a constatação dos aspectos de hospitalidade em dois restaurantes
Transcrição
a constatação dos aspectos de hospitalidade em dois restaurantes
UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI CARLOS ANDRÉ MARTINS DO NASCIMENTO KLAUS NEGRÃO VIDRIK PAOLA GEOGRI GREGORI PERDUCA A CONSTATAÇÃO DOS ASPECTOS DE HOSPITALIDADE EM DOIS RESTAURANTES DE COZINHA BRASILEIRA SÃO PAULO 2008 CARLOS ANDRÉ MARTINS DO NASCIMENTO KLAUS NEGRÃO VIDRIK PAOLA GIORGI GREGORI PERDUCA A CONSTATAÇÃO DOS ASPECTOS DE HOSPITALIDADE EM DOIS RESTAURANTES DE COZINHA BRASILEIRA Monografia apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Padrões Gastronômicos, da Universidade Anhembi Morumbi Orientador: Prof. Ms. Mário Oliveira SÃO PAULO 2008 CARLOS ANDRÉ MARTINS DO NASCIMENTO KLAUS NEGRÃO VIDRIK PAOLA GIORGI GREGORI PERDUCA A CONSTATAÇÃO DOS ASPECTOS DE HOSPITALIDADE EM DOIS RESTAURANTES DE COZINHA BRASILEIRA Monografia apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Padrões Gastronômicos, da Universidade Anhembi Morumbi Aprovado em: 21 de Junho de 2008. ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ AGRADECIMENTOS De André: À DEUS por me dar a oportunidade de almejar meus sonhos. Aos meus pais, RONALDO E ALAÍDE, pelo amor infinito e que apesar da distância torcem pela minha vitória. À minha esposa CLEIDE, grande amor da minha vida, pela paciência, carinho, compreensão e companheirismo. Ao meu novo amigo KLAUS VIDRIK, pela sua força e dedicação, paciência. Ao VALMIR ROGÉRIO, que sempre acreditou na minha vitória. À KATIUSKA, por sua amizade e acreditar no meu potencial. Ao RAFAEL BARROS, por acreditar no meu potencial e ajudar no meu crescimento pessoal e profissional. À JOSENEIDE e a NEIMY, pela sua paciência e companheirismo. De Klaus: Aos meus pais VIDRIK e ALAÍS, pelo apoio e incentivo constante na concretização deste trabalho. Ao meu amor FLÁVIA, pela paciência, compreensão e companheirismo em todos os momentos de minha vida. Ao ANDRË, mais que um amigo, um irmão, que com sua simplicidade pude aprender mais sobre o verdadeiro valor e sentido da palavra amizade. A nossa grande amiga PAOLA, cujo o carisma e alegria se tornaram contagiante e harmoniosa a convivência de nosso grupo. Seja bem vinda, em suas palavras, à “cupulazinha”. A BETH TORRES e a ROBER, pela ajuda nos momentos necessários e por acreditarem sempre na verdade, na ética e no processo de gestão educacional. Aos AMIGOS DE TURMA, pelo companheirismo, amizade e momentos de alegria na realização deste curso. De Paola: Aos meus PAIS, pelo carinho, apoio e incentivo para a realização deste trabalho. Ao ANDRÉ e ao KLAUS mais ainda, porque com certeza se não fosse a ajuda, paciência e colaboração de vocês eu possivelmente não conseguiria terminar este trabalho. Do grupo: Aos PROFESSORES de pós-graduação em padrões gastronômicos, pessoas fundamentais na contribuição para a abertura de novos horizontes intelectuais. Ao restaurante CORDEL DA VILDA e TORDESILHAS, pela oportunidade para que se pudesse realizar esta pesquisa. A neve e as tempestades matam as flores, mas nada podem contra as sementes. (Gibran Khalil Gibran) RESUMO O objetivo desta pesquisa foi o de identificar os aspectos de hospitalidade em dois restaurantes de comidas típicas brasileiras: Cordel da Vila e Tordesilhas, em São Paulo. A metodologia utilizada foi qualitativa e exploratória, e os dados foram obtidos por meio de entrevistas com os gerentes de ambos os restaurantes e com clientes de cada um destes estabelecimentos. As entrevistas foram gravadas, transcritas e posteriormente analisadas utilizando-se técnicas de análise de conteúdo na busca da codificação dos atributos buscados. A estrutura teórica usada para a analise dos dados foi a Pirâmide de Maslow. Os resultados apontam para uma coincidência entre os aspectos mencionados pelos gerentes e pelos clientes, bem como para a posição destes aspectos na Pirâmide, tendo sido encontrada maior ênfase nos aspectos relativos às necessidades de auto-estima e social. Palavras-chave: Hospitalidade. Restaurante. Comportamento do consumidor. ABSTRACT The objective of this research was to identify the hospitality aspects at the restaurants of typical brazilian food: Cordel e Tordesilhas in São Paulo. The methodology used was qualitative and exploratory. The data used in it was collected by means of interviews with the managers of both restaurants and customers of every one. The interviews were recorded, written and then codified, using qualitative analysis as a way to get the attribute related to the hospitality. The theoretical structure to organize the codification was the Maslow Pyramid. The results pointed that the hospitality aspects mentioned by the managers as well as the customers are related in some level in the Pyramid, prioritizing the self-esteem and social needs. Keywords: Hospitality. Restaurant. Consumer Behaviour . LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Adaptação da hierarquia das necessidades humanas de Maslow para serviço de refeições. 37 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Hierarquia das necessidades, segundo os ofertantes 60 Tabela 2 - Hierarquia das necessidades, segundo os clientes 60 Tabela 3 - Níveis de importância dos aspectos apurados, segundo os ofertantes 63 Tabela 4 - Níveis de importância dos aspectos apurados, segundo os clientes 64 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Tipologia de restaurantes 20 Figura 2 - Modelo de Maslow 35 Figura 3 - Categoria de tomada de decisão do consumidor e da avaliação de serviços 39 Figura 4 - Decoração de mesa do restaurante Tordesilhas 46 Figura 5 - Espaço Manézinho Araújo do restaurante Tordesilhas 47 Figura 6 - Salão do piso superior do restaurante Tordesilhas 48 Figura 7 - Fachada do restaurante Tordesilhas 49 Figura 8 - Decoração feita com varal de cordéis do restaurante Cordel 51 Figura 9 - Vista da cozinha do restaurante Cordel 52 Figura 10 - Ambiente externo e interno do restaurante Cordel 53 Figura 11 - Fases e componentes da pesquisa 58 Figura 12 - Comparativo gráfico das necessidades de Maslow, dos ofertantes e clientes nos restaurantes pesquisados 61 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 12 1.1Objetivos 14 1.2Problema 14 1.3 Pressupostos da pesquisa 15 2 RESTAURANTES 16 2.1 Origem dos restaurantes 17 2.2 Tipologia 20 3 ASPECTOS DA HOSPITALIDADE EM RESTAURANTES 22 3.1 Hospitalidade 23 3.1.1 Conceitos gerais 23 3.1.2 Hospitalidade comercial 30 4 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR 33 4.1 Comportamento do consumidor e seus motivos 34 4.2 Fases do comportamento 38 5 ESTUDO DOS RESTAURANTES CORDEL E TRODESILHAS 44 5.1 Metodologia 45 5.1.1 Tipo de pesquisa 45 5.1.2 A Escolha dos casos 45 5.1.3 Forma de obtenção dos dados 54 5.1.3.1 Planejamento e realização das pesquisas 54 5.1.4 Tratamento e análise das respostas 57 5.1.5 Limitações da pesquisa 59 5.2 Resultados e Discussão 59 6 CONCLUSÃO 67 REFERÊNCIAS 70 APÊNDICE 76 1 INTRODUÇÃO 13 1 INTRODUÇÃO O grande crescimento econômico mundial do setor de serviços tem feito com que as empresas encontrassem algumas dificuldades em seu processo de gestão, diferente do setor industrial onde os produtos manufaturados são de certa forma facilmente alterados, na área de serviços isto já é diferente, o cliente hoje em dia faz parte do processo, ele precisa ser gerido também. É, portanto, indispensável conhecê-lo para nele focar o processo. Trata-se da necessidade de agregar valor para o consumidor do serviço, a fim de competir no mercado. Nesse ambiente, estar atento a detalhes pode significar a sobrevivência ou a morte de uma organização. Na área da gastronomia isto não é diferente. Os clientes de um determinado tipo de restaurante, no caso aqui estudado os típicos de cozinha brasileira, já não buscam apenas restaurar suas energias (PAULA, 2002), tem como outros desejos, a prática social de diferentes significados e exigências. O denominador comum para satisfazê-los passa, por certo, pela hospitalidade. É de se esperar que os restaurantes já levem em conta em sua gestão este pré-requisito e a isso busquem continuamente. Nesse cenário, torna-se imperativo promover a agregação de valor nos serviços de alimentação por meio da hospitalidade, o que, por sua vez, vai exigir do ofertante, o conhecimento de modo particular das atitudes e comportamentos do consumidor. Este deve ser visto como indivíduo pleno, a fim de ser fidelizado (VAVRA, 1993). É neste sentido que foi elaborada a presente pesquisa, mais especificamente, estudando os aspectos de hospitalidade dos restaurantes de gastronomia típica brasileira: Cordel da Vila e Tordesilhas, ambos localizados na cidade de São Paulo, pois estes não dispõem de informações na busca de melhor competir por agregação de valor em seu serviço de alimentação. A presente pesquisa foi desenvolvida através do método qualitativo, fazendo uso da técnica de entrevista. Para o desenvolvimento desta foram entrevistados os responsáveis pelos dois restaurantes e freqüentadores desses locais. Após a tabulação dos dados coletados durante o processo de entrevista foi que se encontraram os principais aspectos de hospitalidade destes 14 restaurantes, em ambos na visão tanto dos ofertantes, como dos comensais que ali freqüentam. Acreditamos, ainda, que a presente pesquisa possa, além de contribuir cientificamente para o desenvolvimento dos processos de gestão gastronômicos existentes no país, permita também melhorar a percepção, por parte dos clientes e proprietários, a fim de agregar um valor constante em busca da fidelização. 1.1Objetivos Objetivo Geral: • Identificar aspectos de hospitalidade, na opinião dos proprietários e clientes dos restaurantes Cordel da Vila e Tordesilhas. Objetivos Específicos: • Alocar os aspectos levantados, a cada uma das necessidades humanas da pirâmide de Maslow. 1.2 Problema Segundo Juran, (1992) o que não é medido não pode ser controlado e por sua vez, gerenciado. É quase que comum observar o posicionamento dos serviços prestados no setor de alimentação, e entre eles, os restaurantes, baseados apenas na qualidade dos alimentos, higiene, balanceamento energético, algum quesito sobre qualidade, venda e atendimento. A premissa do posicionamento, e possivelmente de toda a gestão, é a de que garantindo esses aspectos do posicionamento, o cliente estará satisfeito. Falta, contudo, entre eles, um importante aspecto a contemplar: a qualidade baseada nos conceitos de hospitalidade, notadamente os ligados às necessidades dos freqüentadores e aquilo que os ofertantes pretendem oferecer. Certamente um ambiente que não contemple tais quesitos, não trará a satisfação do cliente. Conseqüentemente, por definição, não terá qualidade. Mas o que administrar? Certamente, o primeiro passo é buscar aspectos que possam contribuir para isso. É justamente esta busca que se pretende na pesquisa proposta. 15 1.3 Pressupostos A pesquisa será desenvolvida utilizando-se de abordagem qualitativa e exploratória, não contemplando, hipóteses a serem testadas. Segundo Martins (1994, p.33), uma hipótese é “[...] um enunciado conjetural das relações entre duas ou mais variáveis. Trata-se de suposições idealizadas na tentativa de antecipar respostas do problema de pesquisa”, e este não é o objetivo deste trabalho. Além disso, ainda segundo o mesmo autor, “nem todos os tipos de pesquisa necessitam da formulação de hipóteses”. Mesmo não estabelecendo hipóteses, a pesquisa será desenvolvida a partir dos seguintes pressupostos: a) Freqüentadores e proprietários de serviço de alimentação de restaurantes típicos da cozinha brasileira têm expectativas semelhantes no que se refere ao atendimento de tal tipo de serviço. b) Há aspectos da hospitalidade em serviços de alimentação de restaurantes, específicos para tal ambiente, que vão além das refeições. c) Os clientes valorizam mais os aspectos “intangíveis” na avaliação da qualidade de serviços em restaurantes. 16 2 RESTAURANTES 17 2 RESTAURANTES 2.1 Origem dos restaurantes São diversas as discussões sobre a real origem dos restaurantes no mundo. As trocas de alimentos já aconteciam há mais de 10 mil anos, isto é notório quando vemos na história, o fato dos homens cultivarem a terra e possuírem criação de animais, podemos dizer que havia uma necessidade de possuir mais do que se tinha, “o desejo de poder seria uma das razões profundas para o domínio sobre as espécies selvagens” (DIGARD, 1990, p. 32). Num segundo estudo, podemos verificar que em determinadas propriedades havia uma produção continua de gêneros alimentícios, fazendo com que, em alguns casos, sobrassem produtos, os quais eram trocados por outros de uma comunidade diferente. Esse surgimento das primeiras trocas dos alimentos gera grandes mudanças no meio social. “A expressão de uma mudança social e ideológica acarretou modificações na relação profunda entre o homem e o meio” (CAUVIN, 1994, p. 18). Em outra situação, temos o surgimento das estradas romanas e, conseqüentemente, o deslocamento de pessoas, chamados de viajantes, que tinham como características percorrerem grandes distâncias, muitas vezes em situações precárias para chegar a um determinado destino. A fim de ajudar o cotidiano da viagem dessas pessoas, em Roma, começam a aparecer as tabernas, locais estes que davam provisões necessárias para seguirem seu caminho. Além de servir comida e bebidas, em um outro momento, estes estabelecimentos começam também a oferecer hospedagem. [...] os taberneiros continuam a oferecer aos mercadores, aos camponeses da diocese, aos familiares e servidores dos poderosos, aos pobres clérigos da Igreja, produtos com que matar a sede e a fome num ambiente que favorecia a convivência [...] vende também o pão e o queijo e serve pratos de sua própria lavra (DESPORTES, 1998, p. 38). 