Manejo da Cultura e dos Recursos Naturais

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Manejo da Cultura e dos Recursos Naturais
UTILIZAÇÃO DO MODELO MATEMÁTICO DE CONCEITO DE FUGACIDADE NA
PREVISÃO DO DESTINO AMBIENTAL DO CARBOSULFAN EM ARROZ
IRRIGADO
LUÍS PEDRO DE MELO PLESE(1), LUIZ LONARDONI FOLONI(2). (1)Aluno de pós-graduação
da Faculdade de Engenharia Agrícola – UNICAMP, Bolsista CAPES, [email protected];
(2)
Prof. Col. do curso de pós-graduação da FEAGRI-UNICAMP, [email protected], Cidade
Universitária Zeferino Vaz, CP 60111, Cep 13083-970, Campinas-SP).
Palavras-Chaves: modelo, carbofuran, monitoramento ambiental, compartimento.
A utilização de pesticidas para o controle de plantas daninhas e/ou pragas têm sido muito
difundido em função da necessidade crescente da oferta de alimentos, limitação de áreas
agricultáveis e disponibilidade de mão-de-obra. Os problemas gerados com a aplicação de
pesticidas na agricultura, sem o devido conhecimento, podem causar riscos que vão desde a
simples poluição do solo até da contaminação d’água. Em virtude do uso indevido e
principalmente ao não conhecimento do seu comportamento no meio ambiente foram relatados
em outros países, casos de contaminação do solo e do lençol freático. A tendência é do órgão
fiscalizador de exigir que antes de se lançar um novo produto no mercado e antes de aplicá-lo em
áreas agricultáveis seja feito estudo rigoroso do comportamento ambiental. Para tanto, quando se
produz uma boa base de dados, modelos matemáticos são desenvolvidos objetivando prever seu
comportamento ambiental. O estudo de fugacidade, embora não seja novo, no Brasil
praticamente não se tem estudos na agricultura utilizando deste conceito, principalmente, para o
comportamento de produtos fitossanitários no meio ambiente. A fugacidade, na forma proposta,
provavelmente usada pode ser um novo caminho e, talvez, um bom caminho de quantificar o
transporte, bioacumulação, e transferência entre os compartimentos. O objetivo deste trabalho foi
o de prever o destino do inseticida carbosulfan e do seu metabólito, carbofuran, no ambiente
aplicando o conceito de fugacidade no nível I. A metodologia utilizada para realização deste
trabalho foi: a) O estudo baseou-se na escolha de um produto já lançado no mercado para a
cultura do arroz irrigado, onde fossem escassas as informações sobre o seu comportamento
ambiental. b) Utilização das informações sobre as propriedades físico-químicas do carbosulfan e
carbofuran (PESTICIDE MANUAL, 2001). Dentro destas propriedades foram utilizadas: peso
molecular (PM, g mol-1); temperatura (T, K); solubilidade em água (S, g m-3 ou mol m-3);
pressão de vapor (PV, Pa) coeficiente de particição água-octanol (KOC); coeficiente de
sorção para o teor de carbono orgânico (KOW ); e constante da lei de Henry (H, Pa m3 mol-1).
c) Aplicação do modelo de fugacidade (Mackay, 1991) para identificação dos compartimentos
ambientais (ar, água, solo, peixe, sedimento e sólido suspenso) vulneráveis para a distribuição do
carbosulfan e carbofuran. Os parâmetros dos compartimentos utilizados foram: dimensão dos
compartimentos é expressa em volume (V, m3), a densidade (kg m-3) e fração orgânica (g g-1),
somente para os compartimentos solo, sedimento e sólido suspenso. No compartimento peixe foi
introduzido o conteúdo de lipídio em porcentagem (%) (Mackay, 1991). d) Os parâmetros
calculados foram: capacidade de fugacidade (Z, m-3 Pa-1), fugacidade (ƒ, Pa) e concentração (C,
g m-3) Os resultados estão representados na Figura 1. Os produtos estudados distribuem-se por
todos os compartimentos sendo, os compartimentos ar e água os mais vulneráveis para o
carbosulfan, e para o carbofuran, a água (Figura 1). Um futuro projeto deverá ser realizado para o
monitoramento dos teores do inseticida, carbosulfan, e do seu principal metabólito, carbofuran na
água em cultivo de arroz irrigado.
carbosulfan
18,47%
ar
água
solo
peixe
sedim ento
sólido suspenso
75,30%
carbofuran
ar
água
solo
peixe
sedim ento
sólido suspenso
98,92%
Figura 1. Diagrama da distribuição do carbosulfan e carbofuran no ambiente.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
MACKAY, Donald Multimedia environmental models: the fugacity approach. Michigan: Lewis
Publishers. 1991.
The e-Pesticide Manual (Twelfth edition) Version 2.1. The British Crop Protection Council.
Database Right 2001. Software developed by Wise & Loveys information Services Ltd. (compact
disc).
DISPERSÃO DOS HERBICIDAS CLOMAZONE, QUINCLORAC E PROPANIL
NAS ÁGUAS DA BACIA HIDROGRÁFICA DOS RIOS VACACAÍ E VACACAÍ-MIRIM,
NO PERÍODO DE CULTIVO DO ARROZ IRRIGADO8
(1)
(2)
(3)
(4)
Enio Marchezan , Edinalvo Rabaioli Camargo , Renato Zanella , Ednei Gilberto Primel , Fábio
(5)
(6)
(7)
(7)
Ferreira Gonçalves , Sérgio de Oliveira Machado , Vera Regina Mussoi Macedo , Hélio Marcolin .
Universidade Federal de Santa Maria, Centro de Ciências Rurais, Prédio 44, Sala 5335, Campus UFSM,
Bairro
Camobi,
Santa
Maria,
RS,
CEP:97105-970.
E-mail:
[email protected],
(1)
(2)
[email protected], [email protected], Prof., Depto de Fitotecnia da UFSM, Acadêmico
(3)
(4)
do Curso de Agronomia da UFSM, bolsista do CNPq, Prof., Depto de Química da UFSM, Doutorando
(5)
em Química pela UFSM, Prof., da UERGS (Santana do livramento, RS), Mestrando em Química pela
(6)
(7)
UFSM, Prof., Depto de Defesa Fitossanitária da UFSM, Pequisador do Instituto Riograndense do Arroz
(8)
(IRGA). Pesquisa desenvolvida em parceira UFSM/IRGA.
Palavras-chave: resíduos de herbicidas, mananciais hídricos, agroquímicos
Em diversos países estão sendo desenvolvidos trabalhos com o objetivo de avaliar a
contaminação de mananciais hídricos, decorrentes da utilização de agroquímicos na agricultura.
Na lavoura de arroz do Rio Grande do Sul, o estudo do potencial de contaminação de cursos
d’água é particularmente importante devido a dois aspectos principais: a localização geográfica
das áreas próximo aos cursos de água e o volume de água utilizado na irrigação. A determinação
da presença, quantidade e época de ocorrência de agroquímicos na água dos rios fornecerá
informações para a adoção de manejo adequado desses produtos. Assim, na safra agrícola de
2002/03, realizou-se o monitoramento dos Rios Vacacaí e Vacacaí-Mirim, objetivando determinar
resíduos de clomazone, quinclorac e propanil, por serem estes herbicidas amplamente utilizados
no cultivo de arroz irrigado na região.
A Bacia Hidrográfica do Rio Vacacaí está localizada na Depressão Central do Rio Grande
do Sul com limite Leste no município de Cachoeira do Sul, distante aproximadamente 180 km de
Porto Alegre pela BR-290. Ao norte, é limitada por Santa Maria e Restinga Seca; ao oeste, por
São Gabriel e ao sul, por Caçapava do Sul (STE, 2000). Nesta área de abrangência, optou-se
pela amostragem em seis locais: Passo do Verde, Passo da Lagoa, Passo do Rocha, Rio São
Sepé, Rio Santa Bárbara e Restinga Seca. O intervalo entre as coletas foi de aproxidamente 15
dias, no período de 19/12/02 à 19/01/03, época com maior atividade de aplicação de herbicidas
nas lavouras, tendo em vista, os atrasos ocorridos na semeadura, pelo excesso de chuva
provocado pelo fenômeno El niño. Efetuou-se ainda, uma coleta na segunda quinzena de
novembro e outra na segunda quinzena de fevereiro.
Foi realizada ainda, uma avaliação detalhada na Bacia do Rio Vacacaí-Mirim, que
compreende um trecho desde o distrito de Arroio Grande, em Santa Maria, até o município de
Restinga Seca, num percurso de cerca de 40 km, região onde predomina o cultivo de arroz
irrigado em lavouras de pequeno porte. Nesta Bacia, foram amostrados semanalmente 5 pontos
(Figura 1), no período de 19/12/02 à 03/02/03, além das coletas de novembro e fevereiro. Na
Bacia do Rio Vacacaí-Mirim, utilizou-se o ponto Três Barras, próximo à nascente, como
referência e comparação aos demais, por supostamente não receber contribuição de águas de
lavoura de arroz irrigado. Deve-se esclarecer que ao longo dos pontos de coleta, constatou-se a
presença de pequenas plantações de hortaliças, fumo e milho.
A amostragem da água nos rios foi realizada em três pontos; uma no centro do leito e as
demais nas proximidades das margens direita e esquerda, utilizando uma garrafa (tipo PET) com
capacidade de dois litros contendo orifícios da metade da garrafa até a extremidade superior. A
garrafa coletora foi acoplada a um suporte com peso, de modo a coletar água desde o fundo até
a superfície do rio. A coleta foi realizada com auxílio de uma corda presa à extremidade superior
do suporte. Antes da coleta, os recipientes de vidro (cor âmbar) foram lavados com solução de
limpeza (Extran) e também com a água amostrada em cada local. Imediatamente após as
coletas, as amostras devidamente identificadas, foram encaminhadas para a análise química no
Laboratório de Análise de Resíduos de Pesticidas (LARP) do Departamento de Química da
UFSM.
Para a determinação da concentração dos herbicidas, retirou-se 250 mL de cada
amostra, que após a acidificação, foram passados em cartucho de extração em fase sólida
(SPE) contendo 200 mg de resina C-18, previamente condicionado, para a pré-concentração dos
herbicidas. Seguiu-se a eluição com 2 x 0,5 mL de metanol (grau HPLC). O solvente foi
evaporado empregando-se uma corrente de nitrogênio e o extrato ressuspenso com 0,5 mL de
metanol. Procedeu-se, então, a determinação por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência com
detecção no Ultravioleta (HPLC-UV), empregando-se metanol e água como fase móvel e coluna
C-18 (Zanella et al., 2002).
1
2
3
4
5
Santa Maria
Ponto 1 - Três Barras
Ponto 4 - Arroio do Só
Ponto 2 - Arroio do Meio
Ponto 5 - Restinga Seca
Ponto 3 - RS – 287
Figura 1. Pontos de coleta na Bacia do Rio Vacacaí-Mirim. Santa Maria, RS. 2003.
De um total de 45 amostras de água coletadas na Bacia do Rio Vacacaí-Mirim, foram
detectados resíduos dos herbicidas avaliados em 18 amostras, das quais duas apresentaram
resíduos de dois herbicidas (Tabela 1). Quanto à concentração dos resíduos contidos nas
amostras, 9 destas apresentaram valores superiores a 3 µg L-1, limite adotado por algumas
agências ambientais para águas de superfície. Das amostras analisadas, propanil e clomazone
foram detectados, respectivamente, em 24,4% e 20%.
Nas coletas realizadas na Bacia do Rio Vacacaí, de um total de 30 amostras analisadas,
foi detectada a presença de herbicidas em 12 e destas, 8 apresentaram concentrações
superiores a 3 µg L-1. Tanto o herbicida propanil como clomazone, foi detectado em 20% das
amostras analisadas.
Considerando as 75 amostras analisadas, 30 apresentaram algum resíduo de
herbicida e destas, 17 tiveram concentrações superiores a 3 µg L-1, sendo 11 do herbicida
propanil e 6 de clomazone. Nos locais amostrados, na Bacia do Rio Vacacaí e VacacaíMirim, não foi detectada a presença do herbicida quinclorac.
Na Bacia do Rio Vacacaí-Mirim, das 18 amostras que continham resíduos de herbicidas,
13 amostras foram detectadas entre 25/11/2002 e 05/01/2003, que corresponde a 72,2% do total,
indicando ser este período o de maior descarga destes herbicidas das lavouras da região para as
condições temporal-sazonais de realização do estudo. HUBER et al. (2000) relatam que a
quantidade de agroquímicos que alcançam os recursos hídricos varia significativamente entre
regiões e dependem da dose aplicada, das características químicas do produto e das condições
ambientais durante a aplicação. Na região de Santa Maria, durante os meses de dezembro/2002
e janeiro/2003, ocorreram precipitações que totalizaram 410,6 mm, sendo maior que a média
normal do período, que é de 278,6 mm. Na segunda quinzena de dezembro, entre os dias 20 e
24, ocorreram três chuvas, que totalizaram 108,4 mm e, segundo relatos de produtores visitados,
provocaram arrombamento de taipas com escape de água para os rios, logo após a aplicação
dos herbicidas, podendo contribuir para a explicação dos valores elevados detectados na
amostragem realizada na Bacia do Rio Vacacaí-Mirim, no dia 29/12/02.
Tabela 1. Concentração de herbicidas nas águas dos Rios Vacacaí e Vacacaí-Mirim, em µg
L-1, no período de 25/11/2002 a 16/02/2003. Santa Maria, RS. 2003.
Bacia Hidrográfica do Rio Vacacaí
Clomazone
25.11.02
19.12.02
05.01.03
19.01.03
16.02.03
Passo do Verde
8,85
nd
nd
1,50
5,89
1
Passo da Lagoa
nd
2,24
nd
nd
nd
Passo do Rocha
7,51
nd
nd
nd
nd
Rio São Sepé
nd
nd
nd
nd
nd
Rio Santa Bárbara
3,87
nd
nd
nd
nd
Restinga Seca
nd
nd
nd
nd
nd
Propanil
Passo do Verde
nd
nd
5,32
nd
nd
Passo da Lagoa
nd
nd
nd
11,0
nd
Passo do Rocha
nd
nd
nd
nd
nd
Rio São Sepé
nd
0,77
nd
nd
0,72
Rio Santa Bárbara
nd
10,45
nd
nd
nd
Restinga Seca
nd
nd
5,32
nd
nd
Bacia Hidrográfica do Rio Vacacaí-Mirim
Locais de
Clomazone
amostragens
25.11.02 19.12.02 29.12.02 05.01.03 12.01.03 19.01.03 26.01.03 03.02.03 16.02.03
Três Barras
nd
nd
1,95
5,10
1,65
nd
nd
nd
nd
Arroio do Meio
1,64
nd
nd
nd
nd
nd
nd
nd
nd
RS-287
2,88
nd
nd
nd
nd
nd
nd
nd
1,85
Arroio do Só
0,62
3,18
nd
nd
nd
nd
nd
nd
nd
Restinga Seca
nd
nd
nd
nd
nd
nd
nd
0,70
nd
Propanil
Três Barras
nd
nd
1,16
nd
nd
nd
nd
nd
nd
Arroio do Meio
0,95
8,45
12,4
3,33
nd
nd
nd
nd
nd
RS-287
nd
nd
12,6
3,42
nd
nd
nd
nd
nd
Arroio do Só
nd
nd
12,9
nd
nd
nd
nd
0,81
0,58
Restinga Seca
nd
nd
nd
5,32
nd
nd
nd
nd
nd
1
-1
Não detectado (Limite de quantificação: 0,5 µg L );
* O herbicida quinclorac não foi detectado em nenhuma amostra coletada;
Locais de
Amostragens*
Em Três Barras, ponto até então considerado como referência, foi detectado a
presença dos herbicidas propanil e clomazone em 1 e 3 amostras, respectivamente,
possivelmente oriundos de uma lavoura de arroz de cerca de 2 ha, na qual foi aplicado
clomazone e propanil, na segunda quinzena de dezembro.
Os herbicidas propanil e clomazone foram encontrados na Bacia Hidrográfica e, em
57% das amostras com resíduos, apresentaram concentrações superiores a 3 µg L-1. No
entanto, para o herbicida clomazone, não se pode atribuir a sua presença na Bacia
Hidrográfica, somente pela contribuição da lavoura de arroz, uma vez que constatou-se a
sua utilização em lavouras de fumo e também em algumas de soja
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HUBER, A., BACH, M., FREDE, H.G. Pollution of surface waters with pesticides in Germany:
modeling non-point source inputs. Agriculture, Ecosystems and Environment, v.80,
p.191-204, 2000.
STE. Avaliação quali-quantitativa das demandas e disponibilidades de água na bacia
hidrográfica do Rio Vacacaí - Cenário Atual. 220p. Setembro 2000.
ZANELLA, R.; PRIMEL, E.G.; MACHADO, S.L. de O. et alii. Monitoring of the herbicide
clomazone in environmental water samples by solid-phase extraction and high-performance
liquid chromatography with ultraviolet detection. Chromatographia, v.55, n.9/10, p.573-577,
2002.
ENTEROBACTÉRIAS PRESENTES EM AMOSTRAS DE ÁGUA DE LAVOURAS
ORIZÍCOLAS DO RIO GRANDE DO SUL
Aícha Daniela Ribas(1), Maria Helena Lima Ribeiro Reche(1), Jaime Vargas de Oliveira(2),
Valmir Gaedcke Menezes(2) & Lidia Mariana Fiuza(1,2). 1UNISINOS – Lab. de Microbiologia São Leopoldo, RS. E-mail: [email protected]; [email protected] 2Instituto
Riograndense do Arroz- EEA, Cachoeirinha, RS.
Palavras-chave: irrigação, identificação, bactérias patogênicas.
As comunidades microbianas constituem uma fração bastante significativa da
biomassa e da diversidade na maioria dos habitats. Apesar da importância pela
produtividade e transformações da matéria orgânica nesses ambientes, bem como a
ciclagem de elementos, os estudos na área de ecologia microbiana em ambientes
aquáticos ainda são pequenos (VAN WEERELT et al., 2000). A água é um recurso natural
renovável, cujas reservas são bastante limitadas, uma vez que ocorre utilização
inadequada, está acelerando a contaminação dos mananciais e transportando agentes
microbianos causadores de doenças e de prejuízos econômicos. As instalações de áreas
de pastagens e de estábulos próximas aos cursos de água causam a contaminação dessas
pelos excrementos animais retirados do solo através da chuva. Estas águas contaminadas
podem ser utilizadas em práticas de irrigação de grandes lavouras ou plantações menores
para subsistência (PEREIRA, D. & SILVA, M.E, 2000). Neste contexto a presente pesquisa
objetivou o isolamento e a identificação das enterobactérias presentes em amostras de
água de regiões orizícolas do Rio Grande do Sul.
As amostras de água foram coletadas, em duplicata, em cinco regiões produtoras de
arroz irrigado do RS, entre novembro de 2001 e abril de 2002, nas 5 regiões orizículas do
RS, Litoral Norte, Campanha, Depressão Central, Fronteira Oeste e Litoral Sul. Em cada
região, foram estabelecidos dois pontos de coleta, sendo um no canal de drenagem e outro
na parcela de arroz. Durante o ciclo de cultura, foram efetuadas duas coletas, a primeira na
Fase 1 (após a irrigação das parcelas) e a segunda na Fase 2 (próximo a colheita). Após as
coletas, as amostras foram processadas e conservadas no laboratório de Microbiologia do
Centro 2 da UNISINOS, para posterior identificação.
Na identificação das bactérias presentes em amostras de água foi utilizada uma
série de multimeios, Carbonados: (a) água peptonada e o indicador de Andrade à prova da
Glicose e da Lactose; (b) meio Clark-Lubs utilizado tanto para a prova do Vermelho de
Metila quanto à prova de Voges-Proskauer; (c) meio Mossel e Martin, comprovando a
oxidação e fermentação; (d) meio Simmons, é utilizado para a Prova de Citrato e
Nitrogenados: (e) S.I.M., para as Provas do Indol, Gás Sulfídrico e Motilidade;(f) Ágar
Fenilalanina, utilizado para a prova da Fenilalaninadesaminase. O meio Christensen, para a
prova da Urease. Os dados do metabolismo bacteriano obtidos nesta série bioquímica
foram interpretados de acordo com o método descrito
A caracterização bacteriana revelou a presença de dez espécies pertencentes a
família Enterobacteriaceae (Tabela 1), das quais três foram isoladas da água não tratada
do canal de irrigação, sete espécies procederam de ambos os tratamentos, canal de
irrigação e parcela da lavoura, sendo que nenhuma espécie foi constatada na parcela de
cultivo. Os resultados apresentados na Tabela 1 representam a soma das fases inicial e
final do ciclo da cultura do arroz.
Tabela 1. Gêneros e espécies bacterianas identificadas em amostras de água de áreas
orizícolas do Rio Grande do Sul
BACTÉRIAS
CANAL DE IRRIGAÇÃO
Enterobacter Cloacae
Enterobacter sp.
ProteusVulgares
Proteus sp.
Proteus Mirabilis
Proteus Rettgeri
02
Escherichia coli
Salmonella sp.
02
Citrobacter sp
Klebsiella sp.
01
(-) ausência de espécie bacteriana.
AMBOS
6
09
05
02
08
05
16
-
PARCELA DE CULTIVO
-
Quanto à freqüência dos 6 gêneros identificados (Figura 1), estão incluídos aqueles
que apresentaram baixo percentual de freqüência entre (9 e 2%), a Klebisiella sp.,
Salmonella sp. e Escherichia sp. Destacaram-se com maior freqüência (29%) nas amostras
de água identificadas, os gêneros Proteus sp. e Citrobacter sp. seguido de Enterobacter sp.
(27%)
4%
2%
27%
29%
Enterobacter .
Proteus .
Escherichia
Citrobacter
9%
29%
Salmonella
Klebsiella
Figura 1. Freqüência de Gêneros de bactérias presentes nas amostras de água das diferentes áreas
orizícolas do Rio Grande do Sul.
Embora os padrões microbianos de qualidade de água sejam estabelecidos em
função do uso desta, e em termos de densidade populacional de microrganismos por
unidade de água, não se pode ignorar a presença de determinadas espécies bacterianas
em amostras de água utilizadas em práticas de irrigação. Como continuidade dessa
pesquisa serão realizados experimentos relacionados à identificação de outros grupos
bacterianos pertencentes a amostras de água de lavouras orizícolas, bem como, a partir
dos próximos dados coletados, a discussão dos resultados obtidos.
PELCZAR, J.M.; CHAN, E.C.S. & KRIEG, N.R. 1996. Microbiologia : Conceitos e Aplicações. V I,
Ed. Makron Boocks, São Paulo, Sp. 524p.
PEREIRA, D.; SILVA, M.E. Qualidade das águas da Microbacia do arroio Capivara, Triunfo, In:
Encontro Nacional de Microbiologia Ambiental, 2000, Recife. Anais. Recife: UNICAP, 2000. 85p.
VAN WEERELT, M.D.M.; OLIVEIRA, C.E.C.; & MARINHO, L. Comunidades bacterianas dos rios
da Reserva Rio das Pedras, Mangaratibas, RJ. In: IV Encontro Nacional de Microbiologia
Ambiental, 2000, Recife. Anais. Recife: UNICAP, 2000.77p.
Agradecimentos: A equipe da EEA-IRGA que auxiliaram nas coletas de amostras de água.
PRODUÇÃO ALTERNATIVA DE ARROZ IRRIGADO EM SANTA CATARINA
Aleksander W. Muniz 1; Caio I. Teves2 & Edson Silva 3 ( 1 – Epagri – CP 51, Imbuía, SC; 2
Associação Orgânica – R. Dr. Antônio L. Gonzaga, 647 Florianópolis; 3- Epagri / EPS –
UFSC Rod. Admar Gonzaga, 1257, Florianópolis
Palavras-chave: produção alternativa; orizicultura orgânica
O cultivo do arroz (Oryza sativa) constitui-se numa das principais atividade de
produção de grãos no Estado de Santa Catarina. Existe hoje 143 000 hectares cultivados
por famílias que tem nesta atividade sua principal atividade econômica. Em geral são
pequenos proprietários, com menos de 50 hectares. A produção gira em torno de 1000000
toneladas ( IBGE, 2003) A orizicultura foi introduzida na América proveniente da África
(Madagascar) junto com a escravatura (Gonzalez, 1985)i. Em SC predominam as
variedades cultivadas que são provenientes da Ásia. No estado catarinense o cultivo foi
iniciada nos anos de 1950 como cultura de subsistência (Prochnow, 2002)ii. Na década de
60 graças a programas governamentais de sistematização de áreas (PROVARZEAS),
ocorreu grande aumento da área cultivada. O sistema predominante é o de cultivo
convencional, utilizando insumos industrializados como os adubos a base de NPK.
Entretanto na busca por redução de custos e produzir reduzindo os custos de saúde
humana produtores começaram a cultivar de maneira não convencional. Isto é, utilizando
recursos não industriais, ou reduzindo insumos de síntese industrial. Hoje estima-se que
sejam cultivados 350 hectares no estado. O Conceito de Alternativo, neste texto,
compreende-se orgânico, agroecológico e Low Input ( baixo uso de insumos). No cultivo
alternativo a fertilização é feita utilizando resíduos animais de aves ( 2000 a 5000 kg/ha) ou
suínos (2000 – 3000 kg/ha) através da adição dos fertilizantes ao solo durante a preparação
do solo quando da incorporação dos restos culturais da safra anterior. Também é adicionado
fosfato de rocha, conforme a análise de solo. Devido as características do fertilizante
nitrogenado utilizado e a forma de manejo adotado, os produtores não necessitam fazer
aplicações de nitrogênio de cobertura. Tal fato proporciona uma diminuição da mão-de-obra
durante a fertilização do terreno. Há outras modalidades de orizicultura orgânica, entre estas
a que utiliza também o consórcio com peixes (rizipiscicultura) e a criação de marrecos. Em
ambos os consórcios, a cultura do arroz é beneficiada através do controle de insetos pelos
peixes e marrecos. Estes, ainda possibilitam adicionalmente a fertilização da área.
O controle de ervas indesejáveis e insetos, principalmente a bicheira da raiz
(Oryzophagus oryzae ) é feito manejando a lâmina de água, e pelas aves e peixes. Para
controlar insetos também é utilizado urina de vaca numa dose de 20 litros diluídos em 100
litros de água, e aplicados nas taipas, reduzindo principalmente o fede-fede do arroz
(Tibraca limbrantiventis) . A semeadura é feita utilizando-se sementes pré-germinadas. A
produtividade média deste e 5750 kg. ha -1, sendo que em 2001 chegou a 6300 ha -1. Já na
produção convencional a média de produtividade é de 5894,2 kg.ha-1. A mudança para o
cultivo alternativo foi iniciada estimulada pelas indústrias beneficiadoras. Também o preço
diferenciado foi fator decisivo para a ampliação da área cultivada de maneira alternativa
como pode ser visto na Figura 1.
A produção de arroz alternativa, apresenta característica de ter seu fluxo de acesso
ao mercado consumidor facilitado, pelo fato de as empresas ligadas a logística e
comercialização do produto serem os principais estimuladores da adoção da nova
tecnologia ( Muniz & Silva 2001). Os principais mercados consumidores são os estados de
São Paulo e Rio de Janeiro.
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16,60
16,00
14,00
14,18
13,61
12,86
12,00
9,89
12,77
10,47
10,91
10,59
10,00
8,15
8,00
8,28
6,37
7,90
7,93
6,08
6,10
2001
2002
6,00
4,00
2,00
0,00
1995
1996
1997
1998
Convencional
1999
2000
Alternativo
Figura1– Evolução de preços pagos por saco de arroz – Período de 1995 – 2002. Fonte:
FGV/EPAGRI/ICEPA. Indexador: US$ Dólar.
