Jun 2008 - Associação Brasileira de Criadores de Ovino
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Jun 2008 - Associação Brasileira de Criadores de Ovino
2 jun-jul/08 Urgente! O ARCO JORNAL é o veículo informativo da ASSOCIACÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DE OVINOS – ARCO Av. 7 de Setembro, 1159 Caixa Postal 145 CEP 96400-901 – Bagé (RS) Telefone: 53 3242.8422 Fax: 53 3242.9522 e-mail: [email protected] home page: www.arcoovinos.com.br DIRETORIA EXECUTIVA Presidente: Paulo Afonso Schwab 1° Vice-presidente: Teófilo Pereira Garcia de Garcia 2° Vice-presidente: Suetônio Vilar Campos 1° Secretário: Wilson José Mateo Dornelles 2° Secretário: Antônio Gilberto da Costa Tesoureiro: Paulo Sérgio Soares CONSELHO FISCAL Titulares Araquen Pedro Dutra Telles Matheus José Schmidt Filho Renato Gutterres da Silva Suplentes Arnaldo dos Santos Vieira Filho Claudino Loro Pérsio Ailton Tosi SUPERINTENDÊNCIA DO R.G.O. Superintendente Francisco José Perelló Medeiros Superintendente Susbstituto Edemundo Ferreira Gressler CONSELHO DELIBERATIVO TÉCNICO Presidente: Araquen Pedro Dutra Telles Supervisor Administrativo Paulo Sérgio Soares Gerente de Provas Zootécnicas Araquen Pedro Dutra Telles Gerente Administrativo Bismar Azevedo Soares ARCO JORNAL Coordenação Geral Agropress Agência de Comunicação Edição Eduardo Fehn Teixeira e Horst Knak Agência Ciranda Jornalista responsável Nelson Moreira - Reg. Prof. 5566/03 Diagramação Nicolau Balaszow Fotografia Banco de Imagens ARCO e Divulgação Departamento Comercial Gianna Corrêa Soccol [email protected] Fone: 51 3231.6210 / 51 8116.9782 A ARCO não se responsabiliza por opiniões emitidas em artigos assinados. Reprodução autorizada, desde que citada a fonte. Colaborações, sugestões, informações, críticas: [email protected] Editorial Precisamos da Extensão Rural D urante a realização do primeiro Encontro Nacional de Inspetores Técnicos da ARCO, no final do ano passado, em Avaré, São Paulo, o professor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Unesp, de Botucatu, SP, Edson Siqueira, foi enfático em afirmar que “não adiantava o país dispor de pesquisas avançadas na área, se a extensão rural não caminha no mesmo ritmo”. Quis dizer com isto que se não houver extensão rural organizada, que leve ao campo os resultados dos trabalhos realizados pelas diversas instituições de pesquisas existentes no Brasil, de nada vai adiantar prosseguir e investir nesta atividade. No início de minha carreira, no Rio Grande do Sul, fui trabalhar na Ascar, empresa que seria o embrião da hoje Emater. Minha região de atuação foi Rosário do Sul no oeste do Estado. Realizava atividades em várias áreas, não só em ovinocultura, que eu conhecia bastante pela vivência que tinha na propriedade de meu pai. Por esta experiência que tive e pelos anos que pude constatar a eficiência e a importância da Extensão Rural para o agronegócio, sou obrigado a concordar com o professor Siqueira. E não só concordar como também ressaltar que muitos avanços obtidos pelo produtor rural no que tange a questões de melhorias no manejo, nas questões sanitárias e na produção como um todo, conquistando melhor produtividade na fazenda, foram conquistadas devido à existência de um suporte dado pela Extensão Rural. Isto porque, os técnicos que atuam nesta atividade, fazem realmente um trabalho fantástico ao serem “consultores” dos produtores, no que concerne à sua atividade no campo. E por saber e compreender esta importância, não posso deixar de ficar entristecido e indignado ao perceber que muitos governos estaduais estão desmantelando às suas empresas de Extensão Rural. Seja por corte nas verbas, seja pela demissão de técnicos que prestavam importantes serviços e eram especializados nas suas áreas, o fato é que muitas Emater ou assemelhadas, estão perdendo força, vitalidade e capacidade de prosseguirem com suas importantes ações no campo. Um exemplo claro disto foi perceber que em recente reunião da Câmara Setorial de Ovinocultura do RS, o técnico da Emater que foi designado a se fazer presente, era especializado em bovinos de leite. Não há mais, nos quadros da entidade, técnicos especializados em ovinos. A ovinocultura hoje depende muito de conhecimento. De aplicação dos conhecimentos que estão sendo gerados nas instituições de pesquisas. De um técnico que vá a campo e oriente o produtor a melhorar o seu manejo, a evitar perdas no rebanho, e ganhar mais dinheiro com a atividade, via aplicação destas pesquisas. Sabemos que os esforços são grandes para tentar manter as Emater como deveria, mas não podemos deixar de dizer que este é um serviço que precisa ser ampliado, fortalecido e mantido porque os benefícios que trazem para o campo são inestimáveis. É preciso chamar a atenção de todos os governantes que manter em atividade uma Emater é a garantia de boas produções no campo. Diminuição de perdas e, ao final de tudo, fortalecimento do agronegócio, mantendo o homem no campo. Por isto tudo que mostramos, quero reafirmar que precisamos muito da Extensão Rural, e isto é Urgente! Porque ela é quem vai auxiliar na melhoria dos conhecimentos dos produtores de ovinos e, por conseqüência, no aumento do nosso rebanho. Paulo Schwab - Presidente da ARCO 3 jun-jul/08 Câmara Setorial: fórum para a ovinocultura Responsável por reunir todos os elos da cadeia produtiva da ovinocultura, a Câmara Setorial de Ovinos e Caprinos do Ministério da Agricultura tem sido um dos principais fóruns para debater a realidade em que se encontra a atividade atualmente. O processo é tão importante que frutificou para os estados e hoje alguns já conseguiram instalar câmaras estaduais. Para mostrar o que é, como funciona e para que serve, entrevistamos o Dr. Edílson Maia, presidente da Câmara Setorial de Ovinos e Caprinos no MAPA e da Comissão Nacional de Caprinos e Ovinos na Confederação Nacional de Agricultura, CNA. Arco Jornal - Qual a importância de existir uma Câmara Setorial, e qual a função? Edilson Maia - A Câmara é de suma importância para o crescimento e desenvolvimento da cadeia produtiva dos ovinos e caprinos. Lá estão reunidos todos os elos da cadeia, onde podemos discutir, sugerir, planejar e estudar mecanismos que venham contribuir para o crescimento, gerando oportunidade de negócios. Todas as propostas serão levadas ao ministro para apreciação da viabilidade e implantação das mesmas. AJ - Quais as entidades que participam ou podem participar? Edilson Maia – São cerca de 27 entidades que buscam reunir toda a cadeia produtiva. Temos então a ARCO, o MAPA, a CNA, a OCB, o SEBRAE, Banco do Brasil, Embrapa, entre outras. AJ- E os temas que ela discute? Edilson Maia - Os temas são os mais diversos, como se trata de uma cadeia em formação, e desestruturada, a fragilidade dos elos são grandes, pra isso que estamos reunidos tentando mini- mizar com propostas que busque o fortalecimento da cadeia, por entendermos a grande importância que tem esse segmento e que precisamos dar todo apoio. AJ- Ela é deliberativa a ponto de construir projetos para o setor? Edilson Maia - Não, a Câmara discute as fragilidades dos elos e conjuntamente com todas as entidades que fazem parte da Câmara, forma grupos de estudos e elaboram uma proposta estruturante e então será levada ao ministro, a partir dai os órgãos competentes elaboram o plano de ação. AJ- Que projetos pretende propor? Edilson Maia - No ano de 2008 estamos a realizar a segunda reunião, mas tivemos na última importantes avanços no sentido de sintetizar os assuntos relevantes para o momento, quando foram formados os grupos de trabalhos com o propósito de dar os primeiros passos na solução dos problemas da cadeia. Tais como: 1. Priorizar as ações para conclusão e implementação do Programa Nacional de Sanidade dos Ovinos e Caprinos 2. Implantação do Programa Nacional de Melhoramento genético de ações de pesquisa e desenvolvimento visando tecnologias para produção de carne, leite, pele e lã. 3. Desenvolver estudo do complexo do agronegócio da caprinovinocultura no país. 4. Adequação e equalização dos impostos estaduais e federais e no âmbito do Mercosul, de modo a tornar o setor mais competitivo. 5. Criação de um programa nacional de capacitação contínua para técnicos, produtores e trabalhadores rurais em caprinovinocultura. 6. Grupo de trabalho para tratar dos resíduos e contaminantes e seus impactos na cadeia AJ- Como o senhor vê a ovinocultura atualmente? Edilson Maia - Vejo como mais uma boa oportunidade na pecuária brasileira. Já tivemos a vez do bovino, do frango, do suíno e, agora, desponta o ovino. O que a cadeia precisa é de uma prioridade de governo, por se Foto: Divulgação Entrevista Edilson Maia: Câmaras setoriais garantem avanços no País tratar de atividade e estruturação naturalmente social, geradora de proteína, leite, lã e pele, produtos estes da mais alta qualidade. Com reconhecimento nacional e internacional. AJ - Quais os nós desta atividade e como o Sr. acha que podem ser resolvidos? Edilson Maia - Primeiro, encarar como uma atividade principal dentro do contexto do agronegócio; deixar de ser visto em segundo plano; ser tratado como negócio, com legislação própria, no que se refere aos frigoríficos, com programas em nível de governo, que venham estimular o empresário a acreditar na atividade, com políticas de créditos, políticas de exportação; continuar nos projetos de baixa renda; estimular e apoiar com programas sociais de criação e comercialização. Com aprovação das demandas e efetivação das propostas que nesse momento estão com os grupos de trabalho da Câmara, considero um grande avanço. AJ - Como a Câmara Setorial pode encaminhar soluções para o setor tendo o Brasil uma ovinocultura tão continental, com tantas diferenças regionais? Edilson Maia - Com a participação de todos os segmentos da cadeia, que, lá, têm assento. Temos cobrado mais participação, com idéias e propostas, mas isso deixa a desejar. O nosso ministro foi determinado e feliz, quando nos falou sobre o assunto: “Acredito. Apresentem-me propostas concretas”. Tem toda razão, precisamos ser mais participativos. • linhas de crédito compatíveis; busca por inovações tecnológicas como difusão de tecnologia; novas formas e estratégias de organização e coordenação da cadeia produtiva, como melhora da relação produtor-frigorífico, canais de distribuição dos produtos, bem como elaborar estratégias para os diversos negócios. As Câmaras podem construir projetos e propor ações aos órgãos competentes - afirma o presidente da representação sul-mato-grossense, Fernando Vargas Júnior. “Nos últimos três anos trouxemos quase R$ 2 milhões para o setor”, lembra. Vargas relata que estão trabalhando num projeto que integra iniciativa privada e instituições de pesquisa pelo Sebrae-Finep. “Temos uma rede de pesquisadores trabalhando de forma integrada em pesquisas aplicadas ao setor que trazem resultados imediatos”, afirma. Segundo o coordenador do Paraná, Ricardo Luca, a ovinocultura está numa fase de transição no estado, passando da informalidade para a profissionalização, facilitando a sustentabilidade. “O principal fator para esta profissionalização foi a criação de organizações para a comercialização da carne e subprodutos de Ovinos”, assinala. Luca diz que o gargalo da ovinocultura paranaense ainda está na comercialização da carne e subprodutos. “Precisamos fomentar o consumo da carne nobre de cordeiro para difundir o consumo no dia-a-dia da população”, destaca. Vieira Filho aponta que “a falta de competitividade do produtor nacional, devido aos nossos altos custos de produção, e ao baixo preço da carne uruguaia que chega ao mercado, é fator de desânimo do produtor de carne”. • Fóruns regionais – espaços de debate para o criador Se é verdade que a Câmara Setorial Nacional proporciona um debate em nível de Brasil, não seria exagero dizer que as Câmaras Setoriais Estaduais permitem a criação de espaços de debates sobre o agronegócio da Ovinocultura, em níveis regionais. Existem hoje no País, cinco Câmaras Setoriais em funcionamento; Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. Todas têm como objetivo reunir a cadeia produtiva do setor, levantando questões que dificultem seu desenvolvimento, ou elaborando