Mapas Cognitivos nas Organizaç˜oes: Ferramentas e T
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Mapas Cognitivos nas Organizaç˜oes: Ferramentas e T
UNIVERSIDADE T ÉCNICA DE LISBOA INSTITUTO SUPERIOR T ÉCNICO Mapas Cognitivos nas Organizações: Ferramentas e Técnicas de Exploração Visual e Interactiva Luı́s Manuel Pinto da Rocha Afonso Carriço (Mestre) Dissertação para obtenção do Grau de Doutor em Engenharia Electrotécnica e de Computadores Dezembro de 1999 Mapas Cognitivos nas Organizações: Ferramentas e Técnicas de Exploração Visual e Interactiva Luı́s Manuel Pinto da Rocha Afonso Carriço Tese submetida para provas de doutoramento em Engenharia Electrotécnica e de Computadores Departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores Instituto Superior Técnico Lisboa Dezembro de 1999 Tese realizada sob a orientação do Prof. Doutor Nuno Manuel de Carvalho Ferreira Guimarães Professor Associado com Agregação do Departamento de Informática da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e co-orientação do Prof. Doutor Pedro Alexandre Mourão Antunes Professor Auxiliar do Departamento de Engenharia Informática do Instituto Superior Técnico da Universidade Técnica de Lisboa Resumo Esta dissertação aborda o suporte computacional para trabalho com mapas cognitivos, no âmbito das organizações, como forma de lidar com os processos de mudança. Neste contexto, a tomada de decisões reveste-se dum conjunto de caracterı́sticas, que tornam fundamental a compreensão do pensamento, racional e intuitivo, dos indivı́duos nela envolvidos. A utilização de mapas cognitivos e de modelos abrangentes dos fenómenos organizacionais surge pois, como um instrumento essencial. A grande maioria das ferramentas e artefactos computacionais existentes, oferece soluções limitadas a perspectivas particulares das actividades cognitivas, dificilmente enquadradas em modelos organizacionais estabelecidos. Essa limitação aplica-se, não só ao tipo das actividades, mas também ao grau de racionalidade com que se processam. Por outro lado, a faceta da interacção pessoa-máquina parece ter sido relegada ou confinada às representações exageradamente formais que, no contexto em questão, são manifestamente insuficientes. Para colmatar estas deficiências, é proposta uma bancada para criação de linguagens visuais, de representação de mapas cognitivos, que se estende a um espectro alargado de actividades e permite enquadrar restrições não totalmente peremptórias. Propõe-se ainda um conjunto de técnicas inovadoras de apresentação e manipulação directa de diagramas, especialmente adequadas a esses mapas. Em particular, o retorno à manipulação, com capacidade de veicular restrições complexas, sustenta-se num modelo de comportamento e numa classificação de acções e elementos visuais, que se apresentam. Este conjunto de componentes é então usado na construção de duas ferramentas para exploração de mapas cognitivos enquadrados em modelos organizacionais adequados. Abstract This dissertation covers the computational support for cognitive mapping in organizations, as a way to deal with the change processes. In this context, it is fundamental to understand the way the decision-makers think, rationally or using intuition. The use of cognitive maps and models covering a holistic view of organizational phenomena emerges as an essential working instrument. Most of today’s existing tools and computational artifacts offer solutions limited to particular cognitive activities, hardly integrated with established organizational models. That limitation applies to the activity type but also to the degree of rationality they assume. On the other hand, the human computer interaction facet seems to be forgotten or oversimplified towards highly formalized representations that are clearly insufficient in this context. To cope with these problems, a framework is proposed to create visual languages for the representation of cognitive maps. It embraces a large spectrum of activities and allows the specification of uncertainty on constraints. It is also proposed a set of innovative techniques for presentation and direct manipulation of diagrams, particularly suitable to these maps. The manipulation feedback, able to convey complex constraints, is based on a behavior model and a classification of actions and visual elements. The whole set of components is then used to build a pair of tools for cognitive mapping, framed into adequate organizational models. Palavras Chave Tomada de decisão organizacional, Mapas cognitivos, Linguagens visuais, Visualização, Manipulação directa, Interacção pessoa-máquina Keywords Organizational Decision-making, Cognitive maps, Visual Languages, Visualization, Direct manipulation, Human-computer interaction Agradecimentos Ao meu orientador, Professor Nuno Guimarães, a quem desejo expressar o meu reconhecimento pela sua crı́tica, apoio e paciência, que manifestou ao longo destes anos. A sua extensa biblioteca e o seu interesse pela área constituı́ram um incentivo insubstituı́vel. Ao Professor Pedro Antunes, que co-orientou esta tese e com quem, mesmo antes de assumir estas funções, mantive uma colaboração estreita, com resultados extremamente elucidativos, que, sem dúvida, influenciaram o percurso e os resultados desta dissertação. Ao Professor Correia Jesuino e ao Doutor Francisco Nunes, que me deram preciosas contribuições e me apontaram referências bibliográficas de relevo, sobre o contexto em que se enquadra este trabalho, nomeadamente nas áreas de desenvolvimento organizacional e dos mapas cognitivos no âmbito das disciplinas de gestão. Aos investigadores que comigo colaboraram em diversas fases do desenvolvimento, nomeadamente: ao Eng. Vasco Paulo, que desenvolveu o EdGar, um instrumento que muito ajudou na fase inicial de exploração de ideias e a partir do qual evoluiu a plataforma aqui proposta; aos Engs. João Costa e Sandra Lopes, que na concretização e extensão do EdGar num ambiente de janelas alternativo, incluı́ram algumas dos componentes preliminares do meu trabalho; ao Prof. Franz Penz, pelas longas e proveitosas trocas de ideias sobre aspectos da interacção pessoa-máquina, que estão na génese de algumas facetas do modelo que aqui se propõe. Devo igualmente agradecer aos meus colegas, com quem convivi durante estes anos e que contribuı́ram com sugestões para este trabalho, em particular aos Engs. Manuel Fonseca, José Pereira, e Luı́s Rodrigues e, mais recentemente, aos Drs. Filipe Araújo e Hugo Miranda. Ao INESC, ao IST e à FCUL, onde encontrei os meios técnicos e o enquadramento cientı́fico, sem os quais este trabalho não seria possı́vel. Não menos importante, aos meus amigos, aos meus sogros, aos meus pais e à minha esposa, pelo encorajamento e apoio que sempre me deram. Desejo expressar o meu especial agradecimento à minha mãe, ao meu pai e à minha esposa pela dedicada e paciente revisão que fizeram a este texto. Finalmente à minha esposa ainda, pela compreensão demonstrada, e às minhas filhas, por me deixarem usar o computador, sem grandes lamentos. A elas devo um pedido de desculpas pelo tempo e dedicação que lhes roubei. Lisboa, Dezembro de 1999 Luı́s Manuel Carriço À minha famı́lia: Ana, Joana Paula Manuel e Natália Índice Índice i Lista de Figuras vii Lista de Tabelas xi 1 Introdução 1.1 1 Motivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 1.1.1 A descrição das organizações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 1.1.2 As perspectivas globais e enquadradas . . . . . . . . . . . . . . . 5 1.1.3 A tomada de decisão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 1.1.4 Actividades racionais e intuição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 1.1.5 Génesis e práxis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 1.2 Definição do problema e objectivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 1.3 Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 1.4 Contribuições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 1.5 Estrutura do Texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 2 Contexto 2.1 19 A Cognição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . i 21 2.2 Mapas cognitivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 2.2.1 Tipos de mapas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 2.2.1.1 Mapas de inventário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 2.2.1.2 Mapas taxionómicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 2.2.1.3 Mapas causais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 2.2.1.4 Mapas argumentativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 2.2.1.5 Mapas interpretativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 2.2.2 Redes semânticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 2.2.3 Mapas de conceitos e mapas mentais . . . . . . . . . . . . . . . . 51 Desenvolvimento Organizacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 2.3.1 Modelos de Desenho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 2.3.2 Modelos de Desenvolvimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 2.3.3 Mapas Cognitivos no Desenvolvimento Organizacional . . . . . . 58 2.4 Discussão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 2.5 Sumário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64 2.3 3 Panorama Tecnológico 3.1 3.2 65 Conceitos de base . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66 3.1.1 A cognição na comunicação pessoa-máquina . . . . . . . . . . . . 67 3.1.2 Técnicas de representação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68 3.1.3 As técnicas de apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70 3.1.4 A interacção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73 Ferramentas de suporte a mapas cognitivos . . . . . . . . . . . . . . . . . 77 3.2.1 77 Mapas de inventário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ii 3.2.2 Mapas taxionómicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78 3.2.3 Mapas causais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82 3.2.4 Mapas argumentativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85 3.2.5 Mapas de conceitos: mentais e de âmbito organizacional . . . . . 87 Tecnologia para a criação de ferramentas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88 3.3.1 Meta-ferramentas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89 3.3.2 Bibliotecas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92 3.4 Discussão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96 3.5 Sumário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98 3.3 4 Suporte à expressão de mapas cognitivos 4.1 99 Representação conceptual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100 4.1.1 Elementos de base . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102 4.1.2 Grafos e dependências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103 4.1.3 Mecanismos de tipificação e refinamento . . . . . . . . . . . . . . 105 4.1.3.1 Tipificação e definição de propriedades . . . . . . . . . . 108 4.1.3.2 Restrições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109 4.1.4 Caracterı́sticas comuns . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110 4.1.5 Conceitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112 4.1.6 Contextos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112 4.1.6.1 Tipificação e refinamento com contextos . . . . . . . . . 114 4.1.7 Associações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115 4.1.8 Junções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116 4.1.9 Taxionomias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118 iii 4.2 Representação Visual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120 4.2.1 Elementos de base . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121 4.2.2 Articulação com a representação conceptual . . . . . . . . . . . . 124 4.2.3 Mecanismos de tipificação e refinamento . . . . . . . . . . . . . . 127 4.2.3.1 4.2.4 4.3 Composição de formas gráficas . . . . . . . . . . . . . . 127 O factor espacial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128 Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133 4.3.1 Técnicas padrão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136 4.3.2 Articulação de vistas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139 4.3.3 Vistas múltiplas integradas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141 4.4 Aspectos de concretização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145 4.5 Sumário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146 5 Suporte à exploração de mapas cognitivos 5.1 5.2 147 Acções do utilizador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 148 5.1.1 Acções de manipulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149 5.1.2 Elementos de base na manipulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152 5.1.3 Nı́veis de manipulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 154 5.1.4 Espaços de manipulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155 5.1.5 Objectos operadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157 Interacção entre objectos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160 5.2.1 Campos de interacção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160 5.2.2 Activação dos campos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 162 5.2.3 Activações mútuas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 164 iv 5.2.4 Activações múltiplas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 166 5.2.5 Formas e forças . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 168 5.2.5.1 5.2.6 5.3 Soluções existentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 172 Articulação com representações e acções . . . . . . . . . . . . . . 174 Retorno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 175 5.3.1 Actores nos dialectos de retorno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 176 5.3.2 Metáfora da barreira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 179 5.3.3 Metáfora da membrana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 184 5.4 Enquadramento global no InCoMa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 186 5.5 Sumário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187 6 Ferramentas 6.1 6.2 O FADO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 190 6.1.1 Os mapas cognitivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 190 6.1.2 A estrutura conceptual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 193 6.1.3 As linguagens visuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 195 6.1.4 A apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 197 6.1.5 A manipulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 200 O DETO/ARTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 202 6.2.1 6.3 189 A concretização a partir do InCoMa . . . . . . . . . . . . . . . . . 203 Sumário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 204 7 Conclusões e Trabalho Futuro 7.1 205 Perspectivas futuras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 211 v Bibliografia 215 Glossário Português Inglês 235 Glossário Inglês Português 241 Índice Remissivo 247 vi Lista de Figuras 1.1 Influências globais na evolução organizacional . . . . . . . . . . . . . . . 3 2.1 Contribuições para o desenvolvimento organizacional . . . . . . . . . . . 20 2.2 Tipos de mapas cognitivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 2.3 Mapa de inventário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 2.4 Grelha de repertório: prescrição de lentes de contacto . . . . . . . . . . . 32 2.5 Mapa taxionómico hierárquico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 2.6 Grelhas de repertório e bases de conhecimento . . . . . . . . . . . . . . . 34 2.7 Representações alternativas de mapas taxionómicos . . . . . . . . . . . . 34 2.8 Mapa causal: ciclos de influência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 2.9 Mapa causal sobre mapas cognitivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 2.10 Estrutura argumentativa de Toulmin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42 2.11 O IBIS e o QOC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 2.12 Um quadrado semiótico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 2.13 Esquema de enquadramentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 2.14 As redes semânticas no contexto dos mapas cognitivos. . . . . . . . . . . . . . . . 49 2.15 Representação de contextos em redes semânticas . . . . . . . . . . . . . . 50 2.16 Mapas de conhecimento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 vii 2.17 Carta de correntes para diagnóstico de problemas . . . . . . . . . . . . . 59 2.18 Cartas de correntes para planeamento e acompanhamento . . . . . . . . 61 . . . . . . . . . . . . . . . 101 4.1 Um mapa cognitivo de um vendedor numa negociação. 4.2 Base da taxionomia e das dependências de representação. . . . . . . . . . 104 4.3 Planos de refinamento. 4.4 Estruturas de suporte à tipificação e refinamento. 4.5 Restrições e dependências. 4.6 Estrutura comum aos elementos de representação conceptual. 4.7 Estrutura de um conceito. 4.8 Estrutura dos contextos e relação com os conceitos. 4.9 Estrutura das associações. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109 . . . . . . . . . . . 111 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112 . . . . . . . . . . . . . . . . 113 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115 4.10 Os elementos de representação conceptual do esquema de Toulmin. . . . . . . . . . 117 4.11 Estrutura das junções. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118 4.12 Taxionomia dos elementos de representação conceptual do InCoMa . . . . . . . . . 119 4.13 Nı́veis de representação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121 4.14 Hierarquia dos elementos de base para a representação visual. . . . . . . . . . . . 122 4.15 Forma sinóptica de representação visual de contextos. . . . . . . . . . . . . . . . . 124 4.16 Tradução de aspectos da representação conceptual para visual. . . . . . . . . . . 125 4.17 Composição de formas gráficas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128 4.18 O encadeamento de contentores por cooperação e sobreposição. . . . . . . . . . . 131 4.19 A intersecção parcial de contentores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132 4.20 Os três nı́veis envolvidos na exposição dos mapas cognitivos. . . . . . . . . . . . . 134 4.21 Mapa cognitivo de uma negociação - estratégias de dois vendedores. . . . . . . . . 135 viii 4.22 Estrutura comum aos objectos de apresentação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137 4.23 Filtros e componentes gráficos adicionais nas vistas de aproximação. . . . . . . . . 138 4.24 A articulação entre marcadores de uma vista e as caracterı́sticas de outras. . . . . . 139 4.25 Partilha de filtros e marcadores entre vistas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140 4.26 Uma IMV com duas vistas integradas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142 4.27 Deslizamento e aproximação numa IMV. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143 4.28 Sobreposição das áreas focais das subvistas de uma IMV. . . . . . . . . . . . . . . 144 4.29 Subsistemas usados na concretização do InCoMa. . . . . . . . . . . . . . . . . . 145 . . . . . . . . . . 152 5.1 Estrutura simplificada das classes que sustentam a manipulação. 5.2 O espaço de manipulação interna. 5.3 Articulação entre vistas e elementos de manipulação. 5.4 Objectos operadores e espaços de manipulação. 5.5 Campos de rejeição, de retenção e de actividade no modelo paternal. 5.6 Interacção entre objectos independentes. 5.7 Interacção entre objectos dependentes. 5.8 Activação mútua dos campos de rejeição de objectos independentes. 5.9 Interacção do campo de actividade com o de retenção e um de rejeição. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157 . . . . . . . . . . . . . . . . 158 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159 . . . . . . . . 161 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163 . . . . . . . . 164 . . . . . . . 167 5.10 Áreas e direcções preferenciais de resistência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 169 5.11 Limiares de rejeição exteriores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 170 5.12 Ajuste do limiar de aceitação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 171 5.13 Ajuste do limiar de execução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 172 5.14 Estrutura simplificada das classes que representam o modelo. . . . . . . . . . . . . 175 5.15 Exemplos de objectos de representação intervenientes numa manipulação. . . . . . 176 ix 5.16 Actores de manipulação e retorno. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 177 5.17 Alteração do contexto de um conceito. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 179 5.18 Criação de um conceito num contexto resistente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 180 5.19 Retenção total de um conceito. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 181 5.20 Rejeição total e parcial de um conceito. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 181 5.21 Criação de uma associação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 182 5.22 Apagamento de uma associação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 183 5.23 Criação de uma junção. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 184 5.24 Alteração do contexto de um conceito, entre contentores não adjacentes. . . . . . . 185 5.25 Manifestação dos campos de rejeição aquando da criação de uma associação. . . . . 185 5.26 Criação de uma junção. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 186 5.27 Arquitectura do InCoMa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187 . . . . . . . . 195 6.1 Componentes da linguagem visual das cartas de diagnóstico do FADO. 6.2 Componentes da linguagem visual dos mapas argumentativos do FADO. 6.3 Componentes da linguagem visual dos mapas taxionómicos do FADO. 6.4 FADO - editor da carta de diagnóstico. 6.5 FADO - editor dos esquemas de argumentação. 6.6 FADO - editor das taxionomias. 6.7 FADO: reclassificação de um problema. 6.8 FADO: criação de uma associação causal. 6.9 DETO. . . . . . . . 196 . . . . . . . . 197 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 198 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 199 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 200 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 201 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 201 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 202 x Lista de Tabelas 2.1 Modelo da Análise de Correntes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xi 57 xii Introdução Esta dissertação aborda a utilização de linguagens visuais com suporte computacional, no domı́nio do desenvolvimento e da gestão das organizações. Em particular, foca os aspectos de interacção pessoa-máquina em ferramentas que providenciem essa forma de comunicação, quando orientada para a representação dos conceitos e dos processos de raciocı́nio, usados pelos intervenientes nas actividades enquadradas naquele domı́nio. As linguagens visuais que aqui são objecto de estudo, inserem-se no conjunto designado na literatura por mapas cognitivos. As teorias que o fundamentam emergem, por um lado, das ciências cognitivas e por outro, do estudo das organizações, circunscrevendo-se aos temas do diagnóstico e do desenho organizacional, no contexto da compreensão e gestão dos processos que norteiam a sua transformação. Neste capı́tulo introdutório, começar-se-á por reflectir sobre os factores que motivaram a elaboração desta tese, identificando o contexto em que o trabalho surge e os desafios que desencadearam a sua realização. Indicam-se de seguida, os problemas que advêm desses desafios e quais os objectivos a alcançar. Por fim, apresentam-se os resultados obtidos e as contribuições cientı́ficas, terminando o capı́tulo com uma descrição da estrutura do restante texto. 1.1 Motivação Os problemas enfrentados nas organizações, no sentido de acompanhar a frenética evolução dos dias de hoje, deixam aos seus gestores e às pessoas especializadas no 1 2 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO seu estudo e desenvolvimento, uma tarefa bastante complicada. As pressões para a mudança, quer no sentido criativo, quer de acordo com um conjunto de restrições que lhes são impostas, manifestam-se nos mais variados domı́nios, de dentro e de fora da própria organização, fazendo sentir-se sobre as diferentes facetas organizacionais. O sistema legal e polı́tico, os sindicatos, o conhecimento cientı́fico, o desenvolvimento tecnológico, a cultura nacional e as instituições sociais, como a famı́lia, impõem condicionantes e necessidades de inovação, tão importantes como as que advêm directamente dos fornecedores, clientes, competidores e mercados para os produtos e serviços (Harrison, 1987). O impacto destas influências exerce-se sobre os aspectos: tecnológicos, computacionais ou não, requerendo, por exemplo, a transformação dos processos de trabalho (Hammer & Champy, 1994) e a imposição de regras de controle de qualidade adequadas (Ross, 1994); sociais, exigindo melhores condições de vida laboral e diferentes formas de controlar e interagir com as pessoas; estruturais e administrativos, redefinindo objectivos, estratégias, hierarquias e formas de recompensa; e até sobre o espaço fı́sico, de forma a adequar-se às novas tecnologias e ao bem estar e desempenho das pessoas que constituem a organização (Porras, 1987). É normal, por conseguinte, que se tenha assistido nos últimos anos, a um interesse crescente sobre o modo de funcionamento das organizações, oriundo em particular das áreas tecnológicas, cujo rápido desenvolvimento faculta os mecanismos indispensáveis à sua aplicação nesse contexto. Este empenho deu origem ao aparecimento e redescoberta de um grande número de teorias, recomendações e metodologias, que por vezes, se materializam sob a forma de sistemas e ferramentas computacionais. Na perspectiva de lidar com os requisitos de mudança, surgem aplicações que se podem classificar em dois grandes grupos: aquelas com um pendor descritivo, incluindo preocupações ao nı́vel da análise e da concepção, e as que se orientam para os próprios processos de tomada de decisão. Em conjunto contribuem para os diversos passos, desde a análise até à implantação de soluções, subjacentes ao processo de mudança. A figura 1.1 esboça alguns factores influentes e influenciados pela evolução organizacional. As metodologias, em grande parte oriundas das ciências sociais, as tecnologias, em particular a de foro computacional, os avanços no conhecimento, o desenvol- 1.1. MOTIVAÇÃO 3 Figura 1.1: Influências globais entre os mecanismos impulsionadores da evolução das organizações, conducentes ao desenvolvimento de sistemas e ferramentas computacionais que a suportem. vimento das sociedades e a competitividade determinam directa ou indirectamente, com propriedade ou sem ela, a necessidade de adaptação das organizações. 1.1.1 A descrição das organizações No âmbito da descrição, a grande maioria dos sistemas e ferramentas concentrase, como seria de esperar, sobre os aspectos mais formais das organizações. Estes artefactos derivam dos processos de informatização das empresas, primeiro com sistemas de informação (McFadden & Jeffrey, 1994; Date, 1994; Elmasri & Navathe, 1994) e, mais recentemente, com sistemas de suporte aos fluxos de trabalho (workflow systems). Estes (Marshak, 1994; Nutt, 1996), para além da componente de execução, cujo objectivo é o aumento do desempenho das tarefas operacionais, incluem ferramentas de especificação e modelação dos processos e das estruturas organizacionais (MedinaMora et al., 1992; Malone et al., 1993). Nesta última década, o desenvolvimento dos sistemas de suporte aos fluxos de trabalho, em particular no que se refere aos requisitos de mudança, fundamenta-se em CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 4 grande medida nos movimentos da Reengenharia dos Processos de Negócio (Business Process Reengineering) ou da Gestão de Qualidade Total (Total Quality Management) adiante referidos por RPN e GQT respectivamente. O primeiro (Hammer & Champy, 1994) propõe a modificação radical dos processos de trabalho nas organizações, tendo em conta, entre outros factores, a introdução dos sistemas de informação e de trabalho em grupo e, portanto, a forma como estes influenciam a concepção daqueles. O segundo (Ross, 1994), ao contrário, propõe uma transformação gradual das funções e processos organizacionais, monitorizados por formas normalizadas de controle, de modo a alcançar nı́veis de qualidade de bens e serviços, que satisfaçam, em especial, os consumidores. Em conjunto, mantendo uma perspectiva complementar centrada nos processos de trabalho, permitem explorar formas diferentes de gerir as organizações (Swenson & Irwin, 1995; Iden, 1995). O impulso dado por estes movimentos, em conjunto com alguma procura de enquadramento organizacional, levou ao desenvolvimento de ferramentas de modelação de processos com nı́veis de abstracção elevados (Lee, 1993; Ellis & Wainer, 1994; Nutt, 1996) e mesmo de aproximações que se estendem um pouco para além dos processos e das estruturas. São exemplos disso as propostas feitas sob a designação de modelação de empresa (enterprise modeling). Estas (Fraser & Macintosh, 1994; Brathaug & Evjen, 1996), incidindo ainda, em especial sobre os aspectos formais, propõem formas de modelação das organizações que levam em linha de conta as diferentes perspectivas de gestão (e.g. organizacional, económica, financeira, de sistemas, etc.), permitindo assim, mais facilmente, a integração de ferramentas especı́ficas a cada uma delas. O projecto Enterprise (Fraser & Macintosh, 1994), para além de mecanismos de modelação de processos, especificação e planeamento de tarefas, articuladas com outras aplicações de foro organizacional, define uma ontologia de conceitos relevantes no domı́nio (ao nı́vel das actividades, estruturas, estratégias, mercado e tempo). A sua finalidade é suportar formas normalizadas de comunicação entre aplicações (Fraser, 1994), permitindo integrar, por exemplo, sistemas de análise de objectivos e de estratégias organizacionais, com os sistemas formais de modelação de processos e sistemas periciais (expert systems). Noutra aproximação, Brathaug e Evjen (1996) propõem uma interpretação de modelação de empresa, que oferece uma visão integrada de qua- 1.1. MOTIVAÇÃO 5 tro perspectivas: estrutura organizacional, processos, produtos e sistema. 1.1.2 As perspectivas globais e enquadradas As descrições organizacionais centradas nos processos de trabalho, quer como forma de angariar conhecimento sobre os recursos e o modo de funcionamento da organização, quer como meio de especificação de novos processos, são, sem dúvida, um passo importante no sentido de acompanhar os requisitos de mudança. No entanto, a RPN, a GQT ou as suas manifestações computacionais não devem ser desenquadrados duma perspectiva organizacional mais vasta. Brynjolfson et al. (1997) referem estimativas que apontam para 70% de insucesso nas tentativas de fazer reengenharia dos processos. Essas diligências, em grande parte derivadas de interpretações menos atentas das propostas de Hammer e Champy (1994), falham por não coordenarem as dependências entre a tecnologia e os restantes aspectos das organizações, como a estratégia, as estruturas existentes e mesmo formas alternativas de trabalho. Não menos importante, tal como é afirmado nos estudos empı́ricos relatados por Brynjolfson et al. e nos desenvolvidos no âmbito das ciências sociais (Porras, 1987; Harrison, 1987; Eden & Spender, 1998), é o factor humano. Prever a resistência à mudança e moldar a forma de reacção das pessoas que constituem a organização, são elementos fundamentais na introdução da tecnologia e na reengenharia e controlo dos processos. Por outro lado, as soluções da RPN e da GQT, ainda que enquadradas em visões globais das organizações, não são panaceia para todos os problemas que nelas se encontram. Porras (1987) refere situações de disfunção organizacional em que a solução é, por exemplo, a definição formal de objectivos, a introdução de mecanismos de recompensa, programas de doutrinação, restruturaç ão de quadros, modificação do ambiente fı́sico de trabalho, etc. Outros autores (Harrison, 1987; Laukkanen, 1992; Eden & Spender, 1998) expõem outras tantas situações semelhantes. Ocorrem mesmo casos, em que a introdução de tecnologia ou a reengenharia dos processos é simplesmente um gasto de tempo e recursos (Brynjolfson et al., 1997). Em qualquer dos casos acima referidos, manifesta-se real a necessidade de visões alargadas das organizações como forma de procurar problemas e especificar soluções, CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 6 que incluam ou não, tecnologia e reengenharia dos processos. A falta de suporte computacional adequado a este domı́nio é o primeiro desafio que se coloca à execução do trabalho aqui apresentado. Este, fundamentar-se-á necessariamente nas teorias do Desenvolvimento Organizacional (Organizational Development), oriundas das ciências sociais, e, em particular, nas suas componentes de diagnóstico (organizational diagnosis) e desenho (organizational design). Estas áreas (Porras, 1987; Harrison, 1987; Butler, 1991; Mintzberg, 1993) proporcionam metodologias e técnicas orientadas segundo perspectivas globais, que abrangem estruturas e processos formais e informais, tecnologia computacional ou não, factores sociais e culturais, objectivos, estratégias, etc.. 1.1.3 A tomada de decisão Desde a análise, ou mais precisamente da angariação da informação, até à fase da especificação de soluções e da sua implantação nas organizações, as pessoas envolvidas no processo de mudança, vão ter que decidir quais os problemas fundamentais, as suas causas, as suas dependências, definir os critérios para a escolha das soluções, eventualmente baseadas em outras anteriores, etc.. Estas tarefas de diagnóstico, planeamento estratégico e desenho, vulgarmente englobadas no tema genérico da tomada de decisão, são actividades constante, complementar à descrição das organizações e essenciais à sua transformação. Neste contexto, correspondendo à diversidade de actividades, surge uma grande variedade de ferramentas e sistemas, sob a designação de Sistemas de Suporte à Decisão1 (Decision Support Systems) - doravante referidos por SSD. Englobam-se aqui, os sistemas que tentam: minorar o excesso de carga cognitiva (resultante da grande quantidade de informação necessária à tomada de algumas deliberações); automatizar, total ou parcialmente, o processo de decisão; ou enquadrá-lo em metodologias apropriadas. Tecnologicamente, os SSD vão desde simples folhas de cálculo, que incluem algoritmos de análise estatı́stica, até sistemas periciais elaborados, que apresentam resultados de forma gráfica sob múltiplas perspectivas. Destacam-se, não tanto pelo 1 Adopta-se aqui uma interpretação alargada do nome, não totalmente desprovida de polémica, mas que é seguida, por exemplo, por Power (1997). 1.1. MOTIVAÇÃO 7 sucesso como pela ressonância do seu nome, os Sistemas de Informação de Gestão (Management Information Systems) e os Sistemas de Informação de Executivos (Executive Information Systems). Os primeiros são normalmente pacotes de processamento de informação que apresentam relatórios normalizados, de forma gráfica. Os segundos, mais flexı́veis, permitem a introdução de interrogações e a geração de relatórios especı́ficos, resultado da aplicação de métodos de análise estatı́stica. Mais recentemente, surgem os sistemas de processamento analı́tico local (on-line analytical processing), que emergem das aproximações globais de descrição organizacional, sendo suportados por sistemas de informação multidimensionais (Parsaye, 1997; Tanrikorur, 1997; Ramakrishnan, 1997). Outros sistemas, para alguns autores (Holsapple & Whinston, 1996) os verdadeiros SSD, incluem mecanismos de inferência e modelos de decisão, que guiam os utilizadores durante o processo da tomada de decisão. Formando um conjunto relativamente distinto, devem referir-se ainda os sistemas que lidam com a comunicação entre os vários participantes (humanos) na tomada de decisão. São vulgarmente designados por Sistemas de Suporte à Decisão em Grupo (Group Decision Support Systems) - veja-se Antunes (1996) para uma apresentação alargada do tema. Estes sistemas permitem essencialmente, facilitar ou mesmo gerir, a interacção entre as pessoas envolvidas nos processos de decisão. A introdução de um meio computacional oferece ainda a possibilidade de distribuir, no espaço e no tempo, essas interacções e em certos casos, estruturar melhor a informação trocada no processo (Antunes et al., 1998). 1.1.4 Actividades racionais e intuição A grande maioria dos SSD assume uma perspectiva da tomada de decisão comodamente simplista, em particular quando enquadrada na resolução de situações complexas do contexto organizacional (Spender & Eden, 1998; Hellgren & Löwstedt, 1998). Por um lado, os sistemas que oferecem resumos consistentes, resultantes da análise de informação, tipicamente economico-financeira, deixam o processo de diagnóstico numa fase inicial. Por outro, os sistemas mais elaborados que apontam problemas, apresentam soluções ou guiam (ou talvez espartilhem) os utilizadores durante o processo CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 8 de decisão, baseiam-se em modelos de causalidade e critérios de escolha rigorosos, que assumem que estas actividades são totalmente racionais2 e partem de informação completa e objectivos bem definidos. Infelizmente, as provas em contrário surgem dos mais variados sectores. Tal como refere Pomerol (1997), recentes descobertas da neurobiologia mostram que, na tomada de decisão, são usadas partes do cérebro que introduzem intuição e emoção no processo. Noutro sentido, Brynjolfson et al. (1997) criticam que grande parte das tentativas de reengenharia são feitas ”às cegas”, por falta de reflexão e informação, e portanto baseadas intuitivamente em soluções anteriores para problemas aparentemente semelhantes. Eden e Spender (1998) e Loebbecke (1997) referem estudos e exemplos de tomada de decisão estratégica que a apontam como um conjunto de actividades essencialmente cognitivas, sociais e mesmo polı́ticas, por vezes com elevados graus de incerteza e baseadas em informação normalmente insuficiente e mal estruturada. Exemplos de diagnósticos (Porras, 1987; Harrison, 1987) e definição de estratégias (Laukkanen, 1992) oriundos de estudos da sociologia e gestão, revelam os mesmos sintomas. Estas constatações levam, nos últimos anos, ao aparecimento de uma aproximação cognitiva ao suporte da tomada de decisão. Nesta área da Cognição Organizacional e de Gestão (Managerial and Organizational Cognition), ao invés de se centrar o controle do processo de decisão nas ferramentas ou em metodologias rigorosas, segundo modelos abstractos e por vezes de validade questionável, tenta-se capturar e descrever o próprio pensamento das pessoas envolvidas nessa actividade. Uma vez exposto, com toda a subjectividade inerente à análise e diagnóstico do problema ou desenho da solução, as descrições são examinadas por algoritmos ou simulações, fundamentados em teorias das ciências cognitivas, ou, simplesmente, utilizadas para confrontar os intervenientes nas decisões, com a sua forma de pensar3 . Essas descrições designamse por Mapas Cognitivos (Cognitive Maps). Assumem primordialmente a forma de linguagens visuais, o que os torna especialmente apelativos à comunicação e compreensão dos fenómenos cognitivos, no domı́nio em questão (Weick, 1990; Huff, 1990a). A 2 O termo racional é aqui tomado com um significado estrito, no sentido daquilo que se pode deduzir e portanto que segue regras bem definidas. 3 Justificando esta prática Huff (Huff, 1990a) refere, a propósito, o aforismo de Karl Weik: Como podemos saber o que pensamos até vermos o que dizemos? 1.1. MOTIVAÇÃO 9 figura 1.1 apresenta, de uma forma simplificada, um mapa cognitivo acerca do que se pensa serem as relações de causa/efeito entre os mecanismos envolvidos na evolução das organizações. As ferramentas computacionais desenvolvidas neste contexto, focam normalmente aspectos particulares dos mapas cognitivos, em grande parte com problemas de interacção, capacidade de exploração e integração no âmbito organizacional. Por outro lado, as metodologias adoptadas assumem uma perspectiva radical de distanciamento dos modelos abstractos, individuais ou genéricos, que contraria a própria perspectiva cognitiva da tomada de decisão. No processo de decisão desencadeiam-se actividades que se complementam, entre a criatividade e a exploração, por um lado, e a racionalidade e a reutilização de conhecimento, por outro (Hellgren & Löwstedt, 1998)4 . Pomerol (1997), mencionando resultados da neurobiologia, afirma que de facto o raciocı́nio, a intuição e a emoção se complementam na tomada de decisão. Mais, sugere que a emoção se manifesta no recurso a ”padrões de decisão” extrapolados de decisões anteriores. Todos estes aspectos, conjuntamente com o referido na secção 1.1.2, constituem a motivação de base desta dissertação, resumindo-se do seguinte modo: Este trabalho decorre da necessidade de definição de ferramentas que, segundo uma perspectiva organizacional cognitiva, se adeqúem à facilitação das actividades inerentes à evolução das organizações. Estas ferramentas devem, por um lado, ter uma natureza exploratória mas fundamentada em padrões de conhecimento previamente adquiridos e por outro, enquadrar-se em visões e classificações que abranjam as diversas facetas organizacionais. O facto de um número apreciável de descrições do processo cognitivo, no âmbito organizacional, tomar a forma de linguagens visuais, não é, de maneira nenhuma, alheio à tomada deste desafio como motivação de base do trabalho que aqui se apresenta. Essas linguagens, conjuntamente com a caracterı́stica simultaneamente explo4 Hellgren e Löwstedt referem a propósito o argumento de Empidocles de que as coisas nem são inalteráveis, nem estão constantemente em mutação. CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 10 ratória e enquadrada da sua manipulação, constituem matéria particularmente interessante para o desenvolvimento de ideias e aplicações no âmbito da interacção pessoamáquina. É aliás neste sentido que se orienta grande parte do esforço desenvolvido. 1.1.5 Génesis e práxis O trabalho aqui apresentado foi iniciado no contexto do grupo de Técnicas de Interacção Multimédia, do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores (INESC). Este grupo, cuja área de investigação e desenvolvimento se centrou especialmente nos aspectos de interacção pessoa-máquina, hipermédia e multimédia, tanto nas facetas arquitecturais e de suporte, como em ferramentas propriamente ditas, envolveu-se, nos últimos anos, no campo do estudo das organizações, em particular nos aspectos da tomada de decisão e desenho de processos de trabalho. Esta integração, teve como primeiro resultado contratual o seguinte projecto: ORCHESTRA - Organizational Change, Evolution, Structuring and Awareness (Guimarães, 1998). Projecto ESPRIT (European Strategic Programme for Research in Information and Technology), no 8749. A motivação para o trabalho desta dissertação teve aı́ as suas raı́zes. Na fase inicial, um conjunto de organizações piloto (que constituı́am parceiros empresariais do consórcio) foi analisado e diagnosticado por peritos com formação de base nas ciências sociais, com o intuito de enquadrar, numa visão global destes organismos, sistemas complexos para suporte e automatização de trabalho em grupo, os quais seriam desenvolvidos e integrados no decurso do projecto. Os modelos adoptados, aplicados pela equipa também noutros trabalhos de consultoria, provêm das teorias do diagnóstico e desenho organizacional atrás referidas. As metodologias usadas, embora de maneira implı́cita e nem sempre de forma gráfica (devido à ausência de meios tecnológicos adequados), recorrem a mapas cognitivos simples que descrevem os raciocı́nios de causalidade inerentes ao processo de diagnóstico. Foi desta necessidade de utilização prática, bem como da referida inexistência de ferramentas eficazes, que emergiu o desafio inicial à execução desta dissertação. 1.2. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA E OBJECTIVOS 11 Já durante a elaboração da tese, surgiu um novo estı́mulo, no âmbito do qual se desenvolveu ainda algum do trabalho aqui descrito, que se materializou no seguinte projecto de investigação: MAPCOG - Mapas Cognitivos nos Processos de Negociação (Jesuino et al., 1996; Carriço et al., 1998). Projecto PRAXIS no PCSH/P/PSI/77/96. O projecto recorre aos mapas cognitivos como forma de descrever, compreender e antever os processos de raciocı́nio dos negociadores durante a negociação. A componente tecnológica do projecto faculta os meios e a competência necessários, para a integração, nos protótipos desenvolvidos, dos aspectos de interacção pessoa-máquina e de modelação da actividade negocial, segundo uma perspectiva cognitiva. A sua componente experimental permite sustentar os requisitos encontrados para essas ferramentas. 1.2 Definição do problema e objectivos Tomando em consideração o desafio resumido em ¨½ ½ e que constitui o problema de base sobre o qual este trabalho se debruça, delinearam-se os seguintes objectivos: O estudo dos vários tipos e formas de mapas cognitivos e das caracterı́sticas da sua utilização, quer no contexto da tomada de decisão nas organizações, quer noutros que, de algum modo, possam contribuir para enriquecer a análise, diagnóstico e desenho organizacionais. Apreciação de teorias e metodologias de diagnóstico e desenho organizacional que possam enquadrar a perspectiva cognitiva da tomada de decisão, segundo uma visão alargada das organizações, que inclua aspectos formais e informais, ao nı́vel dos fluxos de trabalho, e sociais e administrativos. Análise de bibliotecas de componentes, ferramentas e sistemas computacionais, que providenciem suporte à edição e análise dos mapas cognitivos, de acordo com as caracterı́sticas de forma e uso identificadas. CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 12 Os problemas encontrados situam-se essencialmente em duas áreas: a da modelação e a da interacção pessoa-máquina. A sua natureza resulta necessariamente do conceito de mapa cognitivo. Estes mapas, por constituı́rem técnicas de representação e compreensão das estruturas conceptuais e dos processos de raciocı́nio, levantam problemas ao nı́vel da validade, do abrangimento e da adequação dos mecanismos de análise, que sobre eles se aplicam. A sua faceta de linguagem visual e a sua utilização simultaneamente exploratória e fundamentada, impõem desafios às formas de representação gráfica, apresentação, manipulação e retorno (feedback). Na perspectiva desta tese é a última área, da interacção pessoa-máquina, que norteará o trabalho desenvolvido. No entanto, porque a utilização das ferramentas recai, em última instância, sobre os modelos adoptados e os métodos de análise usados, as questões apresentadas e as opções tomadas nesse contexto, repercutir-se-ão nos requisitos impostos ao desenvolvimento das interfaces. Relativamente aos mapas cognitivos como forma de modelação, cabe referir, em primeiro lugar, as duas posições que se encontram na literatura: uma advoga que estes mapas são meros auxiliares de raciocı́nio, com um objectivo simplesmente metodológico, que confronta as pessoas com descrições visuais, sucintas e estruturadas de ideias que se relacionam entre si; a outra, mais completa e que se adopta nesta tese, é a de que, para além dessa função, estes mapas capturam, ainda que parcialmente, as caracterı́sticas das próprias estruturas mentais usadas pelos indivı́duos, no processo cognitivo (Huff, 1990b; Eden & Spender, 1998; Laukkanen, 1992). Esta perspectiva pode interceptar (no extremo oposto à primeira) as posições perfilhadas pela inteligência artificial, nas representações visuais materializadas nas várias formas de redes semânticas (Sowa, 1991). É igualmente neste sentido, que é lı́cita a aplicação de algoritmos e mecanismos de análise, que extrapolam, por exemplo, a centralidade de conceitos ou mesmo a utilização de simulações que pretendam antever o resultado possı́vel de estratégias ou processos negociais. Tudo isto se enquadra primeiramente no âmbito das ciências cognitivas e, evidentemente, a tomada desta posição quanto à validade dos modelos, tem repercussões tecnológicas profundas. De acordo com o que foi referido na secção anterior (1.1), o suporte à criação dos mapas terá que permitir exprimir conceitos e relações, formal ou informalmente defi- 1.2. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA E OBJECTIVOS 13 nidos, classificá-los, especificar graus de incerteza e relevância, etc.. O seu impacto no aspecto da interacção pessoa-máquina é, antes de mais, a criação de formas gráficas que revelem essas caracterı́sticas. Tipicamente assumirão a forma de diagramas baseados em estruturas grafo, onde nós e arcos representam conceitos e relações. Os atributos gráficos e a sua disposição no espaço reflectem as propriedades e classificações do modelo subjacente. Claramente, essas formas deverão conciliar-se com as adoptadas para a representação visual dos modelos relacionados e já usados no domı́nio organizacional. Esta conciliação não deve, no entanto, tornar-se uma limitação. Na sua grande maioria, as formas existentes ou se diminuem pela dificuldade de utilização sem apoio de ferramentas computacionais, ou, quando as ferramentas existem, adoptam uma posição comodamente simplista, que não tira partido das capacidades de manutenção de consistência, exploração e apresentação oferecidas por esses meios. Os mecanismos de representação visual dos mapas cognitivos deverão suportar diagramas baseados em grafo, que permitam revelar as propriedades subjacentes aos conceitos e relações, e enquadrá-los com, mas não limitá-los a, representações visuais existentes. Ao pretender-se que os mapas cognitivos sejam mais do que uma forma de esboço que auxilia no processo de decisão, então, as representações visuais deverão ter associadas restrições que correspondem às formas válidas de combinação dos respectivos elementos. É nesse sentido que se tornam linguagens. No entanto, as regras subjacentes aos mapas cognitivos são, na sua grande maioria, ambı́guas e de foro semântico. Elas decorrem da confiança manifestada por conhecimento resultante de anteriores utilizações, de crenças ou intuição dos utilizadores ou de teorias emergentes das ciências sociais. Tecnologicamente isto significa que: Os mecanismos de verificação das restrições deverão tomar em linha de conta diferentes graus de imposição e adaptarem-se a cada problema e à evolução do conhecimento sobre ele angariado. No respeitante à sua utilização, também esta caracterı́stica se deverá repercutir nas formas de manipulação da linguagem. Sendo estas linguagens visuais e considerando o tipo de utilizadores a que se destinam (consultores, gestores, psicólogos, ...), os CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 14 mecanismos de manipulação directa, consubstanciados em diversas modalidades de interacção, são os mais adequados. Os problemas que estabelecem, são semelhantes aos encontrados na manipulação de ı́cones nos habituais sistemas de janelas (operações de drag-and-drop). No entanto e mais uma vez, a natureza ambı́gua das restrições impostas, introduz desafios ao nı́vel do retorno semântico, que não estão, de todo, resolvidos nos sistemas disponı́veis. Simples mudanças de ı́cone, que transmitam permissão ou proibição à manipulação, são insuficientes. As alternativas caixas de texto, com longas descrições, normalmente ignoradas pelos utilizadores, são, no mı́nimo, fastidiosas, para além de violarem os princı́pios básicos de reacção imediata associados ao conceito manipulação directa (Shneiderman, 1998). Neste sentido pode afirmar-se que: A criação de formas elaboradas, mas consistentes, de manipulação e retorno, deverá ter-se em conta na concepção das interfaces pessoamáquina para ferramentas de suporte aos mapas cognitivos. Este facto impõe o desenvolvimento de modelos adequados de interacção entre objectos, a adopção de metáforas que permitam exprimir restrições complexas e melhoramentos ao nı́vel das arquitecturas da interface. Também do ponto de vista da apresentação, a natureza dos mapas cognitivos e a sua utilização no âmbito organizacional requer o uso de técnicas apropriadas que facilitem a sua criação e análise, em particular quando se trata de diagramas de grandes dimensões. De entre essas, são naturalmente interessantes as que se aplicam genericamente a diagramas baseados em grafos. Assim, mecanismos de composição e decomposição de nós, formando diagramas hierárquicos, formas de distorção ou de distribuição espacial (layout) de nós e arcos, que facilitem a tarefa de percepção, ou meios de chamada de atenção, que recorrem a padrões gráficos, esquemas de cor ou aproximação (zoom), são por vezes indispensáveis para manipulações eficientes dos mapas cognitivos. Todavia, algumas das formas definidas para estes mapas centram-se, sobretudo, nas relações entre conceitos e portando nos arcos de ligação entre nós. Esta caracterı́stica fundamenta-se, em grande medida, na maior informalidade da definição dos conceitos, em contraposição ao papel mais claro das relações entre eles estabelecidas 1.3. RESULTADOS 15 (e.g. causalidade, ou equivalência). Este facto dificulta a utilização dos mecanismos existentes, mesmo os que recorrem a algoritmos de distorção, definidos essencialmente em torno dos nós, e os de focagem por aproximação que se definem isoladamente, sem relação a outros pontos, porventura relevantes, do mapa cognitivo. O problema é ainda aumentado por algumas caracterı́sticas visuais de agrupamento que emergem de alguns mapas usados no contexto organizacional. Por tudo isto, pode dizer-se que: Os mecanismos de apresentação e edição de mapas cognitivos deverão não só incluir métodos usados genericamente para o estudo e criação de diagramas de grandes dimensões, mas também outros, que tenham em consideração as caracterı́sticas e formas de utilização especı́ficas destes mapas no âmbito das organizações. Entre estes deverá inscreverse a relevância dos arcos como objecto de estruturação, a necessidade de análise comparativa entre diferentes áreas focais e as caracterı́sticas gráficas da própria linguagem. Tomando em consideração os problemas definidos pode dizer-se que: O objectivo desta tese é a concepção de mecanismos de suporte computacional para a criação de ferramentas de edição e análise de mapas cognitivos, no âmbito organizacional, em particular no aspecto da interacção pessoamáquina. Naturalmente, embora partindo de requisitos do domı́nio cognitivo e organizacional, a prossecução deste objectivo não deverá confinar-se a ele mas, sempre que possı́vel, abstrair-se, definindo modelos e encontrando técnicas cuja concretização se aplique a problemas semelhantes, doutros domı́nios. 1.3 Resultados Na procura da resolução dos problemas acima descritos, esta tese teve como resultados práticos, o seguinte conjunto de especificações e componentes programados: CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 16 Uma biblioteca genérica para a apresentação e manipulação de diagramas, suportando a definição de restrições entre objectos e formas elaboradas de retorno, sintáctico e semântico, à sua manipulação directa. Um conjunto especı́fico de objectos e restrições para a definição de mapas cognitivos, incluindo objectos gráficos de representação e componentes de apresentação e edição de diagramas de grandes dimensões e com múltiplos focos. Dois conjuntos de objectos de suporte à manipulação directa dos componentes das linguagens visuais, que concretizam formas de retorno semântico, segundo metáforas diferentes de interacção, em espaços sujeitos a restrições. Dois protótipos de ferramentas orientadas para o diagnóstico e desenho organizacional, integrando modelos adequados das ciências sociais, recorrendo a várias formas de mapas cognitivos e diagramas de dependência, e suportadas, do ponto de vista da interacção, pelas técnicas atrás referidas. Os três primeiros componentes, para além de utilizados na construç ão dos referidos protótipos, estão igualmente em fase de integração com um sistema de modelação de mapas cognitivos (Carvalho & Tomé, 1999), baseado em lógica difusa (fuzzy logic). O objectivo é concretizar uma ferramenta de especificação e análise desses mapas, no contexto dos processos de negociação, e será um dos resultados do projecto MAPCOG atrás citado. 1.4 Contribuições Os resultados práticos, acima descritos, têm como base um conjunto de contribuições concebidas no decurso da execução do trabalho apresentado nesta dissertação. As mais importantes são: A definição de um conjunto de componentes adequados à representação de mapas cognitivos, ao nı́vel conceptual e visual, incluindo contextos e regiões de classificação, que espelhem categorias emergentes dos modelos em que enquadram as linguagens visuais especificadas. 1.5. ESTRUTURA DO TEXTO 17 A definição de soluções inovadoras para a apresentação de diagramas de dimensões médias ou grandes, baseados em estruturas contendo contextos, nós e arcos de ligação. A solução permite visualizar diferentes áreas de foco, ajustáveis de forma independente, mas integradas, de modo a tornar igualmente perceptı́veis nós e arcos de ligação, mesmo entre os focos distintos. A definição de um modelo de interacção espacial entre objectos gráficos representativos de linguagens visuais, que considera restrições de caracter sintáctico e semântico, as quais se devem reflectir nas representações visuais. A classificação dos componentes que intervêm na manipulação directa e a definição de dialectos visuais de retorno, inovadores, que levam em linha de conta diferentes tipos e graus de restrição, impostos aos objectos gráficos e, por conseguinte, à sua manipulação. A sugestão de extensões e melhoramentos às arquitecturas genéricas de aplicações interactivas, especialmente orientadas para a manipulação directa de objectos gráficos componentes de linguagens visuais, que permitam formas elaboradas de retorno semântico. 