerador, no break, etc) Falta de muros de contenção (gabiões, etc) Blumenau/SC – Nov/2008 MUROS DE ARRIMO – Generalidades MUROS DE ARRIMO – Generalidades Os muros de gabiões são constituídos por gaiolas metálicas preenchidas com pedras arrumadas manualmente e construídas com fios de aço galvanizado em malha hexagonal com dupla torção. As dimensões usuais dos gabiões são: comprimento de 2m e seção transversal quadrada com 1m de aresta. As principais características dos muros de gabiões são a flexibilidade, que permite que a estrutura se acomode a recalques diferenciais e a permeabilidade. Base =1/2 (1+H) 1,8 a 2,4t/m³ 20 a 30% vazios Muro de Arrimo - Contenção de terreno de estacionamento Corte esquemático da contenção Contenção de margens de cursos d’água ACORDO NAS AMÉRICAS “Exortar os estados membros para que: Adotem o lema de “hospitais seguros frente aos desastres” como uma política nacional de redução de riscos; para que estabeleçam a meta de que todos os novos hospitais sejam construídos com um nível de proteção que garanta melhor sua capacidade de seguir funcionando nas situações de desastre; e que Implantem medidas adequadas de mitigação para reforçar os estabelecimentos de saúde existentes, especialmente, os que oferecem atendimento primário.” Conselho Diretivo OPS-OMS 27 de setembro de outubro de 2004 whd09_poster2 Veja mais em http://new.paho.org ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SECRETARIA DA SAÚDE NEAAS - NÚCLEO DE EVENTOS AMBIENTAIS ADVERSOS Á SAÚDE Obrigado!! Rua Domingos Crescêncio,132 2º andar - Porto Alegre CEP 90650-090 fone 39011109 [email protected] [email protected]
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