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ISSN 1830-6365 Novembro de 2012/8 – Edição especial PT CESE info Construir uma Europa mais forte Caros leitores, A Estratégia Europa 2020 é um elemento central da resposta da UE à crise enquanto modelo global e dinâmico de crescimento europeu no qual investidores, produtores, trabalhadores e consumidores podem ter confiança. A nossa conferência intitulada «Maior mobilização por uma Europa mais forte», realizada em setembro, constituiu uma excelente oportunidade para fazer trinta recomendações concretas com vista a conduzir Europa à retoma e a um «New Deal» para os cidadãos. A conferência exortou os líderes a tomarem medidas enérgicas para a criação de um quadro coerente que promova um crescimento integrado da economia. É necessária uma abordagem global, que inclua a união económica, com uma harmonização bancária, financeira e orçamental, a união social, com um maior respeito pelos direitos fundamentais, e a união política, com um maior grau de responsabilidade e de controlo democráticos. A disciplina orçamental, associada à repartição dos riscos e dos benefícios, maximizará o impacto da ação. «Mais Europa» traz benefícios económicos e o orçamento da UE deve ser visto como uma forma inteligente de obter economias de escala. Também é necessária uma supervisão e regulamentação a nível europeu para controlar a atividade dos bancos e das instituições financeiras, que devem contribuir de forma justa para o crescimento. O progresso social deverá ser também uma prioridade na elaboração de políticas. Comité Económico e Social Europeu Uma ponte entre a Europa e a sociedade civil organizada Haverá lugar para as PME na Europa do futuro? Empregando mais de 87 milhões de pessoas, as PME continuam a ser a espinha dorsal da economia da UE. As PME (21 milhões na UE) são responsáveis por mais de metade do valor acrescentado total da atividade económica não financeira e nos últimos cinco anos criaram 80% dos novos postos de trabalho na Europa. A crise económica está a afetar as PME na Europa? Infelizmente a resposta é sim. Tremendamente afetadas pela crise, as PME ainda não conseguiram recuperar os níveis de valor acrescentado bruto e de emprego anteriores à crise. Só em Espanha, houve um decréscimo de 30 000 PME em 2011 e está prevista uma nova quebra de 20 000 em 2012. A situação é idêntica em vários outros países. nua a deteriorar-se. Em média, as empresas assinalaram que a disponibilidade de empréstimos bancários diminuiu (20%, acima dos 14% verificados no inquérito anterior). Além disso, os resultados do inquérito mostram que houve mais pedidos de empréstimo indeferidos (13%, com 10% anteriormente). Como podem as PME aceder a financiamento? Para a Europa manter esta parte essencial da sua economia no bom caminho é necessário explorar exaustivamente outras formas de acesso ao financiamento. Para além dos fundos de capital de risco e dos empréstimos do Banco Europeu de Investimento, que estão a ser implementados com sucesso, a UE deve encorajar modelos alternativos como as estruturas bancárias participativas e éticas, que rejei- Precisamos de uma nova revolução industrial, com medidas que fomentem o crescimento verde e sustentável, combinando inovação, investimento e modernização económica com a redução do uso dos recursos naturais escassos. São necessárias práticas agrícolas sustentáveis e inovadoras capazes de aprovisionar géneros alimentícios de alta qualidade e de contribuir para o desenvolvimento rural. A inovação é crucial, pelo que a Europa deve evitar cortes nos orçamentos para a investigação e assegurar que cumpre o objetivo de investir 3% do seu PIB em investigação e inovação. Staffan Nilsson Presidente 21 e 22 de Novembro de 2012 no CESE, em Bruxelas: Mesa-Redonda UE-Brasil 26 e 27 de novembro de 2012 em Zagreb, na Croácia: Quarto Fórum da Sociedade Civil dos Balcãs Ocidentais 30 de novembro de 2012 no CESE, em Bruxelas: Seminário de Alto Nível «É possível estimular a Europa com práticas de trabalho inovadoras!» 2 3 4 5 6 7 8 Não basta austeridade: há que criar empregos! O impacto da Primavera Árabe no panorama dos meios de comunicação Ajudemos a comunicação social a ajudar-se a si própria, entrevista com Jan Keulen A imprensa egípcia sob o jugo da Irmandade Muçulmana Ciberativistas contra o autoritarismo, entrevista com Sihem Najar Cimeira Euro-Mediterrânica dos CES e instituições similares de 2012 Entrevista com Brenda King, membro do CESE “ ” Neste contexto, haverá lugar para as PME na Europa do futuro? Os jovens e a criação de emprego contaram-se entre os temas principais da conferência. O desemprego dos jovens, que, em média, atinge os 23% na UE e ultrapassa os 50% em alguns Estados-Membros, é um desperdício trágico que pode acarretar perigos para o futuro. A Europa e os seus Estados-Membros devem mobilizar-se, financeira e politicamente, para desenvolver competências e criar novos empregos. Os jovens necessitam de ter direitos laborais e condições de trabalho dignas e as mulheres jovens devem ser ajudadas a entrar no mercado de trabalho e a nele permanecerem. O empreendedorismo também deve ser encorajado. A UE tem de romper com a perceção generalizada que a associa a austeridade e a cortes nos empregos, trabalhando por uma estratégia de inclusão ativa. NESTA EDIÇÃO No entanto, as PME europeias são variadas e heterogéneas e não há uma solução de financiamento universal. «Precisamos de uma carteira completa de medidas inovadoras e variadas para alcançar este grupo de atores e ter em conta as suas características específicas. As empresas sociais e as profissões liberais, por exemplo, assumem modelos de funcionamento diferentes das empresas ditas “tradicionais”», acrescenta Ronny Lannoo, membro da união belga de empresários independentes e PME (UNIZO) e correlator do parecer do CESE sobre o «Plano de ação para melhorar o acesso das PME ao financiamento». Os resultados do inquérito indicam que houve mais pedidos de empréstimos indeferidos. O mercado único deve ser relançado e reforçado de modo a realizar o seu potencial em áreas como o comércio eletrónico e o acesso ao financiamento, apoiando-se na proteção dos consumidores. Há que pôr cobro à divergência entre as regras em matéria fiscal e à burocracia de forma a facilitar o comércio transfronteiras, sobretudo para as PME. Há que estar mais atento ao papel dos trabalhadores independentes e das empresas sociais, e importa alcançar progressos quanto ao reconhecimento transfronteiras das qualificações profissionais. AGENDA PME. Temos de dispor de instrumentos que satisfaçam a necessidade de desenvolver as PME.» “ As empresas assinalaram que a disponibilidade de empréstimos bancários diminuiu (20% em comparação com 14% no inquérito anterior). ” No atual contexto, um dos maiores obstáculos das PME é o acesso a financiamento, com um setor bancário relutante em conceder crédito na ausência de garantias absolutas. Segundo o último inquérito do BCE sobre as PME, a necessidade de financiamento externo das PME da zona do euro aumentou entre outubro de 2011 e março de 2012. No entanto, o acesso aos empréstimos bancários conti- tam a especulação e assumem uma atitude socialmente responsável em relação aos investimentos, ou o financiamento coletivo (crowd-funding), em que as pessoas investem em pequenas empresas em fase de arranque (start-ups) através de donativos em linha. Como primeiro passo, a Comissão Europeia apresentou um plano de ação para melhorar o acesso das PME a financiamento. «A proposta de um novo regulamento para atrair fundos de capital de risco é louvável», afirma Anna Maria Darmanin, vice-presidente do CESE e relatora do parecer do CESE sobre o «Plano de ação para melhorar o acesso das PME ao financiamento». «Vários instrumentos legislativos estão a dissuadir os bancos, as companhias de seguros e os gestores de ativos de realizarem os investimentos que, muitas vezes, se destinam diretamente às Os resultados das investigações coincidem com as políticas e atuais práticas na UE. Uma vez que as PME garantem mais empregos, há que dedicar particular atenção a este grupo. As PME inovadoras e os Estados-Membros estão mais bem colocados para enfrentar a crise. Além disso, as PME que operam a nível internacional são mais inovadoras e registam um maior crescimento de emprego. Muitos pequenos negócios têm sido tradicionalmente uma preocupação de nível local, mas com a redução da procura a nível nacional, estas empresas necessitam de orientação e conhecimentos especializados que as ajudem a entrar no mercado mundial, a bem da sua sobrevivência. A UE deve ainda resolver o problema da falta de informação e de financiamento às PME. Em junho, a Comissão publicou um guia prático sobre como as PME podem aceder a 50 000 milhões de euros de financiamento público nos 27 Estados-Membros. As campanhas de informação têm, no entanto, de ser mais incisivas. Ainda há luz no fundo do túnel, mas temos de agir com celeridade para lá cheO gar. (ail) www.eesc.europa.eu 1 Por que razão precisamos de uma estratégia macrorregional para o Atlântico? sentam 1% do PIB da UE, a acrescentar aos 347 mil milhões de euros da política regional. Considera-se macrorregião uma área geográfica constituída por, pelo menos, duas regiões europeias, de Estados-Membros diferentes, que partilham características comuns. Do ponto de vista do investimento e da competitividade, faz sentido enfrentar em conjunto os desafios económicos, sociais e ambientais comuns. Se as regiões e os governos conseguirem identificar claramente os seus objetivos e delinear uma estratégia coordenada, aumentam as suas hipóteses de aceder aos fundos de coesão e a outros instrumentos de financiamento, especialmente tendo em conta a nova abordagem da política de coesão, que procura evitar o «efeito de dispersão». O objetivo principal é transformar a região atlântica na precursora da próxima revolução no domínio dos transportes, comunicações, sustentabilidade e progresso