Revista Canavieiros
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1 Revista Canavieiros - Outubro 2011 2 Revista Canavieiros - Outubro de 2011 3 Revista Canavieiros - Outubro 2011 Editorial 4 Expediente: Conselho Editorial: Antonio Eduardo Tonielo Augusto César Strini Paixão Clóvis Aparecido Vanzella Manoel Carlos de Azevedo Ortolan Manoel Sérgio Sicchieri Oscar Bisson Editora: Carla Rossini - MTb 39.788 Projeto gráfico e Diagramação: Rafael H. Mermejo Equipe de redação e fotos: Carla Rodrigues - MTb 55.115 Murilo Sicchieri Rafael H. Mermejo Foto Capa Gustavo Nogueira Comercial e Publicidade: Marília F. Palaveri (16) 3946-3311 - Ramal: 2008 [email protected] [email protected] Impressão: São Francisco Gráfica e Editora Ltda Tiragem: 11.000 exemplares ISSN: 1982-1530 A Revista Canavieiros é distribuída gratuitamente aos cooperados, associados e fornecedores do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred. As matérias assinadas são de responsabilidade dos autores. A reprodução parcial desta revista é autorizada, desde que citada a fonte. Endereço da Redação: A/C Revista Canavieiros Rua Dr. Pio Dufles, 532 Sertãozinho – SP - CEP:- 14.170-680 Fone: (16) 3946 3311 - (ramal 2190) www.revistacanavieiros.com.br Um conjunto de fatores climáticos e econômicos desequilibraram a produção da safra canavieira 2011/2012 A safra canavieira 2011/2012 vai ficar marcada na história do setor sucroenergético. Isso porque uma sequência de fatores prejudiciais aconteceram ao mesmo tempo e desequilibraram a produção de cana, açúcar e etanol. Problemas climáticos afetaram a produção em duas safras seguidas. Somado a isso, um recesso econômico ocasionou a falta de investimento nos tratos culturais. A consequência foi menos cana, com produtividade baixa a qualidade ruim para a safra 2011/2012. Para evitar que esses acontecimentos continuem acontecendo, os produtores de cana estão investindo na renovação dos canaviais. Esse é o assunto da “Reportagem de Capa” desta edição. Quem também falou sobre os problemas que envolvem a atual safra, foi o presidente da Orplana, Ismael Perina Júnior, entrevistado deste mês, que ainda comentou sobre a criação do movimento “Brasil Verde que Alimenta”, que tem como objetivo fortalecer a representatividade do produtor nas discussões sobre o Novo Código Florestal, e a atuação do deputado federal Aldo Rebelo, como relator do texto aprovado na Câmara dos Deputados sobre o Código. A secção “Ponto de Vista” de outubro traz o artigo “A safra 11/12 e o papel das políticas públicas”, assinado por Marco Conejero (economista, doutor em administração pela FEA/ USP e gerente do Centro de Inteligência em Agronegócios da PwC Brasil) e Vanessa Nardy (economista e analista sênior do Centro de Inteligência em Agronegócios da PwC Brasil). Em “Notícias Canaoeste”, o leitor se informa sobre a participação de di- RC www.twitter.com/canavieiros [email protected] Revista Canavieiros - Outubro de 2011 rigentes e profissionais da associação no 3º Seminário da Frente Parlamentar do Cooperativismo, que teve como temas os “Desafios e Perspectivas para o Ramo Agropecuário”. O evento foi realizado no dia 28 de setembro, no Senado Federal, e contou com a participação de parlamentares e representantes do governo. A proposta do Código Florestal fez parte da programação do evento que foi organizado pela OCB - Organização das Cooperativas Brasileiras e Frencoop (Frente Parlamentar do Cooperativismo). Um outro evento divulgado em “Notícias Canaoeste” é o Seminário Reforma do Código Florestal – buscando uma Solução de Consenso, realizado na Universidade Presbiteriana Mackenzie, no dia 7 de outubro. Já em “Notícias Copercana”, é possível conferir duas reportagens especiais: 1) A realização I Conexão Cana (em parceria com a FMC), uma reunião que contou com a presença de aproximadamente 150 cooperados e técnicos do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred; 2) E a V Reunião Técnica de Amendoim, evento que contou com o apoio da Basf e reuniu os produtores que fazem parte do projeto da Copercana Amendoim. Nesta edição também é possível conferir o artigo técnico que mostra o acompanhamento da safra 2011/2012; as informações jurídicas com o advogado Juliano Bortoloti; as informações setoriais com o assessor Oswaldo Alonso, dicas de leitura e gramática, agenda de evento e o classificados. Boa leitura! Conselho Editorial 5 Ano V - Edição 64 - Outubro de 2011 Índice: Capa - 20 Setor Sucroenergético se prepara para reforçar a próxima safra Um conjunto de fatores climáticos e econômicos desequilibraram a produção desta safra; o setor quer estar preparado para enfrentar os desafios da safra 2012/2013 06 - Entrevista Ismael Perina Júnior Presidente da Orplana Fatores climáticos e econômicos afetam a safra canavieira 10 - Ponto de Vista Marco Conejero e Vanessa Nardy A safra 11/12 e o papel das políticas públicas 12 - Notícias Copercana - Copercana e FMC promovem o I Conexão Cana - V Reunião Técnica de Amendoim Copercana 16 - Notícias Canaoeste - “Brasil Verde que Alimenta” é lançado no Senado Federal - Seminário discute as mudanças propostas para o Código Florestal 22 - Notícias Sicoob Cocred E mais: Circular Consecana .................página 19 Informações Setoriais .................página 26 Artigo Técnico .................página 28 Assuntos Legais .................página 32 Opinião .................página 34 Cultura .................página 36 - Balancete Mensal 24 - Novas Tecnologias Agende-se Projeto traz soluções inovadoras para máquinas agrícolas Em parceria com o CTC, New Holland apresentou o projeto pioneiro em biomassa .................página 37 Classificados .................página 38 Revista Canavieiros - Outubro 2011 6 Entrevista com: Fatores climáticos e econômicos afetam a safra canavieira Ismael Perina Júnior Carla Rossini A Revista Canavieiros entrevistou o presidente da Orplana (Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil), Ismael Perina Júnior, que falou da crise de produtos e preços que atinge a atual safra canavieira. Antes, Perina falou sobre a criação do movimento “Brasil Verde que Alimenta”, que tem como objetivo fortalecer a representatividade do produtor nas discussões sobre o Novo Código Florestal. Ele também comentou a atuação do deputado federal Aldo Rebelo, como relator do texto aprovado na Câmara dos Deputados sobre o Código. Confira! Revista Canavieiros: Qual é o objetivo do movimento “Brasil Verde que Alimenta”, do qual a Orplana e algumas associações de produtores independentes de cana-de-açúcar fazem parte? Ismael Perina Júnior: O “Brasil Verde que Alimenta” foi criado com o objetivo de fortalecer a representatividade do produtor nas discussões sobre o Novo Código Florestal, que está em tramitação no Senado. Queremos aprovar o mais rápido possível o Novo Código Florestal. Se aprovar do jeito que está, sabemos que não é o melhor. Já houve bastante discussão, a Câmara dos Deputados teve um resultado expressivo na votação, entregou nas mãos do Senado, que tem que fazer as modificações. E nós estamos nessa expectativa de que as coisas caminhem rápido e que não passe desse ano a votação, já que temos um decreto da presidente Dilma que vence dia 11 de dezembro, e temos que antes dessa data estar com esse Código já devolvido do Senado para Câmara dos Deputados. Revista Canavieiros: Como o senhor analisa o trabalho realizado pelo deputado Aldo Rebelo, relator do texto do Novo Código Florestal na Câmara? Perina: O deputado Aldo Rebelo, com toda a experiência de vida pública e de brasileiro, teve uma sensibilidade muito grande quando assumiu a relatoria da Comissão Especial do Novo Código Florestal. O deputado viajou o país inteiro para conhecer tudo que envolvia as discussões em torno do Código. Dessa forma, ele se posicionou para cometer o mínimo de erros possíveis. O deputado Aldo Rebelo foi a pessoa certa para poder chegar com o texto do Novo Código Florestal onde chegou. Se não fosse o deputado e o conhecimento que adquiriu dificilmente teríamos um consenso sobre o Código. A aprovação no congresso por 410 votos contra 63, já é uma demonstração de que aquela casa, e o que representa, dá total apoio àquilo que foi aprovado, com todos os partidos votando a favor. Esperamos que o deputado Aldo Rebelo continue com essa força, levando mensagens para os Senadores, ajudando nessa batalha, relatando o que viu por essas andanças, colocando suas teses e fazendo com que Revista Canavieiros - Outubro de 2011 esse Código siga na direção daquilo que esperamos que é aprová-lo até esse final de ano para termos tranquilidade para voltar a trabalhar sem ter preocupação. Revista Canavieiros: Mudando de assunto, esse ano, houve uma queda de produção e produtividade da cana-deaçúcar. Isso gerou uma crise de abastecimento no setor? Perina: Essa questão da quebra da safra, já vínhamos anunciando há dois anos, quando tivemos uma crise forte de preço e o setor estava com excedente de etanol. Por várias vezes, fomos até o governo federal para buscar recursos para as usinas poderem fazer estoque e não deixar jogar produto fora, como se jogou lá