revista amf 55 a.indb - Associação Médica Fluminense
Transcrição
revista amf 55 a.indb - Associação Médica Fluminense
O Benito Petraglia Presidente da Associação Médica Fluminense - Niterói Brasil é a sexta maior economia mundial. Possui um Produto Interno Bruto (PIB) extraordinário, e o governo, através dos impostos, arrecada trilhões a cada ano. Ao mesmo tempo, possui um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) muito ruim. A educação e a saúde pública estão completamente subfinanciadas, não chegando a 10% desse PIB. O governo, de maneira proposital, tenta jogar nas costas do profissional médico, o caos instalado na saúde pública, inclusive alegando falta de médicos, o que não é verdade, já que temos 200 faculdades de Medicina e relação médico/população além do necessário. Mesmo assim querem importar médicos. É preciso que se fale, opine e analise sobre essa decisão da importação de médicos cubanos para atuar no interior do Brasil. Assim que ficou claro o conchavo para trazer esses cubanos, o governo falou, depois, em também os espanhóis e portugueses... pura falácia! Cheira a filiação ao “bolivarianismo” golpista, política adotada pelo Itamarati do B, com o consentimento submisso do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, um dos mais fracos que já tivemos. Por que não foram ouvidos os órgãos representativos da área, como o Conselho Federal de Medicina? Foi o titular do Ministério das Relações exteriores, Antônio Patriota (só no nome) que anunciou a abertura da porteira para os cubanos, após pedido de regime castrista. Há interesse ideológico. Registre-se que o governo está se lixando para a qualidade dos médicos importados. No ano passado, dos 884 profissionais que estudaram em faculdades cubanas, mais de 90% foram reprovados na prova REVALIDA. Alguns desses médicos que se pretendem importar, na verdade são brasileiros, que foram mandados estudar em Cuba por serem filiados ao MST e sindicatos ligados partidos políticos. Na verdade, a proposta de suprir a falta de profissionais é uma simulação para encobrir esses interesses político-partidários e mascarar o subfinanciamento da Saúde Pública. O que o governo sério deveria fazer para atender às regiões mais pobres seria investir maciçamente em infraestrutura sanitária dos locais e criar condições salariais e de carreira atraentes para os médicos brasileiros, assim como já existe para os juízes e promotores. O mesmo critério deveria valer para enfermeiros e técnicos. Saúde é coisa séria. Não vamos misturá-la com essa politica ideológica eleitoreira. O interior do Brasil não precisa de médicos estrangeiros, mas de uma politica seria de interiorização, que dê condição para esse profissional desenvolver sua atividade com segurança para si e para o paciente. Também é fundamental que se aprove no congresso a Lei do Ato Médico e se destinem mais recursos financeiros para a saúde pública, compatíveis com os impostos arrecadados da sociedade. Aloysio Decnop Martins Celso Cerqueira Dias Flávio Abramo Pies Glauco Barbieri Luiz José Carneiro de Souza Lacerda Neto Miguel Angelo D’Elia Waldenir de Bragança Membros Efetivos Amaro Alexandre Neto Antonio Carlos da Silva Navega Antonio Orlando Respeita Ary Cesar Nunes Galvão Carlos Umberto Coelho de Souza Carmine Masullo Eliane Bordalo Cathalá Esberard Flávio Nogueira de Oliveira Graziella Bard de Carvalho Laurinei Muniz da Cunha Maria da Conceição Farias Stern Paulo Roberto Visela Chacar Pedro Ângelo Bittencourt Raquel Elias Cozendey Rodrigo Schwartz Pegado Membros Suplentes Alessandra Sant’Anna de Miranda Ana Cristina Pereira Dantas Anadeje Maria da Silva Abunahman Andre Luiz Carvalho Vicente Carlos Alberto de Oliveira Cordeiro Carlos Roberto Ferreira Jardim Cristina Pereira Veloso Clóvis Abrahim Cavalcanti Emanuel Decnop Martins Junior Frederico de Souza Pena Jose Antonio Bernardino de Oliveira José de Moura Nascimento Paulo Cesar Santos Dias Roberto Wermelinger da Silva Washington Barbosa de Araújo Conselho Fiscal Membros Efetivos Felipe de Souza Carino Fritz Alfredo Sanchez Cardenas Nédio Mocarzel Membros Suplentes Abrahão Malbergier Kathya Elizabeth M. Teixeira Leila Rodrigues Azevedo e Silva Editorial Tratamento equivocado Expediente Associação Médica Fluminense Avenida Roberto Silveira, 123 - Icaraí Niterói - RJ - CEP 24230-150 Tel.: (21) 2710-1549 Diretoria da Associação Médica Fluminense Gestão: 2011-2014 Presidente: Benito Petraglia Vice Presidente: Gilberto Garrido Junior Secretário Geral: Ilza Boeira Fellows Primeiro Secretário: Christina Thereza Machado Bittar Primeiro Tesoureiro: Gustavo Emílio Arcos Campos Segundo Tesoureiro: José Emídio Ribeiro Elias Diretor Científico: Valdenia Pereira de Souza Diretor Sócio Cultural: Zelina Maria da Rocha Caldeira Diretor de Patrimônio: Luiz Armando Rodrigues Velloso Conselho Editorial da Revista AMF Benito Petraglia Felipe Carino Gustavo Campos Heraldo Victer Conselho Deliberativo Membros Natos Alcir Vicente Visela Chacar Alkamir Issa “País rico é país sem corrupção e impunidade” Ano VIII - nº 55 - Abr/Mai/Jun - 2013 Produzida por LL Divulgação Editora Cultural Ltda. Redação e Publicidade Rua Lemos Cunha, 489 - Icaraí - Niterói - RJ Tel/Fax: 2714-8896 - www.lldivulga.com.br e-mail: [email protected] Diretor Executivo - Luthero de Azevedo Silva Diretor de Marketing - Luiz Sergio Alves Galvão Editor: Verônica Martins de Oliveira Reg. Mtb RJ 23534 JPMTE Projeto Gráfico: Luiz Fernando Motta Coordenação: Kátia Regina Silva Monteiro Gráfica: Grupo Smart Printer Fotos: Gil de Almeida e Sérgio Bastos Supervisão de Circulação: LL Divulgação Editora Cultural Ltda Os artigos publicados nesta revista são de inteira responsabilidade de seus autores, não expressando, necessariamente, a opinião da LL Divulgação e da AMF. 3 Matéria de Capa “D esde que o governo federal, através do Ministro da Saúde Alexandre Padilha, anunciou