Outros fatores para adoção do cultivo alternativo, foram problemas com intoxicações
por agrotóxicos, custo de produção menor, preço diferenciado para a produção, resistência
do produto a armazenagem e ausência de resíduos de agrotóxicos no produto. Também é
cultivado em pequena área (9 ha) de maneira orgânica de Oryza sativa var. japonica, que
com índice de produtividade de 80 kg.ha -1 . Apesar da menor produtividade o preço pago é
40 % superior ao da espécie Oryza sativa convencional produzido na maioria das
propriedades. Os principais problemas para a expansão da área cultivada de arroz
alternativo, residem em aspectos gerenciais, culturais e de manejo da adubação orgânica.
Para resolver esse problemas se faz necessário intensificar a capacitação dos produtores e
técnicos ligados a orizicultura. O manejo de nitrogênio, aliado ao controle do nível da lamina
d’água promove incrementos na produtividade. Faz também com que permita controlar a
incidência de bicheira da raiz. Apesar da prática de produção alternativa ser mais proscritiva
do que prescritiva, utilizando recursos locais, o conhecimento dos técnicos e agricultores
(Silva, 1997), há necessidade também de mudança de foco nas instituições estaduais para
fornecer subsídios técnicos ao setor produtivo alternativo de arroz (Icepa, 2002). Portanto a
boa governança ainda não é satisfatória para o setor. Todos os produtores e empresas
envolvidas participam do processo de certificação feito por entidades como Associação
Orgânica e Instituto de Biodinâmica e Desenvolvimento (IBD). O fato de ter certificação
habilitou e permitiu a venda da produção para a merenda escolar estadual, atendendo a
especificação do governo. Esse nicho de mercado pode ser explorado com exclusividade
pelo setor alternativo em função da legislação estadual vigente. A certificação propiciou
também a diminuição do impacto ambiental da cultura sobre o meio ambiente e garantia de
qualidade do produto ao mercado consumidor (TEVES , 1999). A certificação é embasada
na necessidade de verificar a procedência, processamento, rastreabilidade e padronização.
No Brasil é regulamentada pela Instrução Normativa (IN) 007 de 1999, do Ministério da
Agricultura e Abastecimento. Em SC a lei 12.117, de 2002 regulamenta a certificação
orgânica de produtos agrícolas (Icepa, 2002). Apesar da certificação representar custo
adicional aos agricultores, permite aos produtores maior agregação de valor ao produto.
Esses fatos culminaram no desenvolvimento de uma vantagem competitiva do arroz irrigado
alternativo frente ao convencional. Além disso, criam vínculos de fidelidade do consumidor,
isto também agrega valor do produto frente aos concorrentes.
Deste modo, o arroz irrigado alternativo proporcionou alterações na cadeia produtiva
incluindo novos elos como instituições certificadoras, fornecedores de insumos alternativos e
consumidores diferenciados. Este sistema proporciona também o desenvolvimento de novas
competências referentes a tecnologia utilizada na produção de arroz. E ainda, a evolução de
vantagens competitivas de custo, diferenciação e foco. Além do uso de maneira eficaz e
eficiente dos recursos disponíveis. Através desta mudança o setor tornou-se mais rentável
economicamente aos produtores de arroz irrigado alternativo.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Gonzalez, F.J. Origem e Taxonomia de la Planta de Arroz. In: Tascon, J.E; Garcia., D. A;
Arroz: Investigacion y Production. Cali: Ciat/Pnud 1985 –pp 47- 53
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Levantamento Sistemático da
Produção Agropecuária . Março 2003 – www.ibge.gov.br
Icepa – Instituto de Planejamento e Economia Agrícola de SC – Agricultura Orgânica em
Santa Catarina. Florianópolis, 55p. 2002
Inácio, C.T. Certificação de qualidade ambiental em processos de produção de arroz.
Dissertação de Mestrado – EPS – UFSC 90p. Florianópolis, 1999
Muniz, A. W & Silva, E. Produção Orgânica de Arroz Irrigado no Município de Rio Do Campo
(SC) . Simpósio Latino Americano Sobre Investigação e Extensão Em Sistemas
Agropecuários. IESA, 5p E Encontro da Soc. Brasileira de Sistema de Produção.- SBSP,
5.2002, Florianópolis, SC. Programação e Caderno de Resumos. Florianópolis: EPAGRI,
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Prochnow, R. Alternativas Tecnológicas Para Produção Integrada De Arroz Orgânico.
Dissertação de Mestrado Agroecossistemas. CCA/UFSC Florianópolis, 156 p. 2002
Silva, E. Biodiversidade e Infectividade de Fungos Micorrízicos Arbusculares em
Cebola (Alliun cepa) produzida em sistema convencional e alternativo de
produção.
– . Dissertação de Mestrado Agroecossistemas – CCA- UFSC – Florianópolis, 1997. 96p.
OPORTUNIDADES E DIFICULDADES DE UM SISTEMA DE PRODUÇÃO
ORGÂNICA DE ARROZ IRRIGADO: EXPERIÊNCIA EM PROPRIEDADE
FAMILIAR
Maria Laura Turino Mattos; José Francisco da Silva Martins; Walkyria Bueno Scivittaro;
Daniel Fernandez Franco; João Carlos Madail; Mirtes Melo; João Luiz Vendrusculo; Cley
Donizetti Nunes; Cláudio Alberto Souza da Silva, Noel Gomes da Cunha. Embrapa Clima
Temperado,
Caixa
Postal
403,
CEP
96001-970,
Pelotas,
RS.
E-mail:
[email protected]
Palavras-chave: agricultura orgânica, segurança ambiental, segurança alimentar
Em resposta a crescente demanda por produtos alimentícios orgânicos e pela
conservação dos recursos naturais, a Embrapa Clima Temperado, em Pelotas, Rio Grande
do Sul (RS), em parceria com a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de
Santa Catarina (Epagri), está desenvolvendo o projeto “Alternativas Tecnológicas para
Produção Orgânica de Arroz Irrigado no Sistema de Cultivo Convencional, no Rio Grande do
Sul”. O objetivo geral é desenvolver tecnologias que permitam melhorar a sustentabilidade
da orizicultura irrigada, por meio da eliminação do uso de pesticidas e fertilizantes químicos,
visando a preservação da saúde dos produtores e consumidores, bem como a preservação
do meio ambiente, com agregação de valor.
A agricultura orgânica é a forma regulamentada mais importante de agricultura
ecológica, apoiada legalmente em padrões e normas definidas de produção, processamento
e embalagem. Em sistemas de agricultura orgânica, fatores de produção biofísicos estão
intimamente ligados aos fatores sócio-econômicos e institucionais. No Brasil, a instrução
normativa nº 007, de 17 de maio de 1999, do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA), disciplina a produção, tipificação, processamento, envase,
distribuição, identificação e certificação da qualidade de produtos orgânicos, sejam de
origem animal ou vegetal. O certificador deve ser uma pessoa jurídica, com sede no
território nacional, credenciada na Secretaria de Defesa Agropecuária, e que tenha seus
documentos sociais registrados em órgão competente de esfera pública, organização
privada que deve estar habilitada para tal procedimento, conforme legislação do MAPA e
Instituto Nacional de Metrologia (INMETRO).
A percepção geral do projeto, em sua etapa inicial, foi de que os produtores
familiares (±10 ha) possuiam o perfil ideal para a implantação do sistema de produção
orgânico de arroz, com suas diversidades e interações complexas. Assim, as tecnologias
geradas, por ações de pesquisa, estão sendo validadas em uma propriedade familiar (13,5
ha) na localidade denominada de Banhado do Colégio, Camaquã, RS. As áreas de
validação compõem-se de 1,2 ha para o sistema orgânico e de 0,4 ha para o sistema
químico. As tecnologias estão sendo rastreadas no sistema de produção visando, ao final de
quatro anos, criar condições para que o produtor possa obter a certificação do arroz
produzido no sistema orgânico e desta forma, atender as necessidades de registro confiável
da cadeia produtiva. A rastreabilidade é um processo para rastrear os antecedentes e
proteger os consumidores, identificando o produto por meio de procedimentos normalizados
e registrados.
Neste trabalho, são apresentadas oportunidades e dificuldades observadas durante o
período de dois anos de condução do sistema de produção orgânica de arroz irrigado, em
uma propriedade familiar, no Rio Grande do Sul.
A transição de uma produção de arroz convencional para orgânica requer ajustes no
modo de como o problema de pragas (doenças e insetos) e plantas daninhas deve ser
enfrentado. Há uma certa tolerância aos níveis de dano que possam ocorrer. O programa de
manejo é alterado e o produtor orgânico passa a tomar conhecimento sobre as estratégias
culturais e biológicas integradas voltadas ao manejo de pragas e da fertilidade do solo.
Na safra 2001/2002, o arroz foi produzido sem o uso de fertilizantes sintéticos e
pesticidas. A adubação fosfatada com superfosfato foi substituída por fosfato natural e a
adubação potássica, com cloreto de potássio, foi substituída por sulfato de potássio. Uma
prática fundamental para a construção da fertilidade do solo em um sistema de produção
orgânica de arroz inclui a rotação de culturas e o cultivo de leguminosas e gramíneas no
período de inverno. Scivittaro et al. (2001) verificaram que os adubos verdes, Trifolium
resupinatum var. resupinatum, Trifolium repens e Lotus subbiflorus cv. El Rincón, são
adequados ao uso como fontes alternativas de N para a cultura de arroz irrigado, reduzindo
a dependência de fontes minerais comerciais. Assim, no outono de 2002, foram semeados,
a lanço, os seguintes adubos verdes: Trifolium repens e Lotus subbiflorus cv. El Rincón,
sobre o solo arado. As plantas daninhas foram controladas somente por meio da lâmina
d’água e arranquio manual e. Os produtores de arroz orgânico no Canadá citam que,
durante o período de transição, as plantas daninhas são um dos maiores problemas
encontrados, podendo ser superados por meio de um manejo cuidadoso. Programas de
rotação de culturas e manejo dos solos bem planejados, aumentando e mantendo a
atividade biológica do solo, assegurarão uma planta vigorosa e reduzirão a competição com
plantas daninhas (Cognition, 2002). O produtor orgânico não pode buscar lavouras
completamente limpas, mas observa-la como um sistema ecológico que tem uma
diversidade de plantas, onde o arroz cultivado é a espécie dominante. Independente de ser
uma lavoura orgânica ou convencional, a água é o elemento primário de controle das
plantas daninhas.
Na lavoura orgânica, na safra 2002/2003, a incidência de plantas daninhas foi maior
do que na safra anterior. O controle foi feito com capinadeira mecânica utilizada para a
cultura da soja. Não havendo sucesso, foram adaptadas tecnologias para o controle de
plantas daninhas empregadas em lavouras de arroz do município de Agudo, RS. Validou-se
o uso do ‘gafanhoto’, equipamento manual, e de uma capinadeira tratorizada, que realizam
eficientemente o corte das plantas daninhas entre as fileiras de arroz. Apesar da
oportunidade oferecida ao produtor, houve, associada aos aspectos climáticos
desfavoráveis de chuvas em excesso, uma pequena resistência para adoção das
tecnologias, não sendo possível utilizar os equipamentos com sucesso. É possível que nas
próximas safras o produtor já esteja familiarizado com os equipamentos e a condição
climática seja favorável. Lundberg (2002) afirma que as únicas ferramentas que existem
para o controle das plantas daninhas são o planejamento das culturas em rotação, utilizando
um conjunto de técnicas de plantio, e o manejo da água de irrigação. Na produção
convencional, plantas daninhas já demonstram resistência aos herbicidas. Por outro lado,
nas lavouras orgânicas, diferentes plantas daninhas passam a dominar com diferentes
estratégias não químicas, ocorrendo uma adaptação. O autor constatou que o manejo de
plantas daninhas torna-se mais difícil após o primeiro ou segundo ano de cultivo orgânico.
Se ao longo dos anos haviam sido usados herbicidas, a população de sementes de plantas
daninhas está limitada. Porém, sem o uso de herbicidas, será gerada uma carga de
sementes de plantas daninhas se não forem aplicadas estratégias de controle.
A análise quantitativa de sementes de arroz vermelho revelou um número maior (16
sementes de arroz vermelho em 500 g-1 de amostra) na lavoura orgânica quando
comparado à lavoura convencional (7 sementes de arroz vermelho em 500 g-1 de amostra).
Na safra 2001/2002, observaram-se 12 sementes de arroz vermelho na lavoura química e
nenhuma na orgânica (em transição). Este comportamento pode ser explicado pelos
seguintes aspectos:
• No primeiro ano: (1) semeadura em época normal (11/11/02); (2) possibilidade de
existência de resíduos de herbicidas no solo; (3) baixa densidade de sementes de
plantas daninhas e (4) maior freqüência de arranquio manual;
• No segundo ano: (1) semeadura atrasada (28/12/02); (2) possibilidade de menor
concentração de resíduos de herbicidas no solo; (3) maior densidade de sementes de
plantas daninhas; (4) baixa eficiência da capina mecânica realizada; (4) menor
freqüência de arranquio manual.
Na propriedade familiar, durante o período de transição da lavoura convencional
para orgânica, tempo mínimo de 12 meses de manejo orgânico, de novembro de 2001 a
2002, incluindo a safra de 2001/2002, o arroz produzido não foi comercializado como arroz
orgânico. Conseqüentemente, não foram obtidos os preços potenciais para produtos
orgânicos. Observou-se uma grande expectativa do produtor pela agregação de valor ao
produto e por outro lado, pouco interesse pelos benefícios ao meio ambiente e saúde. Ao
mesmo tempo, não verificou-se diversidade de marcas e tipos de arroz orgânico no
mercado local. Em geral, há um desconhecimento sobre os produtos orgânicos, combinado
à falta de disponibilidade em supermercados convencionais. O acesso a um mercado,
regional ou nacional, também estaria condicionado a manutenção de um determinado nível
de escala de produção, que possa sustentar a demanda da indústria e do consumidor. Se a
escala do produtor for baixa, poderá não haver conquista de mercado. Por outro lado,
poderá haver excesso de produto e os produtores não agregarem valor ao seu arroz
orgânico, que geralmente produz menos. No Japão, as maiores dificuldades perante o
mercado orgânico são os preços elevados, pouca variedade de produtos, consumidores
desconfiados da legitimicidade dos mesmos, e poucos consumidores conscientes. Quando
compram, os consumidores enfatizam a vida e a segurança alimentar e demonstram
interesse pelos produtos orgânicos, se estes possuem preço razoável (Martinez, 2000). Na
Califórnia, o arroz orgânico é comercializado por meio de mercado especializado a preços
mais elevados, quando comparados ao arroz convencional. Razões para o crescimento de
arroz orgânico incluem o preço acima do mercado, redução de inputs na lavoura e um
desejo filosófico para estar de acordo com o meio ambiente (Hill et al., 2002).
No transcurso de dois anos de trabalho de validação, foi possível verificar que o perfil
do produtor é decisório para a adoção das tecnologias alternativas para o sistema de
produção orgânica de arroz irrigado que estão sendo desenvolvidas neste projeto, A rápida
adoção de tecnologias pode, em curto prazo, tornar competitivo o arroz orgânico em
mercados locais (Rio Grande do Sul) e regionais (Santa Catarina, Paraná, São Paulo...).
Adicionalmente, o produtor terá um ganho superior com menor custo de produção. Para isto,
deve possuir perfil empreendedor, entender que a tendência de produtividade deste sistema
é, em média, metade do sistema convencional e que, conseqüentemente, haverá
necessidade de receber um significativo valor para o arroz orgânico, traduzindo-se em
oportunidade para o seu negócio familiar.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COGNITION The voice of canadian organic growers. Disponível
URL:http://ww.eap.mcgill.ca/MaRack/COG/COGHandbook/COGHHandbook_1_7.htm.
Acesso em 20 de set. 2002.
em:
HILL, J.E.; ROBERTS, S.R.; BRANDON, D.M..; SCARDACI, S.C.;; WILLIAMS, J.F.;
MUTTERS,
R.G.
Disponível
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:
Rice
production
in
California.
URL:http://www.agronomy.ucdavis.edu/uccerice/PRODUCT/rpic13.htm. Acesso em 20 de
set. 2002.
MARTINEZ, D.A. Japan Organic Products, Organic Foods in Western Japan. Foreign
Agricultural Service, Japan, USDA, 2000. 7p.
ROOD, M.A. Long-haul organic. Rice Journal, v.105, n.3, p.12-17, 2002.
SCIVITTARO, W.B.; SILVA, C.A.S.; ANDRES, A.; GALINA, S.; MURAOKA, T. Uso de
adubos verdes e de uréia como fonte de nitrogênio para a cultura do arroz irrigado. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 2., 2001, Porto Alegre. Anais... Porto
Alegre: Instituto Riograndense do Arroz, 2001. 894p.
Apoio Financeiro: PRODETAB – Projeto de Apoio ao Desenvolvimento de Tecnologia
Agropecuária para o Brasil (Edital 01/2001, Conv. 080)
MONITORAMENTO AMBIENTAL DE PESTICIDAS EM ÁGUAS DE LAVOURAS
DE ARROZ IRRIGADO NO SISTEMA PRÉ-GERMINADO
Maria Laura Turino Mattos1; Francisco C. Deschamps2; José Alberto Petrini1 1 Embrapa
Clima Temperado, Caixa Postal 403, CEP 96001-970, Pelotas, RS. E-mail:
[email protected]; 2 Epagri/Estação Experimental de Itajaí, Caixa Postal 277,
CEP 88301-970, Itajaí, SC. E-mail: [email protected]
Palavras-chave: segurança ambiental, segurança alimentar, herbicidas, inseticidas
A orizicultura irrigada, praticada no Rio Grande do Sul (RS), apesar do forte papel
que desempenha como estabilizadora da produção nacional de arroz, apresenta baixa
rentabilidade, devido ao alto custo de produção e a distorções de mercado. Incorpora o uso
intenso de pesticidas, principalmente para o controle de pragas (plantas daninhas, insetos e
doenças), fator que eleva os custos de produção e aumenta os riscos de impacto ambiental
negativo, nas áreas de produção. Na safra 2002/2003, o custo de produção do arroz
relacionado ao controle destas pragas foi de US$ 46,30 ha-1, representando 6,55% do custo
de produção total (IRGA, 2003). Os pesticidas não afetam somente a vida aquática, mas
também podem comprometer a qualidade da água para consumo humano e animal.
A implementação do sistema pré-germinado em lavouras de arroz irrigado no RS tem
aumentado a demanda pela aplicação de herbicidas, inseticidas e fungicidas. A aplicação
destes pesticidas pode resultar na acumulação de seus resíduos ou de seus metabólitos no
solo, águas de superfície e subterrâneas e nos grãos de arroz. No entanto, constata-se
carência de informações sobre o impacto destes produtos no ambiente, preocupando a
sociedade as questões ligadas à segurança ambiental e alimentar. Para minimizar os riscos
de contaminação por pesticidas, estudos de dissipação, mobilidade e monitoramentos
necessitam ser realizados. Neste contexto, Mattos et al. (2002) realizaram um
monitoramento do herbicida glifosato e de seu metabólito em águas de lavouras de arroz
irrigado, em uma granja orizícola, em Jaguarão, RS, durante o período de 1999/2000 e
2000/2001. Quarenta pontos foram amostrados, do levante na Lagoa Mirim até o
lançamento no Arroio Bretanhas, com coletas mensais de dezembro a março. Não foram
detectadas concentrações de glifosato acima do limite máximo permitido (700 µg.L-1) pela
Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (Environmental Protection
Agency=EPA), bem como do limite máximo estabelecido pela Portaria nº 1.469 do Ministério
da Saúde (500 µg.L-1), para água potável. Mattos et al. (2001) também realizaram um estudo
de dissipação do inseticida carbofuran na água e no sedimento em ecossistema de arroz
irrigado, em Capão do Leão, RS, nas safras de 1999/2000 e 2000/2001. Os resultados
indicaram que a dissipação do carbofuran no sedimento e na água ocorreu aos 30 dias após
a aplicação do inseticida.
Na lavoura orizícola são aplicados vários pesticidas, de classes toxicológicas
distintas, sendo 22 herbicidas, 17 inseticidas e 16 fungicidas (Arroz Irrigado, 2001), nos
diferentes sistemas de cultivo. No sistema de cultivo pré-germinado, o qual ocupou uma
área de 103.075 ha, na safra de 2001/2002, no RS, há uma maior tendência de ocorrer
cyperáceas e plantas aquáticas, as quais são controladas, principalmente, por meio do uso
de herbicidas aplicados isoladamente (bispyribac-sodium, clomazone, oxadiazon,
pyrazolsufuron, quinclorac, thiobencarb...) ou em mistura (metsulfuron+pyrazolsufuron,
propanil+thiobencarb...) Também há incidência do inseto Oryzophagus oryzae, sendo
controlado basicamente por meio do controle químico com o inseticida carbofuran granulado
(Martins et al., 2001).
O objetivo deste trabalho foi monitorar a presença de pesticidas em amostras de águas
superficiais, coletadas em área orizícola com lavouras cultivadas no sistema pré-germinado, de
modo a avaliar o impacto do uso de herbicidas e inseticidas sobre os recursos hídricos,
especialmente no arroio Sarandi e na Lagoa Mirim.
O monitoramento dos herbicidas e inseticidas nas águas de lavouras de arroz irrigado
cultivadas no sistema pré-germinado, localizadas na granja Quatro Irmãos, Rio Grande, RS,
ocorreu nas safras de 1999/2000 e 2000/2001. No primeiro ano, de novembro de 1999 a
abril de 2000, foram coletadas 24 amostras d’água em pontos no entorno das lavouras
denominadas de QE5 e QE6. No segundo ano, de novembro de 2000 a março de 2001 as
amostras d’água foram coletadas no entrono da lavoura denominada de Q19 (Tabela 1). A
determinação dos pesticidas presentes nas amostras d’água foi realizada por meio da
extração em fase sólida (C18) e análise por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE),
conforme método multiresíduo descrito por Deschamps et al. (2001). O equipamento
utilizado foi da marca Schimadzu, modelo LC10-VP, dotado de bomba para gradiente
quaternário, injetor automático, forno de coluna (400C) e detector de absorção Ultra Violeta.
O sistema foi gerenciado por uma estação de trabalho dotada de software específico. Usouse coluna Shim-pack-CLC-ODS(M) com 25 cm de comprimento, 4,6 mm de diâmetro,
preenchida com octadecil-C18 como fase estacionária (5 µm de diâmetro da partícula e 100
A0 de diâmetro do poro). O sistema também contou com uma pré-coluna. A fase móvel foi
acetonitrila:água. As moléculas químicas analisadas foram metomil, atrazina, simazina,
carbofuran e dois de seus metabólitos (3-hydroxicarbofuran e 3-ketocarbofuran), propanil,
molinate, thiobencarb, fenoxaprop_p_ethyl, oxyfluorfen, oxadiazon, picloran, quinclorac,
metsulfuron-metil, 2,4D e pyrazolsufuron. Na Tabela 1 pode-se observar os valores
quantificados dos pesticidas detectados em alguns pontos amostrais.
Tabela 1. Concentrações dos pesticidas e amostras d’água coletadas na granja Quatro Irmãos, Rio Grande, RS
-
Número de
Ordem
1
2
3
4
5
Identificação
Descrição do Local
Data de Coleta
Pesticidas µg L
BE
QE6
QE6
QE6
QE6
25/11/99
25/11/99
25/11/99
29/12/99
29/12/99
oxadiazon-6,67
ND*
ND
quinclorac-18,30
quinclorac-22,40
6
7
8
9
PP
CM
QE6
QE6
Boca do Esgoto-Canal principal
Lâmina D’Água
Canal de Drenagem
Lâmina D’Água
Escape da Lâmina p/ Canal de
Drenagem
Ponte de Pedra
Canal Mestre
Lâmina D’Água
Escape da Lâmina p/ Canal de
Drenagem
29/12/99
29/12/99
27/01/00
27/01/00
quinclorac-23,80
ND
ND
ND
10
11
12
13
QE6
BE
QE6
QE6
Canal de Drenagem
27/01/00
27/01/00
02/03/00
02/03/00
ND
ND
ND
ND
14
15
16
17
18
19
QE6
BE
PM
AS
QE6
QE6
02/03/00
02/03/00
02/03/00
02/03/00
05/04/00
05/04/00
ND
oxadiazon-7,73
ND
ND
ND
ND
20
21
22
23
24
QE6
BE
PM
CN
AS
05/04/00
05/04/00
05/04/00
05/04/00
05/04/00
ND
ND
ND
ND
ND
Boca do Esgoto-Canal principal
Lâmina D’Água
Escape da Lâmina p/ Canal de
Drenagem
Canal de Drenagem
Boca do Esgoto-Canal Principal
Ponte de Madeira
Arroio Sarandi
Lâmina D’Água
Escape da Lâmina p/ Canal de
Drenagem
Canal de Drenagem
Boca do Esgoto-Canal Principal
Ponte de Madeira
Canal Sarandi
Arroio Sarandi
1
Tabela 1. Concentrações dos pesticidas e amostras d’água coletadas na granja Quatro Irmãos, Rio Grande, RS.
(continuação).
25
26
27
28
29
30
31
32
33
Q19
Q19
Q19
Q19
Q19
Q19
Q19
Q19
Q19
Lâmina D’Água
Lâmina D’Àgua c/ Escape p/ Esgoto
Canal de Esgoto Frente
Canal de Esgoto Lateral
Canal Mestre de Entrada D’Água
Lâmina D’Água
Lâmina D’Àgua c/ Escape p/ Esgoto
Canal de Esgoto Frente
Canal de Esgoto Lateral
23/11/00
23/11/00
23/11/00
23/11/00
23/11/00
22/12/00
22/12/00
22/12/00
22/12/00
34
35
36
37
38
39
40
41
42
43
44
45
46
Q19
Q19
Q19
Q19
Q19
Q19
Q19
Q19
Q19
Q19
Q19
Q19
Q19
Canal Mestre de Entrada de Água
Lâmina D’Água
Canal de Esgoto Frente
Canal de Esgoto Lateral
Canal Mestre de Entrada de Água
Lâmina D’Água
Lâmina D’Àgua c/ Escape p/ Esgoto
Canal de Esgoto Frente
Canal Mestre de Saída de Água
Lâmina D’Água
Canal de Esgoto Frente
Canal de Esgoto Lateral
Canal Mestre de Entrada de Água
22/12/00
26/01/01
26/01/01
26/01/01
26/01/01
23/02/01
23/02/01
23/02/01
23/02/01
22/03/01
22/03/01
22/03/01
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Apoio Financeiro: PRODETAB (Edital 01/1998, Conv. 077)
POTENCIAL AGRONÓMICO DE BACTERIAS FIJADORAS DE
NITRÓGENO ENDÓFITAS DE ARROZ
M. Carlomagno, K. Punschke y C. Labandera. DMS, Ministerio de Ganadería Agricultura y
Pesca, Burgues 3208, Montevideo, Uruguay. [email protected]
Palabras clave: endófitos, diazótrofos, promoción.
En Uruguay, en el año 2001 el arroz (Oryza sativa) representó el 99 % de las
exportaciones de cereales. Es un cultivo extensivo de verano, realizándose en forma
mecanizada y bajo inundación. Se cultiva generalmente en rotación con pasturas; sin
embargo es común el uso de fertilizantes nitrogenados. Se intenta reducir su aplicación
mediante el uso del potencial de promoción del crecimiento de bacterias endófitas. Estas
colonizan el interior de las raíces y en algunos casos se dispersan sistémicamente sin
formar estructuras especializadas. Algunas pueden transmitirse en el grano. Presentan
ventajas frente a las rhizosféricas, pues no compiten con los microorganismos del suelo,
están protegidas de cambios ambientales y establecen un intercambio más directo de
metabolitos con la planta. Promueven el crecimiento vegetal por: fijación biológica de
nitrógeno (FBN), producción de fitohormonas y resistencia a enfermedades, entre otros. El
grado de colonización varía según el genotipo de la planta (Barraquio y col., 1997; Canzani y
col., 1998; Hallmann y col, 1997; Bashan y Holguin, 1997; Okon y Vanderleyden, 1997;
Pádua, 2001; Baldani y col., 2000; Mirza y col, 2000). Un amplio rango de bacterias
diazótrofas se confirmaron como endófitas de arroz, entre ellas las microaerofílicas:
Azospirillum brasilense (Baldani y col., 1993), Azospirillum irakense (Vermeiren y col., 1998),
Azoarcus BH72 (Reinhold-Hurek y Hurek, 2000), Herbaspirillum seropedicae (Baldani y col.,
1995; Olivares y col., 1996; James y col., 2000), Burkholderia brasilense (Baldani y col.,
2000). Cepas diazótrofas de Bacillus y Paenibacillus serían endófitas de arroz (James y col.,
2000). El objetivo de este trabajo fue cuantificar, aislar y caracterizar bacterias diazótrofas
endófitas de las variedades comerciales El Paso 144 e INIA Tacuarí. Se evaluó la capacidad
de los aislamientos de fijar N y de promover el crecimiento vegetal.