tecnológico. Entre os exemplos práticos contam-se as autoestradas do mar e a energia marítima do vento e das marés. Há alguns meses, a primeira página de uma conhecida revista internacional exibia um mapa-mundo onde faltava a Europa. A principal mensagem era que a Europa está condenada a desaparecer, devido à ascensão das novas superpotências e à hegemonia da América. Porém, como afirmou Tony Judt, a capacidade da Europa de se reinventar é ilimitada. Da primeira vez que a Europa mudou radicalmente o equilíbrio do poder comercial e político a nível mundial, partiu da costa Atlântica, no século XV, graças a uma revolução tecnológica que permitiu desenhar o primeiro mapa mundi. Agora, as instituições europeias e as partes interessadas a nível regional e nacional trabalham em conjunto para aplicar um modelo inter-regional único de cooperação económica e política, visando a recuperação e a concretização dos objetivos da Estratégia Europa 2020. Trata-se de uma iniciativa prática que poderia utilizar recursos para combater a crise no âmbito de uma abordagem estratégica macrorre- gional, beneficiando milhões de pessoas de 5 países e 35 regiões. No Comité Económico e Social Europeu, os representantes da sociedade civil adotaram um parecer que propõe formas práticas de implementar uma estratégia macrorregional para o Atlântico. O objetivo é salvaguardar o nosso bem mais valioso: o Estado-providência europeu. Convém lembrar que os recursos previstos no Pacto de Crescimento repre- As estratégias macrorregionais em curso (estratégias regionais para o mar Báltico e a região do Danúbio, implementadas em 2009 e 2010, respetivamente) têm registado um êxito estrondoso. A abordagem comum adotada pelos governos, regiões, intervenientes sociais e municípios tem sido eficaz em domínios fundamentais como os transportes, a inovação, as infraestruturas, a agricultura, as pescas e a energia. A atual estratégia marítima atlântica tornar-se-á uma estratégia macrorregional, em que o CESE e os conselhos económicos e sociais nacionais representam os interesses da sociedade civil. Para isso, todas as partes interessadas envolvidas se reunirão no Fórum Atlântico para debater e adotar as linhas de ação que poderão fazer da região um exemplo de integração e crescimento inclusivo. No século XVI, o Atlântico representou a rota da Europa para o crescimento económico; talvez agora possa mostrar a presença que uma Europa integrada, com todas as embarcações navegando na mesma direção, teria em todos os mapas-mundo O possíveis. (asp) “ O objetivo principal é pôr a região atlântica na linha da frente da próxima revolução no domínio dos transportes, comunicações, sustentabilidade e progresso tecnológico. ” Oitava reunião do Fórum Europeu sobre Integração Não basta austeridade: há que criar empregos! © Andy Dean Photography «O contributo dos migrantes para o crescimento económico da UE» No quadro da cooperação entre o Comité Económico e Social Europeu (CESE) e a Presidência cipriota do Conselho da União Europeia, o Grupo dos Trabalhadores do CESE realizou uma reunião especial em Nicósia (Chipre), em 28 de setembro de 2012. A reunião, subordinada ao tema «Um orçamento europeu para o emprego», focalizou-se nas propostas do Grupo dos Trabalhadores para a retoma económica e social da Europa, mas também abordou a situação socioeconómica no Chipre. A reunião começou com um debate no qual participaram os secretários-gerais dos principais sindicatos cipriotas e se centrou nos problemas que os trabalhadores e os seus representantes enfrentam no Chipre. Foi dada particular ênfase aos grupos mais vulneráveis da sociedade – os jovens, as mulheres e 2 os imigrantes. Os sindicatos expuseram as iniciativas que estão a levar a cabo para combater a crise e apresentaram as suas propostas para promover o crescimento e o emprego. Em seguida, o ministro-adjunto cipriota responsável pelos Assuntos Europeus, Andreas Mavroyiannis, saudou os presentes em nome da Presidência e participou num debate aceso com os membros do Comité sobre a atual situação na Europa, bem como sobre as medidas para a criação de empregos que a Presidência pretende propor aos outros países europeus. Após o intervalo para o almoço, um debate com a ministra cipriota do Trabalho e da Segurança Social, Sotiroula Charalambous, serviu de mote para uma série de apresentações, realizadas pelos membros do Comité, sobre as propostas do CESE relativas Em 16 e 17 de outubro, mais de 100 representantes de organizações europeias e nacionais que trabalham para a integração de migrantes reuniram-se para debater «O contributo dos migrantes para o crescimento económico da UE». Este não é o tema mais fácil de abordar no atual contexto político, em que a migração se tornou um tópico delicado, devido às elevadas taxas de desemprego na UE, e em que a retórica política dá a impressão que os migrantes estão a tirar empregos aos cidadãos europeus e a sobrecarregar os sistemas de segurança social. A relatora Brenda King apresentou o parecer do CESE sobre a «Contribuição dos empresários imigrantes para a economia da UE», a que se seguiram testemunhos inspiradores de vários empresários migrantes presentes na sala. Oradores de alto nível, incluindo Cecilia Malmström, comissária europeia, Koos Richelle, diretor geral (DG EMPL), e Michael Cashman, deputado europeu, bem como representantes dos parceiros sociais, defenderam que os estereótipos ofensivos têm de ser combatidos com factos e provas. Tanto antes como durante a crise, os migrantes têm preenchido lacunas no mercado de trabalho que os cidadãos europeus não podem ou não querem colmatar. São também os primeiros a ser afetados pelo desemprego. aceso sobre papel dos parceiros sociais, a gestão da diversidade e os diferentes obstáculos para os migrantes, como o reconhecimento de qualificações obtidas fora da UE. Durante as mesas-redondas, os participantes apresentaram exemplos de projetos bem-sucedidos para colmatar as necessidades do mercado (por exemplo, através de formação profissional e linguística) e para apoiar os migrantes a criarem as suas próprias empresas. Realizou-se um debate ao emprego, ao crescimento e à política orçamental e financeira. O presidente do Grupo dos Trabalhadores, Georgios Dassis, exprimiu, em nome do Grupo II, satisfação pela reunião frutuosa e pela troca de pontos de vista enriquecedora com os seus homólogos cipriotas e com os representantes da Presidência e do governo cipriota. Ao encerrar a reunião, reiterou que «a crise não pode ser combatida apenas com medidas de austeridade. É necessário estimular a economia real, repensar a política industrial europeia e apoiar a economia verde». Segundo Georgios Dassis, «isto criaria empregos estáveis e sustentáveis». «De qualquer maneira», acrescentou, «nenhuma crise pode justificar um retrocesso nas políticas sociais e o desmantelamento do O modelo social europeu». (rdr) Os representantes dos ministérios nacionais relevantes e 21 membros do Grupo de Estudo Permanente para a Imigração e Integração também contribuíram para a reunião, que foi organizada em conjunto pela Comissão Europeia e pelo O CESE. (bw) CESE info — Novembro de 2012/8 – Edição especial re s b so eio l l cia os m ocia e sp e d ão s bes e o ad caç ra ã ç i erd ni es á d E lib mu ís A e co s pa d no ISSN 1830-6365 Novembro de 2012/8 – Edição especial PT CESE info EDITORIAL Caros leitores, O Médio Oriente está a atravessar um momento histórico de transição. A inconstância das transformações em curso na região torna os resultados bastante incertos. Os ventos de mudança, impelidos pelo anseio de liberdade e dignidade da sociedade, têm enfrentado obstáculos e reveses maiores do que o previsto. Comité Económico e Social Europeu Uma ponte entre a Europa e a sociedade civil organizada O impacto da Primavera Árabe no panorama dos meios de comunicação democracia nestes três países não está necessariamente a levar a mais pluralismo ou liberdade de imprensa. A União Europeia tem o dever estratégico, político e moral de ajudar a gerir o processo de transição e de mostrar o bom caminho, contribuindo para o desenvolvimento de sociedades abertas e pluralistas. A liberdade de expressão é um bom ponto de partida, uma vez que é o alicerce das outras liberdades. Não há dignidade humana ou realização pessoal sem liberdade de expressão. A existência de um panorama mediático livre, pluralista e pujante é fundamental para o exercício pleno da liberdade de expressão. Vários estudos demonstraram uma correlação clara e estreita entre o grau de liberdade dos meios de comunicação social e o nível global de desenvolvimento. Eis por que razão a liberdade dos meios de comunicação social é um bom barómetro para aferir o nível de progresso de uma sociedade Foi com isto em mente que nos reunimos no mês passado em Chipre para um seminário anual sobre a liberdade dos meios de comunicação social nos países árabes após as revoltas da primavera de 2011. Identificámos um conjunto de domínios em que se impõe agir. As nossas reflexões foram apresentadas na Cimeira Euromediterrânica dos Conselhos Económicos e Sociais e Instituições Similares, realizada em outubro, na Jordânia. Tinham decorrido poucas semanas após a adoção da nova legislação sobre os meios de comunicação social na Jordânia, a qual limita, infelizmente, a liberdade de expressão em linha. A situação dos meios de comunicação social nos países direta ou indiretamente afetados pela Primavera Árabe é frágil. Os novos governos de países como a Tunísia ou o Egito recuaram nos compromissos previamente assumidos em relação à liberdade dos meios de comunicação social. Para garantir a liberdade dos meios de comunicação social, há que tomar simultaneamente medidas em domínios como a regulamentação da comunicação social, o reforço das capacidades, a gestão e a segurança dos meios de comunicação social. A liberdade dos meios de comunicação social tem de ser assegurada pelas constituições nacionais de modo a instituir um