carteiro sem poeta
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carteiro sem poeta
CARTEIRO SEM POETA CARTEIRO SEM POETA “Vá com esse gravador pela Ilha Negra e grave todos os ruídos que encontrar. Preciso desesperadamente de algo, nem que seja o fantasma da minha casa. Entre no jardim e faça soar os sinos. E depois grave a arrebentação das ondas. E se ouvir gaivotas, grave. E se ouvir o silêncio das estrelas siderais, grave”. (Pablo Neruda, em carta ao carteiro) ● Início ● CV ● Mais de mim ● ME Press ● RFI ● Shot Passárgada, anotações Quarta-feira, 20/02/08 Categorias Vou-me embora. Apesar de informações recentes em contrário, vou-me. Vou no vento daquilo que, como disse, gosto mais e que é a única coisa que sei fazer direito, o jornalismo. E vou porque lá a existência é uma aventura/ De (…) modo inconseqüente. Passagem interessante essa minha pelo Brasil. Tão interessante que vai deixar saudade de modo especial. Vou sentir uma saudade meio louca de São Paulo, com todos os problemas dessa cidade que, apesar de não ser, sabe ser maravilhosa. Vou sentir falta do vai-e-vém de pessoas sempre ocupadas, sempre frenéticas, sempre compromissadas com a vida que precisam levar, cheias de trabalho e de horários apertados, nessa cidade que caminha unida, parece, em direção a não sabe onde. Anotei no meu Moleskine, logo que cheguei em dezembro, que “Brasil é vida real”. Foi uns dias antes de ver Tropa de elite, até. Vida real… Quando já tinha arrumado trabalho e precisava arranjar um apartamento, fiquei uns dias num hotel. E anotei: “que mundaréu de prédios! Da janela onde estou, na ponta da avenida Paulista, no alto do ponto mais alto de São Paulo, só vejo cimento”. “E ouço buzinas, no movimento amalucado de motoristas e motoqueiros que parecem sempre apressados, atrasados. E, no contraste, o horizonte de edifícios altos, frios, imóveis, distantes e file:///C|/Documents%20and%20Settings/Administrador/Desktop/links%20para%20pdf/CARTEIRO%20SEM%20POETA.htm (1 of 5)5/3/2008 16:26:16 ● 1a. leitura ❍ ● brasilbrasileiro (7) ❍ coisanenhuma (8) ❍ ● do 23ª idade (8) ❍ ● ● escritos (4) ● fotografia (1) ● gente (10) ● israelidades (4) ❍ ❍ ❍ ❍ ❍ ❍ ● 4º poder ❍ ❍ ● jornalistar (1) ● mondo (1) ● olhar (11) ● viagem (3) ❍ ● + 1as. leituras Blog para comer gente Desoriente Libanesa MaWa com W Natalhices O Coreto Pedro Doria Philly Days Tzatziki Innovations in Newspapers Observatório da Imprensa Portal Imprensa Ansiedade de informação ❍ ❍ BBC Middle East Ha’aretz CARTEIRO SEM POETA próximos, incontáveis. Vejo apenas o céu e muitos, muitos prédios. Apenas prédios e o som do trânsito nervoso e incansável”. Papo de caipira que acabou de chegar na cidade grande! Bem… Outro dia, esperando uma amiga no Sesc da mesma Paulista, anotei: “um café no ponto mais alto do ponto mais alto de uma cidade. Que outra cidade, senão São Paulo, poderia dar tal coisa? E ainda tem som ao vivo, jazz, que combina com café, combina com a vista e combina com amigos - até combina com companhia nenhuma, com a solidão particular em meio à multidão”. ● vida (6) ❍ ❍ ❍ Arquivos E teve outra ocasião em que, romântico que sou, rabisquei algo sobre a menina brasileira que um dia conto por aqui. Respiro fundo ao pensar na curta temporada de Brasil 2008. Dá aquele nó amargo na garganta. Queria poder viver entre mundos… PS.: ontem a revista Imprensa comemorou 20 anos e lançou um livro, Vintenário. Fui no evento, ganhei o livro e ganhei a chance de presenciar um bate-papo muito bacana com o Tom Zé (ele é ótimo), a Soninha e o Paulo Markun. Eles falaram sobre um mundo sem jornalismo. Frase do Tom Zé, que, caramba, tem 71: “até quando vou ficar engajado no futuro sem nem conhecer o presente?” ● Áudio ❍ ● fevereiro 2008 ● janeiro 2008 ● novembro 2007 ● Outubro 2007 ● setembro 2007 ● agosto 2007 ● julho 2007 ● abril 2007 ● fevereiro 2007 ● janeiro 2007 ● setembro 2006 ● julho 2006 ● junho 2006 ● Maio 