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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL CAMPUS DE AQUIDAUANA/MS CURSO DE GEOGRAFIA - BACHARELADO DORALICE DA ROCHA SILVA LABAT O EUCALIPTO NO MATO GROSSO DO SUL, SUBSÍDIOS PARA A DIVERSIFICAÇÃO EM NOVOS CENÁRIOS PRODUTIVOS: A região Norte do MS. AQUIDAUANA/MS 2015 DORALICE DA ROCHA SILVA LABAT O EUCALIPTO NO MATO GROSSO DO SUL, SUBSÍDIOS PARA A DIVERSIFICAÇÃO EM NOVOS CENÁRIOS PRODUTIVOS: A região Norte do MS. Monografia apresentada à Coordenação do Curso de Geografia – Bacharelado, da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul/CPAq como requisito de avaliação da disciplina Trabalho de Graduação II sob Orientação do Prof. Dr. Valter Guimarães. AQUIDAUANA/MS 2015 BANCA EXAMINADORA ___________________________________________ Prof. Dr. Valter Guimarães. Presidente ________________________________________ Prof. Msc. Édla Gonçalves Lopes dos Santos Membro __________________________________________ Prof. Msc. Waleska Souza Carvalho Santana Membro DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a meus pais Raimundo Correia da Silva (in memorian) e Maria Célia da Rocha Silva, sei que se sentem (no caso de meu Pai, se sentiria) honrados em saber que venci esta batalha, a meu marido Mizael que foi a minha inspiração para ser Geógrafa, a minha filha Ester que é minha vida, ambos foram sacrificados pelo meu objetivo de finalizar o curso e me formar, tendo sido obrigados a ficarem separados por um longo período, passando tempos angustiantes de saudade e solidão, a meus irmãos e em especial a Maximiliano e Wallace, por saber que estão torcendo por mim e posso contar com eles sempre que precisar, também dedico a todos os amigos que torceram por mim, especialmente a Jossiane e Maria Izabel, amigas queridas e companheiras, aos amigos que me ajudaram nesta trajetória, que seguraram minhas “mãos” em palavras, pensamentos e orações, me fizeram acreditar na capacidade que eu tinha para concluir esta pesquisa, aos professores que se dedicaram em me ajudar, e em especial a meu Orientador Valter Guimarães que me ensinou o caminho das pedras para que eu pudesse construir o “meu castelo”. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, pela vida que me deu, por me manter de pé até o presente momento, por ter me dado força e coragem de chegar até aqui; agradeço a meus pais Raimundo e Maria Célia por seus ensinamentos e convivência, pela educação e dedicação; a meu marido Mizael que foi a pessoa que me influenciou a fazer um curso de graduação e especificamente foi a pessoa que me ensinou a gostar da Geografia, me fez acreditar que eu seria capaz, me deu suporte e estrutura para estudar, se sacrificou em vários momentos para que eu chegasse onde estou; a minha filha que mesmo sendo tão nova está aqui comigo sendo minha companheira, se privando dos momentos preciosos ao lado de seu papai e das brincadeiras de criança compatíveis com sua idade; aos meus irmãos Maximiliano e Wallace que têm me ajudado muito e sei que posso contar sempre que necessitar; agradeço aos professores que contribuíram para minha formação até o presente momento, em especial, a meu Orientador Valter Guimarães, por sua paciência e disposição em me ajudar; aos que me receberam nas minhas idas a campo, dispondo de seu tempo para colaborarem com minha pesquisa e deixando as portas abertas para qualquer dúvida minha; agradeço a minha amiga Jossiane que foi minha companheira mesmo de longe, me dando apoio e mostrando sempre estar ali para me ouvir e me fazer companhia nos momentos em que me sentia sozinha; a minha amiga Maria Izabel por tudo que fez e tem feito por mim nestes meses; sou grata aos verdadeiros amigos que entraram na batalha junto comigo me segurando e me dando suporte nos momentos que precisei; aos amigos Cleiton e Elias que se empenharam em me ajudar na reta final deste trabalho; ao casal Evaldo e Eliane que me receberam em sua casa e que cuidaram de minha filha nos momentos que necessitei; a todos que contribuíram para minha formação. RESUMO O presente trabalho faz uma comparação entre as Microrregiões Leste, que é a atual área de concentração do polo florestal e Microrregião Norte, que é a área sugerida para a expansão do Eucalipto no Estado de Mato Grosso do Sul, visando a sugestão de um novo cenário baseado na diversificação da silvicultura e seus produtos. Destacam-se temas que dificultam o processo de expansão das Florestas Plantadas para outras regiões, tanto no que diz respeito aos interesses empresariais, políticos, logísticos e de infraestrutura, enfatizando as necessidades do Estado para reestruturar a Microrregião Leste onde o Eucalipto foi implantado inicialmente de forma desorganizada, quanto o que precisa para se expandir e chegar ao local sugerido de forma planejada, com o mínimo de impacto e o máximo de aproveitamento. Palavras Chave: Silvicultura, Desenvolvimento Regional, Microrregião Norte. ABSTRACT This work makes a comparison between the East Micro-region of Mato Grosso do Sul, which is the current area of forest pole concentration and the North Micro-region, which is the suggested area to expand Eucalyptus tree in state, aiming at the suggestion of a new scenario based on the forestry diversity and its products. It is pointed out themes that hamper the process of expansion of Planted Forests to other regions, regarding to corporate, politics, logistic and infrastructure interests, emphasizing the state necessities to restructure the East Micro-region where Eucalyptus trees were initially introduced under a disorderly way. And also what is needed to be expanded and to get to the suggested site in a planned manner, with the least impact and the most harnessing. Keywords: Forestry, Regional Development, North Micro-region. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Localização da Microrregião de Três Lagoas ........................................... 24 Figura 2 - Localização das unidades industriais das empresas de celulose no município de Três Lagoas ......................................................................................... 26 Figura 3 - Mapa Limites, Linha de Fronteira e Centros Urbanos de Mato Grosso do Sul........ ..................................................................................................................... 50 Figura 4 - Mapa de Localização Geográfica da Região Norte no Mato Grosso do Sul e outras Regiões. ...................................................................................................... 51 Figura 5 - Avaliação do Potencial dos Recursos Naturais do Mato Grosso do Sul. .. 52 Figura 6 - Plantação de Eucaliptos, BR 262, município de Ribas do Rio Pardo........ 58 Figura 7 - Plantação de Pinus, BR 262, município de Ribas do Rio Pardo............... 59 Figura 8 - Corte da plantação de Eucaliptos no município de Dois Irmãos do Buriti, BR 262. ..................................................................................................................... 60 Figura 9 - Desativação da área de Plantações de Eucaliptos no município de Dois Irmãos do Buriti, BR 262. .......................................................................................... 61 Figura 10 - Mapa Geológico do Mato Grosso do Sul. ............................................... 62 Figura 11 - Mapa da Geomorfologia do Mato Grosso do Sul. ................................... 63 Figura 12 - Mapa Pedológico do Mato Grosso do Sul............................................... 64 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Consumo de água por hectare do eucalipto em relação a outras culturas...................................... ................................................................................ 30 Tabela 2 - Área de Florestas Plantadas no Mato Grosso do Sul, 2015. .................... 60 Tabela 3 - Renda per capita dos municípios das microrregiões em estudo .............. 66 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Ranking do plantio de Eucalipto nos Estados brasileiros em 2011.........27 Gráfico 2 - Evolução das áreas de Florestas Plantadas em ha no Mato Grosso do Sul entre os anos de 2006 e 2013 ............................................................................35 Gráfico 3 - Consumo de Eucalipto em m³ no MS......................................................36 LISTA DE SIGLAS ABIMÓVEL - Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário ABIPA - Associação Brasileira da Indústria de Painéis de Madeira ABPO - Associação Brasileira de Papelão Ondulado ABRAF - Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas AGU - Advocacia Geral da União BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social CPEF – Companhia Paulista de Estrada de Ferro EGP - Edge Glued Panel EIA – Estudo de Impacto Ambiental IBÁ – Instituto Brasileiro de Árvores IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IP - International Paper IPLAN/ MS – Instituto de Estudos Planejamento de Mato Grosso do Sul MDF - Medium Density Fiberboard MDL- Mecanismo de Desenvolvimento Limpo PAR - Pasta de Alto Rendimento PDR – Plano de Desenvolvimento Regional PDTUR – Plano de Desenvolvimento Turístico PFM – Produto Florestal Madeireiro PFNM - Produto Florestal Não Madeireiro RIMA – Relatório de Impacto Ambiental SBS – Sociedade Brasileira de Silvicultura SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SEMAC – Secretaria de Estado de Meio Ambiente SEMADE – Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico SEPROTUR - Secretaria de Estado Desenvolvimento Agrário da produção da Indústria do Comércio e Turismo SFB – Serviço Florestal Brasileiro SIF – Serviço de Investigações Florestais VCP - Votorantim Celulose e Papel ZEE – Zoneamento Ecológico Econômico SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 15 1.1 Objetivos.............................................................................................................17 2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 18 2.1 Origens do Eucalipto e sua introdução no Brasil .......................................... 18 2.2 O papel da Companhia Paulista de Estrada de Ferro na trajetória do Eucalipto no Brasil ........................................................................................... 22 2.3 Florestas plantadas no Mato Grosso do Sul ................................................... 23 2.4 Eucalipto e meio ambiente ............................................................................... 27 3 METODOLOGIA .................................................................................................... 33 4 DIFERENTES USOS DO EUCALIPTO NO MATO GROSSO DO SUL ................ 34 4.1 Principais derivados do eucalipto ................................................................... 37 4.1.1 Papelão ondulado........................................................................................... 38 4.1.2 Siderurgia a carvão vegetal ........................................................................... 38 4.1.3 Produtos de madeira sólida .......................................................................... 38 4.1.4 Madeiras serradas .......................................................................................... 39 4.1.5 Compensados ................................................................................................. 39 4.2 Produtos de Maior Valor Agregado (PMVAs) .................................................. 40 4.2.1 Portas .............................................................................................................. 40 4.2.2 Molduras ......................................................................................................... 40 4.2.3 EGP (Edge Glued Panel) ................................................................................ 41 4.2.4 Pisos ................................................................................................................ 41 4.2.5 Painéis reconstituídos ................................................................................... 41 4.2.6 Aglomerados .................................................................................................. 41 4.2.7 Chapas duras .................................................................................................. 41 4.2.8 MDF (Medium Density Fiberboard) ............................................................... 42 4.2.9 Móveis ............................................................................................................. 42 4.3 Produtos Florestais Não Madeireiros (PFNMs) .............................................. 43 5 OPORTUNIDADES E DESAFIOS DAS INDÚSTRIAS DE FLORESTAS PLANTADAS ........................................................................................................ 46 6 CARACTERIZAÇÃO DE MUNICÍPIOS QUE PODEM SER BENEFICIADOS COM A EXPANSÃO DO PARQUE INDUSTRIAL NA DIVERSIFICAÇÃO DOS PRODUTOS FLORESTAIS ............................................................................................. 50 6.1 Municípios da Microrregião Norte ................................................................... 52 6.2 Municípios da Microrregião Leste, que já estão inseridos no complexo do eucalipto ....................................................................................................... 55 6.3 Aspectos relevantes na comparação entre as Microrregiões Norte e Leste do Estado........................................................................................................... 