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a 3 SÉRIE ENSINO MÉDIO Caderno do Professor Volume 1 LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA Linguagens GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DA EDUCAÇÃO MATERIAL DE APOIO AO CURRÍCULO DO ESTADO DE SÃO PAULO CADERNO DO PROFESSOR LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA ENSINO MÉDIO – 3a SÉRIE VOLUME 1 Nova edição 2014 - 2017 São Paulo Governo do Estado de São Paulo Governador Geraldo Alckmin Vice-Governador Guilherme Afif Domingos Secretário da Educação Herman Voorwald Secretário-Adjunto João Cardoso Palma Filho Chefe de Gabinete Fernando Padula Novaes Subsecretária de Articulação Regional Rosania Morales Morroni Coordenadora da Escola de Formação e Aperfeiçoamento dos Professores – EFAP Silvia Andrade da Cunha Galletta Coordenadora de Gestão da Educação Básica Maria Elizabete da Costa Coordenadora de Gestão de Recursos Humanos Cleide Bauab Eid Bochixio Coordenadora de Informação, Monitoramento e Avaliação Educacional Ione Cristina Ribeiro de Assunção Coordenadora de Infraestrutura e Serviços Escolares Ana Leonor Sala Alonso Coordenadora de Orçamento e Finanças Claudia Chiaroni Afuso Presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Educação – FDE Barjas Negri Senhoras e senhores docentes, A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo sente-se honrada em tê-los como colaboradores nesta nova edição do Caderno do Professor, realizada a partir dos estudos e análises que permitiram consolidar a articulação do currículo proposto com aquele em ação nas salas de aula de todo o Estado de São Paulo. Para isso, o trabalho realizado em parceria com os PCNP e com os professores da rede de ensino tem sido basal para o aprofundamento analítico e crítico da abordagem dos materiais de apoio ao currículo. Essa ação, efetivada por meio do programa Educação — Compromisso de São Paulo, é de fundamental importância para a Pasta, que despende, neste programa, seus maiores esforços ao intensificar ações de avaliação e monitoramento da utilização dos diferentes materiais de apoio à implementação do currículo e ao empregar o Caderno nas ações de formação de professores e gestores da rede de ensino. Além disso, firma seu dever com a busca por uma educação paulista de qualidade ao promover estudos sobre os impactos gerados pelo uso do material do São Paulo Faz Escola nos resultados da rede, por meio do Saresp e do Ideb. Enfim, o Caderno do Professor, criado pelo programa São Paulo Faz Escola, apresenta orientações didático-pedagógicas e traz como base o conteúdo do Currículo Oficial do Estado de São Paulo, que pode ser utilizado como complemento à Matriz Curricular. Observem que as atividades ora propostas podem ser complementadas por outras que julgarem pertinentes ou necessárias, dependendo do seu planejamento e da adequação da proposta de ensino deste material à realidade da sua escola e de seus alunos. O Caderno tem a proposição de apoiá-los no planejamento de suas aulas para que explorem em seus alunos as competências e habilidades necessárias que comportam a construção do saber e a apropriação dos conteúdos das disciplinas, além de permitir uma avaliação constante, por parte dos docentes, das práticas metodológicas em sala de aula, objetivando a diversificação do ensino e a melhoria da qualidade do fazer pedagógico. Revigoram-se assim os esforços desta Secretaria no sentido de apoiá-los e mobilizá-los em seu trabalho e esperamos que o Caderno, ora apresentado, contribua para valorizar o ofício de ensinar e elevar nossos discentes à categoria de protagonistas de sua história. Contamos com nosso Magistério para a efetiva, contínua e renovada implementação do currículo. Bom trabalho! Herman Voorwald Secretário da Educação do Estado de São Paulo SUMÁRIO Orientação sobre os conteúdos do volume Situações de Aprendizagem 5 9 Situação de Aprendizagem 1 – Me corrijam se eu estiver errando... 9 Situação de Aprendizagem 2 – Desenvolvendo o olhar crítico: a resenha Situação de Aprendizagem 3 – A linguagem da modernidade... Situação de Aprendizagem 4 – Você é fashion? 24 33 Proposta de questões para aplicação em avaliação Proposta de situações de recuperação 15 42 44 Recursos para ampliar a perspectiva do professor e do aluno para a compreensão do tema 46 Situação de Aprendizagem 5 – Vidas secas: realidade presente 47 Situação de Aprendizagem 6 – Elaborando um projeto de dissertação Situação de Aprendizagem 7 – Uma manhã especial na vida de Maikon 64 77 Situação de Aprendizagem 8 – Momento de escrita: a redação de acesso ao Ensino Superior 86 Proposta de questões para aplicação em avaliação Proposta de situações de recuperação 94 96 Recursos para ampliar a perspectiva do professor e do aluno para a compreensão do tema 97 Quadro de conteúdos do Ensino Médio 99 Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 ORIENTAÇÃO SOBRE OS CONTEÚDOS DO VOLUME Escrever bem é uma habilidade essencial para todos nós. Os alunos da 3ª série do Ensino Médio estão, muitas vezes, vivendo um momento crítico de seu aprendizado: divididos entre a alegria de estar quase deixando os longos anos de escolarização básica e o sentimento de incerteza associada ao futuro. Ao final das Situações de Aprendizagem de 1 a 4, você, professor, deverá responder a algumas perguntas: f Qual a autonomia do aluno ao elaborar um texto argumentativo? f Como o aluno relaciona a linguagem com a construção da modernidade, tal como definida nesse Caderno? f Como essa modernidade afeta os discursos oral e escrito desse aluno? É preciso, portanto, saber como trabalhar com este Caderno de modo que se desenvolvam as competências e habilidades que pretendemos. Sua aula começa muito antes de entrar em classe. É importante ter lido e compreendido a Situação de Aprendizagem que será aplicada. Inicialmente, identifique as habilidades que devem ser desenvolvidas. A seguir, delimite o que efetivamente deseja que seus alunos aprendam após as atividades propostas. Essa questão não pode ser respondida em termos vagos como “que escrevam melhor”, “que conheçam melhor a língua portuguesa” ou “que se tornem bons cidadãos”. É importante ser específico. Para isso, recorra ao quadro que inicia cada Situação de Aprendizagem. Procure compreender como os conteúdos selecionados desenvolvem, de fato, as habilidades propostas. Agora, estabeleça os papéis do educador e do aluno. Pergunte-se: “O que cabe a cada um de nós?”. De modo geral, ao professor cabe planejar, preparar, orientar, supervisionar, avaliar e colaborar na interpretação dos textos e outros conhecimentos desenvolvidos em aula. No entanto, é o aluno que deve construir seu conhecimento. Ele tem de sentir-se também responsável por seu aprendizado. E ele só fará isso se houver um plano de aula que possibilite prever as atividades que ocorrerão em classe e suas responsabilidades específicas em cada uma delas. Nesse processo, desejamos continuar desenvolvendo as cinco competências básicas propostas pelo Enem que alicerçam o Currículo da disciplina de Língua Portuguesaa. Competências f Dominar a norma-padrão da língua portuguesa e fazer uso adequado da linguagem verbal de acordo com os diferentes campos de atividade; f construir e aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento para a compreensão de fenômenos linguísticos, da produção da tecnologia e das manifestações artísticas e literárias; f selecionar, organizar, relacionar, interpretar dados e informações representados de diferentes formas, para tomar decisões e enfrentar situações-problema; f relacionar informações, representadas em diferentes formas, e conhecimentos disponíveis em situações concretas, para construir argumentação consistente; a Documento básico do Enem. Fonte: <http://www.enem.inep.gov.br/arquivos/Docbasico.pdf>. As competências básicas da área de Linguagens enunciadas na “Matriz de Referência para o Enem 2009” encontram-se disponíveis em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=13318&Itemid=310&msg=1>. Acesso em: 30 maio 2013. 5 f recorrer aos conhecimentos desenvolvidos na escola para a elaboração de propostas de intervenção solidária na realidade, respeitando os valores humanos e considerando a diversidade sociocultural. f análise estilística; f construção da textualidade; f identificação de palavras e das ideias-chave em um texto; f intencionalidade comunicativa. Para esse fim, privilegiamos algumas habilidades que devem ganhar relevo nas Situações de Aprendizagem de 1 a 4 propostas. Conteúdos gerais a médio prazo Habilidades gerais f Adequar seu registro escrito e oral a situações formais de uso da linguagem; f analisar e relacionar diferentes ideias e pontos de vista a fim de construir conceitos literários; f identificar e analisar características próprias da linguagem literária da modernidade; f identificar a tese e as ideias-chave em um texto argumentativo; f posicionar-se criticamente sobre conceitos e pontos de vista de terceiros conforme apresentados em diferentes textos; f desenvolver critérios de autocorreção de textos escritos argumentativos; f relacionar a elaboração de um projeto ao texto final, mantendo as características de autoria e de tomada de decisões diante de imprevistos. Tais competências e habilidades contemplam conteúdos gerais – a serem desenvolvidos a longo prazo – e específicos – tratados nas referidas Situações de Aprendizagem. Além disso, alguns desses conteúdos ampliam e aprofundam outros anteriormente trabalhados. Conteúdos gerais a longo prazo f f f f f 6 Estratégias de pré-leitura; estruturação da atividade escrita; estratégias de pós-leitura; elaboração de projeto de texto; construção linguística da superfície textual; f Linguagem e desenvolvimento do olhar crítico; f linguagem e adequação vocabular; f modernidade e linguagem; f modernidade e Modernismo; f projeto de texto; f humor e linguagem. Também, nesse contexto, o futuro se desenha como esperança no presente. Esse momento da 3a série do Ensino Médio é ponte entre o passado na escola e os novos destinos à frente. Alguns planejam continuar seus estudos no Ensino Superior. Outros mal veem a hora de acabar essa fase escolar. Ainda outros gostariam de poder continuar seus estudos, mas acreditam não ser possível. Os motivos, nesse caso, são variados: questões financeiras, baixa autoestima, problemas familiares. Certamente, o professor que lê estas palavras vê bem essa realidade em muitos de seus alunos. Que esta seja uma ocasião de plantar esperanças, mas não as vazias ou sonhos enganadores: desejamos conhecer e reconhecer os nossos limites para traçar estratégias que nos permitam superá-los. Por isso, temos muito que aprender: em Vidas secas, o Fabiano de Graciliano Ramos, que não sabe sonhar, opõe-se àqueles que, com confiança no futuro imediato ou próximo, desejam saber bem como fazer dissertações para passar em exames de acesso ao Ensino Superior. Nem sempre podemos decidir como será a nossa vida ou a dos outros, mas podemos, certamente, esforçar-nos para fazer diferença positiva na vida de nossos alunos, enquanto Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 nos esforçamos para colocar em prática as orientações deste volume, em especial, destinadas às Situações de Aprendizagem propostas de 5 a 8. Habilidades gerais Esforce-se para que o centro da aula seja o aprender, não o ensinar. Quando a aula valoriza o “ensinar”, o importante é “dar uma boa aula” ou “passar bem o conteúdo”. O professor é o dono do conhecimento e o “passa” de modo agradável a seus alunos. f Usar adequadamente a norma-padrão formal da língua portuguesa; f localizar informações relevantes no texto para solucionar determinado problema apresentado; f identificar o valor semântico de diferentes elementos linguísticos na construção coesiva de um texto; f contextualizar histórica e socialmente o texto literário; f projetar os textos escritos; f elaborar estratégias de leitura e produção de textos argumentativos. Quando o centro do processo é “aprender”, aproximamo-nos de nossos alunos com estratégias de aula que efetivamente alcancem esse propósito. Nossa aula não visa mais a “passar” conteúdos de modo agradável, mas à construção de conceitos e ao desenvolvimento de habilidades. Isso não garante que todos os alunos vão aprender o que desejamos ou que eles vão gostar sempre de nossas aulas, mas torna o espaço educativo um espaço partilhado, permitindo que cada aluno assuma seu papel como alguém que também é responsável pelo processo de aprendizado. Conteúdos gerais a médio prazo Avaliação f f f f O que será avaliado? No texto do aluno e em especial no que respeita a conhecimentos e habilidades que retomam diretamente as Situações de Aprendizagem de 1 a 4, busca-se o avanço da apropriação de tais conhecimentos e habilidades na construção de competências de ação linguística: ler e escrever. Neste caso, as perguntas a fazer são: Houve progressos no decorrer do volume? Em quais áreas? Trabalho, linguagem e realidade brasileira; crítica de valores sociais no texto literário; gêneros textuais do mundo do trabalho; estrutura da dissertação escolar. Metodologia e estratégias É importante ressaltar que os conteúdos não devem ser desenvolvidos sob uma perspectiva linear, mas articulados em rede. Nessa metodologia, partimos sempre do que está mais próximo do educando. Por esse motivo, é fundamental aproveitar o conhecimento intuitivo dos alunos para iniciar as atividades. Traga esse conhecimento para a sala de aula por meio de conversas e discussões. Deixe seu aluno falar. Ouça-o. Todo esse processo não exclui a necessidade de que ortografia, regência e concordância sejam indicadas pertinentemente por você, conforme as necessidades mais sérias que observar. Um avanço importante é a relação do leitor com o contexto da obra. Para muitos, um texto é apenas texto, ou seja, eles não valorizam o diálogo que o texto estabelece com o contexto de produção ou leitura. Esse diálogo é sempre uma estrada de mão dupla: o contexto de produção tem algo a nos dizer que se abre diante do próprio contexto do leitor e possibilita a elaboração do sentido literário da obra. As habilidades e competências desenvolvidas ao longo do ano devem ser pautadas em quatro olhares: 7 1. processo: olhamos de modo comprometido e profissional o desenvolvimento das atividades de nossos alunos, em sala de aula, atentos a suas dificuldades e melhoras; 2. produção continuada: olhamos a produção escrita e outras atividades de produção de textos e exercícios solicitados; 3. pontual: olhamos atentamente a avaliação individual; 4. autoavaliação: surge da elaboração de propostas que desenvolvam a habilidade do aluno de olhar seu processo de aprendizagem. Essas diferentes avaliações permitem que retomemos nossas reflexões iniciais, aquelas que tomamos antes de entrar em sala de aula. Podemos analisar os pontos que não foram satisfatoriamente atingidos e que devem ser levados em conta no próximo planejamento de aulas. Desse modo, completamos um ciclo iniciado no planejamento de nossas aulas, quando compreendemos as habilidades que nos propusemos a desenvolver, determinamos os conhecimentos que deveriam ficar claros e estabelecemos estratégias que permitiram dividir a responsabilidade pelo processo de en- 8 sino-aprendizagem entre professor e alunos. Promovemos atividades dinâmicas – o que não significa que foram sempre “engraçadas” ou “porque os alunos gostam” – que possibilitaram desenvolver habilidades e enredar os alunos na construção dos conhecimentos. Desejamos, assim, que o processo escolar sirva para que nossos alunos consigam expor com suficiência suas opiniões, respeitando os limites de alteridade do texto. Ou seja, o texto impõe limites para a interpretação de nossas opiniões e tais limites devem ser respeitados a fim de que nossa argumentação tenha credibilidade. Tendo esse horizonte a atingir, elaboramos pequenos percursos ou Situações de Aprendizagem, cada qual com o seu rol específico de habilidades, que, como tijolos em uma construção, nos permitem construir as competências desejadas. Esperamos que as Situações de Aprendizagem propostas permitam que o percurso de sua classe até o ponto desejado seja acompanhado da alegria de aprender. Que o Ensino Médio revele-se um bom momento para a construção de horizontes, esperanças e um futuro melhor! Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 SITUAÇÕES DE APRENDIZAGEM SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 1 ME CORRIJAM SE EU ESTIVER ERRANDO... Esta Situação de Aprendizagem tem por objetivo trabalhar a adequação escrita no mundo do trabalho. Privilegia-se, em particular, o bilhete cotidiano, gênero textual que, ainda que exija um registro coloquial, possibilita que se examinem alguns dos problemas mais sérios da adequação linguística à norma-padrão da língua materna. Conteúdos e temas: adequação ortográfica; concordância; numerais; eco; vocativo; turno de resposta oral. Competências e habilidades: adequar o registro escrito a situações formais de uso social; reconhecer as linguagens como elementos integradores dos sistemas de comunicação; posicionar-se criticamente sobre os usos sociais das linguagens e dos sistemas de comunicação e informação. Sugestão de estratégias: aula interativa, com a participação oral e escrita do aluno e a preparação e conhecimento de conteúdos e estratégias pelo professor; atitude de sensibilidade diante da realidade local e do aprendizado como uma elaboração processual e contínua. Sugestão de recursos: livro didático; dicionário de língua portuguesa; lousa. Sugestão de avaliação: reescrita de bilhete; elaboração de bilhete problemático com a devida solução. Sondagem Quem diz o que quer ouve o que não quer Professor, o objetivo deste exercício é despertar a sensibilidade dos alunos para a consciência do uso adequado da língua materna nas diferentes situações vividas na sociedade, considerando quem é seu interlocutor. Pensamos, de modo especial, nas esferas de atividade próprias do mundo do trabalho. Os alunos devem se reunir em duplas para responder às questões a seguir. O objetivo desta Situação de Aprendizagem é proporcionar uma reflexão sobre a adequação da fala e da escrita, ou seja, o que é certo ou errado falar e escrever em determinadas situações de comunicação. f Você já ouviu o provérbio “Quem diz o que quer ouve o que não quer”? Em que situações do cotidiano ele pode ser proferido? Discussão oral Em classe, discuta com o professor e colegas: 9 f Que outros provérbios você conhece? Cite alguns cujo significado você saiba e o explique a seus colegas. Questione seus alunos sobre o que significa esse provérbio e em que momentos ele pode ser empregado, levando em conta sua diversidade de sentidos. a) G ou J: j j j j pa__é, enri__ecer, via__ar, laran__al, j g j g via__em, vestí__io, gran__a, pa__em, j g j g fin__ir, despe__ar, ferru__em, ultra__e, g g j j j cora__em, re__er, can__ica, la__e, tra__e, g g reló__io, refú__io. b) S ou Z: “Quem diz o que quer” refere-se, principalmente, a conteúdos, a coisas que não deveriam ser ditas a certas pessoas em determinadas ocasiões. Contudo, também pode referir-se ao modo como se diz algo que não é apropriado a certas pessoas em determinadas ocasiões. Assim, é importante perguntar: s s z cremo__o, portugue__a, pobre__a, z s s z limpide__, burguê__, reali__ar, anali__ar, z s z marquê__, avi__ar, cin__eiro, cafe__al, s s s organi__ar, vaido__o, campone__a, z s s s trombo__e, cau__a, coi__a. 1. Qualquer coisa pode ser dita a qualquer pessoa? Expliquem. 2. Por que escrevemos com letras diferentes palavras que são pronunciadas com os mesmos sons? Para responder, pesquise em uma gramática ou na internet. 2. Interessa o modo como nos dirigimos aos outros? Por quê? Há várias possibilidades de resposta. Uma explicação bastante aceita é dada pela etimologia, ou seja, pela história das palavras desde a sua origem, em muitos casos, latina, até 3. No local de trabalho, pode acontecer o “quem diz o que quer ouve o que não quer”? Como? os nossos dias. Essas palavras sofreram alterações na grafia e na pronúncia que explicam as diferenças de escrita atuais. Mesmo assim, algumas regras são perceptíveis e podem ser 4. Que relações vocês consideram existir entre o ambiente profissional e a linguagem? 5. Apenas o bom uso da gramática garante a eficiência das relações entre trabalho e linguagem? 6. Por que há necessidade de adequar o uso da língua aos diversos grupos sociais? encontradas em gramáticas. 3. Que regra gramatical explica o uso de z nas palavras a seguir? Se preciso, consulte uma gramática. beleza – tristeza – madureza – fraqueza – esperteza As palavras que terminam com o som “-eza” e se originam de Professor, relembre os alunos de que o que se diz exige res- adjetivos abstratos (“belo”, “triste”, “maduro”, “fraco” e “esper- ponsabilidade, uma vez que inevitavelmente provoca respos- to”) são grafadas com z. tas do interlocutor. As respostas a esses questionamentos são pessoais; entretanto, a intenção é discutir as relações entre norma-padrão, clareza, coerência e coesão ao escrever e ambiente de trabalho. 4. Leve as conclusões a que você chegou nas Atividades 1 e 2 para discutir em sala. Professor, observe a pertinência das respostas tendo em vista 1. De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, complete as seguintes palavras com: 10 o tema geral (ortografia) e as questões associadas à grafia do g/j e s/z. Sem a intenção de esgotar o assunto, os alunos devem dialogar com essas referências. Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 Roteiro para aplicação da Situação de Aprendizagem 1 Os conteúdos a seguir desenvolvem-se, sempre, em rede e progressivamente durante as aulas. Leia todo este roteiro antes de iniciar suas aulas: f comédia de costumes: conceituar o gênero literário “comédia de costumes”, valorizando a necessidade do ser humano de registrar sua humanidade pela arte; f adequação ortográfica: utilizar o registro-padrão ortográfico em situações formais de uso; f concordância: utilizar o registro-padrão de concordância verbal e nominal em situações formais de uso; f numerais: utilizar o registro-padrão da língua portuguesa no que se refere ao uso dos numerais em situações formais; f eco: identificar o problema do eco em textos escritos; f vocativo: proceder à análise expressiva do vocativo; f turno de resposta oral: desenvolver o uso adequado do turno, respeitando a fala do outro. Promova a seguinte situação hipotética: 1. Zeca (ou outro nome qualquer, preferivelmente que não faça referência a ninguém conhecido da turma) começou a trabalhar como gerente de uma lanchonete. Ele entra às 14h e fica até fechar. Deixa um bilhete explicando os principais acontecimentos para o patrão, o Seu Raimundo (ou outro nome qualquer, tomando a mesma precaução já indicada), que abre a lanchonete no dia seguinte bem cedo. Acontece que Zeca, na entrevista para o emprego, disse que escrevia bem e de maneira clara. No entanto, têm ocorrido alguns problemas. Isso se dá sobretudo quando o patrão chega, no dia seguinte, à lanchonete e simplesmente, não consegue entender o bilhete que Zeca escreveu. Nem ele, nem os outros funcionários. Outras vezes, entende, porém se sente ofendido com a forma pouco cuidadosa como o bilhete é escrito. Um dos bilhetes que Zeca escreveu dizia o seguinte: Seu Raimundo: Tudo blz? No fechamento da lanchonete, promovi uma reuniaum com os funsionário. A ekipe dos atendentes naum estavam motivados. Eu dei sugestões e orientações de como atender blz os clientões. Um terso, pelo menos, da equipe estava mau-preparada. – Prima, keru sempre um sorriso no rosto do atendente. – Segundo, keru sempre q se use “obrigado” e “por favor”. – Três, keru sempre boa educaçaum. – Quatro, cliente as vez não tem educaçaum, mas a gente não precisemos ser maueducados. Gostou? Entaum tá! Chefia, tu é da hora, veio! Zeca Seu Raimundo ficou muito bravo quando leu o bilhete, nem conseguiu prestar atenção direito ao que Zeca propunha. Pergunte a seus alunos: Discussão oral f No lugar de Seu Raimundo, o que vocês fariam? f Que problemas apresenta a escrita de Zeca? Professor, oriente os alunos para que, caso eles não percebam as inadequações, possam tomar consciência delas. Lembre-se de retomar a importância da situação de comunicação para definição do uso da língua. 11 Incentive a participação oral juntamente com o desenvolvimento de um espírito de equipe que se reflita em escutar a voz do outro e, na medida do possível, incorporá-la à própria voz. Estimule o adequado uso do turno: um fala, os outros ouvem. Aprofundando conhecimentos O educando, no processo de interação social, vale-se de diversos meios de expressão para se comunicar, ter acesso à informação, expressar e defender pontos de vista, partilhar ou construir visões de mundo, produzir cultura. É pela língua, de modo particular a escrita, representação visual e permanente, que ele utiliza com maior frequência para a representação de conhecimentos armazenados em sua memória, que estabelece relações interpessoais com os membros do grupo social em que está inserido. MATTOS, J. M. O texto escrito no contexto escolar. In: BRITO, E. V. (Org.). PCNs de Língua Portuguesa: a prática em sala de aula. São Paulo: Arte e Ciência, 2003. údo usando o livro didático adotado ou outro material de referência; f à formalidade do registro escrito; f ao eco: repetição (desnecessária) do final de palavras. Ex.: o inconveniente reticente. Os exercícios podem ser recolhidos e trocados de grupo ou simplesmente corrigidos pelo próprio grupo que elaborou a reescrita. Embora o trabalho tenha sido feito em grupo, cada aluno deve ter sua própria cópia no caderno. A correção deve ser feita com a participação da classe. Tenha o texto escrito na lousa, com espaço suficiente entre as linhas que permita introduzir novas observações, com giz colorido, se possível. 3. Ao terminarem o texto, troquem-no com outras duplas para que vocês possam compará-los. Escrevam o texto corrigido pelo professor, segundo os mesmos critérios anteriores. 2 e 3. Há várias possibilidades de resolver o bilhete de Zeca, embora isso não signifique que qualquer solução encontrada seja válida. A seguir, uma sugestão: 2. Peça que os alunos formem duplas ou trios e ajudem o Zeca a melhorar seu bilhete. Embora o bilhete seja um gênero que não exige grande rigor no uso da norma-padrão, a relação com o destinatário requer um tratamento mais formal da mensagem. Proponha que os grupos reescrevam o texto, em uma folha de papel à parte, resolvendo os problemas que ele apresenta no que diz respeito: f à adequação ortográfica: oriente-os a consultar o dicionário para encontrar os principais erros de ortografia; f à concordância verbal e nominal: se necessário, explique esses conteúdos usando o livro didático adotado ou outro material de referência; f ao uso dos numerais como elementos de coesão: se necessário, explique esse conte- 12 Seu Raimundo: Tudo bem? No fechamento da lanchonete, promovi uma reunião com os funcionários. A equipe dos atendentes não estava motivada. Dei algumas orientações sobre como atender melhor os clientes. Pelo menos um terço da equipe apresentava problemas fáceis de solucionar: – Primeiro, é importante um sorriso no rosto do atendente. – Segundo, deve-se usar, sempre, “obrigado” e “por favor”. – Terceiro, em todas as ocasiões, boa educação é essencial. – Quarto, os clientes, às vezes, não têm educação, mas nós não precisamos ser mal-educados. Espero que tenha gostado. Seu Raimundo, o senhor é ótimo. Zeca Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 Solicite, agora, que os alunos tentem resolver os exercícios a seguir, presentes no Caderno do Aluno (páginas 8 e 9): b) Que diferença de sentido fica evidente entre I e II? A função do artigo definido é particularizar o substantivo. Desse modo, diferentemente de (I), em (II) cada elemento 4. Paulo é um menino muito simpático de 9 anos. Em sua redação, ele escreveu: representa um todo, isto é, tem um sentido próprio, tornan- “A humanidade devem se preocupar em fazer o bem”. Solicite que os alunos encontrem os vocativos no bilhete de Zeca e na nova versão que fizeram, juntos, na lousa. Se necessário, explique o que é vocativo, usando o livro didático. Em sua opinião, por que ele escreveu o verbo dever no plural? do necessário que o verbo se apresente no plural. O termo “humanidade” sugere uma ideia global, de várias pessoas, um coletivo. Paulo fez a concordância com a ideia de plural presente na frase. 5. Na frase “A vida é os projetos diários”, a ênfase recai sobre a vida ou sobre os projetos? A ênfase recai sobre “a vida”. 6. Em qual destas frases evidencia-se a atuação de Henrique? I. Henrique com seu irmão lideraram o jogo. II. Henrique, com seu irmão, liderou o jogo. Em (II): “Henrique, com seu irmão, liderou o jogo”, o que é reforçado pelo verbo no singular, concordando com o sujeito “Henrique”. 7. Leia as frases a seguir e observe as possibilidades de sentido: I. A felicidade e calma enchia a casa. Estudando o vocativo – uma unidade à parte 1. Complete o texto, usando algumas das palavras a seguir: núcleo – termo – junto – separado – oração – nominal – desejo – enunciador – fala – dirige – interlocutor – substantivo termo O vocativo é um desligado oração , pois da estrutura de uma separado por vírgula do resto ele vem do enunciado. Há casos em que o vocativo aparece após dois-pontos (:) ou acompanhado de ponto de exclamação (!). Sua função é mostrar a quem o enunciador dirige , mostrando, na oração, se o nome, apelido ou uma característica do interlocutor . II. A felicidade e a calma enchiam a casa. nem como sinônimos, assumindo o mesmo sentido. Por- 2. Retome o bilhete de Zeca. Nele, aparecem alguns vocativos; um deles é Chefia em “Entaum tá! Chefia”. Encontre os dois outros vocativos que aparecem no bilhete dele, assim como os do texto corrigido em classe. tanto, pode-se usar o verbo concordando apenas com “Seu Raimundo” e “veio” nos bilhetes de Zeca e “Seu Raimun- um dos termos. do” duas vezes na sugestão de reescrita do bilhete. a) Em qual delas felicidade se apresenta como sinônimo de calma? Por quê? Em (I). A ausência do artigo definido junto a “calma” e o verbo no singular propõem que os dois termos funcio- 13 Faça, com seus alunos, um levantamento dos vocativos mais usados na comunidade, no registro informal. É possível que apareçam expressões como “brodi”, “mano”, “veio”, entre outros. 3. Transcreva o quadro a seguir em uma folha à parte. Preencha a primeira coluna com os vocativos mais utilizados nos grupos que você frequenta, no registro informal, como, por exemplo: Bródi, Mano e Veio. Na segunda coluna, explique sucintamente em que situações esses vocativos são usados. As respostas devem ser entregues ao professor, que depois fará uma discussão em classe sobre os resultados. Vocativos informais Situação de uso Sá: Belê? Fui almossá. São meio dia e meio. Volto duas e meia. Tenho dois recado urgente pra vc: Inicialmente, o seu Euclides ligô e pediu pra vc cancelar a passagem dele pra Goiânia. É que a mulher dele está doente e ele decidiu não ir mas. Dois, a tua mãe diz que é pra vc ligar pra ela, mais até as duas. O amor e paz encham você! Beijus, RRRRRRRRRRRR RRRita f O que você achou? O bilhete é adequado à situação? Como ele poderia ser reescrito? Faça isso usando os mesmos critérios aplicados na reelaboração do bilhete de Zeca. Possibilidade de resposta: Sá: Tudo bem? Fui almoçar. É meio-dia e meia. Volto às duas e meia. Tenho dois recados urgentes para você: Professor, na correção desta atividade, é importante ressaltar a questão das variedades linguísticas; o aluno deve refletir e pensar em que situações comunicativas é ou não adequado o uso de vocativos coloquiais, gírias etc. Primeiro, o Seu Euclides ligou e pediu para você cancelar a passagem dele para Goiânia. É que a mulher dele está doente e ele decidiu não ir mais. Segundo, sua mãe disse que é para você ligar para ela, mas até às duas. Que o amor e a paz preencham você! Beijos, Rita As mesmas duplas ou trios vão agora se colocar no lugar do Zeca e criar um bilhete com os problemas de escrita que lhe são comuns. Repita os cinco elementos que estão sendo desenvolvidos nesta Situação de Aprendizagem (adequação ortográfica; concordância; uso dos numerais; formalidade; eco). Em seguida, os alunos deverão elaborar a versão “melhorada” desse bilhete. 1. Rita trabalha em uma agência de viagens. Ela vai sair para almoçar e precisa deixar um recado para Samantha, sua supervisora, que ainda não voltou de seu horário de almoço. Leia: 14 2. Ermengarda morreu envenenada. Ao perceber que estava morrendo, escreveu rapidamente um bilhete que a detetive Camila encontrou ao lado da morta: Lúcia matou-me Paulo não chore por mim beijo O problema é que o bilhete está sem pontuação. Reescreva-o de tal modo que: a) o assassino seja Paulo; Lúcia, matou-me Paulo! Não chore por mim! Beijo. Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 b) o assassino seja Lúcia. Lúcia matou-me! Paulo, não chore por mim! Beijo. Solicite aos alunos que escrevam, em duplas, um texto sobre o que aprenderam em relação aos assuntos desenvolvidos nesta Situação de Aprendizagem. Ao elaborarem o texto, lembre-os de usar a norma-padrão da língua portuguesa e atentar para a organização e a clareza de ideias. SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 2 DESENVOLVENDO O OLHAR CRÍTICO: A RESENHA Esta Situação de Aprendizagem tem por objetivo desenvolver a resenha, gênero textual extremamente comum em jornais e revistas e de grande importância para os alu- nos que continuarão seus estudos no Ensino Superior. No final, propõe-se um mergulho em questões de Língua Portuguesa em vestibulares. Conteúdos e temas: resenha; Língua Portuguesa e vestibular. Competências e habilidades: ler e escrever textos argumentativos; pesquisar em diferentes mídias visando a uma finalidade prática do uso da linguagem; relacionar título e texto; analisar, em um texto, os mecanismos linguísticos utilizados na construção da argumentação; desenvolver critérios de autocorreção de textos escritos argumentativos. Sugestão de estratégias: aula interativa, com a participação oral e escrita do aluno e a preparação e conhecimento de conteúdos e estratégias pelo professor; atitude de sensibilidade diante da realidade local e do aprendizado como uma elaboração processual e contínua. Sugestão de recursos: livro didático; dicionário de língua portuguesa; lousa; internet; tiras em quadrinhos de jornais e revistas. Sugestão de avaliação: elaboração de resenha. Sondagem Conversas sobre o amanhã Promova um debate com seus alunos para a discussão sobre as seguintes questões: Discussão oral f f f f f O que você pretende fazer depois de terminar o Ensino Médio? Como gostaria de se ver, profissionalmente, daqui a dez anos? O que já sabe sobre o vestibular? O que se pede da disciplina Língua Portuguesa nos vestibulares? O que você sabe sobre o Enem? Caso perceba que os alunos têm poucos conhecimentos sobre o que se pergunta, dê alguns exemplos de questões de vestibular e do Enem. Há outros temas que podem ser tratados nessa sondagem. Leve em conta as questões indicadas no enunciado. 