Arquitetura Sustentável
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Arquitetura Sustentável
PROJETO DE PESQUISA – PIC UNICEUB UNICEUB – Centro Universitário de Brasília Departamento de Arquitetura e Urbanismo Tema: Arquitetura Sustentável - teoria e prática Avaliação de concursos públicos nacionais de projeto – 2000 a 2007 Coordenador do Projeto: Fabiano Sobreira Arquiteto e urbanista, PhD Professor e Pesquisador Departamento de Arquitetura e Urbanismo - UNICEUB Alunas-pesquisadoras: Graciella Martins Departamento de Arquitetura e Urbanismo - UNICEUB Renata Fernandes Departamento de Arquitetura e Urbanismo - UNICEUB Brasília, Agosto de 2007. Apresentação Problema de pesquisa: Verificar a aplicação (teórica e prática) dos princípios da sustentabilidade em concursos nacionais de projetos de arquitetura. Recorte temporal 2000 a 2007 Justificativa A preocupação com a sustentabilidade está presente em todas as formas de produção e consumo. No caso da produção do espaço não é diferente. A sustentabilidade urbana depende de ações em várias escalas e no caso das edificações, em particular, é preciso incorporar seus conceitos, princípios e diretrizes ainda na fase de projetos. A indústria da construção, se por um lado é uma das principais responsáveis pelas ações de impacto sócio-ambiental, é também um segmento que tem um grande potencial de contribuição na área. De acordo com o relatório do UNEP (United Nations Environment Programme), publicado em março de 2007, uma boa arquitetura e a economia de energia em prédios poderiam fazer mais pelo combate ao aquecimento global do que todas as restrições de emissão de gases de efeito estufa definidas no Protocolo de Kyoto. Ainda de acordo com o relatório, “o uso mais eficiente de concreto, metais e madeira na construção e um menor consumo de energia em itens como ar-condicionado e iluminação em casas e escritórios poderiam economizar bilhões de dólares em um setor responsável por de 30% a 40% do consumo mundial de energia”. Em resumo, decisões corretas na fase projetual podem resultar em edificações com menor impacto ambiental e conseqüentemente maior sustentabilidade. Um dos principais e mais democráticos meios de promoção da arquitetura no Brasil, em especial no que se refere a edificações de uso público e institucional, tem sido a promoção de concursos públicos de projeto. Diversos editais têm procurado incorporar nos termos de referência e nas diretrizes projetuais, aspectos relacionados aos princípios da sustentabilidade. A legislação federal (Lei 8666/1993) define o concurso como uma das modalidades de licitação publica (art. 22, IV), e a forma preferencial para a contratação de projetos de arquitetura pela administração pública. Na mesma Lei é definido que o “projeto básico”, elemento essencial para a contratação de serviços de engenharia, deve assegurar a viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental (Art. 6º, IX), o que demonstra a consciência pública sobre o papel e a importância da arquitetura na construção de cidades mais sustentáveis. Ao mesmo tempo, observa-se que o aparente modismo em torno do tema; a diversidade de conceitos e interpretações correntes; assim como a carência e dispersão de estudos científicos apropriados na arquitetura; são aspectos que têm contribuído para a difusão de conceitos equivocados, assim como técnicas e soluções questionáveis. Por um lado, a importação e a propagação de “selos verdes” e de “materiais ecológicos” têm ignorado as especificidades geográficas e sociais. Por outro, o extremismo de alguns “princípios filosóficos em prol de comunidades auto-sustentáveis” impede apropriações mais realísticas e adequadas do tema na arquitetura (e conseqüentemente na cidade) contemporânea. Entende-se que a investigação científica sobre o exercício projetual é fundamental, em especial para uma atividade que por vezes é equivocadamente classificada como pertencente exclusivamente aos universos da criatividade e da inspiração, relegando a parcela de investigação técnica e de procedimentos metodológicos em segundo plano. Enfim, como esse princípios e diretrizes têm se estabelecido nos editais e termos de referências dos concursos? Como têm se materializado nos projetos? De que forma os arquitetos dos novos edifícios institucionais estão aplicando (ou não) esses conceitos na prática projetual? É possível estabelecer princípios objetivos por uma construção sustentável e convertê-los em diretrizes projetuais, ou trata-se apenas de uma abordagem retórica? Os concursos públicos de projeto têm, de