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Ano - 13 Revista no 49 ABR/MAIO/JUN - 2011 O alerta que vem da natureza The warning from the nature e mais and more PCH Ninho da Águia é inaugurada no sul de Minas Ninho da Águia SHP opens in the south of Minas Gerais Artigos Técnicos Technical Articles Agenda de Eventos Events Schedule Publicação apoiada pela Associação Internacional de Máquinas Hidráulicas Comitê Diretor do CERPCH Director Committee CEMIG / FAPEPE / IEE-USP / FURNAS / IME / EletrobrAs / ANEEL / MME Comitê Editorial Editorial Committee Presidente - President Geraldo Lúcio Tiago Filho - CERPCH UNIFEI Editores Associados - Associated Publishers Adair Matins - UNCOMA - Argentina Alexander Gajic - University of Serbia Alexandre Kepler Soares - UFMT Ângelo Rezek - ISEE UNIFEI Antônio Brasil Jr. - UNB Artur de Souza Moret - UNIR Augusto Nelson Carvalho Viana - IRN UNIFEI Bernhard Pelikan - Bodenkultur Wien - Áustria Carlos Barreira Martines - UFMG Célio Bermann - IEE USP Edmar Luiz Fagundes de Almeira - UFRJ Fernando Monteiro Figueiredo - UNB Frederico Mauad - USP Helder Queiroz Pinto Jr. - UFRJ Jaime Espinoza - USM - Chile José Carlos César Amorim - IME Marcelo Marques - IPH UFRGS Marcos Aurélio V. de Freitas - COPPE UFRJ Maria Inês Nogueira Alvarenga - IRN UNIFEI Orlando Aníbal Audisio - UNCOMA - Argentina Osvaldo Livio Soliano Pereira - UNIFACS Zulcy de Souza - LHPCH UNIFEI Editorial 03 Editorial Segurança Security 04 O alerta que vem da natureza The warning from the nature Investimento Investment 08 Riqueza de Minas Minas Wealth Pesquisa e Desenvolvimento 14 Researches and Development Novas pesquisas geram desenvolvimento para o setor elétrico brasileiro New researches nourish development in the Brazilian electric sector TECHNICAL COMMITTEE Prof. François AVELLAN, EPFL École Polytechnique Fédérale de Lausanne, Switzerland, [email protected], Chair; Prof. Eduardo EGUSQUIZA, UPC Barcelona, Spain, [email protected], Vice-Chair; Dr. Richard K. FISHER, VOITH Hydro Inc., USA, [email protected], Past-Chair; Mr. Fidel ARZOLA, EDELCA, Venezuela, [email protected]; Dr. Michel COUSTON, ALSTOM Hydro, France, [email protected]; Dr. Niklas DAHLBÄCK, VATENFALL, Sweden, [email protected]; Mr. Normand DESY, ANDRITZ Hydro Ltd., Canada, [email protected]; Prof. Chisachi KATO, University of Tokyo, Japan, [email protected]; Prof. Jun Matsui, Yokohama National University, [email protected]; Dr. Andrei LIPEJ, TURBOINSTITUT, Slovenija, [email protected]; Prof. Torbjørn NIELSEN, Norwegian University of Science and Technology, Norway, [email protected]; Mr. Quing-Hua SHI, Dong Feng Electrical Machinery, P.R. China, [email protected]; Prof. Romeo SUSAN-RESIGA, “Politehnica” University Timisoara, Romania, [email protected]; Prof. Geraldo TIAGO F°, Universidade Federal de Itajubá, Brazil, [email protected]. Expediente Editorial Editor Geraldo Lúcio Tiago Filho Coord. Redação Camila Rocha Galhardo Jornalista Resp. Adriana Barbosa MTb-MG 05984 Redação Adriana Barbosa Camila Rocha Galhardo Fabiana Gama Viana Colaborador Angelo Stano Projeto Gráfico Net Design Diagramação e ArteLidiane Silva Cidy Sampaio Tradução Adriana Candal Estagiária Adélia Oliveira Revisão Isabela Rennó Goulart de Siqueira PCH Notícias & SHP News é uma publicação trimestral do CERPCH The PCH Notícias & SHP News is a three-month period publication made by CERPCH Tiragem/Edition: 6.100 exemplares/issues contato comercial: [email protected] / site: www.cerpch.org.br Av. BPS, 1303 - Bairro Pinheirinho Itajubá - MG - Brasil - cep: 37500-903 e-mail: [email protected] [email protected] Fax/Tel: (+55 35) 3629 1443 2 Curtas News 16 Seminário debate mudanças climáticas e novo Código Florestal Brasileiro Seminar debates climatic changes and the new Brazilian forest code PCH Ninho da Águia é inaugurada no sul de Minas Ninho da Águia SHP opens in the south of Minas Gerais Mudanças climáticas: um tema na ordem do dia Climatic Changes: under the spotlight Artigos Técnicos 19 Technical Articles Opinião 64 Opinion Segurança energética, competitividade e sustentabilidade: diagnóstico setorial Energy Security, competiveness, and sustainability: sectorial diagnosis Pequenas Centrais Hidrelétricas – Buscando um novo paradigma Small Hydropower Plants – Looking for a New Paradigm Previsões otimistas de crescimento da participação da energia eólica em detrimento ao crescimento das PCHs Optimistic predictions regarding the growth of wind energy to the detriment of SHPs Agenda 73 Schedule ISSN 1676-0220 EditORiAl Dear Reader, Prezado Leitor, Nesta edição estamos abordando os impactos que os desastres naturais estão causando no setor elétrico. Impactos esses que nos últimos anos têm sido cada vez maior. Nesse contexto, o setor de energia elétrica está buscando saídas para enfrentar a intensidade e severidade dos fenômenos climáticos. Desta maneira, a palavra de ordem é prevenção. Todos os agentes do setor são unânimes em dizer que o investimento em equipamentos e ações que busquem prever e minimizar os possíveis danos nos setores de geração, transmissão e distribuição de energia são imprescindíveis. Além dos desastres naturais que vêm assolando o setor energético em diversas partes do mundo, outro ponto não menos importante é a segurança energética que também é um grande desafio, uma vez que, no Brasil, é um desafio diário buscar soluções de adequação à legislação ambiental e de inovação. Neste contexto, na coluna opinião, Décio Michellis Jr. enfatiza que apesar das PCHs serem uma fonte alternativa renovável, limpa, sustentável e incentivada, existem dificuldades para legitimar a necessidade e conveniência das PCHs no fornecimento de energia elétrica. Outro ponto importante que abordamos nessa revista é o investimento de Minas Gerais em energias renováveis. Nosso estado, por meio da companhia energética de Minas Gerais – CEMIG, vem se destacando no investimento no setor fazendo com que o estado se evidencie no cenário energético do país. Abordamos, ainda nessa edição, por meio de uma entrevista com o Gerente do Departamento de Gestão Tecnológica da Eletrobras, Luís Cláudio Silva Frade, as ações adotadas pela Eletrobras para incentivo em P&D e eletrificação em comunidades isoladas. Gostaria de ressaltar, que estamos dando continuidade ao processo de reformulação do projeto gráfico e editorial de nossa revista, para tanto, gostaríamos de contar com o apoio e sugestões de nossos leitores e parceiros. Lembrando que nosso objetivo é propiciar uma revista com bons artigos técnicos e matérias de interesse de nossos leitores, para consolidarmos o CERPCH como um centro de referência em hidroeletricidade e outras fontes de energia. Boa leitura! In this edition we are going to talk about the impacts the natural disasters have been causing on the electric sector. Impacts that are getting bigger and bigger. Within this scenario the electric power sector is looking for solutions to face the intensity and severity of these climatic changes. This way, the key-word is prevention. All of the agents of the sector have the same position when they say that the investment in equipment and actions that look for the prevention and mitigation of possible damages in the generation, transmission and distribution sectors are of the utmost importance. Besides the natural catastrophes that have been devastating the energy sectors in several parts of the world, another issue that must be addressed is the energy security, which also represents a huge challenge, given that in Brazil it is a daily challenge to look for solutions aiming at adjustments to the innovation and environmental legislation. Within this scenario, Mr. Décio Michellis Jr. emphasizes that although SHPs are a clean, sustainable, renewable and incentivized alternative source of energy, there are difficulties to legitimize the need and convenience of SHPs in relation to the supply of electric power. Another interesting issue that we dealt with in this magazine is the investment of the State of Minas Gerais in renewable energy. The state, through the Power Company of Minas Gerais, has reached an outstanding position in the energy scenario of the country. We also addressed the actions towards R&D and Electrification in isolated communities taken by Eletrobras in an interview with Mr. Cláudio Silva Frade. I would like to highlight that we are still working on the graphic design and content of this magazine. Thus your support and suggestions are most welcome. Our goal is to provide a magazine with good papers and articles that will interest you, so that CERPCH can keep growing as a reference center for hydropower and other sources of energy. Geraldo Lúcio Tiago Filho Geraldo Lúcio Tiago Filho IAHR DIVISION I: HYDRAULICS TECHNICAL COMMITTEE: HYDRAULIC MACHINERY AND SYSTEMS Enjoy! g O v e r n O f e d e r a l paÍs riCO é paÍs sem pOBreza 3 SEGURANÇA O alerta que vem da natureza "Setor de energia elétrica busca saídas para enfrentar a intensidade e severidade dos fenômenos climáticos. Geração, transmissão e distribuição analisam medidas nas áreas de regulação, pesquisa, segurança e prevenção para minimizar impactos e perdas para o sistema" Por Júlio Santos Arquivo Pessoal 4 um fenômeno severo. Um exemplo é a Eletrobras Eletronorte, dona de grandes ativos hidrelétricos na região Norte do país, a mais sujeita a oscilações sísmicas. Embora o Brasil tenha um dos menores índices de abalos sísmicos da América Latina, a geradora conta com uma rede sismográfica para fazer o monitoramento dos locais onde estão instaladas as usinas hidrelétricas de Tucuruí (PA), Samuel (RO) e Balbina (AM). Fotos: Arquivo Eletrobras Sem grandes controvérsias entre as diversas correntes científicas sobre os estragos que pode provocar, o clima manda um recado para todos. Nos próximos anos, o aquecimento do planeta colocará em risco vidas, negócios e infraestruturas, como a de energia elétrica. Que o digam os impactos causados às redes de transmissão, de distribuição e usinas com o Katrina, nos Estados Unidos; o Catarina, em Santa Catarina; as enxurradas da região Serrana do Rio de Janeiro; e o tsunami, seguido de terremoto, que atingiu Fukushisma, no Japão, afetando as usinas nucleares. O alerta sobre os riscos e ameaças, com o apoio das modernas tecnologias de previsão climática, chega de forma dura e direta: daqui para frente as ocorrências dos fenômenos naturais terão mais frequência, maior intensidade e muito mais severidade. A receita para o setor de energia, seja na geração, transmissão ou distribuição, passa por um conjunto de ações, desde as medidas de prevenção até a criação de um fundo para cobertura das perdas físicas, passando pela regulação, a pesquisa e o investimento na modernização da malha elétrica para suportar, por exemplo, a maior velocidade dos ventos. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), ainda em fase preliminar, tem uma linha de estudo sobre o risco de um evento extremo de precipitação provocar o rompimento de uma barragem, inundando uma área muito grande e causando um número de vítimas alto. Segundo Osmar Pinto Junior, coordenador do Grupo de Eletricidade Atmosférica do INPE, o estudo considera algumas barragens, e será estendido ao longo dos próximos anos para um número maior de hidrelétricas. “A geração também pode ser afetada significativamente, porque as mudanças climáticas podem trazer uma alteração na vazão dos rios que alimentam os reservatórios. Esta vazão média pode ser alterada para valores menores, com isso, diminuindo a geração. Também pode trazer eventos críticos ou severos de precipitação que podem causar grandes inundações, com grandes problemas sociais”, comenta o pesquisador do INPE. Para o presidente da Associação Brasileira de Empresas Distribuidoras de Energia Elétrica (ABRADEE), Nelson Fonseca Leite, a percepção, hoje, é que, nos últimos anos, estes fenômenos acontecem com mais frequência e intensidade. Como o setor elétrico é um dos mais impactados pelas intempéries da natureza, o dirigente considera que seja preciso repensar os padrões de redes atuais. “Temos um padrão de redes predominantemente aéreo, com cabos e postes na superfície sujeitos a ações de ventos e outros fenômenos da natureza. Esses padrões foram desenhados há 50 anos para ventos de até 80 km/h”, ressalta o presidente da ABRADEE. A preocupação, claro, também cabe para o segmento de transmissão, cujos sistemas estão diretamente expostos às variantes climáticas. Aposta na prevenção – Com um quadro de incertezas aberto no painel de controle, as empresas estão preocupadas em avaliar até que ponto as represas estão seguras diante de Segundo a empresa, o processo de instalação das estações sismográficas iniciou-se na fase de construção das usinas, com o objetivo de verificar a existência de atividade sísmica antes do início do enchimento do reservatório. No planejamento da geradora, faz parte o aumento do número de estações instaladas nas usinas e iniciar o monitoramento nas hidrelétricas Coaracy Nunes (AP) e Curuá-Una (PA), e também instalar estações em áreas de futuros aproveitamentos hidrelétricos. A modernização e expansão da rede sismográfica, cujo trabalho de monitoramento é feito em conjunto com a Universidade de Brasília, começou em 2007, quando Tucuruí registrou um tremor de terra mais forte. Para fortalecer a estrutura, a empresa comprou em 2009, 22 conjuntos de equipamentos importados (sismógrafo, sismômetro ou acelerômetro, cabos e instrumentos auxiliares), com investimentos que chegaram a R$ 800 mil. A solução adotada pela empresa permite fazer a coleta dos dados de forma automática. Como é mais do que natural, um incidente como o que atingiu as usinas nucleares de Fukushima, no Japão, em março de 2011, traz o aumento da preocupação com o quesito segurança. No caso das nucleares de Angra 1 e Angra 2, no Rio de Janeiro, tem-se que ressaltar logo de cara uma vantagem: o Brasil está em uma região de baixa sismicidade, enquanto o país asiático está pertinho da borda de placa tectônica. Segundo informações da Eletrobras Eletronuclear, as usinas nucleares de Angra dos Reis foram projetadas para resistir a vários tipos de acidentes. “Mesmo estando numa região com probabilidade muito baixa de ocorrência de eventos sísmicos, o projeto das usinas de Angra, entre outros acidentes externos considerados, leva em security The warning from the nature The electric power sector looks for solutions to face the intensity and roughness of the climatic phenomena. Generation, transmission and distribution analyze measures regarding the areas of regulation, research safety and prevention in order to minimize impacts and system losses. Translation: Adriana Candal Without significant divergences among the several scientific paths on the damages it can cause, the climate sends a message to every single one of us. Within the next few years, global warming will put lives, businesses and infrastructure, such as electric power, at risk. Just look at the damage to transmission distribution power lines and plants caused by Katrina in the USA; Catarina, in the state of Santa Catarina; the landslides in the state of Rio de Janeiro; and the tsunami that hit Fukushisma, in Japan, affecting its nuclear power plants. The warning about risks and threats, supported by modern technologies for climatic forecasts, arrives bluntly and harshly: from now on the occurrence of natural phenomena will be more frequent. They will have more intensity and will be much more severe. The recipe for the electric sector, generation, transmission or distribution, is a set of actions, going from preventing measures o the creation of a hedge fund to compensate the physical losses. It also takes regulation, research and investment in the modernization of the electric power lines to bear, for example, stronger winds, into account. The National Institute for Space Researches (INPE) has an ongoing line of study on the risk of an event with extreme amounts of precipitation cause the collapse of a dam, flooding a significantly large area and having a high number of casualties. According to Mr. Osmar Pinto Junior, coordinator of INPE’s Atmospheric Electricity Group, the study considers some dams and will be extended over the next few years to reach a larger number or hydropower plants. “Generation may also be affected significantly because climatic changes may bring changes in the flows of the rivers that feed the reservoirs. The average flow might be changed for smaller values, reducing the generation. They also might bring serious or harsh precipitation events, causing floods that will result in huge social problems”, comments INPE’s researcher. For the president of ABRADEE (Brazilian Association of Electricity Distributors), Mr. Nelson Fonseca Leite, today’s perception is that over the past years these phenomena take place more frequently and harshly. As the electric sector is suffers the most with nature adversities, the president considers the necessity to rethink today’s network models. “Our predominant model is aerial, with cables and poles on the surface, subjected to the actions of winds and other natural phenomena. These models were designed 50 years ago, aiming at winds of up to 80 km/h,” highlights ABRADEE’s president. The segment of transmission must also be worried, for their systems are directly exposed to climatic variations. Bet on prevention – With a scenario of uncertainties n the control panel, the companies are worried about assessing how the reservoirs are safe facing a rough phenomena. An example is Eletrobras Eletronorte, owner of huge hydropower assets in the northern Region of the country, the most subjected seismic oscillations. Although Brazil has one of the lowest index of earthquakes in Latin America, the generator relies on a seismographic network to monitor the places where the hydropower plants of Tucuruí (Pará), Samuel (Rondônia) and Balbina (Amazon). According to the company the seismographic station installation process started in the construction phase of the plants to check the existence of seismic activities before the reservoir started to be filled. During the planning stage of the generating plant the number of installed stations will be increased and the monitoring will start in the hydropower plants of Coaracy Nunes (Amapá) and CuruáUna (Pará). Also, stations will be installed in areas of potential where hydropower plants may be constructed in the future. The modernization and expansion of seismographic networks, whose monitoring is carried out by the University of Brasília, started in 2007 when Tucuruí recorded a slightly stronger tremor. In order to strengthen the structure, in 2009, the company purchased twenty-two sets of imported equipment (seismographers, seismometers, cables and auxiliary instruments), comprising an investment that reached R$ 800 thousand. The solution adopted by the company allows the automatic collection of data. The issue concerning safety is back under the spotlight after the accident with the nuclear power plants in Fukushima, Japan, in March 2001, which, by the way, was completely natural. In the case of the nuclear plants of Angra 1 and Angra 2, in the state on Rio de Janeiro, on advantage must be highlighted: Brazil is located in a region of low seismologic activity whereas the Asiatic country is considerable close to the rim of a tectonic plate. According to information from Eletrobras Eletronuclear the nuclear plants in the city of Angra dos Reis have been designed to withstand several types of accidents. “Even though the plants are in a region with a considerably low probability of seismic events, Angra was designed to resist, among other external events, the worst earthquake that could occur in the area. The reactor building has concrete and steel barriers designed to resist these types of events. Several systems assure safely the shutdown of the plants after any tremor that may reach the specifications considered in their project,” explains the company. Since 2002, according to Eletrobras Eletronuclear, the Almirante Álvaro Alberto Nuclear Power Plant relies on a seismographic station equipped with modern devices that monitor, identify and analyze local and regional seismologic events. “The station allows the determination of the epicenter, the magnitude, and other characteristics of any seismic event, as well as indicating the level of acceleration in the region of the Plants. These records, together with available seismic catalogues, confirm the low probability of seismic activity in the area,” highlights the company. 5 SEGURANÇA 6 Enquanto a regulação começa a mirar a questão, do lado da tecnologia vem uma boa notícia para ajudar, pelo menos, na prevenção. No mês de agosto, o INPE anuncia oficialmente a criação de uma nova rede que terá como diferencial o fato de detectar e avaliar a severidade das tempestades. A solução vai levantar dados sobre as descargas intranuvens, que estão relacionadas à precipitação. Para Osmar Pinto Junior, do INPE, esta nova rede vai trazer um resultado muito interessante para a geração de energia elétrica e o setor como um todo. “Com ela, será possível distinguir uma tempestade capaz de causar o dano de uma rede elétrica de outra que não seja capaz de afetá-la. Hoje, não sabemos diferenciar isso. Temos que trabalhar com as duas (a outra traz dados das descargas nuvens-terra) como se fosse uma só. Na verdade, apenas 1% das tempestades é o que interessa para o setor elétrico”, explica o pesquisador do INPE. Ação conjunta – Uma vez que os efeitos de uma tempestade, tsunami ou terremoto fogem a qualquer tipo de controle, o caminho apontado passa pela busca constante do conhecimento. O presidente do Conselho Administrativo da Endesa Brasil, Mário Santos, sugere a criação de um grupo ou fórum permanente para analisar a questão, envolvendo as empresas de geração, transmissão e distribuição. “É preciso buscar esta cooperação entre as empresas”, diz o executivo, que por vários anos comandou o Operador Nacional do Sistema Elétrico, vendo de perto os problemas gerados pelo clima nas redes elétricas. Segundo ele, também é preciso cuidar da qualidade dos projetos para evitar problemas. Na mesma linha vai Nelson Fonseca Leite, presidente da ABRADEE, que propõe a criação de um projeto de Pesquisa e Desenvolvimento Estratégico para o setor, na área de mudanças climáticas. O objetivo do projeto, explica o dirigente, é avaliar se o padrão de rede adotado hoje está adequado para os fenômenos climáticos. Com 67 milhões de consumidores conectados às redes das distribuidoras, a ABRADEE também busca a colaboração em outros terrenos. A entidade, por exemplo, quer participar do grupo de trabalho de energia, que existe no Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, responsável por fazer o monitoramento da infraestrutura crítica. Segundo a assessora da coordenadoria de infraestruturas estratégicas do GSI, Regina Maria De Felice Souza, a proposta será analisada na próxima reunião. Ela conta que do grupo de energia, que trata de energia elétrica, petróleo, gás natural e combustíveis renováveis, fazem parte o Ministério de Minas e Energia, a ANEEL e o ONS. Instituições públicas e privadas podem ser agregadas ao grupo. O trabalho, explica ela, visa a identificar e proteger as infraestruturas que, por conta de algum problema, possam provocar danos econômicos, sociais e ambientais, por exemplo. A questão climática está na pauta do grupo de trabalho. “Existem aquelas que se sofrerem um dano, total ou parcial, vão ter um impacto muito grande. Veja o caso da usina de Itaipu, em novembro de 2009, que deixou 18 estados sem energia”, lembra a assessora do GSI, que já tem listado diversas infraestruturas consideradas críticas nas áreas de energia, água, transporte, comunicações e finanças. Ela conta que o governo já trabalha uma proposta para criação da Política Nacional de Infraestrutura Crítica. Entre os países que formam os Brics (os outros são Rússia, Índia e China), o Brasil é o único que não tem Arquivo Pessoal Arquivo Pessoal conta o maior terremoto que poderia ocorrer no sítio. O prédio onde fica o reator nuclear tem barreiras de concreto e de aço dimensionadas para resistir a esses tipos de evento. Diversos sistemas garantem, de forma segura, o desligamento das usinas após qualquer abalo que atinja as especificações consideradas no seu projeto”, explica a empresa. De acordo com a Eletrobras Eletronuclear, desde 2002, a Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto conta com uma estação sismográfica equipada com aparelhos modernos que monitoram, identificam e analisam os eventos sísmicos locais e regionais. “A estação permite determinar o epicentro, a magnitude e as demais características de qualquer evento sísmico, além de indicar o nível de aceleração na região da Central Nuclear. Esses registros, aliados aos catálogos sísmicos disponíveis, confirmam a baixa sismicidade da região de Angra”, ressalta a empresa. No caso das geradoras de energia elétrica, uma grande preocupação diz respeito ao controle e monitoramento de cheias nas bacias onde ficam os reservatórios. As empresas contam com programas específicos para executar esta atividade, em parceria com prefeituras e defesa civil. É o caso da Companhia Energética de São Paulo (CESP), que executa procedimentos para controle de cheias em suas seis usinas hidrelétricas, numa operação realizada de acordo com as diretrizes do ONS. A geradora, por exemplo, conta com um "Comitê de Gestão de Cheias", coordenado pela diretoria de Geração Oeste. Fazem parte do comitê as áreas de meio ambiente, gestão da produção, engenharia e gestão da manutenção, patrimônio imobiliário, comunicação e jurídica. Ele tem como missão estabelecer diretrizes e coordenar ações de prevenção, monitoramento e decorrências dos efeitos das variações das vazões defluentes das usinas da CESP. A empresa tem também o serviço Telecheia, para avisar a população em caso de emergência. Regulação e tecnologia – Além do risco de ceifar milhares de vidas, destruir patrimônios e provocar calamidades públicas, o aumento e a intensidade dos impactos climáticos deixam uma trilha de prejuízos para geradoras, transmissoras e distribuidoras de energia elétrica. Inevitável, a regulação já vem colocando os olhos sobre a questão, inicialmente de forma pontual para algumas ocorrências. “Este é um campo novo, extremamente desafiador e de interesse público. Deve ser fruto de uma soma de esforços de todos os segmentos da sociedade”, aponta José Mário Miranda Abdo, da Abdo & Ellery Consultoria. Ex-diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), Abdo diz que de forma pontual o órgão regulador já vem reconhecendo a cobertura tarifária pelos esforços feitos nas condições de emergência. De acordo com ele, há algum tratamento, em parte pontual, em alguns contratos de concessão na transmissão e no Prodist, que trata dos procedimentos das redes de distribuição. No entanto, acrescenta, ainda se carece de uma abordagem regulatória que seja inclusive embasada em lei para o setor elétrico de forma mais estrutural. “Faz todo o sentido no campo da proposta estrutural que o regulador venha regular um processo de elaboração, de criação de um regulamento específico para catástrofes climáticas na área do setor elétrico”, ressalta o especialista em regulação. No campo estrutural, Abdo aponta como uma alternativa a criação de um fundo nacional de emergência como forma de cobrir os efeitos de uma catástrofe natural nos sistemas elétricos, uma vez que a energia é um serviço essencial para o cidadão. security Fotos: Arquivo Eletrobras As far as electric power generator, a significant there is a significant concern regarding the control and monitoring of the floods in the basins where the reservoirs are located. The companies rely on specific programs to help carry out these activities in a partnership with city halls and civil defense. It is the case of the Energy Company of the state of São Paulo (CESP), which carries out procedures to control floods in its six hydropower plants in an operation that is carried out according to the ONS (Brazilian System Independent Operator) guidelines. The generator, for example, has a "Flood Management Committee”, coordinated by the directory of the West Generation. The areas of environment, production management, engineering, maintenance management, real state heritage, communication and legal participate in the committee. Its mission is to establish guidelines and coordinate actions regarding prevention, monitoring and events caused by the variation of the flows of CESP’s plants. The company also has a service called “Telacheia” to warn the population in case of emergencies. Regulation and Technology – Besides the risks of reaping thousands of lives, destroying heritage and causing public catastrophes, the increase and the intensity of the climatic impacts leave a trail of losses to the electric power generation, transmission ad distributor companies. Inevitable, the regulation has already been looking into the issue, initially dealing with specific parts of some events. “This is a new area, extremely challenging and extremely interesting to the public. It must be the result of the sum of efforts of all of the segments of society,” says Mr. José Mário Miranda Abdo from Abdo & Ellery Consultoria. Former director of ANEEL, Mr. Abdo says that little by little the regulating organ has already started to recognize the tariff coverage due to the efforts at emergency conditions. According to him, some transmission concession and PRODIST contracts already deals with some specific points, regarding distribution network procedures. However, the electric sector still needs a regulatory approach, based on a law, in a more structural way. “It makes a lot of sense in the area of a structural proposal that the regulator comes to regulate the elaboration and creation process of a specific regulation for climatic catastrophes in the electric sector area,” highlights the regulation expert. In the structural area, Mr. Abdo points out the creation of a national emergency fund as an alternative to cover the effects of a natural catastrophe in the electric systems, given that the energy is an essential service to the citizen. While the regulation starts to aim at the issue, there are good new in terms of technology, at least, as far as prevention is concerned. In August, INPE is going to announce, officially, the creation of a new network whose differential is the fact that it detects and assesses the severity of storms. The solution will collect data on the intracloud discharges, related with the precipitation. For Mr. Osmar Pinto Junior, INPE, this new network will bring very interesting results to electric power generation and to the sector as a whole. “With this network it will be possible to distinguish a storm that may cause damage to electric grid from another that is harmless. Today it is impossible to see the difference. We have to work with both of them (the other one brings data on cloudsearth discharges) as they were one. In fact, only 1% of the storms present interest to the electric sector,” explains INPE’s researcher. Joint Action – If the effects of a storm, tsunami or earthquake get out of any sort of control, the path leads to a constant search for knowledge. The president of the Administrative Board of Endesa Brasil, Mr. Mário Santos, suggests the creation of a permanent group or forum to analyze the issue, involving generation, transmission and distribution companies. “It is necessary to look for this cooperation among the companies,” says the executive, who was in charge of the ONS for several years, looking closely at the problems caused to the electric networks by the climate. According to him it is also necessary to take care of the quality of the projects to avoid problems. In the same line of thought, Mr. Nelson Fonseca Leite, ABRADEE’s president, proposes the creation of a project of strategic Research and Development for the sector regarding climatic changes. The objective of the project is to assess if the standard of the grid adopted today is appropriate in relation to the climatic phenomena. With 67 million consumers connected to the distributor networks, ABRADEE also looks for cooperation in other areas. The entity, for example, wants to participate in the energy work group of the Institutional Security Secretariat of the Presidency, which is responsible for the monitoring of critical structures. According to a representative of the GSI, MS. Regina Maria De Felice Souza, the proposal will be analyzed during the next meeting. She says the Ministry of Mines and Energy (MME), ANEEL and the ONS are part of the energy group, which deals with electric power, oil, natural gas and renewable fuels. Public and private institutions can also participate. The work aims at identifying and protecting infrastructures, which due to some sort of problem, may cause economic, social and environmental damage, for example. The climatic issue is a topic the group is working on. “There are those that if they suffer total or partial damage, they will have a significantly large impact. Let us say the case of Itaipú hydropower plant: in November 2009 it caused a blackout in 18 states,” she remembers. She already has a list of several infrastructures that are considered critical in the areas of energy, water, transport, communication and finances. She also says that the government has been working towards the creation of a National Policy for Critical Infrastructures. Among the countries that form the Brics (Russia, India and China) Brazil is the only one that does not have a National Security Plan for Critical Infrastructures. 7 INVESTIMENTO Riqueza de Minas um plano Nacional de Segurança de Infraestruturas Críticas. Tradição de investimento em energias renováveis e empresa comprometida com sustentabilidade tornam Minas Gerais estado de destaque no cenário energético Por Fabiana Gama Viana Quando se pensa em Minas Gerais, qual a primeira imagem quem vem à cabeça? Montanhas? “Também as serras de Minas são belas / E são tão altas que de cima delas / Deus olha a terra”, canta o poeta Gildes Bezerra. O jeito mineiro? “Ele não olha: espia. Não presta atenção: vigia só. Não conversa: confabula. Não combina: conspira. Não se vinga: espera. Faz parte do decálogo, que alguém já elaborou. E não enlouquece: piora. Ou declara, conforme manda a delicadeza. No mais, é confiar desconfiando. Dois é bom, três é comício. Devagar que eu tenho pressa”, descreveu Fernando Sabino. Ou a comida? Como prato principal, torresmo e tutu de feijão; como sobremesa, a goiabada cascão com queijo mineiro. Isso para não esquecer o pão de queijo. Minas Gerais sempre será marcada por sua geografia, seu povo e culinária. Mas de uns tempos para cá, o Estado também será lembrado pela tradição em investir em fontes renováveis de energia. Crescimento das fontes renováveis Internet O 24º Balanço Energético do Estado de Minas Gerais 2009 (ano base 2008), elaborado pela Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG), apontou um aumento significativo das fontes renováveis de energia e o potencial de ampliação da utilização de biocombustíveis no Estado, com destaque para o etanol, bagaço de cana-de-açúcar, carvão vegetal e geração de energia a partir da incineração de resíduos sólidos urbanos. O BEEMG mostrou que 53% da oferta de energia em Minas Gerais têm origem em fontes renováveis, contra 46% no Brasil e 12,7% no mundo. Deste total, 48,8% referem-se à lenha e seus derivados, com larga utilização de carvão vegetal de origem renovável na indústria siderúrgica. Matriz Energética 2007-2030 Em 2007, antes do lançamento do BEEMG, o governo mineiro, através da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (SEDE), encomendou o estudo “Matriz Energética de Minas Gerais 2007-2030”, para levantar as potencialidades, prioridades e fragilidades da matriz energética mineira. Este estudo, desenvolvido por uma equipe de pesquisadores liderados pelos professores Roberto Schaeffer e Alexandre Salem Szklo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e Luiz Augusto Horta Nogueira e Afonso Henriques Moreira Santos, da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), apresentou análises prospectivas de oferta e demanda das diversas fontes de energia no Estado até o ano de 2030, determinando recomendações para planos e programas governamentais e indicando possíveis gargalos e políticas específicas a serem aplicadas no cenário atual, de referência e alternativas. A pesquisa indicou que o forte crescimento da indústria siderúrgica mineira faz com que seja necessário explorar ao máximo o potencial de carvão vegetal no Estado. Da mesma forma, o estudo destacou que Minas Gerais poderá assumir o papel de importador de energia elétrica devido aos altos níveis de expansão da demanda. Dessa forma, os pesquisadores apontaram ser viável, a longo prazo, o uso de tecnologias alternativas, como energia eólica e aquecimento solar direto para aquecimento de água nos setores comercial, de serviços e residencial. O estudo também destacou a importância das políticas de conservação de energia. Os pesquisadores ainda salientaram que Minas Gerais pode se tornar autossuficiente em etanol, produtos florestais e biodiesel, bem como exportador. Para isso, extensas áreas produtivas poderão ser utilizadas para a produção de culturas energéticas (canaviais e eucaliptos), o que deve ser feito a partir de zoneamento agroclimático, sem comprometer a produção de alimentos. Segundo dados do estudo, até 2014, deverão ser implantadas ou expandidas no Estado, 36 plantas industriais com capacidade de moagem de 69,9 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, com capacidade de geração elétrica comercializável de 587,3 MW. A presença da CEMIG Todo esse esforço na diversificação da matriz energética mineira não seria válido se não fosse o preponderante e fundamental papel da Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG), empresa de capital aberto controlada pelo Governo de Minas Gerais. “Ser renovável está no DNA, na origem da CEMIG. Tanto que ainda hoje 98% da energia gerada pela empresa são de origem renovável”, explica Claudio Homero Ferreira da Silva, da Gerência de Alternativas Energéticas da CEMIG. Empresa sustentável Prova disso é que a companhia mineira integra hoje o seleto grupo das empresas mais sustentáveis do mundo, sendo mais 8 INVESTMENT Minas Wealth Tradition of investments in renewable energy and a company committed to sustainability make Minas Gerais a unique state within the energy scenario Translation: Adriana Candal When somebody thinks about the state of Minas Gerais, what is the first thing that comes to mind: the mountains? “The mountains of Minas are also beautiful / And so tall they are / That God looks on Earth from their top,” sings the poet Gildes Bezerra. Is it the “Mineiro Way”1? “He does not look: he glances. He does not pay attention: he just watches. He does not talk: he confabulates. He does not make arrangements: he conspires. He does not look for revenge: he waits. It is part of the Decalogue somebody has already written. He does not go crazy: he gets worse. Or he declares according to politeness. Apart from that, it is to trust mistrusting. Two is good, three is a political meeting. Slowly I have to rush”, described Fernando Sabino. Or is it the food? Main dish, pork crackling and bean with corn flour; for dessert, guava sweet with cheese. Oh, it impossible to forget the cheese bread. Minas Gerais will always be marked by its geography, its people and its cuisine. However, the state will also be remembered for its tradition in investing in renewable sources of energy. The 24th Energy Balance of the state of Minas Gerais (2009 – reference year 2008), elaborated by the Energy Company of the State of Minas Gerais (CEMIG), pointed out a significant rise in the sources of renewable energy and the potential rise in the use of biofuels in the state, mainly ethanol, sugar-cane bagasse, charcoal and the generation of power out of the burning of urban solid residue. The BEEMG showed that 53% of the energy offer in Minas Gerais comes from renewable sources – 46% in Brazil and 12.7% in the world. Out of this amount, 48.8% refers to firewood and its derivatives with a wide use of charcoal from renewable origin in the casting industry. Energy Matrix 2007-2030 In 2007, before the BEEMG was launched, the state government, through the State Secretary of Economic Development (SEDE), ordered the study: “the Energy Matrix of Minas Gerais – 2007 – 2030”. The study would find the potentials, priorities and fragilities of the state energy matrix. This study, developed by a team of researchers led by professors Roberto Schaeffer and Alexandre Salem Szklo (Federal University of Rio de Janeiro - UFRJ) and Luiz Augusto Horta Nogueira and Afonso Henriques Moreira Santos (Federal University of Itajubá - UNIFEI, presented an analyses of offer and demand for several sources of energy in the state until the year of 2030, giving recommendations aiming at government plans and programs and indicating possible obstacles and specific policies to be applied in today’s scenario, reference scenario and alternative scenarios. The research indicated that the strong growth of the casting industry in the state of Minas Gerais makes it necessary to explore the potential of charcoal to the most. Also, the study highlighted that Minas Gerais might take over the role of electric power Internet The growth of renewable sources importer because of the increasing levels of demand. This way, the researches found the use of alternative technologies, such as wind and direct solar heating to heat the water in the commercial and residential sectors, feasible in the long run. The study also highlighted the importance of energy conservation policies. The researchers also pointed out that apart from becoming self-sufficient in ethanol, forest products and biodiesel, Minas Gerais might also become an exporter. For that, huge productive areas may be used for the production of energy crops (sugarcane and eucalyptus), which must be carried out based on an agro-climatic zoning without compromising food production. According