Fevereiro_2008
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Fevereiro 2008 | Nº52 Acções e actividades da AIRO realizadas em 2007 Editorial Livro de Reclamações Livros recebidos Acções e actividades da AIRO realizadas em 2007 CE lança plano de promoção das tecnologias energéticas BIOinov: Estudo de Benchmarketing de redes de inovação em biotecnologia Destacamos pela positiva Legislação Calçado iniciou maior ofensiva promocional de sempre Inflação na Zona Euro manteve-se acima dos 3% Os nossos Associados O porquê das energias alternativas Um dos objectivos mais caros à nossa Direcção é ser útil aos Associados através de informações e saberes práticos para a sua actividade. Calçado iniciou maior ofensiva promocional de sempre A campanha de promoção externa, da autoria da APICCAPS em parceria com a AICEP e que foi já apresentada ao QREN, envolverá um total de 140 empresas, e um investimento total de 8 milhões de euros (mais 21,4% do que em 2007). O porquê das energias alternativas Na continuação do artigo anterior, vem a propósito mostrar a fotografia da maior turbina eólica, disponível na actualidade. A fotografia documenta a operação de montagem e mostra que, por ser tão grande, cada pá é constituída por 2 secções. [email protected] Associação Industrial da Região do Oeste * Edifício do Centro Empresarial do Oeste - Apartado 815 2500-218 Caldas da Rainha Telf: 262 841 505 | Fax: 262 834 705 | [email protected] Fevereiro 2008 | Nº 52 Livro de reclamações TOLHIDOS DE MEDO(S) Entrou em Janeiro a obrigatoriedade do livro de reclamações em todos os estabelecimentos de bens ou prestadores de serviços que se encontram instalados com carácter fixo ou permanente e tenham contacto com o púbico. É meu costume realçar a importância de um clima geral amigo da actividade económica, no desenvolvimento, criação de emprego e avanço económico e social. O que implica tomar decisões, aceitar o risco como algo natural, ter atitudes pro-activas. 2008 Infelizmente começou com um agravamento do clima anti-actividade económica. Dir-se-ia estarem muitos agentes tolhidos por medos vários, acarretando prejuízos de toda a espécie (que grande cedência ao terrorismo, a anulação na véspera da partida do Lisboa-Dackar p.ex!) Assim, ao abrigo do decreto-lei nº371/2007publicado em 6 de Novembro em Diário da República, foram adicionados novos serviços à lista legal dos estabelecimentos sujeitos à obrigação de possuírem e disponibilizarem o livro de reclamações, passando esta a ser enunciativa e não taxativa. Passam a fazer parte desta lista os estabelecimentos de reparação de bens pessoais ou domésticos, notariais privados, das empresas de promoção imobiliária, as empresas de ocupação ou actividades de tempos livres e as clínicas veterinárias. Foram assim adicionados novos serviços à lista legal dos estabelecimentos sujeitos à obrigação de possuírem e disponibilizarem o livro de reclamações, passando essa lista a ser enunciativa e não taxativa. Quaisquer dúvidas sobre a situação da sua empresa informe-se junto da AIRO. É certo que as crises na banca internacional (com os créditos imobiliários sub prime) e nacional, trazendo para a praça pública abusos e compadrios num sector que era tido como um modelo, não podem deixar de abalar a confiança.. que vale mais do que o ouro e o petróleo juntos no que diz respeito ao desenvolvimento. Também creio que neste contexto, com a auto confiança dos portugueses tão em baixo, de pouco servirão os avultados investimentos públicos em publicidade para promover Portugal no estrangeiro com belas fotos das caras de portugueses de sucesso no sec.XXI: Mariza, Ronaldo, Mourinho etc... Talvez outra forma de comunicação social menos repetitiva e massacrante para tudo o que é negativo e sobretudo uma atitude de cidadania de todos nós, sejam as alavancas necessárias para mudar este entranhado desconsolo! Uma cidadania que penalize (mais que não seja pela indiferença),mas também premeie quem o merece, não fazendo tábua rasa do negativismo e descrença militante. E para mais caras de portugueses de sucesso contemporâneos, que tal uma distribuição geral de espelhos redondos com pega? Cá dentro...em Portugal. Claro!! Ana Maria Carneiro Pacheco (Presidente da Direcção da AIRO) Finocal, Consultoria Económica e Financeira, Lda. ...... 