Gastronomia e Hotelaria - Universidade Estadual do Centro
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Gastronomia e Hotelaria - Universidade Estadual do Centro
Reitor: Aldo Nelson Bona Vice-reitor: Osmar Ambrósio de Souza Universidade Aberta do Brasil UAB/UNICENTRO Coordenação: Maria Aparecida Crissi Knuppel Projeto TICS/UAB/Unicentro Coordenação: Maria Terezinha Tembil; Ariane Carla Pereira Revisão/Correção Linguística: Daniela Leonhardt Planejamento gráfico: Lucas Gomes Thimóteo Diagramação: Lucas Gomes Thimóteo UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE UNICENTRO Comissão Científica Carlos Alberto Kuhl Diocesar Souza Edélcio José Stroparo Marcio Alexandre Facini João Morozini Klevi Reali Margareth Maciel Regiane Trincaus Robinson Medeiros Romeu Scharz Sobrinho Ruth Rieth Leonhardt Vanessa Lobato Waldemar Feller 2 SUMÁRIO INTRODUÇÃO .................................... 3 PARTE I: HISTÓRIA DA GASTRONOMIA MUNDIAL .......................................... 4 1. Pré-História ............................................ 4 2. Idade Antiga ........................................... 5 3. Idade Média (séculos V a XV d.C.) ...... 7 4. Idade Moderna (Séculos XV a XVIII) 9 3. Idade Contemporânea e internacionalização da cozinha francesa ....................... 12 PARTE II: MANUAL DE PROCEDIMENTOS PARA AULAS PRÁTICAS E ELABORAÇÃO DE MATERIAL NA DISCIPLINA DE GASTRONOMIA E HOTELARIA ............................................. 15 1. Etiqueta à mesa .................................... 15 2. Arrumação de mesa (mise-en-place) ...... 24 3. Serviço de alimentos e bebidas para restaurantes e hotéis ...................................... 30 4. Planejamento de cardápio para restaurantes e hotéis ........................................... 42 5. Serviço de vinhos para restaurantes e hotéis ......................................................... 48 6. Serviço de bar para restaurantes e hotéis ......................................................... 56 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................. 67 REFERÊNCIAS ........................................ 68 3 4 um suporte teórico aos tópicos abordados na disciplina. Aonde todos encontrarão informações úteis e necessárias ao desenvolvimento das atividades propostas e também um direcionamento para novas pesquisas e buscas individuais. Iniciaremos com a abordagem histórica da gastronomia mundial, que se confunde com a história da alimentação, processo esse essencial para o entendimento de diversas questões em discussão na atualidade, podendo então, com uma breve leitura perceber a influência das particularidades de cada INTRODUÇÃO povo na construção dessa história. Na segunda parte teremos uma Esse material foi desenvolvido para abordagem prática. Nele encontram-se des- o projeto institucional Uso de Tecnologias critas algumas formas e procedimentos da de Comunicação e Informação nos Cursos gastronomia, uma iniciação para quem pre- Presenciais de Graduação da UNICENTRO tende seguir esse caminho, visto que nosso com vistas a auxiliar nos conteúdos ministra- objetivo é apresentar a profissão e algumas dos a distância pelo sistema moodle. de suas nuances e das suas inúmeras possibi- O objetivo dessa publicação é dar lidades. 5 Os tópicos apresentados nessa seção servirão de base para as aulas práticas programadas para o segundo semestre. Portanto, desenvolvam todas as atividades da disciplina com atenção para que possamos colocar em prática algumas das questões levantadas nessa publicação. Utilizem esse material com o guia para seus estudos, sempre buscando novas informações e descobertas próprias, para que o processo ensino-aprendizagem se torne completo e o conhecimento adquirido se estenda além da sala de aula. 6 para preparar os alimentos. No Período Quaternário (6.000 anos a.C) a alimentação era baseada na caça, coleta de frutos, nozes, raízes e cereais silvestres. Os homens viviam em cavernas e sua alimentação era totalmente dependente dos alimentos que a natureza dava. No Período Mesolítico (5.000 anos a.C.) houve o deslocamento dos homens para o litoral, onde encontraram uma abundância de frutos do mar e houve um aumento no consumo de peixes, aves aquáticas, ovos, lebres, lesmas, caracóis, cobras, continuando a PARTE I: HISTÓRIA DA GASTRONOMIA MUNDIAL 1. Pré-História Primeiramente é importante pensar a arte culinária como a base da Gastronomia, caça de gado selvagem, rena e javali. Nesse processo, destaca-se que: O homem pré-histórico criou todo tipo de armas, como arpões, lanças com bicos envenenados, redes de pesca, arcos, flechas, armas e, com esses instrumentos, ampliou a sua dieta alimentar de modo assombroso. (LEAL, 2007 p. 15) que representa a mais antiga de todas as ar- A partir da evolução constante do tes, utilizando o fogo e dominando a natureza homem, encontramos na pré-história a etapa 7 inicial do desenvolvimento da Gastronomia, senvolvimento da Gastronomia, pois deixou mento em busca de alimentos, o homem com a descoberta do fogo a mais de 500 mil de cozinhar alimentos sobre pedras, para criar observou que as sementes jogadas na terra anos, a invenção de utensílios nas suas for- sopas e caldos de cereais em panelas presas a podiam germinar e brotar, surgindo então o mas mais rudimentares, o descobrimento de ganchos na lareira até que surgissem os for- início do cultivo da terra e do abandonando especiarias e novos ingredientes, chegando ao nos e fogões. da vida nômade. O homem passou a viver em aprimoramento de técnicas como a redução e Os primórdios da arte culinária estão associados à invenção dos utensílios de pedra e de barro [...] Só com a fabricação desses artefatos puderam os homens iniciar-se na culinária propriamente dita, isto é, cozer os alimentos, condimentando-os com ervas e sementes aromáticas. (FRANCO, 2001 p. 18). ligas de molhos e as diversas formas de conservação. Com a descoberta do fogo, tornouse possível a conservação dos alimentos e também o início da arte culinária, modificando o sabor dos alimentos através de diferentes formas de cocção. Cozinhando, descobriu que podia restaurar o calor natural da caça, acrescentar-lhe sabores e torná-la mais digerível. [...] Percebeu ainda que a cocção retardava a decomposição dos alimentos, prolongando o tempo em que podiam ser consumidos. (FRANCO, 2001 p. 17). A invenção da louça de barro e da cerâmica, seguida das panelas de ferro, foi o homem de extrema importância para o de- aldeias, praticando a colheita e a domesticação de animais. Ainda na pré-história, o homem trocou a vida nômade pela vida em pequenas aldeias, aprendeu a colher e domesticar pequenos animais, iniciando-se na vida pastoril. (ORNELLAS, 2000 p. 13). A fermentação foi outra descoberta fundamental para a evolução na forma de se alimentar, tornando-se um poderoso meio 2. Idade Antiga de conservação dos alimentos, fazendo com A arte gastronômica já se fazia pre- que alimentos e bebidas, perecíveis em curto sente nas civilizações antigas da Assíria, Ba- prazo, pudessem ser armazenados, além de bilônia, Pérsia e Egito, que praticavam a se- transformar o gosto e a textura dos alimen- leção, o preparo, o serviço e a apreciação da tos. Como exemplos há as frutas e cereais comida com grande sofisticação. transformados em bebidas como vinhos e cervejas. Durante os períodos de desloca- Dentro do palácio de Mari, como o da Babilônia, durante algumas cerimônias festivas, o rei, frequentemente recebe aos grandes personagens 8 do império, os chefes costumeiros e os reis vassalos, [...] Quando cada um tomou seu lugar segundo sua classe, passam os criados encarregados de apresentar água para que todos lavem as mãos; depois, cada hóspede recebe um frasco de óleo perfumado [...] para se untar no começo e no fim da refeição. Em seguida, ele é servido de carne, grelhada e guisada, acompanhada de pão e legumes. (FLANDRIN E MONTANARI, 1998 p.59-60). Da Grécia antiga nos veio o respei- to pelo bem comer e o bem viver, o que se caracteriza pela palavra epicurismo, derivada de Epicurus, filósofo grego que cantava o conforto de vida e os prazeres da mesa. Inclusive a palavra gastronomia deriva do grego ‘gastros’ (estomago) e ‘normas’ (lei). (ORNELLAS, 2000 p. 62). paladar era testado em preparações e experimentado. Lucullus (século I a.C.) é uma das figuras legendárias da gastronomia romana. General vitorioso de várias campanhas, que lhe propiciaram imensa fortuna, construiu residências suntuosas e ofereceu festins magníficos ao ilustres do seu tempo. [...] Galinhas-d’angola eram trazidas da África e bandos de gansos tangidos pelas estradas, do norte da Gália até Roma. [...] Com a expansão do império, o mercado de especiarias também cresceu. (LEAL, 2007 p. 4650). No momento do serviço, à mesa, havia uma grande variedade de taças, que Os povos grego e romano repre- variavam de tamanho conforme a qualidade sentaram influências distintas e fundamentais do que era servido, quanto melhor o vinho para o desenvolvimento da Gastronomia nes- maior o copo. Também eram praticadas pelos sa fase. Os gregos alimentavam-se com mo- gregos três formas de preparo: o assado, os Os romanos faziam o melhoramen- deração, fazendo da refeição um momento caldos e os ensopados. O pão fermentado já to de vinhos trazidos da Grécia e Itália, com para alimentar o corpo e o espírito. Os ro- era conhecido, sendo acrescentadas à massa, o acréscimo de flores, especiarias e outras manos, por sua vez, ficaram conhecidos pelos ervas, sementes aromáticas, óleos vegetais e preparações, tornando-os mais saborosos e excessos alimentares praticados no tempo do frutas. perfumados. Império. No mesmo período, após inúmeras Havia uma grande preocupação O principal destaque da Gastrono- conquistas e a introdução de novos produtos, com o serviço à mesa e as troca de pratos e mia grega foi o prazer à mesa, pela valoriza- os romanos passaram a valorizar os banque- utensílios podiam chegar a vinte em uma úni- ção da comida, com conversas e execução tes extremamente luxuosos e os excessos ali- ca refeição. A cada preparação retiravam-se de cantos durante as refeições, celebrando a mentares. O luxo nas mesas dos romanos era os utensílios utilizados no serviço anterior. amizade, o prazer e o amor. quase inacreditável. Tudo o que agradava ao 9 a cerveja. [...] aprimoraram a conservação de alimentos (LEAL, 2007 p. 30-31). 3. Idade Média (séculos V a XV d.C.) Período marcado por inúmeros acontecimentos como a queda de Roma, a Fora dos mosteiros e das abadias invasão bárbara, a mudança do Imperador não havia mais preocupação com a arte de para Constantinopla que fomentaram o con- se alimentar bem, pois as técnicas culinárias tato da sociedade romana decadente com a para o preparo dos alimentos não eram mais sociedade bárbara, dando início ao Feudalis- valorizadas e o trabalho dos cozinheiros e mo. Tem-se então a estagnação na arte de se chefs de cozinha dispensado, os quais tiveram alimentar, devido à decadência nos avanços que fugir ou mudar de profissão. das técnicas culinária. Desse processo resultou uma maior Coube então aos religiosos dos hospitalidade e menos exagero durante as re- mosteiros e das abadias a manutenção da feições, os banquetes se tornaram mais sim- arte culinária iniciada na Idade Antiga. Nes- ples, com maior receptividade e afetividade. ses locais foram cultivados pomares, hortas e Manteve-se a utilização de condimentos jus- vinhas nobres, foram desenvolvidas técnicas tapostos, abusando de especiarias e de novos de refinamento de queijos, e aperfeiçoados os ingredientes. processos de conservação dos alimentos. Os monges foram os responsáveis por mudanças importantes da cozinha da Idade Média, simplificando a preparação dos alimentos e enriquecendo a qualidade dos produtos [...] eles cultivavam a uva para o vinho, a maçã para a cidra e o malte para O intercâmbio cultural proporcionado pelas Cruzadas despertou nos europeus uma culinária muito rica e a valorização de alimentos exóticos trazidos de diversas regiões, como o faisão de patas douradas. Durante os banquetes havia a presença de pajens1 vestidos com trajes especiais para servir as refeições e de belas mulheres para sessões de música e poesia. Os melhoramentos dessa época ocorreram no sentido de utilizar o que já existia para proporcionar maior prazer e bem estar à mesa. Foi Carlos Magno que introduziu um toque de refinamento no momento da refeição ao acrescentar, ao serviço, utensílios de prata e ouro, paredes decoradas e chão com flores. A culinária da Idade Média, como da Antiguidade, utilizava os condimentos sem o sentido da combinação dos ingredientes, limitando-se a justapô-los. A cozinha dos ricos, consequentemente, incorria no abuso das especiarias e voltava-se mais para o impacto da apresentação dos pratos do que para a arte de sua preparação. (FRANCO, 2001 p. 71). Guillaume Térel, chamado também de Taillevant, foi o principal nome da Gastronomia durante a Idade Média, sendo con1 Jovens da nobreza que acompanhavam o rei ou pessoa nobre (Braune & Franco, 2007) 10 siderando o precursor da cozinha francesa, los, alho, trufa, lasanha e ravióli. O serviço era transmitindo seus conhecimentos através de suntuoso, sem extravagâncias, com toalhas de livros. Seu livro Le Viandier apresentava recei- mesa bordadas e a comida era servida nos tas e costumes da corte de Carlos VI, e falava mais diversos formatos. tentação dos banquetes ainda presentes na Idade Média. [...] A chegada de Catarina de Medici marcou o início da mais complexa e refinada cozinha do mundo ocidental: a cozinha francesa. (LEAL, 2007 p. 4131). da renovação da cozinha, com destaque para Foi somente no século XVI que a A segunda força na cozinha francesa a importância dos molhos e o aprimoramen- cozinha francesa recebeu essa influência, atra- foram as demandas por luxo e a excelência da to de receitas antigas. vés de Catarina de Médicis, da Itália, esposa culinária na corte de Luís XIV, o Rei-Sol. Ini- de Henrique II, da França. As novidades na cia-se então a gastronomia do Grande Século Gastronomia francesa chegaram junto com e a cozinha transcende a simples função de os chefs da culinária renascentista, especialis- alimentar para transformar-se em um meio Temos nesse período o registro de tas em preparar pratos delicados e elegantes, de divulgação de ideias e novas descobertas. grandes inovações que marcaram o início do como corações de alcachofra, sorvetes, maca- As receitas e as preparações são divulgadas Renascimento, movimento que propôs um roons e diversas preparações de confeitaria. por toda a França em livros de culinária. 4. Idade Moderna (Séculos XV a XVIII) novo comportamento nas mais diversas áreas Catarina de Médicis introduz uma Luís XIV estabelece um novo proto- do conhecimento, entre elas a música, as artes nova elegância à mesa francesa com a utiliza- colo para o serviço à mesa, os pratos passam plásticas e também a Gastronomia. ção de talheres e pratos individuais, evitando a ter uma ordem de apresentação, com lim- Na França, e em várias cortes euro- o contato do convidado com o alimento e a peza e elegância. Segundo Ornellas (2003), no peias, ainda resistia a influência da gastrono- multiplicação de copos e taças de cristal vene- seu reinado, as refeições da corte constavam mia defendida por Taivellant, enquanto que ziano para a degustação de vinhos, que subs- de 8 serviços, cada qual composto de 20 a em Veneza e em Florença (Itália), os abasta- tituíram as taças de prata, cobre e estanho. 