TDTOnline Magazine II/2010
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TDTOnline Magazine II/2010
Sumário 3 4 Editorial Artigo Científico Técnicas de Processamento de imagem em CardioTC e Cardio-RM - Aplicação Prática 2 10 16 24 Artigo Científico Hipertrofia das Adenóides - contributo da radigrafia de perfil do Cavum Artigo de Revisão Urografia Intravenosa Estudo de Caso Esquizencefalia - A propósito de um caso Clínico Ficha Técnica: Responsável editorial: Marlene Brandão Design e Redacção: Henrique Pimenta e Joel Graça Colaboradores desta edição: Marlene Brandão, Bruno Glória, Gorete Rodrigues, Sandra Rua Ventura, Hugo Neves, Ricardo M. L. Grilo, Sara Videira TDTOnline Magazine by tdtonline.org is licensed under a “Creative Commons: Atribuição-Uso Não-Comercial 2.5 Portugal License.” tdtonline.org Todos os artigos publicados na TDTOnline Magazine são da total e exclusiva responsabilidade dos seus respectivos autores. Editorial Caros leitores do TDTOnline, É com muito orgulho que vos trazemos a nova edição da TDTOnline Magazine, correspondente aos meses de Abril, Maio e Junho de 2010. É do nosso entender que, tratando-se de uma edição trimestral, a Magazine deve ser maior, daí que tenhamos incluído quatro artigos científicos, por coincidência todos directa ou indirectamente relacionados com a Radiologia, que esperamos que com o seu elevado interesse vos agrade. Nesta edição divulgamos também duas parcerias que o TDTOnline realizou, uma com o I Congresso ACES Nordeste e outra com o II Encontro de Saúde da ESSUAlg. E podemos ainda contar com as habituais rubricas do “Sabias Que” e da revisão da legislação pertinente para as nossas áreas, além de outras pequenas curiosidades. Falando um pouco sobre a actualidade dos TDT, os sindicatos que nos representam continuam a reunir periodicamente com a Ministra da Saúde para discutir a revisão da nossa Carreira. É algo pelo qual os TDT esperam há muito tempo, e que esperamos que esteja próximo de se resolver. Para que isto aconteça é muito importante que haja união entre todos, pondo de lado muitas das divergências que sempre existiram, pois não nos esqueçamos que a união faz a força. Neste aspecto acho que devemos olhar para o exemplo dos nossos colegas enfermeiros… Outro assunto que não deve ser esquecido é o término de mais um ano lectivo em Junho, de onde sairão para o mercado de trabalho centenas (talvez milhares?) de novos licenciados nas diversas Tecnologias da Saúde (onde eu me incluo finalmente). Infelizmente o mercado de trabalho para a maioria das 18 profissões está saturado, mas há que lutar e nunca desistir, mesmo que para isso se tenha que buscar a sorte noutro país, tal como muitos dos nossos colegas fizeram e continuam a fazer. Não posso terminar sem antes falar da actividade no Fórum TDTOnline. Cada vez mais tem vindo a afirmar-se como um ponto de troca de ideias, conhecimentos e informações e numa zona de discussão saudável em prol da evolução dos TDT. E é nesse sentido que esperamos continuar a crescer cada vez mais. Para isso contamos com o vosso apoio. Visi- 3 tem, participem e divulguem! Bruno Glória TDTOnline Magazine II/2010 Artigo Científico Técnicas de Processamento de Ima Aplicação Prática Resumo: 4 Gorete Rodrigues Licenciada em Radiologia pela Escola Superior de Tecnologia da Saúde – IPP, Portugal Sandra Rua Ventura Docente da Área Científico-pedagógica da Radiologia da Escola Superior de Tecnologia da Saúde (ESTSP) – IPP, Licenciada em Radiologia pela ESTSP e Mestre em Engenharia Biomédica pela Faculdade de Engenharia do Porto, Portugal 2010 tdtonline.org Introdução As técnicas de processamento de imagem médica têm evoluído consideravelmente nos últimos anos, permitindo por isso, uma maior divulgação das mesmas e amplificação na sua utilidade clínica. As tarefas de segmentação e reconstrução constituem duas ferramentas vitais e são determinantes no processamento de imagem. Sendo o registo de imagens cardíacas um processo complexo, dado que o coração possui movimentos involuntários e marcos anatómicos pouco precisos, o processamento automático, com base em programas computacionais pode oferecer uma melhor precisão, menos repetições e economia de tempo. Uma das etapas mais importantes na análise das imagens médicas foi o surgimento da técnica de segmentação de imagens. Embora a melhoria e o avanço das técnicas de aquisição de imagem (com o desenvolvimento dos produtos de contraste, uso de marcadores biológicos) facilitem o processo de segmentação, as imagens médicas são relativamente difíceis de segmentar, muitas vezes devido, à baixa relação sinal-ruído ou relação contraste-ruído que as caracteriza [1]. Existem duas motivações para a utilização desta técnica: primeiro, a segmentação pode ser usada para reduzir a visão, por vezes, Técnicas de Processamento de Imagem em Cardio-TC e Cardio-RM - Aplicação Prática agem em Cardio-TC e Cardio-RM confusa da imagem, a qual pode interferir com a interpretação; segundo, a segmentação pode ser empregue para delinear precisamente a região de interesse de forma a medir as suas propriedades, tais como o volume ou o valor estatístico do pixel (intensidade). Do ponto de vista clínico, este tipo de segmentação é realizado frequentemente para fins de planeamento cirúrgico, onde o clínico mentalmente visualiza tridimensionalmente a lesão a retirar e observa a relação desta com as estruturas adjacentes [2,3]. Assim sendo, a segmentação de imagens pode ser dividida em três técnicas, quanto ao papel do utilizador neste processo: em técnicas de segmentação manual, automática e semiautomática [2]. A segmentação manual permite ao utilizador indicar os pixéis que devem ser incluídos na região de interesse. Este método inclui a selecção manual de pixéis pertencentes à fronteira da área de interesse. A selecção individualizada dos pixéis é uma tarefa trabalhosa e raramente utilizada. Na segmentação automática existe um conjunto de regras previamente estabelecidas que definem o modo como o algoritmo selecciona os pixéis. Estes métodos são normalmente pouco eficientes devido à complexidade de imagens existentes. Além disso, o pouco contraste por vezes existente entre as regiões, conduz a erros nos algoritmos automáticos, sendo deste modo, necessária alguma intervenção humana, originando então os chamados métodos semi-automáticos. A segmentação semi-automática combina os métodos manuais e automáticos. Neste método é necessário inicialmente fornecer informação sobre a região de interesse, permitindo, deste modo, ao utilizador guiar e melhorar o pro- cesso de segmentação automática. Assim, os erros que podem ocorrer com o método automático podem ser corrigidos pela edição manual. As técnicas de segmentação semi-automática mais conhecidas são a limiarização ou Thresholding e a segmentação por crescimento por região (Region-Growing) [4]. Todas as técnicas definidas anteriormente encontram-se bem documentadas na literatura, no entanto, os seus resultados na área médica são limitados, visto que cada classe de imagens tem particularidades que devem ser consideradas aquando da definição das técnicas de processamento de imagens para se atingir um determinado objectivo (22). Conforme a região a estudar, o melhor método a utilizar varia, por exemplo, se pretendemos rapidez e imagem sem muito detalhe utilizamos a segmentação automática, se pelo contrário pretendemos uma imagem com boa definição optamos pela segmentação semi-automática ou manual embora sejam mais morosos [5]. A motivação para a realização deste trabalho, que foi realizado no âmbito da disciplina de Projecto em Radiologia do 2º Ciclo da Licenciatura Bietápica em Radiologia da Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto – Instituto Politécnico do Porto, surge não só pelo facto das doenças cardiovasculares serem a maior causa de morte em Portugal, mas também por interesse pessoal, assim como a curiosidade que esta temática suscitou no decurso do desenvolvimento de trabalho prévio de investigação no 3º ano do curso de Radiologia. Como objectivos deste trabalho pretende-se demonstrar uma aplicação clínica e comparar diferentes tarefas de processamento em casos clínicos de Tomografia Computorizada (TC) e Ressonância Magnética (RM) Cardíaca. Este artigo encontra-se estruturado em quarto partes; na secção seguinte é apresentada a metodologia adoptada, evidenciando-se a aplicação de um software de processamento de imagem. Seguidamente são apresentados os principais resultados obtidos. Por fim, apresentam-se as conclusões e perspectivas futuras. Métodos No sentido de demonstrar a relevância e aplicação das diferentes tarefas 5 de processamento de imagem que podem ser utilizadas para o estudo cardíaco, foram previamente seleccionadas imagens