atrás. Sabemos de uma história tão antiga da formiguinha que trabalha no verão para guardar para o inverno, era isso que queríamos. Na agricultura isso é muito simples: na época de excedente o governo tem que atuar forte para guardar produto para hora da dificuldade. Isso não aconteceu porque o governo federal entendeu que isso não seria 7 interessante e deixou os preços ficarem baratos e com isso os produtores tiveram problemas financeiros sérios, tanto as usinas quanto os produtores rurais. Eu posso falar em nome dos produtores, recebemos um preço muito baixo pela cana, sem praticamente capacidade de investimento nas lavouras. A consequência disso é que depois de 3 anos de baixos investimentos, temos um baixo índice de reforma de canavial e, nesse momento, o canavial mais velho da história recente do Brasil. Essa questão é um dos grandes motivos pelos quais a produtividade cedeu. Nesse período, também tivemos a crise econômica de 2008, onde realmente os recursos ficaram baixos. O governo, de uma maneira ou de outra, teve suas dificuldades e o recurso para investimento e reforma de cana praticamente não existiu. Além disso, no ano passado, tivemos uma seca bastante forte no período que a cana mais desenvolve na região Centro-Sul, que são os meses de dezembro, janeiro e fevereiro. Depois, tivemos o março mais chuvoso da história, quando choveu praticamente por 40 dias. Faltou insolação e ficou muita água retida no solo, impedindo que a cana tivesse o desenvolvimento normal. A cana precisa de terra molhada, mas também de muito sol, e praticamente, o tempo ficou encoberto, provocando uma paralisação no desenvolvimento da planta ou um crescimento não tão vigoroso como poderia ser. Iniciada a safra, depois das chuvas de março que causaram um desequilíbrio muito forte na fisiologia da planta, onde muito florescimento foi induzido nos meses de janeiro e fevereiro por causa das condições climáticas e um excesso de florescimento muito grande, coisa que também não ocorria, e isso promove uma paralisação de crescimento e tendência de diminuição de produtividade. Para completar essa situação, em julho tivemos uma geada de proporções muito grandes em regiões que, tradicionalmente, não ocorre esse problema. Na agricultura isso é muito simples: na época de excedente o governo tem que atuar forte para guardar produto para hora da dificuldade. Essa geada atingiu muitas canas que iriam ser colhidas em final de safra, também paralisando crescimento e impedindo melhorias de qualidade dessa cana. Então, foi uma série grande de eventos que aconteceram num ano agrícola. Não tem mágica para que se faça ter produtividade boa com todas essas intempéries ocorridas. Infelizmente, nós que trabalhamos com agricultura, sabemos que estamos sujeitos a isso. É um ano difícil e pior, temos muitas áreas para serem reformadas e certamente as duas próximas safras serão de difícil recuperação de produção. Revista Canavieiros: Então essa crise é mais de produto do que de preços? Perina: Na minha opinião a crise é geral porque não tem crise de preço que não tenha o produto envolvido. O mercado é sábio. Tem sobra de mercadoria, infelizmente o preço cai. Isso não seria problema se tivéssemos a criação de um seguro renda, de um financiamento muito grande para estoque, onde quando se tem produções elevadas, mecanismos de regulação de equilíbrio de mercado. Cai produção, sobe preço, subiu produção, cai preço, essa é a rotina normal. No meu entendimento, cabe ao governo criar mecanismos para que essas volatilidades diminuam. Quando o preço cai muito, tem que ter um dispositivo de incentivo, quando preço sobe muito tem que ter um mecanismo de estoque e isso vai fazendo com que se tenha menor volatilidade. Revista Canavieiros: Existe alguma possibilidade de recuperação de produção para a safra 2012/13? Perina: Olha, estamos no começo de outubro e não choveu na grande área produtora de cana que é a região Centro-Sul do país. Então, temos efetivamente um quadro de seca muito forte e tivemos uma incidência de incêndios acidentais, alguns deles criminosos, que acabaram prejudicando canas que já tinham certo desenvolvimento. Voltou tudo a estaca zero. Sinceramente, pela vivência que a gente tem, ouso a falar que a safra pode ser igual a essa, mas maior não vai ser. Ainda não fechamos essa safra e eu acho que esse ano não chegamos a 500 milhões de toneladas na região Centro-Sul. RC Revista Canavieiros - Outubro 2011 8 Opinião Elevar produção no campo é prioridade para setor de bioenergia José Carlos Grubisich* O setor de bioenergia brasileiro se prepara para encerrar a safra 2011/12 com a previsão de moagem de cerca de 510 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na região CentroSul, volume 8% inferior à safra passada, segundo dados da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar). de 2010, as condições climáticas adversas no começo deste ano, combinadas com a ocorrência de duas fortes geadas no início do último inverno, assim como o florescimento excessivo de boa parte dos canaviais, fizeram com que a queda da produtividade da safra atual fosse a maior dos últimos anos. Esse resultado demonstra que a área plantada hoje no país, em torno de 8 milhões de hectares, é insuficiente para atender à crescente demanda por etanol, estimulada pela frota flex de 14 milhões de unidades. Esse desequilíbrio é fruto da baixa produtividade agrícola, que sofre com o envelhecimento dos canaviais e com os impactos de variações climáticas desfavoráveis. Além isso, parte dos produtores enfrenta dificuldades para investir na renovação das áreas de canavial por falta de linhas de financiamento competitivas. O quadro atual evidencia a necessidade imediata de investimentos na renovação e na expansão da área plantada, que precisa, no mínimo, atingir 14 milhões de hectares em 2020 para abastecer o mercado brasileiro. Apesar de o setor bioenergético ter alcançado um novo patamar tecnológico, com modernas unidades agroindustriais espalhadas pelo país, as condições climáticas ainda representam papel importante na produção da matéria-prima. A estiagem ocorrida de abril a outubro Torna-se indispensável priorizar a produção de cana, ponto de partida da cadeia de valor da bioenergia. Nos próximos cinco anos, os produtores de etanol deverão investir maciçamente na renovação e na expansão de seus canaviais, desenvolver novas tecnolo- José Carlos Grubisich, presidente da ETH Bioenergia gias de plantio e introduzir novas variedades de cana, mais bem adaptadas aos ambientes de produção das novas fronteiras agrícolas, buscando alta produtividade. Essa rápida retomada na produção de biomassa é possível e o Brasil tem competência para realizá-la. A ETH Bioenergia, por exemplo, tem plantado mais de 100 mil hectares de cana própria por ano, número recorde na história do setor de bioenergia. O maior desafio do setor de bioenergia é garantir a quantidade e a qualidade de matéria-prima necessária para a produção do etanol e a cogeração da energia elétrica com competitividade e sustentabilidade. A utilização de novas tecnologias, somada à expansão da área plantada com as melhores práticas agrícolas, permitirá que a produção de energia limpa e renovável seja protagonizada pelo Brasil. RC *é presidente da ETH Bioenergia Artigo publicado originalmente no jornal Folha de S. Paulo, edição de 21 de outubro de 2011. Revista Canavieiros - Outubro de 2011 9 Revista Canavieiros - Outubro 2011 10 Ponto de Vista Marco Conejero e Vanessa Nardy* A safra 11/12 e o papel das políticas públicas J á é de conhecimento de todos que o setor sucroenergético está passando por mais um dos seus tradicionais períodos de turbulência. A safra 2011/12 de cana-de-açúcar se aproxima de um final precoce cercado por problemas climáticos, fitossanitários (pragas e doenças) e de perdas pela colheita mecanizada (compactação do solo). Veremos esse final com uma expectativa preocupante: pela primeira vez nos últimos 10 anos teremos uma quebra de safra da ordem de 10-15% conforme as estimativas das principais consultorias do setor. Na medida em que não se tem a oferta que esperávamos para suprir uma demanda tão pujante, a história se repete. Com as expectativas de crescimento do país e do consumo de energia, o programa brasileiro de etanol que outrora foi amplamente elogiado no âmbito internacional por sua economia limpa, agora se sente ameaçado pelos fantasmas de seu passado. A crise do Proálcool, marcada pela insuficiência do biocombustível nos postos durante o final da década de 1980, pode voltar a assombrar o setor sucroenergético. Claro que de uma maneira diferente, já que o consumidor agora pode escolher qual combustível usar de acordo com a relação de preços etanol/gasolina. Na atual safra observamos uma grande queda no consumo de etanol referente ao expressivo aumento do seu preço. Nos últimos 12 meses o preço do etanol na bomba subiu em média 28% em todo o país, e ainda pode ser culpado pelo não cumprimento da meta de inflação projetada em 6,5% neste ano. Diante deste cenário, cabe aqui uma análise retrospectiva dos principais fatos ocorridos nas últimas 4 safras