1.5 Estrutura do Texto Este capı́tulo introdutório, para além da definição dos problemas, objectivos, resultados e contribuições, teve como propósito a apresentação do contexto global em que o trabalho se insere. Em particular, pretendeu-se identificar a perspectiva organizacional que se segue na dissertação, mais ligada às visões da sociologia e da ciência cognitiva, do que aos aspectos estruturais e de automatização, na maior parte das vezes associados à palavra ”organização”quando referida em áreas tecnológicas, como aquela em que se insere esta tese. No capı́tulo seguinte, apresenta-se o contexto especı́fico em que se fundamenta o trabalho aqui apresentado, identificando-se os requisitos particulares que lhe são impostos. Em primeiro lugar, aborda-se a cognição e as suas diversas facetas, como CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 18 manifestações e influencias do funcionamento e da gestão das organizações. De seguida, descrevem-se as caracterı́sticas inerentes aos mapas cognitivos como forma de facilitar a compreensão dessas facetas. Posteriormente, apresentam-se, de forma sucinta, algumas das teorias e metodologias do desenvolvimento organizacional que se enquadraram no âmbito destes mapas. No capı́tulo 3 apresenta-se e discute-se o panorama tecnológico. Expõem-se os fundamentos e as técnicas de base que enquadram as caracterı́sticas requeridas e analisamse ferramentas que tentam já dar suporte à criação de alguns tipos de mapas. Revêemse também as tecnologias (sistemas e bibliotecas) que permitem a construç ão de novas ferramentas e, por fim, discutem-se as lacunas encontradas. Nos capı́tulos 4 e 5 apresenta-se o trabalho realizado com o objectivo de providenciar suporte à construção de ferramentas adequadas. No primeiro, abordam-se os componentes propostos com objectivo de cobrir a expressão visual dos mapas. Especificam-se ao nı́vel conceptual da representação, ao nı́vel da definição de linguagens visuais e, por fim, ao nı́vel da apresentação e consequente gestão do espaço em que ocorre a interacção com o utilizador. No capı́tulo 5, dá-se ênfase aos aspectos da exploração e, por conseguinte, à faceta dinâmica da interacção pessoa-máquina, no caso vertente com os componentes descritos. Aborda-se o modelo proposto, enumeramse os actores intervenientes na manipulação e propõem-se dialectos de retorno. No penúltimo capı́tulo descrevem-se sucintamente os dois protótipos desenvolvidos, com base no suporte proposto. O primeiro é uma ferramenta de apoio à aplicação de uma metodologia e de um modelo especı́fico de diagnóstico organizacional, que agrega várias tipos de mapas cognitivos. O segundo, propõe a articulação de um modelo de desenho organizacional, também com mapas cognitivos, como forma de guiar a adaptação de sistemas de modelação e trabalho nas organizações, à sua mudança. Finalmente, no capı́tulo 7 conclui-se e delineiam-se perspectivas futuras. Contexto Considerando os processos de análise, diagnóstico e tomada de decisão organizacionais conforme anteriormente expostos, i.e., como actividades essencialmente cognitivas, enquadradas em visões alargadas daquelas estruturas sociais, o suporte à sua facilitação deverá fundamentar-se em resultados de duas áreas cientı́ficas: a das ciências cognitivas (Posner, 1993; Stubbart & Ramaprasad, 1990), cujo objectivo é desenvolver teorias e técnicas para o ”estudo e compreensão da percepção, raciocı́nio e aprendizagem humanas” (Merriam-Webster, 1998); a das ciências sociais (Porras, 1987; Mintzberg, 1995), cujo intuito é estabelecer as teorias e metodologias que ”lidam com as instituições, funcionamento das sociedades e as relações interpessoais dos indivı́duos como membros de uma sociedade” (Merriam-Webster, 1998). As duas áreas não são independentes. Em primeiro lugar porque reúnem disciplinas essenciais comuns, como a psicologia (e a psicologia social). Para além disso, algumas teorias que emergem das ciências cognitivas, levam em linha de conta as influências sociais e do conhecimento dos grupos, considerados muitas vezes como entidades próprias, com caracterı́sticas de pensamento que ultrapassam as directamente imputadas aos indivı́duos que os constituem (Spender, 1998; Hellgren & Löwstedt, 1998). Finalmente, as ciências sociais consideram, como componente fundamental das suas teorias, as influências que os indivı́duos, na sua forma de pensar, aprender e agir, têm no funcionamento das organizações (Porras, 1987; Harrison, 1987). No caso vertente, a ciência cognitiva fundamenta e oferece os meios para a representação e compreensão dos processos mentais desenvolvidos pelos gestores, 19 CAPÍTULO 2. CONTEXTO 20 Figura 2.1: Contribuições teóricas e metodológicas para a análise, diagnóstico e tomada de decisão nas organizações. consultores e teóricos das organizações, durante a análise, diagnóstico e desenho das mesmas. No contexto deste trabalho é especialmente relevante a sua expressão sinóptica e potencialmente gráfica, que se traduz nos diferentes tipos de mapas cognitivos (Huff, 1990b; Eden & Spender, 1998). Estes são, em primeira análise, representações de componentes do processo cognitivo, em sentido lato i.e., não agrilhoadas a preocupações de nı́vel formal ou de capacidade de reprodução do raciocı́nio. A segunda área cientı́fica, na sua componente do desenvolvimento organizacional (Porras, 1987; Porras & Robertson, 1991), particularmente nas vertentes de diagnóstico e desenho (Mintzberg, 1995; Mintzberg, 1993), proporciona o acesso ao conhecimento já disponı́vel, sobre as dimensões, caracterı́sticas e formas de evolução tı́picas das organizações. A conjunção das duas permite assim, providenciar os meios para a descoberta, exploração e revisão do conhecimento, enquadrando-o em metodologias e classificações, pré existentes e fundamentadas, das estruturas e actividades organizacionais (ver figura 2.1). Neste capı́tulo apresentar-se-ão conceitos fundamentais do contexto em que se desenrola o trabalho desta dissertação, que determinarão, em última instância, os requisitos a impor à definição de ferramentas, sistemas e bibliotecas de componentes que pretendam suportar a análise, diagnóstico e gestão das organizações, segundo uma perspectiva cognitiva. Começar-se-á por apresentar alguns aspectos do que hoje em dia se 2.1. A COGNIÇÃO 21 engloba no tema da cognição, sempre que possı́vel reportados à sua representação e ao seu enquadramento nas actividades de gestão. De seguida, introduzir-se-á o conceito de mapas cognitivos, as suas categorias, bem como as formas de aquisição, aplicações e resultados, em particular no âmbito das organizações. Por fim, far-se-á uma breve revisão dos modelos e metodologias de desenvolvimento organizacional que nortearam alguns dos resultados deste trabalho. 2.1 A Cognição O interesse na forma como as pessoas pensam e compreendem o mundo que as rodeia, quanto mais não seja por constituir uma das caracterı́sticas essenciais do que significa ser humano, manifesta-se desde as civilizações mais remotas. O assunto tem sido foco de atenção nas mais variadas áreas, desde a filosofia da Grécia antiga até aos mais recentes achados da neurobiologia. Psicologia, Inteligência Artificial, Linguı́stica, Filosofia, Neuropsicologia, Neurobiologia, Antropologia e Psicologia Social, todas contribuem para a construç ão do que se denomina, hoje em dia, por ciência cognitiva. De acordo com Simon e Kaplan, esta ciência ”é o estudo da inteligência e dos sistemas inteligentes, com referência particular ao comportamento inteligente como computação” (1993, p. 1). Esta capacidade de computar, atribuı́da por alguns a todas as actividades da cognição humana (Pylyshyn, 1993), não se refere obrigatoriamente à viabilidade de reprodução em computador. Pressupõe, no entanto, uma caracterı́stica de padronização e exactidão, que é impugnada ou relegada para segundo plano por vários investigadores, não só oriundos da área das ciências sociais (Eden & Spender, 1998), mas também com formação de base em Inteligência Artificial - veja-se os trabalhos de Johnson-Laird (1993), Bannon e Bødker (1991) e Winograd e Flores (1986). Em geral, no entanto, pode identificar-se um conjunto de componentes e tarefas do processo cognitivo (Posner, 1993; Osherson & Lasnik, 1990; Osherson et al., 1990; Osherson & Smith, 1990; Huff, 1990a), que permite orientar o esforço dos investigadores segundo áreas de estudo mais ou menos especı́ficas: Percepção e atenção - referem-se à forma como os estı́mulos, particularmente os visuais (Osherson et al., 1990) e sonoros, são reconhecidos e interpretados (Dix et al., CAPÍTULO 2. CONTEXTO 22 1994) e, de entre eles, quais os que suscitam maior interesse, tendo, por conseguinte, mais probabilidades de serem lembrados à posteriori. A forma como se manifestam ou se mudam os focos de atenção e a sua compreensão, permitem em primeira análise, conduzir entrevistas e identificar mudanças de contexto, preocupações centrais ou desinteresse, por exemplo, ao nı́vel do pensamento estratégico (Huff, 1990a). Memorização - relaciona-se com o modo como se processa a salvaguarda, lembrança e esquecimento dos estı́mulos e conceitos adquiridos pelos órgãos sensoriais. O modelo temporal (Simon & Kaplan, 1993), normalmente aceite para a memória humana (com grandes semelhanças com a adoptada nos computadores), subdivide-a em memória de curto (short-term) e longo prazo (long-term) . Relativamente à memória de longo prazo, admite-se ser composta por componentes especı́ficos, ligados à forma de representação e ao modo como são utilizados (e.g. informação declarativa, associativa, ı́ndices). São igualmente consideradas no modelo, outras ”pequenas memórias” associadas aos próprios órgãos sensoriais e com caracterı́sticas especı́ficas à sua respectiva modalidade (Simon & Kaplan, 1993; Potter, 1990; Preece et al., 1994; Dix et al., 1994). Designam-se por memórias sensoriais (sensory memories). As razões pelas quais a informação passa ou se perde na transição entre memórias, a capacidade de memorização ou a velocidade de esquecimento, têm sido alvo de diversos estudos, sendo potencialmente relevantes na forma de apresentação, comunicação e doutrinação das pessoas que constituem as organizações. Relativo à memorização e à eficiência da evocação, Potter (1990) refere resultados que apontam como memorização por excelência, aquela em que o sujeito gera o mundo a ser lembrado. A criação de mapas cognitivos pelos indivı́duos, como representação da sua própria reflexão sobre a definição de estratégias ou tomada de decisões, vai ao encontro desta perspectiva. Revelam-se ainda interessantes, os trabalhos que visam estabelecer quais as caracterı́sticas dos conceitos que mais facilmente são lembrados. Por exemplo, é relativamente intuitivo (e demonstrável empiricamente) que as pessoas tendem a lembrar e a invocar tanto mais frequentemente as coisas, quanto mais 2.1. A COGNIÇÃO 23 importantes elas são, já que maior é o número de associações mentais que lhes atribuem (Potter, 1990; Huff, 1990a). Juntamente com as considerações tecidas sobre a atenção, estes resultados fundamentam, entre outros, o reconhecimento de discrepâncias nas preocupações e objectivos dos intervenientes na tomada de decisão ou a identificação dos problemas potencialmente mais relevantes na prossecução de diagnósticos. Representação do conhecimento - refere-se à forma como são representados na memória, os conceitos e, em geral, as estruturas que permitem às pessoas pensar. Neste campo distinguem-se os modelos conexionista (connectionist model) e simbólico (symbolic model). Embora tomados inicialmente como perspectivas antagónicas, cada vez mais se assumem como complementares ou como dois nı́veis de abstracção do sistema nervoso humano (Simon & Kaplan, 1993). O modelo conexionista (Rumelhart, 1993) defende uma organização de unidades básicas (neurões ou caracterı́sticas perceptuais) ligadas em rede, de tal modo que a representação de uma ideia se reflecte por um padrão de actividade ou por um estado das unidades e das ligações dessa rede. O modelo simbólico (Newell et al., 1993) assume uma organização associativa de sı́mbolos, com significados a vários nı́veis e com representações em diferentes tipos de memória (Simon & Kaplan, 1993). Uma visão deste modelo, com pontos de contacto com o conexionista, propõe uma organização em rede, as redes semânticas (semantic networks), mas em que nós e ligações denotam sı́mbolos, ao invés de neurões ou caracterı́sticas perceptuais (Lehmann, 1992a; Sowa, 1991; Shastri, 1988). O estudo da representação do conhecimento tem particular interesse do ponto de vista da inteligência artificial, na sua procura de reproduzir as várias formas de pensamento humano (Garcia & Yi-Tzw, 1993b; Woods, 1993; Fikes & Kehler, 1993; Brachman & Schmolze, 1985). No contexto organizacional, ela materializase nos sistemas de suporte à decisão já atrás referidos (1.1.3), em particular naqueles que se baseiam em sistemas periciais. Representar o conhecimento é também uma das finalidades dos mapas cognitivos (Stubbart & Ramaprasad, 1990). No entanto, ao contrário das representações normalmente adoptadas na inteligência artificial, estes mapas assumem CAPÍTULO 2. CONTEXTO 24 como objectivo, antes de mais, a compreensão, comunicação e enriquecimento do pensamento (Eden, 1992), podendo abranger as descrições formais, mas não se limitando a elas. As considerações tecidas sobre a emoção e a intuição, as interacções entre os indivı́duos e o que os rodeia - vejam-se as reflexões feitas por Bannon e Bødker (1991) - e a necessária imperfeição na representação do conhecimento (Winograd & Flores, 1986) justificam esse abrangimento. Note-se que essa natureza inexacta e incompleta, não se refere apenas à exteriorização do modelo da cognição (i.e. aos mapas enquanto descrições exteriores à mente). Os modelos mentais (mental models) são, segundo Johnson-Laird (1993), representações simbólicas e potencialmente imperfeitas, internas à mente humana, usadas pelas diversas actividades cognitivas (desde a percepção, à resolução de problemas, passando pelo raciocı́nio e a aprendizagem). A sua imperfeição, inerente à noção de modelo, não contradiz a sua utilidade1 . Ainda quanto à representação surge outro tópico de interesse, que se refere à relação entre as formas de salvaguarda do conhecimento proveniente de estı́mulos visuais e de mensagens linguı́sticas. Por um lado, admite-se que imagens e proposições podem ser manuseadas (numa perspectiva cognitiva) de maneira basicamente semelhante e que existe um sistema semântico comum, que contém significados, independentemente da fonte de onde provêm (Simon & Kaplan, 1993; Johnson-Laird, 1993). Por outro lado, parece evidente que a forma de representação é distinta. Isso explica, por exemplo, que determinado tipo de inferências seja mais eficiente sobre conhecimento armazenado a partir de imagens, do que a partir de descrições e vice-versa. Kosslyn (1990) argumenta que as pessoas usam extensivamente imagens mentais e sugere que uma das formas pela qual essas imagens são registadas, recorre a estruturas do tipo nó/ligação (Simon & Kaplan, 1993). A utilização de representações visuais externas, como os mapas cognitivos e em particular as variantes que recorrem ao mesmo tipo de estrutura (nó/ligação), parece, pois, ir ao encontro da facilitação das actividades cognitivas (Huff, 1990a). 1 Johnson-Laird cita como exemplo um relógio, que ”pode ser útil, ainda que não seja totalmente exacto ou uma representação completa da rotação da terra” (1993, p. 486). 2.1. A COGNIÇÃO 25 Raciocı́nio e Aprendizagem - dizem respeito aos processos de pensamento e, por conseguinte, à forma como as pessoas classificam novos estı́mulos, objectos e conceitos nas categorias já existentes ou como criam outras novas. As aproximações teóricas a estas actividades mentais estão, naturalmente, relacionadas com a representação interna assumida para o conhecimento. Primeiramente, na forma como são representados os mecanismos de inferência, de seguida, no modo como essa inferência se processa. Representações sob a forma declarativa ou procedimental, a que corresponderão esquemas e produções, são tipicamente adoptadas nas aproximações simbólicas. Já nas representações em rede, particularmente na conexionista, o maquinismo de inferência assenta na própria definição dos pesos atribuı́dos às ligações. Quanto ao processo de inferir propriamente dito, este resulta da resolução da lógica associada aos esquemas, do disparo das produções ou da alteração dos pesos e ligações da rede neuronal. Simon e Kaplan (1993) referem que os dois tipos de mecanismos adoptados nas representações simbólicas coexistem em memória e que o raciocı́nio (visto como inferência lógica), a procura heurı́stica (vista como disparo e resolução de produções) e mesmo outros deverão ser considerados na definição de uma perspectiva mais correcta do pensamento humano. Segundo estes autores, os modelos mentais (Johnson-Laird, 1993) propõem algo no meio. Johnson-Laird, por seu turno, identifica três tipos de teorias do raciocı́nio: as que assumem que este depende de regras formais de inferência (lógica, nas suas várias formas), advogando distanciamento do conteúdo do próprio pensamento; as que reconhecem a importância desse conteúdo na forma de pensar e propõem regras de inferência especı́ficas ao contexto (sistemas baseados em produções); e os modelos mentais que, como representações incompletas, assumem que a inferência resulta da manipulação e refinamento dos próprios modelos. Esta caracterı́stica dinâmica dos modelos, enquanto representações cognitivas internas, simultaneamente abstractos e situados (i.e. adaptáveis às situações), vem igualmente sustentar a prática de utilização dos mapas cognitivos (representações externas), de forma criativa e exploratória, mas enquadrada em modelos e mapas anteriores, que em particular se adopta nesta dissertação. CAPÍTULO 2. CONTEXTO 26 Cognição social - refere-se à cognição no âmbito da interacção entre as pessoas. Estudos de foro antropológico focam a forma como se estabelece o senso comum das culturas, famı́lias ou grupos em geral e como isso afecta ou é afectado pela percepção, a linguagem e a forma de pensar dos indivı́duos. Claramente, no domı́nio das organizações esta dimensão é primordial, por exemplo, na criação da cultura organizacional, ou na determinação das formas de doutrinação e disseminação de informação. Esta é uma das áreas fundamentais no estabelecimento das teorias do desenvolvimento organizacional (Porras, 1987). Noutro sentido, mas ainda no âmbito das organizações, o estudo articulado da cognição e da interacção entre as pessoas permite, por exemplo, definir modelos mais completos do processo negocial. Ao contrário das perspectivas propostas pelos modelos económico e da teoria dos jogos (game theoretic), que conotam o processo negocial como racional e lógico, no enquadramento comportamental cognitivo (behavioral cognitive) identificam-se os negociadores como entidades dinâmicas e imperfeitas (Jesuino, 1992). Assim sendo e oferecendo uma base teórica mais alargada que engloba um leque maior de processos de negociação, podem identificar-se, por exemplo, desvios tı́picos que os negociadores fazem relativamente às soluções óptimas. 2.2 Mapas cognitivos O conceito de mapa cognitivo, enquanto metodologia para a compreensão da tomada de decisão, definição de estratégias, diagnóstico ou negociação, e a sua validade como forma de estudo e de suporte a essas actividades, articula-se, em primeiro lugar, com a noção de mapa e da sua criação. Um mapa, no sentido comum da palavra, é uma representação do espaço, que, como tal, permite às pessoas localizar um lugar em relação a outros. É igualmente uma forma de visualizar facilmente categorias (e.g. locais de interesse histórico, grandes cidades). Segundo Weick (1990), esta qualidade, que reflecte uma noção de posicionamento relativo e classificação, é indispensável à mente humana para compreender o 2.2. MAPAS COGNITIVOS 27 que quer que seja2 . Num sentido mais geral, os mapas permitem igualmente exprimir posicionamentos relativos no tempo ou noutras dimensões. Por exemplo, no caso da gestão das organizações, os mapas são usados para reflectir causalidade ou sequência. Todas estas caracterı́sticas, associadas à sua natureza visual, levaram à aplicação do conceito de mapa aos mais variados domı́nios (mapa celeste, mapa genético, ...). No âmbito da cognição pode então dizer-se que: Os mapas cognitivos pretendem auxiliar as pessoas a ”situarem-se” nos seus próprios pensamentos ou nos pensamentos de outrem. Associada à noção de mapa está também a de abstracção. De facto, o mapa é o resultado de um processo de abstracção a partir de um território. Mapa e território são, em geral, coisas distintas3 . No caso dos mapas cognitivos, a esta dicotomia contrapõem-se duas atitudes extremas: uma, que enaltece esta distinção, sustenta que os mapas cognitivos servem apenas como esboço para organização das ideias e que, pela própria noção de mapa, convidam a interpretações pictóricas demasiado imprecisas (ou simplistas) da cognição; a outra afirma que estes mapas denotam as próprias estruturas do pensamento humano e que, por conseguinte, mapa e território são indistintos. Uma atitude menos fundamentalista advoga que, ainda que existam diferenças entre os mapas e a cognição, decorrentes do próprio processo de abstracção e interpretação, a validade da sua utilização é indiscutı́vel. Primeiramente, porque os mapas cognitivos resultam de um processo de modelização e que, como modelos, facilitam a compreensão e comunicação dos assuntos objecto do pensamento representado. Ainda nesse sentido e indo um pouco mais longe, porque os mapa e a cognição se influenciam mutuamente. A criação e análise de um mapa (ainda que aproximado) esclarece a perspectiva (originadora do mesmo) que se tem sobre o problema. Este esclarecimento, por sua vez, permite alterar o mapa de modo a melhor espelhar o pensamento4 . 2 Em segundo lugar, pela sua natureza visual, que, em geral, constitui Huff menciona a propósito a seguinte máxima atribuı́da a Platão: ”forma de pensar mais primitiva é o simples reconhecimento do objecto. A mais elevada, é a intuição abrangente do homem que vê tudo como parte de um sistema.” (1990a, p. 11). 3 Referindo Postman, Weick afirma que: ”As pessoa vivem em dois mundos - o mundo dos eventos e das coisas (o território) e o mundo das palavras sobre os eventos e as coisas (o mapa).” (1990, p. 2). 4 Um exemplo interessante, relativo a mapas supostamente mais exactos, é o que refere um grupo CAPÍTULO 2. CONTEXTO 28 uma forma mais imediata de comunicação e resumo de informação (Kosslyn, 1990; Blackwell, 1997). Por fim, porque há situações em que é difı́cil destrinçar onde termina o mapa (abstracção) e onde começa o território. Esta atitude pragmática é particularmente favorecida na referência às actividades de gestão organizacional. A justificação suporta-se, em primeira lugar, na utilização da intuição e da emoção como pedras basilares do processo (ver secção 1.1.4, página 8). Por um lado, estas caracterı́sticas dificultam (ou impossibilitam mesmo) a descrição completa e exacta do pensamento, portanto admitem-se discrepâncias entre mapa e cognição, por outro, são actividades que, ao serem exercidas no lado direito do cérebro, ignoram a distinção entre a representação (mapa) e o representado (território)5 - vejase as alegações de Weick (1990). Esta contiguidade entre mapa e cognição sustentase ainda no facto de que uma parte significativa das actividades de gestão se situa no mundo das palavras, intenções e relações sociais. Nesse sentido, os objectos de reflexão projectados nos mapas, são eles próprios, conceitos fortemente subjectivos. Nestes casos, Weick afirma que o mapa cria o território. Por tudo isto e baseados nas afirmações de Huff (1990a), pode então ser dito que: Os mapas cognitivos podem capturar algo com as mesmas caracterı́sticas essenciais que o próprio pensamento e, nesse sentido, são representações aproximadas do conhecimento e da forma de pensar dos indivı́duos (ou grupos). 2.2.1 Tipos de mapas Os mapas cognitivos, pela sua flexibilidade e abrangimento decorrente dos vários nı́veis de formalização com que se podem exprimir, bem como das múltiplas manifestações do processo cognitivo que pretendem revelar, convidam à existência de vários tipos de estrutura, métodos de captura e formas de representação. Huff (1990a) propõe uma classificação em cinco grupos, não necessariamente disjuntos, resultantes de perspectivas distintas sobre o processo cognitivo e denotando diferentes graus de complede homens que, a partir de um mapa de uma região, se orientam noutra (da qual pensam ser o mapa), redefinindo o mapa, da primeira, de acordo com as referências que encontram na segunda (Weick, 1990). 5 O exemplo referido, no tocante ao papel da emoção, é o da bandeira nacional como representação do paı́s. Ofender a bandeira (o mapa) é na maior parte das vezes tomado como um desrespeito ao paı́s. 2.2. MAPAS COGNITIVOS 29 Figura 2.2: Os diferentes tipos de mapas cognitivos. Ilustração das preocupações de um indivı́duo acerca da compra de mobiliário. xidade. Esses grupos, descritos subsequentemente, serão aqui designados por mapas de inventário, taxionómicos, causais, argumentativos e interpretativos. A figura 2.2 mostra, simbolicamente, as cinco categorias de mapas cognitivos. Os de inventário enumeram os conceitos ou objectos aparentemente relevantes para o indivı́duo, enquanto os mapas taxionómicos os classificam segundo dimensões que o mesmo considera pertinentes. Na sua variante causal está esboçado o pensamento do indivı́duo sobre as consequências de comprar um dos objectos e o impacto nos tempos de estadia em casa e no trabalho. O mapa argumentativo ilustra a reflexão sobre os argumentos que deverá apresentar para baixar o preço do que pretende comprar e quais, em antevisão, lhe serão contrapostos. Finalmente, o mapa interpretativo apresenta a explicação subjacente às reflexões anteriores. 2.2.1.1 Mapas de inventário Os mapas de inventário pretendem identificar ”a atenção, associação e importância dos conceitos” (Huff, 1990a, p. 15), com base na inventariação dos termos usados pelos indivı́duos. A ideia subjacente é a de que se pode conhecer relativamente bem o interlocutor (ou interlocutores), se for feita uma análise cuidada das palavras que usa. Baseia-se nos resultados do estudo da atenção e da memorização (e contribuı́ para a sua fundamentação), em particular do ponto de vista linguı́stico, que apontam a CAPÍTULO 2. CONTEXTO 30 frequência, alteração e revezamento no uso das palavras como indicadores de centralidade, mudança de atenção e ligação entre conceitos, respectivamente. O trabalho conducente a este tipo de mapas recorre, principalmente, a métodos de análise de conteúdo (content analysis). Estes métodos (Birnbaum-More & Weiss, 1990; Erdener & Dunn, 1990; Bardin, 1977) permitem, por exemplo, a contagem e localização de incidência de palavras ou pequenas frases, em documentos escritos. O recurso a algoritmos de análise estatı́stica, a dicionários (tabelas de equivalência de termos e frases) e a regras de construção de frases permitem indiciar: a utilização de vocábulos diferentes com significados comuns; o uso de termos potencialmente equivalentes com interpretações distintas; conceitos centrais; e alterações temáticas. Com base neste tipo de análise, Huff (1990a) refere vários estudos no âmbito da gestão e definição de estratégias nas organizações. Por exemplo, a conclusão de que as empresas em situação mais delicada procuram maiores riscos, é parcialmente inferida a partir do número de ocorrências de termos representativos de risco, nos seus relatórios anuais. Outros exemplos incidem sobre a utilização de factores comuns nas estratégias desenvolvidas pelas empresas ou sobre a identificação de preocupações centrais de gestores ou grupos de interesse. Em qualquer dos casos, as conclusões são extrapoladas a partir dos mapas resultantes da análise de conteúdo dos relatórios da empresa (externos e internos). Birnbaum-More e Weiss (1990) identificam a base de competição de doze áreas industriais, recorrendo a mapas de inventário das transcrições procedentes de entrevistas com peritos dessas áreas6 . As principais crı́ticas a este tipo de mapas resultam da validade com que se podem extrapolar as considerações sobre relevância e associação de conceitos, a partir de análises essencialmente sintácticas e da superficialidade com que abordam o processo cognitivo como um todo. Por conseguinte, não é de estranhar que os mapas de inventário constituam, principalmente, uma primeira abordagem ao estudo da cognição ou dos problemas abordados por esta. O que daı́ resulta é um catálogo de conceitos básicos e associações, potencialmente relevantes, que alimentam formas de análise mais cuidadas, dificilmente expeditas e suportadas pelos restantes tipos de mapas. 6 Uma das conclusões refere, curiosamente, a inutilidade de medidas reguladoras, como patentes, 2.2. MAPAS COGNITIVOS 31 Figura 2.3: Representação de um mapa de inventário - a frequência de repetição das palavras e o seu significado como indı́cio de comportamentos diferentes para as empresas. A representação destes mapas é feita recorrendo a tabelas ou gráficos, que resumem ou aproximam por funções, os resultados obtidos a partir da aplicação de processos expeditos de análise estatı́stica. São comuns os gráficos de barras, como o que se mostra na figura 2.3, ou as curvas estatı́sticas que denotam, por exemplo, a frequência de utilização de termos no tempo. 2.2.1.2 Mapas taxionómicos Os mapas taxionómicos ”mostram as dimensões de categorias e hierarquias de conceitos” (Huff, 1990a, p. 21). Baseiam-se no pressuposto de que a memória se organiza em classes interrelacionadas de conceitos e que a aprendizagem é uma manipulação dessa estrutura. A identificação das categorias, a forma como se relacionam e o modo como os conceitos e objectos nelas se enquadram é, pois, o território cartografado. O trabalho que precede este tipo de mapas, recorre essencialmente a entrevistas e observações, normalmente enquadrados em métodos experimentais adequados ao registo e interpretação das actividades cognitivas - veja-se a apresentação crı́tica destes métodos feita por Bower e Clapper (1993). Genericamente, as metodologias subjacentes tentam, por um lado, minorar a influência do entrevistador nos resultados, por outro, orientar a entrevista de modo a que os resultados sejam relevantes para o estudo em questão. Particularmente relevante para a construção deste tipo mapas, tendo em conta a quantidade de aproximações que nela se baseiam (Reger, 1990a; Eden, 1993; segurança e alta qualidade de produtos em determinados sectores de produção. CAPÍTULO 2. CONTEXTO 32 Figura 2.4: Grelha de repertório usada na prescrição de lentes de contacto (adaptado de Shaw e Gaines, 1992). Gaines & Shaw, 1993; Schuler et al., 1990), é a teoria dos constructos pessoais (personal construct theory) de Kelly (1955). Esta teoria vê cada indivı́duo como alguém potencialmente capaz de antever o que o circunda (Bood, 1998; Shaw & Gaines, 1992) e, nesse sentido, capaz de construir uma taxionomia, válida no seu espaço psicológico, dos conceitos - ou constructos (constructs), de acordo com a designação proposta por Kelly que fundamentam o seu conhecimento. Baseado na sua teoria, Kelly elaborou a técnica das grelhas de repertório (repertory grids). Esta técnica permite identificar as dimensões essenciais de uma categorização de elementos e classificá-los numa grelha (ver, como exemplo, a figura 2.4) de acordo com essas dimensões (Reger, 1990b). Numa das suas formas, é pedido aos inquiridos para agruparem dois elementos a partir de subconjuntos de três, sucessivamente, para um conjunto de elementos de estudo. Para cada trı́ade, devem identificar a dimensão de semelhança entre os agrupados e de dissemelhança em relação ao terceiro. Noutros casos, dependendo do objectivo do estudo, as dimensões são conhecidas, sugeridas ou pedidas directamente aos entrevistados (na figura as dimensões incluem as caracterı́sticas das lentes a receitar - gelatinosas, rı́gidas - e as relativas à visão dos pacientes). Em qualquer situação, cada dimensão é sempre definida relativamente ao seu oposto (e.g. mı́ope - hipermetrope), o que, de acordo com a teoria subjacente, clarifica o conceito no contexto em que se encontra. Uma vez identificadas as dimensões de similitude, os inquiridos (no exemplo da figura um conjunto de peritos de oftalmologia) deverão atribuir um valor por elemento (no caso, os pacientes) para cada dimensão. Sobre estas matrizes podem ser aplicados métodos de análise estatı́stica que permitem, por exemplo, identificar proximidade de conceitos, centralidade ou preferência de elementos (com base na escolha de dimensões adequadas, e.g. apreço) e grau de 2.2. MAPAS COGNITIVOS 33 correlação, a qual poderá sugerir a existência de outras dimensões latentes - ver o trabalho de Reger (1990b) para uma discussão mais pormenorizada. A obtenção das dimensões e suas relações pode igualmente ser feita, pedindo aos interlocutores para organizarem, hierarquicamente ou segundo estruturas em rede mais complexas, os conceitos e abstracções de classificação. Em qualquer dos casos, o objectivo essencial dos mapas taxionómicos é tornar clara, aos entrevistados e aos investigadores, a estrutura de categorização dos primeiros e assim promover formas mais sistemáticas de classificação aquando da manipulação de novos elementos. Em particular no âmbito organizacional, Huff (1990a) refere estudos sobre dimensões estratégicas e de competição entre empresas. Na figura 2.5 mostra-se, como exemplo, uma estrutura em árvore, resultante da classificação de potenciais competidores. Figura 2.5: Representação hierárquica da perspectiva de um indivı́duo relativamente aos potenciais competidores (adaptado de Huff, 1990a). As técnicas de obtenção e formas de estruturação dos mapas taxionómicos são também usadas na aquisição de conhecimento para a criação de sistemas periciais (Schuler et al., 1990; Gaines & Shaw, 1993), nesse caso com nı́veis de minúcia e requisitos de rigor mais exigentes. Na figura 2.6 mostra-se parte da grelha de repertório apresentada anteriormente, inserida num sistema mais vasto de representação de conhecimento (Gaines & Shaw, 1993), cuja especificação é suportada por uma linguagem visual (em cima), que denota uma rede semântica (Gaines, 1991a) . Quanto à sua representação, os mapas taxionómicos surgem sob diversas formas, normalmente gráficas, mesmo quando obtidas a partir de matrizes de classificação do tipo das grelhas de repertório. A linguagem visual de representação de conhecimento 34 CAPÍTULO 2. CONTEXTO Figura 2.6: Utilização de grelhas de repertório na criação de bases de conhecimento e a sua integração em redes de definição de conceitos (adaptado de Shaw e Gaines, 1992). proposta por Gaines (1991a), formalizada em nós e arcos de ligação, reflecte, entre outros, a categorização e o próprio conceito de dicotomia (i.e. extremos opostos de cada dimensão) emergente das grelhas de repertório (Shaw & Gaines, 1992). Huff (1990a) refere mapas taxionómicos apresentados como diagramas de Venn ou representações espaciais diversas. Na figura 2.7, a localização no espaço caracteriza os elementos relativamente aos valores que tomam em cada dimensão. Por outro lado, a sua proximidade relativa (à esquerda) ou agrupamento explı́cito (à direita) reflectem categorias. Figura 2.7: Representações alternativas de mapas taxionómicos (adaptado de Huff, 1990a). 2.2. MAPAS COGNITIVOS 35 2.2.1.3 Mapas causais Os mapas causais são, provavelmente, os mais divulgados, em particular no âmbito das organizações e do estudo dos sistemas sociais e polı́ticos em geral (Axelrod, 1976; Bougon et al., 1990; Huff et al., 1990; Narayanan & Fahey, 1990; Bougon & Komocar, 1990; Eden, 1993; Laukkanen, 1994; Jenkins, 1998). Alguns autores utilizam mesmo a designação de mapas cognitivos para referirem esta categoria de mapas (Eden, 1993; Gaines & Shaw, 1995; Chameeva et al., 1997; Kosko, 1996). Os mapas causais focam a sua atenção nas relações de causalidade, assumindo que esta é, não só a estrutura mais frequente pela qual se organiza a compreensão, mas, sobretudo, a forma essencial usada para explicar os acontecimentos (Huff, 1990a) ou mesmo prevê-los (Jenkins, 1998). Note-se que a noção de causalidade é tomada em sentido lato: influência, precedência, facilitação, incremento e mesmo equivalência são consideradas associações comuns em mapas causais. Figura 2.8: Influência da inovação dos métodos de acompanhamento no funcionamento de uma escola infantil (adaptado de Bougon e Komocar, 1990). Na figura 2.8 mostra-se um exemplo destes mapas, em que são representados os ciclos de influência (arcos) entre variáveis (nós) que contribuem para determinar o funcionamento de uma escola. Note-se a existência de um arco de influência negativa (assinalado com um ”-”) entre o ”pagamento pelo serviço”e os ”recursos financeiros dos pais”. Ao contrário dos restantes, indica que quanto maior a causa, menor o efeito, 36 CAPÍTULO 2. CONTEXTO i.e., que o maior pagamento determina menores recursos financeiros. O modo de obtenção destes mapas varia, quer na forma da fonte de informação, quer na sequência e orientação dada à procura de conceitos e associações causais. Essa variabilidade decorre, por um lado, da utilização de documentos escritos ou do recurso a entrevistas, por outro, da importância e rigor atribuı́do aos conceitos (ou constructos) como suporte das asserções causais. No caso da utilização dos textos escritos e no âmbito das organizações, relatórios técnicos e financeiros são usados na procura de frases contendo palavras ou construções semelhantes a A causa B ou A leva a B. A e B são tomados como conceitos e uma associação causal é estabelecida entre eles (Laukkanen, 1994). Alternativamente, são reconhecidos os conceitos, de acordo com um critério adequado ao estudo em questão, e só posteriormente são identificadas as respectivas associações causais. Estas aproximações, por vezes parcialmente suportadas por métodos expeditos de análise de conteúdo, acaba normalmente por ser completado por uma avaliação (ou reavaliação) exaustiva e cuidada, por parte de quem investiga. Mesmo em textos formais, as relações causais encontram-se dissimuladas, a informação é incompleta e os próprios conceitos surgem com designações diferentes (ou conceitos diversos com designações iguais) em diferentes partes do texto. Nesse sentido, Eden e Ackermann (1998a) defendem o uso de entrevistas, como o método experimental por excelência, para a obtenção de mapas causais. Estes autores afirmam que a versão escrita é já um representante do fenómeno de pensar, mediado por barreiras de formalidade e medos de indelebilidade, que deverá ser considerado se forem também considerados os aspectos cognitivos, não totalmente compreendidos (Stubbart & Ramaprasad, 1990), da própria escrita. As entrevistas, ao contrário, tomam formas mais ou menos estruturadas, interactivas ou mesmo exploratórias, podendo adaptar-se à medida dos entrevistados. No extremo, pode ser pedido aos inquiridos para traçarem o seu próprio mapa causal, uma vez treinados para o efeito. As técnicas adaptadas das trı́ades de Kelly como base para a obtenção dos constructos envolvidos nas associações causais (Jenkins, 1998) ou os auto questionários faseados, propostos por Bougon (1990) na técnica designada por SelfQ, são exemplos de formas de entrevistas semi estruturadas e orientadas para a obtenção de mapas 2.2. MAPAS COGNITIVOS 37 causais. Uma evolução destas técnicas proposta por Eden (1993), fundamentadas nas teorias de Kelly (não nas técnicas), promove uma forma verdadeiramente exploratória em que, frequentemente, as associações causais surgem simultaneamente com os conceitos. As entrevistas, fortemente não estruturadas, partem por vezes de perguntas abrangentes e repetitivas, que fazem lembrar a ”idade dos porquês” (e.g. ”Qual o problema?”, ”porquê?”, ”porquê?”, ...). Naturalmente, a interpretação das respostas deve ser cuidada e os mapas resultantes confrontados com os entrevistados e reajustados se necessário. Aliás, esta confrontaç ão e reajustamento é normalmente comum a todas as técnicas de captura de mapas causais. Esta categoria de mapas têm servido de suporte aos mais variados estudos, coadjuvados por métodos de análise a nı́veis distintos - veja-se outros exemplos e resumos apresentados por Jenkins (1998). O estudo do próprio processo cognitivo, por análise estrutural dos mapas, é um dos campos de aplicação destes (Bougon & Komocar, 1990; Porras, 1987). Por exemplo, a simples contagem do número de asserções causais que emanam de um conceito, designado por nı́vel-de-saı́da (outdegree), permite deduzir sobre a importância dada pelos indivı́duos, a esse conceito. Mais concretamente: Æ o nı́vel-de-saı́da de um conceito A é definido como o número de associações causais de que A é a causa. Também a relação entre o nı́vel-de-saı́da e o nı́vel-de-entrada (indegree) e a variância desta relação ao longo de todos os constructos de um mapa, permite determinar congestionamentos na dinâmica do processo causal, identificar objectivos ou potenciais alternativas. Relativamente ao nı́vel-de-entrada diz-se que: Æ o nı́vel-de-entrada de um conceito A é definido como o número de associações causais de que A é o efeito. Finalmente, a detecção e ajustamento dos ciclos fechados de associações, em mapas do pensamento estratégico, é tomado por vários autores (Bougon & Komocar, 1990) como uma forma de compreender as organizações e controlar a sua mudança. Os mapas causais têm igualmente sido utilizados no sentido de predizer a evolução de sistemas, organizações e pessoas e mesmo doutrinar a forma de pensar das últimas. CAPÍTULO 2. CONTEXTO 38 Huff e Schwenk (1990) reflectem, com base nos mapas causais, sobre as diferentes formas que os gestores têm de olhar para as suas próprias empresas, ao longo do tempo, consoante o seu desempenho relativamente a competidores e mercado. Narayanan e Fahey (1990) examinam o declı́nio de uma empresa, extrapolando padrões de comportamento tı́picos, a partir da evolução dos mapas causais extraı́dos dos discursos públicos dos seus gestores. Axelrod (1976) estuda a evolução dos mapas causais na classe polı́tica e Eden (1998) refere a sua utilização, pelo próprio indivı́duo, no planeamento de estratégias para a resolução de conflitos na compra de bens. Reporta ainda o papel comunicativo dos mapas, na transferência de conhecimento aquando da mudança de quadros directivos ou mesmo a compreensão e consolidação de estratégias comuns, por visualização e construç ão de mapas conjuntos (Eden, 1993). O trabalho com mapas causais, desenvolvido no âmbito do projecto MAPCOG (Jesuino et al., 1996; Carriço et al., 1998), enquadra-se igualmente no estudo da evolução do pensamento e capacidade de predição, quando tomado no sentido de identificar os padrões e desvios de comportamento dos indivı́duos, nos processos de negociação. Tal como refere Jenkins (1998), a terceira área de aplicação dos mapas causais orienta-se para a sua análise comparativa. Nestes casos, os objectos de estudo relacionam-se, por exemplo, com a identificação de conceitos e valores comuns nas estratégias de diferentes indivı́duos ou com o reconhecimento dos padrões de pensamento que levam ao sucesso de estudantes ou organizações, por contraposição aos que obtêm maus resultados. Laukkanen (1989; 1992; 1994; 1998) apresenta um vasto trabalho nesta área, no domı́nio da gestão, providenciando mesmo técnicas de captura de conhecimento e tecnologia especı́fica para a comparação de mapas causais. A representação deste tipo de mapas assume primordialmente a forma de diagramas baseados em estruturas grafo, como a que se mostra na figura 2.9. As formas matriciais correspondentes (matrizes de todos por todos os nós) são igualmente possı́veis, mas dificilmente visualizáveis e exploráveis. Tipicamente, servem pacotes computacionais de análise expedita. Stubbart e Ramaprasad (1990) consideram ainda as bases de dados ou os programas computacionais (e.g. baseados em regras), formas possı́veis de representação destes mapas. Estes autores sugerem que os diferentes modos de representação, deverão ser equivalentes em conteúdo (embora não o sejam normal- 2.2. MAPAS COGNITIVOS 39 Figura 2.9: Mapa causal usado na definição estratégica de uma aula e na própria aula, sobre mapas cognitivos no contexto de uma disciplina de Hipermédia (Carriço, 1998). mente), podendo assim tirar-se partido das vantagens de cada uma delas. As variantes destes mapas e o seu consequente grau de complexidade decorre da quantidade de informação que neles se pretende representar. Por exem- plo, numa perspectiva visual, no mapa da figura 2.9 usaram-se traços mais carregados nos conceitos que denotam objectivos e arcos diferentes para representar: decomposição (e.g. explicar um MC decompõe-se em descrever estrutura, formas de representação e objectivo); exemplificação (ligação etiquetada com e.g.) e causalidade. Relativamente às associações, Huff (1990) propõe uma extensão ao conjunto dos seis tipos de relação causal definida por Axelrod (1976) - causalidade 40 CAPÍTULO 2. CONTEXTO positiva, negativa, nula, indeterminada, não positiva e não negativa - que inclui dois tipos de relação não causal: equivalência e exemplificação. Rouquette (n.d.) identifica 29 tipos de associação (28 e um nulo), no contexto do que denomina por esquemas cognitivos de base, que incluem esquemas ”léxicos”, de ”vizinhança”, de ”prática” e de ”atribuição”. Relativamente aos conceitos, Eden (1998) propõe a identificação de categorias, por sobreposição de esquemas de cor ou disposição dos mesmos ao longo do eixo vertical de acordo com o seu grau de abstracção. Por seu turno, van der Heijden e Eden (1998) situam conceitos da esquerda para a direita para representar a evolução no tempo. Este aproveitamento das dimensões do espaço foi igualmente utilizado no mapa da figura 2.9, onde os constructos acima dos objectivos se referem à técnica da explanação, enquanto os representados abaixo fazem menção ao seu conteúdo. Outras variantes de mapas causais, sugeridas por Huff et al. (1990) e outros (Axelrod, 1976; Porras, 1987), prevêem a inclusão de nı́veis de incerteza, de pesos de influência e mesmo referências explicitas ao tempo, nas relações entre constructos. Ao formalizar a quantificação e contribuição relativa das asserções causais, especialmente quando recorrem à teoria das probabilidades, os mapas causais tomam a forma do que é designado por redes de crenças (belief networks) ou, na sua variante mais comum, redes de Bayes (Bayesian networks). Basicamente, nestas redes (Garcia & Yi-Tzw, 1993a; Stephanou & Sage, 1993; Koller & Pfeffer, 1997) são associadas funções a cada nó, que reflectem a probabilidade dessa situação acontecer (ou não acontecer) de acordo com a probabilidade de ocorrência das suas causas (e a probabilidade a priori, da situação). A sua aplicação a sistemas de diagnóstico expedito é aparentemente adequada (e.g. se um ficheiro está corrompido, existe X% de probabilidade que tenha um vı́rus). Uma das dificuldades reside, precisamente, na quantificação das probabilidades a priori ou na definição das funções de probabilidade correctas (i.e. na formalização). Recentemente têm adquirido especial atenção, em parte devido à sua aparente natureza qualitativa em combinação com a sua aptidão para a simulação, os mapas causais que se suportam nas teorias dos conjuntos difusos (Zadeh, 1987; Zadeh, 1993). Kosco (1996), ao introduzir estes mapas, denominou-os mapas cognitivos difusos (fuzzy cognitive maps), embora a sua natureza exclusivamente causal (e positiva) sugerisse mapas causais difusos (fuzzy causal maps), como denominação mais adequa- 2.2. MAPAS COGNITIVOS 41 da. Carvalho e Tomé (1999) propõem extensões aos mapas de Kosko, que incluem a definição de novas operações da lógica difusa, no intuito de melhor se adequarem às asserções causais a vários nı́veis e mesmo a outro tipo de relações. Tal como no caso anterior, também os mapas difusos impõem um significado mais formal ao conceito de causalidade. Esta formalização, embora permitindo a simulação da evolução dos pesos ou graus de incerteza atribuı́dos aos conceitos, dificulta fortemente o seu desenho. 2.2.1.4 Mapas argumentativos Estes mapas têm como objectivo a representação do processo deliberativo e, em particular, da argumentação. Toulmin (1958), pioneiro no estudo e utilização de esquemas de argumentação e de mapas argumentativos, defende que um argumento ”[...] é uma sequência interligada de afirmações e razões que, entre elas, estabelecem o conteúdo e a força de uma posição, pela qual um indivı́duo se debate” (Fletcher & Huff, 1990a, p. 356). O pressuposto subjacente a estes mapas é o de que qualquer acção ou deliberação não evidente, requer uma avaliação e uma interpretação cuidada e encadeada dos elementos a favor e contra. Essa avaliação pode ser melhorada, se for imposta uma estrutura semi formal e consistente às possı́veis interligações entre posições, contraposições, opções e garantias, de modo a guiar o processo argumentativo (Huff, 1990a; Fletcher & Huff, 1990a; Shum & Hammond, 1993). Mais ainda, esta estrutura coage à inclusão explı́cita de considerações normalmente implı́citas num processo deliberativo, que obriga, por um lado, a resoluções melhor ponderadas, por outro, ao registo e resumo dessas reflexões, de modo a facilitar a comunicação ou posterior consulta das razões que levam às decisões. A figura 2.10 representa graficamente a estrutura básica de uma argumentação de acordo com Toulmin. Um argumento compreende, explı́cita ou implicitamente, um facto ou observação - datum - que, suportado por uma regra comum - abonação (warrant) - permite que seja feita uma determinada asserção - afirmação (claim). A abonação pode ser apoiada por uma regra que consolida a sua validade - fundamento (backing). Sobre a forma de concluir a afirmação podem ser definidas excepções refutação (rebuttal). 42 CAPÍTULO 2. CONTEXTO Figura 2.10: Estrutura de argumentação segundo Toulmin (adaptado de Toulmin, 1958). Os métodos de elaboração dos mapas cobrem, na sua essência, as várias aproximações experimentais para a captura de conhecimento (Bower & Clapper, 1993). Normalmente, são adequados aqueles que visam compreender as actividades de resolução de problemas (problem-solving), cujos resultados são frequentemente codificados na forma de árvores de decisão (decision trees), uma das variantes incluı́das na designação de mapas argumentativos (Huff, 1990a). Também a análise de textos escritos (Fletcher & Huff, 1990b) ou, no extremo oposto, a especificação dos componentes de um determinado esquema argumentativo pelos próprios intervenientes no processo de argumentação (Streitz et al., 1989), são formas possı́veis para a obtenção destes mapas. No primeiro caso, no entanto, o papel de quem analisa os textos é fundamental e sua interpretação do conteúdo é definitivamente relevante para a estrutura argumentativa obtida (Fletcher & Huff, 1990a; Fletcher & Huff, 1990b). De certa maneira, este papel activo do investigador no processo de criação dos mapas argumentativos, vai de encontro ao que Streitz et al. afirmam. Segundo eles, a argumentação (no caso, aplicada à escrita de documentos) ”é sempre interactiva ou pelo menos um diálogo” e ”escrever um documento argumentativo tem que contar com a ausência do parceiro de diálogo [...]”, de modo a que ”as objecções de um oponente sejam antecipadas” (1989, p. 355). No caso da metodologia seguida por Fletcher e Huff (1990a), aplicada no sentido inverso (i.e. a análise de um texto ao invés da sua escrita), esta interacção na argumentação acaba por se reflectir na dinâmica e carácter exploratório do processo 2.2. MAPAS COGNITIVOS 43 de criação dos mapas. Nestes, propõem os autores, podem incluir-se qualificadores de incerteza quanto à identificação e classificação dos componentes da argumentação e, portanto, do processo deliberativo subjacente a essas actividades (porventura envolvendo mais que um investigador). Os mapas argumentativos têm sido utilizados, como se deixou antever no parágrafo anterior, como suporte para a análise (Fletcher & Huff, 1990a) e escrita (Streitz et al., 1989; Neuwirth & Kaufer, 1989) de documentos. No respeitante à análise, esta aplicação decorre da necessidade de resumir o que é essencial, de forma a compreender facilmente a estrutura de juı́zos que suportam as conclusões expressas num determinado texto. No âmbito da gestão, por exemplo, Fletcher e Huff (1990b) analisam um conjunto de relatórios anuais de uma empresa, utilizando uma metodologia fundamentada no esquema de Toulmin, como forma de estudar as mudanças na sua estratégia. Quanto à escrita, o uso destes mapas advém da necessidade de organizar ideias e antever crı́ticas aquando da criação de textos coerentes, com forte teor argumentativo, como, por exemplo, artigos de investigação. Smolensky et al. (1987) vão um pouco mais longe e propõem o recurso a esquemas argumentativos, como suporte a qualquer tipo de discurso minimamente racional. Shum e Hammond (1993) englobam estas e outras aplicações no que denominam lógica do desenho (design rationale). Esta noção, relativa ao desenho em sentido lato, propõe a utilização dos mapas argumentativos, numa perspectiva cognitiva, como forma de exteriorização das estruturas implı́citas (e internas) envolvidas no raciocı́nio subjacente ao processo deliberativo. Outras aplicações dos mapas argumentativos incluem o suporte ao desenho arquitectural (Fischer et al., 1989), à tomada de decisão (Conklin & Begeman, 1987; Conklin, 1988), à argumentação em grupo (Rein & Ellis, 1991) e à argumentação jurı́dica (Marshall, 1987). Ainda na área do desenho, formas elaboradas de mapas argumentativos foram aplicadas no desenvolvimento de sistemas de informação (Filippidou & Loucopoulos, 1997) e de suporte aos fluxos de trabalho (Yu, 1995b; Yu, 1995a). Noutro sentido, Huff (1990a) refere o uso do esquema argumentativo de Toulmin para: o estudo de pressupostos estratégicos; a análise e geração de argumentos em determinado tipo de questionários; a exploração de alternativas na definição de estratégias; e o estudo da negociação e da lógica da tomada de decisão. Ao incluir CAPÍTULO 2. CONTEXTO 44 as árvores de decisão no espectro dos mapas argumentativos tornam-se igualmente relevantes alguns sistemas de diagnóstico simples, em particular, os que resultam de escolhas sucessivas, desde os sintomas aos problemas, até à forma de os solucionar. Figura 2.11: Esquemas alternativos de argumentação: IBIS (à esquerda) e QOC (à direita). Quanto à sua representação, os mapas argumentativos apresentam, tipicamente, a forma de diagramas com nós e arcos de ligação. A figura 2.11 representa duas formas alternativas ao esquema proposto por Toulmin. O IBIS (Issue Based Information System), apresentado na sua forma gráfica (Conklin & Begeman, 1987; Conklin, 1988), inclui tópicos (issues), as posições que respondem aos tópicos e os argumentos que os suportam ou refutam. Os elementos podem ser hierarquicamente combinados, podendo originar redes encadeadas de tópicos, posições e argumentos, por exemplo, tópicos que se definem sobre posições tomadas para outros tópicos. O QOC (Questions, Options and Criteria), descrito pormenorizadamente em Shum (1993), inclui questões, às quais se podem associar um conjunto de respostas possı́veis, as opções. A decisão sobre a escolha de uma opção é tomada com base num conjunto de critérios, explı́citos, que suportam ou refutam cada uma delas. As opções podem, por sua vez, originar novas questões e os critérios encadear-se hierarquicamente. Estes mapas, em particular os esquemas de Toulmin e o IBIS, servem de base à definição de outros mais elaborados e com formas gráficas diferentes. Por exemplo, Streitz et al. (1989) propõe que a categoria dos nós, no esquema de base de Toulmin, seja determinada pelo tipo dos arcos que os interligam, podendo, deste modo, encadear vários esquemas básicos (e.g. uma afirmação num é abonação no seguinte). Também Fletcher e Huff (1990a) estendem aquele esquema de base com as noções de sub-afirmação, elaboração e reiteração, para além da utilizarem os qualifi- 2.2. MAPAS COGNITIVOS 45 cadores atrás referidos. No PHI (Fischer et al., 1989) o conceito de decomposição, no caso de tópicos em sub-tópicos, é também proposta para o IBIS. Para além disso, o PHI relaxa as noções de suporta e objecta-a para o conceito de serve, de modo a incluir relações entre tópicos, não necessariamente controversas. Algumas destas aproximações, como por exemplo o relaxamento das noções de refutação e suporte ou os qualificadores de incerteza, abeiram os mapas argumentativos dos mapas causais. De facto, tal como os últimos, os mapas argumentativos incluem asserções de causa/efeito (e.g. então, por certo, na figura 2.10). No entanto, segundo a classificação de Huff (1990a) os mapas argumentativos limitar-se-ão às relações causais que estão ligadas a afirmações potencialmente controversas. É esta caracterı́stica que permite formalizar a estrutura dos componentes de uma deliberação e, consequentemente, os métodos de captura dos mapas. Os mapas causais, ao contrário, não definem estruturas rı́gidas, previamente estabelecidas, de classificação dos constructos e podem incluir relações causais, independentemente do seu grau de evidência. Nesse sentido, às vantagens dos mapas argumentativos, no que respeita à clareza de comunicação, capacidade de antecipação (de abonos e refutações) e persuasão, contrapõe-se uma maior exigência de interpretação (ou meta-interpretação do discurso) e consequente, maior esforço e tempo gasto na captura dos mapas, por vezes demasiado trabalhosa para quem os utiliza. 