fundação universidade federal de mato grosso do

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fundação universidade federal de mato grosso do
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
CAMPUS DE AQUIDAUANA/MS
CURSO DE GEOGRAFIA - BACHARELADO
DORALICE DA ROCHA SILVA LABAT
O EUCALIPTO NO MATO GROSSO DO SUL, SUBSÍDIOS PARA A
DIVERSIFICAÇÃO EM NOVOS CENÁRIOS PRODUTIVOS: A região Norte do MS.
AQUIDAUANA/MS
2015
DORALICE DA ROCHA SILVA LABAT
O EUCALIPTO NO MATO GROSSO DO SUL, SUBSÍDIOS PARA A
DIVERSIFICAÇÃO EM NOVOS CENÁRIOS PRODUTIVOS: A região Norte do MS.
Monografia apresentada à Coordenação do Curso
de Geografia – Bacharelado, da Universidade
Federal do Mato Grosso do Sul/CPAq como
requisito de avaliação da disciplina Trabalho de
Graduação II sob Orientação do Prof. Dr. Valter
Guimarães.
AQUIDAUANA/MS
2015
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________
Prof. Dr. Valter Guimarães.
Presidente
________________________________________
Prof. Msc. Édla Gonçalves Lopes dos Santos
Membro
__________________________________________
Prof. Msc. Waleska Souza Carvalho Santana
Membro
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a meus pais Raimundo Correia da Silva (in memorian) e Maria
Célia da Rocha Silva, sei que se sentem (no caso de meu Pai, se sentiria) honrados
em saber que venci esta batalha, a meu marido Mizael que foi a minha inspiração
para ser Geógrafa, a minha filha Ester que é minha vida, ambos foram sacrificados
pelo meu objetivo de finalizar o curso e me formar, tendo sido obrigados a ficarem
separados por um longo período, passando tempos angustiantes de saudade e
solidão, a meus irmãos e em especial a Maximiliano e Wallace, por saber que estão
torcendo por mim e posso contar com eles sempre que precisar, também dedico a
todos os amigos que torceram por mim, especialmente a Jossiane e Maria Izabel,
amigas queridas e companheiras, aos amigos que me ajudaram nesta trajetória, que
seguraram minhas “mãos” em palavras, pensamentos e orações, me fizeram
acreditar na capacidade que eu tinha para concluir esta pesquisa, aos professores
que se dedicaram em me ajudar, e em especial a meu Orientador Valter Guimarães
que me ensinou o caminho das pedras para que eu pudesse construir o “meu
castelo”.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, pela vida que me deu, por me manter de pé até o
presente momento, por ter me dado força e coragem de chegar até aqui; agradeço a
meus pais Raimundo e Maria Célia por seus ensinamentos e convivência, pela
educação e dedicação; a meu marido Mizael que foi a pessoa que me influenciou a
fazer um curso de graduação e especificamente foi a pessoa que me ensinou a
gostar da Geografia, me fez acreditar que eu seria capaz, me deu suporte e
estrutura para estudar, se sacrificou em vários momentos para que eu chegasse
onde estou; a minha filha que mesmo sendo tão nova está aqui comigo sendo minha
companheira, se privando dos momentos preciosos ao lado de seu papai e das
brincadeiras de criança compatíveis com sua idade; aos meus irmãos Maximiliano e
Wallace que têm me ajudado muito e sei que posso contar sempre que necessitar;
agradeço aos professores que contribuíram para minha formação até o presente
momento, em especial, a meu Orientador Valter Guimarães, por sua paciência e
disposição em me ajudar; aos que me receberam nas minhas idas a campo,
dispondo de seu tempo para colaborarem com minha pesquisa e deixando as portas
abertas para qualquer dúvida minha; agradeço a minha amiga Jossiane que foi
minha companheira mesmo de longe, me dando apoio e mostrando sempre estar ali
para me ouvir e me fazer companhia nos momentos em que me sentia sozinha; a
minha amiga Maria Izabel por tudo que fez e tem feito por mim nestes meses; sou
grata aos verdadeiros amigos que entraram na batalha junto comigo me segurando
e me dando suporte nos momentos que precisei; aos amigos Cleiton e Elias que se
empenharam em me ajudar na reta final deste trabalho; ao casal Evaldo e Eliane
que me receberam em sua casa e que cuidaram de minha filha nos momentos que
necessitei; a todos que contribuíram para minha formação.
RESUMO
O presente trabalho faz uma comparação entre as Microrregiões Leste, que é a atual
área de concentração do polo florestal e Microrregião Norte, que é a área sugerida
para a expansão do Eucalipto no Estado de Mato Grosso do Sul, visando a sugestão
de um novo cenário baseado na diversificação da silvicultura e seus produtos.
Destacam-se temas que dificultam o processo de expansão das Florestas Plantadas
para outras regiões, tanto no que diz respeito aos interesses empresariais, políticos,
logísticos e de infraestrutura, enfatizando as necessidades do Estado para
reestruturar a Microrregião Leste onde o Eucalipto foi implantado inicialmente de
forma desorganizada, quanto o que precisa para se expandir e chegar ao local
sugerido de forma planejada, com o mínimo de impacto e o máximo de
aproveitamento.
Palavras Chave: Silvicultura, Desenvolvimento Regional, Microrregião Norte.
ABSTRACT
This work makes a comparison between the East Micro-region of Mato Grosso do
Sul, which is the current area of forest pole concentration and the North Micro-region,
which is the suggested area to expand Eucalyptus tree in state, aiming at the
suggestion of a new scenario based on the forestry diversity and its products. It is
pointed out themes that hamper the process of expansion of Planted Forests to other
regions, regarding to corporate, politics, logistic and infrastructure interests,
emphasizing the state necessities to restructure the East Micro-region where
Eucalyptus trees were initially introduced under a disorderly way. And also what is
needed to be expanded and to get to the suggested site in a planned manner, with
the least impact and the most harnessing.
Keywords: Forestry, Regional Development, North Micro-region.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Localização da Microrregião de Três Lagoas ........................................... 24
Figura 2 - Localização das unidades industriais das empresas de celulose no
município de Três Lagoas ......................................................................................... 26
Figura 3 - Mapa Limites, Linha de Fronteira e Centros Urbanos de Mato Grosso do
Sul........ ..................................................................................................................... 50
Figura 4 - Mapa de Localização Geográfica da Região Norte no Mato Grosso do Sul
e outras Regiões. ...................................................................................................... 51
Figura 5 - Avaliação do Potencial dos Recursos Naturais do Mato Grosso do Sul. .. 52
Figura 6 - Plantação de Eucaliptos, BR 262, município de Ribas do Rio Pardo........ 58
Figura 7 - Plantação de Pinus, BR 262, município de Ribas do Rio Pardo............... 59
Figura 8 - Corte da plantação de Eucaliptos no município de Dois Irmãos do Buriti,
BR 262. ..................................................................................................................... 60
Figura 9 - Desativação da área de Plantações de Eucaliptos no município de Dois
Irmãos do Buriti, BR 262. .......................................................................................... 61
Figura 10 - Mapa Geológico do Mato Grosso do Sul. ............................................... 62
Figura 11 - Mapa da Geomorfologia do Mato Grosso do Sul. ................................... 63
Figura 12 - Mapa Pedológico do Mato Grosso do Sul............................................... 64
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Consumo de água por hectare do eucalipto em relação a outras
culturas...................................... ................................................................................ 30
Tabela 2 - Área de Florestas Plantadas no Mato Grosso do Sul, 2015. .................... 60
Tabela 3 - Renda per capita dos municípios das microrregiões em estudo .............. 66
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Ranking do plantio de Eucalipto nos Estados brasileiros em 2011.........27
Gráfico 2 - Evolução das áreas de Florestas Plantadas em ha no Mato Grosso do
Sul entre os anos de 2006 e 2013 ............................................................................35
Gráfico 3 - Consumo de Eucalipto em m³ no MS......................................................36
LISTA DE SIGLAS
ABIMÓVEL - Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário
ABIPA - Associação Brasileira da Indústria de Painéis de Madeira
ABPO - Associação Brasileira de Papelão Ondulado
ABRAF - Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas
AGU - Advocacia Geral da União
BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
CPEF – Companhia Paulista de Estrada de Ferro
EGP - Edge Glued Panel
EIA – Estudo de Impacto Ambiental
IBÁ – Instituto Brasileiro de Árvores
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IP - International Paper
IPLAN/ MS – Instituto de Estudos Planejamento de Mato Grosso do Sul
MDF - Medium Density Fiberboard
MDL- Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
PAR - Pasta de Alto Rendimento
PDR – Plano de Desenvolvimento Regional
PDTUR – Plano de Desenvolvimento Turístico
PFM – Produto Florestal Madeireiro
PFNM - Produto Florestal Não Madeireiro
RIMA – Relatório de Impacto Ambiental
SBS – Sociedade Brasileira de Silvicultura
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SEMAC – Secretaria de Estado de Meio Ambiente
SEMADE – Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico
SEPROTUR - Secretaria de Estado Desenvolvimento Agrário da produção da
Indústria do Comércio e Turismo
SFB – Serviço Florestal Brasileiro
SIF – Serviço de Investigações Florestais
VCP - Votorantim Celulose e Papel
ZEE – Zoneamento Ecológico Econômico
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 15
1.1 Objetivos.............................................................................................................17
2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 18
2.1 Origens do Eucalipto e sua introdução no Brasil .......................................... 18
2.2 O papel da Companhia Paulista de Estrada de Ferro na trajetória do
Eucalipto no Brasil ........................................................................................... 22
2.3 Florestas plantadas no Mato Grosso do Sul ................................................... 23
2.4 Eucalipto e meio ambiente ............................................................................... 27
3 METODOLOGIA .................................................................................................... 33
4 DIFERENTES USOS DO EUCALIPTO NO MATO GROSSO DO SUL ................ 34
4.1 Principais derivados do eucalipto ................................................................... 37
4.1.1 Papelão ondulado........................................................................................... 38
4.1.2 Siderurgia a carvão vegetal ........................................................................... 38
4.1.3 Produtos de madeira sólida .......................................................................... 38
4.1.4 Madeiras serradas .......................................................................................... 39
4.1.5 Compensados ................................................................................................. 39
4.2 Produtos de Maior Valor Agregado (PMVAs) .................................................. 40
4.2.1 Portas .............................................................................................................. 40
4.2.2 Molduras ......................................................................................................... 40
4.2.3 EGP (Edge Glued Panel) ................................................................................ 41
4.2.4 Pisos ................................................................................................................ 41
4.2.5 Painéis reconstituídos ................................................................................... 41
4.2.6 Aglomerados .................................................................................................. 41
4.2.7 Chapas duras .................................................................................................. 41
4.2.8 MDF (Medium Density Fiberboard) ............................................................... 42
4.2.9 Móveis ............................................................................................................. 42
4.3 Produtos Florestais Não Madeireiros (PFNMs) .............................................. 43
5 OPORTUNIDADES E DESAFIOS DAS INDÚSTRIAS DE FLORESTAS
PLANTADAS ........................................................................................................ 46
6 CARACTERIZAÇÃO DE MUNICÍPIOS QUE PODEM SER BENEFICIADOS
COM A EXPANSÃO DO PARQUE INDUSTRIAL NA DIVERSIFICAÇÃO
DOS PRODUTOS FLORESTAIS ............................................................................................. 50
6.1 Municípios da Microrregião Norte ................................................................... 52
6.2 Municípios da Microrregião Leste, que já estão inseridos no complexo
do eucalipto ....................................................................................................... 55
6.3 Aspectos relevantes na comparação entre as Microrregiões Norte e Leste
do Estado........................................................................................................... 62
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 67
8 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 69
9 REFERÊNCIAS.......................................................................................................70
15
1 INTRODUÇÃO
O Brasil está se destacando em suas plantações de eucalipto, em uma
época que questões ambientais estão cada vez mais fortes e difundidas no
consciente mundial (MARTINI, 2004). Embora as preocupações com o meio
ambiente datem de séculos atrás, atualmente nota-se uma grande evolução neste
quadro, uma vez que os recursos naturais já sofreram grandes impactos,
necessitando de meios alternativos para que as gerações futuras possam continuar
usufruindo de recursos que tempos atrás eram considerados inesgotáveis (MATO
GROSSO DO SUL, 2010a).
As questões ambientais estão sendo colocadas em âmbito mundial, e com
todos os recursos da atualidade a difusão dos assuntos e interesses relacionados ao
meio ambiente é muito importante. O eucalipto entra nesta questão dividindo
opiniões a seu respeito, críticas e dúvidas são levantadas e vários estudos estão
contribuindo para uma relação que possa unir a harmonia das questões ambientais
e econômicas (VITAL, 2007).
Segundo Martini (2004), suas origens Australianas não lhe impedem de ser
referência em outro país, e isso acontece no Brasil, onde o eucalipto se adaptou
bem em seu solo altamente produtivo e está rendendo grandes lucros, podendo ser
considerado número um na fabricação de Celulose e Papel, além de outras
variedades de produtos que o utilizam como matéria-prima.
Mas por que o Brasil não utiliza suas riquezas para estas produções?
De acordo com Martini (2004), vários testes foram realizados durante anos
no Brasil, primeiramente pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro, onde o
engenheiro agrônomo Edmundo Navarro de Andrade dedicou anos de sua vida a
estudar as plantas que pudessem ser utilizadas como opção para o reflorestamento,
na época o intuito não era por questões ambientais e sim para fins comerciais, para
ser utilizado na indústria, de todos os testes, o Eucalipto (Eucalyptus) foi o que
melhor adequou-se, seu rápido crescimento juntamente com a qualidade de seus
produtos na fabricação de postes, dormentes e lenhas ficou comprovado, o que se
comparando a espécies nativas, onde algumas até se aproximavam na qualidade,
mas deixavam a desejar no seu tempo de corte, alguns levavam até 150 anos para
poder atingir o tempo de corte, enquanto que o eucalipto leva em média sete a
quinze anos.
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O eucalipto então começa a ganhar força com suas plantações no Estado de
São Paulo para fins comerciais, o que antes era utilizado apenas para fins
paisagísticos. Sua ascensão no Brasil começa em meados de1904, onde se iniciam
os estudos e plantações que seriam utilizadas e testadas na ferrovia, fora do Brasil
alguns países já faziam uso do mesmo para fins comerciais (MATO GROSSO DO
SUL, 2010a; MARTINI, 2004).