alguma forma, contribuído para definir uma postura sustentável na arquitetura? Essas são algumas questões básicas apresentadas por este projeto, que tem como tema a arquitetura sustentável, como objeto de pesquisa os concursos nacionais de projeto de arquitetura e como recorte temporal preliminar o período entre 2000 e 2007, avaliando a aplicabilidade do tema sustentabilidade na prática projetual. Objetivo Geral Estabelecer um quadro analítico-comparativo sobre a produção contemporânea da arquitetura brasileira resultante de concursos e sua relação com o tema sustentabilidade. Objetivos Específicos • • • Avaliar e revisar os princípios e conceitos da sustentabilidade aplicados à arquitetura Avaliar a existência (ou não) de princípios dedicados à sustentabilidade em editais e termos de referência de concursos públicos de projeto; Avaliar a aplicação (ou não) desses princípios entre os projetos premiados; Metodologia e Fontes de Pesquisa A pesquisa se desenvolverá nas seguintes etapas, cada uma relacionada a um conjunto de procedimentos metodológicos específicos, conforme indicado na tabela a seguir: ETAPA PROCED. METODOLÓGICOS 1. Revisão conceitual 2. Catalogação de editais e termos de referência 3. Catalogação de projetos 4. Análise de estudos de caso 5. Análise comparativa entre estudos de caso A, B A, B A, B, C, D B, C, D, E, E, F Procedimentos Metodológicos: A. Leitura e fichamento; B. Análise textual; C. Análise técnica (elementos textuais, gráficos e quantitativos) D. Entrevistas E. Avaliação de desempenho F. Matriz Analítica Na etapa 1 será realizada a avaliação e a revisão da bibliografia preliminar de referência, relativa aos conceitos e princípios da sustentabilidade aplicada à arquitetura. Considerando que a revisão bibliográfica é parte dos objetivos específicos da pesquisa, e tendo em vista a consolidação da fundamentação teórica relacionada ao tema, novas referências poderão ser acrescentadas à lista preliminar. Nessa etapa, além da catalogação de referências acadêmicas, serão avaliados relatórios técnicos, legislação, normas e publicações especiais, sempre que relevantes ao objetivo geral da pesquisa. A leitura, o fichamento e a análise textual são os principais procedimentos metodológicos aplicados. A etapa 2 corresponde ao levantamento e à catalogação de editais e termos de referência de concursos nacionais de projeto realizados entre 2000 e 2007. Espera-se, nesta parte da pesquisa, identificar a existência (ou não) de diretrizes projetuais e/ou elementos norteadores de projeto que porventura tenham influenciado na condução dos projetos a serem avaliados. Aplicam-se os mesmos procedimentos metodológicos da etapa anterior. A catalogação de projetos é o objetivo da etapa 3 da pesquisa. Serão selecionados para análise os projetos premiados e/ou destacados dos concursos selecionados na etapa anterior. Serão coletadas informações relativas aos memoriais descritivos, elementos gráficos (plantas, cortes, elevações, detalhes construtivos, imagens tridimensionais) suficientes à avaliação dos tópicos de pesquisa selecionados. Finalizada a catalogação preliminar, passa-se à etapa 4 – elemento fundamental da pesquisa, que se refere à análise individual dos estudos de caso. Cada projeto será objeto de “análise de desempenho”, que abordará os seguintes aspectos preliminares: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. Partido arquitetônico e princípios de projeto (memorial, croquis) Implantação, orientação solar e elementos de proteção; Iluminação natural; Ventilação e conforto ambiental; Controle de ruídos; Paisagismo; Infraestrutura Tecnologia, materiais e sistemas construtivos (viabilidade construtiva); Relação com o entorno (contextualização urbana). A avaliação de cada um dos tópicos, além dos elementos gráficos e textuais catalogados (projeto propriamente dito), também terá como base a realização de entrevistas com os autores dos projetos e a verificação – por parte dos pesquisadores – dos diversos elementos técnicos do projeto (cálculos de insolação e iluminação, estudos de ventilação, verificação das condições acústicas, e estudos preliminares de impacto) Vale salientar que os projetos apresentados em concursos nacionais, por definição do edital, são limitados ao nível de estudo preliminar. Nessa etapa, a solução arquitetônica está claramente definida, no entanto o detalhamento sobre os elementos de infraestrutura, tecnologia e materiais podem variar conforme profundidade da proposta. No entanto, por se tratar de pesquisa voltada para a avaliação do projeto