to data from the study by 2004, 36 industrial plants with a milling capacity of 69.9 million tons of sugar-cane and a commercializing electric generation capacity of 587.3 MW must be implemented or expanded. CEMIG’s presence All of this effort rowards the diversification of the energy matrix of Minas Gerais would not be valid if it were not for the pivotal role of CEMIG (electric company of the state of Minas Gerais), an open capital company controlled by the state government. “Being renewable is part of our DNA, it is our origin. Today, 98% of the energy generated by the company comes from renewable sources,” explains Mr. Cláudio Homero Ferreira da Silva, from CEMIG’s Alternative Energy Management. Sustainable company Today, CEMIG is part of a small and select group of the most sustainable companies in the world, and once more it is 1 Mineiro is a person who is born in the state of Minas Gerais. The Mineiro Way refers to the way these people behave, i.e., they are peaceful and easygoing but at the same time have a smart and Sharp mind. 9 INVESTIMENTO uma vez, referência no setor de energia elétrica. A empresa está pelo 11º ano consecutivo no Índice Dow Jones de Sustentabilidade (Dow Jones Sustainability World Index) – período de 2010-2011. Este índice avalia e seleciona instituições públicas e privadas de todo o mundo segundo seus resultados financeiros e sua qualidade de gestão, incluindo as atuações ambiental e social. O Dow Jones Sustainability World Index é tido como um índice de grande confiabilidade mundial e referência para os investidores e administradores estrangeiros. A CEMIG figura neste ranking desde quando o índice foi criado, em 1999, e compartilha com o Itaú Unibanco a façanha de serem as únicas empresas brasileiras a marcarem presença em todas as edições do Dow Jones Sustainability Index World. Para integrar esse grupo seleto de empresas, além de sua reconhecida sustentabilidade corporativa e boa relação com acionistas, clientes, funcionários, fornecedores e governo, com transparência, solidez e responsabilidade socioambiental, merecem destaque os projetos pioneiros em fontes renováveis desenvolvidos pela companhia. Usina Solar Em parceria com a fabricante espanhola de painéis fotovoltaicos, Solaria, a CEMIG está investindo na implantação de uma usina de energia solar fotovoltaica, com capacidade de 3 MW, que vai gerar energia suficiente para abastecer até 3 mil residências. Dentro do projeto, estão previstos investimentos de R$ 40 milhões, sendo R$ 25 milhões para viabilizar a construção da usina. O restante será destinado para o estudo da tecnologia solar na geração de energia, os impactos no sistema de distribuição, a durabilidade dos equipamentos, o sistema de proteção contra descargas atmosféricas e as estratégias de compra e venda de energia, além da análise do custo-benefício. Instalada no município de Sete Lagoas, região metropolitana de Belo Horizonte, a usina será uma das primeiras desse tipo conectada à rede de distribuição na América Latina. Sete Lagoas foi escolhida por estar próxima à Belo Horizonte e ao Aeroporto de Confins, por possuir um índice de radiação satisfatório e por concentrar atividades do projeto Cidades do Futuro, no qual a CEMIG está testando a automação de redes de distribuição e modernização no sistema elétrico. Com previsão para ser inaugurada em novembro deste ano, a usina ocupará uma área de 6 hectares, cedida pela prefeitura de Sete Lagoas, e será dividida em três unidades: a maior (com capacidade para 2,5 MW) será comercial, a segunda testará novas tecnologias, como a que será utilizada no Estádio do Mineirão, e a terceira inteiramente voltada para pesquisa. Biomassa para produção de energia Outro projeto de destaque é o de geração de energia elétrica a partir da queima de gases do processo de carbonização da madeira usada para produção de carvão vegetal. Em parceria com a ArcelorMittal Bioenergia, a CEMIG irá investir R$ 8 milhões. Através desse projeto, os gases serão coletados e queimados, passando por uma turbina de queima externa, que fornecerá potência para a geração de energia elétrica. Complementarmente, será realizada a queima de resíduos de biomassa florestal e finos de carvão, em conjunto com os gases de carbonização. Para o desenvolvimento da pesquisa, será utilizada a Unidade de Produção de Energia (UPE) em Buritis, no município de Martinho Campos. Aterro sanitário Iniciativa pioneira em Minas Gerais e uma das primeiras no Brasil, a CEMIG gera e distribui energia produzida a partir do lixo. Através de parceria com a prefeitura de Belo Horizonte e com o grupo italiano Consórcio Horizonte Asja, a empresa comercializa a energia gerada por meio de biogás, composto por metano e gás carbônico, produzido pela decomposição de lixo de aterro sanitário. O projeto é desenvolvido no já desativado Aterro Sanitário BH040, localizado na capital mineira, onde se instalaram a Estação de Aproveitamento de Biogás e uma usina termelétrica. O aterro, que esteve ativo por 20 anos, fornecerá 21 milhões de toneladas de lixo como matéria-prima para a geração de energia. “Ser renovável está no DNA, na origem da CEMIG” entrevista com Claudio Homero – CEMIG de energia e sua preocupação com a responsabilidade socioambiental empresarial. Arquivo Pessoal • Uma longa história ligada à sustentabilidade e ao investimento em fontes renováveis de energia. Esta é a Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG), que figura atualmente entre as empresas mais sustentáveis do mundo. Em entrevista à PCH Notícias & SHP News, Claudio Homero Ferreira da Silva, da Gerência de Alternativas Energéticas da CEMIG, destaca o papel da empresa no setor energético, no Estado de Minas Gerais, seu pioneirismo em projetos de fontes renováveis 10 O que determinou que a CEMIG se tornasse a empresa mais sustentável da América Latina? A CEMIG possui uma longa história associada com a sustentabilidade e sua posição hoje é reflexo do trabalho que toda a empresa realiza neste sentido. Selecionada pelo 11º ano consecutivo para compor a carteira do Dow Jones Sustainability World Index, a CEMIG continua sendo a única empresa do setor elétrico na América Latina a fazer parte desse Índice, desde 1999, quando foi anunciada a primeira edição. É uma das três empresas brasileiras e a única do segmento elétrico da América Latina que integra o seleto grupo do Índice Global Dow, promovido pela Dow Jones Indexes. Além disso, foi selecionada pela 6ª vez consecutiva como componente do Índice de Sustentabilidade da Bovespa e se mantém desde sua criação. Seleção no Índice Carbono Eficiente – ICO2 da BM&FBovespa/BNDES, que leva em consideração as emissões de Gases de Efeito Estufa das empresas. Única empresa do setor de utilities do Brasil a receber o título Prime (B-) pela agência alemã Oekom Research, pela segunda vez consecutiva. Pela transparência de suas demonstrações financeiras, a CEMIG venceu o Prêmio Anefac-Fipecafi-Serasa – Troféu Transparência 2010, na categoria Empresas de Capital aberto com INVESTMENT a reference in the electric energy sector. For eleven years in a row, the company has been part of the Dow Jones Sustainability World Index – 2010-2011 period. This index assesses and selects private and public institutions from all over the world based on their financial results and their management qualities, including environmental and social actions. The Dow Jones Sustainability World Index is considered as a worldwide greatly reliable index and a reference for foreign investors and managers. CEMIG has been positioned in this ranking since the index was created in 1999, and shares with Itaú Unibanco the achievement of being the only Brazilian companies that have been present in all the editions of the Dow Jones Sustainability World Index. In order to be part of this select group of companies, besides CEMIG’s recognized corporative sustainability and good relations with shareholders, clients, employees, suppliers and government with transparence and social and environmental solidity and responsibility, its ongoing pioneering projects using renewable sources must also be highlighted. Solar plant In a partnership with a Spanish photovoltaic panel manufacturer, Solaria, CEMIG is investing in the implementation of a photovoltaic solar energy plant with a 3 MW capacity that with generate enough power to supply up to 3 thousand households. The project forecasts investments ranging about R$ 40 million, out of which R$ 25 million will be used for enabling construction of the plant. The remaining part will be destined to study solar technology aiming at power generation, the impacts on the distribution system, the durability of the equipment, the protection system against atmospheric discharges and the power sales and purchase strategy, as well as the cost/benefit analysis. Installed in the city of Sete Lagoas, metropolitan region of the state capital Belo Horizonte, the pant will be one of the first of the lind connected to the distribution grid in Latin America. Sete Lagoas has been chosen due to its proximity to Belo Horizonte and Confins Airport, because it has a satisfactory radiation index and because it concentrates activities of the project “Cities of the Future”. A project, in which, CEMIG is testing the automation of distribution grids and Electric system modernization. The plant is expected to be open in November. It will cover as area of 6 hectares donated by the City Hall and it will be divided into three units: the largest one (with a 2.5 MW capacity) will be commercial, the second one will test new technologies, such as the one which will be used at Mineirão stadium, and the third one will be entirely used for researching. Biomass for power production Another project that must be highlighted is the generation of electric power through the burning of the gases from the wood burning process used for the production of charcoal. In a partnership with ArcelorMittal Bioenergia, CEMIG will invest R$ 8 million. Through this project, the gases will be collected and burned, passing through and external burning turbine that will supply the power to the generation of electric power. Also, the burning of forest biomass and charcoal particulate residue will be burned together with the carbonization gases. This research will be carried out at an Energy Producing Unit (UPE) in the district of Buritis, city of Martinho Campos. Landfill As pioneering initiative and one of the first in Brazil, CEMIG generates and distributes energy produced out of waste. Through a partnership with Belo Horizonte City Hall and the Italian group Consórcio Horizonte Asja, CEMIG commercializes energy generated through biogas, composed by methane and carbon dioxide, produced by the decomposition of the waste in a landfill. The project is being developed in Landfill BH040, which is already deactivated. The landfill is located in the city of Belo Horizonte, a Biogas Consuming Station and a thermal power plant have been installed. The landfill, which was active for 20 years, will provide 21 million tons of waste as raw-material for energy generation. “Being renewable is part of our DNA, it is our origin” interviewing with Claudio Homero – CEMIG to projects on renewable sources of energy and its concern about socioenvironmental responsibility. Arquivo Pessoal • A long history of sustainability and of investments in renewable sources of energy: this is CEMIG (the energy company of the state of Minas Gerais), which, today, holds an important position among the most sustainable companies in the world. In an interview to PCH Notícias & SHP News, Mr. Claudio Homero Ferreira da Silva, from CEMIG’s Alternative Energy Management, highlights the role of the company in the energy sector and in the state of Minas Gerais, its pioneering character in relation What determined CEMIG to become the most sustainable company in Latin America? CEMIG has a long history associated with sustainability and its position today is the reflex of all the work the company has been carrying out in this sense. Selected for the 11th year in a row to be one of the companies of the Dow Jones Sustainability World Index, CEMIG continues to be the only company of the Latin American electric sector that has been a part of this Index since 1999, when it was created. It is one of the three Brazilian companies and the only one of the Latin American electric segment that integrates the select group of the Dow Global Index, promoted by. Besides, the company was selected for the 6th time in a row as part of the Bovespa Sustainability Index and it has been part of it since the Index was instituted. It was also chosen by the Efficient Carbon Index – ICO2 of BM&FBovespa/BNDES, which takes the emissions of Greenhouses Gases of the companies into account. CEMIG is the only company of the Brazilian utility sector that received the title Prime (B-), awarded by the German agency Oekom Research, for the second consecutive time. Due to its financial transparence, CEMIG received the Anefac-Fipecafi-Serasa Award 2010, in the category of 11 INVESTIMENTO faturamento acima de R$ 8 bilhões. O certo é que esta posição foi conquistada com ações concretas da CEMIG no atendimento dos critérios exigidos pelos índices. Além disso, a geração da empresa é 98% renovável de origem hídrica. • e onde vem essa preocupação e D tradição da empresa em investir em fontes renováveis? “ Entendemos que a segurança energética não é composta por uma solução única, mas sim por um conjunto de opções e soluções tecnológicas que agregam benefícios de sustentabilidade, inserção da solução com contexto local. Ser renovável está no DNA, na origem da CEMIG. Tanto que ainda hoje 98% da energia gerada pela empresa são de origem renovável. A CEMIG faz parte do Minas PCH, cujo objetivo é colocar 400 MW no sistema originado de Pequenas Centrais Hidrelétricas no Estado de Minas Gerais. Já na década de 1980, a empresa mudou o nome de Centrais Elétricas para Companhia Energética. Isto possui uma grande implicação e indica que a empresa, já naquela época, vislumbrava que a sua área de atuação no futuro estaria além da eletricidade em um contexto maior: o contexto dos sistemas energéticos em suas várias fontes e formas de transformação e uso. No atual momento da sociedade, ser sustentável não é uma opção. Trata-se de uma necessidade para se manter no mercado. Sustentabilidade implica ser economicamente viável, ecologicamente correto, socialmente justo e culturalmente diverso. A empresa realiza as mais diversas ações no sentido de atender aos requisitos de sustentabilidade. Claro que para se manter no mercado é necessário que a empresa seja inicialmente economicamente viável, uma vez que sem esta condição as empresas simplesmente não existem. Como grande marcos de investimento em fontes renováveis, podemos citar: 1) A conexão da primeira usina eólio-elétrica ao sistema elétrico brasileiro, com a Usina de Morro do Camelinho em 1994. Hoje conexões deste tipo, além de comuns, são plenamente comerciais; 2) A CEMIG possui 400 projetos de pesquisa e desenvolvimento em seu portfólio. Destes, 40 são em alternativas energéticas, somando um total investido de R$ 100 milhões no período de 1999-2010. Estes projetos abarcam um amplo leque de possibilidades tecnológicas, cujo maior objetivo é viabilizar comercialmente e inovar em soluções em energia, de forma que a empresa ganhe competitividade e consiga reverter em modicidade tarifária em benefício da sociedade; 3) A CEMIG criou os projetos de estádios solares, em que os estádios do Mineirão e do Maracanã possuirão uma cobertura de módulos fotovoltaicos para a geração de energia elétrica; 4) Atualmente, a empresa está com um projeto de implantação de uma Usina Solar Fotovoltaica de 3 MW em Sete Lagoas. Esta instalação será a maior do Brasil desse tipo, além de se constituir em um completo laboratório tecnológico; 5) A CEMIG, em parceria com empresas como ArcelorMittal Bioflorestas e Plantar Energética, está desenvolvendo projetos na área de aproveitamento dos gases de carbonização da madeira para produção de carvão vegetal, gerando eletricidade. Estes projetos podem viabilizar um potencial de 120 MW em geração distribuída nas unidades de carbonização no Estado de Minas Gerais. • Até que ponto as decisões sobre os investimentos da CEMIG focam no aspecto da sustentabilidade? A CEMIG pretende estar, em 2020, entre os dois maiores grupos de energia do Brasil em valor de mercado, com presença relevante nas Américas e líder mundial em sustentabilidade do setor. Essa é a nossa visão e a direcionadora de todas as ações da empresa. Queremos crescer, mas ainda assim nos mantermos lideres em sustentabilidade. • 12 A CEMIG possui como seus principais negócios a geração hídrica e eólica. A geração hídrica é histórica e faz parte do DNA da empresa. Em 2010, com a aquisição dos parques eólicos do Ceará, a CEMIG se tornou dona de 10% de toda a energia eólica instalada no Brasil. A implantação e busca por projetos em PCH continua, e o Grupo CEMIG tem participado de todos as possibilidades de incremento na matriz energética. Dentre as novas possibilidades, vêm despontando a energia solar, energia da biomassa e dos resíduos. Nestes casos, a empresa atua de maneira a prospectar, avaliar, desenvolver e viabilizar de forma técnica e econômica os empreendimentos desta natureza. Além disso, a CEMIG através de uma das empresas do Grupo, a EFFICIENTIA, desenvolve projetos de eficiência energética, possibilitando a conexão de empreendimentos de cogeração em segmentos como, por exemplo, biogás de suinocultores, cogeração de bagaço de cana, cogeração em siderurgia, dentre outros. As áreas citadas acima têm recebido mais atenção por apresentarem resultados potenciais mais promissores e próximos de terem implementação e su-cesso comercial. Mas, de fato, a CEMIG, através da Superintendência de Tecnologia e Alternativas Energéticas e da Gerência de Alternativas Energéticas, está atenta para todas as opções de fontes de energia, transformação e uso. A Gerência realiza estudos de planejamento, cenarização e acompanhamento tecnológico, de forma a se posicionar estrategicamente, sinalizando para a empresa as oportunidades de pesquisa e de negócio. Entendemos que a segurança energética não é composta por uma solução única, mas sim por um conjunto de opções e soluções tecnológicas que agregam benefícios de sustentabilidade, inserção da solução com contexto local. E por isso, devemos estar atentos às mudanças nos cenários futuros de forma a não perder oportunidades de pesquisa e negócio. Dentre os diversos investimentos da CEMIG em energias renováveis, qual área tem merecido mais atenção? Por quê? ” • Quais são os principais desafios energéticos hoje no Estado de Minas Gerais? Os desafios de Minas Gerais estão alinhados com os desafios nacionais e mundiais. Se observarmos uma previsão para o crescimento futuro, em um horizonte até 2030, percebemos que será necessário que o sistema energético tenha a sua disponibilidade dobrada numa pior situação de crescimento. Isto se traduz em desafios: atender a demanda em uma situação de restrição de terra (contra grandes barragens e monoculturas), de recursos (fósseis), de origem cultural (energia nuclear e as suas questões), ambiental (emissão de gases de efeito estufa) e econômica (somente sistemas economicamente viáveis são de fato implementados). Enfim, os desafios são para motivar a sociedade a discutir, a ciência a pensar, a engenharia a trazer tecnologias e soluções e as empresas a construírem este futuro. No fundo, todos serão responsáveis pelos desafios energéticos futuros, uma vez que, num ambiente bastante regulado como é o setor de energia, a posição da sociedade, da academia e do governo se reflete nas ações das empresas e nas restrições à sua atuação no mercado. • De que forma o governo do Estado apoia as iniciativas da CEMIG em investir em fontes renováveis de energia? O governo do Estado de Minas Gerais é o controlador do Grupo CEMIG. A atuação e o posicionamento das suas empresas são um reflexo direto do posicionamento do Governo do Estado juntamente com os demais acionistas. INVESTMENT Open Capital Companies whose income is over R$8 billion. It is right to say that this position was achieved by carrying out concrete actions towards meeting the criteria demanded by the indexes. In addition, the company’s generation is 98% renewable and water-based. • Where do these tradition and concern of the company about investing in renewable sources come from? “ We understand that energy safety is not formed by one solution alone, by a set of technological option and solutions that aggregate sustainability benefits, and the insertion of these solutions into the local context. Being renewable is part of our DNA, it is our origin. Today, 98% of the energy generated by the company comes from renewable sources. CEMIG is part of Minas SHP, whose goal is to supply the system with 400 MW from Small Hydropower Plants in the state of Minas Gerais. In the 1980s, the company changed its name from Power Plants to Power Company. This implies that back at that time, the company already saw itself in the future as part of a greater scenario than electricity only: the scenario of energy systems with its several sources and transformations and uses. Being sustainable today is no longer an option. It is a necessity to remain in the market. Sustainability implies being economically feasible, ecologically correct, socially fair and culturally diverse. The company carries out the most diverse actions aiming at meeting sustainability demands. Obviously, in order to maintain itself in the market, the company needs to be economically feasible, given that without this condition companies simply do not exist. As significant marks of investments in renewable sources we can mention: 1) The connection of the first wind-electric power plant to the Brazilian electric system - Morro do Camelinho Power plant in 1994. Today, besides normal connections, these ones are widely commercial; 2) CEMIG has 400 research and development projects in its portfolio. 40 of them aim at alternative energy, an amount of R$ 100 million invested within the period 1999-2010. These projects encompass a wide range of technological possibilities whose most important goal is commercial feasibility and innovations in terms of energy solutions, so that the company can win competitiveness and can change tariff affordability to the benefit of the society; 3) CEMIG has designed “solar stadiums”, where Maracanã and Mineirão stadiums will receive a cover made of photovoltaic panels aiming at electric power generation; 4) Today, the company has been working on a project to implement a Photovoltaic Solar Power Plant of 3 MW in the city of Sete Lagoas. It will be the largest installation of the kind in Brazil. In addition, the company will build a complete technological laboratory; 5) In a partnership with companies such as ArcelorMittal Bioflorestas and Plantar Energética, CEMIG has been developing projects aiming at generating electricity out of the use of carbonization gases from the wood used to produce charcoal. These projects can create a distributed generation potential of about 120 MW at the carbonization units of the state of Minas Gerais. ” • How far do the decisions about CEMIG’s investments focus on sustainability aspects? By 2020, CEMIG intends to be one of the two largest energy groups in Brazil in relation to market value. It also intends to have a relevant position in the Americas and be a world leader in the sustainability sector. This is the view that guides the actions of the company. We want to grow, but we also want to maintain our leadership in terms of sustainability. • CEMIG’s main businesses lie in the areas of hydropower and wind power generation. Hydropower is our history and is part of the DNA of the company. In 2010, CEMIG purchased the wind power parks in the state of Ceará and became the owner of 10% of the wind power installed generation in Brazil. The implementation and search for SHP projects continues and GRUPO CEMIG has participated in all the possibilities of enhancing the energy matrix. Among the new possibilities, it is possible to highlight solar energy, biomass and residue energy. In these cases, the actions of the company aim at prospecting, assessing, developing and enabling, technically and economically speaking, enterprises in these areas. In addition, one of CEMIG’s companies, EFFICIENTIA, develops energy efficiency projects, enabling the connection of cogeneration enterprises to segments as, for example, swine biogas, sugar-cane bagasse cogeneration in casting plants, among others. The aforementioned areas have been receiving more attention, given that they present more promising potential results, their implementation and their commercial success seems to be more prompt. In fact, CEMIG, through its Superintendence Energy Technology and Alternatives and the Energy Alternative Management, is attentive to all the options of energy sources, transformations and uses. The Management carries out studies on planning, scenario and technological follow-up so as to position itself strategically in order to signal the best research and business opportunities. We understand that energy safety is not formed by one solution alone, by a set of technological option and solutions that aggregate sustainability benefits, and the insertion of these solutions into the local context. That is the reason why we must be attentive to future scenario changes, so that we will not miss business and research opportunities. Among the several CEMIG’s investments in renewable energy, which area has received the most attention? Why? • What are the main energy challenges in the state of Minas Gerais today? The challenges of Minas Gerais are aligned with the national and world challenges. If we observe a growth forecast for the future, let us say, by 2030, it is possible to notice that the energy system will have to double its availability capacity in the worst growth case scenario. This is translated into challenges: meet the demand in a situation of land restrictions (against large dams and monoculture), of resources restrictions (fossil sources), of cultural restrictions (nuclear energy and its issues), of environment restrictions (emission of greenhouse gases) and economic restrictions (only economically feasible systems will be implemented). These challenges come to encourage the society to debate, the science to think, the engineering to come up with technology and solutions and the companies to build this future. Deep down, every single person will be responsible for the energy challenges of the future, given that in an environment that is high regulated such as the energy sector, the positions of the society, the scholars and the government reflects the actions of the Companies and reflects on the restrictions regarding their actions in the market. • How does the government support CEMIG’s initiative to invest in renewable sources of energy? The government of Minas Gerais controls GRUPO CEMIG. The actions and the positioning of their companies are a direct reflection of the State Government’s position and the other shareholders. 13 Pesquisa e desenvolvimento Novas pesquisas geram desenvolvimento para o setor elétrico brasileiro Por Adriana Barbosa Adriana Barbosa Com uma política que objetiva estabelecer diretrizes para nortear as ações ligadas a questões relacionadas ao desenvolvimento sustentável, a Eletrobras vem se estruturando, nos últimos anos, para melhor atender as ações de melhoria da gestão tecnológica no setor elétrico brasileiro. Em entrevista à PCH Notícias & SHP News, o Gerente do Departamento de Gestão Tecnológica da Eletrobras, Luis Cláudio Silva Frade, destacou as ações adotas pela Eletrobras para incentivo em P&D e eletrificação em comunidades isoladas. PCH Notícias & SHP News: Atualmente, qual é o foco de pesquisa, os temas preferenciais para projetos de P&D da Eletrobras? Luis Frade: Temos alguns temas estratégicos em diversas áreas, mas hoje o foco da empresa é se tornar em 2020, a maior empresa de geração de energia limpa com rentabilidade comparável às maiores empresas do mundo. Portanto, a matriz limpa de geração é o nosso maior objetivo. Além desse foco, trabalhamos com várias áreas estratégicas, como geração termossolar, onde pretendemos implantar uma planta no sertão do Nordeste, com concentradores solares. Temos, também, um projeto solar fotovoltaico coordenado pela Eletrosul, para desenvolvermos toda tecnologia no Brasil, já que uma parte dessa tecnologia é importada. Temos um projeto grande de smart grid, que estamos desenvolvendo na ilha de Parintins, na região Norte, por meio de todas nossas distribuidoras, onde em dois anos vamos investir R$ 22 milhões, com o intuito de conhecer e dominar a tecnologia. Estamos, ainda, com projetos na área de nanotecnologia, além de nossas áreas tradicionais que são geração, transmissão, distribuição, planejamento e comercialização. Adicional a essas pesquisas, temos o projeto na área de mobilidade elétrica, onde uma de nossas empresas, a Itaipu Binacional, está desenvolvendo o veículo elétrico, uma vez que acreditamos que smart grid e veículos elétricos vão continuar dentro de nossas pesquisas para os próximos anos. PCH Notícias & SHP News: Quanto é investido pela Eletrobras em projetos de P&D? Luis Frade: Para o ano de 2011, o investimento é de R$ 480 milhões, para 2012, o investimento será de R$ 515 milhões, o que representa um investimento da ordem de meio bilhão de reais para todos os desembolsos da empresa, o que contempla os mandatórios da Lei 9.991/2000 e os do fundo de desenvolvimento tecnológico. PCH Notícias & SHP News: Quais são os incentivos da Eletrobras para projetos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)? Luis Cláudio Silva Frade: É importante que se entenda que hoje a Eletrobras está dividida em duas empresas: uma é a Eletrobras Holding e a outra é a Eletrobras Sistemas, que abrangem as empresas Eletronorte, Furnas, CHESF, Eletrosul, CGTEE, Eletronuclear e Itaipu Binacional. As empresas geradoras, transmissoras e distribuidoras têm a obrigação legal da Lei 9.991/2000 que dispõe sobre realização de investimentos em pesquisa e desenvolvimento e eficiência energética por parte das empresas concessionárias, permissionárias e autorizadas do setor de energia elétrica. Já a Eletrobras Holding possui, ainda, o fundo de desenvolvimento tecnológico, onde ela aloca uma parte de sua receita líquida em projetos de inovação e desenvolvimento. Uma boa parte dessa verba é para manter o nosso centro de pesquisa, que é o CEPEL. Então, são essas fontes de recursos que usamos para o desenvolvimento tecnológico e pesquisas. 14 PCH Notícias & SHP News: Quais são outras ações desenvolvidas pela Eletrobras para a melhoria da gestão tecnológica no setor elétrico brasileiro? Luis Frade: Houve a criação do Departamento de Gestão Tecnológica (DGT) na empresa, para que o mesmo seja o “olhar estratégico” da holding em relação à tecnologia. Eu ocupo esse cargo no DGT há três anos e desde então estamos implantando um planejamento tecnológico, acompanhando os projetos, verificando os resultados, as metodologias, os equipamentos. Esse departamento foi criado para fazer a gestão tecnológica de maneira sistêmica, o que a Eletrobras não tinha até então. PCH Notícias & SHP News: Como estão os projetos de modelos sustentáveis de eletrificação rural com energias renováveis e o de elaboração de propostas de políticas públicas e regulamentos para o uso de energias renováveis desenvolvidos pela Eletrobras? Luis Frade: Tanto a Eletrobras quanto suas empresas possuem uma série de projetos sendo desenvolvidos em diversas áreas, temos projetos em biomassa, aterros, entre outros. Nós fizemos um levantamento de todos os projetos e estamos identificando quais deles poderão ser utilizados dentro do programa Luz para Todos. Assim, vamos aumentar a universalização da energia no Brasil. Há um trabalho em conjunto de diferentes equipes da empresa para inserir essa tecnologia já desenvolvida em pesquisas, nas comunidades que ainda não têm acesso a energia elétrica. researches and development New researches nourish development in the Brazilian electric sector Translation: Adriana Candal PCH Notícias & SHP News: What incentives R&D projects are given by Eletrobras? Mr. Luis Cláudio Silva Frade: It is important to understand that, today, Eletrobras is divided into two companies: one is Eletrobras Holding and the other is Eletrobras Systems. They comprehend companies such as Eletronorte, Furnas, CHESF, Eletrosul, CGTEE, Eletronuclear and Itaipú Binacional. Generating, transmitting and distributing companies are legally obligated (Law 9.991/2000) to invest in research and development and energy efficiency through utilities, permit and authorization holders of the energy electric sector. On the other hand, Eletrobras Holding has the technological development fund, where it allocates part of its net income to innovations and development projects. A significant amount of this fund is used for maintain our research center CEPEL. These are the sources of the resources that we use for technological development and researches. PCH Notícias & SHP News: Today, what is the focus of the researches and the preferential themes of R&D projects of Eletrobras? Mr. Luis Frade: We have a few strategic themes in several areas, but the company is focused on becoming the largest clean generating company, with a profitability similar to the largest companies in the world, by 2020, This way, a clean energy generation matrix is our main goal. In addition, we work with several strategic areas such as solar thermal generation, where we intend to implement a plant with Solar Concentrators in the Northeast. We also have a solar photovoltaic project coordinated by Eletrosul. It aims at developing all of the technology in Brazil, given that part of this technology is imported. We have a huge smart grid project, which we have been developed by our distributors on the island of Parintins, in the north region of Brazil, where we are going to invest R$ 22 million over two years, aiming at apprehending the technology. Also, we have projects in the nanotechnology area, besides our traditional areas that are generation, transmission, distribution, planning and commercialization. In addition to these researches, we have one project on the area of electrical mobility, where one of our companies, Itaipu Binacional, is developing an electric vehicle, once we believe that smart grids and electrical vehicles will continue being part of our researches in the years to come. PCH Notícias & SHP News: What other actions are developed by Eletrobras aiming at improving technological management in the Brazilian electric sector? Mr. Luis Frade: The company created the Technological Management Department (DGT), so it can keep a “strategic eye” at the holding in relation to technology. I have had this position in the DGT for three years and since then we have been implementing a technological planning, monitoring the projects, checking the results, the methodologies, and the equipment. This department has been created to carry out the technological management in a systemic way, which Eletrobras could not do then. PCH Notícias & SHP News: What can you tell us about the projects on rural electrification sustainable models using renewable energy and the projects on the elaboration of public policy proposals and on the regulations for the use of renewable energy developed by Eletrobras? Mr. Luis Frade: Eletrobras and its companies have a series of projects in several areas that are being developed: projects on biomass, landfills and others. We made a list of all of the projects and, now, we are identifying which of them might be used by the program “Light for Everyone”. This way we will increase the universalization of energy in Brazil. There is a joint work with different groups of the company to insert these technologies, which has already been developed, in the communities that still do not have access to electric power. Internet With a policy that aims at establishing guidelines to lead the actions related to sustainable development, Eletrobras has being structuring itself over the past few years in order to meet the desirable actions towards an improvement in the technological management of the Brazilian electric sector. In an interview to PCH Notícias & SHP News, Eletrobras’s Manager of the Department of Technological Management, Mr. Luis Cláudio Silva Frade, highlighted the actions adopted by the company to encourage Research and Development and electrification in isolated communities. PCH Notícias & SHP News: How much does Eletrobras invest in R&D projects? Mr. Luis Frade: Eletrobras is forecast to invest R$ 480 million in 2011 and R$ 515 million is 2012, which represents an investment of half a billion Reais, according to what was established by 9.991/2000 and the technological investment funds. 15 CURTAS Seminário debate mudanças climáticas e novo código florestal brasileiro Seminar debates climatic changes and the new Brazilian forest code Fotos: Camila Galhardo Por Adriana Barbosa Translation: Adriana Candal Cerimônia de abertura do SEMEAR - mesa: Secretária Municipal de Meio Ambiente, Andriani Gonçalves; Vice-prefeito de Itajubá, Laudelino Augusto; Vice-diretor do IRN/UNIFEI, Fernando das Graças Braga da Silva; Secretário Executivo do CERPCH, Geraldo Lúcio Tiago Filho. SEMEAR opening ceremony - board: City Secretary of Environment, MS. Andriani Gonçalves; Deputy Mayor, Mr. Laudelino Augusto; Deputy-Director of IRN/UNIFEI, Mr. Fernando das Graças Braga da Silva; and CERPCH’s executive secretary, Mr. Geraldo Lúcio Tiago Filho. A Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), por intermédio do Centro Nacional de Referência em Pequenas Centrais Hidrelétricas (CERPCH), através do Instituto de Recursos Naturais (IRN), juntamente com a Prefeitura Municipal de Itajubá, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, realizou entre os dias 9 e 10 de junho, o VI Seminário de Meio Ambiente e Energias Renováveis (SEMEAR). No primeiro dia o seminário foi estruturado em três painéis, sendo que o primeiro contou com a participação dos professores Tércio Ambrizzi, da Universidade de São Paulo (USP) e Santiago Cuadra, do Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio de Janeiro (CEFET/RJ) que ministraram palestra sobre o tema mudanças climáticas e os impactos nas florestas. Já o segundo painel abordou o novo Código Florestal, onde a advogada da Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia (ABIAPE), Adriana Coli Pedreira, e o agrônomo da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER/MG), Luiz Paulo da Costa Barbosa, apresentaram as mudanças do novo Código Florestal e seu impacto para o setor elétrico e produtores rurais. No terceiro e último painel, o engenheiro florestal da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, Edinilson dos Santos, e o agrônomo da Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG), Pedro Mendes Castro, apresentaram palestras sobre a arborização urbana e o impacto no clima das cidades. Durante o segundo dia do seminário, foram apresentados 15 trabalhos técnicos dos alunos de graduação e pós-graduação de universidades, sendo que os trabalhos: Análise de viabilidade de potenciais eólicos a partir da pré-prospecção – estudo de caso”, do autor Carlos Adriano Rosa; Influências orográficas para o aproveitamento eólico em reservatórios hidroelétricos, do aluno Rafael Reis; e Análise dos aspectos climatológicos da região sul de Minas Gerais e seus impactos no cultivo de oliveiras, de Aline Fernandes da Silva, foram premiados como primeiro, segundo e terceiro lugar, respectivamente. 16 The Federal University of Itajubá (UNFEI) through the National Reference Center for Small Hydropower Plants (CERPCH) through the Institute of Natural Resources (IRN) together with Itajubá City Hall and the city Secretary of Environment held the 6th SEMEAR (Seminar on the Environment and Renewable Energy). During the first day, the seminar relied on the presentation of three panels: the first one was in charge of professors Tércio Ambrizzi (University of São Paulo – USP) and Santiago Cuadra (Federal Center for Technological Education of Rio de Janeiro CEFET/RJ), who gave a lecture on climatic changes and their impacts of the forests. The second panel approached the new forest code, where lawyer Adriana Coli Pedreira (Brazilian Association of Investors in Self-production of Energy - ABIAPE) and agronomist Luiz Paulo da Costa Barbosa (Company for rural extension and technical assistance - EMATER/MG) presented the changes of the new forest code and its impact on the electric sector and rural producers. The third panel was presented by the engineer of the city hall of Belo Horizonte, Edinilson dos Santos and the agronomist of the Power Company of Minas Gerais (CEMIG), Pedro Mendes Castro. They gave a lecture on urban trees and their impact on city climate. On the second day of the seminar, 15 papers were presented. They were developed by undergraduate and graduate students of the University. The following papers were awarded and the best ones in the seminar: Feasibility analysis of wind potentials based on pre-prospection – case study – Carlos Adriano Rosa; Orographic influences on wind use in reservoirs of hydropower plants - Rafael Reis; and Analysis of climate aspects of the southern region of the state of Minas Gerais and their impact on olive crops - Aline Fernandes da Silva; first, second and third, respectively. Público participante do seminário. The seminar and its participants. news 17 cURtAS pCh ninhO da águia é inaugurada nO sul de minas NiNHo da ÁgUia SHP oPeNS iN tHe SoUtH of miNaS geraiS Adriana Barbosa Por Adriana Barbosa No dia 12 de maio, entrou em funcionamento na cidade de Delfim Moreira, localizada no sul do Estado de Minas Gerais, distante 475 km de Belo Horizonte, a pequena central hidrelétrica Ninho da Águia, usina esta que possui uma potência de 10 MW, vazão de 6,44 m3 e queda de 185m. A inauguração da PCH ratificou a fusão da empresa Energias Renováveis S.A. (ERSA) com a Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), na qual se originou a CPFL Renováveis. Tal ação marcou a entrada em operação de 11 PCHs do portfólio da empresa, sendo 8 empreendimentos instalados em Minas Gerais, totalizando 154,5 MW de potência instalada, com investimentos na ordem de 942 milhões, sendo 660 milhões nos projetos em Minas Gerais. Segundo o co-presidente da CPFL Renováveis, Roberto Sahade, Minas Gerais é um estado privilegiado, com inúmeras oportunidades e alto potencial hidrológico, que o torna bastante interessante para o recebimento de empreendimentos de fontes renováveis, além de um processo moderno e transparente de licenciamento ambiental. Para o prefeito de Delfim Moreira, Carlos Antônio Ribeiro, o principal benefício para o município foi a incrementação da economia local com a geração de empregos e renda para a população, além de benfeitorias para os cidadãos por meio de investimentos nas áreas de saúde e educação. Na ocasião, Roberto Sahade falou sobre os incentivos que as eólicas e biomassas estão recebendo do governo, o que vem fazendo com que as PCHs se tornem pouco atrativas. Roberto acredita que essa fase é temporária e destaca que a CPFL Renováveis possui 512 MW de PCHs em desenvolvimento. “Isso mostra que acreditamos no futuro da PCHs, mas precisamos que o governo e a ANEEL se movimentem rápido para que essa desigualdade de incentivos não gerem prejuízos para as PCHs”, destaca. 