62 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 67 8 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 69 9 REFERÊNCIAS.......................................................................................................70 15 1 INTRODUÇÃO O Brasil está se destacando em suas plantações de eucalipto, em uma época que questões ambientais estão cada vez mais fortes e difundidas no consciente mundial (MARTINI, 2004). Embora as preocupações com o meio ambiente datem de séculos atrás, atualmente nota-se uma grande evolução neste quadro, uma vez que os recursos naturais já sofreram grandes impactos, necessitando de meios alternativos para que as gerações futuras possam continuar usufruindo de recursos que tempos atrás eram considerados inesgotáveis (MATO GROSSO DO SUL, 2010a). As questões ambientais estão sendo colocadas em âmbito mundial, e com todos os recursos da atualidade a difusão dos assuntos e interesses relacionados ao meio ambiente é muito importante. O eucalipto entra nesta questão dividindo opiniões a seu respeito, críticas e dúvidas são levantadas e vários estudos estão contribuindo para uma relação que possa unir a harmonia das questões ambientais e econômicas (VITAL, 2007). Segundo Martini (2004), suas origens Australianas não lhe impedem de ser referência em outro país, e isso acontece no Brasil, onde o eucalipto se adaptou bem em seu solo altamente produtivo e está rendendo grandes lucros, podendo ser considerado número um na fabricação de Celulose e Papel, além de outras variedades de produtos que o utilizam como matéria-prima. Mas por que o Brasil não utiliza suas riquezas para estas produções? De acordo com Martini (2004), vários testes foram realizados durante anos no Brasil, primeiramente pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro, onde o engenheiro agrônomo Edmundo Navarro de Andrade dedicou anos de sua vida a estudar as plantas que pudessem ser utilizadas como opção para o reflorestamento, na época o intuito não era por questões ambientais e sim para fins comerciais, para ser utilizado na indústria, de todos os testes, o Eucalipto (Eucalyptus) foi o que melhor adequou-se, seu rápido crescimento juntamente com a qualidade de seus produtos na fabricação de postes, dormentes e lenhas ficou comprovado, o que se comparando a espécies nativas, onde algumas até se aproximavam na qualidade, mas deixavam a desejar no seu tempo de corte, alguns levavam até 150 anos para poder atingir o tempo de corte, enquanto que o eucalipto leva em média sete a quinze anos. 16 O eucalipto então começa a ganhar força com suas plantações no Estado de São Paulo para fins comerciais, o que antes era utilizado apenas para fins paisagísticos. Sua ascensão no Brasil começa em meados de1904, onde se iniciam os estudos e plantações que seriam utilizadas e testadas na ferrovia, fora do Brasil alguns países já faziam uso do mesmo para fins comerciais (MATO GROSSO DO SUL, 2010a; MARTINI, 2004). Desde então, o Brasil, um país tão rico em florestas está utilizando uma planta exótica para fins comerciais e para abastecer o mercado mundial de produtos à base de eucalipto (SBS, 2008). Neste contexto, trata-se de uma alternativa sustentável que disputa lugar com as florestas nativas, plantações de gêneros alimentícios e atividades agropecuárias (MATO GROSSO DO SUL, 2010a). A grande procura pelos produtos à base de eucalipto está por toda parte, é impossível dizer que algum ser humano não dependa deste para sobreviver, e se não existissem tais meios, quem estaria pagando caro seriam as matas e florestas nativas, pois desde o início da civilização a madeira é utilizada e consumida em grande quantidade (MARTINI, 2004). O Estado de Mato Grosso do Sul se inseri neste contexto e com isso tem conseguido receber grandes incentivos, além de uma série de benefícios baseados em seus lucros com as plantações nos municípios onde o eucalipto está se concentrando. Por isso, torna-se relevante a necessidade da realização de uma pesquisa na cadeia produtiva do eucalipto e na sua expansão pelo Estado como uma forma de levantamento de dados e análise da contribuição socioeconômica desta produção. Com toda esta representatividade e força pelas quais as florestas plantadas se inserem no Mato Grosso do Sul, a escolha deste tema para ser pesquisado foi baseada em esclarecer os motivos e benefícios que o Estado está tendo em relação às plantações. Neste sentido, saber se está sendo utilizado apenas para o plantio e se este plantio está trazendo desenvolvimento, com a implantação de indústrias, geração de empregos e outras vantagens que podem ser obtidas através da silvicultura. No decorrer deste trabalho os capítulos irão apresentar a origem do eucalipto e sua introdução no Brasil; o Eucalipto no Mato Grosso do Sul; a relação entre Eucalipto e meio ambiente; a metodologia utilizada; os diferentes usos do Eucalipto no Estado e seus principais derivados; as oportunidades e desafios das 17 indústrias de florestas plantadas no MS; a caracterização dos municípios que podem ser beneficiados com a expansão do parque industrial na diversificação dos produtos de base florestal; considerações finais; conclusão e referências. 1.1 Objetivos Este trabalho teve por objetivo geral analisar os principais desafios enfrentados pela indústria de florestas plantadas no Estado de Mato Grosso do Sul sugerindo a descentralização espacial para novos municípios com disponibilidade produtiva. E, como objetivos específicos: Comentar a relação entre eucalipto e meio ambiente; Identificar os diferentes tipos de uso do eucalipto no Estado de Mato Grosso do Sul, conhecer os principais derivados utilizados e onde estão sendo empregados; Comentar os principais desafios que as indústrias de florestas plantadas estão tendo para se desenvolverem no Estado; Sugerir municípios com rendas per capita mais baixas e que podem ser utilizados como centros industriais; Sugerir região do Estado como proposta no processo de descentralização de novos espaços produtivos. 18 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Origens do Eucalipto e sua introdução no Brasil A origem do nome Eucalipto vem do Grego (eu=bem, Kalipto=cobrir) referese à estrutura globular arredondada de seu fruto. Pertence à família das Mirtáceas e é nativo da Austrália, cuja área ocupada pelo eucalipto é de 90%, formando densos maciços florestais nativos. Existem, cerca de 670 espécies, e apenas duas delas, Eucalyptus urophilla e Eucalyptus deglupta, tem ocorrência fora do território australiano. Além do elevado número de espécies, existe um grande número de variedades e híbridos (MARTINI, 2004). Segundo Andrade (apud Martini, 2004, p.60), por volta de 1774, o eucalipto teria sido introduzido na Europa, e em 1778 foi descrito pela primeira vez pelo botânico francês L’Héritier de Brutelle, no Sertum Anglicum, em Paris, utilizando-se do material recolhido em expedições na Austrália. Até a metade do século XIX, o eucalipto esteve figurado apenas em coleções de alguns jardins botânicos, sem nenhuma importância comercial. Na Índia, as primeiras plantações ocorreram em 1843 e, por volta de 1856, já havia povoamentos de eucaliptos bem desenvolvidos. Na África do Sul, as primeiras experiências com eucaliptos ocorrem em 1828, na Colônia do Cabo. Os primeiros ensaios na Europa visando à produção comercial datam de 1854. Em 1863 foi introduzido na Espanha e, em 1869 na Itália. Na América do Sul, talvez o Chile tenha sido o primeiro país a introduzir o eucalipto, em 1823; é difícil determinar com segurança, a data de introdução do eucalipto no Brasil. Até algum tempo atrás, acreditava-se que os primeiros plantios aconteceram no Rio Grande do Sul, em 1868, por Frederico de Albuquerque. Tal pioneirismo é questionado, uma vez que, em 1869, chegara a Paris uma correspondência do próprio Frederico, solicitando sementes de eucalipto, dizendo que realizaria tentativas de introdução no Brasil (MARTINI, 2004). Por sua vez, Sampaio (apud Martini, 2004, p.60) destaca que existiam cartas nos arquivos da Societé Imperiale Zoologique D’Aclimatation de Paris, onde ficavam comprovados esses plantios, por Frederico, o qual, em 1870, confirmava que os havia plantado em dezembro de 1868, e que de todos os vegetais que introduzira no país, aquele mais útil se revelara era sem dúvida, o eucalipto, mencionando como plantadas as espécies glóbulus, amygdalina e polyanthemos. 19 Outros autores registram a entrada das primeiras sementes de eucaliptos no Rio Grande do Sul em 1865, recebidas de Montevidéu por intermédio do deputado Coronel Felipe de Oliveira Néri (SAMPAIO apud MARTINI, 2004, p.61). No ano de 1868, o Tenente Pereira da Cunha plantou alguns exemplares na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro. O acadêmico Osório Duque Estrada afirmou que, em 1875, na antiga propriedade de seu pai, mais tarde transformada em Sanatório da Gávea, havia exemplares de Eucalyptus globulus que, pelo seu porte gigantesco, não deviam contar menos que vinte anos, o que faz recuar a data de sua introdução no Brasil para 1855 (MARTINI, 2004). De acordo com Rodrigues (apud Martini, 2004, p.61) em seu “Hortus Fluminensis”, Frei Leandro do Sacramento, diretor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, entre 1824 e 1829, foi o pioneiro no plantio de eucaliptos no Brasil, ao plantar dois exemplares de Eucalyptus gigantha, na parte posterior do jardim, tais árvores constam no Catálogo das Plantas Cultivadas no Jardim Botânico. O Estado de São Paulo também foi um dos precursores no plantio. O Vigário de São Paulo, José Tenório da Silva teria plantado um exemplar de Eucalyptus globulus, na Chácara da Cachoeira, município de Amparo, entre 1861 e 1867, até o princípio do século XX; foi com propósitos paisagísticos que o eucalipto foi plantado. A Companhia Paulista, através de Navarro foi quem começou a plantá-lo para fins comerciais e em grande escala (MARTINI, 2004). As experiências começaram e os primeiros exemplares foram tirados de uma árvore de dezessete anos e colocados na linha de bitola larga em julho de 1906. Os dormentes duraram nove anos e cinco meses. No período de 1906 a 1913, a Paulista colocou nas suas linhas 654 dormentes de eucaliptos, tendo resultado com pouco valor por não saber de quais espécies de eucaliptos eram, tiveram uma média de mais de seis anos, sendo alguns retirados com onze anos e três meses (MARTINI, 2004). Era um começo promissor. Em 1908 ficaram prontos os trabalhos no Horto de Jundiaí. O terreno adquirido pela companhia, com superfície de 102 hectares (ha), havia sido todo arborizado com essências florestais de reconhecido valor, em número de 40 mil exemplares, dos quais 32 mil de eucaliptos e 8 mil de outras essências, indígenas e exóticas (MARTINI, 2004). De acordo com Martini (2004), possuindo a Paulista um terreno de 26 ha, próximo à estação de Boa Vista, e outro de 35 ha, em São Bento, em ambos haviam 20 sido iniciados os trabalhos para a formação de florestas de eucaliptos, estando já feita a plantação de 20 mil exemplares da referida essência, assim a Companhia já tinha plantado naquela época em seus hortos, 60 mil exemplares de essências de valor, especialmente escolhidas para a produção de lenhas e dormentes (MARTINI, 2004). Concluídos os trabalhos no horto de Jundiaí e verificadas as condições peculiares à plantação e ao desenvolvimento das essências experimentadas, reconheceu a diretoria da Paulista a conveniência de empreender em larga escala a cultura de eucaliptos, como sendo a espécie que reunia as melhores qualidades para o fornecimento de lenhas e dormentes, recomendando-o pelo seu prodigioso vigor e rapidez de seu crescimento (MARTINI, 2004). Martini (2004) afirma que, Navarro reconheceu que a madeira do eucalipto era pesada, compacta, de grande tenacidade e duração, concorrendo com esta última qualidade não só a densidade de sua textura, como também a grande quantidade de sucos taninosos que impregnavam os tecidos e as gomas resinosas que encerravam as suas células. Projeções feitas por Navarro no ano de 1909 diziam que o serviço florestal empreendido pela Paulista custaria cerca de 30 mil contos de réis por ano, efetuando-se no mesmo período a plantação de 100 mil eucaliptos, em média (MARTINI, 2004). A proposta era solucionar o caso particular da Companhia Paulista de Estrada de Ferro (CPEF) e uma das críticas de Navarro era de que enquanto a CPEF estudou e resolveu o seu problema, os órgãos públicos responsáveis pelo trabalho de reflorestamento nada fizeram objetivamente (MARTINI, 2004). Segundo Andrade (apud Martini, 2009, p.66) o governo não consentiu que a despesa com a cultura florestal figurasse no custeio das linhas férreas, nem entrasse na formação do respectivo capital para os efeitos contratuais, foi necessário sujeitá-la a um regime específico, constituindo-se para isso, um fundo especial. Isto tornava o novo departamento inteiramente independente do serviço ferroviário, agora sob a denominação de Serviço Florestal. A partir deste momento, a CPEF passou a dar mais atenção à cultura florestal, visando não somente o abastecimento de suas linhas, mas a possibilidade de explorar industrialmente e em larga escala o comércio de madeira de construção (MARTINI, 2004). 