Visão 1203
Transcrição
Visão 1203
Este suplemento faz parte integrante da VISÃO nº 1203 e não pode ser vendido separadamente 24 30/3/16 VIRA O DISCO Da loja da editora Bloop Recordings, em Lisboa, ao Bop Café, no Porto, passando pela nova série televisiva de Martin Scorsese, sete lugares onde o vinil continua a tocar no gira-discos © Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 41.215.223.183 (24-03-16 10:19) © Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 41.215.223.183 (24-03-16 10:19) O QUE ANDAMOS A GOSTAR (OU NEM POR ISSO) DE DESCOBRIR POR AÍ P OR L U Í S A O L I V E I R A [email protected] > muitíssimo bom DESLIGAR A SÉRIO Vai abrir no fim de semana da Páscoa a primeira guest house portuguesa onde tecnologia não entra (The Offline House). Está mesmo a pedi-las, isto de passar uns dias sem teclas nem ecrãs pela frente, como um detox digital. Ainda por cima mesmo ao lado da Arrifana, no sudoeste alentejano > bom DIAS LOOOONGOS A hora de verão – ouviu bem? verão! – está quase a chegar. Na madrugada de dia 27, quando for uma da manhã, há que adiantar os relógios 60 minutos. E com isso, ganhar uma hora de luz. Que belo aperitivo para os dias quentes que devem estar mesmo a chegar, dizemos nós, otimistas > bonzinho SOPAS PARA COMER COM PAUZINHOS Segredaram-nos ao ouvido que na semana passada abriu o Koppu, um restaurante japonês ali no Príncipe Real, em Lisboa, pois, especializado em ramen, aquelas maravilhosas sopas em caldo com bastante conduto. Esta notícia só não está no topo deste Manifesto porque ainda não tivemos oportunidade de ir lá prová-las. Se passarem no teste, vão deixar-nos muito felizes > assim-assim INOVAÇÃO A MAIS Acaba de abrir uma nova sala de cinema com tecnologia 4DX, no GaiaShopping. Diz que “proporciona uma experiência cinematográfica totalmente imersiva e muldimensional.” Dá para parar de inovar? Nós por cá gostamos de cinema. Normal. Sem óculos nem imersões > para esquecer ALIVE ESGOTADO? Como pode um festival esgotar a quatro meses da sua abertura? Bem sabemos que os estrangeiros adoram o Nos Alive e que este ano os bilhetes se venderam a prestações. Mesmo assim, não se percebe esta corrida ao que parece ser o ouro negro, quando na verdade os passes de três dias – os que esgotaram – custam 119 euros 24 março 2016 SE7E 3 © Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 41.215.223.183 (24-03-16 10:19) CA PA 7 lugares onde o vinil continua a dar música Pouco importa se é moda, revivalismo, saudosismo ou culpa da eletrónica. Novos e velhos, nas lojas e na nova série televisiva de Martin Scorsese, os discos de 33 e de 45 rotações permanecem a tocar nestes gira-discos P o r F L O R B E L A A LV E S E S U S A N A L O P E S FA U S T I N O [email protected] BASTIDORES No site www. vinylcuts.nyc, uma espécie de guia semanal de Vinyl, é possível ouvir o testemunho de Mick Jagger sobre os anos 70, ver cenas dos bastidores das gravações, fotografias de Nova Iorque daquele tempo e um mapa da cidade com alguns dos locais mais emblemáticos em 1973 – da Factory, de Andy Warhol, ao bar Max’s Kansas City, onde Debbie Harry foi empregada de mesa. E claro, uma playlist para ouvir em repeat D.R. TVSéries > seg 22h45 SÉRIE VINYL Esteve para ser um filme que cobria 40 anos de indústria discográfica com o título The Long Play, mas a crise também teve os seus efeitos em Hollywood. E assim a ideia de Mick Jagger, que já vinha dos anos 90 e que foi logo desde logo partilhada com o realizador Martin Scorsese, acabou na televisão. À série, produzida pelo canal norte-americano HBO, chamou-se Vinyl. Toma como cenário a cidade de Nova Iorque nos anos 70 do século passado. Richie Finestra é um empresário a braços com a falência anunciada da sua editora, cheia de músicos medianos de todos os géneros – e caixote e caixotes de LP por vender. A salvação é encontrar “um novo som” e é aqui que entra Kip Stevens (James Jagger), o vocalista dos Nasty Bits, uma banda punk a despontar em 1973, ano em que tudo parecia estar a acontecer – no Bronx, utilizavam-se pela primeira vez dois gira-discos ao mesmo tempo (eram os primórdios do hip hop) e, em Lafayette Street, na zona de Manhattan, dançava-se o disco sound. Goste-se ou não do resultado – a série pode ser vista no canal TV Séries e já vai para o sexto episódio de um total de dez –, certo é que Vinyl é um desfilar de boa música. Dos New York Dolls a Stevie Wonder, passando por Lou Reed, Led Zepplin, David Bowie, Iggy Pop e os Stooges, Marvin Gaye... Pouse-se a agulha então. I.B. 4 SE7E 24 março 2016 © Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 41.215.223.183 (24-03-16 10:19) MARCOS BORGA LOUIE LOUIE LISBOA N A C A F E TA R I A O final da tarde é das alturas mais movimentadas na Louie Louie, com clientes portugueses e estrangeiros a cruzarem-se nesta loja de discos, meio escondida no coração do Chiado, nas escadinhas que servem de passagem entre a Rua Nova do Almada e a Rua do Crucifixo. É a Jorge Dias, um “aficionado pela música que transformou o gosto num modo de vida”, que a Louie Louie se deve. Jorge é um dos pioneiros dos discos em segunda mão, há 23 anos que com eles trabalha: “Nunca desapareceram, embora os cds tenham vindo, em determinada altura, a tirar lugar ao vinil”. Na Louie Louie, encontra-se um bocadinho de tudo, ou seja, LPs e singles dos mais diversos géneros musicais, em várias línguas, novos e velhos. Há clientes que vêm à procura de uma banda ou género específico enquanto outros esgravatam em busca de alguma coisa que lhes desperte o ouvido. No entanto, esclarece, a loja é para quem gosta de música e não especificamente para colecionadores: “Tudo o que vale a pena é editado em vinil. E o interesse tem vindo a crescer, só não foi melhor por causa da crise”. A ver. Na Louie Louie é possível tomar um café e comer uma tosta enquanto se faz uma pausa na “caça” ao disco R. Escadinhas do Santo Espírito da Pedreira, 3, Lisboa > T. 21 347 2232 > seg-sáb 15h-19h30, dom 15h-19h30 R. do Almada, 307, Porto > T. 22 201 0384 > seg-sáb 10h3013h30, 14h30-19h D.R. PORTO CALLING PORTO O nome da loja, aberta há quatro anos na Baixa do Porto, começa por prestar homenagem ao álbum London Calling, dos The Clash (1979). Ou a uma época em que o vinil estava bem vivo. O projeto do melómano Pedro Branco, 41 anos, pretende divulgar música através do vinil, seja ele usado ou novo. Pedro dá o exemplo dos Neu!, banda de rock alemã que ainda agora viu ser reeditado o seu primeiro álbum (de 1972) em vinil. O mentor e dono da Porto Calling só lamenta que “os discos novos estejam a ficar tão caros”. Os usados que aqui entram vêm sobretudo da Alemanha, França ou Inglaterra. Além dos géneros musicais do costume, a loja “aposta num tipo de música ligado a uma contracultura como o reggae, o rock progressivo, o punk ou o ska”. A maioria dos clientes anda na casa dos 40. Por vezes, como quando a VISÃO Se7e visitou a loja, aparecem jovens com uma história idêntica à de Paulo Ferraz, 22 anos, que entrou à procura do álbum Live at Wembley'86 para oferecer ao pai. Motivado pelos álbuns antigos lá de casa, conta que comprou recentemente um gira-discos e tenta agora ter a sua própria discografia. Saiu de mãos a abanar: o disco dos Queen voou das prateleiras há dias. BOM ‘STOCK’ A Porto Calling vende discos novos e usados – sendo que os usados vêm sobretudo da Alemanha, França e Inglaterra R. da Conceição, 80, Porto > T. 22 094 5501 > seg-sáb 11h-19h 24 março 2016 SE7E 5 © Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 41.215.223.183 (24-03-16 10:19) CA PA RUI DUARTE SILVA BLOOP VINYL SHOP LISBOA MUSAK PORTO Aqui discos novos não entram. Na Muzak, projeto que Francisco Afonso (Xico Ferrão, como é conhecido) e o sócio, Rui Pimenta, têm há mais de 15 anos, no Quarteirão das Artes, no Porto, os milhares de vinis alinhados nas caixas de madeira vêm de discografias particulares ou são encontrados em feiras de velharias e antiguidades. Do pop/rock à música eletrónica, da clássica ao soul/funk, há de tudo, de todas as épocas e de todas as tendências musicais (a maioria dos discos custa €5 e €10). Entre a prata da casa, o pop rock (GNR, Xutos & Pontapés e Sétima Legião) e a música de intervenção (Zeca Afonso, Fausto e Sérgio Godinho) lideram a procura. Rolling Stones, Beatles, Miles Davis, Doors e Led Zeppelin continuam a ser as bandas estrangeiras mais procuradas, sobretudo “pelos mais velhos, de 40 a 60 anos”. São eles “os colecionadores e compradores mais assíduos, embora, muitas vezes, procurem coisas mais específicas e raras”, comenta Xico Ferrão, defendendo, no entanto, “não existir um boom na procura do vinil”. “Tem havido, isso sim, um crescimento sustentado nos últimos anos”, adverte. As gerações mais novas vão aparecendo à procura dos discos que os pais ouviam como os de Janis Joplin e Supertramp. “Outros vêm à procura de álbuns para tirar samples.” Xico Ferrão, que é dj nas horas vagas (só passa vinil, claro), é adepto da velha escola. E outra coisa nem seria de esperar. O som tocado por Garrine ouve-se do lado de fora da Bloop, ainda na rua, onde clientes da loja e amigos do artista ajudam à festa que se faz do lado de dentro. A iniciativa tem o nome de Montra Viva e é uma rubrica quinzenal que leva até esta loja de discos, no bairro lisboeta de Santos, djs convidados, que aqui vêm passar a sua música, tocada exclusivamente em vinil. A Bloop Vinyl Shop é uma das lojas de discos mais recentes de Lisboa. Inaugurou em abril do ano passado e dedica-se à venda de vinil, formato que André Soares, responsável pela loja, também conhecido por Señor Pelota, diz “ser nobre e nunca ter morrido ou desaparecido”. Por aqui, o forte são os discos de música com as novas tendências da eletrónica, mas nos escaparates também se encontra, escolhida a dedo, uma secção de segunda mão. Luís Costa, o dj Magazino e um dos sócios da Bloop Recordings, editora e produtora portuguesa de