15 A seguir, analisaremos uma questão do Enem, o que lhe permitirá ter ideia sobre o que se espera dos conhecimentos de Língua Portuguesa nos exames de acesso ao Ensino Superior. Toda questão tem um comando, a parte que diz o que o participante da prova deve fazer. No caso da questão que vamos ler, o comando diz: “Confrontando-se as informações do texto com as da charge a seguir, conclui-se que” 1. O que você espera de uma questão como essa? O que ela está exigindo de você? É preciso discutir com os alunos a compreensão do enunciado, de modo a garantir que ele pressupõe a relação entre os dois textos para que se chegue a uma conclusão. ©Angeli - Folha de S.Paulo 25.03.2007 2. Analisemos detidamente a questão. Álcool, crescimento e pobreza O lavrador de Ribeirão Preto recebe em média R$ 2,50 por tonelada de cana cortada. Nos anos 80, esse trabalhador cortava cinco toneladas de cana por dia. A mecanização da colheita o obrigou a ser mais produtivo. O corta-cana derruba agora oito toneladas por dia. O trabalhador deve cortar a cana rente ao chão, encurvado. Usa roupas mal-ajambradas, quentes, que lhe cobrem o corpo, para que não seja lanhado pelas folhas da planta. O excesso de trabalho causa a birola: tontura, desmaio, cãibra, convulsão. A fim de aguentar dores e cansaço, esse trabalhador toma drogas e soluções de glicose, quando não farinha mesmo. Tem aumentado o número de mortes por exaustão nos canaviais. O setor da cana produz hoje uns 3,5% do PIB. Exporta US$ 8 bilhões. Gera toda a energia elétrica que consome e ainda vende excedentes. A indústria de São Paulo contrata cientistas e engenheiros para desenvolver máquinas e equipamentos mais eficientes para as usinas de álcool. As pesquisas, privada e pública, na área agrícola (cana, laranja, eucalipto etc.) desenvolvem a bioquímica e a genética no país. Adaptado de: FREIRE, Vinicius Torres. Folha de S.Paulo, 11 mar. 2007. Confrontando-se as informações do texto com as da charge anterior, conclui-se que: a) a charge contradiz o texto ao mostrar que o Brasil possui tecnologia avançada no setor agrícola. 16 Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 b) a charge e o texto abordam, a respeito da cana-de-açúcar brasileira, duas realidades distintas e sem relação entre si. c) o texto e a charge consideram a agricultura brasileira avançada, do ponto de vista tecnológico. d) a charge mostra o cotidiano do trabalhador, e o texto defende o fim da mecanização da produção da cana-de-açúcar no setor sucroalcooleiro. e) o texto mostra disparidades na agricultura brasileira, na qual convivem alta tecnologia e condições precárias de trabalho, que a charge ironiza. Não se trata de resolver a questão, mas de confrontar expectativas. A “Discussão oral” a seguir estimula esse processo. Discussão oral A respeito dessa questão do Enem, discuta com seus colegas: f É o tipo de questão que vocês esperam de um exame de acesso ao Ensino Superior? f Vocês acham válido ou não esse tipo de questão? f Consideram o exercício fácil ou difícil? Por quê? Resposta pessoal. Avalie as considerações de seus alunos e oriente-os sobre a importância do Ensino Superior. Há outros temas, como a diferença entre o acesso ao ensino público ou privado, os financiamentos universitários, entre muitos outros que podem ser tratados nessa sondagem. Leve em conta as questões indicadas no enunciado. Recapitulação do aprendizado da 2a série do Ensino Médio: período composto (c) causa. (d) condição. (e) comparação. ( e ) Hoje é tão bom atleta como qualquer outro do time. ( d ) O jogo se tornaria insuportável se ele não fosse um bom jogador. ( a ) Vi-o jogando pela primeira vez quando eu tinha 11 anos. ( b ) Ele morava numa área da cidade onde não faltavam campinhos de futebol. ( c ) Estudou muito, visto que não queria correr riscos. 2. Identifique as relações mantidas pelos conectivos em negrito nas frases a seguir: a) Você irá ao cinema ou ficará em casa? Relação alternativa. 1. Estabeleça a associação adequada marcada pelos conectores destacados: b) Caso Marta não vá de carro, avise! Relação condicional. (a) tempo. c) Fez a operação, contudo não melhorou. (b) espaço. Relação adversativa. 17 Roteiro para aplicação da Situação de Aprendizagem 2 “4. análise crítica ou informativa de um livro; recensão”. Os conteúdos foram pensados para serem desenvolvidos em rede e progressivamente durante as aulas. Leia todo este roteiro antes de iniciar suas aulas: Dessa forma, toda resenha expressa o posicionamento de quem a escreve. Além de trazer o assunto devidamente resumido, este é acompanhado de uma análise, de uma visão crítica. f a resenha: características do texto argumentativo, especialmente da resenha; f a língua portuguesa e o vestibular: relação entre os conteúdos desenvolvidos de conceituação do texto argumentativo e o exame vestibular. Para aprofundar o tema, você vai analisar com seus alunos uma resenha cinematográfica, gênero textual jornalístico razoavelmente conhecido, apresentada a seguir. Comece a aula discutindo com seus alunos: O que é resenha? Explique-lhes que o sentido que vocês adotarão neste trabalho para “resenha” é aquele encontrado na quarta acepção da palavra no Dicionário Houaiss: A resenha: uma aproximação 1. Depois de ler com atenção o título e o trecho inicial que apresentamos, responda ao que se pede. Levando em conta que o trecho é parte de uma resenha e que esse gênero textual se caracteriza por ser uma análise crítica sobre outro texto, pergunte aos alunos o que eles esperam encontrar na continuação da leitura e por quê. Diretora aprofunda sua linguagem poética José Geraldo Couto Colunista da Folha O cinema de Lina Chamie, como já havia ficado claro em seu primeiro longa-metragem, Tônica dominante (2000), é menos narrativo do que poético e musical. Em A Via Láctea, a diretora amadurece e aprofunda esse seu modo de encarar “o mundo que é” e “o mundo que poderia ser”. Folha de S.Paulo, 1 nov. 2007. Algumas expectativas que o texto permite são: f Diretora de quê? f A que se refere “linguagem poética”? f Como se aprofunda a linguagem poética? Comece a análise pelo título da resenha, se possível antes expectativas no leitor que devem ser aproveitadas no processo de leitura. Destaque, para seus alunos, o fato de o texto constar em um jornal importante do Estado de São Paulo e o que o leitor pode pressupor a partir daí. de apresentar aos alunos o texto na íntegra. Essa reflexão prévia reforçará o fato de que o título levanta horizontes de 18 2. Leia a continuação do texto. Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 A partir de uma situação dramática forte – um amante que atravessa a metrópole em busca da amada, com quem discutiu ao telefone –, o filme desdobra cadências, harmonias, contrapontos e dissonâncias. Não é à toa que um dos livros citados ao longo da odisseia urbana de Heitor (Marco Ricca) seja Fragmentos do discurso amoroso. O filme, de certo modo, realiza no plano audiovisual uma operação análoga à do livro de Barthes ao identificar, glosar e desconstruir motivos, tropos e clichês do relacionamento amoroso. A viagem de Heitor em busca de Júlia (Alice Braga) é mais musical do que geográfica. Não só porque é pontuada por peças de Mozart, Schubert, Satie, Jobim e Manu Chao, mas porque sua progressão não é linear, e sim feita de tema e variações, de motivos recorrentes, de rimas visuais e sonoras. É um deslocamento inverossímil (o protagonista demora horas para percorrer a avenida Paulista), mais espiritual – em falta de palavra melhor – do que físico. Chamie não está preocupada com o realismo de um draminha psicológico urbano. Seu horizonte é cósmico e, no limite, metafísico. Não é um filme perfeito, e nem poderia, em se tratando de uma obra de risco. (Arriscar implica também errar, embora nem sempre nos lembremos disso.) Uma certa redundância da locução em “off ”, em que o protagonista externa pensamentos tornados mais ou menos evidentes pela imagem, indica talvez um receio de perder a inteligibilidade. O mesmo vale para um recurso excessivo aos “flashbacks”, que em alguns momentos quase afrouxam a tensão do relato. No mais, A Via Láctea é um banho de invenção em meio a um cinema preocupado demais em agradar aos espectadores de TV. Folha de S.Paulo, 1 nov. 2007. 3. A partir da leitura do texto inteiro, assinale V (verdadeira) ou F (falsa) para cada uma das seguintes afirmações: ( F ) ao afirmar que “O cinema de Lina Chamie, como já havia ficado claro em seu primeiro longa-metragem, Tônica dominante (2000), é menos narrativo do que poético e musical”, o enunciador do texto mostra sua posição contrária à de Lina Chamie. ( V ) a resenha apresenta a visão crítica de quem a escreve, o que se verifica em passagens como “Não é um filme perfeito, e nem poderia, em se tratando de uma obra de risco”. ( V ) a resenha apresenta ao leitor um resumo ou uma visão geral do tema do texto resenhado, como se comprova em “A partir de uma situação dramática forte – um amante que atravessa a metrópole em busca da amada, com quem discutiu ao telefone”. ( V ) dizer que “o protagonista demora horas para percorrer a avenida Paulista” serve para exemplificar a constatação de que se trata de um “deslocamento inverossímil”. 4. O uso do diminutivo em “draminha psicológico urbano”, na sequência do texto, permite: I. apresentar um ponto de vista carinhoso em relação aos dramas psicológicos. II. valorizar a escolha de Chamie ao fugir do realismo na narrativa. III. acrescentar uma perspectiva irônica ao termo drama. Estão certas: a) apenas I e II. b) apenas II e III. 19 c) apenas I e III. d) todas. Durante a leitura do texto, notamos a presença de cinco elementos fundamentais: Para você, professor! Esses cinco elementos são encontrados no texto anterior. Promova uma discussão com seus alunos, permitindo que antecipem as respostas. a) Inicialmente, um momento de contextualização, em que se propõe uma partida. É quando se apresenta a tese a ser desenvolvida. b) Em seguida, um brevíssimo resumo da obra. contra-argumentos – exemplos nova tese – argumentos – c) Depois, a apresentação de argumentos, isto é, de elementos que orientam para a conclusão. Tais elementos são apoiados por exemplos, regras gerais etc. d) Apresentação de contra-argumentos, que restringem a orientação argumentativa e que podem ser apoiados ou refutados por exemplos, entre outros recursos. e) Conclusão (ou nova tese), que faz interagir os argumentos e contra-argumentos. Os cinco elementos serão analisados nas atividades a seguir, bem como outros aspectos linguísticos. 5. Complete os espaços com os termos adequados ao sentido do texto, escolhendo entre as palavras do quadro a seguir. – contextualização conclusão – tese – – resumo – resenha resenha Diretora aprofunda sua linguagem poética é um bom exemplo de . Começa com um contextualização , em que se propõe uma partida. É nesse momento que se apresenta a momento de tese resumo a ser desenvolvida. Segue um brevíssimo da obra com a apresentação argumentos , isto é, de elementos que orientam para a conclusão. Tais elementos são apoiados de por exemplos, regras gerais, provérbios etc. Também encontramos a apresentação de contra-argumentos , exemplos que restringem a orientação argumentativa e que podem ser apoiados ou refutados por conclusão nova tese (ou ), que faz interagir os argumentos e contraetc. Finalmente, a -argumentos. 1. Complete o quadro esquemático a seguir a partir dos 20 exemplos presentes em Diretora aprofunda sua linguagem poética. Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 Diretora aprofunda sua linguagem poética Contextualização O cinema de Lina Chamie, como já havia ficado claro em seu primeiro longa-metragem, Tônica dominante (2000), é menos narrativo do que poético e musical. Tese Em A Via Láctea, a diretora amadurece e aprofunda esse seu modo de encarar “o mundo que é” e “o mundo que poderia ser”. Resumo A partir de uma situação dramática forte, um amante atravessa a metrópole em busca da amada, com quem discutiu ao telefone. Argumento 1 O filme desdobra cadências, harmonias, contrapontos e dissonâncias. Argumento 2 A viagem de Heitor em busca de Júlia (Alice Braga) é mais musical do que geográfica. Contra-argumento 1 Conclusão Comprovação do argumento 1. Não é à toa que um dos livros citados ao longo da odisseia urbana de Heitor (Marco Ricca) seja Fragmentos do discurso amoroso. [...] uma operação análoga à do livro de Barthes ao identificar, glosar e desconstruir motivos, tropos e clichês do relacionamento amoroso. Comprovação do argumento 2 Não só porque é pontuada por peças de Mozart, Schubert, Satie, Jobim e Manu Chao, mas porque sua progressão não é linear, e sim feita de tema e variações, de motivos recorrentes, de rimas visuais e sonoras. Exemplo 1 Uma certa redundância da locução em “off ”, [...] indica talvez um receio de perder a inteligibilidade. Exemplo 2 O mesmo vale para um recurso excessivo aos “flashbacks”, que em alguns momentos quase afrouxam a tensão do relato. Não é um filme perfeito, e nem poderia, em se tratando de uma obra de risco. (Arriscar implica também errar, embora nem sempre nos lembremos disso.) No mais, A Via Láctea é um banho de invenção em meio a um cinema preocupado demais em agradar aos espectadores de TV. 21 2. Leia o bilhete que Marialva escreveu para sua chefe, no banco em que trabalha. Dina, Se alguém perguntar por mim, diz que fui almosar. Cazo eu demore, é por que eu rezolvi passar naquele cliente, o Sr. Guido. Lembra? Aquele que onte me procurou, eu estava ocupada e poriço não pode falar com ele. Beijos, Marialva Se Dina vir esse bilhete, ela irá demitir Marialva. Assim, salve-lhe o emprego, reescrevendo o bilhete conforme a norma-padrão da língua portuguesa. Dina, Se alguém perguntar por mim, diga que fui almoçar. Caso eu demore, é porque resolvi passar naquele cliente, o Sr. Guido. Lembra? Aquele que me procurou ontem, eu estava ocupada e por isso não pude falar com ele. Beijos, Marialva Na sequência, peça que seus alunos façam a resenha de uma letra de música escolhida por você ou de um poema. Faça a sua escolha a partir dos elementos que conseguiu na sondagem. Deixe claro que a presença das características do gênero é o principal critério de correção do texto. Resenha: agora é a sua vez! 1. O professor irá indicar uma letra de música ou um poema de seu livro didático para que você elabore uma resenha, no caderno, sobre o texto proposto. Para isso, siga os seguintes critérios para auxiliá-lo na elaboração do trabalho: f adequação do texto ao gênero proposto (resenha); f relação apropriada entre título e texto; f uso da norma-padrão da língua portuguesa; f organização e limpeza na apresentação do trabalho. Quando os alunos terminarem a resenha, peça que troquem sua produção com um colega. Eles devem ler o texto e anotar, a lápis, breves sugestões que possam melhorá-lo. Após a leitura, solicite que desfaçam a troca e observem com atenção os comentários e acatem os que considerarem, de fato, que poderão tornar o texto mais bem redigido. 2. Após a elaboração do texto, peça que os alunos completem o quadro a seguir. Opinião do professor Precisa Está Precisa melhorar o.k. melhorar Minha opinião Critérios Adequação entre título e texto Presença de contextualização 22 Está o.k. Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 Tese adequada e original Breve resumo da obra coerente com o texto Argumentos eficientes Comprovação adequada dos argumentos Contra-argumentação coerente Comprovação ou refutação apropriada dos contra-argumentos Conclusão eficiente Uso adequado da norma-padrão Professor, utilize os mesmos critérios do quadro para corrigir os textos de seus alunos, que poderão ser produzidos em duplas. Depois que você, professor, devolver o texto corrigido, peça aos alunos que comparem o ponto de vista deles com o seu. Conforme julgar conveniente, selecione um ou dois conteúdos de linguagem em que seus alunos sentirem maior dificuldade e explique-os, usando o seu livro didático. Discuta com a classe aspectos da escrita em que todos os alunos devem melhorar. Solicite que reescrevam o texto seguindo as orientações dadas e devolvam-no para correção Se achar oportuno, utilize essas questões para elaborar um simulado para a classe. final, junto com a primeira versão. Observe que não se trata de escreverem outro texto, mas de aprimorarem o já feito. Aprofundando conhecimentos O vestibular: um desafio Selecione, no livro didático, na internet ou em outras fontes indicadas pelo professor, questões de Língua Portuguesa que fizeram parte de exames vestibulares. Traga-as na próxima aula para vocês analisarem. Professor, oriente os alunos a selecionarem questões que eles tenham dificuldade em resolver, para que, em classe, possam ser discutidos e resolvidos os desafios de leitura em pauta. Examine com seus alunos, no livro didático e na internet, exercícios de vestibular de Língua Portuguesa e peça que, em grupos, elaborem quatro questões parecidas, usando como base as resenhas críticas que produziram. Um texto se constitui enquanto tal no momento em que os parceiros de uma atividade comunicativa global, diante de uma manifestação linguística, pela atuação conjunta de uma complexa rede de fatores de ordem situacional, cognitiva, sociocultural e interacional, são capazes de construir, para ela, determinado sentido. Portanto, à concepção de texto aqui apresentada subjaz o postulado básico de que o sentido não está no texto, mas se constrói a partir dele, no curso de uma interação. KOCH, I. G. V. O texto e a construção dos sentidos. 9. ed., 1a reimpressão. São Paulo: Contexto, abril 2008. p. 30. <http://www.editoracontexto.com.br>. 23 1. Formem grupos, de acordo com as orientações do professor. Elaborem quatro questões semelhantes às dos vestibulares, utilizando como base as resenhas críticas que produziram e os exercícios de vestibular que trouxeram. Forneçam as respostas. Entreguem-nas ao professor. 2. Sobre os conteúdos estudados nesta Situação de Aprendizagem, responda: b) Quais foram “chatos” ou cansativos? c) Quais você compreendeu tão bem que é capaz de explicar sem dificuldade a um colega? d) Quais conteúdos você gostaria que fossem explicados novamente porque não os entendeu bem? Professor, esses questionamentos podem ser preciosos para detectar os temas que precisam de novas intervenções. a) Quais foram agradáveis de estudar? SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 3 A LINGUAGEM DA MODERNIDADE... Esta Situação de Aprendizagem tem por objetivo familiarizar o aluno com dois conceitos complementares: modernidade social e linguagem, de um lado, e modernidade estética e linguagem, de outro. Além disso, é uma ocasião para aprofundar a capacidade argumentativa e expositiva dos alunos em textos próprios pela elaboração de uma antologia. Conteúdos e temas: modernidade; antologia. Competências e habilidades: pesquisar diferentes mídias com finalidade literária; ler e escrever textos crítico-argumentativos; relacionar diferentes linguagens visando à produção de uma antologia literária; analisar as intenções enunciativas dos textos literários na escolha dos temas, das estruturas e dos estilos, como procedimentos argumentativos; relacionar, em diferentes textos literários, opiniões, temas, recursos estilísticos, identificando o diálogo entre as ideias e o embate de interesses existentes na sociedade. Sugestão de estratégias: aula interativa, com a participação oral e escrita do aluno e a preparação e conhecimento de conteúdos e estratégias pelo professor; atitude de sensibilidade diante da realidade local e do aprendizado como uma elaboração processual e contínua. Sugestão de recursos: livro didático; dicionário de língua portuguesa; lousa. Sugestão de avaliação: resolução de exercícios; elaboração de antologia. Sondagem A palavra modernidade, dependendo da área do conhecimento em que é usada, tem diferentes significados. Na literatura, por exemplo, para muitos críticos, está associa- 24 da a obras surgidas no século XIX até meados do século XX, momento em que houve forte anseio dos artistas por romper radicalmente com toda a tradição anterior: queriam uma arte totalmente nova, sem marcas do passado. Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 Conversas sobre o amanhã Sugerimos apresentar aos alunos os poemas a seguir e solicitar que façam a leitura silenciosa. Ao lê-los, oriente-os para que não se preocupem em compreender tudo, mas em identificar qual deles lhes parece mais moderno e os motivos dessa escolha. Promova um debate em sala de aula centrado nas questões. Discussão oral Para você, professor! f Qual dos poemas parece mais moderno? Por quê? f Na opinião de vocês, o que é modernidade? Os textos poéticos aqui citados são bem conhecidos e, muito possivelmente, apareçam no livro didático que adota. Verifique isso antes de tomar a decisão de como transmiti-los a sua classe. Este não é o momento de “passar” a definição de moderno e modernidade, mas de colher informações para compreender o que seus alunos pensam sobre o assunto, para poder, então, depois, planejar mais eficientemente a sua aula! Reflita com seus alunos sobre os diversos sentidos que as expressões “moderno” e “modernidade” podem assumir nos diferentes campos do conhecimento. Oriente-os para que se concentrem no sentido que essas expressões têm na literatura. Poema 1 Poema 2 Versos íntimos Sou um guardador de rebanhos Vês! Ninguém assistiu ao formidável Enterro de tua última quimera. Somente a Ingratidão – esta pantera – Foi tua companheira inseparável! Acostuma-te à lama que te espera! O Homem, que, nesta terra miserável, Mora, entre feras, sente inevitável Necessidade de também ser fera. Toma um fósforo. Acende teu cigarro! O beijo, amigo, é a véspera do escarro, A mão que afaga é a mesma que apedreja. Se a alguém causa inda pena a tua chaga, Apedreja essa mão vil que te afaga, Escarra nessa boca que te beija! ANJOS, Augusto dos. Eu e outras poesias. Texto proveniente de: A Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro <http://www.bibvirt.futuro.usp.br>. A Escola do Futuro da Universidade de São Paulo. Disponível em: <http://www. dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_ action=&co_obra=2066>. Acesso em: 30 maio 2013. Sou um guardador de rebanhos. O rebanho é os meus pensamentos E os meus pensamentos são todos sensações. Penso com os olhos e com os ouvidos E com as mãos e os pés E com o nariz e a boca. Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la E comer um fruto é saber-lhe o sentido. Por isso quando num dia de calor Me sinto triste de gozá-lo tanto. E me deito ao comprido na erva, E fecho os olhos quentes, Sinto todo o meu corpo deitado na realidade, Sei a verdade e sou feliz. CAEIRO, Alberto. O guardador de rebanhos. In: PESSOA,Fernando. Obra poética. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/ DetalheObraForm.do?select_action=&co_ obra=15723>. Acesso em: 30 maio 2013. 25 Promova um debate em sala de aula centrado nas questões. 1. Releia o poema Versos íntimos, de Augusto dos Anjos. a) Observe: “Somente a Ingratidão – esta pantera –/Foi tua companheira inseparável!”. Que diferença faz no poema o adjetivo em destaque? Em outras palavras, que diferença faria se o poema fosse escrito sem esse adjetivo, “Somente a Ingratidão – esta pantera –/Foi tua companheira”? Do ponto de vista do conteúdo, o adjetivo reforça a sensação de dor e abandono que se associa ao ser humano. Do ponto de vista da forma, o adjetivo ajuda a regular a métrica, lecidas com o termo “fera” e a coerência e consistência na opinião sobre a segunda questão. Roteiro para aplicação da Situação de Aprendizagem 3 Os conteúdos a seguir visam à sua aplicação em rede e de modo progressivo. Leia todo este roteiro antes de iniciar as suas aulas: f modernidade: conceituar e definir modernidade relacionando-a ao Modernismo e às possibilidades expressivas permitidas pela língua materna; f antologia: elaboração de antologia com o tema “A linguagem da modernidade da literatura em língua portuguesa”. o ritmo e a rima com “formidável”. Explique a seus alunos os conteúdos a seguir: b) Observe: “O Homem, que, nesta terra miserável,/Mora, entre feras, sente inevitável/Necessidade de também ser fera”. Uma das feras é mencionada pelo próprio eu lírico, a ingratidão, chamada de “pantera”. Na sua opinião, que outras feras convivem com os seres humanos? A necessidade de ser fera é, de fato, inevitável? A proposta desta questão é estimular o aluno a relacionar o texto com outros elementos, oriundos de seu conhecimento prévio. Observe a pertinência das relações que serão estabe- Compreendendo a modernidade Verifique, na ATPC, se há discussões em Filosofia e História sobre modernidade, contemporaneidade, pós-modernidade, sociedade do conhecimento etc. É importante explicar para os alunos que o termo “modernidade” guarda sentidos um pouco diferentes ao falarmos de arte e literatura, Filosofia ou História. Roteiro de leitura 1. Leia com atenção o texto a seguir sobre modernidade. Sublinhe nos parágrafos: f 1 e 2: o que é modernidade para a literatura; f 3: a confusão que devemos evitar ao falar de modernidade; f 4: os movimentos literários que podem ser considerados parte da modernidade. Uma característica própria da modernidade literária; f 5 a 8: as características da modernidade literária. E por falar em modernidade na escola... (1) A palavra modernidade guarda sentidos diferentes ao falarmos de arte e literatura, filosofia ou história. O conceito de modernidade literária não corresponde à divisão temporal clássica da História, nem às correntes da Filosofia. 26 Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 (2) Em História, modernidade é o período que se inicia com as Grandes Navegações. A modernidade filosófica tem a sua origem com a ascensão da burguesia e a consequente instauração dos valores românticos no quadro do pensamento europeu. Na literatura, consideramos modernidade o momento em que, na transição do século XIX para o XX, muitos artistas criam seus textos literários procurando romper com toda a tradição anterior, ansiando por uma arte sem heranças do passado. Naturalmente, esse pensamento incuba-se a partir do Romantismo, mas é quando se constata a falência da proposta pedagógica e moral do Romantismo (e do movimento herdeiro dessa proposta, o Realismo-Naturalismo) que se inicia propriamente a modernidade literária. (3) O sentido da palavra modernidade, na literatura, no entanto, não pode ser confundido com o sentido da expressão literatura modernista, em especial a brasileira surgida em 1922, com a Semana de Arte Moderna. Embora seja verdade que desse movimento saíram os princípios de renovação estética e criação poética que, de uma forma ou de outra, influenciam a produção literária até hoje. (4) A literatura da modernidade, no quadro da Literatura Brasileira, de forma muito simplificada, poderia incluir o Simbolismo, o Pré-Modernismo e o Modernismo. Além disso, a atitude de modernidade encontra ressonâncias em alguns escritores realistas, românticos e, até, árcades. Por exemplo, a visão do poeta como um desajustado diante do mundo burguês, que é própria da modernidade, surge com o Romantismo. É nesse movimento literário que o escritor começa a ser visto como um incompreendido por não repetir as fórmulas ou condutas valorizadas pelo que é considerado “normalidade social”. (5) A literatura da modernidade não quer mais ser construída como um reflexo, idealizado ou não, da realidade ambiente – como ainda ocorria com o Romantismo e com o Realismo-Naturalismo –; quando se volta para essa realidade, é para ressignificá-la de modo bem diverso. A literatura da modernidade liberta-se da ordem espacial, temporal e objetiva e procura diminuir as diferenças entre a proximidade e a distância, entre Terra e Céu. (6) Outra característica é a dessacralização do mito da criação literária. O artista moderno desvenda o processo de elaboração artística ao leitor, tornando-o cúmplice de sua criação literária. (7) Em outros momentos, o sentimento de ruptura com o mundo alia-se à linguagem poética da modernidade, construindo um poema em que a figura do poeta aparece como alguém à margem da sociedade, mas crítico, engajado em uma causa social. (8) Assim, ao falarmos de modernidade na escola, devemos ter claro o seu contexto de uso. Além disso, ao pensarmos em modernidade na literatura, devemos ver que os textos literários constroem uma imagem do ser humano em sociedade, de suas caminhadas e descobertas pelo mundo. Uma das características mais marcantes da modernidade é o desejo de ruptura com o passado, e até com o presente, com o qual não se concorda, para construir outro presente, com a necessidade de dialogar com o passado na construção do novo presente. É, portanto, um sentimento ambíguo, dividido, que, ao mesmo tempo que deseja romper com o passado, necessita dele para superá-lo. 27 É o que podemos notar em Carlos Drummond de Andrade. 2. Neste poema de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), identifique as características de modernidade que estudamos e depois responda ao que se pede: A paixão medida O poeta Declina de toda responsabilidade Na marcha do mundo capitalista E com suas palavras, intuições, símbolos e outras armas Promete ajudar A destruí-lo Como uma pedreira, uma floresta, Um verme. ANDRADE, Carlos Drummond de. In: A paixão medida. São Paulo: Companhia das Letras (com futuro lançamento). Carlos Drummond de Andrade. © Graña Drummond: <http://www.carlosdrummond.com.br>. a) Assinale V (verdadeira) ou F (falsa) para cada uma das seguintes afirmações: ( V ) o eu lírico posiciona-se contrariamente ao mundo instituído, propondo-se a destruí-lo, como se esse mundo fosse uma pedreira, uma floresta ou um verme. ( F ) o eu lírico deseja as palavras, intuições, símbolos e outras armas do mundo capitalista. ( V ) o poema revela uma amarga visão de desencanto com o mundo atual. ( F ) o eu lírico revela, em seu poema, certa simpatia com os ideais do capitalismo. b) Por que podemos dizer que esse poema de Drummond é um bom exemplo da modernidade literária? A modernidade deseja romper com as características do passado e do presente, que impedem a construção de um tempo futuro vibrante e moderno. O poema de Drummond manifesta esse desejo de ruptura com o presente e com os Para você, professor! A linguagem poética é, quase sempre, experimental, possibilitando que se construam efeitos de sentido por combinações usualmente não pretendidas pelo vocabulário usual. O cotidiano ganha energia lírica: o léxico e a sintaxe dão voltas sobre si mesmos, buscam o passado alcançando o futuro. Carlos Drummond de Andrade é considerado um dos mais importantes poetas brasileiros de todos os tempos. Foi simpatizante do Partido Comunista na década de 1940, afastando-se posteriormente para abrigar-se em um pensamento cético que seria uma de suas principais características. 28 objetivos do mundo capitalista. Observe, professor, que o eu lírico posiciona-se contrariamente ao mundo instituído, propondo-se destruí-lo, como se esse mundo fosse uma pedreira, uma floresta ou um verme. Essa visão de desencanto com o mundo atual é própria do avanço da modernidade, que foi fragmentando as esperanças dos indivíduos. É tal caminhada de um desejo de ruptura com o passado para construir um presente melhor ao desencanto com o presente e a necessidade de dialogar com o passado que chamaremos de modernidade. Na sequência, serão propostas atividades que, de forma panorâmica, exigirão pesquisas sobre autores, obras e características modernistas, parnasianas e simbolistas. O objetivo desse estudo é uma preparação para elabora- Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 ção de uma antologia poética. Destacamos, ainda, que as respostas dadas são sugestões, mas, no processo de pesquisa, outras podem se revelar oportunas. 3. Sobre o Modernismo brasileiro, complete o quadro sinóptico a seguir. Para isso, consulte com muita atenção o livro didático e outras fontes indicadas pelo professor. Modernismo no Brasil: poesia Período 1922-1930 Semana de Arte Moderna Principais obras: Características: Pauliceia desvairada (1922) Mário de Andrade (1893-1945) Amar, verbo intransitivo (1927) Macunaíma (1928) Primeira Geração A cinza das horas (1917) Manuel Bandeira (1886-1968) Libertinagem (1930) Estrela da manhã (1936) Memórias sentimentais de João Miramar (1924) Oswald de Andrade (1890-1954) O rei da vela (1937) Período Foi grande pesquisador da cultura brasileira. Considerado por parte da crítica o mais importante intelectual brasileiro do século XX, produziu forte impacto na renovação literária e artística do país, participando ativamente da Semana de Arte Moderna de 1922, além de se envolver (de 1934 a 1937) com a cultura nacional, trabalhando como diretor do Departamento Municipal de Cultura de São Paulo. Percorreu diversos caminhos na lírica: começou parnasiano e simbolista e amadureceu modernista. Sua obra foi toda marcada pela tuberculose, que contraiu aos 18 anos. Considerado o mais rebelde dos participantes dessa época da modernidade brasileira: o Modernismo – Primeira Geração. É o autor de um dos mais importantes textos dessa visão de literatura: O manifesto antropofágico. 