18 Portanto, podemos concluir que estabelecimentos, oferecendo serviço de alimentos e bebidas, tinham como principal objetivo, recuperar as energias dos viajantes, o que, no francês, é caracterizado pela palavra com o “restaurateur”. Daí uma das primeiras origens da palavra restaurante. Outra teoria da origem do nome remonta a 1765, quando um dos ofícios era o de açougueiro e que tinha como especialidade única concedida ao seu ramo, vender nas esquinas caldos restauradores, que eram basicamente constituídos, segundo Pitte (1998, p. 55) de: [...] caldos ricos que incluem carnes de aves e boi, diversas raízes, cebolas, ervas e, segundo as receitas, especiarias, açúcar-cande, pão torrado ou cevada, manteiga, assim como produtos de aparência tão insólita quanto pétalas secas de rosa, passas, âmbar, etc. [..]. Porém, um certo Boulanger, decide abrir um estabelecimento, nas proximidades do Louvre e começa a vender “restaurants” ou “caldos restauradores”, e ainda inicia a venda de pata de carneiro cozida no molho branco, era um tipo de mocotó, um caldo grosso. Houve, então, uma grande revolta por parte dos outros vendedores, pois queriam a exclusividade de venda somente para eles. Chegaram a mover um processo contra Boulanger (REBELLO FILHO, 2006). Inusitadamente, ele ganha a ação e começa a ser considerado primeiro restaurante da época – “resultado do nome dado ao estabelecimento inaugurado por Boulanger: Boulanger débit dês restaurants divins!” (TEICHMANN, 2000a). Como se não bastasse, ele ainda desenvolve o primeiro menu da época: A fim de que os comensais soubessem o que iriam encontrar nesses locais, era fixada na porta uma lista com os serviços e os alimentos que compunham a refeição. Esta lista foi chamada de MENU. [...] e ainda indicavam a ordenação dos serviços e os pratos que seriam servidos. [...] (TEICHMANN, 2000b, p.47). Assim como no mundo, no Brasil é difícil também precisar uma data de início do funcionamento deste tipo de estabelecimento. Alguns autores dizem que 19 sua origem foi em 1599, quando um português de nome Marcos Lopes abriu um estabelecimento que atendia aos viajantes. A idéia mesmo do nome “restaurante” só foi consolidada no final do século XIX e com grande influência francesa (MARICATO, 2001). No Brasil, com o final da segunda guerra e a chegada dos imigrantes, inicia a grande influência dos restaurantes típicos, a começar pelos italianos. Nesse mesmo sentido, com o desenvolvimento econômico e dos restaurantes, que acontecia nas grandes cidades, houve a necessidade de mão-de-obra, vinda, muitas vezes, de diversas regiões brasileiras; Começando a surgir, também, a regionalização das cozinhas. Dentro do Brasil, é possível identificar muitas regiões e até famílias pelo modo com que preparam e servem certos alimentos. O simbolismo da comida permite que se discuta uma questão muito complexa, a possibilidade de obter explanações sociológicas plausíveis para as singularidades culinárias que cada sociedade exibe, pois cada um prepara o alimento de acordo com suas tradições e culturas (DAMATTA, 1987, p. 2). Na década de 80, temos como característica principal e marcante o surgimento dos fast-foods, uma forte influência dos padrões de alimentação norteamericanos, retratando o stress do dia-a-dia, a falta de tempo no deslocamento do trabalho para casa e vice-versa. E por último, do fim da década de 90 até hoje, temos a vinda dos grandes chefes internacionais para o Brasil, os quais iniciam o desenvolvimento de receitas gastronômicas de diversos países, adaptando-as, em alguns casos, com ingredientes brasileiros. Vale lembrar ainda a formação de associações específicas que fomentam esse tipo de atividades restauradoras em nosso país, como a Associação Brasileira da Alta Gastronomia (ABAGA), a Associação Brasileira dos Proprietários de Restaurantes (ABPR), Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (ABRASEL) entre outras. Diante de todas estas citações acima, podemos definir arestaurante como sendo um estabelecimento que tem por finalidade, além de restaurar o cliente, mediante pagamento, atender às suas mais diversas expectativas, fazendo com que 20 possam ter satisfação nos serviços oferecidos e muito provavelmente que se fidelizem ao estabelecimento. 2.2 Tipologia Com a concorrência do mercado e a busca pela inovação e personalização dos produtos servidos por um restaurante, vêm aparecendo, cada vez mais, diversas tipologias destes estabelecimentos. Geralmente, são classificadas de acordo com o serviço e tipo de refeição que oferecem, como mostra a figura abaixo: Restaurante clássico/internacional Churrascaria Cozinha brasileira Restaurante típico Centro gastronômico Buffet Lancheria Cafeteria Snack-bar Coffee-shop Restaurante de refeições coletivas Casa de massas Café Colonial Confeitaria Sorveteria Café Bar Americano Pub Casa de Sucos Tipologia de Restauração Figura 1 - Tipologia de restaurantes Fonte: Adaptado de Castelli, 2001. Cada um destes estabelecimentos possui características bem específicas, tanto como descrito anteriormente nos serviços e alimentação, como também no tipo de localização, ambiente, preços etc. 21 Um pub, não pode ser a mesma coisa que um café. No primeiro, teremos um serviço mais voltado para a venda de bebidas em geral e no segundo, produtos para o preparo de café. Concluímos, então, que os públicos que freqüentam estes dois tipos de são distintos em suas características e expectativas. 22 3 ASPECTOS DA HOSPITALIDADE EM RESTAURANTES 23 ASPECTOS DA HOSPITALIDADE EM RESTAURANTES 3.1 Hospitalidade 3.1.1 Conceitos gerais A palavra hospitalidade, segundo alguns autores, quer dizer: recepção de hóspedes, visitantes, viajantes, podendo ser simplificada no ato de bem receber. Grinover (2002 p. 26) ressalta ainda que “ela implica a relação entre um ou mais hóspedes e uma organização, colocando a questão da recepção nesta organização, inserindo-a no modo de funcionamento existente.” Hospitalidade é fundamentalmente o ato de acolher e prestar serviços a alguém que por algum motivo esteja fora de seu local de domicilio. A hospitalidade é uma relação especializada entre dois protagonistas, aquele que recebe e aquele que é recebido por alguém (GOTTMAN, 2001, p. 66). Mas apesar de toda a relação de hospitalidade com modo hospitaleiro de receber mostrado acima, podemos encontrar a palavra hostis, que também se refere à hospitalidade, estrangeiro e ainda para inimigos, considerados públicos. Neste mesmo sentido, refere-se Cixous (1997, p. 12): É que a palavra latina reúne ao mesmo tempo, o significado de não hostis, no sentido de hóspede, o convidado e o hostis, o estrangeiro, o inimigo público, o inimigo do país. Sim, é assim o significado da palavra na língua francesa: o inimigo. Ost, no francês arcaico, quer dizer o exército dos inimigos. Daí comprovamos mais uma vez que o nosso hóspede, convidado, supostamente analisado e interpretado como um forasteiro bemvindo, suspeito ou mal-vindo. A palavra hostis, acrescenta-se ainda na questão do hóspede, quem recebe é quem será recebido. Imediatamente o estrangeiro, o hóspede, o inimigo tem que bem ou mal se distinguir quem ele realmente é (tradução livre do autor). 24 Nota-se agora que a palavra hostis denota ao mesmo tempo o sentido de estrangeiro (inimigo) e hóspede e, ainda, conforme a citação acima, se junta e se mistura se substituindo por hospes , que é quem recebe e quem é recebido. O exame conceitual da palavra hospes, acima exposta, reduz a apenas um o papel transacional, da criação de uma obrigação, dos indivíduos envolvidos em uma recepção. Tal afirmação pode ser melhor entendida a partir da análise de Lanna (2000, p.176): [...] ao receber alguém estou me fazendo anfitrião, mas também crio, teórica e conceitualmente, a possibilidade de vir a ser hóspede deste que hoje é meu hóspede. A mesma troca que me faz anfitrião, faz-me também um hóspede potencial [...] dar e receber implica não só numa troca material, mas também numa troca espiritual [...] a dádiva aproxima-os, torna-os semelhantes. Quando recebemos alguém em casa ou realizamos uma visita, nos sentimos na obrigação de sempre tratar bem nosso hóspede e também, no segundo caso, de levar uma lembrança, um agrado à pessoa visitada, pois isso demonstra um símbolo de companheirismo, transformado em expectativa de receber uma retribuição daquilo que foi oferecido, conforme cita Reece (1993, p.35): Presentes são oferecidos por um anfitrião a um convidado, nunca viceversa, é um símbolo material de mostrar a sua ligação de amizade. Em outra via, o anfitrião espera que o convidado lembre-se dele, e como uma prática pura de consideração, este seja recíproco com ele, valorizando o presente dado em algum tempo no futuro, isto é uma retribuição. A dádiva por sua naturalidade aproxima as pessoas e os grupos sociais e culturais, fazendo com que haja um compromisso de relacionamento entre si, são quase que como uma comunhão de almas, assim mostrada por Lanna (2000, p.175): [...] a dádiva produz a aliança, tanto as alianças matrimoniais como as políticas (trocas entre chefes ou diferentes camadas sociais), religiosas (como sacrifícios, entendidos como um modo de relacionamento com os deuses), econômicas, jurídicas e diplomáticas (incluindo-se aqui as relações pessoais de hospitalidade). [...] Ela inclui não só os presentes como também visitas, festas, comunhões, esmolas, heranças, um sem número de “prestações”. 25 As alianças mencionadas na citação da autora nos abrem um atalho via antropologia para examinarmos historicamente as primeiras práticas humanas, sociais, que podemos classificar como de hospitalidade: [...] a hospitalidade pode ser concebida como um conjunto de comportamentos originários da própria base da sociedade. A partilha e a troca de frutos do trabalho, junto com a mutualidade e a reciprocidade, associadas originalmente à caça e à coleta de alimentos, são a essência da organização coletiva do senso de comunidade. Embora evoluções posteriores possam se preocupar com o medo em relação aos forasteiros e a necessidade de contê-los, a hospitalidade envolve, originalmente, mutualidade e troca e, por meios dessas, sentimentos de altruísmo e beneficência (LASHLEY; MORRISON, 2004, p. 5). Apesar dos aspectos humanísticos e sociais envolvidos no conceito de hospitalidade mostrados no trecho final da citação dos autores acima, há quem a conceitue deixando de lado aspectos antropológicos e sociológicos, adotando uma abordagem pragmática, a nosso ver, pouco envolvida com a satisfação humana no serviço, ligando-a apenas a negócios: A hospitalidade é vista como uma indústria composta de hotéis e catering ou indústria de serviços de alimentação voltada para a produção de produtos que satisfaçam a demanda por acomodação, alimento e bebida fora de casa, sendo esses os seus core business (BUTLLE, 1986 apud PAULA, 2004, p. 70). Já Franco (2001 apud PAULA, 2004, p.72) busca os primórdios da hospitalidade, citando que a tendência humana de compartilhar alimento, idéia básica da hospitalidade, teria se originado quando o homem desenvolveu sua capacidade de matar grandes presas. A análise detalhada das citações a respeito da origem da hospitalidade nos mostra que havia nos primórdios da humanidade alguns motivadores naturais possíveis que poderiam impelir as pessoas à prática da hospitalidade. Um primeiro, seria devido à necessidade do trabalho em equipe para suplantar a falta de tecnologia e máquinas para obter o alimento, por exemplo, o abate de um animal de grande porte. Um segundo, em virtude da abundância sazonal dos alimentos vegetais ou animais obtidos, e não havendo técnicas adequadas de conservação, 26 exigiam o consumo quase imediato, demandando, portanto, maior número de pessoas compartilhando o mesmo espaço físico e ao mesmo tempo. Certamente em condições de convivência harmoniosa, sem a qual não se poderia ter plena a sensação de degustação do produto compartilhado. Não se pode conceber reuniões sociais contenciosas para repartir produtos abundantes. Um terceiro motivador vinha do caráter de segurança do grupo contra o inimigo. Todos os três nos levam a pensar que a hospitalidade tinha uma característica de obrigatoriedade e não partilha social. Mas voltando agora à dádiva, discutida anteriormente, e transportandoa para nosso ambiente nos dias atuais, podemos dizer que quando damos uma festa, seja de batismo, aniversário ou casamento, geralmente esperamos um presente, e, na mesma proporção. Se o recebemos, nos sentimos na obrigação de retribuir a dádiva recebida, conforme nos mostra Lanna (2000, p.176): O ato de dar não é um ato desinteressado. Isso não se limita à prática dos “chefes”. O ato de dar pode assim se associar em maior ou menor grau a uma ideologia da generosidade, mas não existe a dádiva sem a expectativa de retribuição. [...] Para Mauss, a dádiva é um ato simultaneamente espontâneo e obrigatório. Isso nos leva à obrigação que a dádiva nos impõe, o dar-receberretribuir, considerados cruciais para a hospitalidade, pois é através disso que pudemos constituir o meio social de “trocas” de bens tangíveis e intangíveis que possuímos hoje, conforme cita Mauss (1986 apud WADA, 2004, p.62): A tríplice obrigação de dar, receber e retribuir constitui o universal socioantropológico sobre o qual foram construídas as sociedades antigas e tradicionais. Foi tomando essa obrigação como alicerce que se edificou aquilo