de TC e RM provenientes de dois casos clínicos do Hospital de São João – EPE. Posteriormente foram aplicadas duas técnicas de segmentação distintas, recorrendo a um software de processamento de imagem. Casos clínicos seleccionados A RM cardíaca foi realizada a um paciente do sexo masculino, com 68 anos de idade, com informação clínica de miocardiopatia hipertrófica, história de morte súbita familiar e discrepância nos achados ecográficos (dimensões do septo). O estudo foi efectuado num equipamento de RM de 3T com sincronização por electrocardiograma (ECG). Foram obtidas imagens em sequências de ponderação “black-blood” e “trueFISP” nos planos axial, sagital e coronal, bem como sequências cine “trueFISP” no eixo curto, eixo longo vertical e eixo longo horizontal do ventrículo esquerdo. Após administração de gaTDTOnline Magazine II/2010 dolíneo foi efectuado estudo de realce tardio. A TC cardíaca foi realizada a um paciente do sexo masculino, com 27 anos de idade, não tendo informação clínica disponível. O estudo foi realizado num equipamento de TC multicorte de 64 cortes. Foram obtidas imagens axiais sem e com administração de contraste iodado endovenoso em cortes de 3mm e 0,75mmm, sendo posteriormente reconstruídas imagens no eixo curto e eixo longo do coração com 5mm de espessura e com 10mm para o ventrículo esquerdo. Para melhor demonstração e compa- ração, na tabela 1 apresentam-se os parâmetros característicos das imagens e com repercussões, quer na escolha das técnicas de segmentação como no resultado das reconstruções tridimensionais, dos dois casos clínicos seleccionados Tab. 1 – Comparação dos parâmetros das imagens de cardio-TC e cardio-RM Parâmetros Plano TC Nº de Imagens seleccionadas 35 11 Nº de Imagens totais da série/sequência 58 15 Limites topográficos do coração Axial Corte ao nível da bifurcação do tronco da artéria Corte ao nível da bifurcação do tronco da artéria pulmonar até ao corte ao nível do ápex do coração pulmonar até ao corte ao nível do ápex do coração Matriz 512x512 182x256 FOV 220mm 319x450mm (rectangular) 0,43x0,43x3mm 1,76x1,76x8mm 3mm 8mm Dimensões do voxel (X,Y,Z) Espessura de corte Espaçamento entre cortes Resolução Processamento das imagens Critérios de selecção das imagens 6 RM Dado o número considerável de imagens totais obtidas em cada um dos casos clínicos resultante dos protocolos institucionais para estudo cardíaco, optou-se pela selecção de um conjunto de imagens segundo os seguintes critérios: 1) Selecção de imagens no plano axial por permitirem uma modelação 3D nas três dimensões espaciais; 2) Escolha da série/sequência de imagens com o maior realce cardíaco (sequência “true-FISP” na RM e aquisição com contraste de TC); 3) Limites topográficos adequados para reconstrução volumétrica do coração; 4) Compromisso entre o número de imagens seleccionadas vs espessura de corte (em RM foram seleccionadas 11 imagens: 8mm; em TC foram seleccionadas 35 imagens: 3mm), originando um volume cardíaco de aproximadamente 9cm em RM e 10,5cm em TC. Software utilizado Para a realização das tarefas de processamento de imagem seleccionou-se um software específico - 3D-Doctor® (disponível em: http://www.ablesw.com/3dtdtonline.org Contíguos 20% (1,6mm) 2,306 px/mm 0,582 px/mm doctor/) aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) para aplicação em imagem médica e visualização 3D, pela sua divulgação e aplicação actual reconhecida a nível mundial [6]. O 3D-Doctor é um software avançado de modelos tridimensionais (3D), processamento de imagem e medição podendo ser aplicado quer em imagens de RM, TC, Tomografia por Emissão de Positrões (PET), microscopia e como para fins industriais. Permite ainda criar modelos 3D, surfaces e Volume rendering a partir de imagens axiais bidimensionais, em qualquer computador (com plataforma Windows®) de forma interactiva. A principal desvantagem deste software é o seu custo pois requer licença de utilização. Para utilização nesta aplicação prática utilizou-se a versão trial. O processamento de imagem desta aplicação prática tem como finalidade a delimitação e reconstrução do coração nos casos clínicos anteriormente referidos. Para o efeito foram realizadas, para cada caso clínico as seguintes tarefas: I. Segmentação das imagens bidimensionais, através de duas técnicas: Segmentação manual a. Calibração da imagem, através da colocação das dimensões do vóxel (XYZ). b. Definição do objecto, dando o nome ao objecto e definindo a cor do traçado. c. Delimitação dos contornos, através de um traçado em todas as imagens. Segmentação semi-automática (thresholding) a. Calibração da imagem, através da colocação das dimensões do vóxel (XYZ). b. Definição do objecto, dando o nome ao objecto e definindo a cor do traçado. c. Desenho da região de interesse na imagem correspondente ao maior diâmetro do coração para que não haja “fuga” de contornos para regiões adjacentes durante a segmentação. d. Aplicação da segmentação automática a todas as imagens. Note-se o intervalo de valores (mínimo e máximo) do limiar escolhido representado a vermelho. II. Reconstrução 3D do volume cardíaco (Volume Rendering): a. Realização das tarefas de segmentação manual ou semi-automática de todas as imagens de uma série/sequência de cada caso clínico. b. Através da ferramenta “Volume Rendering”, procede-se à selecção das opções de color e opaque a fim de se obter uma reconstrução 3D colorida e sólida do coração. c. Reconstrução 3D do coração obtidas através do Volume Rendering. Técnicas de Processamento de Imagem em Cardio-TC e Cardio-RM - Aplicação Prática Resultados: As figuras que se seguem demonstram os resultados da aplicação prática das tarefas de processamento para os dois casos clínicos seleccionados. Fig. 1 – Tarefas de processamento de imagem aplicadas às imagens de RM, desde a segmentação até à reconstrução do modelo 3D através do Volume Rendering. Fig. 2 – Tarefas de processamento de imagem aplicadas às imagens de TC, desde a segmentação até à reconstrução do modelo 3D através do Volume Rendering. TDTOnline Magazine II/2010 7 Técnicas de Processamento de Imagem em Cardio-TC e Cardio-RM - Aplicação Prática CONCLUSÃO E aos sistemas de apoio à imagem médica. P E R S P E C T I V A S Agradecimentos: Gostaríamos de agradecer ao Doutor AntóFUTURAS: Numa análise comparativa dos resultados, observa-se que a segmentação manual apesar de ser mais morosa e dependente do operador (exigindo conhecimentos anatómicos), permite a obtenção de uma reconstrução de imagem com melhor qualidade que a técnica semi-automática. Na segmentação semi-automática o operador controla a região que quer reconstruir mas por vezes torna-se desvantajosa devido a estruturas com densidades/ intensidade de sinal muito próximas por “fuga” de contornos. Nas imagens de RM utilizadas para a segmentação, devido a questões protocolares (espessura e espaçamento entre cortes) não se obteve uma reconstrução tão aceitável como era desejável. Observase também que, pelo facto das imagens de RM apresentarem mais ruído e possuírem menor resolução que as imagens de TC, a tarefa de segmentação é mais difícil. Nas imagens de TC também devido ao factor espessura de corte, não foi possível obter uma reconstrução 3D tão realista, no entanto, o modelo 3D apresenta qualidade superior à reconstrução 3D das imagens cardíacas de 8 RM principalmente pelo maior número de imagens seleccionadas. Assim, a espessura de corte, tanto nas imagens de RM como nas imagens de TC, é um factor determinante no resultado final de uma reconstrução 3D pelo que o ideal deveria ser a aquisição de cortes com 1mm de espessura, preferencialmente contíguos mas que por questões de selecção e comparação das imagens, tal não foi possível. A escolha de um método de registo cardíaco é difícil, uma vez que neste momento, não existe nenhum método totalmente automático, o qual poderia lidar com a grande variedade de situações clínicas encontradas (modalidades, protocolos de aquisição, entre outras). As técnicas de segmentação semi-automáticas permitem aos utilizadores aliar as potencialidades das técnicas automáticas e manual, reduzindo o tempo e esforço durante o processamento das imagens. Cada vez mais o técnico de Radiologia tem um papel essencial na obtenção e melhoria da qualidade das imagens para mais tarde se proceder ao processamento das mesmas e se efectuar um diagnóstico correcto. Torna-se por isso crucial a constante actualização e formação contínua por parte destes profissionais, assim como uma colaboração/participação mais activa em projectos de investigação multidisciplinares aplicados tdtonline.org nio Madureira pela cedência dos casos clínicos, à Directora do Serviço de Radiologia do Hospital S. João – EPE pela disponibilização dos recursos e a todas as pessoas que directa ou indirectamente colaboraram para a elaboração deste trabalho. Referências bibliográficas: [1] Larrabide I, Feijóo RA, Novotny AA, Taroco E, Masmoudi M. An image Segmentation Method Based on a Discrete Version of the Topological Derivative. 