análise do perfil e preferência do consumidor de carne bovina em
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análise do perfil e preferência do consumidor de carne bovina em
1 ANÁLISE DO PERFIL E PREFERÊNCIA DO CONSUMIDOR DE CARNE BOVINA EM GUANAMBI – BA E MICRORREGIÃO Priscila Teixeira Fernandes1, Kamilla Veloso Teixeira1, Elenita Sapalácio Melo1, Daniele Mendonça da Silva1, Carmen Anízia Novais Azevedo1, Ludmila Alves de Carvalho1, Pablo Teixeira Viana2, Rafael Antonio Viana da Fonseca3 1 Graduanda do Curso de Nutrição, CESG/FG, Guanambi – BA. Zootecnista, Mestre/Doutorando em Produção Animal, CESG/FG, Guanambi – BA. 3 Nutricionista, Mestre em Nutrição, CESG/FG, Guanambi – BA. 2 RESUMO: Objetivou-se com a realização do presente estudo avaliar o perfil e a preferência do consumidor de carne bovina na cidade de Guanambi – BA e microrregião. O presente trabalho foi realizado na cidade de Guanambi - BA e municípios pertencentes á sua Microrregião. A coleta dos dados foi realizada no período compreendido entre os dias 12 a 15 de setembro de 2012. A amostra foi composta por 150 entrevistados escolhidos aleatoriamente nos diversos pontos de venda de cada município. Foi possível observar que os consumidores de carne bovina da microrregião de Guanambi - BA apresentam-se de forma diversificada no que se refere ao grau de escolaridade, renda e composição familiar. Observou-se que 54,7% dos consumidores preferem comprar a carne bovina semanalmente em açougues, já que 38,0% consomem diariamente. Foi possível constatar que os consumidores compram, preferencialmente, produtos que apresentam uma boa aparência, em consonância com o parâmetro cor (28,7%) e características físicas e sabor, 30,7%. Em substituição à carne bovina por outro produto cárneo, 48,7% dos consumidores optam pelo consumo de carne de frango. Observou-se que 34,0% dos consumidores da carne bovina preocupam-se com a qualidade do aspecto visual da carne que é consumida seguida pela gordura 28,0% e cor 22,7%. Quanto ao nível de conhecimento do consumidor referente ao valor nutricional da carne bovina e seus riscos à saúde humana, observou-se que apenas 26,0% tinham conhecimento de suas características. Conclui-se, portanto, estar havendo um processo de mudança no perfil do consumidor indicando uma maior preocupação com a qualidade do produto e sua segurança durante a alimentação, colocando em primeiro lugar a satisfação de consumir, sua saúde e o seu bem estar. Palavras-chave: Características sensoriais. Produto cárneo. Valor nutricional 2 PROFILE AND ANALYSIS OF BEEF CONSUMER’S PREFERENCES IN GUANAMBI – BA AND MICRO REGION ABSTRACT: The objective of the realization of this study was to evaluate the profile and consumer preference for beef in the city of Guanambi - BA and micro. This study was conducted in the city of Guanambi - BA and municipalities belonging to its micro region. Data collection was conducted in the period between 12th to 15th September 2012. The sample consisted of 150 respondents randomly selected from various points of sale in each city. It was observed that consumers of beef micro region Guanambi - BA presents so diverse with regard to educational level, income and household composition. It was observed that 54.7% of consumers prefer to buy meat in butchery bovine weekly, since 38.0% consume daily. It was found that consumers buy, preferably products that present a good appearance, in keeping with the color parameter (28.7%) and physical characteristics and flavor, 30.7%. In lieu of beef on the other meat product, 48.7% of consumers opt for the consumption of chicken. It was observed that 34.0% of beef consumers are concerned about the quality of the visual appearance of the meat which is consumed followed by 28.0% fat and 22.7% color. Regarding the level of consumer knowledge regarding the nutritional value of beef and its risks to human health, it was observed that only 26.0% were aware of its characteristics. We conclude, therefore, there be a process of change in