1 Companheiro Carlos Bolívia, Estive em Madri em 1995 e voltei em

Companheiro Carlos Bolívia,
Estive em Madri em 1995 e voltei em 2010, com Rose. Madri foi a primeira cidade fora do
Brasil que conheci. A Espanha, por sua história e cultura, é um país que sempre me atraiu. Ter
a oportunidade de ir lá, em 1995, foi uma felicidade. Gostei muito. Gosto muito de lá.
Compartilho com você algumas dicas de Madri:
1-Para conhecer uma cidade é preciso caminhar, “bater pernas” por seus bairros e ruas. Em
Madri, caminhar pela Gran Vía é fundamental. Comece pela Plaza de España, com seu
monumento a Cervantes e Sancho Pança, e vá até a Calle de Alcalá, a poucos metros da Plaza
de La Cibeles, bela e ponto de convergência de manifestantes madrileños. A Gran Vía, a pé ou
de metrô, nos leva aos pontos principais da cidade.
2-A partir da Plaza de La Cibeles, caminhe pelo arborizado Paseo Del Prado. O Museu do
Prado e o Jardim Botânico Real de Madri estão logo adiante. Dois passeios imperdíveis. O
Jardim é bonito e bem cuidado, um lugar gostoso para passear e relaxar. O Museu do Prado
tem um acervo muito grande, variado e rico, e uma organização didática, bem dosada (O
Louvre também tem um acervo enorme, mas é uma overdose cansativa). Goya e Velásquez
são duas lembranças fortes da minha visita. Uma beleza!
3-Dois outros museus (existem muitos!) merecem destaque em Madri:
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Museo Thyssen-Bornemisza: Paseo Del Prado, 08. Reúne o acervo de um milionário.
Lugar bonito, acervo bem organizado e eclético. Arte medieval, neoclássica,
expressionista, surrealista, pop.
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Museo Nacional Reina Sofía: Calle Santa Isabel, 52. É a casa de Guernica, de Picasso.
Vale a pena ir lá só para ver Guernica, uma obra que, além de suas qualidades
estéticas, é uma referência política, uma obra-denúncia. Pinturas de Miró, Dalí, Picasso
e muitos outros. Pinturas, desenhos, esculturas.
4-Sou um viciado em restaurantes e bares. Gosto de ir a bons lugares. É um investimento que
fazemos, eu e Rose, durante nossas minhas viagens. Pertinho do Museu do Prado e do Jardim
Botânico, existem duas ótimas opções:
 Restaurante El Botanico, Calle Ruiz de Alarcon, 27, atrás do Museu e ao lado do
Jardim. Frutos do mar, risotos, boa comida, preço legal. Na calçada, mesinhas para
bebericar e ver o movimento. Bons vinhos. Fernando, um colombiano, é o garçom.
Muito simpático e gentil. http://www.restaurantebotanico.com/
 Trattoria Sant’Arcangelo, Calle de Moreto, 15, atrás do Museu, um pouco acima do
Botanico. Ótima comida italiana em Madri. Massas e pizzas. Bons vinhos. É um lugar
um pouco mais caro e, normalmente, cheio. Bom fazer reserva.
http://www.trattoriasantarcangelo.es/
5-Seguindo na rota dos restaurantes, mais algumas boas dicas:

Restaurante Botín: Calle Cuchilleros, 17, numa das quinas da Plaza Mayor. Fundado
em 1725, é, de acordo com o Guiness, o restaurante mais antigo do mundo. É muito
legal, imperdível. Carne de porco assada e um bom vinho tinto. Lugar movimentado.
Bom fazer reserva. http://botin.es/web/?q=pt
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
Restaurante Las Cuevas de Luis Candelas: Calle Cuchilleros, 01, pertinho do Botín.
Assados são o forte da casa, que funciona numa espécie de porão, com arcos e mesas
nos cantinhos. O tal Luis Candelas, se não me engano, era um ladrão tipo Robin Hood,
que acabou morto no garrote vil. http://www.lascuevasdeluiscandelas.es/