que se poderia designar, generalizando, a sociedade primeira. A dádiva pode, ainda, ser considerada um jogo de busca de poderes e ideais, pois “o interesse, o poder e a sexualidade, são as três chaves da explicação moderna das trocas – existem e são importantes” (GODBOUT, 1999, p.238). Quando se oferta algo, pode-se buscar um outro algo a mais, a dádiva-veneno, por 27 exemplo. Este mesmo autor nos mostra que não podemos analisar, julgar, enfim pensar sobre a dádiva fora de seu contexto: A dádiva não é boa nem má em si, tampouco sempre desejável. Tudo depende do contexto da relação que lhe dá um sentido. O mercado pode ser preferível. Não se tem, por exemplo, nenhum interesse em aceitar uma dádiva de uma pessoa de quem se quer permanecer independente (GODBOUT, 1999, p. 238). As pessoas ao aceitarem uma dádiva tornam-se claramente dependentes das outras no que diz respeito a compensar esta que lhe foi dada. É neste cenário que “[...] o perigo da dádiva reside no peso da obrigação que se transforma em imposição [...] dádiva pesada demais, dádiva-veneno, presente envenenado“ (GODBOUT, 1999, p.239). Isto nos remete à dificuldade da prática da hospitalidade. A dádiva leva as pessoas à preocupação com o peso da compensação, há o pensamento sobre se o que será dado será melhor ou pior do que aquilo que foi recebido. Medo de se deixar enganar porque se deu enganar porque se recebeu demais e se é último caso é pior, se bem que, teoricamente, receber sempre mais é o próprio objetivo (GODBOUT, 1999, p. 239). demais, medo de se deixar obrigado a “retribuir”... Este na ideologia do crescimento, de toda vida moderna [...] No que diz respeito à sua aplicação prática, a hospitalidade tem um caráter também complexo. Como cita Camargo (2002), a hospitalidade pode ser classificada em três escolas: a francesa, que analisa apenas a hospitalidade social e privada, tendo como alicerce, a trilogia do dom (dar-receber-retribuir); a americana que trata a hospitalidade praticamente como sendo somente a hotelaria, isto é, o emprego da hospitalidade comercial; e por último, e mais recente, a brasileira, que busca o seu estudo dentro da área do turismo. Já segundo Lashley e Morrison (2004), a hospitalidade pode ser dividida em: Social, Privada e Comercial. 28 A hospitalidade social pode ser entendida como aquela que acontece na sociedade, na convivência humana entre as pessoas. É regida por valores impostos e adquiridos com o passar das gerações que, muitas vezes, determinam como devemos agir em uma determinada comunidade. Podemos observar isto mais claramente nas sociedades pré-industriais, que consideravam um dever moral bem receber o hóspede em sua casa, e o anfitrião deveria fazê-lo como se fosse um integrante da família, dando-lhe de comer, beber e dormir. Caso houvesse falhas nesse tratamento, os anfitriões seriam julgados e condenados socialmente. [...] atuar com generosidade enquanto anfitrião e proteger os visitantes era mais do que uma questão deixada ao gosto dos indivíduos. As crenças a respeito da hospitalidade e as obrigações em relação aos outros estavam fixadas em idéias e visões sobre a natureza da sociedade e ordem natural das coisas. Assim, qualquer falha em agir de modo adequado era tratada com condenação social (LASHLEY; MORRISON, 2004, p. 7). A questão de proteção para o hóspede era levada em conta com muito rigor, enquanto era recebido em uma determinada residência, nada podia lhe ocorrer, era uma obrigação cuidar da sua integridade. O dever de ser não só generoso em relação ao forasteiro, mas também protetor é um importante aspecto desse filão de hospitalidade. Em muitos casos, via-se essa conduta como um dever sagrado do anfitrião de proteger tanto a família imediata quanto os hóspedes (LASHLEY; MORRISON, 2004, p. 8). Aliás, este aspecto de proteção já aparecia nos primórdios da civilização como um dos motivos de reuniões de indivíduos. A proteção é retratada em muitos mitos e lendas e apresentada atualmente em forma de óperas e peças teatrais. ”Telfer recorda a ópera As Valquírias, de Wagner, em que Hunding, o marido ciumento, não pode matar Siegmund enquanto ele é hóspede em sua casa. Siegmund tem de deixar a casa antes que Hunding possa persegui-lo“ (LASHLEY; MORRISON, 2004, p. 9). A hospitalidade social permite ainda que se avalie um determinado individuo por meio da análise das ações do indivíduo, da explicitação de sua cultura: 29 Ao exprimir-se socialmente em espaços públicos, os indivíduos revelam tanto sua ligação com a sociedade quanto a sua cultura e compreensão relativamente às normas comuns. As atividades relacionadas à hospitalidade, sob forma de comer e beber, dão oportunidade para a avaliação social dos indivíduos e para as manifestações sociais e de status (LASHLEY; MORRISON, 2004, p. 12). Mas voltando à classificação de Lashley (2004), a hospitalidade privada é a ação de bem receber em casa, ao abrigar um conhecido ou um forasteiro. Demanda um oferecimento do aconchego familiar e o compromisso de tratar bem o convidado, pois quem hospeda, também se torna um hóspede, pois um dia a pessoa que foi a anfitriã poderá visitar o local de residência do hóspede e acabar se tornando uma visita, uma convidada. Esse conceito de receber, possibilita, ainda, verificar-se uma importante distinção entre ser um anfitrião e ser hospitaleiro. Apenas servir um prato quente de comida, dar de beber e dormir, assegurando que nada lhe falte, o torna um bom anfitrião, já “[...] a autêntica conduta hospitaleira exige um motivo pertinente, e uma pessoa hospitaleira, é assim, alguém que recebe freqüente e atenciosamente e por motivos não-pertinentes à hospitalidade.” É considerado algo nato, a hospitalidade tem de correr nas veias como um dom e não como algo forçado e imposto (LASHLEY; MORRISON, 2004, p. 16). Portanto, ser hospitaleiro é ir além de ofertar apenas aspectos tangíveis a quem está sendo recebido, é necessário ir mais longe, até os aspectos intangíveis, aqueles difíceis de serem comparados em diversas ocasiões como a cordialidade, por exemplo, ela poderá não ser a mesma em todos os lugares que se é recebido por alguém. É neste lado intangível da hospitalidade que residem as maiores dificuldades para a sua compreensão, avaliação, aplicação e gestão em empreendimentos turísticos. Daí a motivação maior desta pesquisa. Segundo Telfer (2004, p. 16), “as pessoas hospitaleiras, são aquelas que possuem o traço característico da hospitalidade, são aquelas que acolhem muitas vezes por um ou mais motivos ligados à hospitalidade [...]”. A hospitalidade comercial, terceiro aspecto da classificação de Lashley e Morrison (2004), será tratada mais detalhadamente a seguir, dado que é dentro desta que se encontra o objeto de estudo deste trabalho. 30 3.1.2 Hospitalidade comercial Desde o século VI, quando se iniciou a expansão das viagens pelo mundo, através das cruzadas, peregrinações e viagens de negócios, deu-se o surgimento de paragens que ofereciam um lugar para dormir e comer em troca de algo. Mas foi a partir do século XIV que a relação comercial da hospitalidade cresceu firmemente através do aprimoramento das hospedarias e albergues. Eram locais considerados pelos viajantes como ponto de apoio, pois ali encontravam, longe de seus lares, o básico para prosseguirem até o destino pretendido, criando, assim, um conceito estudado hoje como sendo a hospitalidade comercial, que: [...] originou-se da hospitalidade doméstica como um negócio por si mesmo, para atender a um mercado que demanda comida, bebida e alojamento fora do lar, enquanto um sistema empresarial sociotécnico cujo objetivo principal é criar valor para seus clientes, dentro de certas limitações sociais (JONES; LOCKWOOD, 2004, p. 225). Analisando-se a citação de Jones e Lockwood (2004), observamos que esses valores podem ser subentendidos tanto como a satisfação do serviço prestado como o pagamento por aquilo que foi oferecido. Importante ressaltarmos que quando oferecemos algo, por exemplo, dinheiro em troca de um serviço de hospitalidade, isenta o cliente da obrigatoriedade da retribuição daquilo que nos foi oferecido. “A troca financeira isenta o hóspede da obrigação mútua e da lealdade” (LASHLEY; MORRISON, 2004, p. 19). Este mesmo autor continua mostrando que o pagamento pode permitir ainda ao cliente maior autonomia tanto no desfrute quanto em suas obrigações: O relacionamento movido comercial e mercadologicamente, permite ao cliente uma liberdade de ação que o indivíduo não poderia sonhar em demandar num ambiente doméstico. [...] os ”hóspedes” podem usar as instalações sem temer qualquer outra obrigação mútua em relação aos hospedeiros, além daquela exigida pelo relacionamento mercadológico, isto é, pagar a conta (p. 17). 31 A questão do comportamento do hóspede doméstico e a possibilidade de ter de retribuir como anfitrião o que recebeu como hóspede, também é tratada por Brotherton e Wood (2004, p.193): A hospitalidade não é um processo unidirecional, nem algo exclusivamente comportamental por natureza. Não envolve apenas a demonstração de comportamento apropriado e hospitaleiro, mas a reciprocidade desse comportamento, de modo que a hospitalidade inclua um processo de troca bidirecional. Muitas vezes essa questão da cobrança de valores por serviços prestados na hospitalidade é entendido por alguns estudiosos como a ausência de hospitalidade no que diz respeito ao conceito do dom, pois para haver hospitalidade é necessário que esta dádiva seja desinteressada por aquilo que lhe é oferecido. Com o pagamento, ela é perdida. Neste sentido, Telfer (2004, p. 18) afirma que “este tipo de hospitalidade não é muito hospitaleiro”. Mais uma vez, podemos notar que na opinião destes autores somente a hospitalidade privada é tratada com genuinidade de acolhimento, mostrando, assim, que na comercial isso não aconteceria. Mas como um contraponto a essa visão, poderíamos dizer que não é impossível que muitas pessoas que trabalham na hospitalidade o fazem não só por necessidade financeira, mas sim pelo fato de fazer aquilo por que possuem afinidades, muitas vezes adquiridas no convívio do oferecimento da hospitalidade privada. Isso se constata na citação de Telfer (2004, p.62-63): A pessoa pode querer o emprego ao invés de ficar à toa, por querer uma vida decente, mas pode eleger esse tipo de trabalho por motivos semelhantes aos do hospedeiro privado hospitaleiro: gosta de deixar as pessoas felizes, acolhendo-as. [...] isso pode ocorrer por ela desejar verdadeiramente agradar os hóspedes ou por ter alguma noção de valores de hospitalidade por eles almejado. Atuar com tal tipo de sentimento de querer agradar acima de tudo, é certamente um complicador quando o serviço ofertado é feito por diferentes e diversos tipos de colaboradores e não pelo dono. Haverá a necessidade de um 32 processo de recrutamento, seleção e desenvolvimento de recursos humanos muito aprimorados, no qual, a meta não é apenas encontrar alguém capaz de desempenhar tarefas de um processo, mas sim, alguém capaz de se comportar de modo comprometido com o processo, é uma questão de formação de atitude e não apenas de competências. Tal perfil de colaborador exigirá, ainda, um apurado processo de reconhecimento e recompensa por desempenho, afinal, como afirma Godbout (1999, p. 203.), a “dádiva não é gratuita ou ela não existe.” Neste mesmo sentido, também está a posição de Telfer (2004, p.63) quando vê a possibilidade da prática da hospitalidade ainda que paga: [...] Se um hospedeiro comercial atende bem aos seus hóspedes, com um interesse autêntico por sua felicidade, cobrando um preço razoável não extorsivo por aquilo que oferece, suas atividades poderão ser chamadas de hospitaleiras. É uma maneira de se realizar uma gratidão por aquilo que foi oferecido e usado no estabelecimento, dando liberdade para que o hóspede também possa cobrar algo daquele que um dia o hospedou. Portanto, as principais dimensões da hospitalidade podem ser entendidas como sendo social, privada e comercial. 33 4 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR 34 4 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR 4.1 Comportamento do consumidor e seus motivos Não podemos falar de hospitalidade e seus aspectos, se não passarmos pelo comportamento do consumidor e os motivos que o animam. Kotler (1998) mostra que o consumidor é aquele que busca, em sua aquisição de um produto ou serviço, resolver um estado de carência, ou seja, atender a uma necessidade. Essa necessidade se transforma na especificação de um produto ou serviço a ser consumido por meio de um desejo. Assim, para cada necessidade poderá haver um ou mais desejos, dependendo de diversos fatores, entre eles o motivo que impele o consumidor para a compra. Daí o imperativo de entender os componentes que compõem a motivação humana para poder compreender o comportamento daquele que compra. Várias são as teorias sobre a motivação humana, dentre elas a de Abraham H. Maslow, um dos mais citados especialistas em motivação humana na área empresarial, autor do livro Motivation and Personality, publicado em 1954 nos Estados Unidos, que se tornou conhecido pela sua teoria hierárquica das necessidades humanas. É ancorada nesta teoria que se encontra a metodologia desta pesquisa. Segundo esse autor, as necessidades humanas estão organizadas e apresentadas em níveis, os quais podem ser visualizados por meio de uma pirâmide (Figura 2). 