6th World Congress on Structural and Multidisciplinary Optimization. Brazil, 30 May-03 June, 2005. [2] Medaglia DR, Manssour IH. Segmentação de Imagens Médicas Baseadas no Uso das Bibliotecas ITK e VTK. SIBGRAPI – Simpósio Brasileiro de Computação Gráfica e Processamento de Imagens, 2006. [3] Edelman RR, et al. Clinical Magnetic Resonance Imaging. 3th Edition, volume 1. USA: Saunders Elsevier, 2006. [4] Perdigão N, Tavares João Manuel RS, Martins JAC, Pires EB, Jorge RMN. Sobre a Geração de Malhas Tridimensionais para Fins Computacionais a partir de Imagens Médicas. Congresso de Métodos Numéricos en Ingeniería. España, 2005. [5] Maeda FK, Canova CV, Marques da Silva AM. Avaliação da Qualidade de Segmentação de Imagens de Ressonância Magnética Cerebral para Mapeamento e Análise Funcional. In: III Iberian Latin American and Caribbean Regional Congress of Medical Physics and IX Brazilian Congress of Medical Physics, Rio de Janeiro, 2004. [6] 3D-Doctor [online], disponível em: http:// www.ablesw.com/3d-doctor/brochure.pdf. Acesso em: 16/05/09 5 Abril Dia Nacional da Artrite Reumatóide No dia 5 de Abril comemora-se o Dia Nacional do Doente com Artrite Reumatóide. A data foi instituída, em 1999, pelo Ministério da Saúde tendo em conta o elevado número de pessoas que, em Portugal, padecem da doença. A instituição da data comemorativa teve também em consideração “a necessidade de sensibilizar os cidadãos portugueses para os problemas de ordem pessoal, familiar e profissional que, diariamente, afligem quantos sofrem deste reumatismo crónico”. Em Portugal existem cerca de 40 mil doentes diagnosticados com artrite reumatóide, uma doença inflamatória crónica que pode limitar os gestos diários mais simples. Abrir uma porta, agarrar numa caneta ou calçar uns sapatos pode ser um suplício para algumas pessoas que sofrem desta doença. nte: www.min-saude.pt Anuncie na TDTOnline Magazine [email protected] 9 TDTOnline Magazine II/2010 Artigo Científico Hipertrofia das Adenóides Contributo da Radiografia de Perfi Resumo: Introdução A hipertrofia das adenóides, é uma patologia muito comum nas crianças, caracterizada pelo crescimento anormal (hipertrofia) destas amígdalas. Ocorre habitualmente durante a infância, dado que, as adenóides crescem até à puberdade e a partir deste momento diminuem de tamanho. Não obstante, pode estar presente em indivíduos adultos, embora seja um acontecimento raro1. Origina a redução do espaço aéreo, dificultando a passagem do ar para a faringe, laringe e traqueia. Isto faz com que as crianças respirem pela boca, adoptando uma postura clássica de respirador bucal2. A radiografia de perfil do Cavum é o exame mais utilizado na pesquisa da hipertrofia das adenóides, sendo adoptado como método inicial de avaliação complementar à clínica, pois ajuda a confirmar a suspeita de hipertrofia das adenóides, tendo sido demonstrado a sua eficácia em vários estudos.3,4,5 10 No entanto, este é um exame subjectivo porque as adenóides não são visíveis nesta incidência, apenas pode ser visto o espaço aéreo da nasofaringe, que quando aparece reduzido, sugere obstrução respiratória. Nesta incidência, as adenóides traduzem-se pela opacidade e densidade de partes moles, de contorno convexo anterior, localizado junto à parede posterior da nasofaringe. Esta não dá informações tridimensionais concretas e fidedignas, que podem ser obtidas, por exemplo, através da Nasofibroscopia ou Ressonância Magnética. Pelo facto da radiografia de perfil do Cavum ser o exame mais requisitado na pesquisa da hipertrofia das adenóides, é da maior importância determinar qual o seu verdadeiro contributo no diagnóstico desta patologia. 3,4,5 Hugo Neves Técnico de Radiologia - Centro Hospitalar de Torres Vedras 2010 tdtonline.org Por se tratar de um exame onde está envolvida radiação ionizante é imperativo determinar se este tipo de incidência pode contribuir para um diagnóstico fidedigno da hipertrofia dos adenóides. O estudo apresenta os seguintes objectivos específicos: Determinar a validade da radiografia de perfil do Cavum Hipertrofia das Adenóides: Contributo da Radiografia de Perfil do Cavum il do Cavum no diagnóstico da hipertrofia dos adenóides através da determinação da sua sensibilidade e especificidade. Avaliar os critérios de boa realização da radiografia de perfil do Cavum no diagnóstico da hipertrofia dos adenóides. Métodologia AMOSTRA O estudo foi realizado a partir de uma amostra composta por 20 radiografias de Perfil do Cavum retiradas do arquivo digital do Centro Hospitalar de Torres Vedras (C.H.T.V.). As imagens foram escolhidas ao acaso, sendo pertencentes a jovens indivíduos, de ambos os sexos com idades compreendidas entre os 3 e os 14 anos, sendo que 11 imagens pertenciam a indivíduos normais (sem patologia hipertrófica das adenóides) e as restantes 9 pertenciam a indivíduos com patologia hipertrófica das adenóides, confirmados clinicamente. AQUISIÇÃO DAS IMAGENS Todos os indivíduos realizaram a radiografia de Perfil do Cavum no Serviço de Imagiologia do C.H.T.V. no mesmo equipamento de Radiologia Convencional. As imagens obtidas através de tecnologia CR (computed radiology) da Fuji®, tratadas em Workstation de processamento e armazenadas no sistema de comunicação e armazenamento de dados da Fuji PACS®. As radiografias foram executadas por Técnicos de Radiologia diferentes, não havendo, desta forma, uma padronização específica e rígida na sua realização. Posteriormente as imagens foram car- regadas no Software ViewDEX® para serem avaliadas por 3 observadores distintos. O ViewDEX® é um Software baseado em Java para a apresentação e avaliação de imagens digitais médicas. Este Software permite que diversos observadores possam ter acesso a imagens digitais que podem manipular (Zoom, Pan, Contraste e Luminosidade) e fazer a avaliação das mesmas a partir de diversas escalas ou questões definidas previamente. As avaliações foram realizadas por 2 Técnicos de Radiologia (Observador A e B) e por 1 Médico Otorrinolaringologista (Observador C). Todos os observadores avaliaram as 20 imagens de forma “cega”, isto é, sem o conhecimento prévio das mesmas, assim como da patologia dos indivíduos e sem o conhecimento das avaliações realizadas por cada um dos observadores em particular. Para as avaliações foram previamente definidos os seguintes critérios de boa realização, tendo como base bibliografia adequada ao tema6 e de acordo com a consulta de um especialista Otorrinolaringologista: • Reprodução nítida do Palato Duro. • Reprodução nítida da Sela Turca. • Reprodução nítida das margens da coluna de ar. • Ausência de artefacto de movimento. • Sobreposição dos ramos da mandíbula. • Ausência de rotação do pavimento da Sela Turca. • Evidência de ligeira extensão do Pescoço. Para a avaliação de todos os critérios referidos anteriormente, os observadores usaram uma escala numérica de 1 a 4 sendo 1 - Inaceitável e 4 - Muito Bom. Classificação das imagens quanto à sua normalidade, segundo a escala anterior, tendo em conta que 1 - Normal com muita certeza e 4 - Patológica com muita certeza, respondendo à seguinte pergunta: Como classifica esta imagem quanto à sua normalidade? Foram realizados testes de validade para o diagnóstico radiográfico, através do cálculo da Sensibilidade e Especificidade, assim como, foram determinados os Valores Preditivos Positivo e Negativo e a Exactidão do exame radiográfico, de acordo com as seguintes fórmulas: (in PEREIRA M. G., Validade de uma Investigação, 2002) SENSIBILIDADE= VP / (VP + FN) ESPECIFICIDADE= VN / (VN + FP) VALOR PREDITIVO POSITIVO= (VP / VP + FP) VALOR PREDITIVO NEGATIVO= VN / (VN + FN) EXACTIDÃO= TDC/TE Sendo que VP é o valor dos casos verdadeiros positivos, VN o valor dos casos verdadeiros negativos, FP o valor dos casos falsos positivos, FN o valor dos casos falsos negativos, TDC o total de diagnósticos correctos e TE o total de exames. Procedeu-se à obtenção de Scores das 11 avaliações, Scores de observadores e elaboração de curvas ROC (receiver operating characteristic). Resultados SCORES POR OBSERVADOR: Verificou-se que os observadores A e B (ambos Técnicos de Radiologia) apresentam Scores muito idênticos em todos os critérios avaliados e que estes se encontram ligeiramente abaixo dos Scores referentes ao observador C (Médico Otorrinolaringologista). Constatou-se que o observador C entendeu que as imagens apresentavam menos erros na sua realização do que os restantes observadores. O observador C entendeu que