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Niterói - RJ - Ano VII - nº 37 - Jan/Mar de 2009 Órgão Informativo Oficial da AMF (Filiada à SOMERJ) ISSN nº 1809-1741 : a d n i a E Artigos Científicos - Livros - Eventos Enofilia - Entrevista Tecnologia - Enofilia - Homenagem editorial Associação Médica Fluminense E SE FALTAR A ÁGUA...? Tantos são os editoriais que me preocupo em não me tornar repetitivo! Dia desses, na última reunião da SOMERJ (Associação Médica do Estado do RJ), com a presença ilustre do presidente da AMB (Associação Médica Brasileira), Dr. José Luiz Gomes do Amaral, estimulamos uma discussão em torno de um tema polêmico e palpitante: o financiamento e a sobrevivência das Associações Médicas. De que forma poderemos sobreviver, se numa região em que trabalham e vivem cerca de 6000 médicos, apenas aproximadamente 400 pertencem ao quadro de associados da AMF? Que motivos afastam os médicos de se associarem, mesmo quando muitas ações são executadas para atrair o médico à sua Casa? Sabemos que já pagamos anuidades demais, não espontâneas, como o próprio CRM e as Sociedades de Especialidades. Entretanto, se não acreditarmos na importância de mantermos vivo este movimento, o caminho inevitável será o fim das Associações Médicas. A nossa AMF particularmente, encontra-se em situação especialmente difícil, tendo em vista, o grande investimento na reconstrução e na manutenção do Teatro, que infelizmente é fonte de enorme prejuízo financeiro e está prestes a ser fechado! E, deste modo, qual seria a solução para este problema? Não existe outra, no meu conceito, que não seja a de associar o maior número possível de médicos, seja através do convencimento da importância de mantermos viva a chama do associativismo, seja através de mais uma ajuda política da Unimed Leste Fluminense, que poderia estimular de forma mais efetiva a todos os seus cooperados se tornarem nossos associados. Tenho a convicção que esta medida, além de tornar viável a nossa AMF, tornaria Niterói muito mais forte dentro do movimento associativo e dentro da política médica. Quanto maiores formos, mais fortes seremos, não somente dentro da política médica, quanto na política municipal em todos os níveis. Qual não foi a minha surpresa quando o nosso Presidente da AMB, manifestou a convicção de que somente conseguiremos trazer para o nosso movimento aquele que acreditar na causa que defendemos e que, por mais que tentemos, o médico só tomará consciência com o passar do tempo e com grande trabalho de conscientização e ainda que não é interessante para as associações a presença daqueles que não acreditem e que, portanto, não contribuam para o crescimento do movimento. Convenci-me e confesso que fiquei ainda mais assustado! Apesar disto, com a valiosa ajuda de alguns colegas que apoiam a nossa iniciativa, temos conseguido efetivamente aumentar um a um o número de associados, sempre através do convencimento. Mas causa-nos espanto e tristeza saber que muitos que frequentam as nossas atividades festivas, científicas ou esportivas se negam terminantemente a participar. Certamente alguns dirão que os problemas da AMF são intermináveis e que há falhas na nossa administração, ocasionando as dívidas atuais. No entanto, àqueles que não concordam com os nossos métodos, peço que analisem se houve ou não uma grande recuperação da estrutura física da nossa sede, restabelecendo, dentre outras coisas, a nossa auto-estima. Lembro também que o grande investimento na reforma do teatro, que foi a maior fonte do nosso endividamento, assim como os prejuízos acumulados nestes três anos de atividade cultural, representaram, em contrapartida, um reconhecimento ao trabalho da AMF e da Unimed Leste Fluminense, inclusive fora dos domínios da cidade e do Estado do RJ. Basta dizer que o próprio Presidente da AMB citou em seu pronunciamento o Espaço Cultural AMF / UNIMED como uma grande conquista da classe, que traz além do benefício direto relativo ao espaço físico apropriado à atividade cultural e científica, a simpatia ainda maior da população com a classe e com a cooperativa médica. Por fim, colegas, peço que reflitam. Infelizmente temos uma enorme tendência a não valorizar aquele bem que está sempre ao nosso dispor, até que tenhamos que nos privar dele em algum momento. A água, que mata a nossa sede todos os dias, que nos custa tão pouco aparentemente, pode a qualquer momento faltar. A mão amada que coça as nossas costas e que parece ser eterna, pode ir embora. A nossa saúde, que parece tão sólida, pode, sem aviso prévio, fraquejar. Por isso, não estranhem se a nossa AMF, tão forte, antiga e imponente, face à sua ausência, um dia possa simplesmente fechar! Saudações Associativistas! Glauco Barbieri - Presidente da AMF Ano VII - nº 37 - Jan/Mar- 2009 Produzida por LL Divulgação Editora Cultural Ltda. Redação e Publicidade Rua Lemos Cunha, 489 - Icaraí - Niterói - RJ - Tel/Fax: 2714-8896 www.lldivulga.com.br - e-mail: [email protected] Coordenador da Revista AMF Glauco Barbieri Diretor Executivo - Luthero de Azevedo Silva Diretor de Marketing - Luiz Sergio Alves Galvão Editor: Simone Botelho - Reg. 16915 Lv. 77 Fl. 44 Projeto Gráfico: Kátia Regina Silva Monteiro Coordenação: Kátia Regina Silva Monteiro Produção de artes/capa:Luiz Fernando Motta Gráfica: Grafmec Fotos: Julio Cerino Supervisão de Circulação: LL Divulgação Editora Cultural Ltda Os artigos publicados nesta revista são de inteira responsabilidade de seus autores, não expressando, necessariamente, a opinião da LL Divulgação e da AMF. Revista AMF Avenida Roberto Silveira, 123 - Icaraí Niterói - RJ - CEP 24230-150 Tel.: (21) 2710-1549 Diretoria da Associação Médica Fluminense Gestão: 2008/2011 Presidente: Glauco Barbieri Vice Presidente: Benito Petraglia Secretário Geral: Gilberto Garrido Junior Primeiro Secretário: Marcos de Souza Paiva Primeiro Tesoureiro: Gustavo Emílio Arcos Campos Segundo Tesoureiro: Osvaldo Queiroz Fi l h o Diretor Científico: Wellington Bruno Santos Diretor Sócio Cultural: Sônia Maris Oliveira Zagne Diretor de Patrimônio: Jackson Ferreira Galeno Conselho Editorial da Revista da AMF Dr. Glauco Barbieri Dr. Gustavo Campos Dr. Jorge Jose Abunahman Dra. Odilza Vital Dra. Sônia Maris Dr. Wellington Bruno Santos Conselho Deliberativo Membros Natos Alcir Vicente Visela Chacar Alkamir Issa Aloysio Decnop Martins Celso Cerqueira Dias Flávio Abramo Pies Herman Lent José Hermínio Guasti Luiz José Carneiro de Souza Lacerda Neto Miguel Angelo D’Elia Waldenir de Bragança Membros Efetivos Antonio Chinelli Ary César Nunes Galvão Carlos Murilo Guedes de Mello Carlos Roberto Ferreira Jardim Cláudio Pinheiro Cardoso Emanuel Decnop Martins Junior Ivani Cardoso Jano Alves de Souza Jorge José Abunahman Jose de Moura Nascimento José Emídio Ribeiro Elias Mario Roberto Moreira Assad Miguel Luiz Lourenço Pedro Ivo Bastos Pereira Raul Luiz de Souza Muniz Membros Suplentes Alex Bousquet Amaro Alexandre Neto Anadeje Maria da Silva Abunahman Carlos Esmeraldino de Oliveira Caldas Christina Thereza Machado Bittar Clovis Abrahim Cavalcanti Edson Cerqueira Garcia de Freitas Eliane Bordalo Cathalá Esberard Frederico Valadares de Souza Pena Jairo Roberto Leite Caldas Jorge da Costa Pereira Josemar da Silveira Reis Leonardo Jorge Lage Luiz Fernando Alves do Carmo Paulo Roberto Visela Chácar Conselho Fiscal Membros Efetivos Claudio Costa Ortega Nédio Mocarzel Norma Mattos de Souza Franco Membros Suplentes Daniel Jose da Silva Filho Luiz Armando Rodrigues Velloso Pedro Ângelo Bittencourt entrevista Saúde de Niterói passa por ‘tratamento’ de recuperação O O estado do “paciente” se apresentou mais grave do que o diagnóstico inicial, mas o Secretário Municipal de Saúde, Alkamir Issa, acredita em sua franca recuperação porque, segundo ele, a principal meta de sua gestão é garantir à comunidade um excelente atendimento. Segundo Issa, ao assumir o cargo, ele foi surpreendido com a real situação de sua pasta, já que “durante a transição de governo, o quadro que foi passado não era de tamanha gravidade”. Para ele, as duas áreas cruciais do sistema municipal de Saúde são as relacionadas ao problema de pessoal e às necessidades urgentes de reforma da maioria das unidades. – A Secretaria Municipal de Saúde, incluindo aí a Fundação Municipal de Saúde (FMS), é uma muito complexa. Inicialmente, tivemos dificuldades para localizar todos os funcionários, pois muitos estão cedidos para uma unidade, mas com lotação em outra. Não raro, nem o próprio diretor tem a informação correta sobre se os que estão trabalhando sob sua responsabilidade são realmente daquela unidade ou estão cedidos. Os