18 Translation: Adriana Candal Co-presidentes da Cpfl renováveis, roberto sahade e miguel saad, visitam casa de máquinas da pCh ninho da águia durante inauguração. Co-presidents of CPfl renováveis, mr. roberto Sahade and mr. miguel Saad, visit the powerhouse of Ninho da Águia SHP during the opening ceremony. On May 12th in the city of Delfim Moreira, located in the south of Minas Gerias, the Small Hydropower Plant Ninho da Águia started operating with 10 MW of power, a flow of 6.44 m3 and a head of 185 meters. The SHP opening ratified the fusion between the companies Energias Renováveis S.A. (ERSA) and the Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), where CPFL Renováveis was created. Such action marked the opening of 11 SHPs that are part of the company’s portfolio. Eight of the enterprises are installed in the state of Minas Gerais, totalizing 154.5 MW of installed power. The investment range about R$ 942 million – R$ 660 million invested in projects located in Minas Gerais. According to CPFL Renováveis co-president, Mr. Roberto Sahade, Minas Gerais is a privileged state with a number opportunities and a large hydropower potential, which make the state very attractive in terms of receiving renewable energy enterprises. In addition it has a modern and transparent environmental licensing process. According to the mayor of Delfim Moreira, Mr. Carlos Antônio Ribeiro, the main benefit to the city was the growth of the local economy with the creation of jobs and the rise in the population’s income, as well as benefits for the citizens through investments in the areas of health and education. At the time, Mr. Roberto Sahade talked about the incentives wind and biomass plants have been given by the government, which has made SHPs less attractive. Mr. Sahade believes that this is temporary and highlights that CPFL Renováveis has 512 MW from developing SHPs. “This shows that we believe in the future of SHPs, but we need the government an ANEEL (National Agency for Electric Energy) to move fast, so that this incentive inequality does not cause losses for the SHPs,” he says. Technical Articles Seccion TECHNICAL ARTICLES Estimativa dos impactos energéticos e ambientais atribuída aos coletores solares térmicos nas residências brasileiras...........................................................................................................20 Estimate of the energy and environment impacts attributed to solar thermal collectors in Brazil Rafael Balbino Cardoso, Luiz Augusto Horta Nogueira DIREITO AMBIENTAL NO BRASIL – ANÁLISE DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL DE USINAS EÓLICAS EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE.............................................................................................................25 ENVIRONMENTAL LAW IN BRAZIL – ANALYSIS OF ENVIRONMENTAL LICENSING OF WIND POWER PLANTS IN PERMANENTLY PRESERVED AREAS Cristiano Abijaode Amaral, Adriana Coli Pedreira, Júlia Rechia Bleil HYDROPOWER DEVELOPMENT IN INDIA...............................................................................................................................33 Praveen Saxena, Arun Kumar CARACTERIZAÇÃO DO ESCOAMENTO SOBRE VERTEDOUROS EM DEGRAUS DE DECLIVIDADE 1V: 0,75H.......................................37 FLOW CHARACTERISTICS IN STEPPED SPILLWAYS WITH 1V: 0,75H SLOPE Profa. Dra. Daniela Guzzon Sanagiotto, Marcelo Giulian Marques ESTUDO DOS COEFICIENTES DE VAZÃO DAS COMPORTAS TIPO BASCULANTE (CLAPET) DA BARRAGEM MÓVEL DO RIO TIETÊ........................................................................................................................................................44 Study of discharge coefficients of the flapper gates in the Tiete River Movable Dam Yvone de Faria Lemos De Lucca, Podalyro Amaral de Souza Eletrificação Rural em Santarém: Contribuição das Micro Centrais Hidrelétricas.................................................47 ARTIGOS TÉCNICOS Rural electrification in Santarém: the contribution of micro hydropower Rudi Henri Van Els, Janaina Deane de Abreu Sá Diniz, Josiane do Socorro, Aguiar de Souza, Antonio Cesar Pinho Brasil Junior, Antonio Nazareno Almada de Sousa, Jaemir Grasiel Kroetz Otimização e análise de alternativas de vertedor do tipo labirinto trapezoidal................................................... 52 Optimization and analysis of alternative trapezoidal labyrinth weir Rafael Gustavo Roselli IAHR DIVISION I: HYDRAULICS TECHNICAL COMMITTEE: HYDRAULIC MACHINERY AND SYSTEMS Classificação Qualis/Capes B5 ENGENHARIA III INTERDISCIPLINAR ENGENHARIAS I Áreas de: Recursos Hídricos Meio Ambiente Energias Renováveis e não Renováveis 19 ARTIGOS TÉCNICOS Estimativa dos impactos energéticos e ambientais atribuída aos coletores solares térmicos nas residências brasileiras 1 Rafael Balbino Cardoso, Luiz Augusto Horta Nogueira 2 Resumo O presente estudo estima os impactos energéticos, em termos de economia de energia e redução de demanda de ponta, real e potencial, bem como os impactos ambientais, em termos de redução de emissões de gases do efeito estufa, atribuídos ao uso de coletores solares térmicos no Brasil, em substituição aos chuveiros elétricos. A avaliação da economia de energia, a partir do Método F, foi desagregada em nível regional, para os cálculos das frações solares e distribuição do mercado e, a partir da economia de energia e fator de emissão do sistema interligado nacional, calculou-se as reduções de gases do efeito estufa. Segundo avaliações, o uso de coletores solares térmicos no Brasil geraram economias de energia da ordem de 1.073,2 GWh, o que resulta em cerca de 51.514 tCO2 de redução de emissões de GEE, equivalente a 104 mil barris de petróleo, no ano de 2008 e uma redução de demanda de ponta de 1.220 MW, cerca de 1,5% da demanda máxima registrada nesse ano. Constatou-se, também, que o Brasil utiliza menos de 5% do potencial de energia solar térmica no setor residencial para aquecimento de água. Palavras-chave: fração solar, economia de energia, coletor solar, redução de emissões. Estimate of the energy and environment impacts attributed to solar thermal collectors in Brazil ABSTRACT The present study esteem the energy impacts, in terms of energy saving and reduction of peak demand, Real and Potential, as well as the environmental impacts, in terms of greenhouse gases (GHG) emission reduction, attributed to the use of solar thermal collectors in Brazil, in substitution to the electric showers. The evaluation of the energy saving, starting from the Método F, it was disaggregated in regional level, for the calculations of the solar fractions and distribution of the market and, starting from the energy saving and factor of national system emission, it was calculated the reductions of GHG effect. According to evaluations the use of solar thermal collectors in Brazil generated energy savings of the order of 1,073.2 GWh, what results in about 51,514 tCO2 of GHG emission reduction, equivalent to 104 thousand petroleum barrels, the year of 2008 and a reduction of peak demand of 1,220 MW, about 1.5% of the maximum demand registered on that year. It was verified, also, that Brazil uses less than 5% of the potential of solar thermal energy in the residential sector for water heating. Keywords: Solar fractions, energy saving, thermal solar collectors, emission reduction. 1. Introdução A energia solar é a principal fonte de energia primária disponível em nosso planeta, que permanentemente recebe como radiação solar cerca de 178.000 TW, ainda escassamente utilizada no âmbito do setor energético (Smil, V, 1985). Por ser uma forma renovável de energia e contar com adequados indicadores de viabilidade em diversas aplicações, o uso da energia solar tem se expandido. Segundo Perlin (2005), são várias as aplicações da energia solar, podendo ser dividida basicamente em dois grandes grupos: energia solar ativa e energia solar passiva, como descrito no fluxograma da Figura 1. Energia Solar Ativa Fotovoltaica Passiva Térmica Arquitetura Geração Conexão à Aquecimento Aquecimento Secagem descentralizada rede de água industrial refrigeração e-mail: [email protected], Universidade Federal de Itajubá – UNIFEI/Campus Itabira e-mail: [email protected], Universidade Federal de Itajubá – UNIFEI/Campus Itajubá 1 2 20 FIG. 1: Aplicações da energia solar FIG. 1: Applications of the solar energy TECHNICAL ARTICLES Tabela 1: Novos coletores instalados em 2007 (Sun and Wind Energy, 2008) Table 1: New thermal solar collectors installed in 2007 (Sun and Wind Energy, 2008) País China Área de coletores instalada (mil m²) Potência instalada (MW) 2.300 1.600 Alemanha 840 588 Turquia 700 490 Índia 650 455 Brasil 480 336 Israel 300 210 Grécia 279 195 Áustria 277 194 Espanha 251 176 França 243 170 Austrália 237 166 Japão 230 161 Itália 210 147 Estados Unidos 125 87 7.122 4.986 Total • subsistema de acumulação: seu componente principal é o reservatório térmico, que pode ser também aquecido por uma fonte energética complementar, como eletricidade ou gás, visando garantir o aquecimento auxiliar em períodos chuvosos, de baixa insolação ou quando ocorrer um aumento eventual do consumo de água quente. • subsistema de consumo: compreende toda a distribuição hidráulica entre o reservatório térmico e os pontos de consumo, inclusive o anel de recirculação, quando necessário. É também conhecido como o circuito secundário da instalação. A seleção da tecnologia a ser adotada para os coletores solares depende diretamente da temperatura requerida na aplicação, como mostra a Figura 3 e de considerações de ordem econômica. Assim, para aplicações com pequena elevação da temperatura, como o aquecimento de água para piscinas, podem ser utilizados os coletores planos abertos, isto é, sem uma placa de vidro. Já para o aquecimento de água para banho, com temperaturas da ordem de 40°C, considerada a temperatura de conforto para essa aplicação, quase todos os sistemas utilizados no Brasil adotam coletores planos convencionais fechados, cobertos com uma placa de vidro, que reduzem as perdas em relação aos coletores abertos e melhoram a absorção da radiação solar. Observa-se na Figura 3 que para essa faixa de temperatura, o rendimento dos coletores com tubos evacuados seria mais elevado, contudo, trata-se de uma tecnologia ainda de alto custo, o que justifica o amplo uso dos coletores solares convencionais no país. Aquecimento de piscina Aquecimento para banho Aquecimento de ambiente Aquecimento para processos industriais 100 80 Coletor com Tubo Evacuado Eficiência (%) Nos processos ativos de aproveitamento da energia solar, com atenção especial para a energia solar térmica, utilizada por residências, hotéis etc., são utilizados como dispositivos de conversão de energia os coletores solares, que podem ser padronizados e têm suas características especificadas em função do uso final do fluido térmico, que na maioria dos casos é a água. Particularmente, para o aquecimento de água no setor residencial se destacam os coletores solares planos, que permitem obter benefícios energéticos, econômicos e ambientais para a sociedade, na medida em que esses equipamentos substituem os chuveiros elétricos, um dos maiores consumidores de energia desse setor. Tais coletores solares têm sido utilizados em vários países do mundo, como mostra a Tabela 1, que destaca a área e a potência instalada de coletores solares novos nos diferentes países durante o ano de 2008. Os valores de potência apresentados nessa tabela foram estimados utilizando o valor de referência sugerido pela Agência Internacional de Energia, 700 W/m2 de coletor. 60 Coletor fechado Coletor aberto 40 20 0 20 40 60 80 100 120 140 160 Temperatura (ºC) FIG. 3: Correlação entre tipos de tecnologias de coletores planos e temperatura de operação FIG. 3: Correlation between types of technologies of flat collectors and operating temperature FIG. 2: Esquema simplificado de um sistema de aquecimento solar FIG. 2: Simplified project of a system of solar heating Um sistema de aquecimento solar que utiliza coletores solares térmicos, mostrado esquematicamente na Figura 2, pode ser dividido basicamente em três subsistemas básicos, discutidos a seguir: subsistema de captação: composto basicamente pelos coletores solares onde circula o fluido de trabalho a ser aquecido, as tubulações de ligação entre coletores e entre a bateria de coletores e o reservatório térmico e, no caso de instalações maiores, a bomba hidráulica. O fluido de trabalho normalmente utilizado é a água. O uso de coletores solares bem dimensionados, fabricados corretamente e instalados da forma adequada, em um sistema de aquecimento solar, pode gerar grandes benefícios energéticos para a sociedade (PROCEL, 2008). Importante observar que o desempenho energético de um coletor solar está relacionado com a instalação adequada, a manutenção periódica e a qualidade dos componentes do coletor. Todos esses fatores influenciam sobre a contribuição energética de um coletor instalado em um sistema de aquecimento solar, que deve ser a mais elevada possível, mas em função do clima local e dos condicionantes econômicos é sempre inferior à necessidade energética do consumidor. A relação entre a contribuição do sistema de aquecimento solar (Qsolar) e a demanda mensal de energia (Lmês) é denominada fração solar, que pode ser avaliada em função das condições climáticas 21 ARTIGOS TÉCNICOS locais, temperatura de armazenamento desejada, parâmetros de projeto do coletor solar selecionado e da demanda específica de energia (associada ao nível de conforto requerido pelo consumidor final) (Pereira et al., 2003). Desse modo, a estimativa da fração solar permite identificar o quanto o sistema de aquecimento solar é capaz de suprir da demanda de água quente, estabelecendo uma relação com o grau de conforto entre o sistema de aquecimento solar e o oferecido pelo sistema de aquecimento elétrico. Em sua formulação mais conhecida, a fração solar pode ser determinada por uma equação empírica, proposta por Beckman et alli. (1977), cujos parâmetros são determinados em função das características tecnológicas do coletor, da temperatura ambiente, radiação solar, etc. O método de cálculo desses coeficientes será apresentado adiante na metodologia do trabalho. O presente estudo avalia a economia anual de energia elétrica atribuída ao uso de coletores solares térmicos, em substituição aos chuveiros elétricos, no setor residencial das cinco regiões do Brasil, bem como o seu potencial, utilizando o Método F, da fração solar, assim como os seus impactos relativos à demanda de ponta. Com os valores de economia de energia e de fatores de emissões de gases do efeito estufa do sistema interligado nacional, fornecidos pelo Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT, estimou-se a redução de emissões de gases do efeito estufa – GEE, atribuídas ao uso dos coletores. 2. Metodologia A seguir, são apresentadas as etapas desenvolvidas na avaliação da economia de energia elétrica, redução de demanda de ponta alcançada e redução de emissões de GEE, bem como do potencial ainda disponível associado ao uso de coletores no setor residencial brasileiro, em valores desagregados em nível regional. a) Coleta de dados e informações tecnológicas: Considerando a estimativa dos valores da fração solar e a distribuição de coletores instalados no Brasil, foi efetuado um levantamento de: 1) informações tecnológicas dos coletores solares convencionais utilizados no Brasil (valores médios de FrUL, FR(σα), parâmetros para os coeficientes da equação (1)) junto ao Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE/INMETRO), 2) n úmero de residências com chuveiros elétricos por região, características de uma residência média (no de pessoas, tempo de banho, vazão do chuveiro, etc.), a partir da PNAD/IBGE e hipóteses complementares e, 3) d ados climáticos (temperatura e radiação média mensal) por região, a partir do CPTEC/INPE. Sendo, FX = ( a ⋅ Frul )K ⋅ (100 − tamb ) ⋅ nhm 3, 6 ⋅ ci (3) e, Fy = a ⋅ Fr ( τα)K ⋅ rm ⋅ ndias (4) 3, 6 ⋅ ci com, ( ci = np ⋅ vágua ⋅ c ⋅ tref − tamb ) (5) Para as equações acima, vale a seguinte simbologia: Fai: Fração solar dos coletores das residências médias (.) FX e FY: Coeficientes adimensionais (.) A: Área do coletor de uma residência média (2,5 m²) Nhm: Número de horas do mês (720 horas) FrUL: Coeficiente de eficiência global de troca (produto do fator de remoção e coeficiente global de perdas térmicas do coletor solar, correspondente à inclinação da curva de eficiência térmica instantânea) (W/m².°C) Fr(σα): Fator de remoção de absorção e transmissão (produto do fator de remoção, transmissividade do vidro e absortividade dos coletores, para ângulo médio de incidência da radiação direta) (W/m².°C) Rm: Radiação média diária (J/m²) Np: Número de moradores por domicílio em uma determinada região (.) Vágua: Volume de água consumido por morador (l/dia) c: Calor específico da água (J/kg°C) Tbanho: Temperatura de água do banho (°C) Tamb: Temperatura média ambiente da região no mês considerado (°C) Ndias: Número de dias do mês (.) FDi: Fator de degradação de eficiência do equipamento de idade i (.) O volume de água consumido por morador foi calculado em função da vazão do chuveiro e tempo de banho de cada morador. Assumiu-se que os equipamentos perdem cerca de 20% de sua eficiência linearmente ao longo de sua vida útil, estimada em 10 anos, como mostra a Figura 4. b) Cálculo da fração solar: A partir dos dados coletados, calculou-se a fração solar média anual, pelo método F, de uma residência média de cada região brasileira, supondo que cada residência que possua sistema de aquecimento solar disponha de uma área média de coletor solar de 3 m². Para a determinação da fração solar média anual Fai, de coletores solares, para as residências médias de cada região, foi calculada uma média dos valores médios mensais, de acordo com a seguinte modelagem: 12 ∑F ik FaiK = i =1 12 ⋅ Fdi (1) com, FiK = 1, 029 ⋅ Fy − 0, 065 ⋅ Fx − 0, 245 ⋅ FY2 2 + 0, 0215 ⋅ Fy3 + 0, 0018 ⋅ FX 22 (2) FIG. 4: Fator de degradação de eficiência ao longo da vida útil de coletores solares FIG. 4: Efficiency degradation factor for the period of the useful life of solar collectors TECHNICAL ARTICLES c) Cálculo da economia de energia de cada residência média: Com a fração solar média de cada região do país calculada, estimou-se a economia de energia, e seu potencial, de acordo com as seguintes equações: EE = cEElb − cEEreal (6) Onde: EE: Economia anual de energia de uma residência média (kWh) CEELB: Consumo anual de energia elétrica da linha de base (residência sem coletores solares) (kWh) CEEReal: Consumo anual de energia elétrica do parque real (residências com coletores solares) (kWh) Obs.: Para o cálculo da economia de energia potencial, basta subtrair o consumo potencial anual de uma residência, do consumo da linha de base, ao invés do CEEReal. Para cada residência média (de cada região do país), o consumo de energia elétrica atribuída aos chuveiros elétricos é calculado pela seguinte equação: ( ) cEE = 1 − Fai ⋅ pot ⋅ t ⋅ nk (7) Onde: CEEK: Consumo anual de energia do chuveiro elétrico na residência média na condição k (kWh) Pot: Potência média do chuveiro elétrico (4,5 kW) t: Tempo anual médio de funcionamento do chuveiro (horas) Nk: Número de residências na condição k (milhões) k: Refere-se à hipótese de mercado considerada: Real (número de residências com coletores solares (segundo a ABRAVA)) ou Potencial (número de residências totais (segundo o IBGE)) Tabela 2. Observa-se que embora esses parâmetros dependam fortemente dos condicionantes climáticos, também são afetados pelos dados do setor residencial e do parque de coletores, sendo assim estabelecidos para um ano específico, no presente estudo, o ano de 2008. Tabela 2: Frações solares médias para as regiões brasileiras (2008) Table 2: Average solar fractions in the Brazilian regions (2008) Região Fração solar média (Fai) Sul 62,8% Sudeste 72,1% Centro-Oeste 82,1% Nordeste 88,3% Norte 77,4% A área total de coletores solares instalados no Brasil, no ano de 2008, foi estimada pela ABRAVA (2009) em 4,05 milhões de metros quadrados. A distribuição desta área por região do país está representada na Figura 5, estimada de acordo com as vendas informadas por essa instituição. Assumindo uma área média de 3 m² de coletores solares por residência do país, estimou-se que o número total de residências com coletores solares no país, no ano de 2008, era de aproximadamente 1,35 milhões, correspondente à apenas 2% dos 60,9 milhões de domicílios existentes no país. A distribuição estimada do número de residências com coletores solares para as diversas regiões do Brasil é apresentada na Tabela 3. d) Cálculo da redução de demanda de ponta de cada residência média: Com a economia de energia estimada, para cada residência média de cada região do Brasil, foi possível estimar a redução de demanda de ponta, de acordo com a seguinte equação: rdp = nk ⋅ rmp ⋅ Fcp (8) Onde: RDP: Redução de demanda de ponta (kW) RMP: Redução média de potência (Potência do chuveiro (4,5 kW) – Potência auxiliar (1,5 kW)) FCP: Fator de Coincidência de Ponta (30%, segundo CEPEL (2005)) e) Cálculo da redução de emissões de GEE: Com a economia de energia estimada e com informações sobre os fatores de emissão de GEE do sistema interligado nacional, fornecidas pelo MCT, estimou-se a redução de emissão de GEE, atribuída ao uso de coletores solares térmicos, através da seguinte equação: rE = EEk ⋅ FE (9) Onde: RE: Redução de emissão de GEE (tCO2) FE: Fator de emissão do Sistema Interligado Nacional – SIN (0,048 tCO2/MWh (MCT (2009)) 3. R esultados de Economia de Energia, RDP e Redução de Emissões Com as informações tecnológicas, caracterização das residências, informações climáticas e perda de desempenho dos coletores, estimaram-se as frações solares médias anuais para cada residência média de cada região do país, como mostra a FIG. 5: Área de coletores solares instalada nas residências brasileiras FIG. 5: Area of solar thermal collectors installed in Brazilian households Tabela 3: Distribuição regional das residências brasileiras com coletores solares em 2008 Table 3: Regional distribution of the Brazilian households with solar collectors in 2008 Residências (mil unidades) Região Sul 240 Sudeste 930 Centro-Oeste 120 Nordeste Norte 60 6 Com as frações solares médias, de cada residência média (com 4 pessoas) de cada região do país, o número de residências de cada região e com um tempo médio anual de operação dos chuveiros elétricos estimado em 244 horas (10 minutos/pessoa/ dia), segundo o PROCEL (2007), foi possível avaliar as economias de energia e a redução de demanda de ponta, atribuídas ao uso de coletores solares térmicos, no ano de 2008, conforme mostrado, na Tabela 4. 23 ARTIGOS TÉCNICOS Tabela 4: Economia de Energia e Redução de Demanda de Ponta em 2008 Table 4: Energy saving and reduction of peak demand in 2008 Região Economia de Energia (MWh) Redução de Demanda de Ponta (MW) Sul 165.491 216 Sudeste 736.242 837 Centro-Oeste 108.175 108 58.172 54 Nordeste Norte Brasil 5.099 5 1.073.179 1.220 O potencial de economia de energia e redução de demanda de ponta em 2008, caso todas as residências possuíssem coletores solares, era de 18.656,2 GWh e 54.810 MW (metade de toda potência instalada hoje no Brasil), respectivamente. Com os valores de economia de energia, estimou-se os impactos ambientais em termos de redução de GEE. Segundo estimativas, o uso de coletores solares térmicos nas residências brasileiras, contribuíram para uma redução de cerca de 51.514 tCO2, em 2008. Esse valor equivale à emissão de queima de 104 mil barris de petróleo, admitindo que cada barril de petróleo cru emita cerca de 0,48 tCO2, quando queimado, de acordo com (Schaeffer et.all, 2009). O potencial de redução de emissões de GEE, em 2008, era de 895.306 tCO2, valor equivalente à queima de cerca de 1,8 milhões barris de petróleo. 4. Conclusões Empregando o método da fração solar, foi possível calcular a economia de energia e a redução de demanda de ponta, atribuída ao uso de coletores solares térmicos, em substituição aos chuveiros elétricos, de cada região do país. Segundo estimativas, apenas 2% de suas residências possuíam coletores solares térmicos no ano de 2008. Esses coletores beneficiaram ao país uma economia de energia elétrica de 1.073,2 GWh e uma redução de demanda de ponta de 1.220 MW, cerca de 1,5% da demanda máxima registrada em 2008. O potencial de economia de energia e redução de demanda de ponta em 2008, caso todas as residências possuíssem coletores solares, era de 18.656,2 GWh e 54.810 MW (metade de toda potência instalada hoje no Brasil), respectivamente. Oportunamente, esses últimos valores devem ser revisados, especialmente com relação ao fator de coincidência de ponta, que possivelmente é inferior ao valor adotado. ANOTAÇÕES 24 Segundo estimativas, o uso de coletores solares térmicos nas residências brasileiras, contribuíram para uma redução de 51.514 tCO2, em 2008. Esse valor equivale à emissão de queima de 104 mil barris de petróleo. O potencial de redução de emissões de GEE, em 2008, era de 895.306 tCO2, valor equivalente à queima de cerca de 1,8 milhões barris de petróleo. 5. Referências • ABRAVA, Associação Brasileira de Refrigeração, Arcondicionado, Ventilação e aquecimento, disponível em <http://www.abrava.com.br> Acessos a partir de abril de 2008. • Beckman, W.A., Klein, S.A., Duffie, J.A., Solar Heating Design: By the F-Chart Method, John Wiley, New York, 1977. • CPTEC/INPE, Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos, disponível em www.cptec.inpe.br, Acesso em 12/01/2010. • MCT, Ministério da Ciência e Tecnologia, Fatores de emissão do sistema interligado nacional, média de 2008, 2009. • PBE/INMETRO, Programa Brasileiro de Etiquetagem/ Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial, 2009. <www.inmetro.gov.br.> Site acessado em 12/07/2009. • Pereira, E.M.D. et al., “Energia Solar Térmica”. In: Fontes Renováveis de Energia do Brasil. Interciência: CENERGIA, Rio de Janeiro, 2003. • Perlin, J. (2005). “The History of Solar Energy. Solar Evolution”, Disponível em: www.californiasolarcenter.org/ history_solarthermal.html. Acessado em julho de 2008. • PNAD/IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, ano base 2008, 2009. • PROCEL, “Avaliação dos Resultados do PROCEL 2007”, Eletrobrás, DTD/DTDO, Rio de Janeiro, 2008. • PROCEL, “Pesquisa de Posse e Hábitos de uso no setor residencial, ano base 2005”, Eletrobrás, DTD/DTDO, Rio de Janeiro, 2007. • Schaeffer, R, Szklo, A., Castelo Branco, D., Cunha, D., Costa, I. “Cenários futuros de baixa emissão de carbono nas cadeias de produção de combustíveis fósseis (downstream).” Banco Mundial, 2009. • Smil, V., General Energetics: energy in the biosphere and civilization, John Wiley, New York, 1991. • Sun and Wind Energy, “World map of solar thermal industry”, vol. 6, 2008, disponível em <www.sunwindenergy.com>. TECHNICAL ARTICLES DIREITO AMBIENTAL NO BRASIL – ANÁLISE DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL DE USINAS EÓLICAS EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE Cristiano Abijaode Amaral, 2 Adriana Coli Pedreira, 3 Júlia Rechia Bleil 1 RESUMO A matriz de energia elétrica brasileira é predominantemente renovável. De acordo com o Banco de Informações de Geração (BIG), da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), a hidroeletricidade é responsável pela geração de 67,31% da energia do país. A geração complementar advém na maior parte de combustíveis fósseis, que têm seu uso questionado quando se trata de qualidade ambiental e mudanças climáticas. A geração de energia hidrelétrica, apesar da abundância, possui limitações físicas, socioeconômicas e ambientais. Dessa forma, é essencial o desenvolvimento de tecnologias alternativas, proporcionando segurança no fornecimento de energia elétrica e a manutenção da matriz limpa. Entre as tecnologias alternativas disponíveis a geração de energia eólica ganha destaque nacional e mundialmente. No Brasil, o último leilão de fontes renováveis em agosto de 2010, teve a energia produzida pelas usinas de bagaço de cana (biomassa) comercializadas em média a R$ 144,20 MWh, a energia eólica – a mais barata – comercializada a R$ 130,86, e a das pequenas centrais hidrelétricas (PHC) a R$ 141,93 o MWh. As usinas eólicas foram responsáveis por 70% do leilão, tendo assim uma previsão de quintuplicar sua capacidade instalada até 2013. O Brasil possui grande potencial a ser explorado (143.000 MW estimado), contudo, apesar das atratividades, a energia eólica, enfrenta desafios, um deles é devido ao fato do maior potencial eólico do país encontrar-se em áreas de preservação permanente e áreas consideradas como patrimônio nacional submetidas a regimes especiais de proteção. Este trabalho objetiva averiguar se as questões regulatória, jurídica e ambiental significam um entrave à efetiva inserção da geração de energia eólica no Brasil. O estudo analisa o processo de licenciamento ambiental de usinas eólicas, em especial aquelas implantadas em áreas de preservação permanente (APPs) e Zonas Costeiras. A metodologia consistiu na pesquisa do arcabouço normativo, decisões judiciais, doutrina jurídico-ambiental, e entrevistas com órgãos e empreendedores, a fim de identificar as lacunas jurídicas e regulatórias ou a ineficácia na aplicação das normas existentes. Verificamos que o Código Florestal e Resoluções do Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA conferem viabilidade legal à implantação de usinas eólicas nestas áreas de proteção ambiental em casos excepcionais, devendo ser comprovada a inexistência de alternativa locacional e caracterização do empreendimento como de utilidade pública. Entretanto, apesar de vasta previsão legal sobre competência dos órgãos licenciadores, o tipo de estudo de impacto ambiental a ser exigido, na implantação de obras de infraestrutura, impasses judiciais e administrativos têm ocorrido, pois esses empreendimentos estão sendo implantados em áreas de sensibilidade ambiental no Brasil. Desta forma, é essencial o estabelecimento de um marco regulatório claro e objetivo de modo a compatibilizar a implantação de usinas eólicas no Brasil com a conservação do meio ambiente, trazendo segurança jurídica e viabilidade econômica a estes projetos. Dentre as conclusões, destacamos: compete aos órgãos estaduais o licenciamento de usinas eólicas em APPs; a Avaliação de Impacto Ambiental demandada nestes casos poderá ser o Relatório Ambiental Simplificado (RAS) considerando o pequeno potencial de impacto ambiental desses empreendimentos; devido à singularidade das áreas de proteção ambiental poderão ser exigidos estudos específicos que detalhem o impacto em dunas, morros, montanhas, vegetação de restinga ou zona costeira e, há conflito de competência quando os empreendimentos são implantados em zona costeira e APP concomitantemente, sendo essencial a regulamentação da Constituição Federal do Brasil por intermédio de lei complementar evitando a judicialização e paralização dos processos de licenciamento de eólicas no Brasil. Palavras-Chave: Usinas Eólicas, Licenciamento Ambiental, Áreas de Preservação Permanente. ENVIRONMENTAL LAW IN BRAZIL – ANALYSIS OF ENVIRONMENTAL LICENSING OF WIND POWER PLANTS IN PERMANENTLY PRESERVED AREAS ABSTRACT The Brazilian electric energy matrix is mostly renewable. According to the Generation Information Base (BIG) of the Brazilian Electricity Regulatory Agency (ANEEL), hydroelectricity is responsible for 67.31% of the country’s energy. The additional generation comes mostly from fossil fuels, whose use is questioned when it comes to environmental quality and climate change. Despite its abundance, hydroelectric power generation has physical, socioeconomic and environmental limitations. Thus, it is essential to develop alternative technologies, providing security in the supply of electric energy and the maintenance of a clean matrix. Among the Engenheiro civil, especialista em projetos e construções de Pequenas Centrais Hidrelétricas; Mestre em Ciências e Técnicas Nucleares, ênfase em planejamento energético e Bacharel em Direito. Atualmente é Vice-Presidente da Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia – ABIAPE – endereço: SCN Qd 04, Edifício Centro Empresarial Varig, Sala 101, CEP 70310-500, Brasília-DF, Telefone: (61) 3326-7122 – e-mail: [email protected] 1 Civil engineer, specializing in projects and construction of small hydroelectrical power plants, Master of Science and Nuclear Techniques, an emphasis on energy planning and Bachelor of Laws. He is currently Vice-President of the Brazilian Association of Investors in Electric Energy Self-Production – ABIAPE – Address: SCN Qd 04, Edifício Centro Empresarial Varig, Sala, 101, CEP 70310-500, Brasília-DF, Telephone: (61) 3326-7122 – e-mail: [email protected] 2 Advogada, Graduada em Direito, mestre em engenharia da energia e aluna do curso de especialização em Direito Ambiental. Atualmente é Coordenadora Socioambiental da Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia – ABIAPE e Assessora Técnico-jurídica do Fórum de Meio Ambiente das Associações do Setor Elétrico – endereço: SCN Qd 04, Edifício Centro Empresarial Varig, Sala 101, CEP 70310-500, Brasília-DF, Telefone: (61) 3326-7122 – e-mail: [email protected] 2 Lawyer, Master in Engineer of energy and student in specialization in environmental law. Today’s Environmental Coordinator of the Brazilian Association of Investors in Electric Energy Self-Production – ABIAPE and Technical and Legal Assistant of the Environment Forum of the Brazilian Electrical Sector - Address: SCN Qd 04, Edifício Centro Empresarial Varig, Sala, 101, CEP 70310-500, Brasília-DF, Telephone: (61) 3326-7122 – e-mail: [email protected] 3 Aluna do 5° ano do Curso de Ciências Jurídicas e estagiária Socioambiental da Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia – ABIAPE – endereço: SCN Qd 04, Edifício Centro Empresarial Varig, Sala 101, CEP 70310-500, Brasília-DF, Telefone: (61) 3326-7122 – e-mail: [email protected] 3 Student in Law and Environmental trainee of the Brazilian Association of Investors in Electric Energy Self-Production – ABIAPE - Address: SCN Qd 04, Edifício Centro Empresarial Varig, Sala, 101, CEP 70310-500, Brasília-DF, Telephone: (61) 3326-7122 – e-mail: [email protected] 1 25 ARTIGOS TÉCNICOS alternative technologies available, wind power is the one that has been gaining prominence, domestically and internationally speaking. In the last auction of renewable sources held in August 2010 in Brazil, the energy produced by the plants of sugarcane bagasse (biomass) was traded at an average of R$ 144.20 MWh; wind energy, which was the cheapest, was traded at R$ 130.86, and the energy from small hydropower plants (PCH), at R$ 141.93 MWh. The wind power plants accounted for 70% of the auction, which resulted in a plan for increasing its installed capacity by fivefold, by the year 2013. Brazil has great potential to be explored (estimated 143,000 MW), yet despite being appealing, wind energy still face some challenges. One of them is due to the fact that most potential areas for such energy are found in permanently preservation areas and areas considered national assets, subject to special protection measures. This study aims to investigate whether the regulatory, legal and environmental issues are considered an obstacle to an effective inclusion of wind power generation in Brazil. The study examines the process of environmental licensing of wind power plants, especially those established in permanently preservation areas (APPs) and Coastal Areas. The research methodology consisted of normative framework, judicial decisions, legal and environmental doctrine, and interviews with agents and entrepreneurs in order to identify gaps in the regulatory acts or the inefficacy in the application of existing norms. We observed that the Forest Code and the Resolutions of the National Environment Council – CONAMA – confer legal feasibility to the establishment of wind power plants in these protection environmental areas in exceptional cases when it has been proved that there is no other option in terms of location, and that the enterprise is characterized as a public utility. However, despite extensive legal provision regarding the jurisdiction of the licensing agencies and concerning the type of environmental impact study to be required in the implementation of infrastructure works, judicial and administrative impediments have been occurring because these ventures are being established in environmentally sensitive areas in Brazil . Thus, it is essential to establish a clear and objective regulatory framework so as to make compatible the establishment of wind farms in Brazil and the protection of the environment, bearing in mind the legal standards and the economic viability of these projects. Among the findings of this study, we can highlight the following: the State agencies are responsible for the licensing of wind power plants in APPs; the Environmental Impact Assessment required in these cases may be the Simplified Environmental Report (RAS), since the environmental impact of these enterprises is small; due to the uniqueness of the environmental protection areas, specific studies that detail the impact on dunes, hills, mountains, salt marsh vegetation or coastal areas may be required; there is conflict of jurisdiction when the projects are located in the Coastal and APP areas concomitantly, so it is essential that the regulations of the Brazilian Federal Constitution may be amended through complementary law in order to avoid the interruption of legal licensing processes concering wind power plants in Brazil. KeyWords: Wind Power Plants, Environmental Licensing, Permanently Preserved Areas. 