Desde então, o Brasil, um país tão rico em florestas está utilizando uma
planta exótica para fins comerciais e para abastecer o mercado mundial de produtos
à base de eucalipto (SBS, 2008). Neste contexto, trata-se de uma alternativa
sustentável que disputa lugar com as florestas nativas, plantações de gêneros
alimentícios e atividades agropecuárias (MATO GROSSO DO SUL, 2010a).
A grande procura pelos produtos à base de eucalipto está por toda parte, é
impossível dizer que algum ser humano não dependa deste para sobreviver, e se
não existissem tais meios, quem estaria pagando caro seriam as matas e florestas
nativas, pois desde o início da civilização a madeira é utilizada e consumida em
grande quantidade (MARTINI, 2004).
O Estado de Mato Grosso do Sul se inseri neste contexto e com isso tem
conseguido receber grandes incentivos, além de uma série de benefícios baseados
em seus lucros com as plantações nos municípios onde o eucalipto está se
concentrando. Por isso, torna-se relevante a necessidade da realização de uma
pesquisa na cadeia produtiva do eucalipto e na sua expansão pelo Estado como
uma forma de levantamento de dados e análise da contribuição socioeconômica
desta produção.
Com toda esta representatividade e força pelas quais as florestas plantadas
se inserem no Mato Grosso do Sul, a escolha deste tema para ser pesquisado foi
baseada em esclarecer os motivos e benefícios que o Estado está tendo em relação
às plantações. Neste sentido, saber se está sendo utilizado apenas para o plantio e
se este plantio está trazendo desenvolvimento, com a implantação de indústrias,
geração de empregos e outras vantagens que podem ser obtidas através da
silvicultura.
No decorrer deste trabalho os capítulos irão apresentar a origem do
eucalipto e sua introdução no Brasil; o Eucalipto no Mato Grosso do Sul; a relação
entre Eucalipto e meio ambiente; a metodologia utilizada; os diferentes usos do
Eucalipto no Estado e seus principais derivados; as oportunidades e desafios das
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indústrias de florestas plantadas no MS; a caracterização dos municípios que podem
ser beneficiados com a expansão do parque industrial na diversificação dos produtos
de base florestal; considerações finais; conclusão e referências.
1.1 Objetivos
Este trabalho teve por objetivo geral analisar os principais desafios
enfrentados pela indústria de florestas plantadas no Estado de Mato Grosso do Sul
sugerindo a descentralização espacial para novos municípios com disponibilidade
produtiva. E, como objetivos específicos:
 Comentar a relação entre eucalipto e meio ambiente;
 Identificar os diferentes tipos de uso do eucalipto no Estado de Mato Grosso
do Sul, conhecer os principais derivados utilizados e onde estão sendo
empregados;
 Comentar os principais desafios que as indústrias de florestas plantadas
estão tendo para se desenvolverem no Estado;
 Sugerir municípios com rendas per capita mais baixas e que podem ser
utilizados como centros industriais;
 Sugerir região do Estado como proposta no processo de descentralização de
novos espaços produtivos.
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2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Origens do Eucalipto e sua introdução no Brasil
A origem do nome Eucalipto vem do Grego (eu=bem, Kalipto=cobrir) referese à estrutura globular arredondada de seu fruto. Pertence à família das Mirtáceas e
é nativo da Austrália, cuja área ocupada pelo eucalipto é de 90%, formando densos
maciços florestais nativos. Existem, cerca de 670 espécies, e apenas duas delas,
Eucalyptus urophilla e Eucalyptus deglupta, tem ocorrência fora do território
australiano. Além do elevado número de espécies, existe um grande número de
variedades e híbridos (MARTINI, 2004).
Segundo Andrade (apud Martini, 2004, p.60), por volta de 1774, o eucalipto
teria sido introduzido na Europa, e em 1778 foi descrito pela primeira vez pelo
botânico francês L’Héritier de Brutelle, no Sertum Anglicum, em Paris, utilizando-se
do material recolhido em expedições na Austrália. Até a metade do século XIX, o
eucalipto esteve figurado apenas em coleções de alguns jardins botânicos, sem
nenhuma importância comercial. Na Índia, as primeiras plantações ocorreram em
1843 e, por volta de 1856, já havia povoamentos de eucaliptos bem desenvolvidos.
Na África do Sul, as primeiras experiências com eucaliptos ocorrem em 1828, na
Colônia do Cabo. Os primeiros ensaios na Europa visando à produção comercial
datam de 1854. Em 1863 foi introduzido na Espanha e, em 1869 na Itália.
Na América do Sul, talvez o Chile tenha sido o primeiro país a introduzir o
eucalipto, em 1823; é difícil determinar com segurança, a data de introdução do
eucalipto no Brasil. Até algum tempo atrás, acreditava-se que os primeiros plantios
aconteceram no Rio Grande do Sul, em 1868, por Frederico de Albuquerque. Tal
pioneirismo é questionado, uma vez que, em 1869, chegara a Paris uma
correspondência do próprio Frederico, solicitando sementes de eucalipto, dizendo
que realizaria tentativas de introdução no Brasil (MARTINI, 2004).
Por sua vez, Sampaio (apud Martini, 2004, p.60) destaca que existiam cartas
nos arquivos da Societé Imperiale Zoologique D’Aclimatation de Paris, onde ficavam
comprovados esses plantios, por Frederico, o qual, em 1870, confirmava que os
havia plantado em dezembro de 1868, e que de todos os vegetais que introduzira no
país, aquele mais útil se revelara era sem dúvida, o eucalipto, mencionando como
plantadas as espécies glóbulus, amygdalina e polyanthemos.
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Outros autores registram a entrada das primeiras sementes de eucaliptos no
Rio Grande do Sul em 1865, recebidas de Montevidéu por intermédio do deputado
Coronel Felipe de Oliveira Néri (SAMPAIO apud MARTINI, 2004, p.61).
No ano de 1868, o Tenente Pereira da Cunha plantou alguns exemplares na
Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro. O acadêmico Osório Duque Estrada afirmou
que, em 1875, na antiga propriedade de seu pai, mais tarde transformada em
Sanatório da Gávea, havia exemplares de Eucalyptus globulus que, pelo seu porte
gigantesco, não deviam contar menos que vinte anos, o que faz recuar a data de
sua introdução no Brasil para 1855 (MARTINI, 2004).
De acordo com Rodrigues (apud Martini, 2004, p.61) em seu “Hortus
Fluminensis”, Frei Leandro do Sacramento, diretor do Jardim Botânico do Rio de
Janeiro, entre 1824 e 1829, foi o pioneiro no plantio de eucaliptos no Brasil, ao
plantar dois exemplares de Eucalyptus gigantha, na parte posterior do jardim, tais
árvores constam no Catálogo das Plantas Cultivadas no Jardim Botânico.
O Estado de São Paulo também foi um dos precursores no plantio. O Vigário
de São Paulo, José Tenório da Silva teria plantado um exemplar de Eucalyptus
globulus, na Chácara da Cachoeira, município de Amparo, entre 1861 e 1867, até o
princípio do século XX; foi com propósitos paisagísticos que o eucalipto foi plantado.
A Companhia Paulista, através de Navarro foi quem começou a plantá-lo para fins
comerciais e em grande escala (MARTINI, 2004).
As experiências começaram e os primeiros exemplares foram tirados de
uma árvore de dezessete anos e colocados na linha de bitola larga em julho de
1906. Os dormentes duraram nove anos e cinco meses. No período de 1906 a 1913,
a Paulista colocou nas suas linhas 654 dormentes de eucaliptos, tendo resultado
com pouco valor por não saber de quais espécies de eucaliptos eram, tiveram uma
média de mais de seis anos, sendo alguns retirados com onze anos e três meses
(MARTINI, 2004).
Era um começo promissor. Em 1908 ficaram prontos os trabalhos no Horto
de Jundiaí. O terreno adquirido pela companhia, com superfície de 102 hectares
(ha), havia sido todo arborizado com essências florestais de reconhecido valor, em
número de 40 mil exemplares, dos quais 32 mil de eucaliptos e 8 mil de outras
essências, indígenas e exóticas (MARTINI, 2004).
De acordo com Martini (2004), possuindo a Paulista um terreno de 26 ha,
próximo à estação de Boa Vista, e outro de 35 ha, em São Bento, em ambos haviam
20
sido iniciados os trabalhos para a formação de florestas de eucaliptos, estando já
feita a plantação de 20 mil exemplares da referida essência, assim a Companhia já
tinha plantado naquela época em seus hortos, 60 mil exemplares de essências de
valor, especialmente escolhidas para a produção de lenhas e dormentes (MARTINI,
2004).
Concluídos os trabalhos no horto de Jundiaí e verificadas as condições
peculiares à plantação e ao desenvolvimento das essências experimentadas,
reconheceu a diretoria da Paulista a conveniência de empreender em larga escala a
cultura de eucaliptos, como sendo a espécie que reunia as melhores qualidades
para o fornecimento de lenhas e dormentes, recomendando-o pelo seu prodigioso
vigor e rapidez de seu crescimento (MARTINI, 2004).
Martini (2004) afirma que, Navarro reconheceu que a madeira do eucalipto
era pesada, compacta, de grande tenacidade e duração, concorrendo com esta
última qualidade não só a densidade de sua textura, como também a grande
quantidade de sucos taninosos que impregnavam os tecidos e as gomas resinosas
que encerravam as suas células.
Projeções feitas por Navarro no ano de 1909 diziam que o serviço florestal
empreendido pela Paulista custaria cerca de 30 mil contos de réis por ano,
efetuando-se no mesmo período a plantação de 100 mil eucaliptos, em média
(MARTINI, 2004).
A proposta era solucionar o caso particular da Companhia Paulista de
Estrada de Ferro (CPEF) e uma das críticas de Navarro era de que enquanto a
CPEF estudou e resolveu o seu problema, os órgãos públicos responsáveis pelo
trabalho de reflorestamento nada fizeram objetivamente (MARTINI, 2004).
Segundo Andrade (apud Martini, 2009, p.66) o governo não consentiu que a
despesa com a cultura florestal figurasse no custeio das linhas férreas, nem
entrasse na formação do respectivo capital para os efeitos contratuais, foi
necessário sujeitá-la a um regime específico, constituindo-se para isso, um fundo
especial. Isto tornava o novo departamento inteiramente independente do serviço
ferroviário, agora sob a denominação de Serviço Florestal.
A partir deste momento, a CPEF passou a dar mais atenção à cultura
florestal, visando não somente o abastecimento de suas linhas, mas a possibilidade
de explorar industrialmente e em larga escala o comércio de madeira de construção
(MARTINI, 2004).
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Navarro sofreu grande pressão contra o eucalipto por parte da imprensa e
por parte de nacionalistas. Dizia-se que essa espécie não era útil, que sua lenha não
produzia o calor necessário para as fornalhas, e que, pelo pouco espaçamento dado
entre as plantas, a CPEF teria sempre uma “floresta de cabos de vassoura”, que não
era conveniente plantar uma essência exótica quando se havia tantas essências
nacionais (SAMPAIO apud MARTINI, 2009, p.67).
Nessa época, Navarro já havia determinado que o Eucalyptus tereticornis
era a melhor espécie para as terras médias do Estado de São Paulo e o Serviço
Florestal da CPEF sempre procurou auxiliar as pessoas que, em todo o país, se
dispunham a plantar Eucalyptus (MARTINI, 2004).
Como não visava somente fins comerciais e pretendia difundir a cultura do
eucalipto, a CPEF passou a vender as sementes a preços reduzidos. Havia a
preocupação em dar suporte e sanar dúvidas dos agricultores. Em 1921 começa a
eletrificação das linhas férreas, sendo utilizados postes a partir de eucaliptos de
quinze anos, tendo sido retirado o último deles com vinte anos e dez meses
(MARTINI, 2004).
Os resultados das experiências fizeram com que o engenheiro Francisco de
Monlevade determinasse a execução de testes com a lenha dos eucaliptos nas
locomotivas a vapor da CPEF, verificando-se que o respectivo efeito útil era superior
ao da lenha comum em 20%, sobretudo nas locomotivas de trens de carga, em que
o resultado observado excedeu a toda expectativa (MARTINI, 2004).
Concluiu-se que a espécie Eucalyptus saligna era menos exigente quanto ao
solo que a tereticornis, podendo ser plantada em terrenos pobres. Produzia maior
quantidade de lenha, mas sua madeira era mais fraca e não prestava para outras
finalidades, como postes, dormentes, madeira de construção, etc. Conseguiu
Navarro provar, em 1925, que o Eucalyptus saligna era a espécie de melhor
resultado na transformação em celulose para a fabricação de papel. Demonstrou
também que o eucalipto prestava para outros fins: 10 metros cúbicos (m³) de lenha
rendiam 1 tonelada de carvão (MARTINI, 2004).
Segundo Martini (2004), com a colaboração do Instituto de Pesquisas
Tecnológicas do Estado, Navarro determinou as características das madeiras das
várias espécies econômicas de eucaliptos, o trabalho buscava a obtenção de novos
tipos de eucaliptos, economicamente mais vantajosos, levando-se em conta os
seguintes fatores:
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Aumento na uniformidade dos maciços;
Redução no número de falhas de árvores dominadas;
Maior produção de lenha por área;
Maior adaptação regional;
Obtenção de tipos melhorados para as seguintes facilidades: postes e
dormentes; carvão de maior densidade e carvão de gasogênio; madeira
leve e resistente para caixas; madeiras de fibras mais longas para papel.
Aumento da resistência às pragas e moléstias.
Navarro morreu em 1941 após ter sido responsável pelo plantio de cerca de
24 milhões de árvores para o Serviço Florestal da CPEF. Armando Navarro Sampaio,
seu sobrinho, daria continuidade ao seu trabalho (MARTINI, 2004).
Navarro viajou para diversos países durante seu trabalho, buscando novas
experiências; ganhou prêmios e medalhas por suas pesquisas e ficou reconhecido
internacionalmente. Antes de morrer, recebeu a “Medalha Meyer”, conferida pelo
Conselho de Associação Americana de Genética, e que segundo Sampaio (apud
Martini, 2004, p.99), até então havia sido entregue dezessete vezes, e apenas
quatro para cientistas não norte-americanos, esta medalha lhe foi concedida por
todo o trabalho realizado ao longo dos anos e pela introdução em escala comercial
do eucalipto no Brasil.
