Nº - Confrades da Poesia
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Nº - Confrades da Poesia
Amora - Seixal - Setúbal - Portugal | Ano VI | Boletim Bimestral Nº 57 | Julho / Agosto 2013 www.osconfradesdapoesia.com - Email: [email protected] «JANELA ABERTA AO MUNDO LUSÓFONO» SUMÁRIO Confrades: 4,6,8,10,11,12 A Voz do Poeta: 2 Olhos da Poesia: 3 Retalhos Poéticos: 5 Tribuna do Poeta: 7 Cantinho Poético: 9 Tempo de Poesia: 13 Trovador: 14 Poemar: 15 Verão: 16 Faísca de versos: 17,18,25,26 Contos / Poemas: 19 Pódio dos Talentos: 20 Eventos e Efemérides: 21 Estados de Alma: 22 Bocage: 23,24 Reflexões: 27 Ponto Final: 28 «Verão em Portugal» EDITORIAL O BOLETIM Bimestral Online (PDF) "Os Confrades da Poesia" foi fundado com a incumbência de instituir um Núcleo de Poetas, facultando aos (Confrades / Lusófonos) o ensejo dum convívio fraternal e poético. Pretendemos ser uma "Janela Aberta ao Mundo Lusófono"; explanando e dando a conhecer esta ARTE SUBLIME, que praticamos e gostamos de invocar aos quatro cantos do Mundo, apelando à Fraternidade e Paz Universal. Subsistimos pelos nossos próprios meios e sem fins lucrativos. Com isto pretendemos enaltecer a Poesia Lusófona e difundir as obras dos nossos estimados Confrades que gentilmente aderiram ao projecto "ONLINE" deste Boletim. “Promovemos Paz” A Direcção «Este é o seu espaço cultural dedicado à poesia» Pódio dos Talentos pág. 20 «Faísca de Versos» São Tomé «Um Verão de muitas faíscas» Págs; 17,18,25,26 Deixamos ao critério dos autores a adesão ou não , ao “Novo Acordo ortográfico” FICHA TÉCNICA Boletim Mensal Online Propriedade: Pinhal Dias - Amora / Portugal | Paginação: Pinhal Dias - São Tomé A Direcção: Pinhal Dias - Presidente / Fundador; Conceição Tomé - Vice-Presidente / Fundador Redacção: São Tomé - Pinhal Dias Colaboradores: Adelina Velho Palma | Aires Plácido | Albertino Galvão | Alfredo Louro | Ana Santos | Anna Müller | António Barroso | António Silva | Arlete Piedade | Carlos Bondoso | Carmo Vasconcelos | Clarisse Sanches | Edgar Faustino | Edyth Meneses | Efigênia Coutinho | Euclides Cavaco | Eugénio de Sá | Fernando Afonso | Fernando Reis Costa | Filipe Papança | Filomena Camacho | Glória Marreiros | Henrique Lacerda | Hermilo Grave | Humberto Neto | Humberto Soares Santa | Isidoro Cavaco | João Coelho dos Santos | João Furtado | João da Palma | Joel Lira | Jorge Vicente | José Jacinto | José Verdasca | Lauro Portugal | Lili Laranjo | Luís Filipe | Luiz Caminha | Maria Brás | Maria José Fraqueza | Maria Mamede | Maria Petronilho | Maria Vitória Afonso | Miraldino Carvalho | Natália Vale | Pedro Valdoy | Rosa Branco | Rosa Silva | Rosélia Martins | Silvino Potêncio | Susana Custódio | Tito Olívio | Vó Fia | Zezinha Fraqueza | … (actualizado no site) 2 | Os Confrades da Poesia Boletim Nr 57 | Julho/Agosto 2013 «A Voz do Poeta» Primavera Aqui e agora É na Primavera que cada Manhã se levanta: - rútila, fulva, cintilante... em gargalhadas rubras eclodindo. A vida acontece aqui e agora o passado é simples recordação o futuro é mera especulação e nunca o presente se vai embora... É na Primavera que o Amor acontece, - quando as flores desabrocham, ardentes, sedutoras...sorrindo. A realidade é feita hora a hora e só a ela se deve atenção só com ela se tem a percepção da suprema lei que em tudo vigora!... É na Primavera que a Terra túmida, excitante... - estua colorida, arfando... para a Vida e para o Amor infindo. Só no presente a fé se cria e testa e todo o seu poder se manifesta construindo a vivência em que se crê... Jesus Cristo quando o cego curou que voltasse mais tarde não mandou disse-lhe só “abre os olhos e vê!”... Filomena Gomes Camacho - Londres Adelina Velho da Palma – Lisboa Sem ti Meu Futuro Filho da Noite Sem ti, seria vago o caminhar vida O sol cansado se esquecia de nascer, O crepúsculo se escondia para viver Numa leveza que se faz escondida... Vou pintar meu futuro de esperança E pôr-lhe asas azuis, da cor do céu, Para atingir o sol, se houver bonança, Sem ninguém ver, oculto por um véu. A terra se vestia pobre e arrefecida O negrume assolava o meu querer Sentava-se a meu lado este sofrer, Num olhar de calma adormecida Será, porque assim quero, apenas meu, Já que o passado foi, desde criança, Luta minha, que a sorte pouco deu, Mas passei a ter já mais confiança. Dizem que o fado é filho Da noite escura sem brilho E mora num bairro antigo Mas ninguém sabe a razão Se foi destino ou condão De ali procurar abrigo. És silencio maior do que as palavras, Olhos tristes como os das escravas, Sonhando a dimensão da liberdade... Quero beber a luz de cada aurora, Chorar cada minuto de demora Plas coisas que no tempo já perdi. És o sonho que eu quase acriancei, Firme como a imagem que abracei, Humanizando a fingida realidade!... Não sei quanto me resta. Quero só, Até ser finalmente outra vez pó, Gozar tudo o que ainda não vivi. Ferdinando - Germany Tito Olívio - Faro «Fez-se branco»: Fez-se branco O olhar Puro Do teu Corpo. Albino Moura Só quando a noite acontece E à média luz aparece P'la guitarra acompanhado Companheira que também Lhe imprime o valor que tem Quando se exibe a seu lado. E a quem na noite o procura Encontra nele ternura No seu silêncio e magia Sem vaidade e recatado É esta a estirpe do fado Puro e cheio de nostalgia. Teve berço português Muito nosso mas talvez Tem fulgente afinidade É da noite filho errante A guitarra é sua amante E é irmão da saudade !… Euclides Cavaco - Canadá Os Confrades da Poesia | Boletim Nr. 57 | Julho / Agosto 2013 | «Olhos da Poesia» Interiorização Amantes (tirado do baú) No que restou de mim busco a verdade das quimeras marcantes que plantei Do tudo o que mais quis sinto saudade nesta ausente saudade a quem me dei Andam promessas no ar de beijos que não são dela andam bocas por beijar mas a sua é a mais bela Ah, esta frustração que hoje me prostra numa interiorizada dor sentida que nenhuma alegria de mim mostra e no meu rosto a traços marca a vida Andam desejos perdidos nos ventos da tentação andam prazeres atrevidos no calor duma paixão Deambulo - em pedaços - neste mundo de tropeço, em tropeço, sem mais jeito porque todos os males calam bem fundo e os bens não me merecem qualquer preito Andam loucos dois amores dois corações em tortura ambos provaram os sabores da vergonha e da censura E assim, em consciência, a culpa assumo De tantas culpas minhas, e de tantos Pra quê ver dissipado todo o fumo Se é entre fumos que oramos aos santos? Ambos são frutos da vida do tempo que não mudou são a maçã proibida que o destino madurou Eugénio de Sá - Sintra Ele e ela são amantes duas almas que se fundem trocam beijos delirantes quando seus lábios se unem Voz duma criança que não nasceu Não me quiseste ver, mãe desalmada, Naquele dia trinta e um de Agosto, Em que eu já tinha, até, um lindo rosto E cabeleira bem caracolada. Ela é a joia perfeita que ele, um dia, recebeu... ela não é Julieta nem ele se chama Romeu. Abgalvão – Fernão Ferro O coração pulsava e eu aposto Que nem sentiste a alma amargurada, Quando eu saí do ventre, escorraçada, Como um verme qualquer, por ti deposto! O Eterno Se não quiseste ser a minha mãe, Mas, sim, ter o prazer de me gerar E me roubaste a Vida sem piedade… O Eterno É este momento Eu não posso querer-te muito bem, Porque tu me privaste de gozar, Talvez, um lindo Céu na Eternidade! Este mesmo Que aqui vivo Clarisse Barata Sanches - Góis Se faz eterno a si mesmo Desistir Mas agora que o disse E que o soube Desistir? Não faz parte de mim, Essa palavra maldita, Irei ao até ao fim Para me encontrar, Poder amar E assim assumir Que o amor Está inato em mim. Natália Vale - Porto O momento Em que escrevo Desvendou-se Diluiu-se E um novo Eterno Fez-se! Maria Petronilho - Almada A Magia das Crianças Criança + Poesia = Magia Nos olhos duma criança Brilha uma luz que alcança Dimensão real e pura Que na sua inocência Dão sentido e transparência À verdadeira ternura. As crianças são magia Universo de alegria Que nos enchem de prazer São símbolo de candura Cheio de encanto e doçura Que extasia o nosso ser. Na sua simplicidade Mostram aos de mais idade Como seria o caminho Se a nossa sociedade Tivesse menos maldade Comungando mais carinho. Ai quantas vezes falhamos E a atenção não lhes damos Que por elas é merecida Mas com a sua pureza Irradiam singeleza Que nos dá lições de vida. Que bom seria parar No tempo e acreditar Na quimérica esperança Qual mito feito poesia Que enche o mundo de magia Num sorriso de criança !... Euclides Cavaco - Canadá 3 4 | Os Confrades da Poesia Boletim Nr 57 | Julho/Agosto 2013 «Confrades» O Meu Arvoredo! Um dia alguém me chamou... A poetisa do Mar... Aprendi com meu avô Que me ensinou a remar... E confesso que hoje estou Como nau a navegar... Agora até já vou... Sob as ondas ao andar... Ando agarrada ao cajado, Pois não tenho direção... Que isto cá do meu lado: - Tá o mar fete num cão! Mas... como não desisto Desta minha vocação Confesso que resisto Digo de alma e coração! http://www.osconfradesdapoesia.com/Lusofonos.htm Este Meu Pensamento ... Feito Doido Deixei partir o pensamento... nem eu sei, p’ra que lugar, Só sei que tomou aquela estrada, que p’ra longe o foi levar, Lá p’rá terra dalém, onde o amor anda por lá passeando... Mas agora estou ficando assaz bem preocupado, Pois vieram-me também dizer, que já o viram em muito lado, Correndo e saltando, feito doido... pelo amor procurando. E eu p’ra mim fico pensando, que oxalá o vá encontrar, Pois sem tino como ele andava, eu não sei como o travar, De fazer tantas asneiras, como as que andava já fazendo... Mas com as saudades que dele tenho, não sei já o que fazer, Se por ele eu esperar e com qualquer coisa me entreter, Ou ir já atrás dele, e mesmo à força, comigo o ficar trazendo. As árvores morrem de pé Sou uma mulher sem medo Está Maria José, Cuida bem do Arvoredo! Mas com todas as hesitações, à espera dele eu vou ficando, E este meu corpo, pouco a pouco vou preparando, Para o amor, que lá de longe, o meu pensamento irá trazer... E assim, esta ânsia do meu corpo, eu para sempre acalmar, E este vulcão que dentro de mim está queimando... eu apagar, Mas só depois do teu corpo, e os teus desejos... eu conhecer. Maria José Fraqueza - Fuzeta José Carlos Primaz - Olhão da Restauração Entardecer Tarde nasceste amigo! Cantas sociedades, Vivências antigas, Mundos desaparecidos… Sonhos, nostalgias, Réstias de esperança, Fantasias… Recriações, Restos de vida, Lisboa desaparecida, Velhas canções!!! Vozes, Tradições, Encantamentos, Emoções!!! Nasceste tarde amigo! Filipe Papança – Lisboa Nunca Mais “Menez” Queriam que tombasse no caminho Entregue ao sabor de vontades. Havia de ser submissa, conformada E sem vontade própria. Queriam que vivesse acomodada. Que queriam mais Senão extrair-lhe a vida? Não! Não queria deixar-se morrer assim. Morrer... Morrer, só quando a morte vier E lhe