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Roman Wróbel
A Polônia em cativeiro
A virada dos séculos XVIII e XIX trouxe esperanças para a restauração da
independência ligadas com os sucessos militares de Napoleão Bonaparte. As Legiões
Polonesas, criadas na Itália por Jozef Wybicki e Henryk Dabrowski lutaram em muitas
batalhas da era napoleônica, esperando a chegada através da Áustria para a Polônia.
Estas esperanças foram expressas em “Mazurek Dabrowskiego”, criado em 1797. A
canção proclamando que “A Polônia não desaparecerá, enquanto nós vivermos”,
expressando a esperança de que as legiões atinjam o solo polonês, tornou-se a faísca
que inflamou individuos vigorosos no país, depois tornou-se o hino nacional.
Ao mesmo tempo, o padre Adam Czartoryski, o ministro dos assuntos
estrangeiros da Rússia, estava preparando o plano do renascimento do estado polonês
sob o governo do tsar russo Alexandre I. A divisão em defensores da co-operação com
o Oriente ou o Ocidente durou décadas e muitas vezes afetava o destino da Polônia.
Napoleão cumprimiu, em parte, as esperanças investidas nele. Após a derrota
da Áustria e da Prússia, criou em 1807 a partir de uma parte dos terrenos da antiga
República o Ducado de Varsóvia. Ajudou também a criar o exército polonês sob a
liderança do sobrinho do último rei polonês, o padre Jozef Poniatowski. O exército
lutou em todas as campanhas e batalhas importantes incluindo as de Moscou e
Leipzig, onde morreu o padre Poniatowski. No entanto, a derrota da invasão na Rússia
(1811-1812) e a queda de Napoleão mudaram o destino da Europa e da Polônia. No
lugar do Ducado de Varsóvia, foi estabelecido o Reino da Polônia, com sua própria
constituição, o parlamento, o exército e o tesouro, ligado pela união pessoal com a
Rússia e o tsar da Rússia foi também o rei da Polônia. Do restante território polonês
foi criado o Grão-Ducado de Poznań sob a soberania prussiana e a Cidade Livre de
Cracóvia "sob a proteção" dos três impérios.
No entanto, os poloneses não renunciaram à idéia de independência total. Já em
Novembro de 1830, seguindo a onda de protestos em toda a Europa contra as decisões
do Congresso de Viena, no Reino da Polônia estalou um levantamento armado, o tsar
foi destronado e foi instaurado o Governo Nacional. Apesar do sucesso inicial, tudo
terminou em fracasso. O Reino da Polônia tornou-se uma parte integrante do Império
Russo e as conquistas econômicas e políticas do período 1815 - 1830 foram perdidas.
Na disputa - lutar ou cooperar com os invasores - a idéia de revolta venceu novamente
na década de 60 do século XIX. A Revolta de Janeiro de 1863 -1864 anos, no entanto,
terminou em uma derrota esmagadora e o Reino da Polônia era cada vez mais
reprimido então durante muitos anos a tentativa de recuperar a independência na luta
armada foi esquecida.
Após cada revolta, uma onda de refugiados políticos abandonava as terras
polonesas. Após a Revolta de Novembro mais de dez mil pessoas tinham de emigrar.
Por causa do número, mas também por causa de um grande potencial intelectual dos
emigrantes, eram chamados a Grande Emigração. Entre eles estavam: o ilustre político
Adam Czartoryski, os poetas Adam Mickiewicz e Juliusz Słowacki, o compositor
Fryderyk Chopin, o historiador Joachim Lelewel, e praticamente todos os generais da
revolta de 1831. Na França foram criadas as melhores obras da literatura polonesas,
presididas por “Pan Tadeusz” de Adam Mickiewicz. Os poloneses-emigrantes eram
sempre presentes na vida do mundo, não só como soldados e políticos: Ignacy
Domeyko foi o pai da geologia no Chile, Ernest Malinowski construiu linhas de
caminho-de-ferro no Peru, Paweł Edmund Strzelecki explorou as terras da África e da
Austrália para a Coroa Britânica. Também devemos mencionar os artistas polacos:
Joseph Conrad ( Józef Korzeniowski) tornou-se clássico da literatura mundial e
Fryderyk Chopin e Ignacy Jan Paderewski são conhecidos em todo o mundo como
ilustres pianistas e compositores.