30 iguarias diferentes, inclusive receitas espa- dos mercadores já jantavam com elegância e estilo, saboreando delicadezas como cogume- A cozinha europeia se tornava mais elegante e simples, opondo-se à os- nholas e germânicas. O uso de talheres se dissemina, inicia a manufatura das porcelanas 11 francesas e os legumes passam a contracenar lorização das suas qualidades e o reconheci- damentadas nas propostas de Tailvellant, re- com as carnes, aumentando, dessa forma, o mento das suas geniais invenções, tornando a gistrando a transição entre a Idade Média e os refinamento durante as refeições. arte no preparo de pratos, que imitava a pin- tempos modernos ao estabelecer princípios tura e a escultura, indispensável. básicos na culinária francesa, na qual o uso As mudanças e o crescimento da Gastronomia durante os séculos XVII e iní- A valorização se dá também por de especiarias e temperos deve fazer aflorar cio do século XVIII se deram sob a influência meio de livros de culinária, com destaque o aroma natural dos alimentos ao invés de da alquimia, que no âmbito da cozinha busca- para os cozinheiros, que tinham seus nomes disfarçá-los. va o suco vital dos alimentos. ao lado das receitas que haviam inventado No mesmo período chegam à França Sugiram as ligas de farinha substi- ou divulgado. Em 1651, Pierre La Varenne, o chocolate e o café, nascem os assados e os tuindo as de pão. O processo de redução era mestre cozinheiro, publica o livro Le cuisinier molhos mais adequados para acompanhá- utilizado para aumentar a viscosidade de um françois, pioneiro em batizar uma receita com los e avança-se na elegância e limpeza. Em molho e concentrar seu sabor. Desenvolve- seu próprio nome. A Arte de bem tratar de 1674, são condenados ram-se a extração do suco das frutas e de tomates e a criação dos caldos, que foram os precursores da Teoria dos Fundos (séculos depois). A transformação na gastronomia francesa foi motivada também pela importância dada aos cozinheiros nessa época, que tinham o conhecimento dos diversos alimentos e preparações, porém estavam reclusos até o presente momento. Houve então a va- Seu livro Le cuisinier françois, além de conter instruções sobre preparação de molhos e técnicas culinárias, estabelece regras para a sequência dos pratos. [...] é um dos livros de cozinha mais importantes do século XVII. [...] Os preceitos de La Varenne levaram a inúmeras inovações, entre as quais a invenção do molho béchame2. (FRANCO, 2001 p. 165). Este livro representa o progresso para Gastronomia, tendo suas primícias fun2 Louis de Bechamel, rico financista, assumiu a função de maître na Corte e seu nome foi perpetuado em uma receita especial de molho branco (Ornellas, 2000). os últimos traços da cozinha medieval e é valorizada a simplicidade das preparações, o cozimento em fogo baixo e o equilíbrio dos componentes. São desenvolvidos métodos mais complexos de preparações e cozimento e inicia-se a ciência de cozinhar. Dessa forma a cozinha francesa torna-se internacional, apoiada por Vicent La Chapelle (1690-1746), chef importante por atuar em casa de nobres na Irlanda, Inglater12 ra, Holanda, Alemanha, Portugal e nas Índias Estes estabelecimentos se tornaram os Orientais. Aberto às cozinhas estrangeiras, principais locais de desenvolvimento da ele as assimilou e integrou à cozinha france- cozinha francesa, chegando a patamares sa e de acordo com Franco (2001) pode, as- muito elevados devido à genialidade de chefs sim, ser considerado pioneiro da atitude que como Carême, Escoffier, Dubois, Gouffé, orientou o trabalho de alguns chefs da nouvelle Favre, Duglere e Reculet, cujos feitos eram cuisine. divulgados por gourmets como Anthelme Com a Revolução Francesa ocorreu a difusão dos cafés e restaurantes. O primeiro Brillat-Savarin3, Grimond de la Reynière e Monselet. tornando-se obrigatórios para quem desejasse exercer o prazer da arte de comer. [...] Mas o maior cozinheiro francês de todos os tempos foi Marie-Antoine Carême. Ele causou um verdadeiro impacto na cozinha, tendo enfatizado três questões importantes: delicadeza, ordem e economia. (LEAL, 2001 p. 53). 5. Idade Contemporânea e internacionalização da cozinha francesa No século XIX firmam-se os gran- café foi aberto em 1674. Ele admitia a Surgiu então a crítica gastronômica des princípios que fizeram da gastronomia presença de mulheres e afixava nas paredes, que veio com o acesso do público à cozinha francesa um modelo internacional e de acor- as noticias do dia, servindo como um difusor dos grandes chefs, nascendo um novo gênero do com Flandrin e Montanari (1998) a revo- de ideias revolucionárias. Com a decapitação literário em 1802. Os principais difusores do lução industrial atinge a história da alimen- e fuga dos nobres, veio o desemprego dos conhecimento gastronômico foram Alexan- tação em vários aspectos, mas antes de tudo chefs de cozinha, com isso alguns abriram seus dre Balthazar, Grimond de la Reyniére, Jean- pelo desenvolvimento da indústria alimentar. próprios restaurantes e outros seguiram seus Anthelme e Brillat-Savarin. patrões para o exílio. O termo restaurante teve origem no termo bouillon restaurant, o caldo restaurador, que restaurava o corpo e a mente dos que bebiam e esteve presente desde a Idade Média nos albergues e tavernas populares. [...] Grimond de la Reyniére, um gastrônomo profissional requintado, original e exigente. [...] implantou um tipo de serviço conhecido no Brasil como serviço à francesa. [...] Outra celebridade foi Anthelme Brillat-Savarin, um grande filósofo da mesa. [...] Seus livros marcaram uma geração, 3 Ver seu livro – BRILLAT- SAVARIN. Fisiologia do Gosto. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. No serviço à mesa adota-se o serviço à russa, no qual o próprio convidado se serve do prato que lhe é apresentado, pondo em desuso o serviço à francesa, no qual todos os pratos eram postos à mesa ao mesmo tempo. Dessa forma, os menus se tornaram mais simples, reduzindo o número de pratos 13 apresentados em uma refeição. corporadas à cozinha. Em 1850 há a intro- ção dos serviços, organização das equipes de O luxo dá lugar à técnica, valori- dução do fogão a gás e em 1857 a criação cozinha e preparo da comida de forma mais zando o sabor dos alimentos e é estabelecida dos frigoríficos. Acompanhando o desenvol- especializada e eficiente. uma organização espacial, em que os pratos vimento, nasce a indústria alimentícia, com No final do século XIX, com a se sucedem em uma ordem precisa, inician- técnicas de esterilização de alimentos para conquista do direito às férias, houve desen- do pelos mais leves, chegando aos assados e conservação. volvimento do turismo e consequentemente retornando aos pratos menos substanciais. O peixe ganha um lugar de importância, passando à entrada ou prato principal. Ocorre a introdução de novos ingredientes como curry, o caviar, o molho de O prêmio coube a Nicolas Appert, autor do livro L’Art de conserver les substances animales e végétales, após demostrar que alimentos fervidos em recipientes de vidro e, em seguida, fechados hermeticamente se conservavam por meses. (FRANCO, 2001 p. 216). da hotelaria e valorização da cozinha regional. Surgiu o primeiro guia para os viajantes o Guia Michelin, com nomes e endereços dos principais hotéis e restaurantes, classificados por mérito e por suas especialidades. soja e bebidas como o ponche e o quentão Associado a isso ocorreram impor- Nas décadas de 1960 e 1970 a devido ao intercâmbio cultural. São estabele- tantes mudanças no estilo de vida da popu- gastronomia refletiu um novo tempo, surgin- cidas regras de associação mais precisas entre lação o que incentivou Auguste Escoffier do restaurantes vegetarianos e macrobióticos, vinhos e alimentos. (1846-1935) a simplificar e reestruturar a co- os pratos se tornaram individuais, muito bem Nos restaurantes surge a figura do zinha clássica, adaptando-a às modificações decorados, com ingredientes mais saudáveis maître d´hôtel que deve compreender os dese- no estilo de vida do século XX. Em 1901 pu- como o iogurte e purê de legumes, em substi- jos dos consumidores, conhecer a fundo a co- blica o Guia Culinário, e insiste na reforma da tuição da farinha para engrossar molhos, pre- zinha e ressaltar as qualidades dos pratos pela cozinha francesa, propondo o refinamento e servando o gosto natural dos alimentos. forma como estes são apresentados aos clien- a modificação de aspectos da cozinha, respei- A nouvelle cuisine ganha força e é di- tes, como por exemplo, a flambagem à mesa. tando o sabor dos alimentos, simplificação fundida por todo o mundo, a fim de acompa- Novas tecnologias também são in- das decorações, redução dos menus, acelera- nhar o novo modo de pensar a alimentação, 14 atendendo à nova estética corporal de magre- influências marcantes na gastronomia, pro- za e preocupação com a saúde. Esse segui- movendo a inclusão cultural com restauran- mento da gastronomia representa, também, tes de cozinha étnica, sejam eles japoneses, um momento de libertação da culinária, no alemães, italianos, etc. Assistimos também ao qual os cozinheiros podem inovar sem repetir advento da fusion cuisine, que não se limita a as obras vindas de tempos passados, priori- tomar produtos de outras terras e inseri-los zando o sabor natural dos alimentos. em sua própria tradição de acordo com pa- A partir da segunda metade râmetros culturais próprios, mas em combi- do século XX, surgem os nomes de Bocuse nar os ingredientes e os estilos culinários do e Joel Robuchon, chefs importantes para essa Ocidente e do Oriente, propondo uma nova nova fase da gastronomia. Robuchon foi con- experiência gastronômica. siderado o chef do século da França, associa a necessidade de administração culinária ao desenvolvimento de domínio da técnica e da estética. No início do século XXI o destaque é para Ferrán Adriá, com invenções como as espumas salgadas, os raviólis líquidos, as gelatinas quentes, o foie gras pulverizado e o ar com sabor, valorizando todos os sentidos, além do paladar. A globalização do século XX teve 15 16 do regras menos rígidas e mais flexíveis nos dias de hoje. Etiqueta à mesa envolve cuidados com a postura e as atitudes tomadas durante uma refeição, a arrumação de mesa envolvendo a disposição de pratos, talheres, guardanapos, copos e lavanda. 1.1. Postura e atitudes à mesa 1.1.1. Ao sentar No momento em que sentamos de- PARTE II: MANUAL DE PROCEDIMENTOS PARA AULAS PRÁTICAS E ELABORAÇÃO DE MATERIAL NA DISCIPLINA DE GASTRONOMIA E HOTELARIA 1. Etiqueta à Mesa É a forma como as pessoas se portam à mesa em situações sociais, apresentan- vemos manter a postura ereta, sem se recostar atrás e apenas apoiando levemente as costas na cadeira. Sentados, devemos estar atentos à posição dos braços, sem debruçar sobre a mesa, nem apoiar os cotovelos sobre ela e mantê-los perto do corpo, para não ocupar muito espaço e não atrapalhar quem está sentado ao lado. Os pés são mantidos em paralelo, sem cruzar as pernas (LEMOS, 2004). Evite cruzar ou esticar as pernas para não incomodar os vizinhos da frente. Mantenha as mãos sobre a mesa, 17 apoiando os punhos. (...) Não cole os braços ao corpo, pois isso trava seus movimentos. (SOARES, 2001 p. 42). 1.1.2. Ao comer Uso de pratos e talheres: Quanto à forma de uso desses uten- cabo entre o polegar e o indicador e mantêm-se os ou- sílios, temos dois sistemas de utilização de ta- tros dedos bem junto e flexionado”. A o consumir lheres, conforme segue: um prato de sopa, usa-se o lado ou a ponta da •• Sistema Inglês: no qual os garfos e colher, sem assoprar, nem fazer ruídos. Ao iniciar a refeição devemos estar as facas ficam nos lados correspon- O mesmo autor indica que o garfo atentos às características dos utensílios dis- dentes às mãos com que vão ser uti- deve ser pego da mesma maneira que a co- postos sobre a mesa, pois os talheres variam lizados para cortar e comer. O garfo lher, “ao servir carne ou outro alimento que exija de tamanho e forma conforme a finalidade, permanece na mão esquerda para corte com a faca, ele será usado na mão esquerda, encontrando-se dispostos em ordem de uso cortar e na mão direita para comer. voltado para baixo e com a parte convexa voltada sobre a mesa junto com o prato da refeição. A faca, depois de utilizada, descan- para cima”. (LEMOS, 2004). A disposição de talheres, pratos, copos e prato de pão na mesa de refeição cor- sa sobre a borda superior direita do prato. Quanto à faca, está deve ser segurada com mão direita e o indiciador apoia- responde à sequência em que os pratos serão •• Sistema Francês: assim como o sis- do sobre o contrafio da lamina. Não se usa a servidos, iniciando pelos talheres mais afasta- tema anterior os garfos e facas ficam faca para cortar saladas, ovos, tortas, espague- dos do prato (figura 1). nos lados correspondentes às mãos tes e talharins. Dependo do alimento utiliza- com que vão ser utilizados para cor- -se o garfo para separar pequenos pedaços e, tar e comer, porém o garfo deve se possível, consome-se inteiro ou da forma permanece na mão esquerda duran- como foi servido. Faca de peixe é utilizada te toda a refeição. para separar os pedaços de carne das espinhas, à medida que se come. (LEMOS, 2004). Figura 1: Ordem de utilização de talheres Fonte: disponível em http://laertemaues.wordpress. com/2009/12/31/boas-maneiras-e-etiqueta-5/. Acessado em 05 de junho de 2012 A colher é usada na mão direita e de Algumas outras considerações so- acordo com Lemos (2004) “a colher é pega com o bre a utilização dos talheres estão listadas a 18 Logo ao sentar-se, coloque o guardanapo sobre o colo desdobrando-o apenas pela metade. Use-o sempre que necessário. Antes e depois de tomar qualquer líquido, é indispensável. Se em qualquer momento ele cair no chão, no se abaixe para pegá-lo: espere receber outro. (SOARES, 2001 p. 42). •• Durante a refeição, e em especial seguir: •• nos momentos em que utilizamos quando é servida uma sopa, não é apenas o garfo ou bebemos algum preciso abaixar-se sobre o prato, a liquido, a mão que não estiver segu- colher vai até a boca; rando nenhum utensílio fica apoiada na superfície da mesa, e não sobre o Sendo assim, faz-se necessário as se- colo; •• não se recolhe talheres ou guardanapo caídos no chão. Pede-se, gentil- guintes considerações quanto ao uso do guarFigura 2 •• é colocado sobre o colo, imediata- mente, ao garçom que retire e faça a mente após sentar-se; substituição; •• após a refeição, é deixado sobre a •• entre a troca de pratos ou alimentos, os talheres são colocados em forma Figura 3 tirada; •• após utilizar a faca para cortar algum •• o guardanapo é utilizado para limpar alimento e continuar a refeição apeborda superior do prato (figura 3); •• terminada a refeição, colocam-se os talheres em paralelo sobre o prato, com os cabos para a direita (figura 4); mesa, no lado esquerdo do prato, para que o garçom possa fazer a re- de V sobre o prato (figura 2); nas com o garfo, ela é descansada na danapo. os lábios antes e depois de tomar alFigura 4 Fonte: disponível em http://www.chicsemesforco.com/2011/02/ etiqueta-boas-maneiras-mesa.html/ http://www.filodecoracoes. com.br/filodecoracoes/public_html/?p=interna&pag=53. Acessado em 05 de junho de 2012 Uso do guardanapo: gum líquido; •• quando presente, um guardanapo de tecido ou papel em vermelho ou lilás servirá para retirar o batom dos lábios; 19 •• o guardanapo de papel nunca vai ao colo. Quando utilizado esse tipo de guardanapo, ele é mantido do lado esquerdo do prato; •• não se utiliza o guardanapo de pano ou de papel para limpar pratos, copos e talheres. Considerações Importantes para o Frango a passarinho Pode ser consumido usando as mãos; Palitos Jamais devem ser utilizados à mesa; Postura do anfitrião Espera todos os convidados estarem servidos, para se servir. Sopa Não se repete Alimento desconhecido Quando não se sabe como comer, o melhor é aguardar e observar os outros convidados. momento da refeição: Abaixo temos informações importantes de comportamento e utilização de alguns utensílios. Mastigação Xícara Pão Mastigar os alimentos com a boca fechada; Não falar com a boca cheia; Ao segurar copo ou xícara nenhum dedo fica erguido; É quebrado com os dedos em pequenos pedaços à medida que se come; Não pode mergulhar no ovo ou no molho; Não se raspa o prato, com o pão. utilizando o guardanapo. Os pedaços retirados são colocados no canto do prato que está sendo utilizado. É melhor servir azeitona sem carroço e peixe sem espinha. Eventualmente algum pedaço ou resíduo de algum alimento pode cair fora do prato. Nessa situação o pedaço caído é recolhido com os talheres e colocado na margem do prato. Podem ocorrem também acidentes Levantar da mesa O convidado se retira da mesa após todos terem terminado a refeição. de deglutição com água, saliva, farinha, be- Alimentos no prato Não se mistura, amassa ou fica revirando a comida no prato. e espinha de peixe, as causa mais frequentes. Organização: Kühl, 2012. bida alcoólica forte, fragmentos de comida Caso isso aconteça pede-se licença e vai-se até o banheiro. Se necessário pede-se ajuda. Existem situações que necessitam As bebidas alcoólicas como coque- a remoção de resíduos e alimentos levados à tel e drinques, servidos como aperitivo não boca, como no caso do caroço de azeitonas são levados à mesa de refeição. Na refeição ou espinha de peixe. Esses resíduos são re- consomem-se as bebidas que serão servidas tirados da boca do mesmo modo que foram como acompanhamento das preparações. levados, com o garfo ou a colher, fazendo A higiene pessoal requer sempre uma concha com a mão sobre a boca, não atenção especial, os cabelos, se possível, fi20 cam presos e as unhas limpas. Recomenda-se maneira pertinente quando requisitado. Ao sário abordar algum assunto particular com às mulheres usarem pouco batom e em tons nos dirigirmos as pessoas usa-se os tratamen- algum indivíduo do grupo, explica-se aos de- claros, para evitar que copos e guardanapos tos formais de Senhor ou Senhora, mesmo mais sobre o que se trata. Da mesma forma, fiquem marcados. em ocasiões informais. não se faz menção a acontecimentos desa- É vedado o uso de boné, chapéu Durante uma conversa olha-se com ou camiseta sem manga à mesa, em qualquer atenção quem está com a palavra. Fitar o in- ocasião, formal ou informal. Ruídos também terlocutor demonstra atenção e interesse pela Assuntos polêmicos e pontos de são sempre inconvenientes. conversa. As conversas não podem acontecer vista controversos (religião, política, homos- Desligam-se os telefones celulares e, em portas ou passagens estreitas, locais que sexualidade) também são evitados, pois po- caso seja necessário mantê-los ligados, ficam atrapalham a passagem e em locais distantes dem gerar conflitos e discussões. Manter o dentro da bolsa e em local de fácil acesso, do grupo. bom humor é muito importante para criar comunicando ao anfitrião ou homenageado essa necessidade (SOARES, 2001). 1.1.3. A conversação gradáveis, nem se conversa prolongadamente sobre alguma adversidade. Mantém-se um tom de voz modera- um ambiente agradável, entretanto cuide-se do mesmo em conversas descontraídas. Voz para não ser inconveniente. Evita-se excessos baixa e conversa calma mostra educação. Dá- e colocações que possam ofender. -se liberdade ao companheiro durante a con- Elogios exagerados podem indicar O entendimento entre os convida- versa e atenção a todos do grupo, evitando uma posição de inferioridade e gerar inquieta- dos de uma recepção ou evento é necessária situações de ciúme. A interrupção também ções e constrangimento. Opostamente, colo- para o bom transcurso do encontro. Quando é uma atitude comum que deve ser evitada. cações de superioridade não são bem aceitas instigamos uma conversa agradável, desper- Caso seja interrompido, volte ao assunto que entre grupos, especialmente de desconheci- tamos bons sentimentos, ganhamos a simpa- estava tratando, se achar necessário. dos. Demonstra-se interesse pela opinião de tia e teremos alegria no convívio em grupo. Ouve-se com atenção e opina-se de Quando se está com a palavra evi- todos, dando oportunidade para que todos tam-se assuntos particulares. Se for neces- falem, sem constranger ou inibir os convida21 dos. pé por todos, exceto pelas senhoras. dicações, sem insistências. Cuidado com o excesso de pergun- Uma senhora não se levanta quan- •• Apresentações: apresenta-se a pes- tas. É preciso ser discreto e conter a curiosi- do é apresentada a outra senhora soa menos importantes à mais im- dade. Utiliza-se um vocabulário formal, sem ou a um senhor. Somente quando portante, o homem à mulher; al- o uso de gírias ou jargões populares. Os elo- é convidada a saudar a anfitriã ou guém a uma autoridade. A pessoa a gios são sempre simples e inteligentes. Não ser apresentada a uma mulher mais quem se foi apresentado é quem faz se elogia roupa e adereços, salvo ocasiões em velha. Mulheres solteiras e as ado- a primeira saudação. que estes forem ousados. lescentes levantam-se em todos os •• Apresentações sem hierarquia: cumprimentos e apresentações. Em quando não há precedência de hie- um cumprimenta-se rarquia o principal é quem é aborda- •• Hierarquia social: a pessoa mais pessoas conhecidas de longe. Se for do. Quem se aproxima diz quem é, importante de um encontro ou necessário se aproximar apenas os e aguarda a pessoa que foi abordada evento, nas regras de etiqueta, é homens da mesa se levantam. cumprimentá-lo. Entre grupos, há 1.2. As deferências e as apresentações restaurante a mais qualificada. Esta recebe o •• Precedência: consiste principalmen- um interlocutor de cada lado, que se máximo de atenção e consideração. te em dar passagem, entrada, ceder identifica e diz o nome das pessoas Dependo da ocasião tem-se a a vez às pessoas mais importantes do seu grupo. seguinte anfitrião, ou mais velhas. Se esta recusa a pre- convidado de honra, homenageado. cedência, passa-se à frente dizendo •• Cumprimento: ao entrar no ambien- apenas: com licença, obrigado (a). A indicação dos lugares à mesa é te do evento social a pessoa home- Mesmo quando não há pessoas mais feita pelas letras A para os homens e B para nageada, anfitrião ou a pessoa mais importantes estes gestos são bem as mulheres. Esses são os lugares mais im- importante do evento, é recebida em aceitos. Fazem-se apenas simples in- portantes, os assentos cativos dos anfitriões. sequência: 1.3. Os lugares à mesa 22 A partir desses se qualificam os demais em versa. A indicação dos assentos é feita pela ordem decrescente de importância. A direita Os assentos das pontas permitem anfitriã, por meio de cartões de mesa na pre- dos anfitriões ficam os convidados mais im- uma vista de todo o salão, encontram-se no sença de muito convidados, ou acompanhan- portantes. meio de um número igual de assentos, pos- do os convidados até seus lugares quando o São apresentados dois tipos de ser- suem um amplo espaço e melhores condições número de convivas permitir esse tipo de re- viços para a disposição dos lugares à mesa. para serem servidos. Porém se ocupados em cepção (SOARES, 2001). O serviço à francesa é uma opção quando as mesas muito longas haverá um distanciamen- Em refeições realizadas em restau- mesas são muito longas. E o serviço à ingle- to muito grande entre os convidados presen- rantes também servem as regras de etiqueta sa quando estas são menores e possibilitam a tes no evento. para a indicação dos lugares, considerando-se conversa entre todos os convidados. o grau de cultura do convidado, a presença Conforme demonstrado na figura 5, de surdez unilateral, a presença de visitante o serviço à francesa é indicado para mesas estrangeiro e o acompanhamento de pessoas muito longas. Os assentos das pontas ficam idosas. livres e os lugares centrais são ocupados pelos indivíduos mais importantes do evento, Figura 5: Disposição dos lugares à mesa: 1) serviço à francesa; 2) serviço à inglesa. 2. Arrumação de mesa (mise-en-place) O termo francês mise-en-place refere- sendo que o lugar indicado pela letra A está mais próximo da entrada da copa. Se a opção Independente do serviço utilizado, -se ao preparo da sala de jantar e de todos for pelo serviço à inglesa, são os lugares das os assentos são alternados entre homens e os materiais a serem utilizados durante o ser- pontas ocupados pelos indivíduos mais im- mulheres, evitando que um homem sente- viço em uma refeição. Ele reflete o tom do portantes do evento, pois nesse tipo de ser- -se ao lado de outro homem, permitindo que restaurante ou o estilo do anfitrião, impondo viço as mesas são menores, e nelas é possível casais acomodem-se um em frente ao outro as características da cozinha e valorizando as envolver todos os convidados em uma con- (SOARES, 2001). particularidades de cada local. 23 Facilitar e agilizar o trabalho do garçom, atrair o cliente para a refeição e criar um ambiente agradável são as principais funções da mise-en-place, ou melhor, da arrumação de mesas do seu restaurante. (MACEDO, p. 48) mento, limpeza e apresentação). a durabilidade dos materiais de cada compo- Em banquetes é fundamental ter nente. Para isso, a equipe deve conhecer as a mise-en-place completa, correspondente ao características principais das peças, os cuida- cardápio servido. Porém os restaurantes po- dos no uso e manutenção e o custo de peças Um restaurante que propõe pratos dem optar com uma mise-en-place mais prática, de materiais frágeis ou preciosos. Os objetos leves a base de peixes, pode escolher vidros com a utilização de jogos americanos que de- quebrados durante o serviço são recolhidos com cores claras e formas simples para ex- mandam menores cuidados que as toalhas, e e guardados e, semanalmente verifica-se a pressar as características da culinária. As for- cobre-manchas de papel vegetal, descartados quantidade de peças quebradas ou danifica- mas, utensílios, cores e combinação são espe- após cada uso. Porém, o cuidado e capricho é das, para reposição e sensibilização dos cola- cíficas para cada local e ocasião (churrascaria, o mesmo que uma mise-en-place completa. boradores. self-service, resturante, pizzaria). Destaca-se como algumas das finali- No estoque é indispensável prate- A mise-en-place é constantemente atu- dades da mise-en-place a facilitação do trabalho leiras de tamanhos adequados, tapetes anti- alizada, com a introdução de novos materiais dos garçons durante o serviço e o estimulo ao derrapantes ou materiais capazes de absorver e formas para enriquecer, valorizar ou reno- cliente com a criação de um ambiente agradá- choques, cestos para empilhar pequenas tige- var os equipamentos. Com uma equipe trei- vel, que favorece a refeição e a sua permanêia las, panos para separar pratos. nada, um estabelecimento que mantém uma no estabelecimento (PACHECO, 2005) 2.1. Preparo das mesas mise-en-place atualizada consegue obter melho- O preparo da sala de jantar seja em res resultados no serviço, dispondo de maior restaurante, clube ou residência respeita a or- O preparo das mesas inicia com a tempo e atenção aos clientes, gerando mais dem geométrica na disposição das mesas, si- colocação do forro de mesa ou molleton que lucro. É um diferencial bastante importante a metria das cadeiras e móveis em geral. tem a função de impedir que a toalha es- atenção dada aos cuidados e capricho na hora Os materiais utilizados passam por corregue, proteger a mesa do calor, conferir da preparação de mesas e utensílios (alinha- um controle frequente para que seja avaliada maior maciez e reduzir ruídos. São indicados 24 tecidos de algodão ou material emborrachado por outro limpo. Também pode ser utilizado cardápio proposto, organizados de fora para (PACHECO, 2005; PACHECO, 2004). para renovar um ambiente de maneira prática dentro conforme a entrada dos pratos. Sem- e econômica (PACHECO, 2004). pre a esquerda do prato será colocado o garfo As toalhas são um elemento de embelezamento do ambiente, harmoniza-se com Após a colocação das toalhas inicia de entrada, de peixe e o de mesa. Uma exce- a decoração e expressa as características do a disposição dos utensílios sobre a mesa. O ção é verificada para os garfos de ostras e es- evento ou restaurante. Para isso os cuidados sou-plat ou prato de serviço é um utensilio cargots, que são colocados no lado direito dos despendidos na escolha das toalhas conside- opcional utilizado como apoio para os pratos pratos (PACHECO, 2004; LEMOS, 2004; ram as cores harmônicas com a decoração, a de mesa e de sopa. É utilizado em refeições SOARES, 2001). resistência do tecido e o tamanho de adequa- formais e em bons restaurantes para refinar o A faca de entrada, a colher de sopa, do para as mesas. serviço. É removido junto com o prato prin- a faca de peixe e a faca de mesa são colocadas cipal (PACHECO, 2004; SOARES, 2001). do lado direito do prato. A faca fica a dois de- No momento de preparação, as toalhas devem estar completamente lisas, sem O prato de mesa e de sopa fica bem dos do prato, com a lamina de corte voltada rugas, estendidas sobre a mesa de maneira ao centro do lugar destinado a cada pessoa, para dentro e a colher após a faca, caso hou- uniforme, com as dobras localizadas em um afastado 2 (dois) dedos ou 4ncm da borda da ver sopa ou consommé. Todos os talheres são sentido comum (PACHECO, 2005; PACHE- mesa. Quando os pratos possuem logotipo, colocados voltados para cima, exceto quando CO, 2004). são arrumados de modo que este fique volta- o faqueiro tem monograma ou brasão da fa- Finalizando essa etapa há o cobre do para o cliente. O prato de sopa é colocado mília no verso (PACHECO, 2005; LEMOS, manchas, que é um item adicional à arrumação sobre o prato de mesa (LEMOS, 2004; SOA- 2004; SOARES, 2001). de mesa, tendo por objetivo preservar o bom RES, 2001). Os talheres de sobremesa podem estado das toalhas. Caso algum alimento ou Após a colocação dos pratos ini- estar à mesa, desde que o número de utensí- bebida seja entornado sobre a mesa, retira- cia-se a disposição dos talheres que terão a lio não seja excessivo. Estes são colocados no se o cobre mancha rapidamente, substituindo quantidade determinada de acordo com o sentido horizontal acima do prato de mesa na 25 seguinte ordem: colher e faca com os cabos da faca de mesa, a taça para água, à esquerda 2.2. Passo a passo para uma mise-en- voltados para a direita e o garfo com o cabo da de vinho tinto, a taça para vinho branco, à -place básica adaptado de PACHECO, voltado para a esquerda (PACHECO, 2005; direita da de vinho tinto e a taça de champa- 2005. PACHECO, 2004; LEMOS, 2004). nhe entre e atrás das taças de água e de vinho A taça de sobremesa, porém, é leva- tinto (PACHECO, 2005; LEMOS, 2004). da à mesa após ser retirado o prato principal. Por último o guardanapo de pano. Esta é acompanhada de um prato de serviço, Este pode ser um elemento de decoração onde será colocado o talher utilizado, ao final muito importante. Coloca-se à esquerda dos da refeição (PACHECO, 2005; PACHECO, garfos, ou ainda sobre os pratos apresentando 2004). ou não dobraduras. Na figura 6 é apresentada A louça para pão são utensílios utili- zados em uma mise-en-place básica. O prato de a distribuição dos utensílios sobre a mesa, conforme descrito acima. pão é colocado à esquerda e um pouco acima 2º - Colocação do forro de mesa ou molleton: preso com percevejo ou elástico, devendo permanecer bem esticado. 