consumer profile indicating a greater concern with the quality of the product and its safety during feeding, putting first the satisfaction of consuming their health and wellness. Key words: Meat product. Nutritional value. Organoleptic characteristics INTRODUÇÃO O Brasil é considerado o segundo maior produtor mundial de proteína animal e tem no mercado interno o principal destino de sua produção (USDA, 2012). A produção brasileira de carne bovina alcançou em 2011 nove milhões de toneladas em equivalente carcaça, sendo 14,4% exportados principalmente a países da União Europeia. Em 2012, estima-se que esse percentual aproxime dos 21,0% (IBGE, 2012). 3 De acordo com a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (2011), estes dados apontam que o País contribui com 16,3% de toda carne bovina consumida no Mundo. O Departamento de Agricultura Americano (2012) estima que haja um aumento no consumo de 0,2% para no ano corrente, percebendo – se um consumo considerado de carne bovina no país. Como reflexo da melhoria do agronegócio e pecuária, tem-se, claramente o aumento do consumo de carnes vermelhas no Brasil (IBGE, 2010). Neste sentido, o consumo per capita de carne bovina em 2010 aumentou em relação ao ano anterior chegando a 37,4 kg para carne bovina, refletindo, possivelmente, na geração de renda e desenvolvimento da economia brasileira. A introdução da carne vermelha como parte da alimentação humana, data do início da evolução do homem com a domesticação de rebanhos bovinos (BERTOLAMI, 2005). Portanto, conhecer as preferências e comportamentos dos consumidores de alimentos tem despertado na pesquisa novas formas de avaliar e interpretar diferentes resultados nas diversas áreas de estudos, principalmente no que diz respeito à qualidade nutricional da carne vermelha (BRISOLA & CASTRO, 2005). A partir do momento em que se identificou que o consumo alimentar de colesterol e de gordura saturada pode proporcionar o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, principalmente a doença aterosclerótica, a carne bovina começou a ser questionada (BRASIL, 2008; BERTOLAMI, 2005) e observada por diversas instituições de pesquisa e pelo consumidor. Sendo assim, o conhecimento dos atributos que determinam a preferência dos consumidores, empresas têm desenvolvido estratégias buscando garantir a competitividade e sustentabilidade das cadeias de produção a que pertencem (BRISOLA & CASTRO, 2005). A partir dos resultados de novas pesquisas e informações postas pela mídia, começaram a aparecer recomendações limitando o consumo de carne e derivados processados desse produto com base na expectativa de que os ácidos graxos saturados presentes nesses alimentos, levariam a aumento das lipoproteínas de baixa densidade e do colesterol ligado a elas, com malefícios cardiovasculares (BERTOLAMI, 2005; FREITAS & LOBATO, 2006). Entretanto, o consumo de carne vermelha pode ser observado sobre duas vertentes, uma exaltando sua importância como alimento rico em nutrientes essenciais e com sabor e característica sensoriais de extrema aceitação pelo 4 consumidor, e uma segunda, apontando consequências deletérias à saúde humana (FREITAS & LOBATO, 2006; BRASIL, 2008). Ambas as perspectivas lastreadas por pesquisas científicas, apontam que o consumo de produtos cárneos bovinos é saudável e até recomendável até determinado ponto onde a presença de gorduras saturadas, colesterol, purinas e cloreto de sódio tornam-se indesejáveis para o quadro de saúde adequado (VITOLO, 2008). O consumo moderado é recomendado devido ao alto teor de gorduras saturadas nesses alimentos, que aumentam o risco de desenvolvimento da obesidade, de doenças cardíacas e outras doenças, incluindo alguns tipos de câncer. A Organização Mundial de Saúde, assim como o Ministério da Saúde, preconiza o consumo de uma porção diária de carne vermelha, que pode ser substituída por carne de peixes, aves e ovos (BRASIL, 2008). Neste posto, é sabido que o consumo de carne bovina é sustentado por diversos fatores, tais