Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 1. INTRODUÇÃO E
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Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 1. INTRODUÇÃO E
Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO E ENQUADRAMENTO .............................................................................................................. 1 1.1 ÂMBITO E OBJECTIVOS ............................................................................................................................................... 1 1.2 ENQUADRAMENTO LEGAL .......................................................................................................................................... 4 2. VILA VELHA DE RÓDÃO E O CONTEXTO REGIONAL ................................................................................... 7 2.1 CONTEXTO DEMOGRÁFICO ........................................................................................................................................ 8 2.2 INTEGRAÇÃO ECONÓMICA ....................................................................................................................................... 11 2.3 ACESSIBILIDADE REGIONAL ..................................................................................................................................... 13 3. INSTRUMENTOS DE GESTÃO TERRITORIAL DE HIERARQUIA SUPERIOR ............................................. 15 3.1 PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO...................................................... 15 3.2 PLANO DE BACIA HIDROGRÁFICA DO TEJO ........................................................................................................... 16 3.3 PLANO SECTORIAL DA REDE NATURA 2000 ........................................................................................................... 17 3.4 PLANO DE ORDENAMENTO DO PARQUE NATURAL DO TEJO INTERNACIONAL ............................................... 20 3.5 PLANO REGIONAL DE ORDENAMENTO FLORESTAL DA BEIRA INTERIOR SUL ................................................. 22 3.6 PLANO REGIONAL DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO DO CENTRO ............................................................... 25 4. PLANOS MUNICIPAIS, COMPROMISSOS E INTENÇÕES ............................................................................ 35 4.1 PLANOS E ESTUDOS NO CONCELHO DE VILA VELHA DE RÓDÃO ...................................................................... 35 4.1.1 PLANO DIRECTOR MUNICIPAL DE VILA VELHA DE RÓDÃO.......................................................................... 35 4.1.2 PLANO DE URBANIZAÇÃO DE VILA VELHA DE RÓDÃO ................................................................................. 38 4.1.3 PLANO DE PORMENOR DA ZONA INDUSTRIAL DE VILA VELHA DE RÓDÃO .............................................. 39 4.1.4 PLANO MUNICIPAL DE DEFESA DA FLORESTA CONTRA INCÊNDIOS DE VILA VELHA DE RÓDÃO ......... 40 4.1.5 PLANO MUNICIPAL DE EMERGÊNCIA E PROTECÇÃO CIVIL ......................................................................... 41 4.1.6 PLANO DE DESENVOLVIMENTO ESTRATÉGICO DO MUNICÍPIO DE VILA VELHA DE RÓDÃO .................. 43 4.2 COMPROMISSOS E INTENÇÕES ............................................................................................................................... 43 4.3 PRETENSÕES RESULTANTES DA PRÉVIA CONSULTA PÚBLICA ......................................................................... 46 5. ANÁLISE DEMOGRÁFICA ............................................................................................................................... 49 5.1 OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO – DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DA POPULAÇÃO ................................................ 49 5.2 CURVA DEMOGRÁFICA .............................................................................................................................................. 51 5.3 CRESCIMENTO NATURAL E CRESCIMENTO MIGRATÓRIO ................................................................................... 54 5.4 ESTRUTURA ETÁRIA DA POPULAÇÃO: GRUPOS ETÁRIOS E ÍNDICES-RESUMO............................................... 59 5.5 PERSPECTIVAS DE EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO RESIDENTE ............................................................................. 64 5.6 CONDIÇÃO PERANTE A ACTIVIDADE ECONÓMICA, OCUPAÇÃO DOS ACTIVOS, EMPREGO E DESEMPREGO ............................................................................................................................................................................................ 65 5.7 MOBILIDADE E COMPLEMENTARIDADES INTER-CONCELHIAS............................................................................ 69 5.8 NÍVEL DE INSTRUÇÃO, QUALIFICAÇÃO DO EMPREGO E OFERTA DE FORMAÇÃO .......................................... 72 6. ESTRUTURA PRODUTIVA E BASE ECONÓMICA ......................................................................................... 77 6.1 ENQUADRAMENTO GERAL ........................................................................................................................................ 77 6.2 SECTORES DE ACTIVIDADE ECONÓMICA ............................................................................................................... 82 6.3 EVOLUÇÃO RECENTE DO INVESTIMENTO PÚBLICO ............................................................................................. 89 7. CARACTERIZAÇÃO BIOFÍSICA ..................................................................................................................... 95 7.1 BREVE ENQUADRAMENTO BIOFÍSICO .................................................................................................................... 95 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 7.2 VALORES NATURAIS ................................................................................................................................................ 109 7.3 UNIDADES DE PAISAGEM ........................................................................................................................................ 116 7.4 POTENCIAIS DISFUNÇÕES AMBIENTAIS ............................................................................................................... 120 8. USO E OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO .......................................................................................................... 127 8.1 OCUPAÇÃO DO SOLO .............................................................................................................................................. 127 8.1.1 OCUPAÇÃO AGRÍCOLA .................................................................................................................................... 130 8.1.2 OCUPAÇÃO FLORESTAL ................................................................................................................................. 131 8.2 POVOAMENTO E EVOLUÇÃO URBANÍSTICA ......................................................................................................... 132 8.2.1 FORMAS DE POVOAMENTO ............................................................................................................................ 133 8.2.2 DINÂMICA URBANÍSTICA E ESTADO DE CONSERVAÇÃO ........................................................................... 136 8.2.3 CARACTERIZAÇÃO DOS AGLOMERADOS ..................................................................................................... 140 9. SISTEMA URBANO ........................................................................................................................................ 151 9.1 INTEGRAÇÃO DE VILA VELHA DE RÓDÃO NO SISTEMA URBANO REGIONAL.................................................. 151 9.2 SISTEMA URBANO DE VILA VELHA DE RÓDÃO .................................................................................................... 153 9.2.1 ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO ............................................................................................................ 153 9.2.2 DIMENSÃO DEMOGRÁFICA E POVOAMENTO ............................................................................................... 156 9.2.3 DIMENSÃO FUNCIONAL ................................................................................................................................... 158 9.2.4 DEFINIÇÃO DO SISTEMA URBANO DE VILA VELHA DE RÓDÃO ................................................................. 164 10. VALORES CULTURAIS ............................................................................................................................... 169 10.1 PATRIMÓNIO CLASSIFICADO ................................................................................................................................ 170 10.1.1 IMÓVEIS DE INTERESSE PÚBLICO ............................................................................................................... 171 10.1.2 IMÓVEL DE INTERESSE MUNICIPAL ............................................................................................................ 173 10.2 OUTRO PATRIMÓNIO COM INTERESSE ............................................................................................................... 173 10.3 PATRIMÓNIO ARQUEOLÓGICO ............................................................................................................................. 181 10.4 SÍTIOS COM INTERESSE ........................................................................................................................................ 184 10.5 CONJUNTOS EDIFICADOS COM INTERESSE ...................................................................................................... 187 11. REDE VIÁRIA E TRANSPORTES ................................................................................................................ 189 11.1 REDE VIÁRIA ........................................................................................................................................................... 189 11.1.1 INSERÇÃO NACIONAL, REGIONAL E LOCAL ............................................................................................... 189 11.1.2 REDE VIÁRIA CONCELHIA ............................................................................................................................. 193 11.1.3 PERSPECTIVAS DE EVOLUÇÃO ................................................................................................................... 206 11.2 TRÁFEGO RODOVIÁRIO ......................................................................................................................................... 207 11.3 TRANSPORTE PÚBLICO DE PASSAGEIROS ........................................................................................................ 208 11.3.1 TRANSPORTE RODOVIÁRIO ......................................................................................................................... 208 11.3.2 TRANSPORTE FERROVIÁRIO ....................................................................................................................... 210 11.4 DIAGNÓSTICO DA MOBILIDADE NO CONCELHO DE VILA VELHA DE RÓDÃO ................................................ 210 12. HABITAÇÃO ................................................................................................................................................. 213 12.1 O PARQUE HABITACIONAL: INDICADORES FUNDAMENTAIS DE DIAGNÓSTICO ........................................... 215 12.1.1 POPULAÇÃO, ALOJAMENTOS, FAMÍLIAS, EDIFÍCIOS E INDICADORES MÉDIOS DE OCUPAÇÃO ........ 215 12.1.2 ÉPOCAS DE CONSTRUÇÃO E DINÂMICAS DE CRESCIMENTO ................................................................ 218 12.1.3 TIPO DE ALOJAMENTOS E FORMAS DE OCUPAÇÃO, EDIFÍCIOS SEGUNDO O NÚMERO DE PISOS E ESTADO DE CONSERVAÇÃO ................................................................................................................................... 219 12.1.4 CONDIÇÕES DE HABITABILIDADE ................................................................................................................ 221 12.2 AVALIAÇÃO DAS CARÊNCIAS HABITACIONAIS ................................................................................................... 223 12.3 POLÍTICA HABITACIONAL AUTÁRQUICA EM CURSO ......................................................................................... 226 SÍNTESE CONCLUSIVA ............................................................................................................................................. 228 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 13. EQUIPAMENTOS COLECTIVOS ................................................................................................................. 230 13.1 ENQUADRAMENTO GERAL.................................................................................................................................... 230 13.2 METODOLOGIA ....................................................................................................................................................... 231 13.3 CONSIDERAÇÕES DE DESTAQUE ........................................................................................................................ 235 13.4 EQUIPAMENTO EDUCATIVO .................................................................................................................................. 236 13.4.1 ENSINO PRÉ-ESCOLAR ................................................................................................................................. 238 13.4.2 1° CICLO DO ENSINO BÁSICO ...................................................................................................................... 238 13.4.3 2º E 3ºCICLOS DO ENSINO BÁSICO E ENSINO SECUNDÁRIOS ................................................................ 239 13.4.4 REORDENAMENTO DA REDE EDUCATIVA EM CURSO.............................................................................. 240 13.4.5 SÍNTESE CONCLUSIVA .................................................................................................................................. 242 13.5 EQUIPAMENTO DE SOLIDARIEDADE E SEGURANÇA SOCIAL .......................................................................... 243 13.5.1 APOIO À INFÂNCIA E JUVENTUDE ............................................................................................................... 243 13.5.2 APOIO À 3ª IDADE ........................................................................................................................................... 245 13.5.3 SÍNTESE CONCLUSIVA .................................................................................................................................. 247 13.6 EQUIPAMENTO DE SAÚDE .................................................................................................................................... 248 13.6.1 CENTROS DE SAÚDE E EXTENSÕES .......................................................................................................... 248 13.6.2 FARMÁCIAS ..................................................................................................................................................... 249 13.6.3 SÍNTESE CONCLUSIVA .................................................................................................................................. 250 13.7 EQUIPAMENTO DESPORTIVO ............................................................................................................................... 250 13.7.1 NÚMERO E TIPOLOGIA DAS INSTALAÇÕES DESPORTIVAS EXISTENTES.............................................. 250 13.7.2 SÍNTESE CONCLUSIVA .................................................................................................................................. 252 13.8 EQUIPAMENTO CULTURAL.................................................................................................................................... 253 13.8.1 ESTRUTURAS FÍSICAS .................................................................................................................................. 253 13.8.2 SÍNTESE CONCLUSIVA .................................................................................................................................. 257 13.9 EQUIPAMENTO DE SEGURANÇA E PROTECÇÃO CIVIL ..................................................................................... 257 13.10 OUTROS EQUIPAMENTOS ................................................................................................................................... 257 13.11 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................................................... 257 14. TURISMO ...................................................................................................................................................... 259 14.1 IMPACTES TERRITORIAIS, SOCIOECONÓMICOS E AMBIENTAIS DO DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO ..... 260 14.2 QUADRO GERAL DAS POTENCIALIDADES DO CONCELHO .............................................................................. 262 14.3 ESTRUTURA DOS RECURSOS TURÍSTICOS EM PRESENÇA ............................................................................ 263 14.3.1 RECURSOS NATURAIS .................................................................................................................................. 264 14.3.2 RECURSOS HISTÓRICO-CULTURAIS ........................................................................................................... 265 14.3.3 INFRAESTRUTURAS TURÍSTICAS E/OU COMPLEMENTARES DA ACTIVIDADE TURÍSTICA .................. 268 14.3.4 OUTROS RECURSOS DE SUPORTE ............................................................................................................. 269 14.4 DINÂMICA DO EMPREGO E ESTABELECIMENTOS DAS ACTIVIDADES ECONÓMICAS CENTRADAS NA ESFERA TURÍSTICA ........................................................................................................................................................ 270 14.5 OFERTA E PROCURA TURÍSTICA ......................................................................................................................... 272 14.6 PAPEL DO TURISMO NO DESENVOLVIMENTO DE VILA VELHA DE RÓDÃO ................................................... 276 15. RISCOS NATURAIS E TECNOLÓGICOS .................................................................................................... 281 15.1 IDENTIFICAÇÃO DOS RISCOS ............................................................................................................................... 283 15.2 RISCOS NATURAIS ................................................................................................................................................. 285 15.2.1 TERRAMOTOS ................................................................................................................................................ 286 15.2.2 INUNDAÇÕES E CHEIAS ................................................................................................................................ 286 15.2.3 DESLIZAMENTO DE TERRAS ........................................................................................................................ 287 15.2.4 INCÊNDIOS FLORESTAIS .............................................................................................................................. 287 15.3 RISCOS TECNOLÓGICOS ...................................................................................................................................... 288 15.3.1 ACIDENTES INDUSTRIAIS ............................................................................................................................. 288 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 15.3.2 ACIDENTES EM INFRAESTRUTURAS HIDRÁULICAS.................................................................................. 289 15.3.3 TRANSPORTE DE MERCADORIAS PERIGOSAS ......................................................................................... 289 15.3.4 OUTROS RISCOS ............................................................................................................................................ 290 15.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................................................... 291 16. INFRAESTRUTURAS URBANAS ................................................................................................................ 293 16.1 ABASTECIMENTO DE ÁGUA .................................................................................................................................. 294 16.2 DRENAGEM E TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUAIS ........................................................................................ 296 16.3 RECOLHA E TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS ......................................................................................... 299 16.4 OUTRAS INFRAESTRUTURAS ............................................................................................................................... 303 16.4.1 INFRAESTRUTURAS ELÉCTRICAS ............................................................................................................... 304 16.4.2 INFRAESTRUTURAS DE COMUNICAÇÃO .................................................................................................... 305 16.4.3 INFRAESTRUTURAS GASISTAS .................................................................................................................... 306 17. SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO – ANÁLISE SWOT ....................................................................................... 307 ANEXO ................................................................................................................................................................ 317 ÍNDICE DE FIGURAS Figura 2: Principais fluxos pendulares com origem no concelho de Vila Velha de Ródão ............................................................................. 12 Figura 3: Principais fluxos pendulares com destino no concelho de Vila Velha de Ródão ............................................................................ 12 Figura 4: Vila Velha de Ródão no contexto do PRN2000 ............................................................................................................................... 13 Figura 5:Sub-Regiões do PROF-BIS .............................................................................................................................................................. 23 Figura 6: Modelo Territorial ............................................................................................................................................................................. 32 Figura 7: Pretensões e sugestões apresentadas na consulta pública ............................................................................................................ 47 Figura 8: Evolução da população residente no concelho, entre 1864 e 2001 ................................................................................................ 52 Figura 9: Evolução populacional, por freguesia, entre 1991 e 2001 .............................................................................................................. 53 Figura 10: Evolução das Taxas de Natalidade e Mortalidade, entre 1996 e 2009 ......................................................................................... 55 Figura 11: Evolução da Estrutura Etária concelhia, entre 1981 e 2001 .......................................................................................................... 60 Figura 12: Evolução da estrutura etária concelhia, entre 1991 e 2001 (H+M) ............................................................................................... 62 Figura 13: Evolução recente da população residente do concelho, entre 2001 e 2009 ................................................................................. 64 Figura 14: Evolução da população residente por grupos funcionais no concelho, em 2001 e 2009 (em número e percentagem) ............... 65 Figura 15: Evolução da população por sectores de actividade económica, entre 1991 e 2001 ..................................................................... 68 Figura 16: Movimentos pendulares de e para o concelho, em 2001 .............................................................................................................. 71 Figura 17: População residente, segundo o nível de ensino atingido, em 2001 ............................................................................................ 73 Figura 18: Estabelecimentos no concelho, por sectores de actividade, segundo CAE-Rev.2, em 2004 ....................................................... 79 Figura 19: Distribuição dos estabelecimentos e do emprego no concelho, por actividade, segundo CAE REV.3, em 2009 ........................ 79 Figura 20: Extrato da Carta dos Solos do Atlas do Ambiente Digital – IA, 1971 .......................................................................................... 100 Figura 20: Definição de Bacias Hidrográficas e Hipsometria ........................................................................................................................ 103 Figura 21: Unidades de Paisagem do concelho............................................................................................................................................ 118 Figura 22: Distribuição das potenciais fontes de disfunção ambiental de maior relevância no concelho .................................................... 125 Figura 23: Áreas dos usos do solo, na sub-região Beira Interior Sul ............................................................................................................ 129 Figura 24: Áreas ocupadas por culturas temporárias no concelho ............................................................................................................... 130 Figura 25: Áreas ocupadas por culturas permanentes no concelho ............................................................................................................. 130 Figura 26: Distribuição do edificado no concelho de Vila Velha de Ródão .................................................................................................. 135 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Figura 27: Total de Processos de Obras Particulares, por aglomerado, entre 2000 e 2010 ........................................................................ 137 Figura 28: Processos de Obras Particulares com Licença, por aglomerado, entre 2000 e 2010 ................................................................ 137 Figura 29: Total de processos de obras particulares, por ano ...................................................................................................................... 138 Figura 30: Processos de obras particulares com licença, por ano ............................................................................................................... 138 Figura 31: Total de processos de obras particulares, por aglomerado, entre 2000 e 2010 ......................................................................... 139 Figura 32: Processos de obras particulares com licença, por aglomerado, entre 2000 e 2010 ................................................................... 139 Figura 33: Sistema Urbano da Região Centro .............................................................................................................................................. 153 Figura 34: População residente por dimensão do lugar, em 1991 e em 2001 ............................................................................................ 157 Figura 35: Curva de Zipf - Escalonamento Urbano (dimensão demográfica dos centros urbanos do concelho, em 1991 e 2001) ............ 157 Figura 36: Hierarquia dos centros urbanos, de acordo com as Funções Centrais do Sector Privado, em 2010 ......................................... 161 Figura 37: Localização esquemática das sedes de freguesias e distâncias à sede concelhia e sentido dos principais eixos de circulação ........................................................................................................................................................................................................... 165 Figura 38: Sistema Urbano do Concelho de Vila Velha de Ródão, 2010 ..................................................................................................... 167 Figura 39: Estrutura Administrativa da Rede Viária Concelhia ..................................................................................................................... 196 Figura 40: Estado de Conservação por Categoria Administrativa ................................................................................................................ 198 Figura 41: Distâncias Entre a Sede de concelho e os Principais Pólos Geradores ..................................................................................... 205 Figura 42: Conceitos utilizados e sua articulação ......................................................................................................................................... 214 Figura 43: Evolução da população e dos alojamentos, por freguesia, entre 1991 e 2001 (%) .................................................................... 216 Figura 44: Edifícios do concelho segundo a época de construção (%), em 2001 ........................................................................................ 218 Figura 45: Formas de Ocupação dos Alojamentos, em 2001 ....................................................................................................................... 220 Figura 46: Estado de conservação dos edifícios do concelho, em 2001 ...................................................................................................... 221 Figura 47: Alojamentos familiares ocupados como residência habitual por existência de infraestruturas urbanas, em 2001 ..................... 222 Figura 48: Distribuição da população por grupos etários, entre 1991 e 2009 ............................................................................................. 236 Figura 49: Evolução da população escolar por níveis de ensino entre 2000/01 e 2010/2011 ..................................................................... 237 Figura 50: Peso do emprego e dos estabelecimentos no “Alojamento, restauração e similares” no total das actividades económicas do concelho, entre 1995 e 2009 ............................................................................................................................................................. 271 Figura 51: A perigosidade do concelho de Vila Velha de Ródão segundo o PROT Centro ......................................................................... 282 Figura 52:Metodologia utilizada na análise dos riscos de origem natural e de origem humana .................................................................. 283 Figura 53: Riscos de origem natural e de origem humana analisados no âmbito do PMEPC ..................................................................... 284 Figura 54: Esquema do Subsistema de Pisco/ Santa Águeda/ Cafede ........................................................................................................ 295 Figura 55: Esquema do Subsistema de Saneamento de Vila Velha de Ródão ............................................................................................ 298 ÍNDICE DE FOTOGRAFIAS Fotografia 1: Vista do Castelo de Ródão para poente .................................................................................................................................. 109 Fotografia 2: Zona Fluvial Cobrão/Ocreza .................................................................................................................................................... 110 Fotografia 3: Barragem de Cedillo ................................................................................................................................................................ 111 Fotografia 4: Rio Tejo, Vila Velha de Ródão ................................................................................................................................................. 112 Fotografia 5: Portas de Ródão, Vila Velha de Ródão ................................................................................................................................... 112 Fotografia 6: Montado de sobro junto a Vale Homem .................................................................................................................................. 114 Fotografia 7: Galeria ripícola na ribeira de Açafal ......................................................................................................................................... 115 Fotografia 8: Serra das Talhadas .................................................................................................................................................................. 118 Fotografia 9: Vale de Alfrívida ....................................................................................................................................................................... 119 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Fotografia 10: Vale do Rio Ponsul ................................................................................................................................................................. 119 Fotografia 11: Terreno ondulado com ocupação florestal ............................................................................................................................. 120 Fotografia 12: Fábrica da Celtejo .................................................................................................................................................................. 121 Fotografia 13: Barragem de Fratel ................................................................................................................................................................ 121 Fotografia 14: Lagar de azeite (Cebolais de Baixo) ...................................................................................................................................... 122 Fotografia 15: Extracção de inertes .............................................................................................................................................................. 124 Fotografia 16: Aglomerado envolvido por parcelas de agricultura de subsistência e olival, seguido de vastas áreas florestais ................. 129 Fotografia 17: Casario tradicional (Cerejal).................................................................................................................................................. 139 Fotografia 18: Casa recuperada (Tojeirinha) ................................................................................................................................................ 139 Fotografia 19: Casario degradado (Montinho) .............................................................................................................................................. 139 Fotografia 20: Casas em Vale do Homem .................................................................................................................................................... 141 Fotografia 21: Casas em Silveira .................................................................................................................................................................. 141 Fotografia 22: Casas em Vila Velha de Ródão ............................................................................................................................................. 142 Fotografia 23: Habitação unifamiliar, em Fratel ............................................................................................................................................ 142 Fotografia 24:Imóvel dissonante, na Foz do Cobrão .................................................................................................................................... 142 Fotografia 25: Habitação colectiva, em Vila Velha de Ródão ....................................................................................................................... 142 Fotografia 26: Casa senhorial, na Tojeirinha ................................................................................................................................................ 142 Fotografia 27: Largo Eng. Araújo Correia, em Fratel .................................................................................................................................... 143 Fotografia 28: Panorâmica de Gardete ......................................................................................................................................................... 144 Fotografia 29: Panorâmica de Vale da Figueira ............................................................................................................................................ 144 Fotografia 30: Panorâmica de Ladeira .......................................................................................................................................................... 144 Fotografia 31: Panorâmica de Vilar de Boi.................................................................................................................................................... 144 Fotografia 32: Panorâmica de Perais ............................................................................................................................................................ 145 Fotografia 33: Panorâmica de Alfrívida ......................................................................................................................................................... 145 Fotografia 34: Panorâmica de Vale de Pousadas ......................................................................................................................................... 145 Fotografia 35: Panorâmica de Monte Fidalgo ............................................................................................................................................... 145 Fotografia 36: Sarnadas de Ródão ............................................................................................................................................................... 146 Fotografia 37: Vale do Homem ..................................................................................................................................................................... 147 Fotografia 38: Amarelos ................................................................................................................................................................................ 147 Fotografia 39: Atalaia .................................................................................................................................................................................... 147 Fotografia 40: Panorâmica de Cebolais de Baixo ......................................................................................................................................... 147 Fotografia 41: Vila Velha de Ródão, vista panorâmica ................................................................................................................................. 148 Fotografia 42: Área de expansão nascente de Vila Velha de Ródão ........................................................................................................... 148 Fotografia 43: Vista Panorâmica de Vila Velha de Ródão ............................................................................................................................ 148 Fotografia 44: Alvaiade- Vista panorâmica ................................................................................................................................................... 149 Fotografia 45: Gavião de Ródão- Vista panorâmica ..................................................................................................................................... 149 Fotografia 46: Pelourinho de Vila Velha de Ródão ....................................................................................................................................... 171 Fotografia 47: Estação Arqueológica da Foz de Enxarrique ......................................................................................................................... 171 Fotografia 48: Castelo de Ródão .................................................................................................................................................................. 172 Fotografia 49: Capela de Nossa Senhora do Castelo ................................................................................................................................... 172 Fotografia 50: Túmulo de Santo Amaro ........................................................................................................................................................ 173 Fotografia 51: Igreja Matriz de Fratel/ S. Pedro ............................................................................................................................................ 174 Fotografia 52: Capela de Santo Amaro, Vilar de Boi .................................................................................................................................... 174 Fotografia 53: Capela N. Sr.ª da Graça, Vale de Pousadas ......................................................................................................................... 175 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Fotografia 54: Capela de S. António, Alfrívida .............................................................................................................................................. 175 Fotografia 55: Ermida de N. Sr.ª dos Remédios ........................................................................................................................................... 175 Fotografia 56: Ermida do Espírito Santo, Sarnadas de Ródão ..................................................................................................................... 175 Fotografia 57: Igreja Matriz, Vila Velha de Ródão......................................................................................................................................... 176 Fotografia 58: Capela de Nossa Senhora da Alagada .................................................................................................................................. 176 Fotografia 59: Antigo Hospital da Misericórdia, Vila Velha de Ródão........................................................................................................... 176 Fotografia 60: Centro Municipal de Cultura e Desenvolvimento ................................................................................................................... 176 Fotografia 61: Ponte do Ródão, Vila Velha de Ródão .................................................................................................................................. 177 Fotografia 62: Ponte do Cobre ...................................................................................................................................................................... 177 Fotografia 63: Casa de Artes e Cultura do Tejo ............................................................................................................................................ 177 Fotografia 64: Estação CF do Fratel ............................................................................................................................................................. 177 Fotografia 65: Estação CF de Sarnadas de Ródão ...................................................................................................................................... 177 Fotografia 66: Museu do Azeite, Sarnadas de Ródão .................................................................................................................................. 177 Fotografia 67: Edifício dos Correios, em Vila Velha de Ródão ..................................................................................................................... 178 Fotografia 68: Edifício da GNR, Vila Velha de Ródão .................................................................................................................................. 178 Fotografia 69: Escola Primária, Vila Velha de Ródão ................................................................................................................................... 178 Fotografia 70: Sede da Associação Humanitária dos Bombeiros de Vila Velha de Ródão .......................................................................... 178 Fotografia 71: Escola Primária de Perais ...................................................................................................................................................... 178 Fotografia 72: Escola Primária de Alfrívida ................................................................................................................................................... 179 Fotografia 73: Barragem do Fratel ................................................................................................................................................................ 179 Fotografia 74: “Casa Grande” com capela de Sant’Ana, Sarnadas de Ródão ............................................................................................. 179 Fotografia 75: Casa Solarenga, em Gavião de Ródão ................................................................................................................................. 180 Fotografia 76: Casa Solarenga, em Sarnadas de Ródão ............................................................................................................................. 180 Fotografia 77: Casa Solarenga, em Vila Velha de Ródão ............................................................................................................................ 180 Fotografia 78: Casa de pedra na Atalaia....................................................................................................................................................... 180 Fotografia 79: Casas de pedra na Foz do Cobrão ........................................................................................................................................ 180 Fotografia 80: Casas de pedra na Tojeirinha ................................................................................................................................................ 180 Fotografia 81: Conjunto de casas de pedra, em Vale do Homem ................................................................................................................ 181 Fotografia 82: Fonte em Carepa ................................................................................................................................................................... 181 Fotografia 83: Bebebouro, em Vale do Homem ............................................................................................................................................ 181 Fotografia 84: Forno Comunitário, na Silveira............................................................................................................................................... 181 Fotografia 85: Portas de Almourão ............................................................................................................................................................... 184 Fotografia 86: Praia Fluvial, Azenha dos Gaviões ........................................................................................................................................ 184 Fotografia 87: Cais de Ródão ....................................................................................................................................................................... 185 Fotografia 88: Portas de Ródão .................................................................................................................................................................... 186 Fotografia 89: Vista parcial de Foz do Cobrão .............................................................................................................................................. 187 Fotografia 90: Fontanário em Carepa ........................................................................................................................................................... 296 Fotografia 91: Fontanário na Atalaia ............................................................................................................................................................. 296 Fotografia 92: Contentores em Sarnadas de Ródão .................................................................................................................................... 301 Fotografia 93: Contentor em Rodeios ........................................................................................................................................................... 301 Fotografia 94: Ecoponto em Vila Velha de Ródão ........................................................................................................................................ 301 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ÍNDICE DE QUADROS Quadro 1: População residente na região Centro e na sub-região da Beira Interior Sul, em 1991 e 2001 ..................................................... 9 Quadro 2: Taxas de Natalidade e Mortalidade, em 2009 ................................................................................................................................. 9 Quadro 3: Nível de escolaridade da população da sub-região Beira Interior Sul, em 2001 ........................................................................... 11 Quadro 4: Funções principais das Sub-regiões do PROF Beira Interior Sul que abrangem Vila Velha de Ródão ........................................ 24 Quadro 5: Evolução da densidade populacional na sub-região Beira Interior Sul, entre 1981 e 2001 .......................................................... 50 Quadro 6: Evolução da população residente no concelho por dimensão dos lugares, entre 1981 e 2001 .................................................... 51 Quadro 7: Contribuição de cada freguesia para o total da população residente no concelho ....................................................................... 51 Quadro 8: Evolução da população residente nos concelhos na Beira Interior Sul, entre 1991 e 2001 .......................................................... 52 Quadro 9: Variação do número e da dimensão média das famílias, entre 1991 e 2001 ................................................................................ 54 Quadro 10: População Residente e Componentes do Crescimento Demográfico, 1981-2001...................................................................... 57 Quadro 11: Variação da estrutura etária da população residente no Beira Interior Sul, entre 1981 e 2001(%) ............................................ 61 Quadro 12: Estrutura Etária da População, por freguesia, em 2001 (%)........................................................................................................ 62 Quadro 13: Índices de evolução da estrutura etária nos concelhos do Beira Interior Sul, 1991 e 2001 ........................................................ 63 Quadro 14: População segundo a condição perante a actividade económica, 1991 e 2001 ......................................................................... 66 Quadro 15: Evolução dos Indicadores do mercado de trabalho, entre 1991 e 2001 ...................................................................................... 66 Quadro 16: População residente, empregada, segundo a situação na profissão, em 2001 .......................................................................... 67 Quadro 17: População residente empregada, por grupo de profissões, em 2001 ......................................................................................... 67 Quadro 18: Evolução da Ocupação dos Activos por sectores de actividade económica, em 1991 e 2001 ................................................... 68 Quadro 19: Características do Desemprego, em 2001 e 2011 ....................................................................................................................... 69 Quadro 20: Movimentos pendulares de e para o concelho, por motivos de trabalho e de estudo, em 2001 ................................................. 70 Quadro 21: Variação da taxa de analfabetismo, entre 1991 e 2001............................................................................................................... 72 Quadro 22: Evolução dos níveis de qualificação do pessoal ao serviço, entre 1995 e 2009 ......................................................................... 73 Quadro 23: Evolução do Emprego e do número de estabelecimentos no concelho, entre 1995 e 2009 ....................................................... 77 Quadro 24: Densidade empresarial no concelho, entre 1991 e 2009............................................................................................................. 78 Quadro 25: Número de estabelecimentos e do emprego no concelho, entre 1995 e 2004, por actividades (CAE-Rev.2) ........................... 78 Quadro 26: Número de empresas no concelho, segundo CAE – Rev. 2, em 31.12.2004 ............................................................................. 80 Quadro 27: Número de pessoas segundo a dimensão do estabelecimento, entre 1995 e 2009 ................................................................... 81 Quadro 28: Número de estabelecimentos e do emprego, entre 1995 e 2004 – Sector Primário ................................................................... 82 Quadro 29: Estabelecimentos e emprego na actividade “Agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca”, segundo CAE REV.3, em 2009 ..................................................................................................................................................................................................... 83 Quadro 30: Número de estabelecimentos e do emprego, segundo a CAE Rev. 2, entre 1995 e 2009 – Sector Secundário ....................... 86 Quadro 31: Número de estabelecimentos e do emprego, segundo a CAE Rev.2, entre 1995 e 2004 – Sector Terciário ............................ 87 Quadro 32: Estabelecimentos e empregos nas actividades terciárias, segundo a CAE Rev.3, , em 2009 ................................................... 88 Quadro 33: Projectos realizados no concelho, no âmbito do II Quadro Comunitário de Apoio (1994/1999) ................................................. 89 Quadro 34: Projectos com incidência no concelho, no âmbito do III QCA (2000/2006) ................................................................................. 90 Quadro 35: Projectos do concelho candidatados ao QREN (2007-2010) ...................................................................................................... 91 Quadro 36: Outros Investimentos do concelho (2006-2010) .......................................................................................................................... 92 Quadro 37: Caracterização das classes de Declives .................................................................................................................................... 102 Quadro 38: Habitats da Rede Natura 2000 na zona das Portas de Rodão .................................................................................................. 108 Quadro 39: Espécies de Avifauna em risco .................................................................................................................................................. 108 Quadro 40: Evolução da população residente por freguesia e lugar, entre 1991 e 2001 ............................................................................. 155 Quadro 41: Evolução da População, por centro urbano, entre 1991 e 2001 ................................................................................................ 156 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Quadro 42: Número de Ordem dos Centros Urbanos, de acordo com a sua Dimensão Demográfica, em 2001 ........................................ 158 Quadro 43: Hierarquização de funções segundo a frequência de ocorrência na totalidade dos centros urbanos, em 2010 ...................... 159 Quadro 44: Número de Unidades Funcionais por Função Central do sector privado, por centro urbano, em 2010 .................................... 160 Quadro 45: Número de Ordem dos Centros Urbanos, de acordo com as Funções Centrais do Sector Privado, em 2010......................... 161 Quadro 46: Funções Centrais do Sector Público, por centro urbano, em 2010 ........................................................................................... 162 Quadro 47: Número de ordem dos centros urbanos, de acordo com as Funções Centrais do Sector Público, em 2010 ........................... 163 Quadro 48: Hierarquia dos centros urbanos, de acordo com as Funções Centrais do Sector Público, em 2010 ........................................ 164 Quadro 49: Principais Ligações à Rede Exterior .......................................................................................................................................... 191 Quadro 50: Distâncias da Sede de concelho aos Principais Pólos Geradores ............................................................................................ 192 Quadro 51: Extensões Viárias por Categoria Administrativa ........................................................................................................................ 196 Quadro 52: Rede Viária Concelhia – Inventário Físico e Acessibilidades .................................................................................................... 199 Quadro 53: Evolução do Tráfego nas Vias Nacionais (período 1990/2005) ................................................................................................. 207 Quadro 54: População e Alojamentos, por freguesia, em 1991 e 2001 ....................................................................................................... 216 Quadro 55: Variação da Dimensão Média das Famílias, por freguesia, entre 1991 e 2001 ........................................................................ 217 Quadro 56: Evolução dos Edifícios, por freguesia, entre 1991 e 2001 ......................................................................................................... 217 Quadro 57: Edifícios segundo a época de construção (%), por freguesia, em 2001 .................................................................................... 219 Quadro 58: Tipo de Alojamentos, por freguesia, em 1991 e 2001 ............................................................................................................... 219 Quadro 59: Formas de Ocupação dos Alojamentos Clássicos (%), por fregueisa, em 1991 e 2001 ........................................................... 220 Quadro 60: Famílias que partilham o alojamento e famílias em alojamentos sobrelotados, em 2001 ........................................................ 222 Quadro 61: Carências habitacionais, por freguesia, em 2001 ...................................................................................................................... 225 Quadro 62: Grelha metodológica com tipificação dos Equipamentos de Utilização Colectiva ..................................................................... 232 Quadro 63: População, por grupo etário, em função da tipologia do equipamento ou nível de ensino, entre 1991 e 2009 ........................ 234 Quadro 64: Ensino pré-escolar, no concelho, nos anos lectivos 2005/2006 e 2010/2011 ........................................................................... 238 Quadro 65: 1º Ciclo do Ensino Básico no concelho, nos anos lectivos 2005/2006 e 2010/2011 ................................................................. 239 Quadro 66: 2º e 3º CEB no concelho, nos aAnos lectivos 2005/2006 e 2010/2011..................................................................................... 240 Quadro 67: Creches no concelho, em 2010 .................................................................................................................................................. 244 Quadro 68: Actividades de Tempos Livres (ATL) no concelh, em 2010 ....................................................................................................... 244 Quadro 69: Lares de idosos no concelho, em 2010 ..................................................................................................................................... 246 Quadro 70: Centros de Dia, no concelho, em 2010 ...................................................................................................................................... 246 Quadro 71: Apoio Domiciliário no concelho, em 2010 .................................................................................................................................. 246 Quadro 72: Síntese das Valências de Apoio aos Idosos no concelho de Vila Velha de Ródão, em 2010 .................................................. 247 Quadro 73: Centro de Saúde e Extensões no concelh, em 2010 ................................................................................................................. 249 Quadro 74: Número e área (m2) das instalações desportivas, por freguesia, em 2010 ............................................................................... 251 Quadro 75: Superfície Desportiva Útil por habitante,por freguesia, em 2010 .............................................................................................. 252 Quadro 76 Superfície Desportiva Útil (SDU) recomendada e existente, por tipologia, em 2010 ................................................................. 252 Quadro 77: Equipamento Cultural e de Recreio do concelho, em 2010 ....................................................................................................... 254 Quadro 78: Associações culturais, recreativas e desportivas existentes no concelho, em 2010 ................................................................. 255 Quadro 79: Equipamento de Prevenção e Segurança, 2010 ....................................................................................................................... 257 Quadro 80: Emprego e Estabelecimentos na Secção I (CAE Rev.3), no concelho, entre 1995 e 2009 ...................................................... 271 Quadro 81: Estabelecimentos Hoteleiros e Capacidade de Alojamento respectiva, em 31/07/2009 ........................................................... 272 Quadro 82: Alojamento Turístico (Empreendimentos Turísticos e Alojamento Local) no concelho, em 2010 ............................................. 273 Quadro 83: Síntese da estratégia de Desenvolvimento de Vila Velha de Ródão, em curso (Orientações estratégicas e projectos) .......... 277 Quadro 84:Tipificação dos Riscos no concelho ............................................................................................................................................ 292 Quadro 85: Hierarquização dos Riscos no concelho .................................................................................................................................... 292 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Quadro 86: Número de pontos de recolha e de contentores, por capacidade e por aglomerado ................................................................ 301 Quadro 87: Evolução do consumo de electricidade e do número de consumidores no concelho ............................................................... 304 Quadro 88: Principais características das Centrais Hidroeléctricas e das Subestações da RNT ................................................................ 305 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 1. INTRODUÇÃO E ENQUADRAMENTO 1.1 ÂMBITO E OBJECTIVOS Decorridos cerca de 12 anos desde a entrada em vigor do actual Plano Director Municipal (ratificado pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 27/94, de 6 de Maio), em 2006, a Autarquia entendeu desencadear, em conformidade com o Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão do Território (RJIGT), o processo de revisão do Plano, por considerar necessária e urgente a supressão de um conjunto de lacunas e fragilidades de que este documento enferma, bem como dotá-lo de condições que garantam uma intervenção no território mais consentânea com a realidade actual, contribuindo assim para o agilizar da gestão urbanística do território concelhio O presente relatório, elaborado no âmbito da 1ª Revisão do Plano Director Municipal (PDM) de Vila Velha de Ródão integra os Estudos de Caracterização concelhios numa multiplicidade de componentes e domínios. Para a elaboração deste trabalho foi efectuada uma recolha de informação, o mais completa e direccionada possível, por forma a assegurar uma compreensão aprofundada da realidade actual do território no que se refere às características físicas – ambientais e urbanísticas –, sociais e económicas e, ainda, às relações com a envolvente. Conforme traduz o “Relatório de Avaliação e Fundamentação Técnica do PDM”, documento justificativo da necessidade de revisão do Plano, foram cinco os principais factores que determinaram a necessidade de reequacionar a estratégia e o modelo de desenvolvimento do actual PDM, nomeadamente: 1. Necessidade de reavaliar as características actuais do território; 2. Necessidade de resolver opções e omissões do plano em vigor, nomeadamente ao nível da sua regulamentação; 3. A alteração da base económica concelhia; 4. O desenvolvimento de novas tecnologias informáticas; 5. A finalização da construção da auto-estrada da Beira Interior (A23). Com base nestas premissas, e atendendo ao contexto do momento, o referido Relatório identificou um conjunto de objectivos estruturantes a prosseguir no âmbito da revisão do PDM. Relativamente a esses acrescentam-se mais alguns, sistematizando-se da seguinte forma os objectivos desta 1ª revisão do PDM de Vila Velha de Ródão: Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 1 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Especificar um modelo estratégico de actuação que estabeleça acções distintas para a promoção de um desenvolvimento equilibrado do concelho, reforçando a coesão social e territorial, e atendendo às diversidade presente e às mudanças operadas nos últimos anos; Ajustar o Plano à realidade do concelho, através da actualização do seu conteúdo e do colmatar de deficiências e omissões detectadas, adequando-o, desta forma, às necessidades e anseios da população; Agilizar os mecanismos de operacionalização do Plano Director Municipal, por forma a garantir uma gestão urbanística rápida e eficaz; Proceder à articulação do PDM, nesta sua 1ª revisão, com os Instrumentos de Gestão Territorial hierarquicamente superiores que abrangem o concelho; Enquadrar a edificação em espaço rural e ajustar os perímetros urbanos em função do crescimento verificado e previsto, numa óptica de contenção, procurando limitar o crescimento, à custa do preenchimento de áreas intersticiais, mas também promovendo a criação de áreas que permitam uma melhor e mais fácil gestão do território por parte da Autarquia, quer em termos urbanísticos, quer de ordenamento; Reavaliar a necessidade de implementação de novos pólos industriais e promover a requalificação dos existentes; Rever os princípios e regras de preservação do património cultural, e promover a protecção e valorização dos núcleos antigos, procurando assegurar a defesa do património edificado do concelho; Rever os princípios e regras de protecção do património natural, através da adequação das restrições impostas a intervenções em áreas rurais, por forma a preservar o ambiente e o património paisagístico do concelho; Adequar e enquadrar alguns investimentos programados, quer pela Administração Local, quer por entidades privadas; Repensar a estratégia de ordenamento florestal do concelho, apostando na sua diversificação, condicionando a ocupação urbana em áreas rurais e isoladas e regulamentando de forma conveniente as ocupações e utilizações possíveis em espaço florestal; Diversificar a base económica do concelho e promover o desenvolvimento de actividades preferenciais, através da definição de novos critérios de localização e distribuição de actividades relacionadas, por exemplo, com o turismo ou com a produção florestal (actividade já implantada no concelho), assim como a dinamização de actividades tradicionais (que poderá passar pelo reactivar do artesanato regional), incentivando a diversificação das actividades base da estrutura económica; 2 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Definir e disponibilizar um quadro normativo e um programa de investimentos públicos municipais e estatais, adequados ao desenvolvimento do concelho; Proceder à reestruturação da Rede Viária (PRN 2000) e considerar o traçado de novas infraestruturas viárias na definição de uma proposta de ordenamento; Regulamentar a integração paisagística de edificações de apoio às actividades agrícola e industrial,; Promover a requalificação e revitalização dos aglomerados, nomeadamente através da criação de espaços verdes e da proposta de novas áreas de equipamentos colectivos; Estabelecer um ordenamento adequado e equilibrado que seja articulado com os concelhos vizinhos, evitando descontinuidades territoriais. Preponderante na decisão de rever o PDM foi a necessidade urgente de dispor de um documento que se revestisse de um rigor cartográfico adequado às tecnologias e ferramentas de que actualmente se dispõe, não se considerando aceitável que, nos dias que correm, a gestão urbanística do concelho seja feita com recurso a informação obsoleta (em suporte papel) e cuja digitalização incorre em erros grosseiros de transposição. Actualmente também se revela imperativo dotar o concelho de um instrumento de gestão territorial adaptado ao demais contexto legislativo. Refira-se por fim que, para acompanhamento da revisão do PDM de Vila Velha de Ródão, foi constituída em 2006 a respectiva Comissão Mista de Coordenação (por publicação do Despacho n.º 11289/2006, de 24 de Maio) entretanto convertida em Comissão de Acompanhamento (Despacho n.º 21342/2008, de 14 de Agosto), integrando as seguintes entidades: Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão; Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC); Assembleia Municipal de Vila Velha de Ródão; Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Centro (DRAP-C); Direcção Geral dos Recursos Florestais (actual Autoridade Florestal Nacional); Direcção Regional de Economia do Centro; Turismo de Portugal, IP; EP- Estradas de Portugal, EPE; REFER- Rede Ferroviária Nacional, EPE; Direcção Regional de Cultura do Centro; Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, IP (IGESPAR); Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 3 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade, IP (ICNB); Administração de Região Hidrográfica do Tejo, IP (ARH Tejo); Instituto do Desporto de Portugal, IP; Direcção Regional de Educação do Centro; Administração Regional de Saúde do Centro, IP; Ministério do Trabalho e Solidariedade Nacional; Guarda Nacional Republicana; Autoridade Nacional de Protecção Civil; Instituto Nacional para a Reabilitação, IP; Instituto Geográfico Português; Direcção Geral de Energia e Geologia; Câmara Municipal de Proença-a-Nova; Câmara Municipal de Mação; Câmara Municipal de Castelo Branco; Câmara Municipal de Nisa. A 1ª Revisão do Plano Director Municipal de Vila Velha de Ródão deverá constituir, acima de tudo, uma oportunidade para pensar o concelho a médio/longo prazo, de uma forma integrada e global face ao contexto regional. O processo de revisão deverá ser pautado por uma atitude participativa por parte dos intervenientes no processo de planeamento, permitindo que a procura de soluções, alicerçada em estudos de caracterização, seja, antes de mais, o estabelecimento de um compromisso entre as diversas visões sobre as realidades-problema do concelho. 1.2 ENQUADRAMENTO LEGAL O procedimento de Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão é enquadrado pelo disposto no RJIGT estabelecido no Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro com a redacção dada pelo Decreto-Lei n.º 46/2009, de 20 de Fevereiro e alterado pelo Decreto-Lei n.º 181/2009, de 7 de Agosto, que tem como objecto desenvolver “as bases da política de ordenamento do território e de urbanismo, definido o regime de coordenação dos âmbitos nacional, regional e municipal do sistema de gestão territorial, o regime geral de uso do solo e o regime de elaboração, aprovação, execução e avaliação dos instrumentos de gestão territorial”. Refira-se contudo que o referido Regime Jurídico foi objecto de quatro alterações ao longo dos últimos anos, sistematizando-se em seguida as principais matérias sobre as quais incidiram: 4 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão O Decreto-Lei n.º 310/2003, de 10 de Dezembro, veio introduzir no domínio da elaboração e aprovação dos PMOT “alguns ajustamentos pontuais com o objectivo de conferir maior celeridade aos procedimentos, no reforço dos princípios enunciados pela mencionada lei de bases e com vista a assegurar o efectivo cumprimento do dever de ordenar o território”; O Decreto-Lei n.º 316/2007, de 19 de Setembro, introduz alterações mais profundas no articulado do RJIGT, procurando alcançar de forma mais eficaz “a simplificação e a eficiência dos procedimentos de elaboração, alteração e revisão dos instrumentos de gestão territorial de âmbito municipal que se afiguram necessárias em função da dinâmica dos processos económicos, sociais e ambientais de desenvolvimento territorial e da operatividade que se pretende conferir ao sistema de gestão territorial.” Note-se que com este diploma se procura um incremento da responsabilização dos municípios em matéria de ordenamento do território e urbanismo, passando a ratificação dos PDM pelo Governo a possuir carácter excepcional; O Decreto-Lei n.º 46/2009, de 20 de Fevereiro, altera a necessidade de prever intervenção governamental em matéria de suspensão de PMOT e de estabelecimentos de medidas preventivas, introduzindo ainda a figura de correcções materiais dos IGT; O Decreto-Lei n.º 181/2009, de 7 de Agosto, visou essencialmente, suprimir algumas dúvidas interpretativas que persistiam nos anteriores diplomas “procurando eliminar quaisquer focos de dúvida jurídica quanto à redacção dos preceitos efectivamente em vigor”. Em 2005, na sequência da publicação do Decreto-Lei n.º 310/2003, foi publicada a Portaria n.º 138/2005, de 2 de Fevereiro, que fixa os elementos que acompanham os PMOT, para além dos expressamente previstos no RJIGT, atendendo ao respectivo objecto e conteúdo material. Em Maio de 2009 foram publicados três diplomas essenciais que visam regulamentar e operacionalizar o RJIGT, conforme previsto no Decreto-Lei n.º 380/99: Decreto Regulamentar n.º 9/2009, de 29 de Maio, que define os conceitos técnicos a utilizar pelos instrumentos de gestão territorial nos domínios do ordenamento do território e do urbanismo; Decreto Regulamentar n.º 10/2009, de 29 de Maio, que define as características da cartografia a utilizar nos instrumentos de gestão territorial, bem como na representação de condicionantes; Decreto Regulamentar n.º 11/2009, de 29 de Maio, que estabelece os critérios de classificação e requalificação do solo, bem como os critérios e as categorias de qualificação do solo rural e urbano. A par da Revisão do PDM, deverá decorrer o procedimento de Avaliação Ambiental. Com a publicação do Decreto-Lei n.º 232/2007, de 15 de Junho, foram transpostas para a ordem jurídica nacional as directivas europeias referentes à avaliação ambiental de planos e programas. Assim, e de acordo com o disposto no Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 5 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão RJIGT constitui elemento de acompanhamento do PDM o “Relatório Ambiental, no qual se identificam, descrevem e avaliam os eventuais efeitos significativos no ambiente resultantes das aplicação do plano e as suas alternativas razoáveis que tenham em conta os objectivos e o âmbito de aplicação territorial respectivos”. Importa também frisar a necessidade de integrar a temática do Ruído, em conformidade com o disposto no Regulamento Geral do Ruído (RGR, Decreto-Lei n.º 9/2007, de 17 de Janeiro) que atribui às câmaras municipais a responsabilidade de elaborarem “mapas de ruído para apoiar a elaboração, alteração e revisão dos planos directores municipais”, competindo-lhes ainda “estabelecer nos PMOT a classificação, a delimitação e a disciplina das zonas sensíveis e das zonas mistas”. Os Mapas de Ruído constituem um dos elementos que acompanha o PDM, nos termos da Portaria n.º 138/2005, de 2 de Fevereiro, alterada com a publicação do RGR. Os conteúdos material e documental do PDM vêm expressos no RJIGT, bem como na Portaria n.º 138/2005. 6 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 2. VILA VELHA DE RÓDÃO E O CONTEXTO REGIONAL A avaliação do grau de integração de determinada parcela do território no contexto nacional e regional é um exercício essencial para a avaliação das reais possibilidades de desenvolvimento, bem como para a identificação das condicionantes externas. Com efeito, o conhecimento destes dois factores é indispensável à aplicação de estratégias de gestão e de intervenção no território regional que permitam o aproveitamento integrado das especificidades de cada território concelhio. Esta análise é essencial no contexto de Vila Velha de Ródão que apresenta algumas debilidades que poderão condicionar o seu desenvolvimento, relacionadas, essencialmente, com a forte interioridade e com a tendência crescente para o duplo envelhecimento populacional (aumento da população idosa e diminuição da população jovem), que apesar de enquadrável no contexto regional em que se insere, não deixa de por isso assumir contornos preocupantes. O concelho, situado na margem direita do rio Tejo, está integrado na região Centro (NUT II) e na sub-região da Beira Interior Sul (NUT III), da qual fazem também parte os concelhos de Castelo Branco, Idanha-a-Nova e Penamacor. Com uma área de aproximadamente 330 km2, distribuídos por 4 freguesias (Fratel, Perais, Sarnadas de Ródão e Vila Velha de Ródão), é um concelho relativamente pequeno atendendo ao seu contexto regional, representando apenas 9% da área total da Beira Interior Sul e 1,2 % da região Centro. O concelho apresenta limites físicos bastante precisos, fundamentalmente a nível hidrográfico – desenvolve-se na bacia do Tejo, entre o Tejo (limite sul) e os seus afluentes, o rio Ocreza (limite oeste-noroeste) e o rio Ponsul (limite este), e possui fronteiras com os concelhos de Castelo Branco, Proença-a-Nova, Mação e Nisa e ainda com a província espanhola da Extremadura. Embora com características marcadamente identificáveis com o interior da região beirã, Vila Velha de Ródão constitui um território de charneira, onde se faz a transição entre contextos regionais distintos – Norte Alentejano, Pinhal Interior, Raia Beirã – beneficiando por isso de uma localização geográfica ímpar, incrementada pela proximidade a Castelo Branco (um dos principais pólos regionais) e à fronteira com Espanha (Cáceres encontrase a 160km e Madrid a cerca de 420km). Apesar da ocupação florestal ser dominante no contexto concelhio (e regional, naturalmente), na paisagem de Vila Velha de Ródão verificam-se ainda reminiscências das áreas de montado presentes a sul do Tejo, decorrente deste posicionamento particular. A confinância com o concelho de Castelo Branco, e a relativa proximidade entre as duas sedes de concelho, nem sempre se tem revelado como um elemento positivo para o desenvolvimento de Vila Velha de Ródão. Se por um lado o concelho beneficia com diversidade funcional de Castelo Branco, sobretudo ao nível de oferta de Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 7 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão equipamentos, comércio e serviços, por outro debate-se com falta de competitividade, em termos de atracção quer de actividades económicas, quer de população residente. Debelar esta “asfixia” inerente à proximidade à sede de distrito deverá por isso constituir um dos desígnios da estratégia de desenvolvimento concelhio, procurando apostar nas suas características diferenciadoras. Vila Velha de Ródão apresenta um leque de recursos naturais e paisagísticos de excelência, em grande medida conferido pelos recursos hidrográficos referidos, mas sobretudo pelas suas características geológicas ímpares, integrando o Geopark Naturtejo da Meseta Meridional (um dos 53 geoparques classificados pela UNESCO a nível mundial) cujo “vasto património geomorfológico, geológico, paleontológico, e geomineiro, apresenta elementos de relevância nacional e internacional, de que são exemplos os icnofósseis de Penha Garcia, os canhões fluviais de Penha Garcia, das Portas do Ródão e de Almourão, a mina de ouro romana do Conhal do Arneiro e as morfologias graníticas da Serra da Gardunha e Monsanto”. De referir ainda a integração do extremo nascente do concelho no Parque Natural do Tejo Internacional, um dos mais importantes santuários de vida selvagem da Europa, cuja classificação resultou, fundamentalmente, “da riqueza natural que alberga, destacando-se o conjunto das arribas do Tejo Internacional, que albergam biótopos característicos das paisagens meridionais, caso das zonas de montado de sobro e de azinho e estepes cerealíferas bem como espécies da flora e da fauna de inegável interesse”, destacando-se ainda “pelo elevado valor, as linhas de água com comunidades vegetais ripícolas associadas e, no domínio da avifauna, espécies estritamente protegidas por convenções internacionais”. Por fim, acresce referir que Vila Velha de Ródão integra a Comunidade Intermunicipal da Beira Interior Sul (CIMBIS) da qual fazem parte os concelhos da sub-região. 2.1 CONTEXTO DEMOGRÁFICO De acordo com o último Recenseamento Geral da População a sub-região da Beira Interior Sul representava, em 2001, cerca de 3,3% da população da região do Centro. No mesmo ano, Vila Velha de Ródão possuía um total de 4.098 habitantes, representativos de 5,2% da população desta sub-região e de apenas 0,2% do total da região. Integrando a sub-região apenas 4 concelhos, e atendendo à relevância que Castelo Branco assume no contexto regional, é este o concelho que mais contribui para o quantitativo populacional da Beira Interior Sul, com 71,3% da população total da sub-região, sendo mesmo o único concelho que viu a sua população aumentar o que veio reforçar o papel desempenhado neste contexto territorial. Esse aumento não conseguiu contudo compensar a perda registada pelos outros três concelhos. De acordo com a informação referente às Estatísticas Anuais da População Residente (INE), para 2009, o cenário de perda demográfica mantém-se na última década para a Beira Interior Sul, começando também o 8 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão concelho de Castelo Branco a registar uma tendência de decréscimo populacional. Nos restantes concelhos as perdas diminuem ligeiramente, em termos percentuais, mas ainda assim são significativas – estima-se que Vila Velha de Ródão tenha perdido entre 2001 e 2009 727 habitantes (cerca de 18% da população total). Quadro 1: População residente na região Centro e na sub-região da Beira Interior Sul, em 1991 e 2001 Unidade Geográfica CENTRO Beira Interior Sul Vila Velha de Ródão Castelo Branco Idanha-a-Nova Penamacor População Residente 1991 2001 2009 Área (km2) 2.258.768 81.015 4.960 54.310 13.630 8.115 2.348.397 78.123 4.098 55.708 11.659 6.658 2.381.068 72.471 3.371 53.626 9.952 5.522 28.200,1 3.748,1 329,9 1.438,2 1.416,3 563,7 Densidade Pop. (hab/km2) 1991 2001 2009 80,1 21,6 15,0 37,8 9,6 14,4 83,3 20,8 12,4 38,7 8,2 11,8 84,4 19,3 10,2 37,3 7,0 9,8 Fonte: INE-Portugal, Censos 1991 e 2001; CAOP, 2010 Um fenómeno que ajuda a enquadrar a perda de população substancial verificada na sub-região, e no concelho de Vila Velha de Ródão em particular, prende-se com o acentuar da tendência de concentração de população nas principais áreas urbanas e na faixa litoral do espaço regional. Com efeito, nos últimos anos, a proporção de população residente em áreas predominantemente urbanas sobe, sustentada também pelas perdas verificadas nas áreas predominantemente rurais. Em 2001, os 78.123 habitantes da sub-região distribuíam-se pelos seus cerca de 3.748km2, conduzindo a um valor de densidade populacional muito baixo, 20,8 hab/km2, quando comparado com a densidade populacional da região Centro, que, à mesma data, era de aproximadamente 83,3 hab/km2. No que respeita em concreto ao concelho de Vila Velha de Ródão, constata-se que este possuía em 2001 uma densidade populacional de 12,4 hab/km2na. Este Quadro 2: Taxas de Natalidade e Mortalidade, em 2009 pode ser entendido facilmente como um entrave ao desenvolvimento do concelho, que a par com a forte polarização por parte da sede de concelho levanta alguns problemas no domínio da dotação de infraestruturas, equipamentos, bens e serviços que não podem ser de todo negligenciados. Taxa de Natalidade (‰) Taxa de Mortalidade (‰) Centro 7,9 11,2 Beira Interior Sul 7,7 15,9 Castelo Branco 8,6 12,9 Idanha-a-Nova 6,0 24,4 Penamacor 4,5 20,8 Vila Velha de Ródão 3,8 30,8 Unidade Territorial O Quadro 2 permite constatar que, em 2009, a taxa Fonte: INE, Indicadores Demográficos, 2009 bruta de natalidade do concelho de Vila Velha de Ródão (4,2‰) foi a mais baixa da sub-região, ao passo que a taxa de mortalidade, registou o valor mais alto da Beira Interior Sul, com 30,8‰, valor muito acima quer da média regional, quer sub-regional, o que traduz um preocupante cenário de perda populacional. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 9 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Quanto aos índices de evolução da estrutura etária, e aqui de novo atendendo aos valores dos Censos de 2001, verifica-se que o índice de envelhecimento tem vindo a registar um progressivo crescimento em todos os concelhos da Beira Interior Sul, tendência que aliás se verifica ao nível nacional. No caso específico de Vila Velha de Ródão, este indicador situava-se, em 2001, nos 522,5%, que indica a existência de sensivelmente 523 idosos por cada 100 jovens, um valor muito acima da média sub-regional (275%) e regional (129,5%). Em consequência do envelhecimento da população, o índice de dependência de idosos aumentou também registando um valor de 77% em Vila Velha de Ródão, mais uma vez bastante acima da média da Beira Interior Sul (42,9%). Por seu turno, a baixa taxa de natalidade é um dos factores que se reflecte directamente no decrescimento do índice de dependência de jovens, indiciando um peso menor das faixas etárias mais jovens na estrutura populacional. Esta situação verificou-se em todos os concelhos da sub-região, sendo extremamente preocupante no concelho de Vila Velha de Ródão que registou uma forte diminuição deste indicador, na medida em que se passou dos 80, em 1981 para os 15 dependentes por cada 100 activos, em 2001 – também aqui o valor mais baixo da Beira Interior Sul (17,3%). Em consequência destes dois factores, o índice de dependência total – que relaciona a população das faixas etárias dependentes com a população activa – traduzia a presença de 92 indivíduos dependentes por cada 100 indivíduos, em Vila Velha de Ródão, e de 60 na sub-região. Analisando a distribuição da população activa do concelho de Vila Velha de Ródão pelos três sectores de actividade constata-se uma afectação maioritária ao sector terciário (53%), seguida do sector secundário (36%), e do sector primário (12%), distribuição coincidente com a que se verifica na Beira Interior Sul (59%, 32% e 9%, respectivamente). Apesar de se ter vindo a assistir a um decréscimo da relevância do sector secundário enquanto empregador do concelho (em 1991 era o sector que mais activos ocupava - 43%), é expectável que no próximo recenseamento da população este sector veja o seu papel reforçado, nomeadamente decorrente da instalação de uma nova unidade industrial no concelho. De entre os diversos subsectores de actividade a “Administração Pública, Defesa” e a “Fabricação de Pasta, de Papel e Cartão e seus Artigos” eram os que empregaram mais população – refiram-se a Autarquia e a Celtejo como os dois principais empregadores do concelho. De destacar ainda a reduzida qualificação da população activa, sendo que, em 2001, eram as profissões que exigiam maior qualificação aquelas que assumiam menor peso na estrutura populacional concelhia, sendo o grupo relativo aos trabalhadores não qualificados o que assumia maior representatividade (21,5%), o que constitui uma debilidade séria e um entrave à evolução da estrutura produtiva. 10 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Intimamente ligado à distribuição da população activa pelos diferentes grupos de profissões, estão o grau de qualificação e as habilitações literárias que constituem um factor primordial no arranque e na sustentação de processos de desenvolvimento. Quadro 3: Nível de escolaridade da população da sub-região Beira Interior Sul, em 2001 Taxa de Analfabetismo Nível de Ensino Atingido Unidade Territorial Beira Interior Sul Castelo Branco Idanha-a-Nova Penamacor Vila Velha de Ródão Total Nenhum 78.123 55.708 11.659 6.658 4.098 15.705 8.882 3.878 2.027 918 Básico 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo 29.355 20.202 4.529 2.677 1.947 7.972 5.841 1.059 703 369 7.313 5.666 859 475 313 Secundário Médio Superior 1991 2001 9.876 8.176 855 499 346 509 435 33 24 17 7.393 6.506 446 253 188 22,7 17,3 37,4 32,7 22,9 17,4 12,6 32,1 28,8 20,0 Fonte: INE–Portugal, Censos 2001 O nível de escolaridade de Vila Velha de Ródão é baixo – note-se o facto de cerca de 70% da população não possuir nenhum nível de ensino ou apenas o 1º ciclo do ensino básico e haver apenas 4,6% da população com o ensino superior concluído – contudo é o 2º concelho com melhor desempenho no contexto sub-regional. Nota ainda para o facto de, entre 1991 e 2001, o concelho ter assistido a uma diminuição, ainda que tímida, da sua taxa de analfabetismo. 2.2 INTEGRAÇÃO ECONÓMICA A avaliação do grau de integração económica de um concelho no quadro regional, assim como as interdependências territoriais, passa pelo fluxo de pessoas, bens e capitais que se estabelecem entre o concelho e o exterior. Apesar da informação estatística disponível não permitir aferir as dinâmicas económicas interconcelhias, será realizada uma breve análise dos movimentos pendulares casa/trabalho e casa/escola. De acordo com os dados dos Censos 2001, o concelho de Vila Velha de Ródão gera um total de 1.763 deslocações diárias, sendo 20,8% relacionadas com estudo e 79,2% por motivos de trabalho. Refira-se que, do total de deslocações, 88,4% tiveram como destino a Beira Interior Sul e destas, 69,3% foram deslocações internas (origem e destino no concelho de Vila Velha de Ródão) e as restantes destinaram-se, quase na totalidade, a Castelo Branco. Este facto encontra justificação não só na proximidade geográfica, mas sobretudo na dinâmica da estrutura produtiva deste concelho e no facto de aí se encontrarem alguns estabelecimentos de ensino para onde se deslocam os alunos de Vila Velha de Ródão (por exemplo, o Instituto Politécnico de Castelo Branco). Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 11 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Figura 1: Principais fluxos pendulares com origem no concelho de Vila Velha de Ródão Grande Lisboa 88,4 % Alentejo Central 1,8 % Alto Alentejo 1,0 % Pinhal Interior Sul BEIRA INTERIOR SUL 2,6 % VILA VELHA DE RÓDÃO Concelho Castelo Branco IIdanha-a-Nova Penamacor Vila Velha de Ródão Total 0,8 % Trabalho 237 2 Estudo 96 2 0 223 0 998 1237 321 5,4 % Outros destinos Fonte: INE–Portugal, Censos 2001. No que diz respeito aos movimentos pendulares com destino ao concelho de Vila Velha de Ródão, em 2001, foram contabilizadas um total de 1.588 deslocações diárias – 85,6% por razões profissionais e as restantes 14,4% relacionadas com a actividade escolar. Do total, 93,3% tiveram como origem concelhos da sub-região, destacando-se a atractividade que o concelho exerce, ao nível das deslocações por motivo de trabalho, relativamente a Castelo Branco (cerca de 15% do total das viagens atraídas): Figura 2: Principais fluxos pendulares com destino no concelho de Vila Velha de Ródão Alto Alentejo Pinhal Interior Sul Cova da Beira 2,5% 2,2% VILA VELHA DE RÓDÃO 0,6% 0,5 % BEIRA INTERIOR SUL 93,3% Concelho Castelo Branco IIdanha-a-Nova Penamacor Vila Velha de Ródão Total Trabalho 232 0 0 991 1455 Estudo 1 0 0 223 224 Grande Lisboa 0,9% Outros destinos Fonte: INE–Portugal, Censos 2001. Os movimentos no interior do concelho são, de facto, expressivos, o que indicia alguma independência do ponto de vista económico e funcional, mas também incapacidade em polarizar os concelhos vizinhos, fruto de uma estrutura económica relativamente débil face à envolvente. Apesar disto, o concelho de Vila Velha de Ródão 12 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão consegue atrair alguma população na sua envolvente territorial, manifestando uma ligação mais forte ao concelho de Castelo Branco. 2.3 ACESSIBILIDADE REGIONAL A questão das acessibilidades e dos transportes é fundamental para a avaliação do grau de integração de um qualquer concelho ao nível supra local, já que constitui um factor que, tantas vezes, condiciona ou fomenta afinidades e complementaridades entre regiões, facilitando a sua afirmação regional. Esta só pode ser concretizada através do estabelecimento de uma rede de transportes e acessibilidades realmente eficaz, em que se proceda à articulação dos níveis regional e nacional. Figura 3: Vila Velha de Ródão no contexto do PRN2000 Fonte: www.estradasdeportugal.pt O concelho de Vila Velha de Ródão é servido por quatro itinerários integrados na Rede Nacional no âmbito do PRN2000 em vigor1, os quais, atendendo à estrutura da rede viária existente e à sua inserção territorial, asseguram as suas principais acessibilidades externas: A A23 (IP2/IP6), atravessa diagonalmente a área poente do concelho e estabelece diversas ligações à rede local. Constitui o principal eixo de acessibilidade concelhio, assegurando ligações aos principais centros urbanos regionais (de forma directa a Castelo Branco e Guarda, e indirecta a Coimbra e Leiria) 1 Decreto-Lei n.º 222/98, de 17 de Julho, alterado pela Lei n.º 98/99 e pelo Decreto-Lei n.º 182/2003. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 13 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão e nacionais (nomeadamente a Lisboa e Porto, por intermédio de outras vias integradas na Rede Fundamental); O IP2, que embora atravesse uma pequeníssima parcela do concelho, garante as ligações de todo o seu sector poente à região do Alentejo, bem como à fronteira do Caia (Elvas); este entronca com a A23 no nó de Gardete; A EN241, que na direcção noroeste assegura acessibilidades ao Pinhal Interior Sul e ao Litoral Centro (Pombal, Coimbra e Leiria), através do troço já existente do IC8; e que na direcção sul assegura a ligação da A23 à sede de concelho; após intervenção prevista entre Proença-a-Nova e a A23, esse troço passará a integrar o IC8; A ER18 que, perto da sede de concelho garante as ligações ao Norte Alentejano, entroncando com o IP2 no nó de Alpalhão; pode considerar-se que desempenha, relativamente às zonas central e nascente do concelho, funções equiparadas (e alternativas) às asseguradas pelo IP2 na direcção Sul. Atendendo à inserção concelhia na rede exterior e ao conjunto de acessibilidades externas asseguradas, a A23 assume hierarquicamente as funções mais relevantes. Esta via, que integra a rede nacional de auto-estradas, que atravessa os distritos da Guarda, Castelo Branco, Portalegre e Santarém, assegura a partir de um conjunto de outras vias integradas na Rede Fundamental, a ligação à grande maioria dos centros urbanos nacionais. Destaca-se contudo uma relativa fragilidade das ligações ao sul do país. Em termos de outros modos de transporte, Vila Velha de Ródão é atravessado pela Linha da Beira Baixa (Entroncamento- Linha do Norte/Guarda- Linha da Beira Alta), onde a CP assegura os serviços Intercidades, Inter-regional e Regional, permitindo assim a ligação directa do concelho, por via ferroviária, a importantes centros urbanos do país (Lisboa, Santarém, Castelo Branco e Guarda) e mesmo à rede ferroviária internacional (através da Linha da Beira Alta). 14 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 3. INSTRUMENTOS DE GESTÃO TERRITORIAL DE HIERARQUIA SUPERIOR Neste capítulo pretende-se fazer um enquadramento do concelho de Vila Velha de Ródão nos Instrumentos de Gestão Territorial (IGT) de âmbito supra-municipal, com incidência no seu território. Assim, será efectuada uma síntese dos planos que se encontram eficazes, focando os seus principais objectivos e opções, bem como uma breve referência àqueles que se encontram em elaboração, com o intuito de agilizar a articulação do PDM, na sua 1ª revisão, com os referidos IGT. No território concelhio existem cinco instrumentos de gestão territorial, de âmbito supra-muncipal, eficazes: Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNPOT); Plano de Bacia Hidrográfica do Tejo; Plano Sectorial da Rede Natura 2000; Plano de Ordenamento do Parque Natural do Tejo Internacional; Plano Regional de Ordenamento Florestal da Beira Interior Sul. No que se refere a planos em elaboração há a referir o Plano Regional de Ordenamento do Território do Centro, já sujeito a Discussão Pública, que se reveste de uma fulcral importância no actual panorama de planeamento e desenvolvimento regional, e que por isso, apesar de não ter sido ainda publicado, se encontra igualmente sistematizado. 3.1 PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO No quadro vigente do regime jurídico dos instrumentos de gestão territorial, o “Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território”, aprovado pela Lei nº 58/2007 de 4 de Setembro e rectificado pela Declaração de Rectificação nº 80-A/2007, constitui um instrumento de desenvolvimento territorial, de natureza estratégica e de âmbito nacional. De acordo com o disposto no RJIGT, o PNPOT “ estabelece as grandes opções com relevância para a organização do território nacional, consubstancia o quadro de referência a considerar na elaboração dos demais instrumentos de gestão territorial (PROT e PDM) e constitui um instrumento de cooperação com os demais estados-membros para a organização do território da União Europeia” e “ estabelece as opções e directrizes relativas à conformação do sistema urbano, das redes, das infra-estruturas e equipamentos de interesse nacional, bem como a salvaguarda e valorização das áreas de interesse nacional em termos ambientais, patrimoniais e de desenvolvimento rural”. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 15 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão A linha de rumo que o Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território pretende imprimir ao País, para o Portugal 2025, sistematiza-se em seis Objectivos Estratégicos, que se complementam e reforçam reciprocamente: 1. Conservar e valorizar a biodiversidade e o património natural, paisagístico e cultural, utilizar de modo sustentável os recursos energéticos e geológicos e prevenir e minimizar os riscos; 2. Reforçar a competitividade territorial de Portugal e a sua integração nos espaços ibérico, europeu e global; 3. Promover o desenvolvimento policêntrico dos territórios e reforçar as infra-estruturas de suporte à integração e à coesão territoriais; 4. Assegurar a equidade territorial no provimento de infra-estruturas e de equipamentos colectivos e a universalidade no acesso aos serviços de interesse geral, promovendo a coesão social; 5. Expandir as redes e infra-estruturas avançadas de informação e comunicação e incentivar a sua crescente utilização pelos cidadãos, empresas e administração pública; 6. Reforçar a qualidade e a eficiência da gestão territorial, promovendo a participação informada, activa e responsável dos cidadãos e das instituições. Para cada objectivo estratégico, enunciaram-se diferentes linhas de intervenção polarizadas pelos respectivos Objectivos Específicos, sendo que cada um destes objectivos se corporiza num conjunto de Medidas. O PNPOT, no capítulo das orientações estratégicas para as Regiões consubstancia, para as sub-regiões do Centro um vasto conjunto de opções para o desenvolvimento do território que deverão estar presentes aquando da definição do modelo de desenvolvimento para o concelho de Vila Velha de Ródão. 3.2 PLANO DE BACIA HIDROGRÁFICA DO TEJO O Plano de Bacia Hidrográfica do Tejo (PBH do Tejo) foi aprovado pelo Decreto Regulamentar n.º 18/2001, de 7 de Dezembro. O Plano de acordo com o previsto teria um prazo de vigência de oito anos e deveria ter sido revisto após seis anos em vigor, não tendo até ao momento ocorrido nenhum dos procedimentos. O PBH do Tejo apresenta um diagnóstico da situação existente nesta bacia hidrográfica, define os objectivos ambientais de curto, médio e longo prazo, delineia propostas de medidas e acções e estabelece a programação física, financeira e institucional das medidas e acções seleccionadas, tendo em vista a prossecução de uma política coerente, eficaz e consequente de recursos hídricos. Finalmente, define normas de orientação com vista ao cumprimento dos objectivos enunciados. 16 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão A Bacia Hidrográfica do Rio Tejo cobre um total de mais de 80 500 km2, dos quais 24 650 km2 (excluída a área do estuário) são em Portugal, o que representa cerca de 28% da superfície do continente português. Por ela são totalmente abrangidos os distritos de Santarém e Castelo Branco, e uma parte significativa dos distritos de Lisboa, Leiria, Portalegre, Guarda, Évora, Setúbal e Coimbra. O PBH do Tejo caracteriza os Principais Problemas Identificados relativamente à articulação do Ordenamento do Território com o Ordenamento do Domínio Hídrico, que são os seguintes: Principais Problemas Identificados Na área abrangida pelo PBH do Tejo verificam-se diversas situações de conflito entre usos do solo, designadamente entre as actividades existentes e previstas, e a preservação e valorização dos recursos hídricos; Existem planos municipais e especiais de ordenamento do território em que as medidas relativas à prevenção e valorização dos recursos hídricos se encontram desajustadas; Constata-se a ausência de definição de perímetros de protecção das captações da águas subterrâneas para abastecimento público. De acordo com os principais problemas identificados relativamente à articulação do Ordenamento do Território com o Ordenamento do Domínio Hídrico, e de forma a agir para solucionar esses problemas, foram delineados, no PBH do Tejo, Objectivos Estratégicos, que se apresentam de seguida: Objectivos Estratégicos Definir as condições de ocupação e utilização do domínio hídrico e elaborar recomendações a serem integradas nos planos municipais e especiais de Ordenamento do Território e nos planos sectoriais com incidência nos recursos hídricos; Delimitar os perímetros de protecção de todas as captações de água subterrâneas destinadas a abastecimento público; Uniformizar a tipologia e critérios de delimitação das áreas de protecção dos recursos hídricos. 3.3 PLANO SECTORIAL DA REDE NATURA 2000 A criação da Rede Natura 2000 resulta de duas directivas comunitárias: a Directiva 79/409/CEE, do Conselho, de 2 de Abril (relativa à conservação das aves selvagens – Directiva Aves), e a Directiva n.º 92/43/CEE, do Conselho, de 21 de Maio (relativa à preservação dos habitats naturais e da fauna e da flora selvagens – Directiva Habitats). Em Portugal, a transposição para a ordem jurídica interna foi inicialmente efectuada pelo Decreto-Lei n.º 226/97, de 27 de Agosto, que estabelecia a criação de ZEC – Zonas Especiais de Conservação (baseado nos sítios de importância comunitária – SIC) e as ZPE – Zonas de Protecção Especial. Seguidamente, Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 17 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão procedeu-se à aprovação da Lista Nacional de Sítios (1ª fase – SIC), através da Resolução de Conselho de Ministros n.º 142/97, de 28 de Agosto, alterada pela Resolução de Conselho de Ministros n.º 135/2004, de 30 de Setembro. Posteriormente, com o Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril, essa transposição para a ordem jurídica interna da Directiva Aves e da Directiva Habitats foi revista, visando a regulamentação, num único diploma, das disposições emergentes dessas directivas. Por fim, surgiu a 2ª lista nacional de sítios, com a Resolução do Conselho de Ministros n.º 76/2000, de 5 de Julho, e o estabelecimento de Zonas de Protecção Especial - ZPE para o Continente com o Decreto-Lei n.º 384B/99, de 23 de Setembro; este último diploma revê a transposição para a ordem jurídica interna das duas Directivas mencionadas, e foi alterado pelos Decreto-Lei n.º 141/2002, de 20 de Maio e Dereto Lei n.º 59/2008, de 27 de Março. Uma vez que o Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril, não transpõe na íntegra as disposições das Directivas para o ordenamento jurídico português, tornou-se necessário proceder a ajustes e alterações através do Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro. Segundo o Decreto-Lei n.º 49/2005, os instrumentos de gestão territorial aplicáveis nas ZEC e nas ZPE devem garantir a conservação dos habitats e das populações das espécies em função dos quais as referidas zonas foram classificadas. Porém, quando a totalidade ou parte das ZEC e ZPE se localizam dentro dos limites de áreas protegidas, classificadas nos termos da lei, o objectivo previsto no número anterior é assegurado através de planos especiais de ordenamento das áreas protegidas (art. 8º, ponto 2), neste caso como foi mencionado no sub-capítulo do POPNTI. A Rede Natura 2000 é objecto de um plano sectorial, elaborado nos termos do Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro e da Resolução do Conselho de Ministros n.º 66/2001, de 6 de Junho, aprovado pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 115-A/2008, de 21 de Julho, tendo em conta o desenvolvimento económico e social das áreas abrangidas e estabelecendo orientações para: A gestão territorial nos sítios da lista nacional de sítios, nos sítios de importância comunitária, nas ZEC e nas ZPE; As medidas referentes à conservação das espécies da fauna, flora e habitats. Neste contexto, o concelho de Vila Velha de Ródão inclui a ZPE Tejo Internacional, Erges e Ponsul (PTZPE0042), parcialmente integrada no Parque Natural do Tejo Internacional. 18 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ZPE Tejo Internacional, Erges e Ponsul A Zona de Protecção Especial Tejo Internacional, Erges e Ponsul (PTZPE0042) foi criada pelo Decreto-Lei n.º 384-B/99, de 23 de Setembro de 1999, estando cerca de 76% da sua área integrada no Parque Natural do Tejo Internacional. A ZPE é composta essencialmente pelos vales dos rios Tejo, Ponsul e Erges e ribeira de Aravil, caracterizados por encostas bastante declivosas, cobertas por matagal mediterrânico rico e diverso, com afloramentos rochosos frequentes, dominados pelo xisto e, pontualmente, granito. As áreas adjacentes, mais aplanadas, são cobertas por montado de azinho, eucaliptais, terrenos de cultivo maioritariamente tradicional (olival e cereais de sequeiro), pastagens e matos esclerófilos. A área caracteriza-se por albergar uma elevada diversidade de espécies, nomeadamente: espécies tipicamente rupícolas, que nidificam nas encostas escarpadas do vale do rio Tejo e afluentes; espécies típicas do bosque mediterrânico, algumas das quais se encontram entre as mais ameaçadas da Europa; espécies tipicamente estepárias com elevado estatuto de conservação em Portugal, que frequentam as áreas de planalto abertas contíguas às encostas. Os factores de ameaça mais relevantes para as espécies e que justificam a classificação da ZPE estão relacionados, por um lado, com a perturbação dos locais de nidificação ou de alimentação das diferentes espécies, e por outro com factores que contribuem para a degradação da qualidade do habitat. Salienta-se também a persistência de factores que contribuem para a mortalidade não natural de algumas das espécies presentes, nomeadamente o uso indiscriminado de venenos e o abate a tiro. As orientações de gestão para a ZPE Tejo internacional, Erges e Ponsul são dirigidas prioritariamente para a conservação das aves rupícolas, para as espécies típicas do bosque mediterrânico muito ameaçadas, nomeadamente a águia imperial ibérica e o abutre-negro e para algumas espécies estepárias, com destaque para a ganga por apenas poder ser encontrada aqui. Assim, deverá ser encarada como fundamental a manutenção da tranquilidade dos locais de nidificação ou alimentação destas espécies, a manutenção e incremento de manchas florestais de montado de sobro e azinho, a manutenção das áreas de matagal mediterrânico e a substituição das áreas de eucaliptal por montados. Em locais específicos, é fundamental assegurar a manutenção do habitat pseudo-estepário. É também essencial a manutenção das práticas agrícolas e pecuárias tradicionais de carácter extensivo e assegurar uma correcta gestão cinegética, visando uma exploração equilibrada de espécies cinegéticas essenciais na cadeia alimentar Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 19 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão de muitas destas espécies, o incremento das populações de coelho-bravo e banir o uso de venenos como meio de controlo de predadores (também utilizado nas explorações pecuárias). Consequentemente, deverão ser implementadas restrições de uso e normas de utilização que salvaguardem a tranquilidade dos locais de nidificação, mas que permitam o usufruto da paisagem e da observação das espécies em causa, ao mesmo tempo que são viabilizados e disponibilizados mecanismos que promovam um desenvolvimento rural assente em práticas agrícolas e florestais extensivas e numa correcta gestão cinegética, de modo a assegurar a preservação dos valores em presença e promover e desenvolver a competitividade económica e social das actividades que a sustentam. 3.4 PLANO DE ORDENAMENTO DO PARQUE NATURAL DO TEJO INTERNACIONAL O Parque Natural do Tejo Internacional (PNTI) foi criado pelo Decreto Regulamentar n.º 9/2000, de 18 de Agosto, tendo os seus limites sido rectificados pelos Decreto Regulamentar n.º 3/2004, de 12 de Fevereiro e Decreto Regulamentar n.º 21/2006, de 27 de Dezembro. O interesse na protecção, conservação e gestão deste território encontra-se demonstrado pela necessidade de assegurar a conservação dos valores naturais que estiveram na origem da classificação desta área como Parque Natural, e posteriormente como Rede Natura 2000. A Resolução do Conselho de Ministros n.º 33/2004, de 20 de Março, determinou a elaboração do Plano de Ordenamento do Parque Natural do Tejo Internacional (POPNTI), aprovado pela Resolução de Conselho de Ministros n.º 176/2008, de 24 de Novembro. Constituem objectivos gerais do POPNTI os seguintes pressupostos: Assegurar, à luz da experiência e dos conhecimentos científicos adquiridos sobre o património natural desta área, uma correcta estratégia de conservação e gestão que permita a concretização dos objectivos que presidiram à classificação como parque natural; Corresponder aos imperativos de conservação dos habitats naturais da fauna e flora selvagens protegidas; Fixar os usos e o regime de gestão compatíveis com a protecção e a valorização dos recursos naturais e o desenvolvimento das actividades humanas em presença, tendo em conta os instrumentos de gestão territorial convergentes na área protegida; Determinar, atendendo aos valores em causa, os estatutos de protecção adequados às diferentes áreas, bem como definir as respectivas prioridades de intervenção. 20 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Como objectivos específicos o POPNTI estabelece os seguintes: Corrigir os processos que possam conduzir à degradação dos valores naturais e paisagísticos em presença, criando condições para a sua manutenção e valorização; Assegurar a participação activa das entidades públicas e privadas e das populações residentes ou que exercem a sua actividade na área do PNTI, de modo a serem atingidos os objectivos de protecção e promoção dos valores naturais nele existentes e o desenvolvimento sustentável da região; Promover a visitação no PNTI, integrando a informação, sensibilização e participação da sociedade civil em geral para a conservação do património natural e cultural em presença, através de actividades lúdicas, de recreio e lazer, e que proporcionem o envolvimento da população local e a melhoria da sua qualidade de vida; Promover e divulgar o turismo de natureza; Promover a investigação científica e o conhecimento dos ecossistemas presentes, bem como a monitorização dos seus habitats naturais e das populações das espécies da flora e da fauna, contribuindo para uma gestão adaptativa fortemente baseada no conhecimento técnico e científico; Promover a educação ambiental, divulgação e conhecimento dos valores naturais e socioculturais, contribuindo assim para o reconhecimento do valor do PNTI e sensibilizando para a necessidade da sua protecção, especialmente entre os agentes económicos e sociais e as populações residentes na região; Assegurar a informação, sensibilização e formação, em particular das populações locais, com vista à participação da sociedade civil na gestão dos valores naturais em presença e no desenvolvimento sustentável da região; Concertar com as autoridades espanholas as medidas de conservação e gestão dos valores naturais. No seu artigo 12º o POPNTI identifica as seguintes tipologias sujeitas a regime de protecção: Áreas de protecção total Áreas de protecção parcial do tipo I Áreas de protecção parcial do tipo II Áreas de protecção complementar do tipo I Áreas de protecção complementar do tipo II Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 21 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 3.5 PLANO REGIONAL DE ORDENAMENTO FLORESTAL DA BEIRA INTERIOR SUL Atendendo às orientações da Lei de Bases da Política Florestal, o ordenamento e gestão florestal serão feitos através dos planos regionais de ordenamento florestal, que deverão explicitar as práticas de gestão a aplicar aos espaços florestais. A adopção destes instrumentos constitui o contributo do sector florestal para os instrumentos de gestão territorial, em geral, e para os planos municipais de ordenamento do território, em particular, no que concerne à ocupação, uso e transformação do solo nos espaços florestais, uma vez que, de acordo com a hierarquia destes instrumentos, as acções e medidas propostas nos PROF são integradas naqueles planos. Constituem objectivos gerais dos PROF: a avaliação das potencialidades dos espaços florestais, do ponto de vista dos seus usos dominantes; a definição do elenco de espécies a privilegiar nas acções de expansão e reconversão do património florestal; a identificação dos modelos gerais de silvicultura e de gestão dos recursos mais adequados; a definição das áreas críticas do ponto de vista do risco de incêndio, da sensibilidade à erosão e da importância ecológica, social e cultural, bem como das normas específicas de silvicultura e de utilização sustentada dos recursos a aplicar nestes espaços. O Plano Regional de Ordenamento Florestal da Beira Interior Sul (PROF-BIS), aprovado pelo Decreto Regulamentar n.º 10/2006, de 20 de Julho, é um plano sectorial de ordenamento do território que vigora por um período máximo de vinte anos, podendo ser sujeito a alterações periódicas, a efectuar de cinco em cinco anos, ou a alterações intermédias, sempre que a ocorrência de um facto relevante o justifique. O PROF-BIS apresenta um diagnóstico da situação existente na sub-região e efectua uma análise estratégica que permite definir objectivos gerais e específicos, delinear propostas de medidas e acções, assim como definir normas de intervenção para os espaços florestais e modelos de silvicultura aplicáveis a povoamentos tipo. Princípios Orientadores Promover e garantir um desenvolvimento sustentável dos espaços florestais; Promover e garantir o acesso à utilização social da floresta, promovendo a harmonização das múltiplas funções que ela desempenha e salvaguardando os seus aspectos paisagísticos, recreativos, científicos e culturais; Constituir um diagnóstico integrado e permanentemente actualizado da realidade florestal da região; Estabelecer a aplicação regional das directrizes estratégicas nacionais de política florestal nas diversas utilizações dos espaços florestais, tendo em vista o desenvolvimento sustentável; Estabelecer a interligação com outros instrumentos de gestão territorial, bem como com planos e programas de relevante interesse, nomeadamente os relativos à manutenção da paisagem rural, à luta 22 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão contra a desertificação, à conservação dos recursos hídricos e à estratégia nacional de conservação da natureza e da biodiversidade; Definir normas florestais ao nível regional e a classificação dos espaços florestais de acordo com as suas potencialidades e restrições; Potenciar a contribuição dos recursos florestais na fixação das populações ao meio rural. A concretização dos princípios orientadores expostos acima estabelece como objectivos gerais do PROF-BIS: Optimização funcional dos espaços florestais assente no aproveitamento das suas potencialidades; Prevenção de potenciais constrangimentos e problemas; Eliminar as vulnerabilidades dos espaços florestais. O Plano divide a sua área de intervenção em seis subregiões homogéneas que correspondem a territórios com Figura 4:Sub-Regiões do PROF-BIS elevado grau de homogeneidade no que respeita ao perfil de funções dos espaços florestais e às suas características. O concelho de Vila Velha de Ródão abrange parcialmente as sub-regiões Raia Sul, Tejo Internacional, Floresta do Interior e Ocreza. O PROF-BIS estabelece um conjunto de Objectivos Específicos Comuns a todas as sub-regiões, estabelecendo depois para cada uma delas uma hierarquização de funções de acordo com as suas potencialidades e constrangimentos, particularizando um conjunto de Vila Velha de Ródão Fonte: PROF-BIS Objectivos Específicos de acordo com as especificidades inerentes a cada território. Objectivos Específicos comuns Diminuir o número de ocorrências de incêndios florestais; Diminuir a área queimada; Promover o redimensionamento das explorações florestais de forma a optimizar a sua gestão; Aumentar o conhecimento sobre a silvicultura das espécies florestais; Monitorizar o desenvolvimento dos espaços florestais e o cumprimento do Plano. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 23 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Quadro 4: Funções principais das Sub-regiões do PROF Beira Interior Sul que abrangem Vila Velha de Ródão Sub-região Homogénea Funções Objectivos Específicos Aumentar a actividade associada à caça; Desenvolver a actividade silvo-pastoril, Desenvolver a actividade associada à pesca nas águas interiores; Recuperar as áreas em situação de maior risco de erosão; Controlar e mitigar os processos associados à desertificação; Aumentar e adequar a totalidade dos espaços florestais com valor paisagístico e potencial para recreio ao seu uso para actividades de recreio e lazer ligadas à natureza; Converter os povoamentos de eucalipto em povoamentos de espécies com elevado potencial produtivo na sub-região; Reduzir a continuidade horizontal da vegetação para minimizar a propagação do fogo; Promover a produção de produtos não lenhosos, nomeadamente os cogumelos, o medronho, o mel e as ervas aromáticas, condimentares e medicinais. Raia Sul 1ª função: Silvopastorícia, caça e pesca nas águas interiores 2ª função: Protecção 3ª função: Recreio, enquadramento e estética da paisagem Adequar a gestão dos espaços florestais aos objectivos de conservação da região; Recuperar as áreas em situação de maior risco de erosão; Controlar e mitigar os processos associados à desertificação; Aumentar a actividade associada à caça; Desenvolver a actividade silvo-pastoril; Aumentar a actividade associada à pesca nas águas interiores; Promover a produção de produtos não lenhosos, nomeadamente os cogumelos, o medronho, o mel e as ervas aromáticas, medicinais e condimentares. Tejo Internacional 1ª função: Conservação dos habitats, de espécies da fauna, da flora e de geomonumentos 2ª função: Protecção 3ª função: Silvopastorícia, caça e pesca nas águas interiores Aumentar a área arborizada de acordo com o potencial produtivo da região; Promover a produção de produtos não lenhosos, nomeadamente os cogumelos, o medronho, o mel e as ervas aromáticas, medicinais e condimentares; Reduzir a continuidade horizontal da vegetação para minimizar a propagação do fogo; Desenvolver a actividade silvo-pastoril; Desenvolver a actividade associada à caça; Aumentar a actividade associada à pesca nas águas interiores; Aumentar e adequar a totalidade dos espaços florestais com valor paisagístico e potencial para recreio ao seu uso para actividades de recreio e lazer ligadas à natureza. Floresta do Interior 1ª função: Produção 2ª função: Silvopastorícia, caça e pesca nas águas interiores 3ª função: Recreio, enquadramento e estética da paisagem Ocreza 1ª função: Recreio, enquadramento e estética da paisagem 2ª função: Protecção 3ª função: Silvopastorícia, caça e pesca nas águas interiores Dinamizar as actividades de recreio e lazer; Recuperar as áreas em situação de maior risco de erosão; Aumentar a actividade associada à pesca nas águas interiores. Fonte: PROF-BIS A concretização destes objectivos é alcançada através da implementação de um conjunto de medidas de intervenção comuns à Beira Interior Sul e de medidas de intervenção específicas para cada uma das sub-regiões homogéneas, expressas no relatório do PROF-BIS. 24 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão No domínio da defesa da floresta contra incêndios o Plano identifica, demarca e procede ao planeamento próprio das zonas críticas. É na sequência das orientações do PROF-BIS relativamente a esta temática que surge o Plano Municipal de Defesa da Floresta, elaborado e aprovado pela Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão. 3.6 PLANO REGIONAL DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO DO CENTRO A elaboração do Plano Regional de Ordenamento do Território do Centro (PROT Centro) foi determinada pela Resolução de Conselho de Ministros n.º 31/2006, de 23 de Março. Aguarda-se ainda a publicação do Plano, tendo-se assumido a versão do documento que data de Setembro de 2010 (submetida a Discussão Pública). Apesar de constituir um instrumento de hierarquia superior, que pretende enquadrar a política de desenvolvimento territorial da região, o sucesso e a implementação do PROT encontram-se fortemente condicionados pela forma como se venham a desenvolver os PMOT, e em particular os PDM (e a gestão urbanística decorrente da sua aplicação). Do ponto de vista do PROT é fundamental que os planos municipais “quantifiquem o uso e ocupação do território em termos de limites mínimos e máximos - entre os mínimos que viabilizam infra-estruturas, equipamentos, funções centrais de pólos urbanos e os máximos que não comprometem os recursos naturais disponíveis e mobilizáveis (designadamente o sistema ecológico metropolitano), nem sejam desajustados à procura real de espaços adaptados aos diversos usos e actividades.”