enquadramento jurídico válido e aplicável que seja respaldado por todos – governos, legisladores, proprietários dos meios de comunicação social, jornalistas e sindicatos. A nova legislação em matéria de comunicação social, cuja elaboração terá de passar por um processo de consulta multilateral, deve estar em conformidade com as convenções e normas internacionais. O direito penal e as disposições legislativas em matéria de segurança nacional ou de religião não podem ser usados contra os jornalistas. A simples ameaça de ação penal tem um efeito inibidor na liberdade dos meios de comunicação social e na capacidade de abordar assuntos de interesse público. A difamação deve ser despenalizada. Nada leva a crer que a despenalização conduza a mais difamação! Em nosso entender, a solução passa pela autorregulação. O reforço das capacidades deve consolidar as competências profissionais dos jornalistas e dos meios de comunicação social. Quem estava habituado a um jornalismo cúmplice tem de assimilar uma nova cultura de independência crítica e aprender a colocar questões incómodas a todas as partes, a realizar jornalismo de investigação e a procurar a melhor forma de contribuir para uma cultura democrática. Isto implica aperfeiçoar as aptidões e competências dos jornalistas, editores e proprietários. Os regimes depostos de Hosni Mubarak no Egito, de Muammar Kadhafi na Líbia e de Zine El Abidine Ben Ali na Tunísia representaram, em conjunto, quase 100 anos de censura dos meios de comunicação. Sob estes governos, os jornalistas eram controlados através da vigilância das comunicações e da censura. Nos últimos dias da sua existência, estes regimes recorreram a atos desesperados para se salvarem. “ Os números são a face visível de histórias de sequestros, censura, intimidação e confiscação de jornais pelas autoridades estatais. ” Ben Ali, pouco antes da sua queda do poder, tentou apaziguar a população descontente, ao abolir toda a censura na Internet e introduzir a liberdade de imprensa. Tornou-se célebre o caso do regime egípcio que bloqueou o acesso à Internet, enquanto a Líbia permitiu que apenas algumas páginas Web do governo permanecessem acessíveis. A queda destes regimes marcou o início de uma nova era de liberdade para os meios Novas restrições Mas, no decorrer do último ano, a nova liberdade dos meios de comunicação sofreu um revés nos três países. Zied El-Heni, membro da direção do sindicato nacional dos jornalistas tunisinos, acredita que o futuro dos meios de comunicação credíveis está ameaçado, com os novos governos a reintroduzir táticas para transformar o jornalismo num instrumento de propaganda do Estado. As preocupações de Zied El-Heni refletem uma opinião generalizada de que a liberdade de imprensa duramente conquistada no Egito, na Líbia e no seu próprio país está a regredir. «O governo [da Tunísia] está a colocar as mesmas pessoas responsáveis pela propaganda do antigo regime em posições de poder nos meios de comunicação do Estado», disse ao CESE Info. Na classificação dos Repórteres sem Fronteiras (RSF) relativa à liberdade de imprensa de 2011-2012, o Egito, a Líbia e a Tunísia ainda aparecem perto dos últimos lugares. Segundo os RSF, a transição para a Jornalistas ameaçados Os números são a face visível de histórias de sequestros, censura, intimidação e confiscação de jornais pelas autoridades estatais. Na Líbia, onde se tenta criar um governo funcional, ainda não é claro qual o espaço reservado aos meios de comunicação. Após a libertação, foram fundados em Bengasi cerca de 120 meios de comunicação livres, mas a instabilidade política criou um ambiente em que os jornalistas são ameaçados recorrentemente. A situação no Egito não é melhor. O governo do presidente Mohammed Morsi ameaçou os utilizadores de blogues e os jornalistas de os levar a tribunal militar por prejudicarem a imagem das forças armadas, o que representa um regresso à repressão sob Mubarak. «Os cenários políticos futuros dependerão em grande medida da possibilidade de os meios de comunicação aproveitarem ao máximo a liberdade recém-adquirida», conclui Jane Morrice, membro do CESE e O ex-correspondente da BBC. Liberdade dos meios de comunicação social na região euro-mediterrânica Nas últimas semanas, a questão da liberdade dos meios de comunicação social voltou a estar em evidência. Para apoiar o reforço das capacidades, as ONG externas e as organizações da sociedade civil devem colaborar com todos os níveis envolvidos (jornalistas, administradores e responsáveis políticos) quando do planeamento e implementação dos seus projetos e programas. “ Nem a liberdade de expressão nem a liberdade de religião são negociáveis; a liberdade de expressão é o alicerce dos valores e tradições da Europa. Os atores externos que prestam apoio na região devem ter sempre presente que a responsabilidade pelo processo e seu futuro pertence à sociedade local. Cada país é diferente. Há que ter em conta as especificidades locais, culturais, sociais e económicas, interagindo e cooperando plenamente com os parceiros locais. Para exercerem a liberdade de informação, os jornalistas necessitam de proteção jurídica e, muitas vezes, física. Todo e qualquer caso de violência contra jornalistas e profissionais dos meios de comunicação social TEM de ser investigado exaustivamente. A impunidade só levará a uma espiral de violência. A sociedade civil deve ajudar, acompanhando, investigando e seguindo de perto quaisquer ataques ou ameaças a jornalistas. ” Derrubar os regimes foi apenas o início. Construir a democracia e assegurar a liberdade dos meios de comunicação social constituirá um verdadeiro desafio e levará tempo. É difícil conceber o fracasso, mas por ora nada está ainda garantido. Anna Maria Darmanin Vice-presidente Catherine Ashton, Alta Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança CESE info — Novembro de 2012/8 – Edição especial de comunicação, tendo-se verificado um aumento drástico do número e da diversidade desses meios em quase toda a região sul do Mediterrâneo. A transição para a democracia parecia estar finalmente em curso. A Tunísia passou da 164.ª posição, antes da queda de Ben Ali, para a 134.ª. Esta classificação pode piorar caso o novo governo da Tunísia continue a posicionar aliados políticos em cargos de responsabilidade na rádio e televisão estatal, assim como na imprensa. «Isto poderá arrastar o país para uma nova ditadura», alerta Zied El-Heni. Na mesma classificação, a Líbia passou da 160.ª posição para a 154.ª, enquanto o Egito caiu 39 lugares, da 127.ª posição para a 166.ª. Uma vez mais a Europa viu-se perante a necessidade de proteger tanto a liberdade de expressão como a liberdade de religião, o que significa tolerância e respeito para com os nossos amigos muçulmanos noutras partes do mundo. No mundo muçulmano, os governos, sobretudo os de recente formação, tiveram de encontrar o equilíbrio entre a indignação da sua população e as responsabilidades inerentes à sua tomada de posse, o que não foi nada fácil. Emoções como a cólera e a indignação dificilmente combinam com os princípios da diplomacia. Mas não podemos permitir que pessoas mal-intencionadas, que aproveitam qualquer pretexto para semear a discórdia e atear conflitos, governem as nossas ações ou as nossas relações internacionais. Não nos podemos deixar guiar por sentimentos de cólera, devemos sim procurar, num esforço comum, promover uma cultura de tolerância e respeito mútuo. É por esta razão que decidi, desde logo, colaborar com a Organização da Cooperação Islâmica, a Liga Árabe e a União Africana para demonstrar que aquilo que nos une é mais forte do que o que nos separa e emitir uma declaração em >>> p. 4 3 Co n ti nu a ç ão da p. 3 Liberdade dos meios de comunicação social na região euro-mediterrânica É impossível negar os factos resposta aos recentes acontecimentos nos Estados Unidos e no Médio Oriente. foi crucial para o sucesso da Primavera Árabe. ele, a corrupção passa despercebida e a democracia é reprimida. tempo de antena e do espaço informativo. A nossa declaração foi muito clara: Os cidadãos ergueram corajosamente a sua voz para reivindicar os seus direitos, a sua dignidade e as suas liberdades. A ARIJ, que recebe financiamento e apoio técnico dinamarquês para promover o jornalismo de investigação na região, foi a primeira organização sem fins lucrativos a promover a formação e padrões profissionais para jornalistas no Médio Oriente. Abeer Saady é uma jornalista veterana do jornal Al Akhbar e vice-presidente do Sindicato dos Jornalistas do Egito – a primeira mulher eleita em oito anos. É famosa por ter criticado a falta de padrões éticos nos meios de comunicação e a manipulação da informação para fins políticos. Pertence igualmente a um grupo de jornalistas que trabalha com a UNESCO no sentido de desenvolver um código de ética. «É, efetivamente, uma missão difícil regulaar a nossa profissão, especialmente no setor do jornalismo em linha. Mas chegou o momento de os jornalistas se autorregularem», afirma ela. Através de atividades de formação, Abeer Saady pretende transmitir a sua experiência a uma nova geração de jornalistas e, dessa forma, melhorar a qualidade da informação. Condenámos toda e qualquer apologia do ódio religioso… e toda e qualquer mensagem de ódio e intolerância. Reafirmámos que nem a liberdade de expressão nem a liberdade de religião são negociáveis; e que a liberdade de expressão é o alicerce dos valores e tradições da Europa. Mas também deixámos claro que a preservação do direito de expressão depende do comportamento responsável de todos. Esta parceria única para a tolerância e a liberdade dos meios de comunicação social entre a UE, a União Africana, a Organização da Cooperação Islâmica (OCI) e a Liga Árabe é importante tanto para a Europa como para o mundo muçulmano, e estou certa de que o debate de hoje será um grande contributo nesse sentido. Gostaria de partilhar convosco as razões pelas quais, a meu ver, esta parceria é