que levaram a atual crise de oferta. A partir de 2006, as vendas de veículos flex fuel passaram a representar mais da metade dos novos veículos comercializados no Brasil, aumentando assim a demanda pelo etanol combustível nas bombas. Com esse cenário promissor, o setor sucroenergético iniciou sua fase de expansão com largos investimentos na ampliação da capacidade de moagem e construção de greenfields com muitos aportes de capital e alavancagem financeira. Segundo dados da Unica, entre 2005 e 2008, cerca de 110 usinas entraram em operação no CentroSul do país. A produção de cana-de-açúcar cresceu quase 50%, a de açúcar 20% e o etanol dobrou sua produção. É a tese da expansão alcooleira puxando o setor. O cenário positivo foi fortemente abalado pela crise financeira mundial de 2008, responsável por dar uma “cara nova” ao setor. Algumas empresas familiares endividadas passaram para as mãos dos grandes grupos de controle estrangeiro, que concentraram e consolidaram o setor nos últimos 2 anos, dando uma nova roupagem à tradicional indústria. A partir de então se iniciou um período de reestruturação. As usinas focaram seus esforços na recuperação financeira deixando de lado seus planos de expansão. Reflexo disso está na taxa de renovação dos canaviais que caiu para menos de 15% da área plantada com cana. Segundo a Unica, apenas 8% dos canaviais foram renovados nos últimos 2 anos. Estima-se que 40% da produção na safra atual vêm de uma cana de 5º corte ou mais velha, o que explica a grande quebra de produtividade. Revista Canavieiros - Outubro de 2011 Em linha com a falta de investimentos, temos o aumento dos custos de produção, reflexo também do menor rendimento industrial da cana e do encarecimento dos custos de mão-de-obra, insumos e transporte. E agora em tempos de desvalorização do real frente ao dólar, os insumos importados, principalmente fertilizantes e defensivos, devem ficar mais caros. O reflexo de tudo isso foi um descompasso na produção de etanol, cuja oferta não cresceu de acordo com a sua demanda. Segundo os dados da ANFAVEA, as vendas de veículos flex fuel cresceram a um ritmo anual de 22% no período compreendido entre 2005 e 2010, enquanto a produção de etanol apresentou uma taxa de crescimento anual de 6,3% no mesmo intervalo de tempo conforme os dados da Unica. Agrega-se a isso o fato de o preço da gasolina estar congelado desde 2005, independente da cotação do petróleo, servindo como um teto (limite) à rentabilidade do etanol. Os altos custos de produção e os preços pouco remuneradores do etanol não estimulam ninguém a perder dinheiro! Por mais que o açúcar sirva como uma alternativa de remuneração, é algo cíclico e temporário. A quebra da safra de cana 11 na Índia, até então o segundo maior exportador de açúcar, fez com que o açúcar brasileiro fosse remunerado com preços recordes nas últimas safras. No entanto, essa situação já deve mudar com a volta da Índia na safra 12/13 ao comércio internacional de açúcar. Em resumo, a safra 2011/12 será marcada pela reversão da imagem de expansão do setor: grande quebra de safra, falta de investimentos na renovação de canaviais, altos custos de produção, e déficit na produção do etanol. E o cerne do problema está nas políticas públicas. Ao invés de incentivar o carro elétrico, não vamos deixar o carro flex fuel morrer. Vamos liberar o preço da gasolina e o acesso ao crédito de renovação dos canaviais, que o setor poderá dar a resposta que o governo tanto espera. RC *Marco Conejero é economista, doutor em administração pela FEA/USP e gerente do Centro de Inteligência em Agronegócios da PwC Brasil. Vanessa Nardy é economista e analista sênior do Centro de Inteligência em Agronegócios da PwC Brasil. Revista Canavieiros - Outubro 2011 12 Notícias Copercana Copercana e FMC promovem o I Conexão Cana O evento reuniu produtores rurais para apresentar novidades tecnológicas em relação à aplicação de herbicidas e defensivos agrícolas Carla Rossini A Copercana e a FMC - uma das empresas líderes no fornecimento de inseticidas, herbicidas e fungicidas no Brasil – promoveram no dia 23 de setembro, em Sertãozinho, o I Conexão Cana, uma reunião que contou com a presença de aproximadamente 150 cooperados e técnicos do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred. O evento discutiu as novas tecnologias para aplicação de defensivos agrícolas, controle de plantas daninhas e o aumento da praga “cigarrinhas das raízes”. O diretor da Copercana, Pedro Esrael Bighetti, fez a abertura da reunião e destacou a importância da parceria entre a cooperativa e a FMC, para levar conhecimento aos produtores rurais. “A cooperativa visa que o seu cooperado tenha os melhores resultados possíveis em suas lavouras e, para isso, difundi tecnologias. Através de empresas parceiras como a FMC, conseguimos orientar os produtores rurais sobre o que há de melhor na agricultura”, disse Bighetti. A reunião contou com a presença de aproximadamente 150 cooperados e técnicos do Sistema colas em geral, porque as mudanças que ocorreram, principalmente em segurança de aplicação, são uma preocupação que a cooperativa tem em repassar aos seus cooperados, para que eles tenham mais cuidados nas necessidades de aplicação e tenham lucratividade maior na sua atividade”, disse Dalmaso. O gerente de comercialização de agroquímicos da Copercana, Frederico José Dalmaso, falou sobre o objetivo do evento. “A Copercana, juntamente com a FMC, pretende levar ao agricultor as novidades tecnológicas em relação à aplicação de herbicidas e os defensivos agrí- A primeira palestra da reunião foi ministrada pelo agrônomo, Weber Geraldo Valério da empresa Agro Analítica e teve como tema o “Manejo correto dos herbicidas e as tecnologias de aplicação”. Segundo o palestrante, atualmente, com as mudanças ocorridas na agricultura, o produtor tem que estar atento ao uso correto dos produtos que adquiri. “A Pedro Esrael Bighetti, d iretor da Copercana Weber Geraldo Valério da empresa Agro Analítica Frederico José Dalmaso, gerente de comercialização da Copercana Maria Carolina Azevedo, engenheira agrônoma da FMC Revista Canavieiros - Outubro de 2011 13 colheita mecânica, o manejo da palha, a diversificação da flora e algumas plantas daninhas que não eram importantes, hoje são muito importantes e são problemáticas, por isso, é preciso adaptação de novas tecnologias para atender essas mudanças”, disse Valério e completou: “se um produto não for aplicado corretamente, as perdas, em algumas situações, podem chegar a 40% do produto”. A engenheira agrônoma da FMC, Maria Carolina Azevedo, palestrou sobre o aumento da cigarrinha das raízes, uma praga que aumentou nos canaviais brasileiros, principalmente com a colheita mecanizada e sem queima. “A cigarrinha se tornou uma praga muito importante em cana e hoje pode representar até 80% de queda de produtividade”, disse a agrônoma, que finalizou sua palestra falando sobre os manejos de combate à praga. “O manejo biológico ainda é o ideal, mas só conseguimos trabalhar com o manejo biológico quando a infestação é baixa, agora, em um ano seco como este, temos que utilizar produtos químicos para poder ter um residual maior”, disse Maria Carolina. Frederico Dalmaso, José França, Giovanni de Oliveira, Weber Geraldo Valério, Maria Carolina Azevedo e Marcos Lopes Os cooperados aprovaram a reunião. “Temos que considerar todas as informações que nos foram transmitidas para não perder produtividade. A cigarrinha está aí, veio para ficar e nós temos que acreditar e investir em produtos”, disse o cooperado Marcelo Baccega. “Se temos os tratos culturais bem conduzidos e bem orientados, conseguimos uma boa eficiência. Não basta ter tecnologia e não saber usar”, afirmou o cooperado Domingos de Moraes. RC Revista Canavieiros - Outubro 2011 14 Notícias Copercana V Reunião Técnica de Amendoim Copercana O encontro foi promovido com o apoio da Basf e reuniu os produtores do Projeto Amendoim da cooperativa Carla Rossini P ara discutir as novas técnicas para o controle de pragas e doenças do amendoim e apresentar as perspectivas para a nova safra do grão, a Copercana – através da Uname (Unidade de Grãos), promoveu no dia 29 de setembro, a V Reunião Técnica de Amendoim. O evento, que contou com o apoio da Basf – uma das empresas que mais investem em pesquisas com essa cultura reuniu os produtores que fazem parte do projeto da Copercana Amendoim e que tem a consultoria do professor da Unesp – Universidade Estadual Paulista, Modesto Barreto. Cooperados e colaboradores da Copercana participaram das palestras portância dos cooperados participarem de projetos propostos pela cooperativa. “O papel da cooperativa é dar toda a assistência para que o cooperado produza com qualidade e o papel do cooperado é participar ativamente dos projetos da cooperativa. Quando o produtor trabalha direitinho, seguindo as orientações da cooperativa, tem retorno muito bom”, disse Tonielo. “O percevejo preto ataca o amendoim, perfurando e manchando o grão, causando danos diretos na vagem. Isso prejudica a comercialização da leguminosa. Ainda não temos um controle eficaz, ou seja, nenhuma