1. INTRODUÇÃO A matriz de energia elétrica brasileira é predominantemente renovável. De acordo com o Banco de Informações de Geração (BIG), da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), a hidroeletricidade é responsável pela geração de 67,31% da energia do país. A geração complementar, entretanto, advém na maior parte de combustíveis fósseis. Contudo, apesar da abundância de recursos hídricos constantes no Brasil, a geração de energia hidrelétrica possui limitações físicas, socioeconômicas e ambientais. Dessa forma, é essencial o desenvolvimento paralelo de tecnologias alternativas, proporcionando segurança no fornecimento de energia elétrica e a manutenção de uma matriz limpa. No Brasil, a crescente demanda no consumo de energia devido ao desenvolvimento econômico e ao crescimento populacional resultam na necessidade de acréscimo constante da geração de energia elétrica. Essa demanda vem sendo acompanhada por uma preocupação mundial com os impactos ambientais decorrentes dos combustíveis fósseis, que representam atualmente cerca de 80% da energia consumida no mundo (Análise Energia, 2009). Além da questão ambiental, outra preocupação decorrente da utilização de carvão, petróleo e gás natural na geração de energia, é a de que essas fontes são finitas e estão inseridas com destaque nas discussões sobre mudanças climáticas. A necessidade de substituir os combustíveis fósseis, então, colocou em evidência as chamadas fontes renováveis ou alternativas de energia com capacidade de se recompor. Entre as tecnologias alternativas disponíveis no mercado, a geração de energia por meio dos ventos vem ganhando destaque nacional e mundialmente. No Brasil, o último leilão de fontes renováveis realizado em agosto de 2010, teve a energia produzida pelas usinas de bagaço de cana (biomassa) comercializadas em média a R$ 144,20 MWh, a energia eólica – a mais barata – comercializada a R$ 130,86, e a das pequenas 26 centrais hidrelétricas (PHC) a R$ 141,93 o MWh. Em destaque, as usinas eólicas foram responsáveis por 70% do leilão, tendo assim uma previsão de quintuplicar sua capacidade instalada no Brasil. O setor hoje tem 744 megawatts (MW) de capacidade instalada, 1.806 MW em processo de instalação, e terá mais 2.047 MW até 2013, resultado dos contratos fechados nos leilões, totalizando 4.597 MW (Ambiente Brasil, 2010). A escolha para a diversificação da matriz energética deve ter como foco as vantagens comparativas e especificidades de que dispõe o país. A energia eólica: renovável, possui como “combustível” o vento, recurso natural abundante, gratuito e não emitente de poluentes atmosféricos na sua produção – por si só, traz vantagens energéticas e socioambientais. O Brasil possui condições climáticas bastante favoráveis à produção de energia eólica, tendo como potencial estimado 143.000 MW (LACERDA, 2009). As usinas eólicas compreendem, ainda, uma alternativa para as demandas energéticas emergenciais, visto que o tempo necessário para a implantação das fazendas é curto (LUDMER, 2009). Ademais, após a construção das torres, é possível utilizar o terreno para outros fins, a exemplo da agricultura e da pastagem. Outra vantagem é a contrassazonalidade entre as fontes eólica e hidráulica que asseguraria ao Brasil atender sua demanda de energia por meio de fontes limpas. As usinas eólicas representam uma capacidade virtual de armazenamento das hidrelétricas (VEIGA, 2009). Em verdade, o verão, época para os melhores ventos, é justamente o período de poucas chuvas, o que diminui o reservatório das hidrelétricas. Assim, seria possível, com alta produtividade eólica, diminuir a produção hidráulica – de possível controle, e despejar a energia dos ventos direto na rede e, então, os dois modos de produção se complementariam (SIMÕES, 2010). Apesar da potencialidade do Brasil para desenvolver tal energia, e dos benefícios que esta traria com a sua inserção na matriz elétrica, somente uma parte irrisória de nosso potencial é hoje utilizada. Segundo o Laboratório de Instrumentação TECHNICAL ARTICLES Meteorológica do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), o Brasil, atualmente, utiliza menos de 1% da tecnologia eólica, e o pouco aproveitamento desse potencial se dá principalmente em razão de dois fatores: o econômico e o cultural. Ocorre que, apesar das atratividades supracitadas, a energia eólica, como as demais fontes de energia renovável, enfrenta vários desafios. Além da necessidade de incentivos governamentais, leilões específicos, questão tarifária e fabricação de equipamentos nacionais, a implantação de energia eólica no país necessitará também de um marco regulatório ambiental específico, uma vez que as regiões onde os potenciais eólicos atingem seus maiores valores, são consideradas pela legislação ambiental do Brasil áreas de preservação permanente ou áreas do patrimônio nacional, submetidas a regimes especiais de proteção. Este trabalho objetiva averiguar se a questão regulatória, jurídica e ambiental significa um entrave à efetiva inserção da geração de energia eólica em nossa matriz elétrica. Para tanto, será analisado o licenciamento ambiental de usinas eólicas no Brasil, em especial aquelas implantadas em áreas de preservação permanente (APPs) e zona costeira. Os materiais, objetos de estudo para tal pesquisa, foram o Panorama do Potencial Eólico do Brasil, desenvolvido pela ANEEL, normas como a Constituição Federal, leis, atos regulamentares e doutrina jurídico-ambiental referentes ao licenciamento ambiental de empreendimentos de geração de energia, em especial usinas eólicas. Ademais, para auferir uma vertente mais prática acerca da questão, serão utilizadas decisões judiciais e entrevistas com entidades e agentes setoriais. Pretende-se, dessa forma, conhecer e apresentar as alternativas para o efetivo desenvolvimento da geração de energia eólica no país. adotado na Resolução CONAMA no 237/97, não poderia definir a competência do ente do licenciamento. Uma das primeiras atividades da AIA é a delimitação das áreas de influência do projeto, para que se possa dar início ao levantamento sobre a legislação ambiental aplicada – assim, além da avaliação de impacto ser um dos instrumentos da PNMA, interfere na esfera jurídica e legal a qual recairá sobre o processo de licenciamento. Dessa forma, há os que entendem que, somente após se ter o licenciamento iniciado, é que será possível avaliar a abrangência do impacto do empreendimento, correndo então, o risco de ser alterado o órgão ambiental que iniciou o licenciamento. Hoje, está em discussão a forma de harmonizar a aplicação dos outros critérios de definição de competência existentes, quais sejam: dominialidade do bem, tipologia e localização dos empreendimentos e atividades. Esses são pontos a serem observados com vistas à garantia da segurança jurídica na definição do órgão ambiental competente para o licenciamento de usinas eólicas. Voltando à AIA, prevista no inciso III do art. 9º da PNMA, esta se caracteriza como um instrumento a ser utilizado para assegurar, desde o início do processo de licenciamento, o exame dos impactos ambientais e suas alternativas. Atua de forma preventiva ao tentar antecipar o dano ambiental antes de sua manifestação e objetiva verificar a viabilidade ambiental do empreendimento. O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) é uma modalidade da AIA, mas não é o único estudo ambiental considerado no processo de licenciamento. Para empreendimentos com pequeno potencial de impacto ambiental, a legislação previu o Relatório Ambiental Simplificado (RAS), recepcionado na Resolução CONAMA nº 279/01, sendo incluídas as usinas eólicas. O art. 1º, IV, da Resolução 279/01, dispõe: 2. ARCABOUÇO JURÍDICO REGULATÓRIO 2.1. Arcabouço Jurídico Regulatório referente ao Licenciamento Ambiental de Empreendimento de Geração de Energia De acordo com a Lei 6.938/81, que institui a política nacional do meio ambiente, compete ao CONAMA estabelecer normas e critérios para o licenciamento de atividades efetivas ou potencialmente poluidoras. Assim, está o licenciamento ambiental como instrumento capaz de prevenir a ocorrência de grandes impactos ambientais ou minorando-os ao máximo. Conforme a Resolução CONAMA no 237/97, a licença ambiental é um ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos utilizadores dos recursos ambientais que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental (PEDREIRA, 2004). Cumpre observar que, atualmente, a referida norma enfrenta vários questionamentos quanto à sua forma e aplicabilidade. Primeiramente porque, apesar da Lei da PNMA delegar ao CONAMA a competência para elaboração de normas e critérios para o licenciamento ambiental, é a Constituição Federal em seu art. 23 que possui o comando macro com relação às competências administrativas dos entes da federação. Há entendimentos de que a definição das competências dos órgãos ambientais para fins de licenciamento devem ser estabelecidas por intermédio de lei complementar. Em segundo lugar, porque há divergência na aplicação do critério de abrangência do impacto do empreendimento, utilizado para definição das competências dos órgãos licenciadores. Para alguns, uma vez que os impactos (diretos e indiretos) dos empreendimentos são definidos apenas na avaliação de impacto ambiental (AIA), o critério da abrangência (...) Art. 1º – Os procedimentos e prazos estabelecidos nesta Resolução, aplicam-se, em qualquer nível de competência, ao licenciamento ambiental simplificado de empreendimentos elétricos com pequeno potencial de impacto ambiental, aí incluídos: (...) IV - Usinas Eólicas e outras fontes alternativas de energia. (Grifos Nossos) O RAS está previsto no art. 2º, I, da citada Resolução como “estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentados como subsídio para a concessão da licença prévia requerida, que conterá, dentre outras, as informações relativas ao diagnóstico ambiental da região de inserção do empreendimento, sua caracterização, a identificação dos impactos ambientais e das medidas de controle, de mitigação e de compensação”. Nessa perspectiva, o RAS atende à exigência constitucional de avaliação de impacto ambiental, pois, embora cuide de um procedimento simplificado, seu conteúdo encerra certo grau de complexidade, reunindo uma gama de informações sobre a extensão do empreendimento e dos prováveis impactos ambientais e socioeconômicos decorrentes da sua implantação e operação na área de influência do projeto. Ademais, a simples apresentação do RAS não garante o direito ao procedimento de licenciamento ambiental simplificado, ficando tal enquadramento a depender de parecer técnico fundamentado do órgão ambiental competente, elaborado com base nas informações contidas no estudo apresentado. Verificado que o empreendimento não 27 ARTIGOS TÉCNICOS atende às exigências para ser enquadrado no licenciamento simplificado, a concessão da licença ficará a depender de Estudo Prévio de Impacto Ambiental – EIA, conforme o art. 4º da Resolução no 279/2001 (BANDEIRA, 2009). Para o IBAMA, a conveniência da exigência de um estudo ou do outro, dependerá sempre da análise técnica do órgão licenciador competente, à vista do impacto potencial do empreendimento (JÚNIOR, 2010). No próximo item, as controvérsias com relação ao exposto serão abordadas para os casos de implantação de usinas eólicas em áreas de preservação permanente. 2.2. Arcabouço Jurídico referente ao Licenciamento Ambiental de Usinas Eólicas localizadas em Áreas de Preservação Permanente (APPs) O Código Florestal de 1965, instituído pela Lei 4.771, no inciso II, do § 2º, do art. 1º, com redação determinada pela Medida Provisória 2.166-67 de 2001, define área de preservação permanente (APP) como sendo aquela “protegida nos termos dos arts. 2º e 3º desta lei, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas”. O doutrinador Edis Milaré (2009, p. 741) entende que: (...) “A definição legal vigente, em particular a inserção da expressão “coberta ou não por vegetação nativa”, denota a intenção do legislador de dar proteção não somente às florestas e demais formas de vegetação natural, mas aos locais ou às formações geográficas em que tais áreas estão inseridas funcionalmente, ou seja, na ação recíproca entre a cobertura vegetal e sua preservação e a manutenção das características ecológicas do domínio em que ela ocorre”(...) (Grifos Nossos) A ideia de permanência, então, vincula-se às florestas e demais formas de vegetação, e, também, ao solo. Se a floresta perecer ou for retirada, a área não perderá sua vocação florestal (MACHADO, 2009). As APPs são definidas a partir de dois critérios: a localização das áreas e da vegetação, e, a sua função ecológica. Segundo o primeiro critério, previsto no art. 2º do Código supracitado, consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito da lei, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas: ao longo dos cursos de água; ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d’água naturais ou artificiais; nas nascentes e nos chamados “olhos d’água”; no topo de morros, montes, montanhas e serras; nas encostas ou partes destas; nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; nas bordas dos tabuleiros ou chapadas; e, em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação. De acordo com o segundo critério, disposto no art. 3º do mesmo Código, constituem de preservação permanente, quando assim declaradas por ato do poder público, as florestas e demais formas de vegetação natural destinadas a: atenuar a erosão das terras; fixar as dunas; formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias; auxiliar a defesa do território nacional a critério das autoridades militares; proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico ou histórico; asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de extinção; manter o ambiente necessário à vida das populações silvícolas; e, assegurar condições de bem-estar público (MACHADO, 2009). 28 Ainda, em 2002, visando regulamentar os arts. 2º e 3º da Lei 4.771, o CONAMA editou a Resolução 303, que estabelece parâmetros, definições e limites de áreas de preservação permanente”, conceituando o disposto no Código Florestal, no que tange a morro, montanha, restinga e duna. Veja que o Código Florestal apenas mencionava o termo “florestas e demais formas de vegetação natural” para considerar as APPs. Já com a Resolução CONAMA no 303/02, foi trazido ao arcabouço normativo a proteção de “áreas”, ou seja os locais, ou às formações geográficas em que tais áreas estão inseridas, vinculando a proteção também ao solo. O estudo “Energia Eólica” (ANEEL, et al, 2006), apresenta cinco condições topográficas distintas e suas respectivas velocidades médias do vento e energia eólica média a uma altura de 50 m da superfície, conforme a Figura 1, abaixo: zona costeira – áreas de praia, normalmente com larga faixa de areia, onde o vento incide predominantemente do sentido mar-terra; campo aberto – áreas planas de pastagens, plantações e/ou vegetação baixa sem muitas árvores altas; mata – áreas de vegetação nativa com arbustos e árvores altas, porém de baixa densidade, tipo de terreno que causa mais obstruções ao fluxo de vento; morro – áreas de relevo levemente ondulado, relativamente complexo, com pouca vegetação ou pasto; montanha – áreas de relevo complexo com altas montanhas. Em análise da tabela da página seguinte, entre as cinco condições topográficas, a velocidade média do vento e energia eólica atingem seus maiores valores na zona costeira, no Morro e na Montanha. Dessas regiões, duas – morro e montanha – são qualificadas como APPs (alínea “d”, art. 2º do Código Florestal e art. 3º, V da Resolução CONAMA nº 303/02); já a zona costeira tem sua base legal no § 4º do art. 225, da Constituição Federal, constituindo-se patrimônio nacional e estando submetida a regime especial de proteção conforme a Lei 7.661/88, que institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro. Em resumo, foi possível identificar que os empreendimentos eólicos em sua maioria serão instalados em APPs, seja em dunas, vegetação de restinga, morros ou montanhas, além da zona costeira sujeita à proteção especial. Como regra geral, as APPs são caracterizadas pela intocabilidade e vedação de uso econômico direto, dada a singularidade e o valor estratégico dessas áreas. Contudo, diversas atividades de infraestrutura – assim como outras essenciais ao desenvolvimento econômico e social de nosso país – somente são viáveis e exequíveis, muitas vezes, mediante intervenção em APPs, inexistindo alternativa locacional (MILARÉ, 2009). O art. 4º do Código Florestal, com redação dada pela Medida Provisória no 2.16667, de 2001, autoriza, de forma excepcional, a intervenção e a supressão de florestas e demais formas de vegetação natural em áreas qualificadas como de preservação permanente. Visando regular o referido dispositivo, foi editada a Resolução CONAMA no 369/06, dispondo sobre os casos excepcionais, de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental, que possibilitam a intervenção ou supressão de vegetação em APP. De acordo com o Código Florestal, em seu inciso IV, do § 2º do art. 1º, com redação dada pela Lei 11.934/09, consideram-se de utilidade pública as obras essenciais de infraestrutura destinadas aos serviços públicos de energia. Dessa mesma forma, já dispunha a alínea “b”, inciso I, do art. 2º da Resolução 369/06 supracitada. Assim, a usina eólica, dada a sua natureza de empreendimento energético, teria o condão de permitir a intervenção nas APPs. Consoante o posicionamento do doutrinador Edis Milaré, acima, e, conforme determina o art. 4º do Código Florestal, e o inciso I, do art. 3º da Resolução CONAMA no 369/06, a inexistência de alternativa locacional também é essencial. TECHNICAL ARTICLES Fonte: Energia Eólica – ANEEL, CBEE, 2006 FIG. 1: Velocidade média anual do vento a 50 m de altura 29 ARTIGOS TÉCNICOS Entretanto, no que se refere à caracterização de baixo impacto ambiental prevista no inciso XI, art. 11, e seu § 1º, dessa mesma Resolução, é possível a intervenção ou supressão de vegetação de baixo impacto ambiental em APP nas ações ou atividades reconhecidas como eventual e de baixo impacto ambiental pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente, desde que não comprometa as funções ambientais desses espaços. Apesar da vasta previsão legal sobre competências administrativas dos órgãos licenciadores, das avaliações de impacto ambiental, da possibilidade de intervenção em APPs de obras essenciais de infraestrutura e da caracterização de pequeno potencial de impacto ambiental, em especial às destinadas aos serviços públicos de energia, muitos impasses judiciais e administrativos têm ocorrido na implantação de usinas eólicas. Conforme exposto anteriormente, o Brasil possui, hoje, um potencial eólico de 143.000 MW. Deste, 52% encontram-se no Nordeste, 21% no Sudeste, 16% no Sul e 9% na região Norte (LACERDA, 2009). Nota-se que é justamente na região em que se concentra o maior potencial eólico brasileiro – Nordeste, que demandas judiciais têm sido propostas em desfavor dos empreendedores. Daí, a necessidade de um marco regulatório claro e objetivo para incentivar a implantação de empreendimentos eólicos no Brasil, garantindo a segurança jurídica dos projetos e sua viabilidade econômica. No estado do Ceará, os principais objetos de controvérsia são o órgão ambiental competente para o licenciamento de empreendimentos eólicos e a espécie de avaliação de impacto ambiental demandada. Para os casos de empreendimentos e atividades localizados ou desenvolvidos nas florestas e demais formas de vegetação natural ou de preservação permanente, a mencionada Resolução CONAMA nº 237/97, em seu inciso II, art. 5º, atribui ao órgão ambiental estadual ou do Distrito Federal a competência pelo licenciamento. Essa mesma Resolução preconiza, em seu art. 12, § 1º, que “poderão ser estabelecidos procedimentos simplificados para as atividades e empreendimentos de pequeno potencial de impacto ambiental, que deverão ser aprovados pelos respectivos Conselhos de Meio Ambiente”. Essa iniciativa poderá advir dos órgãos federais, estaduais e municipais integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA. Cita-se também a mesma hipótese prevista na Resolução CONAMA nº 279/01, para o licenciamento ambiental simplificado de empreendimentos elétricos com pequeno potencial de impacto ambiental, aí incluídos as usinas eólicas e outras fontes alternativas de energia e seus sistemas associados. Ainda, a Lei 6.938/81, dispõe, em seu art. 10, caput, que a implantação de empreendimentos, dependerá de prévio licenciamento do órgão estadual competente e do IBAMA, em caráter supletivo. Entretanto, de acordo com o § 4º do dispositivo em questão, a competência do IBAMA é reservada aos casos de licenciamento de obras que envolvam significativo impacto ambiental, de âmbito regional ou nacional. Não estando o empreendimento eólico em zona costeira (cuja abrangência do impacto pode ser considerada de âmbito nacional), não resta dúvida de que o licenciamento compete ao Estado, ressaltando que as usinas eólicas se caracterizam de pequeno potencial de impacto ambiental e não obras de significativo impacto ambiental, sujeitas ao licenciamento federal. Para os empreendimentos eólicos a serem instalados em zona costeira, se na definição do órgão ambiental competente for utilizado o critério da localização do empreendimento por se tratar de área de interesse nacional, o licenciamento poderá ser atribuído à União. O interesse nacional está claramente delineado nas atividades e obras que sejam levadas a efeito nas áreas do 30 patrimônio nacional enumeradas pela CF no art. 225, § 4° “a Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a zona costeira”. Apesar de a zona costeira não compreender bem da União, há o interesse nacional, o que leva a competência do IBAMA a licenciar (MACHADO, 2009). Ainda dentro deste critério da localização do empreendimento para definição da competência licenciatória, se a usina eólica estiver localizada na zona costeira e em APP concomitantemente, haverá conflito na aplicação deste critério, pois poderá ser a União o órgão competente – pelo fato da área ser de interesse nacional ou o Estado devido à intervenção em APP. É possível ainda, na definição do órgão ambiental competente ser considerado o critério da abrangência do impacto, previsto na Resolução CONAMA nº 237/97, onde a identificação do órgão habilitado para o licenciamento é determinado pela área de influência direta do impacto ambiental. Nesta hipótese, haverá casos em que será o Estado o competente para o licenciamento (MILARÉ, 2009), ou até mesmo da União se a abrangência do impacto for considerada de âmbito nacional. Para evitar a hipótese de duplicidade de interesse e de licenciamento, o atual projeto de lei complementar que tramita no Senado Federal, ao regulamentar o art. 23 da CF, dispõe que “o licenciamento dos empreendimentos cuja localização compreenda concomitantemente áreas das faixas terrestre e marítima da zona costeira será de atribuição da União, exclusivamente, nos casos previstos em tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo” e “considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade ou empreendimento” (PLC 01/2010, parágrafo único, art. 7º). Com essa proposta, busca o legislador dirimir possíveis conflitos de competência administrativas nas áreas de zona costeira. Em especial para as usinas eólicas, após a publicação do referido projeto de lei, devese acompanhar a regulamentação que estabelecerá em lista de tipologia os empreendimentos cujo licenciamento ambiental será de competência exclusiva do IBAMA nessas áreas. Com relação ao tipo de AIA a ser exigido para instalação de empreendimentos nas áreas de zona costeira, prevê o § 2º, art. 6º da Lei do Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro, que o órgão competente solicitará estudo de impacto ambiental para atividades com alterações das características naturais da zona costeira. As usinas eólicas, conforme disposto na introdução deste art., possuem a vantagem de não alterar as características das áreas onde são implantadas, permitindo a utilização do terreno para outros fins. Dessa forma, a Resolução CONAMA 279/2001, que prevê a possibilidade de elaboração de RAS para empreendimentos com pequeno potencial de impacto ambiental, incluídas as usinas eólicas, encontra fundamento de validade na Medida Provisória nº. 2.152/2001 (Art. 8º) que, por sua vez, mitiga (derroga) os efeitos do art. 6º, § 2º, da Lei 7.661, de 16/05/88, quando determinou a realização do EIA – RIMA para empreendimentos com alterações das características naturais da zona costeira (BANDEIRA, 2009). Pelo exposto, entende-se que, independentemente do órgão licenciador, o licenciamento ambiental de usinas eólicas poderá ser avaliado mediante relatório ambiental simplificado (Resolução CONAMA nº. 279/01 c/c art. 12, § 1º da Resolução CONAMA nº 237/97) por atender à exigência constitucional de avaliação de impacto ambiental. Ressalvado o disposto no art. 4º da Resolução CONAMA nº. 279/01 onde, após análise do órgão ambiental – se constatado o não enquadramento do empreendimento elétrico no procedimento de licenciamento ambiental simplificado, mediante decisão fundamentada em parecer técnico – os estudos e documentos juntados ao RAS poderão ser utilizados no EIA com ou sem complementação, após manifestação favorável do órgão ambiental. TECHNICAL ARTICLES 3. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES • Constatamos que com o arcabouço normativo existente, a questão regulatória ambiental poderá se caracterizar num entrave à efetiva inserção da geração de energia eólica em nossa matriz elétrica, e que, portanto um marco regulatório ambiental deve ser elaborado. • Usinas eólicas não modificam as características dos locais onde são instaladas, mantendo a finalidade da área. • Necessidade de regulamentação do art. 23 da Constituição Federal, por intermédio de lei complementar, cujo texto seja claro e objetivo, capaz de harmonizar os critérios utilizados na definição das competências administrativas dos entes federados (critério da dominialidade do bem, tipologia dos empreendimentos, localização da atividade ou empreendimento, abrangência do impacto direto e interesse nacional), para o licenciamento, fiscalização e autuação dos empreendimentos de geração eólica. • Especificamente para os empreendimentos eólicos a serem implantados em APPs (dunas, vegetação de restinga, morros ou montanhas), com base do art. 5º, II da Resolução CONAMA no 237/97, a competência para o licenciamento será estadual. Ademais, o § 4º, art. 10 da Lei 6.938/81 reserva a competência ao IBAMA nos casos de licenciamento de obras e atividades de significativo impacto ambiental de âmbito regional ou nacional, o que não é o caso das usinas eólicas. A Resolução CONAMA no 279/01, em seu art. 1º, ao classificar as usinas eólicas como empreendimentos de pequeno potencial de impacto ambiental, afasta, até prova em contrário, a competência da autarquia federal para o seu licenciamento ambiental. Assim, entende-se que a regra geral para o licenciamento de usinas eólicas é de competência estadual. • Para maior segurança jurídica dos processos de licenciamento estadual, recomenda-se, com base no art. 12, § 1º da Resolução CONAMA no 237/97 que, quando adotado procedimento simplificado para empreendimentos de pequeno potencial de impacto, o licenciamento seja aprovado pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente. • Ainda no âmbito estadual, recomenda-se, com fulcro no art. 11, XI da Resolução CONAMA no 369/06, que os Conselhos Estaduais expressem normas especificando os empreendimentos a serem considerados como eventual e de baixo impacto ambiental, os quais serão passíveis de intervenção em APP, entre eles, as usinas eólicas. • A competência será atribuída ao IBAMA nos casos em que as usinas eólicas são implantadas em zona costeira, cuja abrangência em termos do impacto pode ser considerada nacional. O interesse nacional está delineado em áreas de patrimônio nacional, onde se inclui a zona costeira. • A controvérsia na clara definição do ente da federação licenciador ocorre na hipótese em que o empreendimento eólico se localize concomitantemente em APP e em zona costeira. Nesses casos, a competência do licenciamento poderá ser definida pelos critérios da localização do empreendimento (área de interesse nacional), e critério da abrangência do impacto (estadual), onde a identificação do órgão habilitado para o licenciamento é determinada pela área de influência direta do impacto ambiental. Verifica-se, então, caso típico de competência comum entre União e Estado para o licenciamento. Para este, faz-se necessária a regulamentação do art. 23 da CF (PLC 01/2010), utilizando-se o critério da tipologia do empreendimento. • Há divergência na aplicação do critério de abrangência do impacto utilizado para definir as competências administrativas dos órgãos licenciadores – os impactos (sejam diretos ou • • • • • • indiretos) somente serão definidos na AIA. Caso seja utilizado esse critério para definir a competência licenciatória, o empreendimento corre o risco de iniciar o licenciamento em um órgão e ter a atribuição do licenciamento alterada para outra esfera, dependendo dos impactos identificados no estudo. Para empreendimento com pequeno potencial de impacto ambiental, é possível utilizar o RAS, pois este atende à exigência constitucional da AIA. Sua simples apresentação não garante o licenciamento simplificado, dependendo do enquadramento de análise do órgão licenciador. Se verificada a necessidade de estudo mais complexo, a licença poderá depender de EIA/RIMA. A APP é aquela “coberta ou não por vegetação nativa, provida de função ambiental”. No caso específico de empreendimentos eólicos implantados nessas áreas, apesar de serem considerados de pequeno potencial de impacto ambiental e não necessariamente se localizarem em florestas ou demais formas de vegetação natural, há de se considerar a função ambiental do local, da formação geográfica do solo. Daí a necessidade de serem elaborados estudos específicos, que considerem a singularidade da área. Para que haja um equilíbrio entre a proteção ambiental e a viabilidade dos empreendimentos eólicos no país, o marco regulatório deve considerar estas variáveis. Entendemos ser possível a apresentação do RAS seguido de um estudo específico para áreas com função ambiental, sem a necessidade de EIA/RIMA. Ainda com relação ao tipo de AIA a ser apresentada no licenciamento de usinas eólicas, entende-se que caberá EIA quando o licenciamento se tratar de empreendimentos de significativo impacto ambiental. Como existe a controvérsia de que a avaliação da magnitude do impacto do empreendimento somente será constatada por intermédio do estudo (EIA ou RAS), e considerando que a Resolução CONAMA no 237/97, em seu art. 12, § 1º c/c 279/01, prevê a possibilidade de licenciamento simplificado e consequente apresentação de RAS para empreendimento de pequeno potencial de impacto ambiental, aí incluídas as usinas eólicas, entende-se que cabe apresentação de RAS, independentemente do órgão ambiental licenciador. No que se refere ao tipo de AIA a ser exigida quando a implantação da usina eólica se der na zona costeira, caberá EIA/RIMA para as atividades que alterem as características naturais da área, o que não é o caso das usinas eólicas, pois permitem a utilização do terreno para outros fins e tratam de empreendimentos com pequeno potencial de impacto ambiental. Portanto, o fato de a usina eólica se encontrar em zona costeira não influencia diretamente o estudo a ser demandado. Este deve levar em consideração precipuamente o grau de impacto ambiental. Considerado de baixo impacto, o estudo demandado será o RAS. Foi identificado que os empreendimentos eólicos em sua maioria serão instalados em APPs (vegetação de restinga, dunas, morros ou montanhas) e em zona costeira, ambas sujeitas a regime especial de proteção. Dado que o maior potencial eólico do país está em sua maioria localizado em APPs e em áreas com regime especial de proteção, poderá ser caracterizada a rigidez locacional. Inexistindo alternativa locacional, de forma excepcional, será possível autorizar a implantação de usinas eólicas nessas áreas em analogia com o art. 4º do Código Florestal vigente. A rigidez locacional pode ser comprovada por intermédio dos atlas eólicos das regiões. Uma espécie de zoneamento de regiões com alto potencial eólico poderia ser a delimitação das áreas para um marco regulatório específico. 31 ARTIGOS TÉCNICOS • De acordo com o Código Florestal e Resolução CONAMA, as obras essenciais de infraestrutura destinadas aos serviços públicos de energia, no caso em tela, usinas eólicas, somente serão autorizadas em áreas qualificadas como de preservação permanente, quando comprovada a inexistência de alternativa locacional. • Sobre a caracterização do empreendimento ou atividade com eventual e baixo impacto, cabe análise a favor das usinas eólicas, uma vez que, após o período de concessão, o parque ou sítio eólico poderá ser desinstalado, tendo as torres dos aerogeradores retiradas do local de implantação e as respectivas áreas novamente recuperadas. Com base no art. 24 da CF que trata da competência legislativa concorrente entre os entes da federação, c/c art. 12, § 1º da Resolução CONAMA no 237/97 e inciso XI, art. 11 da Resolução CONAMA no 369/06, os Conselhos Estaduais poderiam expedir normas ou criar critérios para a caracterização de empreendimentos eólicos como atividade eventual e de baixo impacto – estes últimos, por não comprometerem as funções ambientais dos espaços onde são implantados. • No caso de o planejamento do setor elétrico prever expansão da geração eólica, para que os empreendimentos indicados passem a ser efetivos, faz-se necessário um marco regulatório que considere as questões apresentadas neste artigo – uma ideia de integração dos planos setoriais – social, ambiental e elétrico. • Dados os desafios e conflitos de interesse que a expansão da geração eólica no Brasil irá enfrentar, o marco regulatório ambiental pode ser considerado como um incentivo trazendo segurança jurídica aos processos de licenciamento e a viabilidade econômica dos projetos. 4. 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Growing energy demand and concern for carbon emission is making hydropower development more favorable. The Government of India is ensuring a good performance of the new SHP stations by linking the incentives to the SHP developers with the performance of the station. KeyWords: hydropower, SHP, development, carbon emission. 1. INTRODUCTION India has a geographical area extending to 3.28 million sq. km. and has 1.17 billion population (projected for year 2010). It consists of 28 States and 7 Union Territories. They are further divided into Districts (640), tehsil and Development Blocks and finally in to towns/cities (urban areas) and rural areas (villages). About 30% of India’s population lives in 7742 towns and 70% in about 0.608 million villages. 2. STATUS OF ELECTRICITY IN INDIA Electricity is a concurrent subject meaning thereby that both the Central (Federal) Government and the State Governments have responsibility to promote this sector and authority to make necessary laws, regulations, formulate and implement policies and programmes. The States function under the guidance of the Central government. The whole country is divided into five power regions and planning is done on a regional concept. At the time of independence in the year 1947 only 1362 MW of electricity was produced in India. India paid considerable attention to the generation of power as a result of which the installed capacity of power generation has presently grown to 164,509 MW of which Hydro is 37086 MW (25%), Thermal is 106,433MW (65%), Nuclear is 4560MW (2.9%) and Renewable energy sources 16429MW (7.7%) (Fig. 1). The share of small scale hydropower (SHP) is 2,820 MW. FIG. 1: Electricity Generation Capacity (Ministry of Power Aug 2010) The access to electricity is low in the rural areas. Out of about 608,000 villages only 85% of the villages are electrified and only 85% of the irrigation pump sets are energised. However, only about half of the rural households have electricity connections. Even those who have the electric connections have low load. Consumption of electricity per person was only 733 kWh during the year 2008-09and is expected to grow to 1000 kWh by the year 2011-12. On the whole, India face shortage of electricity of 12% in peak demand and 11% overall shortage. India has to harness every available source of power generation and in this context Hydropower has acquired priority and Small Hydropower has a special place. The total hydroelectric power potential in the country is assessed at about 150,000 MW, equivalent to 84,000 MW at 60% load factor. The potential of small hydro power projects is estimated at about 15,384 MW with 5718 potential identified sites. Water is the state government subject and hence hydropower development is the responsibility of state governments. Central government advises on the hydropower matter and play role for overall river basin planning and arbitrator. 3. REFORMS IN THE ELECTRICITY SECTOR IN INDIA With the liberalization of the economy, the Government of India has been encouraging and invited private sector for investment in the power sector. Accordingly, a conducive policy environment has been created by modifying the Electricity Act. The new Electricity Act-2003 deals with the laws relating to generation, transmission, distribution, trading and use of electricity. The Act has specific provisions for the promotion of renewable energy including hydropower and cogeneration. It has been made mandatory that every state regulatory commission would specify a percentage of electricity to be purchased from renewable by a distribution licensee. The National Electricity Policy announced in 2005 aims at access of electricity by all households and per capita availability of electricity to be increased to 1000 units by 2012. The Policy underlines that renewable energy potential needs to be exploited and private sector would be encouraged through suitable promotional measures. Regarding fixing of tariff, the government has announced Tariff Policy in 2006 wherein the State Regulatory Commissions are required to fix tariff in their respective state and also decide about the renewable purchase obligation. The Electricity Act and Tariff Policy are favorably tilted towards increasing power generation from renewable. Now, Central Electricity Regulatory Commission has also announced the tariff calculation guidelines for renewable technologies including for small hydro projects. The existing power deficit and a rapid growing demand coupled with government commitment to provide access to electricity for Director, Ministry of New and Renewable Energy, Govt. of India, New Delhi 110003, e-mail: [email protected] Alternate Hydro Energy Centre, Indian Institute of Technology Roorkee, Roorkee - 247667, Uttarakhand, India, e-mail: [email protected] 1 2 33 ARTIGOS TÉCNICOS all has necessitated a large scale capacity addition programme. A capacity addition of 78,000 MW in the 11th Plan (2007 to 2012) and approximately one 100,000 MW in the 12th Plan (20122017) is planned. Concurrent investments in Transmission and Distribution are also going on. Such a gigantic task is strongly supported and complemented by the private sector. These changes facilitated the removals of barriers to investment, improved the functioning of the system and resulted in additional generation of power much in excess of that achieved in the earlier plans. Ministry of New & Renewable Energy (MNRE) Government of India is the nodal ministry for small hydropower development in India. 5. HYDROPOWER CLASS 4. GOI POLICY ON HYDROPOWER DEVELOPMENT India has a history of about 110 years of hydropower. The first small hydro project of 130 kW commissioned in the hills of Darjeeling in 1897 to mark the development of hydropower in India. At Present the biggest capacity plant is a run of river Naptha Jhakri Hydro project of 1500 MW in Himachal Pradesh. Despite hydroelectric projects being recognized as the most economic and preferred source of electricity, the share of hydropower in our country continued declining since 1963. The hydro share declined from 50% in 1963 to about 25% in 2010. For grid stability the ideal hydro-thermal mix ratio for Indian condition is 40:60. In order to correct the hydro-thermal mix to meet the grid requirements and peak power shortage, in August, 1998 and thereafter in Nov 2008, the Government of India announced a Policy on ‘Hydro Power Development’. Project Affected People have been made long term beneficiary stakeholders in the hydro projects by way of 1% of free power with a matching 1% support from State government for local area development thus ensuring a regular stream of benefits. An initiative of installing 50,000 MW large hydro projects in the country was announced by the government. By 1998 small hydro power projects established themselves as a techno economically viable option for generating power with some preferential treatments. Encouraged by the growing private sector participation in the sector and the potential of SHP projects to meet power requirements of remote and isolated areas, where grid extension is relatively expensive, small scale hydro was identified as an area to provide thrust in the overall hydropower development of the country. This led to transfer of the subject of hydro up to 25 MW from Ministry of Power (MOP) to MNRE in December 1999. The process of reforms is an ongoing one and Government of India has been vigorously pursuing this path for the past five to six years. Hydro Power is a renewable source of clean energy and is used to supplement the base load provided by thermal power plants and storage for wind energy through pumping. To enable the project developer in the Hydro Sector a reasonable and quick return on investment, merchant sale of up to a maximum of 40 percent of the saleable energy has been allowed. Central Electricity Authority (CEA) has issued various hydroelectric related reports and guides are available through web. Some of them are the best practices in Hydroelectric Generation; Preliminary ranking study of hydroelectric scheme; Guidelines for accord of concurrence of HE Scheme; Guidelines for formulation of DPRs for HE scheme; Draft model contract document for hydro projects; Project monitoring status reports; Project clearance status reports and Status of 50,000 MW Hydroelectric Initiative reports The 12th five year plan also suggests that for projects held up for environment and forest problems, efforts may be made by the concerned State Govt. / developer to get the timely E&F clearances. Problems such as local agitation (law & order), land acquisition etc. need to be resolved by the concerned State Government. Tendency of converting storage projects (as identified by CEA) to Run-of-River projects should be discouraged. Project developer should seek long term open access by indicating at least the region(s) in which they intend to supply their power to enable development of transmission system. 34 There is no worldwide consensus on definitions regarding SHP, mainly because of different development policies in different countries. Based on installed capacity of hydropower projects, classification of hydropower varies differently in various countries. A general classification may be taken as: Pico Micro Mini Small Medium Large 5 kW & below 100 kW & below 2000 kW & below 25000 kW & below 100,000 kW & below above 100,000 kW 6. HYDROPOWER DEVELOPMENT Development of hydro power resources is important for energy security of the country. It takes about 10 years for developing a large scale hydro project from planning to commissioning. The hydropower development is greatly boosted with the hydropower policy announcement in 1998 and again in 2008. Advance action on the identified hydro electric schemes need is being taken during 11th Plan (2007-12) period itself as long period is required for development of detailed project reports (DPRs), obtaining various clearances like Environment & Forest clearances and CEA clearance, investment decision and achieving financial closure. It has been proposed to maximize hydro capacity addition during 12th Plan (2012-17) for reducing CO2 emissions and energy security of the country. A shelf of 109 hydro electric schemes aggregating to 30,920 MW has been identified. State-wise break up of these schemes is given in Table 1. Table 1: 12th Plan Target for Hydro Power Generation Sl. No Central Sector States State Sector Private Sector Total No MW No MW No MW No MW 1. Himachal Pradesh 2 816 7 892 6 749 15 2457 2. Jammu & Kashmir 4 2450 4 1473 0 0 8 3923 3. Uttarakhand 12 4374 7 1655 5 829 24 6858 4. Punjab 0 0 1 168 1 75 2 243 5. Madhya Pradesh 3 166 0 0 0 0 3 166 6. Andhra Pradesh 0 0 3 1560 0 0 3 1560 7. Kerala 0 0 6 373 0 0 6 373 8. Karnataka 0 0 2 400 0 0 2 400 9. West Bengal 1 120 2 66 0 0 3 186 10. Sikkim 1 520 0 0 10 1935 11 2455 11. Arunachal Pradesh 3 1610 0 0 23 7969 26 9579 12. Assam 0 0 1 150 0 0 1 150 13. Manipur 2 1566 0 0 0 0 2 1566 14. Tamil Nadu 0 0 1 500 0 0 1 500 15. Meghalaya 0 0 1 54 1 450 2 504 Total 28 11,622 35 7291 46 12,007 109 30,920 TECHNICAL ARTICLES 7. SMALL HYDROPOWER DEVELOPMENT 7.3. EQUIPMENT MANUFACTURING STATUS 7.1Grid Based SHP India has a wide base of manufacturers of equipment for hydro power projects. State-of-the-art equipment are available indigenously. 