salários, de um modo geral, são baixos e, em vários locais, as condições de trabalho são péssimas, um fator de 4 - Jan/Mar-09 desmotivação – explica Alkamir Issa. Ele informa, ainda, que ao assumir o cargo, a rede encontrava-se desabastecida e o número de cirurgias realizadas era muito reduzido, atendendo apenas os casos de emergência. “Existe uma fila imensa para cirurgias eletivas e para alguns exames, principalmente de imagens. A população está sendo prejudicada”, conta. Para tentar reverter a gravidade do diagnóstico inicial, algumas obras, que já estavam planejadas e dependiam apenas de contra-partida financeira por parte do governo municipal, tomam forma para sair do papel, como na emergência do Hospital Carlos Tortelly e a construção da Policlinica e SPA do Largo da Batalha, que já receberam o sinal verde do prefeito Jorge Roberto Silveira. – Vamos reformar também boa parte do Hospital Infantil Getúlio Vargas Filho que, inclusive, se encontra com o centro cirúrgico fechado em função de vazamentos no telhado que é velho e sem manutenção. Temos que possibilitar a realização de exames, cirurgias e consultas com especialistas para as quais tem grande fila de espera. Só para dar um exemplo, temos aproximadamente cinco mil mamografias e quase o mesmo número de ultrassonografias transvaginais que precisam de vagas para serem realizadas. Como podemos falar em medicina preventiva se não damos condições da população realizar os exames preventivos? – constata Alkamir Issa. O secretário defende que a saúde seja trabalhada como um todo e, desta forma, não há como priorizar algumas áreas em detrimento de outras. Ele acredita que o trabalho deve ser feito com um planejamento global que atenda a prevenção, o tratamento, o diagnóstico e todos os demais procedimentos inerentes ao atendimento médico-hospitalar. – O prefeito Jorge Roberto vê a saúde como prioridade Revista AMF no seu governo. É lógico que, devido a uma possível queda de arrecadação, inlcuindo aí a redução no repasse dos royalties do petróleo, todos terão que apertar o cinto, inclusive, a saúde. O ano de 2009 será um período para arrumarmos a casa, visando a uma mudança radical de 2010 em diante. Queremos maior agilidade em alguns mecanismos que emperram o sistema, temos que remunerar melhor os profissionais, aumentar a autoestima de quem está na ponta da rede, atendendo, e que nem sempre tem o reconhecimento – esclarece o secretário de Saúde. Alkamir Issa lembra que o Ministério da Saúde tem várias rubricas de financiamentos que podem ser usadas, desde que sejam apresentados projetos para tal. Ele afirma que o Município tem que estar atento ao cumprimento de suas obrigações e metas, mas que deve checar se as esferas estadual e federal também estão cumprindo o papel que lhes cabe. – A nossa atenção primária à saúde é boa, mas pode ser ampliada se pudermos concentrar esforços nesse sentido. Dou como exemplo o Hospital Orêncio de Freitas que, apesar de ser municipal, tem uma grande demanda dos municípios do entorno e, para resolver isso, contamos com a participação do Estado – esclarece. O secretário de Saúde afirma que a principal meta de sua gestão é buscar a excelência no atendimento à população e que, para tanto, espera buscar e contar com colaboradores como os profissionais formados pelo Hospital Universitário Antônio Pedro. – Temos excelentes profissionais em nossa rede munici- Revista AMF pal, temos uma universidade do padrão da UFF, com profissionais de qualidade, formados e treinados no Hospital Universitário Antonio Pedro, os quais não podemos perder.Temos que incentivá-los para que fiquem no município, com boas condições de trabalho e salários dignos. Tenho a certeza de que a equipe que escolhi para estar ao meu lado, se empenhará ao máximo para que isso se torne realidade – afirma Issa, ressaltando o apoio que tem das entidades médicas de Niterói e do Cremerj, que colaboram com ideias as quais podem ditar um novo caminho na saúde pública do município. Alkamir Issa disse que não se furtará em ouvir todos aqueles que quiserem contribuir, garantindo que tem disposição para trabalhar e a certeza de que todos querem uma saúde de padrão “A” para oferecer à comunidade, para que Niterói volte a ser exemplo de qualidade no sistema de saúde no país, como já ocorreu em outras épocas. O atual secretário de Saúde de Niterói diz que espera atender as expectativas de seus colegas médicos, em especial, aqueles que estão contribuindo e torcendo para o sucesso de sua gestão, entregando ao seu sucessor, quando deixar o cargo, uma secretaria melhor e mais dinâmica do que a que recebeu. Para tanto, ele conta, não só com a disposição para o trabalho, mas também, com a experiência administrativa acumulada nos anos de medicina privada e na área da política médica, com atuação nas atividades associativas e consultivas, que o levaram à presidência da Associação Médica Fluminense e à vice-presidência do Cremerj. Jan/Mar-09 - 5 academia fluminense de medicina Alcir Vicente Visela Chácar* Saúde pública e o Complexo Petroquímico de Itaboraí M Muitos colegas ainda não atentaram para o fato de que dentro de apenas três anos, entrará em operação o Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro, alterando profundamente as prioridades do RJ no que diz respeito à Saúde, Educação, Infraestrutura urbana, Saneamento, Transportes, Segurança Pública e Habitação, dentre outros temas de interesse geral. Em 2012, o Complexo, frequentemente mencionado como “pólo petroquímico”, estará funcionando. Mas desde já, o gigantismo do empreendimento (hoje um dos dez maiores em andamento em todo o planeta) vem se fazendo sentir. E não é para menos. Afinal, trata-se de investimentos que baterão fácil a casa dos 8,5 bilhões de dólares, envolvendo a geração de, nada mais, nada menos, que 220 mil empregos diretos e indiretos — e, fatalmente, atraindo multidões de trabalhadores dos mais diversos níveis de escolaridade, com seus respectivos familiares. Com eles, naturalmente, virão sonhos, carências, desenganos, exigências e necessidades. Tudo em escala industrial, em imensas quantidades. E dentro de apenas três anos, cabe repetir. Falamos no tempo e nos valores. E no espaço? Pois bem: sediado em Itaboraí, o Complexo Petroquímico terá reflexos positivos e negativos em toda a região vizinha àquele município, afetando outros dez. A saber: Niterói, São Gonçalo, Maricá, Itaboraí, Tanguá, Rio Bonito, Silva Jardim, Casimiro de Abreu, Cachoeiras de Macacu, Guapimirim e Magé. Juntos, eles representam um universo, hoje, de dois milhões e trezentos mil habitantes. Esse total será rapidamente inflado. Aliás, já o está sendo. A “corrida do ouro” começou para muita gente de todo o Brasil, que vislumbra oportunidades de empregos e negócios no Complexo de Itaboraí ou em suas cercanias. Estão vindo para cá, na busca (legítima) de melhores condições de trabalho e renda. 6 - Jan/Mar-08 A Academia Fluminense de Medicina está alerta para tal cenário. É nosso dever, como instituição, monitorar os preparativos no setor de Saúde que terão que acompanhar a implantação do Complexo Petroquímico, envolvendo inúmeros investimentos federais, estaduais, municipais e também da iniciativa privada, em toda a região afetada. É indispensável reforçar, e muito, os sistemas e estruturas atuais. Basta citarmos o exemplo do Hospital Universitário Antônio Pedro, em Niterói. Embora brilhantemente administrado pelo colega (e Acadêmico Titular da AFM) Tarcísio Rivello, o HUAP sabidamente não tem, já há muito tempo, como absorver a crescente demanda dos municípios vizinhos da ex-capital. Ocorre que, com o Complexo de Itaboraí, as demandas vão disparar exponencialmente. E aí, como fazer? E este é apenas um exemplo. Com tais preocupações, a Academia estabeleceu um canal de conversação permanente com o Consórcio Intermunicipal da Região Leste Fluminense (Conleste), entidade que representa os interesses dos 11 municípios afetados pelo Complexo. Por meio do diretor-geral do Consórcio, Álvaro Adolpho, tivemos acesso aos dados, ensaios, estudos e projetos para o setor de Saúde. Um rico conteúdo, que está sendo minuciosamente avaliado pela AFM, a qual, em seguida, apresentará críticas e sugestões ao Conleste. Além disto, nossa Academia acompanhará todos os passos e discussões que vierem a ocorrer no campo da Saúde Pública no âmbito do Conleste. Que o Complexo Petroquímico represente a redenção econômica e social para o RJ e uma grande fonte de soluções e de boas notícias para toda a população, é o que desejamos. *Presidente da Academia Fluminense de Medicina Revista AMF capa Em 2009, fazem