molécula registrada para o controle do percevejo preto, por isso, a praga vem tirando o sono de muitos produtores que ficam de mãos atadas”, disse o palestrante Efrain de Santana Souza, da Unesp de Botucatu. A abertura da reunião foi realizada pelo presidente da Copercana, Antonio Eduardo Tonielo, que falou sobre a im- Durante o evento, foram ministradas palestras sobre o percevejo preto (uma praga que tem crescido nas lavouras de amendoim), controle fitossanitário e a tecnologia de aplicação de produtos na cultura. Segundo o professor Marcelo da Costa Ferreira, da Fcavj/Unesp, o produtor de amendoim vive atualmente uma expansão da cultura e para não perder renda, é preciso administrar o controle fitossanitário. “Uma vez iden- Antonio Eduardo Tonielo, presidente da Copercana Augusto César Strini Paixão, gerente da Uname - Copercana Efrain de Santana Souza, professor da Unesp de Botucatu “A Copercana há mais de 7 anos começou um trabalho de suporte aos produtores de amendoim da região, que engloba apoio financeiro e técnico. Formamos um grupo de produtores para suprir uma necessidade de produção 1,5 milhão de sacas do grão e, para isso, damos toda a assistência que esses produtores necessitam. Isso fortaleceu os cooperados que participam do projeto e eles fornecem amendoim para a cooperativa de boa qualidade”, explicou o gerente da Uname, Augusto César Strini Paixão. Revista Canavieiros - Outubro de 2011 15 Marco Aurélio Chinelato, representante da Basf Marcelo da Costa Ferreira, professor da Fcavj/Unesp, Antonio Marani Angelo, cooperado da cidade de Tupã “A tecnologia na agricultura é sempre necessária. No Brasil, precisamos se aprimorar para aumentar a qualidade. Essas reuniões são de suma importância para o produtor busque essa qualidade junto à cooperativa”, disse o cooperado Antonio Marani Angelo. RC tificada a necessidade de fazer controle fitossanitário, o produtor deve selecionar um produto que seja adequado para o problema na sua lavoura, e saber aplicar essa tecnologia corretamente. Não existe apenas um modelo para todos os casos, então é necessário selecionar o modelo adequado para cada alvo. Por isso é importante o apoio técnico da cooperativa”, afirmou Ferreira. No encontro, profissionais da Basf falaram sobre os produtos da empresa direcionados a cultura de amendoim, inclusive apresentando uma amostragem realizada com um agricultor do projeto Copercana Amendoim. “A Basf é uma empresa mundial de pesquisa que busca inovação em soluções de produtos que melhorem o controle de doenças e insetos, e também, aumente a produtividade dos agricultores, disse Marco Aurélio Chinelato, representante da Basf. Para os cooperados, as informações repassadas no evento, são muito importantes. “Essas reuniões são muito importantes porque o agricultor vai se conscientizando, aperfeiçoando mais a sua cultura e se especializando melhor, com isso a rentabilidade melhora”, disse o cooperado José Roberto Trevisan. José Roberto Trevisan, cooperado da cidade de Jaboticabal Revista Canavieiros - Outubro 2011 16 Notícias Canaoeste “Brasil Verde que Alimenta” é lançado no Senado Federal 3º Seminário da Frente Parlamentar do Cooperativismo “Desafios e Perspectivas para o Ramo Agropecuário” Carla Rossini R epresentantes do cooperativismo agropecuário brasileiro - inclusive o presidente da Canaoeste, Manoel Ortolan, que estava acompanhado do diretor, Francisco César Urenha e do advogado, Clóvis Aparecido Vanzella - estiveram reunidos no Senado Federal para participarem do 3º Seminário da Frente Parlamentar do Cooperativismo, que teve como temas os “Desafios e Perspectivas para o Ramo Agropecuário”. O evento foi realizado no dia 28 de setembro e contou com a participação de parlamentares e representantes do governo. A proposta do Código Florestal fez parte da programação do evento que foi organizado pela OCB - Organização das Cooperativas Brasileiras e Frencoop (Frente Parlamentar do Cooperativismo). Um dos pontos principais do evento foi o lançamento do Conselho de Produtores Rurais “Brasil verde que alimenta”, ocasião em que o presidente da Orplana (Organização dos Plantadores de Cana da Região CentroSul do Brasil), Ismael Perina Júnior fez um discurso explicando o que é o Conselho e quais são os objetivos. “Queremos a aprovação do novo Código Florestal o mais rápido possível. Estamos nessa expectativa de que as coisas caminhem rápido no Senado e que a votação não passe desse ano”, disse Perina. Ismael Perina Jr, presidente da Orplana Clóvis Vanzella, Rodrigo Zardo, Francisco Urenha, Luis Antônio Francisco de Souza e Manoel Ortolan O presidente da OCB, Márcio Lopes de Freitas, disse que o objetivo do Seminário era “tratar de bandeiras importantes para as cooperativas agropecuárias, e uma delas é, com certeza, a definição de um Código Florestal realmente conectado à nossa realidade. É preciso tirar do campo, dos produtores rurais, a sensação de insegurança instaurada justamente pela falta de uma legislação coerente, que atenda, simultaneamente, à preservação dos recursos naturais e à continuidade da produção”, disse Freitas. Participaram do Seminário o senador Waldemir Moka (presidente da Frencoop), o senador Luiz Henrique (Relator da proposta do Novo Código Florestal nas Comissões de Constituição e Justiça (CCJ), Agricultura e Reforma Agrária (CRA) e Ciência e Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática do (CCT) do Senado Federal) e o senador Jorge Viana (Relator da proposta do Novo Código Florestal na Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) do Senado Federal). Estiveram presentes os ministros Ideli Salvatti (Relações Institucionais), Mendes Ribeiro (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e o ex ministro, Roberto Rodrigues. Também participaram deputados federais e estaduais, dentre outras autoridades políticas. Manoel Ortolan (presidente da Canaoeste), Mendes Ribeiro (Ministro da Agricultura), Luis Antônio Francisco de Souza (associado da Canaoeste), Clóvis Vanzella (advogado da Canaoeste) e Francisco Urenha (diretor da Canaoeste) Revista Canavieiros - Outubro de 2011 17 Entrevista: Senador Waldemir Moka de legislação para melhorar os gargalos desse setor. As cooperativas têm avançado muito, mas ainda enfrentam muitas dificuldades. Então com esse encontro, pretendemos aproximar as cooperativas dos parlamentares. Revista Canavieiros: Qual o objetivo do 3º Seminário da Frente Parlamentar do Cooperativismo? Senador Waldemir Moka: Na verdade é um esforço da Frente Parlamentar junto com a OCB para reunir um dos ramos do setor cooperativista, no caso, o setor agropecuário. Durante o Seminário, as cooperativas vão colocar quais os principais gargalos, dificuldades e desafios, e dentre essas dificuldades aquilo que depende de legislação aqui no Congresso. Parlamentares, deputados federais e senadores, estarão reunidos para discutir o que pode ser feito em termos Revista Canavieiros: E sobre o Código Florestal? Qual a previsão de votação? Moka: O texto veio da Câmara para o Senado, votamos na Comissão Especial de Justiça, e a vitória foi a tese de que a legislação do Congresso tem que ser uma legislação geral, ou seja, deixar para que os Estados possam fazer uma legislação concorrente ou suplementar. Penso que isso foi fundamental. Agora são mais três comissões a que tramita o Código, não em comissão especial, mas nas comissões permanentes de Ciência e Tecnologia, Meio Ambiente e Agricultura. Esperamos que para o final do mês de outubro, tenhamos um texto capaz de ser votado, simultaneamente, nessas Comissões. Revista Canavieiros: Hoje vai ser lançado o Conselho de Produtores Rurais “Brasil verde que alimenta”, que representa 40 mil pequenos produtores agropecuários. Qual é a importância deste tipo de movimento de apoio a vo- tação do Código Florestal no Senado? Moka: Na verdade, a votação do Código Florestal, é a necessidade do produtor de ter uma lei de segurança jurídica para produzir, porque hoje, se analisarmos o Código Florestal que está em vigor, temos uma quantidade muito grande de produtores na ilegalidade. A expectativa é de que se possa produzir primeiro uma lei duradoura, consistente e que tenha realmente uma característica que é a segurança jurídica, a partir daí o produtor terá nessa lei o que pode ou não fazer. É disso que estamos falando. E a iniciativa desse lançamento de pequenos agricultores é exatamente para mostrar que ao contrário do que se diz, a legislação prejudica muito mais o pequeno produtor do que o médio ou o grande produtor. O grande tem recurso para recuperar eventualmente mata ciliar ou uma pastagem degradada. A dificuldade está mesmo com o pequeno produtor, primeiro porque a propriedade é pequena e tem que descontar a reserva legal, se tiver um rio ou riacho que passa na propriedade, esse pequeno produtor tem que deixar preservação permanente e isto vai dificultando a produção. São essas questões que pretendemos resolver e será resolvido quando pudermos votar o Código Florestal e, então, teremos um marco legal. RC Revista Canavieiros - Outubro 2011 18 Notícias Canaoeste Seminário discute as mudanças