2 ...... .... .... Fevereiro 2008 | Nº 52 Acções e actividades da AIRO realizadas em 2007 Um dos objectivos mais caros à nossa Direcção é ser útil aos Associados através de informações e saberes práticos para a sua actividade. Estas foram as acções desenvolvidas em 2007. Dê-nos sugestões para poder-mos fazer ainda melhor neste novo ano de 2008. Seminários Acção Data Marcação CE 25 de Janeiro Fiscalidade Nº de participantes 38 08 de Fevereiro 123 Jornadas Certificação Energética 23 de Fev, 1 e 9 de Mar 74 Licenciamento Alimentar/HACCP 17 de Maio 124 29 de Junho 120 Sessão de entrega de prémios “Empresário por um dia” Gestão de Resíduos Empresariais Empreendedorismo (Tecnoemprende) Gestão da Qualidade QREN - Inauguração do Centro de Apoio ao Empresário Certificação energética dos Edifícios 03 de Julho 78 19 de Setembro 96 16 Outubro 27 31 de Outubro 92 28 de Novembro 64 Acções de formação em parceria com o CENCAL Acção Data Nº de particip. Gestão de Clientes 06 de Novembro 75 Gestão de Resíduos Empresariais 20 de Novembro 58 Gestão de Tesouraria 27 de Novembro 75 SHST - Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho 04 de Dezembro 80 Data Nº de particip. Reuniões de Esclarecimento sobre o QREN Gestão de Clientes 18 de Dezembro 11 Gestão de Resíduos Empresariais 20 de Dezembro 12 Gestão de Tesouraria 27 de Dezembro 09 Total 1.156 Formação Profissional (Cursos não financiados) Acção Legislação Laboral Data Nº de particip. 26 de Junho 15 SHST (empresa) 08 de Maio 08 SHST 02 de Julho 14 29 de Outubro 17 08 de Novembro 18 Socorrismo Segurança Alimentar/HACCP Consultadoria Jurídica Nº de consultas/Atend. Atendimentos/Consultas Jurídicas 33 Gabinete de Extensão Industrial (Início Outubro 2007) Nº de visitas Contactos/Visitas a empresas 62 Consultadoria Empresarial (empreendedorismo) 143 Atendimentos a empreendedores 15 Negócios criados UNIVA - Apoio ao Recrutamento e Gestão de Recursos Humanos Apresentações Quinzenais - IEFP 4 156 Inscrições 303 Apoio a Empresas Contactos com empresas Processos de estágios profissionais 94 ...... 3 ...... .... .... 12 Fevereiro 2008 | Nº 52 CE lança plano de promoção das tecnologias energéticas Para permitir à Europa alcançar os objectivos em matéria de emissões de gases com efeito de estufa, energias renováveis e eficiência energética, estabelecidos para 2020 e 2050, a Comissão Europeia (CE) propôs recentemente o Plano Estratégico Europeu para as Tecnologias Energéticas, um vasto plano destinado a estabelecer uma nova agenda da investigação energética para a Europa. O potencial da Europa no desenvolvimento de uma nova geração de tecnologias energéticas é elevado. No entanto, a investigação sobre a energia na União Europeia (UE) é muitas vezes insuficientemente financiada, dispersa e mal coordenada. Para tirar partido das oportunidades que se oferecem à UE, será necessário organizar e pôr em prática de forma mais eficiente acções destinadas a desenvolver novas tecnologias energéticas, reduzir os seus custos e promover o seu lançamento no mercado. “As decisões a adoptar nos próximos 10 a 15 anos terão consequências profundas para a segurança energética, as alterações climáticas, o crescimento e o emprego na Europa”, afirma Andris Piebalgs, comissário europeu responsável pela energia. Na sua opinião, se a Europa se deixar ficar para trás nesta área acabará a ter que importar tecnologias para atingir os objectivos afixados. Neste sentido, a CE propõe uma abordagem mais centrada num planeamento comum, numa melhor actualização do potencial do Espaço Europeu de