propostas que auxiliem na união de todos os segmentos. Conforme explica o Engº Agrônomo e Consultor e Coordenador das Câmaras Setoriais da Seappa, Claudio Hausen de Souza, as Câmaras são utilizadas na articulação das cadeias produtivas, no levantamento de demandas, como nos esclarecimentos Foto: Divulgação Reunião da Câmara Setorial do Mato Grosso do Sul de questões, soluções de problemas e relato das atividades desenvolvidas. Como acontece na representação nacional, várias entidades estaduais têm espaço e são convidadas a participarem deste fórum, nos estados. O presidente da Associação Pau- lista de Criadores de Ovinos e também da Câmara Paulista Setorial de Ovinos e Caprinos, Arnaldo dos Santos Vieira Filho, por sua vez, diz que nas Câmaras Setoriais basicamente se discute adequação de políticas públicas, como fiscalização sanitária, 4 jun-jul/08 História Foto: Divulgação Vidal – zootecnista apaixonado por ovinos de lã E m plena atividade o médico veterinário Vidal Faria Ferreira, natural da cidade de Jaguarão (RS), é outra testemunha importante que colaborou e acompanhou os momentos históricos vividos pela Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (ARCO), nos seus 66 anos de existência completados em 2008. Em seu depoimento, ele destaca em especial o papel do engenheiro agrônomo Geraldo Velloso Nunes Vieira, falecido recentemente, por sua perseverança e capacidade inovadora, tornando realidade uma entidade que passou a organizar a criação de ovinos, primeiro no Rio Grande do Sul e, posteriormente, nos demais estados. “Graças ao empenho de Geraldo, a ovinocultura passou a receber apoio através da orientação de técnicos quanto ao manejo dos rebanhos. A motivação inicial foi organizar a produção de lã. Deste modo, os produtores passaram a receber, anualmente, a classificação de suas lãs e isso trouxe, de fato, muitos benefícios. Também a questão sanitária ganhou força e projeção”, enfatiza. Vidal lembrou o período de 1972 quando o então ministro da Agricultura, Cirne Lima, promoveu a visita de uma comitiva de dirigentes da ARCO, políticos e técnicos do Ministério da Agricultura ao Nordeste. “Naquele momento, com a Primeira Jornada de Ovinocultura do Nordeste ficou evidenciado o grande potencial para a criação de ovinos no território brasileiro”. Com esta ação, ele explica que a ARCO começava a ganhar status nacional e houve um salto positivo na perspectiva dos criadores. Leiloeiro do milhar Paralelo a todos esses acontecimentos, Vidal foi construindo carreira de leiloeiro, chegando a mil remates sob a batuta de seu martelo. Além disso, especializou-se, entre outros temas, nas raças ovinas para a produção de carne e pele, na classificação A Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (ARCO), continua afirmando a sua história através das inúmeras personalidades envolvidas com o atual dia-a-dia da entidade, e pedindo a palavra daquelas pessoas que, falando do passado, explicam o presente. Então, para que possamos nos situar melhor em nossa realidade, nada melhor que perguntar ao veterinário Vidal Faria Ferreira e ao engenheiro agrônomo e folclorista Paixão Côrtes, o que eles têm para nos contar. São duas personalidades! Juntos, fornecem um repertório de histórias e de realizações começadas já nos anos 40. Justamente na época em que a ARCO estava em busca de um horizonte com mais certezas. É nesta perspectiva que hoje podemos dizer que a Associação se solidificou porque passa e passou por boas mãos e grandes cabeças. Vidal está com 79 anos e continua pesquisando e Paixão, por sua vez, já está pronto para os 81 e continua pesquisando. Vem mais coisa por aí! A ARCO por Paixão Côrtes & Vidal Faria Ferreira Por Nicolau Balaszow de lãs, na reprodução animal e, em 1986, recebeu Prêmio Ermenegildo Zegna, no 2° Congresso Mundial de Merino na Espanha, por seu trabalho intitulado “Cria de Merino com chuvas acima de 2 mil mm e mais de 60% de umidade relativa”. O seu currículo mostra, ainda, a efetivação de sua tese em zootecnia, a publicação de cinco livros e a participação em inúmeros cargos técnicos de coordenação e docência. Contribuição especial Com 18 anos de atividades dedicados diretamente à ARCO, Vidal presenciou não só o crescimento da Associação, como também uma fase decisiva. Chegava o momento em que seria necessário o “andar pelas próprias pernas”. É nesta perspectiva que ele define como um período de crise vivido pela entidade. “Houve o rompimento da tutela política que, através de seus organismos e orientação de seus técnicos promovia e apoiava a nossa Associação”, explica. Em conseqüência disso, a partir de 1961, a ARCO viu-se diante de um desafio: como manter tamanha estrutura sem os benefícios do ente político? “Mas, o desafio foi vencido e, hoje, a nossa entidade tem uma vida financeira estável graças a participação dos seus associados. Da mesma forma, a ARCO distingui-se pelo quadro de Inspetores Técnicos especializados e colocados à disposição dos produtores”, define. A grande maioria da população aprendeu a conhecer a figura de Paixão Côrtes, apenas pela sua ligação com as tradições gaúchas. E isso se evidencia quando sabemos que ele serviu de modelo para a construção da famosa estátua do Laçador, vista quando chegamos em Porto Alegre, via BR 116. Mas, a sua história é muito maior, com episódios tão curiosos que merecem uma biografia completa. Para quem não sabe, o seu nome completo é João Carlos D’Ávila Paixão Côrtes e ele também é engenheiro agrônomo, discípulo e substituto direto de Geraldo Velloso Nunes Vieira na Secretaria da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul. Natural de Santana do Livramento, Paixão conta que a sua vinda para a capital gaúcha se deveu a transferência de seu pai, o engenheiro agrônomo Júlio Paixão Côrtes, com a finalidade de continuar prestando serviços ao Estado. Na ocasião, com 17 anos, Paixão se dispôs a participar de um curso técnico de Classificadores de Lã. “Foi neste momento que comecei a trabalhar ao lado de Geraldo, figura maior da ovinocultura brasileira, em seu projeto pioneiro de organização do Serviço de Ovinotecnia que, entre outros objetivos, pretendia classificar as lãs produzidas no RS”. Durante a entrevista concedida, ele se mostrou um interlocutor entusiasmado, mas ao se referir a Geraldo Vieira, Paixão não conteve a emoção ao lembrar do falecimento recente do seu amigo de longa data. Momento oportuno Segundo Paixão, a Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (ARCO), surgiu num momento bastante oportuno, “inicialmente os produtores não possuíam representação coletiva, havia apenas as cooperativas. Essas entidades, no entanto, não se enquadrariam nos projetos de controle da verminose, sarna e da qualidade da lã, criados por Geraldo. Em conseqüência disso, e pela necessidade da ação de técnicos que pudessem acompanhar diretamente nas estâncias a atividade zootécnica, a ARCO foi se tornando uma realidade”. Ele define aquele momento como, “uma comunhão de interesses”. Por um lado os criadores ganhavam com o advento da Associação e, por outro, os projetos de qualificação dos rebanhos pode ser colocado em prática com mais eficiência. Foto: Divulgação Paixão – agrônomo empreendedor e estimulante Inicialmente, a Secretaria da Agricultura colocou técnicos à disposição da ARCO. “Assim começou um processo de mapeamento dos rebanhos no RS, permitindo um trabalho progressivo em áreas que, até então, não haviam recebido nenhum tipo de incentivo para a criação de ovinos”, esclarece. Com o tempo e, como se sabe, a Associação foi treinando um contingente expressivo de técnicos, hoje num total de 108 profissionais, atuando em todo o território brasileiro. Prato cheio Outro episódio nascido da conjunção dos esforços da ARCO e do então chefe do Serviço de Zootecnia da Secretaria, Paixão Côrtes, foi o incremento da produção de carne ovina. “Até 1968, a carne era consumida exclusivamente pelos estancieiros e pouco, ou quase nada, se conhecia sobre os cortes especiais consumidos na Europa e produzidos quase que exclusivamente, na América do Sul, pelos argentinos”, informa. Criou-se, a partir daí, estações experimentais em algumas cidades do RS, onde foram efetuadas inúmeras pesquisas, levando em conta a qualidade das pastagens e as condições climáticas. Desta maneira, foi possível classificar com maior segurança as raças específicas para cada tipo de solo e clima, permitindo uma maior produtividade. As múltiplas atividades exercidas por Paixão Cortes faz dele uma personalidade empreendedora e estimulante. Entre outras contribuições para a ovinocultura brasileira, pode ser mencionada ainda a “Tosquia Australiana”, técnica introduzida no Brasil por ele na década de 60 e que só agora, através de incentivos federais e por meio da Agência de Apoio ao Empreendedor e Pequeno Empresário (Sebrae), ganha reconhecimento e aplicação pelas vantagens econômicas. • 5 jun-jul/08 6 jun-jul/08 Notícias do brete ARCO perde um de seus fundadores Geraldo Velloso Nunes Vieira Um dos mais importantes técnicos em ovinocultura do País, Geraldo Velloso Nunes Vieira, faleceu em 23 de maio, aos 97 anos. Engenheiro Agrônomo e professor universitário, Geraldo Nunes Vieira foi um dos mentores da criação da Associação Rio-grandense de Criadores de Ovinos, ARCO, hoje Associação Brasileira de Criadores de Ovinos. Nascido em Pelotas no dia 22 de outubro de 1910, Geraldo formou-se agrônomo em 1932 pela Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (Faem/UFPel) e, deste então, construiu uma carreira de contribuições valiosas não só para a ovinocultura (sua especialidade), como para todos os segmentos da agropecuária brasileira. Em 1939, quando ocupava o cargo de chefe do Serviço de Ovinotecnia da Secretaria da Agricultura do RS, Geraldo aproveitou a 1ª Exposição Estadual de Lãs, em Uruguaiana, para divulgar as suas idéias junto a um expressivo contingente de criadores de ovelhas. Desse encontro nasceu a ARCO, fundada em 18 de janeiro de 1942, completando portanto 66 anos em 2008. Segundo o presidente da entidade, Paulo Schwab, é indiscutível a contribuição do Geraldo para a ovinocultura gaúcha. “Só o fato de ele ter ajudado na criação da nossa entidade, já é marcante e deixará saudades”, assinala Schwab. • Foto: Divulgação ARCO Jornal Diretoria da ARCO visita o SUL Dar prosseguimento ao convênio firmado durante a Expoprado 2007, entre a ARCO e o Secretariado Uruguaio da Lã, Sul, foi objetivo da reunião realizada dia 13 de maio, em Montevideo, Uruguai. Conforme o presidente da ARCO, Paulo Schwab, a idéia de ir à instituição de pesquisa, um dos mais reconhecidos na área de ovinocultura, foi para conhecer os trabalhos que eles já possuem no setor. “Queremos implantar no Brasil, uma certificação de rebanhos da lã fina e superfina. E sabemos que eles já realizaram experiências neste sentido. Vamos então buscar o conhecimento deles para não termos que trilhar caminhos já Bem-estar animal: Mapa vê modelo europeu A UE, os EUA e o Japão já estabeleceram normas rígidas para o bem-estar animal. Essas regras valerão tanto para os animais criados naqueles países como para os produtos da carne originados de outras regiões fornecedoras. “Essa é a razão de conhecermos como estão sendo aplicadas as regras. A partir daí, vamos nos reunir permanentemente com os representantes das diversas cadeias produtivas da área animal para apresentar, aos nossos clientes da União Européia e de outros países, o modelo brasileiro de regras de bem-estar”, afirmou Portocarrero. Devido ao seu clima favorável e ao espaço disponível para a criação, o Brasil é um dos países que adota as melhores práticas de criação animal. Em abril último, Márcio Portocarrero participou de uma conferência mundial, em Bruxelas, na Bélgica, a convite do parlamento da União Européia, onde o tema foram as políticas de bem estar animal em todo o mundo. • percorridos”, afirma. Schwab. Outro setor que vai servir de base na troca de experiências é o de carne. O Sul tem um trabalho em nível de campo na produção de cordeiros pesados e aproveitamento de animais com mais idades. “É um mercado que precisamos explorar”, finaliza o dirigente da ARCO que no final de junho voltou ao SUL para fazer um curso de especialização