necessária para proteger as vozes da liberdade. O empenho profissional de jornalistas, colunistas, repórteres e bloguistas Mas fizeram-no sabendo que as redes sociais transmitiriam a sua mensagem e os fariam sair do isolamento, permitindo-lhes divulgar as suas ideias e denunciar a opressão de que eram vítimas. A liberdade de falar – e de ser escutado – foi decisiva. Igualmente decisivo foi, no entanto, o papel desempenhado pelos meios de comunicação social tradicionais – cadeias de televisão por satélite, jornais e revistas –, que amplificaram a mensagem de mudança, propagaram-na pelos quatro cantos do mundo e garantiram que milhões de pessoas ouvissem o clamor de umas poucas. Eis porque precisamos de proteger a liberdade de todos os meios de comunicação social e ajudar os profissionais a prosseguir o seu trabalho de forma imparcial, objetiva e rigorosa, sem interferências ou favoritismos. Cabe a todos os governos um papel fundamental para que isto se torne realiO dade. Rana Sabbagh, diretor executivo, Repórteres Árabes para o Jornalismo de Investigação «O jornalismo de investigação é o escol do jornalismo porque revela os factos como eles são», afirma Rana Sabbagh, antiga chefe de redação do jornal Jordan Times. «Por muito desagradáveis que sejam, é impossível negar os factos se estiverem bem documentados. Isto é muito importante na nossa região, pois a maior parte da imprensa árabe funda-se apenas em opiniões.» Todavia, de acordo com a ONG Repórteres Árabes para o Jornalismo de Investigação (ARIJ), este tipo de jornalismo mantém-se «prática rara» na maioria das redações árabes. E sem O mundo árabe ainda tem um longo caminho a percorrer até à integração da reportagem de investigação na atividade jornalística quotidiana», assinala Rana Sabbagh, atualmente diretora executiva da ARIJ. «Mas», «uma nova geração de jornalistas árabes está empenhada em assumir o papel de quarto poder» insiste. Um mundo masculino Enquanto mulher jornalista com um cargo elevado, Rana Sabbagh é uma raridade no mundo dos meios de comunicação árabes, onde o poder está ainda concentrado na mão de homens. Durante a campanha eleitoral para as eleições tunisinas no ano passado, um grupo de observadores apoiado pela ONG International Media Support (IMS) constatou que, apesar da nova legislação relativa à igualdade de género e da presença de várias mulheres candidatas, os meios de comunicação social dedicam às mulheres menos de 3% do Em maio, 18 jornalistas foram presos e espancados pela polícia militar enquanto cobriam os protestos nas ruas do Cairo. Na opinião de Abeer Saady, este incidente foi um novo marco no recrudescimento dos ataques sistemáticos contra os jornalistas. «Primeiro lutávamos contra Mubarak», declara, «agora batemo-nos pelos nossos prinO cípios, apelando à sociedade.» Ajudemos a comunicação social a ajudar-se a si própria Entrevista com Jan Keulen, diretor do Centro de Doa para a Liberdade da Comunicação Social Jan Keulen, diretor do Centro de Doa para a Liberdade da Comunicação Social CESE Info: Se tivesse de destacar um dos principais desafios enfrentados pela comunicação social nos países da Primavera Árabe, qual seria? Jan Keulen: Eu destacaria três desafios: o enquadramento jurídico, a criação de instituições e o reforço das capacidades. A criação de um enquadramento jurídico adequado é a tarefa mais urgente. Se a liberdade da imprensa, recentemente instaurada mas ameaçada não só pelos próprios Estados como por uma série de forças políticas, sociais e religiosas, não for consagrada na constituição, será difícil passar-se à criação de instituições e ao reforço das capacidades. O mais importante é que o enquadramento jurídico esteja em sintonia com o direito, as convenções e as boas práticas internacionais. “ ” Há muitos mal-entendidos no que toca à autorregulação nos países árabes. A criação de instituições e o reforço das capacidades 4 parecem estar estreitamente interligados. Um não é possível sem o outro, ou é? Não, não é possível. A criação de instituições é muitas vezes vista como parte do desenvolvimento das capacidades. O programa de criação de instituições inclui medidas como a gestão da comunicação social a todos os níveis, a criação de sindicatos de jornalistas, a reforma dos sistemas de ensino e muitas outras. Não se trata apenas das competências dos jornalistas; também é necessário examinar a questão de quem controla os meios de comunicação. De um modo geral, é preciso lançar um processo extremamente complexo para assegurar a diversidade e o pluralismo da comunicação social. O seminário organizado pelo CESE em Chipre defendeu a autorregulação dos meios de comunicação nos países da Primavera Árabe. No entanto, o senhor parece ter reservas quanto à sua eficácia. Porquê? Tenho grandes reservas quanto à autorregulação em geral, e não apenas nos países árabes. Veja-se a Grã-Bretanha e o caso Murdoch, que expôs muitas das deficiências da autorregulação. Defendo os códigos de ética, bem como a regulação do jornalismo profissional ao nível dos canais de televisão, dos jornais ou das estações de rádio. Mas não me parece boa ideia dispor de um sistema de autorregulação ao nível nacional ou mesmo setorial, p. ex., para a imprensa escrita. A meu ver, há muitos mal-entendidos no que toca à autorregulação nos países árabes. Alguns jornalistas estão preocupados com a possibilidade de uma liberdade duramente conquistada ser limitada por um conjunto de regras, ao passo que outros, como eu, se perguntam quem será o verdadeiro responsável por assegurar a aplicação da autorregulação – o governo ou a sociedade civil? Numa recente ronda de discussões no Egito sobre a criação de um organismo de autorregulação aventou-se a ideia de que os próprios jornalistas poderiam elaborar as regras e cumpri-las. Que sanções poderiam eles impor se se provasse que um jornalista tinha violado as regras – seria banido do exercício da profissão? Tenho sérias dúvidas quanto à eficácia de um mecanismo desse tipo na sociedade egípcia atual. O índice de liberdade no Egito baixou recentemente devido à incitação ao sectarismo e ao surgimento de uma imprensa sensacionalista de má qualidade. Não me parece que um novo organismo –conselho de imprensa ou organismo de autorregulação dos meios de comunicação – fosse capaz de resolver com esses problemas. As questões éticas e profissionais têm de ser tratadas no âmbito do processo de reforço das capacidades. Devem fazer parte integrante da formação dos jornalistas. Para que as regras sejam implantadas e respeitadas, devem antes de mais ser interiorizadas, as pessoas têm de compreender por que devem comportar-se de determinada maneira. Comecemos por melhorar as normas profissionais e as regras de conduta através da regulação interna. Assim que isso estiver concluído, poderemos regressar à questão da autorregulação a um nível que não o das empresas de comunicação social. “ De todos os trabalhadores no setor da comunicação social no Médio Oriente e no norte de África só 5% receberam alguma formação sobre segurança, pelo que há muito por fazer. ” profissionais da comunicação social. Que recomendações faria para melhorar a situação na região em matéria de segurança? Antes de mais, não há uma cultura da segurança nas empresas da comunicação social ou na sociedade em geral. As empresas de comunicação social podem tomar medidas concretas organizando programas de sensibilização, incluindo formações gerais sobre segurança, publicações com conselhos em matéria de segurança ou campanhas. De todos os trabalhadores no setor da comunicação social no Médio Oriente e no norte de África, só 5% receberam alguma formação sobre segurança, pelo que há muito por fazer. É necessário um esforço considerável por parte das empresas da comunicação social que enviam jornalistas para assegurar a cobertura de guerras e situações de conflito. Em geral, o Centro de Doa para a Liberdade da Comunicação Social é muito favorável a que as empresas adotem disposições internas próprias em matéria de segurança, que devem incluir um seguro de vida e similares. Estamos disponíveis para as ajudar a definir essas disposições. A BBC, a AFP e a Reuters adotaram todas medidas semelhantes. Estes importantes objetivos também devem ser perseguidos a nível político. As ONG, a UNESCO e outras agências da ONU estão a envidar enormes esforços para melhorar a segurança dos jornalistas em todo o mundo. Mas isso não será possível de um dia para o outro – é um processo a longo O prazo. (mb) De acordo com a avaliação da Associação Mundial de Jornalistas e Editores de Notícias, de janeiro de 2012, o mundo árabe é a zona mais perigosa do mundo para os CESE info — Novembro de 2012/8 – Edição especial A Argélia percorreu um longo caminho desde os anos 90, quando 100 jornalistas perderam a vida, mas continua a ser um país com um regime autoritário e com uma oposição fraca e fragmentada. A sociedade civil não está bem organizada e, segundo os observadores, a falta de solidariedade impede que os jornalistas se manifestem a uma só voz ou que se crie uma estrutura de responsabilização. «Na Argélia, o governo está a tentar reagir ao que se passou na região evitando que o mesmo lhes venha a suceder», explica Milica Pesic, diretora executiva do Media Diversity Institute (MDI). «Não é da sociedade civil que o regime tem medo, mas sim dos fundamentalistas islâmicos. Na minha opinião, a Primavera Árabe, que afetou quase todos os países da região, está gradualmente a tornar-se numa espécie de solução islâmica. Estou bastante pessimista em relação ao futuro». Um dos resultados visíveis, e que poderá ser um obstáculo ao apoio internacional para melhorar as normas profissionais, é a recente lei que proíbe os órgãos de comunicação social e as organizações da sociedade civil de receberem apoio financeiro de organi- zações estrangeiras, a menos que assinem um contrato com o governo. Essa situação poderá impedir os órgãos como o MDI, que oferece formação profissional, de trabalharem