21 Navarro sofreu grande pressão contra o eucalipto por parte da imprensa e por parte de nacionalistas. Dizia-se que essa espécie não era útil, que sua lenha não produzia o calor necessário para as fornalhas, e que, pelo pouco espaçamento dado entre as plantas, a CPEF teria sempre uma “floresta de cabos de vassoura”, que não era conveniente plantar uma essência exótica quando se havia tantas essências nacionais (SAMPAIO apud MARTINI, 2009, p.67). Nessa época, Navarro já havia determinado que o Eucalyptus tereticornis era a melhor espécie para as terras médias do Estado de São Paulo e o Serviço Florestal da CPEF sempre procurou auxiliar as pessoas que, em todo o país, se dispunham a plantar Eucalyptus (MARTINI, 2004). Como não visava somente fins comerciais e pretendia difundir a cultura do eucalipto, a CPEF passou a vender as sementes a preços reduzidos. Havia a preocupação em dar suporte e sanar dúvidas dos agricultores. Em 1921 começa a eletrificação das linhas férreas, sendo utilizados postes a partir de eucaliptos de quinze anos, tendo sido retirado o último deles com vinte anos e dez meses (MARTINI, 2004). Os resultados das experiências fizeram com que o engenheiro Francisco de Monlevade determinasse a execução de testes com a lenha dos eucaliptos nas locomotivas a vapor da CPEF, verificando-se que o respectivo efeito útil era superior ao da lenha comum em 20%, sobretudo nas locomotivas de trens de carga, em que o resultado observado excedeu a toda expectativa (MARTINI, 2004). Concluiu-se que a espécie Eucalyptus saligna era menos exigente quanto ao solo que a tereticornis, podendo ser plantada em terrenos pobres. Produzia maior quantidade de lenha, mas sua madeira era mais fraca e não prestava para outras finalidades, como postes, dormentes, madeira de construção, etc. Conseguiu Navarro provar, em 1925, que o Eucalyptus saligna era a espécie de melhor resultado na transformação em celulose para a fabricação de papel. Demonstrou também que o eucalipto prestava para outros fins: 10 metros cúbicos (m³) de lenha rendiam 1 tonelada de carvão (MARTINI, 2004). Segundo Martini (2004), com a colaboração do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado, Navarro determinou as características das madeiras das várias espécies econômicas de eucaliptos, o trabalho buscava a obtenção de novos tipos de eucaliptos, economicamente mais vantajosos, levando-se em conta os seguintes fatores: 22 Aumento na uniformidade dos maciços; Redução no número de falhas de árvores dominadas; Maior produção de lenha por área; Maior adaptação regional; Obtenção de tipos melhorados para as seguintes facilidades: postes e dormentes; carvão de maior densidade e carvão de gasogênio; madeira leve e resistente para caixas; madeiras de fibras mais longas para papel. Aumento da resistência às pragas e moléstias. Navarro morreu em 1941 após ter sido responsável pelo plantio de cerca de 24 milhões de árvores para o Serviço Florestal da CPEF. Armando Navarro Sampaio, seu sobrinho, daria continuidade ao seu trabalho (MARTINI, 2004). Navarro viajou para diversos países durante seu trabalho, buscando novas experiências; ganhou prêmios e medalhas por suas pesquisas e ficou reconhecido internacionalmente. Antes de morrer, recebeu a “Medalha Meyer”, conferida pelo Conselho de Associação Americana de Genética, e que segundo Sampaio (apud Martini, 2004, p.99), até então havia sido entregue dezessete vezes, e apenas quatro para cientistas não norte-americanos, esta medalha lhe foi concedida por todo o trabalho realizado ao longo dos anos e pela introdução em escala comercial do eucalipto no Brasil. 2.2 O papel da Companhia Paulista de Estrada de Ferro na trajetória do Eucalipto no Brasil Segundo Martini (2004), a rede ferroviária de São Paulo foi construída em função da cultura cafeeira, e em 30 de abril de 1850 foi inaugurado o primeiro trecho ferroviário no país. Começou a ser projetada em 1855, ligando Santos a São Paulo e esta ao interior. Sua construção inicia-se em 1860, em 1865 a linha atingia São Paulo e no ano seguinte chegava a Jundiaí, num total de 140 quilômetros (km) sendo chamada de “São Paulo Railway”. A ferrovia propiciou o surgimento de novas empresas, e seus trilhos retalhavam todo território paulista, com a movimentação da elite surge a Companhia Paulista de Estradas de Ferro, sendo conhecida como Paulista. Os trabalhos de construção da estrada foram iniciados em 15 de março de 1870, inaugurando o trecho de Jundiaí a Campinas em 11 de agosto de 1872, a ferrovia foi tão importante para o estado de São Paulo que algumas de suas regiões ficaram conhecidas pelos nomes das ferrovias que as serviam. O elevado consumo de lenha usada para tração de suas locomotivas levou a Companhia Paulista a preocupar-se com o desmatamento até então provocado (MARTINI, 2004). 23 Logo se cria o Programa Florestal da Paulista onde foi contratado o engenheiro agrônomo Edmundo Navarro de Andrade com a missão de fazer estudos sobre as espécies vegetais mais recomendáveis a serem introduzidas para o reflorestamento com os fins em vista para plantio, tratamento e corte; tarifas de transporte; rendimento provável da cultura florestal, etc. (MARTINI, 2004). Navarro iniciou seu trabalho em 18 de janeiro de 1904, com todas as essências florestais nativas e exóticas que lhe foi possível obter, dentre as espécies exóticas estavam os eucaliptos, que no Brasil, à época eram utilizados somente para fins paisagísticos. Navarro trouxe as primeiras sementes de Coimbra. No Brasil, obteve sementes em São Paulo, Araras e Pirituba (MARTINI, 2004). Foi a partir das necessidades comerciais da CPEF que o eucalipto começou a ser estudado e introduzido no Brasil para outros fins que não os paisagísticos, permanecendo até os dias de hoje provando cada vez mais o seu potencial. 2.3 Florestas plantadas no Mato Grosso do Sul Atualmente as florestas plantadas de eucalipto abrangem uma área de 7,6 milhões de ha em todo Brasil (IBÁ, 2015). Por ser esta planta de fácil adaptação, vem adentrando também as fronteiras de Mato Grosso do Sul dividindo espaço com a agricultura e pecuária (MATO GROSSO DO SUL, 2010a). É importante dizer que este deve ser plantado em áreas que já foram degradadas, e neste caso o Estado possui cerca de 9,0 milhões de ha degradados que estão aptos a receber plantações de eucalipto, deste total existem 800 mil ha já plantados (informação verbal)1. No caso de Mato Grosso do Sul, o cenário que vem sendo palco do eucalipto é a microrregião de Três Lagoas (Figura 1), que já teve ciclos com a agricultura e pecuária, e em um dado momento onde o solo já não poderia mais ser utilizado para tais fins foi propício à introdução das florestas plantadas (KUDLAVICZ, 2011), o que foi bom pelo lado socioeconômico da região, gerando renda, trabalho e ações sociais praticadas pelas empresas que ali se instalaram (SEMAC, 2011). Na Microrregião Leste, localiza-se o município de Três Lagoas posicionado à Longitude de 20° 45' 04'' S e Latitude 51° 40' 42'' W no leste do Estado de Mato Grosso do Sul e à margem direita do Rio Paraná, divisando também a leste com o município de Castilho, no Estado de São Paulo. É a sede da microrregião 1 Informação fornecida por entrevistado na empresa Eucalipto Brasil S/A, 2015. 24 homônima, da qual também fazem parte os municípios de Água Clara, Ribas do Rio Pardo, Brasilândia e Santa Rita do Pardo (PERPETUA, 2012). Figura 1 - Localização da Microrregião de Três Lagoas. Elaborado por José Carlos de M. Pires e organizado por PERPETUA (2012, p.32). A empresa precursora no município foi a Votorantim Celulose e Papel (VCP) em parceria com a International Paper (IP), começando a funcionar no ano de 2009, tendo sido sua construção financiada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e que logo em seguida fundiu-se com a Aracruz Celulose S/A passando a se chamar Fibria Celulose S/A, que ascendeu o posto de maior produtora mundial (PERPETUA, 2012). Segundo Fibria (apud Perpetua, 2012, p.33): A Fibria Celulose S/A é atualmente a maior produtora de celulose de fibra curta do mundo, com capacidade instalada total para processar 4,7 milhões de toneladas e base de cultivo própria de 974,4 mil ha. Atua em 7 estados e 254 municípios brasileiros, possuindo unidade industrial e de cultivo em São Paulo (Município de Jacareí), Espírito Santo (Município de Aracruz) e Microrregião de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, além de plantações na Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, e de participação no Terminal Marítimo de Caravelas (BA) e no Terminal Especializado de Barra do Riacho (Portocel), em Aracruz (ES), do qual detém 51% das ações em sociedade com a Cenibra. A companhia também 25 faz parte da joint venture Veracel, cuja fábrica está situada na Bahia (Município de Eunápolis), juntamente com a sueco-finlandesa Stora Enso. Seu lucro líquido obtido em 2011 foi da ordem de R$ 868 milhões, e seus ativos foram calculados em R$ 27,8 bilhões no mesmo ano. A International Paper é uma companhia multinacional de origem Norte Americana, especializada na produção de papéis não revestidos e embalagens, com operações na América do Norte, Europa, Rússia, América Latina, Ásia e Norte da África. Seus negócios também incluem a Empresa de Distribuição na América do Norte (Xpedx). Sediada em Memphis, no Estado do Tennessee (EUA), a companhia está presente em mais de 24 países e atende clientes no mundo inteiro. Seu faturamento líquido de 2010 foi superior a US$ 25 bilhões. No Brasil, o sistema integrado de produção da International Paper é composto por três fábricas, duas no Estado de São Paulo e uma no Mato Grosso do Sul. Seus produtos são as linhas de papéis para imprimir e escrever Chamex e Chamequinho, e a linha gráfica de papéis Chambril (PERPETUA, 2012). Dentro do município de Três Lagoas, a localização das unidades industriais (Figura 2) em questão tem a ver com motivos demandados pelo próprio processo produtivo da celulose, que consome uma enorme quantidade de água, e com a disposição da infraestrutura de transporte e as facilidades por ela oferecidas para o escoamento da produção (KUDLAVICZ, 2011; PERPETUA 2009). 26 Figura 2 - Localização das unidades industriais das empresas de celulose no município de Três Lagoas. Elaborado por José Carlos de M. Pires e Organizado por PERPETUA (2012 p.37). Constata-se que a partir do início da instalação do complexo Fibria-IP, em 2006, a área plantada total com eucalipto e pinus no Estado de Mato Grosso do Sul foi ampliada em 264,8%, crescimento alavancado somente pelo primeiro gênero, que apresentou crescimento relativo de 315%, ao passo que o segundo decaiu 100% segundo dados da Associação Brasileira dos Produtores de Floresta Plantada (ABRAF, 2012). Tão célere expansão do monocultivo de eucalipto fez com que, em 2011, mesmo diante do arrefecimento dos índices de crescimento dos estados tradicionalmente produtores, em comparação com o ano anterior o MS teve crescimento de 24,3% no plantio em relação ao Estado do Tocantins (37,1%), que ocupou o topo do ranking. Em função do crescimento, o MS, tradicionalmente conhecido pela pecuária e pela soja, passou ao posto de quarto Estado em área plantada com eucalipto no Brasil em 2011, atrás apenas de Minas Gerais, São Paulo e Bahia, como pode se observar no gráfico 1 (ABRAF, 2012). 27 Gráfico 1 - Ranking do plantio de Eucalipto nos Estados brasileiros em 2011. Plantio de Eucalipto (ha) 1500000 1400000 1300000 1200000 1100000 1000000 900000 800000 700000 600000 500000 400000 300000 200000 100000 0 Minas Gerais São Paulo Bahia Mato Grosso do Sul Rio Grande do Sul Espírito Santo Paraná Maranhão Pará Santa Catarina Tocantins Goiás Mato Grosso Amapá Piauí Outros Plantio de Eucalipto (ha) Fonte: Adaptado de ABRAF (apud PERPETUA, 2012, p.39). 2.4 Eucalipto e meio ambiente Falar de eucalipto sem falar das questões ambientais é praticamente impossível, as críticas e as dúvidas a este respeito são grandes; é importante conhecer os mitos e verdades relacionados a esta planta tão polêmica (SIF, 2014). De acordo com Mato Grosso do Sul (2010a, v.II, p.185): Busca-se abrigo no universo das florestas, são rotuladas de monocultura e acusadas de não apresentarem a biodiversidade de uma floresta nativa, de serem formadas por espécies exóticas, de não favorecerem a fauna, de degradarem o solo, dentre outras afirmações que, apesar de não resistirem a uma análise científica, estão materializadas em leis e atos administrativos do poder público e cristalizadas no imaginário popular. Existem vários estudos e pesquisas, muitos contra e outros a favor, mas nada comprova o que realmente é causado pelo plantio (SIF, 2014). Então, falando a respeito disso, é importante lembrar e questionar: O que estes reflorestamentos vêm substituindo? Por que esta guerra é tão grande a ponto de envolver inúmeras entidades em nível mundial? E se não existisse o Eucalipto como opção para um desenvolvimento sustentável? 28 Primeiramente, é algo que envolve muito dinheiro, e tudo que envolve dinheiro gera conflitos, mas também é importante atentar-se para as necessidades mundiais, em termos de desenvolvimento sustentável (VITAL, 2007; VIANA, 2004). A madeira é utilizada como importante fonte de matéria prima para diversos fins como, por exemplo, lenha para fornos e fornalhas que eram e ainda são utilizados na zona rural, padarias, pizzarias, restaurantes, etc. De acordo com Mato Grosso do SUL (2010a) no Brasil a madeira é utilizada nas proporções aproximadas de 50% para uso doméstico, principalmente no meio rural e agreste, e os outros 50% fica distribuído para uso industrial: indústrias alimentícias (frigoríficos, secadores de grãos, indústrias de bebidas e etc.). Estes são os usos mais simples que podem ser citados, mas que consomem grande quantidade de madeira, depois outros tipos de uso para todo tipo de papel, construção civil, móveis, compensados, postes, dormentes, cavacos, carvão vegetal que mantém grandes fornos. Enfim, uma infinidade de derivados da madeira que, com toda esta necessidade de produtos madeireiros foram suprimidas grandes florestas. Com a industrialização veio o alto consumo de combustíveis fósseis como carvão mineral e coque, o que gerou a redução das reservas minerais e com o agravante do efeito estufa causado pela emissão dos gases liberados a partir da queima destes combustíveis fósseis (MATO GROSSO DO SUL, 2010a). As florestas plantadas passaram então a ser vistas como uma opção no controle ao desmatamento e a utilização dos combustíveis fósseis. O seu plantio pode e somente deve ser feito em áreas já degradadas por pastagens ou outras monoculturas, onde não serão necessários novos desmatamentos, sua madeira será utilizada para substituir aquelas que são retiradas das florestas nativas, ajudando assim a preservar o que ainda resta destas matas, o carvão produzido pelo eucalipto será utilizado nas indústrias evitando o uso do carvão mineral (VIANA, 2004). Em um período em que se registrou queda ou estagnação das florestas plantadas no Brasil, houve um aumento considerável no desmatamento das florestas nativas, isso ocorreu entre os anos de 1997 e 2006. Segundo dados do ZEE (MATO GROSSO DO SUL, 2010a, vol. II, p.144): Caso venha a haver falta de florestas plantadas para eventuais aumentos de produção do setor, sendo, nestes casos, o recurso a ser seguido para atender o aumento da produção de carvão vegetal, a utilização de florestas nativas que ali estão aparentemente à disposição para serem utilizadas, aumentando temporariamente o impacto exercido sobre as floretas 29 autóctones, até que perdure o aumento da demanda ou que, as empresas se adéquem com o plantio de mais áreas para atender o crescimento. Exemplo claro disto, pode ser observado no Consumo de carvão vegetal no Brasil, que de 75,40% de lenha de florestas plantadas para produção de carvão vegetal em 1997 passou em 2006, para 51,00%, o que é uma situação de extrema gravidade. O ZEE (MATO GROSSO DO SUL, 2010a, vol. II, p.36) menciona: A contribuição das florestas plantadas na fixação do carbono, em compensação à emissão de gases do efeito estufa, deve ser ressaltada diante das mudanças climáticas que ocorrem. Adicione-se que o plantio de florestas plantadas para carvão vegetal evita o uso de madeira proveniente de florestas nativas e do cerrado Vital (2007, p.265/266) também enfatiza que: A retirada de CO² da atmosfera tem sido denominada “sequestro de carbono”. Uma vez que o CO² é um dos principais gases do efeito estufa, as plantações florestais funcionariam como sumidouros, consistindo numa forma de combater o aquecimento global [...]