os critérios de boa realização foram atingidos numa média de 88%, o que representa cerca de 20% a mais em relação aos outros dois observadores. Os observadores A e B não diferiram significativamente na sua avaliação, variando esta em apenas 1%, com os valores de 66% e 67%, respectiTDTOnline Magazine II/2010 vamente. (Gráfico 1) SCORES DE AVALIAÇÃO GLOBAIS Todos os critérios apresentam uma avaliação positiva, igual ao superior a 60%. O critério correspondente à “ausência de artefacto de movimento” foi o que obteve uma percentagem de boa realização mais elevada (90%), sendo que, pelo contrário, o critério correspondente à “evidência de ligeira extensão do Pescoço” foi o que se demonstrou mais frequentemente incorrecto (60%). (Gráfico2) Gráfico 1 DESEMPENHO DOS OBSERVADORES Foram obtidos gráficos de Curvas ROC que representam uma medida do desempenho de cada observador quanto à sua capacidade em distinguir os casos normais dos casos patológicos. Gráfico 2 Dois dos observadores (B e C) obtiveram 12 resultados positivos com valores de AUC (area under the curve) de 0.828 e 0.970, respectivamente. O observador A obteve um resultado negativo com um valor AUC de 0.424, inferior ao valor de referência (0.5-1.0). Tabela 1 TESTES DE VALIDADE Os testes de validade realizados à radiografia de perfil do Cavum foram elaborados a partir dos dados presentes na tabela 1. Verifica-se que o observador A apresentou todos os valores inferiores, quanto comparados com valores dos restantes observadores. Os resultados da sensibilidade obtida por este observador foram de 0.555, e especificidade de 0.272, valores estes que resultam num valor AUC negativo de 0.424. tdtonline.org Presença de Patologia Ausência de Patologia Teste Positivo Obs A: 5 Obs B: 6 Obs C: 7 Obs A: 8 Obs B: 2 Obs C: 0 Teste Negativo Obs A: 4 Obs B: 3 Obs C: 2 Obs A: 3 Obs B: 9 Obs C: 11 OBS. C 0.777 1 1 0.846 0.970 GLOBAL 0.666 0.696 0.642 0.718 Tabela 2 Sensibilidade Especificidade VPP VPN AUC OBS. A 0.555 0.272 0.384 0.482 0.424 OBS. B 0.666 0.818 0.750 0.750 0.828 Por outro lado, os valores obtidos pelo observador C foram os mais elevados, sendo que o resultado da sensibilidade foi de 0.777 e o resultado da especificidade 1, o que corresponde a um valor AUC elevado de 0.970. (Tabela 2) Hipertrofia das Adenóides: Contributo da Radiografia de Perfil do Cavum vador A, influenciaram negativamente os resultados dos testes em estudo. Discussão A radiografia simples de perfil do Cavum tem sido o exame complementar de diagnóstico por imagem mais utilizado na pesquisa de hipertrofia das Adenóides. Autores como CHAMIL el all4, MONTEIRO el all5 e HIBBERT el all7, comprovaram a eficácia deste tipo de exame, frisando a sua importância tanto ao nível do diagnóstico como ao nível da sua fácil execução, acessibilidade e baixo custo. Os resultados obtidos neste estudo vão de encontro aos referidos anteriormente, uma vez que a radiografia de perfil do Cavum apresentou uma sensibilidade de 0.666 (67%) e uma especificidade de 0.696 (70%) para a pesquisa de hipertrofia das Adenóides. A sua capacidade preditiva positiva foi inferior à negativa, 0.642 (64%) e 0.718 (72%), respectivamente, o que indica que este tipo de exame radiológico, segundo os resultados obtidos, tem uma maior capacidade de prever qual a possibilidade de não se ter a patologia se o resultado do exame for negativo, do que, predizer qual a probabilidade de se ter a patologia se o resultado do exame for positivo. Outro facto que pode ter influenciado negativamente os resultados finais foi a falta de padronização na realização das radiografias de perfil do Cavum. Segundo um estudo de IKINO el all9, a falta de padronização na realização do exame radiográfico, muito frequente na realização da radiografia de perfil do Cavum, apresenta uma eficiência bastante inferior à da radiografia cefalométrica, que recorre à padronização do posicionamento da cabeça do doente. AVALIAÇÕES DOS CRITÉRIOS DE BOA REALIZAÇÃO Também podem ter sofrido um viés devido ao baixo número de imagens que compuseram a amostra. Constatou-se que os resultados, claramente baixos, apresentados pelo obser- O Médico Otorrinolaringologista apresentou o melhor desempenho quanto à capacidade em distinguir os casos normais dos casos com patologia. Para este, o valor AUC foi de 0.97, muito próximo do valor óptimo correspondente a 1. Apenas o observador A apresentou um valor AUC negativo de 0.42, abaixo do valor mínimo de referência 0.50. Este valor pode ser explicado devido à pouca experiência do profissional ou à falta de conhecimento teórico Mostraram-se consistentes nas observações feitas pelos três observadores. A evidência de ligeira extensão do Pescoço, a sobreposição dos ramos da Mandíbula e a ausência de rotação do pavimento da Sela Turca, foram os critérios que apresentaram mais falhas, com valores de 60%,66% e 68%, respectivamente. Conclusão Todos estes critérios estão directamente ligados com o posicionamento radiográfico e/ou com o movimento do doente pós posicionamento radiográfico, o que leva a crer que a maioria das incorrecções deste tipo de exames prende-se com uma falha no posicionamento por parte do Técnico de Radiologia ou com uma má colaboração do doente em manter-se imóvel. O valor preditivo negativo e o valor da especificidade foram ligeiramente superiores aos restante o que indica que a radiografia de perfil apresenta uma maior reprodutividade dos casos negativos (sem patologia). CONDICIONANTES DOS RESULTA- Os Scores médios por cada observador apresentaram ligeiras diferenças, sendo DOS / LIMITAÇÕES DO ESTUDO que os valores atribuídos pelo observaOs resultados podem ter sido condicionados pelos diferentes conhecimentos teórico-práticos, tanto dos Técnicos de Radiologia como do Médico Otorrinolaringologista. MEDIDA DO DESEMPENHO QUANTO À CAPACIDADE DIAGNÓSTICA dor C (Médico Otorrinolaringologista) foram, por norma, mais elevados (88%) do que os atribuídos pelos Técnicos de Radiologia (Obs A: 66%; Obs. B: 67%). Os Técnicos de Radiologia mostraram um maior grau de exigência quanto ao correcto comprimento dos critérios de boa realização, ao contrário do Médico que foi mais benevolente, apresentando um menor grau de exigência. A radiografia de perfil do Cavum apresentou suficiente reprodutividade, com sensibilidade, especificidade e valores preditivos positivo e negativo altos, para o diagnóstico da hipertrofia das adenóides. Os critérios de boa realização da radiografia de perfil do Cavum que apresentaram mais falhas estão directamente relacionados com o Técnico de Radiologia, por erros de posicionamento radiográfico. Por outro lado, os critérios relacionados com a exposição/tratamento da imagem foram os que apresentaram menos falhas. O Médico Otorrinolaringologista apresentou uma maior capacidade diagnóstica da patologia em estudo do que os Técnicos de Radiologia, que por sua vez, mostraram-se mais exigentes na avaliação dos critérios de correcção da radiografia de perfil do Cavum. TDTOnline Magazine II/2010 13 14 Hipertrofia das Adenóides: Contributo da Radiografia de Perfil do Cavum AGRADECIMENTOS O meu muito obrigado ao Prof. Adjunto Luís Lança (Mestre em Radiologia) da ESTeSL pela orientação do projecto e elaboração do artigo. Referências bibliográficas: 1. 2. CORDEIRO, A.I.A.R. Pneumologia fundamental. Lisboa, Serviço de Educação: Fundação Calouste Gulbenkian, 1995. Cap.1, p.17-50: Estruturas. Cap.4, p.270-278: Sínteses Metodológicas. CAUWENBERG, P. B. van; BELUSSI, L.; MAW, A. R.; PARADISE, J. L.; SOLOW, B. - The Adenoid as a key factor in upper airway infections. International Journal of Pediatric Otorhinolaryngology. 32 (suppl.): S71 - S80, 1995. 3. FREITAS M.C. Pneumologia na prática clínica. 3.ed. Faculdade de medicina de Lisboa, Clínica de pneumologia, 1997. Cap.10, p.369-385: Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica. 4. CHAMI FAL. Avaliação nasofibroscópica e radiológica de pacientes com Hiperplasia da amígdala faríngea. RBM-ORL 1998; 5 (4): 118-25. 5. MONTEIRO ECM, PILON RR, DALL'OGLIO GP. Estudo da Hipertrofia adenoideana: Endoscopia X Radiografia de nasofaringe. RBORL 2000; 66(1): 1-4 10. FUJIOKA M, YOUNG LW, GIRDANY BR. Radiographic evaluation of adenoidal size in children: adenoidal-nasopharyngeal ratio. AJR 1979;133: 401 - 4. 6. KENNETH L. BONTRAGER, Tratado de técnica radiológica e base anatômica, Guanabara Koogan, RJ, 2001 7. HIBBERT J.& ATELL, P.M.- A radiological study of the adenoid in normal children. Clinical Otolaryngology. 4: 321-327, 1979. 11. OLIVEIRA RC, ANSELMO-LIMA WT, SOUZA BB. Importância da nasofibroscopia na presença do RX cavum normal para diagnóstico da hiperplasia adenoideana. Rev Bras Otorrinolaringologia 2001; 67: 499 - 505. 