1930-1945 Alguma poesia (1930) Carlos Drummond de Andrade (19021987) Sentimento do mundo (1940) A rosa do povo (1945) Claro enigma (1951) Segunda Geração Alimentando-se do trabalho pioneiro da primeira geração de poesia do Modernismo, Drummond engajou sua poesia socialmente e foi cultivando, ao longo de sua carreira, certa desilusão com o mundo. Antologia poética (1962) Viagem (1939) Vaga música (1942) Cecília Meireles (1901-1964) Mar absoluto (1945) Romanceiro da Inconfidência (1953) Sua obra caracteriza-se pela valorização da sonoridade, do atemporal e de uma dimensão espiritual de constante procura da própria identidade. 29 A próxima atividade tem por objetivo o estudo de elementos do Parnasianismo e Simbolismo poético, para a construção de uma perspectiva diacrônica do estudo literário. XX é um momento de transição em que convivem duas correntes estéticas bastante diferentes, mas com algumas semelhanças: Parnasianismo (Brasil) e Simbolismo (Portugal e Brasil). Complete o quadro sinóptico a seguir sobre essas estéticas, com a ajuda do professor e de fontes de pesquisa por ele indicadas. 4. No que diz respeito à poesia em língua portuguesa, o período entre os séculos XIX e Parnasianismo (Brasil) Marco inicial: Publicação da obra Fanfarras, de Teófilo Dias, em 1882. Término: Semana de Arte Moderna, em 1922. Principais autores: Principais características do movimento: Olavo Bilac. Alberto de Oliveira. Raimundo Correia. Martins Fontes. Vicente de Carvalho. Francisca Júlia. Busca da perfeição formal e da objetividade. Valorização da “arte pela arte” que nega o engajamento político e social das obras. Contenção dos sentimentos. Descritivismo minucioso. Simbolismo Principais características do movimento: Valorização da dimensão simbólica das palavras. Individualismo e isolamento. Valorização dos sentimentos e emoções. Misticismo e religiosidade. Interesse pelo inconsciente, bem como pela loucura. Brasil Marco inicial: Publicação, em 1893, das obras Missal (prosa) e Broquéis (poesia), de Cruz e Sousa. Publicação, em 1890, da obra Oaristos (poema), de Eugênio de Castro. Término: Semana de Arte Moderna, em 1922. Publicação da revista Orpheu, em 1915. Cruz e Sousa. Camilo Pessanha. Alphonsus de Guimaraens. Antônio Nobre. Pedro Kilkerry. Júlio Dantas. Principais autores: Para que seus alunos compreendam melhor as características dessa linguagem, sugerimos a elaboração de uma antologia com o tema “A linguagem da modernidade da literatura em língua portuguesa”. 30 Portugal Elaborar uma antologia permite focar importantes conteúdos linguísticos e literários. Os alunos poderão desenvolver habilidades que permitem estabelecer contato com Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 diferentes textos, com vozes de outras épocas, procurando, mesmo que indiretamente, responder à questão: O que é modernidade?. Não se trata, assim, de “correr” nas características das escolas literárias, mas de construir diálogos sólidos entre esses diversos textos. Naturalmente, é também uma excelente oportunidade para que os alunos pratiquem a argumentação. Portanto, o desenvolvimento do diálogo entre diferentes vozes de autores, a apresentação do conceito de modernidade e a argumentação dos alunos que aproximam esses textos deverão ser o foco que norteará a atividade. Projeto Fase 1 Inicialmente, selecione na biblioteca ou sala de leitura da escola antologias de variados temas e formatos, com textos pertencentes a diversos lugares e épocas. Divida a turma em grupos. Escreva na lousa a pergunta: O que é antologia?. Se possível, distribua as antologias entre os grupos, permita que elas circulem pela classe. Mostre-as aos alunos e, conversando com eles, tente formar o conceito de antologia, anotando as diferentes contribuições para a resposta na lousa. Para você, professor! O Dicionário Houaiss da língua portuguesa define antologia como “coleção de textos em prosa e/ou em verso, geralmente de autores consagrados, organizados segundo tema, época, autoria etc.”. Dicionário Houaiss da língua portuguesa (edição eletrônica). Rio de Janeiro: Objetiva, 2009. Cada grupo funcionará como uma equipe editorial em uma pequena empresa que, após pesquisas de mercado, decidiu contribuir para a divulgação da literatura em língua portuguesa, lançando uma antologia com o seguinte título: “A linguagem da modernidade na literatura em língua portuguesa”. Conforme considerar conveniente, dê breves explicações sobre o assunto, sugerindo a leitura das páginas do livro didático adotado que aprofundam tais conteúdos. Você pode auxiliar os estudantes na seleção de textos, discutindo com eles critérios para essa seleção. A antologia será composta das seguintes partes: I. Capa bem atraente, que valorize a ideia desenvolvida, explorando criativamente o tema na forma do gênero textual “capa”. Se julgar necessário, leve para a sala de aula diferentes livros e discuta com a classe as propostas das capas. Não incentive o uso desnecessário de autocolantes, estrelinhas, purpurina etc. sem que haja sentido para isso, de acordo com o tema proposto pela antologia. II. Introdução, na qual se responderá à pergunta: Como é a linguagem literária da modernidade? (É importante relacionar as modernidades estética e social.) III. Corpo, composto de dez textos (poemas, contos ou crônicas) produzidos entre 1910 e 1950, de dez escritores diferentes, de acordo com os diferentes temas propostos. Explique aos alunos que poderão encontrar, no livro didático, informações sobre as épocas históricas de cada escritor. Ao fim de cada texto, deverá constar uma pequena explicação sobre o significado de sua obra e as principais características da linguagem modernista nele encontradas. É obrigatória a presença de: f Fernando Pessoa; f Mário de Andrade; f Manuel Bandeira; 31 f Carlos Drummond de Andrade; f Cecília Meireles. IV. Parte final com uma breve biografia crítica dos escritores e características do seu estilo. Reflitam sobre o modelo fornecido nesse Caderno ao falarmos do poema de Carlos Drummond de Andrade. V. Conclusão com uma breve resenha dos textos lidos, feita pelo grupo. É importante que se identifiquem as relações entre tema, estilo e contexto de produção. Deve ficar claro, para o leitor, o conceito de modernidade, objetivo do trabalho. f f f f f As partes I a IV permitem que os alunos identifiquem as relações entre tema, estilo e contexto de produção. Sua tendência natural, no entanto, será “recortar” e “colar” informações. Crie, então, oportunidades de reflexão sobre tais relações. Se necessário, utilize o livro didático adotado. Explique aos alunos que essas relações devem aparecer na parte V, a resenha crítica, de maneira que o leitor possa identificar, claramente, o conceito de modernidade. É muito importante que os alunos conheçam os critérios pelos quais a antologia será avaliada. Por isso, escreva-os na lousa antes de iniciarem a produção do texto. Atenção! Tomem cuidado com o uso indiscriminado da pesquisa na internet! Há muitos sites com informações duvidosas. Ao final desta Situação de Aprendizagem, apresentamos sugestões de sites confiáveis de literatura. Para você, professor! Seja criativo ao propor a formatação do trabalho final. Sugira que os alunos lhe deem o formato de um livro. Se possível, troque ideias com o professor de Artes, para a possibilidade de uma atividade interdisciplinar. 32 Antes dos alunos “porem as mãos na massa”, por assim dizer, eles devem pensar bem no que e como pretendem fazer. Para isso, peça que elaborem um projeto do que deve ser feito (temas selecionados, agendamento de reuniões, visitas à biblioteca ou à sala de leitura etc.). Explique quais os critérios que orientarão seu olhar para a atividade: originalidade nos poemas selecionados; correção nas informações apresentadas; clareza e coerência das explicações dadas; limpeza e boa organização do trabalho; valor didático da obra em explicar o tema proposto. Para você, professor! Esta é uma ótima ocasião para visitar com seus alunos a biblioteca ou sala de leitura da escola. Seria apropriado que pelo menos uma das aulas desta atividade decorresse em tal espaço. Caso contrário, providencie livros de literatura para a pesquisa de seus alunos. Você poderá retirá-los, segundo as diretrizes de sua escola, na biblioteca ou sala de leitura. Acautele seus alunos quanto aos riscos e benefícios da internet. Há muitos sites não confiáveis. No entanto, vale a pena conhecer alguns, entre eles: f <http://www.releituras.com>. Acesso em: 30 maio 2013; f <http://www.bibvirt.futuro.usp.br>. Acesso em: 30 maio 2013; f <http://www.biblio.com.br>. Acesso em: 30 maio 2013; f <http://www.virtualbooks.com.br/v2/ capa/>. Acesso em: 30 maio 2013. Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 Considere as habilidades listadas a seguir, que procuramos desenvolver neste volume, para avaliar sua situação pessoal. Analisar e relacionar diferentes ideias e pontos de vista a fim de construir conceitos literários. f Para sua reflexão: identifico pontos de vista presentes de modo explícito ou subentendido em textos literários? Desanimo diante da leitura de um texto literário ou procuro encontrar nele conceitos e ideias conhecidos que me permitam construir sentidos novos? Identificar e analisar características próprias da linguagem literária da modernidade. ou autores? Compreendo as características próprias da modernidade literária? Justifico os efeitos de sentido produzidos em um texto literário pelo uso de palavras ou expressões de sentido figurado? Refletiu? Então, agora escreva um pequeno texto sobre o progresso de seu aprendizado neste período: em que aspectos houve crescimento; em quais há necessidade de maior atenção; o que pode ser feito para que haja melhora etc. Pense também em como tornar as aulas mais interessantes e participativas e em como motivar seus colegas e professor a criarem um ambiente cada vez mais apropriado ao aprendizado. Professor, essa atividade tem por objetivo fazer um levantamento de aspectos, sob o ponto de vista do aluno, dos temas f Para sua reflexão: identifico, em um texto literário, processos explícitos e implícitos de remissão ou referência a outros textos que precisam de novas intervenções. Compare as respostas com suas percepções e selecione os temas e atividades que considerar oportunos e necessários para revisão. SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 4 VOCÊ É FASHION? Esta Situação de Aprendizagem tem por objetivo familiarizar ainda mais o aluno com os conceitos de modernidade social e modernidade estética. Ao mesmo tempo, serão trabalhadas as categorias da narrativa, visando tanto à produção da tira em quadrinhos, gênero comum no cotidiano da sociedade letrada atual, como da narrativa escolar, gênero próprio dos vestibulares. Conteúdos e temas: a produção de tira em quadrinhos; a construção da personagem, do espaço e do enredo. Competências e habilidades: analisar tira em quadrinhos; desenvolver habilidades de leitura de diferentes linguagens visando à construção de sentido em um texto, atendendo à intencionalidade comunicativa; relacionar aspectos lúdicos, informativos e críticos em um mesmo texto, identificando o diálogo de ideias e o embate de valores; compreender processos linguísticos de formação do humor; elaborar um projeto de texto, utilizando-o para produzir o texto final, mantendo as características de autoria e de tomada de decisões diante de imprevistos; relacionar informações sobre os sistemas de comunicação e informação; contrapor informações de um mesmo fato em diferentes gêneros textuais; estabelecer o diálogo entre um gênero textual específico e um conteúdo predeterminado. Sugestão de estratégias: aula interativa, com a participação oral e escrita do aluno e a preparação e conhecimento de conteúdos e estratégias pelo professor; atitude de sensibilidade diante da realidade local e do aprendizado como uma elaboração processual e contínua. 33 Sugestão de recursos: livro didático; dicionário de língua portuguesa; lousa; internet; tiras em quadrinhos de jornais e revistas. Sugestão de avaliação: roteiro de história em quadrinhos; histórias em quadrinhos; narrativa escolar. Sondagem Professor, este é um momento de escuta da voz de seus alunos e de eles escutarem uns aos outros. É também um momento diagnóstico das competências e habilidades que se pretende desenvolver: “O que eles já trazem como parte deles de anos anteriores?”, “Que necessidades são mais urgentes?”. Para isso, propomos que utilize uma música que, partindo de um fundo infantil, algo associado ao mundo das tiras em quadrinhos, revele temas importantes e próprios do universo adulto. Sugerimos João e Maria, de Chico Buarque e Sivuca: Discussão oral Professor, uma discussão que você pode propor aos alu- f Você gostava de ouvir contos de fadas? f De que contos de fadas você ainda se lembra? f Você conhece a história de João e Maria? f Você considera importante que adultos discutam temas infantis? f E as tiras em quadrinhos, estão associadas ao universo adulto ou ao infantil? João e Maria Agora eu era o herói E o meu cavalo só falava inglês A noiva do cowboy era você além das outras três Eu enfrentava os batalhões, os alemães e seus [canhões Guardava o meu bodoque e ensaiava o rock [para as matinês Agora eu era o rei Era o bedel e era também juiz E pela minha lei a gente era obrigado a ser feliz E você era a princesa que eu fiz coroar E era tão linda de se admirar Que andava nua pelo meu país Não, não fuja, não 34 nos é perceberem que os temas apreciados pelas crianças são, muitas vezes, voltados para incentivar o consumo de certos produtos materiais ou culturais. Há quadrinhos sobre personagens infantis direcionados ao público adulto e vice-versa. Complete a discussão distinguindo os usos éticos e não éticos dos temas infantis. É importante, no entanto, recolher elementos das respostas dos estudantes que caminhem em outras direções. Finja que agora eu era o seu brinquedo Eu era o seu pião, o seu bicho preferido Vem, me dê a mão, a gente agora já não tinha [medo No tempo da maldade acho que a gente nem tinha nascido Agora era fatal que o faz de conta terminasse [assim Pra lá desse quintal era uma noite que não tem [mais fim Pois você sumiu no mundo sem me avisar E agora eu era um louco a perguntar O que é que a vida vai fazer de mim? © Cara Nova Editora Musical Ltda/Arlequim/© by Marola Edições Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 1. Acompanhe com a classe a música apresentada pelo professor. Ela também está disponível na internet no endereço <http:// www.chicobuarque.com.br/construcao/ mestre.asp?pg=jooemari_77.htm>. Acesso em: 5 jul. 2013. Roteiro para aplicação da Situação de Aprendizagem 4 2. Responda às questões: f a produção da tira em quadrinhos: o processo de produção de um texto – do projeto de texto à elaboração final da tira em quadrinhos; f a construção da(s) personagem(ns), do espaço e do enredo: análise dessas três categorias da narrativa – personagem(ns), espaço e enredo – e aplicação da análise na produção de uma tira em quadrinhos com um conteúdo predeterminado. a) Que características da música remetem ao universo infantil? Exemplifique. A presença de heróis, bichos, reis e princesas é própria do imaginário infantil, interpretação que é corroborada pelo texto ao afirmar que “guardava o meu bodoque e ensaiava o rock para as matinês”. b) Que características da música remetem ao universo adulto? Exemplifique. Esse mundo mágico desaparece quando a amada “sumiu no mundo” sem avisar, transformando o enunciador em “um louco a perguntar/o que é que a vida vai fazer de mim?”. c) Misturando os dois universos em um único texto, que efeitos de sentido se obtêm? Leia todo este roteiro antes de iniciar suas aulas, de modo a trabalhar os conteúdos em rede e progressivamente: O tema Modernidade e linguagem servirá de ponto de partida para a elaboração, em duplas ou trios, de uma tira em quadrinhos, gênero textual muito comum em nossa sociedade. Realizando a tira em quadrinhos Os universos infantil e adulto se misturam no texto, reforçando o caráter transformador do amor romântico e a dor daqueles que perdem a pessoa amada (“uma noite que não tem mais fim”). d) Que marcas próprias da linguagem modernista encontramos na obra? A irreverência do tratamento dado ao tema, a manifestação de desencanto com o mundo, bem como a linguagem, são resultado do avanço próprio da estética modernista. e) Ser moderno e ser fashion é a mesma coisa? A língua poética da modernidade cria um estranhamento, procurando uma sintaxe desconstrutiva, reinventando (e renovando) a metáfora e a comparação. Não é de estranhar que seus processos renovadores provoquem uma impressão de anormalidade. Trata-se de uma literatura que não passa mais a existir como eco da sociedade ou um quadro ideal do mundo, visando a educar moralmente o leitor. Tiras em quadrinhos Não. Embora em certos contextos possam ser sinônimos, fashion é uma palavra que circula em um universo mais restrito, usualmente o da moda. 1. Use algumas das palavras a seguir para completar o texto. textos – linhas – verbo – verbal – formal – informal – limite – sequência – visual – colorida 35 textos As tiras em quadrinhos são normalmente narrativos em que interagem a linguaverbal visual ea . Na tira em quadrinhos, sucessivos cortes, que normalmente gem sequência . Embonão ultrapassam quatro quadrinhos, permitem que se construa a impressão de informal nos balões ra se realizem no meio escrito, as tiras buscam reproduzir a fala, a conversa que mudam de formato e tipo de letra de acordo com o tom da voz. Para você, professor! A atividade é importante para que os alunos possam contrapor a interpretação da modernidade entre dois textos diferentes elaborados por eles mesmos: a antologia, que já fizeram, e, agora, a tira em quadrinhos. Valorize esse enfoque contrastivo. Para isso, destaque-o constantemente em seus comentários e explicações, questionando o que muda ao falar de modernidade na antologia e na tira em quadrinhos. O fato de os gêneros serem de naturezas tão diferentes facilitará grande número de possibilidades de resposta. Atente, porém, ao fato de que a tira em quadrinhos obriga a selecionar um aspecto considerado fundamental do conceito de modernidade e a investir nele com um olhar irônico. 2. Leia a tirinha a seguir e responda às questões: © Fernando Gonsales Barata Fliti a) Qual é o título da tirinha e quem é o autor? O título é “Barata Fliti” e o autor é Fernando Gonsales. que quadrinho isso aparece e o que causa essa sensação? No terceiro quadrinho. A sensação de humor é causada b) O clímax da história, o momento de suspense, ocorre um pouco antes do desfecho, ou seja, do final, e causa tensão no leitor. Explique onde está o clímax e qual é seu efeito. O clímax aparece no segundo quadrinho, despertando no leitor uma dúvida sobre o verdadeiro efeito do veneno na barata. c) A tirinha da Barata Fliti pretende causar no leitor um efeito de humor. Em 36 pela quebra da expectativa. Pensa-se que, com o veneno, a barata irá morrer, mas não é o que acontece. Você já foi à sala de leitura de sua escola e começou a ler um romance literário? Se ainda não o fez, não deixe de começar hoje. Se já o fez, continue lendo. A leitura literária nos conecta com a arte e com a vida! Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 Projeto Produzindo uma tira em quadrinhos Fase 1 Seguindo as orientações do professor, reúnam-se em duplas ou trios. Vocês são cartunistas e um respeitado jornal encomendou-lhes uma tirinha para ser publicada na próxima edição. Porém, antes de começar a fazer a tirinha, vocês devem preparar um projeto de confecção, respondendo, primeiro, às seguintes questões: a) O que eu quero dizer com minha tira em quadrinhos? Ou seja, qual o conteúdo de meu texto? b) Para que servirá meu texto? Ou seja, qual a finalidade da tira em quadrinhos que estou produzindo? c) Para quem estou escrevendo essa tira em quadrinhos? Em outras palavras, quem vai ler meu texto? d) Como dizer o que quero nessa tira em quadrinhos? Ou seja, que estratégias e meios vou utilizar? do colégio ou no blog da turma. A partir desse futuro que tais textos terão é que seus alunos poderão refletir nas questões propostas. Na sequência, explique aos alunos as características de uma tira em quadrinhos: I. presença de título e autoria; II. presença de cenário, que mantenha certa relação com o tema, a personagem e o enredo; III. presença de um clímax: por meio de uma ação, reflexão ou comentário, produz-se, no leitor, um suspense. Ainda que a expectativa criada tenha em mente o leitor, ela, muitas vezes, também é vivenciada pelas outras personagens da história; IV. quebra da expectativa: é aqui que se encontra o humor, porque a resposta de uma personagem não coincide com aquela esperada pelo leitor ou até pelas demais personagens. Como se consegue o humor em uma história em quadrinhos? Isso nos leva a outra questão: “O que, efetivamente, pode ser feito com as tiras em quadrinhos produzidas?”. O humor é conseguido principalmente pela quebra da expectativa. A esse respeito, o mais importante é a maneira de apresentar o tema e o ponto de vista de uma personagem a uma distância suficiente do senso comum para que provoque no leitor uma sensação de estranho ou de absurdo, o que leva ao humor. Note bem: a maneira de apresentar a ideia é tão importante como a ideia em si – quando não, até mais importante! É importante que os alunos sintam que seus trabalhos não servem apenas para ter uma nota. Assim, sempre que possível, faça uso das produções dentro da realidade social escolar. Uma possibilidade é organizar uma mostra ou exposição, ou afixar os textos produzidos no mural da classe ou da escola ou, ainda, disponibilizá-los em uma seção do site Muitas vezes, o que causa essa sensação de estranho ou absurdo é a ambiguidade, embora nem todas provoquem a sensação de humor. Denomina-se ambiguidade a possibilidade de um enunciado gerar mais de um sentido válido em dado contexto. Na ambiguidade, optar por um dos sentidos possíveis é uma questão que não pode ser decidida, pelo menos no ní- Observe, professor, que é muito importante que essas perguntas sejam respondidas pelos alunos; contudo, antes, é conveniente que elas sejam discutidas com eles. 37 vel linguístico. A ambiguidade pode ocorrer por lapso ou por intenção. tação, sem a intenção de que o texto produzido esgote a tirinha. Por exemplo, considere o caso: Fase 2 Jaqueline, o Jacson fez a sua lição. O próximo passo importante é que cada dupla ou cada trio construa o roteiro da tira em quadrinhos. Isso deve ser feito antes da produção da tira: Ficamos sem saber se o Jacson fez a lição dele ou a dela. Isso porque o uso do termo “sua” pode envolver tanto a segunda como a terceira pessoa do discurso. Naturalmente, um enunciado pode ser ambíguo em um contexto e não o ser em outro. Dizermos “Jaqueline, o Jacson fez sua lição” só será realmente ambíguo se, no contexto, não houver como discernir se o enunciador está se referindo à lição de Jaqueline ou à de Jacson. a) personagens (nome, descrição); b) cenário; c) descrição dos acontecimentos no quadrinho 1; d) descrição dos acontecimentos no quadrinho 2; e) descrição dos acontecimentos no quadrinho 3. Lembre aos alunos que nos quadrinhos devem aparecer o Se achar oportuno, analise com seus alunos, as características que acabamos de explicar em diversas tiras em quadrinhos reais, que poderão ser facilmente encontradas em jornais, revistas ou na internet. Veja, por exemplo, o site <entretenimento.uol.com.br/ humor/> (acesso em: 30 maio 2013). Verifique se tais conteúdos são abordados no livro didático adotado. Selecione em um jornal uma tirinha em quadrinhos. Cole-a no espaço reservado e escreva um texto argumentativo de aproximadamente dez linhas em que você apresente uma discussão sobre os seguintes tópicos apresentados na tirinha escolhida: f cenário; f clímax; f efeito de humor. Você poderá pesquisar no site <http:// entretenimento.uol.com.br/humor> (acesso em: 30 maio 2013) ou em jornais de sua cidade. Professor, o objetivo é que o aluno analise a tira a partir dos elementos indicados. Observe a coerência da argumen- 38 clímax e a quebra de expectativa, esta, normalmente, no último quadrinho. Antes de produzir o roteiro, incentive os alunos a pensarem bem na personagem protagonista. Para isso, é importante considerar alguns aspectos básicos da teoria da narrativa, tais como personagens, espaço e tempo. Procure no livro didático as informações que julgar convenientes sobre esse assunto. Além disso, é preciso retomar o tema proposto: “Modernidade e linguagem”. Agora é o momento de considerar alguns aspectos básicos da teoria da narrativa, tais como personagens, espaço e tempo. Procure no livro didático (ou em outra fonte que o professor indique) informações que julgar importantes sobre esse assunto e faça um resumo para apresentar a seu grupo na próxima aula. Fase 3 Tendo já discutido as questões básicas da narrativa com seu grupo e terminado na aula anterior o roteiro de sua tirinha, transformem- Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 -no em uma narrativa escolar, como aquelas feitas nas aulas de redação. Professor, aqui há um desafio considerável na transposição de gêneros: parte-se de um “roteiro para tirinha” para uma “narrativa escolar”. Estabeleça uma discussão prévia com os alunos, retomando os elementos da narrativa, para que essa adaptação de um texto para outro seja adequada. Feito o roteiro, solicite que seus alunos o transformem em uma narrativa escolar, como aquelas comumente feitas em aulas de redação. Se julgar conveniente, informe-lhes que “narrativa escolar” é um gênero também pedido em vestibulares como parte do processo de seleção. Mas eu não sei desenhar! Todos gostam de fazer um bom trabalho. Mas quando o resultado sai bem diferente daquilo que se deseja, é comum ficarmos tristes. No entanto, a imaginação pode superar qualquer falta de aptidão para o desenho. © Adão Iturrusgarai Alguns cartunistas, por exemplo, preferem até traços simples e fáceis para suas personagens, como é o caso de Adão Iturrusgarai. Veja: La vie en rose Para você, professor! O título dessa série de tiras em quadrinhos faz referência a uma canção francesa famosa na primeira metade do século XX, consagrada na interpretação de Edith Piaf. A letra da música exalta uma versão ingênua do amor que se harmoniza com a forma como a personagem vê o mundo. Fase 4 No caderno, elabore a tira em quadrinhos. Considere que seu professor irá corrigi-la segundo os conteúdos desenvolvidos neste capítulo. Ao avaliar as produções, considere de que forma elas manifestam os diferentes conteúdos estudados em sala de aula. Devolva-as, corrigidas, aos alunos para que sejam utilizadas em sua autoavaliação. Aprofundando conhecimentos Um bom trabalho com a leitura, em sala de aula, desenvolverá no aluno: o prazer de ler (dimensão afetiva); o saber interpretar (dimensão cognitiva); o saber produzir (dimensão pragmática). À escola cabe o dever de objetivar o desenvolvimento de tais potencialidades, como forma de emancipar e 39 ao mesmo tempo integrar o aluno no espaço sociocultural. MURRIE, Zuleika de F. Universos da palavra: da alfabetização à literatura. São Paulo: Iglu, 1995. 1. Leia o poema a seguir, de Fernando Pessoa. Chove. É dia de Natal. Chove. É dia de Natal. Lá para o Norte é melhor: Há a neve que faz mal, E o frio que ainda é pior. E toda a gente é contente Porque é dia de o ficar. Chove no Natal presente. Antes isso que nevar. Pois apesar de ser esse O Natal da convenção, Quando o corpo me arrefece Tenho o frio e Natal não. Deixo sentir a quem quadra E o Natal a quem o fez, Pois se escrevo ainda outra quadra Fico gelado dos pés. PESSOA, Fernando. In: Cancioneiro. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/ DetalheObraForm.do?select_action=&co_ obra=15728>. Acesso em: 30 maio 2013. d) o Natal faz que as pessoas prefiram ir para o Norte, em razão do aparecimento da neve. 3. Denominamos ambiguidade a possibilidade de um enunciado gerar mais de um sentido válido em dado contexto. O substantivo presente, no terceiro verso da segunda estrofe, aparece com um sentido ambíguo. Explique esse sentido. A ambiguidade está em saber se o autor refere-se ao tempo presente ou ao substantivo “presente” (sinônimo de “dádiva”, com referência ao ato de se presentear). Expectativas de aprendizagem e grade de avaliação Ao final das Situações de Aprendizagem de 1 a 4, esperamos que seus alunos compreendam melhor a língua portuguesa como ela aparece em sociedade. Com os gêneros textuais trabalhados – antologia, conto, bilhete, narrativa escolar, poema, resenha crítica, roteiro de tira em quadrinhos e tira em quadrinhos –, aprofundam-se dois conceitos fundamentais para compreendermos a contemporaneidade: a modernidade na sociedade e na linguagem. Ao final, há uma importante pergunta a ser respondida: f Como a linguagem constrói a modernidade e o moderno? 2. Assinale a alternativa que apresenta o tema poético: a) a festa de Natal é uma convenção que obriga as pessoas a serem cordiais, mesmo sendo “frias” por dentro. b) o clima de alegria na época de Natal aquece o coração frio do poeta. c) apesar de o espírito natalino aquecer o coração das pessoas, o poeta ainda se sente frio como a neve. 40 Destaque-se que essa relação é uma via de mão dupla, como uma relação intrínseca própria da língua viva que se constitui na história e na qual a história se constitui. Reveja a diferença entre modernidade e a escola literária do Modernismo, bem como as diferenças de significado existentes na História e na Filosofia. Nosso foco é em torno do conceito de modernidade literária. Observe também que o ato de escrita é processual, assim como seu aprendizado. Por isso, Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 duas estratégias devem ser levadas em conta no processo avaliativo: a repetição de conteúdos com grau de dificuldade crescente, o que permite retomar e aprofundar conhecimentos, competências e habilidades, e a definição de critérios claros e conhecidos pelo aluno no processo de avaliação. f O que será avaliado no texto produzido pelo aluno? É importante que se priorizem a adequação ao gênero solicitado, com base nas características ensinadas em sala de aula, a adequação ao tema proposto e a coerência na transmissão dos conhecimentos. Conforme as possibilidades, você poderá apresentar aos alunos os critérios de correção de textos nos principais vestibulares. Desperte seu olhar com o objetivo de coletar, em todo o processo de ensino-aprendizagem, indícios de tensões, avanços e conquistas. Interprete esses indícios para compreender as dificuldades apresentadas pelos alunos, bem como para orientar suas metas, estabelecer novas diretrizes, propor atividades alternativas. Situe o aluno no processo de ensino-aprendizagem, promova a atitude de responsabilidade pelo aprendizado no indivíduo. Aprender não é apenas colher informações transmitidas pelo professor, mas processá-las, transformá-las em algo, mais do que isso, construir cultura e conhecimento, o que, muitas vezes, está além de conteúdos. Excetuando as habilidades específicas de leitura e escrita que desejamos ter desenvolvido nas diversas atividades de produção textual feitas durante o volume (tanto em grupo como individualmente), desejamos que cada aluno tenha desenvolvido as seguintes habilidades básicas: f adequar o seu registro escrito e oral a situações formais de uso da linguagem; f analisar e relacionar diferentes ideias e pontos de vista a fim de construir conceitos literários; f identificar e analisar características próprias da linguagem literária da modernidade; f identificar a tese e as ideias-chave em um texto argumentativo; f posicionar-se criticamente sobre conceitos e pontos de vista de terceiros conforme apresentados em diferentes textos; f desenvolver critérios de autocorreção de textos escritos argumentativos; f relacionar a elaboração de um projeto ao texto final, mantendo as características de autoria e de tomada de decisões diante de imprevistos. Considere os diferentes conteúdos trabalhados e recorra às anotações feitas durante as atividades para responder às seguintes perguntas: f Preocupa-se com a variedade linguística utilizada nas diversas situações comunicativas? Revela consciência de que não falamos nem escrevemos do mesmo jeito em todos os momentos de comunicação? Mostra preocupação em usar a linguagem de modo formal quando necessário? Conhece o registro-padrão da língua portuguesa? f Compreende a literatura como fenômeno ao mesmo tempo linguístico, artístico e social? Manifesta um ponto de vista pessoal e fundamentado sobre o que é um texto literário? Estabelece o diálogo entre diferentes teorias literárias a fim de construir um ponto de vista? f Consegue conceituar “modernidade”? Distingue os conceitos de “modernidade” da escola literária “Modernismo”? Identifica características próprias da modernidade em um texto literário? Relaciona essas características entre si de modo a construir um conceito? 41 f Identifica a tese em um texto argumentativo? Identifica as ideias-chave em um texto argumentativo? f Identifica os conceitos e pontos de vista de terceiros? Distingue um fato da opinião pressuposta ou subentendida em relação a esse mesmo fato, em segmentos descontínuos de um texto? Estabelece relações entre segmentos do texto? f Preocupa-se em deixar clara, ao leitor, a tese de um texto argumentativo, com base na argumentação construída? Preocupa-se em apresentar estratégias no texto argumentativo produzido? Justifica o efeito de sentido produzido, no texto, pelas escolhas lexicais e morfossintáticas feitas? f Projeta os textos produzidos? Distingue texto de projeto de texto? Faz uso produtivo do projeto de texto elaborado? PROPOSTA DE QUESTÕES PARA APLICAÇÃO EM AVALIAÇÃO 1. A leitura de manchetes de jornal pode gerar ambiguidade. Esse fenômeno por vezes se desfaz graças ao contexto. Das manchetes a seguir, assinale aquela que não permite dupla leitura: a) “Integrantes de quadrilha são presos no sul do Estado de São Paulo”. filme no exterior”. d) “Pai de santo condena prostituição em cerimônia do terreiro”. e) “Joinville divulgará o novo curso de Giovanni Lima em propaganda”. Habilidade principal de leitura/escrita a ser desenvolvida: adequar seu registro escrito e oral a situações formais de uso b) “Astrólogo prevê casamento na internet”. c) “Cineasta faz testes com meninas para da linguagem, para estimular o efeito de ambiguidade. 