no setor. • Gressler, Araquen e Schwab com os diretores do SUL RIPA pesquisa produtores de ovinos de São Paulo A Rede de Inovação e Prospecção Tecnológica para o Agronegócio (RIPA), coordenada pelo Instituto de Estudos Avançados da USP em São Carlos, realiza junto ao Sindicato Rural de São Carlos (SP) um projeto que propõe oportunidades para a incorporação das boas práticas agropecuárias na produção de ovinos, identificar o estágio tecnológico e de trabalho do produtor, propor programas de treinamento e capacitação, bem como apontar tecnologias e inovações viáveis Fotos: Divulgação O Ministério da Agricultura já trabalha na criação de um modelo de bem-estar animal para os diferentes sistemas de produção do Brasil. Dentro deste objetivo, o secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Márcio Portocarrero, esteve em Madri, na Espanha, para conhecer propriedades rurais que já cumprem as regras de bem-estar animal da União Européia (UE). Portocarrero particpou de reuniões na sede do Ministério da Agricultura espanhol e realizou visitas técnicas de campo para verificar a fiscalização do governo espanhol nas propriedades produtoras de frangos de corte, postura, suínos e nas fazendas produtoras de leite. O dirigente esteve acompanhado da fiscal federal agropecuário responsável pelo bem-estar animal no Mapa, Andrea Parrilla, e da representante da União Brasileira de Avicultura, Sulivam Alves. Encontro Regional que aconteceu nos dias 26 e 27 de maio, em Bagé, na sede da ARCO. O evento reuniu cerca de 20 inspetores Promover a atualização do seu grupo de Inspetores Técnicos que atuam no campo, junto aos criadores, foi o objetivo do do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina para debater temas como Regulamento das Feiras e Exposições, Rotinas de Registro de Animais, Programa Cordeiro de Qualidade e fazer inspeção prática de campo. “Quisemos dar continuidade ao trabalho que iniciamos em novembro de 2007 quando fizemos um encontro nacional, em São Paulo”, afirma o presidente da entidade, Paulo Schwab, acrescentando que em breve outros encontros regionais serão realizados. • Foto: Gabriel Becco Foto: Divulgação ARCO promove encontro regional de Inspetores Técnicos Mário Ruggiero ao setor. São Paulo possui o sétimo maior rebanho ovino do Brasil, com cerca de 460 mil cabeças (IBGE, 2006). Mario Ruggiero é bancário aposentado que investe em ovinos Santa Inês e Dorper há dois anos, para corte e visando à produção de matrizes. Ele utiliza o detector de prenhez, uma tecnologia desenvolvida na Embrapa. Ele possui 80 cabeças e está de olho na qualidade dos ovinos, por isso investe em alimentação. A ex-professora e criadora de ovinos Patrícia Nazzari está no ramo há três anos e meio, em São Carlos. Ela possui atualmente 500 cabeças, produz reprodutores Santa Inês, além de realizar cruzamento industrial de Santa Inês com Dorper para corte. A tecnologia mais usada em sua propriedade é o ultra-som para detectar prenhez e, mais recentemente, o acasa- lamento por DNA para melhorar o rebanho. O agente fiscal de rendas aposentado Luiz Carlos Sanches Varella tornou-se produtor de ovinos há três anos. Ele possui 270 cabeças em dez alqueires. Ele possui Santa Inês para produzir matrizes, que cruzadas com Texel garantem a produção de cordeiros com bom volume de carne. Seu objetivo é atingir as 400 matrizes, capaz de gerar um volume que vai garantir a rentabilidade do seu estabelecimento. • Patrícia Nazzari 7 abr-mai/08 8 jun-jul/08 Notícias do brete Hampshire Down realizou Exposição Nacional A ABCOHD (Associação Brasileira de Criadores de Ovinos Hampshire Down) realizou entre os dia 28 de maio e 1º de junho, junto a Fenasul. A Vª Exposição Nacional de Ovinos Hampshire Down. Conforme o presidente da entidade, Wilson Barbosa a iniciativa atingiu os objetivos e reuniu animais e criadores de vários estados. Machos PO Grande campeão PO Campeão Carneiro, Grande Campeão: Tat 783 - Cabanha São Caetano/Wilson Belloc Barbosa; Reservado de Campeão Carneiro Tat 38 Cabanha Figueira/Renê Guedes Dal Piaz; Campeão Borrego 2 Dentes Tat 927 - Cabanha São Caetano/Wilson Belloc Barbosa; Campeão Borrego Dente de Leite e Reservado Grande Campeão, Tat 2100 - Cabanha Coqueiro/Aldear A. Antoniolli; Reservado Campeão Borrego Dente de Leite e 3º Melhor Macho, Tat 213 - Cabanha do Aranhão/Renato Guterres da Silva; 4º Melhor Macho, Tat 129 - Cabanha da Saudade/Mauro Duarte Mabilde Silveira. Fêmeas PO Campeã Ovelha e Grande Campeã, Tat 2017 - Granja Jacuí/Silvio Rosa de Souza; Reser- Grande campeã PO vada Campeã Ovelha e Reservada Grande Campeã, Tat 1997 - Granja Jacuí/Silvio Rosa de Souza; Campeã Borrega e 3ª Melhor Fêmea, Tat: 2129 - Cabanha Coqueiro/Aldear A. Antoniolli; Reservada Campeã Borrega, Tat 112 - Cabanha da Saudade/Mauro Duarte Mabilde Silveira; 4ª Melhor Fêmea, Tat 2027 - Granja Jacuí/Silvio Rosa de Souza. • Cadeia produtiva de caprinos e ovinos define ações para 2008 A inclusão da cadeia produtiva no Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes (PNCRC) foi defendida pela Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Caprinos e Ovinos na primeira reunião do ano, nesta terça-feira (15). As principais ações para o setor de caprinos e ovinos em 2008 foram definidas no encontro. O coordenador do PNCRC, Leandro Feijó, acredita que a inclusão do setor no plano é necessária em função do crescimento mercado nacional e internacional para caprinos e ovinos. Ele recomendou o engajamento da cadeia produtiva por considerar o PNCRC um requisito para a venda no mercado externo. “Sem a ajuda do setor produtivo, esse programa não pode dar certo”, afirmou. O Plano Nacional de Sanidade de Caprinos e Ovinos (PNSCO), previsto para entrar em vigor ainda este ano, também foi discutido na reunião. Entre as propostas do plano estão o credenciamento de laboratórios, desenvolvimento de programas sanitários específicos, cadastro de estabelecimentos e treinamento para veterinários. A agenda estratégica para 2008 do setor prevê a implementação do Programa Nacional de Sanidade dos Caprinos e Ovinos. Deverá entrar em vigor também o Programa Nacional de Melhoramento Genético e ações de pesquisa e desenvolvimento, visando tecnologias para a produção de carne, leite, pele e lã de qualidade. Dentro da proposta de tornar o setor mais competitivo, figuram ações para um estudo do complexo do agronegócio da caprinovinocultura no País, a adequação e a equalização dos impostos estaduais e federais e no âmbito do Mercosul e a criação de um programa nacional de capacitação contínua para técnicos, produtores e trabalhadores rurais da cadeia produtiva. Na reunião de junho ficou definida uma ação mais intensiva na questão de melhoramento genético. • Senar capacitará criadores de ovinos de leite em SC Dois seminários para elevar o nível de informação sobre a ovinocultura de leite são o primeiro passo do programa do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), em convênio com a Epagri e a Laticínios Cedrense para capacitar os produtores catarinenses. Segundo o superintendente do Senar, Gilmar Zanluchi, o órgão vai profissionalizar os criadores interessados na nova atividade em todas as regiões do estado. Um seminário será realizado em Chapecó, em junho, e outro em São Miguel do Oeste, em julho, cada um reunindo cerca de 100 criadores. A segunda etapa consistirá em cursos de formação profissional rural na área com duração de 16 horas, ministrados pela médica veterinária Adriana Thiessen com foco em produção, manejo e sanidade. O mercado está pagando ao criador US$ 1 por litro de leite de ovelha, um valor estimulante de acordo com Zanluchi. • Campeões Texel da Fenasul A Fenasul conheceu, ontem, os grandes campeões Texel. A Cabanha Surgida, de Rio Pardo, conquistou o título entre os machos PO com o animal Surgida 400. O reservado é Capané 359, da Cabanha dos Pinheiros, de Cachoeira do Sul. Entre as fêmeas PO, destaque para Miolo do Seival 372, da Cabanha Fortaleza do Seival, de Candiota. A reservada é Surgida 255, também da Cabanha da Surgida. A Cabanha Surgida, do cria- Grande campeão Fotos: Vilmar da Rosa/ARCO Jornal Grande campeã dor Erivon Silveira do Aragão de Rio Pardo, RS, venceu o Campeonato Progênie Pai com os seguintes animais: Surgida 464 (F), Surgida 400 (M), Surgida 415 (M) e Surgida 441 (F), todos filhos do carneiro São Dionísio 103. A Diretoria da Brastexel aprovou durante a Fenasul a realização da II Exposição Nacional do Texel na Feinco 2009, desta forma será enviada correspondência à Aspaco, formalizando o interesse. • Mercado de reprodutores está aquecido Os leilões de ovinos, principalmente das raças Dorper e Santa Inês mostram que o mercado está aquecido. A conseqüência é sentida no mercado de reprodutores e fêmeas de todas as raças de carne, mesmo vendidas na porteira. Os machos Dorper são comercializados na média entre R$ 3,5 a 4 mil e as fêmeas são negociadas a R$ 5 mil. Já os animais sem registro, mas são filhos de pais PO, valem em torno de mil a 1,5 mil reais. E a meio sangue Dorper, segundo o diretor da Associação, Leandro Siqueira, estão cotadas em R$ 500,00. O presidente da Associação de Criadores de Ovinos Texel, Brastexel, Luiz Fernando Nunes, salienta que os carneiros PO valem R$ 1.500,00 no mínimo, enquanto a ovelha PO está cotada no mínimo em R$ 1.200,00. “Animais rústicos valem R$ 1 mil para machos e R$ 800,00 para fêmeas”, destaca. A raça Santa Inês tem variações. Na região do Crato, CE, o preço de um carneiro PO Santa Inês tem média de R$ 1.000,00. No Rio Grande do Norte, os machos PO estão cotados na faixa de R$ 6 mil a R$ 7 mil e as fêmeas R$ 5,5 mil. • As receitas da Confraria do Cordeiro “Confraria do Cordeiro” é o segundo livro do jornalista gaúcho Danilo Ucha com receitas de carne de cordeiro. Além de revelar o surgimento e principais fatos da Confraria do Cordeiro, Ucha conta a história da ovelha no Rio Grande do Sul, desde os tempos dos jesuítas, e apresenta 19 receitas dos confrades, entre os quais está o presidente da Farsul, Carlos Sperotto. O livro custa R$ 30,00 e pode ser solicitado à Editora Palomas, Porto Alegre, RS - fone 51 3228.2900. • 9 jun-jul/08 Manejo e diagnóstico correto reduzem perdas com a verminose Reportagem Por Luciana Radicione Q ponsável pelos maiores prejuízos aos animais, sendo o principal causador da mortalidade por verminose no Brasil. Alguns animais, no entanto, podem não apresentar anemia, mas sim diarréia, que é sinal da presença de vermes como Trichostrongylus e/ou Oesophagostomum. Algumas práticas de manejo colaboram com o controle da verminose, entre elas recomenda-se a rotação de pastagem, rotação pasto x cultura, pastejo de ovinos consorciado com bovinos adultos e de preferência de raças zebuínas ou com eqüídeos, uso de forrageiras do gênero Panicum (colonião, Aruana, Áries e Tanzânia). Maior ingestão de proteína na dieta também colabora para aumentar a resistência dos ovinos aos vermes. Não colocar os animais em potreiros contaminados é outra dica, uma vez que somente 5 % das larvas são ingeridas, o restante permanece no ambiente. “Se o animal permanecer no mesmo lugar, se Índices de reprodutividade dependem do controle da verminose dos rebanhos reinfectará”, alerta Mary Jane Tweedie de Mattos-Gomes, médica veterinária e professora da Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). O médico veterinário, inspetor de Registro da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (ARCO) e técnico da Associação dos Criadores de Caprinos e Ovinos da Bahia (Accoba), Misael Caldas Nascimento, explica que um bom manejo nutricional é fundamental para reduzir os riscos de infestação. Também recomenda que as vermifugações sejam orientadas por veterinários através dos exames de OPG (Contagem de ovos por Grama de fezes), bem como proceder à troca de pasto após as vermifugações. “Deve-se ainda manter os animais em jejum antes da aplicação do Foto: Divulgação uando se fala em prejuízos ao rebanho por verminose, entenda-se redução dos índices reprodutivos (prolificidade, fertilidade, aumento do intervalo entre partos, maior idade a primeira cria, menor taxa de desmame), queda da qualidade do couro, não-aproveitamento das vísceras, alta taxa de mortalidade e