2.2 O papel da Companhia Paulista de Estrada de Ferro na trajetória do
Eucalipto no Brasil
Segundo Martini (2004), a rede ferroviária de São Paulo foi construída em
função da cultura cafeeira, e em 30 de abril de 1850 foi inaugurado o primeiro trecho
ferroviário no país. Começou a ser projetada em 1855, ligando Santos a São Paulo e
esta ao interior. Sua construção inicia-se em 1860, em 1865 a linha atingia São
Paulo e no ano seguinte chegava a Jundiaí, num total de 140 quilômetros (km)
sendo chamada de “São Paulo Railway”. A ferrovia propiciou o surgimento de novas
empresas, e seus trilhos retalhavam todo território paulista, com a movimentação da
elite surge a Companhia Paulista de Estradas de Ferro, sendo conhecida como
Paulista.
Os trabalhos de construção da estrada foram iniciados em 15 de março de
1870, inaugurando o trecho de Jundiaí a Campinas em 11 de agosto de 1872, a
ferrovia foi tão importante para o estado de São Paulo que algumas de suas regiões
ficaram conhecidas pelos nomes das ferrovias que as serviam. O elevado consumo
de lenha usada para tração de suas locomotivas levou a Companhia Paulista a
preocupar-se com o desmatamento até então provocado (MARTINI, 2004).
23
Logo se cria o Programa Florestal da Paulista onde foi contratado o
engenheiro agrônomo Edmundo Navarro de Andrade com a missão de fazer estudos
sobre as espécies vegetais mais recomendáveis a serem introduzidas para o
reflorestamento com os fins em vista para plantio, tratamento e corte; tarifas de
transporte; rendimento provável da cultura florestal, etc. (MARTINI, 2004).
Navarro iniciou seu trabalho em 18 de janeiro de 1904, com todas as
essências florestais nativas e exóticas que lhe foi possível obter, dentre as espécies
exóticas estavam os eucaliptos, que no Brasil, à época eram utilizados somente para
fins paisagísticos. Navarro trouxe as primeiras sementes de Coimbra. No Brasil,
obteve sementes em São Paulo, Araras e Pirituba (MARTINI, 2004).
Foi a partir das necessidades comerciais da CPEF que o eucalipto começou
a ser estudado e introduzido no Brasil para outros fins que não os paisagísticos,
permanecendo até os dias de hoje provando cada vez mais o seu potencial.
2.3 Florestas plantadas no Mato Grosso do Sul
Atualmente as florestas plantadas de eucalipto abrangem uma área de 7,6
milhões de ha em todo Brasil (IBÁ, 2015). Por ser esta planta de fácil adaptação,
vem adentrando também as fronteiras de Mato Grosso do Sul dividindo espaço com
a agricultura e pecuária (MATO GROSSO DO SUL, 2010a). É importante dizer que
este deve ser plantado em áreas que já foram degradadas, e neste caso o Estado
possui cerca de 9,0 milhões de ha degradados que estão aptos a receber plantações
de eucalipto, deste total existem 800 mil ha já plantados (informação verbal)1.
No caso de Mato Grosso do Sul, o cenário que vem sendo palco do
eucalipto é a microrregião de Três Lagoas (Figura 1), que já teve ciclos com a
agricultura e pecuária, e em um dado momento onde o solo já não poderia mais ser
utilizado para tais fins foi propício à introdução das florestas plantadas (KUDLAVICZ,
2011), o que foi bom pelo lado socioeconômico da região, gerando renda, trabalho e
ações sociais praticadas pelas empresas que ali se instalaram (SEMAC, 2011).
Na Microrregião Leste, localiza-se o município de Três Lagoas posicionado à
Longitude de 20° 45' 04'' S e Latitude 51° 40' 42'' W no leste do Estado de Mato
Grosso do Sul e à margem direita do Rio Paraná, divisando também a leste com o
município de Castilho, no Estado de São Paulo. É a sede da microrregião
1
Informação fornecida por entrevistado na empresa Eucalipto Brasil S/A, 2015.
24
homônima, da qual também fazem parte os municípios de Água Clara, Ribas do Rio
Pardo, Brasilândia e Santa Rita do Pardo (PERPETUA, 2012).
Figura 1 - Localização da Microrregião de Três Lagoas.
Elaborado por José Carlos de M. Pires e organizado por PERPETUA (2012, p.32).
A empresa precursora no município foi a Votorantim Celulose e Papel (VCP)
em parceria com a International Paper (IP), começando a funcionar no ano de 2009,
tendo sido sua construção financiada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) e que logo em seguida fundiu-se com a Aracruz
Celulose S/A passando a se chamar Fibria Celulose S/A, que ascendeu o posto de
maior produtora mundial (PERPETUA, 2012).
Segundo Fibria (apud Perpetua, 2012, p.33):
A Fibria Celulose S/A é atualmente a maior produtora de celulose de fibra
curta do mundo, com capacidade instalada total para processar 4,7 milhões
de toneladas e base de cultivo própria de 974,4 mil ha. Atua em 7 estados e
254 municípios brasileiros, possuindo unidade industrial e de cultivo em São
Paulo (Município de Jacareí), Espírito Santo (Município de Aracruz) e
Microrregião de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, além de plantações
na Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, e de
participação no Terminal Marítimo de Caravelas (BA) e no Terminal
Especializado de Barra do Riacho (Portocel), em Aracruz (ES), do qual
detém 51% das ações em sociedade com a Cenibra. A companhia também
25
faz parte da joint venture Veracel, cuja fábrica está situada na Bahia
(Município de Eunápolis), juntamente com a sueco-finlandesa Stora Enso.
Seu lucro líquido obtido em 2011 foi da ordem de R$ 868 milhões, e seus
ativos foram calculados em R$ 27,8 bilhões no mesmo ano.
A International Paper é uma companhia multinacional de origem Norte
Americana, especializada na produção de papéis não revestidos e embalagens, com
operações na América do Norte, Europa, Rússia, América Latina, Ásia e Norte da
África. Seus negócios também incluem a Empresa de Distribuição na América do
Norte (Xpedx). Sediada em Memphis, no Estado do Tennessee (EUA), a companhia
está presente em mais de 24 países e atende clientes no mundo inteiro. Seu
faturamento líquido de 2010 foi superior a US$ 25 bilhões. No Brasil, o sistema
integrado de produção da International Paper é composto por três fábricas, duas no
Estado de São Paulo e uma no Mato Grosso do Sul. Seus produtos são as linhas de
papéis para imprimir e escrever Chamex e Chamequinho, e a linha gráfica de papéis
Chambril (PERPETUA, 2012).
Dentro do município de Três Lagoas, a localização das unidades industriais
(Figura 2) em questão tem a ver com motivos demandados pelo próprio processo
produtivo da celulose, que consome uma enorme quantidade de água, e com a
disposição da infraestrutura de transporte e as facilidades por ela oferecidas para o
escoamento da produção (KUDLAVICZ, 2011; PERPETUA 2009).
26
Figura 2 - Localização das unidades industriais das empresas de celulose no município de Três
Lagoas.
Elaborado por José Carlos de M. Pires e Organizado por PERPETUA (2012 p.37).
Constata-se que a partir do início da instalação do complexo Fibria-IP, em
2006, a área plantada total com eucalipto e pinus no Estado de Mato Grosso do Sul
foi ampliada em 264,8%, crescimento alavancado somente pelo primeiro gênero,
que apresentou crescimento relativo de 315%, ao passo que o segundo decaiu
100% segundo dados da Associação Brasileira dos Produtores de Floresta Plantada
(ABRAF, 2012).
Tão célere expansão do monocultivo de eucalipto fez com que, em 2011,
mesmo diante do arrefecimento dos índices de crescimento dos estados
tradicionalmente produtores, em comparação com o ano anterior o MS teve
crescimento de 24,3% no plantio em relação ao Estado do Tocantins (37,1%), que
ocupou o topo do ranking. Em função do crescimento, o MS, tradicionalmente
conhecido pela pecuária e pela soja, passou ao posto de quarto Estado em área
plantada com eucalipto no Brasil em 2011, atrás apenas de Minas Gerais, São Paulo
e Bahia, como pode se observar no gráfico 1 (ABRAF, 2012).
27
Gráfico 1 - Ranking do plantio de Eucalipto nos Estados brasileiros em 2011.
Plantio de Eucalipto (ha)
1500000
1400000
1300000
1200000
1100000
1000000
900000
800000
700000
600000
500000
400000
300000
200000
100000
0
Minas Gerais
São Paulo
Bahia
Mato Grosso do Sul
Rio Grande do Sul
Espírito Santo
Paraná
Maranhão
Pará
Santa Catarina
Tocantins
Goiás
Mato Grosso
Amapá
Piauí
Outros
Plantio de Eucalipto (ha)
Fonte: Adaptado de ABRAF (apud PERPETUA, 2012, p.39).
2.4 Eucalipto e meio ambiente
Falar de eucalipto sem falar das questões ambientais é praticamente
impossível, as críticas e as dúvidas a este respeito são grandes; é importante
conhecer os mitos e verdades relacionados a esta planta tão polêmica (SIF, 2014).
De acordo com Mato Grosso do Sul (2010a, v.II, p.185):
Busca-se abrigo no universo das florestas, são rotuladas de monocultura e
acusadas de não apresentarem a biodiversidade de uma floresta nativa, de
serem formadas por espécies exóticas, de não favorecerem a fauna, de
degradarem o solo, dentre outras afirmações que, apesar de não resistirem
a uma análise científica, estão materializadas em leis e atos administrativos
do poder público e cristalizadas no imaginário popular.
Existem vários estudos e pesquisas, muitos contra e outros a favor, mas
nada comprova o que realmente é causado pelo plantio (SIF, 2014). Então, falando
a respeito disso, é importante lembrar e questionar: O que estes reflorestamentos
vêm substituindo? Por que esta guerra é tão grande a ponto de envolver inúmeras
entidades em nível mundial? E se não existisse o Eucalipto como opção para um
desenvolvimento sustentável?
28
Primeiramente, é algo que envolve muito dinheiro, e tudo que envolve
dinheiro gera conflitos, mas também é importante atentar-se para as necessidades
mundiais, em termos de desenvolvimento sustentável (VITAL, 2007; VIANA, 2004).
A madeira é utilizada como importante fonte de matéria prima para diversos
fins como, por exemplo, lenha para fornos e fornalhas que eram e ainda são
utilizados na zona rural, padarias, pizzarias, restaurantes, etc. De acordo com Mato
Grosso do SUL (2010a) no Brasil a madeira é utilizada nas proporções aproximadas
de 50% para uso doméstico, principalmente no meio rural e agreste, e os outros
50% fica distribuído para uso industrial: indústrias alimentícias (frigoríficos,
secadores de grãos, indústrias de bebidas e etc.).
Estes são os usos mais simples que podem ser citados, mas que consomem
grande quantidade de madeira, depois outros tipos de uso para todo tipo de papel,
construção civil, móveis, compensados, postes, dormentes, cavacos, carvão vegetal
que mantém grandes fornos. Enfim, uma infinidade de derivados da madeira que,
com toda esta necessidade de produtos madeireiros foram suprimidas grandes
florestas. Com a industrialização veio o alto consumo de combustíveis fósseis como
carvão mineral e coque, o que gerou a redução das reservas minerais e com o
agravante do efeito estufa causado pela emissão dos gases liberados a partir da
queima destes combustíveis fósseis (MATO GROSSO DO SUL, 2010a).
As florestas plantadas passaram então a ser vistas como uma opção no
controle ao desmatamento e a utilização dos combustíveis fósseis. O seu plantio
pode e somente deve ser feito em áreas já degradadas por pastagens ou outras
monoculturas, onde não serão necessários novos desmatamentos, sua madeira será
utilizada para substituir aquelas que são retiradas das florestas nativas, ajudando
assim a preservar o que ainda resta destas matas, o carvão produzido pelo eucalipto
será utilizado nas indústrias evitando o uso do carvão mineral (VIANA, 2004).
Em um período em que se registrou queda ou estagnação das florestas
plantadas no Brasil, houve um aumento considerável no desmatamento das florestas
nativas, isso ocorreu entre os anos de 1997 e 2006. Segundo dados do ZEE (MATO
GROSSO DO SUL, 2010a, vol. II, p.144):
Caso venha a haver falta de florestas plantadas para eventuais aumentos
de produção do setor, sendo, nestes casos, o recurso a ser seguido para
atender o aumento da produção de carvão vegetal, a utilização de florestas
nativas que ali estão aparentemente à disposição para serem utilizadas,
aumentando temporariamente o impacto exercido sobre as floretas
29
autóctones, até que perdure o aumento da demanda ou que, as empresas
se adéquem com o plantio de mais áreas para atender o crescimento.
Exemplo claro disto, pode ser observado no Consumo de carvão vegetal no
Brasil, que de 75,40% de lenha de florestas plantadas para produção de
carvão vegetal em 1997 passou em 2006, para 51,00%, o que é uma
situação de extrema gravidade.
O ZEE (MATO GROSSO DO SUL, 2010a, vol. II, p.36) menciona:
A contribuição das florestas plantadas na fixação do carbono, em
compensação à emissão de gases do efeito estufa, deve ser ressaltada
diante das mudanças climáticas que ocorrem. Adicione-se que o plantio de
florestas plantadas para carvão vegetal evita o uso de madeira proveniente
de florestas nativas e do cerrado
Vital (2007, p.265/266) também enfatiza que:
A retirada de CO² da atmosfera tem sido denominada “sequestro de
carbono”. Uma vez que o CO² é um dos principais gases do efeito estufa, as
plantações florestais funcionariam como sumidouros, consistindo numa
forma de combater o aquecimento global [...]. Os créditos de carbono são
emitidos, por exemplo, por projetos que capturam gases, como os de
reflorestamento, no qual o CO² é absorvido pelas plantas, e os de aterro
sanitário, onde o metano pode ser usado na geração de eletricidade
também denominado offset projects.
Ainda sobre o sequestro do gás carbônico, Vital, (2007, p.271/272) discorre
que:
As plantações de eucalipto, através do sequestro de gás carbônico durante
sua fase de crescimento, contribuem para a redução do efeito estufa. O
corte, entretanto, com consequente uso da madeira, acaba por devolver
grande parte desse carbono para a atmosfera. Sendo assim, a silvicultura
de exóticas para uso comercial não tem sido eleita no âmbito do Mecanismo
de Desenvolvimento Limpo (MDL). Para que o setor se engaje no MDL com
projetos florestais, é necessário que esses projetos passem a contemplar
áreas de não-corte ou que venham associados ao reflorestamento de matas
nativas, sem finalidades comerciais. O importante é que deve haver um
saldo líquido positivo (critério de “adicionalidade”) entre o que se planta e o
que se utiliza de madeira (para seus diversos fins) ou, vale dizer, entre o
que se sequestra e o que se emite de gás carbônico.