três anos da primeira programação cultural apresentada no palco do Teatro Eduardo Kraichete do Espaço Cultural AMF/Unimed, que passou por obras de melhoria e ampliação, inauguradas a 18 de maio de 2006. Esta iniciativa reinseriu a Associação Médica Fluminense na vida cultural dos niteroienses já que, décadas atrás, esta Casa havia sido referência para grupos teatrais da cidade, em especial ligados a espetáculos infantis. A classe médica, por sua vez, ganhou espaços confortáveis e devidamente equipados para abrigar simpósios, congressos, cursos, formaturas e demais eventos ligados à área científica e do saber. E aí, também se começou a confirmar na prática o valor das parcerias, pois obras do vulto das que foram executadas implicam em grandes somas às quais a AMF não conse- Para continuar a ousar é preciso participar! N os últimos anos, a Associação Médica Fluminense (AMF) deixou de ser apenas uma entidade representativa para assumir ativamente a importância de seu papel como congregadora de profissionais que fazem a diferença numa sociedade moderna e participativa. A AMF deixou de lado a posição de observadora e se lançou na busca efetiva de mudanças, sobretudo, no que diz respeito à qualidade de vida, tanto de seus associados quanto da comunidade em que estes estão inseridos. Desde então, as realizações são muitas mas, igualmente o são as dificuldades para fazer frente às demandas, em especial, a mobilização da classe médica em torno de suas causas e no sentido de assumir a AMF como o fórum legítimo para a discussão e defesa das mesmas. Foto da piscina coberta Foto da piscina reformada guiria fazer frente. Grupos médicos como a Unimed Leste Fluminense e a Unicred, foram e são, companheiros de sempre e custearam um milhão de reais para a recuperação do teatro, cabendo o restante à Associação. Mas as obras não pararam por aí, já que a ousadia passou a ser a marca eficiente da AMF. Assim, a Unimed e a Unicred mais uma vez se uniram a nós e garantiram R$ 500 mil para a construção do novo salão de festas da entidade, que leva o nome de nosso ex-presidente Dr. Aloysio Decnop Martins, inaugurado em fevereiro de 2007, com 380 metros quadrados e capacidade para 350 pessoas. A ideia da iniciativa foi dotar nossa sede de um espaço belo e com qualidade para servir aos associados e seus familiares, assim como angariar maior arrecadação com o aluguel do mesmo. Dentro desta postura parceira, hoje a Unimed e a Unicred disponibilizam a seus usuários lojas instaladas na sede da AMF. Se os parceiros têm espaço e vez assegurados, o que dizer dos associados da AMF? Tudo foi feito pensando em garantir e incentivar a classe médica, reAuditórios modernos presentada pela entidade, maiores benefícios e participação. A mais nova realização trará melhorias ao nosso Parque Aquático que, locado à Clínica Aqua Fish, teve suas piscinas e dependências reformadas, visando à ampliação e maior conforto. A inauguração, em 25 de abril, tem competição de natação comemorativa já programada. Na mesma ocasião, será reinaugurada a Lanchonete da AMF, agora sob nova direção. Como se vê, os benefícios se fazem concretos: sócios da AMF têm desconto garantido na compra dos ingressos para qualquer espetáculo do Teatro Eduardo Kraichete, assim como no aluguel do espaço para eventos científicos ou sócio-culturais o mesmo acontecendo na locação do salão de festas. Além disso, vantagens também estão garantidas na locação de salas de conferência ou na prática de esportes na Aqua Fish e academia de ginástica Symbol que locam espaços da AMF. Já quanto à participação ... Infelizmente, constatamos que a presença da classe médica como participante ativa de sua associação ainda é muito tímida. Apesar de a taxa de R$ 144,00 trimestrais não comprometer fortemente o orçamento dos colegas, ainda é pequeno o número dos que se dispõem a pagá-la como forma de manter viva a sua entidade representativa. E esta resistência, mais do que enterrar um sonho, pode enfraquecer nossa voz de luta. Sendo assim, nunca é demais lembrarmos que para se fazer presente e garantir o espaço cada vez maior que estamos conseguindo conquistar, não se precisa muito além da vontade de participar: basta preencher a proposta disponível no site www.amf.org.br ou na secretaria de nossa entidade, encaminhando-a junto com fotos 3X4 do titular e seus dependentes. E para quem é cooperado da Unimed, a mensalidade pode ser descontada no valor de R$ 48,00 da produção mensal, ou seja, o equivalente a uma consulta. Definitivamente, é ou não muito pouco para se desistir de um sonho? cremerj CONTINUAMOS Luís Fernando Moraes* A INVESTIR NO MÉDICO O O ano de 2009 começou repleto de novidades no Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj). Além das inúmeras e já conhecidas lutas que nós travamos em favor dos médicos e por um melhor atendimento à população, também merece destaque o investimento que temos realizado em educação médica continuada. Prova disto é que organizamos uma intensa programação de congressos, cursos, simpósios e seminários, que terá mais de 60 eventos durante todo o ano de 2009, alcançando a boa média de cinco por mês. Todos estes eventos fazem parte do nosso projeto de educação continuada chamado Fórum Cremerj, criado especialmente para complementar a formação dos médicos, oferecendo uma grande oportunidade de se atualizar e debater as questões mais relevantes no exercício da nossa profissão. Voltado para os médicos e os acadêmicos de Medicina, todos os eventos do Fórum do Cremerj são gratuitos. E mesmo para quem não comparece, ainda oferecemos o acesso ao conteúdo apresentado pelos palestrantes no próprio site do Cremerj (www.cremerj.org.br). Uma nova parceria firmada entre o Cremerj e o Centro de Treinamento Berkeley vai tornar o aprendizado ainda mais dinâmico e tecnológico. Ainda no primeiro semestre deste ano, o treinamento e a reciclagem com simuladores (robôs) será oferecido gratuitamente aos médicos como programa de educação continuada do Cremerj. A nossa proposta é treinar e reciclar médicos utilizando simuladores avançados, que permitem que o profissional adquira conhecimentos de maneira interativa e segura. Neste centro de treinamento há robôs ligados a equipamentos médicos, o que torna o ambiente ainda mais realista. NOTÍCIAS DA SECCIONAL DE E este nosso empenho na capacitação dos médicos não deixa de fora aqueles em plena formação acadêmica. Diante da enxurrada de críticas às instituições de ensino da Medicina, buscamos uma aproximação com os estudantes. Observamos que era preciso investir no médico antes mesmo da sua formatura. E a resposta foi imediata. Nas últimas edições do Fórum Cremerj, registramos uma grande presença de médicos recém-formados e estudantes de Medicina, sempre muito interessados na troca de experiências com os renomados palestrantes. Para fortalecer ainda mais esta parceria, em breve, lançaremos a “Carteira do Interno”, um documento criado pelo Cremerj para os estudantes, do 9º ao 12º período do curso de Medicina, que será oferecido gratuitamente e terá validade de um ano. Eles terão acesso a vários serviços oferecidos no site do Cremerj, em especial, os de educação continuada, como inscrições nos fóruns, download de palestras e pesquisas no Portal Capes. Desta forma, o Cremerj, que sempre esteve na vanguarda dos movimentos da categoria em todo o país, tem investido, cada vez mais, no profissional médico. Oferecendo uma garantia, até para os próprios médicos, de que todos terão acesso à atualização e à capacitação periódica em sua área de atuação. E é valorizando o médico que continuaremos nosso trabalho, focado nos três pilares de atuação da Causa Médica: atenção à saúde pública, apoio ao médico recém-formado e, principalmente, na luta pela melhor remuneração da classe médica. * Presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro. NITERÓI A partir de fevereiro de 2009, assumi a Seccional do CRM de Niterói, já que tive a honra e o prazer de ser convidado pelo Dr. Luiz Fernando Moraes ( Presidente do CRM ) e Dr. Abdo Kexfe ( Coordenador das Seccionais ) a substituir o Dr. Alkamir Issa, que assumira em 01/01/2009 a Secretaria Municipal de Saúde de Nterói. Esta é primeira edição da Revista AMF desde que assumi e aproveitando este espaço que gentilmente recebemos da AMF, esta Seccional divulgará os informes pertinentes aos médicos de Niterói e, a partir da próxima edição, o mesmo ocorrerá em relação à Seccional de São Gonçalo. Portanto, vamos aos principais informes: 1 – Alguns médicos cooperados da Unimed Leste Fluminense, que já haviam pago a anuidade do CRM nos procuraram para saber o que fazer para reaver o valor pago, tendo em vista que a cooperativa efetuou o pagamento da anuidade para todos os seus cooperados. Para solicitar o ressarcimento é necessário fazer uma carta à Diretora Tesoureira, Dr.