maior tempo para atingir o peso de abate ideal. A contaminação ocorre pela ingestão das pastagens, já que as larvas infectantes dos vermes se abrigam nas folhas que são consumidas pelos ovinos. “Praticamente 100% dos rebanhos brasileiros são contaminados com a verminose. Temos que conviver com essa doença que só afeta indivíduos suscetíveis”, afirma a pesquisadora do Instituto de Zootecnia (IZ) de Nova Odessa, SP, Cecília José Veríssimo. Olho clínico sobre o rebanho é fundamental para diagnosticar a presença da enfermidade. De acordo com a pesquisadora do IZ, os animais sintomáticos podem apresentar papeira (uma espécie de edema localizado abaixo da mandíbula), anemia e condição corporal ruim (leiase emagrecimento). “Se for um animal laneiro ele começa a perder a lã, se for deslanado, o pêlo fica quebradiço, sem brilho e eriçado”, explica a especialista. Esses são os sintomas típicos causada pela hemoncose, doença provocada pelo verme Haemonchus, que surge com grande freqüência e é o res- Foto: Danilo Ucha/Divulgação Uma doença nada silenciosa capaz de pôr em risco a rentabilidade de um plantel de ovinos merece atenção especial do criador que busca sanidade e produtividade do rebanho.Aincidência é geral e o controle depende de estratégias de manejo que devem ser seguidas à risca. Estamos falando da verminose, que gera dor de cabeça em praticamente 100% das propriedades brasileiras e é considerada como um dos grandes entraves à ovinocultura. Conviver com essa realidade não significa abdicar de técnicas eficazes de controle Laboratório móvel para o diagnóstico da verminose vermífugo, visando aumentar a superfície de contato da droga com o parasito, mesmo que o medicamento seja injetável”, adverte. Até 2006, conta Nascimento, o governo do Estado da Bahia mantinha um programa que beneficiava pequenos criadores de ovinos no combate a diversos tipos de enfermidades. O Cabra Forte oferecia assistência-técnica e levava conscientização sobre a adoção de técnicas de manejo adequado com vistas ao aumento da produtividade. Entre as muitas ações desenvolvidas, uma especificamente era voltada ao combate à verminose no rebanho ovino e caprino. O trabalho era feito com o auxílio de um veículo que percorriam as propriedades para prestar assistência aos produtores. A van, uma espécie de laboratório móvel, fazia o diagnóstico de verminose através do recolhimento de fezes. Diagnóstico Outro cuidado que deve ser tomado é quanto ao diagnóstico correto do tipo de verme que será combatido, pois para cada espécie existe um tratamento específico. “A primeira providência é ter o diagnóstico em mãos feito através do exame de fezes. Assim, haverá suporte para que o veterinário proceda ao tratamento, que muitas vezes precisa ser acompanhado pela aplicação de vitaminas e ferro e com a reposição das perdas fisiológicas causada pelo parasito”, explica o veterinário da Bahia. Segundo Nascimento, a coleta das fezes deve ser feita diretamente do reto do animal, e não no chão, porque estas já poderão estar contaminadas. Conhecer a eficácia do vermífugo que está se usando na propriedade, através do teste de redução do OPG é uma prática altamente recomendável que poderia evitar um descontrole na infestação. “O teste é muito fácil de ser realizado, mas o produtor deverá buscar um técnico que disponha de microscópio para a leitura do exame de OPG”, lembra Cecília do Instituto de Zootecnia. No dia em que o produtor aplicar o vermífugo, deve coletar as fezes de dez animais. Dez dias depois, repete o procedimento com os mesmos exemplares e para o mesmo exame. “Com a média OPG antes da aplicação e a média após a aplicação, calcula-se a eficácia do vermífugo”, explica a especialista. O cálculo a ser feito é o seguinte: média OPG depois / média OPG antes x 100. A eficácia deve ficar sempre acima de 90%, abaixo deste índice o produtor já deve suspeitar que possa estar ocorrendo a resistência dos vermes ao vermífugo utilizado. >> 10 jun-jul/08 Reportagem Q Foto: Lisley Silvério/Divulgação Resistência aos vermífugos exige atenção redobrada uem mexe com ovinos já deve ter percebido que alguns medicamentos, utilizados em larga escala, já não apresentam mais os efeitos desejados no controle da verminose. Isso não significa que as fórmulas dos remédios são menos eficazes, mas sim sugere uma maior resistência genética dos vermes aos produtos que são utilizados para seu controle. Em função dessa resistência que os vermes adquirem (que leva de dois a quatro anos) é que alguns especialistas estão preconizando o uso mínimo de vermífugos em uma propriedade. De acordo com Cecília Veríssimo, do IZ de Nova Odessa, o método mais atual de controle da verminose é o seletivo (ou método Famacha), no qual o produtor somente vai tratar os animais que se encontram com a mucosa ocular clara (rosada, pré-anêmica ou anêmica). Também pode-se efetuar um controle estratégico em determinadas categorias. “Neste caso são as ovelhas recém-paridas, cordeiros no dia do desmame, ovelhas no dia do desmame, ovelhas e reprodutores imediatamente antes da estação de monta, ovelhas no terço final da gestação (principalmente as lanadas), borregas em crescimento e reprodutores após a estação de monta”, enumera. Já os cordeiros, categoria mais suscetível à verminose, deve ser acabado em confinamento, a fim de evitar perdas com a verminose. O gerente de Produto Ovinos e Caprinos do IRFA Química e Trocar de pasto facilita o controle Biotecnologia Industrial, Eduardo Amato Bernhard, explica que a resistência é do parasito, e não do rebanho. Segundo ele, o uso indiscriminado ou de forma errada de vários vermífugos fez com que os parasitos criassem resistência a diversos princípios ativos importantes. “O uso correto destes produtos, na dose e na freqüência recomendada, são importantes para evitar o problema”. Amato ressalta que a resistência pode ser observada através da realização de Exame de OPG. O IRFA possui atualmente seis produtos estratégicos para o controle da verminose. São à base de albendazole com cobalto, closantel, closantel e albendazole, fosfato e levamisole, anti-helmíntico em pó de largo espectro à base de febendazole e um antiparasitário injetável à base de triclorfon. A empresa, de origem gaúcha e atualmente de capital espanhol, atua com técnicos a campo, apoiando e orientando o produtor, colhendo os resultados através de exames parasitológicos de fezes (OPG). “Cada um dos produtos tem uma diferente forma de ação contra os vermes, além de alguns serem mais específicos para o controle de alguns parasitos, enquanto outros possuem um espectro de ação mais amplo”, informa Amato. De acordo com ele, os técnicos do IRFA passam aos clientes todas as informações necessárias para reduzir as perdas com a verminose através de dosificações es- tratégicas, rodízios de potreiros, nutrição adequada, exames de OPG, entre outras recomendações. Outra empresa que vem investindo em soluções para a verminose é a Pfizer. Uma das principais armas da multinacional é o antiparasitário de ação prolongada à base de doramectina, que atua sobre bicheiras, carrapatos, verminoses e bernes em ovinos, bovinos e suínos, disponível no mercado brasileiro desde 1993. De acordo com Rodrigo Valarelli, gerente de Produtos Antiparasitários para Bovinos da Divisão de Saúde Animal da Pfizer, o medicamento pode ser utilizado inclusive por recém-nascidos, fêmeas prenhes e animais em reprodução. A empresa oferece também um anti-helmíntico de largo espectro à base de albendazole micronizado e sulfato de cobalto, com atividade vermicida, larvicida e ovicida. O produto é indicado para o controle e tratamento de verminoses. O uso adequado dos medicamentos pelos criadores, bem como a prevenção e o controle de doenças, é preocupação constante da empresa, que investe ainda em ações de educação continuada, com o objetivo de levar conhecimento para o campo. “Muitos produtores que estão em fazendas distantes, por exemplo, não tem como viajar para centros de atualização. Então, levamos os principais especialistas das áreas para a zona rural”, completa. >> Cecília: Eficiência no tratamento exige acompanhamento rigoroso Controle efetivo da verminose* 1. Vermifugar todos os animais do rebanho, a partir de 30 dias de idade. 2. Tratar os animais à tardinha para que permaneçam presos na mangueira/aprisco durante as 12 horas seguintes. 3. No dia seguinte à vermifugação, os animais devem ser transferidos para uma área onde não havia animais por pelo menos um mês (pasto em descanso). 4. Varrer e desinfetar com cal virgem as instalações no dia seguinte à vermifugação e periodicamente durante todo o ano 5. Evitar alta lotação na pastagem 6. Mudar o vermífugo usado a cada ano, ou seja, sob orientação do Técnico. 7. Utilizar a dose correta de acordo com a recomendação do fabricante e segundo o peso vivo de cada animal. 8. Em áreas onde a utilização de cercas periféricas é limitada ou inexistente, promover campanhas de vermifugação para tratar todos os animais criados em comum nas mesmas datas. 9. Comedouros, bebedouros e saleiros não podem receber fezes dos animais, devendo ficar bem protegidos. 10. As fezes retiradas nas limpezas devem ser acumuladas num local previamente determinando (esterqueira), ao qual os animais não tenham acesso. 11. Vermifugar as ovelhas 24 horas após parição. 12. Introdução de animais na propriedade deve ser feita após vermifugação e 12 horas de espera, totalizando 24 horas de jejum, e não colocá-los juntos com o rebanho da propriedade. Só após trinta dias de observação. 13. Animais no primeiro terço da gestação (nos primeiros 50 dias de prenhez) não devem ser vermifugados. 14. No caso de mudanças de animais de piquetes, deve-se tentar combinar com o calendário de vermifugação. 15. A pastagem contaminada, onde os animais estavam antes da vermifugação, pode ser usada com bovinos, que ajudarão a descontaminar a pastagem. 16. Propriedades que tenham pequenas divisões (piquetes) podem ser manejadas com pastejos curtos de 10 a 14 dias com superlotação na área e descansos duradouros por piquete 17. Verificar se a pistola dosificadora esta bem calibrada. 18. Os animais devem ser bem alimentados e mineralizados durante todo o ano. * Além das medicações anti-helmínticas recomendadas. Fonte: Misael Nascimento (Arco/Accoba) 11 jun-jul/08 S e alguém ainda duvida da resistência dos parasitos aos princípios ativos dos medicamentos disponíveis no mercado para a verminose, precisa ler o relato de Álvaro Lima da Silva, proprietário da Fazenda São José, em Santa Vitória do Palmar. Com um rebanho formado por mil cabeças, o produtor começou a perceber a ineficiência dos remédios no combate à verminose. “Sempre procurei alterar o princípio ativo fornecido ao rebanho, mas visualmente era possível perceber que os animais não evoluíam o esperado”, conta Lima. Após a morte de alguns animais, o criador arregaçou as mangas e buscou auxílio de profissionais para detectar o problema e conhecer as causas da resistência dos vermes aos medicamentos. Primeiro coletou as fezes e o resultado foi positivo para infestação. “Mas o exame não indicava o verme que estava atuando”, conta. A falta de resultados mais objetivos o levou a procurar no Chuí o veterinário uruguaio Carlos Aristimunho, para quem relatou o problema na sua propriedade. Interessado pela causa, Aristimunho trouxe para Santa Vitória do Palmar um professor de parasitologia da Faculdade de Veterinária de Montevidéu, para fazer o estudo in loco. Após o relato do problema na Fazenda São José, o trabalho para descobrir os motivos da resistência foi colocado em prática. Foram selecionados animais e divididos em 13 lotes, cada um contendo 12 cabeças. Um lote ficou de testemunho, os demais 12, foram identificados com números e marcações em partes do corpo, e receberam produtos com princípios ativos diferentes. As fezes dos 13 lotes foram coletadas e enviadas a Montevidéu, e após 10 dias, nova remessa foi enviada ao país vizinho. A análise constatou que dos 12 princípios ativos aplicados nos animais, apenas três surtiram efeito no rebanho, ou seja, apresentaram eficiência no controle da verminose. “Constatamos que a infestação era por haemonchus”, afirma o criador. Na etapa seguinte, os lotes