um problema de decisão multicritério
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um problema de decisão multicritério
FITTIPALDI, E. H. D.; SAMPAIO, L. M. B.; ALMEIDA, A. T. Comercialização de energia elétrica em um mercado competitivo: um problema de decisão multicritério. In: SEMINÁRIO de Planejamento Econômico-Financeiro do Setor Elétrico, 8., 2000, Brasília. Anais... Brasília: CHESF, 2000. v. 1, p. 1-8. COMERCIALIZAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA EM UM MERCADO COMPETITIVO: UM PROBLEMA DE DECISÃO MULTICRITÉRIO Eduardo Henrique Diniz Fittipaldi, Luciano Menezes Bezerra Sampaio, Adiel Teixeira de Almeida Companhia Hidro Elétrica do São Francisco – CHESF Universidade Federal de Pernambuco - UFPE Resumo Ao longo dos últimos anos, o setor elétrico brasileiro vem passando por grandes mudanças e transformações. A fim de adquirir novos investimentos, o governo federal passou a desverticalizar as grandes empresas atuantes até então dividindo-as nas atividades de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. Além disso, com a intenção de introduzir a competitividade no setor, surgiu a atividade de comercialização de energia e a criação do mercado atacadista de energia onde as diversas empresas atuantes na área poderiam comercializar livremente suas energias com a determinação de preços, condições de pagamento e, com grandes probabilidades, a própria qualidade da energia a ser adquirida. Observa-se, portanto, que o problema de comercialização de energia no novo setor elétrico brasileiro deve envolver mais de um critério ou atributo na escolha ou determinação do fornecedor de energia elétrica pelas empresas compradoras. Este artigo tem a finalidade de descrever um problema de decisão que envolve múltiplos critérios ou atributos (problema de decisão multicritério) e os métodos, metodologias e técnicas desenvolvidos para a solução do mesmo. Além disso, serão apresentados também resultados de outros artigos publicados sobre o assunto com a aplicação de diversas das técnicas apresentadas na solução de problemas passíveis de virem a ocorrer no cenário competitivo do novo setor elétrico brasileiro. Palavras Chave: Comercialização de Energia, Apoio Multicritério à Decisão (MCDA), Teoria da Utilidade Multiatributo (MAUT), Métodos de Sobreclassificação, Métodos Interativos 1. INTRODUÇÃO O setor de Energia Elétrica no Brasil tem sido, durante muitos anos, a mola mestra que impulsiona as indústrias e demais segmentos da economia nacional rumo ao desenvolvimento. Ao longo dos anos, passando por processos de privatizações e estatizações, o setor de energia elétrica no Brasil cresceu de forma a comportar o crescimento verificado no seu parque industrial e nas zonas urbanas. Inúmeras usinas hidrelétricas e termelétricas foram construídas e montadas além de um aumento substancial nas suas redes de transmissão e de distribuição. O crescimento econômico do Brasil era acompanhado de perto pela oferta de energia disponibilizada por seus sistemas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. Em todo esse período, uma estrutura fortemente monopolista foi instaurada no setor com grandes empresas gerando e transmitindo energia elétrica e várias empresas distribuindo essa energia. Quando não era o agente controlador dessas empresas, o governo atuava como agente regulador do sistema, determinando preços (tarifas) e requisitos técnicos e de qualidade da energia comercializada. No entanto, a partir da década de 90, com a necessidade crescente de pesados investimentos no setor para que o processo de crescimento da indústria nacional não sofresse descontinuidade, o Governo Federal chegou à conclusão que não teria recursos para suprir os montantes necessários para a expansão do sistema. Vislumbraram-se fatores que poderiam concorrer para o estabelecimento de uma crise no setor elétrico brasileiro: insuficiência de investimentos efetuados em décadas anteriores, esgotamento da capacidade de geração de energia nas usinas hidrelétricas existentes, crescimento da economia do país, etc. Com isso, seria fundamental a busca de novas alternativas que viabilizassem uma reforma e uma expansão do setor com a inclusão de capitais privados e novos agentes participantes no mesmo. Assim, o governo passa a assumir o papel de agente orientador e fiscalizador dos serviços de energia elétrica a serem prestados à população. Surgiu então a idéia de segregação das grandes empresas verticalizadas (em geração, transmissão e distribuição de energia elétrica) partindo-se para a privatização das áreas de geração e de comercialização de energia, em um primeiro momento, para que fosse instituído um modelo competitivo e de livre concorrência longe do mercado eminentemente monopolista até então existente. Assim, as atividades de geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica deveriam ser desempenhadas de forma autônoma e independente. Esta tendência, que está sendo implantada no modelo nacional, tem sido verificada a nível mundial onde todos os interessados em participar deste mercado têm livre acesso aos sistemas de transmissão e de distribuição que, sendo monopólios naturais, ainda permaneceriam sob a regulação do Governo Federal. O projeto de privatização do setor elétrico brasileiro apresentou como meta fundamental do governo, atual detentor da maior parte das empresas de geração, transmissão e distribuição do país, introduzir a competição, com a inclusão de