propostas para o Código Florestal Evento reuniu autoridades e convidados em São Paulo Carla Rodrigues “ O novo Código Florestal deve assegurar um equilíbrio entre proteção das florestas e a produção de alimentos para a sobrevivência do homem”. Essas foram as palavras do coordenador do Conselho de Produtores Rurais – “Brasil Verde que Alimenta”, Antônio de Azevedo Sodré, durante sua palestra no Seminário Reforma do Código Florestal – buscando uma Solução de Consenso, realizado na Universidade Presbiteriana Mackenzie, no dia 7 de outubro. Em sua apresentação, Sodré destacou a importância de se discutir os pontos desse assunto que ainda se divergem, como leito de rios e reservas artificiais. “Pelo menos um consenso há entre ambientalistas e produtores rurais, o atual Código Florestal precisa ser mudado, já que hoje 92% das propriedades rurais estão ilegais”. Estiveram presentes no Seminário, autoridades como o senador Luiz Henrique da Silveira, relator do Código Florestal no Senado, o desembargador José Renato Nalini, o engenheiro e assessor econômico da Sociedade Rural Brasileira, André Nassar, o presidente da Orplana (Associação de Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil), Ismael Deputado Aldo Rebelo, Antonio de Azevedo Sodré e André Nassar Perina Júnior e os deputados Antônio Carlos Mendes Thame e Aldo Rebelo, entre outros. Representando a Canaoeste, participaram do evento o advogado da associação, Hussein Haikal e o agrônomo, Rodrigo Zardo. Durante sua palestra, o senador Luiz Henrique disse acreditar que o Código Florestal é a mais importante lei para o futuro do país, tornando-se peça fundamental para alcançar as metas previstas. “Ouvimos produtores, cooperativas, organizações e instituições que são afetadas por essa situação e agora posso dizer que já temos um conjunto de informações que nos permite fazer uma lei que beneficie tanto a preservação quanto a produção. Vamos trabalhar para que até Hussein Haikal, advogado da Canaoeste, Senador Luiz Henrique, relator do Código Florestal no Senado e Rodrigo Zardo, agrônomo da Canaoeste Revista Canavieiros - Outubro de 2011 meados de novembro possamos construir um projeto de consenso para ser votado no plenário e ainda esse ano ser votado no congresso”, explicou o senador. Assim como o senador Luiz Henrique, o deputado Aldo Rebelo também disse acreditar que o Código Florestal está ligado ao futuro do país e principalmente com as expectativas da sociedade. Questionado sobre uma possível Reforma Agrária, o deputado diz ser a favor, mas esclarece que esta lei não é para discutir a reforma agrária e sim a reserva legal e APP’s (Áreas de Preservação Permanente) em pequenas, médias e grandes propriedades. “O que as pessoas precisam ver é que tanto os ambientalistas quanto os produtores querem atingir o mesmo objetivo, que é produzir com sustentabilidade, mas para isso é preciso que deixem os produtores trabalharem”, disse Rebelo. De acordo com o deputado, o Brasil possui 1,7 milhão de pessoas vivendo na ilegalidade, a maioria com suas propriedades embargadas, sem nem ao menos poder receber crédito da agricultura familiar. “Isso é um crime com os nossos produtores que só querem produzir para poder sobreviver e há ainda quem proponha que eles sejam totalmente, além de multados, enxotados de sua propriedade. Eu defendo que haja uma solução que favoreça a permanência deles na terra”, esclareceu o deputado. RC 19 Consecana A Consecana - Circular Nº 07/11 Data: 30 de setembro de 2011 Conselho dos Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo seguir, informamos o preço médio do kg do ATR para efeito de emissão da Nota de Entrada de cana entregue durante o mês de SETEMBRO de 2011. O preço médio do kg de ATR para o mês de SETEMBRO, referente à Safra 2011/2012, é de R$ 0,4951. O preço de faturamento do açúcar no mercado interno e externo e os preços do etanol anidro e hidratado, destinados aos mercados interno e externo, levantados pela ESALQ/CEPEA, nos meses de abril a setembro de 2011 e acumulados até SETEMBRO, são apresentados a seguir: Os preços do Açúcar de Mercado Interno (ABMI) incluem impostos, enquanto que os preços do açúcar de mercado externo (ABME e AVHP) e do etanol anidro e hidratado, carburante (EAC e EHC), destinados à industria (EAI e EHI) e ao mercado externo (EAE e EHE), são líquidos (PVU/PVD). Os preços líquidos médios do kg do ATR, em R$/kg, por produto, obtidos nos meses de abril a setembro de 2011 e acumulados até SETEMBRO, calculados com base nas informações contidas na Circular 01/11, são os seguintes: Revista Canavieiros - Outubro 2011 Setor Sucroenergético se prepara para reforçar a próxima safra 20 “O produtor está cuidando bem da soqueira com adubação e eliminando o mato para melhorar a produção já na próxima safra.” Um conjunto de fatores climáticos e econômicos desequilibraram a produção desta safra; o setor quer estar preparado para enfrentar os desafios da safra 2012/2013 Carla Rossini A safra canavieira 2011/2012 vai ficar marcada na história do setor sucroenergético. Isso porque, segundo lideranças no assunto, uma sequência de fatores prejudiciais aconteceram ao mesmo tempo e desequilibraram a produção de cana, açúcar e etanol. “Tivemos problemas climáticos que afetaram a produção em duas safras seguidas. Somado a isso, estávamos vindo de um recesso econômico que ocasionou a falta de investimento nos tratos culturais. A conseqüência foi menos cana, com baixa produtividade e qualidade ruim para a safra 2011/2012”, disse Manoel Ortolan, presidente da Canaoeste. Segundo dados levantados pelo CTC - Centro de Tecnologia Canavieira, a produtividade agrícola do canavial colhido em setembro deste ano, no Centro-Sul, chegou a 63,6 toneladas por hectare, queda superior a 10% em relação ao mesmo mês de 2010. No acumulado do início da safra até o começo de outubro, a redução na produtividade agrícola atingiu 18% comparada com o mesmo período na safra anterior. Os fatores climáticos, como também, o baixo investimento em renovações em anos anteriores, provocaram um desequilíbrio na idade média dos canaviais. “Os canaviais estão envelhecidos e isso fez com que o potencial produtivo diminuísse. No final da safra teremos menos toneladas de cana por hectare”, explicou Ismael Perina Júnior, presidente da Orplana – Revista Canavieiros - Outubro de 2011 Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil. Segundo dados da Unica – União da Agroindústria da Cana-de-açúcar, o volume de cana processado pelas unidades produtoras da região CentroSul do país até 1º de outubro totalizou 411,99 milhões de toneladas. O número representa queda de 7,39% em relação ao total observado em igual período da safra passada. Uma outra preocupação é com a qualidade da matéria-prima. A quantidade de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR), acumulado desde o início da safra até 1º de outubro, em média, totalizou 136,46 kg por tonelada, contra 141,41 kg registrados no ano passado. 21 O produtor de cana não quer que o cenário se repita na safra 2012/2013 e para isso tem investido na renovação dos canaviais. “O produtor está cuidando bem da soqueira com adubação e eliminando o mato para melhorar a produção já na próxima safra. Também temos produtores plantando cana de ano em outubro para aproveitar a oportunidade que o mercado está oferecendo de absorver toda a produção”, disse Ortolan. Segundo ele, “a elevação no custo de produção de cana desta safra, somado ao conjunto de fatores negativos, não está compensando o bom preço pago pela matéria-prima neste momento”. O produtor Roberto Rossetti está fazendo a reforma de 20% do total dos canaviais da sua propriedade. “Como o preço da cana está melhor, a área que estou renovando este ano é maior do que a do ano passado. É um incentivo para os produtores de cana para a próxima safra”, disse Rosseti. No ano passado, os produtores colheram, em média, 89 toneladas de cana por hectare, já nesta safra devem colher em torno de 72 toneladas por hectare. A produção final desta safra está estimada em 480 milhões de toneladas de cana, na região Centro-Sul, principal produtora. Produção Do volume total de matéria-prima processado desde o início da safra até o início de outubro, 51,51% destinou-se à produção de etanol e os 48,49% restantes à produção de açúcar. Com isso, a produção de açúcar totalizou 25,98 milhões de toneladas até o dia 1º de outubro, queda de 4,19% em relação ao volume processado no mesmo período da safra 2010/2011. Já a produção acumulada de etanol alcançou 16,99 bilhões de litros desde o início da safra, sendo 6,56 bilhões de etanol anidro e 10,43 bilhões de hidratado. De acordo com o diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues, “apesar da redução da mistura do etanol anidro na gasolina, de 25% para 20%, até o momento as empresas estão mantendo o ritmo de produção do produto”. Essa manutenção é importante para que se evite qualquer problema de disponibilidade de anidro na entressafra, afirma Rodrigues. RC Revista Canavieiros - Outubro 2011 22 Notícias Sicoob Cocred Balancete Mensal COOP. CRÉDITO PRODUTORES RURAIS E