. Os créditos de carbono são emitidos, por exemplo, por projetos que capturam gases, como os de reflorestamento, no qual o CO² é absorvido pelas plantas, e os de aterro sanitário, onde o metano pode ser usado na geração de eletricidade também denominado offset projects. Ainda sobre o sequestro do gás carbônico, Vital, (2007, p.271/272) discorre que: As plantações de eucalipto, através do sequestro de gás carbônico durante sua fase de crescimento, contribuem para a redução do efeito estufa. O corte, entretanto, com consequente uso da madeira, acaba por devolver grande parte desse carbono para a atmosfera. Sendo assim, a silvicultura de exóticas para uso comercial não tem sido eleita no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Para que o setor se engaje no MDL com projetos florestais, é necessário que esses projetos passem a contemplar áreas de não-corte ou que venham associados ao reflorestamento de matas nativas, sem finalidades comerciais. O importante é que deve haver um saldo líquido positivo (critério de “adicionalidade”) entre o que se planta e o que se utiliza de madeira (para seus diversos fins) ou, vale dizer, entre o que se sequestra e o que se emite de gás carbônico. De acordo com Mato Grosso do Sul (2010a), no que diz respeito ao consumo de água (Tabela 1), o eucalipto consome a mesma quantidade ou até menos água do que outras monoculturas como, feijão, milho, cana de açúcar, etc. 30 Tabela 1 - Consumo de água por hectare do eucalipto em relação a outras culturas. Cultura Consumo de água (mm) Cana de açúcar 1000-2000 Café 800-1200 Citrus 600-1200 Milho 400-800 Feijão 300-600 Eucalipto 800-1200 Obs: 1 mm (milímetro) corresponde a 1 litro por metro quadrado Fonte: CALDER et al. e LIMA, W. de P. (apud MATO GROSSO DO SUL, 2010a, vol. II p.172). “O eucalipto é altamente eficiente, pois, comparado a outras culturas, ele produz mais biomassa por unidade de água consumida” (MATO GROSSO DO SUL, 2010a, v. II, p.172). E quando se fala em raiz do eucalipto, o que se ouve de várias pessoas, ou ditos populares, é que sua raiz cresce o mesmo que o tamanho da árvore, afirmativa esta sem fundamento, sua raiz pivotante não ultrapassa 3 metros (m) de profundidade sendo que as raízes responsáveis pela absorção da água ficam a 60 centímetros (cm) da superfície, o que não será suficiente para alcançar o lençol freático diminuindo seu nível, o que interferirá nos níveis de água dos reservatórios tem mais a ver com a baixa pluviosidade do que com a plantação de florestas de eucaliptos. Sobre isso, Mato Grosso do Sul (2010a, v. II, p.172) explica que: Uma característica do sistema radicular (raízes) dos eucaliptos utilizados em plantios comerciais, que é a concentração, nos primeiros 60 cm do solo, das raízes responsáveis pela absorção de água e nutrientes. A raiz pivotante, que é a responsável pela sustentação da árvore, normalmente não ultrapassa a faixa dos 3 metros de profundidade. Dessa forma, a crença popular de que a raiz de eucalipto cresce para baixo o mesmo tanto que a copa cresce para cima não condiz com a realidade. Sobre o solo Mato Grosso do Sul (2010a), destaca que a respeito de perda de nutrientes, o eucalipto em seus primeiros anos consome bastante nutrientes, mas estes são devolvidos ao solo no processo de colheita onde são deixadas várias camadas de folhas, galhos, cascas de troncos, etc. Este processo conhecido como serrapilheira é importante técnica que ajudará nesta devolução, embora seja um lento processo de decomposição. Aliadas a isso estão as técnicas de manejo adequadas que são realizadas antes do plantio e durante a fase de crescimento, não esquecendo que as áreas utilizadas para as plantações de florestas já são 31 degradadas e expostas, um solo que provavelmente já esteja com um baixo teor de nutrientes, e o eucalipto acaba por protegê-lo contra processos erosivos. Vital (2007, p.270) afirma que: O impacto das plantações de eucalipto sobre o solo dependendo do bioma onde se inserem e das condições prévias ao plantio. [...] Se, por outro lado, o eucalipto é plantado em solo já degradado por outras culturas, áreas de savana ou em pastagens, observar-se-á aumento dos nutrientes do solo, sobretudo pela mineralização da serrapilheira. De fato, no Brasil e em outras partes do mundo, o eucalipto tem sido utilizado para aumentar a fertilidade e a aeração do solo de algumas áreas para posterior cultivo agrícola. Por fim, estudos mostram que o eucalipto não consome mais nutrientes do solo do que outras culturas agrícolas. Sobre a biodiversidade, é possível dizer que o cultivo de florestas plantadas é uma monocultura como outra qualquer, onde a vida é mais rara de ser encontrada e muito diferente das florestas nativas, porém; mesmo sendo uma monocultura, há quem a julgue como sendo obrigada a manter a biodiversidade por carregar em seu nome o peso do termo floresta. Neste caso, a plantação de eucaliptos pode servir como corredores biológicos, que fornecerão mais proteção a fauna do que um campo aberto ou outra monocultura, e dentro destas plantações existem vida, animais que vivem e circulam dentro destas florestas utilizando-as como proteção (MATO GROSSO DO SUL, 2010a). Vital (2007, p. 263/264) mostra que: Em plantações de eucalipto, os corredores biológicos consistem na manutenção de “linhas” de floresta nativa intercaladas com as plantações, numa paisagem em mosaico. Dessa forma, é possível observar mobilidade de espécies entre o corredor de mata nativa e a floresta de eucalipto, elevando a biodiversidade dessa última, o tamanho dos talhões é fundamental para a heterogeneidade das espécies. Servindo como um canal de comunicação entre as florestas de eucalipto, os corredores aumentam o tamanho total dos habitats e permitem o desenvolvimento de maior biodiversidade. Diante de vários fatos, é impossível julgar, são muitos prós e contras, mas na realidade, tudo tem dependência, o que atualmente influencia são as técnicas de manejo corretas e o licenciamento ambiental. O Estado de Mato Grosso do Sul não exige licença ambiental para plantar eucaliptos, pois as áreas destinadas às plantações já são áreas degradadas, no caso o Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) são exigidos apenas para implantação das indústrias (MATO GROSSO DO SUL, 2010a). O que falta são incentivos como infraestrutura, melhoramento das estradas vicinais, duplicação das rodovias e apoio 32 por parte dos governos e dos órgãos responsáveis por pesquisas na área com o intuito de um melhor aproveitamento dos recursos do Estado, e isso feito de maneira adequada poderá trazer muitos benefícios. 33 3 METODOLOGIA Durante realização desta pesquisa, a metodologia utilizada foi à pesquisa bibliográfica e documental, fazendo uso de buscas de dados sociais, econômicos, espaciais e ambientais nas empresas e sites dos órgãos públicos e ambientais; e em artigos científicos, monografias e dissertações relacionados aos temas. As leituras foram realizadas durante o decorrer da pesquisa, analisando as revisões teóricas fundamentais para um melhor entendimento do tema. Foram feitos fichamentos, busca de mapas que pudessem dar melhor visualização ao trabalho, as microrregiões utilizadas foram as organizadas pelo Instituto de Estudos Planejamento de Mato Grosso do Sul (IPLAN/MS), sendo que existem outras divisões geopolíticas como a do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Plano de Desenvolvimento Turístico (PDTUR). A pesquisa de campo que foi realizada em duas etapas, sendo que uma foi no município de Ribas do Rio Pardo onde foram realizadas visitas técnicas com entrevistas informais nas empresas Eucalipto Brasil e Ramires Reflorestamentos. Nestas duas visitas foram retiradas as fotografias que se encontram no trabalho, anotações das conversas e explicações passadas pelos funcionários. Na segunda etapa foi realizada uma visita ao escritório da REFLORE – MS, localizado em Campo Grande, onde houve uma longa entrevista informal com anotação de dados e temas pertinentes ao trabalho, em nenhuma das visitas foi realizada a aplicação de questionários. O agrupamento dos dados foi realizado após as pesquisas de campo, permitindo a conclusão deste trabalho com base em todos os dados que foram obtidos. 34 4 DIFERENTES USOS DO EUCALIPTO NO MATO GROSSO DO SUL Segundo Couto (2010), o eucalipto produzido no Brasil tem diferentes usos, como lenha, carvão para uso doméstico, celulose e papel, chapas de fibras e aglomerados, laminados, compensados, madeira tratada, madeira serrada, cavacos de madeira e etc. No Mato Grosso do Sul as cidades são dinâmicas e em pleno processo de modernização e de desenvolvimento econômico e cultural (KUDLAVICZ, 2011). Segundo dados da Revista Eucalyptus Online (2009): Em termos de ambientes naturais, predominam áreas de matas, cerrados e campos naturais. A agricultura e pecuária são fortes, grandes celeiros de produção de carnes (gado vacuno, suínos, aves, bufalinos, caprinos e ovinos) e de grãos (soja, milho, sorgo, trigo, girassol, arroz). Já a produção da silvicultura concentra-se na produção de produtos de menor grau de industrialização, como carvão vegetal, toras e madeira serrada, lenha e madeira para produção de celulose e papel [...]. O Mato Grosso do Sul se destaca pela produção de resinas de Pinus (3° maior produtor no Brasil) e de óleos essenciais produzidos a partir de folhas de eucalipto e outras espécies nativas [...]. Os municípios mais envolvidos com essas empresas [...] Dourados, Três Lagoas, Brasilândia, Campo Grande, Água Clara, Ribas do Rio Pardo, Anastácio e Dois Irmãos do Buriti. Aquidauana e Corumbá, no bioma Pantanal se destacam como fontes de conhecimentos, recursos técnicos e comercialização. Mato Grosso do Sul possuía mais de 250 mil ha plantados, sendo que 90% das plantações florestais são de eucalipto podendo chegar de 500 mil a 1,0 milhão de ha de florestas plantadas, tanto por empresas florestais, como por fazendeiros rurais, que estão diversificando suas atividades produtivas. Tamanha era a expectativa em relação à plantação de florestas no Estado para fins econômicos, que o governo do Estado do MS, em 2009 lançou um importante estudo para a qual este envolvido o SEBRAE (REVISTA EUCALYPTUS ONLINE, 2009). Neste sentido, o Plano Florestal (2009, p.17) apresenta que: O mercado regional para madeira em Mato Grosso do Sul, de 4,5 milhões m³ (2007), é concentrado no consumo de Lenha para Carvão-Vegetal, principalmente a partir de florestas naturais (nativas), e na produção de toras para postes, serraria e laminação, estes a partir de florestas plantadas. Segundo a MS Florestal (2013), no Mato Grosso do Sul, devido à expressiva expansão da indústria de base florestal em 2012, a área de plantios de pinus e eucalipto no Estado atingiu 614 mil ha, representado em um crescimento médio de 35 22% ao ano (a.a.) no período de 2005 - 2012, sendo a área de eucalipto 587, 3 mil ha. Muito maior que as demais plantações florestais. Em análise para o Setor Florestal de Mato Grosso do Sul concentrou-se nas florestas plantadas de pinus e eucalipto. A evolução da área plantada no Estado mostra que a área de plantio de pinus diminuiu 52% em três anos e em contrapartida, a área de plantio de eucalipto aumentou 134% durante o mesmo período (MATO GROSSO DO SUL, 2009). Nesse contexto, Mato Grosso do Sul configura-se como o Estado recordista na ampliação da área plantada de eucalipto (Gráfico 2), apresentando, em 2013, crescimento de 575% em relação a 2006, chegando a 690 mil ha de árvores plantadas (IBÁ, 2014; REFLORE, 2015). Gráfico 2 - Evolução das áreas de Florestas Plantadas em ha no Mato Grosso do Sul entre os anos de 2006 e 2013. 750000 700000 650000 600000 550000 500000 450000 400000 Eucalipto 350000 Pinus 300000 250000 200000 150000 100000 50000 0 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012* 2013** Fonte: Adaptado de REFLORE – MS (2015) * em apuração ** projeção Segundo o MS Florestal (2013), no Mato Grosso do Sul são consumidos anualmente 12,1 milhões de m³ de madeira de plantios florestais, sendo 10,4 milhões destinados à produção de celulose, 1,0 milhão de m³ destinados à produção de carvão vegetal e 700 mil m³ destinados a produção de serrados, painéis compensados e para a geração de calor e vapor conforme o Gráfico 3. 