2. Leia atentamente a crítica cinematográfica a seguir. Animação cria novo enfoque sobre a família Sutilmente, A família do futuro contrabandeia várias novidades ao enrijecido padrão Disney. Começando pela questão da adoção, que, aliás, não está presente em A day with Wilbur Robinson, livro de William Joyce que originou o roteiro. Até alguns anos atrás, não haveria possibilidade de Lewis, nosso herói órfão, terminar o filme sem reencontrar sua mãe verdadeira e perdoá-la. A família como algo que se constrói se sobrepõe à família como um dado natural. Não é pouco. Lewis e seu amigo Wilbur Robinson passeiam pelo futuro e pelo passado pilotando uma máquina do tempo que poderia estar no mais moderno videogame. O futuro é lindamente “retrô”. Todo seu visual é inspirado no design futurista dos anos 20 e 30, incrementado pela fantasia que só os filmes de animação podem ter. Em vários sentidos, A família do futuro é um filme que recusa o ressentimento. Bonito e ágil, alcança uma emoção profunda, rara nos filmes infantis de hoje. [...] ARAÚJO, Inácio. Folha de S.Paulo, 4 abr. 2007. 42 Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 A tese central defendida pela resenha é: a) o filme A família do futuro trata do tema do contrabando de novidades para a Disney. d) A família do futuro é um filme que recusa o ressentimento. e) o filme A família do futuro valoriza a família construída, mais que a natural. Habilidade principal de leitura/escrita a ser desenvolvida: b) o herói, Lewis, termina o filme reencontrando a mãe e o amigo Wilbur Robinson. identificar a tese e as ideias-chave em um texto argumen- c) o futuro é lindamente “retrô”, pois é inspirado no design futurista dos anos 20 e 30. 3. (Unesp/Vunesp – 2007) Leia atentamente o poema a seguir: Os velhos comigo sobre coisas seladas em cofre de subentendidos a conversa infindável de monossílabos, resmungos, tosse conclusiva. Nem me veem passar. Não me dão confiança. Confiança! Confiança! Dádiva impensável nos semblantes fechados, nas felpudas redingotes, nos chapéus autoritários, nas barbas de milênios. Sigo, seco e só, atravessando a floresta de velhos. Todos nasceram velhos – desconfio. Em casas mais velhas que a velhice, em ruas que existiram sempre – sempre! assim como estão hoje soturnas e paradas e indeléveis mesmo no desmoronar do Juízo Final. Os mais velhos têm 100, 200 anos e lá se perde a conta. Os mais novos dos novos, não menos de 50 – enormidade. Nenhum olha para mim. A velhice o proíbe. Quem autorizou existirem meninos neste largo municipal? Quem infringiu a lei da eternidade que não permite recomeçar a vida? Ignoram-me. Não sou. Tenho vontade de ser também um velho desde sempre. Assim conversarão No poema, o isolamento dos velhos leva o eu poemático a pintar um quadro invertido, se considerada a habitual situação dos idosos, na realidade: não são eles os desprezados, os ignorados, os esquecidos, os abandonados – mas o menino, o não velho. Com base nessa ideia, comente a solução cogitada pelo eu poemático para entrar no mundo dos velhos. tativo. ANDRADE, Carlos Drummond de. Os velhos. In: Boitempo: esquecer para lembrar. São Paulo: Companhia das Letras (com futuro lançamento). Carlos Drummond de Andrade. © Graña Drummond: <http:// www. carlosdrummond.com.br>. “velho desde sempre”. Habilidade principal de leitura/escrita a ser desenvolvida: posicionar-se criticamente sobre conceitos e pontos de vista de terceiros conforme apresentados em diferentes textos. 4. Que características da linguagem literária modernista encontram-se no poema? Comente-as, comprovando-as no texto. Resposta esperada: entre outras, encontramos, no texto, a Resposta esperada: desejando entrar no que lhe parece ser riqueza e expressividade da linguagem, perceptível na re- um universo apenas acessível aos velhos, o eu poemático petição dos termos e no uso de termos do cotidiano com exprime o desejo de ser um velho atemporal, ou seja, um um sentido filosófico (como “barbas”, “chapéu”, “felpudas”). 43 Sua linguagem é séria, combinando com o estilo melancólico, filosófico e reflexivo do poema. Professor, leve em conta as dificuldades naturais de seus alunos para conseguirem expressar a análise da riqueza da linguagem de Drummond. No contexto do livro, a afirmação do caráter verbal da poesia e a incitação a que se penetre “no reino das palavras”, presentes no excerto, indicam que, para o poeta de A rosa do povo: Habilidade principal de leitura/escrita a ser desenvolvida: identificar e analisar características próprias da linguagem literária da modernidade. a) praticar a arte pela arte é a maneira mais eficaz de se opor ao mundo capitalista. 5. (Fuvest – 2007) Procura da Poesia b) a procura da boa poesia começa pela estrita observância da variedade-padrão da linguagem. Não faças versos sobre acontecimentos. Não há criação nem morte perante a poesia. Diante dela, a vida é um sol estático, não aquece nem ilumina. [...] Penetra surdamente no reino das palavras. Lá estão os poemas que esperam ser escritos. Estão paralisados, mas não há desespero, há calma e frescura na superfície intata. Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário. [...] c) fazer poesia é produzir enigmas verbais que não podem nem devem ser interpretados. ANDRADE, Carlos Drummond de. Procura da poesia. In: A rosa do povo. São Paulo: Companhia das Letras. Carlos Drummond de Andrade © Graña Drummond: <http://www.carlosdrummond.com.br>. Habilidade principal de leitura/escrita a ser desenvolvida: d) as intenções sociais da poesia não a dispensam de ter em conta o que é próprio da linguagem. e) os poemas metalinguísticos, nos quais a poesia fala apenas de si mesma, são superiores aos poemas que falam também de outros assuntos. analisar e relacionar diferentes ideias e pontos de vista a fim de construir conceitos literários. PROPOSTA DE SITUAÇÕES DE RECUPERAÇÃO 44 Professor, utilize o quadro de competências e habilidades presente na apresentação deste Caderno para identificar as reais necessidades de recuperação de seus alunos. de atividades de recuperação. Desse modo, inicialmente, identifique, com base nas habilidades que notar deficitárias, quais são as reais necessidades de recuperação do aluno. É importante que cada um deles se desenvolva como indivíduo autônomo ao apropriar-se da linguagem na leitura e produção de textos. Nas Situações de Aprendizagem de 1 a 4, nosso foco foi a análise da modernidade e da resenha crítica. Esses conteúdos permitiram-nos trabalhar pelo desenvolvimento de sete habilidades que devem orientar a escolha Adequar seu registro escrito e oral a situações formais de uso da linguagem. f Observaram-se melhoras na aquisição de um registro formal escrito e oral? Distingue situações formais de comunicação daquelas que são informais? Sabe adequar seu registro linguístico a essas diferentes situações? Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 Analisar e relacionar diferentes ideias e pontos de vista a fim de construir conceitos literários. f Identifica pontos de vista presentes de modo explícito ou subentendido em textos literários? Desanima diante da leitura de um texto literário ou procura encontrar nele conceitos e ideias conhecidos que permitam construir sentidos novos? Justifica o efeito de sentido produzido em um texto literário pela exploração de recursos ortográficos ou morfossintáticos? Identificar e analisar características próprias da linguagem literária da modernidade. f Identifica, em um texto literário, processos explícitos e implícitos de remissão ou referência a outros textos ou autores? Compreende as características próprias da escola literária Modernismo? Justifica os efeitos de sentido produzidos em um texto literário pelo uso de palavras ou expressões de sentido figurado? Identificar a tese e as ideias-chave em um texto argumentativo. f Compreende o texto como uma produção do outro que tem determinada proposta textual? Distingue um texto argumentativo de outro que não o seja? Identifica a tese e os argumentos de um texto? Encontra as ideias-chave em um parágrafo? Posicionar-se criticamente sobre conceitos e pontos de vista de terceiros conforme apresentados em diferentes textos. f Assume a importância de suas opiniões ou comenta apenas quando instado? Respeita os colegas e o professor ao apresentar suas ideias e opiniões? Identifica o ponto de vista de terceiros, distinguindo-os dos fatos apresentados? Desenvolver critérios de autocorreção de textos escritos argumentativos. f Preocupa-se em ser entendido quando escreve? Ou transfere a responsabilidade da compreensão do texto para o leitor? Justifica suas dificuldades apenas com expressões como “eu quis dizer...” ou esforça-se em tornar-se cada vez mais claro e específico? Faz uso consciente e produtivo de estratégias, em um texto argumentativo, visando ao convencimento do público? Relacionar a elaboração de um projeto ao texto final, mantendo as características de autoria e de tomada de decisões diante de imprevistos. f Reconhece as diferenças entre um projeto de texto e o próprio texto elaborado? Faz uso do projeto de texto em sua produção escrita? Reconhece a importância de planejar aquilo que vai escrever, visando a adequar-se melhor ao registro linguístico e às intenções do texto? Elabore, também, um pequeno questionário para a classe que facilitará suas estratégias de recuperação. Durante este volume, que conteúdos: 1. Gostei de estudar? Por quê? 2. Considerei pouco interessantes? Por quê? 3. Compreendi tão bem que poderia explicá-los sem quaisquer problemas? 4. Gostaria que fossem explicados novamente porque não foram bem compreendidos? Utilize-se das respostas a essas perguntas para elaborar estratégias de recuperação imediata, de acordo com as necessidades específicas de sua turma. Seguem algumas sugestões. 45 Caso verifique que o aluno ainda não conseguiu apreender os conceitos e conteúdos especificados sobre a modernidade, propomos que lhe peça que elabore uma resenha crítica de um poema modernista, explicando, em um texto de até 20 linhas, por que o considera exemplo de modernidade. Para a produção desse texto, é importante que o aluno consulte o material de que dispõe sobre o assunto. Certifique-se de que ele tenha o caderno “em ordem” e que disponha de acesso às informa- ções desenvolvidas. Incentive uma atitude de pesquisa, mas coloque-se à disposição para quaisquer dúvidas que surgirem. Se o problema for a elaboração de uma resenha crítica, solicite que traga duas resenhas críticas de cinema, uma que ele julgar bem escrita e outra que ele considerar que não apresenta todos os elementos próprios do gênero. Peça-lhe que elabore um texto explicando por que as qualifica assim. RECURSOS PARA AMPLIAR A PERSPECTIVA DO PROFESSOR E DO ALUNO PARA A COMPREENSÃO DO TEMA Você, professor, pode usar os seguintes recursos para aprofundar o assunto da aula: Filmes Macunaíma Direção: Joaquim Pedro de Andrade. Brasil, 1969. 108 min. Com Grande Otelo e Paulo José. Adaptação do livro homônimo, o filme inicia-se com o parto de Macunaíma, um herói que é vazio em seu caráter, e conta sua complexa trajetória de vida. Deixa claro o desejo de ruptura com a visão formal de narrativa. Vidas secas Direção: Nelson Pereira dos Santos. Brasil, 1963. 103 min. Com Átila Iório e Maria Ribeiro. O filme, já considerado um clássico de nosso cinema, é a adaptação do livro homônimo. Apresenta as preocupações reflexivas e sociais próprias da modernidade. Livro didático É importante também valorizar o livro didático. Portanto, ao iniciar a discussão do tema proposto, peça aos alunos para usarem seus livros para pesquisa sobre o tema, voltando seus olhares para textos que tenham especial foco na interação, como os textos com diálogos. 46 Livros BASSO, Renato; ILARI, Rodolfo. O português da gente. São Paulo: Contexto, 2011. Estudo da língua falada no Brasil, na perspectiva de diferentes variedades linguísticas. BRETON, Philippe. A argumentação na comunicação. Bauru: Edusc, 1994. Discute a essência e a dinâmica do processo de argumentação, bem como aborda as diversas implicações da argumentação no processo comunicativo. CITELLI, Adilson. O texto argumentativo. São Paulo: Scipione, 1994. Estudo sistemático e didático do texto argumentativo. FRIEDRICH, Hugo. Estrutura da lírica moderna. São Paulo: Duas Cidades, 1991. Um dos mais completos estudos sobre a modernidade literária e suas manifestações, a partir da análise da obra de diferentes poetas. LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo: Ática, 2002. Reflexões teóricas sobre a formação escolar de leitores, particularmente, de leitores de literatura. Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 LANDOWSKI, Eric. Presenças do outro: ensaios de sociossemiótica. Tradução de Mary Amazonas Leite de Barros. São Paulo: Perspectiva, 2003. Estudo sobre as relações entre o indivíduo e o outro, na construção das identidades. PERELMAN, Chaim; OLBRECHTSTYTECA, Lucie. Tratado da argumentação: a nova retórica. Tradução de Maria Ermanita G. G. Pereira. São Paulo: Martins Fontes, 1996. Compêndio muito abrangente sobre a estrutura e o funcionamento do texto argumentativo a partir da releitura ampliada de temas próprios da retórica. SÁNCHEZ MIGUEL, Emilio. Compreensão e redação de textos: dificuldades e ajudas. Tradução de Ernani Rosa. Porto Alegre: Artmed, 2002. Importante compêndio de estudo das principais dificuldades de leitura dos alunos, com muitas sugestões práticas de como podem ser superadas. WILSON, Edmund. O castelo de Axel. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. O autor analisa obras de escritores da passa- gem do século XIX para o Modernismo, observando-os como bases para a modernidade. Sites Releituras Site com grande variedade de textos literários e biografias de autores da literatura em língua portuguesa. Disponível em: <http://www. releituras.com>. Acesso em: 30 maio 2013. Sites para encontrar resenhas críticas de cinema: X <http://www.estadao.com.br/arteelazer>. Acesso em: 30 maio 2013; X <http://www.adorocinema.com/>. Acesso em: 30 maio 2013. Outros sites nos quais é possível encontrar textos literários: X <http://www.bibvirt.futuro.usp.br>. Acesso em: 30 maio 2013; X <http://www.biblio.com.br>. Acesso em: 30 maio 2013; X <http://www.virtualbooks.com.br/v2/ capa/>. Acesso em: 30 maio 2013. SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 5 VIDAS SECAS: REALIDADE PRESENTE Esta Situação de Aprendizagem tem por objetivo preparar os alunos para resolver questões de exames de acesso ao Ensino Superior centradas na compreensão de textos do Modernismo brasileiro, da geração de 1930 e, de modo muito particular, do romance Vidas secas, de Graciliano Ramos. Além disso, esperamos que os alunos desenvolvam as habilidades de tomar notas de texto expositivo oral elaborado pelo professor. Conteúdos e temas: a literatura e a construção da modernidade e do moderno; a crítica de valores sociais no texto literário; análise estilística: nível sintático – a extensão dos períodos; contexto sociocultural e obra literária; a primeira e a segunda geração modernista da literatura brasileira. Competências e habilidades: elaborar estratégias de resolução de questões de exames de acesso ao Ensino Superior; reconhecer diferentes elementos que estruturam o texto narrativo: personagens, marcadores de tempo e de localização, sequência lógica dos fatos; relacionar o contexto sociocultural 47 a uma determinada obra literária; utilizar conhecimentos formais para formular hipóteses sobre o uso de determinadas variedades da língua portuguesa presentes em um texto. Sugestão de estratégias: aula interativa, com a participação dialógica do aluno, com a preparação e o conhecimento de conteúdos e estratégias por parte do professor. Sugestão de recursos: livro didático; dicionário de língua portuguesa; questões de vestibular; obras literárias diversas; áudio. Sugestão de avaliação: resolução de exercícios e de questões de vestibular. Sondagem transporte de passageiros. Neles, tábuas que servem como bancos são colocadas na carroceria e uma lona é usada Deixar o Cariri? Só no último pau de arara! como cobertura. 1. Para começar, você vai discutir com seus colegas de classe uma letra de música bastante conhecida, Último pau de arara. Antes, porém, considere estas duas questões: b) Você sabe onde se localiza Cariri? a) O que lhe sugere a expressão pau de arara? Professor, verifique se os alunos conhecem a expressão “pau de arara” que designa caminhões adaptados para o Último pau de arara A vida aqui só é ruim quando não chove [no chão Mas se chover dá de tudo, fartura tem de [montão Tomara que chova logo, tomara, meu [Deus, tomara Só deixo o meu Cariri no último [pau de arara (bis) Enquanto a minha vaquinha tiver o couro [e o osso Cariri é uma região do Ceará (formada por municípios). 2. Agora, ouça a música Último pau de arara, de Venâncio, Corumbá e José Guimarães, e anote a letra no caderno. Procure identificar seu tema central. Tema central: seca no Nordeste. E puder com o chocalho pendurado no [pescoço Eu vou ficando por aqui, que Deus do Céu [me ajude Quem sai da terra natal em outros cantos [não para Só deixo o meu Cariri no último [pau de arara (bis) Último pau de arara. Venâncio/ Corumbá/José Guimarães. Universal Music Publishing MGB Brasil Ltda. 3. Observe que o dicionário nos fornece diversas acepções para o termo pau de arara. 1. Suporte de madeira no qual os sertanejos conduzem araras, papagaios e outras aves trepadoras, para vender. 2. Instrumento de tortura que consiste num pau roliço em que o torturado é pendurado pelos joelhos e cotovelos flexionados; cambau. 3. Caminhão que transporta retirantes nordestinos. 4. Derivação: por extensão de sentido (da acp. 3). Nordestino que migra ger. para o Sudeste do Brasil, viajando em paus de arara. 4.1. Derivação: por extensão de sentido. Uso: pejorativo. Qualquer nordestino. Dicionário Houaiss da língua portuguesa (edição eletrônica). Rio de Janeiro: Objetiva, 2009. 48 Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 4. Podemos afirmar que a letra da música gira em torno do tema: O uso do advérbio só no primeiro verso reforça: a) a seca e suas consequências para os habitantes da região. a) o lugar onde a vida se mostra difícil e agonizante por causa da falta de chuva. b) a falta de amor que o ser humano tem à sua terra natal e ao seu gado. b) as constantes ausências de chuva. c) a necessidade de fazer a vontade de Deus. d) o amor que um homem sente por sua arara Cariri. 5. Peça-lhes que, em grupo, identifiquem alguns dos principais problemas enfrentados pelos migrantes, tanto na sua terra natal como na terra de destino, e que depois compartilhem suas respostas. Resposta pessoal, porém é preciso verificar a adequação das respostas dadas e procurar direcioná-las para uma reflexão c) a solidão do enunciador, que não tem para quem contar as suas mágoas e dores. d) a preocupação em valorizar a terra natal, que apenas faz sofrer quando não chove. 7. No verso “Enquanto a minha vaquinha tiver o couro e o osso”, o uso do diminutivo reforça: I. a relação afetiva que o enunciador estabelece com seu animal. sobre problemas sociodemográficos. II. a situação precária em que vive o animal. Converse em sala de aula sobre o tema da seca nordestina e da migração. Discuta os problemas enfrentados pelos migrantes tanto na sua terra natal como na terra de destino. Seja positivo em seus comentários e valorize a coragem e ousadia daqueles que deixaram seu território para aventurar-se em outras terras a fim de conseguir uma vida melhor para si e para a família. III. o desprezo do enunciador pelo animal. Estão corretas: a) apenas I. b) apenas II. c) apenas III. Essa pode ser uma ótima ocasião para conhecer melhor as histórias de vida dos alunos que têm na sua origem familiar histórias de migração do Nordeste para o Estado de São Paulo. d) apenas I e II. e) apenas II e III. 6 e 7. Professor, esses dois testes chamam a atenção dos estudantes para os recursos linguísticos que intensificam a temá- 6. Observe: “A vida aqui só é ruim quando não chove no chão” “A vida aqui é ruim quando não chove no chão” tica da migração em perspectiva social. 1. No caderno, seguindo o modelo apresentado nos Exercícios 6 e 7, elabore uma atividade que possibilite uma reflexão maior sobre o uso da linguagem em Último pau de arara. 49 Professor, verifique se o aluno relaciona conhecimento gramatical e interpretação textual. 2. Troque a sua atividade com a de um colega. Cada um resolve o exercício que o outro elaborou. dificuldades encontradas nos exames de acesso de tais instituições é ler os textos, em especial os literários, compreender o que eles dizem e obedecer ao que os comandos dos exercícios solicitam. Professor, verifique se a resposta está certa. Se necessário, faça intervenções individuais ou coletivas. Roteiro para aplicação da Situação de Aprendizagem 5 f A literatura e a construção da modernidade e do moderno Estudar a literatura como espaço para os indivíduos construírem os conceitos de modernidade e de moderno. Para você, professor! Se você também ministra aulas na 2a série do Ensino Médio, deve notar que esta Situação de Aprendizagem se aproxima estruturalmente da proposta para aquela série. Essa reiteração facilita a compreensão do processo de aprendizagem de seus alunos no desenvolvimento de uma habilidade comum: a resolução de questões de exames de acesso ao Ensino Superior. f Análise estilística: nível sintático – a extensão dos períodos Analisar aspectos estilísticos relacionados ao conceito de período, bem como à sua extensão. f Contexto sociocultural, crítica de valores e obra literária Podemos ensinar como devem interagir com questões de exames de acesso ao Ensino Superior e, ainda assim, fazer que compreendam melhor o texto literário. Para isso, propomos as atividades que seguem. Vidas secas e o poder da palavra Relacionar o contexto sociocultural de produção e leitura da obra literária à crítica de valores sociais e humanos atualizáveis e permanentes no patrimônio literário nacional. f A primeira e a segunda geração modernista da literatura brasileira 1. No caderno, responda às propostas a seguir: a) Você já ouviu falar ou leu o romance Vidas secas? Na sua opinião, o que se pode esperar de uma narrativa chamada Vidas secas? Resposta pessoal, porém verifique se os alunos conhecem Conceituar a primeira e a segunda geração modernista da literatura brasileira (em particular da literatura regionalista), desenvolvendo estratégias de leitura de seus textos literários. Desejamos que nossos alunos estabeleçam para si horizontes claros de futuro, especialmente neste momento de seu aprendizado. Muitos deles pensam agora de forma mais séria no ingresso no Ensino Superior. Uma das 50 o romance e se conseguem extrair significados e interpretações interessantes, utilizando produtivamente as informações presentes no título. b) Leia o trecho a seguir e procure as relações que existem entre ele e a letra de música com que iniciamos esta Situação de Aprendizagem. Professor, observe como os alunos interpretam as informações das diferentes linguagens e as relacionam para obter uma ideia geral da obra em questão. © Maps World Produções Gráficas Ltda. Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 Vidas secas O que desejava... An! Esquecia-se. Agora se recordava da viagem que tinha feito pelo sertão, a cair de fome. As pernas dos meninos eram finas como bilros, sinhá Vitória tropicava debaixo do baú de trens. Na beira do rio haviam comido o papagaio, que não sabia falar. Necessidade. Fabiano também não sabia falar. Às vezes largava nomes arrevesados, por embromação. Via perfeitamente que tudo era besteira. Não podia arrumar o que tinha no interior. Se pudesse... [...] Agora Fabiano conseguia arranjar as ideias. O que o segurava era a família. Vivia preso como um novilho amarrado ao mourão, suportando ferro quente. Se não fosse isso, um soldado amarelo não lhe pisava o pé não. O que lhe amolecia o corpo era a lembrança da mulher e dos filhos. Sem aqueles cambões pesados, não vergaria o espinhaço não, sairia dali como onça e faria uma asneira. 2. Responda no caderno: [...] Tinha aqueles cambões pendurados ao pescoço. Deveria continuar a arrastá-los? Sinhá Vitória dormia mal na cama de varas. Os meninos eram uns brutos, como o pai. Quando crescessem, guardariam as reses de um patrão invisível, seriam pisados, maltratados, machucados por um soldado amarelo. RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 119. ed. Rio de Janeiro: Record, 2012. p. 36-37. que enunciador é aquele que toma a palavra, que se expressa em um texto) de Último pau de arara? a) O que o texto nos fala de Fabiano? Quem ele é? Qual é a sua profissão? Ele é uma pessoa feliz? Resposta pessoal. Observar a sensação de desalento em que Esse breve trecho nos diz que Fabiano se relaciona com Si- vida. E o fato de que eles se veem obrigados a fugir de seu nhá Vitória e com os meninos, os quais, quando crescessem, lugar de origem. os dois se encontram, procurando um sentido maior para a seriam “brutos” como o pai, guardando reses e sendo pisados por um soldado. Guardar reses é atividade de vaqueiro e ser pisado não deixa ninguém feliz. b) Você teve dificuldades para compreender o texto? Se respondeu afirmativamente, como as resolveu? Resposta pessoal, porém é preciso identificar as dificuldades gerais e retomar pontos que não foram bem compreendidos. c) Que semelhanças você encontra entre Fabiano e o enunciador (lembramos Conheça melhor o autor da obra: Graciliano Ramos nasceu em 27 de outubro de 1892, na cidade de Quebrângulo, sertão de Alagoas, em uma família que, ao todo, teria 16 filhos. Viveu sua infância nas cidades de Viçosa, Palmeira dos Índios (AL) e Buíque (PE), sofrendo pela seca e pelas surras que lhe eram dadas por seu pai, o que o fez ter, desde cedo, uma experiência singular com a vio- 51 lência. Jornalista e escritor, foi perseguido pela ditadura do governo de Getúlio Vargas. Morreu em 20 de março do ano de 1953, já considerado um dos melhores escritores da literatura brasileira, vítima de câncer. br/handle/mec/2100>. (Acesso em: 4 nov. 2013.) Compare o que é dito no áudio com sua resposta anterior e responda: O que o escritor de Vidas secas pretendia dizer com esse romance? Espera-se que os alunos identifiquem a intenção do autor: denunciar as difíceis condições sociais dos habitantes do sertão nordestino. 3. Complete adequadamente os espaços do texto a seguir. O termo também em “Fabiano também não sabia falar” aproxima Fabiano do papagaio , sobre o qual se diz: “Na beira do rio haviam comido o papagaio, que não sabia falar. Necessidade”. Seguindo a mesma linha de raciocínio, notamos que Fabiano, ao ter consciência de que não sabe falar e da necessidade que sente disso para arrumar tudo o que tem no interior , permite que o leitor questione o real valor de uma vida destroçada pela pobreza e pelo sofrimento e que não tem acesso à palavra . 4. Observe: “Vivia preso como um novilho amarrado ao mourão, suportando ferro quente”. A expressão “suportando ferro quente” poderia ter sido substituída, sem significativa perda de sentido, por: As reticências são, na escrita, os três pontos “…” que aparecem no fim, no início ou no meio de uma frase, indicando um pensamento que ficou por terminar. Assim, transmite-se a ideia de omissão de algo que podia ter sido escrito, mas não foi. 1. Ao usar as reticências em “Não podia arrumar o que tinha no interior. Se pudesse...”, o narrador não demonstra a atitude esperada de quem conta uma história. Ao fazer isso, que efeito de sentido ele consegue? O narrador se aproxima mais de Fabiano, de sua dificuldade de falar. 2. Como você completaria aquilo que o narrador omitiu? O que, em sua opinião, Fabiano arrumaria no interior dele? Resposta pessoal. Acolha as diferentes respostas dos alunos. Verifique se eles levam em conta o contexto ao responder, refletindo sobre a realidade sociocultural em que se baseia o romance. a) sendo ferreteado. b) esquentando. c) sendo esquentado. 3. Pesquise no livro didático, na internet e em outras fontes de consulta e elabore um breve resumo da obra Vidas secas, de Graciliano Ramos. Verifique se os alunos, ao elaborar o resumo, levaram em d) derreteando. 5. No laboratório de informática da escola ou em outro espaço que estiver ao seu alcance, ouça o áudio disponível em <http://objetoseducacionais2.mec.gov. 52 conta as características do gênero. Agora é o momento de explicar o contexto sociocultural e literário da obra. De forma dialogada e revelando boa preparação, explique o que foram a primeira e a segunda Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 geração do Modernismo brasileiro. Não há necessidade de entrar em detalhes. Durante a explicação, peça que seus alunos tomem notas das informações que julgarem mais importantes e que peçam para repetir, se tiverem dificuldade em anotar algo. Explique que esse método de aprendizado é muito comum nas aulas do Ensino Superior. Prepare o texto-base de sua aula usando não apenas a pesquisa do livro didático que adotou, mas também o material de apoio encontrado na biblioteca ou sala de leitura de sua escola e na internet. Aprofunde o tema de acordo com as necessidades específicas de sua turma. Para você, professor! É importante conhecer quais as pretensões dos alunos no que diz respeito a seguir os estudos. Além disso, é importante considerar realisticamente, mas não com espírito de derrota, as dificuldades de compreensão textual e de tomar notas da classe. O seu texto expositivo deve levar em consideração essas dificuldades. O objetivo é que o tempo de exposição deste conteúdo não ultrapasse a duração de uma aula. Durante a sua leitura para a classe, certifique-se de ser claro e articular adequadamente o seu discurso para que todos possam compreendê-lo bem. Na sua exposição, naturalmente, dê destaque aos dois temas que serão retomados nas questões do Enem. Além disso, forneça uma breve síntese de Vidas secas. Solicite aos alunos a seguinte pesquisa. Ela servirá de base para uma produção de texto sobre o Modernismo. O Modernismo brasileiro na primeira metade do século XX Os três textos de apoio apresentados a seguir servirão de base a uma pesquisa a ser realizada em duplas. Depois de obter conhecimentos sobre o tema pesquisado, cada dupla deve elaborar a primeira versão de um texto expositivo sobre o tema O Modernismo brasileiro na primeira metade do século XX. O objetivo da pesquisa é entender melhor o contexto sociocultural da obra Vidas secas. Consideramos contexto sociocultural como a inter-relação de circunstâncias sociais e culturais que acompanham um fato ou uma situação. Nesse caso, estudaremos o contexto de produção desse romance publicado em 1938, isto é, no início do século XX. Ele faz parte do Modernismo, importante movimento literário brasileiro: a) para iniciar a pesquisa, leiam os textos e sublinhem as ideias que considerarem importantes. Deem especial atenção àquelas que se repetem ao longo dos textos; b) dividam os textos lidos em trechos de um ou dois parágrafos. Escrevam uma frase ao lado de cada trecho. Essa frase deve resumir a ideia central desse trecho e vai lembrá-los do que tratam esses parágrafos; c) comparem suas anotações com as informações do livro didático, complementando aquelas que considerarem importantes. Examine atentamente as instruções para que sejam seguidas pelos grupos. Você pode orientá-los, nesse processo, a selecionar os principais acontecimentos do enredo. 53 Para você, professor! É importante que os alunos sigam os passos aqui delineados a fim de que se desenvolvam as habilidades de localizar informações relevantes do texto para solucionar um problema apresentado e de inferir o sentido de palavras ou expressões, considerando seu contexto – habilidades essas essenciais para a formação do leitor. Elaboração da primeira versão do texto Depois da pesquisa, preparem-se para escrever, em dupla, o texto expositivo sobre o Modernismo brasileiro. O texto poderá explicar que o Modernismo brasileiro é um movimento artístico que engloba a pintura, a escultura e a literatura, mas deverá ter como foco central a produção literária. Assim, deve explicar as características do Modernismo na literatura e incluir, obrigatoriamente, a primeira e a segunda geração de escritores modernistas. O texto produzido será usado em atividades futuras. Para orientar seu trabalho de produção escrita, sigam os passos indicados: a) dediquem algum tempo identificando claramente o que se pretende com o texto que vocês vão produzir. Observem: I. trata-se de um texto expositivo, ou seja, um texto feito para o estudo e a melhor compreensão de informações sobre um objeto ou fato específico, enumerando as características e fornecendo as devidas explicações; II. o objetivo é explicar o que é o Modernismo brasileiro e suas características. Observem, no entanto, que há também um limite temporal: a primeira metade do século e a necessidade de incluir a primeira e a segunda geração modernista. Recapitule os conceitos de texto expositivo e de Modernismo. 