7 7 Abril Abril 8. PEREIRA, M. G. Validade de uma investigação. Epidimiologia, Teoria e prática. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2002. cap. 15, p.308-336. 9. IKINO C. M. Y. el al. Tele-radiografia lateral de crânio e radiografia de cavum: estudo comparativo em crianças com obstrução nasal. Revista Brasileira Otorrinolaringologia, Vol.66, nº6, p. 592-596, Nov./Dez. 2000. 12. WORMALD, P. J. & PRESCOTT, C. A. J. - Adenoids: Comparison of radiological assessment methods with clinical and endoscopic findings. The Journal of Laryngology and Otology. 106- 342 - 344, 1992. 1957 - Há 50 anos, já se falava do aquecimento global Dia Mundial da Saúde (Organização Mundial de Saúde) «Santa Mónica (Califórnia) - Um geógrafo americano, Joseph Kaplan, diz que o nível da água dos mares, dentro de 60 anos, subirá, pelo menos, doze metros, a não ser que os homens, até lá, consigam controlar as condições atmosféricas [...] os gazes provenientes da combustão do petróleo e dos óleos pesados aquecem a atmosfera e aceleram a fusão das massas polares.» Em cada ano, a OMS aproveita a ocasião para fomentar a consciência sobre alguns temas chave relacionados com a saúde mundial. Neste sentido, organiza eventos a nível internacional, regional e local para promover o tema escolhido em matéria de saúde. Apesar de, há cinquenta anos, esta notícia já se referir ao aquecimento global, apenas foi inserida na página 7, o que revela a pouca importância que o tema tinha na altura O Dia Mundial da Saúde 2010 tem como tema urbanização e saúde. "1000 Cidades, 1000 Dias" é o tema escolhido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Incidirá sobre urbanização e saúde. Com a campanha "1000 cidades - 1000 vidas", serão organizados eventos em todo o mundo, durante a semana de 7 a 11 de abril de 2010, convidando as cidades a disponibilizar espaços para actividades de saúde. Fonte: www.leme.pt Fonte: www.min-saude.pt Fonte: Diário Popular n.º 5208, de 07-04-1957, p. 7 tdtonline.org 15 TDTOnline Magazine II/2010 Artigo de Revisão Urografia Intravenosa Resumo: Anatomia Geral do Sistema Urinário O sistema urinário normal é composto por dois rins, dois ureteres, uma bexiga e um meato urinário (uretra) (Fig. 1). 1 A corrente sanguínea ao passar pelo rim vai ser filtrada, sendo que uma parte da água e solutos filtrados do sangue retorna a corrente sanguínea e a restante parte é excretada pelo rim para o exterior em forma de urina. A urina é excretada de ambos os rins pelos ureteres até à bexiga onde é armazenada para ser expelida para o exterior através da uretra.1 16 Fig.1 – Vista Anterior do Sistema Urinário Fonte: http://www.aqavic.org.au/sci_facts/ images/urinary-system.jpg Ricardo M. L. Grilo Técnico de Radiologia 2010 tdtonline.org Os rins são órgãos pares, de cor avermelhada, em forma de feijão, anatomicamente encontram-se localizados entre a última vértebra dorsal (D12) e a terceira lombar (L3), encontrando-se protegidos pelos últimos pares de costelas (décimo primeiro e décimo segundo). O rim direito encontra-se mais abaixo que o esquerdo, devido à posição anatómica do fígado. Os rins são órgãos retroperitoneais, situados entre a parede posterior do abdómen e o peritoneu.1 No bordo medial (interno) de ambos os rins encontra-se uma zona semelhante Urografia Intravenosa a uma fissura, chamada de hilo renal. O hilo renal corresponde há zona por onde o uréter abandona o rim em direcção à bexiga e por onde os vasos sanguíneos, linfáticos e nervos penetram no rim.1 Internamente, e observado num plano transversal o rim apresenta duas zonas distintas: uma zona superficial de textura lisa chamada córtex renal, e uma zona profunda, chamada de medula renal (Fig.2). tema urinário descritas acima, este necessita de um meio de contraste para que seja visualizado radiologicamente. O meio de contraste utilizado é iodado podendo ser iónico ou não-iónico. Até a cerca de 30 anos, a semiologia assentava na radiografia simples e na Urografia Intravenosa (UIV).2 Actualmente, embora a Ecografia e a Tomografia Computorizada (TC) possam fornecer melhores imagens diagnósticas dos rins, a UIV foi até recentemente o exame de primeira linha na investigação radiológica de suspeita de nefrolitíase e hematúria. (3) Com a natural evolução tecnológica que as técnicas radiológicas têm sofrido com o passar dos anos, a UIV é cada vez menos requisitada, o que pode Fig. 2 – Figura esquemática da anatomia renal interna. Fonte: NET- ser também explicado TER, Frank H. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, pela lei, pois a utiliza2000. ção de radiações ioA medula renal é a zona do rim onde nizantes deve ser justificada com o seu é formada a urina. Na região mais pro- benefício. (4) Este exame proporciona informações anatómicas essenciais, bem como demonstra a função de todo o aparelho urinário. Neste exame o médico pesquisa alterações nas vias urinárias, como dilatações, malformações ou disfunções. Desta forma a UIV permite visualizar o funcionamento dos rins e bexiga com maior pormenor do que a ecografia, pois permite a recolha de uma imagem anatómica e funcional (Fig.3). (5) Indicações Este exame está indicado em situações específicas como (3,6,7): Obstrução urinária Patologia muito frequente, condicionada pela presença de um obstáculo à drenagem da urina no aparelho urinário. Esta patologia pode condicionar alterações anatómicas e funcionais do rim, como por exemplo dilatações. A UIV permite visualizar e delimitar o cálculo, 17 bem como observar a estrutura anatómica e funcional do rim (Fig.4). funda da medula renal, distinguem-se estruturas microscópicas, os nefrónios ou unidades funcionais do rim, onde é formada a urina. A urina formada nos nefrónios vai ser drenada em direcção ao seio renal, e através do ureter encaminhada para a bexiga. Os nefrónios drenam a urina para os ductos papilares, por sua vez os ductos drenam para os cálices renais que por fim drenam a urina para o bacinete, e este para o ureter.1 A urina acumula-se na bexiga até que seja expelida para o exterior pela uretra. Imagiologia do Sistema Urinário Pelas características anatómicas do sis- Fig. 4 - Radiograma exemplificativo de UIV, onde é visível um calculo renal á esquerda. Fonte: Http://www.medicinanet.com.br/conteudos/ revisoes/1433/colica_nefretica.htm Fig. 3 – Esquema radiográfico de UIV Fonte: MÖLLER, Torsten B.; REIF, Emil; Pocket Atlas of Radiografic Anatomy. New York; 2º Edtion. New York; Thieme; 2000. Massa renal Pode ser diagnosticada apartir da observação dos seguintes aspectos em TDTOnline Magazine II/2010 18 qualquer uma das tecnicas imagiológicas utilizada: aleteração do controno renal, desvio do sistema pielocalicial, distrorção do parênquima (nefrograma diminuido na area onde os nefronios foram comprimidos ou destruidos). A UIV apresenta um papel importante na avaliação do sistema pielo-calicial (Fig. 5). Hematúria Corresponde à presença de sangue na urina, e a UIV é importante no seu estudo para averiguar qual o motivo da presença de sangue na urina quando são despistadas as causas mais óbvias (infecção urinária). Outras indicações • Pré - transplante renal (doador), avaliar a correcta funcionalidade do rim que vai ser doado, bem como do restante sistema urinário. • Estenose Pielo-Uretral; • Traumatismo renal; • Hipertensão; • Malformações (agenesia, uretrocele); • Avaliação de malformações quer do ponto de vista anatómico quer funcional (Fig. 7). Fig. 5 - UIV demonstra a presença de uma massa renal ao nivel do rim direito, que corresponde a um quisto renal simples. Fonte: DYER, Raymond B., et al. Intravenous Urography: Technique and Interpretation. RadioGraphics 2001; 21:799– 824. Infecção urinária repetição de Considera-se infecção urinária quando há presença de bactérias no trato urinário. O diagnóstico é feito com base na avaliação clínica e nos resultados laboratoriais. A UIV pode ser útil para demonstrar cálculos radiopacos e colecções anormais de gás, para além de permitir definir o sistema colector em situações duvidosas nos outros métodos de imagem (Fig. 6). Embora seja indicado em múltiplas situações, devido a sua especificidade limitada e ao uso de meio de contraste iodado este exame está contra-indicado nas seguintes situações(3,6,7): tdtonline.org Tal como todos os exames radiográficos a UIV têm desvantagens e vantagens (3,6,7). Vantagens • Avalia a função renal e permite o estudo morfológico e funcional de todo o sistema urinário (rins, ureteres e bexiga). • Baixo Custo Desvantagens • A definição da imagem depende da função renal; • Risco de reações adversas ao contraste; • Não demonstra directamente lesões no parênquima renal; • Na bexiga só demonstra lesões do lúmen e da parede, não indicando extensão das lesões para estruturas adjacentes. • Utilização de radiação ionizante Metodologia e Técnica Radiológica Fig.7 - Radiograma de UIV onde é visivel a presença de duplicação uretral. Fonte: http://emedicine.medscape.com/article/378075-media Fig. 6 - UIV demonstra a perda de córtex renal em paciente com infecção urinária. Fonte: DYER, Raymond B., et al. Intravenous Urography: Technique and Interpretation. RadioGraphics 2001; 21:799–824. menos de 6 meses); • Diabetes Millitus; • Transplante Renal. • • • • • Desidratação (principal); Intolerância ao iodo; Insuficiência renal; Alergias; Mieloma, pois pode provocar anúria durante a realização do exame; • Enfarte do miocárdio recente (há Para a realização deste exame o paciente deve apresentar-se no serviço de Imagiologia em jejum (aproximadamente 8 horas) e com uma boa preparação intestinal (deverá efectuar clisteres de limpeza).