ª Marília de Abreu Silva, solicitando a restituição dessa anuidade e informar seus dados bancários para o depósito. A carta pode ser entregue na Seccional de Niterói ou de São Gonçalo. 2 – Inúmeros médicos tem se reportado à Seccional para esclarecimentos quanto á nova Lei Municipal nº 2639, que gerou enorme descontentamento na classe médica, tendo em vista que interfere de forma direta na relação médico-paciente, desrespeitando o Código de Ética Médica. Cabe-nos informar que todas as providências já estão sendo tomadas, de forma conjunta com as outras entidades médicas, tais quais, Associação Médica Fluminense, Academia Fluminense de Medicina, Sindicato dos Médicos de Niterói e SG, Associação dos Hospitais etc. Os assessores jurídicos do CRM e da AMF já estão elaborando um parecer jurídico e os contatos com o Presidente da Comissão de Saúde da Câmara dos Vereadores, o Vereador Felipe Peixoto já provocaram uma reunião preliminar, onde expusemos os nossos motivos e na qual ficou acordada DO CREMERJ uma próxima reunião na Câmara, com a presença do Vereador Gallo ( autor da Lei ) e dos demais Vereadores, para que possamos finalmente buscar um acordo no sentido de revogar a Lei. 3 – Continua em curso o recadastramento dos médicos que pode ser feito diretamente no Site do CREMERJ. 4 - Lançado há quatro meses pelo CREMERJ, o Site do Médico já conta com mais de 300 médicos cadastrados em todo o Estado do Rio de Janeiro. A ferramenta, que é gratuita, permite que os médicos insiram detalhes do seu currículo profissional, seus contatos e até fotos dos consultórios. O CREMERJ decidiu criar esta ferramenta após uma pesquisa onde três mil médicos manifestaram a vontade de ter uma página pessoal na internet. 5 – Por fim, colocamo-nos a disposição para dirimir quaisquer dúvidas, através dos telefones (21) 2620-9952 e (21) 2717-3177, com as secretárias Andréa e Juliana ou através do email niteró[email protected]. A lista dos atuais representantes da Seccional de Niterói, apenas para seu conhecimento: - Dr. GLAUCO BARBIERI – CRM: 52 53577-4 (COORDENADOR) - Consº ALKAMIR ISSA – CRM 52 48933-8 - Dr. ALOYSIO DECNOP MARTINS – CRM 52 1497-4 - Dr. ANTONIO CHINELLI – CRM 52 25152-7 - Dr. BENITO GILBERTO MÁLAGA MUNÕZ – CRM 52 13056-0 - Dr. CARLOS EDUARDO DA SILVA E SOUZA – CRM 52 46633-7 – Dra. ILVA REIS FERREIRA – CRM 52 1019-5 – Dr. JOSÉ LUIZ GUARINO – CRM 52 719-3 – Dra. MARIA DO CARMO FREITAS BRIGGS – CRM 52 25203-0 – Dr. MAURÍLIO ALVES PEREIRA – CRM 52 30480-9 artigo científico Pietro Accetta * Keila Campos Accetta ** Tireoidectomia total nas doenças benignas da tireóide I – INTRODUÇÃO A tireóide é uma glândula singular, que entre os brasileiros tem um peso médio de 23 g em condições normais, e é sítio de inúmeras doenças, sendo a mais comum o bócio nodular em suas variadas apresentações. Algumas são passíveis de acompanhamento clínico, mas quando a cirurgia passa a ser considerada, surgem muitas controvérsias, cujo maior exemplo é o carcinoma diferenciado. As indicações de tireoidectomia total para tratar determinadas doenças benignas também são controversas, mas vêm ganhando cada vez mais adeptos nas duas últimas décadas 1,2. A opção pela tireoidectomia total tem como principais objetivos evitar surpresas causadas por um diagnóstico equivocado de benignidade no exame de congelação intraoperatória, eliminar a possibilidade de um carcinoma futuro ou mesmo incidental e, evitar a necessidade de reintervenções por recidivas, cirurgias reconhecidamente mais difíceis e com maior potencial de complicações 3, ainda que alguns as minimizem 4, amparados por uma boa técnica operatória 5. Os conceitos aqui emitidos resultam de informações da literatura e, sobretudo, de observações pessoais. Não defendemos a tireoidectomia total para todas as situações, mas sim, a ampliação de suas indicações de acordo com a apresentação de cada caso. Para nós, a indicação de tireoidectomia total é indiscutível nas reoperações e deve ser fortemente considerada nos casos de bócios multinodulares atóxicos com comprometimento bilateral da tireóide, nos tumores foliculares e na tireoidite de Hashimoto nodular e, mesmo, nas linfocíticas. Além dessas, existem os que a indicam nos bócios tóxicos difusos que chegam à cirurgia6 , e nos nódulos com histórico de irradiação prévia na região da cabeça e pescoço. A associação da radiação com o câncer da tireóide já é bem reconhecida, mas na prática clínica vale registrar que tal informação raramente é fornecida, seja por desconhecimento ou por esquecimento. Deve ser lembrado que pacientes, que hoje estão na faixa dos 60 anos de idade, podem ter sido submetidos à radioterapia na infância ou adolescência, terapêutica relativamente comum naquela época para tratar o aumento do timo, tonsilites, acnes e adenomegalias cervicais. II – PRINCIPAIS DOENÇAS BENIGNAS Bócio multinodular atóxico – ao contrário do bócio endêmico, onde o papel do iodo na prevenção é reconhecido, o tipo esporádico tem uma patogênese mais complexa e, possivelmente multifatorial, pois além da regulação provocada pelo TSH, parece que, outros mecanismos, como o fator de crescimento epidérmico e o estímulo de imunoglobulinas, estão envolvidos 7. O uso de hormônio tireoidiano no pós-operatório, utilizado por alguns para evitar as recidivas, é um método sem eficácia comprovada e sua principal indicação continua sendo a correção do hipotireoidismo. Piraneo 8 associou claramente a incidência da recorrência com o tamanho do remanescente glandular, ao relatar 20% de recidiva após lobectomia isolada, contra apenas 4% nas tireoidectomias subtotais bilaterais. Dentre as indicações de reoperação por doença benigna, o bócio recidivado é a mais frequente, como demonstram os expressivos números de algumas series 9,10. Todos os nossos pacientes reoperados por bócio recidivado tinham sido submetidos à lobectomia unilateral, anteriormente. Hoje, o bócio multinodular atóxico é a principal indicação de tireoidectomia total e vem sendo cada vez mais empregada, sobretudo quando há comprometimento grosseiro de ambos os lobos, bem como nos pacientes jovens e nos bócios volumosos com sintomas de compressão. Tumor folicular – certamente é o diagnóstico mais desconfortável para o cirurgião, pois nem o mais experiente patologista tem condições de definir, no exame citológico ou na congelação, a real natureza do tumor, já que os critérios de comprometimento da cápsula e a angioinvasão, que caracterizam o carcinoma, são anátomopatológicos. Nesses casos, a contribuição do patologista limita-se a confirmar ou não, a lesão folicular durante o exame de congelação. O diagnóstico pós-operatório de carcinoma folicular quase sempre implica em nova cirurgia para totalizar a tireoidectomia, independente dos fatores prognósticos. Assim, sem diagnóstico confiável, a tireoidectomia total é opção válida nos grupos de maior risco, naqueles com nódulos bilaterais e nos que não aceitam a hipótese de uma reoperação. Tireoidite de Hashimoto – é uma doença autoimune em permanente evolução. O ultrassom costuma mostrar uma glândula aumentada, com textura heterogênea e pseudonodulações, mas que, em algumas situações, apresentam nódulos sólidos bem definidos e que não captam I131, caracterizando um tipo de tireoidite nodular. A associação da Tireoidite de Hashimoto com o carcinoma, relatada na literatura, varia da ausência até 30% 11. Entretanto, alguns pesquisadores têm observado um aumento da incidência de carcinoma papilífero nesse tipo de tireoidite, sugerindo que tal associação não seja apenas acidental. Di Pasquale 12, em ampla revisão abrangendo 16 anos, encontrou 30 carcinomas papilíferos e três foliculares associados. Em nossa experiência pessoal, a incidência de carcinoma, todos papilíferos, foi de 30,3%. Essa elevada associação faz pensar que a indicação de cirurgia deve ser mais frequente e que a tireoidectomia total é a melhor opção, ainda mais, quando o paciente já é hipotireoídeo. Reforça esse nosso ponto de vista, a * Professor Titular de Cirurgia Geral da F. Medicina da UFF ** Médica Clínica Revista AMF Jan/Mar-09 - 13 constatação de que todos os nossos 33 pacientes operados consecutivamente, mesmo os que apresentavam taxas hormonais na faixa de normalidade no pré-operatório, passaram a necessitar de hormônio tireoideano após seis meses, mesmo nas ressecções parciais. Bócio tóxico difuso – durante muitos anos a tireoidectomia subtotal