Woodstock: um festival sem fim
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Woodstock: um festival sem fim
Woodstock: um festival sem fim Woodstock, de Pete Fornatale (Agir, tradução de Jamari França, 318 páginas, R$ 49,90), traz, 40 anos depois do festival, um roteiro de documentário, em que a narrativa é entrecruzada com depoimentos. O livro é dividido em três partes, uma para cada dia do festival. E, dentro delas, cada capítulo corresponde aos 32 shows ocorridos nos três dias do evento. Confira trechos ABAIXO. INTRODUÇÃO: Logo após a meia-noite do dia 27 de julho de 1969, aos vinte minutos da minha estreia na WNEW-FM em Nova York, fiz meu primeiro comercial ao vivo. Como ensinaram durante o treinamento, olhei o roteiro do programa, abri o livro de textos em ordem alfabética e folheei até a letra W. Quando o vinil ao toca-discos à minha direita acabou, liguei o microfone e fiz um rápido anúncio das músicas que tocara: “Sing This Al ltogether” com os Rolling Stones, “All Together Now” com os Beatles e “You Can All Joim In” com o Traffic. Depois li o texto: “A Feira de Arte e Música de Woodstock é uma exposição aquariana em White Lake, na cidade de Bethel, Condado de Sullivan, Nova York. Na sextafeira, 15 de agosto, vocês verão e ouvirão Joan Baez, Arlo Guthrie, Tim Hardin, Richie Havens, The Incredible String Band, Ravi Shankar e Sweetwter. “No sábado, 16 de agosto, tocam Canned Heat, Creedence Clearwater, Grateful Deak, Keef Hartley, Janis Joplin, Jefferson Airplane, Mountain, Santana e The Who _ o grupo mais quente da cena atual. “No domingo, 17 de agosto, The Band, Jeff Beck, Blood, Sweat and Tears, Iron Butterfly, Joe Cocker, Crosby, Stills and Nash, Jimi Hendrix, The Moody Blues, Johnny Winter, e isso não é tudo. Ingressos à venda pelo correio ou na sua agência local de venda de ingressos a 7 dólares para qualquer dia, dois dias a 14 dólares, e 18 dó- lares para os três dias. Um passe especial de dois dias está disponível pelo correio a 13 dólares. “Para ingressos e informações, escreva para a Feira de Arte e Música de Woodstock, caixa postal 996, Radio City Station, Nova York, um-zero-zero-um-nove ou ligue para Murray Hill 7-0700. M-USETE-ZERO-SETE-ZEROZERO. Lembre-se: a Feira de Arte e Música e Woodstock será realizada em White Lake, na cidade de Bethel, Condado de Sullivan, Nova York. “Eles tiveram alguns problemas, mas parece que tudo vai ficar bem”. A última linha era um improviso _ e bem ruinzinho _, só que ninguém tinha a menor ideia da importância que o festival de três dias teria, não apenas para fãs de música, mas também para colunistas, jornalistas, políticos, críticos, sociólogos, escritores emilitantes do movimento jovem. Aqueles eram meus primeiros minutos no ar na mais importante das inovadoras FMs de rock dos Estados Unidos, e eu Hendrix tomou o palco e fez da performance uma das mais famosas da história do rock anunciava um evento que logo redefiniria a cultura, o país e os valores de toda uma geração. Woodstock foi, sem dúvida, o marco principal da grande revolução jovem da época, uma onda de transformação musical, política e social. O encontro de meio milhão de pessoas num só lugar ao mesmo tempo está destinado a chamar a atenção, seja qual for a razão. Mas meio milhão de jovens, reunidos para uma demonstração cultural de força e para celebrar uma música capaz de mudar a vida das pessoas, emitiu ondas de choque do Norte de Nova York para o restante do país. Mesmo nos estágios tecnologicamente primitivos da aldeia global, este lendário encontrou de tribos colocou Woodstock centro e na vanguarda da consciência de cidadãos do mundo todo. Sem qualquer intenção prévia, Woodstock se tornou um manifesto, um símbolo das mudanças que borbulharam na primeira metade e transbordaram durante a segunda metade dos anos 60 nos Estados Unidos. Apenas oito anos antes, John E. Kennedy arrebatara a nação com seu discurso de posse ao declarar que “a tocha fora passada para uma nova geração”. Ele falava da tocha entregue pela geração anterior à Segunda Guerra Mundial aos homens e mulheres que combateram nela. Woodstock representou a entrega da tocha para a geração seguinte _ dos veteranos da Segunda Guerra a seus filhos, os já rotulados babyboomers, que cresceram de maneira bem diferente de seus ascendentes, com prosperidade, educação, televisão e, naturalmente, rock’n roll. Agora quarenta anos se passaram. Em alguns aspectos, tudo ainda é muito confuso. Tão confuso quanto naquela