Angus@newS - Associação Brasileira de Angus
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JULHO/AGOSTO DE 2011 1 Angus @ newS Julho/Agosto de 2011 ANO 12 - Nº 53 EDITORIAL INFORMATIVO OFICIAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANGUS Impresso Angus@newS Especial 9912270051 – DR/RS Associação Brasileira de Angus CORREIOS 22 Julho/Agosto Julho/Agosto de de 2011 2011 EDITORIAL Angus@newS Angus cresce e Brasil reconhece Paulo de Castro Marques Quando assumimos o posto de comando da raça Angus, lançamos como uma de nossas metas o reconhecimento das inúmeras qualidades da genética Angus para a padronização de rebanhos e para o cruzamento com vacadas zebuínas visando o melhoramento de rebanhos e a produção de carne de qualidade. Pois já estamos sendo surpreendidos pelo uso e pela so- licitação de nossa genética nas principais regiões produtoras do País, com especial ênfase ao Brasil Central, onde estão os grandes projetos de pecuária com vistas à produção de carne de qualidade e em quantidade. O reconhecimento está vindo rápido, e atribuo estes resultados não só aos esforços que vem sendo empreendidos pela ABA e seus criadores, juntamente com o Programa Carne Angus Certificada, mas HUMOR - LUCA RISI EXPEDIENTE também, em muito, porque a raça tem mesmo alta qualidade. Como os norte americanos e o mundo já sabe, Angus é mesmo uma raça completa. Nosso foco agora, até para consolidar esta expansão, é provar e promover o uso da genética Angus nacional. Estamos investindo em ações técnicas - como testes de progênie e provas para touros – capazes de ofertar ao mercado o sêmen de reprodutores de produ- ção nacional de apurada e comprovada eficácia. As vendas de sêmen Angus, se em 2010 surpreenderam, colocando a raça em primeiríssimo lugar, só perdendo para o enorme Nelore, neste ano o salto de crescimento seguramente deverá ser ainda maior. Esses e muitos outros assuntos que mostram a movimentação da raça Angus no Brasil estão em foco nas páginas do nosso Angus@newS, que aliás ressurge nesta Expointer com uma edição mostrando ainda mais vigor (são 72 páginas!) e de roupa nova, com um moderno Projeto Gráfico, que qualifica ainda mais este fantástico produto de Comunicação. São muitos trabalhos, mas também grandes alegrias ... A todos, uma excelente leitura. Paulo de Castro Marques Presidente da ABA Destaques desta edição O boom do sêmen Angus 03 Ultrassonografia, o início 14 Programa Carne Angus 20 Concurso Angus Mirim 30 Feicorte e a Nacional de Angus 38 Expointer 2011 46 Genética Nacional, eu acredito 52 Perfil - Luiz Anselmo Cassol 60 Prova de touros da Embrapa 66 Como ser competitivo na pecuária 68 Associação Brasileira de Angus Diretoria Biênio 2011/2012 Diretoria Executiva - Diretor Presidente: Paulo de Castro Marques - Diretor 1ºVice Presidente: José Roberto Pires Weber - Diretor Vice Presidente: Mariana Franco Tellechea - Diretor Vice Presidente: Eduardo Macedo Linhares - Diretor Vice Presidente: Valdomiro Poliselli Junior - Diretor Financeiro: Reynaldo Titof f Salvador - Diretor Administrativo: Marco Antônio Gomes da Costa - Diretor de Marketing: Felipe Moura - Diretor de Núcleos: Sérgio Colaço da Silva - Diretor de Carne: Joaquim Francisco Bordagorry de Assumpção Mello - Conselho de Administração - Membros Eleitos: Antônio Maciel Neto, Renato Zancanaro, Renato Ramirez, Antonino de Souza Dornelles, Carlos Alberto Martins Bastos - Membros Natos (Ex-Presidentes da ABA): Angelo Bastos Tellechea, Antônio Martins Bastos Filho, Fernando Bonotto, Hermes Pinto, José Roberto Pires Weber, Reynaldo Titoff Salvador, José Paulo Dornelles Cairoli, Joaquim Francisco B. de Assumpção Mello - Conselho Fiscal - Membros Efetivos: João Francisco Bade Wolf, Ronaldo Zechlinski de Oliveira, Fábio Luiz Gomes - Membros Suplentes: Roberto Soares Beck, Frederico Fittipaldi Pons, Elio Sacco - Conselho Técnico: Susana Macedo Salvador – Presidente ([email protected]), José Fernando Piva Lobato, Ricardo Macedo Gregory, Rogério Rotta Assis, Roberto Vilhena, Ângela Linhares, Amilton Cardoso Elias - Representante ANC ([email protected]). Angus@newS Coordenação: Juliana Brunelli de Moraes ([email protected]) Jornalistas Responsáveis: Eduardo Fehn Teixeira - MTb/RS 4655 e Horst Knak - MTB/RS 4834 Colaboradores: Jorn. Alexandre Gruszynski, jorn. Ana Esteves e jorn. Marina Corrêa - Diagramação: Jorge Macedo Departamento Comercial: Luana Rosales - 51 3231.6210 // 51 8116.9784 Edição, Diagramação, Arte e Finalização: Agência Ciranda - Fone 51 3231.6210 - Av. Getúlio Vargas, 908 - conj. 502 - CEP 90.150-002 - Porto Alegre - RS www.agenciaciranda.com.br :: [email protected] Associação Brasileira de Angus - Av. Carlos Gomes, 141 / conj. 501 - CEP 90.480-003 - Porto Alegre - RS - www.angus.org.br - [email protected] - Fone: 51 3328.9122 * Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores. 3 Angus@newS Julho/Agosto de 2011 MELHORAMENTO EDITORIAL GENÉTICO 3 Julho/Agosto Angus@newS de 2011 Por Eduardo Fehn Teixeira O boom do sêmen, a IATF, os projetos dos grandes frigoríficos e a expansão da genética Angus Nos últimos cinco anos, a procura pela genética Angus alcançou o crescimento percentual de 192%, triplicando do ano de 2006 para cá. Isto é um salto realmente fantástico. E segundo garante o presidente da Associação Brasileira de Angus (ABA), Paulo de Castro Marques, os pecuaristas preocupados com características como fertilidade, precocidade sexual, musculosidade, rápido ganho de peso e terminação, preferem Angus. ”D e cada cinco bezerros nascidos de cruzamento industrial no Brasil, quatro são de genética Angus”, impacta Marques, mostrando que a preferência pela genética Angus, a partir de seus resultados, cresce como bola de neve entre técnicos e produtores, sendo também indicada nos grandes projetos de grupos frigoríficos, caso do Silva, no Rio Grande do Sul, e do Marfrig, com larga atuação no Brasil Central. Não é mais novidade que a raça Angus vem demons- trando ano a ano um significativo crescimento no mercado brasileiro de sêmen, situação que a posiciona na liderança deste segmento, mesmo levando em consideração as vendas de sêmen de todas as demais raças taurinas. Em março deste ano, quando foi divulgado ao mercado o tradicional Relatório da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), relativo ao ano de 2010, ficava evidente a liderança Angus. Em 2010 a raça registrou um crescimento de vendas de sêmen de 23,38% em relação à comercialização de sêmen de 2009, alcançando um volume de 1.792.496 de doses negociadas, contra os 1.452.813 obtidos em 2009. Esses dados, sem dúvida alguma, colocam a Angus na liderança entre as demais raças de origem européia, com 83,52% de todo o mercado nacional. Angus só perde mesmo para o Nelore entre todas as raças de corte. E com estes números a Angus já responde por 29,75% de todo o sêmen das raças de corte comer- cializado no Brasil, que totalizam 6.025.214 doses. Avanço no Centro Oeste Ainda mais revelador do efetivo avanço da genética Angus, o relatório da ASBIA mostrou que das 1.792.496 doses de sêmen Angus vendidas em 2010, um percentual de 49,32% (ou 884.033 doses) foram negociadas para o Centro Oeste do Brasil, onde estão os grandes projetos de pecuária que tem como base o Nelore. E para garantir um futuro realmente enorme para a genética Angus, o mesmo documento revela estimativas que apontam que apenas 9% das fêmeas em idade reprodutiva são inseminadas no Brasil, escancarando um mega mercado ainda por ser desbravado. >>> 44 MELHORAMENTO EDITORIALGENÉTICO Julho/Agosto de 2011 Por que Angus? Segundo o sub gerente ABA Programa Carne Angus Certificada - Melhoramento Angus, Fábio Medeiros, nos últimos 5 anos o volume total de sêmen comercializado no Brasil teve crescimento de 57,52%. No mesmo período a venda nacional de sêmen Angus cresceu 192,22%. Este crescimento mostra fundamentalmente que a experiência dos produtores na utilização da genética Angus tem sido produtiva e positiva. As vantagens de utilizar a genética Angus não se restringem apenas às expressivas valorizações que os novilhos recebem no abate dentro do Programa Carne Angus Certificada (que podem chegar a 10% acima Cristiano Leal do mercado), como também nos resultados dentro da porteira. A genética Angus resulta em animais produtivos em termos de desempenho, fertilidade e precocidade de terminação, tanto na raça pura como no cruzamento industrial. No momento da comercialização, seja de animais terminados, bezerros, novilhos para terminação, ventres para reprodução, o pecuarista se depara com excelente liquidez e valorização em todos os elos da cadeia. A crescente procura por Angus pode ser visualizada quando se compara a evolução da raça com o crescimento do mercado de inse- minação artificial como um todo. No Rio Grande do Sul, por exemplo, berço da raça no Brasil, cerca de 55% do total das doses de sêmen de gado de corte utilizadas são da genética Angus. Já no Brasil central, o grande interesse dos pecuaristas é resultado da excelente complementariedade da genética Angus com as raças zebuínas criadas naquela região, notadamente o gado Nelore. Os animais cruzados com Angus apresentam excelentes índices zootécnicos alcançando acabamento superior precocemente, com excelentes pesos de carcaça, compatíveis com os mais exigentes mercados. Angus/Nelore é caminho sem volta Com larga experiência em projetos de produção pecuária, em melhoramento genético e em seleção e comercialização de sêmen no Brasil e na América Latina, o veterinário Luis Alberto Müller, do alto de sua visão internacional da movimentação da pecuária no Brasil, primeiramente deixa claro A procura por Angus pode ser identificada quando se compara a evolução da Inseminação Fábio Medeiros Angus@newS A IATF vai trazer os mesmos benefícios que o plantio direto trouxe para a agricultura Luis Alberto Müller que o casamento Angus/ Nelore (zebu) é um caminho sem volta. Ele garante que especialmente a partir de 2009/2010, com o incremento do trabalho dos grandes frigoríficos junto aos produtores e aos mercados de venda de carne tanto interno quanto externos, o mercado brasileiro de pecuária percebeu e descobriu as vantagens do uso da genética Angus para a produção de carcaças melhoradas, de carne de maior qualificação. IATF é o Plantio Direto E Müller já sai comparando os efeitos do uso da IATF (Inseminação Artificial a Tempo Fixo) sobre a pecuária nacional aos benefícios trazidos à nossa agricultura pela técnica do Plantio Direto. Segundo ele, um salto, que na pecuária ainda não pode ser dimensionado com exatidão, mas que é mesmo enorme em ganhos para toda a atividade. Atuando atualmente como Gerente Geral da Ciale Alta na Argentina, Müller argumenta que a intensificação dos protocolos de IATF na produção pecuária possibilitaram maior velocidade na produtividade através da melhoria genética, com redução nos custos. “Em 2010, 50% de toda a inseminação artificial em gado de corte no Brasil foi realizada através do uso de hormônios para a sincronização de cio”, diz o técnico, lembrando que houve grandes investimentos em pesquisas e na geração de produtos por parte dos laboratório, assim como enorme esforço para a difusão dessas novas tecnologias aos técnicos e ao mercado de pecuária, eliminando em muito os históricos períodos de resistência ao novo. >>> 5 Angus@newS Julho/Agosto de 2011 MELHORAMENTO EDITORIAL GENÉTICO SOLUÇÃO GENÉTICA 5 Angus@newS Março/Abril de 2010 6 EDITORIALGENÉTICO MELHORAMENTO Julho/Agosto de 2011 Crescimento endógeno “Para as empresas de inseminação, houve um crescimento endógeno, ou seja: os clientes já existentes passaram a inseminar muito mais, adquirindo muito mais doses de sêmen”, identifica Müller, mostrando como foi construído grande parte da verdadeira explosão especialmente nas vendas de sêmen Angus. Para ele, o surgimento da IATF, ao menos num primeiro momento, eliminou a realização de investimentos e esforços por parte das centrais de sêmen na captação de novos clientes. Por outro lado, Luis Müller lembra que os preços que vem sendo obtidos pelos bezerros (ou pelo boi de abate) são bastante remuneradores, e por isso o produtor quer sempre mais e mais bezerros, mais e mais bois/ novilhos para abate. Provas Marcelo Vezozzo Sérgio Saud incontestes são os sucessos que vem sendo obtidos tanto pelo Programa Carne Angus Certificada, quanto pelo Programa Terneiro Angus Certificado, ambos da Associação Brasileira de Angus (ABA). E insiste que nesse boom do sêmen, o Angus tem grande destaque, por sua performance junto aos grandes rebanhos Nelore. Luis Müller está projetando para este ano um crescimento nas vendas de sêmen bastante similar ao do ano passado: cerca de 20%. E ele lembra que a preferência por genética Angus, que é algo notório no Brasil, também está ocorrendo com igual intensidade na Argentina. O crescimento da genética Angus no Brasil também está ocorrendo na Argentina CRI sempre apostou em Angus Sérgio Saud, diretor executivo da CRI Genética, já sai afirmando que o mercado brasileiro de sêmen é muito otimista e lembra que a CRI já vem se preparando para enfrentar esse boom do sêmen e da genética Angus no Brasil há mais de seis anos, considerando também que a empresa tem sua base na genética Angus. Ele reafirma que a CRI sempre teve a raça Aberdeen Angus como o carro-chefe de seu catálogo corte. “Numa atualização constante, os melhores criadores de Angus, especialmente dos Estados Unidos onde está o melhor em Angus no mundo, são nossos parceiros há muitos anos”, diz o executivo, afirmando que a CRI apresenta ao mercado no Brasil o que há de mais atual em sêmen Angus, tanto para animais de argola (de cabanha), voltados à produção de matrizes e reprodutores, quando para a chamada produção de campo, com destaque aos cruzamentos industriais. Ségio Saud aponta algumas razões incontestáveis para a centralização da preferência pelo sêmen e pela genética Angus. Conforme argumenta, a genética Angus dá padrão ao gado e melhora as carcaças, a carne. Internamente o consumidor brasileiro está podendo pagar mais e quer uma carne mais saborosa e macia. E os frigoríficos também estão identificando nichos de mercados no exterior e para lá mandando carne de melhor qualidade, produzida a partir de cruzamentos com Angus. Esses mesmos frigoríficos, a exemplo do que faz o Programa Carne Angus Certificada, também estão relacionando a genética Angus em seus grandes projetos de parceria com produtores, recomendando com o uso da IATF aos neloristas o cruzamento com Angus. “É a melhor genética, melhorando a carne do maior rebanho brasileiro”, aponta o executivo da CRI. Angus@newS Com todo esse movimento no mercado, Sérgio Saud revela que só no primeiro semestre deste 2011 a CRI registra crescimento nas vendas de sêmen Angus da ordem dos 70% Araucária: é o início da decolagem Marcelo Vezozzo, da Araucária Genética Bovina, acredita que tendo como base os dados de comercialização de sêmen Angus da Asbia – relatório 2010, em 2011 o crescimento mínimo deverá ser de 30% sobre 2010. “Angus não é modismo. É, isto sim, carne de qualidade, a partir de comprovado melhoramento genético”, ratifica o dirigente. Não importando se sêmen nacional ou vindo do exterior, o que o mercado quer é eficiência, diz Vezozzo. Ele apóia sua aposta de que a explosão do uso da genética Angus está apenas começando, na verdadeira parceria que estão acontecendo no mercado, unindo indústrias e produtores. “Os programas de produção de carne de qualidade, a exemplo do pioneiro Programa Carne Angus Certificada, da ABA, se multiplicam pelo Brasil, e os grandes produtores já podem contar com o apoio das áreas técnicas dos frigoríficos para selecionar os melhores touros, que melhor vão atender às suas demandas em suas regiões de atuação”, detalha Vezozzo. CRV investe em provas de touros Para o gerente corte taurinos da CRV Lagoa, veterinário Cristiano Leal, o enorme incremento na comercialização de sêmen Angus, se por um lado é altamente positivo, de outro não representa novidade para quem é do agro. “Esse crescimento da genética Angus já é histórico. Já aconteceu nos estados unidos e em outros centros e era questão apenas de um maior amadurecimento do mercado brasileiro para se tornar fato também aqui”, diz o técnico. >>> 7 Angus@newS Julho/Agosto de 2011 MELHORAMENTO EDITORIAL GENÉTICO 7 Angus@newS Março/Abril de 2010 8 Julho/Agosto de 2011 Vasco Beheregaray Neto Mas se por um lado comemora, de outro Cristiano lamenta o ainda ganho incipiente dos selecionadores brasileiros produtores de genética de alto nível. “Do total do sêmen Angus vendido, como registra o relatório da Asbia, tão somente 34% (o que equivale a cerca de 600 mil doses) são de touros nacionais”, aponta o técnico. Ele critica que o ganho maior ainda é de criadores norte-americanos e argentinos. E seu discurso tem razão de ser. Cristiano lembra que a Lagoa é a central que mais investe no fomento do sêmen Angus Nacional. Diz por exemplo, que dos pouco mais de 30% do sêmen nacional negociado em 2010, 12% vieram de touros avaliados na Central de Performance CRV Lagoa, propagandeia. MELHORAMENTO EDITORIALGENÉTICO Ele chama a atenção dos por problemas de nutrição criadores de Angus para as e de manejo, com o auge provas de touros que vem deste travamento ocorrendo sendo promovidas pela CP em 2005, que registrou na CRV Lagoa. “Nós não esta- venda de sêmen Angus de mos apenas comercializando apenas 500 mil doses. Avaliando o cenário nasêmen Angus. Estamos investindo em touros nacionais cional da atualidade, Vasco com vistas à geração de uma lembra que o que ocorre genética adaptada às condi- hoje no Brasil é quase óbções brasileiras e capaz de vio, se revisarmos os fatos remunerar melhor o criador que marcaram o crescimene por certo o selecionador to da raça Aberdeen Angus especialmente nos Estados nacional”, defende. Mas concorda que a par- Unidos, onde ela se transtir de agora são os grandes formou, há muitos anos, em frigoríficos que passam a líder de mercado. Ele completa a trajecomandar a festa da pecuária nacional. “Como resulta- tória da pecuária nacional do desses grandes projetos lembrando que de 2005 em envolvendo o maior rebanho diante, aí com mais critébrasileiro, Nelore, temos a elevação da Junto com o Angus, entramos qualidad e da carne e numa fase mais profissional, da quanti- técnica e consciente dade de carcaças abatidas. E isso só vai crescer, rios e maior tecnologia, os junto com o uso da genética cruzamentos efetivamente decolaram. “Veio o uso da Angus”, afirma ele. IATF e outras tecnologias e aliados aos confinamentos ABS: Lembrando e ao apoio das indústrias do primeiro salto “O auge do uso de sêmen frigoríficas, tudo se modifiAngus nos cruzamentos in- cou e melhorou muitíssimo, caminhos dustriais no Brasil ocorreu possibilitando em 2001, com 1,14 milhão seguros e o real desenvolvide doses”, recorda o gerente mento da pecuária brasileicorte da ABS, Vasco Behe- ra. “Agora, comparados ao regaray Neto. “Tempos de- chamado primeiro mundo, pois os cruzamentos entra- ingressamos numa segunram em crise, especialmente da fase de nossa pecuária, Angus@newS muito mais profissional, mas técnica e consciente de nossas potencialidades, e isto se revela através do sêmen que vem sendo cada vez mais vendido, com largo destaque ao sêmen, à genética Angus”, posiciona Beheregaray Neto. Momento da pecuária brasileira Depois de passar por um processo de amadurecimento, o momento que experimenta a pecuária brasileira é o maior responsável pelo marcante crescimento na comercialização de sêmen Angus no País. É deste modo que o diretor da Ciale Alta (Alta Genetics) no Brasil, Heverardo Carvalho, justifica o incremento de vendas comprovado pelo relatório da Asbia relativo ao ano passado. “E este ano e nos próximos esse crescimento será ainda mais significativo, principalmente em razão dos visíveis bons resultados que já são e por certo serão obtidos com a aplicação da genética Angus nos cruzamentos industriais com gados anelorados no Brasil Central”, situa o dirigente. Heverardo recorda que até cerca de sete anos atrás, os pecuaristas realizavam o que se pode chamar de misturamento de raças, e não cruzamentos orientados, técnicos, capazes de gerar Heverardo Carvalho ganhos a partir de 20% mais. “Dessas aventuras resultaram graves problemas aos rebanhos, que demandaram algum tempo para que fosse corrigidos, a partir de uma retomada com base nas modernas informações e tecnologias disponíveis”, asseverou. Mas conforme o dirigente, há quatro ou cinco anos o mercado da pecuária tomou novos rumos no Brasil, agora corretos, e com o uso de técnica e orientação, inclusive com franca participação no processo dos grandes grupos frigoríficos, e alavancados pela excelência dos resultados do uso da IATF, os produtores passaram a cruzar certo, fazer melhoramento genético e neste processo a genética Angus é um dos componentes responsáveis por todo o sucesso que vem sendo obtido. “Não é por acaso o enorme crescimento da venda de sêmen e de genéticas Angus”, certifica o técnico da Ciale Alta. 9 Angus@newS Julho/Agosto de 2011 EDITORIAL CARNE 9 Angus@newS Março/Abril de 2010 10 Julho/Agosto de 2011 MELHORAMENTO GENÉTICO Angus@newS Escolha do sêmen: um momento crucial! Por Ana Esteves A escolha do sêmen para realização de técnicas de inseminação artificial em bovinos é considerada como um dos momentos cruciais da atividade pecuária, quer seja para o criador que se dedica à produção de terneiros