2006 ● abril 2006 ❍ ❍ ❍ ❍ ● ❍ ❍ ● Um coração Terça-feira, 12/02/08 Outro dia, parando em um semáforo, uma menininha colocou um pacotinho de balas no pára-brisa do carro. Antes de seguir a fila, fez um desenho com o dedo na poeira do canto do vidro. Curioso, resolvi perguntar o que ela tinha desenhado. Com voz de menininha, enquanto ela recolhia de volta as balas e levava umas moedas que eu tirara do bolso, ela disse: - Um coração. E foi embora. “Um coração”… Quando as pessoas me perguntam sobre as diferenças entre viver no Brasil e em Israel, várias coisas passam pela minha cabeça. Ao comparar lá com cá, penso no crazy way of life dos israelenses, na praticidade e no imediatismo deles, e, claro, na sensação de segurança que se tem por lá a qualquer hora do dia ou da noite… Mas é essa distância abismal entre pobres e ricos que existe no Brasil o que mais choca. Lá existem ricos e existem pobres, claro. Mas a diferença grita menos. Bem menos. Lá não há menininhas que precisam vender balas no semáforo… Cansei de ver, aqui, gente jogada torrando no chão ou congelando de frio à noite. Já estou até assustado com a quantidade de mendigos, pedintes, caminhantes sem rumo pela cidade. Quando conto que morei três anos e meio em Israel, que cobri a guerra do Líbano, que vi mísseis caindo sobre Naharia (no norte) e sobre Sderot (no sul), a primeira reação das pessoas é achar que sou louco: - Mas você não tem medo? Não tenho medo, porque lá não existe violência descarada e não existe invasão ao que é privado - há furtos, mas ninguém vai te assaltar com uma arma em plena luz do dia. Não tenho medo porque já vi gente discutindo no trânsito, gente armada, porque muita gente lá anda armada, mas nunca vi ninguém sacando o revólver porque levou uma fechada do outro. Pior que o medo que sinto aqui é essa sensação terrível de que nada por aqui vai mudar… Estou amargo hoje. Nunca gostei de terças-feiras. file:///C|/Documents%20and%20Settings/Administrador/Desktop/links%20para%20pdf/CARTEIRO%20SEM%20POETA.htm (2 of 5)5/3/2008 16:26:16 WordPress.org Pequenas manias ❍ Escrito por Gabriel Toueg Arquivado brasilbrasileiro, olhar, viagem 1 Comentário » Facebook Iogurte Twitter Links outros ❍ *Tem motivo de sobra pra bebemorar a despedida na sexta, no Sake Sushi. Basta aparecer! Galei Tzahal Galgalatz Rádio Eldorado AM Rádio Eldorado FM RFI Brasil Cosa nostra ❍ ● Int’l Herald Tribune Jerusalem Post Yediot Acharonot ❍ ❍ ❍ Dizengoff.net Moleskinerie TripIt Yedda CARTEIRO SEM POETA Escrito por Gabriel Toueg Arquivado coisanenhuma 7 Comentários » Considerações de final de Carnaval Quarta-feira, 6/02/08 Passei mais de três anos longe do Brasil na época do Carnaval, a festa da qual todo gringo lembra quando eu conto, lá fora, que sou brasileiro. É sempre aquele papo de mulatas, peitos, samba, bundas, bebedeira etc. De volta ao país do Carnaval no Carnaval, tenho algumas considerações a fazer sobre essa farra. 1. por que é que o Ministério da Saúde distribui milhões de camisinhas para os foliões durante o Carnaval, mas se esquece de dizer aos bares para colocar aquela máquina de venda automática de preservativos também nos banheiros femininos? Afinal, se tem alguém que diz “vamos fazer sem, gatinha”, não são elas… Nada mais inteligente, então, do que ter camisinha à venda no único lugar onde as meninas não ficam encabuladas para comprar. 2. Carnaval é aquela farra toda mas o feriado em si é uma grande confusão. Terça de Carnaval é considerado feriado? Ontem descobri que não. Mas na Quarta-feira de Cinzas, em que a maioria das pessoas volta a trabalhar só ao meio-dia, o rodízio de carros em São Paulo está suspenso e os cartões zona-azul de estacionamento, não. Vai entender… 3. aliás, descobri esse lance de zona-azul na Quarta-feira de Cinzas discando para o telefone de atendimento da CET à 1h da manhã. Eu tinha voltado de um bar e me dei conta de que minha rua, aqui, é azul - zona-azul, digo. Tive que sair às 7h da manhã, então. Pelo menos eu não faço parte da maioria que começou a trabalhar ao meio-dia, senão teria que rodar durante meio dia com o carro. 