MAPAS CONCEITUAIS E APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
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MAPAS CONCEITUAIS E APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
MAPAS CONCEITUAIS E APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA MOREIRA, Marco Antonio. Mapas Conceituais e Aprendizagem Significativa. São Paulo: Centauro, 2010. OBJETIVO Abordar mapas conceituais essencialmente como mapas de conceitos e propô-los como uma estratégia facilitadora de aprendizagem significativa em sala de aula. Conceitos estão na base do conhecimento humano, na essência da compreensão, por isso a relação com aprendizagem significativa. A importância dos conceitos: Stephan Toulmin (1977) diz que os conceitos estão na base da compreensão humana, Jerry Fodor (1999) que considera os conceitos como átomos do nosso pensamento e Gerárd Vergnaud (1990) que coloca a conceitualização como o núcleo do desenvolvimento cognitivo. Um campo de conhecimentos não existe sem conceitos, tanto é que Vergnaud considera que o conhecimento humano está constituído em campos conceituais. Por que conceitos? Porque sem eles não há compreensão, não há desenvolvimento cognitivo. O homem vive em um mundo de conceitos. Para Vergnaud (teoria dos campos conceituais) um conceito é definido por três conjuntos: 1- Um conjunto de situações que lhe dão sentido e que constituem o seu referente; 2- Um conjunto de invariantes (categorias de pensamento consideradas pertinentes; proposições consideradas verdadeiras sobre a realidade: relações)sobre os quais repousa a operacionalidade do conceito e que lhe dão seu significado; 3- E um conjunto de representações simbólicas, que formam o seu significante. Para Ausubel (teoria da aprendizagem significativa) existem duas maneiras de aprender conceitos: 1. Formação de conceitos- Típica da criança pré escolar, é um processo espontâneo, indutivo, baseados nas experiências concretas. É um tipo de aprendizagem por descobrimento; 2. Assimilação de conceitos- Típica de crianças mais velhas, adolescentes e adultos, é aquela em que novos conhecimentos são adquiridos por interação e por ancoragem em conceitos já existentes na estrutura cognitiva do aprendiz. Toulmim (filósofo da ciência) distingue três aspectos ou elementos, no uso de conceitos científicos: 1. A linguagem 2. As técnicas de representação Compreendem os espaços simbólicos da explicação científica, ou seja, compreende “o explicar”. 3. Os procedimentos de aplicação Compreende o reconhecimento de situações às quais são pertinentes essas atividades simbólicas Visto o papel central dos conceitos na construção do conhecimento humano na visão de alguns autores, conclui-se que conceitos deveriam estar no centro das atividades de ensino aprendizagem “por que sem eles o homem não compreenderia”, “porque sem eles a cognição humana estaria prejudicada”. CAPÍTULO 1 Mapas Conceituais e Aprendizagem significativa Mapas conceituais são diagramas indicando relações entre conceitos ou entre palavras que usamos para representar conceitos. Não podem ser confundidos com organogramas ou diagramas; não se ocupam de hierarquia da mesma forma. Figuras geométricas nada significam, mas as linhas indicam uma relação entre esses conceitos e, quem os faz, deve saber explicar essa relação. Deve ficar claro no mapa quais os conceitos contextualmente mais importantes - conceitos mais inclusivos no topo, mas não é preciso seguir modelos. ( exemplos p. 13 e 14 ) O uso de palavras-chave sobre as linhas conectando conceitos é importante e deve ser incentivado na confecção dos mapas. Linhas indicam relações entre conceitos Mapas conceituais devem ser explicados por quem os faz, pois assim o autor externaliza significados – esse é o maior valor do mapa conceitual. O importante é que o mapa seja um instrumento capaz de evidenciar significados atribuídos a conceitos e, relações entre conceitos no contexto de um corpo de conhecimentos, de uma disciplina, de uma matéria de ensino. Como podem ser usados: o mapeamento é uma técnica muito flexível, podendo ser usada em diversas situações e finalidades: análise de currículo, técnica didática, recurso de aprendizagem, meio de avaliação. ( Moreira e Bucheweitz, 1993 ) Pode ser usado para uma aula, para uma unidade de estudo, para um curso, um ano ou mesmo programa educacional completo. Mapas conceituais podem ser importantes mecanismos para focalizar a atenção do planejador de currículo na distinção entre o conteúdo curricular e conteúdo instrumental, ou seja, entre o conteúdo que se espera que seja aprendido e aquele que serve de veículo para aprendizagem ( p. 16 ) É preferível usá-los quando os alunos já tem certa familiaridade com o assunto, de modo que sejam potencialmente significativos e permitam a integração, reconciliação e diferenciação de significados. Na