Se recolectaron 84 muestras de plantas de arroz en estadio vegetativo de las
variedades El Paso 144 e INIA Tacuarí, de chacras comerciales y parcelas experimentales
en las zafras 2000/2001 y 2001/2002. Para cada muestra tallos y hojas se desinfectaron
superficialmente con alcohol 70%, se maceró 1g en agua estéril, y se prepararon diluciones
(Döbereiner y col., 1995). Se sembraron 0,1 ml de estas en los medios selectivos
semisólidos sin N NFb (Döbereiner y col., 1995) y JMV (Baldani y col., 2000) por triplicado,
para cuantificar por número más probable (NMP) y aislar: Azospirillum spp., Herbaspirillum
spp. y Azoarcus spp. en NFb, y Burkholderia brasilense en JMV. Se incubó a 35ºC por 4 a 7
días, y se siguió la metodología descrita por Döbereiner y col. (1995). Para aislar Bacillus
spp., la dilución 10-1 de la muestra se incubó por 10 min. a 80ºC (McInroy y col, 2000). Se
sembró 0,1 ml en Rennie semisólido sin N, incubó a 28ºC por 3 días, y se continuó según
Döbereiner y col. (1995). Colonias aisladas provenientes de los 3 medios crecieron en LB
(Luria Bertani) líquido y se conservaron en glicerol al 20% a -80ºC (Döbereiner y col., 1995).
Se evaluó la FBN de algunos aislamientos de NFb y JMV por reducción de acetileno (ARA).
Para evaluar promoción del crecimiento, se descascararon granos El Paso 144 e INIA
Tacuarí. Se esterilizaron con HgCl2 0,2% por 4 min y se pregerminaron en agar agua a
28ºC. Las cepas crecieron en LB líquido a 30ºC con agitación, toda la noche. Tubos para
plantas de 80 ml con 40 ml de medio Hoagland sin y con 0.05% KNO3 esterilizados, se
inocularon antes de la solidificación con 1 mL del cultivo (108 cél.) o con 1 ml de buffer
fosfato. Una vez germinadas se sembró una plántula por tubo, empleando 2 repeticiones por
tratamiento. Las plantas crecieron en cámara con un fotoperíodo de 12 hs, a 25-30ºC por 45
días (Baldani y col., 2000). Se consideró aislamiento promotor aquel que produjo un
incremento mayor al 20% de la materia seca de parte aérea o raíz, respecto al control sin
inocular. Estos se evaluaron en las condiciones descritas pero utilizando 3 repeticiones por
tratamiento. Los aislamientos que confirmaron la promoción se ensayaron usando 5
repeticiones, y se registró el efecto sobre el desarrollo radicular. Las materias secas se
analizaron por ANOVA-1 y se determinaron las diferencias significativas mínimas según LSD
al 5%.
Los resultados de NMP indicaron que en la mayoría de las muestras se encontraron
concentraciones de endófitas diazotróficas microaerofílicas mayores a 105 cél/g de tejido. El
100% de las muestras El Paso 144 mostraron concentraciones mayores a 105 cél/g,
mientras que hubo un 69% de las muestras INIA Tacuarí con concentraciones mayores a
105 cél/g y el resto presentó concentraciones menores a 104 cél/g. Estas diferencias podrían
deberse a las distintas capacidades de las variedades de asociarse a diazótrofos. Estos dos
resultados apoyan trabajos previos (Canzani y col., 1998). En todas las muestras se
obtuvieron aislamientos en los medios empleados: se conservaron 59 aislamientos de NFb,
51 de JMV y 13 de Rennie, lo que indicaría una gran diversidad de endófitos diazótrofos. Un
56% de los 66 aislamientos de NFb (37) y JMV (29) manifestaron capacidad de fijar N según
ARA. En los ensayos de promoción de crecimiento vegetal se evaluaron 31 aislamientos de
NFb, 31 de JMV y 13 de Rennie. El 33% del total de los aislamientos presentaron potencial
de promoción en parte aérea y/o raíz, con y/o sin N. El 23% de los aislamientos de NFb y
JMV promovieron, con incrementos en el peso fresco del 20 al 100%. A su vez, un 85% de
los de Rennie fueron promotores; de estos, un 36% mostró niveles de promoción del 100 al
150% en Tacuarí (Figura 1). Treinta aislamientos se evaluaron con 3 repeticiones (Tabla 1).
1 00
85
% a i s l a m i e n to s
81
74
80
60
p ro m ot ores
n o p rom o t o res
40
19
26
15
20
0
1
NFb
2
JMV
3
Rennie
m e di os
Fig. 1 Porcentajes de aislamientos promotores en ensayos con 2 repeticiones según el medio donde se
aislaron.
Nueve aislamientos de NFb, 4 de JMV y 9 de Rennie mostraron porcentajes de
promoción mayores al 20% cuando se evaluaron con 3 repeticiones. 56aN, 56bN, 46R, 60R,
73R y 81R provocaron promociones significativas mayores al 100% en El Paso, y 5J en
Tacuarí. 56aN, 46R y 81R también presentaron este efecto en Tacuarí, confirmando 46R y
81R el alto porcentaje obtenido con 2 repeticiones. Además 2N, 38N, 56N y 56aN mostraron
promociones significativas en Tacuarí. 38N, 56aN, 81R, 73R también mostraron
promociones significativas en alguna otra de las fracciones de las plantas con y/o sin N (no
se muestra). Siete de 19 aislamientos confirmaron la promoción en El Paso. Sin embargo, 9
de 12 promotores en Tacuarí repitieron el efecto. Para 44N, 82aJ, 83J, 82R y 83R no se
confirmó la promoción del 20 al 100%. Los porcentajes de promoción alcanzados son
similares a los obtenidos por Baldani y col. (2000). Es de interés que el medio Rennie se
utilizó para aislar cepas de Bacillus, y que las especies formadoras de esporas de este
género tienen una vida útil suficiente para ser utilizados comercialmente (McInroy y col.,
2000). Con los aislamientos promisorios en los ensayos con 3 repeticiones se realizaron los
ensayos con 5 repeticiones por tratamiento, incorporando cepas de referencia. Se verificará
la condición endófita de las cepas seleccionadas, se identificarán por técnicas bioquímicas y
moleculares, y su potencial de promoción se evaluará en suelo en invernáculo.
Tabla 1 Aumento en la materia seca de plantas inoculadas con aislamientos promotores en presencia y
ausencia de N, en ensayos con 2 o 3 repeticiones por tratamiento.
Cepa
a
b
2N
b
33N
38N
46N
56N
56aN
56bN
70N
80N
b
5J
b
22J
b
23J
b
25J
71J
2 repeticiones
3 repeticiones
c
Aumento (%)
EP
T
EP
T
d
77
30
39
44N
38
59
sd
sd
sd
sd
d
50
d
67
d
30
d
49
(-)
sd
sd
d
77
90
(-)
(-)
sd
sd
sd
sd
sd
sd
sd
sd
65
d
(-)
d
52
(-)
(-)
75 *
63
d
79 *
(-)
(-)
(-)
213*
101*
(-)
(-)
(-)
(-)
(-)
sd
sd
(-)
d
48
39*
198*
87
87
23
d
194 *
d
24
26
sd
sd
Cepa
76J
83J
82aJ
82bJ
46R
53R
57R
60R
67R
69R
73R
74R
81R
82R
83R
a
2 repeticiones
3 repeticiones
c
Aumento (%)
EP
T
EP
T
(-)
39
sd
sd
(-)
d
29
27
29
35
37
29
d
29
(-)
51
37
34
(-)
sd
sd
73
d
110
d
114
d
50
108
81
(-)
d
35
d
94
152
d
143
32
(-)
(-)
sd
235 *
48
54
140*
(-)
53
125*
d
21
154*
(-)
(-)
(-)
(-)
(-)
sd
169 *
60
72
34
52
24
73
d
33
198*
(-)
(-)
sd sin dato; (-) no promovió; * promociones significativamente diferentes de los controles sin inocular (LSD, p<0.05); a se
designaron usando la inicial del medio de aislamiento; b ARA+. El resto sin dato; c para cada aislamiento se eligió el mayor
porcentaje de promoción obtenido a partir de las medias de parte aérea y/o raíz, con y/o sin N; d en presencia de N.
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USO DE ÁGUA POR ASSOCIAÇÕES DE VALA NA BACIA HIDROGRÁFICA DO
RIO ITAJAÍ: ESTUDO DE CASO EM GASPAR
Luiz Carlos Maçaneiro, Beate Frank, Mestrado em Engenharia Ambiental, FURB, CP 1507,
Blumenau 89010-971 [email protected]
Palavras-chave: rizicultura, consumo de água, derivação de água, bacia do Itajaí
O mundo vem assistindo à diminuição das disponibilidades hídricas e ao aumento
considerável da demanda de água, devido ao aumento populacional e às mudanças no padrão
de consumo. Uma grande parte do ciclo hidrológico, caracterizado por complexas interações de
águas de diferentes origens e cada uma delas submetida a usos variados, tem sido alterada
profundamente tanto na qualidade como na quantidade, ocasionando uma séria crise de
abastecimento mundial (Tundisi, 2000). Em 1997, a Organização das Nações Unidas (ONU) fez
um alerta mundial em seu relatório: em 28 anos, a carência de água atingirá dois terços da
população mundial. Isso significa que, em 2025, cerca de 5,5 bilhões de pessoas vão sofrer com
a falta de água e deverão reduzir o consumo em 35%. “Ou seja, a quantidade total de água na
Terra é a mesma e a demanda de água no mundo dobra a cada 21 anos, tendo aumentado 10
vezes desde 1900” (Righes, 2000).
O setor rizicultura ocupa um papel de suma importância na economia agrícola
mundial já que o arroz é a maior fonte de alimento para a metade da população mundial,
estimada em 8 bilhões para 2025, e é responsável por 12% das proteínas e 18% das
calorias da dieta básica do brasileiro. O futuro do setor é promissor e a produtividade tende
a aumentar graças às novas variedades e tecnologias lançadas no mercado.
A alta produtividade da cultura de arroz na bacia do Itajaí vem chamando a atenção
e comprova a sua importância no cenário nacional. O setor figura entre os maiores usuários
de água entre todos os usos apontados para a bacia do Itajaí, segundo o relatório do grupo
de trabalho do Conselho Estadual de Recursos Hídricos gerado em 2000. São cerca de
4000 agricultores cultivando arroz irrigado, manejando a água em todos os hectares
plantados de formas diversas. O real consumo de água na rizicultura do Vale ainda é uma
incógnita, embora alguns estudos já tenham sido desenvolvidos buscando a sua
determinação. No entanto, pesquisas foram desenvolvidas em campos experimentais e
apontam o consumo efetivo de água pela cultura e não a quantidade de água derivada ou
desviada na fonte. A necessidade dos dados reais para o gerenciamento da água, isto é,
para aplicação dos instrumentos de gerenciamento de recursos hídricos, como a outorga e
cobrança pelo direito de uso da água, justificou a realização deste trabalho.
A pesquisa foi conduzida em duas “associações de vala” do Município de Gaspar,
nas localidades de Gasparinho Quadro e Morro Grande. As medições de vazões foram
obtidas por meio de vertedores retangulares e circulares instalados nas entradas das valas
mestras das “associações” e na entrada de uma das lavouras. As leituras foram diárias no
período de 15 de junho/02 a 20 de dezembro/02. O cálculo das vazões foi feito com as
fórmulas sugeridas por Azevedo Neto (1998).
A diferença entre as duas “associações” está no manejo da água: a água derivada
do Ribeirão Gasparinho passa de quadra em quadra, de sócio para sócio, o que trouxe
dificuldades na medição de vazão; já a água derivada no Ribeirão Arraial pela “associação”
de Morro Grande é conduzida por uma vala mestra e cada propriedade tem o seu próprio
ponto de derivação nessa vala, facilitando a medição. Na primeira associação, a água
retorna em alguns pontos para a vala e em outros para o ribeirão. Na associação do Arraial,
a água não retorna para a vala mestra, havendo em cada propriedade uma saída para o
ribeirão.
Os dados apresentados na tabela 1 mostram um resumo dos valores obtidos no
vertedor retangular de entrada da lavoura de um rizicultor (Sérgio Prebianca) no Morro
Grande, cuja derivação é feita diretamente da vala mestra.
Tabela 1 - Vazão de derivação e consumo de água na lavoura estudada no Morro Grande –
Gaspar, 2002.
Área cultivada:
Mês/ano
Dias irrig.
8 hectares
Origem da água
1
Derivação Precipit.
m³/ha
Jun/03
Jul/03
Ago/03
Set/03
Out/03
Nov/03
Dez/03
Totais
14,0
31,0
31,0
21,0
16,0
25,0
20,0
158,00
645,36
1.227,08
1.521,29
2.234,49
651,54
741,77
719,57
7.741,10
Vazão/consumo
Evapor.
m³/ha
593,00
579,00
1.406,00
1.279,00
1.793,00
1.218,00
1.764,00
8.632,00
2
m³/ha
m³/ha
445,50
439,50
1.355,00
1.198,00
1.390,00
1.140,00
1.216,00
7.184,00
792,86
1.366,58
1.572,29
2.315,49
1.054,54
819,77
1.267,57
9.189,10
mm
79,29
136,66
157,23
231,55
105,45
81,98
126,76
918,91
l/s/ha
0,66
0,51
0,59
1,28
0,76
0,38
0,73
0,67
1
Dados obtidos no pluviômetro de código 02648001 instalado em Ilhota e sob responsabilidade da Epagri, ItajaíSC, 2003.
2
Dados obtidos do tanque de evaporação classe “A” do campo de pesquisa da Epagri, Itajaí-SC, 2003.
Enquanto o valor médio de derivação para essa lavoura ficou em 7.741,10 m3/ha, a
leitura na entrada da vala mestra indicava uma vazão de 56.036,40 m3/ha. Utilizando-se de
um cálculo proporcional às áreas irrigadas dos demais sócios que, juntos, totalizam 101
hectares, obteve-se o quadro de comparação entre o volume de derivação total de entrada
na “associação” e nas respectivas lavouras, apresentado na tabela 2.
Tabela 2 - Balanço do volume total de entrada por derivação nas arrozeiras e o volume total
derivado na vala mestra da Associação de Vala Arraial – Morro Grande – Gaspar, 2002.
Mês
Derivação
Lavouras
Vala mestra
m³
jun/02
jul/02
ago/02
set/02
out/02
nov/02
dez/02
Total
1
66.128,83
125.822,57
164.876,58
245.746,81
66.645,87
75.889,16
73.734,15
818.843,97
m³
539.391,20
882.833,30
1.247.842,50
963.472,10
971.562,60
731.510,80
323.059,90
5.659.672,40
Água não utilizada
nas quadras ¹
m³
473.262,37
757.010,73
1.082.965,92
717.725,29
904.916,73
655.621,64
249.325,75
4.840.828,43
Água que permanece na vala mestra e que volta ao Ribeirão Arraial, fonte da derivação.
Chama a atenção a grande diferença observada entre a água total derivada na vala
mestra, 5.659.672,40 m3, e a água que entra de fato nas arrozeiras, 818.843,97 m3,
concluindo-se que é viável e recomendável pensar em formas mais racionais de uso da
água para irrigação, otimizando o sistema de derivação e procurando novas e melhores
técnicas de manejo, diminuindo, assim, o volume de água desviado do ribeirão.
O valor médio obtido para a água usada na lavoura, 7.741,10 m3/ha, ficou acima do
valor obtido por Eberhardt (1993), que foi de 5.156,0 m3/ha e por Machado et alii (2002), de
5.852,0 m3/ha. A vazão 7.741,10 m3/ha se refere à entrada na lavoura e não ao consumo
efetivo de água pela cultura. Ou seja, existe um volume de água que entra na propriedade,
mas não é utilizada efetivamente nas quadras, e que em média está 40% acima desse valor,
funcionando como um volume de manutenção de água nas valas para ser usada quando
houver necessidade.
Para resumir os dados obtidos nesta pesquisa e compará-los com os resultados já
encontrados pelos pesquisadores mencionados (Eberhardt, 1993 e Machado et alii, 2002),
foi elaborada a tabela 3 a título de estimativa do consumo de água na lavoura de arroz
irrigado no Vale do Itajaí. Como os valores médios obtidos na medição realizada na
“Associação de Vala Arraial” estão mais próximos daqueles obtidos pelos pesquisadores
mencionados e por serem mais confiáveis devido ao melhor controle no manejo da água,
utilizou-se os valores médios obtidos na lavoura já citada.
Tabela 3 – Estimativa da derivação/captação e do consumo total de água na rizicultura
irrigada no Vale do Itajaí, 2002.
3
Eberhardt
Média
Vale do Itajaí
m³/ha
m³
irrigação¹
5.156,00
Cons.total²
8.619,00
Machado
irrigação¹
5.852,00
3
et alii
Cons.total²
10.120,00
Maçaneiro Deriv./capt.
7.741,10
Cons.total²
9.189,10
Área cultivada em hectares
1
2
3
141.475.484,00
236.496.741,00
160.573.028,00
277.682.680,00
212.408.042,90
252.139.714,90
27.439,00
Os valores de irrigação correspondem à entrada de água sem considerar as chuvas.
O consumo total corresponde à entrada de água por derivação ou captação e a precipitação efetiva.
Os dados de Eberhardt foram obtidos em 1992 e os de Machado et alii em 2002.
Portanto, considerando as três pesquisas, o consumo de água de irrigação efetiva no
sistema pré-germinado está entre 5.156,00 m3/ha e 5852,00 m3/ha, e a derivação de água é
de 7.741,10 m3/ha . Extrapolando estes valores para a bacia do rio Itajaí, o consumo efetivo
de água total para a rizicultura na bacia varia de 141.475.484 m3 a 160.573.028 m3 e o
volume total derivado seria de 212.408.042,90 m3.
Levando-se em conta a água proveniente das chuvas, o consumo total anual efetivo
de água na rizicultura no Vale do Itajaí foi de a 252.139.714,90 m3, desconsiderando a água
que apenas circula pelas valas. Os resultados mostram que há grande potencial de melhoria
na eficiência do uso da água pela rizicultura.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Edgar Blücher LTDA.
EBERHARDT, Domingos Sávio (1993).Consumo de água em lavoura de arroz irrigado
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Reunião da Cultura do Arroz Irrigado. Pelotas: EMBRAPA-CPACT.
MACHADO, S.L.O; RIGHES, A.A.; VILLA, S.C.C;MARZARI, V.; OLIVEI RA, A.P.B.B.;
MONTI, M.B. (2002).Determinação do consumo de água em cinco sistemas de cultivo
do arroz irrigado. In: PINHEIRO, Beatriz da Silveira (org) . Anais do 1o Congresso da
Cadeia Produtiva de Arroz; VII Reunião Nacional de Pesquisa de Arroz - Renapa.
Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão.
RIEGHES, Afrânio Almir (2000). Água: sustentabilidade, uso e disponibilidade para a
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TUNDISE, José Galizia (2000). Limnologia e gerenciamento integrado de recursos hídricos,
avanços conceituais e metodológicos. Ciência e Ambiente. Santa Maria: Universidade
Federal de Santa Maria, nº 21, pp. 9-20,jul./dez.
Avaliação da toxicidade de seis agroquímicos utilizados na CULTURA DE
ARROZ IRRIGADO em teste de inibição de crescimento algal
Márcio da S. Tamanaha1; Charrid Resgalla Jr1; Leonardo R. Rörig1; Paola Z. Chacón1; José
A. Noldin2; Domingos S. Eberhardt2; Antônio Carlos Beaumord1. 1. CTTMAR/UNIVALI ; 2.
Epagri/Estação Experimental de Itajaí. Email: [email protected]
Palavras Chave: microalgas, Selenastrum capricornutum, herbicidas, inseticidas, teste de
toxicidade.
Segundo SILVA (2002), a produção mundial de arroz em casca veio crescendo
progressivamente em 1999, quando alcançou 610 milhões de toneladas. A partir daí,
retrocedeu moderadamente para 593, no ano de 2001. Para o ano de 2002, ficou estimada
em 587 milhões de toneladas, ou seja, menos 1% em relação a 2001 e menos 4% em
relação a 1999. A produção catarinense da safra 01/02 foi superior em quase 3%,
alcançando 917 mil toneladas. Deste total cerca de 98,5%, ou 903 mil toneladas, constituiuse de arroz irrigado.
Dentre as regiões produtoras do arroz irrigado, os maiores índices de crescimento
situam-se nas microrregiões de Tubarão e Itajaí. A primeira incrementou sua produtividade
em 9% entre as safras de 2001 e 2002; a segunda, em 7,5% (SILVA, 2002). TOLEDO et al.
(1997), já afirmava que o Brasil era o sexto maior país consumidor de agroquímicos do
mundo, tendo apresentado um consumo da ordem de 120.000 toneladas destes produtos no
ano de 1994, podendo ainda ter aumento considerável na mesma proporção da produção
vegetal.
Neste agroecossistema é freqüente a utilização de vários agroquímicos visando
controlar a infestação de competidores (plantas daninhas) e insetos herbívoros que
prejudicam a sua produção. Apesar disto, existem poucos trabalhos que abordam o impacto
que estes produtos oferecem sobre os organismos aquáticos naturais destes ecossistemas,
ou organismos não alvos. Assim, a utilização dos testes de toxicidade, sob condições
controladas de laboratório, permite avaliar o potencial deletério que alguns agroquímicos
podem exercer sobre biota aquática.
Este trabalho teve como objetivo investigar através de testes de inibição de
crescimento da microalga Selenastrum capricornutum (recentemente chamada de
Pseudokirchneriella subcaptata), a toxicidade dos agroquímicos utilizados na cultura de
arroz irrigado no Vale do Itajaí, SC. Além disto, conhecer a seletividade das substâncias
testadas em organismos não alvos. Os agroquímicos, com seus respectivos ingredientes
ativos (i.a.), testados foram os herbicidas Sirius 250 SC (Pyrazosulfuron-etil), Facet PM
(Quinclorac) e Gamit 500 CE (Clomazone), e os inseticidas Furadan 50 G (Carbofuran),
Bulldock 125 SC (Betaciflutrina) e Standak 250 FS (Fipronil). Com o objetivo de avaliar o
potencial de toxicidade por algum efeito sinérgico ou antagônico dos hercidas, foi realizada a
mistura de Sirius 250 SC (Pyrazosulfuron-etil), Facet PM (Quinclorac).
Os testes de toxicidade foram executados de acordo com as recomendações da
norma ISO 8692 (ISO 1989), sendo executados em frascos erlenmeyer de 250 ml, onde
foram testadas seis concentrações de cada produto em triplicata, mais os frascos controle.
Todos os frascos foram incubados em temperatura controlada de 20oC ±1oC, sob luz
fluorescente (8Klux) e agitação constante. Os resultados foram quantificados em termos das
médias dos percentuais de inibição de crescimento algal, calculado através da fluorescência
(Fluorometer TD-700) da clorofila a in vivo e calculado a CE50 (concentração Efetiva que
causa mortalidade de 50% da população).
As CE50 (72hs) encontradas para os ingredientes ativos Pyrazosulfuron-etil (Sirius),
Quinclorac (Facet), Clomazone (Gamit), Carbofuran (Furadan), foram 0,0275 mg/L, 0,216
mg/L, 59,7 mg/L, 6,00 mg/L, respectivamente. Para os herbicidas misturados foram
encontrados os valores de CL50 de 0,04015 mg/L e 0,0803 mg/L para Pyrazoxulfuron-etil e
Quinclorac, respectivamente. A CL50 para Betaciflutrina (Bulldock) foi > 6,25 mg/L e Fipronil
(Standak) foi >20 mg/L. Parâmetros e resultados dos testes com os agroquímicos estão
expostos na tabela 1 e 2 .
Tabela 1: Valores da CE50 (72 hs), Concentração recomendada pelo fabricante, índice de
segurança, meia vida no solo e classes toxicológicas dos agroquímicos utilizados na cultura
do arroz irrigado.
Parâmetros
Produtos
CL50 (72
hs)
Dose Recom.
(Fabric.) (i.a.)1
Índice de
segurança2
Meia vida no
solo3
Classe
toxicológica
0,0200 mg/L
1,375
7-15 dias
IV
(i.a.)
Pyrazosulfuron-etil
(Sirius 250 SC)
Quinclorac
(Facet PM)
(Gamit
Clomazone
500 CE)
a
Pyrazoxulfuron-etil +
b
(Sirius +
Quinclorac
Facet)
Carbofuran
0,0275
mg/L
0,216 mg/L
0,375 mg/L
0,576
?
III
59,7 mg/L
0,7 mg/L
85,285
15-40 dias
II
0,04015
mg/L a
0,0803
mg/Lb
6,00 mg/L
0,0200 mg/L a
2,007 a
7-15 dias a
IV a
0,375 mg/L b
0,2141 b
?b
III b
0,75 mg/L
8,012
2-110 dias
I
> 6,25 mg/L
0,00625 mg/L
>1000
-
II
>20 mg/L
0,0384 mg/L
>520
-
IV
(Furandan 50 G)
Betaciflutrina
(Bulldock 125 SC)
Fipronil
(Standak 250)
1
EPAGRI, 1998; 2 Índice de Segurança=CE50/concentração recomendada; 3 Rodrigues e
Almeida, 1998.
De um modo geral, os agroquímicos testados tiveram seus valores de CE50 acima da
dose recomendada pelo fabricante, exceto para Quinclorac e Pyrazosulfuron-etil, e
Carbofuran. Através do índice de segurança (SOLOMON, 1997) (estimado pela divisão da
CE50 pela concentração provável utilizada na lavoura), pode-se observar que o Quinclorac
possui uma CE50 menor que a concentração recomendada pelo fabricante. Considerando-se
este resultado, implica que a concentração recomendada esta acima do limite estabelecido
pelo protocolo de toxicidade para esta espécie, indicando uma real possibilidade de alto
risco ambiental o mesmo pode-se dizer para o herbicida Sirius. Os resultados encontrados
na mistura apontaram um aumento na CE50 para Pyrazosulfuron-etil em 31.51% e uma
diminuição da CL50 para Quinclorac de 62.82% em relação a substância pura. Estes dados
mostram que pode ter ocorrido um antagonismo na toxicidade Pyrazosulfuron-etil,
contribuindo para diminuir o risco ambiental, contudo, para Quinclorac, que já estava com
valores de CE50 abaixo das doses recomendadas, pode ter ocorrido uma sinergia em relação
à toxicidade sobre S. capricornutum.
JONSSON et al, (1997), realizaram testes de toxicidade com três herbicidas
(Herbipropanil, Facet e Gamit) adicionados à água de irrigação da cultura do arroz em S.
capricornutum. Neste estudo, os autores verificaram que os três herbicidas não
apresentaram efeitos tóxicos em curto prazo sobre o organismo teste nas doses
recomendadas para aplicação no campo. Os resultados dos testes de toxicidade realizados
neste estudo corroboram com os autores citados para Clomazone, porém, para Quinclorac
obteve-se efeito tóxico. Quinclorac possui toxicidade acentuada para outros tipos de
microalgas, como Chlorella pyrenoidosa, com uma CE50 de 1,267 mg/L, mostrando que este
agroquímico pode comprometer a vida dos produtores primários aquáticos, e por isso, deve
ter controle e cuidados especiais em seu manuseio (MA & XU, 2002).