36 Gráfico 3 - Consumo de Eucalipto em m³ no MS. 12 10,4 10 8 6 4 2 1 0,7 0 Celulose Carvão Vegetal Outros fins Adaptado de MS Florestal 2013. Os principais derivados do eucalipto no Mato Grosso do Sul são consumidos dentro do mesmo e em outros Estados, e também foi atualizada a área plantada devido algumas informações estarem desatualizadas por falta de publicações e estudos recentes sobre a silvicultura no MS (Informação Verbal) 2. O Estado tem atualmente 800 mil ha plantados com eucaliptos, sendo que aproximadamente 400 mil ha sejam exclusivamente para a celulose, um pouco desta celulose vai para o papel produzido na International Paper, que também manda para outros lugares, pois o Estado e o Brasil consomem uma quantidade mínima de papel (Informação Verbal) 3. O que vai para fora é atualmente, celulose, papel e carvão para ferro gusa, o que neste caso está com pouca significância, pois a China vem produzindo aço e conseguindo exportar com um preço bem menor que o Brasil, o que fez cair a produção no Brasil. Tirando estes três produtos, o restante das florestas produz madeira, para lenhas, cavacos, construção civil, postes, estacas, carvão e essências. Tudo que utiliza fornos no Estado, como pizzaria, padaria, frigoríficos, secagem de grãos, produção de cerâmicas, etc. Todos estes se utilizam da energia do eucalipto que é plantado no Estado, ou seja, aproximadamente 400 mil ha são para uso local, com seus próprios consumidores finais. Em termos de 2 - Informação fornecida por entrevistado da REFLORE-MS, 2015. - Informação fornecida por entrevistado da REFLORE-MS, 2015. 3 37 energia para as empresas Mato Grosso do Sul pode ser considerado autossuficiente (informação verbal)4. 4.1 Principais derivados do eucalipto As florestas plantadas no Brasil são destinadas à fabricação de Produtos Florestais Madeireiros (PFM) e produtos florestais não madeireiros (PFNM) (MATO GROSSO DO SUL, 2010a). Os PFMs de maior importância comercial são aqueles destinados à produção de papel e celulose, energia, carvão vegetal, madeira serrada, produtos de madeira sólida e madeira processada (IBÁ, 2014). A celulose, que é um dos produtos obtidos da madeira, é utilizada na produção de papel de escrever, papel higiênico, papelão e também na composição de diversos alimentos, como na produção do invólucro de salsichas, na elaboração de catchup, iogurtes, doces, sopas, queijos, sorvetes. Além disso, a celulose também está presente em cosméticos e maquiagens, lentes de contato, entre outros. Isso demonstra a importância dos PFMs (SENAR, 2015). Outro exemplo é o carvão vegetal que, por sua vez, é utilizado nas residências, comércio e indústrias para produção de energia térmica. Além da madeira, as árvores oferecem ainda outros produtos. Entre estes Produtos Florestais Não Madeireiros, os com maior importância são aqueles destinados à produção de borracha, gomas, ceras, fibras, tanantes, corantes e produtos aromáticos (SBS, 2008). O setor de celulose e papel no Brasil é composto por 220 empresas localizadas em 450 municípios, em dezessete Estados. Os investimentos realizados pelo setor nos últimos anos tornaram o Brasil o maior produtor mundial de celulose de fibra curta no mercado. A produção brasileira de celulose de fibra curta passou de 4,03 milhões de toneladas em 1995 para 10,0 milhões de toneladas em 2007. As produções de celulose de fibra longa e de Pasta de Alto Rendimento (PAR) mantiveram-se constantes nesse mesmo período (SBS, 2008; IBÁ, 2014). Os setores de celulose e papel tiveram um programa de investimento privado (próprio) para o período 2003 a 2012, com o valor de US$ 14,4 bilhões. O programa tem como objetivo ampliar a capacidade produtiva e a competitividade da 4- Informação fornecida por entrevistado durante visita in loco na sede da REFLORE–MS, 2015. 38 indústria brasileira de celulose e papel, com crescimento das exportações e criação de novas oportunidades de trabalho (MATO GROSSO DO SUL, 2009). 4.1.1 Papelão ondulado De acordo com o Anuário da Associação Brasileira de Papelão Ondulado, ABPO (2007) o setor de papelão ondulado no Brasil conta com 80 empresas, 103 unidades industriais instaladas e gera 14.602 empregos diretos. A produção total do segmento de papelão ondulado em 2007 foi de 2,57 milhões de toneladas representando um aumento de 3,6% em relação a 2006 (2,48 milhões de toneladas). O consumo aparente de papelão ondulado em 2007 foi de 2,50 milhões de toneladas (ABPO, 2007). Segundo a ABPO (2007), os maiores consumidores de embalagens de papelão ondulado em 2007 foram: •produtos alimentícios (34,5%); •avicultura, floricultura e fruticultura (10,9%); e •indústria de químicos e derivados (9,2%). 4.1.2 Siderurgia a carvão vegetal No Brasil, a produção de carvão proveniente da silvicultura vem crescendo desde 2002, sendo que de 2006 para 2007 apresentou um aumento de 45,9%, alcançando cerca de 3,81 milhões de toneladas. Os principais estados produtores de carvão vegetal de florestas plantadas em 2007 foram Minas Gerais, com 75,8% da produção nacional, Maranhão (10,0%), Bahia (4,2%), São Paulo (2,0%), e Mato Grosso do Sul (1,8%) (IBGE, 2007). O consumo de madeira em toras de florestas plantadas para uso industrial no Brasil alcançou cerca de 156 milhões de m³. Esta madeira foi utilizada principalmente para o fabrico de celulose (31%), carvão-vegetal (24%) e serrados (19%) (MATO GROSSO DO SUL, 2009). 4.1.3 Produtos de madeira sólida O segmento de Produtos de Madeira Processada Mecanicamente engloba madeira serrada, compensados e Produtos de Maior Valor Agregado – PMVA (moldura, portas, pisos, etc.). A produção brasileira de madeira sólida utiliza matéria- 39 prima das florestas nativas da Amazônia (madeira serrada, compensados, laminados) e das florestas plantadas – especialmente pinus da região Sul (madeira serrada, compensados, PMVA) (IBÁ, 2014). 4.1.4 Madeiras serradas O parque industrial brasileiro voltado à produção de madeira serrada (pranchas, vigas, vigotas, caibros, tábuas, sarrafos, etc.) dispõe de aproximadamente 10 mil unidades, predominando aquelas de pequeno porte (74,6% têm capacidade instalada menor do que 10.000 m³/ano e 24,7% entre 10.000 e 30.000 m³/ano). Aproximadamente 60% das serrarias existentes no Brasil estão concentradas nas regiões Centro-Oeste e Norte do País. Nessas regiões predominam unidades produtoras de serrados de folhosas (nativas), enquanto que nas regiões Sul e Sudeste a maioria das indústrias processa madeira de pinus (IBÁ, 2014; MATO GROSSO DO SUL, 2010a). A participação relativa das madeiras nativas vem decrescendo em função das pressões ambientalistas, do contingenciamento de cotas e planos de manejo, das distâncias de transporte dos principais centros consumidores e, em parte, do potencial e da boa aceitação dos serrados oriundos das florestas plantadas. As estatísticas já apontavam em 1995 o uso crescente de madeira serrada de plantações, não só de pinus, como de eucaliptos (IBÁ, 2014). 4.1.5 Compensados Os principais usos e aplicações do compensado atendem a uma gama diversificada que se mostram segmentados entre construção civil, indústria moveleira, embalagens, entre outros. Em 2007, a produção de compensados brasileiros foi de 2,67 milhões de m³, representando uma queda de 12,3% em relação a 2006 (3,04 milhões m³). A produção de compensado com madeira de pinus foi de 1,98 milhão m³ e com madeiras de espécies tropicais, 690 mil m³, representando uma queda de 16,6% e aumento de 3,1% respectivamente, em relação a 2006 (IBÁ, 2014; MATO GROSSO DO SUL, 2010a). 40 4.2 Produtos de Maior Valor Agregado (PMVAs) Os Produtos de Maior Valor Agregado (PMVAs) são obtidos pelo reprocessamento da madeira serrada, com vistas à agregação de valor ao produto primário. Consideram-se PMVAs: portas, molduras, painel colado lateralmente Edge Glued Panel (EGP), pisos de madeira e outros componentes estruturais. A produção de PMVAs é fragmentada e diversificada no Brasil. Tanto a produção de EGP, como a de molduras, está baseada principalmente na madeira de pinus cujos principais produtores se localizam nos estados do Paraná e de Santa Catarina. Os volumes são representativos em se considerando o desenvolvimento relativamente recente desses produtos no Brasil que data do final da década de 80 (IBÁ, 2014; SBS, 2008). Segundo Mato Grosso do Sul (2010a) dentre os principais PMVAs, grande parte do EGP é consumida no mercado doméstico pela indústria moveleira nacional, uma vez que a maioria dos produtores nacionais de EGP opera de forma integrada com as indústrias de móveis. No caso das molduras, grande parte da produção é direcionada para o mercado externo, principalmente Estados Unidos. 4.2.1 Portas Estima-se que existam duas mil fábricas de portas de madeira no Brasil, localizadas principalmente na região Sul do Brasil (Estado do Paraná e Santa Catarina). O segmento de portas de madeira pode ser considerado como um dos mais representativos e competitivos, entre os produtos do segmento de PMVA (MATO GROSSO DO SUL, 2010a). 4.2.2 Molduras O segmento de molduras dos PMVA tem mostrado constante evolução de volume produzido. A produção de molduras no Brasil em 2007 atingiu 820 mil m³, crescimento de 13,7% em relação a 2006 (721 mil m³). O consumo interno atingiu 212 mil m³, aumento de 14% em relação ao ano anterior. As estimativas para 2008 são de aumento de 6,1% na produção (870 mil m³) e 6,13 % no consumo (225 mil m³) (MATO GROSSO DO SUL, 2010a). 41 4.2.3 EGP (Edge Glued Panel) Estima-se que a produção brasileira de painéis de sarrafos colados, ou EGP, cuja maior parcela é orientada para a indústria moveleira nacional, tenha alcançado 503 mil m³ em 2007, representando queda de 3,6% em relação ao ano anterior (MATO GROSSO DO SUL, 2010a). 4.2.4 Pisos As indústrias produtoras de pisos de madeira maciça são, predominantemente, pequenas e médias empresas, com capacidade ainda limitada para investimentos em máquinas e tecnologia, e cujas cadeias produtivas estão fundamentadas na utilização crescente de pisos engenheirados provenientes de madeira de florestas plantadas, bem como de espécies da região amazônica (MATO GROSSO DO SUL, 2010a). 4.2.5 Painéis reconstituídos A indústria de painéis reconstituídos de madeira utiliza como matéria-prima a madeira obtida de florestas plantadas de pinus e de eucalipto. Os principais produtos são os aglomerados e o Medium Density Fiberboard (MDF), utilizados basicamente para a fabricação de móveis (MATO GROSSO DO SUL, 2010a). 4.2.6 Aglomerados As empresas fabricantes de painéis aglomerados têm uma capacidade nominal instalada de 3,0 milhões de m³ por ano, pinus e eucalipto são as madeiras de reflorestamento utilizadas para produzir o aglomerado. Essas madeiras são selecionadas por espécies, em razão do melhor rendimento agroindustrial (MATO GROSSO DO SUL, 2010a; ABIPA, 2007). 4.2.7 Chapas duras Os fabricantes de chapas de fibra têm uma capacidade nominal instalada de 600 mil m³ ao ano (ABIPA, 2007). Somente a madeira de eucalipto reflorestada é utilizada nessa produção. A produção de chapas duras em 2007 foi de 526 mil m³, 42 representando uma queda de 1,1% em relação ao ano anterior (535,9 mil m³). O consumo no mesmo ano, foram cerca de 314,2 mil m³, representando aumento de 3,4% em relação a 2006 (303,9 mil m³). Para o período de 2000 a 2007 as chapas duras apresentaram uma queda da ordem de 5,7% na produção e 13,6% no consumo (ABIPA, 2007). 4.2.8 MDF (Medium Density Fiberboard) As empresas fabricantes do segmento de MDF têm uma capacidade nominal instalada de 2,0 milhões de m³ por ano. Na produção de MDF são utilizadas as madeiras de pinus e de eucalipto reflorestadas. O MDF cresce em utilização e vem ocupando mercado de madeira maciça e de outros painéis reconstituídos, sendo cada vez mais empregado na indústria moveleira e na construção civil (SBS, 2008; MATO GROSSO DO SUL, 2010a; ABIPA, 2007). 4.2.9 Móveis Segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (ABIMÓVEL, 2015) existem mais de 16 mil micro, pequenas e médias empresas do setor moveleiro no país, que geram aproximadamente 206 mil empregos. São empresas localizadas em sua maioria na região Centro-Sul, constituindo, em alguns estados, pólos moveleiros, a exemplo de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul; São Bento do Sul, em Santa Catarina; Arapongas no Paraná; Mirassol, Votuporanga e São Paulo, em São Paulo; Ubá em Minas Gerais, Linhares no Espírito Santo (www.global21.com.br). Dentre as empresas do setor, 60% referem-se a móveis residenciais, 25% móveis de escritório e 15% a móveis institucionais, escolares, médico-hospitalares, móveis para restaurantes, hotéis e similares. São empresas familiares, tradicionais e na grande maioria de capital inteiramente nacional (ABIMÓVEL, 2015). As matériasprimas mais utilizadas pela indústria de móveis são as chapas de madeiras processadas, principalmente aglomerado e MDF, além da madeira maciça proveniente de florestas naturais (com utilização em rápido declínio) e proveniente de plantios de pinus e de eucalipto das regiões Sul e Sudeste. Estas vêm ganhando força no mercado, visto que tendem a substituir a madeira maciça proveniente das florestas nativas (SBS, 2008). 43 Aproximadamente 90% do volume produzido de painéis de madeira aglomerada e de MDF destinam-se à fabricação de móveis; toda a sua produção é sustentada por florestas plantadas (IBÁ, 2014). Graças aos painéis de madeira houve uma "massificação" do consumo, especialmente de móveis. Em média, 70% da madeira maciça utilizada pela indústria moveleira também é oriunda de florestas plantadas, principalmente pinus, em substituição à araucária; já o eucalipto está se consolidando no Brasil, sendo os segmentos produtores de camas e de salas de jantar os que mais utilizam esta espécie (ABIMÓVEL, 2015). 4.3 Produtos Florestais Não Madeireiros (PFNMs) A sobrevivência das comunidades rurais depende do uso sustentável dos recursos naturais. Uma forma encontrada para manter a floresta, é utilizar os produtos e serviços, cuja exploração sustentável, atenda às necessidades de seus consumidores, perpetuando as espécies, como é o caso dos Produtos Florestais Não Madeireiros (PFNMs) (SBS, 2008). PFNMs são recursos ou produtos biológicos da flora que não a madeira obtidos das florestas para subsistência ou para comercialização. Eles podem vir de florestas naturais, primárias ou secundárias, florestas plantadas ou sistemas agroflorestais. Os PFNMs descrevem uma ampla gama de produtos incluindo plantas medicinais, fibras, resinas, tipos de látex, óleos, gomas, frutas, castanhas, temperos, tinturas, bambus etc. (SBS, 2008; MATO GROSSO DO SUL, 2010). A produção de óleos essenciais no Brasil teve início no final da segunda década dos anos 20, tendo como base o puro extrativismo de essências nativas, principalmente do Pau-Rosa (Aniba rosaeodora). Durante a segunda guerra mundial, o País passou a ter a atividade mais organizada, com a introdução de outras culturas para obtenção de óleos de menta, laranja, canela sassafrás, eucalipto, capim-limão, patchouli, etc. Na década de 50, importantes empresas internacionais especializadas no aproveitamento de óleos essenciais para produção de fragrâncias e aromas destinados às indústrias de perfumes, cosméticos, produtos alimentares, farmacêuticos e de higiene, se instalaram no País (SBS, 2008). Este fato provocou um aumento no consumo interno dos óleos essenciais, dando maior estabilidade à produção brasileira. 