PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E TEORIAS MOTIVACIONAIS
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PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E TEORIAS MOTIVACIONAIS
Ano X nº 19 – Dezembro 2014 ISSN 1809 4589 P. 10 – 14 PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E TEORIAS MOTIVACIONAIS Rodrigo Janoni Carvalho1 INTRODUÇÃO O comportamento humano é fundamental para a compreensão da dinâmica organizacional. Nessa perspectiva, a motivação tem sido um dos temas mais trabalhados na Administração em diálogo com as teorias da Psicologia. A percepção constitui um dos mais importantes processos psicológicos da humanidade, compreendendo a forma pela qual as pessoas entendem o mundo ao seu redor, importando em seus respectivos comportamentos. A motivação compreende a intensidade, a direção e a persistência dos esforços do indivíduo, com vistas à realização de uma determinada meta, isto é, um motivo para a ação. A escolha de comportamentos específicos, o esforço gasto na realização de uma tarefa e o empenho contínuo e engajado num determinado comportamento constituem o estado interior que conduz as pessoas a assumir atitudes segundo a motivação. Com intuito de desvendar os fundamentos da motivação, diferentes teorias foram desenvolvidas no âmbito das ciências humanas, sobremaneira na Psicologia Organizacional. Segundo Robbins (2004), a motivação pode ser representada através do seguinte fluxograma, conhecido por modelo homeostático ou clássico. Necessidade não satisfeita Tensão Vontade Redução da tensão Necessidade satisfeita Comportamento de busca Figura 1. Modelo Homeostático de Robbins.2 1 Mestrando em Geografia e Graduando em Administração Pública pela Universidade Federal de Uberlândia MG. Bacharel e Licenciado em História pela mesma instituição. agora.ceedo.com.br [email protected] Cerro Grande – RS (55) 3756-1133 10 Ano X nº 19 – Dezembro 2014 ISSN 1809 4589 P. 10 – 14 Embora represente a motivação dos indivíduos, a partir de um estado de tensão e satisfação, o esquema acima descreve a dimensão biológica humana, sendo considerado insuficiente para explicar as motivações complexas. Para tanto, diferentes teorias vislumbraram, à sua ótica, conceituar tais aspectos do comportamento humano. TEORIAS DA MOTIVAÇÃO HUMANA Apresentaremos a seguir teorias de destaque com relação à motivação humana, embora não sejam os únicos estudos nesse campo. No que tange a interface psicologia e administração, tais teorias embasam a construção de programas de motivação, satisfação, produtividade e trabalhos em equipe. A Teoria da Hierarquia das Necessidades, elaborada por Abraham Maslow (19081970), fundamenta-se na existência de necessidades a serem satisfeitas, a fim de que alcancemos nossa felicidade. Segundo o pesquisador, os motivos diferem conforme a prioridade e a força relativa de cada necessidade. Desse modo, teríamos uma relação hierárquica de cinco necessidades, constituindo a chamada “pirâmide” de Maslow: Figura 2. Pirâmide de Necessidades de Maslow. 3 2 ROBBINS, Stephen. Fundamentos do Comportamento Organizacional. São Paulo: Prentice Hall, 2004. Extraído de <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/65/Hierarquia_das_necessidades_de_Maslow.svg>. Acesso em 24 jan. 2014. 3 agora.ceedo.com.br [email protected] Cerro Grande – RS (55) 3756-1133 11 Ano X nº 19 – Dezembro 2014 ISSN 1809 4589 P. 10 – 14 Este conjunto de necessidades constitui uma hierarquia com vistas à autorrealização (realização pessoal), movendo-se ao topo da pirâmide, de modo que cada necessidade se atenda, a próxima surge. Para Maslow, as necessidades fisiológicas e as de segurança são a de nível baixo; enquanto as sociais – relação, estima e realização – são consideradas de nível alto. Críticos da teoria apontam que alguns aspectos da teoria não foram aprofundados, uma vez que as pessoas podem buscar satisfação de necessidades superiores mesmo quando as inferiores não foram satisfeitas, independente da hierarquia proposta por Maslow. Douglas McGregor (1906-1964) propõe outra teoria motivacional que diz respeito às visões com relação ao ser humano: uma negativa (Teoria X) e outra positiva (Teoria Y), a partir do tratamento de