15 manufacturers produce almost the entire range and type of hydropower equipment. Most of the world’s leading equipment manufacturers have their factory and or offices in India. In addition, there are about 5 manufactures that are producing micro hydro and watermill equipment. Beginning of the 21st century saw near commercialization in the small scale hydro sector. There are 760 small hydro projects in India with total installed capacity of 2820 MW. The MNRE decided that out of the total grid interactive power generation capacity that is being installed, 2% should come from small hydro. This translates to about 1400 MW capacity addition during 2007-2012. A target of 3000 MW for the 12th from small hydro has been fixed and to increase capacity addition of about 500 MW per year. The present focus of the SHP programme is to lower the cost of equipment, increase its reliability and set up projects in areas that give the maximum advantage in terms of capacity utilisation. SHP projects are being set up both in public and private sector. Today the SHP programme in India is essentially private investment driven. 228 private sector SHP projects of about 1230 MW capacity have been setup. Private sector entrepreneurs are finding attractive business opportunities in small scale hydro. The MNRE is giving financial subsidy, both in public and private sector to set up SHP projects. In order to improve quality and reliability of projects, it has been made mandatory to get the project tested for its performance by an independent agency and achieving 80% of the envisaged energy generation before the subsidy is released. In order to ensure project quality/performance, the ministry has been insisting to adhere to IEC/International standards for equipment and civil works. The subsidy available from the Ministry is linked to use of equipment manufactured to IEC or other prescribed international standards. 7.2 Decentralized SHP The rural energy scenario in India is characterized by inadequate, poor and unreliable supply of energy services. Realizing the fact that small scale hydropower projects can provide a solution for the energy problem in rural, remote and hilly areas where extension of grid system is comparatively uneconomical, promoting small scale hydro projects is one of the objectives of the small hydro Power programme in India. A number of mini/micro hydro projects have been set up in remote and isolated areas, mainly in Himalayan region. While these projects are developed by various state agencies responsible for renewable energy, the projects are normally maintained with local community participation. A number of tea garden owners have also set up such micro hydro projects to meet their captive requirement of power. Isolated grid often faces the problem of poor plant load factor and making financial return difficult for the plant. But this provides opportunities for the area to have industry expansion, cottage or small industry, irrigation pumping, drinking water, agro and other application, education and entertainment activity for the overall development of the area. Water wheels have traditionally been used in the Himalayan regions for rice hulling, milling of grain and other mechanical applications. With the R&D efforts, new and improved designs of water mills have been developed for mechanical as well as electricity generation of 3 to 5 kW. These designs were tested at AHEC, IIT Roorkee and have been replicated by about 12 very small scale manufacturers. Local organizations such as the Water Mill Associations, cooperative societies, registered NGOs, local bodies, and State Nodal Agencies are being encouraged to install watermills in their areas. The state of Uttarakhand has taken a lead in setting up electricity generation watermills and over 500 such watermills were installed in remote and isolated areas of the state. 7.4. PERFORMANCE TESTING OF SHP STATIONS In the hydropower the energy transformation process is highly efficient, usually with well over 90% mechanical efficiency in turbines and about 98% in the generator. The inefficiency is due to hydraulic loss in the water circuit (intake, turbine, tail-race), mechanical loss in the turbo-generator group and electrical loss in the generator. Old turbines can have lower efficiency, and it can also be reduced due to wear and abrasion caused by sediments in the water. The rest of the potential energy (100% - η) is lost as heat in the water and in the generator. Thus energy efficiency measurement is one of the key issues. The efficiency in electromechanical equipment, especially in turbines, can be improved by better design and also by selecting a turbine type with an efficiency profile that is best adapted to the duration curve of the inflow. As per MNRE directive the small hydro project when commissioned is required to be tested for its performance by Alternate Hydro Energy Centre (AHEC), Indian Institute of Technology (IIT) Roorkee. The subsidy is released after project attaining the following: a)Overall performance of the station should be satisfactory. b)Plant equipment should conform to Indian/International standards. c)Weighted average efficiency of generating units should, with certain exceptions, be at least 75%. d)Project should have attained 80% of projected generation for a minimum of 3 months at a stretch. The biggest challenge for the performance testing was observed the absence of availability of provisions required for such tests in majority of the commissioned SHP plants. With such initiative SHP developers have started taken keen interest by way providing the necessary provisions in the civil structure/ equipment for facilitating the testing. Needless to say that such evaluation shall help SHP plant owners regular monitoring of performance of their plants. However there is no mandatory condition for performance testing for large hydropower projects until the owner wishes to do so as per contractual conditions. Electricity regulators and financial Institutions are being followed up to adopt conditions for remunerative tariff from Hydropower. 8. E STABLISHMENT OF R&D HYDRAULIC TURBINE LABORATORY A R&D hydro turbine Laboratory of International level being established at AHEC IIT Roorkee with the financial support from MNRE, at AHEC, IIT Roorkee for the multiple purposes viz; turbinemodel testing, research & development (R&D), human resource development (HRD) along with the other purposes of verification of designs, generation of design data, design validation through CFD analysis, Witnessing tests on turbines/pumps in field. The laboratory is expected to be fully functional by the end of year 2012. 35 ARTIGOS TÉCNICOS 9. STANDARDS FOR SMALL HYDRO There is a series of standards, guidelines and manuals on hydropower issued by international standards organizations like ISO, IEC, IEEE, ASME, USBR and the national statuary bodies of several countries, including India where it has from CEA, REC, BIS and CBIP. But most of them were prepared keeping in view the large water/ hydropower projects. SHP needs to be made profitable and a long-term investment opportunity, while ensuring quality and reliability of the power. To make SHP cost effective and reliable, standards, guidelines and manuals are required covering entire range of SHP activities. Necessity of the standards/ guidelines and manuals has been strongly felt by developers, manufactures, consultants, regulators and others. The efforts of Government of India have taken initiatives to prepare about 30 standards for SHP and are expected available by the year 2011. 10. REAL TIME SIMULATOR Training and human resource development is given due importance by the ministry of new and renewable energy. Towards this, apart from regular training programmes, a real time digital simulator (rtds) for shp plants has been established at alternate hydro energy centre (ahec), iit roorkee, and india with the aim of providing efficient initial and advanced training to operators and engineering staff of different types of shp plants. Training conditions have been created very close to real operating conditions. This will meet the large requirement of trained personnel for operation and maintenance of shp plants, reduce o&m costs, reduce damage to plant, increase plant life and reduce training time. The hydraulic part, the generator, the ANOTAÇÕES 36 transformers as well as auxiliary electricity systems are taken care in the simulation. Present and future operators are taking the benefits of such training and is being utilised by national and international personnel. 11. REFERENCES • [1].Ministry of power, Government of India 2010 (www. powermin.nic.in). • [2].Central Electricity Authority, New Delhi (www.cea.nic.in) • [3].Sectoral Overview Report on Hydropower Development in India, AHEC, IIT Roorkee, February 2007. • [4].P. Saxena and Arun Kumar, “Small hydropower development in India”, special publication 25 years of Renewable Energy in India, MNRE, New Delhi, 2007. • [5].Arun Kumar and Vinay Shankar, “SHP Development In India”, 5th Hydro Power for Today Forum, May 11-12, 2009, Hangzhou, China. • [6].Arun Kumar, “Small Hydropower Development: Recent Indian Initiatives” International Conference Water India-V, New Delhi, Nov 3-4, 2008. • [7]. H. K. Verma and Arun Kumar, “Performance testing and evaluation of small hydropower plants”, International Conference on Small Hydropower Kandy, Sri Lanka, 22-24 October 2007. • [8].Central Electricity Authority, Hydro Development Plan for 12th Five Year Plan, New Delhi, Sept 2008. • [9].Central Electricity Authority, Power Scenario at a Glance, Central electricity Authority, New Delhi, April 2010. • [10].Performance Testing of SHP Stations: A Guide for Developers, Manufacturers and Consultants”, AHEC IIT Roorkee, Dec 2009 (www.iitr.ernet.in). TECHNICAL ARTICLES CARACTERIZAÇÃO DO ESCOAMENTO SOBRE VERTEDOUROS EM DEGRAUS DE DECLIVIDADE 1V: 0,75H Profa. Dra. Daniela Guzzon Sanagiotto 2 Marcelo Giulian Marques 1 RESUMO Os vertedouros em degraus são estruturas caracterizadas pela significativa resistência imposta ao escoamento e pela dissipação de energia associada à macrorugosidade inserida pelos degraus. Essa característica conduz a estruturas de dissipação a jusante com dimensões reduzidas, e consequente diminuição nos custos associados. Neste trabalho, foram realizados ensaios em três modelos físicos de vertedouros em degraus com declividade da calha 1V: 0,75H (53,13º), e degraus com altura de: (1) 0,03 m; (2) 0,06 m e (3) 0,09 m e em um modelo de calha lisa. Esses modelos foram instalados em um canal com 0,40 m de largura e desnível de 2,44 m entre a crista e o pé do vertedouro. Os ensaios realizados contemplaram vazões específicas entre 0,027 e 0,700 m³/s/m, que, para uma escala 1:10, correspondem às vazões entre 0,8 e 22,1 m³/s/m em protótipo. A partir dos resultados, definiu-se uma metodologia para a avaliação da posição de início da aeração, do fator de resistência ao escoamento e da dissipação de energia ao longo da calha. PALAVRAS-CHAVE: estruturas hidráulicas, vertedouros em degraus, dissipação de energia, entrada de ar, escoamento aerado. FLOW CHARACTERISTICS IN STEPPED SPILLWAYS WITH 1V: 0,75H SLOPE ABSTRACT Stepped spillways are structures characterized by the significant resistance imposed to the flow and by the increase in the energy dissipation associated with the friction inserted by the steps. Stepped chutes conduct to economical designs of downstream protection structures in comparison to the ones required in conventional chute spillways (smooth chute). In this work measurements were carried out in physical models of spillways with 1V: 0.75H (53,13º) slope and steps height of (1) 0.03 m; (2) 0.06 m and (3) 0.09 m and in a smooth chute with the same slope. The models were installed in a channel with 0.40 m wide and 2.44 m height, evaluating specific discharges between 0.027 and 0.700 m³/s/m, that, for a 1:10 scale, corresponds to discharges between 0.8 and 22.1 m³/s/m in prototype. According to the results, a methodology was defined for the evaluation of the inception point of air entrainment, the friction factor and the energy dissipation along the flume. KEYWORDS: hydraulic structures, stepped spillway, energy dissipation, air entrainment. 1. INTRODUÇÃO Vertedouros em degraus são estruturas que apresentam degraus ao longo da calha, desde uma posição próxima da crista até o pé da estrutura (ou próximo deste). Esse tipo de estrutura vertedoura é conhecida desde a Antiguidade, sendo que nos últimos 40 anos, observou-se um acréscimo na sua utilização, devido ao desenvolvimento da tecnologia do concreto compactado a rolo (CCR) que otimiza econômica e construtivamente os projetos de barragens. Os vertedouros em degraus são estruturas caracterizadas pela resistência imposta ao escoamento e pela dissipação de energia associada à macrorugosidade inserida pelos degraus. Essas características conduzem a estruturas de dissipação a jusante com dimensões reduzidas, e consequente diminuição nos custos associados. Embora essas estruturas já sejam bastante utilizadas e existam estudos em modelos físicos e algumas observações em protótipos, não há um critério consagrado na bibliografia para o dimensionamento dos vertedouros em degraus. Neste trabalho, foram estudados três modelos físicos de um vertedouro em degraus de declividade 1V: 0,75H (53,13º), com rugosidades diferenciadas, impostas por degraus ao longo da calha com altura de (1) 0,03 m, (2) 0,06 m e (3) 0,09 m, em modelo. Foram analisados a posição de início de aeração, as velocidades médias, o fator de resistência e a dissipação de energia ao longo da calha. A partir desses resultados, pode-se avaliar, para diferentes vazões, a proporção da energia do escoamento dissipada ao longo da calha e, estimar a consequente redução na estrutura de dissipação a jusante, junto ao pé da barragem. Para isso, analisa-se considerando como estrutura de dissipação uma bacia horizontal com formação de ressalto hidráulico. Antes de apresentar os trabalhos desenvolvidos neste estudo, comenta-se brevemente sobre alguns pontos importantes a respeito do escoamento sobre vertedouros em degraus, de acordo com informações da literatura. Tipos de escoamento sobre calhas em degraus O escoamento sobre calhas, canais e vertedouros em degraus pode ser dividido em duas classes associadas às concentrações de vazões sobre as mesmas: nappe flow (em quedas sucessivas) e skimming flow (deslizante sobre turbilhões), de acordo com Rajaratnam (1990). O escoamento do tipo nappe flow caracteriza-se por uma sucessão de quedas livres seguidas por ressalto hidráulico pleno ou parcialmente desenvolvido, onde a dissipação de energia ocorre na quebra do jato de água no ar e na formação do ressalto hidráulico. O skimming flow ocorre em geral para vertedouros com calhas de maiores declividades e vazões específicas. Nesse regime, observa-se a formação de um pseudofundo formado pelos cantos externos dos degraus. Acima desse pseudofundo, a água desliza (escoamento principal) e abaixo, formam-se os vórtices. Estes vórtices são mantidos através da Depto. de Engenharia Sanitária e Ambiental, Centro de Tecnologia, UFSM, anexo 1, 3o andar, sala 360, CEP 97105-900, Santa Maria, RS, Brasil. Fone: (55) 3220-8000 Ramal: 2495, Celular: (55) 9907-5070, e-mail: [email protected] 1,2 37 ARTIGOS TÉCNICOS transmissão de esforços cortantes do escoamento principal à zona turbilhonar. Neste trabalho as vazões específicas ensaiadas representam escoamentos do tipo skimming flow. Quadro 2: Resumo das equações para avaliação do fator de resistência presentes na literatura. Equação f= Início da aeração do escoamento Autor 8 ⋅ h3 ⋅ g ⋅ sen α n q2 Rajaratnam (1990) hn é a profundidade normal uniforme obtida para um escoamento completamente desenvolvido num regime de escoamento deslizante; g é a aceleração da gravidade; α é a declividade do paramento em degraus e q é a vazão específica do escoamento. (05) Stephenson (1991) k é a rugosidade formada pelos degraus, definida pela menor distância do canto interno dos degraus até o pseudofundo (linha imaginária que une os cantos externos dos degraus). (06) Tozzi (1992) h/k < 1,80, h é a profundidade do escoamento medido a partir do pseudofundo, perpendicular a este. (07) O início da aeração em escoamentos sobre vertedouros (de calha lisa ou em degraus) ocorre na posição onde a camada-limite atinge a superfície livre. Em vertedouros em degraus, no entanto, a macrorugosidade formada pela inserção dos degraus ao longo da calha favorece o desenvolvimento da camada-limite, e esta atinge a superfície livre antes do observado nos escoamentos sobre calhas lisas, para as mesmas condições de declividade da calha e vazões. No quadro 1, são apresentadas algumas equações propostas na literatura para a avaliação da posição do início da aeração do escoamento. Quadro 1: Resumo das equações para avaliação do início da aeração do escoamento. Equação la k ( = 13, 6 ⋅ sen α l δ = 0, 080 ⋅ a la k la k l' H 0,0796 * 0,713 ) ⋅ F ( q 0,0796 * 0,71 ) Wood et al. (1983) Tozzi (1992) −0,233 = 9, 719 ⋅ sen α = 5, 6 ⋅ Autor ⋅ F 0,8 g0,5 ⋅ H1,5 Chanson (1994b) Mateos Iguacel e Elviro Garcia (1999) f = 1,14 + 2 ⋅ log 4 ⋅ hn k Observações δ é a espessura da camada-limite; LA é a distância, medida contornando a calha, do início do desenvolvimento da camada-limite à posição que esta atinge a superfície livre, que indica o início da aeração do escoamento; k é a rugosidade formada pelo degrau, dado por k = H.cos α; H é a altura do degrau; α é o ângulo de declividade da calha em relação ao plano horizontal; F* = q (01) (02) 1 f = 2,16 + 1, 24 ⋅ log h k (03) f = 0,163 (04) g ⋅ k3 ⋅ sen ; q é a vazão específica; g é a aceleração da gravidade e L’ é o desnível entre a cota da crista do vertedouro e a posição na qual se observa o início da aeração. Fator de resistência Para a avaliação teórica da energia do escoamento em qualquer posição da calha, torna-se necessário o estabelecimento de uma lei geral para o fator de resistência ƒ da equação de Darcy-Weisbach. No quadro 2, são apresentadas algumas proposições, apresentadas na literatura, para a avaliação do fator de resistência. 38 1 f= 1 f ( Tozzi (1992) ) 8g ⋅ sen α ⋅ h2 n dH ⋅ 4 q2 d = 1, 42 ⋅ in H − 1, 25 k Valores entre 0,17 e 5,00, com um valor médio em torno de 1,00 1 f = 1, 925 ⋅ log h k + 1, 765 Observações Chanson (1993) h/k < 1,80 DH é o diâmetro hidráulico. Chanson (1994b) A partir da análise de estruturas com declividade inferior a 12º. Chanson (1994b) A partir da análise de estruturas com declividades entre 50º e 55º. Chamani e Rajaratnam (1999) (08) (09) (10) (11) Dissipação de energia Quando se trata do escoamento sobre vertedouros em degraus, o aspecto mais estudado é o fenômeno de dissipação de energia ao longo dos seus degraus. Alguns pesquisadores estudaram a energia residual no pé do vertedouro de forma indireta, através da medição da altura conjugada lenta do ressalto hidráulico formado no pé do vertedouro, e, por conseguinte, na determinação da altura rápida e energia residual nessa posição. Tozzi (1992), Pegram et al. (1999) e Povh (2000) são alguns dos pesquisadores que realizaram estudos desta forma. Outros estudos basearam seus resultados a partir da medição de determinadas características (profundidade ou velocidades) do escoamento ao longo de toda calha, como, por exemplo, os trabalhos de Sorensen (1985), Christodoulou (1993), Tozzi (1992), Sanagiotto (2003) e Dai Prá (2004). No item de resultados, são apresentados valores de dissipação de energia presentes na literatura em comparação com a avaliação realizada neste estudo. TECHNICAL ARTICLES 2. MATERIAIS E MÉTODOS Descrição dos ensaios Descrição da estrutura Neste trabalho, foram realizadas observações da posição do início da aeração e medições dos níveis do escoamento ao longo do perfil dos vertedouros (calhas em degraus e calha lisa). O presente estudo foi realizado a partir da análise de quatro estruturas, sendo um vertedouro de calha lisa e três vertedouros com calhas em degraus, de alturas de degraus de 3, 6 e 9 cm (em modelo), todos com calha de declividade 1V: 0,75H (53,13º), altura 2,44 m e largura 0,40 m (Figura 1). Para efeito de transferência dos resultados, considerou-se que a estrutura ensaiada estaria na escala 1:10. Esta opção foi feita em função da característica bifásica do escoamento, adotando-se os critérios recomendados por CHANSON et al. (2002), do uso de modelos com escala entre 1:1 e 1:10 em estudos de escoamentos altamente aerados. O perfil da crista do vertedouro é do tipo Creager, projetado de acordo com o USBR (1974), com carga de projeto (Hd) igual a 0,40 m, de equação Y = 1,08945X1,85, com origem na soleira do vertedouro e, X e Y positivos no sentido do escoamento. O perfil utilizado neste trabalho desenvolve-se até o ponto de tangência com a declividade da calha (53,13º). A Figura 1a apresenta o perfil do modelo do vertedouro em degraus, com degraus de 6 cm de altura, com a localização dos pontos onde foram realizadas medições de nível, e a Figura 1b mostra o modelo instalado no canal. Os ensaios realizados contemplam vazões entre 0,027 m³/s/m e 0,70 m³/s/m (em modelo), que correspondem a escoamentos do tipo deslizante sobre turbilhões (skimming flow). Considerando uma escala de transposição de resultados de 1:10, têm-se as vazões específicas entre 0,85 e 22,14 m³/s/m em protótipo. A Medições de níveis Os níveis de água, ao longo da calha, foram medidos de duas formas: através da utilização de ponta limnimétrica e por meio de medidas diretas nas laterais transparentes do vertedouro. As medições realizadas com ponta limnimétrica foram feitas no meio do canal, perpendiculares ao fundo, estando o medidor preso a um carrinho móvel ao longo da calha. Considerando a natureza do escoamento, altamente aerado, com uma superfície livre de difícil definição, as medições foram realizadas com a ajuda de um detector de lâmina de água de alta sensibilidade com sinal luminoso instalado na ponta limnimétrica. Avaliação da aeração do escoamento A avaliação da aeração do escoamento foi feita visualmente, sendo que foram realizados registros em vídeo de todas as condições de ensaio. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Início da Aeração Observou-se no escoamento sobre as calhas em degraus, que a aeração começa com uma perturbação na superfície da água, na posição onde a camada-limite atinge a superfície livre, o que provoca o começo da entrada de ar no escoamento. Imediatamente a jusante deste ponto, visualiza-se no escoamento a aeração intermitente dos degraus, até uma posição onde o vórtice aerado, formado na cavidade do degrau, ocorre de forma contínua e o escoamento aerado apresenta um regime uniforme. Os resultados apresentados neste trabalho referem-se a este último tipo de comportamento descrito. A Figura 2 mostra os resultados de comprimento de início de aeração adimensionalizados em relação à rugosidade de cada estrutura (LA/k) e foram apresentados em um gráfico em função de F∗ = q g ⋅ k3 ⋅ sen (1) A análise dos resultados da posição de início de aeração permite concluir que o aumento da vazão específica conduz o início de aeração a posições mais a jusante. Por outro lado, para uma mesma vazão, o aumento no tamanho do degrau desloca o início da aeração para posições mais próximas da crista do vertedouro. Utilizando os dados de Beitz e Lawless (apud Chanson, 1994a), Bindo et al. (1993), Sorensen (1985) e Tozzi (1992), que representam resultados obtidos em estruturas com calhas de declividades entre 50,0° e 53,13°, e os dados encontrados nesta pesquisa, propõe-se uma equação para o cálculo do comprimento de início da aeração, equação (2). Observa-se que a equação proposta representa um bom ajuste aos dados, com um coeficiente de determinação igual a 0,94. B la k FIG. 1: Modelo do vertedouro com calha em degraus: A vista lateral do modelo instalado no canal; B esquema do modelo com degraus de 0,06 m de altura, indicando os degraus de controle. = 9, 7721 ⋅ F∗0,7014 r2 = 0, 94 (2) Sanagiotto et al. (2004) e Dai Prá et al. (2006) relatam os resultados obtidos no monitoramento do vertedouro em degraus da UHE Dona Francisca, que apresenta declividade da calha de 1V: 0,75H e degraus com 0,60 m de altura. Os pontos observados pelos autores são apresentados na Figura 2. Observa-se que os resultados do presente estudo concordam com os dados obtidos nos protótipos. 39 ARTIGOS TÉCNICOS FIG. 2: Comparação da posição do início da aeração do escoamento entre os resultados obtidos no presente estudo, com os dados de outros pesquisadores (de acordo com Chanson 1994a), a equação (18), proposta neste estudo e um resultado obtido no vertedouro em degraus da UHE de Dona Francisca e de Val de Serra. Devido ao número limitado de casos onde se obteve o regime de escoamento aerado uniforme, foi possível obter diretamente os valores do fator de resistência apenas para situações de hn/k < 3, como se observa na Figura 3. Isso se deve à limitação da altura do modelo (2,44 m), que impossibilitou que o escoamento atingisse o regime aerado uniforme em todas as vazões ensaiadas. Sanagiotto (2003) realizou uma análise comparativa entre os fatores de resistência obtidos em modelos de vertedouros com calhas em degraus (fK) com os obtidos em um modelo da calha lisa (fL), independentes do regime de escoamento uniforme ter sido atingido. Nessa análise foram considerados os dados de todos os pontos onde foram realizadas as medições de níveis, em todas as vazões ensaiadas. Na Figura 4, são apresentados os resultados de fator de resistência, considerando qualquer posição na calha, denominada ‘LP’ (LP é a distância medida alinhada ao perfil) e o início da aeração (LA). A partir desses dados, propõe-se a equação (3). Os valores de LP/LA < 1,0 correspondem a regiões de escoamento não aerado. Linha D’Água A linha de água da superfície livre média observada nos escoamentos em degraus, em comparação com a obtida para o vertedouro de calha lisa, como era de se esperar, apresenta uma forma um tanto irregular. Nos escoamentos sobre vertedouros com calha lisa, as profundidades diminuem ao longo da calha. Nos vertedouros em degraus, observou-se que as profundidades ao longo da calha, de um modo geral, são maiores do que as correspondentes na calha lisa, e apresentam um comportamento irregular, que tende a uma profundidade uniforme (hn) quando o escoamento atinge a aeração total do fluxo. Fator de resistência Através da definição das alturas normais na região de escoamento aerado uniforme (hn), pode-se avaliar o valor do fator de resistência a partir da equação (9). Na Figura 3, comparam-se os resultados encontrados neste estudo com algumas equações propostas por outros pesquisadores. Observa-se que os resultados obtidos para o fator de resistência neste estudo encontram-se na faixa entre as curvas propostas por Stephenson (1991) e Chanson (1994a) e aproximam-se, na maioria dos pontos, a proposição de Chamani e Rajaratnam (1999). De acordo com essa análise, sugere-se a utilização da equação (1), proposta por Chamani e Rajaratnam (1999) para o cálculo do fator de resistência em calhas em degraus atuando no regime de escoamento aerado uniforme. FIG. 4: Comparativo do fator de resistência de calha lisa com as calhas em degraus, considerando a posição de medição e o início da aeração em cada caso (fL é o fator de resistência para vertedouros de calha lisa, fK é o fator de resistência nos vertedouros de calha em degraus, LP é a distância alinhada ao perfil, a partir do início deste). Na legenda indica-se a vazão específica em m³/s/m, seguida pela altura do degrau em cm. (Fonte: Sanagiotto, 2003) fl fk hc 40 lp r2 = 0, 91 la (3) Salienta-se que a equação (3) foi proposta a partir de dados que apresentavam algumas limitações, sendo válida para: • LP/LA < 1, válida para h/k ≤ 9,0 (região não aerada); • 1,0 ≤ LP/LA ≤ 2,0, válida para h/k ≤ 3,0 (região aerada); • 2,0 < LP/LA ≤ 2,5 esta equação deve ser utilizada com restrições; • LP/LA > 2,5 → não utilizar esta equação. Como foram realizados ensaios em uma calha lisa, procurou-se avaliar o fator de resistência nesta estrutura, através da análise desses resultados. Primeiramente, procurou-se determinar a profundidade do escoamento em qualquer posição da calha para diferentes vazões, que resultou na equação ajustada (4). hl FIG. 3: Valores do fator de resistência obtidos neste estudo em comparação com algumas proposições de outros pesquisadores. = 1, 8162 exp − 1, 7692 ⋅ = 1, 67 + 0, 53 ⋅ l-0,7055 p hc r2 = 0, 99 (4) Onde: hL é a profundidade do escoamento em qualquer ponto da calha lisa; LP é a distância a partir do início da crista, contornando o perfil até determinado ponto e hc é a profundidade crítica (hc = (q2/g)1/3). Essa equação limita-se para a faixa de 1,0 ≤ LP/ hc ≤ 17,0. TECHNICAL ARTICLES Os valores do fator de resistência para um vertedouro de calha lisa (fL) foram relacionados com o número de Froude (Fr). A equação (15) corresponde à curva de tendência obtida desta relação, que é válida para valores de 2,5 ≤ Fr ≤ 12,0. O fator de resistência na calha lisa pode ser obtido da equação (5) ou através da equação (9), utilizando as profundidades calculadas na equação (4). fl = 2, 6976 ⋅ Fr −1,7068 r2 = 0, 98 (5) A partir do conhecimento do valor do fator de resistência em uma calha lisa, para uma determinada posição e vazão, pode-se avaliar o valor do fator de resistência para uma calha em degraus, utilizando a equação (3). Desta forma, possibilita-se a avaliação de valores de fator de resistência para faixas maiores de h/k e para regiões onde o fluxo não atingiu o regime de escoamento aerado uniforme. de dissipação de energia em relação à energia de montante em função da relação adimensional Y/hc. Esse gráfico mostra um comportamento bem definido da dissipação de energia para a região de escoamentos não aerados, enquanto na região aerada do fluxo observa-se uma maior dispersão dos dados. Verifica-se que a avaliação da dissipação de energia obtida no presente estudo está entre os resultados e proposições de outros pesquisadores. Os resultados deste estudo mostram, de uma forma geral, que os valores de dissipação de energia são bastante semelhantes aos encontrados por Stephenson (1991), Bindo et al. (1993) e Christodoulou (1993). Também apontam que são superiores à avaliação de Povh (2000) e inferiores aos resultados de Sorensen (1985). Dissipação de energia A dissipação de energia pode ser analisada a partir de dois aspectos diferentes. Pode-se avaliar a dissipação de energia na calha do vertedouro em degraus, em relação à energia total a montante, e também se pode realizar um estudo comparativo da energia dissipada no vertedouro em degraus em relação à energia dissipada no modelo similar com calha lisa. O cálculo da energia em qualquer ponto ao longo da calha (Ep) foi realizado a partir da equação (6), para canais de grande declividade: vp2 Ep = zp + hp ⋅ cos + 1 ⋅ (6) 2⋅g Onde: zp é a cota do piso do degrau na seção considerada em relação ao plano de referência; hp é a profundidade do escoamento medida perpendicularmente na quina superior do degrau considerado; Vp é a velocidade média correspondente (calculada a partir de hp) e α1 é o coeficiente de Coriolis (considerado igual a 1,0). A energia a montante (Em) foi avaliada através da equação: Em = Y + 1, 5 ⋅ hc (7) Onde Y é a diferença entre a cota da crista do vertedouro e a cota da posição onde está sendo avaliada a energia (altura do vertedouro relativa). O cálculo de energia foi realizado ao longo da calha, considerando em cada degrau um plano de referência diferente. Desta forma, na equação (6) tem-se zp = 0 e na equação (7) tem-se o termo Y, que expressa as diferentes possibilidades de alturas de vertedouros consideradas. Essa metodologia de cálculo possibilita que sejam avaliadas condições de dissipação de energia em vertedouros de diferentes alturas, menores ou iguais às estruturas ensaiadas nesta pesquisa. Dissipação de energia em relação à energia de montante do vertedouro A energia a montante foi calculada pela equação (7), relativa a cada uma das tomadas e a energia em cada ponto foi avaliada pela equação (6). A energia dissipada (ΔE) em relação à energia total de montante é dada por: E Em = Em − Ep Em (8) Esta análise compara, em cada estrutura, a dissipação de energia em determinados pontos em relação à energia a montante correspondente. Na Figura 5, são apresentados os resultados FIG. 5: Resultados experimentais obtidos no presente estudo de dissipação de energia em relação à energia de montante, comparados com os dados e proposições de outros pesquisadores. Os pontos coloridos, sem preenchimento, correspondem à condição de escoamento aerado (Y = posição vertical em relação à crista e Hd é a carga de projeto = 0,40 m). Os resultados encontrados também foram comparados com as equações propostas por Chanson (1994a), Stephenson (1991) e Pegram et al. (1999). A proposição de Chanson (1994c) foi apresentada em um gráfico com os valores de fator de resistência de 0,25 e 1,0, e a curva apresentada por Stephenson (1991), com f = 0,25. Os valores de f = 0,25 e 1,00 são, respectivamente, valores médios encontrados por Sanagiotto (2003) e Chanson (1994b). A equação (10), proposta por Chanson (1994b), utilizando f = 1,00, apresenta-se como uma envoltória superior dos dados encontrados neste estudo, e a curva de Stephenson (1991), apresenta-se como uma envoltória inferior. Analisando o comportamento dos resultados de dissipação de energia em relação à energia de montante, podem-se fazer os seguintes comentários: • Observa-se que a dissipação de energia é maior para os vertedouros de maior altura e diminui com o aumento da vazão específica. Analisando vertedouros de mesma altura, tem-se uma maior dissipação de energia para as calhas com degraus mais altos. Por exemplo, para Y/Hd = 3,81, a dissipação de energia, para uma vazão de 0,10 m³/s/m, apresenta os valores de 60%, 68% e 83%, respectivamente, para vertedouros com degraus de 3, 6 e 9 cm de altura; e para uma vazão de 0,70 m³/s/m, estes valores diminuem para 21%, 28% e 33%. • Os maiores níveis de dissipação de energia observam-se nos escoamentos aerados. Pode-se verificar que nos ensaios onde ocorreu a aeração do fluxo, os valores de dissipação de 41 ARTIGOS TÉCNICOS energia ficaram entre o valor mínimo de, aproximadamente, 55%, chegando até o valor máximo de 92%. Para as maiores vazões, aonde o fluxo não chega a tornar-se aerado, a dissipação de energia é bastante reduzida. Dessa análise conclui-se que para a eficiência do vertedouro em degraus, em termos de dissipação de energia, é importante que seja observado se a calha tem comprimento suficiente para que o escoamento da vazão de projeto se torne completamente aerado. Caso contrário, a estrutura de dissipação a jusante deverá prever situações em que os degraus não atuarão com sua total eficiência de dissipação de energia do escoamento. Quanto ao tamanho do degrau, a maior dissipação de energia corresponde aos escoamentos sobre calhas com degraus de maior altura, refletindo o comportamento da aeração, que inicia antes para calhas de maior rugosidade. Dissipação de energia em relação a um vertedouro de calha lisa A dissipação de energia em um vertedouro em degraus pode ser analisada em relação à energia, em uma mesma posição, em um vertedouro de calha lisa. Desta forma, avalia-se o efeito na dissipação de energia causada pela inserção dos degraus na calha. A equação (9) descreve a dissipação de energia em um vertedouro em degraus relativa a um de calha lisa. E' E' = (E '− Ep ) Em (9) Onde: E’ é a energia em uma determinada posição do vertedouro de calha lisa e EP é a energia na posição vertical correspondente no vertedouro de calha em degraus. FIG. 6: Dissipação de energia em relação a um vertedouro liso (Y = posição vertical em relação à crista e Hd é a carga de projeto – neste estudo é de 0,40 m). Essa análise baseia-se na comparação entre os resultados obtidos nos ensaios realizados nos modelos do vertedouro de calha lisa e calhas em degraus. Na Figura 6, são apresentados resultados de dissipação de energia em relação a um vertedouro de calha lisa em função de Y/hc, comparativamente com dados de Tozzi (1992) e Povh (2000). A avaliação da energia no vertedouro de calha lisa, nos trabalhos desses autores, foi realizada com base no método da camada-limite e pelo cálculo do perfil de escoamento utilizando o método das diferenças finitas. Os valores encontrados neste trabalho são superiores aos resultados de Tozzi (1992) e Povh (2000). Por exemplo, para um mesmo valor Y/hc = 20, o resultado de dissipação de energia relativa de Tozzi 42 (1992) está em torno de 60%, de Povh, aproximadamente 50%, e os resultados do presente estudo estão, aproximadamente, em torno de 80%. Analisando o comportamento dos resultados de dissipação de energia em vertedouros de calha em degraus em relação à energia em um vertedouro de calha lisa, pode-se concluir: • Confirma-se que a dissipação de energia em escoamentos aerados é muito mais significativa do que em escoamentos não aerados. Em escoamentos aerados sobre vertedouros em degraus, os níveis de dissipação de energia, em relação a um vertedouro de calha lisa, variaram neste estudo entre 45 e 94%. Para escoamentos que não atingem a zona aerada ao longo da calha, o ganho na dissipação de energia é menos significativo. • Numa mesma posição da calha, em relação à soleira do vertedouro, observa-se que a dissipação de energia é maior para vertedouros com degraus maiores, decrescendo com o aumento da vazão. 4. CONCLUSÃO Salienta-se que os resultados nesta pesquisa são válidos, a princípio, para vertedouros com declividade 1V: 0,75H (53,13º) e alturas de até 25 m, respeitando a recomendação da literatura de transposição de resultados até para a escala 1:10, em estudos de escoamentos bifásicos de ar-água. Essa escala resulta em degraus de 0,30 m, 0,60 m e 0,90 m, que correspondem à configurações geométricas bastante utilizadas em vertedouros com calhas escalonadas. Observou-se que o aumento no tamanho do degrau conduz o início da aeração a posições mais próximas da crista do vertedouro. Por outro lado, o aumento da descarga resulta no início da aeração mais a jusante. Avaliando a razão da energia dissipada ao longo da calha pela energia a montante do vertedouro, observou-se que esta relação é tanto mais significativa quanto menor for a vazão específica escoada pelo vertedouro e maior for o tamanho dos degraus. A mesma conclusão pode ser obtida quanto à energia dissipada ao longo da calha em degraus em relação à energia em um vertedouro de calha lisa. A avaliação da energia em vários pontos ao longo da calha, em conjunto com a avaliação do início da aeração, possibilitou concluir que a energia dissipada em escoamentos aerados é bem mais expressiva do que a obtida em escoamentos não aerados. Esse fato mostra a importância de o vertedouro em degraus ser projetado para vazões que atinjam a aeração durante o escoamento pela calha e o conhecimento da diminuição da dissipação para as maiores descargas, que se desconsideradas, podem prejudicar a estrutura para os eventos máximos. 5. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem o apoio de Furnas Centrais Elétricas S.A., a partir do financiamento do projeto de Pesquisa e Desenvolvimento “Características dos Escoamentos sobre Vertedouros em Degraus” e a CAPES pela concessão da bolsa de estudos à primeira autora. Os autores também agradecem a colaboração dos demais membros deste projeto: Jaime F. Gomes, Maurício Dai Prá, Rafael Wiest, Sérgio Nicolau Flores e Maximiliano Messa. 6. REFERÊNCIAS • BINDO, M., GAUTIER, J., LACROIX, F. (1993) The stepped spillway of M’Bali dam. Water Power & Dam Construction, p. 35-36. TECHNICAL ARTICLES • CHAMANI, M. R., RAJARATNAM, N. (1999) Characteristics of skimming flow over stepped spillways. 