4. falando em bar, fico intrigado ao notar que não existem no Brasil, especialmente durante o Carnaval, campanhas mais incisivas pelo “Amigo da Vez”. A Vila Madalena estava lotada de molecada bebendo ontem não me diga que eles foram para casa de táxi ou com o amigo careta que só tomou Pepsi com limão… 5. derrubei o mito de que novembro é o mês com o maior número de partos no Brasil, por ser nove meses depois do Carnaval. Não é. É agosto, acho. Mas se as pessoas não exageram no sexo - ou se abusam das camisinhas do Ministério da Saúde -, uma coisa é certa: elas bebem muito. Nem idéia se, durante o Carnaval, bebem mais - mas beber pouco não é coisa de brasileiro. 6. estou suspeitando, ainda sem confirmação de especialistas, de que o Carnaval tem data fixa no calendário… judaico. Aos interessados explico. É confuso! 7. ficar em São Paulo - ou no Rio, se você é carioca - é um ótimo negócio no Carnaval. Coloque na balança: as passagens acabam logo e as que sobram são impagáveis; idem para pacotes de hotéis e passeios; estradas viram o inferno na Terra: acidentes e muito, muito congestionamento; quando você finalmente chega ao seu destino, para passar dias que nem sabe se são feriados de fato, repara que foi uma má idéia - sua e de mais um monte de gente. 8. os desfiles costumavam ser mais demorados e mais concorridos, parece. Agora só tenho saco, se tanto, para saber quem venceu. Pelo menos consegui me emocionar ao ver aquela multidão no Bexiga festejando o título da Vai-Vai e se ajoelhando em frente à igreja de Nossa Senhora Achiropita em agradecimento. Foi bonito. Acabou o Carnaval! Feliz 2008!! Escrito por Gabriel Toueg Arquivado brasilbrasileiro 5 Comentários » Fim de semana maravilhoso Terça-feira, 29/01/08 file:///C|/Documents%20and%20Settings/Administrador/Desktop/links%20para%20pdf/CARTEIRO%20SEM%20POETA.htm (3 of 5)5/3/2008 16:26:16 CARTEIRO SEM POETA “Eu direi: ‘Não admito, minha esperança é imortal’. Eu repito, ouviram? ‘Imortal! Sei que não dá para mudar o começo mas, se a gente quiser, vai dar para mudar o final!’” A frase é do CD da Ana Carolina e do Seu Jorge, que eu ganhei de Natal da minha irmã. Adorei o CD, mas essa frase, que a moça com voz de Cassia Eller e Zelia Duncan recita, não canta, é fodona. E eu acabei pensando nela no Rio. No Rio onde tudo parece possível - principalmente tomar uma bala perdida ou, na melhor das hipóteses, ouvir tiros… Mas se o Rio está perigoso (eu diria é, porque não parece que tem jeito, mais), ele continua lindo, lindo. Principalmente lá do alto, seja do alto da roda gigante, que grande sacada da Skol, seja do alto dos edifícios altos, menos altos que os lindos morros do Rio. Ou do alto de um dos helicópteros que sobem e descem sem parar na Lagoa - que bom ser turista. Foi aniversário de São Paulo e eu comemorei os 454 anos no Rio. Boa chance para ir e rever o Rio cinco anos depois. E de rever os amigos - quanta coisa mudou! E de conhecer amigos novos, porque isso faz bem e eu gosto! E de ouvir histórias - os assaltos, os corpos, os tiros na bunda, a corrupção, as balas perdidas… E foi ótima chance de ouvir marchinhas, porque no Rio o Carnaval começa bem mais cedo e dura um mês - tem bloco de rua em algum bairro todo dia. E bloco contamina. E se teve marchinha de Carnaval, que ainda nem chegou, teve a música da boa e velha Casa da Matriz onde, eu juro, já dancei forró…! E, preciso dizer, foi chance de perceber e comprovar como o carioca é, sem dúvida, bem mais feliz e bemhumorado, como me disse o guarda no papo que tivemos enquanto esperava o medo passar para sair do prédio: - O Rio é perigoso, mas eu não saio daqui por nada! Escrito por Gabriel Toueg Arquivado brasilbrasileiro Nenhum comentário » Astigmatismo oblíquo