fechar os olhos. Morrer só por morrer? Isso não. Nunca mais experimentará, Viver a morte lenta de não ser, Por se entregar a desejos egoístas, Representando uma fantasia mentirosa. Não tombará mais no caminho, Nem viverá o drama de não ser, Para satisfazer desejos. Gritará o grito da verdade, Será o que quer ser, E o que é na realidade, Até quando a morte vier E deixar de ter vontade. «Virou a esquina e a paisagem era ali ao lado branca com figures uma de cada lado o guache manchou o papel e a tinta ficou azul na finura do traço que se perdeu no virar da esquina da vida Ali ao lado ainda na tela a pincelada escorreu na assinatura que ficou Menez.. Cremilde Vieira da Cruz - Lisboa Albino Moura - Almada Os Confrades da Poesia | Boletim Nr. 57 | Julho / Agosto 2013 | 5 «Retalhos Poéticos» Só por amar Mulher de vermelho Foste ao reencontro da luz Sobre a terra quente, Onde as pedras estalavam de dor, Debaixo de teus pés trementes. Teus sentimentos translúcidos (sabes o que queres e porquê) Espreguiçaram-se suavemente Sobre o pecado de corpos nus Que ainda agora possuiste E te não deram nada. Por isso, o teu caminho tremente! Por isso, os teus pensamentos descoordenados! Poisaste a tua mão em outra mão, Teu olhar em outro olhar Refletiste... Foi então que o oceano levou a quietude Da mão que sente a tua mão, Do olhar que sente o teu olhar E o espelho do olhar Como gesto de ave tranquila no sossego da noite, Disse-te o seu amor. Por isso a tua falta de coragem, Porque queres de quando em quando Sentir a outra mão em tua mão, Sentir o outro olhar em teu olhar, Sentir que alguém te ama por amar; Só por amar. Que a distância não apague Em ti a minha existência E o nosso enlevo, pleno Cremilde Vieira da Cruz - Lisboa A Vida continua… Aires Plácido Dentro de mim aborto o meu amor por ti e minha alma goteja pérolas de sangue enquanto minhas mãos choram vazias saudosas das carícias que não tiveram… minha boca outrora ansiosa queda-se muda de palavras e de beijos… mas a vida continua!... A lentejano de Monforte I lustre na arte da poesia R echeada de harmonia. E legante na palavra e no porte S abe manter a alegria. Maria Mamede – Porto P oeta de fino trato L avra na cultura popular, A nalisando qualquer facto C om o seu talento a rimar. I mportante figura vos deixo D esenhada neste retrato, O vate de Santo Aleixo...! Que os nossos corpos Permaneçam enleados, no imaginário E o calor das palavras penetre, demorado E perpetuamente na candura da nossa alma. Que a paixão, clame A cada instante, harmoniosa E no alento perdure Sôfrega aos meus-teus olhos. Que a ânsia não arrefeça Persista, cadenciada e cristalina Que a fantasia, se encontre No corpo e se sirva viva e adubada. Que suspire, incessantemente Trema nos versos, sem cansaços. Que o bálsamo das prosas Cultive e aflore Eternamente o meu regaço… Que no presente Me aprisione com devaneios E com gestos delicados Me alague em carícias E seduções infinitas Enquanto te alucino e penso. Que o fôlego dos meus sonhos Floresça de madrugada Na tua alma nua e extasiada Que os meus sonhos Longos e sabidos Sorriam e estremeçam, suavemente O teu e o meu corpo… Não consintas… Que o que eu experimento, seja passado. Telma Estêvão - Silves Alguém e Ninguém Zé Albano – Celorico da Beira Pai Amor de mãe Hoje é dia do pai Dum filho que não sou eu Ao infeliz morreu a mãe Dos filhos que Deus lhe deu Já não tenho mais amor Igual ao da minha mãe O teu pode ter valor Mas como o Dela, não tem Silvais - Évora Silvais - Évora Quando partilhei com alguém, Meus segredos de Amor De certo não pensei Que me causaria tanta dor. Um acto bem pensado Totalmente me levou Ao abraço apaixonado Dele e de mais ninguém, Naquele momento de amor. Natália Vale - Porto 6 | Os Confrades da Poesia Boletim Nr 57 | Julho/Agosto 2013 «Confrades» http://www.osconfradesdapoesia.com/Lusofonos.htm Verdade e amor Sim; verdade e amor não tem lei nem fronteiras Nascido no berço do seu torrão ama sua gente Ouvindo mentiras deseja ouvir coisas porreiras Mede a distancia onde esta; fica feliz e contente Atira um sorriso num abraçar de amor fermente Atlântico ao pacifico Canada; toda a humanidade Tantas raízes de todos os cantos; gente contente Sonhos de toda a alma; viver com sinceridade Depois da neve com o vento primaveril, semeia Nascem muitas ilusões de bem; visitar seu torrão Levar verdades; coisa que vida honesta incendeia Quer esvaziar ansiedades que trás no seu coração A felicidade é de todos; agarra a tua a trabalhar Os campos do Alentejo esperam dar-te o pão A terra não pode vir até ti; tens de a ir procurar Quem espera por subsídios cair é um mandrião Greves não pagam dividas; sim, verdade e amor Poupar o trabalho conduz à miséria e banca rota Ninguém quer dar o que podes ganhar com ardor Estamos todos no mesmo barco; na mesma frota Armando Sousa - Toronto Ontário Canada Passei por mim O Parto do amor na hora que no tempo passa nessa hora de chegar há um suspiro no ar no momento a esvoaçar entre as brumas do mistério entre as paredes do desejo entre a sofreguidão de um beijo louco perdido na escuridão da noite escaldante de dois corpos que se amam entre os braços da vida os abraços que a ternura instiga entre o eu e o tu com fervor entre a beleza das almas e a candura das madrugadas entre os lençóis de branco linho as vozes a sussurrar de carinho entre a vida da noite e a noite da vida entre o mar e o céu o crepúsculo e o amanhecer entre a relva do pudor e a tenda de dormente torpor entre uma estrela cadente e o prateado do luar entre a dor pungente de uma alma a gritar entre suspiros e ais entre ansiedade e devaneio entre sonhos lânguidos sinuosos corpos a se esfarrapar voluptuosos entre o prazer e a dor se provoca o parto do amor Entre ilusões sem medida E numa esquina da vida Eu passei ontem por mim, E vi meu rosto cansado Numa rua do passado Cheia de sonhos sem fim. Rosélia Martins – P.S.Adrião Procurei a mocidade Nessa rua da saudade Por onde também passei, Percorri cantos em vão, P'ra minha desilusão Eu já não a encontrei. O meu coração Sorri, Em plenitude total, De felicidade, Amor, Paixão. Penso em ti, Em momentos De solidão. A dor da saudade Esmorece, Fenece, E volta A ilusão De te ter, Te amar, E te abraçar. Ao viajar no passado Há ruas que pus de lado E não as quis percorrer. Naquelas por onde andei Muitas coisas encontrei Que gostava de esquecer Entre ilusões e fracassos Vi destroços e pedaços Dos sonhos que não vivi, E ao tropeçar num espelho Eu vi meu rosto mais velho... E não me reconheci. Isidoro Cavaco - Loulé O Meu Coração Sorri Natália Vale - Porto Os Confrades da Poesia | Boletim Nr. 57 | Julho / Agosto 2013 | 7 Confrade desta Edição « Carlos Fragata » Baía do Seixal Oh! Baía do Seixal, A que o Tejo estende os braços, Num abraço fraternal A pedir-te mais abraços As gaivotas te cortejam Acenando com as asas, Como barcos que velejam Sobre o branquinho das casas. É teu o braço do Tejo, Tão sereno, de águas mansas, Leito de paz que eu invejo, Onde brincas e descansas... Repor a História Novo Rumo Vinde, Afonsos, Sanchos, Manuéis, Ver o que o vosso Povo está passando!... Há déspotas que estão desgovernando O que ganhastes vós aos Infiéis! Andei perdido na vida, Naveguei o mar errado Numa deriva sem fim, Até que tu, minha querida, Num arrojo inesperado, Tomaste conta de mim! No vosso trono foram-se sentando, Trazem nos dedos os vossos anéis, Julgam-se no direito de ser reis E vão o que era nosso desbastando! Vinde, com a bravura que vos deu O direito de vénia e a glória, E devolvei ao Povo o que é seu... Tua margem de lajedos Onde passeio feliz, Sabem do rio os segredos Que o rio a mais ninguém diz! É preciso repor a nossa História, Dar-lhe a honra que é sua, mas perdeu Sob o jugo asqueroso desta escória!! Carlos Fragata - Sesimbra Carlos Fragata - Sesimbra Vidas Os tocadores são Fado Mente toldada, vida sem sentido, Que lhe vão as memórias rareando, Vai as ruas da vida palmilhando Sem rumo, que o destino foi mexido! Grandes fadistas existem, Que cantam os seus amores. No entanto, alguns persistem Em esquecer os tocadores! Frases sem nexo vai balbuciando... Responde o vento, fala-lhe ao ouvido, O mundo é névoa, frio, distorcido, Foi gente em tempos, já não sabe quando... Pelas mãos do guitarrista Passam séculos de amor, Que dão à voz do fadista O sentimento e calor. Farrapo do que foi em data ida, Vagueia pelos dias que não conta, Sem crer já numa terra prometida. Dedilhar o coração, Requer coração também E cada dedo da mão Sabe o amor que ele tem! No sol de um novo dia que desponta, Jaz o seu corpo frio, já sem vida, Um garrote, a seringa cheia e pronta!... Carlos Fragata – Sesimbra O fado não é só canto... Se a guitarra, em sintonia, Não lhe emprestasse o encanto, O Fado não existia! Tanta gente anda no Fado Pensando que o seu cantar, Se não fosse acompanhado Continuava a brilhar... Mesmo o melhor cantador, Nunca será um fadista, Se não sentir o amor No tanger do guitarrista. Bem encostada no peito, A guitarra, a soluçar, Tem que sentir o respeito De quem nasceu p'ra cantar! Carlos Fragata - Sesimbra E, por fim, em água calma, Tu és a estrela Polar Que me deu o rumo certo... Agora, alma com alma, Com nossos rumos a par, Temos a terra mais perto. Achaste-me naufragado, E tão faminto de amor Chorando desilusões, Mas o velame rasgado, O casco ferido de dor, São meras recordações... És hoje o porto seguro Onde me acoito e abrigo, Tão longe da tempestade. És o presente, o futuro, O amor, o ombro amigo, Neste mar que é mais verdade! Carlos Fragata - Sesimbra Solidão O que é a solidão?... Perguntou meu coração, Quando me viu só e triste... Não consegue perceber Porque o faço assim sofrer Desde o dia em que partiste. Tentei encontrar um jeito De te tirar do meu peito, Mas o coração não quis Já não quer falar comigo E p’ra meu grande castigo É só teu nome que diz. É solidão, podes crer, O que me está a doer E no meu peito se esconde... Finalmente descobri, Pois quando chamo por ti Só o silêncio responde! Carlos Fragata – Sesimbra 8 | Os Confrades da Poesia Boletim Nr 57 | Julho/Agosto 2013 «Confrades» http://www.osconfradesdapoesia.com/Lusofonos.htm Minha Armação de Pera « Limpe as Patas Antes de Entrar ! » Oh Armação de Pêra Oh minha terra querida És minha rima pouco lida Entre o céu, o sol e o mar… Manda o teu encanto soltar Para o turista te visitar… A Lagartixa tinha convidado prà ceia Sua amiga a Centopeia. E ja passava muito da hora aprazada, Quando bateu à porta a convidada. Grutas e ruas… sonhos nas pedrinhas Os pássaros, gaivotas e andorinhas Os ninhos nos beirais… Acarinham os namorados na fortaleza… Serro de montelhão barreiras Montes borregos Caliços e Vieiras Entre outros e muitos mais… Os teus valores são reais Com a lua e o sol a brilhar Na tua praia, a calma se espalha Para o turista se bronzear… Minha terra tão querida Como o teu encanto outro não