diversas empresas no mercado, onde fosse possível e regular, através de um órgão governamental, onde fosse necessário. Dessa forma, o governo brasileiro adotou como política básica do processo a desverticalização das grandes empresas estatais atuantes na área, dividindo-as em empresas de geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica. Os setores de geração e de comercialização com possibilidades de vir a comportar diversas empresas distintas, mostrava-se eminentemente competitivo e passível de ser privatizado. Já os setores de transmissão e de distribuição de energia, com características claras de não concorrência (pois não é viável a implementação de várias linhas de transmissão atendendo a mesma região e pertencentes a empresas diferentes) deveriam permanecer, em um primeiro momento, sob o controle do governo. Através de um órgão governamental forte e independente, o governo federal continuaria regulando todo o setor bem como as relações entre todas as empresas envolvidas no processo. A partir desse quadro de privatizações e do aparecimento de um mercado de energia elétrica, surgiram no setor as figuras dos agentes de operação, planejamento e regulação, fundamentais no processo de reestruturação global como um todo: • ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica que assumiu o papel de agente regulador e disciplinador do setor elétrico, definindo normas e procedimentos sobre o funcionamento do setor elétrico brasileiro de um modo geral bem como as diretrizes básicas de relacionamento entre os agentes participantes • ONS - Operador Nacional do Sistema Elétrico que é uma entidade privada cuja responsabilidade principal é realizar a coordenação e o controle da operação das instalações de geração e transmissão de energia elétrica nos sistemas interligados brasileiros visando sempre a otimização da operação técnica com a minimização nos custos de produção e transmissão envolvidos • CCPE - Comitê Coordenador do Planejamento da Expansão dos Sistemas Energéticos que tem com finalidade básica estudar e analisar a expansão do parque de geração e da rede de transmissão de uma maneira global e de forma indiscriminatória visando sempre a qualidade no serviço e minimização nos custos de produção • ASMAE – Administradora de Serviços do Mercado Atacadista de Energia Elétrica que tem como atividades principais a operação e administração do Mercado Atacadista de Energia Elétrica – MAE determinando a contabilização das energias contratadas e efetivamente consumidas e promovendo a liquidação financeira desses valores 2. DETERMINAÇÃO DO PROBLEMA No cenário competitivo do novo setor elétrico brasileiro, as empresas distribuidoras e os grandes consumidores de energia elétrica vão poder escolher o seu fornecedor de energia (empresas de geração ou de comercialização) com o qual essas empresas vão poder contratar a energia a ser consumida em períodos futuros. Para que os gestores ou decisores dessas empresas possam fazer a sua escolha, devem ser analisadas as diversas alternativas possíveis dentro de determinados critérios ou atributos estabelecidos. Dentre os critérios que poderiam vir a ser adotados na escolha por parte desses gestores, poder-se-ia considerar o preço da energia a ser adquirida, prazos e condições de pagamento bem como a qualidade da energia ofertada, entre outros. Este artigo visa analisar as metodologias utilizadas na solução de problemas desse tipo: uma decisão deve ser tomada dentre várias alternativas de solução baseando-se em determinados critérios ou atributos estabelecidos. Essa técnicas são conhecidas como metodologias do Apoio Multicritério à Decisão (Multiple Criteria Decison Aid - MCDA). Este artigo pretende descrevê-las, bem como suas aplicações e tendências de utilização em alguns problemas que poderão vir a ocorrer após a reformulação do setor elétrico brasileiro. O MCDA tem como objetivo fornecer ao decisor da empresa, um ferramental para habilitá-lo a solucionar um problema de decisão onde vários pontos de vista, freqüentemente contraditórios, devem ser considerados (Vincke, P.; 1992). Um método que se proponha a apoiar uma decisão multicritério deve procurar resolver um dos seguintes problemas (ou todos eles): seleção da(s) melhor(es) alternativa(s) a ser(em) escolhida(s), classificação das alternativas disponíveis e ordenação dessas alternativas. Enfatiza-se que, com a metodologia MCDA, não se procura como solução para o problema uma “verdade escondida”, ou seja, não se busca uma solução ótima para a questão uma vez que não se tem um problema de otimização (Vincke, P.; 1992). O que se está procurando é oferecer ao decisor todas as informações e dados necessários para que ele possa, dentro das suas características, tomar a melhor decisão, a partir do seu ponto de vista, para o problema que se apresenta. O Apoio Multicritério à Decisão leva em consideração as características de cada decisor o que pode levar a soluções diferentes para o mesmo problema no caso de decisores distintos. Essas características referidas representam a subjetividade do decisor e as suas preferências em relação as possíveis ações de acordo com os critérios a serem considerados. O grau de aversão ao risco do mesmo, averso ou propenso ao risco, também é levado em conta quando se estabelece as preferências e qualidades de cada decisor. Desta forma, o MCDA atua no sentido de apoiar o decisor para que ele, de acordo com as suas preferências, encontre a