música eletrónica responsável pela abertura da loja, explica que quando fundaram a Bloop Recordings só pensaram em editar em vinil: “Antigamente, este mercado restringia-se aos djs, mas agora há muita gente interessada no formato e a comprar vinil. Como clientes, não temos apenas os mais velhos, temos também os mais novos, que já não passam pelo obsoleto cd e vêm diretamente para o vinil. Antes, dizia-se que o cd vinha enterrar o vinil, mas a verdade é que é o vinil que está a enterrar o cd.” R. de Santos-o-Velho, 58, Lisboa > seg-sáb 15h-19h EM PRIMEIRA MÃO Uma vez por semana chega uma caixa cheia de novidades musicais à Bloop – que também consegue ter primeiro que outras lojas discos de editoras independentes nacionais R. do Rosário, 274, Porto > T. 93 629 6196 > seg-sáb 15h-20h O LP Quarteto 1111, lançado pela banda portuguesa em 1970, foi vendido há dias pela Musak por “umas centenas de euros” 6 MARCOS BORGA MEMÓRIAS SE7E 24 março 2016 © Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 41.215.223.183 (24-03-16 10:19) COLEÇÃO PESSOAL LUCÍLIA MONTEIRO Ver a coleção pessoal de vinis, tão arduamente reunida ao longo de vários anos, a passar agora de mãos em mãos, não foi fácil, reconhece Filipe Ribeiro, um dos dos sócios do Bop Café. “Se tinha discos altamente, porque é que haveriam de ficar só para mim?” CARBONO LISBOA Muitos dos funcionários do Bop Café não tinham experiência no ramo da restauração. Para fazer render a coleção de 3500 vinis que os sócios Filipe Ribeiro e João Brandão disponibilizaram para livre fruição na casa (e que, no fundo, é a alma deste negócio), era mais importante escolher pessoas que percebessem de música. O resto viria com o tempo. “O que roda no giradiscos reflete o gosto de quem está a trabalhar no momento”, conta Filipe. Na montra do café, fica exposta a capa do disco a tocar, para chamar a atenção de quem passa. Os clientes podem ainda recorrer aos três pontos de escuta privados do Bop Café. Através do site ou do tablet do Bop Café, conseguem pesquisar a listagem dos discos disponíveis da coleção, desde a música africana ao rock e funk (onde se encontram, por exemplo, os primeiros álbuns do Quarteto 1111 e do angolano Bonga). E também podem trazer os seus discos de casa. A editora Lovers & Lollypops tem ainda ali à venda todo o seu catálogo em vinil. No que diz respeito à comida, é como se de um dinner americano se tratasse, fruto dos cinco anos de férias que os proprietários fizeram nos Estados Unidos. J.L. Foi a primeira loja de discos usados a aparecer no País. Uma ideia que João Moreira trouxe das suas viagens de InterRail, “quando em Portugal ainda não havia nada disto”, conforme explica. A funcionar desde 2004 na Rua do Telhal, depois de 11 anos instalada no Centro Comercial Portugália, onde abriu portas em 1993, a Carbono continua a ser poiso de colecionadores, melómanos e apreciadores de música e de vinil – que aqui passam horas a mexer e remexer nas prateleiras e caixas à procura de verdadeiros achados. “Isto dos discos é um bocado moda, o vinil nunca desapareceu”, diz João Moreira. Encontram-se discos por todo o lado, novos e em segunda mão, uns mais bem tratados que outros – e isso reflete-se no preço que começa nos €5 euros e pode chegar às centenas se estivermos a falar, por exemplo, de uma caixa de vinis dos The White Stripes. Jazz, rock, pop, africana, brasileira, portuguesa... Há de tudo e para todos os gostos, não precisa de comprar sem ouvir, para isso estão lá alguns gira-discos onde os vinis são postos a tocar. O stock vai rodando, há sempre material novo a chegar. Daqui já saiu um carregamento de alguns milhares de discos direitinhos para a coleção do empresário brasileiro Zero Freitas, dono da maior coleção de vinis do mundo. R. da Firmeza, 575, Porto > T. 22 200 1732 > segqui 9h30-01h, sex 9h30-02h, sáb 10h30-02h, dom 10h30-01h MARCOS BORGA BOP CAFÉ PORTO C O M S O TA Q U E A loja possui uma grande variedade de vinil dedicado ao tropicalismo brasileiro e à música africana R. do Telhal, 6B, Lisboa > T. 21 342 3757 > seg-sáb 11h-19h 24 março 2016 SE7E 7 © Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 41.215.223.183 (24-03-16 10:19) REMIX Posto de escuta Continua a haver vinil nos objetos para a casa e nos gira-discos portáteis – estes têm um ar vintage, mas incluem funções modernas, como entrada USB, colunas estéreo e baterias recarregáveis Relógio de parede Bairro Arte €43 Gira-discos GPO Ambassador www.rastilho.com €159,90 Gira-discos GPO Bermuda www.rastilho.com €219,90 8 SE7E 24 março 2016 © Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 41.215.223.183 (24-03-16 10:19) Base para copos This & That €4 Gira-discos Crosley Cruiser This & That €160 24 março 2016 SE7E 9 © Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 41.215.223.183 (24-03-16 10:19) 7 FACTOS SOBRE… ‘A Sagrada Família’, de Josefa de Óbidos O quadro foi comprado num leilão da Sotheby's, em Nova Iorque, podendo agora ser visto pelo público no Museu da Misericórdia do Porto P o r S U S A N A S I L V A O L I V E I R A [email protected] 1| Uma artista do barroco Muito popular junto dos colecionadores, Josefa de Ayla Figueira, mais conhecida por Josefa de Óbidos, nasceu em Sevilha, em 1630, mas foi em Portugal, em Óbidos, que viveu desde os quatro anos. Cedo mostrou aptidão artística, em particular para a pintura, uma raridade no século XVII, mais ainda tratando-se de uma mulher. Conhecida sobretudo pelas suas naturezas-mortas, morreu em 1684, aos 54 anos. 2| A inspiração religiosa Exemplar dos princípios do barroco português, datado de 1678, A Sagrada Família com São João Batista, Santa Isabel e Anjos destaca-se pela expressão simbólica, pelas vestes de cores vivas e fortes. 3| O leilão da Sotheby's A obra foi adquirida pelo Museu da Misericórdia do Porto, num leilão da Sotheby's, em Nova Iorque, a 29 de janeiro deste ano, pelo preço de 228 mil euros. Desde a semana passada que se encontra em exposição no museu portuense. 4| Uma miniaturista De dimensões reduzidas (32,2 cm de altura por 43,1 cm de largura), o quadro exigiu da pintora “uma invulgar perícia técnica própria de miniaturistas de eleição”, sublinha Francisco Ribeiro da Silva. “A expressão das personagens, a sinfonia alegre das cores, bem como a simplicidade e candura são uma combinação feliz e justificam a fama do quadro”, continua o mesário do Culto e Cultura, da Misericórdia do Porto. 10 5| Razões da compra A qualidade artística, a antiguidade e o nome da autora ditaram a aquisição, que contou com a intervenção de Filipe Mendes, um galerista lusodescendente que, já em janeiro de 2015, tinha comprado Maria Madalena Confortada pelos Anjos, um outro quadro de Josefa de Óbidos oferecido, depois, ao Museu do Louvre. 6| Um valor para a cidade “A promoção cultural é uma forma moderna de praticar as obras de Misericórdia”, explica Francisco Ribeiro da Silva, justificando deste modo a compra do quadro de Josefa de Óbidos que, no seu entender, é um novo atrativo para quem visita a cidade do Porto. 7| A Sala da Memória Primeiro, e durante os próximos dois meses, o quadro de Josefa de Óbidos ficará exposto na Sala da Memória. Depois, integrará a coleção permanente do Museu da Misericórdia do Porto, na sala dedicada à pintura, onde já se encontra A Sagrada Família, de António Vieira, e Aparição, de Fernão Gomes. SE7E 24 março 2016 © Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 41.215.223.183 (24-03-16 10:19) O G OSTO DOS OUTROS Cláudio Garrudo Galeria das Salgadeiras Lisboa “É como se fosse a minha segunda casa”, assim descreve Cláudio Garrudo a Galeria das Salgadeiras, dirigida por Ana Saramago Matos. Artista residente da galeria, o fotógrafo elogia-a assim: “Acolhe tanto artistas emergentes como consagrados, e tem uma boa energia.” Os lugares que captam a atenção do fotógrafo e produtor cultural, que inaugura agora uma nova exposição, Poster P OR S Í L V I A S O U T O C U N H A [email protected] Bar Snob Lisboa A cumprir 51 anos de existência, o barrestaurante Snob é conhecido por ser poiso de políticos, de jornalistas e da família Garrudo. “Um clássico. A primeira vez que lá fui foi na companhia do meu pai e, agora, vou lá com a minha filha de oito anos. Sou sempre bem recebido, é um hábito adquirido. Ah, e como sempre o bife da casa. Mal passado.” Petiscar em Cacilhas Almada Cláudio Garrudo recomenda o passeio a todo e qualquer turista que encontra pela cidade: “Apanhar o barco no Cais do Sodré e ir comer bons petiscos aos vários restaurantes que existem em Cacilhas, como o velhinho Cabrinha. É uma das melhores vistas de Lisboa.” E há um bónus acrescido à paisagem: “Não tenho que pegar no carro para lá chegar.” Biblioteca da Imprensa Nacional/ Casa da Moeda Visita a biblioteca, “belíssima”, também pelo programa cultural, de acesso gratuito, que ela costuma ter Chiado-Príncipe Real-Bica Lisboa Loja das Revistas “Fechou portas, e é pena. Era um bom exemplo da proximidade lisboeta: o sr. Luís, um dos donos, conhecia toda a gente, indicavanos revistas novas... O edificio da Rua do Loreto, onde estava, foi vendido para se transformar num hotel...” Nasceu aí, é aí que acontece a iniciativa Bairro das Artes, de que Cláudio Garrudo é coorganizador. No eixo Chiado-Príncipe Real-Bica, “encontra-se tudo”. “É cosmopolita, mas tem também a tradição bairrista: como a mercearia da dona Augusta ou o quiosque do sr. Oliveira, onde, se for necessário, deixo a chave de casa.” 24 março 2016 SE7E 11 © Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 41.215.223.183 (24-03-16 10:19) CO MER E BEBER Porto Sentido Porto O bom filho à casa torna LUCÍLIA MONTEIRO O chefe José Cordeiro acaba de inaugurar um restaurante na cidade onde vive com a família. No qual servirá, conforme diz, cozinha portuguesa “com apontamentos internacionais” “Para mim, a cozinha parte do produto. Sou muito ligado às raízes e ao que possamos trazer do meio rural