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ANOTAÇÕES 43 ARTIGOS TÉCNICOS ESTUDO DOS COEFICIENTES DE VAZÃO DAS COMPORTAS TIPO BASCULANTE (CLAPET) DA BARRAGEM MÓVEL DO RIO TIETÊ Yvone de Faria Lemos De Lucca 2 Podalyro Amaral de Souza 1 RESUMO O presente artigo refere-se ao estudo dos coeficientes de vazão das comportas existentes na Barragem Móvel do Rio Tietê, cuja obra é constituída por uma estrutura principal em concreto armado, dotada de nove comportas tipo basculante, as quais podem operar de diferentes modos: com apenas uma comporta, com um subconjunto delas ou com todas elas e com diferentes condições de aberturas entre comportas. Este tipo de estrutura de controle produz condições complicadas de escoamento devido aos diferentes efeitos que precisam ser considerados no modelo de equacionamento a ser desenvolvido. O presente trabalho apresenta o desenvolvimento de um modelo matemático para a estimativa de vazão através da estrutura de controle, onde são levados em consideração efeitos de abertura de comporta, termos cinéticos de aproximação à estrutura, presença de pilar entre as comportas adjacentes, afogamento do escoamento a jusante e a presença de uma comporta totalmente fechada entre duas operantes. Palavras-chave: comporta basculante, comporta clapet, coeficiente de vazão de comportas, barragem móvel. Study of discharge coefficients of the flapper gates in the Tiete River Movable Dam ABSTRACT This article refers to the study of discharge coefficients of the flapper gates in the Tiete River Movable Dam. This dam is made of a reinforced concrete structure with nine flapper gates, which can be operated independently from each other, opening angle from zero to 70 degree. This type of dam structure produces complex flow conditions due to the several opening combinations which make this study very challenging. This paper presents the development of a mathematical model that can estimate the coefficient flow taking into account all major variables present in this dam structure, like the angle of operation of each gate, the approaching flow velocity, the concrete column between gates, the downed outflow effects and the presence of a completely closed gate between two in operation. KEYWORDS: Flapper gate, clapet gate, coefficient of discharge of the gates, Movable Dam. 1. INTRODUÇÃO 2. DADOS DA ESTRUTURA As comportas basculantes são utilizadas para regulação do nível de um reservatório por meio do abaixamento e do levantamento das mesmas. Essas comportas são construídas com um tabuleiro articulado na aresta comum à soleira. Geralmente formam um ângulo em torno de 70º com a horizontal, cuja posição pode ser definida como fechada. A posição aberta consiste numa posição na qual o paramento da comporta forma uma superfície plana com o fundo do canal, permitindo dessa maneira um escoamento de água totalmente livre e facilitando a eliminação de corpos flutuantes. A descarga é feita por cima do paramento, com a comporta abaixada. A Barragem Móvel do Rio Tietê é composta de uma estrutura principal em concreto armado, dotada de 9 comportas basculantes, as quais operam de vários modos diferentes, produzindo condições complicadas de escoamento devido aos efeitos abaixo elencados: A Figura 1, a seguir, mostra um perfil da estrutura com as dimensões principais do canal e da comporta que foram consideradas nesse estudo. • O ângulo ”θ“ de abertura de uma comporta. • O termo cinético do escoamento de aproximação à estrutura, por montante. • A presença de pilar entre comportas adjacentes. • A presença de uma comporta totalmente fechada entre duas operantes. • O afogamento do escoamento a jusante. O objetivo principal deste trabalho foi o desenvolvimento de um modelo matemático para a estimativa de vazão através desta estrutura, levando em conta os principais efeitos considerados. FIG. 1: Principais dimensões em perfil da estrutura e da comporta. FIG. 1: View of the structure and of the gate. De acordo com a Figura 1, ficam definidas as seguintes grandezas geométricas: H1: cota do nível d’água a montante da estrutura menos a cota da soleira vertente; Engenheira do CTH-DAEE; Profa. Dra. da FEFAAP; Pós-doutoranda da UNICAMP; [email protected] Engenheiro do DAEE; Prof. Dr. EPUSP; [email protected] 1 2 44 TECHNICAL ARTICLES H2: cota do nível d’água a jusante da estrutura menos a cota da soleira vertente; Zsoleira: cota da soleira do canal da comporta cujo valor é 712,6 m; Zvertente: cota da soleira vertente da comporta, que indicará o ângulo θ; B: largura total da estrutura, igual a 90 m, com 9 vãos de comportas mais pilares; b: largura de um vão de comporta, cujo valor é 8 m; W: abertura parcial da comporta em relação à cota da soleira. Caso contrário, isto é, quando H2/H1 ≤ 0,82 o fator “KH” é dado (5) por KH = 1 A equação (4) foi deduzida seguindo uma ideia encontrada em Lewitt (1932). O terceiro fator, “Kθ”, leva em conta a influência do ângulo de inclinação da comporta “θ”, medido obedecendo a convenção usual de medida de ângulo no círculo trigonométrico. Observa-se π aqui que θ = corresponde a uma comporta totalmente fechada 2 (comporta em plano vertical). 3. MODELOS MATEMÁTICOS Como ponto de partida, será usada a equação que modela o escoamento controlado por uma comporta vertical plana, de largura “b”, inserida em um canal também de largura “b”, vertendo livremente uma vazão “Q”, sob uma profundidade de água “H1”, sendo esta medida em relação à crista da soleira vertente. Este modelo aqui descrito corresponde a um vertedor retangular de soleira delgada, com velocidade de aproximação cujo termo cinético é uma quantidade insignificante se comparado a “H1”. A expressão algébrica deste modelo é: Q= 2 3 3 ⋅ cQ ⋅ 2 ⋅ g ⋅ b ⋅ H1 2 (1) Para contemplar os efeitos relacionados na Introdução, o modelo matemático representado pela equação (1) será modificado pela introdução de três fatores, ficando com a expressão correspondente à equação (2), para “n” comportas operantes. Q= 3 2 ⋅ c ⋅ K ⋅ K ⋅ K ⋅ 2 ⋅ g ⋅ n ⋅ b ⋅ H1 2 3 Q a H θ (2) O primeiro fator “KA” leva em conta três efeitos: o do termo cinético da aproximação, o da presença de pilares entre comportas e o da ocorrência de comportas totalmente fechadas. A expressão analítica deste fator é: FIG. 3: Representação do ângulo de inclinação da comporta θ. FIG. 3: Representation of the inclination angle θ of the gate. A expressão do fator “Kθ” é : 2 ⋅θ Kθ = 1 + f π 2 ⋅θ A função f , pode ser estimada a partir da equação (7), π indicada a seguir: 2 ⋅θ 3 2 f = 0, 7689 ⋅ x − 1, 653 ⋅ x + 0, 8808 ⋅ x π 2 ⋅θ −1 W com x = e θ = sin . π ι 2 n⋅b K a = 1 + 2 ⋅b 2 H 1 ⋅ H + W 1 Na equação (3), o símbolo “n” é um número inteiro positivo que indica o número de comportas em operação. O segundo fator, “KH”, presente na equação (2), leva em consideração o efeito do afogamento produzido pela elevação da profundidade de jusante sobre o coeficiente de vazão. Este fator deve ser estimado pela equação (4) ou (5), dentro dos limites estabelecidos. ( KH = 1 − H2 H1 ) 3 2 + 3 2 ( )( ⋅ H2 H1 ⋅ 1 − H2 H1 Aplicável quando H2/H1 ≤ 0,82. ) 1 2 (4) 2 3⋅ 3 ⋅ cQa ⋅ b ⋅ H1 ⋅ 2 ⋅ g ⋅ H1 (8) O modelo de soleira espessa, equação (8), também deve contemplar os efeitos de: termo cinético de aproximação, presença de pilar, presença de comporta totalmente fechada e afogamento por jusante. Assim a equação (8), para “n” comportas totalmente abertas, θ = 0, fica transformada em: Q= (3) (7) Onde ι = 7,42 m é o comprimento da comporta. A equação (7) foi obtida por ajuste a dados experimentais de Bazin encontrados em Dominguez (1959). Se uma comporta operar completamente aberta, isto é, com θ = 0, o escoamento passa a ter as características de escoamento sobre soleira espessa. Neste caso, o modelo matemático é dado por: Q= FIG. 2: Vista da comporta funcionando com a influência da cota de jusante. FIG. 2: View of the gate running with the downed outflow effects. (6) 2 3⋅ 3 ⋅ cQa ⋅ K a ⋅ KH ⋅ n ⋅ b ⋅ H1 ⋅ 2 ⋅ g ⋅ H1 (9) Neste caso o fator “KA” deve ser estimado pela equação (3), tomando-se W = 0. O fator que leva em conta o efeito do afogamento, “KH”, deve ser estimado pela equação (4) ou pela equação (5). 4. DETERMINAÇÃO DOS COEFICIENTES DE VAZÃO O Centro Tecnológico de Hidráulica realizou, em 1989, um estudo experimental em modelo hidráulico, em escala reduzida, da Barragem Móvel do Rio Tietê, cujos resultados constam do Relatório Parcial no 3 – “Estudo do Escoamento através da Estrutura”. Os dados informados nesse relatório serviram de base para a determinação dos coeficientes CQ e CQA. 45 ARTIGOS TÉCNICOS O coeficiente CQ Inicialmente, foram obtidos os pares de pontos (Q, H1), para comportas com aberturas parciais correspondentes às seguintes cotas da soleira vertente: 715,00 m; 715,30 m; 715,60 m; 715,90 m, sem influência do nível de água de jusante, isto é, sem afogamento. Nestes casos foram calculados, com auxílio da equação (2), os correspondentes valores do produto “CQ · KA · Kθ”. Para cada uma das condições de abertura calculou-se tanto o valor do fator “KA” quanto do fator “Kθ”, o que permitiu a determinação dos correspondentes valores de coeficiente de vazão, cuja média corresponde a CQ = 0,532. O coeficiente CQA Ainda com base no Relatório Parcial no 3 – “Estudo do Escoamento através da Estrutura”, leu-se um conjunto de pontos (Q, H1) do Desenho no 72/89, “Curva de descarga de um vão totalmente aberto e sem controle do nível de água de jusante”. Estes pontos (Q, H1), na equação (9), permitiram a obtenção dos correspondentes valores do produto “CQA · KA”, com KH = 1, por não haver afogamento. Foram então calculados os associados valores do fator “KA”, pela equação (3), considerando W = 0. A média dos valores dos coeficientes de vazão resultou em CQA = 0,919. 5. ALGORiTMO Q 1.Dados {Z1, Z2, Zvertente, Zsoleira, n, b, B,CQ,CQA, ι} 2. H1 ← Z1 – Zvertente 3. H2 ← Z2 – Zvertente 4.Se H2/H1 < 0,82, então KH ← eq(5) 5.Se H2/H1 < 0,82, então KH ← eq(4) 6. W ← Zvertente – Zsoleira 7. θ ← sen-1(W/ι) 8. x ← 2 · θ/π 2 ⋅θ 9. f ← eq(7) π 10.Kθ ← eq(6) 11.K3 ← eq(3) 12.Q ← eq(2) ou eq(9) 13.Saída {CQ, CQA, KA, Kθ, b, H1, Q} 6. SIMULAÇÕES 6.1. Simulação 1: Com apenas 4 comportas operando (n = 4), todas elas com bordo vertente na cota Zvertente = 716,5 m; com níveis de água a montante e a jusante nas cotas Z1 = 718,25 m e Z2 = 715,60 m, respectivamente, deve-se estimar a vazão “Q” que escoa através da estrutura. 1.Dados {n = 4; Zvertente = 715,60 m; Zsoleira = 712,60 m; Z1 = 718, 25 m; Z2 = 715,60 m; b = 8 m; B = 90 m; ι = 7,42 m; CQ = 0,532} 2. H1 = 718,25 – 715,60 = 2,65 m 3. H2 = 715,60 – 715,60 = 0,00 m 4. H2/H1 = 0, então KH = 1 5. W = 715,60 – 712,60 = 3,00 m 6. θ = arc sen (3,00/7,42) = 0,416 rad 7. x = 0,265 2 ⋅θ 8. f = 0,132 π 9. Kθ = 1,132 46 2 2 4 × 8 2, 65 10.K a = 1 + ⋅ = 1, 002 2 × 90 2, 65 + 3 11. Vazão: 2 Q1 = × 0, 532 × 1, 002 × 1 × 1,132 × 2 × 9, 81 × 4 × 8 × 3 3 3 2, 65 2 = 245, 98 m s 6.2. Simulação 2: Nesta segunda simulação é considerada a operação de apenas uma comporta completamente aberta (θ = 0), com níveis de montante e jusante, Z1 = 718,60 m e Z2 = 716,80 m, respectivamente. Nesta situação, a comporta em pauta funciona como soleira espessa, sendo a cota da soleira vertente Zvertente = 712,60 m e a vazão estimada está indicada na última linha do algoritmo a seguir: 1.Dados {n = 1, Z1 = 718,27 m, Z2 = 716,80 m, CQA = 0,919, b = 8 m, B = 90 cm} 2. H1 = 718,27 – 712,60 = 5,67 m 3. H2 = 716,80 – 712,60 = 4,20 m 4. H2/H1 = 0,741, então KH = 1 5. W = 0 6. θ = 0 2 ⋅θ 7. x = π 8. f(x) = 0 9. Kθ = 1 2 2 10.K = 1 + 1 × 8 ⋅ 5, 67 = 1,002 a 2 × 90 5, 67 + 0 11.Vazão: Q= 2 3⋅ 3 × 0, 919 × 1,002 × 1 × 2 × 9, 81 × 1 × 8 × 3 5, 67 2 = 169,5 57 ⋅ m3 s 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS O desenvolvimento de um modelo matemático (algébrico) que permite a estimativa de vazões para diferentes condições de operação das comportas basculantes que fazem parte da Barragem Móvel do Rio Tietê, na Região Metropolitana de São Paulo–SP–Brasil, podendo contemplar vários efeitos como: ângulo de inclinação da comporta, termo cinético da aproximação, presença de pilares entre comportas, comporta totalmente fechada entre duas operantes e afogamento por jusante constitui uma contribuição certamente útil, mesmo que singela, para a operação de um sistema de macrodrenagem importante e ao mesmo tempo crítico, como o da Região Metropolitana de São Paulo. 8. BIBLIOGRAFIA • CENTRO TECNOLÓGICO DE HIDRÁULICA. Rio Tietê: barragem móvel; considerações sobre a aeração. São Paulo: CTH, julho de 1988. 6p. Relatório parcial no 1. • CENTRO TECNOLÓGICO DE HIDRÁULICA. Rio Tietê: barragem móvel; estudo do escoamento através da estrutura. São Paulo: CTH, maio de 1989. 40p. Relatório parcial no 3. • DOMINGUEZ, Francisco Xavier. Hidráulica. 3.ed. Santiago de Chile: Editorial Universitaria, 1959. 740p. • LEWITT, E. H. Hydraulics. London; New York: I. Pitman, 1932. • HENDERSON, F. M. Open channel flow. New York: Macmillan, 1966. 522p. • SOTELO ÁVILA, Gilberto. Hidraulica general. México: Editorial Limusa, 1974. TECHNICAL ARTICLES Eletrificação Rural em Santarém: Contribuição das Micro Centrais Hidrelétricas 1 Rudi Henri Van Els Janaina Deane de Abreu Sá Diniz; Josiane do Socorro; Aguiar de Souza Antonio Cesar Pinho Brasil Junior; Antonio Nazareno Almada de Sousa; Jaemir Grasiel Kroetz 2 RESUMO 0 município de Santarém, situado na Mesorregião do Baixo Amazonas, é o centro polarizador da Região Oeste do Pará com uma população de 274.285 habitantes, dos quais 31.633 vivem na zona rural e somente 1.060 consumidores rurais têm acesso ao serviço de energia elétrica da concessionária. A incipiente cobertura de energia elétrica fez com que a população local procurasse alternativas para o atendimento de fornecimento de energia elétrica para as comunidades rurais, e encontrou no aproveitamento do potencial hidráulico dos muitos rios com cachoeiras e corredeiras para a instalação de pico e micro centrais hidrelétricas. Nesse contexto, foram instaladas desde 2001, 44 pico centrais e 12 micro centrais hidrelétricas nos municípios de Santarém, Belterra e Uruará por empreendedores locais e por algumas comunidades a fim de atender à demanda local de eletricidade, fornecendo energia elétrica para aproximadamente 580 famílias, com uma capacidade instalada de mais de 700 kVA. A consolidação da opção dessa tecnologia fez com que a Superintendência Regional do Instituto de Colonização e Reforma Agrária e a Prefeitura de Santarém elaborassem um projeto com o objetivo de atender os assentamentos de reforma agrária na região, resultando na instalação de 6 micro centrais hidrelétricas (MCH’s), com uma capacidade total instalada de 820 kVA e uma rede de distribuição de 252 km para beneficiar 1.630 famílias nos Projetos de Assentamentos de Moju e Corta Corda. O objetivo deste artigo é apresentar as MCH’s instaladas na região e mostrar a contribuição dessas unidades para a eletrificação rural dos assentamentos rurais no município de Santarém. Além disso, o artigo discutirá o modelo de gestão desses empreendimentos. A metodologia consistiu na sistematização dos dados de implementação dos projetos da empresa fabricante das unidades, do INCRA e do poder municipal. As informações foram obtidas de material bibliográfico oficial, disponibilizado pelos próprios atores locais, e complementadas com levantamento de campo nos diferentes locais de instalação dos equipamentos, onde também foram realizadas entrevistas e observações junto aos moradores locais. Apesar de já estarem funcionando, os empreendimentos ainda não foram registrados na base de dados de geração do setor elétrico. O modelo de gestão proposto para a operacionalização do empreendimento foi o da gestão coletiva, onde a gestão do sistema deveria ser feita pela própria comunidade. Entretanto, por enquanto, a manutenção do sistema é coordenada pela prefeitura, pois ainda não foram criados os meios para se implementar esta gestão comunitária. A eletrificação rural por meio de MCH’s mostrou-se uma solução viável para atender comunidades rurais no município de Santarém. A solução para garantir o êxito do sistema deve passar pela organização da comunidade em cooperativas de eletrificação rural para incluir os empreendimentos no setor elétrico, adequando, assim, as instalações às normas do setor elétrico e consolidando o modelo de gestão. Palavras-chave: micro turbinas hidrelétricas, turbina Indalma, Amazônia. Rural electrification in Santarém: the contribution of micro hydropower ABSTRACT The municipality of Santarém in the lower Amazon river is the main center in the western region of the state of Pará with a population of 274.285 inhabitants, with 31.633 of them living in the rural zone, where only 1.060 rural costumers have access to regular electricity service from the utility provider. This incipient coverage of electricity service in the rural zone urged the local population to look for alternatives. This was found in the use of the hydraulic potential of creeks and rivers with rapids and waterfalls to implement pico and micro hydroelectric plants. So since 2001, 44 pico and 12 micro hydropower plants were installed in the municipalities of Santarém, Belterra and Uruará in the state of Pará by local entrepreneurs and communities to attend their basic electricity needs. These systems attend approximately 580 families with a total installed capacity of more than 700 kVA. The consolidation of this technological alternative induced the Regional Superintendent of the Institute for Colonization and Land Reform (INCRA) and the Municipality of Santarém to elaborate a project to attend the land reform settlements in the region. This led to the installation of 6 micro hydropower (MHP) with a total installed capacity of 820kVA and a 252 km distribution network to attend 1.630 families in the settlements of Moju and Corta Corda. The purpose of this paper is to present the MHP’s installed in the region and to show the contribution of these units in the rural electrification of rural settlements in Santarém. The paper discusses also the management model of these units. The survey’s methodology consisted in the systematization of project data from the plant builder, INCRA and the municipality. The information was obtained from the official bibliography from the local actors and complemented by field surveys with interviews and observation. Despite the fact that the MHP’s are in operation, they are not yet registered in the data base of the electric sector. The proposed management model is that of collective administration where the operation of the system is done by the proper community. However, the operation and maintenance of the systems is still coordinated by the municipality, because the mechanisms to implement the collective management have not yet been created. Laboratório de Energia e Ambiente da Universidade de Brasília Indalma Indústria & Comércio – Santarém-PA 1 2 47 ARTIGOS TÉCNICOS Rural electrification through MHP’s showed to be viable to attend rural communities in the municipality of Santarém. However, in order to succeed, the communities have to be organized in rural electricity utilities cooperatives to include these initiatives in the electric sector, attending the installations to the sector’s standards and consolidating the management model. KEYWORDS: micro hydroelectric power, Indalma turbine, Amazon. 1. INTRODUÇÃO A dificuldade da expansão do serviço de eletrificação rural na Amazônia tem sua origem em diversos fatores. A própria característica das comunidades rurais não é muito favorável para a promoção da eletrificação rural. A tradicional extensão de redes, nem sempre é uma opção tecnologicamente ou economicamente viável devido à dispersão das comunidades em áreas extensas que acabe de elevar o custo de instalação do sistema de distribuição. Outro fator é que a expansão da rede de distribuição de energia elétrica depende de uma infraestrutura rodoviária. Entretanto, parte significativa das comunidades amazônicas é somente acessível por meio dos rios. As instituições oficiais ainda não dispõem de dados precisos da demanda demográfica de energia elétrica nas áreas rurais. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do IBGE de 2008, mostram que existem no estado do Pará, 477 mil domicílios rurais, dos quais 109 mil não possuem iluminação elétrica, correspondendo a pouco mais de 22% do total de domicílios rurais. A PNAD verifica entre outras características, as condições sanitárias, água, esgoto, banheiro, coleta de lixo e a existência de iluminação elétrica nos domicílios particulares permanentes, porém, sem investigar a procedência do serviço. Uma fonte de dados mais completa seria o censo demográfico do IBGE, que permite a espacialização dos dados por setor censitário. Infelizmente, os dados dos censos que mostram a situação dos domicílios, sem iluminação elétrica, datam de 2000. Os dados do censo de 2000 mostram que Santarém tinha em torno de 53 mil domicílios dos quais 14 mil na zona rural e um total de 10 mil domicílios do município não tinham iluminação elétrica. Os dados mais atualizados sobre a região foram consultados na síntese de Informações Municipais 2008, da Prefeitura de Santarém. Segundo essa fonte, a população do município foi estimada em 2007, pelo IBGE, em 274.285 habitantes, dos quais 31.633 vivendo na zona rural. Os índices demográficos do município de Santarém indicam uma diminuição da população que residia na zona rural e, consequentemente, um aumento da população na zona urbana. Este comportamento pode ser atribuído a vários fatores, tais como: assistência técnica incipiente, dificuldades de acessos a créditos, carência de infraestrutura básica (escola, posto de saúde, manutenção de estradas, ramais, vicinais), transporte público deficiente e outros (SANTARÉM, 2009). A síntese ainda compila dados de diversas fontes e mostra que a distribuição e a comercialização de energia elétrica estão sob responsabilidade da empresa Centrais Elétricas do Pará (CELPA) que atende 99% da área da zona urbana do município. Entretanto, 89% da área da zona rural ainda não conta com atendimento de serviços de energia elétrica da empresa. A CELPA tem registrado 49.134 consumidores residenciais na zona urbana. Somente 1.060 consumidores rurais, no município de Santarém, estão sendo atendidos pelo serviço regular de fornecimento de energia elétrica da concessionária em 2008 (SANTARÉM, 2009). A dificuldade do atendimento por meio do serviço tradicional de extensão da rede de distribuição de energia elétrica é devido à própria característica da região. O município é composto por duas grandes regiões com características específicas, área com influência fluvial e lacustre, e área com influência da malha rodoviária no planalto. 48 A região dos rios e várzeas é habitada por 270 comunidades rurais de ribeirinhos que vivem ao longo dos principais rios e lagos da região. O acesso a essas comunidades é basicamente pelos rios e não há muitas rodovias. Consequentemente, essa é a região que tem a menor taxa de atendimento do serviço regular de energia elétrica, pois a eletrificação rural por meio de extensão de rede de distribuição normalmente se apoia nas estradas. Levantamento dos programas Agentes Comunitários de Saúde e Saúde da Família, da Secretaria Municipal de Saúde de Santarém, identificaram 10.892 famílias nos 4 distritos dessa região em 2008. Este mesmo levantamento mostra que a região do planalto conta com 11.755 famílias distribuídas em 207 comunidades rurais agrupadas em 3 distritos. As comunidades no planalto têm na sua grande maioria acesso por estradas e acomodam na média mais famílias. As maiores comunidades, como por exemplo, Alter do Chão, já contam com serviço regular de eletrificação rural fornecido pela CELPA. Esses dados confirmam a grande demanda de eletrificação para as áreas rurais. Numa primeira aproximação baseada em dados do IBGE, pode-se inferir que deve ainda haver mais de 5 mil domicílios na zona rural. Isso leva a um déficit de pelo menos 4 mil domicílios que não estão sendo atendidos por um serviço regular de fornecimento de energia elétrica. Entretanto, os dados da Secretaria Municipal de Saúde mostram que a demanda é muito maior. 2. GERAÇÃO CENTRALIZADA E DESCENTRALIZADA A energia elétrica distribuída e comercializada pela CELPA é fornecida pela Usina Hidrelétrica (UHE) de Curuá-Una, localizada no próprio município, e pela UHE de Tucuruí, por meio de uma linha de transmissão. A CELPA não mantém Usinas Termoelétricas no município. O mapa apresentado na Figura 1 mostra as principais subestações e linhas de transmissões no município. As maiores comunidades rurais ribeirinhas, normalmente têm alguma forma de geração descentralizada por meio de grupos motogeradores alimentados por óleo diesel que fornecem um atendimento precário de iluminação nas mesmas. Este serviço não é oferecido pela concessionária e nem é considerado serviço regular de fornecimento de energia elétrica pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Este serviço normalmente é gerenciado pela própria comunidade, com ou sem apoio do poder público municipal, e atende a comunidade normalmente à noite. Por não se tratar de serviço oferecido por um agente do setor elétrico, não tem acesso ao CCC e outros benefícios e nem é fiscalizado pela ANEEL. O custo do combustível é rateado pela própria comunidade. Na região de planalto, a situação é muito parecida para as pequenas comunidades. As maiores comunidades localizadas perto da rede de distribuição da CELPA têm acesso ao serviço regular de fornecimento de energia elétrica. Entretanto, há dezenas de pequenas comunidades, que se localizam distantes da rede de distribuição e da mesma forma que as comunidades ribeirinhas, têm alguma forma precária de atendimento gerenciado pela própria comunidade, por meio de grupos motogeradores a diesel. O alto custo de aquisição do diesel para gerar energia elétrica fez com que as comunidades procurassem alternativas para o fornecimento de energia elétrica visando suprir as suas demandas energéticas, buscando aproveitar recursos naturais localmente disponíveis. TECHNICAL ARTICLES para atender a demanda local de eletricidade, atendendo mais de 577 domicílios (famílias) com uma capacidade instalada de mais de 700 kW. A Figura 2 mostra as principais MCH’s instaladas. Principais MCH’s nos municípios Mapa do Estado do Pará Legenda: Fonte: Elaborado a partir de dados da ANEEL/SIGEL; IBAMA/SISCOM; IBGE. Nome FIG. 1: Mapa de comunidades rurais e fornecimentos do serviço de energia elétrica 3. H ISTÓRICO DAS IMPLEMENTAÇÕES DAS MCH’s NA REGIÃO A região do planalto apresenta muitos igarapés com cachoeiras e corredeiras, que podem ser aproveitadas para a instalação de pico e micro centrais hidrelétricas. Assim, foi instalada em 2001, a primeira pico central hidrelétrica de 5 kW na região da Fazenda Tapajós, na comunidade de Jabuti, no município de Santarém, fabricada pela empresa Indalma, de Santarém. Foi uma instalação experimental, com rede de 150 m, atendendo às necessidades da fazenda com duas casas, fornecendo energia elétrica para iluminação. O sucesso dessa instalação e a experiência acumulada pela empresa Indalma, levou a instalação de 44 pico centrais nos municípios de Santarém, Rurópolis, Belterra, Crepurizão, Placas e Óbidos. Com o aprimoramento da tecnologia e aumento da capacidade, a Indalma começou a instalar micro centrais hidrelétricas. Além das pico centrais, foram instaladas 12 micro centrais hidrelétricas nos municípios de Santarém, Belterra e Uruará por empreendedores locais e por algumas comunidades Município Potência (kVA) No de famílias 1 MCH Aruã Santarém 50 49 2 MCH São Jorge Santarém 4x40 180 3 MCH Açaizal do Prata Belterra 2x40 80 4 MCH Creporizão Itaituba 2x120 420 5 MCH Jatoarana Santarém 60 28 6 MCH Treviso Santarém 40 39 7 MCH Primavera Rurópolis 30 18 8 MCH Fazenda Alexandre Uruará 16 2 FIG. 2: Mapa com as MCH’s instaladas na região Esses empreendimentos não tinham um modelo de gestão específico. Alguns equipamentos foram instalados por empreendedores locais que financiaram a montagem da MCH e da rede elétrica e gerenciam a distribuição da energia. Outros foram montados pelas próprias comunidades que ratearam os custos de investimento. A primeira microcentral, instalada para atender uma comunidade, foi na Comunidade São Jorge, em 2003. 4. A INICIATIVA DO INCRA – PREFEITURA A consolidação da tecnologia e o expertise da Indalma fizeram com que o poder público local se interessasse por esta tecnologia alternativa. A Superintendência Regional do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e a Prefeitura de Santarém elaboraram um projeto que visava atender os assentamentos de reforma agrária na região, com esta opção tecnológica. A iniciativa resultou na instalação de seis micro centrais hidrelétricas (MCH’s), com uma capacidade total instalada de 820 kVA e uma rede de distribuição para atender 1.430 famílias. A Figura 3 e a Tabela 1 mostram a localização e as características das MCH’s, respectivamente. 49 ARTIGOS TÉCNICOS As fotos na Figura 4 mostram a MCH Piranha no PA Moju. FIG. 4: MCH Piranha Legenda: 5. A VIABILIDADE ECONÔMICA Micro central hidrelétrica 1 Corta Corda 2 Água Azul 3 Piranha 4 São João e Santo Antônio 5 Santa Rita 6 Sombra Santa FIG. 3: Empreendimentos INCRA – Prefeitura de Santarém Tabela 1: Empreendimentos MCH INCRA Empreendimento Município Assentamento Capacidade Família Private sector 1 MCH Corta Corda Santarém PA Corta Corda 150 kVA 180 37 km 2 MCH Água Azul Santarém PA Corta Corda 120 kVA 50 17 km 3 MCH Piranha Santarém PA MOJU 150 kVA 350 61 km 4 MCH São João e Santo Antônio Santarém PA MOJU 150 kVA 190 47 km 5 MCH Santa Rita (Fortaleza) Placas PA MOJU 90 kVA 180 42 km 6 MCH Sombra Placas Santa PA MOJU 160 kVA 380 48 km 820 kVA 1330 252 km 50 A realização dos empreendimentos foi mediante dois convênios firmados entre a Prefeitura de Santarém e o INCRA. O primeiro convênio foi de R$ 2.430.000,00 para construção das MCH’s e construção da rede de transmissão até as comunidades. Aproximadamente 580 famílias foram atendidas nessa primeira fase. Segundo convênio foi de R$ 5.050.000,00 e objetivava adequar as redes existentes no padrão do Programa Luz para Todos e ampliação para comunidades mais distantes e mais 1050 residências foram atendidas. O atendimento de energia foi realizado no mesmo padrão do Programa Luz para Todos, ou seja, três bicos de luz e duas tomadas. No total, foram atendidas 1630 famílias a um custo de R$ 4.588,00 por domicílio. Entretanto, os custos finais da instalação dos empreendimentos foram maiores, pois muitas atividades foram executadas pela prefeitura e também houve mudanças do projeto, ao longo da execução da obra. Mesmo assim, nota-se que o valor por domicílio é muito maior que o custo médio das ligações rurais por extensão de rede na região. A CELPA informou, em 2010, ao Programa Luz para Todos que o custo médio de uma ligação rural por meio de extensão de rede de distribuição era de R$ 11.332,81 por domicílio. Além disso, a CELPA informou um custo médio de R$ 14.827,30 para realização das ligações rurais por meio de sistemas de geração descentralizadas, porém, em relação ao atendimento por meio de Sistemas Individuais de Geração com Fontes Intermitentes (SIGFI), nos termos da Resolução Normativa da ANEEL no 83, de 20 de setembro de 2004, o custo médio ponderado seria de R$ 17.741,94 por consumidor atendido (ANEEL, 2010). 6. M ODELO DE GESTÃO – O DESAFIO DA GESTÃO COOPERATIVA COMUNITÁRIA Apesar de já estarem funcionando, os empreendimentos ainda não foram registrados na base de dados de geração do setor elétrico mantida pela agência reguladora. Por isso, os empreendimentos ainda funcionam à margem do setor elétrico. Outro desafio é a implementação do modelo de gestão das unidades. TECHNICAL ARTICLES O modelo de gestão proposto para a operacionalização do empreendimento era a gestão coletiva, onde a gestão do sistema seria feita pela própria comunidade. Esse modelo já é uma prática existente na região. Existem diversas experiências de gestão comunitária das MCH’s na região, mas todas caracterizadas pelo seu aspecto informal. Um exemplo é a comunidade de Açaizal do Prata, em Belterra, que montou uma associação comunitária informal para gerenciar a MCH de 80 kVA, e que na prática, funciona como uma cooperativa. Por enquanto, a manutenção das MCH’s do INCRA é coordenada pela prefeitura, pois ainda não foram criados os meios para se implementar esta gestão comunitária. Um mecanismo para implementar a gestão comunitária pode ser a instituição de uma cooperativa de eletrificação rural. As cooperativas de eletrificação rural foram muito importantes para a implantação da eletrificação nas áreas rurais, principalmente no sul do país. Os moradores em áreas rurais, sem nenhum atrativo para a concessionária, tiveram que se organizar em cooperativas e financiar a construção da sua própria rede de distribuição. Com o crescimento das cooperativas de eletrificação rurais, atendendo inclusive áreas urbanas, fez-se necessário a sua regulamentação e definir seu relacionamento com as concessionárias. Assim, a Lei 9.074 de 1995 permitiu a regulamentação das cooperativas na forma de permissionários (PRADO, 2003). A Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) registra a existência de 138 cooperativas de eletrificação rural, atendendo mais de 550.000 associados. Diferentemente do sul do país, na Região Norte, a figura da cooperativa de eletrificação rural não é muito difundida. Dados da ANEEL mostram a existência de somente uma cooperativa no Pará e uma em Rondônia (ANEEL, 2004). Com a implementação de uma cooperativa nos moldes da legislação do setor elétrico, os empreendimentos deixam de funcionar à margem do setor. A cooperativa pode, além de implementar a eletrificação rural, também prestar outros serviços para seus cooperados e, mais importante, poderá viabilizar o uso produtivo da energia gerada e a organização comunitária e social deste uso. 7. RESULTADOS E CONCLUSÕES A incipiente cobertura de serviços de energia elétrica para as áreas rurais de Santarém, fez com que as comunidades e empresas locais desenvolvessem uma alternativa de atendimento aproveitando o potencial hidráulico dos muitos igarapés com cachoeiras e corredeiras na região para a instalação de pico e micro centrais hidrelétricas. Ao total foram instalados desde 2001, 44 pico centrais e 12 micro centrais hidrelétricas, nos municípios de Santarém, Belterra e Uruará, fornecendo energia elétrica para aproximadamente 577 famílias, com uma capacidade instalada de mais de 700 kVA. A consolidação da opção tecnológica levou à instalação de 6 MCH’s com capacidade instalada de 820 kVA, uma rede de distribuição de 252 km para atender 1630 famílias pelo INCRA e Prefeitura de Santarém. O custo total do empreendimento foi R$ 7.480.000 levando a um custo de R$ 4.588,00 por atendimento, valor muito abaixo do valor de referência da CELPA. O custo médio das ligações rurais por extensão de rede informada pela Celpa ao Programa Luz para Todos é de R$ 11.332,81, em 2010. Quando esta ligação é realizada por sistema descentralizado, nos moldes do atendimento por meio do SIGFI, o custo de ligação aumenta para R$ 17.742,30, segundo a concessionária. Apesar de já estarem funcionando, os empreendimentos ainda operam à margem do setor elétrico, pois ainda não foram registrados na agência reguladora. O modelo de gestão proposto para a operacionalização do empreendimento era a gestão coletiva, onde a gestão do sistema seria feita pela própria comunidade. Entretanto, por enquanto a manutenção do sistema é coordenada pela prefeitura, pois ainda não foram criados os meios para se implementar essa gestão comunitária. A experiência mostrou que a eletrificação rural por meio de MCH’s é uma solução tecnológica e economicamente viável para atender comunidades rurais nos municípios do Oeste do Pará, pois estes sistemas atendem atualmente mais de 2.200 famílias e com mais de 1.5 MVA de capacidade instalada. Entretanto, para garantir o êxito do sistema, é necessária a organização da comunidade em cooperativas de eletrificação rural para incluir os empreendimentos no setor elétrico, adequando, assim, as instalações às normas do setor elétrico e consolidando o modelo de gestão. 8. Referências • ANEEL. Nota Técnica no 087/2004 SCT/SRE-ANEEL - Audiência Pública 040 2004, Brasília, 28 de set. de 2004, 2004. • ANEEL. Nota Técnica no 010/2010-SRC/ANEEL Processo: 48500.003259/03-04. Análise do Plano de Universalização das Centrais Elétricas do Pará S.A. - CELPA - Período 2009¬2010, Brasília, 22 de março de 2010. • Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Censo Demográfico 2000. Disponível em: http://www.sidra.ibge. gov.br/bda/ Acesso em maio de 2010. • Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). PNAD 2008. Disponível em: http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/ Acesso em maio de 2010. • Prado, João Alderi do. CRERAL - “Uma experiência de cooperativa na eletrificação rural e a nova legislação para as cooperativas”. PCH Notícias & SHP News, ano 5, rev. 17, p. 20-23, 2003. • Santarém, Prefeitura Municipal de Santarém, Informações Municipais. SEMPLAN/CIAM 2008, Secretaria Municipal de Planejamento e Coordenação Geral. Setor de Pesquisa e Informações Municipais, Tânia Mara Moraes Amazonas; Núbia Tavares de Oliveira, 2009. • Souza, Josiane do Socorro Aguiar et Rudi Henri van ELS, Antonio Cesar Pinho Brasil Junior, Janaina Deane de Abreu Sá Diniz. Energia e sustentabilidade no Distrito Florestal Sustentável da BR-163. In: VIII Encontro da Sociedade Brasileira de Economia Ecológica, 2009, Cuiabá. VIII Encontro da Sociedade Brasileira de Economia Ecológica, 2009. v. 1. ANOTAÇÕES 51 ARTIGOS TÉCNICOS Otimização e análise de alternativas de vertedor do tipo Labirinto trapezoidal Rafael Gustavo Roselli 1 RESUMO O presente trabalho propõe soluções com base em análises desenvolvidas em estruturas extravasoras em aproveitamentos a fio d’água, envolvendo análises nos critérios de dimensionamento de vertedores do tipo Labirinto. Para tanto, se fazem necessários estudos e comparações de resultados a serem desenvolvidos em cada projeto com relação aos fatores hidráulicos, hidrológicos, geológicos, topográficos e dos riscos envolvendo prejuízos decorrentes de falhas nas estruturas hidráulicas. A proposição de otimização de arranjo da estrutura extravasora do tipo Labirinto tem o objetivo de melhorar a segurança em relação à construção e operação, com foco no desenvolvimento do descarregador ideal para o estudo de caso. Palavras-Chave: Estruturas Hidráulicas, Vertedor, Descarregador Labirinto. Optimization and analysis of alternative trapezoidal labyrinth weir ABSTRACT This paper proposes solutions based on an analysis developed in spillway structures, involving analysis of the criteria for the design of labyrinth weirs. For this purpose, it is necessary to study and compare results to be developed in each project with respect to hydraulic factors, hydrological, geological, topographical and involving risks of losses caused by failures in hydraulic structures. The proposition of optimizing the arrangement of the spillway structure type labyrinth is designed to improve the safety of the construction and of the operation, focusing on the development of the ideal spillway for the case study. Keywords: Hydraulic Structures, Spillway, Labyrinth Spillway. 1. INTRODUÇÃO O conceito do descarregador do tipo Labirinto é fornecer o comprimento adicional da crista com relação à largura linear total do vertedouro de superfície com uma série de paredes trapezoidais ou triangulares na largura total em planta do vertedouro (Design of Small Dams, 1987). Segundo Magalhães (1983), o descarregador Labirinto é caracterizado por apresentar, em planta, uma soleira cuja crista se desenvolve segundo uma linha quebrada, repetindo em geral módulos ou ciclos de forma poligonal. Desta forma, este tipo de descarregador apresenta um maior desenvolvimento da crista do que um descarregador frontal, que ocupa a mesma largura. Gentlini (1941) afirma que os primeiros estudos sobre este tipo de vertedor de forma poligonal em planta surgiram em 1854 com Boileau e em 1907 com Aichel. O coeficiente de descarga deste tipo de vertedor envolve diversos fatores na geometria do tipo de Labirinto, e exige ensaios em modelos, pois os padrões de escoamento no vertedor Labirinto são muito complexos. A utilização de redes neurais artificiais para a estimativa do coeficiente de descarga com a entrada de parâmetros como comprimento, altura, ângulo entre os módulos do vertedor Labirinto e o número de Froude, pode resultar em bons resultados conforme trabalho apresentado por Emiroglu e outros (2011). No trabalho apresentado pelos autores, verificou-se que o modelo de redes neurais artificiais tem um desempenho melhor do que os modelos de regressões lineares e não lineares. No contexto do conjunto composto das estruturas de um sistema extravasor é importante a análise da estrutura de dissipação de energia. Em conjunto com a estrutura de controle do extravasor do tipo Labirinto, deverá ser realizada a análise da dissipação de energia a jusante desta estrutura de controle. USP, e-mail: [email protected] 1 52 O vertedor do tipo Labirinto apresenta uma maior capacidade de vazão de projeto se comparado ao descarregador de soleira normal (linear) para uma mesma carga e largura desenvolvida. A eficiência deste tipo de descarregador tende a reduzir conforme o aumento de carga sobre a soleira. Os principais parâmetros que envolvem seu dimensionamento são: o comprimento da crista da largura por ciclo, a carga sobre o vertedouro, o ângulo das paredes laterais do vertedouro com relação ao fluxo, e a relação entre a largura total desenvolvida do vertedouro (ciclos) e a altura do vertedouro (Design of Smal Dams, 1987). 2. MATERIAL E MÉTODOS Será apresentado no presente trabalho o estudo de caso de um aproveitamento a fio d’água utilizando alternativas de descarregador do tipo Labirinto e de soleira normal (vertedor Creager), com posteriores análises dos critérios de dimensionamento, resultados, vantagens e discussões sobre a utilização destes descarregadores. De acordo com Magalhães (1983), as formas dos vertedores na forma de Labirinto podem apresentar várias formas, porém, a mais indicada é o formato trapezoidal simétrico. A forma é definida pela relação do desenvolvimento total de um módulo da soleira (l) sobre a largura total de um módulo da soleira (w) e das relações do ângulo (α) formado pelas paredes laterais e a direção principal do escoamento e pelo número de módulos da soleira (n). Para as condições limites, tem-se a forma retangular (α = 0) e a forma triangular para o qual α é máximo, para um dado valor de l/w. A distância do fundo do canal de aproximação até a cota da crista da soleira corresponde à altura (P), e à altura da onda trapezoidal em planta representada por (c). Estes dados geométricos estão explícitos na Figura 1. TECHNICAL ARTICLES Este ábaco permite obter o valor de m = w Ql em W ⋅ h1,5 função dos parâmetros l/w e h/p. De acordo com DARVAS (1971), os ensaios com esta expressão deram origem ao ábaco anterior, segundo as condições de: • Soleira Labirinto com fundo horizontal e formato trapezoidal e perfil no formato de ¼ de circunferência; • Escoamento na soleira não afogado; • 1 ≤ • • ι w ≤ 8; 0, 2 ≤ h α • w p αmáx p ≤ ;0, 6 ≥ 0, 8; ≥ 2. O ábaco da Figura 2 apresenta o valor de µw adimensional e as unidades (l) e (w), em metros. A expressão da capacidade de vazão é dada por: Q = mw ⋅ w ⋅ 2 ⋅ g ⋅ h1,5 desenvolvimento total de um módulo da soleira (l) FIG. 1: Esquema descarregador Labirinto – adaptado (Magalhães, 1983) FIG. 1: Diagram of the spillway Labyrinth – adapted (Magalhães, 1983) A seguir, a Figura 2 apresenta o coeficiente de vazão de soleiras com forma trapezoidal em planta. (1) Magalhães (1983) afirma que ensaios realizados no LNEC e em outros laboratórios com modelos de diferentes descarregadores do tipo Labirinto comprovam a proximidade do coeficiente de vazão (µw) com os obtidos através deste ábaco, apresentado na Figura 2. O ensaio em modelo reduzido do escoamento neste tipo de vertedor é realizado para determinação do coeficiente de vazão e é importante para confrontar estes resultados com os cálculos teóricos de diferentes métodos. Em outubro de 1995, foi realizado pela FCTH/SP (Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica) uma aferição de um medidor Venturi através de um vertedor “Bico de Pato” (vertedor Labirinto trapezoidal). Com o modelo reduzido representado na Figura 3, construído na escala 1:2,667, obtevese os pares de valores (Qmodelo, hvertedor) e calculou-se o coeficiente de vazão (µ) através da expressão: m= Qmod elo ,5 l ⋅ 2 ⋅ g ⋅ h1vert (2) Onde: Q modelo = Vazão escoada do modelo reduzido; L = Comprimento total da soleira do modelo reduzido; hvert = Leitura da carga sobre a soleira vertente medida com a ponta limnimétrica descontado o valor de Z (cota desta mesma soleira). FIG. 2: Coeficiente de vazão de soleiras com forma trapezoidal em planta (Magalhães, 1983) FIG. 2: Discharge coefficient of sills with trapezoidal form in plan (Magalhães, 1983) FIG. 3: Vista do escoamento no modelo reduzido (FCTH, 1995) FIG. 3: Order flow in the reduced model (FCTH, 1995) 53 ARTIGOS TÉCNICOS Tomou-se o cuidado necessário, no exemplo anterior, para que o modelo reduzido representasse fidedignamente as mesmas condições hidráulicas do protótipo com relação à aeração da soleira e na aproximação do escoamento. Embora Magalhães (1983) afirme que os métodos de projeto não são apropriados para a proporção w/p inferior a 2; o desempenho hidráulico no estudo empírico de Matos & Chanson (2006) obteve valores inferiores desta relação com bons resultados. Outros testes para definir o comportamento hidráulico do Labirinto para esses valores mais baixos w/p são recomendados. A Figura 4 apresenta os parâmetros de dois ciclos do vertedor Labirinto. 