Da mesma forma, com destaque, o Carbofuran foi considerado pela escala de
segurança um agente de alto risco contaminante, pois trata-se de um inseticida, tendo
mecanismo de ação totalmente diferente daquele no qual foi direcionado o seu uso, ou seja,
existe baixa seletividade na ação sobre o organismo teste. Os resultados com Fipronil e
Betaciflutrina, mostraram que com aumento na concentração de 500 e 1000 vezes,
respectivamente, não compromete o crescimento algal. Num estudo de toxicidade crônica
em 120 horas, com grupos de algas selecinadas, os resultados mostraram que a CE50 para
S. caprocornutum foi maior que 0,14 mg/L, para Anabaena flos-aquae foi maior que 0,17
mg/L e para Scenedesmus subspicatus (toxicidade em 96 hs) foi de 0.068 mg/L (Boletin
Tecnico Mundial, 1996). Apesar das informações de alta toxicidade para os organismos
aquáticos (Bayer do Brasil, 2002), Betaciflutrina não apresentou efeito tóxico para S.
capricornutum.
O modo de ação de cada produto é diferente, sendo também sua característica de
seletividade. Contudo, os produtos podem se alterar em condições ambientais adversas,
pois todos os agroquímicos sofrem ação físico-quimica como transporte e degradação.
Ambos processos determinam sua persistência e pode alterar sua eficácia no controle das
pragas, bem como seu potencial para a contaminação dos recursos solo, água e alimentos.
Assim, a investigação através da toxicologia em condições controladas (laboratório)
e em condições adversas (meio ambiente), são complementares e de extrema importância
para que as estimativas ecotoxicológicas possam chegar ao resultado mais realístico em
todos os níveis tróficos.
Apoio/Agradecimentos: Fundagro (administrativo);
(Fundagro/Prodetab conv. 080-01/01).
Embrapa/PRODETAB
(financeiro)
Referencias bibliográficas
Bayer do Brasil. Bayer CropScience. Dados Técnicos, Bulldock 125 SC. 2002 [online].
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<http://www.bayercropscience.com.br/bula/inseticidas/tebulldock.shtml?primeiro=4> acesso
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Florianópolis, 1998. 79p. (EPAGRI. Sistemas de Produção, 32).
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MA J. & L. XU. A quick, simple, and accurate method of screening herbicide activity using
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SILVA, C. A. F. SÍNTESE ANUAL DA AGRICULTURA 2001-2002. Florianópolis:
v.1.Instituto
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Disponível
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SOLOMON, K.R. Advances int the evaluations the toxicological risk of hervicides to the
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TOLEDO, L.G.; JONSSON, S.M.;STUMPF JR, W. Estudo da qualidade da água em culturas
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22, 1997, Baln. Camboriú. Anais..., SC: Epagri, 1997. pp. 552-555.
PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS DA ÁGUA EM RIZIPISCICULTURA
Simone Michelon (1), Jaqueline Ineu Golombieski (2), Enio Marchezan (3), Diego da Silva
Barberena (4), Carlise Pereira (5) , Lindolfo Storck (6). 1. Acadêmico do Curso de Agronomia
da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Bolsista da FAPERGS; 2. Bióloga,
Doutoranda pela UFSM do Programa de Pós-graduação em Agronomia; 3. Eng. Agr. Dr,
Professor Titular da UFSM, Departamento de Fitotecnia, pesquisador do CNPq, E-mail:
[email protected]. ;4. Eng. Agrônomo com formação na UFSM ; 5. Acadêmico do Curso
de Agronomia da UFSM ; 6. Eng. Agr. Dr, Professor Titular da UFSM, Departamento de
Fitotecnia.
Palavras-chave: peixe, arroz, qualidade da água
A qualidade da água (parâmetros como oxigênio dissolvido, pH, transparência, dureza
e alcalinidade total) na criação de peixes é um aspecto fundamental para garantir seu bom
desenvolvimento e sobrevivência. No entanto, a associação de plantas e peixes num mesmo
ambiente com lâmina baixa de água pode alterar a composição físico-química da água.
Assim, o objetivo deste trabalho foi de avaliar a qualidade da água utilizada no consórcio de
peixes com arroz irrigado, em ambientes de várzea.
O experimento foi conduzido em área de várzea sistematizada do Departamento de
Fitotecnia da Universidade Federal de Santa Maria (RS, Brasil), no ano agrícola 2001/2002
em solo classificado como PLANOSSOLO HIDROMÓRFICO Eutrófico arênico, com as
seguintes características físico-químicas: argila: 25%; pH(H2O):5,0; pH: 5,5; P: 8,1 mg.l-1; K:
47,6 mg.l-1 e M.O: 2,1%m/v.
A cultivar utilizada foi IRGA 419, com semeadura em 10/11/2001 na densidade de 130 kg
ha-1 As parcelas experimentais constituíram-se de 480 m² (40m x 12m) com uma área de
refúgio de 5,8% (0,70m de profundidade x 0,50m de largura) da área total. O sistema de
cultivo do arroz utilizado foi o mix de pré-germinado. Os tratamentos utilizados foram: duas
densidades de povoamento dos peixes: D1= 6000 alevinos ha-1 e D2= 3000 alevinos ha-1 e
três épocas de colocação: E1= na semeadura; E2= 20 dias após a semeadura e E3 = após
a colheita do arroz. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso, em bifatial com três
repetições.
As proporções das diferentes espécies de peixes utilizadas foram: 60% de carpa húngara
(Cyprinus carpio var. húngara), espécie de hábito alimentar omnívoro (ingerindo sementes,
minhocas, insetos, pequenos moluscos, etc.) que remove o solo à procura de alimentos; 20%
de carpa capim (Ctenopharyngodon idella), espécie de hábito alimentar herbívoro; 5% de
carpa cabeça grande (Aristichthys nobilis), hábito alimentar zooplanctófaga; 5% de carpa
prateada (Hypophthalmicthys molitrix), hábito alimentar fitoplanctófaga e 10% de jundiá
(Rhamdia quelen) hábito alimentar omnívoro. Os alevinos apresentavam comprimento
aproximado entre 5 a 10 cm quando foram colocados nas duas primeiras épocas de entrada.
Para a terceira época utilizaram-se os peixes que foram deixados em tanque, os quais
restaram das duas primeiras épocas. A colheita do arroz foi realizada em abril/02, e então
efetuou-se a elevação da lâmina de água das parcelas, de maneira a cobrir a resteva 15 dias
após a colheita do arroz. Os tratamentos referentes à primeira e segunda épocas de
colocação permaneceram com peixes durante todo o ciclo da cultura do arroz irrigado. Já no
tratamento referente à terceira época de colocação, os alevinos foram colocados na lavoura
15 dias após a colheita. Os peixes permaneceram na área até outubro/02, quando foi
realizada a despesca.
Durante o período experimental, foram monitorados semanalmente os seguintes
parâmetros físico-químicos da água: temperatura e oxigênio dissolvido (Oxímetro
OAKTRON), pH (pHmetro SCHOTT HANDYLAB 1), nitrito, alcalinidade total e amônia total
(Kits Alfa Tecnoquímica, SC, Brasil); dureza total (GREENBERG et al, 1972)e transparência
da água (Disco de Secchi). A água foi coletada no refúgio e as avaliações referentes ao
oxigênio dissolvido foram realizadas a 15 cm de profundidade. Os dados obtidos de qualidade
da água foram submetidos à análise de variância e teste de Tukey em nível mínimo de 5%
de probabilidade de erro.
Na tabela 1 encontram-se os dados de oxigênio dissolvido da água. Não houve diferença
nos níveis de oxigênio dissolvido entre os fatores densidade de povoamento e épocas de
colocação dos peixes. Porém, a terceira época (E3) destacou-se com níveis mais altos de
oxigênio dissolvido em relação às outras épocas, provavelmente pela estreita relação com a
temperatura da água no período, já que a temperatura ambiental é fator determinante para a
maior ou menor solubilidade dos gases na água. Os níveis de oxigênio dissolvido diminuem
em temperaturas mais elevadas, ocorrendo também um aumento no consumo deste gás por
parte dos peixes (BALDISSEROTTO, 2002). Nos meses mais frios do ano (junho a agosto)
os níveis de oxigênio dissolvido se mantém altos pela baixa temperatura da água e
diminuição do metabolismo dos peixes , ou seja, a velocidade de suas reações químicas. Já
em meses considerados mais quentes (dezembro à março) estes níveis se mantém mais
baixos, como evidenciado no presente experimento.
O oxigênio normalmente se mistura à água quando ela se encontra em
movimento, através da ação dos ventos, ou com a entrada desta nos tanques
(MAFFEZZOLLI, 2001). O fitoplâncton existente na água também produz o oxigênio
necessário à respiração . A quantidade de oxigênio requerida pelos organismos
aquáticos é variável e depende de fatores como espécie, tamanho, quantidade de
alimento ingerido e temperatura da água (BOYD & EGNA, 1997), sendo que no
presente experimento os níveis de oxigênio dissolvido apresentaram-se adequados
para as espécies em estudo.
Tabela 1 – Oxigênio dissolvido (mg.l-1) durante o experimento no período de novembro de
2001 a outubro de 2002. Santa Maria, RS. 2003.
Densidades
D1 (6000 alev. ha)
D2 (3000 alev. ha)
Média
CV %
Época de colocação dos peixes
E1
E2
E3
(Na semeadura)
(20 DAS)
(Após a colheita)
4,9
4,7
5,3
5,0
4,9
5,5
4,9 ab*
4,8 b
5,4 a
6,8
Médias
4,9ns
5,2
5,1
ns
Teste F não significativo, na linha, em nível de 5% de probabilidade de erro.
* Médias seguidas por letras diferentes, na linha, diferem entre si pelo teste de Tukey em nível de 5% de
probabilidade de erro (DAS = Dias após a semeadura).
Os níveis de pH da água variaram de 6,1 a 6,3 em todos os tratamentos (Tabela 2).
Geralmente existe uma flutuação diária de uma ou duas unidades de pH em tanques de
cultivo de água doce, que se deve a mudanças na taxa de fotossíntese do fitoplâncton e
outras plantas aquáticas em função da luminosidade e fotoperíodo, mas normalmente ele
encontra-se na faixa de 6,0-8,0 nos tanques de cultivo (BALDISSEROTTO, 2002),
comprovando que o pH manteve-se em um nível aceitável para as espécies cultivadas.
A dureza total da água iniciou o experimento com níveis mais altos (43,0 mg.l-1 CaCO3)
devido à calagem realizada na área do refúgio (5000 kg.ha-1 de óxido de cálcio), que
posteriormente foi carreada pela água e/ou absorvida pelas plantas de arroz, sendo então
diminuída a sua concentração até o final do experimento (12,8 mg.l-1 CaCO3). A dureza,
determinada pelo conteúdo de sais de cálcio e de magnésio, em tanques de piscicultura
deve estar na faixa de 20-30 mg.l-1 CaCO3, a fim de obter-se um bom desenvolvimento das
espécies de peixes e, na região sul do Brasil esta varia de 32 a 180 mg.l-1 CaCO3
(MARTINS, 1994). A alcalinidade total, concentração de íons carbonatos e bicarbonatos na
água, variou de 5,3 a 32,7 mg.l-1 CaCO3, mantendo-se na média de 29,3 mg.l-1 CaCO3 .
Estes níveis mantiveram-se na faixa desejada no decorrer do experimento.
Tabela 2 – pH da água (unidades) durante o experimento no período de novembro de
2001 a outubro de 2002. Santa Maria, RS. 2003.
Densidades
D1 (6000 alev. ha)
D2 (3000 alev. ha)
Média
CV %
Época de colocação dos peixes
E1
E2
E3
(Na semeadura)
(20 DAS)
(Após a colheita)
6,2
6,1
6,1
6,3
6,1
6,2
6,2 a
6,1 b
6,1 ab*
1,5
Médias
6,1ns
6,1
6,1
ns
Teste F não significativo, na linha, em nível de 5% de probabilidade de erro.
*Médias seguidas por letras diferentes, na linha, diferem entre si pelo teste de Tukey em nível de 5% de
probabilidade de erro (DAS = Dias após a semeadura).
A temperatura da água variou de 14,8 a 26,9°C, estando as alterações relacionadas às
estações sazonais reguladas pela incidência de luz solar neste período. Com relação à
amônia total e ao nitrito, de maneira geral, não existiram diferenças entre os fatores
avaliados. Os níveis de amônia total mantiveram-se em média 0,56 mg.l-1. Já os níveis de
nitrito mantiveram-se praticamente inalterados durante o período experimental, variando na
faixa de 0,01 a 0,06 mg.l-1. No presente experimento os níveis de nitrito e amônia
mantiveram-se baixos em todos os tratamentos, não sendo considerados tóxicos para
peixes nestes valores, de acordo com TOMASSO (1994). Segundo este autor, a
concentração média letal de amônia total para espécies como Ictalurus punctatus foi de 2,4
mg.l-1, e a concentração média letal do nitrito para Morone chysops foi de 12,8 mg.l-1. A
transparência da água é outro fator importante que interfere no teor de oxigênio desta, e
manteve-se na faixa de 11,5 a 25,4 cm ao longo do período. Cabe ressaltar que quando um
corpo d’água apresenta maior transparência, a radiação solar pode atingir maiores
profundidades, proporcionando maior produção de oxigênio pelos vegetais. A faixa ideal de
transparência da água para o cultivo de peixes é de 30 a 40 cm e, neste experimento, as
médias permaneceram um pouco abaixo destes valores devido principalmente à carpa
húngara, que remove detritos do fundo do tanque, deixando a água mais turva. Os
parâmetros físico-químicos da água não afetaram o crescimento e o desenvolvimento dos
peixes, pois estes foram mantidos em níveis ótimos para a cultura de peixes, segundo
BOYD (1998). Assim, os resultados obtidos para os parâmetros avaliados, comparados com
dados da literatura, revelam que houve condições adequadas para o desempenho de peixes
na rizipiscicultura.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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UFSM, 2002. 212 p.
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University, Auburn, Alabama, 1998.
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desenvolvimento de alevinos jundiá Rhamdia quelen (Pisces, Siluriformes,
Pimelodidae). Florianópolis: UFSC, 2001. 26 p. Dissertação (Mestrado em Aquicultura).
Universidade Federal de Santa Catarina, 2001.
MARTINS EL . A degradação ambiental de um trecho do Rio Vacacaí-Mirim. Santa Maria:
UFSM. 116 p. Monografia. Departamento de Geociências, CCNE, Universidade Federal
de Santa Maria, 1994.
TOMASSO JR . Toxicity of nitrogenous wastes to aquaculture animals. Reviews in
Fisheries Science. 2 (4): 291-314, 1994.
EMISSÃO DE METANO EM ÁREA DE CULTIVO DE ARROZ INUNDADO SOB
REGIME DE ÁGUA CONTÍNUO E INTERMITENTE1
Magda Aparecida de Lima1, Omar Vieira Vilella2, Rosa Toyoko Shiraishi Frighetto1, Maria
Alice Lemos Rachman2. (1) Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa,
Rodovia
SP-340,
Km
127,5
CEP
13820-000,
Jaguariúna,
SP,
email:
[email protected]. (2) Pólo Regional de Desenvolvimento dos Agronegócios do
Vale do Paraíba/ APTA, Pindamonhangaba, SP.
Palavras-chave: metano, arroz inundado, regime de água contínuo, regime de água
intermitente, Pindamonhangaba
O cultivo de arroz irrigado por inundação representa uma das principais fontes
antrópicas globais de metano (CH4), que constitui um importante gás de efeito estufa,
responsável por cerca de 15% da contribuição total de gases de origem antrópica. A
emissão média anual global desse gás por áreas de cultivo de arroz inundado é estimada
em 60 Teragramas, o que corresponde a 16% do total de emissão de todas as fontes
antrópicas de metano (IPCC, 1995). De acordo com a UNEP (1996), avalia-se que áreas de
cultivo com regime de água contínuo promovem uma maior taxa de emissão do gás por
unidade de área comparado a outros sistemas de manejo de água, num fator de escala de 1
para o regime de inundação contínuo e de 0,2 a 0,8 para o regime de inundação
intermitente. Utilizando-se a metodologia do Intergovernmental Panel on Climate Change
(IPCC), foram estimadas para o Brasil, em 1994, emissões da ordem de 283 Gg de metano
proveniente do cultivo de arroz irrigado (Embrapa, 1998, Lima et al, 2001). Nesse ano, as
emissões provenientes de cultivo de arroz continuamente inundado somaram 261,08 Gg
(92,2%), em regime intermitentemente inundado 0,58 Gg (0,2%) e em regime de várzea
21,38 Gg (7,6%). Esta estimativa, entretanto, baseia-se em uma taxa média global de
emissão sazonal de metano em campos de arroz irrigado, estimada em 20 g m-2 (IPPC,
1996). Ressalta-se, além disso, que grande parte dos sistemas de produção de arroz
irrigado no Brasil utiliza manejo contínuo de água, e por isso o interesse na realização de
estudos para quantificar as emissões de metano nesses sistemas de produção em
diferentes regiões do país, considerando as variações de tipos climáticos existentes. Como
parte de um convênio entre o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), a Embrapa e a
Fundação Dalmo Giacometti, com a colaboração do Pólo Regional de Desenvolvimento dos
Agronegócios do Vale do Paraíba, do Governo de São Paulo, este estudo tem como
objetivo avaliar as emissões de metano em campos de arroz inundado em regiões
produtoras do país, neste caso comparando-se sistemas de manejo de água contínuo e
intermitente. O estudo visa também o aperfeiçoamento de fatores de emissão de metano
para sistemas agrícolas brasileiros e ao aperfeiçoamento do inventário nacional das
emissões de gases de efeito estufa por atividades agrícolas,
O estudo foi conduzido em área experimental do Pólo Regional de Desenvolvimento
Tecnológico dos Agronegócios do Vale do Paraíba/APTA, localizado no Município de
Pindamonhangaba, SP, a Latitude de 22o 55’ Sul e Longitude 45o 30’W, a uma altitude
média de 560 metros. O solo se caracteriza como um gleissolo de textura argilosa a franco
argilosa. Dois sítios de amostragem foram considerados: A – sistema de cultivo de arroz sob
regime de inundação contínua (lâmina de 10 cm em média), e B – sistema de cultivo de
arroz sob regime de inundação intermitente (banhos alternados). As plantas de arroz
(variedade IAC 103) foram plantadas por sistema de transplantio em 06/01/2003 e a
inundação do solo ocorreu em 11/12/2002 para ambos os sistemas. Para o tratamento com
regime intermitente de água, houve cortes periódicos da água e reabastecimento posterior.
Foram aplicados 15 kg de NPK em 14/02/2003, onde N foi na forma de uréia e 7 kg de
1
Estudo financiado pelo Programa Avança Brasil / MCT.
cobertura com uréia em 28/02/2003. O emborrachamento ocorreu em 6 de março e a
colheita em 07 de maio.
A metodologia baseia-se na proposta de Padronização Global de Medição (PGM) de
emissões de metano proveniente do cultivo de arroz irrigado, coordenada pelo Comitê de
Cultivo de Arroz e Fluxo de Gases (RICE), que consiste em um sistema de câmara fechada.
Foram utilizadas quatro câmaras de alumínio, hermeticamente fechadas, para a
coleta de amostras de ar, com as bases fixas ao solo em profundidade de 10 cm ao longo
de todo o experimento, às quais foram acrescidos extensores de altura variável
acompanhando o crescimento do arroz. Amostras foram tomadas de cada câmara com
seringas de poliestireno de 60 ml com bico Luer Lok, tal que cinco amostras foram coletadas
ao final de 25 minutos. Duas coletas semanais foram realizadas ao longo da estação de
crescimento do arroz (01 de janeiro a 29 de abril de 2003). Um total de 40 amostras
semanais foram coletadas, sendo 20 amostras coletadas por sítio de amostragem. As
amostras foram analisadas em cromatógrafo à gás equipado com uma coluna megabore
(0.53) HP-Plot Al2O3 M deactivated de 30 m e detector de ionização de chama, utilizando-se
padrão de CH4 de 5 ppm. O fluxo de metano é expressa em mg/m2.d-1.
Foram coletadas amostras de solo (nas faixas de 0-10 cm e 10-20 cm) para a análise
de textura e para caracterização química (pH, CTC, N orgânico total, C orgânico total,
Alumínio) no início e fim da estação. O pH foi medido com água, o C orgânico pelo método
de Walkley-Black, o N orgânico total pelo método de Kjeldahl. Medidas de pH do solo e da
água, Eh, condutividade do solo e da água foram tomadas em campo a cada coleta.
Os resultados das análises químicas do solo para cada sítio de estudo (T1= regime
contínuo de água e T2= regime intermitente) no início do experimento foram: pH (H2O): T1=
5,27 (0-10 cm) e 5,12 (10-20 cm), T2= 5,19 (0-10 cm) e 5,17 (10-20 cm), Carbono orgânico
(%): T1= 16,15 g/kg (0-10 cm) e 19,69 g/kg (10-20 cm), T2= 14,17 g/kg (0-10 cm) e 14,78
g/kg (10-20 cm), Nitrogênio total (%): T1= 0,13% (0-10 cm) e 0,12% (10-20 cm), T2= 0,10%
(0-10 cm e 20-20 cm). Fósforo: T1= 37,73 mg/dm3 (0-10 cm) e 43,10 mg/dm3 (10 – 20 cm),
T2= 51,25 mg/dm3 (0-10 cm) e 50,03 mg/dm3 (10- 20 cm), Potássio: T1= 146,77 mg/dm3 (010 cm) e 124,87 mg/dm3 (10- 20 cm), T2= 124,37 mg/dm3 (0-10 cm) e 134,33 mg/dm3 (1020 cm), Alumínio: T1 e T2= 0,01 cmolc/dm3.
As emissões médias de metano ao longo da estação de crescimento, sob regimes de
inundação contínua e intermitente estão representadas na Figura 1. Os resultados sobre
fluxos de metano estão sumarizados na Tabela 1.
Regime contínuo
600
Regime intermitente
Uréia
500
Uréia
mg CH4
400
Em borracham ento
300
200
100
0
1
7
14
21
28
35
42
Dias
55
62
69
84
91
99
Figura 1a – Fluxo sazonal de metano (g/m2) em regime de inundação contínuo– média das
câmaras A e B e intermitente – média das câmaras C e D, na estação experimental de
Pindamonhangaba, SP.
Tabela 1 – Média das emissões de metano na área experimental de Pindamonhangaba, SP
Medições
T1= Regime contínuo
T2= Regime intermitente
Câmara
A
B
C
D
Emissão média (mg m-2 d-1)
199,31
198,61
284,72
183,24
Fluxo sazonal (g m-2 )
20,93
21,30
29,33
18,54
As médias de emissão diária de metano para cada tratamento de regime de água
foram de 198,96 mg CH m-2 d-1 e de 233,98 mg CH4 m-2 d-1, respectivamente. As emissões
sazonais de metano foram de 21,1 g de CH4 m-2 para o regime contínuo de água (caixas A e
B) e variaram de 18,5 a 29,3 g CH4m-2 para o regime intermitente (caixas C e D). Nugroho et
al. (1994) também verificaram, em distintas parcelas de arroz sob regime intermitente,
valores de emissão mais elevados, similares ou inferiores em relação ao regime contínuo.
Da mesma forma, encontraram valores de emissão no último estágio do ciclo do tratamento
sob regime intermitente inferiores aos sistemas continuamente inundados. Observa-se
também a ocorrência de dois picos simultâneos no início de ambos os tratamentos, após a
adição de adubação com uréia, realizada em dois momentos (14 e 28 de fevereiro). De
acordo com Sass (1992), o regime de água exerce uma forte influência na taxa de emissão
de metano. É possível que o intervalo de tempo de inundação do regime de água
intermitente tenha sido insuficiente para proporcionar valores menores de emissão de
metano. Na fase do emborrachamento não se verificaram picos de emissão nos sistemas de
manejo intermitente, enquanto no sistema contínuo observou-se um fluxo maior aos 62 dias
de cultivo. Observa-se um pico acentuado na emissão de metano ao final do ciclo, com
amplitude maior no tratamento com regime contínuo de água, atribuído aos dias de chuva
que inundaram novamente a área que estava sendo drenada para a colheita.
A aplicação de uréia afeta a microbiologia do solo e estimula ambas a produção e
oxidação de metano, o que pode parcialmente explicar os decréscimos de emissão, ao se
considerar uma tendência de maior oxidação comparada à produção de metano, na ocasião
de sua aplicação ao solo.
Esse experimento será repetido na próxima safra, de modo a que sejam monitoradas
as variações anuais de emissões.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
EMBRAPA. Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa provenientes de atividades
agrícolas no Brasil: emissões de metano provenientes de arroz irrigado por inundação
(relatório revisado). Jaguariúna: Embrapa Meio Ambiente, 1998.
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IPCC IS92 Emission Scenarios. Cambridge: University Press, 1995. 339p.
LIMA, M.A., BOEIRA, R.C., CASTRO, V.L.S.S., LIGO, M.A.V., CABRAL, O.M.R., VIEIRA,
R.F. Estimativa das emissões de gases de efeito estufa provenientes de atividades
agrícolas no Brasil. In: Mudanças Climáticas Globais e a Agropecuária Brasileira, eds. Lima,
M. A., Miguez, J. D. G., Cabral, O.M.R., 2001, 397 p. Jaguariúna: Embrapa Meio Ambiente.
NUGROHO, S.G.; LUMBANRAJA, J.; SUPRAPTO, H.; ARDJASA, W;S;; HARAGUCHI, H.;
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Paddy Field. Soil Sci. Plant Nutr., v. 40, n.4, 609-615, 1994.
SASS, R.L.; FISHER, F.M.; WANG, Y.B. Methane emission from rice fields: the effect of
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UNEP, OECD, IEA, IPCC. IPCC Guidelines for National Greenhouse Gas Inventories.
Bracknell: IPCC, 1995. 3 v.
PERSISTÊNCIA DE HERBICIDAS NA ÁGUA DE IRRIGAÇÃO NO ARROZ
IRRIGADO
Sérgio Luiz de Oliveira Machado(1), Renato Zanella(2), Enio Marchezan(3), Ednei Gilberto
Primel(4), Fábio Ferreira Gonçalves(5), Silvio Carlos Cazarotto Villa(6), Heleno Maziero (6).
Universidade Federal de Santa Maria, Centro de Ciências Rurais, Prédio 43, Sala 3221, Campus
da UFSM, Bairro Camobi, Santa Maria, RS, CEP: 97105-970. E-mail: [email protected],
[email protected], [email protected]. (1)Prof., Depto de Defesa Fitossanitária da UFSM,
(2)
Prof., Depto de Química da UFSM, (3)Prof. Depto de Fitotecnia da UFSM, (4) Doutorando em
Química, UERGS (Santana do Livramento, RS), (5)Mestrando em Química pela UFSM,
(6)
Acadêmico do Curso de Agronomia da UFSM.
Palavras-chave: Arroz irrigado, herbicidas, persistência.
Em diversos países estão sendo desenvolvidos trabalhos com o objetivo de avaliar a
contaminação de mananciais hídricos, decorrentes da utilização de agrotóxicos na agricultura. Na
lavoura de arroz do Rio Grande do Sul, o estudo do potencial de contaminação de cursos d’água
é particularmente importante devido a dois aspectos principais: a localização geográfica das
áreas próximo aos cursos de água e o grande volume de água utilizado na irrigação. A
determinação da presença, quantidade e época de ocorrência na água fornecerá informações
para a adoção de manejo adequado desses produtos.