. Tratando-se o PROT de um plano bastante exaustivo e detalhado, do qual se faz em seguida apenas uma muito breve súmula, frisa-se que as suas orientações estarão sempre subjacentes ao desenvolvimento dos princípios e propostas de intervenção a apresentar no âmbito do processo de Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão, independentemente do facto de a elas se fazer referência ou não no presente documento. Uma vez que o PROT Centro se encontra ainda em elaboração, é de realçar que a Proposta de Modelo Territorial, bem como as normas e directrizes estabelecidas, são passíveis de sofrer alterações, decorrentes, da necessidade de estabelecer consensos ou mesmo da eventual mutação da realidade em presença, ao longo do procedimento de elaboração do Plano. A proposta do PROT Centro teve por base uma visão estratégica desenvolvida com base nas seguintes problemáticas: Enquadramento estratégico do QRE-Centro; Proposta de geo-estratégia territorial; Valorizar estrategicamente os activos específicos de internacionalização da Região; Viabilizar a transição sustentada na região para a Sociedade Inclusiva do Conhecimento; Visão estratégica territorialmente diferenciada para o mundo rural; Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 25 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Valorizar complementaridades e sinergias entre recursos turísticos susceptíveis de reconhecimento de procura; Valorizar os recursos culturais e patrimoniais como activos específicos de afirmação; Valorizar o potencial de energias renováveis da Região como factor de diferenciação competitiva; Organizar e valorizar o potencial para o policentrismo; Potenciar a biodiversidade e as suas mais valias ambientais; Implementar políticas de prevenção e mitigação de riscos; Uma estratégia para os territórios de baixa densidade. A concretização desta visão para a Região é explicitada na Proposta de Modelo Territorial, através da territorialização das principais orientações estratégicas. A construção do Modelo Territorial para a região Centro foi desenvolvida com a seguinte abordagem: A. Texturas e estruturas do modelo territorial - análise do território com base numa reflexão em torno das texturas e estruturas territoriais, sendo que: a “textura” enfatiza os indicadores físicos associados às características naturais (relevo, rede hidrográfica, climas), de paisagem, dos principais usos agrícolas e florestais, e das áreas sujeitas a regimes de protecção ambiental e/ ou de perigosidade natural ou tecnológica, integrando ainda a análise as variáveis demográficas. Esta divide-se em: “textura” biofísica e “textura” demográfica e de povoamento. a “estrutura” aborda aspectos relacionados com as variáveis económicas (emprego), polaridades urbanas, infraestruturas arteriais de mobilidade e parâmetros de vulnerabilidade social e de exposição ao risco. Esta divide-se em: concentrações residenciais e de emprego e rede viária e nucleações urbanas, relações funcionais e redes. A este nível Vila Velha de Ródão surge num território caracterizado pela rarefacção do povoamento e pelo processo de “desruralização”, onde os aglomerados apresentam relativa fragilidade regional de especialização funcional e base económica. Destaque para, no eixo urbano da Beira Interior, e em termos de interacção e cooperação inter-institucional, Castelo Branco se encontrar numa situação estável com Vila Velha de Ródão. B. Sistemas estruturantes do modelo territorial - constituem plataformas de integração de conhecimento consideradas necessárias para a formulação das representações síntese do modelo, que assentam em 1. Sistemas produtivos 26 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Prospectiva económica e inovação – a estratégia de desenvolvimento territorial preconizada alicerça-se em 3 grupos territoriais distintos mas complementares: Territórios com forte capacidade de produção e vocação para disseminação de conhecimento e de novas tecnologias (Baixo Vouga, Baixo Mondego e Cova da Beira); Territórios com vocação para apropriação de conhecimento e de novas tecnologias (Pinhal Litoral, Dão-Lafões e o Eixo Interior); Territórios de baixa densidade cujas características requerem políticas públicas que reforcem a articulação com os principais núcleos de desenvolvimento. O desenvolvimento da região Centro deverá basear-se na articulação diferenciada dos papéis destes territórios diferenciados partindo das suas especificidades. Neste contexto, o PROT considera que as áreas de baixa densidade “não possuem representatividade significativa em termos regionais, em nenhuma das principais fileiras económicas da região” para além do potencial em termos turísticos, energéticos e florestal, devendo por isso assumir “o desígnio estratégico de se estruturarem como palco para a articulação com os principais núcleos de desenvolvimento (principalmente no acesso a serviços) e para a amarração da estratégia de desenvolvimento regional, com particular realce para os centros urbanos que, embora de pequena dimensão, revelam potencial de amarração do território”. É contudo reconhecida alguma dinâmica ao eixo Leiria/Pombal-Castelo Branco, que poderá vir a constituirse como uma unidade experimental “para o desenvolvimento de acções integradas e implantação de projectos-piloto” com destaque para domínios como a floresta, energia, novas soluções de mobilidade e transportes públicos, telemedicina e formação em TIC. Desenvolvimento rural e actividades agro-florestais – numa perspectiva global, o espaço agrícola ou florestal deve ser classificado em três grandes grupos: produção agrícola, produção florestal e outras áreas parcialmente ocupadas com actividades não direccionadas para o mercado, sendo que estas últimas devem classificar-se consoante a principal vertente da sua utilização dominante – produção florestal, reserva ambiental e conservação da natureza (floresta de conservação e protecção ou outros espaços naturais), e outras actividades territoriais (caça, pesca, iniciativas desportivas e ambientais, turismo, entre outras). A valorização da produção agrícola e florestal obriga a passar da perspectiva de uma agricultura indiferenciada para a noção de produto-marca-território, criando assim espaços agrícolas competitivos e que contribuam para o desenvolvimento rural. A este nível Vila Velha de Ródão integra-se na “Área Agrícola e Florestal Interior” que integra o aproveitamento hidroagrícola de Idanha-a-Nova, sendo uma área de desenvolvimento do olival, pequenos Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 27 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ruminantes e floresta multifuncional, tendo como subáreas específicas os produtos de qualidade reconhecida. Turismo – a proposta de modelo territorial para o desenvolvimento turístico da Região Centro assenta num conjunto de pressupostos orientadores, que importa explicitar para compreender o alcance do modelo proposto: A transversalidade do desenvolvimento turístico e a sua transformação como instrumento de reconversão produtiva e socioeconómica de territórios em perda demográfica e produtiva requer: i) a existência de factores de atractividade e de competências de gestão; ii) a definição rigorosa de segmentos de mercado; iii) a garantia de condições de acessibilidade e mobilidade; iv) a consolidação de produtos turísticos susceptíveis de assegurar a sustentabilidade dos factores de atractividade; v) a disseminação de práticas de hospitalidade entre a população local; Os efeitos multiplicadores de rendimento e de emprego que tendem a alargar a influência da actividade turística, para além dos espaços que apresentam factores de atractividade, devem ser tidos em conta; O reforço da capacidade empresarial no sector é fundamental, assim como assegurar a essa capacidade empresarial uma maior intervenção no desenho de estratégias de organização de oferta, de valorização de recursos e de captação de mercados. O PROT Centro reforça a criação e consolidação de rotas regionais e o desenvolvimento de actividades de animação, que associem o recreio e o lazer com o património cultural e ambiental (natural), como forma de potenciar os produtos estratégicos definidos no Plano Estratégico Nacional do Turismo (PENT). Na perspectiva de turismo multi-temático e em função da qualidade dos produtos turísticos regionais, o modelo territorial de desenvolvimento do PROT-C evolui em torno de quatro áreas de ordenamento da actividade turística, onde se podem criar sinergias e integrar recursos e produtos turísticos: Centro Litoral, Dão-Lafões, Pinhal e Beira Interior. Relativamente ao território concelhio destaque para a presença de dois destinos turísticos de natureza inter-regional e transfronteiriça – o Geopark Naturtejo e o Tejo Internacional – e a integração da aldeia de Foz do Cobrão na Rota das Aldeias do Xisto. Vila Velha de Ródão beneficia ainda da sua proximidade ao Pólo Turístico da Serra da Estrela (identificado no PENT). Património Cultural – constitui um recurso de grande importância na afirmação e desenvolvimento da região Centro, no entanto, conforme diagnosticado “de um carácter finito, frágil, facilmente destrutível e não renovável”. Este é ainda identificado como um “recurso de desenvolvimento nas áreas demográfica e economicamente fragilizadas” essencial a sua valorização e integração plena na paisagem. 28 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 2. Sistema urbano As apostas estratégicas e a construção do modelo territorial baseiam-se num conjunto de fundamentos que devem constituir-se como referencial para o desenvolvimento do Sistema Urbano da Região Centro: O sistema urbano está polarizado por um pequeno núcleo de cidades. Em torno de cada cidade há um território onde gravitam outras aglomerações urbanas e espaços rurais, definindo territórios polarizados, que se organizam em torno de mobilidades para o trabalho e usufruto de comércio e serviços estruturando subsistemas urbanos; Os subsistemas urbanos não são estruturas fechadas, mas espaços de articulação de geometria variável, havendo um potencial de concertação estratégica regional e com as regiões adjacentes que deve ser dinamizado – no caso particular de Vila Velha de Ródão destaque para a confinância com a região Alentejo; Os subsistemas urbanos lideram as redes de internacionalização regional. Dominantemente organizadas a partir da base económica e das redes de conhecimento (redes tecnológicas e de investigação e formação avançada); Os subsistemas urbanos estabelecem um contexto apropriado para conceber projectos estruturantes, para consolidar estratégias concertadas e para contratualizar as diferentes realizações sectoriais. O subsistema urbano da Beira Interior desenvolve-se em torno do corredor do IP2/A23, abrangendo as aglomerações da Guarda, Belmonte, Covilhã/Fundão e Castelo Branco, que polarizam os territórios de baixa densidade envolventes. Vila Velha de Ródão embora não se encontre abrangido por nenhum dos subsistemas urbanos identificados para a região, beneficia da proximidade a Castelo Branco, encontrando-se no eixo de conectividade entre esta cidade e Portalegre, cujas redes de concertação constituem uma oportunidade a desenvolver. 3. Sistema de acessibilidades e transportes As opções estratégicas de actuação sobre o sistema de transportes e logística da região procuram responder às necessidades de reorientação do actual modelo territorial que passam por: Consolidar a rede de infraestruturas de transporte e logística de suporte à afirmação externa dos principais sistemas urbanos regionais; Concluir a rede básica de infraestruturas de transporte de suporte à melhoria da acessibilidade intraregional; Reorganizar a oferta de serviços de transporte público de âmbito sub-regional e local de modo a ganhar eficácia e eficiência das necessidades de mobilidade da população. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 29 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Em termos de consolidação e optimização, o modelo territorial preconizado pelo PROT-Centro assenta em quatro corredores estruturantes (Corredor do Litoral; Corredor do Interior (incluindo IC31); Corredor AveiroVilar Formoso; Corredor Figueira da Foz-Castro Daire), todos eles de cariz rodo-ferroviário, os quais devem desempenhar um papel fundamental na realização do potencial de desenvolvimento e internacionalização da base económica regional e, inclusivamente, na própria conectividade entre os principais sistemas urbanos da Região. Em matéria de construção e qualificação, o modelo territorial preconizado pelo PROTC define quatro Eixos Prioritários de Coesão (Tomar/ Coimbra - IC32; Covilhã/ Coimbra - IC6; Oliveira do Hospital/ Fornos de Algodres(Guarda) - IC7; Castelo Branco/ Pombal - IC8; Covilhã/ Viseu - IC6-IC7-IC37), todos eles de cariz rodoviário, os quais se revelam absolutamente necessários para mitigar os défices de integração espacial, económica e social que ainda se verificam em vastas parcelas do território regional. A materialização dos Eixos Prioritários de Coesão deverá assentar na concretização dos Itinerários Complementares previstos no âmbito do Plano Rodoviário Nacional, admitindo optimizações no traçado aí sugerido por este instrumento que contribuam para a racionalização dos custos de construção e para a minimização de impactes ambientais Referência ainda para a via-férrea que assume na estratégia de acessibilidades e transportes da região um papel relevante na criação de condições de mobilidade intra-região e da sua articulação com o exterior. As opções fundamentais passam por: maximizar as condições de ancoragem do TGV na região; por minimizar impactes ambientais do atravessamento do cordão litoral pelo traçado do TGV; electrificar a Linha da Beira Baixa; reforçar as condições e modelo de funcionamento da Linha da Beira Alta; entre outras. 4. Sistema de Protecção e Valorização Ambiental A região Centro integra um importante conjunto de áreas de elevado valor ecológico/ambiental/hidrológico, apresentando contudo factores de degradação e poluição ambiental que afectam de forma significativa os recursos e valores naturais. A Estrutura Regional de Protecção e Valorização Ambiental (ERPVA) é parte integrante do modelo territorial e consiste no conjunto de áreas com valores naturais e sistemas fundamentais para a protecção e valorização ambiental, tanto na óptica do suporte à vida natural como às actividades humanas. É, no essencial, constituída por áreas nucleares, nas quais se integram as áreas classificadas (Áreas Protegidas, ZPE e SIC da Rede Natura 2000, IBAs, etc.) e outras áreas sensíveis (povoamentos de folhosas autóctones, zonas húmidas, sistemas dunares e arribas costeiras, entre outras) e corredores ecológicos, classificados 2 Transformando-se, em Coimbra, como variante sul-nascente (ou seja, o PRN deve contemplar à volta de Coimbra uma Circular Regional Envolvente de Coimbra). 30 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão em estruturantes (linhas de água principais e zona costeira) e secundários (corredores ecológicos dos PROF). A implementação do modelo territorial deverá também ser acompanhada da promoção de um vasto conjunto de medidas específicas, de entre as quais se destacam: Dar prioridade à construção de infra-estruturas ligadas ao saneamento e ao tratamento de águas residuais nas áreas identificadas como problemáticas/conflituosas; Salvaguardar as áreas onde a qualidade da água é superior impedindo assim a sua contaminação; Perceber a paisagem como um recurso de suporte da actividade do homem, promotor da qualidade de vida das populações e do desenvolvimento; Reconhecer e inverter a descaracterização e degradação da paisagem, proporcionada pela extracção de recursos não ordenada, escombreiras, escavações, lixeiras, vazadouros, desenho e manutenção desadequada das estradas municipais e caminhos vicinais, cursos de água descontínuos e degradados; Reconhecer e inverter os padrões de paisagem pobres, resultantes da ineficiência no ordenamento das matas de suporte e florestas de produção; do espaço agrícola desordenado e sebes de compartimentação descontinuadas; do uso ineficiente dos solos agrícolas; do crescimento desordenado dos perímetros urbanos e urbanização difusa ao longo das vias de comunicação, resultando na perda de unidade dos aglomerados; Aceitar e aproveitar as oportunidades referentes às paisagens, como o valor da identidade das suas várias unidades, que é elementar para a sustentabilidade dos povoamentos; a diversidade e qualidade; o valor cénico das paisagens ordenadas; a valorização da paisagem como factor de melhoria da qualidade do ambiente, do nível de vida e das condições de vida das populações, promovendo o desenvolvimento do recreio, da saúde, da economia locais; Promover o ordenamento e organização das paisagens do centro do país, valorizando a sua diversidade; Desenvolver o turismo de natureza/interior; Concretizar no Tejo Internacional a promoção de actividades agro-silvo-pastoris e a criação de infraestruturas de apoio ao turismo de acordo com o previsto na respectiva intervenção territorial integrada, de forma a inverter a tendência de despovoamento das áreas rurais; Promover a instalação/conservação da galeria ripícola, promover o tratamento das águas residuais antes do lançamento ao meio hídrico e promover condições que permitam a migração/circulação das espécies ao longo das linhas de água. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 31 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 5. Sistema de riscos naturais e tecnológicos Foram identificados cinco espaços de risco (Litoral, interface Litoral/Interior, Alto Vouga e do Médio e Alto Mondego, Maciço Central e Beira Serra Sul e Raiano) que representam espaços de associação tipológica e de grau de incidência, com incidência na análise, gestão e operacionalização dos riscos. Vila Velha de Ródão, integra o Espaço Raiano, onde se verifica uma maior susceptibilidade a processos naturais associados a ondas de calor e a períodos de seca. Ainda de salientar é a susceptibilidade relacionada com a sismicidade e as inundações, assistindo-se a um incremento da perigosidade relacionada com o transporte de mercadorias perigosas. Da integração dos diversos sistemas apresentados resulta o Modelo Territorial do PROTC ilustrado na figura seguinte. Figura 5: Modelo Territorial Fonte: Proposta do PROT Centro - CCDR-C, Setembro de 2010 A região Centro caracteriza-se pela sua diversidade de âmbitos geográficos e também por uma dicotomia litoral/ interior que, genericamente, é reconhecida por todos. Esta opõe as Terras Baixas do Litoral – grosso modo o Baixo Vouga, Baixo Mondego e Pinhal Litoral – às montanhas e planaltos da Cordilheira Central e das Beiras Alta e Baixa. Estas diferenças levam à necessidade de serem definidas Unidades Territoriais (UT), como 32 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão espaços geográficos relevantes para a definição de políticas públicas de base territorial enquadráveis nos IGT e para a formulação de orientações estratégicas de suporte à territorialização de políticas não enquadráveis em IGT, que, ao nível sub-regional contribuem para a operacionalização dos objectivos contidos no PROT Centro. As Unidades Territoriais definidas são: Centro Litoral; Dão-Lafões e Planalto Beirão; Beira Interior; e, Pinhal Interior e Serra da Estrela. Vila Velha de Ródão encontra-se na unidade Beira Interior, que se pode considerar dividida em três sub-regiões marcadas por características biofísicas diferenciadas, a Beira Interior Norte, a Beira Interior Sul (na qual se integra o território concelhio) e numa área de depressão entre estas, a Cova da Beira. A rede urbana desta unidade é caracterizada por duas realidades distintas: por um lado a presença de uma “armadura urbana de nível regional” que integra as aglomerações da Guarda, eixo Covilhã/Fundão, e Castelo Branco, e por outro lado “uma constelação de pequenos centros”, onde se regista uma tendência acentuada de quebra demográfica e envelhecimento. Atendendo a estas assimetrias e à necessidade de consolidação de um modelo territorial de âmbito regional, destacam-se as seguintes prioridades de intervenção nesta unidade: O fecho das redes arteriais rodoviárias, procurando melhorar as ligações nacionais entre as principais cidades e pólos económicos, e as ligações inter-regionais e transfronteiriças; O reforço funcional das principais cidades a par da fixação da rede de pequenos aglomerados; A gestão das políticas para a baixa densidade e para a rarefacção, sobretudo em relação à rede de equipamentos e de serviços de proximidade; O reforço funcional das sedes de concelho, assegurando um “pacote mínimo” de funções, equipamentos e serviços; Possibilidade de trabalhar lógicas de fileira . Atendendo ao Modelo Territorial e à definição das Unidades Territoriais, o PROTC estabelece um quadro orientador, que “assume uma natureza indicativa e estratégica, propondo um modelo de organização e estruturação do território”. É neste sentido que o Plano enfatiza que “as normas orientadoras do PROTC, embora não assuma uma natureza regulamentar, constituem orientações com incidência nos diferentes domínios do ordenamento territorial e urbano. Assim, os critérios de ordenamento e gestão territorial tendentes a estabelecer padrões de contenção, polaridade, mobilidade e sustentabilidade, têm em conta os diferentes modelos de afirmação da urbanidade na região, de forma a que as orientações e recomendações sejam incorporados nos PMOT que determinam em exclusivo o uso do solo”. Estas normas são subdivididas em: Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 33 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Normas gerais, que identificam os princípios gerais de enquadramento que consubstanciam a filosofia de regulação e de gestão territorial que suporta a proposta de modelo territorial; Normas específicas por domínio de intervenção, que definem o conjunto de orientações a respeitar pelas diferentes entidades públicas cuja intervenção é considerada necessária para a concretização do modelo territorial, com aplicação generalizada a todo a Região; Normas de base territorial, que sistematizam as orientações que devem preferencialmente aplicar-se nas diferentes Unidades Territoriais consignadas na proposta de modelo territorial; Orientações de Política Sectorial, definidas para alguns domínios e consideradas necessárias para assegurar a viabilização da proposta de modelo territorial. Na generalidade, e atendendo ao seu conteúdo, estas normas assumem particular relevância na definição do modelo de desenvolvimento e proposta de ordenamento a estabelecer no âmbito da revisão do PDM de Vila Velha de Ródão, pelo que serão explanadas em maior detalhe em fase posterior do Plano, sem prejuízo de poderem vir a ser referenciadas quando necessário ao longo do presente documento. 34 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 4. PLANOS MUNICIPAIS, COMPROMISSOS E INTENÇÕES Neste capítulo pretende fazer-se uma síntese dos planos eficazes com implicações no território de Vila Velha de Ródão, focando os seus principais objectivos e opções, assim como efectuar uma breve referência àqueles que se encontram em elaboração, procurando, desta forma, agilizar a articulação do PDM na sua 1ª revisão com os restantes Instrumentos de Gestão Territorial. As pretensões resultantes da prévia consulta pública e os compromissos e intenções para o concelho são também objecto de análise. 4.1 PLANOS E ESTUDOS NO CONCELHO DE VILA VELHA DE RÓDÃO No território deste concelho existem três IGT eficazes: Plano Director Municipal de Vila Velha de Ródão; Plano de Urbanização de Vila Velha de Ródão Plano de Pormenor da Zona Industrial de Vila Velha de Ródão. Há ainda que referir o Plano Municipal de Defesa da Floresta contra Incêndios de Vila Velha de Ródão (PMDFCI), aprovado em 2006 e revisto em 2007, e o Plano Municipal de Emergência e Protecção Civil de Vila Velha de Ródão (PMEPC), em fase final de elaboração, que embora não se tratem de IGT, possuem orientações que se revestem de enorme importância no contexto do PDM Por fim, destaca-se, ainda, o Plano de Desenvolvimento Estratégico do Município de Vila Velha de Ródão, documento de âmbito estratégico, que, embora date de 2004, contém um importante conjunto de elementos que poderão de alguma forma influenciar o desenvolvimento do município. 4.1.1 Plano Director Municipal de Vila Velha de Ródão O Plano Director Municipal de Vila Velha de Ródão, agora em fase de revisão, foi ratificado pela Resolução de Conselho de Ministros n.º 27/94, de 6 de Maio. O PDM de Vila Velha de Ródão, enuncia no seu Artigo n.º 5, os objectivos do Plano, a saber: Apoiar uma política de desenvolvimento que permita a utilização dos recursos naturais e humanos, sem que tal coloque em causa o seu equilíbrio ambiental e social; Definir e estabelecer os princípios e regras para a ocupação, usos e transformação do solo, de modo a promover a sua adequação às potencialidades de cada local; Estabelecer a disciplina da edificabilidade que permita preservar os valores naturais urbanísticos, paisagísticos e patrimoniais; Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 35 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Determinar as carências sociais, enquadrando as orientações e soluções adequadas, no âmbito da política de apoio social; Compatibilizar as diversas intervenções sectoriais; Fornecer indicadores para o planeamento, designadamente para a elaboração de outros planos de nível inferior ou de carácter sub-regional, regional ou nacional; Servir de enquadramento à elaboração de planos de actividades do município. No contexto do quadro legal em vigor à data de elaboração, o PDM previa as classes e categorias de espaços enunciadas de seguida, e identificadas na carta de ordenamento do concelho: Espaços Urbanos, destinados predominantemente à edificação com fins habitacionais, equipamentos, serviços e indústrias compatíveis com a função residencial dividem-se em: Área urbana existente, caracterizada por possuir uma malha urbana consolidada ou em consolidação e com elevado grau de infraestruturação ou com tendência para o vir a adquirir; Núcleos antigos, caracterizados por uma malha urbana fechada correspondente ao conjunto de formação primitiva dos aglomerados urbanos; Área de equipamento existente, caracterizada pela existência de instalações, serviços ou infraestruturas de utilização colectiva pública ou privada; Área de indústria existente, áreas onde é permitida a localização de estabelecimentos industriais das classes C e D, compatíveis com a função residencial. Espaços Urbanizáveis, constituem as áreas de expansão dos aglomerados e destinados, predominantemente, à edificação com fins habitacionais, de equipamentos, serviços e indústrias compatíveis com a função residencial; dividem-se em: Áreas urbanizáveis, caracterizadas pela inexistência de malha urbana ou em que a mesma ainda não se encontra consolidada, localizadas na periferia dos aglomerados urbanos e que tendem a adquirir as suas características e a serem por eles aglutinadas; Áreas para equipamentos e/ou verde urbano, caracterizadas por se destinarem a instalações, serviços ou infraestruturas de utilização colectiva pública ou privada. Espaços Industriais, destinados à instalação de actividades do sector secundário; Espaços para Industria Espaços Agrícolas, destinados à actividade agrícola ou que a possam vir a adquirir; dividem-se em: Áreas da RAN, que integram as áreas que em virtude das suas características pedológicas, morfológicas, climatéricas e socioeconómicas, apresentam maiores potencialidades para a produção de bens agrícolas; Áreas de usos predominantemente agrícola, aquelas que, embora não se encontrem integradas na RAN, têm uso agrícola. 36 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Espaços Florestais, destinados à produção florestal ou de manifesta importância para o equilíbrio ambiental ou beleza da paisagem; dividem-se em: Florestas, que integram áreas extensas de povoamento florestal; Áreas silvopastoris, que integram áreas que se encontram temporariamente ou permanentemente desaproveitadas nas suas potencialidades, geralmente pouco declivosas, de coberto vegetal rasteiro, normalmente ligadas ao uso ou vocação florestal e silvopastoril. Espaços Naturais, nos quais se privilegiam a protecção, a conservação, a gestão racional e a capacidade de renovação dos recursos naturais e a salvaguarda dos valores paisagísticos; estes espaços incluem: REN, que constitui uma estrutura biofísica básica e diversificada que, através do condicionamento à utilização de áreas com características ecológicas específicas, garante a protecção de ecossistemas e a permanência e intensificação dos processos biológicos indispensáveis ao enquadramento equilibrado das actividades humanas; Domínio público hídrico, constituído pelo domínio público fluvial; Áreas naturais protegidas. Espaços Culturais, nos quais se privilegia a protecção, conservação e recuperação dos valores culturais, arqueológicos, arquitectónicos e urbanísticos; estes espaços incluem: Património classificado ou em vias de classificação; Áreas culturais protegidas e a proteger. Espaços-canais e Infraestruturas básicas, correspondem a corredores activados por infraestruturas e que têm efeito de barreira física dos espaços que as marginam; estes espaços incluem: Saneamento básico Rede de abastecimento de água Linhas eléctricas de alta e média tensão Rede de telecomunicações Depósito e tratamento de resíduos sólidos urbanos Rede viária No contexto da presente Revisão procedeu-se à “Avaliação do Grau de Execução do PDM em vigor”, documento autónomo onde se pretende, não só dar resposta a uma exigência legal (RJIGT e Decreto Regulamentar n.º 11/2009, de 29 de Maio) mas sobretudo obter uma visão abrangente das transformações que ocorreram no território durante o período de vigência do Plano e as principais debilidades da sua aplicação. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 37 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 4.1.2 Plano de Urbanização de Vila Velha de Ródão O Plano de Urbanização de Vila Velha de Ródão foi ratificado pelo Despacho do Secretário de Estado da Administração Local e do Ordenamento do Território de 13 de Julho de 1988, e publicado em 11 de Agosto do mesmo ano. A 17 de Junho de 1997, a Assembleia Municipal de Vila Velha de Ródão aprovou a revisão deste instrumento de planeamento territorial, ratificada pela Resolução de Conselho de Ministros n.º 29/98, de 18 de Fevereiro Em 2008 a Autarquia promoveu a primeira Alteração deste instrumento (publicada com o Aviso n.º 27364/2008, de 17 de Novembro), com o intuito de permitir a “introdução de mecanismos legais, consentâneos com as políticas de ordenamento do território em curso e implementadas, mas que permitam, à escala do município, a criação de condições para a instalação de unidades de investimento com uma escala superior à actualmente considerada no PU em vigor”. Foi assim ampliado, a norte, o perímetro urbano que se encontrava em vigor, o que veio permitir a instalação de uma unidade industrial que proporcionou a criação de cerca de 50 postos de trabalho. A área de intervenção do Plano corresponde à zona assinalada no PDM como “Área de Influência do Plano de Urbanização”, abrangendo o perímetro urbano de Vila Velha de Ródão e uma zona exterior a este, que engloba, entre outras a unidade industrial da Celtejo. O PU tem como objectivo a definição de uma estrutura urbana que promova o equilíbrio da composição urbanística respeitando a sua continuidade espacial e assenta nos seguintes fundamentos: Promoção da reabilitação e recuperação do parque edificado existente, com especial preocupação para o centro histórico da vila ou imóveis de reconhecido valor arquitectónico; Promoção da consolidação da actual área urbanizada com operações de preenchimento e recuperação do parque habitacional existente; Ordenamento das expansões em curso, ou seja proceder a um reordenamento urbano e viário; Proposta de novas áreas de expansão devidamente infraestruturadas para responder às necessidades de crescimento; Previsão da implantação de novas unidades de equipamento de acordo com a importância e o papel da Vila a nível concelhio e sub-regional; Ordenamento da ocupação industrial e previsão de áreas suficientes para acolher novas iniciativas; Ordenamento e promoção da valorização da estrutura verde com a criação de espaços de fruição e aproximação ao rio; 38 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Definição de uma lista de prioridades, faseamento das diversas expansões previstas e acções a desenvolver; Proposta de elaboração de Planos de Pormenor que visam desenhar novas áreas. O Zonamento do PU dividiu a área de intervenção em Espaço Urbano, interior ao perímetro urbano, e Espaço Não Urbano, que integra as restantes áreas. O zonamento do Espaço Não Urbano orientou-se pela mesma filosofia do PDM, dividindo-se em: zonas de uso agrícola; zonas de uso predominantemente agrícola; e zonas de uso florestal. Relativamente ao Espaço Urbano este foi sujeito ao seguinte zonamento: Zonas Habitacionais, destinadas predominantemente ao uso habitacional, e complementarmente, ao comércio, equipamentos e outros usos que se justifiquem em virtude do uso habitacional; foram subdivididas em consolidadas, de preenchimento, de expansão e de reserva; Zonas de Equipamentos, são espaços ou edificações destinados à prestação de serviços à colectividade; foram subdivididas em existentes, propostas e de reserva; Zonas Turísticas, destinadas à implantação de equipamentos turísticos integrados na estrutura urbana e na paisagem envolvente; Zonas Industriais, destinadas à implantação de pequenos e médios empreendimentos industriais, postos de abastecimento de combustível ou outros que pelas suas características não se adeqúem às regras de edificação para as restantes zonas; foram subdivididas em existente, proposta e de reserva; Zonas Verdes, constituem áreas integradas na estrutura urbana, onde predomina ou se potencia a presença de elementos naturais; foram subdivididas em equipada, de enquadramento, de protecção e Parque Urbano de Enxarique/Tejo. 4.1.3 Plano de Pormenor da Zona Industrial de Vila Velha de Ródão Este plano foi aprovado pela Assembleia Municipal de Vila Velha de Ródão em 17 de Setembro de 1999, tendo sido publicado na Declaração n.º 86/2002, da Série II do Diário da Republica, de 16 de Março. O PP tem como área de intervenção cerca de 26,3ha, correspondendo a uma zona industrial localizada no extremo nascente da área de intervenção do PU de Vila Velha de Ródão. O limite norte da área de intervenção do PP excede em cerca de 30m o perímetro urbano, área que corresponde a uma faixa de protecção aos lotes industriais naturalizada. A proposta do Plano prevê um total de 26 lotes (dois dos quais constituem área de cedência para equipamentos), com uma área média de 2.700m2, a área de construção total será de cerca de 41.293m2, a área de equipamentos totalizará 9.34m2 e a área de espaços verdes total 123.729m2. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 39 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 4.1.4 Plano Municipal de Defesa da Floresta contra Incêndios de Vila Velha de Ródão Os PMDFCI são definidos pelo Decreto-Lei nº 124/2006, de 28 de Junho como instrumentos que contêm medidas necessárias à defesa da floresta contra incêndios e, para além das medidas de prevenção, incluem a previsão e o planeamento integrado das intervenções das diferentes entidades envolvidas perante a eventual ocorrência de incêndios. Têm de ser elaborados de acordo com o Plano Nacional de Prevenção e Protecção da Floresta Contra Incêndios e com o respectivo Plano Regional de Ordenamento Florestal (o PROF-BIS, neste caso). A elaboração do PMDFCI prevê através de actividades concretas melhorar os meios de prevenção, detecção e combate a incêndios florestais, assim como estabelecer propostas de planeamento e ordenamento das áreas florestais. Em suma, pretende-se com este documento dotar o município de um levantamento dos factores mais relevantes para a prevenção e combate de fogos florestais assim, como lançar as bases para uma política municipal florestal, concertada com a realidade local preservando pessoas e bens do flagelo que são os incêndios florestais sem adiar a defesa dos recursos florestais. O PMDFCI de Vila Velha de Ródão encontra-se aprovado pela Comissão Municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios desde Outubro de 2006, tendo sido objecto de revisão em Outubro de 2007 (versão em vigor), e integra dois cadernos: um onde é compilada toda a informação de base utilizada (caracterização física, socioeconómica, uso e ocupação do solo, historial dos incêndios florestais) e um outro que contempla o Plano de Acção propriamente dito. O Plano tem um horizonte temporal de 5 anos e preconiza intervenções em três domínios prioritários: prevenção, vigilância e combate. Relativamente à articulação do PMDFCI com o PDM, o primeiro refere que, a carta de risco de incêndio dele constante deverá, de acordo com a legislação em vigor, ser delimitada e regulamentada nos PMOT, e que, de acordo com o regulamento do PROF-BIS, “a edificação em zonas de elevado risco de incêndio deve considerar os seguintes aspectos: 1. A cartografia de risco de incêndio produzida nos PMDFCI deve constituir um dos critérios subjacentes à classificação e qualificação do solo e determinar os parâmetros urbanísticos definidos pelos instrumentos de gestão territorial vinculativos para os particulares; 2. A reclassificação do solo como urbano e a construção de novas edificações em solo rural podem ser fortemente condicionadas ou interditas nos terrenos classificados nos planos de defesa municipais, respectivamente, com risco de incêndio muito elevado ou máximo; 40 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 3. Nos casos em que sejam excepcionalmente admitidas novas edificações deverá ser assegurada uma dimensão mínima de parcela que permita a execução no seu interior uma faixa de gestão de combustível envolvente com uma largura mínima de 50 metros.” A carta de risco de incêndio elaborada pelo Gabinete Técnico Florestal de Vila Velha de Ródão com base na metodologia proposta pelo Guia Metodológico para a elaboração dos PMDFCI e resulta do cruzamento entre as cartas de perigosidade e de dano potencial. Esta carta permite, assim, identificar as zonas de maior risco, ou seja as zonas onde se conjuga uma elevada perigosidade com um potencial de perda muito elevado, sendo um instrumento fundamental para a hierarquização das prioridades de defesa da floresta contra incêndios e para a definição da rede regional de defesa da floresta contra incêndios. De acordo com o diagnóstico do Plano “as zonas de risco de incêndio muito alto e alto concentram-se ao longo das Serras da Achada e Perdigão e na Charneca da freguesia de Vila Velha de Ródão. Algumas áreas agrícolas e agroflorestais da freguesia de Perais também apresentam áreas de risco de incêndio muito alto e alto, o que se deve em grande medida ao dano potencial associado a essas áreas. A freguesia de Sarnadas do Ródão também apresenta áreas de risco muito alto e alto, apesar de predominarem as classes de risco mais baixas.” 4.1.5 Plano Municipal de Emergência e Protecção Civil O PMEPCO, foi elaborado com o intuito de “clarificar e definir as atribuições e responsabilidades que competem a cada um dos agentes de protecção civil intervenientes em situações de emergência de protecção civil , susceptível de afectar pessoas, bens, ou o ambiente”. Conforme refere esse mesmo Plano na sua elaboração esteve subjacente “a sua adequação às necessidades operacionais do concelho, tendo-se para tal procedido a uma recolha criteriosa e rigorosa de informação no âmbito da análise de riscos, a avaliação de meios e recursos disponíveis”. Este Plano encontra-se em fase final de elaboração, tendo já tido parecer prévio favorável da Comissão Municipal de Protecção Civil e do CDOS de Castelo Branco, que o remeteu, em Setembro de 2010, à ANPC para análise e emissão de parecer. O Plano, uma vez em vigor, deverá ser objecto de revisão a cada dois anos sendo recomendada a realização de exercícios frequentes de forma a testar a sua operacionalidade. De entre os vários princípios que pautam as actividades de protecção civil, e que, naturalmente o PMEPC adopta, merecem destaque “o princípio de prevenção e precaução, segundo o qual os riscos devem ser antecipados de forma a eliminar as suas causas ou reduzir as suas consequências, e o princípio da unidade de comando, que determina que todos os agentes actuam, no plano operacional, articuladamente sob um comando único, sem prejuízo da respectiva dependência hierárquica e funcional.” Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 41 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Em termos de organização, este Plano integra quatro partes distintas: uma primeira que consiste num enquadramento e em que se abordam questões relacionadas com a sua activação; uma segunda relativa à organização da resposta; uma terceira referente às diversas áreas de intervenção, entidades envolvidas e forma de actuação; e por fim uma parte que integra toda a informação complementar, com particular destaque para a identificação dos riscos em presença no concelho. Constituem objectivos gerais do PMEPC: “Providenciar, através de e uma resposta concertada, as condições e os meios indispensáveis à minimização dos efeitos adversos de um acidente grave ou catástrofe; Definir as orientações relativamente ao modo de actuação dos vários organismos, serviços e estruturas a emprenhar em operações de protecção civil; Definir a unidade de direcção, coordenação e comando das acções a desenvolver; Coordenar e sistematizar as acções de apoio, promovendo maior eficácia e rapidez de intervenção das entidades intervenientes; Inventariar os meios e recursos disponíveis para acorrer a um acidente grave ou catástrofe; Minimizar a perda de vidas e bens, atenuar ou limitar os efeitos de acidentes graves ou catástrofes e restabelecer o mais rapidamente possível, as condições mínimas de normalidade; Assegurar a criação de condições favoráveis ao empenhamento rápido, eficiente e coordenado de todos os meios e recursos disponíveis num determinado território, sempre que a gravidade e dimensão das ocorrências justifique a activação do PMEPCVVR; Habilitar as entidades envolvidas no plano a manterem o grau de preparação e de prontidão necessário à gestão de acidentes graves ou catástrofes; Promover a informação das populações através de acções de sensibilização, tendo em vista a sua preparação, a assumpção de uma cultura de auto-protecção e a colaboração na estrutura de resposta à emergência.” Refira-se que no capítulo relativo à articulação com instrumentos de planeamento e ordenamento do território, e no que à articulação com o PDM concerne é reforçado que “a análise de riscos e respectivas conclusões efectuadas no âmbito do PMEPCO deverá constituir, no futuro, um importante instrumento de apoio no âmbito do planeamento e ordenamento da área concelhia”. No contexto da revisão do PDM o principal contributo do PMEPCO é ao nível da disponibilização de informação relativa à análise de riscos, uma vez que permitirá orientar a proposta de ordenamento do concelho no sentido de minimizar e disciplinar a ocupação de áreas de maior perigosidade de ocorrência de acidentes ou catástrofes, 42 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão procurando assim diminuir o risco associado. A análise detalhada dessa componente será feita no âmbito do Capítulo 15. 4.1.6 Plano de Desenvolvimento Estratégico do Município de Vila Velha de Ródão O Plano de Desenvolvimento Estratégico (PDE), concluído em Setembro de 2004, foi elaborado por iniciativa da CMVVR, com o intuito de lançar uma reflexão sobre o modelo de desenvolvimento concelhio e a eventual correcção dos princípios orientadores para a coordenação das políticas a seguir. De acordo como o PDE, o desenvolvimento concelhio deverá assentar em três domínios estratégicos de intervenção: “Um concelho com bilhete de identidade e história”: reforço das trajectórias identitárias, de coesão social e de afirmação territorial; “Um concelho onde sabe bem viver”: qualificação dos elementos de qualidade urbana, do meio ambiente e de paisagem; “Um concelho com futuro”: dinamização socioeconómica, elevação dos patamares de competitividade e diversificação da base de sustentação. Apesar do Plano de Desenvolvimento Estratégico não constituir um documento vinculativo, e embora tenham já decorrido alguns anos desde a sua elaboração, as suas orientações serão tidas em linha de conta na definição do modelo de ordenamento a apresentar no âmbito do processo de revisão do PDM, uma vez que é essa a sede preferencial para a concretização de muitos dos projectos expressos no PDE. 4.2 COMPROMISSOS E INTENÇÕES O concelho de Vila Velha de Ródão tem assistido, ao longo dos anos mais recentes, à concretização de inúmeros projectos e à implementação de diversas iniciativas, muitas delas de carácter supra-municipal, que conferem ao concelho uma crescente notoriedade e projecção no contexto regional, e nalguns casos, até no contexto nacional. Refira-se a título de exemplo, alguns dos desígnios mais emblemáticos, recentemente concluídos ou presentemente em curso: Classificação das Portas de Ródão como Monumento Natural; Geopak Naturtejo da Meseta Meridional; Casa de Artes e Cultura do Tejo; Biblioteca Municipal José Baptista Martins; Projecto de Requalificação do Lagar de Varas e sua envolvente; Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 43 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Projecto Vamba; Miradouro das Portas de Almourão; Campo Aventura; Centro Náutico; Parque de Campismo Rural de Vila Velha de Ródão. Para além dos inúmeros projectos que têm vindo a ser promovidos pela Autarquia, a par de outros organismos e entidades com forte presença no concelho, ao longo dos últimos anos, há ainda que destacar um vasto conjunto de intenções e projectos que o município pretende ver concretizados no curto/médio prazo, havendo mesmo alguns que se encontram já parcialmente em curso. Assim, destacam-se os seguintes: Valorização dos espaços envolventes ao Cais de Ródão - Numa óptica de valorização das frentes ribeirinhas, propõe-se a articulação do cais fluvial com a Estação de Enxarrique através da criação de uma ponte pedonal sobre a ribeira, complementada com a criação de um bar-restaurante. Esta intervenção, já em curso, possibilitará também a criação de um percurso ao longo da margem direita do rio, oferecendo uma paisagem sobre a estação arqueológica e conduzindo os caminhantes até ao recinto da Senhora da Alagada. Requalificação Urbanística da entrada poente de Perais. Requalificação Urbanística da entrada poente de Fratel. Requalificação Urbanística da Rua da Estalagem e da Rua do Barreiro, em Sarnadas de Ródão. Classificação das Portas do Almourão como Monumento Natural – tratando-se de um exemplar de património geológico de importância nacional, já classificado como geosítio (Geopark Naturtejo), pretende-se promover a classificação desta paisagem quartzítica enquanto Monumento Natural, durante o biénio 2011/2012. Criação de uma área para desenvolvimento industrial e iniciativas empresariais, em Alvaiade – Diversificar a oferta de espaços para localização empresarial, beneficiando da proximidade ao nó da A23. Centro de incubação de empresas, em Alvaiade - Este centro, será um importante instrumento de apoio a pequenas iniciativas empresariais, nomeadamente nos sectores financeiro, de serviços e logístico. Para além do fornecimento de infraestruturas e serviços, desempenhará funções de formação enquadradas nas necessidades do potencial empresário. Centro de Interpretação de Arte Rupestre do Vale do Tejo – Trata-se de um projecto essencial para a promoção da arte rupestre do Vale do Tejo, criando um espaço que valorize e divulgue este património cultural, na sua maioria submerso pela albufeira do Fratel. 44 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Centro de Formação Artístico Manuel Cargaleiro – Com este Centro pretende-se dotar o concelho de um espaço dedicado à valorização do espírito de iniciativa no sector dos ofícios tradicionais, explorando capacidades e conhecimentos existentes, criando condições para a viabilização económica de projectos e promovendo o empreendedorismo e o emprego neste domínio. O projecto para instalação deste Centro na Quinta da Torre Velha deverá ser desenvolvido no biénio 2011/2012 e terá a assinatura do Arq. Siza Vieira; o Centro estará ainda dotado de uma unidade de turismo em espaço rural, para residências artísticas e para turistas. Promoção de itinerários e roteiros turísticos - Numa perspectiva de associar a dinamização cultural do concelho ao incremento da actividade turística, criar itinerários turísticos (alguns já em curso), integrando espaços com significado histórico, pautados por elementos alusivos às muitas lendas existentes, sempre acompanhados por roteiros (ou pequenas publicações informativas) que complementem os percursos, que atendendo à diversidade em presença poderão ser associados a diversas temáticas: fauna, flora, património cultural, geologia, etc. Preservação do património industrial - Preservação de lagares, adegas típicas e os moinhos de águas da Foz do Cobrão (alguns já em curso). Parque temático histórico - Com a criação deste parque pretende-se a recriação do ambiente vivido pelos antepassados que ocuparam os territórios de Ródão e deixaram gravados nas rochas os mais diversos motivos. O Cachão do Algarve (local onde as rochas não se encontram submersas) seria a localização mais adequada. Num espaço de aproximadamente 2 ha, ao ar livre, os visitantes poderão percorrer cenários dos diversos períodos históricos, desde o Paleolítico à Reconquista Cristã. Em cada espaço, para além da inevitável componente teórica, existirá uma componente lúdica em que os visitantes podem desenvolver uma série de actividades por forma a vivenciarem o modo de vida dessas épocas (ateliers de produção de fogo por fricção, pintura rupestre, confecção de flechas e arcos, etc.). Criação de vias pedonais e circuitos para bicicletas - Tirando partido da vasta zona ribeirinha e por forma a incentivar uma maior fruição do rio e envolvente. Estes circuitos articular-se-iam com os Parques Temático e de Campismo. Os circuitos seriam completados com parques de merendas, miradouros e estruturas de aluguer de bicicletas. Criação de novos percursos pedestres - Aproveitando as potencialidades naturais e os valores históricos e arqueológicos do concelho deverão ser equacionados novos percursos, complementando os percursos já implementados – PR1 “Rota das Invasões” (AEAT), PR2 “Segredos do Vale de Almourão” (Geopark) e PR3 “Caminho do Xisto da Foz do Cobrão” (Aldeias do Xisto) e do que se encontram em fase de definição/promoção pela AEAT – PR “Muros Apiários” (estrada da TelhadaPerais); PR “Rota das Mamoas” (Fratel); PR “Caminho das Virtudes” (Vilas Ruivas-Vila Velha de Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 45 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Ródão); PR “Rota do Cobre” –, criando-se assim uma rede pedestre com vocações distintas e capaz de atrair um maior número e uma maior diversidade de utilizadores. Promoção de actividades desportivas (desportos fluviais) – Explorar as condições oferecidas pelas albufeiras das barragens do Fratel, Pracana e Cedillo, criando infraestruturas para prática de desportos fluviais e pesca. Dadas as características do concelho, a caça é também uma actividade com potencialidades de desenvolvimento no concelho. Incremento do turismo em espaço rural – Aumentar a oferta de alojamento, sempre que possível recorrendo à renovação e recuperação do edificado no interior das aldeias, contribuindo também assim para a sua dinamização e revitalização, tomando como exemplo algumas intervenções já realizadas para a instalação de diversas unidades de TER no concelho. Um importante contributo neste domínio foi a recente entrada em vigor do Regulamento Municipal de Alojamento Local, que visa disciplinar uma modalidade de oferta de alojamento turístico com potencial para se destacar em Vila Velha de Ródão. Remodelação do Complexo turístico – Criação de condições de acolhimento para grupos (pousada da juventude) e dotação de infraestruturas de apoio adequadas, com destaque para as actividades de recreio e lazer (piscina, campo de jogos, etc.). Das iniciativas apresentadas verifica-se uma forte aposta na promoção de projectos associados ao desenvolvimento da actividade turística, do recreio e lazer, alicerçado, fundamentalmente na imensa valia que o concelho possui em termos de recursos naturais e paisagísticos. Este projectos pretendem, naturalmente, atrair ao concelho um maior número de visitantes, mas também oferecer aos seus residentes (actuais e potenciais) espaços mais qualificados e melhor equipados, permitindo assim à sua população um maior usufruto dos atributos do seu concelho. Acrescenta-se ainda um significativo número de intervenções previstas no domínio das infraestruturas urbanas e dos equipamentos colectivos (alguns deles candidatados ao QREN), que pretendem no essencial melhorar a qualidade de vida da população residente, suprimindo carências identificadas e satisfazendo necessidades existentes e perspectivadas. Estas encontram-se detalhadas, no presente relatório, em capítulo específico referente a esta temática. 4.3 PRETENSÕES RESULTANTES DA PRÉVIA CONSULTA PÚBLICA A legislação em vigor, no âmbito dos Planos Municipais de Ordenamento do Território, consagra a participação pública dos cidadãos no processo de planeamento, devendo para tal a Câmara Municipal facilitar o acesso de todos os interessados aos elementos relevantes para que possam conhecer o estado dos trabalhos e formular sugestões. Dentro desta filosofia, a revisão do PDM tem que ser também precedida de uma consulta pública, 46 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão processo que no caso da revisão do PDM de Vila Velha de Ródão, decorreu entre 10 de Maio e 21 de Junho de 2004, tendo sido muito pouco participado (no período legal de participação apenas foram recebidas 8 participações). Este facto motivou a Câmara Municipal a considerar para o processo de participação pública algumas sugestões e pretensões entregues fora deste período (até Janeiro de 2006). As 20 participações recebidas durante esse período podem agrupar-se da seguinte forma: Pretensões de alargamento do perímetro urbano; Pretensões para outras mudanças de classe/ categoria de espaço; Pretensões particulares para alteração da área mínima de construção e do índice de implantação; Pretensões da Administração Local. A questão do alargamento dos perímetros urbanos envolve, naturalmente, uma alteração da classificação do solo, pelo que se pode afirmar que em cerca de 80% dos casos os requerentes pretendem a mudança de classe ou categoria de uso do solo (Figura 6). Na generalidade dos casos, a pretensão consiste na passagem do Solo Rural para Solo Urbano. Figura 6: Pretensões e sugestões apresentadas na consulta pública 10% Alargamento do perímetro urbano 10% Mudança de classe / categoria de espaço 55% 25% Alteração da área mínima de construção e do índice de implantação Administração Local Note-se que, na maior parte dos casos, as pretensões têm como objectivo a inclusão de terrenos em perímetro urbano, pelo que a análise efectuada deve ser tomada como meramente ilustrativa da forma como as pretensões foram apresentadas pelos requerentes. Uma vez cartografadas, foi possível fazer uma leitura espacial sobre as situações que predominam e os locais de maior pressão. Assim sendo, ressalta a incidência destas pretensões na freguesia de Sarnadas de Ródão (em particular no aglomerado da Carapetosa), onde se registaram cerca de metade das pretensões recebidas. Como seria de esperar, a maioria das propostas apresentadas surge nas áreas próximas aos perímetros urbanos existentes, o que é facilmente explicável pelo facto dos proprietários considerarem que os seus Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 47 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão terrenos, estando próximos de zonas urbanas ou de zonas infraestruturadas, são, legitimamente, propensos à edificação. A generalidade das pretensões apresentadas são da responsabilidade de particulares, constituindo excepção os contributos apresentados pela Junta de Freguesia de Sarnadas de Ródão e da Santa Casa da Misericórdia de Vila Velha de Ródão. De frisar o facto da Junta de Freguesia de Sarnadas de Ródão ter sido a única a envolverse no processo de participação pública, tendo apresentado um conjunto de sugestões e pretensões que gostaria de ver atendidas no processo de revisão do PDM, nomeadamente no que respeita a: alargamento de perímetros urbanos em diversos aglomerados da freguesia; diminuição da área mínima edificável em parcelas classificadas como RAN; aumento do índice de implantação em espaços agrícola e florestal; implementação de medidas de protecção contra incêndios e instalação de projectos de infraestruturas de saneamento. Todas as pretensões/sugestões recebidas serão ponderadas, tanto ao nível individual, como ao nível de uma abordagem global. Contudo, tal não significa que venham a ser atendidos todos os intentos dos requerentes, uma vez que a análise técnica a efectuar incidirá, essencialmente, sobre perspectivas de ordem estratégica e de viabilidade física, económica, social e ambiental. Ao longo dos anos mais recentes a Autarquia tem continuado a receber alguns contributos de munícipes relativamente ao procedimento de revisão do PDM que, embora apresentadas fora dos períodos legalmente estabelecidos, pretende ver analisadas e verificada a sua pertinência e consentaneidade no contexto do modelo de ordenamento a prosseguir para o concelho. Ressalve-se que, apesar da sua importância enquanto elementos de dinamização do processo de planeamento e de aproximação do Plano às necessidades da população, a Autarquia não possui qualquer obrigatoriedade na aceitação das pretensões/sugestões dos munícipes, devendo contudo proceder a uma cuidada avaliação do seu teor. 48 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 5. ANÁLISE DEMOGRÁFICA Hoje em dia, a população é um denominador de muitos indicadores no domínio do económico, social e urbanístico. A informação sobre o número e a estrutura actual e futura da população tornou-se, nos tempos actuais, um factor importante no planeamento a todos os níveis, sendo um instrumento imprescindível para os decisores. Ao nível do ordenamento do território, a importância do conhecimento da população e da sua estrutura é inquestionável. Com efeito, o ordenamento do território municipal, ao visar proporcionar uma evolução/ocupação tão harmoniosa quanto possível, através da preparação de soluções atempadas para as situações com que se defrontam, bem como uma gestão racional dos recursos de que dispõe, é obrigado a quantificar e qualificar a população, enquanto principal agente da transformação do território. Alguns dos objectivos do PDM, como o da programação dos equipamentos colectivos e infraestruturas urbanas, a delimitação de perímetros urbanos, bem como a estimativa das necessidades habitacionais, passam pela avaliação do número de habitantes a servir. Esse dimensionamento terá de ser feito, com base na população esperada no horizonte temporal do mesmo. A população a servir deverá, então, ser avaliada por um modelo adequado e com o grau de rigor necessário ao fim em vista. A presente revisão do PDM de Vila Velha de Ródão conta ainda com os Resultados do XIV Recenseamento Geral da População e IV da Habitação. É de especial importância referir o desfasamento temporal entre a maioria dos dados de caracterização, que remontam a 2001, e a realidade actual, 2011. Não existindo dados oficiais mais recentes, o grosso da caracterização remete, de facto, para 2001. Contudo, sempre que possível foram introduzidos dados mais recentes (oficiais mas não definitivos), nomeadamente provenientes das Estimativas Provisórias da População Residente (INE). Não sendo definitivos, são, com certeza, importantes na percepção da evolução ocorrida das principais variáveis demográficas em Vila Velha no último decénio. Também se recorreu ao Anuário Estatístico da Região Centro (edição 2010) e a dados, de 2011, do Instituto do Emprego e Formação Profissional. A metodologia adoptada privilegiou as componentes comparativa, quantitativa e qualitativa. Sempre que se justificou, as comparações foram feitas com a sub-região Beira Interior Sul, composta por quatro municípios que, no seu conjunto, apresentam uma certa homogeneidade e identidade. 5.1 OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO – DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DA POPULAÇÃO Com uma superfície de 330 km2 e 4098 habitantes, o concelho de Vila Velha de Ródão insere-se numa subregião fracamente povoada onde a evolução demográfica tem sido marcada pelo progressivo declínio demográfico, o qual se tem reflectido, no mesmo sentido, na densidade populacional, situando-se esta, Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 49 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão actualmente, nos 12,4 hab/km2. Este valor confere-lhe um índice de ocupação inferior à média da sub-região em que se insere, sendo que só Castelo Branco registou uma densidade superior. Quadro 5: Evolução da densidade populacional na sub-região Beira Interior Sul, entre 1981 e 2001 Unidade Territorial População Residente 1991 2001 Área (km2) Densidade Populacional 1991 2001 Beira Interior Sul 81015 78123 3738 21,7 20,9 Castelo Branco 54310 55708 1440 37,7 38,7 Idanha-a-Nova 13630 11659 1413 9,6 8,2 Penamacor 8115 6658 556 14,6 12,0 Vila Velha Ródão 4960 4098 330 15,0 12,4 Fratel 945 760 98 9,7 7,8 Perais 769 589 82 9,4 7,2 Sarnadas de Ródão 810 693 60 13,6 11,6 Vila Velha de Ródão 2436 2056 90 26,9 22,7 Fonte: INE-Portugal, Censos 2001 A distribuição geográfica das densidades, em 2001, é o resultado da manutenção da distribuição existente em 1991, embora as densidades internas tenham diminuído de forma generalizada. Em 2001, embora o cenário concelhio seja de uma generalizada baixa densidade de ocupação, verificam-se algumas assimetrias na ocupação do espaço, destacando-se, sobretudo a densidade populacional da freguesia que integra a sede de concelho, que se situa acima da densidade média da Beira Interior Sul. A análise da estrutura do povoamento do concelho revela uma população concentrada em pequenas aldeias dispersas no território concelhio, que correspondem, grosso modo, às sedes das suas 4 freguesias, a 29 lugares com menos de 100 habitantes e a 7 lugares com entre 100 e 199 habitantes; note-se que em 2001, cerca de 50% da população residia nas sedes de freguesia, correspondendo a vila de Vila Velha de Ródão a quase ¼ (29%). De 1991 para 2001, a estrutura do povoamento evoluiu da seguinte forma: manutenção do número total de lugares do concelho (41 lugares); ligeiro aumento do número de lugares com menos de 100 habitantes (de 27 para 29); redução do número de lugares com entre 100 e 199 habitantes (de 11 para 8); manutenção do único lugar com população entre 1000 e 1999 habitantes (Vila Velha de Ródão), com registo de um aumento do peso demográfico no total do concelho (27% para 29%). Em síntese, está a registar-se, a par da perda efectiva de população, uma concentração populacional na sede concelhia (reforço da polarização da sede de Vila Velha de Ródão) e o despovoamento generalizado do restante território concelhio (diminuição do número de aldeias e da população nelas residente). 50 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Quadro 6: Evolução da população residente no concelho por dimensão dos lugares, entre 1981 e 2001 Escalões de Dimensão N.º Lugares 1991 População Residente 27 11 3 1 42 1170 1469 949 1314 58 4960 Menos de 100 hab. De 100 a 199 hab. De 200 a 499 hab. De 1000 a 1999 hab. População Residual Total Concelho % N.º Lugares 2001 População Residente 23,6 29,6 19,1 26,5 1,2 100,0 29 8 2 1 40 1117 1043 687 1186 65 4098 % 27,3 25,5 16,8 28,9 1,6 100,0 Fonte: INE-Portugal, Censos 1991 e 2001 A contribuição em termos populacionais de cada uma das freguesias do concelho é a que se apresenta no quadro seguinte, em que a freguesia que abrange a vila de Vila Velha de Ródão representa 50% do total do concelho, sendo seguida pelas freguesias de Fratel (18,5%), Sarnadas de Ródão (16,9%) e Perais (14,4%). Quadro 7: Contribuição de cada freguesia para o total da população residente no concelho 1991 Freguesias Fratel Perais Sarnadas de Ródão Vila Velha d Ródão Total do concelho Total 945 769 810 2436 4960 2001 % 19,1 15,5 16,3 49,1 100,0 Total 760 589 693 2056 4098 % 18,5 14,4 16,9 50,2 100,0 Fonte: INE-Portugal, Censos 1991 e 2001 5.2 CURVA DEMOGRÁFICA Desde o 1º Recenseamento Geral da População realizado em Portugal (1864), a curva demográfica do concelho de Vila Velha de Ródão, tem a configuração apresentada na Figura 7, suportada, basicamente, por duas fases, uma de crescimento até 1940 e outra de declínio, desde aquele ano até aos nossos dias. Com uma importante função estratégica defensiva, no século XVIII, e o facto de, mais tarde, ser Porto do Tejo, ou seja, local de passagem comercial e pastoril que esteve na base das regiões da Beira Baixa e do Alentejo (muito importante até à construção da ponte metálica e do caminho de ferro), o concelho de Vila Velha de Ródão beneficiando destes factores, registou um importante crescimento populacional, entre 1864 e 1940. Entre estas duas datas, Vila Velha de Ródão registou um incremento populacional de 105%, ou seja de 4971 habitantes. Contudo, a partir da década de 40, dá-se uma inversão na curva, a qual, até aos nossos dias, não tem parado de diminuir – de 1940 a 2001, o concelho perde 137% da população (5601 residentes). O comportamento desta 2ª fase tem, como principal causa, o fenómeno migratório, tanto o interno, que se desenvolveu para o litoral e para as áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, como o externo, mais intenso, que se registou a partir dos anos 50 para a Europa, nomeadamente para a França, Alemanha e Suiça. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 51 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Figura 7: Evolução da população residente no concelho, entre 1864 e 2001 12000 10000 9568 9699 Nº de habitantes 7627 7803 6695 5605 6633 6000 4000 8039 8753 8000 4960 6161 4728 5224 4098 2000 0 1864 1878 1890 1900 1910 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1981 1991 2001 Fonte: INE-Portugal, Censos. O forte movimento emigratório registado teve repercussões óbvias na estrutura etária, sendo que o grupo da população activa foi o mais afectado. Desde então, a consequente desvitalização demográfica tem sido determinante na trajectória de desenvolvimento. A repulsão populacional, entendida enquanto incapacidade de atrair novos residentes, e o envelhecimento demográfico, com efeitos directos na diminuição da taxa de natalidade e no aumento da taxa de mortalidade, induzidos pela interioridade do concelho, são os aspectos que marcam a demografia do concelho de Vila Velha de Ródão. Quadro 8: Evolução da população residente nos concelhos na Beira Interior Sul, entre 1991 e 2001 Unidade Territorial Beira Interior Sul Castelo Branco Idanha-a-Nova Penamacor Vila Velha Ródão 1991 2001 Var. (%) 81015 54310 13630 8115 4960 78123 55708 11659 6658 4098 -3,6 2,6 -14,5 -18,0 -17,4 Fonte: INE-Portugal, Censos 1991 e 2001 Mais recentemente, nas duas últimas décadas, o concelho de Vila Velha de Ródão acompanha a evolução tendencial do conjunto sub-regional em que se insere, sendo o concelho que, em termos relativos, a seguir a Penamacor, mais perde população. Ainda em termos relativos e na sequência da evolução descrita, o concelho de Vila Velha de Ródão vê o seu peso diminuído no total sub-regional: enquanto que, em 1991, cerca de 6,1% da população total da Beira Interior Sul residia no concelho de Vila Velha de Ródão, em 2001, esse valor desceu para 5,2%. 52 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão A análise da escala intra-concelhia permite verificar que o decréscimo populacional, na última década, foi generalizado às quatro freguesias do concelho, sendo de assinalar que a freguesia de Perais foi a mais penalizada, em termos relativos. Figura 8: Evolução populacional, por freguesia, entre 1991 e 2001 Fonte: INE-Portugal, Censos 1981, 1991 e 2001 A dimensão do fenómeno de esvaziamento demográfico é de tal forma intensa que, num contexto generalizado a nível nacional e regional de aumento do número de famílias, o concelho de Vila Velha de Ródão regista uma diminuição muito significativa do número de famílias, entre 1991 e 2001 (-14,5%), acompanhando, de perto, o ritmo de diminuição da população residente (-17,4%). O número de famílias residentes em Vila Velha de Ródão regrediu 14% no espaço de uma década, verificandose uma diminuição de 293 famílias entre 1991 e 2001. O sentido e a dimensão do fenómeno são díspares do que sucedeu na sub-região, na medida em que as famílias cresceram, cerca de 0,5%, na Beira Interior Sul. Tendo em conta que a população diminuiu a um ritmo ligeiramente superior ao número de famílias, registou-se, como consequência, uma pequena alteração no valor da dimensão média das famílias. Assim, de uma dimensão média de 2,5 em 1991, passa-se para uma dimensão média de 2,4 pessoas/família, em 2001. Através de uma análise global das freguesias do concelho, encontram-se pequenas discrepâncias na dimensão média das famílias, sendo que a freguesia que apresenta uma menor dimensão média é a de Fratel (2,1 pessoas/família) e a que apresenta maior dimensão média é a freguesia de Vila Velha de Ródão (2,6 pessoas/família). Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 53 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Quadro 9: Variação do número e da dimensão média das famílias, entre 1991 e 2001 Freguesias Nº de Famílias (*) Pessoas/Família 1991 2001 Var. (%) 1991 2001 Fratel 445 356 -20,0 2,1 2,1 Perais 302 257 -14,9 2,5 2,3 Sarnadas de Ródão 345 310 -10,1 2,3 2,2 Vila Velha de Ródão 928 804 -13,4 2,6 2,6 Total do concelho 2020 1727 -14,5 2,5 2,4 Total da sub-região 31166 31323 0,5 2,6 2,5 (*) Famílias Clássicas + Famílias Institucionais Fonte: INE-Portugal, Censos 1991 e 2001 5.3 CRESCIMENTO NATURAL E CRESCIMENTO MIGRATÓRIO A evolução dos movimentos natural e migratório determina o crescimento de uma população (crescimento efectivo) e provoca modificações nas respectivas estruturas etárias. A maior ou menor intensidade de actuação de cada uma das componentes do crescimento determina diferentes níveis de crescimento e, consequentemente, diferentes alterações na estrutura etária. Se o crescimento natural mede a diferença entre o número de nascimentos e o número de óbitos, o saldo migratório mede a diferença entre o número de entradas e o número de saídas e indica até que ponto determinado concelho é ou não atractivo ou repulsivo, do ponto de vista demográfico. Vila Velha de Ródão é claramente um concelho repulsivo, no sentido em que não é capaz de atrair população e onde nascem, cada vez, menos crianças. Quem o permite confirmar são os dados estatísticos dos Censos 2001 que informam das significativas taxas negativas de crescimento natural e migratório. Com efeito, o crescimento natural negativo entre 1991 e 2001 deve-se à superioridade dos óbitos (em 820) relativamente aos nascimentos e o crescimento migratório negativo traduz-se pelo facto de as saídas do concelho serem superiores às entradas em 69 casos. A evolução dos referidos fenómenos na década anterior, no mesmo sentido, vem reforçar as tendências que apontam para o progressivo esvaziamento por perda natural dos residentes, a par do seu envelhecimento. Os efeitos das migrações para o exterior sobre a natalidade (diminuição) derivam da ausência dos escalões etários potencialmente procriadores (os estratos populacionais emigrados). Os efeitos sobre a mortalidade traduzem-se em termos indirectos, na medida em que aumenta a proporção de idosos no total (população que fica) e, por inerência, os óbitos. Vila Velha de Ródão apresentava, no ano 2009 (e já em 2004 o cenário era semelhante), a mais baixa taxa de natalidade (3,8%0) e a mais alta taxa de mortalidade (30,8%0) da região Centro. 54 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão A trajectória recente (1996 a 2009) destas taxas tem sido marcada, por um lado, pela relativa estabilização da natalidade, ainda que a de Vila Velha de Ródão seja bastante inferior à da Beira Interior Sul, e esta ainda ligeiramente inferior à da região Centro, e por outro, pelo muito significativo aumento da taxa de mortalidade, sempre comparativamente muito elevada, em Vila Velha de Ródão, quando comparada com a sub-região e a região. Figura 9: Evolução das Taxas de Natalidade e Mortalidade, entre 1996 e 2009 35 30 Permilagem 25 24,7 23,3 15,7 15,8 15,2 12,1 11,4 11,1 30,8 19,2 20 15 10 5 0 10 7,3 4,1 1996 9,4 9,2 8,1 8,3 3,2 4,2 2001 2004 7,9 7,7 11,2 3,8 2009 1996 NATALIDADE Vila Velha de Ródão 15,9 2001 2004 2009 MORTALIDADE Beira Interior Sul Região Centro Fonte: PDM em vigor; INE-Portugal, Anuário Estatístico da Região Centro, 1997, 2001 e 2004, 2009. A evolução, nas duas últimas décadas censitárias, dos factores que têm justificado a evolução demográfica está sistematizada no quadro seguinte, onde se apresenta o crescimento efectivo e as componentes desse crescimento, nas décadas de 80 e 90, no concelho de Vila Velha de Ródão, enquadrados pela evolução ocorrida a nível sub-regional. Da evolução ocorrida, destacam-se os seguintes aspectos às diferentes escalas: Escala local O comportamento demográfico do concelho, nos últimos 20 anos (1981/2001), tem sido determinado pela evolução negativa das duas componentes de crescimento: o crescimento natural tem sido marcado pelo número superior de óbitos do que de nascimentos e o crescimento migratório tem sido determinado pelo número de saídas do concelho muito superior ao número de entradas. O crescimento migratório negativo, embora sem significado, apresentou nas duas décadas sensivelmente o mesmo peso (-2% e -1,4%, respectivamente). O crescimento natural, esse sim, amplamente negativo, afigura-se como a principal componente do crescimento demográfico efectivo de Vila Velha de Ródão nos últimos 20 anos do século XX, sendo que se acentuou, generosamente, na última década (o diferencial entre o número de nascimentos e o número de óbitos foi de -820 indivíduos entre 1991 e 2001). Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 55 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Escala sub-regional Também a sub-região que integra o concelho de Vila Velha de Ródão tem registado crescimento populacional negativo, embora com bastante menor intensidade. O crescimento natural foi igualmente negativo, sendo, contudo, de assinalar que, na década de 90, a Beira Interior Sul ganhou cerca de 2700 residentes, embora exclusivamente a favor do concelho de Castelo Branco. 56 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Quadro 10: População Residente e Componentes do Crescimento Demográfico, 1981-2001 População Residente Unidade Territorial 1981 1991 1981-1991 Crescimento Efectivo 2001* Crescimento Natural 1991-2001 Crescimento Migratório Crescimento Efectivo * Crescimento Natural * Crescimento Migratório* N.º % N.º % N.º % N.º % N.º % N.º % N.º % N.º % N.º % Portugal 9833014 100 9862670 100 10318084 100 29656 0,3 354104 3,6 -324448 -3,3 450937 4,6 89834 0,9 361103 3,7 Região Centro 1763119 17,9 1721541 17,4 1779672 17,2 -41578 -2,4 23276 1,3 -64854 -3,7 58022 3,4 -30198 -1,8 88220 5,1 Beira Interior Sul 86138 4,9 81015 4,7 78248 -3,4 -5123 -5,9 -3605 -4,2 -1518 -1,8 -2767 -3,4 -5469 -6,8 2702 3,3 Castelo Branco 54908 63,7 54310 67 55909 2,9 -598 -1,1 -729 -1,3 131 0,2 1599 2,9 -2089 -3,8 3688 6,8 Idanha-a-Nova 16101 18,7 13630 16,8 11646 -14,6 -2471 -15,3 -1550 -9,6 -921 -5,7 -1984 -14,6 -1592 -11,7 -392 -2,9 Penamacor 9524 11,1 8115 10 6622 -18,4 -1409 -14,8 -793 -8,3 -616 -6,5 -1493 -18,4 -968 -11,9 -525 -6,5 Vila Velha Ródão 5605 6,5 4960 6,1 4071 -17,9 -645 -11,5 -533 -9,5 -112 -2 -889 -17,9 -820 -16,5 -69 -1,4 * O crescimento efectivo, bem como as componentes do crescimento demográfico (crescimentos natural e migratório) constantes da tabela reportam aos Resultados Preliminares do XIV Recenseamento Geral da População, os quais em termos de população total, relativamente aos Resultados Definitivos, diferem apenas em 27 indivíduos. Não existe a versão definitiva dos valores do crescimento natural e do crescimento migratório. Fonte: Alterações Demográficas nas Regiões Portuguesas, entre 1981 e 1991, INE, 1993; Censos 2001 (Resultados Preliminares), INE, 2002 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 2) 57 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 58 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 5.4 ESTRUTURA ETÁRIA DA POPULAÇÃO: GRUPOS ETÁRIOS E ÍNDICES-RESUMO A análise da distribuição da população por grupos etários, normalmente representada através de pirâmides etárias, permite conhecer a história de cada concelho (região ou país) na medida em que as diferentes saliências ou reentrâncias reflectem o comportamento da fecundidade, o esquema da mortalidade e os sentidos dos fluxos migratórios ao longo do tempo. Na análise da população, por idades, definem-se, geralmente três grandes grupos, designados por grupos funcionais: 0-14 anos (população jovem), 15-64 anos (população em idade activa) e 65 e mais anos (população idosa). Esta repartição prende-se, sobretudo, com os limites mais habituais de entrada e saída na vida activa. O envelhecimento demográfico, progressivamente patente no evoluir da demografia portuguesa, traduz-se num duplo envelhecimento: diminuição da proporção de jovens e aumento da proporção de idosos. Estas tendências são directamente induzidas pela queda da fecundidade e pelo aumento da esperança de vida. A queda da fecundidade está, cada vez mais, identificada com o contexto sócio-económico da sociedade portuguesa e menos explicada por factores puramente demográficos. Está, pois, em causa, uma crescente aceitação de novos parâmetros de qualidade de vida. Por outro lado, o aumento da esperança de vida é uma consequência inevitável da evolução da ciência e da tecnologia. Estas tendências sentem-se de forma marcada no concelho de Vila Velha de Ródão. Efectivamente, são evidentes os sinais de envelhecimento estrutural da população, nomeadamente com a diminuição da proporção de jovens (dos 0 aos 14 anos) e com o aumento dos idosos (idades superiores a 65 anos), reflectindo-se numa estrutura etária bastante envelhecida. Sendo uma tendência generalizada, a nível nacional, o fenómeno do envelhecimento demográfico, nomeadamente, no que diz respeito ao aumento dos idosos, importa salientar algumas conclusões do estudo realizado pelo Instituto Nacional de Estatística: “As Gerações mais Idosas”, Série de Estudos n.º 83, 1999, onde se conclui que: “o número de pessoas idosas residente em Portugal mais que duplicou, nos últimos quarenta anos, provocando o alargamento do topo da pirâmide etária. A população idosa é predominantemente feminina; o ritmo de crescimento da população idosa é mais acelerado do que o da população total, sobretudo nas idades mais avançadas; a estrutura etária continuará a sofrer alterações nos próximos anos, prevendo-se que o fenómeno do envelhecimento demográfico se acentue e a população idosa ultrapasse em número a população jovem, entre 2010 e 2015; Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 59 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão a população idosa reforçará assim a sua importância relativa e a sua tendência de envelhecimento no futuro próximo; as famílias unipessoais de idosos têm crescido nos últimos anos, principalmente as famílias unipessoais de mulheres; (…)” A tendência desta evolução é especialmente importante quando estão a prever-se equipamentos a médio prazo. Neste sentido, as tendências de evolução desenhadas são importantes alertas, por um lado, para o sistema de protecção social, pois é, significativamente, crescente o número de cidadãos "não produtivos" ou a atingir a idade da reforma e a reclamar pensões, lares de terceira idade, assistência domiciliária, hospitais, medicamentos; e, por outro lado, o abrandamento da pressão dos jovens apresenta-se como uma oportunidade estratégica para a melhoria qualitativa dos equipamentos de apoio à população jovem. A estrutura etária muito envelhecida do concelho de Vila Velha de Ródão é justificada pela existência de menos de 7,7% de população jovem e de quase metade (40,2%) de população idosa (mais de 65 anos). Figura 10: Evolução da Estrutura Etária concelhia, entre 1981 e 2001 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 25,7 32,2 40,2 >65 anos 58,2 15 aos 64 anos 56,7 52,1 16,1 11,1 7,7 1981 1991 2001 0 aos 14 anos Fonte: INE-Portugal, Alterações demográficas nas regiões portuguesas entre 1981-1991 e Censos 2001 Em traços gerais, a evolução mais recente (últimas duas décadas) da distribuição da população, por grupos etários, é a seguinte: diminuição muito significativa da população jovem (0-14 anos) passando de 16,1% do total da população, em 1981, para 11,1% em 1991 e, para 7,7%, em 2001; diminuição da população em idade activa (14-65 anos), passando de 58,2%, em 1981, para 52,1%, em 2001; aumento muito acentuado do grupo dos idosos (65 e mais anos) que, de 25,7%, em 1981, passa para 32,2%, em 1991, e para 40,2%, em 2001. 60 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão A evolução da distribuição e a própria distribuição da população por grupos etários neste concelho, acompanham estruturalmente a região em que o concelho se insere, embora, em termos gerais, o concelho de Vila Velha de Ródão seja bastante “mais velho” do que a sub-região do Beira Interior Sul. Com efeito, Vila Velha de Ródão, nas duas últimas décadas, tem apresentado uma proporção de jovens inferior e uma muito maior proporção de idosos. Quadro 11: Variação da estrutura etária da população residente no Beira Interior Sul, entre 1981 e 2001(%) Unidade Territorial Beira Interior Sul Castelo Branco Idanha-a-Nova Penamacor Vila Velha Ródão 0 -14 1991 15-64 >65 0 -14 2001 15-64 >65 15,0 16,5 12,1 12,7 11,1 60,9 64,2 52,7 55,7 56,7 24,0 19,4 35,2 31,6 32,2 12,0 13,2 9,0 9,6 7,7 60,4 64,4 50,3 49,8 52,1 27,5 22,3 40,7 40,5 40,2 Fonte: INE-Portugal, Censos 1991 e 2001 Em termos gráficos, a pirâmide etária (H+M) a seguir, simplificadamente representada, traduz claramente o envelhecimento populacional, ao apresentar uma configuração exactamente oposta àquela que configura uma população jovem (afunilada no topo e larga na base). A evolução entre 1991 e 2001 representada na figura seguinte torna demasiado nítida a diminuição dos escalões etários correspondentes ao grupo dos jovens e a ampliação significativa dos escalões etários correspondentes à população velha. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 61 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Figura 11: Evolução da estrutura etária concelhia, entre 1991 e 2001 (H+M) Mais de 90 anos 85 a 89 80 a 84 75 a 79 70 a 74 65 a 69 Escalões etários 60 a 64 55 a 59 50 a 54 2001 45 a 49 1991 40 a 44 35 a 39 30 a 34 25 a 29 20 a 24 15 a 19 10 a 14 5a9 0a4 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 % Fonte: INE-Portugal, Recenseamentos Gerais da População, 1991 e 2001. Internamente, numa análise ao conjunto das freguesias do concelho, destacam-se os seguintes grupos de comportamentos: freguesia mais jovem: Vila Velha de Ródão é aquela que, apesar do contexto global, apresenta o maior número de jovens (8,5%) e menor peso de idosos (33,1%); freguesia com menos população jovem: Perais (5,4%); freguesias com aproximadamente metade da sua população com mais de 65 anos: Fratel (50,7%) e Sarnadas de Ródão (48,9%). Quadro 12: Estrutura Etária da População, por freguesia, em 2001 (%) 0 –14 anos Freguesias 15 – 64 anos > 65 anos Nº % Nº % Nº % Total Fratel 57 7,5 318 41,8 385 50,7 760 Perais 32 5,4 315 53,5 242 41,1 589 Sarnadas de Ródão 52 7,5 302 43,6 339 48,9 693 Vila Velha de Ródão 174 8,5 1202 58,5 680 33,1 2056 315 7,7 2137 52,1 1646 40,2 4098 Total do concelho Fonte: INE-Portugal, Censos 2001 62 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão As modificações ocorridas na estrutura etária fixam a relação existente entre os diferentes grupos etários, que se expressa em índices-resumo das estruturas populacionais. Estes índices são normalmente apresentados para medir a dependência e o envelhecimento da população. Os índices de dependência são utilizados para medir a relação existente entre a população nas idades não activas e a população em idade activa. O índice de dependência de jovens mede os efectivos dos 0 aos 14 anos a cargo de cada 100 indivíduos dos 15 aos 64 anos; da mesma forma, o índice de dependência de idosos mede o número de pessoas com 65 e mais anos, cujo encargo recai em cada 100 indivíduos em idade activa. O índice de dependência total é a soma dos dois anteriores, ou seja, cada 100 indivíduos em idade activa tem a cargo determinado número de jovens e de idosos. O índice de envelhecimento é um dos indicadores mais utilizados para medir o estado de envelhecimento ou rejuvenescimento da população em determinado momento, e representa o número de idosos (65 e mais anos) por cada 100 jovens (0 aos 14 anos). Os índices-resumo, como o próprio nome sugere, sintetizam o “estado” da população de determinado território e pretendem medir, os já referidos níveis de dependência e envelhecimento. Em Vila Velha de Ródão, entre 1981 e 2001, a evolução pode traduzir-se, genericamente, da seguinte forma: significativa diminuição do número de dependentes jovens, por cada 100 activos (passa de 20, em 1991, para 15, em 2001; aumento do número de idosos a cargo de cada 100 activos (passa de 57 para 77); em consequência dos dois índices anteriores, um muito representativo aumento do índice de envelhecimento (número de idosos por cada 100 jovens), passando de 289 em 1991 para 522, em 2001. Quadro 13: Índices de evolução da estrutura etária nos concelhos do Beira Interior Sul, 1991 e 2001 Dependência de Jovens Dependência de Idosos Dependência Total Índice de Envelhecimento Unidade territorial 1991 2001 1991 2001 1991 2001 1991 2001 Beira Interior Sul 24,6 19,8 39,4 45,4 64,1 65,2 160,1 229,0 Castelo Branco 25,6 20,5 30,2 34,4 55,8 54,9 117,6 168,0 Idanha-a-Nova 22,9 17,8 66,8 80,8 89,6 98,7 291,7 453,0 Penamacor 22,7 19,3 56,8 81,1 79,5 100,4 249,6 419,6 Vila Velha Ródão 19,7 14,7 56,9 77 76,6 91,8 289,2 522,5 Fonte: INE-Portugal, Alterações Demográficas nas Regiões Portuguesas entre 1981-1991; Censos 2001 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 63 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão No contexto sub-regional, Vila Velha de Ródão destaca-se do conjunto da Beira Interior Sul por possuir o maior índice de envelhecimento (523 idosos por cada 100 jovens), quando a Beira Interior Sul possui um índice inferior em menos de metade (229%) e o menor índice de dependência de jovens (15 jovens por cada 100 activos). O incremento do envelhecimento populacional de Vila Velha de Ródão faz prever a degradação contínua destes índices e, de modo mais significativo, o índice de envelhecimento. 5.5 PERSPECTIVAS DE EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO RESIDENTE A curva demográfica do concelho de Vila Velha de Ródão, sobretudo a partir da segunda metade do século XX, não faz prever uma evolução futura muito distinta da que se tem vindo a desenhar, não só pelas condições internas, que dificilmente conseguirão inverter uma herança tão pesada, como todo o contexto presente e futuro associado ao desenvolvimento das regiões do Interior. Neste sentido, as estimativas da população residente para o concelho de Vila Velha de Ródão, produzidas pelo INE, entre 2001 e 2009 reflectem isso mesmo, em que se estima que no ano 2009 o concelho já possuísse menos 727 indivíduos do que em 2001, ou seja apenas 3.371 habitantes. Figura 12: Evolução recente da população residente do concelho, entre 2001 e 2009 12000 N.º de habitantes 10000 8000 6000 9568 8039 5605 4098 4000 3850 3708 3534 3371 2000 0 1950 1960 1970 1981 1991 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Fonte: INE–Portugal, Censos e Estimativas Provisórias de População Residente Intercensitárias Estruturalmente, a população também terá continuado a evoluir, ainda que ligeiramente, no sentido do envelhecimento, embora só na base da pirâmide (a população jovem diminuiu neste período 0,7%, isto é perdeu 54 indivíduos). No topo, o número e o peso dos idosos diminuíram nestes quatro anos, passando de 40,2% para 38,8%, ou seja, a população com mais de 65 anos, diminuiu em 206 indivíduos. 64 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão O envelhecimento tão pronunciado deste território, com uma cada vez mais reduzida, taxa de natalidade e os insignificantes movimentos migratórios para o concelho, é que justificam a diminuição absoluta e relativa deste grupo funcional. Figura 13: Evolução da população residente por grupos funcionais no concelho, em 2001 e 2009 (em número e percentagem) 2500 N.º 2000 60,0 2137 1646 % N.º 40,2 40,0 1219 2001 1000 2009 315 57,1 52,1 50,0 1925 1500 500 % 30,0 2001 20,0 10,0 227 36,2 2009 7,7 6,7 0,0 0 0-14 anos 15-64 anos > 65 anos 0-14 anos 15-64 anos > 65 anos Fonte: INE–Portugal, Cenos 2001 e Estimativas Provisórias de População Residente Intercensitárias. 5.6 CONDIÇÃO PERANTE A ACTIVIDADE ECONÓMICA, OCUPAÇÃO DOS ACTIVOS, EMPREGO E DESEMPREGO Vila Velha de Ródão é um concelho com fortes problemas estruturais, determinados não só pela sua localização interior e periférica, como também, pela histórica marginalização, face às opções de investimento público e privado, ambos os factores com reflexos óbvios no crescimento demográfico e económico. Presentemente, este concelho enfrenta as consequências das sucessivas perdas demográficas registadas nas décadas anteriores, que justificam o acentuado envelhecimento populacional e condicionam a actividade empresarial. A este contexto, acresce o facto de que a escassez de recursos humanos afecta não só o nível global do empreendorismo, como também a capacidade de atrair investimentos. O concelho de Vila Velha de Ródão é, no contexto geográfico sub-regional, o que detém menor dimensão demográfica e empresarial. Não obstante, este concelho tem registado recentemente, mesmo que de forma tímida, uma evolução positiva da sua actividade económica. Em 2001, os 4.098 residentes no concelho, agrupavam-se da seguinte forma, quando analisados em função da sua condição perante a actividade económica: população até 14 anos – 7,7% (em 1991 era de 11,1%); população com actividade económica (população activa - empregada e desempregada) – 36,4%; (em 1991 era de 30,3%); Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 65 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão população sem actividade económica, na qual se integram os estudantes, domésticas, reformados, incapacitados para o trabalho, e outros casos – 55,9% (em 1991 era de 61,5%). Quadro 14: População segundo a condição perante a actividade económica, 1991 e 2001 1991 Condição perante a Actividade Económica População com Actividade Económica (População Activa) População sem Actividade Económica 2001 N.º % N.º % Empregada Desempregada Total Estudante Doméstica Reformada Incapacitada para o trabalho Outras Total 1383 120 1503 410 595 1844 39 163 3051 92,0 8,0 100,0 13,4 19,5 60,4 1,3 5,3 100,0 1396 96 1492 169 311 1618 100 93 2291 93,6 6,4 100,0 7,4 13,6 70,6 4,4 4,0 100 População total do concelho 4960 - 4098 - Fonte: INE-Portugal, Censos 1991 e 2001 Em 2001, a população activa de Vila Velha de Ródão totalizava os 1492 indivíduos, sendo a taxa de actividade (36,4%) bastante inferior à da sub-região da Beira Interior Sul (41,4%), no entanto, a taxa de desemprego concelhia já se aproximava da registada pela Beira Interior Sul. O fenómeno do envelhecimento demográfico (40,2% da população tem mais de 65 anos), poderá justificar, por si só, a referida taxa de actividade concelhia. Sendo, no contexto regional, uma afectação muito reduzida da população concelhia à actividade económica, interessa, contudo, salientar o que é positivo, nomeadamente a variação da distribuição da população em função da sua condição perante a actividade económica, entre 1991 e 2001. Com efeito, o peso da população activa aumentou seis pontos percentuais na última década, em detrimento da população sem actividade económica (reformados, domésticas, etc.) que, no mesmo período, diminuiu (passou de 62% para 56%). Também a taxa de desemprego diminuiu. Quadro 15: Evolução dos Indicadores do mercado de trabalho, entre 1991 e 2001 Vila Velha de Ródão 1991 2001 Indicadores População Total População Empregada População Desempregada População Activa (%) Taxa de Desemprego (%) Taxa de Desemprego Feminina (%) 4960 1383 120 30,3 8,0 17,3 4098 1396 96 36,4 6,4 9,7 Beira Interior Sul 1991 2001 81015 27933 1606 36,5 5,4 8,7 78123 32371 1931 41,4 6,0 8,3 Fonte: INE-Portugal, Censos 1991 e 2001 66 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão A maior parte da população activa trabalha por conta de outrem (77,7%), facto que determina a diminuta expressão do trabalho por conta própria (8,1%), o que se afigura como um importante indicador da falta de empreendorismo. Quadro 16: População residente, empregada, segundo a situação na profissão, em 2001 Unidade Territorial Beira Interior Sul Vila Velha Ródão Total 30440 1396 Trab. Por Empregador conta própria 3255 151 2378 113 Trabalhador familiar não remunerado 293 36 Trabalhador por conta de Outrem Total 24159 1085 Militar Carreira 132 12 SMO Membro Activo de Coop. Outra Situação 6 - 349 11 52 4 Fonte: INE-Portugal, Censos 2001 Quanto aos grupos de profissão, segundo a Classificação Nacional das Profissões, os grupos mais representativos são o G9-Trabalhadores não qualificados (21%), o G7-Operários, artífices e trabalhadores similares (18%), o G5-Pessoal dos serviços e vendedores (14%) e o G8-Operadores de instalações e máquinas e trabalhadores da montagem (13%). Quadro 17: População residente empregada, por grupo de profissões, em 2001 Unidade Territorial Beira Interior Sul Vila Velha de Ródão Total 30440 1396 G1 1831 75 G2 2588 46 Grupos de Profissões (CNP) G3 G4 G5 G6 G7 2624 2782 4730 2003 5832 71 116 195 139 255 G8 2762 183 G9 5104 300 G10 184 16 Fonte: INE-Portugal, Censos 2001 Na distribuição sectorial dos activos, observa-se, hoje, uma preponderante afectação no sector terciário (52,9%), face aos sectores primário (11,5%) e secundário (35,6%), assemelhando-se esta repartição sectorial, em termos estruturais, à da Beira Interior Sul. A distribuição dos activos por sectores de actividade registou, nos últimos 10 anos (1991/2001), uma evolução digna de nota, nomeadamente uma diminuição das afectações de população ao sector secundário (passou de 43% para 36%) e primário (passou de 16% para 12%), em benefício da população no sector terciário, que aumentou, aproximadamente, doze pontos percentuais. No âmbito das actividades terciárias, têm maior peso os serviços de natureza social (60%) quando comparados com os restantes serviços relacionados com a actividade económica (40%). Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 67 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Figura 14: Evolução da população por sectores de actividade económica, entre 1991 e 2001 100% 90% 80% 40,8 51,3 52,9 70% 59,1 60% Sector III 50% 40% Sector II 43,2 35,6 33,5 16,0 11,5 15,2 9,2 1991 2001 1991 2001 30% 20% 10% 0% VILA VELHA DE RÓDÃO Sector I 31,7 BEIRA INTERIOR SUL Fonte: INE-Portugal, Censos 1991 e 2001 Com este percurso, Vila Velha de Ródão está a evidenciar sinais de recomposição económica, na medida em que as actividades agrícolas tradicionais estão a ceder espaço às actividades terciárias, num processo que, aliás, é extensível à generalidade do interior do país. Por freguesia, na distribuição da população activa pelos sectores de actividade, apenas se destacam dois aspectos, nomeadamente a maior expressão do terciário nas freguesia de Sarnadas de Ródão e Vila Velha de Ródão e o significativo peso da população afecta às actividades primárias na freguesia de Perais. Quadro 18: Evolução da Ocupação dos Activos por sectores de actividade económica, em 1991 e 2001 Sectores de Actividade Freguesias Primário Secundário Terciário Fratel 11,9 36,7 51,4 Perais 27,4 34,4 38,2 Sarnadas de Ródão 7,1 34,5 58,3 Vila Velha de Ródão 8,3 35,9 55,8 11,5 35,6 52,9 Total do concelho Fonte: INE-Portugal, Censos 1991 e 2001 O emprego formal, relativo aos trabalhadores por conta de outrem (pessoas ao serviço), de acordo com os Quadros de Pessoal, cresceu 17%, no espaço de quase uma década (1995 a 2004). Contudo no quinquénio 2004/2009 registou um ligeiro decréscimo de 7,2%, permitindo uma taxa de acréscimo global do emprego, entre 1995 e 2009, de 8,4%. 68 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão O desemprego, ao contrário de outros indicadores, em 2001, não penalizava extraordinariamente o concelho de Vila Velha de Ródão, já que apresentava valores perfeitamente enquadráveis nos registados pela sub-região e pela Região Centro. A taxa de desemprego (6,4%), naquela data era inferior à registada em 1991 (8,0%) e muito aproximada à da Beira Interior Sul (6%). A análise dos dados disponibilizados pelo INE, relativamente ao desemprego em 2001 e do IEFP (Concelhos, Estatísticas Mensais), em 2011, permitem dar a conhecer as suas características em 10 anos. Em 2001 estavam desempregados 96 indivíduos e em 2011 (Janeiro) 89 pessoas. Considerando que as estimativas do INE para 2009 apontam para um menor volume populacional concelhio (menos 727 pessoas), o volume do desemprego terá assim um peso significativamente superior. As principais características do desemprego em Vila Velha de Ródão, em 2001 e 2011 eram/são: Quadro 19: Características do Desemprego, em 2001 e 2011 2001 2011 Total de desempregados (N.º) Características 96 89 - desemprego por género Feminino 59% Masculino 52% - idade superior a 25 anos 80% 89% - procura de Novo Emprego 79% 89% - escolaridade igual ou inferior ao 3º CEB 90% 89% - desemprego inferior a 1 ano 60% 63% Fonte: INE-Portugal, Censos 2001; IEFP (http://www.iefp.pt/) Estruturalmente, as características do desemprego mantiveram-se nos últimos 10 anos, caracterizando-se por: i) a distribuição por género ser mais equitativa em 2011 (52% masculino e 48% feminino); ii) mais de ¾ dos desempregados têm idade superior a 25 anos; iii) mais de ¾ também procura um novo emprego; iv) a grande maioria (na ordem dos 90%) possui escolaridade igual ou inferior ao 9º ano; e v) a maioria procura emprego à menos de 1 ano (em torno dos 60%), embora seja representativo o emprego estrutural (há mais de 1 ano). 5.7 MOBILIDADE E COMPLEMENTARIDADES INTER-CONCELHIAS O grau de integração de um território, avaliado entre outros aspectos, pelas interdependências territoriais com a envolvente regional é uma análise essencial para a compreensão dos domínios social, económico e até urbanístico. Essa avaliação pode ser feita com recurso ao estudo dos fluxos de pessoas, bens e capitais que se estabelecem entre o concelho e todo o restante território regional e nacional. Apesar do sistema estatístico nacional não se encontrar vocacionado para a apreensão das dinâmicas económicas inter-municipais, é possível captar algumas tendências, nomeadamente a mobilidade, através da análise dos fluxos de pessoas, partindo dos movimentos pendulares casa/trabalho e casa/escola. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 69 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão A avaliação da mobilidade no presente documento, nomeadamente através da análise das deslocações pendulares, é feita utilizando os dados estatísticos dos Recenseamentos Gerais da População (INE), nos quais a desagregação dos movimentos de entradas e saídas se faz em duas vertentes, nomeadamente "por motivo" e “espacialmente”. Assim, o motivo desagrega-se em estudo ou trabalho e espacialmente, as deslocações são para o interior e para o exterior do concelho. Importa referir que os dados quantitativos utilizados integram alguns casos de indivíduos (trabalhadores ou estudantes) que não têm local de trabalho ou estudo fixo ou habitual, sendo que nestes casos se considerou o local da empresa ou estabelecimento para quem o indivíduo trabalha ou presta contas. Em virtude deste facto, é possível identificar alguns casos de “deslocações” pendulares para e de concelhos bastante distantes. Assim, quando no texto seguinte se faz referência a “deslocação pendular”, esta pode ser uma deslocação diária efectiva casa/trabalho ou casa/estudo ou uma relação profissional ou de estudo com uma empresa ou instituição localizada em qualquer ponto do país, embora estas últimas tenham muito pouco peso no total das deslocações pendulares quantificadas. Num tom introdutório, os dados estatísticos relativos aos fluxos pendulares de e para o concelho de Vila Velha de Ródão, permitem constatar que, num concelho com 4098 indivíduos residentes, trabalham e estudam 1558 pessoas, das quais 78% residem no concelho e os restantes 22% são residentes de outros concelhos, maioritariamente dos concelhos vizinhos de Castelo Branco, Nisa e Proença-a-Nova. Quanto à mobilidade, Vila Velha de Ródão, gerou, em 2001, um total de 1763 deslocações diárias, das quais 79%, por motivo de trabalho, e os restantes 21% por motivo de estudo. Dos que se deslocaram por motivo de estudo, 223 permaneceram no concelho e 144 dirigiram-se para o exterior e, dos que se deslocaram por motivo de trabalho, 998 não necessitaram de sair do concelho para aceder ao seu posto de trabalho, embora 398 ainda o fizessem diariamente. Quadro 20: Movimentos pendulares de e para o concelho, por motivos de trabalho e de estudo, em 2001 Movimentos Pendulares Motivo ENTRADAS em Vila Velha de Ródão De Vila Velha de De outros Ródão concelhos Total SAÍDAS de Vila Velha de Ródão Para Vila Velha de Para outros Ródão Concelhos Total Trabalho 998 336 1334 998 398 1396 Estudo 223 1 224 223 144 367 Total 1221 337 1558 1221 542 1763 Fonte: INE-Portugal, Censos 2001 Embora havendo um volume diário significativo, sobretudo de saídas do concelho de Vila Velha de Ródão, o saldo que resulta daqueles movimentos perfaz, apenas, um total de 205 indivíduos, a desfavor de Vila Velha de Ródão. Ou seja, ao número de deslocações diárias a partir de outros concelhos, para a Vila Velha de Ródão 70 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão (337 deslocações) é subtraído o número de deslocações dos residentes na Vila Velha de Ródão para o exterior (542 deslocações) traduzindo-se num saldo pendular negativo de 205. Este saldo é revelador de alguma dependência de Vila Velha de Ródão face ao exterior relativamente à oferta de emprego e de ensino (Vila Velha de Ródão não possui ensino secundário, profissional ou superior), não sendo contudo de descurar, por outro lado, a atracção que Vila Velha de Ródão exerce sobre territórios vizinhos ao nível do emprego, pois 336 pessoas que trabalham neste concelho são população residente de outros concelhos. Figura 15: Movimentos pendulares de e para o concelho, em 2001 -205 Total 1558 -143 Estudo 224 367 -62 Trabalho -500 1763 1396 1334 0 500 1000 1500 2000 Nº de Deslocações Diárias Entradas Saídas Saldo pendular Fonte: INE-Portugal, Censos 2001 A referida capacidade atractiva de Vila Velha de Ródão, em termos de emprego (336 pessoas), é exercida sobretudo sobre os residentes de Castelo Branco (232 pessoas), Nisa (38 pessoas) e Proença-a-Nova (31 pessoas), que se deslocam diariamente para Vila Velha de Ródão para trabalhar, devido à proximidade física, mas também às fortes relações de vizinhança que se têm vindo a estabelecer entre estes concelhos. Os principais receptores de mão-de-obra do concelho de Vila Velha de Ródão (398 pessoas) são o concelho de Castelo Branco (333 pessoas), Lisboa (45 pessoas) e Évora (31 pessoas) já que as dinâmicas socio-económicas destes centros urbanos, nomeadamente Castelo Branco por razões de proximidade física e funções de capital de distrito, proporcionam indiscutíveis oportunidades de emprego, em comparação com a oferta existente em Vila Velha de Ródão. As deslocações por motivo de estudo (internas e do exterior) totalizam as 367deslocações diárias, sendo que 223 têm origem e destino em Vila Velha de Ródão, 96 dirigem-se para Castelo Branco e 48 para outros destinos indiferenciados. Castelo Branco é naturalmente o maior receptor de estudantes, não só por ser a capital de Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 71 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão distrito e, por isso, ser dotada de todos os níveis de ensino, como também a proximidade física e as acessibilidades actuais, facilitarem bastante este tipo de mobilidade. Em síntese, os fluxos de pessoas que se estabelecem entre Vila Velha de Ródão e a sub-região em que esta se insere são importantes, sendo especialmente relevante a relação que se estabelece com a capital de distrito, mas também com os concelhos vizinhos de Nisa e Proença-a-Nova, bem como com as cidades de Lisboa e de Évora. Diariamente, entram, em Vila Velha de Ródão, 337 indivíduos para trabalhar e/ou estudar e saem 542 indivíduos, sendo que o diferencial entre estes dois movimentos dá um saldo desfavorável ao concelho de 205 indivíduos, revelador de alguma incapacidade de gerar emprego interno e, por inerência, da dependência económica face ao exterior. 5.8 NÍVEL DE INSTRUÇÃO, QUALIFICAÇÃO DO EMPREGO E OFERTA DE FORMAÇÃO Sendo um reflexo da estrutura etária concelhia, o nível de instrução da população de Vila Velha de Ródão é ainda muito reduzido, repercutindo-se, de forma directa no nível do desenvolvimento económico. No início do século XXI, ainda existiam, no concelho de Vila Velha de Ródão 20 pessoas (com 10 ou + anos) em cada 100 (também com 10 ou + anos) que não sabiam ler nem escrever (taxa da analfabetismo de 20%). Esta taxa, contudo, é ligeiramente melhor do que a registada em 1991 (23%), mas ainda suficientemente elevada para se distanciar da Beira Interior Sul (17,4%), já alta, quando comparada com a Região Centro (10,9%) e com o País (9,0%). Quadro 21: Variação da taxa de analfabetismo, entre 1991 e 2001 Unidade Territorial Portugal Centro Beira Interior Sul Vila Velha de Ródão 1991 2001 11,0 14,0 22,7 22,9 9,0 10,9 17,4 20,0 Fonte: INE-Portugal, Censos 1991 e 2001 Em 2001, mais de dois terços (70%) da população residente não possuía mais do que o 1º ciclo do ensino básico (antigo ensino primário), sendo que destes, 22% não possuía qualquer nível de ensino. 72 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Figura 16: População residente, segundo o nível de ensino atingido, em 2001 Nenhum nível de ensino 8% 8% 0% 22% 5% 1º Ciclo do Ensino Básico 2º Ciclo do Ensino Básico 9% 3º Ciclo do Ensino Básico Secundário 48% Médio Superior Fonte: INE-Portugal, Censos 2001 A qualificação dos recursos humanos é um factor essencial no arranque e sustentação do desenvolvimento de qualquer território. No concelho de Vila Velha de Ródão, os níveis de instrução (da população, em geral, e do pessoal ao serviço, em particular) e de qualificação do emprego tem níveis ainda baixos, sendo que o desenvolvimento económico tem estado comprometido, em parte porque as actividades económicas do concelho têm sido pouco exigentes em qualificações, mas, sobretudo, devido à estrutura etária fortemente envelhecida da população residente. O nível de qualificação avalia as habilitações escolares conjuntamente com a complexidade das tarefas desempenhadas, embora a interpretação destes dados deva ser cuidada, por não existir uma uniformidade objectiva sobre a designação e interpretação das diferentes categorias. Os dados dos Quadros de Pessoal, disponibilizados pelo Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, dão indicação da reduzida qualificação dos recursos humanos do concelho de Vila Velha de Ródão. Assim, os níveis de qualificação mais elevados (quadros superiores, médios, encarregados e profissionais altamente qualificados) representavam 30%, em 2009, menos três pontos percentuais que os profissionais semi-qualificados, não qualificados e praticantes e aprendizes (níveis de qualificação mais baixos), que representam 33% do pessoal ao serviço. Os profissionais qualificados representam próximo de um terço (31%) do pessoal ao serviço. Não obstante este cenário pouco satisfatório, é de realçar que, entre 1995 e 2009, os quadros superiores registaram um incremento de 56% (mais 25 quadros). Quadro 22: Evolução dos níveis de qualificação do pessoal ao serviço, entre 1995 e 2009 Nível de Qualificação Quadros Superiores Quadros Médios Encarregados Profissionais Altamente Qualificados Profissionais Qualificados Profissionais Semi-Qualificados Profissionais Não Qualificados 1995 2009 N.º % N.º % 45 15 41 61 289 50 85 7,3 2,4 6,6 9,8 46,6 8,1 13,7 70 43 32 58 210 91 99 10,4 6,4 4,8 8,6 31,3 13,5 14,7 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Variação N % 25 28 -9 -3 -79 41 14 55,6 186,7 -22,0 -4,9 -27,3 82,0 16,5 73 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Nível de Qualificação Praticantes e Aprendizes Ignorados Total N.º 1995 % N.º 2009 % Variação N % 25 9 4,0 1,5 34 35 5,1 5,2 9 26 36,0 288,9 620 100,0 672 100,0 52 8,4 Fonte: Quadros de Pessoal, DETEFP do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social As dinâmicas demográficas, que têm ditado a redução substancial da população escolar, têm justificado a diminuta oferta de equipamentos educativos em Vila Velha de Ródão (embora teoricamente ajustada à população escolarizável). Este concelho conta com dois estabelecimentos de ensino (ano lectivo 2010/2011), constituídos num único agrupamento vertical e que se distribuem por três níveis de ensino e por dois pólos: i) pólo do pré-escolar no Jardim de Infância de Porto do Tejo e pólo do Ensino Básico (EB1,2,3 de Vila Velha de Ródão), ambos localizados na sede do concelho. No ano lectivo de 2010/2011, o Agrupamento de Escolas de Vila Velha de Ródão contava, na totalidade dos níveis de ensino, com 202 alunos, menos 36 alunos que no ano lectivo 2005/2006), sendo que o maior número frequentava os 2º e 3º ciclos (48%), seguido dos alunos do 1º ciclo (30%) e do pré-escolar (22%). A oferta de recursos de competências sustenta-se, por um lado, no sistema formal de ensino e por outro, no sistema de formação que exerce uma função de complemento do primeiro, compensando a desadequação existente entre a oferta do sistema de ensino e a procura do sistema produtivo, que é a maior causa dos desajustamentos entre oferta e procura no mercado de trabalho. Neste contexto, salienta-se como um factor fortemente inibidor do desenvolvimento, por défice de níveis de instrução e qualificação mais elevados, a inexistência de ensino secundário e profissional neste concelho. A procura destes níveis de ensino obriga à saída dos jovens do concelho e favorece um natural afastamento e sérias dificuldades de recrutamento de profissionais qualificados. Ainda assim, o Centro Municipal de Cultura e Desenvolvimento tem sido, nos últimos anos, um pólo dinamizador de formação. Regularmente, são ministradas acções de formação na área da informática e dos bordados tradicionais, consideradas uma mais-valia em termos de emprego. Conjuntamente, a Junta de Freguesia e a ADRACES promovem, ainda, uma formação no âmbito do programa “Escolas de oficina”, cujo objectivo é a formação em algumas especialidades. Também a Sociedade Filarmónica de Fratel possui uma Escola de Música. O desinteresse da população por acções de formação ou por qualquer outra iniciativa que procure dotá-la de novos conhecimentos, decorre, também do grau de habilitações existente. A situação processa-se em círculo, pois, se por um lado, a atracção de unidades com outras exigências em qualificações está dificultada, por outro lado, a inexistência de cursos de formação profissional ou de cursos tecnológicos, no concelho, obriga à saída de jovens para completar os estudos. 74 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Este contexto de baixos níveis de instrução e qualificação dos recursos humanos a par da reduzida oferta de formação escolar é tanto mais preocupante, quanto é unânime que o desenvolvimento de Vila Velha de Ródão é um desafio complexo, na ausência de recursos humanos e na necessária melhoria dos níveis de qualificação profissional, de espírito empresarial e da capacidade de atracção e fixação, no concelho, de profissionais com mais elevados níveis de qualificação. Síntese conclusiva Vila Velha de Ródão é um concelho com fortes problemas estruturais, determinados não só pela sua localização interior e periférica, como também, pela histórica marginalização, face às opções de investimento público e privado. Ambos os factores têm revertido negativamente na evolução demográfica e económica deste território. Presentemente, embora com maiores níveis de infraestruturação e de equipamentos, este concelho enfrenta, contudo, as consequências das sucessivas perdas demográficas registadas nas décadas anteriores, que justificam o acentuado envelhecimento populacional (Vila Velha de Ródão era, segundo o INE, o concelho da região centro que, em 2009, registava a mais baixa taxa de natalidade e a mais alta taxa de mortalidade) e condicionam a actividade empresarial, tendo-se atingido um ponto de difícil reversão. De facto, o reduzido volume populacional (3.371 habitantes em 2009) começa a não ser suficiente para sustentar processos de mudança, no sentido da dinamização económica, atracção demográfica e sustentabilidade social, porquanto a escassez de recursos humanos afecta não só o nível global do empreendorismo, como também a capacidade de atrair investimentos. Como esta sucessão de circunstâncias funciona fatalmente em “círculo”, é com alguma dificuldade que se encara o futuro deste concelho. Apesar de os últimos dados oficiais de caracterização da população (INE, Recenseamento da População) apontarem para que no ano de 2001 esta população se caracterizasse por possuir uma taxa de analfabetismo elevada, baixos níveis de qualificação e instrução, baixa taxa de actividade (um pouco mais de 1/3 da população total) e uma forte dependência do exterior, nomeadamente de Castelo Branco, em termos de locais de emprego e estudo, espera-se, contudo, que hoje (2011) aquelas variáveis possam traduzir uma realidade mais positiva, ou antes, diferente. Por um lado, a evolução da sociedade, hoje mais ligada, mais próxima e mais interactiva por via das tecnologias de comunicação e informação e, por outro, as facilidades oferecidas pela rede viária regional que também facilitam e promovem a mobilidade, permitindo ambas as circunstâncias encarar o futuro se não com algum optimismo, pelo menos numa outra perspectiva. Complementarmente, as dinâmicas geradas sobretudo pela capital distrital, se por um lado atraem a população estudante e activa para fora do concelho (por ausência dos níveis de ensino mais elevados e de oportunidades de emprego), permitem que esta população estude, produza e que, fruto disso, possa vir valorizar os recursos Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 75 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão naturais, humanos e culturais deste município e a promovê-los de forma mais activa, empenhada e empreendedora. Caberá aos agentes locais todo o empenhamento para a concretização da melhor valorização dos seus recursos, sabendo potenciá-los e minimizando as desvantagens (ainda grandes) que penalizam este território, processo aliás já iniciado pela Autarquia e por outras instituições locais. 76 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 6. ESTRUTURA PRODUTIVA E BASE ECONÓMICA 6.1 ENQUADRAMENTO GERAL A já referida localização periférica e interior do concelho constituiu ao longo das últimas décadas um factor de debilidade, tendo contribuído para a persistência de factores de estrangulamento ao desenvolvimento, à diversificação do tecido económico e empresarial do concelho. Este é, contudo, um cenário que começou a evidenciar contornos de alteração, não só porque as acessibilidades foram amplamente beneficiadas, mas também porque existe uma nova cultura de valorização do Interior, e porque se têm feito mais recentemente, alguns investimentos públicos indutores de melhores condições de vida mas também de desenvolvimento da actividade económica. Não obstante este quadro global de manifestas melhorais ao nível da infraestruturação e investimentos públicos, Vila Velha de Ródão não está a conseguir contrariar os seus condicionalismos estruturais, tendo verificado no último quinquénio (2004-2009) uma inflecção das curvas ascendentes do volume de emprego e estabelecimentos. Com efeito, os dados do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social (MTSS) informam que, entre 1995 e 2009, o concelho de Vila Velha de Ródão, registou uma evolução económica positiva, ainda que tímida, consubstanciada no aumento, quer do número de estabelecimentos (passaram de 71, em 1995, para 91, em 2009), quer ao nível da população empregada, que aumentou 8,4% (passaram de 620 pessoas ao serviço, em 1995, para 672, em 2009), quer do número de estabelecimentos (passaram de 71 para 91 entre 1995 e 2009). Se por um lado se registou um efectivo incremento da actividade económica no período em análise (14 anos), ainda que ligeiro, não deixa de ser significativo registar que as expectativas criadas em torno da evolução registada até 2004 (16,8% do emprego e 35,2% dos estabelecimentos), sofreram uma inversão com significado. Nos últimos 5 anos (2004-2009), diminui tanto o volume do emprego (menos 50 trabalhadores) como dos estabelecimentos (menos 5 estabelecimentos), consubstanciando um abrandamento da actividade económica, em consonância com as expectativas demográficas, persistentemente negativas. Quadro 23: Evolução do Emprego e do número de estabelecimentos no concelho, entre 1995 e 2009 Emprego Estabelecimentos 1995 2004 2009 Variação 1991-2009 (%) 620 71 724 96 672 91 8,4 28,2 Fonte: Quadros de Pessoal, GEP do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social. Em consequência daquela evolução, a densidade empresarial (empresas/km2) tem evoluído, ainda que ligeiramente, nos últimos 20 anos, tendo passado de 0,14, em 1991, para 0,28 empresas/km2, em 2009. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 77 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Quadro 24: Densidade empresarial no concelho, entre 1991 e 2009 Área do concelho (km2) 330 Empresas (número) Densidade Empresarial (empresas/km2) 1991 2000 2004 2009 1991 2000 2004 2009 47 69 96 91 0,14 0,21 0,29 0,28 Fonte: Quadros de Pessoal, DETEFP do Ministério do Trabalho e da Solidariedade. A evolução recente da actividade económica do concelho evidencia uma concentração do emprego em torno de três principais sectores, nomeadamente “Indústrias transformadoras” (47%), “Actividades Imobiliárias, alugueres e serviços prestados às empresas” (11%) e as “Outras actividades de serviços colectivos, sociais e pessoais” (10%), tendo sido no período em apreço (1995-2004), estes dois últimos sectores os que registaram os maiores, e muito significativos, aumentos absolutos e relativos. Quadro 25: Número de estabelecimentos e do emprego no concelho, entre 1995 e 2004, por actividades (CAE-Rev.2) Estabelecimentos Peso da Total actividade 1995 2004 1995 2004 Actividades (CAE Rev.2) A C D E F G H Agri., P.animal, Caça, Silvicult. Indústrias Extractivas Indústrias Transformadoras Prod. Distrib. Eelect., Gás, Água Construção Comércio Grosso e a Retalho Alojamento, Restauração I J K L M N O Transportes, Armaz. e Comunic. Actividades Financeiras Act. Imobili. Alug. Serv. às Empr. Adm. Pública, Defesa Seg. Social Educação Saúde e Acção Social O. Act. Serv. Colec.Sociai. e Pes. Total 17 1 11 13 Var. (%) 95-99 Emprego Peso da Total actividade 1995 2004 1995 2004 13,5 0,0 17,7 1,0 11,5 15,6 -23,5 -100,0 54,5 100,0 83,3 15,4 40 3 376 6 13 17 1 11 15 23,9 1,4 15,5 0,0 8,5 18,3 5 3 2 3 2 1 5 2 8 4 2 9 2 4 3 7 7,0 4,2 2,8 4,2 2,8 1,4 7,0 2,8 8,3 4,2 2,1 9,4 2,1 4,2 3,1 7,3 71 96 100,0 100,0 32 Var. (%) 95-04 27 43 338 15 41 46 6,5 0,5 60,6 0,0 4,4 6,9 4,4 0,0 46,7 2,1 5,7 6,4 -20,0 -100,0 -10,1 100,0 51,9 7,0 60,0 33,3 0,0 200,0 0,0 300,0 -40,0 250,0 21 20 14 4 13 3 47 9 29 24 10 79 3 6 29 72 3,4 3,2 2,3 0,6 2,1 0,5 7,6 1,5 4,0 3,3 1,4 10,9 0,4 0,8 4,0 9,9 38,1 20,0 -28,6 1875,0 -76,9 100,0 -38,3 700,0 35,2 620 724 100,0 100,0 16,8 Fonte: Quadros de Pessoal, DETEFP do Ministério do Trabalho e da Solidariedade. A dinâmica de crescimento dos estabelecimentos e a distribuição actual é ligeiramente diferente da distribuição sectorial do emprego. A distribuição dos estabelecimentos é reveladora de uma concentração sectorial na “Indústria transformadora” (18%), como acontece com o emprego, mas agora, uma significativa concentração no “Comércio” (16%), na “Agricultura” (14%) e na “Construção” (12%), sendo que estes quatro sectores representam 60% do total dos estabelecimentos do concelho. 78 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Figura 17: Estabelecimentos no concelho, por sectores de actividade, segundo CAE-Rev.2, em 2004 K 9% J 2% L 2% I 4% M 4% N 3% A 14% O 7% Legenda: A - Agricultura, produção animal, caça e silvicultura; C - Indústrias extractivas; D - Indústrias transformadoras; E - Produção e Distribuição de Electricidade, Gás e Água; F – Construção; G - Comércio por grosso e a retalho; reparação de veículos automóveis, motociclos e de bens de uso pessoal e doméstico; H Alojamento e Restauração; I - Transportes, Armazenagem e Comunicações; J - Actividades Financeiras; K - Actividades imobiliárias, alugueres e serviços prestados às empresas; L - Administração pública, defesa e segurança social obrigatória; M - Educação ; N - Saúde e acção social ; O Outras actividades de serviços colectivos, Sociais e Pessoais. D 18% H 8% F 12% G 16% E 1% Fonte: Quadros de Pessoal, DETEFP do Ministério do Trabalho e da Solidariedade. Os dados mais recentes disponibilizados pelo GEP-MTSS, relativos a 2009, apurados com uma nova versão da Classificação das Actividades Económicas (versão 3, em vigor desde 2007), que apesar de não ser linearmente comparável com a anterior classificação (CAE Ver.2), dá conta de uma distribuição sectorial ligeiramente distinta, embora estruturalmente semelhante. Assim, em 2009, a concentração do emprego faz-se em torno de três sectores principais: as indústrias transformadoras (52%); o comércio por grosso e a retalho (10%); e, outras actividades e serviços (9%). Em contrapartida, a concentração dos estabelecimentos prioriza as seguintes actividades: comércio (22%), indústrias transformadoras (19%) e agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca (13%). Figura 18: Distribuição dos estabelecimentos e do emprego no concelho, por actividade, segundo CAE REV.3, em 2009 60,0 51,5 50,0 % 40,0 30,0 20,0 22,0 18,7 13,2 10,0 2,5 9,8 6,6 6,6 7,7 1,2 0,0 A C D F G H Emprego I K 0,3 5,5 7,1 0,1 M N O Estabelecimentos Q 8,9 2,2 R S A - Agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca K – Actividades financeiras e de seguros C – Indústrias transformadoras M – Actividades de consultoria, científicas, técnicas e similares D – Electricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio N – Actividades administrativas e dos serviços de apoio F – Construção O – Administração pública e defesa; segurança social obrigatória G – Comércio por grosso e a retalho; reparação de veículos automóveis e motociclos Q – Actividades de saúde humana e apoio social H – Transportes e armazenagem S - Outras actividades de serviços I – Alojamento, restauração e similares R – Actividades artísticas, de espectáculos, desportivas e recreativas Fonte: Quadros de Pessoal, GEP do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 79 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Os Quadros de Pessoal escondem, contudo, a importância do segmento relativo aos estabelecimentos por conta própria, não contemplados nesta fonte estatística, e as actividades de carácter muito familiar ou artesanal não inscritas como estabelecimentos que, em concelhos como o de Vila Velha de Ródão, têm, decerto, um peso bastante significativo na economia local. Os estabelecimentos por conta própria estão incluídos nos valores apresentados por uma outra fonte estatística, designadamente, o Ficheiro Central de Empresas e Estabelecimentos do INE, cujos valores para o ano de 2004 se reproduzem no Quadro 263. A informação seguinte, com a introdução dos estabelecimentos por conta própria, evidencia a importância que estes tinham, sobretudo, no sector do comércio (estavam registadas, em 2004, 120 empresas neste sector), e no sector agrícola (72 empresas), correspondendo maioritariamente a pequenas unidades familiares e artesanais. No conjunto concelhio esta fonte contabilizava, em 2004, 375 empresas (com emprego por conta de outrem e por conta própria e da administração pública), quando as empresas com pessoal ao serviço só totalizavam as 96. Este diferencial põe em evidência que a grande maioria (74%) dos estabelecimentos comercias, industriais e de serviços do concelho são estruturas familiares de muito reduzida dimensão. Quadro 26: Número de empresas no concelho, segundo CAE – Rev. 2, em 31.12.2004 Beira Interior Sul N.º % ACTIVIDADES (CAE Rev. 2) A+B C D E F G H I J K L a Q A - Agricultura, produção animal, caça e silvicultura; B - Pesca Indústrias extractivas Indústrias transformadoras Produção e Distribuição de Electricidade, Gás e Água Construção Comércio por grosso e a retalho; reparação de veículos automóveis, motociclos e de bens de uso pessoal e doméstico Alojamento e Restauração (Restaurantes e Similares) Transportes, Armazenagem e Comunicações Actividades Financeiras Actividades imobiliárias, alugueres e serviços prestados às empresas Vila Velha de Ródão N.º % 996 12,2 72 19,2 15 636 3 1407 0,2 7,8 0,0 17,2 1 39 1 47 0,3 10,4 0,3 12,5 2767 33,8 120 32,0 1047 214 225 438 12,8 2,6 2,8 5,4 45 12 4 17 12,0 3,2 1,1 4,5 Administração pública, defesa e segurança social obrigatória; educação; saúde e acção social; outras actividades de serviços colectivos, Sociais e Pessoais 429 5,2 17 4,5 Total 8177 100,0 375 100,0 Fonte: INE-Portugal, Anuário Estatístico da Região Centro, 2001 3 Não é possível fazer uma análise comparada a 2009, pois a actual informação do INE sobre esta matéria (patente no Anuário Estatístico da Região Centro, 2009 (edição de 2010) exclui as divisões 01 e 02 da secção A, bem como as secções K, O, T e U da CAE-Rev.3. 80 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Segundo esta fonte estatística, as empresas relacionadas com as actividades comerciais (considerando tanto as empresas com empregados, como os estabelecimentos por conta própria) são as que maior peso têm no conjunto do concelho (32%), com um peso bastante superior ao registado pela Beira Interior Sul. As actividades agrícolas eram o sector com o 2º maior peso de empresas no total concelhio (19,2%) cujo valor é, significativamente, superior ao registado pela Beira Interior Sul e pela região Centro. A construção, o alojamento e restauração e as indústrias transformadoras eram os que possuem os terceiro, quarto e quinto maiores pesos de empresas no total concelhio (12,5%, 12,0% e 10,4%, respectivamente), possuindo uma importância relativa ligeiramente superior à registada na Beira Interior Sul, no caso da indústria transformadora, e inferior no caso da construção. O tecido empresarial de Vila Velha de Ródão é constituído, maioritariamente, por pequenas empresas, tal como acontece, de um modo geral, a nível regional e nacional. Assim, em termos de emprego e, concretamente, apenas o emprego nos estabelecimentos com pessoal ao serviço, a maioria dos estabelecimentos (88%), em 2009, empregavam entre 1 e 9 funcionários. Em 2009, 35% da população estava empregada em empresas com menos de 10 empregados e 30% da população estava empregada numa única empresa (Celtejo), que empregava 201 pessoas (em 2004 eram 258 pessoas), menos 39% do que em 1995. As empresas com entre 10 e 49 empregados representavam cerca de um quinto dos trabalhadores por conta de outrem. Quadro 27: Número de pessoas segundo a dimensão do estabelecimento, entre 1995 e 2009 1995 2004 2009 Tx. Var. 95/2004 (%) Peso 1995 (%) Peso 2009 (%) 1a9 202 270 233 15,3 32,6 34,7 10 a 49 90 138 176 95,6 14,5 26,2 N.º pessoas 50 a 249 0 57 263 0,0 39,1 250 a 499 328 258 0 -100,0 52,9 0,0 620 723 672 8,4 100 100 Total Fonte: Quadros de Pessoal, GEP do Ministério do trabalho e da Solidariedade Social. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 81 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 6.2 SECTORES DE ACTIVIDADE ECONÓMICA Sector Primário4 Tradicionalmente agrícola, o concelho de Vila Velha de Ródão tem vindo a perder progressivamente a população afecta às actividades agrícolas, como aliás sucede em toda a região e país. Em 10 anos (1991-2001), registouse uma redução da população afecta a este sector, que passou de 16%, em 1991, para 12%, em 2001, em benefício das actividades terciárias. Esta evolução está em consonância com a tendência actual de terciarização dos sistemas económicos, materializada na expansão dos sectores comerciais e de serviços. Segundo os Quadros de Pessoal do MTSS, existiam, em 2004, 13 estabelecimentos registados com pessoal ao serviço em actividades agrícolas e pecuárias, empregando, no total, 32 trabalhadores. No período mais recente (1995-2004), o número de estabelecimentos diminuiu de 17 para 13 e o emprego passou de 40 para 32 trabalhadores. Quadro 28: Número de estabelecimentos e do emprego, entre 1995 e 2004 – Sector Primário ACTIVIDADE A Agricultura, Prd. Animal, Caça e Silvicultura Estabelecimentos Emprego 1995 2004 Variação Absoluta 6 5 -1 3 0 -3 7 0 4 4 0 12 13 1995 2004 11 13 011 012 013 Agricultura Produção Animal Agricultura e Produção Animal Associadas 014 Actividades dos serviços relacionados com a Agricultura e com a Produção Animal 1 1 0 3 2 015 Caça e repovoamento cinegético 1 0 -1 1 0 20 Silvicultura, Exploração florestal e Act. dos serviços relacionados 2 3 +1 6 4 17 13 -4 40 32 Total Variação Absoluta +2 -7 +1 -1 -1 -2 -8 Fonte: Quadros de Pessoal, DETEFP do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social O Ficheiro Central das Empresas (INE) dava conta da existência de 72 empresas agrícolas (empresas com pessoas ao serviço e empresas por conta própria), em 2004,no concelho de Vila Velha de Ródão, sendo, esta disparidade das fontes de informação, reflexo da existência de uma prática agrícola de subsistência que existe, sobretudo, como complemento do rendimento familiar. Em 2009, este sector tinha uma dimensão inferior à registada 5 anos antes, sinal da contracção e da pouca importância do sector agrícola no conjunto da actividade económica concelhia – possuía apenas 12 estabelecimentos com pessoal ao serviço, os quais empregavam 26 pessoas. 