foram dosados com os princípios ativos mais eficientes, o que resultou no controle geral da verminose na fazenda. Por considerar a resistência aos medicamentos um assunto preocupante e recorrente, o titular da São José comunicou à cadeia produtiva de ovinos e caprinos, em Brasília, e chamou a atenção para a gravidade do problema. Embora a análise tenha feita in loco, ele acredita que uma força-tarefa entre criadores e laboratórios precisa ser criada para que os rebanhos sejam acompanhados e monitorados constantemente através do exame de fezes. “Sei que a coleta não é fácil e não é cômoda. Mas também não adianta utilizar diversos princípios ativos e não resolver o problema. Já uma coleta acompanhada reduz custos e tem resultados”, afirma o criador que realiza a vermifugação de seu rebanho até oito Foto: Danilo Ucha/Divulgação O princípio ativo na ponta do lápis Claudino Loro mantém controle periódico vezes por ano. “Esse é o número mínimo para quem quer evitar a contaminação. Mas tem que usar a medicação certa”, frisa. Outro bom exemplo no controle da doença vem de Santana do Livramento. Lá, o criador Claudino Loro, da Estância São José e Cabanha Santa Orfila, realiza o exame de fezes a cada 30 dias. De um lote de mil animais, ele tira 10 para realizar a coleta. Se antes a resistência dos parasitos aos medicamentos era um problema, hoje a situação está totalmente controlada com a aplicação combinada de dois medicamentos: closantel oral, dose de 1ml para cada 10 qui- los de peso vivo + 1cm de ivermectina subcutâneo. Loro, que também é veterinário, conta que mantém a doença sob controle do rebanho – hoje com cerca de 4.500 cabeças com predomínio da raça Texel -, há cerca de cinco anos. O trabalho é realizado por ele mesmo em laboratório instalado na propriedade, sempre com 10 amostras de lotes diferentes, onde realiza a contagem de ovos e parte para a larvoscopia, que permite um diagnóstico correto do parasito. “O bom é fazer sempre o exame, caso contrário correse o risco de o criador perder dinheiro com o uso de remédios ineficientes”, afirma. • 12 Reportagem Foto: Confer Alimentos/Divulgação Ovelha também dá leite! Leite diferenciado: produtos de qualidade especial Isso mesmo. Embora um bom número de pessoas ainda desconheça, ou não dê a esta atividade a importância que ela comprovadamente vem conquistando no Brasil, a ovelha, além da lã e da carne, também é uma excelente produtora de leite. E com esse leite diferenciado é produzida uma infinidade de derivados. São produtos requintados, que se destinam a um novo e crescente mercado que já chama a atenção das pessoas. E entre os produtos que são fabricados com o leite produzido especialmente pelos ovinos da raça Lacaune, estão os queijos Roquefort, Feta, Serra da Estrela, Pecorinos, ricota fresca e iogurtes, entre outros. temente toda uma região onde outras culturas agropecuárias eram bastatante difíceis de serem trabalhadas como atividade economicamente rentável. Tri-Cross e TE “Hoje contamos com aproximadamente 1.200 animais na Dedo Verde. E o interesse crescente pela atividade, que vem sendo evidenciado por outros Classes A e B são o alvo dos produtores de laticínios Foto: Alexandre Amaral N o Brasil, o grande destaque tanto na criação de ovinos especializados na produção de leite, como também no fabrico dos produtos derivados, é para a Cabanha Dedo Verde, propriedade do médico e criador gaúcho Paulo Aguinsky, que trabalha juntamente com o filho, Márcio, em Viamão, RS. A Dedo Verde começou a trabalhar com a raça ovina Lacaune em 1992, quando trouxe os primeiros exemplares diretamente da França. E já no ano seguinte (1993), o estabelecimento realizou a importação de mais 50 matrizes e reprodutores, além de sêmen de carneiros provados/testados. No mundo A produção de leite de ovelhas é uma aitvidade muito importante e bastante lucrativa em toda região do Mediterrâneo e do Mar Negro. Na França, a raça Lacaune é a maior daquele país e conseguiu desenvolver for- produtores nas mais variadas regiões do Brasil, está a nos garantir que esta é uma cultura que veio para ficar”, sintetiza Márcio Aguinsky. Segundo ele, além da exploração do leite propriamente dita, a raça também tem sido utilizada com muito sucesso em programas de tri-cross, para produção de cordeiros, além da produção de ventres usados como receptoras em programas de transferência de embriões (TE). Profundo conhecedor da atividade, Márcio fala com desenvoltura sobre todos os aspectos desta criação. Ele revela, por exemplo, que os investimentos neste segmento variam conforme a dimensão que se deseja dar ao projeto. “Hoje encontramos desde pequenos produtores, que se interessam pelo fabrico artesanal de queijos finos, até projetos que visam a formação de bacias leiteiras de Lacaune: raça francesa com alta produtividade e lucros maior porte”, diz. Receitas mais rápidas As receitas desta atividade provém da venda de leite e/ou de seus derivados, que atingem bons preços no mercado. Também se originam da venda de matrizes leiteiras e de cordeiros para abate, sem falar da comercialização das ovelhas de descarte. “Este retorno dos investimentos é relativamente rápido em comparação ao proporcionado pela bovinocultura, por exemplo”, sinaliza Márcio Aguinsky. Ele explica que o ciclo produtivo da ovelha é significativamente mais curto e a ovelha apresenta também uma excelente produtividade, respondendo de forma mais pontual. Carne e couro O experiente criador gaúcho lembra igualmente que os ganhos nesta atividade não ficam restritos somente ao leite e à produção de seus derivados. Ele destaca que a qualidade da carne na raça Lacaune é excepcional e o ganho de peso de cordeiros, mesmo desmamados precocemente, é bastante similar ao das raças de carne. Aguinski também aponta outro sub-produto de ótima qualidade: o couro. “Ele tem alta resistência e elasticidade, podendo ser utilizado para uma variada gama de atrativos e confecções de produtos”, define. Alvo é classes A e B Atualmente os mercados formados pelas classes A e B são os alvos principais dos produtos confeccionados a partir do leite de ovelhas. “Restaurantes diferenciados – especialmente os mais requintados, delicatessens e mercados de melhor padrão são os locais onde os derivados de leite de ovelha são mais buscados e consumidos”, indica Márcio Aguinsky. • Foto: Futura RS/Divulgação jun-jul/08 13 fev-mar/08 O assunto interessou? Você quer criar e produzir leite e derivados? lhoramento de tamanho e conformação oriundo da heterose. Na raça pura Em se tratando de raça pura, o criador garante que obtém machos com carcaças pesando entre 17 e 19 kg e 15 a 17 kg para as fêmeas aos 110 dias de idade. São animais desmamados de 23 a 30 dias após o parto. A carne possui cor clara, com bom marmoreio e sabor muito suave e atraente ao paladar do consumidor mais exigente. Manejo de tambo Na produção de leite, o volume diário varia conforme o estágio da lactação. Conforme Aguinsky, normalmente inicia com médias de mais de 3 litros ao dia em boas ovelhas, mas deve ser avaliada a lactação total, que é em média de 280 litros em 170 dias de ordenha, fora o período amamentação. E é no manejo que as diferenças são realmente marcantes. “O modo de trabalhar com as ovelhas leiteiras se aproxima mais do manejo de vacas de leite do que de ovinos carne ou lã”, diz o criador. Existem várias especificidades bastante particulares da ovelha de leite, sobretudo no importante setor da alimentação. Mas normalmente se trabalha em regime intensivo ou semi-intensivo, diz. Inseminação domina “Em nosso rebanho, hoje, utilizamos Inseminação Artificial (IA) em mais de 95% dos animais”, sai dizendo Márcio Aguinsky. Para ele, o uso de inseminação acelera tremendamente o progresso genético, tanto em raça pura, mas principalmente em cruzamentos. “Agindo assim, temos uma otimização do aproveitamento dos carneiros melhoradores, elevando desta forma a sua descendência”, aponta. A IA também aumenta a prolificidade do rebanho, com o uso de sincronização de cio. E também é importante na organização do manejo geral dos Seleção do rebanho garante produtos de alta qualidade ciclos de produção da propriedade. “Atualmente temos utilizado também a transferência de embriões, objetivando aumentar a descendência de matrizes de genética superior”, sinaliza o criador. Demanda por reprodutores Bastante satisfeito com os resultados da opção que fez, pelos ovinos Lacaune e pela produção de leite e derivados, Mário Aguinsky, com otimismo, revela que especialmente nos últimos quatro anos houve um incremento significativo da demanda por matrizes e reprodutores para as diferentes finalidades de criação e produção proporcionadas pela raça. “Acreditamos que a qualidade da raça Lacaune como um todo e a possibilidade de diversificação da ovinocultura, são os fatores predominantes para este aumento progressivo da demanda. Isso nos alegra bastante, pois verificamos que não se trata de modismo, mas sim de pessoas que têm testado a raça e verificado o ótimo retorno e desempenho que sua utilização proporciona”, sintetiza. • A ordenha, do balde à sofisticação tecnológica A exemplo do que ocorre com os bovinos, também nos ovinos, desde a otimização da produção, passando por aspectos como sanidade e bem-estar animal, uma boa estrutura e tecnologia para a coleta do leite são fundamentais. Do tradicional balde ao pé, até os modernos sistemas rotativos de ordenha, são várias as opções disponíveis ao produtor. Segundo Alexandre Toloi, Gerente Regional SP e Norte do Paraná da empresa WestfaliaSurge, os cuidados destinados ao sistema de ordenha de ovinos, bovinos, caprinos ou eqüídeos são os mesmos. E dependem do número de horas trabalhados, com cada equipamento tendo suas próprias recomendações de manutenção. Os custos para a implantação – diz Alexandre – variam com o tamanho e o grau de sofisticação. Um equipamento para ordenhar uma pequena propriedade custa em torno de R$ 6 mil a R$ 7 mil, atendendo a cerca de 20 a 30 animais em lactação. “Em São Paulo temos um equipamento bastante tecnificado dentro da UNESP – no campus de Botucatu – canalizado com 10 postos de ordenha, que é modelo aos produtores”, assegura o gerente. Com algumas adaptações, é possível o aproveitamento da instalação de ordenha para ovinos para uso em bovinos ou vice-versa. As diferenças são o conjunto de ordenha, o nível de vácuo de trabalho e a relação de pulsação, porém os equipamentos são os mesmos, somente precisam ser adequados às necessidades da espécie a ser ordenhada. Foto: Divulgação P ois saiba que para começar nesta atividade não é preciso montar, logo de repente, um plantel selecionado e formado somente por exemplares de raça pura. Um novo criador pode muito bem começar seu rebanho por absorção, o que torna mais fácil o ingresso neste segmento, ainda novo no Brasil. “Normalmente indicamos a absorção com a utilização de machos selecionados para a produção de matrizes comerciais, uma vez que esta é a forma mais econômica de se obter boas ovelhas de leite”, ensina Márcio Aguinsky. Os cruzamentos Ele observa que alguns criadores optam por fêmeas já cruzadas ou puras de origem. “Isto, de um lado dá maior velocidade ao projeto de produção de leite. Mas o investimento é maior”, ressalta. O criador insiste que, quando procurado, o que normalmente recomenda é o uso de carneiros de origem comprovada para os cruzamentos e a não a utilização de reprodutores cruza. É que neste caso, segundo indica, a agregação de melhoramento da capacidade de produção leiteira é bastante duvidosa, apesar da boa aparência dos machos oriundos de cruzamento de absorção. “Estes machos devem, isto sim, ser destinados ao abate”, sentencia. Aguinsky revela que na Cabanha Dedo Verde, tem sido utilizados machos da raça Lacaune sobre fêmeas em base de raças de carne, para a produção de F1 e a utilização de uma segunda raça de carne em cima desta fêmea no cruzamento terminal. “Os resultados são mesmo excelentes”, afirma. Ele observa que agindo desta forma, é possível a obtenção de um incremento significativo do ganho de peso dos cordeiros, resultado da melhor capacidade leiteira da F1 Lacaune, além de um me- Foto: Futura RS/Divulgação Estrutura tecnológica é fundamental O técnico