para a cidade”, afirma José Cordeiro 12 O nome não podia ser outro: Porto Sentido. “Tem a ver com a música do Rui [Veloso], com o Porto, a homenagem à cidade”, diz-nos José Cordeiro, o chefe de cozinha com raízes transmontanas, enquanto nos conduz pelo restaurante que acaba de abrir na cidade onde vive. Faz todo o sentido, acrescentamos nós. Mantém o restaurante em Lisboa, mas está “feliz por regressar ao Porto” – e o sorriso denuncia-o. Com duas salas e um terraço, no edifício da Ordem dos Engenheiros – Região Norte, no Porto Sentido sobressaem as madeiras e o vermelho cor de vinho, numa arquitetura a cargo de Miguel Melo. O que aqui nos traz, em primeira instância, será “a cozinha portuguesa, claro, com apontamentos internacionais”. O arroz malandro de tamboril com gambas, coentros e limão, bacalhau à Brás e o ossobuco como que o “perseguem”. Idem no que diz respeito às tripas à moda do Porto, à caldeirada de samos de bacalhau e camarão, à posta de vitela na grelha (“durante uns meses com carne mirandesa, depois há de ser maronesa e barrosã, para ajudar a promover os produtos portugueses”), ao costeletão de boi na brasa (um quilo para partilhar), à coxa de pato confitada com espuma de feijão encarnado ou ao peito de frango recheado com manteiga e alho de que “as senhoras gostam muito”. A carta é variada e inclui risotto (de lima e erva príncipe com bife tamboril e açafrão das Índias), wrap de salmão fumado com mousse de queijo ou massa noodle com camarão, sopa e pimentos. Diariamente há um menu executivo diferente (€7,90 a €12,50), onde tanto é possível encontrar açorda de bacalhau, xarém de milho algarvia com torresmos de porco em vinha d'alhos, feijoada de carnes, papas de sarrabulho à moda do Minho e, até, cozido à portuguesa (estes dois últimos pratos aos sábados e domingos). Nas sobremesas, o mítico leite-creme partilhará a mesa com novidades como o folhado crocante com mousseline e frutos do bosque. “Para mim, a cozinha parte do produto. Sou muito ligado às raízes e ao que possamos trazer do meio rural para a cidade”, comenta enquanto nos conta que, há dias, se surpreendeu com uma morcela com arroz de sarrabulho feita em Ponte de Lima, que irá entrar no seu arroz malandro de grelos. José Cordeiro está entusiasmado. Para a abril, está a preparar a abertura do Blini, o seu restaurante em Vila Nova de Gaia que será dedicado aos peixes e mariscos. “Para que nenhuma cidade fique ciumenta”, brinca. Florbela Alves R. Rodrigues Sampaio, 133, Porto > T. 22 318 9946 > ter-qui 12h-14h30, 19h-22h30; sex-sáb 12h-15h, 19h-23h30, dom-seg 12h-15h SE7E 24 março 2016 © Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 41.215.223.183 (24-03-16 10:19) Duque Brewpub Lisboa Leves, encorpadas e assim-assim Um novo bar com produção própria de cervejas artesanais portuguesas Beber uma cerveja acabada de ser feita e dar dois dedos de conversa enquanto se petisca uma linguiça assada é o mínimo que pode fazer-se no Duque Brewpub. Especializado em cervejas artesanais e aberto em finais de fevereiro, em Lisboa, já é ponto de passagem para muitos turistas que ali circulam, ora a caminho do Rossio, ora do Chiado. Bebem e cantam, pois. Por detrás do balcão (e do projeto), estão quatro amigos: Miguel Nozolino (engenheiro de som), Tiago Castel-Branco (técnico de comunicação), Pedro Lima (biólogo) e Vítor Faria (investigador). Após se terem encontrado num festival de cerveja, decidiram abrir o Duque Brewpub em apenas 365 dias. Estão ocupados a servir e a produzir cerveja na pequena fábrica, junto ao balcão. Pedir uma cerveja não é, de resto, uma missão fácil – há para todos os gostos, com mais ou menos álcool e com diferentes sabores. O cliente pode escolher desde a encorpada e alcoólica Aroeira (Taborda é a variedade feita na casa), passando pela mais leve e aromática Dois Corvos Matiné e terminando numa preta Oitava Colina Zé Arnaldo, com aroma a café e a chocolate negro. Em relação às sugestões engarrafadas, contam-se mais de 40 rótulos, correspondendo a 12 marcas portuguesas e das quais se destaca a Maldita (Aveiro) e a Mean Sardine (Ericeira). Para quem prefere experimentar várias, o melhor é optar pelo conjunto tasting tray (€9) e escolher cinco cervejas à pressão que chegam à mesa em copos pequenos. “Até ao momento, já fizemos mais de 40 receitas, algumas delas são melhoramentos de receitas anteriores, que não tinham ficado no ponto desejado. Para as aperfeiçoar, mudámos os cereais, os lúpulos e a levedura”, diz Tiago Castel-Branco. Para acompanhar, há petiscos, preferencialmente, queijos e enchidos. Sandra Pinto Cç. do Duque, 51, Lisboa > T. 21 346 9947 > dom-qua 12h-24h, qui-sáb 12h-1h Três sushimen dão as boas-vindas no restaurante Wasabi Sushi Bar, que agora renovou totalmente a sua ementa, tornando-a mais sofisticada. “A carta ficou mais reduzida, mas muito mais trabalhosa. Optámos por ser mais puristas e apresentar uma cozinha japonesa mais autêntica, fugindo aos rolinhos de sushi”, diz Rui Santos, o chefe de cozinha do Wasabi Sushi Bar, um projeto que começou por ser uma temakeria móvel na praia de São João, na Costa da Caparica. Os novos pratos mostram-se logo na entrada Usuzukuri. À primeira vista, não se percebe se as lâminas de salmão com lima estão em cima de uma pedra de gelo ou de sal gigante. Mas o sabor salgado e a temperatura ambiente denunciam a segunda hipótese. Passando às sugestões do sushi bar, aconselha-se o ponzu no pregado maki em cama de arroz e nori com cebola roxa, lima, coentros e panzu. Para o comer, é preciso pegar nas pontas da alga e levar à boca numa só dentada. Da cozinha, assim se chama a outra parte da ementa, encontrase o Yakiniku, uma espécie de pica-pau do lombo à japonesa com ponzu (molho asiático, feito à base de cítricos) e o Sukiyaki, um “cozido” que reúne, no mesmo prato, novilho, cogumelos shitake, couve chinesa, tofu e cebola. Há mais para experimentar no Wasabi Sushi Bar, por exemplo, os Especiais Wasabi, que encerram as sugestões na nova lista. “São peças que crio no momento. Nestas criações junto o que quiser. É isto que me dá gozo”, afirma Rui Santos. Para acompanhar a refeição, pode pedir cerveja, sakê, whisky e gin, de origem japonesa (pois, claro). S.P. D.R. D.R. Wasabi Sushi Bar Lisboa R. Azedo Gneco, 74B, Lisboa > T. 21 099 7186 > seg-dom 13h-15h, 20h-24h 24 março 2016 SE7E 13 © Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 41.215.223.183 (24-03-16 10:19) CO MER E BEBER António Leça da Palmeira Nome a reter É uma referência gastronómica desta terra de pescadores. Sem mar à vista, mas com estacionamento privativo e cozinha excelente POR MANUEL G O N ÇA LV E S D A S I LVA LUCÍLIA MONTEIRO comer&[email protected] Em vez da grelha, o António privilegia a comida de tacho – e assim se distingue dos restantes restaurantes de Leça da Palmeira 14 A cozinha é tradicional portuguesa, com base no peixe, como sucede em quase todos os restaurantes de Leça da Palmeira, que é terra de pescadores. Mas o António diferencia-se por estar um pouco afastado e por privilegiar a comida de tacho, em vez da grelha. Tem acesso fácil e espaço amplo com parque de estacionamento privativo, esplanada e duas salas confortáveis, decoradas com sobriedade e bomgosto (o ecrã de televisão na sala de não fumadores destoa, mas dizem ser indispensável nos dias de grandes jogos de futebol, únicos em que é ligado). Os anfitriões, Maria de Fátima e António Araújo, sabem receber, sendo mérito dela a qualidade culinária. O capítulo dos peixes domina a ementa mas, curiosamente, as sugestões do dia, que figuram entre os pratos mais pedidos, são de carne, exceto segunda-feira, em que há bacalhau com natas. Seguem: terça, tripas à moda do Porto; quarta, cozido à portuguesa; quinta, vitela assada no forno; sexta, rojões à moda da casa; sexta ao jantar e sábado: cabrito assado no forno. Todos justificam a preferência, embora as alternativas do lado piscícola pareçam imbatíveis, em especial o polvo assado no forno com batatas assadas e um arroz de forno seco, escuro (do polvo e dos temperos), que é delicioso; a caldeirada de peixe (só peixe sem escama: raia, tamboril, cação, congro, lulas), perfumada e saborosa; os linguadinhos com arroz de grelos; os filetes de pescada (obviamente fresca) com arroz ou farinha de pau; o bacalhau à António (cozinhado em azeite com cebola e batatas às rodelas, simples e saboroso); o bacalhau assado no forno; e, no tema das carnes propriamente dito, os bifes de carne barrosã, sempre tenra e suculenta. Seria injusto esquecer as entradas, porque são um conjunto de bons petiscos: pataniscas de bacalhau (como devem ser, sem restrições na qualidade nem na quantidade de bacalhau), petingas fritas, calamares, rissóis, chamuças, saladas de polvo e de bacalhau, amêijoas à Bulhão Pato ou, talvez melhor ainda, uma excelente sopa de peixe. Boas sobremesas tradicionais de que são exemplos o leite-creme, o pudim Abade de Priscos, o pão de ló de Ovar, a tarte de amêndoa e a maçã assada. Garrafeira adequada. Serviço eficiente e simpático. R. Óscar da Silva, 2681, Perafita, Leça da Palmeira > T. 22 996 0741/22 996 7507 > 12h-15h30; 19h30-23h > €30 (preço médio) SE7E 24 março 2016 © Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 41.215.223.183 (24-03-16 10:19) PROVA CEGA O Apuradinho Lisboa Discretamente instalado no início da subida da Rua de Campolide, O Apuradinho é um restaurante tradicional que não vai em modas nem faz concessões, mantendo-se fiel aos produtos, ao receituário e aos sabores da cozinha portuguesa desde o dia em que abriu ao público, há 33 anos, numa linha de sobriedade e de coerência exemplares. Os proprietários, Bé e Albano, ocupam-se da cozinha e da sala, respetivamente, com o desvelo de quem recebe em casa. Uma casa de fumadores, convém esclarecer. A ementa muda todos os dias, porque há um número significativo de clientes regulares aos quais não se pode oferecer sempre o