a intenção de importar 6 mil médicos, praticamente todos cubanos, para alocá-los no interior do Brasil, as entidades médicas vem se mobilizando e procurando entender qual a real intenção dessa medida. Ficou claro que existe por trás dessa decisão um forte componente político no sentido de disseminar ideologias vermelhas de interesses partidários. Muitos desses médicos que se pretendem importar, na verdade são afilhados de movimentos ligados aos sem terra e partidos políticos que não passaram pelo vestibular no Brasil. Na verdade toda essa situação foi muito benéfica, pois trouxe à tona uma conduta que estava sendo engendrada pelo atual governo PT/ PC do B, sem a devida transparência e sem o total conhecimento dos órgãos representativos da categoria médica. Foi impressionante a reação dos médicos que, através das redes sociais, fizeram um contraponto a essa política, mostrando qual é o caminho correto para a interiorização do médico.” Órgãos representativos da classe médica, como CREMERJ, SINDMED e 4 AMF estão alinhados em suas posições contrárias à do Ministério da Saúde, que pretende importar médicos do exterior para o exercício profissional no interior do país. A iniciativa tem ainda como agravante o fato de se abolir a exigência da prova do REVALIDA, uma forma de testar os conhecimentos adquiridos nas universidades cubanas e bolivianas. Preocupados com esses precedentes, organizou-se em todo o país, no dia 25 de maio, um ato público batizado como “REVALIDA SIM”. O objetivo é despertar a sociedade para a gravidade dessa iniciativa desnecessária que incentiva a entrada de médicos sem a adequada qualificação profissional, colocando a população brasileira à mercê de diagnósticos equivocados. A Associação Médica Fluminense, presidida pelo Dr. Benito Petraglia, condena essa medida do governo, qualificando-a como irresponsável, “ainda mais sem a revalidação desses diplomas”. “A importação desses profissionais, em sua maioria, sem o conhecimento técnico adequado, configuram uma falsa assistência médica e caracterizam apenas programas políticos eleitorais”, reflete Petraglia. Conforme ressaltou o presidente da AMF, o Brasil tem médicos além da conta. Na realidade, as diretrizes necessárias a serem adotadas pelo governo deveriam estar focadas na destinação de 10% do PIB à saúde pública, fortalecendo o SUS; plano de carreira incentivando o médico (e outros profissionais de saúde) a se fixarem na localidade, e condições adequadas ao exercício da profissão. Em entrevista à equipe de reportagem da AMF, a presidente do CREMERJ, Dra. Márcia Rosa de Araújo, apontou dados contundentes sobre o assunto: existem médicos suficientes para atender à população no país, superando, inclusive, o determinado pela Organização Mundial da Saúde – OMS. Estudos do Conselho Federal de Medicina (CFM) revelam que, somente no Rio de Janeiro, o número de médicos em atividade chegou a 58.782, em outubro de 2012. A taxa é de 3,62 profissionais por 1.000 habitantes, colocando o estado acima da média nacional e posicionando-o em segundo lugar em números absolutos de médicos registrados em todo o país (388.015) e em termos proporcionais. O Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro, presidido pelo Dr. Clóvis Abrahim Cavalcanti, sentencia: “não basta enviar médicos com contrato temporário para o interior, sem me- dicamentos, equipamentos, laboratórios e o que mais for necessário para o diagnóstico e tratamento”. Além da flexibilização na revalidação dos diplomas, proporcionando a entrada de profissionais sem estarem totalmente capacitados e qualificados, ainda existem outros fatores decisivos, como as questões intrínsecas a cada região. Além das enfermidades próprias do país, o pouco domínio do idioma e as variações regionais da língua podem dificultar e até complicar o relacionamento com os pacientes. Dr. Clóvis Cavalcanti cita o caso de médicos que mesmo cientes desses fatos, ao orientar seus pacientes sobre a falta de saneamento básico como a principal causa de suas doenças, foram “aconselhados” a deixar o município. “Se com o domínio do português e do regionalismo está difícil exercer a medicina no nosso país, como será para os médicos formados no exterior que não foram avaliados de forma plena e total pelo REVALIDA?”, sentenciou. Salários dignos e carreiras de Estado são a solução A solução para por fim ao caos em que se encontra a saúde pública no país, defendida por órgãos de classe, como a AMF, CREMERJ e SINDMED, é a adoção de concursos públicos com salários dignos e carreiras de Estado. No entanto, as condições oferecidas pelo governo para interiorizar o médico não são atrativas, sobretudo, pela ausência de uma estrutura digna para que este atenda à população. Quanto à questão salarial, a Dra. Márcia cita que existem propostas na faixa salarial de R$ 15 mil para o médico atuar no interior. Entretanto, em muitos casos, a proposta não é cumprida, se refletindo em meses de salários não pagos. Por esse motivo, o CREMERJ defende que a melhor contratação é através do concurso, com remuneração digna, vínculos e planos de carreira. No entanto, em prefeituras do interior os salários são irrisórios, como o de Miracema, por exemplo, que abriu recentemente concurso, oferecendo salários de R$ 1.634,14. Em Volta Redonda e Itaperuna, por exemplo, a faixa salarial oferecida é, respectivamente, R$ 868,03 e RS 636,30. Baixa aprovação revela importância do revalida O Revalida é um conjunto de três provas (uma objetiva com 110 questões, uma discursiva com cinco questões e a prova prática) realizado anualmente com o objetivo de nivelar o aprendizado dos médicos formados no exterior em relação aos graduados no país. A edição da prova de 2011 demonstrou a sua relevância em aferir resultados, pois, dos 677 inscritos, apenas 65 obtiveram a aprovação no teste. Os demais não apresentavam condições mínimas para