Restaurante Mesón Cinco Jotas: Paseo San Francisco de Sales, 27. Bom para cervejas,
tapas e presuntos. É uma franquia bem sucedida em Madri. Bom preço.
http://www.restaurantescincojotas.com/
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Café Oriente: Plaza de Oriente, 02. Aristocrático, fica em frente ao Palácio Real. É um
lugar caro, mas vale a pena sentar e tomar uma cerveja. Bom serviço. Bom ponto de
observação do movimento da visitação ao Palácio Real. www.cafedeoriente.es/
6-Pontos para mais passeios em Madri:

Plaza Mayor: muito bonita! Ampla, com belos afrescos e casario imponente. Além dos
bons restaurantes que tem por perto, é lugar para encontrar pessoas, ver o
movimento, artistas de rua e turistas do mundo inteiro. A Plaza foi onde os membros
da Corte espanhola viveram no século XVII. Já foi local de touradas, desfiles e autos de
fé da Inquisição: muita gente foi executada lá. No dia 30 de junho de 1680, 118
acusados pela Inquisição foram executados. Todos em um só dia.

Estação Atocha: principal estação ferroviária de Madri. Construção ampla, coberta,
com um jardim interno: árvores, palmeiras, lago com tartarugas. É ponto de partida
para todos os cantos da Espanha e da Europa.

Parque Retiro: grande e arborizado. Bom para passeios de fim de semana. Aos
domingos, tem muito movimento, é ponto de encontro dos madrileños.

Palácio Real: construção enorme e bonita. O rei não mora mais lá. É mais um museu.
Não visitei seu interior. Fiquei passeando do lado de fora, vendo o povo, ouvindo
artistas de rua e bebericando no Café Oriente.

Catedral de La Almudena: Igreja mais importante de Madri, pertinho do Palácio Real.
Dá para visitar e subir até sua torre. De lá, bela vista de Madrid.