medida em que os alunos utilizarem mapas conceituais para integrar, reconciliar e diferenciar conceitos, usarem essa técnica para analisar artigos, textos, experimentos e outros materiais educativos eles estarão usando o mapeamento conceitual como um recurso de aprendizagem. Como instrumento de avaliação trata-se de uma técnica não tradicional que busca informações sobre significados e relações significativas entre conceitos-chave da matéria de ensino, segundo o ponto de vista do aluno. Mapas conceituais e Aprendizagem significativa A análise do currículo e o ensino sob uma abordagem ausubeliana, em termos de significados, implicam: 1) Identificar a estrutura de significados aceita no contexto da matéria de ensino; 2) Identificar os subsunçores necessários para a aprendizagem significativa da matéria de ensino; Na aprendizagem significativa a retenção do conhecimento é maior e a reaprendizagem é possível e relativamente fácil; Na aprendizagem mecânica há pouca retenção do conhecimento e o esquecimento é total. 3) Identificar os significados preexistentes na estrutura cognitiva do aprendiz; 4) Organizar sequencialmente o conteúdo e selecionar materiais curriculares, usando as ideias de diferenciação progressiva e reconciliação integrativa como princípios programáticos; Diferenciação progressiva - apresentar primeiro ideias inclusivas, depois detalhes e especificidades Reconciliação integrativa - delinear similaridades e diferenças entre ideias relacionadas 5)Ensinar usando organizadores prévios, para fazer pontes entre os significados que o aluno já tem e os que ele precisaria ter para aprender significativamente a matéria de ensino, bem como para o estabelecimento de relações explícitas entre o novo conhecimento e aquele já existente e adequado para dar significados aos novos materiais de aprendizagem. Por que aprendizagem significativa? Porque é a aprendizagem com significado, compreensão, retenção, capacidade de transferência. Na prática predomina a aprendizagem mecânica: Novos conhecimentos são armazenados de maneira literal, sem interação; Os professores expõem a matéria; Os alunos memorizam, decoram; Gera uma aversão a certas matérias de ensino. Na idéia humanista de Novak (1981): Quando a aprendizagem é significativa, existe uma integração que é positiva e leva ao engrandecimento humano. O ser humano pensa atua, sente de maneira integrada. Aprendizagem significativa implica atribuição de significados idiossincráticos ( próprios ); Não existe mapa conceitual correto. Um professor nunca deve apresentar aos alunos o mapa conceitual de um certo conteúdo e sim um mapa conceitual para esse conteúdo, segundo os significados que ele atribui aos conceitos e às relações significativas entre eles. O mapa como avaliação do aluno deve apresentar evidências de que o aluno está aprendendo significativamente. p. 24 Mapas traçados hoje, serão diferentes amanhã; O professor que apresenta um mapa conceitual como o certo, usa o mapa para aprendizagem mecânica, não muda o processo. Desconsidera a formação de conceitos do aluno. Do mesmo modo, se quiser que o aluno chegue ao seu modelo de mapa conceitual. Não é isso que é importante. Mapas conceituais podem levar a modificações na maneira de ensinar, de avaliar e de aprender. Promovem a aprendizagem significativa e entram em choque com a aprendizagem mecânica. É preciso usá-los sob a perspectiva construtivista-interacionista. p 26 O importante no processo é fazer o mapa conceitual, pois nesse momento se reflete sobre os processos cognitivos. Ao explicar o mapa o aluno explicita os significados que captou. exemplos de mapas - p. 27 a 30 CAPÍTULO 2 Exemplos de mapas conceituais e sua utilização em sala de aula O capítulo traz exemplos de mapas conceituais em várias áreas de conhecimento e diferentes séries; também traz mapas de alunos de diferentes idades ( p. 34 a 53 ) Podem ser usados para destacar conceitos e suas inter-relações, como instrumento para análise do conteúdo curricular ou como recurso de avaliação, especialmente formativa. Os mapas devem ser explicados pelo autor que ao fazê-lo explicita seu entendimento sobre o assunto. Os mapas favorecem a aprendizagem de conceitos. ( ver p. 56 ) O mapa conceitual deve ser apresentado como algo em construção. Os mapas enquadram-se em uma perspectiva construtivista-interacionista social. É preciso que os alunos entendam o significado de mapa conceitual, para depois o professor fazer junto com eles, ou fazer em pequenos grupos, sempre com a intervenção do professor. ( p. 54 e 55 ) Postura construtivista e mediadora do professor na apresentação do aluno ou grupo de alunos. Não existe certo ou errado, a postura é complementação, questionamento de significados. Revisando Mapas conceituais são instrumentos de aprendizagem de conceitos. O importante é o processo de construção. Ao