Investigação e Inovação e na plena exploração das possibilidades oferecidas pelo mercado interno. O presente plano propõe a dinamizar a investigação e inovação industriais, harmonizando as actividades europeias, nacionais e sectoriais. Aponta, também a importância da criação de uma aliança europeia de investigação no domínio da energia, para aumentar a cooperação entre organismos de investigação e melhorar as actividades de planeamento e de prospectiva a nível europeu, no que respeita às infra-estruturas e sistemas energéticos. A CE frisa a necessidade de aumentar o financiamento neste domínio e irá apresentar, no presente ano, as suas ideias sobre o financiamento das tecnologias com baixa produção de carbono. Neste sentido, criará um sistema de informação destinado a dar uma imagem precisa das tecnologias energéticas na Europa e elaborará com os estados-membros um processo que permita um planeamento conjunto da investigação sobre tecnologias energéticas. Em 2009, será organizada uma cimeira europeia consagrada às tecnologias energéticas para avaliar os progressos. BIOinov: Estudo de Benchmarking de redes de inovação em biotecnologia Encontra-se disponível o estudo BIOinov – Estudo de Benchmarking de Redes de Inovação em Biotecnologia - alavancagem dos sectores tradicionais, desenvolvido pela empresa Competinov. O BIOinov tem por objectivo identificar competências na área da biotecnologia, quer em empresas, quer nas universidades, para que se efectivem relações de cooperação e fomente a criação de redes de inovação, que contribuam para elevar o nível da nossa economia. Desse modo, o estudo põe em evidência as convergências em termos de competências, mercados e geração de valor entre um conjunto de actores empresariais e académicos na cadeia de valor da biotecnologia e na relação que estes estabelecem com os sectores tradicionais. ...A conquista da produção do novo modelo WV na Autoeuropa em Palmela... Fonte: Portugal News Decreto-Lei 397/2007 - Retribuição Minima Mensal Garantida (Publicado In BTE nº 251/2007 de 31 de Dezembro) Portaria nº 1636 - Condições de trabalho dos trabalhadores administrativos não abrangidos por regulamentação colectiva específica. (Publicado In D.R. nº 251 de 31 de Dezembro de 2007) Diário da República - 2ª Série nº6 de 9 de Janeiro 2008 - Tabela IRS 2008 ...importante pelo efeito alargado na actividade económica e de realçar pelo contexto fortemente competitivo em que foi conseguida (vidé editorial) Portaria nº30A/2008 - Actualização de Subsídio de refeição e Km. (Publicado In D.R. nº 7 de 10 de Janeiro de 2008) Lei nº37/2007 - Lei do Tabaco (Publicado In D.R. nº 156 de 14 de Agosto de 2007) ...... 4 ...... .... .... Fevereiro 2008 | Nº 52 Calçado iniciou maior ofensiva promocional de sempre A indústria portuguesa de calçado iniciou durante o mês de Janeiro a maior ofensiva promocional de sempre nos mercados internacionais. A campanha de promoção externa, da autoria da APICCAPS em parceria com a AICEP e que foi já apresentada ao QREN, envolverá um total de 140 empresas, e um investimento total de 8 milhões de euros (mais 21,4% do que em 2007). A promoção comercial externa é a primeira das prioridades para a indústria portuguesa de calçado que, pela primeira vez em 2007, colocou nos mercados internacionais mais de 90% da sua produção. O calçado é, de resto, o produto que mais positivamente contribui para a balança comercial portuguesa (com um saldo positivo de 800 M€), pelo que a APICCAPS e a AICEP têm vindo a promover a participação de empresas portuguesas nos principais fóruns de todo o mundo. Desde 1995, o sector de calçado já participou em 293 acções no exterior, registando mais de 4 100 presenças, envolvendo mais de 350 empresas. Consolidar as exportações nos mercados europeus, abordar novos mercados de elevado potencial de crescimento e migrar a produção para segmentos de maior valor acrescentado são os três grandes objectivos