para engorda ou para aquele cujo foco é a criação e comercialização de grandes reprodutores. A tarefa não é fácil e deve sempre se basear numa série de critérios para que o material selecionado possa efetivamente ter os resultados genéticos esperados. “Na hora de escolher o sêmen é importante atentarse para as questões ligadas à sua qualidade, o que fica por conta da confiabilidade que se deposita na central que coleta e comercializa o sêmen”, afirma a geneticista da Gensys, Fernanda Brito. De acordo com a especialista, as questões ligadas ao potencial de produção do touro escolhido em relação ao objetivo que se quer para o rebanho é outro ponto a ser levado em conta. “Nisso entram as DEPs e suas respectivas acurácias que nortearão a escolha e intensidade de uso de determinado sêmen”, diz a especialista. Fernanda explica que a DEP do animal, cujo sêmen está sendo comercializado, representa a diferença de produção esperada na progênie em relação à média da população onde os filhos foram avaliados. Ou seja, a DEP se refere ao valor mais próximo possível do valor genético verdadeiro do touro, daquilo que ele pode passar através da contri- buição de seu genoma para as gerações futuras. Para entender conceitualmente a DEP, a geneticista tomou como exemplo a característica número de dias para ganhar 400 kg do nascimento ao sobreano (D400). “Consideremos os touros A e B, com DEPs de 40 e 10 dias, respectivamente. A diferença entre as DEPs dos touros A e B é, portanto, de 30 dias. Isto significa que se ambos os touros forem acasalados com grupos semelhantes de vacas e os produtos forem submetidos às mesmas condições ambientais, os produtos do touro A serão, em média, 30 dias mais precoces para ganhar 400 kg de peso do que os produtos do touro B”. Acurácia da DEP Outro conceito importante na hora de escolher o sêmen se refere à acurácia da DEP. Fernanda Brito mede justamente o quão próximo a DEP está do valor genético verdadeiro. É a correlação entre estes dois valores. A acurácia indica, portanto, o grau de confiança depositado na estimativa da DEP. Os valores de acurácia podem variar de 0 a 1 (ou 0 a 100), sendo que os valores mais elevados indicam maior segurança na estimativa da DEP. “A acurácia é uma função da quantidade de informação disponível para avaliação do touro. São fontes de informação os dados do seu próprio desempenho, do desempenho de sua progênie e de todos os seus parentes (pai, mãe, irmãos inteiros, meio-irmãos, etc.). Quanto maior a quantidade de informação disponível, mais elevado é o valor da acurácia”. Importância dos Sumários O geneticista Mário Pic- Fernanda Brito coli, também da equipe da Gensys, destaca ainda o uso dos sumários como critério essencial na hora de escolher o sêmen. “Com esse documento de dados, o produtor tem a certeza de estar escolhendo touros testados”, valoriza. Além disso, o especialista enfatizou a importância de serem escolhidos animais jovens, incluídos nos parâmetros de aval da raça. “É o sumário que norteia a compra de animais bem ranqueados e o produtor deve preferir sempre os 10% melhores e mais jovens.” Terneiros ou Touros? Piccoli enfatiza que as duas principais características observadas pelos produtores devem ser sempre as que se referem à produtividade dos animais, para quem trabalha com terneiros para engorda e, por outro lado, os aspectos reprodutivos, para os criadores que se dediquem à produção de touros. “Só depois é que os produtores devem fazer o tal pente fino do fenótipo, de acordo com a identidade de seu rebanho: se é vermelho ou preto, se tem pelo mais comprido ou mais curto, entre outros”. O Mérito Genético Fernanda Brito complementa e explica que a seleção do sêmen costuma ser feita com base em mais de uma característica, formando um índice que agrega num único valor o Mérito Genético total do animal. As características são definidas buscando-se um equilíbrio entre as características de carcaça (avaliadas através de ultra-som e de escores visuais de conformação, precocidade e musculatura), a velocidade de ganho de peso (expressa em kg ou dias) e o perímetro escrotal (como indicadora de precocidade sexual). Ao traçar um comparativo entre as provas nacionais e as importadas, Fernanda diz que as produzidas no Brasil não deixam nada a desejar em relação às constituídas fora do País. “Pelo contrário, o volume de dados produzido em nosso país provoca “inveja” nos estrangeiros dependendo da raça”. O que acontece é que há características medidas em programas estrangeiros que não apresentam um volume expressivo aqui e vice-versa o que dá o caráter de complementariedade entre as provas nacionais e as fora do Brasil. Genótipo-Ambiente Sobre a questão da interação genótipo-ambiente, numa situação em que o sêmen de um reprodutor de um país é exportado para outro, a geneticista explica que avaliar e considerar essa interação em programas de melhoramento pode trazer vantagens econômicas significativas. “Tanto no sentido de detectar a significância dessa interação, como no de utilizá-la na seleção, predizendo e otimizando os ganhos de acordo com os diferentes sistemas de produção”. Ela lembra que o fenótipo dos indivíduos é o resultado de seu genótipo, manifestado segundo o ambiente em que este indivíduo está exposto. Desconsiderar a ocorrência de interação genótipo-ambiente nos modelos em que ela de fato ocorre não tem implicação nas propriedades estatísticas da DEP, porém a sua aplicação na seleção de animais em ambientes muito diferentes daqueles em que os dados foram coletados fica prejudicada e o progresso genético esperado se torna menor. Nacional ou importado? Para o veterinário Luis Alberto Müller, Gerente Geral da Ciale Alta na Argentina, independentemente de ser nacional ou importado, o sêmen a ser utilizado deve ser selecionado de acordo com a adequação da necessidade do sistema produtivo, do tipo de gado, do meio ambiente onde está a produção e do objetivo da exploração. Müller observa que a genética Angus, por sua enorme variedade genética, possibilita um amplo espectro de escolhas. “Até demorou, mas a genética Angus e seus ganhos finalmente foram descobertos e estão sendo cada vez mais utilizados pelo mercado, com visíveis ganhos a todos os componentes do processo, começando pelos produtores e terminando com os consumidores finais”, observa o técnico. Mário Piccoli 11 Angus@newS Julho/Agosto de 2011 LEILÕES EDITORIAL CHANCELADOS Angus@newS Março/Abril de 2010 12 MELHORAMENTO GENÉTICO Julho/Agosto de 2011 Angus@newS No Pará, maior Projeto de IATF do mundo Por Alexandre Gruszinsky A tecnologia da IATF (Inseminação Artificial em Tempo Fixo) vem destacando o Brasil entre os demais países produtores de carne. Não somos apenas um dos maiores usuários dessa moderna ferramenta no mundo da pecuária, como também temos o maior projeto de inseminação por IATF de todo o planeta. Localizado no estado do Pará, o projeto contempla 130 mil matrizes inseminadas com esta tecnologia. A informação é do gerente técnico responsável pela linha de produtos reprodutivos da MSD Saúde Animal, uma empresa do grupo Merck, João Paulo Barbuio. Falando para o Angus@ newS, o técnico explica que a tecnologia da IATF foi de- senvolvida para dar maior dinamicidade à pecuária, eliminando duas limitações que existem na inseminação artificial: a duração do cio das fêmeas de origem zebuína que é mais curto que o das fêmeas de origem taurina, e o intervalo entre os cios das vacas paridas, tanto das espécies européias quanto das zebuínas, que vai de 90 a 120 dias após a parição. Como o intervalo do cio das vacas é de 12 horas a cada 21 dias, sendo somente no período dessas 12 horas que as fêmeas aceitam o macho ou podem ser inseminadas artificialmente, o pecuarista inseminava todo o seu rebanho num período muito maior, porque os cios não ocorrem ao mesmo tempo em todas as vacas. “Após o surgimento da IATF, porém, aquelas limitações foram superadas e já é possível a inseminação de todo o rebanho ao mesmo tempo”, destaca o especia- lista. A IATF foi desenvolvido em pesquisas nos Estados Unidos e Europa e começou a ser usado no Brasil no final da década de 80 e início dos anos 90 pelo professor Ed Hoffmann Madureira, do Departamento de Reprodução Animal da Faculdade de Medicina Veterinário e Zootecnia da Universidade de São Paulo. A tecnologia permite a sincronização do cio através de um tratamento hormonal, com hormônios que são produzidos pelos próprios animais. O Protocolo é composto por um conjunto de injeções e implantes auriculares ou intra-vaginais que são aplicados nas fêmeas e permitem manipular os seus hormônios naturais e sincronizar o cio. A tecnologia se tornou disponível comercialmente em fins do século passado e início do ano 2000, mas o seu “boom” se deu a partir de 2007 para cá. “Segun- do estatísticas, em 2001 a inseminação por IATF atingia somente 1% das vacas inseminadas artificialmente. No ano passado os dados mostraram que este percentual já havia atingido os 50%”, informa o técnico da Merck. Na análise de João Paulo este é o fator que vem ocasionando o crescimento das vendas de sêmen no Brasil nos últimos anos. Ele lembra que historicamente a média da venda de sêmen no País era de sete milhões de doses por ano, mas a partir de 2007 este número vem crescendo em torno de um milhão por ano. “E isto é em função da utilização desse Protocolo, cujo objetivo é aumentar a eficiência e agregar valor a pecuária”, complementa ele. De acordo com o gerente da Merck, na estação de monta 2010/2011 foram inseminadas por IATF 5,5 milhões de matrizes. A ex- pectativa é que se inseminem cerca de sete milhões nesta próxima estação. Angus vai crescer bem mais O zootecnista e gerente da linha genômica da Merck, Alexandre Zadra, não tem dúvidas de que a utilização do IATF impulsionará cada vez mais a venda de sêmen. Ele acredita que a raça Angus em particular presenciará um crescimento ainda maior em 2011 do que já teve no ano passado. “Os programas de carne vem promovendo o crescimento do uso de sêmen Angus porque ele complementa o zebu e como a vaca Nelore é a matriz da pecuária no Brasil tropical e existe uma demanda crescente por parte da indústria por carcaças de animais jovens e bem acabados a tendência de utilização do Angus na inseminação será crescente”, conclui. TÉCNICOS CREDENCIADOS Utilize os serviços do Corpo Técnico da Associação UF CIDADE NOME TELEFONES UF CIDADE NOME TELEFONES PR Arapongas Antônio Francisco Chaves Neto 43 3275.1811 / 43 9972.0309 RS Cachoeira do Sul José Carlos Guasso 15 9602.0365 / 55 9995.8189 SC Lages Aristorides Tadeu Ribeiro de Melo 49 9146 5455 RS São Borja Josemin de Lima Guerreiro 55 3431.6497 / 55 9977.6644 RS Porto Alegre Dimas Correa Rocha 51 9904.3356 PR Cascavel Luis Augusto Copetti 45 9972.3425 RS Bagé Fábio Azeredo 53 9946.6031 RS Pelotas Luiz Sérgio Santos de Faria 53 3225.3805 / 53 9983.0813 RS Porto Alegre Fernando Furtado Velloso 51 3392.6502 / 51 9835.8100 RS S. do Livramento Luiz Walter Leal Ribeiro 55 9112.3916 / 55 3242.1312 RS Alegrete Flávio Montenegro Alves 55 3422.7595 / 55 9974.3024 RS Sto. Antônio Patrulha Pedro Adair F. dos Santos 51 9837.6501 / 55 9969.1464 RS Vacaria Ivan Pedro Verdi Guazzelli 54 9117.0773 SP S. J. do Rio Preto Rednilson Morelli Goes 17 9114.6487 / 17 9608.2674 RS Cachoeira do Sul Joel Rocha Scroferneker 51 3724.2495 / 51 9975.1985 RS Uruguaiana Renato Pinto Paiva 55 3412.5339 / 55 9977.7281 SP Promissão Tito Mondadori 14 8147.7797 13 Julho/Agosto de 2011 EDITORIAL Angus@newS 14 Julho/Agosto de 2011 MELHORAMENTO GENÉTICO Angus@newS Ultrassonografia O início da certificação no País Por Horst Knak N o final de junho, a ultrassonografia foi o tema central do I Workshop Internacional de Avaliação Animal, realizado na Faculdade de Agronomia da Ufrgs, em Porto Alegre, RS, e organizado pelo professor e especialista do tema,Jaime Tarouco, tendo a ABA como uma das patrocinadoras. Convidados especiais de Tarouco, dois técnicos norte-americanos concentraram as atenções. O diretor executivo da Ultrasound Guidelines Council, PhD Michael Tess, explicou o funcionamento do sistema de ultrassonografia em seu país, onde é uma tecnologia consagrada há pelo menos 15 anos. Nos dias 30 de junho e 1º de julho, foram realizados o treinamento e certificação de técnicos de laboratório para a prática da ultrassonografia bovina, conduzidos pela UGC. A UGC – criada pelas principais associações de raça dos EUA - é o órgão certificador de técnicos e coordenador do sistema de ultrassonografia de carcaças nos Estados Unidos. Além de preparar técnicos, fiscaliza e regula a atividade. Segundo Michael Tess, os valores variam entre US$ 15 e US$ 20 por animal avaliado. Na raça Angus, somente em 2010, foram avaliados 200 mil cabeças. No gado fino, todos os machos e fêmeas entram no programa de ultrassonografia, o que garante resultados próximos da perfeição na avaliação do rebanho. O técnico Mike Henry, que atua na National Cup Lab (Centralized Ultrassound Processing), um dos laboratórios credenciados pela UGC, definiu a questão com uma frase: o melhoramento genético não pode ser atingido se não for possível medi-lo. Em sua palestra, explicou que a idéia de usar a ultrassonografia no melhoramento genético foi dos pesquisadores John Crouch (ligado à American Mike Henry Michael Tess Angus Association) e David Nichols, com a participação efetiva de Doyle Wilson e Gene Rouse. A partir de 2001 o sistema informatizado foi usado na avaliação genética, sendo adotado pelas Associações de Raça dos EUA. Segundo ele, todos os softwares e os equipamentos só terão a eficiência desejada se as imagens tiverem alta qualidade e os dados gerados forem muito precisos. Com isso reduzemse os erros de interpretação e os ganhos genéticos se tornam possíveis. >>> 15 Julho/Agosto de 2011 EDITORIAL Angus@newS 16 MELHORAMENTO GENÉTICO Julho/Agosto de 2011 Jaime Tarouco Luciano Andrade Para a indústria, o ultrassom é uma ferramenta que vai acrescentar qualidade ao produto final O gerente de fomento do Marfrig, Luciano Andrade, assinalou em sua palestra a necessidade da indústria de identificar produtores e sistemas que direcionam para qualidade. De acordo com os produtos ofertados, a empresa já possui nichos de mercados específicos. Por isso, ele explicou que se busca a superação das principais dificuldades, como a avaliação pu- ramente visual, a falta de equipamentos precisos, a falta de padronização dos rebanhos, diferenças nos tamanhos dos lotes e a falta do pagamento por mérito. Segundo ele, as novas tecnologias – em especial o ultrassom – vão beneficiar diretamente os mercados da alta gastronomia, o “doméstico premium”, as churrascarias, a exportação de carne de qualidade e o mercado do vitelo. Segundo ele, estes segmentos muito exigentes também empurram a indústria para os caminhos da ultrassonografia. Ele explica: “a alta gastronomia (o restaurante Varanda Grill, por exemplo) quer grande área de olho de lombo, peças com determinado tamanho e comprimento, marmoreio, acabamento, peso final e idade de abate, um tempo mínimo de confinamento, entre outras exigências”. Segundo ele, o ultrassom indica que determinado animal tem potencial para preencher as exigências de um segmento específico de mercado. Já na linha doméstica premium – onde estão perfilados a dona de casa e o churrasqueiro de fim de semana – conta muito a maciez e o acabamento do produto. “Para termos carne macia, precisamos trabalhar muito a idade de abate e a genética. Atualmente o Marfrig apresenta ao consumidor a compra destes cortes já porcionados – o que representa qualidade com economia. O consumidor abre a embalagem e consome, sem qualquer perda”, aponta. Já para as churrascarias de porte, a apresentação do corte é fundamental. Para Luciano Andrade, do ponto de vista da indústria, a ultrassonografia tem importância estratégi- Angus@newS ca, porque contribui para a antecipação do potencial animal, permite estimar o retorno econômico, permite racionalizar o manejo e o tempo de confinamento, bem como a padronização dos lotes. Cada dia a menos em confinamento representa um enorme ganho financeiro para a cadeia. Para Luciano, a ultrassonografia vai caminhar lado a lado com outras técnicas de ponta, como a inseminação artificial, o cruzamento industrial, as dietas de alta concentração, a IATF, a transferência de embriões e o uso de grãos inteiro no acabamento. O professor da faculdade de Zootécnica da USP, Saulo da Luz e Silva, destacou a importância da avaliação das características que interferem na produção de carne de qualidade. Ele apresentou suas pesquisas e aplicações desenvolvidas no Brasil Central. 17 Julho/Agosto de 2011 EDITORIAL Angus@newS 18 OPINIÃO Julho/Agosto de 2011 Angus@newS Aspectos Técnicos e Comerciais da FIV Rednilson Moreli Gois A produção in vitro de embriões, nada mais é que uma evolução na técnica de transferência de embriões (in vivo), essa tecnologia (FIV) envolve as etapas de recuperação e maturação dos oócitos, a fertilização ou fecundação do oócito maduro e subseqüente desenvolvimento embrionário in vitro e sua inovulação em receptoras. Com o advento da FIV, outras tecnologias relacionadas a reprodução também ganharam força comercialmente como a clonagem e transgenia animal (produção de animais transgênicos e clones), novas técnicas de criopreservação de embriões (vitrificação). Para maior compreensão da técnica, dividimos em três técnicas distintas envolvidas na FIV: 1º Aspiração Folicular. 2º Produção in vitro do embrião. 3º Inovulação do embrião na receptora. Aspiração Folicular: é feita através da utilização de imagens feitas por ultrassonografia, com o auxilio de uma guia (probe e agulha) e bomba de vácuo, os folículos ovarianos são aspirados e seus oócitos são recuperados, lavados, classificados e encaminhados Com o avanço da pecuária brasileira nos últimos anos , apresentou-se importante papel na evolução da economia e desenvolvimento do país. Segundo o Conselho Nacional da Pecuária de Corte a partir de 2007 o Brasil consolidou-se como o maior exportador mundial de carne bovina. Esse ganho deve-se a melhoria da produtividade e qualidade da carne, aos avanços alcançados na criação (manejo e alimentação) e ao potencial genético dos animais, principalmente na produção de reprodutores através da Técnica de FIV, raças Zebuínas desde 2000 e agora as raças taurinas ganham força, principalmente o Angus para o laboratório. Fatores que influenciam na recuperação e qualidade dos oócitos: - Doadora: idade, estado corporal, nutrição, raça e ciclo estral. - Responsável técnico: habilidade e equipamento. Produção in vitro dos embriões (FIV) esta dividida em três etapas: maturação, fertilização e cultivo in vitro. A maturação ocorre em 24 horas , começando na hora que os oócitos são aspirados e colocados em meios de maturação e concentração de CO² controlados (estufas de CO²). Após as 24 horas de maturação os oócitos estão aptos a fecundação, com sêmen previamente escolhido e preparado para a fertilização in vitro. O cultivo começa a partir dos oócitos serem fecundados (Clivagem) e seu desenvolvimento até embriões (Blastócitos) tem a duração de 7 dias. Fatores que influenciam na produção e cultivo de embriões - Transporte dos oócitos: temperatura e meio de transporte adequado. - Distancia: quanto menor a distancia maior a pro- A seleção em tempos de globalização, mudanças climáticas e tecnologias genômicas dução (08 horas). - Qualidade dos oócitos: quanto maior melhor a produção - Sêmem: variações entre touros e raças, conservação e partidas. - Acasalamento: variações individuais entre touros e doadoras. - Condições de produção in vitro dos embriões: Laboratório, meios utilizados, treinamento e qualificação dos profissionais. Inovulação do embrião (Blastocisto) nas receptoras ocorre 8 dias após a aspiração folicular (1 dia maturação, 7 dias de cultivo e desenvolvimento embrionário), são transferidos somente os embriões grau 1 de qualidade, e alguns fatores influenciam no índice de prenhez desses embriões: - Qualidade, avaliação e seleção do embrião; - Receptoras: estado corporal, qualidade do corpo lúteo. - Responsável Técnico: habilidade do veterinário. - Sincronização do embrião e receptora: estagio de desenvolvimento do embrião é data do cio base da receptora. - Distância: 12 horas. Principais vantagens na produção de embrião pela técnica de FIV - Pode ser usada em conjunto a coleta de embrião convencional, aumentando o nº de embriões, conseqüen- temente aumentando o numero de gestações de uma única doadora em um curto período de tempo. - Intervalo entre aspirações : doadoras podem ser aspiradas 1 vez por semana. - Indicado para fêmeas em diversas faixas etárias: bezerras pré-pubis (diminuição do intervalo entre gerações) ate vacas senis. - Reprodução de doadoras que não respondem bem aos protocolos de super ovulação ou que apresentam patologia reprodutivas adquiridas (mucometra, obstrução de tuba uterina, aderência de útero, etc.) - Doadoras gestantes: ate o 4º mês de gestação - Não administração de hormônios: nos casos onde alguns proprietários mostram-se contrários e reticentes ao uso dos mesmos. - Pós-morte: Fêmeas de alto valor genético que por algum motivo morreram ou foram sacrificadas. - Alto custo de dose de sêmen de alguns touros: 01 dose para cada 10 doadoras (em torno de 300 oócitos por dose de sêmen). Alguns números da evolução de FIV no Brasil. Hoje somos os maiores produtores de embriões de FIV do