bilateral foi a cirurgia padrão para o hipertireoidismo causado por bócio tóxico difuso, e a discussão girava em torno da quantidade de glândula remanescente necessária para retornar e manter o estado eutireoidiano. Com a evolução das drogas antireoidianas e a crescente aceitação do tratamento com iodo radioativo, a cirurgia foi deixando de ser a opção principal, ainda que continue sendo bastante utilizada em casos selecionados, como nos adolescentes, nos bócios volumosos, na resistência ou alergia aos antireoidianos e na exoftalmia severa, situações que nos levam a considerar a opção pela tireoidectomia total. III – COMENTÁRIOS Um dos fatores que contribui para tantas discordâncias na escolha do tipo de cirurgia para tratar as diferentes tireoidopatias, é sua lenta evolução. A maioria delas é de longo curso e podem se passar muitos anos até que surja uma recidiva, ou que um tumor se manifeste. Esse prolongado tempo torna impossível realizar estudos prospectivos, comparando os benefícios e os riscos mais tardios dos diferentes modelos de cirurgias. Já nos estudos retrospectivos, muito numerosos em face da notória prevalência e da grande frequência com que as cirurgias são realizadas em todas as partes do mundo, a dificuldade está na falta de homogeneidade dessa enorme quantidade de informações produzidas por cirurgiões e endocrinologistas com diferentes graus de experiência. Nós temos ampliado progressivamente as indicações de tireoidectomia total em doenças benignas nos nossos pacientes, tanto que dois terços delas foram realizadas nos últimos quatro anos. O objetivo é realizar uma cirurgia definitiva, evitando a possibilidade de reoperações. Independente dos vários trabalhos mostrando baixos índices de complicações 4, a reoperação sempre é cirurgia de maior risco 9 e todo cirurgião experiente sabe que reintervir sobre tireóide já operada é bem mais difícil. O risco de complicações após uma tireoidectomia é potencialmente elevado, mas de baixa incidência. Considerando que complicações gerais, como infecção da ferida, seromas e hemorragias surgem ocasionalmente e são mais fáceis de prevenir e tratar, o foco maior da discussão está em realizar a cirurgia necessária, sem sequelas permanentes relacionadas com os nervos laríngeos e com as paratireóides. Caldarelli 13, em excelente trabalho, descreveu minuciosamente a anatomia dos nervos laríngeos, suas variações e as principais referências para identificá-los durante a cirurgia. Os nervos laríngeos superiores são observados com grande dificuldade e a atenção está voltada para o seu ramo externo mais baixo, que pode ser lesado por ocasião da ligadura das artérias tireoidianas superiores e liberação dos respectivos pólos. A melhor maneira de preservá-los é fazer a ligadura individualizada dos ramos terminais da artéria tireoidiana superior junto à tireóide, por ocasião da liberação do pólo superior, principalmente, quando esses pólos se encontram em posição mais alta. A paralisia dos nervos laríngeos recorrentes é a mais temível das complicações. Classificada como permanente ou transitória, tem incidência variando de 0 a 5,2% 10,12,38 e maior potencial de risco nas reoperações 9. Tal ocorrência, ainda que baixa, é desastrosa pelos efeitos devastadores que pode causar, ainda que alguns casos de paralisia unilateral possam evoluir sem interferir com a voz ou respira14 - Jan/Mar-09 ção, pela compensação contralateral. Daí, decorre a necessidade de examinar as cordas vocais no pré-operatório das reoperações. A paralisia permanente, em geral, é provocada por ação direta do cirurgião sobre o nervo, seja por secção, lesão térmica ou pelo seu aprisionamento por fio de sutura; também pode ser secundária a neuropraxia ou formação de tecido fibroso perineural, quase sempre determinantes de paralisia transitória, felizmente, mais frequente que a permanente. Os cuidados técnicos com a preservação dos nervos recorrentes devem ser observados por todos os cirurgiões. Entretanto, o melhor método para protegê-los encerra algumas controvérsias, já que alguns insistem em realizar tireoidectomias totais sem visualizá-los, sob a equivocada crença de que eles estarão mais protegidos se não forem dissecados. O hipoparatireoidismo é outra complicação temível. Felizmente, é transitório na maioria dos casos e pode ser causado pela lesão, desvascularização ou remoção inadvertida das paratireóides, ainda que outros fatores não mecânicos possam estar associados no desenvolvimento da hipocalcemia 14. Durante uma tireoidectomia, raramente todas as paratireóides são identificadas com absoluta certeza, e essa identificação é ainda mais difícil nos casos de reoperações. Por conta disso, a dissecção capsular e a ligadura individualizada dos ramos terminais das artérias tireoidianas, sobretudo as inferiores, são cuidados fundamentais para a preservação dessas pequenas glândulas. Também é boa conduta reimplantar no músculo esternocleidomastoídeo qualquer paratireóide que tenha sido desvascularizada ou removida durante a dissecção 15. Em conclusão, a tireoidectomia total em pacientes sem cirurgia anterior é uma operação mais fácil e que pode ser realizada com segurança e baixa incidência de complicações permanentes, o que permite ampliar suas indicações em determinadas doenças benignas da tireóide, evitando, assim, as recidivas ou reoperações. V – REFERÊNCIAS 1 – Liu Q, Djuricin G, Prinz RA. Total Thyroidectomy for Benign Thyroid Disease. Surgery, 1998, 123(1): 2-7. 2 – Gibelin H, Sierra M, Mothes D et al. Risk Factors for Recurrent Nodular Goiter after Thyroidectomy for Benignin Disease. World J Surg 2004, 28(11): 1079-82. 3 – Wilson DB, Staren ED, Prinz RA. Thyroid Reoperations: Indications and Risks. Am Surg, 1998, 64(7): 674-8. 4 – Levin KE, Clark AH, Duh Q-Y et al. Reoperative Thyroid Surgery. Surgery 1992, 111(6): 604-9. 5 – Chao TC, Jeng LB, Lin JD et al. Reoperative Thyroid Surgery. World J Surg, 1997;21(6): 644-7. 6 – Friguglietti CU, Lin CS, Kulcsar MA. Total Thyroidectomy for Benign Disease. Laryngoscope 2003; 113(10): 1820-6. 7 – Teuscher J, Peter HJ, Gerber H et al. Pathogenesis of Nodular Goiter and its Implications for Surgical Management. Surgery,1988, 103(1): 87-93. 8 – Piraneo S, Vitri P, Galimberti A et al. Recurrence of Goitre after Operation in Euthyroid Patients. Eur J Surg, 1994, 160: 351-6. 9 – Menegaux F, Turpin G, Dahman M et al. Secondary Thyroidectomy in Patients with prior Thyroid Surgery for Benign Disease. Surgery 1999, 125(3): 479-83. 10 – Bellantone R, Lombardi CP, Bossola M et al. Total Thyroidectomy for Management of Benign Thyroid Disease: Review of 526 cases. World J 2004, 28(2): 219-9. 11 – Sclafani AP, Valdes M, Cho H. Hashimoto’s Thyroiditis and Carcinoma of the Thyroid: Optimal Management. Laryngoscope, 1993, 103: 845-9. 12 – Di Pasquale M, Rothstein JL, Palazzo JP. Pathologic Features of Hashimoto’s-Associated Papillary Thyroid Carcinomas. Hum Pathol, 2001, 32(1): 24-30. 13 – Caldarelli DD, Holinger LD. Complications and Sequelae of Thyroid Surgery. Otol Clin North Am, 1980;13(1): 85-97. 14 – McHenry CE, Speroff T, Wentsworth D et al. Risk Factors for Posthyroidectomy Hypocalcemia. Surgery, 1994, 116(4): 641-7. 15 – Olson Jr JA, DeBenedetti MK, Baumann DS et al. Parathyroid Autotransplantation during Thyroidectomy. Results of Long-Term Follow-up. Ann Surg,1996, 223(5): 472-80. Revista AMF artigo científico Josemar da Silveira Reis* Disfunção Vestibular (labiríntica) em crianças com queixas de deficiências na escola Estudo - Pesquisa A A Medicina evolui, atualiza, informa a cada minuto, a cada hora, a cada dia. Difícil, na vida do médico brasileiro, sem um mínimo de estímulo acadêmico e de pesquisa, é acompanhar a fantástica evolução da Ciência Médica atual. Entretanto, temos a intenção de informar, no sentido de alertar sempre, sobre os comportamentos, manifestações, e comportamentos em crianças (a professora e a fonoaudióloga têm importantes contribuições nestes casos) em período escolar que poderão trazer dados para estudos e pesquisas. O aprendizado é um processo de extrema complexidade, dinâmico, que se estrutura a partir de um ato motor e perceptivo que, elaborado no córtex cerebral, dá origem à cognição (percepção, aquisição de conhecimentos, reconhecimentos, linguagem). Fatores genéticos, afecções sensoriais periféricas, afecções neurogênicas ou transtornos pedagógicos podem interferir negativamente no processo comportamental e de aprendizagem da criança. O Sistema Vestibular (labirinto), os proprioceptores e o cerebelo são responsáveis pelo equilíbrio corporal, coordenação óculo-motora e orientação