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PCH Notícias & SHP News Ano 14 Revista nº 55 OUT/NOV/DEZ - 2012 Antecipar a renovação ou não? Eis a questão Anticipate renewals or not? Especialização em Sistemas Elétricos da UNIFEI comemora 40 anos Electrical Systems Specialization at UNIFEI celebrates 40 years técnicos + Artigos Technical articles Os desafios para implantação de Usinas Hidrelétricas Reversíveis no Brasil The challenges for implanting Reversible Hydropower Plants in Brazil de eventos + Agenda Events schedule Publicação apoiada pela Associação Internacional de Máquinas Hidráulicas 4 Comitê Diretor do CERPCH Director Committee CEMIG / FAPEPE / IEE-USP / FURNAS / IME / EletrobrAs / ANEEL / MME Comitê Editorial Editorial Committee Presidente - President Geraldo Lúcio Tiago Filho - CERPCH/UNIFEI Editores Associados - Associated Publishers Adair Matins - UNCOMA - Argentina Alexander Gajic - University of Serbia Alexandre Kepler Soares - UFMT Ângelo Rezek - ISEE/UNIFEI Antônio Brasil Jr. - UNB Artur de Souza Moret - UNIR Augusto Nelson Carvalho Viana - IRN/UNIFEI Bernhard Pelikan - Bodenkultur Wien - Áustria Carlos Barreira Martines - UFMG Célio Bermann - IEE/USP Edmar Luiz Fagundes de Almeira - UFRJ Fernando Monteiro Figueiredo - UNB Frederico Mauad - USP Helder Queiroz Pinto Jr. - UFRJ Jaime Espinoza - USM - Chile José Carlos César Amorim - IME Marcelo Marques - IPH UFRGS Marcos Aurélio V. de Freitas - COPPE/UFRJ Maria Inês Nogueira Alvarenga - IRN/UNIFEI Orlando Aníbal Audisio - UNCOMA - Argentina Osvaldo Livio Soliano Pereira - UNIFACS Regina Mambeli Barros - IRN/UNIFEI Zulcy de Souza - LHPCH/UNIFEI TECHNICAL COMMITTEE Prof. François AVELLAN, EPFL École Polytechnique Fédérale de Lausanne, Switzerland, [email protected], Chair; Prof. Eduardo EGUSQUIZA, UPC Barcelona, Spain, [email protected], Vice-Chair; Dr. Richard K. FISHER, VOITH Hydro Inc., USA, [email protected], Past-Chair; Mr. Fidel ARZOLA, EDELCA, Venezuela, [email protected]; Dr. Michel COUSTON, ALSTOM Hydro, France, [email protected]; Dr. Niklas DAHLBÄCK, VATENFALL, Sweden, [email protected]; Mr. Normand DESY, ANDRITZ Hydro Ltd., Canada, [email protected]; Prof. Chisachi KATO, University of Tokyo, Japan, [email protected]; Prof. Jun Matsui, Yokohama National University, [email protected]; Dr. Andrei LIPEJ, TURBOINSTITUT, Slovenija, [email protected]; Prof. Torbjørn NIELSEN, Norwegian University of Science and Technology, Norway, [email protected]; Mr. Quing-Hua SHI, Dong Feng Electrical Machinery, P.R. China, [email protected]; Prof. Romeo SUSAN-RESIGA, “Politehnica” University Timisoara, Romania, [email protected]; Prof. Geraldo TIAGO F°, Universidade Federal de Itajubá, Brazil, [email protected]. 04 Editorial Editorial Mercado Market 06 Antecipar a renovação ou não? Eis a questão Anticipate renewals or not? Os desafios para implantação de Usinas Hidrelétricas Reversíveis no Brasil The challenges for implanting Reversible Hydropower Plants in Brazil Artigos Técnicos 11 Technical Articles Curtas News 32 Especialização em Sistemas Elétricos da UNIFEI comemora 40 anos Electrical Systems Specialization at UNIFEI celebrates 40 years Opinião 33 Opinion Quem precisa de PCHs? Who needs SHPs? É necessário um marco regulatório! Ouviram? We need a regulatory frame work! Hear that? Ásia: Um Mercado Hidroelétrico aquecido Asia: A Hot Hydro Market Agenda 38 Expediente Editorial Schedule Editor Geraldo Lúcio Tiago Filho Coord. Redação Camila Rocha Galhardo Jornalista Resp. Adriana Barbosa MTb-MG 05984 Redação Adriana Barbosa Camila Rocha Galhardo Fabiana Gama Viana Colaborador Angelo Stano Projeto Gráfico Net Design Diagramação e ArteLidiane Silva Cidy Sampaio Tradução Adriana Candal Joana Sawaya de Almeida Revisão Patrícia Kelli Silva de Oliveira Hidro&Hydro - PCH Notícias & SHP News é uma publicação trimestral do CERPCH The Hidro&Hydro - PCH Notícias & SHP News is a three-month period publication made by CERPCH Tiragem/Edition: 6.700 exemplares/issues contato comercial: [email protected] / site: www.cerpch.org.br Universidade Federal de Itajubá ISSN 1676-0220 Av. BPS, 1303 - Bairro Pinheirinho Itajubá - MG - Brasil - cep: 37500-903 e-mail: [email protected] [email protected] Fax/Tel: +55 (35)3629 1443 3 EDITORIAL Dear readers, Prezado Leitor, O ano de 2012 foi muito importante para o setor elétrico, principalmente pela edição da Medida Provisória 579, que visa o barateamento da tarifa da energia elétrica no Brasil. O objetivo da medida foi atender uma demanda muito antiga da indústria nacional quanto à diminuição do “custo Brasil” e, por extensão, proporcionar o aumento da competitividade do país. A medida partiu do princípio que ao ocorrer a renovação da concessão entende-se que o investimento inicial dos empreendimentos hidrelétricos já foram, em grande parte, amortizados. Portanto, ao se renovar a concessão, presume-se que o custo se resumirá apenas no custo de operação da Central. Como as usinas hidrelétricas brasileiras se caracterizam por custo operativo baixo, o objetivo da medida foi repassar ao consumidor um decréscimo na tarifa, cujo valor será suficiente apenas para pagar o custo de operação e manutenção das usinas e não mais o seu investimento inicial. Como esperado, o resultado dessa medida foi uma discussão bastante grande entre os diferentes agentes do setor, principalmente das empresas detentoras das concessões vencidas ou por vencer, que foram abrangidas pela medida. Em função da grande repercussão dessa medida, nessa edição trazemos como matéria principal o impacto e as transformações causados pela Medida Provisória 579, abordamos os benefícios para os consumidores com a posição do governo em relação a MP e a instabilidade gerada no setor, por meio de opiniões dos empreendedores. De acordo com alguns especialistas, 2012 ficará marcado como o ano da reestruturação do modelo energético nacional implantado em 2004, quando foram criadas as bases jurídicas e de planejamento que, por meios dos leilões de compra de energia elétrica, permitiu a expansão do parque gerador e do sistema de transmissão de energia elétrica no país, priorizando-se a fontes renováveis de energia e mantendo o equilíbrio entre a oferta e a demanda de energia elétrica a custos decrescentes. 2012 was a very important year for the electric sector, especially due to the publication of Provisional Measure 579, which seeks to cheapen the electric energy rate in Brazil. The objective of the measure was to meet the very old demand of the national industry on the decrease of the “Brazilian cost”, and in turn, provide an increase in the country’s competitiveness. The measure came from the principal that the renewal of the concession means that the initial investment in hydropower ventures has largely been amortized. However, renewing the concession means that the cost is only summary of the plant’s operational costs. Since Brazilian hydropower plants are characterized by their low operations costs, the objective of the measure was to pass on to the consumer that there is a decrease in the rate, whose price will only be enough to pay the operation costs and maintenance of the plants and not its initial investment. As expected, this measure resulted in a pretty big discussion between different agents in the sector, mainly from companies holding expired or expiring concessions, which were covered in the measure. Due to the great repercussion this measure has caused, this edition brings with it articles mainly discussing the impact and changes caused by Provisional Measure 579, discussing the benefits consumers have with the government in relation to the PM, and the instability generated in the sector, brought by opinions from entrepreneurs. According to some specialists, 2012 will remembered as the year that the 2004 national energetic model was restored, when legal and planning basis was created which, by means of electric energy auctions, permits the expansion of the generation park and electric energy transmission system in the country, prioritizing renewable sources and keeping the balance between the supply and demand of electricity at decreasing costs. Geraldo Lúcio Tiago Filho Geraldo Lúcio Tiago Filho Apoio: IAHR DIVISION I: HYDRAULICS TECHNICAL COMMITTEE: HYDRAULIC MACHINERY AND SYSTEMS 4 . 5 Mercado Antecipar a renovação ou não? Eis a questão Por Júlio Santos MP 579, que trata da renovação de concessões e define a redução de 16,2% a 28% nas contas de luz a partir de janeiro de 2013, traz clima de tensão para setor elétrico. Especialistas temem que capacidade de investimento seja comprometida. Arquivo pessoal O setor elétrico, quase uma década após implantar o seu último modelo institucional, vive uma nova fase de curto-circuito. Longe de ser desconhecido ou surpresa para todos os agentes, o motivo já está na pauta dos agentes há um bom tempo. Tratase da renovação ou prorrogação das concessões de boa parte do parque de geração, transmissão e distribuição, formada por ativos com mais de 30 anos com os investimentos amortizados. O impasse da vez responde pelo nome de Medida Provisória 579, em tramitação no Congresso Nacional, que antecipa para janeiro de 2013 a renovação das concessões de geração e transmissão que vencem nos anos de 2015, 2016 e 2017. São 20% da geração e 70% da transmissão. A MP 579, que trata da renovação de concessões e define a redução de 16,2% a 28% nas contas de luz a partir de janeiro de 2013, é o instrumento do governo federal para atender a proposta de aumentar, sobretudo, a competitividade da economia brasileira. Numa das pernas do projeto, o governo entra reduzindo encargos setoriais. Na outra, a ferramenta é fazer com que as empresas donas das usinas e linhas de transmissão já amortizadas passem a ganhar apenas com a operação e manutenção dos ativos. Para o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia (MME), Márcio Zimmermann, a MP 579 beneficia toda a sociedade, pois permitirá a redução das tarifas de energia de consumidores e da indústria, favorecendo o ambiente econômico do país. Segundo Zimmermann afirmou em audiência no Senado Federal, realizada no mês de novembro, não "há ruptura de contrato na MP e o governo não vai remunerar investimentos amortizados". As condições para a renovação são conhecidas, assim como as metodologias aplicadas na definição dos valores a serem indenizados e no cálculo da remuneração a ser paga pela operação e manutenção dos empreendimentos, acrescentou Zimmermann. Em recente entrevista ao Programa Brasilianas.org, da TV Brasil, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, mostrou-se tranquilo quanto ao risco de a MP 579 reduzir a capacidade de investimentos na expansão da geração e da transmissão. Segundo ele, com as medidas, o Brasil já passa a ter uma energia mais competitiva, mais próxima da média mundial. "Há uma mudança estrutural significativa de patamar", destacou. Maurício Tolmasquim 6 Embora o governo busque passar tranquilidade para os agentes, a MP 579 vem deixando o mercado em clima de tensão. Na Bolsa de Valores de São Paulo, as ações das empresas cobertas pela medida provisória despencaram, caso, por exemplo, da Eletrobras, que projetou uma queda de 70% na receita das empresas do grupo com a prorrogação das concessões dentro das regras da MP 579. Com prazo para aceitar ou não as novas regras até o dia 4 de dezembro, algumas empresas já manifestaram que não vão seguir tais diretrizes. São os casos da Cteep, da área de transmissão, e Celesc, com os ativos de geração. O movimento da Bolsa de Valores e também dos conselhos de administração das empresas gera um quadro de instabilidade nesta fase que a MP 579 passa pelo Congresso, já tendo, inclusive 431 emendas apresentadas. Para Paulo Godoy, presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), o desafio das empresas de eletricidade é compatibilizar a busca pela modicidade com a manutenção da capacidade investidora. Segundo ele, é preciso dosar os efeitos da renovação ou licitação dos contratos vincendos com a redução de tarifa via redução de encargos e especialmente da carga tributária que onera demasiadamente o setor. “Temos de aumentar em R$ 40 bilhões os R$ 190 bilhões já anunciados para manter o setor no nível que está hoje. Esse investimento pode ser atrapalhado caso as regras do setor sejam muito modificadas”, disse Godoy. Segundo estimativas do mercado, o país precisa todo ano adicionar mais 6 mil MW para Os riscos para as alternativas A adoção da Medida Provisória 579 do que jeito que está coloca em risco também os investimentos em fontes alternativas de energia, como eólica, pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e biomassa, segundo apontam associações do setor de energia com foco neste segmento de mercado. Para elas, a MP contradiz o que o governo fez até hoje, com o incentivo a tais fontes. Uma prova é o aumento de participação das fontes alternativas na matriz, chegando a 20%, conforme projeta o Plano Decenal de Expansão. Segundo carta assinada pela Abraceel, Abragel, Apine, Abeeólica, Unica e Abiape e enviada ao senador Renan Calheiros, do PMDB, um ponto crítico é o que propõe reduzir para 15 anos o incentivo do desconto nas tarifas de uso dos sistemas de transmissão e distribuição para as fontes alternativas. De acordo com tais entidades, emendas aditivas como a 249 e 335 podem acabar desestruturando o mercado de energia renovável. "Sem dúvida, a MP 579 criou muitas incertezas quanto ao futuro do setor elétrico brasileiro. Isso é preocupante", ressalta o professor Renato Queiroz, do GEE/UFRJ. A redução da capacidade de investimento das empresas, para ele, pode afetar sim os projetos de fontes mais caras, comprometendo o mix energético do país. Em seminário interno do GEE, Queiroz já defendeu a participação de estatais como fomentadores de projetos de fontes renováveis que ainda não interessam ao capital privado por não estarem maduras, como forma de ressarcir a sociedade pelo uso das suas concessões vicendas. "Poderia haver uma contrapartida em MW em fontes com tecnologias ainda caras por um período a ser determinado. Certamente, é uma ideia para um estudo e avaliação mais acurada", considera. Market Anticipate renewals or not? Translation: Adriana Candal MP 579, which deals with the renewal of the concessions and defines the reduction between 16.2 and 28% in the electricity bills from January 2013 on, brings tension to the electric sector. Experts fear that investment capacity could be compromiseda The electric sector, almost a decade after implementing its last institutional model, lives a new short-circuit phase. Far from being unknown or a surprise to the agents, the reason has already been part of the debates among the agents for a very long time. It is about the renewal or extension of the concessions of a huge part of the generation, transmission and distribution enterprises, whose assets are over 30 years old and with amortized investments. The reason of the dead-lock is called Provisory Measure 579, which anticipates the renewal of the generation and transmission concessions that would expire in 2015, 2016 and 2017 to January 2013. They comprise 20% of the generation and 70% of the transmission. MP 579, which deals with the concessions and defines the reduction between 16.2 and 28% in the electricity bills from January 2013 on, is the instrument of the federal government to meet the proposal to increase, above all, the competitiveness of the Brazilian economy. On one side of the project, the government reduces sectorial taxes. On the other, the idea is to force the companies that own power plants and transmission lines that are already amortized to earn only with the operation and maintenance of the assets. For the executive secretary of the Ministry of Mines and Energy (MME), Mr. Márcio Zimmermann, MP 579 benefits the society as a whole, given that it will allow the reduction in energy tariffs for consumers and for the industry, favoring the economic environment of the country. According to what Mr. Zimmermann stated in the Senate in November “there is not a rupture in contracts according to the MP and the government will not remunerate amortized investments." The conditions for the renewal are known, as well as the methodologies applied to define the values that will be compensated and to the calculation of the remuneration that will be paid for the operation and maintenance of the enterprises, added Mr. Zimmermann. In a recent interview to the program Brasilianas.org, TV Brasil, the president of the Energy Research Company (EPE), Mr. Maurício Tolmasquim, seemed calm in relation to the risk that MP 579 may reduce the investment capacity in the expansion of the generation and transmission. According to him, with these measures, the country will have a much more competitive energy, closer to the world’s average. "There is a significant change in the level,” he highlighted. Athough the government tries to show tranquility to the agents, MP 579 has brought a certain tension to the market. In the São Paulo Stock Market, the shares of the companies that will be affected by MP 579 dropped, which is the case of Eletrobras, which forecast a drop of about 70% in the income of the companies that belong to group with the extension of the concessions according to the MP. As the deadline to accept or reject the new rules is December 4th, some companies have already said that they are not going to follow such guidelines. As examples we can mention Cteep, transmission, and Celesc, with generation assets. The movement of the Stock Market and the managing advice of the companies bring about a scenario of instability during this Arquivo pessoal Alternative sources at risk Renato Queiroz As it is, the adoption of MP 579 also puts the investments in alternative sources of energy such as wind, biomass and SHPs at risk, according to some associations of the energy sector whose focus lies on this segment of the market. They say that the MP contradicts what the government has been done so far with the incentives given to these sources of energy. One proof is the increased participation of the alternative sources in the electric matrix, up to 20%, according to the Energy Expansion Plan. According to a letter signed by Abraceel, Abragel, Apine, Abeeólica, Unica and Abiape, sent to Senator Renan Calheiros, PMDB, a critical point is the proposal to reduce the discount in the tariffs for the use of transmission and distribution systems of alternative sources to 15 years. These associations state that additive attachments, such as 249 and 335, may end up disrupting the renewable energy market. "Undoubtedly, MP579 created a great deal of uncertainties regarding the future of the Brazilian electric sector. “This is concerning”, highlights Professor Renato Queiroz, GEE/UFRJ. The reduction in the investment power of the companies may, indeed, affect the projects of more expensive sources, compromising the energy mix of the country. In a Seminar held by GEE Professor Queiroz defended the participation of state-owned companies as disseminators of renewable energy projects, which still do not attract private investment, for they are not mature enough, as a way to compensate the society for the use of their concessions that are due to expire."There could be a counterpart in MW for sources with more expensive technologies for a certain period of time. Certainly, it is an idea that must be studied and assessed more deeply", he considers. 