À Secretária de Assistência Social de Santos Sra. Rosana Maria
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À Secretária de Assistência Social de Santos Sra. Rosana Maria
À Secretária de Assistência Social de Santos Sra. Rosana Maria Russo André Leite Soares Pelo presente, tendo em vista a reunião realizada com V. Sa. no início de 2013, vimos solicitar retorno quanto aos encaminhamentos referentes à estrutura física e de recursos humanos do equipamento CREAS. Os profissionais deste serviço vêm se empenhando em efetivar as mudanças para o reordenamento do trabalho, conforme as diretrizes da Secretaria Municipal de Assistência Social e o preconizado pela Política Nacional de Assistência Social e NOB RH/SUAS, considerando-as imprescindíveis para a efetivação do trabalho e para o atendimento digno e de qualidade aos beneficiários da Política de Assistência Social, bem como aos trabalhadores. Caminhando na perspectiva de cumprir com as determinações, é importante destacar o avanço com o aumento do quadro funcional (Assistentes Sociais, Psicólogos, Operadores Sociais e Oficial Administrativo), que possibilitou a criação das equipes mínimas de referência, embora ainda insuficiente para atender a demanda ativa e reprimida, conforme preconiza a NOB RH/SUAS. Ao iniciarem as atividades de outro equipamento CREAS, na Zona Noroeste, a situação tende a se agravar, uma vez que haverá o desmembramento destas equipes para a regionalização dos atendimentos. Por outro lado, a estrutura física não recebeu nenhum tipo de melhoria, permanecendo inadequada e sem a mínima condição de atendimento e trabalho. Segundo as “Orientações Técnicas: Centro de Referência Especializado em Assistência Social (CREAS)” (Brasília, 2011), o espaço físico do CREAS deve contar com condições que assegurem: atendimento em condições de privacidade e sigilo; adequada iluminação, ventilação, conservação, salubridade e limpeza; segurança dos profissionais e público atendido; acessibilidade a pessoas com deficiência, idosos, gestantes e crianças, dentre outros; espaços reservados e de acesso restrito à equipe para guarda de prontuários; informações disponíveis em local visível sobre os serviços ofertados, situações atendidas e horário de funcionamento da unidade. Em razão do exposto, vimos apontar a situação atual e ressaltar a necessidade urgente de providências, algumas delas já solicitadas anteriormente, as quais constam no Capítulo 5, a partir da página 81 das Orientações Técnicas. Seguem os apontamentos: 1 – Segurança: A porta de entrada do prédio conta apenas com um guardião cidadão, que não tem como função fazer o controle de entrada e saída das pessoas. Portanto, uma vez que esse controle não é realizado, técnicos e usuários do CREAS ficam vulneráveis a diversos tipos de ameaça à sua integridade física e psicológica. Além disso, por conta das instalações precárias do prédio, estamos sujeitos a uma grande variedade de acidentes de trabalho, uma vez que as instalações elétricas são antigas, ocorre vazamento de gás na cozinha improvisada com a qual contamos no CREAS, o elevador do prédio não recebe limpeza ou manutenção, o revestimento do piso tem buracos em vários pontos e nos fica impossibilitado o uso da saída de emergência, uma vez que a porta fica trancada. 2 – Viatura de trabalho: Apenas um carro se mostra insuficiente para toda a demanda de realização de visitas domiciliares e de convocação a serem realizadas pelo CREAS, além de outros serviços diversos que demandam percorrer médias e longas distâncias. Vale ressaltar que somos 68 funcionários para dividir o uso de um carro somente, e que as visitas domiciliares constituem instrumental crucial no atendimento à população. 3 – Salas de Atendimento: No CREAS dispomos de apenas 5 salas em que é possível realizar atendimentos; tal quantidade se mostra insuficiente para o número de técnicos, bem como para o número de famílias atendidas nesse serviço. Nestas salas não contamos com uma estrutura mínima para atendimento adequado dos usuários: não dispomos de equipamentos como computador, telefone, ponto de rede, impressora, armário para materiais de uso pelo profissional, entre outros. Além disso, a própria estrutura das salas carece de melhorias: há paredes em que o reboco está caindo, as salas são extremamente abafadas nos dias de calor, a acústica ruim causa graves prejuízos ao sigilo ético e à escuta acolhedora, conforme preconiza a política de Assistência Social. 