há igual… A brisa pede ao sol que faça De Armação de Pêra o paraíso ideal… Luís Fernandes - Amora Lembrando ... Na boca da’spingarda está a morte daqueles qu’a mentira não comprou. Na prisão as grades qu’acorrentam a força e a voz que não dobrou. A denúncia é pa’gá bom dinheiro que compr’ó servilismo da traição. O homem vende a sua consciência e dispõe-se a matar o seu irmão. A palavra é coisa maltratada qu’hoje se vende e ontem se comprou, qual matéria mui bem negociada. Mas neste turbilhão que atormenta, uma palavra que nunca vergou: A palavra dorida do poeta. António Marquês – Cruz de Pau – Amora Sonho O comboio agredia os carris Enquanto abrandava... No banco o mendigo indiferente, Dobrava-se sobre si mesmo... Mãos escondidas... Gestos circulares... Pensamento ausente! Escuridão... Seres distantes e solitários Alheados na multidão...! Luz que não alumia... Percurso de vida... Solavancos... Extremos pontos... M. Silva - Fogueteiro Mal esta entrou, A Lagartixa, em tom rispido, perguntou: -Então, tu so chegas agora ? A Centopeia explicou: -Eu ja estou aqui ha mais de uma hora, Mas como não gosto de causar conflito, Tratei de respeitar O que sobre o tapete esta escrito... Hermilo Grave – Paivas / Amora (N.A. a centopeia só tem 72 patas) Com Três Letras Apenas Com três letras se escreve paz Com quatro se escreve amor São duas palavras pequenas Mas são de grande valor A palavra paz é sagrada Faz parte do nosso viver Foi por Deus abençoada É grande o seu poder Mas a paz não se respeita Em qualquer localidade A mentira está à espreita É a dona da maldade A fé e a esperança Nunca se devem perder A paz é uma herança Todos gostam de a ter Onde há paz e alegria Há pão na sua mesa Mas a dor e a agonia No seu rosto a tristeza O ódio provoca o mal Com ele não se constrói No seu tempo é fatal É sofrimento que dói Quando a vida termina É dito descanse em paz A Deus que irá prestar As contas nas horas más Miraldino Carvalho - Almada Os Confrades da Poesia | Boletim Nr. 57 | Julho / Agosto 2013 | “Cantinho Poético” EFAS da ESA As gerações misturam-se na aprendizagem, A experiência cola-se à juventude, As margens das idades, nessa viagem, Juntam-se numa mesma atitude. Os cansaços cruzam-se na entrada, Comparando-se depois na estadia, Uns desistem e batem em retirada Cansados na noite desse dia. Outros voltam, com a vontade reparada À procura de mais sabedoria, A rotina treinada em estar cansada, Continua de encontro á Mais-Valia. Entretanto, o espaço se repete e sem surpresa, Repetindo-se no tempo e ainda sem mesa Passam no intervalo p’lo chá ou infusão, É que após o trabalho na empresa Ou estando desempregados de certeza, Precisam ao anoitecer de refeição. Mas como não é só essa a meta a atingir na ESA, Logo retornam à mesa Onde recebem educação E resistindo à desistência Numa carteira de persistência E com os livros pela mão, Apagam na folha a ausência Desta Escola de Excelência, E numa Carteira de eleição, Mesmo com dificuldade, Agarram a Oportunidade De singrar na profissão. Porque a Força de vontade, Em conhecer a Verdade E aumentar a Formação, Leva-os à Universidade E quiçá à Realização. Resultado para já, depois da validação, Conhecimento de cá, Igual a Certificação. Sinónimos ... É teu nome, o mais perfeito sinónimo de carinho Pelo suave afago com que envolves minh' alma No leve e suave toque que enternece e acalma Com a ternura pura que é tão tua e é tão minha É teu nome, o mais perfeito sinónimo de afeto Pelos momentos tantos em que se faz presente Norteando o nosso andar no tempo, docemente Fazendo-se só teu, o meu sentimento mais dileto É teu nome, o mais perfeito sinónimo do amor Expressado com toda harmonia de uma sinfonia Levando-me ao destino da mais suprema extasia É teu nome, de todos os sinónimos, o predileto Impregnando esse mistério divino, que irradia Dádiva preciosa da qual floresce a minha poesia Maria Luiza Bonini – SP/BR Amizade Agora e Amanhã Amigo em Facebook, pode ser Tal como é na rua e na presença… Amigo é quando o homem se convença Que a Amizade é um valor a ter! Amigo és tu e eu, a conhecer Nosso belo valor, carinho e crença, É quando este vem logo à nascença E vive sempre em dar e receber! Amigo és tu, agora e amanhã… Numa atitude séria e sempre sã Amigo será hoje antes e depois! Amigo não se obriga, é liberto… Amigo é à distância e ao perto Amigos somos sempre nós os dois! João da Palma - Portimão José Jacinto – Casal do Marco Não adianta ultrapassar... Tenho Saudade Saudade eu tenho dos meus tempos de menina, Em que a inocência era como as flores, linda e colorida, Agora estou perdida na vida, sem sentido. Voarei com os pássaros ao passado, Para a saudade mitigar sem dor, Apenas para recordar bons tempos, com amor. Hoje, os cabelos brancos são a amostra, Não adianta ultrapassar... .teremos de esperar -pelas plantas... -pelos insectos... -pelas rochas... porque só UNIDOS poderemos EVOLUCIONAR (juntando as nossas acesas tochas...) Da saudade profunda que me devora. Natália Vale - Porto Santos Zoio - Lisboa 9 10 | Os Confrades da Poesia Boletim Nr 57 | Julho/Agosto 2013 «Confrades» http://www.osconfradesdapoesia.com/Lusofonos.htm Dia de São Valentim Sulcos ... Do Arado do Tempo Olho no meu rosto as marcas e sulcos que o tempo deixou, Quando o vento, agreste e frio, bem junto de mim passou, E tentou, o tronco do meu corpo, logo abaixo deitar... Mas as raízes que à terra o meu tronco agarravam, Muito sofreram, mas deixá-lo de lá sair... não deixavam, E o vento norte foi-se embora, p’ra outros troncos derrubar. E aos meus ouvidos, o uivar triste dos lobos, também chegou, Talvez chorando pois o vento os seus filhotes p’ra longe levou, E quem sabe se nos alcantilados da serra, não se irão perder... E ao seu triste lamento, a minha tristeza a correr se foi juntar, Porque este meu corpo, que o vento não conseguiu derrubar, Tropegamente vai caminhando, sem da sua vida futura...saber. Agora tenho o meu presente... mas sem o passado lamentar, Porque as coisas más esqueci, e só as boas tenho p’ra lembrar, Ficando feliz a minha alma no tempo que tem para percorrer... Por isso, quando de novo olho p’ra este meu rosto cansado, Vejo que por ele passou o tempo como pela terra passa o arado, Antes do lavrador, as espigas do pão... dessa terra recolher. São Valentim nosso Santo Tens um rico coração! Vais ouvindo com encanto Os pedidos de união! O teu jeito fez-te assim, De todos és o primeiro! Ou não fosses Valentim, Valente namoradeiro! Vens sempre sem hesitar Defender os namorados! Muitos não querem casar Por falta dos ordenados! A juventude de agora, Anda desorientada! Quer trabalhar mas ignora Porque está desempregada! Valha-nos São Valentim, Tira-nos desta miséria! Não deixes sofrer assim Multidões de gente séria! Ai, São Valentim querido, Olha pelos casalinhos! Vemos cada par, unido, Mas não são namoradinhos! (J. Carlos) – Olhão da Restauração Bento Tiago Laneiro - Amadora São João está de Volta São João está de volta P’ra melhor nos proteger Já viu a nossa revolta Que faz os dentes ranger. Dar-lhes com alho porro É perder-se no tempo, Vem em nosso socorro P’ra eles é passatempo. São João vem p’ra ficares E ver tamanha corja Conhecer seus autores Mas também a sua forja. Justo Anseio Fado ominoso, o meu, triste penar O que sonhei pra nós, é letra morta! Sou como vento a tumultuar-te a porta; Nada mais que um ruído, a ignorar! Fechada a boca à fala que não sai, Cerrado o coração à dura pena, A alma, reduzida, é mais pequena C’o afundado punho em que se esvai. Sou qual um livro que as folhas rasgaste, Atirado na estante, e lá esquecido Um mal menor, que sempre desprezaste. Saudade A saudade é um lago cheio de jasmins no encanto de um universo infinito É o sabor de uma despedida na incongruência dos tempos Saudade é uma criança perdida na ingenuidade de uns pais Trás contigo São Pedro, Mais um p’ra martelada. Vai ser com paus de cedro P’ra por fim à tourada! Malgrado, anseio por ser ressarcido Volvido à vida que tu me negaste; Que me permita amar o que é merecido! São pétalas que caem ao sabor dos ventos como lágrimas sem fim. Jorge Vicente - Suíça Eugénio de Sá - Sintra Pedro Valdoy - Lisboa Os Confrades da Poesia | Boletim Nr. 57 | Julho / Agosto 2013 | «Confrades» Glosando a primeira estrofe do soneto de Antero de Quental ENQUANTO OUTROS COMBATEM ( Por Eugénio de Sá ) Primeira estrofe: " Empunhasse eu a espada dos valentes! Impelisse-me a acção, embriagado, Por esses campos onde a Morte e o Fado Dão a lei aos reis trémulos e às gentes! " Glosa: Empunhasse eu a espada dos valentes! E moveria, indómito, as forças desta terra Para acabar c’o as mortes e c’o a guerra Provendo de justiça os dela mais carentes Quisera ter poder e essa empresa em mim Que impelisse-me a acção, embriagado A defender no mundo, em todo o lado Os pobres e abusados plo poder ruim Esses, a quem sempre lhes é subtraído Todo o direito à vida e calam revoltados Por esses campos onde a Morte e o Fado Num moer de misérias, matam o sentido Tempos estes iníquos, mal quistos, doentes Onde mais manda a força avara do dinheiro Enquanto poucos se assumem por inteiro E dão a lei aos reis trémulos e às gentes! Eugénio de Sá - Sintra http://www.osconfradesdapoesia.com/Lusofonos.htm O Valor das Coisas Tempos de Tempestade Quem de coisas é senhor Mas nesta vida as herdou Não lhes dá tanto valor Como alguém que as ganhou !... Hoje e só hoje por entre as brumas de uma estrela meio adormecida Quem recebe de bandeja Mal sabe apreciar Pois nada fez de sobeja P'ra além dum mero aceitar... Casei-me sim casei-me na estrondosa melancolia de um ninho podre por entre pétalas brancas Quem pelas coisas trabalha Sem nada ser oferecido A tudo o que amealha Dá o mais justo sentido. Sim casei-me sou franco casei-me com a solidão do acaso no brilho das anémonas Coisas grandes ou pequenas Para alguns muito vulgares Para uns valem centenas Mas para outros milhares .... Sólido silencioso cálido de nuvens na mudez dos tempos fiquei como sempre Só quem luta de verdade Sabe todo o valor dar Ao que com dignidade Soube por si conquistar... Foram tempos indecisos no pecado da monotonia por entre as andorinhas no voo da liberdade O verdadeiro valor Que coisa qualquer ostenta É na dimensão maior O que pra nós representa !... Quem diria sim quem diria perguntas que se perdem na sensatez infantil por ventos sensuais Euclides Cavaco - Canadá E depois sim depois perguntam alguns sorriem outros na tempestade do tempo Professor Senti Saudades! Esta é a mais alta das distinções. Seja nas monarquias ou nas repúblicas, nas avenidas ou nas prisões, nas ditaduras ou democracias por via das histórias e geografias e de todas as outras sofias… foi o STOR, que ensinou a calcular e fez a sala continuar a aprender que não se pode prender o pensar e que este é o início do princípio do saber estar. Hoje, amigos senti saudades! D’ovomaltine, do