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Cartografia: a arte de fazer mapas 1. Os primeiros mapas A arte ou técnica de fazer mapas é conhecida como cartografia - palavra que vem de carta, sinônimo de mapa. A cartografia é uma técnica muito importante para a geografia, porque o mapa é uma das melhores formas para entender ou estudar uma região. É por isso que todo estudo geográfico em geral é acompanhado de mapas. Quando surgiram os primeiros mapas? Os mapas são basicamente um instrumento de orientação e de localização. Daí sua origem ser muito antiga. Existem mapas que foram elaborados há milhares de anos. Veja um exemplo: Mapa de Ga-Sur, Mesopotâmia. Datado de 2500 a.C. este é o mapa mais antigo que conhecemos. Note que ele não tem título, não tem nomes precisos da área mapeada, nem sequer escala. As palavras foram traduzidas para facilitar a compreensão. A melhor forma de nos orientarmos numa área desconhecida é desenhar o local que queremos explorar. Por exemplo, para explicar um endereço a alguém, muitas vezes fazemos o desenho do local com as ruas, praças ou avenidas próximas. Esses tipos de desenho podem ser considerados esboços de mapas, porque não mostram a área com exatidão e, principalmente, não têm escala. Os mapas primitivos eram mais ou menos assim: esquemas sem escala e sem as convenções cartográficas que usamos hoje. Um mapa do século VII Veja, por exemplo, este mapa feito no século VII por um bispo de Sevilha, cidade da Espanha. Conhecido como mapa T-O, ele já tem mais de 1 200 anos e apresenta inúmeros erros segundo a cartografia moderna. Mapa do século VII, que ficou conhecido como mapa T-O, elaborado pelo bispo Isidoro de Sevilha. Esse mapa procura retratar a superfície terrestre. Mas naquele tempo não havia nenhum povo que conhecesse todo o globo. Nosso continente, a América, ainda era desconhecido dos europeus e aqui viviam centenas ou milhares de povos indígenas. Como o bispo de Sevilha era europeu, ele não incluiu no mapa a América, a Austrália e a Antártida, que na época ainda eram áreas inexploradas pelos europeus. Ele colocou só os continentes que os europeus conheciam: Europa, Ásia e África, que na verdade estão bem próximos um do outro. Ao redor desses três continentes colocou o mar e o oceano, desconhecendo que existem três oceanos principais e inúmeros mares. O formato de cada continente também não está correto. Veja que o mapa não mostra a forma detalhada dos continentes, com suas curvas e reentrâncias. Mas há elementos que foram representados mais ou menos corretamente no mapa. Por exemplo, o mar Mediterrâneo fica de fato entre a Europa e a África; a Europa, por sua vez, fica realmente ao norte da África; e a Ásia fica a leste da Europa. Um mapa coreano Outro mapa-múndi antigo foi elaborado por coreanos no século XVII. Esse mapa contém informações verdadeiras e outras imaginárias, incluindo lendas e fantasias sobre as terras longínquas. Nessa época, os coreanos conheciam apenas sua própria terra e os países vizinhos: China e Japão. Essas áreas, que no esboço explicativo à direita do mapa são indicadas com os números 1, 2 e 5, estão mais ou menos bem situadas. Mas o restante do mundo aparece de forma completamente equivocada: uma faixa de terras ao redor da Ásia, um hipotético "país das mulheres", um "país dos vulcões", um "país de gente sem intestino", e assim por diante. Até o rio Yang-tse-kiang, que fica na China, aparece de forma incorreta, como se fizesse um círculo e desaguasse na sua própria nascente! MAPA COREANO DO SÉCULO XVII A figura à direita é uma interpretação dos espaços representados: (1) China; (2) Coréia; (3) montes Kuenlun; (4) rio Yang-tse-kiang; (5) Japão; (6) pais dos homens peludos; (7) morada dos imortais; (a) país dos selvagens; (9) país dos homens de três cabeças; (10) país dos ciclopes; (11) país dos brancos; (12) país dos homens sem intestino; (13) árvore com 1 000 li* de altura; (14) país das mulheres; (15) país dos vulcões. MAPA-MÚNDI DE 1543 Este mapa-múndi foi elaborado por holandeses para ser utilizado em navegação. Considerando a época em que foi feito (1543), apresenta bastante exatidão quanto ao