3º - Colocação de toalhas: atenção para os vincos centrais estarem localizados ao centro da mesa. borda da mesa ou um pouco acima. para manteiga, com a lamina voltada para à 5º - Disposição de talheres de mesa: faca de esquerda (PACHECO, 2004). mesa do lado direito do prato, corte voltado Copos e taças dão o toque final em para o prato; garfo de mesa no lado esquerdo. uma mise-en-place, pois podem demonstrar ele- taça para vinho tinto fica na direção da ponta levemente encostadas ás toalhas. com alinhamento da borda do prato com a à esquerda é colocada uma faca ou espátula um pouco acima do prato, do lado direito. A deiras indicam o lugar dos pratos e deve estar 4º - Disposição de pratos de mesa: cuidado do prato de mesa e sobre a borda superior ou gância e sofisticação. Esses utensílios ficam 1º - Alinhamento de mesas e cadeiras: as ca- 6º - Colocação do prato de pão: à esquerda e Figura 6: Distribuição dos utensilio sobre a mesa de refeição Fonte: disponível em http://www.segredosdavovo.com. br/2012/01/festas-disposicao-formal-de-pratos-e-talheres/. Acessado em 05 de junho de 2012 um pouco acima do prato de mesa, com faca de sobremesa sobre o prato de pão com o 26 corte volta para a esquerda. 7º - Colocação do copo de água: próximo a ternos são para os primeiros pratos. 3º - Disposição dos talheres de sobremesa: É importante e de bom gosto dis- são colocados à frente do prato de mesa, a ponta da faca e em sua direção. por da cópia do cardápio sobre cada mesa, faca com o cabo voltado para a direita e o 8º - Colocação do guardanapo dobrado: so- em cada lugar ou no caso de bufê a descrição corte para o prato, o garfo com o cabo vol- bre o prato de mesa, com dobra de pouco do prato é suficiente. tado para a esquerda e a colher com o cabo manuseio. 9º - Colocação do saleiro, pimenteira, cinzeiro e da ornamentação. 2.3. Passo a passo para uma mise-en-place de banquetes e jantares Em essência, é igual à arrumação de 2.4. Exemplo de mise-en-place para banquetes adaptado de PACHECO, 2005. voltado para a direita. 4º - Disposição de copos: segue a ordem geral de disposição de copos e taças. A mise-en-place descrita se refere a um 5º - São dispensados o prato de pão e a faca cardápio compreendendo sopa, peixe, carne, de manteiga e também o saleiro, pimenteira vinho branco, vinho tinto, champagne e so- ou paliteiro. bremesa com calda. 2.5. Consideração para uma mise-en- mesa para serviços à la carte, alterando ape- 1º - Colocação de talheres de peixe: são co- nas a quantidade de talheres e copos corres- locados ao lado dos talheres de mesa. A faca pondente ao cardápio preestabelecido. Ape- de peixe à direita da faca de mesa e alinhadas O preparo das mesas acontece da sar disso, é preciso estar atento ao número pelo cabo, o garfo de peixe à esquerda do gar- mesma forma que para a realização de um de utensílios dispostos sobre a mesa para não fo de mesa e alinhados pelos dentes. jantar. O prato de sobremesa com guardana- comprometer a apresentação da mise-en-place. 2º - Disposição da colher de mesa ou de so- po servirá como marcador de lugar, tendo à Os talheres não podem exceder a bremesa: no lado direito da faca de peixe. direita uma faca pequena com a lamina vol- quatro pares e as taças, a três peças. Quanto Quando a sopa é servida em prato é acompa- tada para dentro. O prato para pão com uma à disposição dos talheres segue a ordem de nhada da colher de mesa, quando servida em faquinha será colocado à esquerda do guar- apresentação dos pratos. Os talheres mais ex- taça é acompanhada da colher de sobremesa. danapo e a xícara com o pires e colherzinha -place para o café da manhã 27 a direita. Eventualmente pode dispor de um copo para suco de fruta. 2.6. Consideração para uma mise-en-place para crianças pequenos clientes. 3. Serviço de alimentos e bebidas para restaurantes e hotéis Seja em eventos sociais ou comer- dos, pois trata-se de um serviço rápido, aproximadamente 15 minutos, durantes os quais os convidados permanecerão em pé. A montagem da mesa é feita do lado externo do salão e toda a arrumação estará pronta instantes As exigências dos pequenos clientes ciais a recepção dos convidados geralmen- pedem maior atenção e cuidado. O serviço te acontece com um serviço de alimentos e Um café da manhã também é uma de alimentos para crianças, em um restauran- bebidas, que pode ser a organização de um opção para receber convidados, especialmen- te, representa um diferencial no atendimento, cofee-break, café da manhã, brunch, coquetel ou te em reuniões de negócios e em confrater- agradando cada vez mais a clientela atual. jantar. A modalidade escolhida será influen- nizações empresariais. É um serviço rápido, ciada pelo número de convidados, o espaço fácil de organizar e de curta duração, inician- disponível e o recurso financeiro investido. do por volta da 08horas e perdurando por O estabelecimento que recebe com frequência esse público necessita dispor de antes do horário combinado. um número grande de objetos e utensílios O cofee-break é um pequeno lanche aproximadamente 2 horas. É recomendado adequados a essa população, sendo preferen- servido durante os intervalos de reuniões, servir sucos de frutas, café, leite, chá, choco- cialmente inquebráveis, com formas arredon- cursos, palestras e outros encontros de cur- late, cereais, pães, geleias, queijos, manteiga, dadas e sem arrestas. ta duração. Composto basicamente por café, ovos, torradas, biscoitos, frutas frescas e se- O estabelecimento pode oferecer chá, leite e água mineral, podendo ser mais cas (LUKOWER, 2008). copos de plástico baixos, talheres pequenos, sofisticado acrescentando-se suco de laranja, O serviço pode acontecer com gar- faca sem fio e com ponta arredondada, pratos petit fours, mini sanduíches, bolos, croissants, çons à mesa ou com mesas bufê. O serviço em diferentes cores e forma, cadeirões, ba- brioches e outros. americano que utiliza o bufê para exposição badores e guardanapos coloridos, tudo para É preciso estar atento ao tamanho e dos alimentos e bebidas é considerado mais garantir a segurança, o conforto e agradar os à facilidade de consumo dos alimentos servi- fácil e permite uma maior variedade de op28 ções. Nesse serviço o número de garçons e fundo musical instrumental. como coquetel de frutas e refrigerantes, e copeiras é reduzido e são eles os responsáveis Os coquetéis são bastante realizados também bebidas alcoólicas, como Campari, pela elaboração dos pratos que necessitam ser em hotéis, em eventos sociais e empresariais. Martini, whisky, coquetel de champanhe, entre preparados no momento em que serão servi- Trata-se de um serviço rápido, com duração outros. A escolha da bebida dependerá do cli- dos e para a reposição dos alimentos e bebi- aproximada de 2 horas, quando não acompa- ma, do número de pessoas, da clientela (adul- das no bufê. nhado de jantar. É mais informal e mais bara- tos, mulheres, jovens) e a duração do evento. Uma opção bastante versátil to que um banquete, além de possibilitar um Os salgadinhos e bebidas serão ser- para os encontros de negócios e familiares maior número de pessoas no mesmo local, vidos concomitantemente, iniciando pelos que acontecem pela manhã é o brunch. Um pois os convidados ficam em pé É dividido salgadinhos frios, seguido dos salgadinhos serviço que ocorre entre as 10 horas e 11ho- em serviço de alimentos e serviço de bebidas quentes enquanto a equipe de bebida continua ras, tendo no cardápio alimentos interme- (PACHECO, 2004). o seu trabalho, sempre recolhendo os copos diários às duas refeições desse período. São No serviço de alimentos é ofere- vazios e cuidando da limpeza geral. Caso haja oferecidos os mesmos alimentos e bebidas do cida uma variedade de salgadinhos, que não pratos quentes procede-se da seguinte forma: café da manhã, além de um ou dois pratos necessitem do uso de talheres, como canapés distribuem-se os pratos com garfos e guarda- quentes, acompanhado ou não de sobremesa de carne, de aves, de peixes e crustáceos, de napos; serve-se o prato quente acompanhado (LUKOWER, 2008). queijos e salgadinhos frios. O uso de pra- de vinhos e refrigerantes; após o consumo, O cardápio desse serviço será mais tos quentes após os salgadinhos é opcional recolhem-se os pratos, garfos e guardanapos; elaborado que o café da manhã, aumentando e exige somente o uso de um garfo, poden- procede-se a reposição dos copos e limpeza a permanência dos convidados no encontro, do servir-se pratos como camarões ao curry, geral, e para finalizar servem-se os doces. e tendo um custo menor que um almoço. Para frango desfiado com champignons, iscas de filé criar um ambiente mais agradável durante a ao molho madeira. permanência no local, pode ser colocado um São servidas bebidas sem álcool, Nos jantares ou almoços, que também são denominados banquetes, eliminam-se frituras e molhos apimentados de modo 29 que o cardápio possa satisfazer a todos. Em decerão em conjunto, evitando tumultos. O cliente, pois o maior e o mais eficaz marketing banquetes a mise-en-place é essencial e a mesa já jantar inicia-se quando todos os convidados de venda é a propaganda feita por um cliente está arrumada antes do cardápio ser servido. estiverem sentados, a partir de então os gar- bem atendido e satisfeito com o serviço. Para Cada cardápio corresponde uma mise-en-place çons começam a servir o hors d´oeuvre, após isso é fundamental a escolha correta do tipo especifica, podendo ser à francesa, à inglesa, entra o primeiro prato e em seguida o segun- de serviço e a presença de uma equipe trei- à americana, etc (PACHECO, 2004). do. Os anfitriões são servidos primeiramente, nada para o bom andamento na execução do seguindo sempre a ordem do serviço a ser serviço. “Um banquete requer um cerimonial mais elaborado. Dependendo de sua importância, é estratégico e muito conveniente um pequeno coquetel que o anteceda para a confraternização dos convidados. Se houver discursos, shows ou palestras é preciso que estes sejam divididos em módulos para balancear a refeição com a parte formal do evento”. (LUKOWER, 2008 p.42). oferecido. 3.1. Modalidade de serviço de pratos para restaurantes e eventos Entre as principais modalidades de serviço de pratos estão o serviço à francesa (diplomata), o serviço à inglesa direto, o serviço à inglesa indireto ou ao guéridon, o A qualidade do serviço na área de serviço de prato pronto ou empratado, o alimentos e bebidas está intimamente rela- serviço de travessas sobre a mesa e o serviço A quantidade de funcionários de- cionada com as informações repassadas aos à americana ou self service. penderá, entre outros fatores, da categoria clientes sobre o tipo de serviço e os valores O serviço à francesa tem a parti- do banquete, do tipo do cardápio e da quali- de cada um deles. Um atendimento eficaz é cipação do cliente que se serve da travessa dade de mão-de-obra, pois o treinamento da possível com uma equipe treinada e funcio- apresentada pelo garçom, favorecendo a in- equipe exige um menor número de colabora- nários atenciosos, o que agrada aos clientes dependência no momento da refeição. Carac- dores. De maneira geral pode-se prever um que esperam dos garçons toda a atenção pos- teriza-se por um serviço requintado utiliza- garçom para cada 12 pessoas. sível no momento da sua escolha. do em situações protocolares e também em Os garçons são instruídos previa- Para o estabelecimento é funda- casas de família com garçom ou mordomos mente sobre o serviço e sinais que eles obe- mental uma avaliação positiva por parte do (LEMOS, 2004; PACHECO, 2005; SOARES, 30 querdo e o alimento é servido ao cliente pelo guéridon é a utilização do carrinho bufê em Nesse serviço o garçom apresenta garçom, com os talheres em sistema alicate, restaurante que servem uma grande variedade a travessa pelo lado esquerdo, inclinando-se com garfo e colher na mão direita. Esse ser- de preparações como entrada ou sobremesas. ligeiramente para a frente, com a proteção de viço é comum em nosso meio, porém muitas Essa modalidade de serviço parece simples e um guardanapo na mão esquerda e os talhe- vezes, não nos damos conta que o estabeleci- fácil, porém é preciso atentar para duas ques- res voltados para o cliente. Precisa ter maior mento oferece um tipo de serviço especifico tões: a disposição dos alimentos no prato se- atenção do garçom quanto aos cuidados com como é o caso das pizzarias com sistema de gue critérios preestabelecidos pela equipe de a limpeza dos uniformes e a técnica para exe- rodízio (LUKOWER, 2008). trabalho e a quantidade de alimento servido 2001). cutar o serviço. A apresentação das travessas O que diferencia o serviço à ingle- inicia pela mulher sentada ao lado direito do sa direto do indireto é a presença do guéri- O serviço de prato individual ou anfitrião. don para a execução do serviço. O guéridon é empratado é um serviço simples, utilizado O serviço à inglesa deriva do cos- um carrinho auxiliar que serve para levar as por muito tempo apenas em casas familiares. tume inglês segundo o qual o dono da casa travessas com as preparações até a mesa do Porém com a criação da Nouvelle Cuisine fran- tinha a responsabilidade de servir os pratos cliente. Nesse carrinho a travessa principal cesa, restaurantes e eventos requintados ado- de todos os que estavam à mesa. Pode ser um fica à direita, o acompanhamento à esquerda taram esse serviço que recebe o nome de à la serviço rápido, porém habilidoso, utilizado e o prato vazio ao centro. Após apresentar carte, em que o diferencial é a montagem dos em restaurantes e bufê. Adaptado às necessi- as travessas pelo lado esquerdo aos clientes, pratos de forma harmoniosa e criativa na co- dades comerciais, esse serviço apresenta duas o garçom serve os alimentos no prato vazio zinha, podendo o chef ousar nos ingredientes modalidades, o serviço à inglesa direto e o que está no guéridon e repassa o prato pron- e sobreposições para impressionar o cliente indireto (LEMOS, 2004; PACHECO, 2005). to pelo lado direito do cliente (LUKOWER, (PACHECO, 2005). No serviço a inglesa direto a apresentação das travessas é feita pelo lado es- 2008). não pode ser excessiva. Mais comum do que a utilização do O que distingue nesse ser- viço é a classe, a destreza, a técnica e a arte 31 de apresentação por parte de toda a equipe, ainda ter auxilio de uma copeira ou garçom. fica no centro e as travessas com os seus res- pois não basta a criação de um prato por uma As travessas podem ser repetidas, deixadas pectivos talheres no lado oposto dos pratos. profissional extremamente talentoso quando à mesa ou em um aparador próximo à mesa Quando o número de convidados for maior a equipe do salão não está treinada suficien- (LEMOS, 2004). que 10 pessoas, os pratos e talheres ficam di- temente para atender bem aos clientes. Esse Dentre as modalidades de serviço, o vididos em duas pilhas na mesa principal ou serviço pode ainda ser classificado em sim- serviço à americana ou bufê é o mais versá- em uma mesa auxiliar, inclusive os pratinhos plificado, quando os pratos são de tamanho til e utilizado desde o café da manhã até o de sobremesa. normal e sofisticados quando são utilizados jantar, tendo como característica principal Nos sistema self–service também há pratos maiores, cobertos pelo cloche. a apresentação de uma grande variedade de uma mesa com uma grande variedade de O serviço de travessa sobre a mesa é preparações em uma mesa bufê, na qual os preparações, porém a diferença se encontra uma modalidade ainda utilizada em restauran- clientes ou convidados se servem e voltam na arrumação das mesas. Nesse serviço não tes populares, caracterizado por um serviço para as suas mesas (SOARES, 2001). há mise-en-place, os clientes pegam bandejas, simples e antigo. A execução se dá com o pre- Esse serviço é uma boa opção para pratos e talheres e após se servirem voltam a paro das travessas na cozinha, transportadas encontros com muitas pessoas e eventos in- suas mesas. Ao término da refeição os uten- prontas até a mesa, onde os clientes se servem formais, devido à facilidade do serviço e ao sílios são levados até a copa ou deixados em à vontade com ou sem ajuda do profissional. reduzido número de funcionários para aten- carrinhos apropriados. É uma modalidade Muitos preferem esse tipo de serviço pois der aos clientes, visto que as atribuições para de serviço muito utilizada em refeitórios de existe a possibilidade de dividir para duas ou o garçom é o serviço de bebidas e o atendi- grandes empresas e os chamados restaurantes mais pessoas(PACHECO, 2005). mento de solicitações especiais. por quilo. No Brasil é um serviço bastan- Quanto à disposição dos utensílios, Para todas as modalidades de servi- te comum, e nas casas de família é o anfitrião os pratos e talheres são empilhados em um ço algumas regras são observadas. À direita quem serve todos os convidados, podendo dos cantos da mesa, se necessário o arranjo do cliente acontece o serviço de todas as be32 bidas, de todos os pratos prontos, a apresen- de queijo, e as bebidas, whisky, cham- souflé, peixes, aves, ostras, siris, e as tação dos acessórios (sal, pimenta, azeite, etc), panhe, vinhos. bebidas vinho branco seco. a apresentação da nota e a limpeza da mesa. b.Hors-d’oeuvre ou antepasto: termos e.Prato principal: momento central de À esquerda do cliente é feita a apre- em francês e português, respectiva- uma refeição, no qual são fornecidos sentação de todos os pratos, a execução do mente, que representam a prepa- os principais nutrientes da refeição serviço à francesa e à inglesa direto e também ração para a refeição, aguçando o (carboidratos, lipídios e proteínas). a limpeza. apetite e estimulando as glândulas Os alimentos sugeridos são carne salivares e gástricas, para tanto pre- vermelha, animais de caça acompa- cisa se atraente. Os alimentos suge- nhados de legumes, arroz, e as bebi- ridos são alface, tomates e escargots, e das vinhos tintos encorpados. 