44 O óleo de eucalipto é obtido pela simples destilação de suas folhas mediante o uso de vapor d'água. Por ser uma cultura ligada à extração de folhas, o manejo da área de plantio pode ser conduzido no conceito de uso múltiplo da floresta, ou seja, além da extração das folhas, a atividade pode ser conjugada com a produção de madeira destinada para lenha, mourões, postes e até toras para serraria (SBS, 2008). Há ainda exemplos de integração do sistema com a criação de animais, em regime silvo-pastoril. As folhas, depois de destiladas, fornecem energia para geração de vapor, bem como são usadas como adubo orgânico nas próprias florestas. A atividade de produção de óleo essencial permite a geração de renda para o proprietário rural, desde o primeiro ano da atividade florestal, antecipando receitas e fixando de forma mais perene e continua a mão de obra rural (MATO GROSSO DO SUL, 2010a; SBS, 2008). O interesse pelos óleos essenciais está baseado na possibilidade da obtenção de compostos aromáticos. No rol das matérias-primas usadas no Brasil para extração de óleo essencial, o eucalipto ocupa lugar de destaque e a atividade tem se mostrado crescente. Atualmente, a produção é estimada em torno de 1.000 toneladas/ano, posicionando o Brasil de forma importante no mercado mundial, onde a China detém a liderança, com produções anuais que chegam a 3.000 toneladas (IBÁ, 2014; MATO GROSSO DO SUL, 2010a). Segundo SBS (2008), a produção brasileira de óleo essencial de eucalipto está baseada em pequenas e médias empresas as espécies de eucalipto utilizadas na produção de óleos essenciais constituem um produto de crescente interesse econômico contribuindo para a valorização da exploração florestal. Entre as espécies mais promissoras, destacam-se Eucalyptus globulus, Eucalyptus citriodora e Eucalyptus staigeriana. Menos de 20 espécies são exploradas comercialmente em todo o mundo para a produção de óleos essenciais (SBS, 2008; MATO GROSSO DO SUL, 2010a). No Brasil, são poucas as indústrias envolvidas na produção de óleos essenciais de folhas de eucalipto. As principais empresas que processam folhas de Eucalyptus globulus estão localizadas nos estados de São Paulo (Torrinha, Santa Maria da Serra e Dois Córregos) e Minas Gerais (São João do Paraíso) (SBS, 2008). O Eucalyptus globulus tem seu valor comercial ligado ao cineol, o principal componente que lhe confere ação medicinal. A espécie tem apresentado restrições de adaptação no Brasil. Apresenta bom desenvolvimento no Chile, Argentina, 45 Portugal e Espanha. Sua melhor adaptação está ligada às regiões de climas frios. O Eucalyptus globulus apresenta um rendimento em óleo essencial da ordem de 1,6% a 2% com teor de cineol de 70 a 80% (SBS, 2008). O Eucalyptus citriodora tem apresentado maior importância na economia do país, por ser uma espécie menos susceptível às variações edafoclimáticas; além de ser ótimo produtor de óleo essencial; também produz madeira de excelente qualidade, muito utilizada para produção de moirões, dormentes, postes, lenha para energia, carvão e outros. A espécie é de rápido desenvolvimento que suporta cortes seguidos, com excelente brotação. Os rendimentos em óleo do Eucalyptus citriodora variam entre 1,0 a 1,6%, ou seja, cada tonelada de folhas destilada rende dez a dezesseis quilogramas de óleo. A concentração de citronelal é de 65 a 85% (SBS, 2008). O Eucalyptus staigeriana é plantado basicamente para a produção de óleo essencial. O rendimento em óleo varia entre 0,07 e 2,53%. O teor do componente principal varia de 13 a 63%. O odor característico do óleo desta espécie despertou o interesse para a utilização em sabonetes, fragrâncias de detergentes e outros (SBS, 2008). 46 5 OPORTUNIDADES E DESAFIOS DAS INDÚSTRIAS DE FLORESTAS PLANTADAS Segundo Chaebo et al. (2010), o uso da madeira advinda da silvicultura toma destaque em um cenário onde a preocupação com o meio ambiente e manutenção das formas de vida passa a ser eixo norteador das atividades das empresas. Ela passou a ser utilizada como fonte energética, lenha para carvoarias e indústrias siderúrgicas, como matéria-prima para indústrias moveleiras, e de papel e celulose. Incidem características socioambientais sobre esse cultivo, como a imobilização de CO² pela madeira, fator que diminui o efeito estufa proporcionando maior qualidade de vida e a permanência de espécies da fauna e flora. Conquanto o país possua mais de 500 milhões de ha de florestas nativas e apenas 7,6 milhões de há de florestas plantadas, é possível afirmar que quase toda a riqueza socioeconômica do setor florestal brasileiro vem da silvicultura, ou seja, das plantações florestais. Em que pese o contexto histórico de meio século da Engenharia Florestal, o seu avanço tecnológico tem sido significativo (VALVERDE et al., 2012; IBÁ, 2015). Diante das vantagens do eucalipto, ainda existe muito espaço para sua expansão no Brasil, se for comparada à de países tradicionalmente florestais. O setor ainda tem muito a crescer em termos sociais, econômicos e ambientais. Dentre as atividades econômicas, a silvicultura é talvez a que apresente maior potencial de contribuição para a construção de uma Economia Verde, uma vez que é realizada dentro dos conceitos desta, e produz insumos às outras atividades alcançarem o caminho da sustentabilidade. Sem embargo destas características favoráveisque diferenciam a silvicultura brasileira em relação a outros países tem encontrado dificuldades em fazer uso deste diferencial como estratégia de marketing internacional (VALVERDE et al., 2012). O Setor Florestal Brasileiro (SFB) é marcado por uma amplitude de indústrias e de produtos, sendo composto, basicamente, por três cadeias produtivas: da madeira industrial (celulose e papel e painéis de madeira reconstituída), do processamento mecânico da madeira (serrados e compensados) e da madeira para energia (lenha, cavaco e carvão vegetal) (VALVERDE et al., 2012). Cabe ressaltar que o SFB não é caracterizado apenas pelos PFM, mas também pelos PFNM, os quais, segundo a FAO (1998), são representados por 47 produtos destinados ao consumo humano como alimentos, bebidas, plantas medicinais e extratos (exemplos: frutas, bagas, nozes, mel, fungos, dentre outros); por farelos e forragem a exemplo dos campos para pastagem; e por outros não madeireiros, tais como cortiça, resinas, taninos, extratos industriais, plantas ornamentais, musgos, samambaias, óleos essenciais, etc. (VALVERDE et al., 2012). Embora o mercado florestal brasileiro seja concentrado e controlado pelas grandes indústrias florestais, pode se dizer que é justamente em razão disso que o país é apontado como detentor da melhor silvicultura, já que tais indústrias sempre mantiveram investimentos significativos em pesquisas e desenvolvimento de novas tecnologias que refletem no avanço do incremento das plantações florestais, buscando primordialmente melhorias genéticas e de manejo florestal para as principais espécies de interesse (VALVERDE et al.,2012). Mato Grosso do Sul tem se destacado na silvicultura no cenário nacional. Para se ter uma ideia da ampliação deste segmento, em oito anos a área destinada ao plantio de eucalipto no Estado cresceu 566%, saindo de 120 mil ha para os atuais 800 mil ha (REFLORE, 2015). Contudo, o setor se deparou em 2008 com a crise financeira internacional que reduziu a demanda por quase todas as commodities e seus subprodutos, como por exemplo, o ferro gusa utilizado na indústria automobilística. Outro fator que reforçou a crise foi a ausência de crédito, pois os altos custos iniciais para ingresso na atividade desestimularam a entrada de novos produtores (ABRAF, 2009). Segundo ABRAF (apud Chaebo et al., 2011, p.44): A celulose que era negociada por U$ 810,00/ton em agosto de 2008, no final do quarto trimestre do mesmo ano passou a ser negociada por U$ 530,00/ton, devido à redução da demanda e aos estoques que foram gerados a partir dessa redução. Em meadosde 2008, os valores do ferro gusa atingiam o valor recorde de U$ 850,00/ton, estimulando as siderúrgicas a reativar fornos e investir em mão-de-obra para aumentar sua capacidade produtiva. Em decorrência da crise, o valor passou a U$ 260,00/ton, no final de 2008, paralisando a expansão do setor. Estima-se que no Brasil, 65% dos fornos tiveram de ser desativados em 2008. Os painéis de madeira e produtos de madeira sólida mantiveram o crescimento de mercado no ano de 2008, pois a crise eclodiu num período do ano que costuma apresentar aumento na demanda, devido à compra de móveis e reforma de imóveis. Porém seu efeito seria sentido no primeiro trimestre de 2009, quando deveria haver a reposição dos estoques das indústrias. Contudo, em função 48 do estabelecimento do programa “Minha casa, minha vida” pelo governo federal, que planeja a construção de um milhão de moradias, diminui-se a especulação e acalmou o setor (ABRAF, 2009). A diminuição na variação percentual de aumento da área cultivada é justificada como tentativa de absorver parte dos efeitos da crise, desta forma, as empresas do setor não investiram em 2010 o valor planejado ao plantio das florestas. Outro fator que dificultou a expansão foi o parecer da Advocacia Geral da União (AGU), que estabeleceu um limite a compra de terras por grupos estrangeiros no país, o que pegou de surpresa empresas brasileiras de capital estrangeiro (ABRAF, 2011). Mato Grosso do Sul destaca-se em relação a outros estados brasileiros na produção de florestas. Enquanto em outras localidades a produtividade gira em torno de 25 m³/ha/ano, no Mato Grosso do Sul este valor chega a 38 m³/ha/ano. O Estado perde em produtividade apenas para uma pequena faixa de terra localizada no Estado da Bahia (MATO GROSSO DO SUL, 2009). O maior impacto na economia sul-mato-grossense nos últimos anos provém exatamente da indústria de papel e celulose. Em março de 2009, foi inaugurada a fábrica Fibria Celulose S/A, que está localizada em Três Lagoas com capacidade para 1,3 milhão de toneladas de celulose por ano (FIBRIA, 2015). Segundo a SEPROTUR (2006), o Estado de Mato Grosso do Sul apresenta diversas características atrativas para investimentos e para trabalho. Entre elas destacam-se citar sua geografia com uma área territorial de 357.124,96 km2; temperatura média entre 21º e 32º graus; o fato de sua totalidade territorial estar sobre o Aquífero Guarani; dispor de duas bacias para transporte hidroviário; e ainda fazer fronteira com Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Paraguai e Bolívia. Segundo (VALVERDE et al., 2012, p. 30/31), o Brasil e também o Mato Grosso do Sul sofrem algumas barreiras para a consolidação de uma economia Silvicultural: 1. Críticas empíricas e sem fundamentações técnica e científica às plantações florestais, muitas das vezes embasadas em mitos e crendices [...] 4. Política de crédito incompatível com a realidade de longo prazo da silvicultura. 49 5. Política fundiária que inibe o investimento estrangeiro em terras brasileiras [...] 7. Política cambial que privilegia as importações do carvão mineral e prejudica as exportações do gusa a carvão vegetal. 8. Infraestrutura básica precária e deficiente para o escoamento da produção florestal. 9. Política de estímulo ao consumo de derivados do petróleo (gás e óleo bruto) em prejuízo à biomassa florestal [...] 13. Cultura organizacional fundamentada no extrativismo oportunista de alguns empresários dos segmentos madeireiros e de carvão, o que acaba maculando todo setor florestal. 14. Falta de amparo financeiro às pesquisas em áreas estratégicas, como as de energia do cavaco e da carbonização da madeira em escala industrial mais eficiente e com aproveitamento dos gases e dos pirolenhosos como substitutos dos oriundos da destilação do petróleo, como o alcatrão e os carboquímicos. Os maiores desafios encontrados hoje na indústria de florestas plantadas estão na infraestrutura, o Estado deve trabalhar junto com as empresas para melhoria das estradas vicinais e duplicação das vias pavimentadas principais, dos municípios que devem se adequar para receber os trabalhadores com suas famílias, isto é de grande importância, uma vez que se as empresas apenas lhes oferecerem alojamentos, eles virão trabalhar e levarão o dinheiro para gastar em suas cidades de origem, não dando benefícios ao Estado, a intenção é estabelecer uma relação de troca, ganhar aqui e gastar aqui, fazendo girar o capital, para isso, os municípios devem se adequar com escolas, hospitais, restaurantes, moradia e tudo que possa ser feito para melhorar a qualidade de vida destas pessoas e dos próprios moradores da região (informação verbal)5. Quanto às vias de escoamento da produção, estas ainda são muito importantes, a agilidade no escoamento da produção evita que os produtos fiquem parados no pátio das empresas (informação verbal)6, e no caso da celulose seu escoamento é feito via transporte ferroviário (FIBRIA, 2015), esta dificuldade no transporte tanto das plantações para as indústrias pelas estradas vicinais, como das indústrias para os portos ou destinos finais ainda continua sendo o que mais encarece a produção, fazendo com que lugares de difícil acesso sejam rejeitados por empresas, mesmo que o local tenha boas condições físicas, climáticas e ambientaispara serem implantadas as florestas e indústrias. 5 - Informação fornecida por entrevistado durante visita in loco na sede da Reflore – MS, 2015. - Informação fornecida por entrevistado durante pesquisa de campo na empresa Ramires Reflorestamento S/A, 2015. 