4 A partir do 5º parágrafo do subcapítulo “Sector Primário”, o texto foi integralmente extraído do Plano de Desenvolvimento Estratégico de Vila Velha de Ródão, IPCB- CEDER, 2004 82 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Quadro 29: Estabelecimentos e emprego na actividade “Agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca”, segundo CAE REV.3, em 2009 Estabelecimentos Emprego 011 – Culturas temporárias Actividade 1 1 014 – Produção animal 4 6 015 – Agricultura e produção animal combinadas 4 15 016 – Actividades dos serviços relacionados com a agricultura e com a produção animal 1 2 022 – Exploração Florestal 1 1 024 – Actividades dos serviços relacionados com a silvicultura e a exploração florestal 1 1 Total 12 26 Fonte: Quadros de Pessoal, GEP do Ministério do trabalho e da Solidariedade Social. É um sector com alguma dinâmica, centrado num processo de valorização de produtos tradicionais, como os queijos, o mel, o azeite e os enchidos e na resposta a novos desafios, como, por exemplo, a agricultura biológica. Todavia, os produtos agrícolas são insuficientemente valorizados e têm débil inserção no mercado. Ainda assim, o azeite é o produto mais valorizado e comercializado devido à sua elevada qualidade, a qual justificou a constituição de algumas cooperativas. A Rodolive, por exemplo, desde 2003 certifica a sua produção com “Denominação de Origem Protegida” (DOP) A população ligada às actividades do sector primário possui, ainda, peso no conjunto das actividades económicas devido a: por um lado, ao enorme grau de singularização da actividade de produção agrícola; por outro, à elevada idade dos trabalhadores agrícolas (note-se que, por exemplo, em 1999, apenas existia um produtor agrícola singular com idade inferior a 25 anos; a classe etária mais significativa, neste âmbito, era a que congrega produtores agrícolas singulares com 65 anos de idade ou superior), o que, por norma, é um factor inibidor de requalificação/reconversão profissional; ainda, e ligado à questão etária, o nível de formação é muito baixo; são poucos os trabalhadores agrícolas com formação secundária ou superior; finalmente, o tempo de trabalho é inferior a 50%, em 75% dos casos de produtores agrícolas singulares (segunda actividade, não remunerada). De acordo com o Recenseamento Geral Agrícola (RGA) de 1999, cerca de 10,8% da população residente activa, (3,9% da população residente) do concelho, dedicava-se a actividades do sector primário. Atendendo a que o concelho de Vila Velha de Ródão possui uma área de cerca de 32993 ha e uma superfície agrícola utilizada (SAU) de 7530 ha (mais 1,4% que os dados do RGA de 1989, o que pode ter acontecido por via de alterações nos critérios de classificação dos solos), segundo os dados do RGA de 1999, conclui-se que 22,8% da área do concelho era utilizada em actividades agrícolas e/ou florestais. Realce-se, ainda, que 92,3% da SAU era explorada por conta própria e 6,0% era explorada através de arrendamento. Como os terrenos incluídos na reserva agrícola totalizavam 1387 ha, a SAU era mais de cinco vezes superior à dos terrenos com aptidão agrícola. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 83 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Interessante é, também, verificar que a superfície agrícola não utilizada diminui substancialmente de 1989 (4519 ha) para 1999 (apenas 1349 ha); este decréscimo pode explicar-se pelo aumento da dimensão das explorações agrícolas. De facto, a dimensão média das explorações, em 1999, era de 6,67 ha (SAU/n.º explorações): 98% eram exploradas por conta própria, com uma dimensão média de 6,28 ha. Estes dois valores denotam um crescimento relativamente à informação de 1989 (6,02 ha e 5,66 ha, respectivamente). Entre os últimos dois RGA (1989 e 1999), inverteu-se a tendência de diminuição das áreas destinadas às culturas permanentes; houve um aumento de 1,7% na área, influenciado pelas culturas de frutos frescos, citrinos e olival, e uma diminuição de 5,8% no número de explorações, o que intensifica (embora apenas ligeiramente) a importância do sector no processo de formação de rendimento no concelho. A área de culturas temporárias em cultura principal decresceu cerca de 18,2%. Em termos da agricultura biológica contam-se três produtores de culturas arvenses, um fruticultor, seis produtores de olival, um produtor de pastagens, um produtor de vinha, dois criadores de animais e um produtor de transformação de azeitona em azeite (embora alguns se dediquem a várias produções biológicas simultaneamente; no total são nove os produtores biológicos). Estes dados concorrem para um processo, embrionário ainda, de modificação da exploração agrícola, assente na valorização das produções pela qualidade. Quanto à pecuária, o concelho de Vila Velha de Ródão revelava, em 1999, uma diminuição, relativamente a 1989; o número de explorações produtoras de bovinos, suínos, ovinos e caprinos situa-se na ordem dos 22% e apresentava, no total, cerca de 14.360 cabeças de gado, assim distribuídas: 285 bovinos, 2.075 suínos, 7.775 ovinos e 4.225 caprinos. Neste período verificou-se: a) um pequeno aumento dos gados bovino e suíno; b) uma ligeira diminuição do gado ovino; c) uma forte diminuição de gado caprino. Quanto aos restantes tipos de gado, as principais alterações verificadas entre 1989 e 1999 apontam para uma forte diminuição de equídeos e de colmeias e cortiços povoados; ao contrário, regista-se uma grande presença de coelhos e aves, não havendo dados disponíveis que possibilitem uma análise da evolução registada desde 1989. Os ovinos são a espécie mais representativa e a sua exploração tem como grande objectivo a produção de queijo. Os caprinos são abundantes, pela pouca exigência em termos de alimentação e pela fácil adaptabilidade a pequenas explorações. Em termos de equipamento agrícola, e relativamente ao período que medeia os dois últimos recenseamentos agrícolas (1989/1999), o número de tractores duplicou, acompanhando um aumento semelhante do número de explorações possuidoras deste tipo de máquina; isto significa que não existiu um aumento relativo de 84 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão intensidade de utilização de tractores, mas apenas um aumento absoluto (o que por si não deixa de ser positivo). Os dados relativos a estas máquinas permitem comparar o índice de mecanização da exploração da terra (n.º de tractores/n.º total de explorações) entre 1989 e 1999: 0,148 em 1989 e 0,298 em 1999. Este indicador vem provar o referido; o aumento verificado foi de cerca de 100% e, ainda assim, é bastante inferior às necessidades de uma agricultura rentável. Relativamente às terras irrigadas, verifica-se que, em 1999, existiam 1299 ha de superfície irrigada, destacandose a superfície regada de milharada. Este valor indica uma diminuição significativa de 30,9% relativamente a 1989. Sector Secundário A população rodanense afecta ao sector secundário tem vindo progressivamente a diminuir, sendo que, em 1991, 43% da população activa estava afecta a este sector, tendo diminuído esse valor, em 2001, para 36%. Esta redução deu-se em benefício das actividades terciárias. O concelho apresenta uma actividade industrial escassa, centrada na existência de uma grande empresa, a nível distrital, que se dedica à produção de pasta de papel; tem uma forte presença no mercado nacional, traça estratégias de desenvolvimento adequadas, possui grande importância como empregadora (o que levanta preocupações quanto a um possível encerramento ou deslocalização) e como geradora de valor. Este panorama quase mono-industrial é apenas recortado pela existência de um conjunto de empresas transformadoras de recursos locais (produção de queijos, azeite, enchidos); sem grande expressão em termos do número de estabelecimentos, conseguiram consolidar-se pela aposta na qualidade; trata-se de um conjunto de unidades de pequena dimensão, com impacto essencialmente local e de cariz familiar, que não possuem estratégias evidentes de desenvolvimento.5 Os dados mais recentes (Quadros de Pessoal) relativos a 2009, semelhantes aos de 2004, permitem concluir que no âmbito das actividades referenciadas como pertencendo ao sector secundário, são as indústrias transformadoras as que empregam o maior número de trabalhadores (346), e dentro destas, a indústria do papel (Celtejo e AMS Goma Camps) possuem um papel maioritário ao nível do emprego (263 empregos). A construção afectava 28 trabalhadores e a produção e distribuição de electricidade, gás e água, 17 pessoas. 5 Parágrafo extraído integralmente do Plano de Desenvolvimento Estratégico de Vila Velha de Ródão, IPCB-CEDER, 2004 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 85 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Quadro 30: Número de estabelecimentos e do emprego, segundo a CAE Rev. 2, entre 1995 e 2009 – Sector Secundário ACTIVIDADES (CAE Rev. 2) Estabelecimentos Emprego 1995 2004 2009 1995 2004 2009 11 17 17 376 338 346 15 17 D Indústrias Transformadoras E Prod. dist. Elect., Gás e Água - 1 1 F Construção 6 11 6 27 41 28 17 29 24 403 394 391 TOTAL Fonte: Quadros de Pessoal, DETEFP, do Ministério do Trabalho e da Solidariedade De acordo com os dados do INE, relativos ao ano 2004 (Ficheiro Central de Empresas e Estabelecimentos), existiam 39 empresas da indústria transformadora. A freguesia de Vila Velha de Ródão possui, presentemente, duas zonas industriais, uma das quais totalmente ocupada, onde na última década se fixou cerca de uma dezena de empresas de pequena e media dimensão, nas áreas da transformação de madeiras, da mecânica, construção civil e serralharia artística, entre outras. A outra zona industrial encontra-se ainda em fase de instalação. Fratel e Sarnadas também têm dois pequenos espaços destinados à indústria. Sector Terciário As actividades terciárias são as que ocupam a maioria da população activa do concelho de Vila Velha de Ródão (53%). Contudo, este valor é fruto de uma evolução notável, se se considerar que há 10 anos atrás, este sector ocupava cerca de 41% dos activos. A evolução das actividades terciárias deveu-se à diminuição dos activos afectos às actividades primárias mas, sobretudo, dos activos do secundário. Sendo inegável a evolução no sentido da terciarização do concelho, interessa realçar a evolução ocorrida em apenas nove anos (1995-2004), tanto ao nível do emprego (71%), como ao nível do número de estabelecimentos (50%). De acordo com os Quadros do Pessoal, as principais actividades terciárias deste concelho, tanto ao nível do emprego que geravam, como do número de estabelecimentos, eram as actividades comerciais, as actividades imobiliárias, alugueres e serviços prestados às empresas, o alojamento e restauração e as outras actividades de serviços colectivos, sociais e pessoais, representando estes três sectores, no total, 76% do emprego no terciário. 86 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Quadro 31: Número de estabelecimentos e do emprego, segundo a CAE Rev.2, entre 1995 e 2004 – Sector Terciário G H I J K L M N O ACTIVIDADES (CAE-Rev. 2) Comércio Grosso e a Retalho Alojamento, Restauração Transportes, Armaz. e Comunic. Actividades Financeiras Act. Imobili. Alug. Serv. Empr. Adm. Pública, Defesa Seg. Social Educação Saúde e Acção Social O. Act. Serv. Colec. Soc e Pess. TOTAL 1995 13 5 3 2 3 2 1 5 2 36 Estabelecimentos 2004 Variação 15 2 8 3 4 1 2 0 9 6 2 0 4 3 3 -2 7 5 54 18 1995 43 21 20 14 4 13 3 47 9 174 Emprego 2004 46 29 24 10 79 3 6 29 72 298 Variação 3 8 4 -4 75 -10 3 -18 63 124 Fonte: Quadros de Pessoal, DETEFP, do Ministério do Trabalho e da Solidariedade. A estrutura comercial baseia-se em estabelecimentos de pequena dimensão, de cariz familiar que, funcionando como elemento de subsistência, estão direccionados para uma procura diária não especializada. A pouca distância à capital de distrito, com oferta comercial e de serviços mais alargada, poderá justificar a inexistência de um processo de desenvolvimento claro e efectivo deste sector. O facto de a fonte que apresenta a totalidade das empresas (com e sem pessoal ao serviço) ter contabilizados 120 estabelecimentos comerciais, oito vezes mais que o volume do emprego formal, dá indicação da efectiva reduzida dimensão destes estabelecimentos, ou seja, a maioria são estabelecimentos por conta própria, sem pessoal. A reduzida importância do sector secundário tem efeitos directos no terciário de apoio à produção, igualmente incipiente. Desde as actividades bancárias, aos transportes e comunicações, o volume de emprego era relativamente reduzido (cerca de 11%). Contudo, a evolução recente ao nível das “actividades imobiliárias, alugueres e serviços prestados às empresas”, pode ser um indicador positivo. Entre 1995 e 2004, os sectores que mais impulsionaram o desenvolvimento do terciário, tanto ao nível do emprego como do número de estabelecimentos foram as “actividades imobiliárias, alugueres e serviços prestados às empresas” (mais 75 postos de trabalho) e “outras actividades de serviços colectivos, sociais e pessoais” (mais 63 postos de trabalho). Hoje e no terreno, observa-se que a actividade terciária se encontra actualmente em crescimento, principalmente, ao nível do comércio e dos serviços (nas áreas social, cultural e recreativa) à população. Os serviços na área de apoio social têm sido relevantes, particularmente, por via do processo de envelhecimento da população. Dados de 2009, dão conta de uma distribuição do emprego e dos estabelecimentos aproximada à que se verificava há 5 anos atrás, embora se tenha registado uma diminuição do emprego na ordem dos 17%. Não sendo possível comparar directamente com os dados de 2004, interessa, ainda assim destacar o aumento do Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 87 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão emprego registado no comércio e nas já referidas actividades de apoio social e humano e a estabilização do emprego nas actividades de alojamento, restauração e similares. As actividades mais directamente relacionadas com a esfera produtiva apresentam uma dimensão reduzida ao nível do emprego e dos estabelecimentos, fazendo jus ao desenvolvimento que o sector secundário detém na actividade económica do município. Com efeito, as actividades financeiras e de seguros, de transporte e armazenagem, de informação e comunicação, de consultoria, científicas, técnicas e similares, administrativas e dos serviços de apoio possuem ainda pouca expressão no município. Quadro 32: Estabelecimentos e empregos nas actividades terciárias, segundo a CAE Rev.3, , em 2009 Actividade G – Comércio por grosso e a retalho; Reparação de veículos automóveis e motociclos H – Transportes e armazenagem Emprego Estabelecimentos 66 20 13 6 I – Alojamento, restauração e similares K – Actividades financeiras e de seguros 23 8 7 2 M – Actividades de consultoria, científicas, técnicas e similares N – Actividades administrativas e dos serviços de apoio 2 28 1 5 O – Administração pública e defesa; segurança social obrigatória Q – Actividades de apoio humano e apoio social 1 48 1 5 R – Actividades artísticas, de espectáculos, desportivas e recreativas S – Outras actividades de serviços 6 60 2 6 255 55 Total Fonte: Quadros de Pessoal, GEP do Ministério do trabalho e da Solidariedade Social Os serviços culturais, especialmente, têm sofrido incrementos apreciáveis tanto ao nível da ampliação da dotação como da diversificação da oferta e das iniciativas culturais. A oferta de alojamento é reduzida embora não negligenciável, num contexto de exploração turística, existindo no município, nomeadamente a Casa de Campo da Meia Encosta (Foz do Cobrão), a Complexo Turístico Portas de Ródão, a Casa do Cerro (turismo rural na Foz do Cobrão), Casa Tapada da Tojeira (Herdade da Tojeira), Além do Mar (turismo rural no Vale do Cobrão) e moradias (turismo rural em Silveira). O turismo tem sido encarado por muitos concelhos como uma forma, ou a única forma, para promover o desejado desenvolvimento económico e, por arrastamento, o desenvolvimento social. Esta ideia muito generalizada encontra em Vila Velha de Ródão uma pertinência acrescida não só pela fragilidade da base económica, como pelo manancial de recursos apropriáveis para a actividade turística, alguns deles ainda não explorados de forma adequada. 88 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Esta elevação do turismo a sector chave para o desencravamento económico e social de Vila Velha de Ródão justificou um maior aprofundamento na análise deste domínio de actividade económico, pelo que se optou por autonomizar os resultados do trabalho de diagnóstico em numa área temática específica (capítulo 14). 6.3 EVOLUÇÃO RECENTE DO INVESTIMENTO PÚBLICO O dinamismo económico e empresarial e o inerente desenvolvimento de um concelho estão muito dependentes dos investimentos nele promovidos. Apesar dos pesados constrangimentos que têm penalizado este concelho, a Autarquia tem manifestado dinamismo no acesso a apoios provenientes dos programas comunitários. Com efeito, os quadros seguintes, com a inventariação dos projectos aprovados no âmbito dos dois últimos Quadros Comunitários de Apoio, traduzem a efectiva actuação do executivo local, sobretudo, no QCA III, Para o período 1994-1999 (vigência do QCA II), foram aprovados e apoiados, 10 projectos públicos, que totalizaram um investimento global elegível, de aproximadamente de três milhões de euros, tendo sido financiados em 75% e que foram, globalmente, direccionados para a infraestruturação urbana e viária e também para a dotação de equipamentos sociais (desportivos) e de lazer. Quadro 33: Projectos realizados no concelho, no âmbito do II Quadro Comunitário de Apoio (1994/1999) Designação do Projecto Ajardinamento e Arranjos Envolventes à Casa Laia Abastecimento de Águas e Rede de Esgotos ao lugar da Estalagem em Sarnadas de Ródão Espaço de Recreio e Desporto em Fratel Centro de Férias, Cultura e Desporto em Vila Velha de Ródão Esgotos à Atalaia C.M1265 – E.N. 18/Cebolais de Baixo Construção do Centro de Produções Artísticas Requalificação Urbanística da Sra da Alagada Construção da ETAR em Vila Velha de Ródão Ano de Conclusão Investimento Elegível (Euros) Subsídio Atribuído (%) 1996 183186,20 75 1994 65755,49 75 1996 1995 1995 1998 1997 1999 1997 473551,04 351328,23 91129,08 278405,67 194066,41 767355,93 659267,41 75 75 75 75 75 70 75 Total 3 064 045,46 - Fonte: Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão O QCAIII (2000-2006) quase quadruplicou o investimento global elegível relativamente ao QCAII, aproximandose dos 12 milhões de euros (investimento elegível) e o número de projectos aprovados e financiados quase que sextuplicou (53 projectos), com comparticipações a variar entre os 50 e os 100%. Os investimentos continuaram a ser significativamente direccionados para a infraestruturação urbana e viária, contudo, evidenciaram-se sinais claros de intervenções noutros domínios, nomeadamente na qualificação e beneficiação urbana e no ordenamento do território, na ampliação da oferta cultural, na melhoria da qualidade do ensino, no desenvolvimento sustentável, e na promoção da actividade económica, entre outros. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 89 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Quadro 34: Projectos com incidência no concelho, no âmbito do III QCA (2000/2006) Designação do Projecto Loteamento da Zona da Escola n.º 2 Beneficiação da EM545 - Alvaiade/ Sarnadinha/ Chão das Servas e EM 546 VI Feira de Actividades Económicas Beneficiação da EM553 - Perais/ Alfrívida/ Cebolais de Cima Beneficiação do CM1365/ Vale de Pousadas Museu do Azeite em Sarnadas de Ródão Desodorização da ETAR em Vila Velha de Ródão Infra-estruturas Florestais em 2001 Vigilância Móvel Motorizada Substituição parcial da rede de águas em Vila Velha de Ródão Recuperação Ambiental e Ordenamento do Tejo/ Ródão Área da Pequena e Média Industria em Fratel Beneficiação da EM 572 - Alfrívida/ Limite do concelho (Lentiscais) Cova de Ródão Biblioteca Municipal Rede Cultural e Etnográfica do Tejo Transfronteiriço: Casa de Artes e Cultura do Tejo Activartes: VII Feira de Actividades Económicas Jardim dos Jogos Tradicionais Requalificação da zona de Lazer da Sra. da Alagada (Iluminação da Capela) Requalificação da zona de Lazer da Sra. da Alagada (Envolvência do Recinto de Festas) Caminho Municipal do Montinho Caminho Municipal do Perdigão/ Vale da Figueira/ Vilar do Boi Promoção e Valorização da Arte Rupestre Promoção e Valorização da Arquitectura Tradicional (Janelas de Ródão) Apetrechamento Informático de escolas e ligação à Internet e intranets Conteúdos Multimédia Educativos AIBT - Alteração e Reconversão da Escola Primária da Foz do Cobrão (Casa de Campo da Meia Encosta) Activartes II Requalificação da zona Norte da rua de Santana Limpeza e Desobstrução do Ribeiro do Vilar do Boi Limpeza e Desobstrução da Miudinha/ Malaguarda Limpeza e Desobstrução do Ribeiro da Micoca Limpeza e Desobstrução do Ribeiro da Malaguarda Reparação da Estrada Municipal 541 Vilar do Boi / Vale da Bezerra Reparação da Estrada Municipal 1373 Fratel / Vilas Ruivas Caminho Agrícola do Açafal Caminho Agrícola do Penedo Gordo Apoio à prevenção de riscos provocados por agentes bióticos e abióticos Abastecimento de água a Perais/ Monte Fidalgo/ Vale de Pousadas AIBT – Restaurante da Foz do Cobrão AIBT - Instalações Sanitárias, Arranjos Exteriores ao Adro da Capela, Área de recepção ao Visitante Tratamento Ambiental da zona Envolvente ao Recinto de Festas da Sra. da Alagada 90 Ano de Conclusão da Obra 2001 2001 2001 1999 2001 2003 2001 2001 2000 2000 2002 2002 2002 2004 2008 Investimento Total (euros) Subsídio Atribuído (%) 343.156,96 344.616,53 46.554,47 1.348.907,13 374.800,03 241.629,11 259.897,24 53.121,98 8.230,17 77.798,97 536.416,61 234.250,25 404.128,20 150.000,00 1.023.878,00 70% 70% 75% 75% 70% 70% 75% 70% 75% 75% 65% 75% 100% 50% 2006 1.800.000,00 75% 2005 2004 2004 90.000,00 56.203,51 10.461,00 75% 65% 65% 2005 53.768,93 65% 2003 2004 2005 2007 2005 2005 157.571,00 342.502,41 11.694,00 26.584,56 5.994,00 1.214,91 65% 65% 70% 70% 75% 75% 2004 91.808,71 60% 2006 2005 2005 2005 2005 2005 2004 2005 2005 2005 2008 2004 2005 92.700,00 666.666,67 5.331,20 6.664,00 3.998,40 3.998,40 67.381,23 127.916,46 75.000,00 93.145,00 185.196,50 267.000,00 121.794,11 75% 75% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 80% 75% 70% 2005 194.141,91 70% 2005 63.047,64 65% Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Designação do Projecto AIBT - Centro Interpretativo da Foz do Cobrão Beneficiação da Rua do Cabeço do Salvador Complexo Turistico Portas de Ródão Programa de generalização do ensino de inglês no 1.º ciclo do ensino básico Renovação da Zona Histórica - Loteamento da Fonte da Escola Programa Rede Social Apetrechamento Informático de escolas de Ensino pré-escolar Espaço Internet em Vila Velha de Ródão Implementação da AGENDA LOCAL 21 em Vila Velha de Ródão e Oleiros Programa de generalização do ensino de inglês no 1.º ciclo do ensino básico e outras actividades de Enriquecimento Curricular Arruamento envolvente da Casa de Artes e Cultura do Tejo TOTAL Ano de Conclusão da Obra 2005 2005 2005 2006 2009 2009 2006 2008 não concluída Ano lectivo 2006/2007 2007 - Investimento Total (euros) Subsídio Atribuído (%) 111.089,67 173.009,14 141.564,3 4.300,00 770.000,00 60.000,00 6.600,00 42.620,99 103.277,72 70% 75% 35% 100% 75% 100% 65% 69% 100% 20.500,00 100% 275.791,24 11.777.923,26 65% - Fonte: Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, Fevereiro 2011 No âmbito do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) candidataram-se, até à data 9 projectos, com um total de 1 milhão e 290 mil euros (investimento elegível), os quais incidiram em obras de requalificação e construção de equipamentos, mas cuja maior incidência em número de projectos, e não dos montantes envolvidos, foi ao nível da qualificação dos recursos humanos. Quadro 35: Projectos do concelho candidatados ao QREN (2007-2010) Projectos Localização (freguesia) Requalificação do Complexo Desportivo - Arrelvamento Artificial do Campo de Futebol do Estádio Municipal de VVR V. V.Ródão Escola EB1 de V. V. de Ródão V. V.Ródão Revitalização dos espaços envolventes ao Cais de Ródão Parque de Campismo, Parque de caravanismo e Centro Náutico Estágios Profissionais na Administração Pública Local V. V.Ródão V. V.Ródão Revisão do Plano de Emergência de V. V. de Ródão Concelho de V. V. de Ródão Estágios Profissionais na Administração Pública Local V. V.Ródão (Câmara Municipal) V. V.Ródão (Câmara Municipal) Vidas e Memórias de uma Comunidade Estágios Qualificação - Emprego V. V.Ródão (Câmara Municipal) Programa Valor Elegível Aprovado Taxa de Comparticipação Valor Comparticipado QREN-Programa Operacional Valorização do Território 287.435,19 70% 201.204,63 481.549,75 75% 361.162,31 333.333,33 75% 250.000,00 34.723,98 70% 24.306,79 17.460,00 70% 12.222,00 24.502,56 70% 17.151,79 QREN - Programa de Desenvolvimento Rural 28.986,67 60% 17.392,00 Medida do Instituto de Emprego e Formação Profissional 12.737,10 50% + Seguros e Subs. Refeição 7.706,46 QREN - Programa Operacional Regional do Centro - MaisCentro QREN - Programa Operacional de Cooperação Transfronteriça QREN - Programa Operacional Potencial Humano QREN - Programa operacional Regional do Centro - MaisCentro QREN - Programa Operacional Potencial Humano Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 91 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Projectos Qualificação dos Profissionais na Administração Pública Local Localização (freguesia) Município de V. V. de Ródão (Câmara Municipal) Programa Valor Elegível Aprovado Taxa de Comparticipação Valor Comparticipado QREN - Programa Operacional Potencial Humano 69.812,31 100% 69.812,31 1.290.540,89 - 960.958,29 Total Fonte: Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, Fevereiro 2011 Ainda entre 2006 e 2010, no âmbito de outras fontes de financiamento, foram candidatados 10 projectos, num total de investimento elegível de quase 3 milhões de euros, com incidência em diversos âmbitos, onde persistem as qualificações/beneficiações da rede viária, bem como projectos culturais. Quadro 36: Outros Investimentos do concelho (2006-2010) Localização (Freguesia) Projectos Programa Valor Elegível Aprovado Taxa de Comparticipação Valor Comparticipado Requalificação e Animação do Castelo de Ródão e Envolventes V. V. de Ródão Programa Operacional da Cultura/ FEDER 170.904,99 62% 105.961,09 Estágios Profissionais Município de V. V. de Ródão (Câmara Municipal) PO - CENTRO PEPAL 37.899,42 75% 28.424,57 Perais (Monte Fidalgo) PO - CENTRO AGRIS 74.842,00 75% 56.131,50 Sarnadas (Rodeios) PO - CENTRO AGRIS 65.681,10 75% 49.260,83 Projecto Informático da Biblioteca Municipal V. V. de Ródão IPLB/ Contrato programa 38.796,90 50% 19.398,45 Beneficiação da Câmara Municipal 1.ª Fase Município de V. V. de Ródão Leader + 130.000,00 65% 84.500,00 Leader + 50.000,00 35% 17.500,00 PO CENTRO 145.938,65 75% 109.453,99 1.068.594,68 25% 267.148,67 1.124.044,00 50% 562.022,00 - 1.299.801,10 Pavimentação do Caminho de Acesso ao Cemitério de Monte Fidalgo Pavimentação do Caminho Municipal entre a Sra. da Paz e Rodeios XII Feira de Actividades Económicas V. V. de Ródão de V. V. de Ródão Caminho Rural Largo do Mártir Cova de Ródão V. V. de Ródão Centro de Formação Artística Manuel Cargaleiro V. V. de Ródão Beneficiação e Pavimentação do CM1355 - IP2 - Vale do Cobrão Foz do Cobrão - Ladeira V. V. de Ródão (Ladeira/ Foz de Cobrão e Vale do Cobrão) Programa de Intervenção do Turismo PO-Centro (Contrato Programa entre a DGAL e o Muncípio) Total 2.906.701,74 Fonte: Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, Fevereiro 2011 O impacto de todos estes investimentos públicos é inegável na elevação da qualidade de vida da população rodanense, na sua vivência cultural e cívica e na criação de infraestruturas que potenciem o desenvolvimento turístico de Vila Velha de Ródão. 92 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Síntese conclusiva: Apesar do contexto desfavorável de Vila Velha de Ródão e da sua diminuta dimensão demográfica e empresarial, começaram a evidenciar-se contornos de alteração, não só por via das acessibilidades amplamente beneficiadas, mas também porque passou a existir uma nova cultura de valorização do “interior” e do “rural”, e porque se têm feito recentemente, alguns investimentos públicos indutores de melhores condições de vida mas também de desenvolvimento da actividade económica. Não obstante, Vila Velha de Ródão não está a conseguir contrariar, de forma consistente, os seus condicionalismos estruturais, tendo verificado no último quinquénio (2004-2009) uma inflexão das curvas ascendentes do volume de emprego e estabelecimentos que vinha em crescendo desde a década de 90: o volume do emprego diminuiu em 50 trabalhadores e o número de estabelecimentos diminuiu 5 estabelecimentos, consubstanciando um abrandamento da actividade económica, ainda que em consonância com o comportamento demográfico, persistentemente negativo. Em 2009, a concentração do emprego faz-se em torno de três sectores principais: as indústrias transformadoras; o comércio por grosso e a retalho; e outras actividades e serviços. Em contrapartida, a concentração dos estabelecimentos prioriza as seguintes actividades: comércio, indústrias transformadoras e agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca. O tecido empresarial de Vila Velha de Ródão é constituído, maioritariamente, por pequenas empresas, tal como acontece, de um modo geral, a nível regional e nacional. Neste quadro destaca-se a “fileira do papel” que se tem vindo a reforçar no concelho. Inicialmente com a instalação da, hoje designada, Celtejo (ligada à produção de pasta de papel e de produção de energia elétrica através de Biomassa), que é o grande empregador no sector industrial e, mais recentemente, com a instalação de outra unidade (AMS Goma Camps), que é uma unidade moderna de papel tissue, que emprega cerca de meia centena de trabalhadores. A importância crescente do sector terciário é uma evidência da recomposição económica em curso, na medida em que as actividades agrícolas estão a ceder espaço às actividades industriais. Em 2001, a população afecta a este sector já representava 53% do total e é expectável que esse, valor seja hoje superior. Neste sector ainda, o comércio, a banca os seguros e os correios, os transportes e os serviços públicos têm importância, sendo de destacar a Câmara Municipal por ser o principal empregador do concelho, segundo dados da Autarquia. Também os serviços de natureza social têm ganho importância crescente em resposta ao envelhecimento populacional. A avaliação do recurso aos financiamentos públicos, maioritariamente dos Quadros Comunitários de Apoio e do QREN, tem revelado a enorme vitalidade da Autarquia e contribuído decisivamente para melhorar o nível de vida Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 93 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão da população local, assim como para potenciar duas das mais emblemáticos mais-valias do concelho: o património natural e cultural, em prol do desenvolvimento do turismo sustentável. Este será, aliás, o grande eixo/pilar do desenvolvimento em que o município deverá alicerçar a sua capacidade de mudança. 94 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 7. CARACTERIZAÇÃO BIOFÍSICA A caracterização biofísica visa adquirir informação detalhada sobre os aspectos estruturantes e o funcionamento do território, no sentido de identificar e diagnosticar os valores presentes, as aptidões do território enquanto suporte de actividades humanas e, também, os condicionalismos existentes sob o ponto de vista biofísico e paisagístico. Através da análise de diversas variáveis, designadamente de enfoque físico, ecológico e cultural, referentes a elementos passivos em ordenamento do território, e, em função das suas características intrínsecas e das características socioeconómicas do local de ocorrência, é possível determinar a aptidão ou potencialidade biofísica para o desenvolvimento de acções de ordenamento. Assim, é possível alcançar conclusões que fundamentem uma intervenção adequada, obrigatoriamente compatível com a permanência dos valores presentes e que limite potenciais impactes negativos. A implementação de estratégias de desenvolvimento sustentável implica garantir a permanência dos valores que determinam a qualidade da paisagem e a sustentabilidade dos sistemas físico e ecológico, considerados essenciais para um modelo territorial de referência. 7.1 BREVE ENQUADRAMENTO BIOFÍSICO Quanto a geologia, o concelho de Vila Velha de Ródão é, maioritariamente, constituído por Metassedimentos do Grupo das Beiras, formação anteriormente designada de complexo Xisto-grauváquico Ante-Ordovício. Esta plataforma encontra-se marcada pela erosão hídrica dos diversos cursos de água que atravessam o concelho. Segundo o PDM em vigor6, a Serra das Talhadas, de orientação aproximada NNO-SSE, é um sinclinal ordovícico de rocha quartzítica, que se apresenta sob a forma de duas cristas paralelas com um vale interior, constituindo uma cordilheira central e dominante no território concelhio. A erosão provocada pelos rios Ocreza e Tejo determinou a existência de duas gargantas, denominadas, respectivamente, de Portas de Almourão (ou Vale Mourão) e Portas de Ródão. Para nascente da Serra, ocorre uma grande extensão coberta por depósitos detríticos de formação mais recente (período Terciário), as Arcoses, às quais se sobrepõem níveis de cascalheira, com diferentes altitudes, constituindo terraços fluviais, como é a situação envolvente à ribeira de Lucriz. Assiste-se, ainda, a formações de depósitos do Quaternário, nomeadamente depósitos aluvionares na ribeira do Açafal, depósitos de terraço mas, em especial, depósitos de vertente associados às cristas quartzíticas. 6 Plano Director Municipal de Vila Velha de Ródão. Anexo I – Estudos de Caracterização Física e Socioeconómica Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 95 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão No extremo sudoeste do concelho, junto à foz do Ocreza e na proximidade de Gardete, existe o único afloramento granítico, datado do Hercínico. Ocorrem, ainda, rochas magmáticas, embora sem grande expressão territorial. Salienta-se, ainda, que a plataforma sofreu falhas de origem tectónica, sendo a mais representativa no concelho a denominada Falha do Ponsul, considerada uma falha activa pelo que a região está sujeita a risco sísmico. A actividade tectónica definiu duas bacias de abatimento, dando origem a um degrau que se estende de Vila Velha de Ródão para Nordeste, separando as planícies de Castelo Branco e de Idanha-a-Nova. Embora o concelho de Vila Velha de Rodão não apresente sistemas aquíferos apresenta-se uma breve descrição ao nível dos recursos hídricos subterrâneos, referindo de que forma a geologia presente no território influencia as infiltrações e escoamentos subterrâneos das águas que chegam à superfície do solo e se infiltram. De acordo com o relatório dos “Sistemas Aquíferos de Portugal Continental”, do Instituto da Água e do Centro de Geologia, com data de dezembro de 2000, Vila Velha de Rodão insere-se na unidade geológica que ocupa a maior extensão em Portugal, o Maciço Antigo (Maciço Hespérico, ou Ibérico), constituído, essencialmente, por rochas eruptivas e metassedimentares. Em termos gerais, podem-se considerar estes como materiais com escassa aptidão hidrogeológica e pobres em recursos hídricos subterrâneos, no entanto, estes desempenham um papel importante, quer para o abastecimentode água à população, quer para a actividade agrícola. Apesar da relativa uniformidade que caracteriza o Maciço Hespérico, em termos hidrogeológicos, é possível considerar algumas subunidades, com características próprias e que correspondem às divisões geoestruturais daquele Maciço, nomeadamente: Zona Centro-Ibérica (ZCI), Zona de Ossa-Morena (ZOM) e Zona SulPortuguesa (ZSP). O concelho de Vila Velha de Rodão insere-se na Zona Centro-Ibérica (ZCI) caracterizada pela grande extensão que ocupam as rochas granitoides, seguida pelos xistos afetados por graus de metamorfismo variável. São também de assinalar, pela sua importância hidrogeológica, os quartzitos que formam alguns dos relevos importantes. Um dos traços fundamentais da ZCI é a grande extensão ocupada por rochas granitoides e por metassedimentos de uma unidade designada por Supergrupo Dúrico-Beirão (ou Complexo Xisto-Grauváquico das Beiras). Convém referir que a recarga dos aquíferos ocorrentes na ZCI faz-se por infiltração direta da precipitação e através de influências de cursos de água superficiais – em termos médios, estima-se que a taxa de recarga nas litologias dominantes na zona se situe perto dos 10%, contudo, inúmeros trabalhos desenvolvidos neste domínio e que têm abordado a hidrogeologia destes terrenos no norte de Portugal, apontam para valores substancialmente maiores, podendo ultrapassar os 20%. Estas estimativas são baseadas em diversos métodos, existindo alguma convergência, tanto nos valores fornecidos por cada método, como nos valores obtidos para as diferentes regiões onde foram aplicados. A ser assim, os recursos médios renováveis poderiam ser da ordem 96 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão dos 200 mm/ano, ou mais. No entanto, é provável que uma fração destes recursos não seja explorável, por ser rapidamente restituída à rede de drenagem superficial, o que confirma, no geral, a pouca probabilidade de existência de sistemas aquíferos com produtividade significativa nesta unidade geológica. Sob o ponto de vista de comportamento hidrogeológico podemos agrupar os terrenos que afloram na ZCI em: rochas granitoides; xistos e grauvaques, afetados por metamorfismo de grau variável; quartzitos; calcários; depósitos detríticos pós-paleozoicos; e aluviões. As rochas granitoides e metassedimentos (xistos metamórficos e metagrauvaques) são os grupos litológicos que ocupam, de longe, a maior extensão, no entanto, o seu comportamento hidrogeológico, em termos de produtividade, não se distingue muito dos xistos e grauvaques. Os outros grupos litológicos têm uma representatividade menor, mas, devido à sua especificidade, serão abordados em separado. Em relação ao comportamento hidrogeológico, nas rochas granitoides, xistos e grauvaques, afetados por metamorfismo de grau variável, a circulação de água é, na maioria dos casos, relativamente superficial, condicionada pela espessura da camada de alteração e pela rede de fraturas resultantes da descompressão dos maciços. Na maior parte das situações, a espessura com interesse hidrogeológico é da ordem de 70 a 100 metros, embora alguns acidentes tectónicos de maior expressão possam dar origem a circulação mais profunda. Como nas rochas cristalinas a circulação faz-se sobretudo numa camada superficial, constituída por rochas alteradas ou mais fraturadas, devido à descompressão, os níveis freáticos acompanham bastante fielmente a topografia e o escoamento dirige-se em direção às linhas de água, onde se dá a descarga. Os níveis freáticos são normalmente muito sensíveis às variações observadas na precipitação. Apesar dos dados disponíveis não permitirem uma caracterização pormenorizada em termos de produtividades e parâmetros hidráulicos relativos aos dos dois grupos litológicos com maior representatividade, com base em alguns estudos sectoriais, pode-se afirmar que há uma tendência de maior produtividade dos furos em xistos, por comparação com os dos granitos. Os aquíferos instalados naqueles tipos de rochas são bastante vulneráveis a determinados tipos de contaminação. Como a circulação se faz, em grande parte, em fissuras, a velocidade de circulação pode ser elevada e o poder de filtração do meio é reduzido. Assim, é natural que muitas das captações sejam afetadas por contaminação microbiológica, o que, aliado à dispersão das captações e consequente dificuldade de controlo dos processos de desinfeção constitui uma das grandes dificuldades da gestão dos recursos hídricos subterrâneos naqueles meios. Por outro lado, o facto de se tratar de pequenos aquíferos, com escasso poder regulador, torna-os muito vulneráveis a outros contaminantes de origem antropogénica, nomeadamente os que resultam de atividades agrícolas, pelo que se poderá verificar o aumento das concentrações em nitratos e outros iões. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 97 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Para os calcários, que ocupam uma extensão reduzida na ZCI, não é descrito o comportamento hidrogeológico dos mesmos, pois para o concelho de Vila Velha de Ródão estes não se encontram presentes. Relativamente ao comportamento hidrogeológico dos quartzitos, tem de se ter em conta que estes estão associados a formações de diversas idades. Como se tratam de rochas constituídas por minerais muito estáveis, não originam camadas de alteração significativas, sendo a circulação condicionada quase exclusivamente pela presença de descontinuidades (fraturas e planos de estratificação). Esta rede de descontinuidades mantem-se aberta até profundidades importantes, pelo que, os afloramentos quartzíticos estão frequentemente associados a nascentes que, nalguns casos, podem ter caudais razoáveis e que são caracterizadas, quase sempre, por possuírem água de boa qualidade. Os depósitos detríticos pós-paleozóicos assentes sobre o Maciço Hespérico apresentam comportamento hidrogeológico assente numa produtividade baixa a muito baixa. As camadas aquíferas mais prometedoras respeitam a horizontes onde a componente argilosa é pouco abundante, e tratam-se de águas com uma mineralização baixa. Quanto ao comportamento hidrogeológico das aluviões verifica-se que, nos depósitos aluvionares dispostos de forma descontínua ao longo das maiores linhas de água, aumentando de dimensão e importância nos trechos inferiores dos rios, ocorrem pequenos aquíferos, independentes uns dos outros, muitas vezes de dimensão hectométrica. As formações que constituem o sistema aquífero são aluviões modernas, constituídas essencialmente por areias e areias com seixos e calhaus, com espessura, em regra, inferior a 20 metros. O substrato é de litologia variável, conforme a localização: granitoides, xistos e grauvaques, e depósitos arcósicos. As águas das aluviões são, em geral, pouco mineralizadas, predominando a fácies mistas. De acordo com o modelo de fluxo destes sistemas aluvionares, a qualidade da água, nomeadamente no que respeita às contaminações, depende fundamentalmente da qualidade da água do rio adjacente. Em termos geomorfológicos, o concelho localiza-se numa zona de escadeado de blocos tectónicos correspondentes a escarpas de falha, que fazem a transição entre a Meseta Meridional, representada pela Bacia Terciária do Baixo Tejo e peneplanície do Alto Tejo, para os relevos do bordo SW da Cordilheira Central Portugesa, nomeadamente para a Superfície de Castelo Branco e Serra da Gardunha (SW Cordilheira Central). A cotas inferiores desenvolve-se a Superfície Fundamental, extensão da Meseta Estremenha Ibérica, resultante da deposição de arcoses no Paleogénico. Esta extensão areno-conglomerática foi sujeita a erosão fluvial do rio Tejo, quando este se desenvolvia a cotas superiores e atravessava as cristas quartzíticas, assumindo o seu aspecto actual de relevo aplanado, regionalmente denominado de Formação da Falagueira. A erosão fluvial é, também, perceptível no encaixe vertical das linhas de água, com especial destaque para as gargantas do Tejo e do Ocreza que atravessam a zona de cordilheira. 98 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão De acordo com Carvalho (2004)7 as formas de relevo do concelho podem ser agrupadas em quatro tipologias: Relevos de resistência; Formas relacionadas com a evolução da rede hidrográfica; Formas associadas a vertentes; Formas associadas tectónica. Os relevos de resistência são dominantes no concelho e referem-se às cristas quartzíticas da Serra das Talhadas e do Perdigão. As formas relacionadas com a evolução da rede hidrográfica associam-se a depósitos sedimentares, nomeadamente planaltos evidenciados na paisagem pelo encaixe envolvente da rede hidrográfica. Esta tipologia integra, ainda, vales encaixados por erosão vertical das linhas de água, em especial na zona mais ocidental do concelho. Os depósitos de vertente ocorrem na envolvente às cristas quartzíticas, resultado de fracturação, provavelmente em resultado de gelifracção. Quanto a formas tectónicas, conforme já referido, destaca-se a escarpa de falha do Ponsul que é um alinhamento tectónico que afecta o grupo das beiras e depósitos do Terciário. Ainda relacionado com a geologia, considera-se relevante mencionar o risco potencial de movimentos de vertente, isto é, deslocação descendente de rocha ou material litológico não coerente. Do estudo efectuado por Carvalho (2004) é útil destacar as áreas de exposição moderada a elevada, pela sua implicação ao nível do planeamento do território. Estas classes têm tradução física em associação ao sinclinal ordovícico, nos vales encaixados, em particular na foz da ribeira de Vilas Ruivas por onde passa a linha de caminho-de-ferro, e, também, ao longo da falha do Ponsul e numa área a nascente da Foz do Cobrão. A aprovação do Geopark Naturtejo da Meseta Meridional pela Assembleia Geral da Comissão de Coordenação da Rede Global de Geoparques da UNESCO (que inclui 4 geosítios no concelho de Vila Velha de Ródão – Portas do Ródão, Portas de Almourão, Escarpa da falha do Ponsul e Tronco Fóssil de Perais) e a recente classificação das Portas de Ródão como Monumento Natural, atestam por si só a singularidade geológica do concelho. 7 Carvalho, Nuno Emanuel Henriques Ferreira (2004), “Caracterização Geologia e Geomorfológica do Concelho de Vila Velha de Ródão”, Dissertação para obtenção de Grau de Mestre em Geociências, na área de especialização em Ambiente e Ordenamento do Território. Coimbra: Universidade de Coimbra, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Departamento de Ciências e Terra Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 99 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão A geologia da região determina a ocorrência de solos com características muito semelhantes para todo o concelho. De uma forma geral são delgados ou esqueléticos, com reduzida espessura de matéria orgânica, podendo mesmo esta não existir em situações de elevado declive, verificando-se, então, afloramentos rochosos. O substrato pedológico apresenta, assim, escassa produtividade, condicionando o uso agrícola, com excepção das zonas de arcoses e terraços fluviais. A aptidão do solo é, então, maioritariamente, florestal. Para uma caracterização mais completa, consultou-se a Carta dos Solos (Reprodução da Carta apresentada à FAO. SROA - 1971) do Atlas do Ambiente Digital – IA, em formato shapefile. Este tema é apresentado no Atlas do Ambiente em Unidades Pedológicas (segundo o esquema da FAO para a Carta dos Solos da Europa) representadas por manchas de unidades pedológicas dominantes – associação de solos em mancha com uma unidade pedológica dominante – à escala 1:1.000.000. Assim, para o concelho de Vila Velha de Ródão verifica-se que as unidades pedológicas mais representativas são: Litossolos êutricos (associados a Luvissolos), Cambissolos dístricos e Luvissolos Órticos. Figura 19: Extrato da Carta dos Solos do Atlas do Ambiente Digital – IA, 1971 Os litossolos êutricos são solos incipientes. Apresentam uma profundidade muito reduzida, nenhuma diferenciação do perfil, sem a presença de horizontes orgânicos ou de qualquer vestígio de processos dinâmicos ao longo do perfil. O seu pH é superior a 5,5 não existindo carbonatos no perfil. Estes solos surgem associados a luvissolos e abrangem uma área significativa do concelho, sendo originários de xisto, quartzitos e grauvaques. 100 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Os cambissolos são solos pouco evoluídos. Apresentam uma ligeira diferenciação de horizontes expressa pela existência de um horizonte superficial (A) com alguma matéria orgânica bastante ácida e uma relação carbonoazoto muito elevada (horizonte úmbrico) e um horizonte B marcado pela ocorrência de uma destruição in situ das características estruturais dos materiais provenientes da rocha mãe, mas sem que ocorram processos dinâmicos verticais (horizonte câmbico). A mancha de cambissolos dístricos atravessa o concelho de NO para SE, correspondendo à crista quartzítica da Serra das Talhadas. Estes solos são originários de granito. Os luvissolos órticos são solos evoluídos, com uma clara diferenciação de horizontes e denotando importantes processos dinâmicos verticais ao longo do perfil, que conduzem à formação de um horizonte B argílico. No concelho os luvissolos órticos ocorrem na zona aplanada entre a base da escarpa da falha do Ponsul e os rios Ponsul e Tejo. Visto que não ocorreram alterações climáticas significativas nas últimas décadas, a seguinte análise climatológica8 considera os dados do Plano Director Municipal em vigor. O território apresenta um clima temperado moderado, caracterizado por uma temperatura média anual do ar de 15ºC e amplitude de temperatura anual do ar entre os isotérmicos 13.5ºC e 18.5ºC. Relativamente a insolação, observa-se uma média anual de 2900 horas a nascente e de 2800 a poente do concelho. O mês mais quente é Julho, variando a média entre 20º e 25º, respectivamente na zona mais a poente e mais a nascente, enquanto que o mês mais frio é Janeiro (média de 7.5ºC). Perante os dados de temperatura e insolação, verifica-se que Vila Velha de Ródão se situa numa zona de transição em que, para Sul, os valores aumentam progressivamente. A constatação de se tratar de uma zona de transição climática é confirmada pelos valores de precipitação, cuja média anual varia entre 700 e 1000mm, de Sul para Norte, com um número de dias com precipitação inferior a 75. Salienta-se, ainda, que o mês mais chuvoso é Dezembro (100/150mm) e o com menor taxa de pluviosidade é Julho (5mm). A análise fisiográfica aborda três aspectos que, em conjunto, permitem caracterizar o relevo, designadamente hipsometria, declives e festos e talvegues. A hipsometria permite compreender o desenvolvimento altitudinal do relevo. Atendendo à escala do trabalho, considera-se suficiente a definição de cinco classes (Figura 20), designadamente: 1. < 200 metros – as zonas mais baixas do concelho distribuem-se ao longo dos vales dos cursos de água com maior expressão (rio Tejo e rio Ocreza), estendendo-se até, aproximadamente, aos limites da bacia hidrográfica da ribeira do Açafal e ribeira do Lucriz, exceptuando-se uma zona de planalto na zona mais a Sudeste do concelho; 8 Plano Director Municipal de Vila Velha de Ródão. Anexo I – Estudos de Caracterização Física e Sócio-Económica Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 101 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 2. 200 a 300 metros – corresponde à maior parte do território a Oeste da cordilheira central e entre esta elevação e a zona mais nordeste do concelho; 3. 300 a 400 metros – refere-se às encostas das Serras do Perdigão, à zona dos aglomerados entre Vale da Bezerra e Vale Figueira e à zona mais a Nordeste do concelho; 4. 400 a 500 metros – corresponde às zonas cimeiras da cordilheira central; 5. > 500 metros – situações pontuais ao longo da crista quartzítica da cordilheira central, com ponto dominante no Penedo Gordo (570m), ponto mais elevado do concelho. A análise de declives visa constituir um parâmetro auxiliar para a avaliação de aptidões, potencialidades e condicionalismos relativamente à preservação dos valores naturais e à implementação de actividades humanas. Os limites estabelecidos para as classes de análise atendem a diversos critérios, designadamente, risco de erosão e estabilidade física, conforto para utilização humana e capacidade de absorção visual. Para o território em análise considera-se adequada a definição de cinco classes, descritas no Quadro 37. Quadro 37: Caracterização das classes de Declives Classes Descrição Caracterização 0 a 8% Muito Suave a Suaves 8 a 12% Moderado baixo 12 a 16% Moderado alto 16 a 25% Elevado + 25% Muito Elevado Sem condicionalismos Limitações para circulação pedestre; Limite máximo para edificação/agricultura sem necessidade de terraceamento; Risco mínimo de erosão. Limitações severas para circulação pedestre; Edificação/agricultura com necessidade de terraceamento; Risco moderado de erosão. Grandes condicionalismos para edificação/agricultura Risco elevado de erosão; Reduzida capacidade de absorção visual. Limitação severa de qualquer actividade com excepção de uso florestal; Risco muito elevado de erosão; Reduzida capacidade de absorção visual. Na peça desenhada n.º03 estão representados os declives do concelho de Vila Velha de Ródão, sendo possível verificar que os declives mais acentuados e condicionadores de utilizações que não ocupação florestal se localizam, fundamentalmente, na Serra das Talhadas e nas encostas dos rios principais. A morfologia do terreno, reflectora dos fenómenos geomorfológicos que originaram e modelaram o relevo, é definida pelas linhas de água e linhas de cumeada. As primeiras, também denominadas de talvegues, referemse aos pontos de menor cota definindo as linhas de drenagem natural, podendo ser permanentes ou temporárias. As linhas de cumeada, também designadas de linhas de festo, consistem na sucessão de pontos dominantes em termos de altitude ao longo de uma sequência de elevações do terreno e são responsáveis pela divisão das zonas de circulação superficial das águas. A evolução das encostas (espaços compreendidos entre aquelas duas formas de relevo), é determinada pelo clima e pela geologia, que, por sua vez em conjunto, condicionam o tipo e a intensidade dos fenómenos erosivos. 102 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão O concelho pertence à bacia hidrográfica principal do rio Tejo. No entanto, analisando com maior pormenor à escala do concelho, observa-se a existência de sete bacias, designadamente rio Tejo, rio Ocreza, rio Ponsul, ribeira do Lucriz, ribeira do Açafal, rio Cobrão e ribeira de Alfrívida, como ilustrado na Figura 20. Figura 20: Definição de Bacias Hidrográficas e Hipsometria Para além dos cursos principais de água mencionados, salientam-se, ainda, pela expressão no território: A nascente da cordilheira central: ribeira de Coxerro, ribeira da Carapetosa, ribeira de Vale Morgado, ribeira do Prior, ribeira de Tamujais, Ribeirão, ribeira de Enxarrique; A poente da cordilheira central: ribeira Vilas Ruivas, ribeira Ferrarias, ribeira de Perdigão, ribeira dos Castelos, ribeira de Malaguarda, ribeira Maio, ribeira de Micoca, ribeira de Gardete. As principais linhas de festo são as que delimitam as bacias hidrográficas mencionadas, destacando-se a Serra das Talhadas (por vezes também designada de Serra do Perdigão), que atravessa o concelho na direcção NNOSSE e representa grande influência no território, nomeadamente em termos paisagísticos e na diferenciação climática entre os dois lados da cordilheira. Em síntese, o relevo do concelho é dominado por uma cordilheira central, de orientação aproximada Norte-Sul, dominada pela Serra das Talhadas e, também, pelos vales do rio Tejo (limite Sul), do rio Ocreza (limite Norte/Oeste) e do rio Ponsul (limite Este). Os vales são, de modo geral, muito encaixados, com excepção do Tejo na zona de Vila Velha de Ródão. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 103 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Para poente da Serra o relevo é uniforme, caracterizando-se por um ondulado suave a moderado. Para nascente da Serra, observa-se duas zonas de vale amplo, uma associada às ribeiras de Açafal e do Lucriz e outra na envolvente a Alfrívida estendendo-se, sensivelmente, até Vale de Pousadas e Perais. O restante território caracteriza-se por um relevo idêntico ao da área poente da cordilheira. Para caracterizar de uma forma mais completa os principais recursos hídricos superficiais existentes no concelho de Vila Velha de Ródão, recorreu-se ao Plano de Bacia Hidrográfica do rio Tejo (PBH Tejo). A principal linha de água presente no concelho de Vila Velha de Ródão é, naturalmente o rio Tejo, que limita o concelho a sul/sudeste, e que tem como principais afluentes, na zona do concelho de Vila Velha de Ródão, na sua margem direita, o rio Ocreza e o rio Ponsul, que limitam o concelho a oeste e este, respetivamente. Assim, as bacias hidrográficas principais que abrangem este concelho são as do rio Tejo, do rio Ocreza e do rio Ponsul. De acordo com o PBH Tejo, o escoamento anual médio para as bacias hidrográficas dos afluentes ou áreas intermédias dentro do território em estudo correspondem aos seguintes valores: a bacia hidrográfica do rio Ponsul tem uma área de 1496km2 e apresenta um escoamento anual médio de 230mm; a bacia hidrográfica do rio Ocreza tem uma área de 1427km2 e apresenta um escoamento anual médio de 448mm; a área intra-bacia do rio Tejo 1 tem uma área de 1048km2 e apresenta um escoamento anual médio de 201mm. Refere-se que a bacia hidrográfica do Tejo é apresentada em áreas intra-bacias, devido à grande dimensão do rio, sendo que o troço Tejo 1 vai desde a fronteira até à zona do concelho de Mação, atravessando, assim, o concelho de Vila Velha de Ródão. Como recurso hídrico superficial destacam-se também os armazenamentos nas albufeiras de Pracana e Fratel, ambas destinadas à produção de energia. A albufeira de Pracana, construída no rio Ocreza, localiza-se junto ao aglomerado de Envedos, fora do concelho em estudo (no concelho de Vila Velha de Ródão o aglomerado populacional mais próximo da barragem é Gardete). Esta albufeira apresenta uma capacidade útil de 107 106m3 e um volume anual médio afluente de 636 106m3. A albufeira do Fratel, construída no rio Tejo, localiza-se junto ao aglomerado de Amieira, fora do concelho em estudo (no concelho de Vila Velha de Ródão o aglomerado populacional mais próximo da barragem é também Gardete). Esta albufeira apresenta uma capacidade útil de 200 106m3 e um volume anual médio afluente de 768,8 106m3. Os restantes aproveitamentos hidráulicos presentes apresentam capacidade útil inferior a 1 000 000m3, pelo que não têm destaque no PBH do Tejo. A estimativa da procura de água pelas atividades consumptivas, ou seja, o volume de água captada ao meio hídrico para satisfazer as necessidades de consumo humano, foi efetuada através de valores estimados em termos anual e semestre seco para a situação de ano médio (nem muito seco nem muito húmido): para a sub-bacia do rio Ocreza estima-se uma procura para redes públicas de 5,1hm3, para captações próprias na indústria 0,4hm3 e agricultura 80hm3; para a sub-bacia do rio Ponsul estima-se uma procura para redes públicas de 1,1hm3, para captações próprias na indústria 0,1hm3 e agricultura 136hm3; para a sub-bacia do rio Tejo (troço 104 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão principal) estima-se uma procura para redes públicas de 58,7hm3, para captações próprias na indústria 18,7hm3 e agricultura 276hm3. De uma forma geral, e para o global da bacia hidrográfica do rio Tejo, em ano médio, a procura global de água na área da bacia do rio Tejo é de cerca de 2400hm3 por ano, com a seguinte discriminação: redes públicas 340hm3 (14%); captações próprias nas indústrias 130hm3 (6%); agricultura 1930hm3 (80%). Em relação à erosão dos solos, e excluindo áreas restritas de particular sensibilidade, a bacia do Tejo não apresenta, globalmente, situações de importante risco de erosão hídrica, apresentando um valor médio da perda de solo de 4.92 ton/ha.ano. Para as sub-bacias que abrangem o concelho de Vila Velha de Ródão este valor corresponde na sub-bacia do Ocreza a 9.44 ton/ha.ano e na sub-bacia do Ponsul a 3.57 ton/ha.ano. No que diz respeito à qualidade das águas superficiais, o rio Tejo apresenta, no troço mais a montante, a "Classe E"- extremamente poluído, ou seja, águas ultrapassando o valor máximo da classe D para um ou mais parâmetros mas apenas por excesso de sólidos em suspensão; estas águas são consideradas como inadequadas para a maioria dos usos e podem ser uma ameaça para a saúde pública e ambiental. O troço intermédio foi avaliado como "Classe D" - muito poluído, ou seja, águas com qualidade “medíocre”, apenas potencialmente aptas para irrigação, arrefecimento e navegação, onde a vida piscícola pode subsistir, mas de forma aleatória, ou de "Classe C" - poluído, ou seja, águas com qualidade “aceitável”, suficiente para irrigação, para usos industriais e produção de água potável após tratamento rigoroso, permitindo a existência de vida piscícola (espécies menos exigentes) mas com reprodução aleatória, e apta para recreio sem contacto direto; neste troço os parâmetros bacteriológicos são os que atingem níveis mais críticos. O troço terminal insere-se na “Classe E", sendo também os valores elevados das concentrações de coliformes totais e fecais os responsáveis por esta classificação desfavorável. Quanto ao rio Ocreza, em geral, observa-se uma qualidade muito irregular ao longo do ano, até 1993, e após 1994, a qualidade degradou-se, com a inserção na “classe C" (poluído) nos primeiros anos, passando progressivamente e predominantemente a “classe D" (muito poluído) ou a "classe E" (extremamente poluído) nos últimos anos. Também para o rio Ponsul se pode constatar a degradação da qualidade da água ao longo dos anos, com predominância da "classe C" (poluído) até aos anos de 1993/94, e da "classe D" (muito poluído) ou da "classe E" (extremamente poluído) nos anos mais recentes. Quanto ao estado trófico da albufeira da Pracana, verifica-se que esta apresenta um estado trófico de nível eutrófico; este nível corresponde a uma elevada concentração de nutrientes e as águas são turvas, por vezes opacas, de cor verde ou castanha. A densidade de algas nas águas superficiais é elevada, formando estas, por vezes, consideráveis tapetes flutuantes sendo, assim, a produtividade elevada. Como consequência da elevada concentração de fitoplâncton nas águas superficiais, a luz solar não penetra em profundidade, pelo que a realização da fotossíntese pelas plantas submersas não é possível. No verão as águas profundas destes lagos Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 105 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão podem tornar-se anóxicas (isenta de arejamento) e muito ricas em nutrientes, pela dissolução de nutrientes sedimentados. Estes serão transportados para a superfície durante o período de inversão do outono, funcionando como fertilizante das águas. Assim, esta albufeira, destinada à produção de energia, não apresenta qualidade da água compatível com a pesca, banhos, recreio ou desporto. No que diz respeito ao estado trófico da albufeira do Fratel, verifica-se que, tal como a anterior, apresenta um estado trófico de nível eutrófico. Assim, esta albufeira, destinada à produção de energia, também não apresenta qualidade da água compatível com a pesca, banhos, recreio ou desporto. Ainda para os recursos hídricos superficiais, o PBH do Tejo prevê um programa de medidas e ações onde considera como objetivo estratégico único do Plano, na área temática proteção da natureza a “manutenção e melhoria do estado ecológico dos ecossistemas aquáticos dulçaquícolas da bacia do Tejo e garantia do seu equilíbrio e funcionamento ecológico”. Entende-se por estado ecológico a expressão da qualidade estrutural e funcional dos ecossistemas aquáticos associados às águas superficiais interiores, de acordo com a definição da Diretiva Quadro da Água. Este objetivo estratégico único foi desagregado em diversos objetivos de 2º nível, também designados por objetivos programáticos ou grandes objetivos estratégicos (GOE), sendo que um deles passa por recuperar (reabilitar e restaurar) ecossistemas dulçaquícolas da bacia do Tejo cujo estado ecológico se encontre deteriorado, incluindo as massas de água fortemente modificadas ou artificiais, pois constata-se a existência de diversos ecossistemas nesta bacia hidrográfica com evidência de degradação ecológica, incluindo muitos troços ou segmentos lóticos, algumas zonas húmidas e quase todas as albufeiras. Esta degradação ecológica resulta de agressões de origem diversa, que incluem fontes de poluição pontuais e difusas. A fitogeografia, ramo da Biogeografia, refere-se ao estudo do modo como as plantas se distribuem, atendendo à forma como se relaciona o meio físico e o meio biológico. Segundo a Carta Biogeográfica de Portugal (Costa et al, 1998), o concelho de Vila Velha de Ródão localiza-se no Superdistrito Cacerense, cuja vegetação climatófila pertence à série do azinhal Pyro bourgaenae-Quercetum rotundifoliae. São diferenciais deste Superdistrito as orlas nanofanerofíticas retamóides do Cytiso multiflori-Retametum sphaerocarpae, o carrascal Rhamno fontqueriQuercetum cocciferae e o esteval Genisto hirsutae-Cistetum ladaniferi.. Nos alcantis quartzíticos do Tejo, a comunidade permanente edafoxerófila é dominada por Juniperus oxycedrus (Rubio longifoliae-Juniperetum oxycedri), o que constitui um traço característico deste território em face dos vizinhos. A vegetação da região é condicionada pela presença da Serra, nomeadamente por esta influenciar o clima, a disponibilidade hídrica, a espessura e a fertilidade dos solos, e, também, por determinar diferenças entre nascente e poente desta elevação assim como variações em altitude. Assim, a vegetação climatófila (determinada fundamentalmente pelos factores clilmáticos) não apresenta grande diversidade. A série de vegetação mais representativa é Smilaco aspera-Querceto suberis sigmetum que apresenta como etapa climácica sobreiral com zimbros, espécies características da flora mediterrânica. A 106 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão presença de zimbro é importante em termos florísticos e de biodiversidade por se tratar de uma espécie reliquial, resultante das glaciações na Era Terciária. Aliás, de um modo geral, o elenco florístico é, fundamentalmente, característico da flora mediterrânea, com reduzida diversidade ao nível do coberto arbóreo devido às condicionantes ambientais, como a presença da Serra e à escassa capacidade de retenção de águas nas zonas mais rochosas e, também, devido à dominante ocupação florestal do território por eucalipto e pinheiro bravo. Para além das áreas de pinhal e eucaliptal, o coberto arbóreo é, então, dominado por sobreiros (Quercus suber), azinheiras (Quercus rotundifolia) e oliveiras (Olea europaea). Destacam-se, ainda, a existência de diversas comunidades rupícolas na zona da Serra, designadamente dos habitats de fendas sombrias, de fendas largas e expostas e de superfícies terrosas incipientes. Quanto aos estratos herbáceo e arbustivo, também constituídos principalmente por flora mediterrânea, observou-se a presença de folhado (Viburnum tinus), sanguinho das sebes (Rhamnus alaternus), aroeira (Pistacia lentiscus), alecrim (Rosmarinus officinalis), murta (Myrtus communis), urze (Erica sp.), medronheiro (Arbutus unedo), esteva (Cistus ladanifer), entre várias outras espécies. Salienta-se que este tipo de coberto de matos rasteiros, em especial, quando dominado por estevais e cistáceas característicos das fases pioneiras após incêndios florestais, apresenta elevado poder combustível, contribuindo para um efeito de feed-back negativo no equilíbrio desta paisagem. Ao nível de vegetação ripícola, destacam-se as árvores amieiro (Alnus glutinosa), choupo branco (Populus alba), choupo negro (Populus nigra), freixo (Fraxinus angustifolia), salgueiro-branco (Salix alba), sendo, ainda, de assinalar a ocorrência de espécies herbáceas específicas de zonas alagadas como caniços (Phragmites australis) e lírios amarelos dos pântanos (Iris pseudacorus). Os matos de esteva dominam nas cotas imediatamente superiores às zonas húmidas, manifestando a sua presença uma degradação dos solos, em resultado do abandono do uso agrícola. Nas zonas mais cimeiras da Serra verifica-se a presença de Juniperus oxycedrus L., espécie com distribuição reduzida e endemismo da Península Ibérica, em resultado das eras glaciares. Este tipo de zimbral ocorre, fundamentalmente, nas serras do interior do país, encontrando em Vila Velha de Ródão o limite sul da sua ocorrência. De acordo com os estudos efectuados para a Classificação de Monumento Natural das Portas do Ródão9, ocorrem 10 habitats da Rede Natura 2000, dois dos quais prioritários (Quadro 38). 9 Proposta de Classificação de Monumento Natural das Portas do Ródão in http://www.altotejo.org Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 107 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Quadro 38: Habitats da Rede Natura 2000 na zona das Portas de Rodão Código Habitats de Interesse Comunitário 3170* 4030 Charcos temporários mediterrânicos Charnecas secas europeias 5210 Matagais arborescentes de Juniperus spp. 5330 6420 8220 8230 91E0* 9330 9340 Matos termomediterrânicos pré-desérticos (medronhais, carrascais e giestais) Pradarias húmidas mediterrânicas das ervas altas da Molinio-Holoschoenion Vertentes rochosas silciosas com vegetação casmófita Rochas siliciosas com vegetação pioneira da Sedo-Sclerantion ou da Sedo albi-Veronicium dillenii Florestas aluviais de Alnus glutinosa Florestas de Quercus suber Florestas de Quercus ilex e Quercus rotundifolia Fonte: Associação de Estudos do Alto Tejo A fauna da região10 apresenta especial interesse ao nível ornitológico, nidificando na área espécies raras e ameaçadas como cegonha-preta (Ciconia nigra), bufo-real (Bubo bubo), águia perdigueira (Hieraetus gallicus), abutre do Egipto (Aegypius monacus) e milhafre preto (Milvus mingrans) - esta última é uma rapina diurna que, à semelhança do gavião, da águia-calçada, da águia-cobreira ou da ógea, frequentam a área. As outras são aves rupícolas, que formam uma comunidade de elevada importância. Salienta-se a colónia de grifos (Gyps fulvus), espécie com categoria Quase Ameaçada segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados, que nidifica, sobretudo, nas escarpas envolventes às Portas de Ródão, mas também, na crista quartzítica da Serra das Talhadas. Tratase da maior colónia desta espécie em Portugal, tendo sido contabilizados, em 2006 e 2007, 32 casais. A classificação de Important Bird Area (IBA) de “Portas do Ródão e do Vale Mourão” reconhece internacionalmente a importância da avifauna presente na zona serra do concelho. Das mais de 100 espécies de avifauna identificadas, destacam-se, as enunciadas no quadro seguinte, atendendo ao seu estatuto do Livro Vermelho dos Vertebrados. Quadro 39: Espécies de Avifauna em risco Nome científico Nome comum Estatuto do Livro Vermelho Gyps rueppellii Neophron percnopterus Aegypius monachus Circaetus gallicus Circus pygargus r Oenanthe leucura Hieraaetus pennatus Hieraaetus fasciatus Aquila adalberti Prunella collaris Grifo-pedrêz Britango Abutre-preto Águia-cobreira Águia-caçadeira Chasco-preto Águia-calçada Águia de Bonelli Águia-imperial Ferreirinha-serrana Em perigo Em perigo Em perigo Quase ameaçada Em perigo Criticamente em perigo Quase ameaçada Em perigo Criticamente em perigo Quase ameaçada Fonte: Associação de Estudos do AltoTejo 10 Avifauna 108 nas Portas de Ródão in http://www.altotejo.org Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Como o concelho apresenta uma baixa densidade populacional, com aglomerados dispersos e de reduzida dimensão, verifica-se a presença de várias espécies de mamíferos em estado selvagem, como lebres, coelhos, gatos-bravos e, também, animais de maior porte, como javalis, raposas e mesmo veados. A presença de cursos de água de dimensão significativa potencia a existência de diversas espécies de peixes, nomeadamente barbos, bogas, carpas, lúcios, achigãs, enguias, percas e tenças. Observam-se, também, diferentes espécies de anfíbios, várias incluídas no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, como sapocomum, sapo-corredor, rã verde ou salamandra de pintas amarelas. 7.2 VALORES NATURAIS A cartografia dos valores naturais (peça desenhada n.º 04) é feita com base em aspectos considerados importantes, resultantes da observação empírica do território, atendendo essencialmente aos seguintes pontos: vistas panorâmicas, vestígios de galeria ripícola, percursos com interesse paisagístico, locais com interesse paisagístico, locais de interesse histórico-cultural e elementos singulares da paisagem. Destacam-se, ainda, como áreas de valor natural os montados e espaços classificados no âmbito da legislação nacional e/ou comunitária de Áreas Protegidas. O concelho apresenta um relevo diversificado, com situações de vale amplo mas, fundamentalmente, áreas com topografia acidentada caracterizadas por declives acentuados e vales encaixados. O relevo movimentado determina a existência de vários pontos de onde é possível desfrutar de Vistas panorâmicas, das quais se destacam: 1. Penedo Gordo, localizado na zona cimeira da Serra das Talhadas de onde é possível avistar todo o território envolvente; 2. Castelo de Ródão (Castelo do Rei Vamba), situado na cordilheira das Portas de Ródão, permite Fotografia 1: Vista do Castelo de Ródão para poente excelentes vistas para esta ocorrência geológica, para o rio Tejo e para todo o território a poente da Serra das Talhadas (Fotografia 1); 3. Miradouro das Portas de Almourão, a este da Foz do Cobrão e de onde se observa o rio Ocreza e o estreitamento que dá nome a este local; 4. Capela de N.ª Sr.ª dos Remédios, a nascente de Alfrívida, localiza-se no topo de um cabeço a partir do qual é possível visionar a zona de vale agrícola e encostas com olival e sobreiro; Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 109 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 5. Capela de N.ª Sr.ª da Alagada, em Vila Velha de Ródão, onde se pode observar o rio Tejo, as Portas de Ródão e a zona ribeirinha da sede de concelho; 6. Ponte do rio Ponsul, no extremo noroeste do concelho de onde se avista o rio Ponsul e a foz da ribeira de Alfrívida; 7. Pontes do rio Ocreza, que permitem percepcionar este curso de água; 8. Barragem de Fratel, a partir da qual se consegue uma vista privilegiada sobre o espelho de água da albufeira (rio Tejo); 9. Barragem de Pracana, partir da qual se consegue uma vista privilegiada sobre o espelho de água da albufeira (rio Ocreza); 10. Serra do Perdigão, ao longo da crista quartzítica que constitui parte desta serra, e tirando partido das elevadas cotas a que se encontra, obtêm-se vistas panorâmicas notáveis sobre a paisagem. No concelho existem diversos Locais com interesse paisagístico, que se evidenciam pela morfologia do território, pela vegetação, pelas vistas e/ou, pela presença de património construído. Estas áreas apresentam elevada aptidão para pontos/zonas de recreio e lazer. Destacam-se: 1. Conjunto Castelo de Ródão (Castelo do Rei Vamba) e Capela de N.ª Senhora do Castelo – trata-se de um conjunto patrimonial classificado em 1990 como Imóvel de Interesse Público, estando em recuperação visando o seu aproveitamento sócio-cultural e turístico; 2. Estação Ferroviária de Fratel – estação junto ao rio Tejo; 3. Zona ribeirinha de Vila Velha de Ródão – área beneficiada com cais fluvial e zona de parque de merendas, que possibilita o usufruto para actividades de recreio e lazer; 4. Capela de N.ª Sr.ª Alagada e Olival secular – junto ao rio Tejo na zona nascente da sede de concelho, onde se realiza uma festa anual; 5. Zona fluvial Cobrão/Ocreza – zona recentemente intervencionada visando a utilização lúdica da Fotografia 2: Zona Fluvial Cobrão/Ocreza zona de foz do rio Cobrão; 6. Azenha dos Gaviões – zona fluvial no rio Ocreza (a Norte de Rodeios), com condições para recreio; 7. Parque de Merendas de Perais – zona de lazer na margem do rio Tejo, a sul de Perais; 8. Vale do ribeiro do Cobrão – curso de água permanente de elevada qualidade paisagística, onde é possível observar estruturas de aproveito hidráulico para rega das margens agricultadas; 110 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 9. Barragem de Cedillo – albufeira no rio Tejo, a sul de Monte Fidalgo, com acessos difíceis ao plano Fotografia 3: Barragem de Cedillo de água e sem condições adequadas para a prática de actividades náuticas, embora com elevado potencial; 10. Barragem de Fratel – albufeira no rio Tejo; 11. Barragem de Pracana – albufeira no rio Ocreza; 12. Barragem do Açafal – albufeira na ribeira do Açafal, com margens íngremes. Localiza-se a cerca de 4 km a Norte de Vila Velha de Ródão, nas imediações da povoação de Tostão. Faz parte do aproveitamento hidroagrícola do Açafal; 13. Barragem da Coutada – albufeira na ribeira do Prior, perto da localidade da Serrasqueira. Tem como características a extensão, águas limpas, margens desmatadas, com declive suave e bons acessos. Faz parte do aproveitamento hidroagrícola da Coutada/Tamujais que se desenvolve ao longo das ribeiras do Lucriz, dos Tamujais e do Prior; 14. Fonte das Virtudes - inclui o sítio da fonte, a ínsua e o ameal, na zona a poente das Portas de Ródão. Esta fonte está associada à falha do Ponsul, e apresenta uma água mineral a 23ºC, que borbulha num pequeno charco de águas cristalinas. A água das Virtudes é oligossalina, com apenas 78,8mg/l, levemente cloretada, sulfatada, carbonatada sódica. A grande qualidade paisagística merece uma beneficiação turística do local; 15. Aldeia do Xisto de Foz do Cobrão – a paisagem envolvente marca a transição entre o Alentejo e a Beira, com as suas alterações de relevo, de formações geológicas e de coberto vegetal. As zonas de planície, granito e montado de sobro e azinho dão lugar, para Norte, ao xisto e ao pinhal. Esta paisagem alberga um ecossistema importante, do qual sobressaem os grifos e cegonhas negras. Na aldeia, as ruas são ladeadas por casario tradicional, com pedra à vista ou rebocadas com uma argamassa de cal e areia, ou com um reboco especial denominado “crespo”; 16. Estratos geológicos das encostas marginais do rio Ocreza - junto à garganta do Almourão. É uma paisagem, selvagem, magnificada pelas escarpas quartzíticas, pelas imponentes dobras tectónicas e pelo profundo rasgão na paisagem que é o vale do Ocreza. Relativamente à classificação das albufeiras do concelho, de acordo com a Portaria n.º 522/2009, de 15 de Maio são albufeiras de águas públicas de serviço público as albufeiras de Fratel, Cedillo e Pracana, estando a primeira classificada como “de utilização livre” e as outras duas como “de utilização protegida”. Segundo o Decreto-Lei n.º 107/2009, de 15 de Maio: Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 111 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão as albufeiras de utilização livre poderão apresentar vocações diversas, designadamente turística e recreativa; as albufeiras de utilização protegida integram aquelas que se destinam a abastecimento público ou onde a conservação dos valores naturais determina a sua sujeição a um regime de protecção mais elevado. Em relação às albufeiras das barragens do Açafal e da Coutada são consideradas albufeiras de utilização livre, ao abrigo do Decreto-Lei n.º 107/2009, de 15 de Maio, por se tratarem de planos de água com fins agrícolas (rega). No que se refere a Elementos Singulares, que se destacam na paisagem e se evidenciam no contexto concelhio e regional, assinalam-se: 1. Monumento Natural das Portas de Ródão (Fotografia 5); 2. Portas de Almourão; 3. Escarpa de Falha do Ponsul11; 4. Tronco Fóssil de Perais12; 5. Troncos Fósseis do Jardim da Casa de Artes e Cultura do Tejo; 6. Crista quartzítica da Serra das Talhadas; 7. Rios Tejo (Fotografia 4), Ocreza e Ponsul; Fotografia 4: Rio Tejo, Vila Velha de Ródão Fotografia 5: Portas de Ródão, Vila Velha de Ródão Importa acrescentar que, os quatro primeiros Elementos Singulares enumerados são geossítios integrados no Geopark Naturtejo da Meseta Meridional, o qual possui um total de 16 geosítios classificados, nos concelhos de Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Oleiros, Proença-a-Nova e Nisa) 11 A informação cartografada na peça desenhada teve como base um documento em formato raster, não possuindo por isso o rigor desejável no contexto do presente Plano. Aguarda-se a disponibilização desta informação georreferenciada. 12 Não foi possível proceder à localização georreferenciada deste elemento na peça desenhada n.º 04. 112 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão A Escarpa de Falha do Ponsul trata-se de uma estrutura tectónica com mais de 300 milhões de anos, constituindo um acidente topográfico de mais de 120 km. O Tronco Fóssil de Perais trata-se de grande fragmento de tronco petrificado, em excelente estado de preservação, com 1m de diâmetro e uma idade superior a 5 milhões de anos; foi identificado como Annonoxylon teixeirae, uma espécie de anoneira encontrada pela primeira vez em Portugal. Um geoparque é um território de limites bem definidos com uma área suficientemente grande para servir de apoio ao desenvolvimento socioeconómico local. Deve abranger um determinado número de sítios geológicos de relevo ou um mosaico de entidades geológicas de especial importância científica, raridade e beleza, que seja representativo de uma região e da sua história geológica. Poderá não possuir só significado geológico, mas também ao nível da arqueologia, história e cultura. A constituição do Geopark Naturtejo permitirá a valorização do património geológico a nível internacional. Simultaneamente, as actividades geoturísticas desenrolam-se paralelamente a uma vasta oferta de produtos turísticos de qualidade que vão desde a gastronomia ao património histórico, dos eventos às festividades religiosas tradicionais. A criação de uma densa rota de pequenos percursos pedestres com uma forte componente multi-disciplinar bem como a promoção da realização de passeios de barco, permitem aos turistas a descoberta das Portas de Ródão, das colónias de grifos e da Arte Rupestre do Tejo. Carvalho (2004) propõe uma lista de onze sítios de interesse geológico, dispersos um pouco por todo o concelho, que poderão ser integrados nesta rede de percursos pedonais. Este autor propõe, ainda, três Sítios de Interesse Geomorfológico, designadamente: Castelo dos Mouros; Fratel; e Foz do Cobrão. Paralelamente, no Centro Municipal de Cultura e Desenvolvimento (em Vila Velha de Ródão) observa-se o modo como evoluiu a paisagem e a tecnologia do homem do Ródão. Na AEAT as escolas poderão compreender a ocupação humana da Bacia do Tejo e o monumento natural das Portas de Ródão. Os dois Troncos Fósseis do Jardim da Casa de Artes e Cultura do Tejo foram encontrados nas escombreiras de uma arrugiae “conheira” romana, e encontram-se em pleno destaque no Jardim, junto de uma anoneira plantada por estudantes da região. Ambos os troncos têm cerca de 1,80m de comprimento por cerca de 50cm de largura. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 113 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Como Áreas de valor natural, assinalam-se, os montados de sobro e/ou azinho (Fotografia 6), fundamentalmente, devido ao Fotografia 6: Montado de sobro junto a Vale Homem interesse ecológico e paisagístico e pelo facto de se tratar de espécies protegidas por lei. Relativamente a espaços que integram o Sistema Nacional de Áreas Classificadas há que assinalar a presença no concelho de uma área integrada na Rede Natura 2000 – Zona de Protecção Especial do Tejo Internacional, Erges e Ponsul – e do Parque Natural do Tejo Internacional, que passou a integrar áreas concelhias numa faixa ao longo do rio Tejo e do seu afluente, rio Ponsul, até à barragem do Cedillo. Refere-se ainda que existe sobreposição parcial destas duas áreas classificadas. Há ainda que assinalar o Monumento Natural das Portas de Ródão, classificado desde Maio de 2009. O procedimento de classificação envolveu as autarquias de Vila Velha de Ródão e Nisa e foi desenvolvida pela AEAT, contando com a colaboração de entidades como o Parque Natural da Serra de São Mamede, o Parque Natural do Tejo Internacional, os Departamentos de Geociências e de História da Universidade de Évora, o Gabinete de Geologia e Paleontologia do Centro Cultural Raiano (Idanha-a-Nova), o Museu Nacional de Arqueologia, o Grupo Português da ProGEO e a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves. De acordo com a legislação em vigor um Monumento Natural é uma ocorrência natural contendo um ou mais aspectos que, pela sua singularidade, raridade ou representatividade em termos ecológicos, estéticos, científicos e culturais, exigem a sua conservação e a manutenção da sua integridade. O Monumento Natural das Portas de Rodão foi criado formalmente com a publicação do Decreto Regulamentar nº 7/2009, de 20 de Maio, visando valorizar e preservar esta zona do rio Tejo. A sua classificação justifica-se pelo facto das Portas de Ródão constituírem uma ocorrência geológica e geomorfológica localizada nas duas margens do rio Tejo (concelhos de Vila Velha de Ródão e Nisa), cujo conjunto natural sobressai pela imponente garganta escavada pelo rio nas cristas quartzíticas da serra das Talhadas-Perdigão, com um estrangulamento de 45 m de largura. Esta área classificada caracteriza-se pela existência de um relevante património natural, onde se destaca o geossítio das Portas de Ródão entre outros valores geológicos, biológicos e paisagísticos. Este geossítio evidencia particularidades geológicas, geomorfológicas e paleontológicas, às quais se associam as formações vegetais naturais, onde se destacam os zimbrais, a avifauna rupícola, e o património arqueológico, testemunho de uma presença humana com centenas de milhares de anos. De facto, a área compreende também um importante património cultural, constituído por sítios arqueológicos que documentam a presença humana desde o Paleolítico Inferior, e por manifestações culturais de natureza etnológica, resultantes de um modo de vida 114 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão muito próprio de uma população ribeirinha, que encontrou no rio Tejo o factor de contacto entre gentes e regiões física e geograficamente afastadas. O carácter notável das Portas de Ródão justifica, de per si, a importância da sua classificação, sendo reforçado pelo facto de a singularidade e a importância que assumem em termos regionais e nacionais, justificarem plenamente a classificação de uma área que, centrada nesta garganta quartzítica, inclui também terrenos adjacentes, situados nas duas margens do Tejo, onde se localizam os principais valores que carecem de uma adequada conservação e protecção com vista à manutenção da sua integridade. Constituem objectivos fundamentais da classificação do Monumento Natural das Portas de Ródão os seguintes: A preservação das formações geológicas e geomorfológicas e dos sítios de interesse paleontológico; A preservação das espécies e dos habitats naturais; A protecção e a valorização da paisagem; A preservação e valorização dos sítios de interesse arqueológico; A promoção da investigação científica indispensável ao desenvolvimento do conhecimento dos valores naturais referidos, numa perspectiva de educação ambiental; A manutenção da integridade do monumento e área adjacente. As linhas de água são estruturas fundamentais do funcionamento ecológico do território e da paisagem, assumindo especial relevância Fotografia 7: Galeria ripícola na ribeira de Açafal quando acompanhadas por vegetação característica deste habitat. Em levantamento de campo foi possível observar a presença de Galeria ripícola em troços de algumas ribeiras existentes no concelho, em particular na ribeira de Açafal (Fotografia 7), ribeira de Enxarrique, ribeira da Carapetosa, ribeira de Lucriz, ribeira de Alfrívida e rio Tejo, nas zonas de vale menos encaixado. Para além de pontos específicos de observação de vistas panorâmicas já mencionadas, existe ainda um vasto conjunto de Percursos de grande notoriedade, nomeadamente percursos com interesse paisagístico ao longo de algumas das vias do concelho, sobretudo na região de Fratel, a partir das quais é possível desfrutar de vistas interessantes e percepcionar o território e a paisagem. Apesar da sua multiplicidade, considera-se que os trajectos que oferecem maior riqueza e diversidade paisagística são: Linha-férrea da Beira Interior, em especial o troço para poente de Vila Velha de Ródão; Rio Tejo, entre as barragens de Fratel e Cedillo, passando pelas Portas de Ródão; Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 115 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Estrada entre Alfrívida e Ponte sobre Ponsul; Estrada para Foz do Cobrão, em especial o troço ao longo do Rio Ocreza; Percurso ao longo da Serra do Perdigão. Importa sublinhar a existência de dois percursos pedestres registados e homologados pela Federação Portuguesa de Campismo, a Rota das Invasões (PR1 VVR) e o percurso de Foz do Cobrão (PR3 VVR). O primeiro inicia-se junto à Casa de Artes e Cultura do Tejo, seguindo por um caminho florestal até ao cimo da Serra das Talhadas; seguidamente o percurso dirige-se para o Castelo do Ródão e Capela de Nossa Senhora do Castelo, fazendo-se depois a descida pelo ”Caminho de Romaria” até à Barroca da Senhora. O regresso à Casa de Artes é efectuado por um trilho panorâmico. Ao longo deste percurso para além da beleza da paisagem (vistas panorâmicas sobre o Tejo, garganta das Portas de Ródão, o Conhal), outros aspectos merecem especial atenção, sendo de referir: os três monumentos militares (a bateria da Achada, Batarias e da Torre Velha), a colónia de grifos e os núcleos de vegetação autóctone: zimbro, rosmaninho, alecrim, murta e medronheiros. O PR3 foi criado no âmbito dos Caminhos do Xisto e trata-se de um percurso circular com uma distância de 11.300 m podendo ser percorrido em ambos os sentidos. O percurso tem o seu início junto à Igreja da Foz do Cobrão, local onde existe um conjunto de estruturas de apoio aos pedestrianistas – estacionamento de viaturas, a sanitários, restaurante, etc.. A primeira parte do percurso segue ao longo das margens do rio Ocreza num caminho de pé posto junto a grandes penhascos quarteziticos onde muitas vezes se pode observar o voo dos grifos ou as lontras a nadar nas águas do rio. Mais à frente encontram-se as Portas de Almourão (geossítio classificado) e local de uma beleza ímpar; é com os olhos nesta paisagem deslumbrante que se passa junto da povoação de Chão das Servas e se sobe até ao ponto mais alto do percurso onde se avista a povoação de Vale do Cobrão. Segue-se então ao longo da ribeira do Cobrão que leva novamente ao rio Ocreza, passando novamente por grandes penhascos quarteziticos e pela pequena piscina fluvial. Através de um caminho por entre oliveiras e terrenos de cultivo chega-se novamente à aldeia de Foz do Cobrão onde se encontram os moinhos que outrora serviam os habitantes nas margens do rio. Daqui até ao final do percurso segue-se novamente o curso do Ocreza passando na Praia Fluvial da Foz do Cobrão. 7.3 UNIDADES DE PAISAGEM A definição de Unidades de Paisagem (UP) surge da análise conjunta de vários factores intervenientes na paisagem. O processo de marcação passa pela definição de macro-unidades com base nas características litológicas/geomorfológicas, climatológicas e de relevo do território, após o que se desce a um nível de classificação mais operativo, com base nas restantes características consideradas, de que ressaltam o uso actual do solo e as suas potencialidades de utilização. 116 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Para além destas considerações, consultou-se uma obra de referência nesta área: “Contributos para a Identificação e Caracterização da Paisagem em Portugal Continental”, Universidade de Évora, DGOTDU, Volume II, 2002. Segundo este documento, o concelho de Vila Velha de Ródão insere-se em duas Unidades de Paisagem: UP 53 - Beira Baixa/Tejo Internacional, que integra parte mais a Norte e a Este do concelho de Vila Velha de Ródão e se caracteriza por marcar a transição entre o Norte Alentejano e a Beira Interior. Ao nível do uso do solo, o povoamento é escasso, ocorrendo áreas significativas de agricultura e montado e, também, de ocupação florestal. Verificam-se como elementos particulares da paisagem o vale do rio Tejo e o Penedo Gordo; UP 54 - Tejo Superior e Internacional, que integra a zona sul e poente do concelho, onde o Tejo apresenta um encaixe bem definido, por vezes rochoso, onde é possível observar olivais em socalcos. O rio é o elemento mais marcante desta paisagem, caracterizado por níveis de água variáveis devido às barragens existentes e à alternância entre planos de água e troços encaixados e pedregosos onde a água circula livremente. Como elemento singular assinalase, unicamente, a ocorrência geológica das Portas de Ródão. Analisando especificamente o concelho, é possível constatar que, embora o relevo seja movimentado, existe homogeneidade em grande extensão do território, ressaltando as zonas de vale amplo, com uso agrícola, e os leitos dos rios Tejo, Ocreza e Ponsul, considerando-se por isso estar-se em presença de um território marcado por quatro unidades de paisagem diferenciadas (Figura 21). Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 117 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Figura 21: Unidades de Paisagem do concelho A UP 1 Cordilheira Central (Fotografia 8) é constituída pela Serra das Talhadas que atravessa o território no sentido NNO-SSE, marcando uma diferenciação entre nascente e poente. Não obstante o relevo seja, modo geral, bastante ondulado, a altitude desta elevação central é dominante no concelho, sendo observável a partir de quase todo o seu território. Fotografia 8: Serra das Talhadas 118 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão A UP 2 Vale Agrícola (Fotografia 9) constituí uma zona aplanada e de declives suaves envolventes às ribeiras de Açafal e de Lucriz, estende-se para Nordeste para o vale da ribeira de Alfrívida. A cumeada que separa as duas bacias hidrográficas, embora se distinga pelas cotas e pela ocupação do solo, não é significa, podendo assumir-se a continuidade entre as duas zonas de vale amplo. A ocupação do solo é, predominantemente, agrícola, existindo áreas de regadio, na zona do Lucriz. Os terrenos cultivados estão, invariavelmente, associados a olivais que ocupam quer as zonas mais planas, quer as encostas suaves que modelam o terreno. Nas zonas de encosta, em especial nos cabeços, assiste-se à presença de montado de sobro e, também, de azinho, alguns de dimensão significativa. Fotografia 9: Vale de Alfrívida A UP 3 Tejo, Ocreza e Ponsul (Fotografia 10), integra três cursos de água com especial relevância na paisagem do concelho, por definirem Fotografia 10: Vale do Rio Ponsul limites bem marcados e pela qualidade paisagística. Ao longo dos limites Este e Sudeste/Sul, a extensão assinalada é mais ampla devido ao maior contraste do encaixe dos leitos com o território envolvente. Na UP 4 Planalto Florestal (Fotografia 11) integra-se a maior parte do concelho, caracterizando-se por relevo acidentado, com alternância ritmada de vales encaixados e cumeadas, e por onde se dispersam aglomerados fundamentalmente de pequena dimensão, associados, invariavelmente, a linhas de água e envoltos em terrenos agrícolas e olival. O território circundante é florestal, com monoculturas de eucalipto, pinheiro bravo e extensas zonas de matos, em resultado de incêndios florestais e abandono da exploração florestal. Ocorrem várias charcas dispersas, destinadas ao combate aos fogos. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 119 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Fotografia 11: Terreno ondulado com ocupação florestal Com excepção da UP2, as unidades de paisagem apresentam elevada capacidade de absorção visual, característica que determina elevada aptidão para acomodar novos usos devido, fundamentalmente, ao reduzido potencial de observação (ondulado do relevo, coberto vegetal de porte elevado e baixo número de observadores/ locais de observação) e da reduzida sensibilidade paisagística (predomínio de coberto vegetal com reduzido interesse florístico e paisagístico). 7.4 POTENCIAIS DISFUNÇÕES AMBIENTAIS O concelho de Vila Velha de Ródão apresenta algumas situações que, potencialmente, podem contribuir para a degradação do ambiente, assinalados na Figura 22. Os principais factores de degradação do ambiente são os seguintes: Poluição de origem doméstica: águas residuais domésticas; Poluição industrial: unidades industriais, lagares de azeite, queijarias, e aproveitamentos hidroeléctricos; Poluição em espaço agrícola: criação de animais (aves, cabras, ovelhas, suínos e vacas); Monoculturas florestais de Eucalipto (Eucalyptus sp.) e Pinheiro bravo (Pinus pinaster); Outras potenciais disfunções: extracção de inertes, depósitos de entulho e sucatas. A questão da poluição de origem doméstica prende-se com a descarga das águas residuais domésticas, em grande medida decorrentes do mau funcionamento de algumas fossas sépticas. A minimização deste impacto implica a intervenção nestas estruturas, substituindo, conservando e reparando aquelas que necessitam de intervenção mais urgente, de forma a garantir a sua estanquicidade e um adequado tratamento do efluente. Como potenciais fontes de poluição industrial foram identificados em trabalho de campo: 120 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 1. Fábrica da Celtejo (Fotografia 12), localizada na zona baixa e aplanada do vale do Ribeiro de Enxarrique, o que determina um Fotografia 12: Fábrica da Celtejo acrescido elevado impacto paisagístico dada a localização numa área com reduzida capacidade de absorção visual e com elevado número de observadores e pontos de observação, para além dos odores que se fazem sentir sobre quase todo o concelho (conforme orientação dos ventos); 2. Fábrica “Centroliva” (central de biomassa - central de produção de energia a partir de biomassa vegetal e bagaço de azeitona), localizada num terreno com elevada permeabilidade, junto à foz da ribeira do Açafal e da ribeira de Lucriz; 3. Três outras indústrias, nomeadamente, AMS Goma Camps, Fotografia 13: Barragem de Fratel uma indústria de presuntos e enchidos e uma indústria de salsicharia, situadas na aplanada do vale do ribeiro de Enxarrique; 4. Duas queijarias localizadas na Zona de Pequena e Média Indústria 2, em Vila Velha de Ródão, e uma queijaria localizada em Alfrívida; 5. Duas suiniculturas em regime semi-intensivo, localizadas na freguesia de Perais, bem como mais nove suiniculturas distribuídas por todo o concelho; 6. Lagares de azeite, 14 no total, dispersos um pouco por todo o concelho; 7. Barragem do Cedillo, Barragem de Fratel (Fotografia 13) e Barragem de Pracana, localizadas em zonas limítrofes do concelho, respectivamente no rio Tejo e no rio Ocreza. As barragens para produção de energia eléctrica provocam impactes negativos directos e indirectos13, nomeadamente: Impactos no ambiente geofísico – aumento dos processos erosivos e da sedimentação de matérias em suspensão a montante das barragens, com implicações ao nível da estabilidade das margens e da capacidade útil das albufeiras; Impactos hídricos e climáticos – alteração do caudal e regime natural do curso de água a jusante da barragem; 13 Plano Director Municipal de Vila Velha de Ródão. Anexo I – Estudos de Caracterização Física e Socioeconómica Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 121 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Impactos sobre ecossistemas terrestres – o enchimento da albufeira determina o desaparecimento de habitats de fauna terrestre, e a variação do nível da albufeira conduz a alteração da flora das margens e a uma faixa desprovida de vegetação; Impactos sobre ecossistemas aquáticos – a barragem constitui um obstáculo intransponível aos fluxos ascendentes das espécies piscícolas migratórias, a alteração do leito do rio (em resultado de sedimentação) conduz à perda de locais de desova de peixes e, em situação de eutrofização das águas, ocorrem ainda outros impactos negativos ao nível da ictiofauna devido à redução dos níveis de oxigénio e à libertação de compostos tóxicos resultantes da decomposição anaeróbia da matéria orgânica; Impactos paisagísticos – a barragem e estruturas associadas (canais, condutas, centrais e linhas de transporte de energia) e, também, a faixa desprovida de vegetação devido à oscilação do nível da água são aspectos que conduzem à redução do valor cénico dos rios; Impactos socioeconómicos – as albufeiras constituem barreiras à circulação das populações, contribuindo para o isolamento de áreas do concelho. Destaca-se, ainda, a perda de património arqueológico na zona de Fratel que ficou submerso com a construção da barragem. É importante realçar que as unidades industriais estão legalizadas e, como tal, cumprem a legislação ambiental. No entanto, trata-se de fontes de impactes negativos, nomeadamente, a Celtejo ao nível das descargas poluentes dos efluentes líquidos gerados no branqueamento da pasta de papel, por ineficiência frequente da sua ETAR; a Centroliva ao nível da emissão de gases poluentes, nomeadamente, dióxido de carbono, óxido de azoto e dióxido de enxofre. Fotografia 14: Lagar de azeite (Cebolais de Baixo) Os lagares de azeite em funcionamento (Fotografia 14), embora abrangidos por uma legislação bastante exigente em termos de licenciamento, constituem relevantes fontes potenciais de degradação do ambiente se não for assegurado o estrito cumprimento dos preceitos legais. Existem diversas unidades dispersas por todo o concelho, sendo uma importante actividade na base económica local devido à expressão territorial do olival e à certificação do azeite produzido a nível concelhio com a Denominação de Origem Protegida. Dado o grau de nocividade dos resíduos produzidos, evidencia-se, de modo sucinto, o processo de elaboração do azeite com ênfase nos aspectos que interferem com o meio ambiente: processo de limpeza – deste resultam resíduos sólidos (folhas e pedúnculos) que, em geral, são armazenados a céu aberto para, posteriormente, serem espalhados nos olivais. Os 122 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão efluentes líquidos resultantes da lavagem da azeitona contêm sólidos facilmente sedimentáveis (terra, areia e alguma matéria orgânica); processo de separação (centrifugação) – deste resultam duas facções líquidas (águas ruças e azeite) e uma sólida (bagaço) ou em alternativa, uma líquida e uma pastosa. O bagaço pode ainda ser sujeito a processo de extracção de azeite, sendo posteriormente utilizado em processos de queima. As águas ruças são, em geral, adicionadas às águas de lavagem, resultando numa carga orgânica muito elevada. Este aspecto condiciona a sua libertação em cursos de água visto que os microorganismos provocam a oxidação da matéria orgânica por consumo de oxigénio dissolvido na água, pondo em risco os seres vivos desse habitat. A poluição de origem agrícola refere-se, fundamentalmente a unidades de produção animal no território concelhio que possuem, maioritariamente, um carácter de subsistência familiar (detenção caseira, na maioria dos casos). Da observação in loco foi possível verificar a presença de criação de aves, cabras e ovelhas em pequenos currais associados às zonas habitacionais, com uma dimensão que não justifica a adopção de medidas específicas de controlo de poluição. No entanto, quanto à produção de bovinos e, em especial, suínos, é necessário estar alerta quanto à poluição de águas e dos solos. A poluição dá-se através da acumulação de azotos nos solos fertilizados pelo estrume produzido na actividade agro-pecuária; esta incorporação conduz a uma elevada concentração de nitratos, provenientes do azoto orgânico presente nos excrementos e nos resíduos líquidos. Os nitratos em excesso são arrastados pelas águas pluviais e por águas de rega, contaminando os cursos de água e os aquíferos subterrâneos. Para além deste processo de contaminação é, ainda, necessário considerar as descargas directas de efluentes em linhas de água. Os ruídos, odores e impacte visual que estas unidades de exploração agro-pecuária provocam no ambiente em que se inserem são, identicamente, potenciais disfunções ambientais. De acordo com informação disponibilizada pela CMVVR, existem actualmente no concelho uma exploração de engorda de bovinos em Perais e dez suiniculturas, maioritariamente nas freguesias de Perais e de Sarnadas de Ródão. As duas explorações licenciadas de suínos semi-intensivas e referidas anteriormente, apresentam grande potencial poluente ao nível de nitratos, odores e impacte paisagístico. O concelho de Vila Velha de Ródão é ocupado, maioritariamente, por áreas florestais, dominando as monoculturas de pinheiro bravo e eucalipto. As manchas florestais são, no âmbito do presente Plano, entendidas como disfunções ambientais por determinarem uma reduzida diversidade paisagística e biológica e, principalmente, por serem espaços extremamente propensos a incêndios florestais, flagelo que tem atingido fortemente o concelho ao longo das últimas duas décadas. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 123 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Quanto a outras disfunções, em trabalho de campo identificou-se uma área informal (não licenciada) de extracção de inertes, junto ao IP2, na Fotografia 15: Extracção de inertes zona de Peroledo (Fotografia 15), que apesar de se encontrar inactiva, a ausência de intervenção de recuperação paisagística está a conduzir a processos de erosão hídrica (por escorrência de águas pluviais) e eólica. Não obstante não se verifiquem zonas de deposição ilícita de entulho e sucatas ao longo dos caminhos e das linhas de água, observou-se a existência de um parque de viaturas abandonadas, ainda que de reduzida expressão, em Sarnadas do Ródão (junto ao restaurante “O Espanhol”) e uma pequena área de deposição de entulhos em Monte Fidalgo. 124 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Figura 22: Distribuição das potenciais fontes de disfunção ambiental de maior relevância no concelho Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 125 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 8. USO E OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO 8.1 OCUPAÇÃO DO SOLO A análise desta temática teve por base a cartografia de Ocupação do Solo do PMDFCI de Vila Velha de Ródão (2007), que por sua vez foi efectuada por fotointerpretação de ortofotomapas de 2003 e trabalho de campo. Uma vez que a Ocupação do Solo do PMDFCI não distingue as várias categorias de solo agrícola, optou-se por retirar desta ocupação apenas as categorias florestais, águas interiores e áreas sociais e improdutivas. As restantes áreas foram complementadas com a informação constante na carta de Ocupação do Solo do Corine Land Cover 2006, procedendo a uma uniformização das categorias. A compilação destes elementos teve como principal objectivo a actualização dos dados que compõem a carta de ocupação do solo do concelho, pois tratase de uma informação fundamental para as futuras tomadas de decisão ao nível do ordenamento do território. Com a análise deste tema pretende-se a obtenção de uma visão geral da ocupação do solo, de modo a percepcionar os principais usos e vocações do território concelhio. Assim, optou-se por agregar algumas classes de ocupação do solo, com o intuito de simplificar a leitura da cartografia e, assim, possibilitar uma percepção mais imediata da realidade do concelho (peça desenhada n.º 05). As classes de ocupação do solo agregam-se em vários usos dominantes, designadamente: 1. Áreas Artificiais, onde se integram os espaços urbanos e industriais, as infraestruturas, os equipamentos e os improdutivos. Como improdutivos consideram-se os terrenos estéreis do ponto de vista da existência de comunidades vegetais ou com capacidade de crescimento limitada, quer em resultado de limitações naturais, quer em resultado de acções antropogénicas (ex: afloramentos rochosos); 2. Áreas Agrícolas, que incluem três sub-classes: Culturas Anuais (principalmente terrenos aráveis de sequeiro e regadio), Olival e Áreas Agrícolas Mistas (onde coexistem várias culturas, sobretudo permanentes, sendo exemplos destas últimas a vinha e o pomar); 3. Floresta, de folhosas e/ou resinosas; 4. Superfícies de Água, onde se integram cursos de água, lagoas e albufeiras. Estas classes distribuem-se pelas seguintes categorias: Ocupação agrícola (Culturas Anuais; Olival; Áreas Agrícolas Mistas); Ocupação florestal (Agro-Florestal; Azinheira; Eucalipto; Matos; Outras Folhosas; Plantações Florestais Recentes; Povoamento Florestal Misto; Resinosas; Sobreiro – a classe “Resinosas” Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 127 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão é composta em cerca de 90% por pinheiro-bravo, três manchas com cerca de 4ha cada uma com pinheiro-manso, e três manchas ocupadas por outras resinosas); Outras ocupações (Áreas Sociais e Improdutivos e Superfícies de Água). Existem zonas com potencialidades, ao nível agrícola, beneficiadas com a existência de duas barragens respeitantes aos Aproveitamentos Hidroagrícolas do Açafal e da Coutada/Tamujais, não se dispondo de informação cartográfica georreferenciada que os permitam cartografar. O aproveitamento hidroagrícola do Açafal localiza-se cerca de 4km a norte de Vila Velha de Ródão, nas imediações da povoação de Tostão. A barragem e a maior parte das áreas a regar situam-se ao longo da ribeira do Açafal. As restantes áreas beneficiadas localizam-se ao longo das ribeiras do Coxerro e Lucriz. A finalidade do aproveitamento é o abastecimento da água necessária para a satisfação das necessidades previstas, com base nas disponibilidades hídricas superficiais da bacia hidrográfica dominada pela secção da barragem. Integram o aproveitamento uma barragem em aterro construída na ribeira do Açafal, uma rede de rega constituída por dois blocos, Açafal e Lucriz, respectiva rede viária e sistema de drenagem. O aproveitamento hidroagrícola da Coutada/Tamujais desenvolve-se ao longo das ribeiras do Lucriz, dos Tamujais e do Prior, abrangendo cerca de 390ha no concelho de Vila Velha de Ródão. O conjunto de infraestruturas que integram o aproveitamento hidroagrícola compreende a barragem, a açude do Retaxo, a estação elevatória e respectivas redes de rega, drenagem e viária. No contexto da caracterização da ocupação do solo em presença a análise atendeu, ainda, a outras fontes de informação, nomeadamente a dados estatísticos da Autoridade Florestal Nacional (2010) e ao Recenseamento Geral da Agricultura (1999)14, que possibilitam uma ideia bastante aproximada de como é, em termos quantitativos, a ocupação do solo no concelho. Os dados estatísticos da AFN, sob a designação de Inventário Florestal Nacional (IFN) referem-se a uma aplicação informática disponível no respectivo sítio, com a denominação FloreStat. Esta aplicação permite a consulta dos resultados referentes ao 5.º Inventário Florestal Nacional (IFN5), baseado numa cobertura aerofotográfica digital realizada entre os anos 2004 e 2006 e em levantamentos de campo efectuados entre Dezembro de 2005 e Junho de 2006. 14 Foi realizado em 2009, pelo INE, o Recenseamento Agrícola, contudo, os resultados ainda não se encontram disponíveis, pelo que, apesar do desfasamento temporal, no presente relatório serão considerados os dados relativos a 1999. 128 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão A análise da Figura 23 permite verificar que a classe predominante de ocupação do solo na subregião da Beira Interior Sul, onde se localiza o Figura 23: Áreas dos usos do solo, na sub-região Beira Interior Sul concelho em estudo, é a Floresta (42%). A 42% 25% Matos Agricultura surge em seguida (30%), sendo os Águas interiores Matos a terceira categoria de uso do solo com maior expressão nesta sub-região (25%). Com Floresta 2% representatividade exígua, verificam-se as Águas Agricultura 30% 1% Outros Usos Fonte: Autoridade Florestal Nacional, FloreStat, 2010 Interiores (1%) e Outros Usos (2%). Observando conjuntamente esta análise com a carta de Ocupação do Solo, é possível verificar que o concelho de Vila Velha de Ródão apresenta uma distribuição de usos de solo similar à da região em que se insere. O valor apresentado para os Outros Usos (2%), onde se incluem as Áreas Sociais, confirma o observado no terreno no concelho de Vila Velha de Ródão, isto é, a ocorrência de povoamento disperso, de pequena dimensão e sem presença de aglomerados urbanos de grande dimensão. Por outro lado, a floresta é, nitidamente, dominante. A agricultura apresenta uma expressão significativa, destacando-se, no território em análise, a representatividade do olival, em monocultura ou em consociação, assim como as áreas de montado. De acordo com o PMDFCI de Vila Velha de Ródão, a área agrícola no concelho diminuiu, aproximadamente, 10% no período 1990-2003, tendo os incultos registado aumentos na ordem dos 8%, em resultado de incêndios florestais ou abandono de exploração florestal/agrícola. Quanto à variação no período referido, a maior alteração é o crescimento das superfícies impermeabilizadas e artificiais, provavelmente em resultado da expansão de zonas industriais. De um modo geral, a ocupação do solo no concelho caracteriza-se por pequenos Fotografia 16: Aglomerado envolvido por parcelas de agricultura de subsistência e olival, seguido de vastas áreas florestais aglomerados dispersos no território, geralmente associados a pequenas ribeiras, em redor dos quais se observam pequenas parcelas de agricultura de subsistência, pomar, olival e, ocasionalmente, montado. A restante paisagem é dominada por uma ocupação florestal de produção (monoculturas de eucalipto e pinheiro bravo), ocorrendo várias manchas significativas de matos. Verifica-se, ainda, a existência de áreas extensas de olival, frequentemente, em encostas terraceadas com uma distribuição linear ao longo do vale, e montado de sobro e azinho, nas zonas mais cimeiras. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 129 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 8.1.1 Ocupação Agrícola A agricultura praticada no concelho é, fundamentalmente, de subsistência, existindo, no entanto algumas explorações de maior dimensão, na zona de vale de Açafal/Lucriz e de Alfrívida. As culturas podem organizar-se consoante a duração da ocupação do solo, designadamente em culturas temporárias (maioritariamente anuais) e culturas permanentes (essencialmente espécies com caule lenhoso). Relativamente às primeiras, como se pode verificar na Figura 24, predominam os prados temporários e as culturas forrageiras (81%), apresentando as restantes culturas expressões quase insignificantes. Salientam-se ainda as áreas de pousio (7%), que apesar da expressão insignificante, constituem a segunda ocupação em termos de peso relativo de área no concelho, dentro das áreas ocupadas por culturas temporárias. Estas Figura 24: Áreas ocupadas por culturas temporárias no concelho15 constituem áreas importantes pois, apesar de não 81% produzirem qualquer colheita durante o ano agrícola, são mantidas em boas condições agrícolas e ambientais, podendo estar inseridas ou 1% não numa rotação, sendo destinadas à produção 3% vegetal no ano seguinte. Refere-se ainda os seguintes exemplos de culturas industriais presentes: tabaco, beterraba, cana de açúcar, Cereais para grão 4% 4% 7% Leguminosas secas para grão Prados temporários e cult. Forrageiras Culturas industriais Pousio Horta familiar plantas oleaginosas, etc.. Fonte: INE, Recenseamento Geral da Agricultura, 1999 No que respeita a culturas permanentes, o olival evidencia-se com 69%, comprovando a relevância Figura 25: Áreas ocupadas por culturas permanentes no concelho Frutos frescos económica deste tipo de exploração agrícola no 69% contexto concelhio. O povoamento de Olea Citrínos europaea verifica-se um pouco por todo o território Olival em análise, em situações diferenciadas de relevo, ocorrendo quer em zonas aplanadas, quer em encostas declivosas, onde o terreno foi modelado em socalcos para acomodar as árvores. Também com alguma expressão em termos de ocupação do 1% 1% 1% Vinha 28% Prados e pastagens permanentes Fonte: INE, Recenseamento Geral da Agricultura, 1999 solo salientam-se os prados e pastagens permanentes (28%). Os frutos frescos, citrinos e vinha surgem associados às hortas familiares existentes nos 15 Embora o “pousio” não corresponda a uma cultura, trata-se de áreas que embora não estivessem ocupadas no período de referência da análise, são, habitualmente, afectas a ocupação com culturas temporárias. 130 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão aglomerados habitacionais e sua envolvente, não representando relevância significativa em termos de área ocupada. 8.1.2 Ocupação Florestal A ocupação florestal da sub-região da Beira Interior Sul caracteriza-se pela presença de um uso florestal maioritariamente de produção, com idêntica expressão de pinheiro bravo (36%) e eucalipto (33%). O sobreiro e a azinheira representam, respectivamente, 14% e 15% da área total florestal, enquanto outras folhosas (incluindo espécies de Quercus sp.) abrangem uma área inferior a 2% do território florestal da sub-região. Segundo o PROF da Beira Interior Sul, os espaços florestais desta região aumentaram nos últimos 20 anos, constatando-se uma quintuplicação do eucalipto e, ao contrário da tendência nacional, também a área de pinheiro bravo aumentou em, aproximadamente, 30%. Por outro lado, a presença de azinheira sofreu um decréscimo enquanto a área de sobreiro aumentou 23%. De acordo com o PMDFCI de Vila Velha de Ródão, o eucalipto ocupa mais de 55% da superfície florestal do concelho, sendo a segunda espécie mais representada no elenco florestal o pinheiro bravo (25%). O montado apresenta uma representatividade na ordem dos 15%, com expressão idêntica em percentagem de azinheira e de sobreiro, considerando os povoamentos puros e mistos dominantes para cada espécie. O referido Plano analisou, ainda, a variação relativa das espécies florestais, sendo de destacar o acréscimo de eucalipto em cerca de 50% e a redução de pinheiro bravo em 45%. Assistiu-se, também, a um decréscimo muito significativo de folhosas (superior a 60%) e de azinheira (14%). Perante a situação calamitosa associada aos incêndios florestais, tanto em termos ecológicos como económicos e, consequentemente, sociais, é essencial repensar a actual ocupação do solo da região, em geral, e do concelho de Vila Velha de Ródão, em particular. Na tentativa de minimizar este problema a uma escala nacional, foi publicada diversa legislação de modo a reforçar as medidas de prevenção de incêndios florestais. É neste contexto que surge o Decreto-Lei n.º 17/2009, de 14 de Janeiro, que promove a segunda alteração ao Decreto-Lei n.º 124/2006, de 28 de Junho, que estabelece as medidas e acções a desenvolver no âmbito do Sistema de Defesa da Floresta contra Incêndios, revogando a Lei n.º 14/2004, de 8 de Maio. Este Decreto determina, entre outras medidas de protecção da floresta, a elaboração dos Planos Municipais de Defesa da Floresta Contra Incêndios. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 131 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Síntese Conclusiva O ordenamento do território tem, então, de ser revisto, ao nível de estratégia concelhia e ao nível da sua implementação e regulamentação, em especial, no âmbito do Plano Director Municipal mas, também, nos demais instrumentos de planeamento. Face à caracterização efectuada sobre a ocupação do solo, é possível delinear um zonamento genérico do concelho: Zona Norte – Pinhal; Zona Nascente – Agricultura, pontuada por áreas de olival e/ou montado; Zona Poente – Eucaliptal. Esta predominância de ocupação do solo por “unidade territorial” transmite um correcto ordenamento de uso do solo, visto os diferentes tipos de ocupação se adequarem às aptidões naturais do território. No entanto, o ordenamento do solo rural deverá apresentar outras vocações para o concelho, cuja estrutura económica não dependa, em grandeza significativa, de um sector (floresta de produção) tão sujeito a perturbações externas. Assim, deverão ser desenvolvidas e fomentadas medidas concretas para uma urgente mudança de estratégia de actuação. Esta deverá basear-se em acções de ordenamento e gestão florestal que privilegiem a multifuncionalidade e a diversidade ecológica e paisagística. Uma das hipóteses de diversificação, reside no potencial que, de acordo com Carvalho (2004), Vila Velha de Ródão tem ao nível de recursos geológicos – extracção de areias no rio Tejo. Existe, também, alguma viabilidade de extracção de argila na zona dos Depósitos da Beira Baixa e exploração de xistos na área de metassedimentos do Grupo da Beira Baixa. Relativamente à zona agrícola, salienta-se que a aptidão natural do território podia ser ampliada através da melhoria das condições de apoio à actividade agrícola, designadamente, com maior dinâmica de Associativismo, maior especialização das culturas e, em especial, com reforço do plano de irrigação, potenciando a mais-valia da existência de barragens no rio Tejo. 8.2 POVOAMENTO E EVOLUÇÃO URBANÍSTICA Neste subcapítulo pretende-se fazer uma análise da estrutura urbana concelhia, assim como da dinâmica urbanística e da evolução dos aglomerados à luz do Plano Director Municipal em vigor, tendo, ainda, em atenção o desenvolvimento dos sistemas construtivos e da linguagem arquitectónica. Desta forma, a componente seguinte apoia-se, essencialmente, na observação feita no local, em elementos bibliográficos e na informação integrante no PDM em vigor. 132 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 8.2.1 Formas de Povoamento Importa, antes de mais, perceber como se estruturou o povoamento no concelho de Vila Velha de Ródão. Como se sabe, a concentração da população num determinado território está directamente ligada às características geomorfológicas e biofísicas do território objecto de povoamento. Num processo de planeamento de incidência alargada, como é um PDM, importa identificar de que forma estas características potenciaram ou condicionaram a fixação humana no território, e em que medida ainda são determinantes na sua ocupação. Situado no extremo sudeste da região Centro, o concelho, embora constitua um território de transição entre a paisagem norte alentejana e a raia beirã, integra uma unidade territorial com características biofísicas bastante homogéneas. De facto, a sub-região da Beira Interior Sul apresenta uma forte predominância de florestas de pinheiros bravos e, com menor expressão, sobreiros, azinheiras, carrascos e eucaliptos (povoamento que tem vindo a aumentar significativamente). O relevo do concelho é marcado pela Serra das Talhadas, que se desenvolve na direcção NNO-SSE (desde o concelho de Proença-a-Nova até ao termo de Nisa, a sul do Tejo). O concelho de Vila Velha de Ródão caracteriza-se por possuir um relevo relativamente acidentado, levando a que, em aproximadamente 1/3 do território, se encontrem declives bastante acentuados (normalmente superiores a 30%). Esta componente territorial condicionou o tipo de ocupação humana, verificada neste concelho. Grande parte dos aglomerados localizam-se nas zonas menos declivosas, muitas vezes associadas às mais importantes linhas de água. As sedes de freguesia, por exemplo, são bons exemplos da procura de zonas menos declivosas. O ponto mais elevado do concelho, o Penedo Gordo (570 metros), encontra-se na parte central do concelho, na Serra das Talhadas. Esta Serra constitui uma espécie de barreira natural entre a freguesia de Fratel (a poente) e o restante território concelhio. As cotas mais baixas (inferiores a 200m), encontram-se associadas às principais linhas de água existentes no concelho: o rio Tejo, que limita o concelho a sul, o rio Ponsul, limite nascente e o rio Ocreza, que constitui grande parte limite do norte do concelho (desde da confluência com o Tejo, no limite sudoeste do concelho, até a norte de Carapetosa). Completam a rede hidrográfica inúmeras linhas de água, com maior densidade a nascente. Destacam-se as ribeiras do Açafal, de Lucriz, da Vila, do Vale de Pousadas, de Alfrívida, do Vale do Morgado e, a poente a ribeira de Perdigão. Conforme sustentado no capítulo anterior a paisagem de Vila Velha de Ródão é bastante variada, encontrandose várias unidades geomorfológicas, facilmente identificáveis: um sinclinal ordovícico que se apresenta sob a forma de duas cristas paralelas (Serras da Talhada e Perdigão), de rocha quartzítica, definindo um vale no seu interior; duas gargantas nos locais onde é atravessada pelo Tejo e Ocreza (Portas de Ródão e Almourão); na envolvente da Serra, rochas do complexo xisto-grauváquico, profundamente cavadas por cursos de água, coberta, numa larga extensão por depósitos detríticos de formação mais recente (arcoses), aos quais se sobrepõem níveis de cascalheira com altitudes entre os 100 e 300 metros; um único afloramento granítico, junto Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 133 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão à confluência do Tejo com o Ocreza; a norte do Tejo, nascente das Serras e para ocidente das Portas de Ródão, a plataforma anteriormente referenciada, sofreu falhas, entre as quais se destaca a do Ponsul, que originou 2 bacias de abatimento e, ainda, as regiões das bacias hidrográficas (Tejo, Ocreza, Ponsul, Açafal e Lucriz). Esta diversidade resulta, entre outros aspectos, na existência do xisto e do quartzito, materiais utilizados na construção um pouco por todo o concelho, principalmente nos núcleos mais antigos. As areias e barros, extraídas do leito do Tejo são também dois dos recursos minerais existentes no concelho. Pode afirmar-se que, à semelhança do que acontece em qualquer outro lugar, a presença de água e o relevo, foram factores que influenciaram decisivamente o estabelecimento da população. No primeiro caso, a disponibilidade de água para consumo humano ou agrícola, aliada à maior fertilidade dos solos, conduziu ao estabelecimento de aglomerados populacionais nas margens de linhas de água ou nas suas proximidades, como é exemplo Vila Velha de Ródão, que se desenvolveu nos terrenos férteis do Tejo. Quanto ao relevo, este terá desempenhado um papel mais dicotómico na fixação das populações: se por um lado, as zonas mais altas, escarpadas ou inacessíveis apresentavam dificuldades ao estabelecimento humano e à implantação das suas construções, razões estratégicas, como a necessidade de protecção, conduziram frequentemente à sua colonização. Assim, a procura de áreas mais ou menos elevadas, ou mais ou menos declivosas, variou com o tempo e com a estabilidade política da região, podendo dizer-se que, de forma geral, os povoamentos situados em zonas mais altas e de acessos difíceis, são mais antigos, e resultam, em grande medida, das primeiras colonizações medievais e dos primeiros territórios feudais. Por outro lado, os aglomerados de desenvolvimento mais recente ocuparam, preferencialmente, zonas mais planas e baixas, onde a fixação das populações foi mais favorável. Contudo, este raciocínio, nem sempre se coaduna totalmente com a realidade. A presença no território concelhio de zonas de declives acentuados levou a que a população se estabelecesse, de uma forma geral, em aglomerados de pequenas dimensões, que se encontram dispersos e, na maior parte dos casos, isolados. Como já foi referido anteriormente, onde o relevo é mais suave, não constituindo uma barreira física, nos planaltos e nas proximidades de linhas de água, desenvolveram-se grande parte dos aglomerados, nomeadamente os mais populosos e de maior dimensão, que se destacam na estrutura do povoamento do concelho (Vila Velha de Ródão, Fratel, Perais e Sarnadas de Ródão). 