3.2. Ordem de apresentação dos pratos adaptado de TEICHMANN (2000) as bebidas caipirinha, campari com A escolha do cardápio é adequada suco de laranja (sem excesso). f.Queijos: são servidos após o prato principal para ajudar a dissipar os ao número de indivíduos e da refeição a ser c.Sopa ou Consommé: prato quente ser- cheiros e sabores deixados nessa oferecida. Abaixo se encontra uma sugestão vido antes do prato principal, dilata- etapa, podendo ser substituído por para a ordem de apresentação dos pratos em dor dos vasos sanguíneos da boca e frutas. São apresentadas duas ou três uma refeição completa. estômago. Em regiões quentes essa variedades a.Salgadinhos e aperitivos: servidos etapa pode ser dispensada. g.Sobremesa: fase doce da refeição, fora da mesa de jantar, ou antes da d.Entreé ou entrada: preparação com feita à mesa, após a remoção dos refeição, proporciona um momento alimentos mais leves que o pra- gostos do prato principal. Por exem- de distração, apresentações e con- to principal, podendo ser servidas plo, compotas, sorvetes, mousses. versas. Os alimentos sugeridos são, duas ou mais entradas em jantares h.Café, licores e conhaque: servidos canapés, pequenos sanduíches, pão longos. Os alimentos sugeridos são fora da mesa de refeição, ajudando 33 na digestão, a cortar a sonolência e Maître sommelier ção do serviço. Responsável pelo serviço de vinhos Para ser um maître é preciso ensino no restaurante, pela compra e organização de médio ou superior completo, cursos e experi- estoque, sugestão de venda de vinhos, serviço ência na área, noções de inglês, conhecimen- e atendimento ao cliente de maneira geral. O to de informática. Inciativa, criatividade, di- profissional precisa ter curso sommelier, maître namismo, paciência, capacidade de liderar e e barman, bem como noções básicas de inglês, chefiar, bem como o domínio de técnicas de É o responsável por todo o serviço francês e informática. Dinamismo, paciência, venda são habilidades pessoais recomendadas do restaurante, pela padronização e correção organização, facilidade de comunicação e ca- a um maître. das fichas técnicas, decoração da sala, mesas pacidade de liderança são fundamentais nessa e bufê. Precisa planejar estratégias de venda, função. prolongando o encontro. 3.3. Equipe de serviço em alimentos e bebidas (PACHECO, 2004; PACHECO, 2005) Gerente de alimentos e bebidas Barman autorizar as compras visando a máxima lucratividade, analisar relatórios e auxiliar a direção Profissional que planeja, prepara e Maître d’hôtel de restaurante serve coquetéis e outras bebidas, salgadinhos nas funções referentes aos recursos humanos. Profissional com formação técnica e lanches em bares ou banquetes, sendo res- É necessário curso de administra- na área, que tenha facilidade de comunicação ponsável por atender aos pedidos e reclama- ção em hotelaria ou superior de gastronomia, e capacidade de liderança. É responsável por ções dos clientes e dos garçons. O barman dois anos de experiência na função, fluência supervisionar todas as atividades do hotel re- treina e orienta funcionários sob sua respon- em francês e inglês, e informática básica. É lacionadas com o serviço e atendimento aos sabilidade, zelando pela conservação e manu- essencial que tenha facilidade de comunica- clientes, participando da elaboração do cardá- tenção dos equipamentos e materiais de seu ção, organização, iniciativa, criatividade, di- pio, organização do estoque e manutenção de departamento de trabalho. A formação técni- namismo, paciência, praticidade, liderança e equipamentos, além de selecionar seus fun- ca desejável é de barman e de garçom, além habilidade com números e vendas. cionários e acompanha-los durante a execu- de noções de inglês. 34 Chefe de Bar Garçom de bar técnicas de venda, iniciativa e criatividade. Commis de restaurante Nesse cargo a função é supervisio- Garçom com responsabilidade de nar e organizar o atendimento aos clientes, servir coquetéis, outras bebidas, lanches e sal- Executa o mesmo serviço que o controlar o estoque do bar, participar da ela- gadinhos para os clientes, além de preparar o garçom, auxiliando no atendimento aos hos- boração do cardápio e atender as reclamações local de serviço e atender aos demais pedidos. pedes e clientes durante a permanência no dos clientes. É necessário também supervi- Deve estar pronto para solucionar problemas restaurante. O commis auxilia na manutenção sionar o controle dos utensílios, observando do bar e atender reclamações, zelando pela dos utensílios e nos serviços do restaurante. a conservação dos mesmos. conservação e manutenção de equipamentos É preciso ter o ensino médio completo, além Cabe ainda ao chefe de bar partici- e orientando os funcionários sob sua respon- de curso de garçom e um ano de experiência. par das entrevistas para contratação de fun- sabilidade. Desse garçom é exigido o ensino Precisa ser comunicativo, ter paciência, edu- cionários, assim como assessorar a direção do médio completo, experiência em hotel ou res- cação, iniciativa e disposição. estabelecimento na organização de horários taurante, ser dinâmico e apresentar facilidade de trabalho da equipe do restaurante. Para ser de comunicação. um bom profissional nessa área é necessário noções de inglês, ter cursos na área, conheci- Garçom de restaurante Commis de bar Garçom com especialidade técnica que além de atender aos hóspedes e clientes no bar, auxilia os demais garçons, prepara o mento básicos de informática e curso de bar- Sua função é atender a hóspedes e man. Somando-se a isso deve ter facilidade clientes no restaurante e servir alimentos e de comunicação, organização, inciativa e lide- bebidas. É necessário ter curso técnico de rança mantendo sempre uma postura rígida e garçom com experiência profissional de três tendo um bom domínio de vendas. anos e noções de inglês e informática. Para 3.4. Preparação a apresentação da esse profissional também é necessário facili- equipe de serviço em alimentos e dade de comunicação, paciência, domínio de bebidas local de trabalho, zela pela conservação dos equipamentos e auxilia no fechamento do bar. 35 A apresentação pessoal de uma equi- alimentos e bebidas não permite a utilização pe define o nível técnico e a classe da empre- de perfumes, devido a sobreposição do chei- No momento da compra os fatores sa. Marketing promocional de um restaurante ro ao aroma dos alimentos e preparações, e o de seleção são observados com cautela para se dá com o primeiro contato com o público. uso de uniformes indica o não uso de acessó- evitar problemas futuros com a reposição. A Os uniformes são adequados ao cli- rios, como joias. As unhas devem estar sem- resistência à quebra, lascas e risco é caracte- ma, à idade e ao sexo, estando em harmonia pre aparadas, limpas, polidas e podem estar rística fundamental para uma louça de restau- com a decoração do ambiente. Mantem-se pintadas com esmalte incolor. rante, o que refletirá na durabilidade do pro- postura correta e ereta, estando à vontade no ambiente de trabalho, com hábitos e gestos apropriados ao ambiente. 3.5. Seleção de materiais e utensílios para o serviço em alimentos e bebidas outro no almoxarifado. duto, mantendo a aparência por um tempo prolongado. Se possível, o material escolhido deve ser de fácil limpeza, resistente ao calor e Bons hábitos e boas maneiras são As louças são selecionadas confor- fundamentais em qualquer ambiente de tra- me o estilo, a decoração e o tipo de serviço Para manter a boa aparência após o balho e a profissão. Não é permitido comer, do restaurante. Para serviços mais refinados prato servido, as bordas são estreitas, evitan- beber ou fumar, é inaceitável enxugar o rosto sugerem-se louças especiais e em quantidade do que a comida avance para fora do prato. com o guardanapo de serviço. Visa-se sempre suficiente. A escolha que um único padrão Tem tamanho, forma, espessura e cor em atender bem ao cliente, com bom humor e de louças reduz o custo e evita problemas na harmonia com o ambiente e com a qualida- equilíbrio emocional. área de lavagem. de dos outros utensílios, valorizando assim a à exposição ao microondas. Para a boa apresentação e hi- A quantidade de louças é suficiente preparação servida. giene pessoal mantêm-se os cabelos curtos, para atender ao número de lugares e as re- Os copos também precisam estar limpos e penteados, com proteção de cabelo e posições necessárias, tendo disponíveis três adequados ao ambiente e clima, seja ele for- touca quando necessário e amarrados no caso conjuntos para cada lugar, mantendo um apa- mal ou informal. Assim como o prato valo- de cabelos compridos. O trabalho na área de relho completo em uso, um no restaurante e riza a apresentação da preparação, o tipo de 36 copo interfere na apresentação de um drin- cifico, como os talheres para aspargos, os- esquentar preparações à mesa, enriquecendo que. Quando um estabelecimento utiliza um tras, espigas de milho, lagosta, escargots, uvas e a sua apresentação e mantendo-a quente du- único tipo de copo, reduz a variedade para manteigas. rante toda a refeição. Por último o tripé, que apresentação ao cliente, porém reduz de for- As toalhas de mesa, cobre-manchas ma importante o custo com manutenção e re- e guardanapos de tecido combinam com o posição. Copos produzidos em série são mais estilo, a decoração e o ambiente do restau- Tão importante como os demais grossos e podem ter imperfeições, porém rante, considerando a qualidade do tecido e itens já apresentados, os móveis ajudam a ca- apresentam maior durabilidade; a disponibilidade de reserva de guardanapos racterizar um ambiente. Requer serem fortes Os copos são suficientemente largo coloridos para atender as diversas decorações. e duráveis e passam a informação quanto à para comportar a quantidade necessária de A escolha do tecido considera a facilidade de qualidade e a imagem que se quer para o res- um drinque, aumentando as possibilidades limpeza, para favorecer a retirada de manchas taurante. de apresentações. Em restaurantes mais so- de comidas e bebidas entornadas nas mesas fisticados, copos de cristal são as opções mais durante o serviço. adequadas. serve de apoio para balde com gelo, colocado junto à mesa do cliente. As cadeiras devem proporcionar conforto aos clientes para que estes perma- Dentre os utensílios que valorizam neçam por mais tempo no restaurante. As Os talheres de aço inoxidável o serviço de alimentos em um restaurante, redes de fast food têm por objetivo a pouca são os mais utilizados, apresentando maior tem-se o guéridon, o réchaud e o tripé. O gué- permanência dos clientes em seus estabele- durabilidade, são difíceis de entortar, arra- ridon é uma mesa retangular com rodinhas cimentos, por isso dispõe de cadeiras pouco nhar, manchar ou enferrujar e os de prata nos pés, prateleiras, espaço para o garçom confortáveis. apresentam qualidade superior, sendo mais trabalhar. Nele são dispostos pratos, talheres Características como a durabilidade, utilizados em restaurantes sofisticados. Esses e taças para a realização de diversos tipos de a firmeza e a facilidade de limpeza são fun- utensílios existem em uma enorme variedade serviços, como por exemplo, o serviço à in- damentais na escolha desse item, consideran- de preços e estilos e modelos para uso espe- glesa indireto. O réchaud é um dispositivo para do ainda os tecidos tratados com produtos 37 contra fogo, à prova de água e manchas e de cliente, apresentando uma variedade de pra- o chamado à la carte e o Table d’hôte. O primei- material não sintético, pois estes transpiram tos compatíveis com todos os gostos, tendo ro configura uma lista enumerada, na sequên- podendo gerar algum desconforto. O design uma forma gráfica original, fácil de manusear, cia usual do serviço, de todos os pratos que adapta-se à decoração, ao conforto e à segu- clara e legível. podem ser servidos e seu preço, permitindo rança. A utilização de cardápios teve re- que o cliente componha sua refeição (BAR- A escolha das mesas segue as mes- gistro em 1549, quando os hoteleiros eram mas considerações das cadeiras, observando obrigados a afixar na porta dos estabeleci- O cardápio tipo Table d´hôte é utiliza- para o tamanho e forma, para que estejam mentos uma listagem com as produções culi- do principalmente em hotéis e em restauran- adequados ao espaço, combinando com as nária (BARRETO, 2005). Mas foi em 1765 tes ao lado de menus à la carte. Este cardápio cadeiras e com outras mesas do restaurante. que Boulanger ao fixar em sua casa um car- é constituído por uma lista com uma refeição Mesas com tampos maiores são mais confor- taz com a relação dos alimentos que seriam completa, na sequência usual do serviço, a táveis e com maior número de lugares. servidos em seu estabelecimento, que esta um preço determinado, e o cliente sabe ime- lista passou a ser chamada de menu (TEICH- diatamente quanto será o valor total da sua MANN, 2000) refeição (BARRETO, 2005). 4. Planejamento de cardápio para restaurantes e hotéis Cardápio ou menu, é uma lista ordenada de todos os alimentos que são servidos e que fornece opções para o próprio cliente montar sua refeição, sendo que para isso nele é especificada a composição dos pratos, facilitando a escolha do cliente. O cardápio desperta a atenção do “Até o inicio daquele século, os alimentos eram servidos de forma desordenada, sem seguir nenhuma diretriz predeterminada, ficando o comensal sabedor do que iria comer na hora que o alimento chegava à mesa” (TEICHMANN, 2000 p. 50). 4.1. Tipos de cardápio Há dois tipos principais de cardápio, RETO, 2005). 