De acordo com Mato Grosso do Sul (2010a), no que diz respeito ao
consumo de água (Tabela 1), o eucalipto consome a mesma quantidade ou até
menos água do que outras monoculturas como, feijão, milho, cana de açúcar, etc.
30
Tabela 1 - Consumo de água por hectare do eucalipto em relação a outras culturas.
Cultura
Consumo de água (mm)
Cana de açúcar
1000-2000
Café
800-1200
Citrus
600-1200
Milho
400-800
Feijão
300-600
Eucalipto
800-1200
Obs: 1 mm (milímetro) corresponde a 1 litro por metro quadrado
Fonte: CALDER et al. e LIMA, W. de P. (apud MATO GROSSO DO SUL, 2010a, vol. II p.172).
“O eucalipto é altamente eficiente, pois, comparado a outras culturas, ele
produz mais biomassa por unidade de água consumida” (MATO GROSSO DO SUL,
2010a, v. II, p.172).
E quando se fala em raiz do eucalipto, o que se ouve de várias pessoas, ou
ditos populares, é que sua raiz cresce o mesmo que o tamanho da árvore, afirmativa
esta sem fundamento, sua raiz pivotante não ultrapassa 3 metros (m) de
profundidade sendo que as raízes responsáveis pela absorção da água ficam a 60
centímetros (cm) da superfície, o que não será suficiente para alcançar o lençol
freático diminuindo seu nível, o que interferirá nos níveis de água dos reservatórios
tem mais a ver com a baixa pluviosidade do que com a plantação de florestas de
eucaliptos. Sobre isso, Mato Grosso do Sul (2010a, v. II, p.172) explica que:
Uma característica do sistema radicular (raízes) dos eucaliptos utilizados em
plantios comerciais, que é a concentração, nos primeiros 60 cm do solo, das
raízes responsáveis pela absorção de água e nutrientes. A raiz pivotante,
que é a responsável pela sustentação da árvore, normalmente não
ultrapassa a faixa dos 3 metros de profundidade. Dessa forma, a crença
popular de que a raiz de eucalipto cresce para baixo o mesmo tanto que a
copa cresce para cima não condiz com a realidade.
Sobre o solo Mato Grosso do Sul (2010a), destaca que a respeito de perda
de nutrientes, o eucalipto em seus primeiros anos consome bastante nutrientes, mas
estes são devolvidos ao solo no processo de colheita onde são deixadas várias
camadas de folhas, galhos, cascas de troncos, etc. Este processo conhecido como
serrapilheira é importante técnica que ajudará nesta devolução, embora seja um
lento processo de decomposição. Aliadas a isso estão as técnicas de manejo
adequadas que são realizadas antes do plantio e durante a fase de crescimento, não
esquecendo que as áreas utilizadas para as plantações de florestas já são
31
degradadas e expostas, um solo que provavelmente já esteja com um baixo teor de
nutrientes, e o eucalipto acaba por protegê-lo contra processos erosivos.
Vital (2007, p.270) afirma que:
O impacto das plantações de eucalipto sobre o solo dependendo do bioma
onde se inserem e das condições prévias ao plantio. [...] Se, por outro lado,
o eucalipto é plantado em solo já degradado por outras culturas, áreas de
savana ou em pastagens, observar-se-á aumento dos nutrientes do solo,
sobretudo pela mineralização da serrapilheira. De fato, no Brasil e em
outras partes do mundo, o eucalipto tem sido utilizado para aumentar a
fertilidade e a aeração do solo de algumas áreas para posterior cultivo
agrícola. Por fim, estudos mostram que o eucalipto não consome mais
nutrientes do solo do que outras culturas agrícolas.
Sobre a biodiversidade, é possível dizer que o cultivo de florestas plantadas
é uma monocultura como outra qualquer, onde a vida é mais rara de ser encontrada
e muito diferente das florestas nativas, porém; mesmo sendo uma monocultura, há
quem a julgue como sendo obrigada a manter a biodiversidade por carregar em seu
nome o peso do termo floresta. Neste caso, a plantação de eucaliptos pode servir
como corredores biológicos, que fornecerão mais proteção a fauna do que um
campo aberto ou outra monocultura, e dentro destas plantações existem vida,
animais que vivem e circulam dentro destas florestas utilizando-as como proteção
(MATO GROSSO DO SUL, 2010a).
Vital (2007, p. 263/264) mostra que:
Em plantações de eucalipto, os corredores biológicos consistem na
manutenção de “linhas” de floresta nativa intercaladas com as plantações,
numa paisagem em mosaico. Dessa forma, é possível observar mobilidade
de espécies entre o corredor de mata nativa e a floresta de eucalipto,
elevando a biodiversidade dessa última, o tamanho dos talhões é
fundamental para a heterogeneidade das espécies. Servindo como um
canal de comunicação entre as florestas de eucalipto, os corredores
aumentam o tamanho total dos habitats e permitem o desenvolvimento de
maior biodiversidade.
Diante de vários fatos, é impossível julgar, são muitos prós e contras, mas
na realidade, tudo tem dependência, o que atualmente influencia são as técnicas de
manejo corretas e o licenciamento ambiental. O Estado de Mato Grosso do Sul não
exige licença ambiental para plantar eucaliptos, pois as áreas destinadas às
plantações já são áreas degradadas, no caso o Estudo de Impacto Ambiental e o
Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) são exigidos apenas para implantação
das indústrias (MATO GROSSO DO SUL, 2010a). O que falta são incentivos como
infraestrutura, melhoramento das estradas vicinais, duplicação das rodovias e apoio
32
por parte dos governos e dos órgãos responsáveis por pesquisas na área com o
intuito de um melhor aproveitamento dos recursos do Estado, e isso feito de maneira
adequada poderá trazer muitos benefícios.
33
3 METODOLOGIA
Durante realização desta pesquisa, a metodologia utilizada foi à pesquisa
bibliográfica e documental, fazendo uso de buscas de dados sociais, econômicos,
espaciais e ambientais nas empresas e sites dos órgãos públicos e ambientais; e em
artigos científicos, monografias e dissertações relacionados aos temas. As leituras
foram realizadas durante o decorrer da pesquisa, analisando as revisões teóricas
fundamentais para um melhor entendimento do tema.
Foram feitos fichamentos, busca de mapas que pudessem dar melhor
visualização ao trabalho, as microrregiões utilizadas foram as organizadas pelo
Instituto de Estudos Planejamento de Mato Grosso do Sul (IPLAN/MS), sendo que
existem outras divisões geopolíticas como a do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) e Plano de Desenvolvimento Turístico (PDTUR).
A pesquisa de campo que foi realizada em duas etapas, sendo que uma foi
no município de Ribas do Rio Pardo onde foram realizadas visitas técnicas com
entrevistas informais nas empresas Eucalipto Brasil e Ramires Reflorestamentos.
Nestas duas visitas foram retiradas as fotografias que se encontram no
trabalho, anotações das conversas e explicações passadas pelos funcionários.
Na segunda etapa foi realizada uma visita ao escritório da REFLORE – MS,
localizado em Campo Grande, onde houve uma longa entrevista informal com
anotação de dados e temas pertinentes ao trabalho, em nenhuma das visitas foi
realizada a aplicação de questionários.
O agrupamento dos dados foi realizado após as pesquisas de campo,
permitindo a conclusão deste trabalho com base em todos os dados que foram
obtidos.
34
4 DIFERENTES USOS DO EUCALIPTO NO MATO GROSSO DO SUL
Segundo Couto (2010), o eucalipto produzido no Brasil tem diferentes usos,
como lenha, carvão para uso doméstico, celulose e papel, chapas de fibras e
aglomerados, laminados, compensados, madeira tratada, madeira serrada, cavacos
de madeira e etc.
No Mato Grosso do Sul as cidades são dinâmicas e em pleno processo de
modernização e de desenvolvimento econômico e cultural (KUDLAVICZ, 2011).
Segundo dados da Revista Eucalyptus Online (2009):
Em termos de ambientes naturais, predominam áreas de matas, cerrados e
campos naturais. A agricultura e pecuária são fortes, grandes celeiros de
produção de carnes (gado vacuno, suínos, aves, bufalinos, caprinos e
ovinos) e de grãos (soja, milho, sorgo, trigo, girassol, arroz). Já a produção
da silvicultura concentra-se na produção de produtos de menor grau de
industrialização, como carvão vegetal, toras e madeira serrada, lenha e
madeira para produção de celulose e papel [...]. O Mato Grosso do Sul se
destaca pela produção de resinas de Pinus (3° maior produtor no Brasil) e
de óleos essenciais produzidos a partir de folhas de eucalipto e outras
espécies nativas [...]. Os municípios mais envolvidos com essas empresas
[...] Dourados, Três Lagoas, Brasilândia, Campo Grande, Água Clara, Ribas
do Rio Pardo, Anastácio e Dois Irmãos do Buriti. Aquidauana e Corumbá, no
bioma Pantanal se destacam como fontes de conhecimentos, recursos
técnicos e comercialização.
Mato Grosso do Sul possuía mais de 250 mil ha plantados, sendo que 90%
das plantações florestais são de eucalipto podendo chegar de 500 mil a 1,0 milhão
de ha de florestas plantadas, tanto por empresas florestais, como por fazendeiros
rurais, que estão diversificando suas atividades produtivas. Tamanha era a
expectativa em relação à plantação de florestas no Estado para fins econômicos,
que o governo do Estado do MS, em 2009 lançou um importante estudo para a qual
este envolvido o SEBRAE (REVISTA EUCALYPTUS ONLINE, 2009).
Neste sentido, o Plano Florestal (2009, p.17) apresenta que:
O mercado regional para madeira em Mato Grosso do Sul, de 4,5 milhões
m³ (2007), é concentrado no consumo de Lenha para Carvão-Vegetal,
principalmente a partir de florestas naturais (nativas), e na produção de
toras para postes, serraria e laminação, estes a partir de florestas
plantadas.
Segundo a MS Florestal (2013), no Mato Grosso do Sul, devido à expressiva
expansão da indústria de base florestal em 2012, a área de plantios de pinus e
eucalipto no Estado atingiu 614 mil ha, representado em um crescimento médio de
35
22% ao ano (a.a.) no período de 2005 - 2012, sendo a área de eucalipto 587, 3 mil
ha. Muito maior que as demais plantações florestais.
Em análise para o Setor Florestal de Mato Grosso do Sul concentrou-se nas
florestas plantadas de pinus e eucalipto. A evolução da área plantada no Estado
mostra que a área de plantio de pinus diminuiu 52% em três anos e em
contrapartida, a área de plantio de eucalipto aumentou 134% durante o mesmo
período (MATO GROSSO DO SUL, 2009).
Nesse contexto, Mato Grosso do Sul configura-se como o Estado recordista
na ampliação da área plantada de eucalipto (Gráfico 2), apresentando, em 2013,
crescimento de 575% em relação a 2006, chegando a 690 mil ha de árvores
plantadas (IBÁ, 2014; REFLORE, 2015).
Gráfico 2 - Evolução das áreas de Florestas Plantadas em ha no Mato Grosso do Sul entre os anos
de 2006 e 2013.
750000
700000
650000
600000
550000
500000
450000
400000
Eucalipto
350000
Pinus
300000
250000
200000
150000
100000
50000
0
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012*
2013**
Fonte: Adaptado de REFLORE – MS (2015)
* em apuração
** projeção
Segundo o MS Florestal (2013), no Mato Grosso do Sul são consumidos
anualmente 12,1 milhões de m³ de madeira de plantios florestais, sendo 10,4
milhões destinados à produção de celulose, 1,0 milhão de m³ destinados à produção
de carvão vegetal e 700 mil m³ destinados a produção de serrados, painéis
compensados e para a geração de calor e vapor conforme o Gráfico 3.
36
Gráfico 3 - Consumo de Eucalipto em m³ no MS.
12
10,4
10
8
6
4
2
1
0,7
0
Celulose
Carvão Vegetal
Outros fins
Adaptado de MS Florestal 2013.
Os principais derivados do eucalipto no Mato Grosso do Sul são consumidos
dentro do mesmo e em outros Estados, e também foi atualizada a área plantada
devido algumas informações estarem desatualizadas por falta de publicações e
estudos recentes sobre a silvicultura no MS (Informação Verbal) 2.
O Estado tem atualmente 800 mil ha plantados com eucaliptos, sendo que
aproximadamente 400 mil ha sejam exclusivamente para a celulose, um pouco desta
celulose vai para o papel produzido na International Paper, que também manda para
outros lugares, pois o Estado e o Brasil consomem uma quantidade mínima de papel
(Informação Verbal) 3. O que vai para fora é atualmente, celulose, papel e carvão
para ferro gusa, o que neste caso está com pouca significância, pois a China vem
produzindo aço e conseguindo exportar com um preço bem menor que o Brasil, o
que fez cair a produção no Brasil. Tirando estes três produtos, o restante das
florestas produz madeira, para lenhas, cavacos, construção civil, postes, estacas,
carvão e essências. Tudo que utiliza fornos no Estado, como pizzaria, padaria,
frigoríficos, secagem de grãos, produção de cerâmicas, etc. Todos estes se utilizam
da energia do eucalipto que é plantado no Estado, ou seja, aproximadamente 400
mil ha são para uso local, com seus próprios consumidores finais. Em termos de
2
- Informação fornecida por entrevistado da REFLORE-MS, 2015.
- Informação fornecida por entrevistado da REFLORE-MS, 2015.
3
37
energia para as empresas Mato Grosso do Sul pode ser considerado autossuficiente
(informação verbal)4.
4.1 Principais derivados do eucalipto
As florestas plantadas no Brasil são destinadas à fabricação de Produtos
Florestais Madeireiros (PFM) e produtos florestais não madeireiros (PFNM) (MATO
GROSSO DO SUL, 2010a).
Os PFMs de maior importância comercial são aqueles destinados à
produção de papel e celulose, energia, carvão vegetal, madeira serrada, produtos de
madeira sólida e madeira processada (IBÁ, 2014).