6 50 6 CARACTERIZAÇÃO DE MUNICÍPIOS QUE PODEM SER BENEFICIADOS COM A EXPANSÃO DO PARQUE INDUSTRIAL NA DIVERSIFICAÇÃO DOS PRODUTOS FLORESTAIS O território de Mato Grosso do Sul constitui-se em fatores extremamente favoráveis ao desenvolvimento de atividades agroindustriais e de expansão do intercâmbio comercial (SEMADE, 2015). Através da (Figura 3), é possível observar o posicionamento de seus municípios. Figura 3 - Mapa Limites, Linha de Fronteira e Centros Urbanos de Mato Grosso do Sul. Fonte: SEMAC/MS. Adaptado de SEMADE (2015, p.12), escala sem definição. 51 Segundo Mato Grosso do Sul (2002), o Estado possui diferentes divisões geopolíticas e as microrregiões citadas estão de acordo com a divisão organizada pelo Instituto de Estudos Planejamento de Mato Grosso do Sul (IPLAN/MS) que divide Mato Grosso do Sul em oito microrregiões, (FIGURA 4). Os municípios citados estão localizados nas microrregiões do Bolsão (Água Clara, Brasilândia e Três Lagoas), microrregião Central (Ribas do Rio Pardo), microrregião do Alto Pantanal (Dois Irmãos do Buriti), microrregião Leste (Santa Rita do Pardo) e microrregião Norte (Alcinópolis, Camapuã, Coxim, Figueirão, Paraíso das Águas, Pedro Gomes, Rio Verde de Mato Grosso e Sonora) (MATO GROSSO DO SUL, 2002). A Microrregião Leste mencionada como atual cenário da silvicultura agrega os municípios citados das microrregiões do Bolsão, Central e Leste. Foi assim denominada por sua localização geográfica dentro do Estado (PERPETUA, 2012). Figura 4: Mapa de Localização Geográfica da Região Norte no Mato Grosso do Sul e outras Regiões. Fonte: Lab. Geoprocessamento UCDB Ayr T. Salles. Adaptado de Mato Grosso do Sul (2002, p. 13) 52 6.1 Municípios da Microrregião Norte Os municípios a seguir fazem parte da Microrregião Norte, que é uma das microrregiões de estudos desse trabalho. Neste sentido, buscou-se fazer uma caracterização socioeconômica para avaliar a expansão do eucalipto sobre estes e seus impactos na economia local. Para a realização desta pesquisa foi levado em conta em conta que o ZEE de Mato Grosso do Sul realizou uma avaliação do Potencial dos Recursos Naturais e, com base nestas informações a região escolhida para essa caracterização pode receber a expansão do eucalipto, conforme figura 5. Figura 5 - Avaliação do Potencial dos Recursos Naturais do Mato Grosso do Sul. Fonte: MATO GROSSO DO SUL (2010a, vol. II p.59), escala sem definição. Observando a figura 6 e de acordo com ZEE para o Mato Grosso do Sul (2010a), o Estado já foi historicamente ocupado em áreas propícias para desenvolver suas atividades de forma que já estão consolidadas no espaço, onde o processo de ocupação aconteceu naturalmente de acordo com as características ambientais e viárias para seu crescimento econômico, restando apenas a região norte que encontra-se em estagnação. A partir disso apresentam-se os municípios aptos a desenvolver a silvicultura, os municípios sugeridos que compõe a Microrregião Norte são: Alcinopólis, Camapuã, Coxim, Figueirão, Paraíso das Águas, Pedro Gomes, Rio Verde de Mato Grosso e Sonora. 53 Com renda per capita de R$ 23.355,00 o município de Alcinópolis, foi criado em 22 de abril de 1.992, pela lei nº 1.262 pelo, então, governador Pedro Pedrossian, ficando o mesmo pertencendo à comarca de Coxim. Tem área de 4.399,681 km², com uma população de 4.569 habitantes sendo 2.432 do sexo masculino, 2.137 do sexo feminino. Cerca de 3.136 moram no perímetro urbano e 1.433 na zona rural. Sua economia gira em torno da pecuária com o total de 301.298 cabeças, seus principais produtos agrícolas são abacaxi, algodão, arroz, banana, borracha (látex coagulado), girassol, laranja, mandioca, milho, soja, sorgo e trigo (SEMAC, 2014). Com renda per capita de R$ 17.518,00, o município Camapuã foi criado pela lei Orçamentária nº 845, de 03 de novembro de 1921, autorizou o governo do Estado a reservar ou desapropriar uma área de 3.600 ha de terra, para formação do patrimônio de Camapuã, no município de Coxim. Foi elevado a distrito pelo Decreto nº 272, de 19 de maio de 1933 e o município criado pela lei nº 7134, de 30 de setembro de 1948. Comemora-se a data de emancipação política dia 30 de setembro. Tem área de 6.229,620 km², tem população de 13.625 habitantes sendo 7.067 do sexo masculino, 6.558 do sexo feminino, 9.797 habitam o perímetro urbano e 3.828 pessoas na zona rural. Sua economia gira em torno do comércio, tendo 204 estabelecimentos, seu rebanho é composto de 582.158 cabeças, seus principais produtos agrícolas são abacaxi, arroz, borracha, mandioca, maracujá, milho, soja. Possui 26 estabelecimentos industriais, Celulose, papel e produtos de papel, Construção de edifícios, Construção de rodovias e ferrovias, Máquinas e equipamentos, Minerais não metálicos, produtos de concreto, cimento, gesso e semelhantes, Móveis com predominância de madeira, Preparação de couros artigos para viagens e calçados de couro, Produtos alimentícios, laticínios, sorvetes e outros gelados comestíveis, Produção de madeira: serrarias sem desdobramento de madeira (SEMAC, 2014). Com renda per capita de R$ 15.488,00, o município de Coxim foi elevado a distrito pela lei nº 1 de 06 de novembro de 1872. Tornou-se município pela lei nº 202, de 11 de abril de 1898. Comemora-se no dia 11 de abril sua emancipação política. Tem área 6.409,224 km² tem população de 32.159 habitantes sendo 16.141do sexo masculino, 16.018 do sexo feminino, 29.145 habitam o perímetro urbano e 3.014 na zona rural. Sua economia gira em torno do comércio e pecuária com o total de 486.800 cabeças, seus principais produtos agrícolas são abacaxi, arroz, banana, 54 borracha, cana-de-açúcar, coco-da-baía, feijão, laranja, mandioca, milho, soja, sorgo. Tem 105 indústrias entre confecções, metalúrgicas, móveis, têxteis (SEMAC, 2014). Com renda per capita de R$ 19.137,00, o município de Figueirão foi criado em 29 de setembro de 2003, pela lei nº 2.680, pelo ex-governador José Orcírio Miranda dos Santos, desmembrado das áreas dos municípios de Camapuã e Costa Rica, ficando o mesmo pertencendo à comarca de Costa Rica. Tem área de 4.882,873 km² tem população de 2.928 habitantes sendo 1.553 do sexo masculino, 1.375 do sexo feminino, 1.530 habitam o perímetro urbano e 1.398 na zona rural. Sua economia gira em torno da pecuária com o total de 169.275 cabeças, seus principais produtos agrícolas são banana, milho, soja, sorgo (SEMAC, 2014). Com renda per capita não identificada por falta de informações oficiais, o município de Paraíso das Águas, foi fundado em 29 de setembro de 2003. O aniversário da cidade é comemorado no dia 30 de setembro. O Município foi instalado administrativamente em 1º de janeiro de 2013, alguns dados e informações se referem ao período que era considerado como distrito. Tem área de 5.032,469 km²tem população de 2.028 habitantes sendo 1.036 do sexo masculino e 992 do sexo feminino, 1.709 habitam o perímetro urbano e 319 na zona rural. Sua economia gira em torno da pecuária e também conta com algumas indústrias de celulose, biocombustível, construção e minerais não metálicos (SEMAC, 2014). Com renda per capita de R$ 16.516,00, o município de Pedro Gomes que em 1950, era um pequeno povoado de casas residenciais pertencentes aos fazendeiros da região para aí afluíam, recebendo a denominação de Amarra-Cabelo, pois existia ali um córrego, onde os viajantes paravam para dar um retoque na indumentária. Tornou se município pela lei nº 1.942, de 11 de novembro de 1963. No dia 11 novembro, comemora-se sua emancipação política. Tem área de 3.651,175 km² tem população de 7.967 habitantes sendo 4.149 do sexo masculino, 3.818 do sexo feminino, 6.148 habitam o perímetro urbano e 1.819 na zona rural. Sua economia gira em torno do comércio, sua pecuária conta com o total de 259.837 cabeças, seus principais produtos agrícolas são abacaxi, banana, borracha, feijão, laranja, mandioca, melancia, milho, soja, sorgo (SEMAC, 2014). Com renda per capita de R$ 13.123,00, o município de Rio Verde de Mato Grosso foi elevado a distrito pelo Decreto nº 89, de 17 de agosto de 1831 e o município criado pela lei nº 707, de 16 de dezembro de 1953. Comemora-se o 55 aniversário da cidade dia 16 de dezembro. Tem área de 8.153,899 km² tem população de 18.890 habitantes sendo 9.486 do sexo masculino, 9.404 do sexo feminino, 16.297 habitam o perímetro urbano e 2.593 na zona rural. Sua economia gira em torno do comércio sua pecuária conta com o total de 517.820 cabeças, seus principais produtos agrícolas são abacaxi, algodão, amendoim, arroz, banana, borracha, cana-de-açúcar, coco-da-baía, feijão, mandioca, maracujá, melancia, milho, soja, sorgo (SEMAC, 2014). Com renda per capita de R$ 18.672,00, o município de Sonora foi criado em 03 de junho de 1.988, pela lei nº 828, e tornou-se município de Sonora, pelo então governador Marcelo Miranda Soares, ficando o mesmo pertencente à comarca de Pedro Gomes. Tem área de 4.075,422 km² tem população de 14.833 habitantes sendo 7.836 do sexo masculino, 6.997 do sexo feminino, 13.401habitam o perímetro urbano e 1.432 na zona rural. Sua economia gira em torno da agricultura sua pecuária que conta com o total de 124.726 cabeças, seus principais produtos agrícolas são abacaxi, borracha, cana-de-açúcar, girassol, mandioca, melancia, milho, soja (SEMAC, 2014). 6.2 Municípios da Microrregião Leste, que já estão inseridos no complexo do eucalipto Apresentação da Microrregião Leste, atual cenário da silvicultura no Estado de Mato Grosso do Sul, local onde estão concentradas as indústrias e plantações de eucalipto. Os principais municípios envolvidos na silvicultura, que compõe a Microrregião Leste são: Água Clara, Brasilândia, Ribas do Rio Pardo, Santa Rita do Pardo e Três Lagoas. O município de Água Clara tem renda per capita de R$ 26.966,00. Foi elevado a distrito pelo decreto lei nº 145, de 29 de março de 1938 e o município foi criado pela lei nº 676, de 11 de dezembro de 1953. O aniversário da cidade é comemorado no dia 08 de fevereiro. Tem área de 11.031,117 km² tem população de 14.424 habitantes sendo 7.545 do sexo masculino, 6.879 do sexo feminino, 9.598 habitam o perímetro urbano e 4.826 mil na zona rural. Sua economia gira em torno da pecuária com o total de 668.244 cabeças, seus principais produtos agrícolas são borracha, feijão, girassol, mandioca, melancia, milho, soja, sorgo. Conta com algumas indústrias como Impressão, metalúrgica, minerais não metálicos, móveis, 56 preparação de couro, produtos alimentícios, produtos florestais, madeira, químicos, automotores (reboque e carrocerias) (SEMAC, 2014). O município de Brasilândia tem renda per capita de R$19.782,00. Foi elevado a distrito pela lei nº 1.501, de 12 de julho de 1961 e o município pela lei nº 1.970, de 14 de novembro de 1963. Comemora-se, dia 25 de abril a data de sua emancipação política. Tem área de 5.806,903 km² tem população de 11.826 habitantes sendo 6.045 do sexo masculino, 5.781 do sexo feminino, 8.013 habitam o perímetro urbano e 3.813 na zona rural. Sua economia gira em torno da pecuária com o total de 461.659 cabeças, seus principais produtos agrícolas são amendoim, banana, borracha, café, cana-de-açúcar, coco-da-baía, feijão, mamão, mandioca, melancia, milho, soja, sorgo, urucum. Conta com indústrias de bebidas, combustíveis, confecção, confecção, metalúrgica, minerais, móveis, produtos alimentícios, produção de madeira, veículos automotores (reboque e carrocerias) (SEMAC, 2014). O município de Ribas do Rio Pardo tem renda per capita de R$ 21.777,00. Foi elevado a distrito pela Resolução nº 856, de 07 de novembro de 1921 e o município criado pelo Decreto nº 545, de 31 de dezembro de 1943. Comemora-se no dia 19 de março sua emancipação política. Tem área de 17.308,081 km² tem população de 20.946 habitantes sendo 10.982 do sexo masculino, 9.964 do sexo feminino, 12.965 habitam o perímetro urbano e 7.981 na zona rural. Sua economia gira em torno da pecuária e indústria com o total de 1.104.105 cabeças. Suas indústrias baseiam-se em confecção, construção de rodovias e ferrovias, impressão e gravação, diversos, máquinas e equipamentos, metalúrgica, minerais metálicos, minerais não metálicos, móveis, preparação de couro, produtos alimentícios, produção florestal, produção de madeira, químicos. Seus principais produtos agrícolas são abacaxi, banana, borracha, cana-de-açúcar, coco-da-baía, feijão, laranja, mandioca, melancia, milho, soja, sorgo (SEMAC, 2014). O município de Santa Rita do Pardo tem renda per capita de R$ 19.292,00. Em 18 de dezembro de 1.987, pela lei nº 808, foi criado o município de Santa Rita do Pardo, pelo então governador Marcelo Miranda Soares, ficando o mesmo pertencendo à comarca de Brasilândia. Tem uma área de 6.143,072 km² tem população de 7.259 habitantes sendo 3.805 mil do sexo masculino, 3.454 do sexo feminino, 3.522 habitam o perímetro urbano e 3.737 na zona rural. Sua economia gira em torno da pecuária com 514.187 cabeças conta também com algumas 57 indústrias celulose papel produtos de papel, confecções, indústria de construção de edifício, diversos, produtos alimentícios, produção florestal. Seus principais produtos agrícolas são abacaxi, amendoim, algodão, borracha, cana-de-açúcar, feijão, mandioca, melancia, soja, urucum (SEMAC, 2014). O município de Três Lagoas tem renda per capita de R$ 30.122,00. Foi elevado a distrito pela lei nº 656, de 12 de junho de 1914 e o município criado pela lei nº 706, de 15 de junho de 1915. Comemora-se, no dia 15 junho sua emancipação política. Tem área de 10.206,949 km² tem população de 101.791 habitantes sendo 50.523 do sexo masculino, 51.268 do sexo feminino, 97.069 habitam o perímetro urbano e 4.722 na zona rural. Sua economia gira em torno da indústria. Sua pecuária conta com 642.607 cabeças, seus principais produtos agrícolas são abacaxi, banana, cana-de-açúcar, coco-da-baía, laranja, mandioca, melancia, milho, soja. Suas indústrias são de bebidas, celulose, confecção de roupas, calçados, artigos para viagem, construção de edifícios, rodovia e ferrovia, impressão e gravações, máquinas e equipamentos, metalúrgica, minerais não metálicos, móveis de madeira e metal, preparação de couro, produtos alimentícios, produtos de borracha e plástico, produção florestal, madeira, produtos químicos, têxteis, automotores (peças e acessórios, reboques e carrocerias) (SEMAC, 2014). A seguir, as figuras 6 e 7 mostram plantações de eucaliptos e pinus no município de Ribas do Rio Pardo. 