mesmo. Mas há coisas que permanecem, como os ovos com farinheira, o mexilhão à Apuradinho, o cocktail de camarão, os escargots, ou a rescendente sopa rica de peixe, nas entradas; os bacalhaus à Brás e à Gomes de Sá, ambos respeitadores das receitas originais, os pastéis de bacalhau, também feitos como devem ser, os pastéis de massa tenra, os choquinhos à algarvia, o cozido à portuguesa, único prato com dia fixo, na primeira e na terceira quinta-feira de cada mês, o cabrito assado no forno, que merece aplauso e aparece com frequência ou quando se encomenda. Também por encomenda há sempre caça civet de lebre, perdiz estufada ou em vol-au-vent, galinhola e, na época, boa lampreia. Doçaria feita na casa com muito saber, destacando-se a encharcada, o bolo rançoso e o pudim francês. Garrafeira interessante, mas sem copos à altura, o que é pena, porque a cozinha merece melhor serviço de vinhos, de que os copos fazem parte. Churchill Estates Douro Tinto 2012 Churchill’s Tradição e modernidade JOSÉ CARIA Criada em 1981, a Churchill’s afirmou-se como produtora de vinhos do Porto e Douro de qualidade superior R. de Campolide, 209-A, Lisboa > T. 21 388 0510 > seg-sex 12h-22h; sáb 12h-15h > €25 (preço médio) A história do vinho do Porto escreve-se, em boa parte, com nomes de famílias inglesas (curiosamente, nome de família é a tradução de family name, que corresponde ao português apelido e ao brasileiro sobrenome), de mercadores que se estabeleceram na cidade, nos séculos XVII e XVIII, contribuindo decisivamente, primeiro para a exportação e, depois, também para a produção dos grandes vinhos do Douro. Radicaram-se, deixaram descendência e deram origem a grandes casas de vinho do Porto que ainda hoje são protagonistas do setor. O caso da Churchill’s é diferente, apesar do nome inglês e do papel destacado na produção e na comercialização de vinhos do Porto e do Douro, porque o seu passado é muito recente: tem só 35 anos e resulta da iniciativa de John Graham, que deu à empresa o nome da sua mulher, Caroline Churchill. O objetivo da Churchill’s, segundo John, é a “produção de vinhos de categorias premium com identidade muito própria”, aos quais imprime o seu estilo. E este caracteriza-se pela elegância, pois, como diz a propósito do vinho do Porto, “tem que ter um bom ataque, peso relativo, estrutura, fruta, pureza e acidez”. Outro tanto poderia dizer dos seus vinhos de mesa, que apresentam um equilíbrio notável, pautado pela acidez, que lhes dá elegância e frescura. Comercializados sob as marcas Churchill’s e Quinta da Gricha, estes vinhos são indispensáveis em qualquer garrafeira Feito de uvas das castas Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz, este vinho estagiou, uma parte em barricas de carvalho francês, que lhe deram complexidade, outra em cubas de inox, que acentuaram a frescura e a fruta. Bonita cor violeta, aroma sugestivo com notas frutadas, florais e balsâmicas, paladar elegante. Óbvia aptidão gastronómica. Boa companhia para qualquer refeição. €12 Churchill’s Estates Grande Reserva 2009 Para este vinho foram selecionadas uvas de vinhas com mais de 50 anos das Quintas da Churchill’s. Estagiou em cascos novos de carvalho francês. Tem grande concentração de cor, aroma complexo, paladar cheio com os taninos presentes, mas bem envolvidos, tudo bem estruturado. Bom potencial de envelhecimento, mas pronto para beber. Decantar antes de servir. €25 Churchill’s 20 Years Old Tawny Port Começa por seduzir com a cor acastanhada com laivos vermelhos e dourados; depois, com o aroma complexo, limpo, muito fino, em que se evidenciam as notas de frutos secos; a seguir, com o paladar muito rico e equilibrado que provoca uma infinidade de sensações; e, por último, com o final longo e elegante. Para beber com frutos secos, com queijos curados, ou só, a temperatura próxima de 15º C, mas não superior. €35 © Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 41.215.223.183 (24-03-16 10:19) CO MER E BEBER RUI DUARTE SILVA Ateliê – Coffee Shop Porto Alma D' Eça Braga Comida com alma Neste novo restaurante do centro histórico da cidade, cruzam-se os sabores do Oriente com os da cozinha mediterrânica Numa das ruas do centro histórico de Braga, ao lado da Sé, voltado para o jardim de Santa Bárbara, encontramos o Alma D' Eça. Aberto em dezembro último, o restaurante, que surgiu quase por graça de uma conversa de amigos, já se tornou coisa séria. Nuno Peixoto, o chefe, Miguel Marques e Vítor Sousa, os sócios, convidam o cliente a viajar rumo a outras latitudes, de inspiração oriental, deixando de lado a gastronomia regional. “Queremos levar o sushi a um outro nível, mais elaborado e com pouca fusão”, explicam. Na opinião de Nuno Peixoto, quem aprecia a comida japonesa gosta da diferença – e daí optar por legumes, por cogumelos frescos e por diversificar o mais possível o peixe (badejo, bacalhau fresco, robalo, salmão, garoupa e pregado), quase sempre pescado à linha. Se se optar pelo freestyle da casa, o chefe vai surpreender na conjugação de sabores e texturas, bem como na apresentação. Como alternativa, o Alma D' Eça também abre a ementa à comida de inspiração mediterrânica, servindo pasta e risotto em combinações invulgares, alguns pratos portugueses de toque contemporâneo e bifes Wellington e foie gras. Da lista consta ainda carré de borrego com ervas finas e joelho de porco confitado. Ao almoço, está disponível um menu executivo mediterrânico, que inclui couvert, sopa, prato quente, bebida e café (€8,50), e um menu de sushi, exceto ao fim de semana, com entradas e um freestyle de 12 peças, bebida e café (€13,50). Com três áreas distintas, divididas entre dois pisos, de linhas minimalistas e tons suaves, o Alma D' Eça foi desenvolvido segundo o projeto do arquiteto Nuno Capela. S.S.O. A oferta é simples, mas eficaz, se tivermos em conta o corrupio diário à volta do Jardim do Carregal, no Porto. “Temos pouca coisa, mas o que temos é sempre do dia”, contam Miguel Meirinhos e Raquel Simões, proprietários do Ateliê Coffee Shop. Sugestões ligeiras, como as tostas em pão saloio, as tostadas e as sanduíches com combinações apetitosas (dois exemplos: cavala com pimentos agridoce ou espinafres salteados com mozzarella e sementes de sésamo). Destacam-se ainda as bebidas quentes, do capuccino ao latte macchiato com diferentes sabores. Há sempre menus de almoço, com quiches ou sanduíches, sopa (um dos êxitos da casa) e sobremesa caseira (€5 e €7). Raquel Simões dá largas às suas mãos de doceira (os red velvet muffins e o crumble de frutos vermelhos voam) e, ao lanche, há sempre scones fresquinhos e bolachas. A loja, pequena e airosa, preservou as características originais do edifício do século XIX, como o teto trabalhado em estuque. Como existem poucas mesas, é possível obtar pelo take-away. R. Clemente Menéres, 20, Porto > T. 22 099 6771 > seg-sex 08h-19h R. Eça de Queirós, 28, Braga > T. 253 251 081 > seg 12h30-15h, ter-sáb 12h30-15h30, 20h-23h30 16 SE7E 24 março 2016 © Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 41.215.223.183 (24-03-16 10:19) S AIR A Volta ao Mundo em 24 Músicas Porto Canções de todos os tempos Chaos In The CBD Porto D.R. Trupe Sons em Cena estreia musical para famílias no Museu Futebol Clube do Porto Um musical divertido e pedagógico que nos leva numa viagem pelos cinco continentes ao som de composições de bandas e músicos famosos Do Brasil à Síria, de Portugal à Índia, com passagem por Angola, Jamaica, México, Estados Unidos, China, Inglaterra e Tibet. É assim A Volta ao Mundo em 24 Músicas, a viagem que vai levar Raquel, a protagonista deste espetáculo, a visitar onze países. Em pouco mais de sessenta minutos, duas personagens imaginárias – o Grilo (falante e maestro) e a Fada (cantora e diva) – ajudam a realizar o sonho daquela criança, que conhecerá histórias e tradições musicais dos cinco continentes, mas também o mundo de hoje e sem fechar os olhos à guerra e ao drama dos refugiados. Uma perspetiva realista numa produção musical pensada para a primeira infância (4 a 10 anos) e que quis juntar “episódios de humanidade, paz e igualdade”. “Fazer o bem, pode tornar tudo melhor”, acredita Indy Paiva, diretor da Trupe Sons em Cena, certo de que se todos ajudarem, o mundo será muito diferente. Com uma cenografia simples e dinâmica, a apelar à imaginação do público, A Volta ao Mundo em 24 Músicas é um musical minimalista que prende a atenção de crianças e adultos com as cantigas tocadas ao vivo pela banda, bem como com a representação dos atores que cantam e dançam. Sem recurso a músicas infantis, no alinhamento desfilam composições de bandas como Beatles, ABBA, Queen, Xutos & Pontapés ou de músicos como Bob Marley e Tom Jobim. “Será mais fácil aos pais reconhecerem as canções”, admite Indy Paiva. Com músicas de escala melódica simples, o desejo é que se saia dali a trauteá-las e se leve o espetáculo para casa, para cantar em família. Susana Silva Oliveira Influenciados pela house music, os Chaos In The CBD, dupla formada pelos irmãos neozelandeses Ben e Louis Hekkier-Hales, percorrem grandes clássicos da música de dança nos seus sets. A viver em Londres desde 2012, aterram em Portugal, pela primeira vez, esta sexta, 25, e ocupam a Sala Cubo do Plano B, no Porto. Tendo em conta o gosto pela produção e mistura sonora, deverão deitar mão aos últimos discos editados por produtoras como a ClekClekBoom, Amadeus, Needwant e Hot Haus Records, como No Signal Found, Constraints of Time Travel ou Digital Harmony. Apresentados pelo Plano B como uma dupla à margem dos seus pares e a ter em conta na cena underground, os Chaos In The CBD não costumam deixar ninguém ficar parado a ver – foi assim, dizem, no mix apresentado na Abandon Silence, em Liverpool, e também no Chalet, em Berlim. Ao lado, o Palco do Plano B estará ocupado pela animação dos portugueses Kazoo Collective, enquanto a Galeria recebe soul, funk e disco ao