leite Nido com café! Da geleia, de loengo, a barrar o pão … No matabicho, fruta pinha e mamão… Senão, nem eu sabia escrever isto, Se não tivesse tido um PROFESSOR. José Jacinto – Casal do Marco 11 Hoje amigos senti saudades! De matumdua, maboque, pitanga… De turtulho, lossaca, massaroca… De vielo, de matira, e mandioca… Hoje, amigos senti saudades! Do rubro vermelho das acácias! Do embondeiro lendário retorcido… Do mussibi já velhinho…carcomido! Hoje amigos senti saudades! Do canto do catuiti e sacandjuelé… Pla manhã, na mulemba, os trinados Em chilreios maviosos e treinados… Hoje amigos senti saudades! De apanhar o machimbombo. De…no Camacove e no Mala viajar… De…nas avenidas Angolanas passear! Filomena G. Camacho - Londres Enfim factos são factos na dúvida deste casamento insólito talvez mas bem real... Pedro Valdoy - Lisboa Velho Ser velho E ser sábio… Será bom ser sábio? Será bom ser velho? Eu preferia … Não ser sábio E não ser velho… Queria ficar… Não queria ir… Mas vou… E vou ficar velho… E vou-me embora… Só não saberei… Se realmente… Chegarei a ser sábio… Lili Laranjo - Aveiro 12 | Os Confrades da Poesia Boletim Nr 57 | Julho/Agosto 2013 «Confrades» http://www.osconfradesdapoesia.com/Lusofonos.htm Na Selva Os mangais transbordavam de lodo, Os ventos leste transportavam areias nos regaços E espalhavam-nas no espaço. Eram outros mundos, E as salinas derramavam branco! O mar de tons azuis, Beijava mansamente a areia da praia. Eram espaços e espaços, Com espaço para toda a gente. Clima quente, Palmeiras refrescantes, Avenidas verdes, Pássaros deleitados Passeando na floresta, Abanando os girassóis. O sisal banhava os prados. As papoilas eram beijos De lábios avermelhados. Planaltos inundados de veados, Colinas e colinas de cascatas, Rumores de água, Falas dos regatos com as rãs... Eram horas e horas de cânticos negros; Eram horas e horas de batuques, Sensualidade de merengues. Era a luz de minha noite, Dias e dias de noite cerrada, Seguindo por aquela estrada sem fim E trazia a noite dentro de mim. Não havia mais desertos Que meus pensamentos não calcorreassem, Nem mais florestas Que meus anseios não desbravassem. Caminhava de lanterna acesa E as sanzalas eram rios De cânticos selvagens. Amava a paisagem, Mas não contava meu segredo A não ser ao mar azul, À floresta verde, Ou ao deserto tão amarelo, Que as miragens falavam comigo. Os avestruz corriam no deserto E deixavam pegadas nas dunas douradas. Havia rosas e cravos, Lírios e espargos, Sonhos belos e amargos. Não existia o amanhã, Mas sim uma ansiedade E, o tempo não tinha idade. Havia trapos e farrapos, Dentro de meu peito em pedaços E as pedras caíam-me em cima. Quando caminhava pelas gargantas, Minhas lágrimas eram tantas, Que a corrente derramava E o eco as assustava. Viajava com o som de meus receios, Estradas e picadas de permeio. Imaginava a guerra, Os horrores, E via fardas em cada galho de árvore, Até na brancura de mármore Do sol ao alvorecer. Mas o sol era vermelho! A guerra, O meu medo... Cheirava a fumo das queimadas E as chamas eriçadas Eram lâmpadas rumo ao céu. Só o céu era meu, Quando o olhava E contava as estrelas E falava com elas E elas me falavam A qualquer hora do dia, A qualquer hora da noite, A qualquer hora de cada hora. Meu peito era um aperto, Meu leito era um deserto. Só eu sabia, Só eu chorava, Só eu sentia, O peso da minha guerra; Aquela que eu sentia. Sentia o peso das horas, Como quem sente o horror da fome, O terror do medo. E sentia medo; Sentia medo de meu próprio medo. Havia escorpiões nos meus sonhos, Garras de leões nos meus sonos. Sentia o peso das lagartas, Os tiros dos canhões. Sentia os temporais, Os trovões... Era selvagem no meio da selva, Mas amava ser selvagem, E amava a selva. Em cada tronco Encontrava a mesma imagem E também em cada brisa. Deleitava-me a paisagem verde, E o mar que me banhava. Cremilde Vieira da Cruz - Lisboa A Vida A vida é feita De tristeza e de alegria De angústia e de certeza Mas corremos para a preservar A vida é muitas vezes algo que inquieta Que nos deixa sem vontade de continuar Que nos aperta o coração E nos deixa sem vontade de continuar Mas é vida e todos a querem Corremos sempre com ansiedade Com vontade de a fazer vingar Pois sabemos que a vida feliz É mesmo o nosso objectivo principal Nesta vida,tantas e tantas vezes cinzenta. Lili Laranjo – Aveiro Os Confrades da Poesia | Boletim Nr. 57 | Julho / Agosto 2013 | «Tempo de Poesia» As árvores morrem de pé Outrora foi vida Mais que amada; desejada Mais que folheada; floreada Mais que verdejante; refrescante Uma princesa da floresta Uma rainha da sombra Foi vida…vivida E deu imenso E tanto que ofertou Sempre presenteou…tanta vida! Agora nua e triste É um resto de tronco escuro Despida num casco enrugado Carregado de fendas São as marcas de um passado Agora…ali, em tons de secura profunda Habita apenas a solidão e o abandono Hoje…somente, um palco de cortes Um misto de golpes Um punhado de rasgos Já não vive das estações do ano Desconhece a chuva, sol e vento Habitando nela apenas…o silêncio! Mas sempre… sempre de pé! Luis da Mota Filipe Anços-Montelavar-Sintra-Portugal Vai-te embora ano cruel Dois mil e doze com sabor azedo, Cheira a corrupção dor e sofrimento. No ar sopra o vento agreste do medo, O Mundo filme de terror, enredo, Transformado num vulcão violento. Alguém diz que o dinheiro não é cego, E há quem lhe chame vil metal. Nasce da ganância e desassossego, Põe: pais, mães e filhos no desemprego, E numa guerra podre e desigual. Vai-te embora ano cruel, malvado, Deixa entrar o sol a luz a amizade. As ondas do mar com claridade, Fortalecem o Homem revoltado, Num Ano Novo e nova tempestade. Carlos Cardoso Luís - Lisboa Depois Depois da batalha é outra a paisagem, depois do horror é outra a mensagem, depois do amor é outra a miragem, depois da viagem é outro o descanso, depois do descanso, recomeça a vida. João Coelho dos Santos Ausente Presença Tua ausente presença hoje eu sinto E tua presença ausente de ontem… Enxuga essa lágrima teimosa e fria Que da fonte dos olhos teus se solta E vem matar esta saudade, Saudade teimosa que mata. Quando o carinho ausente se revolta, Voam meus versos dispersos entre nuvens Por onde perpassam mansos cansaços. De Amor e de Ausência Mais se alimenta a saudade E, no impossível, mais se inflama o Amor. João Coelho dos Santos - Lisboa Viver solidão A família Eu nasci ainda há pouco E o meu corpo como um louco Ergueu-se qual um cipreste. A noite ficou calada E a janela então fechada Ergueu-se com o vento agreste. A família, a família, Quantas vezes acontece, A harmonia a união Nem sempre é o que parece. Nascia o sol e em breve Gélidas chuvas e a neve Destruíram o meu dia. Cansado de estar assim No mar profundo e sem fim Afoguei minha alegria. Minha alma ficou perdida E as agruras da vida Fustigaram-me a razão. Perdi-me no meu viver E agora sem querer Vivo só em solidão. Victor de Deus - Barreiro Banquetes, almoçaradas, A família em reunião, Ao primeiro contratempo Começa a desunião. Até custa acreditar Todos cheios de razão… Tristemente cai por terra A amizade a união. Prós trabalhos cada qual Tem a sua opinião, A culpa é sempre do outro Que grande desilusão! Pelo que vejo e oiço Verdadeira conclusão, Lá diz o velho ditado “Não há bela sem senão” Menino Pobre Um pobre menino na rua encontrei, Seu rosto, sujo, sorria ao pedir, Uma esmola que lhe dei, Para a fome colmatar E perder a tristeza de seu olhar. Órfão, desamparado, A rua é seu abrigo, Menino abandonado, E em constante perigo. Incapaz me senti, Perante tanta miséria, Que à minha volta via, Consolei-me ao olhar Naquele dia, Aquele belo menino Que naquele instante me sorria. Natália Vale - Porto Aires Plácido - Amadora Verão Altaneiros, os pardais cruzam o céu, a vastidão… E em alegres madrigais, esvoaçam em turbilhão. Os frutos, em profusão, refulgem sem avareza. É na época do Verão qu’é mais bela a Natureza! Gosto sempre do Verão pelas tardes soalheiras… e de ver, bordado, no chão, o broto das sementeiras. Filomena Camacho - Londres 13 14 | Os Confrades da Poesia Boletim Nr 57 | Julho/Agosto 2013 «Trovador» Regressa feliz ao ninho. Alma triste Nada peças de joelhos Ao comungar a promessa Com apego de pureza O poeta se confessa P’lo amor da Natureza Com esta dor que é só minha, Passa o tempo a divagar, A minha alma tão sozinha Sem a tua para amar. Mote Surgem aves de renovos Por um ninho de pro-crias Macho que encuba os ovos P’lo cuidar de suas crias Sofrendo por te não ver, No soluçar dos seus ais, Pede a Deus para morrer Por não poder sofrer mais. São alegres p’la manhã Os passarinhos cantando São sinais de fé cristã Com asas esvoaçando Vai sentindo a toda a hora, Neste silêncio calado, Toda a tristeza que mora Na solidão a seu lado. Nada peças de joelhos Ao Divino Redentor Que atende novos e velhos Pela força do Amor. Natureza é composta No cantarolar que entoa Vencimento de resposta Nos belos sons que ressoa Esta alma triste e louca, Sofrendo a dor do seu pranto, Sente que a vida é já pouca, E que tu demoras tanto. Se Ele nos conhece bem A Jesus não vás mentir Que a balança do Além Não erra o nosso sentir. Criança tem mais encanto Quando vê um passarinho Chilrear, com belo canto, Regressa feliz ao ninho E porque tanto a atrais, Com medo fica a pensar, Que chegues tarde demais Para te poder amar. Ele vê pelos espelhos O nosso modo de orar, Que quem segue os seus conselhos, Nada precisa rogar. Isidoro Cavaco – Loulé Tenhamos Fé sem crendice Em nosso modo de agir, Pois quem segue o que Ele disse, Tem tudo o que lhe pedir! Pinhal Dias - Amora Nada peças de joelhos A Jesus não vás mentir, Que quem segue os seus conselhos Tem tudo o que lhe pedir. (António Aleixo) Glosa Clarisse Barata Sanches - Góis Da Guerra os grandes culpados Mote Foz côa Gourmet Ao Homem Cru Da guerra os grandes culpados Que espalham a dor na terra, São os menos acusados Como culpados da guerra. (António Aleixo) No Gourmet de Foz Côa Fui servido como “reis”. Vi lá tanta coisa boa! Fica na Almirante Reis. Homem cru tu é a praga, Como a grama na horta Por onde passas esmagas, Fazer mal não te importa. Exilibris de Foz Côa, Produtos da região. Lá no Centro de Lisboa Palpita meu coração. Tens instinto de demónio, O teu sentir é exangue És mau p’ró matrimónio P’ra todos os do teu sangue. O concelho de Foz Côa Ali bem representado Víveres de gente boa Eis: fruto do seu trabalho. Ris quando os outros choram, És um verdadeiro pulha Só mesmo a ti adoras, Metes os outros à bulha. Fozcoenses de Lisboa Não deixem de o visitar; Vendem artigos do Côa, Consumam sem limitar. Só te deves transformar, Visitando um cemitério Pois aí hás-de encontrar, Quem te dê um bom conselho. Jorge Vicente - Suíça Encontras altos ciprestes, As sentinelas da morte E te dirão que não prestas, Ali terás pior sorte. GLOSA Da guerra há grandes culpados E muitos