54 b) elaborem a primeira versão do texto. Ela será a fase inicial da produção do texto expositivo solicitado, portanto, haverá outros momentos para aperfeiçoá-lo. Prestem atenção a aspectos importantes que facilitem a compreensão do que escreveram, tais como: I. organização da exposição com um parágrafo inicial que explique o que é o Modernismo brasileiro e o que é o Modernismo na literatura, contextualizando o movimento, isto é, explicando por que ele aconteceu naquele momento da história do Brasil; II. presença de exemplos e sínteses dos assuntos principais que forem tratados: organização dos demais parágrafos explicando em que época o movimento aconteceu e, de maneira resumida, quais suas principais características e representantes; III. elaboração de um parágrafo final com uma conclusão que explique o significado desse movimento para a literatura e para a sociedade brasileira; IV. clareza das ideias . Ao escrever, prefiram frases curtas, formadas por poucas orações. Uma frase com mais de duas ou três linhas poderá ser dividida em duas, para facilitar a compreensão; V. uso da norma-padrão da língua portuguesa. Prestem atenção à pontuação e ao Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 uso correto do vocabulário: consultem constantemente o dicionário; VI. não esqueçam de criar um título adequado ao tema proposto: O Modernismo brasileiro na primeira metade do século XX. Professor, siga as orientações dadas nos Itens I a VI como cri- Esse texto será de grande utilidade para você, professor, porque poderá ser usado em diferentes ocasiões de seu exercício profissional. Grifamos algumas ideias principais dos textos, para que possa auxiliar os alunos na elaboração do texto. térios de correção. Texto 1: Modernismo brasileiro O Modernismo Brasileiro é um movimento de amplo espectro cultural, desencadeado tardiamente nos anos 20, nele convergindo elementos das vanguardas acontecidas na Europa antes da Primeira Guerra Mundial – Cubismo e Futurismo – assimiladas antropofagicamente em fragmentos justapostos e misturados. A predominância de valores expressionistas presentes nas obras de precursores como Lasar Segall, Anita Malfatti e Victor Brecheret e no avançar do nosso Modernismo, a convergência de elementos cubo-futuristas e posteriormente a emergência do surrealismo que estão na pintura de Tarsila do Amaral, Vicente do Rego Monteiro e Ismael Nery. É interessante observar que a disciplina e a ordem da composição cubista constituem estrutura básica das obras de Tarsila, Antonio Gomide e Di Cavalcanti. No avançar dos anos 20, a pintura dos modernistas brasileiros vai misturar ao revival das artes egípcia, pré-colombiana e vietnamita, elementos do Art Déco. São Paulo se caracteriza como o centro das ideias modernistas, onde se encontra o fermento do novo. Do encontro de jovens intelectuais com artistas plásticos eclodirá a vanguarda modernista. Diferentemente do Rio de Janeiro, reduto da burguesia tradicionalista e conservadora, São Paulo, incentivado pelo progresso e pelo afluxo de imigrantes italianos será o cenário propício para o desenvolvimento do processo do Modernismo. Este processo teve eventos como a primeira exposição de arte moderna com obras expressionistas de Lasar Segall em 1913, o escândalo provocado pela exposição de Anita Malfatti entre dezembro de 1917 e janeiro de 1918 e a ‘descoberta’ do escultor Victor Brecheret em 1920. Com maior ou menor peso estes três artistas constituem, no período heroico do Modernismo Brasileiro, os antecedentes da Semana de 22. A Semana de Arte Moderna de 22 é o ápice deste processo que visava atualização das artes, e a sua identidade nacional. Pensada por Di Cavalcanti como um evento que causasse impacto e escândalo. Esta Semana proporcionaria as bases teóricas que contribuirão muito para o desenvolvimento artístico e intelectual da Primeira Geração Modernista e o seu encaminhamento, nos anos 30 e 40, na fase da Modernidade Brasileira. PECCININI, Daisy Valle Machado. Modernismo Brasileiro. Arte do século XX-XXI: visitando o MAC na web. Disponível em: <http://www.macvirtual.usp.br/mac/templates/projetos/seculoxx/index.html>. Acesso em: 30 maio 2013. Texto 2: A primeira fase do Modernismo O movimento modernista no Brasil contou com duas fases: a primeira foi de 1922 a 1930 e a segunda de 1930 a 1945. A primeira fase caracterizou-se pelas tentativas de solidificação do movimento renovador e pela divulgação de obras e ideias modernistas. 55 Os escritores de maior destaque dessa fase defendiam estas propostas: reconstrução da cultura brasileira sobre bases nacionais; promoção de uma revisão crítica de nosso passado histórico e de nossas tradições culturais; eliminação definitiva do nosso complexo de colonizados, apegados a valores estrangeiros. Portanto, todas elas estão relacionadas com a visão nacionalista, porém crítica, da realidade brasileira. Várias obras, grupos, movimentos, revistas e manifestos ganharam o cenário intelectual brasileiro, numa investigação profunda e por vezes radical de novos conteúdos e de novas formas de expressão. Entre os fatos mais importantes, destacam-se a publicação da revista Klaxon, lançada para dar continuidade ao processo de divulgação das ideias modernistas, e o lançamento de quatro movimentos culturais: o Pau-Brasil, o Verde-Amarelismo, a Antropofagia e a Anta. Esses movimentos representavam duas tendências ideológicas distintas, duas formas diferentes de expressar o nacionalismo. O movimento Pau-Brasil defendia a criação de uma poesia primitivista, construída com base na revisão crítica de nosso passado histórico e cultural e na aceitação e valorização das riquezas e contrastes da realidade e da cultura brasileiras. Em Antropofagia, a exemplo dos rituais antropofágicos dos índios brasileiros, nos quais eles devoram seus inimigos para lhes extrair força, Oswald propõe a devoração simbólica da cultura do colonizador europeu, sem com isso perder nossa identidade cultural. Em oposição a essas tendências, os movimentos Verde-Amarelismo e Anta defendiam um nacionalismo ufanista, com evidente inclinação para o nazifascismo. Dentre os muitos escritores que fizeram parte da primeira geração do Modernismo destacamos Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Alcântara Machado, Menotti del Picchia, Raul Bopp, Ronald de Carvalho e Guilherme de Almeida. CABRAL, Marina. O Modernismo no Brasil. Brasil Escola. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/literatura/o-modernismo-no-brasil.htm>. Acesso em: 30 maio 2013. Texto 3: O Modernismo no Brasil – 2a fase A literatura quase sempre privilegia o romance quando quer retratar a realidade, analisando ou denunciando-a. O Brasil e o mundo viveram profundas crises nas décadas de 1930 e 40, nesse momento o romance brasileiro se destaca, pois se coloca a serviço da análise crítica da realidade. O quadro social, econômico e político que se verificava no Brasil e no mundo no início da década de 1930 – o nazifascismo, a crise da Bolsa de Nova Iorque, a crise cafeeira, o combate ao socialismo – exigia dos artistas uma nova postura diante da realidade, nova posição ideológica. Na prosa, foi evidente o interesse por temas nacionais, uma linguagem mais brasileira, com um enfoque mais direto dos fatos marcados pelo Realismo-Naturalismo do século XIX. O romance focou o regionalismo, principalmente o nordestino, onde problemas como a seca, a migração, os problemas do trabalhador rural, a miséria, a ignorância foram ressaltados. Além do regionalismo, destacaram-se também outras temáticas, surgiu o romance urbano e psicológico, o romance poético-metafísico e a narrativa surrealista. A poesia da 2a fase modernista percorreu um caminho de amadurecimento. No aspecto formal, o verso livre foi o melhor recurso para exprimir a sensibilidade do novo tempo, se caracteriza como 56 Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 uma poesia de questionamento: da existência humana, do sentimento de “estar-no-mundo”, inquietação social, religiosa, filosófica e amorosa. Dentre os muitos poetas e escritores dessa fase destacamos: Na prosa: Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, Jorge Amado, José Lins do Rego, Erico Verissimo, Dionélio Machado. Na poesia: Carlos Drummond de Andrade, Murilo Mendes, Jorge de Lima, Cecília Meireles, Vinicius de Moraes. CABRAL, Marina. O Modernismo no Brasil - 2a fase. Brasil Escola. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/literatura/ o-modernismo-no-brasil2-fase.htm>. Acesso em: 30 maio 2013. Com base na sua pesquisa para a elaboração do texto expositivo, responda, no caderno, às questões a seguir. 1. Marisa escreve um e-mail para Anabela. Ela deseja um bom exemplo que ajude os leitores de seu texto expositivo a entender o pensamento antropofagista da primeira geração modernista. Você pode ajudá-la? Bela, não entendi muito bem esse lance de “devoração simbólica da cultura do colonizador europeu, sem com isso perder nossa identidade cultural”, do Oswald de Andrade. Mas, por isso mesmo, quero um bom exemplo dele para o meu texto. Aí, tipo assim, fui falar com meu pai e ele me explicou que é como se fosse uma caipirinha feita de saquê. Pirei na batatinha, não entendi nada! Mas o cara é bom, ele explicou: “O saquê é uma bebida alcoólica feita de arroz, de origem japonesa, que ninguém imaginaria em uma caipirinha. Mas aí os japoneses introduziram o saquê no Brasil e já viu, né? A rapaziada logo pensou em devorar a cultura japonesa, fazendo-a ficar parte da brasileira. De que jeito? Inventaram a caipirinha de saquê.” Mas, aí, minha mãe azarou tudo. Ela falou que esse exemplo não era bom para pôr no texto expositivo da escola porque falava de bebidas alcoólicas. Ela falou também que japonês não é europeu. Que o exemplo não era bom. Menina, o pai ficou brabo! E quem ficou na mão fui eu... Então, não sei o que fazer! Preciso, com urgência, de um outro exemplo dessa “devoração simbólica da cultura do colonizador europeu”! Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola. bases nacionais, revisão crítica do passado histórico e tradições do país etc. f revisão crítica de nosso passado histórico e de nossas tradições culturais; f eliminação definitiva do nosso complexo de colonizados, apegados a valores estrangeiros. 2. As características a seguir são próprias da poesia da primeira geração modernista: Você acredita que essas preocupações ainda são atuais? Por quê? Diversas respostas são possíveis. Leve em conta o contexto e as características do pensamento antropofagista da primeira geração modernista: reconstrução da cultura brasileira sobre Diversas respostas são possíveis. Observe se os alunos conse- f reconstrução da cultura brasileira sobre bases nacionais; guem estabelecer relações entre variáveis das duas épocas e expressar seu ponto de vista de maneira coerente e assertiva. 57 Indique as páginas do livro didático adotado que abordam o tema desenvolvido. Peça aos alunos que comparem as anotações que fizeram com as informações do livro didático, complementando aquelas que considerarem importantes. O regional na literatura brasileira: a questão da linguagem Lembrando conhecimentos: sabemos que a literatura brasileira se reconhece como realidade diferente da literatura portuguesa a partir da independência do Brasil. Mas isso ocorreu mais como um desejo de ser algo diferente do que como uma verificação objetiva de uma nova realidade. De fato, pouco havia em nossa produção literária que nos fizesse pensar em uma literatura autônoma: não tínhamos uma tradição própria, nem autores ou leitores suficientes. Nesse desejo de construir uma arte literária nossa, brasileira, com temas e sabor brasileiros, ganhou muito destaque falar de nossa natureza e dos habitantes tipicamente regionais. Daí receberem um valor todo especial personagens como o sertanejo e o índio. 1. Recorrendo ao livro didático e a outras fontes de consulta, complete o texto a seguir sobre o regionalismo na literatura brasileira. As preocupações regionalistas dos séculos XIX e XX vão se alimentar de obras literárias como o José de Santa Rita Durão (1722-1784). O poema conta a hispoema épico Caramuru (1781), escrito pelo frei ________________ tória de Diogo Álvares Correia, o Caramuru, náufrago português que teria sido o primeiro europeu a viver entre os índios. A obra apresenta um balanço da colonização em meio a uma descrição exageraIndianismo Um da da natureza brasileira. O nacionalismo romântico expressou-se no que se chamou __________. Gonçalves de Magalhães índio idealizado e muito longe da realidade converteu-se em símbolo nacional._________________ Gonçalves Dias (1823-1864), em seu poema (1811-1882) escreveu a Confederação dos Tamoios (1856); __________ I-Juca Pirama, narra a história de um índio sacrificado por uma tribo inimiga. No romance, enconJosé de Alencar (1829-1877), que, tanto em O Guarani (1857) como em Iracema (1865), destaca tramos ___________ de modo muito idealista as origens europeia e ameríndia do povo brasileiro. O outro romance indiaUbirajara nista escrito por Alencar, __________, não apresenta a figura do branco. O indianismo transforma o nativo, antes apenas objeto da descrição ou da sátira, em herói, criando uma ilusão de gloriosos africana antepassados para o povo brasileiro. Ao mesmo tempo, mascara a nossa origem __________, considerada, na época, menos digna. 2. Imagine que você é um escritor reconhecido e bem-sucedido, que recebe um e-mail de um jovem escritor, cujo desejo é produzir um romance que tenha como personagem principal um índio. Esse autor, no entanto, está às voltas com alguns problemas: 58 f Como será física e psicologicamente esse índio? f Que variedade da língua portuguesa será usada pelo índio? Se falar o português-padrão, ele não será convincente, mas, se falar uma variedade distante da norma, não será respeitado. Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 f Que variedade da língua portuguesa será usada pelo narrador? Se o índio e o narrador falarem de modos muito diferentes, corre-se o risco de o índio parecer inferior ao narrador. Escreva, no caderno, um e-mail de resposta com suas sugestões para esse novo escritor. Respostas pessoais, mas considere que essas preocupações ainda são importantes para a estética brasileira contemporânea. Contudo, acolha as diferentes respostas verificando a coerência das explicações dadas. 3. O índio de Alencar é como cavaleiro medieval, fala o português-padrão. As palavras de Peri, em O Guarani, são ditas com uma pronúncia doce e sonora que impressiona. Pense nisso enquanto lê o trecho do romance a seguir. [...] O índio ficou um momento indeciso; mas de repente sua fisionomia expandiu-se. Cortou a haste de um íris que se balançava ao sopro da aragem e apresentou a flor à menina. – Escuta, disse ele. Os velhos da tribo ouviram de seus pais que a alma do homem quando sai do corpo se esconde numa flor e fica ali até que a ave do céu vem buscá-la e a leva ali, bem longe. É por isso que tu vês o guanumbi saltando de flor em flor, beijando uma, beijando outra, e depois batendo as asas e fugindo. Cecília, habituada à linguagem poética do selvagem, esperava a última palavra que devia fazê-la compreender o seu pensamento. O índio continuou: – Peri não leva a sua alma no corpo, deixa-a nesta flor. Tu não ficas só. A menina sorriu e tomando a flor escondeu-a no seio. – Ela me acompanhará. Vai, meu irmão, e volta logo. – Peri não se afastará; se tu o chamares, ele ouvirá. – E me responderás, sim?... para que eu te sinta perto de mim... O índio, antes de partir, circulou a alguma distância o lugar onde se achava Cecília, de uma corda de pequenas fogueiras feitas de louro, de canela, urataí e outras árvores aromáticas. [...] ALENCAR, José de. O guarani. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_ action=&co_obra=1843>. Acesso em: 30 maio 2013. 59 Discussão oral 1. Em dupla ou trio, comparem a personagem Peri, em O Guarani, com Fabiano, em Vidas secas. Lembrem-se de que, na maior parte das vezes, os homens simples que vivem fora das áreas urbanas – seja o índio, seja o sertanejo – não têm uma linguagem elaborada. O escritor de literatura, no entanto, procura construir arte por meio da linguagem. Isso, de fato, cria um impasse. Na discussão, sigam o seguinte roteiro: Como se relacionam as personagens com a linguagem? Qual delas parece mais verossímil? Por quê? Qual das personagens impressiona mais a vocês, como leitores? Por quê? Que outras diferenças e semelhanças com relação ao uso da linguagem vocês encontram entre as personagens? Espera-se que os alunos observem que Peri domina melhor a linguagem do que Fabiano. 2. Discutam, em classe, os diferentes pontos de vista. A seguir, elaborem, no caderno, um texto que traduza o pensamento de vocês com base nessa discussão. Elabore um texto coletivo. Durante esse processo, comente a relação entre leitor e personagem, base de organização do texto. Produção da versão final do texto expositivo 1. Redijam, em uma folha separada, a versão final do texto expositivo sobre o tema O Modernismo brasileiro na primeira metade do século XX, incorporando também as informações do texto elaborado na questão anterior, feito em dupla ou trio, bem como considerações importantes que surgiram na discussão posterior. Retome as orientações anteriores. 2. Releiam a versão final do texto produzido por vocês para verificar se os critérios indicados a seguir foram respeitados. Depois, entreguem o texto para outra dupla, que deve fazer a leitura com base nesses mesmos critérios. Oriente os alunos a lerem com atenção os textos de seus colegas, com base nos critérios indicados no quadro. 3. Entreguem o texto para análise do professor, cuja leitura contemplará esses mesmos critérios: Minha opinião Critérios Adequação entre título e texto Presença de contextualização Uso adequado da norma-padrão da língua portuguesa Informação apropriada e suficiente Exemplos esclarecedores 60 Está o.k. Precisa melhorar Opinião do professor Está o.k. Precisa melhorar Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 Antes de os alunos começarem a escrever a versão final, explique os critérios, apresentados no quadro. solve esse impasse? Por quê? Responda no caderno. Resposta pessoal, mas verifique a coerência no texto dos alu- Resolvendo o Enem nos e se eles consultaram, para a elaboração da resposta, o comentário que segue a questão. Embora isso não pareça a) Quando o escritor de literatura se põe a falar do homem simples e sofrido que vive nos campos, tem de enfrentar um problema: não fazer da sua personagem um ser esquisito, um objeto exótico e folclórico. Em sua opinião, a proposta de relação entre o narrador e a personagem em Vidas secas, de Graciliano Ramos, re- apropriado, revela o desejo de acertar. É importante valorizar, então, não o correto, mas o coerente e original. b) Apresente agora o segundo texto da questão do Enem. Peça-lhes que leiam o que pensa o estudioso Luís Bueno, comparando com a resposta dada por eles à questão anterior. Para Graciliano, o roceiro pobre é um outro, enigmático, impermeável. Não há solução fácil para uma tentativa de incorporação dessa figura no campo da ficção. É lidando com o impasse, ao invés de fáceis soluções, que Graciliano vai criar Vidas secas, elaborando uma linguagem, uma estrutura romanesca, uma constituição de narrador em que narrador e criaturas se tocam, mas não se identificam. Em grande medida, o debate acontece porque, para a intelectualidade brasileira naquele momento, o pobre, a despeito de aparecer idealizado em certos aspectos, ainda é visto como um ser humano de segunda categoria, simples demais, incapaz de ter pensamentos demasiadamente complexos. O que Vidas secas faz é, com pretenso não envolvimento da voz que controla a narrativa, dar conta de uma riqueza humana de que essas pessoas seriam plenamente capazes. CAMARGO, Luis Gonçalves Bueno de. Guimarães, Clarice e antes. In: Teresa. Revista de Literatura Brasileira. São Paulo, v. 2, p. 254, 2001. Resposta pessoal, porém aproveite para provocar a reflexão dos alunos sobre a diferença entre erudição e sensibilidade, ampliando as questões de Vidas secas à percepção singular dos alunos acerca da realidade. Peça novamente uma visão geral do texto e, depois, juntos, sublinhem as palavras que levantam dúvidas e recorram ao dicionário em busca de seu significado. Relacione esse novo conhecimento com o sentido básico do primeiro comentário feito. Agora introduza as questões do Enem. c) A partir das informações que você obteve sobre o romance Vidas secas e da leitura do texto de Luís Bueno, avalie as seguintes afirmativas, relativas às concepções artísticas do romance social de 1930. Questão 1 I. o pobre, antes tratado de forma exótica e folclórica pelo regionalismo pitoresco, transforma-se em protagonista privilegiado do romance social de 30. 61 II. a incorporação do pobre e de outros marginalizados indica a tendência da ficção brasileira da década de 30 de tentar superar a grande distância entre o intelectual e as camadas populares. III. Graciliano Ramos e os demais autores da década de 30 conseguiram, com suas obras, modificar a posição social do sertanejo na realidade nacional. É correto apenas o que se afirma em: a) I. e) linguagem regionalista, para transmitir informações sobre literatura, valendo-se de coloquialismo, para facilitar o entendimento do texto. Para você, professor! É possível que alguns alunos já tenham esquecido o primeiro texto de Vidas secas. Se for necessário, retome-o. Incentive a leitura integral de Vidas secas! Comente a importância de sua leitura para a construção de nossa identidade cultural. b) II. c) III. d) I e II. e) II e III. Questão 2 No texto de Luís Bueno, verifica-se que [Graciliano Ramos] utiliza: a) linguagem predominantemente formal, para problematizar, na composição de Vidas secas, a relação entre o escritor e o personagem popular. b) linguagem inovadora, visto que, sem abandonar a linguagem formal, dirige-se diretamente ao leitor. c) linguagem coloquial, para narrar coerentemente uma história que apresenta o roceiro pobre de forma pitoresca. d) linguagem formal com recursos retóricos próprios do texto literário em prosa, para analisar determinado momento da literatura brasileira. 62 O que pensar dos exames de acesso ao Ensino Superior? Como essas duas questões do Enem exemplificam, os vestibulares e outros exames dão muita importância à competência de ler e compreender o que se lê e, nesse processo de compreensão, conseguir relacionar os conhecimentos de linguagem e de literatura. Assim, ao resolver esses exercícios com muita atenção, você está também se preparando para futuros desafios. 1. Retornemos uma última vez ao trecho de Vidas secas que já consideramos. Agora Fabiano conseguia arranjar as ideias. O que o segurava era a família. Vivia preso como um novilho amarrado ao mourão, suportando ferro quente. Se não fosse isso, um soldado amarelo não lhe pisava o pé não. [...] Tinha aqueles cambões pendurados ao pescoço. Deveria continuar a arrastá-los? Sinha Vitória dormia mal na cama de Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 varas. Os meninos eram uns brutos, como o pai. Quando crescessem, guardariam as reses de um patrão invisível, seriam pisados, maltratados, machucados por um soldado amarelo. RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 119. ed. Rio de Janeiro: Record, 2012. p. 37. Analise com os alunos a extensão dos períodos. Inicialmente, verifique se é necessário recapitular os conceitos de período, frase e oração. Sobre a extensão dos períodos, observe: Estruturar um período é também pensar na sua extensão. Isso significa observar o número de orações que fazem parte do período, bem como a extensão de cada uma delas e até dos seus termos constitutivos. Todo texto ganha ritmo ao passo que se combinam segmentos mais breves ou mais longos. O maior beneficiado é o leitor (ou ouvinte) que se envolve mais facilmente com o texto. facilite o tom de voz e a articulação das palavras. 2. Que valores são reforçados, pela extensão dos períodos, no trecho a seguir de Vidas secas? Responda no caderno. Olhou a catinga amarela, que o poente avermelhava. Se a seca chegasse, não ficaria planta verde. Arrepiou-se. Chegaria, naturalmente. Sempre tinha sido assim, desde que ele se entendera. E antes de se entender, antes de nascer, sucedera o mesmo – anos bons misturados com anos ruins. A desgraça estava em caminho, talvez andasse perto. Nem valia a pena trabalhar. RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 119. ed. Rio de Janeiro: Record, 2012. p. 23-24. O sentido é o mesmo em toda a obra: acompanhar o ritmo do pensamento fragmentado de Fabiano. É como se o leitor estivesse caminhando junto aos pensamentos que surgem na personagem, aos pedaços, meio desconexos, sem uma clara Depois de explicar o valor estilístico dos períodos curtos em Vidas secas, solicite que resolvam o exercício. Responda no caderno: a) Nesse trecho, há predominância de períodos curtos ou longos? No texto há predomínio de períodos curtos. subordinação das ideias. 3. Identifique, na literatura brasileira, outra obra em prosa que tenha preocupações regionalistas. Pesquise informações sobre ela, anotando no caderno: obra; autor; data da primeira publicação; personagens principais; espaço e tempo da narrativa; e as ações principais do enredo. Verifique se os alunos tiveram dificuldades para elaborar a b) Que valor expressivo a extensão dos períodos reforça no texto? Reproduz o ritmo do pensamento fragmentado da personagem Fabiano. É como se o leitor estivesse acompanhando o ritmo dos seus pensamentos que surgem aos pedaços, meio desconexos, sem subordinação das ideias. pesquisa. Analise também como essa pesquisa foi feita. 4. Orientado pelo professor, resolva exercícios selecionados do livro didático sobre o tema da primeira e segunda geração do Modernismo brasileiro e regionalismo literário. O livro didático deve fornecer respostas às questões escolhidas. Dois ou três alunos devem ler, repetidamente, o texto a seguir em voz alta. Incentive uma atitude adequada durante a leitura, que 5. Discuta, em classe, no que esta Situação de Aprendizagem foi importante para o de- 63 senvolvimento de habilidades que melhorem sua vida pessoal, cultural e profissional. Identifique conteúdos que possam ser explicados novamente, por não terem sido ainda bem compreendidos. d) Joana tinha que voltar antes do jantar para a casa de seus tios. e) Quando comprei esse carro, não imaginava tantas confusões. Acompanhe a discussão e observe quais assuntos foram mal compreendidos para, então, retomá-los. Recapitulação do aprendizado da 2a série do Ensino Médio 1. Divida os períodos a seguir em orações. Destaque os verbos ou as locuções verbais e marque os conectores. Siga o modelo: Começou a circular o Expresso 2222,/ que parte direto de Bonsucesso pra depois. (Gilberto Gil) a) Perguntei por Ana e fico sabendo que ela não mora mais no Brasil. b) Vivia preso como um novilho amarrado ao mourão, suportando ferro quente. (Graciliano Ramos) c) Sei apenas que só posso ser feliz ao seu lado. 2. Identifique se os períodos a seguir são reunidos por coordenação ou por subordinação: a) Todos se dizem interessados, mas só poucos se esforçam. Coordenação (adversativa). b) Não faça barulho se você chegar tarde. Subordinação (condicional). c) Talvez ela entenda que me deve uma satisfação. Subordinação (objetiva direta). d) Fiz a tarefa de casa e fui brincar. Coordenação (aditiva). e) Viajaremos de madrugada, como todos já sabem. Subordinação (conformativa). SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 6 ELABORANDO UM PROJETO DE DISSERTAÇÃO O objetivo desta Situação de Aprendizagem é ensinar os alunos a elaborar um projeto de texto dissertativo tendo em vista os exames de acesso ao Ensino Superior. Além disso, consideraremos a estrutura do gênero dissertativo-argumentativo e outros elementos de construção da textualidade. Conteúdos e temas: estrutura sintática e construção da tese; texto argumentativo: dissertação escolar; estruturação da atividade escrita: planejamento. Competências e habilidades: comparar as características de diferentes gêneros na apresentação de um mesmo tema; formular opinião adequada sobre determinado fato social; determinar categorias pertinentes para a análise e interpretação do texto literário; inferir o sentido de palavras ou expressões considerando o seu contexto. 64 Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 Sugestão de estratégias: aula interativa, com a participação dialógica dos alunos, com a preparação e conhecimento de conteúdos e estratégias por parte do professor; discussão e sistematização dos temas discutidos. Sugestão de recursos: livro didático; dicionário de língua portuguesa; discussão oral. Sugestão de avaliação: produção de projeto de texto dissertativo-argumentativo; resolução de exercícios e situações-problema. Sondagem Pergunte aos alunos quem planeja fazer faculdade para dar continuidade aos seus estudos no futuro imediato, assim que terminar o Ensino Médio, e quem pretende fazer no futuro próximo, dando uma pausa nos estudos. Mostre genuíno interesse em ouvir o que dizem os alunos. Queira saber que cursos pretendem fazer e por quê. Pergunte sobre onde pretendem estudar e por quê. Pergunte-lhes também se têm medo do vestibular. E do Enem? tábeis, Ciência da Computação, Geofísica, Meteorologia, Ciências Aeronáuticas etc.; f ciências biológicas: Biotecnologia, Ecologia, Farmácia, Medicina, Medicina Veterinária, Nutrição, Oceanografia, Odontologia, Zootecnia etc.; f ciências agrárias: Agronomia, Ecologia, Engenharia de Horticultura; f artes: Cinema e Vídeo, Artes Plásticas, Artes Cênicas, Audiovisual, Multimídia etc. Responda no caderno: Qual área e profissão você gostaria de seguir? Por quê? Esse é um questionamento de sondagem, para que novos textos ou encaminhamentos possam ser dados, com o objetivo Ao final, explique que esta Situação de Aprendizagem tem como foco principal os exames de acesso ao Ensino Superior. Para tanto, você pode utilizar a atividade a seguir. Roteiro para aplicação da Situação de Aprendizagem 6 Tipologia textual: a argumentação f Estrutura sintática e a construção da tese As profissões que exigem uma formação específica no chamado Ensino Superior, depois de concluído o Ensino Médio, são divididas em áreas, como a seguir: Conceituar tese a partir de sua estrutura sintática. f ciências humanas e sociais: Administração, Arquitetura e Urbanismo, Ciências Sociais, Direito, Gastronomia, Publicidade e Propaganda, Licenciaturas em geral, Psicologia, Turismo etc.; f engenharias: Ambiental, Elétrica, Civil, Mecânica, Naval, de Alimentos, de Agricultura, de Petróleo e Gás, da Computação, Biomédica etc.; f ciências exatas: Astronomia, Ciências Con- Estudar as características do texto dissertativo escolar visando aos exames de acesso de Ensino Superior. de abordar profissões ou áreas de interesse dos estudantes. f Texto argumentativo: dissertação escolar f Estruturação da atividade escrita: planejamento Considerar a importância e o método do planejamento das atividades escritas, em particular do texto dissertativo escolar. 65 Continuaremos tratando dos exames de acesso ao Ensino Superior. Desta vez, concentraremo-nos na redação, em particular no texto dissertativo escolar, aquele que é pedido em tais exames. II. 1. Relacione as frases-síntese com os parágrafos do texto a seguir. Observe que uma frase vai sobrar. III. animais e plantas apresentam a capacidade de comunicação. a linguagem verbal humana representa uma capacidade de comunicação muito IV. a comunicação faz parte do processo da vida dos seres humanos. I. superior às demais encontradas na natureza. a invenção da escrita é um dos maiores marcos da história da humanidade. Comunicação é vida ( IV ) A comunicação faz parte do processo da vida. Quando nascemos, mesmo antes de começarmos a falar, já nos comunicamos com nossos pais. Apenas pelo choro da criança, uma mãe pode identificar quais são suas necessidades, se ela está com sono, fome ou alguma dor. Para cada necessidade, há um choro diferente. Pelas expressões, gestos e sons emitidos pela criança, a mãe sabe se ela está bem ou não. ( III ) Podemos nos comunicar com animais, ensiná-los, conhecer suas emoções, saber se estão alegres ou agressivos. Também podemos observar a comunicação entre eles, os sons que emitem, os sinais físicos de que se utilizam para ameaçar ou se proteger, reproduzir, marcar e proteger um território. Até uma planta pode emitir sinais que alcançam outras plantas por meio de elementos químicos que liberam no ar. ( I ) O ser humano, contudo, por meio da fala, da linguagem verbal, desenvolveu uma capacidade de comunicação bem mais complexa do que aquela que encontramos no resto da natureza. PAIS, Paulo Marcelo Vieira. Tecnologias de comunicação e informação: presença constante em nossas vidas. In: MURRIE, Zuleika de Felice (Coord.). Linguagens, códigos e suas tecnologias: livro do estudante: Ensino Médio. Brasília: MEC/Inep, 2006. p. 157. 2. Leia o artigo de opinião a seguir. Procure identificar a tese e os argumentos que o constituem. A leitura e a cidadania Ler, hoje em dia, tornou-se uma forma essencial de nos constituirmos como parte da sociedade, como cidadãos. Em todos os lugares, é necessário ler e, portanto, interpretar algo. A necessidade de desvendar caracteres, letreiros, números faz que passemos a olhar, a questionar, a buscar decifrar o desconhecido para atender às diferentes facetas de nossa vida. A necessidade de ler transforma o nosso olhar e esse novo olhar que a leitura desenvolve é uma forma nova e melhor de ser cidadão. Uma vez que nos tornamos leitores da palavra, invariavelmente, leremos o mundo sob a influência dela. Isso ocorre de modo consciente ou não. Em nossa sociedade letrada, mundo e palavra estão de 66 Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 tal modo associados que é impossível separá-los. Ler a palavra é também ler o mundo e passar a vê-lo de outro modo. Mas ler é uma prática que não se reduz às palavras. Antes mesmo de ler a palavra, já lemos o universo que nos permeia: um cartaz, uma imagem, um som, um olhar, um gesto. São muitas as razões para a leitura. Todas elas permitem que tenhamos uma melhor experiência de cidadania. Cada leitor tem a sua maneira de perceber e de atribuir significado ao que lê, mas a leitura é essencial para vivermos bem em sociedade. Elaborado por José Luís Landeira especialmente para o São Paulo faz escola. Qual é a tese (posição do enunciador) defendida no texto?: a) a leitura melhora nossa experiência de cidadania. Um gênero argumentativo: a dissertação escolar 1. A seguir, você examinará alguns enunciados extraídos de vestibulares. Identifique o que há em comum entre eles e anote no caderno. b) a leitura é importante. c) as pessoas que não leem são ignorantes. d) todos aqueles que leem muito se tornam ricos e bem-sucedidos financeiramente. Primeiro, temos de compreender como funciona o processo de realização desse gênero textual. Apresente estes enunciados aos alunos: como “A necessidade social de ler, quando atendida, trans- f Redija uma dissertação, a tinta, desenvolvendo um tema presente nos textos a seguir. f (Enem – 1998) Com base nas ideias presentes nos textos acima, redija uma dissertação sobre o tema. f (Vunesp – 2007) Baseando-se em sua experiência, nos textos literários mencionados e no texto jornalístico a seguir, escreva uma redação, no gênero dissertativo, sobre o seguinte tema. forma o nosso modo de ver o mundo”. Já do segundo, po- Os três enunciados pedem uma dissertação com base em demos esperar algo como “A leitura da palavra modifica o textos lidos anteriormente pelo candidato. 