manhã de segunda-feira, quando Jimi Hendrix tocou sua última nota na fazenda de Max Yasgur. Ainda há muitas histórias a contar, mesmo depois de tantos anos. E muitas delas se contradizem. Para pegar emprestada uma frase de Kris Kristofferson, aquele batismo explosivo em Bethel foi “... uma contradição ambulante, parte verdade e parte ficção”. Woodstock é um elefante. Talvez até um enorme elefante rosa, dependendo do que você tomava na época. (“Big Pink”, inclusive, era o nome da “tenda das viagens” montada pela organização para lidar com as baixas causadas pelas drogas). É como a história do cego que tenta descrever o paquiderme baseado na parte do corpo que consegue tocar. No fim das contas, todos estão certos de alguma maneira, e, ao mesmo tempo, completamente equivocados. Com Woodstock é assim. Não dá para fazer julgamentos ou observações sobre o todo até que se conheça algo da totalidade de partes. Nesta páginas tentamos evitar esse tipo de distorção, fornecendo o máximo de relatos em primeira pessoa que conseguimos sobre cada fibra da bandeira pirada de Woodstock, cada pastilha do mosaico Woodstock e cada fio da tapeçaria Woodstock _ mesmo quando estão em total contradição. Mas, compre por sua própria conta e risco! Até essa abordagem não resolve o dilema _ ou seja, pontos de vista e histórias diametralmente opostos sobre as mesmas “verdades”. E não estou falando sobre leves diferenças de opinião. Falo de polêmicas radicalmente acaloradas, berros de enrubescer o rosto e divergências sobre tudo que aconteceu durante aquelas 65 horas na fazenda de Yasgur em Bethel, Nova York, em agosto de 1969. Felizmente, também para esta dicotomia existe um nome. É o que se chama de “Efeito Rashomon”, com base na obra-prima homônima de 1950 do cineasta japonês Akira Kurosawa, em que quatro testemunhas do mesmo crime o descrevem subjetivamente de quatro maneiras diferentes. A ideia é que, apesar de divergir sobre os mesmos acontecimentos, cada relato pode ser plausível, pois cada um de nós tem uma bagagem única de experiência de vida que influência a nossa maneira de ver o mundo. Esperamos que ao oferecer a mais ampla variedade de depoimentos em primeira pessoa sobre aquele fim de semana histórico, além dos que foram peneirados através das névoas do tempo durante estas quatro rápidas décadas, você possa ter um testemunho bastante confiável para formas as suas próprias opiniões a respeito de Woodstock. mas também fazemos o seguinte alerta. Pegue as quatrocentas mil versões some aos relatos dos que juram que estiveram lá, mas não estiveram. Finalmente, inclua na equação as centenas de milhões que viveram o festival indiretamente através de filmes, gravações, documentários, livros, artigos e narrativas orais que rodaram pelo mundo nestes quarenta anos. Junte os fatos quantitativos sobre o evento aos mitos e às lendas e você tem uma boa ideia de quão camaleônica é qualquer coisa que se refira a Woodstock. Então vamos voltar mais uma vez para a fazenda de Max Yasgur em Bethel, Nova York, naquele fim de semana de agosto de 1969, quando a merda bateu no ventilador (ou, sem alguns casos, quando os fãs bateram na merda), e ver que sentido podemos dar a tudo isso neste glorioso 40º aniversário. Págs:. 161 a 165: Desde o momento em que o Santana começou a tocar na tarde de sábado, o som foi ficando mais alto e os artistas, mais conhecidos - tanto literalmente quanto figuradamente. Dá vontade de contar as piadas peso-pesado sobre o Canned Heat e o Mountain, mas isso diminuiria o impacto real dos dois grupos no mundo da música. No entanto, se o porte de peso de Bob Hite serviu como teste para a solidez do palco de Woodstock, um teste maior de resistência para aquela madeira fresca aguardava na lateral. Grupo relativamente novo, o Mountain, com Leslie West e Felix Pappalardi, estava para subir ao palco. Era apenas a quarta aparição deles juntos, mas ambos tinham currículos bastante mpressionantes. Felix é mais lembrado hoje como produtor do Cream e membro fundador do Mountain - em última análise, e como o Cream, um power trio frequentemente considerado um dos criadores do heavy metal, então um gênero nascente do hard rock americano. (O termo “heavy metal” saiu da letra de “Born to Be Wild”, grande sucesso de 1968 do Steppenwolf.) As credenciais de Pappalardi vêm do boom do folk no início dos anos 60. Nascido no Bronx em 1939, ele estudou literatura musical, orquestração, regência, trumpete, viola e baixo na Universidade de