4.2. Desenvolvimento de um cardápio O cardápio é um instrumento de venda, assim cuidadosamente pensado e elaborado, pois faz parte do marketing do restaurante e, inconscientemente, o cliente estará avaliando o tipo de papel utilizado, a impressão e as ilustrações. Por isso, durante sua 38 composição alguns fatores são considerados: rações do cardápio. Mantém-se um espaço calidades como herbes de Provence, iniciam com •• A lista do cardápio inicia pelos ali- regular entre cada serviço, aproximando os letra maiúscula, com exceção para o molho mentos mais leves, terminando com componentes de um mesmo serviço, sepa- a bechamel escrito em letra minúscula e sem os pratos mais consistentes. rando os diferentes serviços por um traço acento, embora indique o nome do marquês ou pontos e sempre indicando o preço logo de Béchamel (BARRETO, 2005). •• A ordem de apresentação dos pratos é alternada em função da sua ca- abaixo de cada um. Os nomes de pratos de origem racterística principal. Por exemplo, Revisa-se a ortografia cuidadosa- estrangeira da cozinha clássica conservam a alternam-se carnes brancas e verme- mente, pois a escolha dos pratos e serviços sua ortografia de origem, por exemplo, paella, lhas. é feita pela leitura do cardápio. A redação e roast beef, chateaubriand, sem tradução para a correção gramatical são elementos funda- língua local. A expressão à la significa a moda mentais na elaboração de um cardápio (TEI- de e é escrita em letra minúscula. Quando CHMANN, 2000). preceder palavras que iniciam com a letra A •• Não repete as guarnições com base, textura e cores similares. •• Apresenta cores variadas. •• Não oferece pratos com a mesma O francês representa a língua gas- é suprimido, como no exemplo, à l´américaine. preparação culinária (assado, frito, tronômica e muitos termos não têm a tradu- A preposição de significa que um cozido). ção para o português, por isso ao elaborar um alimento é feito de ou com certo ingrediente, cardápio é sempre bom recorrer a um dicio- como mousse de foie gras ou salada de base e composição. nário gastronômico e seguir algumas orienta- champignons, e a preposição en indica que o É importante a apresentação do car- ções quanto à redação dos termos e do texto alimento está sendo servido em determinado (BARRETO, 2005). recipiente ou em uma massa, como patê en •• Evitar dois molhos similares em sua dápio, pois esse é o cartão de visita do es- croûte (BARRETO, 2005). tabelecimento. Neste consta o nome do res- Em primeiro lugar, pratos que re- taurante e o endereço, a data de elaboração cebem nomes próprios como bacalhau à Evita-se pleonasmos na menção de completa acima ou abaixo da lista de prepa- Gomes de Sá ou se referem a países ou lo- nomes de preparações e dos ingredientes, 39 quando estiverem subentendidos como por adota-se uma linha coerente de apresentação sílios necessários e os funcionários, o conhe- exemplo, escrever sopa minestrone, sendo gráfica, sem misturar idiomas (BARRETO, cimento. que minestrone é uma sopa típica (BARRE- 2005). TO, 2005). Conhecer a clientela é fundamental Finalizando o desenvolvimento do para a escolha dos pratos, pois somente assim Nomes de produtos e marcas são cardápio, é preciso atentar para a sequência é possível saber para quem se está vendendo escritos com letras minúsculas, pois derivam de apresentação dos pratos, que pode seguir e dessa forma estabelecer o tipo de serviço, de um produto geral. Porém marcas são escri- a sequência de uma refeição completa, que se se este será para clientes fixos ou variáveis, tas em letras maiúsculas, como no exemplo: apresenta da seguinte forma: 1) hors d´oeuvre; casais ou solteiros, etc. As vendas são analisa- podemos pedir um vermute, mas tomaremos 2) sopas e cremes; 3) peixes; 4) entradas quen- das pelas preferências da clientela, buscando um Martini. tes; 5) carnes-aves; 6) queijos; 7) sobremesas sempre pratos mais rentáveis e não esquecen- e 8) frutas. do de verificar aqueles que podem ser retira- Quando o prato tiver apenas uma unidade de determinado produto, é escrito no singular, como bisteca de porco e filé à parmegiana. Quando for mais do que um escreve-se no plural, como costeletas de cordei- 4.3. Cuidados especiais no planejamento de cardápios dos do cardápio (TEICHMANN, 2000). A cor do cardápio segue o estilo e a estética da decoração do ambiente. O ta- Para o desenvolvimento de um car- manho e tipo de letra são fundamentais para dápio é preciso conhecimentos culinários de uma apresentação harmoniosa, assim como Quanto às denominações culinárias, forma que o cardápio apresente variedade de as ilustrações utilizadas, escolhidas com bom algumas produções possuem tradução para formas de cocção e riqueza de combinações gosto e senso estético, respeitando o que o o português, como bechamel, bufê, canapé, entre pratos principais e guarnições, além de cardápio comporta. consomê, fricassê, omelete, patê, pavê, em conhecimentos de serviços de restaurante, Quanto à distribuição de pratos no quanto outras mantêm a escrita na língua de quantidade de talheres e materiais necessários cardápio, a localização de cada um deles in- origem. Dessa forma ao elaborar o cardápio para a mise-en-place. O restaurante tem os uten- fluenciará no nível de venda. O centro e o ro e aspargos na manteiga. 40 lado superior direito são considerados zonas formações já apresentadas quanto aos cui- nais contêm sempre aquilo que é oferecido nobres em um menu, possibilitando maior dados na variedade de formas de cocção, pelo cardápio. Por exemplo, um filé ao vinho visibilidade e maior venda. A colocação de permitindo ao cliente uma grande variedade Madeira, em sua maioria é feito com vinho preços fica em ordem crescente, com os ali- de escolha. As opções para os acompanha- tinto comum, o que é errado. mentos listados a partir do mais barato (TEI- mentos ultrapassam a combinação arroz com A escolha de ingredientes fáceis de CHMANN, 2000). batata-frita. As pessoas comem primeiro com conseguir, ofertados por fornecedores da re- Para garantir a qualidade é impor- os olhos, portanto, há que se considerar a gião e com produtos da época, mesmo com tante a elaboração de um modelo da versão decoração do prato e a variedade de cores os métodos atuais de congelamento, impor- final do cardápio, para que não haja erros no (BARRETO, 2005). tação e transporte impedem a improvisação. produto final. Nesse processo é necessário o Nas denominações dos pratos, po- Mesmo tomando todos esses cuida- acompanhamento da execução da arte-final, dem ser utilizados nomes próprios na identi- dos o cardápio envelhece. Atualizá-lo perio- com a revisão do texto, conferência do ta- ficação como forma de homenagear alguma dicamente, faz com que a clientela perceba a manho, corte, dobra e tonalidade da cor. Um pessoa conhecida ou famosa. Em todas as preocupação na busca por novidades. Porém cardápio impresso com muitas falhas com- preparações explica-se a sua composição. Se aqueles pratos considerados especialidades da promete a imagem do estabelecimento. não estiver ali, cabe ao maître ou ao garçom casa e os mais vendidos são mantidos como esta explicação. característica da casa. Definidas todas as questões quanto à apresentação do cardápio, iniciam os passos Inova-se sempre com a pesquisa de para sua execução. Para todos os pratos de novos pratos. Incluindo no cardápio pratos um cardápio e novos pratos que venham a ser diferentes, usando a criatividade do chefe de inseridos, há uma ficha técnica padronizada, cozinha, buscando testar novos ingredientes com custo e receituário de fácil consulta. e misturas diversas, como frutas e carnes. Os Abaixo são listados itens de interesse pratos clássicos que tem guarnições tradicio- na escolha dos alimentos e ingredientes que Importante serem reforçadas as in- 4.4. Aspectos da composição básica de um cardápio (TEICHMANN, 2000) 41 compõem uma preparação. Não basta apenas Os temperos dão característica aos portuguesa, no litoral paulista, onde as con- oferecer ao cliente um espaço amplo, agra- pratos. Por exemplo, um molho à baiana é dições climáticas eram desfavoráveis e o solo dável e bonito, com decoração moderna ou apimentado e um prato da cozinha italiana inadequado (FILHO, P. H., 2007). típica, com móveis e utensílios harmonizados pede um pouco de orégano. A escolha de Por volta de 1626 iniciou a vitivini- com ela. Além disso, o cardápio é a imagem ingredientes mostra criatividade no planeja- cultura no Rio Grande do Sul, na região dos do estabelecimento e atende às expectativas mento de um cardápio. Cuidar para que não Sete Povos das Missões, trazida pelo Jesuí- da clientela. seja oferecida, por exemplo, salada de batatas ta Roque Gonzáles de Santa Cruz, sendo o seguida de uma carne com purê. único estado em que a vitivinicultura se de- Para auxiliar nesse processo de escolha, seleção, apresentação e preparação dos A variedade nos métodos de preparo senvolveu. Mais tarde esta vinha foi destru- alimentos, atenta-se à cor dos alimentos, para enriquece uma refeição. Pode ser cru, assado, ída pelos portugueses que não concordavam que sejam contrastantes e vivas, despertando frito, ensopado, desde que respeite as carate- com a produção de vinho no Brasil, por causa o desejo de consumo. As formas de apresen- rísticas dos alimentos e o espaço disponível da concorrência o que diminuía a exportação tação variam em tiras, cubos, rodelas, bastão, para o preparo. As preparações são servidas de vinhos portugueses (FILHO, P. H., 2007). fatias, postas, bolinhos, enformados, etc. na temperatura adequada para o consumo. As A partir de 1870 a Serra Gaúcha Os sabores são destacados e variados, para que não se repitam como quando é servido Peru a Califórnia com sorvete e compotas. As combinações podem ser feitas entre sopas são quentes e o suco bem gelado. 5. Serviço de vinhos para restaurantes e hotéis consolidou-se na produção de bons vinhos por imigrantes italianos, que inicialmente utilizaram videiras do gênero Vitis vinifera portuguesas, espanholas, francesas, alemães ácido, salgado, apimentado, amargo, doce ou As primeiras videiras foram trazidas e italianas e após com o cultivo de videiras picante. Apresenta-se texturas diversificadas para o Brasil em 1532 da ilha dos Açores por americanas, especialmente a Isabel (SOUZA, entre consistência liquida macia, cremosa, ás- Martim Afonso de Souza, e cultivadas por J. S. I., 1965; CELIO, A., 2003). pera, crocante, seca, fibrosa, etc. este e Brás Cubas, ambos nobres da coroa Após esse período a vitivinicultura 42 no Rio Grande do Sul se desenvolveu quanti- sua qualidade, pela exportação de diversas rantia de conservação e dá-se preferencia aos tativamente, assim como outras regiões brasi- marcas para diversos países e pela expan- vinhos que tenham descrito no rótulo a safra leiras. Por volta de 1930 inicia uma evolução são da vitivinicultura brasileira na região da de produção. qualitativa na produção dos vinhos brasilei- Campanha gaúcha e na região do vale do São A longevidade dos vinhos depende ros em função da maior procura pelos vinhos Francisco (Pernambuco). Enquanto que há muito da forma como são armazenados. Os nacionais. A Companhia Vinícola Rio-Gran- vinte anos o nosso vinho era tido como um vinhos não servem para decorar prateleiras de dense teve destaque nesse período por ser a suco de uva azedo com cheiro de raposa, hoje cantinas e restaurantes, como se faz no Bra- primeira vinícola a produzir vinhos finos, a são produzidos no Brasil vinhos finos, que sil. São conservados em um lugar especifico, partir de uvas viníferas, cultivadas nos vinhe- podem competir com muitos estrangeiros uma adega, que deve ser seco, frio, escuro e dos da chamada Granja União, na região de de renome internacional (PACHECO, A.O., sem vibração. Além da adega os restaurantes Flores da Cunha (PACHECO, A.O., 2005) 2005). podem ter uma cave du jour (pequena adega), Na década de 1970 inicia a influência de empresas multinacionais no impulsionamento da produção dos vinhos brasileiros, 5.1. Critério de compra e armazenamento dos vinhos onde serão estocados os vinhos de consumo imediato (PACHECO, A.O., 2005). As adegas são escuras e as luz arti- com o aperfeiçoamento dos métodos de culti- Para uma compra certa é preciso ficial é colocada longe das garrafas de vinho, vo e produção, introdução de grande volume conhecer um pouco sobre o produto. Os pois o vinho é produto perecível e deve ser de recursos financeiros e oferta de incentivos princípios básicos para a aquisição de vinhos protegido da luz solar, que pode provocar al- aos produtores locais para o cultivo de uvas com maior garantia de qualidade são comprar terações indesejáveis. apropriadas e para o cultivo de vinhos finos sempre em lojas ou supermercados especia- A temperatura da adega é estável, en- (PACHECO, A.O., 2000; CELIO, A., 2003). lizados, onde haja alta rotatividade do pro- tre 11ºC e 15ºC. Uma temperatura alta acele- Atualmente os vinhos brasileiros duto e ele é protegido do calor, luz e ruídos. ra o envelhecimento dos vinhos fazendo com têm respeito no mercado internacional pela Adquire-se em caixa fechada para maior ga- que estes percam o bouquet e a cor, enquanto 43 que se esta for muito baixa, a evolução será de qualidade que têm mais de dez anos (PA- bração. Não se guarda junto com os vinhos lenta demais. No Brasil o ideal é instalar nas CHECO, A.O., 2005). produtos com odores fortes, pois eles podem adegas equipamentos especiais para manter a Quanto ao envelhecimento, cada passar para os vinhos. A utilização de insetici- temperatura em até 15°C (PACHECO, A.O., produto é feito para ter uma determinada das também é prejudicial (CELIO, A., 2003). 2005; BECK, et al. 2005). vida útil, portanto, alguns vinhos duram dois 5.2. Técnicas para o serviço de vinhos As garrafas ficam deitadas ou incli- anos e outros cinquenta a sessenta anos. É nadas, especialmente quando se trata dos vi- muito importante acompanhar a evolução do nhos tintos especiais que duram mais de dez vinho, pela data de compra e pelas caracterís- Para um serviço de vinhos adequado anos, de forma que o vinho fique em contato ticas organolépticas, para que ele seja consu- é necessária a presença de um maître sommelier, com a rolha, mantendo-a úmida para impedir mido na época ideal. profissional responsável pelo serviço de vi- em restaurantes e hotéis seu ressecamento e a entrada do ar, que oxi- A longevidade dos vinhos depen- nhos em um restaurante e de instrumentos e da o vinho. Ao guardar uma garrafa de vinho de basicamente do tipo de vinho, das uvas utensílios para a execução do serviço, como coloca-se o rotulo para cima e o gargalo vol- utilizadas, dos processos de vinificação e da a carta de vinhos, carrinho-mostruário, décan- tado para fora, separados pela nacionalidade, forma como é estocado. A época ideal de de- teur, copo de degustação, cesto para vinhos marca, safra, região, cor e tipo (PACHECO, gustação é quando o vinho atinge sua maturi- tintos, balde para vinhos brancos, saca-rolhas, A.O., 2005; BECK, et al. 2005). dade, por exemplo, um vinho branco Riesling termômetro, tabela da safra, etc (PACHECO, Após serem estocados, o ideal é que deve ser consumido entre 2 e 6 anos e um vi- A.O., 2000). os vinhos não sofram mais vibrações, nem nho tinto comum Bordeaux entre 4 e 10 anos mesmo para limpeza do local, pois as vibra- (CELIO, A., 2003; PACHECO, A.O., 2005). O serviço inicia com a escolha e desarrolhamento da garrafa. A escolha é feita ções causam cansaço ao vinho e misturam Guardar um vinho por muito tempo através da carta de vinhos ou por sugestão do as impurezas que tendem a se depositar no na geladeira pode interromper sua evolução, maître sommelier e a garrafa é levada à mesa e fundo da garrafa, situação comum em vinhos descolar o rótulo e na geladeira há muita vi- apresentada ao cliente para que este confirme 44 •• Fortificados secos – 9ºC a 11ºC sua escolha e desarrolhada na mesa em frente rafa, passando o vinho da garrafa original para ao cliente (BECK, et al. 2005). um décanteur, que permite a separação das im- Em jantares completos, compos- Os vinhos tintos de qualidade são purezas, não deixando que elas se misturem tos por diversos pratos, é preciso seguir uma apresentados em cestas apropriadas de vime ao vinho. Antes de ser consumido o vinho ordem de precedência no serviço de vinhos, ou em suportes de prata, em temperatura am- permanece aberto por um tempo, principal- respeitando a seguinte ordem: vinho seco an- biente, enquanto que os brancos, rosados e mente aqueles envelhecidos por mais de dez tes do suave ou doce; vinho branco antes do os champanhes são apresentados em baldes anos, para que as qualidades organolépticas tinto; vinho tinto antes do branco doce; vinho apropriados, com gelo e água (PACHECO, do vinho se destaquem (BECK, et al. 2005).. leve antes do encorpado; e vinho jovem antes A.O., 2000). A temperatura para degustação de do envelhecido (PACHECO, A.O., 2000). Primeiramente serve-se um pouco um vinho depende do tipo de vinho e da pre- Em relação à combinação com ali- do vinho ao cliente que fez o pedido para que ferência do cliente, seguindo-se as faixas de mentos atualmente as regras são mais flexí- este deguste, verificando sua qualidade, apro- temperatura citadas abaixo (DANESI et al, veis, porém algumas normas ainda são obser- vando ou não. Após serve-se as senhoras, em 2007): vadas pelo gourmet. Como regra geral, temos seguida os homens e por último o cliente que •• Espumantes doces – 6ºC a 8ºC que o vinho deve valorizar o prato e o prato degustou inicialmente. Ao servir não se en- •• Espumantes - 8ºC a 10ºC valorizar o vinho, havendo uma harmonia en- costa a garrafa no copo e deposita-se apenas •• Brancos secos comuns - 6ºC a 8ºC tre ambos. 