3. Em um texto argumentativo, o autor procura convencer os leitores, com argumentos, de que sua tese é correta. Identifique, no artigo de opinão que leu, um argumento usado para defender a ideia expressa na tese e explique, no caderno, como ele atende ao objetivo do autor. Várias possibilidades de resposta: do primeiro parágrafo, algo modo como vemos o mundo”. 4. Tome uma posição para cada tema a seguir e, no caderno, elabore uma tese que esclareça sua posição para possíveis leitores: violência; aborto; sexo; leitura; política; pena de morte; imprensa. Verifique a coerência das respostas dadas e se os alunos apli- Elaborar textos dissertativos exige, de partida, dois conhecimentos básicos: a) Conhecer o gênero dissertativo; b) Saber interpretar adequadamente os textos-base. cam adequadamente o conceito estudado, ou seja, se explicitam a proposição que querem desenvolver ou provar e se tomam uma posição clara diante dela. 2. Orientados por você, professor, e com base nos conhecimentos adquiridos, peça-lhes 67 que procurem definir, com suas palavras, o conceito de dissertação escolar como gênero dissertativo. As anotações devem ser feitas no caderno. f política; f pena de morte; f imprensa. Espera-se que os alunos considerem que o gênero disserta- Deixe claro a seus alunos que, para uma afirmação ser polêmica, ela deve permitir a sua negação, ou seja, ela poderá ser negada pelo seu interlocutor. Por esse mesmo motivo é que não podemos considerar a afirmação “A violência das cidades” como uma tese, pois não é possível encontrar a sua negativa. Negando “A violência das cidades”, encontramos algo como “a não violência das cidades”, o que não nos permite a construção clara de sentido. tivo-argumentativo refere-se a textos que, além de trazerem informações e explicações sobre determinado assunto, expõem o posicionamento do autor e o uso de argumentos no sentido de persuadir o interlocutor de que tal posicionamento é o correto. Explique para a classe a seguinte questão: O que é um texto argumentativo? O que as instituições de Ensino Superior compreendem como “texto argumentativo” é aquele no qual se expõe um tema, defendendo uma ideia central. Para isso, é necessário ter uma posição definida sobre o assunto tratado, criando uma tese que se defenderá ao longo do texto. Diante de um tema amplo – por exemplo, o trabalho –, temos necessidade de fazer um recorte a fim de que nosso texto tenha um objetivo. Não podemos falar tudo sobre o trabalho, temos de escolher sobre o que vamos falar. Então, temos de fazer uma afirmação a respeito desse recorte do tema, e essa afirmação deve provocar polêmica no grupo que desejamos que leia o nosso texto. Ou seja, dificilmente a afirmação “o trabalho é algo importante” seria uma tese válida de um texto argumentativo, visto que afirmar isso não levantaria polêmica na grande maioria dos leitores de nossa sociedade. Assim, a partir de certos temas amplos, como os listados a seguir, peça a seus alunos que elaborem possíveis teses para serem desenvolvidas: f f f f 68 violência; aborto; sexo; leitura; Mas seria uma afirmação válida se disséssemos: “A violência das cidades leva a sérios problemas familiares”. A frase pode ser facilmente negada – “A violência das cidades não leva a sérios problemas familiares” – e é suficientemente polêmica em muitos círculos escolares de leitura, espaço onde circula a dissertação escolar, gênero de que estamos tratando. Recomendamos que as teses sigam a fórmula sintática e inserimos algumas atividades focadas nessa temática: sujeito + verbo (ou locução verbal) + complementos ou predicativos. f complementos: objeto direto, indireto e complementos adverbiais; f predicativos: predicativo do sujeito ou do objeto. 1. Identifique os itens cujas frases mantêm a seguinte estrutura: Sujeito + verbo (ou locução verbal) + complementos ou predicativos a) A comunicação faz parte do processo da vida. Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 b) Podemos nos comunicar com animais. “problemas familiares” devem ser esclarecidas. c) Apenas pelo choro da criança. Preparando o caminho para o texto d) Uma mãe pode identificar as necessidades de uma criança. e) Faz parte do processo. f) Comunicação é vida. 2. Elabore, no caderno, um argumento para justificar as teses a seguir. Siga o modelo. Tese: Boa saúde depende também de bons amigos. Argumento: bons amigos melhoram nosso humor, o que nos traz melhor saúde. a) Tese: Desenvolver a leitura amplia a nossa qualidade de vida. b) Tese: Os vícios corrompem a dignidade humana. A afirmação: “A violência das cidades conduz a sérios problemas familiares” tem como palavras-chave “violência” e “problemas familiares”. Em um texto argumentativo, como uma dissertação escolar para um exame de vestibular, não poderíamos deixar essas duas palavras sem esclarecimentos. Um dos modos de esclarecer palavras é dar definições para elas; outro é estabelecer, em um tema amplo (problemas familiares, por exemplo), quais aspectos ou situações serão discutidos. 1. Responda às questões no caderno: a) Cite os tipos de violência que você conhece. Sugestão de respostas: violência armada, de rua, física, verbal. b) Que diferentes problemas familiares são comuns na comunidade em que mora? Sugestão de respostas: brigas, agressão física, imoralidade, c) Tese: Todos devem se preocupar com sua formação cultural. d) Tese: O lazer diminui o estresse. Resposta pessoal, porém verifique a coerência das respostas dadas e se os alunos aplicam adequadamente o conceito estudado: justificativa lógica de algo que se deseja comprovar. A seguir, temos de desenvolver procedimentos argumentativos. O que é isso? São os recursos utilizados por quem escreve visando a que o leitor acredite na tese que o texto está defendendo, sentindo-se motivado a fazer o que se propõe. Um deles é esclarecer o sentido das palavras-chave da tese. Pensemos em “A violência das cidades conduz a sérios problemas familiares”. As palavras-chave “violência” e casos extremos noticiados pela mídia. Sobre “violência”, temos que delimitar o seu sentido; para isso, pensemos: O que é violência em nosso texto? Apenas a violência armada na rua? A agressão física familiar também será considerada violência? E o que dizer dos insultos e de outras formas de violência verbal? A mesma tarefa deve ser desenvolvida para “problemas familiares”: Que sentido desejaremos dar a essas palavras no texto? Brigas? Agressão física? Imoralidade? Casos extremos noticiados pela mídia? Isso tudo deve ficar bem claro para quem vai escrever antes de começar o texto, para que mantenha coerência em todo o desenvolvimento e coesão entre os argumentos apresentados e a tese defendida. 69 No entanto, o principal procedimento argumentativo é encontrar argumentos que sustentem a tese. TRIMMMMMMMMMMMM Heloísa: Alô! Como encontrar os argumentos? Perguntando “por quê?” para a tese. Por exemplo: “A violência das cidades conduz a sérios problemas familiares.” Por quê? As respostas encontradas funcionam como argumentos, que deverão ser desenvolvidos no texto dissertativo solicitado. Pedro: Oi, Helô, tô precisando de você, gata! Seguinte: vou escrever um artigo de opinião com a tese A imprensa deve ser responsável ao transmitir informações. O que você acha da ideia? Heloísa: A argumentação é um processo textual que exige organização: os argumentos devem se encadear uns aos outros, dando ao leitor a sensação de unidade. Uma excelente ideia pode ser perdida se não soubermos organizar os argumentos ou se estes forem fracos. 2. Pedro é estagiário em um importante jornal do Estado de São Paulo. Quando um dos redatores do caderno dirigido aos jovens e adolescentes fica repentinamente doente, Pedro é convidado a fazer um artigo de opinião sobre o tema imprensa. Entusiasmado, logo pensa na seguinte tese: A imprensa deve ser responsável ao transmitir informações. Entretanto, antes de escrever, ele precisa organizar as ideias que vai usar na construção de seu texto. O primeiro passo é definir de modo claro as palavras-chave de sua tese. Por exemplo, o conceito de responsabilidade muda muito de pessoa para pessoa, e Pedro necessita ter bem claro com qual sentido essa palavra aparecerá no texto. Ele não quer errar e resolve telefonar para Heloísa, sua amiga e também jornalista: a) leia o diálogo de Pedro e Heloísa no texto a seguir e o complete, tomando o lugar de Heloísa e dando as respostas que ela daria. 70 Pedro: Então, o problema é o seguinte, gata, como você acha que eu tenho de delimitar as palavras-chave? Ou seja, o que deve ser, no meu texto, responsabilidade? De que imprensa você acha que eu devo falar? E informações: Devo falar de todas as informações ou só de algumas? Quais? Puxa! Estou superatrapalhado. Você me ajuda? Heloísa: Pedro: Olha, Helô, muito obrigado, tá? Fico devendo mais essa pra você! Mas, se eu precisar de mais alguma coisa, volto a te ligar, ok? As linhas gerais das respostas de Heloísa devem ser: 1: Considera a ideia pertinente. 2: As palavras-chave são: “imprensa”, “transmitir informações”, “responsável”. b) Uma vez resolvida a questão das palavras-chave, Pedro precisa agora criar alguns argumentos para defender sua tese. Depois de muito pensar, ele opta por três argumentos que lhe parecem bons: f as informações da imprensa são o principal instrumento de manutenção da democracia; Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 f a sociedade precisa conhecer a verdade dos fatos; f acontecimentos importantes para a nação não podem ser tratados como uma simples distração. de Pedro se dirige a um tipo muito especial de leitor e é pensando nesse leitor que decidimos se os argumentos são bons ou não. Resposta pessoal, mas é preciso verificar se a resposta de Heloísa estará coerente com o público leitor, constituído de jovens e adolescentes. Ele escreve, então, um e-mail para sua amiga Heloísa apresentando-lhe os argumentos e pedindo a ela uma opinião. E o termina com as seguintes palavras: “Me diz logo se vc gostou dos argumentos que bolei e p q, ok?”. Agora, escreva no caderno a resposta de Heloísa com sua opinião sobre a qualidade dos argumentos. Leve em conta que o texto c) Pedro decide elaborar um projeto que o ajude a visualizar seu texto. O problema, agora, é dar hierarquia aos argumentos, ou seja, decidir qual deles é o mais importante e qual o menos importante. Complete o quadro a seguir, tomando as decisões no lugar de Pedro. Projeto de texto Tema Imprensa. Tese A imprensa deve ser responsável ao transmitir informações. Termos que vou definir no texto Responsabilidade. Argumento principal As informações de imprensa são o principal instrumento de manutenção da democracia. Argumento secundário Acontecimentos importantes não podem ser tratados como uma simples distração. Argumento terciário A sociedade precisa ser informada sobre os fatos. d) No caderno, justifique as escolhas que fez no exercício anterior. ções”, mas principalmente o que entendemos por “respon- c) e d). Ao analisar os projetos dos alunos, considere o que soa para pessoa e precisamos ter bem claro com que sentido nos informa sobre esse tema o Caderno do Professor. usaremos esse termo em nosso texto. Imaginemos a seguinte tese: “A imprensa deve ser responsável ao transmitir informações.” Primeiro, devemos esclarecer Tendo claro o sentido que essas três palavras-chave terão em o que entendemos por “imprensa” e “transmitir informa- passo. sável”. O conceito de responsabilidade difere muito de pes- nosso texto dissertativo, é hora de avançar para o próximo 71 Levantar uma série possível de argumentos. Vale a pena lem- -los em ordem crescente de importância. brar que um texto dissertativo escolar deve ter entre dois e O argumento que consideramos mais importante para de- quatro bons argumentos. Eis alguns exemplos: fender a nossa tese será o último a ser considerado na elabo- tBTJOGPSNBÎÜFTEBJNQSFOTBTÍPPQSJODJQBMJOTUSVNFOUPEF ração do texto, pois ele fica sempre para o final. manutenção da democracia; Se, de imediato, apresentarmos o nosso melhor argumento tBTPDJFEBEFQSFDJTBTFSJOGPSNBEBTPCSFPTGBUPT e ele não convencer, de que adiantará oferecer os outros ao tBDPOUFDJNFOUPTJNQPSUBOUFTQBSBBOBÎÍPOÍPQPEFNTFS tratados como uma simples distração. leitor? Claro que aquilo que consideramos “melhor argumento” depende de nossa intencionalidade comunicativa: A Agora, vamos hierarquizar esses argumentos, ou seja, colocá- quem se dirige o texto? 1. Associe a ideia presente no grupo de expressões a cada item: a) concordar ( c ) certamente, sem dúvida alguma, sabe-se bem que, é evidente que b) duvidar ( a ) não é difícil concordar com, concordamos com, não é fácil negar que c) dar certeza ( b ) talvez, é possível que, é provável que, não há garantias de que d) alternar ( d ) por um lado... por outro lado, estabelecer relações entre ... e ..., sob outra perspectiva 2. Complete o texto a seguir com os conectores que faltam. Encontre-os no caça-palavras. Q U A A X C X V R C A A S D V R D E V P A R A Q U E C F G F O C A R E T C B S J D G F K I I T Z C L A A E B J M A S M F G T C A E U U R S C F T Y H G Z E T I T I P J O P L G D E T E A Q V C D C X R T E C O M O A Z C B R E S W N F U C D R T D E R A S S W B T P O R U Q E A T A E N T O A W E U E T A Q W V B F E I P O M A M P A Q R A T Q E U R T C M O P O R T A N T O C Eu amo você, língua portuguesa Às vezes me sinto feliz e expresso minha felicidade ao seu lado, companheira amiga, mistério que estou sempre descobrindo. A felicidade tem corpo e cor e pulsa no meu coração e corre a se encontrar 72 Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 então porque com você, (1) __________ a felicidade vira palavra e eu sofro um pouco (2) __________ não sei qual a melhor palavra para expressar o que sinto... Alegria? Contentamento? Entusiasmo? Certos momentos, você sabe, inunda-me uma tristeza sem fim. Mar cheio de ondas, covas profundas de dor e melancolia, então eu olho ao redor e vejo-me tão só, tão só que nem palavras tenho. (3) Mas __________ até nessa angústia completa sinto a necessidade de que você esteja por perto. É a primei- ra coisa que procuro: nomear a minha dor. Em outro momento estou inventivo e encontro mil planos para melhorar o mundo, para fazer a para que vida dos outros mais feliz, para resolver todos os problemas, (4) __________ todos se sintam mais completos e verdadeiros. Nessas horas, também você está em mim e eu mergulho nas suas entranhas e tento levá-la, a sua riqueza, até o outro que me escuta. Às vezes é tão difícil! como Faltam exércitos de grandes pensadores, (5) __________ existem na língua inglesa ou francesa. Faltam muitos poetas, filósofos, sábios, cientistas pensando em português. Expressar raciocínios mais elaborados em português é um verdadeiro desafio. É preciso ter paciência... Você é um diamante, que vai ganhando brilho na lapidação de sua história. História de amor, que você faz com os que aprenderam a amar o seu idioma nas dificuldades de quem você é e de quem nós somos. Assim eu amo e amar é dizer que se ama e eu amo em português. Não consigo me ima(6) __________ ginar dizendo I love you para o ser amado e isso ter o mesmo gosto, a mesma sensação boa de amor portanto que é dizer, mesmo com erro gramatical: “Eu te amo, (7) __________ você é o meu amor!”. E é isso que digo agora, minha língua mãe, em que aprendi a ser quem sou: eu te amo, você é o meu amor. Elaborado por José Luís Landeira e João Henrique Mateos especialmente para o São Paulo faz escola. A leitura para construir a argumentação Discussão oral 1. Recapitule oralmente: O que você lembra sobre a obra Vidas secas, de Graciliano Ramos, trabalhada na Situação de Aprendizagem anterior? Use esta discussão para recapitular a Situação de Aprendizagem anterior. 2. Qual é a função social de um poema, isto é, por que as pessoas leem poesia? Espera-se que os alunos compreendam que a poesia pode tanto entreter como construir nossa identidade como ser psíquico e social. Observe que, até agora, não falamos do papel da leitura dos textos para a construção do texto argumentativo. Propomos, no entanto, atividades que tomem como base alguns textos a fim de que os alunos possam extrair deles o tema e, a partir daí, elaborar um projeto de texto dissertativo. Sugerimos os textos a seguir. 73 Ao ler o poema a seguir, procure identificar a crítica presente nele. Observe, por exemplo, como pode ficar caro, em termos humanos, um momento aparentemente tão simples e prazeroso como tomar um café de manhã. O açúcar O branco açúcar que adoçará meu café nesta manhã de Ipanema não foi produzido por mim nem surgiu dentro do açucareiro por [milagre. Vejo-o puro e afável ao paladar como beijo de moça, água na pele, flor que se dissolve na boca. Mas este açúcar não foi feito por mim. Este açúcar veio da mercearia da esquina e tampouco o fez [o Oliveira, dono da mercearia. 1. No caderno, escreva as ideias do poema que considerou mais importantes. Este açúcar veio de uma usina de açúcar em Pernambuco ou no Estado do Rio e tampouco o fez o dono da usina. Este açúcar era cana e veio dos canaviais extensos que não nascem por acaso no regaço do vale. Em lugares distantes, onde não há hospital nem escola, homens que não sabem ler e morrem aos vinte e sete anos plantaram e colheram a cana que viraria açúcar. Em usinas escuras, homens de vida amarga e dura produziram este açúcar branco e puro com que adoço meu café esta manhã em [Ipanema. GULLAR, Ferreira. Toda poesia. Rio de Janeiro: José Olympio, 2006. a) biológico, destacando a necessidade do açúcar para uma boa saúde. Identifique quais as dificuldades enfrentadas pelos alunos para compreender o poema e, se for o caso, retome as ideias mais importantes. 2. No primeiro verso, Ferreira Gullar usa o adjetivo branco antes do substantivo açúcar: “O branco açúcar que adoçará meu café”. O poeta, entretanto, poderia ter formulado esse verso da forma mais comum, sem o adjetivo. Ao usar o termo branco, o poema reforça um valor: b) afetivo, atribuindo-lhe inocência e luminosidade. c) intelectual, caracterizando o açúcar que, sendo um substantivo, deve aparecer sempre com um adjetivo. d) histórico, observando sua importância no mundo globalizado e consumista. 3. Observe: 74 Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 Em usinas escuras, homens de vida amarga e dura produziram este açúcar branco e puro com que adoço meu café esta manhã em [Ipanema O branco muitas vezes está associado à pureza e à inocência. O gesto de adoçar o café parece inocente e sofisticado, sobretudo se pensarmos que é realizado numa bela manhã no bairro elegante de Ipanema, no Rio de Janeiro. Para você, professor! Relacione a proposta textual de Ferreira Gullar com a de Graciliano Ramos: observe que os dois são nomes importantes do que se chama de “literatura engajada”, ou seja, aquela que visa a defender um posicionamento político-social de denúncia e de conscientização do leitor. O escuro é associado ao trabalho de pessoas que levam uma 1. No caderno, elabore um poema que revele seu olhar crítico a respeito de alguma injustiça social. Siga de perto o estilo de Ferreira Gullar, poeta contemporâneo que também fez de sua obra de arte um instrumento para transformar o mundo. vida amarga e dura para que alguns privilegiados possam Professor, foram propostas algumas atividades com poema desfrutar de um momento de prazer. de Ferreira Gullar e você pode ter mostrado outros, na apre- Explique, no caderno, como a antítese escuras/branco, presente no poema, reforça uma visão crítica da sociedade. sentação do autor. Você pode tomar o poema lido ou outros que tenha selecionado como referência e pedir uma reescrita aos alunos, com mudança temática. Assim a apropriação Discussão oral da estrutura poética, por parte do aluno, pode se dar de forma mais orientada. f O que é trabalho escravo nos dias de hoje? Chame a atenção para as desigualdades sociais no Brasil. Além disso, ouça os alunos, observando se 2. Leia o próximo texto pensando no poema de Ferreira Gullar, que acabamos de examinar. Relacione os dois textos. eles respeitam a vez de falar dos colegas. O que é trabalho escravo Conheça melhor o autor da obra: Ferreira Gullar nasceu no dia 10 de setembro de 1930, na cidade de São Luís, capital do Maranhão, quarto filho dos 11 que teriam seus pais. É considerado um dos nomes mais importantes da poesia brasileira contemporânea. Sua obra é marcada pelo olhar crítico à sociedade, preocupado principalmente com as injustiças sociais. [...] Muitas vezes, quando peões reclamam das condições ou querem deixar a fazenda, capatazes armados os fazem mudar de ideia. “A água parecia suco de abacaxi, de tão suja, grossa e cheia de bichos.” Mateus, natural do Piauí, e seus companheiros usavam essa água para beber, lavar roupa e tomar banho. [...] “Sempre que vejo um trabalhador cego ou mutilado pergunto quanto o patrão lhe pagou pelo 75 dano e eles têm me respondido assim: ‘Um olho perdido, R$ 60,00. Uma mão perdida, R$ 100,00’. E assim por diante. Estranho é que o corpo com partes perdidas tem preço, mas se a perda for total não vale nada”, afirma um integrante da equipe de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego. Repórter Brasil. Agência de Notícias. Disponível em: <http://www.reporterbrasil.org.br/ conteudo.php?id=4>. Acesso em: 30 maio 2013. Os dois textos denunciam as injustiças causadas pela ganância exagerada de quem vê o trabalhador como ser inferior. Produzindo seu projeto Após a leitura dos textos O açúcar e O que é trabalho escravo, elabore um projeto de texto argumentativo. Lembre-se dos passos dados por Pedro em exercício anterior. A seguir, preencha o quadro. O professor irá verificá-lo. Guarde-o, pois futuramente você irá usá-lo para construir seu texto. Projeto de texto argumentativo Tema central Exploração do trabalhador Tese Termos que vou definir no texto Argumento principal Argumento secundário Argumento terciário Verifique se há coerência entre as diferentes partes. O tema central é “a exploração do trabalhador”, os projetos de texto devem respeitar os limites desse tema. Discuta-o com seus alunos. Corrija as atividades e reserve um espaço em uma aula da Situação de Aprendizagem 7 para comentar os resultados, destacando os pontos fortes e identificando aqueles que precisam de maior atenção. As atividades de “Lição de casa” a seguir retomam alguns pontos desenvolvidos nesta Situação de Aprendizagem. Procure no livro didático o que ele diz a respeito de argumentação e de texto dissertativo. Liste no caderno 76 as frases que julgar importantes nas definições lidas. Compare-as com as anotações feitas nas atividades de “A leitura para construir a argumentação” e faça uma lista definitiva, retirando e adaptando as ideias que achar inconsistentes. Essa é uma atividade de revisão e sistematização das características de textos dissertativos-argumentativos. Sérgio, seu colega da classe vizinha, inscreveu-se para fazer o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Ele está apreensivo por achar que não conseguirá fazer a redação e pediu sua ajuda nessa questão. O que você o aconselharia a fazer? Essa é uma atividade para observação de aspectos estudados na Situação de Aprendizagem que podem precisar de novas intervenções. Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 © Maps World Produções Gráficas Ltda. SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 7 UMA MANHà ESPECIAL NA VIDA DE MAIKON Esta atividade propõe uma reflexão sobre a escrita, em especial no que diz respeito à transição entre os registros orais e escritos, formais e informais, dentro e fora da norma-padrão. Além disso, desejamos analisar algumas marcas de origem social e técnica que revelam uso de variação linguística. A Situação de Aprendizagem apresenta-se a partir de uma sequência narrativa: a procura de Maikon por emprego. Conteúdos e temas: adequação linguística e ambiente de trabalho; construção linguística de superfície textual: paralelismo, coordenação e subordinação. Competências e habilidades: identificar no texto marcas de uso de variação linguística; formular opinião adequada sobre determinado fato social; desenvolver uma atitude reflexiva na atividade escrita formal; utilizar conhecimentos formais para formular hipóteses sobre o uso de determinadas variedades da língua portuguesa, presentes em um texto oral ou escrito. Sugestão de estratégias: aula interativa, com a participação dialógica do aluno e a preparação e o conhecimento de conteúdos e estratégias por parte do professor; discussão e sistematização dos temas discutidos; dramatização de situações-problema. Sugestão de recursos: livro didático; dicionário de língua portuguesa; discussão oral. Sugestão de avaliação: resolução de exercícios e situações-problema; produção de texto oral; produção de texto sintético do gênero “recado” de site de relacionamento. Sondagem Mostre para a classe uma nota de 10 ou 5 reais que esteja em boas condições. Peça que reconheçam o seu valor. Proponha que imaginem que alguém esqueceu a nota dentro da calça que vai para lavar. Depois disso, só de raiva, essa pessoa resolve xingar a nota com os piores palavrões. A seguir, pergunte: “depois dessa situação, quanto vale a nota agora?”. Naturalmente, a nota continua mantendo o mesmo valor! Por que o valor da nota não mudou? Porque o valor da nota não depende do que acontece fora dela. Para você, professor! Qual a intenção desta dinâmica? Trata-se de concluir por meio de vivências que a dignidade humana não muda diante das discriminações e problemas da vida. Esse enfoque deve estar na atitude do pro- Agora, promova a reflexão: 77 fessor desde o primeiro momento. Não se trata de fazer um show ou de mostrar uma atitude depreciativa com o dinheiro; a nota, aqui, é uma metáfora da vida humana. Roteiro para aplicação da Situação de Aprendizagem 7 f Adequação linguística, produção do texto e ambiente de trabalho Relacionar a produção escrita às finalidades a que o texto se propõe, contemplando, em particular, o mundo do trabalho. f Construção linguística de superfície textual: paralelismo. Coordenação e subordinação Analisar o paralelismo, particularmente como ele se manifesta na construção dos períodos do texto nos processos de coordenação e subordinação. Recapitule os pontos principais da última atividade (Sondagem). Considere o anúncio classificado apresentado a seguir e discuta com seus alunos. Discussão oral AUXILIAR DE VENDAS – LIVRARIA Com a orientação do professor, discuta com seus colegas: Exp. 1 ano em vendas, conhecimentos básicos de arte. Somente nesta 2a f: (11) 2355-5533 R. Santo Anselmo, 36. Perdizes. São Paulo/SP f Onde se encontram anúncios de emprego? f Qual é a finalidade desse gênero textual? f Por que a sociedade valoriza tanto um bom emprego? f O que é, de fato, um bom emprego? Ainda oralmente, responda: f O que deve fazer Maikon se desejar esse emprego? f Qual é o melhor meio para agendar a entrevista de emprego: carta, telefone, e-mail ou comparecer pessoalmente ao local do trabalho? Anúncios de emprego se encontram em diferentes lu- f De que trata o texto? f O que se exige? gares, como seções de classificados, por exemplo. O texto em questão solicita um auxiliar de vendas de livraria, marcando entrevista na segunda-feira seguinte. Para você, professor! No que se refere à última questão, comente as possibilidades de cada uma das opções. De todas, a mais vantajosa é o contato telefônico antes do comparecimento pessoal. O telefonema deve ser dado na segunda-feira, de preferência de manhã, o que demonstra interesse e permite agendar uma entrevista já para o mesmo dia. Observe atentamente a participação e o envolvimento dos alunos. A atitude de escuta deve estar presente não apenas em relação ao professor, mas também em relação aos colegas. A dignidade humana é condição de todos, por isso, todos devem ser ouvidos e respeitados ao enunciar seus comentários. 78 Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 Agendamento telefônico © Maps World Produções Gráficas Ltda. TRIMMMMMMMMMMMM Atendente: Livraria de Arte, bom dia! Maikon: Atendente: Só com experiência comprovada de um ano em vendas. © Hudson Calasans 1. Coloque-se no lugar de Maikon e complete o agendamento telefônico de entrevista de emprego a seguir. Maikon: Atendente: Sim, estamos agendando entrevistas para amanhã. Onze horas, pode ser? Maikon: Atendente: Bem, então qual é o seu nome e telefone para contato? Atendente: Então está marcado; até amanhã. Não se atrase. Maikon: Maikon: Atendente: Até amanhã. Analise a coerência das respostas oferecidas, dado o contexto Acolha as diferentes opiniões, mas lembre-se de que o site da atividade (situação formal de procura de emprego). de relacionamento permite uma especificidade de linguagem que está de acordo com aquela que foi usada por Depois do telefonema para marcar a entrevista de emprego, Maikon acessa a internet. Fica feliz ao ver na sua página do site de relacionamento um recado de sua namorada, Paula, que está morando na Paraíba. 1. O texto do recado está bem escrito? Está adequado? Por quê? Paula. 2. Imagine o anúncio de um emprego que, neste momento, seria de seu interesse. Escreva-o no caderno, seguindo o modelo apresentado no início desta Situação de Aprendizagem. Analise se as orientações dadas foram, de fato, seguidas. 79 © Maps World Produções Gráficas Ltda. Responda no caderno: Que diferenças você encontra entre a forma como o recado no site de relacionamento e o texto para o exame admissional foram escritos? Por que isso ocorre? Trata-se do uso de variedades diferentes da linguagem. O uso formal da linguagem para o exame de admissão não é comum em sites de relacionamento. Assim como o “internetês” não é adequado em exames de admissão, a não ser em contextos muito específicos. Para você, professor! Tome cuidado, professor, para não julgar a variedade linguística usada. É possível que alguém pergunte a sua opinião. Limite-se a comentar que se trata de uma variedade de português bem diferente daquela que se usou para marcar a entrevista. Observe também que o tema tratado no texto tem relação direta com os nossos estudos deste semestre, em especial do começo do volume. É uma possibilidade de reforçar a diferença entre “modernidade” e Modernismo, fazendo a ponte com a Situação de Aprendizagem 5. Entrevista 1. Finalmente, chegou o momento da entrevista. O candidato à vaga e o futuro empregador – na verdade, dois funcionários que representavam o dono da livraria – tiveram uma conversa. Maikon recebeu um texto para ler. Ele teria cinco minutos para lê-lo silenciosamente e compreendê-lo. O texto é o seguinte. A modernidade em um país subdesenvolvido O conceito de modernidade em um país subdesenvolvido requer um olhar dialógico para o passado cultural acompanhado de uma consciência crítica do mundo exterior. A busca pela modernidade é a busca pelo tempo presente, mas esse presente está sendo agora realizado na comunidade a que pertencemos. Ou seja, não se confunde a condição de subdesenvolvimento de um país com o seu passado, como se o presente se reduzisse a um desenvolvimento tecnológico que o país subdesenvolvido não tem e que deve encontrar lá fora. 80 2. Maikon ficou nervoso. Leu o texto várias vezes. Depois, o texto foi retirado e Maikon teve de escrever tudo o que lembrava ter lido. Teve dificuldades para compreender alguns termos, mas, finalmente, escreveu: A modernidade em um país subdesenvolvido é ver o passado da cultura e é também acompanhando de uma conciência crítica do mundo que é se pensar a respeito do mundo e agente não se tem certeza de como é o mundo A busca é a busca pelo presente, portanto esse presente está sendo realizado na comunidade a que a gente pertencemos. Para você, professor! É muito importante reproduzir os desvios da norma-padrão que aparecem com frequência no texto. Esses desvios são a ba- Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 se das atividades a seguir, que permitirão formular hipóteses sobre o uso de determinadas normas gráficas e ortográficas, presentes em um texto. Maikon sai confiante do teste, achando que já “faturou” o emprego. Mas será que está tudo tão fácil assim? Pergunte a seus alunos se, com o texto que produziu, Maikon continuará na seleção do emprego ou será desclassificado. Ouça com atenção os comentários, demonstrando interesse em saber os motivos dos “sim” e “não” dos alunos. a) Comente com seus colegas de classe as reais possibilidades, de acordo com a comunidade onde vocês vivem, de Maikon ter sido aprovado ou não para a vaga de emprego e seus motivos. Verifique as diferentes opiniões dos alunos e a sua real compreensão do uso formal da linguagem. b) Em dupla ou em trio, comparem os dois textos, o original e o que Maikon escreveu, e reescrevam o texto de Maikon, destacando os principais problemas que fizeram que ele fosse desclassificado. A seguir, diga-lhes que Maikon não passou nessa primeira fase da seleção. Diga-lhes que o maior problema de Maikon não residiu em fazer a síntese do texto lido, mas ‘’em passar derarem desnecessários para que o texto fique, ao final, mais coeso. A língua portuguesa tem muitas variedades e também todos os falantes dessa língua já conhecem pelo menos uma dessas variedades antes de entrarem na escola. O que acontece, porém, é que, na escola, onde encontramos uma outra variedade da língua – a chamada culta padrão – privilegiada e escolhida como modelo para quando várias situações de fala e escrita (entrevista de emprego, por exemplo!). O privilégio de uma variedade linguística em lugar de outras se deve sempre a razões históricas, sociais, culturais e econômicas. O estudo dessa variedade padrão pode levá-lo a entender melhor os mecanismos da língua, mas suas regras, sua ordem. E esse entendimento permite que você escolha como usar a língua nas mais diferentes situações comunicativas. Nesse caso, aprender novas regras e normas contudo é aprender novas possibilidades de uso da língua. Texto adaptado de: AGUIAR, Eliane Aparecida de. Das palavras ao contexto. In: MURRIE, Zuleika de Felice (Coord.). Linguagens, códigos e suas tecnologias: livro do estudante: Ensino Médio. Brasília: MEC/Inep, 2006. p. 142-143. essas ideias para o papel, ou seja, estruturar por escrito aquilo que ele compreendeu. Observe a coerência da resposta, tendo em vista o objetivo da atividade: adequação textual, com foco no uso Comente com a classe os possíveis problemas que teriam levado Maikon a usar uma variedade escrita tão informal. De que forma aquilo que não é problema quando se escreve nos sites de relacionamento, por exemplo, pode representar um empecilho quando se tem que escrever um texto formal? Quando os alunos terminarem, mas sem que eles entreguem o texto, explique-lhes os principais problemas. 