134 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Podemos assim referir que o concelho de Vila Velha de Ródão apresenta, actualmente, uma estrutura de povoamento concentrada, mas baseada em núcleos dispersos pela área do concelho. Esta estrutura assenta na generalidade, em aglomerados de muito reduzida dimensão, sendo que em alguns casos existe ainda um núcleo antigo que terá sido a génese do aglomerado. Conforme já se teve oportunidade de referir, a análise da distribuição da população pelos Figura 26: Distribuição do edificado no concelho de Vila Velha de Ródão aglomerados vem reforçar esta ideia, já que, tendo em conta os lugares identificados pelo INE, à data dos Censos 2001, existiam no concelho 41 aglomerados16, para um total de 4098 habitantes. Atendendo a que, de entre estes, 46% da população residente no concelho (1873 habitantes), se concentrava em Vila Velha de Ródão, Fratel e Sarnadas de Ródão, pode afirmar-se a presença de um forte desequilíbrio ao nível da distribuição populacional aglomerados, no 19 concelho. Destes apresentavam 41 uma população inferior a 50 pessoas, 11 tinham entre 50 e 100 habitantes e apenas 11 tinham mais de 100 residentes. A perda populacional generalizada tem penalizado sobremaneira os aglomerados rurais, com forte incidência nos seus núcleos mais antigos, em parte devido ao facto de não terem as desejáveis condições de habitabilidade, provocando a sua desertificação progressiva e o abandono de diversos edifícios que detinham funções habitacionais ou que suportavam as actividades de subsistência da população. A maior parte dos aglomerados do concelho caracteriza-se por manterem uma forte relação com o meio natural, quer pela influência do factor agrícola, quer pela procura de uma economia de soluções, pela irregularidade e pelo emprego dos materiais existentes (nomeadamente o xisto). Assim, a generalidade do território concelhio, organiza-se em aglomerados que se fixaram na base da encosta, nos planaltos ou próximo de linhas de água. Nos aglomerados de maior dimensão, nomeadamente nas sedes de freguesia, o factor agrícola é menos 16 Fratel: Carepa, Fratel, Gardete, Juncal, Ladeira, Marmelal, Montinho, Perdigão, Peroledo, Riscada, Silveira, Vale Figueira, Vale de Bezerra, Vermum e Vilar do Boi; Perais: Alfrívida, Monte Fidalgo, Perais e Vale de Pousadas; Sarnadas de Ródão: Amarelos, Atalaia, Carapetosa, Cebolais de Baixo, Rodeios e Vale do Homem; Vila Velha de Ródão: Alvaide, Cerejal, Chão das Servas, Coxerro, Foz do Cobrão, Gavião de Ródão, Salgueiral, Sarnadinha, Serrasqueira, Tavila, Tojeirinha, Tostão, Vale do Cobrão, Vilas Ruivas e Vila Velha de Ródão. Há que realçar que além destes 41 aglomerados, contabilizados com base nos dados dos Censos de 2001, existe um número significativo de pequenos lugares, que pelas suas características (dimensão e efectivo populacional), se consideram como residuais, optando-se por não considerá-los nesta análise. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 135 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão explícito, a malha urbana mais regular e os edifícios são de feição mais rica e erudita, mas ao mesmo tempo, descaracterizada. Estas povoações possuem, à excepção da sede de concelho, características rurais, apresentando, na maior parte dos casos, aspectos comuns, como a existência de um núcleo antigo, que resultou de um desenvolvimento orgânico e espontâneo, adaptado ao cadastro e às condições orográficas, permitindo o desencadear de arruamentos, que surgem estreitos e sinuosos. Apesar da estrutura urbana não apresentar nenhuma regra de estruturação específica é possível identificar três tipos: (i) o povoamento disperso, em que o casario se distribui aleatoriamente numa planície, (ii) o povoamento em zonas declivosas (povoação de meia encosta), onde as construções praticamente se sobrepõem umas às outras, ocupando espaços reduzidos e ajustando-se ao terreno declivoso e (iii) o povoamento linear, em que as construções se organizam ao longo de uma rua principal. Os edifícios são compostos por habitações, maioritariamente, unifamiliares, e por anexos de apoio à actividade agrícola. Os materiais de construção utilizados encontram razão de ser nas características geológicas e nas matériasprimas existentes na região, destacando-se, naturalmente, a forte presença do xisto. As zonas de expansão desenvolveram-se, naturalmente, na periferia dos aglomerados, em torno dos conjuntos urbanos originais ou ao longo dos arruamentos e vias mais importantes. Estas zonas revelam uma tendência para a dispersão e descontextualização face aos aglomerados, empregando tipologias, cores e materiais, completamente diferentes dos usuais na região. No entanto, parte das construções novas surgem também no interior da estrutura urbana, associadas ao processo de renovação urbana, o que, em algumas situações, contribui para a descaracterização dos aglomerados, tanto pela introdução de linguagens arquitectónicas importadas e distintas das locais, como pela utilização de materiais desadequados. Este aspecto predomina um pouco por todo o concelho, e está, de alguma forma, intimamente ligado à importância que a emigração assumiu. 8.2.2 Dinâmica Urbanística e Estado de Conservação De forma a conseguir obter-se uma percepção fiel do que tem sido a evolução urbanística da ocupação do concelho de Vila Velha de Ródão, para além do conhecimento que se adquire da observação in loco, recorreu-se à informação estatística disponível no INE, bem como a dados da Câmara Municipal referentes ao licenciamento. Da informação disponibilizada procedeu-se à análise dos dados relativos aos processos de obras particulares que deram entrada na Câmara Municipal, entre os anos 2000 e 2010, tendo estes sido analisados a dois níveis: 136 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão total de processos de obras particulares, aprovados ou não, e independentemente de terem sido objecto de posterior emissão de licença e concretização – esta informação embora não traduza a efectiva realização das intervenções e consequente transformação da ocupação do território, é um fiel indicador da potencial dinâmica urbanística e sobretudo dos anseios e expectativas dos munícipes; processos de obras particulares em tramitação ou objecto de emissão de licença (válidas ou concretizadas) – esta informação espelha a concretização das intervenções no território, traduzindo a efectiva dinâmica urbanística. Acrescente-se que para a análise não foram consideradas obras com reduzida relevância no contexto da revisão do PDM (construção de muros, vedações, garagens, piscinas, telheiros, etc.), tendo-se analisado as intervenções por ano, localidade e tipo de obra. Dos cerca de 900 processos que deram entrada a última década na CMVVR, 46% referiam-se a Figura 27: Total de Processos de Obras Particulares, por aglomerado, entre 2000 e 2010 30% 25% intervenções nas quatro sedes de 20% freguesia (ou na sua proximidade), 15% decorrente do facto de ser aqui que se concentra o maior efectivo populacional e edificado. 10% 5% 0% Na categoria “Outros” incluem-se os processos relativos a localidades que registaram 10 ou menos processos no período de análise. Atendendo apenas aos processos já Figura 28: Processos de Obras Particulares com Licença, por aglomerado, entre 2000 e 2010 30% 25% licenciados (ou em tramitação), 20% também são as sedes de freguesia 15% que concentram uma maior número de processos – 56% dos cerca de 270 considerados. contabilizaram-se Neste na 10% 5% 0% caso categoria “Outros” todos os pedidos de licenciamento apresentados para Fonte: Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão localidades que registaram 5 ou menos processos. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 137 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão De registar que dos restantes aglomerados Foz do Cobrão e Alvaiade são os que aglomerados onde surge um maior número de intervenções (intenções ou efectiva concretização), no primeiro caso, provavelmente decorrente do protagonismo que a aldeia tem assumido no panorama turístico, e no segundo caso, beneficiando da confinância com o nó da A23 e da relativa proximidade à sede de concelho. Em termos de distribuição anual, até 2007 a distribuição anual do número de processos apresentados na CMVVR manteve-se relativamente equilibrada, embora com um pico em 2004, tendo-se contudo registado um acentuado decréscimo nos últimos três anos, tendência verificada um pouco por todo o país decorrente do agravamento das condições socioeconómicas das famílias e do panorama global a que o mercado imobiliário assiste. Esta tendência verifica-se também nas obras objecto de emissão de licença, sendo que o valor elevado associado ao ano 2010 decorre de ainda se encontrarem válidas inúmeras licenças emitidas (a maioria das quais com caducidade durante o primeiro semestre de 2011). Figura 29: Total de processos de obras particulares, por ano Figura 30: Processos de obras particulares com licença, por ano 50 140 120 103 100 80 46 127 98 87 40 106 98 30 80 82 60 28 26 20 26 32 26 25 23 20 59 40 25 0 20 16 10 19 9 0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Ano 2006 2007 2008 2009 2010 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Fonte: Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão Ano Relativamente à distribuição dos processos por tipo de obra, atendendo ao número total recebido na CMVVR, verifica-se uma preponderância dos pedidos de licenciamento de obras de alteração, remodelação ou beneficiação, na sua grande maioria relativo a substituição de materiais, renovação de coberturas, pinturas de fachada e similares. Já no que se refere a obras efectivamente concretizadas as obras de construção nova são as que registam um maior peso, seguidas das obras de ampliação – em ambos os casos a maioria das intervenções destina-se ao uso habitacional verificando-se no caso da construção nova alguma expressão dos edifícios de apoio à actividade agrícola. Neste último caso importa notar a ausência de obras de demolição, uma vez que estas tiveram sempre associadas a construção nova, tendo por isso sido contabilizadas nessa tipologia. Ainda relativamente às obras de alteração, remodelação ou beneficiação e de alteração estas são um bom indicador no que se refere à dinâmica de renovação/regeneração urbana, uma vez que denotam uma intenção 138 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão de investimento na recuperação do edificado e na dotação das edificações de características mais adequadas às necessidades actuais. Figura 31: Total de processos de obras particulares, por aglomerado, entre 2000 e 2010 0,2% Figura 32: Processos de obras particulares com licença, por aglomerado, entre 2000 e 2010 7,4% 11,9% 13,1% 48,8% 28,3% 29,9% 45,1% 15,4% Alteração/Remodelação/Beneficiação Ampliação Construção Demolição Reconstrução Alteração/Remodelação/Beneficiação Ampliação Construção Reconstrução Fonte: Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão O estado de conservação dos aglomerados não depende somente das condições de habitabilidade dos edifícios, mas também da qualidade estética do conjunto em que se inserem. Refira-se que a melhoria nas condições de habitabilidade conduz, por vezes, à destruição arquitectónica de alguns núcleos primitivos dentro dos aglomerados, sendo que no concelho de Vila Velha de Ródão, esta situação assumiu algum significado em determinados aglomerados sujeitos a maior pressão construtiva. Como já se referiu, em alguns casos, os núcleos mais antigos têm vindo a ser abandonados, ficando os edifícios votados ao abandono. É necessário implementar medidas que permitam inverter esta tendência, promovendo a recuperação destes imóveis, à luz dos parâmetros e das necessidades actuais, pois só assim se poderá evitar o abandono das zonas antigas e a redução da ocupação em áreas periféricas. Parte das edificações novas localizam-se, tendencialmente, nas zonas envolventes ao conjunto urbano, ao longo dos eixos viários, ou em alguns casos, como já se mencionou, em zonas centrais, correspondendo a operações de renovação urbana. Fotografia 17: Casario tradicional (Cerejal) Fotografia 18: Casa recuperada (Tojeirinha) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Fotografia 19: Casario degradado (Montinho) 139 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão O estado de conservação dos edifícios é por isso paradoxal pois existem, pelo menos, duas situações distintas: a parte mais antiga dos aglomerados, muitas vezes decadente e com construções votadas ao abandono, e as zonas de expansão, quando existem, com edifícios de construção recente e em melhor estado de conservação. Verifica-se contudo, na primeira situação, e em alguns casos pontuais, um acréscimo das iniciativas de recuperação dos edifícios mantendo as suas características originais. Em relação ao edificado os dados do INE indicavam que, em 2001, apenas 2,4% dos edifícios do concelho se encontravam muito degradados, sendo as freguesias de Fratel e Sarnadas de Ródão aquelas onde este valor era maior (3,1% e 2,8%, respectivamente), ao passo que em Vila Velha de Ródão estes representavam 2,5% do total e em Perais apenas 0,4%. Ao avaliar a proporção dos edifícios que, no mesmo ano, necessitavam de reparação de qualquer natureza, estes correspondiam a mais de 1/3 do total de edifícios concelhios (37,7%), sendo, mais uma vez as freguesias de Sarnadas de Ródão e Fratel que revelam maior debilidade (respectivamente 55,2% e 50,8%), seguidas de Vila Velha de Ródão e Perais (28,2% e 19,4%). 8.2.3 Caracterização dos Aglomerados A este nível far-se-á uma análise da estrutura urbana dos aglomerados, particularmente da sua evolução recente, identificando a posição de cada núcleo face às redes urbana e viária e identificando, sempre que possível, as áreas preferenciais de ocupação. A estrutura urbana dos diversos aglomerados que constituem o concelho é, na generalidade, semelhante, possuindo todos eles um núcleo antigo perfeitamente identificável e uma malha urbana bastante característica da época da sua formação e da região em que se inserem. Em geral, as habitações correspondem a moradias unifamiliares, implantadas em lotes de pequenas dimensões, o que dificulta o processo de requalificação dos núcleos originais, pelo facto de não possuírem áreas compatíveis com as necessidades actuais, facto que ocorre principalmente nos aglomerados mais antigos Os edifícios mais recentes, e porventura em maioria, são em alvenaria de tijolo e betão, contrastando com as casas típicas, regra geral, irregulares, em xisto que com o passar do tempo adquiriram a cor da região. Nas coberturas, os materiais mais utilizados são a telha de canudo, que progressivamente tem vindo a ser substituída por telha tipo lusa (e muitas vezes já o tinha sido por telha tipo marselhesa). Nas fachadas, as aberturas são poucas e as chaminés quase não existem. 140 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão No concelho encontram-se, essencialmente, três tipologias de construção distintas. A primeira, correspondente à casa tradicional, é característica de uma arquitectura popular Fotografia 20: Casas em Vale do Homem que no caso de Vila Velha de Ródão se apresenta sob duas situações distintas: a existência de edifícios construídos em xisto e de edifícios em que é utilizada argamassa e reboco, com acabamento a cal e faixas de cor à volta das aberturas ou para realçar cunhais e cornijas, apresentando características arquitectónicas de transição Beira/Estremadura e principalmente, Beira/Alentejo. Assim, é possível encontrar a casa tradicional que aplica o xisto, sendo, habitualmente de dois pisos, destinando o r/c aos animais e o andar sobrado à habitação. O acesso pode ser feito através de escadas exteriores em pedra. O telhado, de telha caleira é de duas ou quatro águas, raramente com chaminé. O segundo exemplo de casa tradicional existente, além das características já descritas, compreende, geralmente, dois pisos, normalmente de planta regular e geométrica, onde a argamassa ou reboco cobrem o xisto. Neste caso, o telhado é de telha caleira, utilizando-se também a telha marselha, com uma, duas ou quatro águas e com chaminé. A ligação à actividade agrícola leva a que surjam condições para a existência de palheiros, Fotografia 21: Casas em Silveira adegas, currais e, ainda, quintais associados a cada uma das habitações. Como terceira tipologia, tem-se a moradia unifamiliar, correspondente, na maioria dos casos, a construções recentes, localizadas nas zonas envolventes ao núcleo antigo, ou mesmo, no centro das povoações, resultantes de um processo de renovação urbana e/ou de preenchimento. Esta tipologia está associada ao crescimento dos aglomerados, conduzindo, em alguns casos, à sua descaracterização, tanto por empregarem materiais dissonantes, como por utilizarem linguagens arquitectónicas distintas das do local em que se inserem. Em maior parte dos casos, as necessidades económicas, associadas há aculturação dos proprietários, influencia dos vendedores de materiais, e projectistas de fraca qualidade, são os principais factores responsáveis por esta descaracterização do edificado. O sistema construtivo utilizado é o betão armado, e são, em alguns casos, edifícios inestéticos quanto à sua forma, volumetria e imagem. Estes edifícios, que começaram a surgir, sensivelmente, a partir de 1960. Recentemente observa-se também a construção em alguns aglomerados de casas em pedra, recuperando desta forma a tipologia construtiva típica da região. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 141 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Fotografia 22: Casas em Vila Velha de Ródão Fotografia 23: Habitação unifamiliar, em Fratel Fotografia 24:Imóvel dissonante, na Foz do Cobrão São de referir também os edifícios de habitação colectiva com três ou mais pisos, que embora constituam uma excepção no concelho, surgem, de uma forma tipificável, na sua sede. Por último, uma referência às diversas casas senhoriais e solarengas, que surgem um pouco por todo o território concelhio, algumas integradas na estrutura urbana dos aglomerados, outras Fotografia 25: Habitação colectiva, em Vila Velha de Ródão disseminadas pelo espaço rural, em quintas. Estas são características de uma arquitectura tradicional mais erudita, e correspondem a moradias de famílias nobres ou importantes. Distinguem-se pela sua dimensão, pelo acabamento, pelos materiais que empregam e pela forma como são trabalhados, por exemplo, pelo trabalho da pedra nas cantarias, nos cunhais, nos embasamentos e nas cornijas. A dinamização de algumas destas casas, através da exploração turística, ou da promoção de outros tipos de uso, poderá constituir uma forma de Fotografia 26: Casa senhorial, na Tojeirinha promover a sua salvaguarda. De uma forma ou de outra, é importante que se intervenha, caso contrário perder-se-ão valores patrimoniais importantes. Concluindo, pode-se dizer que alguns aglomerados apresentam uma imagem de contraste entre a casa tradicional e a moradia unifamiliar de linguagem tantas vezes dissonante face ao contexto em que se insere. É importante focar, uma vez mais, o gradual abandono a que têm sido votados alguns edifícios tradicionais e nobres destes núcleos. De seguida, e em resultado dos trabalhos de campo efectuados (2006), da análise do PDM em vigor, dos dados fornecidos pela Autarquia relativos às intervenções sobre o edificado (já referidos anteriormente) e da informação estatística disponível (INE), pretende-se efectuar uma breve abordagem dos principais aspectos que caracterizam a estrutura urbana de cada aglomerado e a sua evolução, assim como identificar, sempre que 142 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão possível, as alterações mais significativas verificadas nestes últimos anos, sob a vigência do Plano Director Municipal. 8.2.3.1 Freguesia de Fratel A freguesia de Fratel é a mais ocidental do concelho, situando-se entre a margem direita do Tejo e esquerda do Ocreza. Dista aproximadamente 16,5km da sede de concelho e ocupa uma área total de 97,8km2, sendo a freguesia com maior área do concelho. Apesar de, em 1981, existirem, nesta freguesia, 1221 habitantes, em 2001, apresentava 760 (com uma densidade populacional de 7,8hab/km2), tendo registado, percentualmente, nesta última década, a maior perda populacional verificada no concelho (de cerca de 24,3%, ou seja, 185 habitantes). A sua fronteira Norte e poente, é definida pelo rio Ocreza, que separa o concelho de Mação (no extremo Sudoeste) e de Proença-a-Nova. A Sul, é o Tejo que limita esta freguesia, sendo a Serra das Talhadas o seu limite nascente. Os principais acessos à freguesia são a A23 (saídas 16, 17 e 18 – Gardete, Juncal e Fratel) e o IP2, que atravessam diagonalmente a freguesia, no sentido SO-NE. O CM1373, por Vilas Ruivas, permite o acesso à sede concelho. A EN241, a partir de Perdigão, faz a ligação ao concelho de Proença-a-Nova. O IP2, junto a Gardete, liga o concelho de Vila Velha de Ródão a Nisa. O aglomerado de Fratel, sede de freguesia, conta com 314 habitantes. Localiza-se junto ao IP2, sendo o aglomerado Fotografia 27: Largo Eng. Araújo Correia, em Fratel limitado por este a poente. O núcleo antigo desenvolve-se em torno do Largo Eng. Araújo Correia, estendendo-se ao longo da Rua Alferes José João Neves Flores até ao IP2 e, para poente até à EN3-3, que atravessa verticalmente o aglomerado e o liga à estação de Fratel (sudeste) e ao IP2 (Norte). O parque edificado apresenta-se, regra geral, em bom estado de conservação. No interior do aglomerado, assinala-se a existência alguns edifícios de arquitectura tradicional em bom estado de conservação ou recuperados. Além das casas solarengas destacam-se ainda a Igreja Matriz e o cruzeiro. As áreas de expansão actuais localizam-se a nascente, junto ao campo de jogos e ao centro comunitário/centro de dia. O aglomerado encontra-se bem servido ao nível de equipamentos de utilização colectiva e serviços. Além de Fratel, assinalam-se ainda os lugares de Gardete, Silveira, Riscada, Juncal e Vermum, situados a Sudoeste da sede de freguesia, Carepa a poente e Peroledo, Vale da Bezerra, Vilar do Boi, Montinho, Marmelal, Vale Figueira, Perdigão e Ladeira, todos a Norte/Noroeste da sede de freguesia. Estes aglomerados, de muito pequena dimensão (apenas Vilar de Boi, Perdigão e Marmelal têm mais de 50 habitantes), apresentam, regra Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 143 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão geral, um povoamento concentrado, em que o edificado se organiza de uma forma linear, ao longo de caminhos (que muitas vezes constituem uma única rua, como por exemplo, em Vermum, Carepa ou Juncal), ou então em pequenos núcleos orgânicos, dos quais resulta uma rede de caminhos estreitos e sinuosos (como por exemplo, em Gardete ou em Peroledo). Apesar da grande maioria destas povoações ainda possuir um núcleo antigo onde é possível encontrar edifícios de arquitectura tradicional (grande parte deles devolutos), existem pontualmente edifícios alvo de recuperações (algumas descaracterizadoras). Nos aglomerados onde se observam expansões mais recentes, estas ocorrem normalmente, através de edifícios de arquitectura dissonante, normalmente localizados na periferia dos aglomerados. Fotografia 28: Panorâmica de Gardete Fotografia 29: Panorâmica de Vale da Figueira Fotografia 30: Panorâmica de Ladeira Fotografia 31: Panorâmica de Vilar de Boi Esta freguesia apresenta, no contexto concelhio, alguma dinâmica, conforme referido no âmbito da análise da Dinâmica Urbanística. Reforçando a informação já anteriormente enunciada, segundo os Censos 2001, 21% dos edifícios da freguesia, foram construídos no período compreendido ente 1946 e 1960, sendo a maioria com 2 pisos (apenas existem 11 edifícios com 3 pisos). 8.2.3.2 Freguesia de Perais Perais foi a segunda freguesia que, nesta última década, mais população perdeu (percentualmente), possuindo em 2001, 589 habitantes (menos 180 do que em 1991). É de referir que, em 1981, apresentava 880 habitantes. Situada a Este de Vila Velha de Ródão, num vale fértil, com uma área total de 82,0km 2, possuía, em 2001, a densidade populacional mais baixa do concelho, com 7,2hab/km2. Tal como a freguesia de Fratel e Vila Velha de Ródão, Perais é limitada a Sul pelo rio Tejo. Faz fronteira com Castelo Branco, a Norte e é limitada pelo Ponsul a nascente. Apesar de distar apenas 13km da sede de concelho, é uma freguesia relativamente isolada. A ligação a Vila Velha de Ródão faz-se pela EN355 e, posteriormente pela EN18 (junto a Serrasqueira). É ainda servida por um conjunto de estradas e caminhos municipais que permitem o acesso a vários aglomerados que a integram. As EM553 e EM572, ligam o concelho a Castelo Branco. 144 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão O aglomerado de Perais é das sedes de freguesia a de menor dimensão, destacando-se o facto de que, em 2001, possuía apenas 177 habitantes. A sua estrutura apoia-se num núcleo antigo (o primitivo), em torno do qual se localiza grande parte do edificado e estende-se, de uma forma mais dispersa, para poente ao longo da EN355 e para Nordeste pela EM533 O aglomerado encontra-se bastante descaracterizado existindo exemplos de recuperações mal conseguidas ou de edifícios de arquitectura mais actual, pouco contextualizados. O número de edifícios em mau estado de conservação é também considerável. A sua expansão mais recente, como foi anteriormente referido, deu-se na envolvente, junto às vias que estabelecem a ligação ao aglomerado, ou em caminhos que divergem do núcleo. No conjunto, destaca-se a presença da Igreja Matriz. Nesta freguesia, os restantes aglomerados17 Fotografia 32: Panorâmica de Perais - Vale de Pousadas (a norte de Perais), Monte Fidalgo (a Sudeste, junto ao Tejo) e Alfrívida (a Nordeste da freguesia) apresentam, na sua origem, uma estrutura nucleada, com alguma dispersão ao longo dos novos caminhos. Nos aglomerados de Fotografia 33: Panorâmica de Alfrívida Monte Fidalgo e Alfrívida, observa-se alguma concentração do edificado em torno das vias principais. É ainda de notar a existência de capelas, ora integrando o aglomerado, ora destacando-se deste. Fotografia 34: Panorâmica de Vale de Pousadas Fotografia 35: Panorâmica de Monte Fidalgo O aglomerado de Alfrívida, possuía, em 2001, 161 habitantes, apresentando contudo um núcleo de dimensão considerável (no contexto concelhio de Vila Velha de Ródão), consolidado, recuperado e habitado. Este desenvolveu-se, no espaço compreendido entre as EM 553 e 572. 17 O lugar de Balsinha, segundo os censos de 2001, deixou de fazer parte dos aglomerados do concelho (passou para o concelho de Castelo Branco). Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 145 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Mais uma vez, a existência de edifícios dissonantes em todos os aglomerados, resulta de expansões ou de processos de renovação mais recentes. A freguesia tem apresentado um fraco dinamismo, em grande medida em virtude da sua excentricidade e do reduzido efectivo populacional. Em 2001, de acordo com os dados do INE, não existiam na freguesia edifícios com mais de 2 pisos, sendo que dos 453 edifícios existentes, 248 possuíam apenas 1 piso. Maioritariamente, os edifícios desta freguesia foram construídos na primeira metade do século passado. 8.2.3.3 Freguesia de Sarnadas de Ródão Sarnadas de Ródão é a freguesia que se situa mais a Norte no território concelhio, sendo limitada a norte pelo Ocreza e a nascente pelo concelho de Castelo Branco. Em termos de área, é a freguesia mais pequena (com 59,7km2), apresentando a segunda densidade populacional mais elevada do concelho, com cerca de 11,6hab/km2, uma vez que, em 2001, aqui habitavam 693 habitantes. Assinala-se que, entre 1991 e 2001, apresentou a perda populacional menos significativa do concelho, com uma variação negativa de 14,4% (ou seja, - 117 habitantes). Em termos de rede viária, esta freguesia é atravessada pela A23 que atravessa diagonalmente a freguesia, no sentido Sudoeste-Nordeste. É ainda servida pela EN18 e por um conjunto de estradas municipais que permitem o acesso aos aglomerados que a integram. Fazem parte desta freguesia um conjunto de lugares dos quais se assinalam: Amarelos, Atalaia, Carapetosa, Cebolais de Baixo, Rodeios, Sarnadas de Ródão e Vale do Homem. O aglomerado de Sarnadas de Ródão localiza-se na parte nordeste do concelho, próximo da margem da ribeira do Fotografia 36: Sarnadas de Ródão Retaxo, junto ao IP2 e A23. Dista, aproximadamente, 14km da sede de concelho. O aglomerado desenvolve-se a partir do Largo do Rossio, local onde convergem 6 ruas, ao longo das quais se dispõem os edifícios do aglomerado, na sua maioria com dois pisos. O núcleo mais antigo possui alguns exemplos de arquitectura tradicional, nomeadamente alguns edifícios quinhentistas. A expansão do aglomerado, para Norte, ao longo da rua do Barreiro, ocorreu de uma forma menos concentrada, mas, tal como no núcleo primitivo, de uma forma linear. A “Casa Grande”, o Museu do Azeite, e a Igreja Matriz, destacam-se dos demais edifícios do aglomerado. Os restantes aglomerados da freguesia são todos de pequenas dimensões, sendo que, apenas Cebolais de Baixo tem mais de 100 habitantes. 146 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Amarelos, Carapetosa, e Rodeios, localizam-se a Norte da A23. Os restantes são os aglomerados que, tal como Sarnadas de Ródão, se localizam a Sul deste eixo viário. Maioritariamente apresentam uma ocupação urbana linear, dispondo-se os edifícios ao longo dos seus arruamentos principais. Fotografia 37: Vale do Homem Fotografia 38: Amarelos Fotografia 39: Atalaia Cebolais de Baixo, provavelmente, por se ter desenvolvido próximo da fronteira com o concelho Fotografia 40: Panorâmica de Cebolais de Baixo de Castelo Branco, destaca-se pela sua dimensão e por apresentar, em 2001, 134 habitantes (valor considerável no contexto concelhio). Na freguesia existem 12 edifícios com 3 pisos e dos 632 edifícios da freguesia, 125 (19,7%) foram construídos entre 1919 e 1945. Esta freguesia apresenta uma elevada percentagem de alojamentos de uso sazonal ou secundário – 329 alojamentos. 8.2.3.4 Freguesia de Vila Velha de Ródão A freguesia de Vila Velha de Ródão assume uma posição central relativamente às restantes freguesias, abrangendo uma área de 90,4km2, a segunda maior do concelho. É a freguesia mais povoada, com um efectivo populacional, que em 2001, era de 2056 habitantes, o que em termos de densidade populacional, rondava os 22,7hab/km2 (a maior do concelho). Tal como as restantes freguesias do concelho, nas últimas duas décadas, registou uma diminuição populacional (177 entre 1981 e 1991, e 380 entre 1991 e 2001). Em termos de rede viária, Vila Velha de Ródão encontra-se bem servida, sendo atravessada pela A23 e IP2, na parte norte da freguesia. A EN241 (ligação a Vila Velha de Ródão) e a EN18 (ligação a Sarnadas de Ródão) são outras 2 vias que conferem centralidade a esta freguesia. Vila Velha de Ródão localiza-se a nascente da Serra das Talhadas, junto ao Cabeço da Achada. Desenvolveuse junto à margem direita do Tejo ocupando os terrenos a poente da ribeira de Enxarrique. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 147 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Fotografia 41: Vila Velha de Ródão, vista panorâmica O núcleo mais antigo cresceu em torno dos largos do Pelourinho e Dr. António Gonçalves, onde se localizam a Igreja Matriz e o Pelourinho. A malha, relativamente coesa, com 3 quarteirões definidos, assenta numa estrutura que se apoia, sobretudo, nas ruas Dr. José Rocha, do Terreiro, do Arrabalde, da Igreja e Largo dos Combatentes. Este núcleo é composto por um conjunto de edifícios de arquitectura tradicional, verificando-se a existência de algumas casas de cariz mais erudito, algumas delas, infelizmente, apresentando alguns sinais de degradação. Este apresenta-se como um conjunto de grande interesse que se deve preservar e requalificar. Destaque para a Igreja Matriz, para o Pelourinho e para os edifícios do Centro Municipal de Cultura e Desenvolvimento. Os principais equipamentos e serviços (a GNR, o Centro de Saúde, a Câmara Municipal, a Residência Assistida para Idosos, etc.) localizam-se a sudeste do núcleo primitivo, ao longo da rua de Santana. Vila Velha de Ródão cresceu de modo algo espontâneo em função da antiga-EN241 (Rua de Santana), da linha de caminho-de-ferro (Linha da Beira Baixa) e da EN18. Este tipo de crescimento, bem como o relevo variado, originou um tipo de povoamento orgânico. As dificuldades topográficas traduzem-se numa dispersão de acontecimentos. A expansão do Fotografia 42: Área de expansão nascente de Vila Velha de Ródão aglomerado ocorreu pela encosta, para poente e simultaneamente, para nascente, nas zonas de relevo mais favorável. A ocupação ao longo das vias, até ao limite do perímetro urbano é também uma realidade. Importa ainda referir o forte impacto da unidade Fotografia 43: Vista Panorâmica de Vila Velha de Ródão industrial da Celtejo, implantada entre as ribeiras do Enxarrique e do Açafal. 148 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Distinguem-se nesta vila um conjunto de edifícios, nomeadamente a Igreja Matriz de Vila Velha de Ródão, a Capela de Nossa Senhora da Alagada, o Centro Municipal de Cultura e Desenvolvimento, o Pelourinho e a Bateria da Achada, e os mais recentes edifícios emblemáticos do concelho, a Casa das Artes e Cultura do Tejo e a Biblioteca Municipal José Baptista Martins. Esta freguesia integra, para além da sede de concelho, 15 aglomerados, sendo que Alvaiade, Gavião de Ródão e Serrasqueira, assumem uma posição de destaque, quer pela sua dimensão, quer pelo número de residentes. Fotografia 44: Alvaiade- Vista panorâmica A norte do IP2 e da A23, apoiados no CM1353, localizam-se os aglomerados de Vale do Cobrão e Foz do Cobrão (junto ao limite do concelho). Para nascente, na EM545, situam-se os aglomerados de Chão das Servas, Sarnadinha, Alvaiade e Cerejal. A sul da A23, na parte mais central da freguesia, junto da EN241, que liga a A23 à sede de concelho, desenvolveram-se Tavila e Gavião de Ródão. Tostão situa-se a nascente da EN241, próximo do caminho-de-ferro. A nascente de Vila Velha de Ródão, ao longo da EN18, implantam-se os aglomerados de Coxerro e Serrasqueira. Salgueiral, junto ao extremo Sudeste, é o aglomerado com menor acessibilidade da freguesia, o que em parte justifica ser o aglomerado com menos população (7 habitantes segundo os Censos de 2001). No CM1373, uma das vias que liga Vila Velha de Ródão a Fratel, localiza-se Vilas Ruivas. Fotografia 45: Gavião de Ródão- Vista panorâmica Tal como frequentemente acontece neste concelho, grande parte dos aglomerados desta freguesia, desenvolveram-se apoiados na via que atravessa o aglomerado (por exemplo, Chão das Servas, Vale do Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 149 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Cobrão, Serrasqueira e Salgueiral). Nesta freguesia é também possível observar alguns aglomerados em que o desenvolvimento ocorreu de uma forma mais dispersa – Vilas Ruivas, Tojeirinha, Alvaiade, etc., condicionado pela topografia. Foz do Cobrão apresenta uma estrutura claramente nucleada. Naturalmente, foi na freguesia de Vila Velha de Ródão que se registou uma maior dinâmica urbanística ao longo dos últimos anos. No concelho de Vila Velha de Ródão, é apenas nesta freguesia que se podem encontrar edifícios com mais de 3 pisos (16 com 4 e 2 com 5 pisos), registando 89% dos edifícios com 3 pisos do concelho. No que diz respeito à data de construção dos imóveis, dos 3334 inventariados pelo INE em 2001, 32% foram edificados entre 1919 e 1960. 150 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 9. SISTEMA URBANO 9.1 INTEGRAÇÃO DE VILA VELHA DE RÓDÃO NO SISTEMA URBANO REGIONAL Redes de articulação urbana A Região Centro apresenta um esquema de sistema urbano que pode constituir-se como um território alternativo às duas metrópoles, onde as cidades médias e os pequenos centros proporcionam uma oferta de emprego e um quadro de vida de qualidade claramente diferenciadores. Sendo um território de “múltiplas geometrias de relacionamento”, é possível encontrar os seguintes subsistemas urbanos: - Centro Litoral desenvolve-se uma extensa mancha urbana estruturada em três subsistemas urbanos: i) O subsistema urbano de Aveiro/Baixo Vouga; ii) O subsistema urbano de Coimbra/Baixo Mondego; iii) O subsistema urbano Leiria-Marinha Grande/Pinhal Litoral - Subsistema urbano de Viseu/Dão-Lafões e Planalto Beirão; - Subsistema urbano da Beira Interior - Eixo Urbano do Pinhal Sul Vila Velha de Ródão insere-se de forma marginal, ainda que na proximidade, a sul do subsistema urbano da Beira Interior. Este subsistema desenvolve-se ao longo da IP2/A23 e abrange Guarda, Belmonte, CovilhãFundão e Castelo Branco. É constituído por núcleos que distam entre si apenas alguns minutos e polarizam as áreas envolventes de baixa densidade. Este eixo é profundamente marcado por actividades industriais tradicionais, como o têxtil e os lacticínios, embora apresente actualmente uma estrutura funcional diversificada, com especial relevância para a vocação turística ligada sobretudo ao sistema montanhoso Serra da Estrela - Serra da Gardunha e aos valores patrimoniais existentes. Guarda e Castelo Branco sobressaem pelas funções administrativas, Covilhã pelos serviços do conhecimento ligados à oferta de ensino universitário, Fundão pela produção local de excelência como a cereja e Belmonte com uma forte presença da indústria têxtil. A cidade da Guarda, com a sua posição de charneira entre duas importantes vias (IP2/A23 e IP5/A25), a que acresce a linha ferroviária e a futura plataforma logística, tem um importante papel de ligação entre o Litoral e o resto da Europa, muito especialmente com Espanha. Por outro lado, a Norte, o Douro Património Mundial abre novas oportunidades de relacionamento. A cidade de Castelo Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 151 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Branco, com o reforço das inter-conexões com o Litoral e Lisboa, evidencia tendências para privilegiar as suas ligações com Pombal e Leiria, e com a metrópole. As redes de concertação com Portalegre, e com o Norte Alentejano, também constituem uma oportunidade a desenvolver. A futura construção do IC31 potencia igualmente o reforço das ligações transfronteiriças. Tipologias urbanas A estratégia urbana que suporta o PROT Centro exige que se fomente a consolidação de um sistema urbano regional policêntrico segundo um modelo de estrutura urbana a três níveis: i) Centros urbanos regionais; ii) Centros urbanos estruturantes; iii) Centros urbanos complementares. Os Centros Urbanos Regionais (CUR) definem-se pela concentração de população residente, pela importância da base económica e por um leque diversificado de equipamento e serviços. No seu contributo para o policentrismo pretende-se que os CUR se afirmem, globalmente, como âncoras do desenvolvimento da Região. São fundamentais nos processos de inovação e reforço da coesão e competitividade regional, dinamizando os processos de concertação com as centralidades urbanas das regiões adjacentes. Os Centros Urbanos Regionais de Aveiro, Coimbra, Figueira da Foz, Leiria, Viseu, Guarda, Covilhã e Castelo Branco devem assumir esta função de ancoragem regional. Os Centros urbanos Estruturantes (CUE) desenvolvem um leque de funções razoavelmente diversificado ou um conjunto de funções especializadas, e devem afirmar-se como nós estruturantes do sistema urbano regional. Têm funções de articulação urbana e são fundamentais no reforço da conectividade urbana e, por isso, dinamizadores do policentrismo regional, nomeadamente na estruturação dos sub-sistemas urbanos. Os Centros Urbanos de Ovar, Ílhavo, Águeda, Cantanhede, Pombal, Marinha Grande, Mangualde, Tondela, Seia, Gouveia e Oliveira do Hospital devem assumir esta função de estruturação do território regional. Os Centros Urbanos Complementares (CUC), como é considerado Vila Velha de Ródão, apresentam um leque mínimo de funções urbanas, ainda que pouco diversificadas, mas fundamentais na sustentação da coesão territorial e na consolidação de redes de proximidade. Têm uma função dominantemente municipal, garantindo uma oferta urbana essencial para a coesão territorial. 152 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão IP3 Figura 33: Sistema Urbano da Região Centro IP2 IC2 6 IC2 IC1 IP3 IC34 IP1 IP5 IP3 IP5 Centros urbanos regionais Centros urbanos estruturantes Centros urbanos complementares IP2 12 IC IC12 IP5 IC7 Redes Inter-Urbanas IC1 IC6 IP3 Nível 1 Nível 2 Nível 3 IP2 IC3 IC8 IC1 IC8 IC31 IC8 Articulações Urbanas de Proximidade Polaridades Urbanas Sub-sistemas e Eixos Urbanos Rede de centros a estruturar Dinâmicas Territoriais Áreas em crescimento Áreas em perda IP 6 IC8 IC3 Reforço da conectividade com o exterior Reforço da conectividade interurbana IP6 IC3 Eixos estruturantes IP2 Rede viária principal Rede ferroviária Rios principais IC3 IC9 IP6 IC2 IP1 IC1 IC9 Fonte: Proposta do PROT Centro - CCDR-C, Setembro de 2010 9.2 SISTEMA URBANO DE VILA VELHA DE RÓDÃO 9.2.1 Enquadramento Metodológico No âmbito da legislação vigente (RJIGT) “o plano director municipal define um modelo de organização municipal do território, nomeadamente estabelecendo “(...) b) A definição e caracterização da área de intervenção identificando as redes urbana, viária, de transportes e de equipamentos de educação, de saúde, de abastecimento público e de segurança, bem como os sistemas de telecomunicações, de abastecimento de energia, de captação, de tratamento e abastecimento de água, de drenagem e tratamento de efluentes e de recolha, de depósito e tratamento de resíduos “. Mais à frente o mesmo diploma acrescenta: ”A identificação e delimitação dos perímetros urbanos, com a definição do sistema urbano municipal”. A distribuição de bens pressupõe contactos frequentes com outros centros. A ligação entre os vários centros, feita por um conjunto de fluxos (pessoas, mercadorias, capitais, informação), permite constituir uma rede. Chama-se sistema urbano ou rede urbana, ao conjunto de centros e respectivas áreas de influência ligados por relações hierárquicas de dependência. O estabelecimento de uma hierarquia de centros urbanos, no âmbito de um Plano Director Municipal, tem subjacente a necessidade de definição de um correcto zonamento e de uma adequada utilização e gestão do território abrangido, fomentando a melhoria das condições de vida dos habitantes. Com efeito, a definição da hierarquia dos centros urbanos de um concelho é fundamental enquanto instrumento que deverá servir de Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 153 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão orientação à implantação espacial de equipamentos e de actividades económicas promotores de desenvolvimento e atenuadores das desigualdades espaciais, favorecendo o desenvolvimento de relações intercentros e atenuando a actual dependência polarizadora das sedes concelhias. Assim, a definição da hierarquia dos centros urbanos de um concelho deverá funcionar como a base para o seu desenvolvimento na medida em que deverá permitir a definição, para cada nível hierárquico proposto, da sua função de apoio às actividades económicas e de ponto de concentração de equipamentos colectivos, tendo em vista harmonizar níveis de conforto desejáveis. Os centros urbanos são os aglomerados que, além de servirem a economia local e a sua população residente, constituem centros dinamizadores para uma área de influência, em função dos postos de trabalho, dos equipamentos, dos serviços públicos e privados neles existentes ou a criar e que são localizados estrategicamente no espaço, representando aceitáveis níveis de acessibilidade. O nível de cada centro é determinado pelo nível de funções nele existentes e, geralmente, a importância funcional de um centro é proporcional ao número dos seus habitantes. Na dependência directa, na definição do nível hierárquico, está a centralidade (medida pela distância) de cada lugar, em relação à população que serve e são as actividades terciárias (comércio e serviços), as que possuem maiores requisitos de centralidade. A diferenciação de níveis hierárquicos de centros reflecte, essencialmente, a periodicidade da procura pelos sectores económicos e pela população residente de equipamentos, serviços e bens. Assim: i) a procura diária de primeira necessidade deve ser satisfeita nos centros de centralidade inferior (centros básicos) e de fácil acesso; ii) a procura especializada e esporádica e/ou excepcional deve ser satisfeita nos centros hierarquicamente superiores. A posição hierárquica de alguns centros é, muitas vezes, conferida pela sua importância administrativa que, por sua vez, obriga à ocorrência de equipamentos e serviços capazes de conferir uma certa capacidade atractiva e não tanto pelas dinâmicas demográficas existentes e/ou pela importância de outros indicadores de desenvolvimento. Tendo em conta a estrutura do povoamento do concelho de Vila Velha de Ródão definiram-se, como critério para a abordagem desta matéria, todos os centros/aglomerados com mais de 100 habitantes em 2001 (em conformidade com o XIV Recenseamento Geral da População, do INE) e aqueles aglomerados, que não atingindo este volume populacional, em 2001, sobre eles recaem hoje, contudo, expectativas de virem a desempenhar um papel importante no sistema urbano municipal, como é o caso da Foz do Cobrão e de Amarelos. 154 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão O Quadro 40 apresenta a variação demográfica ocorrida entre 1991 e 2001 por freguesia, lugar e população isolada. Estão em destaque os lugares com mais de 100 habitantes, nomeadamente aqueles que integram a presente abordagem num total de onze centros, quatro dos quais correspondem às sedes de freguesia. Quadro 40: Evolução da população residente por freguesia e lugar, entre 1991 e 2001 População Freguesia/Lugar Variação 1991 2001 Absol. Relativa FRATEL Carepa 945 22 760 12 -185 -10 -19,6 -45,5 Fratel Gardete 336 44 314 28 -22 -16 Juncal Ladeira 33 25 24 31 Marmelar Montinho 67 40 Perdigão População Freguesia/Lugar Variação 1991 2001 Absol. Relativa SARNADAS DE RODÃO Amarelos 810 56 693 56 -117 0 -14,4 0 -6,5 -36,4 Atalaia Carapetosa 42 26 32 21 -10 -5 -23,8 -19,2 -9 6 -27,3 24 Cebolais de Baixo Rodeios 164 74 134 51 -30 -23 -18,3 -31,1 53 36 -14 -4 -20,9 -10 Sarnadas de Ródão Vale do Homem 397 35 373 21 -24 -14 -6 -40 90 61 -29 -32,2 Isolados 16 5 -11 -68,8 Peroledo 36 35 -1 -2,8 VILA VELHA DE RODÃO 2436 2056 -380 -15,6 Riscada Silveira 25 38 15 20 -10 -18 -40 -47,4 Alvaiade Cerejal 111 55 103 50 -8 -5 -7,2 -9,1 Vale da Bezerra Vale de Figueira 38 23 29 15 -9 -8 -23,7 -34,8 Chão das Servas Coxerro 36 100 23 69 -13 -31 -36,1 -31 Vermum Vilar de Boi 11 106 0 78 -11 -28 -100 -26,4 Foz do Cobrão Gavião 122 157 81 119 -41 -38 -33,6 -24,2 Isolados 11 9 -2 -18,2 Salgueiral 10 7 -3 -30 PERAIS 769 589 -180 -23,4 Sarnadinha 107 69 -38 -35,5 Alfrívida Monte Fidalgo 187 150 161 109 -26 -41 -13,9 -27,3 Serrasqueira Tavila 123 44 112 27 -11 -17 -8,9 -38,6 Perais Vale de Pousadas 216 142 177 128 -39 -14 -18,1 -9,9 Tojeirinha Tostão 24 88 18 72 -6 -16 -25 -18,2 Balsinha 74 0 -74 -100 Vale do Cobrão 38 24 -14 -36,8 Isolados 0 14 14 100 Vila Velha de Ródão 1314 1186 -128 -9,7 Vilas Ruivas 76 59 -17 -22,4 Isolados 31 37 6 19,4 4960 4098 -862 -17,4 TOTAL Fonte: INE-Portugal, Censo 1991 e 2001 Os indicadores utilizados na determinação da hierarquia dos centros urbanos foram: i) Dimensão Demográfica; ii) Funções Centrais do Sector Privado; iii) Funções Centrais do Sector Público. As definições das expressões utilizadas ao nível da dinâmica funcional, são as seguintes: Centro Urbano ou Lugar Central - lugar (aglomerado) onde se localiza uma ou mais funções centrais; Função Central - tipo de empresa comercial ou de serviços que exerce a sua actividade a partir de um ponto central relativamente à população que serve; Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 155 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Unidade funcional - cada unidade da função central. Os dados das funções centrais do sector privado (unidades de comércio e serviços), bem como os do sector público foram fornecidos pela Câmara Municipal e datam de 2010. 9.2.2 Dimensão demográfica e povoamento A dimensão demográfica é o indicador que permite iniciar a abordagem de definição de diferentes níveis hierárquicos. Com efeito, a diferenciação dos níveis hierárquicos dos lugares, pela importância das suas funções, está muito ligada à importância das funções demográficas dos próprios centros urbanos. Assim, a dinâmica do aparecimento de funções centrais relaciona-se com as flutuações populacionais. Na década de noventa, o concelho de Vila Velha de Ródão registou, globalmente, um decréscimo populacional de 17,4% (menos 862 indivíduos), o qual atingiu mais fortemente as freguesias de Perais e Fratel. A evolução demográfica dos aglomerados, ocorrida no mesmo período, confirmou o que a evolução concelhia e das freguesias fazia prever, ou seja, todos os centros/aglomerados registaram decréscimos demográficos, sendo que neste cenário generalizado de perdas, as sedes de freguesia foram as que perderam relativamente menos pessoas. Os treze centros urbanos enumerados representavam 74% da população concelhia, em 2001, apresentando-se, destacadamente, o centro urbano de Vila Velha de Ródão como o mais importante pólo demográfico, representando 28,9% da população total do concelho, seguido, a larga distância, por Sarnadas de Ródão, (9,1%), Fratel (7,7%) e Perais (4,3%). Quadro 41: Evolução da População, por centro urbano, entre 1991 e 2001 População 1991 Centro Urbanos Alfrívida Alvaiade Amarelos Cebolais de Baixo Foz do Cobrão Fratel Gavião Monte Fidalgo Perais Sarnadas de Ródão Serrasqueira Vale de Pousadas Vila Velha de Ródão Total Centros Total concelho N.º 187 111 56 164 122 336 157 150 216 397 123 142 1314 3475 4960 Peso no total concelho (%) 3,8 2,2 1,1 3,3 2,5 6,8 3,2 3 4,4 8 2,5 2,9 26,5 70 100 População 2001 N.º 161 103 56 134 81 314 119 109 177 373 112 128 1186 3053 4098 Peso no total concelho (%) 3,9 2,5 1,4 3,3 2 7,7 2,9 2,7 4,3 9,1 2,7 3,1 28,9 75% 100 Tx. Var. 91/01 (%) -13,9 -7,2 0,0 -18,3 -33,6 -6,5 -24,2 -27,3 -18,1 -6,0 -8,9 -9,9 -9,7 -12,1 -17,4 Fonte: INE-Portugal, Censo 1991 e 2001 156 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 9% As diferenças encontradas na estrutura do povoamento, nomeadamente avaliadas ao nível da distribuição da população por dimensão dos lugares e representadas nos sectogramas seguintes, dão conta do aumento relativo da população a residir nos pequenos lugares, e na redução da população a residir em lugares com entre 100 e 199 e 200 e 499 habitantes, ambos os sentidos de evolução a confirmarem o esvaziamento populacional generalizado. Por outro lado, registou-se um ligeiro reforço de polarização da sede concelhia, que passou a concentrar, como já se referiu, aproximadamente 29% da população concelhia, mais 2 pontos percentuais que em 1991. 1991 2001 Figura 34: População residente por dimensão do lugar, em 1991 e em 2001 1991 1% 2001 1991 26% 1% 24% 24% 26% 24% 2% 2001 2% 1% 29% 2% 27% 29% 27% 29% Menos de 100 hab. 19% Menos de 100 hab. 30% De 100 a 199 hab. 19% 30% De 200 a 499 hab. De 1000 a 1999 hab. De 100 a 199 hab. 30% De 100 a 199 hab. 17% 17% De 200 a 499 hab. Menos de 100 hab. 25% De 200 a 499 hab. 17% De 1000 a 1999 hab. 25% População Residual De 1000 a 1999 hab. População Residual O escalonamento urbano, ao nível da dimensão demográfica, é o representado na figura e quadros seguintes. População Residual Figura 35: Curva de Zipf - Escalonamento Urbano (dimensão demográfica dos centros urbanos do concelho, em 1991 e 2001) 1500 1250 1000 N.º % Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 750 500 1991 250 2001 0 Fonte: INE-Portugal, Censos 1991 e 2001 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 157 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Quadro 42: Número de Ordem dos Centros Urbanos, de acordo com a sua Dimensão Demográfica, em 2001 N.º de Ordem Centros Urbanos População 2001 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º Vila Velha de Ródão Sarnadas de Ródão Fratel Perais Alfrívida Cebolais de Baixo Vale de Pousadas Gavião Serrasqueira Monte Fidalgo Alvaiade Foz do Cobrão Amarelos Total 1186 373 314 177 161 134 128 119 112 109 103 81 56 3053 Fonte: INE-Portugal, Censo 1991 e 2001 9.2.3 Dimensão Funcional 9.2.3.1 Hierarquia urbana em função das funções centrais do sector privado O escalonamento urbano de uma rede de centros, tendo por base unicamente as dinâmicas demográficas, resultaria incompleto, se não fosse analisada a situação dos núcleos urbanos, ao nível da oferta de bens, serviços e equipamentos, quer do sector privado, quer do sector público. As funções centrais que representam o resultado da iniciativa empresarial de entidades privadas (indivíduos e grupos económicos) assumem-se como os grandes indicadores da dinâmica funcional de cada centro. Esta imagem resulta da grande flexibilidade da iniciativa privada que se adapta, com certa facilidade e rapidez, às variações e às potencialidades de cada lugar em termos de importância demográfica e económica. Consideram-se funções centrais do sector privado aquelas que se referem, sobretudo, a serviços e unidades comerciais retalhistas. A sua localização dependerá da existência de uma procura que as justifique. A análise funcional teve como suporte a quantificação das funções centrais e das unidades funcionais que se encontram sistematizadas no quadro seguinte. A distribuição das funções centrais do sector privado dita uma concentração na sede do concelho, muito distanciada da dotação das restantes sedes de freguesia. Os centros de Fratel e Sarnadas de Ródão aparecem em 2º e 3º lugares. A análise da dotação funcional dos aglomerados traduz um reduzido desenvolvimento funcional, com funções de apoio às necessidades locais de nível básico, de procura ou prestação de serviços de frequência diária. Apenas 158 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão a sede regista um desenvolvimento funcional ligeiramente superior, naturalmente determinado pelas suas funções de sede. Ainda assim, a dotação funcional está ajustada à diminuta dimensão demográfica. Os dados mais recentes do levantamento funcional (2010) dão conta efectiva de que as funções centrais mais frequentes são o “Café/Pastelaria”, a “Mercearia/Minimercado” e o “Táxi”. As duas primeiras em resposta às necessidades diárias e mais básicas da população e a terceira, a que lhes permite deslocarem-se para o exterior. Quadro 43: Hierarquização de funções segundo a frequência de ocorrência na totalidade dos centros urbanos, em 2010 Função Central Café/Pastelaria Mercearia/Minimercado Taxi Restaurante Padaria Oficina de Automóveis/Motos Alojamento Local Seguros Materiais de Construção Pronto-a-Vestir Cabeleireiro Bomba Gasolina Queijaria Posto de Correio Nº de ocorrências 10 8 7 5 4 3 3 3 2 2 2 2 1 1 Fonte: Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, 2010 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 159 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Quadro 44: Número de Unidades Funcionais por Função Central do sector privado, por centro urbano, em 2010 Centro Urbano Função Central Mercearia/Minimercado Alfrívida Alvaiade 2 1 Padaria Cebolais de Baixo 1 Café/Pastelaria 3 2 Restaurante 1 1 Fratel Gavião Monte Fidalgo Perais 1 1 1 1 4 Amarelos Foz do Cobrão V.V.Ródão 1 1 2 2 4 2 2 1 1 Materiais de Construção 1 Oficina de Automóveis/Motos 1 1 1 Pronto-a-Vestir 1 Alojamento Local 1 Seguros Taxi Vale de Pousadas 1 1 Cabeleireiro Queijaria Sarnadas de Serrasqueira Ródão 2 1 1 1 2 2 Posto de Correio 1 1 1 1 1 1 Bomba Gasolina 1 Total Unidades Funcionais 8 7 1 15 2 2 3 13 3 3 1 1 102 Total Funções Centrais 5 6 1 10 2 2 2 8 2 2 1 1 38 Fonte: Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, 2010 160 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão O escalonamento dos centros urbanos do concelho, em função das funções centrais do sector privado, está representado no Quadro seguinte (ver levantamento funcional do centro urbano de Vila Velha de Ródão em Anexo). Quadro 45: Número de Ordem dos Centros Urbanos, de acordo com as Funções Centrais do Sector Privado, em 2010 N.º de ordem Centros Urbanos 1º 2º 3º 4º 5º 6º 6º 6º 6º 6º 7º 7º 7º V.V. Ródão Fratel Sarnadas de Ródão Alvaiade Alfrívida Perais Serrasqueira Vale de Pousadas Gavião Monte Fidalgo Cebolais Amarelos Fos do Cobrão Funções Centrais (F.C.) 38 10 8 6 5 2 2 2 2 2 1 1 1 Unidades Funcionais (U.F.) 102 15 13 7 8 3 3 3 2 2 1 1 1 Fonte: Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, 2010 7º 7º 7º 6º 6º 6º 6º 6º 5º 4º 3º 2º 1º Figura 36: Hierarquia dos centros urbanos, de acordo com as Funções Centrais do Sector Privado, em 2010 V.V. Ródão Fratel Sarnadas de Ródão Alvaiade Alfrívida Monte Fidalgo Gavião Vale de Pousadas Serrasqueira Perais Fos do Cobrão Amarelos Cebolais 38 10 8 6 5 2 2 2 2 2 1 1 1 0 5 10 15 20 25 Funções Centrais (N.º) 30 35 40 Fonte: Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, 2010 9.2.3.2 Hierarquia urbana em função das funções centrais do sector público As funções centrais do sector público são aquelas que dizem respeito, essencialmente, a serviços e equipamentos de uso colectivo, e enquanto tal, possuem uma componente social muito importante. A sua Revisão do PDM Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 161 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão localização depende, essencialmente, de factores administrativos, muito embora esteja subjacente à sua localização a tentativa de racionalização económica dos investimentos públicos. A caracterização funcional dos centros pela ocorrência de equipamentos colectivos transmite frequentemente uma imagem desajustada da importância real do lugar central. Muito facilmente se pode constatar a existência de casos em que a dinâmica demográfica e socioeconómica de um centro não corresponde ao nível de equipamentos públicos existentes, quer por defeito, quer por excesso. Daí que a análise dos centros urbanos pela ocorrência de funções centrais do sector privado, deva ser feita em conjunto com as funções centrais do sector público. Nesta análise não se consideraram os serviços públicos porque, dadas as características do concelho, a quase totalidade dos existentes se localiza na sede concelhia. A dotação de equipamentos sociais do concelho de Vila Velha de Ródão coloca, naturalmente, a sede concelhia em primeiro plano, bastante destacada dos restantes centros urbanos. À imagem da distribuição das funções centrais do sector privado, as funções do sector público concentram-se na sede concelhia, sendo esta seguida por Fratel e Sarnadas de Ródão. Perais tem uma dotação funcional muito inferior. Neste domínio, os restantes aglomerados não possuem praticamente funções nenhumas, sendo de registar apenas a existência generalizada de associações locais e de salões de festas. Quadro 46: Funções Centrais do Sector Público, por centro urbano, em 2010 Centro urbano Valência Fratel Perais Sarnadas de Ródão Vila Velha de Ródão Foz do Cobrão ENSINO Pré-escolar EB 1º ciclo EB 2,3 SAÚDE Centro de Saúde Extensão C. Saúde Farmácia ACÇÂO SOCIAL Creche ATL Lar da 3ª Idade Centro de Dia Apoio Domiciliário DESPORTO Pequeno Campo Jogos Grande Campo Jogos Pavilhão/Sala Desporto Piscina CULTURA Biblioteca Municipal Museu Casa de Artes e Cultura do Tejo 162 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Salão de Festas Centro Interpretativo da Foz do Cobrão Sociedade Filarmónica e Escola de Música Imprensa Local Posto de Turismo Associação SEGURANÇA E PROTECÇÃO CIVIL Bombeiros GNR Serviço Municipal de Protecção Civil INEM (SBV) TOTAL DE FUNÇÕES CENTRAIS 13 5 6 25 5 Nota: Os restantes 8 lugares não constam do quadro por não possuírem nenhum equipamento colectivo, com excepção da valência “Associação” e Salão de Festas” que todos possuem; Assinala a existência de uma Função Central, independentemente se existe apenas uma ou mais unidades Fonte: Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, 2010 No quadro seguinte encontram-se ordenados os centros urbanos de acordo com a dotação em equipamentos colectivos. Quadro 47: Número de ordem dos centros urbanos, de acordo com as Funções Centrais do Sector Público, em 2010 N.º de Ordem Centro Urbano Funções Centrais (F.C.) 1º Vila Velha de Ródão 25 2º Fratel 13 3º Sarnadas de Ródão 6 4º Perais 5 5º Foz do Cobrão 5 6º Alfrívida 2 6º Alvaiade 2 6º Cebolais de Baixo 2 6º Gavião 2 6º Monte Fidalgo 2 6º Serrasqueira 2 6º Vale de Pousadas 2 7º Amarelos 2 Fonte: Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, 2010 Revisão do PDM Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 163 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Quadro 48: Hierarquia dos centros urbanos, de acordo com as Funções Centrais do Sector Público, em 2010 30 25 20 15 10 5 Vila Velha de Ródão Fratel Sarnadas de Ródão Perais Foz do Cobrão Alfrívida Alvaiade Cebolais de Baixo Gavião Monte Fidalgo Serrasqueira Vale de Pousadas Amarelos 0 1º 2º 3º 4º 5º 6º 6º 6º 6º 6º 6º 6º 7º Fonte: Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, 2010 9.2.4 Definição do Sistema Urbano de Vila Velha de Ródão O sistema urbano municipal é polarizado pela sede concelhia, aqui se concentrando cerca de 29% da população rodanense. Os outros três pólos correspondem às restantes três sedes de freguesias, embora Perais possua uma estrutura funcional e uma dimensão demográfica bastante distintas e inferiores à dos outros dois centros. As restantes aglomerações humanas do concelho são pequenas aldeias em processo continuado de esvaziamento populacional. O sistema urbano deste concelho, de cariz rural e com funções, predominantemente, de apoio às necessidades básicas e de procura e bens e serviços de carácter diário e, nalguns casos, ocasional, é marcado por três aspectos fundamentais que podem ser considerados causa e consequência do seu nível de desenvolvimento, nomeadamente: a reduzida dimensão demográfica do centro urbano de Vila Velha de Ródão e consequente débil desenvolvimento funcional; a proximidade e as condições de acessibilidade que favorecem a deslocação e dependência do centro urbano de Castelo Branco, para procura de bens e serviços de nível superior, em detrimento da procura de bens e serviços no próprio concelho. De salientar, no contexto geográfico concelhio, a proximidade de Fratel e Sarnadas de Ródão à A23 e ao IP2; inexistência de um centro cívico, ponto de encontro e concentração de actividades comerciais e de serviços, gerador de dinâmicas urbanas e sociais. 164 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Figura 37: Localização esquemática das sedes de freguesias e distâncias à sede concelhia e sentido dos principais eixos de circulação Fonte: Figura base extraída de www.cm-vvrodao.pt A distribuição espacial dos vários centros revela uma estrutura territorial relativamente equilibrada, pautada pela localização central/sul, da sede concelhia, complementada pelas três sedes de freguesia, cada uma delas posicionada estrategicamente a Norte (Sarnadas de Ródão), a Poente (Fratel) e a Nascente (Perais), com distâncias físicas muito aproximadas (entre os 13 e os 16km). O sistema urbano actual é constituído pelos seguintes níveis hierárquicos: Centro Complementar Principal - Vila Velha de Ródão Centro Complementar de 2º Nível – Fratel, Sarnadas de Ródão e Perais Centro Complementar de 3º Nível – Foz do Cobrão, Alfrívida, Alvaiade, Cebolais de Baixo, Gavião, Monte Fidalgo, Serrasqueira, Vale de Pousadas e Amarelos Centro Complementar de 4º Nível – Restantes Lugares O Centro Complementar Principal é constituído pela sede concelhia – Vila Velha de Ródão – facto que decorre, em primeiro plano, da sua importância administrativa, sendo polarizadora de todo o funcionamento municipal, pois é aqui que se concentram o comércio e serviços privados e os equipamentos colectivos e serviços públicos de nível superior (considerados à escala concelhia), estando direccionada para servir uma procura mais especializada e, em alguns casos, esporádica. De acordo com dados de Dezembro de 2010, Revisão do PDM Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 165 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão possui um número aproximado de 43 Funções Centrais e 101 Unidades Funcionais do sector privado e 25 Funções Centrais do Sector Público. Nos Centros Complementares de 2º Nível incluem-se as três sedes de freguesia – Fratel, Sarnadas de Ródão, e Perais – sendo que Sarnadas de Ródão e Fratel possuem, quando analisadas no contexto concelhio, expressivas dimensões demográfica e funcional, sendo considerados por isso, centros intermédios. Com 373 e 314 habitantes, em 2001, respectivamente, estes centros possuem algumas funções de prestação de serviços ou de aquisição de bens, de carácter mais ocasional. Possuem 10 e 8 F.C. do sector privado (comércio e serviços privados) e 13 e 6 F.C. do sector público (equipamentos colectivos). Colocou-se Perais neste nível apesar de, no presente, não reunir condições para aqui ser colocado, por possuir dimensões demográfica e funcional substancialmente inferiores aos dois centros anteriores. Não obstante, por outro lado, possui uma dotação funcional e uma importância demográfica, apesar de tudo, superiores aos centros do nível seguinte. Complementarmente é sede de freguesia e sobre ele recaem expectativas de um maior e consistente desempenho no sistema urbano municipal. Possuía, em 2001, 177 habitantes, duas funções centrais do sector privado e cinco do sector público. Os Centros Complementares de 3º Nível são constituídos pelos aglomerados de Foz do Cobrão, Alfrívida, Alvaiade, Cebolais de Baixo, Gavião, Monte Fidalgo, Serrasqueira e Vale de Pousadas e Amarelos, de menor dimensão, com reduzida ou nula dinâmica funcional e dimensão demográfica (população a variar entre os 103 habitantes de Alvaide e 161 habitantes de Alfrivida), constituindo pequenos núcleos habitacionais. Incluíram-se neste nível também os lugares de Amarelos e Foz do Cobrão, que apesar de terem quantitativos populacionais diminutos (inferiores a 100 habitantes), são ambos considerados potencialmente interessantes, do ponto de vista da geração de dinâmicas de fixação de população e de reactivação económica. No caso dos Amarelos, trata-se de um aglomerado cuja área envolvente poderá potenciar o crescimento urbano, uma vez que se apresenta topograficamente favorável para o efeito, se encontra próximo da A23 e de Castelo Branco e cujos valores do solo ainda não sofreram a pressão especulativa dos aglomerados próximos do concelho de Castelo Branco. Por outro lado, foi aqui construída uma indústria de panificação (pão e bolos), que movimenta já um considerável volume de negócios, para além desse promotor ter fixado a sua residência no local e se apresentar com um dinamismo interessante. No caso da Foz do Cobrão, o facto de se constituir como a aldeia com maior potencial, do ponto de vista turístico, do concelho, já seria factor suficiente para a incluir. Por iniciativa da Autarquia, foi ali constituída uma unidade de turismo (casa de campo), um restaurante e um edifício polivalente, esperando-se, a médio prazo, o aparecimento de outras iniciativas, do ponto de vista do investimento privado. A aldeia apresenta um bom 166 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão dinamismo ao nível do movimento turístico, facto que se deverá igualmente ao facto de se encontrar integrada na rede de Aldeias do Xisto e de ser uma referência, no contexto do Geopark Naturtejo. O 4º nível, Centros Complementares de 4º Nível, inclui todas as outras pequenas aldeias do concelho, que possuem delimitação de perímetro urbano. Figura 38: Sistema Urbano do Concelho de Vila Velha de Ródão, 2010 Sendo este o sistema urbano actual, poderá vir a sofrer alterações, decorrentes da evolução e discussão das propostas apresentadas e a apresentar, sobretudo a nível urbanístico e de infraestruturas viárias, podendo vir a configurar-se uma nova hierarquia, em função não só dos aspectos referidos, mas também da própria estratégia de desenvolvimento, a definir para o concelho, sendo certo que deve manter-se presente a importância da hierarquização dos centros urbanos enquanto estrutura orientadora da implantação espacial de equipamentos colectivos e de actividades económicas promotoras de desenvolvimento e atenuadoras das desigualdades espaciais. Revisão do PDM Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 167 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Síntese conclusiva Como se sabe e seria de esperar, o centro urbano de Vila Velha de Ródão desempenha um papel minoritário no sistema urbano regional, mas nem por isso irrelevante, em concordância com a sua dimensão demográfica e desenvolvimento funcional. No PROT Centro e no âmbito das redes de articulação urbana, o centro urbano de Vila Velha de Ródão não está integrado em qualquer subsistema urbano, no entanto está muito próximo, em termos físicos, a sul, do subsistema urbano da Beira Interior, facto que poderá ser causa e consequência de alguns fenómenos, positivos e menos positivos, que ocorrem em Vila Velha de Ródão. No âmbito da classificação em sede de tipificação urbana, Vila Velha de Ródão é considerado um Centro Urbano Complementar. Apesar de ser o mais baixo patamar do sistema urbano regional, tem (e deverá continuar a ter de forma mais consistente) um papel decisivo na sustentação da coesão territorial e na consolidação de redes de proximidade e uma função dominantemente municipal, devendo garantir uma oferta urbana essencial para a coesão territorial. O sistema urbano municipal é estruturado em quatro patamares, sendo o primeiro constituído pela sede concelhia, o segundo pelas outras três sedes de freguesia e o terceiro agrupa um conjunto de muito pequenos centros com algum destaque demográfico ou funcional relativamente a todos os outros restantes centros delimitados por perímetro urbano. O centro urbano de Vila Velha de Ródão apresenta um nível de desenvolvimento funcional bastante incipiente e não possui um centro cívico, essencial enquanto ponto de encontro e concentração de actividades comerciais e de serviços e gerador de dinâmicas urbanas e sociais. 168 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 10. VALORES CULTURAIS Neste capítulo far-se-á uma abordagem do território concelhio no que diz respeito aos valores culturais em presença, tendo em vista a sua salvaguarda, valorização e divulgação. No contexto da revisão do PDM, não se pretende fazer uma abordagem exaustiva sobre esta temática, sendo preocupação central a identificação dos principais valores, de forma a que, no âmbito da definição das estratégias de desenvolvimento e do modelo de ordenamento se enunciem orientações e normas com vista às sua preservação e dinamização. O Homem criou, ao longo dos tempos, obras que constituem um património que importa estudar, proteger e divulgar. Durante várias décadas assistiu-se a uma progressiva destruição desse património, em detrimento das novas formas de cultura importadas e estandardizadas que não conseguem dialogar em harmonia com as formas tradicionais próprias do meio envolvente. Contudo, nas últimas décadas tem-se assistido a uma consciencialização crescente da importância que assume a defesa do património cultural assistindo-se, progressivamente, à inventariação, valorização e salvaguarda de edifícios, conjuntos e locais com valor próprio ou de enquadramento. O concelho de Vila Velha de Ródão embora, na actualidade, se apresente como um território pouco povoado, guarda ainda vestígios da vida dos povos que, ao longo dos séculos, o ocuparam, possuindo um património rico e variado. Destaque para o vasto património arqueológico do concelho que ultrapassa largamente os testemunhos que se encontram inventariados. Quanto à legislação existente sobre esta matéria, o conceito e o âmbito de Património Cultural vêm definidos na Lei n.º 107/2001 de 8 de Setembro, que estabelece as bases da política e do regime para a sua protecção e valorização desta realidade da maior importância para a compreensão, salvaguarda e estruturação da identidade nacional e para a democratização da cultura. As disposições da Lei n.º 107/2001 aplicam-se apenas à classificação de bens culturais imóveis que mereçam a designação de monumento nacional ou de interesse publico e, quando assim seja previsto na legislação de desenvolvimento desta lei, aos bens classificados como de interesse municipal. Há ainda a considerar o Decreto-Lei n.º 309/2009, de 23 de Outubro, que diz respeito às zonas de protecção, o Decreto-Lei n.º 140/2009, de 15 de Junho, relativo aos projectos de obras de edificação, e o Decreto-Lei n.º 138/ 2009, de 15 de Junho, que cria fundo de salvaguarda do Património Cultural. No âmbito da legislação aplicável, consideram-se imóveis com valor cultural os que, do ponto vista histórico, arqueológico, artístico, científico, social ou técnico, são particularmente notáveis pela sua antiguidade, autenticidade, originalidade, raridade, singularidade ou exemplaridade, e por isso devem ser objecto de especial protecção e valorização. Assim sendo, a protecção legal destes bens tem por base a sua classificação e inventariação, podendo ser classificados de acordo com a seguinte hierarquia: Revisão do PDM Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 169 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão de interesse nacional, sejam monumentos, conjuntos ou sítios, adoptando-se a designação “Monumento Nacional”, quando representam um valor cultural de significado para a Nação. Podem ainda incluir bens culturais imóveis incluídos na lista do património mundial; de interesse público quando representam ainda um valor cultural de importância nacional, mas para os quais o regime de protecção inerente à classificação como de interesse nacional se mostra desproporcionado; de interesse municipal quando representam um valor cultural de significado predominante para um determinado município. A protecção legal dos bens com valor cultural classificados é fixada por Decreto, quando se trate de monumento nacional, por Portaria quando se trate de um bem com interesse público, e por competência da Câmara Municipal quando são de interesse municipal. Estes bens imóveis classificados ou em vias de classificação, beneficiam na sua envolvente de um zona de protecção de 50m contados a partir dos limites externos do imóvel, fixada automaticamente com o início do procedimento de classificação, bem como de uma zona especial de protecção (ZEP), fixada por Portaria, onde é indicada a área sujeita a servidão e os encargos por ela impostos. Esta ZEP pode incluir zonas non aedificandi. Em resultado dos milhares de anos de povoamento nesta região, existem inúmeros valores culturais que urge preservar. A caracterização dos valores culturais teve como base, para além do trabalho de campo realizado, a consulta de documentação diversa, nomeadamente a disponibilizada pelos organismos da administração central com tutela sobre o património cultural (IGESPAR e IHRU), a que consta do PDM em vigor, bem como de outros estudos disponíveis. Todo este conjunto de valores culturais foi identificado na peça desenhada n.º06. Os valores culturais em presença no concelho possuem potencial para se assumirem como vector de desenvolvimento, sobretudo se aliados à promoção dos valores naturais cuja importância é já amplamente reconhecida e que têm vindo a adquirir crescente notoriedade, desde que definida uma estratégia global de intervenção que permita a promoção de um modelo de desenvolvimento consentâneo com a defesa, preservação e revitalização patrimoniais. 10.1 PATRIMÓNIO CLASSIFICADO No concelho de Vila Velha de Ródão existem cinco imóveis classificados – três Imóveis de Interesse Público e dois Imóveis de Interesse Municipal – os quais são sucintamente descritos de seguida. 170 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 10.1.1 Imóveis de Interesse Público Pelourinho de Vila Velha de Ródão, freguesia de Vila Velha de Ródão (Decreto n.º 23122, DG n.º 231, de 11 de Outubro de 1933) Estação Arqueológica da Foz de Enxarrique, estação de ar livre do Paleolítico Médio, freguesia de Vila Velha de Ródão (Decreto n.º 29/90, de 17 de Julho) Castelo de Ródão e Capela de Nossa Sra. do Castelo, também denominado Castelo do Rei Vamba, freguesia de Vila Velha de Ródão (Decreto n.º 45/93, de 30 de Novembro) Pelourinho de Vila Velha de Ródão (Fotografia 46) – Localiza-se no Largo do Pelourinho (Largo 25 de Abril), antigo Largo do Município. Julga-se ter sido construído no século XVI, tendo sido reconstituído no século XX, com Fotografia 46: Pelourinho de Vila Velha de Ródão aproveitamento dos elementos primitivos. Constitui um exemplar do estilo manuelino. Constituído em granito, o soco, quadrangular, é composto por três degraus o primeiro dos quais parcialmente enterrado no chão. A coluna é desprovida de base e capitel. O fuste é cilíndrico com superfície plana. Rematado por uma peça cúbica apresentando as armas nacionais, as armas da vila (cinco castelos), a esfera armilar e a Cruz de Cristo, encimada por pirâmide truncada de base quadrada, coroada por meia esfera. Apesar de apresentar sinais de erosão nas partes esculpidas, o estado de conservação geral pode ser considerado razoável. Estação Arqueológica da Foz de Enxarrique (Fotografia 47) – Acampamento do período paleolítico médio-superior, situado nas margens da confluência da ribeira de Enxarrique com o rio Tejo. Fotografia 47: Estação Arqueológica da Foz de Enxarrique Durante as escavações foram descobertos artefactos líticos talhados no local e restos faunísticos de animais de grande porte (cavalos, elefantes, veados e auroques). Muito provavelmente tratar-se-ia de um acampamento sazonal, nomeadamente por caçadores. No local encontraram-se também vestígios de um "muro" de época romana, bem Fonte: IPA como outros artefactos romanos, o que parece comprovar as referências históricas a uma movimentação de tropas romanas ao longo do vale do Tejo, no século I a.C.. Revisão do PDM Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 171 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Castelo de Ródão e Capela de Nossa Senhora do Castelo (Fotografia 48 e Fotografia 49) – Este conjunto foi classificado em 1990. O castelo localiza-se num cabeço (Cabeço dos Mouros), no extremo sul da Serra das Talhadas, implantado frente às denominadas Portas de Ródão, usufruindo desta forma de amplas panorâmicas sobre as duas margens do Tejo. Para norte estende-se uma plataforma, onde, a aproximadamente a 150 metros, se encontra a ermida e um cabeço denominado Castelo Velho. Fotografia 48: Castelo de Ródão Este exemplar de Arquitectura medieval, foi construído pelos Templários no século XI/XII, provavelmente sobre preexistências castrejas edificadas pelo lendário monarca visigodo Vamba (século VII) e servia de protecção da linha do Tejo, mais precisamente às Portas de Ródão. A torre de menagem, em quartzito com cunhais em granito, destaca-se na paisagem. É constituído por um recinto muralhado de traçado ovalado irregular, com torre de vigia de planta rectangular, abertura ao nível do segundo piso, em arco quebrado com tímpano liso. Os restantes alçados são pautados por seteiras. Ao nível do piso térreo, desalinhada quer com o eixo de simetria, quer com o vão superior, sem Fotografia 49: Capela de Nossa Senhora do Castelo qualquer espécie de moldura e com dimensões reduzidas, existe uma abertura irregular. que alguns descrevem como sendo uma porta. Neste monumento, a abertura com a Cruz da Ordem dos Templos esculpida e a diminuição da espessura murária em função da altura, são características peculiares. A Capela de N.ª Sra. do Castelo, de planta rectangular, é composta por dois rectângulos justapostos (a nave única e a capela-mor, mais baixa e estrita) aos quais se adoçam duas sacristias, também de planta rectangular. A fachada principal, possui duas janelas de formato rectangular, gradeadas com pequenas aberturas, encimadas por um motivo decorativo. A porta principal, no centro, possui um arco de volta perfeita. Entre este e o topo da porta existe uma concha em alto relevo. Junto ao telhado, por cima da porta, existe um nicho para colocar uma imagem. As sacristias, ambas rectangulares, possuem duas aberturas para o exterior. As paredes exteriores estão cobertas de cal (incluindo molduras dos vãos e decorações da fachada principal). No interior, a nave e a capela-mor estão separadas por um arco de volta perfeita, coberto por um tecto de madeira de 3 planos. O altar é preenchido com um retábulo de talha dourada (finais do século XVIII/início do 172 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão século XIX) que enquadra uma imagem em pedra de Nossa Senhora e o Menino. Um painel de azulejos mudéjar, em tons azuis, verdes e castanhos, ornamenta o frontal do altar. Nas paredes da nave existem duas pias de granito. 10.1.2 Imóvel de Interesse Municipal Túmulo de Santo Amaro (Decreto n.º 26-A/92, DR n.º 126, de 1 de Junho de 1992) Lagar de Varas do Cabeço das Pesqueiras (Minuta n.º 87/2009, de 9 de Junho, da CMVVR) O Túmulo de Santo Amaro (Fotografia 50) encontra-se na freguesia de Fratel, junto a Vilar de Boi, nas proximidades da Capela de Santo Amaro, num local plano e rochoso. Este túmulo, provavelmente da época Fotografia 50: Túmulo de Santo Amaro medieval, é escavado na rocha (xisto), com uma profundidade de aproximadamente 40 cm. Apesar de ser rectangular, um dos lados apresenta uma dimensão menor e os bordos são arredondados. Mede 160cm de comprimento e aproximadamente 60 de largura. O Lagar de Varas do Cabeço das Pesqueiras, recentemente classificado pelo município, trata-se de um exemplar da cultura oleícola do concelho 10.2 OUTRO PATRIMÓNIO COM INTERESSE Tendo em atenção o PDM em vigor, o inventário efectuado pelo IGESPAR e pela extinta Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (competências do actual IRHU) e o trabalho de campo realizado (2006), foram identificados alguns elementos patrimoniais que se considera possuírem algum valor cultural, devendo, por isso, ser preservados. Alguns destes imóveis possuem linhas marcantemente urbanas, outros são de feição mais rural, sendo exemplos de arquitectura religiosa, arquitectura civil pública, arquitectura civil privada ou estruturas de apoio. 10.2.1.1 Arquitectura Religiosa Para além dos imóveis que se encontram classificados, salientam-se, desde já, alguns exemplos que constituem importantes testemunhos da Arquitectura Religiosa do concelho de Vila Velha de Ródão. Revisão do PDM Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 173 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão No que respeita às Igrejas/Capelas do concelho, estas estão presentes em todas as freguesias, pelo menos nos aglomerados mais importantes, pelo que se verifica uma grande dispersão deste tipo de imóveis por todo o território concelhio. Na freguesia de Fratel existem três imóveis de arquitectura religiosa. Na sede da freguesia, encontra-se a Igreja Matriz/S.Pedro, (Fotografia 51) Fotografia 51: Igreja Matriz de Fratel/ S. Pedro datada do século XVI, que é aquela que se destaca mais no conjunto dos imóveis desta freguesia. É uma igreja de planta rectangular, cujo acesso se processa por uma escadaria de 3 degraus, em granito, e de forma semicircular. A torre sineira, quadrangular, encontra-se acoplada ao lado direito da fachada, sendo rematada por um corpo piramidal e pináculos. A capela-mor é mais baixa que a nave e é de pequenas dimensões. Em Vilar do Boi, encontra-se a Capela de Santo Amaro (Fotografia 52), antiga Igreja Matriz de S. Pedro, na proximidade da qual se localiza o Túmulo de Santo Amaro. Também nesta freguesia, a Capela de Santo Fotografia 52: Capela de Santo Amaro, Vilar de Boi António, merece referência. Na freguesia de Perais, são 5 os imóveis identificados. Em Vale de Pousadas, a Capela de Nossa Senhora da Graça (Fotografia 53), tratase de um interessante exemplar da arquitectura religiosa setecentista. Supõe-se que o outeiro em que se implanta corresponda a uma mamoa, havendo indicações de existência de uma necrópole romana (ou medieval) no local. A Capela de Santo António de Alfrívida (Fotografia 54), exemplar quinhentista, possuí uma abóbada com vestígios de pintura mural na capela-mor. A pedra de soleira da porta principal é uma lápide tumular com inscrições. Tanto a capela-mor como a nave única, apresentam uma forma rectangular. Na frontaria da capelamor existe um nicho onde se encontrava a estátua do orago. Junto à estrada que liga Alfrívida a Perais, situa-se a Ermida de Nossa Senhora dos Remédios (Fotografia 55). Este templo, em granito, data do século XVI, tendo sofrido intervenções posteriores no século XVIII e XX. A fonte de mergulho na parte alpendrada da ermida e os notáveis azulejos setecentistas, são as suas características mais peculiares. 174 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Fotografia 53: Capela N. Sr.ª da Graça, Vale de Pousadas Fotografia 54: Capela de S. António, Alfrívida Fotografia 55: Ermida de N. Sr.ª dos Remédios Ainda nesta freguesia, a Capela de Nossa Senhora de Fátima e a Capela de Nossa Senhora de Lourdes (em Monte Fidalgo), são dois bons exemplares de arquitectura religiosa. Na freguesia de Sarnadas de Ródão destacam-se a Igreja Matriz de Sarnadas de Ródão, a Ermida do Espírito Santo (Fotografia 56), ambas em Sarnadas, a Fotografia 56: Ermida do Espírito Santo, Sarnadas de Ródão Capela de Nossa Senhora da Paz e a Capela de Nossa Senhora do Carmo, ambas em Rodeios. Tendo em consideração a inscrição na lápide sepulcral existente no chão da capela-mor, a Igreja Matriz de Sarnadas de Ródão, deverá ter sido construída, pelo menos, no século XVII. Tal como muitas das igrejas da região, caracterizase pelo contraste das fachadas brancas com o granito das molduras dos vãos. O campanário, adoçado ao lado direito da fachada principal e a capela do baptistério, à esquerda, foram construídos ou alterados, em fase posterior à da edificação do corpo principal. Por seu lado, a Ermida do Espírito Santo, trata-se de uma construção bem mais pequena e simples. Na fachada principal apresenta apenas uma porta alta e rectangular, com moldura de xisto. Na sede de concelho, Vila Velha de Ródão, a Igreja Matriz e a Capela de Nossa Senhora Alagada, são dois imóveis merecedores de destaque. A Igreja Matriz ou de Nossa Senhora (Fotografia 57) localiza-se no Largo Dr. António Gonçalves, bem no centro de Vila Velha de Ródão. Trata-se de um exemplar maneirista e barroco, subsistindo algumas dúvidas quanto à época da sua construção (século XVI ou XVII). É um edifício de planta rectangular, com torre sineira acoplada na fachada. Apresenta três naves um pouco descaracterizadas. O estado de conservação do imóvel é bom. A Capela de Nossa Senhora da Alagada, localiza-se junto do Largo das Festas, sobranceira ao Tejo. Foi reconstruída no século XX, mas a data de construção deverá ter sido no século XVII. Trata-se de uma capela com planta longitudinal simples, tendo a sacristia adoçada ao lado norte, com acesso ao exterior e altar-mor. Revisão do PDM Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 175 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Fotografia 57: Igreja Matriz, Vila Velha de Ródão Fotografia 58: Capela de Nossa Senhora da Alagada 10.2.1.2 Arquitectura Civil Pública A Arquitectura Civil Pública está representada em diversos imóveis, de entre os quais se destacam os enunciados de seguida. Antigo Hospital da Misericórdia de Vila Velha de Ródão, funcionando actualmente como Lar de Idosos (Fotografia 59) – Este imóvel do século Fotografia 59: Antigo Hospital da Misericórdia, Vila Velha de Ródão passado é composto por planta em duplo L, cujas 2 alas e o corpo central são proeminentes. A entrada principal é pontuada por um alpendre. Centro Municipal de Cultura e Desenvolvimento em Vila Velha de Ródão (Fotografia 60) – Localizado no Largo do Pelourinho, trata-se de um edifício térreo do Estado Novo, com um portal em forma de arco de volta perfeita. Fotografia 60: Centro Municipal de Cultura e Desenvolvimento Actualmente, funciona neste edifício o Centro Municipal de Cultura e Desenvolvimento, responsável pela organização de actividades de lazer (escola de música) e desportivas (escola de ténis e escola de futebol). Neste edifício funcionam também uma galeria, uma exposição permanente de arqueologia e a biblioteca. Ponte do Ródão (Fotografia 61) – Esta ponte foi construída em 1888. É constituída por um tabuleiro metálico com 163 metros de comprimento, com tês tramos rectos sobre pilares com cerca de 30 metros de altura. Está inserida na linha da Beira Baixa. Ponte do Cobre (Fotografia 62) – localizado em Vila Velha de Ródão, este monumento construído em xisto tem cerca de 42 m de comprimento, sendo constituído por três arcos centrais maiores e dois outros nos extremos, 176 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ligeiramente inclinados. Esta ponte, que se encontra em razoável estado de conservação, terá sido importante no contexto de uma rede viária regional da época medieval. Casa de Artes e Cultura do Tejo e Biblioteca Municipal (Fotografia 63) – Este complexo localiza-se próximo do centro da vila. Estes dois equipamentos, embora independentes (dois corpos diferentes) encontram-se articulados, funcionando este espaço como um pólo cultural. Ambos os edifícios adaptam-se à topografia do terreno e possuem grande abertura para o Tejo. Os materiais utilizados, xisto, madeira, zinco, intercalados com grandes envidraçados, conseguem transmitir um misto de sobriedade e modernidade. Fotografia 61: Ponte do Ródão, Vila Velha de Ródão Fotografia 62: Ponte do Cobre Fotografia 63: Casa de Artes e Cultura do Tejo As Estações de comboio de Fratel (Fotografia 64) e Sarnadas de Ródão (Fotografia 65), são também dois bons exemplares de arquitectura civil. São ambas estações da linha da Beira Baixa, a cerca de 2 horas de Lisboa. Finalmente, no aglomerado de Sarnadas de Ródão, na rua principal, destaca-se o edifício onde funciona o espaço museológico do azeite. Neste núcleo, instalado num lagar dos meados do século XX, desenvolveu-se uma experiência de preservação patrimonial, tendo em vista a preservação e compreensão do processo de extracção do azeite, um produto de marca desta região. Fotografia 64: Estação CF do Fratel Fotografia 65: Estação CF de Sarnadas de Ródão Fotografia 66: Museu do Azeite, Sarnadas de Ródão No Inquérito à Arquitectura do Século XX, uma iniciativa da Ordem dos Arquitectos em parceria com a Fundació Mies van der Rohe e o Instituto das Artes, foram inventariados 11 imóveis no concelho de Vila Velha de Ródão. Revisão do PDM Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 177 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão O principal objectivo deste inquérito, foi registar em base de dados o levantamento do património arquitectónico construído em Portugal durante o século XX, por forma a possibilitar à sociedade em geral, o conhecimento da arquitectura novecentista, bem como incentivar a definição de estratégias de salvaguarda e, por outro, conduzir ao aprofundamento do significado da nossa cultura arquitectónica actual. Deste inquérito, contam os seguintes imóveis do concelho de Vila Velha de Ródão Escola Primária de Sarnadas de Ródão (Rua da Escola); Escola Primária da Serrasqueira; Correios de Vila Velha de Ródão (Fotografia 67Erro! A origem da referência não foi encontrada.); Guarda Nacional Republicana de Vila Velha de Ródão (Fotografia 68); Escola Primária de Vila Velha de Ródão, Rua de Santana (Fotografia 69); Fotografia 67: Edifício dos Correios, em Vila Velha de Ródão Fotografia 68: Edifício da GNR, Vila Velha de Ródão Fotografia 69: Escola Primária, Vila Velha de Ródão Sede da Associação Humanitária dos Bombeiro Voluntários de Vila Velha de Ródão, Rua de Santana (Fotografia 70); Antigo Hospital da Misericórdia, Rua de Santana; Escola Primária de Perais, Rua da Estrada (Fotografia 71); Fotografia 70: Sede da Associação Humanitária dos Bombeiros de Vila Velha de Ródão 178 Escola Primária de Alfrívida (Fotografia 72); Escola Primária de Alvaiade; Fotografia 71: Escola Primária de Perais Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Barragem do Fratel, EN 359 (Fotografia 73). Fotografia 72: Escola Primária de Alfrívida Fotografia 73: Barragem do Fratel 10.2.1.3 Arquitectura Civil Privada A Arquitectura Civil Privada está representada por diversos imóveis de carácter habitacional, cuja existência comprova a importância que alguns aglomerados do concelho tiveram no passado. Destacam-se assim diversos imóveis que, pelas suas tipologias arquitectónicas, constituem exemplos de casas solarengas, com algum interesse arquitectónico. Estes imóveis, por serem representativas de uma arquitectura nobre da época da sua construção, são de merecido destaque Dentro deste tipo de arquitectura é de destacar a “Casa Grande” com capela de Sant’Ana, em Sarnadas de Ródão (Fotografia 74), que se Fotografia 74: “Casa Grande” com capela de Sant’Ana, Sarnadas de Ródão situa no interior do aglomerado. Inicialmente este imóvel pertenceu aos capitães-mores de Sarnadas e posteriormente ao Conde de Tondela, José Aragão Lacerda da Victória. Trata-se de um exemplar do século XVIII, com dois pisos, com uma capela acoplada à fachada principal e anexos agrícolas. Na fachada principal existem 8 janelas, de guilhotina e portadas interiores de madeira. Nas ombreiras da porta principal, encontram-se esculpidas duas Cruzes de Cristo. A porta, em madeira, conserva uma aldraba de ferro. Nas fachadas da capela, destacam-se as molduras em granito. É encimada por um nicho com um sino. O estado de conservação do edifício e capela é bom. Para além do Solar referido anteriormente existem algumas casas dispersas um pouco por todo o concelho. Como exemplo desta tipologia podem ser referidas as casas solarengas nos aglomerados de Gavião de Ródão (Fotografia 75), Sarnadas de Ródão (Fotografia 76) e Vila Velha de Ródão (Fotografia 77) . Estes edifícios caracterizam-se por ter dois pisos, usualmente com janelas de sacada ou guilhotina, com cantarias de granito ou xisto e com as fachadas rebocadas e pintadas de branco. Revisão do PDM Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 179 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Fotografia 75: Casa Solarenga, em Gavião de Ródão Fotografia 76: Casa Solarenga, em Sarnadas de Ródão Fotografia 77: Casa Solarenga, em Vila Velha de Ródão No concelho de Vila Velha de Ródão ainda é possível encontrar vários exemplares de habitações de arquitectura tradicional (casas tradicionais de pedra), um pouco por todo o concelho, embora muitas vezes se encontrem um pouco alteradas devido a intervenções pouco cuidadas e com utilização de materiais dissonantes. Sendo de alvenaria de pedra, alguns destes edifícios têm vãos escassos aberturas e elementos decorativos inexistentes ou muito toscos. Para além das casas referidas, é possível encontrar também, localizadas nos aglomerados mais urbanos, principalmente em Vila Velha de Ródão, casas tradicionais de cariz mais urbano. Estes edifícios possuem características arquitectónicas um pouco mais simples que as casas solarengas, no entanto mais nobres que as casas tradicionais de pedra. Em geral, estes edifícios apresentam-se rebocados e pintados de branco, possuindo fachadas simples e depuradas, com forte horizontalidade. Fotografia 78: Casa de pedra na Atalaia Fotografia 79: Casas de pedra na Foz do Cobrão Fotografia 80: Casas de pedra na Tojeirinha Dada a quantidade dos exemplares arquitectónicos existentes no concelho acima descritos, optou-se por não cartografar estes imóveis em planta dada a escala do trabalho 180 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Fotografia 81: Conjunto de casas de pedra, em Vale do Homem 10.2.1.4 Estruturas de Apoio Foram identificadas como estruturas de apoio os Fontanários (Fotografia 82), os Bebebouros (Fotografia 83), os Fornos Comunitários (Fotografia 84) e os Lagares, que se encontram em quase todos os aglomerados. Dado o seu elevado número optou-se por não localizar estas estruturas em planta. A sua representação sendo tão expressiva é indício da importância que estas estruturas tiveram, e ainda têm, para as actividades da população, por exemplo ao nível dos sistemas de abastecimento de água para consumo humano e para os animais. Na vila sede de concelho, podem ainda observar-se diversos trabalhos de arte pública, como a escultura de Susana Piteira (junto ao Complexo Turístico) e painéis de azulejos de Manuel Cargaleiro (artista nascido no concelho) um junto ao Centro de Saúde e dois outros no Largo Dr. António Gonçalves. Fotografia 82: Fonte em Carepa Fotografia 83: Bebebouro, em Vale do Homem Fotografia 84: Forno Comunitário, na Silveira 10.3 PATRIMÓNIO ARQUEOLÓGICO As considerações feitas a propósito do património construído aplicam-se, genericamente, também ao património arqueológico. No entanto, uma análise individualizada desta temática visa, acima de tudo, evitar que o desenvolvimento se realize à custa da destruição das memórias do passado. O património arqueológico constitui uma mensagem viva, das comunidades desaparecidas no tempo, e como tal, a inserção dos valores arqueológicos, como herança cultural, é essencial no âmbito do ordenamento do território. Revisão do PDM Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 181 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Os valores arqueológicos materializam-se em ruínas, objectos e fragmentos que jazem no solo. Uma vez daí retirados, embora salvaguardados e constituindo sempre um importante testemunho, perdem grande parte do seu valor enquanto conhecimento para o estudo e para a compreensão da evolução das sociedades humanas, passando apenas a peças de museu. Por este motivo, existe uma preocupação crescente em preservar os lugares onde se sabe, ou suspeita, que existam ruínas ou objectos arqueológicos. A breve súmula apresentada relativa ao património arqueológico, bem como alguma da informação cartográfica sistematizadas no âmbito do presente capítulo, resultam da consulta ao inventário elaborado pela Associação de Estudos do Alto Tejo, no âmbito da Carta Arqueológica de Vila Velha de Ródão. O concelho de Vila Velha de Ródão apresenta um património arqueológico bastante rico. Entre as décadas de 70 e 90, foram criadas mais de 150 estações arqueológicas, fruto de uma prospecção sistemática por parte do Núcleo Regional de Investigação Arqueológica (NRIA). As condições naturais presentes no território, são de facto bastante favoráveis à existência e preservação de habitats paleolíticos e estações de arte rupestre (nas margens do Tejo e afluentes), como se descreve seguidamente. A estação do Monte do Famaco, na freguesia de Vila Velha de Ródão, apresenta os vestígios mais antigos da presença humana no território concelhio. Neste sítio, foram encontrados vestígios (bifaces, machados, raspadores, etc.) do Paleolítico Inferior, aproximadamente há 200.000 anos. Vilas Ruivas e Foz do Enxarrique, também na freguesia de Vila Velha de Ródão, são duas estações datadas do Paleolítico Médio, de há cerca de 75.000 anos, sendo que Vilas Ruivas terá sido novamente ocupada no Paleolítico Superior (há 10.000 anos). O solo de habitat de Vilas Ruivas, que se encontra em exposição no museu de Castelo Branco, constitui a estrutura de habitat mais antiga em Portugal. Neste acampamento foram encontradas bases de estruturas do tipo pára-vento ou de cabanas, bastante bem preservadas. O elevado número de utensílios inacabados e numerosos resíduos de talhe encontrados na camada superficial, parecem atestar a estar-se perante um local de produção de instrumentos. A Foz do Enxarrique, classificada como Imóvel de Interesse Público, situa-se na confluência da ribeira de Enxarrique com o rio Tejo e integra um acampamento ao ar livre, onde para além de bastantes artefactos litícos, foram também encontrados restos faunísticos de mamíferos de grande porte (cavalo, veado, auroque e elefante). As características geológicas, orientação e inclinação do fundo do vale do Tejo possibilitaram a produção e permitiram a conservação de aproximadamente 20.000 gravuras rupestres, atribuídas a épocas desde o Paleolítico à Idade do Ferro. Ao longo de cerca de 40km do Alto Tejo Português, entre a foz do Sever e a foz do Ocreza, estendendo-se até à barragem da Pracana, desenvolve-se o Complexo de Arte Rupestre Pré-Histórica 182 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão do Vale do Tejo. Trata-se da maior concentração de gravuras Holocénicas da Península Ibérica. Embora dispersas, as maiores concentrações localizam-se em sítios arqueológicos no Fratel, Cachão do Algarve e S. Simão (Vila Velha de Ródão e Nisa). As primeiras gravuras foram descobertas em 1971, antes da construção da barragem do Fratel. Por essa altura, as gravuras que iriam ser cobertas pela água, foram devidamente documentadas (moldagem em látex, cobertura fotográfica, inventariação e localização cartográfica). Desta forma, numa das maiores intervenções arqueológicas de emergência, assegurou-se a inventariação de gravuras que ficaram inacessíveis, e a sua preservação. Nestas gravuras os motivos geométricos são os mais frequentes, embora também tenham sido identificados motivos antropomórficos, representações animais, motivos solares e astrais, cenas de caça, entre outros. Nas cotas mais baixas, nas proximidades do Tejo foram inventariadas 6 estações da época Mesolítica, lugares que foram sendo ocupados ao longo de diversos períodos da história. São diversas as estações Neolíticas e da Idade do Cobre existentes no concelho, sendo a de Charneca a mais importante deste período. Os achados parecem indicar uma ocupação esporádica durante o Paleolítico e permanente no período entre o Neolítico final até ao Calcolítico. Grande parte das antas descobertas no concelho (aproximadamente 30) encontra-se destruída. Estes exemplares da Cultura Megalítica, em xisto, são geralmente pequenas construções, de câmara poligonal e corredor, localizando-se a maior parte delas perto de Vilas Ruivas e Fratel, a sul de Vilar de Boi. A presença romana no território de Vila Velha de Ródão, está representada em mais de 20 villae (casas agrícolas) identificadas. Pelo menos quatro das estações descobertas são consideradas como vestígios de explorações mineiras, como é o caso das estações de Monte do Pinhal e Salgueiral que se encontram circundadas por amontoados de calhaus rolados extraídos de cascalheiras. Estas foram provavelmente explorações mineiras de estanho e ouro. Junto a Almeirão, freguesia de Vila Velha de Ródão, próxima de uma estação romana, localiza-se uma mina denominada Buraco da Moura, e em Fratel, a mina da Cova da Moura é referenciada como romana. Em planta foram cartografados apenas os sítios cuja localização georreferenciada foi fornecida pela Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão. Em Anexo identificam-se os sítios arqueológicos do município de Vila Velha de Ródão, de acordo com informação disponibilizada pela AEAT. Revisão do PDM Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 183 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 10.4 SÍTIOS COM INTERESSE Distinguem-se alguns espaços – Sítios – que, por constituírem uma associação equilibrada entre obras do homem e da natureza, com valor histórico, arqueológico, natural ou social, se assumem como uma mais valia do ponto de vista patrimonial. S1 – Ponte sobre o rio Ocreza – entre os km 40 e 41 da EN 241, próximo de Ladeira localiza-se a Ponte sobre o Ocreza. Nas proximidades desta obra de arte existem óptimos locais para pesca desportiva, recreio e lazer. S2 - Portas de Almourão ou Vale Mourão (Fotografia 85) – São consideradas umas das “cinco jóias da Meseta meridional” (a par com os Icnofósseis de Fotografia 85: Portas de Almourão Penha Garcia, o monte-ilha de Monsanto, a Garganta epigénica das Portas de Ródão, a Mina de ouro romana de Conhal de Arneiro, em Nisa e as Garganta epigénica da Malhada Velha, em Oleiros). Localizam-se a nordeste do aglomerado da Foz do Cobrão. Trata-se de uma magnífica deformação tectónica, originada por uma grande colisão continental que terá tido inicio há aproximadamente 380 milhões de anos, com sedimentos depositados nos oceanos 600 milhões de anos antes. Nesta zona, junto ao Ocreza foram encontrados fósseis com mais de 500 milhões de anos. Existe no local um miradouro e um local de observação de aves. S3 - Rio Ocreza, junto à ponte dos Bugios – A norte da Sarnadinha, freguesia de Vila Velha de Ródão, existe uma óptima zona para a prática da pesca desportiva e com boas condições para nadar. S4 – Azenha dos Gaviões, antiga Praia Fluvial (Fotografia 86) – Esta antiga praia fluvial, entretanto desactivada, nas proximidades do Fotografia 86: Praia Fluvial, Azenha dos Gaviões aglomerado de Rodeios, está inserida num vale muito interessante. Este espaço não funciona actualmente como praia devido à ausência de apoios à actividade balnear, e à dificuldade de acesso decorrente do mau estado de conservação da via existente. S5 - Rio Ponsul – A nordeste de Alfrívida, junto à confluência da ribeira de Alfrívida com o Ponsul, localiza-se uma excelente zona de pesca desportiva. S6 - Penedo Gordo (Miradouro) – Localizado na Serra das Talhadas, constitui o ponto mais alto do concelho, ficando situado à cota 570. Trata-se de um sinclinal ondovício que se apresenta sob a forma de duas cristas quartzíticas. Usufrui de imponentes vistas panorâmicas, praticamente sobre todo o território concelhio, sobre Castelo Branco, sobre a Serra da Gardunha e da Estrela. 184 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão S7 – Albufeira do Cedillo - Localiza-se a sul de Monte Fidalgo, freguesia de Perais. A proximidade da barragem de Cedillo permite a existência de óptimas condições para a pesca desportiva. S8 – Ancoradouro de Perais, rio Tejo e Estação do Alagadouro – Localiza-se a sul de Perais, Este ancoradouro possui um pequeno parque de merendas. Por barco pode-se aceder às estações arqueológicas de arte rupestre do Alagadouro e de S. Simão que se localizam nas faces horizontais das rochas, a partir daí, numa extensão de 500 m (na margem contrária). Dispões de excelentes condições para a prática de pesca desportiva. S9 - Estação do Monte do Famaco – Datada do Paleolítico Inferior/Neo-Calcolítico, esta estação tem fornecido, em prospecção de superfície, elevado número de peças acheulenses, para além de artefactos diversos pertencentes a diferentes períodos. As observações geo-morfológicas tornam possível a existência de peças em camadas. No local existe uma anta parcialmente destruída na extremidade exterior do corredor por um poste de electricidade. S10 - Recinto da Nossa Senhora da Alagada e Olival Secular – Neste espaço, localizado a sudeste da vila, a sul da Horta dos Oliviais, realizam-se em Agosto as festas anuais de Nossa Senhora da Alagada. Para além da Capela em nome desta santa, destaca-se um olival, onde se podem observar exemplares seculares. S11 - Estação do Enxarrique e Envolvente ao Cais de Ródão – Situado na zona sul de Vila Velha de Ródão, na zona banhada pelo Tejo, Fotografia 87: Cais de Ródão usufrui de óptimas condições para a prática de desportos náuticos, dispondo de um ancoradouro e de um parque de merendas. Este espaço integra um acampamento de ar livre do Paleolítico Médio, situado na confluência da ribeira do Enxarrique com o rio Tejo; Constituído por um horizonte de ocupação associado a artefactos líticos talhados in loco e restos faunísticos, tem datação de c. 33 anos pelo método das séries de urânio (c. 30 mil anos em datas convencionais de radiocarbono.), encontrando-se também vestígios de um "muro" de época romana. O Porto do Tejo desempenhou ao longo da história, um papel de extrema importância no concelho – era por aqui que passava uma importante via comercial e pastoril, fundamental para o desenvolvimento das regiões da Beira Baixa e Alentejo. Revisão do PDM Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 185 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão S12 - Portas de Ródão – Trata-se de uma imponente formação rochosa do período ordovícico, o ex-líbris do concelho de Vila Velha de Ródão. Tratase de uma soberba incisão de 260 metros de profundidade, onde se Fotografia 88: Portas de Ródão observam as marcas do processo que conduziu ao que actualmente é o rio Tejo. Nesta zona cruzam-se quatro grandes acidentes tectónicos. Nesta área e na sua envolvente, para além da formação geológica em si, existe uma importante biodiversidade, quer ao nível da flora (uma extensa comunidade de Zimbro), quer ao nível da fauna (22 espécies importantes, algumas das quais em estado crítico de conservação). Inclusivamente, as Portas do Ródão constituem um importante local de nidificação de aves com estatuto de conservação especial, pela sua raridade. È aqui que se localiza a maior colónia de grifos de Portugal. S13 - Fonte das Virtudes – Localizada junto ao Tejo, a sul de Vilas Ruivas, próximo do Vale do Lameirão, esta fonte de água mineral, não é comercializada em virtude do seu baixo caudal. A proximidade do rio, proporciona uma envolvente bastante aprazível. A existência desta fonte está ligada a uma das inúmeras falhas geológicas existentes no concelho. Segundo a tradição, nesta fonte curavam-se doenças de pele. S14 - Rio Tejo, próximo de Vilas Ruivas – Em plena albufeira do Fratel, o local dispõe de óptimas condições para a prática de desportos náuticos. S15 - Zona de Pesca da Carepa – Esta zona piscatória fica localizada na freguesia de Fratel, nas margens do Ocreza, a poente do aglomerado de Carepa. Em plena bacia da albufeira da Pracana, apresenta excelentes condições para a prática da pesca desportiva. Os acessos, bem como todo a zona envolvente, foram recentemente intervencionados pela Junta de Freguesia. S16 - Barragem da Pracana – Esta barragem, localizada na bacia do Tejo, no rio Ocreza, foi construída em 1951, tem 60 metros de altura e 129.000 m3 de volume. Nos arredores desta barragem, em pleno vale do Ocreza, podem-se observar gravuras rupestres pré-históricas. S17 - Barragem do Fratel e Estação de Gardete – A barragem, na fronteira do concelho com o de Nisa, foi concluída em 1973. Tem 43 metros de altura e 124 000 m3 de volume. Com a sua construção, aproximadamente 90% das gravuras rupestres ficaram submersas. Trata-se de uma excelente obra de engenharia hidráulica, junto à qual se pode usufruir de uma excelente vista sobre o Tejo. Na sua proximidade, localiza-se a estação ferroviária de Gardete. 186 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 10.5 CONJUNTOS EDIFICADOS COM INTERESSE Destacam-se, por fim, alguns Conjuntos notáveis de imóveis arquitectónicos que, pela sua unidade, pela sua integração na paisagem ou pelo seu valor histórico, se julgam de suma importância. São, então, de referir, como detentores de bons exemplos da arquitectura tradicional e popular, assim como pela conservação de núcleos urbanos que apresentam ainda coerência original, no seu traçado e edificado, os seguintes conjuntos: C1 - Aldeia da Foz do Cobrão (Fotografia 89) – No local onde aflui o ribeiro do Cobrão, na margem esquerda do Ocreza nasceu esta Fotografia 89: Vista parcial de Foz do Cobrão aldeia. Com o passar dos anos desenvolveu-se encosta acima, fixando-se num local de excelentes vistas panorâmicas. Esta aldeia, integrada na rota das Aldeias do Xisto, e localizada no sopé da Serra das Talhadas, junto ao limite norte do concelho, preserva ainda um conjunto de arquitectura rural bastante interessante. O edificado, na grande maioria em xisto e de dois pisos, apresenta telhados de uma ou duas água, de telha de meia-cana. As casas possuem poucas aberturas, muitas vezes apenas uma porta, uma janela e um postigo. Os arruamentos são estreitos, íngremes e por vezes com degraus de pedra. Nesta aldeia, destacam-se ainda: um interessante forno comunitário no interior do aglomerado; a igreja localizase num local altaneiro, próximo do espaço utilizado para as festas de Nossa Senhora da Conceição, recentemente intervencionado; e, no fundo do vale, junto à ponte, as ruínas de um conjunto de antigos moinhos. C2 – Núcleo Antigo de Fratel – Desenvolve-se a nascente do IP2, sendo limitado a norte pela Rua 25 de Abril. A área em questão engloba a Rua Alferes José João Neto Flores, a Rua do Correio, a Rua 5 de Outubro, a Rua Dr.ª Maria Isabel Pinto, a Rua Nova, o Largo Eng. Araújo Correia e a Rua Central. Neste conjunto, assinala-se a presença da Igreja Matriz, da Junta de Freguesia bem como de alguns exemplares interessantes de arquitectura civil privada. C3 – Núcleo Antigo de Perais – É em torno do Largo e da Igreja que se desenvolve este núcleo. Os edifícios da Rua e da Travessa de Cima, da Rua Nova e da Fonte Nova e Ruas da Estalagem e do Cabeço, fazem também parte deste conjunto. A igreja destaca-se num conjunto que apresenta alguma homogeneidade. C4 – Núcleo Antigo de Sarnadas de Ródão – Este núcleo tem como ponto central o Largo do Rossio, desenvolvendo-se para sul ao longo de 3 ruas perpendiculares (Rua da Tenda, Rua do Espírito Santo e Rua da Estalagem). Para poente estende-se pela Rua Nova e para norte pela Rua da Igreja. Neste conjunto destacam- Revisão do PDM Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 187 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão se a Casa Grande com Capela de Sant’Ana (no Largo do Rossio) e pelo menos 4 edifícios de origem quinhentista na Rua da Estalagem. C5 – Núcleo Antigo de Vila Velha de Ródão – Este conjunto, localizado na parte noroeste do aglomerado de Vila Velha de Ródão desenvolve-se na envolvente dos Largos do Pelourinho, António Gonçalves e Combatentes da Grande Guerra. A norte é limitado pela Rua Santana e a sul pela Rua da Torre Velha. Neste conjunto, para além do Pelourinho, destacam-se a Igreja Matriz, o Centro Municipal de Desenvolvimento de Vila Velha de Ródão, a Junta de Freguesia e a Quinta da Torre. 188 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 11. REDE VIÁRIA E TRANSPORTES Neste capítulo será desenvolvida a caracterização das infraestruturas viárias e do sistema de transportes do concelho de Vila Velha de Ródão, referente nomeadamente à sua rede rodoviária – incluindo a análise das acessibilidades servidas, funções desempenhadas e suas características físicas – ao tráfego e ao serviço de transporte público, procurando estabelecer uma análise dos seus actuais níveis funcionais e operacionais. Metodologicamente, esta caracterização baseou-se numa recolha de elementos diversos, nomeadamente junto da Autarquia, da Estradas de Portugal, SA, dos operadores de transporte que efectuam serviço no concelho, bem como do levantamento de campo efectuado que permitiu aferir a real situação da rede viária e dos sistemas de transporte concelhio. O tratamento da informação recolhida, possibilitou a caracterização do sistema, nas suas diferentes vertentes, identificando os seus principais estrangulamentos e deficiências e perspectivando a sua previsível evolução, alicerçando o desenvolvimento de uma estratégia de intervenção adequada que, no âmbito da presente Revisão do PDM, possibilite a melhoria efectiva da sua qualidade e eficácia. Assim, no presente capítulo começa-se por proceder à análise e caracterização da rede viária concelhia, nomeadamente, no que diz respeito à sua inserção na rede exterior, acessibilidades servidas, estrutura e hierarquia actual e das suas características físicas e geométricas (extensões, perfis transversais, traçado, pavimentação, etc.), salientando ainda alguns dos aspectos mais significativos relativamente às suas perspectivas de evolução. Segue-se uma análise sumária das características mais relevantes do tráfego nas vias da rede nacional – intensidade, composição, evolução recente – tendo por base os dados disponíveis a partir dos recenseamentos do EP, e uma breve caracterização do serviço de transporte público de passageiros existente, incidindo sobretudo no domínio da oferta e da qualidade do serviço prestado. Por fim é feito um diagnóstico da problemática da mobilidade, atendendo ao contexto global do concelho, com o intuito de informar as fases subsequentes de apresentação de propostas. 11.1 REDE VIÁRIA 11.1.1 Inserção Nacional, Regional e Local 11.1.1.1 Principais Ligações à Rede Exterior As funções desempenhadas pelas vias, nomeadamente no que se refere aos níveis de acessibilidades servidos, apresentam-se como factor determinante no estabelecimento da sua adequada hierarquização, devendo ser analisada a sua adequação à estrutura, características e importância dos troços que a constituem. Revisão do PDM Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 189 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Deste modo, a análise da sua inserção na rede exterior assume papel fundamental na compreensão das relações estabelecidas com os principais pólos de geração/atracção de deslocações, relacionadas, em larga medida, com a qualidade das ligações existentes, sendo de salientar os seguintes aspectos: Situado na sub-região da Beira Interior Sul, a região Poente do concelho é atravessada diagonalmente pela Auto-estrada A23 (concessão SCUT da Beira Interior) – formada pela interligação entre o IP2 (Guarda/IP5 - Gardete/IP6) e o IP6 (Caldas da Rainha/IC1 - Gardete/IP2) – a qual, atendendo à estrutura da rede viária existente e à sua inserção territorial, assegura, naturalmente, as suas principais acessibilidades exteriores a diversos níveis; Para além do nó com o IP6 – Gardete, junto ao limite Sudoeste do território – o IP2/A23, que se desenvolve com um traçado aproximado ao da antiga EN318, estabelece ainda cinco outras conexões com a rede concelhia através dos nós de Riscada, Fratel, Perdigão (IC8), Alvaiade (EN241) e Sarnadas, aspecto que contribui de forma determinante para o desempenho de funções muito relevantes ao nível das deslocações de âmbito local; Na direcção Sul, a partir do Nó de Gardete (A23), as principais acessibilidades são asseguradas pelo IP2 (lanço Castelo Branco - Portalegre), que serve sobretudo ligações à Região do Alentejo, bem como a Espanha, através da Fronteira do Caia (Elvas); Embora com um âmbito mais local, a EN18/ ER1819 (VV Ródão-Nisa-Alpalhão/IP2) desempenha funções de idêntica relevância relativamente às zonas central (Vila Velha de Ródão) e Nascente do concelho, representando um encurtamento significativo relativamente ao trajecto proporcionado pela articulação entre a A23 e o IP2; Por seu turno, a EN241 assegura acessibilidades à sub-região do Pinhal Interior Sul e ao Litoral Centro (v.g. Coimbra e Leiria), constituindo igualmente, pela sua ligação ao IP1/A1 (Nó de Pombal), a alternativa mais favorável relativamente ao Litoral Norte; O troço desta via entre Proença-a-Nova e o nó do IP2/A23 (Perdigão), encontra-se classificado como IC8; e o troço entre Perdigão e Alvaiade coincide com o IP2; Tendo por referência as regiões central e nordeste, saliente-se ainda a importância assumida pela EM572 (antiga EN18-8 - Lentiscais - EM553/Alfrívida) que garante a acessibilidade local aos concelhos de Castelo Branco e de Idanha-a-Nova; Relativamente às antigas EN3 e EN18 – num passado recente as vias mais importantes da Rede Nacional que serviam o concelho –, na sequência da entrada em serviço do IP2/A23 (que se desenvolve com um traçado aproximadamente paralelo) verificou-se uma nítida perda de importância 18 Troços desclassificados/a desclassificar no âmbito do PRN2000 (Decreto-Lei nº 222/98, de 17 de Julho, alterado pela Lei nº 98/99 e pelo Decreto-Lei nº 182/2003); 19 Via integrada na categoria das Estradas Regionais; 190 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão das funções desempenhadas a este nível, assumindo-se sobretudo como eixo distribuidor a nível interno. Quadro 49: Principais Ligações à Rede Exterior Via A23 (IP2/IP6) Principais Ligações Asseguradas (Nível) Nacional / Internacional Regional Local Lisboa Castelo Branco Abrantes Região Sul (IP1) Beira Interior Mação Interior Norte (IP2) Médio Tejo Front. V. Formoso Front. Segura e T. Monfortinho IP2 EN241 /IC8 Região Sul Portalegre Front. de Galegos e Caia Alentejo Porto Pinhal Interior Litoral Norte Litoral Centro ER18 Nisa Proença-a-Nova Portalegre Nisa Para além destas, existe ainda um conjunto de vias municipais que asseguram ligações exteriores de importância nitidamente inferior a nível concelhio, servindo sobretudo o acesso de algumas zonas mais periféricas aos concelhos limítrofes de Castelo Branco, Mação e Proença-a-Nova. 11.1.1.2 Análise das Acessibilidades Externas A acessibilidade entre dois locais é sempre determinada em função da distância e das características das infraestruturas viárias que os unem. Assim, a análise que seguidamente se apresenta foi efectuada tendo por base estes dois elementos, procurando traduzir as acessibilidades mais favoráveis servidas pelo conjunto de vias existentes, apresentando-se no Quadro 50 as distâncias registadas entre Vila Velha de Ródão e os principais pólos geradores de importância nacional, regional e local. Deste modo, o facto de o concelho ser servido directamente pela A23/IP2-IP6, IP2 e IC8 – ligação transversal entre os dois eixos longitudinais mais importantes da rede nacional, nomeadamente o IP1 e o IP2 –, confere-lhe satisfatórias condições de acessibilidade rodoviária. As maiores condicionantes manifestam-se nas ligações ao Litoral Centro e Norte, com factores de ordem geomorfológica a condicionarem a existência de ligações eficazes, uma vez que, as acessibilidades a Sul e ao Interior Norte apresentam características bastante mais favoráveis, beneficiando da recente implementação de algumas infra-estruturas de enorme importância no desenvolvimento da região. Revisão do PDM Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 191 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Quadro 50: Distâncias da Sede de concelho aos Principais Pólos Geradores Nível Hierárquico Pólos Nacionais Pólos Regionais Pólos Locais Fronteiras Designação Lisboa Porto Coimbra Portalegre Castelo Branco Guarda Santarém Leiria Nisa Proença-a-Nova Mação Caia Galegos Segura Vilar Formoso Distância (km) 200 275 165 50 33 125 140 145 17 33 58 120 60 95 160 Principais Vias Utilizadas EN241, A23 (IP2/IP6), IP1/A1 EN241, EN241 (IC8), IC8, IP1/A1 EN241, EN241 (IC8), IC8, IP1/A1 ER18, IP2 EN241, IP2/A23 EN241, IP2/A23 EN241, A23 (IP2/IP6), IP1/A1 EN241, A23 (IP2/IP6), IP1/A1 ER18 EN241, EN241 (IC8) EN241, A23 (IP2/IP6), EN3-12 ER18, IP2, EN246, ER246, IP7/A6 ER18, EENN246, 246-1 EN241, IP2/A23, EERR240, 355 EN241, IP2/A23, IP5/A25 Com efeito, as acessibilidades à Região de Lisboa são asseguradas por itinerários principais (IP) integrados na Rede Nacional de Auto-estradas, os quais garantem elevados padrões de mobilidade, beneficiando o concelho de Vila Velha de Ródão duma localização privilegiada relativamente à A23, que atravessa longitudinalmente a sua região Poente, estabelecendo, tal como anteriormente referido, seis nós de ligação à rede concelhia. No que diz respeito ao litoral Centro e Norte, a ligação proporcionada pelo IC8 constitui a alternativa mais favorável, apesar das condicionantes que o seu traçado e características físicas apresentam em termos de mobilidade e conforto de utilização. A nível regional, e considerando o facto dos dois pólos de maior atractividade – Castelo Branco e Portalegre – se situarem a distâncias moderadas e beneficiando de ligações eficazes, o grau de acessibilidade situa-se entre um padrão elevado – relativamente a estes – a médio, sendo de referir que, tendo em atenção a dimensão do território concelhio e a estrutura interna da sua rede viária, este grau de acessibilidade diminui substancialmente nas zonas com maiores limitações de acesso a este eixo viário. Em síntese, as acessibilidades concelhias beneficiaram de modo significativo como resultado da evolução recente da Rede Nacional, com impactes sobretudo no que diz respeito às ligações ao litoral e ao interior Norte, contrariamente ao que sucede relativamente às ligações à região do Alentejo, para as quais não se prevêem investimentos significativos a curto/médio prazo. Quanto à acessibilidade local, traduzida nas ligações às sedes dos restantes concelhos limítrofes, esta é bastante diferenciada, devendo ser considerada como elevada relativamente a Nisa – servida pela ER18 –, e reduzida nos restantes casos, tendo em conta essencialmente as distâncias registadas, face ao tipo de relações de proximidade existentes. 192 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Por último, e como consequência natural da sua localização geográfica, assinale-se a favorável acessibilidade relativamente a algumas fronteiras internacionais, com particular destaque para a do Caia (Elvas) e, face às excelentes características proporcionadas pela A23, mesmo a Vilar Formoso, aspecto que assume enorme relevância como factor de desenvolvimento concelhio e regional. Relativamente às duas outras fronteiras terrestres mais próximas, estabelecidas a partir dos concelhos de Idanha-a-Nova (Segura) e de Castelo de Vide (Galegos), estas assumem uma menor importância, constituindo, ainda assim, alternativas razoáveis de conexão à rede viária espanhola através de vias de hierarquia regional. A análise atrás efectuada teve por referência a sede de concelho, que beneficia duma localização territorial relativamente central e, embora condicionada pelos factores atrás mencionados, da proximidade a alguns dos eixos rodoviários mais importantes, sendo de salientar que, tendo em atenção a estrutura interna da sua rede viária, estes padrões de acessibilidade diminuem significativamente nas zonas mais periféricas, podendo considerar-se a sua zona Nordeste como a mais desfavorecida a este nível. 11.1.2 Rede Viária Concelhia 11.1.2.1 Estrutura e Hierarquização Actual A rede viária concelhia, representada na respectiva peça desenhada, é fundamentalmente composta por quatro níveis hierárquicos, diferenciados quanto à respectiva categoria administrativa, a saber: 1. Vias integradas na Rede Nacional Fundamental – Itinerários Principais (IP) – de acordo com o PRN2000 em vigor; 2. Vias integradas na Rede Nacional Complementar – Itinerários Complementares (IC) e Estradas Nacionais (EN) – e na categoria das Estradas Regionais (ER); 3. As antigas Estradas Nacionais (antigas EN), desclassificadas no âmbito do PRN2000, passando a integrar a Rede Municipal; 4. A restante Rede Municipal, constituída por estradas e caminhos (EM, CM e vias não classificadas). Refira-se que, no que diz respeito aos troços desclassificados/a desclassificar, a implementação do PRN2000, resultante de opções estratégicas de planeamento (nalguns casos, já previstas no âmbito de PRN anteriores) tem como consequência uma redução significativa do número e extensão dos troços integrados na Rede Nacional através da sua municipalização. Tendo em consideração o prazo de vigência da presente revisão do PDM e sendo expectável que a sua passagem à competência da autarquia venha a ocorrer ao longo desse período, considerou-se desde já, para efeitos de análise, as vias desclassificadas (antigas EN) como parte integrante da Rede Municipal. Revisão do PDM Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 193 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Quanto à ER18, integrada na categoria das Estradas Regionais, é de referir que, não estando ainda claramente definido o respectivo estatuto de competência, esta poderá, tal como previsto no referido PRN, vir igualmente a fazer parte da Rede Municipal, mediante protocolo a celebrar com a Autarquia em condições semelhantes às estabelecidas relativamente às antigas EN. Por fim, no que diz respeito à Rede Municipal, é de salientar que a classificação administrativa em vigor resulta de legislação antiga (Decreto-Lei n.