58 Figura 6 - Plantação de Eucaliptos, BR 262, município de Ribas do Rio Pardo. A B C Fonte: LABAT, D. Pesquisa de campo, 2015. 59 Figura 7 - Plantação de Pinus, BR 262, município de Ribas do Rio Pardo. Fonte: LABAT, D. Pesquisa de campo, 2015. De acordo com (informação verbal) 7, a intenção é manter as plantações próximas às empresas, reduzindo assim gastos com transporte. As áreas que estão mais afastadas do raio de 100 Km exigido pelas fábricas estão sendo desativadas, e exemplo claro disso são as plantações localizadas no município de Dois Irmãos do Buriti, que está localizado na microrregião do Alto Pantanal, estando em um raio de aproximadamente 500 km, sendo este o motivo da desativação dessa área. Os cortes já estão ocorrendo, juntamente com o cancelamento dos contratos de arrendamento e colocando as propriedades a venda, isso surge como um exemplo claro da ideia de concentração contrariando possibilidades de expansão para outros municípios. A tabela a seguir (Tabela 2) representa os municípios com maior quantidade de área plantada em ha no Estado e pode-se observar que, ainda que pouco expressiva em termos de representatividade, a área de Dois Irmãos do Buriti é bem significativa (informação verbal)8. 7 8 - Informação fornecida por entrevistado na empresa Ramires Reflorestamento S/A, 2015. - Informação fornecida por entrevistado na empresa Ramires Reflorestamento S/A, 2015. 60 Tabela 2 - Área de Florestas Plantadas no Mato Grosso do Sul, 2015. Colocação Município Área Plantada (ha) Representatividade (%) 1° Três Lagoas 178.700 24% 2° Ribas do Rio Pardo 150.550 20% 3° Água Clara 107.250 14% 4° Selvíria 59.550 8% 5° Brasilândia 56.100 7% 6° Inocência 30.600 4% 7° Santa Rita do Pardo 20.450 3% 8° Campo Grande 17.850 2% 9° Aparecida do Taboado 17.300 2% 10° Nova Andradina 13.200 2% 11° Jaraguari 11.300 1% 12° Dois Irmãos do Buriti 11.250 Fonte: Adaptado de APROSOJA/MS. Sistema FAMASUL (2015). 1% A seguir, as figuras 8 e 9 mostram a área que está sendo desativada. Figura 8 - Corte da plantação de Eucaliptos no município de Dois Irmãos do Buriti, BR 262. A B Fonte: GUIMARÃES, V. Pesquisa de campo, 2015. 61 Figura 9 - Desativação da área de Plantações de Eucaliptos no município de Dois Irmãos do Buriti, BR 262. A B Fonte: GUIMARÃES, V. Pesquisa de campo, 2015. 62 6.3 Aspectos relevantes na comparação entre as Microrregiões Norte e Leste do Estado O Estado do Mato Grosso do Sul apresenta quatro fisionomias distintas no relevo. A parte oriental compreende um relevo alçado e constituído por planaltos, patamares e chapadões inseridos na Bacia Sedimentar do Paraná (SEMADE, 2015). Segundo Semade (2015), na localização das microrregiões nota-se que ambas estão na mesma fisionomia de relevo os Planaltos Arenito Basálticos Interiores embasados geologicamente nos grupo São Bento e Bauru, como mostram as figuras 10 e 11. Figura 10 – Mapa Geológico do Mato Grosso do Sul. Fonte: SEMAC/MS. Adaptado de SEMADE (2015, p.15), escala sem definição. 63 Figura 11 - Mapa da Geomorfologia do Mato Grosso do Sul. Fonte: SEMAC/MS. Adaptado de SEMADE (2015, p.17), escala sem definição. 64 Percebe-se que há grande predominância de Latossolos, Areias Quartzosas e Podzólicos não havendo muitas diferenças entre as microrregiões, o que significa que é viável em termos pedológicos a implantação de florestas plantadas com culturas exóticas como o eucalipto, como se observa na (Figura 12). Figura 12 - Mapa Pedológico do Mato Grosso do Sul. Fonte: SEMAC/MS. Adaptado de SEMADE (2015, p.20), escala sem definição. Entre os fatores que ajudaram a negociar e consolidar a instalação de grandes indústrias em Três Lagoas está o pacote de incentivos fiscais estaduais para atrair novas indústrias para o Estado de MS. O município também criou leis para atrair empresários, como a lei nº1429/97 de 24 de Dezembro de 1997, garantindo a isenção do pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), referentes ao empreendimento pelo prazo de cinco anos. A lei permite também a cessão de comodato de área no distrito industrial, conforme necessidade da empresa, com posterior escrituração quando no término do proposto (XAVIER et al. apud MESQUITA, 2014, p.30). É interessante citar também outro atrativo, que levou estas indústrias a escolherem Três Lagoas para se implantarem, o fato desta ser autossuficiente em 65 energia elétrica, dispondo de uma usina hidrelétrica a Engenheiro Souza Dias, Jupiá que produz 1.560.000 KW, aliado a uma termoelétrica que produz 252 MW abastecida por ramal de gás natural, por meio do Gasoduto Bolívia-Brasil, que passa dentro de Três Lagoas, consolida eficiência energética que garante a produção de qualquer empresa. Está em fase de ampliação e deverá aumentar sua potência para 360 MW com mais duas turbinas geradoras (XAVIER et al. apud MESQUITA, 2012). Porém estas grandes empresas precisam de energia apenas para iniciar suas atividades, pois suas caldeiras podem ser autossuficientes a partir da queima da biomassa de eucalipto e ainda gera excedente, que pode ser vendido para as concessionárias de energia, sendo também considerado um subproduto do eucalipto. A quantidade de megawatts produzidos por uma empresa do porte da Eldorado Celulose S/A pode gerar energia para si própria e fornecer para uma cidade de aproximadamente 1,0 milhão de habitantes (informação verbal)9. Sem dúvida nenhuma, os fatores que fizeram com que empresários migrassem para Três lagoas foram a riqueza de recursos naturais, água potável em abundância, solo bom e fértil, clima estável sem grandes variações, localização privilegiada e estratégica; ainda fazendo divisa com estado de São Paulo, Três Lagoas se encontra no entroncamento com diversas rotas de distribuição logística, rodoviária, ferroviária, hidroviário, somada aos incentivos fiscais (XAVIER et al. apud MESQUITA 2014). A microrregião Norte localiza-se em área menos privilegiada com relação ao escoamento da produção, mas conta com a rodovia 163 e ferrovia Ferronorte de bitola larga em boas condições que podem ser utilizadas (MATO GROSSO DO SUL, 2010b). 9 - Informação fornecida por entrevistados das empresas Eucalipto Brasil S/A, Ramires Reflorestamentos S/A e REFLORE-MS, 2015. 66 Dentro destes comparativos, destaca-se também a renda per capita das duas microrregiões, conforme tabela 3. Tabela 3 - Renda per capita dos municípios das microrregiões em estudo. Microrregião Município Renda per capita Alcinópolis R$ 23.355,00 Camapuã R$ 17.518,00 Coxim R$ 15.488,00 Figueirão R$ 19.137,00 Paraíso das Águas Sem informações Pedro Gomes R$ 16.516,00 Rio Verde de Mato Grosso R$ 13.123,00 Sonora R$ 18.672,00 Norte Média Leste R$ 17.687,00 Água Clara R$ 26.966,00 Brasilândia R$ 19.782,00 Ribas do Rio Pardo R$ 21.777,00 Santa Rita do Pardo R$ 19.292,00 Três Lagoas R$ 30.122,00 Média R$ 23.587,80 Fonte: Adaptado de SEMAC (2015). Em comparação com as outras microrregiões para a viabilidade de instalação de indústrias o governo deveria promover incentivos fiscais, mas quanto à localização geográfica as microrregiões estão bem distantes dos principais centros consumidores que estão situados na região Sudeste, elas fazem divisa com os estados de Mato Grosso e Goiás, o que não significa que a região deve permanecer estagnada, e sim, que esta deve ser estudada e planejada para que possa se desenvolver como o restante do estado. Segundo Mato Grosso do Sul (2010a, vol. II p.18): Num planejamento em médio prazo (5 a 10 anos) o Estado do Mato Grosso do Sul precisa privilegiar um processo de diversificação da base econômica, novos produtos e principalmente agregando valor as matérias-primas aqui produzidas. 67 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS O Mato Grosso do Sul tem um grande potencial para a produção de florestas plantadas, tanto que sofreu um impacto no aumento de sua área plantada devido à instalação de empresas de papel e celulose na Microrregião Leste, o que alavancou a economia da região e de outras partes do estado com a produção de carvão vegetal e outros produtos derivados de madeira e também produtos florestais não madeireiros. Pode-se dizer que o setor florestal ainda tem muito a expandir em termos sociais, econômicos e ambientais. Dentre as atividades econômicas, a silvicultura é talvez a que apresente maior potencial de contribuição para a diversificação econômica do Estado. Com este vasto potencial é importante lembrar que também existem outras áreas além da Microrregião Leste que poderiam receber indústrias de base florestal, como por exemplo, a Microrregião Norte. Embora exista uma grande preocupação das empresas com relação à logística e transporte, vale lembrar que uma boa infraestrutura, como reforma das estradas vicinais e duplicação das rodovias principais, melhorias na saúde e educação, moradia e apoio por parte dos órgãos públicos pode servir de grande base atrativa para as empresas se instalarem e com isso trazer muitos benefícios para municípios outrora esquecidos e deixados de lado. Diante dos estudos e comparações realizadas, o Mato Grosso do Sul tem muito a ganhar em desenvolvimento com as instalações de tais indústrias em seu território, mas é fundamental que o governo seja receptivo e trabalhe junto com as empresas em busca de melhorias. Em primeiro lugar é necessário a realização de pesquisas na área, levantamento e coleta de dados para que estes possam ser atualizados, pois hoje, existe uma grande dificuldade e empecilho por falta de dados concretos e atualizados, os próprios registros oficiais encontram-se defasados, principalmente os dados em relação à silvicultura do Estado que se expandiu de forma muito rápida, exemplo claro é o último Plano Florestal que é de 2009 e cita o ano de 2008 sendo que neste ano a plantação de eucaliptos era de 265.254 ha e atualmente são 800 mil ha. É necessário que os municípios que possuem as empresas já implantadas, sejam reorganizados e reestruturados, e que os municípios sugeridos, sejam 68 planejados para receberem com o mínimo de impactos ambiental e social, e o máximo de aproveitamento. Não se deve deixar de lado a parte ambiental, a cobrança dos órgãos deve ser sempre rígida, e com as técnicas de manejo adequadas é possível um desenvolvimento sustentável para o Estado, que reutilize suas áreas já degradadas e traga bons retornos para uma região do estado que precisa ser vista com olhares promissores, a Microrregião Norte com seus municípios carentes e esquecidos. Esta microrregião já tem o solo frágil e degradado, e o uso do eucalipto nesta área poderia servir de proteção, uma vez que acabaria por segurar e o manter firme devido ao seu tempo de corte ser maior, o que não ocorre em outras monoculturas com ciclos menores que fragilizam ainda mais este solo, além da pastagem que também pode ser considerada nesta região como não própria, uma vez que com o pisoteio do gado a terra fica solta, sendo assim o eucalipto serviria de proteção e recuperação em termos ambientais para esta microrregião. E no contexto geográfico, a ideia deste trabalho foi a de expandir o que se tem em grande quantidade em uma localidade onde atualmente pela forma que o processo se iniciou, sem planejamento, existe caos de ordem ambiental e paisagístico que deve ser controlado e reconstruído, para uma região que está estagnada, e que possui uma gama de recursos que podem ser utilizados para tais fins. 69 8 CONCLUSÃO O Norte do Estado tem condições físicas, climáticas e ambientais para receber de forma planejada as florestas de eucalipto, indústrias de transformação, trazendo novidades, e oportunidades de desenvolvimento para uma possível abertura de novos olhares e cenários para esta região. Deve-se, então, distribuir as plantações para a Microrregião Norte, criando não somente uma empresa que consumirá esta matéria-prima, mas sim também várias empresas de pequeno e médio porte, vistas à diversificação da produção, uma vez que o eucalipto está atualmente presente na vida da população com sua grande variedade de produtos como muitos já foram citados, e outras de pequeno porte como, prendedores de roupas, palitos de dentes, lápis, palitos de sorvete (os mesmos também podem ser utilizados no ramo da estética), e uma infinidade de outros produtos que estão presentes no dia-a-dia sem lhes ser notada tamanha importância. É possível transformar esta região em um pólo de produtos madeireiros com indústrias de pequeno porte, que abasteçam os mercados local e nacional e que tenham seus produtos figurando no mercado internacional; diante da relevância do tema, ele merece ser objeto de futuras pesquisas. 70 9 REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: referências: elaboração. Rio de Janeiro, ago. 2002. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520: informação e documentação: apresentação de citações em documentos. Rio de Janeiro, jul. 2002. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6028: resumos. Rio de Janeiro, maio 2003. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724: informações e documentação - trabalhos acadêmicos - apresentação. Rio de Janeiro, jul. 2011. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6027: informações e documentação - sumário – apresentação. Rio de Janeiro, mai. 2012. ANDRADE, E. N. de. O reflorestamento do Brasil e a Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Rio Claro. Typographia Conrado, 1922 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS INDÚSTRIAS DO MOBILIÁRIO (ABIMÓVEL). 2015. <http://www.abimovel.com/> Acesso em 29 de maio de 2015. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE PAINÉIS DE MADEIRA (ABIPA). 2007. Disponível em: <http://www.abipa.org.br/> Acesso em 11 de mar. de 2015. 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