melhor ação a ser tomada. A metodologia MCDA tem sido dividida por especialistas em três grupos, sem no entanto estabelecer fronteiras rígidas entre eles: (1) Teoria da Utilidade Multiatributo (2) Métodos de Sobreclassificação (3) Métodos Interativos O primeiro grupo, baseado em pesquisas da escola americana, consiste na agregação de diferentes pontos de vista em uma única função que deve, consequentemente, ser otimizada. O levantamento dessa função baseia-se em teoremas e axiomas matemáticos e será descrito mais adiante nesse artigo. Os métodos do segundo grupo, de inspiração francesa, procuram construir uma relação, chamada de Relação de Sobreclassificação, que representa uma espécie de ordenação entre as alternativas baseada nas preferências do decisor estabelecidas no problema. O terceiro e mais recente grupo propõe métodos que alternam características da escola americana, através de etapas de cálculos matemáticos, e da escola francesa, através de diálogos e perguntas ao decisor para estabelecer suas preferências. Muito embora esses métodos tenham sido desenvolvidos para problemas de programação matemática de objetivos múltiplos, alguns deles podem ser aplicados na maioria dos casos gerais. 3. METODOLOGIAS DO APOIO MULTICRITÉRIO À DECISÃO Procura-se descrever a seguir os principais métodos utilizados nos dois primeiros grupos, que constituem, sem sombra de dúvida, as técnicas mais recentemente utilizadas na análise e solução de um problema de decisão multicritério. Serão mostradas de um modo bem geral e sucinto as características de cada um desses métodos mais usados. 3.1 TEORIA DA UTILIDADE MULTIATRIBUTO A Teoria da Utilidade Multiatibuto (Multiple Attribute Utility Theory - MAUT) é bastante utilizada como ferramenta de Apoio Multicitério à Decisão (Keeney; Haiffa, 1976). Esta teoria, muito mais que um método, corresponde a uma metodologia matemática embasada em axiomas e teoremas que consiste em determinar uma Função de Utilidade que leve em consideração todos os critérios relacionados. A partir dessa função procura-se maximizar o seu valor como a melhor solução a ser adotada para o problema em questão. A partir dos axiomas matemáticos da completeza, reflexividade, transitividade e continuidade estabelece-se uma base sólida para o desenvolvimento da Teoria da Utilidade Multiatributo (MAUT) que visa determinar uma função matemática chamada Função de Utilidade que sirva de modelo para transformar as preferências do decisor em valores numéricos (Varian, 1992 e Keeney; Raiffa, 1976). A partir da comparação desses valores numéricos, parte-se para a escolha da melhor solução apresentada. As preferências do decisor, mencionadas anteriormente, baseadas no seu grau de aversão ao risco, representam a subjetividade do processo. A MAUT busca encontrar uma função de utilidade que englobe todos esses elementos e possa apontar a melhor alternativa para o problema. Assim, a partir da determinação dessa função, o problema consiste em se buscar uma solução que maximize o valor da mesma (Problema de Maximização). Esta Função de Utilidade estará representando, por conseguinte, o grau de aversão ao risco do decisor, se suas preferências são monotônicas (crescente ou decrescente) ou não, entre outras características apresentadas a seguir. Esta teoria procura, então, identificar uma função de utilidade com os atributos (ou critérios) empregados na análise a partir da visão das preferências do decisor quanto às conseqüências possíveis do problema. Esta função de utilidade dependerá dos atributos ou critérios utilizados e sua forma e composição dependerá de como o decisor estabelece suas preferências sobre as ações ou opções disponíveis sob o ponto de vista dos critérios considerados no problema bem como das condições de independência ou não das avaliações das ações nestes critérios. Será determinada uma função de utilidade a partir dos atributos estabelecidos (u(y,z), para dois atributos, por exemplo) que reflita, da melhor forma possível, as preferências do decisor. Admite-se racionalidade do mesmo, considerando-se, por exemplo, que ele preferirá um preço mais baixo a um preço mais alto e uma maior disponibilidade no fornecimento de energia a uma disponibilidade mais baixa. Neste caso, a função de utilidade que representa o critério preço apresentará uma maior utilidade para o menor preço e a função do critério disponibilidade apresentará uma maior utilidade para uma maior disponibilidade. Segundo Keeney e Raiffa, os passos para a determinação dessa Função de Utilidade Multiatributo, chamados de Elicitação da Função de Utilidade, são os seguintes: a. Apresentação da Terminologia e Idéias: Inicialmente, é necessário passar ao decisor a concepção de análise de decisão e conjuntamente com ele, estruturar o problema. Deve-se mostrar ao decisor a visão de que ele deverá tomar uma decisão (seleção, escolha, ordenação ou classificação) a partir de várias alternativas de ação que têm conseqüências ou avaliações diferentes sob o ponto de vista de diversos critérios ou atributos. No processo de apoio à tomada de decisão, deverá ser utilizada na metodologia empregada na mesma, a consideração da estrutura de preferências do decisor que é de suma importância no processo como um todo. b. Identificação das Suposições de Independência: Para avaliar-se o tipo e a forma da função de utilidade multiatributo a ser considerada e que representa as preferências do decisor no problema em questão, deve-se