EMPRESÁRIOS DO INTERIOR PAULISTA - BALANCETE - SETEMBRO/2011 Valores em Reais Revista Canavieiros - Outubro de 2011 23 Revista Canavieiros - Outubro 2011 24 Novas Tecnologias Projeto traz soluções inovadoras para máquinas agrícolas Em parceria com o CTC, New Holland apresentou o projeto pioneiro em biomassa Carla Rodrigues N o dia 19 de outubro, a multinacional New Holland, fabricante de equipamentos agrícolas, promoveu uma coletiva para divulgar seu projeto pioneiro em biomassa desenvolvido em parceria com o CTC (Centro de Tecnologia Canavieira). O evento foi realizado na cidade de Ribeirão Preto.O CTC liderou as pesquisas deste projeto e a New Holland ofereceu conhecimento na parte agrícola, resultando numa enfardadora que compacta fardos de até 450 kg e roda até 10 horas por dia. A máquina, da série BB9000, está sendo desenvolvida desde maio de 2010 e apresenta resultados favoráveis à geração de biomassa, que vem de encontro com as novas leis ambientais. O equipamento foi criado para o enfardamento de feno, mas devido à proibição da queima, o acúmulo de palha nos canaviais é muito grande, por isso a preocupação em desenvolver algo para retirar (enfardar) estes resíduos. Carlos D’arci (diretor de marketing), João Rebequi (gerente de marketing), Luiz Feijó (diretor comercial), Marcelo de Almeida Pierossi (pesquisador CTC) e Samir Fagundes (responsável pelos projetos de Biomassa da New Holland) O objetivo principal desta parceria, juntamente com os outros fornecedores, foi unir toda a cadeia do processo – enfardamento, transporte e indústria – em uma Unica solução. “Uma das premissas do CTC era encontrar um parceiro que realmente quisesse participar de toda a solução e não enfocar apenas no produto de enfardamento. Nós somos fornecedores de máquinas agrícolas, mas queremos resolver isso, já que o transporte está muito ligado a qualidade do fardo, ligado a máquina em si, por isso queremos demandar junto à solução a parte de transporte e industrial”, explicou Samir Fagundes, responsável pelos projetos de biomassa desenvolvidos pela New Holland. Processo de aleiramento, que reúne a palha em linhas (leiras). Segundo o diretor comercial da empresa, Luiz Feijó, o movimento de enfardar pode ser a atividade mais simples de todo o processo, o problema está em como descompactar e levá-lo até a usi- Enfardadeira New Holland BB9000 acoplada ao trator passa recolhendo o material e fazendo os fardos Revista Canavieiros - Outubro de 2011 25 mos a cada ano crescer nesta área, já que estamos caminhando para um cenário de colheita 100% mecanizada e o aproveitamento da biomassa na geração de energia é importantíssimo”, explicou Feijó. Além disso, com o tempo essa palha pode se tornar um problema para o solo, por exemplo, uma cana de seis cortes acumula 14 toneladas de palha ao ano, impossibilitando o manejo sustentável da agricultura. Por último, a carreta recolhedora de fardos encaminha o material para o ponto de carregamento, de onde seguem para a usina. na, uma vez que se não transportado da maneira correta, pode trazer alguns prejuízos em sua qualidade. “A nossa ideia junto com o CTC é desenvolver todo o processo. Para vender a máquina, poderíamos fazer isso agora, ela já existe, o problema é a parte de adequação que está sendo desenvolvida nesse momento”, disse o diretor. Com a mecanização da cana-deaçúcar, o risco de queima, incêndios, pragas e doenças aumentam, e por isso é fundamental que se reduza essa palha nos canaviais, e é muito importante dar a ela o destino correto, como por exemplo, a geração de energia limpa. “Hoje a empresa tem a preocupação com a energia sustentável e pretende- De acordo com Fagundes, a bioeletricidade - gerada após o processo de cogeração – tem uma série de vantagens: é um recurso renovável, que polui menos, tem risco e prazo de execução menor, maior facilidade em estimar a energia a ser gerada, e diversifica mais ainda a matriz energética nacional. “O bagaço da cana há 10 anos era um problema, daqui alguns anos essa palha vai faltar, pois o subproduto ficou mais interessante que o produto, no caso com a geração de energia”, completou. RC Revista Canavieiros - Outubro 2011 26 Informações Setoriais CHUVAS DE setembro e Prognósticos Climáticos No quadro a seguir, são apresentadas as (poucas) chuvas do mês de SETEMBRO Engº Agrônomo Oswaldo Alonso Técnico Agronômico da Canaoeste A média das observações de chuvas durante o mês de SETEMBRO (9mm), “ficou” muito aquém da média das normalidades climáticas de todos os locais informados (60mm), principalmente por se tratar do mês fundamental para a retomada de desenvolvimento dos canaviais. N o Mapa 1 abaixo, mostra que o índice de Água Disponível no Solo, no período de 15 a 17 de setembro, ainda se encontrava crítico em praticamente toda área sucroenergética do Estado de São Paulo, com interessante exceção de Batatais e sua circunvizinhança. Observando-se os Mapas 2 e 3, referentes aos finais dos meses de setembro de 2010 e de 2011, nota-se grande contraste dos índices de Disponibilidades de Água no Solo em toda área sucroenergética do Estado. Uma vez que, nos últimos três a quatro dias de setembro de Mapa 1:- Água Disponível no Solo entre 15 a 17 de setembro de 2011. Revista Canavieiros - Outubro de 2011 2010, choveu quase o dobro das médias históricas do mês inteiro; enquanto que, durante todo setembro deste ano, choveu 6 (seis) vezes menos e ainda, em Barretos e Sertãozinho (Uname, Santa Elisa e São Francisco) as chuvas foram praticamente zero. Mapa 2:- Água Disponível no So 27 Para subsidiar planejamentos de atividades futuras, a Canaoeste resume o prognóstico climático de consenso entre INMET-Instituto Nacional de Meteorologia e INPE-Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais para os meses de outubro a dezembro, conforme mostrado no Mapa 4. • Quanto às temperaturas médias e chuvas, durante os meses de outubro a dezembro, poderão ser próximas das respectivas médias históricas em toda Região Centro Sul, exceto para o Estado do Rio Grande do Sul, onde haverá tendência de “ficarem” pouco abaixo das normais climáticas; • Como referência de normais climáticas de chuvas para Ribeirão Preto e municípios vizinhos, pelo Centro AptaIAC, são de 125mm em outubro, 170mm em novembro e 270mm em dezembro. A SOMAR Meteorologia também prevê que, para a região de abrangência da Canaoeste as chuvas poderão “ficar” próximas às respectivas médias climáticas e que, embora com muita antecedência, semelhante condição climatológica poderá ocorrer na média (ou soma) dos meses de janeiro a março de 2012. Face às previsões climáticas para estes meses finais de moagem - outubro e no- olo ao final de setembro de 2010. vembro, a Canaoeste recomenda aos produtores de cana que busquem, ainda mais, o máximo de cuidados e qualidade nas operações de colheita, aproveitando ao máximo os dias e tempos disponíveis; bem como, efetuarem os necessários e aprimorados tratos culturais e até (serem mais generosos na) utilização de insumos adubações e atenções – muitas atenções mesmo - em monitoramentos de, ervas daninhas, pragas e doenças, visando às crescentes demandas por matéria prima nas próximas safras. Mapa 4:- Adaptação pela CANAOESTE do Prognóstico de Consenso entre INMET e INPE para o trimestre outubro a dezembro Entretanto, canaviais depauperados por pisoteios, falhas, pragas, doenças, ervas daninhas irão exigir renovações, visando melhor produtividade em atenção às safras futuras. Mas, atenção! Qualidade das mudas é fundamental para assegurar produtividade e longevidade dos canaviais. A relação custo/benefício é muito favorável quando se empregam mudas sadias. Estes prognósticos serão revistos a cada edição da Revista Canavieiros e fatos ou prognósticos climáticos relevantes serão noticiados em nosso site www.canaoeste.com.br . Persistindo dúvidas, consultem os Técnicos mais próximos ou através do Fale Conosco Canaoeste. RC Mapa 3:- Água Disponível no Solo, 50cm de profundidade, ao final de setembro de 2011. Revista Canavieiros - Outubro 2011 28 Artigo Técnico Acompanhamento da safra 2011/2012 A safra 2011/2012, iniciada em março de 2011, encontra-se na 1ª quinzena do mês de outubro e, neste trabalho, são apresentados os dados obtidos até a 2ª quinzena de setembro, em comparação com os obtidos na safra 2010/2011. Na Tabela 1, encontra-se o ATR médio acumulado (kg/tonelada) do início da safra até a 2ª quinzena de setembro, em comparação com o obtido na safra 2010/2011, sendo que o ATR da safra 2011/2012 está 5,91 Kg abaixo do obtido na safra 2010/2011 no mesmo período. Tabela 1 – ATR (kg/t) médio da cana entregue pelos Fornecedores de Cana da Canaoeste das safras 2010/2011 e 2011/2012 As tabelas 2 e 3 contém detalhes da qualidade tecnológica da matéria-prima nas safras 2010/2011 e 2011/2012. Tabela 2 – Qualidade da cana entregue pelos Fornecedores de Cana da Canaoeste, até a 2ª quinzena de setembro, da safra 2010/2011. Thiago de Andrade Silva Assistente de Controle Agrícola da CANAOESTE to da Pureza do caldo na safra 2011/2012 em comparação com a safra 2010/2011. Tabela 3 – Qualidade da cana entregue pelos