espacial. Estudiosos do equilíbrio em crianças (Narciso ET.al.), Campos etal, Ganança etal, Caovilla etal) confirmam a importância do Sistema Vestibular, informando que os distúrbios vestibulares podem estar associados às dificuldades de comunicação, no estado psicológico e no desempenho escolar, afirmando que o sistema vestibular parece estar grandemente envolvido no processo de aprendizagem escolar. Afirmam, ainda, que o reconhecimento precoce das vestibulopatias infantis tem importância na prevenção de desordens, que ocorrem no desenvolvimento motor, escolar DIA e na aquisição de linguagem. O exame dos casos indicados é realizado através de audiometria tonal e vocal, da Vectoeletronistagmografia ou eletronistagmografia. Acompanhar a professora em seu campo visual na sala de aula, fazer cópias, ler as lições do livro, escrever e concentrar-se são atividades que exigem integridade das funções oculomotoras e de interligações vestibulares (labirínticas). O presente trabalho tem como objetivo primordial alertar para a função vestibular (labirínticas) das crianças em idade escolar, que podem apresentar sinais ou sintomas que devem ser analisados, propiciando, como consequência, estudos futuros que pode vir a ajudar em programas de orientação precoce nos casos aqui enquadrados clinicamente. Gostaria de chamar a atenção, principalmente dos pediatras e neurologistas, em relação às crianças pertencentes às famílias com migrânea (enxaqueca), o que poderá levá-las, por hereditariedade, à migânea vestibular, com crises de cefaléia, associadas a tonteiras, ou a apresentar apenas crises vertiginosas isoladamente, cuja situação é denominada de equivalente migranoso. É mais comum aparecer na faixa etária dos cinco aos 12 anos de idade. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Ganança MM. Caovilla H.H. Ganança FF - Tratado de ORL da Soc. Brasileira de Otorrinolaringologia. 2002 Ganança FF Bittar RSM - Decifrando a tonteira. 2008 Pesquisa da função vestibular em crianças. Franco E S. Panhoca I. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia - 2008. * Otorrinolaringologia - Otoneurologia 07 de abril MUNDIAL DA SAÚDE Parabéns Médicos!!!! 16 - Jan/Mar-09 Revista AMF Coluna da Dra. Odilza Vital Contato com esta coluna: [email protected] O Dia do Médico Além da comemoração comovente iniciada com a missa na capela da nossa Associação, do farto café da manhã servido no salão nobre e da homenagem aos eminentes colegas Aloísio Tortelly, Paulo Laranja, Ary Penna, Antonio Américo e Wellington Bruno, desfrutamos, à noite, da festa organizada pela querida jornalista Denize Garcia, que primou no baile de máscaras “Uma noite em Veneza”, com um jantar nota 10 e a decoração deslumbrante de Álvaro Camaras. No farto brunch em comemoração do Dia do Médico, destacam-se as nossas colegas médicas Cristina Bittar esbanjou beleza e charme na nossa festa Jorge Roberto Silveira entre Mary Taranto e sua mestra, Lou Pacheco Glauco Barbieri e Tarcísio Rivello também prestigiaram o evento Nosso presidente, Glauco Barbieri, e os colegas que se destacaram no ano por sua atuação profissional, Aloísio Tortelly, Paulo Laranja, Ary Penna, Antonio Américo e Wellington Bruno. Jorge Roberto Silveira e o secretariado As Martins, três gerações de belas mulheres, representadas por Ismenia, Cristiane e Maria Clara. Uma Noite em Veneza, a impecável festa de comemoração no Country Club, organizada por Denize Garcia, teve a decoração estupenda de Alvaro Camaras, que aparece na foto cercado por sua troupe Em foto exclusiva para nossa coluna, Jorge Roberto Silveira, com nosso Secretário de Saúde, Alkamir Issa. Nem o calor excessivo daquela tarde, nem a tromba d’água que se seguiu conseguiram ofuscar a energia dos presentes e, principalmente, do nosso recém e querido eleito prefeito. Escolhas sábias, como sempre. Niterói precisava de você. Esta colunista já havia cantado esta pedra na coluna “Tans pis pour nous lês citoyens“, que tinha em outra edição há mais de três anos, quando nem se falava da candidatura de Jorge Roberto. A chamada era, então, ”nous vous manquons mon Petit Georges“. O casal Silvia e José Haddad. Prof. Maria Yvonne Vasconcellos cumprimenta Agnaldo Zagne Martha e Afrânio Siqueira. 18 - Jan/Mar - 09 Rosa, Telmo Hoelz, Lisaura Ruas e Elinea Hoelz. Revista AMF O bem-amado Haroldo Enéas Casal Garcia e o seu bolo negro. Haroldo Enéas em momento muito feliz. Quem não gosta de Haroldo Enéas é “ruim da cabeça ou doente do pé,” como diz a música popular. Esbanjando simpatia e profissionalismo, este jovem promoter já tornou clássico no calendário da cidade a comemoração de seu aniversário. Em 2008, fomos contemplados com uma festa de arromba no Clube Naval em que o talentoso aniversariante dedicou o evento ao recém eleito presidente americano, Barack Obama, em “Black is Beautifull”. Todos os convidados vestiam preto e a decoração, assim como o bolo, eram da mesma cor. Buffets diversos e fartos e bebidas à vontade. Ambiente alegre e descontraído em que a maioria das pessoas se conhecia, com o intuito maior de festejar o querido amigo. Parabéns para você Haroldo. A inesquecível festa árabe de Getúlio Sessim Marlene, Gelulinho e Ludmila tendo ao fundo seu pai Getulio Sessim. Raul Portugal e Regina Tauil Portugal receberam para uma tarde, seguida de jantar irretocável, comemorando o aniversário da querida anfitriã, mãe do querido colega, Marcio Tauil Queiroz. A chef Maria Célia, do Maria da Praia, recebe o casal Ronaldo e Regina da Matta. O eminente clínico, Manoel de Almeida, prestigia almoço da ACHUAP ladeado por Elza Tonelli e Celia Boumaroun. Wilson Câmara, Márcio Vital Muzy, André Vital Muzy, Getulio Sessim, Gilvan Muzy, José Ciro. Vestidos a caráter, Getúlio Sessim e Bárbara Damaceno receberam para comemorar os 70 anos do colega de Nilópolis. Foi festa para ninguém botar defeito. Farta na comida e bebida, assim como na alegria, animada por dois shows de dança árabe e finalizando com a apresentação dos passistas mirim da sua escola de samba. Getúlio Sessim e a madrinha mirim da Com decoração esplendorosa, feita por beija flor. sua esposa, o dublê de carnavalesco, médico e diretor social da Beija-Flor desde a sua fundação, foi cercado de centenas de colegas de profissão e amigos, além de sua numerosa família. Formado pela UFF, sua turma animada de Niterói fretou um ônibus para melhor aproveitar o evento. Sob o comando de Vânia Silami, estiveram presentes: Gesmar e Ciro Herdy, Vilma e Wilson Câmara, Delza e Gladston Souto, Maria Helena e José Ciro Frujuelli, Tânia e Gilvan Souza, Ana e Fernando da Matta, Rylla e André e Márcio Vital, Julio Almeida, Leila e Francisco Gonzaga, Alba e Cláudio Amaral, Walter Essinger, Sergio Tactz o casal Benedito Rodrigues e esta colunista. A origem da Família Sessim e a biografia de Getúlio foram apresentadas pela matriarca Marlene, irmã mais velha do aniversariante. As filhas médicas, Marlene e Ludmila, e Getulinho ajudaram a receber. Jan/Mar - 09 - 19 A querida irmã Marcelle e o casal Luciana e Sávio Miranda. De 2008 vale a pena ainda ver: O casamento do ano Luciana e Sávio Miranda Desde a entrada na Igreja Nossa Senhora da Paz, ao som de trombetas, até a decoração dos salões do Copacabana Palace, notava-se o dedinho de mamãe Leila. A cerimônia religiosa foi em alto estilo e a festa de arromba. Muita gente de Niterói compareceu, lotando os três salões do Copa, incluindo o anfiteatro onde o ponto alto foi a apresentação de Luciano Bruno, diretamente importado da Itália para o evento e o show de Ivo Meirelles. O super cirurgião plástico, pai do noivo, Carlos Alberto Miranda, já antevia a falta do filhote caçula em casa. Festa abundante, fina, em que o espumante e o whisky rolaram em alto estilo. Um dos pontos mais altos foi o bolo do Casal Garcia, ornamentado com 500 cristais Swarovski. A alegria dos noivos e sua família era contagiante, incluindo até apresentação no palco. Felicidades eternas para vocês Luciana e Sávio Miranda. O super cirurgião plástico, Carlos Alberto Miranda, com a filha Carla e o neto Mateus. Marlene Nasser duble promoter e psicóloga Nina Rita Torres e a aniversariante Marlene Nasser e Gracinha Boumaroun A recepção para as amigas para comemorar seu aniversário foi no restaurante do MAC. Presentes Regina Tauil Portugal, Leda Felix, Nina Rita Tôrres, Gracinha Boumaroun, Márcia Genn, Lenize Pires de |Mello, Neide Kalil Gaspar, Tereza Oliveira, Ana Mouta, Ana Porto, Maria Carmen Nazar, esta colunista e outros. Aproveitando o maravilhoso som a pista Carla e Sávio Tinocco com os pais do noivo, Carlos Alberto e Leila Miranda. O belo casal de