2.2.1.5 Mapas interpretativos Enquanto os mapas classificados nas categorias anteriores espelham as crenças e o pensamento dos indivı́duos, tipicamente aplicados a situações particulares, os mapas interpretativos pretendem explanar as estruturas usadas por eles, a partir das quais se podem explicar os seus pensamentos. Nos mapas anteriores, essencialmente descritivos, são os investigadores que, à luz das teorias cognitivas, tentam perceber, explicar e, por vezes, prever, a partir dos mapas, as formas de pensar dos indivı́duos (cujo pensamento foi traçado). Nos mapas interpretativos é a explicação que está representada. A transição de uns para outros não é necessariamente abrupta, i.e. uns descrevem, outros explicam. Ao contrário, os mapas taxionómicos, causais e argumentativos, e CAPÍTULO 2. CONTEXTO 46 até mesmo os mapas de inventário, poderão enriquecer-se continuamente no sentido de conterem explicações para os pensamentos que representam (veja-se a figura 2.14 relativamente ao eixo que refere o nı́vel de profundidade). Evidentemente, a captura dos mapas interpretativos é extremamente delicada. Por um lado, a explicação de pensamentos requer, para além da sua compreensão, a análise suficientemente minuciosa das influências e relações entre os conceitos directamente envolvidos e outros, indirecta ou inconscientemente relacionados (e.g. os que decorrem do senso comum). Por outro lado, ao fazê-lo, suporta-se fortemente na interpretação que um indivı́duo tem do discurso (escrito ou verbal) em estudo. Os mapas interpretativos resultam de métodos de aquisição de conhecimento baseados em entrevistas, análise de textos ou na sua conjunção e impõem um papel preponderante ao investigador. De facto, trata-se de representar o pensamento do investigador (ou investigadores), sobre a forma que ele tem, de explicar o pensamento de outro indivı́duo (ou conjunto de indivı́duos) acerca de determinada situação. Simultaneamente, a validade dos mapas depende da capacidade ou vontade que o próprio entrevistado tem de revelar os conceitos e estruturas, que explicam o seu pensamento. No que respeita à obtenção de mapas interpretativos, Huff (1990a) dá particular ênfase aos métodos emergentes da semiótica7 . Estes métodos, segundo Fiol (1990b) permitem ao investigador, através da divisão e recategorização do conteúdo de um texto, aceder ao seu significado subjacente, o qual não transparece de imediato em análises superficiais. A autora propõe um método de análise em três passagens sucessivas, que explanam as estruturas ao nı́vel superficial (porventura usando algum dos tipos de mapas anteriores), narrativo e profundo. A identificação dos parâmetros das estruturas narrativas, por exemplo, resulta da aplicação de um conjunto regras, por tentativas, até à captura de estruturas coerentes (à luz das teorias respectivas). A análise ao nı́vel profundo deriva da projecção das estruturas anteriores, em quadros como os representados na figura 2.12. Também nestes métodos o papel do investigador é manifesto, em particular na interpretação do conteúdo do texto do qual extrapolam os elementos da 7 Semiótica ou semiologia é o estudo dos sinais ou, numa perspectiva linguı́stica, ”o estudo das mudanças que a significação das palavras, como sinais das ideias, sofre no espaço ou no tempo” (Porto Editora, 1996). 2.2. MAPAS COGNITIVOS 47 Figura 2.12: Utilização de um quadrado semiótico (à esquerda) na criação de um mapa interpretativo (à direita) de uma narrativa (adaptado de Fiol, 1990b). estrutura narrativa. Stubbart e Ramaprasad (1990), no entanto, questionam fortemente a validade cientı́fica desta aproximação, em parte porque as teorias em que se fundamentam dão à expressão escrita e, em particular, à sua estrutura narrativa, um valor exagerado, como representação cognitiva8 . Os mapas interpretativos são, segundo Huff (1990a), aqueles que mais se aproximam da ciência cognitiva como um todo. Estruturalmente, incluem as aproximações anteriores, com a perspectiva de que a importância dos conceitos, a sua categorização, as relações causais, os argumentos e as expectativas são fortemente influenciados pela experiência passada e pela rotina. Estas expectativas, de acordo com alguns investigadores, constituem-se em estruturas complexas e hierarquizadas (internas à mente) sobre as quais as actividades cognitivas se desenrolam. Por exemplo, no reconhecimento e classificação de informação incompleta, serão estas estruturas que facultam o preenchimento dos espaços vazios que permitem a compreensão. Não será de estranhar, por isso, que nesta categoria de mapas se incluam os esquemas (schema), os sistemas de enquadramentos (frames) e os guiões (scripts), emergentes da psicologia cognitiva ou da inteligência artificial (Minsky, 1985; Fikes & Kehler, 1993; Lehmann, 1992a; Lytinen, 1992). Em termos de apresentação, tal como na sua estrutura, os mapas interpretativos englobam as representações das categorias anteriores. Na figura 2.13 mostra-se a expressão gráfica de um sistema de enquadramentos que inclui uma taxionomia. Na 8 Stubbart e Ramaprasad referem ainda que, o pressuposto de Fiol (e dos semiólogos em geral) sobre a existência de significados escondidos que podem ser extraı́dos a partir da análise semiológica de um texto, põe em causa as intenções do próprio texto em que Fiol explica e conclui sobre a aplicação dos métodos da semiologia. CAPÍTULO 2. CONTEXTO 48 Figura 2.13: Esquema de enquadramentos - definição do comportamento de animais de estimação. figura 2.12 apresenta-se (à esquerda) um quadrado de classificação semiótica, reflectindo a noção dos opostos e da sinceridade da narração (termos nos rectângulos), e (à direita) a sua aplicação na interpretação da narrativa de um texto infantil (Fiol, 1990b). Neste último, os termos sublinhados denotam a posição do narrador, enquanto as palavras junto aos pólos (+) e (-) se referem à atitude do personagem (princesa). Para além das utilizações acima referidas, os mapas interpretativos encontram ainda aplicação sempre que é desejável uma explicação, predição ou simulação mais fiável dos fenómenos cognitivos ou dos assuntos objectos da cognição. Fiol (1990a), por exemplo, aplica os métodos da semiologia acima indicados, aos relatórios anuais de um conjunto de firmas. Os mapas interpretativos daı́ resultantes permitem explicar, com base na perspectiva que (os seus gestores) têm do ambiente que as rodeia, as razões que levam ou não, algumas dessas empresas a estabelecer acordos mútuos. Ainda no campo da gestão, Boland Jr et al. (1990) utilizam o conceito de esquema, para explicarem os padrões de resultados obtidos a partir de um conjunto de experiências controladas (com peritos e estudantes) do mesmo processo de tomada de decisão. 2.2.2 Redes semânticas Uma rede semântica é uma representação de conhecimento baseada numa estrutura grafo, em que os nós denotam unidades conceptuais e as conexões, dirigidas, patenteiam relações entre as unidades (Lehmann, 1992a; Sowa, 1991). Particularmente abrangente, este tipo de redes têm como objectivo, segundo Lehmann, a representação de qualquer tipo de conhecimento, estabelecendo-se frequentemente o paralelo com a 2.2. MAPAS COGNITIVOS 49 linguagem natural. O autor refere cinco nı́veis, correspondentes a cinco graus encadeados de abstracção (cada um pode definir-se à custa dos seguintes), mas potencialmente coexistentes: o nı́vel linguı́stico, incluindo palavras e expressões; o conceptual, abarcando objectos e acções básicos, bem como relações conceptuais e semânticas; o estrutural, no sentido taxionómico (e.g. associações e hierarquias de abstracção); o lógico, englobando proposições, predicados e operadores da lógica; e o de concretização (implementational), em referência a estruturas (e.g. enquadramentos) computáveis. Figura 2.14: As redes semânticas no contexto dos mapas cognitivos. A caracterı́stica computacional está, aliás, fortemente associada ao conceito de rede semântica. Nestas redes, pressupõe-se a viabilidade de aplicação de métodos e algoritmos que delas permitam extrair uma quantidade de conhecimento superior ao (explicitamente) representado. É nesse sentido, que assumem um grau de formalismo e pormenor suficientemente grandes, para que constituam representações computáveis. Ao considerarem-se os mapas cognitivos como representações das actividades subjacentes ao pensamento e, por conseguinte, do conhecimento e da sua dinâmica, então apenas o grau de formalismo determinará a sua inclusão também na categoria de redes semânticas (ver figura 2.14). No caso dos mapas causais, as redes de crenças e, em geral, a formalização das asserções causais, constituem redes semânticas, cuja aplicação em sistemas (expeditos) de diagnóstico é manifesta. No mesmo sentido e para os mapas argumentativos, surgem as árvores de decisão ou mesmo os esquemas de QOC, cujos critérios sejam computáveis. Também as taxionomias são indispensáveis e CAPÍTULO 2. CONTEXTO 50 Figura 2.15: Representação de contextos em redes semânticas. À esquerda, separação de asserções A-Box e terminologia T-Box e à direita o encadeamento de negações (adaptado de Lehmann, 1992 e Sowa, 1992, respectivamente). inerentes ao próprio sentido de rede semântica (ao nı́vel estrutural, na classificação acima), por exemplo, nas aplicações de sistemas periciais. No caso dos mapas interpretativos, é de notar, em especial, que as representações em sistemas de enquadramentos e guiões são elas próprias formas de especificação de redes semânticas (Lehmann, 1992a). Mais ainda, o nı́vel de minúcia e a necessidade de autonomia (como forma de suporte à inferência) exigidos a estas redes, tendem normalmente, a enquadrá-las num grau de profundidade com pendor explicativo. Ficam de fora os mapas de inventário já que não estabelecem directamente relações entre conceitos. Outra caracterı́stica essencial que reforça esta relação entre mapas cognitivos e redes semânticas é a forma de apresentação. De facto, as redes semânticas assumem frequentemente a forma visual9 (veja-se a figura 2.15). Por exemplo, a linguagem visual definida por Gaines (1991a), aplicada em conjunção com a grelha de repertório na figura 2.6, é uma linguagem de especificação de redes semânticas. O sistema de enquadramentos, representado na figura 2.13, é outro, ele próprio contendo uma taxionomia. Finalmente, tal como nalguns mapas taxionómicos e causais atrás mencionados, também nas redes semânticas é vulgar a utilização do posicionamento relativo no espaço, para classificar ou simplesmente dar contexto aos nós e ligações. Exemplo disso são as redes da figura 2.15, em que os rectângulos envolventes classificam (à 9 Esta caracterı́stica visual está, aliás, presente nos grafos existenciais (existential graphs) de Peirce (Lehmann, 1992a; Roberts, 1992) que, ao que tudo indica, estão na origem das redes semânticas. 2.2. MAPAS COGNITIVOS 51 esquerda) ou definem operações (à direita) sobre os conceitos que contêm. 2.2.3 Mapas de conceitos e mapas mentais Os mapas de conceitos e os mapas mentais constituem representações visuais segundo diagramas baseados em grafos e o seu objectivo, tal como as anteriores, relaciona-se com a descrição do conhecimento. A figura 2.16 ilustra o enquadramento destas classificações nas precedentes. Figura 2.16: Mapas de conhecimento. Os mapas mentais são simplesmente diagramas usados pelos indivı́duos na estruturação dos seus pensamentos. O seu enquadramento nos mapas cognitivos, a existir, será na representação de taxionomias, em que uma ideia central se vai decompondo hierarquicamente numa tentativa de clarificação. A técnica (Hampden-Turner, 1982) reflecte-se principalmente na disposição espacial das ideias, em forma aracnı́dea, a partir da ideia central. Estruturalmente, no entanto, não impõe restrições ao tipo de ligações ou conceitos, nem se suporta em teorias cognitivas, para além das que indiciam a disposição espacial proposta, como favorável à compreensão e memorização das ideias expressas, em particular para um pequeno número de nós. A designação de mapas de conceitos engloba um conjunto extremamente vasto de representações. Tal como as redes semânticas, têm como objectivo representar as mais variadas formas de conhecimento, neste caso, sempre de forma visual. Para além disso, a noção de conhecimento é, por um lado, tomada num sentido mais abrangente, CAPÍTULO 2. CONTEXTO 52 que inclui quer a forma como se conhece, quer a descrição do que é conhecido, por outro, não impõe as restrições de compatibilidade e consequente formalismo inerente às redes semânticas. Por exemplo, entre os mapas de conceitos englobam-se (Gaines & Shaw, 1995; Kremer, 1997a; Kremer, 1997b) não só mapas cognitivos e redes semânticas (tomadas como contraposição formal aos anteriores), mas também, redes de Petri, cartas de PERT (PERT charts) ou esquemas de modelação de sistemas de informação ou de sistemas de suporte aos fluxos de trabalho (Batini et al., 1992; Rumbaugh et al., 1991; Swenson, 1993; Yu, 1995a; Booch & Rumbaught, 1995; Nutt, 1996). Em termos organizacionais, estes mapas e em particular as variantes não inclusas na classificação de mapas cognitivos, são extremamente divulgadas. Abordam essencialmente as componentes mais formais das organizações e, no âmbito da gestão, são usadas ao nı́vel do planeamento e ao da análise e desenho de sistemas computacionais. A sua articulação com os mapas cognitivos permite aproximações melhor fundamentadas, que documentam o processo deliberativo e o permitem enquadrar em visões alargadas das organizações (veja-se as considerações tecidas em 1.1). 2.3 Desenvolvimento Organizacional O Desenvolvimento Organizacional é uma componente do estudo das organizações que se debruça sobre a mudança planeada dos sistemas humanos (Porras, 1987; Harrison, 1987; Porras & Robertson, 1991). As suas contribuições para ciência organizacional, sempre com objectivos práticos, incluem metodologias e técnicas, enquadradas em modelos organizacionais, que permitem orientar o esforço dos investigadores e das equipas de gestão do processo de mudança, na compreensão e resolução dos problemas das instituições. Esses contributos, emergindo das ciências sociais, têm, necessariamente, uma perspectiva global e alargada, que abarca as interacções e comportamentos humanos, não ignorando, no entanto, o impacto e o papel da tecnologia, em particular a computacional, no funcionamento das mesmas. Desde as fases de análise, global e pormenorizada, até à validação das soluções prescritas, o processo de mudança planeada passa, por vezes repetidamente, pelas 2.3. DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL 53 várias actividades do que é designado por diagnóstico organizacional. Nestas actividades, a pessoa ou grupo responsável tem como objectivo a recolha dos desafios e dos sintomas de mau funcionamento das organizações, a sua análise, identificação dos problemas fundamentais e o estudo de soluções globais que permitam melhorar o seu exercı́cio. Posteriormente ou alternadamente, as soluções globais escolhidas deverão ser sucessivamente pormenorizadas e a sua aplicação planeada de forma a minimizar respostas inesperadas, de sistemas tão complexos como são os sistemas humanos. Trata-se de um processo cuidado de desenho que deve considerar a grande maioria das interacções organizacionais (idealmente todas). Por fim, a implantação das soluções e seu acompanhamento permite, por um lado, ajustá-las o mais rapidamente possı́vel, por outro, angariar conhecimento para que, em situações posteriores, se possa prever com mais exactidão a resposta das organizações. Tendo em conta a diversidade de factores que determinam o desempenho organizacional e a complexidade das suas interacções (veja-se 1.1), é essencial para a exequibilidade de todas estas tarefas, o seu enquadramento em classificações fundamentadas, correspondentes a modelos emergentes das ciências organizacionais. Por um lado, surgem os modelos de desenvolvimento que, de uma forma geral, identificam e categorizam as diversas vertentes da vida das organizações, permitindo assim orientar e mesmo sistematizar os processos de diagnóstico e, em geral, todas as actividades de desenvolvimento. Por outro, surgem os modelos de desenho. Estes, emergindo das actividades englobadas no que se designa por desenho organizacional (Butler, 1991; Mintzberg, 1993), têm como principal objectivo a identificação das estruturas e das regras tı́picas de funcionamento das organizações. O seu papel na mudança planeada toma várias formas: de um modo genérico, oferecem refinamentos e perspectivas distintas dos fenómenos organizacionais, contribuindo assim para a orientação das pessoas envolvidas na gestão da mudança; na fase de diagnóstico, permitem identificar desvios de funcionamentos tı́picos, potencialmente mais eficientes; e na fase do desenho, estabelecem restrições e oportunidades no desenvolvimento de soluções. No entanto, as regras e estruturas emergentes do desenho organizacional não devem ser consideradas axiomáticas. De facto, o modelo das organizações como sistemas fechados, para os quais existe uma solução óptima e uma forma totalmente cientı́fica CAPÍTULO 2. CONTEXTO 54 de melhorar o seu funcionamento, foi abandonado desde meados deste século (Butler, 1991). Hoje em dia, é adoptado o modelo de sistemas abertos (Porras, 1987; Harrison, 1987; Butler, 1991), em que influências externas e internas à organização determinam de igual modo o seu bom ou mau funcionamento. São vistas como organismos vivos que se adaptam (ou devem adaptar) às novas situações que se lhes deparam. Assim sendo, o processo de desenvolvimento organizacional articula-se entre as actividades situadas, requerendo reflexões e processos argumentativos com carácter exploratório e criativo, e as estruturas e regras propostas pelos modelos supracitados. É interessante notar que, por um lado, o processo de desenvolvimento é essencialmente cognitivo (veja-se as considerações tecidas em 1.1), por outro, os próprios modelos se enraı́zam nas teorias emergentes do estudo da cognição social (Porras, 1987), i.e., na compreensão e descrição dos fenómenos organizacionais e de grupo e na forma como eles influenciam o comportamento e o modo de pensar das pessoas que constituem as organizações. Então, se a representação dos processos cognitivos é determinante para uma boa compreensão, comunicação e reformulação dos mesmos, a sua articulação com a representação das taxionomias providenciadas pelos modelos, fundamenta e guia a criação dos mapas, acentuando ainda mais essa importância. Nos parágrafos seguintes descrever-se-ão sucintamente alguns dos modelos de desenho e desenvolvimento, em particular, aqueles que tiveram um papel activo no projecto ORCHESTRA (Guimarães, 1998). O modelo de desenho, no caso o de Mintzberg (1993), norteou a perspectiva global da dinâmica das organizações, em especial no que respeita à necessidade de considerar os vários tipos de fluxos organizacionais, aquando da introdução de tecnologia computacional. O modelo de desenvolvimento, proposto por Porras (1987), foi usado no processo de diagnóstico correspondente à tarefa inicial do projecto. Esta pretendia determinar falhas em organizações piloto, que seriam colmatadas pela introdução de sistemas computacionais adequados. O modelo faz parte de uma aproximação, designada por Análise de Correntes (Stream Analysis), que propõe ainda uma metodologia de desenvolvimento, igualmente aplicada no diagnóstico. Essa metodologia, descrita subsequentemente, é suportada por técnicas de criação de mapas causais simples, sob a forma de diagramas, enquadrados nas classificações definidas pelo modelo. 2.3. DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL 55 2.3.1 Modelos de Desenho Mintzberg (1993; 1995) propõe uma classificação pormenorizada das estruturas e fluxos organizacionais. Em termos de estrutura, uma organização é constituı́da por cinco componentes fundamentais: o centro operacional (operating core) que desempenha as tarefas básicas directamente aplicadas à geração de produtos e oferta de serviços; o vértice estratégico (strategic apex) e a linha hierárquica (middle line), correspondentes ao elemento de gestão, que se referem, respectivamente, ao topo da hierarquia e à cadeia de comando até ao centro operacional; a tecnoestrutura (technostructure) incluindo os analistas envolvidos no desenho e padronização dos processos de trabalho e a sua adaptação ao ambiente em que se insere a organização; e finalmente, o pessoal de apoio (support staff) que suporta as tarefas colaterais ao funcionamento da organização, e.g., o departamento legal, o de relações públicas ou a cantina. No modelo de Mintzberg são ainda identificadas cinco categorias de fluxos, correspondentes a perspectivas distintas da dinâmica organizacional: a autoridade formal (formal authority) diz respeito aos mecanismos de supervisão directa, normalmente descritos pelo organograma onde se identificam cargos e agrupamentos de cargos; os fluxos regulados (regulated flows) referem-se aos processos de trabalho padronizados, quer ao nı́vel do centro operacional, quer através da cadeia de comando; a comunicação informal (informal communication) engloba os fluxos que não seguem qualquer dos padrões anteriores e em que os canais de comunicação são, muitas vezes, definidos por aspectos sociais, que permitem o ajustamento mútuo da coordenação e das actividades organizacionais; as constelações de trabalho (work constellations) dizem respeito aos grupos criados temporariamente, usualmente ao mesmo nı́vel da estrutura hierárquica, com objectivos comuns de produção ou de resolução de problemas especı́ficos; e os processos de decisão ad hoc (ad hoc decision processes) relacionados com as deliberações administrativas com carácter excepcional como, por exemplo, a criação de constelações de trabalho, ou as decisões estratégicas. Baseado nas classificações anteriores, Mintzberg propõe cinco configurações organizacionais primárias: a estrutura simples (simple structure), suportada pelo vértice estratégico, apoia-se na supervisão directa; a burocracia mecanicista (machine bureau- CAPÍTULO 2. CONTEXTO 56 cracy) fundamenta-se na formalização dos processos de trabalho; a burocracia profissional (professional bureaucracy) baseia-se na padronização das capacidades individuais dos elementos do centro operacional; a estrutura divisional (divisionalized form) enraı́za-se no desempenho da linha hierárquica e na uniformização dos produtos e serviços; e a adhocracia (adhocracy), firmada no ajustamento mútuo, em que pessoal de suporte e o centro operacional são preponderantes. Para cada configuração são definidas regras ou indicações sobre o funcionamento tı́pico das organizações, que cobrem os critérios para a formalização de comportamentos e formação de grupos, o tamanho das unidades de trabalho, o planeamento, a descentralização, etc.. Outros modelos de desenho, segundo perspectivas diferentes ou menos minuciosas, são definidos na literatura. Butler (1991), por exemplo, classifica as organizações segundo um ponto de vista institucional, de acordo com as normas de desempenho que adoptam. Identifica: as organizações de mercado (market organizations) guiadas por regras de eficiência e competitividade; as agências (agencies) regidas por normas instrumentais, com objectivos definidos, mas sem meios de comparação; as organizações profissionais (professional organizations) em que as regras são vagas, mas os objectivos comparáveis com os de outras instituições; as associações de benefı́cio mútuo (mutual benefit associations) orientadas para o bem estar dos seus membros e cujos preceitos, fortemente morais, apresentam uma elevada ambiguidade; e as caridades (charities) igualmente com normas de foro moral, mas em relação ao exterior. 2.3.2 Modelos de Desenvolvimento Os modelos de desenvolvimento tomam uma forma mais abrangente e mais abstracta que os anteriores, em particular na classificação dos fenómenos organizacionais. O modelo associado à Análise de Correntes (Porras, 1987) propõe quatro correntes ou dimensões básicas: os arranjos organizacionais (organizational arrangements) que abarcam os aspectos formais, incluindo objectivos e estratégias; os factores sociais (social factors) que compreendem as caracterı́sticas individuais e de interacção entre as pessoas; a tecnologia (technology) que engloba todos os factores relacionados com a execução do trabalho; e as instalações fı́sicas (physical settings) que correspondem ao ambiente 2.3. DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL 57 Arranjos Organizacionais Factores Sociais Tecnologia Instalações Fı́sicas Objectivos Estratégias Estrutura formal Sistemas administrativos Polı́ticas e procedimentos administrativos Sistema formal de recompensas Cultura Processos de interacção Padrões e reticulados sociais Atributos individuais Ferramentas e equipamento Competência Técnica Desenho de tarefas Desenho de fluxos de trabalho Polı́ticas e procedimentos técnicos Sistema técnicos Configuração do espaço Ambiente fı́sico Desenho de interiores Desenho arquitectural Tabela 2.1: Dimensões principais da Análise de Correntes (adaptado de Porras, 1987). em que as pessoas trabalham. Em cada uma destas correntes, Porras propõe uma taxionomia pormenorizada (ver tabela 2.1), dando indicações para a procura de disfunções organizacionais em cada componente e nas relações que se devem estabelecer entre elas. Por exemplo, instituições com tarefas fortemente especializadas, como será o caso de instituições de investigação, em que o sistema de recompensas se baseia na antiguidade e em que o local de trabalho facilita o diálogo com os colegas, dificilmente terão resultados prometedores (Porras, 1987, p. 79). O modelo proposto inclui ainda uma classificação supra correntes, designada por propósito (purpose), que deverá ter um papel fundamental na definição e integração das quatro dimensões de base. O propósito será a razão essencial para a existência da organização. A aproximação dos sistemas abertos, no qual se baseia o modelo anterior, propõe igualmente um conjunto de componentes que deverão ser considerados nos processos de desenvolvimento organizacional (Harrison, 1987). Nesse modelo identificam-se: as entradas (inputs) ou recursos, incluindo os humanos; as saı́das (outputs), como sejam produtos e serviços; a tecnologia; o ambiente (environment) institucional e relativo às operações e tecnologia; os propósitos, que englobam objectivos, estratégias e planos; o comportamento e processos (behavior and processes); a cultura (culture); e a estrutura (structure). Sobre estes componentes, Harrison define critérios de eficácia que permitem guiar os diagnósticos, minorando a influência da ambiguidade, inerente a algumas das dimensões, na avaliação dos problemas organizacionais. Bair (1991), embora partindo de uma perspectiva centrada no uso de tecnologias computacionais e de comunicação, propõe um modelo organizacional (no sentido da modelação de empresa), que apresenta pontos de contacto evidentes com os acima descritos. O modelo organiza-se hierarquicamente a partir da missão (mission), cujo papel é semelhante ao propósito nas classificações anteriores. Sob a missão, são definidas as 58 CAPÍTULO 2. CONTEXTO funções (functions) organizacionais (e.g. vendas, contabilidade) e, para cada uma delas, os processos e procedimentos a que recorrem (e.g. tomada de decisão, comunicação interpessoal, processamento de informação). Cada processo ou procedimento é decomposto em actividades (activities) (e.g. reuniões, análise, comunicação telefónica), por sua vez dissecadas em termos de comportamento/movimento (behavior-motion), com o objectivo de medir e comparar a eficiência das actividades. Uma das afirmações de base na criação deste modelo é a necessidade do alargamento da perspectiva organizacional, aquando do desenho de sistemas computacionais. 2.3.3 Mapas Cognitivos no Desenvolvimento Organizacional A Análise de Correntes (Porras, 1987) é uma aproximação à mudança planeada das organizações, focada nas actividades cognitivas das equipas de gestão dessa mudança. A aproximação propõe o modelo homónimo, atrás exposto, e uma metodologia cujo resultado é um conjunto de diagramas, organizados em colunas e correspondentes às quatro correntes básicas do modelo ou, segundo Porras, às dimensões de modelos alternativos. São definidas três fases, correspondentes ao diagnóstico, planeamento e acompanhamento, que originam três diagramas fortemente relacionados. O primeiro desses diagramas (ver figura 2.17) corresponde a um mapa cognitivo causal simples, com uma vertente taxionómica. Tendo como objectivo a identificação dos problemas fundamentais da organização ou de componentes da mesma, é designado por carta de correntes para diagnóstico de problemas (stream problem diagnosis chart). Nesta carta, a equipa deverá descrever, sucintamente, os problemas e sintomas de mau funcionamento da organização, sob a forma de nós do diagrama. Os nós serão colocados numa das quatro colunas, consoante a classificação mais adequada. Como forma de simplificação dos mapas, é sugerido que este processo de descrição e classificação seja relativamente minucioso e ponderado, de modo a reduzir o número de nós do diagrama. Assim, os problemas alvitrados pelos vários elementos da equipa, deverão ser comparados e debatidos, de forma a que, sempre que possı́vel, sejam reunidos num só nó, divididos ou simplesmente rejeitados. Também na classificação, os problemas que de forma ambı́gua se enquadrem em mais que uma categoria, serão preferencialmente 2.3. DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL 59 Figura 2.17: Diagnóstico de conflitos sociais num hospital usando a metodologia da Análise de Correntes (adaptado de Porras, 1987). representados numa só coluna. Naturalmente, todo este processo de identificação e classificação será delineado segundo as dimensões e orientações propostas pela taxionomia pormenorizada do modelo. Uma vez descritos os problemas, a equipa deverá identificar relações de causalidade entre eles, fazendo corresponder a cada relação, um arco dirigido entre dois dos nós representados. O conceito de relação causal assume um sentido lato (e.g. o problema A contribui de algum modo para a ocorrência de B) e sempre positivo (quanto mais se manifestar A mais se manifestará B). Porras admite a inclusão de pesos nas relações, que denotam a relevância da causalidade, sem no entanto sugerir um esquema particular para eles ou uma forma especı́fica de representação. O método sugere ainda que sejam apenas representadas as relações mais importantes e evitados os ciclos de causalidade. A carta de diagnóstico facilitará, segundo Porras, a identificação de: Problemas de base (core problems) - os que estão na origem dos sintomas de disfunção organizacional que desencadearam o processo de mudança. Como primeiro passo na determinação destes problemas, é feita uma análise dos nı́veis de entrada e 60 CAPÍTULO 2. CONTEXTO de saı́da dos nós do diagrama. Quanto maior for o nı́vel de saı́da (ou a diferença para o de entrada), maiores serão os potenciais benefı́cios que a resolução desse problema poderá trazer à organização. Algoritmos mais sofisticados poderão ter em conta a influência indirecta (e.g. para um problema A, é igualmente considerado o nı́vel de saı́da dos problemas que A causa, ou, acumuladamente, dos que são causados por esses), as influências relativas entre os problemas mais determinantes ou, caso existam, os pesos das relações causais. Os problemas de base são então escolhidos pela equipa, normalmente de entre os topologicamente mais influentes e menos influenciados por outros (nı́vel de entrada zero). Por exemplo, na figura 2.17, Porras descreve um caso de diagnóstico de um hospital em que foram identificados como problemas de base: primeiramente o que tem maior nı́vel-de-saı́da (O3), depois um dos que, apresentando o nı́velde-saı́da seguinte, não é causado por nenhum outro (P3) e finalmente dois (T1 e T5) que, tendo um nı́vel-de-saı́da baixo, não são influenciados por outros. Destes últimos, T1 é considerado um problema fundamental, já que, tendo um nı́velde-entrada zero, é causa de um problema de base (O3). É interessante notar que outros problemas (e.g. T3), com nı́veis iguais aos de P3, são relegados para segundo plano. O critério de rejeição, tal como o da escolha de T5, suporta-se essencialmente no discernimento da equipa e não na simples análise topológica. Histórias (stories) - conjuntos de problemas interligados que, como grupo, descrevem um fenómeno mais relevante que cada um deles isoladamente. Por norma, correspondem a problemas que devem ser resolvidos por uma solução articulada para o grupo e constituem fenómenos relativamente independentes, cuja análise pode ser mais facilmente empreendida fora da restante carta. As histórias são inicialmente constituı́das a partir de problemas fortemente sintomáticos (i.e. com um nı́vel de entrada muito superior ao nı́vel de saı́da). Alguns problemas abrangidos pelas cadeias de causalidade que neles terminam (i.e. as suas causas, as causas das suas causas etc.), são então, subsequentemente, nelas incluı́dos. Também aqui os critérios de selecção são essencialmente semânticos, tipicamente baseados num assunto focal e definitivamente suportados pela capacidade de deliberação dos membros da equipa. Um exemplo claro disso é o apresentado 2.3. DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL 61 na parte b) da figura, em que a história não inclui todas as cadeias causadores de S4, mas apenas os problemas mais directos, com referência explı́cita aos assistentes de enfermagem e que incluem os problemas de base encontrados na análise anterior. Temas (themes) - conjuntos de problemas de base que se referem a um assunto comum e que, tal como as histórias, requerem uma solução articulada. Entre os componentes dos temas não existe, normalmente, nenhuma relação de causalidade explı́cita e a sua identificação depende essencialmente, mais uma vez, da capacidade e conhecimento da equipa que diagnostica. Figura 2.18: Planeamento e acompanhamento da resolução dos problemas encontrados num hospital segundo a metodologia da Análise de Correntes (adaptado de Porras, 1987). As cartas de planeamento e acompanhamento (planning and monitoring charts) são essencialmente cartas de PERT em que a equipa de gestão descreve: as acções a tomar para a resolução dos problemas anteriormente identificados (planeamento) e o que realmente aconteceu durante a aplicação dessas soluções (acompanhamento). Note-se, no entanto, a presença das colunas representativas das correntes organizacionais de base (ver figura 2.18). Em contraposição às cartas de diagnóstico, é de referir a associação da variável tempo ao eixo vertical e a alteração da semântica atribuı́da aos arcos. Nestas cartas, os arcos representam a noção disparo ou permissão (i.e. a execução de uma acção desencadeia ou permite a execução da seguinte), ao invés de causalidade, embo- CAPÍTULO 2. CONTEXTO 62 ra o disparo possa ser considerado uma forma causal, com atributos temporais. Um aspecto importante, sublinhado na metodologia, é o da relação entre as três cartas. Uma acção planeada deverá: ter uma descrição correspondente, positiva, negativa ou prolongada no tempo, na carta de acompanhamento; referenciar o conjunto de problemas da carta anterior que pretende solucionar; e classificar-se, tal como o seu acompanhamento, na dimensão do problema mais relevante que procura considerar. 2.4 Discussão Os mapas cognitivos têm encontrado nas actividades de gestão organizacional um vasto e proveitoso leque de aplicações (Huff, 1990b; Eden & Ackermann, 1998b; Eden & Spender, 1998). O seu papel de base é, como se viu, a explanação das crenças, raciocı́nios e pensamentos em geral, como forma de facilitar a compreensão e comunicação das actividades cognitivas. Nesse sentido e no âmbito organizacional, tomam por objectivo a clarificação, reformulação e justificação das deliberações que os responsáveis pelo funcionamento das organizações têm na delineação de estratégias, identificação e resolução de problemas, desenho de soluções, etc.. A grande divulgação destes mapas assenta, sem dúvida, na sua forma essencialmente visual, nos diferentes tipos e orientações que podem assumir e, na maioria dos casos, na ausência de um espartilho formal demasiado rı́gido, que limite o seu campo de acção ou dificulte exageradamente a sua utilização. É esta flexibilidade que permite representar processos de análise e decisão, mesmo quando nascem de um equilı́brio, por muitos considerado incontornável e salutar, entre racionalidade, criatividade, intuição e emoção. Por outro lado, o facto de se fundamentarem em teorias cognitivas (Eden, 1992), coadjuvadas por métodos de angariação de conhecimento e de análise de resultados amplamente validados, contribui também para a sua credibilidade. Finalmente, o seu potencial enquadramento em modelos organizacionais adequados, com o intuito de orientar os intervenientes nas tarefas de gestão, vai ainda mais ao encontro da sua fundamentação e da facilitação do seu uso e, portanto, do seu bom crédito. Esse enquadramento, aliás, é até natural, já que se trata de modelos que 2.4. DISCUSSÃO 63 providenciam taxionomias e directrizes de foro marcadamente cognitivo. Com o objectivo de dar suporte a este tipo de mapas e ao seu processo de criação e tendo em conta todas as caracterı́sticas e situações de uso explanadas ao longo deste capı́tulo, pode identificar-se como essencial o seguinte conjunto de requisitos: Representação: como linguagens visuais, englobam diagramas baseados em grafos, agrupamentos e distribuições espaciais como forma de categorização, utilização de formas e atributos visuais para denotar tipos e propriedades semânticas, etc.. Estas caracterı́sticas deverão ser suportadas, quer na sua forma mais criativa, quer segundo formatos precisos que patenteiem linguagens visuais especı́ficas, particularidades da aplicação (e.g. apresentação da metodologia) e caracterı́sticas do domı́nio. Estas representações visuais, como aliás se deixa antever ao longo do texto, emergem de uma estrutura conceptual. De facto, até mesmo opções ligadas a uma explanação visual aparentemente rı́gida, como sejam os esquemas argumentativos, podem assumir diversas organizações espaciais, formas gráficas, ou ainda textuais. As caracterı́sticas conceptuais das representações, abrangendo e até possibilitando o encadeamento dos vários tipos de mapa, dos seus diversos nı́veis de formalismo, graus de confiança, e restrições, estabelecem diferentes exigências de pormenor e exactidão sobre a informação a representar. Esta pormenorização, por sua vez, determinará as formas possı́veis de análise que poderão alargar-se desde a inspecção visual, até mecanismos de simulação de raciocı́nio, passando pela utilização de algoritmos de exame topológico e estatı́stico. Navegação e apresentação: os mapas, particularmente na sua forma causal - vejase, como exemplos, os dados nos livros de Huff (1990b) e de Eden e Ackermann (1998b) - tendem a atingir dimensões apreciáveis, que dificultam a sua criação, modificação e análise. Mecanismos de facilitação das actividades de pesquisa, reconhecimento, navegação e edição são requisitos de base. Esse factor de escala, conjugado com formas de apresentação delimitadas no espaço (e.g. posicionamento segundo eixos graduados, contextos em redes semânticas, correntes do modelo de Porras), possivelmente afastadas entre si, exige soluções que CAPÍTULO 2. CONTEXTO 64 permitam visualizar de modo perceptı́vel, ligar e transferir, elementos de vários focos de um mapa, sem que, no entanto, se perca o seu enquadramento no todo. Manipulação e exploração: em termos de uso, é de notar a natureza criativa e exploratória do processo de explanação dos mapas. Este é fortemente baseado na experiência e na capacidade que os indivı́duos têm de recordar, no contexto certo, modelos estabelecidos e mapas ou pensamentos anteriores, sobre a mesma situação ou em conjunturas semelhantes. Suportar esta actividade passa por oferecer, quer formas de acesso a informação relevante quando requisitada, quer formas activas que recomendam ou desaconselham alterações e novas especificações. Neste último caso, recomendações e dissuasões deverão sempre nivelar-se pelos diferentes graus de confiança do conhecimento que os suportam. 2.5 Sumário Neste capı́tulo apresentou-se o contexto em que se articula o trabalho descrito nesta dissertação. Abordou-se o tema da cognição enquanto componente fundamental dos sistemas humanos, de que são exemplo as organizações como um todo e os indivı́duos ou grupos de indivı́duos que se responsabilizam pela sua gestão ou estudo. Expuseram-se de seguida os mapas cognitivos, como forma de facilitar as actividades deliberativas, descrevendo-se os diferentes tipos de mapas, as suas aplicações, formas de representação, variantes e enquadramento com aproximações mais latas ou que abordam os aspectos cognitivos segundo perspectivas aparentemente diferentes. Introduziu-se ainda o tema do desenvolvimento organizacional, que, como componente de estudo e manifestação de actividades humanas, se revê em modelos que constituem mapas cognitivos. Por fim, faz-se uma resenha dos requisitos inerentes aos mapas e ao modo como são obtidos. Panorama Tecnológico A contribuição que as tecnologias computacionais podem oferecer às tarefas de gestão organizacional é bastante vasta. Componentes, aplicações e soluções globais, que facilitem a gestão de recursos, o acesso simplificado a informação relevante, a circulação de documentos, a automatização e facilitação do trabalho em grupo, etc. são exemplos dessa contribuição. É particularmente interessante, no âmbito desta dissertação, o conjunto de tecnologias orientadas para o suporte à análise, diagnóstico e tomada de decisão organizacionais e, em especial, aquelas que os abordam na perspectiva dos processos cognitivos dos indivı́duos que neles intervêm. O panorama tecnológico em redor deste tema abarca um conjunto considerável de aproximações. Num extremo surgem as versões com pendor racionalista, em grande parte decorrentes da inteligência artificial, que pretendem automatizar o mais possı́vel os processos de diagnóstico e tomada de decisão. Salvaguarde-se, contudo, que a definição das estruturas que suportam essa automatização, é alcançada através de actividades de angariação de conhecimento, que passam por estádios relativamente informais e fortemente baseados na experiência (e intuição), quer dos indivı́duos que as levam a cabo, quer daqueles que detêm esse conhecimento. No outro extremo, sobrevêm as aproximações de especificação livre, cujas estruturas representativas dos mapas ou cujo processo que lhes dá origem, são praticamente definidos, na sua totalidade, pelos utilizadores. Nestes casos, a validade dos mapas é normalmente restrita a cada situação e as ferramentas de suporte resumem-se, por exemplo, às aplicações de desenho gráfico, quando muito com primitivas próximas da representação visual associada a algumas formas de mapa cognitivo. No seguimento das considerações feitas anteriormente, a tecnologia que aqui se 65 CAPÍTULO 3. PANORAMA TECNOLÓGICO 66 exporá, é analisada segundo uma perspectiva de conciliação entre esses extremos. Por um lado, dar-se-á atenção à capacidade que as ferramentas têm de definir um contexto de utilização, oferecendo suporte às primitivas visuais, às estruturas subjacentes e aos mecanismos de análise inerentes aos diferentes tipos de mapas, bem como aos modelos, regras e recomendações que se pretendam adoptar. Por outro lado, avaliarse-á a potencialidade que essa tecnologia tem de providenciar formas de apresentação e de interacção, enquadradas nas restrições emergentes do contexto e que facilitem a análise visual e a especificação exploratória dos mapas. Sublinhe-se que algumas destas restrições, quer resultem do referido contexto, quer das regras e recomendações impostas pelos modelos adoptados, quer ainda das especificações sucessivas do processo de exploração, terão um papel informativo, com maior ou menor afinco, mais do que uma função peremptória de proibição ou obrigação. Esta prevalência do utilizador, ainda que sustentada por indicações do sistema, articulada com a natureza visual dos mapas, atribui uma importância especial à componente de interacção pessoa-máquina, que, naturalmente, será tida em conta na apreciação da tecnologia abaixo expressa. Neste capı́tulo, começar-se-á por apresentar um conjunto de conceitos e técnicas de base que, em conjunção com os requisitos explanados no capı́tulo anterior, veicularão uma análise fundamentada das tecnologias existentes. O panorama tecnológico é então apresentado, começando por apreciar ferramentas dirigidas para a construção e análise de mapas cognitivos. Logo após, descrever-se-ão sistemas, incluindo ferramentas (vulgo meta-ferramentas) e bibliotecas, que potencialmente poderiam usar-se na criação de aplicações computacionais, alternativas às existentes e que suportem as actividades associadas aos mapas cognitivos de acordo com as caracterı́sticas perseguidas. Por fim, discutir-se-á a adequação das aproximações existentes, numa perspectiva alargada sobre as técnicas e os modelos disponı́veis e possivelmente adaptáveis aos requisitos impostos, mesmo que menos próximos do contexto deste trabalho. 3.1 Conceitos de base Analisar e definir um suporte adequado para ferramentas que facilitem a elaboração de mapas cognitivos, passa por compreender, por um lado, a cognição, os mapas e 3.1. CONCEITOS DE BASE 67 o contexto em que surgem, por outro, a tecnologia e a forma como se usa. Os primeiros, apresentados no capı́tulo anterior, constituirão o objecto de aplicação das ferramentas, enquanto a segunda providencia uma base de conceitos e técnicas que podem ser usados na sua concepção. Curiosamente, essa tecnologia, dado os requisitos de capacidade de exploração estabelecidos, deve também ir de encontro às exigências e limitações das pessoas, agora enquanto utilizadores das ferramentas como artefactos interactivos1 . Essa aproximação às pessoas recai, mais uma vez, na clarificação de aspectos de cognição, neste caso, do modo como os indivı́duos reconhecem, memorizam, aprendem e em geral comunicam com as ferramentas computacionais interactivas. 3.1.1 A cognição na comunicação pessoa-máquina Relativamente à cognição em geral, grande parte das considerações foram já tecidas no capı́tulo anterior (em 2.1), aquando da fundamentação dos mapas cognitivos, em particular, no âmbito da gestão organizacional. No que respeita à interacção pessoa-máquina, quer no ponto de vista de representação visual e apresentação, quer no de manipulação e retorno, é importante sobrelevar ainda alguns tópicos2 . De facto, é do estudo da percepção e mais exactamente da acuidade visual (e auditiva) dos indivı́duos, que emergem recomendações quanto à utilização dos atributos visuais (e sonoros) na codificação de informação (e.g. número de cores, larguras de traço). Revelam-se ainda interessantes, os resultados que apontam a estruturação da informação, por um lado, e a concepção de objectos interacção com capacidade de veicular o contexto e a funcionalidade a que se destinam, por outro, como formas por excelência de facilitar as actividades de percepção, atenção, memorização e reconhecimento. A valorização da estruturação baseia-se fortemente nas leis de organização perceptual, emergentes da psicologia Gestalt, que apontam a proximidade, semelhança, continuidade e simetria como formas primárias de percepcionar. O realce dado à noção de capacidade (affordance), sublinhada por Norman (1988), como faculdade de veicular 1 Para uma discussão alargada sobre a relação que existe ou deverá existir entre a ciência cognitiva e a interacção pessoa-máquina veja-se, por exemplo, os trabalhos de Carroll (1991), Green et al. (1996) e Blackwell (1996). 2 Não se pretende aqui ser exaustivo remetendo-se o leitor para textos como, por exemplo, os de Preece et al. (1994) ou os apresentados por Carroll (1991). CAPÍTULO 3. PANORAMA TECNOLÓGICO 68 contexto, significado e funcionalidade, toma, por seu lado, um papel central nas teorias ecológicas da percepção. Devem ainda ser referidas as observações que indiciam a utilização do movimento, alteração dinâmica dos atributos gráficos e, em geral, a animação, como formas complementares às representações estáticas, particularmente adequadas à chamada e focalização da atenção, mas também possı́veis na clarificação de contexto, significado e funcionalidade. Por outro lado, numa perspectiva de facilitação da aprendizagem, fortemente sustentada na aproximação dos modelos mentais, mencionem-se as recomendações à utilização de representações metafóricas, como forma de estimular o pensamento por analogia. Neste aspecto, sublinhe-se a capacidade que os indivı́duos têm de combinar diferentes metáforas, desenvolvendo modelos mentais múltiplos, que se ajustam assim às novas situações que se lhes deparam. Limites de codificação, estruturação, capacidades, utilização de animação e metáforas, entre outros, relevantes na concepção de artefactos interactivos (Preece et al., 1994; Dix et al., 1994), são consequentemente tópicos a ter em consideração, na concepção das técnicas de representação visual, de apresentação e de interacção com os mapas. 3.1.2 Técnicas de representação Por técnicas de representação tomam-se aquelas que permitem manter informação sobre a composição, propriedades, aspecto visual e condições de especificação e utilização dos mapas. De acordo com os requisitos apontados, os desafios colocamse essencialmente ao nı́vel do seu abrangimento, coerência, mas também da sua flexibilidade. Em primeiro lugar, as técnicas deverão ter a capacidade de representar os vários tipos de mapa (taxionómicos, causais, etc.), permitindo assim preencher os requisitos de encadeamento e complementaridade antes mencionados. Por outro lado, em cada tipo ou em mapas que abarquem os vários tipos, deverão oferecer mecanismos que reproduzam os diversos nı́veis de minúcia e de formalismo, decorrentes das caracterı́sticas de aplicação, da própria evolução dos mapas ou da sua adequação ou adaptabilidade às formas de análise mais indicadas (e.g. visual, topológica, ou de simulação). Finalmente, ainda relacionada com esse abrangimento, está a aptidão que 3.1. CONCEITOS DE BASE 69 as técnicas têm de incorporar os modelos (aspectos visuais, regras e recomendações) adequados, que possibilitem a inserção da tecnologia no domı́nio a que se destinam. O impacto destes requisitos nas técnicas que permitem a representação dos conceitos, faz-se sentir, sobretudo, ao nı́vel das aproximações de programação. Em termos genéricos é possı́vel identificar duas correntes de base, que se prendem directamente com o tipo de análise a que se pretende dar suporte. Uma recorre a linguagens especificamente orientadas para a representação de conhecimento, associadas a sistema de suporte a sistemas periciais (expert system shell). Neste contexto, introduzem primitivas para especificação de regras, enquadramentos e em geral redes semânticas, suportando os processos de simulação em mecanismos de encadeamento (chaining) e acompanhamento (tracking). A outra aproximação, parte de linguagens genéricas, imperativas, oferecendo um conjunto base de estruturas abstractas do tipo grafo, particularmente adequadas aos algoritmos de análise topológica, que identificam conceitos centrais, ciclos, etc.. Com o objectivo de juntar as vantagens de uma e de outra aproximação, os sistemas enquadrados na primeira categoria definem linguagens mistas, tal como o CLIPS, enquanto no segundo caso, são introduzidas funções de pesquisa, com comportamento semelhante ao encadeamento. Finalmente, refiram-se ainda as variantes, normalmente enquadradas na segunda categoria, que oferecem meios para converter as estruturas entre representações distintas. Se por um lado as estruturas de linguagem devem permitir abranger um conjunto alargado de aproximações, assumindo portanto um nı́vel de abstracção relativamente elevado, por outro, as representações deverão manter-se coerentes com as restrições impostas aos conceitos envolvidos e às formas de representação visual, por cada uma das aproximações. Por exemplo, ao nı́vel dos conceitos, numa representação de um esquema de Toulmin, uma refutação só poderá ser associada à implicação que um facto (datum) tem sobre uma afirmação. Se sobre o esquema for adoptada a sua versão visual básica (mostrada na figura 2.10), então os mecanismos de representação visual deverão assegurar que: a associação de uma refutação seja simbolizada por um arco dirigido (segmento de recta terminado por seta); que esse arco se inicie no elemento visual correspondente à refutação (uma forma rectangular); e que termine no elemento visual (outro arco) que denota a implicação supracitada. De entre as técnicas 70 CAPÍTULO 3. PANORAMA TECNOLÓGICO possı́veis para a manutenção destes diversos nı́veis de coerência, destacam-se as que se orientam para a definição e resolução de restrições (constraints), agora no sentido computacional do termo (Myers et al., 1992; Sannella, 1994; McCartney, 1995; Borning et al., 1996). Estas permitem a associação de condicionantes (as restrições) aos objectos, estruturas e atributos de um sistema programado, que, quando modificados, desencadeiam o funcionamento de componentes de resolução de restrições (constraints solvers), cuja função é encontrar um novo estado de equilı́brio do sistema, em que as mesmas condicionantes se mantenham válidas. Também a flexibilidade assume um papel preponderante nestas representações, tendo em conta as caracterı́sticas criativas e exploratórias associadas aos mapas. Notese que a flexibilidade é tomada no sentido evolutivo dos mapas, enquanto instâncias das linguagens visuais de representação. Esta caracterı́stica impõe a disponibilidade de informação sobre o tipo e a estrutura (para além dos valores) em tempo de execução, seja ela sob a forma de protótipos, objectos de classe, etc., que assim pode ser modificada ou enquadrada com novas primitivas, tipos e propriedades, que se vinham a definir. Um dos exemplos é a construção de taxionomias, em que tipos abstractos e instâncias coexistem e são eles próprios os mapas em criação. Para além desta flexibilidade em termos de modificação e criação de novas primitivas, tipos e instâncias, é ainda de salientar, a necessidade de considerar nı́veis de confiança nas classificações e especificações em geral, com consequências directas na viabilidade de ajustar e mesmo quebrar, algumas das restrições impostas, entre as quais se contam subconjuntos das referidas no parágrafo anterior. Trata-se pois de encontrar sistemas de especificação e resolução de restrições que permitam a sua hierarquização, em termos de exigência de validação ou prioridades. Neste caso, os estados de equilı́brio antes indicados, devem permitir a existência de condicionantes não completamente válidas. 3.1.3 As técnicas de apresentação Consideram-se técnicas de apresentação aquelas que, não constituindo representações visuais directas dos componentes dos mapas, permitem aceder-lhes, gerindo o espaço disponı́vel de forma a oferecer, simultaneamente, o contexto e o nı́vel de 3.1. CONCEITOS DE BASE 71 pormenor necessário à sua fácil percepção, providenciando mecanismos que focalizem a atenção do utilizador nos aspectos relevantes da utilização em curso. Portanto, neste contexto, incluem-se os elementos gráficos, normalmente de cariz temporário, que marcam os componentes visuais de representação e os artefactos que permitem a navegação e visualização daqueles ou dos resultados dos métodos disponı́veis de análise expedita. Relativamente a estes artefactos, um dos problemas fundamentais que surge quando se pretende ver uma grande quantidade de informação, tal como a que os mapas e os resultados da análise podem comportar, é a pequena área através da qual ela pode ser vista. Leung e Apperley (1994) decompõem o problema em três actividades básicas: (1) localizar um item de informação; (2) interpretá-lo; (3) e relacioná-lo com outros. Naturalmente subjacente está a necessidade de o item ser perceptı́vel, no sentido de ter um tamanho que lhe permita ser visto, e de estar inserido no seu contexto (o que de resto é afirmado pelas teorias cognitivas sobre a percepção visual). No caso de alguns mapas cognitivos, o contexto de um item é particularmente pertinente, já que para a sua definição podem contribuir: o texto ou imagens que acompanham o item; os constructos ou relações que lhe estão associados; e a região do espaço em que o item se insere, delimitada ou não por uma forma gráfica (ela própria vulgarmente designada contexto). Actividades e contextos são fundamentais e estreitamente interligados. Por exemplo, interpretar uma relação entre dois constructos no diagrama de um mapa, implica identificar os nós em que eles se representam, os seus contextos (gráficos), o arco que os liga e a possı́vel etiqueta que o tipifica. Quando a informação a visualizar é inerentemente gráfica, como é o caso dos mapas em foco, duas grandes categorias de soluções são definidas, com base na ausência ou presença de distorção do espaço em que se apresentam os elementos. As que não provocam distorção, podem dividir-se em técnicas de aproximação (zoom), hierarquização e distribuição espacial (layout). Acrescentem-se ainda, relativamente à taxionomia proposta por Leung e Apperley, as de filtragem. Aproximação - são as mais vulgares, permitem visualizar em pormenor pequenas partes do espaço gráfico, sendo normalmente acompanhadas por mecanismos de CAPÍTULO 3. PANORAMA TECNOLÓGICO 72 deslizamento (scroll) ou paginação para acesso à restante informação. Hierarquização - restruturam a informação de acordo com uma disposição hierárquica, de modo a que, a partir de uma visão global, normalmente abstracta, se possa navegar, sucessivamente, por informação mais pormenorizada, mas referida, no seu todo, a uma área mais restrita. No extremo em que a hierarquia se torna um grafo e em que não há necessariamente uma noção de pormenorização, esta técnica confunde-se com a que é oferecida nas ligações dos sistemas hipertexto ou hipermédia. Distribuição espacial - reorganizam a informação, agora apenas no espaço, de modo a facilitar a sua percepção. Essa facilitação é baseada nos princı́pios de associação no reconhecimento de padrões, anteriormente referidos. Estas técnicas são particularmente usadas na apresentação de diagramas do tipo nó ligação e recorrem a algoritmos, que vão desde a simples disposição dos nós em formas geométricas (e.g. em linha, em árvore, em cı́rculo), até outros extremamente complexos que, por exemplo, minimizam a intercepção de arcos - veja-se as referências apontadas por Battista et al. (1994). Filtragem - permitem suprimir informação do espaço global da apresentação. Podem aplicar-se interactivamente, seleccionando localmente a informação a esconder, ou (semi) automaticamente por temas ou conjuntos de atributos comuns. As técnicas de distorção partem de uma aproximação comum: a apresentação de uma vista global do espaço, em que coexistem áreas que permitem uma visualização de pormenor. Essa pormenorização, mostrada numa escala maior que o restante diagrama, é obtida por distorção, i.e., uma função não linear, discreta ou contı́nua, transforma as coordenadas iniciais naquelas em a informação é de facto apresentada. Essa distorção pode ser feita apenas numa das dimensões do espaço ou nas duas, num único foco ou em vários. Refira-se, entre outras (Leund & Apperley, 1994), as vistas de olho de peixe (fish-eye-views) simples (Furnas, 1986) e multifoco (Paulo, 1996), ou a parede perspectiva (perspective wall) de Mackinlay et al. (1991). A grande vantagem destas técnicas prende-se com a simultaneidade da apresentação do contexto (através da visão global do espaço) e da área ou áreas locais de porme- 3.1. CONCEITOS DE BASE 73 nor nele enquadradas, normalmente sem grandes quebras visuais. As desvantagens apontam-se essencialmente em termos de: desempenho na alteração interactiva das áreas focais; dificuldade de concretização; e, em algumas técnicas com possibilidade de apresentarem vários focos, de pormenorização de informação menos interessante, devido a requisitos de regularidade na sua distribuição. Leung e Apperley referem ainda que em determinados tipos de informação, pouco estruturada, as técnicas de distorção podem não ter o efeito desejado. De facto, as vantagens da emersão no contexto podem perder-se, se os padrões que permitem reconhecê-lo não forem sequer perceptı́veis. Nas técnicas que não provocam distorção, a necessidade de contexto e a apresentação de mais que uma área focal pode ser colmatada recorrendo a vistas múltiplas. Esta solução permite, por exemplo, a apresentação de uma vista global e de várias vistas em pormenor (usando técnicas de aproximação). A articulação entre as vistas de pormenor e a global pode ser feita, representando na segunda, as áreas correspondentes às primeiras. Neste caso, relativamente à outra categoria de técnicas, terá como grande desvantagem a falta de continuidade entre as diversas vistas de pormenor. 