no país. Contudo, segundo Milica Pesic, esta lei tem sido, até ao momento, aplicada de forma irregular. «Não somos bem acolhidos pelos regimes dos países em que trabalhamos, é um risco que estamos dispostos a correr. Mas temos de estar conscientes do perigo a que estão expostos os nossos colegas no terreno», sublinhou. Para além da televisão pública controlada pelo Estado, os telespetadores argelinos podem ter acesso a cinco canais privados: quatro deles com sede na Jordânia e um em Londres. O governo afirma que está pendente nova legislação no setor audiovisual que consentirá uma maior liberdade de expressão, mas Milica Pesic mostra-se cética. «Não acredito que a lei vá criar espaço para qualquer tipo de pluralismo. É apenas uma medida regulamentar», explica. «O meu receio é que a maior parte dos meios de comunicação independentes esteja nas mãos de pessoas próximas do regime. Assim que houver eleições, dirão aos telespetadores para votarem no governo. Estão a abrir um espaço que será ocupado pelo governo». “ A rigidez das leis de difamação na Argélia conduz à autocensura entre jornalistas. As publicações que defendem a democracia e repudiam a corrupção, como a El Watan, são frequentemente atacadas. ” Intimidação legal A rigidez das leis de difamação na Argélia conduzà autocensura entre jornalistas. As publicações que defendem a democracia e repudiam a corrupção, como a El Watan, são frequentemente atacadas. Contudo, um perito independente das Nações Unidas em direitos humanos, por ocasião da sua visita ao país, no ano passado, assinalou que o ambiente nos meios de comunicação social melhorou. Os jornalistas já podem trabalhar sem temer pelas suas vidas. Frank La Rue apelou, no entanto, a que se realizassem reformas para eliminar a «intimidação legal» que controla a liberdade de expressão. Neste contexto, é compreensível que muitos não confiem nos meios de comunicação social locais. «Preferem ver canais estrangeiros, como o serviço árabe da BBC, a Al Jazeera ou a Alassema», afirma a diretora executiva do O MDI. © calvindexter De acordo com fontes no terreno, a Tunísia está a ignorar as condições internacionais de financiamento, segundo as quais estava obrigada a aplicar a sua legislação relativa à liberdade de imprensa. Um funcionário do governo, que não quis ser identificado, declarou que uma delegação europeia, em concertação com o Banco Mundial e o Banco Africano de Desenvolvimento, tinha apresentado, em junho, propostas que fariam depender o financiamento internacional da aplicação dos códigos da imprensa tunisinos. Estes códigos, instituídos pelos decretos 115.º e 116.º que asseguram as liberdades de imprensa, foram formalmente adotados pelo parlamento em novembro de 2011, mas nunca chegaram a ser aplicados. Tem havido, desde então, tentativas de introduzir alterações controversas no intuito de enfraquecer os textos originais. Uma das alterações ao Alguns especialistas mostraram-se comedidamente aliviados com esta decisão. Alexandre Delvaux, consultor para as questões ligadas à comunicação social na Embaixada da Suíça em Tunes, declarou ao CESE Info que «há pessoas no governo que pura e simplesmente não compreendem o conceito de liberdade de expressão». Foram registados pelo menos 130 casos de violação da liberdade de imprensa desde janeiro, dos quais 84 constituíram ataques físicos diretos a jornalistas. Rádio e teledifusão políticos Alexandre Delvaux afirma que uma lacuna na legislação relativa aos meios de comunicação social permitiu a proliferação de estações de rádio e de canais de televisão não autorizados. Alguns deles estão associados aos partidos políticos, sendo financiados por estes, e põem em causa os fundamentos de uma imprensa independente. «Habitualmente as mensagens que transmitem não são propriamente democráticas e apoiam com frequência e abertamente partidos como o Ennahda [o partido islâmico moderado no poder]», constata Alexandre Delvaux. CESE info — Novembro de 2012/8 – Edição especial No Egito, o Partido da Liberdade e da Justiça, ala política da Irmandade Muçulmana, está a limitar as liberdades da imprensa e do jornalismo crítico. «As pessoas que antes eram oprimidas são agora as opressoras dos jornalistas», afirma Soazig Dollet, representante para o Médio Oriente e o norte de África da organização Repórteres sem Fronteiras, com sede em Paris. Os jornalistas observam que a Irmandade está a impor aos meios de comunicação social as mesmas restrições que eram impostas durante o regime de 30 anos do ex-presidente Hosni Mubarak. Este usou os seus poderes para criar meios de comunicação servis que divulgavam notícias invariavelmente favoráveis de cada vez que o exército ou o Conselho Supremo das Forças Armadas eram mencionados. «O papel do exército na sociedade e no mundo empresarial egípcios era essencialmente tabu [para os meios de comunicação]», observa Soazig Dollet. Os jornais diários estatais mostravam regularmente imagens de um Hosni Mubarak bem apresentado na primeira página. Mas a deposição do presidente em fevereiro de 2011 gerou um clima novo,embora breve, independente e crítico para a comunicação social, mostrando Mubarak como um velho frágil, doente e desonrado. Em agosto, o chefe de redação do diário privado Al-Dustour foi acusado de «insultar o presidente» pelo tribunal penal de Gizé. Em outubro, o mesmo tribunal adiou para 7 de novembro o julgamento de Tawfik Okasha, animador televisivo igualmente acusado de insultar o presidente. O canal foi retirado do ar. E em setembro, as forças de segurança do Estado espancaram dois jornalistas que estavam a fazer a cobertura dos protestos contra o filme anti-islão produzido nos EUA. Até agora, o governo do Presidente Mohamed Morsi não apresentou explicações ou desculpas pelo incidente. A decisão do Presidente Morsi, de 23 de agosto, de proibir a detenção sem julgamento de jornalistas acusados de crimes relacionados com a imprensa obteve alguns elogios, mas foi vista como decisão de fachada pelas ONG que pugnam pela comunicação social. No dia anterior, as autoridades tinham confiscado várias edições do semanário Al-Shaab por alegadamente ter publicado artigos que criticavam o novo chefe dos serviços de informação O egípcios. Silenciar a oposição Contudo, a ascensão ao poder da Irmandade Muçulmana em 30 de junho de 2012 levou ao reaparecimento das ameaças e da coação como formas de silenciar as vozes dissonantes. «Muitos jornalistas já não podem criticar a Irmandade no Egito», afirma Soazig Dollet. Ataques a jornalistas, confiscações de jornais e a ação penal contra jornalistas estão-se a tornar mais frequentes. A independência dos meios de comunicação social tunisinos em queda livre decreto 115.º pretendia criminalizar a blasfémia e os «atentados ao sagrado», mas foi rejeitada em 12 de outubro pelo presidente da Assembleia Nacional Constituinte, Mustapha Ben Jaafar. A imprensa egípcia sob o jugo da Irmandade Muçulmana © Baloncici © Aleksandar Mijatovic O preço da autocensura na Argélia Os canais de televisão, as estações de rádio e os jornais financiados pelos partidos políticos estão proibidos e, ainda assim, os meios de comunicação apoiados politicamente estão a ganhar terreno. O filho de um proeminente ministro dirige agora o canal de televisão Zitouna TV, lançado recentemente. Tunísia continua a lutar pela independência dos meios de comunicação social Entrevista com Mustapha Ben Letaief, professor de Direito da Universidade de Tunes “ de comunicação social na Tunísia, «em conformidade com as normas internacionais em matéria de liberdade de expressão», apresentou demissão conjunta em abril de 2012. Porquê? Foram registados pelo menos 130 casos de violação da liberdade de imprensa desde janeiro, dos quais 84 constituíram ataques físicos diretos a jornalistas. ” Em outubro, Rashid Al-Ghannushi, presidente do partido Ennahda, terá encorajado os salafistas, muçulmanos fundamentalistas, a criar os seus próprios meios de comunicação social. O movimento pretende reintroduzir a Charia na Tunísia. Em setembro, militantes salafistas pilharam um hotel perto de Tunes porque servia bebidas alcoólicas. «Ele [Rashid Al-Ghannushi] aconselhou-os a criar a sua própria rádio e televisão. Isto não só é perigoso como também ilegal», alerta O Alexandre Delvaux. Mustapha Ben Letaief, professor de Direito da Universidade de Tunes O professor Ben Letaief participou, como membro da Alta Instância para a Realização dos Objetivos da Revolução, nos trabalhos da comissão responsável pela reforma dos meios audiovisuais na Tunísia. CESE Info: A Instância Nacional para a Reforma da Informação e Comunicação (INRIC), que tinha sido incumbida de apresentar propostas para reformar o setor dos meios Mustapha Ben Letaief: Antes de mais, esclareça-se que os membros da INRIC não se demitiram, mas decidiram suspender os trabalhos devido a um bloqueio nas relações com o governo. Em sua opinião, o governo não estava a cooperar e tinha ignorado as propostas e recomendações formuladas desde dezembro de 2011 e, posteriormente, no relatório geral enviado ao governo, à presidência da República e à presidência da Assembleia. Salientaram e criticaram a falta de vontade de reformar e proteger a liberdade de informação, tendo apontado que, na realidade, se pretendia controlar o setor da informação e tomar decisões unilaterais. >>> p. 6 5 Co n ti nu a ç ão da p. 5 Tunísia continua a lutar pela independência dos meios de comunicação social Até certo ponto, sim. Durante alguns meses houve uma certa independência. Mas depois os meios de comunicação social de serviço público foram alvo de enormes pressões e todos os principais responsáveis, incluindo os da televisão nacional e das diferentes estações de rádio públicas nacionais e regionais, foram substituídos por pessoas complacentes ou próximas do poder. Isso fez com que a linha geral desses meios de comunicação mudasse? nicação social de serviço público em meios de comunicação governamentais. No entanto, há resistência