Resumo - Neoplasias II
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Resumo - Neoplasias II
RESUMO – NEOPLASIAS II: CARCINOMAS PATOLOGIA GERAL | ATLAS VIRTUAL DE PATOLOGIA FAMERP – FACULDADE DE MEDICINA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO CARCINOMAS DIFERENCIAÇÃO E ANAPLASIA Diferenciação da neoplasia: se refere à extensão com que células neoplásicas lembram células normais comparáveis tanto morfologicamente como funcionalmente. Bem diferenciado (mais semelhante ao tecido original, melhor prognóstico) Indiferenciado (mais diferente do tecido original, responde melhor à quimioterapia porém apresenta um prognóstico pior). Anaplasia: conjunto de células de um tumor indiferenciado. Células tumorais apresentam: Pleomorfismo Variação da forma e tamanho celular; Morfologia nuclear anormal Hipercromasia (aumento de DNA), aumento da relação núcleo/citoplasma, forma nuclear variável, distribuição da cromatina. Mitoses: apresentam um número aumentado nas neoplasias indiferenciadas refletindo a maior atividade proliferativa das células parenquimatosas. Além disso, também são mitoses atípicas, com fusos tripolares, quadripolares e multipolares. Gigantismo tumoral: formação de células gigantes neoplásicas, às vezes com um núcleo gigante polimórfico, e outras possuindo 2 ou mais núcleos. DISPLASIA Definição: crescimento desordenado. É importante saber diferenciar: Hiperplasia: aumento do número de células em resposta a um estímulo. Ex: hiperplasia benigna da próstata. Metaplasia: substituição de um tecido maduro por outro também maduro Ex: esôfago de Barrett (substituição do epitélio escamoso do esôfago por um epitélio semelhante ao do intestino, com células caliciformes em indivíduos com doença do refluxo gastroesofágico). Displasia: alteração do crescimento celular, com desorganização e atipias. Evolui para neoplasia. TUMORES BENIGNOS E MALIGNOS Benignos: bem delimitados, encapsulados ou não, sem invasão local, crescimento lento. Malignos: mal delimitados, com invasão local, com metástases, com diferenciação variável. Quanto mais indiferenciado, pior o prognóstico. METÁSTASES Definição: são implantes neoplásicos separados da neoplasia maligna inicial, próximas ou distantes da mesma. É uma característica inequívoca de malignidade da neoplasia Se apresenta metástase, é tumor maligno. Formação da metástase: formação da neoplasia (expansão clonal, crescimento, diferenciação, angiogênese) Subclone metastático Adesão e invasão da membrana basal Passagem através da matriz extracelular Intravasão Interação com células linfáticas do 1 Todos os direitos reservados. É proibida a utilização total ou parcial deste resumo sem prévia autorização. Autores: Maíra Gil Caliani, Gustavo Spadon Merchan e Kairós Ribeiro Chi Disponível em www.disciplinas.famerp.br/patologia RESUMO – NEOPLASIAS II: CARCINOMAS PATOLOGIA GERAL | ATLAS VIRTUAL DE PATOLOGIA FAMERP – FACULDADE DE MEDICINA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO hospedeiro Êmbolo de células tumorais Adesão à membrana basal Extravasão Depósito metastático Angiogênese Crescimento. Vias de disseminação: implante da cavidade e superfícies (por contiguidade), disseminação linfática (mais para carcinoma) e disseminação hematogênica (mais para sarcoma, mas também para carcinoma. A via hematogênica gera metástases em órgãos com alto fluxo, como pulmões, fígado e cérebro). CONDIÇÕES PREDISPONENTES NÃO HEREDITÁRIAS Inflamação crônica: exemplos: colite ulcerativa (ulceração do cólon), Doença de Chron, gastrite associada ao Helicobacter pylori, hepatite viral (principalmente hepatite B, pois hepatite B e C tem capacidade de se tornarem crônicas), pancreatite crônica, HPV (colo uterino, mucosa esofágica, oral, etc.). Condições pré-cancerosas: gastrite crônica atrófica, ceratose actínica (solar), lesões crônicas nas mucosas (oral, vulvar, peniana, brônquios, esôfago, colo uterino). BASE MOLECULAR DO CÂNCER Lesões genéticas herdadas. Lesões genéticas adquiridas: agentes ambientais, químicos, agentes virais, radiação. Alteração de um ou mais genes reguladores normais: protooncogenes promotores do crescimento, genes inibidores do crescimento, genes reguladores da morte programada (apoptose), genes envolvidos no reparo do DNA (se esses genes de reparo falham, uma célula com mutação continua a se desenvolver). Basicamente, um tumor se desenvolve por alteração nos genes reguladores: ou um gene promotor de crescimento/divisão torna-se “ativado em excesso” (proto-oncogene sofre mutação e se transforma em oncogene, que produz uma oncoproteína que impulsiona a proliferação de maneira desordenada) ou um gene inibidor de crescimento/divisão torna-se inativo. ALTERAÇÕES ESSENCIAIS PARA A TRANSFORMAÇÃO MALIGNA Autossuficiência nos sinais de crescimento: tumores apresentam a capacidade de proliferação sem estímulos da ativação de oncogenes. Insensibilidade aos sinais inibidores do crescimento: os tumores podem não responder às moléculas inibidoras da proliferação de células normais. Metabolismo celular alterado: síntese de macromoléculas e organelas necessárias para