mundo. Técnica 2000 2006 FIV 12.597 196.663 1561% TE 38.595 69.886 181% TOTAL 51.199 266.549 521% SBTE Produção de embriões de FIV, mostra a evolução nos resultados. Ano Oócito Embriões (BL) % BL Prenhes 2002 18.246 5.814 32% 28% 2009 103.071 35.226 34% 40% Vitrogen Efeitos das Raças. Com maior utilização da técnicas em raças zebuínas, observamos melhores resultados que em raças taurinas. Raça Oócito BL % BL Angus 2.149 513 24% Brahma 143.678 51.235 36% Brangus 963 215 22% Hereford 767 269 35% Holandês 2972 797 27% Embryo Concluímos com isso que o emprego da FIV em animais de alto valor genético, para produção de matrizes e touros (reprodutores) vai a cada ano contribuindo mais com o desenvolvimento da pecuária de corte no Brasil. Central Embryo Rio Preto, SP Embryo Sul – Alegrete, RS www.centralembryo.com.br 19 Julho/Agosto de 2011 EDITORIAL Angus@newS 20 Julho/Agosto de 2011 Feira da Novilha Angus – Expointer A Associação Brasileira de Angus, Santa Úrsula Remates e Farsul estão preparando para este ano mais uma edição da Feira da Novilha Angus, evento que em sua IV Edição já é sinônimo de volume e qualidade de ventres da raça na Expointer. Na edição de 2010, 540 ventres Angus foram ofertados e comercializados com liquidez e valorização superior. Os compradores reconhecem o trabalho de seleção que é feito pelos técnicos da ABA e identificam na feira a oportunidade de compra de animais superiores que vão produzir eficiência e rentabilidade nas propriedades. A edição deste ano será realizada em 3 de setembro, às 14h, na pista J – Parque de Exposições Assis Brasil. A intenção é superar o volume de animais ofertados na edição anterior, com qualidade ainda melhor. Auditoria internacional aprova certificação Programa Angus A certificadora internacional Ausqual, através da sua subsidiária Brasil Certificação, aprovou mais uma vez o Programa Carne Angus Certificada em todos os quesitos avaliados. A aprovação foi concedida após auditoria realizada pelos auditores, Guilherme Beil Amado e Samira Baldin que visitaram no final de junho e primeira semana de julho as unidades dos frigoríficos parceiros no Rio Grande do Sul, São Paulo e Goiás. Com isso, o Programa Carne Angus Certificada é o único da área de carnes do Brasil a contar com certificação internacional desde 2007. As auditorias são periódicas e os especialistas da Brasil Certificação verificam todos os processos e registros do programa da ABA, atestando sua confiabilidade. O subgerente da ABA e coordenador dos programas de carne de qualidade, Fabio Medeiros explica que para atingir o atual status de certificação internacional, a ABA iniciou em 2005 a padronização dos processos envolvidos. Também capacitou inspetores e instalou sistema de gestão pela qualidade que normatiza os procedimentos de todas as etapas do programa: das questões internas de certificação da carne até as relacionadas à satisfação dos pecuaristas e dos consumidores finais. O presidente da ABA, Paulo de Castro Marques ressalta que, “ter o aval de uma certificadora internacional, como a Ausqual, é fundamental para o Programa Carne Angus Certificada, pois evidencia a credibilidade e a idoneidade do selo fornecido pela Associação Brasileira de Angus apenas para os frigoríficos parceiros”, conclui. CARNE Angus@newS Programa Marfrig Fomento Angus O Marfrig, ABA e Progen realizaram nos meses de março a maio uma rodada de divulgação e implantação do Programa de Fomento Angus no Rio Grande do Sul. A iniciativa visou fortalecer a integração entre indústria e produtor, por meio de reuniões com os produtores de terneiros e invernadores das principais regiões produtoras de carne de qualidade do Estado. “Nossa parceria com o projeto se dá pelo fornecimento de material genético para inseminação artificial e para IATF (Inseminação Artificial em Tempo Fixo), além da coordenação de serviços e apuração dos dados para as reuniões”, observou o sócio diretor da Alta Progen, Fábio Barreto. Dentro da agenda de reuniões de divulgação do Programa de Fomento Angus, os detalhes sobre o funcionamento do programa, bonificações aos produtores de Angus no Marfrig e alguns resultados dos abates do Programa de Carne Angus da ABA tem despertado interesse de produtores das principais praças de gado de corte do Rio Grande do Sul, agrupando cerca de 120 pecuaristas por evento. Segundo Fábio Schuler Medeiros, subgerente da ABA - Programa Carne Angus Certificada, que participou das reuniões realizadas nas principais feiras do Estado gaúcho, a iniciativa de estimular o emprego de tecnologia e o investimento do produtor de terneiros na genética Angus, que agrega produtividade e valorização ao produto, é vista como muito positiva. A entidade busca dar sua contribuição levando até o pecuarista o direcionamento para o produto ideal que cada vez mais está sendo valorizado pela indústria da carne e pelo consumidor. O Programa Marfrig Fomento Angus é um trabalho de base que visa ampliar a oferta de matéria-prima que vai abastecer a indústria nos próximos anos e orientar os produtores para as atuais tendências do negócio da carne. É, portanto, o reconhecimento da Marfrig sobre a qualidade da carne Angus, produto que tende a ter cada vez mais valorização dentro do mercado. Veja mais em www. marfrig.com.br/fomento Workshop da Carne Angus: novidades! Em sua VIII edição, o tradicional evento da ABA na Expointer traz neste ano a temática da “Estruturação da cadeia da carne para agregação de valor”. O evento, que tem transmissão pelo Canal Rural, apresenta como destaque a palestra do Diretor da Abiec – Fernando Sampaio, que apresenta o novo programa de marketing capitaneado pela entidade para a promoção da imagem da pecuária Brasileira. O Programa “Pecuária do Brasil” conta ao mundo, e inclusive aos Brasileiros urbanos, a origem, evolução e conquistas de nossa pecuária através de dados, informações atualizadas e principalmente mostrando como é produzida nossa carne de norte a sul do País. Este trabalho será realizado de forma integrada entre os elos da cadeia. A Associação Brasileira de Angus (ABA) é apoiadora oficial deste projeto e participa através de seu diretor de Marketing – Luiz Felipe Moura e do coordenador do Programa Carne Angus – Fábio Medeiros – das discussões do projeto. O Programa Pecuária do Brasil será apresentado no workshop sendo esta a pri- meira exposição do mesmo em caráter nacional, com transmissão ao vivo. O Evento conta também com um painel sobre comercialização agropecuária que explora através de especialistas de nível nacional as diferentes modalidades de negociação existente no Brasil e discute alternativas de harmonização da relação comercial – produtor x industria, através da utilização de indicadores como o índice ESALQ, alem de expor algumas ferramentas para análise de longo prazo na pecuária. O evento acontece na Casa da RBS, no dia 01 de setembro, às 13h30min. Vitrine da Carne Gaúcha - Expointer A ABA participa pelo terceiro ano consecutivo da Vitrine da Carne Gaúcha, uma promoção do Sistema Farsul que visa valorizar as marcas de carnes de qualidade produzidas no estado. A atividade totalmente interativa é composta de uma explanação sobre a qualidade das carnes enquanto é realizada uma desossa ao vivo onde os participantes tem a oportunidade de entender como as marcas de carnes apresentadas são produzidas, a origem , denominação e melhor forma de preparo dos cortes da carne Angus. 21 Julho/Agosto de 2011 EDITORIAL Angus@newS 22 Julho/Agosto de 2011 CARNE Concurso de Carcaças quer qualidade em quantidade ABA e Marfrig desafiam produtores a superar edição de 2010 O produtor de animais de genética Angus que participa do Programa Carne Angus Certificada, da Associação Brasileira de Angus (ABA), já sabe que precisa observar as exigências dos frigoríficos parceiros do programa, porque o tipo de animal determinado pelos frigoríficos para abate no programa, é justamente o que o mercado consumidor quer. E com o avanço do programa da ABA, em qualidade e quantidade de animais abatidos, o presidente da entidade, Paulo de Castro Marques, faz um novo desafio aos produtores: superar neste ano a edição de 2010 do Concurso de Carcaças Angus. A Associação Brasileira de Angus (ABA) e a Mar- frig Alimentos promovem esta 6ª edição do Concurso de Carcaças Angus, com abate técnico na unidade de Alegrete do Marfrig, em 23 de setembro de 2011, em categorias de animais definidos e cruzados em separado. Serão avaliadas as características economicamente relevantes de carcaça bovina, como idade, grau de acabamento, conformação, peso e até a sanidade do lote e podem participar os criadores de Angus e Cruza Angus do Rio Grande do Sul. Sintonizados com a proposta do concurso, no ano passado os produtores apresentaram 500 animais para abate no concurso. “Estamos agora lançando um desafio aos criadores de Angus para superar o resul- tado de 2010 em volume e qualidade, mostrando ao mercado a força da raça e o seu foco claro na produção de animais de alta qualidade e carcaça como demonstrado nas edições anteriores do concurso”, evoca o presidente da ABA. O diretor do Programa Carne Angus Certificada, Joaquim Mello, não tem dúvidas sobre a importância desses concursos de carcaças. Aliás, foi ele o vencedor da edição de 2010. “Esse concurso chama os produtores a competirem entre si e revela ao mercado todo o potencial da genética Angus para a produção de carne de qualidade superior”, valoriza o dirigente. Joaquim Mello lembra que além de criar esse am- Angus@newS biente de competitividade – o que é positivo para o desenvolvimento da raça -, o concurso de carcaças também aproxima o produtor do frigorífico. “Muitas vezes é participando dos abates que o produtor realmente passa a entender as exigências do programa sobre as características dos animais e das carcaças, além de corrigir aspectos oriundos do manejo”, completa o diretor. O subgerente da ABA e coordenador do Programa Carne Angus Certificada, Fábio Medeiros, dá os detalhes: “O produtor pode participar com um ou mais lotes de no mínimo 22 animais. São aceitos machos e fêmeas com idade de até 4 dentes que atendem ao padrão da racial do Programa Carne Angus Certificada, isto é Angus e Cruzas Angus com no mínimo 50% de sangue Angus no cruzamento com raças taurinas e mínimo de 5/8 de sangue Angus no cruzamento com raças zebuínas e sintéticas”, explica o técnico. “O Concurso de Carcaças Angus tem por objetivo o estímulo à produção de animais de qualidade e o direcionamento da produção aos padrões de qualidade demandados pela indústria. E os criadores não podem esquecer que é preciso produzir segundo o padrão exigido pelos frigoríficos porque é o que os consumidores desejam”, ressalta Paulo de Castro Marques. “O Concurso de Carcaça é uma oportunidade ímpar para os pecuaristas apresentarem a excelência de sua produção de novilhos para abate e para os selecionadores mostrarem o que sua genética é capaz de produzir”, complementa Fábio Medeiros. As inscrições para o 6º Concurso de Carcaças Angus 2011 já estão abertas e devem ser feitas diretamente na Associação Brasileira de Angus até o dia 09 de setembro. Importante: o concurso está aberto a todos os pecuaristas do Rio Grande do Sul, sejam ou não associados da ABA. O regulamento estará disponível nos próximos dias no site www. carneangus.org.br. Os campeões do concurso recebem premiações especiais. Na ocasião, além do abate das carcaças, haverá atividade técnica, com palestras e dias de campo. As premiações Conforme Fábio Medeiros, todos os lotes participantes receberão uma premiação adicional de 5% e para os lotes campeões de categoria a premiação será de 10% acima da tabela do Programa Carne Angus Marfrig RS. “Esta premiação acumulada (concurso + tabela) proporcionará valores muito superiores ao praticado no mercado, permitindo que o produtor participe com o que produz de melhor em sua propriedade”, diz. Paulo Marques evidencia que as premiações foram idealizadas para servir como estímulo maior à participação dos produtores nessa nova edição do evento, que se configura como uma oportunidade ímpar para os pecuaristas apresentarem a excelência de sua produção de novilhos para abate e para os selecionadores mostrarem o que sua genética é capaz de produzir. “Assim, teremos um verdadeiro show de qualidade no Concurso de Carcaças Angus RS 2011”, completa o presidente. Para Diego Brasil, gerente de fomento da Marfrig, essa premiação serve como força motivadora para o produtor rural buscar excelência na manutenção de animais com carcaça melhor acabada. “Esse concurso é uma via de mão dupla. Enquanto a premiação gera estímulo de trabalho ao produtor rural, a tecnologia usada para essa manutenção fica disponível para outros pecuaristas entenderem que é possível adequar seus animais a indústria, ao mercado e ao consumidor”. 23 Julho/Agosto de 2011 EDITORIAL VPJ Angus@newS 24 Julho/Agosto de 2011 CARNE Boas práticas de manejo interferem no lucro do produtor A Congresso da Carne em Campo Grande Nos dias 8 e 9 de junho foi realizado pela FAMASUL, em Campo Grande, MS, o Congresso Internacional da Carne. A convite do parceiro Marfrig, patrocinador do evento, os técnicos do Programa Carne Angus Certificada Fábio Medeiros e Angélica Pereira estiveram presentes na atividade, que reuniu mais de 1200 participantes. O evento contou com palestrantes de renome internacional sendo marcado pelas discussões sobre estratégias de promoção da carne e pela importância da participação de todos os elos da cadeia, de forma coordenada e pró-ativa neste processo. Por Mário Macedo seleção de animais para o abate, comentada anteriormente nesse espaço, é parte fundamental para alcançarmos uma remuneração com todos os bônus disponíveis no mercado. Porém, devemos ter uma atenção especial com as boas práticas de manejo, já que estas, não sendo bem executadas podem ocasionar perdas capazes inclusive, de impedir o acesso às bonificações. De nada adianta o produtor investir em formação de pastagens, cujos investimentos são cada vez mais elevados, adquirir e ou produzir animais de alta seleção genética, com grande capacidade de conversão de pasto em proteína vermelha, se, no momento de manejálos não tiver noção de boas práticas de manejo. Sabemos que as perdas por contusões em animais abatidos, tem sido significativas. Assim, vale um alerta para que nos preocupemos com o produto que estamos vendendo. Seja pelo que podemos perder diretamente, através de uma lesão no momento do embarque para Angus@newS o abate, ou perdas anteriores, as quais muitas vezes não são percebidas, como a compra de um animal que sofreu maus tratos, alguma batida num moirão, ou até mesmo um aperto em uma porteira. Estes acidentes citados anteriormente podem acarretar vários dias de prejuízo, pois dependendo da gravidade, enquanto houver um hematoma, o animal permanecerá sem ganhar peso. Até mesmo, excluindo alguém que potencialmente consumiria carne de fazê-lo, como por exemplo, aplicando uma vacina ou produto veterinário em local inadequado, como na picanha, onde muitas vezes não se nota que há um abscesso interno e que só será percebido na mesa de um consumidor, que possivelmente, ao encontrá-lo durante uma refeição, não voltará a consumir este produto. Atualmente existem vários profissionais capacitados a orientar os produtores e seus colaboradores a manejarem corretamente seus animais, oportunizando um ganho substancial ao produtor. Os procedimentos corretos nada mais são que conhecer as necessidades dos animais, suas atitudes e defesas, utilizando-as como ferramentas de proteção ao produto que estamos vendendo. Para se vender um produto de qualidade e cobrar por ele, também é necessário um trabalho qualificado. Acredito que nossas atitudes são fundamentais na qualificação e valorização de um produto. Está mais do que na hora de começarmos a cobrar pelo que estamos entregando. Hoje, ainda cobramos pelo produto que temos, por exemplo: crio Angus, quero bônus pela qualidade dos meus animais. Mas, terão todos os Angus a mesma qualidade, independentemente da genética aplicada, manejo e alimentação recebidos? Temos animais de alto padrão genético, mas conforme o nosso trabalho, podemos fazer deste, um produto de “Excelente ou Péssima Qualidade”. Zootecnista Especialista em Gestão em Agronegócios Semana Acadêmica da UPF teve palestra do Carne Angus Durante o mês de maio foi realizada a tradicional semana acadêmica do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Passo Fundo. A atividade contou neste ano com uma palestra do Programa Carne Angus Certificada – Tendências para o mercado de Carne de Qualidade. O evento que reúne os acadêmicos e professores do curso contou com palestras sobre as diversas áreas da atividade do Médico Veterinário. Para Medeiros, despertar o interesse dos futuros profissionais para produção de carne de qualidade e colaborar para seu conhecimento sobre temas referentes ao mercado da carne são fundamentais para o futuro da raça no estado. Carne no Happy Hour do Agronegócio O Profoi apresengrama Carne tado por seu Angus particoord enador cipou duran– Fábio Medeite a Feicorros falando da te 2011 de trajetória deste um inovador trabalho vitoevento prorioso na área movido pelo de certificação Fábio Medeiros B e e f Po i n t de carnes que – Happy Hour do Agrone- traz benefícios a todos os gócio. O evento realizado elos da cadeia produtiva do no modelo Ignite Talk foi Angus no Brasil. As palestras composto por 20 palestras completas estão disponíveis de 5 minutos em ambiente no BeefPoint em vídeo. Sedescontraído onde os parti- gundo Medeiros, o modelo cipantes puderam conhecer proposto, além de um desauma série de ações e entida- fio a todos os participantes des de forma rápida e obje- foi uma oportunidade ímpar tiva (a palestra relativa ao de divulgação do programa Carne Angus está disponível da ABA. O BeefPoint plaem vídeo no site BeefPoint). neja repetir este modelo de A convite do BeefPoint, eventos ainda este ano em o Programa Carne Angus data a ser divulgada. Visita ao Programa Carne Angus Argentina Durante a Exposição de Palermo 2011 foi realizada uma visita de integração entre o Programa Carne Angus Certificada do Brasil e da coirmã Argentina. O Coordenador do Programa Carne Angus Certificada – Fábio Medeiros realizou visita técnica a entidade argentina. Foi recepcionado pelo Coordenado do Programa Argentino, Dr. Victor Javier Marotta, e pelo diretor do Programa, Agrônomo Marcos Raul Firpo. Para Medeiros, a oportunidade de integração e troca de experiências e informações entre os programas da ABA e da AAA foi extremamente rica e proveitosa para ambas as entidades. “Pudemos discutir questões referentes a mercados, processos de certificação e programas de fomento, em ambiente de total integração”, revela o técnico. 25 Julho/Agosto de 2011 EDITORIAL Angus@newS 26 CARNE Julho/Agosto de 2011 Angus@newS Certificação é garantia de negócio melhor remunerado Angelo Antônio Martins Bastos Por Marina Corrêa P assada a temporada de Outono com excelentes resultados para os produtores de terneiros, as expectativas para os remates da Primavera no Sul do Brasil são das melhores. Se quem apresentou nas feiras um gado pouco preparado em função da seca, também conseguiu bons lucros, quem apresentou em pista animais de primeira linha, certificados, conseguiu rentabilidade realmente surpreendente. Ao todo, foram vendidos neste ano mais de 5 mil exemplares de Terneiros Angus Certificados, que pelo que se verificou, se venderam correndo nos remates das feiras. A cada ano, os terneiros de genética Angus – os Terneiros Angus Certificados – fazem mais sucesso nas chamadas feiras de terneiros de Outono. Esses terneiros são certificados pela Associação Brasileira de Angus (ABA), e via de regra concentram a preferência do mercado comprador, registrando preços acima da média, tanto para machos quando para fêmeas. E não há novidade nesta preferência do mercado: é o que os terneiros de genética Angus tem qualidade e também tem padrão, que é o que todos querem. Terneiros Angus Certificados valeram 21% a mais nas feiras de 2010 e até 30,8% a mais nas de 2011, se comparados aos outros terneiros, os não certificados. Os produtores estão convictos de que vão ter melhor remuneração pela bezerrada. Um dos produtores que mais vendeu terneiros na temporada, Angelo Antônio Martins Bastos, da fazenda Itapitocai, em Uruguaiana, destaca a importância da certificação. Só em um remate realizado no município ele vendeu cerca de 1,8 mil terneiros das raças Angus e Brangus. Para o produtor, a certificação é o selo de qualidade do produto. “Valoriza o boi no momento do abate. Os frigoríficos pagam mais pela carne da raça certificada”, diz. Gana por qualidade vem de berço A seca que abalou muitos produtores na temporada de Outono e fez com que a Secretaria de Agricultura do Rio Grande do Sul baixasse o peso mínimo dos animais para as feiras não chegou nem perto das porteiras da Cabanha Itapitocai. Os terneiros levados para comercialização pesavam, em média, 217 quilos. Exemplares assim, acima da média, resultam de uma dedicação de mais de uma década à estância e seu rebanho. Bastos se criou com o avô, pai e tios nas lides campeiras e desde guri era presença atenta nos remates da família. A administração da Itapitocai tocou para o jovem produtor em 1998, quando Bastos iniciou o trabalho de seleção que lhe garante hoje um gado de qualidade, muito parelho, de alto padrão. Ele conta que com a ajuda do veterinário Marcelo Teixeira Napoleão, iniciou a seleção das matrizes já existes na fazenda, a compra das melhores matrizes de cabanhas renomadas e a inseminação com os melhores touros disponíveis no mercado. “Isso, aliado a um cuidado muito grande com a sanidade dos animais e capacitação dos empregados, foi melhorando nosso rebanho até chegar no patamar que estamos hoje. Também não posso deixar de citar os campos no qual eu crio, que são muito bons. Meu avô já obtinha bons resultados”, explica, demonstrando modéstia, o dedicado criador. A compra de um produto a ser engordado é uma peça chave para o invernador. Bastos destaca que é importante ter em mente que não é fácil encontrar todos os exemplares em um mesmo local. O invernador recorre vários lugares do Estado para achar animais com padronização da raça, pelo e peso. “Depois de anos vendendo nossos terneiros em casa veio o reconhecimento dos invernadores e corretores. Tínhamos vários clientes e não conseguíamos atender a todos, pois não produzíamos tantos terneiros. Aumentamos então o número de matrizes e a área de campo destinada à criação. Nosso objetivo é seguir aumentando, buscando genética para melhorar a qualidade da carne. Não pode- mos competir com o Brasil Central na quantidade mas, sim, na qualidade da carne”, ressalta o produtor. Na rotina da fazenda, todos os animais ganham a mesma atenção, independente de sexo ou idade. Ao contrário do que muito preconizam, os machos não têm cuidados especiais, já que as matrizes serão as futuras mães. Bastos diz que não foi o bom momento do mercado que fez com que a estância fizesse o remate de terneiros de outono com oferta de quase 2 mil cabeças. “A nossa opção pela forma de comercializar veio acompanhada com a falta do produto e consequentemente a alta dos preços”, explica. No ano passado, a estância levou para pista 1,2 mil cabeças. O aumento no número da oferta este ano é atribuído à elevação do índice de prenhes do rebanho em 5%. “No ano passado levei só machos. Este ano, consegui inserir 600 fêmeas. Eu busco a padronização do meu rebanho e às vezes me desfaço de animais de alta genética em prol desse rebanho parelho que persigo. Não teria espaço para essas 600 fêmeas e mais todos os novos que irão nascer”, finaliza. 