como a tradição brasileira e regional, a oferta de proteínas de alto valor biológico, ferro e zinco a presença de cianocobalamina que é presente somente em carnes e de vital importância no metabolismo de gorduras, carboidratos e lipídios e na homeostasia sanguínea (BRASIL, 2008; CARDOSO, 2010). Desta forma, entender o perfil do consumidor de carne bovina pode ser um indicativo do conhecimento da qualidade nutricional desta, conhecimento da população referente prejuízos à saúde, além de apontar as condições econômicas, onde a carne bovina e seus derivados apresentam elevado valor agregado, influenciando diretamente no orçamento familiar. Neste contexto objetivou-se com a realização do presente estudo avaliar o perfil e a preferência do consumidor de carne bovina na cidade de Guanambi – BA e microrregião. MATERIAL E MÉTODOS O presente trabalho foi realizado na cidade de Guanambi - BA e distrito de Mutans e municípios pertencentes á sua Microrregião (Caetité, Candiba, Matina, Pindaí, e Urandi). A coleta dos dados foi realizada no período compreendido entre os dias 12 a 15 de setembro de 2012. Trata-se de uma pesquisa de caráter exploratório que se apoia em base quantitativa realizada através de questionário estruturado direcionado 5 exclusivamente os consumidores de carne bovina desta região. A amostra foi composta por 150 entrevistados escolhidos aleatoriamente nos diversos pontos de venda de cada município (açougue, feira-livre, supermercado, entre outros), sendo 30 questionários aplicados na cidade de Guanambi e 20 nas demais localidades. A entrevista com a aplicação do questionário buscou analisar o perfil socioeconômico e preferências do consumidor (cidade/município; número de integrantes da família; idade; grau de escolaridade e renda familiar; frequência e quantidade aproximada de consumo de carne bovina na família; corte cárneo adquirido com maior frequência; o que valoriza na carne comprada e consumida; preferência e motivo que determina o tipo de estabelecimento para compra; qual o alimento de carne (espécie animal) que o levaria a substituir a carne bovina). Foram questionadas ao consumidor, para posterior avaliação e interpretação dos resultados, as principais características sensoriais, classificadas em cor, quantidade de gordura, firmeza, quantidade de líquido livre (quando embalada) e aspecto visual no momento da aquisição, ale das características obtidas após o processo de cozimento, como corte, sabor e maciez. Foi determinado para critério de inclusão e exclusão no preenchimento do questionário, ser o entrevistado, consumidor de carne bovina, sendo facultativa a participação da entrevista, não necessitando a adesão ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE. Os dados foram processados utilizando-se o programa Excel 2007 da Microsoft®, versão for Windows 7, no qual foram feitas as análises estatísticas descritivas e inferenciais. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foi possível observar que os consumidores de carne bovina da microrregião de Guanambi - BA apresentam-se de forma diversificada no que se refere ao grau de escolaridade, renda e composição familiar. O consumo da carne bovina ocorre de maneira mais acentuada entre aqueles que possuem o 1º e 2º Grau e têm entre 18 e 40 anos de idade. Estes consumidores possuem ainda uma média e uma composição familiar relativamente pequena (78,7%), correspondendo entre dois e quatro pessoas na família, indicadores que têm influenciado o poder de compra dos consumidores da atualidade (Tabela 1). 