observar e analisar as suposições de independência entre os critérios avaliados. Pretende-se analisar se os critérios considerados apresentam independência aditiva, se eles são mutuamente independentes de utilidade ou se não há independência entre eles. Dependendo da relação entre os critérios analisados, pode-se representar a função de utilidade na sua forma aditiva, multilinear ou nenhuma das duas. Uma das formas mais utilizadas para representação dessas funções é a forma aditiva que será adotada desde que os critérios ou atributos a serem utilizados no problema apresentem independência aditiva, isto é, se um critério possa, sozinho, ser analisado, sem influenciar o(s) outro(s) critério(s). c. Avaliação das Funções de Utilidade Condicionais: A função de utilidade assim desenvolvida é formada por funções que dependem de apenas um atributo considerado. Estas funções mais simplificadas que constituem a função de utilidade multiatributo são chamadas de Funções de Utilidade Condicionais e devem ser avaliadas para verificação da consistência das mesmas. Elas são chamadas de condicionais porque são funções de um só atributo condicionadas a valores específicos dos outros atributos. d. Avaliação das Constantes de Escala: As constantes de escala são constantes numéricas utilizadas para poder adicionar atributos de grandezas e unidades diferentes em uma mesma função de utilidade. Estas constantes serviriam para colocar todos os atributos em uma mesma “base”. Tomandose como exemplo a forma aditiva da Função de Utilidade (considerando que suposições de independência possam ser efetuadas), para uma Função de Utilidade Biatributo esta forma seria: u(y,z) = KY.uY(y) + KZ.uZ(z) onde uY(y) e.uZ(z) seriam as funções de utilidade condicionais dos atributos Y e Z A partir das preferências do decisor, determina-se os valores dessas constantes de escala (KY e KZ no exemplo acima). e. Verificação da Consistência da Função: Verifica-se a consistência da função encontrada a partir das preferências do decisor, para conferir se a mesma está representando bem suas características. A função encontrada deve apresentar uma maior utilidade para os melhores valores dos critérios considerados pelo decisor. A partir da função de utilidade encontrada, determina-se a melhor alternativa disponível e que poderá vir a ser utilizada, a partir do maior valor obtido para a referida função. Salienta-se, entretanto, que este resultado encontrado representa um mero indicativo para o decisor e não determina, de forma alguma, que aquela alternativa deverá ser empregada como decisão do problema. Os diversos métodos que empregam esta metodologia na sua concepção diferem na forma de determinar a função de utilidade mas, em essência, a estrutura dos mesmos é a que foi apresentada aqui de forma sucinta. 3.2 MÉTODOS DE SOBRECLASSIFICAÇÃO Como foi mostrado anteriormente, os métodos baseados na Teoria da Utilidade Multiatributo determinam o levantamento de uma função de utilidade que permite a ordenação de todas as alternativas disponíveis da melhor para a pior, com base nos valores de cada opção na função encontrada. O resultado obtido permite estabelecer uma relação de dominância entre as alternativas que seria o objetivo principal da solução de um problema de decisão multicritério. Os métodos de sobreclassificação, por sua vez, visam determinar relações entre as diversas alternativas de acordo com as preferências e características do decisor. Em um problema de escolha, por exemplo, se uma determinada ação a é melhor do que outras duas ações b e c, é irrelevante se analisar a relação que existe entre as alternativas b e c. Aquelas ações poderiam permanecer sem comparação sem por em risco o procedimento de apoio à decisão. É fundamental que as variáveis que realmente influenciam o problema possam vir a serem analisadas a luz das preferências do decisor. Pode ser que, inclusive, uma variável que não tenha influência num determinado momento, possa vir a ter em um outro período. Isso poderia ocasionar ordenações incorretas que os dados disponíveis não justificariam. Os métodos de sobreclassificação surgiram então como uma tentativa de solucionar questões desse tipo. A idéia central é que, para o decisor, é melhor aceitar um resultado mais simples do que um resultado produzido pela teoria da utilidade multiatributo com hipóteses matemáticas muito fortes e questionamentos demasiadamente complexos efetuados a esse decisor. O resultado encontrado está, em geral, entre uma simples relação de dominância e a função de utilidade multiatributo, que, com sua base matemática muito forte, seria uma referência para o estabelecimento de um resultado confiável. O que os Métodos de Sobreclassificação pretendem fazer é fortalecer as relações de dominância entre as alternativas com o estabelecimento de relações de preferência e dominância mais fortes e que contemplem perfeitamente todas as características do decisor. O conceito de sobreclassificação é devido a B. Roy que, considerado o fundador desses métodos, definiu em 1974 que uma relação de sobreclassificação é uma relação binária S definida em um conjunto A tal que, uma ação a é preferível a uma ação b (aSb) se, a partir das preferências do decisor estabelecidas, das valorações das ações e da natureza do problema, a é ao menos tão boa quanto b. Obviamente isso não é uma definição matemática precisa mas seria uma idéia geral dos métodos. Os métodos de sobreclassificação