melhor estilo rhythm & blues de Mojo Hannah. S.S.O Plano B > R. Cândido dos Reis, Porto > T. 22 201 2500 > 25 mar, sex 01h > €5 Museu Futebol Clube do Porto > Estádio do Dragão, Via Futebol Clube do Porto > T. 22 557 0410 > 25-26 mar, sáb-dom 16h > €5 24 março 2016 SE7E 17 © Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 41.215.223.183 (24-03-16 10:19) S AIR PORTO INSÓLITO P o r G E R M A N O S I LVA YARA KONO A Senhora da Silva Primavera na Cidade Lisboa Sair à rua depois do frio Celebrar com música a chegada da primavera e interagindo com várias comunidades da cidade O Grupo Vocal Olisipo, o Coro de Câmara Lisboa Cantat e o Coro da Câmara e a Orquestra Académica da Universidade de Lisboa vão atuar em três igrejas de Lisboa na primeira edição da Primavera na Cidade, cujo cartaz foi desenhado pela ilustradora Yara Kono É com o Holi – Festival das Cores que a Índia comemora a chegada da primavera. E, este ano, será assim também em Lisboa, que recebe a nova estação com o Feliz Holi, no sábado, 26, no Jardim Mahatma Gandhi. A comunidade Hindu lisboeta recriará vários costumes da festa indiana através de gastronomia, dança, música e jogos tradicionais. A iniciativa está inserida na programação da Primavera na Cdade, organizada pela EGEAC, e cuja primeira edição se prolongará até domingo, 3 de abril. No Centro Ismaili de Lisboa, A Sombra e a Luz nas Canções promoverá o encontro entre fado e jazz, com a voz de Ricardo Ribeiro a juntar-se ao piano de João Paulo Esteves da Silva, na terça, 29. O espetáculo, baseado no repertório e na vida dos músicos, promete criar uma relação de cumplicidade com os jardins deste espaço da comunidade muçulmana. A programação da Primavera na Cidade estende-se ainda à Igreja de Santa Catarina, à Igreja da Graça e à Igreja do Sagrado Coração de Jesus, com concertos de música clássica, na quinta, na sexta e no sábado, dias 31 de março, 1 e 2 de abril. Para o encerramento, no domingo, 3, está previsto um espetáculo, ao ar livre, com a portuguesa Carolina Deslandes, o cabo-verdiano DinoD’Santiago e a brasileira Maria Emília Reis, no Jardim Arco do Cego. “Após tanto tempo em casa e com frio, achamos que é a altura propícia para as pessoas voltarem a explorar Lisboa. Com a Primavera na Cidade celebramos a Páscoa através de uma programação nas igrejas, mas fomos também à procura da diversidade cultural em Lisboa. Queremos assumir essas outras celebrações da primavera como festejos da cidade, para que os lisboetas conheçam outros espaços e possam usufruir deles”, resume Joana Gomes Cardoso, presidente da EGEAC. Vanessa Queiroga Vários locais de Lisboa > 26 mar-3 abr > grátis 18 Conta uma velha lenda que, andando-se, no século XII, no tempo de D. Afonso Henriques, a construir a catedral do Porto, ao abrirem-se os caboucos para a obra, apareceu, no meio de um silvado, uma imagem da Virgem a que, logo ali, foi dado o apropriado nome de Nossa Senhora da Silva. A grande protetora das obras da Sé e que as acompanhava amiúde, era, como toda a gente sabe, a rainha D. Mafalda, a mulher do nosso primeiro rei que, ao saber do insólito achado, se tornou na primeira grande devota da milagrosa imagem. Era tão elevada essa devoção que levou a rainha a deixar, em testamento, à Senhora da Silva, “todos os vestidos e louçainhas [trajes muita ataviados] que em seu guarda-roupa se achassem à sua morte”. Todo o portuense conhece (imaginamos nós) a imagem da Senhora da Silva existente num altar colocado no transepto da Sé. O que nos parece que pouca gente sabe é que naquele curioso oratório envidraçado, ao nível do primeiro andar, na fachada de um edifício da Rua dos Caldeireiros, está outra imagem da Senhora da Silva e que, nesse edifício, funciona há quatro séculos a Confraria de Nossa Senhora da Silva – uma das mais antigas do Porto ainda em atividade. Mais: houve tempos em que nessa confraria estiveram reunidos três grandes hospitais-albergarias: os de S. Tiago e Santa Catarina; e o de S. João Baptista. SE7E 24 março 2016 © Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 41.215.223.183 (24-03-16 10:19) CO MP RAR H&M Loves Coachella Unidos pela moda D.R. O que é que o festival de música, no estado americano da Califórnia, tem em comum com a marca de roupa sueca H&M? Tudo – e, literalmente, mais um par de botas Tal como o festival, que acontece em dois fins de semana, a coleção H&M Loves Coachella vai ser posta à venda em duas fases. A primeira leva de roupa chega às lojas já no dia 31, a segunda só a partir de 14 de abril Houve um tempo em que o festival Coachella atraía multidões a Indio, no deserto da Califórnia, por causa da música. Hoje, 16 anos passados da primeira edição, é sobretudo um grande acontecimento onde todos querem estar. Elas de flores na cabeça, calções curtos e botas pelo tornozelo, eles com o seu ar cool – na sua grande maioria, a rondar os 20 anos e sem grandes problemas de dinheiro (só para se ter ideia, um passe para o festival que decorre em dois fins-de-semana em abril custa 400 dólares). E o que é que a H&M tem a ver com isto? Tudo. Primeiro, porque a marca sueca de roupa é um dos (poucos) patrocinadores – algo raro no mercado americano, diga-se, e bem diferente do que se passa em Portugal, onde tudo o que é nome de festival vem com uma marca associada. Depois, porque desta ligação nasceu, no ano passado, uma parceria inédita com vista a criar uma coleção de roupa e acessórios. Este ano, e repetindo a “fórmula”, a H&M prepara-se para lançar uma segunda coleção. Já esta semana nos Estados Unidos, a partir de dia 31 nos restantes países – Portugal incluído –, mas só nas lojas que têm secção jovem. Composta por cerca de 50 peças, e preços a variar entre os €3,99 (uma bolsa pequena) e os €39,99 (um blusão de ganga sem mangas). Para as raparigas, há blusas de estilo folk, tops bordados com franjas, macacos estampados, calções de ganga desgastada, botas rasas, colares e chapéus. Já os rapazes querem-se vestidos com camisas estampadas, t-shirts, bermudas e calções de ganga. Bem ao estilo de Coachella, portanto. Inês Belo 24 março 2016 SE7E 19 © Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 41.215.223.183 (24-03-16 10:19) VER Bossarenova Trio Lisboa Música transatlântica Tiago Sousa Lisboa O trio liderado pela brasileira Paula Morelenbaum celebra 50 anos de bossa nova D.R. Dono de uma linguagem sonora única, que vagueia algures entre as margens do rock e do jazz, o pianista Tiago Sousa apresenta pela primeira vez o novo disco Um Piano nas Barricadas, que sucede ao aclamado Samsara. Neste novo trabalho, volta a alargar horizontes, acrescentando ao piano as sonoridades da harpa de Angélica V Salvi, do clarinete de Ricardo Ribeiro e da percussão de Baltazar Molina, que também os acompanharão neste espetáculo. Para além de Lisboa, o Bossarenova Trio atua também no Auditório do Conservatório de Música, em Coimbra (31 de março), na Casa das Artes (1 de abril), em Vila Nova de Famalicão, e no Teatro Micaelense, em Ponta Delgada (2 de abril). Tendo como ponto de partida a bossa nova, a cantora brasileira Paula Morelenbaum embarcou numa viagem sonora pelas tradições musicais brasileira e europeia, juntando-se a dois dos mais aclamados músicos alemães da atualidade. São eles Joo Kraus, atualmente considerado um dos melhores trompetistas do jazz europeu, e o pianista de formação clássica Ralf Schmid, colaborador de nomes como Ivan Lins, Diane Warwick, Natalie Cole ou Herbie Hancock. Nome de referência da bossa nova, Paula Morelenbaum trabalhou durante dez anos com Tom Jobim, a cujo legado dedicou grande parte da sua carreira, ganhando o reconhecimento do público internacional em grupos como o Quarteto Jobim/Morelenbaum ou o Trio Morelenbaum 2/Sakamoto (ambos em parceria com o marido, Jaques Morelenbaum) e também a solo, com os discos Berimbaum e Telecoteco, nomeado em 2009 para os Grammy latinos, na categoria de melhor produção. Foi nesse mesmo ano, por ocasião dos 50 anos de bossa nova, que deu início a este projeto, no qual recria a obra de compositores tão diferentes como Schubert, Schumann ou Villa Lobos, juntando a música erudita ao jazz e aos ritmos brasileiros, numa ponte transatlântica que conquistou a crítica e os levou a algumas das mais célebres salas e festivais internacionais. É este espetáculo, baseado no disco Samba Prelúdio, editado em 2013, que agora apresentam nesta minidigressão por Portugal. Miguel Judas CCB > Pç. do Império, Lisboa > T. 21 361 2400 > 29 mar, ter 21h > €22,5 ZDB > R. da Barroca, 59, Lisboa > T. 21 343 0205 > 24 mar, qui 22h > €8 Gabriel Ferrandini Lisboa Considerado um dos meninos-prodígio do jazz português, o baterista está de regresso à ZDB, onde irá manter este ano uma residência artística, apresentada pelo próprio como um momento de encontro entre o jazz clássico e a improvisação. O objetivo é compor temas originais para um trio, completado pelo contrabaixista Hernâni Faustino e o saxofonista Pedro Sousa, que se apresentará periodicamente neste palco ZDB > R. da Barroca, 59, Lisboa > T. 21 343 0205 > 30 mar, qua 22h > €4 20 SE7E 24 março 2016 © Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 41.215.223.183 (24-03-16 10:19) Orquestra Metropolitana de Lisboa e Voces Caelestes Lisboa A anteceder o fim de semana da Páscoa, a Orquestra Metropolitana de Lisboa junta-se às vozes do coro Voces Caelestes e de quatro cantores líricos portugueses para interpretar uma cantata e a Oratória de Páscoa, de Johann Sebastian Bach. Depois da Oratória de Natal, em dezembro, prossegue assim a interpretação da integral das oratórias litúrgicas do compositor alemão, seguindose a Oratória de Ascensão, agendada para 5 de maio. STEPHEN BOOTH CCB > Pç. do Império, Lisboa > T. 21 361 2400 > 24 mar, qui 21h > €10 a €30 The Black Mountain Lisboa e Porto O rock como ele é A banda canadiana apresenta-se pela primeira vez em Portugal Já serão poucas as bandas com o estatuto