º 42271, de 20 de Maio de 1959 e Decreto-Lei n.º45552, de 30 de Janeiro de 1964) e desajustada face à evolução entretanto verificada, o que tem como consequência a existência de um elevado número de vias sem classificação atribuída, as quais, para efeitos de análise, foram designadas através de letras (vias A a R). Tal como referido, a região Poente do território concelhio é atravessada longitudinalmente pela A23 que serve a sede de concelho a uma distância relativamente reduzida (através da ligação ao nó de Alvaiade, estabelecida pela EN241) e assume, naturalmente um papel fundamental ao nível das suas acessibilidades externas. Para além deste, a A23 dispõe de cinco outros nós de acesso à rede local – os nós de Sarnadas, Perdigão (IC8), Fratel, Riscada e Gardete (IP2/IP6) – que, assim, possibilitam o desempenho de funções relevantes a nível intraconcelhio, constituindo um eixo estruturante no contexto da rede. A Rede Fundamental integra igualmente um curto troço do IP2 que se desenvolve para Sul a partir do nó de Gardete (A23), atravessando o rio Tejo sobre da Barragem do Fratel. Da Rede Nacional Complementar fazem parte dois troços, os quais, em conjunto, formam um eixo viário com elevada importância na estrutura da rede concelhia. Para além das ligações exteriores asseguradas (ver ponto anterior), a nível interno, estes troços assumem funções bastante diferenciadas em termos de importância: A EN241 (IC8) (Proença-a-Nova - IP2), desenvolve-se na direcção Poente a partir da A23 e assegura, essencialmente, funções de ligação ao exterior; A actual EN241, assegura a ligação entre o IP2/A23 (Nó de Alvaiade) e Vila Velha de Ródão; A categoria das Estradas Regionais integra unicamente um curto troço da ER18 (Vila Velha de Ródão-NisaAlpalhão) que estabelece continuidade à EN241 na direcção Sul, assumindo exclusivamente importância no âmbito das acessibilidades externas. No que diz respeito ao conjunto das antigas Estradas Nacionais, este integra diversos troços, destacando-se pelas funções desempenhadas os seguintes: 194 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão O eixo formado pela antiga EN3 que, apesar da perda de importância decorrente da entrada em serviço da A23, nomeadamente no que diz respeito às funções de atravessamento, desempenha ainda um papel relevante a nível interno, servindo directamente a quase totalidade das conexões à A23; Refira-se que, a Sul de Fratel, o traçado deste eixo foi interrompido na sequência da construção da A23, não constituindo deste modo uma alternativa a este IP; A antiga EN241 que efectua a ligação entre este eixo, o Nó de Alvaiade (A23 e EN241) e a sede de concelho, servindo os lugares de Tavila e Gavião de Ródão; O eixo formado pelo troço Sul da antiga EN18 (Sarnadas de Ródão-Vila Velha de Ródão) e pela antiga EN355 (antiga EN18-Perais-Monte Fidalgo) que constitui a estrutura essencial de toda a região nascente do território; A restante Rede Municipal abrange um conjunto de vias bastante heterogéneo, quer em termos físicos, quer funcionais, as quais assumem, fundamentalmente, relevância ao nível das deslocações intra-concelhias. Pelas funções desempenhadas, destacam-se as seguintes: A EM553 que efectua a ligação entre a sede de Freguesia de Perais, Alfrívida (CM1266) e o concelho de Castelo Branco, a Norte (via Cebolais de Cima e Retaxo); O CM1266 que, a partir desta, efectua uma ligação secundária à zona Sul dos concelhos de Castelo Branco (Malpica do Tejo) e de Idanha-a-Nova (Ladoeiro/ER240), assegurando ainda a ligação às fronteiras de Segura e de Termas de Monfortinho. O CM1373 que atravessa transversalmente a zona montanhosa situada a Poente de Vila Velha de Ródão, servindo a ligação mais directa à Freguesia de Fratel (via Vilas Ruivas); A Via K (sem classificação administrativa) que, a partir do CM1373 (Vilas Ruivas), efectua a ligação à EN241 (IC8), próximo do acesso ao Nó de Perdigão da A23; Os CM1357 e CM1357-1 que asseguram a interligação entre Perdigão (EN241/IC8) e os lugares de Vale da Figueira, Marmelal, Montinho e Vilar do Boi, entroncando aqui com a antiga EN3; A EM545 que serve o acesso aos lugares de Alvaiade, Sarnadinha e Chão das Servas, bem como uma ligação secundária ao concelho de Proença-a-Nova; O CM1355 e a Via E que desempenham funções alternativas a esta, desenvolvendo-se a segunda a partir da EN241/IC8, nas proximidades de Ladeira. A análise anteriormente efectuada, servirá de enquadramento ao desenvolvimento de uma proposta de hierarquização funcional da rede concelhia, relacionada directamente com as funções desempenhadas pelas vias (independentemente da sua categoria administrativa), constituindo matéria a tratar, de forma aprofundada, em fase posterior, tendo por objectivo concreto a definição de níveis hierárquicos com diferentes exigências Revisão do PDM Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 195 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão operacionais e, logo, das suas adequadas características físicas, geométricas e condições de ocupação e acesso marginal, aspectos a contemplar ao nível do Regulamento do Plano. 11.1.2.2 Caracterização Física Extensões Viárias A rede viária objecto de inventário englobou a totalidade dos troços que desempenham funções relevantes no contexto da rede concelhia, nomeadamente, todos os que asseguram acessibilidade a aglomerados urbanos, não se considerando relevante nem conveniente, neste âmbito, a consideração de vias com funções exclusivamente urbanas, de acesso local a propriedades isoladas ou integradas na rede florestal. Quadro 51: Extensões Viárias por Categoria Administrativa Tipos de Vias Extensão (km) Rede Nacional Fundamental (IP) Complementar (IC + EN) Estradas Regionais (ER) 49,4 35,4 13,4 0,6 21,9% 71,7% 27,1% 1,2% Rede Municipal antigas EN's Estradas Municipais (EM) Caminhos Municipais (CM) 1) 176,2 63,3 26,8 86,1 78,1% 35,9% 15,2% 48,9% Total 225,6 1) Engloba as vias sem classificação Assim, a extensão total da rede considerada é da ordem dos 226km, a que corresponde uma densidade viária global de 684m/km2, valor que traduz uma cobertura territorial bastante satisfatória, sobretudo se tivermos em conta a dimensão do Concelho, a orografia acidentada e as suas características rurais, com uma densidade de ocupação muito reduzida. A região nascente, com uma estrutura viária mais rarefeita, é aquela que apresenta as principais insuficiências a este nível. Apesar da considerável extensão dos troços Figura 39: Estrutura Administrativa da Rede Viária Concelhia 22% desclassificados/a desclassificar (da ordem dos 63km), a sua repartição relativamente à categoria 38% administrativa denota, ainda assim, a relevância assumida pelas vias da Rede Nacional (22% do total) na estrutura da rede, as quais, tal como anteriormente se salientou, desempenham um papel fundamental, quer ao nível das acessibilidades externas, quer na distribuição de diversas deslocações intra-concelhias. 196 28% 12% Rede Nacional antigas EN's EM´s CM´s Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Esta estrutura traduz, desde já, o cenário resultante da municipalização da totalidade dos troços desclassificados (antigas EN) – acauteladas previamente as necessárias intervenções de beneficiação (tal como disposto no PRN2000) – o que representará, em termos globais, um aumento da ordem dos 56% relativamente à extensão da Rede Municipal e, consequentemente, atribuições e competências acrescidas para a autarquia ao nível da sua gestão, exploração e manutenção. Em termos funcionais, esta repartição permite concluir que a rede se apresenta relativamente bem estruturada – com as extensões mais elevadas a corresponderem às vias que asseguram predominantemente funções distribuidoras ou de acesso local (sistemas secundário e terciário) –, obviando à ocorrência de sobreposições funcionais significativas ao longo das vias principais, com maiores exigências de mobilidade. Contudo, importa referir que, tendo em conta as funções relativamente limitadas desempenhadas pela A23 (mais de 66% da extensão total da Rede Nacional) no âmbito das deslocações intra-concelhias – condicionadas pela acessibilidade proporcionada pelos respectivos nós de ligação à rede local –, esta distribuição é reveladora de um certo défice de troços de hierarquia superior, aspecto que, ao nível da proposta de hierarquização funcional, poderá levar à integração no Sistema Primário (com maiores exigências de mobilidade) de alguns troços da Rede Municipal e, logo, à necessidade de assegurar as suas adequadas características. No que diz respeito a Vila Velha de Ródão (destacadamente, o principal pólo gerador), as suas condições de acessibilidade e de mobilidade são algo condicionadas pela sua localização excêntrica relativamente aos dois Itinerários Principais (IP2 e IP6) que atravessam o concelho, circunstância que se acentua no que diz respeito às ligações nas direcções Poente (A23/IP6) e Sul (IP2), neste caso, servidas através da ER18. Por seu turno, o grau de cobertura proporcionado pela Rede Municipal (cerca de 176km) é bastante significativo, em diversos casos constituindo ramificações dos eixos nacionais, com alguns troços de hierarquia inferior a desempenharem um papel complementar no acesso a conjuntos significativos de lugares de menor dimensão, ou na interligação entre troços de maior importância na estrutura da rede. Saliente-se ainda a existência de uma rede relativamente extensa de caminhos rurais e florestais (em terra batida), em muitos casos, com características bastante adequadas às funções desempenhadas, os quais assumem um papel fundamental no apoio às explorações rurais e, sobretudo, às áreas florestais. Pavimentação O tipo e o estado de conservação dos pavimentos constituem importantes factores na avaliação qualitativa da rede, com repercussões ao nível da sua capacidade, segurança, economia e conforto de utilização. Revisão do PDM Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 197 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Com o objectivo de caracterizar a rede viária concelhia relativamente a estes aspectos, bem como às suas características geométricas, foi efectuado um levantamento exaustivo, em 2006, que consistiu na recolha de elementos respeitantes a troços homogéneos significativos (peça desenhada n.º08). O quadro seguinte apresenta uma síntese deste inventário, bem como a identificação das acessibilidades servidas por cada um dos troços.Da sua leitura, constata-se que a quase totalidade dos troços inventariados se encontra pavimentada em betuminoso, constituindo os troços em calçada, de reduzida extensão, existentes no interior de alguns aglomerados (apenas 1,1% do total), as excepções mais relevantes. Pela relevância que alguns deles apresentam no contexto da rede e, também, como elemento base ao desenvolvimento de propostas futuras de intervenção, foram igualmente considerados alguns troços não pavimentados, os quais representam cerca de 5% da extensão total da Rede Municipal. Figura 40: Estado de Conservação por Categoria Administrativa 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Rede Nacional Betuminoso Bom 198 ant. EN's Bet./Calçada Regular EM´s Bet Mau/Obras CM´s Terra Bat. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Quadro 52: Rede Viária Concelhia – Inventário Físico e Acessibilidades Via Extensão (km) Dimensões largura FR (m) Tipo e Estado do Pavimento (km) BB BR BM/Ob CR Principais Ligações Asseguradas TB Rede Nacional IP2/A23 30,4 2 x 7.5 30,4 LC C. Branco, Nó de Alvaiade (EN241), Nó de Perdigão (EN241 (IC8)), Nó de Gardete (IP2/IP6) IP6/A23 IP2 2,4 " 2,4 LC Proença-a-Nova, Nó de Gardete (IP2) 2,6 7.0 - 10.0 2,6 Nó de Gardete (A23), LC Nisa EN241 (IC8) 5,6 7,0 5,6 LC Proença-a-Nova, ant EN3, Nó de Perdigão (IP2/A23) EN241 7,8 7.0 - 10.0 7,8 Nó de Alvaiade (IP2/A23), Vila Velha de Rodão ER18 0,6 6,2 0,6 V. Velha de Rodão (EN241), LC Nisa sub-total 49,4 49,4 (Rede Nacional) 22% 100% Rede Municipal ant EN3 24,5 7,0 21,8 2,7 ant EN18 (Sarnadas de Rodão), Alvaiade, EN241 (IC8) (Perdigão), Fratel ant EN3-13 6,0 5,0 6,0 Fratel, Est. C. F. de Fratel ant EN18 13,9 5.5 - 7.0 13,9 LC C. Branco, Sarnadas de Rodão, ant EN355, V. Velha de Rodão (EN241) ant EN241 6,4 5.2 - 6.0 6,1 0,3 ant. EN3 (Alvaiade), EN241, Tavila, Gavião, V. V. de Rodão ant EN355 10,5 5.0 - 6.0 10,3 0,2 ant EN18, Perais, EM553, Monte Fidalgo ant EN359-1 2,0 5.2 2) 2,0 IP2, Gardete, LC Proença-a-Nova (Barragem da Pracana) sub-total 63,3 60,1 2,7 0,5 (antigas EN) 28% 95% 4% 0,8% EM541 2,4 4,0 2,4 EM545 4,1 4.0 - 5.0 3,4 EM546 2,3 4,5 2,3 EM547 5,2 4,0 1,6 EM553 9,2 6,0 9,2 5,0 Vale da Bezerra, prox Vilar do Boi (vias H e I) 0,7 LC Proença-a-Nova, Chão das Servas, Sarnadinha, Alvaiade (ant EN3) LC Proença-a-Nova, EM545 (Sarnadinha) 3,6 LC Cast. Branco (prox Cebolais de Cima), Alfrívida (CM1266), ant EN355 (prox Perais) EM572 5,0 sub-total 28,2 23,9 5,0 0,7 3,6 (EM) 12% 85% 2% 13% Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) LC Proença-a-Nova, prox. Carapetosa (troço não pavimentado), Est. CF Sarnadas, ant EN18 LC Cast. Branco (prox. Lentiscais), Alfrívida (EM553 199 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Via Extensão (km) Dimensões largura FR (m) BB CM1265 3,6 5,0 3,6 CM1354 0,8 3,5 0,7 CM1355 6,0 3.0 - 3.5 0,6 CM1357 3,9 5,5 3,9 CM1357-1 3,0 4.0 - 5.5 2,8 CM1359 2,5 4,0 2,5 CM1360 0,3 5,0 0,2 CM1361 0,6 4,5 0,6 CM1362 0,7 3,0 0,7 CM1363 1,7 3.0 - 4.5 0,4 CM1364 0,5 n. inv. 0,5 CM1365 3,3 4,0 3,3 CM1366 2,4 3,0 0,6 CM1367 1,0 3,0 1,0 ant EN3, Vermum CM1368 0,7 4,0 0,7 ant EN3, Juncal CM1369 0,5 4,0 0,5 ant EN3, Riscada CM1370 0,7 6,0 0,7 ant EN3, Silveira CM1372 2,8 3.5 - 4.0 CM1373 9,7 4,0 6,6 CM1373-1 0,4 4,5 0,4 Tipo e Estado do Pavimento (km) BR BM/Ob CR TB Principais Ligações Asseguradas ant EN18 (prox. Sarnadas de Rodão), Cebolais de Baixo, LC Cast. Branco (lig. Retaxo) 0,1 ant EN18, Amarelos 5,4 ant EN3, Vale do Cobrão, Foz do Cobrão (EM545) EN241 (IC8) (Perdigão), Vale da Figueira, Marmelal, ant EN3 (prox Vilar do Boi) 0,2 CM1357, Montinho ant EN241 (Tavila), EN241, Tostão 0,1 ant EN3, Tojeirinha ant EN3, Vale do Homem ant EN18, Atalaia 0,8 0,5 ant EN18, Sarrasqueira ant EN18, Coxerro ant EN355, Vale de Pousadas (Via O) 1,8 Fratel (ant EN3), Carepa 2,8 ant EN18, Salgueiral 3,1 V. Velha de Rodão (ER18), Vilas Ruivas (prox), Via J (prox Fratel) CM1373, Vilas Ruivas Vias n/Classificadas 200 A 1,5 5.0 - 6.0 1,5 ant EN18, Sarnadas de Rodão, EM547 B 0,8 4.5 - 5.0 0,8 ant EN3 (prox Rodeios), CM1361 C 0,9 n. inv. 0,4 D 0,9 n. inv. E 4,3 4.0 - 5.0 F 0,9 5,0 0,9 Via E, Ladeira G 0,4 3,0 0,4 CM1355, Vale do Cobrão 0,5 Via B, Rodeios 0,9 4,2 0,1 Rodeios, Via B EN241 (IC8), Ladeira, Foz do Cobrão Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Via Extensão (km) Dimensões largura FR (m) BB H 0,8 3.5 - 4.5 0,8 ant EN3, Vilar do Boi, EM541 I 1,0 4,0 1,0 EM541, Peroledo, Via J Tipo e Estado do Pavimento (km) BR BM/Ob CR TB Principais Ligações Asseguradas J 3,3 4.0 - 5.0 3,3 Via H (Vilar do Boi), Via I, CM1373, Fratel K 3,9 4,0 3,9 EN241 (IC8)/ant EN3 (prox Perdigão), CM1373 (prox Vilas Ruivas ) L 2,6 4,0 2,6 M 2,7 4,0 2,4 ant EN241 (Gavião do Rodão), Penedo Gordo 0,3 V. V. de Rodão (EN241), Zona Industrial nº 1, EN241 N 5,3 3.5 - 5.0 5,3 EN241, Ribª do Açafal, ant EN18 O 2,3 4,0 2,3 Vale de Pousadas (CM1365), EM553 P 3,9 n. inv. Q 1,5 n. inv. R 0,9 3,5 3.5 - 5.0 3,9 EM553, Sant. Sra dos Remédios 1,5 ant EN355 (Monte Fidalgo), Rio Tejo (albufeira da Barragem de Cedilho) 0,9 CM1373, Ermida (Castelo dos Mouros) S 4,3 sub-total 87,3 61,1 12,2 5,9 1,8 6,3 (CM´s + vias n/Class.) 38% 70% 14% 6,8% 2,1% 7,2% sub-total 115,5 85 12,2 5,9 2,5 9,9 (Rede Municipal) 51% 80% 8% 3% 1% 5% 228,2 194,5 14,9 5,9 3 9,9 85,2% 6,5% 2,6% 1,3% 4,3% TOTAL 4,3 EM545 (Chão das Servas), Foz do Cobrão Tipo e Estado de Conservação dos Pavimentos: BB - Betuminoso Bom; BR - idem Regular; BM/Ob - idem Mau/em Obras; CR - Calçada Regular; TB - Terra Batida Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 201 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 202 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Relativamente ao seu estado de conservação verifica-se que a maioria dos troços que a constituem se apresentam em bom (BB = 85% do total) ou regular (BR+CR= 7,8%) estado, o que configura um cenário francamente positivo, consequência de diversas intervenções de beneficiação levadas a efeito por parte da autarquia num passado recente. Assim, são de salientar as boas condições de manutenção apresentadas pela totalidade das vias da Rede Nacional – sendo de salientar a recente intervenção de beneficiação da EN241/IC8 –, bem como pela esmagadora maioria das antigas EN e EM – com 95% dos troços pavimentados em bom estado de conservação. Quanto à restante Rede Municipal (CM e vias não classificadas) verifica-se que a esmagadora maioria dos troços apresenta condições bastante satisfatórias, devendo no caso dos troços em estado regular (9%) ou mau (3%) serem, desde já, planeadas intervenções de beneficiação que permitam obviar à necessidade de obras de reconstrução profundas, destacando-se em particular o caso do troço inicial dos CM1373 (troço Vila Velha de Ródão - Vilas Ruivas) e CM1355 e da Via E (ambos com ligação à Foz do Cobrão). Em termos qualitativos, importa salientar os razoáveis padrões adoptados nalgumas vias municipais (v.g. EM553 e CM1357) embora, por vezes, com insuficiências ao nível da marcação rodoviária por pintura, sinalização vertical e colocação de guardas de segurança, aspectos para os quais deverá ser dada especial atenção, sobretudo nos troços que efectuam travessias de aglomerados urbanos, bem como naqueles que apresentam maiores condicionalismos em termos de traçado, como se verifica em diversos casos. Por fim, refira-se a quase total ausência de mecanismos limitadores da velocidade na travessia de aglomerados urbanos por vias de maior importância (como sucede na ant. EN18 em Coxerro), bem como de medidas de ordenamento e de requalificação do espaço urbano (à semelhança das recentemente implementadas na zona Norte de Vila Velha de Ródão). A título de exemplo, este tipo de intervenções poderia envolver a construção de passeios, a delimitação de zonas de parqueamento, ou a implementação de passadeiras sobrelevadas para travessia de peões, permitindo atenuar os efeitos indesejáveis daí decorrentes. De um modo geral, verifica-se que as melhorias introduzidas nos últimos anos ao nível da Rede Municipal (através da sua pavimentação e/ou beneficiação), permitiram um acréscimo da sua extensão e importância no contexto da rede, com benefícios claros ao nível da mobilidade e das acessibilidades locais e promovendo o fecho de malhas viárias significativas, constituindo a orografia acidentada de parte do território um elemento de elevada complexidade, sobretudo ao nível dos elevados custos inerentes à sua implementação. Características Geométricas e de Ocupação Marginal As características geométricas das vias – perfil transversal, perfil longitudinal e traçado em planta –, tal como as suas condições marginais de ocupação – travessias urbanas, conflitos com peões ou veículos estacionados, etc. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 203 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão – têm igualmente uma influência determinante nas condições de operação da rede viária, com reflexos directos ao nível dos parâmetros enunciados anteriormente. Numa análise sucinta, verifica-se que a maior parte dos troços da Rede Nacional apresentam dimensões adequadas às características do tráfego servido e à sua inserção territorial, sendo contudo de assinalar o dimensionamento da EN241 (IC8) – com perfil simples e 7,0m de faixa de rodagem – algo limitado face à importância estratégica que assume como principal eixo transversal de ligação ao litoral. Salientem-se igualmente os condicionalismos derivados do seu traçado sinuoso e acidentado. No que respeita à sede de concelho, o facto de a sua zona Sul ser atravessada pelo eixo formado pelas EN241 e ER18 tem como consequência directa a existência de alguma conflituosidade entre o tráfego local e o de passagem (ligações Norte/Sul), circunstância de certo modo atenuada pela reduzida procura verificada. Quanto à Rede Municipal, apesar das diversas operações de beneficiação e levadas a efeito num passado recente, subsistem ainda características físicas algo limitativas ao nível do perfil transversal de algumas delas (FR < 4,5 ou, mesmo, 4,0m), cumprindo, ainda assim, satisfatoriamente as funções desempenhadas, atendendo às reduzidas solicitações por parte do tráfego que as utiliza, muito embora se verifiquem alguns constrangimentos relativamente à sua utilização por parte de veículos pesados, nomeadamente nos períodos de maior intensidade de actividades relacionadas com a exploração florestal. Por fim, são igualmente de assinalar os estrangulamentos motivados pelo atravessamento de alguns aglomerados, contribuindo negativamente para a sua qualidade de vivência urbana e, em simultâneo e proporcionalmente à importância das funções desempenhadas, constituindo uma penalização efectiva das suas condições de utilização. Estes aspectos deixam antever a necessidade de adopção de medidas de ordenamento adequadas (de que já mencionámos alguns exemplos) ou, nas situações mais sensíveis, a eventual implementação de variantes a alguns dos núcleos mais importantes, devendo esta opção colocar-se, em primeira instância, no que diz respeito às vias com maiores exigências em termos de mobilidade/velocidade e uma utilização mais intensiva por parte de tráfego de passagem (vias dos sistemas Primário e Secundário). 11.1.2.3 Análise das Acessibilidades Internas Neste ponto efectua-se uma análise das acessibilidades intra-concelhias, nomeadamente, das ligações entre Vila Velha de Ródão e as restantes três sedes de freguesia e, ainda, a um conjunto de lugares seleccionados em função da sua dimensão populacional – determinante no âmbito da geração de deslocações – ou da sua localização espacial, baseada nas respectivas distâncias, estrutura e características da rede existente. 204 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Figura 41: Distâncias Entre a Sede de concelho e os Principais Pólos Geradores Tendo em conta a localização geográfica de Vila Velha de Ródão, a configuração do território e a sua estrutura viária, podemos proceder à sua agregação em três grandes zonas com condições de acessibilidade distintas: Uma zona Central, na sua periferia próxima, englobando núcleos urbanos situados a distâncias reduzidas (inferiores a 8km) e, portanto, beneficiando de um grau de acessibilidade elevado; Uma segunda coroa envolvente, abrangendo grande parte dos aglomerados urbanos da Freguesia de Sarnadas de Ródão, a zona Sul da freguesia de Perais e a zona noroeste do território, situadas a distâncias da ordem dos 11 a 16km, com uma acessibilidade média; Os restantes pólos concelhios, com uma distribuição espacial que engloba a região nordeste e o extremo Sudoeste do território (Freguesia de Fratel), com distâncias a percorrer da ordem dos 18 a 20km e, portanto, com uma acessibilidade média a reduzida; Esta análise permite constatar a relativa centralidade geográfica da sede de concelho, verificando-se distâncias da mesma ordem de grandeza nas ligações a aglomerados urbanos situados em diferentes quadrantes, sendo as respectivas acessibilidades favorecidas pela configuração radial da rede e pelas razoáveis características de grande parte das vias utilizadas. Contudo, a configuração do território e as condicionantes de natureza orográfica existentes, implicam que se registem distâncias consideráveis entre os diversos pólos geradores, sendo este facto atenuado pela articulação entre alguns eixos da Rede Nacional – nomeadamente, o IP2/A23 e a EN241 – que desempenham funções estruturantes a este nível. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 205 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Deste modo, considerando a agregação espacial anteriormente apresentada, pode considerar-se, globalmente, como elevada a média a acessibilidade interna, com a esmagadora maioria dos aglomerados urbanos situados a distâncias inferiores aos 15km em relação a Vila Velha de Ródão, sendo a freguesia de Fratel a que apresenta uma acessibilidade mais condicionada, embora beneficie da utilização de vias de grande capacidade. Saliente-se que, embora o grau de dependência relativamente à Sede de Concelho (associada a serviços, equipamentos, emprego, ensino, etc.) constitua um factor determinante na matriz de mobilidade interna, é de referir que alguns aglomerados urbanos territorialmente mais periféricos mantêm igualmente relações de proximidade com concelhos limítrofes, com a cidade de Castelo Branco (sede de distrito) a assumir, naturalmente, uma enorme polaridade relativamente à totalidade do concelho. 11.1.3 Perspectivas de Evolução As perspectivas de evolução da rede viária concelhia decorrerão das intervenções previstas, quer a nível nacional e regional, com a gradual implementação do PRN2000, quer a nível local, através da reclassificação viária prevista ao abrigo do mesmo, da construção de novas vias ou da beneficiação das existentes. Assim, a concretização dos diversos investimentos planeados ao nível da Rede Nacional que serve a região deverá resultar numa melhoria sensível das suas acessibilidades externas, salientando-se os seguintes: A gradual implementação do IP2 a Sul de Gardete, atribuindo-lhe características funcionais e operacionais que permitam aumentar o grau de acessibilidade proporcionado relativamente à região sul do país; A conclusão do IC8 a nascente de Proença-a-Nova (troço actualmente coincidente com EN241) e a melhoria das características de alguns dos troços existentes, com impactes positivos ao nível das acessibilidades concelhias à região do Pinhal Interior e ao Litoral Centro; A médio prazo, a construção do IC31 (Castelo Branco/IP2 - Termas de Monfortinho), que assegurará a ligação entre a A23 e a rede viária da Extremadura espanhola; O lanço do IC9 Abrantes (IP6) - Ponte de Sôr (IC13) (com um traçado aproximado ao da actual EN2 e integrando a construção de uma nova travessia ao rio Tejo) que, em conjunto com o IC13 (Montijo/IP1 - Ponte de Sor - Portalegre), deverá constituir uma alternativa eficaz relativamente às sub-regiões do Alto Alentejo, Lezíria do Tejo e Península de Setúbal; A conclusão do IC13 (Montijo/IP1 - Coruche - Ponte de Sor - Alter do Chão), eixo estratégico em termos de desenvolvimento da sub-região do Alto Alentejo. Face a estas perspectivas, é possível constatar o potencial acrescido de que o concelho e a região poderão beneficiar, com impactes positivos ao nível das suas acessibilidades regionais, nacionais e internacionais e, consequentemente, em termos de desenvolvimento económico e inserção territorial. 206 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão A nível concelhio, a implementação do PRN2000 envolve uma redução significativa do número e extensão dos troços da Rede Nacional através da passagem à tutela municipal de cerca de 63km de antigas estradas nacionais, quase 56% da extensão total de vias nacionais anteriormente classificadas, – devendo para o efeito ser previamente efectuadas as “intervenções de conservação que as reponham em bom estado de utilização ou, em alternativa, mediante protocolo equitativo com a respectiva autarquia” – e, consequentemente, atribuições e competências acrescidas para a autarquia na sua gestão, exploração e manutenção. Tendo em conta o prazo de vigência da presente Revisão do PDM e sendo previsível que a sua passagem definitiva à competência da Autarquia venha entretanto a ocorrer, estes foram, desde já, considerados como parte integrante da Rede Municipal. No que respeita à Rede Municipal, verifica-se que as melhorias introduzidas nos últimos anos através da construção, pavimentação e/ou beneficiação de diversos troços, permitiram um acréscimo da sua extensão e importância no contexto da rede, com benefícios claros ao nível da mobilidade e das acessibilidades locais e, nalguns casos, promovendo o fecho de malhas viárias significativas. Este conjunto de investimentos, configura um cenário bastante positivo que, no caso das intervenções que envolvem a construção de novos troços ou a rectificação dos existentes, implica a definição em tempo útil das respectivas soluções de traçado, tendo em vista a sua consideração no âmbito da presente revisão e a necessária salvaguarda de espaços canais, bem como o desenvolvimento de propostas que conduzam à sua correcta articulação com a restante rede, elemento determinante na optimização das acessibilidades concelhias. 11.2 TRÁFEGO RODOVIÁRIO Apesar de relativamente escassos, os dados disponíveis a partir dos Recenseamentos de Tráfego efectuados pela Estradas de Portugal, possibilitam uma breve análise da evolução verificada a este nível nos últimos anos, com base nos valores registados nos postos de contagem que apresentam dados recentes, representativos do tráfego registado nalgumas das principais vias que servem o concelho. No quadro seguinte apresenta-se uma síntese dos resultados das contagens efectuadas nos postos 463A e 617A, abrangendo o período 1990/2005, sendo indicados o respectivo Tráfego Médio Diário Anual (TMDA), a composição do tráfego (% de Pesados) e as taxas médias de crescimento anual verificadas (TMCA). Quadro 53: Evolução do Tráfego nas Vias Nacionais (período 1990/2005) Posto Localização Anos 463A EN241/IC8 - km 40.60 1995 1998 Volume de Tráfego (TMDA) Ligeiros Pesados 1456 266 15% 2924 679 19% Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Total 1722 3603 TMCA 27,9% 207 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão (LC Proença-a-Nova) 617A/a89 IP2 - km 157.50 (Arez/Fratel) 2005 1995 2821 2622 524 554 16% 17% 3345 3176 -1,1% 1998 3417 755 18% 4172 9,5% 2005 4772 511 10% 5283 3,4% Fonte: Recenseamento de Tráfego, Estradas de Portugal, SA A leitura destes dados, permite concluir pela maior importância relativa dos volumes registados no IP2, via de enorme importância a nível regional que, contudo, denota uma certa estagnação ao longo do último período em análise (1998/2005). Este aspecto ocorreu de forma ainda mais acentuada no posto 463A, situado no IC8 no limite com o concelho de Proença-a-Nova, onde se verificou mesmo uma evolução negativa da procura, circunstância que está certamente relacionada com a alternativa bastante mais favorável proporcionada pela A23. Relativamente aos valores de TMDA apurados na A23 no ano de 2005, os dados referentes a três dos seus sublanços permitem igualmente uma avaliação sucinta do seu funcionamento: Castelo Branco Sul – Sarnadas 11.850 veic/dia (15.6% de Pesados) Riscada - Gardete 9.810 veic/dia (15.7% de Pesados) Gardete - Envendos 6.880 veic/dia (15.4% de Pesados) A análise destes dados denota a importância assumida pela articulação entre a A23 e a rede concelhia, com destaque para o IC8 (ligações de nível local e regional) e a EN241 (tráfego gerado localmente), o qual se traduz no significativo acréscimo de procura registada no sublanço Castelo Branco Sul – Sarnadas. Quanto aos dois outros sublanços seleccionados, é de salientar em termos relativos a importância assumida pela interligação com o IP2 (Nó de Gardete) nas ligações entre a Beira Interior e o Alentejo, responsável por um acréscimo de tráfego da ordem dos 30% relativamente ao sublanço adjacente a Poente. 11.3 TRANSPORTE PÚBLICO DE PASSAGEIROS 11.3.1 Transporte Rodoviário A nível concelhio, o serviço de transporte colectivo rodoviário é assegurado por um único operador – a RODOVIÁRIA DA BEIRA INTERIOR –, sendo constituído por um conjunto muito reduzido de carreiras regulares, que podemos desagregar da seguinte forma: 208 2 carreiras locais, com pontos terminais em Vila Velha de Ródão e: Cebolais de Cima, via Alfrívida, Vale de Pousadas, Monte Fidalgo, Perais, Coxerro e Salgueiral; Foz do Cobrão, via Sarnadinha, Alvaiade, Tavila, Tostão e Gavião; Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 1 carreira interurbana, com pontos terminais em Castelo Branco e Juncal e, entre outros, paragem intermédias em Sarnadas, Coxerro, Vila Velha de Ródão (via antiga EN18), Gavião, Tavila, Tostão, Alvaiade, Sarnadinha, Foz do Cobrão, Vale do Cobrão, Perdigão, Marmelal, Montinho, Vilar do Boi, Vale da Bezerra e Fratel; 1 carreira regional, com términus em Castelo Branco e Proença-a-Nova (em dias de mercado em Castelo Branco, com extensão a Vila de Rei), servindo a nível local alguns aglomerados situados ao longo das antigas EENN18 e 3 (caso de Sarnadas e Alvaiade) e, ainda Perdigão (IC8). Para além destas, o concelho é servido por algumas carreiras do tipo Expresso, assegurando ligações a diversos pólos de importância nacional e regional, situados sobretudo na região litoral, na Beira Interior e no Alto Alentejo. Conforme se pode observar, estas carreiras, têm na sua quase totalidade pontos terminais ou intermédios na sede de concelho, sendo o serviço prestado a nível local assegurado por paragens intermédias em alguns aglomerados urbanos situados ao longo dos eixos viários percorridos. Observando a configuração da rede servida por estas carreiras, constata-se que a sua cobertura territorial é bastante insuficiente, concluindo-se igualmente, pelo escasso número de circulações diárias disponíveis, pela existência de um serviço adaptado a níveis de procura relativamente diminutos e com necessidades de mobilidade muito específicas, como sucede no caso do acesso da população estudantil aos estabelecimentos de ensino situados em Vila Velha de Ródão ou em Castelo Branco. Em síntese, atendendo às características geográficas do território e à ocupação do solo, bastante dispersa nalgumas zonas, implicando um esforço significativo no sentido da prestação de um serviço deste tipo, podemos considerar como reduzido o grau de cobertura do serviço. Em termos de infraestruturas de apoio, o concelho não dispõe de qualquer terminal rodoviário que permita apetrechar o serviço de melhores condições de comodidade para os utentes, sendo igualmente de assinalar a quase total ausência de abrigos adequados junto das paragens situadas ao longo dos percursos servidos o que, atendendo às frequentemente adversas condições climatéricas verificadas nesta região, representa igualmente um factor de fraca atractividade e de desconforto de utilização. Complementarmente, a Autarquia dispõe de um Plano de Transportes Escolares, destinado sobretudo a garantir transporte aos alunos que frequentam o ensino básico. Este serviço abrange horários e zonas não servidas pelo transporte público regular, incluindo alguns lugares isolados, e é assegurado quer pelas carreiras regulares atrás mencionadas (com acesso através de passe específico), quer através da de “Circuitos Especiais de Aluguer”, estabelecidos exclusivamente com este objectivo e servidos por táxis. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 209 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Por fim, referência para o serviço de transporte público prestado pelos táxis licenciados no concelho, os quais apresentam uma importância significativa no transporte esporádico de passageiros com necessidades específicas não asseguradas pela oferta em transporte colectivo. No total, o concelho dispõe de um contingente preenchido de 11 veículos, com a seguinte distribuição pelas diferentes freguesias: Vila Velha de Ródão - 5; Perais - 3; Fratel - 2; Sarnadas de Ródão - 1. 11.3.2 Transporte Ferroviário Nos anos mais recentes o transporte ferroviário tem vindo a ser assumido como uma aposta de futuro, pelas vantagens em termos económicos, ambientais, de segurança e conforto que apresenta quando comparado com outros meios de transporte. Esta aposta, apesar de estar já há algum tempo enraizada em vários países europeus, apenas começou a ter acolhimento em Portugal nos últimos anos, após várias décadas em que a primazia das infraestruturas rodoviárias relegou o transporte ferroviário para segundo plano. Actualmente voltou-se a olhar para o transporte ferroviário como uma alternativa credível capaz de alavancar o crescimento de diversas actividades económicas e o desenvolvimento sustentado do território. Esta aposta está patente em diversos investimentos e nas diferentes políticas de desenvolvimento territorial, consagradas em instrumentos como o PNPOT. O concelho é servido pela Linha da Beira Baixa (Lisboa/Entroncamento/Covilhã) que se desenvolve ao longo da margem direita do rio Tejo (até Vila Velha de Ródão) e da zona central do território concelhio na direcção Norte. A infraestrutura é explorada em regime de via simples electrificada e no concelho existe um apeadeiro Tojeirinha, e três estações – Fratel, Ródão (na sede de concelho) e Sarnadas. O serviço é actualmente constituído pelas seguintes composições diárias (dias úteis): Lisboa/Covilhã - 3 circulações por sentido, integradas no Serviço Intercidades; Lisboa/Covilhã - 4 circulações por sentido, no Serviço Regional (excepto ao domingo em que só há 3 por sentido), algumas com recurso a transbordo na estação do Entroncamento. 11.4 DIAGNÓSTICO DA MOBILIDADE NO CONCELHO DE VILA VELHA DE RÓDÃO Tratando-se de um concelho eminentemente rural, de baixos efectivos populacionais e com uma relativa proliferação de aglomerados de pequena dimensão dispersos pelo seu território, a questão da mobilidade apresenta problemas diferentes das regiões mais densamente povoadas e prioridades de intervenção também distintas. 210 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Sendo assim, e percebendo-se que o diagnóstico da situação existente é sempre o ponto de partida para a posterior apresentação de soluções, considerou-se que a aferição da qualidade da mobilidade no concelho de Vila Velha de Ródão se poderia efectuar atendendo a 5 factores fundamentais: 1. Qualidade de serviço da rede viária - O concelho apresenta uma boa inserção no contexto da acessibilidade regional e nacional, o que lhe confere potencial ao nível das comunicações com o exterior do território concelhio. As estradas que atravessam o concelho servem de forma adequada a totalidade do território municipal, apresentando um estado de conservação relativamente bom, embora registando-se alguns constrangimentos decorrentes das suas características geométricas (perfil transversal reduzido, ausência de bermas, etc.). 2. Qualidade do serviço dos transportes públicos e identificação qualitativa dos constrangimentos à operação dos mesmos - O serviço dos transportes públicos no concelho é muito limitado, o que é claramente um factor condicionante da mobilidade. O transporte ferroviário tem uma utilização residual face às suas potencialidades, e a população concelhia globalmente muito reduzida não cativa o investimento por parte das empresas transportadoras na expansão de carreiras de transportes colectivos rodoviárias. A dimensão dos aglomerados não justifica a criação de transportes urbanos e as distâncias entre eles associadas ao potencial volume de passageiros transportados torna complexo implementar um sistema de transportes públicos operacional e economicamente sustentável. 3. Condições de deslocação pedonal e noutros modos suaves de transporte individual – Estas deslocações são fundamentalmente determinadas pela estrutura urbana do concelho. Face à reduzida dimensão dos aglomerados e à sua orgânica, compreende-se que no interior destes as deslocações pedonais apresentem alguma relevância. Na maior parte dos aglomerados estas deslocações são efectuadas pelos corredores viários, não existindo quaisquer corredores pedonais ou cicláveis autónomos; a ausência de passeios é particularmente notória. Fora dos aglomerados, ou entre aglomerados, são escassas as deslocações em modos suaves de transporte, atendendo às distâncias que é necessário percorrer e à topografia do terreno. Também neste caso não existem quaisquer corredores destinados especificamente a estes modos de transporte. 4. Identificação qualitativa de carências e estrangulamentos à coesão territorial e social - Para além de todas as questões já referidas anteriormente, um dos problemas que claramente se identifica no concelho é o atravessamento dos aglomerados por rodovias (algumas de carácter nacional, mas a grande maioria de carácter municipal) o que pode constituir uma barreira à livre e segura circulação pedonal dos cidadãos. Uma outra questão são as regras a respeitar para a mobilidade condicionada, questão que é de abordagem um pouco complexa quando não existe separação de tráfego pedonal e motorizado. Contudo, sendo os efectivos populacionais baixos e o tráfego automóvel reduzido, a partilha do mesmo corredor para ambas as deslocações não parece apresentar problemas de maior na generalidade dos casos. Na sede de concelho, devido à relevância funcional que possui (concentração Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 211 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão de serviços e equipamentos) e por ser um aglomerado de dimensões claramente superiores aos restantes, a situação é um pouco diferente verificando-se a segregação destes dois modos de deslocação na maior parte dos arruamentos. Por esta razão, nas suas artérias principais, e nomeadamente nas que servem os principais equipamentos e serviços, deveriam sempre existir passeios com dimensões regulamentares e sem obstáculos, em cumprimento da legislação vigente relativa a acessibilidade e mobilidade condicionada, o que nem sempre se verifica. 5. Identificação qualitativa da mobilidade em áreas de especial concentração populacional – Esta identificação tem como objectivo compreender se as áreas mais procuradas pela população, são facilmente acessíveis. A maior concentração de actividade comercial retalhista, equipamentos públicos ou actividades económicas, normalmente geradoras ou atractoras de deslocações, localizam-se quase exclusivamente na sede de concelho, bem servida em termos de acessibilidade viária e de conectividade intermunicipal; trata-se também do aglomerado do concelho melhor dotado de transporte público rodoviário. Tendo em atenção tudo o que foi referido, considera-se que a actualmente a mobilidade no concelho Vila Velha de Ródão possui algumas limitações do ponto de vista das acessibilidades, em particular no que se refere a modos de transporte mais sustentáveis (que não o transporte individual), em grande medida decorrente da dispersão dos núcleos populacionais por um território relativamente vasto aliada aos baixos efectivos populacionais que não justificam investimentos de vulto por parte da administração central e dos operadores de transporte colectivo. Este contexto geo-demográfico determinou uma mobilidade extremamente dependente das rodovias e do transporte individual e onde a importância dos transportes públicos, com excepção do transporte escolar, é muito residual. A circulação pedonal ou em modos suaves de transporte tem alguma importância ao nível local (aglomerados), e pode ser fomentada com recurso a medidas relativamente simples. 212 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 12. HABITAÇÃO A questão habitacional é um dos principais factores que levam à transformação do território. De acordo com o RJIGT, “o Plano Director Municipal estabelece o modelo de estrutura espacial do território municipal, constituindo uma síntese da estratégia de desenvolvimento e ordenamento local prosseguida, (...)”, no âmbito da qual deverá enquadrar-se a política de habitação do município. Mais à frente, o mesmo diploma explicita, no artigo relativo ao conteúdo material do Plano, que o “Plano Director Municipal define um modelo de organização municipal do território, nomeadamente estabelecendo: (...) i) a definição de programas na área habitacional; (...)”. O actual diploma tem implícito o cálculo das carências habitacionais, bem como a estimativa das necessidades previsíveis no período de vigência do Plano, pois só em função daquelas se poderão definir os programas habitacionais mencionados. Neste contexto, as características da problemática da habitação combinadas com o quadro legal e administrativo das actuações autárquicas nesta matéria e com as normas estabelecidas no RJIGT, recomendam que os PDM desenvolvam os respectivos conteúdos baseando-se em três pontos essenciais: 1. Caracterização da situação - O objectivo desta componente é o de reunir, de forma operacionalizável, o conjunto de informações sobre as situações e os processos definidores da situação existente, nomeadamente na vertente das situações de carência. 2. Estimativa dos parâmetros de planeamento - Os parâmetros de planeamento destinam-se a estabelecer o enquadramento quantificado da intervenção camarária no sector da habitação. Eles fazem a articulação entre o estudo da situação existente e a definição das medidas a tomar com base nos instrumentos disponíveis e nas necessidades previsíveis no período de vigência do Plano. 3. Orientação e medidas de política (definição de programas) - Esta componente consiste na apresentação de propostas/programas ao nível da política de habitação, da produção de habitação social, da reabilitação do parque existente, etc. O presente Relatório integra o ponto 1 - Caracterização da Situação, autonomizando duas vertentes de análise: I - O Parque Habitacional: Indicadores Fundamentais de Diagnóstico, que aborda os seguintes temas: População, alojamentos, famílias, edifícios e indicadores médios de ocupação; Épocas de construção e dinâmicas de crescimento; Tipo de alojamentos e formas de ocupação, edifícios segundo o número de pisos e estado de conservação; Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 213 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Condições de habitabilidade; II - Avaliação das Carências Habitacionais, onde é sistematizado e sintetizado, de forma operacional, o conteúdo do ponto anterior e onde são quantificadas as carências habitacionais, por freguesia. No âmbito da Proposta de Plano serão abordadas as outras duas componentes de análise, momento em que, com base nas carências actuais e nas necessidades estimadas para o horizonte do Plano, se indicará o número previsível de alojamentos que será necessário prever nos próximos dez anos, em Vila Velha de Ródão, e se identificarão os programas mais adequados para a sua concretização. O presente capítulo integra ainda os Resultados Definitivos do XIV Recenseamento Geral da População e IV da Habitação, cujas designações mais comuns se apresentam de seguida: Figura 42: Conceitos utilizados e sua articulação ALOJAMENTOS FAMILIARES ALOJAMENTOS CLÁSSICOS RESIDÊNCIA HABITUAL USO SAZONAL OU SECUNDÁRIO ALOJAMENTOS NÃO CLÁSSICOS VAGOS BARRACAS OUTROS Notas: Alojamentos Familiares = Alojamentos Clássicos + Alojamentos não Clássicos Alojamentos das Famílias residentes = Alojamentos de residência Habitual+ Alojamentos não Clássicos Alojamentos Familiares Ocupados = Alojamentos de residência Habitual+ Alojamentos de Uso Sazonal ou Secundário A abordagem realizada foi, tanto quanto possível, dirigida aos objectivos a atingir, embora a informação disponível nem sempre esteja adaptada à análise aprofundada da problemática habitacional. Tanto por um motivo, como pelo outro, sugere-se que se considere, sobretudo, o cálculo das carências habitacionais estruturalmente indicativo. Complementarmente, importa destacar, novamente, que o desfasamento entre os dados existentes (2001) e a realidade actual (2011) aconselham prudência na leitura deste capítulo. Esperando-se diferenças ao nível das melhores condições de habitabilidade, do agravamento do estado de conservação de uma percentagem significativa de fogos, do tipo de utilização dos alojamentos (habitual, sazonal, vagos ou outros), julga-se que 214 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão estruturalmente o quadro global da habitação em Vila Velha de Ródão, se manterá relativamente idêntico ao de 2001. 12.1 O PARQUE HABITACIONAL: INDICADORES FUNDAMENTAIS DE DIAGNÓSTICO 12.1.1 População, alojamentos, famílias, edifícios e indicadores médios de ocupação População e Alojamentos O parque habitacional do concelho de Vila Velha de Ródão era constituído, em Março de 2001, por 3465 alojamentos, que albergavam 4098 pessoas, dos quais, aproximadamente 49% eram ocupados como residência habitual. Relativamente à década anterior registou-se um decréscimo de 94 alojamentos (-2,6%) e uma perda populacional de 862 indivíduos (-17,4%). No contexto regional e em termos de evolução recente (1991-2001), o concelho de Vila Velha de Ródão situa-se bastante abaixo dos comportamentos médios da Beira Interior Sul, tanto em termos demográficos, como do parque habitacional. Efectivamente, o crescimento demográfico, apesar de ser globalmente negativo na Beira Interior Sul, foi bastante menos intenso do que o registado por Vila Velha de Ródão (-3,6% e -17,4%, respectivamente). Paralelamente, enquanto o concelho de Vila Velha de Ródão registou um decréscimo de 2,6% de alojamentos, a Beira Interior Sul registou um acréscimo de 10,7% alojamentos. Internamente, o comportamento demográfico das freguesias do concelho, entre 1991 e 2001, evidenciou a manutenção da tendência de decréscimo de todas as freguesias do concelho. Um pouco diferente foi a evolução do parque habitacional em que, apesar de negativa no seu conjunto, as freguesias de Sarnadas de Ródão e de Vila Velha de Ródão registaram dinâmicas positivas (3,9% e 4,5%, respectivamente). Perais é, neste contexto, a freguesia mais penalizada, tendo registado uma perda de 23% de população e de 20% de alojamentos. Quando se fala em diminuição do número de alojamentos está-se a referir que o saldo entre os alojamentos novos construídos, neste caso entre 1991 e 2001, e aqueles que deixaram de ser habitados por falta de condições e ou ficaram em ruínas ou foram demolidos, é negativo, isto é, estes últimos foram em número superior aos novos entretanto construídos. São estes fenómenos que estão ilustrados nas figuras seguintes onde se contrapõe o crescimento relativo da população versus o crescimento dos alojamentos, por freguesia. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 215 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Figura 43: Evolução da população e dos alojamentos, por freguesia, entre 1991 e 2001 (%) 15,0 10,7 10,0 4,5 3,9 5,0 0,0 % -5,0 -2,6 -10,0 -3,6 -7,8 -15,0 -20,0 -25,0 -15,6 -19,7 -19,6 -23,4 -17,4 -21,1 -30,0 Fratel Perais Sarnadas do Ródão Vila Velha de Ródão População Concelho de Vila Velha de Ródão Sub-região Beira Interior Sul Alojamentos Fonte: INE-Portugal, Censos 1991 e 2001 Quadro 54: População e Alojamentos, por freguesia, em 1991 e 2001 População Unidade Territorial Alojamentos Familiares Tx.Var. 1991 2001 (%) 1991 2001 Tx.Var. (%) Fratel 945 760 -19,6 896 826 -7,8 Perais 769 589 -23,4 579 465 -19,7 Sarnadas de Ródão 810 639 -21,1 614 638 3,9 Vila Velha de Ródão 2436 2056 -15,6 1470 1536 4,5 Total do concelho 4960 4098 -17,4 3559 3465 -2,6 Total da sub-região 81015 78123 -3,6 50331 55730 10,7 Fonte: INE-Portugal, Censos 1991 e 2001 Famílias A diminuição da dimensão média das famílias, sobretudo nas últimas décadas, é um fenómeno extensível à generalidade do território nacional. A análise destas alterações no âmbito de uma análise do sector habitacional de um território é tanto mais importante quanto se sabe que estes fenómenos têm implicações óbvias na produção de habitação: quanto menor for a dimensão média das famílias, maiores serão as necessidades de habitação (nº de alojamentos disponíveis). Entre 1991 e 2001, a dimensão média das famílias rodanenses sofreu uma evolução, como se mencionou, no sentido da sua diminuição, ainda que ligeira, passando de 2,45 pessoas/família, em 1991, para 2,37 pessoas/família, em 2001. Esta evolução ocorreu fruto de um decréscimo mais acelerado da população (-17,4%) do que das famílias (-14,5%). 216 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Se de um modo geral, o acréscimo das taxas de divórcio, bem como a crescente tendência para a constituição de famílias sem núcleo (apenas um indivíduo) são as explicações mais óbvias para este fenómeno, no caso de Vila Velha de Ródão, a diminuição da média de pessoas por família terá mais a ver com o aumento de pessoas idosas a viverem sozinhas. Para se compreender o efeito que esta diminuição da dimensão média das famílias tem na produção de habitação, refira-se o seguinte exemplo: se em 1991, para um universo de 1000 pessoas eram necessários 408 alojamentos, em 2001 seriam necessários, para o mesmo universo, mais 14 ou seja, 422 alojamentos. O mesmo raciocínio deverá ser aplicado no cálculo das necessidades futuras de habitação, se a dimensão média das pessoas/família continuar a diminuir. Quadro 55: Variação da Dimensão Média das Famílias, por freguesia, entre 1991 e 2001 Pess./famíl. Pess./famíl. Famílias Famílias Tx.Var.(%) 1991 2001 91/2001 1991 2001 Fratel 445 356 -20,0 2,1 2,1 Perais 302 257 -14,9 2,5 2,3 Sarnadas de Ródão 345 310 -10,1 2,3 2,1 Vila Velha de Ródão 928 804 -13,4 2,6 2,6 2020 31166 1727 31319 -14,5 0,5 2,5 2,6 2,4 2,5 Unidade Territorial Total do concelho Total da sub-região Fonte: INE-Portugal, Censos 1991 e 2001 Edifícios Em 2001, o concelho de Vila Velha de Ródão detinha um parque edificado composto por 3334 edifícios, valor muito próximo do número de alojamentos (3422 alojamentos clássicos), justificado pela insignificância da construção em altura, tendo registado, relativamente a 1991, um decréscimo de 3,4%. Deste modo, o comportamento evolutivo dos edifícios acompanha de perto a evolução do nº de alojamentos, isto é, a evolução do parque edificado, apesar de negativa no seu conjunto, registou dinâmicas positivas nas freguesias de Sarnadas de Ródão e de Vila Velha de Ródão (4,1% e 3,4%, respectivamente). Quadro 56: Evolução dos Edifícios, por freguesia, entre 1991 e 2001 Unidade Territorial 1991 2001 Taxa Var. 91/2001 (%) Fratel Perais Sarnadas de Ródão Vila Velha de Ródão Total do concelho Total da sub-região 894 569 607 1383 3453 42613 820 452 632 1430 3334 43673 -8,3 -20,6 4,1 3,4 -3,4 2,5 Fonte: INE-Portugal, Censos 1991 e 2001 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 217 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Indicadores médios de ocupação Os níveis de ocupação dos alojamentos podem ser, genericamente, avaliados, a partir de indicadores médios. O concelho de Vila Velha de Ródão, registando valores médios aproximados à sub-região em que se insere, apresentava, em 2001, 1,0 família por alojamento, 2,3 pessoas por alojamento, 0,4 pessoas por divisão e 5,3 divisões por alojamento. Estes indicadores são determinados com base nos alojamentos clássicos ocupados como residência habitual, por famílias clássicas. Relativamente à década anterior registou-se um ligeiro aumento do número de divisões por alojamento, e uma redução, também, ligeira do número de pessoas por alojamento e por divisão. Representando valores médios, estes indicadores escondem, obviamente, situações críticas, nomeadamente situações de famílias que partilham o mesmo alojamento, bem como a existência de alojamentos superlotados, como se terá oportunidade de observar, mais adiante. 12.1.2 Épocas de construção e dinâmicas de crescimento As dinâmicas demográficas de um território ditam, quase sempre, as dinâmicas construtivas, como é o caso de Vila Velha de Ródão. Não se justificando e não existindo, realmente, dinâmicas construtivas significativas neste concelho, já que o abandono (das habitações, predominantemente por causas naturais) tem sido uma constante, o parque edificado (edifícios de habitação, de serviços, equipamentos, indústrias e mistos) tem sido construído ao longo dos tempos de uma forma mais ou menos constante. Até 1970 construiu-se pouco mais de metade dos edifícios existentes em 2001 (55%), sendo que os restantes 45% foram construídos nas últimas três décadas do século XX. Esta distribuição da construção de edifícios ao longo dos tempos traduz o relativo envelhecimento do parque edificado. Figura 44: Edifícios do concelho segundo a época de construção (%), em 2001 1991 a 2001 14% Antes 1919 12% 1981 a 1990 15% 1971 a 1980 16% 1919 a 1945 16% 1961 a 1970 12% 1946 a 1960 15% Fonte: INE-Portugal, Censos 2001 Através do Quadro seguinte é possível verificar que as épocas de construção dos edifícios do concelho de Vila Velha de Ródão são relativamente idênticas às da região em que se insere (48% dos edifícios da região da Beira 218 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Interior Sul são posteriores a 1970, registando-se em Vila Velha de Ródão, apenas menos três pontos percentuais). Quadro 57: Edifícios segundo a época de construção (%), por freguesia, em 2001 Unidade Territorial Fratel Perais Sarnadas de Ródão Vila Velha de Ródão Total do concelho Total da sub-região Edifícios (Nº) 820 452 632 1430 3334 43673 Antes 1919 12,0 7,3 16,8 10,8 11,8 8,9 1919 a 1945 15,7 26,8 19,8 13,0 16,8 15,8 1946 a 1960 20,9 12,8 12,8 13,4 15,1 14,9 1961 a 1970 14,5 10,2 7,3 12,9 11,8 12,3 1971 a 1980 1981 a 1990 14,1 20,4 14,6 15,9 15,8 16,2 13,0 12,4 14,2 17,3 15,0 17,4 1991a 2001 9,8 10,2 14,6 16,6 13,6 14,5 Fonte: INE-Portugal, Censos 2001 12.1.3 Tipo de alojamentos e formas de ocupação, edifícios segundo o número de pisos e estado de conservação Tipo de alojamentos O parque habitacional do concelho de Vila Velha de Ródão é constituído, quase na totalidade, por alojamentos clássicos (98,8%) sendo insignificante o número de barracas e outros alojamentos improvisados (43 alojamentos não clássicos). Este cenário, referindo-se aos quantitativos em questão, é substancialmente superior (mais do que duplicou) ao registado uma década antes (em 1991 existiam 18 situações de improvisação habitacional), sendo certo que este fenómeno é irrelevante no contexto global (cf. Quadro). No entanto, falar-se em alojamentos clássicos não quer dizer, forçosamente, que existam condições dignas de habitabilidade, como adiante se verá. Quadro 58: Tipo de Alojamentos, por freguesia, em 1991 e 2001 Freguesias Fratel Perais Sarnadas de Ródão Vila Velha de Ródão Total do concelho Alojamentos Clássicos 1991 2001 896 825 579 462 614 636 1452 1499 3541 3422 Outros 1991 2001 1 3 2 18 37 18 43 Total 1991 896 579 614 1470 3559 2001 826 465 638 1536 3465 Fonte: INE-Portugal, Censos 1991 e 2001 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 219 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Formas de Ocupação A forma como se faz a ocupação do parque habitacional é muitas vezes um indicador das Figura 45: Formas de Ocupação dos Alojamentos, em 2001 Vagos 12% dinâmicas socio-demográficas e territoriais. Em Vila Velha de Ródão, ainda que a residência habitual seja predominante (49%), o peso dos alojamentos com uso sazonal ou secundário é muito relevante (39%), sendo que os fogos devolutos representam os Residência Habitual 49% Uso Sazonal ou Secundário 39% restantes 12%, importando, contudo, reparar que em Fonte: INE-Portugal, Censos 2001 2001, em comparação com 1991, o peso da residência habitual e dos fogos devolutos diminuiu a favor do aumento da importância dos fogos com uso sazonal ou secundário. Ao nível das formas de ocupação dos alojamentos, o concelho de Vila Velha de Ródão apresenta uma estrutura ligeiramente distinta da Região em que se insere (cf. Quadro), na medida em que esta detém um peso superior de alojamentos de residência habitual e um peso inferior de alojamentos com uso secundário ou sazonal. Quadro 59: Formas de Ocupação dos Alojamentos Clássicos (%), por fregueisa, em 1991 e 2001 Unidade Territorial Fratel Perais Sarnadas de Ródão Vila Velha de Ródão Total do concelho Total da sub-região Residência Habitual 1991 2001 49,6 42,8 52,2 54,3 55,7 48,3 62,6 51,0 56,4 48,9 61,3 55,7 Uso Sazonal ou Secundário 1991 2001 39,6 53,8 20,4 33,8 24,8 33,6 19,6 35,5 25,7 39,3 26,4 33,6 Vagos 1991 10,8 27,5 19,5 17,8 17,9 12,3 2001 3,4 11,9 18,1 13,5 11,7 10,7 Total Alojamentos Clássicos (Nº) 1991 2001 896 825 579 462 614 636 1452 1499 3541 3422 50221 55563 Nota: Em 1991, o Uso Sazonal ou Secundário estava desagregado em Uso Sazonal e Ocupante Ausente Fonte: INE-Portugal, Censos 2001 Internamente, são de salientar os seguintes comportamentos: Perais é a freguesia que possui o maior peso de fogos com residência habitual (54%), Fratel é a freguesia que regista um maior peso relativo de alojamentos com uso sazonal ou secundário (54%) e Sarnadas de Ródão a freguesia com maior proporção de alojamentos vagos (18%). Edifícios segundo o número de pisos Fazendo jus ao cariz rural deste concelho, o parque edificado, em 2001, era predominantemente constituído por edifícios com um e dois pisos (42% e 52%, respectivamente), apenas se destacando, obviamente, a freguesia de 220 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão, a qual apresenta alguns edifícios com três e mais pisos (178 edifícios com três pisos, 16 com quatro pisos e 2 com cinco pisos. Sarnadas de Ródão e Fratel têm alguns edifícios (12 e 11, respectivamente) com três pisos e a freguesia de Perais só possui edifícios com um e dois pisos. Edifícios segundo o estado de conservação O abandono e a degradação do parque edificado do concelho de Vila Velha de Ródão são, hoje, bem visíveis no terreno. Embora, em 2001, 60% dos edifícios não tivessem necessidade de reparações, mais de um terço do edificado necessitava de obras de beneficiação. Destes, quase dois terços precisava apenas de pequenas reparações, embora 26% precisasse de reparações médias. No total dos 3334 edifícios do concelho, 7,4% dos edifícios estavam muito degradados e/ou precisavam de grandes reparações (82 e 166 edifícios, respectivamente). Figura 46: Estado de conservação dos edifícios do concelho, em 2001 Edifícios por estado de conservação Edifícios COM necessidades de reparações 82 edifícios 1258 edifícios 2% 166 edifícios 13% 38% 1994 edifícios 322 edifícios 60% 770 edifícios 26% 61% SEM necessidades de reparações COM necessidades de reparações Pequenas reparações Muito degradado Médias reparações Grandes reparações Fonte: INE-Portugal, Censos 2001 12.1.4 Condições de habitabilidade As condições de habitabilidade são um importante indicador de avaliação de qualidade de vida da população. Podem ser avaliadas, genericamente, através dos seguintes indicadores: (i) dotação de infraestruturas básicas; (ii) instalações existentes nos alojamentos; (iii) tipo de ocupação; (iv) índices de lotação. No âmbito do serviço de infraestruturas (electricidade, abastecimento de água e saneamento básico) o concelho está praticamente coberto (Figura 47). Este é um domínio que conheceu melhorias significativas nas últimas duas décadas, sendo que em 2001 só 0,8% dos alojamentos não possuíam electricidade, 1,1% não possuíam água canalizada e 4,6% instalações sanitárias/esgotos. A dotação de Vila Velha de Ródão ao nível ao nível das infraestruturas urbanas aproxima-se bastante do nível de dotação da Beira Interior Sul. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 221 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Figura 47: Alojamentos familiares ocupados como residência habitual por existência de infraestruturas urbanas, em 2001 Instalações Sanitárias (retrete/esgotos) 4,6 95,4 Água Canalizada 1,1 98,9 Electricidade 0,8 99,2 92% 94% 96% Com 98% 100% Sem Fonte: INE-Portugal, Censos 2001 Relativamente às instalações existentes nas habitações a situação, é hoje, francamente satisfatória, atendendo a que apenas cerca de 12% dos alojamentos de residência habitual não tem instalações de banho ou duche. Contudo, é de assinalar a evolução claramente positiva registada na última década, atendendo a que, em 1991, cerca de 26% dos alojamentos não possuía este tipo de instalações. Relativamente a sistema de aquecimento é de registar que 5,2% dos alojamentos não possuíam qualquer tipo de aquecimento e, dos sistemas existentes, o grande predomínio é, naturalmente, a lareira (65%) e os aparelhos móveis (25%). O aquecimento central apenas existe em 1,2% dos alojamentos clássicos. A ocupação partilhada de um alojamento (mais de uma família por alojamento), bem como a existência de situações de sobrelotação, denunciam, na maior parte dos casos, a ausência de condições dignas de habitabilidade. No concelho de Vila Velha de Ródão existiam, em 2001, cerca de 8 famílias que partilhavam alojamento e 81 famílias a residir em fogos sobrelotados. Internamente, é a freguesia de Perais a que denuncia um maior número de situações de ocupação partilhada. Em termos de casos de sobrelotação, o maior número surge na freguesia de Vila Velha de Ródão, embora existam, indiscriminadamente, em todas as freguesias do concelho. Quadro 60: Famílias que partilham o alojamento e famílias em alojamentos sobrelotados, em 2001 Freguesias Fratel Perais Sarnadas de Ródão Vila Velha de Ródão Total - Concelho Ocupação Partilhada (Nº de famílias) Sobrelotação (Nº de famílias) 6 2 13 18 15 35 8 81 Fonte: INE-Portugal, Censos 2001 222 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 12.2 AVALIAÇÃO DAS CARÊNCIAS HABITACIONAIS O parque habitacional é uma área de estudo onde a análise global de números é perigosa e só permite uma aproximação à realidade, para além da frequente falta de adequação da informação estatística à análise aprofundada do problema. No entanto, apresenta-se uma análise, em termos estruturais, das situações de carência. No presente caso, quando se fala em défices/carências habitacionais não se está a referir a falta absoluta de alojamentos mas a falta adequada às necessidades da população em função dos escalões de rendimento. Consideram-se, então, défice/carência habitacional, situações em que: famílias vivem em alojamentos não clássicos; famílias partilham fogos; famílias que, vivendo sozinhas em fogos clássicos, sobreocupam-nos por falta de divisões assoalhadas; famílias vivem em fogos obsoletos (degradados); Existem vários critérios utilizados no cálculo de carências habitacionais (estáticas). Por razões de consenso, é utilizado, estruturalmente, o de Abílio Cardoso20, que considera que as carências quantitativas resultam da "soma das famílias em alojamentos não clássicos com metade do excesso de famílias (ou indivíduos isolados) sobre fogos no parque partilhado e com um terço das famílias que não partilhando, sobreocupam as suas habitações", à qual se adiciona a componente dinâmica da depreciação do parque habitacional (1/3 dos fogos anteriores a 1932). Assim, para efeitos de cálculo das carências habitacionais no concelho de Vila Velha de Ródão, utilizou-se a seguinte fórmula: 20 Planeamento Municipal e a Habitação, Colecção CCRN, Escher, Novembro 1991 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 223 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Os alojamentos não clássicos são todos aqueles que não correspondem aos padrões de habitabilidade socialmente aceites (barracas, improvisações, construções rudimentares de madeira, instalações móveis, entre outros). Consideram-se, portanto, carências todas as situações existentes contabilizadas. Existiam, à data do Censo 2001, 43 alojamentos não clássicos, nos quais residiam 43 famílias e 74 pessoas. As situações de partilha ocorrem quando um alojamento familiar é ocupado, como residência habitual, por mais de uma família. Existiam, à data do Censo de 2001, 8 famílias em fogos partilhados. Os fogos sobrelotados são aqueles em que existe défice de divisões em relação às pessoas que nele residem. Existiam, à data do Censo 2001, 81 famílias em fogos sobrelotados. A obsolescência do parque habitacional (componente qualitativa dinâmica) tenta captar a depreciação do parque, quantificando as necessidades de substituição dos fogos que vão atingindo o termo da vida útil, isto é, quando começam a faltar alguma ou algumas funções e/ou surgem deficiências no desempenho global (degradação). Este indicador é representado por parte dos alojamentos de construção anterior a 1932. À data dos Censos de 2001, existiam 230 fogos anteriores a 1932. A ponderação feita nos quatro indicadores tem a ver com a necessidade de consideração de algumas situações, nomeadamente: a ponderação feita no segundo e terceiro indicadores (1/2 Famílias em Fogos Partilhados + 1/3 Fogos Superlotados) está a considerar a existência de casos de partilha de alojamentos por pessoas consideradas como famílias diferentes e que podem não necessitar de alojamentos independentes, enquanto jovens casais que ficam em casa dos pais por dificuldade de acesso a uma habitação são consideradas como fazendo parte da família daqueles. O conceito de núcleo familiar seria mais operacional, mas o cada vez maior número de famílias sem núcleos, impede o conhecimento das carências reais de alojamento para os utentes destes fogos. Acresce, ainda, a possível ocorrência de situações de dupla contagem, devido ao facto de que fogos partilhados poderão estar sujeitos a superlotação; sendo o mais difícil de contabilizar, "Obsolescência do Parque Habitacional", este indicador é representado por 1/3 dos edifícios de construção anterior a 1932 (considerando-se a idade técnica limite de ± 70 anos). A ponderação feita neste indicador contempla a eventual tripla contagem devido à possível hipótese de os fogos mais antigos poderem registar, paralelamente, situações de partilha, as quais, por sua vez, poderão ocorrer, em simultâneo, com situações de superlotação crítica. De acordo com esta metodologia, à data do último Recenseamento Geral da População e da Habitação (2001), existia no Concelho de Vila Velha de Ródão, um défice de, aproximadamente, uma centena e meia de fogos 224 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão (cerca de 4,4% do parque de alojamentos clássicos) e as freguesias com maior peso de carências habitacionais, naquela data, eram Vila Velha de Ródão e Perais. Se se atender a que estavam devolutos cerca de 11,7% dos alojamentos clássicos (401 alojamentos), afigura-se imediato concluir que não havia necessidade de mais fogos para suprir as carências actualmente existentes. Obviamente, esta não é uma leitura legítima na medida em que quando se fala em défice/carências habitacionais não se está a referir a falta absoluta de alojamentos mas a falta adequada às necessidades da população em função dos escalões de rendimento. Os fogos identificados como “carência” referem-se exclusivamente a situações de barracas e outras improvisações, a fogos com ocupação partilhada (mais de uma família por fogo), a situações de falta de assoalhadas para a população residente (sobrelotação) e fogos (teoricamente) degradados, com idades superiores a 70 anos, onde as condições de habitabilidade não serão as ideais. Mas porque, à excepção das barracas e outras improvisações (43 fogos e 43 famílias), as situações identificadas anteriormente não terão de ser forçosamente casos de carência, foram feitas ponderações (explicadas anteriormente). Os fogos devolutos em 2001, dos quais 46 para venda e 11 para aluguer, não seriam provavelmente destinados à população residente nos alojamentos referidos anteriormente, daí referir-se que se considera carência quando há falta de alojamento a custos adequados aos escalões de rendimento da população e não à falta absoluta de casas que, apesar da oferta no mercado não ser muito abundante, como se sabe, não é o caso do concelho de Vila Velha de Ródão. Obviamente que neste contexto, devem considerar-se situações de carência habitacional mais premente e preocupante os casos de alojamentos não clássicos, nomeadamente as barracas e outras improvisações, que em 2001, eram 43, nos quais residiam 43 famílias. Por freguesia, a distribuição de carências habitacionais é a que se pode observar no quadro seguinte. Quadro 61: Carências habitacionais, por freguesia, em 2001 Alojamentos Clássicos N.º Freguesias Fratel Perais Sarnadas de Ródão Vila Velha de Ródão Total do concelho Carências Habitacionais N.º % 825 462 636 1499 25 22 27 77 3,0 4,8 4,2 5,1 3422 151 4,4 Fonte: INE-Portugal, Censos 2001 Como se referiu no início deste sub-capítulo, o parque habitacional é uma área de estudo onde a análise global de números pode ser perigosa e só permite uma aproximação à realidade, para além da frequente falta de Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 225 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão adequação da informação estatística à análise aprofundada do problema, tendo por este mesmo motivo de usarse vias indirectas e aplicação de ponderações numa tentativa de aproximação à realidade. Daí que, os valores apresentados são, obviamente, indicativos. De acordo com as estimativas do INE21, Vila Velha de Ródão, em 2009, tinha mais alojamentos do que pessoas (3371 pessoas e 3554 alojamentos familiares), sendo que entre 2001 e 2009, terá registado um incremento de 3,9% ao nível do número de alojamentos clássicos, em contraponto com a variação (estimada) negativa da população, aproximadamente, no mesmo período, que terá sido de -17,8%. Considerando que esta abordagem foi feita com base em dados de 2001 (por serem os dados oficiais mais recentes disponibilizados), é necessária uma leitura cautelosa e posicionada no seu período temporal. É entendimento da autarquia que o município não possui hoje (2011) um significativo volume de carências habitacionais, pelo que possivelmente as carências identificadas em 2001 poderão ter sido maioritariamente colmatadas, com as intervenções levadas a cabo pela autarquia ou pelo próprio abandono (por morte do proprietário) das habitações mais velhas e degradadas e que contribuíam para o volume total de carências identificadas. O próximo Recenseamento da População e Habitação, a realizar em Março de 2011, encarregar-se-á de, a curto prazo, confirmar a avaliação da autarquia e actualizar todas as variáveis relativas ao parque habitacional. 12.3 POLÍTICA HABITACIONAL AUTÁRQUICA EM CURSO As autarquias não têm obrigação legal de intervir directa ou indirectamente na questão habitacional, contudo, muitas fazem-no na medida em que é manifesta a ligação que a habitação tem com o desenvolvimento local. Com efeito, a situação da habitação tende a ser melhor quanto maior o grau de desenvolvimento de um território. Ajustada à dimensão - relativamente reduzida - da problemática habitacional no município, a política municipal tem-se orientado através da monitorização atenta e, sempre que possível, pela intervenção ajustada a cada momento e caso a caso. Por este motivo não se tem justificado a concretização de habitação social, com ou sem parceria do IHRU. Neste cenário, a autarquia tem desenvolvido um papel pontual de intermediação na aplicação de programas da Administração central, bem como tem desenvolvido iniciativas próprias, não tanto direccionadas para a resolução de carências porque essas necessidades serão residuais, mas mais para uma política de fixação de pessoas no município e, em concreto, com incidência na esfera habitacional. As actuações desenvolvidas e em curso, são: 21 Anuário Estatístico da Região Centro, Edição 2010 226 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 1. Intermediação na candidatura ao Programa Conforto Habitacional para Pessoas Idosas (promovido pela Segurança Social). Em 2008 e até Maio de 2009 foram apresentadas e aprovadas sete candidaturas a este Programa que respeitavam, de acordo com a situação dos candidatos, os requesitos necessários com a seguinte ordem de preferência: i) Necessidade de intervenção na habitação de forma a facilitar a mobilidade e a prestação de apoio domiciliário, de acordo, com as medições anexas;ii) Situação de dependência; iii) Precariedade social e económica; iv) Coabitação com outra(s) pessoa(s) idosa(s), familiar(es) com deficiência. Estes processos desenvolveram-se em Amarelos, Sarnadas de Ródão, Foz do Cobrão, Tostão, Perais (2) e Vale de Pousadas. 2. Disponibilização de lotes urbanizados para promoção de habitação a custos controlados. Aproximadamente nos últimos 10 anos foram construídas cerca de uma centena de fogos em todas as freguesias, com excepção de Perais. Este processo consistiu na constituição de lotes destinados a habitação própria, que foram vendidos preços controlados, de forma a incentivar a fixação de população. Pretende-se dar continuidade a esta medida que tem tido sucesso, com novos loteamentos em todas as freguesias, incluindo Perais, embora ainda não estejam, no momento, quantificadas as intenções. 3. Programa de Apoio à Fixação de Jovens e Famílias. Este Programa visa contribuir para a fixação e atracção de novos residentes através da criação de incentivos à Habitação. O Programa pode ser consubstanciado nas seguintes modalidades: Apoio à construção, reparação ou aquisição de habitação e apenas às pessoas que i) Pretendam fixar residência e estejam recenseadas no Concelho de Vila Velha de Ródão; ii) Com idade até 60 anos, inclusive. Para a criação de habitação própria existem os seguintes apoios municipais: Com idade até 35 anos, inclusive: a) Quando o terreno for propriedade dos beneficiários, comparticipação no montante de € 2.500, dividida em duas tranches de € 1.250; b) Na aquisição de edifício ou fracção autónoma, para habitação própria, comparticipação de € 2.500, a pagar após a celebração da escritura de compra e venda. c) Na aquisição de casa, para habitação própria, em estado degradado, comparticipação de 20% sobre o custo de aquisição até ao limite de € 2.500, a pagar após a celebração da escritura de compra e venda e verificação, após vistoria, que as obras de beneficiação foram efectuadas, tornando a habitação com condições de habitabilidade. Com idades compreendidas entre os 36 e 60 anos: a) Quando o terreno for propriedade dos beneficiários, comparticipação no montante de € 1.500, dividida em duas tranches de € 750; b) Na aquisição de edifício ou fracção autónoma de edifício para habitação própria, comparticipação € 1.500, a pagar após a celebração da escritura de compra e venda; c) Na aquisição de casa, para habitação própria, em estado degradado, comparticipação de 20% sobre o custo de aquisição até ao limite de € 1.500, a pagar após a celebração da escritura de compra e venda e verificação, após vistoria, que as obras de beneficiação foram efectuadas, tornando a habitação com condições de habitabilidade. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 227 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 4. Programa de Apoio a Estratos Sociais de Vila Velha de Ródão (Regulamento Municipal aprovado em reunião de Câmara Municipal de 24/11/2010 e sessão de Assembleia Municipal de 23/12/2010, publicado pelo Edital nº 2/2011 de 6 de Janeiro de 2011). O referido Regulamento destina-se a criação de medidas de apoio social a indivíduos isolados ou inseridos em agregados familiares, pertencentes a estratos sociais desfavorecidos na área do Município de Vila Velha de Ródão. Estas medidas traduzem-se concretamente em: i) Apoio no âmbito da Acção Social e ii) no âmbito da habitação, nomeadamente: Licenciamento de obras para habitação própria e permanente; Obras de conservação, reparação ou beneficiação de habitação degradada, própria, incluindo ligações as redes de abastecimento de agua, electricidade e esgotos; Alteração e ampliação de habitação própria, nas quais se inclui a supressão das barreiras arquitectónicas e melhoria das condições de segurança e conforto das pessoas em situação de dificuldade/risco relacionado com mobilidade e ou segurança no domicilio; O quadro de continuada recessão demográfica, sobretudo, evidente na regressão do número de famílias arrasta consigo, naturalmente, uma reduzida pressão sobre o parque habitacional existente e sobre o mercado imobiliário. Mas é evidente que, poderão emergir novas famílias com dificuldades em encontrar estratégias próprias para a satisfação dessa necessidade, devendo a Autarquia estar preparada para responder ao problema de forma adequada, tanto do ponto de vista social como territorial. Contudo, a dimensão do problema e a forma como tem sido resolvido fazem antecipar um quadro de razoável capacidade de resposta às carências potencialmente emergentes. Síntese conclusiva O parque habitacional do concelho de Vila Velha de Ródão era, sendo o Anuário Estatístico da Região Centro (INE) constituído em 2009 por 3554 alojamentos familiares clássicos para uma população de 3371 habitantes, sendo que a confirmarem-se estes dados Vila Velha de Ródão, em 2009, tinha mais alojamentos do que pessoas. Manifesta-se evidente, só pelos valores em questão, a continuidade tendencial das perdas demográficas, que urge travar, em oposição ao crescimento do parque habitacional, ainda que pouco expressivo que, não sendo ditado pela pressão demográfica, terá sobretudo a ver com a crescente procura do concelho para fixação de 2ª residência ou para retorno de população que em décadas passadas emigrou. Esta ambivalência (despovoamento/crescimento da 2ª residência e regresso de emigrantes) coloca importantes desafios ao município. Por um lado, urge travar as perdas sob pena do despovoamento e da existência de 228 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão limiares mínimos de sustentabilidade financeira e social e, por outro, a eventual captação de 2 a residências ou o retorno de emigrantes induz uma responsabilidade acrescida a este município em acolher o melhor possível quem escolhe Vila Velha de Ródão por períodos curtos ou sazonais, ou para terminar a vida, tanto ao nível do ordenamento do território, como das respostas institucionais de apoio necessários a esta população flutuante e/ou envelhecida. Mais do que o dever estar preparado para uma população flutuante ou regresso de emigrantes, a Autarquia terá de preocupar-se com este “excesso” de habitações face à população residente, porquanto este desfasamente traduzirá muito abandono, e este, potencial degradação e desqualificação do tecido edificado e da “imagem” do município. De facto, em 2001, já se registavam índices de degradação, os quais poderão ter-se agravado face ao despovoamento continuado que se tem estado a verificar e ao consequente abandono dos alojamentos. Sem situações patológicas a merecer destaque, com excepção de alguma degradação do parque edificado, os alojamentos eram ocupados, em 2001, por 49% por residentes habituais (residência permanente), 39% por utilizadores sazonais ou temporários e 12% dos alojamentos estavam devolutos. De acordo com a realidade observável, espera-se que esta distribuição estrutural da ocupação dos alojamentos se mantenha, embora com reforço dos alojamentos vagos. As carências existentes em 2001, calculadas segundo método próprio, terão sido colmatadas ao longo da primeira década deste século, sendo que a Autarquia tem registados poucos casos de carência efectiva de habitação. Na resolução de carências pontuais que têm surgido, a Autarquia vai actuando pontualmente e com os recursos que consegue disponibilizar: intermediando candidaturas ao Programa Conforto Habitacional de Idosos ou através da criação de medidas de apoio social a indivíduos isolados ou inseridos em agregados familiares, pertencentes a estratos sociais desfavorecidos. Também como medida de política com incidência na componente habitacional, têm sido desenvolvidas iniciativas com o objectivo de fixação de população no município, nomeadamente através da disponibilização de lotes urbanizados para promoção de habitação a custos controlados e da aplicação do Programa de Apoio à Fixação de Jovens e Famílias. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 229 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 13. EQUIPAMENTOS COLECTIVOS 13.1 ENQUADRAMENTO GERAL O nível de desenvolvimento socioeconómico de qualquer população mede-se não só pelo nível de rendimento, condições de habitabilidade, etc., mas também pelas possibilidades de acesso a uma determinada gama de equipamentos colectivos, cabendo ao Estado (Poder Central e/ou Local) garantir que todos os indivíduos tenham acesso a esses equipamentos. Os equipamentos colectivos possuem uma componente determinante ao nível do tecido social, no sentido em que promovem a qualidade de vida da população ao assegurarem a optimização do acesso à educação, à saúde, à segurança social, ao desporto, à cultura e ao lazer, sendo, também, fundamentais no apoio prestado à actividade económica. Para além da componente social, são normalmente elementos polarizadores do espaço envolvente, funcionando como referências nos percursos e na paisagem urbana. A este papel determinante na organização do território acresce também a enorme importância na imagem e projecção exterior do espaço/território onde se localizam. Esta dupla função dos equipamentos colectivos reflecte-se de alguma forma na competitividade dos lugares, concelhos e regiões. Assim, pode considerar-se que os equipamentos colectivos são, paralelamente, consequência e causa do processo de desenvolvimento económico e social de qualquer território. O local onde se vive não pode ser um factor de penalização em domínios básicos da vida colectiva. A dotação de níveis mínimos de qualidade de vida e de prestação de serviços é o suporte da estabilidade territorial. Um território equitativo, em termos de desenvolvimento e de condições de bem-estar, possibilitará melhores oportunidades de emprego e de habitação. O local onde se vive deve ser fruto de uma escolha individual e não de uma imposição penalizadora. Desta forma, importa prosseguir a dotação de infra-estruturas e equipamentos de modo a criar condições materiais equitativas de acesso e usufruto aos serviços e funções urbanas, sobretudo no interior do país e nos espaços mais marginalizados. A sua disseminação pelo território concelhio não é, naturalmente, viável pelo que deve optar-se por uma distribuição equilibrada, em função da dinâmica económica e social do Concelho, de forma a ser possibilitado o acesso fácil aos seus potenciais utilizadores. É, neste sentido, que se fez a análise da situação actual e, em fase posterior, serão ponderadas as tendências futuras, em termos de necessidades para cada tipologia de equipamento, de acordo com o cenário demográfico adoptado no Plano Director Municipal. 230 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 13.2 METODOLOGIA Os equipamentos colectivos considerados no âmbito das propostas do PDM são os equipamentos: de Educação; de Saúde; de Solidariedade e Segurança Social; Desportivos; Culturais; e de Segurança e Protecção Civil. É pelo seu carácter de satisfação das necessidades mais básicas do ser humano que os equipamentos elencados anteriormente são mais pormenorizadamente caracterizados, tanto na fase dos Estudos de Caracterização, como na fase de Proposta de Plano. Por outro lado, é também a sua área de irradiação à freguesia que justifica que sejam mais pormenorizadamente avaliados, no presente, e programados e dimensionados para o futuro, no sentido da equidade territorial e coesão social. Por fim, também por serem aqueles que, na maioria dos casos, necessitam de maiores áreas de implantação e que, por esse motivo, devem ser tidos em conta nos instrumentos de gestão territorial. Contudo, existem outros equipamentos que são apenas cartografados na peça desenhada relativa a esta temática (n.º09) e elencados na categoria de “Outros Equipamentos”, como mais-valias na dotação global do município, nomeadamente pelo: seu carácter transversal a todos os municípios (equipamentos de administração e outros serviços púbicos ou equipamentos religiosos); ou pelo seu carácter de irradiação municipal - existência de um único equipamento por município (por regra), como por exemplo praça de touros, um equipamento desportivo especializado, ou um campo de feiras; ou por não satisfazerem necessidades consideradas básicas da população, embora muito importantes com factores de bem estar social e de competitividade e imagem dos lugares, como os equipamentos de recreio ou lazer. Na grelha seguinte, apresentam-se os equipamentos considerados de satisfação de necessidades básicas da população (destacados a cor) e, portanto, os que são abordados seguidamente e na fase de Proposta e os outros equipamentos que existem ou poderão vir a existir no território municipal (trata-se de uma grelha genérica e de enquadramento); na coluna das tipologias não se esgotam, naturalmente, as valências possíveis (as tipologias existentes são dadas como exemplos). Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 231 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Quadro 62: Grelha metodológica com tipificação dos Equipamentos de Utilização Colectiva Equipamentos de: Tipologias EDUCAÇÃO JI, EB1, EB2,3, EBI, ES, Ensino Superior (Universitário ou Politécnico), Escola Profissional SAÚDE Hospital, Centro de Saúde, Extensão de Saúde (excluem-se as Farmácias) SOLIDARIEDADE E SEGURANÇA SOCIAL Prestação de serviços à colectividade SEGURANÇA E PROTECÇÃO CIVIL ADMINISTRAÇÃO E OUTROS SERVIÇOS PÚBLICOS CULTURA RECREIO E LAZER Prática pela colectividade de actividades DESPORTO RELIGIÃO Apoio à actividade económica COMERCIO Creche, ATL, Lar, Centro de Dia, Centro de Noite, Residências, Unidades de apoio a Deficientes, Apoio Domiciliário, Unidade de Cuidados Continuados Integrados, … Forças de Segurança (GNR, PSP), Corpo de Bombeiros, Forças Armadas, INEM, Sapadores florestais, Cruz Vermelha, Autoridades Marítimas e Aeronáuticas,… Tribunal, Conservatória do Registo Civil e Predial, Repartição de Finanças, Junta de Freguesia, Casa do Povo, Câmara Municipal, Serviços Municipalizados, Posto de Turismo, Correios, Associação de Municípios, DREN, Administração regional de Saúde, Governo Civil, Sede de Parque Natural, … Museu, Cinema, Teatro, Biblioteca, Salão de Festas, Centro Cultural, Espaço Internet, Galeria, … Praça de Touros, Parque Radical, Parque Aquático, Circuito de Manutenção, Associação Recreativa, … - Equip. Desportivos de Base Formativos: Pequenos Campos de Jogos, Grandes Campos de Jogos, Pavilhões Desportivos e Salas de desporto Polivalente, Piscinas (cobertas e descobertas), Pista de Atletismo - Equip. Desport. de Base Recreativos22 - Equip. Desport. Especializados ou monodisciplinares - Instalações Desportivas Especiais para o Espectáculo Desportivo Igreja, Cemitério, convento, seminário, … Feiras, Mercados, … A análise realizada assenta, sempre que possível, na avaliação de duas componentes relativamente às carências actuais e, posteriormente, das necessidades futuras de equipamentos de utilização colectiva: Necessidades quantitativas, que deverão traduzir um ajustamento entre a população utilizadora, específica para cada tipo de equipamento, e o equipamento necessário; Necessidades de melhorias qualitativas, de acordo com o estado de conservação actual dos edifícios e com a existência de instalações próprias ou provisórias/adaptadas. A necessidade de melhorias "qualitativas" é representada pelos edifícios em mau estado de conservação e em instalações provisórias/adaptadas, sendo consideradas como carência "quantitativa". Com efeito, estas unidades 22 Estes equipamentos devem ser integrados na tipologia “Equipamentos de Recreio e Lazer”, que é mais abrangente e que, por isso, faz sentido que esteja individualizada: a) Recintos, pátios, minicampos e espaços elementares destinados à iniciação aos jogos desportivos, aos jogos tradicionais e aos exercícios físicos; b) Espaços e percursos permanentes organizados e concebidos para evolução livre, corridas ou exercícios de manutenção, incluindo o uso de patins ou bicicletas de recreio; c) Salas e recintos cobertos, com área de prática de dimensões livres, para actividades de manutenção, lazer, jogos recreativos, jogos de mesa e jogos desportivos não codificados; d) As piscinas cobertas ou ao ar livre, de configuração e dimensões livres, para usos recreativos, de lazer e de manutenção. 232 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão não estarão nas condições normais de funcionamento, representando muitas vezes perigo, devendo ser, progressivamente, substituídas. Estas situações associadas a outras, em que há subutilização de determinados espaços, deverão conduzir a soluções de melhor gestão e não forçosamente, de mais construção, como normalmente se procede. Os critérios utilizados nos Estudos de Caracterização estão em conformidade com as "Normas para a Programação e Caracterização de Equipamentos Colectivos" da DGOTDU, Edição Revista e Actualizada, Maio 2002. Estas normas constituem apenas uma base de trabalho de carácter indicativo e relativo, não devendo ser analisadas de forma linear e mecânica. Caso a caso são feitas as adaptações necessárias, de acordo com as características e enquadramento das áreas e equipamentos em estudo. Os dados populacionais de base datam de 2001, ainda que se introduzam os valores das Estimativas Provisórias da População Residente em 2009 (INE), salvaguardando-se, contudo, que não sendo dados oficiais definitivos, valem o que valem, mas são seguramente indicativos da evolução estrutural. No caso dos equipamentos educativos, faz-se uma análise evolutiva do último quinquénio, nomeadamente entre os anos lectivos 2006/2007 (extraídos da Carta Educativa do Município) e 2010/2011. Os dados dos restantes equipamentos datam do último trimestre de 2010. A metodologia e faseamento utilizados no decurso da elaboração do PDM será a seguinte: Na presente Fase (1ª), faz-se a análise da situação actual e abordam-se as carências existentes; Na 2ª Fase, será desenvolvida a proposta de novos equipamentos que se prevê virem a ser necessários, durante a vigência deste Plano (previsivelmente 2011/2021), em função do cenário demográfico adoptado e do modelo de desenvolvimento proposto para o território concelhio. Sendo os equipamentos colectivos destinados à utilização de toda a população concelhia, com o fim último de satisfazer as necessidades básicas da população, a análise do dimensionamento de cada tipologia de equipamento face à população que se destina servir, exige, em alguns casos, o conhecimento da idade da população, por grupos etários específicos. Com efeito, se os equipamentos de saúde, desportivos e culturais são dimensionados tendo por base a população concelhia total, já os equipamentos de ensino e segurança social se destinam a populações específicas, nomeadamente crianças, jovens e idosas. Tendo em conta esta necessidade, apresenta-se, no quadro seguinte, a população por idades para as tipologias de equipamentos ou níveis de ensinos considerados nesta abordagem que respondem a idades específicas, nomeadamente os equipamentos de ensino e os de solidariedade e segurança social. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 233 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Quadro 63: População, por grupo etário, em função da tipologia do equipamento ou nível de ensino, entre 1991 e 2009 Nível de Ensino e/ou Tipologia do Equipamento Escalão etário População 1991 População 2001 Taxa de Variação 91/2001 (%) 0 – 2 anos Creche 3 – 5 anos Jardim Infantil 6 – 9 anos 1º Ciclo do Ensino Básico 10 – 11 anos 2º Ciclo do Ensino Básico 12 – 14 anos 3º Ciclo do Ensino Básico Sub-total (População Jovem) - 553 315 -43,4 15 – 17 anos Ensino Secundário 213 -57,7 > 65 anos (população idosa) Lares e Centros de Dia 1599 90 1646 População 2009 47 307 66 -38,7 75 246 58 69 -48,4 2,9 227 1219 Fonte: INE - Portugal, Censos 1991 e 2001; Estimativas Provisórias a População Residente Foram identificadas algumas situações que devem ser mencionadas desde logo, de modo a que a leitura do presente capítulo seja devidamente esclarecedora e necessariamente ponderada, nomeadamente: 1. A abordagem da “situação actual” deveria utilizar dados oficiais (dos Recenseamentos Gerais da População), contudo, no presente momento (1º trimestre de 2011) está-se a poucos dias do próximo momento censitário (Março de 2011) e o desfasamento temporal entre os dois momentos (os dados populacionais de base datam de 2001 e os dados relativos à utilização dos equipamentos datam de 2010) pode acarretar leituras desajustadas da realidade. Desta forma, as taxas de cobertura apuradas, se utilizados os dados oficiais de 2001, poderão ser significativamente diferentes, sobretudo se se considerar que os dados mais recentes e conhecidos do INE (Estimativas Provisórias Intercensitárias da População Residente) indicam que em 2009, o concelho de Vila Velha de Ródão possuía menos 727 habitantes do que em 2001. Os dados referidos estão apenas disponíveis para o total do Concelho e por grandes grupos funcionais, pelo que, nos casos em que foi possível, utilizaram-se os dados de 2009 do INE, mesmo sabendo-se que são Estimativas e não dados reais. Caso a caso fazem-se as extrapolações necessárias, no sentido da avaliação o mais correcta e ajustada possível à realidade, sendo que em cada caso, este facto é referido no texto. 2. O concelho de Vila Velha de Ródão aderiu ao Programa Rede Social, estando recentemente concluída a fase do “Diagnóstico Social”. A Resolução do Conselho de Ministros n. º 197/97, de 18 de Novembro, define a Rede Social com “um fórum de articulação e congregação de esforços baseados na adesão livre por parte das autarquias e das entidades públicas ou privadas sem fins lucrativos que nela queiram participar. Estas entidades deverão concertar esforços com vista à erradicação ou atenuação da pobreza e da exclusão e à promoção do desenvolvimento social”. 234 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Os objectivos específicos que norteiam a Rede Social, são: induzir o diagnóstico e o planeamento participados, promover a coordenação das intervenções ao nível concelhio e de freguesia, procurar soluções para os problemas das famílias e pessoas em situação de pobreza e exclusão social, formar e qualificar agentes envolvidos nos processos de desenvolvimento local, no âmbito da Rede Social, promover uma cobertura adequada do concelho por serviços e equipamentos e potenciar e divulgar o conhecimento sobre as realidades concelhias. A adesão a este Programa e a sua implementação deverão vir a contribuir para a eliminação gradual das carências detectadas ao nível da dotação dos equipamentos colectivos, com especial relevância para os equipamentos sociais e de saúde. 3. Na sequência do que foi dito no ponto anterior, importa salientar que a avaliação realizada é eminentemente quantitativa, como aconselha a abordagem a fazer no âmbito de um PDM, facto que por si só justifica que possa existir uma leitura relativamente diferente/complementar da realidade, muito embora, as abordagens actuais existentes (Carta Educativa, Programa Rede Social e presente relatório do PDM), sublinhem os aspectos estruturais dos vários domínios. Assim, admitem-se situações não identificadas de carência e/ou desajuste entre a oferta e a procura existentes, sobretudo nas aldeias, onde muitas vezes não existem limiares de população que justifiquem a existência de determinados equipamentos. Contudo, a Rede Social é, claramente, o Programa potencial para uma visão e uma futura intervenção qualitativa e “personalizada”, neste e noutros domínios. 13.3 CONSIDERAÇÕES DE DESTAQUE O concelho de Vila Velha de Ródão encontra-se, em termos globais e quantitativos, razoavelmente dotado de equipamentos e serviços de apoio social, quando avaliados e dimensionados em função da população residente e, conforme os casos, dos estratos etários potencialmente utilizadores de alguns equipamentos. Contudo, Vila Velha de Ródão debate-se com um sério estrangulamento que tem a ver com a sua reduzida (e em continuada diminuição) dimensão demográfica, a qual põe em causa a existência de determinados equipamentos pela ausência de limiares mínimos de utilização. Por outro lado, e ainda tendo como suporte a dimensão demográfica do concelho, nomeadamente ao nível da estrutura etária, o acentuado envelhecimento da população determina por si só o leque de equipamentos existentes no concelho e os que vierem a ser necessários futuramente. Isto é, urge ampliar os equipamentos de apoio à população idosa e, no caso dos equipamentos destinados às crianças e jovens (em claro declínio), o encerramento de alguns equipamentos (escolas, sobretudo) deve conduzir à sua reutilização para outros fins, bem como aqueles que estão em funcionamento devem ser sujeitos a intervenções de manutenção e beneficiação. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 235 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão O concelho de Vila Velha de Ródão está, efectivamente, a par com o amplo e progressivo esvaziamento demográfico, a registar um tendencial envelhecimento da sua pirâmide etária, materializado tanto ao nível do esvaziamento da base (de 1991 para 2009 a população jovem passou de 11,1% para 6,7%), como do empolamento do topo (no mesmo período, a população idosa, que representava já 32,2% da população total, viu ascender este valor para 36,2%). Figura 48: Distribuição da população por grupos etários, entre 1991 e 2009 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 32,2 40,2 36,2 52,1 57,1 11,1 7,7 6,7 1991 2001 2009 56,7 24,0 27,5 27,4 60,9 60,5 61,0 15,0 12,0 11,7 1991 2001 2009 VILA VELHA DE RÓDÃO 0 aos 14 anos BEIRA INTERIOR SUL 15 aos 64 anos >65 anos Fonte: INE-Portugal, Censos 1981, 1991 e 2001 Não obstante este cenário, a evolução da distribuição e a própria distribuição da população por grupos etários no concelho de Vila Velha de Ródão acompanham, estruturalmente, a região em que o concelho se insere, embora, em termos gerais, o concelho seja substancialmente mais velho do que a sub-região de Beira Interior Sul. Com efeito, a confirmarem-se os dados das estimativas provisórias do INE para 2009, Vila Velha de Ródão, possui um peso inferior de jovens (6,7% contra 11,7% da Beira Interior Sul), e ainda um peso de idosos (36,2%) bastante superior ao da sub-região Beira Interior Sul (27,4%). Na óptica da distribuição espacial dos equipamentos colectivos, salienta-se que é na sede de concelho que se localiza a maioria dos equipamentos e os de ordem superior, e que as freguesias de Fratel e Sarnadas de Ródão são as segunda e terceira melhor equipadas do concelho. 13.4 EQUIPAMENTO EDUCATIVO No presente ano lectivo (2010/2011) encontram-se em funcionamento 3 estabelecimentos de ensino neste concelho, integrados no Agrupamento de Escolas de Vila Velha de Ródão: 236 Jardim de Infância de Porto do Tejo; Escola Básica do 1º Ciclo de Fratel; Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Escola Básica com 1º, 2 e 3º ciclos de Vila Velha de Ródão. A dotação actual é o culminar de um percurso de encerramentos de escolas e respectivo reordenamento da rede educativa. Com efeito, há 5 anos lectivo atrás o município tinha em funcionamento nove estabelecimentos que se distribuiam por três níveis de ensino: pré-escolar (quatro escolas), 1º ciclo do ensino básico (quatro escolas) e 2º e 3º CEB (uma escola), sendo que a maioria se localizava na sede do concelho. Todas as sedes de freguesia possuíam o ensino pré-escolar e o 1º Ciclo. O 2º e 3º ciclos só existiam na sede de concelho, na Escola Básica 2,3 de Vila Velha de Ródão. No ano lectivo de 2005/06 o agrupamento de escolas de Vila Velha de Ródão contava, na totalidade dos níveis de ensino, com 238 alunos, sendo que o maior número frequentava os 2º e 3º ciclos (42%), seguido dos alunos do 1º ciclo (34%) e do pré-escolar (24%). No ano lectivo 2010/2011 a realidade é bastante distinta. A fazer jus ao declínio demográfico em curso, o número de crianças têm vindo a decrescer significativamente, contando-se hoje 202 crianças em todos os níveis de ensino leccionados no município e as freguesias de Sarnadas de Ródão e Perais já não possuem nenhum estabelecimento de ensino. A figura seguinte ilustra o comportamento da frequência escolar nos últimos 10 anos lectivos (2000/01 a 2010/11) em que se evidencia a tendencial diminuição da população escolar no pré-escolar e no 1º CEB e na relativa estabilização das crianças do 2º e 3º ciclos. Figura 49: Evolução da população escolar por níveis de ensino entre 2000/01 e 2010/2011 140 120 N.º de alunos 100 80 60 40 20 0 Pré-escolar 1º CEB 2º e 3º CEB 2000/01 51 72 133 2005/06 57 80 101 2010/2011 44 60 98 Fonte: Carta Educativa de Vila Velha de Ródão Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 237 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 13.4.1 Ensino pré-escolar De acordo com a Lei de Bases do Sistema Educativo, "a educação pré-escolar é facultativa e destinada a crianças com 3, 4 e 5 anos de idade" ( n.º 3 e n.º 8, Art.º 5º). Nos termos do artigo 40º da mesma Lei, está determinado que a "educação pré-escolar deve ser realizada em unidades distintas ou incluídas em unidades escolares em que também seja ministrado o 1º ciclo do ensino básico ou, ainda, em edifícios onde se realizem outras actividades sociais, nomeadamente de educação extra-escolar". No concelho de Vila Velha de Ródão existe 1 Jardim de Infância em Vila Velha de Ródão (Porto do Tejo), que concentra a totalidade do ensino pré-escolar, o qual, no ano lectivo 2010/2011, está a ser frequentado por 44 crianças, menos 13 que no ano lectivo 2005/2006. O funcionamento exclusivo deste pólo é já o corolário final do processo de reordenamente da rede educatica proposta na Carta Educativa do município. Quadro 64: Ensino pré-escolar, no concelho, nos anos lectivos 2005/2006 e 2010/2011 Ano lectivo 2005/2006 Ano lectivo 2010/2011 Designação Freguesias Número de alunos Número de Salas Taxa de ocupação* JI de Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão 19 1 76% JI de Porto do Tejo Vila Velha de Ródão Fratel 18 1 72% 13 1 52% 7 1 28% 57 4 57% JI de Fratel JI Sarnadas de Ródão** Sarnadas de Ródão Total Número de Alunos Taxa de ocupação* 44 44 * 100% = 25 alunos /sala; **Pólo itinerante Fonte: Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão Considera-se que, presentemente, quase todas as crianças entre os três e os cinco anos frequentam o ensino pré-escolar, embora se desconheça com rigor o número efectivo. Em qualquer caso, Vila Velha de Ródão encontra-se, seguramente, a cumprir aqueles que são eram os objectivos da Administração Central para o início do século XXI, nomeadamente uma cobertura do ensino pré-escolar na ordem dos 90%. 13.4.2 1° Ciclo do Ensino Básico O 1º ciclo do ensino básico corresponde ao antigo ensino primário, compreendendo a faixa etária dos 6 aos 9 anos. Em Vila Velha de Ródão, existem presentemente 2 estabelecimentos de ensino que ministram o 1º CEB: a EB1 de Fratel e a EB1,2,3 de Vila Velha de Ródão. 238 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão No ano lectivo 2005/2006 frequentaram, este nível de ensino, 80 alunos, volume que, no contexto da população escolarizável, coloca a taxa de cobertura aproximadamente nos 100%23. Também neste nível de ensino a capacidade das escolas existentes não era utilizada (apenas 64%), num cenário em que a EB1 de Vila Velha de Ródão era a mais ocupada (72%) e a de Fratel a menos ocupada (48%). Em 2010/2011, o número de alunos neste nível de ensino é de 60. Prevê-se o encerramente da EB1 de Fratel no próximo ano lectivo. Quadro 65: 1º Ciclo do Ensino Básico no concelho, nos anos lectivos 2005/2006 e 2010/2011 Designação Ano lectivo 2005/2006 N.º de N.º de Taxa de alunos salas Ocupação Freguesia EB1 nº 1 de Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão 18 1 72% EB1 nº 2 de Porto do Tejo Vila Velha de Ródão 34 2 68% Fratel 12 1 48% EB1 de Sarnadas de Ródão Sarnadas de Ródão 16 1 64% EB 1,2,3, de Vila Velha de Ródão* Vila Velha de Ródão EB1 de Fratel Total Ano lectivo 2010/2011 Nº de Taxa de Alunos ocupação* 11 49 80 5 64% 49% 60 * 100% = 25 alunos /sala; Fonte: Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão Com o novo edifício do 1ºCEB, em funcionamento desde 2009/2010 (que conjuntamente com a EB2,3 préexistente, constituem a Escola Básica Integrada de Vila Velha de Ródão) que previsivelmente acolherá já no próximo ano lectivo também os alunos de Fratel, conclui-se o processo de reordenamento da rede educativa, sendo que este estabelecimento aglutinará todo o 1º ciclo do ensino básico do concelho. Este pólo reúne as condições de bem-estar (higiene, salubridade e segurança), equipamento e funcionalidade que as novas exigências educativas impõem para o sucesso escolar. Considerando que esta escola possui capacidade para 100 alunos (4 salas) e o número de alunos no presente ano lectivo no total do concelho é de 60, a escola continuará a ter oferta disponível na ordem das 4 dezenas de alunos. 13.4.3 2º e 3ºCiclos do Ensino Básico e Ensino Secundários O 2º ciclo do ensino básico corresponde ao ciclo preparatório e ao escalão etário 10-11 anos. O 3º ciclo do ensino básico encerra os 9 anos de escolaridade básica e corresponde a um período de 3 anos (7º, 8º e 9º anos), destinado à população com 12, 13 e 14 anos. O ensino secundário corresponde a um ciclo global com a 23 A população dos 6 aos 9 anos, em 2001, era 75 e a população escolar no ano lectivo 2005/06 era de 80. O pequeno diferencial existente pode encontrar justificação no desajuste temporal dos dados bem como em algum caso de insucesso escolar. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 239 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão duração de 3 anos e surge no final dos nove anos de escolaridade básica. A faixa etária a que se destina este nível de ensino é a dos 15-17 anos. No concelho de Vila Velha de Ródão, existe um único estabelecimento escolar que aglutina o ensino básico relativo ao 2º e 3º ciclos - Escola Básica 2,3 de Vila Velha de Ródão, estando presentemente ocupada (ano lectivo 2010/2001) apenas pela metade da sua capacidade. O 2º ciclo é ministrado a 37 alunos e o 3º ciclo a 61 alunos, num total de 87 alunos, sendo que o rácio alunos/sala é muito baixo (13). Relativamente a 200%/2006, o número e a distribuição por estes níveis de ensino manteve praticamente inalterada Esta escola possui recursos físicos e equipamentos de ensino de qualidade, espaços para a prática desportiva e o transporte escolar beneficia a maioria das crianças que a frequenta. Quadro 66: 2º e 3º CEB no concelho, nos aAnos lectivos 2005/2006 e 2010/2011 Nome do Estabelecimento de Ensino Ano lectivo Número de Alunos Rácio Alunos/Sala Taxa de Ocupação N.º Salas EB 2,3 de Vila Velha de Ródão 2005/2006 101 13 50,5% 8 EB 2,3 de Vila Velha de Ródão 2010/2011 98 12 49% 8 Fonte: Carta Educativa de Vila Velha de Ródão No concelho de Vila Velha de Ródão não existe Ensino Secundário, pelo que a população escolarizável (com idade para frequentar este nível de ensino) tem de se deslocar para os concelhos vizinhos, predominantemente para Castelo Branco. 13.4.4 Reordenamento da Rede Educativa em curso As propostas de reordenamento do parque escolar, constantes da Carta Educativa, são as que sumariamente, se representam no esquema seguinte, cujas linhas orientadoras se prenderam com a criação de dois pólos, a funcionarem em estabelecimentos distintos, um dos quais onde já se concentra a educação pré-escolar de todo o concelho (JI de Porto do Tejo) e o outro onde se concentrará todo o 1º, 2º e 3º Ciclos (EB1,2,3 de Vila Velha de Ródão). Esta Escola Básica Integrada (EBI) funciona em dois edifícios distintos, um dos quais diz respeita ao novo edifício do 1º CEB construído de raiz no espaço da EB2,3. 240 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Para a finalização do processo de reordenamento iniciado há uns anos lectivos atrás, apenas falta encerrar a EB1 de Fratel (no ano lectivo 2010/2011, com 11 alunos) e transferir os alunos daquela freguesia para a EB1,2,3 de Vila Velha de Ródão, o que acontecerá previsivelmente no próximo ano lectivo. O agrupamento de Escolas de Vila Velha de Ródão tem o seu Projecto Educativo (PE 2009-2013) alicerçado em torno do sucesso educativo enquanto missão fundamental, sendo que as metas a atingir são: Meta 1 – Assegurar, com qualidade, a formação escolar prevista para os diferentes ciclos e anos, procurando ir de encontro aos interesses e necessidades dos alunos e ao seu contexto cultural e social. Meta 2 – Desenvolver nos alunos atitudes de auto-estima, respeito mútuo e regras de convivência com os outros e com o meio, que contribuam para a sua formação como cidadãos tolerantes, autónomos, organizados e civicamente responsáveis. Para alcançar as metas definidas, as estratégias delineadas são: Formação de docentes e não docentes, sempre que possível em contexto escolar. Apoio Pedagógico que vá de encontro às carências dos alunos: “Sala de Estudo Acompanhado”. Apoio a alunos com Necessidades Educativas Especiais. Dinamização do Plano de Acção da Matemática e do Plano Nacional de Leitura. Actividades de Complemento Curricular e extracurriculares diversificadas e atractivas, que envolvam a participação da comunidade educativa. Desenvolvimento de Projectos mobilizadores e relevantes para a formação dos jovens. Constituição das turmas, elaboração de horários e gestão dos espaços escolares, em conformidade com critérios de eminente interesse pedagógico, definidos e aprovados em Conselho Pedagógico. Reforço do papel da Biblioteca Escolar/Centro de Recursos Educativos enquanto entidade privilegiada na promoção das literacias da informação, do livro e da leitura. Reforço da utilização das TIC na prática lectiva das diferentes disciplinas e áreas curriculares. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 241 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Valorização da sala de aula como espaço de transmissão, aquisição e produção de conhecimento. Reforço do acompanhamento e da orientação vocacional dos alunos. Colaboração com instituições e empresas que possam adjuvar a Escola na concretização das prioridades do Projecto Educativo. As ofertas de enriquecimento curricular existentes (projectos em desenvolvimento) são: Projecto “Mais Sucesso Escolar” – Tipologia “Fénix” Desporto Escolar; Prosepe / Clube da Floresta “Os Grifos”; Meteorologia; Biblioteca / Centro de Recursos; Página Web do Agrupamento; Plataforma Moodle do Agrupamento; Projecto Assembleia dos Jovens; Clube de Ciências Experimentais; Salas de Estudo e apoio individualizado; Clube de Rádio dinamizado pelos alunos; Educação Pré-Escolar: Actividade Física e Motora, Inglês, Educação Musical; 1º Ciclo: Inglês, Apoio ao Estudo, Actividade Física e Desportiva e Expressão Musical; Plano Tecnológico para a Educação; Plano de Acção da Matemática II; Plano Nacional de Leitura; Projecto “Escola Virtual”. 13.4.5 Síntese conclusiva O município de Vila Velha de Ródão possui exclusivamente ensino público desde o pré-escolar ao 3º Ciclo do Ensino Básico e um universo de 202 alunos (ano lectivo 2010/2011). O reordenamento da Rede Educativa, patente na Carta Educativa homologada pelo Ministério da Educação, encontra-se em fase final de conclusão. Foram criados dois pólos de ensino no concelho: o pólo do pré-escolar no Jardim de Infância de Porto do Tejo e o pólo do Ensino Básico na Escola Básica integrada de Vila Velha de Ródão (1º, 2º e 3º ciclos do ensino básico). 242 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Estes dois pólos possuem as condições de bem-estar, funcionalidade e equipamento que as exigências da tutela definem para o sucesso escolar e ambos possuem oferta disponível. Os dois problemas que se colocam nesta matéria e que afectam profundamente o desenvolvimento económico e social do município contiuam a ser: i) o persistente declínio demográfico e a redução tendencial da população escolar; e ii) ausência de Ensino Secundário no concelho por não existirem volumes mínimos de população escolar nesta faixa etária que justifiquem a sua existência, sendo fortemente penalizador, por obrigar os alunos à saída do concelho, maioritariamente para a cidade de Castelo Branco. 13.5 EQUIPAMENTO DE SOLIDARIEDADE E SEGURANÇA SOCIAL Com o objectivo de satisfazer as necessidades de grupos sociais mais carentes ou escalões etários mais dependentes, as instituições de Segurança Social baseiam a sua acção na tentativa da satisfação das necessidades específicas das crianças, dos jovens e dos idosos. No Concelho de Vila Velha de Ródão, essa acção passa designadamente por: apoio à infância e juventude: creches e centros ATL apoio à população idosa: lares, centros de dia e apoio domiciliário Existem 6 instituições de solidariedade e apoio social, nomeadamente duas IPSS (Sociedade Filarmónica de Educação e Beneficiência Fratelense e Grupo Amigos Foz do Cobrão), a Santa Casa da Misericórdia e, complementarmente, 3 privados actuando ao nível da valência “Lar”, exclusivamente. Nem todas as instituições possuem as valências de apoio mais comuns (centro de dia, lar e apoio domiciliário), contudo, todo o concelho é abrangido por qualquer um destes apoios. 13.5.1 Apoio à Infância e Juventude Creches As creches destinam-se a acolher crianças dos 3 meses até aos 2 anos de idade, durante as horas de trabalho dos pais, visando proporcionar igualdade de oportunidades a todas as crianças, nomeadamente as que concorrem para o desenvolvimento físico, emocional, intelectual e social. De acordo com as normas de programação para este equipamento, a área de irradiação deve estender-se à freguesia e a população base não deverá ser inferior a 5000 habitantes. A unidade mínima não deverá ter menos de 5 crianças, nem a máxima, mais de 35. A existência de equipamento de apoio à infância, em especial no período que antecede a escolaridade obrigatória, torna-se fundamental em áreas onde se verificam elevadas taxas de actividade feminina, o que não Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 243 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão acontece na generalidade do concelho de Vila Velha de Ródão. Daí, que neste concelho apenas existam duas unidades com a valência creche, uma em Vila Velha de Ródão, da Santa Casa da Misericórdia e outra em Fratel, propriedade da Sociedade Filarmónica Fratelense, que conjuntamente apoiam 28 crianças (ano lectivo 2010/2011), num total de 3 salas, embora possuam capacidade para mais crianças. Estima-se que taxa de cobertura da valência creche se possa situar situe em torno dos 60%24, bastante acima do que eram os objectivos a atingir a nível nacional pela Administração Central para 2010, que era uma taxa de 33%. Ainda que nem todas as crianças que frequentam as creches do município sejam residentes em Vila Velha de Ródão, a taxa de cobertura continuará a ser significativamente elevada quando avaliada de acordo com as metas da Administração Central para esta população específica (dos 0 aos 2 anos). Quadro 67: Creches no concelho, em 2010 Estabelecimento Freguesia SCMVVR Sociedade Filarmónica Fratelense Vila Velha de Ródão Fratel Total Capacidade (n.º alunos) 20 15 35 N.º de Alunos N.º de salas Entidade Proprietária 19 9 28 2 1 3 SCM SFF - Fonte: Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão Mesmo que os objectivos da Administração Central venham a ser mais ambiciosos de futuro, como se espera, a dotação actual bem como a tendência para a diminuição da natalidade, não fazem prever a necessidade da ampliação desta valência no período de vigência do presente PDM. Actividades de Tempos Livres Os centros de actividades de tempos livres destinam-se a acolher crianças de idade compreendida entre a idade legal de ingresso no ensino básico e os 12 anos e funcionam em dois grupos - manhã e tarde. Nestes centros são desenvolvidas actividades de animação sócio-recreativa com o objectivo da prevenção de situações sociais de risco. Os dois ATL existentes no concelho são propriedade das mesmas instituições das creches. Com uma capacidade de acolhimento e apoio a 100 crianças (fortemente ampliada no último quinquénio), no final de 2010 beneficiavam desta valência 95 crianças, ou seja, a quase totalidade da população escolar do 1º e 2º ciclo. Quadro 68: Actividades de Tempos Livres (ATL) no concelh, em 2010 Estabelecimento ATL da SCMVVR 24 Freguesia Vila Velha de Ródão Capacidade (n.º alunos) 60 N.º de Alunos Entidade Proprietária 60 SCM Taxa calculada com base na população com entre 0 e 2 anos em 2001, esbora se espere que este valor ser inferior, pelo que o valor da taxa poderá estar subestimado. 244 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ATL da Sociedade Filarmónica Fratelense Fratel Total 40 100 35 95 SFF - Fonte: Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão À imagem do que se referiu para o caso das creches, os contextos actual e futuro não fazem prever a necessidade da ampliação desta valência no período de vigência do presente PDM. 13.5.2 Apoio à 3ª Idade É cada vez mais preocupante e problemática, a questão do envelhecimento demográfico e, por consequência, do apoio à 3ª Idade, com todos os problemas que lhes são inerentes. Estas questões deverão ser tratadas com mais acuidade, devendo começar-se a pensar no conjunto de condições, que forçosamente terão de vir a ser criadas, de resposta a este fenómeno emergente. Com efeito, o chamado envelhecimento demográfico levanta problemas múltiplos amplamente conhecidos, nomeadamente a redução de parte dos activos criará dificuldades financeiras ao financiamento das pensões de reforma, porá em perigo o equilíbrio dos orçamentos de protecção social e aumentará a necessidade de serviços especializados de alojamento. Entre outras consequências, aparentemente mais importantes, coloca-se, precisamente, a questão que interessa nesta abordagem, da "necessidade de serviços especializados de alojamento". As respostas sociais mais frequentes, e presentes em Vila Velha de Ródão, são: Lar de idosos. O recurso ao lar obriga ao abandono das casas e, normalmente, têm implícita uma maior dependência dos idosos Com efeito, esta é uma resposta social, desenvolvida em equipamento, destinada ao alojamento colectivo, de utilização temporária ou permanente, para pessoas idosas ou outras em situação de maior risco de perda de independência e/ou de autonomia. Centro de Dia. Têm por objectivo evitar o isolamento dos idosos, favorecendo as relações pessoais e permitem colocar, à sua disposição, formas de ajuda adequadas à sua situação, não obrigando, desta forma, ao abandono das suas casas (consiste na prestação de um conjunto de serviços que contribuem para a manutenção das pessoas idosas no seu meio sócio-familiar.). Apoio Domiciliário. O apoio domiciliário é considerado a forma mais eficaz e económica de resolver o problema do apoio à população idosa, não só por não implicar o abandono do meio familiar, com as consequências psicológicas e sociais que daí advêm, como também a sua existência é menos dispendiosa do que a manutenção de lares. A ajuda domiciliária pode incluir serviços de alimentação, higiene e conforto, assim como trabalhos caseiros e percursos ao ar livre. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 245 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão No concelho de Vila Velha de Ródão existe uma importante rede de apoio social aos idosos, nomeadamente cinco lares, cinco centros de dia e é prestado Apoio Domiciliário através de três instituições. Todas as freguesias têm pelo menos uma instituição que presta este tipo de apoio, sendo que a de Vila Velha de Ródão é a melhor dotada a este nível e a de Perais a menos equipada. Quadro 69: Lares de idosos no concelho, em 2010 Estabelecimento Entidade Proprietária Freguesia Capacidade N.º Utentes Casa de Saúde – Residência Assistida para Idosos Vila Velha de Ródão Privado (Branco, Rosa e Machado) 20 15 Lar I e II Vila Velha de Ródão SCMVVR 70 91 25 25 Sociedade Filarmónica e Educação e Beneficência Fratelense IPSS Fratel Casa de Saúde – Residência Assistida para Idosos Sarnadas de Ródão Privado (Branco, Rosa e Machado) 48 42 Aldeamento do Idoso Sarnadas de Ródão Privado (Ruivo e Camona, Lda) 50 50 213 223 Total Fonte: Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão Quadro 70: Centros de Dia, no concelho, em 2010 Estabelecimento Freguesia Entidade Proprietária SCM SCM Grupo Amigos Foz do Cobrão SCM Sociedade Filarmónica e Educação e Beneficência Fratelense Perais Sarnadas de Ródão Vila Velha de Ródão S.C.M.V.V.R S.C.M.V.V.R Grupo Amigos Foz do Cobrão SCMVVR Sociedade Filarmónica Fratelense Total Fratel Capacidade (n.º utentes) 25 25 30 30 N.º de Utentes 35 20 145 73 16 8 21 8 Fonte: Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão Quadro 71: Apoio Domiciliário no concelho, em 2010 Estabelecimento Freguesia Grupo Amigos Foz do Cobrão Vila Velha de Ródão SCM Sociedade Filarmónica e Educação e Beneficiência Fratelense - Fratel - Entidade Proprietária Grupo Amigos Foz do Cobrão Santa Casa da Misericórdia Sociedade Filarmónica Fratelense Residências não subsidiadas Total Capacidade N.º (n.º utentes) Utentes 16 15 35 30 21 17 12 10 84 72 Fonte: Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão 246 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Em 2010, quase 1/3 (30%) da população idosa25 do concelho de Vila Velha de Ródão recebia apoio social (368 idosos), através das várias valências existentes no município, embora a oferta existente seja substancialmente superior (442 idosos - 36%). Este desajuste e a dotação, por tipologia, reflectem não a falta de apoio social mas, antes, a desadequação entre a oferta e a procura destes equipamentos. Com efeito, tanto os Centros de Dia como o Apoio Domiciliário possuem maior capacidade de apoio do que aquele que efectivamente prestam, ao contrário dos lares, que são utilizados acima do limite da capacidade existente. Para além deset facto, existe uma extensa lista de espera para o Lar da Santa Casa da Misericórdia de Vila Velha de Ródão (273 idosos em lista de espera em 2006), o que coloca as necessidades de apoio social do concelho num nível muito superior ao apoio prestado. Quadro 72: Síntese das Valências de Apoio aos Idosos no concelho de Vila Velha de Ródão, em 2010 Capacidade Nº de % de Utilização Instalada Utentes Centro e Dia 145 73 50% Centro de Apoio Domiciliário 84 72 86% Lar 213 223 105% Total 442 368 83% * Para Lar da Santa Casa da Misericórdia de Vila Velha de Ródão, 2006 Tipologia Lista de espera 273* Fonte: Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão Não obstante a evolução ocorrida e a dotação actual bastante satisfatória, este é um domínio que deverá, a prazo, a julgar pela evolução tendencial da estrutura etária concelhia (regional e mesmo nacional), vir a ser, cada vez mais exigente, em termos de estruturas físicas (e humanas) de apoio. Um facto relevante a considerar na previsão de mais equipamentos é que os idosos deste século têm características diferentes dos velhos de gerações mais antigas, essencialmente porque têm mais saúde e vão adquirindo, progressivamente, níveis de instrução mais elevados. Com efeito, se as pessoas, actualmente, vivem mais anos, importa que os vivam, também, com mais qualidade, sendo evidente que a sociedade tem de se adaptar a estas mudanças e criar novos padrões de consumo e novas respostas sociais adaptados a esta nova realidade. Vila Velha de Ródão é já exemplo desta adaptação, nomeadamente através disponibilização de Residências não subsidiadas (6 pequenos alojamentos, localizados junto à Sociedade Filarmónica do Fratel e propriedade desta, os quais se destinam a aluguer para casais idosos). 