XX Congreso Latinoamericano y XVI Congreso Peruano de la
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XX Congreso Latinoamericano y XVI Congreso Peruano de la Ciencia del Suelo “EDUCAR para PRESERVAR el suelo y conservar la vida en La Tierra” Cusco – Perú, del 9 al 15 de Noviembre del 2014 Centro de Convenciones de la Municipalidad del Cusco PROCESSO PEDOGENÉTICO DE ADIÇÃO ATUANTE NO APICUM DO RIO ARACATIAÇU (AMONTADA-CE, BRASIL). Castro, G.A.¹; Pimentel, D.C.²; Albuquerque, A.G.B.M.³; SOUSA, A. S. M.4; Romero, R.E.5; Ferreira, T.O.6 ¹Bolsista de Extensão, Departamento de Ciências do Solo, Universidade Federal do Ceará (UFC). 2Bolsista de Iniciação Científica Petrobrás, UFC. 3Doutoranda em Solos e Nutrição de Plantas (UFC). 4Doutorando em Geografia (UFC) 5Professor Adjunto, Departamento de Ciências do Solo, UFC. 6Professor Doutor, Departamento de Ciência do Solo, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ). *Autor de contacto: Email: [email protected]; Avenida Mister Hull 2977, Campus do Pici- Bloco 807, CEP 60021-970, Fortaleza-CE, Brasil; +558588049479. RESUMO Em zonas tropicais e subtropicais do planeta, as áreas úmidas costeiras apresentam ecossistemas peculiares tais como o manguezal. Incluído no manguezal o apicum é pouco estudado e tem um importante papel no ciclo de vida de espécies, servindo também no desenvolvimento sócio-econômico-cultural para as populações locais. A gênese de seu solo ocorre em períodos de aprisionamento da água marinha e evaporação desta água, ocorrendo uma elevação na concentração de sais no solo, juntamente com a retenção de sedimentos na planície fluviomarinha. Neste contexto, este trabalho teve por objetivo reunir evidências do processo pedogenético de adição atuantes em três perfis de solos de apicum no Estuário do rio Aracatiaçu no Município de Amontada (Ceará). Na etapa de campo foram abertas trincheiras em três pontos distintos (P1, P2 e P3), retratando ambientes diferentes no mesmo apicum, foram coletadas amostras para análises físicas e químicas. Já na etapa de laboratório, através de análise granulométrica, foi observado um maior predomínio de areia (P1648,43; P2-791,76; P3-715,85 g.kg-1) em comparação ao silte (P1-253,45; P2-143,90; P3-174,43g.kg-1) e a argila (P1-96,12; P2-64,35; P3-109,72g.kg-1). Quanto ao carbono orgânico (C.O) foram observados valores baixos (P1-19,62; P2-4,54; P3-4,60g.kg-1), referentes a pouca biomassa presente no local. Valores de condutividade elétrica foram elevados (P1-20,74; P2-18,18; P3-12,43 dS.m-1) em todos os perfis de solo, retratando um processo de adições de sais. O processo de adição é bastante atuante na gênese do solo do apicum do Estuário do rio Aracatiaçu no Município de Amontada (CE). Palavras-chave Planície hipersalina; Pedogênese; Planície fluviomarinha. INTRODUÇÃO Aproximadamente 5 % da superfície terrestre do mundo são cobertas por ecossistemas costeiros, ou wetlands (ADHIKARI et al., 2009). Em zonas tropicais e subtropicais as áreas úmidas costeiras apresentam ecossistemas peculiares tais como o manguezal e, inter-relacionado a ele, o apicum. Este ecosistema possui características que estão relacionadas com a produção de nutrientes para uma complexa cadeia alimentar associada, importância ambiental ligada ao ciclo de vida de diferentes animais e vegetais, principalmente crustáceos e herbáceas halófitas, servindo também como ambiente de desenvolvimento sócioeconômico-cultural para a população local ( MARQUES et al., 2014). A gênese do solo de apicum é baseada no aprisionamento dos sedimentos na planície fluviomarinha, oriundos das porções sobrejacentes, associado com períodos de permanência da água marinha e evaporação acentuada da água aprisionada, acarretando na elevação das concentrações de sais no solo (MEIRELES et al., 2005). Estas áreas são também denominadas de planícies hipersalinas (HADLICH et al., 2008). No apicum sedimentos minerais são constantemente adicionados e perdidos através da ação eólica e de sistemas fluviais favorecendo a sua gênese (MEIRELES et al., 2007). No mundo os apicuns estão presentes especialmente em locais que possuem clima com no mínimo três meses de seca (LEBIGRE, 2007). No Brasil é comum o surgimento do apicum no Nordeste, pois possui condições para a hipersalinização do solo devido a elevada evapotranspiração e baixa precipitação pluvial nas áreas costeiras (MEIRELES et al., 2007; HADLICH et al., 2008; MARQUES et al., 2014). Segundo LEBIGRE (2007) o apicum começou a ser estudado