A celulose, que é um dos produtos obtidos da madeira, é utilizada na
produção de papel de escrever, papel higiênico, papelão e também na composição
de diversos alimentos, como na produção do invólucro de salsichas, na elaboração
de catchup, iogurtes, doces, sopas, queijos, sorvetes. Além disso, a celulose
também está presente em cosméticos e maquiagens, lentes de contato, entre
outros. Isso demonstra a importância dos PFMs (SENAR, 2015).
Outro exemplo é o carvão vegetal que, por sua vez, é utilizado nas
residências, comércio e indústrias para produção de energia térmica. Além da
madeira, as árvores oferecem ainda outros produtos. Entre estes Produtos Florestais
Não Madeireiros, os com maior importância são aqueles destinados à produção de
borracha, gomas, ceras, fibras, tanantes, corantes e produtos aromáticos (SBS,
2008).
O setor de celulose e papel no Brasil é composto por 220 empresas
localizadas em 450 municípios, em dezessete Estados. Os investimentos realizados
pelo setor nos últimos anos tornaram o Brasil o maior produtor mundial de celulose
de fibra curta no mercado. A produção brasileira de celulose de fibra curta passou de
4,03 milhões de toneladas em 1995 para 10,0 milhões de toneladas em 2007. As
produções de celulose de fibra longa e de Pasta de Alto Rendimento (PAR)
mantiveram-se constantes nesse mesmo período (SBS, 2008; IBÁ, 2014).
Os setores de celulose e papel tiveram um programa de investimento
privado (próprio) para o período 2003 a 2012, com o valor de US$ 14,4 bilhões. O
programa tem como objetivo ampliar a capacidade produtiva e a competitividade da
4-
Informação fornecida por entrevistado durante visita in loco na sede da REFLORE–MS, 2015.
38
indústria brasileira de celulose e papel, com crescimento das exportações e criação
de novas oportunidades de trabalho (MATO GROSSO DO SUL, 2009).
4.1.1 Papelão ondulado
De acordo com o Anuário da Associação Brasileira de Papelão Ondulado,
ABPO (2007) o setor de papelão ondulado no Brasil conta com 80 empresas, 103
unidades industriais instaladas e gera 14.602 empregos diretos.
A produção total do segmento de papelão ondulado em 2007 foi de 2,57
milhões de toneladas representando um aumento de 3,6% em relação a 2006 (2,48
milhões de toneladas). O consumo aparente de papelão ondulado em 2007 foi de
2,50 milhões de toneladas (ABPO, 2007).
Segundo a ABPO (2007), os maiores consumidores de embalagens de
papelão ondulado em 2007 foram:
•produtos alimentícios (34,5%);
•avicultura, floricultura e fruticultura (10,9%); e
•indústria de químicos e derivados (9,2%).
4.1.2 Siderurgia a carvão vegetal
No Brasil, a produção de carvão proveniente da silvicultura vem crescendo
desde 2002, sendo que de 2006 para 2007 apresentou um aumento de 45,9%,
alcançando cerca de 3,81 milhões de toneladas. Os principais estados produtores de
carvão vegetal de florestas plantadas em 2007 foram Minas Gerais, com 75,8% da
produção nacional, Maranhão (10,0%), Bahia (4,2%), São Paulo (2,0%), e Mato
Grosso do Sul (1,8%) (IBGE, 2007).
O consumo de madeira em toras de florestas plantadas para uso industrial
no Brasil alcançou cerca de 156 milhões de m³. Esta madeira foi utilizada
principalmente para o fabrico de celulose (31%), carvão-vegetal (24%) e serrados
(19%) (MATO GROSSO DO SUL, 2009).
4.1.3 Produtos de madeira sólida
O segmento de Produtos de Madeira Processada Mecanicamente engloba
madeira serrada, compensados e Produtos de Maior Valor Agregado – PMVA
(moldura, portas, pisos, etc.). A produção brasileira de madeira sólida utiliza matéria-
39
prima das florestas nativas da Amazônia (madeira serrada, compensados,
laminados) e das florestas plantadas – especialmente pinus da região Sul (madeira
serrada, compensados, PMVA) (IBÁ, 2014).
4.1.4 Madeiras serradas
O parque industrial brasileiro voltado à produção de madeira serrada
(pranchas,
vigas,
vigotas,
caibros,
tábuas,
sarrafos,
etc.)
dispõe
de
aproximadamente 10 mil unidades, predominando aquelas de pequeno porte (74,6%
têm capacidade instalada menor do que 10.000 m³/ano e 24,7% entre 10.000 e
30.000 m³/ano). Aproximadamente 60% das serrarias existentes no Brasil estão
concentradas nas regiões Centro-Oeste e Norte do País. Nessas regiões
predominam unidades produtoras de serrados de folhosas (nativas), enquanto que
nas regiões Sul e Sudeste a maioria das indústrias processa madeira de pinus (IBÁ,
2014; MATO GROSSO DO SUL, 2010a).
A participação relativa das madeiras nativas vem decrescendo em função
das pressões ambientalistas, do contingenciamento de cotas e planos de manejo,
das distâncias de transporte dos principais centros consumidores e, em parte, do
potencial e da boa aceitação dos serrados oriundos das florestas plantadas. As
estatísticas já apontavam em 1995 o uso crescente de madeira serrada de
plantações, não só de pinus, como de eucaliptos (IBÁ, 2014).
4.1.5 Compensados
Os principais usos e aplicações do compensado atendem a uma gama
diversificada que se mostram segmentados entre construção civil, indústria
moveleira, embalagens, entre outros. Em 2007, a produção de compensados
brasileiros foi de 2,67 milhões de m³, representando uma queda de 12,3% em
relação a 2006 (3,04 milhões m³). A produção de compensado com madeira de
pinus foi de 1,98 milhão m³ e com madeiras de espécies tropicais, 690 mil m³,
representando uma queda de 16,6% e aumento de 3,1% respectivamente, em
relação a 2006 (IBÁ, 2014; MATO GROSSO DO SUL, 2010a).
40
4.2 Produtos de Maior Valor Agregado (PMVAs)
Os Produtos de Maior Valor Agregado (PMVAs) são obtidos pelo
reprocessamento da madeira serrada, com vistas à agregação de valor ao produto
primário. Consideram-se PMVAs: portas, molduras, painel colado lateralmente Edge
Glued Panel (EGP), pisos de madeira e outros componentes estruturais. A produção
de PMVAs é fragmentada e diversificada no Brasil. Tanto a produção de EGP, como
a de molduras, está baseada principalmente na madeira de pinus cujos principais
produtores se localizam nos estados do Paraná e de Santa Catarina. Os volumes
são representativos em se considerando o desenvolvimento relativamente recente
desses produtos no Brasil que data do final da década de 80 (IBÁ, 2014; SBS,
2008).
Segundo Mato Grosso do Sul (2010a) dentre os principais PMVAs, grande
parte do EGP é consumida no mercado doméstico pela indústria moveleira nacional,
uma vez que a maioria dos produtores nacionais de EGP opera de forma integrada
com as indústrias de móveis. No caso das molduras, grande parte da produção é
direcionada para o mercado externo, principalmente Estados Unidos.
4.2.1 Portas
Estima-se que existam duas mil fábricas de portas de madeira no Brasil,
localizadas principalmente na região Sul do Brasil (Estado do Paraná e Santa
Catarina). O segmento de portas de madeira pode ser considerado como um dos
mais representativos e competitivos, entre os produtos do segmento de PMVA
(MATO GROSSO DO SUL, 2010a).
4.2.2 Molduras
O segmento de molduras dos PMVA tem mostrado constante evolução de
volume produzido. A produção de molduras no Brasil em 2007 atingiu 820 mil m³,
crescimento de 13,7% em relação a 2006 (721 mil m³). O consumo interno atingiu
212 mil m³, aumento de 14% em relação ao ano anterior. As estimativas para 2008
são de aumento de 6,1% na produção (870 mil m³) e 6,13 % no consumo (225 mil
m³) (MATO GROSSO DO SUL, 2010a).
41
4.2.3 EGP (Edge Glued Panel)
Estima-se que a produção brasileira de painéis de sarrafos colados, ou EGP,
cuja maior parcela é orientada para a indústria moveleira nacional, tenha alcançado
503 mil m³ em 2007, representando queda de 3,6% em relação ao ano anterior
(MATO GROSSO DO SUL, 2010a).
4.2.4 Pisos
As
indústrias
produtoras
de
pisos
de
madeira
maciça
são,
predominantemente, pequenas e médias empresas, com capacidade ainda limitada
para investimentos em máquinas e tecnologia, e cujas cadeias produtivas estão
fundamentadas na utilização crescente de pisos engenheirados provenientes de
madeira de florestas plantadas, bem como de espécies da região amazônica (MATO
GROSSO DO SUL, 2010a).
4.2.5 Painéis reconstituídos
A indústria de painéis reconstituídos de madeira utiliza como matéria-prima a
madeira obtida de florestas plantadas de pinus e de eucalipto. Os principais produtos
são os aglomerados e o Medium Density Fiberboard (MDF), utilizados basicamente
para a fabricação de móveis (MATO GROSSO DO SUL, 2010a).
4.2.6 Aglomerados
As empresas fabricantes de painéis aglomerados têm uma capacidade
nominal instalada de 3,0 milhões de m³ por ano, pinus e eucalipto são as madeiras
de reflorestamento utilizadas para produzir o aglomerado. Essas madeiras são
selecionadas por espécies, em razão do melhor rendimento agroindustrial (MATO
GROSSO DO SUL, 2010a; ABIPA, 2007).
4.2.7 Chapas duras
Os fabricantes de chapas de fibra têm uma capacidade nominal instalada de
600 mil m³ ao ano (ABIPA, 2007). Somente a madeira de eucalipto reflorestada é
utilizada nessa produção. A produção de chapas duras em 2007 foi de 526 mil m³,
42
representando uma queda de 1,1% em relação ao ano anterior (535,9 mil m³). O
consumo no mesmo ano, foram cerca de 314,2 mil m³, representando aumento de
3,4% em relação a 2006 (303,9 mil m³). Para o período de 2000 a 2007 as chapas
duras apresentaram uma queda da ordem de 5,7% na produção e 13,6% no
consumo (ABIPA, 2007).
4.2.8 MDF (Medium Density Fiberboard)
As empresas fabricantes do segmento de MDF têm uma capacidade nominal
instalada de 2,0 milhões de m³ por ano. Na produção de MDF são utilizadas as
madeiras de pinus e de eucalipto reflorestadas. O MDF cresce em utilização e vem
ocupando mercado de madeira maciça e de outros painéis reconstituídos, sendo
cada vez mais empregado na indústria moveleira e na construção civil (SBS, 2008;
MATO GROSSO DO SUL, 2010a; ABIPA, 2007).
4.2.9 Móveis
Segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário
(ABIMÓVEL, 2015) existem mais de 16 mil micro, pequenas e médias empresas do
setor moveleiro no país, que geram aproximadamente 206 mil empregos. São
empresas localizadas em sua maioria na região Centro-Sul, constituindo, em alguns
estados, pólos moveleiros, a exemplo de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul;
São Bento do Sul, em Santa Catarina; Arapongas no Paraná; Mirassol, Votuporanga
e São Paulo, em São Paulo; Ubá em Minas Gerais, Linhares no Espírito Santo
(www.global21.com.br).
Dentre as empresas do setor, 60% referem-se a móveis residenciais, 25%
móveis de escritório e 15% a móveis institucionais, escolares, médico-hospitalares,
móveis para restaurantes, hotéis e similares. São empresas familiares, tradicionais e
na grande maioria de capital inteiramente nacional (ABIMÓVEL, 2015). As matériasprimas mais utilizadas pela indústria de móveis são as chapas de madeiras
processadas, principalmente aglomerado e MDF, além da madeira maciça
proveniente de florestas naturais (com utilização em rápido declínio) e proveniente
de plantios de pinus e de eucalipto das regiões Sul e Sudeste. Estas vêm ganhando
força no mercado, visto que tendem a substituir a madeira maciça proveniente das
florestas nativas (SBS, 2008).
43
Aproximadamente 90% do volume produzido de painéis de madeira
aglomerada e de MDF destinam-se à fabricação de móveis; toda a sua produção é
sustentada por florestas plantadas (IBÁ, 2014). Graças aos painéis de madeira
houve uma "massificação" do consumo, especialmente de móveis. Em média, 70%
da madeira maciça utilizada pela indústria moveleira também é oriunda de florestas
plantadas, principalmente pinus, em substituição à araucária; já o eucalipto está se
consolidando no Brasil, sendo os segmentos produtores de camas e de salas de
jantar os que mais utilizam esta espécie (ABIMÓVEL, 2015).
4.3 Produtos Florestais Não Madeireiros (PFNMs)
A sobrevivência das comunidades rurais depende do uso sustentável dos
recursos naturais. Uma forma encontrada para manter a floresta, é utilizar os
produtos e serviços, cuja exploração sustentável, atenda às necessidades de seus
consumidores, perpetuando as espécies, como é o caso dos Produtos Florestais
Não Madeireiros (PFNMs) (SBS, 2008).
PFNMs são recursos ou produtos biológicos da flora que não a madeira obtidos das florestas para subsistência ou para comercialização. Eles podem vir de
florestas naturais, primárias ou secundárias, florestas plantadas ou sistemas
agroflorestais. Os PFNMs descrevem uma ampla gama de produtos incluindo
plantas medicinais, fibras, resinas, tipos de látex, óleos, gomas, frutas, castanhas,
temperos, tinturas, bambus etc. (SBS, 2008; MATO GROSSO DO SUL, 2010).
A produção de óleos essenciais no Brasil teve início no final da segunda
década dos anos 20, tendo como base o puro extrativismo de essências nativas,
principalmente do Pau-Rosa (Aniba rosaeodora). Durante a segunda guerra mundial,
o País passou a ter a atividade mais organizada, com a introdução de outras
culturas para obtenção de óleos de menta, laranja, canela sassafrás, eucalipto,
capim-limão, patchouli, etc. Na década de 50, importantes empresas internacionais
especializadas no aproveitamento de óleos essenciais para produção de fragrâncias
e aromas destinados às indústrias de perfumes, cosméticos, produtos alimentares,
farmacêuticos e de higiene, se instalaram no País (SBS, 2008). Este fato provocou
um aumento no consumo interno dos óleos essenciais, dando maior estabilidade à
produção brasileira.