se escondem bem, Como que “encapotados” Sem os culparem ninguém. São eles, sim, de verdade Que espalham a dor na terra Grandes “senhores” com maldade Que este mundo triste encerra. Todavia, estes malvados, Que nem castigos esperam, São os menos acusados Pelos crimes que fizeram. Vejam a Crise, em acção Na Europa que nos aterra. Vivem na boa e não são Como culpados da guerra! Clarisse Barata Sanches - Góis Virás de lá outro home, Já com novos sentimentos E darás a quem tem fome, Té mesmo dos teus proventos. A. Pinto de Almeida – S.M.Ribatua Os Confrades da Poesia | Boletim Nr. 57 | Julho / Agosto 2013 | «Poemar» Desesperante Chorar limpa a alma Cada lágrima derramada Que desliza pelo rosto Cintilante de uma mulher É verdadeira mancha de sofrer Contamina quem vê e sente Uma mãe que chora verdadeiramente… Desesperadamente Quando não tem pão Para dar a seu filho Que lhe foge entre a mão Procurando um porto de abrigo Sem abrigo e sem pão À deriva no vazio… Ana Alves - Melgaço Maremoto Asiático A Palavra Escrevo-a, pronuncio-a e …saboreio-a! Grata, porque com ela me expresso, me apresento, me digo… Estendo-a no papel, digito-a, Repenso-a, analiso-a, Recomponho-a, medito… Medito sobre ela, introspectivo-a. Quero que seja inteiramente fiel ao que sinto! Tem de ser absolutamente reflexiva Do meu sentir elementar, profundo, total! Só assim a reconheço, a valorizo! Cada letra é uma criação que respeito Que enalteço, que vivo! Cada sílaba—uma pré construção da vida!... Cada Palavra—uma Avenida… Felismina mealha – Agualva Cacém Onde outrora marinheiros lusitanos Reais conquistadores dos oceanos Chegaram, espalhando a sua fama Estendeu-se o mar sobressaltado Sobre a terra e o povo assustado Deixando no regresso um mar de lama O Padrão O Oceano Índico em furor Talvez por ter sentido alguma dor Devido ao maremoto impertinente Empurrou suas águas sem medida Sobre uma multidão desprotegida Arrastando e matando tanta gente Deixados, pelos achadores, p'ralém mandados Marcavam, como a tal obra era tão imperfeita, Porque séculos depois já ninguém os aceita E dalguns areais foram todos retirados. Muitos povos foram destroçados Muitas casas e carros arrastados Levados pelas águas em cachão Homens e mulheres que vão correndo À frente das ondas em crescendo Lutando até à exaustão São muitas dezenas de milhar As vítimas que foram a contar Nas listas dos que pereceram Alguns eram turistas estrangeiros Que também ficaram nos lameiros Para sempre os seus corpos se perderam Resta agora cruel destruição Entre os sobreviventes que lá estão Esperando ajuda no terreiro Felizmente a ajuda apareceu Para o povo que sobreviveu. Aí correspondeu o mundo inteiro Fernando Marçal - Porto Erguidos, pelos areais desconhecidos Firmes, pela rude e esforçada raça humana Marcavam toda a veemência lusitana P'los cantos, do grande Império, já esquecidos. Vã glória de um Padrão que marcou todo Império Encabeçado com cinco quinas num escudo, E no alto, uma Cruz com grande poder para tudo. De que serviram tantos anos de ministério ? A forte Nação Portuguesa fraca ficou! Mar e terras sem fim deixaram de ter valor E o Forte e Nobre Povo apesar do seu clamor Por outros poderes, manietar se deixou. Hoje nada possui do vasto e tão rico Império. De forte explorador passou a fraco explorado Num pequeno rectângulo, no sul, colocado, Na Europa, velha e caduca, sem magistério. Velha Glória do valor Lusitano esforçado Que jazes esquecido na apagada memória Daqueles que valorosos fizeram História. Velha Glória, assim ingloriamente, acabado. Edgar Faustino - Correr D’Água 15 16 | Os Confrades da Poesia Boletim Nr 57 | Julho/Agosto 2013 «Verão em Portugal» A Magia do Algarve O Verão Pla manhã, adejando, abre luminoso o sol as asas! E aos beijos fulvos, sorridente, se rende a Natureza!… Vergam árvores, braços, pendendo o fruto açucarado, Refulgem flores como flocos d’arco-íris condensado! Num indizível frémito de alegria arqueja a terra! E, em ritual, sem reservas, marcam-se as férias! É tempo da Família, dos Amigos, lazer, lassidão… E o sol compactua, alongando... cada dia de Verão! Filomena G. Camacho - Londres Ó linda Praia da Rocha, Quando chego é uma alegria, Minha alma desabrocha, Em tudo encontro magia. Quero matar a saudade Do teu mar maravilhoso, Da fina areia, deidade, Teu encanto generoso. A luz do Sol a pintar A beleza da paisagem E as gaivotas a animar Com seus sons, sua passagem. Cada um mostra o que tem Tudo é alegre e dif’rente, Há praias cheias de gente Nos quentes meses de verão; Andam louras bronzeadas E morenas bem tostadas, Barrigudos de calção!... Só o calor do verão, Tem a força e o condão De pôr tudo a arejar; Já mostram tudo nas praias E na rua as mini-saias Pouco conseguem tapar. Passam meninas modernas Com celulite nas pernas E as banhas descaídas, Sem de nada se importar Exibem-se junto ao mar, Passando descontraídas. Também há as elegantes E os rapazes galantes, Que se exibem também; Vê-se de tudo a passar E enquanto o calor durar, Cada um mostra o que tem!... Isidoro Cavaco - Loulé Rastos de brancas escumas Dos barcos a deslizar Riscam a água de plumas A alindar o azul do mar. Ó praia linda, formosa, Transmites tranquilidade, Manhã de V'rão preguiçosa. Regressarei co'a saudade! Maria da Fonseca – Lisboa Amores de verão Tardes de estio do meu Alentejo Com moças belas, na rua, passando, Vagos olhares, rubor de desejo, E no meu coração as ia guardando. E iam, e vinham, se tinham ensejo, E eu, mudo e quedo, amava-as, olhando O ar furtivo que me atirava um beijo Perdido nas pedras que iam pisando. E na tarde morna, cálida, amena, Nasciam amores cheios de pena P’los que morriam no mesmo momento, Ao ver as moças passando, maldosas, Co’o lenço escondendo as faces de rosas E risos enchendo o meu pensamento. Tiago Barroso - Parede Os Confrades da Poesia | Boletim Nr. 57 | Julho / Agosto 2013 | 17 «Faísca de Versos» O Pior ainda está para vir. Selados p’lo compadrio, são cobertos Extraordinários do seu paul… E debaixo d’olho, são descobertos Raposas devoram o saco azul Um, ponto cinquenta e oito, de matriz Cada cidadão…pagar ao “PR” O Maior lhe diz: - “Segue o teu caminho” Governo acata, na folha que encerre Horizonte de: - “Escravidão Global” Os corruptos crescem em Portugal O que mais se poderá consentir? … Futuro!? Sem direcção vai o ganso À toa, desgovernado, deu falhanço O pior ainda está para vir. Pinhal Dias - Amora Réplica a um poema da amiga (e "mana") Maria Vitória Afonso: Vê se acordas, Santo António! Ouve bem o meu conselho: Manda p’ra longe o demónio Chamado Passos Coelho! A teus pés eu me ajoelho Com muita fé, a rezar, Que além do Passos Coelho Leves também o Gaspar! Já agora, se não t’importas, Faz a limpeza total: Não deixes ficar o Portas Para limpares Portugal! O povo está num inferno Com o governo que tem Por isso, leva o governo E o Cavaco também! *** Fernando Reis Costa - Coimbra Sociedade (Acróstico) Dia de Camões 1 As armas e os papões desmascarados Aqui neste país Ocidental, Passaram nos Governos, governados Ficaram cá alguns, em Portugal. Em perigo, tantos outros afastados Das benesses do Estado e por sinal, Vem de longe a doutrina, a facturar Onde são sempre os mesmos a pagar!... 2 Mais um dia de Camões assinalado Enorme Português que nos espanta! Ano a ano, século a século lembrado O imortal cantor de glória tanta. O Poeta cortesão assim chamado Que hoje, Portugal ainda canta Embarca, desembarca meta a meta… E onde estão as glórias do Poeta? 3 Mais um dia de Camões, de Portugal!... Será mais uma festa, um feriado Para essa “cambada” estatal… Para quem o euro é abastado… Mas, àqueles em que o euro dá sinal… Desse magro salário indesejado Não chega para nada, é “tábua rasa” E o dia de Camões será em casa!... 4 Cessem do oportunismo e em punho… Armas que despedaçam corações, E grite-se mais alto o 10 de Junho Que eu gritarei sempre Camões. Dêem a este povo o testemunho… De valor, de riqueza e ostentações Levante-se outro mais alto valor, E armem-se as armas do amor!... João da Palma - Portimão Roupa Suja As lavadeiras do trapo da Assembleia Pública lavam a língua de serpente com Omo Tide ou Ariel O papagaio canta o rouxinol palreia o homem rosna de adversário para adversário São os filhos de um povo Oprimidos na madrugada Condicionados pelo poder Intimados pela amargura do ser Escrutínio da pacificidade pérfida Doença afetada ao sabor do não-ter Ao mísero cidadão comum Dói-lhe a revolta escondida Em luta de uma força perdida… O galo no poleiro chacota: o tempo acabou Em democracia todos ralham Ana Alves - Melgaço Pedro Valdoy - Lisboa O pão do cidadão é escasso a fome aumenta todos chilreiam na Assembleia outros nem dinheiro têm. Politicões: Praga Infernal Apesar de velho E gasto o processo, Inda há quem venda Gato por Coelho, Com grande sucesso; Quem somente aprenda As coisas do avesso E fique encantado, Ao ser enganado! Mas também abunda Quem caia à primeira E não à segunda E não à terceira; Quem tenha perdido Suas ilusões E bem aprendido, Em poucas lições, A não confiar No lindo falar Desses aldrabões! Hermilo Grave Paivas / Amora Um País é o seu povo Se um país é o seu povo Não se deixem governar Por quem tem fome de lobo Por quem vos quer escravizar! Não tenham medo das feras Levantem alto a vossa voz Porque elas se alimentam Daquilo que tiram de nós! São Tomé - Amora Por Um Novo Abril Navega em mar onde impera a tormenta Que encobre tão vis e negros rochedos, E de repente desperta seus medos Nessa tempestade tão violenta. Na barca, a tripulação não aguenta Tantos balanços e tantos penedos Eriçados e plenos de arremedos Que sua pobre alma tanto apoquenta… Outrora o Nobre Povo Lusitano Enfrentou o desconhecido Oceano Na grande epopeia dos navegantes… Com tua garra, hoje, a névoa dilui E com teu grito, o desgoverno rui, E não mais… nada será, como dantes. Edgar Faustino - Correr D’Água 18 | Os Confrades da Poesia Boletim Nr 57 | Julho/Agosto 2013 «Faísca de Versos» A Última Ceia Alegorias Repentistas!... (I) Jesus Cristo veio ao mundo Com o sonho bem profundo De salvar os irmãos seus, Como lhe mandara Deus. A Dona Sátira e o Senhor Sarcasmo, São políticos desta Nação!... Ele a faz sentir orgasmo,... - Mas só em dias de eleição! Devagar, muito lentamente, Fêz-se rodear de gente Que só Nele acreditou E até ao fim o acompanhou. São dois verdadeiros amantes, Do poder e da Democracia!... Ela goza como dantes,... - como ele antigamente o fazia! Mas bastou haver um só, Que sem ter Dêle dó O traíu e aos companheiros, Por míseros trinta dinheiros! Andam sempre de braço dado, Nos palcos da DEMO CRACIA!,... Onde o povo cantava fado,... - hoje só se escuta uma gritaria! E Cristo, sem ser culpado, Pelo povo foi crucificado Pois Pilatos as mãos lavou Dizendo: - Quem o julgou? Viva eu!... e viva ela, a nossa “Santa Terrinha”, Onde o povo é quem mais ordena!,... E enquanto a Alma definha,... - A