2.1 Estudo de caso A seguir serão dimensionadas, de acordo com os critérios do item anterior, as alternativas de vertedores do tipo Labirinto, e para comparações posteriores o vertedor do tipo Creager, com os seguintes dados de projeto: Tabela 1: Dados de Projeto Table 1: Project Data Vazão de Projeto (m3/s) 500 Elev. Soleira do Vertedor (m) 100 Elev. Canal de Aproximação do Vertedor (m) 97 Largura máxima frontal ao escoamento (m) 100 O dimensionamento hidráulico para o vertedor Creager é dado por: 3 Q = c0 ⋅ l ⋅ H0 2 FIG. 4: Dois ciclos do vertedor Labirinto, Matos & Chanson (2006) FIG. 4: Two cycles of the labyrinth weir, Matos & Chanson (2006) (3) Onde: Q =. Vazão de projeto (m3/s) C0=. Coeficiente de vazão (m0,5/s) L =. Largura do vertedor (m) H0=. Carga sobre a soleira do vertedor (m) O coeficiente de vazão do perfil Creager é dado por: Onde: b =.Comprimento da parede no sentido paralelo ao escoamento; P =.Distância do fundo do canal de aproximação até a cota da crista da soleira correspondente à altura do vertedor Labirinto trapezoidal; w=.Largura maior de um módulo da soleira; α =.Ângulo formado pelas paredes laterais e a direção principal do escoamento; a =.Metade da largura menor de um módulo da soleira (chamado de vértice); n =.Número de módulos (ciclos do vertedor Labirinto). Matos & Chanson (2006) afirmam que quando o fluxo é considerado totalmente arejado, segundo a Figura 5, os métodos de Tullis e Lux apresentam resultados muito semelhantes para as relações H (carga sobre a crista do vertedor) e P (altura do vertedor). FIG. 6: Coeficiente de vazão Creager Fonte: Schreiber (1977) FIG. 6: Creager discharge coefficient Source: Schreiber (1977) Substituindo os valores da Tabela 1 na expressão (3), temos: 3 500 = 2,166 ⋅ 100 ⋅ H0 2 O valor de C0 = 2,154 foi obtido através da relação entre os valores de P = 3 m e H0 = 1,75 m, encontrado na expressão anterior. Alternativa 1 – vertedor Labirinto O dimensionamento hidráulico para o vertedor Labirinto da alternativa 1 será baseado nos dados geométricos da Tabela 2, de acordo com as características da Figura 1: Tabela 2: Dados Geométricos vertedor Labirinto – Alternativa 1 Table 2: Geometric Data Labyrinth spillway – Alternative 1 FIG. 5: Avaliação de vazões de cheia e carga sobre a soleira – Matos & Chanson (2006) FIG. 5: Assessment of flood flows and load on the sill – Matos & Chanson (2006) 54 a (m) 2 p (m) 3,00 número ciclos 3 α 18º c (m) 15,00 TECHNICAL ARTICLES A partir dos parâmetros α e c, obtém-se b igual a 15,77 m. O valor de w será definido nos cálculos apresentados a seguir. Considerando a mesma carga de H0 = 1,75 m, obtido no cálculo do vertedor do tipo Creager, obtém-se a largura frontal W (distância entre os muros que limitam lateralmente a soleira), segundo critérios hidráulicos do item 2. A partir do valor definido de W = 45,0 m através da iteração da mesma carga H0 = 1,75 m, que será apresentada a seguir, encontraram-se os valores geométricos de l, L (largura total desenvolvida nos 3 ciclos) e w. • 1 ≤ • Tabela 3: Dados Geométricos obtidos do vertedor Labirinto – Alternativa 1 Table 3: D ata obtained from Geometry Labyrinth spillway – Alternative 1 w α • w αmáx p p = 0, 6 ≤ 0, 6 ; = 0, 8 ≥ 0, 8; = 5, 00 ≥ 2. Nota-se que foram estabelecidas as condições limites para e α p αmáx . Alternativa 2 – vertedor Labirinto O dimensionamento hidráulico para o vertedor Labirinto da alternativa 2 é baseado nos dados geométricos da Tabela 5, de acordo com as características da Figura 1: l (m) 39,54 L (m) 118,63 w (m) 15,00 W (m) 45,00 a (m) 2 c (m) 15,00 p (m) 2,2 número ciclos 3 α 37,5º c (m) 15,00 Tabela 5: Dados Geométricos vertedor Labirinto – Alternativa 2 Table 5: Geometric Data Labyrinth spillway – Alternative 2 A partir dos parâmetros l e w, obtém-se α máx igual a 22,29º. De acordo com a relação encontrada para l/w igual a 2,64, obtém-se os valores de descarga do vertedor Labirinto e vazões (Figura 2) para as seguintes relações de h/p. Tabela 4: Vazão da alternativa 1 – vertedor Labirinto Table 4: Flow of Alternative 1 – Labyrinth weir h = 2, 64 ≤ 8 ; 0, 2 ≤ h • h ι h/p μ Qlab 0,50 0,2 1,31 92,63 1,00 0,3 1,19 236,67 1,50 0,4 1,14 417,74 2,00 0,5 1,06 596,10 2,50 0,6 0,98 769,55 A seguir, apresenta-se a curva de descarga encontrada para os valores da Tabela 4. Os valores destacados na Tabela 5 são os mesmos da Tabela 2. A partir dos parâmetros α e c, obtém-se b igual a 18,91 m. O valor de w será definido nos cálculos apresentados a seguir. Considerando a largura frontal W (vertedor Labirinto) igual a largura de 100 m do (vertedor Creager), encontra-se a carga de projeto H0, segundo critérios hidráulicos do item 2. A partir do valor definido de W=100,0 m através da iteração da carga H0, que será apresentada a seguir, encontraram-se os valores geométricos de l, L (largura total desenvolvida nos 3 ciclos) e w. Tabela 6: Dados Geométricos obtidos do vertedor Labirinto – Alternativa 2 Table 6: Data obtained from Geometry Labyrinth spillway – Alternative 2 l (m) 45,81 L (m) 137,44 w (m) 33,33 W (m) 100,00 c (m) 15,00 A partir dos parâmetros l e w, obtém-se α máx igual a 46,68º. De acordo com a relação encontrada para l/w igual a 1,37, obtém-se os valores de descarga do vertedor Labirinto e vazões (Figura 2) para as seguintes relações de h/p. FIG. 7: Curva de descarga alternativa 1 – vertedor Labirinto FIG. 7: Discharge curve alternative 1– Labyrinth weir De acordo com a equação da Figura 7, temos, para a vazão de projeto da Tabela 1, a carga sobre o vertedor de H0=1,75 m. Todas as condições da metodologia de Darvas (1971) apresentada no item 2 foram consideradas, conforme dados a seguir: Tabela 7: Vazão da alternativa 2 – vertedor Labirinto Table 7: Flow of Alternative 2 – Labyrinth weir h h/p μ Qlab 0,50 0,2 0,75 116,72 1,00 0,3 0,69 305,11 1,50 0,4 0,74 605,52 2,00 0,5 0,74 926,43 2,50 0,6 0,71 1.243,67 55 ARTIGOS TÉCNICOS A seguir, apresenta-se a curva de descarga encontrada para os valores da Tabela 7. Na segunda alternativa do vertedor do tipo Labirinto, optouse por manter a largura frontal de 100 m nas mesmas condições do vertedor do tipo Creager. Encontrou-se a lâmina sobre a soleira do vertedor do tipo Labirinto igual a 1,34 m. Os dados geométricos finais para esta alternativa estão representados na Figura 10. FIG. 8: Curva de descarga alternativa 2 – vertedor Labirinto FIG. 8: Discharge curve alternative 2 – Labyrinth weir De acordo com a equação da Figura 7, temos, para a vazão de projeto da Tabela 1, a carga sobre o vertedor de H0=1,34 m. Todas as condições da metodologia de Darvas (1971) foram consideradas, conforme dados a seguir: • 1 ≤ • ι w = 1, 37 ≤ 8 ; 0, 2 ≤ h • α • w αmáx p p = 0, 6 ≤ 0, 6 ; = 0, 8 ≥ 0, 8; = 14, 87 ≥ 2 . Nota-se que foram estabelecidas as condições limites para h e α p αmáx . 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Dimensionou-se um vertedor do tipo Creager para comparações com 2 alternativas de vertedor do tipo Labirinto no formato trapezoidal. Na primeira alternativa do vertedor do tipo Labirinto, optouse por reduzir a largura frontal e manter a lâmina d’água proporcionada por um vão de vertedor do tipo Creager de 100 m de largura de 1,75 m sobre a soleira. Os dados geométricos finais para esta alternativa estão representados na Figura 9. FIG. 10: Resultados geométricos alternativa 2 – vertedor Labirinto FIG. 10: Geometric alternative Results 2 – Labyrinth weir Foram estabelecidas as condições limites para h p e α αmáx em ambas as alternativas com 3 ciclos trapezoidais. Na primeira alternativa do vertedor Labirinto nota-se uma estrutura mais compacta com 45 m de largura frontal contra 100 m da segunda alternativa. Porém, observa-se que a altura p da segunda alternativa possui altura menor, com economia de 80 cm com relação à primeira alternativa, conforme limite de h = 0, 6 . Vale p ressaltar que os dados geométricos destacados na Tabela 5 foram mantidos para comparações entre as alternativas somente de largura frontal, ângulo formado pelas paredes laterais e a direção principal do escoamento, além da altura (p). 4. CONCLUSÃO A análise de alternativas de vertedor do tipo Labirinto trapezoidal são necessárias para verificar as condições geométricas, relacionadas ao custo benefício da obra, e condições hidráulicas, para capacidade deste tipo de estrutura extravasora. A alternativa 1 apresentou melhores condições de custo-benefício (estrutura mais compacta), pois o benefício proporcionado pela alternativa 2 com relação à altura (p) foi de apenas 80 cm em relação à alternativa 1. Uma observação importante a ser considerada no vertedor do tipo Labirinto é que com o aumento das vazões sobre a crista da soleira ocorre um aumento da vazão específica, principal problema neste tipo de vertedor, ou seja, o aumento da relação entre vazão e o comprimento vertente (m3/s/m) tende a tornar crítica a capacidade de vazão desta estrutura hidráulica. 5. REFERÊNCIAS FIG. 9: Resultados geométricos alternativa 1 – vertedor Labirinto FIG. 9: Geometric alternative Results 1 – Labyrinth weir 56 • E MIROGLU, M. E., BILHAN, O., KISI, O., Neural networks for estimation of discharge capacity of triangular labyrinth side-weir located on a straight channel, Published in: Journal Expert Systems with Applications: An International Journal archive Volume 38 Issue 1, January, 2011. • FUNDAÇÃO CENTRO TECNOLÓGICO DE HIDRÁULICA. Relatório de Aferição de um Medidor Venturi de 2750 mm na TECHNICAL ARTICLES estação de tratamento de esgoto de Barueri. Consórcio JNS – STENGEL – MULTISERVICE, Outubro de 1995. • GENTILINI, B., 1941, Stramazzi con Cresta a Pianta Obliqua e a Zig-Zag. Memorie e Studi dell’ Instituto di Idraulica e Construzioni Idrauliche, nº 48, Milano, 1941. • MAGALHÃES, S. P. – Descarregadores em Labirinto, Memória No 605, Lisboa, 1983. • MATOS, J., CHANSON, H., Labyrinth Spillways: Comparison of Two Popular U.S.A. 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Nos artigos em português, os títulos de quadros e figuras deverão ser escritos também em inglês; e artigos em espanhol e em inglês, os títulos de quadros e figuras deverão ser escritos também em português. Os quadros e as figuras deverão ser numerados com algarismos arábicos consecutivos, indicados no texto e anexados no final do artigo. Os títulos das figuras deverão aparecer na sua parte inferior antecedidos da palavra Figura mais o seu número de ordem. Os títulos dos quadros deverão aparecer na parte superior e antecedidos da palavra Quadro seguida do seu número de ordem. Na figura, a fonte (Fonte:) vem sobre a legenda, à direta e sem ponto final; no quadro, na parte inferior e com ponto final. O artigo em PORTUGUÊS deverá seguir a seguinte sequência: TÍTULO em português, RESUMO (seguido de Palavras-chave), TÍTULO DO ARTIGO em inglês, ABSTRACT (seguido de keywords); 1. INTRODUÇÃO (incluindo revisão de literatura); 2. MATERIAL E MÉTODOS; 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO; 4. CONCLUSÃO (se a lista de conclusões for relativamente curta, a ponto de dispensar um capítulo específico, ela poderá finalizar o capítulo anterior); 5. AGRADECIMENTOS (se for o caso); e 6. REFERÊNCIAS, alinhadas à esquerda. O artigo em INGLÊS deverá seguir a seguinte sequência: TÍTULO em inglês; ABSTRACT (seguido de Keywords); TÍTULO DO ARTIGO em português; RESUMO (seguido de Palavras-chave); 1. INTRODUCTION (incluindo revisão de literatura); 2. MATERIALAND METHODS; 3. RESULTS AND DISCUSSION; 4. CONCLUSIONS (se a lista de conclusões for relativamente curta, a ponto de dispensar um capítulo específico, ela poderá finalizar o capítulo anterior); 5. ACKNOWLEDGEMENTS (se for o caso); e 6. REFERENCES. O artigo em ESPANHOL deverá seguir a seguinte sequência: TÍTULO em espanhol; RESUMEN (seguido de Palabra llave), TÍTULO do artigo em português, RESUMO em português (seguido de palavras-chave); 1. INTRODUCCTIÓN (incluindo revisão de literatura); 2. MATERIALES Y METODOS; 3. RESULTADOS Y DISCUSIÓNES; 4. CONCLUSIONES (se a lista de conclusões for relativamente curta, a ponto de dispensar um capítulo específico, ela poderá finalizar o capítulo anterior); 5. RECONOCIMIENTO (se for o caso); e 6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS. Os subtítulos, quando se fizerem necessários, serão escritos com letras iniciais maiúsculas, antecedidos de dois números arábicos colocados em posição de início de parágrafo. No texto, a citação de referências bibliográficas deverá ser feita da seguinte forma: colocar o sobrenome do autor citado com apenas a primeira letra maiúscula, seguido do ano entre parênteses, quando o autor fizer parte do texto. Quando o autor não fizer parte do texto, colocar, entre parênteses, o sobrenome, em maiúsculas, seguido do ano separado por vírgula. O resumo deverá ser do tipo informativo, expondo os pontos relevantes do texto relacionados com os objetivos, a metodologia, os resultados e as conclusões, devendo ser compostos de uma sequência corrente de frases e conter, no máximo, 250 palavras. Para submeter um artigo para a Revista PCH Notícias & SHP News o(os) autor(es) deverão entrar no site www.cerpch.unifei. edu.br/submeterartigo. Serão aceitos artigos em português, inglês e espanhol. No caso das línguas estrangeiras, será necessária a declaração de revisão linguística de um especialista. Segunda Etapa (exigida para publicação) The manuscript should be submitted with following format: should be typed in Times New Roman; 12 font size; 1.5 spaced lines; standard A4 paper (210 x 297 mm), side margins 2.5 cm wide; and not exceed 16 pages, including tables and figures. In the first page should contain the title of paper, Abstract and Keywords. For papers in Portuguese, the table and figure titles should also be written in English; and papers in Spanish and English, the table and figure titles should also be written in Portuguese. The tables and figures should be numbered consecutively in Arabic numerals, which should be indicated in the text and annexed at the end of the paper. Figure legends should be written immediately below each figure preceded by the word Figure and numbered consecutively. The table titles should be written above each table and preceded by the word Table followed by their consecutive number. Figures should present the data source (Source) above the legend, on the right side and no full stop; and tables, below with full stop. The manuscript in PORTUGUESE should be assembled in the following order: TÍTULO in Portuguese, RESUMO (followed by Palavras-chave), TITLE in English; ABSTRACT in English (followed by keywords); 1. INTRODUÇÃO (including references); 2. MATERIAL E MÉTODOS; 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO; 4. CONCLUSÃO (if the list of conclusions is relatively short, to the point of not requiring a specific chapter, it can end the previous chapter); 5. AGRADECIMENTOS (if it is the case); and 6. REFERÊNCIAS, aligned to the left. The article in ENGLISH should be assembled in the following order: TITLE in English; ABSTRACT in English (followed by keywords); TITLE in Portuguese; ABSTRACT in Portuguese (followed by keywords); 1. INTRODUCTION (including references); 2. MATERIAL AND METHODS; 3. RESULTS AND DISCUSSION; 4. CONCLUSIONS (if the list of conclusions is relatively short, to the point of not requiring a specific chapter, it can end the previous chapter); 5. ACKNOWLEDGEMENTS (if it is the case); and 6. REFERENCES. The article in SPANISH should be assembled in the following order: TÍTULO in Spanish; RESUMEN (following by Palabrallave), TITLE of the article in Portuguese, ABSTRACT in Portuguese (followed by keywords); 1. INTRODUCCTIÓN (including references); 2. MATERIALES Y MÉTODOS; 3. RESULTADOS Y DISCUSIÓNES; 4. CONCLUSIONES (if the list of conclusions is relatively short, to the point of not requiring a specific chapter, it can end the previous chapter); 5.RECONOCIMIENTO (if it is the case); and 6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS. The section headings, when necessary, should be written with the first letter capitalized, preceded of two Arabic numerals placed at the beginning of the paragraph. References cited in the text should include the author’s last name, only with the first letter capitalized, and the year in parentheses, when the author is part of the text. When the author is not part of the text, include the last name in capital letters followed by the year separated by comma, all in parentheses. Abstracts should be concise and informative, presenting the key points of the text related with the objectives, methodology, results and conclusions; it should be written in a sequence of sentences and must not exceed 250 words. For paper submission, the author(s) should access the online submission Web site www.cerpch.unifei.edu.br/submeterartigo (submit paper). The Magazine PCH Notícias & SHP News accepts papers in Portuguese, En-glish and Spanish. Papers in foreign languages will be requested a declaration of a specialist in language revision. Second Step (required for publication) O artigo depois de analisado pelos editores, poderá ser devolvido ao(s) autor(es) para adequações às normas da Revista ou simplesmente negado por falta de mérito ou perfil. Quando aprovado pelos editores, o artigo será encaminhado para três revisores, que emitirão seu parecer científico. Caberá ao(s) autor(es) atender às sugestões e recomendações dos revisores; caso não possa(m) atender na sua totalidade, deverá(ão) justificar ao Comitê Editorial da Revista. After the manuscript has been reviewed by the editors, it is either returned to the author(s) for adaptations to the Journal guidelines, or rejected because of the lack of scientific merit and suitability for the journal. If it is judged as acceptable by the editors, the paper will be directed to three reviewers to state their scientific opinion. Author(s) are requested to meet the reviewers, suggestions and recommendations; if this is not totally possible, they are requested to justify it to the Editorial Board. Obs.: Os artigos que não se enquadram nas normas acima descritas, na sua totalidade ou em parte, serão devolvidos e perderão a prioridade da ordem sequencial de apresentação. Obs.: Papers that fail to meet totally or partially the guidelines above described will be returned and lose the priority of the sequential order of presentation. 58 NEWS 59 CURTAS Mudanças climáticas: um tema na ordem do dia Setor elétrico enfrenta o desafio de se adaptar às metas da Política Nacional de Mudanças Climáticas, enfrentar os eventos extremos e ampliar a presença de fontes alternativas na matriz Da redação Arquivo Pessoal As mudanças climáticas são, hoje, um dos temas prioritários da agenda do setor elétrico brasileiro. Governo, empresas e investidores terão pela frente, nos próximos anos, uma bateria de desafios, entre eles a adaptação às metas da Política Nacional de Mudanças Climáticas (PNMC), o enfrentamento dos eventos extremos que impactam os negócios de geradoras, transmissoras e distribuidoras de energia e o contínuo investimento para ampliar a presença de fontes como eólica e biomassa na matriz energética do país. Segundo dados de 2005, a produção e o uso de energia no mundo responderam por 64,4% das emissões totais de gases de efeito estufa (GEE). Deste percentual, a eletricidade e o aquecimento representaram 28%. No Brasil, a geração de energia elétrica ficou com uma parcela de 2,1% das emissões de GEE, índice que reflete o alto grau de fontes renováveis na nossa matriz elétrica. "Com a regulamentação da PNMC, o Brasil se tornou o primeiro país em desenvolvimento a estabelecer em lei limites para os seus níveis de emissões", observa Arilde Sutil Gabriel, coordenadora do GT de mudanças climáticas do Fórum de Meio Ambiente do Setor elétrico (FMASE). A meta é, até 2020, reduzir as emissões entre 36,1% e 38,9%. Caberá ao setor de energia uma cota de 7%. Nesta entrevista exclusiva à PCH Notícias, Arilde Gabriel traça um panorama da questão: Mudanças Climáticas no setor elétrico, destacando os impactos da PNMC e do Decreto 7390/2010, que regulamentou a política, além das ações que o Fórum de Meio Ambiente do Setor elétrico (FMASE) vem fazendo. Para ela, o grande desafio será regulamentar a operacionalização e a governança da PNMC. entrevista com Arilde Sutil Gabriel uma discussão mais aprofundada, tanto com a sociedade como no setor elétrico. Participaram destas discussões representantes do MDIC, FBMC, MME / EPE, MMA, MAPA, MFaz, MAPA e Casa Civil. • PCH Notícias: Que avaliação faz da Política Nacional de Mudanças Climáticas (PNMC)? • PCH Notícias: A questão climática é hoje uma preocupação de todos os setores. Qual é o peso que ela tem para o setor elétrico? Arilde Sutil Gabriel: Globalmente, o setor de energia é de suma importância para o tema das mudanças climáticas, uma vez que a produção e o uso de energia foram responsáveis por 64,4% das emissões totais de gases de efeito estufa (GEE) do planeta em 2005. Deste percentual, a eletricidade e o aquecimento são responsáveis por 28%. Em 2005, o Brasil foi responsável por apenas 6,5% das emissões mundiais de GEE, sendo o desmatamento responsável por cerca de 64,1% das emissões nacionais. Por sua vez, a geração de energia elétrica nacional é responsável por somente 2,1% das emissões de gases de efeito estufa produzidos no país. Este índice reflete o alto grau de fontes renováveis na nossa matriz elétrica. • PCH Notícias: Em relação à esta questão, quais são os principais pontos da agenda do Fórum de Meio Ambiente do Setor elétrico (FMASE)? Arilde Sutil Gabriel: O assunto Mudanças Climáticas já era discutido no FMASE antes da COP-15. Em 2009, elaborou-se o “Position Paper” contendo a proposta do FMASE sobre Mudanças Climáticas, o qual foi apresentado para o Governo, CNI e em Copenhague. Este documento foi atualizado em 2010 e apresentado na COP-16 em Cancún. O FMASE participou ativamente da regulamentação da Política Nacional sobre Mudança do Clima através do Grupo de Trabalho de Mudanças Climáticas formado com técnicos especialistas de suas associadas. O GT Mudanças Climáticas atuou com o Grupo de Mobilização Empresarial da CNI junto ao Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas (FBMC), no Grupo do Plano Setorial de Energia. Durante 2010, o FMASE participou de várias reuniões de articulação procurando estabelecer um diálogo com o governo e adiar a implementação do Plano Setorial de Energia, pois entendíamos que havia necessidade de mais tempo para 60 Arilde Sutil Gabriel: O Brasil por não ser um país do Anexo I, não tinha o compromisso de redução de emissões de GEE perante o protocolo de Quioto. Em uma atitude proativa, o governo brasileiro assumiu em Copenhague o compromisso voluntário de reduzir entre 36,1% e 38,9% as nossas emissões projetadas para 2020. Após a COP-15, o Brasil instituiu a Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC) através da Lei no 12.187, de dezembro de 2009 definindo que: • Para alcançar os objetivos da PNMC, o país adotará como compromisso nacional voluntário, ações de mitigação das emissões de GEE, para reduzir entre 36,1% e 38,9% suas emissões projetadas até 2020. • A projeção das emissões para 2020 e o detalhamento das ações para alcançarmos este objetivo serão dispostos por decreto, com base no 2º Inventário Brasileiro de Emissões, a ser concluído em 2010. O decreto 7390/2010, que regulamentou a PNMC, foi assinado pelo presidente Lula em dezembro de 2010, durante a COP-16. Com a regulamentação da PNMC, o Brasil se tornou o primeiro país em desenvolvimento a estabelecer em lei limites para os seus níveis de emissões. • PCH Notícias: Para um país que tem uma matriz altamente limpa, meta nacional de redução da emissão de gases de efeito estufa (GEE), entre 36,1% e 38,9% das emissões projetadas até 2020 não é muito exagerada? Arilde Sutil Gabriel: Desses 36%, ao setor de energia cabe 7%, ficando 25% para o uso da terra, ou seja, redução das emissões por desmatamento da Amazônia e Cerrado e, 5% para a Agropecuária. Os montantes definidos para os quatro setores contemplados no Decreto 7390/2010 já atingem a meta de redução prevista. Segundo o mesmo decreto, um dos setores que deverá executar seu Plano de Mitigação em 2011 é o de Transporte que emite três vezes mais que o Setor elétrico, porém, a meta já está cumprida. Realmente, o Setor elétrico não precisaria ter metas, pois a nossa matriz é uma das com maior participação de fontes renováveis do mundo, 79%, enquanto a média mundial está em 13%. news Climatic Changes: under the spotlight The electric sector faces the challenge of adjusting itself to the new goals of the National Policy for Climatic Changes, facing extreme events and increasing the presence of renewables in the matrix Translation: Adriana Candal Today, climatic changes are one of the top priority topics of the Brazilian electric sector agenda. Government, companies and investors will have a lot of challenges in the future to come: among them the adjustment to the new goals of the National Policy for Climatic Changes (PNMC), facing extreme events that might have impacts on power generation, transmission and distribution businesses and the continuous investment to increase the presence of alternative sources, such as wind and biomass, in the country’s energy matrix. According to data from 2005 the production and the use of power in the world accounted for 64.4% of the total emissions of greenhouse gases (GGs). Out of this percentage, electricity and heating represented 28%. In Brazil, electric power generation is responsible for 2.1% of GG emissions, an index that reflects the high use of renewables in our electric matrix. "With the PNMC regulation, Brazil has become the first developing country to issue a law establishing limits for emission levels," observes MS. Arilde Sutil Gabriel, coordinator of the Climatic Changes Workgroup of FMASE (Environmental Forum of the Electric Sector). The goal is to reduce the emissions by 36.1% to 38.9% by 2020. The energy sector will have a share of 7%. In this exclusive interview to PCH Notícias, MS. Arilde Gabriel outlines a scenario of the climatic changes in relation to the electric sector, highlighting the impacts of the PNMC and of Decree 7390/2010, which regulated the policy. She will also talk about the actions FMASE have been taking. In her opinion, the great challenge will be to regulate the operation and the governing of the PNMC. interviewing with Arilde Sutil Gabriel • PCH Notícias: Today, the issue regarding the climate concerns all the sectors of society. How concerned is the electric sector? MS. Arilde Sutil Gabriel: Globally, the energy sector is of the utmost importance regarding climatic changes, given that the production and the use of energy accounted for 64.4% of the total emissions of GGs in the planet in 2005. Out of this percentage, electricity and heating are responsible for 28%. In 2005, Brazil’s share of the world’s GG emission was just 6.5%, where deforestation accounted for about 64.1% of the national emissions. In turn, the national generation of electric power is responsible for only 2.1% of the GGs produced by the country. This index reflects the high use of renewables in our electric matrix. • PCH Notícias: In relation to this matter, what are the main points of FMASE’s (Environmental Forum of the Electric Sector) agenda? MS. Arilde Sutil Gabriel: This issue, climatic changes, has been discussed by FMASE since before COP-15. In 2009 FMASE elaborated the “Position Paper”, which contained the forum’s proposal about climatic changes and was presented to the government, to the CNI (National Confederation of Industry - Brazil) and in Copenhagen. This document was updated in 2010 and presented in COP-16 in Cancún. FMASE participated actively in the regulation of the National Policy for Climatic Changes through the Climatic Changes Workgroup formed by technicians and experts from their associates. The Climatic Change Workgroup acted jointly with CNI’s Business Mobilization Group in the Brazilian Forum on Climatic Changes (FBMC), in the Group of Energy Sectorial Plan. In 2010, FMASE participated in several meetings trying to establish a dialogue with the government and postpone the implementation of the Energy Sectorial Plan, given that we understood that we needed more time for a deeper discussion with both, the society and the electric sector. Representatives of several institutions participated in the debates. • PCH Notícias: How do you assess the National Policy for Climatic Changes (PNMC)? MS. Arilde Sutil Gabriel: As Brazil does not belong to Attachment 1, it did not have any commitment regarding the reduction in the emission of GGs in the Kyoto Protocol. In a proactive attitude, the Brazilian government assumed the commitment of reducing our projected emission for 2020 by 36.2% to 38.9% in Copenhagen. After COP-15, Brazil instituted the National Policy for Climatic Changes (PNMC) through Law 12,187, December, 2009, defining that: • I n order to reach the PNMC goals, the country will adopt, as a national voluntary commitment, actions that will reduce the 2020 projected GG emissions by 36.1% to 38.9%. • The projections of the 2020 emissions and the actions details to reach this goal will be issue through a Decree, based on the 2nd Brazilian Emission Inventory, which was concluded in 2010. Decree 7390/2010, which regulated the PNMC, was signed by President Lula in December 2010 during the COP-16. With the regulation of the PNMC, Brazil has become the first developing country to establish its levels of emission through a Law. • PCH Notícias: For a country whose energy matrix is extremely clean, a national goal to reduce the emission of GG gases by 36.1% to 38.9% by 2020 isn’t exaggerated? MS. Arilde Sutil Gabriel: Out of these 36%, 7% will be in charge of the energy sector, the other 25% will be in charge of the use of land, i.e., reduction in the emissions caused by the deforestation of the Amazon Jungle and Cerrado vegetation and 5% agricultural and livestock practices. The amounts that were defined for the four sectors according to Decree 7390/2010 already reach the forecast reduction. Still according to the same Decree one of the sectors that will have to carry out its own Mitigation Plant is the transport sector, which releases three times as much GGs than the Electric Sector. Indeed, the Electric Sector did not need to have goals, given that our matrix has the highest participation of renewable sources in the world, 79%, whereas the world’s average is 13%. • PCH Notícias: Decree 7390/2010 implemented the PNMC. How do you assess this regulation? MS. Arilde Sutil Gabriel: Decree 7390/2010, which regulates the PNMC, defined sectorial goals aiming at: Changes in the Use of soil, Energy, Industrial Processes, Residue Treatment and Agriculture and Livestock. It forecasts that the projections regarding GG emissions for the year of 2020 will be 3,236 million tons of CO2eq, where the energy sector will be responsible for 868 million tons of CO2eq. The PDE Plano Decenal de Expansão de Energia (an energy expansion plan) is considered to be the Sectorial Plan for the Mitigation and Adjustment to Climatic Changes and the reduction due to the mitigation actions forecast in the PDE comprise 234 million tons of CO2eq, reaching 634 million tons of CO2eq in 2020. The Sectorial Plans have been adapted from existing plans in a short period of time, less than one year, with little debate 61 CURTAS • PCH Notícias: O decreto 7390/2010 implementou a PNMC. Como a senhora avalia esta regulamentação? Arilde Sutil Gabriel: O decreto 7390/2010 de regulamentação da PNMC definiu metas setoriais para: Mudança do Uso do Solo, Energia, Processos Industriais e Tratamento de Resíduos e Agropecuária. Prevê que a projeção das emissões de GEE para o ano de 2020 será de 3.236 milhões de ton CO2eq, sendo o setor de energia responsável por 868 milhões de ton CO2eq. O PDE - Plano Decenal de Expansão de Energia é considerado o Plano Setorial de Mitigação e Adaptação às mudanças climáticas e a redução devido às ações de mitigação previstas no PDE perfazem 234 milhões ton CO2eq, chegando em 2020 com 634 milhões de ton CO2eq. Os Planos Setoriais foram adaptados de planos já existentes num curto período de tempo, menos de um ano, com pouca discussão nos setores e na sociedade. O PDE, por exemplo, que sempre foi um estudo indicativo para a expansão do Setor elétrico, com a emissão do decreto, tornou-se a base para direcionar a redução das emissões de GEE do Setor de energia. • PCH Notícias: Qual será o impacto para o setor de energia elétrica? Arilde Sutil Gabriel: O decreto prevê que a redução das emissões no Setor de energia seja alcançada através de ações de expansão da oferta hidroelétrica, da oferta de fontes alternativas renováveis, notadamente centrais eólicas, pequenas centrais hidroelétricas e bioeletricidade, da oferta de biocombustíveis, e incremento da eficiência energética. O PDE-2019 não prevê usinas termelétricas após 2013 e dá prioridade a usinas hidrelétricas a fio d'água, fato que reduzirá o equilíbrio e a segurança energética do sistema e o custo da energia. • PCH Notícias: O decreto coloca o PDE como plano setorial para energia. O que isso representa e que preocupações existem com isso? Arilde Sutil Gabriel: O PDE é elaborado anualmente, e apresentado para consulta pública. As metas para 2020 previstas na lei são do PDE 2020, ainda não publicado. A metodologia de cálculo da projeção das emissões não foi apresentada. Qual plano (2019 ou 62 2020), e somente este, será considerado Plano Setorial de Energia? O decreto permitiria suspensão de leilão que aceitasse participação de fonte não prevista no PDE (que passou a ser determinístico), como o caso de térmicas após 2013, que com certeza serão necessárias. • PCH Notícias: No Brasil, o setor de energia elétrica emite pouco. O que fazer para se adaptar ao estabelecido pelo governo? Arilde Sutil Gabriel: O Brasil deve ter reconhecido o seu esforço em ter desenvolvido e mantido uma matriz elétrica baseada em 79% de fontes renováveis, enquanto a média mundial é 12%. Mantendo esta política estará contribuindo para o Brasil atingir as metas. • PCH Notícias: Quais são os desafios para a implantação da política? Arilde Sutil Gabriel: O grande desafio é a regulamentação da operacionalização e governança. • PCH Notícias: Que ações ou encaminhamentos, em nível regulatório ou legislativo, o fórum está fazendo nesta área? Arilde Sutil Gabriel: O FMASE está se reunindo com Ministério do Meio Ambiente (MMA) e MME, iniciando diálogo sobre a nova PNMC e os desdobramentos sobre o Setor elétrico. Um dos temas pleiteados é a revogação da IN-12 do Ibama. • PCH Notícias: Nos últimos anos, temos enfrentado uma série de desastres naturais que colocam em risco as infraestruturas de energia, como usinas, linhas, subestações e redes elétricas. O que o GT de Mudanças Climáticas está fazendo para tratar disso? Arilde Sutil Gabriel: Os eventos extremos têm ocorrido com mais frequência causando impactos não previstos e riscos de diminuição da qualidade do serviço prestado pelo setor de energia. Os parâmetros de projeto precisam ser revistos e ações de adaptação devem ser implementadas. Para isso, Estudos de Adaptação às Mudanças do Clima devem ser desenvolvidos. Essa é uma das recomendações do documento “Visão do Setor elétrico Brasileiro no Debate sobre as Mudanças Climáticas”, produzido pelo FMASE em 2010 e apresentado em Cancun. news among the sectors and with the society. With the issue of the Decree, the PDE, for example, which has always been a studied that pointed to the expansion of the Electric Sector, became the bases to guide the reductions in the GG emissions of the electric sector. MS. Arilde Sutil Gabriel: Brazil must have its effort recognized for having developed and maintained an electric matrix based on 79% of renewable sources, whereas the world’s average is 12%. By maintaining this policy Brazil will be able to fulfill the goals. • PCH Notícias: What are the impacts on the electric power sector? • PCH Notícias: What are the challenges to implement the policy? MS. Arilde Sutil Gabriel: The Decree forecasts that the reductions in the emission of the energy sector must be fulfilled through actions aiming at expanding hydropower offer, the offer of renewable alternative sources, mainly from windmills, SHPs and bioelectricity, the offer of biofuels and the increase of energy efficiency. PDE-2019 does not forecast thermal power plants after 2013 and gives priority to runin-river hydropower plants, a fact that will reduce the energy balance and security of the system and the energy cost. MS. Arilde Sutil Gabriel: The greatest challenge is the regulation of the operation and governing. • PCH Notícias: The Decree puts the PDE as an Energy Sectorial Plan. What does it represent and what are the concerns about it? MS. Arilde Sutil Gabriel: The PDE is elaborated annually and it is presented to a public hearing. The goals for 2020 forecast in the Law belong to PDE 2020, which has not been published yet. The calculation methodology of the emission projections has not been presented. Which plan (2019 or 2020), and only this one, will be considered as the Energy Sectorial Plan? The Decree would allow the suspension of auctions that accepted the participation of sources that are not listed in the PDE (which is now determining) such as the case of thermal power plants after 2013, which, surely, will be necessary. • PCH Notícias: In Brazil, the electric sector has small emissions. What is there to do to adjust itself to what was established by the government? • PCH Notícias: What actions, in terms of regulation and legislation, is the Forum carrying out? MS. Arilde Sutil Gabriel: FMASE has being having meetings with the Ministry of Environment (MMA) and the Ministry of Mines and Energy (MME) to start a dialogue on the new PNMC and the developments of the electric sector. One of the topics that has been approached is the revocation of IN-12 from Ibama. • PCH Notícias: In the past few years, we have faced series of natural catastrophes that have put energy infrastructures at risk, such as power plants, power lines, substations and electric grids. What is the Climatic Changes Workgroup has done to deal with that? MS. Arilde Sutil Gabriel: These extreme events have been taking place with more frequency, causing impacts that have not been forecast so far and risks of lowering the quality of the service rendered by the energy sector. The project parameters must be reviewed and adjustment actions must be implemented. Aiming at those factors, Climatic Changes Adjustment Studies are being developed. This is one of the recommendations of the document “View of the Brazilian Electric Sector in the Debate on Climatic Changes”, produced by FMASE in 2010 and presented in Cancun. 63 OPINIÃO Segurança energética, competitividade e sustentabilidade: diagnóstico setorial Por Decio Michellis Jr.