propostos diferem, entre outros aspectos, pela maneira como adotam a definição anterior. A estruturação desses métodos pode ser estabelecida em dois passos: construção da relação de sobreclassificação e análise dessa ordenação a luz das variáveis e condições envolvidas no problema. Vale salientar que para a utilização desses métodos, devem ser estabelecidos pesos para os diversos critérios considerados para a representação da sua importância relativa perante os demais. Esses pesos devem ser definidos em conjunto ou pelo próprio decisor da empresa. A fim de apresentar brevemente como funcionam esses métodos, sua filosofia e operacionalidade, serão analisados dois métodos bastante utilizados na solução de diversos tipos de problemas de decisão multicritério: Métodos ELECTRE e PROMETHEE. Métodos ELECTRE Os métodos da família ELECTRE (ELECTRE I, II, III e IV) foram desenvolvidos na França por B. Roy. A partir de um conjunto de alternativas e de um determinado número de critérios ou atributos, esse algoritmo procura reduzir o tamanho do conjunto de alternativas não dominadas pelas outras. Assume-se que o decisor já definiu, previamente, os pesos dos diversos critérios considerados refletindo a importância relativa dos mesmos. A idéia fundamental desses métodos é que as alternativas podem ser eliminadas quando são dominadas por outras alternativas dentro de um certo grau especificado. Os métodos usam um índice de concordância para medir a vantagem relativa de cada alternativa em relação a todas as outras e um índice de discordância para medir as desvantagens relativas. Estes índices são usados na determinação de um conjunto de dominâncias (Set Kernel). Este conjunto, mais simplificado que o conjunto original é apresentado ao decisor para que ele identifique a melhor alternativa. As quatro versões do ELECTRE diferenciam-se nesse aspecto. O ELECTRE I procura simplesmente reduzir o número de alternativas apresentadas ao decisor. O ELECTRE II por sua vez ordena as alternativas que não foram dominadas pelas demais. Já o método ELECTRE III aplica-se aos casos onde uma família de pseudo-critérios são agregados. Por pseudo-critérios entende-se aqueles que necessitam de dois limiares, um de indiferença e o outro de preferência, para que a escolha do decisor possa ser efetivada. Finalmente o ELECTRE IV também se baseia na consideração de uma família de pseudo-critérios e ordena as ações sem introduzir nenhum peso para os critérios (Olson; 1996). Índices de Concordância: Um índice de concordância para uma determinada alternativa A relativo a uma outra alternativa B é definido como uma proporção dos pesos para os quais A é preferível a B. Seja W+ ser a soma dos pesos dos critérios onde A é preferível a B, W= ser a soma dos pesos dos critérios onde as alternativas A e B são indiferentes (iguais) e W- ser a soma dos pesos em que a alternativa B é preferível a alternativa A. Cada versão dos métodos ELECTRE determina uma fórmula específica para o índice de concordância. Por exemplo, para o ELECTRE I temos que o índice de concordância entre as alternativas A e B será c(A,B)=∑(W++0.5W=)/∑(W++W=+W-) e para o ELECTRE II este mesmo índice será c(A,B)=∑(W++W=)/∑(W++W=+W-) (Olson;1996). Índices de Discordância: Um índice de discordância determina uma medição da desvantagem relativa de uma alternativa A em relação a uma alternativa B. Este índice é definido como a razão máxima para cada critério: (diferença nos valores dos critérios onde B é preferível a A) / (máxima diferença entre os valores dos critérios). Assim tem-se que: d(A,B)=max[(ZBK-ZAK)/Z*K-Z-K)] para todo critério K onde B>A onde: Z*K é a melhor avaliação para o critério K Z-K é a pior avaliação para o critério K Deve ser observado que são utilizados valores numéricos para os critérios qualitativos e para facilitar a análise, procura-se normalizar os valores para que os denominadores desses índices sejam sempre iguais a unidade (Olson; 1996). O próximo passo para a utilização desses métodos seria a determinação dos limites requeridos para a definição das dominâncias de concordância e de discordância. O decisor deve definir os parâmetros p e q que serão utilizados na identificação das relações de dominância. Os métodos diferenciam-se também pela determinação dessas relações. Por exemplo para o ELECTRE I tem-se que uma alternativa A domina uma alternativa B se e somente se c(A,B)≥p e d(A,B)≤q. A partir da definição dessas relações de dominância, o próximo passo é a determinação do conjunto de dominância ou set kernel. Este conjunto consiste nas alternativas que não são dominadas por nenhuma outra alternativa dentre os critérios analisados. Assim, os elementos presentes neste conjunto não são dominados por nenhum outro elemento presente no mesmo e os elementos que não estão neste conjunto são dominados por pelo menos um elemento presente no kernel. Observa-se que a definição dos pesos dos critérios e dos parâmetros p e q, que são fundamentais para a determinação dos índices de concordância e discordância e das relações de dominância respectivamente, constitui uma etapa fundamental para a utilização desses métodos. Apenas a título ilustrativo, será mostrado agora a montagem e utilização de dois exemplos dos métodos dessa família para que se verifique a viabilidade e facilidade no uso dos mesmos na solução de um problema de decisão multicritério. ELECTRE I: Como foi mencionado anteriormente, o método ELECTRE I consiste em