e a luta pela independência dos meios de comunicaO ção social continua. (mb) Vários jornalistas com sentido crítico foram afastados ou postos «na prateleira». O tom e a linha geral estão a resvalar gradual mas claramente no sentido de uma certa submissão à vontade, às opções e à visão dos governantes que tentam transformar os meios de comu- Autocensura grassa na Jordânia Entrevista com Fateh Mansour, gestor de programas no Centre for Defending Freedom of Journalists (Centro para a Defesa da Liberdade dos Jornalistas), na Jordânia Fateh Mansour, gestor de programas no Centre for Defending Freedom of Journalists (Centro para a Defesa da Liberdade dos Jornalistas), Jordânia EESC Info: A Jordânia promulgou recentemente uma nova lei da comunicação social que, segundo os críticos, irá restringir a liberdade de expressão em linha. Quais são as principais disposições dessa lei? Fateh Mansour: A nova lei da imprensa e das publicações alarga a aplicação do direito penal ao ciberespaço, no intuito de controlar os meios de comunicação social em linha na Jordânia. Esta lei restringe, não só a liberdade de imprensa como a liberdade de expressão, em geral, e a liberdade da Internet, em particular. Obriga, além disso, os meios de comunicação eletrónicos a obterem uma licença do governo. O Departamento de Imprensa e Publicações tem agora poderes para bloquear qualquer sítio Web que não esteja registado nem tenha obtido uma licença, bem como para rejeitar qualquer pedido de criação de um novo sítio. Mesmo um sítio Web devidamente registado e com licença pode ser bloqueado, caso se considere que infringe alguma lei. Segundo uma nova lei, tal aplicar-se-á igualmente aos sítios Web estrangeiros. Além disso, a nova lei considera os comentários publicados pelos leitores e visitantes como parte integrante das notícias que são da responsabilidade desse sítio Web. Se se considerar que os comentários publicados infringem a lei, o sítio Web será alvo de sanções. Trata-se de uma situação inaceitável e não profissional, pois os comentários não fazem parte do trabalho jornalístico. Esta disposição viola um princípio jurídico consagrado: a «individualidade da pena». Por último, a lei exige do sistema judiciário que trate com a máxima urgência os processos que envolvem os meios de comunicação social, o que vai contra o direito a um julgamento justo. Segundo a legislação vigente na Jordânia, os jornalistas podem ser perseguidos judicialmente por difamação contra as instituições públicas, símbolos e religião. Isto não levou à autocensura? Claro que sim. Na Jordânia, os jornalistas têm muitas vezes receio de criticar as instituições públicas, por causa das consequências legais. Todos os anos fazemos um inquérito aos jornalistas e concluímos que 94% a 95% se autocensuraram entre 2008 e 2010. Em 2011, indiretamente na sequência da Primavera Árabe na região, esse número baixou para 86%. Esta diminuição pode ser uma das razões por trás da nova lei: os jornalistas começaram a vencer os seus receios. Na sua opinião, qual é a melhor forma de combater a autocensura? A autocensura é despoletada por uma série de fatores: um quadro jurídico restritivo, uma sociedade conservadora que aceita as restrições à liberdade dos meios de comunicação social, a falta de profissionalismo no jornalismo e a interferência do governo. Para combater a autocensura, é preciso agir simultaneamente em todas estas frentes. Isso significa reformar leis, apoiar os que defendem da liberdade de imprensa na sociedade e sensibilizar a opinião pública. Implica ainda reforçar as capacidades e acabar com a interferência do governo, tornando-a ilegal. Além disso, temos de fazer tudo para melhorar a segurança dos jornalistas. O nosso Centro disponibiliza apoio jurídico gratuito e documenta todas as tentativas para silenciar os meios de comunicação social. A Jordânia assistiu recentemente a um aumento extraordinário do número de portais de notícias na Internet. A qualidade evoluiu ao mesmo ritmo? Estamos à vontade para afirmar que a qualidade tem aumentado mais lentamente do que a quantidade. Sentimos que ainda há muito a fazer para reforçar e desenvolver o profissionalismo dos meios de comunicação social na Jordânia. É necessário construir e desenvolver escolas de jornalismo, pois as que existem não oferecem aos estudantes os padrões, as competências e os conhecimenO tos indispensáveis. (mb) Alimentar o frágil curso da liberdade em Marrocos e a favor da liberdade de expressão. No ano passado, pressões políticas obrigaram o seu fundador e antigo editor Ahmed Benchemsi a deixar o país. O editor atual é Karim Boukhari. Karim Boukhari, Editor da revista TelQuel Marrocos é um dos países que têm conseguido sobreviver à Primavera Árabe sem mudar de regime, em parte porque em 2011 o rei Mohammed VI se comprometeu a fazer reformas. Mas estas nunca chegaram aos meios de comunicação social e desde então os jornalistas têm sido alvo de atos de agressão e de detenção. TelQuel é uma revista semanal que assumiu uma posição contra o islamismo 6 Entrevista com Sihem Najar, investigadora do Instituto de Pesquisa sobre o Magrebe Contemporâneo © corepics Estaremos a assistir a uma emergência gradual de meios de comunicação social de serviço público independentes na Tunísia? Ciberativistas contra o autoritarismo «Em Marrocos, a liberdade está em perigo», declarou ao CESE Info. «As autoridades impõem limites através de uma série de leis que preveem penas de prisão para os jornalistas. A monarquia, a religião, a questão do Sara… todos estes assuntos são tabu.» A lei não é a única fonte de repressão. «Esta ocorre também a nível económico», explica Karim Boukhari. «Um jornal independente pode ser sujeito a restrições em matéria de publicidade. Num país onde a publicidade provém, sobretudo, de insti- tuições como bancos e operadores telefónicos, que estão próximas de quem detém o poder, um jornal independente pode ver-se privado de receitas.» CESE Info: Pensamos frequentemente que o ativismo «virtual-real» teve início com a eclosão das revoluções árabes. No nosso seminário em Chipre, afirmou que a Internet, muitos anos antes da Primavera Árabe, já tinha sido descoberta por ciberdissidentes e cibernautas politicamente empenhados. Sihem Najar: Para compreender o ciberativismo, que contribuiu decisivamente para o derrube dos regimes ditatoriais em vários países do mundo árabe, é preciso situá-lo no processo de cibermilitância que começou a tomar forma no final dos anos 90. Uma das ações que marcou a Internet foi o protesto em linha contra o regime de Ben Ali, sob o mote «Yezzi, Fock», literalmente «Já chega!», lançado em 2005 por Neila Charchour Hachicha. Os ciberativistas organizaram também diversas campanhas em linha contra a censura exercida pela «ciberpolícia», representada essencialmente pela Agência Tunisina de Internet (ATI) conhecida entre os cibernautas como «Ammar». A Internet, com os seus diferentes espaços de expressão, foi palco de sublevações populares, à imagem do que acontecia no mundo real. Este período entre janeiro de 2008 e janeiro de 2011 é caracterizado por diversas agitações sociais, nomeadamente as da região mineira, que não tiveram uma cobertura pelos meios de comunicação «politicamente corretos» e foram alvo de repressões violentas. Os movimentos sociais em linha que acompanharam os eventos entre 17 de dezembro de 2010, dia da imolação pelo fogo de Mohamed Bouazizi, e 14 de janeiro de 2011, data da deposição do presidente, constituíram um momento histórico e um marco no percurso dos militantes ciberativistas. A partir daí, passaram a estar na vanguarda da ação Avanços e recuos Ultimamente tem vindo a emergir outra forma de censura preocupante – a do próprio público. «A população está a impor a sua própria “linha vermelha”: a religião. Questões ligadas ao Islão, ao profeta Maomé e a Deus são hipersensíveis. Mesmo quando as críticas passam no crivo do Estado, não escapam à cólera do público.» No entanto, não é totalmente pessimista. «Apesar de tudo, ainda há em Marrocos atualmente uma pequena margem de liberdade. Comparada com o resto do mundo árabe, esta margem é real e interessante. É como um fio de água sob os nossos pés. Alguns – como a TelQuel – alimentam-se desse curso, outros não, por autocensura ou conservadorismo. É isso que cria a impressão contraditória de que a liberdade em Marrocos está a avançar e a recuar ao mesmo tempo.» O governo prometeu que o novo código de imprensa não incluirá penas de prisão para os jornalistas, afirma Karim Boukhari. «Mas cumprirá a promessa? Duvido.» Em todo o mundo árabe, os ataques ao Islão por grupos do Ocidente reforçaram os apelos à restrição da liberdade de expressão. Os líderes de países muçulmanos têm feito pressão para que as Nações política e envolveram-se num ativismo «virtual-real», participando em manifestações e sit-ins (manifestações pacíficas sentadas), apoiando militantes políticos, assistindo a reuniões dos partidos políticos, participando em debates de rádio e televisão, mas sempre continuando com as suas «aventuras virtuais». Como é que os movimentos sociais em linha mudaram depois de 14 de janeiro de 2011, data da deposição do presidente? O envolvimento político e cívico dos ciberativistas tem assumido diversas formas desde 14 de janeiro de 2011. Partindo da luta contra o autoritarismo, estabeleceram como missão principal participar na socialização política e democrática dos cidadãos e nos esforços para a transição para a democracia. Começaram por contribuir para o processo eleitoral, participando na sensibilização dos cidadãos para a importância do voto. Além disso, estão cada vez mais presentes na cena política. A prova disto é que sete bloguistas se candidataram às eleições. Estão também envolvidos na luta pela transparência da informação e por uma democracia transparente na Tunísia. Neste sentido, vários bloguistas apoiaram a campanha «#7ell (Abre!)» com o objetivo de apelar à transparência na Assembleia