o exercício profissional no país. Em 2010, o resultado foi ainda pior: com 507 inscritos e apenas dois aprovados. Isso porque o Revalida é uma prova muito básica que tem por função testar conhecimentos necessários ao médico, entre eles, o da capacidade do médico em diagnosticar uma pneumonia e o tratamento de uma diarreia. Em abril de 2012, diversas entidades, como o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) e a Associação Paulista de Medicina (APM), percebendo a intenção do governo federal em flexibilizar a entrada de médicos estrangeiros no país, assinou uma carta favorável ao Revalida. Na realidade, a dispensa do candidato em fazer o exame tem como condição o cumprimento de dois anos de trabalho no SUS. Com isso, o Ministério da Saúde acredita que estará suprindo a carência de profissionais nos mais distantes rincões do país. Entretanto, as autoridades médicas consideram uma temeridade por que, a julgar os resultados das últimas provas do Revalida, isso representa colocar médicos inexperientes para o atendimento da população carente nessas regiões. Medicina no exterior: uma opção mais em conta A mensalidade de um curso de Medicina na Bolívia pode custar entre R$ 250,00 e R$300,00. Isso sem falar que não há necessidade de prestar vestibular para avaliar a capacidade do candidato em frequentar o curso. Enquanto isso, no Brasil, o valor médio desse curso ultrapassa os R$ 4 mil mensais, além de ser necessário disputar uma vaga nas universidades com inúmeros outros candidatos. Em busca dessas possíveis facilidades em conquistar um diploma de médico é que os brasileiros têm rumado para as faculdades da América Latina, como Ucebol, em Santa Cruz de la Sierra, e Upal, em Cochabamba, ambas na Bolívia. A procura é tamanha que já existem no país inúmeros sites na internet oferecendo orientação àqueles que desejam ingressar em uma dessas instituições de ensino. De acordo com o Cremesp, em 2011, existiam 25 mil brasileiros na Bolívia em busca de um diploma. Outra universidade bastante procurada no circuito é a de Cuba, onde entram apenas aqueles com indicação política. Na época, o presidente do Cremesp, Renato Azevedo Júnior, denunciou ainda que muitas instituições de ensino funcionam mais como caça-níqueis, tendo em suas turmas mais de 500 alunos e nenhum hospital escola para a prática profissional. Em Cuba, as indicações estão vinculadas à militância partidária e não à possível aptidão daquele que se tornará um futuro médico. 5 ACAMERJ Importar médicos? I Alcir Chacar: Ex presidente da Associação Médica Fluminense Ex presidente Academia de Medicina do Estado do Rio de Janeiro mportar médicos? Por quê? Por que não dirigentes ou gestores de saúde também para administrar o “caos” que vive a Saúde no Brasil? Não é possível existir falta de médicos em um país com cerca de 200 faculdades de medicina. A segunda em números no mundo, só ficando atrás da Índia com uma população de, aproximadamente, um bilhão e meio de habitantes. O que existe de fato é uma má 6 distribuição, com certeza, pela ausência de uma política de saúde saudável. A OMS (Organização Mundial de Saúde) estabelece a relação de um médico para cada 1000 habitantes como o ideal. Segundo o CFM e o CREMESP, de 1980 a 2012, houve um aumento 74% na razão de médicos por habitantes, cerca de 7000 médicos a mais no mercado de trabalho. O Maranhão com 0,71; Pará, com 0,84, e Amapá,com 0,95, estão na pior situação. Na outra extremidade acima de 2,00 médicos por mil habitantes estão: DF 4,09; RJ 3,62; SP 2,64; RS 2,17; ES 2,04 e os demais Estados abaixo de 1,98 médicos. Antes de decisões apressadas e incoerentes, devemos buscar saber as razões deste desequilíbrio. Uma das justificativas apresentadas seria a inexistência de um plano de carreira e concurso público que desse segurança a esses profissionais para viverem em lugares distantes, mantendo sua família e criando filhos sem o risco de, no futuro, serem despedidos do cargo de médicos pela política clientelista interiorana. E ainda terem que começar tudo de novo e com o agravo da falta de estrutura hospitalar e de saúde pública do interior destes Estados. Comparam, ainda: se não existe uma política de saúde nos grandes centros e os dirigentes jogam a culpa nos médicos, o que seria deles distantes dos meios de comunicação? Seriam crucificados. Se importarmos médicos para os pobres, desprotegidos e carentes municípios do nosso país não estaríamos desprotegendo-os mais ainda? Se tal acontecer, pobre de um país de futuros guerrilheiros. ACAMERJ Academias de medicina. E os jovens?? Acadêmico Renato Luiz Nahoum Curi: Presidente da Academia de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (ACAMERJ) ACADEMIA: Jardim de Atenas doado por Academus ao povo ateniense, no qual Platão reunia seus discípulos. Escola de nossos alunos nas Universidades não Se, por um lado, a discussão de temas onde Platão ensinava. Escola de ciências conseguem pensar ou descrever o que complexos, políticos, de interesse institu- e artes. Escola superior; corporação de seja uma Academia. Parece algo impen- cional ou governamental é de grande im- cientistas, escritores e artistas. sável, inatingível, desconhecido. portância, por outro lado a busca de um Segundo este simples conceito, a academia é o padrão ouro para a complemen- caminho de aproximação do jovem médiE o futuro? tação do conhecimento em qualquer área. Seguindo este rumo, as academias se- tal. No entanto, é também importante se E, durante séculos, a formação de acade- rão cada vez mais fechadas, quase secretas. ajustar a temática das reuniões ao conhe- mias mantém grupos de especialistas em cada área do conhecimento. As academias 8 co destes eventos nos parece fundamen- cimento de graduandos e pós-graduandos E a tal imortalidade do acadêmico? para que, ao comparecerem, tomem co- de medicina não fogem à regra. Geral- É outro ponto a