(6,8) Após a recepção e correcta identificação do paciente deve efectuar-se um questionário de rotina para avaliar e despistar eventuais patologias e alergias que possam influenciar de forma negativa o exame. Depois da colocação de um acesso venoso no paciente, deita-se o mesmo na mesa de exame e inicia-se o exame.(6,8) Com o paciente em decúbito dorsal, realiza-se uma radiografia simples do abdómen, para verificação das condições de exposição, posicionamento e preparação intestinal. Prossegue-se com a administração por via endovenosa do meio de contraste que irá contrastar o sistema urinário. Posteriormente à administração do meio de contraste realiza-se a seguinte sequência de radiografias (3,6,7,8,9): • Cinco minutos após a administração de contraste, realiza-se uma radiografia em filme 35x43, abrangendo todo o sistema urinário; • Após a radiografia de 5 minutos, coloca-se uma faixa de compressão no abdómen do paciente, caso não existam contra-indicações (massa abdominal, cálculos renais e ureterais); • Realizar uma radiografia de todo o sistema urinário 15 minutos após a administração do contraste, e ainda com compreensão abdominal. • Aos 15 minutos, e após se retirar a faixa de compressão, realiza-se uma radiografia panorâmica, compreendendo todo o sistema urinário; • Radiografia panorâmica, 30 minutos após a administração de contraste. • Caso seja requisitado podem realizar-se ainda filmes complementares: filmes minutados durante os primeiros 5 minutos após a administração de contraste, filmes pósmiccionais, filmes tardios, filmes em decúbito ventral e filmes em ortoestatismo para além destas incidências complementares pode ainda utilizar-se a tomografia linear embora já em desuso. 11 18 Abril Abril A UIV por ser um exame com indicações para patologias específicas, não apresenta um protocolo imagiológico linear. Assim de acordo com o tipo de patologia serão ou não efectuadas radiografias minutadas, será ou não realizada compressão abdominal e pode ou não ser realizadas radiografias tardias. Normalmente para a suspeita de litíase renal, patologia para a qual o exame é mais frequentemente requisitado o protocolo imagiológico é o acima mencionado. Depois conforme os achados radiológicos durante a realização do exame o médico radiologista decide quais as incidências alternativas que devem ser feitas caso surjam algumas dúvidas.(8,9) 19 1955 - Morte de Albert Einstein A 18 de Abril de 1955, morre, em Princeton (EUA), Albert Einstein, físico alemão que propôs a teoria da relatividade. Dia Mundial da Doença de Parkinson A doença de Parkinson é uma doença neurodegenerativa (Parkinson Society Canada, n. d.) eferida pela primeira vez em 1817 pelo físico inglês Dr. James Parkinson (The National Parkinson Foundation, Inc) no livro intitulado “An Essay on the Shaking Palsy” (Nicholl, 2003). A tulipa vermelha e branca é o símbolo europeu desta doença neurológica incapacitante, para a qual ainda não foi descoberta a cura. Fonte: www.parkinson.pt Fonte: http://pt.wikipedia.org 19 Abril 1882 - Charles Darwin A 19 de Abril de 1882, morre, em Downe, Kent, Charles Robert Darwin, naturalista britânico que concebeu a teoria da evolução. Fonte: http://pt.wikipedia.org TDTOnline Magazine II/2010 20 tdtonline.org 21 TDTOnline Magazine II/2010 22 3 30 Maio Maio Dia do Sol (Programa das Nações Unidas para o Ambiente) Dia Nacional da Prevenção do Cancro da Pele O Sol (do latim Sol) é a estrela central do Sistema Solar. Todos os outros corpos do Sistema Solar, como planetas, planetas anões, asteroides, cometas e poeira, bem todos os satélites associados a estes corpos, giram ao seu redor. Responsável por 99,86% da massa do Sistema Solar, o Sol possui uma massa 332 900 vezes maior que a da Terra, e um volume 1 300 000 vezes maior que o do nosso planeta Estima-se que muitos cancros de pele que surgem em adultos têm origem em escaldões na infância e adolescência, pelo que se deve redobrar os cuidados junto dos mais jovens. Procure evitar a exposição solar nas horas mais quentes do dia (entre as 11 e as 16 horas). Para ir à praia ou praticar uma actividade ao ar livre, proteja-se de forma adequada. Aplique regularmente protector solar em todo o corpo, e não apenas nas zonas expostas, use chapéu e óculos de sol e vista uma t-shirt , de preferência de cor escura. Investigações australianas sobre o factor de protecção dos tecidos revelam que, ao contrário do que é hábito pensar-se, as cores escuras, em qualquer tecido, protegem melhor dos raios ultravioletas. Não leve bebés com menos de 6 meses para a praia. A sua pele ainda é muito sensível. Fonte: www.unesco.pt Fonte: www.deco.proteste.pt 31 Maio Dia Mundial do Não-Fumador (Organização Mundial de Saúde) O hábito de fumar (tabagismo) - acto voluntário de inalar o fumo da queima do tabaco – independentemente da qualidade, quantidade ou frequência, é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a principal causa de morte evitável em todo o mundo. A OMS estima que um terço da população mundial adulta, isto é, 1 bilião e 200 milhões de pessoas (entre as quais 200 milhões de mulheres), sejam fumadores Fonte: http://eideguimaraes.wordpress.com Publique os seus trabalhos na TDTOnline Magazine*: - Artigos Científicos (Estudos) - Artigos de Revisão Literária - Artigos de Opinião - Casos Clínicos Envie os seus trabalhos para: [email protected] *Nota: Todos os artigos publicados são certificados como tal. tdtonline.org Legislação Abr/Mai/Jun 5 Junho PORTARIA n.º 16/2010, de 08 de Janeiro (MINISTÉRIOS DA ECONOMIA, DA INOVAÇÃO E DO DESENVOLVIMENTO E DA SAÚDE) Quarta alteração à Portaria n.º 1016-A/2008, de 8 de Setembro, que reduz os preços máximos de venda ao público dos medicamentos genéricos DESPACHO n.º 752/2010, de 12 de Janeiro (MINISTÉRIO DA SAÚDE) Aprova o Programa Nacional de Diagnóstico Precoce DECRETO-LEI n.º 6/2010, de 15 de Janeiro (MINISTÉRIO DA SAÚDE) Prorroga a majoração de 20 % estabelecida no n.º 2 do artigo 6.º do Decreto-Lei n.º 270/2002, de 2 de Dezembro, para o preço de referência dos medicamentos adquiridos pelos utentes do regime especial até à data de entrada em vigor do novo regime jurídico que revê o sistema de preços de referência PORTARIA n.º 54/2010, de 21 de Janeiro (MINISTÉRIOS DAS FINANÇAS E DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DA SAÚDE) Fixa o valor mensal da bolsa de formação devida aos internos que preencham vagas preferenciais Dia Mundial do Ambiente (Programa das Nações Unidas para o Ambiente) O Dia Mundial do Meio Ambiente foi estabelecido pela Assembléia Geral das Nações Unidas em 1972 marcando a abertura da Conferência de Estocolmo sobre Ambiente Humano. Celebrado anualmente desde então no dia 5 de Junho, cataliza a atenção e ação política de povos e países para aumentar a conscientização e a preservação ambiental. Os principais objetivos das comemorações são: DESPACHO n.º 1654/2010, de 25 de Janeiro (MINISTÉRIOS DA ADMINISTRAÇÃO INTERNA E DA SAÚDE) Revisão da duração do mandato do Centro de Instalação do Serviço 112 – Número Nacional de Emergência (CI-112) DECRETO-LEI n.º 8/2010, de 28 de Janeiro (MINISTÉRIO DA SAÚDE) Cria um conjunto de unidades e equipas de cuidados continuados integrados de saúde mental, destinado às pessoas com doença mental grave de que resulte incapacidade psicossocial e que se encontrem em situação de dependência RESOLUÇÃO DO CONSELHO DE MINISTROS n.º 8/2010, de 03 de Fevereiro (PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS) Autoriza a realização da despesa com a promoção do Programa de Rastreio do Cancro do Colo do Útero na região de Lisboa e Vale do Tejo RESOLUÇÃO DO CONSELHO DE MINISTROS n.º 9/2010, de 03 de Fevereiro (PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS) Autoriza a realização da despesa com a promoção do Programa de Rastreio do Cancro da Mama na área de influência da Administração Regional de Saúde do Norte, I. P. DECRETO-LEI n.