* CERPCH Um estudo, realizado pelo Instituto Internacional para o Desenvolvimento da Administração, da Suíça, revelou que o Brasil caiu 6 posições em 2010, ocupando o 44º em competitividade em uma lista de 59 países. Pelo estudo, baixa produtividade, sobrecarga tributária, burocracia excessiva, infraestrutura ruim, ineficiência do governo, altos custos e juros justificaram a queda, mesmo sendo a oitava economia mundial. Com as PCHs, o cenário não foi diferente: em 2010 apenas 4 foram concluídas, incorporando menos de 10% do total previsto no plano decenal de 300 MW/ano. Embora não seja novidade, nos últimos anos estes fatores também estiveram presentes no setor de PCHs. Destacamos: sobrecarga tributária e assimetria de incentivos fiscais concedidos às eólicas, burocracia excessiva (podem levar até 20 anos para o aceite de projeto básico de PCH ser aprovado e emissão da outorga de autorização pela ANEEL); e altos custos e juros. Igualmente, PCHs estão recebendo tratamentos similares às grandes hidrelétricas no licenciamento ambiental. Déficits de investimento público estão elevando a pressão para aumento das compensações sociais, além da proposição/criação de novas medidas mitigadoras, compensatórias e indenizatórias, inclusive para PCHs em operação. É demandada a definição de fluxos ambientais adequados – vazão ambiental – hidrograma ecológico na operação de PCHs. É um desafio diário buscar soluções de adequação à legislação ambiental e de inovação, e ainda garantir a competitividade (em preço, disponibilidade de volume e prazo nos contratos) e a rentabilidade dos empreendimentos existentes e futuros. As PCHs certamente desempenharão um papel importante na nova economia verde e na segurança energética. Elas apresentam muitas vantagens socioambientais quando comparadas com outras fontes alternativas e com fontes convencionais. Apresentam menores impactos sobre: recursos hídricos, áreas de relevante interesse socioambiental, perda de biodiversidade, emissões de GEE – Gases de Efeito Estufa, alteração de atividades econômicas, menor área ocupada pelo empreendimento, consequências de acidentes e incidentes ambientais, distorções estéticas, poluição sonora, custo combustível, baixa dependência tecnológica de fornecedores externos, risco cambial, etc. Vários agentes do setor produtivo e de serviços (consumidores livres e incentivados) estão inserindo um componente sustentável aos produtos, necessário para uma maior competitividade nas exportações e buscando sua inserção em mercados de padrões de consumo ambientalmente responsáveis e sustentáveis (econegócio). Para tanto, estão avaliando sua pegada ecológica (emissão de gases de efeito estufa, consumo de energia, pegada hídrica, impactos sociais, impactos sobre a economia dos ecossistemas e da biodiversidade). Estabelecer e fortalecer marcas vinculadas ao empreendedorismo sustentável significa reduzir a pressão sobre os biomas, bem como reduzir emissões de GEE. Mediante a utilização de fontes renováveis de energia, estão migrando para compras sustentáveis, incluindo a energia elétrica de PCHs e consumo consciente através da autoprodução de energia (construção, repotenciação e reativação) com PCHs. Além de garantir receitas não operacionais com a venda de créditos de carbono no mercado internacional. Apesar das PCHs serem uma fonte alternativa renovável, limpa, sustentável e incentivada, existem dificuldades para legitimar a necessidade e conveniência das PCHs no fornecimento de energia elétrica e construir um padrão elevado de articulação e acordo entre as partes interessadas. O PROINFA – Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica, na sua segunda etapa (a partir de janeiro de 2011), prevê que atingida a meta de 3.300 MW, o desenvolvimento do Programa será realizado de forma que as fontes eólica, pequenas centrais hidrelétricas e biomassa atendam a 10% (dez por cento) do consumo anual de energia elétrica no país. Esse objetivo deve ser alcançado em até 20 (vinte) anos, aí incorporados o prazo e os resultados da primeira etapa (Lei 10.438/02, Art. 3º, inciso II, alínea a). Igualmente, obriga a aquisição anual de compra da energia elétrica de cada produtor, de forma que as referidas fontes atendam o mínimo de 15% (quinze por cento) do incremento anual da energia elétrica a ser fornecida ao mercado consumidor nacional, compensando-se os desvios verificados entre o previsto e realizado de cada exercício, no subsequente (Lei 10.438/02, Art. 3º, inciso II, alínea c). Este artigo da lei vigente pode implicar em potenciais inadimplências de carbono, passíveis de enfrentar um regime coercitivo de inspeções e responsabilidades legais. A partir de 2011, o não cumprimento desta exigência poderia caracterizar improbidade administrativa por parte dos agentes públicos responsáveis pela expansão e realização de leilões do setor elétrico. Poderia também municiar futuras ações de indenização por responsabilidade civil por emissão de GEE/danos climáticos contra os agentes do setor elétrico (empresas que afetam o clima – distribuidoras de energia elétrica inclusive). Isto representaria exposição financeira, riscos para os acionistas e responsabilidades potenciais a serem contabilizados nos balanços futuros por passivos intangíveis. As leis foram feitas para serem cumpridas, independentemente de satisfazer uns ou outros. O que de fato importa é o motivo e a importância da lei para proteger direitos e assegurar a defesa do interesse nacional na manutenção da expansão de uma matriz elétrica limpa e renovável para os investidores, bem como aqueles que devem se valer desta lei para se sentirem protegidos. Não nos faltam princípios, legislação e normas. O grande desafio é a efetividade. Será a lei observada pelos agentes que devem respeitar e cumprir a legislação e o ordenamento jurídico sem discriminação? Conforme afirma Sevareid “a principal causa dos problemas são as soluções”. Precisamos intensificar a articulação institucional e parlamentar para recompor a atratividade econômica da atividade do segmento, voltadas para uma economia mais limpa com políticas energéticas e climáticas que criem vantagens competitivas numa economia de baixo carbono. (*) Diretor de energia do Departamento de Infraestrutura da FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e assessor especial de meio ambiente da Vice-presidência Corporativa de Distribuição da Rede Energia. 64 OPiNiON energy seCurity, COmpetiveness, and sustainaBility: seCtOrial diagnOsis Translation: Adriana Candal A study carried out by the International Institute for Management development of Switzerland revealed that Brazil dropped 6 positions in 2010, occupying the 44th position in a list of 59 countries regarding their competitiveness. According to the study low productivity, tax overpayment, excessive bureaucracy, bad infrastructure, govern inefficiency high costs and high interests justified the fall, even though the country has the 8th world´s best economy. As far as SHPs are concerned, the scenario was not different: in 2010 only four SHPs were concluded, adding less than 10% out of the total 30MW/year forecast by the “Decenal Plano”. Although this is not new, over the past few years these factors were also present in the SHP sector. We can highlight: tax overpayment and asymmetry of fiscal incentives granted to wind power plants, excessive bureaucracy (it may take up to 20 years for the Proposal of a SHP to be accepted and have the authorization granted by ANEEL (National Agency for Electric Energy), high costs and high interests. Also, the SHPs are receiving similar treatment as the large hydropower plants in relation to the environmental license. Public investment deficits are elevating the pressure towards the rise in social compensations, besides the proposition/creation of new mitigating, compensatory and indemnity measures, including for operating SHPs. The definition of appropriate environmental flows – environmental flow – ecological hydrogram of SHP operations is demanded. It is a daily challenge to look for solutions regarding innovations and the adjustment to the environmental legislation, and still ensure competitiveness (prices, volume availability and contract deadlines) and the profitability of the existing and future enterprises. The SHPs will certainly perform an important role in this new green economy and in energy security. They present several socioenvironmental advantages when they are compared with other alternative sources or other conventional ones. They present lower impacts on: water resources, areas with socio-environmental interest, loss of biodiversity, GG emissions, changes in economic activities, areas occupied by the enterprises, which are smaller, consequences of environmental accidents and incidents, esthetic distortions, noise pollution, fuel cost, low technological dependence on foreign suppliers, exchange risk, etc. Several agents of the productive and service sectors (free or incentivized consumers) are inserting a sustainable component to the products, which is now necessary to rise the competitiveness towards exportations and to increase their participation in markets whose consumption standards are environmentally responsible and sustainable (eco-business). What is under the spotlight today is the ecological footprint (GG emission, energy consumption, water footprint, social impacts, impacts on the economy of the ecosystems and of the biodiversity). Establishing and strengthening brands liked to sustainable entrepreneurship means to reduce the pressure on the biomes, as well as reduce the emission of GGs. By using renewable sources of energy they are migrating to sustainable purchasing, including the energy from SHPs and the sensible consumption through energy self-production (construction, repowering and reactivation) with SHPs. This also assures non-operational revenues with the sales of carbon credits in the international market. Although SHPs are an alternative renewable clean sustainable and incentivized source of energy, it is difficult to legitimate their need and convenience in relation to the supply of electric power and constitute an elevated standard of articulation and agreement among the interested parties. In its second stage (started in January, 2011), PROINFA – a program that encourages the use of alternative sources for electric generation – forecasts that once its goal of 3,300 MW is accomplished, the development of the program will be carried out in such a way that wind plants, SHPs and biomass meet 10% of the annual electric power consumption of the country. This goal might be reached in 20 years, give or take, and then the results and the deadlines of the stage will be incorporated (Law 10,438/02, Article 3rd, attachment II, item a). It also obligates the annual purchase of electric power of each producer, so that the aforementioned sources meet, at least, 15% of the annual power rise that will be offered for the national consumer market, compensating the discrepancies that were noticed between what was forecast and what was, indeed, carried out in each exercise (Law 10,438/02, Article 3rd, attachment II, item c). This article of the law in force may imply potential carbon defaults, which might face a coercive regime of inspections and legal responsibilities. From 2011 on, the non-fulfillment of this demand might characterize management improbity by the public agents that are responsible for the expansion and realization of the electric sector auctions. It could also create ammunition for future compensation actions for civil responsibility due to the emission of GGs/climatic damages against the agents of the electric sector (companies that affect the climate – electric power distributing companies included). This would represent a financial exposition, risks to the shareholders, and potential responsibility that will be accounted in future balances for intangible liabilities. Laws were made to be fulfilled. Regardless of whom they satisfy, what really matters is the motive and the importance of the law to protect right and assure the defense of the national interest in keeping the expansion of a clean and renewable electric power matrix for the investors as well as for those who depend on them. We do not lack principles, legislations and rules. The great challenge is effectiveness. Will the law be applied by the agents that must respect and fulfill the legislation and the legal ordinance without discrimination? As Sevareid says: “the main cause of problems is the solutions”. We need to intensify the institutional and congress articulation to regain the economic attractiveness of the segment towards a cleaner economy with energy and climatic policies that create competitive advantages in a low carbon economy. (*) Energy director of the Department of Infrastructure of – Association of Industries of the state of São Paulo and technical assessor of the vice-presidency of engineering and environment of Rede Energia. 65 OPiNiÃO pequenas Centrais hidrelétriCas – BusCandO um nOvO paradigma Por Charles Lenzi * (*) Presidente da ABRAGEL 66 Se compararmos o interesse manifestado pelos empreendedores em função do que foi cadastrado para participar do próximo leilão A-3 e de Reserva de 2011, a apreensão se transforma em angústia: são 41 projetos de PCHs (725 MW) contra 429 de Eólica (10.935 MW). Por mais que tentemos argumentar que as PCHs têm regras bem mais rígidas para poderem participar dos leilões – é necessário que seu Projeto Básico seja aprovado pela ANEEL, e isso, sem dúvida, inibe a participação de um número maior de empreendimentos, fica escancarada a realidade da perda de competitividade. Custos crescentes de construção – grande parcela dos custos de uma PCH são atrelados à construção civil, setor que está vivendo uma alta demanda no momento. Apesar das vantagens ambientais óbvias em relação aos projetos de grande porte, existe certa tendência em tratar pequenos e grandes empreendimentos hidrelétricos da mesma forma, o que se traduz em mais um componente de aumento de custos. O momento é difícil. Os desafios são enormes, mas nem por isso, perdemos a esperança. Este segmento precisa encontrar as respostas desta complexa equação econômica. Talento, conhecimento, tecnologia, determinação e resiliência não nos faltam. Humildade também não. Afinal, também precisamos olhar para nossos umbigos. Porém, além das soluções inovadoras da engenharia, precisamos também contar com um conjunto de vontades políticas que nos ajudem a reposicionar as PCHs. As fontes alternativas, limpas e renováveis de energia precisam ser cada vez mais fortalecidas. Estas fontes (PCH, Biomassa, Eólica e em alguns anos a Solar) podem representar 20% de toda a capacidade de geração de energia elétrica do país, nos próximos 20 anos. É importante levar em consideração as particularidades de cada uma para aproveitar a sinergia e a complementariedade existente entre elas em função das sazonalidades de safra, períodos seco e úmido, etc. Por isso, é fundamental recuperarmos o prestígio das PCHs. O país possui competência técnica, capacidade profissional e empreendedores dispostos a investir. Precisamos criar as condições para que isso se materialize em benefício do setor e da sociedade, na medida em que consigamos manter uma matriz energética das mais limpas do mundo. Precisamos de um novo paradigma para as PCHs. CERPCH ABRANGEL A Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa – ABRAGEL, nova denominação da APMPE (Associação dos Pequenos e Médios Produtores de Energia) possui 11 anos de atuação e reúne os principais investidores em fontes de energias renováveis. O foco primordial de atuação da ABRAGEL são as fontes de geração de energia elétrica limpas, com ênfase nas Pequenas Centrais Hidrelétricas – PCHs – mas também outras fontes renováveis como eólica, solar e biomassa, devido ao crescente interesse dos associados pela diversificação de seus investimentos no setor. Hoje, as 728 PCHs e CGHs instaladas no país contribuem com 3,27% (3.722 MW) da matriz elétrica nacional, mas poderiam chegar a um percentual mais expressivo se os 53 empreendimentos em construção – 687 MW – e mais 150 empreendimentos outorgados que ainda não iniciaram a construção – 2.086 MW – fossem implementados e concluídos. (Fonte: Banco de Informações da Geração da Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, divulgado em 12/04/2011). O Plano Decenal de Energia 2010-2019 elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) projeta que o segmento de PCHs responderá por cerca de 6.966 MW de capacidade instalada em 2019, ou 4,2% da matriz elétrica brasileira. A participação das PCHs na matriz elétrica nacional passou de 1,22% em 2003 para 3,10% no início de 2011. Neste período, a capacidade instalada das usinas hidrelétricas de pequeno porte cresceu quase três vezes. Este crescimento fantástico foi fruto de uma enorme mobilização de pequenos e médios empreendedores que, amparados por um marco legal e regulatório estáveis, investiram e descobriram aproveitamentos de pequeno porte que se desenvolveram num importante segmento do setor elétrico brasileiro. Em paralelo, fortificou-se uma indústria nacional de equipamentos com tecnologia e know-how brasileiros, além de formar-se um sem número de empresas desenvolvedoras de projeto, engenharia e construção. O potencial desta fonte de energia é imenso. Tramitam dentro da Agência Reguladora mais de 500 projetos representando algo em torno de 5.300 MW de potência. Além disso, estima-se que existam ainda outros 15.000 MW de potencial teórico a ser explorado. É claro que é também importante ressaltar que quando falamos das Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) falamos de empreendimentos espalhados por praticamente todo o território nacional e que por terem esta característica de geração distribuída, mais próximas dos centros de carga, não sobrecarregam os sistemas de transmissão. Entretanto, o contexto atual é de apreensão. As PCHs perderam muita competitividade frente às demais fontes. Basta analisar os resultados dos últimos leilões. Em cinco anos de realização de leilões foi confirmada a venda de energia de apenas 24 PCHs contra, por exemplo, 141 empreendimentos de energia eólica. OPiNiON small hydrOpOwer plants – lOOKing fOr a new paradigm Translation: Adriana Candal ABRAGEL (Brazilian Association of Clean Energy Generation), the new name of the former Association of Small and Medium Energy Producers (APMPE) has been acting for eleven years and gathers the main investors in renewable sources of energy. Their most important focus lies in the generation of clean energy, emphasizing Small Hydropower Plants (SHPs), as well as other renewable sources such as wind, solar and biomass energy due to the increasing interest of the members in diversifying their investments in the sector. Today, the 728 SHPs and HGPs installed in the country contribute with 3.27% (3,722 MW) of the national power matrix, but this number could be much more expressive if the 53 enterprises that are being built – 687 MW – and 150 others granted enterprises whose construction haven’t started yet – 2,086 MW) were implemented and concluded. (Source: Generation database of the ANEEL - National Agency for Electric Power – released on April 12th, 2011). The Brazilian Energy Planning 2010-2019 (Plano Decenal de Energia) elaborated by the EPE (Energy Research Company) previews that the SHP segment will be in charge of about 6,966 MW of installed capacity in 2019, i.e. 4.2% of the Brazilian power matrix. The share of the SHPs in the national power matrix went from 1.22% in 2003 to 3.10% in the early 2011. Within this period the installed capacity of the SHPs practically tripled. This fantastic growth took place due to a significant movement carried out by small and medium entrepreneurs, who supported by a stable legal and regulatory mark, invested and discovered smallsized potentials that after being developed became an important segment of the Brazilian electric sector. At the same time, the national industry of equipment with Brazilian technology and knowhow became stronger and several companies specialized in project development engineering and construction have been created. The potential of this source of energy is huge. Over 500 projects, representing about 5,300 MW of power are being analyzed by the Regulating Agency. In addition, it is estimated the existence of about 15,000 MW of theoretical potential to be explored. Of course that it is also important to highlight that when we talk about Small Hydropower Plants (SHPs), we talk about enterprises scattered all over the national territory. This way, their main characteristic is distributed generation, where the power is generated near the load centers, not overloading the transmission systems. However, today’s scenario shows concern. The SHPs lost competitiveness against other sources. The last auctions show this trend. The auctions have been taking place over the past five years and the sales from only 24 SHPs have been confirmed against, for example, 141 wind energy enterprises. If we compare the interest shown by the entrepreneurs based on what was registered to participate in the next A-3 and Reserve 2011 Auctions, this concern becomes anguish: there are 41 SHP projects (725 MW) against 429 wind projects (10,935 MW). It does not matter how hard we try to argue that SHPs have much more strict rules to be able to participate in the auctions their Proposal must be approved by ANEEL. This, undoubtedly, inhibits the participation of a larger number of enterprises. The reality showing this loss of competitiveness is there for anybody to see. Growing construction costs – a large part of the SHP costs come from the civil construction, sector that has been experiencing a high demand at the moment. In spite of the obvious environmental advantages in relation to larger hydropower projects, there is a certain tendency towards treating small and large hydropower enterprises in the same way and this is translated into another component that increases the costs. These are difficult times. The challenges are tremendous, but in spite of all this we still have hope. This segment needs to find the answers of this complex economic equation. We do not lack talent, knowledge, technology, determination and resilience. Neither we lack humbleness. After all we also need to look inwards. However, besides innovating engineering solutions we also need to rely on a set of political wills that will help us to reposition the SHPs. The alternative clean and renewable sources of energy need to be more and more strengthened. This sources (SHPs, Biomass, Wind and in some years Solar energy) might represent 20% of all of the power generating capacity of the countries in the next 20 years. It is important to take the particularities of each one into account and use the synergy and complexity existing among them in relation to their seasonality, wet and dry seasons, etc. That is the reason why it is of the utmost importance to regain SHP prestige. The country has technical competence, professional quality and the entrepreneurs are willing to invest. We need to create conditions to increase SHP consistence, benefiting the sector and the society, as long as we can keep one of the cleanest power matrix in the world. We need a new paradigm for the SHPs. (*) ABRAGEL’s president 67 OPINIÃO previsões otimistas de crescimento da participação da energia eólica em detrimento ao crescimento das PCHs Por Prof. Geraldo Lúcio Tiago Filho* Potência instalada Prevista [MW] 12000 10000 8000 6000 4000 2000 0 Essa previsão é feita em detrimento ao crescimento das PCHs, que pelo plano PDEE de 2019 era de 72,3% passou, a ser de 69,4% no plano de 2020. Essa previsão pessimista se dá mesmo sendo essa a que apresentou o maior crescimento no ano de 2010, apenas 5,6% abaixo do previsto, enquanto a eólica cresceu 42,1% abaixo do esperado e a biomassa 16,4%. Já a biomassa, de acordo com os dois planos, teve seu crescimento anteriormente previsto de 58,4% para 103,8%! Apenas para as PCHs houve uma revisão de crescimento para menor! Há que se perguntar: Por quê? Por que uma fonte de energia onde o país tem o completo domínio da tecnologia, cujos fabricantes, empresas de estudos, projetos e construções são, em sua maioria, empresas genuinamente brasileiras, encontra-se numa situação como essa? Variação da Capacidade Instalada previstas [%] CERPCH Apesar da capacidade instalada das eólicas ter ficado aquém do previsto para o ano de 2010, quando o mercado instalou 42% parques a menos que o previsto, os parques eólicos continuam a contar com a confiança dos agentes de planejamento do país. Visto que no plano 2019 já se previa um crescimento de 320,7% em 10 anos, o que já era um crescimento enorme, e agora, pelo plano 2020, passa ser um crescimento de 1287,7%, que resulta em 117% ao ano. 1.000 0.800 0.600 0.400 0.200 0.000 -0.200 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 PCH 2019 4043 4226 4116 4516 5066 5566 5816 6066 6416 6966 PCH 2020 3806 4201 4230 4376 4633 4957 5187 5457 5737 6047 Eólica 2019 1436 1436 3241 3641 4041 4441 4841 5241 5641 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 Eólica 2020 831 1283 3224 5272 6172 7022 7782 8682 9532 10532 11532 PCH -0.05 -0.00 0.028 -0.03 -0.08 -0.10 -0.10 -0.10 -0.10 -0.13 Biomassa 2019 5380 6083 6321 6671 7071 7421 7621 7771 8121 8521 Eólica -0.42 -0.10 -0.00 0.448 0.527 0.581 0.608 0.657 0.690 0.743 Biomassa 2020 4496 5444 6272 6681 7053 7353 7653 8003 8333 8703 Biomassa -0.15 -0.10 -0.00 0.001 -0.00 -0.00 0.004 0.029 0.026 0.021 6447 6041 9163 Figura 1: Previsão de crescimento das fontes renováveis no período 2010 a 2019 e 2010 a 2020, na matriz energética nacional, de acordo com os PDEE 2010-2019 e 2010-2010 (Gráfico feito com base no PDEE 2010-2019 e 2010-2020) -0.400 -0.600 2020 Figura 2: Variação da previsão do crescimento médio anual das fontes renováveis de energia na matriz energética nacional, de acordo com os PDEE 2010-2020 relativo ao PDEE 2010-2019 (Gráfico feito com base no PDEE 2010-2019 e 2010-2020) 1400.00% 1287.7% 140.0% 1200.0% 117.1% 120.0% 1000.0% 100.0% 800.0% 80.0% 600.0% 60.0% 40.0% 32.1% 320.7% 20.0% Biomassa 2020 Biomassa 2019 Eólica 2020 Eólica 2019 0.0% Figura 3: Previsão de crescimento das fontes renováveis no período 2010 a 2019 e 2010 a 2020, na matriz energética nacional, de acordo com os PDEE 2010-2019 e 2010-2010 (Gráfico feito com base no PDEE 2010-2019 e 2010-2020) 0.0% 6.3% 5.8% Biomassa 2019 PCH 2020 103.8% Eólica 2020 PCH 2019 58.4% Eólica 2019 69.4% PCH 2020 72.3% PCH 2019 7.2% 200.0% 9.4% Biomassa 2020 400.0% Figura 4: Crescimento médio anual das fontes renováveis de energia na matriz energética nacional, de acordo com os PDEE 2010-2019 e 20102010 (Gráfico feito com base no PDEE 2010-2019 e 2010-2020) (*) Professor Doutor Titular da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) e Secretário Executivo do Centro Nacional de Referência em Pequenas Centrais Hidrelétricas (CERPCH). 68 OPINION Optimistic predictions regarding the growth of wind energy to the detriment of SHPs Translation: Adriana Candal Forecast installed power [MW] 12000 10000 8000 6000 4000 2000 0 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 SHP 2019 4043 4226 4116 4516 5066 5566 5816 6066 6416 6966 SHP 2020 3806 4201 4230 4376 4633 4957 5187 5457 5737 6047 Wind 2019 1436 1436 3241 3641 4041 4441 4841 5241 Wind 2020 5641 6447 According to both Plans, 2019 and 2020, biomass was expected to grow 58.4% and 103.8%! Why did SHPs alone receive a smaller growth forecast? We must ask: why is that? Why does an energy source which the country has complete control over its technology, whose manufacturers, research, project and construction companies are mostly Brazilian find itself in such situation? It is well-known that a plan such as EPE´s shows the market the paths to follow and the sources of energy the government is willing to purchase and incentivize. By looking at today´s scenario, according to the figure and charts, the entrepreneur whose area is SHPs must ask him/ herself whether the business will still be feasible in one decade. Variation of the forecast installed capacities [%] Although the installed capacity of wind plants had not grown as much as expected in 2010 when the market installed 42% less parks than it had been forecast, wind parks continue to have the trust of the planning agents of the country. Given that Plan 2019 forecast a growth of 320.7% over a period of ten years, which already was huge, now, according to Plan 2020, this number has been inflated to 1287.7%, resulting in a growth of 117%/year. This preview is carried out to the detriment of the growth of SHPs, which according to PDEE Plan 2019 was 72.3% and, now according to Plan 2020 is 69.4%. This pessimist forecast has been made although SHPs had presented the best results in the year of 2010: the growth was only 5.6% lower than it was expected, whereas the growth of wind energy was 42.1% lower than the expectations and biomass 16.4%. 1,000 0,800 0,600 0,400 0,200 0,000 -0,200 -0,400 -0,600 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 SHP -0,05 -0,00 0,028 -0,03 -0,08 -0,10 -0,10 -0,10 -0,10 -0,13 Wind -0,42 -0,10 -0,00 0,448 0,527 0,581 0,608 0,657 0,690 0,743 Biomass -0,15 -0,10 -0,00 0,001 -0,00 -0,00 0,004 0,029 0,026 0,021 6041 831 1283 3224 5272 6172 7022 7782 8682 9532 10532 11532 Biomass 2019 5380 6083 6321 6671 7071 7421 7621 7771 8121 8521 Biomass 2020 4496 5444 6272 6681 7053 7353 7653 8003 8333 8703 9163 Figura 1: Forecast regarding the growth of renewable sources within the period from 2010 to 2019 and from 2010 to 2020 in the national energy matrix, according to PDEE 2010-2019 and 2010-2010 (Chart was based on PDEE 2010-2019 and 2010-2020) 2020 Figura 2: Variation in the forecast of the average annual growth of the renewable sources of energy in the national energy matrix, according to PDEE 2010-2020 related to PDEE 2010-2019 (Chart was based on PDEE 2010-2019 and 2010-2020) 1400,00% 1287,7% 140,0% 1200,0% 117,% 120,0% 1000,0% 100,0% 800,0% 80,0% 600,0% 60,0% 40,0% 32,1% 320,7% 20,0% Biomass 2020 Biomass 2019 Wind 2020 Wind 2019 0.0% Figura 3: Forecast regarding the growth of renewable sources within the periods from 2010 to 2019 and from 2010 to 2020 in the national energy matrix, according to PDEE 2010-2019 and 2010-2010 (Chart was based on PDEE 2010-2019 and 2010-2020) 0,0% 6,3% 5,8% Biomass 2019 SHP 2020 103,8% Wind 2020 SHP 2019 58,4% Wind 2019 69,4% SHP 2020 72,3% SHP 2019 7,2% 200,0% 9,4% Biomass 2020 400,0% Figura 4: Annual average growth of renewable sources in the national energy matrix, according to PDEE 2010-2019 and 2010-2010 (Chart was based on PDEE 2010-2019 and 2010-2020) (*) Professor of the Federal University of (UNIFEI) and executive secretary of the National Reference Center for Small Hydropower Plants (CERPCH). 69 OPINIÃO É sabido que um plano como o da EPE sinaliza a todo o mercado os rumos e as fontes de energia que o governo está disposto a comprar e a incentivar. Ao olhar o atual cenário, de acordo com as figuras e gráficos apresentados, o empreendedor que atua em PCH há que se perguntar se seu negócio será ou não viável daqui uma década. E esse prazo é muito curto para quem atua em um mercado de longo prazo como é o de geração de energia elétrica. Sinalizando um crescimento tão grande por uma fonte específica, o planejado sugere que tal fonte deverá obter grandes subsídios e/ou incentivos. E, se esse for o caso, ocorrerá em detrimento de outras fontes, que no caso em questão são as PCHs! 70 Há muito que o mercado clama por um tratamento igual aos das outras fontes, principalmente dado à eólica, como menor tarifação na compra de equipamentos, procedimentos para obtenção de autorização mais simplificada e sem ônus, processo de licenciamento ambiental mais simples e menos preconceituoso, como ocorre com as centrais hidrelétricas e, em particular, com as CGHs e PCHs. Quanto à garantia da energia gerada, há que se levar em conta que a definição da energia garantida das PCHs se dá com base aos dados hidrológicos de 30 a 50 anos, enquanto que a eólica é baseada em série de dados com 1, 2, no máximo, 3 anos de medições! Mesmo assim, as PCHs não têm tido tratamento adequado junto aos agentes concedentes e de licenciamento ambiental. Infelizmente! OPINION This is a very short term for those who are part of such a long-term market, which is the case of the electric power generation market. Showing such a significant growth of a specific source, one suggests that such source will get considerable subsidies and/or incentives. If this is the case, this will happen to the detriment of other sources, SHPs in this case! The market has been claiming for an equal treatment towards the renewables for a long time. As far as wind energy goes, for example, its tariffs are lower, mainly in relation to purchasing equipment, the procedures to attain the authorizations are more simplified and they have no onus, the environ- mental licensing process is also more simple and less prejudiced. All of the aspects mentioned above are the opposite when Hydropower plants, particularly, SHPs and GHCs come into play. As far as the guarantee of the generated energy is concerned, one must take into account that the definition of the assured energy for SHPs is based on hydrological data analyzed over 30 to 50 years, whereas wind energy is based on a series of data with 1, 2 or 3 years of measurements at most! Even with all these factors, SHPs have not been having an appropriate treatment from the granting agents and the environmental organs. Unfortunately! 71 AGENDA 72 AGENdA/SchEdUlE eventOs agOstO 2011 03 e 04 de agosto de 2011 – vii Conferência Centrais hidrelétricas local: Centro de Convenções do Novotel Center Norte – Av. Zaki Narchi n° 500 – São Paulo – SP telefone: (35) 3629-1443 e-mail: [email protected] site: www.conferenciadepch.com.br 07 a 12 de agosto de 2011 – xiv icae – international Conference on atmospheric electricity telefone: (12) 3208-6829/ 8146-0692 e-mail: [email protected] / site: www.icae2011.net.br 08 e 09 de agosto de 2011 – i fórum nacional resíduos sólidos e wte 2011 local: Hotel Blue Tree Premium Morumbi – São Paulo – SP e-mail: [email protected] 10 de agosto de 2011 - ii fórum renovação das Concessões elétricas Brasileiras local: Golden Tulip Paulista Plaza – Alameda Santos, 85 Jardins – São Paulo – SP telefone: (11) 5051-6535 e-mail: [email protected] 14 a 20 de agosto de 2011 – ix simpase – simpósio de automação de sistemas elétricos local: Curitiba – Paraná telefone: (41) 3310-5443 site: www.simpase.com.br 16 a 19 de agosto de 2011 – 6° Congresso internacional de Bioenergia local: Centro de Eventos Sistema FIEP – Curitiba – PR telefone: (54) 3226-4113 e-mail: [email protected] site: www.porthuseventos.com.br 17 a 20 de agosto de 2011 - 14ª feira sul-Brasileira da indústria elétrica, eletrônica e automação industrial local: Pavilhão de Exposições Expotrade/Pinhais – Curitiba – PR telefone: (41) 3075-1100 e-mail: [email protected] Website 22 a 23 de agosto de 2011 - Brazil energy frontiers 2011 local: Av. das Nações Unidas, 12.559 – Brooklin Novo – São Paulo – SP telefone: (11) 3704-7733 e-mail: [email protected] 23 a 26 de agosto de 2011 – regulamento no setor elétrico com referência específica às energias renováveis local: Roorkee – Índia telefone: +91 1332 274254, 285 e-mail: [email protected], [email protected] / site: www.iitr.ernet.in 24 e 25 de agosto de 2011 – 2º smart utilities Brazil forum local: Hotel Mercure Paulista – Rua São Carlos do Pinhal, 87 Bela Vista – São Paulo – SP telefone: (11) 3164-5600 e-mail: [email protected] 28 de agosto a 02 de setembro de 2011 – Congresso mundial solar – ises 2011 local: Kassel – Alemanha e-mail: [email protected] eventOs setemBrO 2011 15 a 17 de setembro de 2011 – eco energy 2011 – feira internacional de tecnologias limpas e renováveis para geração de energia local: Centro de Exposições Imigrantes – São Paulo telefone: (11) 5585-4355 site: www.feiracoenergy.com.br 20 a 22 de setembro de 2011 – hidrovision Brazil local: Av. Sernambetiba, 2630 – Barra da Tijuca – Rio de Janeiro – RJ e-mail: [email protected] site: www.hydrovisionbrazil.com/index.html 20 a 23 de setembro de 2011 – expo abar 2011 – vii Congresso Brasileiro de regulação local: Centro de Convenções Ulysses Guimarães – Brasília telefone: (61) 9682-0016 site: www.canalenergia.com.br/utilitarios/eventos eventOs OutuBrO 2011 03 a 07 de outubro de 2011 – sipda 2011 local: Fortaleza – CE e-mail: [email protected] / site: www.iee.usp.br/sipda 04 a 06 de outubro de 2011 – petrOteCh – feira Brasileira de tecnologia para indústria do petróleo, gás e Biocombustíveis local: Centro de Exposições Imigrantes – São Paulo e-mail: [email protected] site: http://www.petrotech.com.br 06 de outubro de 2011 - seminário de responsabilidade social Corporativa local: Centro de Convenções Firjan – Rio de Janeiro – RJ site: http://www.ibp.org.br/main.asp?ViewID={8171EF8C-2F 10 a 13 de outubro de 2011 – argentina Oil & gas expo 2011 local: La Rural, Buenos Aires, Argentina site: www.aog.com.ar 19 a 21 de outubro de 2011 – powergrid Brazil – feira e Congresso de Energia, Tecnologia, Infraestrutura e Eficiência Energética local: Joinvile – Santa Catarina e-mail: [email protected] site: www.messebrasil.com.br/pt/index.php?l=notic 23 a 26 de outubro de 2011 - apex 2011 - apex Brasil & mercado de energia e indústria local: Centro de Convenções do Costão do Santinho Resort Spa – Florianópolis – SC site: www.xxisnptee.com.br/site 23 a 26 de outubro de 2011 - xxi snptee - seminário nacional de produção e transmissão de energia elétrica local: Centro de Convenções do Costão do Santinho Resort Spa – Florianópolis – SC telefone: (48) 3231-7090 site: www.xxisnptee.com.br/site 25 a 28 de outubro de 2011 - xxviii sngB – seminário nacional de grandes Barragens local: Hotel Windsor Barra da Tijuca – Rio de Janeiro site: www.eticaeventos.com.br/eventos/cbdb/index 26 a 28 de Outubro de 2011 – 4th international meeting on Cavitation and dynamic problems in hydraulic machinery & systems iahr-w local: Belgrado – Sérvia site: www.iahr2011.org 07 a 09 de setembro de 2011 – vi encontro nacional e iv Encontro Latino-americano sobre Edificações e Comunidades sustentáveis local: UFES – Campus Goiabeiras – Avenida Fernando Ferrari, 514 Goiabeiras – Vitória – ES telefone: (27) 4009-2781 e-mail: [email protected] eventOs nOvemBrO 2011 13 a 15 de setembro de 2011 - Conferência & exposição ipad angola - parcerias em infraestruturas para o desenvolvimento de angola local: Luanda – Angola telefone: (+34) 91 373 0264 e-mail: [email protected] site: www.angola.ipad-africa.com 09 a 11 de novembro de 2010 – Curso de aperfeiçoamento em áreas classificadas: elétrica, instrumentação, projetos, montagens e manutenção local: São Paulo telefone: (11) 5589-4332 e-mail: [email protected] site: www.project-explo.com.br 09 e 10 de novembro de 2011 – i simpósio sobre sistemas sustentáveis local: Toledo – Paraná – PR telefone: (45) 3379-6852 e-mail: [email protected] 73 Comitê Diretor do CERPCH Director Committee CEMIG / FAPEPE / IEE-USP / FURNAS / IME / EletrobrAs / ANEEL / MME Comitê Editorial Editorial Committee Presidente - President Geraldo Lúcio Tiago Filho - CERPCH UNIFEI Editores Associados - Associated Publishers Adair Matins - UNCOMA - Argentina Alexander Gajic - University of Serbia Alexandre Kepler Soares - UFMT Ângelo Rezek - ISEE UNIFEI Antônio Brasil Jr. - UNB Artur de Souza Moret - UNIR Augusto Nelson Carvalho Viana - IRN UNIFEI Bernhard Pelikan - Bodenkultur Wien - Áustria Carlos Barreira Martines - UFMG Célio Bermann - IEE USP Edmar Luiz Fagundes de Almeira - UFRJ Fernando Monteiro Figueiredo - UNB Frederico Mauad - USP Helder Queiroz Pinto Jr. - UFRJ Jaime Espinoza - USM - Chile José Carlos César Amorim - IME Marcelo Marques - IPH UFRGS Marcos Aurélio V. de Freitas - COPPE UFRJ Maria Inês Nogueira Alvarenga - IRN UNIFEI Orlando Aníbal Audisio - UNCOMA - Argentina Osvaldo Livio Soliano Pereira - UNIFACS Zulcy de Souza - LHPCH UNIFEI Editorial 03 Editorial Segurança Security 04 O alerta que vem da natureza The warning from the nature Investimento Investment 08 Riqueza de Minas Minas Wealth Pesquisa e Desenvolvimento 14 Researches and Development Novas pesquisas geram desenvolvimento para o setor elétrico brasileiro New researches nourish development in the Brazilian electric sector TECHNICAL COMMITTEE Prof. François AVELLAN, EPFL École Polytechnique Fédérale de Lausanne, Switzerland, [email protected], Chair; Prof. Eduardo EGUSQUIZA, UPC Barcelona, Spain, [email protected], Vice-Chair; Dr. Richard K. FISHER, VOITH Hydro Inc., USA, [email protected], Past-Chair; Mr. Fidel ARZOLA, EDELCA, Venezuela, [email protected]; Dr. Michel COUSTON, ALSTOM Hydro, France, [email protected]; Dr. Niklas DAHLBÄCK, VATENFALL, Sweden, [email protected]; Mr. Normand DESY, ANDRITZ Hydro Ltd., Canada, [email protected]; Prof. Chisachi KATO, University of Tokyo, Japan, [email protected]; Prof. Jun Matsui, Yokohama National University, [email protected]; Dr. Andrei LIPEJ, TURBOINSTITUT, Slovenija, [email protected]; Prof. Torbjørn NIELSEN, Norwegian University of Science and Technology, Norway, [email protected]; Mr. Quing-Hua SHI, Dong Feng Electrical Machinery, P.R. China, [email protected]; Prof. Romeo SUSAN-RESIGA, “Politehnica” University Timisoara, Romania, [email protected]; Prof. Geraldo TIAGO F°, Universidade Federal de Itajubá, Brazil, [email protected]. Expediente Editorial Editor Geraldo Lúcio Tiago Filho Coord. Redação Camila Rocha Galhardo Jornalista Resp. Adriana Barbosa MTb-MG 05984 Redação Adriana Barbosa Camila Rocha Galhardo Fabiana Gama Viana Colaborador Angelo Stano Projeto Gráfico Net Design Diagramação e ArteLidiane Silva Cidy Sampaio Tradução Adriana Candal Estagiária Adélia Oliveira Revisão Isabela Rennó Goulart de Siqueira PCH Notícias & SHP News é uma publicação trimestral do CERPCH The PCH Notícias & SHP News is a three-month period publication made by CERPCH Tiragem/Edition: 6.100 exemplares/issues contato comercial: [email protected] / site: www.cerpch.org.br Av. BPS, 1303 - Bairro Pinheirinho Itajubá - MG - Brasil - cep: 37500-903 e-mail: [email protected] [email protected] Fax/Tel: (+55 35) 3629 1443 2 Curtas News 16 Seminário debate mudanças climáticas e novo Código Florestal Brasileiro Seminar debates climatic changes and the new Brazilian forest code PCH Ninho da Águia é inaugurada no sul de Minas Ninho da Águia SHP opens in the south of Minas Gerais Mudanças climáticas: um tema na ordem do dia Climatic Changes: under the spotlight Artigos Técnicos 19 Technical Articles Opinião 64 Opinion Segurança energética, competitividade e sustentabilidade: diagnóstico setorial Energy Security, competiveness, and sustainability: sectorial diagnosis Pequenas Centrais Hidrelétricas – Buscando um novo paradigma Small Hydropower Plants – Looking for a New Paradigm Previsões otimistas de crescimento da participação da energia eólica em detrimento ao crescimento das PCHs Optimistic predictions regarding the growth of wind energy to the detriment of SHPs Agenda 73 Schedule ISSN 1676-0220 Ano - 13 Revista no 49 ABR/MAIO/JUN - 2011 O alerta que vem da natureza The warning from the nature e mais and more PCH Ninho da Águia é inaugurada no sul de Minas Ninho da Águia SHP opens in the south of Minas Gerais Artigos Técnicos Technical Articles Agenda de Eventos Events Schedule Publicação apoiada pela Associação Internacional de Máquinas Hidráulicas