Após a Revolta de Janeiro, o Reino da Polônia sofreu duras represálias, emigrou
uma nova onda de políticos, artistas e soldados, intensifcou-se também a pressão da
russifcação, a língua polonesa desapareceu dos escritórios e escolas. Nos territórios
anexados à Prússia a situação era similar, as autoridades, às vezes de forma brutal,
submeteram a população às políticas de germanização. A Igreja Católica sofreu duras
represálias tanto na Rússia como na Prússia. Apenas a Galícia tinha uma grande
liberdade e em 1867 recebeu a autonomia, com um parlamento regional,
administração e escolas. Mas ao contrário dos territórios anexados à Prússia e, em
parte, à Rússia, a Galícia era uma região pobre e, exeto cidades maiores, atrasada
civilizacionalmente.
Graças à luta para manter o espírito nacional e aos postulados do trabalho
orgânico, a cultura polonesa estava a crescer de forma muito intensa. Nessa época
criavam suas obras: Boleslaw Prus, Eliza Orzeszkowa, Stefan Zeromski, o poeta Adam
Asnyk e os pintores - Jan Matejko, Jozef Chełmonski, Henryk Siemiradzki, Stanislaw
Wyspianski. Em 1905, Henryk Sienkiewicz recebeu o Prêmio Nobel da literatura.
Também a ciência polaca estava a crescer: Zygmunt Wróblewski e Karol
Olszewski foram os primeiros homens a liquefazer o oxigénio e o azoto. Em 1853
Ignacy Lukasiewicz elaborou a técnica de destilação do petróleo e construiu a lâmpada
de querosene, e em 1887 Ludwik Zamenhof publicou o primeiro manual da língua
esperanto. O ponto culminante para a atividade científca dos poloneses foi a
concessão de dois Prémios Nobel a Maria Skłodowska-Curie da física em 1903 e da
química em 1911.
O sonho da independência voltou com a Revolução Russa em 1905. Embora
nem no Reino, nem na Rússia não se conseguissem realizar mudanças políticas
importantes - as esperanças dos poloneses renasceram, voltaram as memórias das
revoltas. Alguns grupos políticos optaram pela luta armada pela independência,
enquanto outros preferiam uma política de negociações com os invasores. Mas todos
sabia que sem conflito armado à escala europeia, sem guerra entre as potências
partidoras, a causa polonesa tinha pouca chance de sucesso. O principal problema foi a
escolha de um aliado - os socialistas optavam pela cooperação com as potências
centrais (o Império Alemão, o Império Austro-Húngaro), os democratas nacionais
viam uma oportunidade na aliança com a Rússia e os países da Tríplice Entente (a
França, a Grã-Bretanha e os Estados Unidos).
Para a independência
A eclosão da guerra em 1914, em que as potências partidoras lutaram em lados
opostos, aumentou as esperanças dos poloneses para a independência. Os defensores
da co-operação com os países centrais fundaram em Cracóvia o Supremo Comitê
Nacional que começou a organizar as legiões polonesas. Os defensores da opção russa
fundaram 1914 em Varsóvia, o Comitê Nacional Polonês. Devido à relutância dos
estados centrais em abordar a causa polonesa, Jozef Pilsudski construiu a Organização
Militar Polonesa secreta cujo objetivo era a luta armada contra a Rússia. As
autoridades dos países centrais, para ganhar o apoio entre os poloneses, cumpriam
algumas das demandas sociais, por sua vez, criaram um substituto do governo e do
parlamento polonês: o Conselho de Estado Provisório, o Conselho de Regência e o
Conselho de Estado do Reino da Polônia.
Também a Rússia mudou sua posição sobre a Polônia cujo governo provisório,
formado como resultado da Revolução de Fevereiro de 1917, anunciou a criação do
Estado da Polônia, em aliança com a Rússia. Foi fundado o Comitê Polonês Militar e
se começaram a criar os corpos de exército poloneses do na Rússia. Ativaram-se
também as potências ocidentais. Em 1917, foi criado em Paris, sob a direção deRoman
Dmowski, o Comitê Nacional Polonês, reconhecido pelos países da Tríplice Entente
como a representação polonesa. Na França, começou-se a formar um exército polaco.
No início de 1918, o presidente dos EUA, W. Wilson anunciou a declaração de 14
pontos, cujo ponto 13 falava da independência da Polônia. A Primeira Guerra
Mundial terminou com a derrota de todas as três potências de particionamento o que
permitiu a libertação da Polônia.