Michigan antes de voltar para a efervescente cena musical do Greenwich Village em Nova York. Ele disse à revista ZigZag em 1971: Felix Pappalardi: O que me levou de volta para lá, em primeiro lugar, foi que os melhores músicos que ouvi eram de lá e moravam dentro de uma área de 20 a 30 quarteirões. No início, ia nos finais de semana, de- pois passava a noite e, por fim, acabei me mudando. Comecei só tocando violão e cantando, depois toquei um baixo mexicano de seis cordas chamado guitarrón acompanhando gente como Tom Rush e Tom Paxton. Conheci John Sebastian e muitos outros, e nos tornamos músicos de estúdio para a Elektra e a Vanguard, além de acompanhar gente como Fred Neil nosclubes. Foi uma ótima época para mim, adorei. Kurfurst, empresário deles naquela época, era um bom amigo, e, claro, Felix Pappalardi era um músico surpreendente e boa gente. E a música deles era muito boa. Leslie West é tão bom em contar histórias como é bom na guitarra. E que história ele tem para contar. Leslie West: Alguns anos se passaram. Meu irmão Larry e eu estávamos no Vagrants. Aí tivemos esse produtor chamado Felix Pappalardi, que produziu nosso single, e meu irmão disse, “Quer saber? Ouça esse grupo”. Eu olhei no verso da capa do disco e dizia, “Cream produzido por Felix Pappalardi”. Falei para o meu irmão, “Espera aí. O mesmo cara que produziu os Vagrants é o cara que produziu esse grupo?” Ele disse, “O mesmo cara”. “Como é que a gente não tem o mesmo som do Cream?”. Ele respondeu, “Porque somos uma porcaria! Você não ensaia quando a mãe diz para você ensaiar”. Falei,“Você está totalmente errado. Eu ensaiei cinco, seis, sete minutos por dias durante três semanas!”. Felix testou sua mão como produtor e, sem grande surpresa, descobriu que era muito bom naquilo. A joia da coroa foi ser escolhido para produzir dois dos mais inovadores e bemsucedidos álbums do hard rock de meados dos anos 60 - Disraeli Gears e Wheels of Fire, do Cream. A reputação como produtor lhe valeu a oportunidade de trabalhar com vários outros artistas, incluindo os Youngbloods, para quem produziu o hino hippie “Get Together”. Ele também fez a produção de algumas canções para um grupo de Long Island chamado Vagrants. A banda tinha alguma popularidade na região e girava em torno de Leslie West, um Depois veio uma daque“homem-montanha” no las epifanias que fundem a sentido literal do termo. cabeça e mudam a vida: John Morris: O canário psicodélico de 150 quilos. Era assim que ele era conhecido. Leslie e eu remetemos a um dos primeiros shows que fiz. Produzi um lance em LongIsland, no Mineola Playhouse, e eles estavam atrasados. Eu já estava no palcoavisando que não vinham e que sentia muito, quando de repente vejo aquela massa de 150 quilos entrar correndo cheio de plumas - numa camisa de couro -, seajoelhar, colocar os braços em torno das minhas pernas e dizer,“Cara! Sr. Cara!Por favor nos deixe tocar, sr. Cara, estamos atrasados mas queremos tocar!” Gary CAPA DO LIVRO DE FORNATALE Leslie West: Bom, eu fui ao Fillmore para ver o Cream, e meu irmão deu uma ideia brilhante, “Vamos tomar um LSD”. Era um ácido legal, mas quando a cortina abriu e eu ouvi o Cream, falei, “Que merda! Nós realmente somos uma bosta”. Aí comecei a praticar e praticar. E a razão porque acabei tocando guitarra da maneira como toco foi porque estava apaixonado por Eric Clapton. Para mim ele era o máximo, ele e Jimi Hendrix, mas Clapton era o meu favorito. Eu vi o Cream e fiquei, “O que é a guitarra? O que é a voz? O que é a guitarra? O que é a voz? Isso é incrível!” Aquilo mudou a minha vida de uma maneira que acabei tocando com gente com que nunca tocaria na vida. Com certeza, Felix Pappalardi era um deles. O relacionamento que começou com os Vagrants continuou quando Leslie decidiu seguir carreira sozinho. Felix foi convidado paraproduzir o álbum solo de estreia, chamado Mountain. No verão de 1969, Felix começou a tocar baixo nos shows, com Leslie na guitarra solo, N. D. Smart na bateria e Steve Knight nos teclados. Este foi o quarteto escalado para tocar em Woodstock, e o grupo não decepcionou. A razão que alegaram para ter um tecladista foi que não queriam uma avaliação desfavorável em relação ao Cream. Existe também uma história, que não consegui confirmar, de que o nome da banda foi sugerido pelo companheiro e ex-aluno de Woodstock Bert Sommer. Verdade ou não, Mountain foi o nome adotado, e o primeiro álbum da banda, intitulado Mountain Climbing, foi lançado me- ses