arquitetônico (não necessariamente desenvolvido ou construído), entende-se que o nível de resolução se adequa aos objetivos da pesquisa. A etapa final da pesquisa (etapa 5) corresponde à construção de uma “matriz analítica”, em que serão avaliados comparativamente todos os estudos de caso abordados na fase anterior. Espera-se, como resultado, definir a existência (ou não) de posturas projetuais consolidadas, assim como a verificação de tendências e técnicas relacionadas à sustentabilidade. Como fontes básicas de pesquisa, destacam-se: • • • • • Instituto dos Arquitetos do Brasil – IAB (escritório nacional e respectivas regionais), principal entidade responsável pela organização dos concursos públicos de projeto; Instituições contratantes (instituições públicas que contratam os projetos e que elaboram, em conjunto com o IAB, os editais e termos de referência); Escritórios de arquitetura – sempre que possível, buscar com os próprios autores dos projetos informações de interesse para a pesquisa; Portais virtuais de projetos – alguns portais na Internet disponibilizam informações gráficas e textuais relacionadas a diversos concursos institucionais; Publicações impressas (periódicos, livros, edições especiais); Referências Bibliográficas Preliminares* * Revisão Bibliográfica / Fundamentação Teórica Conforme mencionado no item Metodologia, o levantamento e a revisão bibliográfica sobre o tema é uma das etapas e também um dos objetivos específicos do presente projeto. Portanto, é parte intrínseca da pesquisa a ampliação e revisão do universo de referências à medida que as investigações temáticas avancem. De qualquer forma, são apresentados a seguir os elementos básicos de referência a partir dos quais a pesquisa é iniciada, acompanhados de breve comentário sobre o seu conteúdo: Livros: Em busca de uma arquitetura sustentável para os trópicos CORBELLA, O. & YANNAS, S. Trata-se de uma das principais referências teórico-metodológicas da pesquisa. Neste livro, os autores não apenas descrevem os princípios e estratégias da arquitetura sustentável para os trópicos, como apresentam uma série de estudos de caso de edifícios existentes, tendo como objetivo a verificação do conforto ambiental das edificações. Eco-Tech: sustainable architecture and high technology SLESSOR, C. Esta publicação reúne uma série de projetos internacionais desenvolvidos na última década, que têm em comum o uso de alta tecnologia, associada a princípios ambientais e/ou ecológicos. Os projetos são agrupados de acordo com os seguintes tópicos: expressão estrutural, iluminação, eficiência energética, contexto urbano e simbolismo cívico. Traz a ótica européia e norte-americana do conceito de sustentabilidade. Arquitectura Bioclimatica IZARD, J. & GUYOT, A Este livro expõe brevemente uma imagem global da arquitetura bioclimática: sua condição de partida, conceitos básicos e sua relação com os processos de conservação ambiental, gastos energéticos e desenvolvimento sustentável. Tem a proposta de desenvolver uma metodologia para a compreensão da gênese de um projeto de arquitetura bioclimática, oferece um panorama atual das últimas tendências, além de projeções para o futuro. Ambiência Urbana MASCARÓ, L. Este livro analisa a influência da morfologia do recinto urbano na sua ambiência: largura das ruas e altura dos edifícios que definem seus perfis, assim como a idade dos conjuntos arquitetônicos e, conseqüentemente, do tipo de fachada e formas de uso de seus espaços. Realização de medições in situ com equipamentos simples, tentando obter informações discretas que, oferecendo margem de erro, permitem levantar algumas hipóteses estabelecendo uma diferença fundamental entre uma pesquisa concluída e a primeira experimentação que a precede. Arquitectura y Clima. Manual de Diseño Bioclimático para Arquitectos y Urbanistas OLGYAY, V. Publicado no final dos anos 50, este livro traz questões bem atuais sobre o meio ambiente, explorando as relações entre edifícios e o meio natural que o envolve. Arquitetura e lugar, forma e clima, urbanismo e regionalismo; tudo desenvolvido em três partes: clima e sua relação com o ser humano; interpretação das ações do clima e sua aplicação na arquitetura e no urbanismo. É desenvolvida uma completa teoria de desenho arquitetônico auto-consciente, apoiada em métodos e conhecimentos teóricos próprios e de outras disciplinas. Princípios Bioclimáticos para o Desenho Urbano ROMERO, M. Informações organizadas sobre os elementos fisicos-ambientais, em especial sobre o clima, para que a ação transformadora do