2/3 do copo, permitindo a aeração necessária •• Brancos licorosos – 11ºC a 13°C para a liberação dos aromas (Le Cordon Bleu, •• Rosados comuns - 6ºC a 8ºC cardápio ou o menu, são o cartão de visita do 2005). •• Rosados estruturados - 10ºC a 12°C restaurante, por isso a mesma deve ser con- •• Tintos jovens e frescos – 10ºC a cisa, atraente, bem diagramada, de tamanho O processo de decantação e oxigenação é feita em vinhos de classe superior quando contêm impurezas no fundo da gar- 12°C •• Tintos comuns - 14ºC a 15ºC A carta de vinhos, assim como o médio, cores agradáveis, conteúdo bem distribuído e letras com tamanhos e formatos 45 legíveis. Contém além de vinhos brasileiros, a visão, o olfato, o paladar e o tato. É efetua- da garrafa somente são permitidos para vi- os vinhos estrangeiros que mais se consome da duas horas antes ou depois das refeições e nhos com mais de dez anos. Vinhos rosados no Brasil, de diversos sabores, cores e preços. exige perfeita saúde por parte do degustador. podem variar desde rosa até alaranjado. A ordenação técnica da carta de vinhos é: 1) Para o exame visual segura-se o cá- Para o exame olfativo inicialmente vinhos servidos abertos; 2) vinhos do país; lice corretamente pela base da haste ou pela aproxima-se o copo do nariz e cheira-se o vi- 3) vinhos do continente; 4) vinhos de outros haste, permitindo uma boa visualização do nho sem agitar o copo, verificando assim os continentes; 5) Champagnes e espumantes do conteúdo. O degustador enche o cálice até aromas primários do vinho, que são os aro- país; 6) Champagnes e espumantes estrangei- um quarto de sua capacidade, eleva até a al- mas da própria fruta. Em seguida, agita-se o ros; 7) Vinhos de sobremesa (PACHECO, tura dos olhos e inclina a cerca de 45° contra vinho com movimento giratórios do copo e A.O., 2005). a luz. o cheira novamente, verificando agora os aro- Além dessa sequência é importan- Os vinhos brancos devem ser in- mas secundários, que são formados pela fer- te observar que a lista de vinhos é elaborada color, verde-palha, amarelo-claro e amare- mentação e pelo envelhecimento, chamados em ordem crescente de preço, identificando- lo-dourado. Vinhos mais velhos apresentam de bouquet. -se a safra, a região de origem e o produtor, uma coloração mais escura, enquanto que vi- Após inicia o exame gustativo inge- podendo ser impressa ou escrita a mão, com nhos mais novos são límpidos e cristalinos, rindo um gole do liquido, deixando o vinho ilustrações sobre vinhos (BECK, et al. 2005). não sendo permitido nenhum tipo de impu- circular por toda a superfície da boca e da reza. língua antes de engolir ou cuspir. As papilas 5.3. Técnicas básicas para degustação Vinhos tintos, quando jovens, apre- da língua identificam os quatro principais sa- sentam coloração vermelho-violeta ou ver- bores: doce (álcool etílico, glicerina e açúcar A degustação de um vinho é realiza- melho-rubi, passando à cor vermelho-tijolo residual), salgado (sais minerais), ácido (ácido da por meio das suas características organo- quando mais velhos. A cor marrom é impró- tartárico, málico, cítrico e acético) e amargo lépticas através de quatro órgãos do sentido, pria para vinhos tintos e depósitos no fundo (taninos). Ainda é possível identificar as sen- de vinhos (Le Cordon Bleu, 2005). 46 sações táteis como aspereza ou adstringência, componentes. Pratos leves pedem vinhos le- são mais ácidos do que os de locais quentes picante e calor. ves e pratos fortes pedem um vinho encor- e a quantidade de taninos depende da manei- Na tentativa de extrair algo pado. Por exemplo, um peixe é servido com ra de produção do vinho e, de forma geral, mais do vinho, leva-se um gole de vinho a um vinho branco e um cabrito condimenta- os vinhos mais jovens têm mais taninos que boca e aspira o ar mantendo os lábios entre- do com vinho encorpado. Caso haja uma in- os mais velhos. Os taninos quando maduros abertos, fazendo com que os vapores subam versão nessa combinação, e o peixe grelhado e bem tratados conferem sabor agradável e para a cavidade nasal. Os sabores de vinhos venha acompanhado com o vinho tinto en- maior longevidade aos vinhos, quando, po- mais comuns persistem na boca de 1 a 3 se- corpado e o cabrito com o vinho branco, os rém não amadurecem adequadamente podem gundos e os sabores dos bons vinhos perdu- sabores do peixe e do vinho branco serão so- causar sensação de adstringência ou rascância ram por até 20 segundos. brepostos pelos sabores mais fortes (FILHO, (SANTOS, J.I., 2008). 5.4. Dicas para combinação entre vi- P. H., 2007).i Preparações muito salgadas dificul- Em segundo lugar um prato mais tam a escolha do vinho. Vinhos mais ácidos ácido pede um vinho com acidez mais alta, e com os brancos e os espumantes são boas Não existe uma regra fixa para a doce pede vinho doce. Quanto mais doce o combinações, enquanto que os tintos ricos combinação entre os alimentos e os vinhos prato, mais doce deve ser o vinho. Se for uma em taninos podem acentuar o excesso de sal que acompanham a refeição. Porém é possí- preparação gordurosa, é necessário que o vi- (SANTOS, J.I., 2008). vel fazer a escolha do vinho a partir dos prin- nho contenha característica que dê a sensação Santos (2008) aponta também para cípios da harmonização entre estes dois com- de cortar a gordura da comida, como as bo- a harmonização entre o peso e a intensidade ponentes tão fundamentais para o sucesso de linhas dos espumantes, a acidez e os taninos das preparações com os vinhos. Preparações uma refeição. (SANTOS, J.I., 2008). pesadas como aquelas acompanhadas de mo- nhos e os alimentos A primeira consideração nesse sen- A acidez está presente, normalmen- lhos, devem se servidas com vinhos potentes tido é acompanhar as características dos dois te, nos vinhos produzidos em locais frios, que como Cabernet Sauvignon. A intensidade do 47 sabor dos ingredientes, como em preparações re, combinam com vinhos tintos cos encorpados; picantes ou bem condimentadas, combina, •• massas dependem do molho: molho encorpados; e os queijos picantes, por exemplos, com vinhos brancos com in- branco com vinhos brancos secos como Roquefort e Gorgonzola, como tensidade de aromas como Sauvignon Blanc. ou tintos leves; e molho vermelho os vinhos tintos encorpados ou vi- De maneira bem simples combi- com vinho tinto ou vinho branco nhos doces. nam-se alimentos e preparações pela cor. encorpado; Para pratos brancos ou claros, acompanha vi- •• pizza pode ser acompanhada de nhos brancos, para pratos vermelhos ou caça, vinho tinto italiano ou vinho tinto acompanha vinhos tintos e para pratos regio- seco com boa acidez; nais, acompanha vinhos locais. •• Sushi pode ser servido com espumantes ou vinho branco seco; •• sobremesas podem ser acompanhadas por vinhos licorosos e vinhos •• churrasco pede tinto jovem e car- São apresentadas algumas combina- nes de sabor forte também pedem ções que se pode incluir na prática profissio- tintos. Aves são bem servidas com nal e nas refeições (PACHECO, A.O., 2000): tintos e brancos; espumantes. 6. Serviço de bar para restaurantes e hotéis •• foie gras tem uma combinação perfei- •• para os queijos é preciso considerar Em um hotel ou restaurante o bar é ta com vinho doce, compensando a as características individuais: queijos caracterizado por servir bebidas em um bal- gordura dessa preparação; de massa mole, como ricota, minas, cão com lugares individuais, centralizando •• frios combinam bem com vinhos de cabra, combinam com vinhos todos os utensílios e ingredientes necessários brancos. Os mais fortes como sala- brancos secos; queijos meia cura, para o preparo de bebidas, drinques e coque- me, são bem servidos com tintos de como Camembert, Brie, Ementhal , Til- téis em um único ambiente onde os clientes boa acidez; sit , Gouda, combinam com vinhos pode acompanhar todo o serviço (PACHE- •• bacalhau combina com tintos como tintos semi-encorpados; queijos de CO, 2005). é a preferência em Portugal ou bran- massa dura, como parmesão Gruyé- É um local de encontros rápidos 48 entre amigos e para negócios, representando •• bar ao consumo: variedade de bebi- um ambiente informal, podendo ter também das nacional ou importadas, escolhi- o serviço de lanches e salgadinhos. Nesse ser- das previamente pelo cliente, cobra- •• Saca-rolhas e abridores de garrafas; viço há algumas classificações quanto ao tipo das de acordo com o consumo real. •• Pinça saca-rolhas para vinhos espu- de serviço e bebida oferecido, conforme des- •• bar por hora: variedade de bebidas crito abaixo: previamente estipuladas pelo cliente, xo estão listados alguns dos utensílios essenciais para a execução desse serviço: mantes; •• Tampa hermética para vinhos espu- •• open bar nacional: composto por cobrado um preço fixo por pessoa uma variedade de bebidas nacionais, durante um determinado período de •• Triturador de gelo; inclusive o uísque. tempo. Nesse serviço o cliente pode •• Pinças de gelo; estabelecer quais bebidas serão ser- •• Colher furada para gelo; uma variedade de bebidas nacionais vidas e a quantidade. •• Espremedor de laranjas; e importadas, como uísque 8 ou 12 Em hotelaria existem dois tipos de •• Coqueteleira, constituídas por cor- anos importado e as demais bebidas bares, o bar da frente onde o cliente é servi- nacionais. do no balcão ou nas mesas e o preparo dos •• Coqueteleira americana ou Boston, •• bar tropical: composto por basica- drinks é feito na frente do cliente e o service constituída por uma parte de vidro e mente bebidas tropicais, como bati- bar um bar de apoio, não sendo visualizado outra de metal, permite que o cliente das e caipirinhas, podendo ser servi- pelo cliente, onde o garçom busca as bebidas veja os líquidos serem agitados; das em frutas. solicitadas. •• open bar importado: composto por •• cash bar: inclui todas as bebidas na- A mise en place do serviço de bebidas cionais e importadas, colocadas à é composta por vários acessórios, seja para disposição do cliente que paga pre- servir bebidas à mesa ou para a preparação viamente pelo serviço. dos coquetéis e das bebidas misturadas. Abai- mantes; po, filtro e tampa; •• Mixing glass vem junto com uma grande colher, própria para misturar: coquetéis e long drink; •• Medidor, para dosagem dos líquidos; 49 •• Stainer ou coador, para filtrar os lí- bem. É usado com força, mas sem agitá-los agitados no shaker, misturados no copo das quidos misturados no mixinh glass; de mais. O segundo serve para preparações misturas ou montados no copo em que são •• Sifão com fecho hermético, com de líquidos menos viscosos e mais transpa- servidos. O que determina a modalidade de dispositivo para fornecer água com rentes, e permite obter drinques de cores bri- preparação de um coquetel são os ingredien- gás; lhantes, tendo com regra nunca sacudir a mis- tes que o compõem. O barman, responsável tura, mas mexer vagarosamente com colher pelo preparo dos coquetéis, deve ser criativo apropriada. Nenhum é utilizado para prepa- e estar sempre aprimorando seus conheci- •• Faca com serrilha para cítricos; rar coquetéis à base de vinhos ou bebidas fri- mentos, para criar novas combinações (PA- •• Faca para casca de cítricos; santes, que perderiam a espuma. CHECO, 2005). •• Ralador de cascas de cítricos ou para especiarias; •• Conchinha; Normalmente os coquetéis são ser- Os coquetéis se dividem em catego- •• Mixing spoon, para mexer coquetéis; vidos gelados, de modo que é muito impor- rias de acordo com a dosagem e a temperatu- •• Pauzinhos coloridos para enfeitar tante o uso apropriado do gelo. Este é cris- ra das bebidas. Os long drinks são servidos em com frutas; talino, preparado com água absolutamente copos grandes, com características refrescan- •• Canudinhos; transparente e que não tenha ficado muito tes e repousantes, tendo em sua composição •• Tigelinhas para salgadinhos; tempo na geladeira. Não utilizar duas vezes aguardente misturada com sucos de frutas, •• Jarros de vidro, grandes e pequenos, para coquetéis diferentes. O gelo picado ou refrigerante ou água gaseificada e gelo. para água e xaropes; •• Guardanapos pequenos. O shaker ou mixer são dois utensílios diferentes utilizados para o preparo de drinks. em neve não é utilizado em bebidas com alto teor alcoólico, pois derretem rapidamente. 6.1. Tipo de coquetéis Aqueles servidos em copos pequenos são denominados shorts drinks, recebem o titulo de verdadeiros coquetéis, podendo ser servidos antes ou após as refeições. A última O primeiro é usado para misturar líquidos de Os coquetéis são bebidas curtas classe de coquetéis são os hot drinks, bebidas alta densidade e opacos, para amalgamá-los ou short drinks preparadas de três maneiras: quentes, servidas em climas frios e em copos 50 apropriados. muito secos, são agitados no shaker e prepa- posição açúcar, água, gelo, limão, gin (brandy, Os diversos tipos de coquetéis apre- rados com suco de limão, açúcar, rum/ vodka whisky, vodka, rum) e soda. sentam finalidades especificas e dentre a mais ou brandy. Após agitar a mistura o drink é co- Os fizzes são preparados no shaker e importante é a de estimular o apetite. Para locado em um copo tipo sour, junto com uma servidos em copo médio sem pé chamados de isso são servidos aperitivos secos, amargos rodela de laranja e uma cereja. tumblers. O Gin fiz recebe gelo, limão, açúcar, ou ácidos, como bebidas destiladas mistu- Aqueles que recebem a denomina- gin (brandy, whisky, vodka, rum) e água com radas com sucos de frutas ácidas, vernutes, ção juleps são preparados em copos que rece- gás, no seu preparo. De composição longa e bitter, etc. Licores e aguardentes são servidos bem o mesmo nome do drink. O Mint julep refrescante, os Collins são servidos preferen- ao final das refeições, pois sua característica recebe sua composição folhas de hortelã, cialmente em dias quentes e preparados em principal é a de auxiliar na digestão. açúcar, água, whisky bourbon, gelo moído e copos grandes, sem pé. Os coquetéis também podem exer- ramo de hortelã para decoração. 