ser esclarecido, dis- nhecimento dos valores das academias e mente elas são compostas de membros, cutido e informado aos médicos que, não passem a ansiar por um dia fazerem parte baluartes da profissão, cientistas, pes- tendo conhecimento dos objetivos das de suas fileiras. quisadores, professores , enfim médicos Academias, o termo lhes parece inopor- Promoção sequencial de eventos de diferenciados no exercício de sua profis- tuno e incoerente. É necessário que en- ensino no nível dos seus conhecimentos, são. tendam que uma das funções primordiais ministrado por nossos acadêmicos, sempre Discussão de temas de alto nível das Academias é a preservação da História de alto gabarito é um caminho a ser bus- acadêmico, com consequências nem Médica e Científica de seus membros, da cado, trazendo os novos médicos às Aca- sempre alcançáveis, alto grau de politi- Medicina das cidades e seus profissionais e demias, onde padrões médicos, técnicos, zação, falta de divulgação parece ainda tudo o mais que lhes disser respeito, sendo históricos e éticos podem ser discutidos, mais afastar os jovens profissionais mé- esta História armazenada para a imortali- orientando-os em sua formação humanís- dicos, que, em geral, não sabem o que é dade do profissional médico e da Medicina tica, hoje muito pouco considerada. e para que serve uma Academia. Alguns Nacional. Cabe-nos esta tarefa. Evento Iº Simpósio de Oncologia da Oncomed / AMF Dr. Benito Petraglia - Presidente da AMF Módulo de Câncer de Mama Dr. Alexandre Coury - Diretor Médico da Oncomed O Iº Simpósio de Oncologia da Oncomed / AMF foi realizado no dia 25 de maio de 2013, das 8h às 13h:30. O objetivo principal do Dr. Thereza Cypreste e Dr. Alexandre Coury evento foi compartilhar conhecimento de forma bastante dinâmica, apoiando-se em um formato multidisciplinar de temas de interesse prático, dentro de um universo científico que engloba avanços crescentes, especialmente no campo do diagnóstico e Homenagem ao Dr. Leandro Oliveira do tratamento. Módulo de Câncer de Pulmão Com o intuito de dividir estes cenários com a nossa comunidade, convidamos especialistas de reconhecido valor. O evento teve como tema central a oncologia, especificamente, Câncer de Mama, Pulmão, Colorretal, Próstata e Ginecologia. Módulo de Câncer de Próstata 10 Contou também com duas palestras para- Módulo de Ginecologia Oncológica Palestra de Abertura - Prof. Mário Sérgio Cortella Palestra - Cenários e Tendências para Saúde no Brasil Prof. Cortella e Comissão Organizadora Participação da ADAMA Participação da ADAMA no Simpósio lelas, sobre os Cenários e Tendências para Saúde no Brasil e Novos Modelos de Remuneração. Com isso, o público do evento contou com ginecologistas, mastologistas, urologistas, cirurgiões, clínicos gerais, pneumologistas, coloproctologistas, gastroenterologistas e geriatras. O público ultrapassou 300 pessoas, divido entre as especialidades informadas. Sala Vip - Palestrantes, Debatedores e Coordenadores A palestra de abertura foi do Professor Mário Sérgio Cortella. Foi grande a participação no Simpósio de Oncologia Oncomed-AMF 11 Artigo Zumbidos (Acúfenos) Um desafio à ciência médica Josemar da Silveira Reis* O exercício da Medicina é repleto de desafios e dúvidas. O desafio da Ciência Médica espera, com contínua dedicação dos pesquisadores médicos, ser capaz de responder dúvidas, direcionando os profissionais médicos para os tratamentos mais efetivos dos seus pacientes. As revisões sistemáticas da literatura, os Congressos Médicos da especialidade, definem-se como uma síntese de estudos que contêm objetivos materiais e métodos claros e produtivos. É o que se deseja. A pesquisa, com dedicação e estudo na Ciência Médica exige sempre um bom planejamento e documentação 12 específica. Intencionam, estes estudos-pesquisas, efetivar um possível diagnóstico e tratamento etiológico. Por este motivo, a revisão contínua coloca a Ciência Médica no mais alto padrão da evidência científica. Os ditames das pesquisas médicas aplicadas à experiência clínica indicam que os melhores pacientes para o tratamento do Zumbido (Acúfenos), seriam aqueles com diagnóstico há menos de 12 (doze) meses, com poucas ou nenhuma tentativa de medicamentos prévios para Zumbidos, sem o diagnóstico possível. Entendemos que é importante ter em mente que a multiplicidade de fatores envolvendo a etiologia do Zumbido e a sua repercussão na vida de cada paciente, obriga-nos a uma escolha, não única, do tipo de tratamento para os portadores de zumbido. Como titulei este trabalho, afirmo, após recém-chegar de um Congresso Médico de ORL (que frequento anualmente), que vários pesquisadores, mundialmente trabalham com muita dedicação e interesse para estipular critérios diagnósticos e otimização no tratamento deste mal que muito incomoda um grande número de pacientes. Isso nos obriga a concluir que não devemos desistir, e que vale a pena ser tentado o diagnóstico e tratamento desta patologia. PERSISTIR, e não desistir! Bibliografia: Característica do Zumbido em indivíduos normo ouvintes – Uman D. Tocheto – Arg. ORL 2011 Experiência Clínica no Tratamento do Zumbido – Sanches T.G. et AL. *Dr.Josemar da Silveira Reis: Otorrinolaringologia e Otoneurologia Unimed Grupo de Corrida Pique UNIMED Resultados Corrida 9km - Feminino 1° Aparecida dos Anjos de Andrade Equipe Oncomed 2° Raimunda Maria da Fonseca Equipe Chão do Aterro 3° Ana Cristina da Silva Pimenta Equipe Oncomed Corrida 9km - Masculino 1° Auderi Moreira Duarte - Equipe Oncomed 2° Manoel Raimundo da Silva - Equipe Sul Carioca 3° Denivaldo da Francisco da Fonseca - Equipe Oncomed Caminhada 3km - Feminino 1° Viviane da Silva Campos 2° Josiane dos Santos Santana Tavares 3° Juliana Sá de Oliveira Caminhada 3km - Masculino 1° Felipe Fontes Bianch 2° Daniel Leiria de Carvalho 3° Marcus Vieira da Costa 13 Unimed O uso da bomba de infusão contínua