35 AUTOREALIZAÇÃO ESTIMA SOCIAIS SEGURANÇA FISIOLÓGICAS Figura 2 – Modelo de Maslow Fonte: Motta e Vasconcelos (2004, p. 49) De acordo com Maslow, citado por Marras (2000), a motivação dos indivíduos tem como finalidade principal satisfazer algumas das necessidades humanas, que vão desde as primárias, as fisiológicas, até as mais complexas, as psicológicas. Chiavenato (2005, p. 216-217), baseado nos estudos de Maslow, assim menciona as necessidades humanas: 1- Necessidades Fisiológicas: representam as necessidades básicas para a sobrevivência do ser humano, como alimentação, sono, sede, sexo etc. 2- Necessidades de Segurança: diz respeito à preservação da espécie, a se precaver do perigo físico, evitar a penúria fisiológica, buscar a estabilidade. 3- Necessidades Sociais: as pessoas sentem necessidades de serem aceitas, reconhecidas, e de pertencerem a grupos, estabelecendo, assim, relações de amizade, afeto e amor. 4- Necessidades de Estima: as pessoas passam a sentir necessidade de estima, ou seja, tanto de auto-estima quanto de reconhecimento por parte dos outros. Buscam prestígio, status e consideração. 36 5- Necessidades de Auto-Realização: encontram-se no topo da hierarquia, levam a pessoa a realizar o seu próprio potencial e a se desenvolver ao longo da vida. As pessoas quando percebem que a necessidade que elas buscam foi suprida, passam a procurar o próximo degrau motivacional da hierarquia, e isso fazem num processo contínuo. Quanto mais o indivíduo tem, mais ele pode querer (KWASNICKA, 1995, p. 58). Chiavenato (2003, p.331) também menciona o ciclo interminável nas necessidades humanas: Quando as necessidades mais baixas estão satisfeitas, as necessidades localizadas nos níveis mais elevados passam a dominar o comportamento. Contudo, quando alguma necessidade de nível mais baixo deixa de ser satisfeita, ela volta a predominar o comportamento, enquanto gerar tensão no organismo. Essa ordem não precisa ser necessariamente linear, uma vez que o indivíduo, após atingir outro estágio da pirâmide, ou até mesmo o último, pode ainda retornar e buscar necessidades inferiores àquele em que ele se encontra. Marras (2000, p. 34), analisando outras obras de Maslow, destaca ainda dois pontos: 1. Todas as pessoas têm necessidades, tendo, cada uma, particularidades e desejos distintos uma das outras. Essa busca constante pela necessidade que pretende alcançar, é que vai fazer com que perdure a motivação. Quando alcançamos isso, devemos buscar um novo estágio motivacional. 2. Todas as necessidades nos levam a crer que são carências, ou falta de alguma coisa que vem do meio em que vivemos, algo que é preciso para completar o indivíduo, com exceção do último estágio pois é algo puramente íntimo de cada pessoa. Certamente, Maslow e outros cientistas que estudaram a motivação humana, bem como diversos autores que analisam sua obra, não podem dizer com certeza os motivos que levam um ou outro consumidor a se comportar de uma determinada maneira, comprando ou não um produto ou serviço. Mas essas teorias 37 nos dão subsídios que nos permitem entender, de um modo geral, o processo de compra do consumidor, desde a geração de seu desejo, chegando até a tomada de decisão de como gastar seus recursos, não só financeiros, mas também de tempo, esforço e outros. Buscando a aplicação da teoria de Maslow à esta pesquisa, procuramos interpretar cada uma das necessidades humanas mencionadas por ele e focá-las aos serviços de um restaurante, tendo com o guia as premissas da hospitalidade, resultando no conteúdo do Quadro 1, no qual baseamos todo o plano de pesquisa e análise dos dados coletados. NECESSIDADES HUMANAS FISIOLÓGICA SEGURANÇA SOCIAIS ESTIMA AUTOREALIZAÇÃO VARIÁVEIS INTERVENIENTES RECOMPENSA 1. Variedade de opções no cardápio de 1- Sentimento de satisfação quanto a fome alimentos e bebidas. sanada. 2. Temperatura e conservação dos alimentos. 2- Sentimento de bem-estar físico, 3. Paladar dos alimentos e bebidas. decorrentes dos alimentos e bebidas, bem 4. Carga calórica disponibilizada. como das instalações e utensílios 5. Quantidade de alimentos e bebidas disponibilizados. ofertadas. 3- Sentimento de identidade e adequação 6. Espaço físico – área por pessoa, com a comida e bebida ofertadas. temperatura, ergonomia dos utensílios e móveis. 7. Horário de atendimento. 8. Duração da refeição. 1. Existência de recursos humanos, materiais e procedimentos que garantam a integridade física dos clientes nas dependências do Segurança contra violência e bem-estar restaurante. com os produtos consumidos. 2. Conservação dos alimentos e bebidas. 3. Limpeza das dependências. 1. Procedimentos do pessoal de serviço que sinalizem aceitação e amizade ao cliente. 2. Lay out do ambiente (principalmente do Sentimento de pertinência ao meio. salão) e uso de utensílios que não demonstrem espaços ou diferenciais segregatórios. 1. Procedimentos do pessoal de serviço que permitam identificar e prestigiar os clientes (não sinalizando segregação aos demais). 2. Ambiente e serviço em conformidade com a Sentimento de diferenciação e de segmentação de mercado adequado ao adequação ao meio. status dos clientes pretendidos. 3. Existência de recompensas materiais e afetivas para clientes diferenciados. Abertura à mudanças e atendimento a sugestões dos clientes no sentido de lhes permitir influir nos produtos e serviços Sentimento de interferência positiva, útil ofertados, tanto para eles próprios, bem como, nos processos e produtos do restaurante. em casos nos quais o restaurante possa tirar proveito, para os demais clientes. Quadro 1 – Adaptação da hierarquia das necessidades humanas de Maslow para serviço de refeições, feita por Vidrik (2006) 38 4.2 Fases do comportamento A motivação leva o consumidor ao seu comportamento, por isso é importante que examinemos esta fase do processo de consumo. Quando comercializamos um determinado tipo de produto ou serviço, precisamos indagar sobre o quê, por quê, quando, onde, com que freqüência, se compra um determinado tipo de serviço. Porém, somente esta análise superficial não basta, pois como já mencionamos acima, são vários os fatores influenciadores e as fases do processo de compra de um determinado produto ou serviço por parte do cliente. Iremos aqui nos atentar basicamente à fase de tomada de decisão do processo de compra do cliente, isto é, o que leva um determinado consumidor potencial a decidir-se por um produto ou a usar um tipo de serviço específico que atenda às suas necessidades e desejos reais. Para isso, podemos iniciar mencionando três importantes atributos que interferem na decisão do cliente: Atributos de procura, que são propriedades que um consumidor pode avaliar antes de adquirir um produto, atributo de experiência, que somente podem ser avaliados após a compra ou durante o consumo [...] uma terceira categoria, a dos atributos de credibilidade, corresponde às características que o consumidor pode achar impossíveis de serem avaliadas até mesmo após a cumpra ou o consumo (ZEITHAML; BITNER, 2003, p.51). Porém para que ele possa escolher se prefere um ou outro restaurante, ele passará pelo processo de tomada de decisão citado por Kanuk e Schiffman (2002, p.36) da seguinte forma: Decisão é a escolha de uma opção entre duas ou mais alternativas. Em outras palavras, para uma pessoa toma ruma decisão, é preciso que mais de uma alternativa esteja disponível. Quando uma pessoa está diante da escolha entre fazer ou não fazer uma compra, da escolha entre a marca X e a marca Y, ou da escolha de passar o tempo fazendo “A” ou “B”, essa pessoa está em posição de tomar uma decisão. 39 Essa escolha, entre no mínimo duas opções, é precedida pelas fases do processo mostradas na Figura 3. Nela, encontramos quatro fatores que intervêm no processo de decisão: busca de informação, avaliação de alternativas, compra e consumo e avaliação pós-compra. Busca de Informação • • Uso de fontes pessoais Risco percebido Compra e consumo • • • Avaliação de alternativas • Conjunto de alternativas levadas em consideração Emoção e humor • Avaliação pós-compra Prestação de serviços como dramaturgia Papéis e roteiros em serviços Compatibilidade de clientes • • • Atribuição da insatisfação Difusão da inovação Lealdade à marca Figura 3 – Categoria de tomada de decisão do consumidor e da avaliação de serviços Fonte: (ZEITHAML; BITNER, 2003, p.53) Busca de Informação A ênfase está em procurar saber o que determinado tipo de serviço oferece e se irá satisfazer as expectativas do cliente. A busca por informações é a tarefa central deste tópico. Muitas vezes esta busca vai além da própria observação, na qual falta atributos de experiências, que serão buscados através de informações de amigos e familiares que já utilizaram do mesmo e possam dar um parecer sobre isso. A influência pessoal torna-se fundamental à medida que aumenta a complexidade do produto e diminuem os padrões objetivos da avaliação de um produto, ou seja, quando há muitos atributos de experiência presentes (ZEITHAML E BITNER, 2003, p.51). 40 Essa busca por parte do cliente, de mais detalhes do que será comprado, aumenta conforme aumenta o risco percebido que estes produtos oferecem. Diferentemente dos bens, que caso haja a insatisfação ou defeito do produto ele pode ser trocado ou devolvido, nos serviços não há como devolver uma viagem realizada e muita menos uma refeição consumida. Avaliação de Alternativas De posse das informações, o cliente deverá estudar qual a melhor opção de compra, qual o produto que melhor se enquadra às suas necessidade. Novamente, diferentemente dos bens, nos serviços é difícil expor os produtos em prateleira um do lado do outro, gerando uma opção de livre escolha pelo cliente, pois a empresa quase sempre coloca a venda uma única marca, o que dificulta a avaliação. Ou seja, trata-se do cliente avaliar aspectos intangíveis, subjetivos. Nisso interfere inclusive o seu estado de emoção e humor. Se o cliente estiver no dia com um humor positivo, será melhor lidar com ele, pois irá ser mais maleável e aberto à compra. Caso contrário, o cliente enxergará pequenos defeitos e poderá tornar-se um consumidor difícil de adquirir qualquer produto. Emoção e humor são estados afetivos que influenciam as percepções e as avaliações das experiências das pessoas (e, portanto, dos clientes). Humores são diferentes de emoções na medida em que se referem a estados de sentimentos passageiros que ocorrem em momentos e em situações específicos, ao passo que as emoções são mais intensas, estáveis e difundidas (GARDNER, 1985, p.290). Compra e Consumo O ato de atender o cliente e fazer com que ele se interesse pelo produto e compre é muitas vezes comparado a um ato de dramaturgia. Por isso, há os que consideram as empresas verdadeiros palcos de teatro, nas quais, o ator é a empresa e este terá que “entreter” e conquistar o cliente para que o mesmo possa comprar o produto. Cabe ainda ressaltar que em muitos casos não se permitem 41 ensaios, o atendimento é feito em tempo real, ou, ao vivo. Portanto, não se pode errar em quase nada, pois a mínima falha percebida pode fazer com que o cliente mude o seu processo de decisão de compra. É exatamente esse o caso dos serviços, em que, na maioria dos casos, o cliente é processado durante sua oferta. Outro fato importante, principalmente em estabelecimentos que trabalham com refeição, é a socialização do cliente, conforme se constata nos resultados desta pesquisa, implicando na ampliação dos aspectos do serviço vivido por ele, envolvendo não só a interação com os freqüentadores, mas também os próprios funcionários, passando pela demanda de espaço físico que possibilite um atendimento confortável e até diferenciado. Sobre a questão de espaço podemos citar, por exemplo, que um local que não tenha muito movimento, muitos freqüentadores, pode ser considerado pelos outros usuários como um ambiente desagradável, pois podem vê-lo como vazio por insatisfação anterior de outros consumidores. Em contra partida, podemos ter uma situação inversa, em que lugares abarrotados de pessoas tornam praticamente insuportável o convívio entre os que estão ali freqüentando. O êxito ocorre no balanceamento. Sobre isso, assim se manifestam Batson e Hui (1987, p.86): Considere o quão importante é a mera presença de outros clientes em igrejas, restaurantes, danceterias, bares, saguões de hotel e esportes com torcida: se ninguém aparecer, os clientes não terão como socializar entre si, expectativa primária para este tipo de serviço. No entanto, se o número de clientes torna-se tão denso a ponto de haver amontoamento, os clientes também ficarão insatisfeitos. Outro fator importante que pode afetar as decisões de compra de um determinado cliente pode ser o cultural. Ainda segundo o mesmo autor, a cultura é a mais importante determinante dos desejos de compra de uma pessoa. Através dela podemos entender humanamente a necessidade de cada cliente. O que pode ser satisfatório para um americano pode ser considerado ruim por um polonês, por exemplo. Isso se torna mais complexo no planejamento de um serviço que se pretende difundir no mercado internacional, como nas redes de alimentação que existem em vários países. Neste caso, é preciso observar hábitos e costumes do público alvo especificamente em cada uma das sociedades a servir. Um exemplo claro disso é o McDonald’s, o que para nós brasileiros é considerado 42 normal, comer carne de vaca, hambúrguer, para os indianos pode ser uma ofensa, pois a vaca é considerada um animal sagrado. Os hábitos e costumes representam a visão de uma cultura sobre as formas apropriadas de comportamento. È importante monitorar diferenças nos hábitos e costumes, pois eles podem ter um efeito direto sobre o contato de serviços (ZEITHAML E BITNER, 2003, p.60). A personalização de serviços é uma maneira encontrada por muitas empresas globais para poder atender os nichos de mercado, isso faz com que ocorra uma satisfação que pode ser considerada praticamente total de ambas as partes. Avaliação Pós-Compra Quando, por fim, o cliente efetua a compra, ele verificará a insatisfação e a satisfação do serviço adquirido. É neste momento que ele poderá dizer se as informações acessadas durante o processo decisório da compra foram realmente suficientes e adequadas ao que se esperava. Portanto, é importante que o cliente também procure se informar de maneira precisa do que realmente ele quer e o que espera de tal serviço oferecido para que assim não fique desapontado. A qualidade de muitos serviços depende da informação que o cliente traz consigo para o contato do serviço: um diagnóstico de um médico exige uma história meticulosamente narrada sobre o caso e uma clara articulação dos sintomas (ZEITHAML E BITNER, 2003, p. 58). Além de buscar atender melhor cada um de seus clientes, o bom serviço prestado contribui para que a empresa cerque até os que não a conhecem. É sabido que o “boca a boca” é um instrumento vital para a atração e afastamento de clientes. Isso implica dizer que a satisfação geral do cliente transforma o consumidor numa ferramenta importante da divulgação imprescindível, notadamente no setor de serviços, no qual, como já mencionamos anteriormente, o que se vende 43 é uma experiência. O cliente bem atendido se torna um multiplicador de clientes, e passa a ser fiel ao estabelecimento. 