6.3. Tipo de bebidas cem a função de refrescante, quando são Brandy smash é um coquetel prepa- servidas bebidas destiladas misturadas com rado com hortelã, açúcar, água e brandy, de- suco de frutas, refrigerante ou água gaseifica- corado com uma folha de hortelã, rodela de Sofrem o processo de fermentação da, a função nutritiva quando são compostos laranja, cereja e casca de limão, classificado que transforma açúcares, sacarificação dos de ingredientes calóricos como cremes, mel, como coquetel smashes preparado e servido amidos, em álcool etílico ou metanol, atra- açúcar, chocolate e leite, e estimulantes físi- em copo tipo old fashioned, preferencialmente vés de um micróbio ou microorganismo, que cos, quando composições quentes levam na no verão ou em climas quentes. pode ser bactéria ou levedura. Como exem- sua preparação bebidas destiladas. 6.2. Grupos de coquetéis Os coquetéis chamados de sours Também servidos em copos tipo old Bebidas fermentadas plo, a cerveja. fashioned, os coquetéis Slings recebem uma rodela de limão no momento em que são servidos, como o Gin Sling, que tem na sua com- Bebidas destiladas A destilação é um processo de se51 paração de liquido por vaporização e con- Hás produzidas pela destilação de cereais, densação, baseado nos diferentes pontos de como milho, cevada, trigo, centeio, aveia, ar- •• 18-20ºC para destilados mais enve- ebulição da água e do álcool. A massa líquida roz, tendo como exemplo o gin e wisky e as lhecidos e importantes, como co- é aquecida até atingir ebulição. bebidas destiladas a partir de vegetais, tipo nhaque, wisky e rum. O álcool atinge esse ponto antes da água, fervendo a 78o enquanto que a água fer- batata, cana-de-açúcar, raízes, como a vodca, a cachaça, o rum a tequila. lados de frutas; 6.4. Tipos de bebidas destilada ve a 100o. Portanto, os vapores do álcool são As bebidas destiladas podem ser in- Conhaque: considerada uma bebida nobre, obtidos primeiramente, o que permite reco- geridas em vários momentos da refeição, po- destilado a partir do vinho branco produzido lhê-los e resfriá-los para a passagem ao estado dendo ser servidas apenas ao término da re- na região de Charente na França e envelhe- líquido, que no caso das bebidas, após passar feição ou acompanhar os pratos servidos ao cido em tonéis de carvalho. A marca Cognac por um processo de maturação, poderá ser longo da refeição. Alguns restaurantes apre- só pode ser utilizada para a bebida produzida considerado um produto final. sentam uma carta própria de destilados, que nessa região, sendo que as demais produções As bebidas destiladas podem se ob- são consumidos ao final da refeição e apre- recebem o nome de Brandy. tidas de sucos de frutas, cereais ou outras sentam custos bastante elevados, contribuin- substância de origem vegetal, sendo classifi- do para o prestígio do restaurante. O serviço requer copos especiais, tipo balão, e acontece após as refeições. A cadas conforme o produto do qual são des- O serviço requer cuidados particula- qualidade do conhaque depende das caracte- tiladas. As vínicas são obtidas da destilação res, pelo uso de copos que exaltem as caracte- rísticas do vinho que o origina, e o tom alou- exclusiva do vinho, como o Conhaque. As rísticas de cada tipo, respeitando a temperatu- rado é característico da conservação em cas- bagaceiras da destilação do bagaço da uva, ra do serviço que é de: co de carvalho. como a Grappa. Temos também aquelas obtidas a partir de frutos fermentados, como maçã, cereja, pera, framboesa, as de cereais. •• 5ºC para destilados neutros (gim e vodka); •• 10ºC para aguardente de uva e desti- Os anos de envelhecimento são identificados através de códigos: *** (três estrelas) – 5 a 10 anos; V.O. (very old) – 10 a 15 52 anos; V.O.P. (very old pale) – 15 anos mínimo; Vodca: bebida nacional da Rússia, o que sig- V.S.O.P. (very special old pale) – 20 anos mínimo; nifica pouca água. Obtida a partir da destila- X.O. (extra old) – 30 anos mínimo; Bras Arme ção de ervas, cereais, figos e batatas entre 43º (30 anos mínimo); Cordon Bleu (30 anos míni- e 45º. Rum: obtido do melaço, resíduo da fabrica- Wisky: representa aguardente mais consumi- ção do açúcar, tendo origem nos países pro- da no mundo, produzido a partir de cereais dutores de açúcar, como Índia, Cuba, Porto como cevada, trigo e milho. Dentre as clas- Rico e outros. sificações dos diferentes tipos de wisky há o Malt wisky, produzido exclusivamente do mal- Licores: bebidas aromatizadas e compostas te; o Grain wisky, composto por uma mistura por álcool e açúcar, na proporção de 10 e de cevada e outros cereais. 20% respectivamente. Os aromatizantes mais utilizados são o aniz, limão, laranja, abacaxi, hortelã, coentro, café e cacau. ções de uma mistura de malte, milho e cen- Há licores a base de plantas, frutas teio, previamente fermentados. Na primeira e produtos desidratados: licores de plantas é obtido um líquido com graduação alcoólica (Chartreuse); licores a base de frutas (Cherry muito alta, e após são adicionados água des- brandy, Creme de cacau). Podem ser obtidos tilada e alguns aromatizantes para a segunda por destilação, extratos aromáticos ou essên- destilação. Na Alemanha é chamado de Stei- cias e por infusão. nhager e na Inglaterra de Gin. A composição se dá pela mistura de duas ou mais bebidas simples, alcóolicas ou não alcóolicas, como suco de frutas, leite, mo); Napoleon ( 30 anos mínimo). Gin: resultado da sequência de duas destila- 6.5. Bebidas compostas nata, ovos, açúcar, entre outros. São preparadas no shaker, no copo de mistura ou no próprio copo em que será servida a bebida, dependo da dificuldade de misturar os ingredientes, sendo que, quanto mais viscosos, mas difícil a homogeneização. Composições a base de nata, leite, ovos, açúcar e licores são preparados no shaker, pela dificuldade de se obter uma mistura homogênea, como por exemplo, um Alexander. Outras preparações como Manhattan, Dry Martini compostos por aguardente, vinho ou outras bebidas de fácil mistura podem ser preparados no copo de mistura. 6.6. Bebidas para aperitivos São servidas antes das refeições com 53 a finalidade de estimular o apetite. sariamente um aperitivo, pois também apre- ano de idade, envelhecido na própria garrafa. Vermute: vinho preparado a base de uvas senta qualidades de um digestivo. Jerez (sherry): bebida proveniente da região da brancas, adicionado de extratos de várias er- Os vinhos do Porto se dividem em Andaluzia, quando seco é servido fresco, sem vas e condimentos aromáticos como coentro, categorias dependendo da composição e da gelo, podendo ser conservado em geladeira casca de laranja, canela, cravo da índia. Exem- forma de envelhecimento. Há os vinhos do e quando doce, apresenta-se mais encorpado, plo: Martini. A classificação dos vermutes se Porto envelhecidos em madeira provenientes envelhecido e alcoólico, servido em tempera- dá pela cor e pelo sabor da bebida, onde se da mistura de vários vinhos obtidos a partir de tura ambiente. denomina Corrente, a bebida de cor tinta; Bian- uvas diferentes de diferentes safras e vinhos co a bebida de cor branca e sabor doce; Dry, com uvas diferentes mas da mesma safra, e os branco seco; Punt e mes, tinto amargo e Clássi- vinhos envelhecidos em garrafa provenientes O copo ideal respeita as caracterís- co, o tinto doce. da mistura de vários vinhos obtidos a partir ticas de cada bebida, valorizando suas par- San Raphael: vinho aperitivo de origem france- de uvas diferentes da mesma safra. ticularidades e realçando suas qualidades. sa feito à base de vinho tinto fortificado com 6.7. Tipos de copos e sua utilização O vinho do Porto Branco, mais uti- Entretanto, a criatividade, ousadia e diversão algumas raízes e aromatizado com quinino. lizado como aperitivo, é produzido com uvas podem quebrar regras. A especificação de al- Campari: bebida de origem italiana, cor ver- brancas e envelhecido em casco, podendo ser guns tipos de copos segue abaixo: melha escura e amarga, obtida da infusão de seco, extra seco e doce. O vinhos tintos, po- •• Copo americano: é o copo mais po- ervas amargas e pimenta Guiné. É servida dem ser de uvas Ruby, envelhecido em casco pular, utilizado em bares para servir com gelo, casca de limão e com soda em di- por pelo menos 3 anos; de uvas Tawny, en- cerveja, por exemplo. versas composições. velhecido em casco por pelo menos 4 anos, •• Copo ballon grande e pequeno: são Porto: vinho de mesa, adicionado de aguar- ou serem vinhos Vintage, produzidos de uma copos tradicionais para servir co- dente durante o processo de fermentação. só colheita, em um ano de excepcional quali- nhaque. No ballon grande podem ser Produzido no norte de Portugal, não é neces- dade, engarrafado entre o segundo e terceiro preparadas bebidas tipo drink quen54 tes, decoradas com chantilly e com gotas de licores coloridos. •• Taça para coquetel / Short drink para Martini: tradicional taça de coquetel nhe e vinhos espumantes em geral. Serve de 180 à 280 ml. •• Copo brandy snifter ou copo de co- utilizada para bebidas misturadas e •• Copo globlet ou cálice grande: utili- nhaque: tradicionalmente este copo geladas na hora de servir, mas sem zado para drinques com gelo tritu- tem a haste curta e o bojo arredon- gelo. Não combina com decorações rado ou em pedacinhos, como sherry dado de modo que a palma da mão mais vistosas e nem com canudos, globbler. possa aquecer o copo e assim des- mesmo que cortados. Os tamanhos prender o bouquet da bebida, nesse são de 90 à 180 ml. caso o conhaque. Apresentam tamanhos desde 100 até 1.500 ml. •• Copo fantasia: copo grande, tipo cálice, utilizado para long drink de •• Copo coffee mug: também chamado de toddy ou caneca para hot drinks, é usada especificamente para coquetéis quentes, com 450 ml. •• Cálice irish: de vidro resistente, ser- 300ml, com grandes pedras de gelos. •• Copo cordial, pony ou cálice de licor: ve para irish coffe, drinques quentes •• Copo para grogue: feito de vidro re- existem nos mais diversos formatos, ou frios, com café, creme de leite e sistente para servir todas as bebidas licores. quentes ou às quais se adiciona água •• Caneca de chopp: junto com o copo fervente. tendo em geral de 35 à 60 ml. •• Copo highball: é o tradicional copo long drink para servir bebidas desti- tipo tulipa, são a preferência para •• Dupla taça para coquetéis: utilizado ladas ou coquetéis refrescantes com servir chopp. Muitas vezes são arma- para short drink à base de sucos cítri- bastante gelo e adicionando-se soda, zenadas em congeladores, existindo cos, em que a quantidade de ingre- água, refrigerante ou suco. Os mais em diversos formatos e tamanhos. dientes não ultrapasse 70 a 80g. esguios são chamados de collins, Alguns modelos são de tamanho •• Taça Flute: taça fina e elegante, que numa referência à família de drin- exagerado, utilizados principalmen- tem o formato parecido com uma ques do mesmo nome. São encon- te em festivais. flauta, utilizada para servir champa- trados nos tamanhos de 250 à 410 55 •• Copo pilsener ou copo de cerveja: se- •• Copo tulipa: também utilizado para •• Copo hurricane: feito sob medida melhante à tulipa, sendo, no entanto servir chope e cerveja, sendo muito para servir coquetéis tropicais e re- mais alto e com design mais sofisti- popular no Brasil, onde é encontra- frescantes. Combina com as mais cado. Comportam volumes de 350 do em quase todos os bares. Os ta- extravagantes decorações e pode ser à 500 ml. manhos variam entre 350 e 370 ml. ml. substituído pelo ballon, menos usado •• Copo sherry: em inglês; é o mesmo •• Copo tumble baixo: serve drinques atualmente. Seu tamanho aproxima- que xerez, utilizado para servir vi- com muito gelo em pedrinhas e sem do é de 450ml. nhos fortificados, além do próprio acrescentar água com gás. O tipo •• Taça para Margarita: taça específica xerez, o Madeira e o vinho do Por- médio é próprio para servir whisky para servir esse coquetel. Algumas to. Também pode substituir o copo & soda. Também serve suco de fru- marcas dispõem modelos com haste do tipo cordial para servir licores ou ta. no formato de um cacto. Os tama- ainda para grappa. Os tamanhos va- nhos são de 350 à 500 ml. riam de 90 a 180 ml. •• Taça para Champanhe: serve o clássico coquetel de Champanhe, •• Copo old fashioned: clássico copo para •• Shot: é o típico copo do cowboy ame- sparkling, com frutas batidas ou cen- servir whisky puro ou com gelo. Usa- ricano e é também chamado de trifugadas e vinhos espumantes. do também para drinques on the rocks yankee shot. Serve bebidas sem gelo Também coquetéis feitos com sucos (com gelo). Tem de 180 a 350 ml. e geralmente puras, mas também se cítricos e destilados, como Daiquiri, •• Copo on-the-rocks: também chamado pode preparar coquetéis em cama- Barcadi e outros coquetéis perten- de double old-fashioned, tem um for- das neste pequeno copo que tem de centes à categoria sour, com a pre- mato mais apropriado para servir 35 a 60 ml. O seu similar brasileiro é sença de sabores azedos ou ásperos. bebidas com gelo, conforme sugere o copo de pinga, muito popular em •• Copo tumbler alto ou Collins: copo o seu nome. Em geral são de 350 ml. cachaçarias, botecos e padarias. para long ou tall drinks, servidos com 56 bastante gelo, tanto para bebidas pu- usado para servir destilados gelados, ras como para coquetéis refrescan- mas sem gelo. Também pode ser tes com misturas de sucos, água ou usado para Tequila pura e outras be- refrigerantes. Pode ser substituído bidas. pelo highball. São encontrados nos tamanhos de300 à 450 ml. •• Copo zombie: usado especialmente na preparação de drinques homôni- •• Taça para vinho: temos taças para mos, bastante alcoólicos e abundan- vinhos tinto, branco, bordeaux, bour- tes. Utilizado também para preparar gogne, chianti, rosé, Beaujolais. A varie- long drink com decoração de fruta dade de copos para vinhos é quase exótica espetada com um pauzinho. proporcional à variedade de vinhos disponíveis. Especialistas sugerem que, principalmente para iniciantes, basta um tipo de copo para o serviço de vinhos, desde que observadas algumas regras: cristal fino transparente, incolor, liso, haste longa e com a abertura ligeiramente estreitada. •• Copo para vodka ou Steinhäger: copo semelhante ao shot, porém um pouco mais alongado. Tradicionalmente 57 58 técnicas e procedimentos aqui explanados. A abordagem teórica da história da gastronomia deve sempre ser relembrada durante a prática profissional, para que se entenda as razões de determinadas ações e a valorização das descobertas, respeitando a história dos personagens que possibilitaram o avanço dos conhecimentos atuais. No que concerne às técnicas de serviço em restaurantes e hotéis aqui apresentadas, existe sempre a possibilidade de melhoramentos que fazem do trivial algo novo e desafiador, e é nesse aspecto que o profis- CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao longo desta publicação percor- sional mostrará sua criatividade, expressando seu talento, cativando seus clientes e registrando sua marca. reu-se algumas áreas de abordagem da Gas- Dessa forma entende-se que as in- tronomia com o intuito de iniciar o processo formações aqui contidas sejam utilizadas de construção do conhecimento nessa área como início de um longo caminho a percor- que pode ser um campo de atuação do pro- rer, buscando sempre a atualização profissio- fissional nutricionista. O enriquecimento des- nal, através de leituras, cursos e novas experi- se conhecimento se dará com a aplicação das ências profissionais. 59 60 CELIO, A. Falando de vinhos: a arte de escolher um bom vinho. Rio de Janeiro: SENAC, 2003. DANESI, A. 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