tardiamente em relação aos outros ecossistemas costeiros, assim estudos no litoral dos Estados do Ceará e Bahia no Brasil foram realizados a fim de obter conhecimento a respeito dos apicuns com enfoque na formação do solo (MEIRELES et al., 2007; HADLICH et al., 2008; MARQUES, 2010; MARQUES et al., 2014.). Desta forma, levantou-se a hipótese de que o processo pedogenético de adição é muito atuantes na formação do solo apicum, uma vez que para a formação da planície hipersalina é necessária à adição intensa de bases e sedimentos. Assim este trabalho objetivou-se reforçar o entendimento da gênese deste ecossistema e identificar o processo pedogenético de adição atuante em três perfis de solos de apicum no Estuário do rio Aracatiaçu no Município de Amontada (Ceará). MATERIAL E MÉTODOS Os solos analisados são provenientes do apicum localizado no Noroeste do Estado do Ceará-Brasil, no estuário do rio Aracatiaçu, localizado no município de Amontada (CE). (Figura 1). A microbacia do rio Aracatiaçu possui extensão de 3.055 Km2, onde sua nascente encontra-se na Serra Verde em Irauçuba e a foz está localizada no município de Amontada. A temperatura média de Amontada é entre 26ºC a 28ºC e precipitação média anual de 828,55mm. A geologia da foz na microbacia é composta por sedimentos arenosos e argilosos do período Terciário- Quaternário da Formação Barreiras. Com a presença de dunas móveis e fixas formadas por sedimentos quartzosos (GONÇALVES; NOGUEIRA, 2007). Figura 1 – Estuário do Rio Aracatiaçu, Amontada- Ceará, Brasil. Fonte: Adaptada do Google Earth, 2014. A coleta foi realizada conforme metodologia descrita em SANTOS E LEMOS (2005). Foram abertas trincheiras em três pontos distintos (Figura 2). O primeiro ponto mais próximo do mangue (P1), o segundo em uma área central (P2), e o terceiro mais próximo ao tabuleiro costeiro (P3). Figura 2 – Distribuição espacial de P1, P2 e P3 na área. Fonte: Adaptada do Google Earth, 2014. No laboratório de Pedologia do Departamento de Ciências do Solo da UFC foram realizadas analises físicas e químicas. Inicialmente foi obtida a terra fina seca ao ar (TFSA) e em seguida, por se tratar de solo hipersalino, foi realizado um pré-tratamento nas amostras com álcool etílico (60%) para a retirada do excesso dos sais. Posteriormente foram realizadas as analises físicas e químicas conforme a metodologia descrita em EMBRAPA (1997). Analise granulométrica: O método utilizado foi o da pipeta, utilizando-se hexametafosfato de sódio (NaPO3)6 0,015 mol L-1 como o agente dispersor e agitador horizontal para a dispersão física das partículas do solo por 12 horas. Carbono Orgânico (CO): As determinações de CO do solo foram realizadas pelo princípio da oxidação da matéria orgânica (úmida) com dicromato de potássio (K2Cr2O7 0,167 mol.L-1) e titulado com sulfato ferroso amoniacal (0,25 mol.L-1). Condutividade Elétrica (CE): A CE foi obtida pelo extrato da pasta saturada, após a obtenção do extrato por meio da adição de água destilada em 200 g de solo. A leitura foi realizada em condutivímetro de leitura direta. RESULTADOS E DISCUSSÕES Os valores da composição granulométrica mostram um predomínio da fração areia nos três pontos estudados (valores médios: P1= 648,43; P2= 791,76; P3= 715,85; Figura 3). Com relação ao processo de adição, os valores elevados de areia no apicum estão possivelmente associados à evolução costeira ao longo do Quaternário, onde estas áreas, através do processo evolutivo, foram recobertas por depósitos arenosos (MARQUES, 2010). Figura 3 – Composição granulométrica. Fonte – Autor, 2014. Os valores da fração areia do P2 (710 a 881 g.Kg-1;) são superiores aos demais perfis. A adição de areia em P2 pode estar relacionada ao fato deste ponto se localizar ao centro da área, provavelmente recebendo maior influencia do aporte de areia das dunas movimentada pela atividade eólica (MEIRELES et al., 2007), juntamente com aporte de sedimentos provenientes do P3, cuja ação da maré vazante auxilia na movimentação de partículas do solo, associada a uma faixa de vegetação de mangue presente entre o P1 e P2 , onde auxilia no acumulo de sedimento no P2 dificultando a perda por ação da gravidade. No P3, o aporte de sedimento arenoso foi maior em relação a P1, isto pode está relacionada ao fato do P3 estar mais próximo da área de Tabuleiro Costeiro adjacente, uma vez que este ponto encontra-se em uma região de continuidade das dunas móveis deste estuário. Mesmo havendo esta condição, é no P1 que se observam os menores