meio físico seja correta, traduzidas numa linguagem acessível aos planejadores e arquitetos. Estabelecem-se princípios de desenho urbano que proporcionam ao homem uma avaliação integrada das qualidades ambientais, seja do ambiente físico ou social, envolvendo além da percepção térmica, a acústica, a luminosa, a olfativa, a tátil, entre outras. Arquitetura Bioclimática dos Espaços Públicos ROMERO, M. Estudo das relações que se verificam no espaço público, incorporando integralmente os aspectos ambientais no processo formal de materialização desse espaço, a fim de identificar, sistematizar e consolidar tanto objetos de conhecimento como elementos práticos e instrumentais que permitam recriar, no desenho urbano do espaço público, sua adequação a cada meio, cultura e realidade. Publicações especiais: Contemporary ecologies: energies for Italian Architecture Ministero per gli Affari Esteri / Ministero per I Beni e le Attività Culturali Esta publicação resultou da exposição realizada na Bienal de Arquitetura de Brasília de 2006, sobre a produção arquitetônica contemporânea na Itália, tendo como foco a sustentabilidade. São reunidos trabalhos de 21 escritórios de arquitetura daquele país, analisados segundo três grupos temáticos: água, terra e sol. AGENDA 21 . Brasília Senado Federal, Subsecretária de Edições Técnicas, 1996. A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992, aprovou a Agenda 21 – documento que estabelece um pacto pela mudança do padrão de desenvolvimento global para o século XXI, na forma de compromissos que expressam o desejo de mudança das nações do atual modelo de civilização para outro em que predomine o equilíbrio ambiental e a justiça social. Com a Agenda 21 consolidou-se a noção de indissociabilidade entre desenvolvimento e conservação do meio ambiente, que leve à mudança do padrão de crescimento econômico e, portanto, torne possível a idéia do direito ao desenvolvimento, especialmente para os países mais pobres e do direito à condições ambientais adequadas para as futuras gerações. Artigos: O arquiteto e o planejamento ambiental e os riscos da falta de discussão ARRUDA, Fonte: Arquitextos – Portal Vitruvius A. O texto apresenta uma reflexão sobre a situação atual do arquiteto, ao lidar com a temática do planejamento ambiental vinculada à sua prática profissional. É discutido o papel dos estudos ambientais e dos estudos urbanísticos, assim como são levantadas questões sobre as limitações da formação profissional para atuar na área. O autor também avalia, de forma breve, o papel das entidades e das escolas de arquitetura A (in) sustentabilidade na arquitetura HICKEL, D. Fonte: Arquitextos – Portal Vitruvius Neste artigo, o autor se propõe a suscitar a discussão em torno da prática arquitetônica contemporânea e sua relação com a sociedade, enquanto atividade questionadora dos valores que mudam com o passar do tempo e sua possível contribuição para um desenvolvimento sustentável. Plano de Trabalho Tema da pesquisa: Arquitetura Sustentável - teoria e prática Avaliação de concursos públicos nacionais de projeto – 2000 a 2007 Orientador-pesquisador: Fabiano José Arcadio Sobreira Arquiteto e urbanista, PhD Professor e Pesquisador Departamento de Arquitetura e Urbanismo - UNICEUB Alunas-pesquisadoras: Graciella Martins Renata Fernandes Descrição Geral Esta pesquisa tem como objetivo verificar a aplicação (teórica e prática) dos princípios da sustentabilidade em concursos nacionais de projetos de arquitetura. Para isso, procura estabelecer um quadro analítico-comparativo sobre a produção contemporânea da arquitetura brasileira resultante de concursos de projetos e sua relação com o tema. Este subprojeto – que em sua fase inicial é desenvolvido em conjunto com as alunas Graciella Martins e Renata Fernandes que tem como recorte temporal o período de 2004 a 2007 – é complementado pelo subprojeto a ser desenvolvido em conjunto com a aluna Renata Fernandes de Araújo, que abordará o período de 2000 a 2003. Cronograma Cronograma Etapa Ago/07 Set/07 Out/07 Nov/07 Dez/07 Jan/08 Fev/08 Mar/08 Abr/08 Mai/08 Jun/08 Jul/08 1 2 3 4 5 As seguintes atividades compõem as etapas de pesquisa: 1. Revisão conceitual 2. Catalogação de editais e termos de referência 3. Catalogação de projetos 4. Análise de estudos de caso 5. Análise comparativa entre estudos de caso Os procedimentos metodológicos de cada etapa estão indicados no projeto de pesquisa. São partes intrínsecas das etapas de pesquisa os relatórios parciais e final, assim como todas as atividades previstas no edital de seleção.