6 Em trabalho realizado por Sproesser et al. (2006), os autores apontam também que o perfil socioeconômico que mais consome carne bovina é aquele com menor grau de escolaridade e com baixa renda, o que pode ser observado no presente trabalho onde observou-se que 50,7% dos entrevistados apresentam uma renda familiar entre um e três salários mínimos. Os resultados observados por Sproesser et al. (2006) e no presente trabalho indicam que, por se tratar de um produto de maior valor agregado, o consumidor de pouca instrução e renda acredita ser o item de maior consumo entre as classes dominantes, desta forma, os mesmos procuram demonstrar através da alimentação que possuem acúmulo de capital econômico. Tabela 1 - Variável demográfica escolaridade, idade, renda e composição familiar do consumidor de carne bovina em Guanambi - BA e Microrregião Variável demográfica Nº (%) Escolaridade 1º Grau 47 31,3 2º Grau 67 44,7 Superior 25 16,7 Outros 12 8,0 Idade < 18 anos 06 4,0 Entre 18 e 25 anos 52 34,7 Entre 25 e 40 anos 56 37,3 Entre 40 e 60 anos 29 19,3 > 60 anos 09 6,3 Renda familiar1 < 01 salário 43 28,7 Entre 01 e 03 76 50,7 Entre 03 e 05 13 8,7 Entre 05 e 10 05 3,3 > 10 03 2,0 Composição familiar2 Entre 02 e 04 118 78,7 Entre 04 e 06 29 19,3 > 06 05 3,3 1 2 Em salário mínimo; Número de pessoas. Segundo Brasil (2008) um estudo divergente sinaliza que famílias de menor poder aquisitivo, com alimentação monótona, podem necessitar de um aumento no consumo de alimentos de origem animal. Esta pesquisa aponta que entre as famílias mais pobres, o consumo de alimentos de origem animal corresponde a 11,7% do 7 valor energético diário, comparado com uma participação de 24,1% entre as famílias de mais alta renda. A escolaridade predominante entre os consumidores pesquisados foi o ensino médio (2° grau) com 44,7% dos entrevistados. Esses valores estão próximos aos dados encontrados por Rodrigues (2009) com 41,4% e, Maricatto et al. (2008) com 49,8%. Entretanto Brisola & Castro (2005), avaliando a preferência do consumidor de carne bovina, apontaram não haver distinção entre os consumidores com relação ao grau de instrução e renda familiar. Tabela 2 - Hábitos e preferência do consumidor de carne bovina em Guanambi BA e Microrregião Variável Nº (%) Consumo (vezes/semana) Uma vez 21 14,0 Entre 02 e 03 53 35,3 Entre 03 e 05 20 13,3 Todos os dias 57 38,0 Consumo (kg/semana) 01 a 03 119 79,3 03 a 05 28 18,7 > 05 04 2,7 Corte cárneo Carne 1ª 117 78,0 Carne 2ª 22 14,7 Carne 3ª 06 4,0 Carne com osso 05 3,3 Outros 01 0,7 Observou-se na avaliação dos hábitos do consumidor que a frequência do consumo diário de carne bovina corresponde a 38,0% (Tabela 2). Este valor indica que tal produto representa parcela significativa da preferência dos consumidores avaliados. É interessante salientar que a alimentação humana deve ser diversificada no que diz respeito às exigências nutricionais diária, ofertando macro e micronutrientes em proporções essenciais e que satisfazem as necessidades nutricionais. Além disso, uma oferta de refeições monótonas (como o consumo diário de carne bovina) diminui a aceitação do cardápio, além de contribuir para irregularidades orgânicas como dislipidemias e excesso de purinas (BRASIL, 2008). Sumarizando dados da Tabela 1 (composição familiar) com dados da Tabela 2 (consumo kg/semana), que referenciam os valores de maior frequência das 8 mesmas (78,7% e 79,3%, respectivamente), percebe-se que o consumo diário médio de carne bovina por pessoa aponta uma quantidade de 95,2g (Média da composição familiar/média x consumo kg/semana). Desta forma, considerando o corte cárneo “carne de 1ª” como o mais consumido, 78,0% (Tabela 2), pode ser estabelecido alto Valor Energético médio (VET médio) oferecido por este produto baseados em dados da Tabela de Composição Química de Alimentos (NEPA-UNICAMP, 2006) para cortes cárneos bovinos de primeira qualidade com baixos e altos teores de gordura. Considerando-se carne bovina de primeira com teores inferiores de gordura, sendo a chã de fora com baixo teor de gordura (169 Kcal/100g), e a picanha com alto teor de gordura (238 Kcal/100g) e, estabelecido o consumo médio diário por dia de 95,23g, observa-se um valor médio de 193,80 Kcal/dia na “carne de 1ª”, onde o VET mínimo derivado de carne encontrado foi 160,95 Kcal/dia e máximo de 226,66 Kcal/dia. Este valor é aceitável considerando-se o preconizado por Brasil (2008) de 190 Kcal/dia para derivados de produtos cárneos. Rodrigues (2009), em sua pesquisa