lei da morte os condena! Ora, neste nosso Portugal Onde está o Cristo actual, Que nem com muita fé, O povo quer ver, mas não vê? O povo unidooooooo!!!!!!!,... vem junto e inflamado, De ardor e de amor patrióticos!,... Anda na rua em altos brados,... - Mas vive à base de psicóticos! Só do Calvário vê os ladrões Que nos levam os "tostões" Sem piedade por quem trabalha P'ra sustentar essa canalha! E o que nos resta, afinal, É pedir para Portugal Um "Àtila" em vêz d'um Cristo, Para que venha salvar isto! Fernando Afonso - Lisboa Silvino Potêncio – Natal/RN/BR Sim, Presidenta Rima... Sim, presidenta rima com quarenta e Ali Babá com Xangrilá — tanta mutreta que ninguém aguenta, nem os de cá, nem os de lá. A presidenta estava tão contenta a saborear de lá, de cá sua pipoca real (de presidenta!) — e dava ao povo piruá. Este país não tem despertador, vai apertando o cinto, em sofrimento, mas p'ra que o povo vote a seu favor, atiram-lhe promessas para o vento. Tiago Mas a mentira é próxima parenta de um tapete que amiga mão porá sobre um fosso com lâmina cruenta... Sobre o pano — a sorrir qual manacá — marchou a presidenta que, imprudenta, caiu só — sem o seu Ali Babá. Mais umas décimas.... É triste que assim seja neste canto á beira mar está o povo a passar fome e o governo anda a brincar 1 As eleições vão ganhar baseados na mentira o governo se admira do povo se revoltar calados não vão ficar sentindo-se enganados pela politica despojados onde a fome já sobeja os portugueses são roubados é triste que assim seja 2 Mandam a autoridade bater em quem pede pão o povo não calam não vem ao de cimo a verdade ninguém pede por vaidade pede sim porque tem fome o seu suor quem o come está sentado a governar a crise, o povo consome neste canto á beira mar. 3 Só falam na austeridade para salvar Portugal eles querem é afinal esbanjarem-se á vontade vamos dizer a verdade ó bom povo com altivez para que o governo de vez perceba que o povo come neste cantinho português está o povo a passar fome 4 Austeridade em Portugal foi feita pra quem trabalha porque o resto da escumalha é só esbanjar afinal os reformados por igual são roubados na pensão também eles pedem pão o governo sem os escutar passa o povo fome então e o governo anda a brincar. Laerte António ( LA ) - SP/Br Chico Bento Dällikon-Zurique-Suíça Os Confrades da Poesia | Boletim Nr. 57 | Julho / Agosto 2013 | 19 «Contos / Poemas» Flores Negras Quanta angústia, quanta dor... Parece que não vou suportar tamanho sentimento que invade o meu ser. Meu estômago embrulha, A boca fica seca. Uma insegurança me consome. Não sei o que fazer, ou que dizer. Nunca havia sentido algo assim! Em desespero, sinto o meu ser tremer, a minha alma chora. Estou sem alento, estou vivendo o pleno sofrimento. Por que meu Deus? O que fiz para merecer, tanta dor? Sentado diante das flores do meu jardim, sinto-me afastado da vida. Nada faz sentido. Estou vegetando... A paz que habitava o meu ser se esvai. Oh, Deus de infinita bondade ilumine o meu caminho. Só desejo concretizar a minha missão. A vida é tão breve, mas as dores físicas, mentais e espirituais são intensas. Tristemente colho flores negras do meu jardim. Jardim mórbido, mórbido tornou-se o meu jardim... Dhiogo José Caetano - Uruana / Goiás /Br Chic demais gente.. Na Vila de São João do Espinheiro, a vida era mais do que devagar, era parada mesmo, mas o povo do lugar era feliz e alegre, qualquer coisa servia de divertimento e geralmente riam e faziam gozações uns dos outros, tudo sem maldade, com bom humor e amizade, durante décadas foi assim e era bom. Mas nesse mundo maluco nada permanece igual para sempre, os anos passam, as coisas mudam e até lá naquele cantinho perdido no meio do mundo, as mudanças chegaram e chegaram bruscamente, porque a modesta vila passou para cidade e de cidade para cabeça de comarca, ai a vaidade subiu a cabeça do povo. E as tolices aconteceram aos montes, era cada dia uma novidade e sempre coisas bobas, como a vitrine da venda de secos e molhados do Zeferino, que colocou uma parede de vidro na frente da venda, colocou um pouco de tudo que vendia e aquilo ficou parecendo um mercado de pulgas e escreveu, assim: Ex venda, agora Loja. Uma cidade tem a obrigação de ter um clube e mais que depressa fundaram o Clube Toatoa de Diversões Diversas, mas era apenas uma sala pintada de verde com cortinas amarelas, onde os jovens dançavam aos sábados ao som da sanfona do Cegueta Zé, bebendo limonada cor de rosa e os velhos jogavam cartas Progresso que era bom não se via nenhum, mas a comunidade enchia a boca para dizer: Cidade de São João do Espinheiro, mas além disso aconteceu o grande evento, que foi a inauguração do primeiro cinema da região; o Cine Espinheirense era um luxo só, tinha até uma cortina de veludo que cobria a tela. Na noite da inauguração, o povo vestiu suas melhores roupas e compareceu em peso, mas faltou energia eléctrica e falhou, só dois dias depois a energia foi restabelecida e o cinema foi inaugurado com a exibição do filme O sheik, com Rodolfo Valentino; foi lindo quando a cortina se abriu ao som de uma valsa. Sem outra novidade as pessoas se ocupavam o tempo todo do cinema, como só duas vezes por semana eram exibidos filmes, todos assistiam e passavam o tempo comentando o enredo, até a hora de ver o próximo e assim por diante, mas para Seu Bento isso era pouco, ele queria aparecer. E conseguiu, quando procurou a dona do Cine Espinheirense e exigiu uma cadeira cativa, para seu uso exclusivo; Dona Vina disse que não era possível uma coisa dessas, porque ia ofender os demais espectadores e todos iam querer a mesma regalia, mas Seu Bento não desistiu e tanto atormentou que ela cedeu. Mas para evitar reclamações, dona Vina lançou a notícia que seu Bento estava com uma doença contagiosa e que ia ter uma cadeira separada só para ele no cinema, mas o boato se espalhou e o povo passou a correr para longe do infeliz, todos com medo da tal doença e quando ele soube do boato, foi as contas com a dona. E ela se justificou dizendo: o senhor queria uma cadeira cativa e eu tive que me defender, porque não posso perder os frequentadores por causa de uma exigência sua, agora aguenta o mau jeito, tem sua cadeira com nome gravado, não tem? O velhote levou meses, para provar que não tinha doença nenhuma, mas conservou a cadeira reservada e achava muito chic. Maria Aparecida Felicori (Vó Fia) - Nepomuceno Minas Gerais Brasil 20 | Os Confrades da Poesia Boletim Nr 57 | Julho/Agosto 2013 «PÓDIO DE TALENTOS» http://www.osconfradesdapoesia.com/Biografia/ConceicaoTome.htm Conceição Tomé «São Tomé» «A poesia é o hino da alma» Maria da Conceição Pinto Tomé - Nome literário: Conceição Tomé e São Tomé o seu pseudónimo, seu dístico poético "A poesia é o hino da alma". Nasceu em S. Mamede Ribatua, Concelho de Alijó (Trás-os-Montes), à beira dos rios Douro e Tua. Depois de ter vivido por longos anos em Angola e Brasil, reside actualmente em Amora – Seixal. Casada com o poeta e escritor Pinhal Dias. «Versa desde 1958, colabora em vários Jornais e Antologias Poéticas, mantendo adesão ao Recanto das Letras; Associação Portuguesa de Poetas; Poetas Del Mundo e AVSPE – Brasil; Horizontes da Poesia. Participou nas VI; VII e VIII Antologias Poéticas do Mensageiro da Poesia, 2ª Antologia de Contos Cardeais da Editora Mosaico de Palavras. Tem vários trabalhos publicados em Jornais e Revistas. Foi Directora do Mensageiro da Poesia. Actualmente é Vice-Presidente e Fundadora de “Os Confrades da Poesia”; também Directora-adjunta do Boletim. Tem 2 CD's Gravados/Declamados. Bibliografia: Livros digitais: A Verdura do Meu Sentir; A Verdura do Meu Olhar Sites: - http://conceicaotome.blogs.sapo.pt - http://www.osconfradesdapoesia.com Poemas de Donos do Mundo Os meus versos Dentro de mim coabitam em dualidade O silêncio explodindo num trovão Que catapultam a voz da minha razão Aos vastos campos da irracionalidade! Guarda esses versos que te fiz amor, Para que um dia os possas recordar, Mas se a saudade der lugar à dor, Lança-os ao fogo deixa-os queimar. Que caminho percorre a humanidade Por este planeta frágil, assaz moribundo Porque não se chega à consensualidade De que ninguém é o dono do mundo!? Se esses versos que arranquei da alma, Eles não chegarem ao teu coração, Abre-lhe caminho de flores e palma, Quem sabe um dia voltará nossa paixão. Quisera eu fazer deles uma canção, P’ra que juntos a possamos escutar, Sem ter por perto a sombra da solidão. Se esses versos te causarem aversão, Podes soltá-los nas brumas do mar, Que o vento oculto, lhe dará a mão. Terras de além-mar Meu Rio Tua Ainda escuto o canto das tuas águas Ainda te vejo transpor o vale profundo E correr livremente no leito pedregoso e estreito Na ânsia de levares tantos sonhos para o mundo. Homens vigorosos construíram em remotos dias Um caminho-de-ferro para te fazer companhia E te ajudar a suportar o rigor das invernias… Outros homens quiseram aprisionar-te Tirar-te o pleno direito à liberdade Para te transformares num pequeno mar Sem sal e sem maresia…. Hoje, o teu canto é de tristeza e não de alegria. Tão longe de mim, tão longe, Que não as posso alcançar, Mas estou presa à saudade Das terras de além-mar… Onde o tempo não corria, A noite era igual ao dia E o sol sempre a madrugar. Se o mar na areia batia, Era só para se espraiar. E pelos longos caminhos, Com o capim a verdejar, Havia rosas sem espinhos, Para as poder abraçar. E à noite quando surgia A lua no céu a brilhar, Ouvia-se o som do batuque Se expandindo pelo ar. A minha casinha Era uma casinha Que toda sorria Logo pela manhã Quando o sol se erguia. Tinha três janelas Viradas ao monte Onde murmurava Uma fresca fonte. Tinha uma varanda Virada p’rá rua Onde eu sonhava Ao mirar a lua. Tinha uma escada Em pedra talhada Já muito antiga E bem desgastada. E fora de portas Havia um pilar Feito de uma pedra Para eu cavalgar. Para eu cavalgar Por mundos além Junto com os sonhos Que a criança tem. Mas esta casinha Já não é mais minha Restam as lembranças Da graça que tinha. Os Confrades da Poesia | Boletim Nr. 57 | Julho / Agosto 2013 | 21 «Eventos e Efemérides» Apresentação da V Antologia Poética Foi no passado dia 7 de Junho, pelas 21 horas, que “Os Confrades da Poesia” - inserido nas comemorações do seu 5º Aniversário - fez apresentação da sua V Antologia Poética, a primeira editada em papel. Por convite da SFOA-Sociedade Filarmónica Operária Amorense, o evento dedicado à Poesia e ao Fado, decorreu no salão de festas desta Associação. A apresentação esteve a cargo de Pinhal Dias e Conceição Tomé Mesa: Conceição Tomé – Vice-Pres. “Os Confrades da Poesia” Euclides Cavaco – Convidado de Honra, como Embaixador da Lusofonia no Canadá Carlos Macedo – Fadista / Guitarrista e Poeta Manuel Araújo – Presidente da J.F. Amora Amadeu Afonso – Joel Lira – José Jacinto – Lúcia Carvalho – Maria Vitória