desta campanha de promoção. A primeira iniciativa teve já lugar no dia 15 de Janeiro, em Riva del Garda, em Itália, onde estiveram presentes cerca de 30 empresas nacionais. O calçado português esteve presente em todos os principais fóruns da especialidade do continente europeu e abordou outros mercados de elevado potencial de crescimento, em especial a China, o Japão e a Rússia. Com esta estratégia, a APICCAPS e a AICEP pretendem reforçar a trajectória de crescimento que o sector do calçado iniciou em 2005. Com efeito, depois de ter registado um crescimento das exportações de 1,4% em 2006, estima-se que, em 2007, as vendas de calçado português nos mercados internacionais aumentem mais de 2% (para 1.1709 milhões de euros). Portugal é, de resto, o único país europeu que apresenta um saldo comercial positivo da balança comercial no sector de calçado e perfila-se, actualmente, como o 3º exportador europeu e o sétimo a nível internacional. Fonte: Portugal News Inflação na Zona Euro manteve-se acima dos 3% ... ... À ADIO ... A taxa de inflação na Zona Euro voltou a ficar acima dos 3%, no mês de Dezembro, o nível mais elevado desde Maio de 2001, em resultado do forte aumento dos preços da alimentação e da energia. De acordo com os dados do Eurostat (o instituto de estatísticas da UE), revelados no dia 16 de Janeiro de 2008, a inflação nos países que partilham a moeda única europeia, o euro, foi de 3,1% no mês passado, um valor que iguala a primeira previsão apresentada no início deste mês de Janeiro. O aumento dos preços da alimentação e da energia tem elevado a taxa de inflação, acima do limite de 2% estabelecido pelo Banco Central Europeu (BCE), a autoridade monetária da Zona Euro. ... pelo início dos melhoramentos do Edifício da Expoeste. Jean-Claude Trichet tem mantido a taxa directora inalterada, nos 4%. No entanto, há cada vez mais pressões sobre o BCE para que este desça a taxa de juro de referência, mas a inflação tem-se mantido acima do nível desejado e tem sido um dos factores que pesa na decisão da autoridade monetária. Fonte: Jornal de Negócios ...... 5 ...... .... .... Fevereiro 2008 | Nº 52 O porquê das energias alternativas 6.4.1. Energia Eólica (continuação) Na continuação do artigo anterior, vem a propósito mostrar a fotografia da maior turbina eólica, disponível na actualidade. A fotografia documenta a operação de montagem e mostra que, por ser tão grande, cada pá é constituída por 2 secções. Esta turbina modelo E1265 , fabricada pela Enercon com uma potência nominal de 6 MW, possui um rotor com 127 m de diâmetro e uma torre com 135 m. Foi instalada em Emden na Alemanha, no mês de Novembro passado. Uma turbina destas pode produzir energia para abastecer 5 000 habitações. As torres destas turbinas podem ser fabricadas em aço ou em betão. A turbina da fotografia foi montada numa torre de betão. Esta torre com um diâmetro na base de 14.5 m, é constituída por 35 secções de betão com um volume de 110 m3. Nas suas fundações foram consumidos 1500 m3 de betão e 180 toneladas de aço. José Leitão * No artigo do mês passado, por lapso de formatação da página, não foi incluída a fotografia que mostra uma turbina a girar no meio de duas estruturas verticais que concentram a energia do vento. Assim, ao mesmo tempo que se investiga e constroiem turbinas gigan-tescas, continua-se a investigar dispositivos que ajudam a concentrar a energia do vento e a sua integração em espaços urbanos. Penso que vem a propósito falar um pouco da escala de vento Beaufort. Esta escala foi criada em 1805 pelo Almirante inglês Francis Beaufort (1774-1857), para ajudar os marinheiros a estimar a velocidade do vento baseado-se em observações visuais. Esta escala, que definia inicialmente 13 graus de força de vento [0 a 12], tornou-se de utilização obrigatória no registo dos diários de bordo dos navios da Royal Navy em 1838. Foi alterada em 1955 pelo U.S. Weather Bureau que lhe ...... 