3.1.4 A interacção Relativamente à interacção, reportar-se-ão aqui, em especial, os conceitos e as técnicas que se articulam em redor da manipulação directa (Shneiderman, 1998). As vantagens reconhecidas e atribuı́das por Shneiderman e outros autores a este estilo de interacção, são especialmente relevantes quando há ”uma representação visual do mundo da acção” e quando, em resposta às acções, ”os resultados são mostrados de imediato e de forma contı́nua” (Shneiderman, 1994). No caso dos mapas cognitivos esta é claramente a situação, não só devido à representação visual que os sustenta, mas também à caracterı́stica exploratória da sua criação, modificação e visualização. Não quer isto dizer, obviamente, que toda a interacção com as ferramentas de trabalho com mapas cognitivos passe pelo estilo de manipulação directa. Ao contrário, a utilização de menus, formulários ou outros, têm necessariamente o seu espaço, embora os desafios sobre eles impostos, não tomem feições particulares relativamente aos mapas. CAPÍTULO 3. PANORAMA TECNOLÓGICO 74 As caracterı́sticas essenciais da manipulação directa são: a visibilidade dos objectos de interesse; a aplicação directa das acções sobre esses objectos; a execução rápida das acções e a sua reversibilidade; a descrição incremental das acções i.e. o retorno imediato. Note-se, no entanto, que não se define um valor exacto, que determine quão directa deve ser a acção e quão imediato o retorno, para que uma interacção se integre ou não no estilo de manipulação directa. Como referem Shneiderman (1998) e Dix et al. (1994), essas qualidades manifestam-se em diferentes graus e potencialmente determinam discrepância entre os objectivos e as expectativas do utilizador, as actividades e as respostas do sistema. No contexto destas caracterı́sticas, Preece et al. (1994) propõem o enquadramento das técnicas de manipulação directa nos aspectos da cognição, de acordo com o conjunto de princı́pios de desenho sugeridos por Norman (1988), a saber: capacidades, restrições, mapeamento (mapping) e retorno. Capacidades - anteriormente introduzidas, estão intrinsecamente ligadas à representação visual dos mapas e, nesse contexto por elas limitadas. No entanto, é alvitrada na literatura a possibilidade de serem consideradas capacidades de outro tipo, ditas sequenciais, em contraponto com as perceptuais anteriormente referidas. Estas, fortemente dependentes do retorno, designam o conjunto de capacidades (perceptuais) demonstradas pelos objectos, não veiculadas inicialmente, mas que surgem em consequência da interacção, i.e. à medida que esta prossegue, os objectos vão revelando novas capacidades. Restrições - no sentido agora referido, constituem o contraponto das capacidades: se estas sugerem o que pode ser feito sobre o objecto, as restrições denotam o que não é permitido. Estas restrições, constituem, por exemplo, formas de manifestação das anteriormente referidas (3.1.2). 3.1. CONCEITOS DE BASE 75 Mapeamento - refere-se à proximidade entre o que os objectos e as suas capacidades veiculam e as consequências práticas no sistema das acções correspondentes desencadeadas pelos utilizadores. Retorno - pode ser definido como ”a informação enviada como resposta ao utilizador, sobre qual a acção que realmente foi executada” e ”[...] qual o resultado alcançado” (Norman, 1988, p. 27). Note-se, contudo, que a qualidade dessa informação não se resume a acções ou resultados completos. Ao invés, tendo em conta os requisitos de celeridade no retorno e a noção de capacidade sequencial, essa informação pode e deve indicar continuamente os estados da interacção, sendo a sua expressão visual (sonora ou táctil) compatı́vel com os princı́pios da manipulação directa (Preece et al., 1994). Relativamente a estes princı́pios, há que salientar aqui duas condicionantes essenciais, inerentes ao contexto dos mapas cognitivos. Por um lado, a utilização das representações visuais, como forma de veicular capacidades e restrições de modo perceptual, está fortemente limitada, quer pelo elevado nı́vel de abstracção que essas mesmas representações tomam nas linguagens visuais que constituem, quer pela fidelidade que devem assumir relativamente aos modelos e às metodologias existentes. Por outro lado, a comunicação das restrições aos utilizadores, por formas dinâmicas de retorno (em alternativa às perceptuais), deverá levar em consideração a natureza por vezes não peremptória, com vários graus de imposição, dessas mesmas restrições. Grosso modo, o que isto significa é que as formas de retorno deverão ser mais ricas que a simples comunicação de proibição e, tanto quanto possı́vel, não quebrar a sequência de diálogo, já que este se desencadeia no próprio processo de exploração, i.e. por infringir uma restrição, não se comete necessariamente um erro. No sentido de veicular este tipo de restrições, surgiu recentemente um conjunto de técnicas que permitem comunicar diferentes nı́veis de resistência à manipulação de objectos gráficos. As técnicas concretizam-se directamente em dispositivos fı́sicos, tipicamente de entrada e que assim passam também a funcionar como dispositivos de saı́da (Preece et al., 1994). Exemplos são os Joystick com retorno de força e o GROPE construı́do sobre um braço mecânico articulado. Estes dispositivos, normalmente ori- CAPÍTULO 3. PANORAMA TECNOLÓGICO 76 entados para aplicações especı́ficas (e.g. jogos, estudo molecular), podem resistir ao deslocamento que o utilizador lhes incute, aplicando uma força contrária à que gera esse movimento. Se o utilizador pretende insistir no mesmo sentido terá que usar mais força. O aproveitamento destes dispositivos, para além das suas caracterı́sticas e vocações especı́ficas, exige a concepção de programas que modelem essa resistência, podendo então accioná-la quando assim o determinarem. A necessidade de aumentar a dinâmica do retorno à manipulação directa originou ainda o aparecimento de um conjunto de modelos de interacção entre objectos. Esses modelos estabelecem zonas, para além da área definida pelo próprio objecto, que o sistema pode considerar para gerir ou notificar outros que lhe estão próximos. Particularmente completo e adequado aos ambientes virtuais de trabalho em grupo, refira-se o modelo proposto por Benford e Falén (1993). Este estabelece em redor de cada objecto, tipicamente representativo de um utilizador, três regiões: a aura, o nimbus e o foco3 . A aura define a área em que se pode desencadear alguma forma de interacção. Nesse sentido, quando duas auras se interceptam, os objectos ajustam o seu foco e o seu nimbus. Por sua vez, o foco identifica a zona a partir da qual um objecto fica ciente da presença de outro e o seu nimbus a zona a partir da qual o outro fica ciente da sua presença. Se, por manipulação de um objecto, ocorrer uma intercepção entre um foco e um nimbus, pode iniciar-se uma conversação (num dos sentidos) entre os objectos ou, no caso, entre as pessoas que eles representam. Embora não especificamente orientado para sistemas de suporte a vários utilizadores, o modelo espacial definido por Penz e Carriço (1993), de certo modo na origem do definido nesta dissertação, oferece uma perspectiva semelhante ao anterior. De facto, a aura é omitida, designando-se o nimbus e o foco por região activa e sensı́vel, respectivamente. É ainda definida uma terceira área, correspondente à hierarquização de objectos, que se designa por região dos filhos. As regiões definidas sobre os objectos filhos (contidos noutros), são truncadas pelo objecto que os contém. Qualquer dos modelos é particularmente interessante na concretização de meca3 São ainda definidas as noções de meio e adaptador. O primeiro identifica o tipo de comunicação (ou o seu meio de propagação) e o segundo permite introduzir ferramentas de comunicação com impacto directo na forma e tamanho das regiões supracitadas. 3.2. FERRAMENTAS DE SUPORTE A MAPAS COGNITIVOS 77 nismos que coordenem a interacção entre objectos, que, em ambos os casos, se assumem relativamente independentes uns dos outros. No entanto, a sua adopção na manipulação de elementos de linguagens visuais, deve revestir-se de algum cuidado. Em causa estão as restrições impostas aos elementos e, por conseguinte, a gestão das suas interdependências, para além da suas interacções. 3.2 Ferramentas de suporte a mapas cognitivos Ao pretender-se encontrar mecanismos computacionais que facilitem a construção e análise de mapas cognitivos, deve, antes de mais, explanar-se o panorama relativo a ferramentas que se propõem suportar este tipo de mapas, em todas as suas formas ou, pelo menos, cobrindo alguma das suas facetas. Esta secção surge, pois, com esse objectivo e a sua organização espelha, tanto quanto possı́vel, a categorização de mapas cognitivos feita no capı́tulo anterior. As ferramentas são apresentadas nos contextos de inventariação, taxionomia, causalidade e argumentação, enquadrando as de suporte aos mapas interpretativos e às redes semânticas, como uma extensão em profundidade, em cada uma daquelas categorias (como aliás é deixado em antevisão naquele capı́tulo e ilustrado na figura 2.14). São ainda referidas outras ferramentas, respeitantes à categoria mais alargada de mapas de conceitos, pela sua proximidade ou articulação com os mapas cognitivos ou com o contexto organizacional deste trabalho. Contudo, esta organização não pretende agrilhoar cada uma das ferramentas apresentadas a uma ou a outra classificação. De facto, na sua grande maioria, elas estendem o seu suporte por mais do que uma forma de mapas, em particular nos casos taxionómicos e causais. A sua classificação pretende apenas sublinhar algumas das caracterı́sticas mais importantes e peculiares de cada ferramenta, ao mesmo tempo que estabelece um paralelo com a estrutura conceptual anteriormente delineada. 3.2.1 Mapas de inventário O suporte computacional a ser dado na inventariação das unidades cognitivas relevantes, situa-se primordialmente nos processos de análise de conteúdo. Este tipo CAPÍTULO 3. PANORAMA TECNOLÓGICO 78 de análise, que, como se viu, constitui uma grande parte do processo de criação dos mapas de inventário, recorre essencialmente a métodos de análise estatı́stica e, cada vez mais, a programas baseados em regras, que permitem, ainda que parcialmente, o reconhecimento de dialectos de linguagem natural ou pelo menos a identificação de contextos, termos e frases com significados potencialmente semelhantes. Birnbaum-More e Weiss (1990) e Erdener e Dunn (1990) referem a utilização do TEXTPACK (Mohler & Zuell, 1998), como forma de inventariar um conjunto de termos chave, previamente organizados quanto ao seu significado. A organização semântica é feita recorrendo a um outro programa, o Logic-Line 2, que, baseado em técnicas de inteligência artificial, constrói um dicionário de termos equivalentes. Sobre os inventários são posteriormente usados pacotes computacionais de análise estatı́stica. De entre estes, toma actualmente particular relevância, o conjunto de ferramentas globalmente conhecidas pela designação SPSS (SPSS, 1997), pela cobertura de métodos e áreas de aplicação que oferece, incluindo, por exemplo, subsistemas de análise de conteúdo (o TextSmart). Em termos de interacção, no entanto, o desafio lançado por estas ferramentas é extremamente reduzido. De facto, a análise de conteúdo parte de documentos previamente elaborados, sendo um processo relativamente automático onde a interacção só se reflecte, eventualmente, na parametrização dos métodos e, posteriormente na utilização e interpretação dos resultados. No que se refere à representação e apresentação, como forma de consolidar e resumir os resultados estatı́sticos obtidos pelas ferramentas, a criação de gráficos sinópticos elucidativos está relativamente bem coberta por inúmeras ferramentas de visualização de informação quantitativa, tipicamente também integrados nos programas computacionais de análise estatı́stica ou em simples folhas de cálculo. 3.2.2 Mapas taxionómicos Relativamente ao suporte computacional especificamente orientado para os mapas taxionómicos, sobressaem as ferramentas para aquisição de conhecimento, que, por sua vez, se integram em sistemas de representação formal do mesmo, em particular 3.2. FERRAMENTAS DE SUPORTE A MAPAS COGNITIVOS 79 usando redes semânticas. Estas ferramentas e sistemas oferecem, portanto, um espectro mais alargado que a simples taxionomia, mas é normalmente com base nela, que se estabelece outro tipo de relações, incluindo várias formas de causalidade, permitindo em conjunto a geração de sistemas periciais e, em geral, sistemas baseados em conhecimento (knowledge based systems). Neste contexto, devem apresentar-se, primeiramente, os sistemas que suportam parte do processo de aquisição de conhecimento na teoria dos constructos pessoais de Kelly (1955) e, em particular, nas grelhas de repertório (veja-se a descrição na página 31). Esta caracterı́stica confere-lhes um estatuto interessante. De certa maneira, integram as perspectivas oriundas das áreas da psicologia e da sociologia (de onde emerge a teoria e onde são aplicadas as técnicas há já alguns anos), com as da representação de conhecimento estabelecidas na inteligência artificial. Para atingirem este objectivo, os sistemas aplicam às grelhas, metodologias e algoritmos de agrupamento e classificação, que lhes permitem estabelecer hierarquias de conceitos, posteriormente transformados e usados em representações formais de conhecimento (Gaines & Shaw, 1993). De entre estes sistemas destacam-se o KSS0, o KSSn (Gaines, 1991b; Gaines & Shaw, 1993) e o AQUINAS (Schuler et al., 1990). O primeiro é simplesmente um sistema de aquisição de conhecimento, que permite a geração de representações formais, para diversos outros sistemas. O KSSn estende o anterior e mesmo as grelhas de repertório, incluindo também um sistema de representação de conhecimento e simulação de raciocı́nio baseado em redes semânticas da famı́lia do KL-ONE (Woods & Schmolze, 1992; Brachman & Schmolze, 1985), nomeadamente no CLASSIC. Por fim, o AQUINAS, como o KSSn, engloba as facetas de aquisição e representação de conhecimento conjugado com um motor de inferência. Tem como objectivo de base o suporte à tomada de decisão, no sentido dos sistemas periciais. Todos estes sistemas sustentam o seu formalismo de representação em linguagens textuais, oferecendo e sugerindo a utilização de alternativas visuais. Em particular, integram ferramentas interactivas para a definição das grelhas de repertório, dos parâmetros dos algoritmos de extrapolação das hierarquias de conceitos e mes- 80 CAPÍTULO 3. PANORAMA TECNOLÓGICO mo edição dessas hierarquias e das relações não estruturais que se lhes sobrepõem. Um excerto simplificado de uma representação visual, essencialmente taxionómica, de uma rede semântica e de uma grelha de repertório, tal como são apresentadas pelas ferramentas associadas ao KSSn, pode ser visto na figura 2.6 do capı́tulo anterior. Nesse conjunto de ferramentas de interacção, refira-se o Elicit do KSS0 (Gaines & Shaw, 1993) e o KDraw do KSSn (Gaines, 1991a). O primeiro propõe diversas técnicas de identificação de constructos e classificação de elementos em grelhas de repertório, incluindo, por exemplo, o esquema das trı́ades anteriormente referido. Numa das suas formas de classificação, os utilizadores são levados a colocar os elementos num segmento de recta que representa, sucessivamente, cada constructo (os extremos do segmento indicam os pólos opostos do constructo - veja-se a descrição da técnica na página 32). Esta colocação é feita por manipulação directa, arrastando cada elemento, descrito textualmente, para o segmento. A ferramenta não dá qualquer indicação sobre contraste ou concordância com classificações passadas, nem permite exprimir graus de confiança da classificação ou preponderância do elemento no contexto. O KDraw (Gaines, 1991a) propõe a contrapartida visual da linguagem textual definida no CLASSIC. Permite a edição de redes semânticas por manipulação directa, segundo a linguagem visual que adopta, definindo formalmente a sintaxe e as primitivas gráficas para o efeito - uma especificação formal do KDraw pode ser vista em (Kremer, 1997b). Com base nessa definição, o KDraw aplica restrições à edição das redes, que asseguram a correcção sintáctica das especificações, i.e., a ligação de dois nós através de um arco dirigido, é permitida ou negada de acordo com o tipo de base dos nós e do arco. A criação e alteração de tipos, categorias e elementos especı́ficos a cada rede e à sua semântica particular, não desencadeia qualquer forma de retorno da parte da ferramenta, a não ser o que deriva da sua sintaxe. Assim sendo, o utilizador perde a noção, por exemplo, da classificação feita anteriormente nas grelhas de repertório, ou de outra decisão que anteriormente tenha sido tomada. Do ponto de vista de representação visual, refira-se a possibilidade de no KDraw, cada conceito poder ser mostrado em mais do que uma posição, o que simplifica, segundo os autores, a confusão visual dos diagramas e os critérios de disposição de nós e 3.2. FERRAMENTAS DE SUPORTE A MAPAS COGNITIVOS 81 arcos (Gaines, 1991a). De facto, os vários nós que representem um conceito, podem ser distribuı́dos no diagrama, junto a outros nós com que se relacionem. Trocam-se assim por pequenos arcos, os arcos que representam essas relações e que eventualmente atravessariam o diagrama entre pontos distantes. Em contrapartida, esta técnica aumenta o tamanho dos diagramas (o numero de nós) e introduz outro tipo de dificuldade: a que decorre da necessidade de identificar visualmente como equivalentes entre si e distintos dos restantes, os vários nós que representam cada conceito. Ainda sobre redes semânticas, devem citar-se, pelas caracterı́sticas particulares da componente visual associada, as ferramentas desenvolvidas no âmbito do projecto PEIRCE. Este tem como objectivo fundamental, a concretização das noções associadas aos Grafos Conceptuais4 (Conceptual Graphs) de Sowa (1992; 1991). Como ferramenta de edição visual é proposto o GrIT ou seus derivados (Eklund et al., 1994; Burrow, 1994). Na linguagem visual que adopta, sobressai a noção de contexto visual. Estes contextos são representados na forma de nós que, por um lado, podem fazer parte de diagramas, por outro, contêm subdiagramas. Os nós destes subdiagramas podem ser ligados a nós de diagramas externos ao contexto. Um exemplo de um grafo conceptual, sob a forma visual e com estas caracterı́sticas, foi apresentado atrás na figura 2.15. Aproximações com objectivos de formalização menos fortes, por vezes até inexistentes, podem encontrar-se em alguns sistemas de decisão em grupo. Esta semiformalidade é expectável, quanto mais não seja pela dinâmica do processo de decisão que estas ferramentas pretendem facilitar e que dificilmente se compadece com preocupações demasiado opressivas de formalização. Em alguns processos de decisão, os intervenientes são por vezes incitados a ordenar, agrupar, definir categorias e classificar elementos pertinentes na resolução de problemas. Sistemas como o Group Systems (Ventana, 1998) propõem, entre outras, a organização de componentes em listas e hierarquias. Outras ferramentas, como as propostas por Antunes (1995; 1998) sugerem a hierarquização e agrupamento de ideias, como forma de facilitar vários processos de tomada de decisão. Em qualquer das situações, o retorno do sistema à manipulação directa dos seus componentes, no segundo caso organizados num diagrama com nós 4 Estes, por sua vez, fundamentam-se nos trabalhos de Peirce sobre grafos existenciais. CAPÍTULO 3. PANORAMA TECNOLÓGICO 82 e arcos, é mais uma vez, meramente sintáctico e até menos restritivo, já que advém de linguagens de especificação menos formais. Embora com objectivo principal de suportar os mapas causais e, portanto, descritas em mais pormenor na secção seguinte, é importante aqui mencionar a perspectiva e particularmente a forma de classificação de conceitos, que ferramentas como o Decision Explorer (Banxia, 1997b) e o CMAP 2 (Laukkanen, 1992) disponibilizam. O primeiro sugere a utilização de esquemas de cor, estilos e espessura de traço, para agrupar conceitos (e.g. objectivos, receios, factos). O segundo suporta a definição das asserções causais numa ontologia rigorosa de conceitos que permite, a posteriori, comparar os mapas causais de vários indivı́duos. Em qualquer dos casos, é deixada exclusivamente ao utilizador a responsabilidade da estruturação. 3.2.3 Mapas causais O panorama correspondente às ferramentas orientadas para os mapas cognitivos causais é relativamente diferente do anterior. Aqui surgem ferramentas explicitamente orientadas para a criação e análise de mapas causais, sem quaisquer preocupações de simulação de processos racionais ou de representação formal de conhecimento, mesmo quando não inseridas em sistemas de suporte à decisão em grupo. Não obstante, este facto não exclui desta classificação ferramentas de ı́ndole formal, quer sejam as anteriormente referidas, como KDraw e o GrIT, quer outras especificamente vocacionadas para a representação do pensamento causal e que abaixo se apontam. De entre as ferramentas que proporcionam suporte directo aos mapas causais, destacam-se as que resultam do trabalho de Eden, materializadas primeiramente no COPE (Eden, 1993) e, posteriormente, no Decision Explorer5 (Banxia, 1997a). Esta última permite a edição, por manipulação directa ou por linguagem de comandos, de objectos gráficos que representam os elementos de base dos mapas causais. Nos nós deve ser feita uma descrição sucinta dos conceitos, sendo sugerida a inclusão dos seus 5 O Decision Explorer pode integrar-se numa variante com suporte a trabalho em grupo, o Group Explorer (Phrontis, 1998; Eden & Ackermann, 1998b), cujas caracterı́sticas de interacção e exploração são intrinsecamente as mesmas, com a excepção de poderem ser manipuladas por mais que um indivı́duo. 3.2. FERRAMENTAS DE SUPORTE A MAPAS COGNITIVOS 83 opostos, segundo a linha de pensamento dos constructos pessoais de Kelly. Nos arcos está prevista representação visual de causalidade positiva e negativa. Outros atributos dos nós e dos arcos podem ser modificados, sendo proposta a definição de estilos, com caracterı́sticas gráficas próprias, como forma de representar diferentes tipos de conceitos e relações para além das causais. Um estilo pode, posteriormente, ser aplicado a cada elemento gráfico ou a conjuntos de elementos. No entanto, enquanto mecanismo de tipificação, não introduzem quaisquer restrições aos diagramas, nem, consequentemente, qualquer retorno durante a edição dos mapas. Mais ainda, do ponto de vista dos pormenores da manipulação directa, esta ferramenta revela-se difı́cil, em parte por se incompatibilizar com as formas de manipulação semelhantes, no sistema de janelas em que se enquadra. Na perspectiva dos mecanismos de apresentação, o Decision Explorer oferece técnicas de aproximação e de filtragem de conjuntos de conceitos e relações. Contudo, as funções de análise que propõe, recorrem, na sua grande maioria, a uma forma de lista textual, para apresentar os resultados. Além disso, esses resultados e o mapa de trabalho dificilmente se podem apresentar ou explorar em conjunto. De facto, a ferramenta apresenta uma única página de apresentação. Nela podem alternar-se, mas não coexistir, uma das diferentes perspectivas do mapa ou o resultado de uma das funções de análise. Não dispõe igualmente de mecanismos de posicionamento automático ou distorção, que, sem dúvida, poderiam simplificar a visualização, a análise conjunta de diferentes regiões do diagrama e até mesmo a edição de mapas de grandes dimensões. Já em termos de algoritmos de análise o Decision Explorer oferece um conjunto vasto e extensı́vel de funções. De entre as disponı́veis, essencialmente de foro topológico, permite determinar, sobre conjuntos seleccionados de conceitos, o nı́vel-de-entrada e o nı́vel-de-saı́da, a existência de ciclos e agrupamentos, hierarquias de causalidade, etc.. Na perspectiva da análise comparativa de mapas causais, providencia algoritmos simples para a identificação de semelhanças e diferenças entre mapas. Finalmente, define ainda uma linguagem textual de alto nı́vel para a definição de novos algoritmos e combinação dos já oferecidos, bem como para o acesso a alguns pacotes estatı́sticos externos. Todavia, os algoritmos, tal como a manipulação dos elementos gráficos, não levam em consideração o tipo das ligações, nem a causalidade negativa. Mesmo a lin- CAPÍTULO 3. PANORAMA TECNOLÓGICO 84 guagem textual que oferece, dificilmente permite estender do modelo de mapas causais subjacente, que, na realidade, apenas considera causalidade positiva simples. Embora sem qualquer forma de interacção ou mesmo apresentação visual, deve ser mencionada a ferramenta que resulta do trabalho de Laukkanen sobre o estudo comparativo dos mapas causais (Laukkanen, 1992; Laukkanen, 1998). Contrariamente à anterior, esta ferramenta, o CMAP 2, assenta os seus métodos de análise na definição cuidada e relativamente rı́gida de uma ontologia de conceitos. Na definição dessa ontologia faz-se a tradução entre os termos normalizados e os termos ou frases de uso corrente empregados por cada indivı́duo, cujo pensamento esteja a ser objecto de projecção em mapas causais. A ferramenta permite aferir a centralidade dos constructos, com base na frequência de utilização dos termos normalizados (ou dos seus equivalentes naturais) e das relações causais, bem como na distância causal entre conceitos (em função dos sucessivos nı́veis de entrada e saı́da). Esta incursão sobre os mapas de inventário, taxionómicos e causais, torna o CMAP 2 relativamente interessante e especialmente adaptado ao estudo comparativo dos mapas de vários indivı́duos (ao qual, de qualquer modo, se destina). Numa perspectiva algo diferente, surgem as ferramentas de simulação do pensamento causal. Essa simulação suporta-se em noções de causalidade, que se estendem desde a completa especificação de dependências entre conceitos (ou variáveis), até às que recorrem a aproximações baseadas na lógica difusa. De entre as primeiras, tome-se como exemplo o Vensim (Ventana, 1997), uma ferramenta especialmente vocacionada para a área da dinâmica de sistemas (system dynamics). As relações causais definem-se nas fórmulas que se podem (ou se têm que) associar aos nós e que permitem simular o sistema. Neste sentido, são inúmeras as variantes de causalidade que permite, já que é possı́vel especificar com exactidão como o efeito varia em função da causa ou causas. Se relativamente à simulação estas caracterı́sticas trazem vantagens, em termos de representação exploratória do pensamento causal torna-se desnecessariamente exigente e formal e assim menos adequada que, por exemplo, o Decision Explorer. Já na perspectiva de interacção, o Vensim proporciona um mecanismo de edição de diagramas por manipulação directa, mais flexı́vel e coerente que o Decision Explorer. 3.2. FERRAMENTAS DE SUPORTE A MAPAS COGNITIVOS 85 Em todo o caso, apesar de não completar interacções que resultem em especificações sintacticamente incorrectas, não oferece, ainda assim, qualquer retorno elucidativo. Noutras situações, em que a operação é opcional ou o resultado ambı́guo, exibe um retorno textual sob a forma de caixas de diálogo. Também do ponto de vista de visualização, o Vensim é ligeiramente mais elaborado que o Decision Explorer, em particular na apresentação dos resultados de análise, sob a forma de diagramas, que podem coexistir no espaço visual dos mapas. Contudo, não permite a visualização simultânea de vários focos do diagrama, mecanismos de distorção ou o posicionamento automático de nós e arcos. Finalmente, é de notar a inexistência de algoritmos adequados à análise de mapas causais. Baseadas na lógica difusa, mas sem grandes preocupações ao nı́vel visual ou interactivo, refiram-se as ferramentas propostas por Kosko (1996) e por Carvalho e Tomé (1999). A sua particularidade é, no primeiro caso, a atribuição de pesos aos conceitos e, no segundo, a possibilidade de definir o tipo de causalidade nas relações (positiva ou negativa) e atribuir-lhe graus de confiança. A sua relevância, relativamente a ferramentas como o Vensim, situa-se no facto de requererem apenas a especificação da topologia do mapa, dos pesos ou graus de confiança e das condições iniciais, para proporcionarem a simulação. Não exigem, portanto, uma descrição tão formal, em termos de variáveis e fórmulas de dependência. 3.2.4 Mapas argumentativos Um vasto trabalho tem sido realizado em redor dos mapas argumentativos. As ferramentas que aqui se enquadram, propõem primitivas gráficas e estruturas de navegação que orientam os utilizadores segundo esquemas de argumentação clássicos, tal como o de Toulmin, o IBIS ou o QOC, ou de acordo com extensões a esses esquemas (veja-se 2.2.1.4 no capı́tulo anterior). Essas ferramentas são apresentadas, quer como soluções genéricas de facilitação do processo argumentativo, quer integradas em sistemas desenvolvidos para domı́nios especı́ficos (e.g. arquitectura, escrita e gestão de redes). Shum (1996; 1993) revê várias dessas ferramentas, descrevendo desde os seus fundamentos teóricos até às suas caracterı́sticas especı́ficas e aplicação. CAPÍTULO 3. PANORAMA TECNOLÓGICO 86 Pela sua caracterı́stica seminal, deve ser mencionado o gIBIS (Conklin & Begeman, 1987; Conklin, 1988) e os trabalhos de Marshall (1987) para suporte ao esquema de Toulmin, com base no NoteCards. É ainda interessante fazer referência ao JANUS (Fischer et al., 1989), um sistema para a criação de desenhos arquitecturais. O sistema integra uma ferramenta de edição de plantas, por manipulação directa, uma base de conhecimento sobre artefactos, regras e recomendações de construç ão e uma ferramenta de argumentação que recorre a esquemas hierarquizados do IBIS (o PHIBIS - veja-se página 45). O papel da ferramenta é, precisamente, oferecer aos utilizadores um local semi-estruturado de pesquisa e anotação das decisões tomadas, particularmente útil quando estas violam as regras de construção. De facto, quando a manipulação de um artefacto contraria uma recomendação de construção, o sistema expõe uma mensagem de aviso num espaço dedicado. Essa mensagem, por sua vez, constitui um tópico (issue) de base para uma estrutura argumentativa, que pode ser consultada e completada na ferramenta de argumentação. Mais recentemente surgem ferramentas mais elaboradas como o SIBYL (Lee, 1990) e o SEPIA (Streitz et al., 1992). O primeiro suporta o DRL (Decision Representation Language), uma linguagem de argumentação que estende os conceitos do QOC e do IBIS, apresentando-se sob a forma gráfica e matricial. Oferece mecanismos de gestão de dependências entre decisões, a detecção de objectivos e assunções comuns e a introdução de pesos na definição de argumentações que suportam alternativas. O SEPIA, integrado posteriormente no DOLPHIN (Haake et al., 1994), um sistema de reuniões e tomada de decisão em grupo, face a face ou distribuı́da, é uma ferramenta orientada para a escrita, individual ou em grupo, de documentos complexos, de teor argumentativo. A ferramenta propõe a estruturação do processo criativo, em quatro espaços de actividades: conteúdo, retórica, planeamento e argumentação. No de conteúdo, as ideias são expressas, agrupadas e classificadas. No de retórica, é escrito o documento final. Nos espaços de planeamento e argumentação, são usados esquemas argumentativos propostos pelos autores e derivados, respectivamente, do IBIS e do de Toulmin. Os componentes dos diagramas podem-se transferir ou referenciar entre os diversos espaços. Quando transferidos tendem a assumir papéis distintos e, consequentemente, corresponder a tipos diferentes em cada diagrama (e.g. posição 3.2. FERRAMENTAS DE SUPORTE A MAPAS COGNITIVOS 87 no espaço de planeamento e afirmação no de argumentação), embora se refiram ao mesmo objecto, denotando o mesmo conteúdo. Estas ferramentas oferecem caracterı́sticas interessantes, nomeadamente na facilidade de análise e manipulação directa dos mapas. Nos mecanismos de apresentação, permitem a existência de vistas múltiplas com visões globais dos mapas e perspectivas focadas em pormenor (por aproximação). São ainda ferramentas que articulam representações formais, semi-formais e até informais (no caso do DOLPHIN pela possibilidade de inclusão de esboços) nos espaços de apresentação dos mapas. Não obstante, esta articulação e consequentemente a sua exploração é deixada sem apoio ou, como no caso do JANUS, é assistida por formas limitadas de retorno, de caracter textual, a manipulações directas de objectos gráficos. No suporte a diagramas de grandes dimensões deixam ainda em aberto a exploração e visualização de focos afastados, mas potencialmente relacionados, de um mesmo gráfico. 3.2.5 Mapas de conceitos: mentais e de âmbito organizacional Alargando o horizonte aos mapas de conceitos, encontra-se um conjunto mais numeroso e diversificado de ferramentas. Nesta categoria enquadram-se, por exemplo, as anteriormente citadas, à excepção das que dão suporte à inventariação, mas também ferramentas de Suporte Computacional à Engenharia de Sistemas Programados (Computer Aided Software Engineering) - referido doravante pelo seu acrónimo anglo-saxónico, CASE. Num contexto próximo à cognição devem ainda ser mencionadas as ferramentas que servem a criação de mapas mentais. De entre estas tome-se, como exemplos, o Visi Map (CoCo, 1998) e o Mind Manager (Mind, 1999). Ambas oferecem mecanismos coerentes de criação de diagramas que se estendem a partir de um nó central, tal como propõe a aproximação dos mapas mentais. São extremamente versáteis do ponto de vista da aplicação de atributos gráficos, sob a forma de esquemas de cores, estilos de traço, ı́cones, etc.. Quanto à manipulação directa de nós e arcos, não exibem grandes possibilidades já que, por um lado, a sua distribuição espacial é quase totalmente definida pela aproximação, por outro, são essencialmente esboços livres do pensamento, CAPÍTULO 3. PANORAMA TECNOLÓGICO 88 sem enquadramento em modelos ou resultados anteriores. No âmbito organizacional é interessante referir as ferramentas associadas à aproximação proposta por Yu (1995b; 1995a) no contexto da reengenharia dos processos de negócio. Estas combinam técnicas semi-informais de argumentação e enumeração de dependências, com mecanismos de especificação de fluxos de trabalho. Finalmente, numa situação que aparentemente se intercepta com um dos resultados deste trabalho, surgiu recentemente um conjunto de ferramentas especificamente orientadas para o suporte aos métodos da Análise de Correntes (Stream Analytics, 1997). Estas oferecem mecanismos para angariação de informação, através de conjuntos organizados de perguntas, e para construç ão de cartas de diagnóstico e de planeamento. No entanto, o seu objectivo essencial é a concretização operacional dos métodos, sem preocupações a nı́vel da interacção pessoa-máquina ou da exploração e articulação de diferentes tipos de mapas cognitivos. 3.3 Tecnologia para a criação de ferramentas Uma vez estabelecido o panorama tecnológico relativo às ferramentas que providenciam suporte a mapas cognitivos, ir-se-á, nesta secção, abordar alguns sistemas ou componentes que poderão ser usados na criação de alternativas. Cobrir-se-ão, primeiramente os sistemas geradores de ferramentas, habitualmente designados por meta-ferramentas, descrevendo-se logo após algumas bibliotecas de componentes. As primeiras oferecem mecanismos de alto nı́vel que guiam os utilizadores no desenvolvimento das aplicações computacionais dedicadas, no caso vertente as ferramentas de trabalho com mapas cognitivos. As segundas disponibilizam componentes que podem constituir os núcleos centrais na programação daquelas aplicações. Em contraposição à facilidade de construção providenciada pelas meta-ferramentas, as bibliotecas permitem uma maior flexibilidade na selecção e ajuste dos componentes e, porventura, uma maior adequação às caracterı́sticas particulares da utilização dos mapas. Neste sentido, alguns destes sistemas são de facto hı́bridos, já que podem ser usados como meta-ferramentas até determinado nı́vel de elaboração, passando a bibliotecas quando é necessário um ajuste mais minucioso do comportamento ou a inclusão de novas 3.3. TECNOLOGIA PARA A CRIAÇ ÃO DE FERRAMENTAS 89 funções nas ferramentas a construir. 3.3.1 Meta-ferramentas As meta-ferramentas surgem nos últimos anos como forma de resolver a incapacidade que algumas ferramentas têm, em particular as de CASE, de se adaptar aos domı́nios em que é requerida a sua aplicação e às opções e preferências dos seus utilizadores. Por um lado, as meta-ferramentas permitem ajustar as caracterı́sticas das aplicações geradas às particularidades do domı́nio, por outro, conseguem suportar as inúmeras variantes entre linguagens de especificação de modelos e a sua rápida evolução. Em geral, estes sistemas admitem a definição das estruturas conceptuais e dos elementos gráficos das linguagens visuais que lhes correspondem. Por vezes, incluem ainda a possibilidade de estabelecimento de restrições entre essas estruturas que, por sua vez, se podem reflectir na manipulação dos elementos gráficos quando já incorporados nas ferramentas geradas. Neste contexto, começar-se-á por referir o Hardy (AIAI, 1995; Smart & Rae, 1995), essencialmente vocacionado para a criação de aplicações que fazem uso de diagramas, oferece ainda mecanismos para a definição de ligações hipertexto e articulação com um sistema de suporte a sistemas periciais, o CLIPS. Para a criação de linguagens visuais, o Hardy disponibiliza meios para a composição guiada dos elementos gráficos da linguagem (i.e. tipos de nós e de arcos), a partir de primitivas simples. É possı́vel escolher e estabelecer restrições geométricas entre os componentes, que determinam o seu posicionamento relativo e o seu comportamento aquando da alteração do objecto, como um todo. O Hardy permite ainda, de forma semelhante, a definição de tipos de nós contentores e o estabelecimento de restrições que decidem o tipo de nós que as suas instâncias podem conter. Também relativamente aos arcos, com duas ou mais terminações, podem ser estabelecidas restrições quanto ao tipo de nós que ligam. Estas restrições, nos nós contentores e nos arcos, ditam a sintaxe da linguagem. Os elementos gráficos assim definidos, são apresentados em paletas e postos à mercê dos utilizadores nas ferramentas finais. O controlo pormenorizado desses elementos, a sua ligação a estruturas no sistema de representação de conhecimento subjacente ou CAPÍTULO 3. PANORAMA TECNOLÓGICO 90 a sistemas externos, deverá ser feita directamente no CLIPS. Neste caso, não é dado qualquer suporte a programação guiada ou visual. Do ponto de vista da interacção, o Hardy e os refinamentos nele definidos são relativamente rı́gidos. A actuação sobre os elementos gráficos pode ser feita por manipulação directa, não sendo concretizadas as operações, quando as restrições sintácticas definidas nos arcos ou nos nós contentores são contrariadas. O retorno oferecido, para além da não instanciação do elemento gráfico, é simplesmente uma explicação textual em rodapé. Na única situação de foro semântico considerada, em que nós dentro de contentores são arrastados para fora deles ou vice-versa, não contravindo as restrições sintácticas impostas, o Hardy quebra a continuidade da manipulação através de uma caixa de diálogo. Essa caixa pergunta ao utilizador se o nó deve ou não sair de facto, ou, no caso inverso, se o nó fica sobre ou dentro do contentor (originando situações algo confusas). Outras situações semelhantes que requerem o juı́zo do utilizador, tı́picas na manipulação de elementos de mapas cognitivos, não são contempladas. Sobre o Hardy há ainda que fazer referência às técnicas de apresentação que oferece. As ferramentas dele decorrentes permitem a representação do mesmo objecto (por um nó ou um arco) em diagramas diferentes, i.e. com a mesma aparência mas em posições distintas e, eventualmente, inseridas em estruturas complementares. É igualmente admitida a expansão de nós em novos diagramas, que assim formam uma estrutura hierárquica. Em conjunção, estas duas caracterı́sticas permitem a criação de diagramas relativamente simples de perceber, mas que, no seu todo, constituem estruturas complexas. A associação entre os diagramas é feita através de ligações hipertexto. Finalmente, mencionem-se dois algoritmos de distribuição espacial de nós, em forma de árvore e em linha. Se é certo que, uma vez estruturados, estes mecanismos permitem uma navegação confortável, já no processo exploratório de criação, eles requerem demasiadas e constantes decisões sobre os momentos certos para definir novos diagramas, cópias dos nós ou dos arcos, ou para a sua estruturação hierárquica. Por outro lado, as ligações hipertexto não são estaticamente visı́veis, i.e. por vezes só é possı́vel descobrir onde termina uma ligação, se esta for seguida. Esta situação e a proliferação de cópias po- 3.3. TECNOLOGIA PARA A CRIAÇ ÃO DE FERRAMENTAS 91 de originar alguma confusão na comparação de focos ou de perspectivas distintas do mesmo diagrama. O Kmap (Gaines & Shaw, 1995) é uma ferramenta semelhante ao Hardy. Oferece uma capacidade comparável para a definição de elementos gráficos das linguagens visuais, para interagir com eles e para os visualizar, embora seja mais pobre em termos de suporte ao estabelecimento de restrições sintácticas. Quanto à programação, permite a utilização de linguagens interpretadas como o AppleScript e o Tcl. Como caracterı́sticas especı́ficas, oferece uma maior capacidade de exportar e importar representações, particularmente representações de conhecimento. Providencia ainda um maior número de tipos de base, especificamente relacionados com os mapas cognitivos e de conceitos. Entre estes, evidencia-se um tipo de nó, que dá acesso a um formulário para especificação e classificação de elementos em grelhas de repertório. No seguimento do anterior, por complementaridade, deve ser citado o trabalho de Kremer (Kremer, 1997b; Kremer, 1997a), materializado no Constraint Graphs. Este sistema permite a definição de restrições entre elementos de diagramas, de modo a criar linguagens visuais para mapas de conceitos. Kremer faz uma análise pormenorizada de várias linguagens, nomeadamente o gIBIS, a linguagem definida no KDraw e os Grafos Conceptuais, entre outras, que o seu sistema consegue representar. A componente de interacção pessoa-máquina do Constraint Graphs é suportada por uma biblioteca dedicada e integrada numa ferramenta de desenho (o KSIMapper). A biblioteca comunica e actualiza-se de acordo com as restrições definidas no componente abstracto do Constraint Graphs. Quanto à interacção, é apenas de registar a capacidade de oferecer vistas múltiplas sem, no entanto, qualquer forma de articulação. Com caracterı́sticas próximas às ferramentas de argumentação aponte-se o Aquanet (Marshall et al., 1991). É uma ferramenta de hipertexto vocacionada, segundo os autores, ”para a organização de ideias”e, em geral, ”para tarefas de estruturação de conhecimento”. Um dos seus objectivos primordiais foi oferecer aos utilizadores a capacidade de definir os seus próprios esquemas, cujas primitivas de base emergem dos de Toulmin e do IBIS, particularmente se forem consideradas as suas versões que admitem decomposição e encadeamento (como o PHIBIS ou os propostos por Streitz et CAPÍTULO 3. PANORAMA TECNOLÓGICO 92 al. - veja-se 2.2.1.4, página 44). Uma propriedade interessante e peculiar do Aquanet é a possibilidade de estabelecer, a priori, a disposição espacial relativa dos elementos de um esquema, que se manterá ao longo da estruturação. O Aquanet funciona como meta-ferramenta para a definição de esquemas e posteriormente como ferramenta de argumentação, baseada nesses mesmos esquemas. Especificamente orientados para a construção de ferramentas de aquisição de conhecimento e de sistemas periciais, reporte-se como exemplos o projecto PROTÉGÉ e o KSM (Molina et al., 1996). Ambos se baseiam fortemente na definição de ontologias adequadas aos domı́nios alvo e na escolha de métodos para a resolução de problemas, suportados por bases de conhecimento. Ontologias, métodos e suporte para essas bases são posteriormente integrados nas ferramentas que geram. O PROTÉGÉ II (Eriksson et al., 1994) e em especial a sua evolução o PROTÉGÉ/Win oferece ainda meta-ferramentas que permitem a construção de interfaces pessoa-máquina. Essas interfaces são particularmente bem articuladas em torno das estruturas ontológicas que permitem definir e podem incluir editores de diagramas nas aplicações produzidas. No entanto, a capacidade de interacção é diminuta. Os elementos gráficos dos diagramas surgem, aliás, em consequência quase directa dos elementos das ontologias, i.e., sem grandes capacidades de parametrização. Finalmente e agora no âmbito das meta-ferramentas de CASE, mencione-se, pela sua preponderância, o MetaEdit (MCC, 1997; Kaipala, 1997; Kelly et al., 1996). Este, vocacionado para a geração de ferramentas de modelação e desenho de sistemas, oferece acesso a formas relativamente potentes de definição de estruturas e correspondentes representantes gráficos, proporcionando mecanismos de geração de código e de comunicação com bases de dados. No entanto, quanto à componente de interacção pessoa-máquina das ferramentas que gera, eventualmente mais cuidada do ponto de vista gráfico, não difere particularmente dos sistemas anteriores. 3.3.2 Bibliotecas No que respeita às bibliotecas de componentes, o panorama é relativamente mais vasto. Por um lado, surgem as que tentam sustentar as diversas facetas inerentes ao 3.3. TECNOLOGIA PARA A CRIAÇ ÃO DE FERRAMENTAS 93 mapas cognitivos, ou, mais precisamente, a sua perspectiva formal de representação de conhecimento. Por outro lado, é possı́vel encontrar pacotes orientados para aspectos particulares, mas que, sendo potencialmente compatı́veis entre si, ou com outros sistemas, e mais facilmente estendidos para nova funcionalidade, se podem integrar na construção das ferramentas pretendidas. No âmbito dos sistemas baseados em conhecimento, Gaines (1994) apresenta uma biblioteca extremamente abrangente que, aliás, constitui o núcleo de suporte a sistemas como o KSS0, o KSSn, o KDraw e o Kmap atrás referidos, bem como a ferramentas de análise de conteúdo, hipermédia e até para a escrita de documentos activos (i.e. ligados a sistemas periciais) e em grupo. Essa biblioteca, o KRS (Knowledge Representation Server), oferece um conjunto de classes em C++ para a angariação e representação de conhecimento, inferência e interacção pessoa-máquina, incluindo componentes para a definição de linguagens visuais baseadas em diagramas. Abarca ainda classes para tratamento de textos, acesso a mecanismos de comunicação entre processos, a linguagens interpretadas, como o Tcl, e a estruturas hipertexto. De um modo geral, pode dizer-se que as caracterı́sticas das estruturas e funções que esta biblioteca providencia, são semelhantes às anteriormente atribuı́das aos sistemas de que constitui o núcleo. Ainda enquadrado com os sistemas de representação de conhecimento, aponte-se novamente o Hardy. De facto, embora surja como meta-ferramenta em grande número de aplicações, na perspectiva de quem pretende fazer ajustes minuciosos ao seu comportamento e à sua integração com as estruturas subjacentes, o Hardy deve ser visto como um pacote ou biblioteca de funções do CLIPS. Este, por sua vez, providencia suporte para a criação de sistemas periciais, que incluem a definição de regras, funções e mecanismos de programação orientada para objectos. Na perspectiva de colmatar algumas das deficiências de interacção pessoa-máquina, das ferramentas existentes ou construı́das por meta-ferramentas e bibliotecas particularmente orientadas para a representação de conhecimento, abordar-se-ão de seguida algumas bibliotecas de componentes de interacção. Em particular referir-se-ão exemplares relevantes que oferecem mecanismos de visualização e edição de diagramas baseados em grafos ou de desenho e manipulação de objectos gráficos que inclu- 94 CAPÍTULO 3. PANORAMA TECNOLÓGICO am subsistemas de tratamento de restrições. Uns e outros são potencialmente integráveis com sistemas de inferência e representação de conhecimento - por exemplo, o CLIPS e o Mike (Open University, 1989) - com sistemas de gestão de bases de dados, ou simplesmente com sistemas de ficheiros, cujas interfaces programáticas (application programming interface – API) estão normalmente disponı́veis. No âmbito das bibliotecas de suporte a diagramas, refira-se o vasto trabalho que se tem realizado em volta do LEDA (Mehlhorn & Näher, 1995) que, não constituindo um sistema que proporcione uma forma elaborada de objectos gráficos, define um conjunto alargado de estruturas de dados e algoritmos para a construção de aplicações de computação combinatória e geométrica. Esta biblioteca é usada, por exemplo, no GDToolkit (ALTCOM-IT, 1997), que inclui um pacote de desenho de diagramas extremamente eficiente, e no Graphlet (Himsolt, 1996), uma biblioteca entre cujos componentes se encontra um editor de diagramas. Em geral, no entanto, estas bibliotecas dão especial atenção ao desenho dos gráficos, orientando-se particularmente para questões de rapidez e de capacidade de disposição automática de nós e arcos, segundo algoritmos pré definidos ou, em casos mais elaborados, parametrizáveis por restrições. As capacidades de interacção e retorno são normalmente pobres ou, no melhor dos casos, semelhantes aos sistemas anteriormente apresentados. Numa perspectiva mais abstracta cite-se o Amulet (Myers et al., 1997). Este é o nome de uma biblioteca genérica para a construção de interfaces pessoa-máquina que inclui, para além de objectos tı́picos de interacção (botões, barras de deslocamento, etc.), um conjunto de base de objectos gráficos (telas, ovais, rectângulos, grupos) e outro especı́fico para o tratamento das entradas, em particular de diversas formas básicas de manipulação (movimento e redimensionamento, desenho, entrada de texto), com suporte à gestão de comandos reversı́veis (undo). Estes componentes são construı́dos sobre dois subsistemas, um de primitivas gráficas de desenho e outro que oferece um modelo de objectos baseado em protótipos, ainda que concretizado em C++, suportando mecanismos de programação e resolução de restrições. O Amulet proporciona uma bancada bastante completa para a criação experimental de interfaces, particularmente no que concerne à utilização de restrições. No en- 3.3. TECNOLOGIA PARA A CRIAÇ ÃO DE FERRAMENTAS 95 tanto, em termos de mecanismos de apresentação, o seu suporte reduz-se a formas comuns de visualização sem distorção. Por outro lado, apesar de disponibilizar mecanismos para a definição de resolução de restrições complexas, a sua articulação com as formas de retorno é relativamente rı́gida, i.e. a definição de linguagens mais elaboradas de retorno, que se enquadrem nos princı́pios da manipulação, não é de todo suportada. Finalmente, o facto de não se integrar com bibliotecas de componentes de interacção normalizados, complica fortemente a tarefa de desenvolvimento de ferramentas. Antes de terminar a abordagem às bibliotecas refira-se o trabalho de Paulo (Paulo, 1996) concretizado nas sucessivas evoluções da biblioteca EdGar ou na sua contribuição no âmbito do projecto MADE. Em ambos os casos é oferecido um conjunto de classes em C++, no caso do MADE, com acesso ao Tcl como linguagem interpretada, e, nalgumas versões do EdGar, com ligação a um subsistema de suporte à interpretação em C++ (Carriço, 1991). Os componentes providenciados nestas bibliotecas, oferecem mecanismos para a interacção com os diagramas e formas avançadas de apresentação e navegação. No caso da interacção, é fornecido um conjunto base de manipulações tı́picas, entre as quais se inclui a manipulação directa dos elementos dos diagramas. Esta, no entanto, determina uma forma relativamente rı́gida de retorno semântico, mesmo no caso do refinamento das classes oferecidas. Na perspectiva de visualização, permitem a definição de vistas múltiplas sobre um mesmo diagrama (i.e. o mesmo diagrama pode ser apresentado em diferentes janelas) e de múltiplas representações visuais do mesmo conceito (i.e. nós e arcos com propriedades gráficas diferentes podem, no mesmo diagrama ou em diagramas diferentes, constituir representações do mesmo conceito). Oferece ainda algoritmos de disposição automática dos nós e dos arcos no espaço do diagrama, incluindo os de diminuição do número de intercepções entre arcos, e vistas de olho de peixe, com um ou vários focos. O EdGar toma especial importância por estar na base de concretização do trabalho apresentado nesta dissertação. Em primeiro lugar, constituiu a plataforma inicial de experimentação, em que foram introduzidas algumas das primitivas de representação e dos mecanismos de tratamento de restrições, que aqui se propõem. Foi também a partir dessa experimentação que se veio a delinear a arquitectura sugerida e que pro- CAPÍTULO 3. PANORAMA TECNOLÓGICO 96 porciona, como adiante se exporá, o suporte necessário à criação de formas de retorno adequadas. Posteriormente, esteve ainda na génese da construção de uma biblioteca, o EdGar++ (Costa et al., 1996), que oferecia a possibilidade de inclusão dos componentes de edição dos diagramas em ferramentas que suportassem o OLE2 e permitia a definição de estruturas hierárquicas de diagramas (i.e. em que os nós podem aceder a subgrafos). Esta biblioteca, embora apenas com as primitivas de base do EdGar (nós simples e arcos) e com a ausência do mecanismo de tratamento de restrições, denota uma arquitectura já mais próxima da que se propõe neste trabalho. 