44 5 ESTUDO DOS RESTAURANTES CORDEL DA VILA E TORDESILHAS 45 5 ESTUDO DOS RESTAURANTES CORDEL DA VILA E TORDESILHAS 5.1 Metodologia da pesquisa 5.1.1 Tipo de pesquisa Podemos classificar este trabalho, quanto ao método, como sendo do tipo estudo de caso, que segundo Dencker (1999, p.127) é o estudo profundo [...] de determinado objetos ou situações. [...] o uso da técnica é recomendável na fase inicial das investigações, para a construção de hipóteses ou reformulação dos problemas [...] não permite a generalização dos resultados. Gil (1994, p.78) diz ainda que a análise de um determinado universo possibilita a compreensão da generalidade do mesmo ou, pelo menos, o estabelecimento de bases para uma investigação posterior, mais sistemática e precisa. Os casos mostrados foram feitos dentro de uma abordagem qualitativa e exploratória para esta pesquisa. A opção pelo método qualitativo apóia-se, por ser este: [...] uma via essencial para a produção de teoria, isto é, para a construção de modelos teóricos de inteligibilidade no estudo de sistemas que não são diretamente acessíveis, nem em sua organização nem nos processos que os caracterizam à observação externa; definimos a teoria como a construção de um sistema de representação capaz de articular diferentes categorias entre e de gerar inteligibilidade sobre o que se pretende conhecer na pesquisa científica (REY, 2005, p.29). Já o caráter exploratório visa: Prover o pesquisador de um maior conhecimento sobre o tema ou problema de pesquisa em perspectiva. Por isso, é apropriada para os primeiros estágios da investigação quando a familiaridade, o conhecimento e a compreensão do fenômeno por parte do pesquisador são, geralmente, insuficientes ou inexistentes. [...] nos primeiros estágios da pesquisa, o pesquisador não tem conhecimento suficiente para formular questões e (ou) hipóteses específicas (MATTAR, 1999, p.80). 46 5.1.2 A escolha dos casos A escolha dos restaurantes Tordesilhas e Cordel da Vila, para a realização das pesquisas de campo se devem, basicamente, a dois fatores. Primeiro leva em conta que esses restaurantes possuem um serviço que possuem aspectos de hospitalidade. E porque esses restaurantes têm tido uma busca constante, no que se trata em agregar mais valor ao negócio, captando cada vez mais clientes. Também, a escolha se deu por critério de acesso, uma vez que seus proprietários aceitaram colaborar com esta pesquisa. Restaurante Tordesilhas O Tordesilhas é um restaurante especializado em cozinha brasileira, com quase 20 anos de tradição, está localizado na Rua Bela Cintra, 465, jardins, São Paulo. Tarata-se de um espaço com decoração moderna, pois deseja desmistificar a idéia de que cozinha brasileira é rústica e pouco atraente. Figura 4 – Decoração de mesa do restaurante Tordesilhas Fonte: Arquivo do autor (2008) O restaurante é dirigido hoje pela chefe Mara Sales e por Ivo Ribeiro de Araújo, ambos têm no conceito de criação do cardápio servir tanto receitas tradicionais da cozinha brasileira: bobó de camarão, pato no tucupi, barreado e outros mais, como ainda os de criação da chefe: medalhão de carne de sol com 47 risoto de pupunha, robalo grelhado com quibebe de camarão e ripa de costelinha de porco com risoto mulato e couve. Seu cardápio expressa a paixão pela diversidade, Mara Salles ela é uma grande pesquisadora da comida brasileira. Em suas viagens pelo Brasil busca sempre um constante aprendizado. Quando ela viaja para o Centro-Oeste fica impressionada com diversos aspectos da alimentação. Vai para a Amazônia e depara com a comida do índio, com suas particularidades de farinhas – a mandioca e seus subprodutos em sua exuberância máxima. Os tucupis ácidos, menos ácidos, as ervas, os peixes, as frutas. São locais, onde a natureza está preservada e onde talvez esteja a expressão maior da cozinha legítima, que é a cozinha do primeiro habitante. Cada cozinha brasileira tem sua particularidade e isso estará retratado no seu livro que está escrevendo. Mara diz ainda que “Muitos alunos saem da faculdade e querem ir para Itália, a França, trabalhar com esse ou aquele chefe. Mas temos de desenvolver um paradigma nosso. Vivemos num mundo globalizado, em que a informação circula, mas estamos virando as costas para o Brasil. É preciso conhecer também nossos ingredientes, compreender nossa cultura.” Figura 5 – Espaço Manézinho Araújo do restaurante Tordesilhas Fonte: Arquivo do autor (2008) 48 Estes pratos tem se tornado conhecido não só dos brasileiros como também dos estrangeiros que lá freqüentam. O Tordesilhas recebe quase que diariamente clientes de outros paises que buscam não só experimentar sabores brasileiros mas também vivenciar um ambiente típico de nosso país. Tudo isso só é possível devido ao grande empenho dos administradores do local, no caso de Ivo, uma pessoa entusiasta, que além de possuir uma grande experiência no mercado detém uma rica visão macro dos negócios gastronômicos, não só dos aspectos fisiológicos como também das questões sócias que envolvem este tipo de estabelecimentos. Sua sensibilidade e delicadeza no trato com os comensais fazem do restaurante um atrativo por si, pois cada ida ao local sempre será uma experiência vivida semelhante ou se não sempre melhor das demais. Figura 6 – Salão do piso superior do restaurante Tordesilhas Fonte: Tordesilhas (2008) Já no que diz respeito ao comando geral da cozinha podemos citar dona Dega, hoje com mais de 78 anos, mãe de Mara Salles, chegou a vender marmitas, em São Paulo, para ajudar no sustento da família e assim soube passar com maestria os ensinamentos e as sutilezas da profissão para a filha, Mara, formando assim uma das maiores chefes de cozinha brasileira na atualidade. Mara Salles montou um primeiro restaurante, o Roça Nova, há 22 anos, depois deste, que existiu por cinco anos, surgiu o Tordesilhas, que ficou dez anos numa localização ruim, em um flat no bairro paulistano dos Jardins. Mas a 49 coisa boa é que nesse período Mara Salles se dedicava muito à pesquisa. Fez anualmente, nessa década, a semana da cozinha regional brasileira. Viajava pelo Brasil inteiro, trazia ingredientes, encomendava, pediam para amigos, alguns destes insumos chegavam até mesmo de transportadora. Ela queria era revelar as riquezas gastronômicas e culturais deste país. Foi então que após conhecer Ivo e se tornarem sócios ele, comentou com a Mara que o endereço do Tordesilhas deveria ser mudado. A atual localização do restaurante, onde estão desde 2000, deu mais visibilidade, começaram a ganhar prêmios importantes para o renome e fortalecimento do local. O novo endereço foi proposital (uma casa na Rua Bela Cintra, bairro Cerqueira César), pois segundo eles “o bairro dos jardins dá a sensação de que as coisas que ali acontecem são efêmeras”. Figura 7 – Fachada do restaurante Tordesilhas Fonte: Tordesilhas (2008) Prova deste seu sucesso com a gastronomia brasileira foi o recente convite feito pela KLM, uma das grandes empresas aéreas da Europa, para que a chefe elaborasse um cardápio especial de bordo. Foi a primeira vez uma chefe brasileira é convidada a criar o menu para os vôos de uma grande empresa internacional de aviação. Os pratos brasileiros criados por Mara serão servidos em todos os vôos internacionais da empresa que partem de Amsterdã, São Paulo, Panamá e Lima. 50 Pensando na questão de serviço e para que o cliente pudesse sentir-se dentro de um ambiente típico da cozinha brasileira, o estabelecimento criou de uma forma divertida, dez mandamentos, conforme abaixo: O 10 Mandamentos do restaurante Tordesilhas 1. Não deixar de pedir uma cachaça e a caipirinha da casa. Um pecado capital de um restaurante de cozinha brasileira é não Ter duas com uma boa dose de qualidade. 2. Prestigiar os restaurantes autênticos e pitorescos, mas não necessariamente folclóricos. É nesses lugares simples que, em geral, se encontra boa comida típica. Informalidade e despojamento também podem ser sinais de requinte. 3. Nunca pedir petiscos e entrada antes de um prato completo, uma panela, uma feijoada, uma buchada, um cozido. Ou vão estragar o apetite ou você vai cometer o pecado da gula. 4. Guardar os domingos e dias de festas para o desfrute das comidas regionais. É quando os restaurantes e as comunidades se esmeram em fornecer o seu melhor. 5. Não ter preconceito com o acompanhamento da cozinha brasileira; além da cerveja; da caipirinha e da cachaça, um bom vinho é sempre bem vindo. E uma boa carta de vinhos também. 6. Em viagem priorizar as bebidas, os pratos, os petiscos, as entradas e sobremesas locais ou com ingredientes locais. Em geral não é uma boa idéia tentar um fruto – do – mar no sertão ou um prato com pequi no litoral. 7. Não cobiçar o jeito de comer alheio, exigindo dos pratos brasileiros o minimalismo dos franceses, a leveza das cozinhas orientais a sofisticação dos restaurantes chiques de Nova York. Eles têm um jeito mais informal e rústico de ser, um formato mais vigoroso e tropical. Nem melhor, nem pior, diferente. 8. Não tomar o santo nome dos pratos brasileiros em vão; uma moqueca é uma moqueca e tem sempre de ser servida em panela de barro; uma feijoada sem cumbuca não é feijoada e assim por diante. 9. Não esperar um serviço à francesa em restaurante de cozinha brasileira; sirvase do que mais gosta nas panelas à mesa. Isso Não quer dizer que a comida 51 não possa e deva ser bem apresentada, tampouco que ela não possa vir empratada, respeitando a característica de cada iguaria. 10. Não desejar o torresmo do próximo. Apesar dele sempre parecer melhor do que nosso, é de quem viu e pediu primeiro. Restaurante Cordel da Vila O novo restaurante Cordel da Vila, localizado na Vila Madalena, São Paulo, nasceu do sonho de três amigas; Adriana, Ana e Sandra, de montar um restaurante como se fosse um cantinho pernambucano, as três idealizadoras do projeto compartilhavam de desejos semelhantes que se convergiam numa vontade muito grande de se fazer algo diferente, que considerasse as raízes culturais das proprietárias e assim pudessem apresentar pratos com reais e característicos da gastronomia envolvida. Baseado nestes valores o restaurante oferece hoje um cardápio contemporâneo, mas que ao mesmo tempo conserva as raízes nordestinas dos pratos e a caracterização do ambiente, que além de retratar a musicalidade das características regionais, possui decorações típicas tais como: cordéis, xilogravuras, luminárias de lampião, bambus e tapetes de artesões nordestinos. Figura 8 – Decoração feita com varal de cordéis do restaurante Cordel da Vila Fonte: Arquivo do autor (2008) 52 Falando ainda de ambientação cabe ressaltar que o restaurante preocupado com a acessibilidade de todos os tipos de clientes, disponibilizou entradas e banheiros adaptados para portadores de necessidades especiais, o que na visão dos proprietários faz parte da hospitalidade no que diz respeito ao bem estar social. No que diz respeito ao cardápio o restaurante se destaca pelos vários tipos de sucos e bebidas originários do nordeste, como por exemplo, a caipirinha de pitanga e a de maracujá com limão e manjericão. No aspecto alimentação, além do cardápio contemporâneo, como: linguine de ragú de cabrito com rúcula chifonada e carré de cordeiro com nhoque de jerimum no molho de gorgonzola. Figura 9 – Vista da cozinha do restaurante Cordel da Vila Fonte: Arquivo do autor (2008) Dentre os pratos típicos do sertão, oferecidos no local, temos: escondidinho de charque pernambucano, arrumadinho e a chapa Cordel, composta de carne de sol, mandioca, farofa, feijão de corda e vinagrete. Quanto ao atendimento, os garçons que lá trabalham têm um conhecimento amplo sobre o cardápio e, além disso, caso o cliente tenha alguma dúvida sobre tal prato ou ingrediente, eles se preocupam em trazer da cozinha e mostrar as características de tal produto. Ainda nesta questão, é notório que os funcionários estão sempre uniformizados e no caso do pessoal de salão, usam em suas vestes adereços típicos com o local que representam. 