13.5.3 Síntese conclusiva O concelho de Vila Velha de Ródão possui uma rede satisfatória de equipamentos e serviços de apoio social às crianças e aos idosos. O apoio aos idosos é mais consistente e amplo pois as pessoas com mais de 65 anos 25 População Idosa Estimada em 2009 (INE-Estimativas Provisórias da População Residente) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 247 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão representam cerca de 1/3 da população total do concelho, em oposição ao diminuto peso das crianças com entre 0 e 14 anos, que não chegava a atingir os 7%, em 2009, segundo as Estimativas da População Residente (INE). O apoio às crianças é concretizado através de 2 creches e dois ATL localizados nas freguesias de Vila Velha de Ródão e Fratel, ambos sublotados e, por isso, considerados suficientes para as necessidades do município. O apoio aos idosos é mais amplo, como maior é o público a necessitar dele. Existem 5 lares (3 dos quais privados), 5 Centros de Dia e o Apoio Domiciliário é prestado por três instituições e estende-se a todo o concelho. No presente (2010) não existe um ajustamento entre a procura e a oferta destes equipamentos, na medida em que os lares estão sobrelotados e há uma extensa lista de espera (Lar da SCMVVR) em oposição à sublotação registada nos Centros de Dia e do Apoio Domiciliário. O fortíssimo envelhecimento populacional continuará a ditar a ampliação da oferta da valência Lar, muito embora, o concelho preste apoio a uma grande percentagem de população idosa (30%), a qual, no quadro nacional, é considerada muito positivo (há pouco tempo a média nacional rondava os 11%). 13.6 EQUIPAMENTO DE SAÚDE Os equipamentos de saúde existentes no concelho enquadram-se exclusivamente no âmbito dos cuidados de saúde primários (Centro de Saúde e Extensão de Saúde). Os Cuidados de Saúde Secundários, são assegurados pelo hospital de referência: Hospital Amato Lusitano - Castelo Branco (Unidade Local de Saúde de Castelo Branco, EPE), localizado na sede de distrito, a 30km da sede de Vila Velha de Ródão mas mais perto de Sarnadas do Ródão e Perais. Assim, o equipamento de saúde considerado na presente análise integra as seguintes tipologias: Centros de Saúde Extensões do Centro de Saúde Farmácias 13.6.1 Centros de Saúde e Extensões Os centros de saúde constituem o primeiro nível de contacto da população com os serviços de saúde (cuidados de saúde primários), cujo objectivo é o diagnóstico e a resolução de situações de doença que não necessitem de cuidados especializados, nomeadamente a prestação de serviços preventivos, curativos, de reabilitação e promoção da saúde. Por norma, os centros de saúde localizam-se nas sedes de concelho. Com o objectivo de melhorar a acessibilidade aos cuidados de saúde, os centros de saúde dispõem de unidades mais pequenas, designadas por “Extensões”, e que geralmente correspondem à área geográfica das freguesias. 248 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Em Vila Velha de Ródão, os cuidados de saúde primários são prestados pelo Centro de Saúde e pelas três extensões do mesmo localizadas em cada uma das sedes de freguesia. O estado de conservação destes equipamentos é, de um modo geral, razoável/bom e só a extensão de Sarnadas de Ródão funciona em instalações adaptadas. A capacidade das extensões de saúde, medida em número utentes/dia, é ultrapassada em todas, assim como no centro de saúde (realidade que há cerca de meia dezena de anos não acontecia, pois o recurso ao centro de saúde era inferior à oferta existente na altura). Quadro 73: Centro de Saúde e Extensões no concelh, em 2010 Tipologia Freguesia Capacidade (utentes/Dia) N.º Médio Utentes/Dia Tipo de Instalações Estado de Conservação Extensão do C.S Extensão do C.S Extensão do C.S Centro de Saúde Fratel Perais Sarnadas de Ródão Vila Velha de Ródão 15 20 20 26 21 22 26 35 Próprias Próprias Adaptadas Próprias Bom Razoável Razoável Bom Fonte: Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão Num território tão penalizado pelo envelhecimento demográfico como o concelho de Vila Velha de Ródão, é expectável que o apoio médico seja mais solicitado e que sejam necessários mais meios (sobretudo humanos) para prestar melhor assistência médica. Desde já importa ultrapassar as deficiências actuais, nomeadamente a capacidade manifestamente insuficiente de todas as extensões e do próprio Centro de Saúde. 13.6.2 Farmácias No concelho de Vila Velha de Ródão existe apenas uma farmácia localizada na sede de concelho. A implantação de farmácias, segundo a legislação em vigor (Portaria n.º 1430/2007, de 2 de Novembro), está condicionada à capitação de pelo menos 3500 habitantes/farmácia e a uma área de irradiação de 250m, sendo esta capitação a que confere a “melhor cobertura farmacêutica”. Em relação à capitação farmácia/habitantes, o concelho responderia, com o volume populacional de 2001, com justa adequação, pois para a população residente de então (4.098 habitantes), seriam necessárias, no máximo, 2 farmácias. A confirmarem-se as estimativas populacionais do INE para 2009, em que o Concelho já teria atingido os 3.371 habitantes, considera-se que Vila Velha de Ródão está, em termos quantitativos, bem servido de serviços farmacêuticos. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 249 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 13.6.3 Síntese conclusiva Em termos quantitativos, o concelho de Vila Velha de Ródão está bem dotado de equipamentos de saúde. Possui um Centro de Saúde e uma Extensão de Saúde em cada uma das restantes sedes de freguesia. Ainda assim, a capacidade diária de cada uma destas unidades é excedida pela procura expressiva que todas registam. É o envelhecimento pronunciado da população rodanense que justifica a grande procura dos serviços de saúde. A oferta de farmácias é, de acordo com a legislação que determina a sua implantação, suficiente em termos quantitativos, para a população concelhia, contudo, mais uma vez o envelhecimento demográfico poderá justificar um ajustamento deste serviço, sobretudo às populações das aldeias que tem que deslocar-se, a maioria das vezes, com dificuldade, à sede concelhia. 13.7 EQUIPAMENTO DESPORTIVO 13.7.1 Número e tipologia das instalações desportivas existentes Na análise da situação dos equipamentos desportivos do concelho de Vila Velha de Ródão consideram-se todas as áreas desportivas existentes, cujo acesso e prática desportiva são facultados à população em geral, incluindo os recintos integrados no parque escolar. Segundo as Normas para a Programação e Caracterização de Equipamentos Colectivos (DGOTDU) e em conformidade com as recomendações do Conselho da Europa e do Conselho Internacional para a Educação Física e o Desporto (UNESCO), deve ser atribuída a quota global de 4m2 de superfície desportiva útil por habitante. A superfície desportiva útil deve distribuir-se pelas seguintes tipologias, consideradas como equipamentos de base formativos, de modo a atribuir cerca de: 95% das áreas para actividades ao ar livre em terrenos de jogos e de atletismo; 2 a 2,5% para salas de desporto e 1,5% para superfícies de plano de água em piscinas cobertas e ao ar livre. Evidentemente que se trata de uma base normativa, sem carácter rígido e que deve adaptar-se com a necessária flexibilidade às variáveis específicas de cada território. No concelho de Vila Velha de Ródão a dotação de equipamentos desportivos é bastante satisfatória quando avaliada do ponto do vista dos seus potenciais utilizadores, na medida em que cada habitante tem em média, 4,7m2 de superfície desportiva útil, cuja dimensão ultrapassa o que é recomendado pelas normas oficiais que são os 4m2. Para além deste rácio, o marcado envelhecimento demográfico faz sobrevalorizar aquele valor já que neste território, a população potencialmente utilizadora (sobretudo jovens e adultos) tem naturalmente uma dimensão menor. 250 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Contam-se 15 instalações desportivas26 em funcionamento/manutenção no município de Vila Velha de Ródão, as quais se distribuem de acordo com as seguintes tipologias (ver listagem de todos os equipamentos desportivos em Anexo): 10 Pequenos Campos de Jogos (inclui os courts de ténis municipais, campo da EB2,3, e polidesportivos), 1 Grande Campo de Jogos (o Estádio Municipal), 2 complexos de Piscinas Municipais (Vila Velha de Ródão e Fratel), 2 Pavilhões/salas de desporto polivalentes (o ginásio no estádio municipal e o gimnodesportivo da EB1,2,3). Existem ainda, mas sem utilização/manutenção, por ausência de praticantes, dois grandes Campos de Jogos, em Fratel e Sarnadas do Ródão, os quais não são, por esse motivo, considerados para efeitos de contabilização da área desportiva por habitante. A autarquia poderá ponderar a possibilidade de reconversão face ao seu actual abandono e às expectativas de que o actual cenário demográfico se venha a manter. Quadro 74: Número e área (m2) das instalações desportivas, por freguesia, em 2010 Freguesias Fratel Perais Sarnadas de Ródão Vila Velha de Ródão Concelho SDU Total (m2) 1113 800 800 13249 15962 Grandes Campos de Jogos Pequenos Campos de Jogos N.º Área (m2) 1 1 6528 6528 N.º 1 1 1 7 10 Área (m2) 800 800 800 5108 7508 Pavilhões e Salas de Desporto Polivalentes Piscinas N.º Área (m2) N.º 1 Área (m2) 313 2 2 1300 1300 1 2 313 626 Fonte: Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão Todas as freguesias possuem, pelo menos, uma instalação desportiva, verificando-se, no entanto, significativas desigualdades espaciais na distribuição destes equipamentos, quando aferidos com a população residente respectiva. Com efeito, numa análise puramente quantitativa e com os dados populacionais de 2001, as freguesias de Sarnadas de Ródão, Perais e Fratel possuíam uma superfície desportiva útil/habitante pouco superior a 1m2, objectivamente muito abaixo do bastante abaixo do valor indicativo oficial. Em oposição, a sede de freguesia regista uma área desportiva ajustada à população residente na freguesia (3,9 m 2/habitante). Todavia, se se considerar o volume de população estimado para 2009 pelo Instituto Nacional de Estatística, o município regista um excesso de área desportiva/habitante, nomeadamente 4,7 m2/habitante. 26 Ver Anexo com identificação e características das instalações desportivas. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 251 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Quadro 75: Superfície Desportiva Útil por habitante,por freguesia, em 2010 População Freguesias 2001 Fratel Perais Sarnadas de Ródão Vila Velha d Ródão Concelho 760 589 693 2056 4098 2009 SDU/Habitante SDU 2010 3371 1113 800 800 13249 15962 2001 2009/2010 1,5 1,4 1,2 6,4 3,9 4,7 Fonte: Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, 2010 A distribuição dos equipamentos desportivos, em tese, faz-se de forma desequilibrada face aos valores de referência nesta matéria, contudo, estes encontram-se ajustados ao perfil da procura deste tipo de equipamentos pela população potencialmente utilizadora (os jovens). Com efeito, nas aldeias, muito envelhecidas, não se justifica a existência deste tipo de equipamentos (de base formativos), mas sobretudo de base recreativos para que a populaça idosa possa praticar desporto, de forma adequada à sua idade. Na vila, onde se concentra toda a população escolar, mesmo a não residente exclusivamente na sede concelhia, é onde se justifica a maior oferta e diversificação, tal como acontece na realidade. Deste modo, as características demográficas do concelho, que provocam significativas desigualdades espaciais neste domínio são compensadas pela estruturação do funcionamento municipal nomeadamente das redes de equipamentos educativos e culturais, e que, desta forma, justificam a distribuição actual. A distribuição dos equipamentos por tipologias distancia-se significativamente dos valores oficiais, sendo que as salas de desporto e os planos de água possuem um significativo excesso percentual em detrimento das instalações ao ar livre, conforme indicam os valores do Quadro seguinte. Quadro 76 Superfície Desportiva Útil (SDU) recomendada e existente, por tipologia, em 2010 Tipologias Área Recomendada (%) Área Existente (%) Ar livre Salas de Desporto Superfícies de plano de água 95% 2 a 2,5% 1,5% 87,9% 8,1% 3,9% Fonte: Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, Tendo em consideração a dotação actual, as características da população e a tendência para o envelhecimento demográfico, o concelho de Vila Velha de Ródão encontra-se bastante bem dotado ao nível do equipamento desportivo. 13.7.2 Síntese conclusiva Com uma dotação excedentária face aos indicadores oficiais de referência, o concelho de Vila Velha de Ródão dispõe de equipamentos desportivos em quantidade, qualidade e nível de diversificação muito satisfatórios. 252 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Possui 15 instalações desportivas em utilização/manutenção (10 Pequenos Campos de Jogos, 1 Grande Campo de Jogos, 2 complexos de Piscinas municipais, 2 Pavilhões/Salas de desporto polivalentes), as quais permitem uma dotação de 4,7m2 de área desportiva útil por habitante, num contexto em que os exigentes valores de referência apontam para os 4m2. Ainda assim, possui dois grandes campos de jogos abandonados por falta de utilizadores. Complementarmente possui outros espaços de recreio e lazer, também alternativos para a pratica desportiva, mais informal, mas tão ou mais importante, sobretudo para a população mais velha (p.e campo de jogos tradicionais ou parque de manutenção). 13.8 EQUIPAMENTO CULTURAL 13.8.1 Estruturas físicas A dimensão cultural de um município não se mede necessariamente pelo número de estruturas físicas que possui, embora sejam de extrema importância, mas, sobretudo, pela política autárquica de promoção cultural e do dinamismo dos grupos e das associações culturais e recreativas. Em termos de equipamentos culturais (estruturas fixas), existe, no concelho de Vila Velha de Ródão, oferta significativa e diferenciadora, sobretudo se considerada a dimensão populacional do município e a proximidade a Castelo Branco, nomeadamente: Centro Municipal de Cultura e Desenvolvimento de Vila Velha de Ródão, Casa de Artes e Cultura do Tejo, Biblioteca Municipal José Baptista Martins, Associação de Estudos do Alto Tejo, Atelier do Alvaiade, Museu do Azeite, 16 Salões de Festas, Centro Interpretativo da Foz do Cobrão, Imprensa local, Posto de Turismo, 36 Associações Culturais, Desportivas e Recreativas. Para além do significativo número de equipamentos culturais do concelho, a autarquia tem tido um papel dinamizador no domínio da cultura, que tem incluído ou virá a incluir várias actividades, nomeadamente a realização de exposições temporárias de artes plásticas (pintura e escultura), fotografia, espectáculos de teatro, dança, música, ópera, animação circense, projecção de cinema, seminários e conferências e promoção de oficinas artísticas com ateliers e cursos de formação. Das valências culturais existentes, pelas suas características singulares e pelo seu papel preponderante na dinamização e afirmação cultural do município de Vila Velha de Ródão, deve ser dado especial destaque aos seguintes: Complexo Cultural, que alberga dois equipamentos distintos – a Casa de Artes e Cultura e a Biblioteca Municipal José Baptista Martins – é o mais recente e emblemático equipamento cultural do concelho. É um moderno equipamento que pretende ser o “ponto encontro” dos rodanenses com a cultura e é constituído por um amplo auditório e salas polivalentes com potencial para acolher uma variada gama de manifestações culturais; Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 253 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Centro Municipal de Cultura e Desenvolvimento pelas valências e domínios de intervenção que já foram mais abrangentes. No presente encontram-se em funcionamento uma exposição musealizada de arqueologia e desenvolve-se a gestão de actividades desportivas (futebol, ténis) e etnográficas (grupo de cantares). Admite-se que no futuro este espaço possa vir a acolher o Centro de Interpretação da Arte Rupestre do Vale do Tejo (CIARVT), sendo para tal necessária uma requalificação profunda destes espaço; Associação de Estudos do Alto Tejo pelo conjunto de actividades que desenvolve, nomeadamente a defesa do ambiente, desporto ao ar livre, arqueologia, estudo e valorização do património natural e cultural arqueológico e formação e realização de cursos sobre fauna e flora. Centro Interpretativo da Foz do Cobrão, antiga fábrica de fiação até à década de 40, foi recentemente recuperado ao abrigo do Programa Rede das Aldeias do Xisto, com capacidade para 100 lugares, é um espaço para diversas intervenções culturais. No Quadro seguinte apresenta-se a listagem dos equipamentos culturais e das valências existentes no concelho. Quadro 77: Equipamento Cultural e de Recreio do concelho, em 2010 Designação do Equipamento/Tipologia Valências Centro Municipal de Cultura e Desenvolvimento de Vila Velha de Ródão (futuro Centro de Interpretação da Arte Rupestre do Vale do Tejo-CIARVT) . Museu . Actividades desportivas e etnográficas . Auditório Multi-usos . Cinema . Centro de Exposições . Salas polivalentes . Biblioteca . Acesso Internet . Exposição Arqueológica . Documentação Casa de Artes e Cultura do Tejo Biblioteca Municipal José Batista Martins Associação de Estudos do Alto Tejo Número de Unidades Freguesia 1 Vila Velha de Ródão 1 Vila Velha de Ródão 1 Vila Velha de Ródão 1 Atelier do Alvaiade . Atelier de Artes Plásticas 1 Espaço Museológico do Azeite . Museu .Espaço Museológico Polivalente Centro de Interpretação . Salão de Festas . Imprensa Local . Posto de Turismo . Associação 1 Lagar de Varas Centro Interpretativo da Foz do Cobrão Salão de Festas Imprensa Local Posto de Turismo Associação Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão Sarnadas de Ródão Vila Velha de Ródão 16 1 1 36 Vila velha de Ródão Todas as freguesias Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão Todas as freguesias Fonte: Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão É de salientar, no seio da actividade cultural do município, a actividade associativa do concelho, marcada pela existência de um amplo conjunto de 36 associações, com incidência para as actividades desportivas, culturais e recreativas (Quadro 85). Destas, merecem especial destaque pela abrangência das suas intervenções, as seguintes: 254 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 1. Associação de Estudos do Alto Tejo (AEAT). Dispõe de uma rede de formadores para apoiar acções nas seguintes áreas temáticas: i) Educação Ambiental; ii) Estudo, a promoção e defesa do património cultural e natural; iii) Divulgação das Tecnologias da Informação e Comunicação e a elaboração de conteúdos para a Internet. A AEAT promove Inventários e estudos do património arqueológico; Acções de formação em Avifauna, Flora, Arqueologia e Informática; Inventários de fauna e flora, com incidência na realidade local; Recolhas de património etnográfico; Actividades de Ocupação de Tempos Livres (BTT, Passeios Pedestres, Ateliers de reciclagem, etc.); Publicações de carácter científico e didáctico, tais como cartas arqueológicas, estudos sobre monumentos arqueológicos escavados, folhetos de divulgação, dossiers pedagógicos. Dispõe ainda de Biblioteca temática (Ambiente, Etnografia, Arqueologia); Imprensa Regional; Equipamento áudio e vídeo, fotográfico e informático, actualizados. Tem ainda recursos para a observação de aves, à disposição dos interessados; Pastas Temáticas para Educação Ambiental; 2. Associação para o Desenvolvimento da Raia Centro-Sul (ADRACES). Foi criada com o objectivo de valorizar e implementar novas formas de intervenção ao nível das comunidades locais, através da prossecução de politicas de dinamização das zonas rurais. Tem a sua sede em Vila Velha de Ródão e, enquanto Associação Privada sem Fins Lucrativos, a ADRACES tem como missão promover, de forma integrada e sustentável, o desenvolvimento económico, cultural e social das populações das áreas rurais dos concelhos de Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Penamacor e Vila Velha de Ródão. Em termos gerais, a sua acção centra-se nas seguintes áreas: i) Apoio técnico para o desenvolvimento rural, ii) Estímulo ao estabelecimento de parcerias com entidades públicas e privadas nas mais variadas áreas de intervenção; iii) Criação de parcerias transnacionais com o objectivo de acolher e partilhar as boas práticas e de obter informação útil para inovar e renovar as estratégias utilizadas pela Associação. Quadro 78: Associações culturais, recreativas e desportivas existentes no concelho, em 2010 VILA VELHA DE RÓDÃO Freguesia. Associação Actividades Desenvolvidas Associação de Estudos do Alto Tejo (AEAT) Natureza, património, cultura e recreio Grupo Desportivo da Celtejo Desporto Associação Cultural e Recreativa de Sarnadinha Cultura e recreio Associação Recreativa e Cultural do Tostão Cultura e Desporto Associação Recretiva e Cultural do Coxerro Cultura e recreio Associação sócio-cultural de Gavião de Ródão Cultura e recreio Centro Desportivo, Recretivo e Cultural de V.V.Ródão Desporto, cultura e recreio GAFOZ - Grupo Amigos Foz do Cobrão Social, cultura e recreio Corpo Nacional de Escutas Escutismo ADRACES – Ass. para o Desenvolvim. da Raia Centro Sul Gestão e Implementação do Programa LEADER Casa do Benfica de Vila Velha de Ródão Cultura e Desporto Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 255 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão SARNADAS DE RÓDÃO PERAIS FRATEL Freguesia. Associação Actividades Desenvolvidas Núcleo Sportinguista de Vila Velha de Ródão Cultura e Desporto Centro Sócio-cultural e Recreativo de Alvaiade Cultura e desporto Grupo Desportivo dos Bombeiros Voluntários Cultura e Desporto Associação de Caçadores “Portas de Ródão” Cinegética Grupo de Amigos de Vilas Ruivas Cultura e Desporto Agrupamento de Escolas de Vila Velha de Ródão Educação Clube Naútico de Vila Velha de Ródão Desporto Associação de Produtores Florestais do Rio Ocreza Acções de florestação e reflorestação, silvicultura preventiva e projectos florestais Assoc. Desportiva Recreativa e Cultural de Serrasqueira Cultura e desporto Centro Desportivo, Recreativo e Cultural do Montinho Cultura e Recreio Soc. Filarmónica de Educação e Beneficiência Fratelense Social, cultural e desportiva Centro Sócio-cultural de Gardete Cultura e recreio Centro Sócio-cultural da Silveira Cultural e recreativa Centro Cultural, Desportivo e Recreativo de Vilar de Boi Cultura e recreio Associação de Caçadores Caça municipal Casa dos Amigos da Ladeira Cultura e Recreio Associação Desportiva de Alfrivida Cultura e Desporto Grupo Desportivo, Recreativo e Cultural de Monte Fidalgo Cultura e Desporto Associação Desportiva e Cultural de Vale Pousadas Desporto e Cultura Grupo Sócio-cultural dos Povos da Freguesia de Perais Cultura e Desporto Juventude Católica de Sarnadas de Ródão OTL, Cultura, escola de Música Grupo Desportivo, Recreat. e Cultural de Cebolais de Baixo Cultura e Desporto Associação Desportiva e Cultural de Amarelos Cultura e Recreio Associação de Caçadores Caça Associação Desportiva e de Acção Cultural Sardanense Cultura e Desporto Fonte: Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão Outro domínio cultural a considerar, na perspectiva da dinamização e intervenção cultural do município, é a importância da Arte Rupestre que, como é sabido, tem uma presença muito relevante no concelho de Vila Velha de Ródão. A arte rupestre é assumida como património emblemático da região e do concelho, sendo que Vila Velha de Ródão integra o Complexo de Arte Rupestre do Vale do Tejo, o qual abrange ainda territórios dos concelhos de Nisa e de Mação. Neste domínio e dada a importância deste património, constitui, recentemente, um importante equipamento cultural do concelho, o Centro de Interpretação de Arte Rupestre do Vale do Tejo. Como elemento de ampliação da oferta cultural municipal está a intenção da criação de um pólo da Fundação Mestre Cargaleiro (artista de renome internacional que nasceu em Vila Velha de Ródão), nomeadamente o Centro de Formação Artística Manuel Cargaleiro (ateliers e residência), bem como o Lagar de Varas, que virá a funcionar como um espaço museológico polivalente e vários percursos em todo o concelho. 256 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 13.8.2 Síntese conclusiva Este é um dos domínios fortes do investimento e aposta da autarquia e hoje, Vila Velha de Ródão tem uma oferta diversificada e diferenciadora, com importância no panorama regional. São de destacar alguns exemplos, nomeadamente o Complexo Cultural que integra a Casa de Artes e Cultura e a Biblioteca Municipal José Baptista Martins, o Centro Municipal de Cultura e Desenvolvimento, a Associação de Estudos do Alto Tejo, o Centro Interpretativo da Foz do Cobrão. Na senda da aposta na cultura, a autarquia tem a intenção de concretizar o Centro de Interpretação de Arte Rupestre do Vale do Tejo, o Centro de Formação Artística Manuel Cargaleiro, bem como o Lagar de Varas e vários percursos. 13.9 EQUIPAMENTO DE SEGURANÇA E PROTECÇÃO CIVIL As instituições de prevenção e segurança existentes no concelho de Vila Velha de Ródão são a GNR e os Bombeiros, ambos localizados em Vila Velha de Ródão. Os dois equipamentos possuem dimensão suficiente face às necessidades e encontram-se em razoável estado de conservação. Para além destes, existem outros agentes de protecção civil, nomeadamente o Serviço Municipal de protecção Civil, que funciona nos Serviços técnicos do Município e o INEM (Suporte Básico de Vida), que está instalado no Centro Comunitário de Fratel. Quadro 79: Equipamento de Prevenção e Segurança, 2010 Tipo de Unidade Posto da GNR Quartel de Bombeiros INEM (SBV) Serviço Municipal de Protecção Civil Freguesia Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão Fratel Vila Velha de Ródão N.º de efectivos Tipo de Instalações Estado de Conservação Dimensão 16 Próprias Razoável Suficiente 8 (efectivos) 50 (voluntários) Próprias Razoável Bom Suficiente s Suficiente Bom Suficiente Fonte: Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão 13.10 OUTROS EQUIPAMENTOS Para além dos equipamentos retratados, e em conformidade com o explicado no início do presente subcapítulo, existem, naturalmente, outros equipamentos no concelho e que estão identificados na Planta de Equipamentos, nomeadamente Religiosos, de Administração e Serviços Públicos, Comerciais e de Recreio e Lazer. 13.11 CONSIDERAÇÕES FINAIS Embora em presença de um concelho razoavelmente equipado quando dimensionado com a respectiva população, há, no entanto, espaço para: Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 257 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão o reordenamento da rede escolar, já preconizado na Carta Educativa do Município e em fase de conclusão; a ampliação significativa da dotação de estruturas sociais de apoio aos idosos e adequação entre a procura das valências e a procura existente; eventual ampliação dos recursos humanos das Extensões e do próprio Centro de Saúde que se encontram a funcionar, excedendo os limites da sua capacidade e remodelação e/ou substituição da extensão de saúde de Sarnadas de Ródão que funciona em instalações adaptadas. 258 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 14. TURISMO O sector do turismo em Portugal tem vindo a crescer de forma muito significativa, quer em termos de oferta de alojamento e entretenimento, de número de viagens, ou de número de visitas e turistas. Esta realidade tem a ver com o facto de Portugal possuir uma envolvente privilegiada para a consolidação da actividade turística, nomeadamente em função dos seus recursos naturais, culturais e humanos. O turismo é hoje, considerado um sector estratégico prioritário para Portugal não só pelas receitas externas que proporciona, como também pelo potencial que encerra para o combate ao desemprego, para a valorização do património natural e cultural do país, para a melhoria da qualidade de vida da população e para a atenuação das assimetrias regionais. A actual visão para o turismo nacional, patente no Plano Estratégico Nacional de Turismo, aponta para que “Portugal deverá ser um dos destinos de maior crescimento na Europa, através do desenvolvimento baseado na qualificação e competitividade da oferta, transformando o sector num dos motores de crescimento da economia nacional.” Dando consistência a esta ambição, e traduzindo positivamente os esforços e apostas que tem sido materializados neste sector, noticiou-se recentemente que “2010 é já o melhor ano do Turismo Português. As receitas do turismo já ultrapassaram em 44 milhões de euros do ano de 2008, que era considerado até aqui o melhor de sempre para a actividade, revelou o secretário de Estado do Turismo, Bernardo Trindade, na abertura do congresso anual da Associação das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), (…). Nos próximos três anos vão ser gastos 70 milhões de euros na promoção do País, cabendo 45 milhões ao Turismo de Portugal e o restante às empresas e regiões.” (Fonte: DN Economia, de 29/11/2010). Vila Velha de Ródão tem condições para ser contributivo e integrar, na sua quota-parte de potencialidades a estratégia/ambição nacional, devendo aproveitar a escalada dos investimentos previstos para os próximos 3 anos. Numa altura em que as actividades associadas aos sectores primário e secundário continuam a perder importância no concelho (à semelhança do que acontece um pouco por todo o país), o sector terciário assumese cada vez mais como o pivot do desenvolvimento. Dentro deste sector, o Turismo tem vindo a adquirir uma crescente importância na estrutura económica concelhia, quer por razões geográficas – ocupando uma posição privilegiada face a importantes eixos viários e rodoviários e integrando a Turismo do Centro de Portugal, E.R.T. – quer por razões que derivam da sua própria base económica, que à partida tem pouco potencial para florescer autonomamente, em virtude dos poucos recursos endógenos e, sobretudo, da escassa massa crítica. Por este motivo, pelo património natural, arqueológico, cultural, arquitectónico em presença e por se considerar que o Plano Director Municipal de Vila Velha de Ródão deve constituir-se como um instrumento para o desenvolvimento das actividades turísticas, de forma integrada e equilibrada e que se coadune com os restantes Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 259 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão sectores de actividade, assumiu-se como imperativo dar especial destaque ao sector do turismo caracterizandoo num capítulo específico. Como foi já amplamente referido, Vila Velha de Ródão é um concelho relativamente pequeno, tanto em termos territoriais mas, sobretudo, em termos de dimensão humana. Das quatro freguesias do concelho, apenas a Vila Velha de Ródão possui características de maior urbanidade em virtude da presença da vila sede de concelho, ainda assim, com características rurais e sem um centro cívico, propriamente dito; as sedes de freguesia são, nos quatro casos, os maiores aglomerados. Estas características revelam importância quando se trata de avaliar as potencialidades turísticas do concelho e as suas vocações territoriais ao nível da oferta e da procura turística. 14.1 IMPACTES TERRITORIAIS, SOCIOECONÓMICOS E AMBIENTAIS DO DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO O papel das actividades de turismo e lazer no concelho de Vila Velha de Ródão tem de ser perspectivado à luz do balanço entre os impactes positivos e negativos do seu desenvolvimento. É inegável o contributo da actividade turística para o desenvolvimento dos territórios, designadamente nos seguintes aspectos: Criação directa de novos postos de trabalho e aumento do rendimento da população, através dos equipamentos e infraestruturas turísticas e lúdicas; Dinamização e criação indirecta de postos de trabalho em diversas actividades locais, como comércio, serviços e indústrias, pelo facto de serem complementares das actividades turísticas, mas também porque, por via do aumento dos seus rendimentos, pode haver um impacte positivo no consumo da população local; estas actividades podem ainda ter um contributo importante no escoamento dos produtos locais/regionais (artesanais e outros); Melhoria da qualidade de vida da população decorrente, quer do aumento dos níveis de rendimento, quer do desenvolvimento e consolidação dos sistemas de infraestruturas e redes de serviços; Fixação da população jovem, ou mesmo atracção, contribuindo para o rejuvenescimento demográfico ou, pelo menos, para estancar o envelhecimento; Salvaguarda e conservação do património natural e cultural, através da sua valorização turística numa óptica de desenvolvimento sustentável. Estes impactes positivos, a verificarem-se numa escala apreciável, contribuirão para contrariar algumas das principais debilidades que se verificam neste concelho, como sejam a fragilidade da base económica e o reduzido potencial demográfico, evidente no esvaziamento populacional, que se verifica em todas as freguesias. Contudo, há que ter em conta os inconvenientes que as actividades turísticas e lúdicas podem manifestar e que, nalguns casos, podem conduzir a graves problemas que anulam os efeitos positivos daquele desenvolvimento. Apontam-se como factores a acautelar os seguintes: 260 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão A expansão descontrolada da actividade turística, nomeadamente em termos de ocupação do espaço, sem uma adequada salvaguarda dos espaços naturais e sem a necessária infraestruturação e oferta de equipamentos, pode afectar profundamente as condições de valorização económica dos recursos turísticos, que pressupõe um adequado equilíbrio urbano-ambiental; O turismo pode contribuir para a desarticulação dos tecidos produtivos locais na medida em que, sendo uma actividade fortemente consumidora de espaço, pode facilmente entrar em conflito com actividades previamente instaladas; A oferta turística tem de ser desenvolvida numa lógica de integração e complementaridade, sob pena de não ser possível garantir a continuidade e sustentabilidade dessas actividades. O aproveitamento das potencialidades turísticas do concelho de Vila Velha de Ródão, tendo em vista maximizar os impactes positivos desta actividade e minimizar os riscos atrás apontados, passa também pela capacidade de ultrapassar os bloqueios existentes, de forma que o turismo e o lazer se afirmem, efectivamente, como um importante vector de uma estratégia de desenvolvimento global do concelho. Entre esses bloqueios destacam-se os seguintes: Insuficiente articulação nas iniciativas de promoção turística dos diversos concelhos que integram o Turismo do Centro de Portugal, E.R.T. em detrimento da necessária cooperação no sentido de valorizar a Região como um todo, tirando partido das complementaridades e das especificidades de cada concelho; Ausência de recursos humanos locais capazes de sustentar o desenvolvimento de actividades (dimensão demográfica concelhia diminuta e população muito envelhecida) Insuficiente aproveitamento das potencialidades do concelho, associadas ao amplo leque de recursos existentes; Problemas ambientais, ligados sobretudo à actividade industrial mas também, pecuária, ainda por resolver nalgumas zonas; Risco de descaracterização urbanística de algumas aglomerados, limitando, a prazo, a atracção e o desenvolvimento de um turismo qualificado; Falta de espírito empreendedor e capacidade de iniciativa da população residente; Esta avaliação preliminar do que são ou poderão vir a ser os impactes positivos e negativos do desenvolvimento do sector do turismo em Vila Velha de Ródão constituirá o quadro orientador da estratégia a definir neste domínio no âmbito da revisão do PDM, que será desenhada a partir de uma breve descrição dos recursos, do mercado e dos produtos turísticos que este concelho pode vir a oferecer, numa lógica de qualidade e de sustentabilidade. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 261 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 14.2 QUADRO GERAL DAS POTENCIALIDADES DO CONCELHO Quando se trata de caracterizar as potencialidades orientadas para as actividades turísticas e de lazer de um território importa ter em consideração o quadro de mudança da actividade a um nível macro. Podem resumir-se estas transformações com base na ideia de que as motivações e interesses dos turistas têm vindo a ser alteradas, em função de predisposições psicológicas, culturais e sociais que se interligam a factores de conjuntura económica, mas também de natureza cultural. Em traços gerais, o turista tornou-se mais exigente quanto à relação produto-preço, passou a procurar destinos alternativos ao sol e praia, optando por estadias mais curtas, ao mesmo tempo que tem manifestado um interesse acrescido por recursos como o património, a natureza, a cultura, o desporto ou a gastronomia. Para dar resposta a este contexto de procura, emerge a necessidade de se garantir, por parte dos agentes reguladores da actividade turística, uma adequada ocupação territorial, uma acertada defesa dos recursos turísticos e a sua transformação em produtos, assim como uma rigorosa planificação da oferta de alojamento nas suas diversas componentes e modalidades. Além disso, de forma a acompanhar as transformações sentidas no sector, surge a necessidade de desenvolver acções promocionais enfatizantes dos traços distintivos das várias realidades e contextos regionais e que, desta forma, visam divulgar o local como espaço atractivo e espaço turístico. O cenário descrito de evolução da actividade turística tem sido, no entanto, partilhado por problemas estruturais que afectam particularmente as regiões de interior, a que a Beira Interior e o concelho de Vila Velha de Ródão não estão imunes. Entre esses estrangulamentos, pode apontar-se: a reduzida taxa média de ocupação na hotelaria; a acentuação da sazonalidade dos fluxos turísticos; a existência de um turismo de baixos recursos com reduzidas despesas diárias; e um quadro de motivações orientado pela preferência por destinos nas regiões que ocupam maior centralidade. A leitura das potencialidades turísticas do concelho deve ser equacionada, tendo em conta o complexo processo de reajustamento do conceito e do fenómeno do turismo e, necessariamente, do lazer – sector com o qual as actividades turísticas estão fortemente inter-relacionadas. Vila Velha de Ródão, pela sua inserção na Beira Interior, mas também pelos recursos primários de que dispõe, apresenta um leque promissor de potencialidades elementares para o desenvolvimento de actividades turísticas e lúdicas. Em suma, a actividade turística deve ser compreendida e encarada como um elemento complementar a integrar o PDM, no âmbito do qual, a actividade produtiva deve ser valorizada em associação aos recursos endógenos do concelho e da sub-região da Beira Interior. 262 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão De acordo com o quadro de potencialidades existentes no concelho, as motivações turísticas estratégicas situam-se ao nível do património cultural, histórico e arqueológico, do património natural e paisagístico, e dos planos de água. Desta forma, a revisão do PDM de Vila Velha de Ródão assenta no compromisso de evidenciar medidas de actuação que privilegiem e potenciem os recursos existentes, apostando na conjugação de esforços, com vista ao incremento do dinamismo deste território, com características próprias tão importantes e únicas, constituindose como um instrumento que, não só enquadre as potencialidades regionais identificadas, como contribua para a solução eficaz dos problemas económicos e demográficos. O município de Vila Velha de Ródão é banhado pelos rios Tejo, Ocreza e Pônsul, que lhe conferem uma paisagem “verde”, envolta por floresta, campos agrícolas, olival e árvores de fruto. Os vestígios da sua ocupação são vários e remontam a tempos remotos, como comprova o Complexo de Arte Rupestre do Vale do Tejo, onde ainda hoje se podem observar gravações nas rochas com representações de animais, figuras humanas e motivos solares. Importante referência turística no concelho são as Portas de Ródão, classificado como Monumento Natural, “portal imponente e grandioso” que ainda preserva aves em vias de extinção como a cegonha negra, o bufo real e as aves de rapina. De visita obrigatória é também a aldeia tipicamente beirã da Foz do Cobrão, integrada na Rede de Aldeias do Xisto e o Castelo de Ródão (ou do Rei Vamba), antiga fortaleza medieval, excelente representante de torreatalaia edificada em local de valor estratégico e que permite vistas panorâmicas de rara beleza. Vila Velha de Ródão integra o Geopark Naturtejo da Meseta Meridional, considerada a área de excelência na Região Centro para a prática de Turismo de Natureza. Toda esta região oferece excelentes condições para a prática de desportos náuticos, pesca desportiva, escalada, passeios pedestres ou de BTT e caça. A sua vegetação espontânea origina um mel de altíssima qualidade e o cultivo da oliveira em terrenos propícios, aliada a métodos de transformação em lagares tradicionais, fazem do azeite um dos melhores produtos locais. A existência de acessibilidades facilitadas (A23) e de ligação à sede distrital ou ao litoral, a outros centros urbanos e/ou outros espaços turísticos de excelência na região centro, bem como a consistente aposta da autarquia na actividade turística fazem centrar as expectativas de desenvolvimento deste território, em perda demográfica, no turismo e no turismo sustentável. 14.3 ESTRUTURA DOS RECURSOS TURÍSTICOS EM PRESENÇA Considera-se como recurso turístico qualquer elemento natural ou produto da intervenção humana, capaz de motivar a deslocação de pessoas a determinado local ou de ocupar os seus tempos livres. Nesta acepção, Vila velha de Ródão apresenta uma estrutura de recursos turisticamente relevantes, tanto em quantidade, como em diversidade, originalidade e qualidade. Os vectores de diferenciação dos recursos turísticos são definidos com Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 263 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão base em aspectos avaliativos que distinguem o território, tais como: raridade e excepcionalidade, tipicismo, autenticidade e genuinidade dos recursos territoriais – naturais, histórico-arqueológicos e culturais. Com base no pressuposto do carácter de diferenciação do concelho de Vila Velha de Ródão, apresentam-se e descrevem-se sucintamente os principais recursos turísticos existentes, tendo em consideração que muitos deles não são exclusivos deste território, antes conferem uma especificidade à região onde se integra o Concelho em análise. 14.3.1 Recursos Naturais Vila Velha de Ródão é singular pela vasta presença de recursos naturais, sendo que os mais emblemáticos estão integrados no Geopark Naturtejo, o primeiro parque português desta índole integrado na Rede Europeia de Geoparques e que abrange para além deste município, os de Nisa, Castelo Branco, Oleiros, Proença-a-Nova e Idanha-a-Nova. Esta classificação é atribuída em função da presença de um número significativo de sítios de interesse geológico com particular importância, raridade ou relevância cénica/estética, com muito interesse histórico-cultural e da diversidade. Toda a área territorial do município de Vila Velha de Ródão está integrada na área do Geopark, sendo que este município é detentor de 4 geossítios ou geomonumentos classificados, nomeadamente: Portas do Ródão (Vila Velha de Ródão / Nisa); Portas de Almourão (Proença-a-Nova / Vila Velha de Ródão); Tronco Fóssil de Perais (Vila Velha de Ródão); Escarpa de Falha do Ponsul (Nisa / Vila Velha de Ródão / Castelo Branco / Idanha-a-Nova). Este geoparque é, aliás, um expoente de turismo de natureza na região Centro de Portugal e um dos seus pressupostos de base é a aposta num turismo sustentável. Para além destes elementos notáveis, muitos outros se podem encontrar neste território e sobre os quais se dispensam, neste capítulo, grandes pormenorizações por terem sido adequadamente detalhados no subcapítulo 7.2. São eles, enquanto: 1. Elementos Singulares, com elevado destaque na paisagem e interesse turístico e importância regional: Troncos Fósseis do Jardim da Casa das Artes e Cultura do Tejo, Crista quartzítica da Serra das Talhadas e Rios Tejo, Ocreza e Ponsul; 2. Vistas panorâmicas a partir de: Penedo Gordo, Castelo de Ródão, Miradouro de Almourão, Capela de N.ª Sr.ª dos Remédios, Capela de N.ª Sr.ª da Alagada, Ponte do rio Ponsul, Pontes do rio Ocreza, Barragem de Fratel e da Pracana e Serra do Perdigão; 264 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 3. Locais com interesse paisagístico, que se evidenciam pela morfologia do território, pela vegetação, pelas vistas e/ou, pela presença de património construído. Estas áreas apresentam elevada aptidão para pontos/zonas de recreio e lazer. Destacam-se: Conjunto Castelo de Ródão (Castelo do Rei Vamba) e Capela de N.ª Senhora do Castelo, Estação Ferroviária de Fratel, Zona ribeirinha de Vila Velha de Ródão, Capela de N.ª Sr.ª Alagada e Olival secular, Zona fluvial Cobrão/Ocreza, Azenha dos Gaviões, Parque de Merendas de Perais, Vale do ribeiro do Cobrão, Barragens de Cedillo, de Fratel, da Pracana, do Açafal e da Coutada, Fonte das Virtudes, Aldeia do Xisto da Foz do Cobrão e Estratos geológicos das encostas marginais do rio Ocreza; 4. Áreas de valor natural: Montados de sobro e/ou azinho; Zona de Protecção Especial do Tejo, Erges e Ponsul (Rede Natura 2000); e Parque Natural do Tejo Internacional. 5. Percursos com interesse paisagístico: Linha férrea da Beira Baixa, em especial o troço para poente de Vila Velha de Ródão; rio Tejo, entre as barragens de Fratel e Cedillo, passando pelas Portas de Ródão; estrada entre Alfrivida e Ponte sobre rio Ponsul, estrada para Foz do Cobrão, em especial o troço ao longo do rio Ocreza, o percurso ao longo da Serra do Perdigão, e os percursos pedestres classificados PR1 e PR3. Para além destes, verifica-se a presença de valores biológicos, destacando-se espécies e comunidades vegetais de grande interesse ao nível da conservação, como são as comunidades reliquiais de zimbro, Juniperus lagunae, que cobrem as escarpas rochosas da Serra das Talhadas e manchas de matagal mediterrânico. Nestas escarpas nidifica a colónia de grifos mais representativa em território exclusivamente nacional, ocorrendo ainda espécies de aves nidificantes com elevado estatuto de protecção. 14.3.2 Recursos Histórico-Culturais O âmbito dos recursos histórico-culturais promove a articulação entre as componentes arqueológicas, paisagísticas e/ou arquitectónicas do património construído. Estes recursos integram um vasto e valioso leque de vestígios arqueológicos, edifícios de valor patrimonial, bem como algumas aldeias e vila de Vila Velha de Ródão, que constituem conjuntos edificados com importância histórica e arquitectónica. Os factores de identidade, autenticidade e afirmação na Beira Interior são construídos, em grande parte, de usos, costumes e tradições culturais que, na óptica dos recursos, contribuem para aumentar os níveis de atractividade do território em referência. A crescente valorização das manifestações culturais tradicionais é um factor vantajoso para uma região que mantém vivas diversas feiras, festas, romarias, danças e cantares. As manifestações culturais, a gastronomia e os produtos agro-alimentares tradicionais, bem como os museus existentes, constituem um património identitário que promove aspectos diferenciadores da cultura regional. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 265 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Determinado pela posição geográfica, Vila Velha de Ródão, foi sempre, ao longo da história, um importante ponto de passagem, quase obrigatório para quem, no interior se deslocava para o litoral, sendo que as marcas da presença humana neste território remontam às épocas mais recuadas da história. E, curiosamente, ao contrário do que acontece na maioria do casos, sobre o passado de Vila Velha de Ródão, existe uma maior riqueza em fontes arqueológicas (períodos pré-histórico e romano) do que dados relativos a épocas mais recentes. Com efeito a nível arqueológico, Vila Velha de Ródão é um dos concelhos da Beira Interior mais conhecidos e estudados por especialistas da pré-história, sendo que deste os anos 70, as margens do tio Tejo foram prospectadas e revelaram um espaço privilegiado para o estudo da presença ou passagem do Homem. Das estações arqueológicas existentes, destacam-se a do Monte do Fármaco (Paleolítico Inferior), a de Vilas Ruivas (Paleolítico Médio) e Foz do Enxarrique (Paleolítico Médio-Superior). Do período neolítico, a estação arqueológica mais importante é o povoado da Charneca. Por fim, de referir as estações de Arte Rupestre do Vale do Tejo, que se situam em ambas as margens do Tejo e nos seus principais afluentes, e que abrangerão um período vasto, desde o Paleolítico à Idade do Ferro. A maior parte delas encontra-se submersa devido à construção da barragem de Fratel e presentemente são visíveis apenas alguns núcleos. Das épocas posteriores poucos vestígios são conhecidos, ainda que sejam conhecidas mais algumas estações e vestígios de valor (capítulo 10). No que respeita ao património edificado, são considerados elementos com interesse turístico os diversos imóveis e sítios arqueológicos enunciados no capítulo relativo aos Valores Culturais. Em jeito de listagem, enumeram-se, os seguintes: 1. Imóveis de Interesse Público: Pelourinho de Vila Velha de Ródão (Vila Velha de Ródão); Estação Arqueológica da Foz de Enxarrique (Vila Velha de Ródão) e Castelo de Ródão e Capela de Nossa Senhora do Castelo, também denominado Castelo do Rei Vamba; 2. Imóveis de Interesse Municipal: Túmulo de Santo Amaro e Lagar de Varas do Cabeço das Pesqueias; 3. Arquitectura religiosa. Para além dos imóveis classificados, existem vários testemunhos importantes de arquitectura religiosa, destacando-se a Igreja Matriz e a Capela de Nossa Senhora da Alagada na sede de concelho, embora existam também interessantes exemplares nas outras freguesias. 4. Arquitectura Civil Pública e Privada. Vários são também os elementos do património público, com especial destaque para o antigo Hospital da Misericórdia, o Centro Municipal de Cultura e Desenvolvimento, as pontes do Ródão e do Cobre, a Casa de Artes e Cultura do Tejo, as estações de caminho de ferro de Fratel e Sarnadas de Ródão. Da arquitectura privada, destacam-se a Casa Grande, algumas casas solarengas (em Gavião de Ródão, Sarnadas de Ródão e Vila Velha de 266 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Ródão), bem como várias casas tradicionais de pedra, de que a Aldeia do Xisto de Foz do Cobrão é o melhor exemplar. A Aldeia do Xisto de Foz do Cobrão é um caso a merecer destaque pelas consequências turísticas que o sucesso desta iniciativa tem capitalizado, sendo uma das 23 pequenas aldeias de elevado valor patrimonial e social que foram alvo de um programa de requalificação que permitiu a grande parte delas adquirir potencial humano e desenvolvimento, transformando-os em pólos de atracção turística. Este projecto tem vindo a unir inúmeros agentes e dinamizando muitas acções de animação em torno destes valores patrimoniais. Foz de Cobrão é um caso de sucesso na medida em que se tornou um efectivo pólo turístico, sendo que as intervenções previstas para a aldeia ainda não foram todas concluídas. Para as Aldeias do Xisto em geral e a de Foz de Cobrão em particular pretende-se a criação de um produto turístico de excelência no contexto regional e nacional, associado ao turismo cultural, de natureza e à vida activa. Sítios e conjuntos com interesse, considerados todos aqueles que constituem uma associação entre obras da natureza e do homem, com valor histórico, natural ou social e que se assumem como uma mais-valia do ponto de vista patrimonial. Enquanto Sítios, estão identificados os seguintes: Ponte sobre o rio Ocreza, Portas de Almourão, rio Ocreza, junto à ponte dos Bugios, Azenha dos Gaviões, rio Ponsul, Penedo Gordo (Miradouro), Albufeira do Cedillo, Ancoradouro de Perais, rio Tejo e Estação do Alagadouro, Estação do Monte do Famaco, Recinto da Nossa Senhora da Alagada e Olival Secular, Estação do Enxarrique e envolvente ao Cais de Ródão, Portas de Ródão, Fonte das Virtudes, Rio Tejo, próximo de Vilas Ruivas, Zona de Pesca da Carepa, Barragem da Pracana, Barragem do Fratel e Estação de Gardete. Enquanto Conjuntos, a Aldeia da Foz do Cobrão, Núcleo Antigo de Fratel, Núcleo Antigo de Perais, Núcleo Antigo de Sarnadas de Ródão e Núcleo Antigo de Vila Velha de Ródão. De todos os exemplares elencados, são de visita obrigatória os seguintes: Ponte do Cobre, sobre a Ribeira do Açafal; Castelo de Ródão e Capela da Senhora do Castelo; Pelourinho de Vila Velha de Ródão; Igreja Matriz; Aldeia de Foz do Cobrão; Capela de Nossa Senhora dos Remédios em Alfrívida. Ao nível da gastronomia, as potencialidades de Vila Velha de Ródão traduzem parte da cultura tradicional da Beira Interior, pelo que é de notar as suas vocações produtivas, essencialmente ao nível das sopas de peixe, lampreia, caldeirada de enguias, sopas de boda, feijão frade com salada de almeirão, cabrito assado no forno, e ao nível da doçaria os nógados e as pantufas. Associado a estes recursos de qualidade, em termos de suporte à Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 267 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão actividade turística, assumem elevada importância, ainda que poucos, os restaurantes com pratos típicos e que constituem importantes veículos da cultura tradicional e das identidades locais no que respeita à alimentação. A qualificação de produtos tradicionais, detentores de nome protegido no espaço comunitário, vem contribuir para divulgar as potencialidades da Beira Interior e as suas tradições alimentares. Assim, as normas europeias vieram regulamentar o processo de produção de sabores regionais, o qual fica completo com o controlo e certificação que garante a genuinidade e qualidade de produtos. A origem, assim como os factores naturais e físicos que influenciam directamente a sua produção são aspectos centrais para a protecção de um nome. Assim, o concelho de Vila Velha de Ródão integra zonas de produção (Denominação de Origem Protegida ou Identificação Geográfica Protegida) dos seguintes nomes protegidos: Azeite da Beira Baixa (DOP), Queijo Amarelo e Queijo Picante (ambos DOP Beira Baixa), Queijo de Castelo Branco (IGP); Borrego da Beira (IGP), Cabrito da Beira (IGP). No que ao artesanato diz respeito, o concelho de Vila Velha de Ródão é conhecido pelas suas tradições em trabalhos em madeira e pedra, tecelagem manual e rendas e bordados, ferro forjado e artes decorativas e cadeiras de palha. 14.3.3 Infraestruturas Turísticas e/ou complementares da actividade turística Iniciada a aposta, há alguns anos, na vitalização turística deste concelho, foram já desenvolvidos vários projectos, bem como estão outros em avaliação/estudo, de infraestruturação turística ou de outros tipos, mas complementares da actividade turística. Das obras já realizadas e em funcionamento/utilização, destacam-se: 1. Aldeia de Foz do Cobrão (pertencente à Rede de Aldeias do Xisto); 2. Centro Interpretativo da Foz do Cobrão; 3. Campo Aventura - É o ponto de encontro para a realização de um leque muito alargado de actividades de turismo activo e de natureza dentro e fora do espaço para o efeito; 4. Escola de Escalada; 5. Cais Fluvial e Centro Náutico 6. Casa das Artes e Cultura do Alto Tejo; 7. Parque de Caravanismo em Fratel e Parque de Campismo e Caravanismo em Vila Velha de Ródão, junto ao cais fluvial; 8. Lagar de Varas (espaço museológico polivalente, classificado como Imóvel de Interesse Municipal); 9. Campos de Jogos tradicionais; 10. Vários Parques Infantis e Parques de Merendas 268 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Neste âmbito, têm especial relevância a actuação particular de duas associações, pelo seu papel activo no desenvolvimento rural e na preservação, potenciação e divulgação do património cultural e natural: a AEAT e a ADRACES, cujo âmbito de actuação está descrito no capítulo anterior. 14.3.4 Outros Recursos de Suporte A dotação de alojamento, restauração e animação turística são o lado mais visível do conjunto de recursos de suporte à actividade turística. Por esse mesmo motivo são abordados de forma mais exaustiva nos pontos seguintes. Pode, contudo, afirmar-se, desde já, que o alojamento e a restauração são os domínios mais carenciados, já que a animação turística é relevante e tem vindo a ampliar o âmbito das actividades. Para além destes existem outros serviços e/ou infraestruturas que são essenciais ao desenvolvimento turístico, e que sem eles, o mesmo poderá estar comprometido, como é o caso da informação turística. A informação turística é prestada maioritariamente no Posto de Turismo de Vila Velha de Ródão, que funciona nas amplas instalações da Casa das Artes e Cultura do Tejo e com funções regulares. Todavia, o problema que se coloca relativamente a este último aspecto relaciona-se com os horários de funcionamento que não se compatibilizam, por vezes, com os períodos de maior procura turística e, por isso, sendo pautados pelos horários normais dos serviços públicos, revelam-se, por vezes inadequados às necessidades reais. O concelho dispõe ainda de um Roteiro Turístico e outro material de divulgação dos recursos turísticos municipais Existem infraestruturas, equipamentos e serviços diversos que, a par dos restantes já identificados, condicionam de igual forma a procura turística e que desempenham (ou deveriam desempenhar) um papel fomentador da atractividade dos lugares. Muitos deles estão directamente relacionados com os recursos turísticos ou emergem destes e revestem-se de uma função comum: organizar, orientar e apoiar a visita e a estadia no concelho. Este conjunto de estruturas de apoio à actividade turística engloba, essencialmente: agências de viagens e rent-a-car e as referidas empresas de animação, estas últimas responsáveis pela oferta de estruturas e equipamentos de suporte ao desenvolvimento de produtos autonomizados, como o turismo de natureza, as actividades náuticas, as feiras e exposições, as actividades ao ar livre e associadas a desportos radicais (slide, rapel, canoagem, escalada, BTT, passeios pedestres etc.). Neste aspecto, Vila Velha de Ródão não possui nem agências de viagens, nem serviço de rent-a-car, o que motivará, quando necessário, o recurso a estes serviços em Castelo Branco. Existe também uma diversidade de festas, feiras e romarias que preenchem o calendário de Vila Velha de Ródão e que são manifestações da cultura, bem como eventos desportivos que mobilizam visitantes ao concelho, sendo de destacar neste âmbito, as Feiras do Carnaval (Vila Velha de Ródão), da Primavera (Fratel), das Cerejas (Vila Velha de Ródão), de São Mateus (Fratel) e Feira do dia de Todos-os-Santos (Vila Velha de Ródão). Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 269 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Para além dos equipamentos e serviços orientados para o turismo, existe um conjunto diverso de outros factores de suporte a esta actividade, igualmente importantes para o seu desenvolvimento. Um dos principais aspectos relaciona-se com as acessibilidades que, sobretudo a nível externo, são plenamente favoráveis ao desenvolvimento da actividade turística e à mobilidade geográfica no seu todo. Ao nível da rede rodoviária, Vila Velha de Ródão usufrui directamente, a nordeste, de um nó num eixo estruturante de ordem nacional, A23, que assegura ligações aos centros urbanos portugueses de influência distrital e nacional, sendo que o nó de acesso a este eixo faz-se dentro do concelho de Vila Velha de Ródão. Tem também ligação próxima a um eixo de carácter nacional e regional, o IC8, que liga Figueira da Foz a Castelo Branco. O transporte ferroviário assume uma expressão significativa no contexto sub-regional, e Vila Velha de Ródão é servido pela Linha da Beira Baixa, que liga Lisboa à Covilhã e Guarda e se articula com a linha do Norte a partir do Entroncamento. A linha da Beira Baixa inclui comboios inter-regionais com paragem obrigatória em Vila Velha de Ródão e Fratel, sendo que desta forma é seja um serviço que atende também às necessidades dos turistas. O transporte público rodoviário possui uma cobertura territorial relativamente satisfatória, embora com algumas debilidades, conforme já assinalado. Garante ligações entre os vários aglomerados do município e os concelhos vizinhos através da empresa Rodoviária da Beira Interior. Parte dos autocarros sai de Vila Velha de Ródão e assegura as ligações às restantes freguesias e outras saem das freguesias em direcção a Castelo Branco. Destas, destacam-se as ligações entre Sarnadas e Castelo Branco, com o maior número de ligações diárias. Também Vila Velha de Ródão e Fratel possuem ligações diárias a Castelo Branco, sendo Perais a que está pior servida das ligações à capital de distrito. Os equipamentos de saúde e de segurança pública são aspectos importantes e que suportam a actividade turística. Embora as unidades de saúde existentes estejam com o atendimento sobrecarregado, a proximidade geográfica ao Hospital Amato Lusitano, em Castelo Branco constitui um factor positivo de suporte à actividade turística. A mesma facilidade se coloca relativamente aos serviços de segurança e protecção civil. 14.4 DINÂMICA DO EMPREGO E ESTABELECIMENTOS DAS ACTIVIDADES ECONÓMICAS CENTRADAS NA ESFERA TURÍSTICA O alojamento e a restauração nos estabelecimentos com pessoal ao serviço têm um desenvolvimento muito reduzido no município de Vila Velha de Ródão. No período compreendido entre 1995 e 2009 não se registaram sinais significativos de mudança. A sua importância no conjunto das actividades económicas concelhias tem-se posicionado nos 3 a 4% da afectação do emprego e nos 7 a 8% nos estabelecimentos. 270 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Figura 50: Peso do emprego e dos estabelecimentos no “Alojamento, restauração e similares” no total das actividades económicas do concelho, entre 1995 e 2009 100% 80% 60% 40% 20% 3,4 0% 1995 3,4 4,0 2004 2009 8,3 7,0 1995 Emprego 7,7 2004 2009 Estabelecimentos Alojamento, Restauração e similares Outras actividades Fonte: Quadros de Pessoal, GEP, do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social Na realidade, ao carácter incipiente que estas actividades detêm no município associou-se uma ligeira inflecção, como aliás aconteceu nas outras actividades económicas, entre 2004 e 2009. Já referido no capítulo 6, e de acordo com as estatísticas dos Quadros de Pessoal, em 2009, 60% dos trabalhadores e 38% dos estabelecimentos com pessoal ao serviço exerciam a sua actividade no sector terciário da economia. Por sua vez, naquela data, as Actividades de “Alojamento, Restauração e Similares” representavam apenas 9% do emprego e 13% dos estabelecimentos do terciário. Quadro 80: Emprego e Estabelecimentos na Secção I (CAE Rev.3), no concelho, entre 1995 e 2009 CAE REV.3 (Secção, Divisão e Grupo) Estabelecimentos Emprego 1995 2004 2009 1995 2004 2009 0 0 1 0 0 3 561 – Restaurantes* 3 3 1 11 17 3 563 - Estabelecimentos de bebidas 2 5 5 10 12 17 Total 5 8 7 21 29 23 I – ALOJAMENTO, RESTAURAÇÃO E SIMILARES 55 - Alojamento 551 - Estabelecimentos Hoteleiros 56 – Restauração e similares *(inclui actividades de restauração em meios móveis) Fonte: Quadros de Pessoal, GEP, do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social Não apresentando valores absolutos muito expressivos porque a realidade sócio-demográfica e económica apresenta determinadas debilidades e reduzida dimensão, a evolução ocorrida entre 1995 e 2009 é reveladora de um muito ligeiro incremento, sobretudo, do emprego nos estabelecimentos de bebidas, ao contrário do que aconteceu no caso dos restaurantes. Contudo, no conjunto das actividades de “Alojamento, Restauração e Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 271 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão similares”, o emprego e o número de estabelecimentos mantiveram-se praticamente inalterados, traduzindo, assim, o seu fraco dinamismo. Esta análise deve, contudo ser realizada com a devida ponderação. A informação do quadro anterior contabiliza apenas os estabelecimentos e o emprego das empresas com pessoal ao serviço, sendo que as unidades familiares não são, assim, contabilizadas, todavia, corresponderão à maioria dos casos registados em Vila Velha de Ródão. De facto, o levantamento funcional efectuado em todas as freguesias (2010) registou a existência de 27 estabelecimentos de bebidas (cafés, pastelarias, snack-bares) e 11 restaurantes em todo o concelho. 14.5 OFERTA E PROCURA TURÍSTICA Alojamento Uma das grandes apostas para o desenvolvimento do concelho de Vila Velha de Ródão reside no desenvolvimento de actividades turísticas e de lazer, as quais se encontram directamente dependentes da criação de alojamento, o qual é bastante diminuto. Numa abordagem regional, conforme os dados do Anuário Estatístico da região Centro, e independentemente dos critérios de apuramento e classificação das unidades, os estabelecimentos hoteleiros da Beira Interior Norte totalizavam, em 2009, as 13 unidades, sendo que neste contexto Vila Velha de Ródão e Penamacor não teriam nenhum hotel, pensão ou outros estabelecimentos. Quadro 81: Estabelecimentos Hoteleiros e Capacidade de Alojamento respectiva, em 31/07/2009 Unidade Territorial Centro Beira Interior Sul Castelo Branco Idanha-a-Nova Penamacor Vila Velha de Ródão Estabelecimentos Capacidade de alojamento Total Hotéis Pensões Outros Total Hotéis Pensões Outros 413 13 6 7 - 167 6 2 4 - 196 6 3 3 - 50 1 1 - 38.605 1.337 704 633 - 23.859 743 331 412 - 10.024 501 280 221 - 4.722 93 93 - Fonte: INE, Anuário Estatístico da Região Centro, 2009 (edição de 2010) Dados do Turismo de Portugal, I,P. e da autarquia, dão indicação de que existem 10 unidades de alojamento turístico no concelho, sendo que: 5 são Empreendimentos de Turismo no Espaço Rural, embora destes só a Casa da Meia Encosta possua a classificação conforme a legislação vigente. Para os restantes, aguarda-se a respectiva reclassificação e/ou licenciamento; 2 são Parques de Campismo e Caravanismo (1 em Vila Velha de Ródão e outro, embora só Parque de Caravanismo, em Fratel); 272 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 3 são unidades de Alojamento Local (um é o Complexo Turístico de Portas de Ródão cuja intenção autárquica consiste na sua alienação e futura realização de obras para a sua classificação como Hotel; as outras duas unidades são Moradias (particulares, com quartos disponíveis para alojamento). Quadro 82: Alojamento Turístico (Empreendimentos Turísticos e Alojamento Local) no concelho, em 2010 Designação Localização (freguesia/lugar) Modalidade Nº de quartos Nº de camas TER TER a) TER a) TER a) TER a) Parque Campismo Parque de Caravanismo 2 4 2 4 b) b) 3 5 2 4 Capacidade: 40 caravanas Capacidade:30 tendas e 40 caravanas EMPREENDIMENTOS TURÍSTICOS Casa da Meia Encosta* Casa do Cerro Casa Tapada da Tojeira Moradias Além do Mar VVRódão/Foz do Cobrão VVRódão/Foz do Cobrão Parque de Campismo e Caravanismo Silveira VVRódão/Vale do Cobrão Vila Velha de Ródão Fratel Parque de Caravanismo ALOJAMENTO LOCAL Complexo Turístico Portas de Ródão João Alves Pereira Eugénio Teixeira Carvalho Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão a) Moradia Moradia Total 16 7 32 14 4 +- 36 8 +- 71 * Classificado pelo Turismo de Portugal, I.P.; a) Aguarda regularização e/ou reclassificação; b) a completar Fonte: Turismo de Portugal, IP e Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão Mesmo não se conhecendo a totalidade da capacidade do alojamento instalada e não contando com os Parques de Campismo e Caravanismo, ela não ultrapassará os 40 quartos, tornando-se evidente a parca oferta de alojamento, embora sejam conhecidas novas intenções neste domínio. Estas, apesar de não virem alterar substancialmente a dotação actual, contribuirão certamente para incrementar este domínio. Do total de alojamentos turísticos, destaca-se o único classificado pelo Turismo de Portugal, cuja classificação é um símbolo de exigência e uma referência de qualidade para os agentes do sector e para os turistas em geral, que é a Casa da Meia Encosta (Casa de campo), localizada na Foz do Cobrão (antiga Escola Primária), com 2 quartos e 4 camas, propriedade da câmara Municipal. À imagem da Casa da Meia Encosta, a Autarquia pretende promover outro novo projecto, com características semelhantes, como é o caso da Casa da Escola, em Perais. Também o Grupo de Amigos da Foz do Cobrão (GAFOZ) pretende instalar mais uma unidade de turismo rural na aldeia. Complementarmente e no sentido da potenciação do turismo de natureza, a Autarquia tem a intenção de criar mais três Parques de Campismo Rurais, em Foz do Cobrão, Fratel e Perais. Mais do que quaisquer outros, estes parques de campismo, pela natureza que assumem, serão fortemente contributivos para consolidar a aposta no turismo de natureza. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 273 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Animação Turística A animação turística, entendida como a organização e a venda de actividades recreativas, desportivas ou culturais, em meio natural, ou em instalações fixas destinadas ao efeito, de carácter lúdico e com interesse turístico para a região em que se desenvolvem pode ser promovida pela Autarquia ou outros agentes locais e pelas empresas de animação turística. O turismo de natureza tem na região onde Vila Velha de Ródão se integra um dos destinos com maior qualidade e notoriedade em Portugal. Aqui, se encontra reunido a Aldeia do Xisto com toda a sua tradição, o Tejo Internacional com o elevado património natural e histórico sendo também a principal porta de entrada para o Geopark Naturtejo. Tirando partido deste leque de recursos, em Vila Velha de Ródão são desenvolvidas várias acções de animação turística (turismo activo e natureza) das quais se destacam o Pedestrianismo. Existem homologados as seguintes rotas: A Rota da Invasões (PR1) é um percurso pedestre homologado pela Federação Portuguesa de Campismo e promovido pela Associação de Estudos do Alto Tejo e pela Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão. Este percurso tem por tema os monumentos militares estrategicamente implantados neste concelho, por ser uma das entradas naturais em Portugal, de modo a constituírem uma barreira aos exércitos invasores (na Guerra dos Sete anos, a Guerra da Sucessão de Espanha e a 1ªInvasão Francesas, nos séculos XVII e XIX). É um percurso de pequena rota com 8km em circuito e inicia-se em Vila Velha de Ródão. Pontos de Interesse: 1 - Baterias da Achada e Batarias, 2 – Vista Panorâmica para as Portas de Ródão e o Castelo do Rei Vamba; 3 – Bateria “Torre Velha”; 4 – Garganta das Portas de Ródão; 5- Barroca da Senhora. O Caminho do Xisto da Foz do Cobrão (PR3), também homologado pela FPC e promovido pela Câmara Municipal, a empresa Incentivos Outdoor e o GAFOZ. O Caminho do Xisto da Foz do Cobrão é um percurso circular com uma distância de 11.300 km podendo ser percorrido em ambos os sentidos. O percurso tem o seu início junto à Igreja da Foz do Cobrão, junto a um miradouro sobre o rio Ocreza. Os pontos de interesse deste percurso são: 1 - Portas do Vale Mourão; 2 - Meandros do Rio Ocreza e Ribeira do Alvito; 3 - Piscina Fluvial; 4 Casa de Turismo de Natureza; 5 - Conjunto de Moinhos de Água. A Associação de Estudos do Alto Tejo (AEAT) tem já em processo de avaliação/estudo e/ou candidaturas mais alguns percursos, nomeadamente: 1. PR “Muros Apiários” - Estrada da Telhada – Perais 2. PR “Rota das Mamoas” – Fratel 3. PR “Caminho das Virtudes” - Vilas Ruivas/V.V.Ródão 274 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 4. PR “Rota do Cobre” – Vila Velha de Ródão 5. PR “Rotas das Fontes”, em Sarnadas do Ródão 6. PR’s na aldeia da Foz do Cobrão 7. PR’s nas Portas do Almourão Das empresas de animação turística e agentes que operam em Vila Velha de Ródão, destaca-se pela variedade, dimensão e dinamismo, a empresa Incentivos Outdoor, embora existam outras, sendo que a Autarquia é promotora de vários eventos, em parceria ou não. Incentivos Outdoor Trata-se de empresa de animação turística, implantada no concelho de Vila Velha de Ródão, desde 2005, embora tenha sido fundada em 1993. Localizada numa região de excelência para a prática do turismo de natureza, a empresa disponibiliza um leque variado de actividades de desporto e de lazer, nomeadamente: Passeios de barco - Partida do cais fluvial de Vila Velha de Ródão para observação das gravuras rupestres do Alto Tejo. Estes passeios realizam-se diariamente tendo como vista obrigatória as Portas de Ródão, local de nidificação da maior colónia de Grifos na Europa. O Tejo Internacional é hoje um dos principais santuários para a vida selvagem em Portugal; Escola de Escalada do Castelo - A Escola de Escalada do Castelo, projecto de parceria entre a Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão e a empresa Incentivos Outdoor, Lda tem como objectivo de criar e manter um espaço destinado à prática da escalada e ao desenvolvimento da actividade turística no sector do turismo activo e de natureza no concelho de Vila Velha do Ródão. Este espaço tem disponível, actualmente, 12 vias de escalada devidamente equipadas e está implementada na zona quartzítica do Castelo do rei Vamba em Vila Velha de Ródão. Percursos pedestres – Realiza vários percursos, destacando-se o “O Voo do Grifo (Vila Velha de Rodão - Foz do Cobrão), 12km e cerca de 3h30. É um percurso com 500.000 milhões de anos de história, serpenteando o rio Ocreza e as Portas do Vale Mourão. Durante o passeio é possível visitar o lagar da aldeia, o forno comunitário e os moinhos de água ao longo da ribeira do Cobrão. Canoagem – O rio Ocreza é o único rio que permite descida de rápidos no Geopark Naturtejo. Este programa é destinado para os amantes de aventura e que queiram ter uma nova experiência de canoagem e tem início na aldeia de Foz do Cobrão. No âmbito destas actividades-base, a Incentivos Outdoor promove variados programas ao longo do ano, tais como Passeios Escolares, Fim-de-Semana do Azeite, Fim-de-semana no Geoparke, Passeios de Moto4 e barco, Cursos de observação de aves, Grifos do Tejo online, Há ouro na Foz (actividades de prospecção de ouro nas margens do rio ocreza), Fim de ano em Vila Velha de Ródão, entre outros. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 275 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Naturtejo- EIM Esta empresa intermunicipal de turismo disponibiliza vários programas para quem procura aventura, natureza, gastronomia, animação ou tranquilidade, saúde e bem-estar. Existem vários Programas Temáticos, para revelar o Geopark Naturtejo. Os principais temas de programas de 3 dias são as Rotas do Fósseis, do Contrabando, da Aventura no Ar, dos Aromas e Sabores, das Aldeia Históricas, Em…cantos de Nisa, da Arte Rupestre e dos Abutres. Caminhos com Vida - Turismo Cultural e Ecoturismo, Lda É uma empresa que se dedica à organização de actividades de animação turística e desenvolvimento de projectos de Ecoturismo, turismo cultural, interpretação do património, passeios pedestres, educação ambiental, conservação da natureza e desenvolvimento local. Os locais onde exercem actividade são vários e aqueles que incidem no território de Vila Velha de Ródão são: Parque Natural do Tejo Internacional, Monumento Natural das Portas de Ródão, Portas do Almourão, Amieira do Tejo, rio Ocreza e Gravuras Rupestres. No âmbito das visitas temáticas em meio natural e das actividades para seniores realizam a: Visita às Portas de Ródão. A actividade inclui um pequeno passeio pedestre para visita às árvores petrificadas (fósseis), passeio de barco pelo rio Tejo para observar toda a grandiosidade natural das Portas (maciço rochoso atravessado pelo rio) e almoço em restaurante tradicional. No âmbito dos Passeios Pedestres realizam o Caminho do Xisto da Foz do Cobrão. 14.6 PAPEL DO TURISMO NO DESENVOLVIMENTO DE VILA VELHA DE RÓDÃO27 A estratégia de desenvolvimento do município de Vila Velha de Ródão, em implementação pela Autarquia, está alicerçada em 3 Orientações Estratégicas (1 – Um concelho com bilhete de identidade e história; 2 – Um concelho onde sabe bem viver; 3 – Um concelho com futuro), cada uma das quais com objectivos definidos e projectos em implementação ou a implantar, sendo que a vertente turística é transversal a todos elas. A Visão para o município é “Qualificar a trajectória de desenvolvimento do concelho de Vila Velha de Ródão melhorando a qualidade de vida e a coesão social e promovendo o reforço da sua base de sustentação económica com base nos recursos próprios e nas vocações específicas”. No primeiro caso, um concelho com bilhete de identidade e história, pretende-se: a) Assumir e valorizar o lastro da história; b) Identificar e explorar os factores identitários; c) Promover acções de valorização da imagem; d) Incrementar uma cidadania activa e participada; 27 Informação retirada do Plano de Desenvolvimento Estratégico do Município de Vila Velha de Ródão 276 (2004) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão e) Criar mecanismos para projectar a autarquia e melhorar a informação inter-regional; f) Criar condições de protagonismo cultural no concelho. Interessa, assim, afirmar o concelho como espaço de referência em termos de organização territorial, de qualidade urbanística e de valorização dos seus recursos naturais segundo padrões exigentes de ordenamento e de qualidade ambiental. Colocar o concelho de Vila Velha de Ródão no contexto nacional como centro mobilizador de ideias, de projectos, de decisões e de recursos para o investimento em iniciativas de âmbito intermunicipal ou regional, significa potenciar um novo modelo e nova dinâmica de desenvolvimento local, assente no interesse supra-municipal. A segunda ideia fundamental, um concelho onde sabe bem viver, orienta-se no sentido de: a) Aprofundar e valorizar a frente ribeirinha; b) Conservar e proteger a diversidade paisagística e biofísica; c) Assumir a excelência em matéria de protecção ambiental e dos recursos naturais; d) Procurar a coesão da rede urbana. É necessário, então, implementar a atractividade do concelho como espaço de vivência de qualidade, de identidade multi-cultural e de participação activa dos cidadãos na vida pública, na perspectiva de projecção duma inflexão da dinâmica demográfica e da sua capacidade de mobilização para o desenvolvimento e bemestar do concelho. Finalmente, o último vector estratégico, um concelho com futuro, objectiva: a) Assumir o desafio de formação e ajustar a oferta às necessidades reais e emergentes no tecido produtivo; b) Melhorar as condições de acolhimento e promoção empresarial;Valorizar economicamente o património histórico e natural;Promover os produtos e serviços locais nos mercados regionais e nacional;Dotar o concelho de infra-estruturas e equipamentos indispensáveis ao desenvolvimento da actividade turística;Promover no exterior a imagem de concelho turístico. Genericamente, importa afirmar a competitividade do concelho enquanto centro de modernidade e pulsação económica, na vertente do seu desenvolvimento económico e empresarial e, portanto, da capacidade de gerar e reter mais rendimentos, mais riqueza, maior bem-estar. No quadro seguinte sistematizam-se as ideias-base da estratégia prosseguida e destacam-se os projectos já concretizados ou em vias de concretização. Quadro 83: Síntese da estratégia de Desenvolvimento de Vila Velha de Ródão, em curso (Orientações estratégicas e projectos) Orientação Estratégica (OE) 1 Orientação Estratégica (OE) 2 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Orientação Estratégica (OE) 2 277 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão UM CONCELHO COM BILHETE DE IDENTIDADE E HISTÓRIA Reforço das Trajectórias Identitárias, de Coesão Social e de Afirmação Territorial UM CONCELHO ONDE SABE BEM VIVER Qualificação dos Elementos de Qualidade Urbana, do Meio Ambiente e da Paisagem Projectos ▼ Rotas Parque Temático Histórico Imagem de marca do concelho UM CONCELHO COM FUTURO Dinamização Socioeconómica, Elevação dos Patamares de Competitividade e Diversificação da Base de Sustentação Projectos ▼ Plano Agro-florestal para o concelho POA de Fratel Roteiro do Património natural e construído do concelho Classificação das Portas de Ródão património da humanidade (UNESCO) Aproveitamento dos aquíferos para termalismo e água de mesa Estudo das Potencialidades do concelho para aproveitamento da energia eólica; Valorização Turística-recreativa da frente ribeirinha Projectos ▼ Centro de Incubação de Empresas Central Abastecedora Centro de Formação Artística Manuel Cargaleiro Parque de Campismo Centro Náutico Casas de Aldeia para turismo rural; Vias pedonais e circuitos de bicicletas junto às áreas ribeirinhas Concluído; Em estudo/projecto Tal como se sublinha no quadro anterior, no âmbito do que já tem vindo a ser concretizado, a autarquia tem presentes as seguintes intenções/compromissos de âmbito turístico-recreativo e cultural: Vários percursos pedestres (já referidos anteriormente); Parque Temático Histórico; Centro de Formação Artística Manuel Cargaleiro (trapologia, olaria/cerâmica). Inclui ateliers e residência (6 a 8 pessoas); Vias pedonais e circuitos de bicicletas junto às áreas ribeirinhas. Existem outras acções que se consideram complementares e contributivas para o maior desenvolvimento do Turismo de Natureza e que são também intenções autárquicas, são: Centro de Interpretação de Arte Rupestre do Vale do Tejo (CIARVT); Parques de Campismo Rurais em Fratel, Perais e Foz do Cobrão; Praia Fluvial da Foz do Cobrão; Parque Ambiental do Tejo: zona de recreio e lazer; Parque Infantil da Achada; Qualificação do Complexo Turístico Portas de Ródão e promoção de mais alojamento turístico: Casa de Turismo Rural do GAFOZ e Casa da Escola, em Perais; 278 Residência Rural para Jovens; Passeio e Ponte Pedonal sobre o Enxarrique; Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Classificação da Portas do Almourão, como Monumento Natural, a realizar em 2011/2012. Síntese conclusiva: Uma avaliação preliminar dos recursos turísticos de Vila Velha de Ródão conduz-nos à conclusão fundamental de que existe neste território um vasto conjunto de recursos turísticos, alguns já desenvolvidos ou mesmo num razoável nível de consolidação, outros apenas potencialmente exploráveis. Ainda assim, e independentemente do actual nível de exploração e de qualificação desses recursos e das intervenções necessárias para um efectivo aproveitamento das suas potencialidades, é evidente uma desarticulação entre as várias componentes da oferta que se traduz na incapacidade de criar uma escala de atracção turística apreciável. Na medida em que as tendências actuais de mercado da actividade turística se orientam para os destinos de interior, assim como para as férias repartidas, o concelho de Vila Velha de Ródão possui um grau elevado de capacidade de afirmação na referida matriz de recursos e vocações que possui, desde que aposte na qualidade global da oferta turística, conducente, por natureza, ao reforço identitário do destino turístico e à sua adequada orientação de mercado, sendo importante, neste processo, o incremento dos níveis de oferta de alojamento turístico. Afigura-se, pois, inquestionável a existência de vários elementos-âncora potenciais que, devidamente desenvolvidos e articulados, podem contribuir para a criação de uma oferta turística integrada com um potencial de atracção muito superior ao que actualmente se verifica. Entre os vectores que têm potencial para vir a ser âncoras do “sistema turístico” concelhio, destacam-se os seguintes: o Ambiente/Natureza (Turismo de Natureza), o Património arqueológico, construído e etnográfico (Turismo Cultural), Ofícios tradicionais associados à trapologia e olaria/cerâmica e a Gastronomia, Por freguesias, os vectores estratégicos a privilegiar em termos turísticos poderão passar por: 1. Freguesia de Fratel - A estratégia de actuação neste território deverá passar pela potenciação/melhor aproveitamento dos rios Tejo e Ocreza; 2. Freguesia de Perais - A proximidade com Espanha pode entender-se como um factor estratégico, a criação de uma ligação directa poderá trazer vantagens, nomeadamente em termos turísticos. A proximidade com os rios Tejo e Ponsul pode ser melhor explorada e deve manter-se a prática agrícola. 3. Freguesia de Sarnadas de Ródão - poderá ser importante a recuperação ou reconversão das diversas construções de cariz tradicional, por exemplo, dos lagares tradicionais que poderão reconverter-se para unidades de Turismo em Espaço Rural. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 279 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 4. Freguesia de Vila Velha de Ródão – consolidação da dotação das infraestruturas turísticas previstas. 280 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 15. RISCOS NATURAIS E TECNOLÓGICOS A temática dos riscos e da protecção civil tem vindo a adquirir ao longo dos anos mais recentes uma relevância crescente. A ocorrência de determinado tipo de fenómenos, de origem natural ou humana, encontra-se intrinsecamente associada à questão da ocupação do espaço e dos danos inerentes à ocorrência desses fenómenos, tendo por isso toda a pertinência que esta temática seja abordada no âmbito da disciplina das intervenções no território. Conforme refere o Guia metodológico para a produção de cartografia municipal de risco e para a criação de SIG de base municipal “a identificação, a caracterização e a avaliação metódica dos riscos naturais, tecnológicos e mistos que condicionam a segurança das comunidades são passos fundamentais no adequado desenvolvimento dos procedimentos de planeamento de emergência e de ordenamento do território”. A reforçar esta ideia a Lei de Bases do Ordenamento do Território considera que “acautelar a protecção civil da população, prevenindo os efeitos decorrentes de catástrofes naturais ou da acção humana”, constitui uma das finalidades da política de ordenamento do território e de urbanismo. De acordo com o PROT Centro, no que se refere ao sistema de riscos é necessário em termos estratégico, entre outros aspectos efectuar a articulação entre os objectivos e instrumentos de ordenamento do território e as políticas de prevenção e redução de riscos a diversas escalas, nomeadamente à escala municipal. O PROT-Centro refere ainda, nas suas normas gerais, que em matéria de riscos “devem ser considerados quatro vectores estratégicos que assegurem a compatibilidade entre o ordenamento do território, uma cultura de segurança e o desenvolvimento físico-urbanístico e socioeconómico: 1. Prevenção e redução da perigosidade: adoptar por antecipação um conjunto de políticas e implementar acções que visem uma estratégia global de redução da perigosidade; 2. Redução da vulnerabilidade e mitigação dos riscos: adoptar um conjunto de acções ou programas específicos visando limitar os efeitos decorrentes de acidentes graves ou catástrofes, promovendo o alerta, a redução do grau de exposição dos elementos instalados e incrementando a resiliência das populações; 3. Operações de socorro e emergência; 4. Promoção técnica/cientifica e da resistência social dos cidadãos”. É ao nível dos dois primeiros vectores que o PDM poderá dar o seu contributo definindo um modelo de ordenamento que procure minimizar o risco – sempre que tal seja possível no âmbito do ordenamento –, e regulamentando a intervenção no território. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 281 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão O PROT define cinco espaços risco, que representam espaços de associação tipológica e de grau de incidência, com incidência na análise, gestão e operacionalização dos riscos. O concelho de Vila Velha de Ródão insere-se no Espaço Raiano, tal como enunciado no subcapítulo 3.6. No concelho de Vila Velha de Ródão, à escala do PROT, são identificados as seguintes situações de perigosidade: Susceptibilidade muito elevada a movimentos de massa; Susceptibilidade a inundações Susceptibilidade muito elevada à seca; Susceptibilidade elevada a incêndios florestais; Susceptibilidade ao transporte de mercadorias perigosas – Gasoduto; De referir o reduzido rigor e qualidade da informação cartográfica disponível no PROT, que dificulta uma análise rigorosa. Figura 51: A perigosidade do concelho de Vila Velha de Ródão segundo o PROT Centro Fonte: Proposta do PROT Centro - CCDR-C, Setembro de 2010 Uma vez que o município de Vila Velha de Ródão dispõe de Plano Municipal de Emergência e Protecção Civil (PMEPC) a análise da componente riscos será feita com recurso à informação que consta desse Plano uma vez que este documento procedeu a uma “Análise de Risco” detalhada, exaustiva e muito actual (Julho de 2010). 282 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão O PMEPCO foi já parcialmente abordado no subcapítulo 4.1.5, sendo que no presente contexto a análise incidirá, fundamentalmente sobre a avaliação feita pelo Plano relativamente à susceptibilidade do concelho à ocorrência de acidentes ou catástrofes decorrentes da ocorrência de riscos de ordem natural ou humana. Assim, seguidamente será feita uma breve súmula da análise de riscos feita pelo PMEPC que conforme refere teve subjacente à sua elaboração “a sua adequação às necessidades operacionais do concelho, tendo-se para tal procedido a uma recolha criteriosa e rigorosa de informação no âmbito da análise de riscos, a avaliação de meios e recursos disponíveis”. De seguida procede-se à identificação e caracterização dos diversos riscos presentes no concelho de Vila Velha de Ródão, enfatizando-se que o presente capítulo não pretende constituir uma síntese do PMEPC, mas sim sistematizar os principais riscos identificados, cartografando a sua distribuição no território concelhio, de forma a que a Revisão do PDM possa contribuir para a prevenção da ocorrência de acidentes ou catástrofes com danos para pessoas e bens, e para a minimização dos seus efeitos. 15.1 IDENTIFICAÇÃO DOS RISCOS O PMEPC considerou para efeitos de análise de risco a seguinte definição de risco: “o potencial para a ocorrência de consequências indesejadas e adversas para a vida humana, a saúde ou o ambiente (…) e é baseado no valor esperado da probabilidade de ocorrência do evento, multiplicada pela consequência do mesmo.” A metodologia seguida para a análise dos diferentes riscos que poderão ocorrer no concelho foi a ilustrada na figura que se segue. Figura 52:Metodologia utilizada na análise dos riscos de origem natural e de origem humana Fonte: Plano Municipal de Emergência de Protecção Civil de Vila Velha de Ródão - CMVVR, Julho 2010 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 283 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão No âmbito da revisão do PDM, e para a definição das propostas de ordenamento, a componente que importa ter em atenção é a Susceptibilidade, uma vez que é esta que expressa a propensão à ocorrência da catástrofe (é esta a informação cartografada na peça desenhada n.º 10). Por Susceptibilidade entende-se a “incidência especial do perigo” e “representa a propensão para uma área ser afectada por um determinado perigo, em tempo indeterminado, sendo avaliado através dos factores de predisposição para a ocorrência dos processos ou acções, não contemplando o seu período de retorno ou a probabilidade de ocorrência”. O PMEPC procedeu à análise dos riscos identificados na Figura 53 embora no âmbito da revisão do PDM haja alguns que não foram tidos em linha de conta por se considerar que não possuem relação manifesta com o âmbito do Plano, não sendo mitigáveis/minimizáveis no domínio do ordenamento do território. No caso específico do PMEPC de Vila Velha de Ródão a análise efectuada subdivide os riscos em “riscos de origem natural” e “riscos de origem humana” – que constituem em parte os riscos tecnológicos. Figura 53: Riscos de origem natural e de origem humana analisados no âmbito do PMEPC Fonte: Plano Municipal de Emergência de Protecção Civil de Vila Velha de Ródão - CMVVR, Julho 2010 Refira-se que o próprio PMEPC reconhece que há riscos que não são cartografáveis e que não se enquadram na metodologia seguida uma vez que afectam de igual modo todo o território do concelho (p.e. vagas de frio e ondas de calor). Assim, de entre os riscos identificados, e mais uma vez, atendendo ao âmbito do PDM, consideraram-se, no concelho de Vila Velha de Ródão, apenas os riscos listados de seguida: 284 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 1. Riscos Naturais: Terramotos; Inundações e cheias; Deslizamento de terras; Incêndios florestais; 2. Riscos Tecnológicos: Acidentes industriais; Acidentes em infraestruturas hidráulicas; Transporte de mercadorias perigosas. Para elaboração da cartografia (susceptibilidade e risco) o Plano procurou seguir um critério de uniformização, tal como recomendado pela ANPC, tendo sido constituídas diferentes classes. Refira-se que na cartografia do risco se realçam as áreas onde não só o fenómeno poderá ser mais intenso, como também aquelas onde o evento, poderá gerar maior dano material e humano. A metodologia seguida para determinação da classe associada a cada uma das tipologias de riscos analisados encontra-se amplamente descrita no PMEPC, pelo que se escusa a sua transcrição para o presente documento, até porque, no âmbito da revisão do PDM, o que importa é absorver os resultados da cartografia de risco de forma a apresentar uma proposta de ordenamento que procure minimizar os efeitos por eles causados. Mais uma vez se reforça o facto do tratamento desta temática no âmbito do presente Plano absorver, na íntegra e no que se relaciona com o ordenamento do território, a análise efectuada pelo PMEPC de Vila Velha de Ródão. 15.2 RISCOS NATURAIS Por risco natural entende-se um qualquer fenómeno que seja susceptível de causar acidentes graves ou catástrofes, sobre os quais o Homem tem nula ou reduzida influência. Contudo, embora a generalidade destes fenómenos tenham origem em causas naturais, situações há em que a sua ocorrência se encontra associada, de modo mais ou menos indirecto, à actividade humana – por exemplo, a impermeabilização excessiva dos solos é por vezes indissociável da ocorrência de inundações e cheias. É nesse sentido que, no contexto da Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão, apenas é considerada a análise de alguns dos riscos de origem natural identificados no PMEPC. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 285 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 15.2.1 Terramotos O território nacional apresenta, na generalidade, uma elevada sismicidade devido à confluência de duas placas tectónicas. A região Centro é contudo uma das regiões onde, face ao restante território, se regista um número de epicentros menor e com menores magnitudes associadas. O concelho de Vila Velha de Ródão localiza-se numa zona de muito baixa actividade sísmica, não havendo registos históricos da ocorrência de sismos com intensidade suficiente para causar estragos ou vítimas, ainda assim, o risco de ocorrência deverá ser devidamente considerado pelos agentes de protecção civil. A aplicação da metodologia utilizada no PMEPC, permitiu concluir que a classe de probabilidade de ocorrência deste risco é baixa, sendo que a classe de susceptibilidade dominante é a moderada (95% da área do concelho), com uma distribuição relativamente homogénea no território concelhio, verificando-se que a classe elevada incide apenas sobre 4% do concelho, encontrando-se em pequenas zonas dispersas. Associando a perigosidade e o dano desta tipologia de risco, o Plano determina que a classe de risco moderado abrange cerca de 98% do concelho, sendo que a classe de risco elevada apresenta um valor inferior a 1% da área total do concelho, localizando-se no essencial nos aglomerados de Vila Velha de Ródão, Fratel e Foz do Cobrão, e ao longo dos principais eixos de acessibilidade do concelho (linha ferroviária, A23, IP2, estradas nacionais e municipais). 15.2.2 Inundações e cheias As inundações constituem um fenómeno súbito que atinge edifícios e vias e que resulta da confluência e acumulação do escoamento das águas pluviais em zonas de baixa capacidade de drenagem; as cheias formamse por aumento dos caudais dos cursos de água e extravase do leito normal com inundação de margens e áreas circunvizinhas, desenvolvendo-se durante um período de horas ou de dias. No concelho de Vila Velha de Ródão há diversos registos de inundações, na aldeia de Vilas Ruivas, onde as margens ao longo de um troço do curso de água que passa próximo da aldeia inundam devido à existência de uma mina (depósito de água) e na zona sul da vila sede de concelho, zona mais baixa e mais próxima da margem do Tejo, sendo que em termos globais a probabilidade de ocorrência deste fenómeno no concelho corresponde a um período de retorno de 25 a 100 anos, ou seja é uma probabilidade moderada. Em termos de susceptibilidade cerca de 95% do concelho encontra-se classificada na classe de susceptibilidade nula, e 1% na baixa; com susceptibilidade moderada encontra-se classificado apenas cerca de 3% do concelho, correspondendo a áreas ao longo do rio Ocreza e a um pequeno troço da ribeira do Açafal. O Plano destaca ainda que nestas áreas de susceptibilidade moderada ou baixa não se regista a presença de infraestruturas relevantes, como sejam equipamentos educativos e sociais, agentes de protecção civil ou edifícios públicos. 286 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Em termos de risco, cerca de 97% da área do concelho encontra-se classificada na classe de risco nula e 3% na classe moderada, sendo que o risco elevado afecta menos de 1% do concelho, da qual se destaca a zona a sul do aglomerado de Vila Velha de Ródão. 15.2.3 Deslizamento de terras Trata-se de um dos mecanismos de ruptura de terras, que consiste em movimentos ao longo de um talude ou vertente, por acção da gravidade. De referir que no concelho há registo de ocorrência de alguns fenómenos desta natureza, em concreto, na zona de Foz do Cobrão (junto à encosta este), na zona de Tavila ao longo do troço do IP2, no troço da EN241 entre Tavila e Gavião do Ródão, no CM363 junto à EN18, na zona da Sarrasqueira. Em termos de susceptibilidade a classe moderada representa cerca de 25% do território, com maior concentração ao longo dos limites administrativos concelhios a norte e sul, bem como ao longo das vertentes das Serras das Talhadas e do Perdigão. A classe elevada afecta apenas 4% do concelho, predominantemente ao longo do limites norte e sul do concelho e ao longo das vertentes da Serra das Talhadas. Quanto à tipificação do risco é possível afirmar que cerca de 54% do território concelhio apresenta risco moderado, sendo este elevado em apenas 2% da área do concelho, concentrando-se fundamentalmente na envolvente aos aglomerados de Vila Velha de Ródão, Foz do Cobrão, Vale do Cobrão, Sarnadinha, Alvaiade, Gavião do Ródão, Perdigão, Tavila Sarrasqueira Cebolais de Baixo Perais, Sarnadas do Ródão e Fratel, bem como ao longo do caminho-de-ferro e da rede rodoviária. 15.2.4 Incêndios florestais Relativamente ao risco de incêndio florestal, o PMEPC remete a sua análise para o Plano Municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios (PMDFCI), uma vez que é este documento, nos termos da legislação em vigor (Decreto-Lei n.º 124/2006, de 28 de Junho, com a redacção dada pelo Decreto-Lei n.º 17/2009, de 14 de Janeiro), que incorpora e desenvolve as orientações regionais e nacionais em matéria de ordenamento florestal e prevenção e combate a incêndios. De acordo com indicações da AFN, no âmbito da caracterização do risco, a informação a cartografar relativamente aos incêndios florestais deverá ser a da Perigosidade, para a qual foram definidas cinco classes – muito baixa, baixa, média, alta e muito alta28. Os incêndios florestais têm sido um flagelo recorrente ao longo das últimas décadas no concelho de Vila Velha de Ródão, daí esta temática assumir significativa relevância no contexto municipal. 28 A informação cartográfica relativa a este risco será integrada em fase posterior do Plano. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 287 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Da análise do mapa de perigosidade, que consta do PMDFCI, conclui-se que as freguesias de Vila Velha de Ródão e Fratel são aquelas que possuem uma maior parcela do seu território abrangida pelas classes de perigosidade elevada e muito elevada. Em termos de risco de incêndio, o Plano identifica a maior concentração de áreas de risco de incêndio muito alto e alto ao longo das Serras da Achada e Perdigão e na zona da charneca da freguesia sede de concelho. Relativamente a prioridades de defesa destacam-se, naturalmente, os aglomerados situados em áreas de risco alto ou muito alto, a área do Parque Natural do Tejo Internacional, a envolvente às Portas do Ródão e o arvoredo classificado. 15.3 RISCOS TECNOLÓGICOS Por riscos tecnológicos, ou de origem humana, entendem-se todos aqueles que se encontram associados a infraestruturas artificiais de origem antrópica ou de actividades humanas. Tal como mencionado para os riscos de origem natural, também os riscos tecnológicos podem não depender em exclusivo da actividade do homem (p.e., condições climáticas adversas podem influir na ocorrência de determinados fenómenos). 15.3.1 Acidentes industriais No momento presente não se encontram instalados no concelho de Vila Velha de Ródão estabelecimentos industriais abrangidos pelo regime de prevenção de acidentes graves que envolvam substâncias perigosas (Decreto-Lei n.º 254/2007, de 12 de Julho). Embora haja algum risco associado a outros estabelecimentos industriais de menor dimensão não é de esperar a ocorrência de acidentes com elevada gravidade, não sendo expectável que um acidente num destes estabelecimentos industriais afecte a sua envolvente, devendo o dano cingir-se à área do próprio estabelecimento industrial No concelho não há registo de que alguma vez tenha ocorrido um acidente desta natureza, estando contudo presentes algumas indústrias que poderão ter uma maior susceptibilidade a acidentes atendendo ao sector de laboração; refira-se a Celtejo, a AMS Goma Camps e a Centroliva. A cartografia, quer de susceptibilidade, quer de risco, traduz a ausência de perigo na quase totalidade do concelho; a susceptibilidade elevada afecta uma área inferior a 1% do concelho e encontra-se, essencialmente restrita às áreas onde se encontra instaladas as indústrias consideradas, no contexto concelhio, como tendo associado um maior grau de perigosidade e à sua envolvente directa. 288 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 15.3.2 Acidentes em infraestruturas hidráulicas29 No caso particular do concelho de Vila Velha de Ródão, a análise desta tipologia de risco atendeu a duas componentes: o risco de ruptura de condutas de transporte de água e o risco de acidentes em infraestruturas de contenção de grandes massas de água (ruptura de barragens). Em relação ao primeiro, uma ruptura pode decorrer ou devido a acidente, por exemplo no decurso de obras de escavação, ou devido à deterioração das próprias condutas, admitindo-se por isso uma probabilidade média de ocorrência, sendo as zonas mais susceptíveis aquelas que são atravessadas pelas condutas da rede de abastecimento de água concelhias. De entre estas os locais mais críticos são as zonas urbanas com características topográficas que conduzam a uma tendencial concentração de escoamentos e onde a drenagem natural apresente maiores dificuldades. Em síntese, o PMEPC considera que este risco é médio, nas zonas urbanas atravessadas por condutas de transporte de água e com propensão para a concentração de escoamento, e é baixo, nos restantes locais atravessados por condutas. Relativamente a acidentes associados a infraestruturas de contenção de grandes massas de água são de assinalar a presença, no concelho e na sua envolvente próxima, de três barragens – Fratel, Pracana e Cedillo. A primeira, embora localizada no interior do concelho, não representa qualquer risco para este em caso de ruptura, relativamente às outras duas a probabilidade de ruptura é muito reduzida, enquadrando-se, no âmbito do PMEPC na classe de probabilidade baixa. Refira-se que perante uma situação de ruptura da barragem de Cedillo “a área susceptível de vir a ser afectada corresponde aos vales a jusante da respectiva barragem, nomeadamente o vale do rio Tejo, podendo igualmente existir a possibilidade de conduzir à ruptura da barragem de Fratel, originada pela onda de inundação”. Assim, o risco é considerado médio nas zonas a jusante da barragem. 15.3.3 Transporte de mercadorias perigosas Por definição consideram-se como sendo mercadorias perigosas “as substâncias ou preparações que devido à sua inflamabilidade, ecotoxicidade, corrosividade ou radioactividade, por meio de derrame, emissão incêndio ou explosão podem provocar situações com efeitos negativos para o Homem ou para o ambiente”, sendo que o seu transporte coloca problemas de segurança que necessitam de particular atenção, possuindo regulamentação específica. No caso específico de Vila Velha de Ródão a análise desta componente de risco deverá ser considerada atendendo a duas componentes, o transporte deste tipo de mercadoria por via rodoviária e ferroviária e o transporte em conduta, sendo que não há registos de ocorrência de acidentes graves desta natureza. 29 A informação cartográfica relativa a este risco será integrada em fase posterior do Plano. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 289 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão O risco associado ao transporte por via rodo e ferroviária possui menor relação com as questões do ordenamento do território, sendo difícil ao nível do PDM procura minimizar a sua ocorrência. Refira-se no entanto que, atendendo à frequência de circulação de veículos de transporte de mercadorias perigosas nas vias do concelho, deverão considerar-se com maior susceptibilidade de ocorrência de acidentes a A23 e a EN241 por serem aquelas onde circulam um maior número de veículos de transporte de mercadorias perigosas, com particular destaque para camiões-cisterna de transporte de combustíveis. São também nestas vias que têm associada uma classe de risco média de ocorrência deste tipo de acidentes. Relativamente ao transporte de mercadorias perigosas em conduta o principal risco encontra-se associado ao traçado do gasoduto de alta pressão que atravessa o concelho, sendo a susceptibilidade considerada média ao longo deste e nula no restante território concelhio, tal como o risco. 15.3.4 Outros Riscos Conforme mencionado no início do presente capítulo nem todos os riscos identificados pelo PMEPC se encontram caracterizados e cartografados na revisão do PDM, por não se enquadrarem no âmbito da intervenção deste Plano, uma vez que decorrem de fenómenos não mitigáveis no domínio deste IGT (secas ou terrorismo, p.e.) ou ocorrem de forma generalizada em todo do território concelhio, ou mesmo em toda a região (ondas de calor e vagas de frio). Outros há no entanto, que embora de pouca relevância ao nível o ordenamento do território e em termos de cartografia do PDM, assumem algum destaque por apresentarem, ainda que de forma menos directa, alguma relação com a temática do planeamento e desenvolvimento urbanístico, colocando algumas preocupações às quais a revisão do PDM não poderá ser alheia. É neste contexto que importa acrescentar uma referência relativamente a: Incêndios urbanos – o maior ou menor probabilidade de ocorrência de incêndios urbanos de grandes dimensões encontra-se associada a indicadores como a densidade populacional, a concentração e a tipologia do edificado. São mais susceptíveis locais onde existe uma elevada continuidade de edifícios antigos e em que o acesso de veículos de combate a incêndio se encontra dificultado ou mesmo impossibilitado; no concelho possuem susceptibilidade alta os aglomerados de Fratel, Foz do Cobrão e Sarnadas de Ródão, média os núcleos de Vila Velha de Ródão, Gavião de Ródão e Cebolais de Baixo, e baixa os restantes. Em termos de risco este é considerado médio nos seis aglomerados enunciados e baixo nos restantes núcleos populacionais. Colapso e estragos avultados em edifícios – encontra-se quase sempre relacionado com o elevado estado de degradação dos edifícios. O PMEPC considera alta a probabilidade de ocorrência deste fenómeno no concelho de Vila Velha de Ródão atendendo, por um lado à idade e ao estado de degradação do parque habitacional, e por outro à probabilidade de ocorrência de precipitações intensas ou mesmo terramotos. Em termos, quer de susceptibilidade, quer de risco, foram 290 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão consideradas integradas na classe alta as freguesias de Vila Velha de Ródão, Fratel e Sarnadas de Ródão, e na classe média a freguesia de Perais. Acidentes rodoviários, ferroviários, aéreos e fluviais – devido à sua tipologia e volume de tráfego são consideradas como vias mais susceptíveis à ocorrência de acidentes rodoviários a A23, EN241, EN18, IP2 e IC8, sendo considerado que todas as vias possuem risco médio de ocorrência de acidentes; a susceptibilidade de ocorrência de acidentes ferroviários é considerada média em toda a linha da Beira Baixa (a circulação é feita em via única) e alta nas estações, apeadeiros e passagens de nível, sendo o risco elevado na totalidade da via; a ocorrência de acidentes aéreos decorre da relativa proximidade a que se encontra o aeródromo de Proença-a-Nova, sendo contudo a sua susceptibilidade considerada baixa e apenas nas áreas sobrevoadas pelos corredores aéreos; no concelho, apesar da sua extensa rede hidrográfica, verifica-se uma susceptibilidade à ocorrência de acidentes fluviais baixa e apenas no troço do rio Tejo e no respectivo cais fluvial, sendo o risco, nestes mesmos locais, considerado médio; Contaminação da rede pública de abastecimento de água – a contaminação da rede pública de abastecimento de água (captações, condutas de adução e de distribuição, ETA, reservatórios, etc.) pode ocorrer devido a causas naturais, acidentais, acções de negligência, ou mesmo intencionais, podendo os agentes contaminantes ser químicos, biológicos ou radiológicos. A maior susceptibilidade a este tipo de acidente ocorre nos aglomerados com maior número de habitantes, estando Vila Velha de Ródão numa classe de susceptibilidade alta, Fratel e Sarnadas de Ródão na classe média e os restantes aglomerados na classe baixa; assim, em termos de risco Vila Velha de Ródão, Fratel e Sarnadas de Ródão encontram-se na classe de risco médio e os restantes núcleos na classe de risco baixo. 15.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS A presente revisão do PDM para a elaboração da peça desenhada referente a esta temática (peça desenhada n.º 10) recorreu à informação disponibilizada pela Autarquia e elaborada no âmbito do PMEPC, com excepção do risco de incêndio, para o qual se recorreu à cartografia de risco do Plano Municipal de Defesa da Floresta contra Incêndios (PMDFCI). De forma a simplificar a análise dos riscos, no que se refere à sua tipificação, optou-se por sistematizar essa informação no Quadro 84, indicando qual a percentagem de área do concelho onde se considera que se faria sentir cada classe de risco; esta sistematização apenas é feita para os riscos cartografados, uma vez que se pretende articulada com interpetação da peça desenhada n.º10. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 291 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Quadro 84:Tipificação dos Riscos no concelho Risco30 Terramoto Inundações e Cheias Deslizamento de Terras Acidentes Industriais Acidentes em infraestruturas hidráulicas (ruptura de barragens) Classe de Risco Nula Baixa < 1% 97% 44% 99% Transporte de mercadorias perigosas (em conduta) restantes áreas Moderada Alta 98% 3% 54% 1% zonas a jusante da barragem área de implantação da infraestrutura de transporte 1% < 1% 2% < 1% Fonte: Plano Municipal de Emergência de Protecção Civil de Vila Velha de Ródão - CMVVR, Julho 2010 Em jeito de síntese, da análise de riscos feita pela PMEPC, conclui-se que não há, no momento presente, um risco que demonstre ser ao mesmo tempo muito provável e com elevado potencial de dano, verificando-se que os riscos com maior potencial de dano são os que apresentam probabilidade de ocorrência mais baixa (período de retorno, geralmente superior a 200 anos). Por seu lado, e atendendo aos riscos considerados no âmbito da revisão do PDM de Vila Velha de Ródão, os eventos que apresentam maior probabilidade de ocorrência no concelho são os incêndios florestais; em termos de danos potenciais são os acidentes industriais, terramotos e deslizamentos de terras os que se destacam. Quadro 85: Hierarquização dos Riscos no concelho Risco Incêndios Florestais Acidentes Industriais Deslizamento de Terras Inundações e Cheias Transporte de Mercadorias Perigosas (em conduta) Terramotos Acidentes em Infraestruturas Hidráulicas (ruptura de barragem) Período de Retorno (anos) < 10 < 25 < 25 25 a 100 50 a 200 > 100 50 a 200 Classe de Dano Média Elevada Elevada Moderada Média Elevada Elevada Fonte: Plano Municipal de Emergência de Protecção Civil de Vila Velha de Ródão - CMVVR, Julho 2010 30 Não consta do Quadro a análise do risco de incêndio florestal uma vez que, para esta componente, o PMEPC assumiu a cartografia de risco do PMDFCI, que recorre a uma metodologia distinta. 292 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 16. INFRAESTRUTURAS URBANAS Um dos principais objectivos do desenvolvimento sustentável consiste na melhoria da qualidade de vida das populações e das condições ambientais, o que resulta, em grande medida, do grau de dotação dos aglomerados urbanos em infraestruturas básicas, nomeadamente, de abastecimento de água, de recolha e tratamento de águas residuais, de recolha e tratamento de resíduos sólidos, eléctricas, de comunicação e gasistas. Consequentemente, e por condicionarem também o ordenamento do território, as infraestruturas urbanas requerem um cuidado especial, não só ao nível do seu dimensionamento, mas também no que diz respeito à monitorização da qualidade e do grau de cobertura dos serviços prestados e das necessidades existentes em cada momento, sempre numa óptica de optimização dos sistemas. O Sistema Multimunicipal de Água e de Saneamento de Águas Residuais de Raia, Zêzere e Nabão, gerido pela empresa Águas do Centro S.A., é um projecto que tem como objectivos, entre outros, proceder à execução e/ou exploração de infraestruturas de abastecimento de água e drenagem e tratamento de águas residuais dos concelhos de Alvaiázere, Castanheira de Pêra, Castelo Branco, Ferreira do Zêzere, Figueiró dos Vinhos, Idanhaa-Nova, Oleiros, Pampilhosa da Serra, Pedrógão Grande, Proença-a-Nova, Sertã, Tomar e Vila Velha de Ródão, servindo cerca de 250.000 habitantes. Para efeitos de gestão, valorização e tratamento dos resíduos sólidos urbanos (RSU) o concelho de Vila Velha de Ródão integra desde Outubro de 2010 a VALNOR, empresa multimunicipal que cuja abrangência compreende, actualmente, o território de 25 municípios, servindo um total de cerca de 279.000 habitantes. Aquando da entrada em vigor do PDM a situação neste domínio apresentava assinaláveis debilidades, na sua grande maioria debeladas com a recente concretização de diversas intervenções, destacando-se as seguintes melhorias introduzidas: A nível de abastecimento de água: a implementação/expansão da rede de distribuição a todos os aglomerados; A nível de saneamento: a instalação das ETAR de Vila Velha de Ródão, Fratel e Sarnadas de Ródão; A nível de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU): a instalação de ecopontos, visando a recolha selectiva dos resíduos e a selagem das duas lixeiras existentes no concelho. Mantêm-se, naturalmente, ainda alguns constrangimentos neste domínio, contudo são questões que se prendem na generalidade com a necessidade de manutenção e conservação das infraestruturas e reavaliação da capacidade dos sistemas existentes, sendo que esta temática será objecto de propostas específicas no âmbito de fases posteriores da revisão do Plano, no sentido de ultrapassar as fragilidades identificadas. Refira-se ainda a questão do tratamento de efluentes industriais que continua a ser uma das principais preocupações da Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 293 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Autarquia, uma vez que nem sempre se encontra assegurada a qualidade do efluente aquando da sua deposição no meio receptor. Seguidamente procede-se, então, à caracterização da situação actual das Infraestruturas Urbanas no concelho de Vila Velha de Ródão, com base na informação disponibilizada pela Câmara Municipal e pelas entidades com responsabilidades neste domínio, bem como em informação recolhida junto do Instituto Nacional de Estatística. 16.1 ABASTECIMENTO DE ÁGUA A água, enquanto bem insubstituível na totalidade das actividades humanas e componente essencial dos sistemas naturais, requer que sejam impostas regras próprias de gestão, numa abordagem territorial integrada. Os usos múltiplos, por vezes conflituantes, da água obrigam a uma integração no espaço das utilizações, devendo proceder-se à compatibilização das lógicas e dinâmicas próprias de cada sector e da acção das diversas entidades que participam, directa ou indirectamente, no planeamento, gestão e utilização dos recursos hídricos. Neste subcapítulo proceder-se-á à caracterização do sistema de abastecimento de água, nomeadamente no que se refere à composição, ao funcionamento e à taxa de cobertura da rede. No concelho de Vila Velha de Ródão a população encontra-se na sua totalidade servida por rede de água potável, verificando-se apenas ausência de abastecimento a algumas edificações isoladas, no espaço rural, para as quais a dotação de sistema de abastecimento se afigura inviável do ponto de vista económico; nestes casos o fornecimento de água é garantido através do recurso a furos particulares. Relativamente à gestão do sistema de abastecimento de água a responsabilidade é partilhada entre a Águas do Centro, SA (AdC) e a Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão – a primeira é responsável pelo denominado sistema em Alta, ou seja, desde as captações aos pontos de entrega (reservatórios), a CMVVR, gere o sistema em Baixa, ou seja, dos pontos de entrega até às habitações. O Sistema Multimunicipal de Abastecimento de Água e de Saneamento de Águas Residuais de Raia, Zêzere e Nabão engloba seis subsistemas integrados e ainda um conjunto de pequenos sistemas autónomos. O concelho de Vila Velha de Ródão integra o Subsistema de Pisco/Santa Águeda/Cafede (o maior em termos de população servida e caudal abastecido), que serve cerca de 115.000 habitantes, e que integra duas estações de tratamento (ETA), 13 estações elevatórias, 23 reservatórios e 192km de condutas adutoras, estando dimensionado para fornecer um caudal médio diário de 72.600 m3, em 2031. A água que abastece o concelho tem toda origem nas captações de St.ª Águeda, havendo contudo um reforço do abastecimento aos aglomerados de Vila Velha de Ródão, Coxerro e Salgueiral, quando necessário, a partir 294 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão da captação de Fazenda (mina localizada na encosta da serra no concelho de Nisa), também da responsabilidade da AdC. Figura 54: Esquema do Subsistema de Pisco/ Santa Águeda/ Cafede Fonte: Águas do Centro, SA (2010) O tratamento da água captada é efectuado com recurso a ETA no local da captação, recorrendo a arejamento e correcção de agressividade, havendo um reforço de tratamento em alguns reservatórios (desinfecção). Dos diversos reservatórios instalados no concelho importa referir que apenas um dos reservatórios de Vila Velha de Ródão e o de Sarnadas de Ródão, se encontram integrados no sistema da AdC, sendo sua a responsabilidade de manutenção e garantia de funcionamento. Sistemas Individuais Apesar da adução de água à maioria dos aglomerados do concelho provir do subsistema da AdC, e ter origem na albufeira de Santa Águeda, existem alguns aglomerados, servidos por sistemas individuais31 cuja gestão é da responsabilidade da Autarquia, que mantêm o seu abastecimento através de furos, minas ou nascentes: 31 Furos – Sistemas Individuais de: Gardete, Juncal, Vale da Bezerra e Vale Cobrão; Mina – Sistemas Individuais de: Carepa e Vilas Ruivas; Nascente – Sistema Individual de Foz do Cobrão. Por sistema individual entende-se qualquer sistema com um raio de acção pouco abrangente, que abastece no mínimo um aglomerado e que possui pelo menos um elemento comum (origem ou reservatório). Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 295 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Encontra-se prevista a execução a breve trecho da ligação das redes de Gardete e Vilas Ruivas à conduta adutora da Águas do Centro, SA. Refira-se ainda que o abastecimento de água a Foz do Cobrão poderá a qualquer instante vir a ser integrado no subsistema da Águas do Centro, SA, uma vez que se encontra já instalada a ligação da conduta adutora ao ponto de entrega. A opção pela manutenção do abastecimento a partir da nascente existente prende-se fundamentalmente com a elevada qualidade da água. Na maior parte dos casos, após captada, a água é conduzida para reservatórios, onde é sujeita a um tratamento de desinfecção recorrendo à utilização de hipoclorito de cálcio, ocorrendo a distribuição, posteriormente, a partir destes reservatórios. As condutas que compõem os sistemas de abastecimento de água do concelho de Vila Velha de Ródão são, na maioria, em PVC de 63mm de diâmetro, encontrando-se em razoável estado de conservação. Por último acresce referir que se encontram fontanários activos praticamente na totalidade dos aglomerados concelhios. Fotografia 90: Fontanário em Carepa Fotografia 91: Fontanário na Atalaia Com a adesão ao Sistema Multimunicipal deixou-se de recorrer a um número significativo de furos e captações subterrâneas, contudo, considera-se que estas deverão ser objecto de manutenção periódica uma vez que poderá haver necessidade de a elas se recorrer, ainda que em casos excepcionais, nomeadamente em situações de escassez de água ou de ocorrência de falhas no sistema em alta. 16.2 DRENAGEM E TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUAIS Os problemas ambientais resultantes da produção de resíduos são vários e complexos. Mas, apesar de serem uma potencial fonte de poluição, os resíduos podem constituir recursos naturais secundários com consequências económicas e efeitos ambientais directos de relevância fundamental no delinear de estratégias económicas, de desenvolvimento tecnológico e de consumo. 296 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão A drenagem e o tratamento de águas residuais são ainda um problema a nível nacional – situações de contaminação das águas (usualmente por falta de tratamento ou tratamento deficiente) e de solos (por saturação) continuam a ser comuns. Neste subcapítulo procede-se a uma breve caracterização do nível de serviço, da rede de drenagem de águas residuais instalada, bem como dos equipamentos e métodos aplicados no tratamento destes resíduos. Conforme foi referido, o concelho de Vila Velha de Ródão conheceu ao longo dos últimos anos melhorias significativas neste domínio, nomeadamente através da implementação de novas redes, do aperfeiçoamento das existentes e da construção de equipamentos de tratamento dos efluentes. De acordo com dados do INE, desde 2006 que a totalidade da população do concelho se encontra servida por sistema de tratamento de águas residuais32, o que denotou uma salto qualitativo de grande expressão, atendendo a que no ano anterior apenas cerca de 65% da população possuía ligação a ETAR/Fossa Séptica – refira-se a título de exemplo que em 2008 para a região Centro o nível de atendimento encontrava-se pouco acima dos 70%. Contudo, de acordo com informação disponibilizada pelo INE, em 2008, cerca de 55% das águas residuais tratadas foram sujeitas apenas a tratamento preliminar, e os restantes 45% foram objecto de tratamento primário, ao passo que no ano anterior 54% dos efluentes foram tratados com tratamento primário e 46% com tratamento secundário, o que demonstra algumas das fragilidades reconhecidas à ETAR de Vila Velha de Ródão. Actualmente, a Águas do Centro, SA é responsável pela gestão das instalações de tratamento de águas residuais do concelho (ETAR), sendo a Autarquia responsável pelo sistema de recolha dos efluentes. Em termos de saneamento, o Sistema Multimunicipal de Abastecimento de Água e de Saneamento de Águas Residuais de Raia, Zêzere e Nabão integra um total de 72 ETAR, 88 estações elevatórias e 290km de interceptores. O subsistema de Vila Velha de Ródão encontra-se dimensionado para tratar um caudal médio diário de 394m3, em 2031. 32 Esta informação não deverá ser considerada correcta, uma vez que há um reduzido número de aglomerados, embora de muito pequena dimensão, que apenas possui fossas sépticas individuais, não havendo garantias da deposição efectiva dos seus efluentes nestas unidades. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 297 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Figura 55: Esquema do Subsistema de Saneamento de Vila Velha de Ródão Fonte: Águas do Centro, SA (2010) Conforme ilustrado na figura anterior encontram-se instaladas, presentemente, no concelho três ETAR, todas dotadas de tratamento secundário, e com as seguintes características: ETAR de Fratel – dimensionada para servir uma população de 277 habitantes-equivalentes esta ETAR tem capacidade de tratamento de um caudal diário de 76m3 de águas residuais; ETAR de Sarnadas de Ródão – dimensionada para servir uma população de 550 habitantesequivalentes esta ETAR tem capacidade de tratamento de um caudal diário de 73m3 de águas residuais; ETAR de Vila Velha de Ródão – dimensionada para servir 3.000 habitantes-equivalentes esta ETAR tem capacidade de tratamento de um caudal diário de 245m3 de águas residuais. Os efluentes domésticos da grande maioria dos aglomerados do concelho é, então, conduzida a fossas sépticas colectivas, da responsabilidade da Autarquia. Constituem excepção os aglomerados de Silveira, Riscada, Vermum, Vale da Bezerra, Montinho, Vale do Cobrão, Salgueiral e Vale do Homem, onde apenas se encontram instaladas fossas individuais, não havendo por isso um controle efectivo por parte dos serviços municipais do seu funcionamento. O Inventário Nacional dos Sistemas de Abastecimento e Águas Residuais (INSAAR), da responsabilidade do INAG, tinha referenciadas no concelho 43 fossas sépticas compactas, todas elas com tratamento primário, para as quais eram conduzidos os efluentes de cerca de 2.675 habitantes (todos os aglomerados do concelho, à excepção da sua sede). Não existem dados recentes relativos a estas infraestruturas, contudo, com a entrada 298 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão em funcionamento das ETAR de Fratel e Sarnadas de Ródão, estima-se que, em 2011 apenas estejam em funcionamento apenas 37 fossas sépticas compactas, algumas delas com trincheiras filtrantes associadas. As redes de recolha e drenagem de águas residuais são compostas, maioritariamente, por emissários de PVC, encontrando-se na generalidade em bom estado de conservação. Uma última nota ainda para referir que a empresa Celtejo possui uma ETAR própria, apenas para tratamento do efluente industrial, que serve também a AMS Goam Camps, registando-se contudo, com alguma periodicidade, problemas com a qualidade do efluente conduzido ao meio receptor (albufeira de Fratel, junto ao Cais Fluvial de Ródão). As queijarias instaladas possuem um tanque de decantação para os seus efluentes industriais, contudo, ao longo dos últimos anos o seu funcionamento e capacidade têm-se revelado desadequados às actuais necessidades, dando origem, pontualmente, a situações graves de poluição hídrica na ribeira do Açafal. Embora os três principais aglomerados do concelho (onde se concentram cerca de metade dos residentes) se encontrem já dotados de ligação a ETAR, e a maioria dos restantes aglomerados veja os seus efluentes serem conduzidos a fossas sépticas com tratamento primário, os efluentes deste concelho ainda não são alvo de um tratamento desejável e eficiente. Assim, considera-se necessário, a curto/médio prazo, prever a extensão da rede a alguns aglomerados mais próximos das ETAR instaladas, e dotar de ETAR algumas áreas do concelho onde seja viável a rentabilização desta infraestrutura. É ainda crucial assegurar o bom funcionamento das infraestruturas instaladas, nomeadamente no que respeito ao tipo de tratamento aí realizado – relembra-se o facto da ETAR de Vila Velha de Ródão, embora com capacidade para efectuar tratamento secundário, se encontrar muitas vezes a funcionar apenas assegurando o tratamento primário, o que é inaceitável. Ao nível da rede separativa de recolha de águas pluviais, esta encontra-se instalada na totalidade da sede de concelho e em parte das sedes de freguesia. Este facto potencia o futuro aproveitamento deste recurso, atendendo à crescente necessidade de procurar soluções sustentáveis para a utilização da água. 16.3 RECOLHA E TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS A gestão dos sistemas de recolha e de tratamento dos resíduos sólidos é muito complexa, uma vez que se tratam de resíduos com características muito diversas que necessitam de tratamentos e formas de recolha diferenciadas. A Autoridade Nacional de Resíduos considera as seguintes tipologias de resíduos: Principais - Resíduos Sólidos Urbanos; Resíduos Industriais; Resíduos Hospitalares. Outros - Resíduos Agrícolas; Embalagens e Resíduos de Embalagens; Pneus Usados; Pilhas e Acumuladores; Óleos Usados; Veículos em Fim de Vida; Resíduos de Equipamentos Eléctricos e Electrónicos; Resíduos de Construção e Demolição; Óleos Alimentares Usados; Lamas; PCB; Resíduos Biodegradáveis. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 299 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão O léxico dos resíduos é extenso com conceitos que a prática, independentemente de uma consagração legal, vai acrescentando como, por exemplo: resíduos industriais perigosos (RIP), resíduos industriais banais (RIB), resíduos urbanos biodegradáveis (RUB), resíduos verdes, resíduos de limpeza pública, resíduos orgânicos, resíduos comerciais, resíduos volumosos (monstros), etc.. O Plano Estratégico para os Resíduos Sólido Urbanos (PERSU II) “define as prioridades e estabelece as metas que se pretendem atingir para o período 2007-2016 em matéria de resíduos sólidos urbanos”, e pretende, no essencial a “aplicação de medidas que permitam aumentar a eficiência e a eficácia das práticas de gestão de RSU, na prossecução de uma optimização global e integrada, e de um cada vez menor recurso à deposição em aterro através da maximização da reciclagem e, subsidiariamente, de outras formas de valorização”. Esta tem sido a linha de actuação da empresa responsável pela gestão dos resíduos do município de Vila Velha de Ródão, a VALNOR, conforme se pode constatar da análise que se desenvolve em seguida. É de destacar que o presente capítulo se concentra essencialmente na caracterização do sistema de recolha e tratamento dos resíduos sólidos urbanos, uma vez que é muito reduzida a expressão de resíduos de outra natureza no concelho, nomeadamente por ausência de actividades geradoras de resíduos de natureza específica. Desde 1998 que a totalidade da população concelhia se encontra servida com sistema de recolha de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), tendo-se verificado mais recentemente um incremento da aposta na recolha diferenciada de resíduos, não só com a instalação de ecopontos mas também com a promoção de diversas campanhas de sensibilização das populações para a temática dos RSU. Apesar da recente integração do concelho na VALNOR a recolha indiferenciada dos RSU permanece sob a responsabilidade da Câmara Municipal, sendo efectuada a partir de equipamentos de deposição normalizados dispersos pelo concelho (contentores em Polietileno de Alta Densidade com capacidade de 120 ou 1000 litros), com recurso a viaturas propriedade da Autarquia, de acordo com circuitos de recolha pré-definidos. Esta recolha de RSU é efectuada por duas viaturas, uma com capacidade para 12m3 que efectua a recolha dos contentores de 1000 litros, e outra com capacidade para 6m3 que recolhe os resíduos depositados nos contentores com 120 litros, e que é utilizada sobretudo nos aglomerados onde a malha urbana é mais estreita. Os dias da semana em que se realiza a recolha são variáveis de aglomerado para aglomerado, não se verificando a existência de recolha de RSU aos sábados e domingos. 300 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Fotografia 92: Contentores em Sarnadas de Ródão Fotografia 93: Contentor em Rodeios Fotografia 94: Ecoponto em Vila Velha de Ródão No Quadro 86 é apresentado o número de contentores de RSU (indiferenciados e recicláveis) existentes em cada um dos aglomerados do concelho, por capacidade. A recolha dos RSU do aglomerado de Balsinha encontra-se integrada no sistema de recolha do concelho de Castelo Branco devido à confinância com o aglomerado de Cebolais de Cima, não tendo sido possível obter informação relativa às suas principais características. Quadro 86: Número de pontos de recolha e de contentores, por capacidade e por aglomerado Freguesia Fratel Perais Sarnadas de Ródão Aglomerado Nº de Contentores (1.000l) Carepa Fratel Gardete Juncal Ladeira Marmelal Montinho Perdigão Peroledo Riscada Silveira Vale da Figueira Vale de Bezerra Vermum Vilar do Boi Alfrívida Monte Fidalgo Perais Vale de Pousadas Amarelos Atalaia Carapetosa Cebolais de Baixo Rodeios Sarnadas de Ródão Vale do Homem 1 19 2 1 3 3 2 6 3 2 3 6 1 1 5 10 6 9 5 3 3 2 7 5 17 3 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Nº de Contentores (120l) Nº de Ecopontos 2 1 1 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 15 1 3 1 301 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Freguesia Aglomerado Vila Velha de Ródão Alvaiade Cerejal Chão das Servas Coxerro Foz do Cobrão Gavião de Ródão Salgueiral Sarnadinha Serrasqueira Tavila Tojeirinha Tostão Vale do Cobrão Vilas Ruivas Vila Velha de Ródão TOTAL Nº de Contentores (1.000l) 5 3 2 6 6 4 3 3 7 3 2 74 205 Nº de Contentores (120l) Nº de Ecopontos 1 2 1 1 1 2 1 1 22 6 18 1 84 1 5 193 Fonte: Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão (Janeiro de 2011) Uma vez recolhidos, os RSU são encaminhados directamente para o Aterro Sanitário da VALNOR, situado em Monte de São Martinho, no concelho de Castelo Branco, onde são depositados. A partir deste momento cessa a responsabilidade da Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão em termos de RSU, ficando o resto do processo a cargo da VALNOR. Conforme referido foi na recolha selectiva de resíduos que se verificaram melhorias mais expressivas ao longo dos últimos anos, em particular a partir do ano 2000 quando começaram a ser instalados em alguns aglomerados do concelho contentores dedicados a esse fim, os ecopontos. Nota-se contudo (Quadro 86) ainda um reduzido grau de cobertura do concelho com estas estruturas de deposição. Para além dos “tradicionais” ecopontos (recolha de papel, vidro e plásticos) estão instalados presentemente no concelho oito “oleões” (cinco na sede de concelho e um em cada uma das restantes sedes de freguesia), havendo ainda um centro de recolha de resíduos de construção e demolição em cada uma das freguesias A recolha dos resíduos depositados nos ecopontos é efectuada pela VALNOR que os conduz num primeiro momento ao Ecocentro, localizado na sede de concelho, e que constitui um centro de recepção diferenciada, onde são separados os resíduos para valorização e reciclagem. Neste local, foram instalados contentores destinados a receber as diferentes categorias de resíduos: volumosos, identificados por “monos”, papel/ cartão, vidros e embalagens de plástico/ metal. Posteriormente, os resíduos recicláveis aqui depositados serão conduzidos, consoante o tipo de resíduo, à Estação de Transferência situada nas instalações do Aterro Sanitário de Castelo Branco ou ao Centro Integrado de Valorização e Tratamento de Resíduos Sólidos de Avis/Fronteira (CIVTRS) onde se procede à separação, enfardamento e armazenagem dos diferentes tipos de resíduos. 302 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão O serviço de recolha de monstros, ou monos domésticos, que pela sua natureza, peso e dimensão não podem ser objecto de remoção normal, é efectuado ao domicílio pela Autarquia mediante contacto prévio com os serviços municipais, que serão numa primeira fase depositados no Ecocentro, e que posteriormente serão encaminhados para o CIVTRS onde serão objecto de tratamento adequado. No CIVTRS de Avis/Fronteira, principal infraestrutura deste sistema multimunicipal, encontra-se ainda preparado para: a recolha e tratamento de óleos alimentares usados; a deposição de pneus usados, sendo o único ponto de recolha da região; a deposição de resíduos de demolição e construção; a recepção, armazenamento, triagem e desmantelamento de resíduos de equipamentos eléctricos e electrónicos; a deposição de monstros domésticos, de sucata e de veículos em fim de vida; a deposição de inertes. Desde 2008 encontra-se em funcionamento no CIVTRS uma Central de Valorização Orgânica, que vem permitir, após a triagem dos resíduos indiferenciados, a transformação dos resíduos orgânicos em composto que poderá posteriormente ser utilizado para fertilização de terrenos agrícolas, permitindo também a recuperação de materiais recicláveis, indevidamente depositados, que serão posteriormente encaminhados para reciclagem. Com esta medida a VALNOR pretende diminuir de forma significativa a quantidade de resíduos conduzidos a aterro, o que permitirá um aumento significativo, em termos temporais, da sua capacidade de deposição. A VALNOR, a par com os diversos municípios associados, tem vindo a desenvolver diversas campanhas de sensibilização e educação ambiental da população, dando particular destaque ao envolvimento da população escolar e da terceira idade – distribuição de folhetos sobre reciclagem, exposições em carrinha itinerante, visitas ao CIVTRS, etc. Tem ainda havido lugar à promoção de campanhas dedicadas a resíduos específicos, consoante o fluxo de resíduos a tratar, nomeadamente, reciclagem de óleos alimentares usados, resíduos de construção e demolição, desmantelamento de veículos em fim de vida. 16.4 OUTRAS INFRAESTRUTURAS O processo de avaliação das infraestruturas eléctricas, de comunicação e gasistas a efectuar no âmbito da 1ª revisão do PDM de Vila Velha de Ródão deve atender à sua adequação e capacidade de contribuição para os modos de desenvolvimento da comunidade definidos pelos órgãos autárquicos e restantes agentes de desenvolvimento local. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 303 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Nesta perspectiva estas as infraestruturas não são um mero serviço prestado por empresas públicas e/ou privadas a entidades/clientes públicos ou particulares, antes constituindo num factor tantas vezes impulsionador ou condicionador de uma determinada política de desenvolvimento. Assim, a dotação de um território destas infraestruturas com qualidade, fiabilidade e com preços competitivos, contribui de forma significativa para a qualificação e atractividade do espaço para a instalação de actividades económicas. No âmbito da 1ª revisão do PDM será apenas efectuado um breve enquadramento do serviço prestado pelas diversas entidades, já que, estas infraestruturas devem, sim, ser consideradas no Plano para efeitos de condicionante à ocupação do território. 16.4.1 Infraestruturas Eléctricas No concelho de Vila Velha de Ródão pode afirmar-se que o abastecimento de energia eléctrica se encontra assegurado à totalidade da população, sendo praticamente inexistentes situações de residentes sem acesso à rede de distribuição eléctrica. À semelhança do que acontece no resto do país é a EDP Distribuição que possui a concessão de operação da rede nacional de distribuição, sendo responsável pela exploração das infraestruturas ao nível da alta e média tensão. O fornecimento eléctrico é feito, na quase totalidade, com recurso a linhas aéreas, representando a cablagem subterrânea apenas 1% da média tensão (30kV) e 5% da baixa tensão. A partir da informação estatística disponível (INE) é possível proceder a uma análise do que tem vindo a ser a evolução recente dos consumos e do número de consumidores por tipo de consumo. Quadro 87: Evolução do consumo de electricidade e do número de consumidores no concelho Sector 2004 Consumo (1000 kwh) 2005 2006 2007 2008 Variação (%) 2004 Consumidores 2005 2006 2007 2008 Variação (%) Doméstico Industrial Agrícola Outros 4.123 51.932 1.704 4.320 4.379 72.916 1.720 6.084 4.262 76.088 1.683 7.542 4.566 89.719 1.446 7.608 4.373 124.392 1.379 7.497 6,1 139,5 -19,1 73,6 2.897 98 207 326 2.917 93 208 334 2.938 93 217 337 2.928 104 231 342 2.937 78 240 347 1,4 -20,4 15,9 6,4 TOTAL 62.079 85.099 89.575 103.340 137.641 121,7 3.528 3.552 3.585 3.605 3.602 2,1 Nota: Por “Outros” entende-se os consumos associados a utilizações não domésticas (equipamentos colectivos, comércio e serviços, por exemplo), iluminação pública, e iluminação interior de edifícios do Estado. Fonte: INE, Anuários Estatísticos No ano de 2008, o consumo total no concelho de Vila Velha de Ródão foi de 137.641.431kwh, sendo que 90% se refere a consumo industrial, 1% apenas a consuma agrícola e pouco mais de 3% atribuído a consumidores domésticos. 304 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Para o sector doméstico, a análise do quadro permite verificar que tem havido um aumento gradual, ainda que com algumas oscilações, tanto no número de consumidores como no consumo de energia eléctrica. Embora o crescimento do consumo, entre 2004 e 2008, seja um pouco mais expressivo que o crescimento no número de consumidores, pode afirmar-se que há uma manutenção de um padrão equilibrado de consumos (o aumento do consumo doméstico por consumidor é de apenas 5% em 2008 face a 2004). Já o mesmo não se verifica no sector industrial, o qual, apesar da diminuição de cerca de 20% do número de consumidores, registou um aumento do consumo em cerca de 140%, o que significa que o consumo por consumidor neste sector aumentou 200% em apenas 5 anos. Quanto ao consumo associado à actividade agrícola registou uma tendência inversa – embora o número de consumidores tenha aumentado cerca de 16% o consumo diminuiu 20%, o que significa que em 2008 cada consumidor agrícola consumia, em média, menos 30% que em 2004, o que pode ser revelador de uma maior profissionalização e modernização do sector e de um crescente investimento em modos operacionais mais sustentáveis. Relativamente à Rede Nacional de Transporte, de acordo com a informação disponibilizada pela Rede Eléctrica Nacional, no concelho encontram-se presentes as seguintes infraestruturas: Linhas de Muito Alta Tensão: Corgas-Falagueira (150kV), Falagueira-Ródão (150kV) e o Ramal da Linha de Fratel- Falagueira/Pracana (150kV); Falagueira-Cedillo (400kV); Centrais Hidroeléctricas de Pracana e Fratel; Subestações de transformação de Pracana e Ródão (REFER). Encontra-se ainda programada a instalação de uma linha com 2 circuitos (150kV e 400kV), entre Vila Velha de Ródão e Castelo Branco. Quadro 88: Principais características das Centrais Hidroeléctricas e das Subestações da RNT Centrais Pracana Fratel Ano de Potência Curso de entrada em instalada Água serviço contratual (MW) Ocreza Tejo 1993 1974 41 132 Capacidade útil hm2 96 21 GWh 10 - Ano de Subestações entrada em serviço Níveís de Tensão (kV) Potência Instalada (MVA) Pracana 1982 150/60 - Ródão - - - Fonte: REN, Janeiro de 2006 16.4.2 Infraestruturas de Comunicação Tal como no caso anterior, pode-se considerar que o município de Vila Velha de Ródão apresenta uma situação muito favorável ao nível da cobertura do concelho no domínio das infraestruturas de comunicação. O sector das comunicações sofreu nas últimas duas décadas alterações profundas, não só ao nível do serviço prestado, mas sobretudo ao nível da operação, com várias empresas e entidades a fornecerem estes serviços o Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 305 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão coloca alguns entraves em termos de análise estatística de dados. Contudo, este não é de certo um domínio que inspire preocupação uma vez que não foram identificadas fragilidades na prestação do serviço, embora se verifiquem ainda insuficiências ao nível da cobertura por rede móvel de comunicações em algumas áreas do concelho. 16.4.3 Infraestruturas Gasistas O abastecimento de gás no concelho do Vila Velha de Ródão é, em regra, feito com recurso ao gás de botija e nos casos de espaços e estabelecimentos que registam maiores volumes de consumo, nomeadamente urbanizações recentes, instituições públicas ou privadas e actividades económicas de maior dimensão, recorrese ao abastecimento através de gás a granel, por intermédio de depósitos próprios. Apesar do concelho ainda não ter implementada qualquer rede de distribuição de gás natural, é atravessado pelo gasoduto de 1º escalão “Portalegre-Guarda” da Rede Nacional de Transporte de Gás Natural (concessionada pela REN Gasodutos), que atravessa as freguesias de Perais e Vila Velha de Ródão, com uma orientação sensivelmente Sudoeste-Nordeste. Em Vila Velha de Ródão encontra-se instalada uma Estação de Regulação de Pressão e Medição. A presença destas infraestruturas poderá de certa forma contribuir para a consideração da instalação de uma rede de distribuição de gás natural no concelho. 306 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 17. SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO – ANÁLISE SWOT Efectuada a caracterização do concelho de Vila Velha de Ródão nas mais diversas áreas temáticas, procurar-seá, neste capítulo, iniciar uma abordagem mais prospectiva, enquadrando o concelho, nos diversos domínios relativamente às suas potencialidades e debilidades, identificando ainda os factos que podem condicionar a promoção das potencialidades (ameaças) e aqueles que constituem uma mais-valia a explorar (oportunidades), se criadas sinergias nesse sentido. São estes aspectos que se encontram sistematizados nas tabelas seguintes, e que constituem assim uma síntese da análise realizada, nos diversos domínios, e, paralelamente, estruturam o quadro de potencialidades e vulnerabilidades com que o concelho de Vila Velha de Ródão se debate na actualidade. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 307 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 308 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão SOCIOECONOMIA POTENCIALIDADES Redução da taxa de analfabetismo e aumento da população com maior escolaridade; Pressão construtiva baixa que favorece a manutenção dos preços das habitações e a instalação de 2as residências; Forte vocação para o turismo, fruto das suas características naturais e do património histórico, nomeadamente a arte rupestre; Existência de uma empresa com elevado protagonismo ao nível nacional; Existência de condições para a instalação de unidades industriais nas zonas industriais; Crescimento do número de estabelecimentos e do emprego, entre 1995 e 2009, com destaque para as actividades ditas terciárias, embora registando um abrandamento pós 2004; Existência de produtos tradicionais agrícolas com qualidade e potencial competitivo; Existência de agricultura biológica; Alguma oferta de alojamentos e de qualidade dos serviços de apoio à actividade turística; Existência de recursos locais disponíveis para utilização e valorização, nomeadamente a floresta, e os recursos hídricos; Existência de organizações de desenvolvimento local/regional Boas acessibilidades locais e regionais rodoviáras e ferroviárias Construção da Barragem do Alvito Aumento da procura ao nível de novos investimentos industriais, aproveitando a possibilidade de estabelecimento de parcerias e sinergias locais DEBILIDADES Reduzido volume demográfico e fraca capacidade de atracção e fixação de população; Localização periférica e interior; Despovoamento acentuado (crescimento natural e migratório negativos); Elevada percentagem de população envelhecida (36%, em 2009): Elevada taxa de analfabetismo; Migração dos recursos humanos mais jovens e mais qualificados para outros centros urbanos; Ausência de estruturas de ensino (profissional e superior), de centros e unidades de investigação e de oferta de formação dinâmica e especializada; Taxa de actividade relativamente baixa; Tecido empresarial e económico reduzido; Alguma mono-dependência industrial (Celtejo e AMS-Goma Camps SA); Mercado regional com dimensão insuficiente para viabilizar as produções locais; Fileira agro-industrial débil (falta de rejuvenescimento dos produtores, baixas habilitações dos agricultores, fraco incentivo à modernização, etc.); Estrutura comercial débil, de pequena dimensão e cariz familiar. Fragmentação da propriedade; Baixo nível de empreendorismo; Reduzida capacidade de incubação de empresas de cariz inovador. Baixo nível de motivação para o associativismo e cooperativismo Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) OPORTUNIDADES Aposta em estratégias de marketing e de promoção da imagem de Vila Velha de Ródão e das suas mais-valias; Aposta em clusters competitivos locais (turismo em várias vertentes: cultural, natureza, rural, aventura) Desenvolvimento de uma agricultura biológica organizada por fileiras de produtores e capaz de gerar produtos de qualidade; Incremento de realizações do tipo Mostras, Feiras Temáticas e eventos de promoção das actividades económicas, com carácter periódico (Feira das Actividades Económicas); Integração no Projecto Beira Baixa Digital; Proximidade à Universidade da Beira Interior; Proximidade a Espanha; Difusão das novas TIC poderá originar novos serviços e actividades no espaço rural; Crescente valorização dos espaços rurais e do Interior para 2as residências. Existência do Plano Estratégico Nacional de Turismo; Desenvolvimento de projectos de promoção de iniciativas locais nas áreas do artesanato e das produções agrícolas e agro-alimentares. Integração da Aldeia de Foz do Cobrão na rede de Aldeias do Xisto Integração de sítios classificados como monumentos no Geopark Naturtejo AMEAÇAS Persistência de uma estrutura demográfica envelhecida, com tendência para um aumento do peso da população dependente (fruto da transição de activos para segmentos terminais da pirâmide etária); Progressiva tendência para o esvaziamento populacional do concelho e consequente diminuição de recursos humanos; Forte concorrência provocada por produtos europeus, designadamente oriundos de Espanha, e mesmo por mão-de-obra mais qualificada; Cenário de tendencial redução do volume de transferências públicas e privadas para a região; Dependência funcional de Vila Velha de Ródão face a Castelo Branco no acesso a determinados serviços e equipamentos; Difíceis perspectivas de ampliação do mercado local; Insuficiente mobilização regional. 309 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão CARACTERÍZAÇÃO BIOFÍSICA POTENCIALIDADES Território de elevada qualidade paisagística, dominado por três rios principais (Tejo, Ocreza e Ponsul) e cordilheira quartzítica; Integração no Geopark Naturtejo e no Parque Natural do Tejo Internacional; Existência de locais, vistas panorâmicas e percursos com interesse paisagístico; Presença de galerias ripícolas com bom nível de desenvolvimento; Existência de património histórico-cultural inserido em zonas de paisagem de qualidade; Azeite com Denominação de Origem; Presença de ecossistemas materiais com interesse, que permitem a existência e fixação de espécies de elevado valor florístico e faunístico; Existência de habitats e ecossistemas que propiciam a existência de avi-fauna com grande interesse biológico/científico; Os rios não apresentam visualmente índicios de poluição; Existência de estruturas geológicas com grande interesse científico. 310 DEBILIDADES Fábrica de pasta de papel da Celtejo; Amplas áreas florestais ardidas; Extensas áreas de monocultura de pinheiro bravo e/ou eucalipto; Subaproveitamento de potencial cinegético e silvo-pastoril; Relativa homogeneidade de uso do solo (reduzida biodiversidade e reduzida capacidade de reacção a pressões externas); Reduzida infra-estruturação, planeamento e marketing de actividades recreativas (pesca, desportos náuticos, tracking, campismo, etc); Ausência de planos de ordenamento para as albufeiras (Fratel e Pracana). OPORTUNIDADES Incremento da exploração de olival para produção de azeite; Aproveitamento turístico das albufeiras (pesca, desportos náuticos, etc); Desenvolvimento de actividades recreativas e desportivas associadas ao turismo de natureza e de aventura, nomeadamente percursos pedestres; Implementação de Centro de Interpretação e Monitorização Ambiental e núcleo museológico; Desenvolvimento de potencial cinegético da floresta e meio aquático; Desenvolvimento de exploração agro-pecuária em associação a sub-coberto de olival e montado (silvopastorícia). AMEAÇAS Aumento da área de monoculturas de exploração florestal (pinheiro bravo e eucalipto) – risco de incêndio e redução de biodiversidade; Dispersão de pequenos lagares pelo território concelhio, com menor controlo de cumprimento de legislação ambiental; Incapacidade de diversificar as funcionalidades do meio natural e reagir contra Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão DINÂMICA URBANA POTENCIALIDADES Existência de alguns núcleos antigos com interesse destacando-se o núcleo histórico de Vila Velha de Ródão, de Sarnadas de Ródão e da Aldeia de Foz do Cobrão (integrado no projecto das Aldeias do Xisto); Existência de edificado de arquitectura tradicional ainda presente no núcleo antigo de alguns aglomerados; Requalificação do espaço público nas sedes de freguesia; Existência de volumetrias moderadas, onde predomina uma tipologia habitacional unifamiliar, normalmente com dois pisos de cércea; Existência de duas zonas industriais na freguesia de Vila Velha de Ródão com Plano de Pormenor aprovado; Reabilitação de alguns edifícios de arquitectura tradicional pela população local; Existência de espaços naturais com valor paisagístico na envolvente de alguns aglomerados. DEBILIDADES Existência de uma rede urbana, composta, por aglomerados de muito pequena dimensão disseminados pelo território e pouco dotados de serviços e funções urbanas; Fraco desenvolvimento funcional do centro urbano de Vila Velha de Ródão e ausência de um centro cívico; Descaracterização de alguns conjuntos urbanos induzida pelo processo de renovação urbana ou pela introdução de linguagens arquitectónicas distintas das locais; Abandono e a degradação do parque edificado de alguns núcleos antigos; Inexistência de estrutura urbana coerente nas áreas de expansão e ocupação urbana de áreas pouco adequadas (zonas declivosas, zonas húmidas, etc.); Existência de espaços intersticiais associada à tendência para a dispersão urbana dentro dos aglomerados. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) OPORTUNIDADES Criação de um quadro normativo, na revisão do PDM, que controle a ocupação fora das áreas urbanas, que promova a renovação e consolidação da malha urbana existente; Definição de perímetros urbanos que contribuam para o fecho da malha urbana, contrariem a ocupação dispersa e protejam as áreas consideradas mais sensíveis; Promoção de programas e incentivos que visem a salvaguarda do parque edificado dos aglomerados com características mais tradicionais; Existência de vários conjuntos com interesse que poderão ser alvo de projectos de requalificação urbana. AMEAÇAS Agravamento da tendência para a dispersão do povoamento; Aumento da pressão para edificação em solo rural; Acentuar do esvaziamento, abandono e consequente degradação dos núcleos antigos. 311 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão VALORES CULTURAIS POTENCIALIDADES Presença de imóveis classificados; Existência de diversos imóveis com interesse; Interesse arquitectónico e histórico dos núcleos antigos das sedes de freguesia; Presença de um vasto património arqueológico inventariado. 312 DEBILIDADES Existência de imóveis bastante degradados no interior de núcleos antigos com algum interesse de conjunto; Deficiente aproveitamento da aptidão cultural, recreativa e turística dos imóveis classificados e com interesse. OPORTUNIDADES Valorização patrimonial e urbanística das sedes de freguesia e de algumas aldeias (Foz do Cobrão; Vale do Cobrão; Gavião do Ródão; Vale do Homem); Reabilitação de imóveis classificados ou com interesse; Valorização dos pequenos conjuntos de arquitectura tradicional; Desenvolvimento de itinerários e percursos pedestres de base cultural, articulados com os principais pontos de atracção patrimoniais. AMEAÇAS Avanço gradual do mau estado de conservação do património edificado; Destruição do património arqueológico pela construção, pela lavoura, pela abertura de caminhos e outras intervenções; Descaracterização de alguns núcleos antigos de aglomerados face à introdução de linguagens arquitectónicas dissonantes. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão REDE VIÁRIA E TRANSPORTES POTENCIALIDADES Proximidade a Castelo Branco e a Portalegre; Principais acessibilidades externas asseguradas por eixos da Rede Nacional (A23); Inserção Regional favorecida pela localização geográfica e pela evolução da Rede Nacional; Ligações à fronteira com Espanha; Grau de acessibilidade interna nas ligações entre Vila Velha de Ródão e a maioria dos aglomerados urbanos concelhios; Características físicas das vias que asseguram funções mais relevantes; Investimentos recentes no âmbito da beneficiação da Rede Municipal; Serviço de Transporte Ferroviário (passageiros e mercadorias) proporcionado pela Linha da Beira Baixa; Circuitos Escolares, abrangendo zonas não servidas pelo transporte regular. DEBILIDADES Acessibilidades ao Litoral Centro; “Efeito barreira” introduzido pelo Rio Tejo, impedindo a ligação directa à Extremadura espanhola; Adiamentos na implementação do IC31; Elevada extensão dos troços desclassificados no âmbito do PRN2000; Orografia acidentada de parte do território, condicionando o traçado das vias e a mobilidade interna; Características físicas de alguns troços da Rede Municipal; Insuficiências no domínio do ordenamento urbano, da sinalização e da segurança; Reduzida oferta e cobertura territorial do serviço de Transporte Público, em particular o rodoviário; Classificação administrativa, resultante de legislação antiga e desajustada. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) OPORTUNIDADES A nível regional, implementação ou beneficiação de alguns eixos previstos no âmbito do PRN2000 proporcionando uma melhoria das acessibilidades externas; Construção do IC31, beneficiando as ligações a Espanha; A reintegração na Rede Nacional de dois troços anteriormente desclassificados: EN241 (Alvaiade/IP2 - V.V.Rodão) e ER18 (V.V.Rodão Alpalhão/IP2); Definição de um conceito global para a rede viária concelhia, incluindo o estabelecimento da sua adequada hierarquização funcional; Criação de um quadro normativo no âmbito da revisão do PDM que defina os parâmetros a adoptar no que respeita à gestão e ao ordenamento da rede actual, bem como às futuras intervenções. AMEAÇAS Indefinições relativamente à efectiva concretização de alguns dos investimentos previstos no âmbito do PRN2000. 313 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão HABITAÇÃO E EQUIPAMENTOS COLECTIVOS POTENCIALIDADES Parque habitacional constituído, quase na totalidade, por alojamentos clássicos, sendo insignificante o peso das barracas e outras improvisações; Cobertura quase total de infraestruturas urbanas (electricidade, abastecimento de água e esgotos); Boa cobertura de equipamentos de ensino, segurança social (na vertente de apoio à infância), desportivos e culturais; O Complexo Cultural, formado pela Casa das Artes e Cultura do Tejo e da Biblioteca Municipal José Baptista Martins é, presentemente, um dos mais importantes equipamentos diferenciadores do concelho; A Arte Rupestre é o património cultural emblemático do concelho e da região, motivando a criação de um Centro de Interpretação; Adesão ao Programa Rede Social; Realização da Carta Educativa do município; Forte presença do espírito associativista, materializado na existência de aproximadamente quatro dezenas de Associações Culturais, Recreativas e Desportivas. 314 DEBILIDADES Dinâmica negativa do parque habitacional, entre 1991 e 2001; Parque habitacional envelhecido; Alguma degradação do parque edificado, sendo que 7,4% dos edifícios do concelho necessitam de grandes reparações e/ou estão muito degradados; Inexistência de Ensino Secundário; Carência de equipamentos no domínio da assistência social aos idosos, na valência “Lar” Sobreutilização das unidades de saúde (as consultas médias/dia ultrapassam a capacidade das unidades). OPORTUNIDADES Criação de um programa de incentivos à recuperação e reocupação de imóveis devolutos Nova Lei do Arrendamento Urbano poderá propiciar a dinamização do mercado do arrendamento e consequente revitalização do parque habitacional; Possibilidade de uma melhor gestão do parque escolar com a implementação da Carta Educativa; Implementação do Plano de Desenvolvimento Social, no âmbito do Programa Rede Social, com vista à erradicação das situações de pobreza; Os equipamentos culturais existentes e os projectos de dinamização cultural em desenvolvimento poderão funcionar, conjuntamente, como um importante elemento de atractividade e identidade concelhio. AMEAÇAS Dificuldades na colocação dos fogos inoperantes no mercado: tendência para manutenção de um importante peso de fogos vagos; Dificuldades na disponibilização de recursos para recuperação das habitações degradadas; O envelhecimento estrutural e generalizado da população deverá exigir novas respostas de apoio social e de saúde. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão TURISMO POTENCIALIDADES Forte vocação para o turismo, fruto das suas características naturais únicas e do património histórico; Integração em região de excelência para a prática de Turismo de Natureza; Complexo de Arte Rupestre do Vale do Tejo; Existência de dois percursos pedestres homologados - “Rota das Invasões” e “Caminho do Xisto de Foz do Cobrão”; Território banhado por 3 importantes rios (Tejo, Ocreza e Ponsul); Bom nível dos serviços de animação turística (percursos pedestres, passeios de barco, escola de escalada, canoagem, etc.); Posto de Turismo bem equipado e dinamizado e existência de Roteiro Turístico concelhio; Existência de organizações de desenvolvimento local/regional com papel fundamental (ADRACES e AEAT); Forte dinamismo no acesso a financiamentos públicos e persistente aposta nas infraestruturas turísticas e culturais; Tipicidade gastronómica; Boa dotação de equipamentos culturais e desportivos; Integração da Aldeia de Foz do Cobrão na Rede de Aldeias do Xisto; Proximidade e facilidade de acesso a Castelo Branco. DEBILIDADES Reduzido volume demográfico, fraca capacidade de fixação de população, envelhecimento e despovoamento progressivo; Insuficiente dotação de serviços de apoio ao turismo (rent-a-car, agências de viagem, etc); Insuficiente capacidade de alojamento (reduzida dimensão dos existentes); Localização periférica e interior; Poluição atmosférica e visual (Celtejo) Baixo nível de empreendedorismo da população local; Aproveitamento insuficiente dos recursos hídricos e do restante património natural e paisagístico, sobretudo das freguesias de Fratel, Sarnadas e Perais; Estrutura comercial e de serviços pouco dinâmica e competitiva. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) OPORTUNIDADES Aposta em estratégias de marketing e de promoção da imagem de Vila Velha de Ródão e das suas mais-valias; Integração na Turismo do Centro de Portugal, E.R.T. e potencial de articulação regional; Maior potenciação dos recursos hídricos e restante património natural e paisagístico; Criação de parques temáticos e/ou de lazer junto as margens dos rios; Integração no Geopark Naturtejo e no Parque Natural do Tejo Internacional; Aposta no turismo em várias vertentes: cultural, natureza, rural, aventura; Boa dotação de equipamentos culturais, de recreio e lazer; Proximidade a Espanha; Crescente valorização dos espaços rurais e do Interior para 2as residências; Desenvolvimento de projectos de promoção de iniciativas locais nas áreas do artesanato; Difusão das novas TIC poderá originar novos serviços turísticos e actividades no espaço rural; Recuperação de construções de cariz tradicional (lagares e outros) para unidades de turismo em espaço rural; Reutilização de edifícios públicos encerrados para fins turísticos, nomeadamente alojamento. AMEAÇAS Incapacidade de inverter o cenário estrutural de declínio populacional e consequente diminuição de recursos humanos, necessária à maior potenciação da actividade turística; Total abandono de algumas aldeias; Dependência funcional face a Castelo Branco no acesso a determinados serviços e equipamentos; Incapacidade de aproveitamento integrado das potencialidades turísticas. 315 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão INFRAESTRUTURAS URBANAS POTENCIALIDADES Criação do Sistema Multimunicipal de Água e de Saneamento de Águas Residuais de Raia, Zêzere e Nabão, gerido pela empresa Águas do Centro; Abastecimento de água a todos os aglomerados do concelho; Existência de ETAR que garantem o tratamento das águas residuais das 3 maiores sedes de freguesia; Integração na VALNOR que assegura a recolha, triagem, valorização e tratamento dos resíduos sólidos urbanos nesta região; Existência de um Ecocentro na freguesia de Vila Velha de Ródão; Existência de um serviço de recolha de monstros domésticos assegurado pela Autarquia. 316 DEBILIDADES Maioria dos aglomerados servido por fossa séptica colectiva com apenas tratamento primário; Deficiente tratamento dos efluentes industriais; Inexistência de recolha selectiva de RSU num grande número de aglomerados. OPORTUNIDADES Implementação de um sistema de abastecimento de água e de drenagem e tratamento de águas residuais multimunicipal, promovendo a criação de sistemas integrados, tecnicamente e economicamente eficazes; Melhoria da qualidade de vida da população como mais-valia à atracção e fixação da população. AMEAÇAS Falta de tratamento, conveniente, das águas residuais, o que poderá constituir uma forte fonte de poluição do meio receptor; Presença de actividades industriais poluidoras sem tratamento adequado dos seus efluentes. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ANEXO Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 317 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ANEXO I – PRETENSÕES E SUGESTÕES APRESENTADAS DURANTE O PERÍODO DE PRÉVIA CONSULTA PUBLICA Id. Requerente Aglomerado Freguesia 1 Fernando Cardoso Santos Perais Perais Alteração de "Espaço Florestal para Espaço Agrícola em prédio rústico Alteração Categoria de Espaço 2 Michelino Di Cicilia Carapetosa Sarnadas de Ródão Pedido de reclassificação de terreno de 3500 m2 com finalidade de construção Inclusão no Perímetro Urbano 3 Grupo de Munícipes de Amarelos Amarelos Sarnadas de Ródão Pedido de alteração das áreas mínimas de construção em espaço rural e alteração do índice de implantação em perímetro urbano Alteração de Áreas Mínimas 4 Joaquim Pires Ribeiro Prego Peroledo Fratel Pedido de reclassificação de terreno com finalidade de edificação de habitação Inclusão no Perímetro Urbano 5 Raul José de Oliveira Mota Carapetosa Sarnadas de Ródão Pedido de alargamento do Perímetro Urbano Inclusão no Perímetro Urbano 6 José Crespo Mota Carapetosa Sarnadas de Ródão Pedido de alargamento do Perímetro Urbano Inclusão no Perímetro Urbano 7 Américo Pereira Mendes Carapetosa Sarnadas de Ródão Alteração de "Espaço de Equipamentos" para " Espaço Urbano" Alteração Categoria de Espaço 8 António Duarte Belo Carapetosa Sarnadas de Ródão Pedido de alargamento do Perímetro Urbano Inclusão no Perímetro Urbano 9 Junta de Freguesia de Perais Perais e Vale de Pousadas Perais Pedido de alargamento do Perímetro Urbano Administração Local Carapetosa Sarnadas de Ródão Pedido de alteração das áreas mínimas de construção em espaço rural/ alteração de Perímetros Urbanos e alteração dos índices de construção Alteração de Áreas Mínimas Administração Local 10 José Luís Lourenço Pretensão 11 Junta de Freguesia de Sarnadas de Ródão Várias Sarnadas de Ródão Alteração dos Perímetros Urbanos/Pedido de alteração das áreas mínimas de construção em espaço rural (entre Carapetosa e a Estação de Caminho-de-ferro de Sarnadas) 12 Centro Recreativo e Cultural do Coxerro Coxerro Vila Velha de Ródão Pedido de reclassificação de terreno, com finalidade de construção de capela religiosa Alteração Categoria de Espaço 13 Joaquim Nogueira Carmona Sarnadas de Ródão Sarnadas de Ródão Pedido de reclassificação de terreno com finalidade de edificação de habitação Inclusão no Perímetro Urbano 14 Santa Casa da Misericórdia Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão Alteração de "Espaço de Equipamentos"e "Zona Verde" para Espaço Urbano" Alteração Categoria de Espaço Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 319 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão 320 Id. Requerente Aglomerado Freguesia Pretensão 15 José N. Pires Correia Fratel Fratel Alteração de "Espaço de Equipamentos"para "Espaço Urbano" Alteração Categoria de Espaço 16 Elias Rodrigues Mendes Peroledo Fratel Inclusão no Perímetro Urbano Inclusão no Perímetro Urbano 17 Severino Miguel Vaz Balsinha Perais Inclusão no Perímetro Urbano Inclusão no Perímetro Urbano 18 Herculano de Oliveira Gonçalves Gonçalves Sarnadas de Ródão Sarnadas de Ródão Inclusão no Perímetro Urbano Inclusão no Perímetro Urbano 19 Maria das Dores Oliveira Gonçalves Sarnadas de Ródão Sarnadas de Ródão Inclusão no Perímetro Urbano Inclusão no Perímetro Urbano 20 Henrique Sebastião Martins Bispo Sarnadas de Ródão Sarnadas de Ródão Inclusão no Perímetro Urbano Inclusão no Perímetro Urbano Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ANEXO II – LEVANTAMENTO FUNCIONAL DA SEDE DE CONCELHO – VILA VELHA DE RÓDÃO, 2010 Funções Nº Unidades ALIMENTAÇÃO Padaria (fabrico/venda) Mercearia/Minimercado 2 4 Supermercado 1 Talho 1 ARTIGOS DE USO PESSOAL Tecidos 1 Pronto-a-vestir 4 Sapataria/Malas 3 ARTIGOS DE SAÚDE Farmácia 1 Oculista/Óptica 1 COMÉRCIO ESPECIALIZADO Quiosque de jornais/revistas 4 Totoloto /Totobola 2 Florista/Sementes 3 Produtos/Alfaias agrícolas 2 EQUIPAMENTO PARA O LAR/ MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO Móveis e decorações 2 Electrodomésticos 1 Drogaria 1 Estores 2 RESTAURAÇÃO E HOTELARIA Café, snack-bar, pastelaria 17 Restaurante/Cervejaria 6 Alojamento Local 2 SERVIÇOS PESSOAIS Cabeleireiro/Barbeiro 4 Instituto Beleza/Calista/Depilações 1 Agência funerária 1 ASSISTÊNCIA MÉDICA Análises clínicas 1 FABRICO E REPARAÇÕES Electricista 3 Canalizador Carpintaria/Serralharia 2 4 Reparação de automóveis(mecânica e bate-chapas/pintura) 4 BANCOS E SEGUROS Bancos 2 Seguros 6 SERVIÇOS DE APOIO ÀS EMPRESAS Advogados 2 Engenheiros 3 Contabilista/Auditor 2 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 321 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão Funções Nº Unidades ASSOCIAÇÕES Cooperativas 2 TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES Caminhos de ferro 1 Táxis 2 Correios 1 Bomba de Gasolina 1 Total 102 Fonte: Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão 322 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ANEXO III – SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS INVENTARIADOS PELA AEAT ID Designação Categoria Período Freguesia Lugar Descrição I Monte do Chaparral Exploração Mineira Romano Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão II Covão das Burras Sepultura Medieval Cristão Vila Velha de Ródão Cerejal III Ladeira Exploração Mineira Romano Fratel Ladeira IV Cabuzo Anta NeoCalcolítico Fratel Montinho V Lagar das Vilas Ruivas Via Moderno Fratel Vilas Ruivas VI Eira da Vinha Mancha de Ocupação Romano Perais Serrasqueira VII Sarnadas de Ródão Achado Isolado Paleolítico Sarnadas de Ródão Sarnadas de Ródão VIII Fratel Via Medieval Cristão Fratel Fratel IX Monte do Chaparral Inderteminado Neolítico Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão X Castelo Estrutura Moderno Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão Área de conheira que acompanha o rebordo da plataforma e em algumas áreas a própria plataforma. Sepultura escavada em afloramento de xisto com planos de xistosidade sub-verticais. A cavidade funerária tem configuração sub-elíptica, assimétrica. O eixo longitudinal tem a orientação NO (cabeça) - SE (pés). Foi esculpido um sulco a envolver a cavidade, o qual se encontra melhor conservado no lado da cabeça e dos pés Situa-se na área de expropriação da A23. Como medida de protecção foi definida, no âmbito da execução daquela obra, uma área de salvaguarda cercada por aramada, com uma porta fechada a cadeado. Para além da sepultura foi conservado um troço de muro rústico que fora construído encostado ao afloramento que serviu de suporte à sepultura. Área parcialmente ardida em 2003. A cobertura arbórea é constituída por pinhal, oliveiras e matos diversos. A conheira ocupa uma área com vários hectares.Implantada de modo contínuo na margem esquerda do rio Ocreza. Possul largura variável (de 10 a 100m). Algum deste espaço foi utilizado para práticas agrícolas e para o efeito limparam-no de blocos quartzíticos que amontoaram em redor onde ainda resistem as oliveiras. No topo de um cabeço, no limite de 3 propriedades, com cobertura vegetal à base de pinhal, olival, montado de sobro e azinho e arbustos (hoje carbonizada), esta área foi sujeita a incêndio em 2003. Do monumento resta uma pequena parcela da câmara constituída por cinco esteios, entre os quais o da cabeceira. Da mamoa são visíveis vestígios a Sul e Oeste. O interior da câmara está profundamente violado. Foi deixado no local um pequeno fragmento de um movente de moinho de vai-vem, em granito. Área de pinhal e eucaliptal que foi consumida por um incêndio no Verão de 2003. Via consubstanciada por vale fóssil e trilhos paralelos, abertos sobre o afloramento xistoso. A largura entre os trilhos é de 1,4m. Este caminho antigo foi destruído em vários locais pela abertura de aceiros e novos caminhos para acesso aos povoamentos florestais. Provavelmente estes trilhos fazem parte da rede viária inventariada por Henriques e Caninas (1986) no local de passagem do ribeiro do Vale do Meio Dia. Ocorrem vestígios de ocupação romana, como cerâmica comum e de construção. Estes materiais, que se observam com mais facilidade em locais onde o solo foi revolvido, poderão corresponder a um assentamento localizado na parte superior do cabeço, entretanto, destruído devido à erosão e à construção da eira. Os materiais espalham-se pela encosta a baixo definindo uma mancha de dispersão, pouco densa. No local aflora, em vários pontos, o substrato arcósico. Recolhido numa encosta voltada a S-SE um núcleo de lascas em quartzito. Troço de antiga rodovia consubstanciada por vários trilhos paralelos escavados no afloramento de xisto. Têm orientação NO-SE e atravessa um pequeno cabeço coberto de estevas. No extremo norte perde-se sob a A23 e no extreno sul numa área agrícola. Cremos que esta tenha sido a principal via a atravessar longitudinalmente o território de Fratel. Área de olival com cascalheira. Conjunto de materiais líticos (seixos, raspadores, seixos truncados e lascas) datados do Paleolítico e Neolítico. Estrutura em blocos de quartzito constituída por um muro linear e no extremo Oeste deste, um outro semi-circular. Espessura visível dos muros - 1,5m; Diâmetro da estrutura semi-circular - 9m; altura da estrutura semi-circular - 1,5m. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 323 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID Designação Categoria Período Freguesia Lugar XI Alcaria Via Moderno Fratel Fratel XII Achada Fortificação Moderno Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão XIII Achada e Encosta da Serra Via Moderno Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão XIV Capela de Santo António Capela Moderno Perais Alfrívida 324 Descrição Foi observado um pequeno fragmento de mó circular em granito. Em Novembro de 2003 e em Outubro de 2004 não foram encontrados quaisquer vestígios das vias com trilhos referenciados nesta área em meados dos anos 80 do século XX. Admite-se que tenham sido destruídas pela instalação de monocultura de eucalipto e abertura de caminhos de acesso aqueles povoamentos florestais. Implantada a meia encosta da serra da Vila, no sítio da Achada. Estrutura em ângulo obtuso constituída por dois braços lineares. O ponto de união dos braços é arredondado. Cada um dos braços tem 25m de comprimento. A muralha é constituída por dois panos de alvenaria adoçados. No exterior, a altura máxima, no ponto central, é de 3m. Controlava a via de acesso ao Porto do Tejo. Esta estrutura corresponde à que está representada no plano do Tenente Coronel Manoel de Souza Ramos, uma "bataria em que actualmente se trabalha, e que deve flanquear a obra C" (ou seja, a estrutura projectada para o Cabeço do Salvador). O acesso a este local, bem como às estruturas das Batarias e Torre Velha fazia-se, a partir de Ródão por uma estrada de encosta, indicada naquele Plano como "estrada de comunicação já acabada" atrás citada. Poderá corresponder à denominada Bateria da Praça onde, segundo Castelo Melhor e Cardozo, "há duas Peças assestadas a diferentes lanços de parapeito de hum reduto, que parece Ter alli existido e batem a Estrada de Castello Branco, e a Ponte sobre o Tejo, e a terceira está assestada a hum parapeito construído em 96 ou 801, para bater a mesma Estrada em maior distancia". Mais adiante, aqueles militares confirmam que a Bateria da Praça fica em posição inferior à Bateria do Morro, embora afirmem que estão distanciadas de "vinte passos mais ou menos", o que não é compatível com a posição das estruturas já citadas. Um dos braços, no ano de 2003, foi parcialmente destruído pela abertura nocturna de um aceiro, durante uma operação de combate a incêndios. Por este facto, em Maio de 2004, houve uma intervenção arqueológica no sentido da minimização deste impacto negativo. Após a intervenção arqueológica concluímos estar perante uma estrutura elaborada, constituída por dois muros de alvenaria e em pedra seca, distanciados entre si. O primeiro, implantado em cota mais alta era a parede interior da estrutura defensiva. Entre este muro e o segundo pode observar-se uma câmara de redução de efeitos de choque e vibrações completamente preenchida com blocos de quartzite de pequeno tamanho. A face exterior da estrutura é constituída por uma rampa uniforme de terra comprimida (tipo taipa) com função de protecção e minoração dos impactos. Via que dava acesso às baterias de Bateria e da Torre Velha. Era calcetada em alguns troços. Ligava a área do cemitério de Vila Velha de Ródão às referidas baterias. Foi completamente destruída com a armação do terreno para a florestação, com pinheiro manso, realizada no início dos anos 90 do século XX. Capela dedicada a Santo António. Monumento de planta longitudinal com capela-mor mais estreita e sacristia adossada ao lado sul. Na abóbada da capela-mor possuía pintura mural. Monumento totalmente recuperado nos anos 90. Terá entrado em ruína em 1903 e a partir dessa data nunca mais aqui disseram missa. Antes da recuperação há a referir a existência de uma lápide funerária na soleira da porta principal, as pinturas nas paredes e rendilhados incisos e pinturas na abóbada da capela-mor. Leitura da inscrição:”S.DE.BAL / CHIOR / DE AN(?) / DE.E.S.MO / LHER(?) / PIZ. F (?) / POS.I. Em 1973, foram ainda observadas duas pias de água benta, em granito, um púlpito muito rústico e arruinado e dois nichos, um de cada lado, na entrada para a capela-mor. A passagem para a capela-mor fazia-se através de um arco de volta perfeita e Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID Designação Categoria Período Freguesia Lugar XV Alfrívida Igreja Moderno Perais Alfrívida XVI Alogadouro Arte Rupestre Neolítico Perais Perais XVII Atalaia Via Moderno Sarnadas de Ródão Atalaia XVIII Lagoa Exploração Mineira Romano Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão XIX Buraca da Moura Inderteminado indeterminado Perais Perais XX Tostão Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Descrição "quase por completo destruído, com argila a imitar escamas e flores embutidas”. Possui ainda a primitiva abóbada, já arruinada e em riscos de se perder, com pinturas decorativas do sec. XVII ou XVIII. Ao lado direito, um portal abre para uma sacristia ou arrecadação, desprovida de tecto e sem interesse, que serve de estrumeira. Ao fundo abre-se um nicho, ladeado por duas colunas pintadas sobre a cal, com raios divergentes, dados a cor de tijolo, no remate. Aliás toda a capela-mor se encontrava revestida de pinturas a fresco, com cor de tijolo e lilás, a imitar azulejos. Trata-se de uma forma pouco comum de utilizar decorativamente um templo, e que, apesar de singelo, se revela interessante, como os restos ainda existentes provam" (Henriques, 1973) Monumento totalmente destruído no início do século XX. Tinha como orago S. Miguel. Pequeno núcleo de gravuras, totalmente submerso e integrável no complexo de arte rupestre do vale do Tejo. O núcleo de gravuras que toma esta designação fica na margem esquerda. Na margem direita podia observar -se picotados dispersos e um ou outro círculo. Área de cumeada revestida com pinhal e esteval. Via antiga constituída, essencialmente, por múltiplos trilhos paralelos talhados no xisto, com profundidades diversas. Parte destes trilhos foram destruídos quando da abertura de um outro caminho mais recente. Em alguns troços do percurso os trilhos são delimitados por paredes, também de xisto. Cremos que a via aqui mencionada tenha continuidade na ficha LXXII (Quelhinhas) .A largura dos trilhos é 1,2 a 1,4m. Parte da área está profundamente revolvida por maquinaria pesada (no interior de aramada). No exterior da mesma temos área de olival, pinhal, sobreiros e mato diverso. Conjunto de cavidades, de formas que tendem para o rectangular e tamanhos diferentes, abertas em escarpa xistosa. As cavidades têm origem num processo de degradação do xisto. A área onde este fenómeno se observa é pequena. Área de exploração de cobre. Constituída por um conjunto de fossos abertos nos topo e na vertente sul da cumeada que constitui a margem direita da Ribeira do Açafal no sítio do Cobre. Os fossos distam poucos metros entre si. Cada um possui tamanho, forma, grau de inclinação e entulhamento diferente. O sítio é visível a vários quilómetros de distância devido ao derramamento de entulhos encosta abaixo. O maior fosso está implantado no topo do cabeço. Possui corte vertical, planta subrectangular e encontra-se muito entulhado, tem mesmo perspectivas de desaparecer se continuar a receber a terra transportada pelas águas pluviais do caminho que une o Açafal a Tostão. Na vertente Sul, um pouco abaixo do topo, há a referenciar outro fosso, constituído por um corredor, quase todo a céu aberto, de grande inclinação para o interior do monte, terminando em forma de nicho abaulado. A uma cota abaixo da anterior existe um terceiro fosso constituído por um pequeno corredor que dá acesso a um espaço subrectangular e ambos parcialmente cobertos. Neste espaço está cavada no solo uma vala de planta rectangular permanentemente cheia de água. A níveis inferiores observam-se vestígios do que terão sido outros fossos, hoje totalmente entulhados. Os entulhos são de natureza xistosa, azul - acastanhados e tingidos de óxido de cobre. Na zona de maior densidade dos entulhos não cresce vegetação. Sobre a antiguidade destas minas regista J. Guimarães dos Santos (1945:275 e 279), "dos vários trabalhos, há uns, principalmente na concessão do sitio do Cobre, que são muito anteriores aos da primeira concessionária e devem ser muito antigos; assim, se deduz das grandes escombreiras e escoriais existentes", e 325 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID Designação Categoria Período Freguesia XXI Vale do Cobrão Abrigo indeterminado Vila Velha de Ródão XXII Buraca da Moura Inderteminado indeterminado Vila Velha de Ródão XXIII Cabeço D'Ante Anta NeoCalcolítico Vila Velha de Ródão XXIV Monte do Famaco Exploração Mineira Romano Vila Velha de Ródão XXV Cabeço das Pesqueiras Mancha de Ocupação Paleolítico Vila Velha de Ródão XXVI Fratel Capela Contemporân eo Vila Velha de Ródão XXVII Cabeção Mancha de Ocupação Neolítico Vila Velha de Ródão XXVIII Cabeceiras Mancha de Ocupação Romano Perais Neolítico Perais XXIX 326 Cachão do Algarve Arte Rupestre Lugar Descrição um pouco mais à frente acrescenta "existem vestígios muito antigos, e na planta estão lançadas referências a um poço e a uma travessa junto ao rio Açafal. Em 1904 ou 1905, procedeu-se à limpeza dum poço antigo que aos 12 metros deu em firma, continuando-se até aos 26 m. Estes trabalhos estão entulhados e nada se sabe deles". Buraco natural aberto no quartzíto de planta Vale do Cobrão subrectangular e parcialmente descoberto. A abertura é feita a Oeste. Não foram observados vestígios humanos. Formação natural construída por dois enormes buracos, Gavião de sobrepostos, abertos no afloramento quartzitico e virados a Ródão nascente. Possui interesse etnográfico. Pequeno monumento de contorno trapezoidal constituído por câmara e corredor e esteios em xisto. Monumento que parece possuir fecho da câmara para o corredor. O corredor, no lado Sul, ainda apresenta dois esteios. Pode ser ameaçada por florestação em virtude do lado sul do caminho que passa sobre a mamoa já estar florestado por Vilas Ruivas eucaliptos, ou mesmo com o alargamento/melhoramento do dito caminho. Uma das alternativas era propor um percurso alternativo para o caminho de modo a não ser uma ameaça para o monumento. Porque actualmente em cada raspagem do caminho tem-se vindo a rebaixar a mamoa Localizada numa área de olival. Conheira de plataforma Vila Velha de consubstanciada por amontoados de seixos rolados em Ródão quartzite e covas na superfície do solo. Localizada numa área urbanizada. Anteriormente à Vila Velha de urbanização era possível encontrar artefactos líticos em Ródão quartzite. Monumento que na altura da sua construção estaria no limite norte da povoação, junto ao primitivo caminho que atravessava o território no sentido de nordeste sudoeste. Possui porta principal voltada a sul, com estrutura ogival Fratel Actualmente está em obras para o acréscimo de um anexo no lado oeste. Esta construção é compatível com as suas actuais funções, capela de velaturas. Tem como orago São Sebastião. Local peneplano. Foi aqui recolhido silex e cerâmica à superfície. Sítio que parece ter sido destruído pela preparação do terreno para eucaliptização. Do Diário de Campo de F. Henriques consta a seguinte observação, a propósito do material aqui observado: "O material arqueológico recolhido superficialmente é caracterizado por pequenos fragmentos de cerâmica negro acastanhada, grosseira, com grande quantidade de mica. Coxerro Os sílices são geralmente restos de indústria". Em 02.03.06, quando do reconhecimento, o local encontravase profundamente revolvido e eucaliptado. Foram observados, mas não recolhidos, 16 fragmentos de sílex (cores: preto, branco, cinzento e vermelho), não constituindo instrumentos. Não apareceu cerâmica. O sílex apareceu distribuído num raio de 30 metros. Estação de superfície da época romana implantada no interior de olival e consubstanciada pelo aparecimento de cerâmica de construção (imbrices, tégulas) e comum, além de placas de xisto e algum granito. A maior concentração de cerâmica está associada a blocos pétreos (restos de estrutura). Há alguns anos na área de maior concentração de materiais o proprietário, senhor António Dias Charelho, Alfrívida de Alfrívida, desenterrou, quando da lavra, dois fragmentos de coluna e um bloco paralelipipédico em granito grão fino. Ambos os fragmentos podem ser uma mesma coluna e são um pouco assimétricos. Os fragmentos de coluna foram levados para casa do proprietário que os conserva no quintal. Estação que faz parte do complexo de arte rupestre do Perais vale do Tejo, sendo uma das mais ricas pelo quantidade e qualidade das gravuras. Está hoje totalmente submersa Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID Designação Categoria Período Freguesia Lugar XXX Carqueijosa Núcleo de Povoamento Moderno Sarnadas de Ródão Carapetosa XXXI Carvalhos Arte Rupestre Neolítico Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão XXXII Casa Correia Inderteminado indeterminado Sarnadas de Ródão Sarnadas de Ródão XXXIII Castelinhos Núcleo de Povoamento Romano Perais Alfrívida XXXIV Castelinhos Sepultura Medieval Cristão Perais Alfrívida XXXV Celulose do Tejo Mancha de Ocupação Paleolítico Médio Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão XXXVI Charneca Achado Isolado Paleolítico Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão XXXVII Sarnadas de Ródão Igreja Moderno Sarnadas de Ródão Sarnadas de Ródão Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Descrição pela albufeira da barragem do Fratel. Houve trabalhos de levantamento em 1973 e 1987.Em 1973 identificaram-se 193 painéis gravados e realizaram-se 256 moldes em latex. Ruínas no interior de uma clareira em densa mancha de eucaliptal. Habitat abandonado constituído, essencialmente, por uma rua central ao longo da qual se distribuem as ruínas de sete pequenas casas, em xisto e quartzo leitoso, distribuídas por ambos os lados. Algumas casas do lado norte da rua foram destruídas para alargamento do caminho. Área murada. A sul e a oeste das casas existe uma quelha onde se observam buracos para a passagem dos animais das tapadas para a quelha. Na área envolvente das casas observam-se muros com aspecto antigo. Na linha de água a sul das casas existe uma pia cavada no xisto, que em 17/12/2005 não foi observada devido à densidade de vegetação. Pequeno núcleo constituído por quatro conjuntos de gravuras geométrico-simbólicas. Faz parte do complexo de arte rupestre do vale do Tejo. Local sem importância arqueológica mas apenas etnográfica. Segundo o senhor João Carmona Dias, de Sarnadas de Ródão, é também conhecido por Casa das Bruxas. Em visita ao local observamos apenas as ruinas de duas construções. A elevação socalcada antropicamente, sobranceira à planície do Lucriz e revestida por olival. O povoado ocupará o terço superior da elevação, pelo aspecto frondoso que o olival apresenta. O sítio é atravessado por um caminho com origem na planície e com destino a Retaxo e a Cebolais de Cima. Ao longo do caminho podemos observar alguns palheiros em ruínas e grande quantidade de muros, de um e de outro lado, de várias espessuras e aspectos. Há notícia de existência de uma igreja na cota mais alta da elevação, do aparecimento de moedas ("pintos de ouro" e cerâmica diversa). Em 1983, quando visitamos o local fomos alertados para o sítio do Cemitério dos Castelos, local a 200-300 m a nordeste. É uma grande concha cavada na vertente do monte virada para a planície. Há anos atrás, perto deste local, foram encontrados túmulos da época romana, logo destruídos por populares Sepultura ou pia escavada em afloramento xistoso de configuração rectangular. Em 29.04.2006, quando do reconhecimento, a ocorrência não foi observada em virtude denso coberto arbustivo que cobria a área. Área envolvente da Celulose do Tejo, principalmente pelos lados SE e NW. Recolheram-se dois núcleos discóides de tamanho médio e preparação bem marcada além de ter sido recolhido, superficialmente, um conjunto homogénio de material à base de núcldeos discóides e elementos de técnica levallois. Identificação à superfície de alguns artefactos líticos em quartzito. A igreja matriz de Sarnadas de Ródão tem como orago São Sebastião. Em 13 de Abril de 1979 pudemos observar o seguinte espólio: Lápide tumular datada de 1699; Cristo em madeira de data incerta; Pintura a óleo sobre madeira datado do séc. XVI representando Cristo na Cruz e duas figuras laterais; Cústódia em prata; Cruz em prata, espécie rara. No corredor central da nave e já perto do altar mor existem duas pedras tumulares em granito. São raras as letras que ainda se observam, devido à erosão e má qualidade do granito. Esta pedra tumular apresenta fractura em toda a sua largura. Possui friso em todo o redor. O campo epigráfico está dividido em duas metades, separadas por friso. A metade que está mais perto da base tem apenas tem duas linhas onde está inscrito na primeira ANO DE, e na segunda 1699. Na segunda metade está concentrado, em oito linhas, a quase totalidade do texto 327 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID Designação Categoria Período Freguesia Lugar XXXVIII Monte da Coutada Capela Moderno Perais Serrasqueira XXXIX Monte da Coutada Inscrição Romano Perais Serrasqueira XL Cova da Moura Mina Romano Fratel Fratel XLI Covão Sepultura Indeterminado Sarnadas de Ródão Rodeios XLII Coxerro Inderteminado Indeterminado Vila Velha de Ródão Coxerro XLIII Curral da Anta Anta NeoCalcolítico Fratel Fratel XLIV Cachão do Boi Arte Rupestre NeoCalcolítico Fratel Fratel 328 Descrição epigráfico. Assim distribuído: SA DE MEL; FRS BRC; FAMILIA; DOS OF?; ???O?DI; S????OI; HER.P.HE; RDEIROS Capela totalmente destruída no início do século XX, para alargamento da passagem localizada a sul da vivenda do proprietário, mas com os contornos dos alicerces ainda bem delineados no pavimento. Podem ainda observar-se, localmente, granitos lavrados provenientes da capela. À superfície do solo observa-se um alicerce que dizem ser da capela. No pátio central do monte, formado pela distribuição arquitectónica dos edifícios agrícolas, vários elementos em cantaria pertencentes à aparelhagem de antigo lagar de azeite, também ele desactivado. Conjunto contemporâneo. Inscrição sobre xisto, em bloco móvel, fragmentada na altura do seu aparecimento e inserida numa das construções localizadas em frente da casa do proprietário. A origem da inscrição é desconhecida. Mina de exploração do cobre (?) e estação de superfície. Pode observar-se uma abertura vertical obstruída, entulhos e cerâmica. Dia 8.02.02 em visita com o Dr. Carlos Banha (visita proporcionada pela denuncia da abertura de aceiros e do aparecimento de cerâmica) constatamos o revolvimento de que a área foi alvo pela abertura ou limpeza dos aceiros que limitam os eucaliptais vizinhos. Na ocasião tivemos oportunidade de observar três moinhos de minério em quartzito, grande quantidade de cerâmica comum e de construção, tégula de cronologia Alto Imperial e um fragmento de uma taça em terra sigillata hispânica. O fragmento de terra sigillata foi recolhido e levado para o depósito de materiais arqueológicos do IPA Covilhã. O material arqueológico ocupa uma área de cerca de 1ha. Túmulo construído com placas de xisto no interior de um caminho antigo que liga o Covão dos Rodeios a Rodeios. Do túmulo, que foi violado em época incerta, restam algumas lajes de xisto fincadas no solo definindo uma construção de tipo trapezoidal alongado. A secção alarga de um extremo ao outro.. Em 23.04.06, quando do reconhecimento, não foi observado. A área tinha sido profundamente revolvida para florestação e os caminhos tinham sido melhorados com maquinaria pesada. Monólito em xisto, erecto, com cerca de 1,70m de altura. Quando do reconhecimento, em 02.03.06, não foi encontrado. A área é utilizada com fins agrícolas. Monumento nunca identificado. Nos anos 70, quando do levantamento da arte rupestre do Vale do Tejo o arqueólogo João Ludgero Marques Gonçalves recolheu um machado de pedra polida junto do palheiro oferecendo-o mais tarde ao CMCD de Vila Velha de Ródão.Em momentos posteriores tentou-se localizar este monumento sem sucesso, como em 1984; em 2001 e em 18/09/2005. Parte do cabeço foi florestado com eucalipto. Estação que faz parte do vasto complexo da arte rupestre do vale do Tejo, também conhecida por Fratel. Foi a primeira estação a ser identificada. Presentemente está totalmente submersa pelas águas da albufeira da barragem de Fratel. Em 1973 foram identificados 236 painéis gravados dos quais se fizeram 315 moldes. Destes sobressai a rocha F-155 "com as gravuras mais antigas da arte holocénica tagana e as suas melhores (e quase únicas) representações de Equus (cavalos), um tema raro na arte pós-glaciar, e dos melhores Cervus elaphus (veados) deste ciclo artístico. Estas representações, algumas delas em estilo "raio X" e objecto de várias regravações, o que as liga eventualmente a tradições de carácter chamânico, reflectem ainda uma mentalidade de caçadores" como escreve António Baptista, 2005:53. Esta mesma rocha foi alvo de estudo monográfico por parte António Baptista (1981) e de Mário Varela Gomes com João Luis Cardoso (1989), com destaque destes últimos Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID Designação Categoria Período Freguesia XLV Barroca dos Ulmeiros Inscrição indeterminado Fratel XLVI Estrada de Abrantes Via Moderno Sarnadas de Ródão XLVII Farranhão Anta NeoCalcolítico Perais XLVIII Fateirão Anta NeoCalcolítico Sarnadas de Ródão XLIX Fonte dos Piolhos Mancha de Ocupação Romano Vila Velha de Ródão Lugar Descrição para a representação do Equus caballus aqui representado. Registam estes últimos "A representação do equídeo da rocha 155 de Fratel mostra um macho gordo, ainda jovem, em posição de alerta e cujo protótipo deve corresponder à imagem que teriam estes quadrúpedes nos finais do Verão ou nos começos do Outono, época em que se realizavam as maiores caçadas. Num longínquo dia do VII ou VI milénio a.C., durante os preparativos para as caçadas, ter-se-ão desenvolvido, junto às águas do Tejo, os rituais de que esta gravura representando um Equus caballus, de Fratel, é prova. Inscrição lavrada por picotagem sobre afloramento xistoso na área de confluência do ribeiro dos Ulmeiros (margem direita) com o rio Tejo. Fratel Texto: TACVS OCVS. F. Existe uma única linha no topo do afloramento. O painel epigrafado está em posição subvertical. Via constituída por diversos trilhos paralelos abertos sobre o xisto. Conhecida localmente por estrada de Abrantes. Conhecem-se outros troços desta via mais para sul, área de Atalaia. Em 08.01.2006 foram procurados estes trilhos em toda a sua extensão, sem sucesso. Em seu lugar há Sarnadas de um estradão alargado, em terra batida, pavimento Ródão disfarçado e cota do terreno rebaixada. As áreas laterais do antigo caminho estão hoje plantadas com eucaliptos, consequentemente foram profundamente revolvidas. Cremos que os trilhos tenham sido destruídos ou estejam sob a terra. Restaram destes trilhos duas pequenas áreas, referenciadas na localização. Monumento destruído por maquinaria pesada em 1977, para alargamento de uma área com olival. Antes da completa destruição o monumento evidenciada câmara, corredor e vestígios de mamoa. A câmara não apresentava tampa, estava bem destacada no solo e era constituída por sete esteios de xisto, ligeiramente inclinados para o interior. O Esteio de cabeceira tinha sido decepado a poucos centímetros do solo e ainda não há muito tempo. Resultante de remeximentos o seu interior apresentava Monte Fidalgo dois níveis. O corredor era penas evidenciado por um esteio, no interior de denso carrascal. A área onde se implantava o monumento foi escavada pelo NRIA em Setembro/Outubro de 1983. Actualmente apenas se observa uma concentração anormal de quartzo leitoso, blocos de pequenas dimensões, e pequenas placas de xisto azulado. Os blocos de quartzo de maiores dimensões estão dispostos no limite da propriedade, junto do caminho. Os esteios estão sob a parede, baixa, que limita a sudoeste a propriedade. Anta com câmara poligonal de sete esteios, de xisto, imbricados. Não exibe vestígios do corredor tal como fora constatado aquando da sua descoberta. A peça que na altura foi interpretada como sendo uma tampa é afinal o esteio de cabeceira, o qual se fragmentou na base e tombou na direcção da entrada da câmara. A câmara tem cerca de 2m de largura interna. Está muito entulhada com xisto proveniente da mamoa. Os esteios estão muito inclinados para o interior. A mamoa (constituída por xisto e terra) foi desbastada em redor, mas conserva-se melhor no Vale do Homem lado sul onde se estimou que teria pelo menos 8m de raio (16m de diâmetro). O monumento apresenta-se coberto por vegetação espontânea. No seu lado Nordeste foi circundado por um estradão florestal que limita um eucaliptal. Como o centro do monumento marca o limite entre duas propriedades, admite-se que os responsáveis pelo povoamento florestal evitaram destruir o monumento, como se pode avaliar pelo traçado daquele estradão. Parece não ter sofrido alterações significativas no seu estado de conservação desde a sua descoberta em 1979. Salgueiral Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Área de olival e vinha onde abundam vestígios cerâmicos. A estação arqueológica foi dividida pela implantação de 329 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID Designação Categoria Período Freguesia Lugar L Vilas Ruivas Mancha de Ocupação Paleolítico Médio Vila Velha de Ródão Vilas Ruivas LI Fraga Povoado Medieval Cristão Sarnadas de Ródão Rodeios LII Casa da Barca Arte Rupestre Neolítico Fratel Fratel LIII Gardete Arte Rupestre Neolítico Fratel Gardete LIV Lagar Novo Anta NeoCalcolítico Vila Velha de Ródão Vilas Ruivas LV Monte do Famaco Mancha de Ocupação Paleolítico Inferior Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão 330 Descrição uma estrada que liga a EN18 a Salgueiral. Há notícia do aparecimento de estruturas com granito, durante as lavras e na abertura de uma vala paralela à estrada. Superficialmente observa-se grande quantidade de fragmentos de cerâmica de construção e doméstica. As muitas cantarias que foram aparecendo iam sendo levadas para construção. Terraço médio (aproximadamente 32m) com vestígios de ocupação do paleolítico. Área escavada pelo GEPP durante várias campanhas de intervenção. Os trabalhos de escavação iniciaram-se em 1976 e terminaram em 2002. Foi aqui recolhida vária indústria lítica com técnica levallois, com um pequeno número de utensílios acabados e estruturas de habitat, as mais antigas do trerritório portruguês, consubstanciadas por dois arcos de caban, três lareiras, vários possíveis buracos de poste, possíveis áreas de talhe. Transportas depois para o Museu Francisco Tavares de Proença Júnior, em Castelo Branco. Na camada superficial desta estação arqueológica foram identificados um conjunto de materiais líticos em sílex datado do Paleolítico Superior, magdalenense. Localizada na área de pinhal novo com algumas azinheiras dispersas. Habitat implantado num meandro do ribeiro do Vale Morgado, margem direita. Na confluência deste com a ribeira do Açafal, sobre um pequeno cabeço e envolvido por cotas mais altas. No local observam-se fragmentos de granito, alguns dos quais correspondem a mós rotativas, cerâmica comum e placas de xisto de antigas construções(?). Em 23/04/2006, quando do reconhecimento realizado, não foi observado material arqueológico, provavelmente devido ao revolvimento do solo e ao coberto herbáceo-arbustivo, excepto placas de xisto sob as azinheiras. Núcleo de gravuras que integra o complexo da arte rupestre do vale do Tejo. Localizado na margem direita do rio Tejo e em frente da foz da ribeira de Nisa. Em Abril de 1973 numeram-se sete painéis e fizeram-se nove moldes. Núcleo de gravuras que faz parte do complexo de arte rupestre do vale do Tejo. Neste núcleo fizeram-se 41 moldes em latex que corresponderam a 26 painéis A figura localizada mais a montante está entre o muro de sirga e o rio Tejo. É um zoomorfo de grande tamanho e de picotado grosso. Área de eucaliptal, cortado em 1997. Neste sítio, o interior do caminho (Lagar Novo - Vila Ruivas) está revestido de matagal à base esteva e tojo.O monumento está quase totalmente destruído pela florestação. No interior do caminho referido ainda se observam vestígios da mamoa. A área da câmara e do corredor têm vestígios de profundos sulcos abertos quando da eucaliptização. Quatro dos esteios do monumento integram o muro que separa o caminho atrás referido da propriedade florestada, e ainda se encontram in situ. Observam-se também três outros grandes esteios que foram completamente arrancados e parcialmente soterrados. É possível que junto dos esteios in situ haja ainda algum potencial estratigráfico. Em 1999, foi revisitado no âmbito do projecto Pré-História Recente na Margem Direita do Alto Tejo com vista à identificação e aplicação de medidas que garantam a sua conservação. Em 2005, quando do reconhecimento, nada mais há a acrescentar. Esta estação ao ar livre implantada sobre um terraço médio do Tejo (+32m). Aqui foi encontrada, superficialmente e após prospecção sistemática, grande quantidade de indústria lítica em quartzite, mais de 1500 peças numa pequena área. Os materiais líticos encontramse fortemente concentrados o que pode indicar uma produção local, ainda que não se encontrem em contexto estratigráfico. Destes predominam instrumentos clássicos com destaque para bifaces de vários tipos, «machados», Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID Designação Categoria Período Freguesia Lugar LVI Monte do Famaco Anta NeoCalcolítico Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão LVII Minas dos Indaganais Exploração Mineira Moderno Vila Velha de Ródão Gavião de Ródão LVIII Monte da Ordem Inderteminado Romano Vila Velha de Ródão Salgueiral LIX Monte do Pinhal Mina Moderno Vila Velha de Ródão Salgueiral LX Monte dos Ratinhos Inscrição Medieval Cristão Sarnadas de Ródão Sarnadas de Ródão LXI Monte dos Ratinhos Sepultura Medieval Cristão Sarnadas de Ródão Sarnadas de Ródão LXII Monte dos Ratinhos Arte Rupestre indeterminado Sarnadas de Ródão Sarnadas de Ródão Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Descrição raspadores, seixos talhados, núcleos diversos, etc, de talhe sobre lasca. O material recolhido caracteriza-se pela sua homogeneidade, quantidade e qualidade e pode ser integrado no acheulense peninsular. O trabalho de campo permitiu identificar dois núcleos de concentração de materiais "cuja interpretação pode ser tanto de natureza funcional (assumindo uma pene-contemporaneidade de toda a indústria) como de natureza cronológico-cultural (subentendendo uma evolução temporal entre ambos os núcleos)", Raposo, 1987:12). Foi alvo de intervenção em 1982. Monumento muito degradado em virtude da colocação de um poste de transporte de energia eléctrica sobre a mamoa e mais recentemente (1993) pela abertura de valas para presumível florestação do local. Em 2005, resta do monumento uma mamoa pouco pronunciada com cerca de seis metros de diâmetro constituída por placas de xisto, seixo rolado em quartzito, quartzo leitoso. Pode observarse um único esteio. Área de eucaliptal, pinhal e mato diverso. Área de exploração e tratamento do minério de cobre. Conjunto de estruturas dispostas em patamares constituídas por um tanque, escadas, lajeados, muros espessos, alguns construídos em técnica de carril. Das minas, actualmente, pouco se observa. Estruturas e minas parcialmente destruídas nos finais dos anos 90 para florestação com eucalipto e mais tarde pela abertura de um caminho rural. Em ambos os lados da linha dos caminhos de ferro, com maior amplitude do lado Norte, observam-se grandes acumulações de detritos oriundos do interior da minas (xisto azulado triturado). Registo de Henriques e Caninas (1980): "pequeno núcleo de fragmentos de cerâmica à superfície. Há notícia do aparecimento de tumulações no local". No âmbito do protocolo estabelecido entre o I.P.P.C. e a Portucel realizaram-se, em 1989, prospecções arqueológicas em áreas a florestar pela Portucel. Este sítio estava no interior da propriedade do Monte do Cabeço e Mingarou e não foi relocalizado por Arnaud, Ramos e Martins (1990:28).Em 05/10/2006 quando do reconhecimento verificámos que o solo estava profundamente revolvido e ocupado com eucaliptos. Observou-se um único fragmento de cerâmica, de cor cinzenta e pasta grosseira. Mina aberta no substracto arcósico, também conhecida por buraca da moura. Está implantada em área de conheira e na fronteira entre o olival com o mato e arvoredo diverso. É provável que tenha sido mina de água. Apresenta abatimento linear em direcção ao bordo da plataforma e deixa ainda ver um estreito orifício de entrada. Em 1977 quando da sua identificação observamos que era constituída por uma galeria e no final por um alargamento com rebaixamento do piso onde acumulava a água. Inscrição aberta sobre afloramento xistoso. O painel gravado está infestado com líquenes.No reconhecimento realizado em 18/12/2005 não foi observado. Provavelmente soterrado, devido ao revolvimento de terras quando da preparação do terreno para florestação com eucalipto. Tumulo aberto sobre afloramento xistoso. Túmulo de talhe rectangular escavado em afloramento de xisto. No reconhecimento realizado em 18/12/2005 não foi observado. Provavelmente soterrado, devido ao revolvimento de terras quando da preparação do terreno para florestação com eucalipto. Petróglifo lavrado sobre xisto com traço largo e pouco profundo. No reconhecimento realizado em 18/12/2005 não foi observado. Provavelmente soterrado, devido ao revolvimento de terras quando da preparação do terreno para florestação com eucalipto. 331 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID Designação Categoria Período Freguesia Lugar LXIII Morouços Anta NeoCalcolítico Perais Vale Pousadas LXIV Morouços Anta NeoCalcolítico Perais Vale Pousadas LXV Murtal Anta NeoCalcolítico Sarnadas de Ródão Atalaia LXVI Olival Pequeno Mancha de Ocupação Romano Perais Vale Posadas LXVII Poço da Pedra Azul Mina Moderno Sarnadas de Ródão Carapetosa LXVIII Ponte do Cobre Ponte Romano Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão 332 Descrição Anta de câmara poligonal, fechada e descentrada, relativamente ao centro da mamoa que a envolve. A mamoa possui 22m de diâmetro, encontra-se bem conservada e destaca-se na planície aluvial, apesar da densidade do olival. Na constituição da mamoa destaca-se o quartzo leitoso. A câmara foi escavada pelo arqueólogo F. Tavares de Proença Jr. Apesar deste facto tem muito interesse patrimonial e científico. No sector Este se existir um corredor estará bem conservado. Leisner (1998) parece referir-se a este monumento embora o localize na margem esquerda da ribeira do Lucriz. Este monumento situa-se cerca de 100m a NE de outro montículo tumular com a mesma designação. Conservamse visíveis dois esteios, em xisto, correspondentes a uma câmara funerária e três grandes blocos de quatzo leitoso que podem ter pertencido ao anel de contenção da mamoa. Apresenta uma mamoa, muito baixa, com cerca de 16 m de diâmetro. Leisner (1998) parece referir-se a este monumento embora o localize na margem esquerda da ribeira do Lucriz. Monumento que se encontra, actualmente, envolvida por estradões e eucaliptal. A sua implantação corresponde a um ponto cotado. Constituído por mamoa e câmara, a última com estrutura em xisto e revestida com estevas e pinheiros novos. Não se observam vestígios de corredor. Observam-se oito esteios da pequena câmara poligonal. O esteio nº 2 encontra-se arrancado, o nº 3 está partido por pressão. O esteio nº 8 tem formato arredondado e o nº 4, de cabeceira, tem feição rectangular. Há vestígios de revolvimento profundo da câmara. O espaço no interior da câmara é de 1,10m (N-S) por 1,30m (E-0).A mamoa, bem saliente do solo, é constituída por quartzo leitoso, placas de xisto, algumas de grande tamanho e terra. Foi consideravelmente danificada em parte do seu perímetro, por maquinaria pesada. Os vestígios de habitat da época romana ocupam uma área com cerca de um hectare. Situa-se numa ligeira sobrelevação, em forma de esporão, encaixada entre a ribeira do Lucriz e um seu afluente da margem direita. O espaço está ocupado por olival. Ocorre cerâmica comum e de construção, incluindo tegula, abundantes fragmentos de xisto e alguns fragmentos de granito. Mina, que segundo a tradição, está directamente relacionada com a mina do ribeiro da Vareja, localiza-se numa área de esteval, pinhal e algumas azinheiras. É constituída por um buraco de planta rectangular (5 m x 3 m ) e 1,5 m de profundidade, cavado no xisto. Está actualmente entulhada com lixo Apresenta escombreira de cor castanha em redor, onde não nasce vegetação. Parte desta escombreira, onde se observam minerais, foi destruída pela abertura do caminho /aceiro referido. Monumento em xisto. O tabuleiro desenvolve-se em três diferentes planos, um horizontal e dois em plano inclinado. O primeiro corresponde à passagem sobre os três arcos maiores, centrais. Os planos inclinados correspondem aos extremos da ponte e sobrepoem, de um dos lados, um arco menor, definindo um perfil trapezoidal. Está orientada na direcção SE-NO e tem cerca de 42m de comprimento sobre a passarela. O parapeito está muito destruído em alguns sectores e tendo desaparecido noutros, principalmente do lado montante. O piso da passarela teria uma espessura superior, observável ainda por debaixo do parapeito, onde assomam diversas lages de xisto que integraram a superfície de revestimento do passeio e também evidenciada pelas aduelas do topo dos arcos maiores, agora à vista. O extradorso dos arcos não é regular. A ponte possui qautro arcos parabólicos. O do lado nascente é o menor e não está completo, porque o seu topo foi rematado com lajes de xisto, em substituição de possíveis aduelas. É possível que esta substituição tenha Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID Designação Categoria Período Freguesia Lugar LXIX Porto da Barca Velha Sepultura Romano Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão LXX Porto da Barca Velha Exploração Mineira Romano Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão LXXI Porto do Tejo Estação de Ar Livre Paleolítico Vila Velha de Ródão Porto do Tejo LXXII Quelhinhas Via Moderno Vila Velha de Ródão Serrasqueira LXXIII Quinta do Açafal Mancha de Ocupação Romano Vila Velha de Ródão Porto do Tejo LXXIV Revelada Mancha de Ocupação Romano Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Descrição ocorrido quando da colocação de um cano utilizado no transporte de água para a povoação de Serrasqueira. Os arcos seguintes são semelhantes entre si. O intradorso é regular e não se observam marcas de canteiro. Os arcos assentam sobre três estruturas de planta subrectangular com extremidades em arco de círculo e que servem de talha-mar, a montante. O arco de círculo que constitui o talha-mar central parece ter sido apenso posteriormente. Aliás, todo o monumento apresenta cicatrizes que revelam diversas reconstituições. A partir do meio dos arcos existe um revestimento a cimento aplicado, provavelmente, quando da colocação do cano já mencionado. Na parte restante do monumento observa-se uma argamassa grosseira de cor clara. O monumento assenta sobre formações geológicas diferentes. Actualmente as margens apresentam cotas diferentes. A margem esquerda, a que corresponde a cota mais baixa, apresenta-se coberta por aluvião moderno e arcoses e está ocupada por olival. Na margem direita, mais alta, predominam os afloramentos de xisto. Área de esteval, matos diversos e olival sobre calçada, abandonado. Por aqui passava uma vereda em direcção ao rio Tejo, hoje sem vestígios. Em Henriques e Caninas (1980) registávamos: "túmulo constituído por tégulas e tampa em mármore branco. A tampa referida foi vista anos mais tarde em Salavessa. Possuía planta rectangular e não estava afeiçoada. O túmulo foi detectado e violado por trabalhadores agrícolas". Em 05/10/2006 voltámos ao lugar onde observámos um conjunto de fragmentos cerâmicos oriundos de tijoleira, de dolium e uma densidade anormal de placas de xisto. Não foram observadas tégulas como anteriormente. A mancha de distribuição de materiais cerâmicos é de cerca de 10 metros de raio. É provável que não se trate apenas de um túmulo. Pequena área de conheira que acompanha o rebordo da plataforma, inserida numa área de Sobreiral, esteva, giesta e mato denso. Sob esta designação agrupam-se um conjunto de de estações e de locais com interesse arqueológico e corresponde ao espaço compreendido entre a Ribeira do Açafal a montante, a Ribeira do Enxarrique a jusante, a margem direita do rio Tejo a Sul e a EN18, a Norte. Área constituída por vários terraços, ainda que os de maior interesse sejam os aproximadamente 32m e o de aproximadamente 52m, por fornecerem maior quantidade de material. O espólio arqueológico é oriundo do desmantelamento dos terraços, ainda que tenham sido encontrado peças nos cortes. Local de passagem de uma antiga via, estrada de Abrantes ou Estrada Velha. Área revestida a esteva e algum pinhal. A via é constituída por sulcos paralelos bem marcados no xisto. Possui, aproximadamente, a direcção E/O. A largura entre os trilhos é de 1,2m. Existem troços desta via sobrepostos pelo estradão aberto ou melhorado há poucos anos. Julga-se que a via aqui mencionada tenha continuidade na ficha nº XVII (Atalaia). Área actualmente coberta de olival, no passado foi de azinhal. Nos anos setenta registámos o aparecimento de mós giratórias, grande quantidade de escórias e cerâmica de construção. Em 2005 o espólio observado foi muito disperso, com rara cerâmica comum, essencialmente exemplares de construção. A distribuição circunscrita de blocos semi-aparelhados de xisto sugere a existência de anterior construção no local. Indicia, igualmente, transporte, por se tratar de uma região de solos xistosos. Sítio também conhecido por Vila da Revelada. Estação de superfície que se revela por um conjunto de manchas de vestígios materiais de ocupação, na margem direita da ribeira do Açafal e um outro na margem direita do ribeiro de São Pedro.Há cota 100m, localiza-se uma primeira 333 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID Designação Categoria Período Freguesia Lugar LXXV Ribeira das Ferraduras Arte Rupestre Idade do Bronze Perais Perais LXXVI Ribeiro da Nogueira Via Moderno Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão LXXVII Ribeira da Silva Macha Mancha de Ocupação Romano Perais Perais LXXVIII Ribeiro da Vareja Mina Moderno Sarnadas de Ródão Carapetosa 334 Descrição mancha de ocupação, mais a Sul. Em exclusivo, material de construção (tegulae, ímbrex). Visível nas áreas aradas. Circunscrita em cerca de 50X30 metros em torno do ponto referenciado. Identificado calhau de quartzito com indícios de talhe. Nesta mancha de ocupação identificou-se: o núcleo principal de ocupação (103m) com diverso material de construção em predominância (tegulae, ímbrex, tijolo) e rara cerâmica comum; fragmentos pequenos e muito rolados bem como foi identificada a presença de dólium e reconhecida uma asa de ânfora Almagro 50 (séc. IV). Zona de esgotamento de evidências (128m); o Limite do perímetro de povoamento (114m) um paredão erguido na margem do rio; uma plataforma artificializada;.um paredão erigido na margem do ribeiro; e diversos exemplares de cerâmica essencialmente de construção. A área ocupada pelo principal núcleo de distribuição de materiais está coberta por grandes e frondosas oliveiras. É lavrada frequentemente. Uma pequena construção em xisto, com um grande bloco de granito, está no interior do perímetro da estação. Há anos atrás, durante uma lavra, foi posto a descoberto, a parte cimeira de uma estrutura. Superficialmente é possível recolher grande quantidade de cerâmica de construção e doméstica. Na área envolvente há notícias do aparecimento de sepulturas. Para vencer o desnível existente entre a plataforma onde assenta a estação e o nível das margens dos cursos de água referidos existem vestígios do que poderia ter sido uma rampa de acesso à estação. Para NO e SO da estação há notícia do aparecimento de sepulturas. Conjunto de nove gravuras, em forma de ferradura, lavradas na extremidade sul (1mx0,6m) de um grande painel (6mx8m) irregular de xisto, ligeiramente inclinado e voltado a Nordeste, para a linha de água. Oito destes motivos foram lavrados com técnica litostictica (picotagem) e uma com técnica litotriptica (abrasão), esta última parece ter sido feita através do uso de uma ferradura moderna como molde. Pode ter existido outra gravura, com a forma de ferradura, junto das outras mais ocidentais. Isto, porque se observa um estalamento/fractura da rocha com a configuração de uma ferradura. Todas as gravuras estão orientadas para norte, excepto a que se encontra mais a oeste. São de observação difícil devido ao grau de desgaste, aos musgos e às escorrências de terra que as ocultam. Pequenos troços de via calcetadas e em diferentes direcções. Vestígios de habitat da época romana numa área com cerca de um hectare, encaixada entre a margem direita da ribeira da Silva Macha e a margem direita da ribeira do Lucriz. O terreno está ocupado por olival. Dispersão expressiva de material cerâmico romano. Espólio de construção (tegulae, tijolo, ímbrex) e alguns exemplares de uso comum. Identificados dois fragmentos de mó giratória em calcário. Regista-se a probabilidade de existência de antigas estruturas, sugerida pelo alinhamento de grandes blocos de quartzo de formato tendencialmente quadrangular, assentes sob as raízes de uma oliveira. Ocupação implantada em plataforma destacada no terreno regularizado, conferindo-lhe um aspecto artificializado. Situado em terreno em pousio. Mina que dizem estar relacionada com o poço da Pedra Azul, localiza-se numa área de pinhal com matagal muito denso. Trata-se de uma mina com tecto abaulado e com a entrada parcialmente entulhada. Escorre água do seu interior. Os entulhos que a envolvem são de xisto azulado. A entrada da mina e os entulhos estão a escassos metros da linha de água que constitui o ribeiro da Vareja. Em 17.12.05, quando do seu reconhecimento, não foi possível observar a entrada devido ao denso matagal. Foram apenas observados os entulhos. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID Designação Categoria Período Freguesia Lugar LXXIX Salgueiral Mancha de Ocupação Romano Vila Velha de Ródão Salgueiral LXXX Rua do Espírito Santo Capela Moderno Sarnadas de Ródão Sarnadas de Ródão LXXXI Buraca da Moura Via Vila Velha de Ródão Tostão LXXXII Senhora do Castelo Capela Moderno Vila Velha de Ródão Vilas Ruivas Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Descrição Estação de superfície identificada depois da abertura de valas para o alicerce de muros e escoamento de águas. O material parece distribuído por uma área de 60 m x 30 m, aproximadamente. Superficialmente, ou em amontoados de despedrega, surgem fragmentos de tégulas, imbrices, granito disforme, dormente de mó giratória, restos de fundição. A mó referida estava à porta do proprietário na povoação de Salgueiral. Em 1979, quando o Núcleo Regional de Investigação Arqueológica realizou uma campanha de prospecção arqueológica na área de Sarnadas de Ródão, foi recolhida, sobre esta capela, a seguinte versão:"Esta área da povoação sempre foi conhecida por Espírito Santo mas ninguém se lembrava de ter aqui existido capela. A capela do Espírito Santo era uma arrecadação da igreja onde se guardava o material dos funerais (esquife, opas e lanternas). Mas quando há mais de 70 anos o pedreiro José António falecido procedia a obras no recinto veio a descobrir na parede sul o altar com a imagem do Espírito Santo.É possível que à data da sua construção ocupasse uma posição marginal, na entrada sul da povoação. A imagem e o altar estavam emparedados e perfeitamente camuflados, por um pano de parede. A partir dessa altura voltou a ser a capela do Espírito Santo. A capela é um pequeno recinto com cerca de 45m quadrados. Tem duas aberturas para o exterior: a porta voltada a nordeste, e uma janela, na zona do altar-mor, virada a norte. O pavimento está forrado com lajes. O tecto em três planos está revestido a madeira pintada de cor de rosa. As paredes têm mais de 1m de espessura. Estão pintadas a branco com uma barra de cor cinzento-azulado. Não há elemento que faça a separação entre o altar-mor e nave. O nicho da imagem é em granito de grão fino e ocupa a parte central da parde do fundo. No centro do nicho há uma peanha onde assenta a imagem. Espaço pobre em mobiliário (Henriques, 1997) Via com dois sulcos evidentes. A capela da Senhora do Castelo é um pequeno monumento situado cerca de 160m a noroeste do castelo Assenta numa plataforma de altitude inferior à do castelo. Está bem enquadrada na paisagem, sobressaindo a cor branca das suas paredes. Inicialmente teria planta rectangular, uma vez que as duas sacristias hoje existentes lhe foram adoçadas posteriormente, ficando com planta em T.O templo tem quatro janelas. Cada sacristia possui uma janela, envidraçadas há poucos anos. As duas restantes foram abertas na fachada do templo, de ambos os lados da porta principal. Estas últimas têm a forma de seteira alargada e estão protegidas com grades de ferro. A capela tem quatro portas para o exterior, construídas em madeira e de aparência resistente. Cada sacristia tem uma porta, estando viradas respectivamente para norte e poente. As outras duas dão acesso à nave da capela e estão viradas para sul e poente.A fachada do templo, que está virada a poente, possui três aberturas para o exterior, como se afirmou. Uma porta e duas pequenas janelas (0,58mx0,24m) de contorno rectangular, ladeadas em todo o perímetro exterior por uma barra em alto relevo e encimadas por um friso decorativo simples. Têm uma secção bitroncopiramidal. A porta principal está envolvida por uma barra em alto relevo, semelhante à da janela, e é rematada por um arco de volta redonda. O arranque do arco faz-se sobre duas impostas em tijoleira. Sobre a porta observa-se um nicho vazio. Entre este e o topo da porta está esculturada, em alto relevo, uma pequena vieira. Um poial simples e rústico acompanham, exteriormente, as paredes sul e poente. A sacristia do lado norte possui planta rectangular (4,9mx3,0m). Tem duas aberturas ao exterior: uma porta virada a norte e uma janela a nascente. Uma terceira porta dá acesso directo ao 335 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID Designação Categoria Período Freguesia Lugar Descrição altar-mor O telhado, de uma água, tem estrutura de madeira Este compartimento contem um tanque, de betão, com uma pequena abertura fechada com tampa de ferro Parece de construção recente. Deve ter servido para providenciar as carências de água neste lugar. Três bilhas de barro e um pequeno móvel em madeira muito degradado completam o recheio deste espaço. A sacristia do lado sul é igualmente de planta rectangular (4,87mx2,93m) Possui duas aberturas ao exterior, já mencionadas, e uma porta de ligação ao altar-mor. O espólio, observado em 1990, reduzia-se a um confessionário simples, a uma escada de madeira e a uma angarela também de madeira. O corpo principal do templo é composto pela nave (8,98mx5,0m) e pelo altar-mor (3,9mx5, 15m). A separá-los existe um arco de volta redonda. A nave possui quatro aberturas ao exterior já referidas: duas pequenas janelas, em forma de seteira, uma porta virada a poente, a principal, e uma outra porta virada a sul. O chão é revestido a cimento e o tecto, de três planos em forma de maceira, é forrado a madeira. Do lado direito de cada uma das portas existe uma pia de água benta. São diferentes entre si. A pia fixada junto da porta principal, em granito de grão grosso, é pequena, singela, semi-esférica e de planta sub-circular. A outra pia, fixada junto da entrada sul, em granito de grão médio, tinha formato troncocónico, planta circular e era nervada no seu exterior. Assentava sobre uma base cilíndrica rebocada e caiada a branco. Esta pia foi roubada em Junho de 1994. O altar-mor é um espaço de planta rectangular, com duas portas que dão acesso às respectivas sacristias laterais e um grande arco de 0,53m de espessura que o separa da nave. O tecto, de três planos, está revestido a madeira pintada de cor azul-acinzentada. O soalho é de dois níveis e está forrado a cimento. A importância deste templete advêm, principalmente, do seu espólio: um altar hodierno, em madeira, sem valor artístico; um silhar de azulejos com motivos mudéjares: uma imagem da Virgem com o Menino, em pedra, e um pequeno altar em talha barroca. O frontal de azulejos cobre o altar-mór primitivo. É uma peça que remonta ao século XVII. Da superfície lateral norte (0,85mx1m) são unicamente visíveis três azulejos e metade doutro numa única fila vertical. Os restantes sete azulejos e meio estão cobertos com cal. Na superfície restante não há vestígios de azulejos; ou não os há ou estão cobertos com uma espessa camada de argamassa. A superfície frontal (2mx1m) está completamente coberta de azulejos. Na superfície virada a sul (0.85mx1m) faltam vários azulejos Nos últimos anos tem aumentado o número de azulejos roubados. Os azulejos têm forma quadrangular com 0,13m de lado e cerca de 0,01m de espessura. Os motivos são mudéjares e quando agrupados quatro a quatro formam um círculo espesso que circunscreve um motivo rosáceo. As cores predominantes são o azul, o verde e o castanho claro, aplicadas sobre esmalte branco. A parte superior do altar é em talha."É uma muito regular obra do final do século XVII dentro do estilo da talha barroca a que o especialista Robert Smith chamou estilo nacional. Apesar das pequenas proporções, é sublime o ritmo que as quatro colunas salomónicas, decoradas com folhagens eucarísticas, conchas e cachos de uva, dentro de um naturalismo decorativo ainda pouco vincado imprimem ao todo retabular, rematado por duas espécies de arquivoltas", (Henriques, 1974). Em 1986, as quatro colunas salomónicas foram roubadas. Em Junho de 1994 foi roubado todo o altar de talha. Por razões de segurança e de culto, a imagem de Nossa Senhora do Castelo encontra-se em Vila Ruivas há mais de uma década. A imagem voltava à capela nas ocasiões festivas, ou quando o culto o exigia, em particular na romaria de 15 de Agosto. A capela não voltou a ser usada para actos religiosos desde o roubo do altar de talha. A imagem da Senhora do Castelo é uma pequena Virgem com o Menino em pedra 336 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID LXXXIII Designação Senhora da Graça Categoria Capela Período Moderno Freguesia Perais Lugar Vale Pousadas Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Descrição calcária, mede 0,78m de altura. É uma escultura provavelmente do século XVII. Em 1711, no Santuário Mariano (vol.3: 89) era referido que esta imagem era alvo de grande devoção popular. Na altura, no interior da capela podiam-se observar vários ex-votos pintados sobre tábua com destaque para um oferecido por marinheiros de Abrantes que aqui naufragaram, salvando-se toda a tripulação. Nesta data e nesta mesma obra é registado que "a festa principal era no dia 8 de Setembro e desde o ´dia último de Agosto ali se viam fazendo novenas e vivendo em casinhas de pedra solta, quase todas cobertas de mato, 30 a 40 casais de romeiros, havendo memória de se reunirem ali mais de 70, durante os dias de novena".Ainda relativamente à festa transcreve-se um apontamento do Jornal local Portas de Ródão, nº 100. Regista "é centenária a festa da Senhora do Castelo. Consta-se que outrora se realizava a 25 de Março, dia dedicado à Anunciação de Nossa Senhora. Actualmente realiza-se, no Verão, a 15 de agosto, por conveniencia da povoação vizinha - Vila Ruivas. Romaria pouco concorrida…”. Foi reparada em 1972 e a consequente despesa foi paga por subscrição da população. Na década de 1980 foram roubadas as quatro colunas salomónicas e em 1994 foi roubado todo o altar de talha barroca. Em 2001 iniciaram-se obras de recuperação e valorização deste espaço ao abrigo do projecto Açafa. Em 2002 e no decurso da escavação arqueológica houve necessidade de intervenção antropológica.Esta última intervenção estudou três inumações primárias e o ossário revelado, com mais de cinco centenas de espécimen. As inumações primárias diziam respeito a três crianças, duas com a idade de 6 meses (+ /- 3 meses) e outra com a idade de 18 meses (+/- 6 meses). A uma deles foi-lhe diagnosticado escorbuto e às duas restantes hiperostose porótica, compatível com anemia que tenham sofrido pouco tempo antes da morte ou na altura desta. No ossário exumado foram revelados 25 indivíduos, 10 adultos e 15 não adultos. Para os indivíduos adultos a idade da morte ronda os 30 - 40 anos; para os não adultos varia entre as 22 semanas de gestação e os 9-10 anos. Regista a antropóloga Sónia Codinha (2005:40-41) que "de facto, é digno de nota a considerável presença de ossos de fetos, os quais constituem 62% (39/59) da totalidade de ossos de indivíduos sub adultos onde foi possível a determinação da idade à morte. Esta grande representatividade de ossos de fetos é relativamente rara em contextos arqueológicos dado o seu fraco potencial de preservação, bem como as práticas religiosas que advogam a necessidade do baptismo no culto cristão para a inumação dos indivíduos em terreno sagrado. Uma das possibilidades a considerar para esta tão grande representação de ossos de sub adultos, seria a presença no interior da capela de uma área de enterramento preferencial para estes indivíduos. De facto, e apesar de no ossário existirem ossos de adulto conjuntamente com ossos de sub adulto, a circunstância das três inumações primárias exumadas pertencerem todas a sub adultos, apontam para a possibilidade da capela ter sido usada nalguma época para inumação preferencial de não adultos, principalmente fetos e bebés os quais constituem grande parte da amostra de sub adultos". Situa-se neste local uma capela dedicada a Senhora da Graça. O templo assenta num pequeno aterro que poderá corresponder a uma mamoa. O montículo terá sido aplanado aquando da construção da capela. As lavras na zona envolvente também terão contribuído para a remoção dos sedimentos periféricos. Esta hipótese carece de confirmação mediante a execução de sondagem arqueológica. Diâmetros do montículo: 20m (eixo EsteOeste); 16,4m (eixo Norte-Sul). Obtiveram-se informações relativas à existência de uma necrópole romana ou medieval na área envolvente, consubstanciada em túmulos do tipo cistóide, com moedas e ossos, entre os quais duas 337 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID Designação Categoria Período Freguesia Lugar LXXXIV Senhora dos Remédios Capela Moderno Perais Alfrívida LXXXV Serranos Estação de Ar Livre Neolítico Vila Velha de Ródão Salgueiral LXXXVI Silveira Arte Rupestre NeoCalcolítico Fratel Silveira 338 Descrição caveiras. Achados por ocasião de obras na capela.Henriques e Caninas (1990) referem que foi aqui enterrrado em 09/07/1840 João Antunes de Almeida, solteiro, natural de Monte Novo (Arganil), por ter aqui aparecido morto. Monumento com fachadas rebocadas e pintadas a branco, constituído por nave e capela-mor, telhado de duas águas e porta voltada a Oeste.A porta principal é ladeada por duas pequenas janelas circulares. Uma outra porta está voltada a Norte. Na parede Sul, área da capela mor está aberta uma estreita fresta O interior é pintado a branco com lambril a azul, pavimento em cimento e na capela mor nicho em madeira e ara de altar em granito na zona central. Monumento construído, provavelmente no século XVIII. Monumento construído no século XVI, constituído por nave, capela-mor, sacristia, galilé e pequeno campanário. Possui telhado de duas águas, porta principal voltada a Oeste, cunhais em granito e pavimento em tijolo burro (actualmente em cimento). Na fachada, lado sul, existe o campanário, com aparelho em granito, a respectiva escada de acesso e a sacristia com porta e janela. Na fachada norte destacamos uma janela na capela-mor e dois arcos de volta completa na galilé. Na galilé há uma fonte de mergulho a que, segundo a lenda, atribuem propriedades medicinais. Paredes interiores revestidas a azulejo decorado a cor azul e no altar-mor retábulo de talha dourada (séc. XVIII). É ornamentada por 10 ex-votos pintados sobre madeira e vários outros em cera. No inicio de Fevereiro de 1998 foi vandalizado, pela segunda vez. Nesta ocasião roubaram o que restava do altar de talha barroca. Em 1973 foi alvo de trabalhos de beneficiação. Imediatamente a sul da capela, na parede de uma das casas de apoio aos peregrinos aparece um bloco granítico (rectangular) gravado com a seguinte inscrição: ESTASCAZASMANDOV; FAZERMANOELDACV;NHADEOLIVEIRADECA; STELLOBRANCOPORSVA; DEVOCAOEASVACVSTAPE; DEHVMPNEHVMAAMPE; LLASALMASDOPVRGATORIO; ANNODE1710 Estação de ar livre (habitat?) evidenciada por uma sucessão de núcleos de artefactos, que em geral coincidem com a ocorrência de fragmentos de lajes de xisto. A fonte de informação indica a presença de indústria lítica paleolítica nas proximidades do vg Serranos, no lado ocidental da plataforma. Os materiais detectados são maioritariamente atribuíveis à Pré-História Recente e incluem elementos de moagem manual (dormentes e moventes de mó manuais), instrumentos de pedra polida e pedra lascada predomínio de raspadores afocinhados ou em D de tipo languedocense. Estes materiais concentramse, aparentemente, em pequenos núcleos, distribuídos ao longo do rebordo da plataforma: Núcleos em quartzito e fragmento de movente de ganito de grão fino; Fragmento de dormente de mó em xisto, núcleo díscóide; Outros líticos, fragmentos de lajes de xisto;um possível dormente de forma discóide, em xisto, com concavidade pouco pronunciada e picotado na parte central; Raspador de quartzito; Fragmento de dormente de mó, em xisto, com concavidade pouco pronunciada e picotado num dos extremos; raspador de quartzito ; Dois fragmento de dormente de mó, em xisto - dois quartos do total -, diversos núcleos e raspadores); Fragmento de pequeno dormente de mó, em xisto, e concentração de indústria lítica em quartzito, núcleos e lascas; Instrumento de pedra polida sem gume; Fragmento de dormente de mó em xisto Núcleo de arte rupestre integrado no complexo de arte rupestre do vale do tejo. Actualmente encontra-se submerso. EmJulho de 1972 tinham-se identificado 14 rochas gravadas. Em Abril de 1973, e devido ao nível variável da água da albufeira de Fratel é provável que já estivessem ocultos sob lama. Assim, foi apenas numerado Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID Designação Categoria Período Freguesia Lugar Descrição um painel. LXXXVII Tavelinha Anta NeoCalcolítico Vila Velha de Ródão Tostão LXXXVIII Telhada Via Medieval Cristão Perais Perais zLXXXIX Torre Velha Fortificação Moderno Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Anta com câmara poligonal e corredor, com esteios de xisto, tal como foi documentada em fotografia e esboço de planta executada antes da sua destruição em consequência da instalação de um eucaliptal em propriedade que abrange a metade Sul do monumento. A câmara, de configuração assimétrica, com talvez 9 esteios, estando ausente o esteio de cabeceira. O corredor, descontando uma interrupção, na zona mesial. A entrada estreitava estando marcada por dois pequenos esteios. Actualmente, o monumento encontra-se muito afectado na metade sul correspondente à propriedade eucaliptada. De facto, o eixo longitudinal da câmara-corredor corresponde ao limite de duas propriedades. A propriedade correspondente ao lado sul dessa extrema foi eucaliptada e a propriedade situada a Norte está inculta, coberta por vegetação arbustiva. A área afectada corresponde a um aceiro que margina o eucaliptal. Tal operação traduziu-se no arranque dos esteios da metade Sul da câmara e do corredor. A mamoa não foi, aparentemente, desbastada, mas fora do aceiro foi profundamente surribada tendo sido postos à vista grandes blocos de quartzo leitoso e quartzito provenientes da estrutura da mamoa. Os esteios do lado Sul do monumentos foram partidos e/ou arrancados e colocados na propriedade oposta. Nesse amontoado observa-se um esteio estreito e muito longo, proveniente da câmara. A partir do centro hipotético da câmara para Oeste foi estimado em cerca de 7m o raio da mamoa. A sobreelevação correspondente à mamoa é bem evidente ao longo do traçado do aceiro. O monumento foi gravemente danificado devido à instalação de um eucaliptal. Via que liga a aldeia de Perais ao rio Tejo no sitio da Lomba da Barca. No percurso passa pela Telhada e pela Estalagem. É constituída por grandes placas de xisto na horizontal, de permeiro com afloramentos xistosos, afeiçoados ou não, por pequenas placas de xisto dispostas na vertical e comprimidas entre si ou simplesmente por terra batida. Em alguns locais observam-se trilhos abertos no xisto (1,30 de largura) e noutros observa-se o trilho preenchido por placas de pequeno tamanho. Parte do seu percurso é murado. Actualmente observa-se uma parede em forma de L, com talude na face exterior. A face maior é perpendicular à linha de festo e mede 25m de comprimento. A face menor é perpendicular à primeira, está voltada para o Castelo de Vila Ruivas e mede cerca de 5,5m. O talude exterior, em declive, tem cerca de 8m de largura. Esta estrutura não corresponde ao forte de planta quadrangular projectado no plano do Tenente Coronel Manoel de Souza Ramos. O acesso a este local, bem como às estruturas da Achada e Batarias fazia-se, a partir de Ródão, por uma estrada de encosta, indicada naquele Plano como "estrada de comonicação já acabada" e que ainda era visível, com calçada rústica, há cerca de 15 anos. Parece corresponder à denominada Bateria do Alto que, segundo Castelo Melhor e Cardozo, "bate de enfiada a grande distancia a Estrada de Castello Branco", mas "está porem muito mal construida". Um reconhecimento militar de 1805, copiado do Arquivo do Marquês de Alorna, também assinala uma bataria neste local.O topónimo Torre Velha surge associado na cartografia militar ao vértice geodésico existente nas proximidades da bateria descrita. No entanto, não é impossível que o topónimo original se localizasse em Vila Velha de Ródão, entre a Igreja Matriz e o Cemitério. É ali que se situa, aliás, a Quinta da Torre Velha. Em Vila Velha também existiu uma rua da Trincheira. Estes dois factos, a que podemos acrescentar o achado em 2001 de balas de canhão, em ferro, no decurso de uma obra também em Vila Velha (indicativos da proximidade de peças de artilharia) levam-nos a admitir a hipótese de ter 339 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID Designação Categoria Período Freguesia Lugar Descrição existido uma bateria na área da sede do concelho. XC Bateria Fortificação Moderno Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão XCI Urgueira Anta NeoCalcolítico Perais Vale Pousadas XCII Vale das Cobras Anta NeoCalcolítico Sarnadas de Ródão Atalaia XCIII Vale das Cobras Arte Rupestre Idade do Bronze Sarnadas de Ródão Atalaia XCIV Vale das Cobras Anta NeoCalcolítico Sarnadas de Ródão Atalaia XCV Vale do Forno Indeterminado indeterminado Sarnadas de Ródão Sarnadas de Ródão XCVI Vidigueira Mancha de Ocupação Romano Perais Alfrívida XCVII Outeiro Forno Contemporân eo Fratel Fratel XCVIII Igreja Igreja Moderno Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão 340 Bateria implantada no topo da serra da Vila, no rebordo voltado para o rio Tejo. No local observa-se uma estrutura semi-circular aberta a noroeste, com 13m de separação entre paredes. É feita em pedra seca. A largura do derrube é de 8m e a da muralha é de 1,5 m. A muralha parece ter sido reforçada. Quanto à configuração, esta estrutura não corresponde à projectada no plano do Tenente Coronel Manoel de Souza Ramos. Naquele mapa está registado o projecto de um "intrincheiramente para flanquear a bataria" da Achada, com a forma de ângulo muito aberto. Na serra da Vila, sobre a Achada, era frequente, até há poucas décadas, encontrarem-se balas de canhão, em ferro. O acesso a este local, bem como às estruturas da Achada e Torre Velha fazia-se, a partir de Ródão, por uma estrada de encosta, indicada naquele Plano como "estrada de comonicação já acabada" e que ainda era visível, com calçada rústica, há cerca de 15 anos. Parece corresponder à denominada Bateria do Morro que, segundo Castelo Melhor e Cardozo, "bate de modo q. he possivel a Estrada de Niza, e a margem Esquerda do Tejo junto à Ponte" (de barcas). Um reconhecimento militar de 1805, copiado do Arquivo do Marquês de Alorna, assinala uma bataria neste local (Batista, 2001). Monumento escavado por Francisco Tavares Proença Júnior em 7 e 8 de Agosto e 10 de Outubro de 1904. Na altura da escavação o monumento possuía 10 esteios, em xisto da região e mamoa. Actualmente apresenta apenas dois esteios e mamoa muito espraiada, pela actividade agrícola. Em Março de 1983 fomos informados que algumas placas de xisto que constituem o pequeno pontão (247,3 / 300,4) existente sobre a linha de água imediatamente a nascente do Monte da Urgueira são os esteios em falta da anta da Urgueira. Na realidade, a configuração dos blocos do pontão podem ajudar a confirmar tal hipótese. Actualmente o monumento está envolvido por eucaliptos. A mamoa é pouco perceptível no solo e é constituída por seixos rolados de quartzite, placas de xisto e areão. Dos 10 esteios de 1904 restam visiveis unicamente três. Localizado numa área de pinhal, denso, trata-se de um monumento constituído por câmara, com seis esteios em xisto, imbricados. O esteio de cabeceira foi arrancado. À data da sua identificação contaram-se 15 esteios (câmara e corredor). Monumento com mamoa parcialmente destruída do lado Norte, pela acção da maquinaria pesada. Gravura em forma de ferradura, obtida por picotagem e lavrada sobre painel xistoso, ao nível do solo e em plano inclinado. Os extremos da ferradura são mais largos e profundos que o restante traçado. Monumento totalmente destruído. Ficaria, segundo informações de diversas pessoas, no actual entroncamento de caminhos existente no Vale das Cobras (EN 8, 111,300km). Não se observam vestígios. É uma cavidade arredondada aberta em painel de xisto vertical. Local com interesse etnográfico. Localizada numa área de olival com mato rasteiro, trata-se de uma estação de superfície da época romana consubstanciada, essencialmente, por materiais de construção (tégula, imbrex, e tijolo) e alguma cerâmica de uso comum muito fragmentada. Há referências precisas a um forno de telha existente no Outeiro na área das pedreiras. Foi subterrado, mas não destruído, por maquinaria pesada em 1975. A informação é do actual proprietário do espaço, Sr. Carlos Delfino Maurício. Monumento datado do séc. XVII e dedicado a Nossa Senhora da Conceição. Segundo a tradição teria sido construído sobre outro de menores dimensões. Constituído Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID Designação Categoria Período Freguesia Lugar XCIX Achada Achado Isolado NeoCalcolítico Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão C Alcaria Núcleo de Povoamento Moderno Fratel Fratel CI Anaformosa Anta NeoCalcolítico Fratel Fratel CII Anaformosa Indeterminado Romano Fratel Fratel CIII Atalaia Mancha de Ocupação NeoCalcolítico Perais Monte Fidalgo CIV Atalaia Atalaia Moderno Perais Monte Fidalgo Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Descrição por telhado de duas águas, torre sineira na fachada Norte e no interior por altar-mor, nave e coro. A fachada principal está voltada a poente. Em cada uma das fachadas, Norte e Sul, há uma porta de acesso à nave e duas grandes janelas que alumiam o interior da capela-mor. A torre sineira, com acesso exterior, mantém 3 sinos e um relógio. A nave é de três planos suportado por arcos de volta completa que assentam sobre colunas em granito. No altar mor estão as imagens da padroeira e da Santíssima Trindade. As imagens de Santo António, São Pedro e Santíssima Trindade devem ter vindo para a igreja matriz após a destruição das suas próprias capelas.Foi um monumento recontruído na década de 60, mantendo contudo os traços originais. É a igreja matriz de Vila Velha de Ródão e continua ao culto. Joaquim Batista (elemento da AEAT, residente em Idanhaa-Velha) recolheu em 1983 um instrumento de pedra polida nos aterros correspondentes à escola secundária. Área com construções abandonadas e hortas nas linhas de água que envolvem o local, tudo no interior de uma grande tapada onde predominam sobreiros e oliveiras. Fora deste espaço predomina o eucaliptal. Actualmente ainda podemos observar um conjunto de sete casas alinhada na direcção nordeste - sudoeste, em ruínas, construídas em xisto, com planta rectangular, telhados de duas águas utilizando telha mourisca, todos eles abatidos devido ao incêndio de 2003. As casas são contíguas e dispoêm-se ao longo de uma pequena lomba descendente para sudoeste. No final deste alinhamento de casas, na cota mais baixa, observa-se uma cerca de planta rectangular que, segundo a tradição, serviu de cemitério. No centro da cerca existe uma pequena construção também de planta rectangular. Existe cerâmica em quantidade apreciável, à superfície. Pequeno monumento megalítico com dez esteios in situ e um solto, todos em grauvaque. Sem vestígios de corredor ou mamoa. Monumento totalmente destruído, no primeiro trimestre de 1986, durante a preparação do terreno para florestação. Em 18/09/2005 confirmámos a destruição e verificámos que os esteios estão amontoados uns sobre os outros, no sítio do monumento. Este amontoamento terá sido solicitado pelo Sr. Inspector Baptista Martins quando teve conhecimento da destruição do monumento. Observam-se também vários blocos de quartzo leitoso que teriam pertencido à estrutura da mamoa. Pequena área de distribuição de materiais. Superficialmente aparece quantidade apreciável de cerâmica à base de tégulas de rebordo, tijoleiras e um fragmento do bordo de um grande vaso. Em 18/09/2005 tentou-se, sem sucesso, relocalizar o sítio . É provável que devido ao reduzido da área tenha desaparecido com a preparação de terreno para a monocultura do eucalipto. Estação de superficíe implantada numa plataforma de arcoses, plantada de olival. Observam-se placas de xisto e grauvaque à superfície. Há a referir o aparecimento de instrumentos de pedra polida, industria lítica em silex e quartzíto e alguma cerâmica em pequenos fragmentos. Estrutura de forma tronco-cónica construída com placas de xisto de pequeno e médio tamanho e dispostas horizontalmente. Construção arruinada no topo e no lado Sudeste onde parece observar-se uma rampa.Poderá ter sido construída no século XVII, mais precisamente durante o período escaramuças raianas, após 1640. Serviria para vigiar a linha de fronteira (rio Tejo e rio Sever). Nas Memórias Paroquiais de 1758, o cura Manoel Dias Ames escrevia "junto ao lugar de Peraes em huma charneca sobre as ladeiras do Tejo hum reduto ou atalaia arruinada e fronteira a Castella onde assistiam guardas em tempos de guerras".Actualmente, no exterior da estrutura e adossada a esta existe outra dependência, em ruínas, de planta rectangular. 