3.4 Discussão A quantidade de ferramentas, meta-ferramentas e bibliotecas existentes, com potencialidade de suportarem alguns dos requisitos impostos pela exploração e análise de mapas cognitivos é, sem dúvida, bastante grande. Algumas delas, como o Kmap e seus derivados, oferecem soluções assaz completas no que respeita à angariação e representação formal de conhecimento, articuladas com mecanismos de simulação que, ainda que numa perspectiva demasiado racionalista, permitem fazer análises interessantes do processo cognitivo. No extremo oposto, surgem ferramentas do tipo do Decision Explorer, que disponibilizam os meios básicos de exploração de mapas (ou pelo menos de seu esboço), completados por algoritmos de análise topológica com fundamentação teórica e acesso a pacotes estatı́sticos. Se por um lado estes sistemas cobrem relativamente bem as formas possı́veis de análise, por outro ficam bastante aquém do que é requerido em termos de interacção pessoa-máquina e mesmo de algumas facetas respeitantes à representação do pensamento. Neste último ponto, são frequentemente ignorados os parâmetros de incerteza, nı́veis de importância e, em geral, os que resultam da insuficiência de informação e da impossibilidade de racionalização dos problemas reais. Algum avanço é dado nos sistemas baseados na lógica difusa, infelizmente muito desenquadrados das necessidades de interacção e teimosamente insistentes nos aspectos de simulação de raciocı́nio. Relativamente à interacção pessoa-máquina, o panorama tecnológico tende a foca- 3.4. DISCUSSÃO 97 lizar-se na representação visual, relativamente estática, de linguagens formais e normalmente rı́gidas. Em alguns casos, circunscritos a meta-ferramentas e bibliotecas, essa austeridade é colmatada por mecanismos de definição de restrições, que articulados com formas de parametrização de atributos gráficos e espaciais, permitem já alcançar algum do requerido abrangimento. Quanto à apresentação, em particular às soluções disponibilizadas para a visualização e comparação de diagramas de grandes dimensões, também as ferramentas existentes não se aproximam das expectativas. De facto, falham mesmo em providenciar algumas das técnicas de apresentação disponı́veis em bibliotecas e ferramentas de outros domı́nios, como vistas múltiplas, hierarquização, já para não mencionar as mais elaboradas de distribuição espacial e de distorção. Em todo o caso, a verdade é que mesmo estas técnicas deixam alguns dos requisitos de apresentação sem solução adequada. Será o caso, como foi referido, da visualização de vários focos, na análise ou edição em pormenor, possivelmente contextuados, em que são perceptı́veis elementos, tão essenciais, como as relações (arcos) entre os diversos conceitos apresentados. A utilização de vistas múltiplas quebra claramente a continuidade dos arcos, ao passo que as alternativas de distorção multifoco tendem a miniaturizá-los de tal modo no espaço entre focos, que torna extremamente difı́cil o seu seguimento visual. Finalmente, refira-se outro dos problemas que se revela persistente em todas as aproximações mencionadas e mesmo noutras não directamente relacionadas no âmbito do contexto deste trabalho. Trata-se pois, da incapacidade que esses sistemas computacionais têm, de oferecer formas de retorno adequadas à manipulação de objectos sujeitos a restrições não necessariamente peremptórias, como aquelas que se definem em ambientes exploratórios e não completamente exactos, de que são exemplo os mapas cognitivos. Este facto, embora parcialmente resultante de não ser considerado o aspecto contingencial da especificação dos conceitos e relações representados, esbarra igualmente na falta de modelos de interacção entre objectos, especificamente orientados para o problema em causa. Uma vez definidos esses modelos, pode então conceber-se uma plataforma de suporte à definição de dialectos de retorno, suficientemente expressivos e que se enquadrem nos princı́pios da manipulação directa, como forma por excelência para a exploração dos mapas. CAPÍTULO 3. PANORAMA TECNOLÓGICO 98 3.5 Sumário Neste capı́tulo abordou-se a tecnologia que, segundo a perspectiva do trabalho aqui documentado, pode influenciar a concepção de ferramentas de criação e análise de mapas cognitivos, no âmbito das organizações. Começou por se apresentar um conjunto de conceitos e técnicas fundamentais, que se enquadram nas áreas consideradas pertinentes aquando da análise do domı́nio de aplicação. Nesse contexto, revisitouse a cognição, agora enquanto actividade influente na boa utilização de ferramentas interactivas e descreveram-se algumas técnicas de representação, apresentação e interacção, focando-se, esta última, sobre os aspectos da manipulação directa. Em posse destes conceitos, fez-se então uma análise das ferramentas disponı́veis, cobrindo as diversas perspectivas de mapas cognitivos antes introduzidas. Alargando o horizonte de estudo à tecnologia existente para a construç ão de ferramentas interactivas e de foro cognitivo, continuou-se então pela apreciação de meta-ferramentas e bibliotecas que poderiam, de algum modo, colmatar algumas das falhas encontradas nas ferramentas analisadas. Finalmente, discutiram-se as lacunas globais encontradas relativamente aos requisitos impostos, que abrem o espaço ao desenvolvimento do trabalho desta tese. Suporte à expressão de mapas cognitivos O trabalho elaborado no âmbito desta dissertação pretende, antes de mais, oferecer um conjunto de conceitos e técnicas de representação, visualização, manipulação e retorno, especificamente orientadas para lidar com mapas cognitivos. Este capı́tulo debruçar-se-á sobre os aspectos relacionados com os dois primeiros temas, que englobam a expressão dos mapas, nesta tese particularmente focada sobre a sua vertente visual em forma de diagrama. Note-se, no entanto, que esta expressão visual fundamenta-se numa estrutura de representação conceptual, que reflecte as caracterı́sticas e restrições impostas aos conceitos subjacentes, não necessariamente ligados aos atributos gráficos ou distribuições espaciais. Como exemplo, tomem-se as variantes possı́veis de representação visual para uma mesma taxionomia, mapa causal ou de argumentação, discutidos no capı́tulo 2. Só com base numa representação conceptual comum, se poderá então projectar, de forma consistente, um conjunto de alternativas, eventualmente complementares, que abarque diversas linguagens visuais gráficas (ou sob a forma de tabelas, ou até textuais). Finalmente, uma vez definidas as primitivas e caracterı́sticas dessas linguagens, há que mostrá-las nos dispositivos computacionais, gerindo o espaço e a forma de apresentação, de modo a facilitar a visualização e análise dos mapas construı́dos. Os conceitos e as técnicas aqui propostos (Carriço & Guimarães, 1998c; Carriço & Guimarães, 1998a), em conjunto com as disponibilizadas para a manipulação e retorno, foram concretizadas e incluı́das numa biblioteca, a que se chamou InCoMa acrónimo formado a partir da designação anglo-saxónica INteractive COgnitive MApping. A biblioteca e os conceitos que lhe estão subjacentes, foram posteriormente usa99 100 CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS dos na concepção e construção de protótipos de ferramentas de exploração e análise de mapas cognitivos, no âmbito de modelos organizacionais e de acordo com requisitos e opções, anteriormente traçados. O capı́tulo começará por abordar os elementos indispensáveis à representação dos mapas cognitivos ao nı́vel conceptual e, posteriormente, ao nı́vel visual. Num e noutro caso, dar-se-á particular atenção aos aspectos de flexibilidade e capacidade expressiva, em que se inclui não só a grande variedade de formas que estes mapas podem assumir, mas também as caracterı́sticas de contingência e dinamismo, de que se reveste a utilização destas representações. Leva-se ainda em linha de conta, o seu enquadramento com as técnicas de análise, particularmente as que decorrem da teoria dos grafos, e a sua posterior articulação com os mecanismos de manipulação, desenvolvidos também no âmbito deste trabalho. A especificação dos elementos de representação será feita, sempre que se considerar oportuno, usando a notação associada à aproximação UML, tal como é apresentada por Booch et al. (1998). Uma vez feita a especificação dos mecanismos de representação, são explicados os artefactos de apresentação, em especial aqueles concebidos para a facilitação da edição e análise visual, pormenorizada e multifoco, de mapas que assumem proporções consideráveis. Antes de terminar o capı́tulo, abordam-se alguns aspectos da concretização das técnicas apresentadas. Discutir-se-ão sucintamente as facetas de arquitectura e desenvolvimento, a partir dos sistemas que estiveram na sua origem. 4.1 Representação conceptual Na descrição que se segue, tomar-se-á como exemplo ilustrativo de base, um mapa cognitivo concreto resultante das actividades experimentais desenvolvidas no âmbito do projecto MAPCOG - veja-se a descrição pormenorizada da experiência por Carriço et al. (1998). O mapa, exibido na figura 4.1, expressa uma representação do pensamento de um indivı́duo (e apenas deste), com o papel de vendedor, numa negociação. Esta, envolvendo também um comprador, constitui um paradigma experimental simples, introduzido por Pruitt e frequentemente usado no estudo das tácticas 4.1. REPRESENTAÇÃO CONCEPTUAL 101 Figura 4.1: Um mapa cognitivo de um vendedor numa negociação. de negociação - uma apresentação em pormenor deste paradigma pode ser vista no livro de Jesuino (1992, p.52-54). Resumidamente, pode descrever-se a negociação do seguinte modo: Foi pedido aos negociadores para (num intervalo de tempo limitado) chegarem a um acordo em que fosse transaccionado um lote de produtos. Esse lote seria obrigatoriamente constituı́do por uma categoria de cada um dos três tipos de bens disponı́veis (designem-se aqui por X, Y, e Z). A cada categoria, identificada por uma letra de A até I, dentro de cada tipo de produto, corresponde um valor de unidades de lucro. Vendedor e comprador, tendo tabelas de lucros com o mesmo tipo de produtos e as mesmas categorias, têm valores diferentes em cada uma delas. É possı́vel maximizar o lucro de ambos os jogadores, num lote que corresponde a uma das diagonais da tabela ( ). Este facto, bem como a tabela do adversário, é desconhe- cido pelos negociadores. 102 CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS Com base neste problema foram realizadas diversas experiências. A partir das de preparação, elaborou-se um conjunto de questionários, alguns baseados nas aproximações de Kelly (veja-se o capı́tulo 2). Esses questionários têm como objectivo perceber as estratégias delineadas pelos indivı́duos, antes da negociação, e divisar a sua evolução, depois dela. Uma vez definidos, foram então apresentados aos intervenientes de cada uma das experiências subsequentes. As negociações em si mesmo, fizeram-se por computador, utilizando um programa simples de comunicação textual por rede. Deste modo, foram registadas todas as trocas de informação entre os negociadores. Analisadas as respostas e os registos de cada uma das experiências, obtiveram-se mapas individuais, que foram sucessivamente comparados e compostos. O mapa apresentado, resulta de uma sinopse de mapas de vendedores, que adoptaram estratégias semelhantes à que se expressa. 4.1.1 Elementos de base Tendo em conta os diversos tipos de mapa cognitivo, definiu-se um conjunto de classes fundamentais, cujas instâncias são usadas na sua representação. Essas instâncias serão genericamente designadas por elementos de base, estando patentes no mapa da figura 4.1, numa das suas possı́veis formas visuais. As classes são: Conceitos - simbolizam as variáveis envolvidas no pensamento (e.g. classes, crenças, factos, opções, objectivos, argumentos). Na figura, são apresentados como elipses contendo uma descrição sucinta do seu significado. Associações - representam as relações entre os conceitos (e.g. equivalência, causa). No mapa referente ao negociador, correspondem às linhas curvas ou segmentos de recta (doravante referidos como arcos visuais, de diagrama ou simplesmente arcos) terminados por uma seta (denotando causalidade) ou por dois cı́rculos (relação não tipificada). Contextos - o seu papel é agrupar um conjunto de conceitos, refinando o seu significado (e.g. conceitos do oponente, comunicação, privados). As três formas rectangulares (incluindo a exterior), que apresentam uma descrição textual sobre o canto superior esquerdo, constituem representações visuais comuns de contextos. 4.1. REPRESENTAÇÃO CONCEPTUAL 103 Junções - representam formas de combinar associações. Podem definir operadores entre associações (e.g. conjunção de associações causais) ou constituir, numa associação, pontos de ancoragem para outras (e.g. relações entre associações). No exemplo, um pequeno rectângulo em redor do carácter ’&’ denota uma conjunção de relações causais. As classes identificadas, apesar de constituı́rem um conjunto relativamente simples, permitem, através de processos de refinamento, ir de encontro aos requisitos especı́ficos de cada tipo de mapa. Esses processos originam novas classes de representação (e.g. Tópico, Posição e Responde-a no IBIS, ou Constructo, Causa e Equivalência em mapas causais) e traduzem-se na parametrização dos elementos de base, conjugada com a definição de novas propriedades e o estabelecimento de restrições que orientam a sua posterior utilização. Ressalve-se ainda, relativamente à estrutura encontrada, que ela não forma necessariamente, nem o pretende, o conjunto mı́nimo possı́vel de classes. Antes, identifica grupos de elementos com caracterı́sticas comuns, que se manifestam de forma consistente nos vários tipos de mapa. 4.1.2 Grafos e dependências A estrutura de representação introduzida, provém ainda da prossecução de dois outros objectivos: o seu enquadramento nos componentes básicos de um grafo e o estabelecimento de uma relação clara de dependências. O resultado apresenta-se resumidamente no diagrama de classes mostrado na figura 4.2. Relativamente ao primeiro objectivo, tomou-se por princı́pio a classificação disjunta de nós e arcos, decorrente da própria definição de grafo - veja-se a enunciação formal, por exemplo, nos trabalhos de Paulo (1996). Mais ainda, optou-se por grafos em sentido estrito, em que os arcos são simplesmente binários, i.e. cada um deles termina num par de nós, não necessariamente distintos. Estas escolhas permitem simplificar substancialmente a utilização dos resultados da teoria dos grafos, nomeadamente as técnicas e os algoritmos que lhe estão associados, e, na sequência, alguns pacotes computacionais existentes. Para além disso, a sua projecção em diagramas torna-se bastante mais imediata (e.g. um arco ternário teria que se decompor em três binários e um nó). Por fim, refira-se que CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS 104 Figura 4.2: Uma perspectiva simplificada da taxionomia e da estrutura de dependências dos elementos base usados na representação de mapas cognitivos. a adopção da noção de contexto, ainda que não conste em estruturas grafo puras, não contraria fortemente a sua adaptação. De facto, enquanto conceito, enquadra-se completamente na noção de grafo e, enquanto agregação de conceitos, pode facilmente converter-se num conjunto de associações, entre o conceito que é e os que inclui. Por outro lado, visualmente, tem uma representação, e conceptualmente, um significado, com caracterı́sticas próprias no âmbito dos mapas cognitivos. Assim sendo, conceitos, contextos, e junções são nós de um grafo, ao passo que as associações constituem arcos. O objectivo de simplificar a estrutura base de dependências, foi estabelecido, essencialmente, como forma de facilitar a gestão dos elementos, aquando da sua criação e modificação em cada mapa. Por exemplo, é com base na noção de dependência que a modificação de um elemento se propaga pelos outros que dele dependem. Noutro sentido, é também com base nessa noção, que se desencoraja ou proı́be uma acção de criação ou modificação de um elemento - porque essa acção contravém as restrições que lhe são impostas por outros de que depende. Pode então dizer-se que: dependência é uma relação entre elementos, em que a existência e as propriedades de um, o dependente, são determinadas, total ou parcialmente, pela existência e propriedades de outro, o dominante. 4.1. REPRESENTAÇÃO CONCEPTUAL 105 A organização de dependências, tal como se mostra na figura 4.2, deriva directamente da própria definição das classes e do seu enquadramento nos mapas cognitivos. Numa primeira análise relativa à dependência existencial, pode afirmar-se que as junções dependem das associações que combinam, as associações dos conceitos que relacionam e os conceitos dos contextos em que se inserem. Neste último caso, assume-se a existência de contextos, vulgar em mapas concretos, como abstracções que se definem independentemente dos conceitos que a posteriori poderão incluir. Adoptase a perspectiva, igualmente pragmática, de que os mapas são sempre criados num contexto (e portanto num elemento homónimo) que define o assunto em estudo (será o caso do contexto denotado pelo rectângulo exterior, mostrado na figura 4.1). Quanto à simplificação da rede de dependências, o facto de se terem definido as junções como elementos distintos dos conceitos e de serem aquelas as únicas directamente dependentes das associações, permite localizar e portanto gerir mais facilmente, as restrições impostas à modificação dos elementos. É também esse o caso da introdução de uma entidade abstracta, cuja classe se designa por NóRepresentante, que, entre outros aspectos, permite libertar as junções do jugo directo dos contextos. Este facto, não só contribui para simplificar o grafo de dependências, como também vai de encontro ao padrão de utilização de junções, em mapas reais. 4.1.3 Mecanismos de tipificação e refinamento A taxionomia apresentada na figura 4.2 forma, como se disse, uma bancada sobre a qual se podem construir novas classes de elementos. Na figura 4.3 mostramse os vários planos de representação e algumas das suas variantes, a saber: o plano do InCoMa, o plano da linguagem e o plano dos mapas. No primeiro, são definidas as classes do sistema, anteriormente apresentadas (e.g. Conceito e Associação). No segundo, transparecem as classes de representação especı́ficas às linguagens (e.g. Tópico e Causa), i.e., é definida a sintaxe e semântica da linguagem. No último plano, são constituı́dos os mapas propriamente ditos como resultado da expressão de um pensamento em particular (e.g. ”1. fazer acordo ...” no mapa da negociação). Os três planos encadeiam-se através dos processos de refinamento e utilização. A 106 CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS Figura 4.3: Planos de refinamento. partir do InCoMa, são definidos os elementos das linguagens de representação (no plano da linguagem), normalmente tipificados, com propriedades e restrições especı́ficas. Numa perspectiva de orientação para objectos, o processo de refinamento que lhes dá origem, poderá seguir uma aproximação baseada em classes e herança (em baixo à esquerda, na figura), em protótipos e delegação (em cima à direita), ou mista veja-se a discussão destas aproximações, por exemplo, num trabalho anterior do autor (Carriço, 1991). É então possı́vel, por instanciação das classes ou duplicação dos elementos definidos no plano da linguagem, a criação dos elementos que constituem os mapas propriamente ditos, agora no plano dos mapas. Por sua vez, a existência de contextos (de refinamento) e, em geral, de mapas taxionómicos, introduz também no plano dos mapas a noção de tipos, instâncias, propriedades e restrições. O processo, aliás, é em tudo semelhante ao de refinamento, que origina a transição entre o plano do sistema (InCoMa) e o da linguagem, com a diferença que se verifica durante a própria actividade de criação dos mapas. Neste sentido, pode mesmo considerar-se a construção de uma linguagem de representação, como um caso particular da de um mapa, i.e., um mapa taxionómico definido num determi- 4.1. REPRESENTAÇÃO CONCEPTUAL 107 Figura 4.4: Estruturas de suporte à tipificação e refinamento. nado processo de refinamento no plano dos mapas, pode tornar-se a linguagem de representação usada na criação de outros. A maleabilidade exigida pelo refinamento no plano dos mapas, é ainda mais acentuada pela natureza exploratória da sua criação, que inclui a necessidade de reclassificação, restruturaç ão e, em geral, evolução dos elementos nos mapas, sejam representações de instâncias, tipos ou contextos. A solução passa, naturalmente, por manter em tempo de exploração (execução), informação facilmente modificável, sobre o tipo ou hierarquia de tipos, a constituição dos elementos e o seu estado e a forma da rede de restrições que se aplica a cada um deles. Todas as classes, antes mencionadas, herdam a funcionalidade definida numa outra, que proporciona mecanismos de tipificação e refinamento. Chamou-se-lhe Representante e está patente no diagrama da figura 4.4. Cada representante inclui uma forma de identificação, unı́voca no mapa em que se insere, e um atributo ’plano’ que indica o plano em que é definido. São ainda providenciados três mecanismos básicos para a construção de novas categorias, acessı́veis de qualquer representante, tal como se mostra no diagrama. São eles: um de tipificação, outro de definição de propriedades e um de gestão de restrições. Os três mecanismos, aliás, enquadram-se naqueles que as linguagens de programação oferecem para a definição e propagação de tipos, atributos e componentes dinâmicos (no caso vertente as restrições), em novas estruturas. CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS 108 4.1.3.1 Tipificação e definição de propriedades A forma de tipificação traduz-se pela classe Tipo e inclui um ’qualificador’ e uma ’identificação’. O primeiro indica se se trata de herança ou delegação e quais as caracterı́sticas de visibilidade que lhe estão associadas (e.g. herança ou delegação, pública ou privada). O segundo poderá conter simplesmente uma identificação de tipo (e.g. Tópico, Constructo e Causa) ou indicar um protótipo ou um objecto de classe que contenha essa identificação. A sua forma de utilização dependerá da flexibilidade pretendida e da providenciada pela linguagem de programação adoptada1 . Tal como se indica no diagrama, a estrutura fará parte de um representante, inserida numa colecção ordenada que pode, no conjunto, estabelecer uma hierarquia ou um grafo de tipificação (no caso de herança ou delegação múltiplas). A estrutura de propriedades apresentada na figura 4.4, integra um ’qualificador’ e uma ’identificação’ de cada propriedade no âmbito do representante em que é definida. Agrega ainda um ’tipo’ genérico que a caracterize e estabeleça parâmetros comuns de acesso ao seu ’valor’. O ’qualificador’ denota as caracterı́sticas da propriedade relativamente à estrutura de tipificação em que se insere o representante: identifica a forma como a propriedade se propaga pelas instâncias (ou réplicas) do representante (e.g. propriedade partilhada, duplicada nas instâncias ou revogada em classes ou protótipos derivados); a sua visibilidade no objecto ou nos que a partir dele podem ser criados (e.g. privada, pública); o plano em que foi definida (i.e. na linguagem ou localmente no mapa); e a possibilidade da sua alteração (e.g. constante, variável). A ordenação da colecção de propriedades, permite gerir mais facilmente a sua redefinição em protótipos ou classes derivadas (e.g. de pública numa classe, para privada na subclasse). Como exemplos de propriedades aponte-se, no plano da linguagem, as variantes de relações causais (e.g. positiva, negativa), e no plano dos mapas, as ligações que cada representante pode ter para informação documental que o sustente. 1 No caso da concretização disponı́vel do InCoMa, utilizou-se o C++, uma linguagem relativamente rı́gida, optando-se por isso por uma aproximação que recorre a objectos de classe, suportada pelo sistema. 4.1. REPRESENTAÇÃO CONCEPTUAL 109 4.1.3.2 Restrições Aos representantes é ainda possı́vel associar um conjunto de restrições, cuja versão base se mostra na figura 4.4. Na classe Restrição incluiu-se um ’qualificador’ e uma ’identificação’ com papéis idênticos aos que assumem na classe Propriedade. A cada restrição associou-se também uma ’prioridade’ e um ’estado’. A primeira permite resolver conflitos entre restrições ou entre a restrição e uma acção que a contravém. O ’estado’ indica se a restrição se encontra ou não resolvida (ou a que ”distância”da resolução) e se está ou não activa. Como exemplo de restrições, tomem-se as impostas aos conceitos que constituem objectivos de uma estratégia e que, num mapa causal, são considerados indispensáveis e normalmente terminais (i.e. sem ligações que deles partam) - é o caso do conceito ’1. fazer acordo...’, do mapa da figura 4.1. Os seus representantes deverão incluir uma estrutura de restrições, que iniba a sua remoção e desencoraje (com um valor razoável para a ’prioridade’) a sua associação a outros conceitos, como causa. As restrições traduzem essencialmente uma relação entre representantes, que define como é que as caracterı́sticas de um, são influenciadas pelas de outro. Tratase pois de um mecanismo genérico de estabelecer dependências entre representantes, para além das que são intrı́nsecas à própria constituição dos elementos. Sobre cada restrição é possı́vel saber o representante sobre a qual se impõe - o elemento Figura 4.5: Restrições e dependências. dependente - e aqueles que a impõem - os elementos dominantes - denotados na figura 4.5, pelas respectivas associações (UML). Estabelece-se então que: uma restrição define uma relação de dependência entre representantes; para que uma restrição esteja activa terá que referir pelo menos um dependente e um dominante; 110 CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS uma restrição aplica-se no máximo a um dependente, mas pode ter mais do que um dominante. É ainda de notar que, para uma restrição, o representante que a define não terá que coincidir, necessariamente, com o seu dependente ou com um dos dominantes. Será esse o caso dos representantes que definem tipos (classes, ou contextos). Nas restrições surge também uma referência ao ’aspecto coagido’ e na sua ligação com cada dominante a indicação do ’aspecto coactor’: um aspecto (feature) refere a caracterı́stica de um representante que está envolvida numa dependência e pode indicar uma operação (e.g. criação, eliminação, contextuação), um tipo ou um atributo (ou propriedade). Na prática, permitem especificar (e posteriormente gerir) a operação, tipo ou propriedade, cuja invocação ou alteração no dominante, determina a invocação ou alteração do correspondente aspecto, no dependente. Esta pormenorização da relação de dependência permite mesmo relacionar aspectos do mesmo elemento: um representante pode ser simultaneamente dominante e dependente. A restrição propriamente dita, é uma regra (função) que especifica a forma como essa dependência se transmite dos aspectos dominantes, para o dependente. Tal como se indica na figura, são providenciadas duas operações básicas: uma que resolve a restrição, normalmente disparada pela invocação ou alteração de um aspecto dominante; e outra que determina se a coacção imposta é ou não violada e com que gravidade. 4.1.4 Caracterı́sticas comuns De acordo com as caracterı́sticas gerais dos mapas cognitivos e com a taxionomia de base introduzida, foi identificado um conjunto de atributos, comum a todos os elementos de representação conceptual. Uma especificação simplificada da classe que os inclui, designada por RepConceptual e herdando os mecanismos de tipificação e refinamento antes apresentados, mostra-se no diagrama da figura 4.6. Cada instância, um 4.1. REPRESENTAÇÃO CONCEPTUAL 111 Figura 4.6: Estrutura comum aos elementos de representação conceptual. representante conceptual (também referido simplesmente como representante nesta secção), faz parte de um único mapa e abarca dois subconjuntos de atributos: um referente aos estádios da sua evolução e outro relativo à sua explanação, nomeadamente à opinião de quem o especificou. No primeiro subconjunto, o atributo ’ordem de criação’ regista a sequência de criação dos elementos no mapa. O ’estado’ é usado normalmente no sentido contrário, para indicar a sua remoção quando, ainda assim, se lhe pretenda manter o rasto. Como exemplos, refiram-se os casos da eliminação de representantes, a sua inclusão noutros mais abrangentes ou a sua separação em representantes mais especı́ficos (veja-se em 2.3.3, as considerações tecidas sobre a utilização da Análise de Correntes). Nestes casos, o ’estado’ é constituı́do por uma colecção de atributos que indicam a situação corrente do representante e os elementos em que se transformou (ou de que evolui, no sentido inverso). Estes, em conjunto com a ’ordem de criação’, permitem manter a história de evolução dos mapas. Relativamente à representação das convicções do utilizador refira-se a ’importância’ e a ’confiança’. Ambas constituem uma forma de quantificação, normalmente simples, da importância dada ou da certeza tida por um indivı́duo na especificação do elemento. Esta quantificação pode decorrer de uma declaração verbal difusa (e.g. muito, pouco, mais ou menos) ou de métodos mais formais, como sejam, no primeiro caso, um processo de inventariação e no segundo, a sua classificação numa dimensão adequada de uma grelha de repertório. No mapa da figura 4.1, por exemplo, a largura traço está associada ao nı́vel de ’importância’, enquanto que o seu padrão (traço contı́nuo ou interrompido) reflecte o grau de ’confiança’. Vejam-se os conceitos e as associações sobre o lado esquerdo da figura, aos quais o negociador atribuiu maior re- CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS 112 levância, e as associações a traço interrompido sobre o lado direito (entre os conceitos 13 e 9 e 10), denotando falta de confiança na asserção causal. 4.1.5 Conceitos Na estrutura relativa aos conceitos, representada pela classe Conceito (figura 4.7), está presente uma relação de ordem especı́fica (’ordem-local’) e uma descrição textuFigura 4.7: Estrutura de um conceito. al (’descrição’). O primeiro atributo espelha a primazia que estes elementos têm nos mapas cognitivos. Não é possı́vel traçar um mapa cognitivo sem conceitos e a sua ordem criação é vulgarmente usada, de forma directa, nas suas representações visuais (gráficas e tabulares). Esta ordem pode manifestar-se independentemente do tipo de conceito ou reiniciar-se nas instâncias de cada classe (e.g. no IBIS poder-se-ia ter: 1o tópico, 2o tópico, ..., 1o argumento, 2o argumento,...). A descrição textual, também normalmente patente nas representações visuais, em particular nas versões menos formais dos mapas, constitui uma explicação, tipicamente curta, do conceito representado. De acordo com as recomendações que decorrem das teorias de Kelly, será possı́vel, naquele atributo, incluir a descrição do conceito e o seu oposto. No mapa cognitivo do negociador (figura 4.1), ambos os atributos estão projectados. O primeiro corresponde ao número sobre o topo esquerdo da elipse. A ’descrição’ aparece dentro daquela forma geométrica. Note-se ainda que em alguns conceitos (identificados com os números 1, 4, 5, 6, 8) se expõe, na descrição textual, o oposto como forma de clarificar a sua explicação. 4.1.6 Contextos As instâncias da classe Contexto têm, primeiramente, o papel de agrupar conceitos. A associação (em termos da UML) apresentada no diagrama da figura 4.8, cuja classe se designou Contextuação, simboliza esse papel e determina que: 4.1. REPRESENTAÇÃO CONCEPTUAL 113 Figura 4.8: Estrutura dos contextos e relação com os conceitos. um contexto pode agrupar zero ou mais conceitos; um conceito pode ser incluı́do em mais do que um contexto. Impõe ainda uma restrição de existência, também inclusa na noção de dependência antes mencionada, que estabelece que: um conceito está obrigatoriamente incluı́do num contexto. Note-se ainda, a presença dos atributos relativos à convicção do indivı́duo, na especificação da contextuação - ’importância’ e ’confiança’. A definição dos contextos, como um caso particular de conceitos (veja-se a generalização no diagrama), trás consigo alguns pontos que é necessário relevar. Em primeiro lugar, refira-se que a capacidade de serem relacionados por associações, se estende não só a associações entre contextos, mas também à sua relação possı́vel com conceitos simples. Por outro lado, aponte-se que a possibilidade de encadeamento de contextos, não toma, obrigatoriamente, uma forma hierárquica estrita: um contexto pode ser incluı́do em mais do que um contexto. Ambos os pontos são requeridos, parcialmente ou na totalidade, em diversos tipos de mapa cognitivo, desde as versões informais, como será o caso do mapa negocial da figura 4.1, até a versões de redes semânticas, de que são exemplos os Grafos Conceptuais (veja-se a representação visual de uma destas redes na figura 2.15). Refira-se também CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS 114 a utilização corrente da ’descrição’ e da ’ordem local’ nas representações visuais dos contextos - uma e outra patentes no mapa cognitivo do vendedor2 . Relativamente ao impacto da relação de generalização salvaguardem-se dois casos extremos. O primeiro resulta do facto de que cada contexto, como conceito que é, se dever incluir obrigatoriamente noutro contexto. O segundo prende-se com a possibilidade dos contextos criarem ciclos de contextuação (i.e. o contexto A, inclui o contexto B, que por sua vez inclui o A). As situações são resolvidas pela revogação de uma restrição e pela imposição de outras duas, a saber: os contextos não têm que ser obrigatoriamente contextuados, designando-se, no caso de não o serem, contextos de topo; deve existir pelo menos um contexto de topo, podendo haver mais do que um; os contextos não podem fazer parte de ciclos fechados de contextuação. 4.1.6.1 Tipificação e refinamento com contextos No seu papel de refinar o significado de um grupo de conceitos, os contextos podem incluir um conjunto de propriedades e restrições, contendo imposições de tipo, que se aplicam aos elementos que agrupam, ao invés de se usarem sobre o próprio contexto. Esse conjunto é definido no âmbito dos mecanismos genéricos de refinamento, atrás expostos, sendo identificados por um ’qualificador’ especı́fico. Em cada operação de contextuação (contextua()) de um conceito, invocada sobre um contexto, essas propriedades e restrições são verificadas (podeContextuar()), duplicadas e ministradas sobre esse conceito. Assim, aquando da tentativa de inclusão de um conceito num contexto: um contexto pode recusar a contextuação do conceito; um contexto pode substituir ou refinar o tipo do conceito; um contexto pode definir novas propriedades ou refinar as caracterı́sticas das já existentes no conceito (e.g. alterar o ’qualificador’, atribuir um ’valor’); 2 Como curiosidade, note-se que os contextos não externos (14 e 15) aparecem a posteriori, como reflexo da estruturação do pensamento do indivı́duo. 4.1. REPRESENTAÇÃO CONCEPTUAL 115 um contexto pode estabelecer novas restrições sobre o conceito ou reformular restrições antigas. Tal como se apresenta, a contextuação de conceitos constitui um dos mecanismos de propagação de tipos, propriedades e restrições, em tudo semelhante à que ocorre nos de tipificação definidos no plano da linguagem. O facto de um conceito poder ser agrupado em mais do que um contexto, levanta, aliás, um problema de coerência semelhante ao da herança múltipla, já que as condições impostas pelos diversos contextos podem ser incompatı́veis. A eliminação das ambiguidades será feita recorrendo aos mecanismos de qualificação (’qualificador’ e ordenação), disponı́veis nas estruturas de extensão, e validada na operação de contextuação. 4.1.7 Associações Na classe que modela as associações, mostrada no diagrama da figura 4.9, sublinhe-se o atributo de ’orientação’ e o conjunto de ligações ordenadas. O atributo permite flexibilizar essa ordenação, in- Figura 4.9: Estrutura das associações. dicando se ela é ou não relevante na representação, e o seu valor é normalmente determinado pelo tipo especı́fico da associação. Tome-se como exemplo, os refinamentos desta classe que pretendam representar relações causais (neste caso orientadas) ou de equivalência (não orientadas). O processo de refinamento é particularmente importante no caso das associações. De facto, a grande maioria das linguagens de expressão de mapas cognitivos assenta sobre o tipo e a semântica das associações que oferece. Assim, por exemplo, associações do tipo Subsunção (IsA), FazParteDe ou OpostoA estão normalmente presentes em mapas taxionómicos. Já nos mapas causais, como será o caso da figura 4.1, são comuns associações do tipo Causa, EquivaleA ou, numa asserção mais livre, RelacionadoCom. Finalmente, nos mapas argumentativos, os tipos das associações estão estritamente ligados com os esquemas adoptados. 116 CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS Cada um destes tipos, por sua vez, define caracterı́sticas e introduz propriedades e restrições que lhe são especı́ficas. Veja-se o caso da ’orientação’, antes referido, ou das regras de ligação entre conceitos, impostas pelos esquemas de argumentação, a traduzir por restrições. No IBIS, por exemplo, as associações do tipo Suporta só poderão ser traçadas entre posições e argumentos, e sempre orientadas nesse sentido. Não tão peremptórias (i.e. com ’prioridade’ mais baixa), serão as restrições que apenas encorajam ou desencorajam a existência de uma nova associação. Por exemplo, podem ser desencorajadas, uma relação de equivalência, entre conceitos de categorias diferentes, ou duas relações causais com sentidos contrários, entre os mesmos conceitos (vejam-se as considerações tecidas sobre a Análise de Correntes). Quanto às propriedades, considere-se o exemplo das relações causais, em que pode surgir a forma (e.g. positiva, negativa, não positiva) e a amplitude da influência (por vezes representada pela importância). Relativamente ao enquadramento das associações nas estruturas grafo, antes mencionado e parcialmente patente na multiplicidade atribuı́da à noção designada relaciona (na figura 4.9), apontem-se as seguintes imposições que dele decorrem: as associações relacionam dois e só dois representantes; nenhum dos extremos de uma associação pode ser uma associação. Estas imposições levantam alguns problemas à representação directa de noções presentes em alguns tipos de mapa cognitivo. Será o caso das relações de ordem superior a dois (normalmente ternárias) e a existência de associações que terminam noutras associações. O segundo caso surge, por exemplo, no esquema original de Toulmin (veja-se a figura 4.10) - embora seja contornado nas variações definidas posteriormente. Ambas as situações surgem em algumas formas de rede semântica, nomeadamente nos Grafos Conceptuais. No caso do InCoMa, a solução passa pela noção de junção. 4.1.8 Junções A representação de associações de ordem superior a dois será feita por conjunto de associações binárias (dominantes), combinadas através de uma junção (dependen- 4.1. REPRESENTAÇÃO CONCEPTUAL 117 Figura 4.10: Os elementos de representação conceptual do esquema de Toulmin. te). Veja-se o caso da associação que denota a relação ’entre’, normalmente usada como exemplo de uma relação ternária e suportada em alguns tipos de rede semântica. No InCoMa poderá ser representada por duas associações binárias, que simbolizam uma relação de ordem (e.g. MenorQue e MaiorQue), e uma junção que traduz a sua conjunção (e.g. semelhante à definida no mapa do negociador da figura 4.1). No seu papel complementar, as junções dão a possibilidade de estabelecer associações entre associações. Neste caso, constituem-se como âncoras, que se vinculam a uma associação, de que passarão a depender. Por outro lado, como nós-representante que são, podem então constituir términos de outras associações, que dominarão. Por exemplo, para a criação da representação conceptual do esquema de Toulmin, exposta na figura 4.10, definem-se duas subclasses de Junção - ÂncoraDeAbonação e ÂncoraDeRefutação - cujas restrições de existência as fazem depender exclusivamente das associações do tipo EntãoPorCerto. Sobre as associações do tipo JáQue e AmenosQue, definem-se restrições, também de existência, que impõem a sua terminação apenas naquele tipo de junção. Sobre as junções e a sua articulação com as associações deve então relevar-se o seguinte (expresso aliás no diagrama de classes apresentado na figura 4.11): uma associação pode relacionar junções com junções ou com conceitos; uma junção combina pelo menos uma associação, podendo combinar mais do que uma; 118 CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS Figura 4.11: Estrutura das junções. uma junção é sempre dependente das associações que combina, mas pode ser dominante de outras (zero ou mais); não existem dependências directas entre junções e conceitos ou contextos. As dependências estabelecidas entre as junções e as associações, particularmente as que se referem à sua existência, estão ligadas à relação combina, mas também à relaciona e à generalização, representadas na figura. Sobre o ciclo formado por estas relações, impõe-se a seguinte condição, relativa às ligações (UML): não podem existir ciclos fechados de dependência entre junções e associações. Finalmente, assinale-se ainda a ausência de atributos relevantes nas junções e nos nósrepresentante, que, no primeiro caso, poderão ser introduzidos pelas linguagens especı́ficas de representação. 4.1.9 Taxionomias A figura 4.12 mostra a hierarquia das classes fundamentais de representação conceptual providenciadas no núcleo do InCoMa. Para além das anteriormente descritas estão patentes a Subsunção e a ÂncoraDeTipo, directamente relacionadas com os mapas taxionómicos: Subsunções - são associações, orientadas, que denotam que o conceito ou junção de onde partem, é um caso particular do outro nó-representante onde terminam. São por vezes designadas relações IsA. 4.1. REPRESENTAÇÃO CONCEPTUAL 119 Figura 4.12: Taxionomia dos elementos de representação conceptual do InCoMa Âncoras de tipo - são junções que permitem aplicar subsunções entre associações. A sua semântica particular, indispensável à definição de taxionomias, determina a sua inclusão no núcleo do sistema. Em termos práticos, as subsunções funcionam de modo semelhante aos contextos: utilizada de um nó-representante ’B’, particular, para um nó-representante ’A’, geral, aplica as propriedades e restrições definidas por ’A’, a ’B’. Como forma de facilitar a sua utilização, as subsunções podem ser usadas directamente no modo de delegação ou, mais especificamente, no de herança ou de instanciação. O modo usado na subsunção em conjunção com os qualificadores especificados para os atributos do nó-representante mais geral, determinam a sua propagação para o nó-representante particular. As âncoras-de-tipo, por sua vez, canalizam essa propagação para as associações em que estão ancoradas. 120 CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS 4.2 Representação Visual Uma vez definido o suporte para a representação conceptual dos mapas cognitivos, pode agora especificar-se a aproximação tomada para alicerçar a sua representação visual, i.e. para permitir a definição de notações que correspondam às linguagens visuais que assumem. A este nı́vel, as preocupações situam-se, essencialmente, em redor dos aspectos gráficos e espaciais e, não menos importante, da sua articulação com a correspondente contrapartida conceptual. Neste ponto, aliás, é de salientar desde já que, para uma dada representação conceptual, pode sempre existir mais do que uma visual. Cada uma destas, por sua vez, manifesta normalmente uma linguagem visual distinta. Por exemplo, para expressar uma taxionomia podem usar-se diagramas de Venn ou árvores hierárquicas, partindo de uma estrutura de conceitos idêntica. Por outro lado, uma argumentação de acordo com o esquema de Toulmin, pode ser sempre enunciada em qualquer das linguagens visuais que lhe estão associadas (i.e. a original e as derivadas), obtendo igualmente estruturas de conceitos comuns, a partir de disposições e atributos visuais, eventualmente distintos. É também o caso, mais dı́spar, das representações gráficas dos mapas causais, em forma de diagrama, e das suas correspondentes matrizes. Esta variedade de existência e mesmo necessidade de coexistência (numa mesma ferramenta) de várias formas de representação visual de um mapa, foi exposta ao longo do capı́tulo 2. A figura 4.13 ilustra a multiplicidade de expressões visuais sobre o mapa causal do negociador apresentado anteriormente (já mostrado como uma representação visual). No nı́vel conceptual (em baixo), simbolizam-se as estruturas correspondentes aos representantes conceptuais especificados no capı́tulo anterior. No nı́vel visual (acima) mostram-se duas representações visuais, correspondentes a duas categorias comuns neste tipo de mapas: em forma de diagrama (à esquerda) e tabular (à direita). A primeira corresponde à anteriormente exibida na figura 4.1, usando elipses, rectângulos, arcos dirigidos e texto para denotar a informação inerente aos diferentes tipos de elementos. Naturalmente, outras representações visuais em diagrama são possı́veis (e.g. os contextos denotados como marcas pictóricas sobre os conceitos, ou diferenciação de tipos de conceitos através de formas geométricas distintas). A segunda, dispõe os 4.2. REPRESENTAÇÃO VISUAL 121 Figura 4.13: Nı́veis de representação. números de ’ordem local’ dos conceitos sobre a linha e a coluna de cabeçalho da tabela. Os valores da matriz correspondem ao peso da associação causal (positiva ou negativa) entre cada par de conceitos simples (que não sejam também contextos). Pelos desafios que coloca, em termos de interacção pessoa-máquina, e pela sua divulgação nas aplicações dos mapas cognitivos, é a primeira categoria de representações visuais que constitui a preocupação central do trabalho aqui apresentado. 4.2.1 Elementos de base Os elementos de representação visual formam uma hierarquia de classes, com algumas caracterı́sticas semelhantes às apontadas para a representação conceptual. A figura 4.14 mostra essa hierarquia. De notar, a utilização da classe Representante co- 122 CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS Figura 4.14: Hierarquia dos elementos de base para a representação visual. mo base de RepVisual, o que também proporciona aos elementos visuais, a flexibilidade e as capacidades de refinamento antes mencionadas, e a existência de classes distintas, correspondentes aos componentes de diagramas baseados em grafos (i.e. arcos e nós visuais), neste caso como forma de suportar a fácil adaptação de algoritmos de distribuição espacial, em grande medida orientados para este tipo de diagramas. Mencione-se ainda a existência de uma classe MapaVisual, representativa da expressão visual dos mapas em que se agregam os seus representantes visuais. Cada um deles faz parte de um só mapa visual. Como caracterı́sticas particulares refira-se, como se deixou antever, que um representante visual é, para além de um representante, uma forma geométrica (e.g. elipse, conjunto de segmentos de recta), com atributos gráficos especı́ficos (e.g. cores, padrões, tipos de letra) - designam-se genericamente por formas gráficas e denotam-se na figura pela classe FormaGráfica. Relativamente aos outros elementos concretos, identificaram-se as seguintes categorias de base, em função da sua articulação visual com os restantes e em consequência das caracterı́sticas gráficas tipicamente atribuı́das aos representantes conceptuais, antes introduzidos: Nós visuais - constituem os elementos de um diagrama, passı́veis de serem liga- 4.2. REPRESENTAÇÃO VISUAL 123 dos por arcos visuais. São usados na representação de conceitos e junções, distinguindo-se essencialmente na forma e atributos gráficos usados (e.g. tamanho) e nas caracterı́sticas do nı́vel conceptual que transparecem na representação visual (e.g. para os conceitos é normalmente visı́vel a descrição textual especı́fica de cada um, no caso das junções é codificado visualmente o seu tipo, comum a todas as junções do mesmo - ’&’ na figura 4.1 do mapa da negociação). Arcos visuais - são formas geométricas definidas entre um ponto de inı́cio e um de fim, estabelecidos por dois nós visuais. Na sua forma mais simples, os arcos visuais são segmentos de recta ou linhas curvas abertas, sendo tipicamente decoradas por terminações (e.g. setas, cı́rculos) e acompanhadas por etiquetas (pictóricas ou textuais), que em conjunto denotam o seu tipo. Este é normalmente decorrente do tipo da associação a que o arco visual corresponde. Os nós visuais, entre os quais se estabelece esse arco visual, constituirão os nós-representante relacionados pela associação. Contentores - são também nós visuais, mas têm a particularidade de definir regiões delimitadas do espaço, que podem conter outros nós visuais. A sua forma mais comum (e mais simples de gerir) é a rectangular. Os elementos conceptuais que lhe correspondem são os contextos, sendo vinculada a inclusão espacial, de um nó visual na região definida pelo contentor, à inclusão conceptual, do devido conceito (se de conceito se tratar) no respectivo contexto. Aos contextos, por serem também conceitos, é possı́vel fazer corresponder nós visuais simples, que não admitem outros nós visuais como conteúdo. Neste caso os conceitos agrupados no contexto não são representados. Para além disso, os arcos visuais, correspondentes às associações entre os conceitos não incluı́dos e os incluı́dos no contexto, serão desenhados entre as representações visuais dos primeiros e o representante visual do próprio contexto. Em linguagens visuais especı́ficas, que permitam esta atribuição de nós visuais simples aos contextos, estes podem funcionar como um mecanismo de suporte à apresentação por hierarquização. Na figura 4.15 mostra-se o mapa da negociação, em que os contextos internos foram graficamente representados por um nó visual simples, com uma forma rectangular ovalada. 124 CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS Figura 4.15: Forma sinóptica de representação visual de contextos. 4.2.2 Articulação com a representação conceptual Ao pretender-se separar o nı́vel visual da representação do conceptual, aumentando pois a flexibilidade do sistema, houve que providenciar mecanismos capazes de manter a coerência entre cada elemento visual e a sua abstracção conceptual. Em grande parte, esse mecanismo baseia-se, mais uma vez, nas restrições e na capacidade de verificação e resolução automática de desvios às condicionantes por elas impostas. A figura 4.16 apresenta um modelo simplificado da articulação entre os representantes visuais e as suas contrapartidas conceptuais. A necessidade de coerência entre representantes manifesta-se primeiramente, em termos das condicionantes impostas à criação dos elementos. Em última instância, a existência de um representante visual deverá estar dependente da criação do representante conceptual que lhe corresponde. Tal como é indicado na figura, esta condição traduz-se na multiplicidade da associação (UML) denota, que estabelece que: um representante visual tem obrigatoriamente associado (denota), um representante conceptual. Deste modo, as restrições impostas, no plano da linguagem ou no plano dos mapas (por contextos ou taxionomias), à criação de representantes conceptuais repercutemse de imediato nos correspondentes representantes visuais: 4.2. REPRESENTAÇÃO VISUAL 125 Figura 4.16: Tradução de aspectos da representação conceptual para visual. a criação de um representante visual é condicionada pelas restrições impostas à criação de um representante conceptual; se um representante conceptual é eliminado, o correspondente representante visual também o será. Se relativamente à criação, a correspondência se traduz praticamente de forma directa, já em termos da modificação dos representantes, a situação é diferente. Esta diferença resulta da variedade de codificações gráficas que podem ser estabelecidas por diferentes linguagens de representação visual, ou mesmo pela ausência de codificação. Por exemplo, se numa linguagem visual a espessura do traço (no representante visual) traduz a ’importância’ dada a um elemento (no representante conceptual), noutra linguagem o mesmo atributo gráfico pode não ter correspondência. No primeiro caso, a alteração do traço deverá ser condicionada pelas restrições, do nı́vel conceptual, impostas à alteração dessa ’importância’. Mais ainda, qualquer alteração deste atributo, deverá repercutir-se na espessura do traço do correspondente representante visual. No segundo caso, as modificações são independentes. Esta tradução, entre aspectos conceptuais e visuais, terá que ser explı́cita, definida no plano da linguagem (ou nos elementos equivalentes do plano dos mapas), ao nı́vel da representação visual. No sistema proposto, exprime-se na atribuição de instâncias da classe Tradução (ver figura 4.16), aos representantes visuais. A sua particularidade, em comparação com o sistema genérico de restrições, está em permitir 126 CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS apenas como dominante um representante conceptual e como dependente um representante visual. Em relação à sua aplicação e repercussão pode dizer-se que: se um aspecto (tipo, atributo ou operação) de um representante conceptual tem uma representação visual atribuı́da (numa linguagem visual), então o aspecto usado no correspondente representante visual tem obrigatoriamente associado uma tradução, cujo aspecto dominante é o do representante conceptual; a alteração (ou invocação) de um aspecto de um representante visual nestas condições, obedece às restrições impostas ao aspecto correspondente do representante conceptual; a alteração (ou invocação) de um aspecto de um representante conceptual repercutir-se-á no correspondente aspecto do seu representante visual. Este encadeamento de restrições ou, no caso, de traduções e restrições, é tratado pelos mecanismos de resolução de restrições e, em particular, pelo proposto. O facto das traduções poderem ser aplicadas selectivamente, permite definir linguagens visuais focadas sobre facetas particulares dos mapas. Desse modo, podem funcionar como filtros de apresentação. As facetas não apresentadas, podem ser expressas em linguagens alternativas e coexistentes numa ferramenta, ou usando formas de interacção diferentes (e.g. formulários, menus). No que respeita à remoção de representantes visuais, a situação é em parte semelhante ao que foi dito para a modificação. De facto, em geral, a existência de um representante visual não é obrigatoriamente exigida pela existência do seu correspondente abstracto. Quer isto dizer que a sua remoção (do representante visual) não terá, em princı́pio, restrições de ordem semântica. No entanto, se uma linguagem visual particular assim o determinar, então as restrições que impõem a existência do representante conceptual, devem repercutir-se no seu correspondente visual. Na especificação da linguagem visual essa determinação é, na prática, feita como para a modificação, com repercussões semelhantes: se existir uma relação entre a remoção de representantes visuais e conceptuais, então ao aspecto ’remoção’ do visual será imposta uma restrição, cujo dominante é aspecto ’remoção’ do correspondente representante conceptual. 4.2. REPRESENTAÇÃO VISUAL 127 4.2.3 Mecanismos de tipificação e refinamento Os mecanismos de verificação e resolução de restrições são usados, como se viu, para a manutenção da coerência entre as representações de ambos os nı́veis e, em particular, para trazer à representação visual, caracterı́sticas sintácticas e mesmo recomendações semânticas definidas no nı́vel conceptual. Todavia, esses mecanismos (e em geral os de tipificação e refinamento dos representantes visuais) não se confinam a esse objectivo. Tal como na sua contrapartida conceptual, cada linguagem visual requer, normalmente, a definição de tipos, propriedades e restrições especı́ficos. Estes podem ser usados em aspectos estéticos ou, no caso das restrições, na definição de regras que facilitem a percepção e análise dos mapas. Por exemplo, podem a este nı́vel, ser definidas restrições de não sobreposição de conceitos, através de grelhas ou mecanismos de distribuição espacial, que assim ficam ligados à própria linguagem visual. Em particular, as restrições aplicam-se também como forma de ajustar as definidas ao nı́vel conceptual, às caracterı́sticas espaciais destas linguagens e são, essencialmente, condicionantes geométricas entre elementos de representação visual. Por exemplo, para as restrições conceptuais associadas ao esquema de Toulmin (mencionadas na página 117), definiram-se dois tipos de junção, ÂncoraDeAbonação e ÂncoraDeRefutação. Sobre elas impôs-se uma restrição que só permite a sua criação sobre associações do tipo EntãoPorCerto. Visualmente, no entanto, há ainda que impor que os nós visuais, correspondentes ao primeiro tipo de junção, deverão estar geometricamente mais próximos dos que simbolizam os conceitos do tipo Datum. Ao contrário, os correspondentes às instâncias de ÂncoraDeRefutação deverse-ão aproximar das Afirmações. Alternativamente poder-se-á definir restrições que estabeleçam pontos fixos ou distâncias relativas. Em qualquer dos casos, essas condições constituem refinamentos à restrição inicial, com o intuito de a adaptar às caracterı́sticas particulares da sua expressão visual. 4.2.3.1 Composição de formas gráficas Ainda relativamente aos mecanismos de refinamento refira-se, tal como se mostra na figura 4.17, a sua utilização no âmbito da definição de formas gráficas, como CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS 128 especialização de Representante. Esta opção, permite colmatar a necessidade de compor formas geométricas, por vezes complexas e especı́ficas a cada linguagem visual associada aos mapas. É particularmente interessante na definição do comportamento das formas geométricas compostas, de cada representante visual, em resposta à redefinição do seu tamanho. Como exemplo, tomem-se os próprios arcos visuais, tal como são disponibilizados no InCoMa. A sua forma gráfica é constituı́da por uma linha aberta (composta por segmentos rectos ou curvos), definida entre dois pontos, de outros tantos nós visuais. A essa linha podem ser agregados três adornos: duas formas gráficas terminais e uma equidistante dos extremos. Sendo especificados, é-lhes imposta uma restrição corres- Figura 4.17: Composição de formas gráficas. pondente, predefinida, que os mantém no local adequado relativamente à linha aberta. As restrições propriamente ditas - funções - são relativamente simples. Veja-se o caso das formas gráficas terminais, às quais é imposto que o seu extremo coincida com um dos extremos da linha aberta. Quando um dos nós visuais é movido, o mecanismo de resolução de restrições é desencadeado na seguinte sequência: (1) a restrição que coloca nó visual no fim do arco visual é estimulada, tendo normalmente, como consequência, o redimensionamento do arco; (2) o redimensionamento do arco visual, por sua vez, desperta as restrições relativas aos adornos, originando o seu posicionamento e orientação, de modo a que as condicionantes geométricas se mantenham. 