dos Black Mountain que ainda não tocaram em Portugal, razão pela qual a estreia destes canadianos assume contornos de acontecimento. Surgidos em 2004, deram-se a conhecer no ano seguinte, com o álbum de estreia homónimo, que de imediato os elevou ao estatuto de superestrelas para os fãs das sonoridades rock mais alternativas, recuperando, à luz dos novos tempos, o legado de nomes tão diferentes como Led Zeppelin, The Doors, Jimi Hendrix, Pink Floyd ou Black Sabbath. “Uma música antiga”, como os próprios a definem, “que não poderia ter sido tocada antes”, que os tornou nos porta-estandartes de toda uma nova geração de bandas space-rockers e voltam agora explorar até ao limite no novo IV, já considerado por muitos como um dos seus melhores trabalhos até à data. É este álbum épico no qual se voltam reinventar, entre riffs de guitarra a apelar ao headbanging, mas sem nunca perder o norte do formato canção, que agora apresentam, finalmente, em Portugal, numa das estreias mais aguardadas dos últimos anos em palcos nacionais. M.J. Sílvia Pérez Cruz Lisboa Uma das mais aclamadas vozes espanholas da atualidade, a cantora catalã apresenta em Lisboa o álbum de estreia a solo, 11 de Novembre. Cantado em catalão, castelhano, português e galego, o disco é uma homenagem não só à sua família (o título é o dia de aniversário do seu pai) como à própria cultura ibérica, percorrendo vários estilos musicais do cancioneiro peninsular e derivados, como fado, flamenco, bolero ou samba. Fundação Calouste Gulbenkian > Av. de Berna, 45 A, Lisboa > T. 217823700 > 30 mar, qua 21h > €18 Hard Club > Pç. Infante D. Henrique, Porto > T. 22 010 1186 > 26 mar, sáb 21h > 18€ Musicbox > R. Nova do Carvalho, 24, Lisboa > T. 21 347 3188 > 28 mar, seg 21h30 > €18 24 março 2016 SE7E 21 © Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 41.215.223.183 (24-03-16 10:19) VER MARIA MANUEL Os Justos Lisboa Águas Profundas+Terminal de Aeroporto Porto Ficar ou partir? Duas peças do dramaturgo britânico Simon Stephens, ambas nas imediações do aeroporto de Heathrow, aterram no palco do Teatro Nacional São João As duas peças têm cenografias, figurinos e música distintos. A cenografia é dividida entre Pedro Tudela e Catarina Braga Araújo, os figurinos entre Helena Guerreiro e Nuno Baltazar e a música entre Marco Pereira, Miguel Pereira e Noiserv. Há uma decisão a marcar o destino das personagens das peças do dramaturgo britânico Simon Stephens. Sem dramas, o público depara-se com situações em que alguém chega, espera ou parte, confrontando-se com os seus medos e as suas imperfeições. Um mergulho naquilo que cada um tem de mais obscuro, sem julgamentos morais. “A escrita do autor é surpreendente, propõe um dispositivo que nos leva a criar uma expetativa e, mais tarde, tira-nos o tapete, porque nada é aquilo que parece”, sublinha o encenador Nuno M. Cardoso. A primeira peça, Águas Profundas (Wastwater no original, nome do lago mais profundo de Inglaterra), é um tríptico que cruza habilmente as histórias de três pares. Irene (interpretada por Maria João Luís) é a mãe de acolhimento de Henrique (Pedro Almendra), um jovem que teve uma adolescência conturbada e que está prestes a emigrar para o Canadá e a alcançar a redenção. Na segunda parte, relata-se o encontro fortuito entre Marco e Isabel (Albano Jerónimo e Olinda Favas), num quarto de hotel, próximo do aeroporto, e a forma como ambos expõem em absoluto a sua intimidade. Por último, o diálogo atroz entre João (António Durães) e Ana (Íris Cayatte), a partir de um caso de tráfico de crianças que, mais uma vez, joga com a imprevisibilidade. Na segunda peça, Terminal de Aeroporto, a atriz Rita Brütt interpreta uma mulher que, após ter testemunhado o homicídio de um jovem de 16 anos, decide fugir à sua rotina de mãe de família. Numa viagem de metro a caminho do aeroporto, interroga-se sobre o grau de terror deste episódio e sobre a sua própria existência. No terminal, a dúvida ataca: ficar ou partir? Joana Loureiro Teatro Nacional São João > Pç. da Batalha, Porto > T. 22 340 1910 > 24-27 mar, qui-sáb 21h, dom 16h > €7,50 a €16 22 O Teatro da Cidade apresenta a sua primeira criação coletiva, Os Justos, de Albert Camus, na Cornucópia, com quem tem colaborado. Em palco estarão André Pardal, Bernardo Souto, Guilherme Gomes (o Hamlet recentemente dirigido por Luís Miguel Cintra), João Reixa, Nídia Roque, Ricardo Alas e Rita Cabaço: “Servindo-nos das questões que Camus atribuiu a este grupo de revolucionários russos no início do século XX, espelhamos em corpos e vozes contemporâneos preocupações iminentes que não se limitam a um lugar ou uma data.” Teatro do Bairro Alto > R. Tenente Raul Cascais, 1A, Lisboa > T. 21 396 1515 > 30 mar-10 abr, ter-sáb 21h, dom 16h Gentileza de um Gigante Lisboa No palco, uma mulher, um homem e uma mesa onde nascem cenários em miniatura, criados por aqueles dois corpos nus. Como o brasileiro Gustavo Ciríaco descreve, a sua performance é um “constante e paradoxal confronto entre um mundo feito à medida do homem e um mundo que corre para além de si e dos seus poderes orquestradores, onde a paisagem tange o indizível, o inefável, o sublime”. Negócio > R. de O Século, 9, Lisboa > 30 mar-2 abr, qua-sáb 21h30 > €7,50 SE7E 24 março 2016 © Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 41.215.223.183 (24-03-16 10:19) Breviário do Quotidiano #8 - Lisboa, 2016 Lisboa ‘Mi casa es su casa’ A casa verdadeira de Ana Pérez-Quiroga é uma instalação, agora partilhada fora de portas D.R. Arquivo Muncipal de Lisboa/Fotográfico > R. da Palma, 246, Lisboa > T. 21 884 4060 > até 28 mai, segsáb 10h-19h Todos fazem parte desta prática artística: os objetos roubados (mantas de avião...), os objets trouvés, os souvenirs afetivos (dez pacotes de açúcar podem ritualizar encontros). “É como se eu congelasse a memória”, explica Ana Pérez-Quiroga. Conta: “Em 2010, apercebi-me que as escolhas a que submeto os objetos são idênticas às que faço quando produzo arte, partilham o mesmo protocolo artístico.” Criando registos fotográficos desses objetos – livros, loiça, jarras de flores, tudo – e catalogandoos, assim mapeando o quotidiano, o projeto Breviário do Quotidiano consuma-se na sua casa – contemplável via site (www. anaperezquirogahpme.com), ou possível de viver (alugada por duas noites). Um processo de fusão entre arte e vida de uma assumida herdeira duchampiana: “Quando se vai a um museu, percebemos que uma obra tem uma moldura dada pela instituição, e apercebida pelo público. Aqui, quem legitima a obra de arte sou eu. Duchamp não seria tão esteticizado, mas eu tenho essa dimensão. Se não, estaria a fazer antropologia”, defende. No Arquivo Municipal de Lisboa, revela 1388 fotografias de seis mil objetos, a que se juntam uma chaise-longe, uma mesa e um candeeiro, feitos de propósito “para criar a ideia de habitat, de lar doce lar”. Uma casa de substituição, um deslocamento conceptual, que sublinha a “performance da vida” e “a importância de viver o momento”. S.S.C. 24 março 2016 SE7E 23 © Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 41.215.223.183 (24-03-16 10:19) VER Residências artísticas Porto O lado B da cidade Uma exposição no AV. Espaço Montepio revela o resultado do trabalho que foi desenvolvido por quatro grupos de artistas ao longo de um mês A dupla Pedro Ferreira e Assunta Alegiani assina três instalações audiovisuais sobre a paisagem urbana do Porto, explorando a transição entre o velho e o novo Depois do Edifício AXA e da Locomotiva, a estratégia de ocupação temporária de espaços devolutos na cidade, desenvolvida pela Porto Lazer, prossegue no AV. Espaço Montepio. A primeira exposição das Residências Artísticas inaugura este sábado, 26, numa mostra de quatro projetos, que foram selecionados a partir das 65 candidaturas apresentadas, no início deste ano. Durante um mês, Carlos Mensil, Alexandra Rafael e as duplas Pedro Ferreira e Assunta Allegiani, Catarina Azevedo e Karen Lacroix ocuparam a antiga dependência do Banco Montepio, na Avenida dos Aliados, no Porto, sempre numa lógica de diálogo criativo que – envolvendo ilustração, vídeo, instalação, pintura, escultura, multimédia e gravura – agora se torna pública. A poucos dias da abertura, era ainda grande a azáfama no átrio, nas salas do rés do chão e da cave. Há fios soltos, papéis pelo chão, estruturas a ganhar corpo, experiências de luz, ao ritmo de conversas partilhadas. Enquanto Catarina Azevedo e Karen Lacroix procuram montar uma biblioteca portátil, dando forma a livros inspirados em narrativas visuais escondidas em ilhas, que encontraram em lugares como a muralha fernandina e o Silo Auto. “São fragmentos de lugares esquecidos, mas que já foram vividos”, realçam. É também à margem de lugares turísticos que Pedro Ferreira e Assunta Alegiani compõem três instalações audiovisuais de reflexão sobre a paisagem urbana, explorando a transição do velho para o novo. Sempre curiosa, Alexandra Rafael procurou texturas em papéis e objetos para, através da gravura, contar segredos do Espaço Montepio. Descemos a sala escura da cave, ao cofre, onde Carlos Mensil propõe uma analogia entre o tangran e o dinheiro. Segundo o artista, a intervenção surge de um jogo de relações entre as peças criadas e espaço do próprio banco. S.S.O. AV. Espaço Montepio > Av. dos Aliados, 90, Porto > T. 22 619 9860 > 26 mar-26 abr, seg-ter e dom 11h-19h, qua-qui 11h-23h, sex-sáb 11h-24h > grátis 24 À primeira vista, as criações de Bruno Cidra (1982) geram desconcertos: há peças avulsas dispersas pelo chão, mas há também linhas que se alongam, dobrando ângulos das paredes. Por vezes, essas mesmas linhas sobem, eretas, no espaço vazio, ou formam precários quadrados – ou serão quadros? Finalista do Prémio EDP Novos Artistas 2009, ele tem criado um singular léxico conceptual. A sua produção está ancorada numa prática da escultura que parece sonhar com o desenho. Interessa-lhe