da WestfaliaSurge aponta um equipamento topo de linha de sua empresa, com o qual o produtor consegue realizar uma coleta de leite totalmente racional, utilizando um produto fisiologicamente apropriado e confortável aos animais. “Basta girar levemente o copo da teteira para acionar ou cortar o vácuo. Inclusive, em caso de queda do conjunto de ordenha, um sistema de válvulas garante o corte do vácuo de forma instantânea”, argumenta. Via de regra, o ideal é que o produtor busque orientação técnica, visando investir num sistema de ordenha capaz de atender as exigências de sua propriedade, proporcionando agilidade, qualidade, higiene e, principalmente, bem-estar aos animais e a garantia de que o mercado consumirá um produto que, desde a sua coleta, foi tratado com extremo cuidado e rigor. • 14 jun-jul/08 Pesquisa Novas tecnologias a serviço de todos Foto: Divulgação Por Luciana Radicione Tornar a ovinocultura mais competitiva de Norte a Sul do País tem sido o desafio da pesquisa científica no Brasil. Ao longo dos anos, diversas tecnologias e soluções para o rebanho foram despejadas aos criadores e muitas já estão sendo colocadas em prática. Mas nem todos conhecem, na prática, os benefícios que uma boa pesquisa pode levar ao campo, tanto que alguns projetos já disponíveis aos produtores ainda não são de conhecimento da maioria. A Embrapa, maior empresa de pesquisa agropecuária do País, possui duas unidades que atuam diretamente no desenvolvimento de soluções e inovações para o rebanho ovino. Localizadas em Bagé, RS, e em Sobral, CE, as unidades mantém pesquisadores atuantes que se debruçam para colocar no mercado tecnologias de baixo custo que resultam em melhorias ao rebanho. Uma delas, criada pela Embrapa Caprinos em parceria com a Embrapa Instrumentação Agropecuária, é o detector de prenhez por ultra-som, equipamento portátil que pode ser levado a qualquer parte do campo sem a necessidade de qualquer infra-estrutura, inclusive de energia elétrica. De acordo com o chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Caprinos, Evandro Vasconcelos de Holanda, o equipamento realiza em 30 dias o que um tradicional faz em 25 dias (de prenhez). Só que a novidade custa 100 vezes menos que o modelo tradicional (ultra-som por imagem). O equipamento DPPR 80A, fabricado e comercializado pela Microem Produtos Eletrônicos Ltda, foi desenvolvido a partir de uma demanda da Associação Paulista de Caprinocultores (Capripaulo), que sentiu a necessidade de colocar no mercado um modelo simples, de baixo custo e de fácil manuseio, que facilitasse o diagnóstico de prenhez em cabras. Holanda explica que o funcionamento do equipamento se baseia no efeito Doppler das ondas contínuas, que se refletem nas artérias, veias, paredes, válvulas e cavidades cardíacas, e também no fluxo sanguíneo. Em 30 dias é possível detectar a prenhez em ovelhas, através dos batimentos cardíacos fetais, que são facilmente reconhecíveis por serem muito rápidos (de 160 a 200 batimentos por minuto). Além de detectar a prenhez, o equipamento serve também para acompanhar a vitalidade do feto. Melhoramento genético Outro trabalho desenvolvido pela unidade da Embrapa de Sobral é o Programa de Melhoramento Genético de Caprinos e Ovinos (Genecoc), que possibilita a produção de carne e de peles por meio da assessoria genética a rebanhos selecionadores. Uma de suas metas é a avaliação de reprodutores, matrizes e seus produtos para características produtivas e reprodutivas, com o objetivo de alcançar uma maior produção de carne por hectare, em determinado período e com custos reduzidos. Atualmente o programa realiza uma criteriosa escrituração zootécnica de rebanhos no Rio Grande do Sul, Ceará, Bahia, Goiás, Paraná, Piauí e Sergipe. “O controle de informações atinge 25.178 animais de 44 rebanhos”, informa Holanda. Deste total, 11.024 se referem a ovinos da raça Santa Inês. Segundo ele, somente em registros de pesagem, o Genecoc conta com 113.383 informações. A escrituração zootécnica é realizada por meio de um software em rede, via internet. “Com o programa, o criador vai ter um resultado sobre as características mais produtivas, o desempenho de cada animal”, informa o chefe de P& D da Embrapa Caprinos. O criador também pode escolher um índice de seleção de acordo com os seus critérios, que resultará em melhores reprodutores com as características desejadas, conforme os indicativos econômicos de sua região. Além das avaliações genéticas, o Genecoc é responsável pelo armazenamento dos dados nos computadores da Embrapa Caprinos, o que garante sigilo tanto sobre os dados quanto sobre as informações obtidas. O controle do acesso é limitado e exclusivo com o login e a senha de cada rebanho. SAPI Ovinos Depois do sucesso da implantação do Sistema de Produção Integrada no ramo da fruticultura, chegou a vez da ovinocultura se beneficiar das diretrizes do programa. O Sistema Agropecuário de Produção Integrada (SAPI) vem sendo implantado de formal gradual e estruturado junto ao segmento de ovinos. O processo básico para o SAPI de ovinos é amparado em uma gestão participativa de empresas públicas e privadas. Boas práticas agropecuárias, boas práticas de fabricação e de higiene Projetos em andamento - Detector de prenhez portátil DPPR 80ª - GENECOC – Programa de Melhoramento Genético de Caprinos e Ovinos - SAPI Ovinos – Programa Agropecuário de Produção Integrada Informações Embrapa Caprinos – (88) 3112-7400 www.npc.embrapa.br - Laboratório de Análise de Carnes - Milheto como alternativa de pasto no verão Informações Embrapa Pecuária Sul - (53) 32428499 Detector de prenhez portátil em uso durante exposição estão sendo disponibilizadas por meio de palestras e cursos com o objetivo de elevar os padrões de qualidade, segurança e competitividade dos produtos e derivados da cadeia da ovinocultura. Evandro de Holanda explica que para se tornar viável é necessário que as normas que estabelecem padrões de produção devem ser adotadas por pólos produtivos e não individualmente, mas sempre de forma voluntária. O objetivo principal do programa é fazer com que os criadores obtenham e comercializem produtos seguros, livres de perigos biológicos, de resíduos químicos e físicos e com melhor qualidade. “Esse é o típico programa economicamente viável, socialmente justo e ambientalmente correto”, explica o pesquisador. Laboratório de carnes Na Embrapa Pecuária Sul dois projetos de pesquisa voltados à ovinocultura prometem soluções e renda para o produtor. O primeiro, ainda em fase de montagem, é um laboratório de carnes, que futuramente permitirá um melhor acompanhamento das pesquisas realizadas com carcaças de ovinos e de bovinos. “Hoje a demanda por carne de qualidade e por preços é muito grande”, afirma o pesquisador da área de Produção Animal da unidade da Embrapa de Bagé, Sérgio Gonzaga. Segundo ele, a estrutura, que deve ficar pronta em 2009, irá possibilitar a análise laboratorial e sensorial de cortes de carnes, por meio de uma equipe de avaliadores que vão determinar o tipo de produto mais viável a ser produzido e colocado do mercado. “A qualidade da carcaça será determinada a partir da relação osso, músculo e gordura, e a pesquisa oferecerá resultados aplicáveis em toda a cadeia produtiva”, explica Gonzaga. Além do laboratório de análise, futuramente a unidade Pecuária Sul vai sediar um abatedouro experimental que se somará às atividades do desenvolvidas pelo laboratório. Na área de nutrição animal, a Embrapa Pecuária Sul também disponibilizou recentemente aos criadores de ovinos uma pesquisa que revela a eficiência do cultivo de milheto no verão. "Normalmente, os trabalhos com pastagem cultivada para a terminação de cordeiros abordam a utilização no período de inverno / início de primavera, para abate dos animais no final de ano. O enfoque na utilização de pastagem cultivada de verão, no caso o milheto, justificou-se para que tenhamos oportunidade de terminação de cordeiros em época alternativa, no caso o outono, utilizando para este fim aqueles animais nascidos no tarde e que originalmente seriam sacrificados como borregão perto de 1,0 ano de idade. No sistema, conseguemse incrementos de peso vivo e terminação até os 150 dias, produzindo então carcaças de boa qualidade com melhor remuneração, visto que a oferta neste período é escassa. • 15 jun-jul/08 Reportagem Ovinocultura no MS tem muito para crescer A ovinocultura vive um processo de expansão em Mato Grosso do Sul, estado que tem todas as condições, como espaço e clima, para ser um dos maiores produtores brasileiros de cordeiros. Porém, alguns gargalos têm sido fatores limitantes para essa expansão: o principal deles é a entrada, em condições fiscais totalmente favoráveis, de carcaças de ovinos do Uruguai - via Mercosul - o que faz com que a carne vinda de fora chegue ao consumidor com preço muito menor do que o que é pago pela carne produzida pelos ovinocultores sul-mato-grossenses. Por Maurício Hugo * A entrada de animais do Rio Grande do Sul tem representado fator positivo para a melhoria da qualidade do rebanho de MS. Com um rebanho de pouco menos de 800 mil cabeças - não existem dados oficiais sobre o tamanho do rebanho - e envolvendo aproximadamente 300 criadores vinculados à Associação SulMato-Grossense de Criadores de Ovinos, Asmaco, o presidente da entidade que representa os ovinocultores no Estado, Jorge Tupirajá, é criador de bovinos, principalmente, e de ovinos, e vê na ovinocultura do MS uma atividade crescente, que está se consolidando gradualmente. Tupirajá acrescenta ainda que são várias as raças que formam o rebanho ovino sul-mato-grossense. Entre as principais para cruzamento, por importância, estão: a Texel, e a Suffolk, além da Ile de France, a Dorper e a Hampshire Down. Mas há grande quantidade de Pool Dorset, Bergamácia, Santa Inês, White Dorper e de uma espécie nativa do Mato Grosso do Sul, que teria se formado especialmente no Pantanal Sul-Mato-Grossense, conhecida como Nativa, muito embora não seja reconhecida ainda como raça. O presidente da Asmaco cita como ponto positivo a existência de um moderno frigorífico, com SIF, específico para abate de ovinos, localizado em Campo Grande. “Essa indústria, porém, não consegue funcionar em toda a sua capacidade pela concorrência desleal de abatedouros clandestinos que, por funcionarem na ilegalidade e não pagarem impostos, têm condições de oferecer aos produtores um preço um pouco melhor do que o praticado pela indústrias, prejudicando assim o mercado”, ressalta. Apesar disso, há sinais de melhora: no último dia 19 de junho, chegou a Campo Grande caminhão procedente de Franca, São Paulo, com 155 animais de uma propriedade de Ivan Vieira. Conforme informações da diretoria do frigorífico, apesar de uma distância superior a 900 km entre Franca e Campo Grande, o ovinocultor paulista decidiu pagar o frete e encaminhar os animais para abate na Capital de Mato Grosso do Sul. “Ele prestigiou nossa indústria certamente porque o nosso mercado deve estar melhor do que o de São Paulo”, confidenciou fonte da indústria. Segundo essa fonte, foi pago R$ 85 pela arroba dos machos e R$ 75 pelas fêmeas. Fomento A ovinocultura em Mato Grosso do Sul ainda funciona de uma forma pouco organizada. No Governo anterior, do exgovernador petista José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do Verônica Guglielmi, do Sebrae/MS e Inspetora Técnica da ARCO PT, a atividade ganhou mais apoio, uma vez que surgiu como uma boa opção para os assentamentos da reforma agrária. No entanto, a atual administração do PMDB, não vê a ovinocultura como prioridade, embora apóie de forma mais tímida a atividade. Isto é possível ver nos projetos e planos que apresentam. Conforme a secretária Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias, do Desenvolvimento Agrário, Produção, Indústria, Comércio e do Turismo (Seprotur), a Seprotur elabora, executa e avalia as diferentes políticas públicas voltadas para o desenvolvimento da ovinocaprinocultura por meio das proposições apresentadas pela Câmara Setorial da Ovinocaprinocultura de MS, que desde sua criação no ano de 2003, tem como objetivo organizar a cadeia produtiva dentro de uma mesma linha de ações. Conforme a secretária, na