7 manter o ritmo de crescimento, isso se não houver nenhuma tempestade no horizonte econômico internacional. Com o valor de idenização abaixo do esperado por muitas empresas e com a natural queda da receita por não mais vender a energia das usinas amortizadas no mercado, a preocupação quanto à manutenção do nível de investimento necessário tende a crescer. "Pelo o que se depreende da MP, haverá uma forte redução da receita das geradoras estatais, pois os ativos renovados estarão condicionados a uma remuneração para cobrir somente os custos de operação e manutenção", analisa o professor Renato Queiroz, do Grupo de Economia da Energia do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (GEE/UFRJ). Para ele, no caso da Eletrobras, que já reconheceu perdas de ativos no valor de R$ 17,8 bilhões, a MP pode comprometer o papel estratégico do grupo de investir em projetos de expansão da geração. "A MP 579 poderá levar a uma situação danosa de inviabilidade do grupo Eletrobras a médio e longo prazo, causando grande preocupação aos diversos segmentos da sociedade", diz Queiroz. "Há um entendimento de que essas empresas perderão seu papel estratégico como indutor de desenvolvimento", acrescenta. Quem também vê séria ameaça a novos investimentos em geração e transmissão de energia é Martin Salvatti, diretor da Delos Consultoria, especializada em revisão tarifária. De acordo com ele, com a redução das receitas, as empresas que aceitarem a proposta estabelecida na MP 579 vão comprometer a capacidade de fazer novos investimentos na expansão do sistema. "A conta não fecha. O Brasil precisa ganhar competitividade, mas esse objetivo tem que ser atingido de forma mais sólida, entendendo que o setor elétrico precisa se manter forte e com capacidade de continuar investindo e crescendo", acrescenta Salvatti. 8 Arquivo pessoal Mercado Martin Salvati Market Arquivo pessoal phase when MP 579 is being discussed in the National Congress, and already has 431 attachments presented. Mr. Paulo Godoy, president of the Brazilian Association of Infrastructure and Basic Industry (Abdib), said that the challenge of the electricity companies is to look for the compatibility between moderation and the maintenance of the investing capacity. According to him it is necessary to limit the effects of the renewal or the tender of the contracts that are about to expire with the reduction in the Paulo Godoy tariffs via reduction in the tariffs and especially in the tributary amount that burdens the sector significantly. “We have to the already announced R$ 190 billion by R$ 40 billion in order to maintain the sector at today´s level. This investment might be obstructed in case the rules of the sectors are significantly changed”, said Mr. Godoy. According to market estimates the country needs to add 6 thousand MW every year to maintain its rhythm of growth, unless there is a storm in the international economic scenario. As the compensations expected by the companies are lower and due to the natural drop in revenue because the energy from the amortized plants is no longer sold in the market, the concern in relation to the maintenance of the necessary amount of investment tend to grow. "It is possible to infer from the MP that there will be a sharp reduction in the income of the state-owned generators, for the renewed assets will be linked to an income to cover only the Maintenance and Operation costs”, analyses professor Renato Queiroz of the Energy Economy Group of the Federal University of Rio de Janeiro (GEE/UFRJ). For him, in the case of Eletrobras, which already reported assets losses ranging about R$ 17.8 billion, the MP might compromise the strategic role of the group of investing in generation expansion projects. "MP 579 might lead to a harmful situation of unfeasibility of the Grupo Eletrobras in the medium and long run, causing considerable concern to several segments of the society", says Queiroz. "There is an understanding that these companies will lose their strategic roles as development inducers. Mr. Martin Salvatti, director of Delos Consultoria, a company whose expertise lies on tariff review, also sees a serious threat to new investments in energy generation and transmission. According to him the reduction in the income of the companies that accept the proposal established by MP 579 will compromise the capacity of making new investments in the expansion of the system. "The calculations don´t match. Brazil needs to gain competitiveness, but this competitiveness must be accomplished in a consistent way, understanding that the electric sector needs to keep itself strong and able to continue investing and growing", he adds. 9 CURTAS/NEWS Especialização em Sistemas Elétricos da UNIFEI comemora 40 anos Electrical Systems Specialization at UNIFEI celebrates 40 years Por Adriana Barbosa The Electrical Systems Specialization Course (CESE) at the Federal University of Itajubá (UNFEI) completed, in 2012, forty years since its foundation. In commemoration of the course’s anniversary, a seminar open to the UNIFEI academic community and the general public was held. The seminar was organized by the CESE coordinator, Professor José Wanderley Marangon Lima. It included lectures from the director of Cooperative Issues of the National System Operator (ONS), Istvan Gardos, themed as “Operation and Security of the Brazilian Electro-energetic System – ONS Attributes”, and from the president of the Chamber of Electric Energy Commercialization (CCEE), Luiz Eduardo Barata, spoke on “the Brazilian Model of Electric Energy Commercialization”. CESE was created by means of an agreement between UNIFEI and Eletrobrás in the beginning of the 1970’s, and since then, the university has qualified electric sector specialists who work in Brazilian and foreign companies. Over the years, the course has gone through changes in its format in order to meet the needs of the Brazilian electric sector. Currently, it has emphases in the areas of energy transmission, generation, distribution and commercialization. In spite of the sector’s new design facing new restructuring, it has been gaining a larger number of participants each year. Professor Marangon noted that in 2013 the CESE will begin the commercialization course, which will be administered in São Paulo, unlike other emphases, where classes are conducted in Itajubá. CERPCH/Adriana Barbosa O Curso de Especialização em Sistemas Elétricos (CESE) da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) completou, em 2012, quarenta anos de fundação. Em comemoração ao aniversário do curso foi realizado um seminário aberto à comunidade acadêmica da UNIFEI e ao público em geral. O seminário, organizado pelo coordenador do CESE, professor José Wanderley Marangon Lima, contou com as palestras do diretor de Assuntos Cooperativos do Operador Nacional do Sistema (ONS), Istvan Gardos, com o tema “Operação e Segurança do Sistema Eletroenergético Brasileiro – Atribuições da ONS” e do presidente da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), Luiz Eduardo Barata, sobre o “Modelo Brasileiro de Comercialização de Energia Elétrica”. O CESE foi criado por meio do convênio firmado entre a UNIFEI e a Eletrobrás no início da década de 70, e desde então a universidade qualifica especialistas do setor elétrico que atuam em empresas brasileiras e estrangeiras. Durante esses anos, o curso passou por alterações em seu formato para atender as necessidades do setor elétrico brasileiro. Atualmente possui ênfases nas áreas de transmissão, geração, distribuição e comercialização energética e apesar do novo desenho do setor face à sua reestruturação, vem conquistando um número maior de participantes a cada ano. O prof. Marangon salientou que, a partir de 2013, o CESE iniciará o curso de comercialização e o mesmo será ministrado em São Paulo diferentemente das outras ênfases, onde as aulas são ministradas em Itajubá. Translation: Joana Sawaya de Almeida Prof. José Wanderley Marangon durante cerimônia de abertura do Seminário Prof. José Wanderley Marangon durinng the Seminary opennig cerimony 10 Technical Articles Seccion TECHNICAL ARTICLES ANÁLISE COMPARATIVA DE METODOLOGIAS DE CÁLCULO DE PERDA DE SOLO APLICADA PARA A BACIA DO RIO DA PRATA, GOIÁS. ...............................................................................................12 COMPARATIVE ANALYSIS OF METHODS OF CALCULATION OF LOSS OF SOIL APPLIED FOR RIO DA PRATA BASIN, GOIÁS. Greison Moreira de Souza, Bruno Nogueira da Costa, Marcus Suassuna Santos SOLUÇÕES PARA VIABILIZAÇÃO DE PEQUENAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS.............................................................................. 20 SOLUTIONS FOR SMALL HYDRO VIABILITY Fabiano Ferreira Gouvêa, Francisco Anisio Vidal Baggio ARTIGOS TÉCNICOS Licenciamento Ambiental de Pequenas Centrais Hidrelétricas – PCH’s no Estado de Minas Gerais e os Impactos Ambientais .................................................................................................................. 26 Geraldo Lucio Tiago Filho, Clóvis Vitório Giacóia Neder IAHR DIVISION I: HYDRAULICS TECHNICAL COMMITTEE: HYDRAULIC MACHINERY AND SYSTEMS Classificação Qualis/Capes B5 B4 ENGENHARIAS I; III e IV Biodiversidade Interdisciplinar Áreas de: Recursos Hídricos Meio Ambiente Energias Renováveis e não Renováveis 11 ARTIGOS TÉCNICOS ANÁLISE COMPARATIVA DE METODOLOGIAS DE CÁLCULO DE PERDA DE SOLO APLICADA À BACIA DO RIO DA PRATA, GOIÁS. Greison Moreira de Souza Bruno Nogueira da Costa 2 Marcus Suassuna Santos 1 2 RESUMO Sistema de Informações Geográficas (SIG) conjugada com Sensoriamento Remoto permite a espacialização e predisposição da perda de solo por meio de aquisição e manipulação de dados, e apresenta-se como uma alternativa econômica para a previsão de impactos de erosão sobre reservatórios. A partir de equações de perda de solo, essas análises subsidiam ações de planejamento e mitigação de impactos para o setor hidroelétrico. Este trabalho avaliou o desempenho de três equações de perda de solo em um pequeno trecho do rio da Prata, os modelos gerados foram cruzados com pontos de erosão visíveis em imagens de satélite WorldView e identificados em campo, e por fim o melhor modelo foi usado para avaliar a erosão laminar na bacia do rio da Prata. Interseccionando os modelos da MEUPS, EUPS e PNE com os pontos de erosão, verificou-se, visualmente, que a MEUPS e a EUPS apresentaram resultado satisfatório. Como essas duas equações apresentaram modelos coerentes, foi adotado a EUPS, pois essa equação tem sido amplamente empregada em bacias hidrográficas extensas, diferente da MEUPS que foi proposta para pequenas e médias bacias. A erosão laminar na bacia do rio da Prata ainda não apresenta valores alarmantes, 95% da bacia apresenta perda de solo menor que 10 ton/ha.ano. Por fim, essas ferramentas corroboram para estudos hidroenergéticos de forma rápida e com relativa robustez. Palavras-Chave: EUPS, MEUPS, PNE, PCH, Sistema de Informações Geográficas. COMPARATIVE ANALYSIS OF METHODS OF CALCULATION OF LOSS OF SOIL APPLIED FOR RIO DA PRATA BASIN, GOIÁS. ABSTRACT Geographic Information System (GIS) conjugated with Remote Sensing allows spatial predisposition of soil loss through acquisition and manipulation of data and presents itself as an economical alternative for predicting of erosion on reservoirs. From equations of soil loss, these analyzes subsidizes planning activities and mitigation of impacts to hydroelectric sources. This study evaluated the performance of three equations of soil loss on a short stretch of the Prata river, models generated were crossed with points of erosion visible in imagery WorldView satellite and identified in the field, and finally the best model was used to evaluate the laminar erosion in the basin of the Prata river. Intersecting MUSLE, USLE and PNE with points of erosion, visually, the MUSLE and USLE showed results satisfactory. How those two equations were consistent models, we adopted the USLE, because the equation has been widely used in large river basins, MEUPS was proposed for small and medium watersheds. The laminar erosion in the basin of the Prata river has not presented alarming values, 95% of basin showed soil loss lesser that 10 ton/ha.ano. Finally, these tools are important supports for hydropower studies quickly and with relative robustness. Keywords: USLE, MUSLE, PNE, Small Hydroelectric Power, Geographic Information System. 1. INTRODUÇÃO Perda de solo por erosão ocorre quando há o destacamento e arraste de sedimentos do solo, as causas são naturais e antrópicas, esta última tem intensificado severamente o processo. A erosão ocorre, em geral, pelo manejo incorreto do solo, em especial quando ocorre à retirada da cobertura original da vegetação que representa uma barreira a alta velocidade das gotas da chuva que incidem sobre o solo, portanto a ausência de vegetação constitui a primeira ação a desencadear a erosão, o processo é intensificado quando o relevo apresenta-se íngreme e a região ocorre sobre solos de alta erodibilidade, como os solos arenosos (Bertoni e Lombardi Neto, 2008). Esse processo tem sido objeto de preocupação pelo setor hidroelétrico, com visto nos trabalhos de Silva, 2009; Carneiro, 2007 e Cabral et al., 2005, entre diversos outros disponíveis na literatura. A deposição de sedimentos nos reservatórios, produzidos por processos erosivos a montante da bacia, diminui a capacidade de armazenamento d’água nos mesmos e, portanto, a vida útil do empreendimento fica comprometida, comprometendo a geração de energia elétrica. Vale ressaltar que o processo de assoreamento nos reservatórios das pequenas centrais hidrelétricas (PCH) é maior que nas usinas hidrelétricas (UHE), esta diferença no processo sedimentológico ocorre devido à menor extensão do reservatório da PCH. A velocidade da corrente nos reservatórios de PCH é maior então os sedimentos de material fino são escoados até os vertedouros e condutos causando desgastes nas estruturas da usina (Carvalho et al., 2000). Neste contexto, a caracterização e espacialização da predisposição aos riscos à erosão dos solos são fundamentais para o manejo de bacias hidrográficas, e corrobora para a adoção de medidas para dirimir o aporte de sedimentos em reservatórios de aproveitamentos hidrelétricos, pode ser conduzida utilizando tecnologias de Sensoriamento Remoto e Sistemas de Informações Geográficas (SIG) (Goodchild et al., 1992). Diversas metodologias têm sido desenvolvidas e aperfeiçoadas para predizer e modelar os processos erosivos. Esses modelos têm sido indispensáveis para prever as perdas de solos e os fatores intrínsecos a esses processos, objetivando contribuir para o planejamento agrícola e adoção de práticas conservacionistas 1 R3 Engenharia e Consultoria S/S - SHS QD. 06 CJ A BL. E SL. 527 - ED. Brasil XXI Brasília DF - CEP: 70.322-915. Tel:(61) 3224-3333, e-mail: [email protected] Universidade de Brasília – Departamento de Engenharia Florestal (UnB/EFL).CEP:70919-970 Brasília – DF, Brasil. E-mail: [email protected] 2 R3 Engenharia e Consultoria S/S - SHS QD. 06 CJ A BL. E SL. 527 - ED. Brasil XXI Brasília DF - CEP: 70.322-915. Tel:(61) 3224-3333 E-mail: [email protected]. 12 TECHNICAL ARTICLES e de manejo (Bertoni e Lombardi Neto, 2008; Amorim, 2003). Empregados de forma confiável, esses modelos são fundamentais para avaliar diferentes cenários de manejo do solo sem a necessidade de pesquisa de campo, que torna a pesquisa morosa e onerosa (Aksoy e Kavvas, 2005). A EUPS (Equação Universal de Perda de solo) ou Universal Soil Loss Equation (USLE), desenvolvida por Wischmeier e Smith (1978), visa quantificar o transporte e a deposição de solos numa determinada área, em condições específicas de cultivo e manejo. É um dos modelos mais utilizados, tendo em vista sua relativa robustez, simplicidade de aplicação, baixo custo e disponibilidade de dados (Silva et al., 2007; Chaves, 1996). Essa ferramenta apresenta valioso método para estudos de conservação dos solos, possibilita predizer com bastante precisão as perdas anuais médias de solo em condições específicas de uso do solo, declividade entre outros fatores (Bertoni e Lombardi Neto, 2008). A MEUPS (Modificada EUPS) é uma alteração da EUPS (MUSLE, em inglês) proposta por Williams (1975). A diferença substancial é o emprego do fator runoff como um dos parâmetros do modelo no lugar do fator erosividade da chuva. Esse modelo prevê o aporte de sedimentos oriundos de pequenas e médias bacias, em determinado exutório (talvegue, córrego e reservatório) da bacia (Williams, 1975). A vantagem do emprego da MEUPS é o emprego de eventos isolados de precipitação (Williams e Berndt, 1977). Por fim, dos modelos empregados no presente estudo, o Potencial Natural de Erosão (PNE) visa identificar áreas com risco de erosão sem a interferência antrópica, dessa forma, esse modelo exprime as condições naturais da região (Silva et al., 2007). O modelo pode colaborar para um ordenamento territorial, evitando a ocupação de áreas consideradas susceptíveis a processos erosivos. Este trabalho tem como objetivo empregar três equações de perda de solos amplamente difundidas no meio científico, em uma área de 118,50 km², chamada neste estudo de trecho médio do rio da Prata. Esses modelos gerados serão cruzados com pontos de erosão visíveis em imagens de satélite WorldView - pancromática com resolução espacial de 0,5m além de inspeção de campo. O modelo que melhor delinear a perda de solo no trecho médio do rio será empregado para análise da perda de solo na bacia do rio da Prata. 2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1 Área de Estudo 278 km, faz parte da sub-bacia 60 (bacia rio Paranaíba). O rio da Prata é afluente pela margem esquerda do rio Aporé. A bacia está localizada no extremo sudoeste de Goiás, divisa com Mato Grosso do Sul, nos municípios Mineiros, Chapadão do Céu e Aporé entre as coordenadas (18º20’00” – 18º50’00”S e 53º00’00” – 52º05’00”W) (Figura 1). Segundo a classificação de Köppen a região se enquadra no tipo climático Aw – Clima Tropical, com uma estação seca no inverno e uma estação chuvosa no verão. A região apresenta uma temperatura média de 22,5ºC, com mínima de 20ºC e máxima de 24ºC. De junho a agosto a estação seca se acentua, o verão, período chuvoso, apresenta índices pluviométricos consideráveis de outubro a março e com as máximas do índice pluviométrico em novembro, dezembro e janeiro. A precipitação máxima ocorre no mês de janeiro com precipitação média de 295 mm. A precipitação anual na região varia de 1.000 a 1.600 mm. A região é constituída pelo bioma Cerrado (Ribeiro e Walter, 2001). Em geral, os remanescentes de vegetação nativa que ainda restam na bacia do rio da Prata encontram-se restritos aos cursos d’água, constituídos pelas formações: Cerrado típico, Cerradão, Cerado ralo, Mata de Galeria (RADAMBRASIL, 1983), a bacia encontra-se numa matriz de culturas anuais. 2.2 Equações Utilizadas EUPS (Equação Universal de Perda de Solos) – equação amplamente empregada nos estudos de perdas de solos é genericamente definida pela equação (Wischmeier e Smith, 1978): A = R · K · L · S · C · P (1) Onde: A = é a perda total de solo pela unidade de área (t/ha.ano); R = fator erosividade da chuva (MJ mm ha-1 h-1); K = fator erodibilidade do solo (MJ/ha.mm/ha); L = fator comprimento do declive (adimensional); S = fator grau de declive (adimensional); C = fator uso e manejo do solo (adimensional); e P = fator práticas conservacionistas (adimensional). MEUPS (Modificada – EUPS) – alteração da EUPS (Williams, 1975), apresenta o fator runoff como um dos parâmetros do modelo no lugar do fator erosividade da chuva, conforme abaixo: Y = 89,6 (Q · qp)0,56 · K · L · S · C · P (2) Onde: Y = aporte de sedimento, após um evento de precipitação (t/ha.ano); Q = volume de escoamento superficial do evento (m³) e qp = vazão de pico do evento (m³/s). PNE (Potencial Natural de Erosão) – a estimativa do PNE foi elaborada conforme a equação da EUPS, no entanto, apenas com os fatores que exprimem as condições naturais do meio físico. 2.3 Fatores que afetam as perdas de solo 2.3.1 Fator erosividade da chuva (Fator R) O fator erosividade da chuva (Fator R) expressa à capacidade da chuva de causar erosão. É um valor numérico intrínseco a precipitação pluvial de cada região em uma área sem proteção (Bertoni e Lombardi Neto, 2008). Para o cálculo do fator R foi utilizado a equação desenvolvida por Val et al., (1986) para a região Centro-Oeste que utiliza dados de precipitação pluvial mensal e anual de postos pluviométricos da região em estudo. FIG. 1: Área de estudo. A bacia do rio da Prata apresenta uma área de drenagem total de aproximadamente 1.854 km² e uma extensão total cerca de (3) Onde: R = erosividade anual da chuva e enxurrada (MJ mm ha-1 h-1); Mi = precipitação mensal (mm); e Pa = precipitação anual (mm). 