questionar o espaço e a arquitetura da galeria, e dos espaçosdentro-do-espaço. Mexicano amplia o trabalho realizado na residência artística, feita em São Paulo durante 2013, e revela igualmente obras novas. Ponto de entrada? Nada de mapas reconhecíveis. Cidra mostra uma instalação constituída por cerca de uma centena de peças e elementos, que compõem um cenário de ruína, para que são transpostos as mesmas tensões e diálogos encontrados em qualquer edificação. Isto é, a exploração entre visível e invisível, entre presenças e ausências. A estas dicotomias, juntam-se outras: resistência e fragilidade, peso e leveza, eternidade e efemeridade, evocadas, aqui, pela manipulação de materiais antagónicos, como o papel e o ferro. Num jogo de imitação e de confronto, e de ocupação espacial, as afinidades entre o desenho e a escultura são novamente testadas. S.S.C. D.R. D.R. Mexicano Lisboa Galeria Baginski > R. Capitão Leitão, 51-53, Lisboa > T. 21 397 0719 > 30 mar-7 mai, ter-sáb 14h-20h SE7E 24 março 2016 © Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 41.215.223.183 (24-03-16 10:19) Freeheld – Amor e Justiça Um tiro contra a discriminação 8 1/2 Festa do Cinema Italiano Lisboa D.R. A luta pela igualdade da comunidade gay americana, num “filme de atrizes” em que contracenam Julianne Moore e Ellen Page O filme tem como protagonista uma agente da polícia, mas está longe de ser um policial. Esta é uma das grandes originalidades e pontos de interesse de Freeheld – Amor e Justiça, um filme “de atrizes” que passou ao lado dos Oscars e agora chega às salas portuguesas. Toda a intriga de crime e suspense (sem grande mistério) passa em pano de fundo, enquanto o foco se centra na vida privada da detetive Larel Hester (Julianne Moore). Há assim, antes de mais, uma humanização da profissão de polícia, fora das descargas de adrenalina e dos clichés de género: em vez de espetaculares perseguições de automóveis, encontramos dilemas interiores; e, em vez de arriscadas detenções de barões do crime, deparamo-nos com uma luta contra a homofobia, por uma sociedade mais justa, com igualdade de direitos. E também, diga-se, uma grande história de amor. Freeheld baseia-se na história verídica de Larek Haster, uma agente da polícia de Nova Jersey. De início ela esconde a sua orientação sexual na convicção de que tal lhe poderá dificultar a ascensão na carreira. Quando se apaixona e estabelece uma relação duradoura com Stacie Andree (Ellen Page), aos poucos vai assumindo a sua relação. Mas tal só se torna importante quando recebe a notícia que padece de um cancro em estado avançado. Passa então a disputar um batalha legal para que, em caso de morte, a pensão de viuvez seja entregue à sua companheira. O filme acaba então por se transformar, na sua essência, num filme ativista, que mistura uma história de vida com um mais ou menos empolgante caso jurídico e político, que na prática serviu também para dinamizar a campanha pela legalização do casamento gay no estado de Nova Jersey. Trata-se, portanto, de um filme militante, que leva ao grande ecrã uma história emblemática da luta pelos direitos dos casais homossexuais. Um boa interpretação de Ellen Page, nos antípodas de Juno. E uma Julianne Moore ao seu melhor nível, num papel muitíssimo exigente, que ela interpreta com sensibilidade e contenção. Manuel Halpern Não há melhor forma de assinalar a nona edição da 8 1/2 Festa do Cinema Italiano do que homenageando o seu patrono: 8 1/2, o clássico de Federico Fellini, vai ser exibido em cópia restaurada, em El Corte Inglés, no próximo dia 31, com a presença de Gianfranco Angelucci, um dos mais próximos colaboradores do realizador, que esteve diretamente envolvido no filme. A homenagem completa-se com uma pequena exposição de fotos de rodagem. A festa, que começa em Lisboa e depois entra em digressão pelo País (Cascais, Coimbra, Porto, Elvas, Loulé, Caldas da Rainha...), inicia-se com Conto dos Contos, de Matteo Garrone, a partir da obra do escritor setecentista napolitano Gianbattista Basile, presente no último festival de Cannes. No capítulo das antestreias destaca-se igualmente Suburra, de Stefano Sollima, que mergulha nas ligações entre a máfia, o Estado e a Igreja, a propósito de um gigante projeto imobiliário. E também Quo Vado?, de Gennaro Nunziante, êxito ímpar de bilheteira em Itália; Mergulho Profundo, de Luca Gudagnino; A Espera, de Piero Messina; Estrada 47, de Vicente Ferraz; Anna, de Giuseppe Guandino; ou Lo Chiamavano Jeeg Robot, de Gabriele Mainetti (estes dois últimos com a presença dos realizadores). E ainda uma homenagem a Ettore Scola, um retrato de Marcelo Mastroianni, uma nova cópia de A Vida é Bela, de Roberto Benigni, sessões competitivas, sessões infantis e muito mais. El Corte Inglés, Cinemateca Portuguesa, Cinema São Jorge e Instituto Italiano de Lisboa > 30 mar-7 abr > bilhetes a partir de €3; €25 (passe festival) De Peter Sollett, com Julianne Moore, Ellen Page, Steve Carell e Michael Shannon > 103 min 24 março 2016 SE7E 25 © Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 41.215.223.183 (24-03-16 10:19) REUTERS/DENIS BALIBOUSE LIVRO S E DISCOS Post Pop Depression Iggy Pop E depois do adeus? Aos 68 anos, o pai do punk-rock assina, a meias com Josh Homme, um verdadeiro monumento rock, pleno de ironia e nostalgia Post Pop Depression, épico e confessional ao mesmo tempo, já é um dos acontecimentos musicais do ano. Iggy Pop vai tocar as canções novas em Lisboa no festival Super Bock Super Rock, em julho 26 Quando, em meados dos anos 70, a carreira de Iggy Pop estava num beco sem saída, sobretudo devido ao abuso de drogas, foi David Bowie o anjo salvador que o resgatou do abismo. Sob a capa protetora do amigo, gravou em Berlim os discos The Idiot e Lust for Life, que o reencaminharam, depois da desilusão dos Stooges, para uma carreira sem paralelo na história da cultura popular. Pela música, pela imagem icónica e, acima de tudo, pela capacidade de se reinventar, Iggy Pop é hoje uma das últimas divindades vivas do rock. Mas até os deuses têm os seus momentos de dúvida e Iggy Pop viveu-a intensamente nestes últimos tempos. Tal como há 40 anos, foi de novo num amigo que encontrou refúgio para, mais uma vez, se reerguer. Neste caso, em Josh Homme, mentor de bandas como os Queens of the Stone Age ou Eagles of Death Metal, com quem criou a meias este Post Pop Depression. Quase em segredo, trancaram-se no rancho de La Luna, no interior do deserto californiano, onde Josh tem o seu já mítico estúdio e, em conjunto, criaram aquele que é um dos melhores álbuns rock dos últimos anos. À dupla juntaram-se, depois, o guitarrista Dean Fertita (Queens of the Stone Age) e o baterista Matt Helders (Arctic Monkeys) que ajudaram a criar um manifesto rock, pleno de ironia e nostalgia, que funciona ao mesmo tempo como uma profunda e assumida reflexão pessoal de Iggy sobre o seu legado. Ao longo de nove músicas, discorre sobre a vida, a morte, o sexo e o amor, num ambiente entre o pós-punk e o rock de garagem, sublinhado pela guitarra de Josh, que assenta que nem uma luva à voz e às palavras de Iggy. Se, como o próprio já deu a entender, este é mesmo o álbum da despedida, o músico sai em grande, com um trabalho tão épico quanto confessional, apenas à altura dos génios. Como sussurra a dada altura, “I’ve got nothing but my name, i’am nothing but my name”. No caso de Iggy Pop, isso é muito. É tudo. M.J. Woody Allen – O Último Génio Natalio Grueso O título não engana, esta é uma biografia hagiográfica, elegantemente escrita mas assente no fascínio. Amigo do realizador há 20 anos, produtor do seu filme Vicky, Cristina, Barcelona. Grueso declina indiscrições ou quebras de endeusamento em Woody Allen (Objetiva, 208 págs., €17,70). Polémicas? Lê-se que Woody, aos 20 anos e no pós-guerra dos anos 50, ganhava 40 vezes mais do que o salário médio de um trabalhador. Sobre Mia Farrow, ex-companheira que acusou Allen de abusos sexuais sobre os filhos, há uma linha: “[Uma relação] que lhe causou uma dor profunda e extremamente injusta.” Dividido em 12 temas (stand up comedy, psicanálise, jazz...), o livro percorre carreira, citações, umas histórias de celebridades (Susan Sontag, Pavarotti, Norman Mailer...), gostos (um livro favorito é Memórias de Brás Cubas, de Machado de Assis), pontuados por “revelações”: o passeio ao bairro de infância onde existiam “25 cinemas”, uma carta de Groucho Marx, a nota de que Woody adora chuva e teme túneis... Um tributo lido com prazer. S.S.C. SE7E 24 março 2016 © Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 41.215.223.183 (24-03-16 10:19) © Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 41.215.223.183 (24-03-16 10:19) TV DAN JOSEPH Convite Para a Morte Houdini & Doyle AXN Parceiros improváveis Nesta nova série, o maior ilusionista de sempre e o escritor que criou Sherlock Holmes colaboram nas investigações da Scotland Yard Com argumento e produção de David Shore (criador de House), esta coprodução canadiana e britânica teve a sua antestreia, em Portugal, no passado dia 18. Agora, a emissão de um episódio duplo adianta-se à transmissão na televisão americana Uma forte amizade unia Harry Houdini (1874-1926) e Arthur Conan Doyle (1859-1930), que viveram entre finais do século XIX e princípio do século XX. É precisamente nessa época, em Londres, que a ação desta nova série, Houdini & Doyle, se desenrola. Houdini, o maior mágico e ilusionista de todos os tempos, considerado o mestre do escapismo, e sir Arthur Conan Doyle, escritor e médico britânico célebre por ter criado a personagem de Sherlock Holmes, vão ajudar a Scotland Yard na investigação de crimes inexplicáveis, ainda por resolver, de cariz sobrenatural. Tanto pode ser o homicídio de uma freira num asilo célebre de Madalena ou a morte misteriosa de uma pessoa num espetáculo de um curandeiro de fé. Para Michael Weston, ator americano que interpreta Harry