utilizar em aula o professor deve prever tempo para os alunos ( formulação, apresentação, discussão ), mas para isso antes, o aluno precisa saber o que é um Mapa Conceitual e aprendizagem significativa Não é uma estratégia para todas as aulas. Para avaliação é preciso estabelecer critérios claros. O mapa dá ao professor informações sobre como se está desenvolvendo a aprendizagem do aluno do ponto de vista conceitual. Mais importante do que nota e dar-lhe realimentação que o leve a refazer o seu mapa conceitual. Todo mapa conceitual é diagrama de conceitos, apresentando alguma forma de hierarquia, buscando mostrar, através de linhas e setas, as relações entre eles e, por meio de palavraschave, dar uma ideia de como são essas relações. CAPÍTULO 3 Mapas conceituais e outros tipos de diagramas conceituais Exemplo de Mapas conceituais tipo mapas de conceitos: Exemplos de diagramas conceituais que costumam ser confundidos com mapas conceituais: Quadros sinóticos Diagramas de chaves Diagrama de Árvore Organogramas Fluxogramas Redes semânticas Mapas mentais CAPÍTULO 4 Por que conceitos, Por que aprendizagem significativa e por que mapas conceituais? Por que mapas conceituais? Porque são facilitadores da aprendizagem significativa e da conceitualização. Pressupõe: Que sejam construídos colaborativamente pelos alunos; Que discutam quais os conceitos que serão incluídos no mapa e como devem ser posicionados; Que consigam “negociar” quais palavras de enlace serão escritas sobre as linhas para conectar os conceitos; Que haja interação pessoal, e principalmente, que o professor seja o mediador dessa interação. Como construir um mapa conceitual ₁ 1 – Identifique os conceitos-chave do conteúdo que vai mapear e ponha-os em uma lista. Limite entre 6 e 10 o número de conceitos. 2 - Ordene os conceitos, colocando o ( s ) mais geral , mais inclusivo, no topo do mapa e, gradualmente, vá agregando os demais até completar o diagrama de acordo com o princípio da diferenciação progressiva. Algumas vezes é difícil identificar os conceitos mais gerais, mais inclusivos; nesse caso é útil analisar o contexto no qual os conceitos estão sendo considera ou ter uma ideia da situação em que tais conceitos devem ser ordenados. 3 - Se o mapa se refere, por exemplo, a um parágrafo de um texto, o número de conceitos fica limitado pelo próprio parágrafo. Se o mapa incorpora também o seu conhecimento sobre o assunto, além do contido no texto, conceitos mais específicos podem ser incluídos no mapa. 4- Conecte os conceitos com linhas e rotule essas linhas com uma ou mais palavras-chave que explicitem a relação entre os conceitos. Os conceitos e as palavras-chave devem sugerir uma proposição que expresse o significado da relação. 5- Setas podem ser usadas quando se quer dar um sentido a uma relação. No entanto, o uso de muitas setas acaba por transformar o mapa conceitual em um diagrama de fluxo. 6 – Evite palavras que apenas indiquem relações triviais entre os conceitos. Busque relações horizontais cruzadas. 7- Exemplos podem ser agregados ao mapa, embaixo dos conceitos correspondentes. Em geral, os exemplos ficam na parte inferior do mapa. 8- Geralmente, o primeiro intento de mapa tem simetria pobre e alguns conceitos ou grupos de conceitos acabam mal situados em relação a outros que estão mais relacionados. Nesse caso, é útil reconstruir o mapa. 9- Talvez nesse ponto você já comece a imaginar outras maneiras de fazer o mapa, outros modos de hierarquizar os conceitos. Lembre-se que não há um único modo de traçar um mapa conceitual. À medida que muda sua compreensão sobre as relações entre os conceitos, ou à medida que você aprende, seu mapa também muda. Um mapa conceitual é um instrumento dinâmico, refletindo a compreensão de quem o faz no momento em que o faz. 10- Compartilhe seu mapa com colegas e examine os mapas deles. Pergunte o que significam as relações, questione a localização de certos conceitos, a inclusão de alguns que não lhe parecem importantes, a omissão de outros que você julga fundamentais. O mapa conceitual é um bom instrumento para partilhar, trocar e “negociar” significados. ₁ Há vários aplicativos para a construção de mapas conceituais. O mais potente deles é o Cmap ( http://cmap.ihmc.us ). No entanto, é possível construí-los usando apenas papel e lápis e para isso o presente roteiro pode ser útil. O QUE É CMAP TOOLS ? Software Recurso da Tecnologia da Informação. Permite que novas dimensões sejam incluídas ( imagem, som e vídeo ) Para concluir: É claro que a aprendizagem significativa de conceitos não depende só de mapas conceituais. A questão é que a aprendizagem de conceitos é fundamental para o desenvolvimento cognitivo do aprendiz e que os mapas conceituais podem ajudar muito nesse processo. Paz e Bem! Slides construídos por Adriana Berwanger Makosky e Claudia Tecckio Pimentel