valores de areia (valor médio: 648,43 g.Kg-1) devido um intenso processo de perda em decorrência da ação do sistema fluvial e do vento como agente transportador, uma vez que este ponto encontra-se próximo ao rio. Por se tratar de uma planície hipersalina o processo de adição de sais é evidenciado, em todos os perfis, pelos elevados valores de C.E (P1=20,74; P2=18,18; P3=12,43 dS.m-1; Figura 4). O perfil 1 apresentou maiores valores de CE em sub superfície em relação aos outros perfis, isso possivelmente ocorre devido ao fato de receber maior contato dos sais originários da influencia do lençol freático marinho, associado a lavagem de sais da sua superfície devido sua posição mais próxima ao rio. Já para P3 e P2 teve os teores de C.E em superfície maior, evidenciando a deposição de sais, típico de apicuns (MARQUES, 2010). Figura 4 – Condutividade elétrica dos perfis estudados. Fonte: Autor, 2014. A baixa contribuição de adição de matéria orgánica nos perfis (Figura 5), pois a vegetação do apicum não possui biomassa suficiente para uma maior adição de material orgânico ao solo (MARQUES et al., 2014). Em P1, o maior aporte de material orgânico foi verificado em sub-superfície devido ao possível presença de solo de mangue soterrado. Em virtude da elevada altura do lençol freático, o solo permanece anóxico, a ponto de evitar a total mineralização deste material orgânico. Figura 5 – Valores de C.O (g.kg-1) Fonte – Autor, 2014. CONCLUSÕES A inter-relação solo de apicum-manguezal, a importância de realizar estudos aprofundados sobre os processos pedogenéticos em áreas de apicum para um maior entendimento da dinâmica costeira e a regulamentação do uso-ocupação do solo. O resultado referente ao processo de adição de sedimentos minerais foi evidenciado pelo predomínio da fração areia em função das condições geológicas e topográficas do local, associado com a deposição de sedimentos oriundos das porções mais elevados do relevo. Quanto à adição de sais, foi relatado teores de C.E elevados, esses valores mostram o aumento da adição de sais neste ambiente, acarretado pela alta taxa de evaporação da água marinha aprisionada no apicum. Conclui-se que existe relação manguezal-apicum em função dos processos pedogenéticos atuantes nos três perfis de solos de apicum no Estuário do rio Aracatiaçu no Município de Amontada (Ceará), com ênfase na adição intensa de bases e sedimentos. REFERÊNCIAS ADHIKARI, S.; BAJRACHARAYA, R. M.; SITAULA, B. K. A review of carbon dynamics and sequestration in wetlands. Journal of Wetlands Ecology, v. 2, p. 42-46, 2009 EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUARIA. Manual de métodos de análise de solo. Rio de Janeiro: Centro Nacional de Pesquisa de Solos, ed.2, 1997. GONÇALVES, F. C. A.; NOGUEIRA, J. F. Elaboração do mapa de predisposição à erosão na microbacia do rio aracatiaçu (ce) utilizando técnicas de geoprocessamento. Rev. da Casa da Geog. de Sobral, Sobral, v. 8/9, n. 1, p. 81-93, 2007. HADLICH, G. M.; UCHA, J. M.; CELINO, J. J. Apicuns na Baía de Todos os Santos,Bahia: distribuição espacial, descrição e caracterização física e química. In:QUEIROZ, A. F. de S.; CELINO, J.J. (Org.). Avaliação de ambientes na Baía deTodos os Santos: aspectos geoquímicos, geofísicos e biológicos. 1 ed.Salvador: Universidade Federal da Bahia, , p. 59 - 72 , 2008. LEBIGRE, J. M. Les marais à mangrove et lês tannes. Disponível em: <http://www.futura-sciences.com/fr/doc/t/geographie/d/les-marais-a-mangrove-etlestannes_683/c3/221/p5/ >. 2007. Acesso em: 23 junho, 2014. MARQUES, A.G.B. Caracterização e Gênese de Solos de Mangue, Apicum e Tabuleiro da Região Costeira de Acaraú-CE. Dissertação (Mestrado em Agronomia, Área de concentração em Solos e Nutrição de Plantas) - Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Ceará. P. 123, 2010. MARQUES, A.G.B, FERREIRA, T.O, CABRAL, R.L., NÓBREGA, G.N., ROMERO, R.E., MEIRELES, A.J.A., OTERO, X.L. Hypersaline tidal flats (Apicum Ecosystems): the weak link in the tropical wetland chains. Environmental Reviews 22,1–11, 2014. MEIRELES, A. J. A.; GORAYEBE, A.; THIERS . Integração dos indicadores geoambientais de flutuação do nível relativo do mar e de mudanças climáticas no litoral cearense. Mercator- Rev. de Geog. da UFC, v. 8, p. 109-134, 2005. MEIRELES, A. J. DE A.; CASSOLA, R. S.; TUPINAMBÁ, S. V.; QUEIROZ, L. S. Impactos ambientais decorrentes das atividades da carcinicultura ao longo do litoral cearense, Nordeste do Brasil. Mercator- Rev. de Geog. da UFC, v. 6, n. 12, 2007.