4.2.4 O factor espacial Na utilização de linguagens visuais como forma de representação, o factor espacial tem necessariamente um papel fundamental. A utilização do posicionamento e tamanho, absoluto ou relativo, dos representantes visuais permite, nalgumas linguagens, expressar relevância e mesmo categorização (e.g. nos mapas taxionómicos), ou 4.2. REPRESENTAÇÃO VISUAL 129 simplesmente estabelecer condições que facilitem a sua percepção por parte de quem as usa. Estas caracterı́sticas, em geral, são estabelecidas na definição de cada linguagem visual em particular. No entanto, alguns pontos devem ser analisados em mais pormenor, tendo em conta as considerações tecidas sobre a semântica associada aos contentores e à sua articulação com os contextos. O paralelo traçado entre a inclusão de um conceito num contexto e o encerramento de um nó visual na região definida pelo contentor, conduz às seguintes afirmações sobre os conceitos e os nós visuais que os denotam: um conceito, representado por um nó visual que esteja encerrado na região de um contentor, fica sujeito aos refinamentos de contextuação definidos pelo contexto que esse contentor simboliza; um nó visual, para além de reflectir as caracterı́sticas (traduzidas) do conceito que representa, obedece às restrições directamente impostas pelo contentor em que está encerrado. Em geral, como forma de simplificar a explicação, mas pretendendo veicular as duas afirmações anteriores, dir-se-á que: um nó visual está sujeito às restrições impostas pelo contentor que o encerra. Se as definições anteriores são claras relativamente aos nós visuais que representam conceitos (ou mesmo junções, em que não há uma relação de dependência entre o contentor e o nó visual), já no caso do encadeamento de contentores deve ser esclarecida a sua semântica. Nesse sentido, definem-se duas operações básicas sobre os contentores, que determinam a propagação das restrições para os nós visuais que encerram: cooperação e sobreposição. A primeira estabelece que: numa região definida pela intersecção de contentores, formada por cooperação, os nós visuais aı́ encerrados estão sujeitos às restrições impostas por todos os contentores envolvidos. Esta operação, aliás tomada por omissão aquando da sobreposição de contentores, resulta da aplicação directa das definições anteriores. De facto, um nó visual encerrado CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS 130 numa região de intercepção entre contentores, está encerrado nas regiões de cada um deles. No caso de haver colisão de restrições, i.e., restrições de diferentes contentores que se apliquem sobre o mesmo ’aspecto’ do nó visual dependente, utiliza-se o mecanismo normal de refinamento: se numa região definida pela intersecção de contentores, formada por cooperação, sobrevêm restrições contraditórias, são aplicadas as dos contentores mais internos. Sublinhe-se ainda que, pelo facto de um contentor ser um nó visual, também ele se encontra restringido por outros, que eventualmente o encerrem. A segunda operação sobre contentores surge como forma de facilitar a gestão das regiões definidas no espaço e determina que: numa região definida pela intersecção de dois contentores A e B, formada pela sobreposição de B a A, os nós visuais aı́ encerrados estão sujeitos apenas às restrições impostas por B. Esta operação deverá ser explicitamente definida entre cada dois contentores, sendo usada a cooperação no caso implı́cito. A sobreposição pode ser vista como um ajustamento da região definida pelo contentor A, à que é definida por B, i.e., à região de A é retirada a de B. Assim sendo: um contentor B que se combine por sobreposição com um contentor A, no qual se encerre, não está sujeito às restrições impostas por A (nem o seu contexto agrupado no de A). É de notar que esta independência se manifesta apenas relativamente ao contentor sobre o qual se estabeleceu a sobreposição, não se propagando a outros que o contenham. Na figura 4.18 mostram-se as combinações possı́veis de encadeamento entre três contentores designados por A, B e C. Sobre os rectângulos representativos dos contentores está indicado o seu nome, seguido da identificação dos outros contentores, cujas restrições se adicionam às suas. Será o conjunto assim formado, que se aplica aos nós visuais neles encerrados (e.g. Cb&a indica que se impõem as restrições definidas 4.2. REPRESENTAÇÃO VISUAL 131 Figura 4.18: O encadeamento de contentores por cooperação e sobreposição. por C, B e A). As restantes formas denotam nós visuais correspondentes a conceitos3 . No exemplo mostrado, as restrições impostas por A determinam que os nós visuais tenham uma forma circular, as coagidas por B implicam uma coloração acinzentada (clara) e as de C acrescentam uma pequena marca rectangular aos nós visuais. Nos parágrafos anteriores focou-se particularmente a forma de propagação de restrições, aquando do encadeamento dos contentores, numa situação em que cada um é totalmente encerrado na região definida por outros. No entanto, é igualmente in3 A sua aparência é, em geral, decorrente das restriç ões impostas pelos contextos, ao tipo e propriedades dos conceitos que agrupam. Estes, por sua vez, reflectem-se na forma geométrica, marcas e atributos dos representantes visuais, através de traduç ões especı́ficas da linguagem visual, 132 CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS teressante a conjuntura em que os contentores se intersectam, mas nenhum fica completamente envolvido. Neste caso, em primeiro lugar, não se pode afirmar que exista inclusão de contentores e, portanto, nenhum dos intervenientes impõe, sobre o outro, restrições dela decorrentes (por contextuação). Por outro lado, tal como foram especificadas, as operações de cooperação e sobreposição são directamente aplicáveis neste caso. A figura 4.19 mostra algumas das combinações possı́veis entre os contentores Figura 4.19: A intersecção parcial de contentores. apresentados no exemplo anterior, agora sem encerramento de C em B. Note-se que da combinação entre esses contentores, resulta uma nova subregião em que apenas se manifesta C e não B, mesmo que em cooperação. É interessante assinalar ainda, no exemplo mais à direita, que a combinação por sobreposição é reflectida graficamente, de uma forma quase directa, i.e., escondendo a fronteira de B que se perde sob C. A questão da sobreposição de contentores nas regiões fronteira de outros, colocase também, de outra forma, sobre os nós visuais não representativos de junções. O problema neste caso é, sobretudo, estabelecer o limiar a partir do qual se considera que um nó visual está ou não, encerrado no contentor. Em geral, no entanto, esta condição está dependente das opções tomadas na definição da linguagem visual. Em todo o caso, os contentores providenciam uma restrição, que pode ser desactivada ou refinada, que impede o posicionamento deste tipo de nós visuais sobre a fronteira do contentor. Assim, tipicamente e se possı́vel, os nós visuais incluı́dos num contentor, estão completamente encerrados dentro dos seus contornos. Os nós visuais externos são afastados, se necessário, de modo a não se sobreporem a essa fronteira. O facto de um conceito poder ser agrupado em mais do que um contexto, levanta 4.3. APRESENTAÇÃO 133 alguns problemas de representação visual. A utilização dos mecanismos de intersecção de contentores, para a definição de regiões de cooperação pode, sem dúvida, resolver alguns desses problemas, tal como é exemplificado nas figuras anteriores. No entanto, a disposição espacial dos contentores não permite cobrir todas as situações ou, simplesmente, torna a expressão visual da linguagem demasiado obscura, para uma utilização eficaz. Nesse sentido, o sistema proposto oferece a capacidade de associar vários contentores a um contexto, no mesmo mapa visual. Esta flexibilidade é aliás estendida a qualquer representante conceptual, o que vem de encontro aos requisitos impostos por algumas representações visuais de mapas, anteriormente referidas (e.g. a linguagem associada ao KDraw). Em conjunção com o que foi dito sobre as várias representações visuais (mapas visuais) de um mapa definido no nı́vel conceptual, pode dizer-se que: um representante conceptual pode ter zero ou mais representantes visuais, numa representação visual de um mapa ou em representações visuais diferentes. No diagrama da figura 4.16, a associação (UML) denota expõe já essa possibilidade. 4.3 Apresentação Na perspectiva da expressão visual dos mapas cognitivos, os objectos de apresentação têm como finalidade, gerir o espaço disponı́vel para o desenho dos diagramas. São eles que, em última instância, promovem a visualização e o acesso à sua representação gráfica, de modo a facilitar o processo de criação e análise visual. A sua responsabilidade é, então, concretizar técnicas de apresentação adequadas, entre as quais se encontram as formas padrão, mencionadas no capı́tulo anterior. Distorção, aproximação, coordenação das áreas em foco e até mesmo formas simples de reorganização são, pois, operações definidas por estes objectos. As alterações introduzidas pelos objectos de apresentação à aparência dos mapas, parcialmente definida ao nı́vel da representação visual, não interferem (ou não devem interferir) directamente, com a semântica subjacente a esses mapas, i.e., as modificações da geometria e dos atributos visuais dos representantes visuais, aquando 134 CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS Figura 4.20: Os três nı́veis envolvidos na exposição dos mapas cognitivos. do seu desenho, não acarretam novos significados em termos dos seus correspondentes representantes conceptuais. Naturalmente, esta ausência de intervenção directa, não impede que seja através dos objectos de apresentação, que os utilizadores interagem com os representantes visuais, os criem e modifiquem e, em consequência, alterem os representantes conceptuais. Mais ainda, o papel moderador imputado a estes objectos, não obsta também a que se possam sobrepor aos mapas, componentes visuais, tipicamente transitórios, que se destinam, por exemplo, a marcar zonas especı́ficas (e.g. áreas de foco) ou a identificar subconjuntos de representantes visuais (e.g. marcas de selecção), para efeitos de interacção. Neste sentido, estes objectos de apresentação, 4.3. APRESENTAÇÃO 135 vulgarmente designados por vistas (views), constituem um subconjunto dos objectos de interacção (de que são outros exemplos as paletas, os menus e as caixas de diálogo), indispensáveis para a criação de editores visuais de diagramas ou, no caso vertente, das expressões visuais de mapas cognitivos. Na figura 4.20 mostram-se duas vistas (e uma paleta), enquadradas no nı́vel de topo. Pelo que foi dito, chamou-se-lhe nı́vel de interacção. A sua articulação com os de representação, antes mencionados, é igualmente ilustrada. É interessante notar que, tal como acontecia entre as duas perspectivas de representação, é possı́vel (e desejável) fazer corresponder mais do que um objecto de apresentação, a cada representação visual de um mapa. Esta caracterı́stica confere ao sistema a possibilidade de ser usado em aplicações que recorrem a vistas múltiplas, cada uma focando aspectos especı́ficos, e de providenciar formas de apresentação que vão de encontro aos requisitos estabelecidos pela utilização de mapas cognitivos. A figura evidencia ainda a utilização de paletas, como forma tı́pica de apresentação das definições feitas, nos nı́veis de representação, no plano da linguagem. Figura 4.21: Mapa cognitivo de uma negociação - estratégias de dois vendedores. Na figura 4.21 apresenta-se uma evolução do mapa usado como exemplo de base neste capı́tulo. Nela incluiu-se a estratégia adoptada por outro vendedor, numa das 136 CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS reproduções da referida negociação4 . Este mapa, longe de apresentar a visão colectiva do processo negocial na sua plenitude e portanto, de tomar as dimensões bastante mais alargadas desse mapa, providencia já, pelo acréscimo de complexidade em relação à figura 4.1, uma plataforma mais aliciante para a explanação das técnicas de apresentação que de seguida se abordam. 4.3.1 Técnicas padrão Os objectos disponibilizados no InCoMa proporcionam as técnicas de apresentação descritas no capı́tulo anterior. Em particular, oferecem vistas com possibilidades de deslizamento e aproximação, às quais as bibliotecas genéricas de objectos de interacção dão, normalmente, algum suporte. A figura 4.22 mostra uma simplificação da estrutura comum a todas as vistas. A sua articulação com uma tela, como artefacto genérico de desenho sobre o sistema gráfico subjacente, permite não só concretizar essas operações de deslizamento e aproximação, como também proporcionar mecanismos globais de distorção, i.e., distorções independentes de cada objecto desenhado. Em qualquer dos casos, trata-se da definição de transformações entre coordenadas do espaço onde se define a vista e daquele onde se define a tela5 . Cada vista está obrigatoriamente associada a um único mapa visual que, por seu turno, poderá ser mostrado em mais do que uma vista. O acesso aos representantes visuais será feito, normalmente, através do mapa visual. No entanto, porque algumas técnicas de apresentação definem modificações ajustadas a cada objecto em particular, introduziram-se transformações especı́ficas, sejam elas de foro geométrico ou não, que se associam a cada um dos representantes visuais do mapa. A restrição (UML), parcialmente especificada, entre a associação mostra, a agregação (abaixo) e a classe Transformação, estabelece que as instâncias desta última se apliquem apenas a repre4 Os mapas obtidos nas várias duplicações da experiência, quer a partir das perspectivas dos vendedores, quer das dos compradores, denotando aproximações diversas para abordar o problema, foram integradas num mapa conjunto. Este, por sua vez, permitiu uma análise comparativa, que visou identificar conceitos comuns e categorias de estratégias, que se enquadram em padrões negociais definidos. A base para a especificação de mapas cognitivos difusos, que levariam a cabo a simulação do processo negocial, é igualmente estabelecida a partir deste mapa global. 5 A sua pormenorização sai do âmbito desta dissertação e pode ser encontrada em diversos compêndios sobre computação gráfica. 4.3. APRESENTAÇÃO 137 Figura 4.22: Estrutura comum aos objectos de apresentação. sentantes visuais contidos no mapa visual que a vista mostra. As transformações permitem levar a bom porto a concretização de alguns algoritmos de distorção, por exemplo, do tipo olho de peixe, com alegadas vantagens em relação às que distorcem o espaço, sem consideração pelos elementos mostrados. Por outro lado, facultam igualmente a possibilidade de materializar algumas técnicas de distribuição espacial, em particular as que ajustam a geometria dos elementos, relativamente à original. São exemplo disso, as grelhas de posicionamento ou as técnicas de acerto dos caminhos percorridos pelos arcos, de forma a evitar intersecções. Em si mesmo, as transformações são o resultado da aplicação de algoritmos de ajuste-espacial, que incluem algumas formas de distorção e de distribuição espacial. Uma vista tem ainda opcionalmente associado um conjunto de filtros e um de formas gráficas. Os filtros especificam quais os elementos de representação, que serão mostrados através da vista, desde que incluı́dos na sua área visı́vel (no caso das técnicas de aproximação). As formas gráficas, doravante referidas como marcadores, constituem componentes de desenho, para além dos representantes visuais, que são 138 CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS Figura 4.23: Filtros e componentes gráficos adicionais nas vistas de aproximação. resultado ou que facilitam o processo de interacção com o utilizador. Na figura 4.23 podem ver-se duas vistas. Na primeira, à esquerda, um filtro omite os conceitos referentes às estratégias que não se enquadrem no contexto de comunicação (no caso o conceito identificado com o número 18, na figura 4.21) e as respectivas associações. Em ambas as vistas são visı́veis marcadores que destacam os representantes visuais em estudo. São constituı́dos, como é vulgar neste tipo de componentes visuais, por quatro marcas que circundam o objecto seleccionado (à esquerda o conceito 21 e à direita a associação entre os conceitos 13 e 10). Tendo em conta que, em grande número de situações, os marcadores definidos nas vistas se referem e se devem manter coerentes com os representantes visuais mostrados, estabelece-se que: um marcador pode ser o elemento dependente de restrições dominadas pelos representantes visuais mostrados na vista em que se insere. Esta situação é aliás contemplada pela especificação parcial das formas gráficas, mostrada na secção anterior (ver figura 4.17). É interessante notar, no conjunto das duas vistas, a dificuldade em seguir as relações causais entre constructos de vistas diferentes. Este contratempo, a ser ultrapassado para uma análise eficaz de áreas focais distantes de um mapa cognitivo, é devido, em parte, à descontinuidade que se regista na fronteira entre as duas vistas, em parte, à informação desnecessária que nelas é visı́vel. De facto, os arcos que terminem em nós não visı́veis (posicionados fora das áreas focais das vistas), tendem apenas 4.3. APRESENTAÇÃO 139 a aumentar a complexidade, não sendo, em geral, relevantes para este tipo de análise. 4.3.2 Articulação de vistas Embora as vistas funcionem normalmente de forma separada, o facto é que por vezes é necessária a sua articulação, de forma a estabelecer entre elas relações visuais, perceptı́veis para o utilizador. É o caso, por exemplo, da denotação de áreas de foco em vistas globais, como a que se mostra na figura 4.24. O tamanho e a posição dos Figura 4.24: A articulação entre marcadores de uma vista e as caracterı́sticas de outras. marcadores aqui mostrados, sob a forma de rectângulos a traço interrompido, constituem uma representação directa das áreas visı́veis através das vistas, ilustradas na figura anterior. Neste caso, é necessário estabelecer uma relação de dependência entre marcadores e vistas. Mais uma vez, utilizam-se os mecanismos de tratamento de restrições oferecidos pelo sistema e, em geral, pode dizer-se que: um marcador pode ser o elemento dependente de quaisquer vistas, desde que o mapa visual que estas mostram seja o mesmo. As vistas adoptam igualmente o mecanismo de resolução de restrições do InCoMa. Uma forma mais elementar de articulação de vistas, também envolvendo os seus marcadores, é a partilha. Tal como se mostra no modelo da figura 4.22 e tendo em conta 140 CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS que os marcadores são, como se disse, formas gráficas dependentes de representantes visuais, estipula-se que: um marcador pode ser usado em mais do que uma vista; um marcador só pode ser partilhado, se as vistas que o partilham mostrarem o mesmo mapa visual. Este tipo de articulação permite, de uma forma relativamente directa, que, por exemplo, um marcador de selecção se manifeste em todas as vistas que o partilhem (desde que o correspondente representante visual esteja presente na área de foco). A figura 4.25 mostra um marcador de selecção sobre um arco visual (entre o conceito 21 e a junção à direita), que é parcialmente representado nas duas vistas. Figura 4.25: Partilha de filtros e marcadores entre vistas. As considerações tecidas sobre a partilha de marcadores aplicam-se igualmente aos filtros e aos algoritmos de ajuste-espacial, significando que: um filtro pode ser usado em mais do que uma vista; um ajuste-espacial pode ser usado em mais do que uma vista; filtros e ajustes-espaciais só podem ser partilhados, se as vistas que o partilham mostrarem o mesmo mapa visual. A partilha de filtros, em particular, permite resolver de forma simples, o problema levantado anteriormente quanto à remoção de informação desnecessária no conjunto 4.3. APRESENTAÇÃO 141 de duas (ou mais) vistas. De facto, um dos filtros providenciados no sistema, conduz à omissão de arcos visuais que não comecem ou terminem nas áreas de foco de um grupo especificado de vistas. O resultado da sua aplicação sobre as duas vistas da figura 4.23 está também patente na figura 4.25. Apesar da simplificação derivada da omissão de três arcos (ou excertos de arcos), suficiente para algumas situações, a quebra das ligações na fronteira entre as vistas mantém-se. Os problemas daqui decorrentes podem mesmo traduzir-se no seguimento de arcos errados. Veja-se o caso dos dois arcos que emergem do conceito 19, que parecem terminar ambos na junção ligada ao conceito 10; ou a dificuldade de perceber em que junção termina o arco superior que sai do conceito 21. A clarificação destas situações a partir de soluções padrão, passa pela inspecção, por vezes penosa dada a sua dimensão, duma vista global ou pela selecção sucessiva de cada arco que se pretende analisar. 4.3.3 Vistas múltiplas integradas Uma solução completa para o problema apontado, da visualização de múltiplos focos de um mapa cognitivo, é providenciada pela técnica que se designou Vistas Múltiplas Integradas (Carriço & Guimarães, 1998a). Esta técnica decorre de uma articulação de vistas, mais estreita do que a anteriormente referida, já que se alarga ao próprio desenho dos representantes visuais. Em termos genéricos, pode dizer-se que trata os arcos visuais como entidades que se sobrepõem às vistas, i.e., o seu percurso, entre dois nós visuais, é determinado pela projecção destes, num espaço definido no nı́vel de interacção (e não no de representação visual), por todas as vistas integradas. O resultado da aplicação desta técnica é mostrado na figura 4.26. De notar, para além dos aspectos de filtragem antes mencionados, a continuidade dos arcos visuais na fronteira entre as duas vistas. Torna-se assim mais fácil e sistemático, pelo simples seguimento dos arcos visuais, encontrar os nós visuais que constituem os seus extremos, quer estes se encontrem numa vista ou em vistas separadas. Ao artefacto que disponibiliza esta técnica chamou-se IMV - acrónimo de Integrated MultiViews. É ela própria uma Vista, na qual se podem definir uma ou mais subvis- 142 CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS Figura 4.26: Uma IMV com duas vistas integradas. tas adjacentes. É a união das áreas destas subvistas, que define o espaço da IMV, no nı́vel de interacção. Dado um diagrama, o algoritmo que coordena a apresentação dos representantes visuais através deste objecto, desenrola-se do seguinte modo: 1. as áreas de foco definidas no mapa visual, são desenhadas no espaço da IMV, em conformidade com as transformações normalmente aplicadas às vistas não integradas - constituirão a representação das subvistas; 2. os nós visuais intersectados pelas áreas de foco (no espaço de representação visual), são identificados e desenhados no espaço da IMV, de acordo com as transformações definidas por cada subvista em que se inserem - as subvistas truncam as porções dos nós visuais que estão fora das áreas de foco (clipping). 3. um conjunto de nós de diagrama, decorrentes da projecção dos nós visuais antes identificados sobre as subvistas, é criado (mas não desenhado) num diagrama cujo espaço corresponde ao da IMV; 4. os arcos visuais definidos entre os nós visuais antes identificados, são recriados entre os nós gerados no ponto anterior (posicionados no espaço da IMV) e desenhados independentemente das subvistas; O resultado final, apresentado pelo conjunto das subvistas de uma IMV, constitui um diagrama por si só. Como vistas que são, as IMVs são passı́veis de operações de deslizamento, 4.3. APRESENTAÇÃO 143 aproximação, filtragem, etc.. Particularmente interessantes, dado o seu impacto na coordenação da análise de múltiplos focos, são as duas primeiras. De facto, estas operações são refinadas na classe IMV, relativamente às vistas genéticas, de forma a que, ao serem invocadas, actuem apenas numa das subvistas (a que tiver sido seleccionada de antemão). Deslizamento e aproximação provocam alterações na área de foco (deslocamento e redimensionamento), definida sobre o mapa visual e correspondente à subvista em causa. Os nós visuais patentes na área de foco afectada e todos os elementos recriados a partir deles e dos respectivos arcos visuais são redesenhados. a) subvista inferior seleccionada; b) desliza e afasta sobre o IMV; Figura 4.27: Deslizamento e aproximação numa IMV. A figura 4.27 mostra duas fases, num conjunto formado por uma vista global, com dois marcadores de área de foco, e uma IMV composta por duas subvistas sobre essas áreas. A situação inicial é representada à esquerda. Estando seleccionada a subvista inferior da IMV, é aplicado um deslizamento e uma aproximação a esse artefacto, que desloca para a direita e aumenta a área de foco da subvista. A nova localização da área de foco na vista global e o resultado correspondente à apresentação do diagrama através da IMV é ilustrada à direita. Uma das situações, que é importante ter em consideração, ocorre aquando da intersecção das áreas de foco. Este caso, igualmente possı́vel em vistas independentes e articuladas, é particularmente pertinente nas IMVs, já que se relaciona directamente com o algoritmo de desenho. Quando há intersecção de duas áreas de foco, projectadas em duas vistas, haverá um conjunto de nós visuais que normalmente transparecerá em simultâneo nessas vistas. Então, também os arcos visuais que terminam nesses nós vi- 144 CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS suais serão desenhados, resultando em diagramas potencialmente complicados, cuja complexidade resulta de informação redundante. Nas IMVs essa redundância é ainda mais visı́vel, já que a projecção dos arcos visuais atravessará as fronteiras entre as subvistas - veja-se a figura 4.28 a). A solução passa pela introdução de filtros que, podendo ser aplicados às vistas articuladas, são especialmente adequados para as subvistas de uma IMV, onde funcionam por omissão. Esses filtros levam em consideração, mais uma vez, as áreas visı́veis, deixando apenas uma das projecções dos nós visuais completa, numa das subvistas. Completa, significa aqui que apresentará os arcos visuais que lhe estão associados. As restantes projecções de um mesmo nó visual são omitidas ou, alternativamente, esbatidas. Na figura 4.28 mostra-se, à esquerda, uma vista global, com duas áreas de foco Figura 4.28: Sobreposição das áreas focais das subvistas de uma IMV. marcadas e ainda a antevisão da nova localização da área mais abaixo, após o deslocamento de p1 para p2. Note-se que na posição p1 existe sobreposição de áreas de foco, sendo partilhado o nó visual sombreado, enquanto na posição p2, as áreas não se intersectam. Nas partes a), b) e c) da figura mostra-se uma IMV com duas subvistas, correspondentes às duas áreas de foco referidas. Em a), o filtro descrito foi inibido e em b), activado. Ambas dizem respeito à situação indicada por p1. À direita, ilustra-se a situação da IMV após o deslocamento, independentemente do estado do filtro. Antes de terminar, refira-se um refinamento das IMVs particularmente interessante para alguns tipos de mapa cognitivo. Este resulta da limitação das áreas de deslizamento de cada subvista, à região definida por um contentor especı́fico (ao invés de toda 4.4. ASPECTOS DE CONCRETIZAÇÃO 145 a área do mapa visual). Quando os contentores não se intersectam, a subvista denota o contexto (i.e. o representante conceptual homónimo) dos nós visuais que apresenta. 4.4 Aspectos de concretização O objectivo desta secção é providenciar uma perspectiva global da realização do InCoMa, relativa ao suporte que oferece à expressão visual de mapas cognitivos. O InCoMa concretizou-se numa biblioteca de classes de programação, escritas na linguagem C++. Essas classes organizam-se hierarquicamente, formando um conjunto de subsistemas cuja articulação se ilustra na figura 4.29. Entre eles inclui-se um conjunto Figura 4.29: Subsistemas usados na concretização do InCoMa. de classes, que proporcionam a funcionalidade e alguns algoritmos referentes a estruturas grafos, desenvolvidos no âmbito do EdGar e posteriormente do EdGar++. A interface de desenho gráfico, existente também naqueles trabalhos, foi redefinida no espaço do InCoMa. O objectivo foi oferecer uma solução mais homogénea e abrangente, para acesso transparente aos recursos de desenho de sistemas de janelas (i.e. dos seus subsistemas gráficos) existentes. O Crook - acrónimo de ContRaint Object Oriented Kernel - é uma biblioteca que por si só, providencia todos os mecanismos de verificação e resolução de restrições antes mencionados. Utiliza uma aproximação de propagação local (de forma simplista, propaga as alterações dos dominantes para os dependentes) e foi concretizado de raiz, no enquadramento do InCoMa. O sistema permite encadeamentos cı́clicos de restrições e 146 CAPÍTULO 4. SUPORTE À EXPRESSÃO DE MAPAS COGNITIVOS a resolução das mesmas por proximidade, com prioridades definidas. Os subsistemas de Formas Gráficas e de Vistas padrão são evoluções do trabalho desenvolvido nas versões do EdGar. No primeiro caso, é particularmente relevante o seu ajuste à funcionalidade providenciada pelo Crook, nomeadamente na construção de formas gráficas compostas. No segundo. o aperfeiçoamento resulta, em grande medida, da sua adaptação à arquitectura das vistas antes exposta e à sua articulação com as formas gráficas e os filtros. Os restantes subsistemas são especı́ficos à resolução dos problemas de representação e apresentação encontrados no estudo dos mapas cognitivos e foram, por isso mesmo, completamente realizados no âmbito do InCoMa. 4.5 Sumário Neste capı́tulo apresentaram-se os conceitos e as classes do sistema proposto, que constituem a base de suporte à expressão de mapas cognitivos, conforme os requisitos anteriormente estabelecidos. Começou então por se abordar a questão da representação, primeiro enquanto forma de modelação conceptual dos diversos tipos de mapa e, posteriormente, enquanto meio de exprimir notações que estabelecem a sintaxe e das linguagens visuais com que se manifestam. Em todo este tecido deu-se particular atenção: ao alcance e flexibilidade exigidos, e portanto, à extensibilidade; à contingência do objecto de representação (o pensamento humano); e à capacidade de manter a coerência, quer ao nı́vel dos conceitos, quer ao nı́vel das notações, através de coacções entre os elementos de representação, que levem em linha de conta essa mesma contingência e extensibilidade. Por último, focou-se o suporte oferecido à apresentação daquelas representações e, por conseguinte, à facilitação da edição e análise visuais dos mapas. Evidenciaram-se particularmente os aspectos inovadores de gestão do espaço, proporcionados por objectos de apresentação, que superaram os problemas patenteados pelas soluções existentes, aquando da sua aplicação à visualização de múltiplos focos de diagramas, baseados em estruturas grafo. Suporte à exploração de mapas cognitivos No capı́tulo anterior foi proposto um conjunto de conceitos e técnicas, directamente relacionados com a expressão dos mapas cognitivos. No entanto, uma perspectiva abrangente, com vista a uma plataforma adequada para o desenvolvimento de ferramentas de trabalho com mapas cognitivos, não pode, de modo algum, descurar a componente dinâmica do uso das linguagens, particularmente notória no domı́nio em que estas se aplicam (a cognição humana no âmbito organizacional). De facto, na especificação de um mapa cognitivo os utilizadores embarcam num processo de construç ão e revisão constantes, de ı́ndole fortemente exploratória (vejam-se as considerações feitas no capı́tulo 2). A exploração de representações visuais, como serão os mapas cognitivos expressos com base no suporte descrito, traduz-se numa interacção continuada entre o utilizador e os elementos de representação, especialmente através de ou em cooperação com os objectos de apresentação, dentro dos quais são visı́veis. Esta interacção, embora liderada pelo utilizador, enquadra-se numa colecção de: imposições sintácticas inerentes às linguagens de representação; escolhas anteriores do próprio indivı́duo; e recomendações semânticas de modelos e conhecimento acumulado por outros. Se então se pretender, como advogam os princı́pios subjacentes à interacção pessoa máquina, veicular ao utilizador indicações sobre essas restrições (i.e. as imposições, as escolhas e as recomendações), durante o processo de criação e revisão dos mapas, a interacção toma vestı́gios de conversação, i.e. o utilizador dita e o sistema responde de imediato com interjeições ou pequenas frases demonstrativas de compreensão, concordância, ... Tendo em conta que aquelas restrições reflectem frequentemente, como se viu, posições de contingência, assumindo por isso diferentes graus de coerção, as res147 148 CAPÍTULO 5. SUPORTE À EXPLORAÇÃO DE MAPAS COGNITIVOS postas do sistema computacional terão que construir-se sobre formas de retorno mais ricas do que as que simplesmente comunicam proibição ou permissão peremptórias. Este capı́tulo debruçar-se-á sobre o suporte oferecido para a manipulação dos mapas cognitivos e, em especial, para a capacidade de definição de dialectos de retorno, mais expressivos do que os habitualmente disponibilizados. Primeiramente, clarificam-se as caracterı́sticas das acções que o utilizador poderá desencadear no sistema, elaborando sobre as diferentes perspectivas com que essas acções podem ser vistas e os nı́veis e objectos em que se aplicam. Estende-se ainda esse conjunto de objectos, para além dos que se relacionam com a representação e apresentação, de forma a alargar o espectro de operações que os utilizadores podem executar de forma directa sobre o sistema. De seguida, descreve-se um modelo que permitirá traduzir restrições e noções gerais de representação, em formas de comportamento relacionadas com o factor espacial. É esse modelo de interacção espacial entre objectos, que proporciona os alicerces para a construção de dialectos de retorno com as caracterı́sticas perseguidas. Os seus elementos constituintes, particularmente na sua feição visual, são então identificados, apresentando-se duas versões exemplificativas. Os dois dialectos propostos, baseiam-se em outras tantas metáforas e estão especialmente vocacionados para transmitir ao utilizador restrições definidas com diferentes graus de coerção. Os conceitos, o modelo e as técnicas aqui propostos (Carriço & Guimarães, 1998c; Carriço & Guimarães, 1998b; Carriço et al., 1999), materializam-se, em conjunto com os descritos no capı́tulo anterior, na biblioteca InCoMa. No final deste capı́tulo, são abordados alguns aspectos dessa concretização, sendo os módulos que disponibilizam estas técnicas, enquadrados no conjunto dos restantes módulos da biblioteca e a sua relação com os sistemas que estiveram na sua génese sucintamente referida. 5.1 Acções do utilizador Na utilização de ferramentas de exploração e análise de mapas cognitivos, as pessoas desencadeiam variadas acções, cujo resultado vai desde a simples manutenção, não influenciando o significado dos mapas ou mesmo o seu aspecto (e.g. salvaguar- 5.1. ACÇÕES DO UTILIZADOR 149 dar, imprimir), até às que neles têm repercussões semânticas, sintácticas ou meramente estéticas. Independentemente da sua consequência no sistema, essas acções revestemse de uma forma que pode ser caracterizada pelo grau de directividade (directiveness) com que são desencadeadas, i.e. até que ponto o utilizador actua directamente (ou assim o percepciona) sobre as representações dos mapas ou indirectamente através de estilos de interacção, como sejam linguagens de comandos, menus, formulários, etc.. São as formas de acção mais directa, enquadradas no estilo de manipulação homónima, que tomam particular interesse neste trabalho. Estas, sendo extremamente relevantes como meio de exploração de especificações visuais (veja-se 3.1.4), apresentam-se de forma embrionária nas aplicações existentes no contexto do trabalho com mapas cognitivos e mesmo da interacção pessoa-máquina em geral. 5.1.1 Acções de manipulação O tipo de acções de manipulação aqui referidas enquadram-se nas que são vulgarmente referidas por arrastamento e largada (drag and drop). De uma forma geral pode dizer-se que o utilizador tem a percepção de que agarra (ou cria e agarra) um objecto, o arrasta, deformando-o ou movendo-o, e o larga, dando nessa altura o aval à execução da tarefa que tinha (ou formou) como objectivo. Neste sentido, distinguem-se, as acções do utilizador, tal como ele as percepciona enquanto leva a cabo a manipulação, e a operação propriamente dita, que corresponderá à modificação desejada do sistema. As primeiras dizem respeito à forma da manipulação (agarrar, arrastar e largar) e estão totalmente ligadas ao estilo de manipulação directa, enquanto as operações corresponderão à sua semântica (copiar, contextuar, mover, etc.), podendo desencadear-se por outras formas de interacção (e.g. menus). Estas acções de manipulação podem articular-se com diferentes operações, atribuindo assim significados diferentes ao mesmo tipo de interacção e fazendo-se sentir num ou mais nı́veis de expressão (apresentados no capı́tulo anterior). Por exemplo, com impacto apenas ao nı́vel da representação visual, considere-se o ajuste da disposição especial dos diagramas, em que acção e operação se mantêm relativamente próximas (e.g. mover nós visuais dentro de um contentor, acomodar a geometria 150 CAPÍTULO 5. SUPORTE À EXPLORAÇÃO DE MAPAS COGNITIVOS dos arcos visuais sem alterar os seus términos). Com repercussões ao nı́vel conceptual, refira-se a alteração do contexto de um conceito (operação), que na perspectiva da acção passa por agarrar o nó visual correspondente ao segundo, arrastá-lo desde o contentor representante do contexto até ao contentor do contexto final e largá-lo. Outra situação abonatória será aquela em que um dos extremos de um arco visual se agarra, se arrasta de um contentor para outro e aı́ se larga, modificando a associação subjacente. Neste sentido estabelece-se que: às manipulações do tipo arrastamento e largada pode fazer-se corresponder diferentes operações sobre o sistema. Para além destas operações, intrinsecamente ligadas ao espaço em que os representantes visuais se inserem, outras são ainda requeridas durante o processo de criação e modificação dos mapas cognitivos, cuja projecção nas acções de manipulação supracitadas é também possı́vel. Por exemplo, fundir dois ou mais conceitos num só (ou decompô-los) é uma tarefa comum na exploração destes mapas (veja-se 2.3.3). Arrastar um nó visual sobre outro pode ser uma forma de levar a cabo esta operação. Aqui, no entanto, o resultado final (a operação) não conduz ao deslocamento do nó visual no nı́vel da representação visual, mas sim, por exemplo, à sua remoção, antecedida pela inclusão do respectivo conceito no conceito do nó visual de destino. Assim, pode dizer-se que, no caso geral: as operações que se fazem corresponder às manipulações do tipo arrastamento e largada podem não assumir caracterı́sticas de posicionamento ou geometria. Mesmo a criação de novos representantes pode ser enquadrada nas formas de manipulação directa, passando normalmente pelo encadeamento de sequências incompletas de acções de arrastamento e largada. A criação de uma associação passa por uma fase inicial em que se larga um novo exemplar do arco visual correspondente, junto a um nó visual, agarrando de imediato o seu outro extremo e arrastando-o para um outro nó visual em que se soltará. Definir uma junção que envolva mais do que uma associação passará por um processo semelhante (com resultados visı́veis distintos). Aponte-se ainda, como exemplo, as acções comuns de selecção múltipla em que 5.1. ACÇÕES DO UTILIZADOR 151 um marcador é criado e arrastado, redimensionando-o, por forma a abarcar os representantes que se pretende. Formas mais complexas, por exemplo para a definição de caminhos nos arcos visuais, são sempre decomponı́veis em sequências de agarramento, arrastamento e largada, conquanto as operações sejam adiadas até à conclusão da manipulação no seu todo. Então, assenta-se que: as manipulações do tipo arrastamento e largada podem encadear-se e privar-se de algumas das suas fases, de modo a levar a bom porto operações não triviais. Um olhar mais atento sobre a manipulação pode ainda distinguir as acções concretas levadas a cabo pelo utilizador sobre os dispositivos fı́sicos de entrada (e.g. premir uma tecla, mover o rato) e as acções percepcionadas antes referidas (agarrar, arrastar e largar). Do ponto de vista do sistema computacional as primeiras designar-se-ão também eventos. Poder-se-á dizer que cada uma dessas perspectivas corresponde: ao que o utilizador faz (sobre os dispositivos); ao que ele percepciona que faz ou vai fazer sobre o sistema; e ao que o sistema realmente executa. Se é verdade que os mecanismos apontadores (e.g. rato, caneta de luz), pela sua capacidade de comunicarem directamente ao sistema movimentações no espaço real, estão normalmente melhor adequados a este tipo de manipulações, também é certo que a utilização de alternativas pode ser vantajosa. Nomeadamente na exploração de mapas cognitivos, em que a escrita de texto (e.g. descrições dos conceitos) é uma actividade comum e concorrente com o arrastamento e largada, o recurso a um único dispositivo (e.g. teclado) ou a vários que não requeiram o mesmo meio de comunicação por parte do utilizador (e.g. manual, vocal), evita as mudanças frequentes exigidas pelas soluções mais imediatas. Exemplos possı́veis de uso de dispositivos não apontadores na execução de acções de manipulação são: a utilização das setas no teclado, precedidas por outras indicadoras da operação e seguidas por uma de conclusão; o recurso a comandos de voz de natureza espacial (e.g. , , , , ). Naturalmente, estas acções concretas terão que traduzir-se em posições relativas no espaço e, por conseguinte, associar-se-lhes deslocamentos (para o arrastamento) e formas de acesso a objectos de trabalho (para o agarramento). Assim, de uma forma geral: CAPÍTULO 5. SUPORTE À EXPLORAÇÃO DE MAPAS COGNITIVOS 152 as manipulações do tipo arrastamento e largada podem ser desencadeadas por vários tipos de dispositivos, em coordenação ou separados, desde que se lhes associe caracterı́sticas espaciais. 5.1.2 Elementos de base na manipulação No InCoMa as três perspectivas de acção anteriormente descritas deram origem a outras tantas classes que, no seu conjunto, constituem o suporte de base, que permite Figura 5.1: Estrutura simplificada das classes que sustentam a manipulação. gerir a interacção com o utilizador, segundo uma aproximação de manipulação directa. Essas classes, representadas no diagrama da figura 5.1, correspondem aos seguintes elementos: Dispositivos - representam, no sistema computacional, os mecanismos fı́sicos que os utilizadores têm disponı́veis para actuar sobre o sistema (e.g. rato, teclado, voz). O seu papel no InCoMa, do ponto de vista das acções do utilizador sobre o sistema, é uniformizar os diferentes eventos desencadeados pelos dispositivos fı́sicos (e.g. botão pressionado, movimento, tecla premida) e traduzi-los de acordo com o protocolo definido para o tipo de manipulações em causa (cuja gestão está a cargo dos manipuladores). Nesse sentido, é ao nı́vel dos dispositivos, que se estabelece a tradução entre os eventos, as acções de manipulação percepcionadas e, eventualmente, as operações que lhe irão corresponder (e.g. botão esquerdo premido corresponde a um inı́cio de manipulação para a operação correntemente 5.1. ACÇÕES DO UTILIZADOR 153 seleccionada). A classe Dispositivo é uma classe abstracta, refinada posteriormente para dispositivos especı́ficos (na concretização corrente: teclado e rato), tendo em conta as particularidades de cada um. Manipuladores - simbolizam as acções percepcionadas e, nesse sentido, são os responsáveis por gerir cada acção de manipulação, identificando e coordenando as relações espaciais dos objectos de representação visual e de apresentação envolvidos, de acordo com a operação em processamento. São os manipuladores que, com base naquela coordenação, comandam a composição das respostas, segundo dialectos de retorno especı́ficos. Independentemente dos dispositivos ou das operações a realizar as três fases distintas das acções de manipulação, materializam-se nas operações (UML) definidas na classe: na fase inicial (’agarra’) é estabelecido o objecto ou objectos que serão manipulados de novo ou em continuação da manipulação anterior; na fase intermédia (’arrasta’) é sucessivamente definido um conjunto de pontos (ou deslocamentos), através do qual os objectos manipulados se movem, moldam e interagem com outros que se encontram no mesmo espaço de manipulação; na fase final (’larga’), em que o utilizador dá por terminada a manipulação, procede-se à execução da operação propriamente dita ou suspende-se até ser completada numa sequência seguinte. Tratando-se de manipulação directa de objectos visuais, estas fases estão intrinsecamente ligadas a posições ou deslocamentos no espaço. Ao preencher estes requisitos do protocolo estabelecido nos manipuladores, os dispositivos não apontadores partem de posições anteriores (e.g. do centro do objecto seleccionado) e de deslocamentos predefinidos e associados a eventos especı́ficos (e.g. tecla corresponde a ¡´¼ ½¼µ e em conjunção com a ¡´¼ ¾¼µ). A ’força’, na fase de arrastamento, denota a intencionalidade da acção do utilizador e, a menos que se usem dispositivos fı́sicos com reacção incorporada, a sua intensidade é simulada, como no caso anterior, por combinações de eventos. 154 CAPÍTULO 5. SUPORTE À EXPLORAÇÃO DE MAPAS COGNITIVOS Operações - representam as acções de carácter permanente (mas possivelmente reversı́veis), que se processam no sistema (e.g. duplicação de um objecto, criação, remoção). Nesse sentido, agregam e coordenam as caracterı́sticas semânticas das manipulações, constituindo os objectivos finais das mesmas. São eles que se articulam com os representantes de ambos os nı́veis e com as vistas, agora no que respeita às restrições sobre eles definidas (e não às caracterı́sticas espaciais), para os questionarem sobre a viabilidade das operações e determinarem a sua execução. Tal como para os dispositivos, a especificidade de cada operação, cuja execução depende inclusive do tipo de objectos envolvidos (e.g. dois conceitos, um conceito e um contexto), deixa uma versão abstracta desta classe, refinada depois para a criação de representantes, a sua contextuação, fusão, operações combinadas, etc.. É igualmente nas operações que é possı́vel concretizar funções inversas de cancelamento semântico (undo). 5.1.3 Nı́veis de manipulação Tendo em conta o papel das vistas no contexto do InCoMa, as acções de manipulação directa, atrás mencionadas, desencadeiam-se sobre ou através desses objectos de apresentação. Distinguem-se dois nı́veis de manipulação sobre as vistas: Manipulações externas - dizem respeito às acções do utilizador de que resulta o ajustamento da apresentação. São exemplos, as que originam deslizamento, aproximação ou o ajuste da geometria das vistas. Este tipo de manipulação, embora possa efectivar-se sobre objectos de interacção exteriores à vista (e.g. menus e barras de deslocamento), pode também desencadear-se directamente sobre o espaço que a vista define ou sobre alguns dos seus componentes. O caso das IMVs e em particular das subvistas é abonatório desta situação. O ajuste do tamanho e da localização destas últimas será um exemplo em que acções de manipulação directa, externa, é adequada. Estas manipulações são percebidas pelo utilizador como sendo executadas no nı́vel de interacção em que é definida a própria vista (veja-se 4.3 e a figura 4.20). Como tal, reflectem-se apenas no objecto de apresentação em causa: o ajuste de 5.1. ACÇÕES DO UTILIZADOR 155 uma subvista não altera a geometria ou o conteúdo de representação, de vistas ou subvistas de objectos de apresentação que não sejam aquele em que se insere. Manipulações internas - correspondem às acções do utilizador que têm repercussões no espaço de representação visual dos mapas. São exemplos, as que resultam na disposição espacial dos representantes visuais, na sua criação, remoção, contextuação de conceitos, definição ou ajuste de associações, junções, etc.. Também se incluem nesta categoria, as acções directamente aplicadas sobre marcadores, particularmente naqueles que tenham relações de dependência com representantes visuais. De facto, a manipulação desses marcadores é tipi- camente transformada em alterações sobre representantes de que dependem (e.g. redimensionamento). As acções de que decorre a criação de marcadores (selecções) ou a manipulação daqueles que não dependem de representantes visuais, não alterando a especificação de um mapa, manifestam-se no seu espaço de representação. Assim a estas, chamou-se-lhes manipulações internas superficiais, às anteriores, manipulações internas profundas. As manipulações internas, sejam elas sobre representantes visuais ou marcadores, superficiais ou profundas, são percepcionadas sempre ao nı́vel da representação visual, i.e. o utilizador vê a sua acção como sendo desencadeada sobre o mapa visual e não sobre o objecto que o apresenta. No entanto, relativamente às operações que delas resultam, existem diferenças acentuadas. De facto, as operações desencadeadas por manipulações profundas, propagam-se sempre em todas as vistas da mesma representação visual e provocam alterações, pelo menos, a este nı́vel (eventualmente também ao nı́vel conceptual). Já os resultados das manipulações superficiais podem circunscrever-se apenas à vista em que foram realizadas ou, no caso de marcadores partilhados, a todas as vistas que os partilhem. 5.1.4 Espaços de manipulação Enquanto que as manipulações externas se desenrolam somente ao nı́vel de interacção e, por conseguinte no espaço aı́ assente, já nas manipulações internas po- 156 CAPÍTULO 5. SUPORTE À EXPLORAÇÃO DE MAPAS COGNITIVOS derão estar envolvidos objectos definidos em nı́veis distintos de expressão visual e, potencialmente, em diferentes espaços geométricos. Tal é o caso, já mencionado, da manipulação de marcadores dependentes ou dos representantes visuais que os dominam. Esta dependência, normalmente peremptória, é resolvida de forma simples, fazendo com que o marcador acompanhe, na posição ou tamanho, o seu dominante. No entanto, outras situações distintas são igualmente dignas de registo. Podem apontar-se, por exemplo, as interacções entre os representantes visuais e os limites das vistas pelas quais se vêem. De facto, se na manipulação de um representante visual este atinge o limite da vista em que se está a desencadear a acção, diferentes resoluções podem ser presenteadas ao utilizador, e.g. remoção do representante visual, cancelamento ou congelamento da acção, continuação pelo seu espaço (invisı́vel e subjacente) de representação visual. Particularmente interessante no caso das soluções de apresentação propostas neste trabalho, situa-se a interacção de representantes visuais, ou mais exactamente de nós visuais, com as subvistas de uma IMV. Esta circunstância, de certo modo equiparável às próprias fronteiras da vista, requer um tratamento coerente com os preceitos definidos para as subvistas. Já que o espaço parece correr continuamente entre elas do ponto de vista da apresentação dos arcos visuais, então uma manipulação que transponha a sua fronteira, deverá assentar num pressuposto de espaço aparentemente comum. Naturalmente, esta situação terá que ser conjugada com a existência de contextos, potencialmente diferentes entre subvistas, e as restrições por estes definidas. Neste caso, uma subvista comportar-se-á (ou deverá comportar-se) relativamente a um nó visual representante de um conceito, como um contentor se comportaria, no espaço definido ao nı́vel da representação visual. Esta cumplicidade entre subvistas e contentores é ainda mais forte no caso das IMVs em que cada subvista se confina a um contentor. Por tudo isto e admitindo ainda a interacção com outros componentes de uma vista que se manifestem de forma gráfica, é definido um espaço de manipulação (virtual), que de facto resulta da fusão dos respectivos espaços envolvidos (ver figura 5.2). Designou-se por espaço de manipulação interna e é especı́fico a cada vista. Nele encontram-se projectados os representantes visuais que se vêm através dela, transformados de acordo com as caracterı́sticas especificadas na vista, e todos os componentes 5.1. ACÇÕES DO UTILIZADOR 157 Figura 5.2: O espaço de manipulação interna. gráficos dessa vista. Doravante, a designação objecto de manipulação ou simplesmente objecto, aplicar-se-á indistintamente às entidades representadas neste espaço, aquando de manipulações internas, ou às entidades definidas no nı́vel de interacção e em particular aos componentes das vistas, no caso de manipulações externas. É da responsabilidade das vistas a conversão entre espaços, seja de áreas ou de pontos, e, em geral, a resposta a questões que se prendam com as transformações nelas definidas. Nesse sentido, dispositivos e manipuladores articulam-se com as vistas para obterem a informação que necessitam sobre coordenadas e sobre os objectos que potencialmente se encontram no caminho definido por cada manipulação. A figura 5.3 mostra um diagrama de classes que denota essa articulação. Note-se que alguns dispositivos, pelas suas caracterı́sticas de localização (apontadores), determinarão a vista corrente com que cada manipulação se irá coordenar, ao passo que outros usarão selecções anteriores. 5.1.5 Objectos operadores A manipulação directa dos representantes visuais, através das respectivas vistas, permite, como se disse, a partir da sua movimentação no espaço, desencadear diversos tipos de operações (e.g. contextuação, associação, fusão), que resultam da interacção 158 CAPÍTULO 5. SUPORTE À EXPLORAÇÃO DE MAPAS COGNITIVOS Figura 5.3: Articulação entre vistas e elementos de manipulação. entre eles. Com o objectivo de flexibilizar o número e tipo de operações disponibilizadas, as vistas providenciadas no InCoMa, oferecem ainda a possibilidade de incluir objectos (seus componentes) com a capacidade de, por interacção com os representantes visuais, executar outras funções que facilitem a criação dos mapas. Designam-se objectos operadores e, tal como as subvistas, são definidos no nı́vel de interacção, interagindo com os representantes visuais, no espaço de manipulação interna. Por outro lado, são também passı́veis de manipulações externas que os ajustem geometricamente nas vistas em que se inserem. São também objectos de manipulação. A figura 5.4 mostra objectos pertencentes a duas classes oferecidas, a saber: Destrutor e Teleporte. Destrutores são regiões fechadas cuja interacção com os representantes visuais e em particular com os nós visuais, desencadeia a operação de remoção dos segundos. Assim, um representante visual arrastado e largado na área definida por um destrutor, será eliminado (grosso modo, corresponde aos caixotes do lixo nos ambientes de janelas). Na figura, no nı́vel de interacção, é mostrado um destrutor, assinalado com uma cruz, na base das subvistas. Teleportes são também regiões fechadas que representam canais de comunicação pa- 5.1. ACÇÕES DO UTILIZADOR 159 Figura 5.4: Objectos operadores e espaços de manipulação. ra contentores, usualmente os não adjacentes. Note-se que estes objectos operadores não são vistas ou subvistas, já que não apresentam representantes visuais no seu interior. Ao invés, os nós visuais arrastados e largados no seu interior, entrarão de facto, no contentor de destino. Na figura, estão representados dois teleportes, decorados com uma pequena porta, na base exterior das subvistas laterais da IMV. O teleporte do lado esquerdo comunica com um contentor, denominado C, apresentado pela subvista do lado direito, enquanto o contentor A, visı́vel através da subvista do lado esquerdo, é o destino do teleporte do lado direito. Deste modo, as manipulações que pretendam transitar nós visuais de um contentor para outro, exibidos em subvistas não adjacentes, poderão evitar a passagem por outras subvistas e contentores que se encontrem de permeio. É importante ressalvar que os destrutores e teleportes não se aplicam em exclusivo às IMVs. Nas vistas simples, os primeiros assumirão o seu papel normal, enquanto os segundos oferecerão uma forma simples de contextuação, para contextos ou contento- 160 CAPÍTULO 5. SUPORTE À EXPLORAÇÃO DE MAPAS COGNITIVOS res que, em determinada conjuntura, não sejam interessantes de visualizar, mantendose ainda assim distantes no espaço de representação visual. Tal como as subvistas, os destrutores e os teleportes formam um subconjunto de formas gráficas associadas às vistas definidas no espaço de interacção e, por conseguinte, com caracterı́sticas espaciais distintas dos marcadores. 5.2 Interacção entre objectos O modelo aqui descrito foi concebido com o objectivo de estabelecer uma plataforma comum de interacção espacial entre os representantes visuais e entre estes e os objectos de interacção com eles relacionados, de modo a promover a construç ão de dialectos de retorno adequados a formas de comunicação mais elaboradas. Neste modelo define-se um conjunto de áreas em torno de cada objecto, que estabelecem os pontos de inı́cio e fim da interacção entre eles, aquando da sua manipulação. Essas áreas articulam-se em torno das noções de dependência mencionadas no capı́tulo anterior, em particular as de dependência existencial, traduzindo graus de coerção em caracterı́sticas espaciais. Tendo em conta o comportamento que no modelo se delineou para os objectos dominantes ou potencialmente dominantes chamou-se-lhe modelo parental. De uma maneira geral, pode dizer-se que estes objectos resistem às manipulações que tendem a libertar os seus dependentes e àquelas que tencionam imputar-lhes novos dependentes. 5.2.1 Campos de interacção A figura 5.5 representa os campos definidos por cada objecto, que se manifestam durante as diferentes fases da sua manipulação e, em particular, da sua interacção com outros. O rectângulo ovalado denota um objecto e as curvas fechadas, com vários padrões de traço interrompido, simbolizam os limites dos diferentes campos. Identificam-se três: o de rejeição, o de retenção e o de actividade. 5.2. INTERACÇÃO ENTRE OBJECTOS a) Campo de rejeição 161 b) Campo de retenção c) Campo de actividade Figura 5.5: Campos de rejeição, de retenção e de actividade no modelo paternal. O campo de rejeição é uma região do espaço em que um objecto resiste ao desencadear de uma acção, que resulta da sua interacção com outro, com o qual não existe relação de dependência. Dir-se-á, neste caso, que se trata de objectos estranhos ou independentes. Em cada ponto do campo é definida uma força, a força de rejeição, e duas linhas de fronteira, mostrados em 5.5a. À fronteira exterior, a partir da qual se aplicará a força, chamou-se limiar de rejeição e à outra limiar de aceitação, já que a partir dela a força deixa de se fazer sentir. A força de rejeição é normalmente dirigida do limiar de aceitação para o de rejeição. O campo de retenção é uma região do espaço, em que um objecto dominante se opõe ao desencadeamento de uma acção, que deriva da sua interacção com um objecto dependente - as noções de dominante e dependente são as anteriormente introduzidas. Tal como denota a figura 5.5b, é definida uma força de retenção, um limiar de retenção e um limiar de cedência. O primeiro limiar determina a região a partir do qual se fará sentir a força de retenção, enquanto que, uma vez atingido o segundo, a interacção entre os dois objectos se deixa de fazer sentir. A 162 CAPÍTULO 5. SUPORTE À EXPLORAÇÃO DE MAPAS COGNITIVOS força é normalmente dirigida do limiar de cedência para o de retenção. Utilizar-se-á a designação campo de resistência para referir indistintamente os campos de rejeição e retenção e força de resistência para as respectivas forças. Ao limiar de aceitação ou cedência dar-se-á o nome comum de limiar de aprovação. O campo de actividade é a região do espaço em que um objecto impõe a sua presença a outro. Tal como se mostra em 5.5c, é delimitado pelo limiar de actividade. É a intersecção do campo de actividade de um objecto com o campo de resistência de outro, que determina a aplicação das forças atrás referidas. Dir-se-á então que os campos, a força de resistência e os limiares envolvidos foram activados. No âmbito do campo de actividade é ainda definido o limiar de execução. É quando este se intersecta com o limiar de aprovação de outro objecto, que a fase final da acção se pode desencadear, de modo a que a operação subjacente seja executada. Afirma-se nestes casos, que o campo de resistência foi ultrapassado e que os limiares de aprovação e execução foram activados. Note-se que os campos de resistência só são ultrapassados se forem previamente activados no decurso de uma manipulação. Todos os campos e limiares podem ser inibidos, estando normalmente despertos. É apenas neste último estado que poderão passar à situação de activado. 5.2.2 Activação dos campos Uma das acções, vulgar no processo de exploração dos mapas, que pode ilustrar de forma simples a utilização dos diversos campos acima descritos, é a que transforma um objecto estranho num objecto dependente. Na figura 5.6 mostra-se essa manipulação, no caso com o objectivo de tornar o objecto menor, inicialmente estranho, dependente do maior. Os objectos e respectivos campos são representados como na figura anterior. Como forma de simplificação, são omitidos os campos não directamente envolvidos, nomeadamente, o campo de actividade do objecto maior, o de rejeição do menor e o de retenção de ambos. As linhas referentes aos limiares dos campos envolvidos são acentuadas apenas quando desencadeiam mudanças de estado. 