44
O óleo de eucalipto é obtido pela simples destilação de suas folhas mediante
o uso de vapor d'água. Por ser uma cultura ligada à extração de folhas, o manejo da
área de plantio pode ser conduzido no conceito de uso múltiplo da floresta, ou seja,
além da extração das folhas, a atividade pode ser conjugada com a produção de
madeira destinada para lenha, mourões, postes e até toras para serraria (SBS,
2008). Há ainda exemplos de integração do sistema com a criação de animais, em
regime silvo-pastoril. As folhas, depois de destiladas, fornecem energia para geração
de vapor, bem como são usadas como adubo orgânico nas próprias florestas. A
atividade de produção de óleo essencial permite a geração de renda para o
proprietário rural, desde o primeiro ano da atividade florestal, antecipando receitas e
fixando de forma mais perene e continua a mão de obra rural (MATO GROSSO DO
SUL, 2010a; SBS, 2008).
O interesse pelos óleos essenciais está baseado na possibilidade da
obtenção de compostos aromáticos. No rol das matérias-primas usadas no Brasil
para extração de óleo essencial, o eucalipto ocupa lugar de destaque e a atividade
tem se mostrado crescente. Atualmente, a produção é estimada em torno de 1.000
toneladas/ano, posicionando o Brasil de forma importante no mercado mundial, onde
a China detém a liderança, com produções anuais que chegam a 3.000 toneladas
(IBÁ, 2014; MATO GROSSO DO SUL, 2010a).
Segundo SBS (2008), a produção brasileira de óleo essencial de eucalipto
está baseada em pequenas e médias empresas as espécies de eucalipto utilizadas
na produção de óleos essenciais constituem um produto de crescente interesse
econômico contribuindo para a valorização da exploração florestal. Entre as
espécies mais promissoras, destacam-se Eucalyptus globulus, Eucalyptus citriodora
e Eucalyptus staigeriana. Menos de 20 espécies são exploradas comercialmente em
todo o mundo para a produção de óleos essenciais (SBS, 2008; MATO GROSSO
DO SUL, 2010a).
No Brasil, são poucas as indústrias envolvidas na produção de óleos
essenciais de folhas de eucalipto. As principais empresas que processam folhas de
Eucalyptus globulus estão localizadas nos estados de São Paulo (Torrinha, Santa
Maria da Serra e Dois Córregos) e Minas Gerais (São João do Paraíso) (SBS, 2008).
O Eucalyptus globulus tem seu valor comercial ligado ao cineol, o principal
componente que lhe confere ação medicinal. A espécie tem apresentado restrições
de adaptação no Brasil. Apresenta bom desenvolvimento no Chile, Argentina,
45
Portugal e Espanha. Sua melhor adaptação está ligada às regiões de climas frios. O
Eucalyptus globulus apresenta um rendimento em óleo essencial da ordem de 1,6%
a 2% com teor de cineol de 70 a 80% (SBS, 2008).
O Eucalyptus citriodora tem apresentado maior importância na economia do
país, por ser uma espécie menos susceptível às variações edafoclimáticas; além de
ser ótimo produtor de óleo essencial; também produz madeira de excelente
qualidade, muito utilizada para produção de moirões, dormentes, postes, lenha para
energia, carvão e outros. A espécie é de rápido desenvolvimento que suporta cortes
seguidos, com excelente brotação. Os rendimentos em óleo do Eucalyptus citriodora
variam entre 1,0 a 1,6%, ou seja, cada tonelada de folhas destilada rende dez a
dezesseis quilogramas de óleo. A concentração de citronelal é de 65 a 85% (SBS,
2008).
O Eucalyptus staigeriana é plantado basicamente para a produção de óleo
essencial. O rendimento em óleo varia entre 0,07 e 2,53%. O teor do componente
principal varia de 13 a 63%. O odor característico do óleo desta espécie despertou o
interesse para a utilização em sabonetes, fragrâncias de detergentes e outros (SBS,
2008).
46
5
OPORTUNIDADES
E
DESAFIOS
DAS
INDÚSTRIAS
DE
FLORESTAS
PLANTADAS
Segundo Chaebo et al. (2010), o uso da madeira advinda da silvicultura
toma destaque em um cenário onde a preocupação com o meio ambiente e
manutenção das formas de vida passa a ser eixo norteador das atividades das
empresas. Ela passou a ser utilizada como fonte energética, lenha para carvoarias e
indústrias siderúrgicas, como matéria-prima para indústrias moveleiras, e de papel e
celulose. Incidem características socioambientais sobre esse cultivo, como a
imobilização de CO² pela madeira, fator que diminui o efeito estufa proporcionando
maior qualidade de vida e a permanência de espécies da fauna e flora.
Conquanto o país possua mais de 500 milhões de ha de florestas nativas e
apenas 7,6 milhões de há de florestas plantadas, é possível afirmar que quase toda
a riqueza socioeconômica do setor florestal brasileiro vem da silvicultura, ou seja,
das plantações florestais. Em que pese o contexto histórico de meio século da
Engenharia Florestal, o seu avanço tecnológico tem sido significativo (VALVERDE et
al., 2012; IBÁ, 2015).
Diante das vantagens do eucalipto, ainda existe muito espaço para sua
expansão no Brasil, se for comparada à de países tradicionalmente florestais. O
setor ainda tem muito a crescer em termos sociais, econômicos e ambientais. Dentre
as atividades econômicas, a silvicultura é talvez a que apresente maior potencial de
contribuição para a construção de uma Economia Verde, uma vez que é realizada
dentro dos conceitos desta, e produz insumos às outras atividades alcançarem o
caminho da sustentabilidade. Sem embargo destas características favoráveisque
diferenciam a silvicultura brasileira em relação a outros países tem encontrado
dificuldades em fazer uso deste diferencial como estratégia de marketing
internacional (VALVERDE et al., 2012).
O Setor Florestal Brasileiro (SFB) é marcado por uma amplitude de
indústrias e de produtos, sendo composto, basicamente, por três cadeias produtivas:
da madeira industrial (celulose e papel e painéis de madeira reconstituída), do
processamento mecânico da madeira (serrados e compensados) e da madeira para
energia (lenha, cavaco e carvão vegetal) (VALVERDE et al., 2012).
Cabe ressaltar que o SFB não é caracterizado apenas pelos PFM, mas
também pelos PFNM, os quais, segundo a FAO (1998), são representados por
47
produtos destinados ao consumo humano como alimentos, bebidas, plantas
medicinais e extratos (exemplos: frutas, bagas, nozes, mel, fungos, dentre outros);
por farelos e forragem a exemplo dos campos para pastagem; e por outros não
madeireiros, tais como cortiça, resinas, taninos, extratos industriais, plantas
ornamentais, musgos, samambaias, óleos essenciais, etc. (VALVERDE et al., 2012).
Embora o mercado florestal brasileiro seja concentrado e controlado pelas
grandes indústrias florestais, pode se dizer que é justamente em razão disso que o
país é apontado como detentor da melhor silvicultura, já que tais indústrias sempre
mantiveram investimentos significativos em pesquisas e desenvolvimento de novas
tecnologias que refletem no avanço do incremento das plantações florestais,
buscando primordialmente melhorias genéticas e de manejo florestal para as
principais espécies de interesse (VALVERDE et al.,2012).
Mato Grosso do Sul tem se destacado na silvicultura no cenário nacional.
Para se ter uma ideia da ampliação deste segmento, em oito anos a área destinada
ao plantio de eucalipto no Estado cresceu 566%, saindo de 120 mil ha para os atuais
800 mil ha (REFLORE, 2015).
Contudo, o setor se deparou em 2008 com a crise financeira internacional
que reduziu a demanda por quase todas as commodities e seus subprodutos, como
por exemplo, o ferro gusa utilizado na indústria automobilística. Outro fator que
reforçou a crise foi a ausência de crédito, pois os altos custos iniciais para ingresso
na atividade desestimularam a entrada de novos produtores (ABRAF, 2009).
Segundo ABRAF (apud Chaebo et al., 2011, p.44):
A celulose que era negociada por U$ 810,00/ton em agosto de 2008, no
final do quarto trimestre do mesmo ano passou a ser negociada por U$
530,00/ton, devido à redução da demanda e aos estoques que foram
gerados a partir dessa redução. Em meadosde 2008, os valores do ferro
gusa atingiam o valor recorde de U$ 850,00/ton, estimulando as
siderúrgicas a reativar fornos e investir em mão-de-obra para aumentar sua
capacidade produtiva. Em decorrência da crise, o valor passou a U$
260,00/ton, no final de 2008, paralisando a expansão do setor. Estima-se
que no Brasil, 65% dos fornos tiveram de ser desativados em 2008.
Os painéis de madeira e produtos de madeira sólida mantiveram o
crescimento de mercado no ano de 2008, pois a crise eclodiu num período do ano
que costuma apresentar aumento na demanda, devido à compra de móveis e
reforma de imóveis. Porém seu efeito seria sentido no primeiro trimestre de 2009,
quando deveria haver a reposição dos estoques das indústrias. Contudo, em função
48
do estabelecimento do programa “Minha casa, minha vida” pelo governo federal, que
planeja a construção de um milhão de moradias, diminui-se a especulação e
acalmou o setor (ABRAF, 2009).
A diminuição na variação percentual de aumento da área cultivada é
justificada como tentativa de absorver parte dos efeitos da crise, desta forma, as
empresas do setor não investiram em 2010 o valor planejado ao plantio das
florestas. Outro fator que dificultou a expansão foi o parecer da Advocacia Geral da
União (AGU), que estabeleceu um limite a compra de terras por grupos estrangeiros
no país, o que pegou de surpresa empresas brasileiras de capital estrangeiro
(ABRAF, 2011).
Mato Grosso do Sul destaca-se em relação a outros estados brasileiros na
produção de florestas. Enquanto em outras localidades a produtividade gira em torno
de 25 m³/ha/ano, no Mato Grosso do Sul este valor chega a 38 m³/ha/ano. O Estado
perde em produtividade apenas para uma pequena faixa de terra localizada no
Estado da Bahia (MATO GROSSO DO SUL, 2009).
O maior impacto na economia sul-mato-grossense nos últimos anos provém
exatamente da indústria de papel e celulose. Em março de 2009, foi inaugurada a
fábrica Fibria Celulose S/A, que está localizada em Três Lagoas com capacidade
para 1,3 milhão de toneladas de celulose por ano (FIBRIA, 2015). Segundo a
SEPROTUR (2006), o Estado de Mato Grosso do Sul apresenta diversas
características atrativas para investimentos e para trabalho.
Entre elas destacam-se citar sua geografia com uma área territorial de
357.124,96 km2; temperatura média entre 21º e 32º graus; o fato de sua totalidade
territorial estar sobre o Aquífero Guarani; dispor de duas bacias para transporte
hidroviário; e ainda fazer fronteira com Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, São
Paulo, Paraná, Paraguai e Bolívia.
Segundo (VALVERDE et al., 2012, p. 30/31), o Brasil e também o Mato
Grosso do Sul sofrem algumas barreiras para a consolidação de uma economia
Silvicultural:
1. Críticas empíricas e sem fundamentações técnica e científica às
plantações florestais, muitas das vezes embasadas em mitos e
crendices [...]
4. Política de crédito incompatível com a realidade de longo prazo da
silvicultura.
49
5. Política fundiária que inibe o investimento estrangeiro em terras
brasileiras [...]
7. Política cambial que privilegia as importações do carvão mineral e
prejudica as exportações do gusa a carvão vegetal.
8. Infraestrutura básica precária e deficiente para o escoamento da
produção florestal.
9. Política de estímulo ao consumo de derivados do petróleo (gás e
óleo bruto) em prejuízo à biomassa florestal [...]
13. Cultura organizacional fundamentada no extrativismo oportunista
de alguns empresários dos segmentos madeireiros e de carvão, o
que acaba maculando todo setor florestal.
14. Falta de amparo financeiro às pesquisas em áreas estratégicas,
como as de energia do cavaco e da carbonização da madeira em
escala industrial mais eficiente e com aproveitamento dos gases e
dos pirolenhosos como substitutos dos oriundos da destilação do
petróleo, como o alcatrão e os carboquímicos.
Os maiores desafios encontrados hoje na indústria de florestas plantadas
estão na infraestrutura, o Estado deve trabalhar junto com as empresas para
melhoria das estradas vicinais e duplicação das vias pavimentadas principais, dos
municípios que devem se adequar para receber os trabalhadores com suas famílias,
isto é de grande importância, uma vez que se as empresas apenas lhes oferecerem
alojamentos, eles virão trabalhar e levarão o dinheiro para gastar em suas cidades
de origem, não dando benefícios ao Estado, a intenção é estabelecer uma relação
de troca, ganhar aqui e gastar aqui, fazendo girar o capital, para isso, os municípios
devem se adequar com escolas, hospitais, restaurantes, moradia e tudo que possa
ser feito para melhorar a qualidade de vida destas pessoas e dos próprios
moradores da região (informação verbal)5.
Quanto às vias de escoamento da produção, estas ainda são muito
importantes, a agilidade no escoamento da produção evita que os produtos fiquem
parados no pátio das empresas (informação verbal)6, e no caso da celulose seu
escoamento é feito via transporte ferroviário (FIBRIA, 2015), esta dificuldade no
transporte tanto das plantações para as indústrias pelas estradas vicinais, como das
indústrias para os portos ou destinos finais ainda continua sendo o que mais
encarece a produção, fazendo com que lugares de difícil acesso sejam rejeitados
por empresas, mesmo que o local tenha boas condições físicas, climáticas e
ambientaispara serem implantadas as florestas e indústrias.
5
- Informação fornecida por entrevistado durante visita in loco na sede da Reflore – MS, 2015.
- Informação fornecida por entrevistado durante pesquisa de campo na empresa Ramires
Reflorestamento S/A, 2015.
6
50
6 CARACTERIZAÇÃO DE MUNICÍPIOS QUE PODEM SER BENEFICIADOS COM
A EXPANSÃO DO PARQUE INDUSTRIAL NA DIVERSIFICAÇÃO DOS
PRODUTOS FLORESTAIS
O território de Mato Grosso do Sul constitui-se em fatores extremamente
favoráveis ao desenvolvimento de atividades agroindustriais e de expansão do
intercâmbio comercial (SEMADE, 2015). Através da (Figura 3), é possível observar o
posicionamento de seus municípios.
Figura 3 - Mapa Limites, Linha de Fronteira e Centros Urbanos de Mato Grosso do Sul.