53 A casa, por não ser tão grande, dispõe de aproximadamente setenta lugares, preocupa-se com a espera dos clientes e para isto dispõe de um bar na entrada que oferece além das bebidas, já comentadas, algumas opções de porções como o croquete de rabada, bolinho de arroz com pimenta biquinho, entre outra delicias. Figura 10 – Ambiente externo e interno do restaurante Cordel da Vila Fonte: Arquivo dos autores (2008) Vale ressaltar que a equipe profissional do local, supervisionada pelo chefe Francisco Rebelo, se preocupa não só com o porcionamento dos pratos servidos, bem como a apresentação adequada de todos eles, tanto no aspecto sabor quanto cores e textura. 54 5.1.3 Forma de obtenção dos dados Para a obtenção dos dados por parte dos ofertantes, foi utilizada a técnica de entrevista, que segundo DENCKER (1998, p.138), “é uma comunicação verbal entre duas ou mais pessoas, com um grau de estruturação previamente definido, cuja finalidade é a obtenção de informações de pesquisa”. As entrevistas apresentam ainda, de acordo com Mattar (1994, p. 67) algumas vantagens como o aprofundamento maior do tema e a associação direta dos dados com o correspondente. Dencker (1998, p. 127) complementa por final que este estudo possibilita ainda grande flexibilidade sobre o assunto, mas não permite a generalização dos resultados. Já no que diz respeito aos consumidores em geral foi utilizado questionários, que, segundo Dencker (1998, p.146) tem por finalidade obter de maneira sistemática e ordenada, informações sobre as variáveis que intervém em uma investigação em relação a uma população ou amostra determinada. As questões do questionário (APENDICE K) são praticamente as mesmas empregadas na com os consumidores, uma vez que de acordo com Gil (1994, p.124), a diferença fundamental entre questionário e entrevista está em que nesta última as questões são formuladas oralmente às pessoas, que respondem da mesma forma. 5.1.3.1 Planejamento e realização das pesquisas Segundo Bauer e Gaskell (2002, p.71) não existe um número máximo ou mínimo de entrevistados, isto irá depender muito dos objetivos pretendidos com a pesquisa, a realidade dos envolvidos. Como se não bastasse os mesmos autores ainda citam a problemática do corpus de cada entrevista que pode ter mais do que 15 páginas transcritas, que em grandes números de pesquisados pode fazer com que haja uma perda significativa na análise dos textos extraídos das entrevistas. 55 Levando em conta as recomendações, para esta pesquisa foram realizadas duas entrevistas estruturadas, que conforme cita GIL (1994, p. 117): [...] ela desenvolve-se a partir de uma relação fixa de perguntas, cuja ordem, e redação permanece invariável para todos os entrevistados. Entre as principais vantagens das entrevistas estruturadas estão a sua rapidez [...] e possibilitar a análise estatística dos dados. Os entrevistados e entrevistadores se reuniram em ambos os restaurantes aqui descritos e estudados em horário e datas pré-estabelecidos de acordo com a disponibilidade de ambas as partes. O registro foi feito por meio de gravação em fita cassete, bem como por meio de anotações que possibilitaram completar o que foi dito e registrar as impressões do moderador, pontos para reflexões, primeiras conclusões, resumos e outros. Guia para a discussão O planejamento teve início com a elaboração de questões para a entrevista, pertinentes e relevantes aos objetivos da pesquisa. Com base nisso os moderadores prepararam um guia para a discussão contendo os assuntos e temas específicos a serem tratados (AAKER, KUMAR; DAY, 2004). Os temas e as questões para as entrevistas foram tirados das variáveis e recompensas que compõem as necessidades humanas hierarquizadas por Maslow e adaptadas pelo pesquisador para o um serviço de refeições. Roteiro da entrevista Adaptando-se as recomendações propostas por Krueger (1994) para o presente estudo, o seguinte guia para a entrevista desta pesquisa e a dinâmica de funcionamento foi adotado para um tempo de uma hora: 56 Abertura – foi feita explicação geral e sobre os objetivos da pesquisa, bem como uma introdução simples e pragmática sobre hospitalidade, focando restaurantes. Primeira rodada – após a explicação sobre hospitalidade e restaurantes, foi perguntado aos entrevistados: O que, em sua opinião, deve haver em um restaurante típico da cozinha brasileira para hospitaleiro? que Citar ele possa experiências ser percebido positivas como vividas no ambiente do restaurante Segunda rodada – foi perguntado: Quando um restaurante de cozinha brasileira não tem hospitalidade? Citar experiências negativas vividas. Terceira rodada Necessidades fisiológicas Como devem ser os alimentos, os pratos servidos, para que o cliente se sinta bem, satisfeito? Como deve ser o espaço físico, utensílios, decoração e o ambiente de um restaurante típico brasileiro para que seja classificado como hospitaleiro? (se necessário, enfatizar mais uma vez o conceito de hospitalidade e seu valor para um serviço de alimentação) Necessidade de segurança O que precisa ser feito para que o cliente se sinta seguro em seu restaurante? Quando e/ou como você nota que o cliente percebe que o restaurante possui normas de higiene? 57 Necessidade social • Como é a acolhida dos clientes em seu restaurante? Existe algum diferencial no tratamento para os clientes habitues? Necessidade de estima • Como o cliente é tratado para que ele perceba que esta sendo prestigiado, tendo um diferencial de atendimento dos demais? Auto-realização • O que teria de ser feito no restaurante para que o cliente tenha condições de interferir, sugerir, dar sua opinião para que as coisas pudessem ser melhoradas ou mudadas? Resumo – foi feito um resumo geral das respostas. Questão final – teríamos deixado para trás alguma coisa a ser dita que seja importante para a hospitalidade no restaurante de cozinha típica brasileira? 5.1.4 Tratamento e análise das respostas Tanto as respostas obtidas nos formulários dos clientes, quanto nas entrevistas que foram gravadas em fita cassete, ambas em seguida foram transcritas e tratadas por meio do uso de técnica de análise de conteúdo. Segundo Bardin (1977, p.42), pode-se conceituar análise de conteúdo como: Um conjunto de técnicas de análise das comunicações, visando obter, por procedimentos sistemáticos e objectivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens. 58 Variáveis das necessidades humanas e recompensas Questões para os entrevistados Respostas das discussões Unidades de análise Qualquer palavra ou frase que possa qualificar o serviço dos restaurantes como hospitaleiro Categorias Unidades de análise com mesmo significado Aspectos de hospitalidade dos restaurantes Categorias com maior número de unidades de análise. Figura 11 – Fases e componentes da pesquisa Fonte: Adaptado de VIDRIK (2006) Por meio, então, de análise de conteúdo clássica, cujas técnicas são descritas por Bauer (2004, p.189), o texto obtido da transcrição foi dissecado em busca de unidades de análise. Uma unidade de análise, para o presente estudo, é qualquer palavra ou frase que possa qualificar o serviço dos restaurantes aqui estudados: Tordesilhas e Cordel da Vila, como hospitaleiro. Em seguida, as unidades de análise com mesmo significado foram agrupadas formando subcategorias e depois as categorias. Uma ou mais categorias foram utilizadas para representar cada uma das necessidades humanas. O tratamento dos dados pode ser visto nas tabelas de análise de conteúdo para as necessidades fisiológicas, segurança, social, estima e auto-realização disponíveis nos apêndices de A a J. Foram justamente as categorias, notadamente as que abarcaram os maiores números de unidades de análise, que foram consideradas como possíveis aspectos de hospitalidade destes restaurantes. 59 5.1.5 Limitações da pesquisa A pesquisa qualitativa exploratória traz ainda, em si mesma, a dificuldade ou até impossibilidade de generalizações, notadamente com o tamanho de amostra neste trabalho utilizada. No entanto, se por um lado há esta limitação, por outro há a riqueza das variáveis encontradas para cada um dos aspectos e, possivelmente os mesmos possam se repetir em uma pesquisa quantitativa, ainda que em diferentes níveis de freqüência. Mesmo assim, levaremos em conta na análise dos resultados os valores numéricos obtidos, no sentido de, pelo menos, entender os aspectos de hospitalidade dos proprietários e clientes dos restaurantes estudados. Foram levados em conta também o tempo que cada empresa está no mercado e algumas diferenças que cada uma possui 5.2 Resultados e discussões A teoria de Maslow, conforme citado anteriormente, mostra a hierarquia das necessidades humanas em forma de pirâmide, a qual possui como base a necessidade fisiológica, passando respectivamente para segurança, social, estima e auto-realização. Lembramos que todas estas hierarquias são cíclicas, isto é, quando chegamos ao topo da pirâmide existe uma necessidade de se recomeçar o processo e assim constantemente. Se considerarmos em nossa pesquisa que a importância dada a cada necessidade é diretamente proporcional ao número de citações de variáveis, feitas tanto pelos responsáveis dos restaurantes como pelos clientes, notamos uma inversão da pirâmide de Maslow, (Figura 2) uma vez que os valores numéricos entre uma categoria e outra são diferentes da teoria original. Sendo assim podemos ver abaixo (tabela 1), os dados retirados nos tratamentos das informações (Apêndice A, B, C, D, E) mencionadas na visão dos ofertantes. Eles têm uma preocupação maior em atender a necessidade de estima, desejam que o cliente sinta-se prestigiado, que tenha um tratamento diferenciado no local em que realiza sua refeição e para que assim possa ser fidelizado. 60 Necessidades Fisiológica Segurança Social Estima Auto-Realização Totais Freqüência Absoluta 8 46 44 64 7 169 Freqüência Relativa (%) 4,73% 27,22% 26,04% 37,87% 4,14% 100% Nível de importância 4 2 3 1 5 Tabela 1 – Hierarquia das necessidades, segundo os ofertantes Fonte: Os autores (2008) Por um outro lado temos a hierarquia das necessidades, na percepção dos clientes que demonstram aspectos quase que semelhantes ao que propõe os estabelecimentos (tabela 2), encontrados a partir da seleção das unidades tratadas (Apêndice F, G, H, I, J), porém levam em conta as necessidades sociais como prioridade, querem se sentir parte do meio que estão inseridos, tanto nos aspectos de comensalidade, bem como na relação de amistosidade com os funcionários. Necessidades Fisiológica Segurança Social Estima Auto-Realização Total Freqüência Absoluta 3 23 59 67 16 168 Freqüência Relativa (%) 1,79% 13,69% 35,12% 39,88% 9,52% 100% Nível de importância 5 3 2 1 4 Tabela 2 – Hierarquia das necessidades, segundo os clientes Fonte: Os autores (2008) 61 Num segundo momento podemos representar estas informações em forma de pirâmide, tornando ainda mais fácil a visualização das inversões de opiniões levantadas. Auto Realiz. Auto Realiz. Estima Fisiológicas Sociais Sociais Segurança Segurança Fisiológicas Estima Hierarquia das necessidades segundo Maslow Hierarquia das necessidades segundo os ofertantes Fisiológicas Auto Realiz. Segurança Sociais Estima Hierarquia dos clientes dos restaurantes Figura 12 – Comparativo gráfico das necessidades de Maslow, dos ofertantes e dos clientes nos restaurantes pesquisados Fonte: Os autores (2008) Ao tentar entender as necessidades e desejos oferecidos aos clientes nos restaurantes, uma pessoa menos avisada poderia dizer que os fatores fisiológicos, tais como fome e sede, são os primordiais quando se busca um restaurante. O que podemos considerar então, por meio dos números acima é que os freqüentadores, almejam mais do que simplesmente restaurar energias, eles querem ver os seus desejos supridos, os quais muitas vezes estão inseridos no âmago destes comensais. Buscam assim, alcançar experiências em torno de um serviço que seja no mínimo esperado em relação as suas expectativa, isso leva aos aspectos intangíveis, tornado-se os mesmos primordiais na gestão de restaurantes. Nesta linha, Brookes (2005, p.136) argumenta que “os restaurantes, especificamente, são conceituados por muitos especialistas de marketing como um pacote de produtos no qual a comida e a bebida representam a pequena parte”. O autor continua explicando que dependendo do tipo de cliente e suas necessidades será o critério de escolha. Hollenson (2003, p.21), por sua vez menciona que o foco 62 da escolha dos consumidores em: custo, desempenho, atributos sociais e disponibilidade. Bell (2005, p.55), ao estudar a sociologia dos hábitos da classe média e levá-los ao estudo dos restaurantes, conclui, corroborando com os resultados que obtivemos em nossa pesquisa, que “o gosto se voltou para dentro, para definir a associação a grupos e não para marcar distinção - reconhecemos nossos pares pelo que comem e onde comem e conseguimos nos sentir em casa toda vez que entramos em um restaurante e sentimos que este é o nosso lugar”. Após a tabulação das informações coletadas na pesquisa, surgiram trinta e seis aspectos de hospitalidade, na opinião de ambos os grupos pesquisados, sendo quatorze na visão dos clientes e vinte e dois indicados pelos ofertantes, levando em consideração os critérios mostrados na metodologia, cuja distribuição de freqüência entre as cinco necessidades humanas de Maslow e o decorrente nível de importância, são mostrados na tabela de hierarquia dos ofertantes (Tabela 1) e na dos clientes (Tabela 2). O nível de importância, conforme já mencionado acima, foi determinado de acordo com a freqüência com que as unidades de análise foram encontradas no total de todas as citações. Nas referidas tabelas, devido à coincidência no número de citações, há empate entre alguns, levando-nos apenas a dez níveis de importância dos clientes e doze dos ofertantes. É interessante mencionar que os aspectos representando a necessidade fisiológica, aparecem apenas após o oitavo nível de importância, mais uma vez indicando que a hierarquia das necessidades de Maslow concebida originalmente não é a mesma nos estabelecimentos e clientes estudados. Tanto na tabela 3, quanto na tabela 4, se levarmos em conta a freqüência isolada de citações, o indicador prioritário seria um social: amistosidade dos funcionários. 