Houdini, a amizade entre esta dupla era verdadeira, daquelas que andam sempre às turras. “Tanto eram amigos como inimigos filosóficos. Em todas as oportunidades, Houdini desmentia a crença em fantasmas do Doyle. Ao mesmo tempo, Doyle queria provar a existência do sobrenatural a partir de um ponto de vista científico.” Ao longo dos dez episódios, a personagem da atriz canadiana Rebecca Liddiard, a agente Adelaide Stratton, primeira mulher a liderar a polícia metropolitana de Londres, vai evoluindo. “No início, ela é só jovem, mas é como uma mulher poderosa em desenvolvimento. Aprende como ser uma boa polícia e como navegar no meio de um mundo dominado por homens.” Desengane-se quem pensava que Conan Doyle era um homem fechado. Para o ator inglês Stephen Mangan, o mais fascinante eram os diferentes elementos desta personagem. “Jogava futebol no Portsmouth e críquete no MCC. Com a sua mulher em coma, estava profundamente perturbado. A propósito, pela primeira vez, a minha mulher no ecrã foi representada pela minha mulher na vida real”, conta Mangan. Sónia Calheiros Minissérie de três episódios para ver nos serões destes dias de Páscoa. Inspirada na obra de Agatha Christie, intitulada Ten Little Niggers ou And Then There Were None, nos Estados Unidos, a história passa-se em 1939, com a Europa a um passo de entrar em guerra. Uma dezena de desconhecidos são chamados a comparecer em Soldier Island, um rochedo isolado, no sul de Inglaterra, onde são recebidos pelo casal Owen. Entre eles, encontra-se um assassino. FOX Crime > 25-27 mar, sex-dom 21h30 Mentes Criminosas: Sem Fronteiras No primeiro episódio, o spin-off de Mentes Criminosas viaja até Banguecoque, na Tailândia, para investigar o desaparecimento de três voluntários americanos. A nova série acompanha uma equipa de elite de agentes do FBI na resolução de casos relacionados com cidadãos americanos em território internacional. Gary Sinise (C.S.I. Nova Iorque) assume o papel principal ao interpretar o chefe de unidade Jack Garrett. AXN > 30 mar, qua 22h15 Estreia 29 mar, ter 22h15 28 SE7E 24 março 2016 © Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 41.215.223.183 (24-03-16 10:19) © Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 41.215.223.183 (24-03-16 10:19) ESCA PAR Casas da Alta Coimbra Tudo afinado São Rafael Atlântico Albufeira Com vista para o património histórico da cidade, estes apartamentos pertencem a André Sardet. Que, conforme diz, vai buscar à música “o lado estético” para construir a arquitetura dos espaços LUCÍLIA MONTEIRO Pertencente ao grupo Nau, o hotel de cinco estrelas, situado na falésia da praia de São Rafael, tem um programa de duas noites para o fim de semana de Páscoa, que inclui um workshop de confeção de um folar, tratamento vip no quarto, livre acesso ao circuito do Atlântico Spa, cocktail e música ao vivo. Tem ainda um brunch disponível (por €25/pessoa). No Casas da Alta, o pequenoalmoço inclui scones, iogurte e granola, fruta e sumo natural (€8). Existe ainda uma carta de petiscos como tábuas de queijos e enchidos nacionais, bruschettas e cogumelos salteados. Subimos as escadas de madeira deste edifício dos anos 30 e os nossos olhos detêm-se nas palavras Saudade, Fado, Pedro e Inês, Doutores, espalhadas pela parede, aqui e acolá. “É a nossa forma de ir contando a história da cidade aos nossos hóspedes”, diz-nos Mafalda, a nossa cicerone. Mas é muito mais do que isso. Pelo menos é o que pretendem os mentores do Casas da Alta, o cantor e músico André Sardet e a mulher, a engenheira civil Catarina Dutra, para este projeto aberto há dois anos e que, em 2017, terá continuidade num outro edifício bem maior, com 22 apartamentos: o Casas da Alta University. Todos os apartamentos têm cozinha equipada, sala de estar e varanda. Um deles tem mesmo um terraço com uma vista soberba sobre o património histórico da cidade. À chegada, o hóspede é recebido com um cálice de vinho do Porto e um pastel de nata, dois sabores bem portugueses que se juntam, por exemplo, às compotas, granola e bolachas caseiras Amêndoa Maria, cuja receita foi encontrada num armário, durante a recuperação do prédio. O jardim exterior é outra preciosidade do Casas da Alta. “Por vezes, é quando estão no jardim, ao fim da tarde, que nos perguntam se podem ficar mais uma noite”, conta André Sardet. Nos cinco apartamentos sobressaem o verde água e o cinza, numa decoração sóbria da autoria do próprio casal. “Temos muito gozo em criar zonas acolhedoras. O objetivo é dar muito conforto num sítio humanizado”, diz o músico, natural de Coimbra e que assinala, em 2016, 20 anos de carreira. Talvez seja, acrescenta André Sardet, “o lado estético e criativo da música” que contribui para o prazer que sente na arquitetura dos espaços. Florbela Alves Sesmarias > T. 289 599 420 > 25-28 mar > a partir de €245 por pessoa Quinta de Casaldronho Lamego O wine hotel Quinta do Casaldronho, situado na margem sul do Douro, a meio caminho entre a Régua e Lamego, propõe um programa de três dias/ duas noites que inclui uma visita ao Museu do Douro, à adega da quinta, prova de vinhos e um jantar no restaurante D. Ilda (onde não faltará o tradicional cabrito assado). Valdigem > T. 254 318 331 > 25-27 mar > €219 por pessoa R. Dr. António José de Almeida, 110, Celas, Coimbra > T. 239 150 586 > apartamentos (4 T1 e 1 T2 premier) a partir €65 30 SE7E 24 março 2016 © Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 41.215.223.183 (24-03-16 10:19) 1194957 JO G OS Palavras cruzadas >> Q U I Z >> 1. B. // 2. A // 3. A // 4. C // 5. C // 6. A // 7. C // 8. A // 9. C // 10. C >> HORIZONTAIS >> 1. Islâmico, Se // 2. Lei, Aspar // 3. Em, Adir, Aio // 4. Sic, Agraz // 5. As, Uivar // 6. Dietas, Dei // 7. Ni, Gal, Pada // 8. Engulhar, Et // 9. Utar, Alia // 10. Menos, Gozei // 11. Ala, Azarola. >> VERTICAIS >> 1. Ileso, Neuma // 2. Semi, Dintel // 3. Li, Cai, Gana // 4. Seguro // 5. Muda, Tal, SA // 6. Igualha // 7. Carris, Alga // 8. Os, Av, Prior // 9. Pazada, Azo // 10. Sai, Rede, El // 11. Eros, Iatria. SOLUÇÕES >> HORIZONTAIS >> 1. A menina que fintou o Estado (...) – Farida Khalaf foi raptada e vendida como escrava sexual – aguentou quatro meses num acampamento militar às mãos da brutalidade destes homens, até que conseguiu fugir – numa conversa exclusiva com a VISÃO, recorda os tempos no inferno. A si mesmo // 2. Preceito ou conjunto de preceitos obrigatórios que emanam da autoridade soberana de uma sociedade, do poder legislativo. Meter entre aspas // 3. Indica lugar, tempo, modo, causa, fim e outras relações (prep.). Agregar. Escudeiro // 4. Assim, tal e qual. Fruta verde // 5. Aquelas. Ulular // 6. Deixar de lado o prazer da comida só para emagrecer está out, tal como as (...) radicais – o caminho agora faz-se através da alimentação saudável e da prática de exercício físico. Alienei // 7. Níquel (s.q.). Galicismo (abrev.). Pequeno pão de farinha ordinária // 8. Sentir náusea, nojo. Extraterrestre (abrev.) // 9. Joeirar. Coliga // 10. Em menor quantidade. Desfrutei // 11. Fileira. Pequena árvore da família das rosáceas também conhecida por azaroleira ou azaroleiro. >> VERTICAIS >> 1. Incólume. Gesto de recusa ou assentimento // 2. Prefixo de origem latina que significa metade, meio ou quase. Cada um dos degraus laterais em que assentam as prateleiras da estante // 3. Medida itinerária chinesa. Tomba. Grande desejo, ânsia // 4. Esteve na política desde a adolescência até se tornar cinquentão – e nunca soube fazer mais nada – hoje nem quer ouvir falar dela, tornouse empreendedor, dá aulas, vai lançar um livro e abriu uma startup – António José (...) voltou... diferente // 5. Substituição. Um certo. Sociedade Anónima (abrev.) // 6. Identidade de posição social // 7. Renegociar a convenção sobre rios internacionais com Espanha, regresso da (...) à Câmara de Lisboa, concessão dos Transportes Coletivos do Porto a seis municípios da área metropolitana – estas são algumas das novidades na entrevista de João Matos Fernandes, ministro do Ambiente. Planta criptogâmica aquática // 8. Aqueles. Avenida (abrev.). Pároco de certas freguesias // 9. Pancada com a pá. Ensejo // 10. Desloca-se para fora. Tecido de arame. Artigo antigo // 11. Entre os Gregos, na mitologia, era o filho de Vénus e deus do Amor. Método de curar doenças. Sudoku DIFÍCIL Quiz POR PEDRO DIAS DE ALMEIDA 1. Quem cantava em português a canção do genérico da série de animação Abelha Maia? A. Carlos Paião B. Ágata C. Maria Armanda 2. Em que ano saiu As 20 Mil Léguas Submarinas, de Júlio Verne? A. 1870 B. 1880 C. 1890 3. Qual destes filmes não ganhou o Oscar para melhor filme? A. Os Amigos de Alex B. Amadeus C. África Minha 4. Em que país terminou o jogador de futebol Matateu a sua carreira? A. Suécia B. Holanda C. Canadá DÊ-NOS NOTÍCIAS > T.21 469 8101 > T. 22 043 7025 > [email protected] 5. Em 1965 um anúncio televisivo começava assim: “Um gato é um gato. Um cão é um cão”. O que anunciava? A. Omo B. Citroën 2CV C. Sumol 6. De que marca era o computador ZX Spectrum? A. Sinclair B. IBM C. Atari 7. Em que ano começou o jogo de apostas Totobola? A. 1939 B. 1950 C. 1961 8. Misha, a mascote dos Jogos Olímpicos de Moscovo, em 1980, era... A. Um urso B. Um alce C. Um cão 9. Qual destas figuras não aparece representada na capa do disco Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band, dos Beatles? A. Fred Astaire B. Karl Marx C. Mahatma Gandhi 10. Em que país foi fabricado, em 2003, o último VW Carocha? A. Alemanha B. Brasil C. México 24 março 2016 SE7E 31 © Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 41.215.223.183 (24-03-16 10:19) © Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 41.215.223.183 (24-03-16 10:19) © Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 41.215.223.183 (24-03-16 10:19)
Documentos relacionados
Visão 1196
© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 95.93.235.242 (04-02-16 10:54)
Leia mais