A lavoura arrozeira irrigada tem sido alvo de especulações quanto aos efeitos nocivos
desta cultura sobre a qualidade da água, entretanto ainda não se dispõe de dados suficientes
que comprovem esta hipótese. Fatores como a utilização intensiva de água e o uso de
agrotóxicos, especialmente herbicidas e inseticidas, contribuem para tais inquietudes. Por outro
lado, a provável presença de resíduos de herbicidas em águas de córregos, lagoas, riachos e rios
que recebem o aporte da água de drenagem de lavouras de arroz irrigado é indicador de que
práticas de manejo mais adequadas devam ser adotadas com vistas a evitar a saída desta água
contaminada para fora da lavoura. Além disso, o regime de chuvas no Estado é relativamente
alto e freqüente, fazendo com que precipitações pluviais, mesmo que pequenas, promovam o
extravasamento da água dos quadros da lavoura para mananciais hídricos podendo levar junto
colóides, fertilizantes e agrotóxicos, dentre eles os herbicidas.
Em lavouras de arroz irrigado, trabalhos de monitoramento para avaliar o tempo de
persistência dos herbicidas na água após a aplicação tem sido pesquisado (Cerejeira et al.,
1999; Hermes et al., 1999; Zanella et al., 2003). Noldin et al. (1997) preconiza manter
estática a lâmina de água por um período mínimo de duas semanas após a aplicação que
pode proporcionar uma redução de 97% do clomazone aplicado. No estado de Arkansas
(USA), os herbicidas 2,4-D e quinclorac foram detectados resíduos destes herbicidas em
cursos d’água que recebem o aporte de águas de lavouras de arroz irrigado. Os resultados
sugerem que a contaminação é eventual e foram encontrados resíduos até aos 36 dias após
a aplicação dos herbicidas (Lavy et al., 1997). A legislação que disciplina os níveis de
contaminação de águas varia entre os agências ambientais internacionais. A Comunidade
Econômica Européia estabeleceu em 0,1 µg L-1 a concentração máxima admissível de
qualquer agrotóxico ou 0,5 µg L-1 para o total de agrotóxicos incluíndo seus metabólitos para
a água destinada ao consumo humano, e de até 3 µg L-1 para águas de superfície (Aguilar et
al., 1997). No Brasil, a portaria no 020/CONAMA, de 18/06/1986, não dispõe de limites de
concentração máxima na água para a maioria dos herbicidas atualmente utilizados.
No Brasil, ainda são escassas as pesquisas de monitoramento de agrotóxicos em
lavouras de arroz irrigado. Logo, os aspectos acima referidos e a escassez de informações
sobre a persistência de herbicidas na água de irrigação, motivaram a realização deste
estudo, que tem por objetivo determinar a persistência diferentes herbicidas aplicados na
lâmina de água no arroz irrigado cultivado no sistema pré-germinado com lâmina de água
constante.
Foram estabelecidas parcelas de 160 m2 (16 x 10 m) no ano agrícola de 2000/01
(modalidade de aplicação: pulverização sobre a lâmina de água) e de 16 m2 (4 x 4 m) nos
anos agrícolas de 2001/02 e 2002/03 (modalidade de aplicação: benzedura), onde aplicouse os herbicidas (em g i.a. por hectare): bentazon (960), clomazone (500 e 700), propanil
(3600), quinclorac (375 e 700) e 2,4-D (200). Como a altura média da lâmina d’água foi de
0,10 m (volume = 1000 m3 ha-1), as concentrações teóricas resultantes, em µg L-1, foram:
bentazon (960), clomazone (375 e 700), quinclorac (375 e 700), propanil (3600) e 2,4-D
(200). As coletas de água (1 L) foram realizadas antes da aplicação e no 1º, 7º, 14º, 21º,
28º, 45º e 60º dia após a aplicação na estação de crescimento de 2000/01, e no 1º, 2º, 3º,
5º, 7º, 10º, 14º, 21º, 28º, 45º e 60º dia nos anos agrícolas de 2001/02 e 2002/03. Após a
coleta, as amostras de água foram encaminhadas para a análise química no Laboratório de
Análise de Resíduos de Pesticidas (LARP) do Departamento de Química da UFSM, através
de metodologia desenvolvida por Zanela et al. (2003). Nos primeiros 30 dias após a
aplicação dos herbicidas, a precipitação pluvial foi de 183,7, 30,1 e 154,2 mm,
respectivamente nos anos agrícolas de 2000/01, 2001/02 e 2002/03.
Os resultados mostraram que ao final da primeira semana, a concentração dos
herbicidas na água de irrigação estava acima do limite máximo adotado por algumas
agências ambientais (até 3 µg L-1), exceto para propanil. Em geral, a concentração dos
herbicidas decaíu com tempo de amostragem e varia com o produto usado. A partir de 28
dias não foi detectada a presença de resíduos de herbicidas na água. Para evitar a
contaminação de cursos d’água à jusante de lavoura de arroz irrigado deve-se reter a água
de irrigação na lavoura até aos 28 dias quando aplica-se clomazone (500 e 700 g ha-1), até
21 dias para os herbicidas bentazon (960 g ha-1) e quinclorac (375 e 750 g ha-1), até aos 10
dias para 2,4-D (200 g ha-1) e em até 7 dias para propanil (3600 g ha-1).
Por outro lado, estudos adicionais deverão ser desenvolvidos no sentido de
correlacionar os níveis de resíduos com os possíveis efeitos no ecossistema arroz irrigado,
pois apenas ilações podem ser feitas a respeito dos valores encontrados, já que a legislação
brasileira em vigência não contempla os limites máximos para a maioria dos herbicidas
registrados para o arroz irrigado. Além disso, os resultados apresentam aplicação ampla,
podendo servir de subsídio para programas de monitoramento em bacias hidrográficas que
recebem o aporte de águas drenadas de lavouras de arroz irrigado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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waters by solid-phase extraction and gas chromatography with electron-capture and mass
spectrometry detection. Journal of chromatography A, Amsterdam, v 771, p. 221-231,
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pesticidas em arrozais para o meio aquático. Estudos de campo e de laboratório. In:
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Actas... Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1999, v.2, p.133-141.
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high-performance liquid chromatographic procedure for the determination of herbicides
residues in surface and agriculture waters. Journal of Separation Science, v.26, p.1-6,
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-----
2,7
1,1
10º
14º
21º
nd
nd
45º
60º
nd
nd
nd
18
28
87
717
750
820 A
817 A
950 B
2000/02
---------
45 d
393 a
nd
nd
nd
nd
35,2
75,7
115
nd
nd
1,3
2,7
6,1
-----
198,5
-----
287,5 b
732 b
158
2000/01
2002/03
1
nd
nd
2
16
17
240
347
407
415 B
413 B
633 C
2000/02
nd
nd
nd
7,8
31
65
86
145
434 a
495 b
582 c
2002/03
Clomazone ( 700 )
nd
nd
nd
nd
nd
-----
0,95
-----
-----
-----
2,2 e
2000/01
nd
nd
nd
nd
nd
nd
nd
14
29 C
43 C
2267 A
2000/02
nd
nd
nd
nd
nd
nd
nd
nd
129 b
283 c
1630,5 a
2002/03
Propanil ( 3600 )
nd
nd
nd
nd
2,8
-----
72,2
-----
-----
-----
131,0 c
2000/01
nd
nd
nd
3,0
28
58
433
443
473 B
490 B
692 C
2000/02
nd
nd
nd
nd
20
92
192
218
468 a
733 a
776 b
2002/03
Quinclorac ( 750 )
nd
nd
nd
nd
nd
-----
1,64
-----
-----
-----
70,3 d
2000/01
nd
nd
nd
nd
nd
20
32
49
50 C
51 C
115 D
2000/02
2,4-D ( 200 )
* Nas linhas, para cada ano agrícola, médias não seguidas da mesma letra (minúscula, maiúscula ou em itálico) diferem pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade.
1
-1
Em 2000/01, a concentração utilizada de clomazone e quinclorac foi 500 e 375 µg L , respectivamente.
2
-1
Não detectado (Limite de quantificação: 0,5 µg L ).
nd
28º
2
-----
-----
3º
153,2
-----
2º
7º
390,0 a*
1º
5º
2000/01
Bentazon ( 960 )
(dias)
Coletas
Concentração (µg L-1)
nd
nd
nd
nd
nd
nd
49
69
158 b
180 c
204 d
2002/03
Tabela 1. Concentração de herbicidas na água de irrigação na cultura do arroz irrigado nos anos agrícolas de 2000/01, 2001/02 e 2002/03. Santa Maria, RS.
2003.
UTILIZAÇÃO DE COPÉPODAS (CRUSTACEA) COMO BIOINDICAROES DA
ÁGUA DE IRRIGAÇÃO DO ARROZ TRATADA COM AGROQUÍMICOS
Glauco F. Jost(1), Charrid Resgalla Jr(1), Leonardo R. Rörig(1), José A. Noldin(2), Domingos S.
Eberhard(2). (1) CTTMar / Univali, C.P. 360, 88.302-202, Itajaí, SC. E-mail:
[email protected]; (2) Epagri / Estação Experimental de Itajaí, C.P.277, 88.301-970,
Itajaí, SC, E-mail: [email protected]
Palavras-chave: Impacto ambiental, agroquímico, arroz irrigado, herbicidas e inseticidas.
Organismos bioindicadores podem indicar possíveis impactos da poluição através de
mudanças no tamanho de sua população ou através da sua presença ou desaparecimento
no meio sob certas condições ambientais. Sabe-se, que uma espécie não pode sobreviver
em um ambiente onde requisitos físicos e químicos sejam limitantes. A presença de uma
determinada espécie no hábitat indica que seus requisitos foram atendidos. Entretanto, a
ausência da espécie não significa o inverso, porque uma espécie pode ser competitivamente
excluída por outra. A presença, ausência ou abundância de uma ou várias espécies tanto
rápida ou gradualmente podem ser usadas como indicador de mudanças nas condições ou
na qualidade ambiental (Damato, 2001).
Os agroquímicos quando utilizados de maneira inadequada podem atingir não só a
espécie alvo, mas também contaminar recursos naturais em áreas maiores. A comunidade
zooplanctônica da água de irrigação do arroz pode sofrer alterações em sua composição e
densidade devido aos efeitos dos agroquímicos. Os copépodas, parte integrante do
zooplâncton, representam um elo importante na cadeia alimentar aquática. O conhecimento
dos efeitos dos agroquímicos sobre este grupo pode ser utilizado para uma melhor
compreensão dos demais grupos do zooplâncton nas mesmas condições.
O objetivo deste trabalho foi avaliar a possibilidade de utilização de copépodas como
bioindicadores de impactos causados por agroquímicos sobre a comunidade zooplanctônica
da água de irrigação do arroz. Este trabalho é parte integrante de um projeto mais amplo
realizado em parceria entre a Epagri – Estação experimental de Itajaí; Universidade do Vale
do Itajaí – Univali; Fundagro; Embrapa/Prodetab e Embrapa Clima Temperado.
Foram avaliados os efeitos dos herbicidas Sirius 250 SC (Pirazosulfuron-etil), Gamit
500 CE (Clomazone), Facet 50% PM (Quinclorac) e dos inseticidas Furadan 50G, Bulldock
125 SC (Betaciflutrina) e Standak 250 FS (Fipronil) em experimentos realizados a campo na
Epagri/Estação experimental de Itajaí durante a safra 2001/2002. Cada agroquímico foi
aplicado em três parcelas de 140 m2, apresentando ainda três parcelas controle. Foram
realizadas coletas da água de irrigação destas parcelas utilizando bomba submersa e rede
de plâncton com malha de 25 íodos: um dia antes da aplicação e 1º,
3º, 10º, 20º, 31º, 51º e 75º dias após a aplicação dos produtos. As amostras de zooplâncton
foram fixadas no campo com formol e analisadas em laboratório sob microscópio
esteroscópio e biológico. A identificação dos copépodas foi realizada segundo Reid (1985).
Um total de cinco gêneros de copépodas foram identificados na água de irrigação:
Eucyclops sp., Mesocyclops longisetus, Mesocyclops brasilianus, Thermocyclops sp.,
Microcyclops finitimus, Microcyclops sp. e Oithona sp. Para seleção das espécies
bioindicadoras, as densidades médias e freqüências de ocorrências das espécies ao longo
das onze semanas do experimento foram analisadas para seleção das três mais abundantes
e freqüentes.
As espécies selecionadas foram Mesocyclops longisetus, Microcyclops sp. e Oithona
sp. que estão distribuídas quanto aos seus percentuais de dominância ao longo das
semanas sobre os efeitos dos herbicidas (Figura 1) e inseticidas (Figura 2).
C ontrole
M e .long.
% d a d e nsid a d e
10 0
700
600
500
400
300
200
100
0
900
De n sid a d e (o rg /L)
C ontrole
900
800
M i.s p
80
O ithona s p
60
40
20
0
-1
0
1
2
3
4
5
Sirius
6
7
8
9
10
11
12
-1
0
1
2
3
4
5
Sirius
10 0
800
% d a De n sid a d e
De n sid a d e (o rg /L)
Nas parcelas controle a primeira espécie a ocupar o ambiente (espécie pioneira) foi
Mesocyclops longisetus. A espécie foi dominante durante as 3 primeiras semanas, atingindo
mais de 50% da densidade de copépodas. Em seguida, Microcyclops sp. substituiu
Mesocyclops longisetus e dominou da quarta a sexta semana. Oithona sp. foi a espécie
tardia que veio a apresentar altas densidades somente nas cinco últimas semanas.
Este mesmo comportamento sucessional das espécies foi observado nas parcelas
tratadas com os herbicidas Sirius, Gamit e com os inseticidas Furadan e Standak. Com
tratamento do herbicida Facet e do inseticida Bulldock ocorreram alterações na sucessão
das espécies.
As espécies Mesocyclops longisetus e Microcyclops sp. como são as primeiras
espécies a ocupar o ambiente, podem sofrer maiores impactos devidos as concentrações de
inseticidas estarem ainda com valores elevados, podendo diminuir as densidades destas
espécies.
A espécie Oithona sp, por ser uma espécie tardia como foi observado nos resultados
de sucessão de espécies de copépodas, não sofre tanto com os efeitos dos inseticidas. De
modo que ao final do experimento a espécie apresentou picos de densidades, com exceção
das parcelas onde o agroquímico é mais persistente no meio como no caso do Furadan.
700
600
500
400
300
200
6
7
8
M
1 0e .long.
11 12
M i.s p
9
O ithona s p
80
60
40
20
100
0
0
0
1
2
3
90 0
80 0
70 0
60 0
50 0
40 0
30 0
20 0
10 0
0
G amit
5
6
7
8
9
10
-1
11
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9 10 11
M e .long.
G amit
100
% d a D e nsida d e
90 0
80 0
70 0
60 0
50 0
40 0
30 0
20 0
10 0
0
4
M i.s p
Oithona s p
80
60
40
20
0
-1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
-1
Face t
0
1
2
3
1 00
% d a d e n sid a de
D e nsid a d e (o rg /L )
De n sid a d e (o rg /L )
-1
4
5
F ace t
6
7
8 M e9.long.
10
11
M i.s p
80
O ithona s p
60
40
20
0
-1
0
1
2
3
4
5
6
S e m a nas
7
8
9
10
11
-1
0
1
2
3
4
5
6
S e m a na s
7
8
9
10
11
Figura 1 – Sucessão das espécies segundo suas porcentagens de densidade em relação à
densidade total de copépodas durante as 11 semanas do experimento, sobre efeito dos
herbicidas. A data de aplicação dos agroquímicos esta indicada pelo valor zero no eixo (x).
Co nt ro le
900
800
700
600
500
400
300
200
100
0
900
800
700
600
500
400
300
200
100
0
% da d e ns ida d e
-1
1
2
3
4 a da
5 n 6
Fur
7
8
9
10
11
1
2
3
Bu4lld oc5 k
6
7
8
9
10
11
O ith o n a s p
60
40
20
0
1
2
3
4
5
6
7
Fu r a d a n
8
9
10 11 12
M e .lo n g .
M i.s p
80
O ith o n a s p
60
40
20
1 00 -1
% da de ns ida d e
0
0
1
2
3
4B ulld
5 o c k6
7
8
9 M 1e0.lo n
1g
1. 1 2
M i.s p
80
O ith o n a s p
60
40
20
0
0
1
2
3 nt ro
4 le s5ta n da
6 k 7
Co
8
9
10
11
100
% d a De n s id ad e
1400
1200
1000
800
600
400
200
0
1400 -1
0
1
2
3
4
5
6
S ta n da k
7
8
9
10
1200
1000
800
600
400
200
0
-1
0
1
-1
0
1
2
3 nt ro
4 le S5ta n d6a k 7
Co
8
1 0. 1 1
M 9e .lo ng
M i.s p
O ith o na s p
80
60
40
20
0
11
% d a De n s id ad e
De ns ida d e (or g /L )
M i.s p
80
0
-1
10 0
12
M e .lo n g .
0
-1
-1
De ns ida d e (o rg /L )
0
C on tr ole
10 0
% da D e n s id a d e
De n s id a d e (o r g/L )
900
800
700
600
500
400
300
200
100
0
De n s ida d e s ( or g/L )
De ns ida d e (o rg /L )
A ação dos agroquímicos sobre o zooplâncton ocorre devido a uma conjugação de
fatores que podem ser, diretos como o efeito dos inseticidas na diminuição de densidades
de herbívoros e carnívoros; ou indiretos sobre os produtores primários e com isso nos níveis
tróficos subseqüentes. Em todos os tratamentos a densidade total de copépodas foi menor
em relação ao controle, de modo que os agroquímicos podem estar diminuindo a
disponibilidade de alimentos (herbicidas), ou agindo diretamente sobre os copépodas
causando a mortandade dos mesmos (inseticidas).
2
3
100
4
5
6
S ta n da k
7
M8 e .lo 9n g . 10
11
M i.s p
80
Oith o n a s p
60
40
20
0
-1
0
1
2
3
4
5
6
7
Se m anas
8
9
10
11
-1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
Se m anas
Figura 2 – Sucessão das espécies segundo suas porcentagens de densidade em relação à
densidade total de copépodas durante as 11 semanas do experimento, sobre efeito dos
inseticidas. A data de aplicação dos agroquímicos esta indicada pelo valor zero no eixo (x).
! "#%$'&)(+*-,.&/,10&32546178!&9$:(6*
DAMATO, M. O emprego de indicadores biológicos na determinação de poluentes orgânicos
perigosos. In: MAIA, N.B.; MARTOS, H.L.; BARRELLA, W. Indicadores Ambientais: conceitos e
aplicações. São Paulo: EDUC, 2001. 229-236.
REID, J. W. Chave de Identificação e Lista de Referências Bibliográficas para as Espécies
Continentais Sulamericanas de Vida Livre da Ordem Cyclopoida (Crustacea: Copepoda),
Boletim Zoológico, São Paulo, v.9, p.17-143, 1985.
Agradecimentos: A Fundagro pelo apoio administrativo e a Embrapa, conv.
Fundagro/Prodetab
n. 0800-01/01, pelo apoio financeiro para o desenvolvimento deste
trabalho.
IMPACTO DE AGROQUÍMICOS SOBRE A COMUNIDADE ZOOPLANTÔNICA DA
ÁGUA DE IRRIGAÇÃO EM ARROZ IRRIGADO
Glauco F. Jost (1), Charrid Resgalla Jr. (1), Leonardo R.Rörig (1), Kalinka S. Laitano (1), Márcio
S. Tamanaha(1), José A. Noldin(2), Domingos S.Eberhard (2), (1) CTTMar/Univali, - C.P. 360,
Itajaí, SC, 88.302-202, E-mail: [email protected];(2) Epagri/Estação Experimental de
Itajaí, C.P.277, 88.301-970, Itajaí, SC. E-mail: [email protected]
Palavras-chave: Microcosmos, herbicidas, inseticidas, zooplâncton, bioindicador
Os agroecossitemas de arroz irrigado demandam uso intenso de agroquímicos,
incluindo principalmente herbicidas, inseticidas e adubos. Considerando os métodos de
aplicação dos mesmos, associado às práticas de manejo da água de irrigação, estes podem
representar riscos para o ambiente, especialmente para qualidade da água e para os
organismos aquáticos dos rios, lagoas e ambientes costeiros (Noldin et al, 2001).
As comunidades zooplanctônica que habitam os ecossistemas de arroz irrigado, são
importantes para a ciclagem de nutrientes no solo e como agentes de controle biológico de
insetos, pragas do arroz e dos vetores de doenças em animais e no homem. A
funcionalidade desta comunidade aquática depende da densidade populacional absoluta e
relativa de vários grupos e suas taxas de atividade. O uso de agroquímicos para o controle
de pragas no arroz tem aumentado a produtividade de grãos. Contudo, como os
agroquímicos freqüentemente não são seletivos, o potencial para modificar a comunidade
da fauna aquática é elevado (Pingali e Roger, 1995).
O objetivo deste trabalho foi avaliar o comportamento da comunidade de Cladocera
(Crustacea), Copepoda (Crustacea), e Rotifera presentes no zooplâncton em água de
irrigação do arroz sob efeito dos herbicidas Sirius 250 SC (Pirazosulfuron-etil), Gamit 500
CE (Clomazone), Facet 50% PM (Quinclorac) e dos inseticidas Furadan 50G, Bulldock 125
SC (Betaciflutrina) e Standak 250 FS (Fipronil). Este trabalho é parte integrante de um
projeto mais amplo realizado em parceria entre a Epagri/Estação experimental de Itajaí;
Universidade do Vale do Itajaí – Univali; Fundagro e Embrapa Clima Temperado
Os efeitos dos agroquímicos foram avaliados em experimentos realizados a campo
na Estação experimental da Epagri de Itajaí, durante a safra 2001/2002. Cada agroquímico
foi aplicado em três parcelas de 140 m2, apresentando ainda três parcelas controle. Foram
realizadas coletas da água de irrigação destas parcelas utilizando bomba submersa e rede
de plâncton com malha de 25 ; <>=?@8@ABCD=E/A@ épocas: um dia antes da aplicação e nos 1o,
3o, 10o, 20o, 3o, 51o e 75o dias após a aplicação dos produtos. As amostras de zooplâncton
foram fixadas no campo com formol e analisadas em laboratório sob microscópio
esteroscópio onde foi quantificada a densidade populacional de cada grupo zooplanctônico
(Tabela 1).
Tabela 1 – Média de densidade (org/L) e freqüência de ocorrência (%) de Cladocera,
copépoda e Rotifera durante o experimento sobre efeito dos agroquímicos.
C lad o ce r a
100
10
1
-1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
De ns ida de (% do c ontr ole )
1000
100
10
1
-1
0
1
2
3
5
6
7
8
9
10
10
1
Rotife r os
100
10
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10 11
C lad o ce r a
C op e p o d a
Ro tife r o s
1000
100
10
1
-1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10 11
Bulldock
1000
100
C lad o ce r a
C op e p o d a
Ro tife r o s
10
1
1
-1
0
1
2
3
4
5
6
7
Controle S ta nda k
100 00
8
9
10
11
-1
0
1
C lad o ce r a
C op e p o d a
2
3
4
5
6
7
8
9
1000
Ro tífe r o s
100 0
100
10
FG3HJI/HLK.MLNOI/P
1
-1
0
Controle
Sirius
Gamit
Facet
Furadan
Bulldock
Controle p/
Standak
Standak
100
10
Cladocera
Copepoda
Média de
Freq. de
Média de
Freq.
de
1
densidade
ocorrência
densidade
ocorrência
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
-1 0 1
(org/L)Se m a na s (%)
(org/L)
(%)
202
95,8
218
100
115
100
123
100
209
100
176
100
136
100
156
100
62
100
127
95,6
39
87,5
207
95,8
153
100
351
100
80
100
108
10 11
Clad o ce r a
Co p e p o d a
Rotife r o s
Sta nda k
De ns ida de (% do
c ontr ole)
Dens ida de (org/L)
0
Fa ce t
11
Clado ce r a
Co p e p o d a
Fura da n
1000
De ns ida de (% do c ontr ole )
4
100
-1
Clado ce r a
Co p e p o d a
Rotife r os
Ga m it
C op e p o d a
Ro tife r o s
10 11
Dens ida de (% do c ontr ole )
De ns ida de (or g/L)
Ro tífe r o s
C lad o ce r a
S irius
1000
Dens ida de (% do c ontr ole )
C o p e p od a
Dens ida de (% do c ontr ole )
Controle
1000
75
Rotifera
Média de
Freq. de
densidade
ocorrência
2 3 4 5 6 7 8 9 10
Se m a na s
(org/L)
(%)
19
83,3
13
70,8
19
70,8
28
75
35
100
76
87,5
48
86,3
50
100
11
Figura 1 – Porcentagem média das comunidades de Cladocera, Copepoda e Rotifera em
relação da densidade da testemunha ao longo do período de avaliação do experimento. A
linha preta indica igualdade com a testemunha. A data de aplicação dos agroquímicos esta
representada pelo valor zero no eixo (x).
Analisando a distribuição das densidades do zooplâncton nas parcelas controle
(Figura 1), observou-se que rotifera e cladocera apresentaram picos de densidades na
primeira semana do experimento, seguido por um pico de copepoda na segunda semana.
Cladocera e copepoda apresentaram estabilização das densidades de suas comunidades
na sétima semana.
Os herbicidas Gamit, Sirius e Facet apresentaram pouco efeito sobre a comunidade
de zooplâncton, entretanto ocasionaram uma ligeira diminuição das densidades médias em
relação ao controle.
Nas parcelas tratadas com os inseticidas Furadan e Bulldock, os cladocera e
copepoda apresentaram densidades pouco expressivas ou mesmo não ocorreram nas duas
primeiras semanas após a aplicação dos produtos. Somente após a quarta semana estes
grupos estabilizaram suas densidades próximas ao controle. Os rotíferos apresentaram pico
de densidade na primeira semana decaindo nas semanas seguintes.
Os grupos do zooplâncton apresentaram aumento gradual da densidade média
durante as duas primeiras semanas nas parcelas controle do inseticida Standak. A partir da
terceira semana os cladocera estabilizaram suas densidades enquanto que copepoda
apresentaram pico de densidade na quinta semana. Os rotíferos apresentaram distribuição
irregular. Nas parcelas tratadas com o mesmo agroquímico, copepoda foi o grupo com
desenvolvimento mais prejudicado durante as quatro primeiras semanas, com densidades
muito próximas ao zero. Somente na última semana sua densidade aproximou-se do
controle. Cladocera e rotifera apresentaram pequenas variações próximas ao controle.
A ação dos agroquímicos sobre o zooplâncton ocorre devido a uma conjugação de
fatores que podem ser: diretos sobre o organismo alvo, dependendo da sua sensibilidade ao
produto, como o caso dos inseticidas; ou o organismo pode ser indiretamente afetado
devido à ação do agroquímicos sobre seu alimento ou ainda sobre espécies competidoras
ou predadoras (Giddings e Hendley, 1999).
A classificação do nível trófico do zooplâncton esta sujeita a falhas pois muitos são
omnívoros, e a alimentação vai depender da disponibilidade de alimentos, sendo que o item
mais abundante no meio será preferencialmente consumido. Apesar disso, os resultados
sugerem que os inseticidas Furadan, Bulldock e Standak possuem ação direta sobre
cladocera permitindo o desenvolvimento de rotíferos mediante o relaxamento da competição
por fitoplâncton. No entanto, os rotíferos presentes na água de irrigação podem ser mais
resistentes aos agroquímicos que os demais grupos do zooplâncton, pois, com exceção das
parcelas tratadas com o herbicida Sirius, as densidades de rotíferos foram maiores que o
controle em todos os tratamentos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
NOLDIN, A. J.; EBERHARDT, D.S.; DESCHAMPS, F.C.; HERMES, L.C. Estratégia de coleta
de amostras de água para monitoramento do impacto ambiental da cultura do arroz irrigado.
In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 2.; REUNIÃO DA CULTURA DO
ARROZ IRIGADO 24., 2001, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre: IRGA, 2001. p. 760-762.
GIDDINGS, J.; HENDLEY, P. ECOFRAM Aquatic Report. 1999
PINGALI, P.L.; ROGER, P.A. Impact of pesticides on farmer health and rice
environmental. Philippines, Kluwer Academic Publishers, 1995. p.664.
Agradecimentos: A
Fundagro/Prodetab
trabalho.