Fornecedores de Cana da Canaoeste, até a 2ª quinzena de setembro, da safra 2011/2012. A Pureza do caldo da safra 2011/2012 ficou muito abaixo da obtida na safra 2010/2011, do início da safra até a 2ª quinzena de abril, com maior acentuação na 2ª quinzena de março, ficando próximo do mês de maio em diante, se igualando, praticamente, a partir da 2ª quinzena de junho. O Gráfico 4 contém o comportamento da FIBRA da cana na safra 2011/2012 em comparação com a safra 2010/2011. De modo geral, a FIBRA da cana na safra 2011/2012 ficou abaixo da obtida Gráfico 1 – BRIX do caldo obtido nas safras 2 O Gráfico 1 contém o comportamento do BRIX do caldo da safra 2011/2012 em comparação com a safra 2010/2011. O BRIX do caldo da safra 2011/2012 ficou abaixo em todas as quinzenas, em relação à safra 2010/2011, sendo de forma mais acentuada na 2ª quinzena de março. O Gráfico 2 contém o comportamento da POL do caldo na safra 2011/2012 em comparação com a safra 2010/2011. Pode-se observar que a POL do caldo apresentou o mesmo comportamento do BRIX do Caldo, apresentando um teor inferior ao da safra 2010/2011. O Gráfico 3 contem o comportamen- Revista Canavieiros - Outubro de 2011 29 na safra 2010/2011, com exceção das duas quinzenas de abril e de agosto, ficando bem abaixo na 2ª quinzena de março e de forma menos acentuada na 2ª quinzena de maio. Gráfico 2 – POL do caldo obtida nas safras 2011/2012 e 2010/2011 O Gráfico 5 contém o comportamento da POL da cana na safra 2011/2012 em comparação com a safra 2010/2011. A POL da cana obtida na safra 2011/2012 está muito abaixo daquela obtida na safra 2010/2011 em todas as quinzenas, sendo a diferença mais acentuada na 2ª quinzena de março. Gráfico 3 – Pureza do caldo obtida nas safras 2011/2012 e 2010/2011 O Gráfico 6 contém o comportamento do ATR na safra 2011/2012 em comparação com a safra 2010/2011. Pode-se observar que o ATR apresentou um comportamento semelhante ao da POL da Cana. O Gráfico 7 contém o comportamento do volume de precipitação pluviométrica registrado na safra 2011/2012 em comparação com a safra 2010/2011. A precipitação pluviométrica média ficou acima dos valores observados em 2010, nos meses de fevereiro, abril, junho e agosto de 2011. O mês de março ficou muito acima, comparativamente com o de 2010. Porém nos meses de janeiro, maio, julho e setembro a precipitação pluviométrica desta safra ficou abaixo daquela observada em 2010, de forma mais acentuada no mês de setembro que ficou bem abaixo da observada em 2010. O Gráfico 8 contém o comportamento da precipitação pluviométrica acumulada por Trimestre na Safra 2011/2012 em 2011/2012 e 2010/2011 comparação com a Safra 2010/2011. Gráfico 4 – Comparativo das Médias de FIBRA da cana Gráfico 5 – POL da cana obtida nas safras 2011/2012 e 2010/2011 Em 2011, observa-se um volume de chuva muito acima no 1ª Trimestre e um pouco maior no 2º Trimestre, se comparado aos volumes médios de 2010. O 3º TriRevista Canavieiros - Outubro 2011 30 mestre, praticamente se igualou ao volume médio observado em 2010. Gráfico 6 – ATR obtido nas safras 2011/2012 e 2010/2011 Houve uma pequena recuperação do teor médio de ATR no mês de setembro em relação ao mês de agosto, ocorrendo assim uma redução na diferença entre o teor médio de ATR da Safra 2011/2012 e o da Safra 2010/2011, porém a qualidade da matéria-prima (kg de ATR/t) continua bem abaixo daquela observada no mesmo período na Safra 2010/2011. RC Gráfico 7 – Precipitação pluviométrica (mm de chuva) registrada em 2010 e 2011 Revista Canavieiros - Outubro de 2011 Gráfico 8 – Precipitação pluviométrica (mm de chuva) por Trimestre, em 2010 e 2011. 31 Revista Canavieiros - Outubro 2011 32 Assuntos Legais Georreferenciamento Prorrogação do prazo anunciada C om a publicação da Lei nº 10.267/2001 (Lei do Georreferenciamento) e seus regulamentos, representados pelo Decreto nº 5.570/2005 e pelo Decreto nº 4.449/2002, criou-se o Cadastro Nacional de Imóveis Rurais (CNIR), sendo gerenciado conjuntamente pelo INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e pela Secretaria da Receita Federal, proporcionando um intercâmbio de informações com os Cartórios de Registro de Imóveis, além de fornecer dados para as mais diversas instituições públicas (federais, estaduais, municipais) e entidades ligadas ao meio ambiente rural nacional, a partir da descrição e identificação das propriedades rurais que devem ser feitas de acordo com a mais avançada técnica cartográfica. Em decorrência da legislação acima citada, é dever de todos os proprietários ou possuidores rurais promoverem a devida identificação de seus imóveis, através do competente memorial descritivo com os vértices limítrofes do imóvel rural devidamente georreferenciados de acordo com o Sistema Geodésico Brasileiro, observando-se os critérios técnicos fixados pelo INCRA, para, após, procederem a devida declaração de cadastro do imóvel rural. Salienta-se, porém, que referido georreferenciamento deve ser feito exclusivamente por profissional cadastrado no INCRA. O prazo dado aos proprietários rurais para procederem retificação seus imóveis, através do processo de georreferenciamento findaram ou terminarão nas seguintes datas: - 21.01.04 – imóveis com área de cinco mil hectares ou superior; - 21.11.04 – imóveis com área de mil a menos de cinco mil hectares; - 21.11.08 – imóveis com área de quinhentos a menos de mil hectares; - 21.11.11 – imóveis com área inferior a quinhentos hectares Após os prazos acima, os proprietários ficam impedidos de registrar escrituras de venda e compra, doação, divisão, unificação, reserva florestal legal, bem assim como averbar quaisquer atos extrajudiciais e judiciais. Já era sabido, porém, que tais prazos não seriam suficientes para que todas as propriedades do País fossem adequadas, por diversas razões, entre as quais destacamos: o alto preço do georreferenciamento, a demora do INCRA em certificar os levantamentos topográficos feitos, a falta de profissionais capacitados para a realização do georreferenciamento, dentre outros. Por conta disso, em 24 de agosto próximo passado, o Ministro do Desenvolvimento Agrário, Afonso Juliano Bortoloti Advogado da Canaoeste Florence, bem como o presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), Celso Lisboa de Lacerda, afirmaram ao vicepresidente da Frente Parlamentar da Agropecuária no Congresso Nacional, Deputado Valdir Colatto (PMDB/SC), em reunião na Comissão da Agricultura e Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara, que o prazo para os imóveis rurais de até 500 (quinhentos) hectares seria prorrogado. Segundo o deputado Colatto, “é impossível fazer o georreferenciamento no Brasil nos próximos anos”. Outra questão, explica o deputado “é o pagamento do serviço de georreferenciamento, com a possibilidade do governo criar linha de crédito para que o produtor possa acessar”. Ainda, o próprio Incra reconhece que não tem condições de atender a demanda no país. “Tem pedidos que estão parados no Incra há cinco anos a espera de homologação”, acrescenta o parlamentar, lembrando que o Brasil tem 850 milhões de hectares e 5,5 milhões de propriedades rurais. (Fonte: Assessoria de Imprensa – Deputado Federal Valdir Colatto - PMDB/SC) Porém, urge esclarecer que inobstante a afirmação de prorrogação do prazo para os proprietários de áreas de até 500 hectares, é certo que se faz necessário que tal prorrogação seja feita dentro da legalidade - através de Decreto Presidencial - para que possa ter validade. Até que isso não ocorra, certamente que os prazos acima devem ser respeitados. RC Revista Canavieiros - Outubro de 2011 33 Revista Canavieiros - Outubro 2011 34 Destaque Etanol de segunda geração: um importante aliado a sustentabilidade Carla Rodrigues O etanol de segunda geração ou, como também é conhecido, etanol de celulose, é um produto com as mesmas características físico-químicas que o etanol, o que muda é o processo de produção. Enquanto que o etanol de 1ª geração é produzido a partir da fermentação do açúcar contido na cana, o de 2ª geração será produzido a partir do material celulósico contido no bagaço ou na palha da cana. As tecnologias para a sua produção ainda estão em fase de desenvolvimento. Na essência, essas tecnologias buscam a conversão do material celulósico em açucares que, após a fermentação, seriam convertidos em etanol. Crédito: Cortesia UNICA/ Foto Niels Andreas M uito tem se falado sobre o etanol de segunda geração como um combustível do futuro, mas pesquisas indicam que este momento pode estar próximo. Segundo o consultor de emissões e tecnologia da Unica (União da Indústria de Cana-deAçúcar), Alfred Szwarc, “2015 pode ser o ano em que, se comprovado seu uso em escala comercial, assim como a redução de seus custos de produção, este subproduto poderá estar disponível no mercado”, afirma Szwarc. De acordo com Szwarc, o etanol de segunda geração apresenta alguns benefícios econômicos e ambientais, como a ampliação da produtividade, o que requer menor demanda de áreas agrícolas e a inovação tecnológica. “Com a capacidade de aumentar a produção, o etanol celulósico poderia ser um grande aliado deste produto, ajudando-o a se tornar mais competitivo no mercado”, disse o consultor. Para o Brasil produzir este tipo de etanol falta o país dispor de suas unidades produtoras, que aumentará a capacidade de produção sem aumentar a área. “Foram realizados testes preliminares em unidades de pequena capacidade, utilizadas para desenvolvimento das tecnologias, e chegaram ao resultado de 30% a 40% mais etanol, mas esses números ainda terão que ser comprovados por Revista Canavieiros - Outubro de 2011 ocasião da entrada em produção de unidades de escala comercial, o que só deve ocorrer por volta de 2015”, explicou Szwarc. RC 35 Revista Canavieiros - Outubro 2011 36 36 “General Álvaro Tavares Carmo” Administração da Produção Cultivando a Língua Portuguesa Esta coluna tem a intenção de maneira didática, esclarecer algumas dúvidas a respeito do português. “Com amor consegue-se viver mesmo sem felicidade.” Dostoiévski 1) Pedro perdeu a “vice liderança” na empresa. ... e demonstrou também não saber a nova regra ortográfica! O correto é: vice-liderança (com hífen) Regra fácil: quando o primeiro elemento é um prefixo como vice (existem outros prefixos-cito o do exemplo) usa-se o hífen. 