de marketing, apontou que a frequência de consumo diário de carne bovina representa 40,9% da população pesquisada. Estes resultados são correspondentes aos encontrados nesta pesquisa (38,0%) e indicam uma predileção pela ingestão de carne de boi à de outros animais (aves, suínos e outros). Tal fato é um reflexo do regionalismo das preferências de sabores na região pesquisada (NUNES, 2009). Tabela 3 - Tipo e escolha do estabelecimento e frequência na aquisição do consumidor de carne bovina em Guanambi e Microrregião Variável Nº (%) Tipo de estabelecimento Açougue 82 54,7 Supermercado 37 24,7 Feira livre 19 12,7 Outros 13 8,7 Escolha do estabelecimento Preço (R$) 23 15,3 Aparência e higiene 92 61,3 Deslocamento 36 24,0 Frequência na aquisição Semanalmente 120 80,0 Quinzenalmente 16 10,7 Mensalmente 14 9,3 9 Observou-se a preferência considerável no que se refere à escolha pela compra do produto em estabelecimentos destinados à venda exclusiva de carnes, 54,7% em açougues (Tabela 3). Este comportamento demonstra que os consumidores de carne bovina de Guanambi – BA e Microrregião procuram uma melhor praticidade bem como um local adequado que atenda às necessidades no que se refere à higiene e aparência, principal parâmetro de escolha do consumidor, com 61,3% de preferência. Observa-se que a aquisição do produto ocorre semanalmente o que acentua uma preferência do consumidor por uma carne fresca e com um melhor valor nutricional e sabor. Brisola & Castro (2005) e Mazzuchetti & Batalha (2005), relataram também que os pontos preferenciais de compra são os açougues e supermercado, apontando que a qualidade sanitária e de armazenamento adequado interferem na preferência do consumidor. Figura 1 - Perfil do consumidor na aquisição da carne comprada e consumida (%) No que se refere ao conhecimento do consumidor tangente à aquisição da carne bovina é possível constatar que os consumidores compram, preferencialmente, produtos que apresentam uma boa aparência (Tabela 3), em consonância com o parâmetro cor (28,7%) e características físicas e sabor, 30,7% (Figura 1). 10 Estes resultados corroboram com os encontrados por Souza et al. (2011), onde os autores relatam que o sabor e cor são determinantes na escolha do produto. Malheiros et al. (2009) indicam que a aparência e os parâmetros sabor, cor e a característica física da carne bovina se destacam na preferência do consumidor, sendo consistente com os resultados encontrados no presente trabalho. Figura 2 - Fatores que influenciam o consumidor na escolha do produto cárneo (%) A acentuada predileção dos consumidores à escolha de uma carne bovina de qualidade caracterizada pelos quesitos como o preço e marca, são irrelevantes diante da preocupação perante a qualidade do produto. Contudo, o termo “qualidade de carne” não pode ser definido exclusivamente pelos parâmetros avaliados. Da mesma forma, qualidade é um conceito subjetivo, sendo necessário o direcionamento de seu sentido, para que os resultados colhidos representem um parâmetro que possa ser medido e avaliado. Isso ratifica a grande mudança do hábito alimentar dos consumidores que não estão focando somente no preço e sim na qualidade. Essa informação condiz com outros autores que estudaram também sobre exigência do consumidor de carne bovina como Malheiros (2011) em que na sua pesquisa 73,0% dos entrevistados leva em consideração a qualidade do produto. Isso acontece devido às mudanças no modo de vida da sociedade, a procura do 11 bem-estar e informações inconsistentes apresentadas pela mídia sem cunho científico. Apesar dos dados obtidos indicarem o contrário, Fernandes et al. (2011) relatam que tanto o preço como a marca da carne são parâmetros preferenciais de escolha. O preço não ter a devida relevância na escolha pode ser explicado pelo fato da carne na região apresentar valores abaixo da média de mercado (R$ 14,3) (Figuras 6), comparados com os valores preconizados pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) (2012) de R$ 18,25. O quesito marca