noivos, Luciana e Sávio Miranda, cumprimentando o maestro Luciano Bruno. Casamento de Flavia e Felipe Cristiano Guimarães com os noivos Flavia e Felipe e mamãe Vera Lucia na mansão de festas do Garden City. Niterói inteiro se deslocou rumo ao Garden Party na Barra para a solenidade e festa do enlace do jovem casal. Vera Lucia Guimarães, mãe do noivo estava deslumbrante portando um Miele de dar água na boca. Búzios está bem de saúde e bem informado Em Búzios Patricia Anderson e a jornalista Angela Barroso. Homenagem do Sindicato dos Jornalistas Homenagens prestadas pelo Sindicato dos Jornalistas do Estado do Rio de Janeiro no dia 11 de fevereiro que tem como presidente reeleito Ernesto Vianna aos veteranos Luiz Antônio Pimentel , Lou Pacheco, Carlos Silva e Luiz Henriques Pessanha foi bastante concorrida. O protocolo ficou por conta de Ernesto Guadalupe . A Casa do Advogado mais uma vez abre suas portas para render homenagem às figuras ilustres da cidade e do estado. Destacavam-se entre os presentes, o anfitrião Antônio José Barbosa da Silva, Rita e Tarcisio Rivello, a médica Fátima Chisto e o jornalista Reinaldo Almeida. O brilhante ortopedista Claudio Agualusa recebe esta colunista em sua clínica em Búzios. enofilia Vinho & Bem-Estar Por: Dra. Valéria Patrocínio Vinhos Brancos: um grupo deslocado ? O s vinhos brancos são tradição em algumas prestigiadas regiões da Europa, como o Vale do Loire e a Borgonha, na França, a maioria das regiões na Alemanha, várias regiões na Itália, assim como os famosos vinhos verdes em Portugal. O avanço da globalização no mercado de vinhos, ocorrido a partir de 1990, trouxe ao mercado os potentes tintos do Novo Mundo, encantando uma legião de consumidores. No Brasil, a descoberta do vinho pelo nosso público consumidor coincidiu com este momento, quando começamos a absorver avidamente os tintos sul-americanos e formando um estilo de consumo que perdura até hoje. Para esse grupo de novos apreciadores, os tintos potentes, amadeirados e alcoólicos são o melhor da indústria vinícola, fazendo-nos, tristemente, assistir ao consumo de cabernets de grande estrutura, acompanhando frutos do mar e outras “derrapadas” do gênero. Esse comportamento denota o desconhecimento e a pouca cultura de consumo de vinhos de nosso público, o que se explica pela recente descoberta do vinho em nosso meio. Importante ressaltar: 10 ou 20 anos não são nada se comparados aos séculos de produção e consumo regular de vinho das famílias européias, desenvolvendo hábitos e conhecimentos. Nesse panorama de novos consumidores, os vinhos brancos acabam desprestigiados, taxados com rótulos como “vinho para mulheres” ou “branco não é vinho”. Na verdade, há que se descobrir os brancos, amigos dos momentos descontraídos, grandes companheiros em experiências gastronômicas, elegantes presenças em reuniões de amigos. Em momentos específicos, nenhum vinho substitui um branco! A principal caracteristica dos brancos é não ter taninos - presentes apenas na casca das uvas tintas - o que aponta para vinhos leves, delicados, elegantes, de muita personalidade. Ao contrário dos tintos, que frequentemente nascem da mistura de duas ou mais variedades de uvas - o corte ou assemblage -, nos brancos a tradição é fazer varietais - ape- 22 - Jan/Mar -09 nas uma variedade - com o objetivo de valorizar as características da casta utilizada. Dessa forma, encontramos algumas uvas clássicas no mundo dos brancos:Chardonnay, Sauvignon Blanc, Sémillon, Riesling, Gewürztraminer, Trebbiano, Moscato, entre outras. Cada região do mundo tem suas brancas, com sua tradição de estilo nos vinhos ali produzidos. Vale a pena provar vinhos inusitados, desconhecidos, para descobrir novas personalidades para seu paladar. Frutos do mar: o grande casamento Peixe, camarão, siri, ostras e caranguejos são pratos que apontam para os vinhos brancos, por um motivo simples e fundamental: o tanino dos vinhos tintos (e dos rosés intensos), em contato com a carne desses animais, produz um desagradável sabor metalizado. Essa característica é a grande responsável pela indicação de brancos para acompanhar estes alimentos. Ainda neste tema, os frutos do mar têm sabores geralmente delicados, o que pede também vinhos delicados, para uma boa combinação de intensidades no paladar. Sabores delicados se complementam: um não se sobrepõe excessivamente ao outro. A seguir, algumas dicas e receitas para acompanhar vinhos brancos, não esquecendo que a maioria dos espumantes brut se encaixa nessa categoria! Fonte: www.academiadovinho.com.br Revista AMF Dica Científica Vinho e Saúde – Parte 1 O vinho possui três funções nutricionais básicas: Alimento - é nutritivo, pois possui carboidratos do álcool, glucose e frutose, que variam de acordo com o teor alcoólico e com os açúcares residuais no vinho, além de minerais e componentes úteis para o organismo. Ajudante na absorção de minerais - ajuda a absorver ferro de outros alimentos e a equilibrar a relação sódio-potássio no organismo. Estimulante do apetite - relaxa e convida a comer. Pode não ser útil para pessoas em dieta de emagrecimento, mas as pessoas com perda de apetite ou dieta forçada de baixo sódio ou similares (que obrigam a uma alimentação menos “interessante”) podem usufruir das benesses de ter o apetite estimulado. Além disto, é um grande agregador social, convida à reunião com amigos, a compartilhar e a viver momentos agradáveis. Por outro lado, o vinho não deixa de ser uma bebida alcoólica, embora não seja das de teor mais elevado. O álcool, como sabemos, é tóxico para o organismo se ingerido em quantidades elevadas, mas pode trazer uma série de benefícios, – em particular se combinado com alguns componentes característicos do vinho – se consumido de maneira moderada e contínua, à moda de Paracelso. Fonte: www.vinhoesexualidade.com.br Dica de leitura O vinho mais caro da história Fraude e mistério no mundo dos bilionários Benjamin Wallace SINOPSE Best-seller New York Times Foi a garrafa de vinho mais cara da história. Em 1985, num disputado leilão promovido pela Christie’s de Londres, uma garrafa de bordeaux Château Lafite de 1787 foi arrematada num lance de 156 mil dólares por um membro da família Forbes. Ela provinha de um esconderijo descoberto numa adega murada em Paris e, supostamente, pertencera a Thomas Jefferson, terceiro presidente dos Estados Unidos. O responsável pelo fantástico achado era Hardy Rodenstock, um empresário de bandas de música pop convertido em colecionador de vinhos, que parecia ter um talento especial para encontrar exemplares raros e requintados. Logo, porém, começaram os rumores. Por que Rodenstock se recusava a revelar onde a garrafa fora encontrada? Seria ela parte de um estoque nazista contrabandeado? Uma história cheia de suspense e mistérios. Para prender o leitor da primeira à última página. Vinho sugerido Tipo: Branco Produtor: Concha y Toro País de Origem: Chile Região: Valle de Casablanca Uva: Chardonnay % alc: 13,5% Cor: Amarelo límpido com reflexos dourados Aroma: Aroma fresco e mineral com notas de palha. Concentrado e com aromas de physalis. Paladar: Ao paladar é fresco com acidez equilibrada, com nuances minerais e mel com longa persistencia. Revista AMF Jan/Mar-09 - 2333 cultura Wellington Bruno, cardiologista e diretor científico da AMF OBRA: “A viagem do elefante” AUTOR: José Saramago EDITORA: Companhia das letras Cá estou eu, médico, mais uma vez a comentar audaciosamente a obra deste nobre escritor, digo, deste escritor português, Prêmio Nobel de literatura. E escrevo, a tentar seguir corretamente as recentes regras do acordo ortográfico dos países de língua portuguesa, embora engrosse a fila de brasileiros a lamentar o “enterro” do “trema”, como aconteceu anteriormente com as letras “w”, “K” e “y”, ora ressuscitadas. Como sabem, José Saramago e outros escritores de língua portuguesa da África não permitem modificações de seus textos para o português do Brasil, o que de certa forma nos permite vislumbrar as diferentes possibilidades desta maravilhosa língua, mas nos traz pequenos transtornos no que tange as pequenas dúvidas ortográficas que trazemos em mente. De qualquer forma, o acordo beneficia fundamentalmente estes escritores irmãos, suas respectivas editoras e publicações em solo brasileiro. Bem... o acordo é apenas ortográfico e eu não preciso continuar com este jeito português de escrever e dizer as coisas. Mas é assim que Saramago cria, extraordinariamente, um contexto ficcional nos idos dos tempos de Dom João III. Este monarca e sua rainha resolvem se livrar do animal que há dois anos, passadas as alegrias da novidade, somente