6 ...... .... .... (Continua na página 7) Fevereiro 2008 | Nº 52 acrescentou os graus de 13 a 17. Embora não seja hoje utilizada para fins metereológicos, é uma forma prática de avaliar a velocidade do vento quando não estão disponíveis instrumentos. eficiência de conversão da luz do Sol em electricidade. Estão hoje disponíveis no mercado diferentes tipos de células com rendimentos que rondam os 16%. Alguns fabricantes conseguem atingir rendimentos de 19% combinando, num mesmo painel, diferentes tipos de células. Os paineis podem ser combinados ou ligados entre si para formarem conjuntos de captação e ser instalados em quase todos os locais, desde que tenham uma boa insolação. É importante referir que um painel fotovoltaico com uma potência de 200 W tem actualmente uma dimensão na ordem dos 1425 x 990 mm (1.41 m2), o que representa uma potência de cerca de 141 W/m2. Os paineis fotovoltaicos surgem hoje um pouco por todo o lado desde aplicações de pequenas potências até às grandes centrais fotovoltaicas que surgem já em vários países do mundo. Como estamos todos despertos para as energias alternativas, conhecendo esta escala, cada um de nós, pode ir diáriamente avaliando o potencial de vento das zonas que conhece ou das zonas onde vai passando. A central de Serpa de que se inclui aqui uma fotografia, inaugurada em Março de 2007, tem uma potência de 11 MWp. 6.4.2. ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA À data da sua conclusão esta central era a segunda maior central fotovoltaica do mundo. O efeito fotovoltaico é, de uma forma muito simples, a conversão de luz em electricidade. O físico francês Alexandre-Edmond Becquerel6 em 1839, foi o primeiro a publicar observações acerca deste fenómeno. Mais tarde, em 1873 Willoughby Smith constatou a sensibilidade do selénio à luz. Em 1883, Charles Fritts inventou a primeira célula solar com uma eficiência de conversão de cerca de 1%. Esta invenção causou muita excitação e discussões sobre os seus potênciais usos. Em 1898 Thomas Edison recebeu a sua patente para uma lâmpada incandescente. Nessa altura as preocupações dos homens da ciência centraram-se mais no controlo da electricidade e só mais tarde, em 1954 a Bell Laboratories nos USA, no decurso de experiências com semicondutores, descobriu que o silicio “dopado”com certas impurezas era muito sensível à luz. Em resultado destas experiências foi criada a primeira célula solar fotovoltaica, cuja utilização já era prática. As células fotovoltaicas foram determinantes para a NASA, como forma de gerar electricidade no espaço, para comunicações, instrumentos e sistemas de controlo nas naves espaciais. Uma célula fotovoltaica é constituída por um semiconductor, devidamente dopado. O silício continua a ser o semiconductor mais utilizado na actualidade. É usual classificarem-se as células de silício da seguinte forma: - - - - Portugal tem em construção a Central fotovoltaica da Amareleja. Esta será a maior central fotovoltaica do mundo, com uma área de 114 ha, onde estarão implantados 350 000 módulos fotovoltaicos que fornecerão uma potência de 62 MWp. Portugal consumiu em 2006 cerca de 50 TWh8 de energia eléctrica. Para gerar toda esta electricidade com colectores fotovoltaicos seria necessária uma central ocupando uma área de 635 km2 (25.2 km x 25.2 km). Apesar de grandiosas e espetaculares, estas centrais não têm a aprovação de muitos especialistas que afirmam que sendo o Sol uma fonte de energia distribuída deveria ser aproveitado de outra forma. Em centrais deste tipo, a energia é produzida em baixa tensão, tranformada em alta tensão para ser transportada e depois novamente transformada em baixa tensão para poder ser utilizada. Este processo de transformação e transporte trás perdas significativas. É esta a justificação que apresentam para afirmarem que estas grandes centrais não são a forma mais nobre de aproveitamento do fotovoltaico. No artigo anterior