Nacional Constituinte (ANC). Esta ação teve o apoio de um grupo de deputados da ANC que contribuíram para que fosse oficialmente reconhecida. Acha que o ciberativismo se vai continuar a desenvolver na Tunísia? O ciberativismo é cada vez mais importante, uma vez que já deu provas do seu valor na luta contra o autoritarismo. Tal permitir-lhe-á assumir uma posição importante num contexto sociopolítico em plena transformação. É importante que os ciberativistas melhorem as suas ações, tanto no ciberespaço como no mundo real, para poderem enfrentar o desafio da transição para a democracia e estar à altura dos novos desafios ligados ao processo de democratização da O sociedade tunisina. (mb) Unidas apoiem uma lei mundial contra a blasfémia. Aidan White, diretor da Ethical Journalism Network (Rede para o Jornalismo Ético), receia que isso só viesse agravar o conflito entre o Islão e o Cristianismo, além de colocar em risco as instituições democráticas. White identifica três problemas principais: «A Primavera Árabe não produziu efeitos na Tunísia nem no Egito», afirma. A guerra civil na Síria está a desestabilizar a região e a sombra do conflito no Médio Oriente está sempre presente como pano O de fundo. CESE info — Novembro de 2012/8 – Edição especial Restaurar a estabilidade e a confiança na Europa – A sociedade civil por uma nova forma de governação Como tem vindo a ser habitual, o Comité Económico e Social Europeu (CESE) organizou uma reunião extraordinária da Mesa no país que preside ao Conselho da UE. A ocasião serviu também para organizar, em conjunto com o Governo da República de Chipre, uma conferência sobre como a sociedade civil pode contribuir para novas formas de governação política, com vista a restaurar a confiança e a estabilidade na União Europeia. O vice-secretário do presidente do governo e a ministra do Emprego e dos Assuntos Sociais da República do Chipre salientaram a importância de pôr fim à recessão através do crescimento e não apenas através de políticas de austeridade. Esta é a posição que Chipre tem defendido no Conselho durante a sua presidência da UE, e que o Comité subscreve. O parecer SOC/462 sobre «Reforçar os processos de participação e o papel das autarquias locais, das ONG e dos parceiros sociais na aplicação da Estratégia Europa 2020» é um exemplo da colaboração entre o CESE e o Governo de Chipre. O documento foi elaborado pelo Comité precisamente a pedido da Presidência cipriota. Uma das principais mensagens do parecer é justamente a necessidade de incluir a sociedade civil no processo de tomada de decisões. Tal como salientaram os presidentes dos três grupos do CESE, é fundamental a existência de um modelo de governação que permita que os cidadãos se identifiquem com o modelo social e económico europeu. Os representantes do Grupo dos Empregadores (Grupo I), do Grupo dos Trabalhadores (Grupo II) e do Grupo de Interesses Diversos (Grupo III) assinalaram que é necessário retomar os bons resultados do modelo social europeu e adaptá-los à situação atual. Assim, por exemplo, o Grupo I está a elaborar um código de conduta para os empregadores, para que se respeite o modelo social europeu. Os representantes da sociedade civil cipriota e do Governo de Chipre concordam que a saída da crise só será viável através de uma maior integração europeia. Uma das formas mais eficazes para fundamentar esta ideia será, talvez, imaginar um cenário hipotético em que a UE e os seus feitos não existam, o que foi posto em prática no parecer SC/35 sobre o custo da O não-Europa. (asp) Cimeira Euro-Mediterrânica dos CES e instituições similares de 2012 reflete o ano turbulento registado na região do Mediterrâneo Cimeira Euro-Mediterrânica, Amã, Jordânia A Cimeira Euromed dos Conselhos Económicos e Sociais e Instituições Similares deste ano decorreu em Amã, na Jordânia, entre 17 e 19 de outubro de 2012, e foi coorganizada pelo CESE e pelo CES da Jordânia. Para além da forte presença do CESE que contou com uma delegação de 20 membros, esta cimeira – a segunda desde o início da Primavera Árabe – reuniu representantes da sociedade civil de 15 países mediterrânicos e de vários Estados-Membros da UE. Não obstante o sol radioso num dos países com o clima mais seco do mundo, a cimeira iniciou-se numa atmosfera sombria e meditativa devido aos eventos recentes na região, em particular a violência na vizinha Síria, mas também à deterioração dos direitos sociais e humanos em vários outros países. Imbuído deste espírito, o presidente do CESE, Staffan Nilsson, manifestou a sua preocupação com o que se passa na região: «O que me preocupa, em particular, é a violação por alguns governos dos direitos humanos e das liberdades básicas, a deterioração da situação económica e social, em particular das mulheres, e o desrespeito pelos direitos sindicais que tem impedido o estabelecimento de um diálogo social em alguns países. Estes são assuntos que devemos tratar nesta cimeira». nicação social; melhorar a situação económica e social das mulheres; reforçar o papel da sociedade civil no combate à corrupção; e desenvolver a política energética e industrial. A presença do novo primeiro-ministro da Jordânia e de outros dignitários, incluindo parlamentares e embaixadores, é sinal da grande consideração conferida neste momento à sociedade civil na região. E, efetivamente, nem tudo é sombrio. Avançou-se igualmente na constituição e no desenvolvimento de um CES em Marrocos, na possível criação de um CES palestiniano e na revitalização do CES jordano. Os participantes adotaram uma «Carta dos CES», que estabelece os critérios de base para a representatividade e independência dos CES e que servirá de guia para a região, sendo provavelmente uma novidade para os CES em todo o mundo. É óbvio que não há uma varinha mágica com o condão de dissipar as nuvens negras que pairam sobre a região, mas o sentimento de urgência implícito impulsionou os 200 participantes a entrar em debates intensos e acesos que levaram à formulação de uma série de recomendações importantes sobre questões fundamentais para a região: melhorar a governação através de um maior envolvimento da sociedade civil na definição de políticas; fomentar o diálogo social e a formação; garantir a liberdade dos meios de comu- Durante os debates, foi patente que, não obstante os vários retrocessos, houve também progressos em muitos domínios: na liberdade dos meios de comunicação social, na luta contra a corrupção e no papel desempenhado pela sociedade civil. Embora ninguém possa prever qual a direção que tomará o processo de transição na região, que até agora tem sido muito instável, ainda prevalece a forte perceção de que, pelo menos, algumas das conquistas fundamentais da Primavera Árabe são irreversíveis. A cimeira assistiu igualmente, pela primeira vez, à participação de uma rede de ONG por país do Euromed, bem como de representantes da Líbia. A esperança é que, se estes progressos no terreno se traduzirem em avanços políticos mais amplos, é possível que, a longo prazo, a tendência seja a melhoria O da situação na região. (gh) A REUNIÃO PLENÁRIA EM POUCAS PALAVRAS Proteger trabalhadores destacados sem negligenciar necessidades das empresas CESE defende equilíbrio entre comércio eletrónico e segurança das crianças Na reunião plenária de setembro, o CESE adotou um parecer, elaborado por Thomas Janson (Grupo dos Trabalhadores, Suécia), sobre a proposta da Comissão para assegurar a execução da diretiva relativa ao destacamento de trabalhadores. O Comité congratulou-se com a intenção da Comissão de se centrar numa melhor aplicação e numa cooperação administrativa eficaz entre os Estados-Membros. Ao mesmo tempo, sublinhou a importância de garantir a proteção dos trabalhadores desThomas Janson, membro do tacados, o que travaria o dumping social e a CESE, Grupo dos Trabalhadores concorrência desleal. Na sua reunião plenária de setembro, o Comité Económico e Social Europeu adotou dois pareceres que apelam a uma regulamentação específica com o intuito de proteger as crianças da publicidade e dos conteúdos em linha nocivos. Apesar de apoiar de forma geral os esforços da UE para criar um mercado único digital competitivo, o CESE alertou para os perigos da possível priorização do comércio eletrónico em detrimento da proteção das crianças. «A comunicação da UE faz do crescimento das empresas um objetivo fundamental, existindo o risco de relegar para segundo plano a proteção das crianças», afirmou Antonio Longo (Itália, Grupo dos Interesses Diversos), relator de um dos pareceres. O CESE defendeu que, para garantir uma concorrência leal, seria essencial assegurar a igualdade de condições mínimas de emprego, em conformidade com as legislações nacionais e os acordos coletivos. Além disso, a diretiva devia procurar evitar custos administrativos desnecessários que sobrecarregam as empresas. Embora a Internet não tenha sido concebida a pensar nas crianças, 75% das crianças utilizam-na atualmente. «Temos de acompanhar esta nova realidade», acrescentou Jorge Pegado Liz, relator do parecer do CESE sobre «Um quadro para a publicidade destinada aos jovens e às crianças». Segundo o CESE, a questão da responsabilidade na subcontratação é um ponto fundamental da proposta de diretiva que deve respeitar os sistemas de responsabilidade solidária vigentes nos Estados-Membros. Os países onde tais sistemas não existissem deveriam introduzi-los após consulta dos O parceiros sociais. (ač) Na opinião do CESE, a Estratégia europeia para uma Internet melhor para as crianças foi uma «oportunidade desperdiçada» de criar um quadro coerente para proteger os menores. A comunicação não propõe regras claras sobre a publicidade e evade a questão da publicidade a produtos alimentares, que, aos olhos do Comité, merece uma regulamentação específica. O CESE alertou para o facto de a autorregulação das empresas do setor não vir a ser suficiente para proteger as crianças em linha. Acrescentou ainda que devem ser instituídas