de insulina foi o assunto mais debatido durante o encontro A Unimed Leste Fluminense patrocinou, no dia 19 de maio, o II Workshop sobre SICI para tratamento do diabetes insulino dependente, organizado pela médica endocrinologista pediátrica, Susana Chen. O encontro reuniu, aproximadamente, 40 famílias em um sítio na cidade de Niterói, se informar, sobre como funciona a bomba de infusão de insulina e os avanços tecnológicos para o tratamento do diabetes. - Gostaria de agradecer à Unimed Leste Fluminense por acreditar e fazer parte deste projeto. O nosso encontro tem por objetivo passar um pouco mais de informação, além do que é dito nos consultórios. Proporcionar uma troca de experiências e ideias entre os pais e fazer com que vocês compartilhem de informações sobre a doença e, assim, não se sintam tão sós no tratamento do diabetes, afirmou a Dra. Susana. O dia começou com uma apresentação sobre a história do Diabetes, desde a descoberta da insulina até os tratamentos disponíveis atualmente, passando pelas tec- 14 Unimed Leste Fluminense patrocinou evento sobre Diabetes nologias em monitorização da glicose e os avanços tecnológicos em insulinoterapia. Outras informações importantes como, por exemplo, o conceito de que a insulina é o agente mais potente para controle do diabetes, que quando adaptada de forma adequada às necessidades individuais, os pacientes conseguem manter glicemias próximas ao normal, sempre associadas à contagem de CHO e ao estilo de vida adequado. Depoimentos No final foram apresentados relatos de crianças que fazem uso da bomba de infusão contínua de insulina, destacando assim as principais vantagens deste tipo de tratamento, que segundo as mesmas são: maior flexibilidade no horário das refeições, melhora do controle glicêmico e de níveis de hemoglobina glicada, liberdade e praticidade para praticar exercícios, além do fato de não precisar fazer múltiplas aplicações diárias. Alerta Crise da pediatria afeta pais e filhos O valor irrisório pago pelos planos de saúde aos pediatras é preocupante, pois está acarretando o fechamento de muitos consultórios dessa especialidade. Ao mesmo tempo, a má remuneração nos serviços públicos e privados de saúde faz com que, cada vez mais, o número de pediatras diminua assustadoramente, acarretando uma grande insegurança aos pais. Esses pequenos brasileiros estão passando longo e precioso tempo nas filas dos hospitais, aguardando por um atendimento, muitas vezes agravando seu qua- 16 Nossas crianças não choram à toa! Clóvis Abrahim Cavalcanti* dro clínico com a espera, aumentando a angústia dos pais, que sofrem pelos filhos e pela demora no atendimento nos hospitais. Ainda temos precariedade de medicamentos e equipamentos para que o pediatra possa dar um pleno atendimento ao pequeno paciente. Nos plantões médicos, onde devem ficar no mínimo três pediatras, encontramos apenas dois e, inúmeras vezes, somente um, estressado, sobrecarregado e pensando em trocar de especialidade. Nas últimas semanas, uma avalanche de reclamações e denúncias chegou ao Sindicato dos Médicos, por conta desse grave problema. Alertamos, portanto, aos políticos, gestores e à população, a fim de que soluções sejam tomadas. Com ou sem plano de saúde, o risco iminente é para todos, crianças e pais! *Clóvis Abrahim Cavalcanti Presidente do Sindicato dos Médicos de Niterói, São Gonçalo e Região Alerta Modismo e alerta Bebidas isotônicas(BI) & Bebidas energéticas(BE) Conhecendo as diferenças: BI – são soluções de mesma osmolaridade dos líquidos do corpo humano, com baixo teor de carboidratos. Não devem ser gaseificadas para não distenderem o estômago e ou intestino. A principal finalidade das BI é repor as perdas líquidas e eletrólitos, causadas pela sudorese e respiração após exercícios físicos intensos. Ao reporem água, eletrólitos, sais minerais, mantém o devido equilíbrio hidro eletrolítico. Portanto são bebidas reidratantes, que devem ser ingeridas frias, mas não são refrigerantes. Fundamentalmente estão indicadas para os atletas ou quem realiza intensa atividade física, com grande perda líquida. Segundo ANVISA, as BI contém além de água, sais minerais, e vitaminas, eletrólitos cujas concentração deva ser de: sódio (Na) 460-1100 mg/L - potássio (K) 700 mg/L - carbohidratos 8%. 18 As BI não devem ser consumidas por crianças, gestantes, idosos, cardiopatas, renais, pois é uma bebida essencialmente para atletas. BE – são refrigerantes não alcoólicos, que prometem oferecer energia extra quando ingeridas, estimulando o estado de vigília, provocando aumento da resistência física com sensação de “bem estar”. Tem 75% de carbohidratos e na sua composição incluem: cafeína, taurina, glucoronolactona, podendo ainda conter: guaraná, açaí, carnitina, creatina, arginina, e outros. Quais as indicações das BE ? NÃO TEM QUALQUER INDICAÇÃO MÉDICA. Por possuírem doses elevadas de cafeína, podem tirar o sono e oferecer uma sensação de menor fadiga, contudo com possibilidade de ocorrer taquicardia, induzindo arritmia cardíaca. Um estado artificial. Taurina é um aminoácido útil ao organismo, mas seu consumo exagerado pode causar maior agregação plaquetária, condição patológica básica para iniciar o processo de trombose. Quando associadas às bebidas alcoólicas geram efeitos indesejáveis, desde alteração comportamental até distúrbio do ritmo cardíaco. ”Fat Burns” – são estimulantes erroneamente chamados de “suplementos ”têm objetivo de energizar e emagrecer”. Alguns possuem também em sua composição derivados da anfetamina, que favorecem e podem precipitar o aparecimento de arritmia cardíaca, mesmo em pessoas jovens saudáveis. A classe médica deve ficar em estado de alerta para este preocupante modismo da juventude. Referência: Rev DERC 2013;19(1):1112 – Rio de Janeiro. Viagem Inesquecível 20 Q ue tarefa difícil! Sou do tipo que adora viajar. Portanto, escolher uma