apresentou também baixos valores (4%). Esta observação pode refletir uma tendência local de mercado, onde a presença de produtos de grandes frigoríficos e empresas de comercialização de produtos cárneos não ser difundida. Os locais das coletas de dados (Tabela 3) podem ter influenciado nestes resultados, pois os açougues locais utilizam animais criados na região e abatidos em frigorífico local, onde a marca da empresa não é impressa nas embalagens das carnes. Figura 3 - Preferência do consumidor quanto ao alimento cárneo que melhor substitui a carne bovina (%) Em uma eventual substituição do alimento cárneo por outra espécie, foi observada maior preferência na carne de frango, representando o segundo maior 12 consumo entre os entrevistados, seguida pela carne de peixe, suíno, caprinos e ovinos (Figura 3). Segundo a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (2011), a carne de aves constitui a segunda mais produzida em escala mundial, sendo superada somente pela produção de carne de suíno. A preferência pelo consumo de carne de frango em substituição à carne bovina pode apresentar uma característica preocupante aos nutricionistas em referência á saúde humana. Madruga et al. (2007) e o NEPA-UNICAMP (2006), apontam que a carne de frango pode apresentar valores de colesterol (85,0g) e gordura saturada (5,2g) muito mais elevados que na carne bovina (60,0 e 3,4g, respectivamente) além do maior valor energético (226 e 163Kcal, respectivamente). Ressalta-se que estes valores são referentes ao consumo do frango inteiro, que geralmente tem maior viabilidade econômica do que cortes específicos como coxa e peito de frango. Contudo se a opção por frango for caracterizada por maior utilização de peito de frango ou frango sem a pele, esta alternativa pode ser considerada mais saudável, pela diminuição dos valores como gorduras saturadas, colesterol e energia (NEPA-UNICAMP, 2006). Um dado positivo indicado pela pesquisa é que o consumo de carne de peixe se encontra em terceiro lugar na preferência dos entrevistados. A ingestão de peixe é extremamente saudável, pois, das carnes avaliadas no trabalho, esta é a que apresenta menor teor de gordura saturada, colesterol e energia. Além de ofertar ácidos graxos poliinsaturados e proteínas de alto valor biológico e maior digestibilidade (VITOLO, 2008), contribuindo, dessa forma, para a melhoria das condições nutricionais e de saúde da população. Tabela 5 - Perfil do consumidor frente à origem e riscos da aquisição da carne não inspecionada1 Variável SIM (%) NÃO (%) Produto inspecionado 29,3 71,3 Riscos da aquisição carne clandestina 45,3 55,3 1 Inspeção Municipal (S.I.M), Estadual (S.I.E) e/ou Federal (S.I.F) Uma característica negativa apontada pelos dados coletados é uma menor preferência por carne de ovinos e caprinos. De acordo Madruga et al. (2007), estes produtos apresentam baixos teores de elementos maléficos (gorduras e colesterol). Além disso, o aumento no consumo desta carne propiciaria uma melhoria da 13 produção e mercado interno da região, com a oferta de um produto diferenciado, com bom valor nutricional e de custo menos elevado que a carne bovina. No quesito aquisição de produto inspecionado ou não é discrepante à preferência por produtos não inspecionados. Indicadores que são influenciados pela falta de informação dos consumidores que desconhecem os malefícios trazidos pelos alimentos não inspecionados. No que se refere aos riscos da aquisição de produtos clandestinos 55,3% dos entrevistados afirmaram o não conhecimento dos danos causados á saúde humana. De acordo com os resultados da pesquisa referente ao grau de escolaridade, pode-se concluir que um maior nível de instrução e conhecimento pode influenciar no acesso à informação no que se refere à qualidade do produto consumido. Tabela 6 - Perfil do consumidor na escolha da carne bovina no momento da aquisição Variável carne Nº (%) Refrigerada - Temperatura controlada 109 72,7 Exposta - Temperatura ambiente 41 27,3 In natura 129 86,0 Maturada/Salgada 