Quarta-feira, 23/01/08 Adiei, adiei, mas não teve jeito. Cansei de espremer os olhos para tentar enxergar alguma coisa, cansei de enconstar a cara no papel e na tela do computador para poder ler o que está escrito. Então, fui a um oftalmologista e descobri: tenho astigmatismo oblíquo. Nome feio. Não resisti à curiosidade e perguntei do que se trata. Depois de uma explicação técnica sem muito valor para matar a minha curiosidade (só descobri que ele é pior que o astigmatismo de 90 ou 180 graus), a conta salgada da ótica para refazer meus óculos que, lá em Israel, já tinham me custado uma fortuninha. Comecei bem meus 29, comemorados ontem. Vinte e nove uma ova, são 19! No primeiro telefonema que recebi, às pontuais 23h59 do dia 21, a pergunta sacana: “Já casou? Tem que casar”. E meu alívio ao pensar que, se os 29 são o meu prazo para contrair matrimônio, ao menos tenho um dia a mais, já que o ano é bissexto. Dia a mais que já foi! Astigmatismo oblíquo… Carambolas. E, fuçando no wiki, descobri que o meu é só um dos onze tipos de astigmatismo. Ok, e daí? Não quero ter astigmatismo nenhum! Quero ser como há 10 anos, quando eu tinha mesmo 19 e fui investigar as dores de cabeça constantes - um oftalmo, que tinha uma ótica com o nome dele, quis me convencer que eu tinha 4 graus de alguma deficiência visual. Depois, descobri que o cego era ele! No país das mulatas e das letras repetitivas, vem chegando o Carnaval. Eu só queria escapar pra longe. Vou ficar trabalhando, escrevendo matérias que preciso entregar logo depois do feriado - lá pelo começo de 2008, portanto. E, longe de Israel, o jeito é manter antenado na maior rádio de lá. Viva a internet… Mesmo sendo ela a culpada, em grande parte, pelo meu astigmatismo oblíquo! Escrito por Gabriel Toueg Arquivado coisanenhuma Nenhum comentário » file:///C|/Documents%20and%20Settings/Administrador/Desktop/links%20para%20pdf/CARTEIRO%20SEM%20POETA.htm (4 of 5)5/3/2008 16:26:16 CARTEIRO SEM POETA Feliz blá blá blá Sexta-Feira, 11/01/08 Ano novo, vida nova e todo aquele blá blá blá… “Feliz blá blá blá”, escreveu um amigo em um cartão virtual estamos mesmo perdidos. Para mim, ano novo é país velho, de novo. Voltei ao Brasil para recomeçar de onde tinha parado - fazer jornalismo, o que gosto mais e a única coisa que sei fazer direito. Com a vantagem de ter acumulado as experiências, os tombos e o aprendizado de três anos e meio jogado no mundo. Ainda bem. Dois mil e oito é, então, ano novo com novidades. Nesta semana recebi de vale alimentação, no meu novo emprego, quase o dobro do que ganhava de salário no meu primeiro trabalho. Sinal dos tempos e da inflação. Ou da experiência, sei lá. Os números estão todos na minha cê-tê-pê-esse, que já estava amarelando por falta de uso… E dois mil e oito é o ano em que acontece algo marcante. Casa-se, amanhã, já, a minha primeira namorada. Não se casa comigo, porque fomos namorados há remotos treze anos, já. Outro sinal dos tempos. Nisso, não provo experiência. Que sejam felizes os pombinhos, do fundo do meu coração inocente e romântico de primeiro namorado. Acho que pode soar falso, mas não é. Mesmo. Dois mil e oito é ano de realizar fantasias sexuais, e uma das mais antigas era morar perto da mais paulista das avenidas. Fantasia realizada, ainda que com uma velha senhora e um gato. Estou longe duas quadras de simplesmente tudo, porque na Paulista tem tudo! Iupi. E dois mil e oito é ano de rever pessoas. De descobrir que o tempo se encarrega de amadurecer a todos nós e de apagar mágoas e rancores. No geral, funciona assim. Mas tem as exceções, é claro. Sempre tem. Dois mil e oito. Feliz blá blá blá pra você! Escrito por Gabriel Toueg Arquivado coisanenhuma 4 Comentários » « Entradas Anteriores Tema: Ambiru por Phu. Blog no WordPress.com. file:///C|/Documents%20and%20Settings/Administrador/Desktop/links%20para%20pdf/CARTEIRO%20SEM%20POETA.htm (5 of 5)5/3/2008 16:26:16