viagem inesquecível é especialmente difícil para mim. É justamente por isso e para não cometer injustiça com os outros lugares, que escolhi como inesquecível a primeira viagem ao velho mundo que fiz. Pela forma de escrever, a Europa como velho mundo já se revela em uma característica principal no gosto das minhas viagens, adoro história. Aliás, conheço alguns amigos médicos que também adoram o assunto e talvez algum estudioso possa esclarecer essa conexão existente entre medicina e a história. Saímos do Galeão no dia 30 de dezembro, pronta para inaugurar em uma noite não muito fria e sem chuva um Novo Ano em pleno Champs Elysées, com direito a champagne comprada minutos antes. As taças ???? Estas levamos do Brasil. Jamais esquecerei a visão da saída do Metrô, quando pude observar a avenida iluminada e as pessoas passeando. Se compararmos com a multidão das praias brasileiras, os fogos eram discretos e a multidão comportada. Interessante foi observar na volta a partida do último trem do Metrô, enquanto o guarda fechava as portas quase no meu nariz. Tivemos que voltar ao hotel a pé, em um percurso de quase duas horas de caminhada pelas principais ruas de Paris. O detalhe que poderia estragar a noite de algumas pessoas, não me incomodou; pois, em função do ocorrido pude observar cada detalhe dos prédios e sua iluminação. Foi ali que eu definitivamente me apaixonei por aquela cidade. No dia seguinte, começamos o nosso tour tradicional de turista: Tour Eiffel, Brasserie, Cafeterias, Notre Dame e longos passeios por suas largas avenidas. Compramos a Carte de Musée, o que nos possibilitou a visita aos museus do Louvre, D’orsay e Rodin. Neste último, lembro que influenciei meus outros amigos não médicos, que puderam expiar o meu olhar maravilhado diante da anatomia do corpo humano, colocada com esmero nas esculturas de Rodin. Olhar maravilhado fiquei também em Sacré Coeur, com o cântico do coral e o silêncio das pessoas ao redor, assim como a feira no domingo e o crepe de limão, que cismei de experimentar. Outro local que visitei foi a Place des Vosges, Minhas férias inesquecíveis em Paris Por: Valdenia Pereira de Souza* Avenue des Champs-Élysées no bairro de Marais, onde está a Maison do Victor Hugo e parte do palácio real. Alguns músicos tocavam por ali e eu me senti escolhida por Deus, por estar naquele lugar escutando Vivaldi e tomando um sorvete a despeito do frio danado. Em outro dia de descobertas, fomos a dois lugares próximos, um deles foi Giverny e o outro le Mont Saint Michel. Giverny, onde Monet morou, é famoso pelos jardins, lagos e por suas ninféias. EspetaMonte Saint-Michel cular! Era como se estivesse dentro dos famosos quadros. E não pense que foi difícil chegar lá; fomos com uma excursão de um dia que contratamos lá mesmo. O Monte São Michel não dá para explicar, cena de cartão postal, localizado entre a Normandia e a Bretanha. Enfim, viajar por perto ou para mais longe, é acabar com preconceitos, é aumentar a cultura, é viver. Por isso, não vejo a hora de viajar de novo ... * Diretora Científica da AMF Casos e Causos Médicos ao acaso "Minha senhora, pode ficar tranquila" D écada de 70, na emergência do Hospital Universitário Antonio Pedro, o plantão transcorria de forma tranquila até demais naquele fim de tarde calorento. Todos os plantonistas, renomados professores com seus alunos e residentes estavam no quarto dos médicos discutindo amenidades. Entre os residentes estava o Renildo que além de ser um dos melhores da neurocirurgia , tinha como característica um vozeirão do tipo locutor televisivo. Aquela acalmaria no único pronto socorro de Niterói não poderia estar acontecendo, fato que logo se confirmou, com um intenso tumulto e gritaria no corredor Dia a Dia na Diretoria •Finalização do guia médico •Quitação da dívida junto a SOMERJ •Organização do simpósio de onco logia •Patrocínio do Pique Unimed •Confecção da planta arquitetônica do prédio da AMF para futuro regis tro na prefeitura •Início da reestruturação da parte elétrica do prédio da AMF •Análise jurídica do contrato de locação do teatro •Preparativos para a organização da festa do médico em outubro •Campanha contra a importação de médicos sem REVALIDA •Implantação de sistema de gestão contábil/financeiro Crônicas Neste segundo trimestre de 2013, a diretoria da AMF, executou importantes tarefas, listadas abaixo, com destaque para a realização do Primeiro Simpósio em Oncologia em parceria com a Clínica Oncomed. Alan Faria Onofre e recepção da unidade. Imediatamente todos os médicos foram ver o acontecido quando se depararam com várias pessoas gritando e pedindo passagem para um caixão funerário que estava sendo carregado atabalhoadamente por quatro pessoas afrodescendentes. À frente estava uma senhora obesa que esbaforida e muito nervosa avisava que o falecido podia estar vivo porque tinha se mexido e feito "barulho", fato confirmado por todos que estavam no velório. Bem pode-se imaginar o espanto de todos os médicos e funcionários com o relato. É claro que tiveram que examinar o defunto, retirando todas as flores e constatando que já estava midriático e com regidez cadavérica. Ficou patente que tal alegação dos acompanhantes não procedia e que provavelmente o barulho e movimento tinha sido pela putrefação e gases do cadáver. Diante de fato tão inusitado os professores convocaram o nosso residente Renildo para avisar a família. Este com sua voz grave de trombone chamou a viúva e foi logo dizendo: Minha senhora, examinamos seu marido e voce pode ficar TRAN... QUI... LA que ele está morto mesmo. 