21 14,0 Em relação ao fator escolha da carne bovina no momento da aquisição do produto, observa-se um predomínio na parcela de indivíduos que relataram a compra preferencialmente de carne in natura (86,0%) em relação às outras formas de conservação. Em contrapartida, 72,7% dos entrevistados relataram comprar carne refrigerada como primeira opção, contemplando uma variável importante no quesito qualidade de carne. Essas informações não condizem com outros estudos sobre a escolha da carne in natura no momento da compra. Unger et al. (1992) e Pignata et al. (2010) afirma que a carne in natura é um excelente meio de cultivo de microrganismos. Estes, quando as condições são favoráveis para seu crescimento, produzem alterações no sabor, cheiro e reduz o tempo de prateleira. Estudo realizado por Carboni et al. (2003), entre as bactérias isoladas frequentemente em produtos cárneos, pode-se citar Staphylococcus aureus, Salmonella sp., Clostridium sp.e coliformes. Além desses microrganismos, a carne bovina fresca também sofre ataque de outros agentes contaminantes, como parasitas e outros organismos que possam alterar as suas características sensoriais e qualidade nutricional. Geralmente isso 14 ocorre pelas próprias condições do abate (clandestino), em que o produto chega muitas vezes ao consumidor sem nenhum tratamento térmico. Desta forma há o favorecimento da contaminação, que compromete a qualidade e a vida de prateleira do produto final, além da saúde do consumidor. Há um aumento do consumo de carne fresca na parcela da população com níveis maiores de instrução, que preferem carnes resfriadas. Tabela 7 - Nível de conhecimento do consumidor quanto ao valor nutricional da carne bovina e riscos à saúde humana Variável SIM (%) NÃO (%) Valor nutricional da carne bovina 26,0 74,0 Riscos à saúde humana 51,3 48,7 Quanto ao nível de conhecimento do consumidor referente ao valor nutricional da carne bovina e seus riscos à saúde humana, observou-se que apenas 26,0% tinham conhecimento de suas características, sendo que a grande maioria relatou não saber da importância de conhecer o produto consumido. A carne apresenta-se juntamente com o leite e ovos como os alimentos de melhor composição nutricional para o ser humano. Possui proteínas de alto valor biológico tanto no aspecto qualitativo como quantitativo. Rica em aminoácidos essenciais, de forma balanceada, supre aproximadamente 50,0% das necessidades diárias de proteína do ser humano (AZEVEDO, 2008). As proteínas da carne possuem um teor de digestibilidade entre 95% e 100% enquanto que os vegetais apresentam de 65 a 75% (JUDGE et al., 1989). Quanto à porção lipídica, a carne apresenta composição extremamente variável, pois o teor de gordura encontrada no músculo magro bovino é de 0,7% a 28,7%, dependendo do corte (PARDI et al., 2001). No que se refere às informações relatadas pelos entrevistados a respeito dos riscos apresentados pelo consumo exagerado de carne vermelha, 51,3% responderam ter conhecimento que a carne vermelha consumida diariamente não faz bem para a saúde, e 48,7 % responderam que a carne é prejudicial à saúde quando consumida em excesso. Sendo assim, o consumidor considera importante um produto com um sabor ideal dentro de seus padrões com propriedades nutricionais adequadas como teor de gordura, estado de conservação do produto, 15 tempo, as informações expostas na mídia, com informações sobre benefícios e risco do consumo da carne vermelha. Observou-se que 34,0% dos consumidores da carne bovina preocupam-se com a qualidade do aspecto visual da carne que é consumida seguida pela gordura 28,0% e cor 22,7% (Figura 4). Somente 2,7% dos entrevistados referiram a presença de líquido na embalagem como fator limitante à sua escolha. É importante resaltar que o líquido livre na embalagem, ou exsudado, é a perda de líquido da carne, geralmente de cor avermelhada. Quando o exsudado é aparente e excessivo ele diminui a qualidade do produto, pois o mesmo perde peso, diminui sua aceitabilidade e