falei do Decreto-Lei 363 de 2007. Este Decreto-Lei vem precisamente no sentido de incentivar a microgeração de energia eléctrica, promovendo a produção de energia em pequenas centrais, instaladas pelos consumidores. Os consumidores podem agora transformar-se em microprodutores de energia eléctrica. Este sistema contorna as actuais limitações de saturação da rede eléctrica nacional de alta tensão e destina-se a incentivar a produção de electricidade nos pontos de consumo, evitando-se assim as perdas de transformação e as perdas de transporte. Monocristalinas Multicristalinas; Policristalinas e Amorfas. As células de silício são extremamente finas, com a pastilha de silício a ter espessuras da ordem dos 200 mm 7. Na pastilha é colocada uma grelha colectora e contactos que constituiem o terminal negativo da célula. Um contacto traseiro constitui o terminal positivo. Estas pastilhas são depois encapsuladas entre vidro temperado, de alta transparência, normalmente recoberto com uma camada de EVA etileno de vinilacetato-, que assegura uma maior resistência a condições metereológicas extremas e às poeiras. Este conjunto, envolvido por uma estrutura de alumínio anodizado, constitui um painel fotovoltaico. Uma instalação típica de microgeração será semelhante à que é mostrada na figura e cuja legenda é a seguinte: A – paineis fotovoltaicos B – inversores C – contador de venda à rede D – ligação á rede pública E – poste de di tribuição da rede pública F – contador de compra à rede A performance de uma célula fotovoltaica é medida em termos da sua ...... 7 ...... .... .... (Continua na página 8) Fevereiro 2008 | Nº 52 Os inversores são equipamentos que recebendo a corrente contínua dos paineis fotovoltaicos a modulam e a transformam em 230 V de corrente alternada a 50Hz. De acordo com o que surge no Decreto-Lei 363/2007, cada consumidor com um contrato válido com a EDP poderá pedir autorização para montar uma instalação de produção com uma potência até 50 % da potência que tem contratada. Para beneficiar do regime de tarifa bonificada, a potência do inversor não poderá exceder os 3.68 kW. De uma forma simples o cidadão comprará electricidade a cerca de 0.11€/kWh e venderá à rede a electricidade fotovoltaica a 0.65€/kWh. Uma instalação de 3.45 kW9 será composta por 18 paineis fotovoltaicos e 2 inversores, custando cerca de 22 500 €, já instalada e pronta a funcionar. Aguardamos para ver como este decreto-lei será aplicado na prática, já que sobre o mesmo, ainda substistem algumas dúvidas de interpretação, nomeadamente nos limites de energia a entregar à rede pelas instalações de microprodução. A coordenação do processo de gestão da microprodução compete à DGEG – Direcção Geral de Energia e Geologia – e a forma como a implementará condicionará o sucesso desta regulamentação. Como surge referido pela Direcção Geral de Energia e Geologia, o valor social da energia FV vai além dos meros kWh produzidos pois pode induzir o desenvolvimento local e consolidar a economia local, melhorar o ambiente e aumentar a fiabilidade do abastecimento de energia eléctrica, diminuindo os custos ao nível das infraestruturas de produção centralizada, transporte e distribuição de electricidade. A energia fotovoltaica é também o método mais benigno de geração de electricidade. As centrais fotovoltaicas são silenciosas, não produzem emissões e não utilizam qualquer tipo de combustível. Alguns fabricantes utilizam materiais reciclados e desperdícios de outras indústrias como matérias primas. Apesar de no fabrico se utilizarem alguns materiais perigosos, estas substâncias não são libertadas no ambiente. Tal como é utilizado nas células fotovoltaicas, o silício não é tóxico. Utilizando o programa Solterm para simular a produção de energia eléctrica determina-se que, para as Caldas da Rainha, o melhor rendimento da instalação se consegue com os paineis orientados a Sul e inclinados a 34º. Uma instalação