reduzir o conjunto de alternativas disponíveis (obtendo-se o set kernel) através da exclusão daquelas que são dominadas por pelo menos uma outra alternativa dentre as escolhidas. Uma alternativa (A) domina outra (B) se: c(A,B)>=p e d(A,B)<=q onde c(A,B) e d(A,B) são respectivamente os índices de concordância e discordância. Estes índices representam o quanto é favorável a concordância (e discordância) de que A supera B. A determinação do set kernel é feita de modo iterativo. A primeira etapa é selecionar as alternativas que não são dominadas por nenhuma outra relacionando-as num set kernel inicial. Em seguida é determinado o set not kernel, associando à este conjunto as alternativas que são dominadas por pelo menos um dos elementos do Kernel inicial. As alternativas que não pertencerem ao set not kernel irão compor, finalmente, o set kernel. ELECTRE II: Já o método ELECTRE II possibilita a definição de uma ordenação ou ranking das alternativas não dominadas. São feitas duas ordenações, uma fraca e uma forte. A diferença entre estas ordenações são seus limiares de concordância. A ordenação forte tem limiar de concordância maior. As ordenações acima são feitas da seguinte forma: ORDENAÇÃO FORTE: índice de concordância>=p* Índice de discordância<=q* ∑W + ≥ ∑W -, onde ∑W+(∑W- )é a soma dos pesos onde uma alternativa é favorável (desfavorável) à outra. A ordenação fraca é feita de modo semelhante, sendo apenas necessário substituir p* por p- e q* por q- onde p*, q*, p- e q- são os limiares para as relações de dominância definidos pelo decisor. De posse das ordenações mencionadas determinam-se os rankings forte (RANKS) e fraco (RANKW). O RANKS é composto pelas alternativas que não são superadas por outra alternativa pelas ordenações forte e fraca. Para estes membros são atribuídos valor de RANKS = 1. Analisa-se novamente as relações de desclassificação sem estes membros e atribui-se valor de RANKS = 2, e assim sucessivamente até que todas as alternativas estejam ordenadas. O RANKW é obtido invertendo-se as ordenações forte e fraca e procedendo-se da mesma forma que obteve-se o RANKS. Ou seja, RANKW é o conjunto igual a 1+max{valor do ranking fraco}- valor do ranking fraco para a alternativa. Um cuidado a ser tomado é com a ocorrência de ciclos (A>B e B>A). Caso ocorram deve-se obter dois rankings distintos (cada um com uma das alternativas do ciclo) e apresentá-los ao decisor. Métodos PROMETHEE Assim como os métodos da família ELECTRE, os Métodos PROMETHEE (PROMETHEE I e II) consistem em construir uma relação de sobreclassificação, mas tentando envolver conceitos e parâmetros que tenham uma interpretação facilmente entendida pelo decisor. Atribui-se a cada critério um peso (Pj) que é crescente com a importância do critério. Define-se então o grau de sobreclassificação Π (a,b) para cada par de alternativas (a,b) como sendo: Π (a,b) = (1/P) * ∑ Pj * Fj (a,b) onde: P = ∑ Pj (normalmente consideram-se estes pesos normalizados, ou seja, P=1) e Fj (a,b) é um número entre 0 e1 que cresce se gj (a) - gj (b) está aumentando e é igual a zero se gj (a) [ gj (b). Este Fj(a,b) pode ser interpretado como sendo a intensidade de preferência da alternativa “a” sobre a alternativa “b”. A determinação destas intensidades de preferências podem ser feitas de acordo com o tipo de critério que deseja-se utilizar. Seis tipos de critérios de comparação distintos entre duas alternativas são apresentados por Brans & Vincke(1985). Estes critérios são classificados de acordo com os parâmetros e limiares de preferência e indiferença estabelecidos para as alternativas em análise. Após a definição do grau de sobreclassificação entre as alternativas, é gerada uma matriz para cada atributo que relaciona as intensidades de preferência (a partir dos graus de sobreclassificação) entre as alternativas para este atributo. Estas matrizes serão utilizadas na definição da sobreclassificação final entre as alternativas consideradas no estudo. Para uma alternativa “a”, a intensidade de preferência dessa alternativa em relação a todas as demais é definida como φ+(a) (φ+ (a) = ∑ Π (a,b)). Este parâmetro é definido como Fluxo de Saída. Por outro lado, a intensidade de preferência de todas as outras alternativas em relação à alternativa “a” é chamada de φ-(a) (φ-(a) = ∑ Π (b,a)), referido como Fluxo de Entrada. O Fluxo Líquido φ(a) é definido como φ+(a) - φ-(a). Estes fluxos representam, por sua vez, para cada alternativa “a”, que será utilizado na ordenação das alternativas. Os dois métodos diferem entre si com relação a maneira como utilizam os parâmetros de fluxo para a definição da ordenação entre as alternativas. PROMETHEE I Nesse método, as relações de sobreclassificação são definidas da seguinte forma, para duas alternativas quaisquer “a” e “b”: a P+ b se e somente se φ+(a) > φ+(b) a P- b se e somente se φ-(a) < φ-(b) a I+ b se e somente se φ+(a) = φ+(b) a I- b se e somente se φ-(a) = φ-(b) Onde: P+ corresponde à relação de preferência forte, P- preferência fraca, I+ indiferença forte e I- indiferença fraca. É dito que uma a alternativa “a” sobreclassifica a alternativa “b” se a P+ b e a Pb ou a P+ b e a I- b ou a I+ b e a P- b. A alternativa “a” é indiferente à alternativa “b” se a I+ b e a I- b. As alternativas são incomparáveis em todas as outras condições. PROMETHE II Nesse método as relações de sobreclassificação são as seguintes: A alternativa “a” sobreclassifica a alternativa “b” se e somente