13 ARTIGOS TÉCNICOS Foram utilizados 07 postos pluviométricos da Agência Nacional de Águas (ANA) que englobam a bacia do rio da Prata, conforme a Tabela 1. Tabela 1: Postos pluviométricos utilizados no cálculo do Fator R. Posto Nome 01851001 Campo Alegre 01851005 Serranópolis Início Término Latitude Longitude 1972 2006 18°31’04’’ 52°05’35’’ 1983 2006 18°18’17” 51°57’ 57” 01852000 Aporé 1972 2006 18°58’00’’ 51°54’36’’ 01852001 Fazenda Formoso 1983 2006 18°24’24’’ 52°31’57’’ 01852003 Cidade Chapadão Gaúcho 1983 2006 18°41’20’’ 52°35’41’’ 01853004 Costa Rica 1983 2006 18°32’48’’ 53°08’02’’ 01951001 Itajá 1972 2006 19°06’22’’ 51°32’01’’ Com o fator R de cada posto pluviométrico citado acima, empregou o método de interpolação IDW (Inverso do Expoente da Distância) e, dessa forma, gerou o mapa de erosividade da chuva da bacia em estudo. 2.3.2 Fator Erosividade do solo (Fator K) Este fator expressa as propriedades inerente ao solo em processos erosivos, já que alguns solos são mais erodidos que outros mesmo em condições idênticas de clima, declive, cobertura vegetal e manejo do solo (Wischmeier e Smith, 1978). A velocidade de infiltração, permeabilidade e capacidade de armazenamento de água, além da resistência ao destaque e arraste de sedimentos são as principais propriedades ligadas a erodibilidade do solo influenciada pela água (Bertoni e Lombardi Neto, 2008). Tabela 2: Classes de solos e fator K. Foi utilizado o levantamento pedológico das cartas SE-22-Y-A e SE-22-Y-B (SIEG 2005), na escala 1:250.000. Esse levantamento foi utilizando tanto para a predição de perda de solo no trecho médio do rio quanto para toda a bacia. Os valores do fator K dos solos da bacia do rio da Prata foram obtidos de Bertoni e Lombardi Neto (2008) e Scopel e Silva (2001) (Tabela 2). A Figura 2 ilustra a distribuição espacial das classes de solos na bacia. Scopel e Silva (2001) calcularam esses índices para o estado de Goiás, utilizaram o nomograma de Wischmeier et al., (1971) com base nos dados laboratoriais do trabalho de Assis Assunção (1999) e complementados, para alguns solos, com dados de erodibilidade de Bertoni e Lombardi Neto (2008). 2.3.3 Comprimento do declive (L) e grau de declive (S) – (Fator LS) A morfologia do terreno é imprescindível nos estudos da erosão hídrica, uma vez que é o declive das encostas, o seu comprimento e a associação destas duas variáveis que condicionam os processos de erosão hídrica, desde o destacamento das partículas do solo, seu transporte até a deposição. A intensidade da erosão hídrica é afetada tanto pela distância ao longo da qual se processa o escoamento superficial quanto pela declividade do terreno, representadas na EUPS pelos fatores L e S, respectivamente. Na prática, estes dois efeitos são considerados conjuntamente nas equações de perda de solos por meio de um termo designado fator topográfico LS. Quanto mais íngreme e mais longa a encosta, maior a quantidade e a velocidade da água que escorre. A metodologia utilizada para o cálculo de LS foi a de Moore e Burch, (1986), pela equação a seguir. (4) Solos da bacia Classe Fator K (MJ/ha.mm/ha) 0,000 Glei Pouco Humico distrófico HGPd1 Latossolo Vermelho-Escuro Álico LEa4 0,017 Latossolo Vermelho-Escuro Distrófico e Álico LEd1 0,017 Latossolo Vermelho-Escuro Distrófico LEd4 0,017 Latossolo Roxo Distrófico LRd1 0,012 Fonte: Bertoni e Lombardi Neto, 2008 e Scopel e Silva, 2001. Onde: As = produto da acumulação de fluxo pelo tamanho da célula e θ = ângulo da declividade em graus. Para o cálculo do fator topográfico foi utilizado Modelos Digitais de Elevação (MDE) a partir de cenas do radar interferométrico (Shuttle Radar Topography Mission (SRTM)) no ambiente SIG, utilizando a extensão Spatial Analyst (ArcView®). Foram utilizadas as cenas SE-22Y-A e SE-22-Y-B na escala 1:250.000 com resolução espacial de 90x90m disponibilizadas gratuitamente no site da Embrapa. O mesmo fator LS utilizado para o trecho médio foi utilizado para a bacia do rio da Prata. O emprego do SRTM muitas vezes se faz necessário, pois somente 69,9% do território brasileiro é recoberto por mapeamento sistemáticos (cartas topográficas) na escala 1:100.000. Ainda, é necessária a digitalização das curvas de nível das cartas topográficas. Estudos têm mostrado que a estimativa da perda de solos utilizando SRTM têm se mostrado satisfatória (Fornelos e Silva Neves, 2006). 2.3.4 F ator Uso e Manejo do Solo (C) e Práticas Conservacionistas (P) – (Fator CP) Figura 2 – Classes de solos na bacia e seu respectivo fator K. 14 O fator uso e manejo do solo (C) é a relação esperada entre as perdas de solo de um terreno cultivado e as perdas em um solo mantido descoberto (Wischmeier e Smith, 1965). A cobertura vegetal é a defesa natural de um solo contra as perdas de solo. Entretanto, esta perda pode ser maior ou menor, dependendo dos diversos tipos de cultura que estiverem sobre o solo, sequência de culturas e práticas conservacionistas. A vegetação sobre a superfície amortece a energia de impacto das gotas de chuva e evita assim a destruição dos agregados, o entupimento dos poros e o selamento superficial do solo. TECHNICAL ARTICLES Práticas Conservacionistas (P) se referem às práticas de controle de erosão, tais como o terraceamento, o preparo do solo em nível, o cultivo em faixas e o sistema de plantio direto. Neste caso considerou-se utilizar o valor constante “P=1”, considerando que não foi possível observar nenhuma prática conservacionista. O mapeamento de uso e ocupação do solo, na bacia, foi elaborado a partir do satélite TM/LandSat-5 cenas 224-73 e 223-73, nas datas 2011-08-30 e 2011-06-20, respectivamente, essas datas foram escolhidas devido à ausência de nuvens. Para a composição da imagem, foi excluída a banda 6 (Termal). Todas as etapas deste trabalho (pré-processamento das imagens, obtenção de composições coloridas, mapeamento e classificação digital), foram realizadas no ENVI 4.3, exceto a elaboração do mapa final que foi editado no ArcGIS 9.3. Foram realizados correções na imagem (correção radiométrica, georreferenciamento e correções geométricas) e por fim foram classificadas as classes (Agricultura, Corpos d’água, Pastagem, Vegetação Baixa e Vegetação Média – Alta). No trecho médio do rio da Prata o fator uso e manejo do solo empregado foi obtido através das imagens de satélite WorldView - pancromática com resolução espacial de 0,5m, através da vetorização manual do uso do solo. Dessa forma, no trecho médio a riqueza de informações de uso do solo foi maior, além de possibilitar a identificar de regiões com a ocorrência de intensos processos erosivos. Os fatores CP foram combinados com as classes de uso do solo, segundo dados da literatura, conforme verifica-se na Tabela 3. Tabela 3: Valores do produto do fator de uso e manejo do solo e práticas conservacionistas. Uso e Manejo do Solo Fator CP Agricultura (Cultura Perene) 0,02 Corpos d’água 0,0 Pastagem 0,07 Número-Curva (CN, 0-100 adimensional) e S = fator de abstração (adimensional). A vazão de pico representa o volume máximo de água escoada em cada pixel em função do tempo de concentração, dado pela fórmula 8 (NRCS, 1972). (8) Onde: qp = vazão de pico do evento (m3/s); Q = volume de escoamento superficial (mm); A = área da bacia (ha) e tc = tempo de concentração (h). O tempo de concentração é dado pela fórmula de Dodge (9). Tempo de concentração se refere o tempo que a água precipitada na parte superior do pixel leva para alcançar o pixel seguinte (Aquino et al., 2008). Tc = 21,88A0,21S-0,17 (9) Onde: Tc = Tempo de concentração (minutos); A = Área da bacia (km²) e S – Declividade do talvegue (m/m). 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 Fator R O fator R das 07 estações variaram de 6664,03 a 7878,00 MJ mm ha-1 h-1, o valor médio foi de 7120,41 MJ mm ha-1 h-1 e desvio padrão de 447,17 MJ mm ha-1 h-1 (Tabela 4). No cálculo de perda de solo utilizou-se a interpolação IDW (Inverso do Expoente da Distância) dos postos pluviométricos, conforme a Figura 3. Tabela 4: Estações pluviométricas com respectivos valores de R para a bacia do rio da Prata. Posto Nome Fator R 01851001 Campo Alegre 7.011,93 01851005 Serranópolis 6.866,64 01852000 Aporé 7.610,38 Solo Exposto 1,0 Vegetação Nativa Baixa 0,0007 01852001 Fazenda Formoso 6.837,67 0,0001 01852003 Cidade Chapadão Gaúcho 7.878,00 01853004 Costa Rica 6.974,24 01951001 Itajá 6.664,03 Média 7.120,41 Vegetação Nativa Média - Alta Fonte: Bertoni e Lombardi Neto, 2008; Chaves, 1994. 2.3.5 Runoff A formulação da MEUPS difere da EUPS no que se refere ao termo R, substituído por informações relativas à expectativa de escoamento superficial da água “runoff” (Williams 1975). A simplicidade e o pequeno número de variáveis torna esse modelo eficaz na estimativa de aporte de sedimento em pequenas e médias bacias não monitoradas (Chaves 1991). O termo runoff foi utilizado conforme indicado em Donzeli et al., (1994): Runoff = 89,6 (Q · qp)0,56 (5) Onde: Q = volume do escoamento superficial (m3) e qp = vazão pico do escoamento (m3/s). O cálculo do volume de escoamento superficial para cada um dos eventos dos anos selecionados foi o do Número-Curva do NRCS (NRCS, 1972; Chow et al., 1988). O modelo é dado pelas equações 6 e 7: (6) em que (7) Onde: Q = volume de escoamento superficial (mm); Pa = precipitação no evento (mm); CN = coeficiente de escoamento o FIG. 3: Interpolação do fator R. 15 ARTIGOS TÉCNICOS No Brasil o fator erosividade da chuva encontra-se, normalmente, no intervalo de 5.000 a 12.000 MJ mm ha-1 h-1 (Cogo, 1988). Silva et al., (1997), calcularam a erosividade da chuva na região de Goiânia-GO e encontrou fator R de 8.353,0 MJ mm ha-1 h-1. Em Brasília, Dedecek (1978) determinou o índice de erosividade, encontrando um valor de 8.319 MJ mm ha-1 h-1. 3.2 Fator K A distribuição do valor K está intimamente relacionada às classes de solos da região em estudo. O fator erosividade do solo foi obtido com dados secundários, conforme a Tabela 2. Na região predomina o Latossolo, segundo Paraná (1995), apud Pedro e Lorandi, (2004), esses solos são resistentes à erosão, possuindo baixo fator K. 3.3 Fator LS O mapa do fator LS (Figura 4), apresenta uma grande amplitude de 0 a 54,37, média de 0,6 e desvio padrão de 1,4. Com base neste mapa verificam-se as regiões onde as vertentes são mais acentuadas e de maior declividade. FIG. 5: Uso e ocupação do solo. Figura 6 – Mapeamento no trecho médio do rio. FIG. 4: Fator LS da área de estudo. O intervalo do fator LS de 1 a 5 (adimensional) corresponde a 98,8% da bacia, isso representa que a área está mais sujeita a erosão laminar, devido às maiores extensões das vertentes e maiores velocidades das enxurradas (Silva, 2009). 3.4 Fator CP A atividade predominante na bacia do rio da Prata é a agricultura, outra atividade representativa é a pastagem (Figura 5). Essas informações são oriundas do mapeamento automático com imagens LandSat-5. O mapeamento do trecho médio do rio feito a partir de imagens do satélite WorldView possibilitou uma maior extração de informações, conforme consta na Figura 6. Essa região também apresenta o mesmo padrão de ocupação verificado em toda a bacia. 16 3.5Modelos de Perda de Solo no Trecho Médio do Rio da Prata A Figura 7 é o resultado dos três modelos empregados para o cálculo da perda de solo no trecho médio do rio da Prata, esses modelos são confrontados com locais que apresentam processo erosivos identificados por meio de imagens do satélite WorldView e inspeção de campo. PNE deve ser avaliado qualitativamente (Stein et al., 1997), o critério adotado é com base em Weill et al., (2001), conforme se verifica na legenda da Figura 7. Este modelo foi mais abrangente que os outros modelos. Isso ocorre porque o modelo permite à análise do risco a erosão em função das características naturais do meio físico, considera a área destituída de cobertura vegetal e de intervenção antrópica (Silva et al., 2007). Dessa forma, o uso do solo aliado a práticas conservacionistas, principalmente a manutenção da cobertura vegetal natural tem capacidade efetiva de controle de erosão. TECHNICAL ARTICLES de 10 ton/ha.ano é considerada crítico. Contudo, na bacia do rio da Prata a perda de solo ainda não apresenta valores alarmantes. Figura 8 – Modelo da EUPS na bacia do rio da Prata. Tabela 5: Área ocupada pela perda de solo. Figura 7 – Modelos de perda de solo no trecho médio do rio da prata. Analisando visualmente o resultado do PNE com as áreas identificadas com processos erosivos, verifica-se que o modelo foi capaz de predizer risco de erosão não só nessas áreas, mas praticamente em todo o trecho médio do rio da Prata. O resultado da EUPS e MEUPS é avaliado quantitativamente, esses valores se referem ao aporte de sedimento anual. A EUPS foi o mais restrito, diagnosticou menor perda de solo, enquanto a média do aporte de sedimento anual da EUPS foi de 4,30, a média da MEUPS foi de 9,94. Avaliar o desempenho da EUPS e MEUPS não é uma tarefa simples, analisando o cruzamento dos pontos de erosão constatados em campo com os modelos de perda de solo verifica-se, visualmente, uma similaridade dos dois mapas. Esses dois modelos foram capazes de delinear satisfatoriamente a perda de solo no trecho médio do rio da Prata. Contudo, no presente estudo foi adotado o modelo da EUPS para diagnosticar a perda de solo na Bacia do rio da Prata, o resultado da EUPS e da MEUPS foi satisfatório, no entanto, a MEUPS é indicada para bacias de até 200 km², esse fator pode reduzir a robustez da MEUPS para delinear a perda de solo para a bacia em estudo, já que a mesma apresenta 1.854 km². A EUPS não foi concebida para utilização em bacias hidrográficas, no entanto, este modelo tem sido empregado satisfatoriamente em bacias hidrográficas (Castro, 1992) e também em extensas áreas (Farinasso et al., 2006). Área Perda de Solo (Ton/ha.ano) Km² % < 10 1762,09 95% 10 – 20 56,61 3% 20 – 80 34,54 1,9% 80 – 100 0,89 0,04% > 100 0,5 0,02% As figuras a seguir são registros de intensos processos erosivos na bacia do rio da Prata visíveis a partir de imagens do Google Earth (Figura 9). 3.6 Perda de Solo na Bacia do Rio da Prata Conforme a Figura 8 verifica-se que as áreas com estimativas superiores a 10 ton/ha.ano estão localizadas, predominantemente, na porção a jusante da bacia. Em contraposição, áreas com menores perdas de solos estão localizadas a montante da bacia. A distribuição espacial da susceptibilidade à erosão na bacia está associada, majoritariamente, ao fator uso e manejo do solo e fator topográfico. As regiões com maior risco à erosão são as áreas mais declivosas, e ainda predomina pastagem como uso do solo. A perda de solo menor que 10 ton/ha.ano ocupa 95% do território da bacia (Tabela 5), por sua vez, a média foi de 1,96 ton/ha.ano. Segundo Chaves e Piau (2008), perda de solo acima FIG. 9: Registros de erosão na bacia do rio da Prata por imagens do Google Earth, anos 2000, 2004 e 2005. 17 ARTIGOS TÉCNICOS Esses registros estão localizados desde o trecho médio da bacia até a foz do rio da Prata, exatamente a região considerada crítica pelo modelo da EUPS. 3.7Comparação da EUPS do trecho médio da bacia e de toda a bacia O emprego de dados de alta precisão confere maior robustez e confiabilidade aos resultados, no entanto, em geral, é mais comum à disponibilização de dados cartográficos de baixa a intermediária resolução. Outro impeditivo ao uso de dados com alta precisão é a necessidade de computadores com boa capacidade de processamento e memória, principalmente quando a área de estudo é grande. O resultado da EUPS do trecho médio do rio da Prata e da bacia completa apresentou semelhança, apesar das escalas distintas. Com essa análise verifica-se que o emprego de dados com baixa resolução se equiparou com os resultados obtidos a partir de dados de alta precisão. 4. CONCLUSÃO O presente estudo empregou a EUPS para analisar a erosão laminar na bacia do rio da Prata. A escolha deste modelo foi baseada em uma simulação numa área menor (trecho médio do rio da Prata). Nessa área foi cruzado informação de pontos de erosão levantados em campo e em imagens WorldView com o resultado da perda de solo. Os modelos EUPS e MEUPS apresentaram resultado satisfatório na simulação, como os dois modelos apresentaram delineamento satisfatório, a EUPS foi escolhida, pois este modelo tem sido empregada amplamente na literatura em bacias hidrográficas e áreas extensas. Em geral, o diagnóstico da perda de solo na bacia na bacia ainda não apresenta valores críticos, principalmente, a montante. Na região a jusante, verifica-se em algumas regiões perda de solo considerado preocupante, isso devido à alta declividade da região aliado ao uso do solo. Outra análise relevante é a capacidade satisfatória do modelo para predizer áreas com grande potencial erosivo utilizando dados de baixa precisão, principalmente em extensas áreas. Contudo, dados de alta resolução são informações secundárias importantes para validar os resultados. Por fim, a EUPS mostrou ser uma ferramenta de predição robusta diante da sua simplicidade de aplicação, cálculos rápidos e baixos custos. Essas análises são necessárias para estudos incipientes para orientar na adoção de planejamento ambiental, mitigação de impactos antrópicos. 5. REFERÊNCIAS • AKSOY, H. e KAVVAS, M.L. 2005. A review of hillslope and watershed scale erosion and sediment transport models. Catena, Amsterdan v.64, n.1, p.247-271. • AMORIM, R.S.S. 2003. Avaliação dos modelos de predição da erosão hídrica USLE, RUSLE e WEPP para condições edafoclimáticas brasileiras. Tese (Doutorado em Engenharia agrícola) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa – MG. • AQUINO, D.N.; TEIXEIRA, A.S.; LOPES, F.B. e OLIVEIRA, A.D.S. 2008. Estimativa do escoamento superficial em microbacia do semi-árido brasileiro pelo emprego de SIG. Revista Tecnológica de Fortaleza. v. 29, n. 1, p. 37-45. • BERTONI, I. e LOMBARDI NETO, F. 2008. Conservação do Solo. 6. Ed. São Paulo: Ícone Editora Ltda. • BRASIL. Departamento de Produção Mineral. Projeto RADAMBRASIL. 1983. Levantamento de Recursos Naturais. 18 Folha Goiânia (SE-22). 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ANOTAÇÕES 19 ARTIGOS TÉCNICOS SOLUÇÕES PARA VIABILIZAÇÃO DE PEQUENAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS 1 Fabiano Ferreira Gouvêa Francisco Anisio Vidal Baggio 2 Resumo O presente trabalho tem como objetivo identificar as principais dificuldades encontradas para viabilizar a implantação de uma Pequena Central Hidrelétrica (PCH) no Brasil. Serão apresentados os aspectos financeiros que influenciam na tomada de decisão do investidor, como por exemplo, os investimentos iniciais, as receitas e despesas futuras. Para a análise da viabilidade foi utilizado um estudo de caso real. Os resultados obtidos não foram satisfatórios e nem atrativos para PCHs de pequeno porte, confirmando a necessidade de medidas urgentes por parte do governo. Palavras-chave: Pequena Central Hidrelétrica, geração de energia, PROINFA, preço de venda da energia, viabilidade econômicafinanceira. SOLUTIONS FOR SMALL HYDRO VIABILITY ABSTRACT The current work attempts to identify the main difficulties encountered in the viability and implementation of a Small Hydro Power (SHP). Will present the financial aspects that influence in the decision making of investor, for example, the initial investment, the future revenues and expenses. For analysis of viability, was used a real case study. The results were not satisfactory and not attractive to small Hydro Power, confirming the need for urgent action by the government. Keywords: Small Hydro Power Plant, power generation, PROINFA, selling price of energy, economic and financial viability. 