21 Perfil Tarcísio Rivello Como diretor geral do Hospital Universitário Antônio Pedro, desde 2006, o Dr. Tarcísio Rivello tem uma larga experiência em cargos administrativos da Universidade Federal Fluminense. Médico angiologista, ele já esteve à frente do Departamento de Morfologia do Instituto Biomédico da UFF, nos idos 1992 a 1999, quando passou a ocupar a direção do Instituto Biomédico. Foi presidente do Conselho de Curadores da UFF, diretor do Centro de Ciências Médicas e presidente do Conselho de Administração da FEC/UFF até chegar ao HUAP. Além disso, ocupa o quadro permanente do Departamento de Morfologia da Universidade Federal Fluminense, na qualidade de professor titular de Anatomia Humana. Tempo de formado: Mensagem ao jovem médico: 43 anos (Formado na Fac. Med. da UFF 12/70) Procure ser o melhor em qualidade na sua área, ser útil e imprescindível no que escolheu. Especialidade: Angiologia – Cirurgia Vascular Prato predileto: Massa Formação: Mestre em Administração Educacional/UFF, Doutor Lugar mais bonito (preferência para Niterói se em Ciências Morfológicas – Anatomia Humana/UNI- for morador dessa cidade): FESP. Itacoatiara Se não fosse médico seria: Livro preferido: Engenheiro Dom Quixote, de Cervantes Fato mais contundente na profissão: Religião: católica Falta de políticas públicas - de governos - da carreira médica Pensamento que segue: Republicano, ousadia com responsabilidade. Como vê a Medicina hoje: A Medicina desvalorizada; a mercantilização pelas ati- O que mais aprecia nas pessoas: vidades meios da assistência e de certa forma pelo Caráter/sinceridade próprio Profissional O que decepciona ver nelas: O que representa a AMF: É uma Associação que busca os elos das interfaces da Medicina entre as diferentes especialidades, entre os Médicos com a Sociedade e os Governos. 22 Falsidade / deslealdade 23 Ponto de Vista Bioética E sses novos padrões de conduta presidem as relações e decisões na medicina contemporânea. O reconhecimento do direito de todo cidadão de ser atendido e o exercício desse direito na área da saúde redimensiona o relacionamento entre pacientes e profissionais da saúde, expondo os direitos e deveres de ambas as partes. A medicina tem contribuído muito sobre a reflexão da ética. O neologismo bioética foi cunhado e divulgado pelo oncologista americano Van Potter no seu livro “Bioethics: bridge to the future”. O sentido do termo bioética tal como é usado por Potter é diferente do significado a ele hoje atribuído. Potter usou o termo para se referir à importância das ciências biológicas na melhoria da qualidade de vida; ou seja, a bioética seria, para ele, a ciência que garantiria a sobrevivência no planeta. O termo bioética poderia ser usado com um significado amplo, referindo-se, por exemplo, à ética ambiental planetária, ao tema dos agrotóxicos ou ao uso indiscriminado de animais em pesquisas ou experimentos biológicos. Mas, atualmente, não é essa sua conotação especifica e mais comum. Hoje, a bioética é o estudo sistemático da conduta humana nas áreas das ciências da vida e dos cuidados da saúde, na medida em que esta conduta é examinada 24 O caráter pluralista de nossa sociedade impõe um padrão moral que deve ser compartilhado por pessoas de moralidades diferentes. à luz dos valores e princípios morais. A bioética ocupa-se, principalmente, dos problemas éticos referentes ao início e fim da vida humana, dos novos métodos de fecundação, da seleção do sexo, da engenharia genética, das pesquisas em seres humanos, dos pacientes terminais, das formas de eutanásia, entre outros temas atuais. Convém salientar que a bioética não possui novos princípios éticos fundamentais. Trata-se da ética já conhecida e estudada ao longo da história da filosofia, mas aplicada a uma série de situações novas, geradas pelo progresso das ciências biomédicas. Poder-se-ía definir a biomédica como a expressão crítica do nosso interesse em usar convenientemente os poderes da medicina no enfrentamento dos problemas referentes à vida, à saúde e à morte do ser humano. Devemos concordar que não há normas únicas para resolver as diversas situações que se possam apresentar. No caso de uma criança recém-nascida com síndrome de Down e fístula traqueoesofágica podem ser emitidas e justificadas opiniões diferentes sobre o tratamento ou destino a lhe ser proporcionado. A bioética procura, de maneira racional e pactuada, resolver os problemas biomédicos consequentes de visões diferentes depois de considerados princípios e valores morais. A bioética precisa, portanto, de um paradig- ma de referência antropológico-moral que, implicitamente, já foi enunciado: o valor supremo da pessoa, de sua vida, da liberdade e de sua autonomia. Esse princípio, porém, às vezes parece conflitar com aquele outro, relativo à qualidade de vida digna que merecem ter o homem e a mulher. Nem sempre os dois princípios se amoldam perfeitamente sem conflitos, no mesmo caso. Sabemos por própria experiência que, em determinadas circunstâncias, não é fácil tomar uma decisão. Constitui tarefa da bioética fornecer os meios para fazer uma opção racional de caráter moral referente à vida, à saúde ou à morte, em situações especiais, reconhecendo que essa determinação terá de ser dialogada, compartilhada e decidida entre pessoas com valores morais diferentes Ética, Moral e Direito É extremamente importante saber diferenciar a Ética da Moral e do Direito. Estas três áreas do conhecimento são distintas, porém, têm grandes vínculos e às vezes se sobrepõem. Tanto a Moral quanto o Direito baseiam-se em regras que visam a estabelecer uma certa previsibilidade para as ações humanas. Ambos, porém, se diferenciam. A moral estabelece regras que são assumidas pela pessoa como uma forma de garantir o seu bem-viver. A moral independe das fronteiras geográficas e garante uma identidade entre pessoas que sequer se conhecem, mas utilizam este mesmo referencial moral comum. O Direito busca estabelecer o regramento de uma sociedade delimitada pelas fronteiras do Estado. As leis têm uma base territorial, elas valem apenas para aquela área geográfica onde uma determinada população ou seus delegados vivem. Alguns autores afirmam que o