lhes dá trabalho e despesas à corte. Sendo assim presenteiam o arquiduque de Áustria, Maximiliano, primo da então rainha portuguesa, com o pobre elefante indiano que deverá fazer a viagem até Viena com seu cornaca (condutor de elefantes) e uma comitiva, onde novamente se tornará celebridade mesmo que, temporariamente, nas graças da novidade de um elefante em plena Viena de Áustria. E o autor, aos 86 anos, começa a obra no melhor estilo de outro grande escritor português, Eça de Queiroz, com uma frase forte, temperada com sua peculiar ironia e humor ácido: “por muito incongruente que possa parecer a quem não ande ao tento da importância das alcovas, sejam elas sacramentadas, laicas ou irregulares, no bom funcionamento das administrações públicas, o primeiro passo da viagem de um elefante à áustria que nos propusemos narrar foi dado nos reais aposentos da corte portuguesa, mais ou menos à hora de ir para cama”. E continua com suas frases marcantes e seu estilo transgressivo de escrever, não respeitando maiúsculas de nomes próprios e determinando suas próprias regras de pontuação: “...lá no íntimo profundo que é onde se digladiam as contradições do ser”, ou “... porque a vida ri-se das previsões e põe palavras onde imaginámos silêncios,...”, ou “o óptimo é inimigo do bom, mas também que o bom, por muito que se esforce, nunca chegará aos calcanhares do óptimo”, ou “Para bom entendedor até meia palavra sobra”, ou “A dura experiência da vida tem-nos mostrado que não é aconselhável confiar demasiado na natureza humana, em geral”, ou “ ... a representação mais exacta, mais precisa, da alma humana é o labirinto. Com ela tudo é possível”. Saramago escreveu o livro após sobreviver a um período longo de internação por pneumonia e continua a destilar sua ironia no último capítulo: “... ainda não era tempo de análises de sangue, radiografias do tórax, endoscopias, ressonâncias magnéticas e outras observações que hoje são o pão de cada dia para os humanos,...”. A principal mensagem do livro, no entanto, é a efemeridade da importância que podemos ter durante um período de nossas vidas, até que somos lançados ao ostracismo e esquecimento nas mentes dos mesmos que nos idolatravam. Eu listei algumas frases, mas não todas que gostaria, por restrição de espaço, pois lhes asseguro que muitas outras estão nesta deslumbrante obra literária, que vale a pena ser lida e relida. Em tempo, mal terminei de publicar a coluna na edição anterior, na qual fiz comentários acerca do livro do escritor angolano José Eduardo Agualusa, “As mulheres de meu pai”, emprestado de minha paciente e amiga professora Marise Rodrigues, e lá veio ela com o presente deste exemplar autografado pelo Saramago quando de sua visita à Academia Brasileira de Letras, acompanhado de sua esposa Pilar del Rio, jornalista espanhola, tradutora e presidenta da Fundação Saramago. Logo depois, li no caderno “Ideias & Livros”, do JB de 6 de dezembro de 2008, que Saramago autografou pouco mais de 200 exemplares naquele dia, sem dedicatória como costuma fazer. Fico feliz de fazer parte desta história, mesmo de longe. E que bom que a medicina atual salvou a vida e tornou possível a produção artística deste importante e maravilhoso escritor, aos 86 anos de idade. Até a próxima (leitura), pessoal! BREVEMENTE A ACADEMIA FLUMINENSE DE MEDICINA ESTARÁ LANÇANDO O LIVRO EM CANTOS GUARDADOS, COM A COORDENAÇÃO EDITORIAL DO PRESIDENTE DO CONSELHO CIENTÍFICO AC. LUIZ AUGUSTO DE FREITAS PINHEIRO, CONTANDO COM A COLABORAÇÃO DE VINTE E UM ACADÊMICOS ESCREVENDO SOBRE A VIDA E A MEDICINA. Revista AMF Jan/Mar-09 - 25 sindicato Clóvis Abrahim Cavalcanti* SINMED: 38 anos de vitórias Há 38 anos, numa visão profética do futuro sombrio da medicina, o Sindicato dos Médicos de Niterói e Região foi fundado e, lamentavelmente, os vários subempregos com subsalários e tabelas de honorários desatualizadas são a realidade atual. Com o passar dos anos, as lutas continuaram, porém, sem o total apoio e reconhecimento da classe médica, que ainda não vê claramente o sindicato como sua verdadeira entidade de defesa profissional. Mantemos a duras penas, sem qualquer forma de remuneração, somente com idealismo, altruísmo e diletantismo, acesa a chama da dignidade médica e lutamos pela medicina, médicos e população. Somos firmes e suprapartidários e, por nossas condutas éticas, somos respeitados pelos gestores. Lutamos, dentre outros, por uma verdadeira política pública de saúde, contra a falta de investimentos para a saúde, 28 - Jan/Mar-09 contra o abandono dos serviços públicos de saúde e seu perverso sucateamento, contra os aviltantes salários e pela implantação do Plano de Cargos Carreira e Salários Médicos com carreira de estado. Fazemos acordo coletivo anual com o Sindicato Patronal. Fazemos parte da diretoria da Federação Nacional dos Médicos e da Federação Sudeste dos Médicos. Fazemos parte da Central de Convênios e da revisão do Código de Ética Médica. Possuímos um departamento jurídico para atendermos aos nossos associados. Estamos sempre na mídia, denunciando e reivindicando, entre tantas outras atividades, em favor da classe. Portanto, colegas, participem e venham lutar conosco, pois: quando todos lutam juntos, são maiores e mais rápidas as vitórias. Presidente Sinmed Revista AMF agenda científica 01/04/09 – 2 0:00h En co nt ro de N eu ro lo gi a PA LE ST RA : “R ea bi lit aç ão em D o en ça s do N eu rô ni o M o to r” Palestrante: Prof . Marco Antoni o Orsini 04/04/09 – 08:30h “M a n h ã s d e Sábado A M F /U n im e d PA LE S T R A : E n xa q u e c a Palestrantes: Dr. Jano Alv es de Souza Dr. Leonardo e Izeckson Torneio de Tênis dos Médicos 13/04/2009 - 20:00h: A ca d e m ia F lu m in e n se d e M e d ic in a : PA LE S T R A : “P ro g ra m a s e m O ft a lm o lo g ia Pe d iá tr ic a ” Palestrante: D r. Renato Nah oum Curi 25/04/20 09 R e in a u g u ra – 07:30 às 12:00h çã d a A ss o c ia o d o Pa rq u e A q u á ti c o ç ã o M é d ic a 29/04/20 09 - 20:00 h A c a d e m ia F lu m in e n se d e M e d ic in PALESTRA: “O inicio d a a vida hum e a terapia ana com célula-t ronco” Palestrante: Dr. Gerson Cotta Pereir a A Diretoria da AMF está dando início aos preparativos para o XI Torneio de Tênis dos Médicos. Diferente das edições anteriores, que sempre foram realizadas no mês de maio, neste ano o Torneio acontecerá no mês de agosto. Revista AMF Jan/Mar-09 - 29 agenda cultural Programação de Abril Os homens querem casar e as mulheres querem sexo High School Musical 3 Lente de Aumento (Com Leandro Hassum e convidados) O sucesso foi tamanho que a programação foi mantida em abril. O formato é de “stand-up comedy”: o ator Leandro Hassum, uma mesa e um microfone. São os ingredientes básicos para levar o público às gargalhadas. “Lente de Aumento” lança um olhar curioso sobre as pequenas coisas da vida que estão à nossa volta e que nunca tivemos oportunidade (ou paciência) para analisar. Dias: 3, 4, 5, 10, 11, 12, 17, 18, 19, 24, 25 e 26 de abril Horários: sextas e sábados 21h; domingos 20h Ingresso: Sextas e domingos, R$ 40; sábados, R$ 50. Classificação etária: 12 anos Duração: 70 minutos Tendo como pano de fundo o ano da formatura dos inseparáveis alunos da East High, a narrativa percorre — mantendo o bom humor — descobertas, lembranças, amores, esperanças, despedidas, medos e dúvidas dos personagens, inseguros sobre a escolha de suas profissões e dos caminhos a seguir no futuro. Dias: 4, 5, 11, 12, 18, 19, 25 e 26 de abril (sábados e domingos) Horário: 17h Duração: 75 minutos Ingresso: R$ 30 Classificação etária: livre Jonas, um apresentador de “noites do torpedo”, frequenta casamentos de conhecidos (e de não-conhecidos, também) em busca de sua alma gêmea. Mas as mulheres não querem mais casar: só querem sexo — pelo menos é o que acontece com ele. Após ser abandonado no altar pela terceira vez, o personagem entra em crise e começa a discutir com seu lado feminino. Texto: Carlos Simões Elenco: Carlos Simões Dias: 2 e 9 de abril (quintas-feiras) Horário: 20h Duração: 60 minutos Ingresso: R$ 30 Classificação etária: 16 anos Teatro Eduardo Kraichete Av. Roberto Silveira, 123 - Icaraí - Niterói - RJ - Tel: (21) 2710-1549 Descontos - 20% - associados da AMF, médicos cooperados Unimed, patrocinadores das cadeiras do Teatro e assinantes Club JB. 50% - estudantes de ensino fundamental, médio e superior, maiores de 60 anos, menores de 21 anos e portadores de deficiência física. Os descontos só serão concedidos mediante a apresentação de carteira e/ou documento de identificação na entrada do Teatro. www.amf.org.br
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