depois de Woodstock, quando tocaram juntos apenas pela quarta vez. Logo após o festival, o tecladista foi demitido e N.D. Smart foi substituído por um amigo canadense de Leslie, Laurence “Corky” Laing, fechando o trio que até hoje é conhecido como Mountain. O repertório deles em Woodstock incluía as seguintes músicas: “Blood of the Sun”, “Stormy Monday”, “Long Red”, “For Yasgur’s Farm” (então sem título), “You and Me”, “Theme from an Imaginary Western”, “Waiting to Take You Away”, “Dreams of Milk and Honey”,“Blind Man”,“Blue Suede Shoes” e “Southbound Train”. “For Yasgur’s Farm”, que obviamente refletia a experiência em Bethel, foi retrabalhada e recebeu um novo título para entrar no disco de estreia. Embora não tenha alcançado o status de hino - como a canção de Joni Mitchell ou “Lay Down (Candles in the Rain)”, de Melanie -, se tornou presença constante nos shows e teve uma execução significativa nas FMs de rock. Na entrevista à ZigZag em 1971, Pappalardi respondeu sobre a canção: BEBÊ QUE NASCEU EM MEIO AO FESTIVAL E O INGRESSO PARA OS TRÊS DIAS HISTÓRICOS Felix Pappalardi: Foi escrita por um longo período de tempo... Tocamos em Woodstock e, pelo impacto emocional que teve na gente, tivemos que mudar a letra para marcar a ocasião. Aqui está uma amostra: Happy dreams and somehow through the day We haven’t come so far to lose our way Muitas recordações de Woodstock estão totalmente misturadas aos cinco sentidos. Uma das lembranças mais vivas de Leslie West envolve o seu olfato tarde da noite e no começo da manhã: Leslie West: Estávamos na noite de sábado justo quando as luzes acenderam pela primeira vez, porque na noite de sexta choveu e eles só tiveram artistas acústicos. A noite de sábado foi linda. Quer dizer, como Jimi era a atração pricipal - na verdade ninguém era, mas ele era o maior nome -, nos divertimos muito. No começo estava um caos. Inclusive fizeram eu me esconder até escurecer, porque era uma questão de, “Quem está pronto? Quem vai entrar?” Nós fomos no nosso próprio helicóptero - éramos espertos, alugamos um. Infelizmente, como eu era mais pesado na época, opiloto do helicóptero não quis fazer só uma viagem. Então ele levou três caras e mais dois depois. E, eu lembro disso claramente, a mulher de Bud Praeger, Gloria, lhe deu seis galinhas assadas e ele não queria levar. Ele falou, “Eles têm comida lá, eles têm tudo para os artistas - eles têm bagels”. Bom, isso acabou na primeira hora. Janis Joplin comeu tudo. E, de repente, lá pras duas ou três da manhã, depois que Sly and the Family Stone entra- ram, estávamos mortos de fome. Estávamos sentados atrás do palco - não tinha nada lá, e Bud sacou aquelas galinhas. E as pessoas começaram a chegar perto porque cheirava bem demais. Glória, se você está escutando, Deus te abençoe, porque alimentamos umas quarenta e oito pessoas naquela noite. Em 1972, por brigas internas, o Mountain acabou. Houve reuniões posteriores e novas rupturas ao longo dos anos e, na verdade, existe uma encarnação do Mountain, com West e Laing, que ainda toca de vez em quando no século XXI. Mas um tipo diferente de tragédia do rock um que não tem a ver com drogas, álcool, carros, quedas de aviões ou doenças fatais - pôs fim a qualquer possibilidade real de juntar os três “montanheiros” para tocar de novo. No dia 17 de abril de 1983, Gail Collins-Pappalardi, mulher, parceira de composições e diretora de design visual, matou o marido a tiros no apartamento deles em Nova York. Ela foi culpada por homicídio doloso por negligência, com sentença de até quatro anos de prisão, depois dos quais sumiu da vida pública e nunca mais foi vista. Pappalardi está enterrado no cemitério de Woodlawn com outros grandes músicos no lugar onde nasceu, o Bronx. Em 2007, o Mountain fez parte de uma turnê chamada HippieFest, e uma das paradas foi no novo centro de artes performáticas no local do Festival de Woodstock original. Leslie disse à revista Modern Guitars: Leslie West: Tocamos naquela turnê, tocamos nos bosques de Bethel e o novo anfiteatro de lá, que é perto do lugar original. Fomos ver o monumento com todos nossos nomes nele. Foi uma boa sensação, e é uma pena que Felix não estivesse por perto. Perguntado se Woodstock foi tudo que ele tinha esperado, Leslie respondeu com sua habitual sinceridade grosseira: Leslie West: Não esperei nada. Eu não tinha a menor ideia do que se tratava. Acho que ninguém esperou nada, pensando bem. Todo mundo foi para ficar doidão e ouvir música.