Direito é um subconjunto da Moral. Essa perspectiva pode levar à conclusão de que toda a lei á moralmente aceitável. Inúmeras situações demonstram a existência de conflitos entre a Moral e o Direito. A desobediência civil ocorre quando argumentos morais impedem que uma pessoa acate uma determinada lei. A Ética é o estudo geral do que é bom ou mau. Um dos objetivos da Ética é a busca de justificativas para as regras propostas pela Moral e pelo Direito. Ela é diferente de ambos – Moral e Direito – pois não estabelece regras. Essa reflexão sobre a ação do ser humano é o que a caracteriza. Em 1979, os norte americanos Tom L. Beauchamp e James F. Childress publicam um livro chamado Principles of Biomedical Ethics, onde expõem uma teoria, fundamentada em quatro princípios básicos – não-maleficência, beneficência, respeito à autonomia e justiça – que, a partir de então, tornar-se-ia fundamental para o desenvolvimento da Bioética e ditaria uma forma pecu- liar de definir e manejar os valores envolvidos nas relações entre profissionais de saúde e seus pacientes. Esses quatro princípios, que não possuem um caráter absoluto, nem tem prioridade um sobre o outro, servem como regras gerais para orientar a tomada de decisão diante de problemas éticos e para ordenar os argumentos nas discussões de casos. 25 Livro em Foco Nelson Rodrigues“Brasil em Campo” A Livro: “Nelson Rodrigues-Brasil em Campo” Org.: Sonia Rodrigues Editora: Nova Fronteira * Cardiologista 26 migos, estou na minha fase rodrigueana. Por isso, mais uma vez falo da obra de Nelson Rodrigues nesta quinquagésima quinta edição da revista da AMF. Os idiotas da objetividade e os cretinos fundamentais dirão que eu agora só penso em sexo. Não é verdade; penso em outras coisas também. Os lorpas, pascácios e bovinos dirão que eu não tenho o que fazer e por isso estou aqui plagiando o Nelson, imitando seu jeito de escrever. Mas, calma! Eu estou aqui homenageando esse grande cronista, dramaturgo e pensador do Brasil entre outras qualidades. E realmente estou imitando seu estilo único e incomparável de escrever crônicas sobre uma de suas paixões: o futebol brasileiro. Nada mal para nós que estamos prestes a ver e torcer na Copa das Confederações, neste ano de 2013, e a Copa do Mundo de Futebol de 2014 em solo brasileiro. Nelson Rodrigues tinha o hábito de iniciar suas crônicas com uma chamada pelos amigos. Habitualmente, descrevia ou contava um caso cotidiano e fazia muitas referências a personagens de Shakerspeare, de Zola, de Eça de Queiroz, de Tolstói, de Flaubert, de Dolstoieviski, entre outras citações acerca de Otto Lara Rezende, Portinari, Disraeli, Goethe e muitos outros. Depois entrava no assunto do qual realmente queria tratar: o futebol, uma partida, um lance, um jogador especial. E ocasionalmente, iniciava um novo parágrafo com a pergunta “Mas por que eu estava dizendo isso mesmo?” E então dizia o que queria dizer a respeito de futebol. O livro organizado pela sua filha, mestre e doutora pela PUC-Rio, escritora e pesquisadora Sonia Rodrigues contém 71 crônicas escritas para jornais, entre a década de 50 e o ano de 1980, sem grande preocupação cronológica; algumas sem data discriminada. Ela chama atenção para a existência de milhares de crônicas a serem pesquisadas. Eu que nasci em 1963 e percebi pela primeira vez a alegria de ser campeão mundial de futebol em Por Wellington Bruno* 1970 (tricampeonato na Copa do México), não tinha uma noção clara, exceto relatos esporádicos do que foram as disputas anteriores nos anos 50 ( não vamos recordar aqui a Copa de 50), a primeira copa conquistada em 58, o bicampeonato em 62 e o desânimo depois de 1966. Pois, essas crônicas de Nelson Rodrigues nos interam desses assuntos para que possamos chegar um pouco mais perto dos que tem essa cultura futebolística por conta da vantagem de terem nascido há mais tempo. E o Nelson faz isso com um estilo único e admiravelmente agradável. O nunca imparcial Nelson Rodrigues não deixava passar nada de seu cotidiano sem um comentário. E fazia tudo com paixão. Afinal, “Sem um mínimo de paixão não se consegue chupar nem um Chicabon”- título de uma de suas crônicas. Os médicos vão gostar muito de “O grã-fino rasga dinheiro na vista e quer médico de graça”, de 10/07/1971, publicada em “O Globo”, onde defende nominalmente o grande cardiologista falecido Dr. Stans Murad de um “beiço” de grã-fino. O torcedor otimista vai gostar de “Quando o brasileiro acredita em si mesmo é imbatível”- e talvez estejamos realmente precisando de um pouco de ânimo e confiança para 2014. Os admiradores de Juscelino vão gostar muito de “O pior dos brasileiros é o que se julga um lorde inglês”, de 1961. E as mulheres vão adorar “Amor é exclusividade”, mesmo que não sejam tricolores de coração. Um aspecto bacana dessa publicação é que mostra a espontaneidade e o coloquialismo de Nelson, mesclados com pequenas doses de erudição sem pedantismo. Um livro fundamental para ser lido nas escolas pelos adolescentes. Um livro para estimular o hábito da leitura a partir do gosto pelo futebol. Nelson tinha um estilo único de escrever sobre futebol, sobre o brasileiro comum, sobre paixão e sobre comportamento, com inteligência. Um livro fundamental para o brasileiro que deseja saber mais sobre futebol e fugir um pouco desse festival de burrice e de bobagens que assolam o Brasil.
Documentos relacionados
acesso - Associação Médica Fluminense
Luiz José Carneiro de Souza Lacerda Neto Miguel Angelo D’Elia Waldenir de Bragança Membros Efetivos Amaro Alexandre Neto Antonio Carlos da Silva Navega Antonio Orlando Respeita Ary Cesar Nunes Galv...
Leia maisacesso - Associação Médica Fluminense
Avenida Roberto Silveira, 123 - Icaraí Niterói - RJ - CEP 24230-150 Tel.: (21) 2710-1549 Diretoria da Associação Médica Fluminense Gestão: 2014-2017 Presidente: Benito Petraglia Vice Presidente: Ze...
Leia mais