5.2. INTERACÇÃO ENTRE OBJECTOS a) objectos estranhos b) lim. de rejeição activado 163 c) lim. de rejeição ultrapassado Figura 5.6: Interacção entre objectos independentes. Em a) os objectos estão afastados e não há intersecção entre campos, não havendo, portanto, qualquer interacção entre eles. Ao deslocar-se o objecto menor na direcção do maior atinge-se a situação denotada na parte b) da figura. Aqui, o limiar de actividade do primeiro intersecta-se com o limiar de rejeição do segundo. A partir deste ponto, o deslocamento do objecto menor, no mesmo sentido, estará sujeito à força de rejeição (normalmente de sentido contrário) definida pelo objecto maior. A manipulação que tem como alvo tornar o objecto dependente, será assim contrariada. Uma vez que os limiares de execução e de aceitação dos dois objectos se intersecta, em c), a força deixa de se fazer sentir e o objecto menor poderá tornar-se dependente do maior. a) obj. menor dependente b) lim. de retenção activado c) lim. de retenção ultrapassado Figura 5.7: Interacção entre objectos dependentes. Na figura 5.7 mostram-se três passos de uma manipulação em que um objecto dependente é arrastado de forma a tornar-se independente. A situação de partida é aquela em que ficaram os objectos, após consumada a operação cuja manipulação se ilustrou na figura anterior, i.e. o objecto menor dependente do maior. Em 5.7a está representa- 164 CAPÍTULO 5. SUPORTE À EXPLORAÇÃO DE MAPAS COGNITIVOS do esse caso, agora denotando os limites do campo de retenção do objecto dominante. Assim que o limiar de actividade do dependente toca o limiar de retenção do objecto maior, em b), dá-se inı́cio à aplicação da força de retenção, resistente às acções em curso. Na terceira parte da figura o limiar de execução intersecta-se com o de cedência do dominante e o objecto menor pode então tornar-se independente daquele. 5.2.3 Activações mútuas Relativamente à activação dos diferentes limiares, é pertinente dar-se alguma atenção às situações em que mais do que dois campos estão envolvidos na interacção. Refira-se, em particular, o caso em que a presença de dois objectos se faz sentir mutuamente. Esta conjuntura ocorre apenas para objectos independentes e inicia-se quando o campo de actividade de cada um dos objectos envolvidos, se intersecta com o campo de rejeição do outro. Neste caso, aplicam-se as forças de rejeição de ambos, podendo portanto, dificultar ainda mais a aproximação dos objectos. A situação é representada na figura 5.8a, mostrando-se a zona de intersecção entre os campos referidos com a) campos de rejeição activados b) ambas as acções se podem executar Figura 5.8: Activação mútua dos campos de rejeição de objectos independentes. um tom mais escuro. Estão também patentes os quatro limiares que, em cada objecto delimitam os campos de actividade e rejeição. A activação desses limiares é igualmente mostrada como anteriormente. Continuando o deslocamento relativo dos dois objectos, é então possı́vel atingir-se o estado denotado em b), onde, para simplificar, foram omitidas as representações dos limiares de actividade e rejeição. Neste caso, 5.2. INTERACÇÃO ENTRE OBJECTOS 165 os campos de rejeição foram ultrapassados e pode, por isso, executar-se a operação associada à manipulação em curso, sobre cada um dos objectos (essa aprovação foi simbolizada, no exemplo, pelas vozes musicais que emanam de cada objecto). Em geral, relativamente à articulação entre os campos de actividade e rejeição de um objecto, estabelece-se como funcionamento por omissão que: o campo de actividade de um objecto pode estar desperto, mesmo nas situações que o seu campo de rejeição esteja activado ou tenha sido ultrapassado, dizendo-se assim que o objecto tem um campo de actividade permanente. No entanto, a situação de activação mútua pode ser evitada (e é-o normalmente), através de uma administração adequada dos campos de actividade. Essa administração passa por deixar desperto apenas um dos campos de actividade dos objectos envolvidos, ficando inibidos todos os restantes. A ocasião em que os campos de actividade são despertos ou inibidos, determina comportamentos distintos, que levam a situações de interacção com o utilizador potencialmente diferenciadas. Definem-se assim três outros modos de comportamento dos campos de actividade, a saber: o campo de actividade de um objecto, normalmente desperto, pode passar a inibido, quando o seu campo de rejeição for ultrapassado, dizendo-se neste caso, que o objecto tem um campo de actividade inibido por execução; o campo de actividade de um objecto, normalmente desperto, pode passar a inibido, após o seu campo de rejeição ser activado, dizendo-se então que é um campo de actividade inibido por rejeição; o campo de actividade de um objecto pode estar normalmente inibido, passando a desperto apenas quando ele é um dos objectos manipulados, dizendo-se nesta situação, que é um campo de actividade desperto por manipulação. É interessante notar que, nos dois últimos casos, nunca se fazem sentir em simultâneo as forças de rejeição de dois objectos que interajam mutuamente. Por outro lado, os campos de actividade despertos por manipulação, quando definidos globalmente para todos os objectos, permitem simplificar sobremaneira a gestão do seu comportamento e tornar bastante mais clara a interacção com o utilizador: o objecto que este manipula é o único que tem o campo de actividade desperto. 166 CAPÍTULO 5. SUPORTE À EXPLORAÇÃO DE MAPAS COGNITIVOS 5.2.4 Activações múltiplas A gestão do estado de inibição dos campos de actividade permite resolver, de forma simples, as situações causadas pela interacção mútua. No entanto, a activação de vários campos de resistência, pode ocorrer noutros casos, nomeadamente quando há mais do que dois objectos envolvidos, o que aliás é uma circunstância comum. Considerando, primeiramente, os campos de rejeição, definem-se três tipos de comportamento, agora relativo à sua articulação com os campos de rejeição de outros objectos: um campo de rejeição que não interfira com a activação dos restantes, designase campo de rejeição indiferente; um campo de rejeição, uma vez ultrapassado, pode impedir a activação dos limiares de aceitação dos outros, impondo-lhes o estado inibido - designar-se-á campo de rejeição absorvente; um campo de rejeição, uma vez activado, pode evitar a activação dos restantes, impondo-lhes o estado inibido - diz-se que é um campo de rejeição inibidor. Em geral, a adequação dos diferentes comportamentos dos campos de rejeição a cada situação, está fortemente ligada à operação em jogo e à forma como evolui a manipulação que lhe dá origem. De facto, haverá casos em que um campo indiferente é aceitável, já que a operação desencadeada nos vários objectos resistentes, se pode repetir em todos. Será, por exemplo, o caso em que se contextua um conceito em contextos encadeados por cooperação. Outros ocorrerão, em que a acção desencadeada por um deles impossibilitará a sua execução nos outros (e.g. remoção do objecto). Adequam-se, nesta circunstância, as outras versões. No caso dos campos de retenção a eventualidade de conflito está também latente, não tanto pela sua activação múltipla, mas sobretudo pela possibilidade de activação de campos de rejeição, que contrariem as dependências a que um campo de retenção se refere. Assim sendo, estabelece-se uma supremacia dos campos de retenção, cuja finalidade é indicar que um objecto deverá libertar-se, parcial ou totalmente, da dependência corrente, para empreender interacções com objectos estranhos. Assim definem-se os seguintes comportamentos, relativos à articulação dos campos de retenção de um dominante, com os de rejeição de outros: 5.2. INTERACÇÃO ENTRE OBJECTOS 167 um objecto dependente pode proceder à activação de quaisquer campos de resistência em seu redor, independentemente do estado do campo de retenção dos seus dominantes - diz-se, neste caso, que os dominantes têm campos de retenção permissivos; um objecto pode só permitir que os campos de rejeição de estranhos sejam activados ou ultrapassados pelos seus dependentes (ou pelos respectivos campos de actividade), se o seu campo de retenção for activado ou ultrapassado (respectivamente) - então o objecto (dominante) terá um campo de retenção protector; um objecto pode só permitir que os campos de rejeição de estranhos sejam activados ou ultrapassados pelos seus dependentes, se o seu campo de retenção for ultrapassado - diz-se nesta situação, que o objecto (dominante) tem um campo de rejeição super protector. Mais uma vez, a adopção de um comportamento dependerá da acção a executar. a) dependente protegido a) protegido no campo de retenção b) campos envolvidos activados b) ambos os campos ultrapassados Figura 5.9: Interacção do campo de actividade com o de retenção e um de rejeição. 168 CAPÍTULO 5. SUPORTE À EXPLORAÇÃO DE MAPAS COGNITIVOS Na figura 5.9 mostra-se o caso de um campo de retenção protector. Nela estão representados três objectos, mais uma vez denotados por rectângulos de cantos arredondados. Dois deles, os maiores, são independentes entre si e o terceiro, menor, é dependente daquele em que está contido. São mostrados apenas os limiares dos campos envolvidos. Durante a manipulação, o objecto dependente é arrastado desde o seu dominante até ao objecto da direita. Note-se que em a), embora o campo de actividade se intersecte com o de rejeição do objecto à direita, este não se encontra activado. Em b), far-se-á sentir a resistência conjugada das forças de retenção e rejeição, tal como em c), apesar de nesta figura o limiar de execução do objecto dependente ter tocado o de aceitação do objecto de destino. Finalmente em c), a operação definida pela interacção do objecto dependente com o seu destino pode executar-se, já que o campo de retenção foi ultrapassado. 5.2.5 Formas e forças Na representação feita nas figuras anteriores, mostraram-se desde logo, limiares cuja forma geométrica não é de todo semelhante à dos objectos a que pertencem, nem mesmo semelhantes entre si. Essa desigualdade, adequada a diversas situações, permite uma flexibilidade apreciável na definição do comportamento dos objectos, aquando da sua manipulação. A sua aplicação a objectos fixos, dominantes, por exemplo, permite definir caminhos preferenciais de deslocamento dos objectos dependentes. Esses caminhos espelham, normalmente, as relações de dependência mais favoráveis (e.g. classificações, contextuações, ancoragens). Em geral, pode afirmar-se que: os limiares que circunscrevem os campos, não necessitam ter a mesma forma geométrica, ser concêntricos entre si ou com os objectos de que fazem parte; o ajuste da geometria dos diferentes campos de um objecto, permite definir caminhos de mais fácil manipulação. Note-se que, para além da distorção geométrica, a especificação de objectos no âmbito deste modelo, pode ainda contar com a definição de forças variáveis dentro do espaço do seu próprio campo: 5.2. INTERACÇÃO ENTRE OBJECTOS 169 as forças de resistência são definidas por uma direcção e uma intensidade, que dependem do ponto do campo respectivo em que se consideram. Tipicamente e como simplificação, o ponto que determina as caracterı́sticas da força, é um dos que se encontra na intersecção do campo de resistência com o limiar de actividade que o estimulou. a) ”Saı́da”do lado direito b) ”Porta de saı́da”em baixo c) ”Porta de entrada”em cima Figura 5.10: Áreas e direcções preferenciais de resistência. Na figura 5.10 mostra-se a utilização da geometria dos limiares, de modo a estabelecer direcções ou regiões preferenciais de interacção entre objectos. As regiões dos campos de retenção, em a) e b), e de rejeição, em c), do objecto central, encontram-se sombreadas. Os restantes campos não se representam. Em a), por exemplo, o campo de retenção, denota uma menor espessura do seu lado esquerdo. Assim, os objectos dependentes sentirão durante menos tempo a força de retenção ao deslocarem-se sobre esse lado. Em b), o limiar de cedência definido pela elipse, estabelece a única região em que é possı́vel levar a cabo as operações desencadeadas pela interacção dos dois objectos. Esta disposição força os dependentes, uma vez ultrapassado o campo de retenção, a interagir com o objecto do canto inferior direito. Finalmente, na última parte da figura, apresenta-se uma situação semelhante, agora entre objectos independentes. Pela configuração do campo de rejeição, dir-se-á que o objecto central é mais receptivo 170 CAPÍTULO 5. SUPORTE À EXPLORAÇÃO DE MAPAS COGNITIVOS às interacções com os dependentes do objecto do topo direito. Nos exemplos anteriormente apresentados, usaram-se objectos do tipo Contentor como dominantes (de partida ou de destino). A relação primordial e especı́fica que estabelecem com os seus dependentes é, nesse caso, a de encerramento, i.e. um objecto incluso na região por eles definida é, à partida, seu dependente (veja-se 4.2.1). Aplicar aı́ campos de resistência passa, normalmente, por definir o limiar de retenção, do campo homónimo, ou o de aceitação, do campo de rejeição, dentro ou na fronteira do próprio contentor. Assim sendo, os objectos dependentes que pretendem desencadear acções fora do dominante, começam por sentir a sua protecção quando se aproximam da sua fronteira. Ao contrário, os objectos independentes que se manipulem para executar acções dentro de um contentor, de que não dependem, só o poderão fazer depois de forçarem a sua entrada. No entanto, se os objectos potencialmente dominantes não definem regiões de encerramento (e.g. não contentores) ou se a dependência não se refere a essa caracterı́stica (e.g. contentores enquanto nós visuais), dificilmente se poderá impor a circunscrição daqueles limiares ao seu interior. Esse será, sem dúvida, o caso dos arcos visuais quer como dominantes, quer como dependentes. Esclarece-se então que: os limiares de retenção e aceitação podem ser exteriores ao objecto que os define. os limiares de retenção de um objecto dominante devem incluir os campos de actividade dos seus dependentes. Figura 5.11: Limiares de rejeição exteriores. 5.2. INTERACÇÃO ENTRE OBJECTOS 171 Um exemplo de aplicação dos limiares exteriores é o representado na figura 5.11. Em ambas as partes é apenas mostrado o campo de retenção. À esquerda ilustra-se a conjuntura em que um objecto mantém uma relação de dependência, com outro posicionado fora da área por ele definida. À direita apresenta-se o caso normal de um arco visual que tem como dependente um nó visual (e.g. correspondente a uma junção). Em ambas as situações o dependente pode ser movimentado dentro do campo de retenção, ainda que este inclua partes exteriores ao objecto dominante. Se o posicionamento, a definição de geometria e o tamanho dos limiares de retenção são suficientes para abarcar a grande maioria das situações de dependência, casos há em se torna mais difı́cil a colocação dos limiares de aceitação e até os de execução. As situações ilustradas nas figuras seguintes são exemplos disso. Na figura 5.12 Figura 5.12: Ajuste do limiar de aceitação. mostra-se uma situação em que um arco visual, de espessura reduzida, apresenta um campo de rejeição completamente exterior. Se, por uma questão de clareza, se optar por não definir um limiar de rejeição demasiado distante, então a espessura predefinida do campo respectivo terá que ser pequena (lado esquerdo da figura). Pretendendo aumentar o tempo de resistência do campo, a opção passa então por reajustar o campo de rejeição consoante o lado pelo qual o objecto estranho se aproxime. Este reajuste, desencadeado aquando da activação do campo de rejeição, mostra-se no lado direito da figura. Em geral, determina-se que: os campos de um objecto podem mudar a sua forma quando activados; 172 CAPÍTULO 5. SUPORTE À EXPLORAÇÃO DE MAPAS COGNITIVOS os limiares de aceitação e execução de um objecto podem ser deslocados para fora do objecto. Figura 5.13: Ajuste do limiar de execução. Na figura 5.13 mostra-se uma situação em que se usa o deslocamento do limiar de execução para que, sem mover o objecto propriamente dito (representado pelo rectângulo arredondado menor), se possa contudo executar a operação definida pela interacção entre os dois. 5.2.5.1 Soluções existentes Aplicar o modelo, de forma a proporcionar comportamentos de interacção entre objectos, semelhantes aos definidos nas soluções existentes (i.e. soluções de manipulação directa de objectos gráficos, normalmente ı́cones), passa por parametrizar os campos e os seus limiares, reduzindo sobremaneira as suas capacidades: Campo de actividade - Em todas as soluções conhecidas, é um ponto predefinido no cursor do dispositivo de manipulação usado (e.g. rato), correspondente com o ponto em que agarrou o objecto manipulado, que desencadeia as diversas reacções (i.e. o retorno semântico, quando existe). Em relação ao modelo, esse comportamento é determinado por uma redução dos limiares do campo de actividade a esse mesmo ponto. Campo de rejeição - Naquelas soluções, cada objecto receptor (contentor ou ı́cone) quando reage, fá-lo de imediato, assim que o ponto actividade/execução entra numa área, normalmente rectangular, que o contorna. Esta reacção (ou a sua 5.2. INTERACÇÃO ENTRE OBJECTOS 173 ausência) corresponde, em geral, a três comportamentos possı́veis: indiferença, proibição ou, aceitação. No primeiro caso, a simulação dessa conduta no modelo far-se-á simplesmente não definindo o limiar de rejeição ou mantendo-o inibido. Para os restantes comportamentos, define-se um limiar de rejeição sobre a área mencionada. No segundo, de proibição, o limiar de aceitação mantém-se inibido (ou fora de alcance), pelo que o objecto receptor exibirá sempre uma força (constante) de rejeição. Na última situação, o limiar de aceitação coincide com o de rejeição. Campo de retenção - Na grande maioria das soluções, o campo de retenção não existe ou, segundo o modelo, encontra-se inibido. Como excepção aponte-se, por exemplo, as barras de deslocamento comuns. Nelas, o seu componente central (dependente) pode ser deslizado na barra propriamente dita (dominante). Se o ponto de actividade/execução sai da área definida pela barra, o componente central não o acompanha na direcção perpendicular, denotando resistência nessa direcção. Atingido um distanciamento predefinido, a acção de deslizamento do componente central parece frustrar-se, voltando à posição inicial. No modelo, pode dizer-se que esta situação se simula facilmente, definindo um limiar de retenção coincidente com a fronteira da barra e um de cedência que a rodeia à distância referida. Note-se, no entanto, que a acção desencadeada quando o campo é ultrapassado será sempre de cancelamento. A simplicidade imposta ao modelo para a simulação dos comportamentos definidos em soluções existentes é, obviamente, consequência da pobreza de reacções que normalmente são exigidas (ou suportadas) por esses sistemas. De facto, à excepção do último exemplo, não há intenção de demonstrar mais do que proibição, permissão ou indiferença, nunca se considerando diferentes nı́veis de cada um destes estados. Embora esta graduação seja mais pertinente na exploração de representações de actividades humanas, como será o caso dos mapas cognitivos em que essa progressão é intrı́nseca, o facto é que também se poderia aplicar a algumas actividades de âmbito mais geral. Por exemplo, remover um ficheiro gerado, temporário, é bastante menos problemático que apagar aquele que contém o texto que se acabou de escrever. 174 CAPÍTULO 5. SUPORTE À EXPLORAÇÃO DE MAPAS COGNITIVOS 5.2.6 Articulação com representações e acções O modelo aplica-se a todos os objectos identificados em 5.1.3 e 5.1.5. As áreas que introduz são estabelecidas relativamente ao nı́vel em que o objecto se define (i.e. de representação visual ou de interacção), sendo ajustada ao espaço de manipulação interna, de acordo com as transformações definidas pela vista, aquando deste tipo de manipulações. Cada objecto terá então associada uma representação no modelo, que deverá dar respostas sobre áreas, forças, estados e formas de comportamento, para os possı́veis aspectos envolvidos e de acordo com os objectos com que interagem. Os campos definidos sobre um objecto são determinados: pelas caracterı́sticas do objecto manipulado; pelas do dominante ou dominantes (potenciais ou de facto) envolvidos na manipulação; pelo significado da manipulação (a operação); e pelo caminho definido pela própria manipulação . Em geral, a forma geométrica dos limiares que contornam cada campo é estabelecida pelas caracterı́sticas geométricas dos objectos (não necessariamente por uma relação de identidade), pela sua mobilidade no espaço em que se encontram e, em certos casos, pelo percurso da manipulação (ver 5.2.5). O distanciamento entre as duas linhas de fronteira de um campo e a sua força são normalmente função: da ’prioridade’ da restrição (ver descrição da classe em 4.1.3.2), que é posta em causa pela operação que se pretende desencadear; e da ’confiança’ e ’importância’ dos representantes (veja-se 4.1.4), cuja contrapartida visual se manipula ou está envolvida na manipulação. Por exemplo, num diagnóstico organizacional (veja-se a descrição do método da Análise de Correntes em 2.3.3) um problema (representado por um conceito e pelo respectivo nó visual) é classificado como ”tecnologia”(um contexto e um contentor), com grande confiança (um valor elevado da propriedade homónima no representante). Manipular posteriormente o nó visual desse problema para fora do seu contexto, irá encontrar um campo de retenção de grandes dimensões e com uma força de retenção de intensidade apreciável. Relativamente aos objectos operadores, os campos ajustar-se-ão ao objecto manipulado, com o intuito de reflectir as restrições impostas à operação que representam (e.g. apagamento e contextuação). No caso das subvistas e dos teleportes, os seus campos estão directamente relacionados com o dos contentores, que através das pri- 5.3. RETORNO 175 meiras se vêem ou que são destino dos segundos. É de notar, nestes últimos casos, que apesar dos limiares e forças serem determinados por objectos que não os directamente envolvidos, isso não significa que os seus campos e particularmente os seus limiares, sejam exactamente iguais aos objectos que mostram ou àqueles a que se referem. Estando definidos em espaços diferentes é até vantajoso que esses campos se adaptem à geometria especı́fica definida no espaço de interacção respectivo. Figura 5.14: Estrutura simplificada das classes que representam o modelo. Assim sendo, no InCoMa providencia-se o conjunto de classes mostrado no diagrama da figura 5.14. As almas constituirão os elementos de base representativos do modelo. A sua estrutura, articulação com as restantes e em particular as funções oferecidas, seguem de perto as caracterı́sticas enumeradas anteriormente. Note-se que as almas e os respectivos campos não são obrigatoriamente definidos em absoluto, i.e. como áreas de geometria rı́gida e forças constantes. Ao contrário, os seus limiares podem resultar de transformações sobre os objectos que ”personificam”. 5.3 Retorno Uma vez estabelecidos mecanismos para a gestão das acções de manipulação desencadeadas pelos utilizadores e um modelo de comportamento dos objectos, resta agora referir os aspectos da definição de notações para dialectos de retorno. Nesse 176 CAPÍTULO 5. SUPORTE À EXPLORAÇÃO DE MAPAS COGNITIVOS sentido, identificar-se-ão os actores envolvidos numa interacção, que numa perspectiva de manipulação directa serão incluı́dos com outros, na construção dos dialectos mencionados. A designação actores usa-se com o intuito de alargar a perspectiva de objecto computacional a outros não directamente perceptı́veis no espaço de visualização, nomeadamente os dispositivos fı́sicos sobre os quais são desencadeadas as acções de manipulação. Com base na identificação feita apresentam-se então dois dialectos possı́veis, que alargam as formas normais de retorno da manipulação directa, a outras mais expressivas. 5.3.1 Actores nos dialectos de retorno Os actores envolvidos nas acções genéricas de agarrar, arrastar e largar, que constituem também elementos de representação e apresentação, são: o objecto manipulado, o dominante ou dominantes originais do objecto e aqueles que se encontram no caminho definido durante a manipulação, sejam eles potenciais dominantes ou operadores. Na figura 5.15 mostram-se exemplos, materializados em conceitos, nós visuais de con- Figura 5.15: Exemplos de objectos de representação intervenientes numa manipulação. ceitos e arcos visuais, revelando alguns dos seus campos de resistência, nas zonas sombreadas delimitadas por linhas a traço interrompido (os limiares). Também directamente envolvidos na manipulação e portanto na sua percepção por parte do utilizador, estão os dispositivos fı́sicos (o rato, o teclado, o conjunto de coman- 5.3. RETORNO 177 dos de voz, etc..) e, para manipulações de caracter visual, aquilo a que se denominou dispositivos lógicos. Dispositivos lógicos - directamente relacionados com o retorno, são as representações que o sistema computacional faz dos dispositivos fı́sicos, no espaço de manipulação em que as acções são percepcionadas. No caso dos dispositivos apontadores (e.g. rato, caneta de luz) o componente lógico coincide com o cursor que normalmente aparece no visor. Para outros dispositivos com os quais se pretenda desencadear acções de manipulação, a contrapartida lógica pode ser criada, por exemplo, através de marcadores temporários associados aos objectos manipulados. Na figura 5.16 mostram-se os casos da anterior em que se utiliza, Figura 5.16: Actores de manipulação e retorno. à esquerda, um teclado para levar a cabo a manipulação e, à direita, um rato. As teclas premidas do primeiro e o deslocamento do segundo são igualmente simbolizados. No espaço de visualização são visı́veis, sobre os contentores, as contrapartidas lógicas destes dispositivos. Quando se dá inı́cio à manipulação, outro conjunto de actores é envolvido, permitindo assim diversificar as formas de retorno, através da construç ão de capacidades sequenciais (veja-se a descrição dos princı́pios de manipulação directa na página 74). Definem-se, a partir do objecto manipulado, três componentes básicos: O componente tangı́vel refere-se a um objecto já existente (o manipulado) e indica o 178 CAPÍTULO 5. SUPORTE À EXPLORAÇÃO DE MAPAS COGNITIVOS estado em que o sistema ficará se a manipulação for cancelada (o estado anterior ao inı́cio da acção). O componente factı́vel refere-se, em cada ponto da manipulação, à situação em que o objecto manipulado ficará, caso a acção seja aı́ concluı́da (largando-o). O componente conjectural indica normalmente uma situação inviável para o objecto manipulado, mas que, se for continuada, poderá originar um estado possı́vel. Note-se que estes componentes podem ou não ser materializados, consoante a natureza da operação e mesmo a do objecto manipulado. Por exemplo, em operações de criação de representantes o componente tangı́vel não pode existir e quando a operação não pode ser concretizada de todo, o componente factı́vel deixa de fazer sentido. A representação de cada uma destas facetas do objecto manipulado denota diferentes estados da manipulação, que em geral reflectem as restrições encontradas no percurso. Na figura 5.16 mostram-se os componentes tangı́vel e factı́vel, para cada um dos objectos manipulados. A construç ão de dialectos de retorno é então definida com base no leque de actores apresentado. Os componentes, bem como tipos especı́ficos de marcadores sobre os representantes visuais, podem constituir-se a partir de modificações dos objectos existentes, nomeadamente por alteração temporária dos seus atributos visuais, ou ser criados propositadamente para enriquecer a expressividade do retorno. Posicionamento relativo, contraste, visibilidade, etc., são utilizáveis em cada passo da manipulação. Note-se que os objectos não directamente manipulados, mas envolvidos, podem ter papéis activos na criação destes dialectos (como no caso adiante ilustrado). Mesmo para os dispositivos fı́sicos, essa intervenção no retorno será possı́vel, se estes dispuserem de mecanismos adequados (como já hoje em dia é viável para algumas versões de rato). Estes diferentes modos de retorno são, no InCoMa, coordenados nos manipuladores, para o caso das reacções do sistema às acções de agarrar, arrastar e largar, levando em conta as suas possı́veis variações de permissão. Os dispositivos são responsáveis por gerir o retorno do próprio dispositivo, i.e. a sua contrapartida lógica, naturalmente em articulação com os manipuladores e com as operações. 5.3. RETORNO 179 5.3.2 Metáfora da barreira O dialecto de retorno, que aqui se descreve, assenta em dar a ideia ao utilizador de que existe uma barreira, cuja espessura dependerá da restrição que a manipulação contesta, e que deverá ser ultrapassada para consumar a operação. Neste sentido, são mostrados ao utilizador os campos de resistência dos objectos que impõem a restrição, quando o seu estado passa a activado. A largura do campo (e portanto da barreira a transpor) veiculará a dificuldade em terminar a manipulação. A intensidade da força de resistência, normalmente determinante deste distanciamento entre os limiares de um campo, pode ainda definir quão carregada será a cor com que se mostra o campo activado. Se o sistema de janelas subjacente assim o permitir, pode também alterar-se a velocidade de deslocamento do dispositivo lógico, relativamente aos movimentos (e.g. rato) ou impulsos (e.g. teclado) da contrapartida fı́sica. a) objecto agarrado b) arrastamento retido c) arrastamento cedido d) objecto largado Figura 5.17: Alteração do contexto de um conceito. Na figura 5.17 mostram-se as diferentes acções de manipulação de um nó visual correspondente a um conceito, desde o agarrar em a), até ao largar em d), originando 180 CAPÍTULO 5. SUPORTE À EXPLORAÇÃO DE MAPAS COGNITIVOS uma operação de contextuação. Os objectos são representados de forma semelhante ao que foi feito na parte esquerda das figuras anteriores, à excepção de que se omitiu a representação dos limiares do campo de actividade do objecto manipulado e de que o campo de retenção se mostra apenas nas condições determinadas pelo dialecto. O campo de retenção do contentor original (ou a sua projecção no espaço de manipulação interna) é desenhado quando se tenta arrastar o objecto dependente para fora das suas fronteiras, i.e. quando o limiar de retenção se intersecta com o de actividade do objecto manipulado - mostrado na parte b) da figura. Neste ponto, é também separado o componente factı́vel, do dispositivo lógico, embora o limiar de actividade fique com este último. Em c), quando o campo é ultrapassado deixa de ser visı́vel e o componente factı́vel junta-se ao dispositivo lógico. Figura 5.18: Criação de um conceito num contexto resistente. Na figura 5.18 mostram-se alguns aspectos da criação de um conceito. À esquerda, o dispositivo lógico denota estar seleccionada uma operação de criação. Ao centro, a manipulação inicia-se, dando origem ao aparecimento de um componente conjectural, denotado por uma forma circular esbatida e sem contorno, que indica que o objecto manipulado não é ainda viável. Note-se que as contrapartidas tangı́vel e factı́vel não existem. O campo de rejeição do contentor é carregado e o limiar de aceitação deslocado, de modo a deixar espaço entre ele e o limiar de execução do objecto a criar. O utilizador terá assim que ultrapassar a barreira formada, confirmando a criação do objecto, que parece contrariar as restrições impostas pelo contentor. À direita da figura, o deslocamento do dispositivo confirmou a operação e, por conseguinte, o componente conjectural deu lugar ao factı́vel. 5.3. RETORNO 181 Figura 5.19: Retenção total de um conceito. Na figura 5.19 ilustra-se um caso extremo, em que as restrições impostas proı́bem a remoção do conceito, do contexto em que se insere, representados pelo nó visual e pelo contentor interior, respectivamente. A figura mostra ainda a possı́vel codificação dos movimentos relativos entre as facetas do dispositivo (fı́sico e lógico). Nesta circunstância, em que a manipulação não se pode efectuar de todo para fora da área definida pelo contentor, o dispositivo lógico é, também aı́, feito refém. a) objecto retido b) independência cedida / dep. proibida c) dependência rejeitada Figura 5.20: Rejeição total e parcial de um conceito. Na figura 5.20 denota-se uma situação um pouco mais complexa, em que se fazem sentir campos de retenção e rejeição. Relativamente às figuras anteriores acrescentouse mais um contentor, representando-se a conjuntura em que se manipula um nó visual de um conceito, entre contentores não adjacentes. No caso deste exemplo, ambos os contentores interiores se combinam com o exterior por sobreposição. Os contextos de cada um dos interiores impõem restrições não completamente proibitivas à inclusão ou 182 CAPÍTULO 5. SUPORTE À EXPLORAÇÃO DE MAPAS COGNITIVOS remoção de conceitos. Ao contrário o contexto exterior não permite contextuar o conceito manipulado. Em a) a manipulação sente a retenção do contentor de origem. Uma vez ultrapassado o seu campo de retenção, o objecto manipulado fica sob a influência do campo de rejeição do contentor exterior (admite-se um campo de retenção super protector). Em b) mostra-se esse campo de rejeição enfatizado, que assim continuará enquanto o campo de actividade do objecto manipulado se mantiver dentro dos seus limites. Se o movimento do dispositivo lógico continuar, pode atingir-se a situação ilustrada em c), em que o campo de rejeição do contentor interior mais à direita foi activado, sendo inibido o do exterior. Figura 5.21: Criação de uma associação. Na figura 5.21 mostram-se as diversas fases por que passa a manipulação que permite a criação de um arco visual entre dois nós visuais. Uma vez localizado o nó visual inicial, será necessário seleccioná-lo (em cima ao centro). Nessa altura torna-se visı́vel o campo de rejeição do nó e assim se manterá enquanto o limiar de execução se mantiver no seu interior. É interessante notar que, no caso particular do inı́cio de um arco visual, os limiares que determinam o campo de rejeição se encontram trocados, relativamente ao que é usual num objecto, i.e. o limiar de aceitação será o exterior, enquanto o de rejeição se reduz ao ponto onde começou a interacção. Deste modo, o utilizador 5.3. RETORNO 183 terá que deslocar o dispositivo lógico para o exterior do nó visual, para que surja o retorno materializado pelo aparecimento de um componente conjectural (linha a traço interrompido, em cima à direita). Uma vez atingido o limiar de rejeição de outro nó (ou do mesmo, agora com o campo orientado de forma normal) o respectivo campo de rejeição é mostrado, mantendo-se visı́vel o componente conjectural do arco, enquanto aquele não for ultrapassado. As duas últimas partes da figura denotam as situações em que foi aceite a criação do arco visual, mostrando-se o componente factı́vel (em baixo ao centro), e em que o arco foi finalmente criado (à direita). Figura 5.22: Apagamento de uma associação. Na figura 5.21 ilustra-se o apagamento de um arco visual recorrendo a um objecto destrutor. Este representa-se sobre o canto inferior direito de cada quadro, por um rectângulo marcado com uma cruz. Na parte esquerda, o arco visual é agarrado devendo vencer-se o campo de retenção que se mostra. Uma vez ultrapassado, o campo desaparece manifestando-se então o componente conjectural já que o arco deverá ter dois nós terminais. Neste caso os componentes tangı́vel e factı́vel sobrepõem-se, mesmo quando o campo de rejeição de outro objecto é activado. Este será o caso do quadro central da figura em que se tornou visı́vel o campo de rejeição do destrutor. Na última situação foi forçado o apagamento do arco visual (i.e. ultrapassado o campo do destrutor), pelo que desaparece o componente conjectural (a manipulação é viável), o factı́vel é extinto ou, como se mostra na figura, substituı́do por uma referência explicita à operação (no caso uma cruz, indicando apagamento) e o tangı́vel mantém-se, indicando que, se for cancelada a manipulação, o arco visual voltará a estabelecer-se. Finalmente, na figura 5.23 mostra-se a criação de um nó visual correspondente a uma junção. Para além dos componentes de retorno do objecto manipulado (factı́vel à 184 CAPÍTULO 5. SUPORTE À EXPLORAÇÃO DE MAPAS COGNITIVOS Figura 5.23: Criação de uma junção. direita e conjectural nos outros quadros) e da apresentação dos campos de rejeição dos arcos visuais que se tornarão dominantes, é interessante notar a inclusão dos componentes de retorno correspondentes aos últimos (conjectural do arco visual superior, ao centro, e factı́vel dos dois arcos à direita). Note-se que este envolvimento dos objectos geometricamente dependentes (embora conceptualmente dominantes, neste caso) é igualmente possı́vel para os restantes representantes visuais. 5.3.3 Metáfora da membrana O dialecto de retorno baseado na metáfora da membrana utiliza o mesmo tipo de comportamento para os componentes do objecto manipulado, mas modifica a forma de veicular os campos de resistência e, em particular, a intensidade da sua força. De facto, na utilização deste dialecto, não é explicitamente mostrado o campo de resistência, mas o objecto que impõe a restrição (seja o dominante corrente ou potencial, seja um operador) é distorcido, enquanto a sua força se fizer sentir. A área do objecto que sofre a distorção é proporcional à força do campo e a profundidade da mesma alarga-se à distância entre os respectivos limiares. Nas figuras seguintes, que ilustram situações possı́veis de retorno segundo este dialecto, os limiares são mostrados para facilitar a explicação, embora na concretização estes não sejam desenhados. Na figura 5.24 mostra-se a manipulação anteriormente ilustrada na figura 5.20, agora de acordo com o novo dialecto. Note-se, à esquerda, a distorção alargada da fronteira do contentor interior, significando uma força de retenção intensa. À direita 5.3. RETORNO 185 Figura 5.24: Alteração do contexto de um conceito, entre contentores não adjacentes. a força de rejeição é menor. No quadro central o componente factı́vel mantém-se no contentor inicial, já que o contexto correspondente ao exterior não admite a inclusão de conceitos. Na figura 5.25 mostram-se as distorções provocadas nos nós visuais, quando usando este dialecto de retorno, se tenta criar um arco visual entre eles. Os quadros correspondem às situações em que os campos de resistência estão activados. Figura 5.25: Manifestação dos campos de rejeição aquando da criação de uma associação. Por fim, apresenta-se na figura 5.26 a manipulação de um nó visual, numa operação de contextuação através de subvistas e de teleportes, cuja configuração num IMV é semelhante à que se usou no exemplo da figura 5.4. Omitiram-se da imagem os limiares dos campos de resistência (ausentes também no caso real), mostrando-se apenas as distorções causadas pelas interacções entre os objectos. Note-se que, em cima, o nó visual tem que atravessar o campo de retenção, do contentor visto através da sua subvista, e os de rejeição dos outros dois contentores. Em baixo é usado o teleporte. A localização do componente factı́vel no contentor de destino do teleporte é normalmen- 186 CAPÍTULO 5. SUPORTE À EXPLORAÇÃO DE MAPAS COGNITIVOS Figura 5.26: Criação de uma junção. te determinada pela configuração deste último. 5.4 Enquadramento global no InCoMa As classes e conceitos descritos nesta secção concretizaram-se e integraram-se na biblioteca do InCoMa, sobre a plataforma de representação e apresentação descritas no capı́tulo anterior. Na figura 5.27 mostra-se, em traços gerais, a articulação dos elementos de gestão da manipulação com os restantes blocos de classes desenvolvidos no âmbito deste trabalho. Os dispositivos, os manipuladores e as operações evoluı́ram de um único componente básico do Edgar, que geria toda a interacção e sobre o qual se podia definir uma forma rı́gida de retorno, sem consideração pelas restrições impostas. Estas classes, permitiram flexibilizar combinações entre dialectos de retorno, dispositivos de interacção e operações, adaptando-se ainda à funcionalidade oferecida pelo Crook e ao comportamento definido pelo modelo proposto. 5.5. SUMÁRIO 187 Figura 5.27: Arquitectura do InCoMa. Criaram-se duas classes de dispositivos, uma para gestão do teclado e outra para a gestão do rato, posteriormente refinadas para dois sistemas de janelas distintos. Os manipuladores desdobraram-se em formas especı́ficas de movimentação de objectos, redimensionamento e criação, coadjuvados por operações particulares de selecção, contextuação e criação dos diversos componentes de um mapa. Duas versões destes elementos de manipulação materializaram os dois dialectos sugeridos como exemplo. 5.5 Sumário Neste capı́tulo completou-se a descrição do sistema proposto, abordando os conceitos, modelos e classes que constituem o suporte à definição de mecanismos de exploração de mapas cognitivos, por manipulação directa, conforme os requisitos identificados. Começou por se focar a atenção nos aspectos relacionados com as acções dos 188 CAPÍTULO 5. SUPORTE À EXPLORAÇÃO DE MAPAS COGNITIVOS utilizadores, no âmbito do estilo de interacção referido. Propôs-se uma decomposição dessas actividades, do ponto de vista do sistema computacional, facultando-se um conjunto de componentes responsáveis pela sua gestão, nomeadamente, no plano das acções reais e das percepcionadas pelo utilizador e das executadas no sistema. Identificaram-se os nı́veis a que a manipulação se processa e os respectivos espaços em que se articulam, providenciando assim formas homogéneas de projecção e coordenação dos objectos envolvidos na manipulação. Outros objectos (operadores) foram ainda propostos, como forma de estender e facilitar as operações postas à disposição do utilizador, por manipulação directa. Como suporte à definição do comportamento dos objectos envolvidos nas acções de manipulação descreveu-se um modelo, capaz de espelhar em articulações espaciais, as diversas restrições impostas à representação dos mapas, incluindo os graus de coerção a elas associados. O modelo estabelece um conjunto de áreas em torno dos objectos e um conjunto de reacções padrão desencadeadas aquando da sua interacção. Essas reacções podem então servir de base à construção de dialectos de retorno, adequados à veiculação de restrições contingenciais, como aquelas que emergem na utilização de mapas cognitivos. Por último, identificaram os actores fundamentais que podem contribuir para definição de dialectos de retorno visual, mais expressivos que os habitualmente disponı́veis, e propuseram-se dois dialectos exemplificativos, segundo duas metáforas de comportamento dos objectos envolvidos na manipulação. Ferramentas Nos capı́tulos anteriores descreveu-se a concepção do InCoMa. No texto que se segue, apresentam-se duas ferramentas, construı́das a partir dele, que se enraı́zam fortemente no contexto em que se desenrola este trabalho. De facto, ambas decorrem de necessidades sentidas no projecto ORCHESTRA, a primeira durante a sua fase inicial, em que foi feito o diagnóstico das organizações piloto, e a segunda após a instalação dos protótipos nele elaborados. O desenvolvimento das ferramentas constituiu um terreno valioso para a experimentação do InCoMa, tendo em conta o espectro de linguagens visuais que apresentam (quer em termos de variantes de mapas, quer em função dos nı́veis de formalismo de denotam) e o seu enquadramento em modelos estabelecidos de desenvolvimento organizacional. O capı́tulo começa por apresentar o FADO (Carriço & Guimarães, 1997), uma ferramenta que suporta o diagnóstico de organizações em mapas cognitivos, regidos por uma metodologia e um modelo descritos no capı́tulo 2 e usados no projecto supracitado. Depois de uma perspectiva geral da ferramenta e em particular das extensões que propõe à metodologia de base que adopta, é descrita sucintamente cada uma das facetas do seu desenvolvimento a partir dos diversos grupos de componentes que o InCoMa oferece. De seguida, é revisto o DETO/ARTO (Carriço et al., 1997). Este surgiu como uma aplicação de suporte à coordenação da evolução de sistemas computacionais de âmbito organizacional, segundo um aproximação que os enquadra nas perspectivas sociais e de gestão. Adopta igualmente mapas cognitivos, num panorama que abrange diagramas de dependências, articulando-os num modelo de desenho organizacional, também atrás apresentado (em 2.3.1) e que aliás norteou a visão global do ORCHESTRA. 189 CAPÍTULO 6. FERRAMENTAS 190 6.1 O FADO O FADO, acrónimo formado a partir da designação Ferramenta de Análise e Diagnóstico Organizacionais1 , é como se disse uma ferramenta especificamente orientada para esse fim, que toma as suas raı́zes na aproximação da Análise de Correntes (apresentada em 2.3.3). Partindo dessa metodologia, no FADO propõe-se um conjunto de extensões, que decorre essencialmente da descrição que é feita do próprio processo de construção das cartas (mapas) e do seu enquadramento num panorama mais abrangente de mapas cognitivos, como aquele que se apresentou neste trabalho. Naturalmente, algumas delas só farão sentido, por uma questão de exequibilidade, no contexto da capacidade acrescida que é facultada pelos meios computacionais. Deve ainda dizer-se que, embora o modelo de desenvolvimento organizacional adoptado no FADO seja o da Análise de Correntes, a sua adaptação a outros modelos, como admite o próprio autor da metodologia (Porras, 1987), é relativamente simples. 6.1.1 Os mapas cognitivos Do ponto de vista dos mapas cognitivos usados no FADO, refira-se em primeiro lugar os mapas causais simples que constituem as cartas de diagnóstico de problemas, enquadrados na taxionomia de classificação nas quatro correntes de base do modelo adoptado, aos quais se propõem as seguintes extensões: a atribuição de nı́veis de confiança na classificação e de importância na manifestação dos problemas; a inclusão de atributos nas relações causais, que englobam a possibilidade de expressar nı́veis de confiança e pesos de influência; a definição de variantes de causalidade (positiva e negativa) e de outras associações tipificadas (e.g. equivalência, articulação na resolução, associação temática). 1 Ou dos termos anglo-saxónicos, Facilitation of Analysis and Diagnosis of Organizations (Carriço & Guimarães, 1997). 6.1. O FADO 191 A utilização de nı́veis de confiança na classificação dos problemas e na especificação de relações causais pode, em primeiro lugar, contribuir para uma detecção mais apurada das contradições entre os vários indivı́duos duma equipa envolvida num diagnóstico, aquando da comparação de mapas individuais. Por exemplo, uma vez identificados os problemas, cada membro da equipa classifica-os (na corrente que considere adequada) e define entre eles as relações causais que ache pertinentes. Nessas actividades, especifica o nı́vel de confiança e possivelmente a importância e o peso. A formação de um mapa conjunto parte então dessa informação, para estabelecer uma hierarquia de situações polémicas (e, simultaneamente, definir a importância e os pesos combinados segundo critérios predeterminados) - serão preferencialmente seleccionadas para discussão, as classificações e relações que, tendo associados nı́veis de confiança elevados em mais do que um mapa individual, se revelem contraditórias. Os nı́veis de confiança, a importância e os pesos de influência, bem como as variantes de causalidade e as relações tipificadas, têm também um papel relevante na análise expedida (ou semi expedita) das cartas de diagnóstico - veja-se a descrição da metodologia em 2.3.3. Nos algoritmos que permitem indiciar os problemas de base, as variantes, os pesos e a importância são usados em conjunção com o nı́vel-de-entrada e o nı́vel-de-saı́da, de forma a veicular relações de causalidade mais exactas. Também na definição das histórias de resolução articulada, estes factores podem ser utilizados para estabelecer limiares de escolha na determinação automática de cadeias de causalidade interessantes, diminuindo assim o número de problemas que as equipas terão que considerar nas decisões finais. Nas histórias e especialmente na identificação de temas a introdução de relações do tipo ”deve ser resolvido em conjunto”ou simplesmente ”relacionado com”, permite facilitar a pesquisa destes padrões, ao mesmo tempo que regista o conhecimento da equipa nos próprios mapas. Para além das extensões directamente aplicadas à especificação dos mapas de diagnóstico, o FADO disponibiliza ainda outros dois tipos de mapa que com eles se articulam, bem como com os mapas conceptuais das cartas de planeamento e acompanhamento. Os tipos de mapa propostos são os argumentativos e os taxionómicos. Sobre os últimos é ainda possı́vel a definição de variantes causais, de ı́ndole abstracta, com caracterı́sticas interpretativas. CAPÍTULO 6. FERRAMENTAS 192 Os primeiros aparecem como meio de estabelecer um fórum de discussão estruturada entre os membros da equipa e de documentar as decisões controversas em qualquer das três fases da metodologia. A utilização de mapas argumentativos (i.e. do componente que suporta a sua especificação) é sugerida pela própria ferramenta em várias situações, embora, naturalmente, possa ser usada noutras. De entre essas situações destacam-se aquelas que ocorrem: sempre que é detectada uma potencial contradição - por exemplo, aquando da classificação dúbia de problemas importantes, na restruturaç ão de problemas (fusão e divisão), na reclassificação de problemas ou reformulação de relações causais inicialmente especificadas com elevados graus de confiança, etc.; nas operações de selecção (semântica), após a fase de análise expedita que indicia problemas base, histórias ou temas - por exemplo, quando um potencial problema de base é rejeitado, estando ordenado a um nı́vel alto que outro escolhido, na hierarquia criada pelos algoritmos disponı́veis. quando se detectem desvios entre as acções planeadas e as acompanhadas, nas cartas respectivas - por exemplo nos deslizamentos temporais das implantações das soluções planeadas. Estas situações ou outras explicitamente enunciadas constituirão as afirmações que desencadeiam a argumentação estruturada, no FADO de acordo com uma variante do esquema de Toulmin. De facto, trata-se uma variante mais livre, na linha da que é proposta por Streitz et al. (1989), em que o tipo dos conceitos (afirmações, abonações, etc.) é determinado pelas ligações que entre eles se estabelecem - veja-se a descrição das variantes de Toulmin na página 44 . Finalmente, os mapas taxionómicos vêm ao encontro da omissão, na metodologia original, de formas especı́ficas para a classificação dos problemas nas subcategorias do modelo (apresentadas na tabela 2.1). O seu papel, no entanto, pode estender-se à formalização sucessiva de outras categorias de problemas e mesmo à inclusão de relações de causalidade abstracta (regras). Esta articulação entre taxionomia e causalidade vai no sentido das redes semânticas e permite que o FADO possa ser questionado sobre causas e efeitos tı́picos, especificados de forma genérica. 6.1. O FADO 193 6.1.2 A estrutura conceptual A concretização da estrutura de representação conceptual dos vários mapas utilizados no FADO, que se estabelece no plano da linguagem, é feita com base nas classes providenciadas no respectivo subsistema do InCoMa. No caso dos mapas a traçar nas cartas definidas pela metodologia, identificam-se: Quatro contextos de topo, correspondentes às correntes definidas no modelo adoptado. A eles impõem-se à partida restrições que evitam o seu apagamento, modificação de atributos base e duplicação (aspectos correspondentes a operações definidas na própria classe Contexto e nas de onde ela deriva - Conceito e RepConceptual). Um tipo de conceito denominado ’Problema’, cujas instâncias corresponderão aos problemas lançados nos mapas de diagnóstico. A elas é associada uma restrição de caracter não peremptório mas forte (i.e. com um valor de ’prioridade’ perto de um), que recomenda a sua contextuação apenas num contexto. Em particular, os atributos ’importância’ no próprio conceito e ’confiança’ nas instâncias da classe Contextuação correspondem às noções homónimas definidas como extensão à metodologia original. Um tipo de conceito designado ’Acção’, ao qual se associam as propriedades ’inı́cio’ e ’duração’. A sua instanciação é feita apenas nos mapas das cartas de planeamento e acompanhamento. Um tipo de associação denominado ’Causa’, com uma propriedade que indica a sua variante (e.g. ’positiva’, ’negativa’). Os atributos ’importância’ e ’confiança’ correspondem às extensões relativas ao peso de influência e nı́vel de confiança, atrás mencionados. Como restrições fundamentais têm a de se poderem apenas ligar a ’problemas’, de não poderem associar um conceito a ele próprio (peremptórias) e uma recomendação (forte) que pretende desencorajar a definição de restrições entre dois ’problemas’, para os quais já exista uma outra associação causal. CAPÍTULO 6. FERRAMENTAS 194 Associações dos tipos sugeridos nas extensões e relativas à detecção de histórias e temas, restritas também aos conceitos do tipo problema, e outras do tipo ’Desencadeia’ para a ligação de ’acções’ nos mapas de planeamento e acompanhamento. Nesta fase do protótipo não se definiram junções, embora a introdução de junções que denotem a conjunção de associações do tipo ’Causa’ possa contribuir para uma melhor especificação de um diagnóstico. Relativamente aos mapas argumentativos, já algumas indicações foram dadas aquando da apresentação do próprio InCoMa. A flexibilidade imputada a esta variante do esquema de Toulmin evita a introdução dos diversos tipos de conceito e simplifica o processo argumentativo. Essencialmente foram definidos os seguintes refinamentos: Um único tipo de conceito designado ’Argumento’, a que é dada a possibilidade de associar uma restrição, que evita (desaconselha) a sua ligação como inı́cio de qualquer associação. Esta restrição é atribuı́da aos ’argumentos’ que iniciam os processos de argumentação (as afirmações, no esquema original de Toulmin). Três tipos de associação designados ’EntãoPorCerto’, ’JáQue’ e ’AMenosQue’. As associações do primeiro tipo podem apenas ligar ’argumentos’, ao passo que as do segundo só poderão ter inı́cio num ’argumento’ e terminar numa junção de um dos tipos abaixo indicados e pela ordem especificada. Estas restrições têm caracter peremptório (i.e. ’prioridade’ igual a um). Dois tipos de junção designados ’ÂncoraDeAbonação’ e ’ÂncoraDeRefutação’. As instâncias destes tipos de junção têm como restrições o facto de só poderem depender de uma única associação, cujo tipo seja ’EntãoPorCerto’. Finalmente, nos mapas taxionómicos define-se um tipo de conceito designado ’Categoria’, do qual se criam instâncias correspondentes a cada uma das subcategorias das correntes do modelo. Estas instâncias são ainda classificadas num dos quatro contextos antes referidos. A todos as ’categorias’ é imposta uma restrição, que estabelece que as únicas associações entre eles e conceitos do tipo ’Problema’ sejam subsunções, iniciadas nos últimos e terminadas nos primeiros. Nas ’categorias’ 6.1. O FADO 195 que denotam a classificação do modelo é ainda acrescentada uma restrição, que recomenda que cada ’problema’ se ligue apenas a uma delas, e outra, que impõe que os ’problemas’ nelas classificados estejam também no contexto a que corresponde a ’categoria’. 6.1.3 As linguagens visuais Aos componentes de representação conceptual definidos para cada tipo de mapa do FADO, associaram-se representantes visuais especı́ficos, que constituem os elementos das linguagens visuais usadas nesta ferramenta. As figuras seguintes apresentam trechos de mapas em que se mostram os componentes visuais principais de cada um deles. Figura 6.1: Componentes da linguagem visual das cartas de diagnóstico do FADO. Na figura 6.1 são mostrados três instâncias do tipo de nó visual definido para os problemas da carta de diagnóstico. Assumem uma forma gráfica rectangular que permite apresentar texto em várias linhas. O texto que contêm é composto a partir dos atributos ’ordem local’ e ’descrição’ do representante conceptual a que estão associados, através de uma restrição do tipo Tradução. O aspecto coagido nessa restrição é o do nó visual que corresponde ao método que altera o texto. Os aspectos dominantes são os dos atributos referidos no representante conceptual. Para além dessa tradução, cada nó visual de um problema inclui ainda: uma referente ao atributo ’importância’ (dominante), que se manifesta na espessura do traço que contorna CAPÍTULO 6. FERRAMENTAS 196 o rectângulo (dependente); e outra relativa à ’confiança’ na contextuação, que se reflecte no padrão desse mesmo traço. A figura 6.1 revela ainda o inı́cio de três formas rectangulares, encabeçadas pelas nomes das correntes, que correspondem a três dos quatro contextos envolvidos. Essas formas pertencem a outros tantos contentores, cuja relação com o contexto respectivo, usa as opções definidas por omissão, no InCoMa i.e. o aspecto ”contextua”tem associada uma restrição que evita que os representantes visuais dos problemas saiam do contentor em que se encontram. Relativamente a este tipo de mapas refiram-se ainda as associações do tipo ’Causa’, cujo arco visual (um segmento de recta terminado por uma seta) se mostra na figura. Ambas as instâncias denotam a sua variante positiva, a da esquerda com peso elevado (’importância’) e à direita com um grau de confiança baixo. Para além das restrições que se aplicam a estes dois atributos, semelhantes às aplicadas aos nós visuais dos problemas, estabelece-se ainda uma tradução que faz aparecer uma etiqueta a meio do arco, no caso das variantes não positivas de causalidade. Figura 6.2: Componentes da linguagem visual dos mapas argumentativos do FADO. Na figura 6.2 mostram-se os componentes visuais dos mapas de argumentação. De referir apenas os nós visuais sobre o arco visual horizontal, que correspondem às junções: à esquerda (um pequeno rectângulo escuro), os associadas às instâncias do tipo ’ÂncoraDeAbonação’; e à direita (uma cruz), os dos representante conceptual do tipo ’ÂncoraDeRefutação’. As estes dois tipos de nós visuais são ainda impostas restrições espaciais, que as mantêm sobre o arco visual correspondente à associação do tipo ’EntãoPorCerto’, no primeiro caso na metade inicial do arco e no segundo 6.1. O FADO 197 na metade final. Figura 6.3: Componentes da linguagem visual dos mapas taxionómicos do FADO. Finalmente, na figura 6.3 mostram-se os componentes visuais dos mapas taxionómicos. São definidos três contentores: o primeiro corresponde a um dos contextos representativos das correstes do modelo, consoante o ’problema’ que se pretenda classificar numa das subcategorias do modelo - área situada do lado esquerdo do traço vertical carregado; o segundo, combinado com o primeiro por cooperação, inclui os nós visuais correspondentes às ’categorias’ da corrente em questão - em cima à direita; e o terceiro conterá os nós visuais das ’categorias’ especı́ficas a cada aplicação - região em baixo à direita. Na figura, em cada um dos contentores, é ainda mostrado um exemplar dos nós visuais que se podem associar aos conceitos envolvidos nestes mapas e os dois tipos de arcos visuais possı́veis: à esquerda referente ao tipo Subsunção e à direita a ’Causa’. 