Fonte: SEMAC/MS. Adaptado de SEMADE (2015, p.12), escala sem definição.
51
Segundo Mato Grosso do Sul (2002), o Estado possui diferentes divisões
geopolíticas e as microrregiões citadas estão de acordo com a divisão organizada
pelo Instituto de Estudos Planejamento de Mato Grosso do Sul (IPLAN/MS) que
divide Mato Grosso do Sul em oito microrregiões, (FIGURA 4).
Os municípios citados estão localizados nas microrregiões do Bolsão (Água
Clara, Brasilândia e Três Lagoas), microrregião Central (Ribas do Rio Pardo),
microrregião do Alto Pantanal (Dois Irmãos do Buriti), microrregião Leste (Santa Rita
do Pardo) e microrregião Norte (Alcinópolis, Camapuã, Coxim, Figueirão, Paraíso
das Águas, Pedro Gomes, Rio Verde de Mato Grosso e Sonora) (MATO GROSSO
DO SUL, 2002).
A Microrregião Leste mencionada como atual cenário da silvicultura agrega
os municípios citados das microrregiões do Bolsão, Central e Leste. Foi assim
denominada por sua localização geográfica dentro do Estado (PERPETUA, 2012).
Figura 4: Mapa de Localização Geográfica da Região Norte no Mato Grosso do Sul e outras Regiões.
Fonte: Lab. Geoprocessamento UCDB Ayr T. Salles. Adaptado de Mato Grosso do Sul (2002, p. 13)
52
6.1 Municípios da Microrregião Norte
Os municípios a seguir fazem parte da Microrregião Norte, que é uma das
microrregiões de estudos desse trabalho. Neste sentido, buscou-se fazer uma
caracterização socioeconômica para avaliar a expansão do eucalipto sobre estes e
seus impactos na economia local. Para a realização desta pesquisa foi levado em
conta em conta que o ZEE de Mato Grosso do Sul realizou uma avaliação do
Potencial dos Recursos Naturais e, com base nestas informações a região escolhida
para essa caracterização pode receber a expansão do eucalipto, conforme figura 5.
Figura 5 - Avaliação do Potencial dos Recursos Naturais do Mato Grosso do Sul.
Fonte: MATO GROSSO DO SUL (2010a, vol. II p.59), escala sem definição.
Observando a figura 6 e de acordo com ZEE para o Mato Grosso do Sul
(2010a), o Estado já foi historicamente ocupado em áreas propícias para
desenvolver suas atividades de forma que já estão consolidadas no espaço, onde o
processo de ocupação aconteceu naturalmente de acordo com as características
ambientais e viárias para seu crescimento econômico, restando apenas a região
norte que encontra-se em estagnação. A partir disso apresentam-se os municípios
aptos a desenvolver a silvicultura, os municípios sugeridos que compõe a
Microrregião Norte são: Alcinopólis, Camapuã, Coxim, Figueirão, Paraíso das Águas,
Pedro Gomes, Rio Verde de Mato Grosso e Sonora.
53
Com renda per capita de R$ 23.355,00 o município de Alcinópolis, foi criado
em 22 de abril de 1.992, pela lei nº 1.262 pelo, então, governador Pedro Pedrossian,
ficando o mesmo pertencendo à comarca de Coxim. Tem área de 4.399,681 km²,
com uma população de 4.569 habitantes sendo 2.432 do sexo masculino, 2.137 do
sexo feminino. Cerca de 3.136 moram no perímetro urbano e 1.433 na zona rural.
Sua economia gira em torno da pecuária com o total de 301.298 cabeças, seus
principais produtos agrícolas são abacaxi, algodão, arroz, banana, borracha (látex
coagulado), girassol, laranja, mandioca, milho, soja, sorgo e trigo (SEMAC, 2014).
Com renda per capita de R$ 17.518,00, o município Camapuã foi criado pela
lei Orçamentária nº 845, de 03 de novembro de 1921, autorizou o governo do Estado
a reservar ou desapropriar uma área de 3.600 ha de terra, para formação do
patrimônio de Camapuã, no município de Coxim.
Foi elevado a distrito pelo Decreto nº 272, de 19 de maio de 1933 e o
município criado pela lei nº 7134, de 30 de setembro de 1948. Comemora-se a data
de emancipação política dia 30 de setembro. Tem área de 6.229,620 km², tem
população de 13.625 habitantes sendo 7.067 do sexo masculino, 6.558 do sexo
feminino, 9.797 habitam o perímetro urbano e 3.828 pessoas na zona rural. Sua
economia gira em torno do comércio, tendo 204 estabelecimentos, seu rebanho é
composto de 582.158 cabeças, seus principais produtos agrícolas são abacaxi,
arroz, borracha, mandioca, maracujá, milho, soja.
Possui 26 estabelecimentos industriais, Celulose, papel e produtos de papel,
Construção de edifícios, Construção de rodovias e ferrovias, Máquinas e
equipamentos, Minerais não metálicos, produtos de concreto, cimento, gesso e
semelhantes, Móveis com predominância de madeira, Preparação de couros artigos
para viagens e calçados de couro, Produtos alimentícios, laticínios, sorvetes e outros
gelados comestíveis, Produção de madeira: serrarias sem desdobramento de
madeira (SEMAC, 2014).
Com renda per capita de R$ 15.488,00, o município de Coxim foi elevado a
distrito pela lei nº 1 de 06 de novembro de 1872. Tornou-se município pela lei nº 202,
de 11 de abril de 1898. Comemora-se no dia 11 de abril sua emancipação política.
Tem área 6.409,224 km² tem população de 32.159 habitantes sendo 16.141do sexo
masculino, 16.018 do sexo feminino, 29.145 habitam o perímetro urbano e 3.014 na
zona rural. Sua economia gira em torno do comércio e pecuária com o total de
486.800 cabeças, seus principais produtos agrícolas são abacaxi, arroz, banana,
54
borracha, cana-de-açúcar, coco-da-baía, feijão, laranja, mandioca, milho, soja,
sorgo. Tem 105 indústrias entre confecções, metalúrgicas, móveis, têxteis (SEMAC,
2014).
Com renda per capita de R$ 19.137,00, o município de Figueirão foi criado
em 29 de setembro de 2003, pela lei nº 2.680, pelo ex-governador José Orcírio
Miranda dos Santos, desmembrado das áreas dos municípios de Camapuã e Costa
Rica, ficando o mesmo pertencendo à comarca de Costa Rica. Tem área de
4.882,873 km² tem população de 2.928 habitantes sendo 1.553 do sexo masculino,
1.375 do sexo feminino, 1.530 habitam o perímetro urbano e 1.398 na zona rural.
Sua economia gira em torno da pecuária com o total de 169.275 cabeças, seus
principais produtos agrícolas são banana, milho, soja, sorgo (SEMAC, 2014).
Com renda per capita não identificada por falta de informações oficiais, o
município de Paraíso das Águas, foi fundado em 29 de setembro de 2003. O
aniversário da cidade é comemorado no dia 30 de setembro. O Município foi
instalado administrativamente em 1º de janeiro de 2013, alguns dados e informações
se referem ao período que era considerado como distrito. Tem área de 5.032,469
km²tem população de 2.028 habitantes sendo 1.036 do sexo masculino e 992 do
sexo feminino, 1.709 habitam o perímetro urbano e 319 na zona rural. Sua economia
gira em torno da pecuária e também conta com algumas indústrias de celulose,
biocombustível, construção e minerais não metálicos (SEMAC, 2014).
Com renda per capita de R$ 16.516,00, o município de Pedro Gomes que
em 1950, era um pequeno povoado de casas residenciais pertencentes aos
fazendeiros da região para aí afluíam, recebendo a denominação de Amarra-Cabelo,
pois existia ali um córrego, onde os viajantes paravam para dar um retoque na
indumentária. Tornou se município pela lei nº 1.942, de 11 de novembro de 1963. No
dia 11 novembro, comemora-se sua emancipação política. Tem área de 3.651,175
km² tem população de 7.967 habitantes sendo 4.149 do sexo masculino, 3.818 do
sexo feminino, 6.148 habitam o perímetro urbano e 1.819 na zona rural. Sua
economia gira em torno do comércio, sua pecuária conta com o total de 259.837
cabeças, seus principais produtos agrícolas são abacaxi, banana, borracha, feijão,
laranja, mandioca, melancia, milho, soja, sorgo (SEMAC, 2014).
Com renda per capita de R$ 13.123,00, o município de Rio Verde de Mato
Grosso foi elevado a distrito pelo Decreto nº 89, de 17 de agosto de 1831 e o
município criado pela lei nº 707, de 16 de dezembro de 1953. Comemora-se o
55
aniversário da cidade dia 16 de dezembro. Tem área de 8.153,899 km² tem
população de 18.890 habitantes sendo 9.486 do sexo masculino, 9.404 do sexo
feminino, 16.297 habitam o perímetro urbano e 2.593 na zona rural. Sua economia
gira em torno do comércio sua pecuária conta com o total de 517.820 cabeças, seus
principais produtos agrícolas são abacaxi, algodão, amendoim, arroz, banana,
borracha, cana-de-açúcar, coco-da-baía, feijão, mandioca, maracujá, melancia,
milho, soja, sorgo (SEMAC, 2014).
Com renda per capita de R$ 18.672,00, o município de Sonora foi criado em
03 de junho de 1.988, pela lei nº 828, e tornou-se município de Sonora, pelo então
governador Marcelo Miranda Soares, ficando o mesmo pertencente à comarca de
Pedro Gomes. Tem área de 4.075,422 km² tem população de 14.833 habitantes
sendo 7.836 do sexo masculino, 6.997 do sexo feminino, 13.401habitam o perímetro
urbano e 1.432 na zona rural. Sua economia gira em torno da agricultura sua
pecuária que conta com o total de 124.726 cabeças, seus principais produtos
agrícolas são abacaxi, borracha, cana-de-açúcar, girassol, mandioca, melancia,
milho, soja (SEMAC, 2014).
6.2 Municípios da Microrregião Leste, que já estão inseridos no complexo do
eucalipto
Apresentação da Microrregião Leste, atual cenário da silvicultura no Estado
de Mato Grosso do Sul, local onde estão concentradas as indústrias e plantações de
eucalipto. Os principais municípios envolvidos na silvicultura, que compõe a
Microrregião Leste são: Água Clara, Brasilândia, Ribas do Rio Pardo, Santa Rita do
Pardo e Três Lagoas.
O município de Água Clara tem renda per capita de R$ 26.966,00. Foi
elevado a distrito pelo decreto lei nº 145, de 29 de março de 1938 e o município foi
criado pela lei nº 676, de 11 de dezembro de 1953. O aniversário da cidade é
comemorado no dia 08 de fevereiro. Tem área de 11.031,117 km² tem população de
14.424 habitantes sendo 7.545 do sexo masculino, 6.879 do sexo feminino, 9.598
habitam o perímetro urbano e 4.826 mil na zona rural. Sua economia gira em torno
da pecuária com o total de 668.244 cabeças, seus principais produtos agrícolas são
borracha, feijão, girassol, mandioca, melancia, milho, soja, sorgo. Conta com
algumas indústrias como Impressão, metalúrgica, minerais não metálicos, móveis,
56
preparação de couro, produtos alimentícios, produtos florestais, madeira, químicos,
automotores (reboque e carrocerias) (SEMAC, 2014).
O município de Brasilândia tem renda per capita de R$19.782,00. Foi
elevado a distrito pela lei nº 1.501, de 12 de julho de 1961 e o município pela lei nº
1.970, de 14 de novembro de 1963. Comemora-se, dia 25 de abril a data de sua
emancipação política. Tem área de 5.806,903 km² tem população de 11.826
habitantes sendo 6.045 do sexo masculino, 5.781 do sexo feminino, 8.013 habitam o
perímetro urbano e 3.813 na zona rural. Sua economia gira em torno da pecuária
com o total de 461.659 cabeças, seus principais produtos agrícolas são amendoim,
banana, borracha, café, cana-de-açúcar, coco-da-baía, feijão, mamão, mandioca,
melancia, milho, soja, sorgo, urucum. Conta com indústrias de bebidas,
combustíveis, confecção, confecção, metalúrgica, minerais, móveis, produtos
alimentícios, produção de madeira, veículos automotores (reboque e carrocerias)
(SEMAC, 2014).
O município de Ribas do Rio Pardo tem renda per capita de R$ 21.777,00.
Foi elevado a distrito pela Resolução nº 856, de 07 de novembro de 1921 e o
município criado pelo Decreto nº 545, de 31 de dezembro de 1943. Comemora-se no
dia 19 de março sua emancipação política. Tem área de 17.308,081 km² tem
população de 20.946 habitantes sendo 10.982 do sexo masculino, 9.964 do sexo
feminino, 12.965 habitam o perímetro urbano e 7.981 na zona rural. Sua economia
gira em torno da pecuária e indústria com o total de 1.104.105 cabeças. Suas
indústrias baseiam-se em confecção, construção de rodovias e ferrovias, impressão
e gravação, diversos, máquinas e equipamentos, metalúrgica, minerais metálicos,
minerais não metálicos, móveis, preparação de couro, produtos alimentícios,
produção florestal, produção de madeira, químicos. Seus principais produtos
agrícolas são abacaxi, banana, borracha, cana-de-açúcar, coco-da-baía, feijão,
laranja, mandioca, melancia, milho, soja, sorgo (SEMAC, 2014).
O município de Santa Rita do Pardo tem renda per capita de R$ 19.292,00.
Em 18 de dezembro de 1.987, pela lei nº 808, foi criado o município de Santa Rita do
Pardo, pelo então governador Marcelo Miranda Soares, ficando o mesmo
pertencendo à comarca de Brasilândia. Tem uma área de 6.143,072 km² tem
população de 7.259 habitantes sendo 3.805 mil do sexo masculino, 3.454 do sexo
feminino, 3.522 habitam o perímetro urbano e 3.737 na zona rural. Sua economia
gira em torno da pecuária com 514.187 cabeças conta também com algumas
57
indústrias celulose papel produtos de papel, confecções, indústria de construção de
edifício, diversos, produtos alimentícios, produção florestal. Seus principais produtos
agrícolas são abacaxi, amendoim, algodão, borracha, cana-de-açúcar, feijão,
mandioca, melancia, soja, urucum (SEMAC, 2014).