se φ(a) > φ(b) A alternativa “a” é indiferente a alternativa “b” se e somente se φ(a) = φ(b) É importante salientar que não admite-se incomparabilidade no PROMETHEE II, o que admissível no PROMETHEE I. 3.3 MÉTODOS INTERATIVOS Os Métodos Interativos constituem um modelo híbrido que englobaria características das duas metodologias apresentadas anteriormente, Teoria da Utilidade Multiatributo e Métodos de Sobreclassificação. Representam um novo enfoque para os métodos de apoio multicritério à decisão e serão descritos aqui alguns aspectos relativos a um método desse grupo, o Método TODIM. Método TODIM O Método de Tomada de Decisão Interativa (TODIM) é também muito utilizado como ferramenta de Apoio Multicitério à Decisão (Gomes & Oliveira, 1993 e Gomes & Lima, 1992). Apresenta características de um modelo híbrido que envolveria aspectos das duas metodologias apresentadas anteriormente. Este método tem a vantagem de tentar modelar os padrões de preferência quando são tomada decisões de risco, lançando mão da Teoria da Prospectiva (Kahneman, D. & Tversky, A., 1979). Será descrita a utilização deste método com o estudo de um caso prático em que um grande consumidor industrial deverá optar dentre quatro empresas de geração disponíveis, àquela que virá a ser o seu fornecedor de energia elétrica nos próximos anos. Foi considerado também na elaboração do artigo, a utilização de um decisor especialista com um bom conhecimento da situação apresentada para dar mais consistência à mesma. O Método de Tomada de Decisão Interativa (TODIM) baseando-se na Teoria da Prospectiva já mencionada anteriormente, procura modelar os padrões de preferência do decisor quando decisões de risco devem ser tomadas. O método permite que se trabalhe com critérios tanto qualitativos quanto quantitativos e possui um grau de inteligibilidade satisfatório comparativamente com outros métodos discretos. O método considera o conjunto das n alternativas a serem ordenadas na presença de m critérios, quantitativos e qualitativos. Enquanto que as valorações das alternativas relativamente aos critérios quantitativos são obtidas através de alguma medida, as valorações das alternativas quantitativas devem ser obtidas por meio de julgamentos de valor lidos em uma escala cardinal ou em uma escala verbal. Estas escalas são empregadas para ordenar alternativas em relação aos critérios e também para ponderação dos critérios. Fazendo uso das escalas verbais, os julgamentos de valor são convertidos em valores numéricos lidos na escala cardinal correspondente. As leituras realizadas nas escalas saõ normalizadas dividindo-se cada valor pelo maior valor ao longo de cada coluna da matriz de alternativas x critérios. Os pesos dos critérios são então normalizados dividindo-se cada peso pelo maior deles. Para cada um dos critérios qualitativos c, um decisor especialista deverá estimar a contribuição de cada alternativa i associado ao critério c. A partir desses valores determinados estabelece-se o peso wic como sendo uma estimativa da contribuição da alternativa i à maximização do critério c. Esta estimativa é expressa através de um peso numa escala cardinal ou por meio de uma leitura na escala verbal correspondente. No contexto multicitério, as perdas e ganhos são definidos como diferenças entre os pesos da alternativas em termos de um critério particular. Cada alternativa será considerada como status quo atual a partir da qual são percebida as perdas e ganhos. Utiliza-se, em seguida, uma função de diferença aditiva para se determinar a dominância de uma alternativa sobre outra. Para o cálculo desta função de diferença aditiva utiliza-se matrizes de dominâncias parciais, θc(i,j), determinadas, por sua vez, da matriz original dos pesos das alternativas segundo os critérios de avaliação. Os valores das matrizes de dominâncias parciais (uma para cada critério) representam a contribuição do critério c na função de diferença aditiva, quando se compara a alternativa i com a alternativa j. Após o cálculo das diversas matrizes de dominâncias parciais, obtém-se a matriz de dominância final, δ(i,j), através da soma dos elementos das diversas matrizes de dominância parcial. Os valores δ(i,j) da matriz de dominância final serão utilizados na determinação do valor total de cada alternativa. Este valor, chamado de ξi, é determinado pela diferença entre o somatório dos valores δ(i,j) daquela alternativa em relação a todas as outras alternativas subtraído do menor valor de δ(i,j) daquela alternativa. Esse valor em seguida deverá ser normalizado dividindo-o pela diferença entre o máximo e o mínimo valores δ(i,j) da alternativa em questão. Os valores ξi, um para cada alternativa é que definirão a ordenação das diversas alternativas em questão. 