6.1.4 A apresentação Relativamente à apresentação, os componentes do InCoMa aplicam-se directamente ao FADO. Nas figuras seguintes mostram-se exemplos dos três editores disponı́veis nesta ferramenta, todos eles usando variantes de vistas. Na figura 6.4 mostra-se o editor das cartas de diagnóstico. A região pela qual é visı́vel o mapa causal é uma IMV, cujas quatro subvistas se confinam aos quatro contentores representativos das correntes do modelo organizacional seguido. Incluı́ram-se CAPÍTULO 6. FERRAMENTAS 198 Figura 6.4: FADO - editor da carta de diagnóstico. ainda na IMV usada, formas gráficas do tipo caixa de texto, que expõem o nome das referidas correntes (em cima de cada subvista). É-lhes imposta uma restrição que determina que a sua largura seja igual a da subvista junta, outra que lhes dá uma cor mais escura no caso da subvista estar seleccionada e ainda outras que lhes fixam a posição e a altura. O deslocamento das áreas de foco das subvistas por acção sobre as barras de deslocamento, no caso mostrado da subvista dos ”Factores Sociais”, não interfere com o posicionamento das formas gráficas referidas, já que estas estão definidas no nı́vel de interacção. O mesmo se passa relativamente à aproximação, disponı́vel através nos menus. Para além dos filtros da própria IMV, são oferecidos outros predefinidos, acessı́veis pela barra de menus (em ”Analysis”), que permitem omitir variantes de relações cau- 6.1. O FADO 199 sais e problemas com nı́veis de entrada e de saı́da, acima ou abaixo de determinado valor. Nesta fase não foram usados destrutores ou teleportes, embora a utilização de qualquer um deles fosse potencialmente interessante. Figura 6.5: FADO - editor dos esquemas de argumentação. Na figura 6.5 mostra-se o editor dos mapas de argumentação, no caso vertente denotando o debate sobre a classificação, no contexto da corrente de ”Arranjos Organizacionais”, do problema identificado com o número 1 na carta de diagnóstico. Este componente do FADO aparece, por omissão, com uma vista simples, estando disponı́veis os mecanismos normais de aproximação (sobre cada um dos eixos) e deslizamento. É possı́vel também a duplicação da vista ou a criação de uma IMV. Finalmente, a figura 6.6 mostra o editor dos mapas de taxionómicos. De referir a presença de uma IMV agora tripartida, cujas subvistas estão também limitadas aos respectivos contentores (atrás descritos). O mecanismo de identificação destes foi igualmente feito recorrendo a formas gráficas criadas no nı́vel de interacção (i.e. como componentes da IMV), embora as restrições que lhe estão associadas, particularmente as patentes nas subvistas à direita, sejam diferente (tamanho fixo). CAPÍTULO 6. FERRAMENTAS 200 Figura 6.6: FADO - editor das taxionomias. 6.1.5 A manipulação No que respeita à manipulação directa dos mapas apresentados no FADO, o suporte oferecido pelo InCoMa é também aplicado de forma praticamente directa. De facto, para além do refinamento das operações, algumas delas já disponibilizadas, houve apenas que estabelecer a articulação das almas com os representantes visuais definidos, que, ainda assim, adoptam os comportamentos por omissão. Nas figuras que se seguem mostram-se alguns aspectos do comportamento dos objectos aquando da sua manipulação. O manipulador usado providencia o retorno segundo a metáfora da barreira e o dispositivo em jogo corresponde ao rato. No primeiro caso (figura 6.7), ilustra-se a reclassificação de um ’problema’ de um contexto para outro, nomeadamente da corrente dos ”Arranjos Organizacionais”para os ”Factores 6.1. O FADO 201 Figura 6.7: FADO: reclassificação de um problema. Sociais”. A ”barreira”surge quando o nó visual representante do ’problema’ 1 atinge o limite da subvista em que se encontra e assim se mantém até que o cursor a ultrapasse (lado esquerdo da figura). As movimentações de nó visual que não intersectem os limites das suas subvista não serão ”contrariadas”. Em ambas as partes da figura estão patentes os componentes tangı́vel (mais claro) e factı́vel, do objecto manipulado. Figura 6.8: FADO: criação de uma associação causal. Na figura 6.8 mostram-se as duas fases finais do arrastamento, aquando da definição de uma relação causal entre problemas. É também visı́vel a barreira em torno do nó de destino e duas facetas do objecto manipulado (conjectural, à esquerda, e factı́vel, à direita). O retorno à manipulação dos objectos que compõem os restantes mapas é semelhante. CAPÍTULO 6. FERRAMENTAS 202 6.2 O DETO/ARTO O DETO/ARTO (Carriço et al., 1997) é uma ferramenta que surgiu no contexto dos problemas encontrado na exploração dos artefactos tecnológicos desenvolvidos no âmbito do ORCHESTRA. Esses problemas emergiram da necessidade de adaptação coordenada dos artefactos às inevitáveis mudanças organizacionais. De facto, apesar de cada aplicação cobrir aspectos fundamentais das organizações (informação, fluxos de trabalho, comunicação e decisão) a sua articulação torna-se indispensável para uma exploração adequada que tire delas tire partido. Para mais, as mudanças organizacionais são, em grande parte, determinadas ao nı́vel da gestão organizacional e, portanto, segundo perspectivas globais descritas em modelos emergentes das ciências sociais. Figura 6.9: DETO. 6.2. O DETO/ARTO 203 O DETO/ARTO, é essencialmente formado por dois componentes interactivos2 : o DETO e o ARTO. O primeiro, cujo acrónimo se forma a partir da designação DEpendency TOol, é um editor que permite a visualização e modificação exploratória da estrutura de dependências existente entre os diversos artefactos tecnológicos (desenvolvidos no ORCHESTRA e implantados numa organização). A essa estrutura acrescem-se ainda dependências, normalmente subjectivas ou pelo menos não explı́citas nesses artefactos e especialmente entre eles, que resultam de uma perspectiva organizacional não necessariamente tecnológica. O DETO, apresentado na figura 6.9, articula esse mapa de dependências na classificação de base estabelecida pelo modelo de desenho de Mintzberg (1993), sucintamente descrito na página 55. O ARTO, por sua vez, é um editor de mapas argumentativos em tudo semelhante ao componente correspondente do FADO. 6.2.1 A concretização a partir do InCoMa Tendo em consideração o que foi dito sobre o FADO, referir-se-ão apenas as seguintes caracterı́sticas relativas à construç ão do DETO: Representação conceptual - assinale-se a criação de cinco tipos de contextos e outros tantos de conceitos, correspondentes às cinco dimensões organizacionais definidas. Define-se apenas um tipo de arco visual, designado ’Depende’, com caracterı́sticas de peso e confiança semelhantes às relações causais (embora sem variantes). Linguagem visual - os cinco tipos de nós visuais criados espelham eles próprios o contexto em que estão inseridos, sendo as formas gráficas que os constituem compostas por outras primitivas e combinadas por restrições geométricas adequadas (e.g. formas concêntricas). É particularmente interessante uma variante usada para os nós visuais presentes no contexto de ”Autoridade Formal”, que podem mostrar um conjunto de pontos, cujo número (até um máximo predefinido) é determinado pelo valor de uma propriedade (’número de indivı́duos)’ do 2 Outros componentes permitem a angariação automática de alguma informação a partir dos artefactos que pretende auxiliar a gerir. Uma descrição mais em pormenor pode ser vista em (Carriço et al., 1997). CAPÍTULO 6. FERRAMENTAS 204 respectivo conceito - veja-se o nó visual designado ”Conduction Manager”, na figura 6.9. Apresentação e manipulação - na sua forma por omissão apresenta uma IMV com cinco subvistas sobre os respectivos contextos. Manipulação - as caracterı́sticas dos componentes de manipulação são semelhantes aos do FADO. 6.3 Sumário Neste capı́tulo apresentou-se uma perspectiva sucinta das duas ferramentas construı́das com base no InCoMa. Para além de uma descrição breve da sua funcionalidade e enquadramento no âmbito das ferramentas a que se pretende dar suporte, expuseram-se, em linhas gerais, alguns aspectos da sua concretização. Conclusões e Trabalho Futuro Esta dissertação explana a concepção fundamentada (principled design) de um suporte para a construção de ferramentas computacionais interactivas, orientadas para o trabalho com mapas cognitivos, em particular, no contexto das organizações, do seu desenho e diagnóstico. A motivação da qual emerge este trabalho toma as suas raı́zes na necessidade, manifestada no âmbito das ciências sociais e projectada sobre as correspondentes vertentes tecnológicas, de olhar para as organizações como sistemas complexos, permeáveis a influências externas, com uma forte componente humana, em que a maneira de pensar dos seus membros e especialmente a dos intervenientes nas tomadas de decisão, determina fortemente o seu desempenho. Assim sendo, a utilização de metodologias, que permitam clarificar, comunicar e mesmo simular (ainda que parcialmente) os processos e estruturas de raciocı́nio dos indivı́duos, é um recurso extremamente válido nesse contexto. Prova dessa validade é o uso, cada vez mais frequente, dos mapas cognitivos, em várias perspectivas da gestão e do desenvolvimento organizacional, incluindo mesmo a concepção de tecnologia e de sistemas computacionais complexos, que nela se enquadrem de forma satisfatória. A larga aceitação deste instrumento de trabalho não é, como se disse, alheia à sua faceta visual, ao seu abrangimento na representação dos diferentes pontos de vista sobre o fenómeno cognitivo, à sua capacidade de enquadramento em modelos psicossociais estabelecidos e à sua faculdade de, cobrindo diferentes nı́veis de formalização, poder enquadrar múltiplos graus de pormenor e exactidão, que comportam, simultaneamente ou em sequência, explanações intuitivas e de foro racionalista, comuns nas deliberações organizacionais. 205 CAPÍTULO 7. CONCLUSÕES E TRABALHO FUTURO 206 O desafio global que se pôs a esta tese, foi então o de estabelecer um sistema de suporte, que cobrisse as várias formas e facetas de utilização destes mapas, no âmbito da gestão e desenvolvimento das organizações, e que permitisse enriquecê-las com as caracterı́sticas que um sistema computacional pode oferecer, adaptando-as aos requisitos particulares de cada aplicação. A sua natureza visual constitui, sem dúvida, um dos pontos chave desse desafio, já que lança esses reptos sobre uma área tecnológica, mas também psicossocial e definitivamente cognitiva, como é a das interfaces pessoamáquina. De certo modo, esta fecha um ciclo de preocupação sobre as ferramentas computacionais em causa e consequentemente sobre o seu suporte, já que se trata de instrumentos oferecidos para auxiliar pessoas a reflectir sobre o que pensam e como pensam as pessoas. Partindo deste problema, procedeu-se então ao estudo do contexto em que se articulam os mapas cognitivos, analisando-os quer no domı́nio global em que se debruçam (i.e., a cognição humana), quer na forma que assumem e no aspecto cognitivo que descrevem, quer ainda no modo como se obtêm e como permitem extrapolar considerações sobre a cognição. Esta análise dos mapas foi mais longe, enquadrandoos, num extremo, com formas racionalistas de representação do conhecimento (as redes semânticas), e no outro, com esboços estruturados para auxiliar a reflexão (mapas mentais), passando por mecanismos visuais de explanação conceptual em sentido lato (mapas de conceitos). Por fim, este estudo alargou-se ao domı́nio especı́fico das organizações, sobre o qual se apresentaram modelos de desenho e desenvolvimento, também emergentes do estudo das caracterı́sticas psicossociais destas, que incluem metodologias para o diagnóstico organizacional, materializadas em formas simples de mapas cognitivos. Dessa análise em pormenor, foi possı́vel identificar um conjunto de requisitos com impacto directo na concepção fundamentada de um suporte computacional adequado. Na sua essência, esses requisitos cobrem os aspectos de representação conceptual e visual, apresentação e navegação e manipulação e retorno, que, como componentes basilares no projecto de uma ferramenta interactiva, tomaram particular importância neste trabalho. Como denominador comum identificou-se, para além do aspecto visual, um modo de especificação contingencial, passı́vel de revisão e refinamento continu- 207 ados, articulado em conhecimento anterior, que, no componente computacional, se terá que reflectir, tanto na forma como se guarda e se expressa a informação (representação), como na maneira como se permite a sua exploração e se guia o utilizador nesse processo (manipulação e retorno). Também decorrente de um processo de pormenorização sucessiva e explanação de actividades complexas, com múltiplos factores envolvidos, emergiu como requisito a capacidade de gerir diagramas de dimensões apreciáveis, patentes em diversos casos experimentais de aplicação destes mapas. Na posse destas directivas analisou-se o panorama tecnológico, num leque que albergou as ferramentas especificamente orientadas para o trabalho com mapas cognitivos, mas também os sistemas de suporte à criação de ferramentas interactivas e de representação de conhecimento que, de algum modo, pudessem vir a dar solução a algumas das condições perseguidas. Esta análise foi inicialmente enquadrada em princı́pios e técnicas avançadas, disponı́veis genericamente para cada um dos grupos de requisitos identificados, que no entanto, para além de não estarem patentes na maioria das ferramentas e sistemas estudados, ficam aquém das expectativas criadas para a construção de um bom suporte computacional. Os problemas encontrados podem, resumidamente, enumerar-se do seguinte modo: falta de um mecanismo de modelação de representações conceptuais, que abarque os diferentes tipos de mapas cognitivos e se adapte às várias técnicas de análise expedita, levando em linha de conta as restrições e recomendações, de foro sintáctico e semântico a eles inerentes, que se caracterizam por diferentes graus de confiança e por requisitos de ajuste a cada situação em particular e à capitalização do conhecimento sucessivamente adquirido; ausência de formas abrangentes para a definição de notações adequadas às várias representações visuais dos mapas, que se articulem com as restrições conceptuais antes referidas e com as caracterı́sticas espaciais e gráficas das linguagens visuais que constituem; desajuste das técnicas disponı́veis para a apresentação de grandes diagramas do tipo nó/ligação, em relação às necessidades de navegação e análise interactiva de mapas cognitivos, sobre múltiplos focos de interesse, cuja formalização e con- 208 CAPÍTULO 7. CONCLUSÕES E TRABALHO FUTURO sequente capacidade de providenciar contexto visual, se enraı́za fortemente nas associações e portanto nas ligações entre nós; carência de expressividade nas formas de responder à manipulação directa de componentes dos diagramas e, em particular, de representações visuais dos mapas cognitivos, face à necessidade de comunicar ao utilizador restrições com graus de proibição e aceitação variáveis, que, por fazerem parte integrante do processo de exploração, dificilmente se coadunam com interrupções à interacção, sem colidirem directamente com os princı́pios para ela estabelecidos. As soluções propostas nesta tese, materializadas na biblioteca a que se chamou InCoMa, assentam num conjunto de subsistemas integrados que lidam com cada um desses problemas, a saber: o subsistema de representação, o de apresentação e o de manipulação. Todos eles se encontram, por sua vez, articulados com o CrOOK, um subsistema de tipificação e resolução de restrições. O CrOOK é o responsável pela coordenação dos mecanismos de extensão e refinamento dos componentes básicos oferecidos nos restantes subsistemas, em particular no de representação. Providencia formas de especificação de tipos, propriedades e restrições, que permitem a criação dinâmica de novas classes, a materialização das regras de comportamento das representações (conceptuais e visuais) e a definição das normas de articulação entre os diversos subsistemas. Uma das suas caracterı́sticas fundamentais no CrOOK é a capacidade de gerir a resolução das restrições com base numa relação de prioridades, que admite, em cada estado do sistema, a existência de desvios à situação de equilı́brio, i.e. restrições não completamente satisfeitas. Esta capacidade vai de encontro ao estabelecimento de hierarquias de regras de foro sintáctico e semântico, nestas últimas espelhando os graus de confiança que lhes estão associados. O subsistema de representação, providenciando uma solução para os dois primeiros problemas, subdivide-se nas facetas conceptual e visual. A primeira estabelece uma estrutura de elementos composta essencialmente por conceitos, associações, contextos e junções, coadjuvada por um conjunto de regras de uso, que permitem a criação de linguagens especı́ficas para a representação conceptual de tipos predefinidos de mapas cognitivos e para as suas evoluções e adaptações às contingências e caracterı́sticas de 209 cada aplicação e do seu domı́nio. A segunda, directamente relacionada com a anterior, define as contrapartidas visuais genéricas, que podem também ser refinadas para as necessidades especı́ficas de cada notação. Introduz nós visuais, arcos visuais e contentores e, em particular sobre estes últimos, estabelece formas de combinação que concedem os meios para a construção de mecanismos de expressão elaborados e consistentes com os requisitos de pormenor encontrados. No seu conjunto, o subsistema de representação constitui uma plataforma para a criação de linguagens especificamente orientadas para a modelação de aspectos da cognição humana, naturalmente segundo a perspectiva dos mapas. A separação entre os nı́veis conceptual e visual permite tirar partido das vantagens especı́ficas de cada linguagem visual, que harmonizadas sobre uma mesma representação conceptual, providenciam uma imagem simultaneamente mais completa e de mais fácil percepção. O subsistema de apresentação tem como responsabilidade principal gerir o espaço visual disponı́vel, através do qual os utilizadores vêem e interagem com os mapas. Essa funcionalidade materializa-se nas vistas, nos seus derivados e nos seus componentes, em especial os marcadores e os filtros, e encadeia-se em três nı́veis que se orientam para a resolução do penúltimo problema anteriormente enumerado. No primeiro nı́vel as vistas disponibilizam a funcionalidade de base (deslizamento, aproximação e distorção global), presente em objectos de interacção comuns, normalmente designados de forma homónima, e ainda mecanismos de suporte a formas avançadas de distorção, bem como a meios de filtragem. Numa segunda fase, estabelecem-se formas de articulação entre vistas, por partilha e coordenação de marcadores e filtros, esta última recorrendo, mais uma vez, aos mecanismos de resolução de restrições do CrOOK. Desta maneira é possı́vel encontrar soluções integradas de marcação e filtragem, que facilitam já a percepção conjunta de vários focos e de visões globais dos diagramas, em vistas separadas. Finalmente, neste subsistema do InCoMa, propõe-se um artefacto concebido sobre uma técnica inovadora de apresentação, a que se deu o nome de IMV. Este, permitindo por si só a visualização e navegação em múltiplos focos de um diagrama, mantém a continuidade das ligações arcos visuais entre nós visuais patentes em focos distintos, de modo a viabilizar a percepção das associações e, portanto, as pedras basilares de um grande número de mapas cognitivos. CAPÍTULO 7. CONCLUSÕES E TRABALHO FUTURO 210 No seu todo, os subsistemas de representação e apresentação oferecem uma solução integrada para a expressão visual dos mapas cognitivos, suportada por uma estrutura conceptual coerente. Em termos computacionais, os elementos que os compõem dão resposta aos problemas colocados aos componentes de saı́da, directamente relacionados com a visualização dos mapas, nas aplicações cuja construç ão se pretende sustentar. Como solução para o último dos problemas enumerados, o da manipulação directa, propôs-se o subsistema de manipulação. Os elementos que o formam, são, em primeiro lugar, responsáveis pela gestão das actividades do utilizador sobre as ferramentas computacionais. Nesse sentido, identificaram-se três grupos de elementos de base, dispositivos, manipuladores e operações, correspondentes aos três planos de acção do utilizador sobre o sistema, i.e., actividade real sobre dispositivos fı́sicos de entrada, actividade percepcionada durante a manipulação e actividade executada no sistema. A sua articulação com os espaços definidos pelas vistas, faculta os meios para interacção com os componentes especı́ficos destas, com os elementos de representação dos mapas ou ainda com ambos. Neste último caso, são propostos componentes especı́ficos, os objectos operadores (destrutores e teleportes), que permitem a execução, sobre os representantes, de operações comuns na exploração dos mapas cognitivos. Para além de lidar com a coordenação das acções do utilizador, os elementos do subsistema de manipulação são ainda responsáveis pela composição das respostas imediatas que as ferramentas devem dar ao indivı́duo, face às suas acções de manipulação directa. No seguimento desse objectivo é proposto um modelo de interacção entre os objectos envolvidos numa manipulação, que permite traduzir as restrições sintácticas e semânticas, postas em causa durante a mesma e definidas nas regras de representação, em caracterı́sticas de relacionamento espacial. Este modelo define preceitos de comportamento e campos de influência em redor dos objectos, cujas caracterı́sticas, determinadas pelas propriedades daquelas restrições, lançam uma base comum para a construção de respostas, que veiculem os diferentes nı́veis de constrangimento expressos, implı́cita ou explicitamente, aquando da criação dos mapas. A notação usada para essas respostas é então estabelecida em dialectos de retorno, coordenados pelos dispositivos, manipuladores e operações, que gerem o posicionamento, 7.1. PERSPECTIVAS FUTURAS 211 a geometria e, em geral, os atributos gráficos dos elementos de representação, dos componentes de apresentação envolvidos e de outros especificamente criados como formas de retorno. Como exemplos de aplicação do modelo e do subsistema de manipulação em geral, apresentam-se dois dialectos visuais de retorno distintos, concebidos especificamente para comunicarem ao utilizador diferentes nı́veis de resistência à quebra de restrições. Os diferentes subsistemas foram então usados na criação de dois protótipos de ferramentas orientadas para o desenho e diagnóstico das organizações e que, naturalmente, enquadram modelos emergentes dessas áreas. A primeira, o FADO, que aliás esteve na origem do trabalho desenvolvido, concretiza os elementos necessários para a aplicação da metodologia da Análise de Correntes, estendendo-a mesmo sobre outras formas de mapas cognitivos, para além das que já inclui, que transparecem do próprio processo de diagnóstico. A segunda, o DETO/ARTO, surge da necessidade de coordenar, a um nı́vel de abstracção elevado, o ajuste de alguns dos sistemas desenvolvidos no âmbito do ORCHESTRA, às mudanças das organizações em que se integram. A ferramenta concretiza-se num componente de argumentação (o ARTO), que usa mapas argumentativos para documentar as dependências definidas no outro componente (o DETO). Este, por sua vez, adopta um modelo de desenho organizacional para estruturar as relações de dependência entre os diversos aspectos das organizações que estão patentes em sistemas computacionais subjacentes. Estes protótipos e a sua construção permitem demostrar a adequabilidade do InCoMa a um conjunto relativamente abrangente de linguagens visuais de representação de mapas cognitivos, no contexto de modelos organizacionais vigentes, o que constitui aliás o objectivo primordial deste trabalho. 7.1 Perspectivas futuras No seguimento do esforço desenvolvido nesta tese, pode apontar-se um conjunto de direcções principais de trabalho futuro, que se relacionam directamente com a plataforma desenvolvida, com os exemplos de manipulação e retorno propostos ou com CAPÍTULO 7. CONCLUSÕES E TRABALHO FUTURO 212 linguagens visuais a desenvolver e, sem duvida, com os protótipos e outras aplicações que possam vir a ser criadas. Quanto à plataforma, antevêem-se duas direcções fundamentais: uma relativa à forma de especificação dos refinamentos aos elementos de base do subsistema de representação, aquando da definição de novas linguagens; outra referente aos modos de enriquecimento e composição dos dialectos de retorno. No primeiro caso, deverá ser considerada a concepção de mecanismos de explanação visual guiada, que se estendam à definição das restrições associadas à sintaxe ou aos modelos adoptados em cada situação. De certa forma, a resolução deste repto passa pela criação de uma meta-ferramenta, que se estruture sobre os conceitos desenvolvidos e, na prática, sobre a biblioteca, e que assim permita ajustar, a um nı́vel de abstracção elevado, as linguagens de especificação de mapas, aos domı́nios em que se aplicam. Quanto aos componentes de manipulação, a sua extensão a outros dialectos de retorno e a inclusão de outros modos, que não o visual, poderá vir a completar um leque alargado de opções, para comunicação das restrições encontradas durante a manipulação dos elementos. Algum esforço foi já desenvolvido, na integração de componentes de retorno auditivo, em que o timbre e volume de som pode ser usado como complemento para veicular a intensidade das restrições. Relativamente a linguagens visuais e, em particular, aos dialectos de retorno propostos, há que desenvolver um trabalho de avaliação, seja ele enquadrado em ferramentas especı́ficas para criação e análise de mapas cognitivos, seja noutro tipo de aplicações. Em qualquer dos casos, a participação dos utilizadores finais será sempre preponderante, embora, para aplicações de foro organizacional, nomeadamente nas que se enquadram no âmbito da gestão, a angariação dos indivı́duos seja normalmente difı́cil. Nesse sentido, prevê-se a aplicação dos dialectos de retorno a situações de laboratório e mesmo de âmbito geral, como sejam simulações do próprio trabalho de escritório. Por exemplo, a aplicação das metáforas ao apagamento de ficheiros, cuja intensidade da restrição se articule com o tipo de ficheiro a apagar, poderá já dar algumas indicações para a aceitação ou revisão dos dialectos (e.g. ficheiros criados terão grandes restrições ao apagamento, enquanto os gerados automaticamente deverão impor pequenos entraves). Quanto às ferramentas desenvolvidas e em particular ao FADO, é interessante a sua 7.1. PERSPECTIVAS FUTURAS 213 integração com técnicas de decisão em grupo suportadas por computador, como as que são propostas por Antunes e Guimarães (1995). A sua adequação ao processo proposto pela metodologia da Análise de Correntes é evidente, dada a definição de grupos de trabalho, activos nos aspectos de argumentação que se debatem sobre cada fase do diagnóstico. O mesmo tipo de considerações pode ser feito sobre o DETO/ARTO. 214 CAPÍTULO 7. CONCLUSÕES E TRABALHO FUTURO Bibliografia AIAI. 1995. Hardy 1.3. Artificial Intelligence Applications Institute, The University of Edinburg, 80 South Bridge, Edinburg EH1 1HN, UK. ALTCOM-IT. 1997. GDToolkit. Algorithms and Complexity in Information Technology (ALTCOM-IT), http://www.dis.uniroma1.it/˜alcom-it, ESPRIT PROJECT No 20244. A NTUNES , P EDRO & C OSTA , C ARLOS & D UQUE , M ARGARIDA & G UIMAR ÃES , N U NO & J ESUINO , J ORGE & S TADLER , H ORST. 1998 (Setembro). On the Design of Group Decision Processes for Electronic Meeting Rooms. Páginas 69–84 de: Fourth International Workshop on Groupware, CRIWG ’98. Búzios, Brasil. A NTUNES , P EDRO M. 1996 (Novembro). Organizações, Grupos e Tecnologia: Suporte Computacional a Processos de Interacção e Decisão em Grupo. Tese de Doutoramento, Instituto Superior Técnico, Lisboa, Portugal. A NTUNES , P EDRO M. 1998. 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Stream Analysis aproximação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . zoom argumentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . arguments arranjos organizacionais . . . . . . . . . . . . . . . . organizational arrangements arrastamento e largada . . . . . . . . . . . . . . . . . . drag and drop as instalações fı́sicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . physical settings associações de benefı́cio mútuo . . . . . . . . . mutual benefit associations autoridade formal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . formal authority burocracia mecanicista . . . . . . . . . . . . . . . . . . machine bureaucracy burocracia profissional . . . . . . . . . . . . . . . . . . professional bureaucracy capacidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . affordance caridades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . charities 235 236 carta de acompanhamento . . . . . . . . . . . . . . GLOSSÁRIO PORTUGUÊS INGLÊS monitoring chart carta de correntes para diagnóstico de stream problem diagnosis chart problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . carta de planeamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . planning chart cartas de PERT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . PERT charts centro operacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . operating core Cognição Organizacional e de Gestão . . . Managerial and Organizational Cognition componentes de resolução de restrições . constraints solvers comportamental cognitivo . . . . . . . . . . . . . . behavioral cognitive comportamento e processos . . . . . . . . . . . . . behavior and processes comportamento/movimento . . . . . . . . . . . . behavior-motion comunicação informal . . . . . . . . . . . . . . . . . . informal communication concepção fundamentada . . . . . . . . . . . . . . . principled design constelações de trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . work constellations constructos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . constructs critérios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . criteria cultura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . culture de concretização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . implementational desenho organizacional . . . . . . . . . . . . . . . . . organizational design Desenvolvimento Organizacional . . . . . . . Organizational Development deslizamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . scroll diagnóstico organizacional . . . . . . . . . . . . . . organizational diagnosis dinâmica de sistemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . system dynamics directividade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . directiveness distribuição espacial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . layout encadeamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . chaining enquadramentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . frames entradas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . inputs GLOSSÁRIO PORTUGUÊS INGLÊS 237 esquemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . schema estrutura divisional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . divisionalized form estrutura simples . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . simple structure estrutura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . structure factores sociais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . social factors fluxos regulados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . regulated flows funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . functions fundamento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . backing Gestão de Qualidade Total . . . . . . . . . . . . . . Total Quality Management Grafos Conceptuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Conceptual Graphs grafos existenciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . existential graphs grelhas de repertório . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . repertory grids guiões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . scripts histórias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . stories interface programática da aplicação . . . . . application programming interface lógica difusa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . fuzzy logic lógica do desenho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . design rationale linha hierárquica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . middle line mapas causais difusos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . fuzzy causal maps mapas cognitivos difusos . . . . . . . . . . . . . . . fuzzy cognitive maps Mapas Cognitivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Cognitive Maps mapeamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . mapping memória de curto prazo . . . . . . . . . . . . . . . . . long-term memory memória de curto prazo . . . . . . . . . . . . . . . . . short-term memory memórias sensoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . sensory memories missão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . mission modelação de empresa . . . . . . . . . . . . . . . . . . enterprise modeling modelo conexionista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . connectionist model modelo da teoria dos jogos . . . . . . . . . . . . . . game theoretic model 238 GLOSSÁRIO PORTUGUÊS INGLÊS modelo simbólico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . symbolic model modelos mentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . mental models nı́vel-de-entrada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . indegree nı́vel-de-saı́da . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . outdegree opções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . options organizações de mercado . . . . . . . . . . . . . . . market organizations organizações profissionais. . . . . . . . . . . . . . . professional organizations parede perspectiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . perspective wall pessoal de apoio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . support staff posições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . positions problemas de base . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . core problems processamento analı́tico local . . . . . . . . . . . on-line analytical processing processos de decisão ad hoc . . . . . . . . . . . . . . ad hoc decision processes propósito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . purpose questões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . questions redes de Bayes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Bayesian networks redes de crenças . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . belief networks redes semânticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . semantic networks Reengenharia dos Processos de Negócio . Business Process Reengineering refutação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . rebuttal resolução de problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . problem-solving restrições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . constraints retorno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . feedback saı́das . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . outputs sistema de suporte a sistemas periciais . . expert system shell sistemas baseados em conhecimento . . . . knowledge based systems Sistemas de Informação de Executivos . . Executive Information Systems Sistemas de Informação de Gestão . . . . . . Management Information Systems sistemas de informação . . . . . . . . . . . . . . . . . information systems GLOSSÁRIO PORTUGUÊS INGLÊS 239 Sistemas de Suporte à Decisão em Grupo Group Decision Support Systems Sistemas de Suporte à Decisão . . . . . . . . . . Decision Support Systems sistemas de suporte aos fluxos de traba- workflow systems lho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . sistemas periciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . expert systems Suporte Computacional à Engenharia de Computer Aided Software Engineering Sistemas Programados . . . . . . . . . . . . . . . . . . tópicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . issues tecnoestrutura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . technostructure tecnologia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . technology temas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . themes teoria dos constructos pessoais . . . . . . . . . . personal construct theory tomada de decisão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . decision-making vértice estratégico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . strategic apex vistas de olho de peixe . . . . . . . . . . . . . . . . . . fish-eye-views vistas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . views 240 GLOSSÁRIO PORTUGUÊS INGLÊS Glossário Inglês Português activities . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . actividades ad hoc decision processes . . . . . . . . . . . . . . . processos de decisão ad hoc adhocracy . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . adhocracia affordance . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . capacidade agencies . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . agências application programming interface . . . . . . interface programática da aplicação arguments . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . argumentos backing . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . fundamento Bayesian networks . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . redes de Bayes behavior-motion . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . comportamento/movimento behavior and processes . . . . . . . . . . . . . . . . . comportamento e processos behavioral cognitive . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . comportamental cognitivo belief networks . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . redes de crenças Business Process Reengineering . . . . . . . . . Reengenharia dos Processos de Negócio chaining . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . encadeamento charities . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . caridades claim . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . afirmação Cognitive Maps . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Mapas Cognitivos Computer Aided Software Engineering . Suporte Computacional à Engenharia de Sistemas Programados Conceptual Graphs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Grafos Conceptuais connectionist model . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . modelo conexionista 241 242 GLOSSÁRIO INGLÊS PORTUGUÊS constraints solvers . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . componentes de resolução de restrições constraints . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . restrições constructs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . constructos content analysis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . análise de conteúdo core problems . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . problemas de base criteria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . critérios culture . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . cultura decision-making . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . tomada de decisão Decision Support Systems . . . . . . . . . . . . . . . Sistemas de Suporte à Decisão decision trees . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . árvores de decisão design rationale . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lógica do desenho directiveness . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . directividade divisionalized form . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . estrutura divisional drag and drop . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . arrastamento e largada enterprise modeling . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . modelação de empresa environment . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ambiente Executive Information Systems . . . . . . . . . . Sistemas de Informação de Executivos existential graphs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . grafos existenciais expert system shell . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . sistema de suporte a sistemas periciais expert systems . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . sistemas periciais feature . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . aspecto feedback . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . retorno fish-eye-views . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . vistas de olho de peixe formal authority . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . autoridade formal frames . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . enquadramentos functions . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . funções fuzzy causal maps . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . mapas causais difusos fuzzy cognitive maps . . . . . . . . . . . . . . . . . . . mapas cognitivos difusos fuzzy logic . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lógica difusa GLOSSÁRIO INGLÊS PORTUGUÊS 243 game theoretic model . . . . . . . . . . . . . . . . . . . modelo da teoria dos jogos Group Decision Support Systems. . . . . . . . Sistemas de Suporte à Decisão em Grupo implementational . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . de concretização indegree . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . nı́vel-de-entrada informal communication . . . . . . . . . . . . . . . . comunicação informal information systems . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . sistemas de informação inputs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . entradas issues . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . tópicos knowledge based systems . . . . . . . . . . . . . . . sistemas baseados em conhecimento layout . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . distribuição espacial long-term memory . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . memória de curto prazo machine bureaucracy . . . . . . . . . . . . . . . . . . . burocracia mecanicista Management Information Systems . . . . . . Sistemas de Informação de Gestão Managerial and Organizational Cogni- Cognição Organizacional e de Gestão tion . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . mapping . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . mapeamento market organizations . . . . . . . . . . . . . . . . . . . organizações de mercado mental models . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . modelos mentais middle line . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . linha hierárquica mission . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . missão monitoring chart . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . carta de acompanhamento mutual benefit associations . . . . . . . . . . . . . . associações de benefı́cio mútuo on-line analytical processing . . . . . . . . . . . . processamento analı́tico local operating core . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . centro operacional options . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . opções organizational arrangements . . . . . . . . . . . . arranjos organizacionais organizational design . . . . . . . . . . . . . . . . . . . desenho organizacional Organizational Development . . . . . . . . . . . . Desenvolvimento Organizacional organizational diagnosis . . . . . . . . . . . . . . . . diagnóstico organizacional 244 GLOSSÁRIO INGLÊS PORTUGUÊS outdegree . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . nı́vel-de-saı́da outputs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . saı́das personal construct theory . . . . . . . . . . . . . . . teoria dos constructos pessoais perspective wall . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . parede perspectiva PERT charts . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . cartas de PERT physical settings . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . as instalações fı́sicas planning chart . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . carta de planeamento positions . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . posições principled design . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . concepção fundamentada problem-solving . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . resolução de problemas professional bureaucracy . . . . . . . . . . . . . . . . burocracia profissional professional organizations . . . . . . . . . . . . . . organizações profissionais purpose . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . propósito questions . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . questões rebuttal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . refutação regulated flows . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . fluxos regulados repertory grids . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . grelhas de repertório schema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . esquemas scripts . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . guiões scroll . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . deslizamento semantic networks . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . redes semânticas sensory memories . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . memórias sensoriais short-term memory . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . memória de curto prazo simple structure . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . estrutura simples social factors . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . factores sociais stories . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . histórias strategic apex . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . vértice estratégico Stream Analysis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Análise de Correntes GLOSSÁRIO INGLÊS PORTUGUÊS stream problem diagnosis chart . . . . . . . . . 245 carta de correntes para diagnóstico de problemas structure . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . estrutura support staff . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . pessoal de apoio symbolic model . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . modelo simbólico system dynamics . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . dinâmica de sistemas technology . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . tecnologia technostructure . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . tecnoestrutura themes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . temas Total Quality Management . . . . . . . . . . . . . . Gestão de Qualidade Total tracking . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . acompanhamento views . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . vistas warrant . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . abonação work constellations . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . constelações de trabalho workflow systems. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . sistemas de suporte aos fluxos de trabalho zoom . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . aproximação 246 GLOSSÁRIO INGLÊS PORTUGUÊS Índice Remissivo A – ver também Hardy Amulet . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94–95 – ver também KRS análise de conteúdo . . . . . . . . . . 30, 36, 77 – ver também LEDA análise de correntes . . . 54, 111, 116, 190, C 211, 213 campo ferramentas 88 metodologia 58–62 modelo 56–57 de actividade 160–162, 164–168, 170, 172, 180, 182 de rejeição âncoras de tipo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119 160–172, 180–185 de resistência 162, 166, 167, 169, 170, aprendizagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68 176, 179, 184, 185 Aquanet . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91–92 de retenção AQUINAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79–80 160–164, 166–169, 171, 173, 174, 180–183, 185 arcos visuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123 capacidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67, 68, 74 árvores de decisão . . . . . . . . . . . . . . 42, 43 cartas de PERT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 aspectos . . . . 110, 125, 126, 130, 174, 193, CASE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87, 89, 92 195, 196 ciências associações . . . . . . . . . . . . . . . 102, 115–118 cognitivas atenção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22, 67–68 1, 8, 12, 19, 21 sociais 2, 5, 6, 10, 13, 19 B CLIPS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69, 89, 90, 93 bibliotecas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92–96 CMAP 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82, 84 – ver também Amulet – ver também EdGar – ver também GDToolkit – ver também Graphlet cognição social . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25–26 componente de retorno 247 conjectural 178, 180, 183, 184, 201 factı́vel 178, 180, 183–185, 201 ÍNDICE REMISSIVO 248 177, 178, 180, 183, 201 Enterprise . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 conceitos 102, 112, 114, 115, 118, 123, 129 espaço de manipulação interna 156–158, tangı́vel Constraint Graphs . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91 constructos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32, 36 180 esquemas contentores . . . . . . . . . . . . . . . 123, 129–131 cognitivos de base 40 contextos . . . . . . . . 102, 112–115, 123, 129 de rep. de conhecimento 47 cooperação . . . . . . . . . . . . . . . 129–132, 197 – ver também IBIS COPE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82 – ver também QOC – ver também Toulmin, esquema D Decision Explorer . . . . . . . . . . . . . . . 82–85 F dependência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104 ferramentas dependente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104 desenho organizacional . . . . . 1, 6, 10, 20 modelos 53 Butler 56 Mintzberg 55–56 desenvolvimento organizacional . 6, 20, 21, 26, 52 modelos 53, 56 Bair 57–58 Harrison Porras 57 ver Análise de Correntes diagnóstico organizacional . 1, 6, 10, 20, 53 dinâmica de sistemas . . . . . . . . . . . . . . . 84 DOLPHIN . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86, 87 dominante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104 de argumentação 85–87 gIBIS 85 no NoteCards 85 – ver também Aquanet – ver também JANUS – ver também SEPIA – ver também SIBYL de inventariação de conceitos 77–78 – ver também Logic-Line 2 – ver também SPSS – ver também TEXTPACK – ver também TextSmart de reengenharia e argumentação 88 de suporte a mapas causais difuso 82–85 85 – ver também CMAP 2 E – ver também Decision Explorer EdGar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .95–96 – ver também GrIT Elicit . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80 – ver também KDraw enquadramentos . . . . . . . . . . . . . . . . 47, 50 – ver também Vensim ÍNDICE REMISSIVO 249 de suporte a mapas mentais 87–88 – ver também Mind Manager IBIS . . . . . . . . . . . . . 44, 85, 86, 91, 103, 116 – ver também Visi Map IMV . . . . . . . 142–144, 154, 156, 159, 185, de suporte a taxionomias – I 78–82 – ver também Elicit – ver também GrIT – ver também Group Systems – ver também KDraw 197–199, 204, 209 classe 141, 143 interacção pessoa-máquina . . . . . . 12, 13 J ver também análise de correntes, JANUS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86, 87 ferramentas junções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103, 116–118 força de rejeição de resistência de retenção 161, 163, 185 K 162, 169 KDraw . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80–82 161, 164, 169, 184 Kmap . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91 KRS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93 G KSM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92 GDToolkit . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94 gestão de qualidade total . . . . . ver GQT KSS0 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79–80 KSSn . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79–80 GQT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4, 5 grafos conceptuais . . . . . . . . . 81, 113, 116 L grafos existenciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 lógica difusa . . . . . . . . . . . . . . . . . 16, 41, 96 Graphlet . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94 grelha de repertório . . . . . . . . . . . . . . . . 111 grelhas de repertório . . . . . . . . . . . . 32, 33 ferramentas meta-ferramentas 79, 80 91 GrIT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81–82 Group Explorer . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82 Group Systems . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81 guiões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47, 50 H Hardy . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89–91, 93 lógica do desenho . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 LEDA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94 limiar de aceitação 161–163, 166, 168, 170–173, 180, 182 de actividade 162–164, 169, 172, 173, 180 de aprovação de cedência 162 161, 162, 164, 169, 173 de execução 162–164, 168, 171–173, 180, 182 ÍNDICE REMISSIVO 250 de rejeição 161, 163–165, 170, 171, 173, 182, 183 de retenção – ver também MetaEdit – ver também PROTÉGÉ 161, 162, 164, 170, 180 MetaEdit . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92 Logic-Line 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78 Mike . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94 Mind Manager . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87 M Manipulação externa . . . . . . . . . . . . . . 154 Manipulação interna . . . . . . . . . . . . . . 155 mapas cognitivos . 1, 8, 10–12, 20, 26–28 argumentativos 41–45 causais 35–41 difusos modelação de empresa . . . . . . . . . . . 4, 57 modelação de processos . . . . . . . . . . . 3, 4 modelos 40 de inventário 29–31 interpretativos 45–48 taxionómicos 31–34 comportamental cognitivo 26 conexionista 23 da teoria dos jogos 26 económico 26 mentais 24, 25, 68 simbólico 23 mapas de conceitos . . . . . . . . . . . . . . 51–52 mapas mentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 N MAPCOG . . . . . . . . . . . . . . . 11, 16, 38, 100 nós visuais . . . . . . . . . . . . . . . 122, 129–131 mapeamento nı́vel na interacção pessoa máquina 74 memória de interacção 135 de representação conceptual 120, 135 de curto prazo 22 de longo prazo 22 modelo temporal 22 nı́vel-de-entrada . . . . . 37, 60, 83, 84, 191 sensorial 22 nı́vel-de-saı́da . . . . . . . 37, 60, 83, 84, 191 memorização . . . . . . . . . . . . . 22–23, 67–68 neurobiologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8, 9 de representação visual 120, 135 meta-ferramentas . . . . . . . . . . . . . . . 89–92 O – ver também Aquanet – ver também Constraint Graphs objecto de manipulação . . . . . . . . . . . . 157 – ver também Hardy objectos operadores . . . . . . . . . . . . . . . 158 – ver também Kmap olho de peixe . . . . . . . . . . . . . . . 72, 95, 137 – ver também KSM ORCHESTRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10, 54 ÍNDICE REMISSIVO 251 P S padrões de decisão . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 semiótica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 parede perspectiva . . . . . . . . . . . . . . . . . 72 semiologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 percepção . . . . . . . . . . . . . . . . 21–22, 67–68 SEPIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86–87 PHI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 SIBYL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86 PHIBIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86, 91 sistemas plano baseados em conhecimento da linguagem 105, 106, 108, 124, 193 do InCoMa 105, 106 dos mapas 105–108, 124 de informação PROTÉGÉ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92 79, 93 3, 4, 43, 52 de executivos 7 de gestão 7 multidimensionais 7 de processamento analı́tico local Q de suporte QOC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44, 85, 86 à decisão R raciocı́nio e aprendizagem . . . . . . . 24–25 redes de Bayes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 116 a sistemas periciais 69, 89 periciais 3, 43, 52 4, 10 4, 6 sobreposição . . . . . . . . . . . . . 129–132, 181 SPSS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78 reengenharia dos processos . . . . . . . . 5, 6 de negócio 7 de trabalho em grupo redes de Petri . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 ver SSD à decisão em grupo aos fluxos de trabalho redes de crenças . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 redes semânticas . 12, 23, 33, 48–51, 113, 7 ver RPN reengenharia dos processos de negócio SSD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6, 7 subsunções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118 suporte comp. à eng. de sis. programa- 88 dos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ver representação do conhecimento . 23–24 CASE resolução de problemas . . . . . . . . . . . . . 42 T restrição 74 teoria dos constructos pessoais . . 32, 79 restrições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109–110 TEXTPACK . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78 retorno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12, 14, 75 TextSmart . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78 RPN . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4, 5 Toulmin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 na interacção pessoa máquina ÍNDICE REMISSIVO 252 esquema 41, 44, 69, 85, 86, 91, 116, 127, 192 trabalho em grupo . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76 V Vensim . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84–85 Visi Map . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87