o crescimento celular rápido. Evasão da apoptose: os tumores podem ser resistentes à morte celular programada, como consequência da inativação do p53 ou outras alterações. Defeitos no reparo do DNA: os tumores deixam de reparar a lesão no DNA causada por carcinógenos ou proliferação celular desregulada. Potencial infinito de replicação: as células tumorais apresentam uma capacidade infinita de proliferação, associada com a manutenção do comprimento e da função do telômero. Angiogênese mantida: os tumores não são capazes de crescer sem a formação de um aporte vascular, que é induzido por diversos fatores, sendo o mais importante o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF). Capacidade de invadir e metastatizar: as metástases tumorais são a causa da grande maioria de mortes por câncer e dependem de processos intrínsecos à célula ou são iniciadas por sinais do ambiente. Capacidade de evitar a resposta imune do hospedeiro. 2 Todos os direitos reservados. É proibida a utilização total ou parcial deste resumo sem prévia autorização. Autores: Maíra Gil Caliani, Gustavo Spadon Merchan e Kairós Ribeiro Chi Disponível em www.disciplinas.famerp.br/patologia RESUMO – NEOPLASIAS II: CARCINOMAS PATOLOGIA GERAL | ATLAS VIRTUAL DE PATOLOGIA FAMERP – FACULDADE DE MEDICINA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO AGENTES CARCINOGÊNICOS Elementos que possibilitam o aparecimento de células tronco tumorais. Divididos em grupos: Químicos: corantes, bromato, aflatoxina, inseticidas, fungicidas, medicamentos antineoplásicos). Radiação: raios ultravioleta, raio X, raio gama, partículas alfa, partículas beta, prótons, nêutrons, iodo radioativo, césio 137, urânio radioativo. Micróbios: vírus com DNA oncogênico: papilomavírus humano/HPV (relacionado a câncer de colo de útero, mucosa oral etc.), vírus de Epstein-Barr/EBV (agente etiológico da mononucleose, mas pode estar associado a linfoma de Burkitt, linfoma de células B, linfoma de Hodgkin), vírus da hepatite B e C (tanto a hepatite B quanto a hepatite C podem se tornar crônicas e evoluir para cirrose. Depois, com o tempo, isso evolui para carcinoma hepatocelular), Helicobacter pylori (relacionada ao carcinoma gástrico, por provocar gastrite crônica). CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DAS NEOPLASIAS Efeitos das neoplasias no hospedeiro podem ser diversos: Localização e pressão sobre as estruturas adjacentes, por exemplo: alguns tumores benignos de hipófise podem crescer muito e comprimir o quiasma óptico, provocando déficit visual. Atividade funcional, como síntese de hormônios, por exemplo: pode ocorrer um tumor secretor de GH na hipófise. Esse GH possui efeito no organismo, levando à acromegalia. Possibilidade de sangramento e infecções secundárias, por exemplo: tumores de cólon, que são muito comuns, apresentam sangramento como um dos principais sintomas. É muito comum que o paciente procure o médico por perda de sangue nas fezes ou ainda por uma “fraqueza”, que é uma anemia pela perda crônica de sangue (sangue oculto). Sintomas causados por rupturas e infartos. Caquexia do câncer: muitos pacientes apresentam a síndrome consumptiva. Esta é caracterizada pela perda não intencional de 5% do peso corporal em 6 meses ou 10% em um ano. Deve ser investigada com cautela. Causas da caquexia: Efeitos do tratamento: anorexia + alterações físicas e psicológicas Redução da ingestão de alimentos. Efeitos do tumor: déficit energético + alterações nos macronutrientes Distúrbios metabólicos. Síndromes paraneoplásicas: podem representar uma manifestação inicial de neoplasia oculta e trazem problemas clínicos, às vezes letais. GRADUAÇÃO E ESTADIAMENTO DAS NEOPLASIAS Graduação: grau de diferenciação + mitoses. Grau I: bem diferenciado semelhante ao tecido de origem. Grau II: moderadamente diferenciado. Grau III: pouco diferenciado. Grau IV: indiferenciado-anaplasia. Estadiamento: sistema TNM T: tumor (1 a 4) 3 Todos os direitos reservados. É proibida a utilização total ou parcial deste resumo sem prévia autorização. Autores: Maíra Gil Caliani, Gustavo Spadon Merchan e Kairós Ribeiro Chi Disponível em www.disciplinas.famerp.br/patologia RESUMO – NEOPLASIAS II: CARCINOMAS PATOLOGIA GERAL | ATLAS VIRTUAL DE PATOLOGIA FAMERP – FACULDADE DE MEDICINA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO T1: mucosa; T2: mucosa + submucosa; T3: mucosa + submucosa + muscular; T4: todas as camadas. Obs: para alguns tipos de tumor, essa classificação se baseia na “espessura” do tumor (em cm) e não no número de camadas. N: linfonodo regional (0 a 4) A cada 3 gânglios afetados, aumenta um número. Obs: essa classificação é só para linfonodos regionais. Se um linfonodo distante do sítio inicial for acometido, ele é considerado uma metástase. M: metástases (0 a 2) M0: não tem metástase; M1: metástase regional; M2: metástase distante. 4 Todos os direitos reservados. É proibida a utilização total ou parcial deste resumo sem prévia autorização. Autores: Maíra Gil Caliani, Gustavo Spadon Merchan e Kairós Ribeiro Chi Disponível em www.disciplinas.famerp.br/patologia