4. UTILIZAÇÃO DECISÃO DOS MÉTODOS DE APOIO MULTICRITÉRIO À Dentro dessa área, os autores têm publicado em diferentes seminários e congressos alguns artigos sobre a comercialização de energia elétrica em um mercado competitivo utilizando algumas das metodologias apresentadas nesse trabalho. O problema básico considerado nesses artigos era a comercialização de energia por parte de uma distribuidora ou de um grande consumidor industrial que poderia adquirir esse produto de mais de um fornecedor (empresas de geração ou de comercialização). Assim existiam diversas alternativas possíveis para a compra da energia elétrica. Dentre os vários critérios passíveis de serem utilizados na análise em questão optou-se por adotar o preço da energia a ser adquirida e a qualidade verificada pela mesma, medida através de um parâmetro de disponibilidade que leva em consideração a freqüência de falhas e a duração média das mesmas para a empresa fornecedora de energia. O artigo “SELECTION OF ELECTRICAL ENERGY SUPLIER BASED ON MULTIATTRIBUTE UTILITY FUNCTION” abordou a escolha do fornecedor de energia elétrica por uma empresa de distribuição para os critérios definidos anteriormente utilizando a Teoria da Utilidade Multiatributo e a determinação de uma função de utilidade multiatributo e foi publicado nos anais do Encontro do Institute for Operations Research and the Management Sciences e da Korean Operations Research and Management Science Society INFORMS – KORMS Seoul 2000 (Korea) que ocorreu de 18 a 21 de Junho de 2000 em Seoul / Coréia. Foi apresentado e publicado no X CLAIO – Congresso Latino-Iberoamericano de Pesquisa Operacional, ocorrido de 04 a 09 de setembro de 2000 na Cidade do México, o trabalho “COMERCIALIZAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA EM UM MERCADO COMPETITIVO UTILIZANDO O MÉTODO DE TOMADA DE DECISÃO INTERATIVA MULTICRITÉRIO – TODIM” que abordou um problema de comercialização de energia tal qual descrito anteriormente, usando o Método TODIM já descrito neste artigo. No XXXII SBPO - Simpósio Brasileiro de Pesquisa Operacional que ocorreu de 18 a 20 de outubro de 2000 em Viçosa – Minas Gerais, foi apresentado e publicado o artigo “COMERCIALIZAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA EM UM MERCADO COMPETITIVO: UMA APLICAÇÃO DA METODOLOGIA ELECTRE” que mais uma vez abordou a temática da comercialização de energia como apresentada neste item usando, dessa vez, o método de sobreclassificação ELECTRE como ferramenta de apoio à decisão multicritério. Todos esses artigos tiveram a intenção de mostrar que as ferramentas disponíveis para a solução de problemas de decisão multiatributo extremamente versáteis e passíveis de serem utilizados em problemas que poderão surgir na comercialização de energia no novo cenário competitivo do mercado brasileiro. Em todos os trabalhos mostra-se em detalhes a aplicação de cada um dos métodos e os resultados encontrados a partir da análise e informações fornecidas por um decisor utilizado no estudo. 5. CONCLUSÕES A partir das análises desenvolvidas, observa-se que as Metodologias de Apoio Multicritério à Decisão constituem excelentes mecanismos de auxílio aos gestores ou decisores das empresas num processo de tomada de decisão envolvendo a comercialização de energia elétrica no mercado brasileiro. Um cenário de competição onde empresas que venham a oferecer um produto (energia elétrica) com uma boa disponibilidade e a baixos preços, por exemplo, poderão vir a se tornar líderes de mercado. O trabalho procurou mostrar a viabilidade de atuação dessas metodologias na análise de situações que poderão vir a ocorrer no futuro. O apoio multicritério à decisão não apenas abrange uma família de técnicas para a agregação das preferências de um decisor em um determinado conjunto. A modelagem das preferências e a definição do conjunto de decisões são etapas fundamentais e muito delicadas no processo como um todo e têm sido objeto de muitas pesquisas nos mais diversos centros pelo mundo. Não se pode ignorar a forte ligação que existe entre os métodos de apoio multicritério à decisão e outros campos de pesquisa tais como a teoria da escolha social, processo de votação em uma eleição, decisão em um contexto de incerteza, teoria dos conjuntos fuzzy, negociação e sistemas inteligentes. Saliente-se que esses métodos ainda sofrerão importantes desenvolvimentos tanto no lado teórico quanto na lado prático com a implantação e uso de softwares mais amigáveis que permitam uma maior difusão no uso desses métodos. Sugere-se, como trabalhos futuros, incrementar algumas hipóteses na análise como, por exemplo, a definição de novos parâmetros ou atributos com a presença do Mercado Atacadista de Energia (MAE), comercializando energias no curto prazo e com preços que dependem do custo marginal do sistema já que a empresa de distribuição poderia contratar toda a sua energia às empresas de geração ou comprar parte dela neste mercado. Pode-se vir a utilizar também distribuições de probabilidade na definição das avaliações dos diversos critérios analisados. Essas novas considerações introduzindo mais critérios ou atributos no problema. Estas metodologias poderiam vir a serem utilizadas como uma ferramenta muito útil e de grande aplicação para inúmeros problemas verificados na comercialização da energia elétrica no novo cenário competitivo do setor elétrico brasileiro. Além disso, a determinação dos melhores portfolios de aplicações e investimentos no setor e de ativos físicos e financeiros constituem outras áreas de atuação em que os métodos apresentados no artigo também poderiam apresentar um bom resultado no Apoio Multicritério à Decisão. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica. Legislações Site: www.aneel.gov.br [2] ASMAE – Administradora de Serviços do Mercado Atacadista de Energia Site: www.asmae.com.br [3] CHESF – Companhia Hidro Elétrica do São Francisco. Perfil Empresarial Site: www.chesf.gov.br [4] CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Busca de Pesquisas. Site: www.cnpq.br [5] DNAEE. Código de Águas. 2ª Edição. DNAEE: Brasília, 1980. 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