Fundagro pelo apoio administrativo e a Embrapa, conv.
n. 0800-01/01, pelo apoio financeiro para o desenvolvimento deste
PLANTAS INDICADORAS DE RESÍDUO DO HERBICIDA FACET EM ÁGUA
José Alberto Noldin(1), Fátima T. Rampelotti(2), Domingos S. Eberhardt(1), Henri Stuker(1),
Francisco C. Deschamps(1). (1)Epagri/Estação Experimental de Itajaí, SC. C.P. 277, 88301970, Itajaí-SC. E-mail: [email protected].; (2)CTTMar/Univali, Itajaí-SC.
Palavras-chave: Bioensaio, quinclorac, arroz, angiquinho, feijão, milho, pepino, tomate, soja
Trabalhos de monitoramento de qualidade de águas desenvolvidos em Santa
Catarina (NOLDIN et al., 2001) tem determinado a presença de resíduos de herbicidas nas
áreas de arroz irrigado (DESCHAMPS et al., 2003). Os níveis de resíduos detectados, na
maioria dos casos, podem ser considerados baixos. No entanto, para alguns produtos como
o herbicida Facet (quinclorac), o qual foi o mais freqüentemente detectado, existe carência
de informações para estabelecer os possíveis riscos que os mesmos possam exercer no
ambiente. RESGALLA JR. et al. (2002) relataram que a CL50, 96 horas, para juvenis de
carpa-comum (Cyprinus carpio), para o herbicida Facet, foi de 3325 µg/L. Considerando o
valor da CL50 e a dose comercial recomendada para uso na lavoura (0,75 kg pc/ha), os
referidos autores determinaram um índice de segurança igual a 8,87. SALOMON (1997)
relata que índice de segurança inferior a 20, deve ser motivo de preocupação do ponto de
vista de possíveis impactos ambientais. Além disto, trabalhos mais recentes relatados por
RESGALLA et al. (2003) evidenciaram que herbicida Facet pode representar maiores risco s
para o fitoplâncton, interferindo assim na cadeia trófica. Nestes estudos, a CL50 para a alga
Selenastrum capricornutum foi igual a 216 µg/L, indicando que em se tratando de herbicidas,
plantas e algas podem ser mais indicadas para estudos de impactos ambientais. LAVY e
SANTELMANN (1986) sugerem o uso de bioensaios com plantas em substrato líquido como
indicadores da presença de herbicidas em água. Similarmente, GOMEZ DE BARREDA et al.
(1993) utilizaram tomate como bioindicador da presença de resíduo de Facet em água.
O objetivo deste trabalho foi (a) avaliar diferentes espécies de plantas que poderiam
ser utilizadas como indicadoras da presença do herbicida Facet em água e (b) estimar
possíveis níveis de concentração do herbicida em água que afetariam o desenvolvimento de
espécies sensíveis ao herbicida.
O experimento foi conduzido em casa-de-vegetação, repetido duas vezes
(experimento 1=E1 e experimento 2=E2), em outubro e novembro de 2002,
respectivamente. Foi utilizado um sistema floating, tendo como unidade experimental, uma
bandeja (26 x 42 x 9 cm), na qual foi adicionado um volume de 6 L de água. Em cada caixa
foram colocadas bandejas de isopor do tipo “canteiros móveis”, utilizadas na produção de
mudas de hortaliças, as quais foram recortadas para ajuste ao tamanho das caixas. Assim,
cada bandeja era composta por 8 linhas com seis células. O substrato utilizado foi o da
classe HT, fabricado pela Eucatex. Cada linha (seis células) foi semeada com 2-5 sementes
por célula, de arroz, angiquinho, tomate e pepino (E1), arroz, angiquinho, tomate, pepino,
milho, feijão e soja (E2). Foram avaliadas as concentrações de Facet: de 0, 1, 10, 100, 375
e 1000 µg/L. A concentração de 375 µg/L, correspondente a dose comercial recomendada
aplicada numa lâmina de água de 10 cm, foi avaliada apenas no experimento 2. A duração
dos experimentos foi de 12-15 dias. As avaliações realizadas em cinco plantas por espécie e
por repetição, foram: altura da parte aérea, maior comprimento de raiz, fitomassa seca da
parte aérea e das raízes.
O arroz, apesar de sua seletividade para o herbicida Facet, teve seu crescimento
afetado, especialmente a altura das plantas, a partir da concentração de 100 µg/L (Tabela
1). Para a fitomassa seca (parte aérea e raiz) e comprimento de raiz, os efeitos foram mais
pronunciados a partir da concentração de 375 µg/L. Similarmente ao arroz, o angiquinho,
planta para a qual o Facet é recomendado para controle, também teve redução na altura
das plantas, a partir da concentração de 10 µg/L. O tomate mostrou-se como uma planta
boa indicadora da presença do Facet na água. A altura das plantas e o comprimento da raiz
principal foram reduzidos a partir da concentração mínima testada (1 µg/L). GOMEZ DE
BARREDA et al. (1993) sugeriram o tomate como um bom indicador da presença de resíduo
de Facet em água, apenas para concentrações na água superiores a 50 µg/L. Plântulas de
pepino foram afetadas na altura, fitomassa seca da parte aérea e comprimento da raiz, a
partir das concentrações de 10 µg/L, nos dois experimentos. Das espécies avaliadas
unicamente em um experimento (feijão, milho e soja), o feijão foi o mais sensível, pois todos
os parâmetros avaliados foram afetados na concentração mínima do produto (1 µg/L). O
milho e a soja mostraram-se mais sensíveis a partir da concentração de 10 µg/L. A
fitomassa seca de raízes não mostrou ser um bom parâmetro indicador do efeito do Facet
em nenhuma das espécies avaliadas. Observou-se que para algumas espécies, apesar de
ocorrer redução no comprimento da raiz, visualmente era observado aumento no diâmetro
das raízes. Possivelmente, a estimativa do comprimento total de raízes ou a superfície de
raízes sejam parâmetros a seres considerados em estudos futuros. É importante ressaltar
que a sobrevivência das plantas de espécies suscetíveis nas concentrações máximas
testadas (1000 µg/L), equivalente a três vezes a dose comercial, pode ser resultado da
limitada absorção do produto na fase inicial de desenvolvimento, período este cujo
desenvolvimento é mais dependente das reservas da semente. Possivelmente, caso o
experimento prosseguisse por períodos mais longos, as mesmas viriam a senescer. Os
resultados deste trabalho evidenciam que concentração de 1 µg/L de Facet na água, pode
afetar o crescimento inicial de plântulas de tomate, feijão, pepino, milho e soja.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DESCHAMPS, F.C.; NOLDIN, J.A.; EBERHARDT, D.S.; HERMES, L.C.; KNOBLAUCH, R.
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ARROZ IRRIGADO, 25., 2003, Bal. Camboriú, SC. Anais... Itajaí: Epagri, 2003, p. (prelo).
GOMEZ DE BARREDA, D.; LORENZO, E.; CARBONELL, E.A.; CASES, B.; MUÑOZ, N. Use
of tomato (Lycopersicon esculentum) seedlings to detect bensulfuron and quinclorac
residues in water. Weed Technology, v.7, p.376-381, 1993.
LAVY, T.L.; SANTELMANN, P.W. Herbicide bioassay as a research tool. In: CAMPER, N.D.
Research Methods in Weed Science, Southern Weed Science Society, 3rd edition,
Champaign, IL, USA. 1986. p.201-17.
NOLDIN, J.A.; EBERHARDT, D.S.; DESCHAMPS, F.C.; HERMES, L.C. Estratégia de coleta
de amostras de água para monitoramento de impacto ambiental da cultura do arroz irrigado.
In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 2. e REUNIÃO DA CULTURA DO
ARROZ IRRIGADO, 24., 2001, Porto Alegre, RS. Anais... Porto Alegre: Instituto Rio
Grandense do Arroz, 2001, p.760-762.
RESGALLA JR., C.; NOLDIN, J.A.; SANTOS, A.L.; SATO, G.; EBERHARDT, D.S.
Toxicidade aguda de herbicidas e inseticida utilizados na cultura de arroz irrigado sobre
juvenis de carpa (Cyprinus carpio). Pesticidas: R. Ecotoxicol. Meio Ambiente, Curitiba.
v.12, 2002, p.59-68.
RESGALLA JR., C.; NOLDIN, J.A.; EBERHARDT, D.S. Testes de toxicidade e análise de
riscos de agroquímicos. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 3. e
REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 25., 2003, Bal. Camboriú, SC. Anais...
Itajaí: Epagri, 2003. p. (no prelo).
SALOMON, K.R. Advances in the evaluation of the toxicological risks of herbicides to the
environment. In: CONGRESSO BRASILEIRO DA CIÊNCIA DAS PLANTAS DANINHAS, 21.,
Caxambu, MG. Anais... Londrina:SBCPD, 1997, p.163-172.
Tabela 1. Parâmetros de desenvolvimento da parte aérea e sistema radicular de arroz,
angiquinho, tomate, feijão, pepino, milho e soja, cultivados em sistema floating com
diferentes concentrações do herbicida Facet. Epagri, Itajaí, 2003.
Concentra
ção (µg/L)
Parte aérea
Altura (mm)
Fitomassa (g)
1/
1/
E1
E2
E1
E2
Raiz
Comprimento (mm)
E1
E2
Fitomassa (g)
E1
E2
Arroz
2/
ns
ns
0
187,13a
107,73b 0,04078a 0,06484
311,17a 325,07a 0,03131
0,01860ab
1
187,27a 125,86a 0,03570a 0,03590 281,40b 314,00a 0,01688
0,02130a
10
171,93a
99,20b 0,05028a 0,04073 308,00a 308,80a 0,01941
0,02232a
100
77,33b
45,00c 0,04722a 0,06472 222,13c 248,53b 0,01856
0,02362a
3/
375
31,27cd
0,02132
189,33c
0,01493bc
1000
24,57c
23,35d 0,01055b 0,01131
93,21d 117,71d 0,01464
0,01185c
Angiquinho
0
147,73a 90,60a 0,05003a 0,03731a 179,67a 173,00b 0,01134a 0,00606b
1
138,80a 87,86a 0,05644a 0,04531a 193,40a 203,53a 0,01300a 0,01175a
10
68,20b
41,00b 0,04640a 0,02698b 176,46a 135,33c 0,01292a 0,01122a
100
13,00c
25,50c
0,0077b
0,07150c 29,71b
58,50d 0,00407b 0,006416b
1000
6,00c
0,0053b
16,33b
0,00166b
Pepino
ns
0
264,33a 116,06a 0,4193a
0,0825a 310,53a 238,40a 0,0461ab
0,0060
1
235,53a 104,80a 0,4689a
0,0862a 312,40a 232,33a 0,0562a
0,0171
10
58,87b
34,13b
0,1272b
0,0446b 202,46b 155,00b 0,0322bc
0,0128
100
22,67b
30,86b
0,0448b
0,0325b
53,60c 124,80c 0,0122cd
0,0138
375
22,00b
0,0107c
46,13d
0,0084
1000
15,92b
18,40b
0,0115b
0,0111c
34,00c
43,93d
0,0092d
0,0074
Tomate
0
154,60a
54,87a
0,0625a 0,0177ab 204,07a 159,46a 0,0089a 0,0060abc
1
91,73b
36,33b
0,0282b
0,0202a 153,27b 139,60b 0,0051b
0,0069ab
10
38,80c
22,27c
0,0099c
0,0130b 100,67c 99,67c
0,0051b
0,0106a
100
19,73d
15,87cd 0,0026c
0,0032c
50,67d
54,13d
0,0028c
0,0023bc
375
14,27d
0,0018c
35,07e
0,0009c
1000
13,67d
10,40d
0,0014c
0,0015c
28,27e
26,60e
0,0011c
0,0011c
Feijão
0
256,80a
0,2748a
291,20a
0,6032a
1
112,86b
0,1596b
227,67b
0,0904b
10
62,33c
0,0861c
191,67c
0,0719b
100
43,78d
0,0392d
112,50d
0,0305b
375
35,53d
0,0260d
70,80e
0,0203b
1000
38,28d
0,0434d
74,85e
0,0256b
Milho
0
294,27b
0,2513b
515,33a
0,1147a
1
359,80a
0,3250a
525,93a
0,1227a
10
130,07c
0,1865c
408,73b
0,1108a
100
60,93d
0,1358d
245,43c
0,0971b
375
40,07d
0,0790e
130,13d
0,0912c
1000
33,07d
0,0577e
101,40d
0,1401c
Soja
ns
0
202,20a
0,1560a
282,93a
0,0368
1
105,07b
0,1590a
277,47a
0,0349
10
63,87c
0,1027b
219,20b
0,0459
100
40,00d
0,0534bc
124,93c
0,0319
375
26,87d
0,0504c
61,20d
0,0343
1000
32,87d
0,0852c
53,33d
0,0265
1/
2/
E1 e E2= experimentos 1 e 2.; Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem
3/
significativamente entre si, Duncan 5%; Não incluído no experimento.
PERSISTÊNCIA DO HERBICIDA IMAZETHAPYR NA LÂMINA DE ÁGUA EM
TRÊS SISTEMAS DE CULTIVO DE ARROZ IRRIGADO.
(1)
(1)
(1)
1
Elio Marcolin , Vera Regina Mussoi Macedo
& Silvio Aymone Genro Junior .
Pesquisadores da EEA/IRGA, Av. Bonifácio Carvalho Bernardes, 1494, Caixa Postal 29, CEP 94930030, Cachoeirinha – RS, E-mail: [email protected].
QRS)RUTVWRXY[Z\RUT]1^_`RSba cdRc]cRfeg`Rh.Vi]Xjc`klc]m\]Vonpa Za cdRh1Xa Xrqo]sRtZkuT]uZa kduRSv]s
wbx)yz{|}.~w){y€xl‚xbƒi„Ll„m~w){y…x†~ƒi‡ˆŠ‰„ƒŒ‹x)y{‚Ž
‘’“•”–—™˜š–˜œ›˜d–v’“•˜Ÿž”Ÿ ¡d’Ÿ–v˜¢U”—L˜£Š”¢ž”š¤—o”›¥b“¦”–—L˜§’£J¤–v˜©¨ª¥)–vžd«v—€£Œ¥)¬”
­®¯Œ° ±²³ ´€²¯W­µ´L¶p· ¸v° ¹º¼»¯i¶º±²»­½´L¶>´™ºd¯W½­½v¹º¾Š¸U¶¿½v¶±¶¸U¸À¯W°b­Á­Á¯Š­±° ºd½­³b° ­ÃpĺŹºÆ²v¸Uº©Ç†­
ÈɊÊËUÊÉ[ÌÍÎpÏÐÑʑÒfÍÓÔՙÊÓÎÏБÖÐËÅÉiÊ×ÔÉiËUÐËÅØÙÖÉWÚ×ÐËÛÝÜËՀÚ)ÒÍފËUÊßdÔvÊàÍÍáÉWÚ×Ôâ ՅÔÉWÍËÊãäÍ
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Ý"Þ ß8àácâ"ã*ä"åæ)çèé
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Tendo em vista a preocupação do impacto que a lavoura de arroz pode causar ao
ambiente, trabalhos estão sendo conduzidos para avaliar o tempo de persistência dos
herbicidas na água após a aplicação, para que esta possa ser drenada com maior
segurança. NOLDIN et al. (1997) recomendam manter estática a lâmina de água por um
período mínimo de duas semanas após a aplicação. Isto pode proporcionar uma redução de
97% do herbicida clomazone aplicado. Recomendações do RICECHECK (2000), sugerem
que a água deve permanecer na lavoura por um período entre 21 e 28 dias após a aplicação
de pesticidas. Essas recomendações são baseadas na legislação ambiental da Comunidade
Econômica Européia que estabeleceu em 0,1 µg L-1 a concentração máxima admissível de
qualquer agroquímico para a água destinada ao consumo humano e de 1 a 3 µg L-1 para
águas superficiais (AGUILAR et al., 1997). No Brasil, a portaria no 020/CONAMA, de
18/06/1986, não dispõe de limites de concentração máxima na água para a maioria dos
agroquímicos atualmente utilizados. Para maior segurança é necessário considerar que os
agroquímicos utilizados na lavoura de arroz diferem quanto a solubilidade e persistência na
água. Segundo a classificação de Rao & Hornsby (1989) citada por LEITE et al. (1998), o
imazethapyr é um herbicida considerado moderadamente persistente na água, com
pequeno potencial de lixiviação e escorrimento superficial e apresenta solubilidade em água
de 1.415 ppm (T = 250C e pH 7). Este, é mais firmemente adsorvido ao solo quando os
teores de argila e matéria orgânica são elevados e o pH abaixo de 6,5. O principal processo
de degradação do imazethapyr na água é por fotólise e, a persistência da meia vida é de 46
horas quando em água destilada exposta à luz de xenon filtrada com vidro borosilicato
(VENCILL et al., 2002).
O objetivo deste estudo foi determinar a persistência do herbicida imazethapyr na
lâmina de água em três sistemas de cultivo de arroz irrigado, aspergido em pós-emergência
para o controle de arroz vermelho.
O experimento foi conduzido em Gleissolo Háplico Ta distrófico típico, nas safras
agrícolas 2001/02 e 2002/03, na Estação Experimental do Arroz, em Cachoeirinha, RS. A
análise de solo nos três sistemas de cultivo apresentou 18 % de argila, pH de 4,9 e matéria
orgânica de 1,6 %. O delineamento experimental foi blocos ao acaso com três repetições e,
os tratamentos constituídos pelos sistemas de cultivo convencional em linhas (SC), plantio
direto (PD) e pré-germinado (PG). Nos três sistemas de cultivo havia cobertura vegetal
composta por azevém. Cada unidade experimental ocupou uma área de 1120 m2. A cultivar
utilizada foi a IRGA 422CL. Nos três sistemas, as plantas daninhas foram controladas com o
herbicida Only (imazethapyr 75 g i. a. L-1 + imazapic 25 g i. a. L-1). Utilizou-se dose de 1,0 L
ha-1 acrescida de 0,5 % v v-1 do adjuvante Dash, quando as plantas de arroz estavam no
estádio V3 (COUNCE et al., 2000) e na ausência de lâmina de água. O volume de calda
utilizado foi de 150 L ha-1. A inundação da área ocorreu dois dias após a aplicação do
herbicida e manteve-se lâmina de água de 10 cm. As amostras de água para análise de
resíduo de imazethapyr na safra 2001/02 foram coletadas aos 4, 30, 65 e 104 dias e na
safra 2002/03 coletou-se aos 4, 11, 24, 32 e 40 dias após a aplicação do produto sendo,
uma amostra para cada unidade experimental. Cada amostra foi composta de cinco subamostras. As amostras foram colocadas em frascos de vidro escuro com volume de um litro,
acondicionadas à temperatura abaixo de 5 0C e enviadas ao Laboratório de Análise de
Resíduos de Pesticidas (LARP) da Universidade Federal de Santa Maria. A determinação da
concentração de imazethapyr foi efetuada através de Cromatografia Líquida de Alta
Eficiência com Detecção no Ultravioleta (HPLC-UV) após prévia pré-concentração em
cartucho de extração em fase sólida (SPE), conforme o procedimento adaptado por
ZANELLA (2003). Os dados de insolação e precipitação pluvial até 40 dias após a aplicação,
estão nas figuras 1 e 2, respectivamente.
200
400
180
2001/2002
2002/2003
2001/2002
2002/2003
160
Precipitação acumulada, mm
Insolação acumulada, h
350
300
250
200
150
100
140
120
100
80
60
40
20
50
0
0
4
11
30
24
32
4
40
11
24
32
30
40
Dias após a aplicação do herbicida Imazethapyr
D ias após a aplicação do herbicida Im azethapyr
Figura 1 – Insolação acumulada durante o monitoramento da água na lavoura nas safras 2001/02
e 2002/03. EEA/IRGA. Cachoeirinha - RS. 2003.
Figura 2 – Precipitação pluvial acumulada
durante o monitoramento da água na lavoura
nas safras 2001/02 e 2002/03. EEA/IRGA.
Cachoeirinha – RS. 2003.
Na safra 2001/02, os resultados indicam que não houve diferença na concentração
do herbicida na lâmina de água entre os três sistemas de cultivo (Tabela 1). No entanto, nos
primeiros dias após aplicação do herbicida as concentrações de imazethapyr na lâmina de
água, exceto no sistema de semeadura convencional, encontravam-se acima de 3 µg L-1
diminuindo com decorrer do tempo. Aos 30 dias após a aplicação, os resíduos do herbicida
ficaram abaixo de 3 µg L-1, limite máximo estabelecido por algumas agências ambientais da
Comunidade Européia para águas superficiais. A partir de 65 dias não foi detectada a
presença do produto na lâmina de água. A concentração de imazethapyr na lâmina de água
aos 30 dias, foi similar a encontrada por MACHADO et al. (2001) aos 28 dias, com outros
herbicidas aspergidos da mesma forma.
Tabela 1 - Concentração do herbicida imazethapyr na lâmina de água durante o ciclo da cultivar de arroz
irrigado IRGA 422CL, em três sistemas de cultivo na safra agrícola 2001/02. EEA/IRGA. Cachoeirinha - RS.
2003.
Sistemas
Dias após aplicação do herbicida
de cultivo
4
30
65
104
--------------------------- Concentração de imazethapyr na lâmina de água, µg L -------------------------1
PD
SC
PG
ns
2,39
3,74
4,72
ns
1,47
1,28
1,33
Nd
Nd
Nd
Nd
Nd
Nd
nd (não detectável) = < 0,4 µg L ; SD = Plantio direto; SC = Semeadura convencional em linhas e PG =
Semeadura de sementes pré-germinadas. ns = não significativo ao nível de 5 % de probabilidade pelo teste de
Duncan.
-1
Na safra 2002/03, os resultados indicam maior concentração de herbicida na lâmina
de água nos primeiros dias após a aplicação, principalmente, no sistema plantio direto no
qual a concentração diferenciou dos demais (Tabela 2). Apesar do plantio direto apresentar
uma maior concentração aos quatro dias após a aplicação, houve redução na concentração
na água por ocasião da segunda amostragem. Dos 11 aos 40 dias após a aspersão, a
concentração de imazethapyr foi similar entre os sistemas. No sistema pré-germinado, aos
32 dias após a aplicação, as concentrações ficaram abaixo de 3 µg L-1, porém, não diferiram
estatisticamente dos demais. Apesar dos dados de insolação, precipitação pluvial e
temperaturas médias diárias (dados não apresentados) serem similares até 30 dias após a
aplicação do herbicida, nas duas safras, na safra 2002/03 as concentrações apresentaramse superiores às da safra anterior. Devido a variação nas concentrações de imazethapyr na
lâmina de água nas duas safras, o trabalho terá continuidade.
Tabela 2 - Concentração do herbicida imazethapyr na lâmina de água durante o ciclo da cultivar de
arroz irrigado IRGA 422CL em três sistemas de cultivo na safra agrícola 2002/03.
EEA/IRGA. Cachoeirinha - RS. 2003.
Sistemas
Dias após aplicação do herbicida
de cultivo
4
11
24
32
40
------------------------- Concentração de imazethapyr na lâmina de água, µg L --------------------------1
PD
SC
PG
21,72 a
13,86 b
9,52 b
ns
7,90
10,65
4,35
ns
3,77
3,31
3,73
ns
3,15
3,21
2,79
nd
ns
2,69
1,16
nd (não detectável) = < 0,4 µg L-1; PD = Plantio direto; SC = Semeadura convencional em linhas e PG =
Semeadura de sementes pré-germinadas. Na coluna, médias seguidas de mesma letra não diferem
significativamente ao nível de 5 % de probabilidade pelo teste de Duncan. ns = não significativo.
Os resultados obtidos até o momento, indicam a necessidade da retenção da água
na lavoura de arroz onde foi aspergido o herbicida Only por um período de 30 a 32 dias.
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herbicides residues in surface and agriculture waters. Journal of Separation Science, v.26, p.
1-6, 2003.
DOIS SISTEMAS DE CULTIVO DE ARROZ IRRIGADO
E A EMISSÃO DE METANO∗
Falberni de S. Costa1; Magda A. de Lima2; Cimélio Bayer1; Rosa T.S. Frighetto2;
Humberto Bohnen3; Vera R.M. Macedo3; Elio Marcolin3 ; 1Depto. Solos - PPG Ciência do
Solo - Universidade Federal do Rio Grande do Sul/UFRGS, 90001-970, Porto Alegre, RS. email: [email protected]; 2Centro Nacional de Pesquisa de Monitoramento e Avaliação
de Impacto Ambiental/CNPMA, EMBRAPA. 13820-000, Jaguariúna, SP; 3Instituto Rio
Grandense do Arroz/IRGA. 94930-030, Cachoeirinha, RS.
Palavras-chave: Preparo convencional, plantio direto, mitigação.
O cultivo do arroz irrigado é uma importante fonte antrópica de metano (CH4), onde o
manejo é possível no sentido de mitigar as emissões (Sass et al., 1994). No Brasil, as
avaliações in situ das emissões de CH4 em lavouras de arroz encontram-se em fase inicial.
O estado do Rio Grande do Sul (RS) é o maior produtor de arroz irrigado no Brasil, sendo
responsável por mais de 50 % da produção nacional (CONAB, 2003). No RS, os sistemas
de cultivo atualmente mais utilizados são o preparo convencional (PC) e o plantio direto
(PD), que representam, respectivamente, 41 e 14 % da área cultivada (IRGA, 2003). No PC,
os resíduos das plantas de cobertura de inverno são incorporados na camada de
revolvimento, enquanto que no PD os resíduos são mantidos na superfície do solo, e essas
diferenças no manejo dos resíduos podem afetar as emissões de CH4.
O objetivo principal deste estudo pioneiro foi quantificar as emissões de CH4 em solo
cultivado com arroz irrigado nos sistemas PC e PD no sul do Brasil, e relacioná-las a fatores
ambientais.
A pesquisa foi realizada em parceria entre a UFRGS, a EMBRAPA/CNPMA e o
IRGA, na área experimental do IRGA (29º57’02” S e 51º06’02” W), município de
Cachoeirinha, RS. O experimento foi instalado em um gleissolo, textura franca, utilizado
desde 1994 com PC, com aração e gradagens, e com PD, com apenas abertura de sulco
para semeadura. No inverno foram cultivados trevo branco (Trifolium repens, L) e azevém
(Lolium multiflorum, Lam). A semeadura do arroz (10/12/02) foi mecânica e em linha e a
cultivar utilizada foi a IRGA 422 CL. Na adubação de base aplicou-se 10 kg N-uréia ha-1 e
200 kg ha-1 da fórmula 0-20-30. O N-uréia em cobertura foi aplicado em 30/12/02 (50 kg N
ha-1, estádio V4), em 31/01/03 (40 kg N ha-1, estádio V8) e em 19/02/03 (30 kg N ha-1, início
da diferenciação da panícula). O alagamento do solo ocorreu em 30/12/02.
Além das emissões durante a estação de cultivo, foram quantificadas as emissões
durante 24 h no PD e em solo com e sem plantas no PC. As emissões foram relacionadas a
fatores climáticos, de solo e da lâmina de água de alagamento por equações de regressão,
para verificar os fatores controladores das emissões para as condições locais.
As coletas das amostras de ar foram semanais, pelo método da câmara fechada
(Mosier, 1989). No 7º dia após o alagamento (DAA) do solo, em cada sistema de cultivo
foram instaladas duas bases a 5 cm de profundidade, que permaneceram fixas durante todo
o período de coleta. A primeira coleta foi aos 8 DAA e a última aos 91 DAA. As amostras de
ar foram coletadas sempre pela manhã, a partir das 9:00 h, começando-se pelas câmaras
do PC e finalizando-se nas do PD. A cada coleta foram registradas as temperaturas do
interior da câmara, do ar atmosférico e do solo a 2, 5 e 10 cm de profundidade, bem como
coletadas amostras da solução do solo a 5 cm de profundidade, exceto aos 8 e 91 DAA. As
∗
Parte deste trabalho já foi apresentada no XXIX Congresso Brasileiro de Ciência do Solo, julho de 2003,
Ribeirão Preto (SP).
coletas durante 24 h no PD ocorreram das 12 h do dia 17 às 12 h de 18/03/03 (estádio de
grão pastoso), com intervalo de 3 h entre coletas. A coleta no solo com e sem plantas no PC
foram realizadas no dia 25/03/03 (estádio de maturação fisiológica dos grãos), das 6 às 15
h, também com intervalo de 3 h entre cada coleta. As amostras de ar foram analisadas no
laboratório do CNPMA, por cromatografia gasosa, com coluna capilar e detector de
ionização de chama. No laboratório de biogeoquímica ambiental da UFRGS foram
quantificados os teores de N mineral (Kjeldahl) e de carbono orgânico (analisador
automático de C) nas amostras da solução do solo. As informações climáticas foram obtidas
na estação meteorológica do IRGA.