intenção de desenvolver a pecuária, o Governo Estadual instituiu através do Decreto n° 11.176 de 11/04/03, o Programa de Avanços na Pecuária de Fotos: Divulgação Tereza Cristina da Costa Dias Mato Grosso do Sul – Proape. Neste Programa, a parte relativa à ovinocaprinocultura foi denominada de “Subprograma de Apoio à Criação de Ovinos e Caprinos de Qualidade e Conformidade” através da Resolução Conjunta Serc/Seprotur n° 032 de 16/06/03, objetivando estimular os produtores pecuários do Estado à exploração, de forma sustentável, da ovinocaprinocultura. Através de ações multiinstitucionais e multidisciplinares, a Seprotur, via Câmara Setorial, vem atingindo seu objetivo maior: o de implantação e condução de projetos estaduais de expansão e consolidação da ovinocaprinocultura, com a participação de interessados de todos os segmentos dessa cadeia de produção, atendendo ao significativo aumento da demanda por informações sobre essa atividade. Entre eles, Tereza da Costa Dias enumera os Arranjos Produtivos Locais, os quais já estão em funcionamento em três regiões, reunindo a cadeia produtiva, o Centro Tecnológico de Ovinocultura (CTO), localizado na Fazenda Escola da Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal (Uniderp), em Campo Grande, MS, com toda a infra-estrutura necessária para o desenvolvimento de pesquisas e difusão de tecnologias. E o terceiro é o Projeto Troca de Ovinos, que atualmente vem sendo desenvolvido através de uma parceria público privada, firmada entre a Seprotur e a Fundação Manoel de Barros (FMB). Por fim, o Projeto Troca de Ovinos, que tem como objetivos principais estimular, acompanhar e promover a ovinocultura no Estado de Mato Grosso do Sul. Atualmente, está implantado em Campo Grande, Terenos e Rochedo atendendo 10 produtores e ainda no primeiro semestre de 2008 será expandido para o município de São Gabriel do Oeste, sendo implantado em cinco propriedades rurais distribuídas pelo município. “Essas propriedades devem funcionar como pólos difusores da atividade no Estado o que proporcionará a disseminação de técnicas de produção de ovinos para toda sua região. Para isso, está prevista a realização de dias de campo, visitações, cursos de capacitação, entre outros”, explica a secretária. Outras ações O Sebrae no entanto, com o programa Aprisco - Apoio a Programas Regionais Integrados e Sustentáveis da Cadeia da Ovinocultura, desenvolvido atualmente em cinco municípios pólos, iniciou um processo produtivo mais organizado e desenvolvido não apenas com qualidade técnica apurada, mas também sob condições de periódicas avaliações e cuidados visando o aprimoramento da atividade e, principalmente, o preparo dos produtores e seus empregados para o desenvolvimento da ovinocultura. E uma grande novidade, inédita em praticamente todo o País e que começa a ser posta em prática dentro do projeto Aprisco é a classificação de carcaça de ovinos vivos, que segundo a médica veterinária realizada por meio da ultrassonografia do olho de lombo dos cordeiros. Segundo informou a médica-veterinária Verônica Guglielmi, gestora do programa Aprisco, do Sebrae/MS, a instituição está trabalhando para introduzir em todos os projetos desenvolvidos no Estado, esta nova tecnologia nunca antes aplicada em ovinos. A técnica deve ser utilizada para orientação visando cruzamentos eficientes que tratam melhor eficácia na produção de carne, atingindo-se melhores índices de marmoreio, maciez e suculência. Em conjunto com o frigorífico JS Ovinos, um restaurante especializado em carnes de Campo Grande, já manifestou interesse em adquirir essa carne melhorada. • * Jornalista Especial para ARCO Jornal 16 jun-jul/08 Inseminação artificial cresce no País Reportagem A técnica é a mais utilizada para novos rebanhos e por aqueles criadores que buscam a melhoria genética em maior escala e com menor tempo Por Nelson Moreira H á cerca de três ou quatro anos o uso da tecnologia de inseminação artificial começou a ter uma grande expansão no País, principalmente a partir da entrada de novos criadores e investidores em ovinocultura, o que aconteceu mais fortemente no estado de São Paulo. O objetivo principal, neste caso, é poder utilizar em maior escala, genética de alta excelência sem os custos de aquisição e manutenção de reprodutores, dentro da propriedade. Até porque, conforme os especialistas no assunto, para cada 100 ventres são necessários 3 ou 4 machos, enquanto que utilizando o sêmen de um carneiro é possível inseminar 2 a 3 mil ovelhas. É interessante mencionar que as pesquisas para utilização desta técnica nos rebanhos ovinos datam do início do século 20. Conforme consta foi Ivanov, um russo, em 1901, que realizou a primeira inseminação em ovinos. Estes trabalhos serviram de base para que outros pesquisadores continuassem a busca por soluções para esta questão o que levou ao desenvolvimento da vagina artificial, por Kusenov e do emprego de seringas para injeção de microdoses de sêmen, chegando ao lançamento das bases teóricas para a diluição do sêmen por Bonadonna em 1937 e depois com a aplicação de um eletro-ejaculador, por Gunn em 1936. A partir daí as pesquisas foram desenvolvidas no sentido de aperfeiçoar os equipamentos – instrumental e instalações - para o uso total da técnica. Conforme o médico veterinário e especialista em inseminação artificial, diretor da CORT Genética, Antonio Cabistani, essa prática poderá ser realizada através de três diferentes técnicas: a Inseminação Vaginal, na qual o inseminador deposita o sêmen dentro da vagina da ovelha, próximo ou diretamente na abertura da cérvix, com o uso de uma Carneiro Santa Inês em coleta de sêmen Fotos: Divulgação Veterinária Letícia Pfitscher utiliza esta técnica, que permite reduzir custos com reprodutores pistola de inseminação; a Inseminação Transcervical, na qual haverá a penetração do canal cervical da fêmea com o uso de uma pipeta especial e a deposição do sêmen será dentro da cérvix ou na entrada do útero; e finalmente a Inseminação Laparoscópica Intra-uterina, na qual o sêmen é depositado diretamente no interior dos cornos uterinos e que deve ser realizada somente por um médico veterinário, com o uso de um laparoscópio. Cabistani afirma que ultimamente surgiu a possibilidade de inseminação com sêmen congelado via transcervical, mas ela é viável somente para algumas raças. Em outras seus resultados são muito variáveis. “Em ovinos o processo tem características muito específicas. Dependendo da raça muda a conformação do cérvix, dificultando a passagem da pipeta de inseminação, o que acontece geralmente com as raças de origem européias”, assinala o veterinário. Um tema que é muito comum entre os criadores é sobre a questão de custo benefício. A veterinária Letícia Pfitscher, especialista em inseminação artificial por laparoscopia e em transferência de embriões afirma que essa é uma das perguntas mais questionadas pelos produtores quando o assunto é inseminação artificial ou transferência de embriões. Segundo ela é possível encontrar diferentes respostas em diversos trabalhos científicos. A inseminação vaginal é a técnica mais fácil e econômica de ser utilizada, seguida da inseminação transcervical, porém a que apresenta melhores resul- tados é a inseminação laparoscópica intra-uterina. “Particularmente, não acho que existam índices normais e anormais, existem sim diferentes situações que irão influenciar diretamente nos resultados finais”, diz. Entre elas é possível citar: os animais utilizados, a condição nutricional e sanitária, o manejo, tanto antes, quanto depois da inseminação, o ambiente, a qualidade, concentração e forma de utilização do sêmen, que pode ser fresco ou congelado e o inseminador, que apesar de ser apenas uma das peças chave para um bom resultado, é também o responsável por instruir o produtor corretamente para que o conjunto de aspectos citados anteriormente seja trabalhado de maneira adequada, garantindo assim um melhor re>> sultado final”. 17 jun-jul/08 Planejamento: o segredo do sucesso Além disto, conforme Letícia é preciso ressaltar que tudo exige planejamento. Não se pode decidir de uma hora para a outra que vai implantar a inseminação na propriedade e sair fazendo. “Não é um processo simples assim. É preciso fazer análise de todo o rebanho e das condições de infra-estrutura, para ver o que é necessário mudar ou o que pode ser mantido”, ressalta. O criador paulista, proprietário da Cabanha MB Dorper, de Pindamonhangaba, Marcos Barbosa, concorda que é necessário mudar as coisas na propriedade. Segundo diz, requer uma mão de obra compromissada com os resultados e responsável para atender ao protocolo. Ele complementa dizendo que é necessário treinar os funcionários porque senão os resultados serão frustrantes. Barbosa afirma que começou a utilizar a IA no seu rebanho de ovinos, no ano de 2000 devido ao inicio das transferências de embriões o que, segundo Barbosa, é fundamental. “Para quem quer ter estações de monta bem definidas e ter poucos e bons reprodutores acredito ser uma boa alternativa. Um ponto nega- tivo, no nosso caso, é que a taxa de concepção acho ainda baixa em relação à monta natural. O rebanho da MB Dorper é composto por 120 matrizes Dorper PO, 150 matrizes registradas de cruzamento absorvente e 300 ventres comerciais. O criador diz também que em, todo o processo é importante utilizar somente reprodutores provados “e isto não significa ele ser bonito ou vencedor de pista, o que vale é selecionar vendo a sua produção”, assinala. A diretora da Top in Life, empresa especializada em Inseminação Artificial em ovinos, Erika Morani, afirma que o mercado para o setor está realmente aquecido. “E não só em rebanhos de seleção genética, mas também para os comerciais, apesar destes serem em menor número”, ressalta. O criador e diretor da Embriatec, Julio Motta, também especializado neste segmento concorda com Erika, acrescentando que as raças Santa Inês e Dorper são as que estão em maior destaque no uso da IA. “Depois temos as raças de origem européias como a Texel, Ile de France, Suffolk e Hamphire Down”, conclui. • S Sincronizar para facilitar o manejo todas as fêmeas em reprodução, que teincronização de cio é uma técnica nham condições corporal e nutricional utilizada para facilitar o período de adequadas para responder aos protocoencarneiramento ou inseminação, a los. As fêmeas devem ser sincronizadas fim também de ajudar no manejo na hora para serem cobertas ou inseminadas no de parição. Mas também pode ser utilizaprimeiro dia da estação reprodutiva, ou da com estratégia para induzir ao cio em ficarem gestantes o mais rápido possível períodos em que isto normalmente não a partir do momento da liberação para reacontece para ter cordeiros prontos ao produção (determinado pela cabanha). abate em épocas diferentes que normalAJ - Qual o custo por animal deste mente o mercado oferta. Sobre esta asproduto? E o benefício? sunto apresentamos uma entrevista com Valarelli - O custo vaRodrigo Valarelli, Foto: Divulgação ria de acordo com o progerente de produtos tocolo utilizado. Indee desenvolvimento pendentemente do cuslocal da Unidade de to, o benefício é certo: Negócios Bovinos maior produção de corda Divisão de Saúde deiros (3 partos a cada 2 Animal da Pfizer. anos), oferta constante Arco Jornal de animais para o abaQuais são os produte, possibilidade de imtos que existem na plementar ou aumentar área de hormônios o uso da inseminação para reprodução de artificial, melhoramento ovinos? genético, entre outros. Valarelli - ExisAJ - É injetável? tem algumas opões Valarelli - O Eazino mercado. A Pfizer Breed CIDR é de aplicapossui o Eazi-Breed ção intravaginal. A PGF CIDR, um disposie o ECG são injetáveis. tivo intravaginal de E qualquer propriedade progesterona desenpode utilizar este mévolvido especial- Rodrigo Valarelli da Pfizer todo, porém é preciso mente para ovinos e orientação técnica para assegurar a correcaprinos. O Eazi-Breed é a base do prota execução da sincronização. Além disto tocolo de sincronização de ovinos. Ouo recurso é aplicável em todas as raças. tros hormônios, como a prostaglandina AJ - Qual o cuidado necessário com (PGF2α) e o ECG, também costumam o animal, caso o criador opte por sincroser