27 Julho/Agosto de 2011 EDITORIAL CRV LAGOA Angus@newS 28 Julho/Agosto de 2011 OPINIÃO Angus@newS O quebra-cabeça da eficiência bovina Por Stefan Staiger Schneider C onstruir economias falsas com preços artificiais pode gerar um colapso tão rápido quanto a construção realizada. A recente crise dos países do sul da Europa retrata bem isso, e a imprensa britânica logo tratou de criar uma sigla para eles: PIGS (termo em inglês que significa “porcos” em português). Diferentemente dos BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China), que representa o grupo dos principais países emergentes do planeta, a sigla PIGS refere-se a Portugal, Itália, Grécia e Espanha (Spain, em inglês), cujos povos são famosos no norte da Europa por trabalharem cargas horárias mais curtas, terem mais feriados, pagarem menos impostos e, para completar, se aposentarem mais cedo que os povos do norte. Na Grécia, por exemplo, existia a possibilidade de cidadãos se aposentarem aos 47 anos de idade. Somado a isso, os PIGS também têm ainda o Euro, uma moeda forte demais para as suas economias nacionais que, para garantir a sua estabilidade, exige uma política financeira comum em todos os países do Euro, o que os PIGS não fizeram. A Grécia até falsificou dados para o Banco Central Europeu, em Frankfurt. Na pecuária de corte, igualmente se deve cuidar com preços artificiais e, o que é mais grave, com a da à performance bovina ralmente, nenhum paciente formação de cartéis no mer- que for inferior ao máximo. receberia alta porque os cado, já que colapsos são Por exemplo, de que adian- relativismos de pontos de altamente possíveis. É ape- ta comprar numa exposição vistas entre os médicos e o nas uma questão de tempo. um touro denominado “rús- conflito entre eles, ao invés Aliás, algumas raças euro- tico”, embora ele caminhe do acompanhamento clínico péias continentais já foram de patas abertas por causa dos exames e medicamentos professoras do que pode vir do seu estado corporal e do paciente, não permitiseja tão obeso ou mais que riam. E um julgamento de a acontecer. Em termos de reprodu- os touros de argola? Sim, bovinos numa pista de expotores, se você concorda que alguns compradores gos- sição é apenas a metade de o cliente de touros é o pecu- tam de ser enganados pelos uma fotografia! Isso é ainarista proprietário de gado próprios olhos e de precisar da mais verdadeiro na Amécomercial, então as chama- emagrecer o touro durante rica do Sul, onde os juízes das “modas” devem desapa- semanas para poder deixar- não recebem relatórios das recer e é necessário buscar lo trabalhar. Os pecuaristas DEPs dos produtos em pisaquilo que a ciência já com- americanos, no entanto, cos- ta, médias da raça e grupos provou como o melhor para tumam dizer que os touros contemporâneos na exposio país e não para a região. com um excessivo estado de ção para consultar e tomar Precisa-se buscar as Eco- preparo são mais propensos suas decisões. As DEPs para carcaça nomically Relevant Traits a problemas de fertilidade, (ERTs) – as características não apresentam a disposi- foram uma tremenda ferrade relevância econômica. ção que se espera em gran- menta. O Angus tem carne Criadas nos anos 1970 por des invernadas e grandes marmorizada e ter bovinos Angus sigveterinários, nifica ter zootecnistas um gado e agrônomos com um dos Estados Não podemos nos deixar enganar pelos alto poUnidos, elas próprios olhos e adquirir touros que tencial de têm sido sucessivamenpodem estar com excesso de peso marmoreio. Isso é um te aperfeiçoluxo que é adas desde então. As áreas gerais que rodeios de fêmeas, poderão transmitido em programas costumam ser analisadas ter problemas nos aprumos de cruzamento na medida geneticamente são as ca- e longevidade inferior devi- em que o Angus injeta a sua racterísticas de rendimento do à sua condição de obesi- força no produto cruzado. O gado Angus não tem como o tamanho animal, a dade. Vamos agora dar uma uma musculatura pesada e velocidade de crescimento e as Diferenças Esperadas olhada nas seguintes ca- nem surgiu para ter, já que de Progênie (DEPs) para racterísticas: crescimento, é uma raça maternal. É imcarcaça, por exemplo. No manutenção, carcaça e re- portante deixar claro que entanto, pesquisas demons- produção. A característica há bovinos com rápida vetraram que a reprodução é de crescimento está conos- locidade de crescimento e de 2 a 10 vezes mais econo- co desde que começamos a moderado tamanho adulto micamente relevante que as utilizar as DEPs, inclusive o e há também bovinos com características de carcaça controle de desenvolvimento moderado a alto potencial ponderal para os pesos ao maternal que mantêm a sua nos bovinos. Isso significa, então, que nascimento, à desmama e condição corporal. Além os pecuaristas devem ig- ao ano, além do total mater- disso, animais da raça nunnorar as características de no. O que precisamos saber ca foram utilizados para carcaça? Não, os clientes é quando será o suficiente? tração, diferentemente de de touros precisam produ- Não é tão difícil assim. É algumas raças européias zir carne saborosa. Mas, o necessário definir objetivos continentais. Eu gostaria de falar um questionamento feito de- e reduzir os tantos relatimonstra a tolice de se dar vismos que existem por aí. pouco agora sobre a Gordubem menos ênfase à repro- Vamos imaginar se os médi- ra da Carcaça. Existe uma dução, o que pode gerar uma cos em hospitais tratassem correlação genética entre elevação de custos associa- seres humanos assim! Lite- a Gordura de Carcaça e a Área de Olho de Lombo (AOL), ganho de peso até o desmame e após o desmame. Isso quer dizer que, se você selecionar para a DEP de Gordura de Carcaça negativa, o resultado será também uma orientação negativa para a AOL, o ganho de peso até o desmame e após o desmame, mesmo que isso tenha sido feito de forma não intencional ou inconsciente. Portanto, tenha cuidado ao analisar dados e programar acasalamentos. Você, tendo ou não as DEPs, precisa saber também que a seleção através de características reprodutivas precisa ser seguida, já que a fertilidade própria de um animal é a importância econômica máxima! A eficiência bovina é como um quebra-cabeça envolvendo rendimentos e custos. Rendimentos nas características de velocidade de crescimento e carcaça são altamente herdáveis. Por isso, é necessário sempre lembrar o lado da equação que trata dos custos para não tornar a atividade inviável – não estamos criando gado para tambo de leite. Manter o gado em combinação com o que os clientes querem e o meio-ambiente pode gerar disciplinados programas de reprodução bovina. As exposições, no entanto, complicam o quebra-cabeça, eis que tanto selecionadores quanto compradores deixam-se persuadir pelas opiniões dos juízes. Isso dificulta que eles um dia digam “tenho a raça certa, o tipo do meu gado está correto e agora quero apenas multiplicar”. Assim, não se engane com artificialismos e evite colapsos. Nem sempre eles são iminentes e, quando identificados, costuma ser tarde demais e os efeitos inevitáveis. 29 Julho/Agosto de 2011 EDITORIAL Angus@newS 30 NOTÍCIAS Julho/Agosto de 2011 ABA lança o Concurso Angus Mirim É uma das novidades que a Associação Brasileira de Angus (ABA) preparou para esta Expointer. A realização, pela primeira vez, em caráter de demonstração, da primeira edição do Concurso Angus Mirim (ou Júnior, como alguns querem chamar). É mais uma maneira de “incluir” os filhos dos criadores de Angus na raça. “A garotada, desde os pequeninos, até os já garotos, agora vai poder efetivamente participar nas lidas com a raça, interagindo diretamente com os animais e, desde cedo, aprendendo e tomando gosto pela atividade”, sintetiza a coordenadora de Exposições da ABA, Fabiana Gomes. Segundo ela, é uma forma de incentivar os jovens a iniciar na pista e no trato com os animais, e ao mesmo tempo uma excelente maneira de demonstrar aos novos investidores e interessados em Angus a grande docilidade, que é uma das características positivas da raça. A petizada a partir dos tenros 6 anos de idade já pode participar, na categoria Mirim, para crianças dos 6 aos 9 anos completos. E por fim a categoria Junior, que abrange crianças de 10 aos 14 anos. Importante: cada categoria será avaliada separadamente. E meninos e meninas competem juntos, sendo a divisão das catego- rias feita unicamente por faixa etária. Os participantes deverão ter preenchida uma ficha de inscrição, sem custo algum, sendo que esta ficha deverá ser assinada pelos pais (pai e mãe) independentemente de serem ou não sócios da ABA. Os competidores serão julgados de acordo com cri- Fabiana Gomes térios como: - Habilidade, manuseio e resposta do animal ao competidor; - Utilização correta de equipamentos pelo participante durante o concurso; - Cordialidade e esportividade; - Capacidade de seguir as instruções durante a competição. No final do concurso, todos os participantes recebem premiações da ABA, sendo que os três primeiros lugares vão merecer troféus e os demais medalhas de participação. Ouvidoria Mantendo pontual participação tanto nos eventos quanto em todos os movimentos de mercado por parte da ABA, a Diretora de Exposições da entidade observa entretanto que vem funcionando muito mais como uma ouvidoria. “Os criadores me procuram para fazer sugestões e reclamações, que procuro levar ao conhecimento da diretoria para providências”, revela Fabiana. Ela cita o exemplo que alguns criadores gostariam ou acham importante que nos eventos, nas exposições, houvesse maior exposição da “marca Angus”, seja através do uso de bonés, roupas com a logomarca estampada, entre outros produtos que podem ser criados. Sobre as exposições, Fabiana Gomes aproveita para lembrar que os requisitos exigidos para que um animal esteja apto a participar de exposições devem ser cumpridos por todos os criadores. “Afinal, uma exposição é também uma competição, e esses prerequisitos também funcionam em benefício ou em prejuízo dos animais”, sintetiza a dirigente. Angus@newS ABA apóia projeto Pecuária Brasil Foi com a meta principal de promover a verdadeira imagem da pecuária brasileira nos países que importam a carne nacional, e também no mercado interno, visando fortalecer a cadeia da carne do brasileira, que a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), criou o projeto Pecuária Brasil. A iniciativa tem o slogan “O Brasil evolui com a pecuária. A pecuária evolui com o Brasil. E não poderia ser diferente: o projeto já conta com total apoio, na forma de parceria, da Associação Brasileira de Angus (ABA). Hoje, as receitas geradas com a exportação de carne, próximas a US$ 5 bilhões de dólares, movimentam a economia de milhares de cidades em todo o Brasil. Porém os incontáveis casos de sucesso protagonizados pelos pecuaristas brasileiros não são devidamente contados. “É justamente nessa questão que a Angus terá participação efetiva, resgatando parte dessa memória e apresentando de forma transparente as melhores práticas do setor que representa”, explica Monique Morata, coordenadora de Marketing da Abiec. Já o diretor de marketing da ABA, Felipe Moura, atento à similaridade do projeto com as metas de trabalho que vem sendo defendidas pela ABA, não deixa por menos. “A idéia principal é levar ao mundo o cenário de que a carne que produzimos aqui não é proveniente de áreas de desmatamento nem tem envolvimento com trabalho escravo, e sim de uma cadeia produtiva sustentável, competente e comprometida com a qualidade do produto e atenta às questões sociais e ambientais”, explica o dirigente. Tendo como base e síntese o lema “O Brasil evolui com a pecuária. A pecuária evolui com o Brasil”, o projeto da Abiec vai pretende mostrar as muitas contribuições do setor para o desenvolvimento do País, assim como a evolução dos criadores e dos processos industriais que formam conquistados no Brasil ao longo dos anos. “O projeto quer traçar o perfil dos diferentes pecuaristas brasileiros, sem generalização. A Angus vai apoiar essa iniciativa auxiliando a balizar o perfil do produtor de Angus, dando visibilidade sempre ao nosso manejo e qualidade de carne diferenciada produzida pela raça”, antecipa Felipe Moura. Inicialmente a Associação Brasileira de Angus colabora repassando dados, imagens e estatísticas sobre a raça Angus, emprestando forte apoio institucional à Abiec. Também vai participar do comitê de debates e será fonte de pesquisa na construção da campanha “Pecuária Brasil”, num pioneirismo mais do que necessário ao reconhecimento do Brasil como um dos grandes produtores de carne de qualidade no mundo. Parceria com Revista feed&food Com a meta de ampliar ainda mais a divulgação da raça, a Associação Brasileira de Angus (ABA) selou parceria com a revista feed&food, uma publicação especializada em nutrição e saúde animal. “Essa é mais uma parceria de sucesso que fechamos de olho na ampliação da divulgação da raça que mais cresce nos pastos brasileiros”, explica Felipe Moura, diretor de marketing da entidade. A parceria entre a ABA e a revista, cujo conteúdo central é a temática “Do Campo à mesa”, objetiva o intercâmbio de informações entre a entidade e o leitor. Para o editor diretor da Curuca, editora responsável pela revista, Osvaldo Penha Ciasulli, a feed&food só tem a ganhar. “Como nós somos porta-voz do segmento, é de interesse nosso divulgar as atividades que a ABA desenvolve com a raça Angus no Rio Grande do Sul e no Brasil”. A entidade terá espaço mensal na divulgação, onde poderão ser publicados artigos técnicos/científicos, opiniões, entrevistas ou reportagens de interesse da ABA. A revista on-line será enviada para todos os associados e não associados da ABA sem custo. “Dessa forma as atividades da Associação Brasileira de Angus estarão disponíveis a todos os associados, criadores, entusiastas e interessados na raça“, completa o diretor de marketing. O resultado da parceria já pode ser conferido na edição de setembro da Revista feed&food. 31 Julho/Agosto de 2011 EDITORIAL Angus@newS 32 Julho/Agosto de 2011 PARCEIROS Angus@newS C.R.I. Genética realiza Beef Tour nos Estados Unidos A C.R.I. Genética Brasil levou um grupo de clientes e alguns integrantes da sua equipe para o Beef Tour 2011, nos Estados Unidos, uma viagem de 13 dias, com visita à central da Cooperative Resources International (C.R.I.) e a várias fazendas americanas. Durante a viagem, realizada de 17 a 28 de junho, o grupo teve a oportunidade de conferir a excelência dos touros da bateria da Cooperative Resources International (C.R.I.) – Genex Hawkeye West, em Billings, Montana. No local, conheceram de perto alguns dos mais importantes touros Angus da empresa, entre os quais Traveller 004, Brushpopper, Bismarck, Jackson, Update, Uptrend, Big Sky, Major League e Packer. Depois, visitaram várias propriedades americanas, onde conheceram os sistemas de criação de Angus, a excelência genética dos touros e suas progênies, entre outros detalhes dos criatórios. Para a maioria dos participantes, o Beef Tour foi uma viagem de aprendizado sobre seleção genética. “A cada viagem que faço me surpreendo mais com a genética e a pureza racial”, afirma Divalni Soldeira, de Panambi, RS. Vimos muita genética boa. A C.R.I. está mexendo com gado de excelente qualidade. Pode comprar”, recomenda Frederico da Fazenda Boa Sorte, de Bonópolis, GO. “Fizemos muitas amizades e aprendemos com os americanos, que não são melhores nem piores que nós. Aproveitamos o que eles têm de bom e uma dessas coisas é o sistema de seleção genética para usarmos e adaptarmos às condições do Brasil”, atesta Marcos Silveira, Marcolino, criador de Angus e representante da C.R.I. Genética. Para Patricio Mariano da Rocha, agrônomo de Santa Maria, a viagem foi mais que um farm tour. “Foi uma residência em agronegócios com especialização em Angus, uma imersão durante 13 dias. Começamos pela C.R.I., uma grande central de inseminação, conversando, discutindo, encontrando e colocando a mão nos nossos touros preferidos. Cada fazenda mostrando o jeito de produzir, a paixão pelo seu gado, a diversidade, a qualidade e o avanço americano. Em alguns casos, vimos famílias empenhadas em seu criatório. Voltamos entusiasmados e até com mais vontade de trabalhar”, detalha. Já Eduardo Luis, da Fazenda Boa Sorte, de Boa Nova de Goiás, recomenda o Angus americano principalmente para quem faz cruza. “Ficamos conhecendo mais sobre o gado, a maneira certa de selecionar um animal para cruzamento, compartilhamos informações e até aprendemos uma maneira da gente selecionar o nosso gado para uma melhor produtividade”, diz. Para Julio Cesar, de Água Boa, o Beef Tour mostrou-se uma ferramenta para levar ao cliente uma pecuária diferente, moderna, produtiva e agressiva, de forma a torná-lo mais competitivo. “Tudo que a gente viu lá fora vai servir para isso.” Gustavo Pires Ribeiro, de Água Boa, MT, que trabalha com reprodução, ficou impressionado com a qualidade dos animais e a genética americana. “É impressionante a força que eles têm para trabalhar. A família americana é unida, todos trabalham juntos, do filho pequeno ao avô. O filho pequenininho, de cinco anos, já está falando sobre genética, DEP, filho, mãe, avô de touro. Daí eu cheguei à conclusão de quantas DEPs eles têm. A qualidade é indiscutível. Temos que utilizar cada vez mais, pois Angus iguais aos que vimos, nos Estados Unidos, não tem”, explana. “Amei o trabalho dos americanos. Com certeza daqui para frente vai dar para a gente usar pelo menos 90% dos touros da C.R.I.”, declara Nivaldo Christel, administrador de fazenda em Canarana. “É importante a gente ver a genética Angus que o criador americano está se- lecionando e a gente precisa usar, tanto no Sul como no Centro-Oeste para produzir carne para o resto mundo. E, é lá que está a melhor genética do mundo”, observa Airton Leopoldino Neto, Água Boa, MT. Para Harisson Barcelos, Glorinha, RS, o Beef Tour foi extremamente produtivo e trouxe uma bagagem que vai permitir acelerar muitos anos na frente no que se refere ao conhecimento da genética e do crescimento do Angus, uma raça que está no mundo inteiro fazendo a grande diferença com uma carne de excelente qualidade, um gado de excelente performance. “Com o nosso gado no Brasil e com as nossas condições climáticas e o auxílio da C.R.I., com certeza, conhecendo esse gado americano, vamos adiantar bastante a evolução dos nossos rebanhos, principalmente os criadores de gado PO no Rio Grande do Sul.” Segundo Harisson, a Cabanha Judá, de sua propriedade, tem embriões para nascer com genética 100% americana, que representa a oportunidade de obter um animal de ponta baseado na vantagem da condição climática para expandir para o Brasil Central. “Os criadores dessa região, que trabalham com gado de terminação, estão maravilhados com os resultados dos touros utilizados na inseminação para fazer meio sangue, o que contribui para maximizar os lucros, além de trazer mais confiança e, principalmente, mais resultados que é o que interessa pra nós”, explica. Na opinião de Nelson Camargo, representante da C.R.I., a interação com pessoas de regiões diferentes do País, a possibilidade de saber o que cada um está usando, o que cada técnico está oferecendo para o mercado, foi de valia muito grande. Ele acrescenta que “o Beef Tour possibilitou conhecer a genética que a gente tem expandido no mercado nacional e enxergar como é tratada nos Estados Unidos nos dá mais confiança para falarmos dos touros”. “Foi uma oportunidade de conhecer a C.R.I. Internacional, de visualizar os touros que a gente usa e trazer os clientes para ver a nossa estrutura nos Estados Unidos e também, além de conhecer pessoas de outras regiões para trocar ideias de forma a concretizar cada vez mais as informações”, avalia Murilo Tovar, veterinário e representante da C.R.I., da regional de Goiás. “Pudemos comprovar a qualidade dos rebanhos e conhecer mais sobre o sistema de seleção genética adotado pela C.R.I. e, principalmente, mostrar a todos os participantes que nós estamos disponibilizando para o mercado brasileiro o que há de melhor na genética Angus”, conclui o diretor executivo da C.R.I. Genética Brasil, Sergio Saud, que acompanhou o grupo na viagem. Sobre a C.R.I. C.R.I. Genética Brasil é uma subsidiária da Cooperative Resources International (C.R.I.). C.R.I. é uma holding de cooperativas agrícolas, composta por três subsidiárias: Central Livestock Association, AgSource Cooperative Services e Genex. A missão da C.R.I. resume nosso objetivo: “Fornecer produtos e serviços da maneira mais eficiente possível para maximizar a lucratividade dos seus cooperados e clientes ao redor do mundo, mantendo uma cooperativa forte.” 