4 – Recepção: A recepção aos usuários, por conta de problemas estruturais, é feita igualmente de maneira precária: não há privacidade no atendimento aos usuários, as suas demandas geralmente são expostas aos demais presentes. Isso faz com que a recepção também não seja um espaço acolhedor. Além disso, a recepção também é extremamente abafada nos dias de calor. 5- Banheiros: Os banheiros, tanto os utilizados pelos técnicos como pelos usuários, não dispõem de estrutura adequada preconizada pela Vigilância Sanitária: não têm tranca, impedindo que os banheiros sejam um espaço privativo, não possuem porta papel higiênico ou porta papel toalha, há ralos quebrados, os sabonetes disponíveis são em barra, há vasos sanitários sem assento. Além disso, há banheiros desativados, servindo inadequadamente de depósito para material de limpeza. 6 – Brinquedoteca: Esse espaço conta com brinquedos sucateados, quebrados e com peças faltantes. A sala que abriga a brinquedoteca é abafada e possui um mau-cheiro importante. Com a estrutura atual, não é possível realizar um atendimento adequado às crianças, tampouco serve para entretenimento das mesmas. 7 – Sala de reuniões/grupos: Neste espaço contamos com apenas uma mesa, que se encontra quebrada. A acústica da sala dificulta enormemente o andamento das reuniões. Assim como outros diversos espaços do CREAS, esta sala também é muito abafada em dias de calor. 8 – Depósito: Por falta de estrutura adequada, no mesmo local são acondicionados materiais de higiene e limpeza, alimentos e bens materiais sucateados e/ou em uso. 10 – Cozinha: O mesmo espaço é utilizado como refeitório para os 68 profissionais e para o preparo de lanches aos usuários. Este espaço é improvisado, não dispõe de pia ou exaustor, é mal ventilado, e acondiciona um botijão de gás de cozinha cuja instalação é precária. 11 – Salas dos Técnicos (PAEFI/ MSE): Nestes espaços temos uma grave deficiência de equipamentos: aparelhos e linhas de telefone em quantidade insuficiente, e os existentes apresentando mau funcionamento; fax quebrado; quantidade insuficiente de computadores e mau funcionamento dos existentes, forçando os técnicos a fazer uso de computadores e pen drives pessoais; impressoras em frequente mau funcionamento. Além disso, o revestimento do chão possui buracos, algumas cadeiras estão quebradas, a maioria das tomadas localizadas no piso está com a proteção quebrada (gerando risco de queda), há mesas quebradas e a maioria delas não dispõe de gavetas, não há cadeiras e mesas em quantidade suficiente para o número de profissionais do equipamento, o material de revestimento das cadeiras (tecido) pode ser um meio de transmissão de doenças (ex. escabiose). As salas são excessivamente quentes nos dias de calor, sendo que, mesmo com os ventiladores, as condições de trabalho continuam precárias, pois estes não resolvem o problema da temperatura do ambiente. O espaço em que trabalham os profissionais da Seção de Medidas Sócio Educativas é aberto e com acesso a banheiros, o trânsito de pessoas de outras seções neste espaço prejudica a privacidade da equipe, atrapalhando o trabalho. 12 – Administrativo: O setor administrativo conta com equipamentos obsoletos e com RH insuficiente para dar conta do grande volume de trabalho. 13 – Trabalho na área Continental: A equipe responsável por este trabalho é composta por somente uma profissional, comprometendo o real desenvolvimento de intervenção psicossocial, conforme atribuição do CREAS. 14 – Problemas na parte elétrica: O prédio não dispõe de condição suficiente para suportar equipamentos necessários ao serviço. 15 – Adicional de insalubridade: Está havendo atraso de aproximadamente um ano no pagamento, além do não pagamento a alguns profissionais. Diante desta descrição de nossas condições atuais de trabalho, podemos afirmar que a escuta acolhedora e, por conseguinte, o trabalho humanizado, preconizados por todos os documentos que regem o nosso trabalho, estão seriamente impossibilitados, uma vez que tal contexto afeta o desempenho profissional e prejudica o atendimento à população de maneira a efetivamente garantir seus direitos. 16 – Acessibilidade Este serviço não está em conformidade com a Lei nº 10098/2000, tampouco com as normas 9050 e 13994 da ABNT, que estabelecem normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida. Por todo o exposto nós, funcionários da SECRAS – MC (CREAS), vimos solicitar uma breve manifestação desta Secretaria para que possamos efetuar um trabalho de qualidade e atender com dignidade os munícipes. Sem mais para o presente, aproveitamos para manifestar votos de elevada estima e consideração. Santos, 20 de dezembro de 2013. Equipe de trabalhadores da SECRAS-MC (CREAS)