63 ASPECTOS Amistosidade dos funcionários Atendimento personalizado Decoração do restaurante Higiene do pessoal de serviço Tipicidade do estabelecimento Segurança espec.na preparação dos pratos Higiene das instalações Ambiente moderno e confortável Saudações pessoais Percepção sensorial da higiene dos alimentos Segurança física dos estabelecimentos Flexibilidade na quantidade de alimentos Gestão participativa Poder de escolha dos pratos Comensalidade Acessibilidade portadores de neces. Especiais Higiene dos utensílios Dispositivo de entreterimento Reconhecimento da participação Variedade de opções de alimentos Porcionamento padronizado Preparo adequado dos alimentos Necessid. de Maslow Sociais Estima Estima Segurança Estima Segurança Segurança Estima Sociais % Geral 18,34% 13,02% 9,47% 7,10% 7,10% 5,50% 4,80% 4,80% 4,80% % na nível nível import. neces. import. geral 1 71% 1 1 34,4% 2 25% 2 3 25,8% 1 4 3 18,8% 4 2 19,6% 5 3 17,2% 6 4 12,5% 6 2 18% 6 Segurança 4,15% Segurança Fisiologica Auto-realiz. Estima Sociais 3,60% 2,96% 2,96% 2,40% 2,40% 16,2% 13% 62,5% 71% 6,3% 9% 4 5 1 1 5 3 Fisiologica 1,20% 25% 2 Segurança Estima Auto-realiz. Fisiologica Segurança Segurança 1,20% 1,20% 1,20% 0,60% 0,60% 0,60% 4,2% 3% 29% 12,5% 2% 2% 6 6 2 3 7 7 Tabela 3 – Níveis de importância dos aspectos apurados, segundo os ofertantes Fonte: Os autores (2008) 7 8 9 9 10 10 11 11 11 11 12 12 12 64 Necessid. de ASPECTOS Maslow % Geral Amistosidade dos funcionários Social 24,40% Atendimento personalizado Estima 22,62% Comensalidade Social 10,71% AutoGestão participativa Realiz. 9,52% Higiene das instalações Segurança 8,93% Decoração do restaurante Estima 8,93% Tipicidade do estabelecimento Estima 5,36% Percepção sensorial de higiene dos alimentos Segurança 2,98% Sabor dos alimentos Fisiológico 1,79% Serenidade do ambiente Estima 1,79% Segurança especializada no preparo de pratos Segurança 1,19% Higiene do pessoal de serviço Segurança 0,60% Mobiliário confortável Estima 0,60% Amplitude do restaurante Estima 0,60% % na neces. 69,49% 56,72% 30,51% nível import. 1 1 2 nível import. geral 1 2 3 100% 65,20% 22,39% 13,43% 21,70% 100% 4,48% 1 1 2 3 2 1 4 4 5 5 6 7 8 8 8,60% 4,50% 1,49% 1,49% 3 4 5 5 9 10 10 10 Tabela 4 – Níveis de importância dos aspectos apurados, segundo os clientes Fonte: Os autores (2008) Analisando este fator podemos concluir que o sucesso de um jantar ou almoço os restaurantes estudados não está relacionado somente ao aspecto tangível, o dos alimentos, mais do que isso, relacionam-se às percepções de serviços que fazem com que cada local, cada restaurante típico da cozinha brasileira possa oferecer uma experiência única. O fato da amistosidade dos funcionários ter se tornado um fator relevante no processo de gestão destes tipos de estabelecimentos, e cabe aqui salientar que isto é a opinião tanto dos ofertantes como também dos clientes, deixa claro que a atmosfera do local é imprescindível para o sucesso de tal evento. [...] o sucesso de uma refeição reside na equipe de atendimento [...] o conceito de satisfação e nutrição dos convidados perpetua-se e parece ser mais valorizado do que os aspectos técnicos de serviço, como habilidade de servir a mesa [...] são as “habilidades sutis”, descritas como “delicadeza”, “atenção aos detalhes” e “desejo de servir”, que dominam. (LASHLEY; MORRISON; RANDALL, p. 207) 65 Essa questão é comprovada na prática quando Araújo (2008) diz na entrevista: “A maioria dos funcionários é nordestina que são pessoas muito delicadas, então uma das principais coisas que você tem no Tordesilhas hoje é delicadeza, as pessoas são recebidas com delicadeza, acolhimento e simpatia [...] uma das grandes qualidades do Tordesilhas é receber com delicadeza, respeito, simpatia, atenção. Acho que isso a gente faz bem.“ E isso podemos dizer que é uma das características do povo brasileiro, bem receber. É sabido Brasil afora do calor humano que cerca nosso território, é um diferencial na receptividade e lógico que isto usado de forma adequado na prestação de serviços em restaurantes típicos da cozinha brasileira vem somente agregar valor na gestão da qualidade. No segundo aspecto encontrado temos, em ambas as tabelas, o da estima: atendimento personalizado. Os clientes querem mais do que ser aceitos em tal meio de comensalidade, querem prestígio, status, uma diferenciação no atendimento. “[...] a comunicação e as relações interpessoais contam muito, como: a autenticidade das boas-vindas na chegada e a lembrança do nome do convidado, fazer com que a pessoa se sinta especial e “em casa”, ligação social personalizada, amistosa e interativa durante a refeição e uma expressão de satisfação com o atendimento no momento da partida. (LASHLEY; MORRISON; RANDALL, p. 209) Essa diferenciação na prestação de serviço faz com que o cliente se sinta prestigiado tornando algo de relevância para o atendimento, uma vez que subentende-se que atinge o ego do freqüentador, permitindo com que tenha percepções e emoções que farão parte do sucesso da comensalidade. Isto fica mais claro ainda quando o chefe Francisco, do Cordel da Vila considera que: 66 Ele sente-se prestigiado quando o garçom chama alguém da cozinha para vir a mesa para explicar um prato para ele que não conhece, ou quando o garçom vai a cozinha e trás para o cliente um ingrediente que ele não conhece, exemplo: a eu quero feijão de corda ou então manteiga e garrafa também é muito comum das pessoas pedirem, então a gente faz uma verificação com relação a isso. Mostra-se o prato, o ingrediente e o porquê da combinação de ingredientes no prato. (REBELO, 2008) Sendo assim, o freqüentador do restaurante busca mais do que um simples atendimento, ele deseja ser prestigiado a fim de que possa atingir as suas expectativas, se formos analisar de uma maneira simples, ou, além disso, superar as suas expectativas a tal ponto que se torne um cliente habitue. 67 6 CONCLUSÃO 68 Com o decorrer dos anos e o constante crescimento da economia mundial, os consumidores ficaram cada vez mais exigentes com suas compras, principalmente no que diz respeito às experiências tidas na área de serviço. Eles não querem apenas mais um serviço em troca monetária, almeja viver uma experiência inusitada, um valor diferencial, muitas vezes deseja algo que os distinga dos demais clientes em um ambiente. A pesquisa desenvolvida nos restaurantes Cordel da Vila e Tordesilhas colaborou positivamente neste sentido, através da busca dos aspectos de hospitalidade nestes locais, tanto sob a ótica dos responsáveis pelos estabelecimentos, bem como dos freqüentadores que ali realizam suas refeições. Na tabulação dos dados da entrevista coletada foi possível identificar que ambos os grupos pesquisados tem uma maior valorização dos aspectos intangíveis (amistosidade dos funcionários, atendimento personalizado) em relação aos tangíveis (higiene do pessoal de serviço, higiene nas instalações). Isto se dá principalmente porque o individuo que freqüenta este tipo de estabelecimento não busca somente repor as energias (fisiológico), quer se sentir parte de um grupo social e ser prestigiado (social e estima) e porque não dizer que muitas ele nem tem o interesse de se alimentar, mas sim a busca unicamente do último aspecto, transformando o local em um lugar de grande ênfase para ver e ser visto. Cabe ressaltar aqui que é nítida a inversão das necessidades na estrutura piramidal de Masolw, o que não quer dizer que o modelo do autor está errado. Isto se dá porque, conforme visto na fundamentação teórica, ela representa um processo cíclico e claro que dependendo do ambiente, das condições sociais, econômicas e políticas que cada individuo vive as necessidades poderão ser priorizadas de maneira diferente. Por ter tido o maior número percentual em nossa pesquisa, a amistosidade dos funcionários (aspecto social) mostra que os comensais querem mesmo é ser prestigiados, se sentirem parte do meio, esta amistosidade faz com que se sintam bem tratados e aceito dentro do grupo que procuram. É vital ainda que se frise a existência de uma possível gestão estratégica de marketing adotada pelos ofertantes, uma vez que os fatores que os mesmos dizem ser características de seus serviços são os mesmos mencionados pelos clientes. Há assim, uma identidade entre os aspectos ofertados e demandados, justificando por mais esta via a razão do sucesso dessas duas Casas. 69 Dado o caráter contributivo da metodologia empregada neste trabalho, sugere-se, que novas pesquisas sejam elaboradas, tantos por pesquisadores como pelos gestores dos estabelecimentos de modo a contribuir para um processo de gestão adequado aos restaurantes, considerando que cada local possui características únicas e distintas. Sendo assim, este estudo, não é conclusivo, representando, um diagnóstico momentâneo, dos restaurantes Cordel da Vila e Tordesilhas, pois o conceito pode mudar com o tempo. 70 REFERÊNCIAS 71 REFERÊNCIAS AAKER, David; KUMAR, V.; DAY, George. Pesquisa de marketing. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2004. ARAÚJO, Ivo Ribeiro de. Ivo Ribeiro de Araújo: depoimento [mai. 2008] Entrevistadores: Klaus Negrão Vidrik e Carlos André Martins do Nascimento. São Paulo: Restaurante Tordesilhas, 2008. BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa, Pt: Edições 70, 1977. BATESON, Jhon; HUI, Michael. Crowding in the Service Environment. In: VENKATESAN, M.; SCHMALENSEE, D.; MARSHALL, C. (org). Creativity in services marketing: what’s new, what works, what’s developing? American Marketing Association: Chicago, 1987. p. 55-88. BAUER, Martin W. Análise de conteúdo clássica: uma revisão. IN: BAUER, Martin W.; GASKEL, George. (org). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som. Ática: São Paulo, 2004. BELL, David. Gosto e espaço: comer fora nos dias de hoje. In: SLOAN Donald. (org). Gastronomia, restaurantes e comportamento do consumidor. Barueri: Manole, 2005. BROOKES, Maureen. Modelando o paladar gastronômico: a influência das empresas de alimentação (somos o que comemos ou o que somos persuadidos a comer?). In: SLOAN Donald. (org). Gastronomia, restaurantes e comportamento do consumidor. Barueri: Manole, 2005. p. 1-24. BROTHERTON, Bob; WOOD, Roy. Hospitalidade e administração da Hospitalidade. In: LASHLEY, Conard, MORRISON, Alison. Em busca da hospitalidade: perspectivas para um mundo globalizado. São Paulo: Manole, 2004. p. 191-221. CAMARGO, Luiz Otávio de Lima. Turismo, Hotelaria e Hospitalidade. In: DIAS, Célia Maria de Moraes (Org.). Hospitalidade: reflexões e perspectivas. São Paulo: Manole, 2002. p. 1-24. CASTELLI, Geraldo. Administração hoteleira. Caxias do Sul: EDUCS, 2001. CAUVIN, J. Naissance de divinités, naissance de l´agriculture. La révolution des symboles au néolitique. Paris: CNRS Éditions, 1994. 72 CIXOUS, Hèléne. L´Hospitalité. Le bac au Soleil. 1997. Disponível em: <http://www.lebacausoleil.com/SPIP/article.php3?id_article=165>. Acesso em: 03 Jan.2006. CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da Administração. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. CHIAVENATO, Idalberto. Gerenciando com as pessoas: transformando o executivo em um excelente gestor de pessoas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. CORDEL DA VILA. O Cordel. Disponível <http://www.cordeldavila.com.br/Cordel.php> Acesso em: 15 Abr. 2008. em: DAMATTA, Roberto. Sobre o simbolismo da comida no Brasil. O Correio da Unesco, Rio de Janeiro, v. 15, n. 7, p.22-23, 1987. DAVIS, Bernard; LOCKWOOD, Andrew; STONE, Sally. Food and beverage management. 3 ed. Oxford: Butterworth-Heinemann, 1998. DENCKER. Ada. Métodos e técnicas de pesquisa aplicadas em turismo DESPORTES, F. Os ofícios da alimentação. In: FLANDRIN, Jean Louis; MONTANARI, Massimo. (Orgs.). História da alimentação. São Paulo: Estação Liberdade, 1998. p. 422-436. DIGARD, J. L´Homme et lês animaux domestique. Paris: Fayard, 1990. GARDNER, Meryl. Mood States and Consumer Behavior: A Critical Review. Journal of Consumer Research, England, v.12, Dec. 1985. GIL,Antonio. Métodos e Técnicas de pesquisa social. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1994. GODBOUT, Jacques T. O espírito da dádiva. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas, 1999. GOTMAN, Anne. Le sens de l´hospitalité. Paris: Presses Universitaires de France, 2001. GRINOVER, Lúcio. Hospitalidade: um tema a ser reestudado e pesquisado. In: DIAS, Célia M. (org). Hospitalidade: reflexões e perspectivas. São Paulo: Manole, 2002. p. 25-38. 73 HOLLENSON, S. Global marketing a market-responsive approach. 2. ed. Oxford: Pearson Education, 2003. JONES, Peter; LOCKWOOD, Andrew. Administração das operações de hospitalidade. In: LASHLEY, Conard, MORRISON, Alison. Em busca da hospitalidade: perspectivas para um mundo globalizado. São Paulo: Manole, 2004. p. 223-250. JURAN, Joseph. A qualidade desde o projeto. São Paulo: Thomson Pioneira, 1992. KANUK, L. L.; SCHIFFMAN, L.; Comportamento do consumidor. Rio de Janeiro: LTC, 2002. KOTLER, P. Administração de marketing: análise, planejamento, implementação e controle. São Paulo: Atlas, 1998. KRUEGER, R. A. Focus group: a practical guide for applied research. Thousand Oaks: SAGE Publications, 1994. KWASNICKA, Eunice. Introdução a Administração. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1995. LANNA, Marcos. Nota sobre Marcel Mauss e o ensaio sobre a dádiva. Revista de Sociologia e Política, Curitiba, n.14, p.173-194, jun. 2000. LASHLEY, Conrad; MORRISON, Alison. Em busca da hospitalidade: perspectivas para um mundo globalizado. São Paulo: Manole, 2004. LASHLEY, Conrad; MORRISON, Alison; RANDALL, Sandie. Minha refeição inesquecível! A hospitalidade como experiência emocional. In: SLOAN Donald. (org). Gastronomia, restaurantes e comportamento do consumidor. Barueri: Manole, 2005. p. 191-214. MARICATO, Percival. Como montar e administrar bares e restaurantes. São Paulo: SENAC, 2001. MARRAS, Jean. Administração de recursos humanos: do operacional ao estratégico. 3. ed. São Paulo: Futura, 2000. MARTINS, Gilberto de Andrade. Manual para elaboração de monografias e dissertações. São Paulo: Atlas, 1994. MATTAR, Fauze Nagib. Pesquisa de marketing: metodologia, planejamento. 5. ed. v.1. São Paulo: Atlas, 1999. 74 MATTAR, Fauze Nagib. Pesquisa de Marketing. São Paulo: Atlas, 1994. MOTTA, Fernando; VACONCELOS, Isabella. Teoria geral da administração. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. PAULA, Nilma Morcerf de. Introdução ao conceito de hospitalidade em serviços de alimentação. In: DIAS, Célia Maria de Moraes (org.). Hospitalidade: reflexões e perspectivas. São Paulo: Manole, 2002. p. 69-82. PAULA, Nilma Morcerf de. Planejamento e gestão da hospitalidade em restaurantes. In: Planejamento e gestão em turismo e hospitalidade. São Paulo: Thomson, 2004. p. 149-166 PITTE, J. R. Nascimento e expansão dos restaurantes. In: FLANDRIN, Jean Louis; MONTANARI, Massimo. (Orgs.). História da alimentação. São Paulo: Estação Liberdade, 1998. p. 751-762. REBELLO FILHO, Moacyr Mallemont. História dos restaurantes. Mallemont. 2006. Disponível em: <http://www.mallemont.redel.com.br/historia/restaurante/ restaurante.htm>. Acesso em: 06 jan. 2006. REBELO, Francisco. Francisco Rebelo: depoimento [mai. 2008] Entrevistadores: Klaus Negrão Vidrik e Carlos André Martins do Nascimento. São Paulo: Restaurante Cordel da Vila, 2008. REECE, Steve. The stranger’s welcome: oral theory and the aesthetics of the homeric hospitality scene. Michigan: University of Michigan, 1993. 264p. REY, Fernando Gozález. Pesquisa qualitativa e subjetividade: os processos de construção da informação. São Paulo: Pioneira, 2005. TEICHMANN, Ione. Tecnologia culinária. Caxias do Sul: EDUSC, 2000a. TEICHMANN, Ione. Cardápios: técnicas e criatividade. Caxias do Sul: EDUCS, 2000b. TELFER, Elizabeth. A filosofia da “hospitabilidade”. In: LASHLEY, Conard, MORRISON, Alison. Em busca da hospitalidade: perspectivas para um mundo globalizado. São Paulo: Manole, 2004. p. 53-78. TOREDESILHAS. Restaurante Tordesilhas. <www.tordesilhas.com>. Acesso em: 12 Abr. 2008 Disponível em 75 VAVRA, Terry G. Marketing de relacionamento: after marketing. São Paulo: Atlas, 1993. VIDRIK, Klaus. Indicadores de qualidade do restaurante universitário da Universidade do Sagrado Coração - Bauru, SP: Um estudo de caso. Dissertação (mestrado em planejamento e gestão estratégica em hospitalidade), Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo, 2006. WADA, Elizabeth. Reflexões de uma aprendiz de hospitalidade. In: DENCKER, Ada de Freitas Maneti; BUENO, Marielys Siqueira (Orgs.). Hospitalidade: cenários e oportunidades. São Paulo: Thomson, 2003. p. 61-70. ZEITHAML, Valerie; PARASSURAMAN, A; BERRY, Leornard. Delivering quality on service: balancing customer perceptions and expectations. New York: The Free Press, 1990. APÊNDICE 77 APÊNDICE A – TABELA DOS INDICADORES FISIOLÓGICOS, SEGUNDO A OPINIÃO DOS OFERTANTES NECESSIDADES FISIOLÓGICAS ASPECTOS Acess. portadores de necessidades especiais Sub. Categorias Acessos especiais Fr. Ab. Fr.% 2 25% Unidade de análise Entrada para cadeirantes Banheiros para cadeirantes Gramatura dos pratos Flexibilidade na quantidade de alimentos Quantidade de alimentos Variedade de opções de alimentos 8 Variedade de Pratos Fr. Ab 1 1 2 5 Porções adequadas 62,5% Sair saciado Generosidade dos pratos 1 1 1 1 8 12,5% Diversidade dos pratos 100% 1 8 78 APÊNDICE B – TABELA DOS INDICADORES DE SEGURANÇA, SEGUNDO A OPINIÃO DOS OFERTANTES NECESSIDADE SEGURANÇA INDICADORES Higiene do pessoal de serviço Segurança especializada no preparo dos pratos Sub. Categorias Traje adequado dos funcionários Fr. Ab. 4 Fr.% 8,7% Asseio corporal dos funcionários 8 17,1% Presença de técnico especializado 5 11% Temperatura adequada dos alimentos Limpeza do mobiliário 4 8,7% 1 2% Higiene das instalações Limpeza dos locais 7 Higiene dos utensílios Talheres Limpos 2 Porcionamento padronizado Preparo adequado dos alimentos Percepção sensorial da higiene dos alimentos Segurança física dos estabelecimentos 46 1 Conhecer o preparo dos alimentos Percepção sensorial da adequação dos alimentos Higiene dos alimentos e bebidas 1 Fr. Ab 4 Unhas limpas Cabelos preso Funcionário maquiado Verificar validade dos produtos Verificar Geladeiras Presença de nutricionista 1 4 3 Temperatura correta 4 Mesa limpa Limpeza das 15,2% Instalações Banheiro limpo Caneca suja 4,3% Pratos sem marca de dedos Gramatura que 2% satisfaça o cliente Tempo de cocção 2% correto 6 14% 1 2% 6 13% 46 Unidade de análise Uniforme 100% Organização da cozinha Comida saudável Cozinha aberta Boa conservação dos alimentos Facilidade para acesso Dispositivos de segurança 1 3 1 1 4 3 1 1 1 1 4 1 1 1 3 3 46 79 APÊNDICE C – TABELA DOS INDICADORES SOCIAIS, SEGUNDO A OPINIÃO DOS OFERTANTES NECESSIDADES SOCIAIS INDICADORES Saudações pessoais Amistosidade dos funcionários Comensalidade Sub. Categorias Fr. Ab. 8 31 Fr.% Unidade de análise Bom dia Boa noite Fr. Ab 3 1 18,6% Boa tarde Cumprimentar Obrigado 2 1 1 Apresentar ingredientes (garçom) Chefe Visitando a mesa Chefe servindo Garçom se apresentar pelo nome Olhar nos olhos do cliente Ser simpático Ser educado 72,1% Sorriso Chamar de senhor Sócio circulando pelo salão Cordialidade Calor humano Ser formal Funcionário motivado Ter profissionalismo Respeito ao cliente 1 1 1 1 1 6 1 2 1 1 4 2 1 1 5 1 4 9,3% 43 100,0% Atenção ao cliente Ver e ser visto Garçom conhecido Restaurante acolhedor 1 1 1 2 43 80 APÊNDICE D – TABELA DOS INDICADORES DE ESTIMA, SEGUNDO A OPINIÃO DOS OFERTANTES NECESSIDADE ESTIMA INDICADORES Sub. Categorias Fr. Ab. Fr.% Humanização no atendimento 16 25% Atendimento personalizado Destinção no atendimento Tipicidade do estabelecimento Características culturais Conforto 6 12 7 Ambiente moderno e confortável Decoração do restaurante Chamar o cliente pelo nome Garçom orientando quanto ao porcionamento Serviço especial para aniversariante Garçom conhecer o cardápio Oferecer pequenas porções de vários pratos Respeitar características da comida brasileira 18,8% Respeitar características dos comensais Manobrista Recepcionista 10,9% Ambiente confortável Presença de jardim Modernidade 1 1,6% Decoração 16 25% Sala de espera Qualidade acústica Ambiente rústico Decoração típica Ambiente no clima adequado 2 3% Musica ambiente Dispositivo de entretenimento Poder de escolha dos pratos 9,4% Unidade de análise Ser bem recebido Acolhimento Generosidade Receber com delicadeza Poder de escolha dos pratos 4 64 6,3% 100% Quantidade de pedras no Uísque Troca de ingredientes Fr. Ab 5 6 1 4 1 1 1 2 1 11 1 2 1 2 1 1 1 1 12 3 2 1 3 64 81 APÊNDICE E – TABELA DOS INDICADORES DE AUTO-REALIZAÇÃO, SEGUNDO A OPINIÃO DOS OFERTANTES NECESSIDADE AUTO-REALIZAÇÃO INDICADORES Gestão participativa Reconhecimento da participação Sub. Categorias Fr. Ab. Fr.% 5 71% 2 7 Unidade de análise Dar opinião Verificar opinião Ser consultado sobre o serviço 29% Aceitar as sugestões 100% Fr. Ab 2 2 1 2 7 82 APÊNDICE F – TABELA DOS INDICADORES FISIOLÓGICOS, SEGUNDO A OPINIÃO DOS CLIENTES NECESSIDADES FISIOLÓGICAS INDICADORES Sub. Categorias Fr. Ab. Sabor dos alimentos Uso de Condimentos 3 3 Fr.% Unidade de análise Comida simples 100% Comida sem sabor Comida gostosa 100% Fr. Ab 1 1 1 3 83 APÊNDICE G – TABELA DOS INDICADORES DE SEGURANÇA, SEGUNDO A OPINIÃO DOS CLIENTES NECESSIDADES SEGURANÇA INDICADORES Sub. Categorias Fr. Ab. Fr.% Unidade de análise Fr. Ab Ambiente limpo 7 Ambiente 6 65,2% organizado Cozinha limpa 1 Banheiro limpo 1 Higiene das instalações Limpeza dos locais 15 Percepção sensorial de higiene dos alimentos Percepção sensorial da adequação dos alimentos 5 Segurança especializada no preparo de pratos Temperatura adequada dos alimentos 2 8,6% Higiene do pessoal de serviço Traje adequado dos funcionários 1 23 Garçom 4,5% uniformizado 100% Comida fresca Comida de 21,7% qualidade Comida impecável Controle de temperatura 1 3 1 2 1 23 84 APÊNDICE H – TABELA DOS INDICADORES SOCIAIS, SEGUNDO A OPINIÃO DOS CLIENTES NECESSIDADES SOCIAIS INDICADORES Comensalidade Amistosidade dos funcionários Sub. Categorias Fr. Ab. 18 41 59 Fr.% Unidade de análise Restaurante acolhedor 30,51% Restaurante familiar Educado Simpático Sorriso Profissionais com facilidade para a comunicação Hospitaleiro Presteza 69,49% Postura Calor humano dos funcionários Não discriminação do cliente Tratado honestamente Bom humor dos funcionários Dar atenção Olhar nos olhos Chefe cortês Ser bem recebido 100% Fr. Ab 16 2 11 3 6 1 1 3 1 1 1 1 1 1 1 1 8 59 85 APÊNDICE I – TABELA DOS INDICADORES DE ESTIMA, SEGUNDO A OPINIÃO DOS CLIENTES NECESSIDADE ESTIMA INDICADORES Mobiliário confortável Tipicidade do estabelecimento Decoração do restaurante Atendimento personalizado Sub. Categorias Conforto Características culturais Fr. Ab. 1 Decoração 15 Destinção no atendimento Humanização no atendimento Amplitude do restaurante Espaço físico amplo Serenidade do ambiente 9 14 24 1 3 67 Fr.% 1,49% Unidade de análise Ambiente confortável Respeitar tradições 13,43% brasileiras 22,39% Decoração típica Cardápio bem elaborado Chamar pelo nome Conhecer o cardápio Saber as preferências 20,90% do cliente Ganhar cortesia Programa de fidelidade Bom atendimento 35,82% pessoal 1,49% Ambiente amplo Ambiente claro Cozinha e salão 4,48% integrados 100% Fr. Ab. 1 9 15 2 4 2 3 2 1 24 1 2 1 67 86 APÊNDICE J – TABELA DOS INDICADORES DE AUTO-REALIZAÇÃO, SEGUNDO A OPINIÃO DOS CLIENTES NECESSIDADE AUTO-REALIZAÇÃO INDICADORES Gestão participativa Sub. Categorias Fr. Ab. 16 16 Fr.% Unidade de análise Fr. Ab Conhecer o processo de operação 1 Ser consultado sobre o serviço 5 100% Ficha de avaliação de satisfação Caixa de sugestão 100% Demonstrar interesse nas opiniões 100% 5 3 2 16 87 APÊNDICE K – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS CLIENTES DE AMBOS OS RESTAURANTES PESQUISADOS Prezado (a) pesquisado (a), Este questionário tem como por objetivo contribuir para o desenvolvimento de uma pesquisa sobre os aspectos de hospitalidade em restaurante brasileiro. Peço a gentileza de responder com o maior número de detalhes possíveis, pois a riqueza de sua resposta estará contribuindo para o sucesso deste trabalho. (Caso necessite de mais espaço para as respostas, utilizar o verso) Atenciosamente, Klaus Vidrik / Carlos André Martins do Nascimento / Paola Perduca 1) O que, em sua opinião, deve haver em um restaurante típico da cozinha brasileira para que ele possa ser percebido como hospitaleiro? Citar experiências positivas vividas no ambiente do restaurante. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 2) Quando um restaurante de cozinha brasileira não tem hospitalidade? Citar experiências negativas vividas. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 3) Como devem ser os alimentos, os pratos servidos, para que você se sinta bem, satisfeito? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 4) Como deve ser o espaço físico, utensílios, decoração e o ambiente de um restaurante típico brasileiro para que seja classificado como hospitaleiro? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 5) Quando se fala na palavra segurança, o que precisa ser feito para que você se sinta seguro em um restaurante? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 6) Quando e/ou como você percebe que o restaurante possui normas de higiene? 88 ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 7) Como você gosta de ser acolhido, bem recebido, em um restaurante? Existe algum diferencial de tratamento quando você é um cliente habitue? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 8) Qual tipo de tratamento lhe é dado para você perceber que esta sendo prestigiado, tendo um diferencial de atendimento dos demais estabelecimentos? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 9) O que teria de ser feito no restaurante para que você tenha condições de interferir, sugerir, dar sua opinião para que as coisas pudessem ser melhoradas ou mudadas em um restaurante de cozinha brasileira? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Questão final – Teríamos deixado para trás alguma coisa a ser dita que seja importante para a hospitalidade no restaurante de cozinha típica brasileira? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________
Documentos relacionados
Restaurantes típicos caiçara dos litorais norte de São
possibilitando conhecer a história, a cultura e o modo de viver de uma comunidade no formato de turismo cultural. Neste contexto, a gastronomia pode determinar a escolha de um destino turístico, se...
Leia mais