2) Eu “abençôo” este noivado, disse Pedro. ...conforme o novo acordo Ortográfico, não foi abençoada a expressão! “Este moderno livro-texto fornece um caminho lógico das atividades de administração da produção e um entendimento do contexto estratégico em que os gerentes de produção trabalham. Está estruturado em torno do conhecido modelo de programação, planejamento e controle, mas sem isolar as atividades de planejamento das de controle. As possibilidades de melhoria de produção são apresentadas separadamente para refletir a responsabilidade dos gerentes de produção quanto à melhoria continua do desempenho de suas operações. A produção de serviços é tratada com o mesmo nível de profundidade da produção de bens.” (Trecho extraído da contracapa do livro) SLACK, Nigel; CHAMBERS, Stuart; JOHNSTON, Robert. Administração da produção. Tradução de Maria Teresa Corrêa de Oliveira, Fábio Alher, revisão técnica de Henrique Luiz Corrêa, título original: Operations Management. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2002. Os interessados em conhecer as sugestões de leitura da Revista Canavieiros podem procurar a Biblioteca da Canaoeste, na Rua Augusto Zanini, nº1461 em Sertãozinho, ou pelo telefone : (16)3946-3300 - Ramal 2016 O correto é: abençoo - sem acento Regra fácil: o hiato “ôo” deixa de receber acento nas palavras paroxítonas (a sílaba tônica é a penúltima da direita para a esquerda) - passando a grafar: oo - sem acento. Relembrando: Hiato - é o encontro de dois sons vocálicos, um dos quais pronunciado numa sílaba e o outro na sílaba imediatamente posterior. No exemplo: a-ben-ço-o. 3) Eles “crêem” que o namoro vai continuar... ...e nós cremos que a escrita foi mudada, segundo o Novo Acordo Ortográfico! O correto é: creem - sem acento Regra fácil: o hiato “êem” da 3ª pessoa do plural - do presente do indicativo- do verbo crer não será mais acentuado. (será grafado eem) Relembrando: Hiato - é o encontro de dois sons vocálicos, um dos quais pronunciado numa sílaba e o outro na sílaba imediatamente posterior. No exemplo: cre-em. PARA VOCÊ PENSAR: “ Renova-te. Renasce em ti mesmo. Multiplica os teus olhos para verem mais. Multiplica os teus braços para semeares tudo. Destrói os olhos que tiverem visto. Cria outros para visões novas. Destrói os braços que tiverem semeado Para se esquecerem de colher. Sê sempre o mesmo. Sempre outro. Mas sempre alto. Sempre longe. E dentro de tudo.” Cecília Meireles Dicas e sugestões, entre em contato: [email protected] * Advogada, Prof. de Português, Consultora e Revisora, Mestra USP/RP, Especialista em Língua Portuguesa, Pós-Graduada pela FGV/RJ, com MBA em Direito e Gestão Educacional, autora de vários livros como a Gramática Português Sem Segredos (Ed. Madras), em co-autoria. Revista Canavieiros - Outubro de 2011 37 Eventos em Novembro de 2011 11º Conferência Internacional DATAGRO sobre Açúcar e Álcool Empresa Promotora: Datagro Tipo de Evento: Conferência / Palestra Início do Evento: 21/11/2011 Fim do Evento: 22/11/2011 Estado: SP Cidade: São Paulo Localização do Evento: Grand Hyatt São Paulo (Av. Nações Unidas, 13301) Informações com: Datagro Site: www.conferencia.datagro.com.br Telefone: (11) 4133-3944 E-mail: [email protected] 10º Evento sobre Produtividade e Redução de Custos Data: de 30 de Novembro a 01 de Dezembro Inscrições: Até o dia 28 de Novembro Local: Centro de Convenções de Ribeirão Preto/SP Endereço: Rua Bernardino de Campos Bairro: Centro CEP: 14015-000 Mais informações: 16 3514 0631 | 3211 4770 E-mail: [email protected] Valor: EMPRESAS DO AGRONEGÓCIO E PESSOAS FÍSICAS, valor para inscrições até 10/11/2011 R$ 680,00 e até 28/11/2011 R$ 750,00 Valor: FILIADOS: CEISE, IAC, ORPLANA E UNICA., valor para inscrições até 10/11/2011 R$ 600,00 e até 28/11/2011 R$ 680,00 Agronegócios PIB do Setor Agropecuário cresce 4,85% no primeiro semestre de 2011 O Estudo da CNA aponta que preços em alta e volume de produção justificam desempenho positivo do segmento primário Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária cresceu 0,61% em junho, elevando para 4,85% a expansão do PIB do setor primário no primeiro semestre de 2011 na comparação com o mesmo período de 2010, de acordo com análise divulgada no início de outubro, pela CNA - Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil. O estudo, elaborado em parceria com o Cepea - Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo, mostra que o aumento do volume produzido e a elevação dos preços médios de alguns produtos agrícolas, como algodão, café, milho, laranja, soja e carne bovina, justificam o crescimento do PIB. A avaliação da CNA e do Cepea aponta que o segmento agrícola vem impulsionando o bom desempenho do setor básico, enquanto as taxas de crescimento da pecuária, ainda que positivas, acabam por frear o ritmo de crescimento da agropecuária. O crescimento agrícola foi de 0,90%, em junho, o que ampliou para 6,75% o desempenho positivo no ano. Na pecuária, o crescimento ao longo de 2011 foi menos expressivo, mas também positivo, com taxas de expansão de 0,22%, em junho, e de 2,43%, no acumulado dos seis primeiros meses do ano. As estimativas de preços e de produção também influenciaram de forma positiva na previsão para o Valor Bruto da Produção (VBP) da agropecuária, que deve crescer 12,9%, em 2011, considerando as projeções de agosto. O faturamento obtido com a venda de 25 produtos agropecuários deverá somar R$ 293,9 bilhões no ano, superando os R$ 260,2 bilhões, de 2010. Separado por segmento de produção, a previsão é de que o VBP da agricultura feche 2011 em R$ 182,54 bilhões, com crescimento de 12,5% em relação ao ano anterior. Para a pecuária, a expectativa é de ampliação de 13,8% do VBP, para R$ 111,41 bilhões. Balança Comercial – Além das avaliações para o PIB e VBP, a CNA também divulgou a análise dos dados da balança comercial do agronegócio. Em agosto, o saldo positivo foi de US$ 8,3 bilhões, com crescimento de 34,2% em relação ao mesmo mês de 2010. O resultado foi influenciado pelo crescimento de 34,7% do valor das exportações no mês, totalizando US$ 9,8 bilhões. RC Fonte: CNA Revista Canavieiros - Outubro 2011 38 Compra-se - Tubos de irrigação de todos os diâmetros, motobombas, rolão autopropelido, pivot, etc. Pagamento à vista. Tratar com Carlos pelos telefones: (19) 9166- 1710/ (19) 8128-0290 ou pelo email: [email protected] Vendem-se - Ford Cargo 1517, ano 2008 toco, equipado com tanque de água 10.000l e acessórios novos, bombeiro, pipa; - Ford Cargo 2626, ano 2005, traçado, equipado com tanque de água 16.000l e acessórios novos, Gascom Agribomba, bombeiro, pipa; - Ford Cargo 2425, ano 2002, traçado equipado com tanque de água 16.000l e acessórios novos, bombeiro, pipa; - Ford Cargo 2425, ano 1998, traçado, equipado com tanque de água 16.000l e acessórios novos, bombeiro, pipa; - Ford F1200, ano 1993 toco, equipado com guindaste (munk), modelo 10.000 cabine suplementar e carroceria; - Ford F11000, ano 1982toco, equipado com tanque de água 8.000l e acessórios, bombeiro, pipa; - Mercedes Bens 2423K, ano 2007, traçado, 57.000km, original, equipado com caçamba distribuidora 17m³, esparrama torta de filtro e calcário, marca Ota; - Mercedes Bens 1113, ano 1973, toco, equipado com tanque de água 8.000l e acessórios, bombeiro, pipa; - Mercedes Bens 2013, ano 1986, truk, equipado com caçamba basculante de 10m³; - Mercedes Bens 1513, ano 1979, truk, equipado com caçamba basculante de 8m³; - Volkswagem 26.260, ano 2008, traçado, 82.000km, original, equipado com caçamba basculante de 12m³; - Volkswagem 12.170bt, ano 1999, toco, equipado com tanque de água 10.000l e acessórios novos, bombeiro, pipa; - Guindaste (munk) Imap, ano 1997, modelo 20.000, 2 lança hidr. e 2 manual, 360º giro, 4 patolas; - Guindaste (munk) PHD, ano 2009, modelo 16.000, 2 lança hidr. e 3 manual, 360º giro, 2 patolas com abertura lateral. 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