33 Julho/Agosto de 2011 EDITORIAL FUMAÇA Angus@newS 34 Julho/Agosto de 2011 NOTÍCIAS Angus@newS Consórcio Brasil x Argentina conquista bi campeonato fêmea em Palermo A novilha “Três Marias 8334 Areia”, que já havia conquistado o Grande Campeonato fêmea de Palermo em 2010, repetiu o feito este ano e pela primeira vez na história dessa feira é sagrada Bi Grande Campeã da exposição. Areia também levou o título de Suprema Campeã Angus na pesada pista de Palermo, na Argentina. O exemplar é um consórcio entre a Três Marias, da Argentina, proprietária de 50% do animal e as cabanhas gaúchas da Corticeira, propriedade de Luiz Anselmo Cassol, Terra Costa, de Marco Antônio Costa e Rincón Del Sarandy,de Cláudia Silva, proprietários dos outros 50% do animal. Ainda nesta exposição a parceria entre a Cabanha Rincon del Sarandy e a empresa gaúcha Solução Genética, que representa a Cabanha Tres Marias no Brasil, faturaram o Reservado Grande Campeão macho com o exemplar Tres Marias 8334 Cumbiero. Este touro integrara a seleta bateria de touros disponíveis aqui no Brasil para esta Primavera. A Raça Aberdeen Angus apresentou 504 animais em Palermo. Os julgamentos foram realizados nos dias 20, 21 e 22 de julho, frente às arquibancadas absolutamente lotadas e o jurado americano Jack Ward elogiou a excelente qualidade dos animais apresentados. Príncipe Charles Patrono da Sociedade Britânica de Angus O príncipe Charles, herdeiro da coroa britânica, é o patrono da Aberdeen-Angus Cattle Society (Sociedade de Angus da Grã-Bretanha). O príncipe segue os passos de sua avó, a rainha-mãe, recentemente falecida, criando a raça com sucesso em Highgrove e mantém forte interesse no rebanho do Castelo de Mey, em Caithness, que é conduzido agora pelo The Queen Elizabeth Castle of Mey Trust. “São muito poucos os países, no mundo atual, que não possuem um rebanho relevante de Angus e que não sofrem a influência desta raça”, assinalou o Príncipe Charles em um vídeo disponibilizado no site da Sociedade Britânica de Angus. A criação de Angus data do início do Século 19 a partir do gado mocho e predominantemente preto do nordeste da Escócia, conhecidos localmente como “doddies” e “hummlies”. As primeiras criações organizadas remetem à metade do Século 18, mas as entidades representativas foram fundadas muito depois: Herd Book em 1862 e a Sociedade de Aberdeen-Angus em 1879. Mas a justiça precisa ser feita aos pioneiros. Os primórdios da criação de Angus deveu-se especialmente aos esforços de três fazendeiros daquele tempo. Hugh Watson tornou-se arrendatário da Fazenda Keillor, em Angus, em 1808. Ele ampliou sua criação e produziu gado com uma qualidade e característica notáveis. William McCombie adquiriu a fazenda de Tillyfour, no condado de Aberdeen em 1824 e iniciou um rebanho com predominância das linhas de sangue desenvolvidas em Keillor. Esta bem documentada criação produziu um gado notável que foi apresentado largamente na Inglaterra e na França. A reputação da raça Aberdeen Angus firmou-se com os feitos e esforços da família McCombie. Sir George Macpherson-Grant retornou de Oxford a seu estabelecimento recebido de herança em Ballindalloch, junto ao rio Spey, in 1861 e seguiu refinando o rebanho, o que se tornou o trabalho de sua vida por quase 50 anos. Com foco na criação e seleção por tipo, estes criadores pioneiros estabeleceram os fundamentos daquela que por sobrados argumentos é considerada a mais importante raça de corte do mundo. Nestes tempos antigos, a Grã-Bretanha alcançou a reputação de ser a fonte da genética Aberdeen Angus, o que levou criadores de ponta, vindos de todas as partes do mundo, a buscarem esta genética. O mercado exportador continua muito favorável aos criadores britânicos de Angus. 35 Julho/Agosto de 2011 EDITORIAL Angus@newS 36 Julho/Agosto de 2011 EDITORIAL Angus@newS Angus@newS MELHORAMENTO GENÉTICO Julho/Agosto de 2011 37 38 EXPOSIÇÕES Julho/Agosto de 2011 Angus@newS Feicorte destacou a Nacional de Angus Por Eduardo Fehn Teixeira ”M ais uma vez a raça Angus fez bonito na principal vitrine da pecuária brasileira de alta performance”, definiu o articulado presidente do Núcleo de Criadores de Angus de São Paulo, Renato Ramires, que juntamente com a Associação Brasileira de Angus (ABA), foi responsável pela organização da 11ª Exposição Nacional de Angus, durante a 17ª edição da Feicorte (2011), de 13 a 17 de Junho. Com cerca de 160 animais Angus em pista (machos e fêmeas), a feira foi realizada em am- biente “indoor”, no moderno Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo, SP. Para o presidente da ABA, selecionador Paulo de Castro Marques, com um mercado interno aquecido, a Feicorte funcionou para alavancar a consolidação da raça Angus entre os produtores brasileiros. “Com uma grande estrutura, neste ano inclusive colocamos técnicos à disposição de investidores e visitantes, para tirar dúvidas e dar sugestões sobre os melhores usos da eficiente genética Angus”, diz o dirigente. Vitórias nas pistas O grande vencedor desta Nacional de Angus na Feicorte foi sem dúvida o selecionador Eloy Tuffi, proprietário da Fazenda MC, em Espírito Santo do Pinhal, SP. Com o touro “Garupa 7880”, Tuffi faturou o Grande Campeonato macho. E com o macho MC Insano Defesa”, conquistou o título de Reservado de Grande Campeão. Uma dobradinha mesmo surpreendente. “Como todo o criador, eu tinha minhas expectativas. Mas lá na feira, presenciando meus animais serem eleitos campeões por um famo- so jurado norte americano, isso foi realmente fantástico, muito gratificante, uma verdadeira recompensa a todo o esforço que se faz por esta raça”, definiu, emocionado, Eloy Tuffi. Na pista, na hora das premiações, ele fez a maior festa com sua equipe, jogando ao alto seu boné e sendo cumprimentado pelos demais técnicos e criadores presentes. O terceiro melhor macho ficou com a Cabanha da Maya, de Zuleika Torrealba, de Bagé, RS. Nas fêmeas, a Grande Campeã ficou com a criadora Zuleika Torrealba – Cabanha da Maya, Bagé, RS. Já a Reservada de Grande Campeã ficou com o selecionador gaúcho Roberto Beck, da Estância do Espinilho, de Cruz Alta. “Vencer numa Nacional de Angus e inda mais na Feicorte, em São Paulo, representa uma vitrine imperdível”, comemorou o criador. A terceira melhor fêmea ficou para a Cabanha Maufer, de Cruzeiro do Sul, RS. “Para nós, que estamos ainda no início de uma trajetória na raça (começamos em 2008), obter uma premiação nacional é gratificante”, definiu Maurício Weiand, um dos proprietários. Prime Angus fatura R$ 607,2 mil na Feicorte O Leilão Prime Angus promovido por Agropecuária Fumaça, Casa Branca Agropastoril, Agropecuária HR e 3E Agropecuária - mais uma vez ratificou o bom trabalho que vem sendo realizado dentro do Nú- cleo de criadores de Angus de São Paulo (o Núcleo Angus São Paulo). Na noite de 15 de junho, durante a Feicorte, em São Paulo, SP, com casa cheia e palco de elite, o pregão comercializou 26 lotes de vacas e prenheses, num fa- turamento total de R$ 607,2 mil e a elevada média individual de R$ 23.811,00. A fêmea “FSL G Electra 49 TE” confirmou as expectativas e foi o maior destaque o pregão. Grande Campeã Nacional Angus em 2010, Electra teve 50% de sua propriedade vendida pela Casa Branca Agropastoril para a Safron Agropecuária por R$ 74,4 mil. “Electra é uma fêmea excepcional. Seus atributos produtivos e reprodutivos a credenciam a ser valorizada e disputada por selecionadores que acreditam nas ca- racterísticas da raça Angus”, disse o selecionador e atual presidente da Associação Brasileira de Angus (ABA), Paulo de Castro Marques, proprietário da Casa Branca Agropastoril. Castro Marques também ressaltou a liquidez total dos animais no leilão e a intensa disputa por todos os lotes. “É gratificante acompanhar o crescente interesse dos criadores pela raça Angus. A carne de qualidade é cada vez mais valorizada no Brasil e exigida pelos importadores. O Angus comprovadamente produz a melhor carne do mundo e esse é um diferencial importante para acelerar a disseinação da raça no Brasil”, avalia o dirigente, satisfeito com o sucesso comercial da raça na Feicorte. O maior comprador do leilão foi a Cabanha da Maya, de Bagé, RS, de Zuleika Borges Torrealba, selecionadora da raça há cerca de cinco anos, que acumulou compras no valor de R$ 94,8 mil. Já o posto de maior vendedor do Prime Angus 2011 ficou para a Casa Branca Agropastoril, de Fama, MG, que com as vendas acumulou receita de R$ 206,4 mil. >>> 39 Julho/Agosto de 2011 EDITORIAL Angus@newS 40 EXPOSIÇÕES Julho/Agosto de 2011 Angus@newS Jurado americano para a Nacional de Angus Mark McCully Impressionado com a qualidade dos animais e também com o profissionalismo dos criadores brasileiros, o técnico norte americano Mark McCully conduziu os Julgamentos de Classificação da 11ª Exposição Nacional Angus, durante a Feicorte 2011, nos dias 15 e 16 de junho, em ambiente “indoor”, no moderno Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo, SP. “Animais consistentes, de bom e correto padrão e classes homogêneas, o que deixa claro que os criadores daqui têm as mesmas preocupações que os produtores dos Estados Unidos: ter o tipo de pista próximo aos animais de produção”, classificou o jurado. Técnico da “Certified Angus Beef” - subsidiária da associação norte-americana de Angus - McCully atuou pela primeira vez no Brasil, e já apontando os melhores animais numa importante prova que integra o Ranking Oficial da Raça no País. Além de técnico da Certified Angus Beef, Mark McCully é vice-presidente do Programa Carne Angus norte americano, pertencente à Associação Americana de Angus e também é experiente criador de Angus nos Estados Unidos. Para ele, num programa de carne de qualidade, o mais importante é a relação que estão construindo, juntos, indústria e produtores. Disso vão resultar as melhores soluções para o desenvolvimento da raça. “Eu não imaginava que o Brasil estivesse tão desenvolvido em Angus”, declarou McCully. Para ele, o sabor da carne é o primeiro item a ser distinguido pelo consumidor. Já a gordura de marmoreio é mais saudável que outras de cobertura, com a diferença de que nos Estados Unidos não há zebu e a carne é sempre macia. Ganho de visibilidade “A escolha de McCully dimensiona bem a meta de ganho de visibilidade da raça no Brasil e também frente a países de forte tradição em Angus”, apontou o presidente do Núcleo de Criadores de Angus de São Paulo, selecionador Renato Ramires. “Optamos por um jurado isento e de conhecimento máximo e atualizado da raça no principal centro de criação de Angus no mundo, numa busca das melhores referências internacionais”, definiu o presidente da Associação Brasileira de Angus (ABA), Paulo de Castro Marques. Ele lembra que a raça vive um momento extremamente positivo no Brasil e já ocupa a primeira colocação entre as raças taurinas de corte em venda de sêmen – tendo comercializado cerca de 1,8 milhão de doses em 2010. McCully conheceu produção Angus em Porto Feliz, SP Em sua visita ao Brasil para atuar como jurado de Angus na nacional da raça na Feicorte 2011, Mark McCully incluiu em sua programação uma visita às instalações do confinamento do Grupo Marfrig (parceiro da ABA), na Fazenda Jequitibá, em Porto Feliz, SP. Ao lado dos técnicos Fábio Medeiros, subgerente da ABA - Programa Carne Angus Certificada da Associação Brasileira de Angus, e Luciano de Andrade, gerente de Fomento do Marfrig, o especialista conheceu um pouco do sistema de produção da carne Angus, que une tecnologia com a genética Angus certificada e boas práticas de manejo. “O resultado é um animal abatido jovem, com ótima terminação de carcaça e com uma carne que atende os paladares mais exigentes, destaca Fábio Medeiros, da ABA. Para o técnico, a visita de McCully é um fato de ex- trema importância para os criadores de Angus do Brasil, pois essa é a primeira vez que um técnico da ‘Certified Angus Beef’, equivalente ao programa ‘Carne Angus Certificada,’ vem ao País para conhecer o sistema de uma fazenda de produção que usa tecnologia de ponta. “O objetivo é garantir que os produtos Angus oferecidos pelo grupo Marfrig ao mercado tenham o máximo de qualidade em questões de acabamento de carcaça, maciez e marmoreio da carne”, argumentou na ocasião Luciano Andrade, do Marfrig. Toda a infraestrutura da fazenda foi planejada com o propósito de garantir eficiência produtiva e bem estar aos animais. Com capacidade estática para acomodar 7,5 mil cabeças, a fazenda trabalha atualmente com 60% da sua lotação, aproximadamente 4,5 mil animais, que após 150 dias de confinamento chegam à indústria pensando entre 450 kg para as fêmeas e 520 kg nos machos. VEJA AQUI OS ANIMAIS CAMPEÕES Grande Campeão Reservado Grande Campeão Terceiro Melhor Macho Grande Campeã Reservada Grande Campeã Terceira Melhor Fêmea >>> 41 Julho/Agosto de 2011 EDITORIAL SÃO XAVIER Angus@newS 42 Julho/Agosto de 2011 EXPOSIÇÕES Angus@newS DADOS DOS ANIMAIS CAMPEÕES DA FEICORTE Peso: 810 Perímetro Escrotal : 38 ALT: 1,40 DENTE: 2 FRAME: 5,75 AOL: 113,40 EGS: 8,36 P8: 13,09 Expositor: ELOY TUFFI Estabelecimento: FAZENDA MC Cidade: ESP. SANTO DO PINHAL /SP Criador: Eloy Tuffi TERCEIRO MELHOR MACHO Nome: MAYA 97 ELEUTÉRIO Tat: 97 Nasc: 08/10/2008 Idade: 977 Dias Registro: O128233 Pai: PASTORIZA 565 BRIGADIER TE Mãe: MAYA 33 CAMÉLIA JOÃO LANO NANINE Peso: 996 Perímetro Escrotal : 42 ALT: 1,41 DENTE: 6 FRAME: 5,50 Expositor: ZULEIKA BORGES RESERVADO GRANDE TORREALBA CAMPEÃO Nome: MC INSANO DEFESA Tat: 992 Estabelecimento: CABANHA DA MAYA Nasc: 20/06/2009 Idade: 722 Dias Cidade: BAGÉ /RS Criador: Zuleika Borges Torrealba Registro: O137413 Pai: SANTA SÉRGIA TOMY RUBIO Mãe: PAINEIRAS GRAN CANYON GRANDE CAMPEÃ Nome: MAYA TE131 FLORIDA DEFESA 1046 TE GRANDE CAMPEÃO Nome: GARUPÁ 7880 DATELINE Tat: 7880 Nasc: 12/06/2008 Idade: 1095 Dias Registro: O128373 Pai: VERMILION DATELINE 7078 Mãe: AZUL 6169 7TROUXAS RELÂMPAGO Peso: 1215 Perímetro Escrotal : 44,5 ALT: 1,50 DENTE: 8 FRAME: 6,75 Expositor: ELOY TUFFI Estabelecimento: FAZENDA MC Cidade: ESP; SANTO DO PINHAL /SP Criador: João Vieira de Macedo Neto Tat: TE131 Nasc: 26/07/2009 Idade: 686 Dias Registro: O136378 Pai: SAV 8180 TRAVELER 004 Mãe: CATANDUVA IMPALA STRYKER 4128-TE68 Peso: 700 Est. Gest.: Prenha ALT: 1,35 DENTE: DL FRAME: 6,75 AOL: 105,20 EGS: 10,16 P8: 14,23 Expositor: ZULEIKA BORGES TORREALBA Estabelecimento: CABANHA DA MAYA Cidade: BAGÉ /RS Criador: Zuleika Borges Torrealba RESERVADA GRANDE CAMPEÃ Nome: ESPINILHO TE33 Tat: TE33 Nasc: 01/09/2008 Idade: 1014 Dias Registro: O131128 Pai: SAV NET WORTH 4200 Mãe: OTTONO B1558 TE LÁBIA Peso: 744 Est. Gest.: C/Cria ALT: 1,36 DENTE: 4 FRAME: 6,50 Expositor: ROBERTO SOARES BECK Estabelecimento: ESTÂNCIA DO ESPINILHO Cidade: CRUZ ALTA /RS Criador: Roberto Soares Beck TERCEIRA MELHOR FÊMEA Nome: MAUFER 022 RAINHA Tat: 022 Nasc: 30/09/2010 Idade: 255 Dias Registro: O143644 Pai: PASTORIZA 565 BRIGADIER TE Mãe: CATANDUVA 1328 RAINHA TE213-169 Est. Peso: 304 Gest.: Vazia ALT: 1,14 DENTE: DL FRAME: 5,50 AOL: 76,62 EGS: 3,84 P8: 5,42 Expositor: MAURÍCIO E FERNANDO L. WEIAND Estabelecimento: CABANHA MAUFER Cidade: CRUZEIRO DO SUL /RS Criador: Maurício e Fernando Lampert Weiand Do Mato Grosso para ver Angus Veio de Alta Araguaia, no Mato Grosso, MT, diretamente para ver a raça Angus brilhar na Feicorte, em São Paulo, SP. Foi o que contou o novo criador de Angus Guilherme Rigo, que trabalha com a raça há apenas dois anos, em sua Fazenda Pampas 2. “Sou cliente do selecionador de Angus Renato Ramires, que foi quem me incentivou a investir nesta bela e produtiva raça”, revelou Rigo, sentando com a filha Vitória e o sobrinho Gabriel numa das mesas do Estande Angus na Feicorte, e se deliciando com cubos de carne Angus feitos ali, na grelha, bem em sua frente. Mas nosso novo criador de Angus não é marinheiro de primeira viagem. Ele já criou Canchim e ainda cria Limousin e Brahman. Agora espera as crias de uma vaca Angus e examina possibilidades de, assim que tiver produtos à altura, trabalhar com o Marfrig n o projeto Carne Angus, da ABA. Ele trabalha com cerca de cinco mil cabeças para cruzamento. >>> 43 Julho/Agosto de 2011 EDITORIAL PAI PASSO Angus@newS 44 EXPOSIÇÕES Julho/Agosto de 2011 Angus@newS No ambiente da feira, degustação da Carne Angus A través de seu Programa Carne Angus Certificada, a Associação Brasileira de Angus (ABA) novamente colocou em prática durante a Exposição Nacional de Angus, na 17ª edição da Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne, a Feicorte, o marketing campeão de resultados, representado pela degustação da carne Angus Certificada. “O objetivo foi levar até o público presente na feira toda qualidade que a carne do rebanho Angus tem a oferecer em termos de sabor, maciez e marmoreio”, explica Felipe Moura, diretor de marketing da ABA. Segundo ele, saber das qualidades e diferenciais da Carne Angus é importante para qualquer consumidor que busca uma carne superior. Mas provar a carne Angus, feita na hora, no estande da raça e tendo ao fundo os animais nas argolas, aí é mesmo uma experiência verdadeiramente inesquecível. Na Feicorte, na grelha do estande da ABA, a Carne Angus Certificada do Marfrig e VPJ Alimentos foi servida todos os dias aos frequentadores, sempre em cubos fatiados na hora, de cortes especiais como Beef Ancho, Mini Burguer de Picanha e Stake de Alcatra. Os freqüentadores da feira ficavam admirados com os cortes de carnes apresentados num expositor refrigerado no estande Angus. E boa parte desses cortes não são feitos com as partes nobres do animal. “Com essas degustações, queremos que o consumidor passe pela experiência de consumir uma carne de real qualidade. “O que mais chama atenção no paladar da carne é a textura que ela possui, aliada a um alto teor de suculência”, aponta Felipe. Na Feicorte, a degustação de Carne Angus foi possível graças a uma parceria entre a ABA e o Grupo Marfrig e a VPJ Alimentos. Inovações Durante a Feicorte a VPJ Alimentos apresentou, entre outras inovações em cortes de carne Angus, a sua nova linha hambúrgueres Angus Certificados pelo programa de certificação da Associação Brasileira de Criadores de Angus. A empresa é a única a produzir hambúrgueres de pura carne Angus, oriunda de animais super jovens. Os cortes Angus Prime da VPJ vêm conquistando cada vez mais o mercado de carnes nobres. Praticamente todos os empórios, supermercados, restaurantes e lanchonetes de qualidade dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Minas Gerais já comercializam os produtos Angus Prime VPJ, (considerada a melhor carne do mundo). “Na Feicorte mostramos uma nova linha de hambúrgueres, oriundos de vários cortes conhecidos do mercado como hambúrguer de costela, hambúrguer de picanha, hambúrguer de fraldinha, hambúrguer de patinho, hambúrguer de alcatra, hambúrguer de filet mignon. Todos já disponíveis para o mercado consumidor, sendo que vários restaurantes e hamburguerias já operam com as delicias produzidas e distribuídas pela empresa.” - diz Antônio Augusto, gerente da VPJ Alimentos. Lançamento do Anuário ABA 2010 foi um dos pontos altos na Feicorte Todo o crescimento que a Associação Brasileira de Angus (ABA) e que a raça Angus experimentou no ano de 2010 foi passado “como um filme” para a cabeça das cerca de uma centena de pessoas presentes no Estande da ABA na Feicorte. O feito foi protagonizado pelo diretor de Marketing da ABA, Felipe Moura, durante evento de lançamento do Anuário Angus 2010, dia 15, no estande da ABA, na Feicorte. Num momento bastante feliz, Felipe Moura literalmente hipnotizou e cativou as atenções das pessoas com palavras e frases realmente contundentes e reveladoras sobre o trabalho realizado no ano passado. A confecção do anuário contou com os esforços de toda a equipe Angus e o resultado é um material bastante completo que certamente agrada bastante aos apreciadores da raça Angus. “Queremos que esse anuário seja encarado como uma enciclopédia da raça”, explicou Moura. O lançamento do Anuário da ABA também teve a presença e participação do técnico norte americano Mark McCully, da Certified Angus Beef, e jurado da raça na Feicorte, que falou rapidamente sobre sua primeira experiência em terras brasileiras, País muito bonito segundo ele. O dirigente ainda respondeu a perguntas do público e imprensa presentes ao evento de maneira bastante descontraída. Mark discorreu sobre o modelo de produção utilizado pelos produtores de Angus nos EUA, que apesar das diferenças com o modelo nacional, possui muitas coisas em comum, como o controle da produção e a rastreabilida- de. “É importante que o pecuarista passe a se enxergar como parte de uma cadeia ampla voltada a produção de alimentos”, aconselhou o esoecialista. McCully disse ainda que nos EUA, nos últimos dez anos o percentual de animais que integram programas de carne certificada subiu de 30% para 90%. Deste total aproximadamente 60% dos animais abatidos possuem tipificação de carcaça Angus. Sobre a qualidade do rebanho Angus presente na Feicorte, o jurado explicou que é muito difícil analisar visualmente quesitos como marmoreio nos animais expostos em pista, mas que de maneira geral gostou muito da qualidade dos bovinos avaliados. Em relação ao conteúdo do anuário, uma das informações mais relevantes destacadas por pesquisa foi o aumento de 89% do número de abates Angus no Brasil. “De 79 mil abates no ano de 2009, pulamos para 150 mil abates realizados pelos frigoríficos parceiros do Programa Carnes Angus Certificada em 2010, aliada com o produtor da raça no Brasil”, acrescentou na ocasição a gerente da ABA, Juliana Brunelli. E proveitou para anunciar que “o plano da ABA é de que sejam inseminadas cerca de 200 mil vacas com genética Angus até 2015”. 