Afonso Miraldino Carvalho Outros Poetas Participantes: Albertino Galvão – Fernando Afonso – Francisca S. Bento – Maria Lurdes Brás Finalizou-se com a entrega de Diplomas! O Jornal “O Comércio do Seixal e Sesimbra” esteve representado por Maria Vitória Afonso e Pinhal Dias A Direcção 22 | Os Confrades da Poesia Boletim Nr 57 | Julho/Agosto 2013 «Estados de Alma» Quadras à toa! Nunca escondas a verdade com mentirinhas sem nexo nem te exponhas com vaidade p’ra disfarçar o complexo Não penses que és o melhor por teres peso e altura embrulho por ser maior não significa fartura Nunca prometas p´ra além daquilo que podes dar porque pode, um dia, alguém à força te querer cobrar Nem avalies ninguém só porque a olho se gosta olhos não vêm além do que a fachada te mostra Os olhos de quem nos olha nem sempre nos vêm bem só quem a alma nos desfolha nos olha como ninguém Há abraços que se dão e lábios que até se beijam que salvo outra opinião nem sequer saudades deixam Eu cá por entendimento não beijo só por beijar beijo sim por sentimento e para amor demonstrar Gosto de beijar solteira viúva ou divorciada e de uma ou doutra maneira também a mulher casada Mas não entro em devaneios se tiver paixão segura não me cativam os seios de mulher sem compostura Não há feias nem há belas entre as damas que conheço para mim são todas elas bem dignas do meu apreço Gosto do campo e da serra adoro a praia e o mar o cheiro a mato e a terra sorrir, sonhar e amar Gosto da noite e do dia das aves, dos animais de mar, sol e poesia e de ti ainda mais Sou eterno sonhador poeta por vocação sem dotes de orador nem queda para a canção E se me olho muito ao espelho não creiam ser por vaidade é coisa de gajo velho a confrontar a idade Sou tábua rasa sou fado verso sem métrica e rima dum poema inacabado com mania de obra prima E se há vida além da morte como há gente nisso crente oxalá me calhe em sorte ficar cá para semente. E disse! Abgalvão (DA) - Fernão Ferro 22 de Abril - Dia da Terra V enho de uma outra galáxia I nvestigar toda a imprudência, N egativas práticas de vivência T ransferidas para planetas cativas E fotografar alterações sem vivas! Eh, pá! A recolher imagens à toa? D evo observar suas atitudes, O s comportamentos amiúdes I dentificando erros de virtudes, S edimentados até suas pevides! D ou-lhe depois seus feitos em fotos E nquanto inconscientes de rastos! A nda daí com as fotos fotografadas B em vinda à solução de más fadas, R ifando este planeta já bem sombrio, I ncluído no processo de holocausto L egitimamente penalizado a frio … D espedaçada, esburacada, fendida I nsalubre, árida e ainda sobreaquecida A Terra sacode um tanto aborrecida! D ilúvio vem e pretende apagar o fogo, A braça a terra para salvar entes a rogo. T orrencialmente chove a cântaros E m todo o planeta, poder em púcaros, R aivoso, explode e incomoda o mundo, R iqueza reduz ou risonha lá no fundo A ntes de perecer sem nenhum refundo! Amália Faustino Mendes Praia /Cabo Verde Ditosa Pátria Aqui... Onde o mar tem fim E começa a Terra Lusa, Nasceu a Pátria Jardim Excelsa mãe feita musa!... Bem pequena na extensão Sem grandeza na aparência, Mas de enorme dimensão Na sua magnificência... Tem um Povo destemido. Fez seus a terra e o mar. Rasga o mar desconhecido Para mais além chegar!... Chegou e, foi mais além Seus feitos foram fecundos. Achou terras de ninguém Dando ao mundo novos mundos. Foi tal a fama e a glória Descobrindo maravilhas Que até a própria história Deu lugar a Tordesilhas!... Que orgulho sentimos nós Desta Pátria sem igual... Nossa e dos nossos avós Minha Pátria... Portugal!... Eucldies Cavaco - Canadá Olha aquela rapariga Mote Olha aquela rapariga Ao luar da lua cheia Está fazendo malha ou liga Mas ninguém lhe liga meia. Glosa Entre absorta e alheia Está cantando uma cantiga Caiu uma malha da meia Olha aquela rapariga Ela constrói muitos sonhos Que se evolam como areia Como caem os medronhos Ao luar da lua cheia Ó menina sonhadora Que a dura vida fustiga Trabalha enternecedora Está fazendo meia ou liga. Sonhando com o amor A chama que a vida ateia Faz malhas muito a primor Mas ninguém lhe liga meia. Maria Vitória Afonso Cruz de Pau/Amora Os Confrades da Poesia | Boletim Nr. 57 | Julho / Agosto 2013 | 23 «Bocage - O Nosso Patrono» Junho Heróis do Ultramar Chegou o mês de junho Veio gelado como é de tradição Mas já tem milho no moinho Para os bolos de São João. O mês é frio e as festas são quentes São as alegres festas juninas Que animam e unem as gentes Dancem meninos e meninas.. Primeiro vem Santo Antonio Das moças casamenteiras São João Batista vem depois Para benzer as sementeiras. Por ultimo São Pedro o pescador Pescando e ensinando a pescar Todos reunidos em louvor Alegremente vamos festejar. Os Heróis do Ultramar foram soldados combatentes Que defenderam a Pátria com a própria vida Morreram numa guerra pouco consciente Numa missão de coragem honrada e exigida. A estes soldados de Vilar de Andorinho Filhos da Terra que a morte venceu Nunca é tarde para demonstrar gratidão e carinho E reconhecimento aos Heróis que a freguesia perdeu. Nesta homenagem de memória e saudade Fica o orgulho e respeito sentido com humildade Pelos Jovens soldados que lutaram por Portugal. Os momentos vividos pela perda de um familiar, amigo ou irmão Será simbolizado neste gesto simples, nobre de emoção Pelos Vilarenses que querem honrar estes soldados da guerra colonial. Ana Santos – Vilar de Andorinho Maria Aparecida Felicori {Vó Fia} Nepomuceno Minas Gerais Brasil Como é fascinante o nosso Mundo!? O meu cérebro tem estado a pensar Como é fascinante o nosso Mundo!? Tenho estado confuso de tanto meditar. Uma noite de Luar a murmurar. As estrelas a brilharem e cintilarem. O sol reluzente e quente. As andorinhas a voarem no céu azul, para sul. As gaivotas a voarem na superfície do mar a mergulhar. As águias, na altitude, ao vento consequente. Os morcegos na noite escura, que perdura. As plantas a enflorar ao ar. As plantas a murcharem, apodrecerem. Um dia de sol quente, frequente. Um dia de céu cinzento, nebulento. Um dia arrefecido, sofrido. Um dia de chuvarada, embaraçada. E tudo isto e muito mais Tudo se resume a um mistério Que nunca levamos a sério Por muito pensar e meditar. Meu Norte Alentejano Meu Norte Alentejano- terra/encanto onde nasci, Querido torrão, que me viste, também, crescer! Voltei, santo aconchego- berço/afago do meu ser, Como tu- no imenso mundo- eu jamais vi. Meu Norte Alentejano, que minha aldeia tem Em seu colo de amor, o meu largo de brincar! Onde tanta vez fui feliz, fruindo o seu amar Tão feliz- tão feliz como mais ninguém. Porque voltas do Destino, saí há tantos anos?! Porque me obrigaram a procurar outros lugares?! Se, da vida, aqui, não sentia os desenganos? Fui para longe, procurando outros amares, Desiludido, quantas vezes, por seus danos! Sofrendo, na distância, por meus azares. JGRBranquinho - Monte Carvalho Quelhas - Suíça "Não há pior vilão que o vilão consciente." (Miguel de Cervantes) 24 | Os Confrades da Poesia Boletim Nr 57 | Julho/Agosto 2013 «Bocage - O Nosso Patrono» O Povo O Povo é o herói da nossa História, Num desfiar de feitos com glória, Descendente de Cruzados, De Conquistadores, De Descobridores, De Homens-Bons, De rosto anónimo, Porém imprescindível. Já não lava no rio, Já não anda de burro, Já não anda descalço, Já não é analfabeto, Já não está amordaçado. Conquistou direitos, Adquiriu visão e conhecimento, Melhorou o país com o seu esforço. Acreditou nos ideais de abril, Pugnou para que eles se cumprissem. Mas… Vê crescer as injustiças, Prosperar as desonras, Triunfar as nulidades, A torto e a direito. Então… Começa a desanimar da virtude E a questionar a honestidade. Rosa Branco – Cruz de Pau Esperança? No primeiro dia do ano Abro a janela de par em par. O nevoeiro é tanto Que começo a imaginar: O Mundo não acabou! Vamos começa-lo de novo Aproveitar o recém-nascido. Fazê-lo crescer com amor, Tudo o que esta palavra encerra Pôr ponto final na guerra. Dar-lhe sabedoria, educação Mostrar-lhe o caminho pela mão, Com força, vigor e saúde Fazer da amizade uma virtude. É de pequenino que se torce o pepino! O ano que agora nasceu Apesar do denso nevoeiro Vai ter dias de sol e céu azul, Primavera, Verão e Outono Não esquecendo os dias agrestes. Vamos aproveitar a bonança Dar as mãos e caminhar Pela estrada que nos é aberta. Avancemos com alma e confiança Fazendo deste ano um ano de esperança. Carlos Cardoso Luís – Lisboa Saudade (Para Francisco) Saudade do olhar Que encantou o meu Revelando imenso mar De desejos e incertezas Sobre o futuro, na época, incerto. Saudade dos sonhos Que com amor tornamos realidade Para viver em harmonia Comunhão total. Saudade do tempo Dos filhos pequenos Da longa estrada a percorrer. Sem medo dos imprevistos. Saudade de tua mão na minha A me apontar caminhos Que juntos percorremos. Saudade de tua companhia Do nosso amor... Saudade de ti Que trilhas novos caminhos Em outra dimensão. Isabel C S Vargas Rio Grande do Sul /Br A família A família, a família, Quantas vezes acontece, A harmonia a união Nem sempre é o que parece. Banquetes, almoçaradas, A família em reunião, Ao primeiro contratempo Começa a desunião. Até custa acreditar Todos cheios de razão… Tristemente cai por terra A amizade a união. Prós trabalhos cada qual Tem a sua opinião, A culpa é sempre do outro Que grande desilusão! Pelo que vejo e oiço Verdadeira conclusão, Lá diz o velho ditado “Não há bela sem senão” Aires Plácido - Amadora Salir do Tempo Oh meu velhinho castelo Destas Noites Medievais, Há quanto tempo que o tempo Sulcando as marcas do tempo Vem deixando seus sinais. Castelo foste imponente Destes honras e glória, Foste berço desta gente Que se orgulha da história. ‘stão a descoberto agora Antigas habitações, E da grandeza de outrora Restam alguns torreões; Desse Salir Castelar, Há história pouco mais, Que serviu p’ra recrear Os Tempos Medievais. Parabéns à Autarquia Por recrear neste evento, A forma como vivia O seu povo noutro tempo. Tua grandeza Salir, Nunca morre nem se esquece, Pode o Castelo ruir Que a história prevalece. P’ra não ficar esquecido O que foi nosso passado, Foi pelo Povo vivido E em dois dias recreado. Isidoro Cavaco - Loulé Manda Beijos Manda beijos ao vento Que ele mos traz a mim. O vento leva recados O vento varre pecados O vento leva saudades Percorrer montes, cidades, Embala meu bergantim. Na cabeça tens uma fita Por sobre a orelha uma rosa. Sabes que ficas mais bonita E segues teu caminho vaidosa. João Coelho dos Santos Os Confrades da Poesia | Boletim Nr. 57 | Julho / Agosto 2013 | «Faísca de Versos» Corrupção e Justiça Parece que as coisas vão mudando Já se vêm famosos na prisão A muito custo eles vão entrando Parece-me que há nova decisão. Famosos com vida atrapalhada O que fizeram vão ter que pagar Fizeram uma grande palhaçada Para fortuna rápido