também propicia o crescimento microbiano (TESSER, 2009). O aparecimento dessa exsudação pode ser resultado de um armazenamento inadequado, o que pode comprometer a qualidade sanitária da carne (PAYNE et al., 1997). Assim posto, a falta de conhecimento pode ser geradora destes dados sendo pouco relevante nas preferências, indicando uma carência de informações sobre qualidade sanitária de produtos cárneos. Figura 4 - Características sensoriais observadas pelo consumidor no momento da compra e do consumo da carne bovina após seu cozimento (%) Visto que a mídia e diversos resultados de pesquisas (VITOLO, 2008; MADRUGA et al., 2007) apontam que a carne bovina podem contribuir com algumas doenças cardiovasculares, observa-se no presente estudo que a falta de 16 conhecimento do consumidor seguido das informações veiculadas à mídia (12,7%) sobre as características nutricionais e malefícios à saúde humana (76,7%) da carne bovina o levaria a deixar de consumir este produto (Figura 5). Figura 5 - Influência de mercado e/ou motivo que levaria o consumidor a deixar de consumir carne bovina (%) Figura 6 - Cotação da carne bovina (R$/kg) durante o período experimental e coleta de dados (%) O parâmetro avaliado com maior frequência de consumo é a carne denominada como “carne de 1ª”, 78,0% (Tabela 2). Quando comparada essa preferência com dados do IES em setembro de 2012, percebe-se que os valores 17 para cortes superiores se encontram abaixo do valor médio de mercado nacional. Tal fato indica que, apesar destas carnes apresentarem um valor agregado elevado representando 18,39% do salário mínimo (IES, 2012), utilizando um consumo médio semanal de 2kg, as cotações encontradas na pesquisa para carne de primeira qualidade representam aproximadamente 5,0% de economia sobre o salário mínimo quando comparado com a média nacional. Tal fato pode justificar o consumo maior de carne de 1ª, pois existe pouca diferença econômica desta para a carne de 2ª. Além disso, como observado nas Figuras 4 e 5, características de preferência como um produto mais saudável ou com menos gordura, melhor aspecto visual são vigentes na influência da escolha do produto. Carnes de primeira qualidade apresentam essas características mais atrativas ao consumidor, sendo que o parâmetro regulador é seu alto preço. Quando este produto tem pouca diferença em valores de produtos de qualidade inferior, é de se supor que estes sejam majoritários na preferência e no consumo da população avaliada. CONCLUSÕES Dentre as características sensoriais analisadas, as que indicam um melhor estado aparente e qualidade do produto, como a cor e a firmeza, obtiveram destaque na preferência do consumidor, assim como as características que garantem um consumo mais satisfatório como a aparência e o sabor. Conclui-se, portanto, estar havendo um processo de mudança no perfil do consumidor indicando uma maior preocupação com a qualidade do produto e sua segurança durante a alimentação, colocando em primeiro lugar a satisfação de consumir, sua saúde e o seu bem estar. Neste contexto, o atual consumidor vem se mostrando na maioria das vezes disposto a pagar mais por um alimento melhor e de qualidade garantida mesmo não conhecendo o real valor nutricional do produto consumido e a importância de se consumir alimento de qualidade. 18 REFERÊNCIAS BERTOLAMI, M.C. O Impacto da Carne e do Leite de Bovinos na Saúde Humana. Instituto de Cardiologia do Estado de São Paulo. São Paulo: 2005. BRASIL. Ministério da Saúde. Guia Alimentar da População Brasileira: Promovendo a Alimentação Saudável. 1ed. Brasília, 2008. Disponível em: < http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira.pdf> . Acesso em: 13 dez 2012, às 13:00h. BRISOLA, M. V.; CASTRO, A. M .G.. Consumidor de carne bovina: Preferências e confiança no açougueiro. FACES, Belo Horizonte, v. 15, n. 1, jan/ jun. 2005. CARDOSO, M. A. Nutrição e metabolismo: Nutrição Humana. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. 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