341 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID Designação Categoria Período Freguesia Lugar CV Barreira da Barca Inscrição Moderno Perais Perais CVI Barreira da Barca Vestígios Diversos Moderno Perais Perais CVII Barro da Capela Inderteminado indeterminado Perais Perais CVIII Barroca das Calçadas Via Moderno Perais Monte Fidalgo CIX Barroca da Fonte Anta NeoCalcolítico Fratel Silveira CX Barroca do Gonçalmago Chafurdão indeterminado Fratel Fratel CXI Barroca do Gonçalmago Chafurdão indeterminado Fratel Fratel 342 Descrição Conjunto de grafitos abertos sobre os afloramentos xistosos, junto do rio e dispostos por ordem crescente à medida que a cota aumenta. Na altura da observação pudemos ver os nº 8 (parcialmente submerso), 10, 12, 15 e 20. Os nºs são de grande tamanho, um tanto ou quanto grosseiros e gravados por martelagem. Cremos estar perante uma antiga escala do rio Tejo, á medida que a cota da água do rio subia o preço por passagem de pessoa ou animal ía também aumentando. Conjunto de cerca de 10 cabeços, a cerca de oito metros do rio, escavados no xisto, para amarração de barcos inserido numa área de vegetação espontânea. Os cabeços são constituídos por entalhes talhados no xisto. Num painel sub vertical voltado para o rio existe um cruciforme com os braços iguais. Numa área florestada com eucalipto há poucos anos, localiza-se um pequeno nicho implantado num afloramento baixo, com cerca de oito metros e perpendicular à linha de água, resultante de um fenómeno natural de degradação do xisto. Local que actualmente é de dificil visibilidade. No futuro esta dificuldade tende a aumentar em virtude do silvado que se está a constituir.Não possui interesse arqueológico mas somente etnográfico. Calçada construída com técnica de carril (lages de xisto dispostas verticalmente e muito comprimidas entre si). Desta calçada resta visível cerca de 30m. O percurso restante está subterrado devido aos desmoronamentos da encosta ou destruído pelas águas do rio Tejo. A calçada inicia-se a 15m do leito do rio e sobe pela margem direita da barroca. Para vencer o grande desnível utiliza inúmeros. A via possui 2,6m de largura e não possui vestígios de trilhos.Na superfície vertical de um afloramento de xisto, debastado para construção da via e a 1,10m de altura, surge um cruciforme aberto por picotagem e aprofundado por abrasão Monumento com câmara circular de oito esteios em xisto e corredor incipiente. São visíveis restos da mamoa. Em 17/09/2005 verificámos que o monumento estava completamente destruído pela acção da maquinaria pesada durante a preparação do terreno para florestação industrial. O sítio provável do monumento é hoje atravessado por um estradão. No interior do estradão e ao nível do solo observámos o que restam de dois possíveis esteios em grauvaque (do corredor ?), raspados intensamente pela maquinaria. Os restantes esteios, em grauvaque, foram empurrados a esmo pela encosta abaixo. Nalguns deles observa-se ainda a parte que esteve subterrada e a que esteve em contacto com o ar, através da presença ou ausência de líquenes e pela patine. Existem outros pequenos fragmentos de esteios. Estrutura de aspecto muito sólida e aparentemente sem relação com as calçadas construídas para suportar as terras para as oliveiras. Possui cobertura em falsa cúpula, de base rectangular e arestas arredondadas, mas com evolução circular, aproximadamente. Estrutura em pedra seca, com blocos de xisto de dimensões variadas. A Placas de xisto maiores fecham a falsa cúpula. O cone exterior da cobertura está coberto de terra. O solo interior possui enormes placas de xisto, que poderiam ter revestido parcialmente o chão, provavelmente arrancadas do afloramento interior. Na parede norte - nordeste possui um orifício de configuração rectangular aberto para o exterior. Um outro, menor que o anterior, foi encerrado do lado exterior.Porta virada a sudeste tendo a meia altura uma pequena concavidade que denota a existência de porta com fecho. Construção de planta quadrangular que evolui, no interior, para o circular. Possui cobertura de xisto em falsa cúpula e tapada com terra. O fecho da falsa cúpula é feito com placas de xisto de maoires dimensões.A estrutura, parece Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID Designação Categoria Período Freguesia Lugar CXII Barroca do Gonçalmago Chafurdão indeterminado Fratel Fratel CXIII Barroca da Senhora Estação de Ar Livre NeoCalcolítico Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão CXIV Barroca da Senhora Inderteminado Moderno Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão CXV Barroca dos Ulmeiros Anta NeoCalcolítico Fratel Fratel CXVI Buraca da Moura (Ladeirão) Inderteminado indeterminado Fratel Montinho CXVII Buraca da Moura Via Moderno Vila Velha de Ródão Tostão CXVIII Cabeça D'Ega Estação de Ar Livre Neolítico Perais Salgueiral CXIX Campo Anta NeoCalcolítico Fratel Vilar do Boi CXX Campo Anta NeoCalcolítico Fratel Vilar do Boi Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Descrição assentar em afloramento, é em pedra seca, com blocos de dimensões variadas e a partir dela inicia-se um muro de calçada (suporte de terras para oliveiras).No interior, e no lado oposto à entrada, possui um pequeno armário de parede em forma de trapézio, com o lado menor voltada para baixo. Uma pequena placa de xisto que sobressai da parede pode ter servido de cabide.A porta, virada a Sudeste (para o rio tejo), possui uma lage que serve de soleira. Estrutura em xisto muito arruinada. Identifica-se a porta voltada a sudoeste constituída por duas placas de xistos dispostas verticalmente e separadas entre si. No interior do que seria a estrutura, observa-se a sudoeste o arranque da falsa cúpula e do lado norte apenas a base. Encontra-se completamentemente abatido, interiormente. Localizada numa zona com cobertura arbustiva (mato). Na envolvência do palheiro e da eira aqui existente há a registar o aparecimento de dois instrumentos de pedra polida e indústria lítica em silex e quartzíto. Segundo a tradição, nos aterros da linha dos caminhos de ferro eram colocados os corpos dos operários galegos falecidos durante a sua construção. Não se poderá considerar um cemitério estruturado mas um local mais vasto de sepultamentos. Monumento destruído. Em 18 de Setembro de 2005 foi procurada sem sucesso. Área de olival com calçadas que há muitos anos deixaram de ser tratadas. Hoje as giestas são superiores a três metros de altura Fenda profunda existente no afloramento de xisto com formas arredondadas, superior a 3,5m. Local com interesse etnográfico e, aparentemente, sem interesse arqueológico. Observam-se em toda esta zona profundos sulcos abertos no xisto por rodados, vestígios de antigas vias. Actualmente foram arrasados para melhoramento do caminho que dá acesso a Tostão e ao sítio do Castelejo. Superficialmente pode observar-se quantidade apreciável de industria lítica em quartzíto numa área de cascalheira depositada sobre arcose. A área de distribuição de materiais estende-se cerca de 120 m em redor da cota mais alta. Regista Nelson Almeida e João Maurício (1999) quando do acompanhamento arqueológico da construção do lote 5 do Gasoduto Nacional: "A estação situa-se no topo de um cabeço de grandes dimensões, correspondendo na sua quase totalidade à área de dispersão de material. Este material corresponde exclusivamente a indústria lítica, em quartzo, quartzito e sílex". Este investigador dá sitio como inédito. Entretanto já vinha sendo referenciado por F. Henriques, Caninas e Henriques, 1985. Em 29.04.06, durante o reconhecimento, não foi possível confirmar este local em virtude da dupla vedação e altura das mesmas (área de criação de avestruzes). Monumento totalmente destruído. Recebemos informações da sua existência no passado através de várias pessoas de Vilar do Boi. No reconhecimento de 2005 já não houve referências a este monumento. Do monumento restam vestígios de mamoa e três esteios de uma câmara poligonal e um no corredor. Todos os esteios são em xisto. Este monumento foi objecto de uma proposta de classificação elaborada pelo NRIA em 1988.No reconhecimento realizado em 16/10/2005 constatámos que o espaço continua a ser lavrado com maquinaria pesada. Da câmara restam dois esteios, mantendo-se o do corredor muito destruído. A mamoa já não tem representatividade em altura ainda que em redor do monumento haja quantidade apreciável de placas de xisto de pequeno tamanho e blocos de quartzo leitoso que constituiríam a mamoa. Nas traseiras do esteio de 343 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID Designação Categoria Período Freguesia Lugar Descrição cabeceira registámos um caminho fóssil. CXXI Campo Inderteminado indeterminado Fratel Vilar do Boi CXXII Canto do Ferreiro Mancha de Ocupação NeoCalcolítico Perais Perais CXXIII Gardete Capela Moderno Fratel Gardete CXXIV Capitão Inderteminado indeterminado Perais Perais CXXV Monte da Charneca Exploração Mineira Romano Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão CXXVI Casa do Ruivo Mancha de Ocupação Moderno Perais Perais CXXVII Casarona Anta NeoCalcolítico Fratel Juncal 344 Segundo a versão popular existia neste local uma "caixa" de pedra cavada no xisto da qual teriam retirado um tesouro. Ficava no meio do caminho. O sítio foi totalmente destruído pelo alargamento e melhoramento do caminho. Por cima da dita "caixa" estava um marco de pedra espetado à cabeceira. Um dos informantes (Agostinho Pires Rei) refere ter o seu carro de bois batido neste marco muitas vezes. Localizado numa área de Olival. Há notícia do aparecimento de uma conta de colar em matéria verde com perfuração bi-troncónica. Em 14.05.06 quando do reconhecimento foi observado: um fragmento de mó plana em granito; seixos talhados em quartzito; lascas em quartzito. É provável que estejamos perante um pequeno povoado com ocupação episódica. O povoado ocuparia a plataforma em que assenta o marco geodésico de Perais. No local existe uma capela contemporânea, sem interesse patrimonial, construída em 1980, em resultado da destruição da antiga capela que era muito pequena para acolher o povo desta aldeia. O actual edifício, de nave simples, tem sacristia com entrada nas traseiras da capelamor. Tem torre com sino sobre o lado direito da fachada. Em 1984 foi observada uma imagem de Nossa Senhora dos Remédios (séc. XVI?), em pedra, de linhas grosseiras, mas bem pintada. Nas traseiras da capela, no chão, junto à parede de um palheiro conserva-se o fragmento de um fuste de coluna, em granito róseo, de grão fino (que pode ser proveniente do morro do Castelejo). Segundo informante local serviu de pedestal à imagem da santa na antiga capela. Área parcialmente agricultada, caracterizada pelo aparecimento de cerâmica de construção, com predomínio da telha mourisca. A área de distribuição dos materiais é relativamente pequena e a densidade é baixa. Em 29.04.2006 , na ocasião do reconhecimento, e próximo da charca de água foi observada cerâmica de construção em forte concentração. Coberto arbóreo e arbustivo à base de oliveira, azinheira e esteva. Conheira de rebordo, de configuração linear, consubstanciada por um cordão de amontoados de seixos rolados de quartzite com 30 metros de largura. Observa-se a frente de desmonte. Área actualmente ocupada por eucaliptal. Antes do revolvimento do solo eram observáveis fragmentos de pequenas placas de xisto e cerâmica grosseira. No relatório de Morais Arnaud (1990:34) este local vem designado de Urgueira 2 e regista o aparecimento de "duas lages de xisto, encontrando-se uma tombada e outra semienterrada em posição vertical".Em 29.04.2006, quando do reconhecimento, não foram encontrados vestígios. Monumento constituído por câmara funerária (anta) e mamoa. No centro existe uma cratera de violação correspondente à câmara, a qual se apresenta entulhada com seixos e blocos e xisto, provenientes da mamoa. Conservam-se, tal como à data da sua descoberta, três esteios de xisto, in situ, imbricados e inclinados para o interior. Não há vestígios do corredor. A mamoa foi amputada pelo estradão florestal no lado Norte e no lado Sul. Na direcção Este-Oeste não foi possível determinar o seu diâmetro devido à densidade do coberto vegetal (estevas e outras espécies). Não foi possível determinar a presença de corredor mas poderá estar oculto. No lado Norte existe um muro constituído por pedras sobrepostas (calhaus de quartzito e blocos de xisto). Existe uma conheira encostada ao monumento a qual se estende em direcção ao rio. O esteio mais completo e o que conserva maior destaque acima do solo: exibe uma pequena covinha, subcircular (cavidade áspera sem vestígios de abrasão rotativo) na face interna e outra na face externa, Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID Designação Categoria Período Freguesia Lugar CXXVIII Castelejo Anta NeoCalcolítico Fratel Vilar do Boi CXXIX Castelejo Torre Medieval Cristão Fratel Gardete CXXX Castelejo Povoado Idade do Ferro Vila Velha de Ródão Tostão Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Descrição sensivelmente a meio. A zona é também conhecida por Cabeço dos Crutes ou Montes Negros. Há notícia de terem existido estruturas em xisto de planta rectangular ou circular, desapareceram pela construção do depósito de água. Em 1986, e segundo as informações, estas construções, das quais nada restam, foram interpretadas como uma eventual torre de vigia medieval. Quando do reconhecimento em 16/10/2005 e com boa visibilidade do solo proporcionada pelo incêndio de 2003 pudemos constatar nos quadrantes este, sul e sudeste uma coroa com grande quantidade de placas de grauvaque e blocos de quartzo leitoso. O material pétreo é de pequenas dimensões.Colocamos como hipótese a existência de um monumento dolménico com esta implantação, antes da construção do reservatório da água.Foi também encontrado um instrumento de pedra polida e um núcleo em sílex. O morro denominado Castelejo é o único relevo granítico do concelho de Vila Velha de Ródão. A pedra aflora nas cotas superiores do morro sendo evidentes os sinais de arranque de pedra para construção. Nas encostas e no topo existem inúmeros muros de divisão de propriedade, sem interesse arqueológico. O coberto vegetal, arbustivo e arbóreo, que se mantém em grande parte do cabeço impede a observação da superfície do solo para identificação de materiais arqueológicos ou estruturas mais antigas do que as mencionadas. Em 2002 foi instalada uma antena de telecomunicações na encosta Noroeste expondo alguns cortes no solo/subsolo onde foi possível detectar fragmentos de cerâmica manual que poderão corresponder a uma ocupação do final da Pré-História. Em 2005 observaram-se materiais do mesmo tipo, nos cortes provocados pela instalação daquela antena. No ponto mais elevado do relevo, assente sobre afloramentos, existem vestígios do assentamento de uma construção de planta trapezoidal e paredes espessas que a avaliar pela grande quantidade de derrubes de pedra que a envolvem seria uma construção alta, talvez uma torre de vigia. Sobre uma das paredes desta torre foi construído o vértice geodésico homónimo. Entre os blocos de pedra desta construção observou-se metade de uma mó rotativa de uma tipologia que poderá ser atribuída à Idade do Ferro. É muito espessa, tem dois furos desalinhados, abertos em faces sub-paralelas, indicando que trabalhou em faces opostas. Estes materiais podem indicar a presença de um habitat. A torre poderá ser medieval, contemporânea da Reconquista e ter funcionado em articulação com o castelo de Ródão no controlo da linha do Tejo. Ocorre granito de grão fino (indicando arrefecimento rápido), cinzento e róseo. O paramento externo da torre está bem definido nas faces ocidental e oriental. Na face Norte esse alinhamento é menos perceptível. E na face Sul não é possível determiná-lo com rigor e dessa forma o comprimento total em planta. O povoado assenta no topo norte de um esporão, de encostas íngremes e cobertas actualmente por esteva, oliveiras e eucaliptos. Excepto a sul, o horizonte encontrase condicionado por cotas superiores. O local oferece boas condições naturais para a defesa interna, condições que foram reforçadas pelo menos por uma linha de muralha. Da muralha, que supomos que coroaria todo o topo conservam-se dois pequenos troços nos extremos norte e sul, que correspondem também aos locais de maior vulnerabilidade. Supomos que a muralha do restante perímetro tenha sido destruída para fornecer pedra aos muros-socalcos das oliveiras É possível recolher à superfície abundantes restos cerâmicos (alguns atribuíveis à época romana) e de fundição. A vertente norte foi destruída para preparação do terreno para florestação com eucalipto. É provável que esta estação arqueológica esteja relacionada com as mais antigas explorações de cobre 345 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID Designação Categoria Período Freguesia Lugar Descrição desta área. CXXXI Cabeção Mancha de Ocupação Neolítico Vila Velha de Ródão Coxerro CXXXII Estacal de Alvega Exploração Mineira Romano Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão CXXXIII Buraca da Moura Canal indeterminado Vila Velha de Ródão Tostão CXXXIV Castelos Inderteminado indeterminado Fratel Marmelal CXXXV Rua de Santo António Capela Moderno Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão CXXXVI Charneca do Vilar de Boi Estação de Ar Livre Neolítico Fratel Vilar do Boi CXXXVII Alteza Mamoa NeoCalcolítico Fratel Vilar do Boi CXXXVIII Charneca Povoado NeoCalcolítico Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão CXXXIX Charneca Exploração Mineira Romano Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão CXL Charneca Exploração Mineira Romano Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão CXLI Charneca Exploração Mineira Romano Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão 346 Localiza-se numa área de arcose atravessada pelo caminho que dá acesso ao Monte da Ordem, pelo norte. O espaço é ocupado por eucaliptos, azinheiras dispersas e área agricultada (vedada).Mancha de material arqueológico que se distribui num raio aproximado de 50 metros. O material distribui-se, em maior concentração, pelo lado poente do caminho. Muito dele na área vizinha do eucaliptal, devido ao revolvimento do solo.terial observado: 2 moventes em granito; 2 lascas em sílex, uma delas com cortex; várias lascas em quartzite; 1 fragmento de biface; 3 instrumentos talhados sobre seixo de quartzite. Localiza-se numa área peri-urbana coberta de arbustos e pequenas azinheiras. Conheira praticamente esgotada por retirada de material pétreo para construção e alterações da superfície do solo. Levada (?) rasgada no xisto de base, acompanhando a antiga via com sulcos de 40cm de largura e 35cm de profundidade. A Sudoeste da ocorrência parece existir outro troço de caminho talhado no afloramento xistoso, apresentando igualmente marcas de rodados. Lugar que designam por Castelos, compreendido entre o rio Ocreza e a Ribeira dos Castelos, margem esquerda. Possui encostas abruptas para ambos os cursos de água. Em Novembro de 2005 a área está coberta de olival e mato. No extremo Este deste espaço existem afloramentos xistosos de grande altura. Neste local não foram encontrados vestígios arqueológicos. Registamos o sítio pela sua importância toponímica. Local da capela de Santo António. O sítio está actualmente marcado por uma pequena alminha em granito, embutida no muro. Terá sido destruída com o evento da República. Na parte superior dos depósitos terciários que constituem a plataforma, ocorrem à superfície, em toda a sua extensão, instrumentos e restos de talhe em sílex, quartzo e quartzito (núcleos lascas e lâminas) e fragmentos de cerâmica, principalmente onde a acção da água e ausência de vegetação fazem acentuar a erosão. Parece configurar um modo de povoamento disperso através de uma extensa área. Em 16/10/2005 constatámos que a área foi igualmente devastada pelo incêndio de 2003. Nesta data foi recolhido um fragmento de estela(?) em grauvaque e de configuração triangular. Numa das faces possui duas covinhas no topo, por onde fracturou. Uma das faces laterais foi grosseiramente debastada. Mamoa sem vestígios de estrutura de enterramento. Tem um bom desenvolvimento em altura e diâmetro. É constituída por areias semelhantes às da plataforma onde assenta, algum xisto e blocos de quartzo leitoso na base da mamoa e em todo o seu redor. Apresenta cratera de violação. Não há vestígios de corredor. No lado sul a mamoa foi parcialmente danificada para a construção de uma antena de telemóveis e no lado este sudeste pelo caminho de terra batida. Localizada numa plataforma de olival e estevas, lavrado periodicamente. Superficialmente pode observar-se materiais datáveis do neolítico-calcolítico (cerâmica, indústria lítica em sílex e quartzite e instrumentos de pedra polida), principalmente após as lavras e em toda a área da plataforma Inserida numa área de esteval e olival. Pequena área de conheira de rebordo. Pode tratar-se de uma sondagem. Observam-se alguns amontoados de seixos rolados. Localizada numa área limpa de vegetação arbustiva e alguns sobreiros dispersos.Pequeno nódulo de conheira onde se observa bem a frente de corte com cerca de 4 / 5 m de altura. Localizada numa área limpa de matagal, onde se observam-se alguns sobreiros e pinheiros.Trata-se de um Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID Designação Categoria Período Freguesia Lugar CXLII Charneca Exploração Mineira Romano Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão CXLIII Charneca Exploração Mineira Romano Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão CXLIV Charneca das Canas Mamoa NeoCalcolítico Fratel Fratel CXLV Charneca Estação de Ar Livre NeoCalcolítico Fratel Fratel Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Descrição pequeno nódulo de conheira implantada em rebordo de plataforma. Observa-se uma concavidade, na encosta, com cerca de 10 metros de diâmetro. Localizada numa área de denso matagal autoctóne (sobreiros, estevas, urzes, rosmaninhos, medronheiros e outros arbustos).Trata-se de uma grande conheira caracterizada por acumulações de seixos rolados de quartzíto. Na área da conheira o depósito arcósico foi desmontado até ao xisto. A frente de trabalho não excede os cinco metros de altura. Imediatamente a Norte da frente de desmonte da conheira e a Este do caminho que lhe dá acesso pode observar-se, em escada, quatro plataformas separadas entre si por taludes pouco pronunciados. A presença do talude permite a acumulação de alguma água. Este facto favorece o crescimento de erva em detrimento de estevas. Pode colocar-se a hipótese de terem sido reservatórios de água a utilizar na conheira. A conheira é envolvida por um caminho aberto há alguns anos e hoje revestido com denso matagal. No corte aberto pelo caminho pode observar-se três possíveis valas de dejecção. A primeira é cavada no xisto, de formato rectangular e está completamente entulhada por seixos rolados e terra. A segunda provável vala de dejecção é também escavada no xisto, tem formato rectangular. Apresenta-se igualmente preenchida com seixos rolados e terra. Estas duas valas drenam directamente para o rio tejo. A terceira provável vala de dejecção mantem as restantes características das duas anteriores valas. Localiza-se numa área com grande densidade de vegetação nomeadamente pinheiros, sobreiros e oliveiras abandonadas.Conheira que acompanha o rebordo da plataforma. Monumento identificado pelo NRIA durante uma campanha de prospecção realizada na região de Fratel, em 1984.Pouco tempo depois estava prevista a sua total destruição, para intervenção no solo, por tal facto foi solicitado ao Sr. Dr. Fernando Silva, ao IPPC e à CMVVR a colaboração para o seu estudo, tendo sido escavada em 1990.Antes da escavação o monumento possuia planta sub-circular com o diâmentro compreendido entre 2320 cm e 2570 cm e uma altura de 70 cm. Não se observavam esteios. A mamoa era constituída por "terras saibroargilosas, de coloração amarelada, e foi construída sobre a alterite xistosa de base, hipoteticamente após a "limpeza" prévia do local onde viria a ser implantada a mamoa, visto não se ter encontrado vestígio algum de solo antigo", (Silva, 1991:9). Durante a escavação da mamoa foi identificado a couraça lítica, desconhecendo-se entretanto se cobriria todo o monumento ou apenas faixas do mesmo. Na base da mesma foi identificada uma estrutura de tipo lareira, com planta circular, fundo em saco e vestígios de utilização prolongada. O espaço funerário foi encontrado completamente destruído. Restaram dele apenas um esteio em xisto e dois fragmentos de lages do mesmo material. Fernando Silva, autor do estudo do monumento, levanta a hipótese de ser constituído apenas por uma câmara sem corredor, ainda que a câmara tivesse a "rodeá-la um «murete» com uma constituição à base de cantos rolados em quartzite, com lajes de xisto intercaladas, com função de contrafortagem, mais espesso que o anel de contenção periférica, mas estruturalmente idêntico a este." (Silva, 1991:11). Habitat que ocupa toda a plataforma coberta por cascalheira quartzo-quatzítica, pliocénica, designada por Charneca de Fratel. Trata-se de uma área com cobertura vegetal diversa, vinhas, pomar, pinhal, eucaliptal e montado de sobro. Durante o neolítico calcolítico houve uma ocupação descontínua na plataforma. Por tal facto observa-se uma grande quantidade, diversidade e qualidade dos achados de superfície. Em 1988 realizaramse trabalhos de escavação arqueológicos, sob a 347 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID Designação Categoria Período Freguesia Lugar CXLVI Chorona Inderteminado indeterminado Perais Perais CXLVII Congadouro Sepultura Medieval Cristão Sarnadas de Ródão Atalaia CXLVIII Trigão Exploração Mineira Romano Vila Velha de Ródão Foz do Cobrão CXLIX Charneca das Vinhas Estação de Ar Livre Paleolítico Superior Fratel Marmelal CL Cruz Moderno Fratel Marmelal CLI Curral do Couto Moderno Fratel Fratel 348 Via Descrição responsabilidade da Drª Joaquina Soares, em que se identificaram três níveis de ocupação pré-histórica. Segundo Joaquina Soares (1988:4) "a mais antiga ocupação corresponde ao Neolítico Final e é a quem maior desenvolvimento em superfície; a segunda foi considerado do Calcolítico e está confinada a um sector mais restrito do planalto. A terceira fase de ocupação humana forneceu raro espólio, possui carácter marcadamente episódico, sendo por enquanto impossível precisar a sua cronologia. As cerâmicas são maioritariamente lisas; de salientar a existência de taças de rebordo espessado internamente, vasos carenados com decoração impressa. A indústria lítica apresenta afinidades com as de contextos do Neolítico Final da Estremadura e do Sudoeste". A ocupação Calcolítica surge mais concentrada numa área da plataforma com melhores condições naturais de defesa. Aqui "é construída uma espessa muralha (2m de largura) onde foi identificada uma entrada, defendida por um grande bastião semi-circular, sistema defensivo filiável na tipologia das fortificações calcolíticas do Sul da Península (fácies SE, SW e Extremadura)". Localiza numa área de Esteval, tratam-se de duas pias de planta oval toscamente abertas em afloramento de xisto (ao longo do seu plano de xistosidade) a curta distância uma da outra. A pia 2 está a cerca de seis metros para sul da pia 1. Conjunto de três túmulos escavados sobre afloramento de xisto. Em 2006, estavam envolvidas por denso matagal e pinhal com cerca de três metros de altura. Sepultura 1 possui contorno antropomórfico; A segunda e a terceira sepultura distam da sepultura 1 cerca de 15 metros, para nordeste e estão num mesmo afloramento. Sepultura 2 possui características antropomórficas. A sepultura 3 possui rebordo envolvente e observa-se uma picotagem grossa sobre o afloramento para a preparação do bordo, na área dos pés. Em 1978, recebemos a informação do aparecimento de uma outra sepultura em forma de "poço", logo destruída. Área de conheira também conhecida por Conheira de Cima. Conheira de vários hectares que possui no seu interior nódulos de pinhal, espaços agricultados, olival, azinhal. A largura desta conheira é variável entre os 100 e os 200 metros. Localizada numa plataforma arenosa revestida de eucaliptal, pinhal e mato diverso. Na charneca das Vinhas é possível detectar materiais arqueológicas em toda a sua extensão. Existem, entretanto, áreas de maior densidade. Superficialmente foi recolhida indústria lítica em quartzite e sílex (núcleos, lascas, lâminas, restos de industria, etc. ). Em Novembro de 2005 foi observado um movente oval, em granito. Entretanto, são raros os objectos de farinhação encontrados. Pensamos tratar-se de uma ocupação descontínua da plataforma. Cruzeiro em granito composto por dois elementos. O elemento superior é composto pelo cruzeiro, faltando-lhe entretanto o braço inferior. Tem inscrição onde é perceptível a data de 1887 e António Mendes (?). Em 6 de Novembro de 2005 o cruzeiro já não se encontra no local. O elemento superior foi recolhido pela Câmara Minicipal de Vila Velha de Ródão e o elemento inferior tem paradeiro desconhecido. Conjunto de trilhos de rodados com diversas ramificações na área do Curral do Couto, constituindo uma única via na zona de Alcaria. Neste último local, o troço apresenta sulcos mais largos e regulares. Em 15/10/2005 quando do reconhecimento da via não foram encontradas os trilhos anteriormente registados, foram sobrepostos por caminhos florestais de apoio ao eucaliptal existente. Numa área não eucaliptada pudemos reconhecer a continuação das vias registadas em Abril de 1984. São consubstanciadas por Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID Designação Categoria Período Freguesia Lugar CLII Tapada da Cidade Inderteminado indeterminado Perais Alfrívida CLIII Tapada da Cidade Inderteminado Romano Perais Alfrívida CLIV Horta dos Olivais Romano Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão Exploração Mineira CLV Fonte Exploração Mineira Romano Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão CLVI Monte do Chaparral Mancha de Ocupação Romano Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão CLVII Fonte Velha Forno indeterminado Fratel Perdigão CLVIII Foz do Enxarrique Estação de Ar Livre Paleolítico Médio Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Descrição vários trilhos paralelos com a largura que varia entre 110 cm a 140 cm. Localiza-se num plano inclinado voltado a sul, ocupado por uma área agricultada com olival disperso. Trata-se de um bloco de xisto com feição paralelipipédica, parcialmente subterrada e em posição horizontal. Localizada numa área de Olival este conjunto de três estruturas (casas?) de planta rectangular distribui-se ao longo de 150 metros do caminho rural que acompanha a cumeada. O local das estruturas é também assinalado pela presença de estevas e azinheiras/carrasqueiros. Superficialmente observam-se fragmentos de cerâmica de construção (onde se incluem tégulas e imbrices) em baixa densidade e raros fragmentos de granito. As estruturas registadas são consubstanciadas por uma dupla fila de placas de xisto. Algumas apresentam-se ao nível do solo e outras emergem ligeiramente. O espaço entre as placas é preenchido com quartzo leitoso, seixos de quartzite, terra e pequenas placas de xisto. Devido à ausência de materiais petreos em redor das estruturas é provável que fossem elevadas com taipa, tradição mantida até há poucas décadas. A estrutura mais oriental apresenta maior degradação e não foi possível obter medidas. A estrutura do meio apresenta uma planta rectangular. A estrutura localizada mais a ocidente está parcialmente implantada no meio do caminho que desce da cumeada para a estrada Alfrívida - Lentiscais. É provável que também possua planta rectangular. A conheira já não existe devido à urbanização da área. Grande área de conheira implantada em plena plataforma e em rebordo. As áreas de plataforma estão cobertas de olival e as áreas de rebordo de matagal com sobreiros e pinheiros.Devido à cultura da oliveira há áreas da plataforma já muito aplanadas mas que ainda conservam vestígios de conheira. Em muitos locais da área de rebordo observa-se o degrau de escavação, a frente de corte. Espaço sem cobertura arbórea e revestida com ervagem densa e alta. Em 2005 a área foi preparada em vala combro e recebeu sobreiros. Ao longo das valas foi possivel observar-se grande quantidade de placas de xisto, blocos de quartzite rolados, de maior dimensão) e cerâmica de construção (imbrices e tégulas de rebordo). Os materiais referidos distribuem-se por um raio de cerca de 60m. Além do material mencionado foi ainda possível observar: Um peso de tear em cerâmica, paralelipipédico; um movente circular em granito. Trata-se de um forno subterrado junto à actual Fonte Velha, no centro do caminho. Foi detectacto quando a abertura de valas no local, em 1982. Depois da conclusão dos trabalhos foi de novo subterrado. Não havia memória popular deste forno. Há noticia do aparecimento de telha. Importante estação arqueológica correspondente a um solo de habitat paleolítico.Os estudos e trabalhos de escavação iniciaram-se em Agosto de 1982 sob a responsabilidade do Dr. Luis Raposo e desenvolveram-se até 2002. O horizonte arqueológico acompanha o nível de concreções carbonatadas que assenta directamente sobre o substracto xistoso. Estação caracterizada pela quantidade de instrumentos líticos de fabrico local (indústria mustierense com elevada presença de técnica lavallois), vestígios de fauna aqui consumida, de que destacamos ossos de roedores, de pequenos ruminantes, veado, cavalo, auroque e elefante. Os responsáveis da escavação escreviam em 1986: "foi possível detectar um solo de ocupação paleolítico, ao ar livre, em associação a restos faunísticos, relativamente abundantes e bem conservados, o que no nosso território , é absolutamente inédito (Silva e Raposo,1986:37-38). Na campanha de escavação de 1986 foram identificadas várias estruturas arqueológicas de que 349 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID Designação Categoria Período Freguesia Lugar Descrição sobressai uma lareira e uma fossa onde foram encontrados três objectos em chumbo identificados como glandes de funda romana do séc. I a. C.. CLIX Capela de Santo António Capela Moderno Perais Alfrívida CLX Fratel Calçada Moderno Fratel Fratel CLXI Fundo da Rua Alvaiade Inscrição Moderno Vila Velha de Ródão Alvaiade CLXII Estação dos Caminhos de Ferro Anta NeoCalcolítico Fratel Fratel CLXIII Juncal Mancha de Ocupação Romano Fratel Juncal CLXIV Brejinha Anta NeoCalcolítico Fratel Ladeira CLXV Lameira Barragem Romano Perais Monte Fidalgo 350 Calçada composta por um conjunto de lages justapostas e colocadas verticalmente formando dois cordões paralelos e ladeados por seixos quartzíticos, numa distância de cerca de 100 metros. Destruído pela rede viária que apoia a A23. Duas inscrições existentes no exterior de uma casa em Alvaiade. Diz-se ter existido neste local uma igreja, hoje transformada em palheiro devido ao alargamento da rua, deixando entretanto ver duas inscrições sobre xisto que sobressaem aos blocos de cimento que hoje constituem a parede. Outros informantes desconhecem ter sido este local uma igreja mas sim um pouso dos defundos a caminho do cemitério. A inscrição que está sobre a porta está datada de 1821. Ambas as incrições foram abertas por picotado fino, regular, profundo e bem talhado. A data de 1821 é mais profunda que os restantes caracteres e parece ter também havido abrasão. No interior da parede destruída foram encontradas duas pequenas pucaras (uma maior que a outra) na posse de D. Ana Rodrigues dos Santos, ambas vazias. De uma cruz que estava inserida na parede e também esculpida sobre xisto não se conhece o paradeiro. Monumento megalítico muito danificado e quase totalmente coberto de pedras soltas. Um grande esteio, provavelmente o da cabeçeira, encontra-se arrancado. Do corredor não restam vestígios.Mamoa baixa constituída por placas de xisto e terra. É provável que após a limpeza do espaço se obtenha diâmetros maiores. Poderá ter interesse turístico e didáctico depois de escavada e restaurada. Pode estar ameaçado pela actividade agrícola ou florestal e pelo alargamento do perímetro de construções. Mancha de dispersão de cerâmica de construção (tégula, um exemplar identificado, imbrices e tijoleiras, outros materiais de construção em xisto e granito), cerâmica comum (diversos tipos de vasos, incluindo grandes contentores - dólios) e fragmentos de mós rotativas em granito, a qual ocupa basicamente o interior de duas tapadas contíguas, no interior das quais existem oliveiras, azinheiras e sobreiros. Os materiais cerâmicos ocorrem com baixa densidade, mas permitem admitir ter existido no local um habitat. O solo apresenta-se ocupado por pasto seco e restolho e a visibilidade é média. A jusante existe um poço com nora. A hipotética permanência de disponibilidade de água, desde o passado, sustenta a presença de um habitat neste local. Do monumento restam três grandes esteios em grauvaque que pertencem à câmara. O Interior da câmara foi profundamente violada e entulhada com quartzo leitoso, provavelmente pertencente à mamoa. Desta resta um quadrante constituído por terra, blocos quartztitos e pequenas placas de xisto. Local limite de propriedades. O topo de um dos esteios da câmara parece apresentar um entalhe. É uma das obras monumentais do concelho. Representa um estrangulamento do Ribeirão por meio de um enorme aterro, em terra (matriz argilo-arenosa) com blocos de xisto e grauvaques, mal rolados e mal calibrados). Hoje possui um enorme rombo na área central. Na década de 70 do século passado a CMVVR mandou edificar uma parede de betão, no local do rombo, no sentido de uma maior retenção de águas para a captação de águas ao domícilio de Perais. Antes da existência do rombo passava um caminho pelo coroamento da barragem. No extremo Noroeste possui uma descarga para o excesso de água.Desconhece-se a sua função e não perdura na Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID Designação Categoria Período Freguesia Lugar Descrição memória popular. CLXVI Lameiro Tomar Mancha de Ocupação Romano Fratel Marmelal CLXVII Mártir Capela Moderno Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão CLXVIII Largo do Pelourinho Capela Moderno Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão CLXIX Moita da Sora Núcleo de Povoamento Moderno Fratel Peroledo CLXX Monte do Chaparrral Mancha de Ocupação NeoCalcolítico Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Situada numa área agricultada, frequentemente lavrada e com olival. Trata-se de uma estação de superfície de características romana/medieval com o aparecimento de cerâmica de construção e utilitária, placas de xisto e há notícia do aparecimento de túmulos, há muito anos.Oberva-se a base de uma estrutura escavada no afloramento xistoso e uma possível escadaria. Neste local observa-se uma densidade maior de materiais cerâmicos, placas de xisto e algum granito. Ainda neste local observase uma vala de "sondagem" feita por qualquer curioso, há alguns anos. A Capela de São Sebastião, hoje inexistente, estava construída junto da via que ligava Ródão a Perdigão e marcava o limite norte de Vila Velha de Ródão. Capela (de São Pedro?) destruída ou adaptada a outro tipo de utilização. Estava localizada ao lado do ex-paços do concelho, posteriormente Centro Municipal de Cultura. O acesso era feito através de um pequeno balcão e o portal da entrada era em arco de volta perfeita. Este local encontra-se muito destruído pela acção da maquinaria pesada, quando da preparação da área para a eucaliptização envolvente, ainda que o local propriamente dito seja de montado de sobro. Antiga povoação servida por uma via de 150cm de largura, hoje vísivel em poucos metros do seu troço. No interior de uma enorme área murada notam-se vestígios de três casas, ainda que haja quem se recorde de uma rua com pequenas casas. Aparece cerâmica em toda a área murada (telha mourisca e tijoleira) e mós giratórias em granito. A densidade da cerâmica é variável Existe também um muro que integra vários elementos de cerâmica (tijoleira). Estação de ar livre (habitat disperso) evidenciada por uma sucessão de núcleos de artefactos, que em geral coincidem com a ocorrência de ipp, de elementos de moagem e por vezes fragmentos de lajes de xisto. A indústria de pedra lascada em quartzito e os elementos de moagem são recorrentes em toda a área Os materiais detectados são maioritariamente atribuíveis à Pré-História Recente e incluem elementos de moagem manual (dormentes e moventes de mó manuais), instrumentos de pedra polida e pedra lascada predomínio de peças de tipo languedocense. Estes materiais concentram-se, aparentemente, em pequenos núcleos, distribuídos ao longo da plataforma, embora também surjam de forma isolada, como por exemplo: Núcleo e seixo raspador; Sílex, Núcleos e lascas em quartzito, lâmina espessa em quartzito de secção trapezoidal, fragmentos de lajes de xisto; Lascas, algumas retocadas, seixos afeiçoados e fragmentos de moventes de mós; Outros achados diversos ;Fragmento de bloco de calcário rolado, e aparente núcleo de materiais diversos; Nnúcleo de líticos diversos; Núcleo de achados com fragmentos de gume de machado, peso de rede em xisto, com entalhes laterais, fragmento. de hipotético talão de machado, lasca de sílex, pequeníssimo núcleo de sílex, dois fragmentos de dormentes de mós manuais em granito; Núcleo de achados com dormentes e moventes em granito, lascas e núcleos em quartzito e sílex, uma pequeníssima enxó em xisto; Conjunto com lascas e núcleos de tipo languedocense; Fragmento de gume de enxó; Núcleo de achados com lascas e núcleos ver núcleo globular e núcleo discóide; Ffragmento de movente em granito de forma tabular, líticos em geral e lascas de xisto; Fragmento de gume de enxó anfibolito, fragmento de movente em grauvaque, seixo de xisto com picotado em faces opostos, líticos de quartzito em geral; Fragmento de lasca de xisto com polimento - dormente - e picotado - bigorna? -, lascas e núcleos em quartzito, lasca de xisto, fragmento de peso de rede em xisto; Dois raspadores em D, fragmento de cerâmica, lascas de xisto e 351 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID Designação Categoria Período Freguesia Lugar CLXXI Monte das Areias Brancas Inderteminado Neolítico Vila Velha de Ródão Salgueiral CLXXII Salgueiral Velho Habitat Romano Vila Velha de Ródão Salgueiral CLXXIII Serranos Exploração Mineira Romano Vila Velha de Ródão Salgueiral CLXXIV Carvalhos Exploração Mineira Romano Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão CLXXV Monte da Charneca Exploração Mineira Romano Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão CLXXVI Monte Fidalgo Inderteminado indeterminado Perais Monte Fidalgo CLXXVII Monte do Lucriz Arte Rupestre NeoCalcolítico Perais Vale Pousadas CLXXVIII Alagoa Exploração Mineira Romano Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão CLXXIX Alagoa Exploração Romano Vila Velha de Vila Velha de 352 Descrição um fragmento de dormente em xisto; Talão de enxó em xisto de secção rectangular; Dormente de mó completo em xisto; um raspador em D, 2 fragmentos de dormentes em granito, líticos diversos, talão de machado de secção circular. Trata-se de uma área agrícola (área dominantemente ocupada por olival, com zonas de pasto e outras de lavradio recente). A visibilidade é média a reduzida para detecção de espólio arqueológico e elevada para a detecção de estruturas. Assinala-se a área de considerada de dispersão do sítio arqueológico embora se identifiquem alguns conjuntos mais significativos identificados durante o trabalho de campo mas que não representam exaustivamente o potencial arqueológico do mesmo. Quer isto dizer, que uma nova saída de campo poderia conduzir à identificação de outros conjuntos significativos (significativos pela tipologia dos materiais). Pequena área de dispersão de indústria lítica (fragmento de gume de enxó em anfibolito, pequeno núcleo em quartzito, seixos afeiçoados em quartzito, lascas). Pequena mancha, embora densa, de dispersão de cerâmica comum e de construção (imbrices de cor alaranjada, lajes de xisto, duas das quais fincadas no solo) e elementos de moagem (fragmento de movente de mó rotativa em granito róseo e fragmento de dormente de mó do mesmo tipo em granito cinzento) com cerca de 300m2. Os vestígios arqueológicos espalham-se no topo e encosta voltada para leste, na direcção da aldeia. Conheira distribuída ao longo de curva de nível na parte superior de uma encosta. A ocidente do estradão actual (que atravessa a cumeada em diagonal) a conheira posiciona-se abaixo da frente de ataque, cuja escavação é identificável em alguns pontos. A leste do estradão observa-se uma vala, talvez correspondente à corta ou à frente de ataque da escavação, mas não se encontram amontoados de conhos.Delimitou-se a área ocupada por calhaus soltos a ocidente do estradão, que atravessa a plataforma. A leste do estradão tomaram-se três pontos de referência, para indicação da posição de uma vala (ou frente de ataque) ali detectada, sem evidência de conheira no lado exterior: Numa área de sobreiros mortos, localiza-se um pequeno nódulo de conheira de rebordo com cerca de 50 metros de diâmetro consubstanciada por concavidades e amontoados de terra e seixos rolados em quartzite. Localizada numa área com cobertura arbustiva densa, trata-se de uma conheira onde se observa grande acumulação de seixos rolados. Quando da abertura de valas ma estrada principal desta povoação, apareceu alguma cerâmica, um moinho manual (movente) e uma peça em xisto em forma de L maiúsculo, ainda que de angulo mais aberto, e arestas polidas Ao longo da rua principal do monte observa-se diverso material de interesse arqueológico. Assim: numa das ombreiras de um porta, existe um bloco paralelepipédico, em granito, insculpido com cerca de 20 covinhas, numa das faces. Poderá tratar-se de bloco extraído de um menir, desmantelado, embora não seja de excluir a possibilidade de se tratar de uma pedra de jogo. Na parede de uma outra casa, junto da ombreira da porta, pode ver-se um bloco em granito de secção sub-circular; poderá ter feito parte de uma coluna ou de uma estela (?). Junto do lagar vê-se um peso, fragmentos de pio e mó de lagar, em granito, integrados numa rampa de acesso ao edifício mencionado. Solo ocupado com grandes sobreiros e limpo de arbustos. Conheira de rebordo consubstanciada por irregularidades no solo e amontoados de seixos rolados. Am alguns locais os vestígios não são muito nítidos. Corredor estreito, entre o olival e a barragem de Alagoa Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID Designação Categoria Período Mineira Freguesia Lugar Descrição Ródão Ródão (Charneca), com estevas e pequenos sobreiros e a passagem de dois caminhos rurais (orientados no sentido Norte - Sul), um de cada lado da rede.Conheira que apresenta, actualmente desenvolvimento linear. No passado teria sido uma conheira de rebordo. Foi parcialmente destruída com as terraplanagens da barragem atrás mencionada e pelos caminhos rurais. Área de conheira com cobertura arbórea e arbustiva, densa, à base azinheiras, sobreiros, medronheiros, estevas, urzes e outros. Grande conheira desmontada até ao xisto. Apresenta grandes áreas de acumulação de seixos rolados. Com a abertura do caminho feito em todo o perímetro da conheira observa-se, no corte do caminho duas valas de drenagem de inertes. A primeira está cavada no xisto e tem aproximadamente a configuração de U com hastes abertas. A vala está completamente preenchida com terra e seixos rolados. A segunda vala, também escavada no xisto, tem a configuração de um V. Está entulhada com seixos rolados e terra. A frente de trabalho apresenta um corte que pode ter sido o local de passagem da vala para o fornecimento de água à exploração. Área também designada por Cabeço dos Crutes e Montes Negros. Trata-se de um amontoado de calhaus rolados (conheira), depositado na sequência de lavagem para extracção de ouro de uma antiga cascalheira em terraço fluvial. A conheira foi em grande parte salvaguardada e encontra-se totalmente envolvida por um estradão. No exterior deste estradão existe um extenso eucaliptal. O espaço da conheira está ocupado por vegetação arbustiva diversificada. A exploração mineira conservou uma mamoa no seu extremo Norte Área de sobreiros e matagal diverso. Pequena área de conheira implantada em rebordo de plataforma. Na área da conheira parece observar-se uma mina de água. A densidade da vegetação não permite a observação adequada. Localiza-se numa área de olival junto do limite deste com o mato diverso, no rebordo da plataforma. Foram observadas tégulas de rebordo, outros fragmentos ceramicos e alguns fragmentos de granito, em baixa densidade. Localiza-se numa área de olival, montado de sobro, alguns pinheiros e cobertura arbustiva à base de esteva e outros matos. A área de olival é quase sempre o limite superior da conheira. A conheira, ocupa área na plataforma e na encosta, sendo que esta última predomina. Manifesta-se pelo ondulado, em virtude das escavações, e pela acumulação de calhaus. Na encosta predomina o derrame de calhaus rolados. Frequentemente as áreas de conheiras coincidem com grandes sobreiros. No reconhecimento feito em 18/12/2005 verificámos que a fonte tinha sido destruída e em seu lugar construíram uma pequena barragem, que se alimenta da linha de água e da nascente. Localizado numa zona de solo arenoso com seixos rolados, trata-se de um pequeno núcleo de achados datáveis do paleolítico.Em 29.04.06, quando do reconecimento, não foram encontrados materiais com acção antrópica. Localizadada numa área de pedreiras, actualmente entulhadas pelo avanço do perímetro urbano. Há notícia do aparecimento de túmulos quando da abertura das mesmas. Do espólio informam que constava uma jarra em vidro (partida quando do seu achamento) e uma taça em terra sigillata com cinzas(?). Esta última peça pertence ao espólio do núcleo museológico do CMCD, Vila Velha de Ródão e foi oferecida nos anos oitenta do século passado pelo Sr. Presidente da Camara Baptista Martins.Não há memória de outros achados. CLXXX Charneca Exploração Mineira Romano Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão CLXXXI Casarona Exploração Mineira Romano Fratel Juncal CLXXXII Monte do Chaparral Exploração Mineira Romano Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão CLXXXIII Monte do Pinhal Mancha de Ocupação Romano Vila Velha de Ródão Salgueiral CLXXXIV Monte do Pinhal Exploração Mineira Romano Vila Velha de Ródão Salgueiral CLXXXV Fonte dos Ratinhos Inderteminado indeterminado Sarnadas de Ródão Sarnadas de Rodão CLXXXVI Navejola Achado Isolado Paleolítico Perais Perais CLXXXVII Outeiro Sepultura Romano Fratel Fratel Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 353 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID Designação Categoria Período Freguesia Lugar CLXXXVIII Charneca das Vinhas Mamoa NeoCalcolítico Fratel Marmelal CLXXXIX Perais Moinho Moderno Perais Perais CXC Peroledo Mancha de Ocupação NeoCalcolítico Fratel Peroledo CXCI Peroledo Mamoa NeoCalcolítico Fratel Peroledo CXCII Porto do Tejo Exploração Mineira Romano Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão CXCIII Queijeira Mancha de Ocupação NeoCalcolítico Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão CXCIV Queijeira Achado Isolado NeoCalcolítico Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão CXCV Queijeira Exploração Mineira Romano Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão CXCVI Queijeira Exploração Mineira Romano Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão CXCVII Queijeira Exploração Mineira Romano Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão CXCVIII Monte da Charneca Exploração Mineira Romano Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão CXCIX Carvalhos Mancha de Ocupação NeoCalcolítico Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão CC Ribeiro da Malaguarda Arte Rupestre NeoCalcolítico Fratel Carepa 354 Descrição Monumento anteriormente designado por mamoa dos Pequenos do Vilar de Boi. Monumento escavado.É um monumento com interesse turístico - didáctico e possui fácil acesso. Moinho de vento de planta circular, construído em alvenaria de xisto e actualmente sem cobertura. É o único moinho deste tipo que conhecemos no concelho. Toda a estrutura interna do moinho desapareceu. No reconhecimento realizado em 14/05/06 verificámos que adoçaram às paredes exteriores do moinho construções em tijoleira. Localiza-se na plataforma de Peroledo, que tem continuação pela charneca do Vilar de Boi (divida pela IP2 há muitos anos). Está coberta por pinhal e eucaliptal e com densa manta morta, o que não permite uma visibilidade adequada do solo. Aqui, foram observados superficialmente, ainda que em baixa densidade, fragmentos de cerâmica pré-histórica e lascas e núcleos em quartzite. Monumento reduzido a uma semi-coroa da mamoa, correspondente à metade poente. Sem vestígios de estrutura de enterramento, que corresponderia à depresssão central, observável. A mamoa foi construída com o material disponível na área: areias, quartzo e quartzito rolado. Inclui ainda algum xisto em fragmentos de pequenas dimensões. No reconhecimento de 2005 constatámos que o local tinha sido urbanizado. Área de conheira com pequenas dimensões; devido à prática agrícola, à abertura de vias e a uma urbanização restam dela vestígios quase imperceptíveis. Foi completamente destruída. Em 1986 realizou-se o seguinte registo: "pequena área com indústria lítica em sílex e quartzito à superfície". Quando do reconhecimento em 07/01/2007 verificou-se que a área estava coberta de eucaliptal e arbustos. Área que foi profundamente revolvida. Foi observado um disco em xisto de planta subcircular. A meia encosta, virada a nascente, foi encontrado um instrumento de pedra polida. É provável que aqui tenha chegado por escorregamento da plataforma. Conheira implantada na plataforma e no rebordo, numa zona onde o solo apresenta cobertura arbórea à base de sobreiros, olival e azinhal e cobertura arbustiva com esteva, urze e alecrim.Na área ocupada com olival a conheira encontra-se muito revolvida. Na plataforma observa-se ainda algumas concavidades. Localizada numa área com olival e cobertura arbustiva (esteva, urze e alecrim). Trata-se de uma conheira implantada na plataforma e no rebordo. Podem observarse grandes amontoados de calhau rolado e concavidades e ainda uma enorme vala / repressa que drena para o limite da plataforma. Localiza-se numa área ocupada com olival na plataforma e eucaliptal com mato na encosta. Trata-se de uma pequena área de conheira consubstanciada amontoados de calhaus rolados e depressões no terreno. Implanta-se na plataforma e no rebordo. Área de esteval, oliveiras e sobreiros. Trata-se de uma conheira de rebordo com configuração linear com largura a rondar os 30 metros. Localiza-se numa área de olival e algum mato. Trata-se de uma mancha com cerca de 30 metros de raio onde foram observados cinco fragmentos de moventes de moinho manual em granito, um dos quais teria planta circular ou oval. Na área foram observados outros fragmentos de granito sem polimento. Conjunto de cerca de 125 covinhas, com diâmetros e profundidades diversas e dispostas caoticamente sobre painel xisto-grauváquico. Destacam-se, pelo seu diâmetro Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID Designação Categoria Período Freguesia Lugar CCI Ribeiro do Vale do Meio Dia Via Moderno Fratel Vila Ruivas CCII Conheira de Baixo Exploração Mineira Romano Vila Velha de Ródão Foz do Cobrão CCIII Ribeira do Canefechal Muro Moderno Fratel Fratel CCIV Revessa Cais Moderno Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão CCV Lagar da Riscada Anta NeoCalcolítico Fratel Riscada CCVI Salgueiral Exploração Mineira Romano Vila Velha de Ródão Salgueiral CCVII Santo Amaro Anta NeoCalcolítico Fratel Vilar de Boi CCVIII Santo Amaro Sepultura Medieval Cristão Fratel Vilar de Boi CCIX Santo Amaro Capela Moderno Fratel Vilar de Boi CCX Santo Amaro Forno Moderno Fratel Vilar de Boi Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Descrição e profundidade, duas delas. A superfície de gravação é bastante irregular e atacada por musgos e líquenes. Na superfície do painel pode ainda observar-se picotado disperso. Tem interesse turístico - didáctico e o acesso é facil. Para as utilizações anteriores há que ordenar e limpar o espaço envolvente desta rocha. Via com cerca de dois metros de largura. Era caracterizada por trilhos abertos no xisto. Nos finais da década de 80 foi parcialmente destruída para melhoramento dos caminhos que apoiam os povoamentos de floresta industrial. Em 1 de Março de 2006, quando do reconhecimento, verificámos que na margem esquerda do ribeiro do Vale do Meio Dia restam alguns metros da via referida, acima do caminho actual. A parte exterior da via em questão é suportada por um muro constituído por placas de xisto dispostas perpendicularmente à linha do caminho. Observam-se trilhos no afloramento de xisto (parte interna do caminho) e nas placas atrás referidas. Esta via aparece representada na carta militar nº 314, trabalhos de campo de 1946. Área de conheira ocupada por pinhal, espaços agrícolas e mato. Conheira de tipo linear, com cerca de 100m de largura, que acompanha a alguns metros acima o leito do rio. Muro de sirga, actualmente submerso pela albufeira da barragem de Fratel. Cais de acostagem do Porto do Tejo / Vila Velha de Ródão. Monumento que conserva nove esteios (na câmara e corredor). A mamoa é de pequena dimensão mas bem destacável no solo. No interior da câmara abriram um enorme buraco. Em 17/09/2005 tentou-se relocalizar este monumento, sem sucesso. É provável que tenha desaparecido quando da preparação da área para floresta industrial. Amontoados de calhaus soltos, com vestígios de exposição antiga ao ar (cobertos por líquenes que lhes conferem uma tonalidade cinzenta escura), espalhados em área de apreciável dimensão. Estão acumulados em montes sucessivos. Nas clareiras, de terreno livre de calhaus, existem geralmente oliveiras. A área também se encontra colinizada por pinheiros e vegetação arbustiva. O nível de terraço ainda não explorado, e por isso sobreelevado em relação aos depósitos de pedras, e ao longo de cujo rebordo se identifica a frente de ataque da exploração mineira, situa-se na zona NE do casario e o terreno, aí, tem azinheiras. Monumento dolménico com câmara poligonal e corredor. Possui quatro esteios na câmara, um deles o de cabeceira e outro de grande tamanho, os dois restantes fazem parte da parede. O esteio do corredor integra também a parede. São todos em xisto. É divido por uma parede no sentido Este -Oeste. Observam-se suaves vestígios de mamoa. Este monumento foi objecto de uma proposta de classificação apresentada ao IPPAR em 1988. Sepultura de imunação de adulto, vazia, de planta rectangular e rebordo envolvente irregular. Foi escavada sobre afloramento de xisto. A cabeceira está voltada a poente. Há sinais de violação do túmulo em seis lugares. A Capela de Santo Amaro fica do junto antigo caminho que dividia em dois este território (sentido este-oeste). Segundo informações, teria primitivamente a porta virada a poente, com as obras foi fechada e aberta uma a nascente, para o lado do caminho. Foi a antiga igreja matriz da freguesia de São Pedro (Vilar de Boi) até 1591 ou 1592. Monumento descaracterizado arquitectónicamente. Localizado numa área agricultada onde surge um socalco constituído por afloramento de xisto e parede do mesmo material, espaço com alguns sobreiros. A porta do forno abre-se na área da parede e no interior observa-se quatro 355 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID Designação Categoria Período Freguesia Lugar CCXI Sarnadas de Ródão Capela Moderno Sarnadas de Ródão Sarnadas de Ródão CCXII Senhora de Alagada Capela Moderno Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão CCXIII Senhora da Alagada Anta NeoCalcolítico Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão CCXIV Monte do Pinhal Mancha de Ocupação NeoCalcolítico Vila Velha de Ródão Salgueiral CCXV Serranos Estação de Ar Livre Paleolítico Médio Vila Velha de Ródão Salgueiral CCXVI Serranos Achado Isolado NeoCalcolítico Vila Velha de Ródão Salgueiral 356 Descrição arcos em tijoleira. Parece tratar-se de um forno rectangular. Na área envolvente do forno existe uma densidade exceptional de fragmentos de cerâmica. Casa senhorial que inclui a capela de Santa Ana. Monumento privado. Possui como espólio principal uma lápide epigrafada na qual o papa dá autorizaçao para que se celebre missa neste templo, além de alguns livros religiosos. Monumento de estrutura simples e austera.A porta da Casa Grande, à qual pertence a capela, possui em cada uma das ombreiras, uma cruz da Ordem de Cristo. Monumento religioso constituído por telhado de duas águas, planta longitudinal simples e sacristia. Exteriormente todo o monumento está pintado de branco. A fachada principal está voltada a Noroeste e integra a porta principal ladeada por dois pequenos postigos rectangulares e uma pequena janela circular sobre a porta referida. No topo da empena há um pequeno campanário rematado por cruz. A fachada Este possui uma porta secundária e adossada ao corpo principal da capela a sacristia, com porta para o exterior e outra para a capelamor. A fachada Oeste possui uma única porta secundária. A fachada Sul possui duas pequenas frestas para iluminarem o interior. O tecto é em dois planos e na parede Sul há um nicho para a imagem. É provável que o monumento primitivo remonte ao século XVII entretanto foi profundamente alterado no século XX, por ocasião de uma reconstrução. Há referências documentais a este templo no século XVIII. A capela está inscrita num espaço lageado que a envolve completamente. Sob o canto Nordoeste deste recinto existe uma espécie de mina abobadada que poderá terá ter sido a primitiva capela. A imagem é em madeira e terracota. A mão direita da imagem segura uma âncora e a mão está sobre o peito. Há noticias de obras na capela em 1700, 1880, 1973 e outras. É um importante lugar de romaria. Na área envolvente do recinto da capela, na encosta nascente, foi encontrado, em 1990, um instrumento de pedra polida, indústria lítica em quartzite, um fragmento de sílex e a sul um moinho manual (dormente), em granito. É possível ter este local correspondido à implantação de um monumento megalítico. Em 01.03.2006, quando do reconhecimento, o moinho manual referido já não se encontrava no local onde fora anteriormente observado. Neste último local restava um tronco de pirâmide de arestas arredondadas, em granito. Localizado numa área de olival. No registo de Henriques e Caninas (1980) consta "mancha com indústria lítica em quartzite". Foram observados em 10/06/2006: Vários seixos talhados, em quartzito; Lascas em quartzito, com ou sem retoques; Dois dormentes de moinho manual, em grauvaque; Um machado de pedra polida em grauvaque; Três moventes, um em granito e dois em grauvaque, um deles circular e outro oval; Uma placa de xisto oval, afeiçoada em todo o perímetro. Estação de ar livre (habitat?) evidenciada por achados dispersos, aparentemente, de várias épocas. A fonte de informação indica a ocorrência de "pequenos é médios núcleos discóides e lascas travalhadas", de cronologia Paleolítica, em terraço alto em adiantado estado de erosão. Confirmou-se a presença deste tipo de materiais mas detectaram-se outros, sobretudo na parte Sul do caminho de cronologia Neolítica (elementos de moagem manual e instrumento de pedra polida), nomeadamente: Núcleo discóide em quartzito, recolhido, e lascas; Movente em xisto, completo, com ligeira depressão central numa das faces; Machado, completo, recolhido, e fragmento de dormente em xisto Foi encontrado neste local um instrumento de pedra polida de secção rectangular. Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID Designação Categoria Período Freguesia Lugar CCXVII Serranos Exploração Mineira Romano Vila Velha de Ródão Salgueiral CCXVIII Serrasqueira Edifício Contemporân eo Vila Velha de Ródão Serrasqueira CCXIX Tapada da Navejola Sepultura Contemporân eo Perais Perais CCXX Tapada do Coxo Mancha de Ocupação Moderno Fratel Gardete CCXXI Telhada Sepultura Medieval Cristão Perais Perais CCXXII Telhada Tanque Contemporân eo Perais Perais CCXXIII Urgueira Estação de Ar Livre Paleolítico Perais Vale Pousadas CCXXIV Tapada da Cidade Anta NeoCalcolítico Perais Alfrívida Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Descrição A fonte de informação refere tratar-se de pequena área de conheira que pode ter correspondido a uma sondagem. A avaliar pela sua posição, no limite entre duas propriedades ou pelo menos no limite entre duas parecelas com usos distintos, poderia tratar-se de arrasto de conhos, de uma cascalheira natural, devido à lavoura na propriedade superior que hoje está ocupada pelo olival, até ao limite com a parcela situada em posição topográfica inferior. Os calhaus soltos, com vestígios de exposição antiga ao ar (cobertos por líquenes que lhes conferem uma tonalidade cinzenta escura), distribuem por uma faixa alongada e estreita com desenvolvimento em nível topográfico abaixo do limite entre duas parcelas com usos diferentes. A parcela superior tem olival e tem sido sujeita a lavouras recentes razão pela qual não conserva amontoados de calhaus. Casa de caça pertencente em tempos ao conde de Aragão. É de exterior modesto. Merece realce o seu revestimento interior em madeira de carvalho, nomeadamente duas portas interiores e o tecto da sala principal, situada no primero andar, em forma de maceira. Em 1980 foi observada quantidade apreciável de cerâmica à superfície. No local indicado detectaram-se em 2005 escassos fragmentos de cerâmica que poderão ser provenientes das casas sobranceiras ou ter sido transportados com estrume. Não permitem definir um sítio arqueológico. Túmulo totalmente entulhado, quase imperceptível, escavado em afloramento de xisto e com configuração geométrica, mas de arestas arredondadas. Possui cabeceira voltada a noroeste.O comprimento do túmulo segue a orientação geral do xisto. Junto da sepultura (ficha CCXXI) existe uma pia (ou pequeno tumulo com reaproveitamento posterior) escavada no xisto, com planta rectangular e um escoadouro.Perante a proximidade da sepultura pode colocar-se a hipótese de ser uma sepultura de um recémnascido. Junto da pia parece observar-se três pequenas covinhas. Mancha de distribuição de indústria lítica em sílex e quartzito resultante da abertura dos alicerces para a colocação de um poste para transporte de energia eléctrica. No relatório de Arnaud (1990:34) é conhecido por Urgueira 1 e regista "diversos artefactos atribuíveis ao período paleolítico, de entre os quais salientamos uma raspadeira, além de várias lascas residuais de talhe".Quando do reconhecimento, em 29.04.2006, ainda se identificaram alguns materiais, junto da base dos postes de transporte de electricidade. Localizada na área de olival. Mamoa revestida com esteva e outros matos. Monumento constituído por mamoa, câmara e corredor. A mamoa, bem pronunciada, é constituída por argila, abundantes placas de xisto, quartzito, quartzo leitoso (estes dois últimos sob a forma de seixos rolados) . No quadrante noroeste regista-se a passagem de um caminho e na metade oeste presenta sequelas da acção de maquinaria pesada. Na metade Este apresenta um derrame de materiais petreos que se estendem por muitos metros. O interior da câmara foi destruída pela acção de maquinaria utilizada para retirar os esteios, no tempo do seu pai .Cratera de violação com o diâmetro de quatro metros. Sobre o buraco aberto foram actualmente vertidos entulhos que preenchem a quase totalidade da câmara. Na câmara observam-se ainda três grandes esteios em xisto. É provável que sob os entulhos apareçam outros. O esteio mais exposto (parcialmente sob os entulhos) aparece ser longílineo e apresenta 10 covinhas de pequeno diâmetro e um traço largo, aberto por 357 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID Designação Categoria Período Freguesia Lugar CCXXV Vale Mouro Anta NeoCalcolítico Sarnadas de Ródão Atalaia CCXXVI Vale da Nave Anta NeoCalcolítico Fratel Fratel CCXXVII Vale das Vinhas Sepultura Romano Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão CCXXVIII Vilas Ruivas Arte Rupestre NeoCalcolítico Vila Velha de Ródão Vila Ruivas CCXXIX Rua de Santo António Escultura Contemporân eo Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão CCXXX Conheira Exploração Mineira Romano Vila Velha de Ródão Vila Ruivas CCXXXI Peroledo Mamoa NeoCalcolítico Fratel Peroledo CCXXXII Peroledo Anta NeoCalcolítico Fratel Peroledo CCXXXIII Castelo do Rei Vamba Castelo Medieval Cristão Vila Velha de Ródão Vilas Ruivas 358 Descrição abrasão, perpendicular à linha de altura. O corredor apresenta quatro esteios, também eles em xisto. Dois deles in situ. Chama-se a atenção para o tamanho dos esteios. Pequeno monumento implantado num meandro da Ribeira do Açafal, margem esquerda e do qual são visíveis quatro pequenos esteios em xisto que integram a câmara. Deste monumento resta visível um esteio in situ e um outro solto e conserva ainda mamoa razoável. Em 05/09/05 foi procurada sem sucesso. Actualmente a área está quase totalmente florestada com eucalipto. Na altura da descoberta era ocupada com olival e mato. Construção composta por dois pequenos alinhamentos de placas de xisto (com os topos ao nível do solo), definindo duas direcções perpendiculares entre si. Apareceu alguma cerâmica grossa de paredes lisas e pasta alaranjada. Vestígios postos a descobertos durante uma lavra. Em 2006, quando do reconhecimento, não se encontraram vestígios em virtude a área estar completamente alterada por maquinaria pesada. Painel muito irregular, no interior de um caminho abandonado e também utilizado como eira, apresentando cinco covinhas, duas das quais com maior diâmetro. Brasão, em granito, em casa que pertenceu à família Stau Monteiro. O brasão encontrava-se embutido na parede da fachada, ao nível do primeiro andar, na varanda. Devido ao estado de ruína do edifício foi retirado e guardado pela autarquia. Localiza-se numa área de arcose com cascalheira e cobertura vegetal à base de olival esteval e herbácea. Trata-se de uma conheira quase desaparecida devido ao aproveitamento dos seus blocos para a linha dos caminhos de ferro. Vestígios de uma possível anta-mamoa identificada por ocasião das lavras para uma plantação de eucaliptos. Durante os trabalhos foi colocada à vista, no limite superior da propriedade, uma lage de xisto-grauvaque comparável a um esteio de anta. A peça é de configuração subrectangular. Apesar da densidade da cobertura arbustiva (eucaliptal e pinhal, queimado pelo incêndio de 2003), parece observar-se, no local, um pequeno relevo comparável a uma mamoa. A posição topográfica é sugestiva. Foram aqui identificados vestígios de uma possível anta. À data da sua descoberta, na década de 80, foram observados dois esteios em xisto, parcialmente danificados. No trabalho de campo realizado em 2000 não foi possível reconhecer o sítio, devido à densa cobertura arbustiva e ao eucaliptal ali instalado. Em Outubro de 2005 fez-se mais uma tentativa do reconhecimento exacto do sítio, sem êxito. Parte da área foi profundamente revolvida para práticas agrícolas. Não se observaram vestígios nem se recolheu espólio do que poderia ter sido um pequeno monumento. Este imóvel militar é designado localmente por Castelo de Ródão, Castelo das Vila Ruivas, Castelo do Rei Vamba ou, simplesmente, Castelo das Portas. Apesar da designação adoptada, localmente, deverá antes ser considerado tipologicamente uma torre de vigia. Nas Memórias Paroquiais de 1758, Frei João Batista escrevia "junto à ermida da Senhora do Castelo acha-se uma fortificação, e dentro dela um castelo. Coisa muito antiga, com alguma danificação por causa do temporal". Actualmente a estrutura é basicamente constituído por uma torre e uma muralha fechada, que não integra nenhuma povoação. Seguidamente iremos descrever cada um destes elementos. A torre é um paralelipípedo rectângulo com cerca de 7,35m de dimensão horizontal nos lados norte e sul e 10,85m nos lados este e oeste. Possui cerca de 15 m Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID Designação Categoria Período Freguesia Lugar Descrição de altura e não apresenta área coberta. A torre é constituída por um piso térreo, hoje parcialmente entulhado por materiais provenientes do seu topo e do exterior. No interior, apresenta um friso, definido pelo adelgaçamento da parte superior da parede da torre, que suportaria um soalho em madeira. Na parte superior da torre, e em cada uma das quatro faces, há aberturas para o exterior. As aberturas voltadas a este, norte e oeste são semelhantes entre si. São seteiras de recorte rectangular que estreitam progressivamente do interior para o exterior. Passam quase despercebidas a quem as observa de fora. A abertura da fachada sul do monumento, ao nível do andar superior, corresponde possivelmente à porta. E um espaço definido por grandes blocos paralelipipédicos de granito. A entrada é de recorte rectangular no exterior e tecto abaulado no interior. Podem ainda observar-se os gonzos abertos no granito de ambos os lados da entrada e assentos laterais. Exteriormente a porta é encimada por um lintel de recorte sub-rectangular, com aletas laterais, sobre as quais assenta a restante estrutura do arco de que fazem parte. As aletas estão demarcadas por um sulco bem vincado. É necessário observar com atenção para concluir tratar-se de uma só peça. Um bloco de configuração quase triangular preenche o espaço existente entre o bloco anterior e o fecho do arco. No bloco subrectangular referido foram lavradas, de forma discreta, cinco linhas horizontais, paralelas. Apenas a primeira linha atinge o fim da lápide; as outras são interrompidas para dar lugar a um círculo, dentro do qual foi insculpida a cruz da Ordem do Templo. O círculo inscreve-se em dois traços paralelos e verticais que o ligam ao rebordo inferior do lintel. O arco é constituído por cinco aduelas, de granito, e pela peça anteriormente descrita, que integra as duas alsas aduelas ou aletas. A aduela do lado nascente possui uma marca de canteiro em forma de "s" horizontal. O acesso ao piso térreo, actualmente, é praticado através de um buraco disforme . Foi aberto para facilitar o acesso ao interior da torre, possivelmente após o seu abandono. As paredes da metade inferior da torre apresentam um reboco parcialmente conservado, que nos leva a admitir ter este espaço servido como armazém ou até como cisterna. As do andar superior tem espessura é inferior. Observa-se no exterior, principalmente no piso superior, as fiadas paralelas de blocos quartzíticos que integram o aparelho da torre. Como material ligante foi utilizada uma argamassa de cor clara, rica em elementos anti-plásticos, oriundos certamente do rio devido aos muitos fragmentos de conchas que apresenta. Os cunhais da torre, de alhetas alternadas, são constituídos por blocos graníticos paralelipipédicos (juntoiras). O cunhal sudoeste já não apresenta juntoiras. Do cunhal sudeste desapareceu o terço inferior. Dos cunhais noroeste e nordeste desapareceram, de cada um deles, cerca de quatro juntoiras. Informaram-nos, há muitos anos, que os blocos em falta foram retirados para serem instalados nas bocas dos fornos em aldeias vizinhas; o granito é indicado para esta função, não existe na região e já se encontra devidamente talhado. A torre está descentrada no espaço intramuros. A muralha aproxima-se da torre no lado norte, afasta-se consideravelmente no lado sul. Encosta-se mais ao lado oriental. Do lado ocidental, entre a torre e a muralha, observa-se grande acumulação de pequenos blocos quartzíticos que devem ter pertencido a construções (alojamentos?). Há alguns anos, foram abertos dois buracos em frente da face sul da torre. A parte central do recinto é ocupada por afloramento quartzítico. A muralha foi implantada no primeiro pico situado a norte das Portas de Ródão. Parece ser constituída por dois panos de muralha justapostos e apresenta-se muito destruída em alguns troços. Ambos os panos de muralha foram construídos com blocos de quartzito ligados por uma argamassa com as características já indicadas. Junto da Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 359 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID Designação Categoria Período Freguesia Lugar CCXXXIV Muro da Furada Muro Moderno Perais Monte Fidalgo CCXXXV Montinho Mamoa NeoCalcolítico Fratel Montinho CCXXXVI Marmelal Via Contemporân eo Fratel Marmelal CCXXXVII Portela da Milhariça Abrigo indeterminado Vila Velha de Ródão Alvaiade CCXXXVIII Vale da Pereira Núcleo de Povoamento Alta Idade Média Sarnadas de Ródão Atalaia CCXXXIX Vilar de Boi Achado Moderno Fratel Vilar de Boi 360 Descrição estrada que conduz à capela e ao castelo é visível uma espessa muralha com alguns metros de extensão. A sua disposição, transversal em relação à cumeada, era de molde a fechar o acesso mais fácil ao castelo. Na encosta leste, subjacente ao castelo, e junto do morro norte das Portas de Ródão existem estruturas semelhantes. Oliveira de Matos (p. 47) e Alfredo dos Reis (1965) já alertam para a necessidade da reconstrução e conservação da torre que constitui o castelo. No âmbito do Projecto Açafa, que visa requalificar o castelo e capela da Senhora do Castelo, foram desenvolvidas intervenções arqueológicas no interior da muralha, no segundo semestre de 1999. Neste âmbito, no interior da muralha foi feita limpeza, desmatação, definição das muralhas e identificação das estruturas, sondagens arqueológicas, e levantamento topográfico do imóvel. As sondagens arqueológicas realizadas não vieram trazer novos elementos para o conhecimento da estrutura. Com exposição: Su, localiza-se junto pequena linha de água afluente do rio Tejo Tem planta: subcircular, aparelho em xisto. Em algumas áreas uma mesma placa de xisto é colocada transversalmente, em relação ao muro, e vai do exterior ao interior. Noutras, o aparelho é constituído por placas de xisto dispostos paralelamente em relação à linha do muro entremeada por outras placas dispostas perpendicularmente. No lado exterior observam-se pequenos troços com espinhados. Grau de Inclinação: elevado. Actualmente não existe porta. Estaria voltada a Oeste. Há uma pequena rampa que daria acesso à porta, lado exterior. Outros aspectos construtivos: no interior observam-se afloramentos xistosos. É provável que parte das pedras do muro tenham origem no seu interior. Observam-se várias reconstruções. O interior tem oliveiras, sobreiras e mato de grande porte. Não há vestígios de beirado. Há, entretanto, grande quantidade de blocos caídos que podem indiciar a sua existência. No interior, lado Este, parece existirem restos de possível casa de apoio. Existem pedaços de pote de mel no interior. Localiza-se no topo de um cabeço com cobertura arbustiva. Monumento de difícil reconhecimento por se confundir com o relevo onde se implanta. É atravessada por um muro baixo constituído por seixos rolados. É limite de três propriedades. Em Novembro de 2005 quando do seu reconhecimento verificamos que a área foi atingida por incêndio e que já se encontra profundamente lavrada para nova florestação de pinhal. Por este facto o seu reconhecimento ainda se torna mais difícil Trilho escavado sobre afloramento xistoso. Parte do trilho foi destruído pelo novo caminho rural existente. O troço ainda existente tem uma direcção Este - Oeste e obsercvase numa distância de cerca de 50 metros. Largura entre trilhos - 120 cm a 140 cm. Dois abrigos naturais, com alguma dimensão, constuídos pelas diaclases do quartzite. Distam entre si cerca de 10 metros. Foram ambos visitados e não se encontrarm vestígios humanos. Localizada numa área de estevas e azinheiras. É um local poupado ao profundo revolvimento de que a área foi alvo devido à sensibilidade do proprietário Trata-se de um habitat implantado numa cumeada que integra um meandro da ribeira do Açafal, na margem esquerda, no bordo nascente do aceiro que percorre a cumeada. No local, parcialmente lavrado, observa-se grande quantidade de cerâmica comum (incluindo doliuns) e de cobertura e placas de xisto de antigas construções(?). Há notícia de sepulturas, não identificadas. Quando do reconhecimento em 03.03.06 foi observada uma sepultura assimétrica, escavada no xisto e ao nível do solo. Tem cabeceira voltada a nascente. A parede sul da sepultura possui uma falha que é compensada com uma placa de xisto. Telha de canudo gravada com a data de 1573 e Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID Designação Categoria Período Freguesia Lugar Isolado CCXL Santo Amaro Mancha de Ocupação Alta Idade Média Fratel CCXLI Ocresa Achado Isolado Neolítico Fratel CCXLII Monte Chaparral Necrópole Romano Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão CCXLIII Lagoa Inderteminado Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão CCXLIV Lagoa Mancha de Ocupação NeoCalcolítico Vila Velha de Ródão Vila velha de Ródão CCXLV Lagoa Exploração Mineira Romano Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão CCXLVI Lagoa Exploração Mineira Romano Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão CCXLVII Lagoa Exploração Mineira Romano Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão CCXLVIII Queijeira Exploração Mineira Romano Vila Velha de Ródão Vila velha de Ródão CCXLIX Perdigão Sepultura Idade Média Fratel Perdigão CCL Vermelhas Estrutura NeoCalcolítico Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão Vilar de Boi Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Descrição encontrada, numa casa demolida e que integrava a rua central. Em toda a área envolvente da capela, com especial destaque para o espaço entre esta e o túmulo escavado na rocha, aparece, superficialmente, grande quantidade de cerâmica de construção atribuível ao período tardo romano - visigótico. Seixo em xisto com talhe bifacial numa das extremidades. Foi recolhido pelo Dr. Carlos Batata. Pode tratar-se do esboço de uma enxó, sem polimento no gume. Material entregue à AEAT. Localizada numa área de olival. Predominam os seixos rolados à superfície. Trata-se de uma área com concentração anormal de pequenas placas de xisto ardosiano. Em Fevereiro de 2004 foram recolhidos dois pequenos fragmentos de placas com letras. Em 05/10/2006, durante o reconhecimento, foram recolhidos mais três fragmentos de placas com letras ou sinais. Um deles tem a letra E. A área que apresenta uma suave depressão no solo com grandes dimensões, cerca de 120 m de diâmetro. Há poucos anos em todo este espaço foram abertas valas de drenagem e plantado olival. Na década de sessenta e setenta era frequente, durante o inverno, observar-se grande acumulação de água. Pode colocar-se a hipótese de aqui ter existido uma lagoa artificial para acumulação de água para a exploração aurífera. Actualmente na área encontra-se plantada com olival com tufos de mato e boa visibilidade do solo. Num raio de cerca de 15 m aparece, à superficie, uma maior densidade de pequenas placas de xisto de cor azul e foi observado o seguinte material: Um movente, em granito, de secção subrectangular; Um fragmento de um instrumento de pedra polida em grauvaque; Um pequeno bloco de granito que pode ser meio movente; Várias lascas em quartzite. Localiza-se numa área de olival e mato pouco denso. Trata-se de uma pequena conheira de rebordo com cerca de 10 m de largura em cabeceira suave de linha de água. Exploração localizada numa área com olival, pinhal, alguns eucaliptos e mato. Pequeno nódulo de conheira de plataforma, distribuída por um raio de cerca de 20 m, consubstanciado por maior densidade de conhos com patine diferente. Inserida numa área de eucaliptal, sobreiros e matos (giestas e estevas) e revolvida por maquinaria pesada. É uma pequena conheira de rebordo com cerca de 15 m de largura. Exploraçao localizada numa área eucaliptada e com matagal. O Espaço é parcialmente desmontado em socalcos que apresenta conheira de modo não contínuo. Área recentemente revolvida a Norte do referido caminho e onde foram plantados eucaliptos. A Sul do caminho mantém-se a antiga cobertura vegetal, erva, mato e algumas azinheiras. Há dois ou três afloramentos xistosos, de pequeno tamanho. A sepultura ficaria a escassos 2,5 metros do centro do actual caminho. Foram observados no local alguns fragmentos de cerâmica grosseira, de pasta alaranjada e espessa. A sepultura era conhecida pelos populares, tinha uma configuração rectangular e era demarcada com placas de xisto. Localizada numa área revolvida há poucos anos, por altura da contruçao da estrada atrás mencionada. Possui tufos de mato. Foi recolhido um enorme movente de moinho manual, em granito, de feição quadrangular e perfil arqueado. Pode ser o que resta de um pequeno monumento (estrutura indeterminada e em mau estado de conservação) existente do outro lado da estrada (lado poente) caracterizado por uma pequena mancha de materiais pétreos à base de placas de xisto e seixos em 361 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID Designação Categoria Período Freguesia Lugar CCLI Vermelhas Anta NeoCalcolítico Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão CCLII Portela da Ameixoeira Escultura Contemporân eo Vila Velha de Ródão Gavião de Ródão CCLIII Salgadeiras Estrutura Contemporân eo Vila Velha de Ródão Vila Ruivas CCLIV Vilar de Boi Inderteminado Contemporân eo Fratel Vilar de Boi CCLV Eira da Vinha Achado Isolado Neolítico Perais Serrasqueira CCLVI Ribeira do Prior Achado Isolado Paleolítico Perais Serrasqueira CCLVII Sobral Estação de Ar Livre Neolítico Antigo Perais Serrasqueira CCLVIII Vale Feito Mamoa NeoCalcolítico Sarnadas de Ródão Sarnadas de Ródão CCLIX Casas da Ribeira Estação de Ar Livre Neolítico Antigo Perais Perais CCLX Casas da Ribeira Barragem Romano Perais Perais 362 Descrição quartzite, exógenos ao local, distribuídos em ligeira sobreelevação. É possível que esta estrutura suportasse a erecção do moinho manual. Área revestida com esteval denso, o que torna o monumento de difícil identificação. A mamoa identifica-se pela sobreelevação e pela maior densidade de blocos de quartzo leitoso, seixos rolados e placas de xisto, de pequeno tamanho. Cruz em granito em ambiente geológico de quartzito. Implantada na borda norte do caminho que ligava Gavião a Perdigão, através da Portela da Ameixoeira. Em 2004, quando da visita, não foi encontrada. Desapareceu ou foi destruída quando do alargamento/melhoramento do referido caminho por maquinaria pesada. Localizada numa área de mato com ervagem e cobertura arbórea de olival. Estrutura escava do solo (profundidade de um metro), de planta rectangular, revestida a pedra e dividida em dois compartimentos pelo meio, cada um com dois metros de comprimento. A face interior está revestida com reboco. A divisão central não chega ao topo da estrutura. Cruz aberta em baixo relevo sobre placa de xisto integrada numa parede de divisão de propriedade. Os braços da cruz terminam de forma arredondada. O braço vertical é assimétrico e alarga nas extremidades (topo e fundo) ainda que de modo desigual. No fundo verifica-se um alargamento progressivo, no topo e após o estrangulamento que limitam os braços há um alargamento que termina de forma arredondada. Recolheu-se aqui uma lasca residual em sílex, junto de uma clareira correspondente a uma sondagem para ao muro da barragem da Coutada. A peça poderá ter sido removida aquando daquela escavação. Em Anta da Urgueira (1909) Tavares de Proença refere a ocorrência na Coutada de sílices antigos e modernos. Industria lítica (seixos afeiçoados, núcleos, lascas) dispersa, ocorre em esporões sobranceiros à margem esquerda da ribeira do Prior, em geral florestados com eucliptos. Estes esporões estão adstritos ao extenso terraço quaternário que se desenvolve para leste. Estas ocorrências foram já documentadas por outros arqueólogos (Raposo 1987 e Bicho 1994). Ocorrência de indústria lítica em quartzito e sílex numa área com cerca de 2500 metros quadrados ocupada por olival. Este sítio foi comunicado pelo arqueólogo Nelson Almeida que o detectou no âmbito dos trabalhos de acompanhamento arqueológico do lote 5 do gasoduto nacional entre Portalegre e Guarda. Monumento constituído por terra, placas de xisto e blocos de quartzo leitoso. O quadrante sudoeste do monumento foi parcialmente destruída por maquinaria pesada, devido ao alargamento do caminho. No corte da mamoa (observação feita a partir do caminho) observam-se duas áreas de blocos de quartzo leitoso (alguns de médio tamanho). Ficava junto a um caminho antigo, de trilhos, actualmente alargado e melhorado. É de difícil identificação. Em virtude da boa visibilidade do solo, resultante do revolvimento profundo de que foi alvo, para plantação de tabaco, detectaram-se artefactos e restos de indústria, em quartzito e sílex, distribuídos numa área de cerca 2 hectares. Quando do reconhecimento em 29/04/2006 o solo encontrava-se novamente lavrado e observaram-se novos artefactos. Barragem de aterro com maior desenvolvimento na margem esquerda da ribeira do Lucriz. Na linha de água o aterro foi substituído, em ambas as margens, por um açude, hoje muito danificado, construído em pedra e assente directamente sobre afloramento xistoso. As placas Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID Designação Categoria Período Freguesia Lugar CCLXI Casas da Ribeira Forno Contemporân eo Perais Perais CCLXII Ribeira da Silva Macha Mancha de Ocupação Romano Perais Serrasqueira CCLXIII Casas da Ribeira Estação de Ar Livre Paleolítico Perais Perais CCLXIV Monte das Nove Oliveiras Estação de Ar Livre Paleolítico Médio Perais Perais CCLXV Monte da Coutada Mancha de Ocupação Romano Perais Serrasqueira CCLXVI Monte da Coutada Anta NeoCalcolítico Perais Serrasqueira CCLXVII Monte da Cabeça Gorda Estação de Ar Livre Paleolítico Perais Serrasqueira CCLXVIII Capitão Vestígios Diversos Paleolítico Perais Perais CCLXIX Urgueira Canal indeterminado Perais Vale Pousadas Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Descrição de xisto, que definem a estrutura do açude, estão dispostas em leque, em três camadas sobrepostas. No topo do açude as pedras apresentam-se cobertas com uma camada de cimento. No lado montante, anexo ao aparelho de pedra do açude, aparecem placas de tijoleira dispostas horizontalmente e sobrepostas. O desenvolvimento do talude não é recto integra, actualmente, um palheiro e um poço. Na margem direita o talude apoia-se numa encosta mais inclinada. Aí, existe um forte muro revestido a cimento, que pode, como o açude, ter feito parte da barragem. Em 29/04/2006, quando do reconhecimento, foi verificado que o talude da margem esquerda desapareceu após trabalhos agrícolas. Ruínas de um forno de cerâmica, implantado no solo, utilizando um socalco e com a frente voltada para a ribeira do Lucriz. Deste forno resta uma face, revestida a xisto, que inclui a abertura da fornalha, com lintel e ombreiras em granito. O interior da fornalha é constituído por um conjunto de arcos em tijolo. Na parte mais alta observa-se uma cavidade paralelepipédica, delimitada por muro de xisto, onde eram colocadas as peças. Está muito entulhada. Nas imediações existe grande quantidade de fragmentos de tijolo maciço, também denominado tijolo burro. Mancha de materiais da época romana (tegulae, ímbrex, dólium, ânfora) e maior densidade de elementos pétreos (antiga estrutura?). Ocorrência de artefactos líticos em quartzito, à base de lascas. A mancha de dispersão de materiais é superior a 1000 m2. Não se recolheram amostras. Ocorrência de artefactos líticos, em quartzito (à base de lascas) numa plataforma ocupada com vinha e olival. Não se recolheram amostras. Em toda a área envolvente do Monte da Coutada ocorre cerâmica comum e de construção (incluindo tegulae, ímbrex, tijolo) além de outros materiais de construção (blocos de xisto e quartzo leitoso). Foram também identificados fragmentos de ânfora Dressel 14 (séc. I/II) e dólium. Observaram-se fragmentos de mó rotativa em granito, indústria lítica em quartzito e um instrumento de pedra polida. A estação ocupa uma área superior 3000 m2. Num dos muros do monte e fazendo parte de um portão observam-se blocos paralelipipédicos, almofadados, em granito. Sem precisar com exactidão os locais, Tavares Proença (1909) afirma que "no local aonde hoje se vêem edificadas as casas da Coutada, teem sido achados em diversas ocasiões, alicerces, sepulturas com ossadas, vários sílices antigos e modernos, vestígios avulsos de um logar que parece ter gosado em diferentes momentos históricos uma certa importância e independência." A ocidente das casas da Coutada, no topo de um pequeno cabeço ocupado com eucaliptos e confinado entre dois caminhos, detectou-se uma grande laje de xisto que poderia ter pertencido a uma anta destruída. No local recolheu-se um seixo de quartzito afeiçoado num face. Localizada numa Localizada numa área dominada por um cabeço a Sul da Coutada e integrada no Monte da Coutada de Baixo. Este relevo corresponde a um terraço quaternário investigado pelo GEPP há alguns anos e onde se documentaram artefactos líticos (seixos talhados, núcleos, raspadores sem lasca, lascas simples), de cronologia Paleolítica, distribuídos por um raio de 150 m. Localizados numa área parcialmente agricultada. Em 29.04.2006 e apesar da má visibilidade do solo foram observadas algumas lascas quartzíticas com possível retoque (período paleolítico). Canal de irrigação com cerca de 550 m situado a Nordeste do Monte da Urgueira. Segundo a fonte (Arnaud, 1990:35), começa "num poço que tem anexo uma nascente ou mina 363 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID Designação Categoria Período Freguesia Lugar CCLXX Moradeias Inderteminado indeterminado Fratel Foz do Cobrão CCLXXI Aldeão Mancha de Ocupação Romano Perais Alfrívida CCLXXII Aldeão Mancha de Ocupação Romano Perais Alfrívida CCLXXIII Vale da Sarvinda Mancha de Ocupação Romano Perais Alfrívida CCLXXIV Rochoso Estação de Ar Livre Paleolítico Perais Alfrívida CCLXXV Rochoso Mancha de Ocupação indeterminado Perais Alfrívida CCLXXVI Pego do Vale das Cornas Arte Rupestre NeoCalcolítico Fratel Riscada CCLXXVII Azenha das Zebras Inscrição Contemporân eo Fratel Riscada CCLXXVIII Azenha da Baixia Arte Rupestre Contemporân eo Fratel Vermum CCLXXIX Rio Ocreza Arte Rupestre NeoCalcolítico Fratel Carepa CCLXXX Azenha da Grila Arte Rupestre NeoCalcolítico Fratel Carepa 364 Descrição de água. Construído com placas de xisto, apresenta um aparelho de opus incertum. No seu topo existe ainda o canal por onde corria a água destinada à irrigação. Este foi inicialmente construído com imbrices que posteriormente foram cobertos com reboco de argamassa. Ao longo do percurso desta levada existem diversas "portas", algumas entaipadas, que permitiam a passagem de um lado para o outro do canal. É ainda de salientar nesta construção a existência de duas pedras talhadas de forma a permitirem o escoamento da água para fora da levada, antes do seu término." Esta estrutura hidráulica encontra-se representada na Carta Militar. Localizado numa área de olival em socalcos e pinheiros dispersos, revolvido por maquinaria pesada. Local designado por Moradeias. Não foram encontrados vestígios de ocupação humana antiga, entretanto, foram observados blocos maiores de quartzo leitoso e quartzite integrados na estrutura dos muros que suportam os socalcos. Localizada numa cumeada baixa com áreas agrícolas em seu redor, actualmente eucaliptadas. Superficialmente encontra-se cerâmica de construção, placas de xisto e blocos de quartzo leitoso o que indicia restos de construção. Terreno de areias coberto com azinheiraas dispersas.Pequeno núcleo onde abundam restos de construção (placas de xisto, blocos de grauvaque e seixos de maiores dimensões em quartzite) e alguma cerâmica. Localizada numa área de montado de azinho e terreno de areias, concentram-se em duas pequenas áreas de fragmentos cerâmicos (tégula e imbrices), placas de xisto e seixos rolados de quartzito de maior tamanho (vestígios de construções). Localizada num terreno de areias com azinheiras. Artefactos e restos de talhe de artefactos líticos em quartzite e sílex. Localizada numa área de areias com azinheiras. Os materiais distribuem-se por uma mancha com cerca de 50 m de diâmetro. Segundo Arnaud (1990:8) "foram encontradas ... cerâmicas atípicas, que vão desde uma pasta muito grosseira com grandes desengordurantes a outras de melhor qualidade e com paredes de fina espessura." Em 29.04.2006, quando do reconhecimento, foram observados alguns fragmentos cerâmicos com as características atrás definidas. Entretanto, a visibilidade do solo em baixa em virtude do denso coberto herbáceo. À data da prospecção as rochas eventualmente gravadas estavam alguns metros subterradas devido ao entulhamento do leito do rio. Os informantes (João Marques e Manuel António, ambos do Padrão) referiram a existência de "estrelas [em pequeno número] e rastinhos de vaca". As pessoas mencionadas desconhecem a existência do Complexo de Arte Rupestre do Vale do Tejo. Conjunto de picotados sobre xisto constituído por dois motivos e uma data. O motivo mais à esquerda é uma cruz de braços aproximadamente iguais. Os dois motivos restantes sobrepoêm-se. Um deles é uma cruz com um duplo braço horizontal, sendo o braço superior de menor dimensão que o inferior. O outro é uma data que parece ser 1908. O traço vertical da cruz referida tangencia o 0 dando-lhe a semelhança de um nove. Cruciforme aberto por picotado fino sobre um painel subvertical de cor azulada e virado a Sul. A cruz apresenta uma base triangular. Picotado disperso, profundo, distribuído na superfície plana de um painel de xisto. Conjunto de 18 covinhas gravadas sobre afloramento xistoso. O afloramento está extremamente fissurado e em vias de desagregação. A rocha esteve submersa pela Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID Designação Categoria Período Freguesia Lugar CCLXXXI Vale Exploração Mineira Romano Vila Velha de Ródão Chão das Servas CCLXXXII Cabeço do Salvador Estação de Ar Livre Paleolítico Médio Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão CCLXXXIII Quinta do Açafal Achado Isolado Paleolítico Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão CCLXXXIV Salgueiral Mancha de Ocupação Romano Vila Velha de Ródão Salgueiral CCLXXXV Ribeira do Prior Achado Isolado Paleolítico Perais Perais CCLXXXVI Monte Queimado Núcleo de Povoamento Contemporân eo Vila Velha de Ródão Sarnadinha CCLXXXVII Vale Mancha de Ocupação Romano Vila Velha de Ródão Chão das Servas CCLXXXVIII Vale Canalização indeterminado Vila Velha de Ródão Chão das Servas CCLXXXIX Várzea Exploração Mineira Romano Vila Velha de Ródão Chão das Servas Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Descrição albufeira da barragem da Pracana. As covinhas têm a profundidade de cerca de 2 cm. Em 24 de Outubro de 2005 foi revisitado o local constatando-se a submersão do painel nas águas da albufeira da barragem de Pracana. Vestígios de cascalheira de quartzito e respectiva exploração para extracção de ouro aluvionar (conheira). No rebordo do terraço restam alguns amontoados de calhaus rolados, no ponto coordenado. A área mais afectada por lavras e/ou extracção de balastros (para a construção civil) encontra-se ocupada por olival. Localizada numa área de olival. Superficialmente aparecem grande número de lascas simples, de tipo levallois, núcleos e raspadeiras em quartzito. Área onde aparecem superficialmente algumas lascas, raspadores e núcleos. Localizada numa área agricultada. Dispersão de materiais romanos, essencialmente de construção(tégula e imbrice). Pequena área onde apareceram lascas e núcleos. Localizado numa área de Montado de sobro, superficialmente aparece cerâmica de características modernas. Junto a um palheiro, construção em quartzite e xisto, existem duas construções de planta circular, uma delas parcialmente abatida. A cobertura do palheiro abateu em 2003, quando do incêndio. Há referências a uma fonte neste local que dizem ter sido a da povoação e que fica localizada no lado poente da estrada, na linha de água imediatamente a Sul da coordenada dada. Local lavrado frequentemente, por nele se praticarem actividades agrícolas. Á superfície aparece quantidade razoável de cerâmica comum da época romana e um fragmento de terra sigillata(?). Em 2005 não foi possível documentar a presença de vestígios arqueológicos em toda a área de potencial interesse devido à cobertura vegetal herbácea que domina actualmente o terreno, impedindo dessa forma a delimitação do sítio arqueológico. Em alguns pontos da parte superior de plataforma, onde o solo foi revolvido por javalis, foi possível documentar a presença de cerâmica comum (incluindo fragmentos de dolia) e cerâmica de construção (imbrices). Detectaram-se materiais dispersos até à descida para a margem do rio Troços de valas escavadas nos afloramentos da margem do rio. Tal como à data da descoberta, foram identificados dois pequenos troços isolados, um sob a ponte dos Bugios e outro na margem direita, e a jusante do primeiro, de um afluente do Ocreza. Mais a jusante existem vários troços de vala muito próximos com duplicação paralela. Nesta zona um troço foi sobreposto por muro-socalco. Estas valas podem corresponder a um sistema de transporte de água para desmonte da cascalheira identificada a jusante. Perante a ausência de troço contínuo admite-se que parte da condução de água se efectuasse em caleiras de madeira. Teria interesse pesquisar uma eventual continuação da conduta para jusante dos troços identificados fazendo a prospecção a partir da conheira da Várzea. Situa-se na esquina de um afloramento. No terceiro ponto identificou-se um troço sobreposto por um muro de pedra. A vala mais próxima do rio tem uma cota mais baixa que a sua homóloga interna. A partir deste troço a margem não é praticável a pé. N área 3 existem valas completas e valas erodidas no lado externo. Conheira de área razoável, a meia encosta. Exploração de ouro aluvionar em terraço fluvial, evidenciada por calhaus rolados de quartzito, quartzo e xisto amontoados em morouços distribuídos em dois níveis topográficos e separados por clareiras, onde ocorrem árvores. Os seixos do nível superior, situado em encosta, distribuem-se numa faixa estreita e alongada e predominam elementos de quartzito e quartzo. O nível inferior, uma plataforma acima 365 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID Designação Categoria Período Freguesia Lugar CCXC Minas de Cobre Mina Contemporân eo Vila Velha de Ródão Tojeirinha CCXCI Aldeão Mancha de Ocupação Medieval Islâmico Perais Alfrívida CCXCII Tojeirinha Arte Rupestre indeterminado Vila Velha de Ródão Tojeirinha CCXCIII Horta da Quinta Sepultura Medieval Cristão Vila Velha de Ródão Rodeios CCXCIV Casarões do Vale Inderteminado Contemporân eo Vila Velha de Ródão Chão das Servas 366 Descrição da margem do rio, é mais extenso sendo constituído por quartzo, quartzito e xisto, e em algumas zonas predomina, pelo menos à superfície, este último tipo lítico. Observamse alguns muros socalcos construídos com seixos retirados desta cascalheira/conheira. É provável que haja uma correlação entre a estação de superfície da época romana do Vale, a levada e esta conheira. Mina evidenciada por um poço muito entulhado, situado no topo da encosta, e uma galeria localizada ao nível da margem do ribeiro. Imediatamente a ocidente da boca da galeria existe uma volumosa escombreira distribuída paralelamente ao ribeiro. A observação superficial da escombreira revela ser constituída por elementos finos de cor cinzenta (resultantes de transformação/trituração), tem uma frente rampeada, sobre o ribeiro, e foi aplanada no topo. No limite Oeste da escombreira ocorrem elementos grosseiros. A entrada na galeria é enquadrada por muros de contenção de terra, construído com xisto. Encontra-se alagada e entulhada. A secção tem configuração subrectangular. Na envolvente da escombreira existem outras construções em xisto (plataformas?) cuja percepção está dificultada pela cobertura vegetal. A cavidade identificada no topo da encosta tem desenvolvimento vertical e encontra-se entulhada no caso de corresponder a um poço. Tem planta subquadrangular, de cantos arredondados. No lado Norte da cavidade existe um muro contenção, arqueado, construído em xisto. Na encosta abaixo desta cavidade derramam-se materiais resultantes de extracção. O poço está ocupado por giestas secas e estevas. A faixa de terreno, em encosta, situada entre as duas áreas encontra-se em baldio com vegetação arbustiva separada por clareiras sem vegetação devido à presença de inertes. No terreno situado a leste desta faixa existe um eucaliptal. E a ocidente existe um pinhal. A encosta oposta à escombreira está ocupada por olival. Não se identificou o traçado do acesso à galeria e escombreira. Localizada num terreno de areias, ocupado com azinhal disperso. Área com materiais cerâmicos, com baixa densidade, placas de xisto e blocos de grauvaque que denunciam a existência de construções. Gravura em forma de ferradura, aberta com picotagem profunda o sobre afloramento de xisto. Segundo a fonte de informação original existia no local uma "gravura em foram de ferradura, aberta por picotagem profunda sobre afloramento de xisto." O local foi profundamente alterado com lavras profundas para instalação de um eucaliptal. Tais operações eliminaram inúmeros afloramentos rochosos. Na berma do lado ocidental de um entroncamento de dois estradões detectou-se um afloramento baixo com vestígios de sulcos (pouco profundos mas largos) de uma antiga estrada de carroças, onde poderia situar-se a gravura e estar eventualmente oculta por terras depositadas em resultado do alargamento dos caminhos actuais. Localizada numa zona com cobertura arbórea e arbustiva densa, à base de pinheiros, estevas e outros matos. Tratase de sepultura escavada sobre afloramento de xisto, de quinas arredondadas e linhas irregulares. Em Dezembro de 2005 a área prospectada que se julga corresponder à localização da sepultura é percorrida por um estradão de cumeada cuja génese está associada à instalação de eucaliptal na encosta NO. No lado oposto deste caminho existe pinhal invadido por mato denso (esteval e urzal) e observam-se cortiços abandonados na encosta. A instalação do caminho provocou o desbaste de inúmeros afloramentos de xisto. Não se encontraram vestígios da sepultura escavada na rocha. Construção rural muito arruinada, de planta subrectangular, construída com lajes de xisto, sobrepostas, ligadas com argamassa. É constituída por dois compartimentos contíguos, sendo que o situado mais a Sul Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID Designação Categoria Período Freguesia Lugar CCXCV Montes Matos Estação de Ar Livre Paleolítico Perais Alfrívida CCXCVI Vinha do Torão Anta NeoCalcolítico Perais Alfrívida CCXCVII Anta Fratel Marmelal CCXCVIII Cabeço da Velha Fratel Juncal Mancha de Ocupação Neolítico Final Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Descrição parece ter sido acrescentado ao anterior. As entradas, que não são visíveis estariam situadas no lado leste onde a parede não se conserva. O compartimento Norte apresenta septos internos, perpendiculares à parede Oeste. A partir da esquina superior do compartimento situada a Norte desenvolve-se uma parede que pode ter servido como limite de propriedade. Junto à construção, do lado leste, existe um estradão que percorre a cumeada até ao seu extremo Norte. Na estrutura da parede identificou-se um pequeno dormente de mó manual, em xisto, completo. No lado exterior da parede Oeste identificou-se um fragmento de movente de mó rotativa, em granito, e no terreno envolvente ocorre cerâmica comum e fragmentos de telhas. Estas construções podem ter servido como palheiros e casas de arrumos de apoio à actividade agrícola. Localizada numa área de olival e de depósito quartenário. Ao longo da plataforma ocorrem seixos truncados, lascas e núcleos em quartzite. Do período neolítico ocorrem mós manuais (moventes e dormentes). Parece ter existido neste local uma anta. O terreno apresenta um ligeiro vestígio de mamoa. São também visiveis grandes blocos de quartzo leitoso que parecem delimitar um anel de contenção. Foi levantada pelo tractor uma placa de xisto que ainda se encontra no local. O proprietário refere também ter levado daqui já muita pedra. De referir uma grande placa de xisto, na vertical, com vestígios de picotagem no cortéx, três covinhas e um pequeno picotado circular (início de uma quarta covinha). Em 02.04.06, quando do reconhecimento, o esteio que estava na vertical tinha desaparecido. Da mamoa não restavam vestígios nem dos blocos de quartzo leitoso que delimitariam um possível anel de contenção. Entretanto, o proprietário informa que quando lavra surgem sempre blocos de quartzo leitoso. É provável que a anta do Vale da Afussada identificada por Joaquim Baptista e Agostinho Ribeiro seja este monumento. Isto, pela proximidade dos espaços, e pela ausência de monumento no Vale de Afussada. Localizada numa área de olival na vertente Sul e de eucaliptal na encosta Norte. Conjunto de afloramentos xistosos semelhantes a esteios de grandes monumentos dolménicos. Afloramentos que marcam a paisagem sendo visiveis a grande distância. Em Abril de 1989 procedeu-se a uma sondagem arqueológica. Da escavação e ao nível de estruturas puseram-se a descoberto três empedrados de combustão, dois cinzeiros, três buracos de poste estruturados por placas de xisto ou seixos rolados e uma possível estrutura de reforço de base de cabana, consentâneos com o regime geral dos ventos predominantes nesta região. Após a escavação pode concluir-se: Tratar-se de uma unidade habitacional, definida por várias estruturas coerentes entre si; Ter sido ocupado uma única vez durante um curto período; Pelo tipo de implantação que possui, num ponto alto, é provável que esteja relacionada com a actividade venatória (Cardoso, Silva, Caninas e Henriques, 1996). A plataforma do Cabeço da Velha tem um vale interior com cabeceira junto do vértice geodésico. O relevo, observado ao nível do topo, tem a forma de uma ferradura com a abertura voltada a SE. Os materiais arqueológicos sofreram pouca mobilização ao longo do tempo como foi documentado pela boa conservação do solo de habitat a escassa profundidade. Desta forma, os materiais são pouco abundantes à superfície e embora concentrando-se na zona envolvente do vértice geodésico e na cabeceira da barroca interna, também ocorrem nos esporões Norte e Sul. Na encosta direita da barroca onbservaram-se fragmentos de cereãmica em resultado da abertura de uma vala. Em 2005, o machado plano foi recolhido no topo do esporão Norte e um dos pesos de rede no topo do esporão 367 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID Designação Categoria Período Freguesia Lugar CCXCIX Lameiro Largo Achado Isolado NeoCalcolítico Perais Alfrívida CCC Senhora dos Remédios Mancha de Ocupação NeoCalcolítico Perais Alfrívida CCCI Baloucas Inderteminado indeterminado Perais Perais CCCII Mártir Achado Isolado Moderno Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão CCCIII Senhora dos Remédios Estação de Ar Livre Paleolítico Perais Alfrívida CCCIV Aldeão Barragem Romano Perais Alfrívida CCCV Monte das Areias Brancas. Contemporân eo Vila Velha de Ródão Perais CCCVI Fratel Moderno Fratel Fratel 368 Igreja Descrição Sul. É prioritário tomar medidas de salvaguarda do sítio ou o seu estudo antes que o topo da plataforma seja atingido por lavras profundas como já aconteceu nas encostas. Machado em xisto anfibólico e gume preparado, secção rectangular. Junto do instrumento anterior foi encontrado um "peso" em granito, grão fino, de planta oval, muito polido em ambas as faces, no centro das quais possue uma pequena depressão circular aberta por picotagem. Neste sítio apareceu um furador, em sílex branco, feito sobre lâmina de secção triangular, várias lascas em quartzite e um instrumento de pedra polida(?) com uma das faces bem polidas mas recta. Excluí-se a hipótese de se tratar de uma enxó Localizado numa áea de mato. No passado a área era de azinhal, que morreu. O solo foi há alguns revolvido em vala combro para plantação de sobreiros, que morreram. Covas abertas no substrato arenoso e ao longo de uma suave linha de água. A cavidade menor, mais oriental, tem planta subcircular, com 12 m de diâmetro e 1,5 m de profundidade, mas o informante já a conheceu muito mais funda. A segunda balouca está a 30 m a poente da primeira. Tem planta rectangular (50 m x 6 m), com o lado maior com o sentido este-oeste e 1,5 m de profundidade. O informante regista a existência de outras, no lado nascente da estrada referida mas já desaparecidas. Localizado numa área agricultada. Durante a abertura de um poço apareceu uma mó (movente) em granito com o buraco central; meia mó (dormente) do mesmo material, dois outros fragmentos de uma outra mó (dormente), igualmente em granito; e um pequeno movente, de moinho de vai-vem, também em granito. Superficialmente o local apresenta uma densidade maior de blocos rochosos. Localizada numa área eucaliptada e profundamente revolvida. Núcleo de achados onde foi observado material talhado, à base de núcleos, em quartzite. Em 1989 foi observado outro material do mesmo tipo em quartzite e sílex. Segundo Arnaud (1990:8) "foi detectada uma pequena represa, encaixada entre dois pequenos montes. Nas encostas destes encontram-se materiais cerâmicos (entre as quais figura um fragmento de tegullae) integráveis no período romano. Também foram localizadas, a meia encosta, os restos de uma estrutura, que poderia constituir uma parede de uma habitação ou de um muro. É possível que estejamos em presença de um complexo rural romano, constituído por um casal rústico e uma represa". Em 29.04.2006 foi observada toda a área passível de barragem e não foi encontrada. É provável que Arnaud (1990) se refira a um muro de retenção de terras, implantado na linha de água e muito comum na região para evitar a erosão dos solos. Monte agrícola com extenso conjunto de edifícios constutuído principalmente por armazéns. A sul destas construções existe uma tapada de configuração triangular cercada por muro de pedra, na qual se documentou um detalhe construtivo no capeamento da estrutura do muro com lajes inclinadas para o interior. Dispersos na zona envolvente existem outros edifícios, nomeadamente uma malhada de gado e um pombal de corpo cilíndrico, muito arruinado. A igreja matriz de Fratel tem como orago São Pedro. É um templo construído no século XVI, com uma nave, sacristia, torre sineira, capela-mor, anexo e baptistério. É provável que nos finais do séc. XIX tenha sido alvo de obras, a avaliar pelas datas inscritas na escadaria semi-circular, em granito, existente na porta principal. A inscrição "1898 J. P. 1899" está no interior de moldura. No interior sobressai um conjunto de três pinturas. A primeira, no corpo da igreja é de enormes dimensões, foi recentemente recuperada e pertencia ao fundo do altar mor (tela de enrola). As duas Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID Designação Categoria Período Freguesia Lugar CCCVII Telhada Núcleo de Povoamento Contemporân eo Perais Perais CCCVIII Barreira da Barca Chafurdão Contemporân eo Perais Perais CCCIX Barreira da Barca Inscrição Contemporân eo Vila Velha de Ródão Perais CCCX Tapadinha do Barro da Capela Inderteminado indeterminado Perais Perais Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Descrição restantes faziam parte de uma bandeira com duas faces, são pinturas sobre tela, estão actualmente na capela mor e representam uma as almas do purgatório e a outra o S. Miguel Arcanjo a pesar as almas. Estas telas foram também recuperadas à pouco tempo. Em exterior do edifício existem um conjunto de cruzes, em azulejo, que registam os passos do Senhor. Estas cruzes desapareceram no lado sul. Quando das obras no interior da igreja foi encontrada uma lápide tumular brasonada, guardada numa arrecadação da igreja (espaço actualmente ocupado pelos correios e junta de freguesia) e posteriormente no seu exterior, durante alguns anos. No ano de 2000 foi recolocada no interior da igreja, junto do baptistério. A lage sepulcral em granito divide-se em três diferentes campos. Assim, o espaço do topo é ocupado pelo brazão; o espaço intremédio constitui a separação dos dois outros campos; o campo proximal é constituído pela incrição que ocupa 10 linhas. Possui uma moldura em todo o seu perímetro. Leitura da lage sepulcral: AQI JAZ JOZE; PEDRO SELESTI; NO HENRIQUES PEREIRA; METE; LLO CAPITAO MOR; DO MACAO E AMEN; DOA E SOBREIRA; FORMOZA MORREU; A 7 DE JUNHO DE 1842: O traço de cada uma das letras é fino e pouco profundo. Habitat, hoje totalmente destruído e abandonado. Há notícias de ter sido habitado até meados do século XIX. Podemos observar, superficialmente, grande quantidade de cerâmica com predomínio da telha mourisca, fragmentos de placas de xisto, grande quantidade de muros e palheiros. Este habitat antigo ainda não desapareceu da memória das pessoas de Perais. No local existe uma nascente que é actualmente canalizada para uma fonte. Construção em xisto, de planta circular. As placas de xisto que o constituem estão dispostas horizontalmente, excepto no exterior na área de arranque da falsa cúpula, onde as placas estão dispostas verticalmente. A cobertura é em xisto, disposto em falsa cúpula e exteriormente está coberto de terra. Interiormente, aproveita a existência de um afloramento, lado norte. No lado sul há um buraco na estrutura ao nível do solo. A porta está virada a sudeste. Conjunto de placas móveis, com grafitos, alinhadas no bordo exterior da Estrada da Telhada, junto do rio Tejo. Tematicamente podemos dividir os grafitos em dois grupos. O primeiro, menos numeroso, é constituído por letras isoladas ou em grupos (V e L, maiúsculos) e pequenos traços. Geralmente cada placa corresponde a uma letra. A gravação é obtida por abrasão e o traço é contínuo. O segundo grupo é composto por placas de xisto com datas, é o mais numeroso. A gravação é feita através da picotagem grosseira da rocha. Cremos que este segundo grupo registe as datas das enchentes do rio e os níveis atingidos. Porque existe grande correspondência entre as datas (ano, mês e dia) de maiores enchentes registadas na escala de Vila Velha de Ródão e as gravadas. Grafitos: 1864; 7.1.1877; 15.1.1881, 22.1.1881; 28.1.1881; 28.12.1935; 18.2.1936; 2.3.1936; 3.1.1940; 2.1971 (este registo aparece num canto da placa onde está lavrado a data de 3.1.1940 mas separada deste por um sulco bem vincado. Em 14/05/2006 quando do refconhecimento verificámos a existência de outras datas e um cruciforme de braços iguais. Área vedada por muro de xisto sem elemento aglutinante e actualmente com menos de um metro de altura. Desenvolve-se em plano inclinado para o Ribeiro de Vila. Enquadra uma suave linha de água. Em 14.05.06, quando do reconhecimento, verificámos que a tapada estada florestada com eucalipto. O muro, sub-circular, está parcialmente destruído. Na cota mais baixa da tapada e sobre a linha de água, área ocidental, ergueram um conjunto de construções vulneráveis para guardar e 369 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID Designação Categoria Período Freguesia Lugar Descrição alimentar gado. CCCXI Penedo Gordo Arte Rupestre Neolítico Vila Velha de Ródão Gavião de Ródão CCCXII Porto da Barca Velha Exploração Mineira Romano Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão CCCXIII Monte das Vilelas Calçada Contemporân eo Perais Monte Fidalgo CCCXIV Valejos Sepultura Medieval Cristão Vila Velha de Ródão Atalaia CCCXV Capela do Espírito Santo Capela Moderno Fratel Fratel 370 Conjunto de seis covinhas lavradas em três afloramentos quartziticos, em concavidade aberta a norte. Num dos afloramentos surgem quatro covinhas dispostas duas a duas a quinta surge num aflorameno vizinho e a sexta está numa cota mais elevada. O interior das covinhas apresenta-se bem polido. O suporte das covinhas é avermelhado, ligeiramente granulado, e aparentemente menos resistente que o quartzito vizinho. Localizada numa área de oliveiras não tratadas e sobreiros. Conheira em rebordo da plataforma. Pode observar-se a frente de corte. Foi recebida a informação do aparecimento de tégulas e imbrices na área envolvente do Monte das Vilelas. Após observação deparámos apenas com baixa densidade de cerâmica atípica de características modernas. A algumas dezenas de metros a Norte das casas do monte pudemos observar alguns metros de via, em bom estado de conservação, e construída em técnica de carril (lages de xisto dispostas verticalmente e justapostas). É provável que se encontre subterrada durante mais alguns metros. No reconhecimento realizado dia 30.04.2006 foi identificado um fragmento de dolium (?). Localizada numa pequena cumeada actualmente metade florestada com eucalipto e a outra metade com denso matagal e pinhal. Sepultura escavada sobre afloramento de xisto. A última observação feita pelo senhor João da Cruz Leonardo, que nos informou da sua existência e nos levou ao local, estava reduzida a metade. Quando da visita não foi observada por ter sido destruída pela abertura/melhoria de um caminho forestal. Para a descrição deste monumento e da sua imagem transcrevemos quase completamente o que em 1996 Francisco Henriques registou: "A actual capela do Espírito Santo é a terceira de que há memória na povoação. A primeira estava implantada no Rossio, praça central deste povo. Depois foi transferido pelo lugar ocupado pela actual escola primária. Finalmente foi transferida para um lugar a cerca de cinquenta metros a sul da escola primária. A segunda capela referida estava à beira de um caminho, que ainda hoje se mantém mas alargado e melhorado, neste local. esta via fazia a ligação entre esta aldeia e Gardete. Este recinto tinha duas portas, uma virada a poente e a principal, servida por alguns degraus, virada a norte. A actual capela está, tal como a anterior construção, na periferia da povoação, no extremo sudeste... tem cerca de quarenta anos e é incaracterística do ponto de vista arquitectónico e artístico. Possui, do lado poente, uma sacristia que serve hoje de arrecadação do material de limpeza. A porta principal está virada para nor-nordeste. "O corpo da capela possui 3 janelas, duas voltadas a este e uma a oeste, e uma clarabóia sobre a porta principal. Este monumento religioso mantem-se ao culto e possui no seu interior as imagens de São Mateus, de Santa Barbara e do espírito Santo. Esta última ocupa posição central. "A imagem do Espírito Santo (Santíssima Trindade) é a mais antiga das três referidas. É uma imagem em pedra, pequena mas pesada, "por isso não sai nas procissões. Representa um homem idoso, uma cruz de três braços e uma pomba. Não existe o braço superior da cruz, espaço que é ocupado pela pomba. A imagem está muito mal repintada. A pomba é castanha ou amarelo-acastanhada. Jesus Cristo está vestido com um calção idêntico a um calção de banho e tem a boca relativamente aberta. As barbas são compridas e de cor cinzenta. Está sentado sobre um cadeirão almofadado. Exteriormente está coberto por um pluvial avermelhado e sob o manto surge uma túnica castanho escura. Possui tiara. É uma figura que aparenta ser do século XV ou XVI": Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID Designação Categoria Período Freguesia CCCXVI Atalaia Arte Rupestre NeoCalcolítico Perais CCCXVII Curral do Couto Inderteminado indeterminado Fratel CCCXVIII Tapada Longa Inderteminado indeterminado Fratel CCCXIX Vale da Bezerra Inderteminado indeterminado Fratel CCCXX Campo Inderteminado indeterminado Fratel CCCXXI Cabeço da Velha Forno Romano Fratel CCCXXII Charneca do Janome Mancha de Ocupação Neolítico Antigo Fratel CCCXXIII Charneca do Janome Inderteminado indeterminado Fratel CCCXXIV Cadaveira Inscrição Romano Perais Lugar Descrição Afloramento gravauque no bordo de um caminho que se prolonga para Sudeste do marco geodésico de Atalaia. O afloramento destaca-se bem no solo. São duas covinhas, uma aberta sobre superfície sub-horizontal e a segunda sobre uma superfície sub-vertical. Em 30.04.2006 Monte Fidalgo verificamos a existência de surribas próximas do afloramento e apenas podemos observar uma covinha. Num outro afloramento próximo, no interior de esteval, foi observada outra covinha aberta sobre superfície subhorizontal. Cavidade de planta rectangular e pouco profunda aberta Fratel sobre afloramento xistoso. Bloco de grandes dimensões em grauvaque, solto, de superfície irregular e forma arredondada. Apresenta algumas cavidades relativamente regulares (2 hemisféricas) e um friso em parte do seu perímetro. Dos Vale da Bezerra sulcos gravados apenas merece referência um conjunto de traços que parecem definir um Z. O friso existente poderia ser um elemento coadjuvante para tracção do bloco.Na parte superior do bloco apresenta uma concavidade. Afloramento de xisto junto a um caminho. A fractura natural Vale da Bezerra do afloramento originou um espaço de contorno trapezoidal que foi interpretado, pelo informante, como um tumúlo. Afloramento de xisto com assento de estruturas e painel com covinhas. O afloramento referido possui um conjunto de encaixes geométricos cavados no xisto e um pequeno rego de escoamento No mesmo afloramento e numa área Vilar de Boi mais plana contámos quatro covinhas, três agrupadas e outra um pouco afastada das anteriores. No lado Sudeste do dito afloramento, e junto deste, há um desnível ao qual se tem acesso através de uma rampa. Monumento encontrado e estudado pela equipa de arqueológos que acompanharam a construção da A 23. "As estruturas visíveis quando da sua descoberta são as da base e parte inferior do forno, apresentando fragmento da abóbada e parede externa da abóbada". A ficha dos Trabalhos do Sítio existentre no site do IPA regista o seguinte: "O material encontrado durante a escavação não permitiu a sua datação. Efectivamente, a sua planta é próxima da tipologia dos fornos romanos, mas o tipo de telhas encontradas leva a pensar numa datação mais recente. Em conclusão, segundo os dados disponíveis, pode-se sugerir como datação aproximada, o final do século XIX ou início do século XX, sem, no entanto afastar por completo a hipótese de uma datação mais antiga". Na plataforma que constitui a Charneca de Janome recolhem-se materiais líticos que denunciam um povoamento disperso da época pré-histórica. Em 2004, na Carepa área do apoio da linha eléctrica foi feita sondagem arqueológica, sem resultados dignos de menção. Carepa Estrutura escavada Perais Em 1905 Francisco Tavares Proença Júnior encontrou neste local um fragmento de inscrição funenária com moldura simples em granito, falta-lhes a parte esquerda. Foi encontrada numa propriedade agrícola onde abundam os vestígios de superficie da época romana (Cadaveira, Coutada, Perais). Deu entrada no Museu FranciscoTavarers de Proença Júnior, Castelo Branco, em 1910. J. M. Garcia (1984:95) faz a seguinte leitura"///risi(?) /FCN// IENSIANLX///raPATERNIF/// RITO FC"A leitura deste cipo torna-se dificil pelo grau de erosão da superfície da rocha. O seu interesse advém-lhe da hipótese colocada do defunto ser natural de Concordia, referida por Plínio e Ptolomeu mas de localização ainda desconhecida. A área apresenta escasso material cerâmico disperso, de construção e de uso comum. Atribuível a período romano. Na vertente Noroeste da elevação, espalhamento de lajes de xisto de médio porte semi-aparelhados (distribuição Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão - Caracterização e Diagnóstico (versão 3) 371 Revisão do PDM de Vila Velha de Ródão ID CCCXXV Designação Largo do Pelourinho CCCXXVI Monte do Famaco Categoria Período Freguesia Lugar Pelourinho Moderno Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão Mancha de Ocupação NeoCalcolítico Vila Velha de Ródão Vila Velha de Ródão CCCXXVII Muro do Romão Muro Moderno Perais Monte Fidalgo CCCXXVIII Tostão Muro Moderno Vila Velha de Ródão Tostão Achado Isolado NeoCalcolítico Perais Perais CCCXXIX Monte da Coutada 372 Descrição causada pela lavra da terra). Indicia a presença de antiga construção ou estrutura no local. Estava situado no meio da praça e após a implantação da república foi apeado e guardado numa arrecadação da Câmara Municipal. Como consta da notícia do jornal Diário de Notícias de 19 de Novembro de 1910: "Vila Velha de Ródam, 15, A Comissão Municipal Republicana deste concelho fez retirar do centro da Praça Pública desta vila o pelourinho que ali se achava. Este simples padrão nacional é antiquissimo tendo encimado no porte as armas do rei Venturoso: cruz de cristo, esfera armilar, os sete castelos e as cinco quinas". Foi restaurado em 1936-1937, com base numa fotografia de Francisco Paula. Do monumento original resta apenas o capitel. Monumento em granito. constituído por dois degraus, uma plataforma mais alta que os degraus anteriores, o fuste e o remate. Os degraus são dois e de planta quadrada. A plataforma sobre a qual assenta o fuste é também de planta quadrada. O fuste, cilindrico e o remate, de planta quadrada, é o único elemento primitivo do pelourinho. As faces possuem: as armas locais (constituídas por cinco castelos), a esfera armilar, as armas nacionais e a cruz de cristo. Localizado numa plataforma de olival lavrado há poucos anos, com tufos de mato dispersos e boa visibilidade do solo. Numa área com 30 metros de raio foi observado, superficialmente o seguinte material: Três fragmentos de movento de moinho manual em granito; Dois "discos", um deles apenas um fragmento, em xisto; Um biface em quartzite. Neste espaço também se observam uma maior concentração de pequenas placas de xisto. Muro implantado na margem direita do Ribeirão, afluente do rio Tejo.. Está voltado a Sudeste, no terço inferior da encosta. Possui planta subcircular, embora apresentado esquinas en ângulo muito aberto, na parte inferior do muro. O aparelho construtivo é em xisto, com argamassa, definido com placas com disposição em espinha. As lajes ocupam toda a espessura da parede e estão alinhadas pela face exterior. Na face interior as lajes apresentam disposição caótica, porque nem todas têm o mesmo comprimento. Observam-se três ou quatro fiadas de lages oblíquas, alternadas, separadas por fiadas de lajes horizontais. Num sector o muro ruiu e foi restaurado segundo a técnica de "carril", ou seja, com lages colocadas em posição vertical. No remate do muro tem vestígios de beirado. O seu interior tem um grau de inclinação médio. Possui porta voltada a Oeste. O lintel ou a cobertura da cobertura já não existe. O muro, na zona envolvente da porta, apresenta aparelho horizontal. Pode dar-se o caso da porta ter sido aberta ou aumentada numa fase posterior à construção do muro. Curso(s) de Água/Bacia Hidrográfica: pequena linha de água subafluente do Ribeiro de São Pedro, rio Tejo. Exposição a norte; entre duas linhas de Água. Planta: oval; Aparelho em pedra seca de xisto; Muito inclinado; Há ainda troços de muro com beirado, para o exterior; Porta aberta a norte. Outros aspectos construtivos: No interior observamse afloramentos xistosos e socalcos estruturados em muros; A porta apresenta gonzos em cima e em baixo; Há locais do perímetro do muro em que a parede surge reforçada com outro muro. A estrutura do muro vai estreitando da base para o topo. Observam-se várias reconstruções. Há parcelas do muro onde se observam escaleras para atingir o topo. A parte mais baixa do muro parece ter sido acrescentada para dar lugar a uma horta. Por este facto, segundo cremos, o seu diâmetro foi muito aumentado. Em 10/12/2005 constatámos que toda a área envolvente do muro foi revolvida e plantada com eucaliptos. No