1. INTRODUÇÃO A maior parte da energia elétrica produzida no Brasil provém de usinas hidrelétricas. Nesse tipo de usina, a energia potencial da água represada é transformada em energia cinética, girando as pás das turbinas, produzindo energia elétrica a partir do acionamento do eixo de um gerador. As Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) são consideradas geradoras de energia limpa, pois não envolvem a queima de combustíveis. Este tipo de geração afeta pequenas áreas, produzindo com isso poucos impactos ambientais significativos, quando comparados com outros tipos de geração de energia. São consideradas pequenas centrais hidrelétricas as usinas com capacidade de produção entre 1 e 30 MW destinado a produção independente, autoprodução ou produção independente autônoma, e com área total do reservatório igual ou inferior a 3 km2 ou que atendam a fórmula 1 apresentada abaixo [1]: A ≤ 14,3 x P Hb Sendo: P = potência elétrica instalada em (MW); A = área do reservatório em (km2); Hb = queda bruta em (m), definida pela diferença entre os níveis d’água máximo normal de montante e no normal de jusante. Consideramos para o estudo de viabilidade econômica de uma PCH os seguintes fatores: preço de venda da energia, investimentos realizados por MWh gerado, tempo de instalação da usina, custos administrativos e operacionais, encargos financeiros dos financiamentos contratados e o nível de utilização da capacidade instalada [1]. O PROINFA foi um primeiro movimento do governo feito para incentivar as fontes alternativas de energia. Foram dados determinados incentivos e subsídios na época (a partir de 2003) para expansão do setor. Com o fim deste incentivo, a necessidade por novas medidas aumentou tanto para os aspectos relacionados ao preço da energia quanto para as questões do financiamento e das garantias para as Pequenas Centrais Hidrelétricas. Atualmente, o aumento constante dos preços dos insumos de construção e equipamentos conciliados com as altas taxas de juros e baixo preço de venda da energia são os principais fatores que inviabilizam os investimentos em construções de PCHs. Além disso, ressalta-se a concorrência de fontes até então pouco competitivas como biomassa e eólica. Até que sejam adotadas políticas que propiciem melhor rentabilidade em investimentos de PCHs, a estratégia principal para contornar estes contratempos é buscar a liderança de custo propiciada, principalmente, pela simplificação e otimização do projeto, excelência operacional, redução dos custos de manutenção, de compras e de administração. 2. Estudo de Caso Para elaboração deste estudo de caso, a empresa ENERG POWER com mais de 25 anos no fornecimento e consultoria na área de hidrelétricas, visou auxiliar os investidores a buscar soluções para a viabilização de seus empreendimentos, utilizandose da sua vasta experiência e vários estudos e serviços prestados na área de geração hídrica. A localização da PCH é um item importante no estudo, pois afeta diretamente o cálculo das perdas de energia gerada, o custo da operação e manutenção e também o valor das Tarifas de Uso dos Sistemas de Distribuição (TUSD) e Transmissão (TUST) [15]. Considerando as premissas e perspectivas desenvolvidas, estimaram-se os Fluxos de Caixa futuros da PCH, fundamentais para a determinação do Valor Presente Líquido (VPL), Taxa Interna de Retorno (TIR) e do prazo de retorno do capital investido (PayBack). Energ Power S/A, AV. Barão Homem de Melo, 4391 – Estoril – Belo Horizonte – MG – CEP: 30494-275, contato: Tel.: 031-2103-2420, e-mail: [email protected] Energ Power S/A, AV. Barão Homem de Melo, 4391 – Estoril – Belo Horizonte – MG – CEP: 30494-275, contato: Tel.: 031-2103-2298, e-mail: [email protected] 1 2 20 TECHNICAL ARTICLES Para se estabelecer a viabilidade econômico-financeira de um projeto de PCH é necessário também que se leve em conta os fatores de potência instalada (MW), energia assegurada (MWmédios), tarifa de energia (R$/MWh), valor total do investimento (R$), taxa de juros do financiamento e custo de operação e manutenção (R$/MWh) [14]. Usualmente, a análise de viabilidade do empreendimento adota o método do fluxo de caixa descontado através do qual são calculados o VPL, a TIR e o Pay Back. O objetivo principal é detectar a viabilidade ou não deste projeto e propor alternativas que propiciem a melhoria dos resultados. 2.1 Descrição da PCH estudada O empreendimento analisado no estudo de caso foi denominado PCH Hipotética com uma unidade geradora de potência instalada de 4MW. O prazo para implantação de uma PCH afeta o cronograma de desembolso financeiro e por consequência o resultado da análise econômico-financeira. Foi considerado 24 meses para a implantação da PCH estudada [15]. Além do prazo, foram adotados também para este estudo de caso os seguintes valores: • Valor de garantia física: 2,2 MW; • Conexão com o Sistema Interligado Nacional (SIN): através de conexão com a rede da distribuidora local, na tensão de 34,5 kV; • Percentual adotado para as perdas: 3,0% da garantia física. Os 3,0% citados acima já incluem as perdas no sistema de transmissão e o consumo interno na PCH. Retirando estas perdas, teremos uma energia líquida média de 18.694 MWh anuais para serem comercializados. 2.2 Custos Irrecuperáveis Os custos irrecuperáveis são os recursos utilizados durante a fase de estudo do projeto, fundamentais para a fase de decisão. Como a decisão poderá não ocorrer, esta fase de custos não pode ser atribuída ao projeto. Conforme a tabela 1 abaixo, estas despesas são significativas e demandam um tempo médio de 150 dias. Tabela 1: Valores estimados de custos irrecuperáveis. Prospecção 70.000 Topografia 50.000 Estudo Hidrológico 40.000 Avaliação Ambiental 30.000 Projeto Básico 600.000 Licenciamentos 70.000 Custos Irrecuperáveis 860.000 Itajá 6.664,03 Fonte: Desenvolvido pelo autor. 2.2.1 Estudos de Inventário Basicamente, os estudos de inventário determinam o potencial hidrelétrico e a melhor combinação de aproveitamento de uma bacia hidrográfica [14]. O objetivo é chegar num maior aproveitamento da energia disponível com um custo que seja atrativo em relação as outras bacias e fontes geradoras de energia. 2.2.2 Projeto Básico O projeto básico define os equipamentos e as estruturas que farão parte da PCH, possibilitando a contratação das empresas fornecedoras de serviços e equipamentos [14]. 2.3 Estudos Ambientais Os estudos ambientais avaliam as consequências para o meio ambiente decorrentes da implantação de uma PCH. Estes estudos devem seguir a legislação e as diretrizes dos órgãos ambientais de nível estadual e também nacional [14]. 2.4 Investimentos Após os gastos com prospecção, análise de investimento e obtenção de licença, temos os investimentos que farão a PCH sair do papel e se tornar um empreendimento de fato. Para desenvolvimento deste estudo utilizamos dados baseados em projetos anteriores. O orçamento total de uma PCH pode ser dividido em quatro partes: aquisição de terras, Engineering, Procurement and Construction (EPC), custos de administração e engenharia e por fim, custos ambientais [15]. Em um contrato EPC estão inclusos os custos de topografia, sondagem, escavação, estrutura civil, equipamentos eletromecânicos, projeto executivo civil e eletromecânico, estradas, subestação, linha de transmissão e outros [15]. A negociação de um contrato do tipo EPC é uma etapa demorada no processo com relevância nos aspectos relacionados às definições de escopo, especificações, responsabilidades, penalidades, garantias, preço, cronograma, prazos e variações [15]. Os valores dos seguros mais importantes já estão considerados nos custos do EPC. No caso de PCHs, a contratação do tipo EPC mais usual é a Turn Key Lump Sum que é a modalidade de empreitada integral por preço global, prazo determinado e com qualidade especificada. Os custos de administração e engenharia do proprietário são na maioria das vezes elevados, pois estão relacionados com as despesas associadas com a gestão do projeto, fornecimento, diligenciamento, inspeção, montagem e testes que garantam a qualidade e o cumprimento dos prazos acordados [15]. Já os custos ambientais estão ligados não apenas a área do reservatório, mas também a toda área de influência da PCH [15]. Fazem parte destes custos, os programas ambientais, a limpeza e desmatamento do reservatório e a aquisição de terras. O projeto otimizado de PCHs não pode utilizar concepção similar a de Usinas hidrelétricas de portes médio e grande que contam com redundância em auxiliares mecânicos, elétricos em corrente contínua e alternada, proteção e automação. Neste sentido, as estruturas civis e a composição dos equipamentos eletromecânicos devem ser simplificadas. Outro detalhe importante para a redução de custos é a utilização de equipamentos funcionalmente mais simples, entre eles a utilização de talhas com acionamento manual, turbina com vedação tipo gaxeta, mancal de turbina lubrificado à água, redução da quantidade de instrumentação e demais filosofias aplicáveis a cada especificidade da PCH em estudo. A tabela 2 abaixo apresenta os custos estimados deste investimento: Tabela 2: Custos estimados para PCH Hipotética (Otimizada). Concessão (custos de transf. Titularidade/custos irrecup.) 1.000.000 Aquisições de Terras 570.000 Ações Ambientais no Reservatório e área de influência 870.000 Engenharia do Proprietário 800.000 Administração 250.000 Consolidação do Projeto Básico 270.000 Projeto Executivo Civil 800.000 21 ARTIGOS TÉCNICOS Projeto Executivo Eletromecânico 1.600.000 Seguros de Engenharia 90.000 Seguro Garantia 120.000 Obras Civis 5.500.000 Equipamentos Aux. Elétricos, Proteção e Automação Equipamentos Auxiliares Mecânicos 880.000 150.000 Turbina, Gerador e Associados 3.600.000 Hidromecânicos / Levantamento 2.500.000 Subestação e Transformador 400.000 Linha de Transmissão 1.600.000 Montagem Eletromecânica 2.500.000 Contingência (gastos inesperados) TOTAL 500.000 24.000.000 Fonte: Desenvolvido pelo autor. 2.5 Impostos e Taxas A Lei nº 9.718 estabelece que as pessoas jurídicas que tiverem receita bruta total igual ou inferior a R$ 48.000.000,00 no ano-calendário anterior, ou a R$ 4.000.000,00 multiplicado pelo número de meses em atividade no ano calendário anterior, podem optar pelo ingresso no regime do lucro presumido. Para o desenvolvimento deste trabalho utilizou-se o Lucro Presumido considerando que a base de cálculo (8% no caso de IRPJ) será menor que o Lucro Operacional. A tributação aplicada no estudo de caso considerando Lucro Presumido será: • PIS: 0,65% x Receita Bruta e COFINS: 3,00% x Receita Bruta; • CSLL: 9% sobre a base de cálculo de 12% da Receita Bruta, ou seja, 9% x 12% x Receita Bruta; • Imposto de Renda para Pessoa Jurídica (IRPJ): Para receita bruta inferior a R$ 240.000,00 anuais: 15% x 8% x Receita Bruta; Para receita bruta superior a R$ 240.000,00 anuais: 25% x 8% x Receita Bruta. É cobrada mensalmente uma taxa de 0,5% da receita bruta correspondente da fiscalização por parte da ANEEL. 2.6 Seguros É muito importante contratar o seguro para cobertura de riscos operacionais/lucro cessante que assegurará o empreendedor contra algum prejuízo ocasionado pela parada da operação da usina. Outro seguro que deve ser contratado é o seguro de responsabilidade civil, que assegurará o empreendedor contra terceiros. 2.7 Operação e Manutenção O custo de Operação e Manutenção para o novo empreendimento deve ser calculado tendo-se por base as características dos equipamentos, materiais de consumo, mão de obra de manutenção e o tipo de operação, local ou remota, conforme o caso. Foi estimado o valor de R$10,00 / MWh para a operação e manutenção da PCH em estudo. 2.8 Financiamentos O Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) é o tradicional parceiro dos empreendedores em infraestrutura. Para o setor de energia elétrica, o BNDES disponibiliza o Finem. Este financiamento é adequado para os investimentos de longo 22 prazo de maturação e um elevado volume de investimento. A instituição pode combinar diferentes financiamentos em um único projeto, buscando melhorar as condições ao empreendedor. Para o financiamento das PCHs que utilizam fonte renovável, aplicamse as seguintes condições [6]: • Prazo máximo de amortização: 14 anos; • Taxa de juros: 0,9% a.a + TJLP + Risco de Crédito até 4,18 % a.a dependendo do cliente; • Participação máxima do BNDES: 70% (podendo ser ampliada em até 20%). Pode ser operação com Apoio Direto ou Indireto. O primeiro acontece quando o BNDES financia diretamente o empreendedor e a segunda é quando outra instituição financeira credenciada trabalha como agente de intermediação entre o BNDES e o cliente, assumindo o risco de crédito [6]. Recentemente, o governo reduziu ainda mais a TJLP para estimular a economia passando de 6% para 5,5% ao ano. Para o nosso estudo estamos considerando operação com Apoio Direto a uma taxa de juros total aproximada de 10% a.a e amortização em 10 anos. 2.9 Taxa mínima de atratividade A taxa mínima de atratividade (TMA) pode ser entendida como a menor taxa de retorno que o investidor está disposto a aceitar em relação a um investimento de risco. Essa taxa varia de empresa para empresa e pode mudar ao longo do tempo [15]. Foi considerado para o estudo de caso uma TMA de 16% a.a. 2.10 Simulações financeiras 2.10.1 Considerações iniciais Para a PCH Hipotética foram considerados os seguintes parâmetros na elaboração da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE): • Produção de energia líquida média de 18.694 MWh anuais para comercialização; • Preço inicial de venda da Energia de R$ 140,00 / MWh; • Investimento para construção da PCH em R$ 24.000.000,00 considerando otimizações; • Prazo de construção do empreendimento de 2 anos e depreciação em 30 anos; • Custo de Manutenção anual no valor de R$ 186.940,00; • Financiamento BNDES de 70% a uma taxa final de 10% a.a e amortização em 10 anos; • IPCA a partir de 2012 em aproximadamente 4,5%; • O preço de venda da energia foi reajustado em 4,5% a.a; • Valor do dólar comercial: R$ 1,90. 2.10.2 VPL do Acionista Para o cálculo do valor presente líquido foi avaliado o fluxo de caixa do investidor em 30 anos, considerando uma taxa de desconto de 10% ao ano. O valor obtido foi de R$ 8.687.913,00 demonstrando a viabilidade do investimento, pois agregou valor ao acionista. 2.10.3 TIR do Acionista A taxa de retorno ao acionista foi de 16,89 % a.a, ligeiramente superior a TMA definida em 16% a.a. Devido a proximidade do valor, fica evidente que o investidor deverá dedicar especial atenção aos gastos incorridos no investimento inicial buscando alternativas que minimizem os custos. A figura 1 apresenta um resumo dos três primeiros e últimos anos do demonstrativo de resultado do exercício (DRE) para a consideração inicial. TECHNICAL ARTICLES IPCA Câmbio DRE 4,50% 4,50% 4,50% 4,50% 4,50% 1,90 1,90 1,90 1,90 1,90 4,50% 1,90 2012 2013 2014 2039 2040 2041 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 28 Ano 29 Ano 30 18.694 18.694 18.694 18.694 140,00 146,30 152,88 459,48 480,16 501,77 48.000.000 138.048.664 144.260.854 150.752.592 2.857.980 8.589.471 8.975.997 9.379.917 2.857.980 8.589.471 8.975.997 9.379.917 - - - (104.316) (313.516) (327.624) (342.367) Dados Operacionais Energia CCEAR Preço CCEAR (R$/MWh) Limite de Lucro Presumido Receita Bruta - - Receita Bruta de Energia Receita Bruta Carbono (-) PIS / COFINS Despesas dedutíveis de PIS/Cofins Receita Líquida - - 2.753.663 8.275.955 8.648.373 9.037.550 (-) Despesas Operacionais - - (1.527.234) (983.480) (1.027.737) (1.073.985) (123.093) (369.947) (386.594) (403.991) - - - - (204.141) (613.534) (641.143) (669.994) - - - - - - - 1.226.429 7.292.474 7.620.636 7.963.564 2.426.429 7.292.474 7.620.636 7.963.564 88,1% 88,1% 88,1% 88,1% 7.292.474 7.620.636 7.963.564 (-) Encargos Setoriais (-) Despesas de Crédito de Carbono (-) O&M (-) Administrativas (-) Seguro Ativos (-) Depreciação EBIT (1.200.000) - - EBITDA margem EBITDA (%) (-) Despesas Financeiras Lucro antes de IR e CS - - 1.226.429 (88.026) (264.556) (276.461) (288.901) - - 1.138.404 7.027.919 7.344.175 7.674.663 (-) IR e CSLL Lucro Líquido Ano 3 Ano 28 Ano 29 Ano 30 EBIT Fluxo de Caixa do Projeto Ano 1 - Ano 2 - 1.226.429 7.292.474 7.620.636 7.963.564 (+) Depreciação e Amortização - - 1.200.000 - - - EBITDA - - 2.426.429 7.292.474 7.620.636 7.963.564 (-) IR e CSLL - - (88.026) (264.556) (276.461) (288.901) 7.027.919 7.344.175 7.674.663 (-) Custo de estruturacao (-) Investimento (9.600.000) (14.400.000) - Fluxo de Caixa do Projeto -9.600.000 -14.400.000 2.338.404 TIRp (30 anos) VPL (@ 10%) Fluxo de Caixa do Investidor EBITDA 12,6% 6.152.793 Ano 1 Ano 2 - Ano 3 Ano 28 Ano 29 Ano 30 - 2.426.429 7.292.474 7.620.636 7.963.564 (-) Depreciação - - (1.200.000) - - - Lucro Líquido antes do IR - - 1.226.429 7.292.474 7.620.636 7.963.564 (-) IR e CSLL - - (88.026) (264.556) (276.461) (288.901) LUCRO LÍQUIDO - - 1.138.404 7.027.919 7.344.175 7.674.663 (+) Depreciação - - 1.200.000 - - - 7.027.919 7.344.175 7.674.663 (-) Juros - (-) Amortização - (-) Custo de estruturacao (9.600.000) (14.400.000) (+) Desembolsos financiamentos (-) Investimento 6.360.876 9.541.314 - Fluxo de Caixa do Investidor -3.239.124 -4.858.686 2.338.404 TIR (30 anos) 16,89% VPL (@ 10%) 8.687.913 FIG. 1: Resumo do demonstrativo de resultado do exercício (DRE). - Fonte: Desenvolvido pelo autor. 23 ARTIGOS TÉCNICOS 2.11 Estudos de sensibilidade da TIR 2.11.1 Considerações Para estudo de sensibilidade da TIR foram realizadas simulações considerando como variáveis o preço de venda da energia, percentual de participação do BNDES e fator de carga do rio para três cenários: • Convencional: Investimento de aproximadamente 10% acima do otimizado; • Otimizado: Investimento considerando otimização de custos; • Incentivo ICMS ou outros impostos: Investimento considerando isenção de ICMS ou REIDI (Regime Especial de Incentivos para o desenvolvimento da Infraestrutura) que permitiria uma redução de aproximadamente 10% sobre o investimento otimizado. 2.11.2 S ensibilidade em função do valor da venda de energia – 70% BNDES A figura 2 demonstra que a taxa interna de retorno é bastante sensível ao valor de venda da energia e investimento. A taxa interna de retorno foi superior a TMA somente para: • Orçamento Convencional: Preço de venda da energia acima de R$ 150,00/MWh; • Orçamento Otimizado: Preço de venda da energia acima de R$ 140,00/MWh; • Orçamento com Incentivo ICMS: Preço de venda da energia acima de R$ 120,00/MWh. A figura 3 mostra o aumento da TIR em relação à participação de 90% do BNDES. A taxa interna de retorno foi superior a TMA somente para: • Orçamento Convencional: Preço de venda da energia acima de R$ 130,00/MWh; • Orçamento Otimizado: Preço de venda da energia acima de R$ 120,00/MWh; • Orçamento com Incentivo ICMS: Preço de venda da energia acima de R$ 112,00/MWh. 2.11.4 Sensibilidade em função do Fator de Carga A figura 4 mostra que a taxa interna de retorno melhora muito com o aumento do fator de carga do rio. Considerando a participação do BNDES em 70% do investimento e o preço de venda de energia a R$ 140,00/MWh, a TIR foi superior a TMA somente para: • Orçamento Convencional: Fator de Carga acima de 60%; • Orçamento Otimizado: Fator de Carga acima de 55%; • Orçamento com Incentivo ICMS: Fator de Carga acima de 50%. Fonte: Desenvolvido pelo autor. Figura 4: Sensibilidade da TIR em função do fator de carga. 3. Resultados Fonte: Desenvolvido pelo autor. FIG. 2: Sensibilidade da TIR em função do valor de venda da energia – Participação de 70% do BNDES. 2.11.3 S ensibilidade em função do valor da venda de energia – 90% BNDES Fonte: Desenvolvido pelo autor. Figura 3: Sensibilidade da TIR em função do valor de venda da Energia – Participação de 90% do BNDES. A taxa interna de retorno melhora significativamente com o aumento do percentual financiado pelo BNDES. A simulação considerou para os 20 pontos percentuais acima do estudo anterior a mesma taxa final de financiamento. 24 De maneira geral, o resultado das simulações demonstra que o aumento da participação do BNDES para 90% em investimentos de PCHs, mantendo as taxas juros similares à participação de 70% melhora significativamente a atratividade dos empreendimentos e, consequentemente, os investimentos em construções de pequenas centrais hidrelétricas. 