º 9/2010, de 03 de Fevereiro (MINISTÉRIO DA SAÚDE) Adopta as medidas necessárias para assegurar o aprovisionamento contínuo de sangue e componentes sanguíneos no contexto da actual pandemia de gripe A (H1N1), transpondo para a ordem jurídica interna a Directiva n.º 2009/135/CE, da Comissão, de 3 de Novembro de 2009 1. Mostrar o lado humano das questões ambientais; DESPACHO n.º 2623/2010, de 09 de Fevereiro (MINISTÉRIO DA SAÚDE) Determina as situações patológicas que beneficiam de comparticipação integral na administração da hormona do crescimento 2. Capacitar as pessoas a se tornarem agentes ativos do desenvolvimento sustentável; PORTARIA n.º 84/2010, de 10 de Fevereiro (MINISTÉRIO DA SAÚDE) Actualiza o programa de formação da área profissional de especialização de oncologia Médica 3. Promover a compreensão de que é fundamental que comunidades e indivíduos mudem atitudes em relação ao uso dos recursos e das questões ambientais; 4. Advogar parcerias para garantir que todas as nações e povos desfrutem um futuro mais seguro e mais próspero Fonte: www.unep.org DESPACHO n.º 2937/2010, de 15 de Fevereiro (MINISTÉRIO DA SAÚDE) Determina a alteração ao anexo do despacho n.º 4250/2007, de 29 de Janeiro, publicado no Diário da República, 2.ª série, n.º 47, de 7 de Março de 2007 - medicamentos prescritos a doentes com doença de Alzheimer DESPACHO n.º 2938/2010, de 15 de Fevereiro (MINISTÉRIO DA SAÚDE) Alteração ao anexo do despacho n.º 20 510/2008, de 24 de Julho, publicado no Diário da República, 2.ª série, n.º 150, de 5 de Agosto de 2008 - medicamentos destinados ao tratamento da artrite reumatóide, espondilite anquilosante, artrite psoriática, artrite idiopática juvenil poliarticular e psoríase em placas AVISO n.º 3803/2010, de 22 de Fevereiro (MINISTÉRIO DAS FINANÇAS E DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA) Acordo Colectivo da Carreira Especial Médica (ACCE) entre as entidades empregadoras públicas e a Federação Nacional dos Médicos e o Sindicato Independente dos Médicos - constituição da comissão paritária DESPACHO n.º 3598/2010, de 26 de Fevereiro (MINISTÉRIOS DA ECONOMIA, DA INOVAÇÃO E DO DESENVOLVIMENTO E DA SAÚDE) Aprova os preços de referência dos grupos homogéneos de medicamentos sujeitos ao sistema de preços de referência Estudo de Caso Esquizencefalia: RESUMO A propósito d INTRODUÇÃO A esquizencefalia foi descrita pela primeira vez em 1859 por Haesch. O termo esquizencefalia, porém, foi introduzido somente em 1946 por Yakovlev e Wadsworth, referindo-se a "uma fenda com persistência de espessa e rica camada de substância cinzenta na profundidade, de extensão do córtex até o ventrículo e com orientação simétrica bilateralmente" [1-4]. Esta malformação cerebral é considerada uma anomalia da migração neuronal. A migração neuronal é o processo pelo qual os neurónios se deslocam do local de origem para o local permanente no cérebro em desenvolvimento. As desordens de migração neuronal são, portanto, um grupo de desordens decorrentes da impossibilidade dos neuroblastos da zona periventricular (matriz germinal) que formam as paredes dos ventrículos laterais chegarem ao seu destino (córtex cerebral) por causa de factores agressivos ocorridos entre o primeiro e o sétimo mês de gestação, resultando em deformidades estruturais focais ou generalizadas dos hemisférios cerebrais. No grupo das anomalias da migração neuronal incluem-se também a agiria, a lissencefalia, a polimicrogiria, a paquigiria e a heterotopia da substância cinzenta[5]. 24 Sara Videira Técnica de Radiologia Centro Hospitalar do Porto 2010 tdtonline.org O objetivo deste artigo é apresentar um caso clínico de esquizencefalia e descrever uma breve revisão blibliografica sobre o tema. CASO CLÍNICO O caso clínico é referente a um paciente do sexo masculino, com dois anos de idade, apresentava atraso no desenvolvimento e hemiparésia à esquerda, o médico especialista em pediatria que acompanhava o paciente, requisitou uma Ressonancia Magnética (RM) cerebral para averiguar a causa destas manifestações clínicas. Os protocolos são variáveis e depenQuadro 1: Protocolo utilizado para estudo deste caso Na revisão bibliográfica efectuada é descrito que a esquizencefalia é uma malformação rara mas não existem dados referentes à incidência e prevalência desta malformação congénita cerebral. Este trabalho descritivo teve por base uma pesquisa directa através da observação do caso clínico e uma pesquisa documental indirecta, através de consulta bibliográfica. Notas: Loc – Localizer; Esp – Espessura de corte; Inter Esquizencefalia: A propósito de um caso clínico de um caso clínico dem, fundamentalmente, da patologia que se pretende estudar, da instituição onde se realiza o exame e do médico especialista que acompanha e relata o exame. O protocolo utilizado para estudo cerebral deste caso é apresentado no quadro 1. A ponderação T1 (estudo de pormenores anatómicos) apresenta uma intensidade do sinal cerca de cinco vezes superior à ponderação T2 (estudo de pormenores fisiológicos), sendo que esta última ocorre muito mais rapidamente e é mais dependente da potência de campo. A densidade protónica (DP) é uma ponderação intermédia entre as ponderações T1 e T2 [6]. plano transverso e não há magnetização transversa presente no LCR. O sinal do LCR é anulado (por não haver nenhuma componente transversa de magnetização no LCR nas imagens ponderadas em T2 e DP de modo que as patologias adjacentes ao LCR sejam vistas mais claramente[6]. A sequência spin-eco (SE) é das mais utilizadas em RM uma vez que produz uma relação sinal-ruído e contraste-ruído ideais. Apresenta como vantagem uma boa qualidade de imagem, sendo muito versátil, mas os tempos de exames são relativamente longos. Esta sequência tem uma melhor resolução de contraste e menor susceptibilidade a artefactos do que a sequência gradiente-eco (GE). A sequência fast spin-eco (FSE) surge em substituição da SE, pois apresenta tempos de aquisição mais curtos [7,8]. A sequência fast low angle shot, mais conhecida como FLASH, é uma das sequências rápidas de GE. Estas sequências são muito pouco sensíveis aos movimentos e aplicam-se em situações que beneficiam do elevado contraste entre líquido/tecidos adjacentes e substância branca/cinzenta. Em suma, embora a relação sinal/ruído seja frequentemente menor à verificada nas sequências de SE e não possa ser obtida uma verdadeira ponderação T2, as técnicas rápidas de GE permitem contudo uma rápida aquisição das imagens com uma grande variedade de contraste [9]. Na sequência FLAIR o sinal do liquido cefalorraquidiano (LCR), é anulado pela selecção de um tempo de inversão muito longo, que corresponde ao tempo de recuperação do LCR de 180º para o As imagens de RM cerebral deste caso 25 clínico apresentadas de seguida demonstram assimetria crânio-encefálica preenchendo o andar supra-tentorial à clínico. rv – Intervalo entre cortes; cod.- codificação; RL-right-left; AP- ântero-posterior; FOV - Field of View; NEX – número de excitações. TDTOnline Magazine II/2010 direita por colecção cujo sinal acompanha o líquido cefalorraquidiano em todas as sequências (acompanhando-se de algum abaulamento da calote craniana desse lado) e está em comunicação com o sistema ventricular (com aparente agenesia do septo pelúcido). A alteração descrita corresponde a uma proeminente fenda esquizencefálica (rodeada por substância cinzenta de aspecto nodular/poligírico). Figura 1: Estudo cerebral, imagens SE, cortes sagitais ponderados em T1. Figura 2: Estudo cerebral, imagens FSE, cortes axiais ponderados em DP/T2. Figura 3: Estudo cerebral, imagens FSE, cortes coronais ponderados em T2. Figura 4: Estudo cerebral, imagens FLAIR T2, cortes axiais. 