funcionários no ambiente organizacional. Na primeira visão, os trabalhadores preferem ser dirigidos; não se interessam em assumir responsabilidades; desejam segurança; e são motivados por dinheiro ou pela ameaça de punição. Nesse ponto, a conduta dos administradores se baseia na estrutura, controle e supervisão, dado que as pessoas seriam imaturas e irresponsáveis. Em contraste, a conduta gerencial, a partir da Teoria Y, fundamenta o desencadeamento do potencial das pessoas, tendo em vista que a motivação promoveria atingir os objetivos organizacionais. Nessa perspectiva, a visão dos empregados é positiva, supondo que não são preguiçosos e irresponsáveis; podem autodirigir-se e serem criativos; não são resistentes; possuem comportamentos básicos e assumem, aceitam e procuram responsabilidades. Assim, o administrador Y possuiria uma atitude democrática, na qual procura amadurecer seus empregados e promove um ambiente flexível. Segundo Frederick Herzberg (1923-2000), o comportamento humano seria orientado por dois fatores: higiênicos ou extrínsecos definidos pelo contexto que permeia o indivíduo, fugindo do seu controle; e os motivacionais ou intrínsecos referentes ao cargo e à natureza da tarefa desempenhada, podendo ser controlados. São exemplos de fatores higiênicos: qualidade de supervisão; remuneração; segurança no emprego; condições físicas; relacionamento e políticas da organização. Já os fatores motivacionais podem ser representados pela oportunidade de crescimento pessoal e de promoções, reconhecimento, realização e responsabilidade. A Teoria dos Dois Fatores indica níveis de insatisfação e de satisfação no ambiente de trabalho segundo variações dos fatores supracitados. Assim, a presença de fatores higiênicos apenas evita a insatisfação, não promovendo a satisfação. Apenas os fatores agora.ceedo.com.br [email protected] Cerro Grande – RS (55) 3756-1133 12 Ano X nº 19 – Dezembro 2014 ISSN 1809 4589 P. 10 – 14 motivacionais, quando profundos e estáveis, podem levar à satisfação e realização do indivíduo, conforme podemos observar a seguir. Figura 3. Teoria dos Dois Fatores: Satisfação e Insatisfação.4 Segundo Robbins (2004), ainda que os estudos de Herzberg não obtivessem comprovação, foram de importância ao desenvolvimento de técnicas comportamentais, com vistas à diversificação do trabalho, as responsabilidades, o planejamento e o controle. Para David McClelland (1917-1998), as pessoas demonstram predisposição de luta para o sucesso, tendo em vista uma grande necessidade de realização, conforme sua Teoria das Necessidades. Trata-se de uma continuação das análises propostas por Maslow. O autor identifica três necessidades: de realização (busca pela excelência); de associação (relacionamentos interpessoais); e de poder (dirigir e influenciar; status e prestígio). O estilo individual se daria então conforme a repetição de um comportamento eficaz. Diante do exposto, apresentamos brevemente quatro importantes teorias que dizem respeito à psicologia organizacional, mas especificamente no que tange os aspectos motivacionais dos indivíduos em grupos de trabalho. Como vimos, tais elaborações procuraram analisar pontos complexos do campo da motivação, fornecendo contribuições às teorias administrativas sobre as relações humanas. Trata-se de um tema bastante trabalhado em interface com as áreas da Administração e da Psicologia, na medida em que o fator humano cada vez mais é colocado em pauta nas organizações. 4 Extraído de < http://arquivos.unama.br/nead/gol/gol_adm_3mod/lider_desenv_gerencial/web/Aula13/img/graf01.gif>. Acesso em 24 jan. 2014. agora.ceedo.com.br [email protected] Cerro Grande – RS (55) 3756-1133 13 Ano X nº 19 – Dezembro 2014 ISSN 1809 4589 P. 10 – 14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAMARGO, Denise de. Psicologia Organizacional. Florianópolis: Departamento de Ciências da Administração/UFSC; Brasília: CAPES/UAB, 2009. ROBBINS, Stephen. Fundamentos do Comportamento Organizacional. São Paulo: Prentice Hall, 2004. SPECTOR, Paul E. Psicologia nas organizações. São Paulo: Saraiva, 2002. agora.ceedo.com.br [email protected] Cerro Grande – RS (55) 3756-1133 14
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