4. Conclusão O aumento constante dos preços dos insumos de construção civil, equipamentos eletromecânicos e mão de obra qualificada conciliados com as altas taxas de juros e baixo preço de venda da energia são os principais fatores que minimizam a taxa de retorno do investimento em construções de PCHs, inviabilizando o empreendimento na maioria das vezes. São necessárias medidas governamentais urgentes para incentivo deste setor, fundamental para o crescimento da nação e que não degrada a natureza, pois trata-se de uma fonte de energia limpa. Incentivos similares têm sido dados a outras fontes de geração de energia como a geração Eólica. Assim, tornam-se necessárias mudanças nas políticas e diretrizes definidas pelo Conselho Nacional de Política Energética, que tem dentre suas funções, promover a atração de investimentos na produção de energia e a utilização de fontes renováveis de energia. Em resumo, para a viabilização das PCHs e atração dos investimentos no setor, se torna necessária e urgente a implantação de ações conjuntas baseadas em três fatores: otimização na concepção das PCHs, incentivos governamentais e melhoria nas condições de financiamento. TECHNICAL ARTICLES 5. Referências • [1]ANEEL, Agência Nacional de Energia Elétrica, 2002. Nota Técnica: Critérios para o enquadramento de aproveitamentos energéticos como pequena central hidrelétrica - PCH. - Brasil, Brasília. • [2]ONS – Operador Nacional do Sistema Elétrico. Disponível em <http://www.ons.org.br/> Acesso em: 28 Jun 2012. • [3]ANEEL, Agência Nacional de Energia Elétrica, 2008. Atlas de energia elétrica do Brasil -3º edição - Brasil, Brasília. • [4]ANEEL, Agência Nacional de Energia Elétrica. Disponível em <http://www.aneel.gov.br/> Acesso em: 04 Jul 2012. • [5]BRUNO ZANUS MORAES, 2010. Análise EconômicoFinanceira de uma pequena central hidroelétrica - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil, Porto Alegre. • [6]BNDES, Banco Nacional de Desenvolvimento Social. Disponível em: < http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/ bndes_pt/Institucional/Apoio_Financeiro/Produtos/FINEM/ energia_eletrica_geracao.html> Acesso em: 28 Jun2012. • [7] MME, Ministério de Minas e Energia. Disponível em: <http://www.mme.gov.br/> Acesso em: 25 Jun 2012. • [8] INEE, Instituto Nacional de Eficiência Energética, 2011. A Eficiência Energética e o novo modelo do setor energético. Brasil, Rio de Janeiro. • [9] RODRIGO TOMAROZZI, 2002. Identificação, modelagem e mitigação de riscos em operações de comercialização de • • • • • • • energia elétrica no mercado brasileiro - Universidade Federal do Paraná, Brasil, Curitiba. [10] JOSÉ SÉRGIO DE OLIVEIRA ANDRADE, 2006. Pequenas Centrais Hidrelétricas: Analise das causas que impedem a rápida implantação de um programa de PCH no Brasil Universidade Salvador (UNIFACS), Brasil, Salvador. [11] EPE, Empresa de Pesquisa Energética. Geração de Energia. Disponível em: <http://www.epe.gov.br/> Acesso em: 28 Jun 2012. [12] LEONARDO CLEMENTE, 2001. Seleção da potência Instalada ótima de PCHs no contexto de mercado competitivos - Universidade Federal do Paraná, Brasil, Curitiba. [13] MARCO ANTÔNIO GUADAGNINI, 2006. Fontes Alternativas de Energia - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil, Rio de Janeiro. [14] CNDPCH, Centro Nacional de Desenvolvimento de PCH. Disponível em: < http://www.cndpch.com.br/zpublisher/ paginas/bom_negocio.asp> Acesso em: 11 jul 2012 [15] FERNANDO GIACOMINI MACHADO, MILTON FRANCISCO DOS SANTOS, HÉLIO MITSUO SUGAI - CERPCH, 2008. VI Simpósio Brasileiro sobre pequenas e médias centrais Hidrelétricas - Análise Econômico-financeira de novas PCHS em leilões do novo modelo do setor elétrico – Comitê Brasileiro de Barragens – Brasil, Belo Horizonte. [16] PORTAL PCH, 2010 - Marcio Zimmermann, do MME: modelo setorial com bom funcionamento, Canal Energia, Brasil. ANOTAÇÕES 25 ARTIGOS TÉCNICOS Licenciamento Ambiental de Pequenas Centrais Hidrelétricas – PCHs no Estado de Minas Gerais e os Impactos Ambientais 1 Geraldo Lucio Tiago Filho Clóvis Vitório Giacóia Neder 2 RESUMO A produção de energia por meio de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) é alternativa para o Brasil, país com grande potencial hídrico e que necessita de aumento significativo na demanda de energia elétrica para seu crescimento. Este tipo de hidrelétrica é utilizada principalmente em rios de pequeno e médio portes e alagam locais onde são implementadas. Porém, as proporções são menores que as de grandes aproveitamentos hidrelétricos, ocasionando uma pequena área de influência. Apesar dos impactos ambientais serem menos significativos esta atividade ainda não tem um modelo simplificado de licenciamento ambiental que muitas vezes inviabilizam sua construção. Palavras-Chave: PCHs, Licenciamento, Impactos Ambientais. 1. INTRODUÇÃO Na década de 80, mais precisamente 31 de agosto de 1981 instituiu-se no Brasil a Política Nacional do Meio Ambiente regida pela Lei 6.938. Somente após 16 anos a Resolução nº 237 do Conselho Nacional de Política do Meio Ambiente veio regulamentar os aspectos de licenciamento ambiental estabelecidos na Lei 6.938. De acordo com o anexo 1, desta resolução, algumas atividades ou empreendimentos estão sujeitas ao Licenciamento Ambiental. O Art. 8º da Resolução CONAMA nº 237 diz que o Poder Público, no exercício de sua competência de controle, expedirá as seguintes licenças: I - Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação; II - Licença de Instalação (LI) - autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante; III - Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação. Em meados de setembro de 2004, o licenciamento ambiental em Minas Gerais passou por algumas alterações visando simplificar o procedimento para obtenção das licenças ambientais. A Deliberação Normativa COPAM nº 74, publicada em nove de setembro de 2004 estabelece critérios para classificação, segundo o porte e potencial poluidor, de empreendimentos e atividades modificadoras do meio ambiente passíveis de autorização ambiental de funcionamento ou de licenciamento ambiental no nível estadual, determina normas para indenização dos custos de análise. De acordo com o anexo único da DN nº 74/2004 os empreendimentos e atividades são enquadradas em seis classes (1,2,3,4,5 e 6) que conjugam o porte e o potencial poluidor ou degradador do meio ambiente, conforme a Tabela 1 abaixo: Tabela 1: Determinação da classe do empreendimento a partir do potencial poluidor da atividade e do porte. Potencial poluidor/degradador geral da atividade z Porte do Empreendimento P M P 1 1 G 3 M 2 3 5 G 4 5 6 Anexo Único da DN 74/2004. UNIFEI - [email protected] / 2UNIFEI - [email protected] 1 26 As pequenas centrais hidrelétricas estão enquadradas de acordo com a DN nº 74/2004 na Listagem E, classificadas como atividades de infraestrutura e possuem o Código E-02-01-1 Barragens de geração de energia – Hidrelétricas. O potencial poluidor degradador geral para esta atividade foi definido como Grande. A Resolução ANEEL nº 394 de 04 de dezembro de 1998, estabelece os critérios para o enquadramento de empreendimentos hidrelétricos na condição de pequenas centrais hidrelétricas, são, pois, usinas de pequeno porte, com potência instalada entre 1 MW e 30 MW, e reservatório de água com área igual ou inferior a 3 km². Além das licenças ambientais (licença prévia, licença de instalação e licença de operação) os empreendimentos de geração de energia elétrica necessitam de outorga de direito dos recursos hídricos tendo como órgão gestor no estado de Minas Gerais o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) e autorizações para intervenção em área de preservação permanente, assim como reserva legal ambos emitidos pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF). 2. DIVERGÊNCIAS NA LEGISLAÇÃO É clara a divergência na legislação que enquadra os aproveitamentos hidrelétricos. A Resolução ANEEL nº 394/1998 enquadra como PCH potencias instaladas entre 1 e 30 MW e área inundada menor que 300 hectares, já a Deliberação Normativa nº 74/2004 classifica como pequeno porte todos aproveitamentos menores que 30 MW e área inundada menor que 150 hectares. Além da diferença dos limites a DN Nº 74/04 não diferencia aproveitamentos até 1 MW e obriga estes empreendimentos de cumprir a legislação ambiental como se os impactos ambientais causados possuíssem a mesma relevância. 3. CLASSIFICAÇÃO DO APROVEITAMENTO Para o melhor entendimento, vamos comparar dois aproveitamentos hidrelétricos hipotéticos: Pequena Central Hidrelétrica - PCH A: Capacidade Instalada: 2 MW Área Inundada: 25 hectares Mini Central Hidrelétrica – MCH B: Capacidade Instalada: 0,40 MW Área Inundada: 0,32 hectares De acordo com a DN 74/2004, a PCH A possui pequeno porte e grande potencial poluidor/degradador, enquadrada na CLASSE 3. A MCH B possui pequeno porte e grande potencial poluidor/ TECHNICAL ARTICLES degradador e também pertence a CLASSE 3, ou seja, dois aproveitamentos bem diferentes no aspecto socioambiental que é visto pelo órgão licenciador com o mesmo porte. 4. OS IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELAS PEQUENAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS A locução “impacto ambiental” é encontrada com frequência na imprensa. No sentido comum, ela é, na maioria das vezes, associada a algum dano à natureza, como mortandade da fauna silvestre, após o vazamento de petróleo no mar ou em um rio. Embora essa noção esteja incluída na noção de impacto ambiental, ela dá conta de apenas uma parte do conceito. Na literatura técnica, há várias definições de impacto ambiental, quase todas largamente concordantes quanto a seus elementos básicos, embora formuladas de diferentes maneiras. Alguns exemplos são: • Qualquer alteração no meio ambiente em um ou mais de seus componentes provocada por uma ação humana. (Moreira, 1992, p. 113) • O efeito sobre o ecossistema de uma ação induzida pelo homem. (Westman, 1985, p.5.) • A mudança em um parâmetro ambiental, num determinado período e numa determinada área, que resulta de uma dada atividade, comparada com a situação que ocorreria se essa atividade não tivesse sido iniciada (Wathern, 1988a, p.7.) No Brasil, a definição legal é da Resolução Conama nº 1/86, art 1º: • Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas ou biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas, que direta ou indiretamente afetem: I – a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II – as atividades sociais e econômicas; III – as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; IV – a qualidade dos recursos ambientais. De qualquer forma, os aproveitamentos hidrelétricos, por menores que sejam causam alterações das propriedades físicas, químicas ou biológicas do meio ambiente. Alguns impactos ambientais acontecem tanto em aproveitamentos superiores a 30 MW quanto em PCHs. O que deve ser levado em conta pelo órgão licenciador é a magnitude e a significância destes impactos ambientais. Podemos dividir alguns dos impactos gerados pelas pequenas centrais hidrelétricas em três fases como apresentado na tabela 2. Tabela 2: Impactos ambientais Fases do Nº empreendimento Planejamento da PCH Construção da PCH 15 Instabilidade nas encostas devido à ação de ondas 16 Alteração da dinâmica hidrossedimentológica Enchimento do reservatório e operação da PCH 17 Elevação do nivel do lençol freático 18 Alteração da qualidade da água 19 Alteração da qualidade da biota aquática 20 Aumento da oferta de energia elétrica à região e no País 21 Indrodução de fatores de risco à saúde Segundo um estudo realizado pela European Small Hydropower Association (ESHA) a geração de energia, por meio das pequenas centrais hidrelétricas é renovável, limpo e em nível global não deixa dúvidas sobre os benefícios ambientais em se produzir energia desta forma. Podemos citar alguns benefícios: • Mitigação de mudança de clima, 1 GWh provê eletricidade para aproximadamente 220 casas européias que evitam as emissões de cerca de 480 toneladas de CO2. • Redução na emissão de substâncias na atmosfera. • Risco reduzido de inundação devido ao tamanho dos reservatórios. • Não inutiliza grandes terras produtivas. • Multiuso da água do reservatório. • Comparado as grandes usinas afeta a ictiofauna de maneira reduzida. • Número reduzido de população afetada. Na União Europeia, lamentavelmente, parece ter um número crescente de barreiras institucionais e ambientais para ser enfrentado. Para ganhar permissão e ocupar terras e água de um rio sempre é necessário que se invista em programas para prevenir os efeitos adversos e provar que não haverá nenhum impacto a calha do rio, fauna e flora. Todas essas barreiras podem ser superadas por um bom projeto. 5. OS CUSTOS E ESTUDOS AMBIENTAIS A Resolução SEMAD nº. 811, de 30 setembro de 2008 fixa os valores para indenização dos custos de análise de pedidos de Autorização Ambiental de Funcionamento e de Licenciamento Ambiental, a cargo da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), e do Instituto Estadual de Florestas (IEF), abaixo segue a tabela desses custos. Tabela 3: Custos de Análise Tipo/Classe Impactos Licencimento Semad (ufemgs)* 3 4 Licença Prévia - LP 2.759,08 3.862,71 1 Reação ao empreendimento pela geração de expectativas Licença Instalação - LI 1.655,45 2.207,26 2 Início ou aceleração de processos erosivos LI Corretiva 4.414,53 6.069,97 3 Alteração da qualidade da água Licença Operação - LO 3.586,80 4 Alteração da qualidade do ar Licença Operação Corretiva 8.001,33 5 Alteração da qualidade da biota aquática 6 Alteração da qualidade da biota terrestre 7 Geração de empregos 8 Pressão sobre o tráfego rodoviário 9 Pressão sobre a infraestrutura rodoviária 10 Geração de tributos e incremento da economia municipal estadual e nacional 11 Interferências com lazer 12 Incremento das atividades de comércio e serviços 13 Interferências sobre o patrimônio histórico e arquiológico 14 Interferências com os usos da água 4.690,43 5 6 11.036,31 18.209,91 7.725,42 11.036,31 18.761,73 29.246,22 8.829,05 12.139,94 10.760,40 27.590,78 41.386,16 *Valores expressos em Unidade Fiscal do Estado de Minas Gerais (UFEMG) e conforme SEF nº 4.270 de 19/11/2010, o seu valor para o exercício de 2011 é de R$ 2,1813 (dois reais, um mil oitocentos e treze de milésimos). Para obtenção das licenças ambientais o empreendedor, juntamente com equipe técnica habilitada, deve elaborar os estudos/processos ambientais que serão exigidos para atividades enquadradas na Classe 3. Relatório de Controle Ambiental (RCA): exigido em caso de dispensa do EIA/Rima. É por meio do RCA que o empreendedor identifica as não conformidades efetivas ou potenciais decorrentes da instalação e da operação do empreendimento para o qual está sendo requerida a licença. 27 ARTIGOS TÉCNICOS Plano de Controle Ambiental (PCA): documento por meio do qual o empreendedor apresenta os planos e projetos capazes de prevenir e/ou controlar os impactos ambientais decorrentes da instalação e da operação do empreendimento para o qual está sendo requerida a licença, bem como para corrigir as não conformidades identificadas. O PCA é sempre necessário, independente da exigência ou não de EIA/Rima, sendo solicitado durante a LI. Outorga de Direito do Uso dos Recursos Hídricos É o instrumento legal que assegura ao usuário o direito de utilizar os recursos hídricos. Através da outorga, o Igam executa a gestão quantitativa e qualitativa do uso da água, emitindo autorização para captações e lançamentos, bem como para quaisquer intervenções nos rios, ribeirões e córregos de Minas Gerais. A outorga não dá ao usuário a propriedade de água ou sua alienação, mas o simples direito de seu uso. Portanto, a outorga poderá ser suspensa, parcial ou totalmente, em casos extremos de escassez ou de não cumprimento pelo outorgado dos termos de outorga previstos nas regulamentações, ou por necessidade premente de se atenderem os usos prioritários e de interesse coletivo. Em Minas Gerais, os usuários de recursos hídricos, de qualquer setor, devem solicitar ao Igam a outorga de águas de domínio do Estado. A vazão legalmente disponível é definida na Portaria Igam nº 010/98. Para obtenção de outorga o usuário precisa montar um processo cumprindo o termo de referência emitido pelo Igam, contendo, relatório técnico, formulário técnico devidamente preenchido, juntamente com toda documentação do requerente, do imóvel e do responsável técnico. para acobertar intervenções ambientais tais como: supressão de cobertura vegetal com destoca ou sem destoca; remoção de tocos e raízes remanescentes de supressão de vegetação nativa; intervenção em áreas de preservação permanente; limpeza de área de pastagem ou de cultivo agrícola com aproveitamento econômico de material lenhoso; corte ou poda de árvores; coleta ou extração de plantas nativas, medicinas, aromáticas, ornamentais; coleta ou extração de produtos da flora nativa (raízes, bulbos, cipós, folhas ou flores); exploração sustentável de vegetação nativa através de Manejo. 6. ONDE FAZER A REGULARIZAÇÃO AMBIENTAL Em Minas Gerais, as atribuições de Regularização Ambiental são exercidas pelo Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam), por intermédio das Câmaras Especializadas, das Unidades Regionais Colegiadas (URCs), das Superintendências Regionais de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Suprams), da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam), do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) e do Institudo Estadual de Florestas (IEF), de acordo com o Art. 1º do Decreto Estadual nº 44.844/08. 7. FLUXOGRAMA DO PROCEDIMENTO DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL Formalização do processo de licenciamento junto a Supram Reserva Florestal Legal A Reserva Florestal Legal é a área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, ressalvada as Áreas de Preservação Permanente (APP), representativa do ambiente natural da região e necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção da fauna e flora nativas. Em Minas Gerais, é regulamentada pela Lei nº 14.309 (19/06/2002) e pelo Decreto 43.710 (08/01/2004) que estabelecem a Reserva Legal como área equivalente a, no mínimo, 20% da área total da propriedade. A área de reserva legal deverá ser averbada, no cartório de registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação nos casos de transmissão a qualquer título. Na posse rural, a reserva legal é assegurada por Termo de Compromisso de Averbação e Preservação de Reserva Legal devidamente demarcada na planta topográfica ou croqui, firmado pelo possuidor com o Instituto Estadual de Florestas (IEF). A Reserva Legal não inclui as áreas de preservação permanente, a não ser nos casos previstos na legislação. Neste caso, será admitida a área de preservação permanente fazendo parte do cômputo da reserva legal se não houver nenhuma autorização para alteração do uso do solo na propriedade. Para obtenção do Termo de Compromisso de Averbação e Preservação de Reserva Legal é necessário montar um processo contendo, requerimento, mapa da área, laudo técnico caracterizando a área que irá compor a reserva legal juntamente com toda documentação do requerente, do imóvel e do responsável técnico. Autorização para Intervenção em Área de Preservação Permanente O Documento Autorizativo para Intervenção Ambiental - (DAIA) é uma autorização emitida pelo Instituto Estadual de Florestas 28 Formalização de FCE junto a Supram Preenchimento do FCE* Processo recebe um nº xxxx/ano Licenças concedidas e publicadas com ou sem condicionantes Processo passa por análise técnica e jurídica Processo passa por votação do COPAM*** Emissão do FOBI** pela Supram Elaboração dos estudos ambientais e reunião da documentação exigida no FOBI Supram realiza vistorias no local onde será construída a PCH Supram emite parecer final sobre a atividade: Favorável ou Desfavorável Inicia-se a construção operação da PCH * Formulário Integrado de Caracterização do Empreendimento. ** Formulário de Orientação Básica Integrado. *** Conselho Estadual de Política Ambiental. OBS: este procedimento vale para a obtenção da licença prévia, licença de instalação, licença de operação ou licença de operação corretiva, quando o empreendimento já se encontra operando. 