formato, à localização das terras e dos oceanos. Os mapas mais corretos da superfície terrestre foram elaborados por cartógrafos europeus, a partir do século XVI. Eles foram o resultado das inúmeras viagens de circunavegação que os exploradores europeus fizeram para descobrir novas terras. Nessas viagens descobriram a América e a Austrália. Portanto, eles foram os primeiros a ter uma idéia mais aproximada de como é a superfície terrestre e de como se distribuem as grandes massas continentais e oceânicas em nosso planeta. Por isso, ao elaborar os mapas, colocaram a Europa numa posição privilegiada. E por isso também que a maioria dos mapas-múndi colocam a Europa no centro, acima da África. 2. Os mapas atuais A maioria dos mapas elaborados hoje apresentam muita exatidão e muito rigor em relação a áreas, limites, distâncias, etc. Mas, para elaborar um bom mapa, é preciso antes de tudo fazer um levantamento. Levantamento é o estudo preparatório para mapear uma região. É um trabalho muito minucioso. Dependendo do tipo de mapa, é o assunto a ser pesquisado. Por exemplo, indústrias, se for um mapa da atividade industrial; a natureza do terreno e suas altitudes, se for um mapa físico ou altimétrico; as ruas, avenidas e o que nelas existe, se for preciso elaborar a planta de um bairro ou de uma cidade. O sensoriamento remoto Esta é uma técnica muito importante para a elaboração de mapas, usada nos dias de hoje. O sensoriamento remoto consiste em obter imagens especiais sobre áreas ou objetos, a partir de um conjunto de instrumentos, como por exemplo radares ou câmaras fotográficas adaptadas para fotos aéreas. Como se faz o sensoriamento remoto de uma área? Primeiro aviões equipados com câmaras especiais realizam vôos sobre a área a ser mapeada, obtendo centenas de fotos. Depois as fotos são justapostas, isto é, colocadas uma ao lado da outra, porque cada uma delas retrata uma parte da área fotografada. Finalmente, as fotos são interpretadas. Interpretar, neste caso, significa identificar as imagens da foto: uma rodovia, uma fábrica, uma área florestal, etc. Muitas vezes é necessário verificar no local certos aspectos que aparecem na foto, para interpretá-los corretamente. Com base em todos os dados obtidos, é possível fazer um bom mapa da área. As imagens por satélite As imagens obtidas hoje por satélites artificiais também são essenciais para a elaboração de mapas. E uma espécie de sensoriamento remoto, só que feito por satélite. A foto 1 mostra o interior de um avião equipado com câmara fotográfica especial para tirar fotos aéreas. Enquanto o avião sobrevoa a área, a câmara vai tirando automaticamente uma foto atrás da outra. Depois as fotos serão justapostas e analisadas (foto 2). O levantamento fotoaéreo de uma área é importante para o seu mapeamento. Muitos satélites foram lançados ao espaço com a finalidade de enviar imagens contínuas, a partir de câmaras especiais ou de outros aparelhos semelhantes (radiômetros, espectômetros, varredores, etc.). Os Estados Unidos, o Japão, a Rússia e alguns países europeus têm colocado satélites no espaço, para obter imagens periódicas das diversas partes da superfície terrestre. Essas imagens permitem elaborar mapas bem modernos. Elas podem fornecer informações importantes, como por exemplo: queimadas de florestas, presença de recursos minerais em certa região, trajeto de um furacão, etc. Podem até fornecer informações sobre bases militares ou sobre o movimento de uma frota de navios. A observação de imagens contínuas permite verificar o rumo e a velocidade de uma frota. Imagem obtida pelo satélite Landsat, que cobre uma região de 1400 km no norte do Egito, o canal de Suez e a península do Sinai. As diferenças de cor mostram diferenças no terreno: o vermelho é o rio Nilo, com sua parte larga, perto da foz, no ponto em que ele se abre num delta que deságua no mar. A idéia ou conceito de delta vem dessa região, quando na Antiguidade os gregos acharam essa foz parecida com a letra grega delta (.6). A mancha pequena azul-acinzentada, ao sul do delta do Nilo, é a cidade do Cairo, capital do Egito.
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