45 Julho/Agosto de 2011 EDITORIAL Angus@newS 46 EXPOSIÇÕES Julho/Agosto de 2011 Expointer: A raça Angus vem para esta Expointer com um total de 307 animais de argola e 141 exemplares rústicos. No total são 448 animais. Conforme os registros da Associação Brasileira de Angus (ABA), são 57 expositores de animais de argola e 25 de animais rústicos. Na área da argola, onde o incremento na comparação Angus@newS Angus vem para brilhar! com 2010 é de 6,5%, são 202 fêmeas e 105 machos. Já nos exemplares inscritos para a 4° Nacional de Rústicos, são 42 fêmeas PO (14 trios), 21 fêmeas PC (7 trios), 45 machos PO (15 trios) e 33 machos PC (11 trios). Nos rústicos, na comparação com o ano passado, o aumento é de 42%. A programação Angus na feira conta com três momentos de julgamentos. O primeiro é o Julgamento de Rústicos, que acontece no dia 29/08, segunda-feira, 09h, na Pista 20. Na pista central, ocorrem os outros dois, ambos de argola: as fêmeas serão julgadas no dia 30 e os machos no dia 31, ambos às 09h. Este ano atua como jurado de Angus na Expointer o experiente norte americano Randy Daniel, que pela terceira vez trabalha no Brasil. Daniel administra a fazenda da família, Partisover Ranch, em Colbert, na Geórgia (EUA). No dia a dia, trabalha ao lado da esposa, Beth, e do pai, Dan. Como ju- rado de Angus, Randy inclui em sua atribulada agenda 39 estados americanos e mais o Brasil, a Argentina e o Uruguai. Cursos e Palestras Cursos e palestras também fazem parte da participação Angus na maior vitrine da América Latina. Começando pelo curso de Cabanheiros, que acontece no estande Angus, em 25 e 26 de agosto, às 9h. Já a segunda semana da mostra inicia com a primeira edição do Campeonato Angus Mirim, dia 31, quarta-feira, às 14h, na pista central. No dia seguinte, às 13h30, é vez do Workshop Carne Angus, na casa da RBS. No sábado, dia 3, às 09h, o auditório do Senar abriga o último curso Angus da edição, o Curso de Jurado Jovem. Ao cair do martelo E a melhor genética não poderia deixar de ter os melhores leilões. O Shopping Angus será a atração deste ano no Pavilhão de Bovinos de Corte, de 27/08 a 02/09. No dia 29, segunda-feira, acontecem dois remates: o Leilão Nacional de Rústicos, às 13h30 e o Selo Racial Reserva Especial, às 20h. Este último é no restaurante internacional e o primeiro na Pista J. No restaurante internacional também acontece o Leilão Divas, dia 31, às 21h. Encerrando, acontece na Pista J, dia 03/09, às 14h, a Feira da Novilha. Shopping Angus oferta o melhor de argola A Associação Brasileira de Angus (ABA), seguindo sua filosofia de constante aperfeiçoamento para atender seus associados e buscando sempre o melhor que o mundo do Angus pode oferecer, inova mais uma vez na maior vitrine da raça na América Latina, a Expointer, com a realização do Shopping Angus. A iniciativa visa dar oportunidade a todos os criadores da raça de ofertarem seus animais de argola durante a feira. Para isto será criado um ambiente totalmente dife- renciado dentro do pavilhão de bovinos de corte, onde os animais ficarão expostos e os interessados receberão informações e atendimento personalizado. Cada animal ofertado terá um valor préfixado pelo vendedor, e uma identificação específica com seus dados, como paternidade e informações do proprietário. As propostas serão feitas através de envelope, modelo de comercialização que já está se tornando conhecido entre os investidores. A gerente da ABA, Juliana Brunelli, destaca que a oportunidade é ímpar, porque como todos os Angus do shopping irão a julgamento durante a Expointer, o produtor poderá comprar um animal que terá chances de ser um campeão. Somente participam do Shopping os animais de argola que já estavam inscritos para o julgamento da raça na feira. O evento será assessorado pela empresa FF Velloso e Dimas Rocha, que estará presente em tempo integral no shopping, ao lado da leiloeira Trajano Silva Remates. Está se realizando durante esta Expointer, a quarta edição da Exposição Nacional de Rústicos Angus. Promoção da Associação Brasileira de Angus (ABA), o evento representa uma das mais importantes etapas do Ranking Nacional dos Expositores de Rústicos, e conta com um importante leilão, que trará para a pista de remate os animais premiados nesta exposição. “Esse é mais um estimulo à participação dos criadores. Nessa reta final, é importante acompanhar os resultados de perto, por isso a ABA está à disposição para fornecer os resultados de rankings regionais ou detalhamento da pontuação dos sócios, diretamente na entidade”, completa Juliana. Palco da última etapa do Ranking Nacional A Expointer 2011 será palco para a última etapa do Ranking Nacional Angus, que vai apontar o Melhor Criador e Melhor Expositor Angus de 2011. Perto da reta final, a Associação Brasileira de Angus (ABA) destaca a penúltima etapa do ranking nacional de exposições oficiais, realizada na Feicorte, SP. O balanço parcial de pontos divulgado pela ABA mostra que, até o momento, os cinco primeiros colocados na disputa pelo troféu de Melhor Criador do Ranking Nacional são: Antonio Maciel Neto, proprietário da FSL Angus Itu - Fazenda São Luiz- Itu (SP); Luiz Anselmo Cassol, proprietário da Cabanha da Corticeira - São Borja (RS); Eloy Tuffi, da Fazenda MC - Espírito Santo do Pinhal (SP); Cabanha Rincón Del Sarandy - Uruguaiana (RS); e Reconquista Agropecuária Ltda. - de Alegrete (RS). Já na disputa ao posto de Melhor Expositor do Ranking Nacional de 2011, os cinco primeiros são: Eloy Tuffi, da Fazenda MC- Espírito Santo do Pinhal (SP); Antonio Maciel Neto, proprietário da FSL Angus ItuFazenda São Luiz – Itu (SP); Cabanha Rincón Del Sarandy- Uruguaiana (RS); Parceria Cabanha da Corticeira e GB Agropecuária; e Luiz An- selmo Cassol, proprietário da Cabanha da Corticeira - São Borja (RS). Hot Site Com o objetivo de facilitar o acesso às informações sobre o Ranking de criadores e de expositores, um hotsite traz informações sobre os principais eventos oficiais que a ABA que os núcleos regionais de criadores promovem pelo Brasil. Com esta ferramenta inovadora criada para os seus associados, é possível acompanhar de forma detalhada as pontuações dentro do Ranking de criadores e ex- positores somando à agenda das exposições, resultados e informações específicas a respeito, bastando para isso solicitar login e senha diretamente no escritório da entidade (51.3328.9122). A gerente da Angus, Juliana Brunelli, destaca que uma das vantagens deste novo serviço é que o associado poderá fazer as inscrições de seus animais para as exposições ranqueadas diretamente pelo hot site. “Essa será uma alternativa prática que diminuirá a burocracia no ato das inscrições, pois não haverá a necessidade de envio de documentação, como cópia de registros e ficha de inscrições para a associação”, observa Juliana. Outra vantagem é que os núcleos regionais poderão realizar suas exposições por meio de um programa análogo ao da associação, onde os responsáveis terão acesso as planilhas, catálogos, entre outros documentos oficiais, tudo com acesso fácil e prático no site da Angus. Para acessar o ambiente das exposições oficiais da ABA basta acessar o site principal da entidade no www.angus.org.br e clicar no banner eletrônico, posicionado no lado direito da tela, que leva diretamente ao ambiente virtual das exposições. 47 Julho/Agosto de 2011 EDITORIAL Angus@newS 48 EXPOSIÇÕES Julho/Agosto de 2011 Angus@newS 52ª ExpoAgro de Araçatuba (SP) leva mais de 100 animais à pista Foi realizada entre os dias 8 e 17 de julho no Recinto de Exposições, Clibas de Almeida Prado, em Araçatuba (SP), a 52ª ExpoAgro, O evento que contou com a participação do Núcleo Paulista dos Criadores de Angus, serviu como palco de um dos maiores remates da raça Angus do país com a realização do 4º Leilão Genética Angus no dia 12 de julho. A Agropecuária HR e 3E ofertaram 30 touros Angus para trabalho no campo, 100 novilhas Nelores prenhas e com cria ao pé Angus e 1000 animais meio sangue Angus. Segundo o gerente da Agropecuária HR, Luís Fernando Rodrigues, esse é considerado um dos maiores leilões Angus do Brasil com um número tão expres- sivo de animais em um único remate. No dia 16 foi realizado o julgamento da exposição, contando pontos para o ranking regional da raça. Participaram mais de 10 fazendas com um número superior a 100 animais em pista. Raça Espetacular Na opinião do médico veterinário e jurado da ex- posição de Araçatuba, José Geraldo Candido, o Angus é uma raça espetacular que produz carne no mundo inteiro e já provou o quanto vale. Ele destaca a qualidade dos animais que foram a julgamento e o trabalho de divulgação que o Núcleo Paulista está realizando com o apoio da Associação Brasileira de Angus (ABA), através do seu corpo de téc- nicos qualificados. “É importante quando um jurado tem numa mesma pista animais de várias raças criadas no país. Ao analisar estes animais, o Angus se sobressai sobre os demais pelo seu biótipo”, destacou o jurado, elogiando a qualidade apresentada em pista, o cuidado dos criadores com os planteis e a supervisão dos técnicos da ABA. Grande Campeão Reservado Grande Campeão Terceiro Melhor Macho Grande Campeã Reservada Grande Campeã Terceiro Melhor Fêmea DADOS DOS ANIMAIS CAMPEÕES DE ARAÇATUBA GRANDE CAMPEÃ Nome: CIA.AZUL HERANÇA 0997 Tat: 0997 Nasc: 17/09/2008 Idade: 1031 Dias Registro: O129555 Pai: CIA.AZUL TE0146 CANYON SANGÜINE Peso: 764 Mãe: CIA.AZUL 0141-G5480-G3140 Est. Gest.: Prenha Expositor: LUIS HENRIQUE CAMPANA RODRIGUES Estabelecimento: FAZENDA TABAPUÃ Cidade: PONTA LINDA /SP Criador: SUSANA MACEDO SALVADOR RESERVADA GRANDE CAMPEÃ Nome: LC SCARLET TES161 Tat: TES161 Nasc: 24/07/2009 Idade: 721Dias Registro: O134805 Pai: SAV NET WORTH 4200 Peso: 770 Mãe: NEGRITA 370 DA CORTICEIRA Est. Gest.: Prenha AOL: 102,9 EGS: 11,4 P8: 15,4 Expositor: CABANHA SANTA HELENA Estabelecimento: FAZENDA SANTA HELENA Cidade: SANTA ADÉLIA/SP Criador: LUIZ ANSELMO CASSOL 3ª MELHOR FÊMEA Nome: ASD 920 TE MAJOR MUSA Tat: TE920 Nasc: 30/09/2009 Idade: 653 Dias Registro: O135708 Pai: LEACHMAN MAJOR LEAGUE A502M Peso: 695 Mãe: ASD 418 RINCÓN PANCHO GEMADA Est. Gest.: Prenha AOL: 104,2 EGS: 12,0 P8: 20,6 Expositor: LUIS HENRIQUE CAMPANA RODRIGUES Estabelecimento: FAZENDA TABAPUÃ Cidade: PONTA LINDA /SP Criador: ANTONINO SOUZA DORNELES GRANDE CAMPEÃO Nome: MC IMPOSTO FLORA TRAVELER 6807-TE973 Tat: TE973 Nasc: 22/04/2009 Idade: 814 Dias Registro: O134809 Pai: SS TRAVELER 6807-T510 Peso: 950 Mãe: ASD 132 SANDS MATHILDE FLORA Perímetro Escrotal : 49 Expositor: ELOY TUFFI Estabelecimento: FAZENDA MC Cidade: ESPÍRITO SANTO DO PINHAL /SP Criador: ELOY TUFFI RESERVADO GRANDE CAMPEÃO Nome: HR AMÉRICO K09 TE Tat: TEK09 Nasc: 19/02/2010 Idade: 511 Dias Registro: O140037 Pai: OTTONO B1777 TE HERDEIRO Peso: 660 Mãe: SA BAVÁRIA 358 Perímetro Escrotal: 40 AOL: 111,1 EGS: 14,2 P8: 15,2 Expositor: LUIS HENRIQUE CAMPANA RODRIGUES Estabelecimento: FAZENDA TABAPUÃ Cidade: PONTA LINDA /SP Criador: LUIS HENRIQUE CAMPANA RODRIGUES 3º MELHOR MACHO Nome: 3E BARNEY A461 Tat: TEA461 Nasc: 01/04/2010 Idade: 470 Dias Registro: O140041 Pai: TRES MARIAS 6301 ZORZAL TE Peso: 604 Mãe: SALA ALAMEDA Perímetro Escrotal: 40 AOL: 105,6 EGS: 10,2 P8: 13,6 Expositor: 3E AGROPECUÁRIA Estabelecimento: FAZENDA TRÊS MARIAS Cidade: JOSÉ BONIFÁCIO /SP Criador: 3E AGROPECUÁRIA LTDA - EPP 49 Julho/Agosto de 2011 EDITORIAL SELECT SIRES Angus@newS 50 NÚCLEOS Julho/Agosto de 2011 Angus@newS Núcleo Angus São Paulo: passagem ao Centro Oeste mostras de Avaré, Itapetininga, Feicorte, Araçatuba e São José do Rio Preto. O trabalho já atrai criadores de Minas Gerais, que em breve devem se integrar ao Núcleo. “O potencial é grande. Também estamos avaliando com muita atenção o sul de Mato Grosso do Sul. O objetivo principal é o fortalecimento da raça e entendemos que ter uma entidade forte é um fator indispensável desse processo”, assinala o dirigente. Renato Ramires Jr. “É impressionante como o Angus produzido hoje em São Paulo é mais produtivo do que o animal de oito anos atrás, quando eu entrei na raça. Além de outras qualidades, o meio sangue Angus está pronto para o abate entre 10 e 12 meses mais cedo que outras raças e oferece até 20% a mais de ganho de peso. É ou não é a raça ideal para a pecuária brasileira, cada vez mais profissional e que busca resultados comprovados?” A convicção do Angus como a opção genética mais indicada para a expansão da pecuária está em cada palavra do criador Renato Ramires Jr., presidente do Núcleo Angus São Paulo e proprietário da 3E Agropecuária, com fazenda no município de José Bonifácio, SP. Entrando no terceiro mandato à frente do Núcleo, Ramires utiliza os resultados produtivos e reprodutivos do Angus e a indiscutível qualidade da carne para expressar sua confiança no avanço da raça rumo ao Brasil Cen- tral. “O Angus evolui rápido em termos zootécnicos e em adaptabilidade. Há algum tempo não se admitia a raça pura no Centro-Oeste; hoje vendemos touros a partir de São Paulo para o extremo Norte do País e as informações colhidas são inquestionáveis: os animais produzem tão bem quanto o zebu”, ressalta o presidente do Núcleo Angus São Paulo. Isso só é possível porque os criadores paulistas desenvolveram programas de fomento que respeitam os interesses dos produtores e, aproveitando uma base genética versátil, composta por gado originário dos plantéis do Rio Grande do Sul – berço da raça no país – mas também do Canadá e dos Estados Unidos, fizeram a lição de casa, investiram na adaptação e em acasalamentos direcionados. Resultado: constituíram um pólo de disseminação de genética Angus de São Paulo para cima, chegando hoje a Minas Gerais, Trabalho do Núcleo paulista é ponte para o avanço da raça rumo ao Centro Oeste brasileiro ... Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Tocantins e daí para o Norte. Orientação, o começo de tudo Tudo começa com a orientação profissional e técnica aos produtores que buscam auxílio para entrar na raça. “O Angus está num momento excelente e é comum que pecuaristas procurem o Núcleo para obter informações. Nesse momento, não os direcionamos para outros criadores, mas acionamos a parceria com a Associação Brasileira de Angus (ABA), que envia um dos seus três técnicos no Estado de São Paulo para atender as consultas de maneira absolutamente profissional. Assim, os técnicos da entidade fazem um verdadeiro raio-x do projeto pecuário e mostram os caminhos a seguir, de acordo com os preceitos da raça e dos mandamentos da pecuária moderna. Esse trabalho tem surtido excelentes resultados”, informa Renato Ramires Jr. Numa outra ponta, o núcleo paulista investe na divulgação da raça, levando-a a várias partes do estado de São Paulo com o seu ranking de exposições, que inclui as Economia favorece Renato reconhece que a conjuntura econômica converge para o fortalecimento do Angus. “Carne de qualidade é um alimento essencial e cada vez mais valorizado. As estatísticas estão aí para provar que o mundo precisa da carne brasileira. E se for de Angus ainda melhor, pois os países desenvolvidos já pagam bônus por sua qualidade. Esse movimento começa a chegar ao país, a partir da concepção do Programa Carne Angus Certificada, que tem frigoríficos parceiros no Sul, Sudeste e CentroOeste”. No caso de SP, GO e MS, Renato refere-se à Marfrig, parceira do programa há quatro anos. Em termos globais, o cenário também é promissor para o Angus. “Temos dois belos desafios pela frente: quantidade e preço. Em ambos o Angus é um instrumento muito importante para a pecuária brasileira. Por suas características produtivas, fica pronto para o abate mais cedo; como tem qualidade reconhecida agrega valor ao negócio, o que é bom para o Brasil e também para o pecuarista que utiliza essa genética”, diz Renato. Time que joga junto! Com as ações de fomento realizadas pelo Núcleo São Paulo, Renato Ramires Jr. confia que os resultados – que já aparecem – tendem a melhorar ainda mais no futuro. “Somos um time coeso, que joga junto e trabalha em prol do mesmo objetivo. Isso significa que o importante para os associados do Núcleo é a raça, e não só os campeonatos e o ranking. Assim, ganham todos: a raça, os criadores e a pecuária”. A confiança de Renato decorre da segurança que adquiriu no Angus desde que iniciou na pecuária. Empresário de varejo e atacado no interior de São Paulo ele sempre desejou investir em um outro negócio, que lhe desse a satisfação de contribuir para algo maior. A pecuária foi a atividade e o Angus a raça escolhida. “Pesquisei muito antes de me decidir pelo Angus. Pesei: se vou investir na pecuária de corte tem de ser em uma raça altamente produtiva, que efetivamente contribua para a maior oferta de proteína. O Angus foi a escolha perfeita”. O seu trabalho agora, à frente do Núcleo São Paulo, é levar essa mensagem a outros produtores e contribuir para fortalecer a raça em novas praças. Os resultados estão aparecendo. 51 Julho/Agosto de 2011 EDITORIAL NUCLEO PAULISTA Angus@newS 52 Julho/Agosto de 2011 MELHORAMENTO GENÉTICO Angus@newS Genética Nacional: “Eu acredito!” Fotos: Horst Knak/Agência Ciranda E sta nova coluna, criada especialmente para o Angus@newS, visa revelar a avaliação de importantes selecionadores de Angus sobre a importância do uso da genética nacional da raça. A cada edição, dois cria- dores estarão se manifestando sobre este tema, que é prioridade do Conselho Técnico e da atual direção da Associação Brasileira de Angus (ABA). Fábio Gomes - Cabanha Catanduva, com sede em Cachoeira do Sul, RS: “Acredito em touros nacionais porque a seleção genética do Angus está atenta para que os animais sirvam tanto para facilitar a criação e terminação quanto para que os touros trabalhem sem dificuldades em nosso meio ambiente, que é diferente de outros onde o Angus também se destaca, como nos Estados Unidos e Canadá, por exemplo. Precisamos produzir touros que possam trabalhar em grandes centros produtores de carne, como no Brasil Central. Precisamos de touros com pelo curto, porque os animais de pelo longo sofrem muito e produzem pouco. E esta produção de touros capazes de atender as nossas necessidades, nós só podemos fazer aqui, no nosso meio ambiente”. Fábio Luiz Gomes Luiz Fernando Campana Rodrigues Luiz Fernando Campana Rodrigues – Agropecuária HR, de Fernandópolis, SP. “Os touros nacionais são filhos de touros nascidos e criados aqui e, portanto, já adaptados ao nosso clima, nossos parasitas e nossa alimentação do dia a dia. Eles já nascem com maior resistência às nossas pragas e ao nosso meio. Os touros ou sêmen de touros importados, embora transmitam todas as características genéticas inerentes à raça, não tem esta adaptabilidade e, portanto, não podem transmiti-la aos seus filhos. Por isso acredito nos touros nacionais e uso 100% deles para os cruzamentos industriais na HR”. 