8. APROVEITAMENTOS MENORES QUE 1 MW PODEM RECEBER AUTORIZAÇÃO AMBIENTAL DE FUNCIONAMENTO Os empreendimentos ou atividades considerados de impacto ambiental não significativo estão dispensados do licenciamento ambiental e devem, obrigatoriamente, requerer a Autorização Ambiental de Funcionamento (AAF) – um processo mais simples TECHNICAL ARTICLES e rápido para a regularização. São considerados empreendimentos de impacto ambiental não significativo aqueles que se enquadrarem nas classes 1 ou 2, conforme estabelecido pela Deliberação Normativa Copam 74/04. Para obtenção da AAF, o primeiro passo é o preenchimento do Formulário Integrado de Caracterização do Empreendimento (FCE). Na sequência, o empreendedor recebe o Formulário Integrado de Orientação Básica (FOBI), onde estão detalhados os documentos que deverão ser apresentados, como: • Termo de Responsabilidade, assinado pelo titular do empreendimento. • Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) ou equivalente do profissional responsável pelo gerenciamento ambiental da atividade. • Declaração da Prefeitura de que o empreendimento está de acordo com as normas e regulamentos do município. • Outorga de Direito de Uso de Recursos Hídricos. • Regularização de reserva legal e intervenção em Área de Preservação Permanente. É por meio do Termo de Responsabilidade e da ART que o empreendedor e o responsável técnico declaram ao órgão ambiental que foram instalados e estão em operação os equipamentos e/ou sistemas de controle capazes de atender às exigências da legislação vigente. A AAF tem validade de quatro anos e está sujeita à revalidação periódica. Caso se configurem não conformidades em relação às normas legais, está sujeita também ao cancelamento. 9. CONCLUSÃO Ambientalmente, as PCHs carregam o ônus do mesmo processo de licenciamento das centrais de maior porte, que não faz distinção de tamanho ou impacto potencial, onerando seus orçamentos e dilatando prazos, em geral superiores ao seu período de construção, dificultando em alguns casos, a iniciativa de investimento privado no país. Não se pode negar que as pequenas, mini e micro centrais também causam modificações e impactos ambientais, mas devem receber um olhar diferenciado tanto pela sociedade quanto pela legislação que regulamenta o licenciamento em Minas Gerais. Os aproveitamentos menores que 1 MW, já instalados, poderiam ser enquadrados em classe 2, e receberiam uma Autorização Ambiental de Funcionamento. Para este caso o órgão deveria encaminhar ao requerente um termo de referência e exigências mínimas necessárias para a operação destes empreendimentos. A proposta não é simplesmente ficar livre do processo de licenciamento, mas criar uma classe que seja compatível com o porte e os potenciais impactos ambientais e também viabilizar a regularização ambiental de empreendimentos para geração de energia. 10. REFERÊNCIAS • Regularização ambiental integrada: orientação ao empreendedor / Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Belo Horizonte. Semad. 2008. 25 p. • Sánchez, Luiz Enrique. Avaliação de impacto ambiental: conceitos e métodos/ Luiz Enrique Sánchez. – São Paulo: Oficina de Textos, 2008. • AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA – ANEEL. Resolução nº 394 de 04 de dezembro de 1998, estabelece os critérios para o enquadramento de empreendimentos hidrelétricos na condição de pequenas centrais hidrelétricas. DOU. Brasília, 7 de dezembro de 1998. • BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado, 1988. • BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 ago. 1981 que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente. Diário Oficial, Brasília, 31 ago. 1981. • BRASIL. Lei nº 9.433, de 8 jan. 1997 que dispõe sobre a Política Nacional dos Recursos Hídricos. Diário Oficial, Brasília, 8 jan. 1997. • BRASIL. Lei nº 4.771, de 15 set. 1965 que institui o novo código florestal. Diário Oficial, Brasília, 15 set. 1965. Mundial, Banco. Brasil: Licenciamento Ambiental de Empreendimentos Hidrelétricos no Brasil: Uma contribuição para o Debate – 28 de março de 2008. Disponível em: <http://siteresources. worldbank.org/INTLACBRASILINPOR/resources/Brasil_ licenciamento_SintesePortugueseMarch2008.pdf>. Acesso em: 08 dez. 2008. • Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – SEMAD. Disponível em: <http://www.semad. mg.gov.br>. Acesso em: maio 2009. • Paish Oliver. Micro-Hydro Power: Status And Prospects, Journal of Power and Energy, Professional Engineering Publishing. 2002. • Jean, Etienne Klimpt, Review: Energy Policy, 30, 1305–1312, Elsevier Science, England, 2002. • Oliver Paish, Review: Renewable and Sustainable Energy Reviews, 6, 537–556, Pergamon, England, 2002. ANOTAÇÕES 29 ARTIGOS TÉCNICOS TECHNICAL ARTICLES INSTRUÇÕES AOS AUTORES INSTRUCTIONS FOR AUTHORS Forma e preparação de manuscrito Form and preparation of manuscripts Primeira Etapa (exigida para submissão do artigo) First Step (required for submition) O texto deverá apresentar as seguintes características: espaçamento 1,5; papel A4 (210 x 297 mm), com margens superior, inferior, esquerda e direita de 2,5 cm; fonte Times New Roman 12; e conter no máximo 16 laudas, incluindo quadros e figuras. Na primeira página deverá conter o título do trabalho, o resumo e as Palavras-chave. Os quadros e as figuras deverão ser numerados com algarismos arábicos consecutivos, indicados no texto e anexados no final do artigo. Os títulos das figuras deverão aparecer na sua parte inferior antecedidos da palavra Figura mais o seu número de ordem. Os títulos dos quadros deverão aparecer na parte superior e antecedidos da palavra Quadro seguida do seu número de ordem. Na figura, a fonte (Fonte:) vem sobre a legenda, à direta e sem ponto final; no quadro, na parte inferior e com ponto final. O artigo em PORTUGUÊS deverá seguir a seguinte sequência: TÍTULO em português, RESUMO (seguido de Palavras-chave), TÍTULO DO ARTIGO em inglês, ABSTRACT (seguido de keywords); 1. INTRODUÇÃO (incluindo revisão de literatura); 2. MATERIAL E MÉTODOS; 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO; 4. CONCLUSÃO (se a lista de conclusões for relativamente curta, a ponto de dispensar um capítulo específico, ela poderá finalizar o capítulo anterior); 5. AGRADECIMENTOS (se for o caso); e 6. REFERÊNCIAS, alinhadas à esquerda. O artigo em INGLÊS deverá seguir a seguinte sequência: TÍTULO em inglês; ABSTRACT (seguido de Keywords); TÍTULO DO ARTIGO em português; RESUMO (seguido de Palavras-chave); 1. INTRODUCTION (incluindo revisão de literatura); 2. MATERIALAND METHODS; 3. RESULTS AND DISCUSSION; 4. CONCLUSIONS (se a lista de conclusões for relativamente curta, a ponto de dispensar um capítulo específico, ela poderá finalizar o capítulo anterior); 5. ACKNOWLEDGEMENTS (se for o caso); e 6. REFERENCES. O artigo em ESPANHOL deverá seguir a seguinte sequência: TÍTULO em espanhol; RESUMEN (seguido de Palabra llave), TÍTULO do artigo em português, RESUMO em português (seguido de palavras-chave); 1. INTRODUCCTIÓN (incluindo revisão de literatura); 2. MATERIALES Y METODOS; 3. RESULTADOS Y DISCUSIÓNES; 4. CONCLUSIONES (se a lista de conclusões for relativamente curta, a ponto de dispensar um capítulo específico, ela poderá finalizar o capítulo anterior); 5. RECONOCIMIENTO (se for o caso); e 6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS. Os subtítulos, quando se fizerem necessários, serão escritos com letras iniciais maiúsculas, antecedidos de dois números arábicos colocados em posição de início de parágrafo. No texto, a citação de referências bibliográficas deverá ser feita da seguinte forma: colocar o sobrenome do autor citado com apenas a primeira letra maiúscula, seguido do ano entre parênteses, quando o autor fizer parte do texto. Quando o autor não fizer parte do texto, colocar, entre parênteses, o sobrenome, em maiúsculas, seguido do ano separado por vírgula. O resumo deverá ser do tipo indicativo, expondo os pontos relevantes do texto relacionados com os objetivos, a metodologia, os resultados e as conclusões, devendo ser compostos de uma sequência corrente de frases e conter, no máximo, 250 palavras. Para submeter um artigo para a Revista PCH Notícias & SHP News o(os) autor(es) deverão entrar no site www.cerpch.unifei. edu.br/submeterartigo. Serão aceitos artigos em português, inglês e espanhol. No caso das línguas estrangeiras, será necessária a declaração de revisão linguística de um especialista. Segunda Etapa (exigida para publicação) The manuscript should be submitted with following format: should be typed in Times New Roman; 12 font size; 1.5 spaced lines; standard A4 paper (210 x 297 mm), side margins 2.5 cm wide; and not exceed 16 pages, including tables and figures. In the first page should contain the title of paper, Abstract and Keywords. The tables and figures should be numbered consecutively in Arabic numerals, which should be indicated in the text and annexed at the end of the paper. Figure legends should be written immediately below each figure preceded by the word Figure and numbered consecutively. The table titles should be written above each table and preceded by the word Table followed by their consecutive number. Figures should present the data source (Source) above the legend, on the right side and no full stop; and tables, below with full stop. The manuscript in PORTUGUESE should be assembled in the following order: TÍTULO in Portuguese, RESUMO (followed by Palavras-chave), TITLE in English; ABSTRACT in English (followed by keywords); 1. INTRODUÇÃO (including references); 2. MATERIAL E MÉTODOS; 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO; 4. CONCLUSÃO (if the list of conclusions is relatively short, to the point of not requiring a specific chapter, it can end the previous chapter); 5. AGRADECIMENTOS (if it is the case); and 6. REFERÊNCIAS, aligned to the left. The article in ENGLISH should be assembled in the following order: TITLE in English; ABSTRACT in English (followed by keywords); TITLE in Portuguese; ABSTRACT in Portuguese (followed by keywords); 1. INTRODUCTION (including references); 2. MATERIAL AND METHODS; 3. RESULTS AND DISCUSSION; 4. CONCLUSIONS (if the list of conclusions is relatively short, to the point of not requiring a specific chapter, it can end the previous chapter); 5. ACKNOWLEDGEMENTS (if it is the case); and 6. REFERENCES. The article in SPANISH should be assembled in the following order: TÍTULO in Spanish; RESUMEN (following by Palabrallave), TITLE of the article in Portuguese, ABSTRACT in Portuguese (followed by keywords); 1. INTRODUCCTIÓN (including references); 2. MATERIALES Y MÉTODOS; 3. RESULTADOS Y DISCUSIÓNES; 4. CONCLUSIONES (if the list of conclusions is relatively short, to the point of not requiring a specific chapter, it can end the previous chapter); 5.RECONOCIMIENTO (if it is the case); and 6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS. The section headings, when necessary, should be written with the first letter capitalized, preceded of two Arabic numerals placed at the beginning of the paragraph. References cited in the text should include the author’s last name, only with the first letter capitalized, and the year in parentheses, when the author is part of the text. When the author is not part of the text, include the last name in capital letters followed by the year separated by comma, all in parentheses. Abstracts should be concise and informative, presenting the key points of the text related with the objectives, methodology, results and conclusions; it should be written in a sequence of sentences and must not exceed 250 words. For paper submission, the author(s) should access the online submission Web site www.cerpch.unifei.edu.br/submeterartigo (submit paper). The Magazine PCH Notícias & SHP News accepts papers in Portuguese, En-glish and Spanish. Papers in foreign languages will be requested a declaration of a specialist in language revision. Second Step (required for publication) O artigo depois de analisado pelos editores, poderá ser devolvido ao(s) autor(es) para adequações às normas da Revista ou simplesmente negado por falta de mérito ou perfil. Quando aprovado pelos editores, o artigo será encaminhado para três revisores, que emitirão seu parecer científico. Caberá ao(s) autor(es) atender às sugestões e recomendações dos revisores; caso não possa(m) atender na sua totalidade, deverá(ão) justificar ao Comitê Editorial da Revista. After the manuscript has been reviewed by the editors, it is either returned to the author(s) for adaptations to the Journal guidelines, or rejected because of the lack of scientific merit and suitability for the journal. If it is judged as acceptable by the editors, the paper will be directed to three reviewers to state their scientific opinion. Author(s) are requested to meet the reviewers, suggestions and recommendations; if this is not totally possible, they are requested to justify it to the Editorial Board. Obs.: Os artigos que não se enquadram nas normas acima descritas, na sua totalidade ou em parte, serão devolvidos e perderão a prioridade da ordem sequencial de apresentação. Obs.: Papers that fail to meet totally or partially the guidelines above described will be returned and lose the priority of the sequential order of presentation. 30 OPINIÃO/OPINION Quem precisa de PCHs? Who needs SHPs? Por Decio Michellis Jr.* CERPCH As PCHs como fonte alternativa de energia renovável e incentivada foram adotadas pelo governo federal como prioritárias na matriz elétrica, desde a criação do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (PROINFA) em 2002. Sua segunda etapa (iniciada em janeiro de 2011) prevê que atingida a meta de 3.300 MW, o desenvolvimento do Programa será realizado de forma que as fontes eólica, pequenas centrais hidrelétricas e biomassa atendam a 10% (dez por cento) do consumo anual de energia elétrica no País, objetivo a ser alcançado em até 20 (vinte) anos (2022). Exige que para a compra anual da energia elétrica de cada produtor, as referidas fontes atendam o mínimo de 15% (quinze por cento) do incremento anual da energia elétrica a ser fornecida ao mercado consumidor nacional, compensando-se os desvios verificados entre o previsto e realizado de cada exercício, no subsequente. Apesar da vigência da Lei 10.438/02 que criou o PROINFA, a realidade é bem diferente: programas de expansão de PCHs adiados pela maioria dos investidores, obras paralisadas e projetos de repotenciação suspensos. Além do problema crônico de assimetria na desoneração fiscal das eólicas (medida acertada que deveria ser estendida para as PCHs), somase a este os efeitos da Medida Provisória - MPV 579/2012, que trata da agenda de desoneração de tarifas de energia elétrica, que reduziu a competitividade e desestimulou novos investimentos em PCHs. Uma pesquisa expedita realizada junto a empreendedores de PCHs aponta que as tarifas iniciais fixadas pela Portaria Nº 578, de 31/10/12, de que trata o art. 13 da Medida Provisória Nº 579, com base no valor do Custo da Gestão dos Ativos de Geração – GAG cobre apenas 65-80% dos custos operacionais. Apesar das PCHs serem uma fonte alternativa renovável, limpa e incentivada (eram previstos 7 GW de expansão até 2030 no Plano Nacional de Energia - PNE 2030), existe dificuldades para legitimar a necessidade e conveniência das PCHs no fornecimento de energia elétrica. A retomada destes investimentos depende da recomposição da atratividade econômica desta alternativa de expansão da geração. Preços justos que remunerem os investimentos realizados é mais do que um direito, é uma necessidade. Afinal, quem precisa de PCHs? Nós precisamos. Para todos aqueles que apoiam o desenvolvimento não destrutivo e estão preocupados com a preservação do equilíbrio socioambiental, as PCHs são parte da solução em continuar avançando na direção do desenvolvimento sustentável e na garantia da qualidade de vida das populações atuais e futuras. Ser “verde” significa restabelecer a verdade sobre esta forma sustentável e acima de tudo ambientalmente correta de produzir energia tão necessária ao progresso, à inclusão social e ao desenvolvimento harmônico. Translation: Adriana Candal As a renewable alternative source of energy and a source that received government incentives, the Small Hydropower Plants (SHPs) were adopted by the federal government as a priority in the program that encouraged the use of alternative sources of electric energy (PROINFA) created in 2002. Its second stage (initiated in January 2011) forecasts that once the goal of 3,300 MW is achieved, the development of the Program would be carried out in a way that wind, SHP and biomass energy would supply 10% of the annual consumption of electric power in the country within the next 20 years (2022). The annual purchase of electric power of each producer requires that the aforementioned sources supply at least 15% of the annual increase of electric power that will be supplied to the national consumer market, when the deviations between what was forecast and what was carried out in each year must be compensated. Although Bill 10438/02, which created PROINFA, is still in force, the reality is quite different: SHP expansion programs have been put aside by most investors, works have been interrupted and repowering projects have been suspended. Besides the chronic asymmetry regarding the reduction in fiscal taxes of wind energy (a correct measure that should have been extended to SHPs), the effects of the Provisory Measure - MPV 579/2012 – which deals with the reduction of taxes in the tariffs of electric power, reducing the competitiveness and discouraging investments in SHPs did not help. A survey carried out among SHP entrepreneurs shows that the initial tariffs established by Ordinance 578, Oct.10.2012, which deals with article 13 of Provisory Measure 579, based on the value of the generation management cost, covers only 65 to 80% of the operational costs. Although Resuming these investments depends on recomposing the economic attractiveness of this alternative of generation expansion. Fair prices that compensate the investments is more than a right, it is a necessity. After all, who needs SHPs? We do. For all of those who support a non-destructive development and are worried with socioenvironmental preservation and balance, SHPs are the solution to keep on advancing towards sustainable development and a life with quality for are population and the generations to come. Being ‘green’ means re-establishing the truth about this sustainable and, above all, socio-environmentally correct way of producing energy, which is so necessary to the progress, to social inclusion and to a harmonious development. (*) Energy Director of the Department of Infrastructure of FIESP – Industry Federation of the State of São Paulo. Visite nosso site: www.cerpch.org.br (*) Diretor de Energia do Departamento de Infraestrutura da FIESP - Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. 