arranjar. Fraude fiscal e branqueamento Outras actividades de corrupção Chegou a hora do sofrimento Com o resultado da condenação. Que vergonha enclausurados Tudo por causa da ganância Muitos faltam ser investigados Tem havido grande tolerância. Muitos recursos sobre decisão Portugal disso envergonhado Em Portugal só entrava na prisão O pobre Zé-povinho… coitado. A justiça para pobres e ricos Tem certamente que acabar Inevitavelmente trará riscos Mas têm que com isso contar. Há por aí tantos vendilhões Que deviam ser investigados Enclausurados nas prisões Depois de julgados e condenados. Deodato António Paias - Lagoa Chorando Pedirei… (Inspirado em Camões) Neste país de pavões engravatados Que Portugal conseguiram pôr na lama Com políticos nunca tão mal preparados, Que foram além da vergonha humana E deram “tachos” aos amigos e afilhados Usando uma política de chicana E que entre gente submissa edificaram A pobreza que tanto amesquinharam; E também as histórias tão famosas De quem enriqueceu não trabalhando Com promessas assaz falaciosas Que ao povo sempre foram enganando... E aqueles que por políticas maldosas No meio desta crise se vão safando... Chorando pedirei por toda a parte Que tal gente se vá, de nós se afaste! Terra Berço Nada; mesmo nada me impedirá de te amar Sinto-me seguro, nada mais forte que o amor No meu berço todos compreendem o meu chorar No berço, tenho alegria; chorarei se tiver dor Meu berço, meu amor; te deixei por não ter pão Doía-me tanto ouvir os filhos; de fome a chorar Esposa limpava lágrimas; sofria; dorido coração Procurando melhor vida na França; a trabalhar Encontrei uma antiga corte; dela fiz minha casa Roubei o berço a minha esposa; filhos também Desde esse dia sinto meu coração como brasa Teria assim duas pátrias; trabalhar e viver alem Tantos anos desafiava céus e terra por abraçar Berço; minha língua; romarias, gente do torrão Sentia beiços balbuciar cantigas; pés a dançar Da fonte; caneca de agua fresca açúcar e limão Terra berço; teus picos; tuas fontes; são amores Musicas; folclore; procissões; eu tanto adorava Praias; areia branca; céu azulinho; meus amores Tudo lindo meu berço; só fome em ti; eu odiava Algozes; aqueles que nada fazem eram culpados Ambição; riqueza; o poder; mentirosa ideologia Traziam o povo acorrentado; de medo açamado Imigrante e 25 de Abril, trouxe ao berço alegria Por Armando Sousa - Toronto /Ontário Portugal O bronze da história Tem nobreza o verdete acumulado Em mil anos de história portuguesa Mas nada tem de nobre ver vergado O justo orgulho às marcas da vileza Pátria de sacrifícios, que mais querem Que dês a esta terra bem amada? - Se o sangue já lhe deste ao te pedirem Qu’em Alcácer e La Lys fosses pisada Que mais hão-de pedir-te, Portugal Se já te enfileiraram na pobreza Se já estás entre as vítimas do mal? Mas vais erguer-te pátria, que é letal Essa indómita força, essa firmeza Que te fazem pôr fim ao surreal! Eugénio de Sá - Sintra Fernando Reis Costa - Coimbra 25 26 | Os Confrades da Poesia Boletim Nr 57 | Julho/Agosto 2013 «Faísca de Versos» Portas Fachadas Receitas de Coelho Quadras soltas do Tiago Quando Portas tinha a esperança De ser vice-presidente, Eis que chegou a vingança Do que fez no”Independente” Com vontade de comer Pedro o filho mais velho Pediu à mãe p’ra fazer Para o jantar um coelho. Se não me falha a memória, o português, não te esqueças, rouba, com boa oratória, e p´ra votos, faz promessas. Quem se lembra, sabe bem O qu’ele disse de “Cavaco” E então, lá de Belém… Toma…levas p’ra tabaco. Como queres que eu o faça Há receitas esquisitas Tu queres comê-lo com massa Arroz ou batatas fritas ? E o governo que Passos Com Portas tinha engendrado Ficou feito em pedaços Morreu antes de ser nado. Há quem o faça estufado Sem ter que dar muitos passos Pode ser também grelhado Ou cortadinho aos pedaços. Mas Cavaco, foi amável; E sem lhe passar cartão, Mantém o “irrevogável” P’ra mostrar o aldrabão. Pode ser à caçadora Ou mesmo até de ensopado Mas nas receita de agora É mais coelho esfolado . De Cavaco, a decisão Aumentou a trapalhada E a dita coligação Ficou de porta fechada. Diz a mãe para o pedrinho Espera aí um momento Põe-te mas é a caminho E vai comer a São Bento. Direito, por linhas tortas? Só nos resta a palhaçada Destes atores, em que o Portas Não pôde subir a escada. Mãezinha esse coelho O povo inteiro consome Com todo o seu destrambelho Vão morrer muitos à fome. Resta ver o que vai dar A decisão de Belém: Melhor… não há que esperar; Pior…talvez o que vem! Klyde Wood Silvais - Évora Não pense nem um segundo nesses conceitos fatais, se já chegámos ao fundo, não se pode descer mais. Amigo Vítor Gaspar que faz tudo a nosso gosto, um conforto nos quer dar com a baixa do imposto. Andorinha anda fugida, diz que apenas vai voltar se não lhe for infligida uma taxa por voar. Eu nunca mais vou votar no carro do governante, que ele anda sempre a guinar, não tem travão, nem volante. Tiago Fernando Reis Costa - Coimbra “Aqui nasceu um poeta Onde irá jazer o homem Eu vivo onde vegetas E produzo o que outros comem” Comentadores de TV têm tudo bem sabido, são pagos (não sei por quê) p'ra defender o partido. Por uma economia dos falidos. Fantochada do mamar. Com voz popular, num dia favorável Linha do horizonte, mais além O rio Tejo será mais navegável, Com forças, no desembarque em Belém… Momentos históricos do além-mar Com descobertas no seu apogeu, Por um Padrão de Cruzeiro a içar Na fruída expansão que enriqueceu Essa Conferência dá-nos que pensar Sociedade Civil entra no jogo Na mais vil propaganda de enganar Os Contribuintes são lenha de fogo Com a política disfuncional Vimos Revoluções inquietantes Momentos perdidos em Portugal Desfalecimento dos navegantes Afortunados vingam como Judas Vão passando ao lado das bermudas E na viragem… Vão ser destruídos. E…com réstia de sol em Portugal Desemprego… Produto Nacional Por uma economia dos falidos Pinhal Dias - Amora País no fundo, gera-se a revolta Um actor arrogante está de volta Com meias verdades, p’ra se limpar Então: - O que nos reserva o futuro? Se o nosso país não anda seguro… Sórdida… “Fantochada do mamar”… Lhanip O verdadeiro patrono do nosso País é esse sapateiro Bandarra... O futuro de Portugal - que não calculo mas sei - está escrito já, para quem saiba lê-lo, nas trovas do Bandarra... O Bandarra, símbolo eterno do que o povo pensa de Portugal Fernando Pessoa Os Confrades da Poesia | Boletim Nr. 57 | Julho / Agosto 2013 | «Reflexões» Momentos Um toque silêncio uma nuvem que se desfaz no abismo vibrante com este som sublime não despontam ocnáceas debulham-se em pranto sentimentos que nos elevavam e nos transportam para o ocaso da alma Carlos Bondoso - Alcochete Benevolência Ainda mais (A minha mulher Olívia) Busquei, querido amor, lá nesses céus, A luz que me dá vida, que me guia, Busquei a sua origem, dia a dia, Até que a encontrei nos olhos teus. Ergui, bem alto, a voz, orei a Deus E pedi-Lhe, repleto de alegria, Que as emoções que, junto a ti, sentia, Fossem, para sempre, os sonhos meus. E se o amor me diz que a busca é finda, Meu coração desperta em mil natais Cada um brilhando em cor tão linda, Que os nossos segredos serão iguais: - Tu dizes que me queres mais ainda! - Eu juro que te quero ainda mais! Longe muito longe… Tentei ir, cheia de dor… Para te esquecer… E fui contemplar-te a ti, mar… Mar, que tudo levas e tudo trazes,,, E olhei-te com dor… Com muita dor… E pensei dar-te o que mais me doía… E serenamente… Olhei, pensei e doei… Doei-te tudo o que tinha… E baixinho pedi-te que me levasses… Todos os sentimentos… Que estavam a mais… E senti… A sensação de ser livre… Senti que estava mais eu… Mas vim e foi mentira… Os sentimentos não se deitam ao mar… Nem se atiram ás ondas… Estavam à porta de casa…À minha espera… Porque…quando são verdadeiros… São eternos!... um etéreo sentimento que evolui nas alturas este desprendimento composto de doçuras penhor de confiança no coração da gente a evolução completa significado esperança professor benevolente deixe uma porta aberta! Arlete Piedade - Santarém António Barroso - Parede Infinito Anjo, minha inspiração poema escrito da vida não é a terrena paixão é uma celestial subida Os ciclos Primavera… O tempo em que fizemos projetos. O tempo de tantas e tantas ilusões. O tempo de sonhar de ter afetos. O tempo de dar voz aos corações… Verão… O tempo em que, juntos, caminhamos. O tempo em que fizemos coisas belas. O tempo em que, tão loucos nos amamos. A nossa meta era o céu e as estrelas… Outono… O tempo em que o amor ficou cinzento. O tempo em que foi perdida a esperança. A quebra do mais nobre sentimento. Foge a luz, foge o afeto, a confiança… Inverno… O céu ficou sem brilho, está suspenso. Cada um segue o seu rumo, triste e só. As palavras deram lugar ao silêncio. E o mundo vai julgar, mas, sem ter dó… João Ferreira – Quinta do Conde - Setúbal Lili Laranjo - Aveiro Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas. Mat. 7:12 27 28 | Os Confrades da Poesia Boletim Nr 57 | Julho/Agosto 2013 «Ponto Final» Nota Informativa Feitura do Boletim * Os Boletins Bimestrais com a seguinte agenda para o ano de 2013: - 15/1 - 15/3 - 15/5 - 15/7 - 15/9 - 15/11/2013 ... ( 6 períodos de postagem ) Os Confrades enviarão impreterivelmente os seus trabalhos até ao dia 5 do inicio de cada período, Com letra Tahoma e fonte 10. Não contamos para o Boletim o envio de poemas formatados… A feitura do Boletim será a partir do dia 5 até ao dia 15, correspondente à data de saída... O Tema continua a ser Livre! Para sua orientação sugerimos que consulte as páginas das Efemérides e Normas no Site dos Confrades... Cada Confrade tem direito a uma página permanente no nosso Site, isenta de qualquer tipo de quotização. Cada Boletim Bimestral editado conta com 28 páginas, preenchidas com poemas e outros trabalhos enviados pelos Confrades. Constatamos que alguns Confrades não têm enviado atempadamente os seus poemas, o que causa alguns transtornos na feitura do Boletim bimestral, por isso, somos obrigados a fazer uma nova actualização pela sua continuidade. Agradecíamos ter da parte de todos os Confrades, mais feedback em relação ao nosso trabalho, na feitura do Boletim. A Direcção Pinhal Dias – Conceição Tomé http://www.osconfradesdapoesia.com/normas.htm Entrada no nosso «Pódium dos Talentos» A nossa Saudosa Confrade Fernanda Lúcia de Souza Leal Santos, falecida a 04/06/2013 Paz à sua alma! Amigos que nos apoiam ADMINISTRAÇÃO, REDACÇÃO E PUBLICIDADE Rua Aristides da Costa N.º 15 2840-098 Aldeia de Paio Pires Telf. 210 991 683 - Tlm. 967 634 007 Email: [email protected] http://semanariocomercio.blogspot.com As fotos deste Boletim são dos autores e «A Direcção agradece a todos os que contribuíram outras da Internet para a feitura deste Boletim». Voltamos a 15/09/13
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