53 Julho/Agosto de 2011 EDITORIAL Angus@newS 54 NOTÍCIAS Julho/Agosto de 2011 Angus@newS Premiadíssima Três Marias recebe grupo de técnicos e criadores brasileiros Iniciativa da empresa gaúcha Solução Genética, que no Brasil representa a Cabanha Três Marias, foi realizado em 29 de junho um dia de campo de visitação àquele seleto estabelecimento de criação de Angus na Argentina. Luis Felipe Cassol A viagem à Três Marias, que contou com a participação de cerca de 40 criadores e técnicos brasileiros, teve a coordenação do selecionador gaúcho Luis Felipe Cassol, um dos diretores da Solução Genética, em São Luiz Gonzaga, RS, e também da Cabanha da Corticeira, em São Borja, RS. Luis Felipe esteve acompanhado dos veterinários Bianca e Dimas Rocha, da Assessoria Agropecuária FFVelloso & Dimas Rocha, que novamente este ano assessora o leilão da Cabanha Três Marias, no dia 18 de agosto. Um plantel de cinema A Cabanha Três Marias, de propriedade do selecionador Horácio Gutierrez, ostenta bem mais do que o mérito de ser a cabanha de Angus mais premiada da Argentina. Trabalhando com um plantel de aproximadamente 1,2 mil ventres registrados, anualmente, o criatório produz aproximadamente 500 touros, e com um grupo muito seleto de 150 doadoras, gera cerca de dois mil embriões ao ano, volume que é destinado para a própria cabanha, para o mercado interno e à exportação. O dia de campo – já promovido em 2010 também pela Solução Genética, que fornece o material genético da Três Marias em solo brasileiro - neste ano foi prestigiada por técnicos da Associação Brasileira de Angus (ABA) e por criadores do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e do Paraná. Grandes mães Quatro estações foram visitadas pelo grupo. Na primeira foram revisadas aproximadamente 100 doadoras; lote composto por grandes mães e produtoras de campeões e touros pais. Doadoras como Jefa, Mulata, Fenomena, Baraja entre tantas outras. Através da revisão das doadoras da fazenda, foi possível entender um dos pontos chaves do sucesso desta cabanha: a grande qualidade da base de seu plantel, ou seja, das mães. Tourada de peso Na segunda estação, a comitiva conferiu o confinamento para preparo de touros de venda utilizado no se- gundo inverno dos animais para comercialização no remate de agosto de 2011. Neste local estavam sendo preparados aproximadamente 400 touros PO e PC, para venda aos dois anos e peso médio de 750-800 kg. Palermo e clones Na terceira estação, os visitantes conheceram os animais de argola preparados pela Cabanha Três Marias para a tradicional Exposição de Palermo, de 20 a 22 de julho. Foi apresentada a Grande Campeã Palermo 2010, Areia, animal este adquirido por criador brasileiro no leilão de 2009. Entre os animais podem estar os Grandes Campeões da mais importante exposição de Angus do mundo, no conceito de muitos criadores. Nesta etapa da visita também foram apresentados dois clones da mãe de Três Marias Zorzal, um dos touros sul-americanos mais influentes da atualidade. Os animais clonados, aliás, já foram incorporados ao núcleo de doadoras da cabanha, e se encontram em franca multiplicação. Estas doadoras já foram coletadas com 10 touros diferentes, apresentando sempre a mesma consistência. Fêmeas PO O lote de fêmeas PO destinadas à comercialização no leilão de agosto foi conhecido na quarta estação. Divididos em grupos ordenados por idade, os lotes totalizam uma oferta de 70 fêmeas PO. A fantástica padronização dos animais em tamanho, qualidade e caracterização racial, consequência da criteriosa escolha dos pais e da grande qualidade da base de fêmeas, realmente surpreendeu a todos. A padronização em tamanho, qualidade e caracterização racial surpreendeu a todos 55 Julho/Agosto de 2011 EDITORIAL Angus@newS 56 Julho/Agosto de 2011 PARCEIROS Angus@newS O Angus do presente e do futuro Marcelo Vezozzo O Angus é uma raça milenar pura conhecida mundialmente e a base dos grandes rebanhos nos EUA e na Argentina. Nas regiões subtropicais – abaixo da latitude de 25º - ela predomina com grande destaque. Naturalmente mocho, os animais da raça Angus possuem excelente habilidade maternal e se adaptam as mais diversas regiões. É também reconhecida em todo o mundo pelo programa Angus Certified Beef – uma raça completa que vai desde a genética até o prato do consumidor. Sua carne é bastante apreciada no mercado e elogiada pelos chefes de culinária dos restaurantes, principalmente pelo excelente marmoreio e maciez. No Brasil, nos últimos três anos em virtude da parceria entre a Associação Brasileira de Angus – com o programa Carne Angus Certificada – e a indústria frigorífica houve um grande impulso na comercialização da sua genética, o que pode ser constatado pelos relatórios divulgados pela Asbia – Associação Brasileira de Inseminação Artificial. Os criadores brasileiros estão produzindo os terneiros (bezerros) para atender a demanda do mercado interno e, em breve, para o comércio do exterior, podendo agregar mais valor para o seu produto. O Brasil vai poder demonstrar a qualidade do seu produto, saindo assim da comoditização. Entretanto, tenho visto no nosso País, uma pasteurização do frame do touro Angus para ser utilizado no rebanho nacional. Dentro e fora do Brasil tenho presenciado sistemas diversificados de produção que devem ser atendidos: as necessidades técnicas, econômicas, ambientais, entre outros. Por exemplo, se necessitamos fazer um bezerro hiperprecoce com produção intensiva e acabamento rápido é um determinado reprodutor; para o superprecoce é outro; para o precoce é outro touro; para o tradicional também, ou seja, vamos precisar de indivíduos diferenciados. Se queremos utilizá-los em semi-confinamento, confinamento ou a pasto, nos pampas gaúchos, no pantanal, no Mato Grosso ou Pará, são necessários produtos com características diferenciadas. Sem falar em outros pontos determinantes: qual é a matriz genética que será empregada (zebu, ½ sangue ou européia)? Qual é o tipo de alimentação e o manejo que será oferecido para este indivíduo? Cada resultado deste cruzamento tem a sua exigência nutricional e de acordo com a oferta ele vai ter a curva de acabamento (massa muscular e gordura) no seu tempo apropriado. Dentro desta sistemática, sugiro aos selecionadores e produtores de novilhos precoces que façam uma análise profunda da escolha desta genética a ser utilizada para atender o seu sistema de produção, focando as suas necessidades como: precocidade, aumento de gordura na carcaça, melhorar a qualidade da carne, aumentar a habilidade materna, diminuir ou aumentar o peso das suas carcaças, assim por diante. Para finalizar, parabenizo os selecionadores de Angus que já utilizam a genética da raça com esta visão do presente e do futuro. Diretor-presidente da Araucária Genética Bovina 57 Julho/Agosto de 2011 EDITORIAL CRI Angus@newS 58 Julho/Agosto de 2011 PARCEIROS EDITORIAL O cruzamento como ferramenta de expansão de mercado Octaviano Alves Pereira Neto O Brasil tem se constituído no país líder na produção e exportação de alimentos de origem vegetal e animal.Temos todos os componentes necessários para atingir este objetivo: sol, água, terra, clima, genética nos rebanhos, mão de obra, tecnologia, etc... Estima-se que mais de 70% do rebanho nacional é composto por zebuínos ou seus cruzamen- tos. É indiscutível a fantástica adaptação do binômio nelore e braquiária às condições do Centro Oeste brasileiro, sendo uma grande oportunidade à raça Angus, a qual poderá impactar decisivamente no processo de produção de carne bovina. Os ganhos em produtividade oriundos dos cruzamentos são imensos e amplamente descritos na literatura, principalmente resultado da heterose alcançada que é a superioridade média no desempenho de indivíduos em relação às raças materna e paterna que o originaram. A heterose resulta em uma maior precocidade sexual, melhores características das carcaças, uma melhor conversão alimentar e adaptação à ambientes hostis, especialmente no que diz respeito aos desafios parasitários. Empresários eficientes têm menos paixão e mais razão na hora da tomada de decisão. Não se trata da discutir se a raça A, B ou C é “melhor ou pior”, pois é uma discussão improdutiva. O correto é identificar qual responde de forma mais adequada em um determinado ecossistema, conforme seu clima, vegetação, manejo, etc... Estabelecidos estes critérios, opta-se por quais serão as raças a serem usadas. Certamente os rebanhos puros de origem serão mantidos e aprimorados, pois são fundamentais na geração de animais superiores e multiplicadores das qualidades e benesses da raça, porém serão cada vez mais focados na venda de reprodutores para rebanhos comerciais, tanto de mesmo genótipo quanto para cruzamentos. O modelo é conhecido há décadas, mas faltam ainda acertos para maximizar o desempenho. Não parece lógico ficar à margem desse negócio, mas para ingressá-lo é fundamental contornar problemas, tais como o estresse térmico, causado pelo Angus@newS calor das Regiões Sudeste e Centro Oeste, e o desafio parasitário, especialmente as moscas dos chifres e os carrapatos. Animais meio sangue ou outros graus de cruzamento costumam ser mais sensíveis aos parasitos que o zebuíno puro, que por seleção natural tornaram-se mais resistentes desde a sua formação. O carrapato é um exemplo claro, pois afeta severamente bovinos com sangue taurino e suas cruzas, causando espoliação e a transmissão de doenças, tais como a Tristeza Parasitária. Atualmente a resistência parasitária constitui uma barreira crescente ao processo de avanço das raças européias nestes ambientes, pois não elimina os parasitos de forma eficiente, havendo queda no desempenho dos animais. Os Inibidores de Crescimento de Ácaros, como é o caso do Acatak®, têm auxiliado os produtores na introdução de genótipos taurinos nestes ambientes ou mesmo produzir mais em locais onde havia anteriormente sérios problemas com carrapatos. Outra vantagem é o sistema de aplicação pour-on que oferece maior facilidade para o controle dos carrapatos, sem necessidade de construção de banheiros de pulverização e imersão. É uma economia de tempo e investimento muito interessante aos sistemas de produção. Concluindo, a introdução de genes europeus em rebanhos zebuínos poderá ser o impulso que falta para o setor atingir a excelência no mercado de carne bovina mundial e tornar decisivamente o Brasil o maior produtor de tão nobre fonte de proteína. Medidas de controle parasitário eficazes permitirão que os indivíduos, oriundo dos cruzamentos, expressem seu potencial produtivo em ambientes de alto desafio parasitário, oferecendo aos pecuaristas excelentes ganhos em escala de produção e de qualidade na carcaça dos animais. Méd. Vet., Mestre em Zootecnia Gerente Técnico – Bovinos Novartis Saúde Animal Ltda. ® Marca Registrada Novartis, AG, Basiléia, Suíça. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo desta publicação sem a autorização da Novartis Saúde Animal 59 Julho/Agosto de 2011 EDITORIAL Angus@newS 60 Julho/Agosto de 2011 PERFIL Angus@newS Cassol: uma família unida em torno da raça Angus Por Alexandre Gruszinsky U ma filosofia de trabalho que envolve toda uma família e com uma diretriz enfatizando a qualidade dos seus produtos em primeiro plano. Um elevado senso de ética, respeito e humildade que vem, ao longo dos anos, sendo reconhecido, respeitado e admirado por nomes de expressão no panorama da raça Angus. Estas características, aliadas à busca constante pelo aprimoramento do seu criatório, traçam a trajetória do pecuarista Luiz Anselmo Cassol, titular da Cabanha da Corticeira, de São Borja (na região das Missões do Estado gaúcho), e de sua família, dentro do universo das grandes cabanhas brasileiras de Angus. A história da Cabanha da Corticeira no criatório da raça iniciou em 1990, quando Cassol, que trabalhava com cria de gado geral, uma atividade que já vinha de seus pais, resolve mudar o foco da sua fazenda para iniciar a criação e seleção de uma raça definida. Ao visitar uma exposição agropecuária em Santa Maria, onde o filho, Luiz Felipe (hoje um criador e técnico consagrado), cursava a Faculdade de Agronomia, conhece a raça Angus. E após várias pesquisas define a Angus como a raça padrão para iniciar o seu criatório. Nesse ponto inicia a trajetória dessa propriedade que, ao longo dos anos, vem se destacando pelas qualidades já mencionadas, aliadas à excelência dos seus produtos, reconhecidos nas pistas das maiores Exposi- ções da raça Angus no País. Da Corticeira Em 1970, aos 22 anos de idade, já casado com Margarete, Cassol assume a propriedade em Panambi, onde além de agricultura, se criava gado geral. O pecuarista Cassol explica porque escolheu a raça Angus para iniciar o seu criatório. “O Angus comprovadamente é a raça que complementa todas as outras que se queira melhorar. Pela qualidade da sua carne, pela precocidade sexual, pela rusticidade e pela capacidade de transmitir essas características nos cruzamentos a tornam a raça ideal tanto como raça pura, como para os cruzamentos com qualquer outra raça ou espécie (caso do Nelore). Por isso o Angus é a raça do momento e do futuro, afirma Cassol. Escolhida a raça, o primeiro plantel de Angus, embrião da então nova propriedade, foi adquirido em leilão na Exposição de Santa Maria, sendo um lote de touros Red Angus e dez vacas pretas PC. No ano seguinte, 1991, Cassol adquiriu um lote de 75 vacas Angus PO e mais algumas Angus PC, formando um plantel de aproximadamente 100 animais. Com o nascimento dos primeiros produtos, para obter o registro junto a ANC, teve que criar um afixo, e como na região de Panambi, onde residia na época, existiam muitas arvores da espécie corticeira, escolheu o nome Cabanha da Corticeira. Hoje os seus animais usam como afixo LC. Em 1995 a propriedade, já com um plantel significativo, começou a participar de algumas exposições no Rio Grande do Sul, com gado Angus rústico. Em 1997 iniciaram a participação na Exposição de Londrina, PR, competindo na categoria de rústicos. Nessa categoria, a Cabanha da Corticeiras conquistou, durante cinco anos consecutivos, o campeonato de animais PO e quatro vezes o de PC. Cabe salientar que durante este período - 1995 a 2000 - impossibilitado de se ausentar da lavoura, era tempo de colheita e com os filhos Luis Felipe e Carina estudando, a esposa Margarete assumia o comando da cabanha, se encarregando de apresentar e também de comercializar os animais nas exposições. Animais de Argola No ano de 2000, após conclusão dos estudos, o filho Luis Felipe se junta à >>> A história da Cabanha da Corticeira no criatório da raça iniciou em 1990 61 Julho/Agosto de 2011 EDITORIAL ARAUCARIA Angus@newS 62 Julho/Agosto de 2011 equipe da fazenda, focando seu trabalho principalmente no melhoramento genético a partir dos animais já existentes, com novas aquisições. Já em 2001, com o aprimoramento do seu plantel, a cabanha de Cassol começou a participar nas exposições também com animais de argola. Nesse ano, pela primeira vez se apresenta com um touro de dois anos em Esteio, que conquistou o campeonato da categoria. Grande vitória. No ano seguinte ele leva dois touros de dois anos e novamente ganha o campeonato da categoria. Mais uma vitória. Ao longo desses anos, a qualidade do seu criatório e o reconhecimento que foi conquistando entre os criadores da raça, acabou promovendo várias parcerias, uma delas, em 2006, com a GB Agropecuária, de Porecatu, PR, propriedade do famoso apresentador da Rede Globo, Galvão Bueno. A partir de 2007, o trabalho de seleção e de melhoramento genético finalmente começa a se consolidar e a ganhar destaque nas principais exposições da raça. O ano começa promissor, quando a Corticeira ganha na Exposição de Londrina o prêmio de Reservada de Grande Campeã, e na Expointer, a PERFIL Angus@newS principal e mais qualificada exposição da raça Angus do Brasil, conquista o Grande Campeonato de Fêmeas. Em 2008 na Expointer fica com a Reservada de Grande Campeã, em 2009 conquista o Grande Campeonato de Machos e em 2010 conquista, novamente, o Grande Campeonato de fêmeas. Prêmios a granel ... A produção Atualmente a cabanha trabalha com um plantel de aproximadamente 300 vacas Angus PO e 100 Angus PC, produzindo por ano 320 bezerros. Destes animais, aproximadamente 50 entre machos e fêmeas, são selecionados como elite, e passam a ser preparados para as Exposições. Durante o ano a cabanha comercializa 100 touros com dois anos e 100 novilhas, tanto na propriedade como em três eventos comerciais: Remate Selo Racial Produção, e leilões Aliança Genética e Pró a Pró. Também vende aproximadamente 40 animais de argola por ano, a maioria em três eventos anuais, em conjunto com outras grandes cabanhas. No leilão Royal Angus Londrina, em abril, no Selo Racial Reserva Especial, em agosto, durante a Expointer e no Royal Angus Porto Alegre, em novembro. A ca- banha também tem se destacado na produção de prenheses e embriões por TE e FIV, produzindo para seu uso e para comercialização, colaborando com a difusão da genética Angus de elite em todo Brasil. A partir de 2007, o trabalho de seleção e de melhoramento genético começa a se consolidar Família Com uma vida inteira dedicada às lides do campo, Cassol tem no seu grupo familiar o apoio necessário que possibilitou os bons resultados obtidos pela Cabanha da Corticeira ao longo dos últimos anos. De fato, a propriedade é uma empresa eminentemente familiar, sob a supervisão geral do patriarca Cassol, que também se encarrega da parte de agricultura, - planta arroz e soja – auxiliado pela esposa Margarete. O filho, Luis Felipe, agrônomo, se encarrega da pecuária. O sobrinho, Eduardo Nunes é o veterinário. A filha Carina, é responsável pelo escritório em São Luiz Gonzaga e pela parte financeira, enquanto o genro, Caubi Vin- censi, administra a parte burocrática, cuidando da documentação, registros, transferências, embriões, etc. Para finalizar o rico perfil desse pecuarista, o Angus@newS reproduz na íntegra, as palavras finais do patriarca Cassol a respeito do seu trabalho, sua família e o seu modo de pensar: “Esse é o nosso trabalho, a nossa família. Sem ela jamais seríamos o que somos hoje. Como vivemos exclusivamente da atividade agropecuária, nossas vidas são uma mistura de “plantar e criar,“ sempre focados, não em quantidade, mas, principalmente em qualidade. Também primamos por ter bons amigos e parceiros, em quem pode- mos confiar e também conviver. Os portões da fazenda e da Cabanha sempre estão abertos para os amigos e para as pessoas interessadas em conhecer ou adquirir animais da raça Angus, a raça que produz a carne que o mundo inteiro quer. Para encerrar, não poderia deixar de mencionar uma frase de Theodore Roosevelt, a mim transmitida por meu pai e que procuro transmitir aos meus filhos: É muito melhor arriscar coisas grandiosas, alcançar triunfo e glória, mesmo expondo-se a derrota, do que formar fila com os pobres de espírito, que nem gozam muito nem sofrem muito, porque vivem nessa penumbra cinzenta que não conhece vitória e nem derrota. Julho/Agosto de 2011 EDITORIAL RECONQUISTA Angus@newS 64 PARCEIROS Julho/Agosto de 2011 Angus@newS Utilizar o carrapaticida que ainda está funcionando até esgotá-lo é um erro imenso P or gerar danos tão graves aos bovinos, o carrapato é um parasito que requer muita atenção e cuidados no seu combate. Determinadas orientações que ouvimos no dia-a-dia, partindo de pessoas não especializadas, muitas vezes, podem representar uma grande armadilha ao pecuarista. Refiro-me, nesse momento, a uma recomendação comum no mercado, que diz o seguinte: “se o carrapaticida que você utiliza ainda apresenta resultados satisfatórios, continue utilizando e só mude para algo diferente quando o período residual diminuir sensivelmente, ou seja, quando não funcionar mais”. Se o amigo pecuarista já ouviu algo semelhante, saiba que, infelizmente, esta prática induz a uma falha grave que poderá resultar em perdas imensuráveis. O objetivo desse artigo é alertar aos pecuaristas sobre este risco e demonstrar uma forma mais racional e com melhor custobenefício para o combate do carrapato. É sabido que o uso intensivo de um mesmo princípio ativo no combate ao carrapato leva ao desenvolvimento de mecanismos de resistência por parte deste parasito. De uma forma simples, significa que o carrapato ao ser freqüentemente atacado por uma molécula que possui o mesmo mecanismo de ação, desenvolve resistência a esse ativo, visando a sua sobrevivência e de sua espécie. Este mecanismo de defesa ao princípio ativo é transmitido às futuras gerações do parasito. A rotação de princípios ativos retarda este processo, pois alternado moléculas se elimina aqueles indivíduos que vinham tornando-se resistentes a outra antiga. Quando falamos de “diferentes princípios ativos” é importante entender que tratam-se de moléculas distintas e não apenas diferentes marcas comerciais, que tenham o mesmo mecanismo de ação. A orientação de um veterinário auxiliará na correta escolha do produto. Atualmente, o princípio ativo que apresenta resultados contundentes no controle de carrapatos é o fluazuron, encontrado no mercado sob a marca comercial ACATAK®. O carrapato, por não ter ainda desenvolvido mecanismos de resistência contra esse produto, faz com que o ACATAK® seja um forte aliado do pecuarista para se utilizar em rotação com outro carrapaticida que esteja apresentando uma eficácia satisfatória na propriedade. Isso torna-se ainda mais importante nos dias de hoje, já que há poucos princípios ativos no mercado que atuam satisfatoriamente no controle do carrapato (lembre-se que não estamos falando de marcas comerciais) e não há previsão de novos lançamentos nos próximos anos. Devemos portanto, preservar os produtos existentes, evitando perdê-los definitivamente para o combate dos carrapatos. E a melhor forma para isso é alternar o uso do carrapaticida tradicional que se vem utilizando, com outro carrapaticida que possua comprovadamente um mecanismo de atuação diferente, como é o caso do ACATAK®. Em resumo, amigo pecuarista: ACATAK® é reconhecido como um produto alta- mente eficaz no controle do carrapato, mas muitos ainda retardam o seu uso, como se o preservassem para um momento futuro, quando nenhum outro produto estiver funcionando. Isso é justamente o que devemos evitar, pois quando nada mais funcionar bem, o próprio uso de