31 Mercado Os desafios para implantação de Usinas Hidrelétricas Reversíveis no Brasil MP 579, que trata da renovação de concessões e define a redução de 16,2% a 28% nas contas de luz a partir de janeiro de 2013, traz clima de tensão para setor elétrico. No dia 29 de outubro de 2012 foi realizado em Itajubá o Workshop de Tecnologias para Usinas Hidrelétricas Reversíveis (UHRs). O evento foi organizado pela CESP – Companhia Energética de São Paulo e pela HEDAIDI ENGENHARIA, com apoio do CERPCH – Centro Nacional de Referência em Pequenas Centrais Hidrelétricas, e reuniu especialistas da indústria e de órgãos setoriais Aneel, ONS e EPE, além de pesquisadores da Unifei e Unicamp. O evento é desdobramento do projeto de P&D Aneel sobre “A retomada do conceito de eficiência de usinas hidrelétricas reversíveis no setor elétrico brasileiro”. O objetivo do encontro foi discutir as tecnologias aplicáveis às UHRs. Segundo o eng. Sérgio Zuculin da CESP, o conceito foi abandonado na década de 70 e ganhou novo fôlego recentemente, em função de uma tendência mundial da dificuldade de atendimento da carga em momentos de ponta do consumo e de fragilidades operativas. Atualmente, existem 127 GW de UHRs instaladas no mundo. O estudo foi concebido dado às mudanças sofridas pelo setor elétrico brasileiro, segundo a enga. Mírian Adelaide da HEDAIDI Consultoria. O primeiro fator seria a expansão do período de ponta, principalmente nas estações mais quentes e secas do ano, em que devido à mudança de hábito do consumo, a ponta de carga deixa de ocorrer naquele horário tradicional entre 18 e 21h, passando a ser um platô com duração de 10 horas; aliada à tendência de construção de usinas a fio d'água, sem reservatórios de acumulação. Em 2001, o sistema de reservatórios do Brasil tinha uma capacidade de armazenamento de 236 mil MW com uma carga a ser atendida de 37 mil MW, numa relação de 6,4. Já em 2012, a capacidade de armazenamento cresceu 21% enquanto a carga cresceu cerca de 60%, ou seja, a relação baixou para 4,9. Espera-se que em 2019 essa relação chegue a 3, ampliando a dependência do atendimento à ponta de carga do sistema, cada vez mais com geração térmica, afirmou Mírian Adelaide. Desafio O principal desafio do projeto é buscar a viabilidade comercial das UHRs, pois de acordo com as regras atuais os ativos de geração são recompensados pela energia assegurada no sistema. “Como viabilizar uma usina que mais consome energia do que produz? Hoje a remuneração de um ativo de geração é feita, basicamente, pela garantia física, ou seja, pela energia que ela disponibiliza” afirma Zuculin. Segundo o Prof. Paulo Sergio Barbosa da Unicamp, o estudo fará um levantamento dos modelos de negócios das UHRs mundo afora para se estabelecer um modelo adequado à realidade nacional. ”Afinal, um projeto não tem sentido se não tiver viabilidade comercial, e buscaremos as alternativas para viabilizar as UHRs no Brasil”, conclui Barbosa. Os estudos serão concluídos num horizonte de dois anos e buscarão soluções tecnológicas e regulatórias para operacionalização das UHRs, concluiu Zuculin. Indústria O evento contou com a presença da Alstom, Andritz e Voith, empresas que demonstraram o domínio da tecnologia e aplicação 32 CERPCH/Camila Galhardo Por Camila Rocha Galhardo Da esquerda para direita/ left to right: Prof. Paulo Sergio Barbosa da Unicamp, Enga. Mírian Adelaide da HEDAIDI Consultoria, Eng. Sérgio Zuculin da CESP, Prof. Geraldo Lúcio Tiago Filho. no Brasil. Segundo Alexandre Ferretti da Andritz, “Num primeiro momento os fabricantes ainda terão que se preparar para atender ao escopo total” destacou. “Será necessária uma adaptação nos projetos hidráulicos, mas a questão pode ser resolvida num período de 3 meses a um ano dependendo da configuração do projeto”, afirma Ferretti. A implantação das UHRs poderá se tornar urgente num curto período de tempo, dada à tendência de diversificação de fontes da matriz nacional e diminuição da regularização de vazões em novas usinas. Manuel Gonçalves da Voith avaliou “Dependendo da velocidade do crescimento de fontes como Eólica e Solar, e considerando a quantidade de usinas a fio d’água, sem reservatório de acumulação, a temática das UHRs poderá se tornar urgente em breve”. Meio Ambiente Através de uma breve revisão da experiência internacional foi possível diagnosticar que os projetos mais modernos de UHR, aqueles que utilizam o circuito fechado, sem estar associado à construção de reservatório e que aproveitam lagos existentes, apresentam menores impactos ambientais e maior agilidade no processo de licenciamento. ”Esse é um ponto positivo no que tange a assegurar os prazos do licenciamento e até mesmo da construção do empreendimento”, afirma Barbosa da Unicamp. Sistema As características do sistema de transmissão brasileiro permitem a complementariedade das regiões quanto ao regime hidrológico e dos ventos, pois os períodos de seca e chuva são inversos e também os períodos de seca e de ventos complementares. Nesse sentido, a tecnologia discutida no evento trará uma vantagem com a possibilidade de controlar a sua demanda de energia em função da sua produção, evitando perdas. Outra vantagem é a possibilidade das UHRs quando operando como bomba. “Para otimização das linhas de transmissão elétrica, as UHRs podem operar no modo bomba, gerando reativo que garante um aumento da estabilidade do sistema”, afirmou o eng. Ricardo Vasconcellos da Alstom. Segundo Maria Aparecida Martinez do ONS – Operador Nacional do Sistema Elétrico, usinas reversíveis ou qualquer outro recurso que esteja disponível para o atendimento da ponta e que seja um recurso que traga mais disponibilidade a um custo menor é válido, já que o ONS trabalha por ordem de mérito, sempre minimizando o custo da operação. Market The challenges for implanting Reversible Hydropower Plants in Brazil Translation: Joana Sawaya de Almeida order to establish a model suitable for the national reality. “After all, projects are meaningless if you they are not commercial viable, and viable alternatives will be sought for UHRs in Brazil,” concluded Barbosa. The studies will be complete in a two-year range and will seek technological and regulatory solutions for operating UHRs, concluded Zuculin. Industry On October 29, 2012, in Itajubá, the Workshop on Technologies for Reversible Hydropower Plants (UHR) was held. The event was organized by CESP – São Paulo Power Company and HEDAIDI EENGENHARIA with the support of CERPCH – the National Research Center for Small Hydropower Plants, bringing together experts from the industry and sectoral organs such as ANEEL, ONS and EPE, as well as researchers from UNIFEI and Unicamp. The event unfolded the ANEEL R&D project on “The recovery of the efficiency concept of reversible hydropower plants in the Brazilian electricity sector”. The purpose of the meeting was to discuss the technologies applicable to UHRs. According to Mr. Sergio Zuculin, engineer from CESP, the concept was abandoned in the 1970’s and gained second wind recently due to a global trend of having difficulty in meeting the load at times of peak consumption, and due to operational weaknesses. Currently there are 127 GW of installed UHR power in the world. The study was designed because of the changes the Brazilian electric sector has undergone, according to Miriam Adelaide, engineer at HEDAIDI Consulting. The first factor would be the expansion of the peak period, especially in the hotter and drier seasons of the year. Due to changing habits of consumption, the peak load ceases to occur at that time, traditionally between 6 pm and 9 pm. This creates a plateau that lasts 10 hours. All of this is coupled with the trend of building run-of-the-river plants do not have storage reservoirs. In 2001, the reservoir system in Brazil had a storage capacity of 236,000 MW with a load demand of 37,000 MW in a ratio of 6.4. In 2012, the storage capacity increased by 21%, whereas the load increased 60%. In other words, the ratio decreased to 4.9. In 2019, this ratio is expected to reach 3, increasing the dependence of a demand for the system peak load, increasingly through thermal generation, says Mirian Adelaide. Challenge The main challenge of the project is pursuing commercial viability of the UHRs, because, according to the current rules, the current generation assets are rewarded through the guaranteed energy in the system. “How is a plant that consumes more energy than it produces viable? Today the payout of generation assets is made primarily by physical collateral, i.e. the energy it provides,” says Zuculin. According to Professor Sergio Barbosa from Unicamp, the study will survey the business models of UHRs worldwide in Alstom, Andritz and Voith, companies that have demonstrated mastery in technology and application in Brazil, were among the attendees. “At first manufacturers will still have to get prepared to meet the full scope,” said Ferretti Alexander from Andritz. “It will require an adjustment in hydraulic projects, but the issue can be resolved within a period of 3 months to a year, depending on the layout of the project”, stated Ferretti. The deployment of the UHRs could become urgent in a short period of time, given the trend of diversifying sources in the national matrix, and the decrease of flow regulations in new plants. Manuel Gonçalves from Voith examined, “Depending on how fast sources like wind and solar grow, and considering the amount of run-of-the-river plants without an accumulation reservoir, the topic of UHRs could become an urgent one soon.” Environment Through a brief review of international experience, it was possible to diagnose that the most modern of UHR designs, those using closed circuits, and that are not associated with the construction of reservoirs that exploit existing lakes present less environmental impacts and higher agility in the licensing process. “This is a positive point about ensuring licensing deadlines, and even ventures construction deadlines” affirms Barbosa from Unicamp. System The characteristics of the Brazilian transmission system allows for region complementarity of the hydrological and wind regime, since drought and rainy seasons are reversed, and drought and windy seasons are complementary. In this sense the technology discussed at the event will bring an advantage along with the ability to monitor energy demands depending on production, avoiding losses. Another advantage is the possibility of UHRs operating as pumps. “To optimize the power line, the UHR can operate on pump mode, generating reactors that guarantee an increase in system stability”, affirmed engineer Ricardo Vasconcellos from Alstom. According to Maria Aparecida Matinez from ONS – the National Electric System Operator, reversible plants or any other resource available in service to the peak and is a resource that brings more availability at a lower cost is valid, since ONS works in order of merit, always minimizing operation costs. Curta nossa fan page: www.facebook.com/cerpchoficial @cerpch 33 OPINIÃO É necessário um marco regulatório! Ouviram? Por Adriana Coli Pedreira e Luiz Fernando Leone Vianna* Arquivo Pessoal Nos últimos anos acompanhamos uma série de debates relacionados às questões indígenas no Brasil: em 2008 tivemos a retomada da discussão da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 188/2007, que propõe a criação da figura administrativa do Território Brasileiro Indígena, a publicação do decreto que criou a Comissão Nacional de Política Indigenista e o conflito que resultou em um representante da Eletrobrás ferido após audiência pública com as comunidades indígenas para discutir Belo Monte; em 2009 ocorreu a decisão final do STF confirmando a homologação contínua da Terra Indígena (TI) Raposa Serra do Sol, determinando a retirada dos não-indígenas da região, seguida de 19 recomendações; em 2011 foi publicada a Portaria Interministerial nº 419/2011, num esforço conjunto do Governo para disciplinar a atuação dos órgãos intervenientes no processo de licenciamento; em 2012 foi publicada a Instrução Normativa 01/2012 da Funai, que estabeleceu normas sobre a participação desta entidade no processo de licenciamento ambiental de empreendimentos ou atividades que afetem terras indígenas, foi assinada pela Presidente Dilma medida que exige consulta ao Ministério de Minas e Energia (MME) antes da decisão da Funai sobre demarcação de TIs, foi publicado o Decreto nº 7.747/2012, que instituiu a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de TIs, e, mais recentemente, a Portaria AGU nº 303/2012, que resgatou as 19 recomendações do STF referentes ao julgamento da TI Raposa Serra do Sol. As civilizações indígenas no mundo vêm aprofundando suas relações com a sociedade e intervindo ativamente na dinâmica sociopolítica. Fundam entidades e associações, elaboram projetos (econômicos, educacionais, políticos), participam do mercado como produtores e consumidores, tornam-se eleitores políticos, ocupam cargos públicos e participam da máquina estatal — ações manifestadas politicamente como de “identidade étnica”. Diante de tantas transformações e inovações, as questões relacionadas às intervenções nas terras indígenas dentro do ordenamento jurídico brasileiro têm exigido um complexo arcabouço normativo, e como vimos são várias as iniciativas. O processo caminha para uma solução, mas antes de entrar no mérito das questões estruturantes, até mesmo quanto à disputa sobre os diferentes usos do território nacional, é fundamental a oitiva dos indígenas. Ouviram? É necessário se definir um marco regulatório específico de como a oitiva das comunidades indígenas afetadas se dará, em atendimento às normas vigentes, garantindo de fato este direito. Somente assim poderemos começar a “enxergar” a segurança jurídica dos projetos de infraestrutura que impactam essas áreas. A regulamentação da Constituição Federal precisa acontecer, disciplinando o aproveitamento dos potenciais de energia hidráulica e seus sistemas de transmissão associados localizados em terras indígenas. Estes empreendimentos são caracterizados pelo interesse nacional e devem ser considerados de relevante interesse público da União, cabendo portanto um tratamento especial quando planejados pelo Governo, de forma a se tornarem efetivos, e não o foco de conflitos socioambientais. O processo demarcatório das terras indígenas e as medidas compensatórias são outros pontos que merecem evoluir. Os índios brasileiros querem e devem ser ouvidos. Recente pesquisa do Datafolha encomendada pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil — realizada entre 7 de junho e 11 de 34 julho de 2012, envolveu 1.222 entrevistas em 32 aldeias com cem habitantes ou mais, em todas as regiões do País — mostra que os índios brasileiros estão integrados ao modo de vida urbano, sendo que televisão, DVD, geladeira, fogão a gás e celular são bens de consumo que já foram incorporados à rotina de muitas aldeias. A pesquisa mostrou números interessantes (surpreendentes?) que evidentemente estão longe dos percentuais de consumo da média da população brasileira (onde, segundo o IBGE, 98% têm televisão; 82%, aparelho de DVD; e 79%, celular), mas que demonstram um perfil não percebido pela maioria da população do País e que devem ser levados em conta no trato com a questão indígena: 63% dos índios têm televisão; 37%, aparelho de DVD; 51%, geladeira; 66%, fogão a gás; 36%, celular; e 40%, rádio. Em contrapartida, no entanto, só 11% dos índios têm acesso à internet e apenas 6% possuem computador próprio. A pesquisa mostrou ainda que a principal preocupação coletiva dos índios — 29% dos entrevistados — é quanto às dificuldades de acesso a saúde. A situação territorial ficou em segundo lugar (24%), seguida da discriminação (16%), do acesso à educação (12%) e do emprego (9%). Mais interessante é que, com relação à vida pessoal dos índios, a questão territorial desapareceu da pesquisa, permanecendo a questão da saúde em primeiro lugar, agora com 30%. Um grande alento e uma importante diretriz para o Governo é que a formação universitária é um sonho da maioria da população indígena, pois 67% gostaria de ter uma formação universitária. Em 6 de novembro de 2012 o Instituto Acende promoveu o VIII Fórum Povos Indígenas e o Setor Elétrico, em formato de debate. O evento contou com a presença de representantes de diversas áreas relacionadas ao assunto, incluindo Governo (MME), iniciativa privada (empreendedores da área de geração de energia elétrica), academia (antropólogos) e representantes do setor indígena. Ressaltamos a parte do evento que tratou justamente da consulta que deve ser feita aos povos para a instalação de empreendimentos de geração. A conclusão consensual foi que o grande problema, e o que ainda traz insegurança jurídica ao processo de consulta aos povos, é a falta de definição clara do que deve compor a consulta. A falta de regulamentação do parágrafo 3º do art. 231 da Constituição — O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas só podem ser efetivados com autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada participação nos resultados da lavra, na forma da lei. — é a maior causa dos problemas. Ressaltou-se no evento que no Brasil o único instrumento jurídico a pautar a consulta é a Convenção 169 sobre Povos Indígenas e Tribais em Países Independentes da Organização Internacional do Trabalho (OIT), aprovada em 1989, um instrumento internacional vinculante e antigo que trata especificamente dos direitos dos povos indígenas e tribais no mundo. Em matéria de direitos indígenas, o Brasil abandonou o paradigma assimilacionista a partir da Constituição Federal de 1988, no entanto ainda não conseguiu aprovar a legislação infraconstitucional que regula os dispositivos constitucionais sobre a matéria. Por exemplo, o projeto de lei do Estatuto dos Povos Indígenas espera por aprovação há mais de 13 anos no Congresso Nacional. Há três coisas na vida que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida. Este é o momento para se tentar equilibrar a relevância das exigências ambientais com a legitimidade das demandas sociais e econômicas. *Adriana Coli Pedreira (advogada e mestre em engenharia da energia) é sócia do Setor Ambiental do Siqueira Castro Advogados; Luiz Fernando Leone Vianna (engenheiro eletricista e administrador de empresas) é Presidente do Conselho de Administração da Associação dos Produtores Independentes de Energia Elétrica - Apine OPINION We need a regulatory frame work! Hear that? Translation: Adriana Candal Arquivo Pessoal In the last few years we have followed a number of discussions related to indigenous issues in Brazil. In 2008, for example, we had to resume the discussion on Proposed Amendment to the Constitution (PEC) 188/2007, which proposes the creation of an administration of the Brazilian Indigenous Territory, the publication of a decree establishing the National Commission on Indigenous Policy. Conflict resulted in an injured representative from Electrobrás after a public audience with indigenous communities to discuss Belo Monte. In 2009, a final decision was made by the Federal Supreme Court confirming the continuous approval of Indigenous Land (iT) Raposa Serra do Sol, ordering evacuation of the non-indigenous population from the region, after by 19 recommendations. In 2011, a joint effort of the Government to regulate the activities of agencies involved in the licensing processes was published, Interministerial Ordinance No. 419/2011. In 2012, Normative Instruction 01/2012 Funai was published, establishing standards for the participation of this entity in the process of environmental licensing and activities affecting indigenous lands, signed by President Dilma. A measure requiring consultation with the Ministry of Mines and Energy (MME) before the Funai decision on the demarcation of the iTs, decree No. 7.7474/2012 was published, insisting the iT National Policy on Territorial and Environmental Management. More recently, there is AGU Ordinance No. 303/2012, which recovered the 19 recommendations from the Federal Supreme Court judgment regarding the Raposa Serra do Sol. Indigenous civilizations in the world have enrooted their relations with society and intervening actively in socio-political dynamics. They have founded entities and associations, elaborated projects (economic, educational, political), participated in the market as producers and consumers, voters have become politicians, assumed public office and participated in the state machine – actions expressed politically as “ethnic identity”. Faced with so many transformations and innovations, the issues related to interventions to indigenous territories within the Brazilian legal system has required a complex regulatory framework, and as we’ve seen has several initiatives. The process is moving towards a solution, but before going into structural issues, even in terms of the dispute over different uses of the national territory, an indigenous hearing is fundamental. Hear that? It is necessary to define a regulatory framework specific to the how indigenous communities’ hearing will be, in compliance with current standards, actually guaranteeing this right. This is the only way we can start to “see” legal security in projects