regras rigorosas que permitam o encerramento de sítios Web e a retirada de licenças em caso de violação das regras de proteção O dos dados ou de promoção da pornografia infantil. (mb) Quanto custa a estagnação da integração europeia? George Dassis, membro do CESE, presidente do Grupo dos Trabalhadores Numa tentativa de contrariar o crescente sentimento antieuropeu dos cidadãos e o aumento do populismo e extremismo, o Comité adotou, na sua reunião plenária de setembro, um parecer sobre os custos da não-Europa. «Ao contrário das ideias demagógicas veiculadas por determinadas correntes políticas em numerosos países da UE, as dificuldades económicas atuais não são devidas aos “excessos dos eurocratas de Bruxelas”, mas precisamente ao caráter fundamentalmente inacabado da construção europeia», afirmou George Dassis, relator do parecer e presidente do Grupo dos Trabalhadores do CESE. A ideia surgiu pela primeira vez em 1988 quando Paolo Cecchini elaborou um estudo para a Comissão Europeia sobre os custos da não-Europa relacionados com o mercado único. Por conseguinte, o CESE solicitou à Comissão uma estimativa o mais minuciosa possível de todos os custos da não-Europa e das suas repercussões sobre o emprego e o crescimento. Propôs ainda a inclusão na Estratégia Europa 2020 de objetivos de redução desses custos, com um plano de ação claro e uma avaliação sistemática dos progressos realizados. «Os resultados de um estudo exaustivo serão o argumento mais forte contra os eurocéticos e contra todas as dúvidas em relação à UE», defendeu Luca Jahier, presidente do Grupo dos Interesses Diversos e correlator do O parecer. (mb) Para mais informações ver: http://www.eesc.europa.eu/?i=portal.en.opinions p CESE info — Novembro de 2012/8 – Edição especial 7 EM BREVE, NO CESE Brenda King: adepta incondicional de críquete Brenda King, membro do CESE, Grupo dos Empregadores Numa nova série de entrevistas, Tomasz Jasiński, membro polaco do Grupo dos Trabalhadores do CESE e representante dos conselheiros no conselho de redação do CESE Info, entrevista outros membros para descobrir os seus principais interesses. Brenda King, membro britânico do Grupo dos Empregadores do Comité, presidente executiva da organização «African & Caribbean Diversity» e membro da «Women’s National Commission» do Reino Unido, foi a mais recente entrevistada. Eis alguns excertos: Tomasz Jasiński: Quais são os seus antecedentes profissionais? Brenda King: Sou licenciada em Estatística e Economia e fiz um mestrado em Investigação Operacional. A nível profissional, sou especializada na utilização de métodos avançados de análise que ajudam a decidir melhor. “ ” Sempre quis assistir a um jogo ao vivo na Índia entre a Índia e o Paquistão. Recorda-se do seu primeiro dia no Comité? O que sente quando está em Barbados? Sim, perfeitamente. Este mês faz exatamente 10 anos que entrei para o Comité. É ótimo conversar com a família e os amigos, especialmente com o meu avô paterno, que é por natureza dotado de um grande sentido de humor. Também gosto de fazer uma caminhada matinal na praia, o que me faz sentir em harmonia com a natureza. Quais foram os seus sentimentos naquele dia? Fiquei totalmente confusa, pois não houve qualquer sessão de informação sobre o trabalho no Comité. Fomos de uma reunião para a outra, votando em pessoas que nunca tínhamos visto antes ou sobre as quais não tínhamos qualquer informação. Essa situação mudou ao longo destes anos? Sim. O Comité organiza agora jornadas de acolhimento para os novos membros. Além disso, devido à minha experiência, promovi alguns encontros informais entre os membros do Grupo dos Empregadores, para que estes se conhecessem num ambiente descontraído, fora das salas de reunião. Tive a oportunidade de conhecer a sua família maravilhosa em Barbados há alguns anos. Com que frequência os visita? Normalmente, visito-os uma vez por ano, mas este ano, excecionalmente, vi-os em quatro ocasiões. À medida que envelheço, a família e os amigos tornam-se cada vez mais importantes, por isso adoro as reuniões de família. O meu marido e eu temos muita sorte por as nossas famílias do lado paterno se encontrarem regularmente, mas temos de fazer um esforço especial para manter o contacto com os familiares do lado materno. Se tivesse um dia para passar sozinha, só para si, o que faria? Sou adepta incondicional de críquete e sempre quis assistir a um jogo ao vivo na Índia entre a Índia e o Paquistão. O mais perto que estive foi quando consegui bilhetes para a final do Campeonato do Mundo de 2009 da «Twenty20» entre o Paquistão e o Sri Lanca, em Londres. Estive perto de realizar o meu sonho, mas penso que Londres não pode rivalizar com Bombaim O neste tipo de eventos. Defender as empresas sociais da Europa: Um modelo social e milhões de empregos em jogo A economia social poderá ser um conceito vago e obscuro para um leigo. No entanto, este setor emprega já mais de 14 milhões de pessoas na UE, o que representa mais de 6% do total dos trabalhadores. Se, além disso, tivermos em conta que as empresas sociais demonstraram ser mais resistentes na crise atual, chegamos à mesma conclusão a que chegou o Grupo dos Interesses Diversos do CESE: que este é um setor fundamental na nossa economia. CESE info Editores: Karin Füssl Tomasz Jasiński – representante dos membros do CESE no Comité Editorial (Grupo dos Trabalhadores, PL). Contribuíram para esta edição: Maciej Bury (mb) Coralia Catana (cc) Adela Čujko (ač) Raffaele De Rose (rdr) Guy Harrison (gh) Alejandro Izquierdo Lopez (ail) Antonio Santamaria Pargada (asp) Barbara Walentynowicz (bw) Coordenação geral: Nadja Kačičnik (nk) Endereço: Comité Económico e Social Europeu Edifício Jacques Delors, rue Belliard, 99, B-1040 Bruxelas, Bélgica Tel.: (+32 2) 546 87 22 ou 546.82.98 Fax: (+32 2) 546 97 64 Correio eletrónico: [email protected] Sítio Web: http://www.eesc.europa.eu/ O 4.º Fórum bienal da Sociedade Civil dos Balcãs Ocidentais terá lugar em Zagreb, na Croácia, em 26 e 27 de novembro de 2012, e contará com a presença de delegados dos países dos Balcãs Ocidentais, membros do CESE, representantes dos conselhos económicos e sociais nacionais, representantes das instituições da UE e diplomatas para debater e avaliar o progresso nas relações entre a UE e a região. Quais são os seus hobbies? EM BREVE Da esquerda para a direita: Luigino Bruni, Universidade de Milão, e Luca Jahier, Grupo dos Interesses Diversos do CESE Avaliação das relações entre a UE e os Balcãs Ocidentais QE-AA-12-008-PT-N ENTREVISTAS ENTRE PARES Esta será também uma oportunidade para abordar outros temas como a liberdade de imprensa, a participação da sociedade civil no processo de adesão à UE, o desenvolvimento rural e o emprego nos Balcãs Ocidentais. O Fórum da Sociedade Civil dos Balcãs Ocidentais faz parte das iniciativas do CESE na região. Completa as atividades bilaterais do CESE realizadas com os países candidatos através de comités consultivos mistos, estabelecidos de acordo com a base jurídica prevista nos acordos de estabilização e associação. Organizado de dois em dois anos desde 2006, o Fórum da Sociedade Civil é uma oportunidade para trocar pontos de vista sobre a situação atual da sociedade civil na região, as suas necessidades e o O seu desenvolvimento futuro. Para mais informação, consulte www.eesc.europa.eu É possível estimular a Europa com práticas de trabalho inovadoras! No dia 3 de outubro, o Grupo dos Interesses Diversos realizou uma conferência sobre o tema «As empresas sociais e a Estratégia Europa 2020: Soluções inovadoras para uma Europa sustentável». Com o Comissário László Andor e representantes de empresas sociais e cooperativas, o presidente do Grupo dos Interesses Diversos, Luca Jahier, e os seus membros debateram novas formas de proteger e impulsionar a economia social. Numa tentativa de promover o conceito da inovação no local de trabalho a nível europeu, o CESE está a organizar um seminário de alto nível sobre este tema, que terá lugar em 30 de novembro de 2012. É objetivo do seminário levar a cabo um debate de sensibilização com oradores escolhidos e apresentar os resultados de um estudo do Eurofund sobre o tema «Organização e inovação no trabalho». Os participantes concluíram que as empresas sociais necessitam de eliminar as barreiras administrativas, de forma a estar em pé de igualdade com os operadores económicos tradicionais e ter mais acesso ao financiamento. Apelaram também aos Estados-Membros para que facilitem a participação dessas empresas em concursos públicos, e para que adotem rapidamente um Estatuto da Associação Europeia e um rótulo renovado das Empresas Sociais Europeias. (ail) O O seminário dará azo ao lançamento da publicação do relatório final do estudo do Eurofund, que inclui uma extensa pesquisa documental e uma análise comparativa de estudos de caso de 13 empresas, e reunirá parceiros sociais, eurodeputados, peritos e representantes governamentais. l. Para mais informações, consultar: http://www.eesc.europa.eu/?i=portal.en.eventsO -and-activities-boosting-europe. CESE info em 22 línguas: http://www.eesc.europa.eu/?i=portal.en.eesc-info /www ww w. O CESE Info é publicado nove vezes por ano, por ocasião das reuniões plenárias do CESE. As versões impressas do CESE Info em alemão, inglês e francês podem ser obtidas gratuitamente junto do Serviço de Imprensa do Comité Económico e Social Europeu. Além disso, o CESE Info encontra-se disponível em 22 línguas, em formato PDF, no sítio Web do Comité: URL: http://www.eesc.europa.eu/?i=portal.en.eesc-inf. O CESE Info não pode ser considerado como o relato oficial dos trabalhos do CESE, que se encontra no Jornal Oficial das Comunidades Europeias e noutras publicações do Comité. A reprodução, com menção do CESE Info como fonte, é autorizada (mediante envio de cópia ao editor). Tiragem: 12 310 exemplares. O próximo número sairá em dezembro de 2012. Novembro de 2012/8 – Edição especial
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