deste tipo produzirá anualmente cerca de 4 730 kWh. Se toda esta energia poder ser vendida à RESP10 , a instalação ficaria paga ao fim de 8 anos e o investimento teria um IRR11 de 10.83%. Portugal é um dos países da Europa com maior potêncial de energia solar, com um número médio de horas de Sol variando entre as 2200 e as 3000. Na Alemanha, país onde a energia solar é captada com todo o entusiasmo, o número de horas de Sol varia entre 1200 e as 1700 horas. * Eng. de Máquinas, MBA of International Management pela University of East London [email protected] Prós e limitações da energia fotovoltaica Produzido Valor FV factorado RESP, € KWh Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total: 259 296 377 427 478 467 526 532 438 381 292 257 168.35 192.40 245.05 277.55 310.70 303.55 341.90 345.80 284.70 247.65 189.80 167.05 4 730 3 074.50 O decreto-lei 363/2007 foi publicado em 02 de Novembro e entra em vigor 90 dias após esta data de publicação. Os paineis fotovoltaicos são sistemas extremamente versáteis e podem utilizarse para diferentes tipos de instalações, desde instalações ligadas à rede, como descrevemos acima, ou para instalações completamente isoladas da rede. Estas instalações designadas por instalações “off-grid”, têm baterias que são carregadas durante o dia, acumulando a electricidade para ser utilizada nos períodos em que não há Sol. Estas instalações são encarecidas pelo custo das baterias e ainda pela necessidade de as trocar a cada 6 a 8 anos. Prós: - Recurso Renovável e sustentável - Como recurso está bem caracterizado; - Abundante; - Reduz a dependência dos combustíveis fósseis; - Isenta de poluição com zero emissões; - Relativamente previsível; - Potencia o desenvolvimento local; - Potencia o rendimento global da rede eléctrica Limitações: - Impacto visual que podem ser minimizadas por uma integração arquitectónica; - Eficiência; - Económicas (ainda custo elevado) - Estado de desenvolvimento da tecnologia As Centrais Fotovoltaicas são sistemas muito fiáveis de produção de energia eléctrica e são normalmente montados em paralelo com a rede ou com um sistema de backup por baterias. O custo de produção das células tem sido reduzido nos últimos anos e continuará a beneficiar de técnicas de produção mais aperfeiçoadas e economias de escala relacionadas com uma produção em maior escala. A energia fotovoltaica pode ser combinada com energia eólica, construindo-se sistemas combinados que se complementam e têm custos mais atractivos. Esta combinação é interessante porque normalmente quando não há Sol há vento. Os sistemas de microgeração fotovoltaicos vão ter um crescimento explosivo nos próximos anos. 5 Fotos e detalhes técnicos extraídos da revista WINDBLATT da empresa Enercon. 6 É interessante referir que Edmond Becquerel era filho de Antoine César Becquerel e pai de Henri Becquerel, todos eles distintos fisicos 71 m=0.001 mm 8TWh - lê-se tera watt hora. Um tera são 1012. 9 Estes valores dependem do tipo e marca dos paineis e inversores utilizados 10 RESP - Rede eléctrica de Serviço Público, designação que vem do Decreto-Lei 363/2007 11 IRR - Internal Rate of Return Para além dos paineis fotovoltaicos clássicos existem paineis fotovoltaicos translúcidos para montagem em janelas. Surgiram também no mercado os rolos de filme fotovoltaico como o que é aqui mostrado. Este filme permite diversificar ainda mais as aplicações possíveis para a tecnologia fotovoltaica. PROPRIEDADE: AIRO - Associação Industrial da Região do Oeste DIRECÇÃO: Ana Maria Carneiro Pacheco | PAGINAÇÃO: Mário Antão Pereira | IMPRESSÃO: GTO 2000 | TIRAGEM MÍNIMA: 500 Exemplares | DISTRIBUIÇÃO GRATUITA A investigação progride e o custo dos paineis fotovoltaicos tem vindo a reduzir-se. Com recurso à nanotecnologia estão a ser desenvolvidas células sem silício e cujos custos de produção se estima que venham a ser cerca de um décimo dos valores actuais. ...... 8 ...... .... ....