3. O texto a seguir, que foi adaptado para esta atividade, apresenta excesso de conectivos. Peça aos alunos que retirem os que consi- A modernidade em um país subdesenvolvido é (1) ver o passado da cultura e é também (2) acompanhando (3) de uma con- de conectivos. 81 ciência (4) crítica do mundo que é se pensar a respeito do mundo e agente (5) não se (6) tem certeza de como é o mundo (7) A busca é a busca pelo presente (8), portanto (9) esse presente está sendo realizado na comunidade a que a gente pertencemos (10). (1) Qual a diferença entre “é ver” e “requer um olhar”? O maior problema está no uso do verbo ser (é) como sinônimo de requer, que no texto tem o sentido de “exigir”. (2) É necessário esse “é também”? A expressão “e é também” visa a dar coesão ao texto, mas é desnecessária. Erra-se por falta, mas também se erra por excesso. Aqui sobra um elemento coesivo que constrói um paralelismo estranho ao leitor. (3) Acompanhando ou acompanhado? Há diferenças entre o gerúndio e o particípio no que respeita ao uso. O gerúndio indica uma ação em curso, que pode ser imediatamente anterior ou posterior à do verbo na oração principal, o que não faz sentido no texto escrito por Maikon. O particípio expressa o estado resultante de uma ação acabada, ou seja, que a consciência crítica deve estar pronta e realmente ao lado dessa visão de mundo necessária para compreender a modernidade. (4) Consciência e não conciência. (5) A gente e não agente. Seria, no entanto, mais formal usar a primeira pessoa do plural, nós. (6) Se tem ou tem? O uso do termo “se” deixaria o verbo reflexivo, o que não é solicitado pela estrutura do texto construído. Tal como está escrito, o resumo apresenta um sujeito identificado (a gente) e um objeto direto que não coincide com o sujeito (certeza de como é o mundo). Ou seja, sujeito e objeto não coincidem. 82 (7) Há dois problemas aqui: primeiro, repetição excessiva e desnecessária do termo “mundo”. Além disso, falta o ponto final na frase. (8) Que busca é essa? Há um uso excessivo do termo “busca” aqui. Bastaria dizer: “É a busca pelo presente” ou “Trata-se da busca pelo presente”. (9) O termo “portanto” indica conclusão: o texto original fazia uso do conector “mas”, que indica oposição de ideias e pode ser substituído por “contudo, porém, entretanto, todavia” etc. O conector “portanto” indica conclusão e pode ser substituído por “logo” ou “então”. Não se trata da relação adequada, o que quebra o paralelismo do texto. (10) A gente pertencemos? Na norma-padrão da língua portuguesa, o sujeito concorda em número com o verbo. Há duas possibilidades: “a gente pertence” ou “nós pertencemos”. Esta última é mais apropriada para o registro formal da norma-padrão da língua portuguesa. 4. Peça-lhes que acompanhem, agora, a conversa telefônica a seguir e observe o uso do gerúndio. Apenas três usos dele, de fato, traduzem bem a ideia de tempo passando: “sua reserva estará valendo”, “estou procurando os documentos” e “estou esperando”. Os demais são exagerados. Os alunos devem identificá-los e substituí-los. TRIMMMMMMMMMMMM Telefonista: Teatro Arte, boa tarde! Lena: Oi, eu queria reservar dois ingressos para a peça O auto da barca do inferno, é possível? Telefonista: Eu não posso estar fazendo isso, mas posso estar passando o seu telefo- Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 nema para a pessoa que está sendo encarregada disso. O.k.? Lena: O.k.! Atendente: Boa tarde! Pois não? Lena: Oi, eu queria reservar dois ingressos para a peça de hoje à noite, O auto da barca do inferno, é possível? Atendente: Eu posso estar reservando isso agora, mas você deverá estar me passando algumas informações e sua reserva estará valendo somente até uma hora antes de a peça estar começando. Lena: O.k., eu estou procurando os documentos do meu namorado, espere um momentinho, por favor. Atendente: Claro! Estou esperando, sem problemas. quer, sem significativa perda de sentido, pelo sinônimo: a) é. b) exige. c) deseja muito. d) quer de novo. e) refaz. 2. Identifique quais das frases a seguir usam inadequadamente o verbo reflexivo: a) Ela se me disse que estava ocupada e por isso não ia com Leo à entrevista. b) Leo fez-se corajoso e foi para a entrevista sozinho. c) O entrevistador se atrasou meia hora. Telefonista: Eu não posso fazer isso, mas posso passar o seu telefonema para a pessoa encarregada disso. O.k.? d) Leo se comportou de modo excelente durante a entrevista. Atendente: Eu posso reservar isso agora, mas você deverá me passar algumas informações e sua reserva estará valendo somente até uma hora antes de a peça começar. e) O entrevistador se despediu de Leo com muita educação. Peça, então, aos alunos que comparem as suas anotações pessoais com aquelas que acabaram de estudar, para que possam fazer uma autoavaliação, identificando campos do estudo da linguagem em que devem se aprimorar. f) Leo se comprou um presente para a sua mãe para comemorar os resultados. Conforme as necessidades e possibilidades de sua turma, recapitule os conteúdos de sintaxe referentes a coordenação, subordinação e paralelismo. 1. Observe: “O conceito de modernidade em um país subdesenvolvido requer um olhar dialógico para o passado cultural”. Poderíamos apropriadamente substituir o verbo re- 3. Analise como as orações se relacionam e reconheça o tipo de coordenação (alternativa, conclusiva, explicativa, adversativa ou aditiva) estabelecida pelo conectivo da oração em destaque: a) A garota é muito linda e fica a toda hora olhando para Paulo. Aditiva. b) A garota é muito linda ou os rapazes todos da classe estão confusos. Alternativa. 83 c) A garota é muito linda, contudo ninguém quis sair com ela. Adversativa. d) A garota é muito linda, pois esnobou sair com o Robertinho. Explicativa. e) A garota é muito linda, portanto já deve ter namorado. Conclusiva. Situações de comunicação 1. Entre uma situação de comunicação totalmente monológica (mono: um; logos: pa- Perguntas-modelo 84 Anúncio de emprego no jornal Conversa telefônica lavra – em que apenas um tem a palavra) ou escrita e uma totalmente dialógica (dia: dois), há inúmeras possibilidades, considerando as particularidades que compõem cada uma das situações: f presença dos parceiros no mesmo tempo; f contrato de troca: a resposta é permitida ou não por meio do mesmo gênero textual; f ambiente físico comum ou não; f canal oral ou gráfico. Analisemos alguns dos gêneros textuais entre os quais Maikon transitou no seu processo de seleção. Para isso, complete o quadro a seguir, orientando-se pelas perguntas-modelo. Conversa na entrevista de emprego Prova: síntese de texto Recado de site de relacionamento Presença dos parceiros ao mesmo tempo? Não. Sim. Sim. Não. Não. Contrato de troca: A resposta é permitida? Não. Sim. Sim. Não. Sim. Ambiente físico comum? Não. Não. Sim. Sim. Não. Canal oral ou gráfico? Gráfico. Oral. Oral. Gráfico. Gráfico. Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 Verifique, nas respostas, o equilíbrio entre a dimensão emocional e os conteúdos cognitivos desenvolvidos, e se os alunos respeitam o número de caracteres disponíveis. Para você, professor! Retome a dinâmica desenvolvida na sondagem. Relacione as duas situações: Maikon não diminui o seu valor e sua dignidade pelos problemas externos. Deve, no entanto, esforçar-se para superar as dificuldades pelas quais passa e não esperar que elas desapareçam sozinhas ou magicamente. Traga para a próxima aula questões de vestibular encontradas em sites, no livro didático e em outros livros disponíveis na biblioteca ou na sala de leitura da escola que tratem de conteúdos discutidos nas últimas aulas. Certifique-se de também trazer as respostas. escrita e deixando claro o seu empenho em aplicar-se mais da próxima vez. Neste caso, a linguagem não precisa ser formal. Para você, professor! Com esta Situação de Aprendizagem, os alunos deverão desenvolver maior consciência no momento da escrita, o que vai facilitar a Situação de Aprendizagem seguinte, que retoma a redação de acesso ao Ensino Superior. Desejamos que os alunos valorizem gradativamente o processo de produção textual, tanto formal como psíquica e cognitivamente: escrever requer uma determinada atitude frente à palavra, uma “enciclopédia” interiorizada de conhecimentos e estratégias linguísticos e extralinguísticos, que inclui o domínio da norma-padrão e a habilidade de projetar o texto dissertativo. Tudo isso será importante a seguir. Portanto, antes de passar para a próxima Situação de Aprendizagem, certifique-se do progresso dos alunos. © Maps World Produções Gráficas Ltda. 2. Depois de compreender essas explicações, Maikon se sentiu triste e deprimido. Ficou com vontade de desistir de tudo. Achou que nunca chegaria a lugar algum, sentiu-se indigno. Discuta, em classe, as razões e a validade dessa atitude. A seguir, no caderno, escreva-lhe um SMS (um torpedo), via celular, animando Maikon a melhorar, identificando aspectos em que isso poderá, de fato, ser feito. Considere que seu celular dispõe apenas de 160 caracteres (incluindo espaços e sinais de pontuação) por mensagem. Professor, oriente os alunos a selecionar questões de vestibular que abordem os temas tratados. Produção escrita Solicite que assumam mais uma vez o papel de Maikon e escrevam um recado no site de relacionamento para a namorada dele, explicando o que ocorreu na seleção de emprego, demonstrando compreensão do seu problema de Peça que os alunos elaborem, no caderno, um resumo dos conteúdos que consideraram mais significativos nesta Situação de Aprendizagem. 85 SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 8 MOMENTO DE ESCRITA: A REDAÇÃO DE ACESSO AO ENSINO SUPERIOR Os alunos escreverão um texto dissertativo de uma prova do Enem. Para isso, ativarão todos os conhecimentos desenvolvidos até agora neste volume. A orientação do professor deve incidir sobre alguns aspectos considerados prioritários, tais como: compreensão dos textos-base, elaboração de projeto de texto, atitude reflexiva na produção textual, revisão do texto produzido, domínio da norma-padrão da língua portuguesa. Conteúdos e temas: estruturação da atividade escrita: planejamento, construção do texto e revisão; texto argumentativo: dissertação escolar de acesso ao Ensino Superior. Competências e habilidades: propor a reescrita de partes de um texto, utilizando os recursos do sistema de pontuação; formular opinião adequada sobre determinado fato social; desenvolver uma atitude reflexiva na atividade escrita formal. Sugestão de estratégias: aula interativa, com a participação dialógica do aluno e a preparação e o conhecimento de conteúdos e estratégias por parte do professor; discussão e sistematização dos temas discutidos. Sugestão de recursos: livro didático; dicionário de língua portuguesa; discussão oral. Sugestão de avaliação: produção de dissertação escolar de acordo com modelo do Enem; resolução de exercícios e situações-problema. Sondagem Discuta em classe o tema do trabalho infantil. O que os alunos conhecem sobre o assunto? O que pensam a respeito? Ouça atentamente os diversos comentários e desenvolva na sala uma atitude de escuta que estimule o respeito não apenas pela palavra do professor, mas também pelo comentário do colega. Roteiro para aplicação da Situação de Aprendizagem 8 f Estruturação da atividade escrita: planejamento, construção do texto e revisão Conhecer, estruturar e sintetizar as diferentes partes da atividade escrita argumentativa. f Texto argumentativo: dissertação escolar de acesso ao Ensino Superior 86 Desenvolver o texto dissertativo-argumentativo visando ao acesso ao Ensino Superior. Comente os pontos fortes do projeto de texto realizado ao final da Situação de Aprendizagem 6. Identifique também os pontos em que houve dificuldades e sugira possibilidades para superá-las. Se possível, identifique páginas do livro didático que tratam especificamente desse tema. Colhendo informações O gênero “dissertação escolar”: nesta Situação de Aprendizagem, vamos desenvolver um gênero textual argumentativo comum em exames e concursos – a dissertação escolar. Ela é comumente pedida em vestibulares e proces- Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 sos seletivos de emprego. Trata-se de um gênero textual argumentativo, assim como o artigo de opinião ou a resenha. 1. Com base no projeto de texto argumentativo que você fez na Situação de Aprendizagem 6, reflita: mo projeto de texto? Veja se é possível e razoável aceitar algumas das sugestões dadas. 2. No Brasil, ainda existe o problema do trabalho infantil? Em que regiões você acha que esse problema é mais corrente? Analise a coerência das respostas e se os alunos têm ideia da dimensão do trabalho infantil no Brasil, conforme o gráfico a a) No que você teve mais dificuldades? ser analisado na atividade seguinte . Utilize essas informações para retomar alguns conteúdos e/ das por você. b) O que você propõe para que essas dificuldades sejam superadas em um próxi- A seguir, apresente aos alunos uma proposta de redação do Enem. Ressalte que, antes, eles devem fazer quatro leituras. 3. Leia o texto a seguir. © Maps World Produções Gráficas Ltda. ou complementar suas aulas com outras atividades elabora- Trabalho infantil no Brasil Há 5,457 milhões de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos que trabalham no país. Nordeste 42,74% (2,332 milhões) Sudeste 29,0% (1,583 milhão) Sul 16,88% (921 mil) Centro-Oeste 6,65% (363 mil) Norte 4,73% (258 mil) Fonte: IBGE/PNAD, 2001. Fonte dos dados: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/ populacao/condicaodevida/trabalho_infantil/trabinf2001.pdf>. Acesso em: 30 maio 2013. Questões a serem respondidas no caderno: percentual, com apenas 5,25%. a) Em que região o percentual de crianças trabalhadoras é mais alto? Em que região o percentual é mais baixo? Forme uma frase comparativa usando o conectivo enquanto. b) Reescreva a frase a seguir, substituindo o verbo haver por existir: Há 5,457 milhões de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos que trabalham no país. A região Nordeste possui o maior percentual de trabalho in- Existem 5,457 milhões de crianças e adolescentes entre 5 e 17 fantil, com 42,2%, enquanto a região Norte detém o menor anos que trabalham no país. 87 Junte as orações a seguir conferindo-lhes o sentido pedido entre parênteses. Inicie a frase de acordo com a sugestão. Siga o modelo: (contradição) Passou por todos os processos avaliativos com sucesso. Não conseguiu o cargo de diretora. Inicie com: Passou por todos os processos avaliativos com sucesso, mas (ou porém, entretanto) não conseguiu o cargo de diretora. Discussão oral a) Você considera um problema grave o fato de haver trabalho infantil no Brasil? Por quê? b) Na sua opinião, quais são as causas da exploração do trabalho infantil em nosso país? Permita que o maior número possível de alunos participe. Observe a coerência e clareza na exposição de argumentos. A crueldade infantil a) (tempo) O mundo terá menos injustiças sociais. A sociedade vive livre de preconceitos. Inicie com: Quando a sociedade... Quando a sociedade viver livre de preconceitos, o mundo terá menos injustiças sociais. b) (causa) Havia feito o exame escrito. Não precisou passar pela prova prática. Inicie com: Não precisou... Não precisou passar pela prova prática, uma vez que/porque já havia feito o exame escrito. c) (condição) Você decide ir ao cinema. Eu vou com você. Inicie com: Se você... do trabalho A crueldade do trabalho infantil é um pecado social grave em nosso país. A dignidade de milhões de crianças brasileiras está sendo roubada diante do desrespeito aos direitos humanos fundamentais que não lhes são reconhecidos: por culpa do poder público, quando não atua de forma prioritária e efetiva, e por culpa da família e da sociedade, quando se omitem diante do problema ou quando simplesmente o ignoram em decorrência da postura individualista que caracteriza os regimes sociais e políticos do capitalismo contemporâneo, sem pátria e sem conteúdo ético. MEDEIROS NETO, Xisto Thiago de. A crueldade do trabalho infantil. Diário de Natal, 21 out. 2000. Se você decidir ir ao cinema, eu irei com você. Leia jornais sempre que possível. Os textos jornalísticos vão ajudá-lo a compreender melhor os diferentes assuntos que serão abordados no decorrer deste ano letivo, em que daremos ênfase especial aos exames vestibulares e outros processos seletivos, que sempre abordam temas da atualidade. 1. Oriente os alunos para que transcrevam do texto para o caderno: a) o argumento que o enunciador usa para mostrar que “A crueldade do trabalho infantil é um pecado social grave em nosso país”; “A dignidade de milhões de crianças brasileiras está sendo roubada diante do desrespeito aos direitos humanos fundamentais que não lhes são reconhecidos.” 88 Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 b) as causas apresentadas para justificar esse argumento. “por culpa do poder público” e “por culpa da família e da sociedade”. 2. Comente em classe a seguinte frase: Você acredita que o ditado popular “O trabalho dignifica o homem” também serve para as crianças? Quando se fala dos motivos pelos quais a família também é culpada pela exploração do trabalho infantil, o texto apresenta um argumento considerado senso comum. Peça-lhes que o identifique. O enunciador diz que as famílias preservam “a integridade moral dos filhos, incutindo-lhes valores, tais como a dignidade, a honestidade e a honra do trabalhador”. Verifique o posicionamento da turma sobre o trabalho infantil. Discussão oral O senso comum é um conjunto de crenças consideradas verdadeiras em determinada sociedade, mesmo que elas não o sejam. Essas crenças são entendidas como pertencentes a toda a humanidade, mesmo que apenas compartilhadas por uma comunidade. Acreditar que misturar leite e manga pode matar é um exemplo de senso comum. Por vezes, o senso comum transforma uma verdade particular em algo universal, como quando se diz que todos os políticos são desonestos ou que os brasileiros são muito acolhedores. O uso do senso comum empobrece o texto argumentativo e dificulta a construção de ideias lógicas. 3. Verifique o próximo texto. O trabalho infantil na agricultura moderna Submetidas aos constrangimentos da miséria e da falta de alternativas de integração social, as famílias optam por preservar a integridade moral dos filhos, incutindo-lhes valores, tais como a dignidade, a honestidade e a honra do trabalhador. Há um investimento no caráter moralizador e disciplinador do trabalho, como tentativa de evitar que os filhos se incorporem aos grupos de jovens marginais e delinquentes, ameaça que parece estar cada vez mais próxima das portas das casas. MARIN, J. O. B. O trabalho infantil na agricultura moderna. Revista UFG, v. 7, n. 1, jun. 2004. Qual é a necessidade de termos leis? Acolha os diferentes pontos de vista. Observe que a pergunta pode ser bastante polêmica; mantenha, contudo, a defesa da importância das leis para o bem-estar social. 4. Leia este texto. Art. 4o – É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990. Peça aos alunos que respondam se o artigo 4o do Estatuto da Criança e do Adolescente é respeitado em suas comunidades. Solicite a justificativa de suas respostas. Acolha os diferentes pontos de vista. Observe se a forma como se justifica de fato estabelece uma relação coerente com o ponto de vista do aluno. Para você, professor! Os textos podem ser apresentados todos de uma só vez ou um de cada vez, se- 89 guidos de uma discussão de seus conteúdos. O importante é que haja um momento de diálogo da classe com os textos-base. cipal; (e) argumento secundário; (f) argumento terciário; (g) exemplo(s) que comprove(m) os argumentos; (h) outras ideias importantes. Observações: Nessa discussão, não deixe de perguntar: Discussão oral f Qual é o tema central, em comum, de todos os textos que examinamos até agora nesta Situação de Aprendizagem? f Como eles evidenciam contradições entre ideal e realidade? f Qual é o perigo de examinarmos o assunto apenas a partir do senso comum? O tema comum é a infância, em particular o trabalho infantil como chave que permite ver a diferença entre o ideal da lei e a dura realidade cotidiana. O senso comum tende a uma visão romântica e idealista do problema, deixando de lado importantes aspectos do problema. Peça aos alunos que encontrem no livro didático, em jornais ou revistas três frases que revelem o senso comum sobre determinado problema. Eles devem anotá-las e apresentá-las à classe na próxima aula, justificando, no caderno, por que consideram que elas revelam senso comum. f esclarecer que, ao desenvolver o tema proposto, eles devem utilizar os conhecimentos adquiridos e as reflexões feitas ao longo de sua formação; f fazer a seleção, organização e relação de argumentos, fatos e opiniões para defender um ponto de vista e suas propostas, sem ferir os direitos humanos; f o texto deve ser escrito na modalidade padrão da língua portuguesa; f o texto não deve ser escrito em forma de poema (versos) ou narração; f o texto deve ter, no mínimo, 15 linhas escritas. Comente com os alunos o enunciado do exercício. Em especial o que significa “modalidade padrão da língua portuguesa” (retome, na Situação de Aprendizagem 7, a narrativa de Maikon) e a exigência de não escrever o texto em versos ou narração. Proponha que, antes de tudo, os alunos elaborem um projeto de texto (recapitule a Situação de Aprendizagem 6), conforme o esquema a seguir. Professor, tendo em vista as discussões sobre senso comum desenvolvidas até aqui, nesta Situação de Aprendizagem, ob- Projeto de texto dissertativo serve e comente a pertinência das frases trazidas pelos alunos. Por fim proponha: Preparando o caminho para o texto 1. Com base nas ideias presentes nos textos anteriores, prepare um projeto de texto sobre o seguinte tema: O trabalho infantil na realidade brasileira. Anote, no caderno, as seguintes informações sobre seu projeto de texto dissertativo: (a) tema central; (b) tese; (c) termos que vai definir no texto; (d) argumento prin- 90 Tema central Tese Termos que vou definir no texto Argumento principal Argumento secundário Argumento terciário Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 Exemplo(s) que comprove(m) os argumentos Outras ideias que desejo aproveitar para o texto Para você, professor! Observe que introduzimos dois itens novos em relação ao esquema apresentado na Situação de Aprendizagem 6: “Exemplo(s) que comprove(m) os argumentos” e “Outras ideias que desejo aproveitar para o texto”. O objetivo desses itens é que os alunos incorporem ao seu projeto elementos que possam depois aproveitar para a construção do texto dissertativo-argumentativo. Quando o projeto de texto estiver pronto, é hora de redigir, transformar esse projeto no texto dissertativo-argumentativo. Essa passagem exige que se acrescentem exemplos e explicações que acompanhem os argumentos. Além disso, é necessário tomar cuidado na passagem de um argumento para outro e que se façam parágrafos que não se confundam com frases, ou seja, que tenham mais de um período. Recapitule especialmente o conceito de tese, solicitando que sigam a estrutura sintática que propusemos: sujeito + verbo (ou locução verbal) + complementos (ou predicativos) sentido e os torne relevantes para o seguimento do discurso. São os aspectos dessa elaboração – dessa formalização – que fornecem um dos ângulos pelos quais se pode apreender melhor o que distingue uma argumentação de uma demonstração. PERELMAN, Chaïm; OLBRECHTS-TYTECA, L. Tratado da argumentação. Trad. Maria Ermantina Galvão G. Pereira. São Paulo: Martins Fontes, 1996. p. 136. Afixe na lousa os critérios segundo os quais o texto será corrigido: a) demonstrar domínio da norma-padrão da língua escrita; b) compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das diferentes áreas do conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo; c) selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista; d) demonstrar conhecimentos dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação; e) elaborar proposta de solução para o problema abordado, mostrando respeito aos valores humanos e considerando a diversidade sociocultural. Comente o significado de tais critérios. Relacione o que eles pedem com aquilo que está sendo ensinado e aprendido no curso neste ano letivo. Aprofundando conhecimentos A utilização dos dados tendo em vista a argumentação não pode ser feita sem uma elaboração conceitual que lhes confira um Para você, professor! Comente com os alunos que escrever bem não é apenas seguir a norma-padrão 91 da língua portuguesa – embora isso, em textos formais, seja importante. Aplicar conceitos das diferentes áreas do conhecimento para desenvolver o tema significa fazer uso de conhecimentos de outras disciplinas para desenvolver a redação. Para esse tema, História, Geografia e Filosofia certamente têm contribuições importantes que devem ser resgatadas. Além disso, elaborar uma proposta de solução para o problema não significa ser irrealista e jogar toda a responsabilidade para o poder público ou para outra entidade superior. Expressões como “O governo deveria acabar com o trabalho infantil” ou “Só Deus pode terminar com esse problema” significam notas baixas na correção. f Qual é o argumento intermediário de que disponho? f Como ele se relaciona com o tema e com a tese? f Existe algum modo de exemplificar esse argumento? Qual? d) Quarto parágrafo – argumento mais forte f Qual o argumento mais convincente de que disponho? f Como ele se relaciona com o tema e com a tese? f Existe algum modo de exemplificar esse argumento? Qual? f Que relações existem entre esse argumento e os dois anteriores? e) Último parágrafo – conclusão 2. Não há uma fórmula para fazer um texto dissertativo, mas exploraremos uma possibilidade nesta Situação de Aprendizagem. Acreditamos que este modelo poderá ser a base para outras possibilidades criativas de construção do texto argumentativo. Proponha que, para cada pergunta a seguir, o aluno faça uma frase. f Uma síntese de minhas ideias até o presente momento. f Que solução proponho para esse problema do trabalho infantil? f Como essa solução se relaciona com a realidade? Observe se os parágrafos dos alunos efetivamente respondem às questões propostas. a) Primeiro parágrafo – introdução f Do que vai tratar esta redação? (Que tese vai ser defendida?) f Por que este tema é importante? b) Segundo parágrafo – argumento mais fraco 1. No caderno, reescreva essas orações em ordem direta, ou seja, respeitando a ordem sujeito–verbo–complementos ou predicativos do sujeito ou do objeto, sem, entretanto, mudar seu sentido: a) Com razão, os homens desejam a paz. Os homens desejam a paz com razão. Ou: Os homens dese- f Qual o argumento menos convincente de que disponho? f Como ele se relaciona com o tema e com a tese? f Existe algum modo de exemplificar esse argumento? Qual? c) Terceiro parágrafo – argumento intermediário 92 jam, com razão, a paz. b) Viram as crianças, entusiasmadas, o filme. As crianças viram o filme entusiasmadas. c) Às segundas, terças e sextas de manhã, estudo Língua Portuguesa. Estudo Língua Portuguesa às segundas, terças e sextas de manhã. Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 d) Viveu Ronaldo, durante toda sua vida, experiências excepcionais. Ronaldo viveu experiências excepcionais durante toda sua vida. c) selecionou, relacionou, organizou e interpretou informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista; Produzindo a dissertação escolar 1. Com o projeto de texto pronto e as questões respondidas, é o momento de redigir sua dissertação escolar, gênero textual muito comum em vestibulares e outros exames de acesso ao Ensino Superior, tais como o Enem. Seu texto deve atender aos seguintes critérios: f ser escrito na modalidade padrão da língua portuguesa; f não ser escrito em forma de poema (versos) ou narração; f ter, no mínimo, 15 (quinze) linhas escritas. Ao desenvolver o tema proposto, procure utilizar os conhecimentos adquiridos e as reflexões feitas ao longo de sua formação. Selecione, organize e relacione argumentos, fatos e opiniões para defender seu ponto de vista e suas propostas sem ferir os direitos humanos. 2. Antes de entregar seu texto ao professor, troque-o com um colega para obter contribuições que possam melhorá-lo. Entre os critérios utilizados para corrigir seu texto, o professor verificará se você: d) demonstrou conhecimentos dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação; e) elaborou proposta de solução para o problema abordado, demonstrando respeito aos valores humanos e considerando a diversidade sociocultural. 3. Após a elaboração do texto, considere os seguintes critérios para avaliar seu trabalho: (1) compreensão da proposta de redação; (2) seleção e organização de informações, fatos e opiniões; (3) tese adequada e original; (4) argumentos eficientes; (5) comprovação adequada dos argumentos; (6) exemplos eficientes; (7) conclusão eficiente; (8) se a proposta de solução para o problema abordado respeita os valores humanos e considera a diversidade sociocultural; (9) uso adequado da norma-padrão da língua portuguesa. 4. Depois de corrigido, o texto lhe será devolvido. Compare o ponto de vista do professor com o seu. Discuta em classe aspectos da escrita em que todos os alunos devem melhorar. Reescreva seu texto seguindo as orientações e devolva-o para a correção final, com a primeira versão. Observe que não se trata de escrever outro texto, mas de aprimorar o que você já fez. Professor, siga de perto os passos 1 a 4 sugeridos, garantindo a) demonstrou domínio da norma-padrão da língua escrita; assim uma oportunidade para seus alunos melhorarem como b) compreendeu a proposta de redação e aplicou conceitos das diferentes áreas do conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo; Os alunos deverão responder às seguintes questões no caderno: produtores de textos. 1. O que você mais gostou de estudar? Por quê? 93 2. O que considerou desinteressante nesta Situação de Aprendizagem? Por quê? nós, neste volume, algumas habilidades se destacaram: 3. Explique com suas palavras o que é argumentar. f estabelecer relação entre a tese e os argumentos apresentados para defendê-la ou refutá-la; f elaborar estratégias de produção de textos argumentativos; f inferir tese, tema ou assunto principal em um texto; f relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de construção do texto literário com os contextos de produção e circulação social da arte, para atribuir significados de leituras críticas em diferentes situações; f utilizar conhecimentos formais para formular hipóteses sobre o uso de determinadas variantes da língua portuguesa presentes em um texto; f compreender a literatura como sistema social que concretiza valores sociais e humanos atualizáveis e permanentes no patrimônio literário nacional; f elaborar estratégias de resolução de questões de exames de acesso ao Ensino Superior. 1 a 3. Professor, as questões que surgirem no momento da revisão das perguntas devem ser consideradas (especialmente o que se referir à argumentação) em seu planejamento para o próximo volume. Corrija as atividades e reserve uma aula do próximo volume para entregar os textos e comentar os resultados, destacando os pontos fortes e identificando os pontos que precisam de maior atenção. Expectativas de aprendizagem e grade de avaliação Após terminar as Situações de Aprendizagem de 5 a 8, podemos transformar o momento de avaliação em uma oportunidade de compreender os acertos e problemas do processo de aprendizado da turma e de rever projetos e percursos. Ainda há tempo para mudanças e para aprimorar estratégias que produziram bons resultados. Para esse fim, precisamos estar atentos às diferentes fontes de consulta de que dispomos: tanto as realizadas nas Situações de Aprendizagem como as propostas nas avaliações. Desejamos que nossos alunos e alunas se desenvolvam como cidadãos autônomos no que diz respeito à leitura e à escrita; que tenham autonomia ao prestar exames de acesso ao Ensino Superior. Isso inclui considerar como a linguagem constrói algumas das relações próprias do campo do trabalho. Para Essas habilidades constituem o alicerce da avaliação que findará o volume. Nela, procuraremos compreender o desenvolvimento dos alunos nessas habilidades identificadas como centrais naquilo que elas representam de apropriação criativa e crítica da linguagem, tanto no papel de enunciador como no de coenunciador. Compreendemos criatividade como algo processual, assim como a leitura e a escrita. Processo que parte de um diálogo com a tradição, seja para continuá-la, para romper com ela ou para manter com ela alguma referência. PROPOSTA DE QUESTÕES PARA APLICAÇÃO EM AVALIAÇÃO O texto a seguir será a base das questões 1 e 2. No romance Vidas secas, de Graciliano 94 Ramos, o vaqueiro Fabiano encontra-se com o patrão para receber o salário. Eis parte da cena. Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 Não se conformou: devia haver engano. [...] Com certeza havia um erro no papel do branco. Não se descobriu o erro, e Fabiano perdeu os estribos. Passar a vida inteira assim no toco, entregando o que era dele de mão beijada! Estava direito aquilo? Trabalhar como negro e nunca arranjar carta de alforria! O patrão zangou-se, repeliu a insolência, achou bom que o vaqueiro fosse procurar serviço noutra fazenda. Aí Fabiano baixou a pancada e amunhecou. Bem, bem. Não era preciso barulho não. RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 119. ed. Rio de Janeiro: Record, 2012. p. 94. 