utilizados. nização (melhorar manejo, melhor nutriAJ - Em relação à idade das fêmeas, ção)? quando se deve utilizar a sincronização Valarelli - Independente do uso da de cio? Quanto tempo antes do período técnica é importante que o rebanho tenha de monta ou da programação de insemicondições de manejo e nutrição adequanação? das para que se obtenha bons resultados Valarelli - A sincronização de cio ou reprodutivos. O método é uma das tecovulação deve ser aplicada sempre que nologias disponíveis atualmente para ause busca aumentar a eficiência reprodumento na produtividade. • tiva ou produtiva. Pode ser utilizada em 18 jun-jul/08 Por Carlos José Hoff de Souza, José Carlos Ferrugem Moraes e Magda Vieira Benavides A mortalidade perinatal de cordeiros ainda é um dos grandes gargalos na produção ovina em condições extensivas de criação. Alguns estudos apontam o complexo inanição-exposição (inabilidade de mamar acompanhada de frio e/ou chuva) como responsável por entre 40 e 80% das perdas de cordeiros antes da assinalação. Mesmo em rebanhos em bom estado nutricional com escore de condição corporal 3 (consulte Comunicado Técnico 57 da Embrapa Pecuária Sul) e que durante a parição são assistidos diariamente (veja Comunicado Técnico 59 da Embrapa Pecuária Sul) acontecem casos de cordeiros hipotérmicos (encarangados), em função das condições climáticas adversas e variações no parto, tais como: idade da mãe, distocia e peso do cordeiro ao nascer. Um exemplo prático dos efeitos de condições climáticas adversas pode ser observado no gráfico abaixo, onde as maiores mortalidades ocorreram em dias com alta precipitação, baixas temperaturas e vento. Estes dois últimos fatores são expressos como sensação térmica. As correlações entre mortalidade / precipitação e mortalidade/sensação térmica foram de 0,82 e -0,47, respectivamente. O procedimento a ser tomado quando o pastor se depara com um caso de hipotermia varia de acordo com a condição e a idade do cordeiro (Figura 1). Portanto é importante que o pessoal que vai atender o rebanho durante a parição além de estar capacitado para auxiliar os animais também tenha disponível o material necessário para o auxílio. Na Figura 1 é apresentado um fluxograma que contribui para Cuidados com cordeiros hipotérmicos o diagnóstico e indica uma seqüência de procedimentos com cordeiros encarangados. O ponto chave é o uso do termômetro clínico retal, já que em função da temperatura retal e da idade do cordeiro será definido pelo pessoal que assiste a parição o que fazer em cada caso. Quando o cordeiro tem baixa temperatura corporal, a regra geral para ser usada na prática é que: cordeiros mais velhos e que não suportam o peso da cabeça devem receber uma injeção intraperitoneal de glicose a 20% antes de serem aquecidos; cordeiros que ainda suportam o peso da cabeça e que estão levemente hipotérmicos ou tem menos de 5 horas de vida devem receber alimentação por sonda estomacal. Quando for necessária a aplicação intraperitoneal de solução injetável de glicose a 20%, esta deve ser aplicada como está demonstrado na Figura 2 no volume de 10 ml para cada quilo de cordeiro. Por exemplo, um cordeiro de 3,5 kg que foi encontrado encarangado, parido há mais de 6 horas e que não consegue agüentar o peso da cabeça, deve receber uma injeção de 35 ml de glicose a 20% antes de ser seco e aquecido. Quando for necessário utilizar a sonda estomacal (consulte Comunicado Técnico 59 da Embrapa Pecuária Sul de como usar) deve ser considerado a idade do cordeiro, pois animais com até um dia de vida e especialmente os com menos de 5 horas de vida devem receber colostro (Figura 3). Para tanto é importante que se crie um banco de colostro congelado para atender estes animais. O colostro para o banco deve ser colhido de ovelhas que tenham perdido seus cordeiros e das ovelhas que pariram um só produto e que tenham produzido excedente de colostro após atender sua cria. Figura 1 Esquema para determinar o procedimento a ser tomado quando for encontrado um cordeiro encarangado. Outra alternativa é recolher o colostro da própria mãe do cordeiro encarangado ou em casos excepcionais pode ser usado colostro de vaca. Quando for usado colostro congelado, este deve ser descongelado colocando o frasco em um recipiente com água fervendo, agitando periodicamente até que descongele e que o colostro fique morno para ser fornecido ao cordeiro. Não descongelar em banho-maria no fogão pois se o colostro passar de 56 graus de temperatura os anticorpos presentes serão inativados . Lembrar que cada cordeiro deve receber pelo menos 30 ml por quilo de peso vivo nas primeiras 6 horas de vida, caso não se tenha certeza que ele tenha mamado esta quantidade, administrar para garantir a transferência de imunidade para o animal. Após o atendimento o cordeiro deve retornar para sua mãe. Entretanto, antes é importante se assegurar que ele está em condições de mamar por conta própria. As vezes o estado inicial do cordeiro é tão debilitado que pode demorar até que este tenha condições de mamar naturalmente e a ligação entre a mãe e o cordeiro pode ficar comprometida. Portanto é importante se assegurar que a ovelha ainda aceita seu cordeiro, caso ela o rejeite pode ser tentado a adoção do cordeiro, senão ele terá que ser aleitado artificialmente. Caso a opção seja por criar o cordeiro guacho, fornecer pelo menos 120 ml de leite de vaca para cada quilo vivo de cordeiro em pelo menos 3 mamadas diárias com intervalos regulares. O uso de leite em pó para terneiros não é recomendado devido ao conteúdo de cobre destes sucedâneos do leite e que pode ser tóxico para os cordeiros. Outro fator a ser lembrado é que o leite de vaca não deve ser diluído para ser oferecido aos cordeiros, inclusive o leite de ovelha é mais concentrado que o de vaca (tem pelo menos 100% a mais de proteína e gordura). No caso de cordeiros que estão sendo aleitados artificialmente é interessante começar a oferecer ração aos animais após a primeira semana de vida. Oferecer ração para ovinos e que não tenha nitrogênio não proteico (uréia) como fonte de proteína, no volume equivalente a 1% do peso do cordeiro. Por exemplo, um cordeiro com 5 quilos deve receber diariamente 50g de concentrado, que deve trocado todos os dias mesmo que o animal não tenha comido todo o volume oferecido. Conclusão Estes procedimentos são úteis para contribuir com a redução da mortalidade perinatal de cordeiros fracos nascidos em condições ambientais adversas. Entretanto, por si só não garantem a sobrevivência dos cordeiros, que vai aumentando na medida em que o pastor interage melhor com as ovelhas e os cordeiros recém-nascidos. É importante ainda ressaltar que a ocorrência de cordeiros hipotérmicos deve ser a exceção numa temporada de parição, pois caso ocorram numa freqüência acima de 10% é um indicativo que existem problemas no manejo do rebanho de cria. A ênfase deve ser sempre na prevenção para evitar que os cordeiros cheguem ao estado que necessitem deste tipo de intervenção. • Pesquisadores da Embrapa Pecuária Sul, BR 153 km 604, Caixa Postal 242, CEP 96401-970, Bagé, RS. [email protected] (Texto produzido originalmente como Circular Técnica da Embrapa Pecuária Sul) Fotos: Divulgação Artigo Lista do material mínimo para auxílio aos cordeiros hipotérmicos • Termômetro clínico • Seringa de plástico descartável de 60 ml • Agulhas 40 x 12 • Solução injetável de glicose 20% (frascos de 200 ml) • Sonda estomacal (adaptar a sonda retal de uso humano número 20) • Frascos para colheita e armazenagem de colostro ou leite • Toalhas para secagem dos cordeiros • Fonte de calor para aquecer os cordeiros • Balança de gancho para pesar até 10 quilos Figura 3 Cordeiro recém-nascido recebendo, por sonda estomacal, colostro descongelado Figura 2 Posição do aplicador e local onde deve ser aplicado a injeção intraperitoneal de glicose 20% 19 jun-jul/08 Notícias do SRGO Autorização de abertura do Livro de Registro Genealógico de Ovinos da raça White Dorper Os ovinos Dorper (cabeça preta) e os White Dorper (totalmente brancos) eram registrados em um mesmo Livro de Registros. Por solicitação da Associação Brasileira de Criadores de Dorper e a aprovação do Conselho Deliberativo Técnico da ARCO, a Superintendência do SRGO encaminhou pedido ao MAPA para abertura do Livro de Registro Genealógico para a Raça White Dorper, no que foi prontamente atendido. A Divisão de Promoção e Cadastro, da CoordenaçãoGeral de Sistema de Produção e Rastreabilidade, do Departamento de Sistemas de Produção e Sustentabilidade, da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo, deste Ministério autoriza ao Serviço de Registro Genealógico da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos a abertura do Livro de Registro para os ovinos “White Dorper”, em cumprimento a Portaria SNAP nº. 47 de 1987. Esclarecimento: Em cumprimento a Portaria SNAP nº. 47 de 1987, White Dorper passa a ser registrado em Livro de Registro Especifico, ocorrendo o mesmo em relação a Raça Dorper. Para cumprir a autoriza- ção do MAPA solicitamos aos criadores de White Dorper, que envie para a ARCO os certificados de registros dos mesmo, para que possamos acrescentar a denominação de raça White Dorper, regis- tra los em livro especifico e fazer as devidas atualizações no site da ARCO. Solicitamos que toda a documentação para registro enviada a ARCO (notificações de cobertura, nascimento e transplante de embriões) sejam exclusivas e especificas para a raça White Dorper. Pedimos aos criadores que enviem os registros para atualização, em correspondências registradas, o mais breve possível. • Nova redação no Artigo 40 Em reunião do Conselho Deliberativo Técnico foi aprovado e regulamentado parágrafo primeiro do Artigo 40 com a seguinte redação: §1º - A Inspeção de Confirmação será efetuada com a idade mínima de oito meses e máxima de três anos. Será obrigatória a apresentação da Carta de Aptos à confirmação, pelo criador. • Novos Formulários para TE e AI Estamos disponibilizando os formulários próprios para a Transferência de Embriões e Inseminação Artificial e ressaltamos que, a partir de dezembro 2008, não serão mais aceitas notificação de cobertura e relatórios de IA e TE antigos. • Conselho Técnico da ARCO aprova exigência de DNA para ovinos A exigência de comprovação de parentesco por teste de DNA foi aprovada na última reunião do Conselho Técnico da ARCO. A determinação é válida para 3% dos ovinos nascidos de monta natural, de 5% dos nascidos de IA e de 100% para os originados de embriões transplantados. Conforme ressaltou o presidente do Conselho, Araquen Dutra Telles, a nova regulamentação só passa a vigorar depois de aprovado pelo MAPA e publicado no Diário Oficial da União. Telles explicou ainda que a ARCO é quem vai estabelecer o procedimento de coleta, que será feita pelos inspetores técnicos. “Os exames terão que ser feitos por laboratório credenciado pelo MAPA”, salienta o dirigente. Telles complementa dizendo que a comprovação é para animais registrados (os que tem pai e mãe conhecidos) e as despesas serão pagas pelos proprietários sendo que os percentuais serão aplicados a cada cabanha, independentemente. “Dentro de cada rebanho registrado os inspetores técnicos indicarão os animais a serem testados”, afirma ele, acrescentando que os percentuais também dizem respeito a cada raça independentemente; Também aprovado que a ARCO providenciará e fará um arquivo de amostras de material para exame de DNA de todos os carneiros (100%) usados para produzir animais que serão registrados, ou seja, de todos os pais de cabanha usados em rebanhos registrados. A análise efetiva (pelo laboratório) destas amostras poderá ser feita mediante iniciativa do registro segundo entenda ser necessário, ou seja, em casos de suspeita de erro ou falsificação de paternidade. Segundo Telles o que foi aprovado obedece a portaria do MAPA que autoriza o Conselho Deliberativo Técnico da ARCO a regulamentar qualquer assunto omisso legalmente, em relação ao registro genealógico. “Mas este controle de parentesco já está sendo rigorosamente aplicado a outras espécies, com o aval do MAPA”, ressalta o presidente do CDT. • 20 jun-jul/08
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