El Rastro: não fui lá, mas dizem que é muito legal. É uma feira de barganhas. Um
mercado de pulgas. Funciona aos domingos na Ribera de Curtidores, perto da estação
de metrô Tirso de Molina. O nome El Rastro vem do século XVI, quando no mesmo
local funcionava um matadouro. Os animais mortos eram arrastados para os tanques
(curtidores de couros) e deixavam um rastro de sangue pela rua. É sinistro, mas não
deixa de ser interessante.
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7-Cidades vizinhas de Madri:
Toledo: a 81 km de Madri. De trem - embarque na Estação Atocha/Madri -, a viagem dura
cerca de 30 minutos. Fui de ônibus: 01 hora, um pouco mais.
Pontos turísticos importantes: o Alcázar (o palácio real), a Catedral (gótica, rebuscada, com
túmulos de cardeais no seu interior), o Rio Tajo (que será o Tejo, em Portugal) e as pinturas de
El Greco.
Além da Catedral católica (se não estou enganado, é a principal da Espanha, primaz ou coisa
semelhante), Toledo tem mesquita e sinagoga. É uma cidade com história marcada pelo
convívio pacífico entre mulçumanos, judeus e cristãos. “Cidade das Três Culturas”, dizem os
guias.
Outro ponto de destaque: a fabricação de espadas, adagas, facas, punhais, armas brancas. A
cutelaria é forte em Toledo. O mesmo acontecendo com a produção de bijuterias e utensílios,
com uma marca local: o damasquino ou damasquinado, um artesanato parecido com o que
conhecemos como filigrana.
Ávila: a 133 km de Madri. Fui de ônibus, algo como uma viagem de BH a Ouro Preto. Uma
cidade medieval, com muralhas e torres muito bonitas. Muito bem preservada, além da
muralha, tem ruelas bonitas. Fui rápido, uma visita de turista afobado. A cidade merece mais:
eu queria ficar lá uma noite, passear com mais calma e jantar em um dos seus restaurantes.
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Segóvia: a cerca de 100 km de Madri. Fui de carro, passeando por outros pontos: o Mosteiro
de Escorial e um lugar sinistro: Valle de los Caídos, onde está o túmulo do Generalíssimo
Franco, um memorial franquista. Vimos muitos carros na estrada com bandeiras espanholas,
pensamos que era coisa de futebol e fomos ver. Demos de cara com dezenas de jovens de
preto, fazendo saudações nazitas. Muitos ônibus despejando manifestantes fascistas. Era
novembro de 1995, mês da morte do ditador, 20 anos do passamento do facínora. Saímos logo
de lá.
Segóvia tem o Alcázar, uma catedral gótica, ruelas bonitas rumo à parte mais alta da cidade e
um belo e bem conservado aqueduto romano.
Não comi, mas li que lá tem o melhor leitão assado da Espanha. Li também que o Rei Juan
Carlos costuma ir lá saborear o dito cujo. Deve ir com sua amante, já que o Rei é um cara
chegado a uma safadeza. Nada contra!
Mosteiro de San Lorenzo de Escorial: a 45 km de Madri. Palácio, mosteiro e museu aberto à
visitação. Para quem anda pela região, vale a pena parar e ver. A construção é bonita e seu
acervo também. Lembro mais das tumbas que estão no subsolo. São tumbas de reis e nobres,
gente que até na morte era espetaculoso, suntuoso.
9-Hospedagem em Madri:
Casa do Brasil: em 1995, como estava a trabalho, enviado pelo Governo de Minas Gerais (fui
conhecer o Instituto de Administração Pública e a Universidade de Ensino a Distância),
consegui ficar hospedado na Casa do Brasil, uma hospedaria para estudantes brasileiros em
Madri. Tem uma burocracia para conseguir hospedagem, mas é um lugar barato, bem
localizado e muito legal. Fica no Campus Oeste, pertinho da Universidade Complutense.
http://www.casadobrasil.es/
Hotel Tryp Gran Vía: em 2010, eu e Rose ficamos no Tryp. Hotel antigo, mas bem cuidado e
com bom serviço. O forte dele é a localização: na Gran Vía, perto da Puerta del Sol, de metrô e
de muitos outros pontos turísticos. A pé, a gente ia para a Plaza Mayor, o Museu do Prado, a
Praça de Espanha.
http://pt.melia.com/hoteis/espanha/madrid/tryp-madrid-gran-via-hotel/home.htm
Hotel Ibis Centro: Calle Manuela Malasaña, 06. Não ficamos nele, mas temos boas referências:
preço e localização. Hotel da Rede Accor é sempre uma opção certeira. Vale a pena conferir o
site.
http://www.accorhotels.com/pt-br/hotel-3318-ibis-madrid-centro/index.shtml
10-Vinhos espanhóis são muito bons. Vinhos com a uva tempranillo, bem aclimatada na
Espanha, são muito bons. Comentário de um site de vinhos: “Originária da região de Rioja
(Espanha), a Tempranillo é cultivada em quase todas as sub-regiões continentais espanholas.
Seu nome (temprano = cedo) se deve ao fato de apresentar um brotamento precoce,
amadurecer rápido e, por consequência, ter um ciclo de crescimento curto”.
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Vinhos da Rioja, principal região produtora da Espanha, são bem recomendados. Mas existem
sempre boas opções. Vale a pena pesquisar. Sei, Bolívia, que seu negócio é a cana, a
“marvada”, a pinga, a “timbuca”. Mas aproveite a temporada espanhola e beba uns vinhos.
Companheiro Carlos,
Li certa vez que Picasso, com seu jeitão fatalista, coisa de espanhol, gostava do seguinte ditado
basco: “Viver bem é a melhor vingança”. É vingança contra a inevitável morte. Não é vingança
contra pessoas, vingança azeda, amarga. É compromisso com o bem viver.
Viva bem em Madri!
Abraços,
Antônio
Belo Horizonte, 02/10/2012
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