26 Figura 5: Estudo cerebral, imagens FLASH, cortes axiais ponderados em T1. Figura 6: Estudo cerebral, imagens FSE, cortes sagitais ponderados em T2. Discussão Apresentação fisiopatológica e clínica Esta malformação cerebral pode ser classificada em dois tipos: a tipo I caracteriza-se pela presença de lábios fechados, ou seja, com as duas corticais justapostas; a tipo II caracteriza-se pela presença de lábios abertos, a fenda está preenchida por LCR [1-3]. tdtonline.org A etiologia mais credível é a de uma falha segmentar na formação de porção da matriz germinativa ou na migração de neuroblastos primitivos, formando fendas cerebrais, que podem ser unilaterais ou bilaterais. A alta incidência de lesões bilaterais na região peri-silviana tem sido usada para reforçar a ideia de que a hipotensão fetal e o dano cortical isquémico, residem nessa região por ser o maior território vascular do cérebro. Então, suspeita-se que pode Esquizencefalia: A propósito de um caso clínico ser de origem genética ou causada por algum factor decorrente durante a gravidez, como episódio(s) de isquémia cerebral fetal ocasionado por problemas circulatórios da mãe. Todavia, os surtos infecciosos e danos directos de origem tóxica, não podem ser afastados dos factores etiológicos [1, 10-13]. A lesão de neurónios fetais ocorre entre o terceiro e quarto mês de gravidez, e afecta um conjunto de células precursoras do desenvolvimento de uma região cortical. Essa falha origina a fenda. Fundamentado na ideia de que a esquizencefalia tem fisiopatologia semelhante às displasias corticais, alguns autores afirmam que a malformação cerebral ocorre entre o segundo e o quinto mês de gestação[13]. As manifestações clínicas são muito variadas mas, segundo a literatura, as mais frequentes são o défice motor, a epilepsia, e o retardo mental, sendo que, a gravidade de alguns sintomas está relacionada com a extensão da anomalia anatómica e à sua localização no encéfalo. Alguns pacientes não apresentam alterações neurológicas, sendo a malformação apenas um achado imagiológico [10, 14-15, 16-23]. As esquizencefalias bilaterais associamse a atrasos mentais severos e importantes défices motores. O relato de Aniskiewicz et al. (1990), o qual refere que o grau de comprometimento, tanto do desenvolvimento intelectual como do défice motor, está directamente relacionado à quantidade de massa encefálica comprometida. Barkovich e Kjos, em estudo publicado em 1992, também encontram dados similares. Entretanto, por se tratar de uma lesão congénita, muitas vezes a plasticidade neural permite a realocação da função perdida em outra área cerebral [15-16, 20]. fendas unilaterais menores, manifestam-se com distúrbios motores contralaterais ou convulsões, porém, as crianças afectadas, geralmente, têm o desenvolvimento intelectual normal [16]. Diagnóstico A avaliação diagnostica da esquizencefalia pode ser feita por Tomografia Computorizada (TC) e RM. Os modernos métodos de imagem facilitaram em muito a identificação destas lesões, permitindo um diagnóstico fiável e rápido, e um planeamento terapeutico adequado [15]. A esquizencefalia caracteriza-se por fendas, que se estendem da superfície pial até à ependimária com as bordas revestidas por substância cinzenta. As fendas podem ser unilaterais ou bilaterais, afectam com maior frequência as regiões peri-silvianas. Estão, muitas vezes, associadas a outras malformações, especialmente defeitos da migração neuronal [1-3]. As fendas podem ser simétricas ou não, muito estreitas (lábios fechados) ou muito largas (lábios abertos) e o córtex que a circunda é sempre anormal. As alterações podem variar de polimicrogiria, que se estende por distância variável da fenda, até circunvoluções aberrantes, que convergem para ela. As lesões neuronais pode envolver também neurónios precursores de outras estruturas, por isso, podem estar associadas a outras malformações, tais como as heterotopias nodulares subependimais, o septo pelúcido incompleto A B ou ausente e a hipoplasia ou atrofia do tálamo. Os gânglios da base, o cerebelo e o tronco cerebral estão usualmente normais [16-17]. A localização da fenda depende do grupo de neurónios afectados. Tipicamente as fendas são encontradas na região peri-silviana. Há casos de fissuras parassagitais, occipitais e na face orbitária dos lobos frontais. As fendas bilaterais são as mais comuns [1-4, 10, 22]. Os quatro achados imagiológicos que se seguem permitem fazer o diagnóstico das anomalias do desenvolvimento e diferenciá-las de processos destrutivos: a presença de fendas circundadas por córtex anormal (cf. figura 7); o ventrículo tem configuração triangular adjacente à fenda ("bico"), sem dilatação (cf. figura 7A); visualiza-se um vaso anormal entre as superfícies corticais da fenda; ausência de septo pelúcido (cf. figura 7) [10-11]. A figura 7 apresenta imagens de TC. Pode-se observar a esquizencefalia de lábios fechados à direita e abertos à 27 esquerda, a fenda direita apresenta-se como uma faixa isodensa à cortical, que se estende da superfície ao ventrículo lateral e uma imagem triangular na parede do ventrículo esquerdo em junção com a fenda (“bico”) (figura 7A). Na figura 7B observa-se esquizencefalia unilateral de lábios abertos e não se identifica o septo pelúcido e na figura 7C observa-se esquizencefalia bilateral de lábios abertos e existência de uma grande redução do parenquima encefálico à direita. C A presença ou a severidade da epilepsia não estão necessariamente, relacionadas à quantidade de massa encefálica perdida[18]. As fendas unilaterais grandes têm moderado a severo atraso psicomotor. As Figura 7: Imagens de Tomografia Computorizada da esquizencefalia. Fonte: Amaral JG, Yanaga RH, Geissler HG, Neto AC, Bruck I, Antoniuk SA. Esquizencefalia – Relato de Onze Casos. Arq. Neuro – Psiquiatr 2001; 59. TDTOnline Magazine II/2010 Embora menos sensível e utilizando radiação ionizante a TC, comparativamente à RM, tem como vantagem o menor custo e o menor tempo de exame. A Tomografia Computorizada permite uma demonstração anatómica suficiente para estabelecer o diagnóstico e o prognóstico, desde que os aspectos típicos da esquizencefalia sejam reconhecidos no exame (cf. quadro2). Quadro 2: Comparação das vantagens e desvantagens da Ressonância Magnética e da Tomografia Computorizada. A RM é o exame de imagem padrãoouro para o diagnóstico de esquizencefalias, dado que, de forma geral, é mais específica e mais sensível que a Tomografia Computorizada, devido à sua capacidade de melhor diferenciação entre substância cinzenta e branca, permitindo a demonstração multiplanar da anatomia e de outras anomalias associa28 das, como heterotopias da substância cinzenta, agenesia de septo pelúcido e polimicrogirias[14,21]. No quadro que se segue apresenta-se, de forma resumida, os achados imagiológicos de RM no diagnóstico da esquizencefalia. Figura 8: Imagens de Ressonância Magnética da esquizencefalia. Fonte:http://www.fcm. unicamp.br/deptos/anatomia/rpgmalform7.html. Quadro 3: Achados anatómicos da esquizencefalia na imagem de Ressonância Magnética.. tdtonline.org Esquizencefalia: A propósito de um caso clínico O principal diagnóstico diferencial da esquizencefalia é a porencefalia. Nesta, ocorre uma lesão destrutiva do parenquima encefálico no período intra-uterino, porém após terminar a migração, resultando numa cavidade, que também comunica o sistema ventricular com o espaço sub-aracnóide. No entanto, não se identifica substância cinzenta displásica nas suas bordas [17]. A diferenciação da esquizencefalia com a porencefalia tem importância no aconselhamento genético. Sabe-se que a anomalia cerebral é 5% a 20 % mais frequente nos casais que tiveram um filho com esquizencefalia [10, 24-25]. Além disso, um diagnóstico correcto permite o planeamento terapêutico adequado e específico. O prognóstico destes pacientes depende fundamentalmente do grau de comprometimento neurológico[17] . No quadro que se segue estão algumas das patologias com que se faz habitualmente o diagnóstico diferencial da esquizencefalia. Quadro 4: Diagnóstico diferencial da esquizencefalia. Conclusão A RM é uma técnica de imagem não invasiva, multiplanar, com elevada resolução anatómica de contraste e com capacidade para caracterizar os tecidos. Sendo o exame imagiológico padrãoouro para o diagnóstico da esquizencefalias, uma vez que é o mais específico e sensível, possui uma elevada capacidade de diferenciação entre substância cinzenta e branca e demonstra de forma multiplanar a anatomia e anomalias associadas. A particularidade do caso que se descreve, quer pela forma rara de malformação cerebral, quer pelo papel fundamental da imagiologia no diagnóstico e prognóstico desta malformação, justificaram a pertinência da sua descrição e revisão do tema. Referências: [1] Yakovlev PI, Wadsworth RC. Schizencephalies: a study of the congenital clefts in the cerebral mantle. I. Clefts with fused lips. 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TDTOnline Magazine II/2010 29 30 No Fórum... • Debate e Opinião • Ofertas de Emprego • Eventos e Cursos em agenda Contactos TDTOnline: [email protected] - Administração do Tecnologias da Saúde Online [email protected] - Envio de artigos, informações sobre a TDTOnline Magazine [email protected] - Reportar erros do site e informações sobre o site (Ex. Problemas no registo) 28 Junho 1927 - Egas Moniz realiza, com êxito, a primeira angiografia num paciente vivo A 28 de Junho de 1927, o médico português Egas Moniz realiza a primeira angiografia cerebral bem sucedida num paciente vivo. A angiografia consiste na radiografia dos vasos sanguíneos tornados visíveis pela injecção de substâncias opacas aos raios X. Fonte: www.leme.pt tdtonline.org Normas Princípios Gerais Apresentação de Trabalhos 1. 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