of infrastructure that impact these areas. Regulation of the Federal Constitution needs to occur, regulating the exploitations of hydropower potentials and their associated transmission systems in indigenous lands. These projects are characterized by the national interest and should be considered relevant to the Union public interest, therefore fitting of special treatment when planned by the Government, in order to become more effective, and not be the focus of environmental conflicts. The demarcation process of indigenous territories and compensation measures are other issues that deserve elaboration. The Brazilian indigenous population wants to be heard. Datafolha recently performed research commissioned by Confederations of Agriculture and Livestock of Brazil - held between June 7 and July 11, 2012, consisting of 1,222 respondents in 32 villages with one hundred or more inhabitants, in all of the country’s regions – which showed that the Brazilian indigenous population is integrated with the urban lifestyle, being that television, DVDs, the refrigerator, the gas stove, and the cellular phone are consumer goods that have already been incorporated in the routine of a lot of villages. Research showed interesting numbers (surprised?) that evidently are far from the average percentage of consumption of the population (where, according to the IBGE, 98% have television, 82% a DVD player, and 79% have mobile phones), but demonstrate a profile unrecognized by most of the country’s population, which should be taken in consideration when dealing with indigenous issues: 63% of the indigenous population have a TV, 37% have a gas stove, 51% a DVD player, 66% a refrigerator, 36% a mobile phone, and 40% have a radio. In contrast, however, only 11% have Internet access and only 6% have their own computer. Research also showed the indigenous population’s main collective concern – 29% of the respondents – was the difficulties in accessing healthcare. The territorial situation came second (24%), followed by discrimination (16%), access to education (12%) and employment (9%). Interesting enough, with respect to the personal life of the indigenous population, the territorial issue disappeared from the survey, leaving the issue of healthcare in first place, now at 30%. A great encouragement and an important guideline for the Government is that most of the indigenous population dream of a college education, being that 67% would like to receive a college education. On November 6, 2012, the Acende Institute promoted the VIII Indigenous Peoples and the Energy Sector Forum, by way of a debate. The event counted with the presence of representatives of diverse areas related to the issue, including Government (MME), private initiative (representatives of power generation area), academia (anthropologists) and representative of the indigenous sector. We would like to highlight the part of the event which dealt precisely with the consultation that should be given with the peoples on the installation of generation projects. The consensus concluded that this the big problem is the lack of clear definition of what the consultation consists of, which still brings legal uncertainty about the process of consultation with the peoples. The lack of regulation of Paragraph 3 of Article 3 of the Constitution – The use of water resources, including energy potential, exploitation and mining of mineral resources on Indigenous lands can only be made effective with the consent of Congress, after hearing the affected communities, giving them ensured participation in the results from mining, according to the law – is the major cause of the problems. It was emphasized at the event that in Brazil, the only legal instrument to guide the consultation is Convention 169, concerning Indigenous and Tribal Peoples in Independent Countries of the International Labor Organization (ILO), a binding and old international instrument adopted in 1989 that deals specifically with the rights on indigenous and tribal peoples in the world. In terms of indigenous rights, Brazil abandoned the assimilation paradigm from the 1988 Constitution, and still has failed to pass the constitutional legislation that regulates the constitutional provisions on the matter. For example, the bill of the Indigenous Peoples Statute has been awaiting approval in Congress for more than 13 years. Three things in life have no turning back: a launched arrow, a spoken word and a missed opportunity. This is the time to try and balance the relevance of environmental issues with the legitimacy of social and economic demands. *Adriana Coli Pedreira (Lawyer and Mater in Energy Engineering) is a partner in the Environmental Sector of Siqueira Castro Advogados; Luiz Fernando Leone Vianna (Electric Engineer and business administrator) is Chairman of the Association of Independent Power Producers Board of Directors –Apine 35 OPINIÃO Ásia: Um Mercado Hidroelétrico aquecido Translation: Adriana Candal Parece que ao se olhar para quase qualquer país da Ásia, algum tipo de desenvolvimento hidroelétrico está a caminho. Vários fatores alimentam essa tendência. Primeiramente, muitos países da região têm um significante potencial hidroelétrico para novos desenvolvimentos. Em segundo lugar, espera-se um aumento na demanda como resultado da expansão em infraestrutura e do crescimento da população. Em terceiro lugar, a hidroeletricidade é uma alternativa limpa quando comparada a formas de geração de eletricidade mais poluentes, como o carvão, por exemplo. E por último, a necessidade de coletar água para o consumo municipal e rural e para a irrigação através da construção de barragens constitui uma oportunidade ideal para a adição do componente hidroelétrico para o desenvolvimento. Com foco nessa tendência, são citados alguns exemplos do tipo de novos desenvolvimentos que estão em progresso em alguns países da Ásia. Eles fornecem uma amostragem representativa da atividade hidroelétrica na região. Camboja O projeto de 400 MW Lower Sesan 2 no Rio Sesan River na província de Stung Treng foi autorizado pelo governo do país no começo de novembro. Já que por volta de 50 mil famílias podem ter suas casas alagadas pelo reservatório desse projeto, o PrimeiroMinistro do Camboja Hun Sem ordenou que a construtora, uma parceria entra a China e o Vietnã, construa novas casas e prepare a terra para a realocação das famílias. China Um projeto cuja operação começou recentemente é o da usina de Xiangjiaba de 6.400MW no Rio Jinsha, localizado na Província de Yunnan. No começo de novembro, a primeira turbina começou a fornecer energia para sistema nacional de energia. A construção do projeto de US$ 6.3 bilhões começou em novembro de 2006, e a secunda das oito turbinas está em fase de testes. Quando finalizada, Xiangjiaba será a terceira maior hidroelétrica da China, depois das usinas Three Gorges com 22.500 MW e Xiluodu com 13.860 MW. Índia A THDC India Ltd. está trabalhando no desenvolvimento do projeto da Usina Vishnugad Papilkoti com 444 MW no Rio Alaknanda, localizado no estado de Uttarakhand. O projeto, que está sendo parcialmente financiado por um empréstimo de US$ 648 milhões junto ao Banco Mundial, contará com uma casa de força contendo quatro unidades geradoras Francis verticais. Outros dois projetos estão sendo construídos no estado de Himachal Pradesh. O primeiro foi feito através de um acordo de empréstimo de US$ 315 milhões entre a Índia e o Banco de Desenvolvimento Asiático para financiar a construção da usina Shongtong Karcham com capacidade de 450 MW. O Empréstimo é a quarta parte de um plano total de US$ 800 milhões chamado “Himachal Pradesh Clean Energy Development Investment Program” – Programa de Investimento para o Desenvolvimento de Energia Limpa Himachal Pradesh. O segundo, a empresa NHPC Ltd. está desenvolvendo o projeto Parbati 2 com 800 MW no Rio Parbati. Este é um projeto de transferência inter-bacias que será aumentado pelo desvio do fluxo de vários córregos no alinhamento de uma galeria de adução. No começo de novembro, a Corporação Estatal de Desenvolvimento Energético de Jammu & Kashmir (State Power Deve-lopment Corporation of Jammu & Kashmir) receberam aprovação ambiental do Ministério de Meio Ambiente e Florestas da Índia para o projeto Balihar 2 de 450 MW. Esta usina, no Rio Chenab, já apresenta 40% dos trabalhos subterrâneos completos e a expectativa para o término das obras terrestres estarem completas é para o final de 2016. Laos Um projeto que está sendo desenvolvido no país é a usina Xayaburi com capacidade de 1.285 MW no baixo Rio Mekong. Espera-se que a construção da usina, de propriedade da Xayaburi Power Company Ltd., leve oito anos. O projeto inclui oito turbinas Kaplan, mecanismo para a migração de peixes, descarregadores de fundo para a limpeza de sedimentos e reclusas. O Grupo Andritz recebeu a ordem de fornecimento dos equipamentos eletromecânicos no final de outubro, incluindo as oito turbinas, os geradores e controladores, e os sistemas de automação. Nepal Modernizações estão sendo planejadas para quatro projetos hidroelétricos no Nepal: Usina de Tamakoshi – 650 MW, Usina de Upper Karnali – 900 MW, Usina de Upper Marsyangdi - 600-MW e Usina de Arun 3 - 900-MW. O Banco Mundial está fornecendo assistência técnica para o Conselho de Investimento do Nepal para revisar os estudos de viabilidade dos projetos para avaliar aspectos legais, econômicos, financeiros e técnicos. Todos os quatro projetos são primariamente para exportação, negociarão acordos de compra de energia com compradores internacionais e terão investidores privados identificados pelo governo. Tajiquistão Um grande projeto que está sendo desenvolvido nesse país é a Usina de Rogun, com 3.600 MW de capacidade, no Rio Vakhsh. A concessionária do Tajiquistão, Barki Tojik, planeja contratar consultores para a aquisição de materiais e para a construção da usina. As obras começaram em 1976, mas foram interrompidos quando a ex-União Soviética passou por dificuldades econômicas na década de 80. Turquia A Enerjisa Enerji Uretim A.S. está seguindo em frente no desenvolvimento de sua Usina Alpaslan 2 - com uma capacidade de 204 MW no Rio Murat. O projeto consiste de uma barragem de rocha com centro de argila, vertedouro, dois túneis de energia de 6.3 metros de diâmetro de 160 e 170 metros de comprimento, uma galeria de rede de drenagem e obras de vedação, um ponto de alimentação de energia e uma casa de força. Vietnã A Usina de 2.400 MW Son La, cuja propriedade e operação pertencem a Electricity of Viet Nam, começou a operar comercialmente em outubro no rio. A casa de força contem 6 turbinas tipo Francis alimentadas pela água de uma barragem de concreto de 151 por 100 metros. Essa é a maior de várias usinas em cascata no rio, que inclui as usinas de Hoa Binh (1.920-MW) e os projetos propostos de 1,200 MW Lai Chau, MW Ban Chak e Guoy Kuang. *Elizabeth Ingram é editora senior do HRW-Hydro Review Worldwide. Esse artigo foi preparado utilizando informações publicadas no portal HydroWorld.com, o web-site das revistas HRW e Hydro Review. Para notícias e informações mais recentes, visite www.hydroworld.com. 36 OPINION Asia: A Hot Hydro Market por Elizabeth Ingram* diverting the discharge of various streams along the headrace tunnel alignment. And in early November, State Power Development Corporation of Jammu & Kashmir received environmental approval from India’s Union Ministry of Environment and Forests for the 450-MW Baglihar 2 project. This plant, on the Chenab River, has about 40% of its underground work completed, with above-ground work expected to be finished by the end of 2016. Cambodia Reviews are being planned of four hydroelectric projects in Nepal: 650-MW Tamakoshi, 900-MW Upper Karnali, 600MW Upper Marsyangdi and 900-MW Arun 3. The World Bank is providing technical assistance to the Nepal Investment Board to review feasibility studies of the projects to assess legal, economic, financial and technical issues. All four projects are primarily export-oriented, will negotiate power purchase agreements with international buyers, and have private developers identified by the government. Arquivo Pessoal It seems you can look at nearly any country in Asia and see some sort of hydroelectric development work under way. Several factors feed this trend. First, many countries in the region have significant potential sites for new hydro development. Second, power demand is expected to rise as a result of infrastructure growth and population expansion. Third, hydropower is a clean alternative to more polluting forms of electricity being used, such as coal. And fourth, the need to capture water for municipal and rural consumption and irrigation through construction of dams provides an ideal opportunity to also add a hydroelectric component to the development. Keying into this trend, below are some snapshots of the type of new development work going on in selected countries in Asia. They provide a representative sampling of the overall hydro activity in the region. The 400-MW Lower Sesan 2 project on the Sesan River in Stung Treng province was given the go-ahead by the Cambodian government in early November. Given that as many as 50,000 people could be displaced by creation of the reservoir for this project, Cambodian Prime Minister Hun Sen ordered the developer, a Chinese/Vietnam joint venture, to build new homes and prepare land for resettled residents. China One project that recently began operating is 6,400-MW Xiangjiaba on the Jinsha River in Yunnan Province. In early November, its first turbine began providing power to the country’s grid. Construction of the US$6.3 billion project began in November 2006, and the second of the eight units is undergoing testing. When complete, Xiangjiaba will be the third largest hydro plant in China after 22,500-MW Three Gorges and 13,860-MW Xiluodu. India THDC India Ltd. is working to develop the 444-MW Vishnugad Papilkoti project on the Alaknanda River in Uttarakhand state. The project, which is being financed in part by a US$648 million loan from the World Bank, will feature a powerhouse containing four vertical Francis turbine-generator units. A couple of projects are being built in Himachal Pradesh state. First, the Asian Development Bank and India agreed to a US$315 million loan to help fund the 450-MW Shongtong Karcham plant. The loan is the fourth tranche in an $800 million financing plan called the “Himachal Pradesh Clean Energy Development Investment Program.” Second, NHPC Ltd. is developing 800-MW Parbati 2 on the Parbati River. This is an inter-basin transfer project that is to be augmented by Laos One project under development in this country is 1,285-MW Xayaburi on the lower Mekong River. Project owner Xayaburi Power Company Ltd. expects construction to take eight years and include eight Kaplan turbines, fish passages, low-level outlet gates for sediment flushing and navigation locks. The Andritz Group received an order in late October to supply electromechanical equipment, including the eight turbines, generators and governors and automation systems. Nepal Tajikistan A large project under development in this country is 3,600MW Rogun on the Vakhsh River. Tajikistan utility Barki Tojik plans to hire consultants for procurement and for construction of the project. Work began in 1976 but ceased when the former Soviet Union experienced economic difficulties in the 1980s. Turkey Enerjisa Enerji Uretim A.S. is moving ahead on development of its 204-MW Alpaslan 2 project on the Murat River in Turkey. The project will consist of a clay core rockfill dam, spillway, two 6.3-meter-diameter energy tunnels of 160 and 170 meters in length, a drainage gallery and grouting works, a switchyard and powerhouse. Vietnam The 2,400-MW Son La project, owned and operated by Electricity of Viet Nam, began commercial operation in October on the Da River. The powerhouse contains six Francis-type turbines fed water by a 453 feet by 300 feet concrete dam. This is the largest of a cascade of hydro projects on the river that includes 1,920-MW Hoa Binh and the proposed 1,200-MW Lai Chau, MW Ban Chak and Guoy Kuang projects. Elizabeth Ingram is senior editor of HRW-Hydro Review Worldwide and Hydro Review. This article was prepared using information published on HydroWorld.com, the online portal for HRW and Hydro Review magazines. For the latest hydro news and information, visit www.hydroworld.com. 37 AGENDA/SCHEDULE Eventos em Janeiro Dia 28 e 29 – 3° Edição do EnerGen Latam 2013 Local: Rio de Janeiro Site: www.hydroenergylatam.com.br/ Dia 5 e 8 – Construction Expo 2013 Local: São Paulo Site: www.constructionexpo.com.br/ eventos em Julho Dia 30 e 31 – 12º Fórum Direito de Energia Elétrica Local: São Paulo Site: www.informagroup.com.br Dia 17 a 19 – EnerSolar + Brasil Local: Centro de Exposições Imigrantes – São Paulo/ SP. Site: www.feiraecoenergy.com.br/ Eventos em Fevereiro Dia 17 a 19 – Ecoenergy 2013 Local: São Paulo Site: www.feiraecoenergy.com.br/ Dia 22 – III Congresso Energias Renováveis, Alternativas Ambiente Eficiência Energética 2013. Local: Viseu – Portugal Site: www.congressoenergias.comunidades.net/index.php Dia 27 e 28 – European Pellet Conference 2013. Local: Áustria. Site: www.wsed.at Eventos em Março Dia 6 e 7 – 4º Seminário Internacional de Energia Nuclear Local: Rio de Janeiro Site: www.planejabrasil.com.br. eventos em Agosto Dia 30, 31 e 1 – X I Conferência de Centrais Hidrelétricas – Mercado e Meio Ambiente Local: FECOMÉRCIO – São Paulo/SP Site: www.centraishidreletricas.com.br Dia 20 e 23 – Seminário de Energia & Utilidades Local: Curitiba /PR. Site: www.abmbrasil.com.br/seminarios/energiaeutilidades eventos em Setembro Dia 11 a 13 – AIM Brazil Oil & Gas Asset Integrity Management Local: Rio de Janeiro Site: www.wbresearch.com/aimbrazil Dia 24 a 26 – Hydro Vision Brasil Local: Transamercia Exp Center – São Paulo / SP. Site: www.hydrovisionbrasil.com/en/index.html Dia 12 a 16 – Feicon BATIMAT Local: Anhembi – SP Site: www.construcaobrasil.com.br/portal/2012/04/feicon-batimat-salaointernacional-da-construcao/ Dia 3 a 5 – Brasil Windpower Local: Centro de Convenções Sulamerica – Rio de Janeiro/RJ Site: www.brazilwindpower.org/pt/home.asp eventos em Abril Dia 1 a 5 – Fiee Elétrica 2013. Local: São Paulo Site: www.fiee.com.br Dia 8 a 11 – X XIX SEMINÁRIO NACIONAL DE GRANDES BARRAGENS Local: Porto de Galinhas, PE. Site: www.cbdb.org.br/site/img/37principalProjeto.pdf Dia 25 e 26 – Brazil Energy Frontiers 2013 Local: São Paulo. Site: www.atividadesnucleares.com.br/evento.asp?id=68 eventos em Maio Dia 15 a 17 – 7º Encontro Internacional das Águas Local: Recife, PE. Site: www.unicap.br/aguas/ Eventos em Junho Dia 13 e 14 – SEMEAR: Seminário de Meio Ambiente e Recursos Energéticos Local: Universidade Federal de Itajubá – UNIFEI/EXCEN Site: www.cerpch.unifei.edu.br/semear 38 eventos em Outubro Dia 29; 30 e 31 – IAHR Local: UNICAMP – Campinas / SP. Site: www.latiniahr.org/meeting/ Dia 13 a 16 – X XII Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica Local: Brasília - DF Site: www.xxiisnptee.com.br eventos em Novembro Dia 3 a 8 – 1 4º CBGE – CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA E AMBIENTAL Local: Dependências do CPRM - Serviço Geológico do Brasil - Rio de Janeiro, RJ. Site: www.acquacon.com.br/14cbge/ Dia 5 a 7 – X V FIMAI / SEMAI - Feira Internacional de Meio Ambiente e Sustentabilidade Local: EXPO Center Norte – Pavilhão Azul / São Paulo - SP. Site: www.fimai.com.br/ Dia 17 a 22 – XX Simpósio Brasileiro De Recursos Hídricos Local: Bento Gonçalves-RS. Site: www.abrh.org.br/SGCv3/index. php Juntos, nós podemos transformar ideias inovadoras em energia limpa. Através do constante investimento em pesquisas e da persistência no desenvolvimento de novas soluções, a Parker tem o compromisso com seus clientes de prover as melhores e mais eficientes maneiras de viabilizar ideias e projetos. Para nós, inovar é gerar mais energia com menos recursos, é proporcionar melhores resultados de maneira sustentável e estar sempre à frente; com você. [email protected] www.parker.com.br