ACATAK® estaria comprometido no médio/longo prazos, já que a pressão de uso de um único produto (ACATAK®) provavelmente comprometeria também sua eficácia. Portanto, o segredo é simples: utilize ACATAK® agora de forma alternada com outro carrapaticida que ainda apresente algum resultado satisfatório, preservando os mecanismos de ação diferentes no combate ao carrapato. Assim, será possível obter um controle muito mais eficaz, racional e econômico no médio prazo. Novartis Saúde Animal Ltda. ® Marca Registrada Novartis, AG, Basiléia, Suíça. OPINIÃO O que é adaptabilidade? Por Antonio Cabistani Buscar a temperatura ideal que proporcione a manutenção das funções fisiológicas para cumprir com eficiência a produtividade tão desejada é o desafio. Calor é energia que pode ser produzida através da influência direta do sol, da pressão atmosférica, da radiação da terra, da vaporização das águas ou através da produção do próprio animal como a alimentação (digestão), movimentação (locomoção), metabolismo celular (quei- ma de energia). Este calor “energia” deve ser eliminado pelo animal através de seus mecanismos fisiológicos: - pele (pelo curto e liso) - evaporação - transpiração - excrementos alimentares (fezes e urina) - transferência ao ar mais frio (noite) - contato com outro corpo mais frio (água) O desequilíbrio entre a produção e a eliminação de calor, leva o animal a um stress térmico. Os diferentes desequilíbrios térmicos: quando a incidência externa e a produção interna de calor são maiores que a capacidade do animal eliminar calor, teremos: - aumento de consumo de água - busca da sombra (letargia) - sudoração aumentada - taquicardia e taquipnéia (respiração rápida e ofegante) - aumento da temperatura retal b) quando a incidência externa e a produção interna de calor são menores que a necessidade de calor do animal, teremos: - vasoconstrição periférica - pilocreção (pelos iriçados) - tremores musculares - hiper-alimentação (aumento de apetite) Qualquer dos casos teremos perda de energia diminuindo assim a capacidade produtiva, seja carniceira ou leiteira. O bem estar ou conforto animal é a solução para o equilíbrio do indivíduo com o meio em que vive. Esta parece ser a explicação simplista da teoria da evolução das espécies de Charles Darvin. Se utilizarmos este raciocínio lógico nos programas de seleção e melhoramento genético teremos finalmente entendido a mensagem que a natureza nos dá. Finalmente respondendo a pergunta inicial; a adaptabilidade é a capacidade que o animal tem de expressar a sua funcionalidade. Nos próximos artigos estaremos sendo mais específicos sobre estes mecanismos fisiológicos e seus limites de equilíbrio com o meio ambiente. Diretor da Cort Genética Brasil 65 Julho/Agosto de 2011 EDITORIAL NOVARTIS Angus@newS 66 Julho/Agosto de 2011 MELHORAMENTO GENÉTICO Angus@newS ABA e Embrapa Pecuária Sul tocam a 2ª Prova de Avaliação de Reprodutores Angus C om a meta de, nas mesmas condições de ambiente e alimentação, comparar a performance dos touros Angus e identificar animais superiores para a produção a pasto, a Associação Brasileira de Angus (ABA), juntamente com a Embrapa Pecuária Sul, de Bagé, RS, estão desenvolvendo a 2ª Prova de Avaliação a Campo de Reprodutores Angus. Durante 8 meses - até março de 2012, os touros serão avaliados em suas características de desempenho e performance, de fenótipo com foco na conformação frigorífica, precocidade de terminação e musculosidade, além de área de olho de lombo, espessura de gordura subcutânea e marmoreio. O teste tem o apoio do Núcleo Bageense de Criadores de Angus e é coordenado pelos pesquisadores da Embrapa Fernando Cardoso e Joal Brazzale Leal. Palavra do presidente Para o presidente da ABA, Paulo de Castro Marques, unir mais uma vez o “know how” da Embrapa com o trabalho de seleção genética Angus promovida pela Associação é muito importante e com certeza agrega qualidade às ações realizadas para impulsionar o desenvolvimento da raça e de genéticas nacionais provadas. Inclusive, quando da realização do dia de campo para o anúncio dos resultados da primeira prova, no início de junho deste ano, Paulo Marques fez questão e visitar a Embrapa, em Bagé, tendo ficado impressionado com a qualidade do trabalho e com a estrutura e equipe técnica daquele tradicional centro de pesquisa em pecuária do Estado gaúcho. Marketing para as cabanhas Participam da prova 30 touros nascidos entre 1º de agosto e 10 de outubro de 2010 e o Assistente Técnico da ABA, Jean Carlos Soares, destaca que os produtores que inscreveram animais na prova terão oportunidade de avaliar seus touros em comparação com vários outros criadores, participar de uma prova chancelada pela Embrapa e ainda divulgar, na forma de marketing, o trabalho de melhoramento genético desenvolvido por suas cabanhas. Especialistas e isentos Para o proprietário do touro vencedor da primeira edição da prova (touro de tatuagem 615), e que na mesma prova também conquistou a quarta colocação (com o touro Tat. 1.300) o selecionador Joaquim Mello, proprietário da Cabanha Santa Eulália, em Pelotas, RS, os testes comparativos entre touros realizados num mesmo ambiente e com iguais condições alimentares são sempre positivos ao aprimoramento da raça, a partir da identificação de reprodutores comprovadamente superiores. “E a escolha pela ABA da Embrapa como parceira para a realização dessas provas é mesmo campeã, porque sendo um conceituado órgão público dedicado à pesquisa em pecuária, leia-se também tratar-se de um agente com profundo conhecimento e o que é muito importante: com total isenção, o que dá credibilidade ainda maior aos resultados”, argumenta o tradicional criador. Cabanhas participantes da prova Nome Agropecuária Ponderosa Alfredo da Cunha Pinheiro Alvaro Augusto Almeida Salles Carlos Ignácio Talavera Campos Francisco de Paula Cardoso Júnior Helena Rodrigues Rotta João Francisco Bade Wolf Joaquim Francisco B. de A. Mello José Paulo Dornelles Cairolli Nélia J. Teixeira Gonçalves e Filhos Parceria Rotta Assis Sulimar Nunes Farias Ulisses Rodrigues Amaral Propriedade Estância do Salso Estância do Baú Cabanha Acácia Agropecuária Albardão Fazenda da Barragem Estância Santa Amélia Cabanha dos Tapes Estância Santa Eulália Reconquista Agropec. Cabanha Santa Nélia Estância Tradição Agropecuaria Proteção Cabanha Santa Joana Município Bagé Bagé Dom Pedrito Sta. Vitória do Palmar Dom Pedrito Sta. Vitória do Palmar Tapes Pelotas Alegrete Jaguarão Sta. Vitória do Palmar Rio Grande Sta. Vitória do Palmar 67 Julho/Agosto de 2011 EDITORIAL CHANCELADOS Angus@newS 68 OPINIÃO Julho/Agosto de 2011 Angus@newS Como ser competitivo Ricardo Pedroso Oaigen1 e Júlio Otávio Jardim Barcellos2 E m termos gerais, a competitividade pode ser entendida como a capacidade sustentável de sobreviver e, de preferência, crescer nos mercados concorrentes ou em novos mercados através de um sistema de informações capaz de suprir as necessidades gerenciais derivadas do planejamento de longo prazo. Sendo a mesma determinada por fatores sistêmicos (ambiente concorrencial), estruturais (relativos ao mercado) e internos (relativos à empresa). As empresas agropecuárias precisam apresentar capacidade para desenvolver e sustentar vantagens competitivas frente a seus concorrentes, para assim poderem se tornar competidoras frente ao mercado interno e externo. Neste sentido, identificar e mensurar o nível de competitividade dos sistemas de produção agropecuários se tornou fundamental através da definição de direcionadores, sejam estes tecnológicos, gerenciais, de na bovinocultura de corte? Parte 1 Atualmente um dos grandes desafios dos pecuaristas é tornar os seus sistemas de produção competitivos, mas afinal de contas o que é competitividade? Como maximizá-la? Quais os pilares que a sustentam? Neste artigo inicial descreveremos alguns conceitos básicos de competitividade e posteriormente apresentaremos sucintamente seus direcionadores e fatores, dando ênfase aqueles que dependem, sobretudo, da pró-atividade e da adaptação aos novos conceitos gerenciais por parte do empresário rural. mercado ou mesmo relacionados ao ambiente externo. Somente assim será possível diferenciar aquelas empresas que sabem compreender, posicionar-se e decidir com base na sinalização da cadeia produtiva na qual estão inseridas. A diferença está no posicionamento estratégico voltado para o futuro, com base no seu passado e na real compreensão de sua situação presente. A figura desta página apresenta uma síntese dos quatro principais direcionadores utilizados para avaliar o grau de competitividade de sistemas de produção pecuários. Os sistemas de produção necessitam de modernizações constantes (tecnologia de processos e/ou de insumos) para alcançar um nível de competitividade adequado à realidade sócio-econômica das empresas rurais. Os gestores enfrentam o desafio de proporcionar condições para que os produtos alcancem a qualidade desejada a níveis de custos competitivos. Nesta perspectiva, são necessárias informações consistentes de maneira que os empresários possam utilizá-las na administração, para correção de falhas, redirecionamento dos recursos e auxilio na lógica organiza- Tabela 1. – Direcionadores e fatores utilizados para determinar o índice de competitividade “dentro da porteira” na bovinocultura de corte. Direcionador: TECNOLOGIA 2.Qualidade, manejo e espécies de pastagens 4.Integração lavoura e pecuária 6.Genética do rebanho 8. Controle zootécnico 10.Manejo de rotina com os animais Direcionador: GESTÃO 1.Capacitação da mão-de-obra 2.Patrimônio 3.Orçamentação e fluxo de caixa 4.Planejamento estratégico 5. Controle dos custos de produção 6. Cálculo de indicadores financeiros 7. Identificação do rebanho 8.Comercialização 9. Informatização da propriedade 10.Escala de produção Direcionador: RELAÇÕES DE MERCADO 1.Relação produtor-fornecedor 2.Relação produtor-frigorífico 3. Formação de preços 4.Diferenciação de produtos Direcionador: AMBIENTE INSTITUCIONAL 1.Acesso a inovações tecnológicas 2.Política e fiscalização tributária e trabalhista 3. Política e fiscalização ambiental 4. Política de crédito agropecuário 5.Política e fiscalização sanitária 6.Legislação oficial e regularização fundiária 7.Organização dos produtores 1.Adequação de um sistema produtivo 3.Suplementação animal 5. Manejo reprodutivo 7. Sanidade do rebanho 9.Assessoria técnica regular cional. (Veja tabela 1) Além dos fatores internos, tecnologia e gestão, a competitividade das empresas agroindustriais também é fortemente condicionada por fatores externos às empresas. Afinal, as transações não se dão apenas intrafirma, mas se apóiam em elementos externos a ela, como as condições relacionadas com a infraestrutura física (estradas, ferrovias, portos) e as de caráter econômico (política creditícia, tributária, salarial e cambial). As condições técnico-científicas não podem ser esquecidas, uma vez que a qualificação dos recursos humanos, a existência de centros de pesquisa e a normatização e certificação da qualidade são também fundamentais. Nos próximos quatro artigos descreveremos detalhadamente cada um dos quatro direcionadores de competitividade, para que ocorra por parte do leitor um melhor entendimento deste conceito extremante dinâmico e relevante para a cadeia produtiva da carne bovina. Dessa forma o pecuarista poderá a partir das peculiaridades de sua fazenda, implantar ações conduzidas às dimensões específicas auxiliará a manutenção de sua atividade econômica. Professor Adjunto da Universidade Federal do Pará (UFPA), [email protected], Membro NESPRO/UFRGS. Atua na área de Gestão de Sistemas de Produção Pecuários. 2 Professor Associado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), julio. [email protected], Coordenador do NESPRO/UFRGS - Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção e Cadeia Produtiva da Carne Bovina. www.nespro.ufrgs.br/ 1 69 Julho/Agosto de 2011 EDITORIAL Angus@newS 70 Julho/Agosto de 2011 OPINIÃO Angus@newS As exposições de animais no melhoramento da pecuária de corte Por Leonardo T. Campos O propósito original das exposições de animais era o de proporcionar um local para a comercialização. Entretanto, a exibição de animais não destinados a venda, também se constituía em uma parte destacada, como nos mostra, por exemplo, a história da raça Shorthorn, em que o famoso boi “durham” de Charles Colling foi levado, em 1801, para uma gira de exibição que durou seis anos. A competição efetuada nas exposições atrai para um mesmo lugar, gado de prestígio na raça para medições individuais, apreciação visual e julgamento do exterior, através de um jurado que classifica os animais concorrentes. De acordo com o professor norte-americano Jay Lush, a exposição é uma forma de manter os criadores informados a respeito dos ideais da raça, podendo determinar assim a orientação que deverá seguir seu tipo médio. Nos animais domésticos produtores de carne existe, na verdade, uma relação definida entre a apreciação visual de tipo e a qualidade da carcaça, relação esta importante o bastante, segundo diversos autores, para que possa ser usada como um critério geral de qualificação. Por outro lado, as estimações visuais de tipo não revelam, com o rigor suficiente, a eficiência produtiva. Por conseguinte, para que se obtenha o máximo progresso, devem ser com- plementadas com registros de produção. Pesquisadores como Warwick & Legates alertam que a seleção para tipos ou padrões raciais torna-se até mesmo perigosa quando os itens selecionados não têm relação com o valor produtivo. Apesar de suas limitações, as exposições de animais foram, até meados do século XX, a única forma de comparar animais criados em rebanhos diferentes. E mesmo nos dias atuais, em países com avançados programas de melhoramento genético, as exposições continuam a exercer sua influ- ência. Entre seus aspectos positivos, destaca-se como uma oportunidade para o intercâmbio de idéias em toda a indústria de carne bovina, atendendo também propósitos educacionais e atividades paralelas de promoção e comercialização. Destaques do Sumário de Touros Angus 2010-2011 Por Leonardo Talavera Campos Nas últimas edições do Sumário de Touros Angus vem sendo incluídas tabelas adicionais, que tem gerado grande interesse pelos usuários desta genética: Listagem de Vacas Líderes Angus PO, Vacas Líderes Angus PC e Listagem de Touros Jovens S.A. VACAS LÍDERES Com o objetivo de valorizar os ventres PO e PC com comprovado destaque em suas progênies, são disponibilizadas anualmente através do Sumário Angus a Listagem das Vacas Líderes no PROMEBO®. Esta listagem apresenta as melhores vacas ativas entre todos os rebanhos Angus que participam do Programa de Avaliação Genética da ABA. Para constar nesta listagem as fêmeas deverão cumprir os seguintes requisitos: - vacas em atividade, ou seja, com pelo menos uma cria avaliada nas duas últi- mas safras; - devem apresentar, no mínimo, três (3) produtos com avaliação genética completa no desmame e sobreano e - classificadas como deca 1 para índice final Consulte no Sumário a listagem destas fêmeas para 2011. Aproveite para conhecê-las e identificar esta genética destacada. TOUROS JOVENS S.A. - Touros Jovens Superiores para Acasalamentos: Esta Listagem de Touros Jovens S.A. ou Touros Jovens Superiores para Acasalamentos apresenta aproximadamente uma centena de touros de dois (2) anos - da geração 2009. São considerados como superiores para utilização em Acasalamentos Dirigidos, através de uma simulação usando todas as novilhas da mesma geração ou safra. Para qualificar na Listagem os touros: - Devem estar com Registro Provisório na ANC, na época de elaboração do Sumário. - Serem classificados como Recursos Genéticos, enquadrando-se nos critérios seletivos como candidatos a dupla marca, ou seja: (1) Índice Final superior: todos são Deca 1, com valores maiores do que 10 unidades do índice final padronizado de seleção Angus (maior que 10,00). (2) Índice Desmama positivo (maior que zero). (3) Devem atender o critério de DEPs balanceadas na composição do Índice Final. (4) Escore para Caracterização Racial superior (de 3 a 5). Algumas, entre outras, restrições adotadas pelo programa de seleção de Touros Jovens para Acasalamentos Dirigidos, não qualificando então como superior: Índice Desmama menor que 4 unidades de índice (menor que 4,00). Índice Desmama e Final do pai menor do que 6 unidades (menor que 6,00). Índice Desmama e Final da mãe menor do que 6 unidades também. Deca da DEP para Ganho do Nascimento a Desmama e DEP para Ganho Pós-desmama maior que 5 ou Conformação, Precocidade, Musculatura e Perímetro Escrotal maior do que 7. - No programa de acasalamentos dirigidos é simulado o acasalamento de cada reprodutor com todas as novilhas da geração. São analisados então os acasalamentos que resultaram, ou não, em produtos endogâmicos, entre outras avaliações. Destas análises, apresentamos na Listagem de Touros Jovens S.A., aproximadamente uma centena de reprodutores superiores e qualificados (duas páginas do Sumário Angus 20112012), ordenados pelo Índice Final, resultantes desta avaliação genética global ou total. Coordenador Técnico do PROMEBO® [email protected] 71 Angus@newS Julho/Agosto de 2011 OPINIÃO EDITORIAL 71 Julho/AgostoAngus@newS de 2011 Com a faca e a carne na mão Por Alcides de Moura Torres Junior Não é espantoso saber que a Austrália é o segundo maior exportador de carne bovina do mundo, atrás apenas do Brasil, quando analisamos as estratégias de marketing e de mercado desenvolvidas pelo país. Mesmo com grande parte do território em áreas de deserto, a produção agropecuária faz parte da história e é fundamental para economia desta nação. Segundo dados do Meat & Livestock Australia (MLA), o setor emprega cerca de cento e setenta mil pessoas, exporta para mais de cem países e movimenta algo torno de US$16 bilhões. O que a grande maioria desconhece é a forte política de marketing da pecuária, que vem crescendo ao longo dos anos. A indústria da carne vermelha, por meio do MLA, em colaboração com o governo australiano, investe mais de US$13 milhões por ano em pesquisa e desenvolvimento, com a finalidade de melhor compreender os impactos e promover a eficiência da produção. Um exemplo a ser seguido Segundo o estudo publicado em 2009 pela Universidade de New South Wales, o país possui uma das mais baixas emissões de carbono entre os maiores produtores de carne. Devido ao manejo e seleção intensiva de animais com maiores rendimentos de carcaça e precocidade, desde 1990, as emissões de gases de efeito estufa (GEEs) provenientes da bovinocultura caíram 6,5% por quilograma de carne produzida. É importante lembrar que, de acordo com dados citados pelo MLA, mundialmente, a emissão de metano na atmosfera se mantém estável há 10 anos. A produção de carne e número de animais cresce a cada ano, sem contar as áreas de pastagens, que diminuíram nos últimos anos nos principais países bovinocultores. A pesquisa é focada em pontos como forrageiras e grãos que possuam maior digestibilidade e o correto manejo do solo e da água. Os estudos ainda quantificam a emissão de gases não só da pecuária, mas de outras fontes emissoras de metano, como pântanos, cultivo de arroz, além da queima de combustíveis fósseis. Duas décadas de expansão Sabe-se que nos últimos vinte anos o rebanho bovino brasileiro aumentou cerca de 38%, saindo de 148,8 milhões de cabeças em 1990 para 205,3 milhões em 2010 (várias fontes). Em 1990 detínhamos 13,5% do rebanho do planeta. Em 2010, a participação subiu para 20,7%. Enquanto isso, a Austrália possuía 24,6 milhões de cabeças em 1990 e 27,9 milhões no último ano, passando de 2,2% para 2,8% do rebanho mundial. Ainda no mesmo período, a produção de carne brasileira cresceu 82,6%, quase quatro vezes mais que o crescimento da produção australiana, cujo crescimento foi de 21,6%. Observe na figura 1 a evolução da produção nos dois países. Em 1990, a Austrália abatia 8,1 milhões de cabeças. Em 2010, este número ficou em 8,4 milhões, um acréscimo de 2,9%. Já no Brasil, do início da década retrasada até o ano passado, o abate de bovinos saltou 70,2%, passando de 24,2 para 41,2 milhões de cabeças. Conclusão É evidente que a pecuária e a produção brasileira de carne bovina é muito maior quando comparada com a australiana, e que somos tão ou mais eficientes em diversos aspectos da produção. Mas mesmo assim aquele país consegue se manter bem posicionado no ranking e atingir mercados extremamente exigentes. Qual o motivo? Soluções éticas, sustentáveis e que promovem a cadeia produtiva do setor, além do comprometimento do governo e dos produtores, focados em um produto de qualidade. Os números não mentem, a pecuária brasileira se consolidou nos últimos anos. Porém, o marketing ainda é uma questão a ser trabalhada para fortalecer a pecuária nacional e permitir o acesso a mercados exigentes, que remuneram melhor a produção. Temos a faca e o queijo, ou melhor, a carne na mão. * Engenheiro agrônomo, diretor da Scot Consultoria [email protected] Colaboraram: Gustavo Adolpho Maranhão Aguiar – zootecnista e diretor da Scot Consultoria. [email protected] Douglas Coelho de Oliveira – zootecnista e trainee da Scot Consultoria. [email protected] Figura 1. Aumento do rebanho, produção de carne e cabeças abatidas nos últimos 20 anos do Brasil e Austrália Fonte: USDA / Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br 72 Julho/Agosto de 2011 EDITORIAL Angus@newS