O município de Três Lagoas tem renda per capita de R$ 30.122,00. Foi
elevado a distrito pela lei nº 656, de 12 de junho de 1914 e o município criado pela
lei nº 706, de 15 de junho de 1915. Comemora-se, no dia 15 junho sua emancipação
política. Tem área de 10.206,949 km² tem população de 101.791 habitantes sendo
50.523 do sexo masculino, 51.268 do sexo feminino, 97.069 habitam o perímetro
urbano e 4.722 na zona rural. Sua economia gira em torno da indústria. Sua
pecuária conta com 642.607 cabeças, seus principais produtos agrícolas são
abacaxi, banana, cana-de-açúcar, coco-da-baía, laranja, mandioca, melancia, milho,
soja. Suas indústrias são de bebidas, celulose, confecção de roupas, calçados,
artigos para viagem, construção de edifícios, rodovia e ferrovia, impressão e
gravações, máquinas e equipamentos, metalúrgica, minerais não metálicos, móveis
de madeira e metal, preparação de couro, produtos alimentícios, produtos de
borracha e plástico, produção florestal, madeira, produtos químicos, têxteis,
automotores (peças e acessórios, reboques e carrocerias) (SEMAC, 2014).
A seguir, as figuras 6 e 7 mostram plantações de eucaliptos e pinus no
município de Ribas do Rio Pardo.
58
Figura 6 - Plantação de Eucaliptos, BR 262, município de Ribas do Rio Pardo.
A
B
C
Fonte: LABAT, D. Pesquisa de campo, 2015.
59
Figura 7 - Plantação de Pinus, BR 262, município de Ribas do Rio Pardo.
Fonte: LABAT, D. Pesquisa de campo, 2015.
De acordo com (informação verbal) 7, a intenção é manter as plantações
próximas às empresas, reduzindo assim gastos com transporte. As áreas que estão
mais afastadas do raio de 100 Km exigido pelas fábricas estão sendo desativadas, e
exemplo claro disso são as plantações localizadas no município de Dois Irmãos do
Buriti, que está localizado na microrregião do Alto Pantanal, estando em um raio de
aproximadamente 500 km, sendo este o motivo da desativação dessa área.
Os cortes já estão ocorrendo, juntamente com o cancelamento dos contratos
de arrendamento e colocando as propriedades a venda, isso surge como um
exemplo claro da ideia de concentração contrariando possibilidades de expansão
para outros municípios. A tabela a seguir (Tabela 2) representa os municípios com
maior quantidade de área plantada em ha no Estado e pode-se observar que, ainda
que pouco expressiva em termos de representatividade, a área de Dois Irmãos do
Buriti é bem significativa (informação verbal)8.
7
8
- Informação fornecida por entrevistado na empresa Ramires Reflorestamento S/A, 2015.
- Informação fornecida por entrevistado na empresa Ramires Reflorestamento S/A, 2015.
60
Tabela 2 - Área de Florestas Plantadas no Mato Grosso do Sul, 2015.
Colocação
Município
Área Plantada (ha)
Representatividade (%)
1°
Três Lagoas
178.700
24%
2°
Ribas do Rio Pardo
150.550
20%
3°
Água Clara
107.250
14%
4°
Selvíria
59.550
8%
5°
Brasilândia
56.100
7%
6°
Inocência
30.600
4%
7°
Santa Rita do Pardo
20.450
3%
8°
Campo Grande
17.850
2%
9°
Aparecida do Taboado
17.300
2%
10°
Nova Andradina
13.200
2%
11°
Jaraguari
11.300
1%
12°
Dois Irmãos do Buriti
11.250
Fonte: Adaptado de APROSOJA/MS. Sistema FAMASUL (2015).
1%
A seguir, as figuras 8 e 9 mostram a área que está sendo desativada.
Figura 8 - Corte da plantação de Eucaliptos no município de Dois Irmãos do Buriti, BR 262.
A
B
Fonte: GUIMARÃES, V. Pesquisa de campo, 2015.
61
Figura 9 - Desativação da área de Plantações de Eucaliptos no município de Dois Irmãos do Buriti,
BR 262.
A
B
Fonte: GUIMARÃES, V. Pesquisa de campo, 2015.
62
6.3 Aspectos relevantes na comparação entre as Microrregiões Norte e Leste
do Estado
O Estado do Mato Grosso do Sul apresenta quatro fisionomias distintas no
relevo. A parte oriental compreende um relevo alçado e constituído por planaltos,
patamares e chapadões inseridos na Bacia Sedimentar do Paraná (SEMADE, 2015).
Segundo Semade (2015), na localização das microrregiões nota-se que
ambas estão na mesma fisionomia de relevo os Planaltos Arenito Basálticos
Interiores embasados geologicamente nos grupo São Bento e Bauru, como mostram
as figuras 10 e 11.
Figura 10 – Mapa Geológico do Mato Grosso do Sul.
Fonte: SEMAC/MS. Adaptado de SEMADE (2015, p.15), escala sem definição.
63
Figura 11 - Mapa da Geomorfologia do Mato Grosso do Sul.
Fonte: SEMAC/MS. Adaptado de SEMADE (2015, p.17), escala sem definição.
64
Percebe-se que há grande predominância de Latossolos, Areias Quartzosas
e Podzólicos não havendo muitas diferenças entre as microrregiões, o que significa
que é viável em termos pedológicos a implantação de florestas plantadas com
culturas exóticas como o eucalipto, como se observa na (Figura 12).
Figura 12 - Mapa Pedológico do Mato Grosso do Sul.
Fonte: SEMAC/MS. Adaptado de SEMADE (2015, p.20), escala sem definição.
Entre os fatores que ajudaram a negociar e consolidar a instalação de
grandes indústrias em Três Lagoas está o pacote de incentivos fiscais estaduais
para atrair novas indústrias para o Estado de MS. O município também criou leis
para atrair empresários, como a lei nº1429/97 de 24 de Dezembro de 1997,
garantindo a isenção do pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU),
referentes ao empreendimento pelo prazo de cinco anos. A lei permite também a
cessão de comodato de área no distrito industrial, conforme necessidade da
empresa, com posterior escrituração quando no término do proposto (XAVIER et al.
apud MESQUITA, 2014, p.30).
É interessante citar também outro atrativo, que levou estas indústrias a
escolherem Três Lagoas para se implantarem, o fato desta ser autossuficiente em
65
energia elétrica, dispondo de uma usina hidrelétrica a Engenheiro Souza Dias, Jupiá
que produz 1.560.000 KW, aliado a uma termoelétrica que produz 252 MW
abastecida por ramal de gás natural, por meio do Gasoduto Bolívia-Brasil, que passa
dentro de Três Lagoas, consolida eficiência energética que garante a produção de
qualquer empresa. Está em fase de ampliação e deverá aumentar sua potência para
360 MW com mais duas turbinas geradoras (XAVIER et al. apud MESQUITA, 2012).
Porém estas grandes empresas precisam de energia apenas para iniciar
suas atividades, pois suas caldeiras podem ser autossuficientes a partir da queima
da biomassa de eucalipto e ainda gera excedente, que pode ser vendido para as
concessionárias de energia, sendo também considerado um subproduto do
eucalipto. A quantidade de megawatts produzidos por uma empresa do porte da
Eldorado Celulose S/A pode gerar energia para si própria e fornecer para uma
cidade de aproximadamente 1,0 milhão de habitantes (informação verbal)9.
Sem dúvida nenhuma, os fatores que fizeram com que empresários
migrassem para Três lagoas foram a riqueza de recursos naturais, água potável em
abundância, solo bom e fértil, clima estável sem grandes variações, localização
privilegiada e estratégica; ainda fazendo divisa com estado de São Paulo, Três
Lagoas se encontra no entroncamento com diversas rotas de distribuição logística,
rodoviária, ferroviária, hidroviário, somada aos incentivos fiscais (XAVIER et al. apud
MESQUITA 2014).
A microrregião Norte localiza-se em área menos privilegiada com relação ao
escoamento da produção, mas conta com a rodovia 163 e ferrovia Ferronorte de
bitola larga em boas condições que podem ser utilizadas (MATO GROSSO DO SUL,
2010b).
9
- Informação fornecida por entrevistados das empresas Eucalipto Brasil S/A, Ramires Reflorestamentos S/A e
REFLORE-MS, 2015.
66
Dentro destes comparativos, destaca-se também a renda per capita das
duas microrregiões, conforme tabela 3.
Tabela 3 - Renda per capita dos municípios das microrregiões em estudo.
Microrregião
Município
Renda per capita
Alcinópolis
R$ 23.355,00
Camapuã
R$ 17.518,00
Coxim
R$ 15.488,00
Figueirão
R$ 19.137,00
Paraíso das Águas
Sem informações
Pedro Gomes
R$ 16.516,00
Rio Verde de Mato Grosso
R$ 13.123,00
Sonora
R$ 18.672,00
Norte
Média
Leste
R$ 17.687,00
Água Clara
R$ 26.966,00
Brasilândia
R$ 19.782,00
Ribas do Rio Pardo
R$ 21.777,00
Santa Rita do Pardo
R$ 19.292,00
Três Lagoas
R$ 30.122,00
Média
R$ 23.587,80
Fonte: Adaptado de SEMAC (2015).
Em comparação com as outras microrregiões para a viabilidade de
instalação de indústrias o governo deveria promover incentivos fiscais, mas quanto à
localização geográfica as microrregiões estão bem distantes dos principais centros
consumidores que estão situados na região Sudeste, elas fazem divisa com os
estados de Mato Grosso e Goiás, o que não significa que a região deve permanecer
estagnada, e sim, que esta deve ser estudada e planejada para que possa se
desenvolver como o restante do estado.
Segundo Mato Grosso do Sul (2010a, vol. II p.18):
Num planejamento em médio prazo (5 a 10 anos) o Estado do Mato Grosso
do Sul precisa privilegiar um processo de diversificação da base econômica,
novos produtos e principalmente agregando valor as matérias-primas aqui
produzidas.
67
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Mato Grosso do Sul tem um grande potencial para a produção de florestas
plantadas, tanto que sofreu um impacto no aumento de sua área plantada devido à
instalação de empresas de papel e celulose na Microrregião Leste, o que alavancou
a economia da região e de outras partes do estado com a produção de carvão
vegetal e outros produtos derivados de madeira e também produtos florestais não
madeireiros.
Pode-se dizer que o setor florestal ainda tem muito a expandir em termos
sociais, econômicos e ambientais. Dentre as atividades econômicas, a silvicultura é
talvez a que apresente maior potencial de contribuição para a diversificação
econômica do Estado.
Com este vasto potencial é importante lembrar que também existem outras
áreas além da Microrregião Leste que poderiam receber indústrias de base florestal,
como por exemplo, a Microrregião Norte. Embora exista uma grande preocupação
das empresas com relação à logística e transporte, vale lembrar que uma boa
infraestrutura, como reforma das estradas vicinais e duplicação das rodovias
principais, melhorias na saúde e educação, moradia e apoio por parte dos órgãos
públicos pode servir de grande base atrativa para as empresas se instalarem e com
isso trazer muitos benefícios para municípios outrora esquecidos e deixados de lado.
Diante dos estudos e comparações realizadas, o Mato Grosso do Sul tem
muito a ganhar em desenvolvimento com as instalações de tais indústrias em seu
território, mas é fundamental que o governo seja receptivo e trabalhe junto com as
empresas em busca de melhorias.
Em primeiro lugar é necessário a realização de pesquisas na área,
levantamento e coleta de dados para que estes possam ser atualizados, pois hoje,
existe uma grande dificuldade e empecilho por falta de dados concretos e
atualizados, os próprios registros oficiais encontram-se defasados, principalmente os
dados em relação à silvicultura do Estado que se expandiu de forma muito rápida,
exemplo claro é o último Plano Florestal que é de 2009 e cita o ano de 2008 sendo
que neste ano a plantação de eucaliptos era de 265.254 ha e atualmente são 800
mil ha.
É necessário que os municípios que possuem as empresas já implantadas,
sejam reorganizados e reestruturados, e que os municípios sugeridos, sejam
68
planejados para receberem com o mínimo de impactos ambiental e social, e o
máximo de aproveitamento.
Não se deve deixar de lado a parte ambiental, a cobrança dos órgãos deve
ser sempre rígida, e com as técnicas de manejo adequadas é possível um
desenvolvimento sustentável para o Estado, que reutilize suas áreas já degradadas
e traga bons retornos para uma região do estado que precisa ser vista com olhares
promissores, a Microrregião Norte com seus municípios carentes e esquecidos.
Esta microrregião já tem o solo frágil e degradado, e o uso do eucalipto
nesta área poderia servir de proteção, uma vez que acabaria por segurar e o manter
firme devido ao seu tempo de corte ser maior, o que não ocorre em outras
monoculturas com ciclos menores que fragilizam ainda mais este solo, além da
pastagem que também pode ser considerada nesta região como não própria, uma
vez que com o pisoteio do gado a terra fica solta, sendo assim o eucalipto serviria de
proteção e recuperação em termos ambientais para esta microrregião.
E no contexto geográfico, a ideia deste trabalho foi a de expandir o que se
tem em grande quantidade em uma localidade onde atualmente pela forma que o
processo se iniciou, sem planejamento, existe caos de ordem ambiental e
paisagístico que deve ser controlado e reconstruído, para uma região que está
estagnada, e que possui uma gama de recursos que podem ser utilizados para tais
fins.
69
8 CONCLUSÃO
O Norte do Estado tem condições físicas, climáticas e ambientais para
receber de forma planejada as florestas de eucalipto, indústrias de transformação,
trazendo novidades, e oportunidades de desenvolvimento para uma possível
abertura de novos olhares e cenários para esta região.
Deve-se, então, distribuir as plantações para a Microrregião Norte, criando
não somente uma empresa que consumirá esta matéria-prima, mas sim também
várias empresas de pequeno e médio porte, vistas à diversificação da produção,
uma vez que o eucalipto está atualmente presente na vida da população com sua
grande variedade de produtos como muitos já foram citados, e outras de pequeno
porte como, prendedores de roupas, palitos de dentes, lápis, palitos de sorvete (os
mesmos também podem ser utilizados no ramo da estética), e uma infinidade de
outros produtos que estão presentes no dia-a-dia sem lhes ser notada tamanha
importância.
É possível transformar esta região em um pólo de produtos madeireiros com
indústrias de pequeno porte, que abasteçam os mercados local e nacional e que
tenham seus produtos figurando no mercado internacional; diante da relevância do
tema, ele merece ser objeto de futuras pesquisas.
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