Os padrões das emissões de CH4 nos sistemas são apresentados na figura 1. As
taxas foram menores no PD em relação ao PC, exceto nas duas primeiras avaliações. A
média (± desvio padrão) e a amplitude das emissões, respectivamente, foram 14,0 (± 8,5) e
27,8 mg CH4 m-2 h-1 no PC e de 10,3 (± 5,0) e 17,7 mg CH4 m-2 h-1 no PD. A média das taxas
de emissão entre os sistemas foi de 12,2 mg CH4 m-2 h-1, valor este dentro do intervalo
citado na literatura internacional, que é de 0 a 80 mg CH4 m-2 h-1 (Le Mer & Roger, 2001).
Aos 8 e 9 DAA, o PD emitiu 3 vezes mais CH4 do que o PC (Figura 1). Já aos 14
DAA, e a partir desta data, o PC passou a emitir mais CH4 do que o PD. A maior emissão
inicial no PD pode ser devido à manutenção dos resíduos das culturas de inverno sobre a
superfície do solo e ao seu maior conteúdo de CO (32 % a mais na camada de 0-10 cm,
dado não apresentado) em relação ao PC. No PC, com resíduos e CO incorporados ao solo
(± 20 cm), a liberação dos produtos da decomposição dos resíduos que podem ser
convertidos em CH4, em tese, é mais lenta e gradativa, explicando assim o padrão das suas
emissões.
(A)
PC
PD
(B)
600
Radiação solar, Cal cm
-2
32
-2
CH4, mg m h
-1
24
16
8
500
400
300
0
0
(C)
PC
PD
200
(D)
70
60
-1
50
+
40
N-NH4 , mg L
CO solução, mg L
-1
160
120
80
40
10
5
0
0
8
9
14
22
28
35
42
49
56
66
70
77
84
91
8
9
14
22
28
35
42
49
56
66
70
77
84
91
Dias após alagamento
Figura 1. Taxas de emissão de CH4 (A), radiação solar (B), e concentrações de carbono orgânico em
+
solução (C) e N-NH4 (D) em dias após o alagamento do solo, nos sistemas de preparo
convencional (PC) e plantio direto (PD), IRGA, Cachoeirinha, RS, 2002/03. Em (A) valores
são médias de duas repetições e as setas indicam aplicações de N-uréia. A radiação solar é
o somatório dos dias da semana anterior a cada avaliação.
Ambos os sistemas tiveram dois picos de emissão, sendo o primeiro aos 35 DAA e o
segundo aos 66 DAA. Esses picos podem ser relacionados a dois estádios de
desenvolvimento importantes das plantas de arroz, que são o final da fase vegetativa, na
qual a planta atinge o número máximo de perfilhos, e o final da fase reprodutiva, na qual
ocorre a emissão das panículas/antese. Outros fatores podem atuar de forma associada a
essas modificações morfo-fisiológicas, maximizando ou minimizando a magnitude do pico
das emissões, como é o caso da origem do C para a metanogênese e a aplicação de
nitrogênio (N). Neste estudo, a segunda aplicação de N em cobertura (31/01/03) ocorreu
dois dias antes do pico detectado aos 35 DAA, o que pode ter influenciado a magnitude do
pico em ambos os sistemas. Cai et al. (1997), mediram que a emissão de CH4 foi reduzida
em 7 e 14% com a aplicação de 100 e 300 kg N-uréia ha-1, respectivamente, em relação ao
tratamento controle.
As concentrações de CO e N na solução do solo foram decrescentes ao longo do
período, refletindo o consumo do CO nas reações de oxirredução quando do alagamento e o
consumo de N-NH4+ pelas plantas. Destaque é dado ao N-NH4+ (N-NO3- < 0,1 mg L-1), que
no início do cultivo apresentava concentrações de 42,30 mg L-1 no PC e 58,70 mg L-1 no PD,
e ao final do cultivo (112 dias) de 0,27 mg L-1 no PC e 0,15 mg L-1 no PD. Esses resultados
demonstram o efeito de bio-filtro das plantas de arroz, com efeitos positivos na qualidade
ambiental.
As emissões de CH4 durante o período de cultivo foram (P<0,0001) relacionadas com
a radiação solar, que explicou 50 % da variação das emissões. Nas coletas de 24 h, o pico
máximo das emissões ocorreu às 15 h (5 mg CH4 m-2 h-1) e o mínimo ocorreu às 9 h (2,9 mg
CH4 m-2 h-1), as quais foram explicadas em 70 % (P<0,005) pela temperatura do solo a 5 cm
de profundidade. A maior diferença no solo com e sem plantas ocorreu às 6 h, com o solo
com plantas (6,3 mg CH4 m-2 h-1) emitindo 12,6 vezes mais CH4 do que o solo sem plantas
(0,5 mg CH4 m-2 h-1). Nas demais horas (9, 12 e 15), a razão com plantas/sem plantas foi
decrescente. Nessa avaliação, o pico máximo das emissões também ocorreu às 15 h e a
temperatura do solo a 2 cm de profundidade explicou 90 % (P<0,05) da variação nas
emissões.
As quantidade totais de CH4 emitido em 82 dias foram de 31,6 g m-2 no PC e de
21,1 g m-2 no PD, demonstrando o potencial deste sistema de manejo na mitigação das
emissões de CH4 em lavoura de arroz irrigado. A diferença das emissões entre os sistemas
representa 2.625 kg ha-1 em equivalente CO2, que deixarão de contribuir para o aumento
antropogênico do efeito estufa. Esse valor representa ainda 0,7 Mg C que não foi adicionada
à atmosfera e é semelhante às taxas de seqüestro de C em solos agrícolas na região
subtropical (Bayer et al., 2000). Os resultados das emissões de CH4 apresentados são
pioneiros no sul do Brasil e serão utilizados na elaboração do inventário nacional de
emissão de gases do efeito estufa a partir de sistemas de produção agrícola, diminuindo
assim as grandes incertezas apresentadas nos relatórios já publicados das emissões a nível
nacional. Nesse sentido, a pesquisa continuará nas próximas safras com objetivo de se
avançar no conhecimento das variáveis controladoras da metanogênese, bem como para a
identificação de práticas mitigadoras das emissões de CH4 de lavoura de arroz irrigado.
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properties. Global Biogeochemical Cycles, v. 8, p. 135-140, 1994.
A QUALIDADE DA ÁGUA EM ÁREAS CULTIVADAS COM ARROZ IRRIGADO
Francisco C. Deschamps (1); José A. Noldin (1); Domingos S. Eberhardt (1); Ronaldir
Knoblauch (1). (1) EPAGRI, Estação Experimental de Itajaí. Caixa Postal 277, 88301-970,
Itajaí, SC. [email protected]
Palavras chave: metodologia, fósforo, impacto ambiental, nitrogênio, bacia hidrográfica
A elevada produtividade alcançada atualmente pela cultura do arroz, depende da
disponibilidade de água de boa qualidade. Considerando que as práticas culturais envolvem
revolvimento de solo e aplicação de agroquímicos, a cultura do arroz apresenta-se como
potencial comprometedora da qualidade da água. Como recurso limitado e também
essencial para várias outras atividades, bacias onde a cultura é desenvolvida passam então
a se constituir em áreas de conflito na disputa pela sua utilização. Neste ponto, constitui-se
ainda um desafio dimensionar o exato impacto da cultura do arroz irrigado na qualidade da
água de bacias onde a cultura se desenvolve. Em parte isto decorre das complexas relações
existentes na dinâmica hídrica e na dificuldade que se tem de caracterizar fontes difusas de
poluição, já que em uma bacia, inúmeras atividades estão presentes (COUILLARD e
LEFEBVRE, 1985). Outra dificuldade associada, diz respeito a falta de valores de referência
que permitam detectar alterações que possam ser caracterizadas como poluidoras, com a
identificação de sua origem. Apesar de disponível, a legislação apresenta-se limitada nessa
área, já que considera poucos parâmetros e não leva em consideração fatores regionais
geológicos que afetam a qualidade da água.
É importante considerar que os diversos componentes físico-químicos da água
representam riscos distintos quando alterados, devendo também ser levado em
consideração em situações de conflito. Elevadas concentrações iniciais de elementos na
água da cultura do arroz irrigado, podem ser reduzidos se o sistema for mantido fechado,
sem perdas por drenagem (FURTADO e LUCA, 2001).
No presente trabalho, foram determinadas as frequências com que alguns
parâmetros de qualidade de água se apresentariam alterados, a partir do estabelecimento
de valores limites, em seis bacias hidrográficas de Santa Catarina.
As amostras foram coletadas nas safras 1998/99 e 1999/00, abrangendo o período
de agosto a maio dos respectivos anos. Os pontos de coleta se localizaram a montante, nas
área de drenagem e a jusante das lavouras. Após a coleta, as amostras foram analisadas
seguindo-se os procedimentos descritos no Standard Methods (AMERICAN PUBLIC
HEALTH ASSOCIATION,1992), com algumas adaptações.
As bacias dos rios Itajaí e Itapocú se localizam na região norte do estado, enquanto
as do rio Araranguá, Mampituba, D´una e Tubarão representam a área sul do estado. É
nestas bacias hidrográficas que se concentra a maioria das áreas de cultivo de arroz irrigado
em Santa Catarina. Para o estabelecimento dos valores médios e seus respectivos desvios,
do total de amostras processadas em cada bacia eliminou-se os valores extremos
superiores e inferiores, correspondendo a 10% do número de valores em cada sentido.
Dessa maneira, 80% do total de resultados processados foi utilizado. Já para a
determinação do percentual de valores fora dos limites estabelecidos, todos os valores
determinados foram considerados.
Na Tabela 1 estão apresentados os valores médios e o desvio padrão determinados
para os parâmetros estudados em cada bacia. Também consta os valores limites, aqui
denominados de valores de corte, sobre os quais os resultados de análise foram
comparados. Os valores superiores foram então considerados fora dos limites. Apesar de
discutível em termos absolutos, esta referência permite identificar aqueles parâmetros que
representam eventuais indicadores de alteração da qualidade da água em uma bacia.
Os valores médios determinados para as seis bacias, estiveram em sua maioria,
abaixo do limite de corte estabelecido (Tabela 1). Observa-se que os valores médios de
fosfato-orto estão freqüentemente acima do limite estabelecido para corte (Tabela 1).
Entretanto, estão próximos aos determinados por FURTADO e LUCA (2001), especialmente
nos períodos que correspondem ao início do cultivo. Em ambos os casos, os valores de P
estão bastante acima daquele estabelecido para os valores de P em águas brutas,
estabelecidos pela resolução no 20 do CONAMA (0,025 mg/L de P), ou mesmo daqueles
descritos por MACEDO et al., (2001). Isto se refletiu na elevada frequência com que este
parâmetro esteve fora dos limites estabelecidos em todas as bacias estudadas (Tabela 2).
Pela sua importância nos processos de eutrofização, o significado destas concentrações
deve ser melhor estudado com vistas a contribuir não somente para aspectos ambientais,
mas também com a legislação vigente.
Cálcio e magnésio também apresentaram algumas situações em que os valores
médios determinados estiveram acima dos limites estabelecidos, particularmente na bacia
do rio Tubarão. Isto resultou na maior frequência de valores fora dos limites que esta bacia
apresentou para os dois parâmetros (Tabela 2). Apesar dos valores médios de magnésio
serem elevados na área do rio Itapocú, isto não resultou em elevadas frequência de valores
fora dos limites estabelecidos no presente estudo (Tabelas 1 e 2). O potássio foi outro
elemento cuja frequência de valores acima dos limites apresentou-se elevada. Neste caso
as bacias do sul do estado apresentaram frequências elevadas em relação as áreas do Itajaí
e Itapocú. Cálcio, magnésio e potássio, estão intimamente associados a condutividade, a
alcalinidade e a dureza.
Pode-se observar que a dureza apresentou maior número de
alterações que a alcalinidade, com destaque para o rio Tubarão (Tabela 2). Isto evidencia os
efeitos do magnésio se sobrepõe ao do cálcio e mesmo do potássio, já que este elemento
associa-se diretamente com a dureza. É importante observar que o efeito destes elementos
se reflete claramente na condutividade nas área dos sul do estado. As razões pelas quais
estes elementos estão mais presentes naquelas áreas em relação ao norte, merece estudos
mais detalhados. Por outro lado, isto evidencia que a natureza dos diversos corpos d´água
é distinta, devendo ser levado em consideração quando das discussões a respeito de
eventuais limites estabelecidos na legislação.
Outro parâmetro que pode ser indicador da atividade orizícola á a turbidez. A
frequência com que este parâmetro ultrapassou a 40 NTUs pode ser considerada elevada
em todas as áreas estudadas (Tabela 2). Embora pouco provável, o cultivo do arroz poderia
contribuir para este efeito, nas épocas de preparo de solo e em pontos situados nas áreas
de drenagem e a jusante das áreas de lavoura. Pela abrangência da amostragem, parece
que os resultados elevados de turbidez esteja relacionado mais aos fenômenos da natureza,
como chuvas e enxurradas, já que os níveis de precipitação no estado são elevados. As
conseqüências maiores do aumento da turbidez na água estão associadas a limitação na
penetração da luz e a redução na produção primária do sistema.
O pH é o parâmetro que apresenta mínimas diferenças entre as médias observadas
nas bacias estudadas. Observa-se entretanto, que nas áreas do rio Araranguá e Tubarão
apresentaram de 19,4 e 11,8% de valores fora dos limites, contra praticamente nenhum das
áreas do norte do estado. Em várias amostras coletadas no sul, observou-se valores de pH
bastante baixo (<3) para águas superficiais. As razões associadas a isso, podem estar
relacionadas não somente a geologia local, mas também aos reflexos da intensa exploração
de carvão que a região foi submetida ao longo de muitos anos.
Nas seis bacias estudadas, a maior frequência de valores fora dos limites foi
observado com fosfato-orto e turbidez. A bacia do rio Tubarão foi a que apresentou o maior
número de parâmetros com valores superiores aos estabelecidos como limite no presente
estudo.
Vale registrar que nitrato e nitrito não apresentaram valores fora dos adrões
estabelecidos pela resolução do no 20 do CONAMA. É possível observar então que estes
parâmetros não apresentam importâncias nos ambientes estudados, ou, que os valores
estabelecidos na legislação estão superestimados.
Tabela 1 - Média e desvio padrão dos parâmetros analisados nas amostras coletadas nas áreas de arroz irrigado em algumas bacias hidrográficas.
Valores
Parâmetro
1
Potabilidade
Valores
2
Corte
Araranguá
Média
D'Una
D. P.
3
Média
Tubarão
D. P.
3
N_Nitrato (mg/L)
< 0,01
> 10 *
0,47
0,34
0,17
0,11
N_Nitrito
(mg/L)
< 0,005
> 1,0 *
0,05
0,03
0,02
0,01
Fosfato Orto (mg/L PO4 )
< 0,02
>1
1,25
1,25
0,91
1,07
pH
6,5-7,5
6,0-9,0 *
6,12
0,68
6,34
0,26
Potássio (mg/L)
< 0,2
> 10
5,21
3,83
4,61
4,36
Turbidez (NTU)
< 5,0
> 40 *
36,9
37,7
19,9
14,7
Alcalinidade (mg/L)
< 20,0
> 200
33,7
12,5
28,3
12,9
N_Amônia (mg/L)
< 0,25
>3
0,91
0,67
0,51
0,32
Cálcio (mg/L)
< 1,0
>5
4,01
3,56
2,72
2,79
Condutividade (uS/cm)
< 50,0
> 1000
254,0
424,3
255,6
453,6
Ferro total (mg/L)
< 0,1
>5
0,93
0,93
0,49
0,37
Magnésio (mg/L)
< 0,2
>5
4,32
5,82
6,65
13,40
Fósforo total (mg/L PO4 )
< 1,0
>5
1,91
1,77
1,36
0,90
Dureza (mg/L)
< 20,0
> 200
48,9
34,8
40,5
27,5
Número de amostras
388
75
1
Valores de potabilidade = Valores de referência que atendem a maioria dos requisitos de potabilidade
2
Valores de corte = Valores acima do qual o parâmetro foi considerado comprometido
3
D.P. = Desvio Padrão
o
* Valores limites estabelecidos pela Resolução CONAMA n 20 para água de Classe 1
Mampituba
Itapocú
Itajaí
Média
D. P.
3
Média
D. P.
3
Média
D. P.
3
Média
D. P.
0,25
0,04
1,44
6,38
7,81
27,1
34,6
0,80
5,70
639,4
0,26
12,69
0,93
106,0
102
0,21
0,02
2,39
0,37
5,67
23,1
14,7
0,48
3,77
693,8
0,31
13,09
0,88
61,0
0,32
0,04
1,13
6,56
4,73
42,0
27,6
0,83
2,40
176,8
0,73
2,28
1,50
37,5
92
0,17
0,04
0,83
0,25
4,37
41,5
6,5
0,45
2,25
305,9
0,60
1,87
1,33
23,3
0,35
0,06
1,40
6,57
3,04
38,1
37,7
0,68
1,57
58,2
1,00
16,36
1,21
26,1
399
0,22
0,04
1,17
0,41
1,58
28,7
8,3
0,51
1,61
13,7
0,69
36,01
1,35
12,6
0,40
0,04
1,12
6,56
3,00
29,7
37,3
0,98
2,52
134,2
1,42
2,53
2,10
38,2
590
0,27
0,02
0,78
0,36
0,98
19,6
8,4
0,78
1,73
159,8
0,77
0,14
1,39
22,0
T a be la 2 - F req uê nc ia (% ) da s a m o stra s cu jo s va lore s u ltra pa ss aram o s lim ite s de co rte e stab e le cido s.
P arâm e tro
N _Nitrato
N _Nitrito
F osfato O rto
pH
P otá ssio
T urb id ez
A lca linidad e
N _A m ôn ia
C álcio (m g/)
C ond utiv id ade
F erro to tal
M a gné sio
F ósforo tota l
D ure za
N úm ero d e am o stra s
A rarang uá
0,0
0,0
59 ,6
19 ,4
32 ,9
47 ,2
3,4
17 ,9
44 ,5
20 ,3
21 ,7
32 ,2
24 ,1
17 ,1
38 8
D 'Un a
0,0
0,0
40 ,7
2,7
31 ,5
33 ,3
1,4
2,7
35 ,6
26 ,0
1,3
29 ,6
13 ,7
14 ,7
75
T uba rã o
0,0
0,0
47 ,8
11 ,8
39 ,8
42 ,6
8,1
8,9
61 ,0
44 ,0
4,9
58 ,0
9,1
39 ,2
10 2
M a m pituba
0,0
0,0
67 ,0
1,1
26 ,4
47 ,8
1,1
8,8
30 ,0
15 ,9
17 ,4
25 ,6
26 ,4
15 ,2
92
Ita pocú
0,0
0,0
60 ,2
0,5
3,5
52 ,1
0,0
13 ,0
10 ,5
2,0
14 ,0
12 ,5
14 ,8
1,8
39 9
Ita jaí
0,0
0,0
68 ,0
0,0
9,5
59 ,3
0,0
19 ,7
26 ,6
10 ,3
17 ,8
5,5
28 ,6
9,7
59 0
Agradecemos a Embrapa/Prodetab e a Fundagro (Conv. Fundagro/Prodetab 77-1/98)
pelo apoio financeiro e administrativo para a execução deste trabalho.
ýþ+ÿwþ+ý
ôý ÿ
AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION. Standard methods for the examination of water
and wastewater. 18.ed. Baltimore: Victor Graphics, 1992. 1 CD-Rom.
COUILLARD, D.; LEFEBVRE, Y. Analysis of water quality indices. J. of Environ. Manag., v.21,
p.161-179, 1985.
FURTADO, R.D.; LUCA, S.J. Dinâmica ambiental de nutrientes na água durante o período de
irrigação, em três técnicas de cultivo de arroz (Oriza sativa L.). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
ARROZ IRRIGADO, 2, Porto Alegre, Anais... Porto Alegre: IRGA, 2001. p. 772-774.
MACEDO, V.R.M; MARCOLIN, E.; BOHNEN, H. Levantamento exploratório da composição química
das águas utilizadas para irrigação do arroz no Rio Grande do Sul. In: CONGRESSO BRASILEIRO
DE ARROZ IRRIGADO, 2, Porto Alegre, Anais... Porto Alegre: IRGA, 2001. p. 793-795.
3
APLICAÇÃO DE UM INDICE DE QUALIDADE (IQA) NA AVALIAÇÃO DA ÁGUA
DE ÁREAS CULTIVADAS COM ARROZ IRRIGADO
(1)
(1)
(1)
(2)
Francisco C. Deschamps ; Henri Stuker ; Maurício C. da Silva ; José A. Noldin ; Domingos S.
(2)
(3)
Eberhardt ; Júlio C. Leão .
(1)
(2)
EPAGRI/UNIVALI, Caixa Postal 277, 88301-970, Itajaí, SC. [email protected];
EPAGRI (3)
Itajaí; EPAGRI/UNISUL
Palavras chave: metodologia, fósforo, nitrogênio, poluição, bacia hidrográfica
Ao contrário do que se pode pensar, a água apresenta grande diversidade na sua
composição química. Isto está associado a geologia local e aos eventos da natureza que
contribuem com elementos distintos na composição da água. Entretanto, atualmente são as
atividades antropogênicas as que mais afetam a qualidade das águas superficiais e já em
muitos casos, das águas subterrâneas. Considerando que muitas atividades são
desenvolvidas na área de uma bacia hidrogáfica, vários elementos estranhos podem ser
carreados para os cursos d’água. Pela diversidade de elementos presentes na água, muitos
parâmetros podem ser monitorados como forma de avaliar a qualidade da água. Estes
parâmetros podem assim, se constituir em indicadores das ações antropogênicas na bacia.
Como a dinâmica dos elementos presentes na água é muito intensa, somente o
monitoramento sistemático permite estabelecer valores confiáveis para os parâmetros
monitorados. Isto porque, os próprios fenômenos naturais como chuvas ou secas, entre
outros, podem afetar sobremaneira a qualidade da água. Como é difícil, em muitos
parâmetros, separar efeitos de eventos da natureza contra aqueles desencadeados pelas
atividades humanas, o monitoramento sistemático constitui-se em ferramenta fundamental
para geração de informações nesta área. Por outro lado, o monitoramento envolvendo
grande número de parâmetros, representa um desafio no momento de interpretar os
resultados e gerar informações aplicadas. Deve-se considerar que as ações humanas
tendem a afetar vários parâmetros ao mesmo tempo e com intensidade diferentes.
A adoção dos chamados índices de qualidade é um tentativa de resumir grande
volume de informações em um único valor. Isto é extremamente importante para se
estabelecer uma relação mais direta e compreensível com a comunidade, além de servir de
ferramenta gerencial. Neste caso, procura-se evidenciar o fenômeno e não meandros
técnico científicos.
Várias proposições estão disponíveis para o estabelecimento de Índices de
Qualidade de Água (IQAs) (COUILLARD e LEFEBVRE, 1985, OREA, 1998, RIZZI, 2001).
Uma das propostas de IQA mais utilizadas, inclusive no Brasil, é a desenvolvida pela
National Sanitation Foundation Institution e usado em vários outros países (OREA, 1998).
No presente trabalho utilizamos um IQA para avaliar a qualidade da água em seis
bacias onde a cultura de arroz se desenvolve em Santa Catarina.
As amostras foram coletadas em duas épocas correspondendo as safras 98/99 e
99/00, abrangendo o período de agosto a maio dos respectivos anos. Os pontos de coleta
se localizaram a montante, nas área de drenagem e a jusante das lavouras. Após a coleta,
as amostras foram analisadas seguindo-se os procedimentos descritos no Standard
Methods (AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION,1992), com algumas adaptações.
Os parâmetros analisados foram N-Nitrato, N-Nitrito, Fosfato-Orto, pH, Potássio, Turbidez,
Alcalinidade, N-Amônia, Cálcio, Condutividade Elétrica, Ferro Total, Magnésio, Fósforo Total
e Dureza.
As bacias dos rios Itajaí Açú e Itapocú se localizam na região norte do estado,
enquanto as do rio Araranguá, Mampituba, D´una e Tubarão representam a área sul do
estado. É nestas regiões que se concentra a quase totalidade das áreas de cultivo de arroz
irrigado em Santa Catarina. Para o estabelecimento dos valores médios e seus respectivos
desvios, do total de amostras processadas em cada bacia eliminou-se os valores extremos
superiores e inferiores, correspondendo a 10% do número de valores em cada sentido.
Dessa maneira, 80% do total de resultados processados foi utilizado. A partir desta base, de
cada bacia, utilizou-se a Análise de Componentes Principais (ACP), cujos autovalores do
primeiro componente desconsiderando o sinal, estão apresentados na Tabela 1. A partir do
valor apresentado pelo parâmetro na análise de laboratório, se estabeleceu uma
classificação baseada em sete classes correspondendo aos pesos 0, 10, 20, 40, 60, 80 e
100 (Tabela 2). Os pesos das respectivas variáveis são multiplicados pelo autovalor da
variável, cujo somatório de todas as variáveis é dividido pelo total dos autovalores, gerando
um valor final que estará sempre entre 0(zero) e 100. A esta escala final (IQA), atribuiu-se
sete níveis de classificação: 90-100 Excelente, 75-90 Muito boa, 60-75 Boa, 50-60 Aceitável,
35-50 Ruim, 20-35 Muito ruim, 0-20 Péssima.
Uma das vantagens da utilização da ACP é permitir identificar a contribuição de cada
variável na formação do índice. Por exemplo, nitrato, potássio, cálcio, condutividade elétrica,
magnésio e dureza, apresentam as maiores contribuições nas áreas do sul do estado
(Tabela 1). Exceto nitrato, os demais componentes encontram-se estritamente associados
sendo essenciais na formação da condutividade elétrica. Chama a atenção o elevado peso
do pH nas bacias do rio Araranguá e Mampituba, região onde muitos valores de pH
estiveram baixos (<3). Já nas áreas do rio Itapocú e Itajaí Açu, se sobressaem nitrito,
fosfato-orto, potássio, ferro total, turbidez e fósforo total (Tabela 1). Isto ilustra como os
diferentes parâmetros apresentam contribuições distintas de acordo com o corpo d’água em
estudo, reflexo da composição variável da água. Portanto, o estabelecimento de padrões
para a regulamentação da qualidade da água de superfície, deve levar em consideração
estas particularidades.
Uma vez estabelecida a equação para o cálculo do IQA, todas as amostras
analisadas podem gerar IQA com a sua respectiva classificação. No presente estudo, este
procedimento foi adotado e a frequência das classes foi determinada (Figura 1). Pode-se
observar que as áreas correspondentes aos rios Mampituba e Itapocú apresentaram
classificação entre “excelente” e “boa” para quase 80% de suas amostras analisadas.
Parece que a qualidade encontra-se mais comprometida na área do rio Tubarão, onde no
mesmo intervalo, foram enquadradas somente 40% das amostras. Merece destaque o fato
do Itapocú apresentar somente 1,5% das amostras classificadas entre ruim e péssima,
enquanto no Mampituba estes valores alcançaram 16,3%. Já no caso das áreas do
Tubarão, esse índice alcançou 43,2%, reforçando o grau de comprometimento das amostras
analisadas.