1. No fragmento transcrito, um erro faz que patrão e empregado se situem em posições opostas. O texto permite-nos notar que: Resposta esperada: há muitas possibilidades. Algumas delas são: o interesse por temas nacionais, com a presença do regionalismo nordestino (seca, migração, problemas do trabalhador rural, miséria, ignorância); e a procura por uma I. Fabiano não gostava de misturar trabalho com relacionamentos afetivos, por isso não queria entregar o que era dele de mão beijada. linguagem mais brasileira. Habilidade de leitura/escrita: contextualizar histórica e socialmente o texto literário. A exploração do ritmo da linguagem relacionando a sintaxe da narrativa com a fluência dos pensamentos de Fabiano. II. o patrão termina a discussão ameaçando Fabiano de demissão. III. Fabiano prefere calar-se a correr o risco de ser demitido e ter de “procurar serviço noutra fazenda”. Estão corretas: 3. Observe: A gente sabe que tem gente que escorrega na gramática. Reescrevendo a frase em uma versão formal, encontramos: a) A gente sabemos que temos que escorregar na gramática. a) apenas I e II. b) apenas II e III. c) apenas I e III. b) Nós sabemos que temos que cometer erros de gramática. c) Nós sabemos que há pessoas que cometem erros de gramática. d) todas. e) nenhuma. d) A gente sabemos que existem pessoas que escorregam gramaticalmente. Habilidade de leitura/escrita: localizar informações relevantes do texto para solucionar determinado problema apresentado. e) Nós sabemos que tem pessoas que cometem escorregões na gramática. 2. Identifique duas características próprias do Modernismo brasileiro de 1930 no trecho lido de Vidas secas. Exemplifique-as. Habilidade de leitura/escrita: identificar o valor semântico de diferentes elementos linguísticos na construção coesiva de um texto. 95 4. Das frases a seguir, qual serviria de tese para um texto dissertativo destinado à leitura por professores e alunos da 3a série do Ensino Médio?: d) O planeta Terra é formado principalmente de água. e) A felicidade. Habilidade de leitura/escrita: elaborar estratégias de leitura e a) O oxigênio é importante para a vida. b) A vida humana. c) Os homossexuais têm direito a construir família. produção de textos argumentativos. 5. Milessa escreveu um bilhete para o seu patrão, informando-o sobre os resultados de uma importante transação comercial: O Dr. Ruy disse que se fechou-se o acordo comercial, portanto não pelo preço que agente esperava, lamentável mente. Milessa Reescreva o bilhete adequando os desvios da norma-padrão à variedade formal dessa norma na língua portuguesa. Resposta esperada: “Dr. Ruy disse que se fechou o acordo co- esperávamos (ou a gente esperava ou nós esperávamos), lamentavelmente. Milessa” Habilidade de leitura/escrita: usar adequadamente a norma-padrão da língua portuguesa. mercial, porém (ou mas ou contudo) não pelo preço que PROPOSTA DE SITUAÇÕES DE RECUPERAÇÃO Elaborar textos argumentativos, em especial a dissertação escolar, foi um dos grandes núcleos em torno dos quais giraram nossos trabalhos neste volume. Utilize, como ponto de partida, o questionário a seguir, associado aos quadros de conteúdos e habilidades propostos. Durante este volume, que conteúdos: 1. Gostou de estudar? Por quê? 2. Considerou desinteressantes? Por quê? 3. Compreendeu tão bem que poderia explicá-los para um colega sem dificuldades? 96 4. Considera que deveriam ser explicados de novo porque não conseguiu entendê-los bem? Use as respostas para elaborar estratégias de recuperação imediata de acordo com as necessidades específicas da turma. Se forem dificuldades individuais, além de ficar atento aos alunos que necessitam de apoio, sugira a formação de grupos de estudo. Uma boa estratégia é orientar a formação de grupos de estudo com alunos que ainda têm dificuldades e alunos que afirmam que poderiam explicar os conteúdos do volume para os colegas. A interação entre pares é ótimo instrumento para a construção Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 de aprendizagens. Todos ganham: quem precisa de apoio cresce e quem dá o apoio aprende mais. o texto ali planejado, depois de fazer as devidas correções nesse projeto. Se um grande número de alunos apresentar dificuldades em certos conteúdos, retome-os usando novas estratégias. Seguem algumas sugestões. Se, por outro lado, o aluno ainda apresenta dificuldades de compreensão do texto modernista, em particular de Vidas secas, peça que escolha um capítulo da obra e identifique nele as características desse período da nossa literatura. Caso verifique que um aluno não conseguiu incorporar devidamente as habilidades propostas no que diz respeito a estabelecer relações entre a tese e os argumentos apresentados, sugerimos que devolva a ele o projeto de texto feito na Situação de Aprendizagem 8, junto com a redação desenvolvida (acompanhada das anotações que você fez), e peça que escreva Em qualquer um dos casos, verifique se os alunos dispõem, no caderno, das anotações necessárias para fazer as pesquisas. Peça que identifiquem, nos apontamentos, quais as reais dificuldades que encontraram e que as estudem com atenção. Durante esse processo, fique à disposição para o esclarecimento de dúvidas e dificuldades. RECURSOS PARA AMPLIAR A PERSPECTIVA DO PROFESSOR E DO ALUNO PARA A COMPREENSÃO DO TEMA Se for conveniente, o professor pode usar os seguintes recursos para aprofundar o assunto da aula. Filme Vidas secas Direção: Nelson Pereira dos Santos. Brasil, 1963. 103 min. Excelente adaptação do livro clássico, com algumas diferenças em relação ao texto original. Exiba o filme na sua totalidade ou em partes, após a leitura do livro pelos alunos e antes da avaliação final. Livro didático É importante também valorizar o livro didático. Assim, ao iniciar a discussão de cada tema proposto, indique aos alunos as páginas do livro que ampliam o assunto. Livros BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1994. Importante manual de História da Literatura para consulta do professor. CITELLI, Adilson. Linguagem e persuasão. São Paulo: Ática, 1988. O autor sugere linhas de reflexão sobre as relações existentes entre a linguagem e a persuasão. _______. O texto argumentativo. São Paulo: Scipione, 1994. Texto que apresenta a linguagem como uma realizadora de intenções e meio pelo qual se constroem teses, assumem pontos de vista e superam preconceitos. GUIMARÃES, Elisa. A articulação do texto. São Paulo: Ática, 1995. 97 O livro promove a reflexão sobre a articulação do texto, em especial os procedimentos linguísticos e discursivos que fundamentam a estabilidade textual. KOCH, Ingedore G. V. Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Cortez, 2002. A autora apresenta importantes questões próprias da linguística textual, que fornecem fundamentação teórica para a construção textual dos sentidos. Sites Biblioteca Virtual Disponível em: <http://www.bibvirt.futuro. usp.br>. Acesso em: 30 maio 2013. 98 Museu de Arte Contemporânea de São Paulo Disponível em: <http://www.mac.usp.br>. Acesso em: 30 maio 2013. ONG Repórter Brasil Disponível em: <http://www.reporterbrasil. org.br>. Acesso em: 30 maio 2013. Organização Internacional do Trabalho Disponível em: <http://www.oitbrasil.org. br>. Acesso em: 30 maio 2013. Site de apoio aos professores Disponível em: <http://www.brasilescola. com/literatura>. Acesso em: 30 maio 2013. Televisão Estatal do Brasil Disponível em: <http://www.tvbrasil.ebc.com. br>. Acesso em: 30 maio 2013. Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 QUADRO DE CONTEÚDOS DO ENSINO MÉDIO 1a série 3a série Esferas de atividades sociais da linguagem Esferas de atividades sociais da linguagem Esferas de atividades sociais da linguagem As diferentes mídias A língua e a constituição psicossocial do indivíduo A língua portuguesa na escola: o gênero textual no cotidiano escolar A literatura na sociedade atual Lusofonia e história da língua portuguesa A exposição artística e o uso da palavra Comunicação e relações sociais Discurso e valores pessoais e sociais Literatura e Arte como instituições sociais Variedade linguística: preconceito linguístico A linguagem e a crítica de valores sociais A palavra e o tempo: texto e contexto social Como fazer para gostar de ler literatura? O estatuto do escritor na sociedade Os sistemas de arte e de entretenimento O século XIX e a poesia Literatura e seu estatuto O escritor no contexto social-político-econômico do século XIX O indivíduo e os pontos de vista e valores sociais Romantismo e Ultrarromantismo Valores e atitudes culturais no texto literário A literatura e a construção da modernidade e do modernismo Linguagem e o desenvolvimento do olhar crítico A crítica de valores sociais no texto literário Adequação linguística e ambiente de trabalho A língua portuguesa e o mundo do trabalho Leitura e expressão escrita Volume 1 2a série Estratégias de pré-leitura r3FMBÉ×FTEFDPOIFDJNFOUPTPCSFPHËOFSP do texto e antecipação de sentidos a partir de diferentes indícios Estruturação da atividade escrita r1SPKFUPEFUFYUP r$POTUSVÉÈPEPUFYUP r3FWJTÈP Textos prescritivos (foco: escrita) Projeto de atividade midiática (reportagem fotográfica, propaganda, documentário em vídeo, entre outros) Texto lírico (foco: leitura) Poema: diferenças entre verso e prosa Texto narrativo (foco: leitura) Conto tradicional Texto argumentativo (foco: escrita) r0QJOJ×FTQFTTPBJT Texto expositivo (foco: leitura e escrita) r5PNBEBEFOPUBT r3FTVNPEFUFYUPBVEJPWJTVBMOPWFMB televisiva, filme, documentário, entre outros) r-FHFOEB Relato (foco: leitura e escrita) r/PUÎDJB Informação, exposição de ideias e mídia impressa Intencionalidade comunicativa r1SPKFUPEFBUJWJEBEFFYUSBDVSSJDVMBS Texto narrativo (foco: leitura) r$SÔOJDB Texto teatral (foco: leitura) Diferenças entre texto teatral e texto espetacular r'ÃCVMB Texto lírico (foco: leitura) r1PFNB Texto expositivo (foco: leitura e escrita) r'PMIFUP r3FTVNP O texto literário e a mídia impressa Intencionalidade comunicativa Estratégias de pós-leitura r0SHBOJ[BÉÈPEBJOGPSNBÉÈPFVUJMJ[BÉÈP das habilidades desenvolvidas em novos contextos de leitura Leitura e expressão escrita Estratégias de pré-leitura r3FMBÉ×FTEFDPOIFDJNFOUPTPCSFPHËOFSP do texto e antecipação de sentidos a partir de diferentes indícios Estruturação da atividade escrita r1SPKFUPEFUFYUP r$POTUSVÉÈPEPUFYUP r3FWJTÈP Texto narrativo (foco: leitura) r5FYUPTFNQSPTBSPNBODF r$PNÊEJB Textos prescritivos (foco: escrita) r1SPKFUPEFUFYUP Texto lírico (foco: leitura) Poema: visão temática Texto argumentativo (foco: leitura e escrita) r"SUJHPEFPQJOJÈP r"OÙODJPQVCMJDJUÃSJP Argumentação, expressão de opiniões e mídia impressa Intencionalidade comunicativa Estratégias de pós-leitura r0SHBOJ[BÉÈPEBJOGPSNBÉÈPFVUJMJ[BÉÈP das habilidades desenvolvidas em novos contextos de leitura Texto prescritivo (foco: escrita) r1SPKFUPEFUFYUP Texto narrativo (foco: leitura e escrita) r3PNBODF r$POUPGBOUÃTUJDP Texto lírico (foco: leitura) r1PFNBBEFOÙODJBTPDJBM Texto argumentativo (foco: leitura e escrita) r"SUJHPEFPQJOJÈP Argumentação, expressão de opiniões e mídia impressa Intencionalidade comunicativa Estratégias de pós-leitura r0SHBOJ[BÉÈPEBJOGPSNBÉÈPFVUJMJ[BÉÈP das habilidades desenvolvidas em novos contextos de leitura Leitura e expressão escrita Estratégias de pré-leitura r3FMBÉ×FTEFDPOIFDJNFOUPTPCSFPHËOFSP do texto e antecipação de sentidos a partir de diferentes indícios Estruturação da atividade escrita r1MBOFKBNFOUP r$POTUSVÉÈPEPUFYUP r3FWJTÈP Textos prescritivos (foco: escrita) r1SPKFUPEFUFYUP Texto narrativo (foco: leitura e escrita) r"OBSSBUJWBNPEFSOB r$BSUVNPV)2 Texto lírico (foco: leitura) r"MÎSJDBNPEFSOB Texto argumentativo (foco: leitura e escrita) r3FTFOIBDSÎUJDB Argumentação, crítica e mídia impressa Intencionalidade comunicativa Texto narrativo (foco: leitura) r3PNBODFEFUFTF Texto lírico (foco: leitura) r1PFTJBFDSÎUJDBTPDJBM Texto argumentativo (foco: escrita) r%JTTFSUBÉÈPFTDPMBS Mundo do trabalho e mídia impressa Intencionalidade comunicativa Estratégias de pós-leitura r0SHBOJ[BÉÈPEBJOGPSNBÉÈPFVUJMJ[BÉÈP das habilidades desenvolvidas em novos contextos de leitura Funcionamento da língua A língua portuguesa e os exames de acesso ao Ensino Superior Aspectos formais do uso da língua: ortografia e concordância Aspectos linguísticos específicos da construção do gênero: uso do numeral Categorias da narrativa: personagem, espaço e enredo Construção da textualidade Identificação das palavras e ideias-chave em um texto Intertextualidade: interdiscursiva, intergenérica, referencial e temática Linguagem e adequação vocabular Valor expressivo do vocativo O problema do eco em textos escritos Resolução de problemas de oralidade na produção do texto escrito Adequação linguística e trabalho Análise estilística: nível sintático Conhecimentos linguísticos e de gênero textual Construção da textualidade Construção linguística da superfície textual: paralelismos, coordenação e subordinação Estrutura sintática e construção da tese Intertextualidade: interdiscursiva, intergenérica, referencial e temática 99 Volume 1 1a série 2a série Funcionamento da língua Funcionamento da língua Análise estilística: verbo, adjetivo e substantivo Aspectos linguísticos específicos da construção do gênero Construção da textualidade Identificação das palavras, sinonímia e ideias-chave em um texto Intertextualidade: interdiscursiva, intergenética, referencial e temática Lexicografia: dicionário, glossário, enciclopédia Visão crítica do estudo da gramática O conceito de gênero textual Polissemia Análise estilística: conectivos Aspectos linguísticos específicos da construção da textualidade Construção linguística da superfície textual: uso de conectores Coordenação e subordinação Formação do gênero Intertextualidade: interdiscursiva, intergenérica, referencial e temática Lexicografia: dicionário, glossário, enciclopédia Períodos simples e composto Valor expressivo do período simples r"OÃMJTFFTUJMÎTUJDBBEWÊSCJPFNFUPOÎNJB r"TQFDUPTMJOHVÎTUJDPTFTQFDÎàDPTEB construção do gênero r$PFTÈPFDPFSËODJBDPNWJTUBTÆ construção da textualidade Identificação das palavras e ideias-chave em um texto Interação entre elementos literários e linguísticos Processos interpretativos inferenciais: metáfora Compreensão e discussão oral A oralidade nos textos escritos Discussão de pontos de vista: Literatura e Arte Expressão oral e tomada de turno Expressão de opiniões pessoais Situação comunicativa: contexto e interlocutores 3a série Lexicografia: dicionário, glossário, enciclopédia Compreensão e discussão oral A oralidade nos textos escritos Discussão de pontos de vista em textos literários A importância da tomada de turno Expressão de opiniões pessoais Identificação de estruturas e funções Compreensão e discussão oral Discussão de pontos de vista em textos criativos (publicitários) Concatenação de ideias Discussão de pontos de vista em textos opinativos Expressão de opiniões pessoais Esferas de atividades sociais da linguagem Esferas de atividades sociais da linguagem Esferas de atividades sociais da linguagem A literatura como sistema intersemiótico O eu e o outro: a construção do diálogo e do conhecimento A construção do caráter dos enunciadores A palavra: profissões e campo de trabalho O texto literário e o tempo Ética, sexualidade e linguagem Literatura e seu estatuto O escritor no contexto social-político-econômico do século XIX As propostas pós-românticas e a literatura realista e naturalista Literatura e realidade social Comunicação, sociedade e poder Ruptura e diálogo entre linguagem e tradição África e Brasil: relações hipersistêmicas (cultura, língua e sociedade) Diversidade e linguagem Trabalho, linguagem e realidade brasileira Literatura modernista e tendências do Pós-modernismo Linguagem e projeto de vida Leitura e expressão escrita Estratégias de pré-leitura r3FMBÉ×FTEFDPOIFDJNFOUPTPCSFPHËOFSP do texto e antecipação de sentidos a partir de diferentes indícios Estruturação da atividade escrita r1MBOFKBNFOUP r$POTUSVÉÈPEPUFYUP r3FWJTÈP r5FYUPQSFTDSJUJWPGPDPFTDSJUB r1SPKFUPEFUFYUP Texto argumentativo (foco: escrita) r%JTTFSUBÉÈPFTDPMBS Texto literário narrativo e lírico (foco: leitura e escrita) r"OÃMJTFDSÎUJDBEFUFYUPMJUFSÃSJP r"QSPTBBQPFTJBBQBSÓEJBB modernidade e o mundo atual Texto prescritivo (foco: leitura e escrita) r&YBNFTEFBDFTTPBP&OTJOP4VQFSJPSPV de seleção profissional Mundo do trabalho e mídia impressa Volume 2 Leitura e expressão escrita 100 Estratégias de pré-leitura r$POIFDJNFOUPTPCSFPHËOFSPEPUFYUP e a antecipação de sentidos a partir de diferentes indícios Estruturação da atividade escrita r1SPKFUPEFUFYUP r$POTUSVÉÈPEPUFYUP r3FWJTÈP Texto prescritivo (foco: escrita) r1SPKFUPEFUFYUP Texto argumentativo (foco: leitura e escrita) r&TUSVUVSBUJQPMÓHJDB Texto expositivo (foco: leitura e escrita) r'ÔMEFS r&OUSFWJTUB Texto lírico (foco: leitura) r0QPFNBFPDPOUFYUPIJTUÓSJDP Texto narrativo (foco: leitura) r0DPOUP r$PNÊEJBFUSBHÊEJBTFNFMIBOÉBTF diferenças) As entrevistas e a mídia impressa Relações entre literatura e outras expressões da Arte Intencionalidade comunicativa Estratégias de pós-leitura Estratégias de pré-leitura r3FMBÉ×FTEFDPOIFDJNFOUPTPCSFPHËOFSP do texto e antecipação de sentidos a partir de diferentes indícios Estruturação da atividade escrita r1MBOFKBNFOUP r$POTUSVÉÈPEPUFYUP r3FWJTÈP Texto prescritivo (foco: escrita) r1SPKFUPEFUFYUP Texto expositivo (foco: leitura e escrita) r3FQPSUBHFN r$PSSFTQPOEËODJB Texto narrativo (foco: leitura) r0TÎNCPMPFBNPSBM Texto lírico (foco: leitura) r0TÎNCPMPFBNPSBM r1PFNBBSVQUVSBFPEJÃMPHPDPNB tradição Relato (foco: escrita) r&OTBJPPVQFSàMCJPHSÃàDP Leitura e expressão escrita Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1 1a série r0SHBOJ[BÉÈPEBJOGPSNBÉÈPFVUJMJ[BÉÈP das habilidades desenvolvidas em novos contextos de leitura. r1SPTBMJUFSÃSJBDPNQBSBÉÈPFOUSF diferentes gêneros de ficção r$PSEFM r&QPQFJB Texto argumentativo (foco: leitura e escrita) Ethos e produção escrita A opinião crítica e a mídia impressa Estratégias de pós-leitura r0SHBOJ[BÉÈPEBJOGPSNBÉÈPFVUJMJ[BÉÈP das habilidades desenvolvidas em novos contextos de leitura Intencionalidade comunicativa Volume 2 Funcionamento da língua Análise estilística: verbo, adjetivo, substantivo Aspectos linguísticos específicos da construção do gênero Construção da textualidade Construção linguística da superfície textual: coesão Identificação das palavras, sinonímia e ideias-chave em um texto Intertextualidade: interdiscursiva, intergenérica, referencial e temática Intersemioticidade Análise estilística: pronomes, artigos e numerais Conhecimentos linguísticos e de gênero textual Lexicografia: dicionário, glossário, enciclopédia Relações entre os estudos de literatura e linguagem 2a série A expressão de ideias e conhecimentos e a mídia impressa Intencionalidade comunicativa Estratégias de pós-leitura r5FYUPMJUFSÃSJPGPDPMFJUVSB r$POUPBSVQUVSBDPNBUSBEJÉÈP r1PFNBTVCKFUJWJEBEFFPCKFUJWJEBEF Texto expositivo (foco: leitura e escrita) r&OUSFWJTUB Relato (foco: leitura e escrita) r3FQPSUBHFN Texto informativo (foco: leitura e escrita) r'ÔMEFSPVQSPTQFDUP A expressão de opiniões pela instituição jornalística Intencionalidade comunicativa Estratégias de pós-leitura r0SHBOJ[BÉÈPEBJOGPSNBÉÈPFVUJMJ[BÉÈP das habilidades desenvolvidas em novos contextos de leitura Funcionamento da língua A sequencialização dos parágrafos Análise estilística: preposição Aspectos linguísticos específicos da construção do gênero Coesão e coerência com vistas à construção da textualidade Intertextualidade: interdiscursiva, intergenérica, referencial e temática Lexicografia: dicionário, glossário, enciclopédia Análise estilística: orações coordenadas e subordinadas A sequencialização dos parágrafos Conhecimentos linguísticos e de gênero textual Compreensão e discussão oral Compreensão e discussão oral Discussão de pontos de vista em textos literários Expressão de opiniões pessoais Estratégias de escuta Hetero e autoavaliação Concatenação de ideias Intencionalidade comunicativa Discussão de pontos de vista em textos opinativos Hetero e autoavaliação Estratégias de escuta 3a série Compreensão e discussão oral A oralidade nos textos escritos Discussão de pontos de vista em textos literários A importância da tomada de turno Expressão de opiniões pessoais Identificação de estruturas e funções Intencionalidade comunicativa Texto literário (foco: leitura e escrita) r"OÃMJTFDSÎUJDB Texto argumentativo (foco: escrita) r%JTTFSUBÉÈPFTDPMBS Texto prescritivo (foco: leitura e escrita) r&YBNFTEFBDFTTPBP&OTJOP4VQFSJPSPV de seleção profissional Texto expositivo (foco: oral e escrita) r%JTDVSTP Intencionalidade comunicativa Estratégias de pós-leitura r0SHBOJ[BÉÈPEBJOGPSNBÉÈPFVUJMJ[BÉÈP das habilidades desenvolvidas em novos contextos de leitura Funcionamento da língua Conhecimentos linguísticos e de gênero textual Construção da textualidade Construção linguística da superfície textual: reformulação, paráfrase e estilização Intertextualidade: interdiscursiva, intergenérica, referencial e temática Lexicografia: dicionário, glossário, enciclopédia O clichê e o chavão Compreensão e discussão oral Expressão de opiniões pessoais Estratégias de fala e escuta Hetero e autoavaliação Conhecimentos da linguagem Revisão dos principais conteúdos 101 CONCEPÇÃO E COORDENAÇÃO GERAL NOVA EDIÇÃO 2014-2017 COORDENADORIA DE GESTÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – CGEB Coordenadora Maria Elizabete da Costa Diretor do Departamento de Desenvolvimento Curricular de Gestão da Educação Básica João Freitas da Silva Diretora do Centro de Ensino Fundamental dos Anos Finais, Ensino Médio e Educação Profissional – CEFAF Valéria Tarantello de Georgel Coordenadora Geral do Programa São Paulo faz escola Valéria Tarantello de Georgel Coordenação Técnica Roberto Canossa Roberto Liberato Suely Cristina de Albuquerque BomÅm EQUIPES CURRICULARES Área de Linguagens Arte: Ana Cristina dos Santos Siqueira, Carlos Eduardo Povinha, Kátia Lucila Bueno e Roseli Ventrela. Educação Física: Marcelo Ortega Amorim, Maria Elisa Kobs Zacarias, Mirna Leia Violin Brandt, Rosângela Aparecida de Paiva e Sergio Roberto Silveira. Língua Estrangeira Moderna (Inglês e Espanhol): Ana Paula de Oliveira Lopes, Jucimeire de Souza Bispo, Marina Tsunokawa Shimabukuro, Neide Ferreira Gaspar e Sílvia Cristina Gomes Nogueira. Língua Portuguesa e Literatura: Angela Maria Baltieri Souza, Claricia Akemi Eguti, Idê Moraes dos Santos, João Mário Santana, Kátia Regina Pessoa, Mara Lúcia David, Marcos Rodrigues Ferreira, Roseli Cordeiro Cardoso e Rozeli Frasca Bueno Alves. Área de Matemática Matemática: Carlos Tadeu da Graça Barros, Ivan Castilho, João dos Santos, Otavio Yoshio Yamanaka, Rodrigo Soares de Sá, Rosana Jorge Monteiro, Sandra Maira Zen Zacarias e Vanderley Aparecido Cornatione. Área de Ciências da Natureza Biologia: Aparecida Kida Sanches, Elizabeth Reymi Rodrigues, Juliana Pavani de Paula Bueno e Rodrigo Ponce. Ciências: Eleuza Vania Maria Lagos Guazzelli, Gisele Nanini Mathias, Herbert Gomes da Silva e Maria da Graça de Jesus Mendes. Física: Carolina dos Santos Batista, Fábio Bresighello Beig, Renata Cristina de Andrade Oliveira e Tatiana Souza da Luz Stroeymeyte. Química: Ana Joaquina Simões S. de Matos Carvalho, Jeronimo da Silva Barbosa Filho, João Batista Santos Junior e Natalina de Fátima Mateus. Rosângela Teodoro Gonçalves, Roseli Soares Jacomini, Silvia Ignês Peruquetti Bortolatto e Zilda Meira de Aguiar Gomes. Área de Ciências Humanas Filosofia: Emerson Costa, Tânia Gonçalves e Teônia de Abreu Ferreira. Área de Ciências da Natureza Biologia: Aureli Martins Sartori de Toledo, Evandro Rodrigues Vargas Silvério, Fernanda Rezende Pedroza, Regiani Braguim Chioderoli e Rosimara Santana da Silva Alves. Geografia: Andréia Cristina Barroso Cardoso, Débora Regina Aversan e Sérgio Luiz Damiati. História: Cynthia Moreira Marcucci, Maria Margarete dos Santos e Walter Nicolas Otheguy Fernandez. Sociologia: Alan Vitor Corrêa, Carlos Fernando de Almeida e Tony Shigueki Nakatani. PROFESSORES COORDENADORES DO NÚCLEO PEDAGÓGICO Área de Linguagens Educação Física: Ana Lucia Steidle, Eliana Cristine Budisk de Lima, Fabiana Oliveira da Silva, Isabel Cristina Albergoni, Karina Xavier, Katia Mendes e Silva, Liliane Renata Tank Gullo, Marcia Magali Rodrigues dos Santos, Mônica Antonia Cucatto da Silva, Patrícia Pinto Santiago, Regina Maria Lopes, Sandra Pereira Mendes, Sebastiana Gonçalves Ferreira Viscardi, Silvana Alves Muniz. Língua Estrangeira Moderna (Inglês): Célia Regina Teixeira da Costa, Cleide Antunes Silva, Ednéa Boso, Edney Couto de Souza, Elana Simone Schiavo Caramano, Eliane Graciela dos Santos Santana, Elisabeth Pacheco Lomba Kozokoski, Fabiola Maciel Saldão, Isabel Cristina dos Santos Dias, Juliana Munhoz dos Santos, Kátia Vitorian Gellers, Lídia Maria Batista BomÅm, Lindomar Alves de Oliveira, Lúcia Aparecida Arantes, Mauro Celso de Souza, Neusa A. Abrunhosa Tápias, Patrícia Helena Passos, Renata Motta Chicoli Belchior, Renato José de Souza, Sandra Regina Teixeira Batista de Campos e Silmara Santade Masiero. Língua Portuguesa: Andrea Righeto, Edilene Bachega R. Viveiros, Eliane Cristina Gonçalves Ramos, Graciana B. Ignacio Cunha, Letícia M. de Barros L. Viviani, Luciana de Paula Diniz, Márcia Regina Xavier Gardenal, Maria Cristina Cunha Riondet Costa, Maria José de Miranda Nascimento, Maria Márcia Zamprônio Pedroso, Patrícia Fernanda Morande Roveri, Ronaldo Cesar Alexandre Formici, Selma Rodrigues e Sílvia Regina Peres. Área de Matemática Matemática: Carlos Alexandre Emídio, Clóvis Antonio de Lima, Delizabeth Evanir Malavazzi, Edinei Pereira de Sousa, Eduardo Granado Garcia, Evaristo Glória, Everaldo José Machado de Lima, Fabio Augusto Trevisan, Inês Chiarelli Dias, Ivan Castilho, José Maria Sales Júnior, Luciana Moraes Funada, Luciana Vanessa de Almeida Buranello, Mário José Pagotto, Paula Pereira Guanais, Regina Helena de Oliveira Rodrigues, Robson Rossi, Rodrigo Soares de Sá, Rosana Jorge Monteiro, Ciências: Davi Andrade Pacheco, Franklin Julio de Melo, Liamara P. Rocha da Silva, Marceline de Lima, Paulo Garcez Fernandes, Paulo Roberto Orlandi Valdastri, Rosimeire da Cunha e Wilson Luís Prati. Física: Ana Claudia Cossini Martins, Ana Paula Vieira Costa, André Henrique GhelÅ RuÅno, Cristiane Gislene Bezerra, Fabiana Hernandes M. Garcia, Leandro dos Reis Marques, Marcio Bortoletto Fessel, Marta Ferreira Mafra, Rafael Plana Simões e Rui Buosi. Química: Armenak Bolean, Cátia Lunardi, Cirila Tacconi, Daniel B. Nascimento, Elizandra C. S. Lopes, Gerson N. Silva, Idma A. C. Ferreira, Laura C. A. Xavier, Marcos Antônio Gimenes, Massuko S. Warigoda, Roza K. Morikawa, Sílvia H. M. Fernandes, Valdir P. Berti e Willian G. Jesus. Área de Ciências Humanas Filosofia: Álex Roberto Genelhu Soares, Anderson Gomes de Paiva, Anderson Luiz Pereira, Claudio Nitsch Medeiros e José Aparecido Vidal. Geografia: Ana Helena Veneziani Vitor, Célio Batista da Silva, Edison Luiz Barbosa de Souza, Edivaldo Bezerra Viana, Elizete Buranello Perez, Márcio Luiz Verni, Milton Paulo dos Santos, Mônica Estevan, Regina Célia Batista, Rita de Cássia Araujo, Rosinei Aparecida Ribeiro Libório, Sandra Raquel Scassola Dias, Selma Marli Trivellato e Sonia Maria M. Romano. História: Aparecida de Fátima dos Santos Pereira, Carla Flaitt Valentini, Claudia Elisabete Silva, Cristiane Gonçalves de Campos, Cristina de Lima Cardoso Leme, Ellen Claudia Cardoso Doretto, Ester Galesi Gryga, Karin Sant’Ana Kossling, Marcia Aparecida Ferrari Salgado de Barros, Mercia Albertina de Lima Camargo, Priscila Lourenço, Rogerio Sicchieri, Sandra Maria Fodra e Walter Garcia de Carvalho Vilas Boas. Sociologia: Anselmo Luis Fernandes Gonçalves, Celso Francisco do Ó, Lucila Conceição Pereira e Tânia Fetchir. Apoio: Fundação para o Desenvolvimento da Educação - FDE CTP, Impressão e acabamento Log Print GráÅca e Logística S. A. GESTÃO DO PROCESSO DE PRODUÇÃO EDITORIAL 2014-2017 FUNDAÇÃO CARLOS ALBERTO VANZOLINI Presidente da Diretoria Executiva Antonio Rafael Namur Muscat Vice-presidente da Diretoria Executiva Alberto Wunderler Ramos GESTÃO DE TECNOLOGIAS APLICADAS À EDUCAÇÃO Direção da Área Guilherme Ary Plonski Coordenação Executiva do Projeto Angela Sprenger e Beatriz Scavazza Gestão Editorial Denise Blanes Equipe de Produção Editorial: Amarilis L. Maciel, Angélica dos Santos Angelo, Bóris Fatigati da Silva, Bruno Reis, Carina Carvalho, Carla Fernanda Nascimento, Carolina H. Mestriner, Carolina Pedro Soares, Cíntia Leitão, Eloiza Lopes, Érika Domingues do Nascimento, Flávia Medeiros, Gisele Manoel, Jean Xavier, Karinna Alessandra Carvalho Taddeo, Leandro Calbente Câmara, Leslie Sandes, Mainã Greeb Vicente, Marina Murphy, Michelangelo Russo, Natália S. Moreira, Olivia Frade Zambone, Paula Felix Palma, Priscila Risso, Regiane Monteiro Pimentel Barboza, Rodolfo Marinho, Stella Assumpção Mendes Mesquita, Tatiana F. Souza e Tiago Jonas de Almeida. CONCEPÇÃO DO PROGRAMA E ELABORAÇÃO DOS CONTEÚDOS ORIGINAIS Filosofia: Paulo Miceli, Luiza Christov, Adilton Luís Martins e Renê José Trentin Silveira. COORDENAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DOS CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS DOS CADERNOS DOS PROFESSORES E DOS CADERNOS DOS ALUNOS Ghisleine Trigo Silveira Geografia: Angela Corrêa da Silva, Jaime Tadeu Oliva, Raul Borges Guimarães, Regina Araujo e Sérgio Adas. CONCEPÇÃO Guiomar Namo de Mello, Lino de Macedo, Luis Carlos de Menezes, Maria Inês Fini coordenadora! e Ruy Berger em memória!. AUTORES Linguagens Coordenador de área: Alice Vieira. Arte: Gisa Picosque, Mirian Celeste Martins, Geraldo de Oliveira Suzigan, Jéssica Mami Makino e Sayonara Pereira. Educação Física: Adalberto dos Santos Souza, Carla de Meira Leite, Jocimar Daolio, Luciana Venâncio, Luiz Sanches Neto, Mauro Betti, Renata Elsa Stark e Sérgio Roberto Silveira. LEM – Inglês: Adriana Ranelli Weigel Borges, Alzira da Silva Shimoura, Lívia de Araújo Donnini Rodrigues, Priscila Mayumi Hayama e Sueli Salles Fidalgo. LEM – Espanhol: Ana Maria López Ramírez, Isabel Gretel María Eres Fernández, Ivan Rodrigues Martin, Margareth dos Santos e Neide T. Maia González. História: Paulo Miceli, Diego López Silva, Glaydson José da Silva, Mônica Lungov Bugelli e Raquel dos Santos Funari. Sociologia: Heloisa Helena Teixeira de Souza Martins, Marcelo Santos Masset Lacombe, Melissa de Mattos Pimenta e Stella Christina Schrijnemaekers. Ciências da Natureza Coordenador de área: Luis Carlos de Menezes. Biologia: Ghisleine Trigo Silveira, Fabíola Bovo Mendonça, Felipe Bandoni de Oliveira, Lucilene Aparecida Esperante Limp, Maria Augusta Querubim Rodrigues Pereira, Olga Aguilar Santana, Paulo Roberto da Cunha, Rodrigo Venturoso Mendes da Silveira e Solange Soares de Camargo. Ciências: Ghisleine Trigo Silveira, Cristina Leite, João Carlos Miguel Tomaz Micheletti Neto, Julio Cézar Foschini Lisbôa, Lucilene Aparecida Esperante Limp, Maíra Batistoni e Silva, Maria Augusta Querubim Rodrigues Pereira, Paulo Rogério Miranda Correia, Renata Alves Ribeiro, Ricardo Rechi Aguiar, Rosana dos Santos Jordão, Simone Jaconetti Ydi e Yassuko Hosoume. Língua Portuguesa: Alice Vieira, Débora Mallet Pezarim de Angelo, Eliane Aparecida de Aguiar, José Luís Marques López Landeira e João Henrique Nogueira Mateos. Física: Luis Carlos de Menezes, Estevam Rouxinol, Guilherme Brockington, Ivã Gurgel, Luís Paulo de Carvalho Piassi, Marcelo de Carvalho Bonetti, Maurício Pietrocola Pinto de Oliveira, Maxwell Roger da PuriÅcação Siqueira, Sonia Salem e Yassuko Hosoume. Direitos autorais e iconografia: Beatriz Fonseca Micsik, Érica Marques, José Carlos Augusto, Juliana Prado da Silva, Marcus Ecclissi, Maria Aparecida Acunzo Forli, Maria Magalhães de Alencastro e Vanessa Leite Rios. Matemática Coordenador de área: Nílson José Machado. Matemática: Nílson José Machado, Carlos Eduardo de Souza Campos Granja, José Luiz Pastore Mello, Roberto Perides Moisés, Rogério Ferreira da Fonseca, Ruy César Pietropaolo e Walter Spinelli. Química: Maria Eunice Ribeiro Marcondes, Denilse Morais Zambom, Fabio Luiz de Souza, Hebe Ribeiro da Cruz Peixoto, Isis Valença de Sousa Santos, Luciane Hiromi Akahoshi, Maria Fernanda Penteado Lamas e Yvone Mussa Esperidião. Edição e Produção editorial: Jairo Souza Design GráÅco e Occy Design projeto gráÅco!. Ciências Humanas Coordenador de área: Paulo Miceli. Caderno do Gestor Lino de Macedo, Maria Eliza Fini e Zuleika de Felice Murrie. Catalogação na Fonte: Centro de Referência em Educação Mario Covas * Nos Cadernos do Programa São Paulo faz escola são indicados sites para o aprofundamento de conhecimentos, como fonte de consulta dos conteúdos apresentados e como referências bibliográficas. Todos esses endereços eletrônicos foram checados. No entanto, como a internet é um meio dinâmico e sujeito a mudanças, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo não garante que os sites indicados permaneçam acessíveis ou inalterados. * Os mapas reproduzidos no material são de autoria de terceiros e mantêm as características dos originais, no que diz respeito à grafia adotada e à inclusão e composição dos elementos cartográficos (escala, legenda e rosa dos ventos). * Os ícones do Caderno do Aluno são reproduzidos no Caderno do Professor para apoiar na identificação das atividades. S2+1m São Paulo (Estado) Secretaria da Educação. Material de apoio ao currículo do Estado de São Paulo: caderno do professor; língua portuguesa, ensino médio, 3a série / Secretaria da Educação; coordenação geral, Maria Inês Fini; equipe, Débora Mallet Pezarim de Angelo, Eliane Aparecida de Aguiar, João Henrique Nogueira Mateos, José Luís Marques López Landeira. - São Paulo: SE, 2014. v. 1, 104 p. Edição atualizada pela equipe curricular do Centro de Ensino Fundamental dos Anos Finais, Ensino Médio e Educação Profissional – CEFAF, da Coordenadoria de Gestão da Educação Básica - CGEB. ISBN 978-85-7849-550-3 1. Ensino médio 2. Língua portuguesa 3. Atividade pedagógica I. Fini, Maria Inês. II. Angelo, Débora Mallet Pezarim de. III. Aguiar, Eliane Aparecida de. IV. Mateos, João Henrique Nogueira. V. Landeira, José Luís Marques López. VI. Título. CDU: 371.3:806.90 Validade: 2014 – 2017