Nos resultados descritos no presente trabalho, deve ser considerado que as
amostras foram coletadas principalmente nas áreas de drenagem das lavouras de arroz,
não representando portanto, uma radiografia da bacia como um todo. O período de coleta se
concentrou na época em que a cultura se desenvolve, o que limita a extrapolação dos
resultados para a bacia. Entretanto, a metodologia descrita permite analisar o conjunto dos
resultados de forma mais simples e objetiva. O IQA associado a adoção de descritores
qualitativos, simplifica as informações de uma base de dados mais complexa, facilitando a
compreensão pela comunidade, sendo portanto útil em programas de gestão e educação
ambiental.
É possível também, visualizar facilmente os parâmetros que comprometem a
qualidade da água. A ACP permite eliminar boa parte da subjetividade normalmente
presente em outros IQAs propostos.
Tabela 1 - Valores da primeira componente determinados por análise de componentes
principais utilizados no cálculo do IQA, das bacias estudadas.
100
90
Nitrato
Nitrito
Fosfato Orto
pH
Potassio
Turbidez
Alcalind
Amonia
Cálcio
Cond. elétrica
Ferro total
Magnésio
Fósforo Total
Dureza
Amostras
Araranguá
Duna
Tubarão
Mampituba
Itapocú
Itajaí
0,16481
0,14975
0,12893
0,19264
0,11834
0,09604
0,05742
0,05076
0,15886
0,24280
0,11179
0,23780
0,10728
0,22328
388
0,15709
0,08421
0,07504
0,02985
0,26548
0,03527
0,03900
0,03404
0,02076
0,29877
0,10523
0,28547
0,01340
0,16953
75
0,16340
0,03470
0,00315
0,05024
0,20810
0,00397
0,03958
0,02685
0,15868
0,24894
0,11404
0,22809
0,04102
0,24818
102
0,02517
0,18416
0,03847
0,12308
0,33725
0,06029
0,07084
0,07964
0,10662
0,32713
0,06569
0,23934
0,04846
0,25942
92
0,08755
0,21679
0,32261
0,08681
0,25458
0,22374
0,01445
0,13510
0,12419
0,00526
0,30332
0,05022
0,25362
0,00554
399
0,06951
0,30886
0,28080
0,06784
0,27987
0,24546
0,15030
0,13240
0,06447
0,13211
0,23728
0,07191
0,22674
0,17750
590
80
70
60
Duna
%
Parâmetro
50
Araranguá
40
Mampituba
30
Tubarão
20
Itajaí Açú
Itapocú
10
0
Exc e le nt e
M uit o B o a
Boa
A c e it á ve l
R ui m
M uit o
R ui m
P é s s ima
Figura 1 - Frequência relativa acumulada em função do atributo
de qualidade estabelecido no cálculo do IQA.
Tabela 2 - Valores de referência utilizados como limite para atribuição dos pesos para o cálculo do IQA.
Parâmetro
N_Nitrato (mg/L)
N_Nitrito (mg/L)
Fosfato Orto (mg/L PO4)
pH
Potássio (mg/L)
Turbidez (NTU)
Alcalinidade (mg/L)
N_Amônia (mg/L)
Cálcio (mg/L)
Condutividade (uS/cm)
Ferro total (mg/L)
Magnésio (mg/L)
Fósforo total (mg/L PO4)
Dureza (mg/L)
Peso assumido pelo parâmetro em função do seu valor determinado em análise no laboratório
100
80
60
40
20
10
0
< 0,01
< 0,005
0,10
0,010
0,30
0,100
1,00
0,300
5,00
0,500
10,00
1,000
>10,00
>1,000
< 0,02
0,25
0,50
1,00
3,00
6,00
>6,00
6,5-7,5
< 0,2
< 5,0
< 20,0
< 0,25
< 1,0
< 50,0
< 0,1
< 0,2
6,0-8,0 (+-0,5)
2,0
10,0
50,0
1,00
2,0
150,0
1,0
2,0
5,5-8,5 (+-1,0)
5,0
25,0
100,0
2,00
3,0
300,0
2,0
3,0
5,0-9,0 (+-1,5)
10,0
50,0
200,0
3,00
5,0
1000,0
5,0
5,0
4,5-9,5 (+-2,0)
15,0
100,0
500,0
5,00
10,0
2000,0
20,0
10,0
3,5-10,5 (+-3,0)
20,0
200,0
1000,0
10,00
20,0
5000,0
50,0
20,0
<3,5->10,5
>20,0
>200,0
>1000,0
>10,00
>20,0
>5000,0
>50,0
>20,0
< 1,0
2,0
3,0
5,0
10,0
20,0
>20,0
< 20,0
50,0
100,0
200,0
500,0
1000,0
>1000,0
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS
AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION. Standard methods for the examination of water
and wastewater. 18.ed. Baltimore: Victor Graphics, 1992. 1 CD-Rom.
COUILLARD, D.; LEFEBVRE, Y. Analysis of water quality indices. J. of Environ. Manag.,
v.21, p.161-179, 1985.
OREA, D.G. Evaluación de impacto ambiental. Madrid: Editorial Agrícola Española, 1998.
260p.
RIZZI, N.E. Índices de qualidade de água. Sanare. Revista Técnica da Sanepar, Curitiba,
v.15, n.15. p.11-20, jan./jun. 2001.
RESÍDUOS DE AGROQUÍMICOS EM ÁGUA NAS ÁREAS DE ARROZ IRRIGADO,
EM SANTA CATARINA
Francisco C. Deschamps(1); José Alberto Noldin(1); Domingos S. Eberhardt(1); Luis C.
Hermes(2); Ronaldir Knoblauch(1). (1)Epagri/Estação Experimental de Itajaí, Caixa Postal
277, CEP 88301-970, Itajaí-SC. E-mail: [email protected].(2) Embrapa Meio Ambiente,
Jaguariúna-SP.
Palavras-chave: bacia hidrográfica, HPLC, impacto ambiental, metodologia, agrotóxicos
O cultivo do arroz irrigado é uma das mais importantes atividades agrícolas de Santa
Catarina. Cultivada no sistema pré-germinado e desenvolvida em pequenas e médias
propriedades, a cultura destaca-se pela sua importância social e econômica. A água é um
insumo intensamente utilizado na cultura do arroz irrigado. Para garantir elevadas
produtividades, vários agroquímicos são utilizados, incluindo adubos, inseticidas, herbicidas
e fungicidas. A dispersão ou solubilização de componentes de várias origens, se constituem
em potenciais poluidores, podendo comprometer a qualidade da água. Pelos seus efeitos
diversos nos vários níveis tróficos dos ecossistemas e na saúde humana, os agroquímicos
necessitam atenção, especialmente quando utilizados de forma inadequada.
Como a água utilizada para irrigação é também disputada por outras atividades
agrícolas, industriais e de abastecimento público, a atividade orizícola é passível de
conflitos. Minimizar os impactos ambientais causados pela utilização de insumos, na cultura
do arroz irrigado, é essencial para reduzir os conflitos potenciais, especialmente quanto ao
uso da água. Outro desafio é dimensionar corretamente os impactos ambientais da cultura
do arroz, a partir de indicadores que permitam avaliar a atividade em separado das demais
fontes de degradação que ocorrem na bacia hidrográfica. Entretanto, o que se deve buscar
em termos de sustentabilidade do ambiente onde se desenvolve a cultura, é que o uso de
determinados insumos não comprometa o ambiente a longo prazo. A bioacumulação de
pesticidas pode se manifestar em termos ambientais, muito tempo após cessar a utilização
de determinados produtos. Outro desafio é exatamente se dispor de métodos tanto químicos
quanto biológicos, que permitam avaliar mais precisamente os impactos no ambiente e na
saúde humana. Avaliações de curto prazo são mais plenamente realizáveis que as de longo
prazo. De qualquer forma, a disponibilidade de métodos analíticos e do monitoramento das
várias moléculas nas diversas matrizes presentes naquele ambiente, são condições
essenciais para avaliações dos impactos ambientais de longo prazo.
O objetivo deste trabalho foi avaliar a ocorrência de resíduos de agroquímicos na
água de sete bacias hidrográficas de Santa Catarina, onde se cultiva arroz irrigado.
As amostras foram coletadas nas safras 1998/99 e 1999/2000, nas bacias dos rios
Camboriú, Itapocú e Itajaí, representando a área norte e nos rios Araranguá, D‘Una,
Tubarão e Mampituba, na área sul de Santa Catarina. Nas sete bacias hidrográficas, foram
estabelecidos pontos de coleta a montante das lavouras (cabeceiras), em canais e riachos
sob forte influência das lavouras (pontos de lavoura), e a jusante das lavouras (pontos de
foz). As amostras foram coletadas no período anterior ao cultivo, durante o desenvolvimento
da cultura e após a safra do arroz (NOLDIN et al., 2001). No total, foram coletadas 1993
amostras, sendo que 761 foram analisadas, consideradas como as de maior probabilidade
de ocorrência de resíduo, em função da época de coleta ou localização.
A determinação de resíduo dos ingredientes ativos e/ou metabólitos, como no caso
do inseticida carbofuran, foi realizada por cromatografia líquida (HPLC), sendo isoladas a
partir da extração em fase sólida (SPE-C18, 3 mL, 500 mg), com volume de amostra extraído
de 300 mL (DESCHAMPS e NOLDIN, 2001). Os produtos incluídos nos métodos
multiresíduo foram carbofuran, 3-hydroxicarbofuran, 3-ketocarbofuran, propanil, molinate,
thiobencarb, fenoxaprop_p_ethyl, oxyfluorfen, oxadiazon, picloran, quinclorac, metsulfuronmetil, 2,4-D e pyrazosulfuron-etil.
Dos doze ingredientes ativos e dois metabólitos
pesquisados, onze foram
encontradas em pelo menos uma amostra (Tabela 1). Resíduos de quinclorac foram os
mais freqüentemente detectados, em 5 das 7 bacias monitoradas. Os herbicidas oxadiazon,
molinate e 2,4-D apareceram em 4 das 7 bacias estudadas. As concentrações detectadas
dos vários produtos foram bastante variáveis, podendo, em geral, serem consideradas
baixas em relação as doses recomendadas para uso pelos agricultores. A presença do
inseticida carbofuran e seu derivado 3-hydroxy, em áreas de drenagem, chama a atenção,
nem tanto pela sua freqüência, mas para os riscos toxicológicos que este produto
representa. Utilizado no controle do Oryzophagus oryzae (bicheira-da-raiz), a principal
praga das áreas de arroz irrigado em Santa Catarina, este inseticida requer critérios rígidos
de utilização com vistas a minimizar seus riscos de contaminação ao ecossistema do arroz
irrigado.
MARCHEZAN et al., (2001), determinaram que o clomazone (26,9%) seguido do
quinclorac (13,5%), foram os produtos mais freqüentemente encontrados em estudos
monitoramento na bacia do rio Vacacaí, RS. Entretanto, as concentrações descritas ficaram
abaixo de 3 µg/L. No presente trabalho, além do quinclorac, foram detectados outros
produtos em que os valores foram superiores ao limite descrito naquele trabalho (Tabela 1).
Em parte, estes resultados podem estar associados a origem das amostras, que no
presente estudo, muitas delas foram coletadas em áreas de drenagem das lavouras, onde a
possibilidade de se encontrar as moléculas utilizadas é mais provável. Os herbicidas
picloram, o qual não é recomendado para uso em arroz irrigado, e o 2,4-D, pouco utilizado
na cultura do arroz, também foram detectados. É provável que sua presença no presente
estudo, seja decorrente do seu uso em pastagens próximas as áreas de cultivo, ou de sua
utilização na manutenção de canais e taipas, onde a aplicação destes ocorre em mistura.
Pode ocorrer também efeitos de diluição, já que o volume de água nas bacias é expressivo.
A concentração de ingrediente ativo nas amostras estudadas, está bastante aquém
dos valores das doses recomendadas para aplicação. Estes resultados podem refletir o
elevado grau de degradação dos ingredientes ativos ainda dentro dos quadros nas lavouras.
Por outro lado, o produto pode estar se concentrando em outras matrizes além da sua
dispersão na água. A presença de argila, matéria orgânica e algas entre outros, situação
típica da cultura do arroz irrigado, pode representar elementos de adsorção do ingrediente
ativo. Isto também contribuiria para a rápida diminuição da concentração na água de
irrigação.
Existe carência
de informações toxicológicas para a maioria dos produtos
determinados, tornando-se difícil avaliar os efeitos nos diferente níveis tróficos a médio e
longo prazo, do uso mais intensivo dos produtos detectados no presente estudo. A
informação sobre as concentrações torna-se limitada, sem que a esta, estejam associadas
informações quanto ao grau de comprometimento pelo ingrediente ativo, dos vários
elementos do sistema. Para o herbicida quinclorac, o mais freqüentemente detectado, a
concentração máxima detectada foi 24,5 µg/L, equivale a aproximadamente 6,5% da dose
recomendada para uso nas lavouras. RESGALLA JR. et al. (2002) relataram CL50 igual a
6650 µg/L sobre alevinos de carpa-comum, equivalente a 271 vezes a concentração máxima
detectada. No entanto, pesquisas recentes mostram que CL50 de 216 µg/L para a alga
Selenastrum capricormutum (RESGALLA JR. et al., 2003) e concentrações de apenas 1
µg/L afetam o crescimento inicial de plântulas de feijão, milho, pepino, soja e tomate
(NOLDIN et al., 2003). No presente trabalho é possível observar o uso de diferentes
agroquímicos nas bacias estudadas. Para os locais de coleta onde os produtos foram
detectados, pode-se considerar que a concentração dos produtos na água é baixa.
Entretanto, deve ser considerado que isto também é indicador de práticas inadequadas de
manejo, já que há escape dos produtos para as áreas de drenagem. É extremamente
importante que os produtores adotem práticas de manejo das lavouras com vistas a
eliminação ou, pelo menos, redução dos impactos ambientais resultantes da cultura do arroz
irrigado em Santa Catarina.
T a b e la 1 - F r e q u ê n c i a e c o n c e n t r a ç ã o ( u g / L ) c o m q u e o s p r o d u t o s f o r a m d e t e c t a d o s n a s a m o s t r a s d e á g u a a n a l is a d a s .
B a c ia s h id r o g á f i c a s
C a m b o r iú
A ra ra n g u á
D 'U n a
T u b a rã o
M a m p itu b a
Ita p o c ú
Ita ja í
A m o s t r a s c o le t a d a s
A m o s t r a s a n a l is a d a s
329
146
389
91
73
26
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31
92
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399
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609
204
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14
1
2 ,4 -D
3 -H y d ro x y c a rb o fu ra n
C a rb o fu ra n
M o l in a t e
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O x y f lu o r f e n
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P ro p a n il
P y r a z o s u lf u r o n
Q u in c lo r a c
T h io b e n c a r b
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2 ,7
F r e q u ê n c i a ( n ú m e r o d e v e z e s e m q u e o p r o d u to f o i id e n t if ic a d o n a s a m o s t r a s a n a lis a d a s )
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2 ,9 a 1 5 ,9
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C o n s i d e ra -s e c a s o s e m q u e m a is d e u m p ro d u t o e s t á p r e s e n t e n a m e s m a a m o s t r a .
AGRADECIMENTOS
Agradecemos a Embrapa/Prodetab e a Fundagro (Conv. Fundagro/Prodetab 77-1/98)
pelo apoio financeiro e administrativo para a execução deste trabalho.
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DESCHAMPS, F.C.; NOLDIN, J.A. Método multiresíduo para a determinação de pesticidas em água.
In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 2, /REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ
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NOLDIN, J.A.; RAMPELOTTI, F.T.; EBERHARDT, D.S.; STUCKER, H.; DESCHAMPS, F.C. Plantas
indicadoras de resíduo do herbicida Facet em água. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ
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Anais... Itajaí: Epagri, 2003. p. (no prelo).
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RESGALLA JR., C.; NOLDIN, J.A.; TAMANAHA, M.S.; DESCHAMPS, F.C.; EBERHARDT, D.S.;
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3,/REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 25., 2003, Bal. Camboriú, SC. Anais... Itajaí:
Epagri, 2003. p. (no prelo).
PRÁTICAS AMBIENTAIS DOS PRODUTORES DE ARROZ NO VALE DO ITAJAÍ, A
EXEMPLO DO MUNICÍPIO DE GASPAR
Diego Martin Moser(1), Beate Frank(2). FURB, CP 1507, Blumenau, 89010-971. E-mail:
[email protected]
Palavras-chave: agrotóxicos, áreas de preservação permanente, rizicultura.
O arroz irrigado é o cultivo de maior importância econômica do Vale do Itajaí,
apresentando-se em várias propriedades como única fonte de renda dos produtores. O
cultivo do arroz irrigado utiliza uma grande quantidade de agrotóxicos na sua produção,
devido ao enorme ataque de pragas e plantas invasoras nestas culturas, e porque utiliza
uma grande área para o seu cultivo. Por se tratar de arroz irrigado, estas áreas se
restringem a áreas de várzeas, ou seja, áreas planas que podem ser facilmente irrigadas.
Porém, nesta região do Vale do Itajaí, a alta densidade de drenagem faz com que os
produtores ocupem as margens dos córregos, que são áreas de preservação permanente,
para o cultivo do arroz. O objetivo deste trabalho é avaliar as práticas ambientais dos
rizicultores no município de Gaspar/SC.
Para a elaboração deste trabalho(3) foi estudada a legislação pertinente, visando a
identificar quais são as responsabilidades dos produtores. Foi elaborado um questionário
contendo 63 questões, aplicada a 60 propriedades produtoras de arroz, perfazendo 20% do
total do município, conforme dados da secretaria de agricultura de Gaspar(4). O trabalho foi
realizado no período de agosto/02 a fevereiro/03. Após cada entrevista, foram feitos croquis
das propriedades, indicando os usos do solo, cursos de água, morros, florestas, etc.
As práticas ambientais dos rizicultores podem ser classificadas em três grupos: 1)
em relação ao uso e ocupação do solo, a questão das áreas de preservação permanente e
a reserva legal; 2) em relação as práticas de cultivo, existe a aplicação e o manuseio de
agrotóxicos e 3) em relação à moradia existe ainda a questão da destinação dos esgotos.
Neste trabalho foram consideradas só as práticas que são objeto de legislação específica:
1) Em relação ao uso e proteção de florestas nas propriedades rurais, devem ser
seguidas as orientações dadas pela Lei nº 4.771/65 – Código Florestal. Fica entendido como
APP (Área de Preservação Permanente) as florestas e demais formas de vegetação
situadas nas áreas descritas abaixo e com as respectivas dimensões, conforme a Lei nº
4.771/65, Art. 2 º:
1 – Nascentes e olhos d’água num raio mínimo de 50 m de largura;
2 – Topos de morro, montes e montanhas, sendo preservados os 30% superiores;
3 – Encostas com declividade superior a 45º ;
4 – Para qualquer curso d’água de até 10 m de largura uma faixa marginal de no
mínimo 30m para cada lado; para rios de até 50 m de largura uma faixa de no mínimo 50 m
para cada lado; e para rios maiores de 50m uma faixa marginal de 100 m de largura.
A Reserva Legal, também conhecida como área verde, é uma área de no mínimo
20% (vinte por cento) do tamanho do terreno, onde deverá ser mantida a vegetação, sendo
proibido o corte raso, conforme a Lei Nº 4.771/65, Art 1º. Estas áreas também devem ser
averbadas em cartório, juntamente com a escritura do imóvel.
2) Na cultura de arroz irrigado é comum e acentuado o uso de agrotóxicos. Para tais
aplicações, o produtor rural deve respeitar a legislação vigente, sendo ela relativa ao uso de
EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), apresentação de receituário agronômico,
(1)
Estudante Engenharia Florestal.
Professora do Mestrado em Engenharia Ambiental, Pesquisadora do Instituto de Pesquisas
Ambientais.
(3)
Projeto de iniciação científica apoiado pelo CNPq.
(4)
As propriedades foram selecionadas obedecendo a distribuição da produção de arroz no município.
(2)
descontaminação por tríplice lavagem e devolução das embalagens vazias, conforme as
seguintes leis:
O Decreto Federal nº 3.550/2000, que determina o destino das Embalagens de
Agrotóxicos, especifica, no seu Artigo 33-C: “Os usuários de agrotóxicos e afins deverão efetuar
a devolução das embalagens vazias, e respectivas tampas dos produtos aos estabelecimentos
comerciais em que foram adquiridos”.
“§ 5º As embalagens rígidas, que contiverem formulações miscíveis ou dispersíveis
em água, deverão ser submetidas pelo usuário à operação de tríplice lavagem, ou
tecnologia equivalente, conforme orientação constante de seus rótulos e bulas.”
A Lei Estadual nº 11.069/1998 estabelece o controle da produção, comércio, uso,
consumo, transporte e armazenamento de agrotóxicos, seus componentes e afins no
território catarinense. No seu artigo 13, § 1º, afirma: “O usuário de agrotóxico e afins deverá,
fazendo uso de EPIs - Equipamento de Proteção Individual indicados para o preparo e aplicação
dos produtos, efetuar a descontaminação de embalagem através da tríplice enxaguagem, inutilizála, ensacá-la e acondicioná-la para posterior recolhimento.”
3) Os aspectos de saneamento em propriedades rurais são regulados pelo Decreto
Estadual nº 24.980/1985, que dispõe sobre habitação urbana e rural.
Tendo em vista que, na área rural, as habitações não dispõe de sistema público de
esgoto, estes mesmos não podem ser depositados diretamente em córregos, lagoas,
plantações, pastagens, etc. Conforme o Decreto Estadual nº 24.980/85, Artigo 54, “a pessoa,
para o destino dos dejetos, deverá fazê-lo de modo a não contaminar o solo e as águas superficiais
ou subterrâneas que sejam utilizadas para consumo. § 1º : para os efeitos deste artigo é exigida, no
mínimo, a existência de privada com fossa séptica. § 2º : Nenhuma fossa poderá estar situada em
nível mais elevado nem a menos de 30 metros de nascentes de água, poços ou outros mananciais
utilizados para abastecimento, nem sobre rios, lagos, lagoas e valas.”
A pesquisa de campo revelou que as propriedades produtoras de arroz do município
de Gaspar/SC em geral são pequenas propriedades, sendo que 38% possuem uma área
entre 10 e 20 ha e outros 32% estão entre 20 e 30 ha. Entre elas, 100% tem o arroz como
principal fonte de renda. O grau de instrução dos agricultores também é baixo, 66,7% não
possuem o 1º grau completo e 15% possuem, sendo que apenas 15% chegaram ao 2º grau.
Aproximadamente 90% das propriedades utilizam as APPs nas margens de córregos para o
cultivo, e 48% utilizam as margens para pastagens, o que implica diminuição significativa da
área de efetivo uso dessas propriedades, caso fossem obrigadas a recuperá-las. 85% dos
agricultores entrevistados afirmam não ser possível desenvolver suas atividades deixando
as APP protegidas. Quanto às áreas de nascentes, 53% alegam mantê-las protegidas com
vegetação nativa e, quanto às encostas com mais de 45º de inclinação, 41% dos
entrevistados responderam mantê-las com vegetação nativa. Cerca de 76% dos moradores
estão em suas terras a mais de 30 anos, e 90% possuem terras próprias ou plantam nas
terras dos pais. Das propriedades estudadas, 88,3% possuem uma área de floresta nativa,
mas apenas 20% a tem averbada em cartório como reserva legal. Estas áreas de floresta
nem sempre alcançam 20% da área da propriedade.
Em relação ao saneamento destas propriedades, foi observado que a maioria delas,
93%, afirmam possuir fossa para o esgoto, mas deixam a desejar quanto ao local onde o
material proveniente da fossa é depositado. Aproximadamente 85% lançam estes dejetos
em ribeirões e dentro das valas das arrozeiras.
A fiscalização destas fossas deveria ser feita pela vigilância sanitária, que neste
município opera através de agentes de saúde, que geralmente são pessoas da própria
comunidade, o que dificulta o processo de fiscalização, pois os agentes de saúde toleram
alguns casos, como nas propriedades de parentes, amigos, deixando assim de ser
respeitadas as leis de saneamento.
A cultura do arroz irrigado utiliza uma grande quantidade de agrotóxicos, sendo a
maioria deles herbicidas e inseticidas: 100% dos agricultores fazem uso de herbicidas e
83% afirmam fazer uso de inseticidas. Conforme dados de 83,3% dos agricultores, as
pragas e doenças que atacam os arrozais tem crescido nos últimos anos, além de plantas
invasoras que surgiram a pouco tempo, mas que já são responsáveis por uma parte destas
aplicações de agrotóxicos. Conforme observado, os agricultores estão cientes de suas
obrigações. Cerca de 96% dos agricultores fazem a tríplice lavagem das embalagens e 93%
deles devolvem as embalagens aos comerciantes ou estão guardando as mesmas para
posterior devolução. Um ponto que deve ser melhor observado é quanto ao uso de EPI, que
é constituído por bota, luva, máscara, chapéu e roupa de algodão comprida. Muitos
agricultores fazem uso apenas parcial dos EPIs, e o justificam pela dificuldade de trabalhar
dentro da lama nas arrozeiras usando tais equipamentos. Uma alternativa que está sendo
implantada nos últimos anos é a aplicação mecanizada dos agrotóxicos. 56,7% dos
agricultores fazem pelo menos em uma parte da lavoura este tipo de aplicação. Os
agricultores que fazem aplicação mecanizada são mais assíduos no uso dos EPIs, 36,6%
destes fazem uso de todos os equipamentos.
Quanto ao nível de informação sobre os riscos dos agrotóxicos, embora 86% dos
entrevistados os apliquem por achar que é a única alternativa de combate às pragas, 70%
sabem que os agrotóxicos trazem malefícios à saúde e ao meio ambiente. Também foi
constatado que 97,6% dos produtores aceitariam substituir as atuais técnicas de plantio por
outras que venham a prejudicar menos o meio ambiente e consequentemente a saúde das
pessoas, desde que seus ganhos não fossem reduzidos.
Também foi constatado que 30% acham que está faltando incentivo financeiro, e
outros 30% acham que está faltando apoio técnico para que ocorram mudanças
significativas para melhorar a produção de arroz em relação ao meio ambiente.
O dilema agricultura X meio ambiente tem gerado muitas discussões no meio rural, e
no Vale do Itajaí teve um novo impulso com o início da discussão sobre a cobrança pelo uso
da água, desenvolvida pelo Comitê do Itajaí em 2002.
O baixo grau de instrução dos agricultores implica em falta de conhecimento técnico
para a elaboração de novas práticas de cultivo que visem ao uso mais correto do solo e
demais recursos naturais. Segundo os entrevistados, cabe a entidades governamentais
desenvolver projetos de pesquisa e principalmente difundir as práticas ambientalmente
corretas já disponíveis. Devido a falta de uma política agrícola voltada à preservação do
meio ambiente, os produtores rurais que se preocupam com o meio ambiente não tem o seu
valor reconhecido, ganham o mesmo que os outros, e quando não menos, pois deixam de
usar alguns agrotóxicos, protegem as APPs, diminuindo assim os seus ganhos. Somente
quando o agricultor for incentivado financeiramente e tecnicamente a cuidar do meio
ambiente, é que se poderá caminhar para uma agricultura mais correta do ponto de vista do
meio ambiente. Há que se ter em conta também a mudança estrutural que está em curso na
agricultura. A idade média alta dos produtores rurais, aliada à baixa renda, apontam para
uma concentração de terras que leva à economia de escala na produção de arroz. Este
fenômeno já é observado pontualmente em Gaspar. Se de um lado este fenômeno virá a
beneficiar economicamente os produtores que se manterão no campo, por outro lado não
minimiza os impactos ambientais causados pelo setor. Estes estão a exigir ações
específicas.
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Agrotóxicos.
SANTA CATARINA. Lei nº 11.069, de 29 de dezembro de 1998. Dispõe sobre o controle da
produção, comércio, uso, consumo, transporte e armazenamento de agrotóxicos, seus
componentes e afins no território do Estado de Santa Catarina.